REVISTA CARNE #195

Page 1

WWW.TECHNIAL.PT

CARNE Nº195 . NOV/DEZ 2021 . OS PROFISSIONAIS NÃO DISPENSAM

“Os Industriais de Carne têm receio de ser perseguidos” Graça Mariano, Diretora-Executiva da APIC

“VOU ALI AO NOSSO TALHO” A REALIDADE DO IMPACTE AMBIENTAL DA PRODUÇÃO DE CARNE ALIMENTE O SEU CÉREBRO COM INFORMAÇÃO SAUDÁVEL (Manifesto)




: : EDITORIAL : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

“A carne é o melhor e mais completo alimento de todos e não há dieta vegetal que chegue lá perto” Por M. Oliveira

Como todos sabemos, a carne é uma excelente fonte de proteínas, vitaminas e minerais. Fazer escolhas numa dieta saudável inclui carne e, naturalmente, bem como peixe e ovos ou de fontes não animais, como feijão ou leguminosas. As carnes como frango, porco, cordeiro e bovino são ricas em proteína e a carne vermelha fornece ferro, zinco e vitaminas B. A carne é uma das principais fontes de vitamina B12 na dieta. Se está mais que comprovado cientificamente que a carne é essencial à dieta humana, porque é que está constantemente debaixo de fogo? Por razões que a própria razão desconhece; argumentos inconsequentes, mitos urbanos, desinformação fomentada por Lobbys, argumentos pseudo-ambientalistas sem consistência científica, interesses multinacionais, pessoas que não gostam de carne por razões filosóficas e que inventam argumentos para impor as suas ideias e, sobretudo, por muita ignorância. Nesta edição, a entrevista de Graça Mariano é de leitura obrigatória. A Diretora-Executiva da APIC, numa entrevista sem papas na língua, afirma: A ignorância e a consulta da informação empírica nas redes sociais, penso que as pessoas não querem saber informação de fonte fidedigna, é mais fácil encontrar um bode expiatório, o setor da carne, para todos os problemas do ambiente”. Fruto de um recorte de imprensa genérica, César Ponce, especialista em nutrição, análises clinicas e preparação de atletas, empresta-nos o titulo deste editorial da sua peça transcrita nesta edição, onde escreve: “A carne de vaca ou de qualquer ruminante

é, na verdade, mais saudável e acumula menos produtos tóxicos que a de outros animais, uma vez que o estômago tem quatro compartimentos responsáveis pelo longo processo de filtragem absolutamente extraordinário que transforma fibras indigestas (para nós) em carne cheia de nutrientes e bio disponibilidade”. Sobre este assunto, a cereja no topo do é a interessante intervenção do Dr. Manuel Cancela d’Abreu, no seminário “Carne q.b. – Consumidor Esclarecido”, organizado pela APIC, sob o tema “A realidade do Impacte

:: 2 ::

Ambiental da Produção de Carne” que, por cortesia da APIC, também pode ler nesta edição. Sem esquecer a nossa habitual reportagem em estabelecimento especializados de venda de carnes. Desta vez, visitamos “O Nosso Talho” que reflete a dinâmica num dos mais importantes elos da cadeia alimentar e que liga diretamente o setor das carnes ao consumidor.



:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

SUMÁRIO Edição bimestral nº 195 novembro / dezembro

02 : : EDITORIAL "A carne é o melhor e mais completo alimento de todos e não há dieta vegetal que chegue lá perto”

06 : : Entrevista “OS industriais de carne têm receio de ser

31

perseguidos" - Graça Mariano

de carnes 18 : : Comércio “Vou ali ao Nosso Talho”

31 : : A realidade do impacte ambiental da Produção de Carne

A realidade do impacte ambiental da Produção de Carne

58

06

de Imprensa 40 : : Opinião/Recorte A carne é o melhor e mais completo alimento de todos e não há dieta vegetal que chegue lá perto

44 : : DIN Saúde, nutrição e bem-estar animal 52 : : CHECK-UP Wipak/Multivac

18

Um futuro mais verde Presunto Montaraz Experiência sublime 8 a 10 de Março. Madrid O setor mostra vontade em se reencontrar na Meat Attraction IFFA 14 a 19 maio 2022 Digitalização, sustentabilidade e as novas tendências alimentares

DA APIC 58 : : Manifesto Alimente o seu cérebro com informação saudáve

62 : : Sociedade Consumo em Portugal Assinatura da revista Carne (edição impressa)

6 edições (portes de correio incluídos): 80,00 Euros 12 edições (portes de correio incluídos): 160,00 Euros Pedidos de subscrição a: revistacarnaportugal@gmail.com

Revista Bimestral

FICHA TÉCNICA Propriedade: Azitania Global Expedition S.L. C.I.F. b8662786 Calle Génova 15 Piso 3 Derecha 28014 Madrid e. revistacarneportugal@gmail.com Assinatura, artigos e publicidade: e. aglobalexpedition@gmail.com Versão em português Isenta de registo a ERC ao abrigo do Decreto-Lei 8/99 de 9/06 artº12 nº1 A

Redação: Diretor: M. Oliveira Chefe de Redação: Glória Oliveira Gestão de conteúdos: Luís Almeida e Aberto Pascual Design Gráfico e paginação: Patrícia Machado Versão impressa e digital: mais de 250.000 leitores (dados auditados) Revista Carne é associado de: Maitre - Open Plataform for journalists and Researchers e SPJ Society of Professional Journalists



: : Entrevista : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

Drª Graça Mariano, Diretora-Executiva da APIC

:: 6 ::


: : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : CARNE 195 : :

“OS industriais de carne têm receio de ser perseguidos...” Licenciada em Medicina Veterinária com um Mestrado em Saúde Pública Veterinária, foi Técnica Superior da DGAV, Diretora de Serviços do Departamento de Riscos Alimentares e Laboratórios da ASAE. Mais tarde, foi nomeada Diretora de Serviços do Laboratório de Segurança Alimentar da ASAE e Subdiretora-Geral da DGAV, entre outras nomeações. Detentora de um curriculum invejável, experiência profissional e competência técnica, a todos os níveis louvável, contudo, nunca teve vida fácil na Administração Pública, sobretudo, pela sua frontalidade e por se insurgir contra o laxismo. Casada, mãe de três filhos, chama-se Graça Mariano e exerce, desde 1 dezembro de 2020, as funções de DiretoraExecutiva da APIC – Associação Portuguesa dos Industriais de Carne. A Graça já esteve no DGAV, na ASAE, atualmente, está na “casa” dos industriais de carne. Passou da coisa púbica para a privada. A sua visão sobre o setor alterou-se? Não mudou nada na minha forma de estar. Quem me conhece sabe que eu sempre tive esta postura e não vejo o setor de forma diferente. Trabalhei muitos anos na Administração Pública e senti-me muito satisfeita por achar que podia ajudar que é o papel do funcionário público. Esta experiência na privada está a ir ao encontro das suas expectativas? Totalmente. Estar neste lado também sinto que estou a ajudar, não mudou a minha opinião sobre os industriais de carne nem das equipas de qualidade com quem já interagia.

"... Detentora de um curriculum invejável, experiência profissional e competência técnica, a todos os níveis louvável, contudo, nunca teve vida fácil na Administração Pública, sobretudo, pela sua frontalidade e por se insurgir contra o laxismo ..."

Sente-se desiludida com a Administração Pública?

Como Diretora-Executiva da APIC quais são os seus objetivos?

Sinto-me desiludida pela tendência da Administração Pública se colocar no pedestal. Não tem qualquer razão de ser nem nunca teve. Não serve ninguém, só afasta os cidadãos, acabando por não cumprir o seu papel eficazmente.

Sem dúvida, aproximar os associados. Estar mais perto dos associados, mas também fazer com que percebam todas as vantagens de trabalharmos em conjunto.

A Administração Pública é prepotente?

Por exemplo, com as formações que temos proporcionado. Este ano, realizámos seis sessões de formação e tem sido muito positivo. Aliás, houve dois temas que repetimos porque as pessoas tiveram muito interesse nas áreas da formação e consideraram serem muito úteis.

Em certos aspetos, sim. Um grande número de funcionários e de serviços públicos tem uma atitude prepotente, não tendo espírito de servir. Um funcionário da administração pública, seja quem for, que se coloque acima dos seus concidadãos não vai conseguir desempenhar o seu papel de inspecionar ou verificar o cumprimento de qualquer requisito legal. Antigamente, as pessoas estudavam para trabalharem na administração pública e isso, era muito importante e faz falta. A primeira regra do funcionário público é servir. Valores que estão claramente descritos na lei geral do trabalho em funções públicas que são a base de quem trabalha na Administração Pública.

:: 7 ::

Como?

Quais foram os temas das formações? Falámos de aditivos alimentares aplicados aos produtos cárneos, falámos dos critérios microbiológicos que se aplicam à carne e aos produtos cárneos, para este tema convidei a DGAV, nomeadamente a Diretora de Serviços de Segurança Alimentar, Dr.ª Maria Manuel Mendes, porque entendo ser muito importante que a autoridade competente também fale destes assuntos »


: : Entrevista : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

aos industriais, reforça a confiança. Também falámos da utilização da água na indústria, tendo convidado representante da ERSAR, Dr. Luís Simas com o mesmo objetivo da formação acima indicada. Há muitas dúvidas? Há muitas dúvidas. O regulamento é comunitário e aplica-se a todos os estadosmembros da União Europeia, contudo, cada estado tem as suas especificidades em termos de produtos alimentares. É natural que haja dúvidas porque o regulamento não diz tudo, tem que haver interpretações. Foi muito interessante, porque convidei uma colega da DGAV, a Dr.ª Maria Manuel Mendes, para fazer a formação comigo, uma profissional de mão cheia, muito competente, com quem trabalhei muitos anos, em quem tenho muita confiança técnica pelo que foi muito importante ouvirem a opinião da autoridade competente na matéria. O resultado foi muito positivo e levou a que algumas empresas alterassem alguns procedimentos. O mesmo aconteceu com o Dr. Luís Simas, funcionário publico por quem tenho também muita estima e consideração profissional, tal como com a Drª Maria Manuel Mendes. O Dr. Simas conseguiu também com a sua sapiência e competência elucidar totalmente as empresas sobre a utilização da água e quais os controlos obrigatórios.

Esta desproporcionalidade foi reportada ao Ministério da Agricultura, contudo, o resultado no sentido de resolver foi nulo. E isto custa-me muito. Não tenho nenhuma posição política, não sou filiada em nenhum partido, não quero ser, não vou ser, não tenho nada contra quem é, esta é a minha forma de estar na vida. Acredito nas pessoas e, por vezes, as pessoas mudam de partido. Por isso, nada tenho contra o partido que está no poder. O que me custa e sinto, é que há uma irresponsabilidade total, nada acontece, é deixar andar. Como é que se faz uma reclamação ao Ministério e este em vez de averiguar o que se passa, simplesmente justifica o injustificável, parece-me ser de um enorme desrespeito e falta de consideração por quem assegura o crescimento económico, por quem arrisca para produzir. Neste momento, assistimos a um laxismo total. É assustador.

A revista Carne defende e promove o setor há quase 37 anos e ainda continua ter resistência de alguns industriais. Convido um industrial para conceder uma entrevista ou fazer uma reportagem e muitas vezes a resposta é: “deixa-me estar aqui sossegado no meu cantinho”. Não faz sentido nenhum. O vosso trabalho tem sido muito importante para a divulgação do setor. A explicação pode estar nos receios que a visibilidade promove perante a autoridade competente... Sim, têm receios porque temos muitos funcionários públicos que não têm o tal bom senso. Confundem autoridade com prepotência e esquecem-se que os operadores, como quaisquer cidadão, tem deveres mas também tem direitos. Todos temos direitos e deveres, senão, era uma anarquia. É preciso também frisar que existem muito bons funcionários na administração publica que dão tudo pelo serviço público, e estes não podem ser colocados no mesmo saco.

"... Lembro-me que há uns anos atrás se puséssemos em causa uma medida, uma atitude, uma autoridade ou um ministério havia consequências, agora, não. ..."

Agora, sinto que há algumas empresas que estão fechadas em si mesmo e têm receios. E esses receios são claríssimos por medo de sofrer consequências pelas autoridades. No fundo, os operadores têm receio que a autoridade não tenha uma atitude adequada e que sejam perseguidos. É a sensação que tenho.

Está a politizar a entrevista? (Gargalhada) De maneira nenhuma. Lembrome que há uns anos atrás se puséssemos em causa uma medida, uma atitude, uma autoridade ou um ministério havia consequências, agora, não. E há coisas graves que têm acontecido e nada acontece. O que é certo é que os industriais de carne têm medo da visibilidade, têm receios, o que nos tempos que correm é muito estranho, não concorda?

Esses receios não terão razão de ser? (Pausa). Neste momento não sei o que se passa dentro da autoridade competente, mas espero que não tenham razão. Ainda assim, mesmo que isso pudesse acontecer há sempre ferramentas e instrumentos para os operadores se protegerem. Recentemente, alguns operadores puseram em causa tanto os procedimentos como as medidas desajustadas e mesmo absurdas que a DGAV tomou na região do Norte.

Até perante a imprensa. Os nossos industriais estão sempre com o nome na praça como se fossem criminosos. Mas são eles que criam emprego, que criam a tal sustentabilidade que tanto se fala. São eles que investem, que correm riscos, que perdem, que deixam de dormir e este meu discurso não é de agora; sempre defendi isso ao longo da minha carreira profissional, independentemente, de estar a trabalhar na Administração Pública ou na iniciativa privada. Nada mudou.

:: 8 ::

Por vezes, diziam-me “… o industrial não foi correto…. ... E eu perguntava: Não foi correto porquê? A resposta era: … Porque não tínhamos inspetor para acompanhar os abates e o industrial foi mal-educado ... Só me ocorre o seguinte: … Então, vamos nos por no lugar dele: tem 200 trabalhadores, tem uma empresa que necessita que seja economicamente viável, tem animais para abater e a DGAV diz que não têm inspetores? O que é que queriam, que o industrial estivesse calmo? Se fosse comigo perdia as estribeiras...” A polémica da falta inspetores sanitários não é de agora... Dura há muitos anos. Mas a Graça esteve no DGAV... Tem razão. No mandato de julho 2016 a inicio de agosto de 2020 calcorreamos as várias Câmaras Municipais e conseguimos abrir a porta das autarquias para que contratassem diretamente veterinários para a inspeção sanitária dos matadouros da sua área de jurisdição, estabelecendo-se protocolos »


: : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : CARNE 195 : :

:: 9 ::


: : Entrevista : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

entre a DGAV e os Municípios. Com este procedimento, foram contratados veterinários para permitir que a atividade dos industriais não fosse impedida. Julgo que o número de veterinários contratados pelas Câmaras Municipais ascende agora um total de 40 veterinários, número que não tenho certo. O problema mantem-se, não sei o que, entretanto, foi feito, mas as queixas dos indústrias têm chegado à APIC, razão pela qual, a APIC tem escrito à Senhora Diretorageral, à Senhora Ministra da Agricultura, ao Senhor Primeiro Ministro, e... E quais foram as respostas? Invariavelmente, mais do mesmo: promessas. A Senhora Ministra, inclusivamente, numa reunião que tivemos em 2 de fevereiro, dissenos que desconhecia que havia problemas de inspeção sanitária. Os representantes da APIC ficaram perplexos, porque em 31 de janeiro de 2020, a Senhora Ministra, recebeu um email da DGAV a dizer que a APIC se queixava (mais uma vez) da falta de inspetores sanitários. Provavelmente, a Senhora Ministra não tem tempo para ler os emails que recebe da Direção-geral. Em que zonas do país é que acontecem mais essas falhas? São sobretudo no interior do país. A Senhora Ministra não faz ideia do prejuízo que esta situação provoca. Está a boicotar a atividade dos matadouros, a colocar em causa a sustentabilidade das empresas. Além disso, estas coisas acontecem no interior onde são poucas as empresas grandes a criar emprego. Os discursos que ouvimos que temos de fixar as pessoas no interior, é conversa. Como é que a APIC vê o Despacho nº 8127/2021 que determina o fim das sandes de fiambre e outros produtos cárneos, nos bares da escola. Uma total aberração. Um Despacho lamentável do Secretário de Estado Adjunto da Educação. Um despacho que diz que os bares e as máquinas de venda automática em escolas públicas não podem vender sandes de chouriço, ou outros produtos cárneos, porque fazem mal à saúde. É gritante. Tivemos que fazer um manifesto! Dez entidades assinaram o manifesto, e fizemos a sua divulgação junto do Senhor

Primeiro Ministro, do Ministro da Economia, e também junto dos Ministros da Agricultura e da Educação. Ninguém respondeu, a não ser o Gabinete do Primeiro-Ministro que disse que era um problema do Ministério da Educação. Voltámos a insistir, a insistir e depois de muito emails, responderam do Ministério da Educação que o assunto era com a DireçãoGeral da Educação, então enviámos um email à DGE e passado três dias tivemos uma reunião. O diretor de serviços da DGE, da área em causa, iniciou a conversa com um discurso defensivo. A APIC pôs em causa o facto de se assumir no despacho que os produtos cárneos põem em risco a saúde do consumidor. Um absurdo. Estas pessoas

: : 10 : :

nem sequer sabem o que quer dizer “pôr em risco”. O Ministério da Educação, não pode funcionar desintegrado das outras área governativas, e distante de toda a legislação existente. Na Legislação Alimentar, alimentos prejudiciais são alimentos que causam danos à saúde do consumidor, quer seja por serem alimentos deteriorados, contaminados ou tóxicos. Ora, se os produtos cárneos são feitos por unidades licenciadas, controladas pela DGAV e pela ASAE, como é que Ministério da Educação pode dizer que são produtos prejudiciais à saúde do consumidor? Estará a pôr em causa os controlos oficiais feitos pelas autoridades competentes portuguesas. »



: : Entrevista : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

A carne é um alimento muito controlado... Não existe outro alimento que seja mais controlado do que a carne. Eu desafio, seja quem for, a provar o contrário. A carne e as unidades de produtos cárneos são escrutinadas e controladas até à exaustão. Então o que move as pessoas a tomarem essas decisões? A ignorância e a consulta da informação empírica nas redes sociais, penso que as pessoas não querem saber informação de fonte fidedigna, é mais fácil encontrar um bode expiatório, o setor da carne, para todos os problemas do ambiente. Quando surgiram os novos regulamentos em 2006, sobre condições higiénicas a observar na produção e distribuição de carne, fiz várias exposições, seminários e lembro-me de dizer que o Estado deixava de ter o papel paternalista, porque agora esse papel era da responsabilidade do operador, porque tinha ao seu dispor as regras gerais e cabia-lhe definir como as aplicar na sua indústria. O importante é que dentro do seu plano, o famoso HACCP, cabe ao operador definir a frequência que vai fazer para cumprir o plano ( sendo apenas obrigatória estabelecer a frequência relativamente ao critério de higiene). Mas pode não cumprir... Se não cumprir não consegue alcançar os seus objetivos. É pura ilusão. Não tem outra alternativa, não só pela exigência da legislação mas porque ao longo de toda a cadeia alimentar não vai encontrar condescendência. Todos os elos da cadeia são muito exigentes com os passos dados anteriormente. Se começarmos da frente para trás, ou seja, do último contacto com o consumidor final que é o retalho (pode ser grande distribuição, talhos, mercearias ou restaurantes) – e como a legislação não é muito clara – cada interveniente da cadeia alimentar quer proteger muito bem a sua fase na cadeia e, portanto, exige muito para trás. Não imagina, o que a Grande Distribuição exige para trás... Conheço bem o processo e até diria que a Distribuição fez evoluir muito o setor das carnes... Não tenho dúvida nenhuma. Foram eles que conseguiram que a indústria adotasse o

sistema HACCP (Análise de Perigos e Controlo de Pontos Críticos) antes de ser obrigatório. Quando os regulamentos saíram em 2006 já a indústria de carnes tinha planos incríveis. Pessoalmente, aprendi muito quando fazia inspeções na indústria. As exigências do consumidor são um desafio? (Sorriso) São um desafio, mas eu não sei bem se são as exigências do consumidor se são exigências de grupos de ativistas que não sabem do que falam, apenas gritam alto... Mais uma vez, a ignorância joga ou tem jogado contra a nossa indústria. A indústria de carnes tem feito investimentos enormes que as pessoas não fazem ideia para se alinharem à vontade do tal consumidor. Não é a vontade do consumidor? Sinceramente penso que não. O consumidor, por vezes, anda perdido. Num dia, ouve falar bem de um produto, que determinado produto faz muito bem à saúde, no outro, nem tanto. Às vezes penso que é “há pouca capacidade de discernimento e o consumidor vai atrás do que ouve”. O consumidor vai atrás de quem fala mais alto, embora sejam vozes de poucas pessoas... Há informação a mais? A informação não pode, nunca, ser demais, não é uma mais valia deter informação que não se consegue compreender. Existe um preceito muito utilizado pela Autoridade de Segurança Alimentar Europeia (EFSA), que também é responsável pela comunicação de risco, que diz: “a informação tem que ser adequada”, nem de mais, nem de menos, a suficiente para que o consumidor possa fazer as suas escolhas de forma livre e bem informada. Quando a informação é demais, correm-se demasiados riscos. As pessoas não sabem, não percebem. Não está a subestimar o consumidor? De maneira nenhuma. Dou-lhe um exemplo: as pessoas mas, sobretudo, os jovens acreditam em toda a informação que é veiculada nas redes sociais. Os jovens definem as suas preferências com base em informação que não têm a certeza que são credíveis. Atenção, estou a falar de jovens com licenciaturas e a fazer mestrados. Acreditam em tudo porque é muito fácil. São os ativistas de secretária, são os ativistas de computador.

: : 12 : :

Está a falar do conceito anti-consumo-decarne. Mas como é do seu conhecimento existe um Lobby poderoso na Comissão Europeia, anti-carne... Poderosíssimo! E há porque a Comissão Europeia é constituída maioritariamente por gente urbana. São tecnocratas-urbanodeprimidos, gente nova que foram para a CE, que falam muitas línguas, mas são muito teóricos, não fazendo ideia nenhuma do que falam. Essa é que é a verdade. São puros teóricos, sem experiência. Falta muita educação alimentar e o que ela representa para o Globo. Isso leva-nos à carne sintética... A carne sintética aparece como solução mas era muito importante não esconder às pessoas como é que se faz carne sintética. Invocam razões ambientais... Em termos ambientais, todas as atividades, por si só, são poluentes. Mas os setores desenvolvem, cada vez mais, práticas sustentáveis para diminuir o impacte para o ambiente. A produção primária já começou há muito tempo e as pessoas nem fazem ideia. Por exemplo, na alimentação animal, há que tempos que é prescrita no sentido de proporcionar uma alimentação mais sustentável, com menos proteína. As pessoas, não têm uma alimentação que seja tão equilibrada como as dietas alimentares dos animais. Comemos o que queremos e o que nos apetece, podemos ou não seguir o preconizado na roda dos alimentos, mas os animais não. Têm dietas estruturadas, elaboradas ao grama para melhorar o seu metabolismo, e também melhorar a rentabilidade em termos de produção. Por todas as vantagens, inclusive, diminuir a pegada carbónica. A sustentabilidade, está assente em 4 pilares: ambiente, social, ética e economia. Sendo que, quer a produção primária, quer a indústria fazem grande investimentos, alteram procedimentos, recorrem a energias renováveis, entre outras boas práticas, tudo em prol da sustentabilidade. Não são os setores mas são as práticas que podem ser mais ou menos sustentáveis... Não tenho dúvidas. Os setores não são por si só, não sustentáveis. As práticas podem ser mais ou menos sustentáveis. E o que posso afirmar, categoricamente, é que no mundo rural e o resto da cadeia alimentar já há muito boas práticas e outras estão a ser »



: : Entrevista : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

implantadas. E isto não é por acaso, é sinónimo de grandes investimentos, dedicação, muita entrega, muita formação e muito risco. Há várias indústrias de carne que produzem produtos vegan. Nada contra. A minha questão é sobre a fraseologia utilizada. Concorda com a terminologia, “bife de legumes”, “salsicha de feijão”, hamburguer de Beringela”, almôndegas vegan” ? Não, não concordo de todo. Nem sequer concordo que se chamem de substitutos da carne. Porque a substituição pressupõe que se comparem alimentos similares e não o são. Este tipo de produtos induz em erro o consumidor, o tal exigente, mas que afinal não tem conhecimentos para perceber a diferença entre estes produtos. Recentemente veio uma notícia internacional, de que estes produtos para serem mais apelativos contêm mais sal.

Voltando à Associação, já disse que um dos seus objetivos é aproximar e interagir com os associados. Qual é a estratégia para conseguir essa aproximação? Trazê-los a nós. Perceberem que as dúvidas, que os problemas não são individuais. Muitos dos esclarecimentos que tenho feito, resultam de questões colocadas pelos associados. E pensei, se este associado tem dúvidas, os outros também poderão ter. Sempre que contacto ou sou contactada por um associado, peço que me enviem questões, porque durante as formações, existe muita relutância em intervirem, talvez por alguma timidez. Portanto, há um certo constrangimento em confiar. O meu grande desafio é aproximar os associados e incentiválos a participar. Esse eventual desinteresse pela associação não será porque em determinado período a

: : 14 : :

associação não proporcionou a dinâmica que os associados esperavam? Só posso falar a partir do momento em que entrei. Posso-lhe dizer que estou de alma e coração nesta associação. O meu dia é muito exigente. Trabalho muitas vezes aos fins-desemana porque gosto de dar resposta a tempo. Acho que é muito importante responder. Entrei na Associação em dezembro de 2020 e estou a fazer todos os possíveis para ir ao encontro de todos os associados. Custa-me que não aproveitem porque podiam ter negócios mais sustentáveis. Por exemplo, há operadores que utilizam água da rede e fazem os mesmos tipo de análises como se fossem os gestores da água. Não faz sentido nenhum. A legislação não obriga a este procedimento e tem mais custos, desnecessários. »


: : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : CARNE 195 : :

Não utilizam todas as potencialidades que a Associação pode dar... Por desconhecimento, mas também porque não percebem que um simples passo de aproximação à Associação pode ajudar muito na sua atividade. Os industriais e as equipas de qualidade trabalham muito, pelo que, fica difícil encontrarem tempo para se inteirarem, passando ao lado de coisas importantes para a sua atividade. Às vezes dá a sensação que são associados por solidariedade corporativa... Eu tenho a sensação que alguns associados só se inteiram das cotações da Bolsa... Gostava que isso não fosse assim... Confesso que gostava que fosse de outra maneira. Acho que as pessoas não têm a noção das potencialidades de uma associação. Quando enviei o email da minha apresentação e dizer estou cá, contem comigo, recebi 3 ou 4 chamadas e 2 ou 3 emails. Estava à espera de mais até porque as pessoas conhecem-me. Mas houve um associado que me ligou e disse “fico muito contente, nunca estive consigo mas agora penso que podemos fazer muita coisa.” Eu fiquei muito satisfeita, sobretudo, de uma pessoa que não conhecia. Vejo que já houve associados que mudaram de atitude. Mas o que eu gostava e vou fazer o máximo para que isso aconteça é que os associados conheçam bem todas as potencialidades da associação. Mas essa ambiguidade é prejudicial para o setor... Mais, é prejudicial para cada um deles. No fundo, trabalham para dentro. A Associação existe para servir os associados. Falar a uma só voz e combater a desinformação e a ignorância. A comunicação é essencial. Quando fala de uma só voz.... É a voz da ciência, vencer o obstáculo da ignorância e depois conseguir que o Estado não seja um bloqueio. Uma vez declarou que o Estado é um bloqueio... Disse, é muito triste que assim seja, mas é verdade. Estou à vontade para o dizer porque enquanto lá estive como Subdiretora passei dias e dias a ligar para muitos trabalhadores da DGAV, a fim de encontrar veterinários que pudessem fazer inspeção sanitária, para que os matadouros não fechassem e dizia-lhes: “Recebes ordenado todos os meses para viabilizar o negócio dos que investem e arriscam, é essa a tua obrigação porque são eles que te pagam o ordenado”. Graça, fizemos um protocolo de colaboração entre a APIC e a revista CARNE. Posso anunciar publicamente? Sim, pode Com muito gosto.

: : 15 : :




: : Comércio de carnes : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

: : 18 : :


: : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : CARNE 195 : :

: : 19 : :


: : Comércio de carnes : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

Alexandre Santos, proprietário de “O nosso Talho”. “Esta casa é a menina dos meus olhos”

: : 20 : :


: : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : CARNE 195 : :

“Vou ali ao

“O Nosso Talho” tem uma filosofia própria, mas idêntica às dos estabelecimentos “Traiteur”

Nosso Talho” A frase “O Nosso Talho” pressupõe uma relação estreita entre o cliente e o talho onde faz as suas compras numa relação de confiança. Na teoria do marketing o objetivo concentra-se principalmente num número excessivo de estratégias de transações comerciais entre consumidor e vendedor como ações singulares. Nos talhos, a estratégia de marketing é natural, é fruto de uma relação de serviço e produto de qualidade, em gestos de transação que se fazem quase diariamente, durante anos e anos. O estabelecimento de venda de carne e produtos cárneos “O Nosso Talho” situado no concelho de Loures, às portas de Lisboa, no Centro Comercial da Portela, é um exemplo, de uma relação contínua de simpatia, serviço e qualidade. Por isso, é frequente ouvir nos corredores do centro: “vou ali ao Nosso Talho.”

bem, reduzia as gordurinhas, já tratava muito bem a carne e preparava tudo com muito gosto para o cliente. Costumo dizer que o homem faz a loja e a loja não faz o homem. Ficou-me esse ensinamento dos meus pais e tenho a certeza que, onde quer que estejam têm gosto e orgulho naquilo que estão a ver”, confessa. Quando nada fazia esperar, faleceu em 7 de Março de 2002, ficando o seu filho Alexandre à frente do “Nosso Talho”, o qual, seguindo os ensinamentos de seu pai, também sempre muito empreendedor e ativo, decide fazer a grande obra de remodelação de “O Nosso

Talho”, reinaugurado a 7 de Julho de 2016. “O Nosso Talho” tem uma filosofia própria, mas idêntica às dos estabelecimentos “Traiteur”, com grande diversidade de produtos prontos-a-cozinhar, com a garantia de poder usufruir de bons conselhos de uma vasta escolha de cortes de carne. O balcão está disposto a toda a largura da loja e apresenta uma exposição de carnes, fatiados e produtos prontos-a-cozinhar irrepreensível. “Isto explica a preferência dos nossos clientes pelo gosto incomparável dos nossos produtos”, quem o diz é o proprietário do »

Com uma visão de futuro, o casal Maria Julieta e Fernando Luís Santos, foram dos primeiros comerciantes a estabelecerem-se no Centro Comercial da Portela. O historial de empreendedorismo é assinalável. Fernando Santos, com apenas 21 anos abriu o seu primeiro talho, na Estrada de Camarate, seguindo-se Prior Velho, Rua da Beneficência e Bairro Santos, em Lisboa. Sempre muito empreendedor e homem de família, por coincidência ou não, em 1978, precisamente no dia do seu aniversário, inaugurava aquele que é hoje “O Nosso Talho”. Fernando Santos, o pai do Alexandre, para além do empreendedorismo, era um apaixonado pela profissão. “O meu pai era um profissional puro-e-duro. Mas, a nível de tratar a carne já era muito avançado. Fatiava

Inspiradores e com uma visão de futuro, o casal Maria Julieta e Fernando Santos, foram os fundadores de "O Nosso Talho"

: : 21 : :


: : Comércio de carnes : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

estabelecimento, Alexandre Santos, 53 anos, casado, 3 filhas, nascido e criado no setor comercial de carnes e que assumiu este cargo em 1996. Nesta equipa de trabalho, a apresentação dos colaboradores prima pela diferença, as senhoras apresentam-se de touca com detalhes a preto, calça branca e blusa branca personalizada com detalhes a vermelho. O avental riscado (preto e branco) com o grande logo de “O Nosso Talho” no peitilho, transmite a pertença a um clã e de orgulho pessoal no exercício desta profissão. Os senhores, apresentam calça branca, camisa personalizada, lacinho vermelho gentleman, e bivaque semelhante ao calot de boucher que fica muito elegante. E, tal como nas

..."Temos um leque extenso de produtos e estamos sempre a inovar. É um trabalho de equipa..." senhoras, o avental riscado é a cereja no topo do bolo. Pessoalmente penso que para além do requinte que dá a uma equipa de trabalho, o equipamento elegante é um notável sinal de respeito pelo consumidor. Os produtos pronto-a-cozinhar são transformados de forma artesanal, respeitando a tradição gustativa, mas respondendo à contemporaneidade do

: : 22 : :

consumidor. A vitrine de exposição reflete a tendência do consumidor moderno mas, ao mesmo tempo, inspirada na tradição. Armando Barros, não gosta do titulo encarregado. “Digamos que sou o braçodireito do Patrão”, refere com um grande sorriso este transmontano de Montalegre que trabalha no “O Nosso Talho”, há mais de 20 anos. “O Nosso Talho” é um típico estabelecimento de centro comercial. Excelente apresentação, tudo aparece na vitrina como por magia, os profissionais tratam os clientes pelo nome, perguntam pela família, tudo isto numa atmosfera de brilho, boa disposição e » simpatia.


: : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : CARNE 195 : :

“Temos uma clientela muito própria, muito exigente, gosta de tudo arranjadinho e nós fazemos questão de entregar tudo separadinho e embalado a vácuo. É um sublinha serviço muito profissional”, Armando Barros. Curiosamente, a estratégia de embalar a vácuo não foi uma exigência do cliente. “Começamos habituá-los assim. Foi uma ideia nossa para acrescentar mais valor ao nosso serviço. Para além da qualidade dos nossos produtos e da nossa carne fidelizamos o cliente com este serviço e com o bom atendimento”, acrescentou o responsável. »

: : 23 : :


: : Comércio de carnes : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

A Equipa

“O nosso cliente dá mais relevância à qualidade dos nossos produtos do que ao preço. É óbvio que o preço é importante mas, na nossa casa, os critérios do cliente passam primeiro pela qualidade dos produtos. Vendemos muito produto pronto-a-comer e pronto-a-cozinhar e, neste momento, já representa uma grande fatia das nossas vendas, o que é muito significativo. Temos um leque extenso de produtos e estamos sempre a inovar. É um trabalho de equipa. Há um que tem uma ideia, discutimos e maturamos a ideia, confecionamos, provamos, damos a provar e, finalmente, entra na vitrine. É um trabalho muito interessante e dispendioso, mas, felizmente, do agrado dos nossos clientes”, explica Alexandre Santos. “O nosso objetivo é melhorar constantemente. A nossa equipa é muito grande mas é necessária, porque os nossos produtos são feitos no momento e, portanto, há sempre muita atividade no background do balcão. Para podermos apresentar uma vitrine assim, temos muita mão-de-obra. Não podemos ter a vitrine com falhas de produto, mas também não podemos ter um stock muito grande. O stock tem que ser pequeno

...“Temos uma clientela muito própria, muito exigente, gosta de tudo arranjadinho e nós fazemos questão de entregar tudo separadinho e embalado a vácuo. É um serviço muito profissional." para manter a qualidade. Felizmente, os nossos clientes reconhecem a qualidade dos nossos produtos”, refere. “Apostamos muito na diversidade, na qualidade e na diferenciação. Somos exigentes com os nossos fornecedores. Na carne de bovino os nossos critérios há muito que estão definidos: carcaças bem conformadas, carne marmoreada, gordura q.b., sempre com um critério muito apurado quanto à origem e à idade do animal. E, neste sentido, existe há muitos anos, um elo de confiança muito grande com os nossos fornecedores” ,sublinha Alexandre Santos. Em 2014, Alexandre Santos, deixou de estar

: : 24 : :

Armando Barros, Responsável de loja.

ao balcão. “Passei muitos anos ao balcão mas, agora, penso que sou mais útil fora do balcão”. Naturalmente, aprendeu a profissão ainda moço, com os seus progenitores. “Curiosamente, aprendi mais com a minha mãe. Estava sempre no talho com a minha »


: : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : CARNE 195 : :

... "Tenho este talho que é a menina dos meus olhos e o meu pensamento é fazer sempre melhor, nunca estou satisfeito"... mãe. Até aos nove anos tive num talho na Rua da Beneficência (Lisboa) que era a Casa Marcela – foi nessa altura que fiz a quarta classe – e, depois, fomos para a Charneca do Lumiar, que era o talho casa-mãe que fornecia os outros talhos da minha família e fiquei lá até 1994, altura em que vim para a Portela”. “O Nosso Talho” não é uma ilha. Não está sozinho e nos últimos anos devido ao crescimento da população, várias cadeias de distribuição instalaram-se na zona. Abriram outros pontos de venda de carne e, naturalmente, a concorrência aumentou. “Torna-se mais desafiante mas, a fidelização é muito importante para nós até pelo serviço que prestamos. Temos clientes que vêm do Estoril, Sintra, Cascais, Torres Vedras, Mafra, há mais de 25 anos. É de louvar. São clientes fidelizados pela qualidade e pelo nosso serviço de atendimento. Temos o sentido de servir cada vez melhor o cliente e isso para nós, é fundamental. A nossa casa existe por causa do cliente, por isso, a nossa função, é servi-lo da melhor maneira”, defende. Quando pensou neste serviço de balcão diferenciador, o objetivo de Alexandre Santos, era ir de encontro das necessidades dos clientes, que nos dias que correm procuram soluções cada vez mais práticas e eficazes. Eu olho para a importância »

: : 25 : :


: : Comércio de carnes : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

"... Temos que ir ao encontro do cliente, saber o que ele prefere, o que necessita e o satisfaz. Os índices de exigência são muito altos, porque também somos muito exigentes connosco próprios"... e nesta profissão sente-se diariamente recompensado pelo respeito do cliente. “É um respeito recíproco!”. A prova disso, foi a remodelação do estabelecimento em 2016. “Foi muito do agrado do cliente. Eu, também sou cliente e gosto de ir a estabelecimentos bonitos e agradáveis, ser recebido com simpatia e bom atendimento. O mesmo se passa com “O Nosso Talho”. Além da qualidade dos produtos, do serviço, da simpatia e da segurança alimentar, o marketing também é muito importante.”, refere. Com um talho diferenciador e ambição in loco seria previsível criar uma rede de estabelecimentos, mas Alexandre Santos é incisivo: "Não penso nisso, nem quero. Tenho este talho que é a menina dos meus olhos e o meu pensamento é fazer sempre melhor, nunca estou satisfeito”, concluiu. Alexandre Santos, considera-se um homem insatisfeito mas de bem com a vida. Aquela insatisfação saudável que faz girar o mundo, como escreveu o escritor irlandês, Oscar Wilde: “a insatisfação é o primeiro passo para o progresso humano”.

do cliente visitar o meu talho 52 semanas por ano, 365 dias por ano. Isso para mim é que é importante, saber que o serviço que prestamos com a embalagem de carne a vácuo, para além de ser um serviço diferenciador é eficaz. O cliente chega a casa e basta dois ou três minutos para arrumar tudo. Temos que ir ao encontro do cliente, saber o que ele prefere, o que necessita e o satisfaz. Os índices de exigência são muito altos, porque também somos muito exigentes connosco próprios.” Alexandre Santos, é um profissional muito interessado no seu métier. Para o profissional de carnes há mais de 40 anos, a profissão de talhante dignifica o setor,

: : 26 : :






: : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : CARNE 195 : :

A realidade do impacte ambiental da Produção de Carne Intervenção de Manuel Cancela d’Abreu No passado dia 16 de outubro “Dia da Alimentação” decorreu na Faculdade Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa, um seminário organizado pela APIC (Associação Portuguesa dos Industrias de Carnes), sob o tema: Carne q.b. - Consumidor Esclarecido. Na sua intervenção, Manuel Cancela d’Abreu, Licenciado em Medicina Veterinária (Escola Superior de Medicina Veterinária e com Doutoramento em Ciências Agrárias, especialidade de Nutrição e Alimentação Animal (Universidade de Évora), desenvolveu a sua intervenção sob o tema “A realidade do Impacte Ambiental da produção de Carne”. "Não se pode negar que os bovinos, como

qualquer ruminante, produzem CO2 e Metano, durante o processo digestivo, em quantidades superiores aos outros animais. Esta produção é devida à utilização de alimentos fibrosos que não são digeríveis pelos monogástricos. Só os ruminantes conseguem utilizar grandes quantidades deste tipo de alimentos, com baixo valor nutritivo, transformando-os em proteína de alta qualidade para a alimentação humana e fazem-no com uma eficiência relativamente elevada. Em termos médios, a produção de CO2 de uma vaca é cerca de 3 toneladas por ano. Contudo não devemos considerar apenas a produção total de gases com efeito de estufa, mas o balanço destes gases no sistema de produção. O impacte ambiental depende dos sistemas e das práticas de maneio utilizadas,

: : 31 : :

sendo geralmente mais pronunciado nos sistemas intensivos. A maior parte dos alimentos dos ruminantes provêm de pastagens e forragens que são grandes fixadores de CO2.. Uma pastagem com uma produtividade média fixa cerca de 9 toneladas por hectare e ano, na parte aérea das plantas, e mais 4,5 toneladas no solo. Considerando uma relação média de 2 hectares de pastagem por vaca e ano, a quantidade de carbono fixado suplanta largamente a produção. Devemos ainda considerar que o pastoreio tem a grande vantagem de reciclar um grande volume de nutrientes, como o azoto ou fósforo, sendo a sua exportação muito baixa. É ainda dos poucos sistemas agrícolas que promove uma melhoria das funções do solo, nomeadamente um aumento »


: : A realidade do impacte ambiental da Produção de Carne : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

da infiltração e da retenção de água e um aumento da fertilidade. É por estes factos que as pastagens têm mostrado uma grande adaptação às alterações climáticas, o que é ainda mais notório nos sistemas agro-silvopastoris como o Montado ou os lameiros e os baldios do Norte do país. Só no espaço da União Europeia existem mais de 57 milhões de hectares de pastagens permanentes e cerca de 10 milhões de pastagens temporárias, dos quais mais de1,8 milhões em Portugal, representando no total cerca de 39% da superfície agrícola útil. Estas pastagens utilizam os solos marginais, menos férteis e produtivos, com fraca aptidão agrícola e que, quanto muito, poderão ter uma aptidão florestal. As previsões, devido à maior resistência às alterações climáticas, são de que esta área venha a aumentar à custa de áreas anteriormente utilizadas na produção vegetal que venham a perder a sua capacidade produtiva, tornando-se numa medida de adaptação às novas condições climáticas. O que fazer então aos milhões de toneladas de alimentos fibrosos que, todos os anos, se transformam em carne e leite, produtos ricos em proteína de elevado valor biológico, vitaminas do complexo B e minerais de que o homem necessita na sua alimentação? Vamos abandonar as pastagens aos matos e à floresta desordenada? Este abandono tem como principal consequência o aumento do risco de incêndio e da área ardida, como temos visto no Norte e Centro de Portugal. Gostaria de acrescentar que sou totalmente contra a desmatação de florestas,

como tem vindo a ser praticada na Amazónia, para a criação de novas zonas de pastagem ou para a cultura da soja. Ao contrário do que alguns afirmam, há muitos trabalhos científicos que demonstram que o pastoreio por ruminantes, quando bem conduzido, contribui para um aumento da biodiversidade tanto vegetal como animal. Por outro lado, há bastantes anos que se estudam medidas de mitigação da produção de gases com efeito de estufa pelos ruminantes como a melhoria da qualidade dos alimentos, manipulação da população microbiana ruminal, utilização de aditivos e seleção de animais mais eficientes. Só com

: : 32 : :

esta última medida estima-se que se possa reduzir em cerca de 25% a produção de Metano. Os ruminantes também consomem e valorizam ou volume elevado de subprodutos da indústria alimentar como as sêmeas, bagaços e polpas, que de outra forma seriam queimados. Como principais ações diretas sobre o ambiente dos sistemas de produção podemos referir: • Contaminação dos solos e recursos hídricos por nitratos, metais (cobre, zinco...). • Libertação de antibióticos no ambiente (Colistina,...). »



: : A realidade do impacte ambiental da Produção de Carne : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

• Produção de gases com efeito estufa (C02,CH4, N20). Quais são as quantidades exatas de poluentes libertadas pelos sistemas de produção animal? Não existem medidas diretas, utilizandose modelos matemáticos baseados na experimentação e em algumas observações que a partir de algumas premissas (espécie, peso vivo, ingestão alimentar, características do alimento como digestibilidade e teor em proteína ou ácidos aminados,...) determinam os níveis poluentes. Também se podem determinar a partir da sua quantificação no ambiente com a determinação de Nitratos e Nitritos ou Fósforo na água ou ainda o nível de eutrofização dos recursos hídricos. Na produção de carne, os animais convertem proteína vegetal em proteína animal. Os alimentos mais ricos em proteínas são os de origem animal, como a carne, o peixe, ovo, leite, queijo e iogurte. Isso porque, além de conterem grandes quantidades desse

nutriente, as proteínas desses alimentos são de alto valor biológico, isto é, são de maior qualidade, sendo utilizadas pelo organismo mais facilmente. Dependendo da espécie animal, regime

alimentar e maneio, entre 5% e 45% de azoto (N)das plantas é convertido e depositado na proteína animal. O N restante (55%-95%) é excretado na urina ou nas fezes. »

Ciclo de azoto em sistema de produção animal Adaptado de Oenema & Tamminga

5% - 45% Alimento

Gado

80% - 90%

55% - 95%

Colheita

Estrume

40% - 60% Biofixação/ fertilizante

Produtos de origem animal

50% - 90%

Solo N Perdas

20% - 70%

: : 34 : :

NH3 N 2, N 2O



: : A realidade do impacte ambiental da Produção de Carne : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

Qual a situação em Portugal em relação à poluição provocada por Nitratos? No que diz respeito às águas subterrâneas, denotam-se valores mais elevados de nitratos, com maior denotam-se valores mais elevados de nitratos, com maior incidência em algumas zonas consideradas vulneráveis. Em algumas zonas, a produção animal é a principal responsável pelos elevados níveis encontrados enquanto que noutras zonas os nitratos provêm da agricultura. Contudo, é a produção de gases de efeito estufa que tem surgido como a grande critica à produção animal e como a principal justificação para o abandono do consumo de carne.

As emissões do setor agrário são muito menores do que se propaga. A nível mundial o setor agrário representa entre 8 a 14% das emissões totais de GEE (Gases Efeito Estufa) e a produção 6,5 a 11%.

As emissões da produção de carne bovino variam de zona para zona, no mundo. Em África e na Ásia as emissões para produzir um quilo de bovino são de 40 a 50 Kg de CO2, enquanto que na Europa são apenas de 5 a 10 kg. Estas diferenças devem-se á digestibilidade do alimento, idade e peso do abate, condições climáticas, maneio, etc.

Muito estudos e artigos científicos não consideram que o carbono emitido pelos ruminantes provém do seu alimento, uma fonte renovável que é capaz de, através da fotossíntese e do rizóbio fixar o C02 e Azoto (N) em grandes quantidades, não se podendo comparar com a produção de GEE dos transportes ou da industria que provém, na sua grande maioria, de combustíveis fósseis.

CO2

CH4

CO2 CH4 + N2O

residuos orgânicos

MATÉRIA orgânicA ACUMULAÇÃO DE CARBONO NO SOLO : : 36 : :

Os sistemas de produção animal, em especial os extensivos baseados no pastoreio, têm um grande potencial de mitigação de emissões GEE. As pastagens representam entre 10 a 30% do sequestro de carbono mundial e, segundo a FAO (Food and Agriculture Organization), tem potencial para duplicar » estes valores.


: : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : CARNE 195 : :

Segundo o Inventário Nacional de Emissões Remoções Poluentes Atmosféricos publicado em Abril de 2021 (APA), as produções de GEE calculadas com origem na agricultura foram: CH4 – 4440,5 kt de CO2 equivalente (64,6%) N2O – 2388,4 kt de CO2 equivalente (34,8%) CO2 – 40,9 kt de CO2 equivalente (0,6%) Total – 6869,8 kt de CO2 equivalente Este valor corresponde a 10,8% do total de 63.600 kt de CO2 equivalente calculado no país. Dos valores anteriormente apontados, a produção animal foi responsável por cerca de 65%. Fermentação entérica (CH2 e CO2) – 3.542,8 kt de CO2 equivalente: Bovinos de carne: 58,9% Bovinos leiteiros: 22,4% Ovinos: 14,7% Suínos: 1,8% Caprinos 1,7% Maneio dos estrumes: CH4 – 728,1 kt de CO2 equivalente N2O – 186,1 kt de CO2 equivalente

Cálculos efetuados para duas vacadas exploradas em montado permitiram observar que o sequestro de carbono era 3 a 7 vezes superior às emissões do sistema de produção. A carne bovina em Portugal é maioritariamente produzida a partir de pastagens permanentes e biodiversas, naturais ou semeadas, em sistema de extensivo agro-silvo-pastoris. Nestes sistemas, os animais são alimentados à base da pastagem e de forragens produzidas na exploração, com baixos inputs de carbono(adubos, tração, eletricidade, transportes, alimentos compostos,...). Na Europa, as estimativas indicam que, pelo menos, 50% das emissões GEE provenientes da produção de bovinos de carne são compensadas pelo sequestro de Carbono nas pastagens e produção de outros alimentos. Pelo acima exposto fica claro que os sistemas de produção de carne, embora com algum efeito negativo sobre o ambiente, os seus impactos são bastante menores do que geralmente é difundido em alguns artigos,

nas redes sociais ou manifestado em opiniões públicas. Apesar dos baixos impactos, é obrigação do setor continuar a procurar formas de continuamente os diminuir, tornando a produção animal mais sustentável ambientalmente, mais responsável socialmente e, assim, com melhor aceitação pública. A aplicação de técnicas corretas de maneio, como as abaixo indicadas, permitirão diminuir em cerca de 30% a emissão de GEE dos sistemas de produção animal: • boas práticas no maneio de estrumes e chorumes; • boas práticas no maneio ambiental; • melhor da digestibilidade da dieta; • ajuste dos nutrientes da dieta às necessidades do animais; • aumento da eficiência.




: : Opinião/Recorte de Imprensa : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

"A carne é o melhor e mais completo alimento de todos e não há dieta vegetal que chegue lá perto" Por César Ponce* “in Trendy”

Recentemente apareceu a moda de que devemos todos ser ‘verdes / vegetarianos/ vegan’, que se esforça mais para chamar a atenção para os efeitos nefastos da carne, que para as mais-valias dos vegetais, seja com o argumento ecológico ou com o da saúde. No entanto, não parece haver qualquer esforço para aumentar a produção de vegetais de forma ecologicamente correta. O esforço financeiro de quem promove o abandono dos produtos animais parece ir mais uma vez para as mesmas farinhas e açúcares e óleos vegetais que puseram doente e obesa grande parte da população mundial. A carne tem a menor relação custo/lucro se for comparada com outros produtos processados como por exemplo o Impossible Burger e

outros que são tudo menos produtos saudáveis e naturais. Estamos, pois a aceitar a ideia de que os produtos que consumimos desde há, pelo menos, 350 mil anos (bem antes de sequer existirem as doenças atuais) nos fazem mal à saúde. O que nos é dito é que, em vez de um bife médio de vaca, devemos comer uma quantidade ridícula de vegetais, com uma quantidade absurda de fibras, para tentar ter algo que se pareça a nível nutricional, usando um sistema digestivo que não é o de um herbívoro mas sim de um omnívoro. Isto só leva a várias deficiências nutricionais, como por exemplo a falta de vitamina B12 e ferro( heme iron). Uma dieta vegana não será o ideal para o ser

: : 40 : :

humano; além de poder ser prejudicial para uma criança em desenvolvimento, é debilitante para as pessoas com idade avançada, que têm decréscimo de massa muscular e produção hormonal – e o veganismo acelera essa degradação.

Estudo revela percentagem insignificante de vegetarianos No fim de Novembro, apareceu um estudo (The Green Revolution 2019, da consultora espanhola Lantern) que concluía que os adultos veggie já são 9% da população portuguesa (764 mil pessoas) – e, por veggie, o documento refere-se a todos os vegan, vegetarianos e flexitaristas. Importa explicar o que são estes últimos: são pessoas que comem produtos animais sempre que lhes apetece, desde que maioritariamente usem produtos vegetais ou seja, são omnívoros. O estudo fazia eco de que o regime flexitário foi o que mais cresceu nos últimos dois »


: : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : CARNE 195 : :

anos, agregando 7,4% da população nacional, o que, segundo o The Green Revolution 2019, representa 628 mil pessoas. Ora, se de 764 mil pessoas, 628 mil são omnívoras, isto significa que apenas 136 mil indivíduos são vegan e vegetarianos – uns insignificantes 1,6%. Fiquei sem saber o que quer provar este estudo… será que é o facto de a dieta vegan ou vegetariana não é assim tão boa como parece? Vamos lá tentar ser inteligentes: algumas correntes da paleontologia sugerem que os humanos (sapiens) sempre comeram, maioritariamente, carne e produtos animais, embora também algumas frutas e, esporadicamente, legumes e verduras utilizando estes últimos muitas vezes para fins medicinais. A carne de vaca ou de qualquer ruminante é, na verdade, mais saudável e acumula menos produtos tóxicos que a de outros animais, uma vez que têm no estômago quatro compartimentos que fazem um processo de filtragem absolutamente extraordinário que transforma fibras indigestas (para nós) em carne cheia de nutrientes e bio disponibilidade. A carne é o melhor e mais completo alimento de todos. Porém, os estudos que sugerem que uma dieta vegetariana ou vegan é melhor têm como

referência, na sua maioria, a comparação dessas com uma má dieta ao estilo americano (conhecida por Standart American Diet –SAD, não considerando, sequer, o estilo de vida. Depois, os estudos que sugerem um risco de saúde numa dieta com mais carne também não têm em conta o contexto e o estilo de vida (carne + bolos + refrigerantes + batata frita + falta de exercício, a tal SAD).

TOGETHER WE ZOLVE IT BETTER.

MOVING FOOD, WITH CARE. FROM PEOPLE TO PEOPLE. ESPECIALISTAS EM SOLUÇÕES DE LOGÍSTICA E TRANSPORTE MULTI-TEMPERATURA

: : 41 : :

Em 2019 foi feito um estudo sobre o consumo de carne num contexto de um dieta saudável e não apareceu qualquer indicação sobre qualquer espécie de risco acrescido relativamente ao consumo de carne (vermelha e outras) – mas, sobre estudos falarei num artigo específico sobre o tema. Em conclusão: a dieta humana deve, em todos os seus estágios, conter produtos animais e


: : Opinião/Recorte de Imprensa : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

a carne de vaca (ruminante) é das melhores fontes de proteína. É, também, o melhor e mais completo alimento de todos (superado talvez apenas pelo fígado do animal), a melhor forma de obter vitamina B12 e de evitar a anemia por ausência de ferro, uma vez que outras fontes de ferro têm fraca absorção. Ambiente, produção de carne e agricultura: onde está o perigo? E em relação à questão ambiental? Não vejo qualquer incentivo a sério aos produtos locais que realmente são melhores para o ambiente sejam eles vegetais ou animais, assim como não vejo qualquer ambientalismo em andarmos a consumir bananas de Porto Rico e camarões

da Venezuela, para dar apenas alguns exemplos óbvios de qualquer supermercado. As monoculturas de palma, soja, trigo, milho e açúcar causam danos irreversíveis nos solos, destroem ecossistemas inteiros, além de enchem a atmosfera e a terra de produtos tóxicos (utilizam quantidades absurdas de água, porque os solos de monocultura têm fraca absorção). Mas há mais: isto mata tantos ou mais animais como a produção de gado (utiliza mais de 85 % de água da chuva); a diferença é que a produção de gado é usada para nutrição (por cada animal abatido muitos humanos ficam nutridos). Já a produção de cereais e afins resulta apenas em calorias, com pouca ou nenhuma nutrição. Os

animais que mata não servem de alimento para nós. Uma agricultura sustentável, regenerativa, que roda solos entre gado e plantas seria o ideal para o ambiente e para a saúde humana, mas as doenças provocadas por esses alimentos processados e a cobrança de taxas de emissão de CO2 (que é um gás natural não poluente, tal como o oxigénio, o hidrogénio e a água), dá muito mais lucro e controle. Que reine o bom senso e a inteligência. Para concluir, deixo um uma ideia: «A informação verdadeira não vem ter connosco, temos de ir nós à procura dela».

* César Ponce é licenciado em ciências da comunicação marketing e publicidade e relações públicas e há 25 anos que está no mundo do fitness. É Personal Trainer e tem várias formações em nutrição e treino funcional, CrossFit, análises clínicas e preparação de atletas. Quando não está no ginásio, é surfista amador nas praias do Algarve

Nota do editor: O que é um flexitário? O termo flexitário foi, provavelmente, usado pela primeira vez em 2002 e rapidamente adotado como termo conhecido, em 2003, quando foi votado pela American Dialect Society como a “palavra mais útil” do ano. O flexitário é uma pessoa que segue, essencialmente, uma alimentação vegetariana mas, ocasionalmente, também come carne ou produtos á base de carne. Geralmente, o ímpeto por detrás do estilo de vida flexitário é que muitos acreditam que o estilo de vida vegetariano é mais saudável. No entanto, pode ser difícil manter uma alimentação à base de legumes e cereais e, assim, o flexitário permite-se ao consumo de carne quando

sente falta de proteína animal. As pessoas adotam o estilo de vida vegetariano por várias razões. Alguns, porque estão convencidos que é um caminho saudável a seguir. Outros, por razões filosóficas ou morais e estão particularmente preocupados em não provocar abates de animais, adquirindo carne. A maioria do humanos foi criada com dietas que incluíam carne, no entanto, apesar de comer menos carne, o flexitário considera que é muito importante para a sua saúde comer proteína animal, em vez de adotar uma alimentação vegetariana e, depois, necessitar de suplementos.

: : 42 : :

Muitos dos que se dizem vegetarianos por convicção moral lutam com o próprio conceito, quando na verdade são flexitários (ou flexitaristas). Outros vegetarianos são pragmáticos, ou seja, mesmo que os flexitários consumam menos 50% de carne, isso traduzse numa redução substancial do consumo da proteína animal, o que significa uma redução dos animais abatidos. Algumas revistas vegetarianas oferecem receitas flexitárias para atrair um publico mais abrangente, porque, segundo dizem, o ponto de vista flexitarista está em ascensão. O que é certo é que numa dieta equilibrada, da mesma forma as pessoas que comem carne, também estão a comer mais vegetais.



: : ENTREVISTA : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

Introdução da entrevistada Dra. Rosa Gomes

Saúde, nutrição e bem-estar animal O Laboratório de Investigação e Desenvolvimento da DIN, SA está integrado no GRUPO CCPA, multinacional com sede em França, especializado na investigação em saúde, nutrição e bem-estar animal. Destacamo-nos no mercado pela visão de progresso, inovação e investimento em tecnologia, que fazem do Laboratório uma

referência no controlo de qualidade de produtos nas áreas de Alimentação Humana, Alimentação Animal, Ambiente e Veterinária. É dotado de uma equipa dinâmica e cientificamente competente que executa ensaios nas áreas da Físico-Química, Microbiologia, Biologia Molecular e NIR (espetroscopia do infravermelho próximo). »

: : 44 : :

Licenciada em Química Industrial, tem uma vasta experiência laboratorial no Controlo de Qualidade Alimentar e Análises Ambientais. O seu trabalho tem-se destacado pela implementação, validação e acreditação de métodos (segundo a NP EN ISO/IEC 17025) em diversas áreas técnicas como Química clássica, Absorção Atómica, Espectrofotometria UV-VIS e Cromatografia (GC e HPLC) em análises da área alimentar (produtos cárneos, pescado, lacticínios, vegetais, produtos de padaria e pastelaria, refeições entre outros) e da área ambiental (águas, efluentes, resíduos e lamas). Subjacente à vertente técnica, o seu percurso passa também pela gestão das equipas de analistas e auxiliares, organização e gestão do trabalho laboratorial, implementação e verificação do controlo de qualidade analítico e pelo apoio técnico ao cliente. Atualmente, é responsável Técnica do Laboratório de Investigação e Desenvolvimento da D.I.N. SA e, o trabalho que desenvolve foca-se principalmente no acompanhamento dos técnicos na implementação e validação de métodos nas áreas técnicas do Laboratório, nomeadamente Físico-Química, Microbiologia, Biologia Molecular e NIR em Alimentação Humana e Animal. É responsável pelo acompanhamento dos clientes na vertente técnica e comercial. Coordena os projetos de Investigação e Desenvolvimento em que o Laboratório e DIN estão envolvidos. Efetua a gestão do Laboratório e é responsável pelo processo de acreditação pelo IPAC (Instituto Português de Acreditação).


: : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : CARNE 195 : :

... técnica versátil e promissora que permite ao Laboratório fornecer, até ao momento, resultados nutricionais e indicadores de qualidade em tempo real e, assim, permite conhecer os produtos no imediato e tomar decisões em tempo útil...

As aptidões técnicas e de gestão do Laboratório são oficialmente reconhecidas através da Acreditação pelo Instituto Português de Acreditação (IPAC), no âmbito alimentar e agroalimentar, segundo a norma NP EN ISO/IEC 17025:2018 com descrição flexível global que é uma mais-valia para o cliente. Trata-se de uma modalidade que permite ao Laboratório acreditar métodos em tempo útil ao adicionar novos produtos, novos métodos analíticos, novos referenciais normativos, ou seja, responder às exigências do mercado e obter distinção como entidade de controlo no setor da nutrição (animal e humana). As suas valências abrangem também a área do Controlo de Qualidade de prémisturas medicamentosas de uso veterinário cujas análises são executadas segundo os rigorosos referenciais de Boas Práticas de Fabrico (GMP) da EudraLex, detendo neste âmbito Autorização pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária.

O Laboratório tem investido em equipamentos de vanguarda, nomeadamente equipamentos de PCR (Biologia Molecular - Análise de ADN), equipamentos de Cromatografia (HPLC e GC), equipamento NIR (espectroscopia do infravermelho próximo) e equipamentos automáticos para a análise de parâmetros nutricionais e aditivos alimentares.

O Laboratório de Investigação e Desenvolvimento tem 30 anos de experiência e tem estado sempre na vanguarda da tecnologia. Que investimentos têm sido feitos?

A aquisição de novos equipamentos tem como objetivo atuar no prazo de emissão de resultados e, por outro lado, surge como resposta às necessidades do mercado que nos exige ensaios inovadores e diversificados.

Disponibiliza uma abrangente gama de ensaios nas áreas da Físico-Química, Microbiologia e Biologia Molecular que contribuem ativamente para o desenvolvimento e confiança das entidades públicas e privadas com as quais colabora.

alergénios, rotulagem nutricional, avaliação do rótulo, contaminantes e metais pesados, aditivos alimentares e indicadores da qualidade do produto.

No âmbito da Alimentação Humana aposta nas áreas técnicas da microbiologia dos alimentos e superfícies, biologia molecular,

Relativamente à Alimentação Animal, realiza ensaios aos parâmetros nutricionais, microbiologia, testes de uniformidade de mistura, minerais e oligoelementos, substâncias indesejáveis, antibióticos e

: : 45 : :

Algumas das novas tecnologias do Laboratório estão também associadas a projetos de investigação que o Laboratório desenvolve nas diversas áreas em que opera, quer em projetos internos, quer em parcerias com entidades do meio técnico-científico, nacionais e internacionais. Que serviços disponibiliza?

é

que

o

Laboratório

O percurso do Laboratório, em termos de áreas de atuação, tem vindo a adaptar-se e expandir ao longo dos anos. No início da sua atividade, o Laboratório estava associado ao setor dos alimentos para animais ao efetuar o controlo interno das matérias-primas e produto acabado da DIN e pelo apoio no controlo de qualidade dos produtos dos clientes da DIN. Atualmente, o Laboratório de Investigação e Desenvolvimento abrange outras áreas e possui a sua própria carteira de clientes em diferentes setores. Assim, distingue-se no controlo de qualidade de produtos nas áreas de Alimentação Humana, Alimentação Animal, Ambiente e Veterinária.

coccidiostáticos, vitaminas e aminoácidos, análise física de matérias-primas e alimentos completos e biologia molecular. Uma das áreas alvo de grande investimento em recursos humanos e tecnológicos é o NIR (espetroscopia do infravermelho próximo). Trata-se de uma técnica versátil e promissora que permite ao Laboratório fornecer, até ao momento, resultados nutricionais e »


: : ENTREVISTA : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

indicadores de qualidade em tempo real e, assim, permite conhecer os produtos no imediato e tomar decisões em tempo útil. Esta técnica é aplicada em alimentos para animais e géneros alimentícios.

projetos da DIN, mas também em parcerias com outras entidades. As parcerias com o ensino superior e outras entidades são uma componente importante para o Laboratório. Com que instituições é que o Laboratório tem protocolos e quais os objetivos?

O Laboratório adapta a leitura dos vários parâmetros em diversas matrizes, tendo já concluídas inúmeras curvas de calibração. Todas as calibrações são realizadas com A partilha de conhecimento adquirida na base em métodos de referência e acreditados integração do Laboratório em projetos de pela NP EN ISO/IEC 17025. investigação e desenvolvimento em parceria com instituições de ensino e outras entidades O Laboratório vai ter em breve novas públicas e privadas do meio técnico-científico, instalações. Fale-nos sobre esse projeto. é algo que acrescenta um valor incalculável ao Laboratório. O Laboratório teve um crescimento acentuado ao longo dos últimos anos e, para fazer face A complexidade técnica dos projetos a esse crescimento e continuar a prestar um impulsiona o crescimento e polivalência das serviço de qualidade e diversidade na oferta capacidades técnicas dos colaboradores, de soluções à medida do cliente, sentiu-se equipamentos e infraestruturas. Tudo isto a necessidade de modernizar e ampliar as resulta no aumento da oferta de serviços infraestruturas e recursos. A projeção do prestados pelo Laboratório. Laboratório a médio e longo prazo, apoiada Atualmente, integramos dois projetos de numa equipa técnica jovem, qualificada e “Investigação e Desenvolvimento Tecnológico versátil, vai permitir o seu desenvolvimento - Empresas em Co promoção” no âmbito da ao nível dos serviços disponibilizados aos alimentação e produção animal, sendo a DIN clientes, bem como nas atividades de o promotor líder: investigação e desenvolvimento inseridas nos • ECO-PIG – O projeto ECO-PIG compreende

: : 46 : :

o desenvolvimento de uma mistura alimentar inovadora para acabamento ao ar livre de machos de raças suínas autóctones, com ênfase na qualidade da carne e na sustentabilidade do sistema, assegurando a correta adequação dos animais. Copromotores: Instituto Politécnico de Coimbra, Universidade de Évora e Rações Santiago, Lda.

• R&W CLEAN – pretende-se obter novas soluções para sensorização dos parâmetros ambientais e biológicos para auxílio à desmedicalização do setor agropecuário. Copromotores: EXATRONIC, Lda.; Laboratório Internacional de Nanotecnologia (INL); Instituto Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) - Universidade do Porto. Quais os mercados de atuação e as perspetivas do Laboratório nesse âmbito? O Laboratório está integrado no grupo francês CCPA e como tal, tem-se proporcionado frequentemente intercâmbios entre o nosso Laboratório e outros laboratórios do GRUPO CCPA, nomeadamente França, Espanha e México. »



: : ENTREVISTA : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

Destas sinergias resulta a troca de conhecimentos, implementação de técnicas inovadoras, otimização de processos e recursos e uma gestão evolutiva do Laboratório que permite uma contínua melhoria na oferta dos serviços aos clientes. As diferentes perspetivas que o Laboratório absorve destes parceiros e o desenvolvimento inato da nossa equipa faz com que tenhamos clientes em diversos países espalhados por alguns continentes como Bélgica, Espanha, Cabo verde, Angola e Brasil, nas várias áreas técnicas. Os investimentos feitos no Laboratório, nomeadamente a ampliação das suas instalações tem, também, como foco a expansão internacional aliada também ao crescimento da DIN como player no setor da nutrição animal. Qual o objetivo que o Laboratório pretende alcançar nos próximos 5 anos? Expectativa, exigência e informação são três das palavras mais importantes que representam a personificação do consumidor atual. Por outro lado, a celeridade na obtenção dos resultados por parte dos laboratórios é a expectativa do cliente. Para tal, é necessário otimizar processos, pois a industrialização

dos procedimentos laboratoriais é a única forma de corresponder às expectativas e necessidades dos clientes. Nos próximos cinco anos o Laboratório vai continuar a investir na automatização, bem como na agregação dos melhores talentos a nível técnico. Queremos sempre potenciar o desenvolvimento e inovação no sentido de dar respostas aos grandes produtores e empresas. A mudança do Laboratório para novas instalações, bem como a diversificação das áreas técnicas disponibilizadas e uma aposta contínua em técnicos especializados e tecnologia de ponta vai permitir ao Laboratório a satisfação das necessidades dos clientes. A aposta no crescimento da cota de mercado nacional e internacional, bem como o incremento da investigação por parte do Laboratório são o principal foco para os próximos anos. Para finalizar a nossa entrevista, gostaria que respondesse aos nossos leitores quais os valores que caracterizam o vosso

: : 48 : :

Laboratório e o que vos distingue no mercado? O nosso trabalho assenta nos princípios do rigor, eficácia, objetividade, formação adequada, contínua melhoria e implementação de técnicas de vanguarda que nos permitem executar ensaios de forma fiável e de competência técnica e de gestão reconhecidas. A evolução global do Laboratório tem como base uma estratégia competitiva que contribui para o desenvolvimento dos clientes. Acreditamos que a forma empenhada e personalizada com que lidamos com o cliente são os nossos elementos distintivos no mercado.

Zona Industrial da Catraia Apartado 50, 3441-909 SANTA COMBA DÃO (Portugal) laboratorio@din.pt comercial.laboratorio@din.pt Tel. (+351) 232 880 020 www.din.pt





: : CHECK-UP : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

Um futuro mais verde Wipak/Multivac Com uma longa experiência em filmes termoformáveis de qualidade, Wipak, apoia há muitos anos as soluções de embalagem integradas da Multivac. Excelentes exemplos de filmes de alta qualidade e economicamente eficientes para embalagens de alimentos, são os filmes Wipak SUPERCLEAR, bem como a última geração da família de filmes termoformáveis recicláveis NICE ECO, NFO ECO e SC ECO. Greenchoice, a marca de sustentabilidade recentemente lançada pela Wipak, oferece um portfólio abrangendo produtos, projetados para ajudar os clientes a tomar decisões mais conscientes em prol de embalagens mais sustentáveis, quanto possível. Através do desenvolvimento continuo de soluções

com base nas avançadas tecnologias, os filmes Wipak requerem menos recursos materiais, menor consumo de energia e redução das emissões de carbono – tudo sem afetar o excelente desempenho pelo qual os seus produtos granjeiam de reconhecida qualidade mundial, incluindo a proteção do produto e propriedades visuais como transparência e clareza. Wipak congratula a Multivac pelos seu sexagésimo aniversário e espera que esta parceria de sucesso contribua para um futuro cada vez mais verde!

Presunto Montaraz Saborear uma fatia fina de presunto de porco preto do campo, com uma textura branda, gordura untuosa brilhante, de coloração levemente nacarada e com sabor muito agradável, é uma experiencia sensitiva, a todos os níveis, sublime. Uma permissão especial que a Montaraz nos proporciona. Um privilégio que desperta para uma obra-prima renovada. A Montaraz comprometida em produzir presunto totalmente natural, sem nitratos nem nitritos ou qualquer outra coisa – apenas presunto, sal marinho e tempo, muito tempo. Um cura prolongada, trabalhosa, com vagar, resumem a ciência dos Mestres e a sua relação com o tempo, uma magnitude absoluta. Este presunto é sublime. A Produção é acompanhada e controlada em explorações dos seus associados, onde os animais pastoreiam livremente, tirando partido do ecossistema predominante no

Alentejo, caracterizado por montados de azinheiras e sobreiros, nos quais o Porco Preto aproveita a bolota, fruto destas árvores rica em ácido oleico que em conjunto com a genética da raça confere à carne uma infiltração de gordura que se traduz num marmoreado característico desta carne que a torna única e saudável, proporcionando um paladar e aroma inconfundíveis Comprometida com a missão de fazer bom presunto, a empresa de Marvão, cria a possibilidade ao consumidor de provar e degustar, com maior frequência, o seu excelente presunto sem ter que comprar uma peça inteira (perna ou paleta) . Nos diversos pontos de venda da moderna distribuição, lojas e talhos gourmet o consumidor pode optar por presunto fatiado em embalagens de 50 g de paleta de porco preto alentejano, com 24 meses de cura, alimentado a bolota e curado

: : 52 : :

com sal marinho do Algarve ou embalagens de 70g de paleta de porco preto, com 18 meses de cura. Devido à excelente embalagem, o presunto mantém com aquela sensação de ter sido cortado no momento, preservando todo o sabor, textura e brilho natural deste excelente produto. O consumidor pode, assim, comprar e saborear esta iguaria assiduamente e de forma mais económica.



: : CHECK-UP : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

O setor mostra vontade em se reencontrar na Meat Attraction 8 a 10 de Março. Madrid Neste sentido a pouco mais de 3 meses de abrir as suas portas, Meat Attraction, a feira especializada no setor das carnes tem mais de 90% do espaço contratado. Dados que manifestam a confiança do setor nesta manifestação especializada de carnes e afins, proporcionando um grande encontro da industria de carnes. Ifema Madrid e a Anice, Associação Nacional das industrias de Carnes de Espanha, renovaram o acordo de colaboração – acordado em 2017 – para prosseguirem juntos na organização da Meat Attraction. Este compromisso foi formalizado pelo Diretor Geral do Ifema, Eduardo LópezPuertas e o Presidente da Associação, Alberto Jiménez. Desta forma, o salão monográfico realizados em Madrid, será realizado de 8 a 10 de março, sob a alçada dos dois organismos, com o objetivo de dinamizar a atividade da industria e impulsionar oportunidades de negócio e o networking dos seus profissionais.

sectoriais mais representativas como ANAFRIC e AGEMCEX e, naturalmente, a

O êxito alcançado nas ultimas edições, apontam para que esta 4ª edição reflita a consolidação este simpático certame como uma potente ferramenta de promoção ao serviço do setor para impulsionar o seu posicionamento, desenvolvimento, crescimento e visibilidade. Meat Attraction, é uma feira organizada por Ifema Madrid e Anice e conta com o apoio de todas as organizações interprofissionais da cadeia agropecuária/industria de carnes, INTERPORC, PROVACUNO, INTEROVIC, ASICI e AVIANCA que se incorpora pela primeira vez nesta edição no comité organizador, assim as como as associações

: : 54 : :

REVISTA CARNE que desde a primeira hora se associou à iniciativa.



: : CHECK-UP : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

Digitalização, sustentabilidade e as novas tendências alimentares IFFA 14 a 19 maio 2022 2022 é o ano da IFFA! A industria aguada com expectativa o ponto de encontro mais importante para discutir as inovações, automação, digitalização, segurança alimentar, sustentabilidade, tendências alimentares e individualização. Os requisitos para a produção de carne e alternativas de carne são elevados: segurança alimentar, escassez de mão-de-obra qualificada, eficiência de custos, transparência na cadeia de abastecimento, proteção climática, e um enorme variedade de produtos juntamente com as novas necessidades dos clientes são alguns dos principais desafios nos próximos anos. A industria está pronta para apresentar soluções para enfrentar esses desafios na IFFA –Tecnologia de Carne e Proteínas Alternativas, em Frankfurt de 14 a 19 de maio de 2022. Automação e Digitalização em todos os lugares A automação continua a ser um dos principais problemas na industria de carnes: soluções robóticas modernas combinadas com inteligência artificial desempenham um papel importante na otimização de processos e, ao mesmo tempo, aumentando o rendimento, a flexibilidade e a segurança alimentar. A segurança alimentar é fundamental e as soluções inovadoras em design com altos padrões de segurança alimentar serão o foco da IFFA. Ao registar e vincular de forma inteligente todos os dados, a produção pode ser monitorizada em tempo real e possíveis defeitos na operação podem ser detetados imediatamente. A digitalização, outro tema em foco na IFFA 2022, oferece novas possibilidades de transparência e rastreabilidade na cadeia de abastecimento, bem como na gestão de qualidade. O próximo passo para o futuro é a fábrica orientada com base nos dados: o fluxo de dados em ambas as direções entre a

produção e o ponto de venda permite ideias de produto e marketing completamente novas. No foco do comportamento do consumidor: proteínas alternativas e qualidade sustentável No topo da agenda da IFFA está a produção neutra para o clima – um objetivo definido pela UE no chamado Acordo Verde até 2050. Quais são os novos desenvolvimentos para aumentar a eficiência energética e de recursos? Que conceitos podem ser usados ​​para combater o desperdício de alimentos? Como o material de embalagem pode ser reduzido sem reduzir a qualidade? Os expositores e as ofertas do IFFA 2022 fornecerão respostas para todos os aspectos da sustentabilidade. O comportamento do consumidor está a mudar e a variedade de produtos aumenta continuamente. Os flexitaristas (uma dieta semi vegetariana (SVD), também chamada de flexitariana, é aquela centrada em alimentos vegetais com a inclusão ocasional de carne),

: : 56 : :

experimentam produtos de proteínas alternativas além da carne mas não querem desistir de padrões alimentares familiares. A industria e o comércio reagem a essa tendência alimentar com uma variedade de alternativas á carne. A chamada carne sintética ou in-vitro. A IFFA 2022 apresentará, obviamente, o melhor da tecnologia de processamento de carne mas também, e pela primeira vez, o processamento de proteína alternativa. – contendo produtos vegetais ou carne in-vitro. A pandemia da coronavírus também influenciou o comportamento do consumidor. É aqui que o comércio ganha pontos com os seus alimentos de alta qualidade. Os profissionais de carne inovadores diferenciam-se da produção em massa com uma gama de produtos individual e regional. A individualização é, portanto, um tema de topo na IFFA, com o objetivo de responder à necessidade dos clientes de sabor inconfundível e qualidade superior.



: : Manifesto DA APIC : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

Alimente o seu cérebro com informação saudável Recentemente, no seu programa da rádio Observador, João Paulo Sacadura, entrevistou o escritor e também jornalista, José Rodrigues dos Santos, a propósito do seu último livro. Sobre esta entrevista, um conjunto de entidades do mundo do associativismos, subscreveram um Manifesto e reuniram-se para convidar os intervenientes a conhecer a realidade que em muito se afasta da ficção relatada, tanto na entrevista, como no livro. O tipo de argumentos e informação veiculada pelo jornalista/escritor José Rodrigues dos Santos, é muito limitado, e longe de factos reais, lamentando que este, não tivesse tido o cuidado, que lhe seria devido, de se ter documentado adequadamente, recorrendo a fontes fidedignas, munindo- se de informação científica, pois sendo uma figura pública, um formador de opinião, tem a responsabilidade acrescida de não falar do que não sabe e de se pautar por um trabalho de investigação adequado Lamentamos que o escritor não se tenha

empenhado em fornecer informação credível em vez de ter proliferado desinformação e uma mixórdia de despautérios e comparações feitas entre “atrocidades humanas”, do período mais negro da segunda guerra mundial e atividades comuns e naturais correspondentes à normal “cadeia trófica”. Na verdade, os seus leitores esperavam mais dele, esperavam que José Rodrigues dos Santos, pudesse não só escrever, como expressar-se oralmente sobre assuntos sobre os quais se tivesse debruçado seriamente a estudá-los, e ser assim, veículo de informação fiável. Infelizmente, a entrevista a José Rodrigues dos Santos, não só, não nos merece respeito, como consideramos ser necessário trazer a publico um contraditório que apresente claramente os factos da produção pecuária e indústria da carne e não o pensamento criativo de quem não teve tempo de se documentar, e se pronunciou de forma absolutamente leviana, irresponsável e mesmo com erros crassos. Não é admissível

: : 58 : :

que um jornalista, que se diz orientar pelo rigor científico, caia no populismo fácil demagógico e baseado em crenças pessoais, não em factos e realidade técnica e científica. Enviamos assim, em anexo, o documento: “Alimente o seu Cérebro com Informação Saudável”, como esclarecimento sobre algumas das dúvidas existenciais do escritor José Rodrigues dos Santos. Estando, naturalmente, disponíveis para elucidar as demais que possam existir. Cremos, que a Radio observador, pautandose pelo rigor e excelência da comunicação que tem feito, terá todo o interesse em dar a conhecer este Manifesto. Cremos ainda, que a rádio Observador terá todo o interesse em organizar um programa onde se debata com seriedade e rigor científico o panorama da produção da carne. Todas as entidades subscritoras estão disponíveis para prestar essa colaboração à rádio Observador, mas também entendemos que a rádio observador poderá convidar »


: : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : CARNE 195 : :

peritos na matéria, sem conflitos de interesse, professores universitários que tenham dedicado a sua vida profissional a estudar estes temas, detendo o conhecimento científico que lhes permite fazer a comunicação, que se impõe. Naturalmente, que poderemos indicar as melhores universidade e docentes que mais têm dado a conhecer o seu trabalho. Os ouvintes têm direito de serem devidamente informados!

Alimente o seu cérebro com informação saudável Como a Ciência desfaz 5 mitos contemporâneos sobre a produção dos alimentos No Dia Mundial da Alimentação, um conjunto de entidades ligadas à cadeia alimentar deixa um repto à sociedade civil: alimente o seu cérebro com informação saudável. Ao assumir este apelo, partilhamos dados científicos para desfazer alguns mitos sobre o impacto da produção alimentar no ambiente. A produção de alimentos, algo essencial à vida, não pode ser o bode expiatório da situação ambiental em que se encontra o planeta, sob pena de causarmos um problema ainda maior do que o que temos atualmente. A prosseguirmos neste caminho, em que parece existir relativamente à produção de alimentos uma atitude negacionista, muito semelhante ao que alguns nichos têm acerca das vacinas contra a Covid-19, teremos um planeta ambientalmente doente e repleto de insegurança alimentar. É necessária uma educação alimentar e informação credível para que os consumidores possam fazer as suas escolhas, de uma forma livre e consciente.

Mito 1

FACTO 1 Com base nos dados de 2019 publicados pelo inventário nacional de emissões, em Portugal, a agricultura, como um todo, é responsável por 10,8% do total de emissões de Gases de Efeitos de Estufa (GEE). À produção de alimentos de origem animal, poderemos alocar 7% das emissões totais de GEE.

Mito 2

A agricultura animal produz uma quantidade de GEE equiparáveis à soma de todos os meios de transporte: aéreo, marítimo, automóvel e rodoviário.

FACTO 2 Com base nos dados de 2019 publicados pelo inventário nacional de emissões, em Portugal, no ano de 2019, o total de emissão GEE repartiu-se por quatro grandes categorias: energia – 69,9%; processos industriais e utilização de produtos (IPPU) – 12,1%; Agricultura – 10,8% e resíduos – 7,2%. Podemos (e devemos) dividir o setor energético em diferentes fontes de emissão, assim: 28% das emissões totais provêm dos transportes (aéreo, marítimo, automóvel, rodoviário e caminhos de ferro) que produzem no total cerca de 22 mil Kton CO2eq, enquanto agricultura animal produz 4 mil Kton, 7% do total de emissão de GEE.

Mito 3

São precisos 4kg de cereais e outros vegetais para produzir 500 gr de carne

FACTO 3 Os ruminantes, as vacas, por exemplo, digerem plantas que os humanos não têm capacidade de digerir - como a erva, subprodutos da indústria agrícola, forragens (feno, palha, silagem) entre outros – reduzindo o que se considera resíduo e transformando-o em produtos com valor nutricional para o ser humano: carne, leite e seus derivados. Para produzir 1kg de proteína animal são necessários, em média, 6 kg de proteína vegetal (de 2 a 10 dependendo das espécies animais e sistemas de produção), contudo, cerca de 86% da proteína usada por ruminantes não é adequada para a alimentação humana.

No sec. XXI, para produzir alimentos também trabalhamos com ciência. É esse o trabalho diário do Laboratório Colaborativo FeedInov, uma associação constituída por empresas do setor, universidades e entidades ligadas à investigação, inovação e desenvolvimento. Para dar um toque de ciência a uma discussão que é tantas vezes repleta de meras opiniões, congregámos 5 mitos recorrentes sobre a produção agropecuária e mais especificamente sobre a produção de alimentos de origem animal, tal como informação científica que os desfaz.

A agricultura animal é responsável por 20% das emissões de gases com efeito estufa.

Mito 4

A produção animal e a produção de alimentos para animais ocupam área que poderia estar a ser utilizada para produzir alimento para humanos

FACTO 4 A ideia de que os animais concorrem com os Humanos por alimento é recorrentemente utilizada e, na realidade, a nível mundial, a produção animal utiliza cerca de 70% (2,5 biliões de ha) de área agrícola. No entanto, metade desta área são pastagens permanentes e áreas marginais (de montanha, pântano, entre outros), que não são

: : 59 : :


: : Manifesto DA APIC : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

nem podem ser (por não têm características para tal) cultivadas para produção de cereais ou proteaginosas, e são quase exclusivamente utilizadas por animais herbívoros (na sua maioria ruminantes). Os animais que pastam e se alimentam destas áreas contribuem diretamente para a produção de alimento de elevado valor nutricional (carne, leite) a partir de biomassa não edível. A outra metade da área agrícola consiste em cerca de 0,7 biliões de ha de pastagens temporárias que podem, de facto, ser cultivadas. No entanto, se tal acontecer, haverá alteração do uso do solo e perda de serviços de elevado valor ambiental, como a contribuição para a manutenção da biodiversidade e das zonas rurais, que são garantidos enquanto estão a ser pastoreadas. Uma parte bastante significativa da área utilizada para alimentar a produção animal são áreas marginais ou pastagens que providenciam, além de alimento aos animais, serviços de ecossistema que, até ao momento, não são contabilizados.

Mito 5

Uma dieta que contenha produtos animais é nefasta para a saúde humana

FACTO 5 Os estudos que sugerem que uma dieta vegetariana é “melhor” do que uma omnívora, têm como referência, na sua maioria, a comparação com uma má dieta ao estilo americano (conhecida por Standard American Diet – SAD) e não consideram o estilo de vida ou a atividade física. Na realidade, das poucas vezes que estes fatores são cruzados, não existe nenhuma relação entre o consumo saudável de produtos animais e um risco acrescido para a saúde. A destacar, relativamente a este aspeto, o facto de a alimentação de origem animal ser a única (além da suplementação direta) que pode fornecer vitamina B12 aos humanos e, assim, evitar a anemia por ausência de ferro, uma vez que outras fontes de ferro têm fraca absorção. A este propósito, fará sentido referir que estudos recentes mostram problemas de subnutrição em países “desenvolvidos”. Atualmente na Austrália, cerca de 40% das raparigas adolescentes entre os 14 e os 18 anos revelam baixos níveis de ingestão de ferro (Australian Bureau of Statistics, 2021). Algumas das razões apontadas para esta situação incluem uma alimentação esporádica ao longo do dia e dietas restritivas quanto à inclusão de carne.

José Rodrigues dos Santos. Numa entrevista à Rádio Observador, o conhecido jornalista e escritor, produziu algumas afirmações que não correspondem à verdade, prejudicam o setor e influenciam de forma errada os ouvintes. Comparou os trabalhadores das unidades de abate aos assassinos do campo de concentração de Auschwitz, embora confessasse que é consumidor de carne porque considera “que é importante para a saúde”. O setor reagiu veemente.

As entidades subscritoras FEEDINOV Associação para a Investigação e Inovação em Nutrição e Alimentação Animal IACA Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais ANEB Associação Nacional dos Engordadores de Bovinos ANIL Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios ANIPLA Associação Nacional da Indústria para a Proteção de Plantas APEZ Associação Portuguesa dos Engenheiros Zootécnicos APIC Associação Portuguesa dos Industriais de Carne APIFVET Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica de Medicamentos Veterinários CAP Confederação dos Agricultores de Portugal FENAPECUÁRIA Federação Nacional das Cooperativas de Produtores Pecuários FEPASA Federação Portuguesa das Associações Avícolas FILPORC Organização Interprofissional da Fileira da Carne de Porco

Para assinalar o Dia Mundial da Alimentação, as entidades subscritoras reiteram o compromisso com os desafios sociais ,designadamente, a sustentabilidade, o combate às alterações climáticas, o bem-estar animal e o direito a uma alimentação saudável e disponível para toda a população.

: : 60 : :

FIPA Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares FPAS Federação Portuguesa das Associações de Suinicultores



: : Sociedade : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

Consumo em Portugal Portugal – bem como s restantes países do mundo – sofreram um revés económico em 2020 devido às medidas de confinamento face à pandemia de Covid 19. Quase dois anos depois de que forma evoluiu o consumo no nosso país? O consumo fora de casa está a recuperar lentamente mas a entrega de refeições e take way dispararam atraindo consumidores em todos os segmentos. A entrega de refeições e take way continuam atrair o consumidor mas um estudo global da consultora Kantar, Worldpanel Divison, dá grande destaque ao nosso país, como o país com “maior aumento” , numa seleção de 10 países analisados (Reino Unido, França, Espanha, México, Brasil, China, Indonésia, Coreia do Sul e Tailândia). “O valor das ocasiões de consumo take-way, on-the-go e entrega de refeições aumentou substancialmente, destacando a diversidade do mercado fora-de-casa, à medida que os consumidores desenvolvem novos hábitos alimentares. "Apesar de um aumento nos gastos fora de casa durante a primeira metade de 2021, os serviços de entrega de refeições e o comércio electrónico continuam a mostrar um crescimento sustentado em todos os mercados", conclui o trabalho que procura apontar pistas sobre a evolução de comportamentos no segmento dos bens de grande consumo. "O gasto fora de casa em cafés e restaurantes em três mercados chave (Reino Unido, França e Espanha) no segundo trimestre de 2021 foi mais do dobro, comparando com o mesmo período em 2020 – mas está apenas a 75% dos níveis registados em 2019", diz a consultora para concluir que "este setor ainda não recuperou totalmente", enquanto "os serviços de entrega de refeições e o comércio online cresceram 150% e 24%, respetivamente, a nível mundial".

O potencial das novas oportunidades E as motivações dos consumidores para comprar refeições para serem entregues estão a mudar: agora, apenas 35% assume a entrega de refeições como "um prazer partilhado", contra 50% em 2019, havendo mais pessoas a citar "ocasiões de consumo novas e diferentes", como almoços e refeições individuais no seu estilo de vida diário. O crescimento contínuo nas entregas de

: : 62 : :

refeições e do comércio electrónico destacou a importância da adaptação ao desconhecido, para encontrar novas oportunidades de crescimento. Javier Sanchez, especialista da Kantar, refere: “O facto de ainda estarmos a recorrer a refeições entregues como no auge da pandemia aponta para uma mudança de comportamento no longo prazo, que apresenta oportunidades para marcas que são mais capazes de atender às novas necessidades dos consumidores”, conclui.






Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.