Revista Global Expedition #54. Especial Dakar/astara

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EDIÇÃO ESPECIAL DAKAR

Carlos Sainz, COROADO PELA QUARTA VEZ, oferece tÍtulo à Audi

Ricky Brabec, O MOTARD NORTE-AMERICANO DA HONDA, SURFA NAS DUNAS E conquista a vitória final

ESSENCIAL

DAKAR 2024

astara 02 CONCEpt de Laia Sanz COM TRAÇÃO ÀS DUAS RODAS E ZERO EMISSÕES, entre os melhores!



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EDITORIAL

O APELO DO DESERTO por Manolo Recordo-me dos meus 19 anos e, quando regressei à minha cidade, Lisboa, tinha eu feito o batismo do deserto e compreendido que não somos um meio mas uma adição. Eu, era simultaneamente o mais nómada e o mais caseiro. Voltaria aos Hamadas, ao coração místico oásis de Harat Zuwayyah, nos confins do Sara oriental, beber leite de dromedário, cada vez mais convencido que somos aquilo que experienciamos. Para a maioria, o deserto, é antes de tudo um lugar sem vida, um lugar fora do tempo. Quando tentamos localizar um deserto no mappa-mundi, surge-nos em cores pálidas, sem vida, inabitável... comummente associado à morte, à desolação e, portanto, à angustia da solidão. Prometemo-nos nunca lá ir, porque o deserto significa acima de tudo, sofrimento e morte. Mas tudo se encaixa lentamente. Há encontros que só acontecem no deserto, a crosta mais interessante e misteriosa do planeta e onde vislumbramos toda a transparência do céu. Através do seu engenho e da sua capacidade de adaptação, o homem conseguiu onde outros seres vivos falharam: sobreviver no deserto. E é por isso que o Dakar sobrevive, faz o apelo ao deserto e lança o repto, mesmo que seja por poucos dias, de uma experiência inusitada de sobrevivência no deserto. É um íman inexplicavelmente poderoso. Homens e mulheres chegam de todos cantos do mundo para participar na prova mais dura do mundo, por isso mesmo, pela magia do deserto, pela

“NENHUM HOMEM PODE VIVER ESTA VIDA E EMERGIR INALTERADO. CARREGARÁ POR MAIS CRENTE OU INCRÉDULO QUE SEJA, A MARCA DO DESERTO, A MARCA DO NÓMADA. TERÁ SEMPRE DENTRO DE SI O ANSEIO DE VOLTAR, FRÁGIL OU OBSTINADO, CONFORME A SUA NATUREZA, POIS ESTA TERRA CRUEL E INÓSPITA PODE LANÇAR UM FEITIÇO QUE NENHUMA OUTRA PARTE DO MUNDO PODE IGUALAR” MANOLO IN “O MEU DESERTO”

sensação dos lábios gretados, por aparentemente agarrar a linha do horizonte com as mãos, pelo risco e conhecimento do desconhecido.

interior, reflexões, retrospetivas, promessas, amizades e há, sobretudo, uma manifestação que sai reforçada: uma vontade inabalável de viver!

Para todos os que chegam ao fim, é uma vitória pessoal. No final, há lágrimas, dores, mazelas, sentimentos improváveis, lembranças, avaliações pessoais, emoções escondidas, conhecimento

O deserto é o maior patrocinador do Dakar. No dia que o “Dakar” se esquecer do deserto, o mundo esquece-se do “Dakar”.


Laia Sanz / Maurizio Gerini, astara 02 Concept. Objetivo: competir ao mais alto nível, com zero emissões.



“DAKAR” 46ª EDIÇÃO - PRÓLOGO – ALULA – ALULA - 27 KM

O sueco Mattias Ekström (Audi) foi o mais rapido do prólogo.

PRÓLOGO XXL O nome pode parecer enganador para um prólogo de 27 km (na edição anterior foi de 13 km). Mas deu para ver todos os tipos de terrenos que os concorrentes vão enfrentar. A região de ALULA presta-se a esta amostra, com troços arenosos que

deram lugar a zonas pedregosas, e ainda alguns desafios de navegação que podem ter causado alguma hesitação. No entanto, foram os especialistas do exercício inaugural que se distinguiram: o espanhol Tosha Schareina, o nº68 da Monster Energy Honda Team que

venceu o prólogo no ultimo rali de Marrocos, e o sueco Mattias Ekström que se impôs com o seu Audi, nas margens do Mar Vermelho o ano passado no Dakar.


7 astara TEAM. OBJETIVO: COMPETIR COM ZERO EMISSÕES Pelo terceiro ano consecutivo, astara aposta no combustível sintético, desta vez com substanciais melhoramentos na sua formulação para alcançar uma pegada completamente neutra em carbono (zero emissões) nos seus veículos de competição, em comparação com 90% em 2023 e 70% em 2022. astara Team entrou no “Dakar” com dois automóveis e duas equipas de pilotos: a catalã Laia Sanz com o italiano Maurizio Gerini na baquet do navegador, no astara 02 Concept, com o portal nº238. A uruguaia Patrícia Pita Gago corre com o chileno Paolo Boggioni com o portal 262. Pela primeira vez na categoria T1.2 Ultimate do Dakar, que uma equipa é liderada por duas senhoras. Laia Sanz terminou o prólogo em 8º

lugar da categoria T1.2 ( onde já houve duas desistências) e em 24º da Geral. Patrícia Pita Gago, ainda numa fase de adaptação total ao carro terminou na 18ª posição, entre os veículos de tração às duas rodas. “Finalmente, o primeiro dia de corrida! Foi um prólogo muito intenso. O terreno era muito variado e acidentado e tivemos que começar muito de trás.

Estamos desejosos para sair e lutar por posições”, referiu a piloto de Corbera de Llobregat à linha de chegada. Por seu lado Patrícia Pita Gago confessou “Estou muito feliz com o este inicio de rali. O carro está muito bem e terminar uma etapa sem problemas é sempre um motivo de felicidade”.

COMBUSTÍVEL SINTÉTICO O combustível sintético é totalmente neutro em carbono; o seu impacto ambiental é zero. O CO2 emitido durante a combustão é o mesmo extraído do ar durante o processo de produção. Além disso, não produz resíduos sólidos nem micropartículas. A sua produção é baseada na obtenção de gás de síntese – utilizando energia sustentável.


Janus van Kasteren / Iveco Powerstar

ESSENCIAL Quando falamos de Tosha Schareina, Honda CRF 450 rally, não estamos a falar de um estreante. O piloto espanhol já terminou duas vezes em 13º lugar no Dakar e venceu no verão passado o Desafio Ruta 40, na Argentina. Neste prólogo foi a primeira vez como piloto de uma equipa oficial. A direção da Honda pode congratularse por ter sido seduzida pelo jovem espanhol de Valencia, que deu nas vistas em todas as provas que participou

e escolheu a marca japonesa para aumentar a velocidade. Atrás dele, o “explosivo” Daniel Sanders, GasGas 450 Factory, e a fechar o pódio, Ross Branch, o piloto do Botswana, em Hero 450 Rally. Nos carros, as memórias de Matthias Ekström, dos seus tempos de “piloto de pista” deram-lhe o impulso certo para dominar o prólogo e lançar o clã Audi num arranque positivo, como aconteceu

na edição anterior. Sem saber, controlou Seth Quintero, Toyota GR DKR Hilux, que zelosamente iniciou a sua carreira no Ultimate, registando o segundo melhor tempo - apesar de não ser considerado para a classificação geral. O jovem norte-americano utilizou uma estratégia muito forte para ter a oportunidade de escolher uma posição de largada vantajosa na etapa seguinte, tal como Sebastien Loeb e Fabian Lurquin, em Hunter Prodrive, que ficaram em terceiro.


9 SSV GANHA NOVO FÔLEGO O francês Xavier de Soultrait, que como ponto alto da sua carreira no Dakar, venceu uma etapa no Peru em 2019 e fez 7º na geral, foi o mais rápido. A equipa Sebastien Loeb Racing confiou-lhe um RZR Polaris, a marca que lançou o SSV no Dakar, mas que não vencia desde 2018. Xavier de Soultrait ficou à frente do nosso sempre favorito João Ferreira e de Florent Vayssade, companheiro de equipa do vencedor do dia.

COMEÇOU O JOGO PAÍSES BAIXOS X REPÚBLICA CHECA No final de contas, o único campeão em título que lidera o ranking do dia é o camionista Janus van Kasteren, ao volante do Iveco Powerstar - preparado pelo famoso de Rooy - foi o mais

Skyler Howes (Honda) protagonizou o azar do dia, o primeiro da prova.

rápido. O neerlandês, cortou a meta com 16 segundos de vantagem sobre o checo Ales Loprais ao volante do Praga V4S DKR. Mas, o jogo ainda agora começou... sem os Kamaz.

AZAR DO DIA: SKYLER HOWES CAI DO “CAVALO” O cowboy do Utah, como é conhecido Skyler Howes, tem tido azar nos últimos prólogos que fez. Desde que está na equipa da Honda e que correu o Rali de Marrocos, poder-se-á dizer que fez mais Rodeo do que prólogos. No Dakar 2023, então com a Husqvarna, permitiu-se assumir a liderança do Dakar no final da primeira semana an-

tes de terminar em Damã no terceiro lugar do pódio. Uma vez na equipa japonesa, na primeira corrida em outubro passado, Skyler caiu no prólogo e ficou impedido de “cavalgar” até ao final. Desta vez, o piloto da Monster Energy Honda caiu novamente. Felizmente, conseguiu levantar-se antes de se perder nos

desfiladeiros de AIUIa, devido a uma avaria no road-book, consequência da queda, resultado: 42º lugar na etapa a 5'10'' do seu companheiro de equipa, o vencedor da etapa. Howes teve que apontar os bigodes (chevron) para terminar na última posição na categoria de Rally GP.


“DAKAR” 46ª EDIÇÃO - PRÓLOGO – ALULA – ALULA - 27 KM


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SOM CLÁSSICO Nem nos seus melhores sonhos teriam expectado com um início de prova como este! A dupla espanhola Lidia Ruba e Juan Morera, em Porsche 959, foram os vencedores do prólogo na categoria de clássicos. Na segunda posição, outro 959!... da dupla francesa Frederic Larre / Jérémy Athimon. Esta dupla vitória faz-nos viajar no tempo até 1986, ano da morte de Thierry Sabine, na 8ª edição do Paris-Argel-Dakar onde os dois primeiros lugares da Geral foram ocupados pelos dois Porsches 950

de René Metge e Dominique Lemoine (Jogador internacional do futebol belga) e Jacky Ickx e o cantor/ator Claude Brasseur, respetivamente. O paralelo entre a histórica dupla da marca de Estugarda e a dupla que 34 anos depois vence o prólogo dos Clássicos, constituiu uma primeira homenagem, dois dias após o falecimento de René Metge. Até sempre, Mestre!


Carlos Sainz / Lucas Cruz / Audi RS Q e-Tron E2



DAKAR 46ª EDIÇÃO > 1ª ETAPA > ALULA > AL HENAKIYA > ESPECIAL DE 414 KM

BRANCH E DE MEVIUS

OS SENHORES DOS VULCÕES

A província de Medina fica localizada a noroeste da Arábia Saudita e serviu de cenário exclusivo para um longa especial de 414 km que colocou de imediato os pilotos e tripulações em sarilhos. Saindo de ALULA, o jogo de slalom entre os imponentes desfiladeiros foi disputado na areia, mas o terreno rapidamente, ofereceu outras dificuldades e ficou mais exigente e mais técnico. Vários motards ficaram presos nas pedras, incluindo o vencedor do prólogo do dia anterior, Tosha Schareina, que estava entre os favoritos. Ross Branch, o botsuano da Hero foi o vencedor do dia. Destaque do dia para o sempre surpreendente Mason Klein que, embora não tenha ganho, teve um desempenho notável na sua Kove 450 Rally, “Made in China”. Nos solos vulcânicos da segunda parte da etapa, os grandes favoritos como Nasser Al Attiyah e Sebastien Loeb sofreram e muito, e foi o jovem Guillaume de Mevius, filho do experiente

Ross Branch / Hero 450

Gregoire de Mevius, que aproveitou o momento para mostrar maturidade suficiente e dominar com grande mérito

a “Lenda” Carlos Sainz, num dia verdadeiramente avassalador.


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Guillaume de Mevius / Xavier Pensari / Toyota Hilux Overdrive

IMPONDERÁVEIS A questão essencial de uma corrida de motos é permanecer na vertical, apesar das rochas e pedras de todos os tamanhos que se apresentam ameaçadoras à frente dos pilotos. Nesta primeira etapa, esta parte do exercício escapou ao nosso Joaquim Rodrigues que sofreu uma queda que o obrigou a deitar a toalha ao chão ao km 82, e nem o promissor Tosha Schareina da Honda Oficial escapou, cujo terceiro Dakar parou ao km 240 com um braço partido. Joaquim Rodrigues, cunhado do malogrado Paulo “Speedy” Gonçalves, foi o primeiro a oferecer uma vitória de

etapa ao fabricante indiano da Hero. E no dia da sua saída prematura foi o seu colega Ross Branch quem finalmente fez o melhor tempo pela 4ª vez na sua carreira no Dakar. O piloto da linha aérea civil do Botswana “voou” para o primeiro lugar da classificação geral com quase 12 minutos de vantagem, sobre o vencedor do Dakar de 2020, o norte americano Rick Brabec, Honda, e sobre Mason Klein, Kove 450, que ousou de forma impressionante abrir a pista e permanecer sozinho na frente durante toda a especial. Se Ross Branch, nas motos, ganhou peso no caminho para Al Henakiyah,

nos carros, foi Guillaume de Mevius que sentiu o maior impulso de crescimento, aos comandos da Toyota Hilux, que conduziu pela segunda vez depois do Rali de Marrocos. Recorde-se que Guillaume de Mevius relativizou o seu desempenho ao obter o primeiro sucesso no T3, na Andaluzia, em 2022. Desta vez, ganhou sem cerimónias 1’44” a Carlos Sainz e 9'18" a Giniel de Villiers, duas lendas do Dakar, que não conseguiram impedir o jovem belga de ganhar a etapa.


O PESADELO DOS FUROS O pesadelo dos furos levou Nasser Al Attiyah a perder quase 25 minutos e o seu companheiro de equipa, Sebastien Loeb perdeu cerca de 23 minutos, enquanto Guerlain Chicherit perdia 22 minutos. Esta sessão de tortura também foi muito dolorosa para o “Senhor Dakar”, Stéphane Peterhansel que perdeu 32 minutos.

> O norte-americano Mason Klein, com a sua Kove 450, foi o herói do dia. Ousou de forma impressionante abrir a pista e permaneceu sozinho na frente durante toda a especial.


17 UM DIA AGRIDOCE PARA AS PILOTOS DO astara TEAM Laia Sanz, é uma das mulheres mais influentes de Espanha e do mundo do todo-o-terreno. Nasceu em 1985, e aprendeu andar de bicicleta aos quatros anos. Aos cinco, a paixão cresceu e sem contar nada a ninguém, começou andar na mota do irmão, uma Montesa Cota 25 cc. Em 1992, aos sete anos, incentivada pela mãe, participou numa prova do campeonato catalão de juniores que decorria na sua aldeia, em Corbera de Llobregat. Terminou na oitava posição – e último da classificação. No ano seguinte, fez todas as corridas do campeonato de juniores e assim entrou num desporto dominado por homens, sem nenhum campeonato feminino na época. Em 1977 venceu a sua primeira corrida, num campeonato masculino... Laia Sanz e Maurizio Gerini terminaram entre os três primeiros veículos com tração às duas rodas num dia praticamente de

“Foi uma etapa muito difícil, mas navegamos muito bem e ultrapassamos muitos carros, estamos muito felizes porque a nossa estratégia resultou , temos ótimas sensações com este carro e estamos muito entusiasmados”, sublinhou Laia Sanz, no final da etapa. Patrícia Pita Gago foi menos feliz que a sua colega de equipa. A piloto uruguaia sofreu um capotamento ao km 325, numa zona rápida mas irregular. Patrícia, perfeitamente adaptada

sobrevivência onde os elementos naturais impuseram-se à vontade dos concorrentes. De facto, confirmaram-se as dificuldades previamente anunciadas pela organização, que até não costuma ser muito dramática. Inclusive, David Castera, diretor da prova, alertou para um cenário extremamente difícil com muita pedra, trilhos tortuosos e muito exigente em termos de navegação. A segunda metade da especial cronometrada foi especialmente dura e particularmente perigosa, com mais de 120 quilómetros

ao carro vinha a ter um grande desempenho, com um ritmo bastante vivo que lhe permitia recuperar posições, graças à estratégia de perder algum tempo no prólogo para poder largar mais de trás. Após o acidente, com mais de três quartos do percurso feito, Patrícia e Paolo focaram-se em colocar o carro de volta com as quatro rodas no chão e voltar à corrida. Uma missão quase impossível, que exigiu da dupla sulamericana inteligência, capacidade de sofrimento, resiliência, no fundo, o espírito Dakar.

de rocha vulcânica, bem afiada que provocou uma “epidemia” de furos, que ultrapassou a centena em toda a caravana. Laia Sanz, guerreira, amazona e Maurizio Gerini, com experiência de motard e olho de lince para a navegação alcançaram um resultado espetacular, colocando-se entre os melhores da categoria T1.2 Ultimate e permitindo à múltipla Campeã Mundial de Enduro e Trial conseguir o terceiro melhor tempo na categoria de tração às duas rodas.

Com engenho e com uma “mãozinha” de outros concorrentes, mais uma vez, numa demonstração pura do espírito Dakar, a dupla sulamericana voltou à pista, e cruzou a meta com mais quatro horas que o vencedor, o jovem piloto belga Guillaume de Mevius. No final do dia, a equipa de assistência arregaçou as mangas e pôs mão à obra para recuperar o astara 02 Concept com o portal #262. Adivinhava-se um noite longa e dura.


DAKAR 46ª EDIÇÃO > 1ª ETAPA > ALULA > AL HENAKIYA > ESPECIAL DE 414 KM

Nasser Al Attiyah / Mathieu Baumel / Prodrive Hunter T1+

A FRASE DO DIA

DIA PARA ESQUECER Tornou-se um hábito considerar que com a sua experiência e conhecimento em rally raids , Nasser Al Attiyah, doma o terreno com facilidade e está à prova de imponderáveis. Mas o seguro contra todos os riscos do cinco vezes vencedor do Dakar não funcionou no terreno, o que foi difícil para o seu Hunter T1+. Depois de sofrer dois furos nos primeiros cinquenta quilómetros, o piloto e Príncipe do Qatar, sem mais

“A ETAPA DE HOJE FOI UM INFERNO, SÓ NÃO QUERÍAMOS MORRER AQUI. O RESTO NÃO IMPORTA"” SÉBASTIEN LOEB

rodas suplentes, entrou em modo cuidadinho para chegar ao final da especial num inusitado 22º lugar, quase 25 minutos atrás de Guillaume de Mevius. Se serve de consolo, Nasser Al Attiyah, pode sempre agarrar-

se à situação dos seus rivais mais próximos, nomeadamente Sebastien Loeb, Stéphane Peterhansel ou mesmo Guerlain Chicherit, que sobre furos também tiveram a sua conta.


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astara Team


Etapa épica para Laia Sanz, com um 16ª na Geral e 2ª na sua categoria (tração às duas rodas)



DAKAR 46ª EDIÇÃO > 2ª ETAPA > AL HENAKYIA > AL DUWADIMI > ESPECIAL DE 463 KM

PETERHANSEL: A SUA 50ª NUM AUTOMÓVEL!

Com destino a Al Duwadimi, a caravana do Dakar converge para o centro do país, num percurso de boas-vindas aos primeiros troços de dunas da 46ª Edição do Dakar. Não são mais seletivos do país, nem em proporção suficiente para perceber a diferença. Por outro lado, trata-se de dominar o assunto em termos de navegação para se orientar nos numerosos emaranhados de pistas, e obviamente, de conduzir numa especial globalmente rolante de 462 Km cronometrados. A navegação é a especialidade de “Nacho” Cornejo, vencedor de uma etapa pela sétima vez na sua carreira, mas também para Peterhansel que explode com os contadores: esta é a sua 50ª num automóvel! O “vento” muda muito rapidamente no Dakar e em particular durante esta segunda etapa. Nas motos, Ross Branch, Hero 450, mantém-se no topo da classificação geral, mas o outro herói da etapa anterior, Mason Klein, desta vez, a mota não ajudou. Aos 46 km a Kove 450 rally de fabrico chinês, parou. O norte-americano passou mais de

”Nacho” Cornejo, Honda CRF 450, valeu-se da sua aptidão natural para navegar, muitas vezes por intuição, para vencer a segunda etapa.

três horas a “convencer” a mota a pegar. Naturalmente, perdeu muito cedo as esperança de um pódio final, mas permaneceu na corrida possivelmente para tentar surpreender de novo no caminho para Yanbu. Habitué nestas andanças, “Nacho” de

seu nome José Ignacio Cornejo Florimo, exímio navegador, aproveitou as suas capacidades de navegação e juntou-se rapidamente a Ricky Brabec, Honda 450, e a Ross Branch, Hero, um trio eficiente que chegou intacto à meta, tendo embolsado alguns bónus.


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Peterhansel. 14 Vitórias absolutas (30,1% de vitórias possíveis), 50 Vitórias em etapas Auto e 33 Vitórias em Moto.

O chileno assina assim a sua sétima vitória no Dakar e reservou o 2º lugar da Geral a 2’55’’do líder, o botsuano Ross Branch. A fechar o pódio da Geral, o norte-americano Ricky Brabec a 07'15". As rajadas foram ainda mais significativas nos automóveis, um dia depois de uma etapa onde os elementos naturais trataram muito mal as equipas de topo. Stéphane Peterhansel tinha perdido 32 minutos na etapa anterior, e na etapa

de hoje, não fez por menos e venceu a sua 50ª em automóvel! Sébastien Loeb estava 23 minutos atrás de Guillaume de Mevius, mas ao aproveitar a boleia de Peterhansel (cortaram a meta com 29 segundos de diferença), fica agora a 4’17” atrás de Carlos Sainz, o novo líder da prova. Obviamente, que a experiência fala mais alto, já que Nasser Al Attiyah, que na etapa anterior também perdeu muito tempo, está

cada vez mais perto dos lugares que gosta. Em Al Duawadimi, o TOP 10 do Ultimate reúne todos os favoritos esperados a este nível, incluindo os jovens que se destacaram ontem, Seth Quintero, Toyota Hilux (4º) e Guillaume de Mevius, Toyota Overdrive Racing. Entre os primeiros da Geral, Carlos Sainz / Lucas Cruz / Team Audi e o 10º classificado, Guerlain Chicherit / Alex Winocq / Toyota Overdrive Racing, há uma diferença 14’ 47”.


Carlos Sainz / Lucas Cruz / Audi RS Q e-Tron, o líder da prova à segunda etapa

Na classe T1.2 o grande adversário de Laia Sanz é, para já, o experiente e “Legend” do Dakar, o francês, Mathieu Serradori em Century CR6-T


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Depois do tempo perdido na 1ª Etapa, Nasser Al Attiyah, aproximou-se dos lugares onde gosta mais de estar...


DAKAR 46ª EDIÇÃO > 2ª ETAPA > AL HENAKYIA > AL DUWADIMI > ESPECIAL DE 463 KM A FRASE DO DIA

“MONSIEUR DAKAR”

“ATACAMOS DESDE O INÍCIO, MAS PARTIMOS UM BRAÇO TRASEIRO. ACHO QUE É O PONTO FRACO DO CARRO, PORQUE ONTEM O SEB (SEBASTIEN LOEB),TEVE O MESMO PROBLEMA...”

Não é à toa que lhe chamamos “Senhor Dakar”. Ele é o homem dos recordes com 14 vitórias no Dakar, em motos e automóveis, entre 1991 e 2021. Uma vez, em Val d’Isère, numa das 3 vezes que tive o prazer de andar com ele num carro de competição, disse-me: “gosto de acreditar que tenho dois motores; um na cabeça, outro, no coração”.

já que também é coproprietário do recorde em etapas de motos, a par de Cyril Despres, com 33 vitórias. Incrível!

Nesta jornada somou mais uma vitória em etapas, ao nível de Ari Vatanen. Somadas as duas carreiras, aliás, de muito sucesso, o francês de ascendência polaca conquistou um total de 83 etapas,

O colecionador na verdade não gosta muito de estatísticas, nem leva muito a peito as vitórias que já conseguiu. Sempre transmitiu uma luz de satisfação pela condução e pela aventura e, tenho

NASSER AL ATTIYAH

a certeza, que é essa luz que mais uma vez ilumina a box da Audi. Peterhansel, no seu ritmo e com confiança ao volante do RS Q e-Tron pode voltar a entrar numa dinâmica vencedora. As luzes estão verdes para o lado do fabricante alemão.


27 PATRÍCIA, CHORA Apesar do esforço titânico de toda a equipa técnica da astara Team, que trabalhou toda a noite até ao limite para recuperar o astara 02 Concept da uruguaia Patrícia Pita Gago, os comissários não deram autorização para a equipa se manter em prova alegando que o chassis tinha sido danificado pelo impacto do capotamento do dia anterior. A equipa Astara confirmou a desistência. Um esforço inglório mas louvável que deixou na box um amargo de boca e uma tristeza generalizada. Impedida de participar na segunda etapa da prova, naquela que foi a sua estreia na categoria automóvel, Patrícia, chorou. Apesar de não conseguir a medalha de Finisher na primeira tentativa, Patrícia Pita Gago, está focada em continuar a crescer na sua nova disciplina, participando em provas

Patrícia Pita Gago “Pato”, filha do multicampeão Jorge Pita, foi a primeira mulher uruguaia a ganhar uma etapa no Rali del Atlântico.

de todo-o-terreno, voltar, e realizar o sonho de terminar um Dakar de automóvel.

LAIA, SORRI Etapa épica para Laia Sanz com um 16º lugar na Geral e 2º na sua categoria. A piloto catalã confirmou os sentimentos positivos que revelou na etapa anterior, e cumpriu uma etapa ao seu jeito: sempre ao ataque, atacando as pistas mais típicas do Dakar. O astara 02 Concept brilhou, permitindo à dupla Sanz-Gerini não só ser o segundo melhor carro com tração às duas rodas, mas sobretudo entrar no TOP 20 (em 16º) da Geral, a “zona VIP” dos melhores, batendo alguns dos

melhores carros com tração às quatro rodas. Laia, é fera! Na classificação geral, Laia Sanz e Maurizio Gerini estão entre os vinte primeiros colocados na categoria Auto a 36 minutos e 05 segundos atrás do novo líder da geral: Carlos Sainz / Lucas Cruz / RS Q e-Tron. Na classe T1.2 Ultimate, a equipe Astara subiu para o segundo lugar, a 13 minutos do Century CR6-T de Mathieu Serradori. “Tudo correu bem, o carro esteve impecável. Corremos onde podíamos e abrandamos o ritmo nas pedras. Perdemos alguns minutos num

desfiladeiro, mas depois foi sempre a fundo" explicou Laia, com um sorriso. Este resultado, reforça o grande optimismo com que a astara Team iniciou o Rally Dakar 2024, corroborando que o seu compromisso em ser a equipa participante mais sustentável tem sido correto e que por sua vez, o nível de competitividade por parte do astara 02 Concept permite permanecer na luta entre as principais formações do Campeonato Mundial de Rally-Raid da FIA.



Nasser Al Attiyah por “caminhos” improváveis.


DAKAR 46ª EDIÇÃO > 3ª ETAPA > AL DUWADIMI – AL SALAMIYA > ESPECIAL DE 438 KM

DANÇA COM RITMOS LATINOS

O Dakar continua a explorar o coração da Arábia Saudita, que avança muito rapidamente. Um salto de mais de 600 km em direção ao misterioso e sublime Empty Quarter: o Rub al Khali, um dos maiores desertos do mundo e a maior extensão ininterrupta de areia do planeta, situado na península arábica, o berço da cultura beduína. Mas antes de ficarem completamente imerso na areia, os pilotos tiveram o

“aperitivo” de lidarem com uma grande variedade de terrenos, muitas vezes, para complicar a navegação. As exigências físicas começam a fazer a diferença e selecionam os mais resistentes mas também os mais serenos e racionais. No deserto, o pré-requisito é ser racional. O argentino Kevin Benavides, vencedor do Dakar 2023, puxou dos galões e, sobretudo, da experiência e arrebatou para si a vitória da etapa para juntar

ao seu espólio, que para além de uma vitória absoluta, conta ainda com um 2ª lugar absoluto e 9 vitórias em etapas. Nesta parte sinuosa, o paulista Lucas Moraes, acompanhado do espanhol Armand Monleon, em Toyota GR DKR Hilux, do preparador Overdrive, esteve à altura do desafio entre dunas e desfiladeiros para conquistar a primeira vitória no Dakar.


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TUDO MUDA NUM ÁPICE Os dados da terceira etapa oferecemnos uma nova e previsível seleção. No Dakar, de uma etapa para outra tudo pode mudar. Esta etapa foi tão dura que as formações de topo precipitaram-se e pagaram caro.

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Lucas Moraes / Armand Monleon / Toyota GR DKR Hilux, vencedor da 3ªEtapa. Kevin Benevides, o motard argentino, vencedor do Dakar 2023, puxou da experiência e venceu a 3ª Etapa.

Nas motos, o piloto inglês Sam Sunderland, GasGas 450, vencedor absoluto do Dakar em 2017 e 2020, desapareceu dos ecrãs, foi traído pela mecânica ao Km 11 e desistiu. Depois, foi o luso-alemão Sebastian Bühler, Hero, que protagonizou uma queda aparatosa. Após a queda foi rapidamente assistido pelos companheiros Toby Price (Honda)

e Skyler Howes (Honda). Quando chegou a equipa médica, o piloto estava consciente e com movimentos em todos os membros, mas queixavase de dores nas costas pelo que foi transportado de helicóptero a um hospital local para efetuar exames complementares. Bühler, nasceu na Alemanha e reside há vários anos em Lisboa. Enquanto isso, na frente, Pablo Quintanilla e “Nacho” Cornejo, os dois companheiros da Monster Energy Honda, reuniram-se para seguirem juntos. Os chilenos até pareciam que iam para um festival de música Mapouche. Mas


No “reino das pedras perfurantes”, Sébastien Loeb, travou um duelo com o seu companheiro de equipa, Nasser Al Attiyah e ambos esqueceram-se de Lucas Moraes.

a vitória prometida por "Quintafondo" (Pablo Quintanilla) evaporou-se, depois dos comissários da corrida anunciarem uma série de infrações por excesso de velocidade, numa zona limitada a 30 km/h. É um clássico, quando se vai para um festival de música há sempre “policia” a controlar os excessos. Quintanilla e “Nacho” foram penalizados com 6 minutos.

Kevin Benevides, além de ter mantido um ritmo constante durante todo o percurso sem nunca se perder, regressou aos seus melhores momentos. Lesionado quase durante um ano, o argentino não sabia o que era emoção da vitória desde a última etapa do Dakar 2023... aquela que selou o seu triunfo na Geral.

Ainda não chegamos a esse ponto. Para já, Kevin está na 6ª posição da Geral, a 20’32’’ de Ross Branch, mas as hipóteses de se aproximar da liderança já é tema da conversa no Bivouac.


33 HORIZONTE DISTANTE Nos automóveis, o horizonte da vitória final é igualmente distante, onde os protagonistas do dia anterior tiveram resultados muito diferentes. Nasser Al Attiyah, rolou como um príncipe até que uma série de furos o trouxe à “Terra”, com o Hunter a percorrer os últimos 30 km sem pneu traseiro do lado esquerdo. Mas a punição ainda foi mais grave para Sebastien Loeb, que perdeu 23 minutos no “reino das pedras perfurantes”. Numa etapa rápida onde se exigia alguma habilidade e muita leitura de terreno, Lucas Moraes foi mais delicado. Lucas Moraes foi o piloto mais jovem da história a vencer o Rali dos Sertões, está às portas de um pódio dominado pela primeira vez por Yazeed Al Rajhi / Timo Gottschalk / Toyota Hilux Overdrive, seguido de Carlos Sainz, a 29 segundos e Mattias Ekström a 8’26”. No desafio de Al Salamiya, dois outsider conseguiram brilhar e figurar entre os melhores: Romain Dumas (Toyota Hilux) e Mathieu Serradori ( CR Factory), em 5º e 7º, respetivamente.

O lituano Vaidotas Zala, navegado por Paulo Fiuza, o experiente navegador de Mafra, aos comandos do Mini Cooper.

A FRASE DO DIA

DEPOIS DA SENSAÇÃO... Chegou o momento da confirmação. Já se notava uma maneira muito particular de maturidade evidente no desempenho de Lucas Moraes, no Dakar de 2023. O piloto brasileiro, soube aproveitar bem o duelo entre Al Attiyah e Loeb. Esta primeira vitória no Dakar, vai seguramente servir para subir o astral do piloto brasileiro, já que vem de uma temporada com pouco brilho, longe

“...NÃO SOU MUITO BOM EM ESTRATÉGIA, SÓ ESTOU AQUI PARA ME DIVERTIR, E EVITAR PARTIR O CARRO...” ERIK GOCZAL, EM TAURUS T3 MAX, LÍDER NA GERAL DA CATEGORIA DE T3.1 (PROTÓTIPO LIGEIROS)

dos eventos do W2RC, mantendo discretamente a liderança no campeonato brasileiro de Todo-o-Terreno. Mas no inicio de 2024, Lucas Moraes passou ileso onde muitos ficaram presos nas pedras. Com o inteligente equilíbrio

tão difícil de encontrar entre a cautela e a velocidade, o piloto da Toyota Hilux com o portal #206 conseguiu o necessário para brilhar, com apenas 9 segundos de vantagem sobre Mattias Ekström.


DAKAR 46ª EDIÇÃO > 3ª ETAPA > AL DUWADIMI – AL SALAMIYA > ESPECIAL DE 438 KM ETAPA INTELIGENTE DE LAIA SANZ E MAURIZIO GERINI A equipa astara concluiu com sucesso a duríssima 3ª etapa. Depois de superar um furo, soaram os alarmes. Laia e Maurizio optaram pela cautela para enfrentar uma especial de 438 km cronometrados e quase 300 km de ligações. Além disso, a organização introduziu uma "malagueta" para apimentar as dificuldades. Limitaram a assistência a um período máximo de duas horas, após o término da especial cronometrada. Durante este período, as equipas de assistência desdobraram-se, para afinações e reparações para ter os carros prontos para a etapa seguinte, pelo que qualquer problema grave ou acidente durante a especial afetaria os dias seguintes. Com tudo isto em mente, Laia e Maurizio adotaram uma estratégia defensiva, um pouco mais cautelosa, do que na etapa anterior onde conquistou o 16º na Geral, suplantando o 18º lugar na nona etapa do Dakar 2023. Apesar de um furo nos primeiros 100 km que exigiu mais cautela, a formação da astara conseguiu voltar a estar entre os líderes da categoria de tração às duas rodas, terminando em 4º lugar a 22' 35" do vencedor e líder da categoria, o francês Mathieu Serradori. Laia Sanz mantém a segunda posição da categoria, à frente de experientes pilotos, “velhas raposas” do Dakar como Christian

Laia Sanz à conversa com Mathieu Serradori, amigo, e principal adversário na categoria T1.2

Lavieille, Jérome Pélichet, Tim Coronel, Philippe Boutron, Dominique Housieaux, Pascal Tomasse, Jean Pierre Strugo, todos com o titulo de “Legend” do Dakar. O tempo total da etapa da dupla, Laia Sanz / Maurizio Gerini foi de 4 horas, 42 minutos e 47 segundos. “Apesar de tudo, foi um dia positivo. Provavelmente, este não é o resultado que gostaríamos de ter, mas tínhamos planeado levantar o pé, numa etapa que só nos dava duas horas de assistência técnica. Também tivemos um furo que nos obrigou a rolar mais devagar, mas estamos felizes porque cumprimos a etapa, e temos o carro inteiro. A equipa astara está a fazer um excelente trabalho. Amanhã esperamos atacar um pouco mais, numa especial mais curta, e com assistência à noite”, explicou Laia Sanz.

Oscar Fuentes, diretor desportivo da astara Team mostrou-se muito satisfeito com o desenvolvimento da competição e com o desempenho do astara 02 Concept movido a combustível sintético, especialmente num dia tão importante e com limitações de assistência. “Estamos muito felizes com o desempenho da Laia. Sabíamos que ela tem potencial e tem o mostrado em todas as etapas. Também estamos muito satisfeitos com o desempenho do astara 02 Concept e com a colaboração da Century Racing que tem sido perfeita”.


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Toby Price (KTM) é um guerreiro dos tempos modernos. Vencedor do Dakar por duas vezes, este australiano sempre muito bem disposto podia facilmente ter desempenhado um papel em Mad Max, da velha ou da nova geração. Hoje com 36 anos, já não tem a irreverencia de outros tempos, mas o Dakar sem este simpático outback ficava muito a perder. É uma “Legend” do Dakar e tem lugar cativo no TOP 20, em 15º lugar.




DAKAR 46ª EDIÇÃO > 4 ETAPA > AL SALAMIYA > AL HOFUF >ESPECIAL DE 299 KM

“NACHO” CORNEJO, SEBASTIAN LOEB E PAULO FERREIRA... OS PATRÕES Registamos uma temperatura de 5 graus no início da manhã ao sair da tenda do acampamento em Al Salamiya para apanhar a estrada em direção a Al Hofuf, cidade que faz fronteira com um dos maiores oásis do Reino com mais de três milhões de tamareiras. Entre os dois pontos, a distância total

é de quase de 700 km, mas os pilotos foram pelo atalho, uma Especial de 299 km. Uma etapa bastante rolante onde velocidades de 150 Km/h foram frequentemente alcançadas nesta especial particularmente rápida e onde o chileno “Nacho” Cornejo, Honda, conseguiu mostrar que não é só um bom

navegador. Destroçou Ross Branch e assumiu a liderança da classificação geral de motos. Conduzir no limite é a especialidade de Sébastien Loeb, que neste dia orquestrou o seu reaparecimento no topo do ranking da etapa.


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Sebastien Loeb/ Fabien Lurquin / Hunter. Conduzir no limite é a especialidade de Sebastien Loeb. O vencedor da etapa mais rápida.

VOLTAS E REVIRAVOLTAS

< Yazeed Al Rajhi / Timo Gottschalk / Toyota Hilux, líder da Geral após 4ª etapa.

< “Nacho” Cornejo / Honda vencedor da etapa (Motos)

Não estavam previstas grandes reviravoltas para esta quarta etapa, o que não invalidou que pilotos tivessem atuações de alto nível. E o feito de “ Nacho” Cornejo enquadra-se nesse lote. A leitura ultrarrápida e principalmente a interpretação do road-book são a sua assinatura. O chileno voltou às grandes performances, embora não tenha sido o responsável por abrir a pista. Mas, o piloto da Honda também sabe acelerar quando é preciso, ou quando surge uma boa oportunidade e não fez pela metade! Ao chegar à meta, venceu a etapa e assumiu a liderança da classificação geral, aproveitando a queda acrobática seguida de duas camba-

lhotas de Ross Branch, felizmente, sem consequências graves. O botsuano, piloto de aviões comerciais, abriu mão dos três minutos de vantagem que tinha na etapa do dia anterior. Daqui para a frente, “Nacho” Cornejo, terá que se portar como um boss: a ultima vez que esteve nesta posição, deixou escapar a vitória após uma queda a 48 horas do final do Dakar 2021. Curiosamente, a perda do Dakar dois dias antes da consagração também já aconteceu a Sebastien Loeb, na ultima vez que liderou a classificação geral, em 2017, na Argentina, na altura com um Peugeot 3008 DKR.


Desta vez, o francês ainda não chegou à liderança mas, aos poucos vai-se aproximando. Subiu três posições e está na sexta posição, a 23’50’’ de Yazeed Al Rajhi, Toyota Hilux, o líder da Geral. Com o perfeito domínio do seu novo papel como líder do Ultimate, o empresário saudita (2º na etapa) cedeu apenas um grande minuto para Loeb. Nasser Al Attiyah (3º na etapa a 1’22’’) vai ter a dura missão de perseguir o melhor piloto de ralis de todos os tempos, mas no terreno que mais lhe convém: as dunas do Empty Quarter.

Não é seguro apostar que o Empty Quarter tire o sorriso ao jovem Eryk Goczal, que venceu a quarta especial na categoria Challenger onde está a formação portuguesa Ricardo Porém / Augusto Sainz / Can-Am MMP. Na categoria SSV, a luta promete. João Ferreira (Can-Am Factory Team) foi o mais rápido. Tal como no Dakar 2023, quando o piloto de Leiria venceu a etapa 8, cravou a ferro quente, mais uma vez, o seu nome na história do Dakar. Sinceramente, a categoria de pesos pesados começa a ser monótona. No

tempo dos monstros de Naberezhnye Chelny, os Kamaz, era monótono porque ou ganhava um Kamaz, ou ganhava um Kamaz. Atualmente, a categoria de camiões é dominada invariavelmente pela “conversa” entre o neerlandês Janus van Kasteren, Iveco da casa de “De Rooy”, e o checo Ales Loprais, num camião Praga V45 DKR, com vantagem de 10’ 17”. A fechar o pódio, outro checo, Martin Macik, Iveco, mas já a 45’ 43’’ do líder da Geral, mas nada está decidido.

A FRASE DO DIA

“AOS 60 KM DE CORRIDA, ASSUMIMOS A LIDERANÇA, MAS É MUITO DIFÍCIL IR À FRENTE, É MUITA PRESSÃO...” YAZEED AL RAJHI

NÃO ACREDITA EM BRUXAS MAS... YAZEED AL RAJHI ESTÁ MUITO APREENSIVO Os islâmicos não acreditam em bruxas, mas acreditam fortemente em demônios a quem eles chamam de Jinns ou génios. No Alcorão e na famosa história “Mil e Uma Noites”, existe a concepção de que o mundo está cheio de seres espirituais. Muitos acreditam que se escondem nas cavernas, protegendo tesouros enterrados. Talvez por isso, o líder da geral Yazeed Al Rajhi, mostrou-se muito apreensivo

quando chegou às boxes da Overdrive e viu o que viu. Primeiro, foi a Hilux T1+ de Guerlain Chicherit que ficou sem direção assistida a meio da especial. A partir de então o ex-campeão mundial de ski radical, foi condenado a trabalhos forçados: conduzir em câmara lenta e virar a direção da Toyota à força de braços. Uma condenação que lhe valeu cortar a meta com mais de uma hora de atraso de Loeb. Lá se foram se esperanças de vencer o Dakar...

Depois foi Seth Quintero, também estreante na Toyota que, inclusivamente, estava no lote dos favoritos. Ao km 216, as esperanças do jovem norte-americano pararam com o motor queimado. Sem outra solução, só teve de esperar pelo camião de assistência para ser rebocado por estrada até ao bivouac de Al Hofuf. Quintero teve uma penalização de 15 horas. Face a isto, Yazeed Al Rajhi, ficou muito apreensivo e quis ter uma conversa de pé de orelha, com Jean Marc Fortin, diretor técnico da Overdrive. O teor da conversa não foi revelado, mas o exnavegador estava com cara de poucos amigos.


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Eryk Goczal, em Taurus T3 Max, lidera a categoria Challenger com toda a autoridade. Já ganhou 3 das 4 etapas efetuadas.


DAKAR 46ª EDIÇÃO > 4 ETAPA > AL SALAMIYA > AL HOFUF >ESPECIAL DE 299 KM

João Ferreira / Flipe Palmeiro / Can_Am Factory Team, vencedors da 4ª Etapa.


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LAIA SANZ E MAURIZIO GERINI BRILHAM NA QUARTA ETAPA O astara 02 Concept, movido a combustível sintético, terminou a etapa, mais uma vez, entre os melhores. Laia Sanz consistente na sua velocidade, tem tudo a seu favor para partir ao ataque. O terceiro lugar na categoria, e um excelente 14º na Geral, é um excelente tónico para as etapas ainda mais duras que se adivinham. A equipa astara completa a “meia maratona” do Rally Dakar 2024 em grande estilo. A quarta etapa da competição marcou a segunda parte de um dia que começou ontem e em que os participantes tiveram apenas duas horas de trabalho dos seus mecânicos para prepararem os seus veículos antes de entrarem

em regime de Parque Fechado. Esta situação obrigou a dupla formada por Laia Sanz e Maurizio Gerini a tomar extremos cuidados durante os dois dias. Nessas tarefas, Gerini mais uma vez teve um desempenho perfeito. Como bom piloto de treinos, sabe orientar-se perfeitamente no momento em que a corrida começa a percorrer zonas com numerosos trilhos marcados na areia, o que nas etapas anteriores se revelou de extrema dificuldade para navegar. Essa confiança deu a Laia asas para atacar e terminar a etapa com o tempo de 2 horas, 52 minutos e 40 segundos, o que lhe conferiu a décima quarta posição, terceira entre os veículos com tração nas duas rodas. Oscar Fuertes, diretor desportivo do astara Team, afirma: "A estratégia é ir com tudo. Demonstramos há dois anos que podemos terminar a corrida e agora vamos com tudo. Demos carta branca a Laia para aumentar o ritmo. Queremos vencer a nossa categoria e conseguir um

bom resultado geral. A Laia merece e a equipa também". O astara 02 Concept conseguiu superar as quatro etapas e o prólogo sem problemas mecânicos, o que lhes permitiu fazer uma revisão profunda após a etapa da meia maratona e fazer alguns ajustes na configuração da suspensão para que Laia Sanz pudesse estar ainda mais confortável.” O combustível sintético utilizado pela equipa astara também está a dar excelentes resultados, tanto em termos de fiabilidade como de desempenho, como resumiu o próprio Óscar Fuertes na sua avaliação: "Estamos muito satisfeitos com o desempenho do astara 02 Concept. O e-fuel dá-nos confiança e todo o desempenho que precisamos e estamos convictos que é possível competir frente a frente no Rally Dakar sendo sustentável”.




DAKAR 46ª EDIÇÃO > ETAPA 5 > AL-HOFUF – SHUBAYTAH > ESPECIAL DE 118 KM

EMPTY QUARTER Como o próprio nome sugere, o “Bairro Vazio”, não se distingue pelas atrações turísticas, culturais ou tradicionais, mas revela uma das crostas mais misteriosas e interessantes do nosso planeta. É a “Meca” da maioria dos apaixonados do todo-o-terreno, é onde cada um avalia a sua dimensão perante verdadeiros tesouros em proporções vertiginosas: dunas aos milhões, aos milhares de milhões, números infinitos, impossíveis de contar.

Pilotos e tripulações estavam desejosos de sair dos sacos-cama a meio da noite para percorrer 508 km quilómetros de ligação e mergulhar neste oceano de areia, para disputar uma especial de 118 km, decisiva, com vista ao resto da estadia no Empty Quarter. Foi no deserto do Atacama, no Chile, e nas areais vizinhas do Qatar, que dois concorrentes fizeram a especialidade de condução em areia: Pablo Quintanilla e Nasser Al Attiyad, su-

biram o tom ao seu ritmo, e aumentaram a sua vasta coleção de Especiais. Não houve muitas perguntas a serem feitas enquanto abordávamos a Especial de hoje, para os motociclistas de elite. Com a ordem de saída invertida nos GPS do rali para o desafio de 48 horas, do dia seguinte, a vantagem máxima recai nos 17 pilotos que ainda estão na


47 Pablo Quintanilla (Honda) a caminho da vitória da Especial

Nasser Al Attiyah, nos seus terrenos preferidos.

Empty Quarter

categoria de elite, a rally GP, que largará em último.

gundos, pelo companheiro de equipa, Pablo Quintanilla, o “Quintafondo”.

Neste contexto, a estratégia de Adrien Van Beveren, Honda, parecia bem calculada com uma interessante 5ª posição no quilómetro zero. Aliado ao seu talento de surfar nas dunas, permitia-lhe ambicionar a medalha do dia. O plano foi quase, quase perfeito para o francês, que foi derrotado por 37 se-

O chileno, vence a sua oitava etapa do Dakar e herda a melhor posição para a 6ª Etapa, a rainha de todas as etapas. Pela sua décima segunda participação no Dakar, onde alcançou por duas vezes o 2º lugar no final (2020 e 2022). Quintanilla, está na sexta posição, a 26’47” de Ross Branch, o líder da Geral e tal-

vez tenha nas mãos argumentos para mostrar o seu valor. Claro que terá de usar esses argumentos com inteligência se pretende desalojar Ross Branch do cadeirão de líder e, ao mesmo tempo, afirmar a sua autoridade entre os Honda, que são outros três a correr atrás do botsuano: “Nacho” Cornejo (2º a 1’14”), Brabec (3º a 3’47’’) e Van Beveren (4º a 18’10”).


NASSER BATEU FORTE A situação é diferente para os automóveis, e não foi previsto nenhum procedimento específico de partida para a etapa de 48 horas, do dia seguinte, portanto, não vão beneficiar dos rodados das motas para navegar. Enquanto isso, na 5ª Etapa, assistimos a uma clara preocupação entre um bom número de favoritos, que cada um à sua maneira desenvolveu, uma estratégia para evitar que os seus rodados ajudassem a concorrência a navegar. Foi o caso de Stéphane Peterhansel e Carlos Sainz que levantaram o pé para terminar em 16º e 17º no Ultimate, separados por 14 segundos. Uma jogada de mestre? Sebastien Loeb, levou o zelo ao limite ao ponto de falhar deliberadamente um waypoint, o que lhe valeu cerca de

15 minutos de penalização que o relegou para a 9ª posição a 43 minutos atrás do líder, o saudita Yazeed Al Rajhi. O líder da prova e piloto “da casa” não quis correr riscos, enquanto Nasser Al Attiyah colocou o cursor no nível de ataque que conhecemos quando quer bater forte. Ao cabo de 118 km, cortou a meta na frente, com 01’ 52’’ de vantagem sobre Guerlain Chicherit (Hilux), e a 01’ 58’’ do argentino Juan Yacopini (Hilux), para conquistar a sua 48ª vitória de etapa, a primeira com o Hunter, depois de já ter ganho com BMW, Volkswagen, Hummer, Buggy Jefferies, Mini e Toyota. Na Geral, Nasser assume a 2ª posição atrás do seu ex-companheiro de equipa, Yazeed Al Rajhi... sem “medos” de abrir a

pista imaculado na grande maratona de 48 horas! Na categoria Challenger, provavelmente, não foi por cálculo que Eryk Goczal deixou escapar 2 minutos para o vencedor do dia, o chileno Francisco “Chaleco” Lopez, Can-Am, que não parece ser uma ameaça iminente para o piloto polaco, dado que na Geral está a mais de uma hora de distância. A queda foi muito mais prejudicial para Gerard Farres, que caiu nas dunas e perdeu todas as esperanças de uma vitória final. Na categoria SSV, o francês Xavier de Soultrait, em Polaris RZR da “Sebastien Loeb Racing” venceu a etapa, e confirmou que está bem de saúde nesta sua nova categoria.


49 Por fim, nos camiões, os reveses de Janus van Kasteren (Iveco) e Ales Loprais (Praga) proporcionaram a Martin Macik (Iveco) entrar no “jogo” e posicionar-se entre os dois rivais, embora a 22’03” do líder.

“CHALECO” VOLTOU! Desde o início do Dakar 2024, tem sido difícil estar no topo do ranking da categoria Challenger quando não se tem um apelido polaco, e de preferência o de Goczal. Foi precisamente o mais novo do clã, o jovem Eryk que “anda ali só para divertir” quem já venceu 4 etapas incluindo o prólogo, Naturalmente, é o líder da Geral. Mas, nesta quinta etapa, o gosto pela areia e pelas dunas trouxe de volta o antigo “Chaleco”, aquele que venceu três vezes no SSV, em 2019 e 2012 e noT3, em 2022. Não há dúvida que os chilenos são bons quando passam ao ataque. Para chegar à 25ª vitória de etapas no Dakar (11 em moto e 14 em SSV-Challenger), o piloto da Can-Am, bateu o norte-americano Austin Jones (Can-Am) por 02’04”, para além de Eryk que já referi.

Rui Gonçalves, Sherco.

O TOMBO DO DIA Por vezes o Dakar é “uma besta intratável” e Gerard Farres que o diga. Ao vencer a segunda etapa, o espanhol assumiu a liderança da classificação geral e por lá permaneceu até quase ao final da quinta etapa. Depois de ter enfrentado corajosamente terrenos muito difíceis durante os

primeiros dias, esta especial de 118 km quase que poderia ter sido uma jornada de preparação física. Com uma boa partida, Farres e o seu copiloto Diego Ortega registaram o 3º tempo ao Km 80, menos 01’30” atrás do

saudita Yasir Seaidan. No entanto, as dunas têm várias leituras e um pequeno erro pode deitar tudo a perder. Faltavam apenas 38 km, quando os pilotos confundiram uma duna


DAKAR 46ª EDIÇÃO > ETAPA 5 > AL-HOFUF – SHUBAYTAH > ESPECIAL DE 118 KM com saída descendente com uma duna de saída em corte vertical. A dupla da South Racing teve que se libertar dos cintos de segurança de cabeça para baixo, e com o Can-Am bastante danificado. As longas horas que tiveram de esperar pela assistência ditou o resto.

A FRASE DO DIA

“NÃO TENHO ESTRATÉGIA NENHUMA, EU QUERO É VENCER ETAPAS...” NASSER AL ATTIYAH

RARO COMO UM ECLIPSE Ao contrário dos seus mais diretos adversários, Nasser Al Attiyah não optou por nenhuma estratégia, ou melhor, a sua estratégia foi “pé na tábua e vamos lá ganhar isto”. O príncipe do Qatar, fez o melhor tempo e inscreve o seu nome no quadro dos vencedores de etapas deste Dakar 2024. Depois de Mattias

Ekström (prólogo) Guillaume de Mevius, Stéphane Peterhansel, Locas Moraes e Sebastien Loeb: as 6 primeiras etapas com 6 vencedores diferentes, já não acontecia desde 2004, há 20 anos. Raro como um eclipse! Na altura, Kenjiro Shinosuka, José Maria Servia, Giniel De Villiers, Ari Vatanen,

Stéphane Peterhansel e Hiroshi Masuoka sucederam-se entre Clermont-Ferrand (França) e Tan-Tan (Marrocos). De facto, o esforço e o trabalho investidos para tornar este 46º Dakar o mais imprevisível possível estão a dar frutos!

CLÁSSICOS, SÃO OUTRA COISA, SÃO ESPECIAIS O checo Ondrej Klymciw (Skoda 130 LR) anda num mano-a-mano com o espanhol Carlos Santaolalla (Toyota HDJ 80) desde a 2ª Etapa, onde os dois líderes de 4ª edição de Clássicos estavam separados por apenas um pontoa favor do espanhol. Na 3ª Etapa, o piloto do HDJ 80 reforçou a liderança. Mas, nesta quinta etapa, o Piloto checo venceu as três provas do dia e recuperou a van-

tagem com dezenas de pontos sobre o seu principal rival. Ondrej Klymciw (Skoda 130 LR) lidera a geral com 195 pontos, seguindo de Carlos Santaolalla (Toyota HDJ 80) com 222 pontos e a fechar o pódio, o italiano Paolo Bedeschi (Toyota BJ71), com 354 pontos. A prova de clássicos é uma prova de regularidade onde ganha o que tiver menos pontos, que correspondem a penalizações.

À quinta etapa continuam 75 equipas em prova, entre as quais uma equipa luso-moçambicana em UMM Alter (20º), uma portuguesa em UMM Alter (66º), e um português inserido numa equipa italiana num Iveco Eurocargo na 70ª posição.


51 LAIA SANZ SUPERA COM DISTINÇÃO A ETAPA MAIS CURTA À ESPERA DA ETAPA MAIS LONGA Na categoria T1.2 (veículos todo-oterreno protótipos 4x2), o TOP 5 está recheado, nada mais ,nada menos, do que com 4 pilotos com o título de "Legend" do Dakar. Missão cumprida nos 118 km cronometrados, antes do inicio da especial de 48 horas, a rainha das etapas do Dakar. Mentalmente, para a maioria dos pilotos existe um Dakar antes e um Dakar depois da etapa rainha. No percurso desta quinta etapa entre Al Hofuf e Shubaytah, os concorrentes enfrentaram um troço cronometrado de 118 quilómetros, além dos mais de 500 quilómetros de ligação, deixando-os já imersos no Empty Quarter (Bairro Vazio) a maior extensão seguida de areia e dunas do planeta. Depois de enfrentarem a longa ligação no início da etapa do dia, os concorrentes embarcaram numa especial inteiramente em areia. Um terreno que não é o mais favorável para carros com tração às duas rodas como o astara 02 Concept. Para Laia Sanz e Maurizio Gerini foi uma fase favorável, na qual conseguiram manter a posição no segundo lugar na categoria T1.2 Ultimate de tração nas duas rodas e ao mesmo tempo manter o seu lugar no Top 20 da geral classificação

Laia Sanz

Auto, em preparação para o que está por vir nos próximos dois dias. Oscar Fuertes, diretor desportivo da astara Team, afirma “estamos muito felizes com o resultado. O carro está perfeito e Laia e Maurizio continuam entre os melhores, por isso a astara Team está muito satisfeita com estes

primeiros cinco dias de competição. Fizeram uma grande etapa, mantendo-se no segundo lugar na categoria de tração às duas rodas e no Top 20 geral apesar de no papel este tipo de etapa não ser a mais benéfica para nós”.


Acampamento. O deserto é um lugar sumptuoso que permite admirar a transparência do céu.



48 HORAS. A RAINHA DE TODAS AS ETAPAS “UM DESAFIO ÚNICO” Através do seu engenho e da sua capacidade de adaptação, o homem conseguiu onde outros seres vivos falharam: sobreviver no deserto. E é por isso que o “Dakar” sobrevive, porque faz o apelo ao deserto e lança o repto, mesmo que seja por pouco dias, de uma

experiência inusitada de sobreviver no deserto. É um íman muito poderoso. No dia que o “Dakar” esquecer o deserto, o mundo esquece-se do “Dakar”.


55 DO CAMINHO DAS PEDRAS À EMBRIAGUEZ DE AREIA

< Sebastien Loeb / Fabian Lurquin / Hunter. Os vencedores da etapa maratona 48 Horas. > O norte-americano Ricky Brabec / Honda, lidera a classificação geral > Adrien Van Beveren / Honda. O piloto francês venceu a etapa maratona 48 Horas

No Dakar 2023, a organização recebeu muitas queixas referentes ao grau de dificuldade da prova: o nível de dificuldade era baixo e favorecia as equipas de fábrica mais rápidas e mais bem apetrechadas tecnicamente. Alegavam que a meio da prova já estava tudo praticamente resolvido. Havia que apimentar a prova. David Castera, diretor da prova, teve alguns meses para ler todas as queixas e sugestões, ouviu, decidiu, e na apresentação W2RC, advertiu os presentes,

que o Dakar 2024 ia ser extremamente difícil. “Provavelmente, um dos mais difíceis dos último anos!” E de facto, nos primeiros dias, verificou-se um percurso extremamente difícil e com dois dados que revelam bem a sua dureza. Primeiro, “no caminhos das pedras” houve um etapa que contabilizou mais de 100 furos, segundo, nas primeiras 6 etapas, houve 6 vencedores diferentes, até que chegamos à etapa rainha do Dakar: a chamada etapa de 48 Horas.


DAKAR 46ª EDIÇÃO > ETAPA 6 > SHUBAYTAH – SHUBAYTAH > ESPECIAL DE 626 KM > 1ª PARTE

A organização preparou uma etapa maratona, em laço, e apimentou-a com alguns detalhes para neutralizar a vantagem das equipas de fábrica.

até às 16 horas para avançarem o máximo possível, antes de se dirigirem a um dos oito acampamentos preparados para os receber.

canso, pelo que não poderiam fornecer peças ou dar apoio técnico. Um desafio que o próprio David Castera chamou de “desafio único”.

As motos e os automóveis largavam em percursos diferentes, com a pista imaculada de rodados, tornando a navegação mais complicada e, como se não bastasse, havia alguns waypoints bem escondidos ao longo do percurso. Para além disso, os concorrentes só tinham

Nos acampamentos, não há serviço de catering para ninguém. Terão apenas um mínimo de equipamento de campismo, seis litros de água por pessoa e uma ração militar, para o jantar. Além disso, os camiões de assistência técnica tinham de ficar noutras áreas de des-

A partir daqui foi entrar no desconhecido, no imperial Empty Quarter, o maior maciço de areia da Arábia Saudita, e a maior extensão seguida de areia e dunas do planeta.


57 POLE POSITION PARA CARLOS SAINZ E VAN BEVEREN! No Empty Quarter, é tudo diferente. A quantidade de areia-fesh-fesh – fofa a ser engolida pelas rodas e vice-versa, impõe múltiplas consequências, por exemplo no consumo de combustível que é preciso calcular... um fator importante que escapou a Pablo Quintanilla. Os mais avançados no plano da etapa não serão necessariamente os vencedores da segunda e ultima parte da maratona de 48 Horas mas, até agora, as dunas foram ultrapassadas nas melhores condições pelo francês Adrien Van Beveren (Honda), em moto, e Carlos Sainz (Audi), em automóveis. Têm, respetivamente, 112 km e 149 km restantes para chegar à meta. Transpor dunas é importante, é óbvio, mas levar em conta a mecânica é essencial, e isso começa com um parâmetro básico: fazer um boa gestão do combustível. Pablo Quintanilla ficou

sem combustível a 10 km dos primeiro reabastecimento, pagou caro e atrasou-se mais de 1 hora e 40 minutos, após 424 km. Agora, resta-lhe servir com mochileiro de água (ou gasolina!) dos seus companheiros de equipa, que foram mais eficientes e ainda podem almejar a vitória final, em Yanbu. Rick Brabec é um deles e está bem no topo da classificação geral com 2m 48”de vantagem sobre Ross Branch. Mas é também o caso de “Nacho” Cornejo e Adrien Van Beveren, os mais rápidos do dia ao ponto F, ou seja, depois de 537 Km, onde pernoitaram 10 motociclistas. A categoria automóvel também não foi poupada às voltas e reviravoltas, e foi sobretudo pela voracidade de Yazeed Al Rajhi que perdeu a liderança na clas-

sificação geral e talvez se tenha despedido do Dakar 2024, por 51 km. Muito mais tarde, Stéphane Peterhansel sofreu contratempos mecânicos, ridículos, que marcam amargamente a carreira de um dos grandes campeões do Dakar, nesta edição: devido a um simples furo, imagine, o seu Audi ficou parado ao Km 256 com um simples furo, mas a perda do sistema hidráulico impediu-o de mudar rapidamente a roda e, além disso, afetou o sistema de direção assistida. No momento em que tive conhecimento, Peterhansel, já estava parado há mais de duas horas. É duro! No entanto, a Audi – que vai ter de rever muita coisa – sai por cima, com Carlos Sainz a fazer o melhor tempo, e Mattias Ekström a conquistar o segundo lugar, desta primeira parte da etapa rainha. Os Hunter de Nasser Al Attiyah e Sebastien Loeb, um pouco mais atrás, em modo pressão. Na categoria Challenger, Eryk Gockal aproveitou as dunas para aumentar a vantagem sobre Mitch Guthrie, cerca de 56 minutos, enquanto que na classe SSV os Polaris de Florent Vayssade e Xavier de Soultrait tiveram um bom desempenho, mas ficam na expectativa do desempenho ameaçador de João Ferreira que só chegou ao ponto C, ou seja, ao Km 347. Nos camiões, por fim, Martin Macik assume a liderança sobre Janus van Kasteren, onde também faltam cerca de 200 km para a maioria dos favoritos.

< Sesbastien Loeb, nos seus aposentos, no Ponto F, o acampamento mais perto da meta.


ESTRATÉGIA “EL MATADOR” OLÉ! A estratégia parece estar a resultar para Carlos Sainz, que escolheu o momento certo para arrancar, medindo o tempo que teve de abdicar para largar em boa posição e realizar uma prestação das que está habituado no Dakar. Foi ao largar na 17ª posição que o espanhol conseguiu mostrar eficácia de uma

capacidade de condução irrepreensível e intacta desde os seus tempos como campeão mundial de ralis e adaptado às dunas do Empty Quarter, de quase vintes anos de experiência no Dakar, mais precisamente desde 2006. O tempo passa num ápice, não estivéssemos nós a falar de “, El Matador”, tricampeão

da prova que conseguiu uma vantagem de 04’31” sobre o seu companheiro de equipa, o sueco Mattias Ekström e de 05’19” sobre Sebastien Loeb, o que abre portas à 43º vitória de etapas no Dakar, com a possibilidade de ir para o dia de descanso à frente da Corrida.

A FRASE DO DIA

“TEMOS UM PNEU FURADO E O MACACO HIDRÁULICO NÃO FUNCIONA. NÃO TEMOS MACACO MANUAL, E NÃO SEI COMO É QUE VAMOS SAIR DESTA” STÉPHANE PETERHANSEL

A VORACIDADE DE YAZEED, TRAMOU-O! Yazeed Al Rajhi apresenta todos os atributos de um piloto com uma força tranquila, muitas vezes com aquela tranquilidade árabe... enervante. Yazeed, não precisa de apresentações quando se trata de areia ou dunas, é um exímio condutor em trilhos imaginados nas dunas ou planaltos de areia. Atacou o Empty Quarter com status de líder da prova, liderança que conquistou em terrenos mais duros e tortuosos. Agora, estava nos seus terrenos preferidos. Saiu na 4ª posição, diga-se de passagem, bastante favorável para quem conduz bem na areia e tem um navegador com o conhecimento e pro-

fissionalismo de Timo Gottschalk, não fosse ele alemão. Realmente, não foi nas dunas que Yazeed cometeu o erro fatal, foi num chott (lago salgado que forma uma planura e permanece seco durante maior parte do ano, mas recebe alguma precipitação durante o inverno e, visualmente, é para muitos uma tentação irrecusável e perigosa para acelerar...) De facto, foi numa deformação no solo, entre partes separadas de um grande chott que Yazeed capotou, ao querer expressar toda a potência da sua Toyota Hilux. A voracidade é um defeito grave no Dakar. A toda a velocidade, basta uma

duna-camelo (pequeno montículo em forma de bossa impressionantemente duro), ou uma simples deformação do terreno, foi o que aconteceu à Toyota Hilux de Yazeed que ficou imediatamente fora de serviço. O saudita foi escoltado de volta ao início da especial, e não tem garantias de voltar à pista para, pelo menos, para ajudar os seus companheiros da Overdrive a partir da sétima etapa. De qualquer maneira, se a sua assistência técnica recuperar a Hilux, terá que cumprir novamente todas as normas técnicas de segurança e passar pelo crivo dos comissários.


59

Martin Macik, transpões uma enorme duna de crista.

Pablo Quintanilla o "Quintafondo" deixou acabar a gasolina.

David Castera advertiu que esta edição seria extremamente difícil


DAKAR 46ª EDIÇÃO > ETAPA 6 > SHUBAYTAH – SHUBAYTAH > ESPECIAL DE 626 KM > 2ª PARTE

Stéphane Peterhansel / Edouard Boulanger / Audi RS Q e-Tron E2

O DAKAR DÁ LIÇÕES DE VIDA Nem todos estão preparados para enfrentar a maratona de 48 horas, no Empty Quarter. É um facto. Mentalmente, a maioria dos pilotos divide o Dakar entre o antes e o depois da prova rainha. A etapa maratona, com inovações que lhe conferem mais dureza, exigência e, naturalmente, mais frustrações.

Assim quatro motociclistas pernoitaram no ponto de descanso A, na companhia de cerca de 50 carros e camiões, ainda com 425 km (FIM) e 354 km (FIA) para cortar a meta. Durante a primeira parte da maratona 48 Horas, o lote de favoritos conseguiu chegar ao acampamento que lhes estava reservado, nomeadamente, o ponto F, de onde restavam

112 km para as motas, e 71 km para os automóveis. As honras da etapa ficaram para 4 pilotos franceses, inédito na história do rali, no entanto, é um norte-americano, Rick Brabec (Honda) e o espanhol Carlos Sainz (Audi) que vão para o dia de descanso no trono da liderança da Geral.


61 Costuma-se dizer que o Dakar dá lições de vida. O que a maratona de 48 horas proporciona certamente está relacionado com as virtude de resiliência na prossecução dos objetivos. A areia foi muito dura para certos pilotos, menos para outros que mostraram através dos seus gestos, a sua idoneidade para as exigências de um rali como o Dakar. Consistente, desde a saída de ALULA, Rick Brabec (Honda) mostra a sua solidez e não cometeu erros no regresso a Shubaytah, o que lhe permitiu assumir a liderança da classificação geral e manter a esperança de repetir a vitória de 2020. E no contexto das 48 horas, Adrien Van Beveren (Honda) pode afirmar, à sua maneira, que nasceu na areia: as suas vitórias em Le Touquet, as grandes extensões de areia de Pas-de-Calais, na região onde o piloto nasceu, mas tam-

bém nos enduros de verão na Argentina, forjaram uma técnica e poder físico que o tornam quase intocável na areia. O esforço envidado para adquirir esta mestria resultou na vitória da etapa, uma das mais saborosas recompensas da sua carreira, com a perspetiva de ainda ter alguma coisa a dizer sobre a vitória final. Quando tudo levava a crer que, os filhos do deserto, Yazeed Al Rajhi e Nasser Al Attiyah, seriam reis e senhores na travessia do Empty Quarter, foram uma desilusão para as suas hostes. O primeiro, como já referimos, partiu o carro todo num “capotanço”. O segundo, o pentacampeão, Nasser Al Attiyah, surpreendeu com circunstâncias duplamente desagradável, naquele que deveria ser o seu palco favorito: na primeira parte da maratona, “atascou” e perdeu tempo para desatolar e

na segunda parte da maratona, perdeu quase 3 horas devido a uma avaria mecânica. Por outro lado, os Audi completaram a grande travessia do Empty Quarter com grande sucesso, já que Carlos Sainz e Mattias Ekström emergiram como líderes na classificação geral. Imediatamente atrás deles na hierarquia, Sebastien Loeb que foi o grande vencedor de uma etapa de prestigio, que o coloca de novo em posição favorável para discutir a vitória final. Com uma desvantagem de 29 minutos, que não é de todo irrecuperável, em relação ao líder espanhol, e a um colega do calibre de Nasser Al Attiyah, pode perseguir o título que sonha conquistar, desde 2016. Está tudo em aberto.

A FRASE DO DIA

“VOU TENTAR AJUDAR O SEB (SEBASTIEN LOEB) A VENCER ESTE DAKAR” NASSER AL ATTIYAH

PESOS PESADOS Há claramente um antes e um depois das 48 Horas, na categoria de camiões. Enquanto que a luta pela vitória parecia resumir-se a um duelo entre Janus van Kasteren (Iveco) e Ales Loprais (Praga), com ligeira vantagem para o neerlandês, os dois dias passados no Empty Quarter foram usados como um verdadeiro trampolim para Martin Macik. O piloto checo, tinha até então sido limitado na sua expressão do seu talento por várias penalizações e alguns furos. Mas na sexta etapa pode mostrar todo o

seu talento enquanto que os dois líderes, por sua vez, sofreram bastante no terreno. No final, Martin, assinou a sua décima vitória de etapa na categoria, pela décima segunda participação no Dakar, colocando o seu Iveco Powerstar no topo da Geral. Com mais de hora e meio de avanço sobre o segundo (Ales Loprais) e quase duas sobre o terceiro (Mitchel van Den Brink/Iveco), Martin Macik, filho de camionista, tem razões para olhar para o horizonte com algum otimismo.

Na categoria SSV, O francês Xavier de Soultrait (Polaris RZR) venceu a grande etapa, em segundo João Ferreira (Can-Am) que igualmente fez uma grande maratona 48 Horas, conquistou a segunda posição, a escassos 03’ 35” do vencedor. Na terceira posição, o líder da geral, o saudita Yasir Seaidan (Can-Am), que cortou a meta dois minutos depois do piloto português. João Ferreira está em 4º da Geral, a 17 minutos do líder. Está tudo em aberto.


astara TEAM SUPERA A PRIMEIRA METADE DA MARATONA 48 HORAS... E LAIA SANZ SUPERA TODAS AS EXPECTATIVAS Laia Sanz e Maurizio Gerini passaram a primeira metade da exigente etapa-maratona 48 Horas, com louvor. Entrar no Empty Quarter, a maior extensão seguida de areia do planeta, forçou todos os participantes a fazer um grande gestão do combustível. A dupla hispânica permaneceu na luta pela vitória entre os veículos com tração às duas rodas, apesar das extremas dificuldades do dia.

O percurso, foi dividido em dois dias com hora de chegada às 16h00. Este modelo de etapa teve o grande atrativo de obrigar os concorrentes a gerir todos os recursos, inclusive, a mecânica do veículo. Particularmente preocupante foi a autonomia de combustível, com muitas equipas a indicarem no final da etapa que seria praticamente impossível chegar às zonas de reabastecimento definidas pela organização.

Laia Sanz e Maurizio Gerini partiram com o objetivo de manter a posição entre os vinte primeiros da categoria Auto. Para os veículos da categoria T1.2 Ultimate, o desafio foi muito grande, pela importância de ter muito cuidado com o acelerador nas dunas para evitar que o consumo disparasse. Apesar das dificuldades e das exigências do dia, a dupla Sanz-Gerini cumpriu perfeitamente a estratégia de gestão de combustível desde o início, chegando ao ponto do Km 398, onde se localizava o segundo reabastecimento. Mais uma vez, o combustível sintético utilizado pelo astara 02 Concept provou não só ter um desempenho ao mesmo nível dos combustíveis de competição convencionais, mas


63 também terem uma autonomia idêntica à deles, com a vantagem adicional de ser completamente neutro em carbono. Oscar Fuertes, diretor desportivo da equipa astara, afirmou “foi uma primeira parte muito exigente da etapa de 48 Horas, em que todos os participantes tiveram que ter

em conta o consumo de combustível para não ficarem presos no deserto. A Laia e o Maurizio fizeram uma etapa perfeita, sem se perderem ou ficarem presos nas dunas. Calculamos que chegávamos ao ponto D de reabastecimento com 10 ou 15 litros de margem, por isso foi fundamental não cometer erros e garantir uma ótima gestão desde o primeiro

quilómetro. A equipa astara está muito satisfeita com o desempenho do combustível sintético do nosso astara 02 Concept, com consumos iguais aos restantes convencionais, permitindo-nos continuar competitivos sem abrir mão do nosso objetivo de ser a equipa mais sustentável do Rally Dakar 2024"

LAIA SANZ, A “PRINCESA DO DESERTO”, E MAURIZIO GERINI, O SEU COMPETENTE “ESCUDEIRONAVEGADOR”, COMPLETAM A ETAPA MARATONA 48 HORAS, COM ÊXITO! A equipa astara chega ao dia de descanso, em Riade, na 17ª posição da geral e mantém-se no pódio na categoria T1.2, tração às duas rodas. A segunda metade desta sexta etapa parecia uma mera formalidade, principalmente para os concorrentes que tinham chegado aos últimos acampamentos, os mais pertos da meta. No entanto, o cansaço físico dos concorrentes e o desgaste mecânico da primeira semana do Rally Dakar 2024 foram fatores a ter em conta neste sprint final, da etapa rainha do Dakar. Laia Sanz e Maurizio Gerini conseguiram chegar ao km 398, no ponto D, onde pernoitaram juntamente com alguns dos candidatos à vitória geral na categoria automóvel. Sem problemas no astara 02 Concept que os obrigasse a gastar tempo e

energia em reparações, concentraramse em fazer alguns pequenos ajustes para enfrentar os últimos 150 km. “Estou muito feliz por ter chegado ao final da etapa maratona. A verdade é que tem sido muito difícil e com a tração às duas rodas é mais complicado. Ontem, estávamos a rolar muito bem mas vimos que o consumo era muito alto e tivemos que desacelerar. Na segunda parte da maratona, tivemos algum stress, porque a 100 quilómetros do final a embraiagem começou a escorregar e foi muito difícil chegar ao final da etapa. Tivemos que procurar os percursos que nos convinham mais. Mas correu tudo bem e estamos orgulhosos de estar aqui. Agora estamos prontos para a segunda semana que, espero, sejam etapas melhores para nós e para o nosso carro”, explicou Laia Sanz à

chegada, depois de uma prestação a todos os níveis fantástica. Oscar Fuertes, diretor desportivo do astara Team, acrescentou: "estamos muito felizes porque enfrentamos a etapa mais difícil que já foi feita nesta Era do Rally Dakar, na Arábia Saudita. O número de incidentes e perdas durante a etapa prova isso. A dificuldade da etapa levou ao limite tanto as máquinas como os pilotos. Foi muito difícil para Laia porque durante as primeiras 24 horas teve que gerir o consumo de combustível e na segunda etapa teve que lidar com uma embraiagem que começou a patinar durante nos últimos 100 quilômetros. Foi um esforço titânico para os pilotos de tração às duas rodas que tiveram que abusar da embraiagem para sair das dunas".



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DAKAR 46ª EDIÇÃO DIA DE DESCANSO

Depois de uma etapa maratona de 48 horas, de extrema dificuldade, o tradicional dia de descanso é muito bem-vindo. Os pilotos recuperam física e mentalmente, e as máquinas entram em modo “SPA” para massagens e recuperação dos músculos (leia-se: reparações e afinações). Carlos Sainz (Audi), chega ao dia de folga, no comando da classificação geral

Auto, com uma vantagem de 20 minutos sobre o segundo, o seu colega de equipa, o sueco Mattias Ekström. Na classe T1.2, o experiente Mathieu Serradori (Century) segue em primeiro lugar, com 35 minutos de vantagem sobre o segundo, o não menos experiente, Christian Lavieille (MD Otimus). Laia Sanz (astara 02 Concept, movido a combustível sintético), subiu ao pódio.

Nas motos, Ricky Brabec (Honda, segue na frente, a 51 segundos de Ross Branch (Hero) e a 9 minutos de Adrien Van Beveren (Honda). Nos Quads, o argentino Manuel Andujar (Yamaha Raptor 770)lidera a Geral, com 20 minutos de vantagem sobre Alexandre Giroud (Yamaha Raptor 700).


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Na categoria SSV, o líder da Geral é Yasir Seaidan (Can-Am) com 02’ 58’’ de vantagem sobre a norte-americana Sara Price (Can-Am). João Ferreira (Can-Am Factory Team), subiu ao quarto lugar e está 17’ 27” do lider. Tudo em aberto para o campeão português. Na disciplina Challenger, o norte-ame-

ricano Mitchell Guthrie (Taurus T3 Max), domina a geral com 24’ 16” de vantagem sobre a surpreendente Cristina Gutierrez Herrero (Taurus T3 Max) que subiu ao segundo lugar, à frente de pilotos como Austin Jones ou Francisco Lopez Contardo. Ricardo Porém (Can-Am) continua na sua escalada de recuperação e chega ao dia de descanso na sétima posição.

Nos camiões. Martin Macik (Iveco) já leva 01H 16’ 42 de vantagem sobre o segundo classificado a geral, Ales Loprais, num camião Praga, de origem checa.


astara TEAM REDUZ CERCA DE 28 TONELADAS DE C02 GRAÇAS AO USO DE E-FUEL, NO DAKAR 2024 A dupla Laia Sanz /Maurizio Gerini aos comandos do astara 02 Concept, poupou cerca de 28 toneladas de CO2 nesta edição do Dakar 2024, o equivalente às emissões de um veiculo convencional de passageiros, durante 200.000 km. Para absorver esta quantidade de CO2 caso tivesse sido emitida, seriam necessárias perto de 950 árvores, plantadas num ano – os dados definitivos serão apresentados depois do fecho desta edição e serão realizados de for-

ma transparente por entidades independentes de renome. Isto só foi possível graças à utilização de combustível sintético nos seus veículos de competição, bem como nos veículos de assistência. Nestes dados, não é considerado as emissões provenientes das viagens da equipa. Mas, com esta conquista, a astara demonstra que é possível competir ao mais alto nível – a dupla Laia Sanz/Maurizio Gerini, termi-

nou o Dakar no pódio da categoria T1.2 (veículos com tração às duas rodas), e no TOP 15 da classificação geral – o carro 100% neutro de carbono (zero emissões) mais bem classificado do rali. “É uma honra fazer parte de uma iniciativa que prioriza a sustentabilidade durante a competição. Este ano utilizamos um motor mais leve e com melhor desempenho e a nossa participação com o astara 02 Concept é totalmente neu-


69 tra em termos de emissões. É importante participar em competições como o Rally Dakar tendo consciência do nosso impacto porque é a pegada que deixamos para as gerações futuras”, declarou Laia Sanz. No maior desafio mundial do desporto motorizado, a astara é pioneira na utilização de combustível sintético, desde

Luz solar

2022. O astara 02 Concept, uma evolução do 01 Concept, do ano passado, melhorou a formulação do combustível sintético para alcançar uma pegada de carbono completamente neutra (zero emissões), em comparação com 90% em 2023 e 70% em 2022, ao mesmo tempo que melhorou o desempenho, a aerodinâmica e a propulsão do veículo.

H2

Eletricidade Painéis fotovoltaicos

H2O

Electrólise

CO2

Os combustíveis sintéticos posicionam-se cada vez mais como uma das alternativas para a transição dos motores de combustão para uma mobilidade mais sustentável, e as competições desportivas não devem ser excluídas deste novo cenário. Na Europa, o horizonte de 2035 marca o fim da venda de veículos com motores de combustão, exceto os que utilizam combustíveis sintéticos.

Syngas

RWGS conversor de CO2 e H2 em gás de síntese (Syngas)

Liquefação

e-combustível

Principio de produção de e-fuel, 100% neutro de carbono (Zero emissões) utilizado pelos astara 02 Concept.

A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DO COMBUSTÍVEL SINTÉTICO É 12% SUPERIOR À DA GASOLINA O combustível sintético é totalmente neutro em carbono; o seu impacto ambiental é zero. O CO2 emitido durante a combustão é o mesmo extraído do ar durante o processo de produção. Além disso, não produz resíduos sólidos nem micropartículas. A sua produção baseia-se na obtenção de gás de síntese – utilizando energia renovável – que passa por sucessivos processos químicos resultando em um hidrocarboneto líquido ecológico de fácil utilização, armazenamento e transporte. Os combustíveis sintéticos possuem basicamente as mesmas propriedades dos combustíveis fósseis, mas são produzidos artificialmente e são usados da

mesma forma que os combustíveis fósseis usados em todo o mundo. É possível produzir combustível sintético para a aviação, navios, camiões e, naturalmente, carros convencionais. A principal diferença entre os combustíveis fósseis e sintéticos é a forma como são produzidos: os combustíveis fosseis são formados ao longo de milhões de anos no subsolo a partir de matéria orgânica que é transformada em carvão, gás natural ou petróleo. Os combustíveis sintéticos são produzidos imitando estes processos naturais utilizando recursos renováveis. Para compreender a produção de combustíveis sintéticos renováveis, é preciso

perceber a composição dos combustíveis fósseis: simplificando, são feitos de cadeias dos elementos de hidrogénio (H) e carbono (C), ou seja, consiste em centenas de moléculas diferentes de hidrocarbonetos. A chave para a produção de combustíveis sintéticos é o gás de síntese (Syngas), uma mistura de hidrogénio (H) e monóxido de carbono (CO). Pense no gás de síntese como um tijolo. Depois de ter os tijolos, pode edificar qualquer tipo de construção. Syngas, é o tijolo universal que é necessário para produzir qualquer tipo de combustível de hidrocarboneto líquido, como diesel ou gasolina.


Transformar gás de síntese em combustível é um processo estabelecido que tem sido aplicado em larga escala há décadas, utilizando carvão e gás natural como matérias-primas, o que obviamente não é sustentável. E foi exatamente aqui que residiu o desafio: produzir gás de forma sustentável. A produção de gás de síntese requer uma

grande quantidade de energia. Para produzi-la de modo sustentável, essa energia precisa de provir de um recurso renovável, como biomassa, solar, eólica ou hídrica. Até à data, são conhecidos três métodos de produção de gás síntese renovável e, consequentemente, de combustíveis

sintéticos ecológicos: biocombustíveis que são produzidos a partir de biomassa, e-combustivel a partir de energia renovável, e solares, que são produzidos através de energia solar. Todos os três métodos passam principalmente por gás de síntese que posteriormente é transformado em combustível líquido.

astara 02 CONCEPT. A EVOLUÇÃO Em relação ao astara 01 Concept do ano passado, o 02 Concept não só evoluiu como adotou profundas alterações, a começar logo pelo motor 7.0 V8 que foi substituído por um motor 2.9 V6 biturbo, mais leve e mais eficaz. O novo motor, que tem origem na casa de Ingolstadt, proporciona cerca de 300 kW de potência, é bem mais leve que o anterior e contribuiu de forma substancial para baixar o peso do 02 Concept, para 1590 Kg. O centro de gravidade baixou 15 cm, o que acrescentou substanciais melhoramentos à dinâmica do carro. Por essa razão, as suspensões foram alteradas, inclusive, no chassis e no

tamanho das rodas. A caixa de 6 velocidades é fornecida pelos especialistas da Carolina do Norte, SADEV. A aposta no e-fuel mantêm-se, com mais eficácia e completamente neutro (zero carbono), que aliás vai ao encon-

tro da estratégia de crescimento na mobilidade sustentável que o Grupo e todas as marcas que integra, defendem a nível mundial.

tes necessidades de cada utilizador dependendo da maturidade de cada mercado, incluindo toda a propriedade, subscrição e partilha de carro. Um ecossistema de mobilidade, apoiado em inteligência de dados e apoiado pela plataforma astara. Tudo isto graças à diversificada equipa

de 3.000 colaboradores da astara, com mais de 40 nacionalidades, em 19 países e 3 continentes: Europa, América Latina e Sudeste Asiático.

SOBRE A astara A astara é uma empresa de mobilidade aberta, com uma abordagem Human to Human, comprometida com a sustentabilidade. Com um volume de negócios superior a 5 mil milhões de euros em 2023, a astara oferece soluções de mobilidade pessoal, com opções para as diferen-

Para mais informações sobre astara, visite www.astara.com



Laia Sanz / Maurizio Gerini / astara 02 Concept movido a combustível sintético. Aqui na redação já é a nossa Princesa do deserto.



JOÃO FERREIRA LIGA O “TURBO” E VOLTA A VENCER! A categoria SSV está ao rubro! João Ferreira está a fazer um cerco à liderança da Classe SSV. O piloto de Leiria venceu a sétima etapa do Dakar, está mais perto da liderança da tabela classificativa, agora comandada pelo francês Xavier de Soultrait e a confiança está cada vez mais elevada para o jovem piloto português que compete inserido na estrutura oficial da marca canadiana, Can-Am Factory Racing.

Depois de um dia de descanso onde recebeu a visita de familiares e amigos que o acompanharam hoje em toda a etapa, João Ferreira está cada vez mais motivado e, agora, a escassos 11 minutos e 34 segundos do líder da Geral. O futuro engenheiro mecânico está contente, mas com os pés bem assentes na terra. “Não é ao acaso que se diz que o Dakar é uma maratona. De nada interessa começar bem se não acabarmos bem. Estamos

em crescendo na prova, cada vez mais perto da liderança e só com muito trabalho conseguiremos o nosso objetivo. Estamos cientes das dificuldades, mas acreditamos muito no trabalho que fizemos antes deste Dakar. Estamos preparados para esta luta titânica até Yanbu”, afirmou o piloto que é navegado por Filipe Palmeiro, que também esteve muito bem numa etapa com muitas subtilezas de navegação.


75 < João Ferreira / Filipe Palmeiro/ Can-Am Factory Racing. Vencedores da etapa SSV > Sebastien Loeb / Sebastien Lurquin / Hunter, vencedores da etapa Auto > Jose “Nacho” Cornejo, (Honda), a caminho da sua terceira vitória em etapas, este ano

LOEB PRESSIONA SAINZ Com exceção dos maus navegadores que prolongam excessivamente a distância, raramente se ultrapassa os 850 quilómetros numa etapa do Dakar. Aliás, só aconteceu uma vez na Arábia Saudita. Nesta sétima etapa, a caravana do Dakar teve que percorrer 874 km, cumprindo sem erros a rota indicada. Neste longo périplo e, em particular, ao longo dos 483 km do percurso cronometrado, exigia-se dos concorrentes, sobretudo, nos que ainda sonham com a vitória final, tolerância zero aos erros. No meio dos desfiladeiros ou no coração das dunas, exigia-se - sobretudo - solidez em todos os aspectos: condução, navegação, sem acidentes nem problemas mecânicos, situações imprevisíveis que ninguém pode dizer “desta água não beberei” e que abrange todos sem exceção. Recor-

de-se o que aconteceu a Peterhansel ou a Nasser Al Attiyah. “Nacho” Cornejo, em moto, foi o que reuniu as melhores condições para alcançar o melhor momento do dia: a vitória. Sebastien Loeb, um lutador insa-

ciável, executou uma ”partitura perfeita” e venceu pela terceira vez este ano uma etapa, e pressiona Carlos Sainz.


DAKAR 46ª EDIÇÃO > ETAPA 7 > RIYADH – AL DUWADIMI > ESPECIAL DE 483 KM AO SEGUNDO! Quanto mais o Dakar avança, mais incerto é o resultado. Não é um cenário que ocorre de forma sistemática, mas a safra de 2024 parece prestar-se a uma recuperação. Acredito, que no final da prova ninguém envia emails ao David Castera a queixar-se da falta de dureza. No terreno, não ficamos surpreendidos com a chegada do inconformado “Nacho” Cornejo (Honda), como vencedor, em Al Duwadimi. O chileno, já ganhou três etapas nesta edição e, desta forma, regressa ao pódio, o que é cada vez mais difícil de prever nesta fase. Adrien

Van Beveren (Honda) foi desalojado do pódio e ficou com 14 minutos de atraso. A liderança de Rick Brabec (Honda) está por um fio, ou melhor, por um segundo, já que Ross Branch (Hero), mesmo sem o travão dianteiro, continua a defender corajosamente a sua oportunidade de reconquistar o topo da Geral, está a um segundo do norte-americano, um segundo! Desde a abertura deste 46º Dakar, os motards percorreram uma distância de 2.865 quilómetros. Ricky Brabec

foi o mais rápido a conseguir isso com 32h37'20''. Está à frente de Ross Branch por apenas um segundo. Esta é a menor diferença alguma vez registada após oito especiais desde que o Dakar se mudou para a Arábia Saudita, em 2020. Para ter uma noção, o que representa esta diferença mínima após 32 horas e 37 minutos, equivale a uma distância de pouco mais de 24 metros, ou seja, o equivalente a uma série de 12 motas perfiladas. Já imaginou?

NOS AUTOMÓVEIS TAMBÉM HOUVE DESPEJOS Nos automóveis, foi Mattias Ekström (Audi) que foi desalojado do pódio, ainda dominado por Carlos Sainz, mas até quando? Sebastien Loeb está de facto lançado na conquista do Dakar: ao vencer com “Nacho” pela terceira vez este ano, recupera o 2º lugar e fica 19 minutos mais perto do primeiro lugar. Seguramente, Carlos Sainz não é um piloto tenrinho, mas a aproximação do nove vezes campeão mundial de ralis ainda lhe deve criar alguns arrepios. Nestas circunstâncias, o autor do segundo melhor tempo do dia, Lucas Moraes, que também é o primeiro “caçador” de Loeb na geral, ainda pode acreditar nas suas chances, enfim, com uma mãozinha do destino.

Ficar ajudar Mattias Ekström ou deixar o líder da Geral, Carlos Sainz, mais vulnerável? O pragmatismo germânico decidiu.

Na categoria Challenger, a desclassificação de Eryk Goczal por violação do regulamento técnico da FIA abriu as portas para Mitch Guthrie (Taurus T3

Max) liderar a categoria, à frente de Cristina Gutierrez e de “Chaleco” Lopez, 33 e 40 minutos, respetivamente.


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A FRASE DO DIA

“AINDA FALTA UM. JÁ CONQUISTAMOS O SEGUNDO LUGAR, MAS AINDA HÁ UM PELA FRENTE...” SEBASTIEN LOEB

DOIS A MENOS! No dia de descanso, o clã Audi pode alegrar-se com o desempenho alcançado pelos seus pilotos, apesar do atraso sofrido por Stéphane Peterhansel, excluído dos debates pela vitória durante a maratona 48 Horas, mas ainda na corrida como companheiro de equipa susceptível de ajudar os seus companheiros, eventualmente, em perigo. Nunca pensamos que fosse tão rápido: aos 47 km de corrida na especial,

Mattias Ekström partiu o eixo traseiro esquerdo do seu RS Q e-Tron. O seu eventual salvador chegou ao local rapidamente, mas a reparação duraria algumas horas. A questão desta decisão implicava necessariamente colocar Carlos Sainz numa posição vulnerável, caso a especial azedasse também para ele. Por fim, o diretor desportivo da Audi, decidiu. Peterhansel continuou o seu caminho, deixando o 2ª da Geral, à espera

da assistência. Assim, as esperanças, do piloto sueco de uma vitória final ou de um pódio ficaram por ali, e a armada da marca dos anéis sofreu mais um baixa... e vão duas! Para uns, o copo está meio vazio, porque a Audi só tem um candidato ao título, para outros, o copo está meio cheio, porque o único candidato está na frente da corrida e ainda tem dois tenentes para o proteger.


LAIA SANZ E MAURIZIO GERINI TERMINARAM A SÉTIMA ETAPA ENTRE OS 15 PRIMEIROS, SÃO 14ª NA GERAL E 2º NA CATEGORIA DE DUAS RODAS MOTRIZES A dupla hispânica foi afetada pelo reposicionamento da ordem de largada, que veio a beneficiar os inscritos no Campeonato do Mundo de Ralis-Raid (W2RC). Com as forças recuperadas após um merecido dia de descanso, a equipa do astara 02 Concept começou a segunda metade da prova em grande estilo, conseguindo terminar no TOP 20 e mantendo-se na luta na categoria das duas rodas motrizes. A organização tinha preparado no

papel um percurso que permitisse aos concorrentes recuperar o ritmo, com um primeiro traçado entre desfiladeiros que, naturalmente, iria criar problemas aos navegadores e stress aos pilotos. E, posteriormente, duas grande zonas de dunas para alterar o ritmo aos concorrentes a caminho de Al Dawadimi. Um percurso, que se adaptava às características e desempenho do astara 02 Concept, porém, o tempo alcançado por Laia e Maurizio foi muito afetado pela alteração de ordem de

largada dos automóveis. Largando bem atrás, a dupla da astara Team teve que enfrentar muita poeira em suspensão levantada por outros veículos e, por isso, a prestação foi limitada. As regras do Rali Dakar permitem que os participantes do Campeonato do Mundial de Rali-Raid FIA sejam reposicionados por questões de segurança. Confesso que nunca percebi esta decisão.


79 Laia Sanz, comentou: "a verdade é que afinal foi uma boa etapa. Largámos atrás do 50º lugar, com muito pó. Tivemos que parar mesmo em muitos pontos onde não tínhamos visibilidade. A partir do km 270 ou mais, conseguimos ir sozinhos e pudemos começar a fazer a nossa etapa: a rolar e a navegar bem. Houve alguns pontos difíceis. Ficamos um pouco confusos, acho que alguns dos nossos rivais se perderam, mas resolvemos muito bem as dificuldades. Depois de começar lá atrás, podemos nos orgulhar de ter

feito um ótima prestação. Afinal, o dia acabou por ser positivo. Maurizio Gerini acrescentou: "foi uma boa maneira de continuar a corrida depois do dia de descanso. Enfrentamos alguns pontos complicados na navegação, mas superamos bem. O nossos maior desafio foi enfrentar todo aquele pó que nos retirava a visibilidade, mas, graças a nosso bom desempenho, amanhã vamos começar melhor."

Óscar Fuertes, diretor desportivo da astara Team, mostrou-se muito feliz com o trabalho realizado pela equipa, principalmente depois de um dia de descanso em que os mecânicos puderam fazer uma revisão completa e deixaram astara 02 Concept, como novo. “Estamos muito esperançosos com a etapa de amanhã porque teremos uma melhor posição de largada e é uma etapa mais adequada ao carro”, sublinhou um dos diretores desportivos mais felizes do Dakar.




DAKAR 46ª EDIÇÃO > ETAPA 8 > AL DUWADIMI – HA’IL > ESPECIAL DE 458 KM

DUELOS EM TODAS AS FRENTES Siga para Ha’il! A etapa chegou ao berço do offroad da Arábia Saudita onde foram treinadas as primeiras gerações de pilotos do país e onde são gravados praticamente todos aqueles vídeos que aparecem nas redes socais com “bru-

tos” 4x4 a gasolina, a galgar dunas gigantes, de forma impressionante. Etapa rolante numa primeira fase, sobre um tapete espesso e fofo, para acabar mais tortuoso e pedregoso, a exigirem

redobrada atenção. Um território familiar para os irmãos Benevides que marcaram os dois melhores tempos e até podiam ter cortado a meta de mão dada. Era bonito.


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Mattias Ekström / SR Q e-Tron, a equipa Audi, vence a 8ªEtapa

CAUTELA E CALDOS DE GALINHA... Os Benevides chegaram a esta edição do Dakar com legítimas ambições, mas o detentor do título Kevin Benevides (KTM) e o campeão mundial Luciano

<

Kevin Benavides / KTM, vence a 8ª Etapa, com uma vantagem de 31 segundos, sobre Luciano (Husqvarna), o seu irmão mais novo.

<

João Ferreira / Filipe Palmeiro /Can-Am Factory Team

Benevides (Husqvarna), viram esta feliz perspetiva escapar durante a primeira semana de prova. As perspetivas, não são boas nem são más, mas parecem-me diferentes para cada um. Para o piloto da KTM, com esta vitória sobe ao 5º da Geral, e tudo é possível. Mais improvável para o mano mais novo que está na 8ª posição da Geral a quase 40 minutos do líder ,o norte-americano Ricky Brabec (Honda) que consolidou a sua vantagem de 1 para 42 segundos. Depois de um ano de 2023 com assinatura a “tinta permanente”, os irmãos argentinos, chegaram a Ha’il com uma


"rubrica a esferográfica". Realmente, neste Dakar não conseguiram desempenhar os papéis de destaque que esperavam. À sua frente a batalha dos nervos está ao rubro entre os favoritos. E tendo em conta as classificações intermédias, é razoável pensar que a estratégia, de "levantar o pé", essencialmente, depois da etapa maratona 48 Horas, é uma referência para os candidatos à vitória final. “Cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém” diz o povo e com razão. Ricky Brabec (Honda) chegou a andar na frente a maior parte da especial mas, finalmente, acabou, estrategicamente, no 7º lugar que o coloca numa posição de partida vantajosa para a próxima etapa. Mas, Ross Branch (Hero), o seu mais direto adversário fez ainda melhor, ao assinar a 8ª posição. Por sua vez, Adrien Van Beveren, chega dentro do pódio da etapa, mas está fora do pódio da Geral, por 07’ 57”.

> Seth Quintero / Dennis Cruz / Toyota Gazoo, no TOP 5 da etapa, mas uma classificação muito modesta na Geral, para um dos pilotos considerados mais talentosos da nova geração.

> A tranquilidade reina na cabina do Iveco, de Matin Macik / Frantisek Tomasek e David Svanda. Quase duas horas de vantagem sobre o segundo.

A FRASE DO DIA

“XAVIER ESTAVA EM CIMA DE NÓS, E TIVEMOS QUE FAZER PELA VIDA...” JOÃO FERREIRA


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Guerlain Chicherit / Alex Winocq / Toyota. O melhor Toyota da Etapa.

A VIDA DE LOEB... Stéphane Peterhansel e Mattias Ekström, do clã Audi, também iniciaram o Dakar com o sonho de erguer o troféu Tuaregue, em Yanbu. As suas ilusões foram frustradas e estão fora de cena, no entanto, ocuparam os dois primeiros lugares da classificação da etapa Auto, com múltiplos benefícios, nomeadamente para favorecer os planos de Carlos Sainz. O piloto madrileno, aliviou um pouco a pressão imposta por Sebastien Loeb que perdeu a oportunidade de se aproximar do líder do Dakar, devido a um erro de navegação que lhe custou um desvio de mais de 5 km no interior do território. “Perdemos praticamente tudo o que ganhamos ontem”. No fundo, é um pouco a vida de Sebastien Loeb, nos últimos anos no Dakar... Agora, não tem

alternativa senão completar os quatro dias que faltam sem erros, para manter a esperança de desalojar o seu rival do trono da liderança. Na luta, por um lugar no pódio, a melhor prestação do dia fica por conta de Guerlain Chicherit ao subir de 8º para 6º na Geral. Curiosamente, o especialista em desportos radicais na neve, e que uma vez desfaleceu nos meus braços por excesso de calor, quando o estava a entrevistar num célebre Transibérico, é uma das “carruagens” do comboio Toyota do TOP 10, com Lucas Moraes (3º), Guillaume de Mevius (4º), Giniel de Villiers (5º) que persegue à distância a luta entre Sainz e Loeb, e ainda Guy David Botterlli (9º) e Benediktas Vanagas (10º).

Na categoria Challenger, Mitch Guthrie (Taurus T3 Max) tem uma almofada muito confortável de 34’ 03” sobre a guerreira Cristina Gutierrez Herrero (Taurus T3 Max) e pode controlar, com alguma tranquilidade, os seus adversários. Talvez tenha sido nesse contexto que permitiu a Saleh Alsaif, aos comandos de um Grally, preparado em Wavre, na Bélgica, nas oficinas da De Mevius, vencer a etapa. Ricardo Porém (Can-Am MMP), navegado por Augusto Sainz subiu à 6ª posição Geral, e apesar de um início de prova atribulado, está a 10 segundos de cumprir os seus objetivos: “acabar na melhor posição possível dentro do TOP 5”. Para isso, precisa de ultrapassar Austin Jones (Can-Am), que fecha o TOP 5.


DAKAR 46ª EDIÇÃO > ETAPA 8 > AL DUWADIMI – HA’IL > ESPECIAL DE 458 KM

astara TEAM ENFRENTA DIFICULDADES MAS, MESMO ASSIM, SOBE NA CLASSIFICAÇÃO Estava agendada, uma etapa especial entre Ad Dawadimi e Ha'il que originalmente seria de 458 quilómetros cronometrados. Os organizadores decidiram dividir o percurso em dois e introduzir uma neutralização intermédia de 179 quilómetros por razões de segurança. No final, a etapa cronometrada percorreu apenas 279 km. A dupla do astara Team desfrutou de uma boa posição inicial entre os primeiros vinte carros, no entanto, problemas de potência antes de chegar ao primeiro Waypoint prejudicaram o resultado final. Apesar disso, a dupla Sanz-Gerini conseguiu aproveitar ao máximo a etapa, aproveitando os problemas dos rivais para subir na classificação geral, permitindo que a equipa começasse a sonhar com uma vaga entre os dez primeiros. A quatro dias do final do Rally Dakar 2024, o astara 02 Concept de Laia Sanz e Maurizio Gerini está na 14ª posição da classificação geral na categoria Auto, enquanto trava uma batalha dura na categoria de tração às duas rodas, onde está em terceiro lugar, a menos de seis minutos do segundo classificado, o francês Christian Lavieille, num protótipo MD Optimus. “A etapa de hoje foi difícil para nós. No início, parecia que ia ser um dia muito favorável devido ao tipo de percurso, mas no início tivemos um pequeno problema num sensor

que nos fez perder potência e foi muito difícil transpor algumas dunas. Perdemos muito tempo, principalmente nas áreas de areia fesh-fesh. A nossa ideia era tentar reparar o carro durante a neutralização mas, por alguma razão, como se tivesse vontade própria, o astara 02 Concept voltou ao normal e já conseguimos rolar normalmente. É uma pena porque poderia ter sido um dia fantástico. Temos que ser positivos e pensar que amanhã somos capazes de fazer melhor”, explicou Laia Sanz Por seu lado, Maurizio Gerini sublinhou: “embora não tivesse toda a quilometragem inicialmente prevista, foi uma etapa muito complexa em termos de navegação, com trilhos com muitas linhas demarcadas e muitos percursos que podiam gerar confusão. É uma

pena o início da especial, porque tenho a certeza que poderíamos ter melhorado muito mais o nosso tempo num terreno onde nos sentíamos muito confortáveis”. Óscar Fuertes, diretor desportivo da astara Team, acrescentou: “estamos a trabalhar para analisar os dados do problema que tivemos na primeira parte da etapa. Ainda assim, a equipa continua a mostrar uma grande capacidade de recuperação e uma postura positiva face aos problemas que surgem numa corrida tão dura como o Rally Dakar e, apesar de tudo, mantemos a nossa posição entre os melhores”.


87 UM DIA PERFEITO É... Dois RS Q e-Tron no topo de uma etapa do Dakar, não é uma situação nova para a Audi. A primeira dobradinha foi conquistada na etapa 8, em 2021, protagonizada pela dupla EkströmPeterhansel, dois dias antes, de Peterhansel ter repetido a gracinha com Carlos Sainz.

O triunfo nesta etapa “ traz algum conforto” aos seus autores no dia seguinte à desilusão do sueco, como explicou Peterhansel no final da etapa. Por detrás deste prémio de consolação, também à que pensar na posição delicada da Audi, cujos anéis continuam na mesma cesta. Se este duplo triunfo

ajuda a mitigar os últimos dias, também serve para cumprir a estratégia dos próximos. O espanhol, Carlos Sainz, líder da Geral, segue no seu Audi em modo “Go fast”, com dois carros na frente. A configuração oferece múltiplas opções para transportar o chefe!

Nesta etapa, o sueco tornou-se no piloto da Audi com mais etapas, com um total de quatro no seu currículo, superando as 3 vitórias de “El Matador” e as duas de “Monsieur Dakar”. No total, desde que entrou na competição, a Audi venceu novas etapas. Lembra-me, a canção do Sérgio Godinho, “hoje soube-me a tanto, portanto, hoje soubeme a pouco”. Não será?

MORTE DO MOTARD CALES FALCÓN Durante a especial da segunda etapa entre Al Henakiyah e Al Duwadimi, o piloto sofreu uma grave queda ao Km 448. Os serviços de emergência chegaram rapidamente e confirmaram a gravidade do seu estado. Cales foi transportado via aérea para o hospital de Al Duwadimi e depois evacuado para o hospital de Riade, antes de ser repatriado para Espanha, alguns dias depois. Apesar dos esforços das equipas médicas, o piloto morreu em consequência do acidente. O piloto de Tarragona decidiu mudar de vida e deixar de trabalhar como engenheiro informático para se juntar ao projeto de um amigo e tornar-se instrutor de motociclos todo-o-terreno

e instrutor de offroad, desafio que o levou a estrear-se no Dakar 2022, tendo concluído com êxito o rali mais duro do planeta. O seu amigo Isaac Feliu sofreu um acidente em 2022, e não se lembrava nada da sua participação no Dakar. Recuperou fisicamente mas perdeu a

memória de tudo o que viveu no Dakar, “Não queria viver sabendo que estive no Dakar e não me lembrava de nada”. E então, dois anos mais tarde, Carles decidiu voltar com o seu parceiro de aventuras para chegarem juntos à linha de chegada e ajudá-lo a realizar o seu sonho.



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DAKAR 46ª EDIÇÃO > ETAPA 9 > HA’IL – ALULA > ESPECIAL DE 417 KM

EM CONTAGEM DECRESCENTE A viagem em direção a Alula traz algumas recordações de um passado recente. No entanto, não é um regresso à estaca zero, uma vez que a situação evoluiu significativamente desde o prólogo. O percurso de regresso evitou as pedras vulcânicas, optando pela opção mais a norte de Al Duwadimi que, no entanto, apresenta alguns pontos em comum. Na maior parte dos 417 quilómetros da especial, exigia-se muita atenção de pilotos e navegadores em dois aspectos: uma condução refinada para evitar quedas e furos, e muita atenção para alinhar a leitura do road-book com os emaranhados de trilhos que se apresentavam pela frente. Neste exercício, o motard francês, Adrien Van Beveren, foi o que melhor se adaptou e o que ocupou maior parte do tempo à frente da etapa.

é um desporto mecânico onde os perigos pesam e as dificuldades de navegação desafiam o intelecto, sem esquecer claro, a técnica de condução que raramente por si só faz a diferença.

Na fase final os concorrentes encontram mais um obstáculo: o cansaço físico que retira discernimento. Mas o Dakar

Beveren, cumpriu bem, mas ainda está 11’ 16” do seu colega da Honda, Ricky Brabec. O norte-americano é de facto o

Para complementar o quadro, a estratégia desempenha um papel vital, especialmente quando o horizonte da linha de chegada final está muito próxima. A contagem decrescente já havia começado na etapa anterior, com Adrien Van Beveren (Honda) no papel de lebre brincalhona. A reação do piloto da Honda ao seu orgulho ferido correspondeu o seu talento, mesmo num terreno que não lhe era o mais favorável. Liderou a corrida durante um boa parte, conseguiu navegar perfeitamente mantendo um ritmo elevado, o que lhe permitiu vencer a etapa.

grande beneficiado do dia, já que a sua posição de saída (7º) permitiu-lhe avançar em ritmo vivo na direção de Alula e aumentar a sua vantagem no topo da classificação Geral. O piloto da Califórnia ainda beneficiou dos erros de navegação de Ross Branch (Hero), que agora está a 07’09”, atrás. Curiosamente, Brabec nunca venceu uma etapa, mas ficou em 2º, como nesta etapa, em quatro ocasiões, o que talvez seja a fórmula vencedora para colher os louros de 2024.


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Carlos Sainz / Lucas Cruz / Audi SR Q e-Tron.

NOS AUTOMÓVEIS CARLOS SAINZ CONTROLA À DISTÂNCIA Olhando para os painéis das classificações, percebemos que o nome de Carlos Sainz não aparece no topo das etapas, mas está no topo da Geral desde a etapa maratona “48 Horas”. A estratégia desta etapa não lhe garante a vitória, mas a jogada que consiste em percorrer a especial “em comboio” supervisionada pelos seus dois companheiros Mattias Ekström e Stéphane

Peterhansel como guardiões, consegue dar alguma tranquilidade a Sainz. De facto, o melhor da Audi ainda mantém o seu perseguidor direto a uma distância razoável, numa fase em que cada passo constitui um passo de gigante, rumo à vitória. Sebastien Loeb admite que na sua posição de caçador, as suas opções estratégicas estão re-

duzidas ao ataque máximo, ao tudo-por-tudo, com todos os riscos que isso representa. Para Loeb correr riscos faz parte de si. O francês conquistou hoje a sua quarta vitória do ano a "flertar" com todos os limites, mantendo a capacidade de preocupar "El Matador". Nada parece impossível para o piloto do BRX Hunter, mas os 20´33” que o separam de Sainz exigirão de Loeb uma


Sebastien Loeb / Fabian Lurquin / BRX Hunter

prestação “supersónica”, o que não é provável de todo. Portanto, as expectativas passam por esperar – hipoteticamente - por um erro de navegação de Lucas Cruz, uma “aselhice” de condução de Carlos Sainz, ou uma avaria demorada do seu RS Q e-Tron. Ao contrário de Sainz, Loeb terá pouco apoio do companheiro Nasser Al Attiyah. O príncipe do Qatar, teve que abandonar a especial pelo segundo dia consecutivo devido a problemas mecânicos, e largará muito longe de Loeb... nas melhores das hipóteses. Na classe Challenger, Mitch Guthrie cavalga protegido desse tipo de questões, já que com mais de meia-hora de

vantagem sobre Cristina Gutierrez na liderança da Geral, olha para a vitória de Nicolas Cavigliasso, 9º na geral, tranquilamente, sem sobressaltos. Na classe SSV, Xavier de Soultrait está na frente e com Jorge Ferreira, infelizmente, fora de cena, pode começar a adotar uma estratégia de gestão. Do lado dos camiões, foi a equipa do neerlandês Gert Huzink, em Renault C460 Híbrido, que venceu a etapa, sem abalar Martin Macik (Iveco), no topo da classificação com quase duas horas de vantagem sobre Ales Loprais.


93 PEDRAS NO SAPATO DAS EQUIPAS DE TOPO Confesso, que é das coisas que me dá mais prazer, edição após edição, é ver os pilotos particulares a intrometer-se sem cerimónia nenhuma, no TOP 10. São autênticas pedras nos sapatos das equipas de fábrica e de topo. Em Alula, Mathieu Serradori e Loïc Minaudier levaram o seu Century ao 3ª lugar da etapa 9. Uma estreia, porque até aqui,

os pódios só aceitaram Toyota, Audi e BRX. Ainda é mais surpreendente porque a equipa francesa é a única equipa equipada com um veículo com tração às duas rodas, no TOP 10 da Geral. Ao volante, Serradori, assina o seu melhor resultado desde a vitória em 2020, na etapa 8, a última até ao momento de um piloto particular. Subiu para 6º ultra-

passando Guerlain Chicherit e Martin ProKop, e está apenas a 3’32” de Giniel de Villiers, que fecha o TOP 5. A dupla da Century Racing Factory Team despede-se assim com estrondo do CR6, antes de passar para o 4x4 com a mais recente criação do fabricante sul-africano.

30,6% Com 9 títulos na sua primeira carreira no WRC e 80 vitórias em etapas do campeonato mundial, Sebastien Loeb, destaca-se como um colecionador voraz. Ao dedicar-se ao rally-raid, o alsaciano não mudou os seus hábitos e começou por vencer 4 etapas, no seu batismo no Dakar 2016, na Argentina

e na Bolívia. Nesta nona etapa, assina a 27ª vitória, depois de ter disputado um total de 88 etapas especiais, 8 participações, incluindo prólogos. Com uma taxa de sucesso de 30,6%, apresenta o maior rácio do acampamento.


DAKAR 46ª EDIÇÃO > ETAPA 9 > HA’IL – ALULA > ESPECIAL DE 417 KM


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David Castera, diretor desportivo, Carlos Sainz e Stéphane Peterhansel.

PETERHANSEL: “COMPREENDO QUE O CARLOS ESTEJA STRESSADO” Stéphane Peterhansel já não está iludido que vai ganhar este Dakar, e assumiu, prontamente, a função de ajudar Carlos Sainz. “Esta manhã, saímos na primeira, segunda, e na quarta posição. Esperei pelo Carlos 6 minutos no início para o acompanhar durante toda a especial, sempre a cerca de 30 segundos, por precaução. Não foi fácil para ele, porque enquanto havia carros pela frente eram eles que faziam a pista, mas nos últimos

200 km foi sempre sozinho na frente. Vimos claramente que ele teve algumas hesitações, nada de muito grave na navegação, mas ainda assim não foi uma etapa fácil. Pode-se pensar que com as nossas carreiras e a nossa experiência o stress diminui, mas não é assim, é uma corrida muito importante onde todos queremos ter um bom desempenho. Recordo que em 2021, quando ganhamos estivemos

em stress do princípio ao fim com medo de fazer alguma asneira e perder a vitória. O Carlos está bem colocado, está na melhor posição. Mas o "Ses" (Sebastien Loeb) consegue recuperar dez minutos por dia ou até mais, é preciso estar muito atento. Ter 20/25 minutos de avanço é muito bom, mas em caso de problema técnico perdemolos num ápice. Compreendo muito bem o stress do Carlos”.


97 ASTARA TEAM ENFRENTA O SPRINT FINAL DO DAKAR. NO TOP 15 A equipa astara superou a nona etapa do rali mais duro do planeta, que mais uma vez, representou um grande desafio em termos de navegação. Os 417 km cronometrados entre Haíl e Alula deixam a competição na reta final, com todos os olhares voltados para a décima etapa, dia em que a organização alertou que poderá ocorrer a última grande reviravolta da qualificação. Laia e Maurizio, uma dupla de verdadeiros campeões, chegam a este último sprint de três dias com a confiança elevada depois de terem conseguido recuperar o ritmo naquela que tem sido uma das clássicas etapas com “armadilha” que aparecem no itinerário como um dia de transição e que acabam por levar a grandes diferenças de tempo. No percurso de hoje, a dupla Sanz / Gerini conseguiu, mais uma vez, aproximar-se do TOP 20 da etapa, permitindo-lhes consolidar a sua posição no TOP 15 da classificação Geral de Autos, bem como ficar no pódio entre os T1.2 (protótipos 4x2). A batalha entre os veículos de duas rodas está mais renhida do que nunca e o duelo promete prolongar-se até à meta final. Laia Sanz referiu: “Hoje foi um dia positivo. Para mim foi uma das etapas mais físicas deste Dakar e também muito dura para o carro. Foi uma etapa armadilha, porque esperávamos talvez um dia mais rápido, mas mesmo assim estamos felizes. Não corremos nenhum risco. Nos últimos 70 ou 100

quilómetros de pedras decidimos abrandar para cuidar dos aspectos mecânicos do carro”. Maurizio Gerini acrescentou: “A navegação é muito exigente neste tipo de etapa com velocidades médias tão elevadas. Qualquer erro no percurso ou um momento de dúvida na determinação do percurso correto podem resultar em muitos minutos perdidos, por isso estou muito feliz com o nosso trabalho de hoje e ansioso pelas últimas três etapas”. Óscar Fuertes, diretor desportivo da equipa astara, sublinhou “foi uma

etapa muito difícil de navegar. É um daqueles dias complicados do Dakar em que a A.S.O. não lhe dá a importância que tem e torna-se um dos mais difíceis. Surpreendeu todos os concorrentes, tornandose um dos piores tanto para o carro quanto para a navegação. A alta velocidade tornou ainda mais difícil seguir o road-book e estamos muito felizes por estarmos em terceiro lugar na categoria de tração nas duas rodas e em 15º na geral a três dias do fim”.



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DAKAR 46ª EDIÇÃO > ETAPA 10 > ALULA – ALULA > ESPECIAL COM 371 KM

CRUCIAL As memórias não enganam quando ainda estão frescas na nossa cabeça. A 10ª etapa é uma reconstituição de uma etapa em laço com saída e chegada ao acampamento onde quase todos se reuniram, há menos de duas semanas. E digo quase todos porque muitos desistiram e outros nunca mais terão a oportunidade de experienciar esta emoção terrena que é o Dakar, como é o caso do Carles Falcón que faleceu em consequência de uma queda de moto, a 7 de janeiro. Quero acreditar que

Carles está no Jannah apreciar de uma vista aérea privilegiada o desenrolar do Dakar - Jannah significa Jardim, e é uma das expressões árabes para se referirem ao céu. Inshallah! Era de esperar um dia difícil. Com 241 km de ligação e 371 km de percurso cronometrado, em terrenos arenosos de tendência rápida, em pista ou fora de pista, por vezes pedregoso, mas quase sempre com subtilezas no road-book para interpretar. Aliás, os debates entre

os pilotos e organização foram condicionados pela dificuldade de navegação para as motos e, por outro lado, pela questão dos furos nos automóveis. Ricky Brabec (Honda), deu mais um passo em direção ao seu segundo título e Guerlain Chicherit conseguiu ser o mais rápido do que todos os seus rivais. O duelo continua entre Carlos Sainz e Sébastien Loeb, com o controlo à distância do espanhol, numa etapa crucial.


101 < Carlos Sainz /Lucas Cruz / Audi RS Q e-Tron, a duas etapa de vencer o seu quarto Dakar > Para ganhar pela segunda vez o Dakar, o californiano Ricky Brabec (Honda), “só” só tem que gerir os 10’ 54” de vantagem. > Sebastien Loeb, não se conforma e dá o tudo-otudo.

HEGEMONIA DA HONDA Esta é a evolução da relação entre Ricky Brabec e Adrien Van Beveren, que funciona a favor do primeiro e que também poderá ter o mérito de ajudar o segundo a progredir nas duas etapas que os separam do pódio final, em Yanbu. Na posição inicial, o francês dificilmente poderia contar com uma operação lucrativa em grande escala. Mas a partir do reabastecimento encontrou a companhia do companheiro de equipa da Honda, com quem um casamento de interesses era perfeitamente possível, até mesmo planeado. Nesta configuração, Brabec venceu a primeira especial do ano, a 10ª da carreira, e aumenta a sua vantagem para 10 minutos sobre Ross Branch (Hero) na classificação geral. A colheita também é frutífera para Van Beveren, cujo atraso do piloto do Botswana foi reduzido para menos de um minuto. O trabalho em equipa da Monster Energy Honda pode levar a uma dobradinha para os Reds.

Entretanto, estamos perante um hat-trick da Honda pelo segundo dia consecutivo que eclipsa a concorrência, graças à navegação mais uma vez impecável de "Nacho" Cornejo, autor do 2.º tempo mais rápido, a 2 segundos do vencedor! Já não é segredo para ninguém que para Ruben Faria, diretor desportivo da

Monster Energy Honda Team, o objetivo é encher o pódio final com Hondas, até não poder mais. Para já, Ross Branch resiste teimosamente ,mas Adrien van Beveren está a 01’ 30” do botsuano da Hero, e “Nacho “ Cornejo a 03’ 34”.


A Princesa do deserto. Laia Sanz, a senhora mais bem classificada do Dakar. 3ª categoria T1.2 (duas rodas motrizes), 16º na Geral.

A FRASE DO DIA

“ESTOU COM AQUELA RAIVA, PORQUE A ETAPA PODIA TER SIDO AINDA MELHOR” LAIA SANZ

AMIGOS, AMIGOS, VITÓRIAS À PARTE Ainda não faz muito tempo que Carlos Sainz e Sebastien Loeb eram companheiros de equipa, aos comandos dos Peugeot cujo ciclo vitorioso foi concluído pelo espanhol. Esses dias já foram. O que ficou foi a amizade e um duelo justo, mas feroz. A etapa foi decidida pela habilidade de condução, que consistiu em evitar

furos. Nesta perspetiva, Carlos Sainz não teve sucesso, ficando sem pneu sobresselente após dois furos. A sanção poderia ter sido muito grave se não tivesse beneficiado do apoio de Mattias Ekström, que ainda demorou quase 8 minutos a chegar. Felizmente para Sainz, Sebastien Loeb também perdeu muito tempo. O fran-

cês, estava furioso, nervoso, depois de ter demorado um quarto de hora a mudar duas rodas, devido a uma avaria, no macaco hidráulico. Dois dias antes do término do Dakar 2024, a distância entre eles é de 13 minutos. Neste jogo de habilidade, Guerlain Chicherit não foi poupado mas mesmo


103 assim rubricou o melhor tempo da especial. Num pódio que contou com o CR7 (Não, não é esse. Este é o CR7...T) do sul-africano Brian Baragwanath, e do Toyota Gazoo do lituano Benediktas Vanagas. Na categoria Challenger, o status quo foi favorecido pela contenção de risco

de Mitch Guthrie, mas também de Cristina Gutierrez que está a 28 minutos do líder, que deu ao brasileiro Marcelo Gastaldi (Taurus) a oportunidade de ganhar a sua primeira etapa.

ESTE NÃO FOI O DAKAR DE NASSER AL ATTIYAH A notícia caiu no dia anterior ao final do dia, mas tornou-se oficial com o comunicado recebido pelos responsáveis da prova, durante a madrugada: Nasser, não iria iniciar a etapa. Estava decidido. Uma situação que já não acontecia, no Dakar, há muito tempo. O último abandono do pentacampeão do Dakar remonta à 4ª Etapa da edição de 2017. No total, esta foi a sétima vez em 20 participações que Al Attiyah abandona o Dakar antes do final. Sofreu vários problemas mecânicos no seu Hunter, durante duas etapas seguidas e desistiu.Embora a estrutura da Prodrive defenda que o Hunter estava preparado para continuar. Nasser salvou a honra do convento (neste caso é mais apropriado a honra da mesquita) ao vencer nesta edição uma especial, mínimo que tem alcançado sis-

tematicamente desde 2007. No entanto, falhou no compromisso de jogar para o coletivo da formação da Prodrive. O seu apoio poderia de facto ter sido valioso

para Sebastien Loeb durante as duas etapas seguintes, em particular na gestão de possíveis furos.


DAKAR 46ª EDIÇÃO > ETAPA 10 > ALULA – ALULA > ESPECIAL COM 371 KM LAIA E MAURIZIO ALCANÇAM RESULTADO CRUCIAL A equipa astara supera um novo dia e já vê no horizonte a meta do rali Dakar 2024. Embora parecesse um dia ofuscado pela etapa que se seguia, a decisiva, a organização desenhou um percurso muito duro, com muita navegação e armadilhas nos 370 km à volta da cidade de AlUla. Mais uma vez, os concorrentes foram presenteados com um oceano de pedras pontiagudas, que foram uma dor de cabeça para muitos pilotos, inclusive, para Sainz e Loeb. Os furos foram, portanto, a chave para uma etapa muito exigente. Considerando que a prova já ultrapassa os 4000 quilómetros de percursos cronometrados, Laia e Maurizio estão de parabéns porque fizeram um trabalho muito bom desde os primeiros quilómetros da etapa, ultrapassando o WP1 como quarto melhor absoluto. A partir daí, com dois furos, soaram os alarmes e mandou o bom senso que a piloto catalã desse folga ao acelerador. Este facto, pesou ligeiramente no resultado que a astara Team ambicionava para esta décima etapa, conseguindo chegar ao final do percurso, como a melhor piloto feminina do rali, e o segundo melhor registo na categoria de tração às duas rodas. Por fim, comprovar que o astara 02 Concept, o veículo mais sustentável do rali, é bastante competitivo. Com o segundo lugar na categoria T1.2, a dupla Sanz / Gerini estabeleceu como objetivo partir ao ataque nos dois dias que

restam, o que também os colocaria no TOP15 da Geral. “Estou feliz, mas também com um sabor agridoce, porque acho que era um dia para entrarmos ou ficarmos muito perto do TOP 10 da Geral. Tivemos algum stress porque sabíamos que não podíamos furar novamente. Estou feliz, mas com aquela raiva, por saber que esta etapa podia ser ainda melhor”. Referiu a piloto do astara 02 Concept Maurizio Gerini acrescentou: “falta cada vez menos tempo para ver a meta, por isso estamos focados em fazer cada dia melhor o nosso trabalho. Hoje, mais uma vez, a organização disse que seria uma etapa um pouco menos difícil que a de ontem, no entanto, foi novamente muito exigente em termos de

navegação e principalmente com o risco de furos. Falta um dia e vamos descansar o máximo possível para podermos arrancar da melhor forma amanhã”. Oscar Fuertes, diretor desportivo da equipa astara, sublinhou "estamos muito felizes. Faltam apenas duas etapas para atingir a meta final deste Rally Dakar 2024 e cada dia é uma uma prova muito difícil de superar. Ganhamos tempo aos os nossos rivais, principalmente entre os de duas rodas motrizes e o ânimo para enfrentar estes dois últimos dias está muito elevado. Faremos o nosso melhor para alcançar o desejado segundo lugar no T1.2 Ultimate e estar o mais alto possível na categoria automóvel ".


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ETAPA DECISIVA Com mais de 4700 quilómetros de Especiais em duas semanas é de todo legítimo especular sobre o momento ou o lugar decisivo da vitória. As dunas do Empty Quarter foram certamente importantes, as pedras vulcânicas da primeira etapa surpreenderam os concorrentes e foram muito importantes, e poderíamos elencar os danos registados em cada uma das etapas, numa ou outra categoria, A verdade é que a viagem de AlUla a Yanbu significou, de-

finitivamente um prazo, o momento da verdade para os candidatos ao título. Ao longo dos 420 Km do setor cronometrado, os líderes tinham a missão de resistir aos perseguidores. Foi o que Ricky Brabec (Honda) conseguiu fazer, de forma tranquila, apesar da vitória de Ross Branch, que verdade se diga, resistiu estoicamente ao ataque da Honda, e teimosamente manteve-se no pódio, em segundo lugar, fazendo justiça à prestação que teve neste Dakar.

Nos automóveis, Carlos Sainz, beneficiou dos contratempos de Sebastien Loeb. Ficou assente no seio da Monster Energy Honda Team, que estava fechada a situação quanto à liderança e à vitória de Ricky Brabec, sendo o pacto aceite por todos os “Red”, no entanto, havia a questão do segundo lugar por resolver, acessível para Adrien Van Beveren em grande forma ou para “Nacho” Cornejo,


109 ambos a começar o dia com 4 minutos de desvantagem para Ross Branch. De facto, as coisas não estavam fáceis para o botsuano e, além disso, a Honda queria mesmo encher o pódio de Hondas. O caso de “Nacho” ficou resolvido no Km 111, onde o chileno teve que parar para tentar resolver um problema na bomba de combustível. Entretanto, o piloto da Hero que largou na quinta posição aproveitou a oportunidade, deu “gás” e rubricou a segunda vitória da especial nesta quinzena e ainda se aproximou um pouco de Brabec (32 segundos). Adrien Van Beveren, sem querer, também ajudou à épica resistência de Ross Branch, quando apanhou um grande susto e deu de frente com uma cáfila de camelos que lhe valeu uma grande cambalhota. As voltas e reviravoltas nas duas rodas, pararam por aí. O duelo Sainz-Loeb, foi espectacular, mexeu com todas as emoções e provocou suores frios aos viciados do “live tracking”. Seguindo o ritmo dos dois grandes pilotos, o cenário variou várias vezes, foi empolgante e era muito difícil, com exceção dos tifosis, torcer por um dos pilotos. De facto, são dois gran-

< Carlos Sainz / Lucas Cruz / Audi RS Q e-Tron (híbrido).Os Vencedores! > Guillaume de Mevius / Xavier Panseri / Toyota Overdrive. Conquista a 2ª posição na derradeira etapa decisiva. > Ricky Brabec (Honda).Vitória inquestionável do piloto da Califórnia. > Guerlain Chicherit / Alex Winocq / Toyota Overdrive. Uma excelente recuperação, uma excelente prestação e uma classificação a condizer, 4º da Geral.


DAKAR 46ª EDIÇÃO > ETAPA 11 >ALULA – YANBU > ESPECIAL DE 420 KM

des pilotos, e ofereceram-nos um grande espetáculo que faz inveja a muitas corridas de Fórmula 1.

raz não hesitou em aumentar o nível de ataque, o suficiente para engolir todo o tempo que tinha de atraso.

No entanto, as alegrias e as tristezas de Sebastien Loeb no Dakar davam um filme. O francês coleciona etapas, já se viu vencer tantas vezes, como tantas que já perdeu. E o caminho para Yanbu tornou-se um desses locais de perdição onde as suas chances de vitória desapareceram, depois dos últimos dias de implausível recuperação, no duelo com Carlos Sainz.

Ironia do destino, não foram os pneus que lhe tramaram a vida, mas sim um choque frontal, numa pequena duna erva-camelo, que lhe partiu o eixo dianteiro ao quilómetro 132. Sem solução imediata, o ex-campeão mundial de ralis por nove vezes, viu-se obrigado a esperar algumas horas pela assistência técnica e “ofereceu” a vitória final a Carlos Sainz que também a mereceu.

Sebastien Loeb, tinha 420 km para recuperar 13’ 22’’, num terreno muito arriscado. Loeb teve a oportunidade de “empurrar” o rival para o erro, consciente do risco iminente de furo, como na primeira e na décima etapa que lhe complicou tanto a vida. O caçador vo-

O francês conseguiu salvar o lugar do pódio, graças à primeira grande queda sofrida por Lucas Moraes. Ao perder mais de duas horas, o brasileiro caiu de 3º para 9º da Geral. Entretanto, a Providencia chegava, para evitar um mal maior. E chegou na for-

ma do Hunter do chinês Yungang Zi, que gentilmente lhe cedeu a peça que permitiu ao campeão manter o seu lugar no pódio. Mas, ainda tinha que chegar à meta sem muitas demoras e sem furos. No final de contas, Loeb parou três vezes para terminar com as rodas completamente quadradas, mas a tempo de assegurar o terceiro lugar, com 7 minutos de vantagem sobre Guerlain Chicherit. Guerlain Chicherit, a mostrar grande forma nesta fase, deu continuação à sua recuperação e alcançou o 4º lugar da Geral. Para entrar no pódio amanhã teria que ganhar 7 minutos em 175 km sobre Sebastien Loeb, sabendo que sai na posição de perseguido. Não é uma equação simples.


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Uma prestação a todos os títulos fantástica de Laia Sanz (astara 02 Concept). A quebra de uma roda na parte final da especial fez com que Sanz e Gerini tivessem que enfrentar os últimos quilómetros da especial sobre três rodas.

“RICKY MERECEU A VITÓRIA” – ROSS BRANCH < Ross Branch (Hero). Resistiu estoicamente ao ataque da Honda, conquistou o 2ª lugar da Geral, e obteve a melhor classificação de sempre do fabricante indiano. < João Ferreira /Filipe Palmeiro “Can-Am Factory Team, 5º na categoria SSV.

Após 4260 Km de setores cronometrados para os motards, o líder da Geral Ricky Brabec também é o homem que mais tempo passou abrir as pistas, sozinho ou acompanhado. O norte-americano passou 1530 Km fisicamente na liderança, ou seja 36% dos setores seletivos. “Nacho” Cornejo, 1435 km (34%), e Adrien Van Beveren 1137 km (27%). Também foram os homens da Honda que mais percorreram solitariamente na frente da corrida. Adrien Van Beveren,

um trabalhador incansável em prole do coletivo, com 619 km, à frente de Brabec (526 km) e de Cornejo (398 km). Os homens da Honda assumiram literalmente o trabalho de abrir este Dakar. Para termos de comparação, Ross Branch que fez uma notável corrida, manteve-se na frente por 284 km (7%) e apenas 41 km ,sozinho. Ross Branch tem razão. “Ricky mereceu a vitória”.


CONTRASTES Resignado. Teve nas mãos todos os pássaros, mas só conseguiu agarrar o que lhe permitiu assegurar o 3º da Geral. Mas foi, indiscutivelmente, o piloto mais inconformado.

Cansado mas... feliz! Mathieu Serradori (Century CR6-T), vence a categoria T1.2 e conquista a 9ª posição da Geral. O único concorrente do TOP10, com tração às duas rodas.

Inconsolável. Lucas Morais (Toyota Gazoo) depois da queda do TOP 3 para 9º da Geral, na derradeira etapa decisiva.

“El Matador”, naturalmente feliz. Aos 61 anos, vence o Dakar, pela quarta vez.


113

RESULTADO IMPRESSIONANTE! Laia Sanz e Maurizio Gerini fizeram um excelente trabalho ao completar o Dakar entre os 15 primeiros e no pódio do T1.2 Ultimate. Após duas semanas de competição, a equipa astara alcança a linha de chegada com todo o mérito, e atinge as metas da competitividade e de sustentabilidade. O astara Team criou novas emoções no evento automóvel mais exigente do mundo. Depois de duas semanas exaustivas, Laia Sanz e Maurizio Gerini fecharam

uma participação formidável aos comandos do astara 02 Concept, tornando-se uma das referências entre os carros com tração às duas rodas, terminando entre os 15 primeiros da classificação Geral. Os últimos 175 km serviram de passeio de consagração até ao pódio final. A décima segunda etapa apresentou um percurso muito menos exigente, permitindo aos concorrentes fazer a gestão e protegendo a sua posição na classificação. Para a dupla Laia Sanz /Maurizio Gerini, foi um dia para usufruir do excelente trabalho realizado nas

últimas duas semanas, numa edição que se caracterizou particularmente dura para os veículos da categoria T1.2 Ultimate. Superando todas as armadilhas de um percurso extremamente competitivo com mais de 5000 quilómetros por 12 etapas, a formação astara Team conseguiu terminar no TOP 15 da classificação absoluta e, ao mesmo tempo, conquistar uma posição no pódio na categoria dos protótipos com tração às duas rodas. Por sua vez, Laia é a mulher mais bem classificada do Dakar.


A “Princesa do Deserto”. Laia Sanz foi a piloto feminina mais bem classificada do Dakar 2024. Laia Sanz / Maurizio Gerini / astara 02 Concept, fizeram um excelente trabalho ao completar o Dakar 2024 no TOP 15 da Geral e no pódio da categoria T1.2, com um veículo Zero Carbono, e tração às duas rodas. Fantástico!


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DAKAR 46ª EDIÇÃO > YANBU – YANBU > ESPECIAL DE 175 KM

Carlos Sanz e Lucas Cruz, os Senhores do Aneis

A CONSA


117 Há quarenta e seis anos que sigo o Dakar, participei em 13 como jornalista, trabalhei em todas edições e, sinceramente, não me recordo, de grandes alterações na última etapa, mas pode ser um equívoco meu, aceito. Para mim, a última etapa é o momento de consagração. Não só dos que venceram mas também de todos aqueles que chegaram ao fim, porque chegar ao fim já é uma grande vitória pessoal. A 46ª edição do Dakar, a quinta organizada na Arábia Saudita, terminou depois de mais de 4.700 quilómetros de especial e um total de quase 8.000 quilómetros que levaram ao limite pilotos e copilotos desde a antiga cidade de AlUla até à costa do Mar Vermelho, para Yanbu, passando pelo oceano de dunas do Empty Quarter. Os grandes vencedores da edição de 2024 conseguiram, cada um à sua maneira, aproveitar a sinergia das equipas capazes de construir o sucesso contando com a força coletiva. Entre os favoritos da Monster Energy Honda, o americano Ricky Brabec conquista o

segundo título após a vitória em 2020, resistindo a Ross Branch na sua Hero, a primeira moto indiana no pódio do Dakar. Pódio que Adrien Van Beveren alcançou pela primeira vez na carreira.

Por fim, a categoria de camiões viu, graças a Martin Macik, o grande regresso da República Checa ao topo, 23 anos após a última vitória de Karel Loprais, à frente do seu sobrinho Ales Loprais.

Nos automóveis, a consagração foi inesperada para o Audi com motor híbrido de Carlos Sainz. No duelo com Sébastien Loeb, finalmente 3º, o espanhol conquistou o quarto título em parte graças ao reforço dos companheiros Stéphane Peterhansel e Mattias Ekstrom, e com uma vantagem de 1h20 sobre o belga Guillaume de Mevius.

No total, 239 veículos (vs. 340 titulares) chegaram a Yanbu, incluindo 96 motocicletas (vs. 132), 7 quadriciclos (vs. 10), 55 carros em Ultimate (vs. 70), 3 Stock (vs. 3), 29 Challengers (vs. 42), 28 SSV (vs 36) e 21 camiões (vs 47). Entre eles, os pilotos e co-pilotos de 182 veículos conseguiram subir ao pódio final para receber a medalha de finalista, não tendo os restantes completado todo o percurso.

A categoria Challenger sofreu uma reviravolta na última etapa em detrimento de Mitch Guthrie e a favor de Cristina Gutierrez, que se tornou a primeira mulher a impor-se numa categoria do Dakar, desde Jutta Kleinschmidt em 2001. Entre os SSV, a vitória de Xavier de Soultrait também foi decidida pela extrema precisão, que não conseguiu ter no seu período de moto, mas venceu numa Polaris rolando por conta da Sébastien Loeb Racing... uma pequena vingança para o alsaciano.

A 4ª edição do Dakar Clássico, que reuniu 78 viaturas, terminou com 71 tripulantes, tendo o espanhol Carlos Santaolalla vencido a prova de regularidade. O desafio Mission 1000 permitiu que 10 veículos com tecnologias inovadoras em termos de motores alternativos enfrentassem o terreno do Dakar e marcassem um encontro para o futuro.

AGRAÇÃO


CLASSIFICAÇÕES AUTO. TOP 10 (+ PORTUGUESES) 1º 2º 3º 4º 5º

Carlos Sainz / Lucas Cruz / Team Audi Sport Guillaume De Mevius / Xavier Panseri / Overdrive racing a Sebastien Loeb / Fabian Lurquin / Bahrain Raid Extreme a Guerlain Chicherit / Alex Winocq / Overdrive Racing a Martin Prokov / Viktor Chytka / Orlen Jipocar Team a

48h 15’ 18” 01h 20’ 25” 01h 29’ 12” 01h 35? 59” 02h 16’ 43”

6º 7º 8º 9º 10º

Guy David Botterill / Bret Cummings / Toyota Gazzo Racing a Giniel de Villiers / Dennis Murphy / Toyota Gazoo Racing a Benediktas Vanagas/ Kuldar Sikk / Toyota Gazoo Baltics a Lucas Moraes / Armand Monleon / Toyota Racing Team a Mathieu Serradori / Loic Minaudier / Century Racing Factoy a

02h 40’ 33” 02h 50’ 26” 02h 57’ 17” 03h 03’ 12” 03h 04’ 12”

...50º ...126º

Gintas Petrus /José Marques / MVSport ... Vaidotas Zala / Paulo Fúza / X-Raid Arijus Team ...


119 MOTO. TOP 10 (+ PORTUGUESES) 1º 2º 3º 4º 5º

Ricky Brabec / Monster Energy Honda Team Ross Branch / Hero Motorsport Team a Adrien Van Beveren / Monster Energy Honda Team a Kevin Benevides / Red Bull KTM Factory a Toby Price / Red Bull KTM Factory a

51h 30’ 08” 10’ 53” 00h 12’ 25” 00h 38 ’48” 00h 45’ 28’’

6º 7º 8º 9º 10º

José “Nacho” Cornejo / Monster Energy Honda Team a Luciano Benevides / Husqvarna Factory Racing a Daniel Sanders / Red Bull GasGas Factory a Stefan Svitko / Slovnaft Team a Martin Michek / Orion Moto Racing Group a

00h 46’ 38” 00h 53’ 31” 01h 14’ 32” 01h 56’ 28” 02h 48’ 49”...

...18º

António Maio / Drag’on Rally Team..

ANTÓNIO MAIO NO TOP20 Naquela que foi a sua quinta participação na mais longa e difícil maratona de todo-o-terreno do mundo António Maio, Major da GNR e Campeão Nacional teve uma participação positiva conseguindo cumprir o objetivo que tinha estabelecido. O piloto da Yamaha - havia apenas duas Yamaha em competição - terminou a corrida no 18º lugar absoluto alcançando o ambicionado Top 20 de uma corrida onde participam mais de três dezenas de pilotos da elite mundial da modalidade. À frente de António Maio só um ou dois não são profissionais. António Maio entrou no Top20 após completar a mais temida etapa desta


DAKAR 46ª EDIÇÃO > YANBU – YANBU > ESPECIAL DE 175 KM

edição da corrida, a jornada de 48 horas realizada em torno de Shubaytah composta por 626 km cronometrados. Foram dois dias muito intensos cumpridos maioritariamente nas dunas do Empty Quarter, o maior deserto do mundo, que se revelaram muito exigentes para as máquinas e pilotos. Apesar da dureza e exigência da prova, o piloto da Yamaha ultrapassou todas as adversidades com resiliência e demonstrou sempre um andamento muito consistente. Enfrentou várias dificuldades ao longo da competição, mas foi sempre capaz de solucionar todos os contratempos.

“Chegámos ao fim de mais um Rali Dakar. Estou muito feliz com este resultado. O Bruno trabalhou sempre muito bem não tive um único problema na moto. As situações que tive foram devido a incidentes normais da prova. Estamos muito contentes porque fizemos um excelente trabalho. Foi um Dakar muito duro, mas estivemos sempre à altura e não cometemos grandes erros. Agradeço a todos o apoio que me deram pois foi a vossa

...28º

força que nos deu ânimo para continuar. Quero deixar um agradecimento especial a todos os meus patrocinadores pois sem eles seria impossível estar aqui. À minha família e amigos um grande bem haja por estarem sempre do meu lado. Quero ainda dedicar este resultado ao Filipe Almeida da Yamaha Motor Portugal”, afirmou António Maio no final do Rali Dakar.

Bruno Santos (2º Rookie) XRaids Expereince...

ESTREANTE BRUNO SANTOS SOBE AO PÓDIO Bruno Santos subiu ao pódio da 46ª edição do Rali Dakar ao concluir a competição no segundo lugar do Ranking Rookie, a classificação destinada aos pilotos estreantes da mais longa e exigente prova de todo-o-terreno da atualidade. O piloto de Torres Vedras teve um excelente desempenho ao longo de toda a corrida tendo conquistado ainda um lugar no Top 20 do Ranking Rally 2 e Top 30 absoluto. Dois anos depois do que estava ini-

cialmente previsto, Bruno Santos concretizou o sonho de disputar o Rali Dakar. No prólogo que marcou o arranque do Rali Dakar 2024 averbou o quinto melhor tempo entre os “Rookie” e manteve-se sempre muito focado conseguindo superar todos

os obstáculos e adversidades com perseverança revelando todas as suas qualidades de piloto de topo a nível nacional e agora também internacional. Apoiado pela Momento TT, Bruno Santos teve sempre um andamento muito consistente ao longo dos 15 dias em


121 que foram disputados mais de 4500km cronometrados e que cumpriu num total de 59h08m38so que lhe permitiu terminar a prova no 16º lugar do Ranking Rally2 e na 28ª posição da classificação absoluta das motos. Mas, foi após completar com sucesso a etapa mais ansiada da 46ª edição da corrida, a jornada de 48 horas, que o

piloto inserido na estrutura XRAIDS EXPERIENCE subiu ao segundo posto da classificação geral destinada aos pilotos estreantes da prova. O setor seletivo cumprido nas dunas do Empty Quarter, o maior deserto do mundo, foi exigente e duro particularmente devido a uma dificuldade mecânica, no entanto, depois de ultrapassados os obstáculos o primeiro lugar dos “Rookies” não esca-

pou a Bruno Santos o que lhe permitiu agarrar o segundo lugar da classificação dos pilotos estreantes. “O meu primeiro Dakar está concluído. Fui o segundo melhor Rookie e estou muito feliz com este resultado. Foi uma grande corrida. Um Dakar duro onde todos os dias foram um grande desafio. Vivemos várias peripécias e psicologicamente foi uma competição muito desafiante. Mas é muito bom estar aqui no final e passar pelo pódio. A etapa de hoje foi curta, rápida e fácil e mais uma vez rolei sem problemas. Senti muito apoio vindo de Portugal e estou mesmo muito feliz com este desfecho. Agradeço a todos os meus patrocinadores que me permitiram cumprir este sonho. À minha família e amigos deixo um enorme abraço por todo o apoio. Obrigada e um bem haja a todos”, declarou Bruno Santos no final da 46ª edição do Rali Dakar. Para além do grande sucesso desportivo, o piloto de Torres Vedras saiu ainda vitorioso da tradicional escolha do capacete mais original e bonito da prova. Uma vitória muito importante tendo em conta a carga simbólica da decoração onde se destacava a Região Oeste de Portugal, a família e um amigo que partiu recentemente.

...29º

Mário Patrão / Crédito Agrícola / Mário Patrão.com...


MÁRIO PATRÃO VENCE VETERAN TROPHY Mário Patrão venceu de forma categórica o Ranking Veteran Trophy uma competição que englobou 27 pilotos com mais de 45 anos. O piloto de Seia venceu 11 das 12 etapas disputadas, deixando o segundo classificado a quase seis horas de distância, a maior margem das três vitórias até agora conquistadas. A Mário Patrão coube ainda estrear a nova Honda CRF 450 RS2 Rally neste Dakar, missão que desempenhou com muito rigor e sucesso apesar de pilotar

...64º ...93º

uma moto nova e sem testes prévios. Com ela cumpriu um total de 7.881 quilómetros, dos quais 4.727 cronometrados, o que para Mário Patrão equivaleu a seis dezenas de horas em ritmo de competição. Nesta que foi a sua 11ª participação no Dakar, onde já venceu a Classe Maratona, foi ao pódio na Classe Original by Motul e vencera entre os veteranos nas duas anteriores edições Mário Patrão teve de suportar dores na cervical que afetaram a sua prestação o que não im-

Alexandre Azinhais / Club Aventura Touareg... Gad Nachmani / Club Aventura Touareg

pediu, todavia, um resultado brilhante. “Ainda nem acredito, o meu sonho tornou-se real, consegui. Comecei há 10 anos este projeto, e estou muito feliz pelo resultado. Este prémio é fruto não só do meu investimento, mas acima de tudo do investimento dos meus patrocinadores que me acompanham, a eles o meu obrigado. Portugal: o 1º lugar na classe Veteran Trophy, É NOSSO”, salientava um Mário Patrão visivelmente emocionado no final da corrida após conquistar mais este triunfo.


123 SSV. TOP 5 1º 2º 3º 4º 5º

Xavier de Soultrait / Martin Bonnet / Sebastien Loeb Racing Jerome de Sadeleer / Michael Metge / MMP a Yasir Seaidan / Adrien Metge / MMP a Sara Price / Jeremy Gray / South Racing Can-Am a João Ferreira / Filipe Palmeiro / CanAm Factory Team a

56h 37’ 43” 00h 02’ 25” 01h 04’ 28” 01h 18’ 52” 01h 18’ 52”

QUAD TOP 3 1º 2º 3º

Manuel Andujar / 7240 Team / Dragon Rally Service Alexandre Giroud / Yamaha Racing a Juraj Varga / Varga Mortosport a

64h 16? 53” 00h 07’ 59” 04h 03’ 25”

CHALLENGER TOP 3 (+ PORTUGUESES) 1º 2º 3º ...8º ...13º ...25º

Cristina Gutierrez Herrero / Paulo Moreno/Red Bull JR Team USA by BFG Mitchell Guthre / Kellon Walch / Taurus Factory a Rokas Baciuska / Oriol Vidal Montijano / Can-Am Factory Team a Ricardo Porém / Augusto Sanz / MMP... João Monteiro / Nuno Morais / South Racing Can-Am Mário Franco / Daniel Jordão / FrancoSport

53h 59’47” 00h 36’ 46” 00h 58’ 47”


DAKAR 46ª EDIÇÃO > YANBU – YANBU > ESPECIAL DE 175 KM

FRANCO SPORT EM 8º LUGAR DO CAMPEONATO DO MUNDO T3 A equipa Franco Sport concluiu a sua participação no Rali Dakar 2024 averbando o 8º lugar entre os pilotos e equipas do Ranking Challenger inscritos no Campeonato do Mundo (FIA Rally Raid Championship for T3) desta que foi a 5ª edição do rali disputada na Arábia Saudita. Em ano de estreia aos comandos de um Yamaha YXZ 1000R Turbo T3, Mário Franco e Daniel Jordão alcançaram o Top 10 do novo Ranking Challenger em duas das etapas: O 8º lugar no derradeiro setor seletivo que se disputou na 12ª e derradeira etapa e o 7º melhor tempo na segunda etapa. Para Mário Franco e Daniel Jordão foram mais de 100h aos comandos do

Yamaha, entre tempo efetivamente gasto e penalizações, num percurso marcado por alguns furos, diversos contratempos mecânicos e pedidos de assistência, a utilização do Joker, que após a ausência na 10ª etapa lhes permitiu prosseguir com a competição, mas acima de tudo, por muita aprendizagem. A participação da Franco Sport prima pela satisfação de ter concluído este duro rali, que para a equipa começa muitos meses antes com toda a preparação da estrutura de apoio e logística que a exigência deste tipo de provas encerra e ainda a satisfação de ver cumprido o objetivo a que se propunham à partida desta competição que

não deu tréguas a pilotos e equipas, o que concluir com sucesso o Dakar. “Não foi o Dakar que desejávamos, mas tendo em conta a dureza deste rally e todos os imprevistos que tivemos, podemos dizer que foi concluído com sucesso! Aprendemos muito e há muito a melhorar em todos os aspetos para que no próximo se consiga o resultado desejado. A todos os que nos apoiaram e a toda a equipa, muito obrigado!”, salientou Mário Franco sobre a performance da Franco Sport na prova, ele que, com esta, soma duas participações na prova rainha do todo-o-terreno mundial.


125

CAMIÕES TOP 3 1º 2º 3º

Martin Macik / Frantisek Tomasek / David Svanda / MM Tecnology Team Ales Loprais /Jaroslav Valtr Jr / Jiri Stross / Instaforex Loprais Praga a Mitchel Van Den Brink / Moises Torrallardona / Jarno Van de Pol / Eurol Rallysport7 a

54h 34’ 48” 01h 54’ 39” 04h 29’ 26”

CLÁSSICOS TOP 3 (+ PORTUGUESES) 1º 2º 3º ...41º ...61º 64º

Carlos Santaolalla Milla / Jan Rosa i Viñas / Toyota Lande Cruiser Lorenzo Traglio / Rudy Briano / Nissan Pathfinder Paolo Bedeschi / Daniell Bottallo / Toyota BJ71 Paulo Sergio da Silva Oliveira (Moçambique) / Arcélio Couto / UMM ALTER ... João António de Almeida e Sousa Costa / Luís Miguel Gonçalves Calvão / UMM ALTER Marco Giannecchini / Luca Macrini / Alexandre Manuel Azenha de Freitas / R Team / Iveco Eurocargo

820 Pontos 832 Pontos 1061 pontos


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Edição Especial #54 Coordenação da edição especial gloria oliveira AUTOMÓVEIS . TURISMO . AVENTURA . AMBIENTE GlobalExpedition S.L.U Calle Vallehermoso 32 BJ B 28015 Madrid +34 628 208 944 manoloexpedition@icloud.com

Textos manolo Design e paginação patrícia machado Comunicação da astara Team newspress españa parte de Boosters group Fotógrafos no terreno eric vargiolu / dppi charly lopez / a.s.o. julien delfosse / dppi fréderic le floc’h / dppi jennifer lindini / a.s.o. floren gooden / a.s.o. antonini vincent / a.s.o. marcin kin / a.s.o. Agradecemos a indispensável colaboração de: Nous remercions pour l'indispensable collaboration de: laure boutiot marion pantel pedro barreiros rita arriaga e maitane santiago Muito obrigado Merci beaucoup Consultor de edição alberto pascual



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