Revista Ideias 111

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nº 111

R$ 10,00

Política, Economia & Cultura do Paraná

CRACK

Mais perto do que você imagina



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E ditorial Fábio Campana

A

herança trágica que ameaça os viventes desta área do planeta.

Eis um título sugestivo para um conto de Edgar Allan Poe. Poe, como todos sabem, era um mestre das sombras que habitam a alma humana, mas não há notícia de que tenha se interessado por temas econômicos. Ou políticos. É pena, porque ficamos privados do seu talento nesse plano da vida social, e o thriller perdeu, certamente, um assunto rico e promissor. A lacuna foi preenchida nesta passagem para 2011. Os rapazes da equipe de transição de Beto Richa dedicaram-se ardorosamente ao gênero e trataram de suscitar calafrios ao apresentar os déficits de caixa herdados do governo anterior e suas consequências previsíveis para a vida dos paranaenses. Especialmente para aqueles que mais necessitam das atenções do Estado: a população mais carente e os empreiteiros de obras. O monstro é o de sempre. O rombo no caixa é o castigo pela incontinência do apetite governamental nos oito anos em que o Paraná foi entregue ao PMDB de Requião, Pessuti e assemelhados. O pior da história é que eles se saíram bem dessa empreitada. Enquanto nós, simples mortais pagadores de impostos, nos ferramos. Mas a vida continua e a esperança agora é a da volta por cima com o novo time no poder. Beto Richa certamente não ouvirá os políticos que se elegem nos fundões do Paraná, nos currais do novo coronelismo, nas áreas do voto de cabresto. Esta gente cuida apenas de seus negócios em detrimento do Paraná e de seu povo. Não se trata de revanchismo, mas não haverá mudança enquanto os antigos ocupantes do governo que arrombava o cofre enquanto recitavam a Carta de Puebla tiverem sobrevida no Poder. Esta história tem a sua moral. Carecemos de heróis, há muitos vilões à solta, não podemos errar o alvo dos problemas mais sérios.


nesTA ediçÃO O time de Beto Richa no poder ....................16 Fábio Campana O empreendedorismo que dá certo ..........28 Thais Kaniak Uma rotina de medo e insegurança ......... 32 Sarah Corazza

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pág. Crack

cOLUnisTAs Sons de um circo............................................. 14 Jaime Lerner A peste middlebrow......................................... 15 Fábio Campana Contra a transição acomodada.....................23 Luiz Geraldo Mazza Beto ao volante................................................ 24 Rogerio Distefano O adesismo é apenas o sintoma................... 25 Luiz Fernando Pereira

Crack ao alcance de todos............................ 36 Márcio Barros Arte de rua além da arte................................. 50 Vanessa Bordin

Mulheres, damas e spaghetti........................ 54 Vicente Ferreira O que dizem as rosas...................................... 55 Luiz Carlos Zanoni Tarde demais....................................................60 Izabel Campana Bolas & Bolas....................................................61 Carlos Alberto Pessôa Feliz Ano Novo................................................. 62 Camilla Inojosa Isabela França..................................................64

Guerra entre nós ............................................ 31 Marianna Camargo

Moça bonita não paga, mas agora leva....... 72 Claudia Wasilewski

A Janela Acesa.................................................. 53 Solda

Humor............................................................... 74 Pryscila Vieira


índice 64

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seções Editorial ........................................................... 03 Curtas.................................................................06 Frases..................................................................08 Gente Fina.........................................................10 Câmara dos Vereadores.................................. 27 Ensaio Fotográfico.......................................... 44 Prateleira.......................................................... 56 Balacobaco....................................................... 68 Cartas/expediente.......................................... 73

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CURTAS

Novo Salário A Assembleia Legislativa fixou um novo salário para os secretários de Estado a partir deste ano. A lei aprovada reajusta o valor para R$ 18,6 mil mensais, ou o correspondente a 70% dos vencimentos do governador do Estado.

Orçamento astronômico Uma olhada mais atenta nos 19 Diários Oficiais publicados em novembro e os quatro publicados em dezembro mostra que o governo ligou no piloto automático a maquininha de remanejamento de verbas do orçamento, tudo com o objetivo de cobrir despesas. A soma chega à astronômica quantia de R$ 492.697.398,00 na movimentação do orçamento do estado. É dinheiro que estava destinado para vários programas e obras, que agora ficam sem pai nem mãe. No total, foram 89 decretos que alteraram o orçamento estadual.

Reforma cara A obra de reforma do Palácio Iguaçu, sede do governo do Paraná, custou R$ 7,5 milhões a mais do que o valor inicialmente previsto. A restauração do prédio custou R$ 31 mi­­lhões – ou 32% além dos R$ 23,5 milhões orçados pela empresa que venceu a licitação para executar o serviço. Foto: jairelias.blogspot.com

Capital de homicídios Entre as capitais do Sul do Brasil, Curitiba é a que registra o maior índice de homicídios de adolescentes. A conclusão é da pesquisa realizada pelo Programa de Redução da Violência Letal contra Adolescentes e Jovens. O levantamento considera dados coletados em 2007. A capital paranaense registrou 4,2 mortes de adolescentes a cada grupo de mil jovens entre 12 e 19 anos.

Ilustração: caiowebber.com.br

Espaço aéreo vulnerável

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Um suposto telegrama da embaixada dos Estados Unidos divulgado pelo site WikiLeaks diz que o espaço aéreo de Brasília é vulnerável a ataques terroristas. O telegrama teria sido produzido em março de 2009, depois que um pequeno avião de passageiros foi roubado em Luziânia (GO), a cerca de 50 km de Brasília. O avião, um monomotor, caiu em um shopping center de Goiânia, matando o piloto e a filha dele, de 5 anos. | janeiro de 2011


Foto: divulgação

Despedida milionária A campanha publicitária de “despedida” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva da Presidência custou R$ 20 milhões. Com um novo slogan — “Estamos vivendo o Brasil de todos” — a propaganda em rádio, TV, jornais e revistas fala sobre o crescimento econômico dos últimos anos e ressalta números sobre redução da desigualdade social.

Foto: divulgação

Bronca A dupla Chitãozinho & Xororó, nascidos no município de Astorga, no interior do estado, aproveitou a cerimônia de reinauguração do Palácio Iguaçu para alfinetar o prefeito da cidade, Arquimedes Ziroldo (PTB). Em um espaço reservado para autoridades e para os cantores, a dulpa perguntou ao prefeito sobre a demora da construção do portal da cidade. Ziroldo disse que o projeto está em fase final de licitação e em breve será construído.

No vermelho Dezembro é época de contenção de despesas na maioria das prefeituras paranaenses. Para conseguir quitar o 13º salário para os funcionários, prefeitos estão deixando de pagar fornecedores, cortando horas-extras e dispensando cargos comissionados. Segundo o presidente da Associação dos Municípios do Paraná (AMP), Moacyr Elias Fadel Junior (PMDB), cerca de 70% dos 399 municípios do Estado passaram por dificuldades no final de 2010. O déficit acumulado foi de R$ 153 milhões.

Diplomação O governador eleito do Paraná, Beto Richa, foi diplomado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná no último dia 17, cerimônia em que também receberam diplomas da Justiça Eleitoral o vice-governador eleito, Flávio Arns, dois senadores e seus suplentes, 30 deputados federais e 54 deputados estaduais e cinco suplentes de cada coligação de partidos. Foto: divulgação

Desvio milionário O diretor de relações institucionais do HSBC, Hélio Duarte, entregou no dia 6 de dezembro ao Ministério Público (MP) o resultado de uma sindicância interna que apura o desvio de mais de R$ 100 milhões da Assembleia Legislativa do Paraná. Os recursos públicos foram desviados com um esquema que utilizava cheques em branco e a nomeação de funcionários fantasmas. Nove funcionários do HSBC foram demitidos e 19 contas fechadas. Três diretores da assembleia estão presos por suspeita de desvios. janeiro de 2011 |

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FRASeS

Não posso dizer que não porque sou vivo. Sou presidente de honra de um partido, sou um político nato, construí uma relação política extraordinária

LULA, respondendo sobre a possibilidade de se candidatar novamente à presidência em 2014.

Sou politeísta. Acredito em um deus para cada ocasião

KARL LAGARFELD, estilista da Chanel.

Na época, eu ganhava um Geton de pouco mais de 200 reais por mês. Ela também acumulava funções de ministra e conselheira, com uma diferença: não era R$ 200 que ela ganhava. Teve mês que cada conselheiro ganhou mais de R$ 80 mil O deputado ANTONIO BELINATI, cassado por ser ficha-suja, comparando-se com a presidente Dilma Rousseff.

Quem é que aqui não teve uma namoradinha que teve que abortar? Perguntou CABRAL à plateia durante uma palestra feita para a revista Exame, dizendo que era preciso tratar do aborto pensando “na vida como ela é”. 8

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Disseram que o Requião é velho conhecido da Casa e tem preferência. Tudo bem, sem ressentimentos Brincou GLEISI ao explicar porque Requião ficou com o gabinete de Osmar Dias e não ela.

O ex-governador e senador eleito ROBERTO REQUIÃO (PMDB) não cansou de alfinetar a festa de inauguração do Palácio Iguaçu, promovida pelo governador Orlando Pessuti. Pelo twitter disparou:

Eu determinei e fiz a reforma do Palácio Iguaçu. Não tenho nada ver com a palhaçada da inauguração. Esta inauguração é ridícula, coisa de Penélope Obscura

TIRIRICA afirmou, antes da diplomação, que irá trabalhar pelos ciganos e artistas circenses.

Tenho algumas ideias sobre direitos de artistas circenses, dos ciganos, dos artistas em geral


Se você acha que a nossa revista é para pessoas exigentes, sofisticadas e às vezes um pouco arrogantes, você tem razão.

Para fazer parte deste grupo, assine Ideias: assinatura@revistaideias.com.br ligue: 41 3079 9997


gente FINA Foto: Dico Kremer

um curitibano na seleção O curitibano Carlinhos Neves é o novo preparador físico da Seleção Brasileira. Entre uma viagem e outra ele recebeu a Ideias para uma conversa. Bem-humorado, tranquilo, Carlinhos gosta de ouvir o californiano Ben Harper e está animado para assumir um cargo de altíssima responsabilidade. Carlinhos começou no Coritiba, depois passou pelo Atlético e o Paraná Clube. Trabalhou em outros clubes até ir para o São Paulo, onde ficou por oito anos. Na sala de sua casa, vê-se uma das recompensas pelos seus anos no time: uma chuteira do craque-goleiro Rogério Ceni, com uma dedicatória pelo trabalho de Carlinhos. Foi chamado pelo técnico da Seleção Mano Menezes e aceitou o convite “com muita honra”. Carlinhos agora volta a Curitiba, mas tem agenda cheia de viagens por conta do trabalho. “É bom voltar à cidade, ficar com a família, ir ao Parque Barigui”, diz satisfeito. Encara a nova etapa como um grande desafio, um aprendizado, mais uma conquista.

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gente FINA Luiz Groff tem uma verve tão

interessante e humorada que é impossível substituir por outra a sua versão sobre ele mesmo e sua honorável atividade. Aí vai a incrível e agradável história de Groff, o homem que sabe tudo sobre vinhos e debocha da falsa cultura dos neo-enólogos que infestam a cidade.

Groff segundo Luiz Groff Não Sou Enólogo Como fui engenheiro na França, imagina-se seja esta a origem da mania por vinho. Engano. Na França eu bebia vinho como francês: todos os dias, mas sem se interessar pelos detalhes. Comentei um livro de vinhos com um amigo que procurou o diretor da Gazeta, Francisco Cunha Pereira e acertou, à minha revelia, uma coluna semanal. Como não entendia nada e, em 1987, ninguém se interessava por vinho, passei a fazer crônicas ligadas à história, humor, o que acabou por gerar um estilo diferenciado e passei a ser convidado para visitas e júris: “O enólogo de Curitiba”. Quando bolei a frase — “Não sou enólogo, enólogo é um sujeito que diante do vinho toma decisões, eu diante de decisões, tomo vinho” — estava debochando de diletantes de salão que percebem dezenas de aromas e sutilezas imaginários que não passam de fase oral não resolvida. Mas a frase correu o mundo, às vezes plagiada. Em 1997, abri uma loja de vinhos, a INVINOVÉRITAS, onde procuro tratar ambos, o Vinho e a Verdade, com ética. Fazer do Hobby profissão é uma forma ideal para melhorar a profissão e ferrar com o hobby.

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Foto: Rogério Machado

gente FINA

Brava

Maria Christina

Maria Christina de Andrade Vieira é a nova presidente da Fundação Cultural de Curitiba.

Belíssima lembrança do prefeito Luciano Ducci. Nascida em Curitiba, Maria Christina é formada em Filosofia, com licenciatura na PUCPR. É especialista em Antropologia Social pela Universidade Federal do Paraná; em Marketing pela PUCPR e Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM); em História da Arte pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP).

Maria Christina foi professora de Filosofia da PUCPR e, em 1987, ingressou no antigo Banco Bamerindus, na área de Promoções e Eventos. No Bamerindus, foi diretora executiva da Associação Cultural Avelino Vieira, por ela criada, diretora de Infraestrutura e membro da holding do banco, além de idealizadora do Natal no Palácio Avenida, que completou 20 anos em 2010, e é um dos principais espetáculos natalinos do Brasil. Foi a primeira mulher a presidir uma associação comercial no Brasil Recebeu 63 prêmios na área de Marketing Cultural, entre eles o Diploma de Grão Mestre da Ordem Rio Branco, concedido pela Presidência da República. É integrante dos conselhos da Federação das Indústrias do Estado Paraná e da Associação Comercial do Paraná.

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gente FINA Vilma Shiva Vilma Slomp vive um momento especial.

Esteve em Colombo no Sri Lanka, Mumbai e Delhi na Índia, para fazer exposições de fotografias e palestras sobre o trabalho Feliz Natal, obra que elaborou durante dez períodos natalinos em Curitiba (1986-1995). Vilma diz que fotografou “o que meus olhos não acreditavam o que viam através das lentes”.

compor um banco de imagens e divulgar no seu site 33 anos no mundo da fotografia.

Em dezembro do ano passado, completou 30 anos de sua primeira exposição individual “Fotomulher”, com 50 fotos. Vilma agora está digitalizando toda a sua obra para

Paralelo à criação do site, trabalhou no ofício da fotografia em seu estúdio. Chegou a uma conclusão: “Vilma Shiva abrindo seus braços para mostrar o amor ao meu labor”.

Inovações de Jô

Jô Marçal. Designer, diretora de arte, cenógrafa

e professora do centro europeu no curso de cinema digital. Integrou a cultuada banda Les Stop Betty. Com a outra banda Mamelucos Orbitais participou de festivais e do extinto Musikaos. Agora está na banda Cairo como vocalista e usa sua Groove Box.

“Pegue um pouco de bossa nova, imagens, poesia, atitude, criatividade. Coloque algumas fatias de imaginação. Coloque tudo numa panela em banho-maria e quando estiver quase pronto, tempere com um visual moderno e bem-humorado”, diz a multiartista Jô.

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JAIME LERNER arquiteto

Sons de um circo

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omem de circo, seu número era tocar arco e serrote. A música saía triste, a lâmina do serrote gemia, principalmente em valsas antigas. A plateia gostava, até chorava. Quando tocava Luzes da Ribalta, o circo todo se encolhia de tristeza, e as lágrimas se misturavam à serragem. Durante anos, esse homem triste encantou multidões, mas o circo começou a decair. Cada vez menos gente, cada vez menos crianças. A lona foi apodrecendo e logo apareceram buracos, por onde a chuva regava a plateia cada vez menor. A meia arrastão da trapezista, tantas vezes remendada, começou a se desfazer. Da mesma forma, a gravata borboleta do mágico, cuja cartola já não conseguia segurar nenhum coelho. A feição triste do palhaço logo contagiou a todos. E, então, o último espetáculo, o último salário e a tristeza pelo fechamento inevitável.

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Sem outro circo onde tocar, o homem do serrote acabou numa marcenaria. De músico a fazedor de móveis no espaço de dias. Conformado, mas triste, o homem testa a porta de um guardaroupas que acabara de fazer. Surge um som. Movimenta a porta novamente e mais um som, diferente do primeiro. Termina de fazer uma mesa e ela emite sons, sons ritmados. Mais móveis, mas batidas cadenciadas e sons harmoniosos. Vem a noite e os móveis todos refletem os sons do serrote em sua antiga função, velhas músicas, um sarau. Nas lojas, o estranho mobiliário faz grande sucesso. O homem do serrote, agora alegre, chama os antigos companheiros. Resolvem abrir uma fábrica de lonas que emitem os sons das velhas rumbas que animavam o antigo circo. A mulher barbada abre um salão de beleza. O equilibrista resolve ser economista. E os palhaços, os palhaços não têm mais graça.


FÁBIO CAMPANA jornalista

A peste middlebrow

“A

verdadeira batalha – escreveu Virginia Wolf – não se trava entre os highbrows e os lowbrows, mas entre estes, unidos em fraterna consanguinidade, contra a exangue e perniciosa peste que fica de permeio”. Mais que nunca, a peste é o middlebrow. Peste que agora emergiu como grupo social predominante e descobriu a internet como fácil meio de expressão. Sem pudor, a peste se reproduz rapidamente em blogs e sites de besteirol que espelham a ridícula presunção de “críticos” de moda, de gastronomia, de arte, de literatura, de objetos, de vinho e de qualquer coisa que possa ter valor de mercado. O middlebrow é produtor, mercador e consumidor do lixo cultural. Adora o kitsch e considera o sentimentalismo a virtude máxima. Acompanha novelas de televisão e ouve canções excrementais para encher a alma de pieguismo e vulgaridade. É vítima voluntária de slogans e caprichos dos que alcançam notoriedade. Dos pop stars aos políticos. Ah, a santa ignorância. A mediocridade acredita que toda a sabedoria humana está contida em frases de efeito. Esse déficit cultural transforma o middlebrow em ressentido que costuma adotar atitude anti-intelectual do tipo “ninguém lê mais nada, basta informar através de foto e legenda”. O middlebrow gostaria de ter o gosto e a cultura do highbrow, que segundo Brander Mathews é a pessoa que “ao olhar uma salsicha pensa logo em Picasso”. Essa fusão ou associação da cultura com todos os aspectos da vida cotidiana, do feitio de um garfo ao formato do

vidro que contém as pílulas de antidepressivos, é que distingue o highbrow dos demais. Para isso é necessário conhecimento e neurônios ativos. O amigo do highbrow é o lowbrow. O highbrow respeita a arte do lowbrow – o jazz ou a música de Cartola e Nelson Cavaquinho, por exemplo – que ele provavelmente definirá como a expressão espontânea da cultura popular. Não interessa ao lowbrow, ao contrário do middlebrow, se apossar das funções do highbrow ou ameaçar de qualquer forma a nitidez da linha divisória entre o sério e o frívolo. A indigência cultural é o traço do grande mercado consumidor dominado pelo middlebrow. E não se deve confundi-lo com a tipologia de classes sociais. O middlebrow está em todas, mas sua típica ignorância e mau gosto se concentram nas camadas médias. A esta faixa se dirigem os apelos produzidos pelos divulgadores middlebrow que querem vender aos consumidores middlebrow. É o asqueroso reino do picadinho relations. Nessa categoria se inclui hoje a maioria dos diluidores de ideias e criadores de modismos. Os promotores de eventos e de produtos. Enfim, são pessoas que se dedicam profissionalmente à difusão de ideias e artefatos. Ao fazê-lo, não por mero acaso, convertem isso em seu ganha-pão. Seu público e mercado é a hegemônica comunidade middlebrow, da qual fazem parte e que hoje é maioria absoluta no mundo e mais ainda nestas áreas periféricas onde a civilização ainda não pegou. Degradante. Haja estômago. janeiro de 2011 |

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PolÍTiCA

FÁBio CAMPAnA

O time de Beto Richa no poder

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á dias, Belmiro Valverde lembrava a história de um célebre mestre-de-obras português dos tempos da batalha de Aljubarrota. Incumbido de reconstruir uma imensa cúpula de mosteiro, que acabara de ruir e que já ninguém acreditava que pudesse ficar de pé, ele resolveu reerguê-la sobre a própria cabeça. Sentouse debaixo dela, enquanto os operários trabalhavam, e só saiu dali depois de completada a obra e comprovada sua admirável e lusitana solidez. Talvez a maior diferença entre as construções da arquitetura religiosa e as criações da engenharia política esteja exatamente aí. Na política, não só o eventual mestre-de-obras, mas nós todos, vassalos e suseranos do sistema, somos de algum modo obrigados a carregá-lo nos ombros – até que ele desabe, o que algumas vezes acontece. Beto Richa encerrou a composição de sua equipe de governo dando a nítida impressão de que seguiu à risca um antigo ensinamento de Aníbal Curi. “Fazer política é a arte de dividir o bolo de tal maneira que cada um pensa ter ficado com o pedaço maior”. Resta agora saber se a construção ficou sólida e se resistirá ao tempo e às intempéries da política nativa. Depois de marchas e contramarchas, horas intermináveis de negociações, oitivas de lamentações, Richa contemplou todos os grupamentos da política paranaense com exceção dos chatos descontentes e do PT. Assume o cargo e começa a governar com uma base de apoio político na Assembleia e na sociedade que nenhum outro governante teve nos últimos 30 anos. Primeiro governador tucano do Paraná, Richa terá aliados de todos os tipos e cataduras. Do PMDB ao PPS, do PP ao DEM, ao PSB, áreas do PV, e mais uma penca de siglas que fazem a sopa de letrinhas de nosso esquema partidário. Para uivar contra Richa, ficaram na planície Requião e sua família mais o PT e alguns assemelhados que caíram dos galhos de oito anos de PMDB no poder. Essa quase unanimidade dá a Richa a oportunidade de rever e corrigir os desatinos cometidos pelos antecessores. Todos agora torcemos para que a nova escalação dê os resultados esperados. “Ao falhar na 16

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preparação, você está se preparando para falhar”, diz o ex-governador Jayme Canet, citando Benjamin Franklin. Se tivermos sobre a cabeça uma cúpula institucional tão sólida quanto aquela do português de Aljubarrota, se o governador Beto Richa mostrar firmeza como dele se espera, então tudo bem e pau na máquina. A dificuldade herdada da era Requião custa, mas passa, como uma dessas gripes de mudança de estação. O Paraná é robusto, e continua a crescer e a desenvolver-se, apesar de tudo, apesar de um ano ou outro de vacas magras, apesar de Requião et caterva. Um mau governo, incompetente ou corrupto, é para o Paraná apenas uma inconveniência, um estorvo – como pode ser para um bom cavalo, de sangue generoso, um jóquei cretino e pouco hábil. Mas disso já tivemos o que chega nos últimos oito anos. A salvação agora é uma só. O governador Beto Richa precisa governar de acordo com o seu compromisso democrático, entenderse com o que o Paraná tem de bom e que não é pouco. É o que o Paraná espera dele e de seu governo, e quanto mais cedo melhor.


FERNANDA RICHA – Secretaria da Família e Desenvolvimento Social Bacharel em Direito, presidiu a Fundação de Ação Social (FAS) de Curitiba (2005-2008 e 20092010), o Colegiado de Gestores Municipais de Assistência Social, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o Conselho Municipal da Assistência Social e o Conselho Deliberativo do Fundo Municipal de Apoio ao Deficiente (FAD). Foi vicepresidente do Conselho Municipal da Pessoa Idosa de Curitiba. Nasceu em Curitiba, tem 47 anos.

CASSIO TANIGUCHI – Secretaria de Planejamento Engenheiro eletrônico formado pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica. Um dos responsáveis pela implantação da Cidade Industrial de Curitiba nos anos 1970, foi diretor-presidente da Urbs, empresa de Urbanização de Curitiba, e presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba. Nos anos de 1995/96 foi secretário de Estado do Planejamento. Foi prefeito de Curitiba por dois mandatos, entre 1997 e 2004. Natural de Paraguaçu Paulista (SP), tem 69 anos.

LUIZ CARLOS HAULY – Secretaria da Fazenda Formado em Economia e Educação Física pela Universidade Estadual de Londrina, foi vereador e prefeito de Cambé, secretário de Estado da Fazenda (1987 a 1990) e presidente do Conselho de Administração do Banco do Estado do Paraná. Em 1991, foi eleito deputado federal e, desde então, reeleito sucessivamente. Natural de Cambé, tem 60 anos.

REINALDO DE ALMEIDA CÉSAR – Secretaria de Segurança Pública Delegado da Polícia Federal. Reinaldo é filho de Djalma de Almeida César, que foi deputado e candidato a prefeito de Ponta Grossa. Reinaldo foi secretário municipal da Prefeitura de Ponta Grossa. Tem o apoio de todas as correntes políticas da cidade. Hoje, ele preside a Associação nacional de Delegados da Polícia Federal.

MICHELE CAPUTO NETO – Secretaria de Saúde Farmacêutico, servidor público da Secretaria de Estado da Saúde desde 1985. Foi chefe de gabinete da Fundação Nacional de Saúde, chefe da Vigilância Sanitária Estadual, diretor geral do Centro de Medicamentos do Paraná e diretor dos Órgãos Produtores de Insumos e Imunobiológicos da Secretaria de Estado da Saúde. No Município de Curitiba, foi duas vezes Secretário Municipal de Saúde. É Secretário Municipal de Assuntos Metropolitanos. Natural de Maringá, tem 48 anos.

FLÁVIO ARNS – Secretaria de Educação Vice-governador eleito, é formado em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Mestre em Letras pela UFPR e Ph.D. em Linguística pela Universidade Northwestern, EUA. Foi eleito deputado federal em 1991, reelegeu-se em 1994 e 1998. Em 2002, elegeu-se senador e, no Senado, foi presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte e da Subcomissão da Pessoa com Deficiência. Nasceu em Curitiba, tem 60 anos.

RICARDO BARROS – Secretaria Estadual de Indústria e Comércio Engenheiro civil, foi prefeito de Maringá (1989-1993), vicepresidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná e membro do Conselho Superior de Infra-Estrutura da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Em 1994, foi eleito deputado federal e, desde então, reeleito sucessivamente. Em 2010, recebeu 2.190.539 votos para o Senado. Nasceu em Maringá, tem 51 anos.

NORBERTO ORTIGARA – Secretaria de Agricultura Economista e técnico agrícola, desde 1979 é funcionário público de carreira da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, onde foi pesquisador, analista de mercado, diretor, diretor geral e secretário adjunto. Foi membro dos Conselhos de Administração da EMATER-PR, do CEASA-PR, da CLASPAR e da CODAPAR. Desde 2006 é secretário municipal do Abastecimento de Curitiba. Nasceu em Seberi (RS), tem 55 anos.

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DEONILSON ROLDO – Chefia de Gabinete Jornalista, foi repórter do jornal Folha de S.Paulo, diretor da sucursal do jornal Folha de Londrina em Curitiba, secretário de Estado de Comunicação Social, secretário municipal de Comunicação de Curitiba e chefe de Gabinete do prefeito Beto Richa. Nasceu em Pato Branco. Tem 50 anos.

MARCELO CATTANI – Secretaria de Comunicação Social Graduado em Comunicação Social, com pós-graduação em Marketing de Serviços. Foi diretor de marketing da Fundação Cultural de Curitiba, presidente do Fundo Municipal de Cultura e diretor de marketing da Prefeitura de Curitiba. É secretário municipal de Comunicação Social de Curitiba. Tem 40 anos.

CID VASQUES – Corregedoria e Ouvidoria Geral Graduado em Direito em 1982 pela Faculdade Católica de Direito de Santos. Ingressou no Ministério Público em 1986 como promotor de Justiça e, em abril deste ano, foi promovido a procurador de Justiça. Foi assessor de gabinete da Procuradoria-Geral e da Corregedoria-Geral do Ministério Público. Nasceu em São Paulo, tem 51 anos.

EVANDRO ROGÉRIO ROMAN – Secretaria Especial de Esportes Formado em Educação Física, é mestre e doutor em Educação Física na Unicamp. Coordenou o curso de Educação da Faculdade Assis Curgacz, em Cascavel. É diretor-presidente do Instituto Terra, que trabalha na área de educação. É arbitro do quadro nacional de arbitragem (CBF) desde 1995 e do quadro Internacional da FIFA desde 2008. Tem 37 anos.

ADILSON CASTILHO CASITAS – Casa Militar Natural de Marialva, Norte do Paraná, ingressou na Polícia Militar em 1980. Graduado em História, com especialização em Administração Policial, Ciência Política e Desenvolvimento Estratégico e Estratégias em Segurança Pública. Foi subcomandante do 10º BPM de Apucarana, subcomandante do 4º BPM de Maringá, comandante do 4º BPM de Maringá e diretor de Apoio Logístico da Polícia Militar do Paraná. Tem 50 anos.

MARCOS TEODORO SCHEREMETA – Polícia Militar Bacharel em Direito, com especialização em Administração Policial e Estratégias de Segurança Pública. Foi subcomandante do 14º BPM de Foz do Iguaçu, chefe da seção de Planejamento e Operações do Comando da Capital, chefe da 3ª Seção do Estado-Maior, chefe de gabinete e assistente do comandante geral, comandante do 17º BPM de São José dos Pinhais e Região Metropolitana de Curitiba. É comandante do 1º Comando Regional da Polícia Militar. Tem 48 anos.

MARCUS VINICIUS DA COSTA MICHELOTTO – Polícia Civil Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Paraná, é delegado concursado da Polícia Civil do Paraná desde 1994. Foi delegado titular do Centro de Operações Especiais (Cope), teve passagem pela Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas e chefiou a Divisão Estadual de Narcóticos. É secretário municipal de Defesa Social de Curitiba. Tem 42 anos.

MÁRCIO NUNES – Instituto das Águas Natural de Campo Mourão, é engenheiro agrônomo. Foi vice-prefeito e secretário municipal de Agricultura e Meio Ambiente de Campo Mourão, onde implantou programas de coleta seletiva e reciclagem de lixo. Também foi chefe regional da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento na região Noroeste e diretor administrativo e financeiro do Emater. Tem 44 anos.

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PAULINO VIAPIANA – Secretaria de Cultura Jornalista pós-graduado em Marketing. Foi diretor da sucursal de Brasília da revista Veja, secretário de redação do jornal Folha de S. Paulo, diretor de Comunicação e Relações Institucionais na TIM Celular Sul, coordenador de Marketing na Secretaria de Estado da Comunicação Social e assessor de Comunicação e Marketing da Telepar. É presidente da Fundação Cultural de Curitiba. Nasceu em Antônio Prado (RS), tem 50 anos.

LUIZ DÂMASO GUSI – CEASA Engenheiro agrônomo, com especialização em Administração do Agronegócio. Servidor de carreira da Codapar desde 1987, onde foi técnico de campo, gerente de Produção Vegetal e diretor de Desenvolvimento. Na Secretaria de Estado da Agricultura, foi coordenador estadual do programa de Fruticultura, coordenador estadual do programa Fábrica do Agricultor e diretor do Departamento de Agricultura. É diretor da Secretaria Municipal do Abastecimento de Curitiba. Tem 50 anos.

FAISAL SALEH – Secretaria do Turismo Empresário em Foz do Iguaçu, fundou o Instituto Polo Internacional Iguassu, que reúne instituições para fomentar a integração e o desenvolvimento da região da fronteira. Participou da criação e da direção do Conselho Municipal de Turismo de Foz do Iguaçu, do Iguassu Convention & Visitors Bureau, da Câmara de Comércio Paraguaio-Americana e do Centro de Importadores e Comerciantes Del Alto Paraná, entre outras instituições ligadas à integração e ao turismo. Nasceu em Ponta Grossa.

LUIZ TARCÍSIO MOSSATO PINTO – Presidente do IAP Natural de Jacarezinho, desde 1984 é funcionário público de carreira do Instituto Ambiental do Paraná, onde trabalha na área de licenciamento e fiscalização ambiental na região do Norte Pioneiro. Coordenou os Estudos de Impacto Ambiental das usinas termelétricas de Figueira e Canoas 1 e 2. Contabilista, foi chefe do escritório regional do IAP em Jacarezinho. Tem 44 anos.

CEZAR SILVESTRI – SEDU Nasceu em Guarapuava, engenheiro civil. Foi vice-prefeito de Guarapuava, deputado estadual em 1990, 1994 e 1998. Em 2002, foi deputado federal, reeleito em 2006 e em 2010. Na Assembleia Legislativa, foi presidente das Comissões de Orçamento, Obras Públicas, Transporte e Comunicações. Na Câmara, presidiu a Comissão de Defesa do Consumidor e é membro das comissões de Agricultura e Pecuária, de Meio Ambiente e da Comissão Mista de Orçamento. Tem 56 anos.

GUSTAVO FRUET – Secretaria de Desenvolvimento Regional Filho do ex-prefeito de Curitiba Maurício Fruet. Destacou-se na CPI do Mensalão, em 2005. É advogado, mestre e doutor em Direito. Assumirá em 1º de fevereiro, quando termina seu mandato de deputado federal. Aviso aos navegantes: o acordo não inclui desistência de concorrer à Prefeitura de Curitiba em 2012.

MARCOS TRAAD – Detran Zootecnista, funcionário público do Estado desde 1984, mestre e doutor pela UFPR, professor universitário. Foi presidente da Codapar, diretor do Polo Regional de Pesquisa do Iapar e integrou grupo de Planejamento do Simepar. É presidente do Sindicato dos Zootecnistas do Paraná e Diretor do Departamento de Pesquisa e Conservação da Fauna de Curitiba. Nasceu no Rio de Janeiro, tem 52 anos.

FLORINDO DALBERTO – IAPAR Natural de Assaí, Norte do Paraná, é engenheiro agrônomo. Fundador e primeiro secretário-geral do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), do qual também foi diretor técnico e presidente. Foi presidente da Associação do Desenvolvimento Tecnológico de Londrina e Região e presidente do Conselho Nacional das Entidades Estaduais de Pesquisa Agropecuária. É presidente da Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná. Tem 66 anos.

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JONEL IURK – Meio Ambiente Natural de Ponta Grossa, é engenheiro civil, mestre em Ciência do Solo. Tem experiência na área de meio ambiente, com ênfase em conservação da natureza e desenvolvimento sustentado, atuando principalmente nos seguintes temas: ecoturismo, unidades de conservação, gestão ambiental e licenciamento ambiental. Foi superintendente do Ibama no Paraná entre 1995 e 1999. Tem diversos trabalhos técnicos sobre meio ambiente publicados. Tem 55 anos.

PEPE RICHA – Infraestrutura e Logística José Richa Filho é engenheiro e tem sólida experiência no serviço público, que inclui uma diretoria do Departamento de Estradas de Rodagem, uma diretoria na Agência de Fomento do Paraná e o exercício da Secretaria de Administração de Curitiba. Como secretário da Administração, Pepe atuou na modernização e implementação de metodologias em Gestão Administrativa, tendo recebido o Prêmio TI Governo, em inovação em Governo Eletrônico.

RUBENS ERNESTO NIEDERHEITMANN – EMATER Natural de Porto Vitória, Sudeste do Paraná, é engenheiro agrônomo, gerente de Operações do Emater. Funcionário público de carreira do Instituto desde 1979. Foi assessor de cooperativas em Ponta Grossa, coordenador regional em São José dos Pinhais, coordenador regional em Paranaguá, gerente regional em Curitiba, gerente operacional, chefe da Coordenadoria de Operações, diretor técnico e diretor presidente. Na Secretaria de Estado da Agricultura, coordenou o programa Paraná Rural.

MARIA TEREZA UILLE GOMES – Justiça Nascida em Londrina, formou-se em Direito pela UEL em 1985. É mestre em Educação pela PUCPR, tem pós-graduação em Direito de Processo Penal pela PUCPR e é doutoranda em Sociologia pela UFPR. Foi procuradorageral de Justiça e presidente da Associação Paranaense do MP, sempre eleita pela categoria. Está no Ministério Público desde 1987. Tem 46 anos.

IVAN BONILHA – PGE Advogado (UFPR 1989), mestre em Direito do Estado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Foi conselheiro estadual da OAB/PR e membro consultor da Comissão de Assuntos Legislativos do Conselho Federal da OAB. Ex-Procurador Geral do Município de Curitiba, integrou o conselho do Instituto dos Advogados do Paraná e foi vice-presidente do Fórum dos Procuradores gerais das capitais. Natural de São Paulo (SP), tem 46 anos.

EDSON CASAGRANDE – Assuntos Estratégicos Empresário em Pato Branco, formado em Ciências Contábeis, MBA em Gestão Empresarial. Começou carreira profissional em Dois Vizinhos, no Banco do Brasil, instituição da qual foi funcionário até 1991. Foi diretor de diversas associações empresarias do Sudoeste do Estado. Um dos fundadores da Associação para o Desenvolvimento Tecnológico e Industrial do Sudoeste do Paraná, que presidiu até 2010. Tem 41 anos.

OMAR SABBAG – LACTEC Vereador em Curitiba. Engenheiro e Mestre em Engenharia da Construção Civil, é pesquisador e professor da UFPR. Foi pró-reitor de Administração e coordenador de Planejamento Institucional da UFPR, superintendente da Secretaria Municipal de Planejamento e secretário Municipal de Obras Públicas de Curitiba. É conselheiro do Instituto de Engenharia do Paraná. Nasceu em Curitiba, tem 57 anos.

MOUNIR CHAOWICHE – COHAPAR Natural de Joaquim Távora, Norte Pioneiro. Administrador de empresas com especialização em consultoria empresarial e gestão pública. Funcionário de carreira da Caixa Econômica Federal, onde foi gerente e superintendente em diversos municípios do Paraná. Presidiu a Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), de 2006 a 2010. Tem 49 anos.

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JAYME DE AZEVEDO LIMA – ParanáPrevidência Natural de Ribeirão Claro, Norte do Paraná, é advogado, especialista em Direito Administrativo e Direito Civil, pós-graduado em Finanças pela Universidade de Chicago (EUA). Foi advogado da Caixa Econômica Federal, assessor jurídico do BNH, chefe de gabinete da Secretaria de Estado de Planejamento e controller da West Hem International, prestadora de serviços do Banco Mundial. Tem 58 anos.

LUIZ CLÁUDIO ROMANELLI – Secretaria do Trabalho Deputado estadual, nasceu em Londrina. Bacharel em Direito, com pós-graduação em Gestão Técnica do Meio Urbano. Foi chefe de gabinete da Fundepar, vereador e secretário municipal em Curitiba, secretário Especial de Política Habitacional e presidente da Companhia Paranaense de Habitação. Tem 53 anos.

LUCIANO PIZZATTO – Compagás Engenheiro florestal, especialista em direito ambiental. Foi deputado estadual por um mandato e quatro vezes deputado federal. Na Câmara Federal, foi presidente da Comissão Especial da PEC do Gás, que viabilizou a criação da Compagás, foi presidente do Grupo Parlamentar dos Combustíveis e participou da fiscalização da negociação e implantação do gasoduto BrasilBolívia. Tem 53 anos.

DURVAL AMARAL – Casa Civil Natural de Londrina. Advogado, foi vereador e vice-prefeito de Cambé, chefe de Gabinete da Secretaria de Estado da Fazenda, consultor Técnico da Secretaria de Estado da Fazenda, secretário de Estado do Trabalho e Ação Social (1992 a 1994) e presidente do Conselho Estadual da Criança e Adolescente. Em 1990, foi eleito deputado estadual e, desde então, reeleito sucessivamente. Tem 51 anos.

JACSON CARVALHO LEITE – Celepar Administrador de empresas, foi secretário executivo e presidente do Conselho Estadual de Informática e Informações (CEI), presidente da Companhia de Tecnologia da Informação do Estado de Minas Gerais (Prodemge) e assessor para Assuntos Institucionais da Companhia de Informática do Paraná. É diretor-presidente do Instituto Curitiba de Informática (ICI). Nasceu em Foz do Iguaçu, tem 58 anos.

SILVESTRE STANISZEWSKI – Codapar Natural de Campo Mourão, é engenheiro agrônomo, pósgraduado em administração rural. Foi Chefe do Núcleo Regional da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento na região de Campo Mourão de 1995 a 2002 e Secretário Municipal da Coordenação Geral da Prefeitura de Campo Mourão de 2005 a 2006. Foi diretor da Associação dos Engenheiros Agrônomos de Campo Mourão, entre outras associações e órgãos de classe, e Inspetor Chefe do CREA-PR. Tem 47 anos.

JURACI BARBOSA SOBRINHO – Agência de Fomento Advogado, pós graduado em Direito Processual, especialista em Gestão Pública, foi presidente do Instituto Paranaense de Pesos e Medidas, presidente da Rede de Laboratórios Tecnológicos da América Latina, fundador do Instituto Paraná Metrologia, subchefe da Casa Civil do Governo do Estado do Paraná e diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento de Curitiba. Tem 57 anos.

FERNANDO GHIGNONE – Sanepar Formado em Administração de Empresas pela Faculdade de Administração e Economia da Universidade Católica do Paraná. Foi secretário da Cultura, Esporte e Turismo do Estado do Paraná (1983-1986), secretário de Atividades Sócio Culturais do Ministério da Cultura (1986). Presidente da Embrafilme S.A. (1987-1988) e secretário Municipal de Comunicação Social de Curitiba (2005). É diretor de Transportes da URBS S.A., em Curitiba. Natural de Curitiba, tem 60 anos. janeiro de 2011 |

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RUI HARA – COMEC Três vezes vereador de Curitiba, foi secretário municipal de Assuntos Metropolitanos, secretário municipal de Governo e deputado estadual. Tem 58 anos.

MAURÍCIO QUERINO THEODORO – Ferroeste Nascido em Londrina, radicado em Cascavel desde o início dos anos 1990, é empresário ligado ao setor cooperativista com formação na área de eletrotécnica. Tem 50 anos.

MÁRIO CELSO CUNHA – Secretaria de Assuntos da Copa do Mundo É jornalista e radialista. Começou na política em 1976 como vereador em Curitiba. Em 1978 eleito deputado estadual. Voltou em 1988 como vereador de Curitiba pelo PMDB. Líder da bancada e vice-presidente, tendo substituído Jaime Lerner na prefeitura, como prefeito interino, em 1991. Foi Presidente da Câmara Municipal de Curitiba entre 1993 e 1995. Em 2009, foi eleito Presidente da Comissão Especial para Assuntos da Copa do Mundo 2014 na Câmara Municipal e também escolhido como Líder na Câmara pelo prefeito Ducci.

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WILSON QUINTEIRO – Secretaria de Relações com a Comunidade Deputado estadual, nasceu em Maringá. É advogado, especialista em Direito do Consumidor e Direito Eleitoral. Tem 39 anos.

LUIZ EDUARDO SEBASTIANI – Secretaria de Administração Economista graduado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), cursou mestrado em Teoria Econômica na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Servidor público estadual do Ipardes, desde 1981. Foi presidente do Conselho Regional de Economia do Paraná, representante do Paraná no Conselho Federal de Economia e diretor de Transporte da URBS. É secretário municipal de Finanças de Curitiba e preside a Associação Brasileira de Secretários de Finanças das Capitais (Abrasf) . Natural de Curitiba, tem 50 anos.

AIRTON MARON – APPA Engenheiro civil, é funcionário da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina há 31 anos. Foi coordenador geral de Operações, chefe do Departamento de Operações, chefe da Divisão de Engenharia e do Departamento de Engenharia. De tradicional família parnanguara, tem 56 anos.

LINDOLFO ZIMMER – Copel Engenheiro mecânico e economista (UFPR), com pós-graduação em administração industrial, é servidor público concursado da Copel desde 1965. Foi diretor de Marketing (2000-2003), diretor de Operação (19951999), diretor de Engenharia e Construções (1979-1982), presidente do Comitê de Gestão da Copel Telecomunicações e Copel Transmissão, membro do Comitê de Gestão da Copel Geração e Copel Distribuição, gerente da Divisão de Manutenção Mecânica da Diretoria de Operação, gerente da Divisão de Engenharia Mecânica da Diretoria de Engenharia e Construção, entre outros cargos de gerência e direção na empresa. Natural de Canoinhas (SC), tem 68 anos.


LUIZ GERALDO MAZZA jornalista

Contra a transição acomodada

O

Paraná tem a tradição das acomodações e é por isso ça, Rubens Requião. Eram tantos os problemas paraque está com seus três poderes de Estado numa naenses, alguns com visibilidade extrema como o da pior: o Judiciário às voltas com o cerco do CNJ, exploração dos colonos ao sudoeste, que foram necesConselho Nacional de Justiça; o Legislativo submetido a sários atos de guerra como a ‘’operação jagunço’’ para uma devassa que deveria ter sido feita há quatro décadas prender figuras ligadas à ‘’grilagem’’ e que precedee o Executivo minado pela desídia e cada vez mais caro e ram a criação do GETSOP, Grupo Executivo de Terras inútil porque incapaz. O que diria Montesquieu, ele que para o Sudoeste do Paraná, junto com o governo fededesenvolveu a doutrina dos tríplices vetores de poder, ral e que fez a distribuição de 50 mil títulos de terras. se tal quadro fosse submetido à sua avaliação. A desídia funcional hoje é visível em todos os campos, A sociedade melhora quando seus conflitos ficam mas no da segurança se torna dramática. Em que pese expostos e o manto protetor da conciliação não os alcança. o fato de o governo ter apontado o setor como o de Com a reeleição houve facilidades para evitar rupturas, maior prioridade, ao ponto de acumular o Executivo tanto quanto FHC e Lerner como agora mais recentemente com a secretaria, o que nada de prático redundou a não em relação a Requião e ainda ser um discurso vago conna trajetória de Lula reeleito e A sociedade melhora quando tra a ‘’banda podre’’ que não elegendo o sucessor. A eleição soube controlar e combater. de Beto Richa abriu uma pos- seus conflitos ficam expostos Enquanto entre 2008 e 2009 sibilidade para que o festival e o manto protetor da a taxa de homicídios subiu de acertos não tivesse conti9%, no Paraná ela caía em nuidade. Não deve, porém, conciliação não os alcança menos 4% e menos 6% no reprisar um Roberto Requião Rio Grande do Sul e Santa que em lugar de uma análise Catarina. O efetivo, militar isenta do governo anterior partiu para uma cruzada que ou civil, é o mesmo de quatro décadas passadas; dos treze não levou a lugar algum e até agora apenas àquilo que distritos da Capital em oito deles há goteiras; nas cadeias há mais de 10 mil presos e só na Região Metropolitana ficou a cargo da Justiça Federal é que funcionou. O convite ao ex-líder de Requião no legislativo, o há 2600, o que imobiliza claramente essas delegacias, deputado Romanelli, para que integrasse o secretariado retirando-lhes capacidade operacional. Na infraestrutura estamos zerados. Também aí o do futuro governo, realça o estilo conciliador de Beto Richa que nesse aspecto parece manter algo que herdou discurso, de pretensiosa elaboração ideológica (o porto do pai, José Richa, empenhado em fazer um governo de público certamente não ignora que nem o navio, muitodos os paranaenses e comprometido sobretudo com a to menos a mercadoria e os operadores são privados) e democracia, afinal a grande aspiração daquele momento que estamos perdendo a corrida para Santa Catarina que ainda sob o travo do regime militar. inaugura ainda esses dias o porto moderno de Itapoá. Também a inutilidade das bravatas do pedágio ‘’abaixa ou acaba’’ e mais a empulhação das ‘’estradas da liberdaruptura discreta de’’ que só existem no gráfico é a evidência do fracasso O ônus da ruptura é sempre um peso incomum. total na infraestrutura econômica. Tudo isso precisa ser Ney Braga transferiu as tarefas de denúncias do governo bem colocado para que as dimensões exatas da herança anterior, de Moisés Lupion, ao seu secretário de Justi- sejam conhecidas. janeiro de 2011 |

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ROGERIO DISTEFANO advogado

Beto ao volante

S

aímos do governador que reve- demos afirmar que a prova de Lon- Falo como o eleitor que não quer ser zava no cockpit de cinco panga- drina apresenta menos riscos porque da família de Beto. Se fosse da família rés e assumimos o governador envolve menor potência do carro? de Beto estaríamos rompidos quanque não pilota máquinas com me- Verdade, mas a extensão das 500 mi- do ele imitou Roberto Requião ao nos de duzentos cavalos. De Roberto lhas, com o desgaste do motorista, nomear mulher e irmão. Falo como Requião eu esperava que caísse do as curvas e os competidores, não eleitor, preocupado com essa bobacavalo, uma vez que fosse. De Beto é risco equivalente? O esporte que gem chamada dinheiro público. Richa receio o acidente na pista, seja matou Vinícius podia provocar a Para continuar se dopando da na largada, na curva de chegada, até morte de Beto. adrenalina no volante, Beto deixa no pitstop. Não conheci Vinícius, não votei de pensar nos assuntos de Estado, Dia 12 de dezembro, a um mês nele; conheço Beto, em quem votei. ainda cai na mão de um secretário da posse, Beto Richa disputou e A perda de Vinícius não é menos la- faz-tudo, como os do tempo de Jaime Lerner. Quando vai venceu as 500 milhas correr, sai a Casa Milide Londrina pilotando possante VW Gol de Por que Beto, que imitou roberto requião tar na frente a examinar a pista, verificar a 2.000 cilindradas. Não no nepotismo, não dá um tempo no calibragem dos pneus, diria que foi marmela- automobilismo e o imita no hipismo? até passar o copiloto da, porque o advogado pelo bafômetro. Caso Ivan Bonilha mostrou na campanha que as opiniões sobre o mentável que uma possível perda de aconteça de Beto sofrer acidente o governador têm que ser favoráveis, Beto. Os dois escolheram um esporte Tesouro, ainda não refeito de Orsenão caput, liminar nelas. Tenho perigoso para turbinar a adrenalina, lando Pessuti, receberá a conta do dúvida razoável se um político mal portanto sabiam os riscos que corriam. hospital estrangeiro ou do Síriorefeito de dois turnos de eleição Vinícius provavelmente deixou Libanês. Por sorte e tirocínio de entra em disputa contra a gastança mãe, pai, irmãos, mulher, even- Beto teríamos o consolo de um vice desenfreada de seu antecessor tem tualmente filhos, que sofrem sua da qualidade de Flávio Arns, que fôlego para aguentar 500 milhas, perda. Beto deixaria não uma, mas daria excelente governador, melhor mesmo em revezamento ao volante, três famílias: a privada, que já é que Orlando Pessuti. Mas e a viúva, e, não satisfeito, vencer a corrida. pública, com irmão e mulher em sim, a viúva, que receberia pensão No mesmo 12 de dezembro no secretarias de Estado, e a pública, bem antes do tempo, antes de Beto Autódromo de Pinhais Vinícius Mas- que já é privada, pois ele carrega completar o mandato? chio morreu ao capotar na prova para o Estado seus secretários da As tintas são fortes, pode ser de arrancada, categoria Dragster prefeitura. Mais, Beto deixaria a que a editora Marianna Camargo Light. A prova de Pinhais tem 400 família dos eleitores que o elegeram recuse esta coluna. Lamento. Por metros, bem longe das 500 milhas de tantas vezes. que Beto, que imitou Roberto ReLondrina. O carro é extremamente A família de eleitores. Falo por quião no nepotismo, não dá um possante, nem admite comparação esta, que também ficaria órfã de Beto tempo no automobilismo e o imita com o Golzinho de Beto Richa. Po- numa desgraça como a de Vinícius. no hipismo? 24

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LUIZ FERNANDO PEREIRA advogado

O adesismo é apenas o sintoma

O

PMDB integrou a chapa de des diferenças de projetos nas candi- – foi beber com os circunstanciais Osmar Dias. Indicou o vice, daturas de Ségolène Royal e Sarkozy. adversários das eleições de outubro. O fenômeno é internacional, Rodrigo Rocha Loures, e Ora, se não há grande diferença entre um candidato ao senado, Requião. os projetos, Bernard Kouchner se viu mas é recente. Em época de disputas Disputaram acirrada eleição contra liberado para integrar o governo vi- ideológicas claras, ninguém poderia Beto Richa. Repetiram aqui a lógica torioso. Mesmo que o candidato vito- imaginar um convite de François da disputa nacional. Richa e Serra rioso fosse do partido adversário nas Mitterrand a Jacques Chirac. Aqui versus Osmar e Dilma. Dois projetos eleições. É mais ou menos o que fez no Paraná, o saudoso Norton Macedo que se pretendiam programática e aqui o nosso “Kouchner paranaense”, jamais seria secretário de Richa (José, o pai) logo depois da derrota de Saul ideologicamente opostos. Beto Richa Luiz Cláudio Romanelli. levou a eleição. Semanas depois, o Beto e Osmar ensaiavam uma Raiz em 1982. Seria um escândalo. derrotado PMDB (o partido inteiro) coligação até o prazo limite das con- Na França e no Paraná havia inconanuncia a adesão ao futuro governo venções. É óbvio que isso ajuda a ciliáveis posições entre os adversários políticos. Já em tempos de inde Beto Richa. Indica um sedistinção ideológica e efêmeras cretário de estado. O adesismo divergências, o escândalo é nese deu sem muita resistência e A ausência de referências políticas nhum. Com absoluta naturalio constrangimento foi quase definidas autoriza o vale-tudo das dade o Presidente do PMDB, imperceptível. A verdade é composições eleitorais o ex-radical Waldyr Pugliesi, que o adesismo é apenas um sintoma da política de hoje em anuncia o apoio ao governo e dia. E no mundo inteiro. revelar a ausência de incompatibili- se diz Beto desde criancinha. Adesista é um “polígamo polítiTerminada a última eleição pre- dade nos projetos. Osmar poderia ter sidencial francesa, o conhecido socia- sido candidato ao senado na chapa co”, dizia Renato Carneiro Campos. lista Bernard Kouchner foi convidado de Beto. E o PMDB também pode- Vivemos agora a poligamia natural, por Sarkozy para compor o Ministério. ria ter apoiado o PSDB. A ausência autorizada. Um islamismo político O novo ministro era do PS francês, de referências políticas definidas sem disfarce. Não vejo nenhum proderrotado na mesma eleição com sua autoriza o vale-tudo das composi- blema. Apegos ideológicos acobertacandidata Ségolène Royal. Outros ções eleitorais. Gradativamente os ram grandes incompetências individois socialistas aderiram ao governo políticos foram todos migrando de duais. Sem distinção ideológica, vale conservador de Sarkozy. Também lá posições mais radicais para um gran- o mérito. E o critério meritocrático de encontro no “centro insípido” da não distingue lado. O melhor quadro o adesismo era apenas um sintoma. O adesismo atual é, antes de política. Sem diferenças ideológicas pode estar entre os adversários na tudo, um sintoma da absoluta au- e programáticas, a disputa eleitoral eleição. Viva o adesismo, então. Agora, devo registrar uma ressência de diferenças relevantes en- acaba se transformando numa grande tre projetos, programas e ideologias. pelada de final de semana. Os times salva. A nova política – do adesisPesquisa da Fundação Jean Jaurès e são formados aleatoriamente. Não há mo natural de hoje em dia, da falsa da revista Le Nouvel Observateur, um projetos realmente distintos. Termi- disputa, da metamorfose eleitoral – pouco antes da eleição, mostrou que nada a pelada, vão todos juntos ao não tem nenhuma graça. Prefiro as os franceses não identificavam gran- botequim. Foi o que fez Romanelli peladas de final de semana. janeiro de 2011 |

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cidade

Marisol vieira

Revitalização em Tamandaré

As obras de revitalização de Almirante Tamandaré estão finalmente sendo executadas

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pós vários transtornos ocasionados por algu- total é de 180 dias. Este lote liga a sede do Município mas empresas vencedoras da primeira licita- até o Jardim Buenos Aires (cerca de 3,5 Km). A Prefeitura Municipal de Almirante Tamandaré, ção, finalmente a Avenida Vereador Wadislau através da Diretoria de Pavimentação Bugalski, no Município de Almirante da Secretaria Municipal de Obras, Tamandaré, está sendo revitalizada. As obras serão Urbanismo e Habitação, como nas Novas empresas contratadas através de demais obras da cidade, está fazendo licitação estão executando a obra. Os entregues em uma rigorosa fiscalização diária nos contratempos passados ocasionaram a abril de 2011 paralisação da obra e muitos problemas locais de trabalho, visando o controle para a população e a administração local. de qualidade, a aplicação correta das A via de 7,5 Km está dividida em espessuras de pavimento e o cumpridois lotes. O primeiro vai da Região do Jardim Buenos mento do cronograma de obras. A administração do Prefeito Vilson Goinski prevê Aires até a Ponte do Taboão (divisa com Curitiba). O outro trecho, cujo contrato foi assinado em 26 de a entrega da obra à população para o mês de abril outubro, teve início imediato e o prazo para execução de 2011.

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POr dentro da câmara

Acompanhe o trabalho dos vereadores da Câmara Municipal de Curitiba MESA EXECUTIVA O vereador João

IDOSOS A Câmara Municipal apro-

Claudio Derosso (PSDB) foi reconduzido ao cargo de presidente da Câmara Municipal de Curitiba, com o voto de 30 parlamentares. Sabino Picolo (DEM) será o primeiro vice-presidente e Tico Kuzma (PSB) o segundo. Celso Torquato (PSDB) continua como primeiro secretário, na companhia de Caíque Ferrante (PRP), Jairo Marcelino (PDT) e Noemia Rocha (PMDB), respectivamente, segundo, terceiro e quarto-secretários.

vou a criação da Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde de Curitiba, para administrar o novo Hospital Zilda Arns, destinado ao atendimento da população da terceira idade. Inauguração prevista para março de 2011.

ORÇAMENTO A Câmara Municipal

aprovou o orçamento da cidade para 2011. No próximo ano o prefeito Luciano Ducci contará com R$ 4,660 bilhões para administrar o município. Foram incluídas 593 emendas parlamentares. COPA 2014 O vereador Mario Celso

Cunha (PSB) foi indicado pelo governador eleito Beto Richa para assumir a Secretaria Especial para Assuntos da Copa 2014. Atualmente, ele preside a Comissão Especial da Câmara Municipal criada para acompanhar os assuntos relacionados ao Mundial.

TECNOLOGIA O vereador Omar Sabbag

Filho (PSDB) assumirá o Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec), a partir de 2011, dentro da equipe do novo governador eleito, Beto Richa. Sabbag é engenheiro, pesquisador e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR). FUTEBOL Os vereadores Tico Kuzma (PSB), Juliano Borghetti (PP) e Roberto Aciolli (PV) estão fazendo valer a atribuição constitucional do Legislativo sobre a aplicação da lei de identificação de torcedores nos estádios de futebol. Solicitam providências ao poder público. SAÚDE A Câmara de Curitiba aprovou

requerimento para a criação da Frente Parlamentar de Prevenção e Combate ao HIV. A iniciativa é de autoria de

diversos parlamentares e pretende a realização de um trabalho conjunto na luta contra a doença. SHOWS As Ruínas de São Francisco

foram palco do show A Pedreira é Nossa!, quando 11 bandas e cinco poetas que trabalharam com Paulo Leminski pediram adesões à campanha que pede a reabertura da Pedreira Paulo Leminski, fechada desde 2008. Iniciativa do vereador Jonny Stica (PT). CONTROLE Arbitrariedades que pos-

sam conturbar a ordem no âmbito da Câmara de Curitiba, originadas em qualquer um dos segmentos do funcionalismo ou do quadro parlamentar, serão, a partir de 2011, coibidas pela ação da Corregedoria da Casa, criada neste ano. INQUÉRITO O vereador Professor

Galdino (PSDB) negou as acusações feitas contra ele por crime de racismo, utilização do gabinete para campanha eleitoral e afirmações caluniosas a respeito dos demais vereadores. O Conselho de Ética analisará o caso durante o recesso parlamentar.

Câmara Municipal de Curitiba • www.cmc.pr.gov.br R. Barão do Rio Branco, s/nº — cep 80010-902 telefone: (41) 3350-4500 fax: (41)3350-4737

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ECONOMIA

Thais Kaniak

Fotos Eduardo Reinehr

O empreendedorismo que dá

certo

Quase 100% dos brasileiros são empreendedores por natureza. E os paranaenses seguem esse padrão, já que os números estaduais acompanham os nacionais

E

mpreendedor. Na definição do Dicionário Aurélio, empreendedor é aquele que empreende coisas difíceis; arrojado; realizador. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem hoje no Brasil mais de seis milhões de micro e pequenas empresas formais e mais de dez milhões informais. No Estado, de acordo com uma pesquisa feita pelo Sebrae-PR e a Junta Comercial do Paraná, são cerca de 450 mil micro e pequenas empresas formais e 565 mil informais. Com a Lei do Empreendedor Individual, quase 40 mil empresas informais se formalizaram desde setembro de 2009 e o número de informais reduziu para 525 mil. Segundo uma pesquisa divulgada em 2007, a taxa de sucesso das pequenas empresas no Paraná e no Brasil é de 75% em média. Isso significa que a cada 100 pequenos negócios, 75 dão certo e sobrevivem após os dois primeiros anos, que é o período crítico para os pequenos negócios. Como as micro e pequenas empresas representam 99% dos estabelecimentos formais, elas geram 60% dos empregos com carteira assinada e são as que mais empregam no interior, respondendo por 40% dos salários. Esses números significam a movimentação de 25% do Produto Interno Bruto (PIB). Ou seja, 99% dos brasileiros são arrojados e realizadores. Empreendedores por natureza. E os paranaenses seguem esse padrão, já que os números estaduais acompanham os nacionais. 28

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Novidade ousada Marcelo Haro, de 31 anos, é um exemplo disso. Formado em Turismo, ele trabalhou em cinco hotéis nas áreas de alimentação e eventos em Curitiba, São Paulo e Brasília. Em 2005, foi estudar na Espanha, onde fez doutorado em Turismo. Lá a ideia de montar o negócio próprio cresceu. Ao retornar para o Brasil, voltou a trabalhar em um hotel enquanto se programava para abrir seu empreendimento. Em parceria com um sócio, inaugurou a Hamburgueria do Vicente, em Curitiba. Foram nove meses entre o planejamento e as obras para que o espaço fosse aberto. “Sempre quis ter meu negócio. E como não tinha nada parecido em Curitiba e eu tinha experiência no segmento, foi um acerto”, afirma Haro. O empresário conta que pesquisar o mercado é uma etapa importante no processo. Ele também credita a experiência no setor como um plus. “Ter experiência é fundamental. Não é por saber fazer uma lasanha que posso abrir um restaurante”, exemplificou. Haro fez um estudo de mercado por conta. “Eu e meu sócio visitamos todas as hamburguerias de São Paulo. Depois voltei em todas para experimentar novamente os pratos, mas dessa vez acompanhado do meu chefe de cozinha”, lembra. Mas ele acredita que procurar uma orientação profissional na hora de abrir um negócio é interessante. “Seria ótimo ter um apoio”, completa. O perfil arrojado de Haro fica mais notável quando


ele afirma que “o conceito de hamburgueria não era claro em Curitiba. As pessoas achavam que era um fast food. Foi uma novidade ousada”. Como empreendedor há três anos, ele já faz uma análise da experiência. Ele conta que faz de tudo, desde o serviço do motoboy até a contabilidade. “É como ser pai. Não tem momentos de folga. Sou o responsável por tudo o que acontece. Não existe um substituto”, explica. Para ele, o maior desafio é encontrar mão de obra qualificada e comprometida. Hoje, 11 colaboradores trabalham no restaurante. Além deste desafio, o empresário conta que a desvantagem em ter o próprio negócio é o peso da responsabilida-

“O conceito de hamburgueria não era claro em Curitiba. As pessoas achavam que era um fast food. Foi uma novidade ousada” Marcelo Haro, sócio-proprietário da Hamburgueria do Vicente de. “É um desgaste físico e mental. Chego a ficar cinco meses sem folgar um dia”, avalia. Por outro lado, Haro vê como vantagem em ser empreendedor a possibilidade de criar algo com seus conceitos. “Sem contar que posso fazer diferença na vida dos funcionários. Fazer o melhor onde se está”, conclui. E o turismólogo está certo. Afinal os pequenos negócios geraram 67.079 novas vagas de trabalho no Paraná em 2009. Em 2010, os números continuaram positivos. 84,9% (173.878) dos 204.804 empregos com carteira assinada criados em outubro no país foram gerados por micro e pequenas empresas.

Maestro dos convites Outro exemplo de um realizador é Mario Telles, de 54 anos. Ele é dono da Center Design, uma empresa de convites de formatura na capital paranaense. O designer relembra como iniciou o negócio no ano de 1978. Ele aceitou a proposta de uma conhecida para fazer a arte do convite de formatura da turma dela, que era de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Telles aproveitou a ocasião e sugeriu que ele mesmo fizesse um orçamento

para imprimir os convites. Negócio fechado. Como todo empreendedor, Telles usou a oportunidade para expandir os horizontes. Com a autorização da cliente, ele colocou seu telefone de contato em todos os convites para servir de referência. E acertou em cheio na aposta. A partir disso, pessoas começaram a ligar para pedir convites de formatura. Em 15 dias, confeccionou convites para três turmas: Ciências Contábeis, Geologia e Administração. “As oportunidades que tive foram bem aproveitadas. Elas progrediram e se multiplicaram”, diz Telles. Ele conta que na época existia apenas uma empresa no Brasil que prestava esse serviço. O endereço da concorrente era São Paulo e os convites seguiam um padrão: capa dura de veludo com uma medalha e papel branco com letra preta. O empresário inovou ao utilizar papel ilustrado. Ele credita como seu diferencial o conceito de criação. “É um trabalho personalizado. Colocamos a ideia do cliente no papel através do nosso conhecimento”, explica o designer. O perfil arrojado de um empreendedor, como define o Dicionário Aurélio, é uma constante na trajetória da vida empresarial de Telles. Para ele, a palavra chave é ousadia. “Ser empreendedor é ter ideias e segui-las, acreditar nelas sem saber se vão dar certo. Empreendedorismo é ousadia. janeiro de 2011 |

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“As oportunidades que tive foram bem aproveitadas. Elas progrediram e se multiplicaram” Mario Telles, proprietário da Center Design Apostar tudo em uma situação nova. Considero-me maes­tro de uma orquestra”, define. Hoje, 65 funcionários trabalham na empresa de Telles. Eles se dividem em cinco departamentos: atendimento, arte, pré-impressão, impressão e acabamento. A Center Design tem sua própria gráfica desde 1990 e ela funciona na sede do estabelecimento. “Imagem é tudo, por isso fiz este investimento em máquinas que imprimissem imagem”, relata. A empresa confecciona, aproximadamente, 450 mil convites e atende cerca de 1.100 turmas por ano de todo o Brasil. Telles se orgulha em dizer que transforma o sonho dos formandos em realidade.

Negócio próprio Há também aquelas pessoas que ainda sonham em ter o negócio próprio. É o caso de Thaís Falat, de 26 anos. Formada

em Turismo, ela não se identificou na área em que escolheu. Agora ela tem em mente abrir uma loja de acessórios femininos em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba. Para isso, pretende fazer uma pesquisa de campo, entrar em contato com fornecedores, estudar a concorrência e projetar qual será o valor do investimento. O primeiro passo de Thaís foi procurar uma orientação profissional. “Não sabia por onde começar. Não tenho noção de administração e finanças, então essa orientação foi primordial para mim. Agora sei que montar um plano de negócios é a primeira coisa que preciso fazer”, diz a futura empreendedora.

O consultor do Sebrae-PR, Rainer Junges, deu algumas dicas para quem quer ter o negócio próprio: • Comprometimento. O especialista explica que deve atribuir a si mesmo o sucesso ou o fracasso. “É isso que chamamos de ‘locus de controle interno’: o resultado tem a ver com o meu esforço”, afirma.

• O negócio deve ser baseado em uma oportunidade, que é uma necessidade simplesmente não atendida ou não atendida de acordo. “A visão de oportunidade é essencial para o sucesso”, declara.

• Busca por informação. “É preciso estar antenado nas novas tendências e na concorrência”, garante.

• Estar ligado nas necessidades do mercado.

• Estabelecer metas e objetivos. “Se não sei onde quero chegar, qualquer caminho serve”, explica o consultor. • Desenvolver características que nem sempre sejam usuais na sua pessoa. Mudança de postura. Ser pró-ativo e comprometido. Moldar-se como um empreendedor. 30

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• Montar um plano de negócios. “O planejamento é importante porque ele avalia e entende as oportunidades; estuda quem é o cliente, o fornecedor e o concorrente; além de quantificar o processo: volume de vendas, valor e retorno do investimento,” diz Junges. Ele ainda ressalta que só a ideia não basta, é preciso estruturá-la, ter um plano de negócios claro. • Buscar orientação profissional.


MARIANNA CAMARGO jornalista

A guerra entre nós

O

excelente documentário de João Moreira Salles e Kátia Lund, “Notícias de uma guerra particular”, foi produzido entre 1997 e 1998 no Rio de Janeiro. Os diretores entrevistaram um capitão do Bope, moradores do Morro da Dona Marta, alguns integrantes da facção Comando Vermelho e os traficantes, inclusive os menores de idade, que relatam com precisão e tranquilidade como fazem para queimar corpos. Fala que se repete no capitão, quando conta sobre matar um por dia e voltar para casa normalmente. “Ponho a cabeça no travesseiro e durmo, não vou dizer que não”, diz o policial com a sensação de dever cumprido. Dez anos se passaram. O filme Tropa de Elite fez sucesso. A continuação foi recorde de bilheteria. O sumo do roteiro é o que está no documentário. Acontece então o conflito entre traficantes e polícia no Complexo do Alemão no Rio de Janeiro, tão bem orquestrado que parecia a terceira parte do Tropa de Elite. Apenas a diferença fundamental: o filme era mais real, pois estava mais próximo do que se sabe que acontece.

Por incrível que pareça a ficção mostrou melhor a realidade, se sobrepôs a ela. Não sou especialista em nada, mas uma observadora. A “vitória” da polícia em cima dos traficantes é cena para inglês ver. Não termina algo que não tem fim, pois não tem fim quando é “lucrativo” para todas as partes. Os traficantes e a polícia são uma ponte, o que está entre eles é algo muito maior, mais poderoso e imbatível. Quem ganha os milhões de dólares da venda das drogas? Os traficantes, a milícia, a polícia? Sabemos que não. Pode ser que haja uma esperança na abertura dos documentos secretos do Wilkileaks, do que está sorrateiramente escondido debaixo do tapete. Fizeram o que a imprensa deve fazer. Ponto para eles. Quanto a nós, espectadores dessa história da carochinha, resta saber por que o Brasil talvez seja o único país que promove uma guerra entre nós, particular, Foto: www.zeroin.co.uk não contra outros. Esse abismo diz muita coisa sobre o que somos. Talvez um dia, quando a ficção não se sobrepôr à realidade a vida tenha algum valor. Por enquanto, ela não vale nada. janeiro de 2011 |

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reportagem

Sarah Corazza Fotos Eduardo Reinehr

Uma rotina de medo e insegurança O Paraná está em primeiro lugar no ranking dos Estados com casos de homicídios não solucionados

T

odos os dias quando acorda, Carmem* (nome fictício) faz a mesma rotina. Coloca a água para fazer o café, esquenta o pão e põe a mesa. Rotina normal de uma mãe que se preocupa com a alimentação dos filhos que vão à escola. Em seguida, começa a arrumar a casa para deixar tudo em ordem antes de sair ao trabalho. Os dias da semana passam rápido, preenchidos por afazeres, por uma rotina diária de compromissos. Mas no domingo um vazio toma conta do coração de Carmem. A rotina de acordar, arrumar o café, chamar as crianças é interrompida por um forte sentimento de saudade. Os tradicionais almoços de família não são mais os mesmos. Apesar da grande família, sempre sobra uma cadeira vazia. No lugar antes ocupado pela mãe de Carmem, resta apenas a saudade. No próximo dia 20 de janeiro completa oito anos de uma tarde que jamais vai sair da cabeça de ninguém da família dela. Era uma segunda-feira e sua mãe estava dentro do carro, esperando o portão abrir. Mas, quando foi estacionar o carro na garagem, no Alto Boqueirão, zona Sul de Curitiba, três homens armados a renderam. Uma sobrinha de Carmem, na época com nove anos, 32

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foi amarrada e presa em um dos quartos. Os homens estavam atrás de um cofre que o pai de Carmem guardava em casa. Mas os bandidos não acreditavam quando a senhora disse que o cofre havia sido vendido dias antes e não estava mais na residência. Para pressioná-la, eles a agrediram com socos, pontapés e coronhadas. O filho mais novo – que estava nos fundos da casa – escutou os estranhos barulhos e entrou para ver o que estava acontecendo. Ao ver a cena não teve tempo de reagir e foi atingido de raspão por um tiro. Os bandidos se assustaram e dispararam novamente, o segundo disparo atingiu o peito da mãe de Carmem. Atônita a família viu os assassinos fugirem. “Há oito anos buscamos por justiça. Há oito anos três marginais entraram na casa da minha mãe, mataram e saíram como se nada tivesse acontecido. Hoje além de saudade e raiva pelo o que aconteceu, a minha família tem medo. Eles estão soltos, na rua. A polícia nunca apresentou os culpados e a gente não tem segurança”, afirmou Carmem, que preferiu dar um nome fictício como forma de proteger a si e a sua família.


“Há oito anos buscamos por justiça. Há oito anos três marginais entraram na casa da minha mãe, mataram e saíram como se nada tivesse acontecido. Hoje além de saudade e raiva pelo o que aconteceu, a minha família tem medo. Eles estão soltos, na rua. A polícia nunca apresentou os culpados e a gente não tem segurança”

Carmem (nome fictício) teve a mãe assassinada

caso racHel Entretanto essa medida encontra resistência principalmente entre os familiares e vítimas de casos não solucionados. “Com essa ação, o Estado acaba delegando para as famílias uma função que é sua. Encerra-se o caso e ele só será reaberto se surgir alguma pista nova. A família acaba sendo responsabilizada a encontrar algum fato novo”, afirma a professora Maria Cristina Lobo, que teve sua vida transformada no final de 2008, por causa de um brutal episódio que foi notícia nacional. Sua filha, Rachel Maria Lobo Genofre, então com nove anos, desapareceu às 17h30, do dia 3 de novembro, ao sair do Instituto de Educação, no centro da capital paranaense. “Sei que o caso da minha filha não vai estar entre esses que podem ser arquivados, mas isso preocupa a gente. Não sei se esse maníaco está perto da gente ou quem é ele. Isso é horrível”, desabafa. Depois de dois dias de agonia e desespero, o corpo da menina foi encontrado dentro de uma mala, por uma família indígena, na

rodoviária de Curitiba. Os índios, que vieram de Ortigueira para vender artesanato na capital, estavam dormindo embaixo da escada do setor de transporte estadual há duas semanas. A mala atrapalhava o local onde dormiam,

O caso da menina Rachel ainda não foi solucionado janeiro de 2011 |

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quando foram arrastar estranharam o peso e chamaram um fiscal da Urbanização de Curitiba (Urbs). Quando o fiscal abriu a mala, viu o corpo da menina e imediatamente chamou a Polícia Militar. O corpo da menina estava inteiro, vestia a camiseta do uniforme e estava enrolado em um lençol. Apresentava sinais de estrangulamento e indícios violência sexual. A mochila, o uniforme e os dois troféus de um concurso de redação que havia tirado primeiro lugar, nunca foram encontrados. O crime repercutiu nacionalmente e as autoridades na ânsia de mostrar trabalho cometeram deslizes. “No início tudo foi feito de maneira atropelada e acabaram cometendo alguns erros na investigação. Agora, dois anos após o ocorrido, existe uma equipe direcionada para encontrar este monstro que fez isso com a minha filha e mudou a vida de toda a minha família”, contou Maria Cristina. Até agosto de 2010, mais de 50 suspeitos fizeram teste de DNA para comparar ao material encontrado no corpo da vítima e mais de 200 pessoas foram interrogadas. Até agora, todas as suspeitas foram descartadas. Mais uma vez a falta de testemunhas é uma das dificuldades encontradas para elucidar o caso. De acordo com a família, Rachel estava acostumada a fazer o trajeto da escola para casa, na Vila Guaíra, onde morava com a mãe. Saía do Instituto de Educação e caminhava até a Praça Rui Barbosa para pegar o ônibus. Além disso, ela era orientada por todos a não conversar com estranhos. “É estranho que uma criança some em um dos locais mais movimentados de Curitiba, em um dos horários de maior movimento, e ninguém vê absolutamente nada”, indigna-se a mãe. “Tiraram o meu anjo da guarda. Ela era tudo pra mim”, lamenta.

por “eNgaNo” Sueli do Rocio perdeu seu filho há pouco mais de três anos, morto na frente da casa onde morava no Bacacheri, em Curitiba. Márcio Gustavo de Camargo tinha 30 anos, uma filha, e era jogador de futebol amador. No dia 21 de novembro de 2007, serviu o jantar para a mãe, que estava de cama, vítima de um câncer de pâncreas, deu um beijo e disse que não demorava. Menos de 10 minutos depois, os pais e o irmão de 15 anos, ouviram dois tiros. Quando o pai saiu de casa para ver o que estava acontecendo, se deparou com dois policiais militares colocando seu filho dentro de um carro preto. Com dois tiros – um no peito e outro nas costas – o rapaz foi levado ao Hospital Cajuru. Ele não resistiu e morreu em seguida. 34

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Sueli teve seu filho assassinado por “engano” pela polícia

“Meu filho nunca teve problemas com a polícia. Nunca usou drogas. Era um filho exemplar. Ele trabalhava com o pai e passou aquele dia pintando o muro da nossa casa. Nós vimos um carro da polícia, descaracterizado, mas jamais imaginaríamos que eles fossem matar o Márcio”, desabafa Sueli. No inquérito, consta que os policiais estavam à procura de um vizinho de Márcio, Michel Henrique Wagner, acusado de envolvimento na morte de um PM, de quem teria roubado uma pistola ponto 40. Os dois tinham uma tatuagem no braço, o que pode ter induzido os policiais ao erro. Os policiais alegaram que houve reação por parte de Márcio e tentaram fazer crer que a morte aconteceu durante um confronto. O caso continua à espera de julgamento. Enquanto isso, os acusados continuam trabalhando na Polícia Militar. Já Sueli, vai todos os sábados fazer seu protesto silencioso na Boca Maldita. “O quarto do meu filho está intacto, do jeitinho que ele deixou. Enquanto eu levo flores e velas para meu filho, seus assassinos estão abraçando os seus. Um pedaço de mim morreu junto com o Márcio”, lamenta Sueli.


No topo Como estes, existem em todo o país mais de 60 mil processos instaurados anteriores ao ano de 2007 e que continuam sem conclusão. E o Paraná está no topo desse ranking, é o Estado com maior número de casos não solucionados. De acordo com os dados do Centro de Apoio Operacional das Promotorias do Júri do Ministério Público – CAOP – até o final de novembro de 2010 tramitavam 4.670 inquéritos referentes a homic ídios oriundos das delegacias do Paraná. Destes, 2.800 a polícia não tem ideia da autor ia do crime. Para o promotor de justiça, Paulo Sérgio Markowicz de Lima, o alto número de casos em aberto se deve a atuação do Ministério Público do Paraná de não arquivar os inquéritos de homicídio. Na maioria dos outros Estados, os casos não elucidados são arquiv ados, no Paraná permanecem abertos por até 20 an os nas mãos de policiais civis. “Existe a dificuldade de pessoal, de investigadores na Polícia Civil, ainda mais porque muitos têm suas funções desviadas e acabam responsáveis pela guarda dos presos”, afirma.

falta de testeMuNHas Outro entrave no andamento dos processos é a falta de testemunhas dispostas a depor, na maioria das vezes por medo. “Por mais que hoje seja possível o depoimento em sigilo, não podemos obrigar as pessoas a arriscarem a vida para solucionarmos um caso de homicídio. E isso é muito comum, principalmente nos casos relacionados ao uso e tráfico de drogas”, explica o promotor Markowicz. A meta do Ministério Público é de resolver esses casos até julho deste ano. Para isso, muitos serão arquivados por falta de pistas ou provas. “Arquivar um caso não significa que ele será sepultado. Surgindo novas provas, ele será reaberto. Mas esse arquivamento vai diminuir o volume de papel, a carga de trabalho nas delegacias”, avalia o promotor.

faMÍlias dilaceradas Como Carmem, Maria Cristina e Sueli do Rocio existem milhares de famílias que foram dilaceradas de forma brutal. Paranaenses que buscam razões, explicações e uma ação mais eficaz do poder público. São pessoas que esperam anos, décadas e que muitas das vezes ainda ficam sem nenhuma resposta. “Acredito no trabalho da polícia. Tenho que acreditar que eles vão encontrar este maníaco. É só o que me resta. Estou em contato constante com eles e sei que eles estão trabalhando para elucidar o caso. Não posso permitir que ele acabe no esquecimento”, frisa a mãe de Rachel.

“Estes números assustam a todos nós. Temos que rever algumas funções do MP. Hoje temos que nos dividir em ações de homicídios, defesa do consumidor, crimes ambientais. Tudo isso é muito importante, mas temos que priorizar a vida. Ela vem sempre antes. Os dados são assustadores, mas acredito que suas conseqüências serão boas”, conclui o promotor.

FALTA POLÍCIA A falta de policiais é considerada por muitos especialistas como uma das principais causas do alto índice de criminalidade que assola o Paraná. Regiões com poucos soldados e oficiais, cidades sem ter sequer delegados são convites para que bandidos possam atuar livremente. Hoje o Paraná tem menos policiais do que tinha há oito anos, início do governo Requião, e o efetivo é menor do que há duas décadas. Os próprios dados oficiais do Governo apontam a falta de um número apropriado de policiais. De acordo com a Secretaria Estadual de Segurança Pública, o Paraná conta hoje com aproximadamente 18 mil policiais militares e 3 mil policiais civis. Isso significa que cada policial é responsável pela segurança de aproximadamente 497 habitantes, longe do número ideal apontado por diversos órgãos de segurança, que indicam um policial para cada 250 habitantes. Pouco mais de um mês após assumir a secretaria de Segurança, no dia 23 de maio do ano passado, o coronel Aramis Linhares Serpa, disse em entrevista à Gazeta do Povo que a falta de policiais e peritos era um dos motivos para o avanço crescente da criminalidade no Estado. Segundo o secretário, o Paraná apresentava na época um déficit de 50% na Polícia Civil e 20% na Polícia Militar. Para piorar a situação considerase que dentro do número da Polícia Militar não é considerado o número de Bombeiros. Este número entra nos cálculos do efetivo total da Polícia Militar, porém cerca de 5 mil homens não realizam o trabalho de policiamento voltado a segurança pública. Excluindo estes profissionais, o número de policiais por habitantes passa para um cada 652 habitantes. Isso sem contar o grande número de policiais que se dedicam exclusivamente à segurança externa de penitenciárias e presídios, trabalhando como sentinelas nas muralhas e os policiais civis que cuidam das celas de delegacias superlotadas deixando de fazer o seu trabalho de investigação.

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CAPA

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MÁRCio BARRoS

Fotos Átila Alberti

CRACK

Ao alcance de todos O novo governo tem um problema grave para enfrentar. O uso do crack se espalha pelo Brasil. No Paraná os dados são alarmantes.

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té pouco tempo, a classe média achava que era vítima do tráfico quando um usuário de drogas roubava a bolsa de uma madame, ou o relógio de algum motorista distraído no semáforo. No entanto, de alguns anos para cá, essa convivência está cada vez mais intensa. De meros personagens em uma história marcada pela violência, “madames” e “motoristas” passaram a ser também mães e pais de viciados. De acordo com um integrante da Narcóticos Anônimos de Curitiba, que não pode ser identificado para preservar a integridade do trabalho por ele desenvolvido, o número de viciados em crack pertencentes à classe mais alta da sociedade está cada vez maior, e pior, não para de crescer. “Temos alguns critérios, por exemplo, não perguntamos detalhes sociais para as pessoas que procuram ajuda. Só sabemos a que classe elas pertencem depois que entram para a irmandade”, explicou. Ele disse também que os jovens ricos, que supostamente deveriam ser mais esclarecidos, estão sendo enganados facilmente pelo traficante, geralmente bem menos instruído do que eles. “Começam com a maconha, depois o 'mesclado', que é o baseado misturado com cocaína e em seguida o 'cabralzinho', ou 'capetinha', que é o cigarro de maconha misturado com crack raspado. Depois disso, um simples baseado nunca mais terá o mesmo efeito”, comenta o rapaz que a todo instante comemora os dois anos e meio, ou melhor, os novecentos dias sem usar a droga. Em Curitiba, a clínica terapêutica Quinta do Sol é referência no tratamento de dependentes químicos e atende tanto particular quanto convênio. É exatamente na forma de atendimento que a diferença de classes é percebida. Percebe-se principalmente que o uso de entorpecentes pelos mais abastados está numa linha crescente. janeiro de 2011 |

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Segundo a psicóloga da clínica Quinta do Sol, Tamara Marussig, especialista em dependência química pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), as famílias que possuem plano de saúde que cobre o tratamento são pessoas mais simples, e que na maioria das vezes moram em lugares onde o tráfico é mais intenso. Por outro lado, os pacientes particulares são os ricos, que podem pagar diárias que custam entre R$ 384 a R$ 486 reais, além de outros custos, como remédios, por exemplo. “Cada pessoa tem um tipo de tratamento, de acordo com o comprometimento com a droga. Em alguns casos o usuário precisa passar o dia na clínica e à noite vai para a casa, mas em outros, é necessária a internação por até 60 dias”, explicou. A psicóloga disse também que o marketing feito pelo traficante é decisivo na hora do usuário de classe mais alta escolher o crack. “Geralmente acontece quando ele vai comprar a cocaína e não encontra. Também existem casos em que a droga não faz mais efeito e o usuário precisa de algo a mais, e são nessas horas que o poder de persuasão

de 40% da população tenha entre 30 e 60 anos. Em Curitiba e Região Metropolitana os números são tão alarmantes quanto de outras capitais. De acordo com o site da Secretaria de Segurança Pública, só em 2007, 1.156 pessoas foram assassinadas em Curitiba e nos 28 municípios que integram a RMC. Vale lembrar que não estão incluídas vítimas de confronto com a polícia e latrocínios. Recentemente, a Delegacia de Homicídios (DH) divulgou que cerca de 85% dos casos de assassinatos estão relacionados com o tráfico de drogas. Esta informação é contestada pelo professor Pedro Bodê, sociólogo e coordenador do Centro de Estudos de Segurança Pública e Direitos da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e membro da Comissão da Criança e do Adolescente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Segundo ele, é mais fácil associar os crimes ao tráfico de drogas do que entender que cada um tem uma motivação diferente. “Para divulgar uma pesquisa dessa grandeza, seria preciso, ao menos, exames toxicológicos nas vítimas. Nem todas as

“Já vi casos onde os pais do usuário são agredidos e mortos por causa do traficante fala mais alto, empurrando o crack como uma sugestão para suprir aquela necessidade”, completou.

As faces da droga Jovem, pobre, negro e sem escolaridade. Este é o perfil da maioria de vítimas de homicídios registrados no Brasil, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Grande parte está relacionada com o tráfico de drogas, em especial o crack. Além do Ipea, o resultado de outras pesquisas realizadas por instituições diferentes como a Rede de Informação Tecnológica Latino Americana (Ritla), Organização das Nações Unidas (ONU) e até mesmo o Ministério da Saúde, também mostram que o crescimento significativo no número de homicídios entre a população jovem, com idade entre 15 e 24 anos, será determinante na mudança do perfil da sociedade brasileira. Em aproximadamente 25 anos, teremos uma população formada por mulheres e velhos. Segundo a Ritla, entre 1996 e 2006, os homicídios entre jovens com idade entre 15 e 24 anos aumentaram em 31,3%. A estimativa é de que daqui a 26 anos o Brasil tenha aproximadamente 238 milhões de habitantes e mais 38

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vítimas mortas em locais de conflito são viciadas ou tem ligação com o tráfico”, explicou. O professor disse ainda que “a sociedade está em transformação, mas além do efeito dos homicídios, a população está envelhecendo, e é preciso uma análise muito séria para traçar uma relação ente uma coisa e outra”, completa. Quanto ao número de homicídios, Bodê disse que é evidente que muitos jovens morrem com armas de fogo, mas é preciso ser mais criterioso com os números levantados em delegacias. “A polícia não pode ser uma categoria analítica”, enfatizou. “Dizer que alguém morreu por estar relacionado com o tráfico de drogas é um argumento moral. Isso incomoda parte da sociedade em saber que mais uma pessoa morreu por estar envolvida com algo moralmente questionável”, argumentou. O deputado federal pelo PSDB, Fernando Francischini, que foi delegado da Polícia Federal e secretário municipal antidrogas, não só discorda do sociólogo como também lista uma série de crimes que estão relacionados com o tráfico de drogas. “Desde o menino que realmente roubou para comprar algumas pedras de crack até o comerciante que foi morto durante um assalto, todos podem estar relacionados com o mesmo problema. Já vi casos onde os pais do usuário são agredidos e mortos


por causa do envolvimento do filho. São vítimas diretas do tráfico de drogas”, enfatiza Francischini. Um exemplo dramático dessa transferência de responsabilidade aconteceu no dia 17 de fevereiro deste ano, na cidade de Pinhais, região metropolitana de Curitiba, no Paraná. O fiscal de loja Mauro Sérgio dos Santos e a mulher dele, Rosângela Padilha dos Santos pagaram pelos erros do filho. Mal o dia clareava e um homem armado com um revólver invadiu a casa deles e sem compaixão executou-os ajoelhados ao lado da cama, no quarto do filho. Os tiros foram disparados na nuca e os dois morreram na hora.

Juventude roubada São inúmeros casos de adolescentes detidos pela Polícia Militar no Paraná. Em alguns casos eles mostram claro desinteresse em largar as drogas e a vida de crimes. Segundo Valdecir Botega, ex-superintendente da Delegacia do Adolescente, os crimes mais violentos são cometidos por adolescentes, quando

do envolvimento do filho. São vítimas diretas do tráfico de drogas” isso ocorre a polícia tenta ajudar o menor infrator de alguma forma, mas acaba “brigando” com a falta de programas de governo que reintegrem o infrator à sociedade e a falta de interesse do próprio jovem em mudar de vida. A polícia não pode obrigá-lo a entrar em algum programa social, voltar a estudar ou internar-se num tratamento contra as drogas. Outro fator que contribui para que o adolescente opte por uma vida irregular é ter uma família desestruturada. A família é a linha de frente no combate às drogas, de acordo com Botega. Por mais que os jovens tenham vontade de largar o vício, se não tiverem o apoio da família e, em segundo lugar, dos amigos, nunca largarão aquele mundo de crime. É uma decisão que ou lhes dará cadeia, ou lhes levará à morte, sejam assassinados por traficantes, por overdose ou doenças causadas pelos entorpecentes. Quando um jovem infrator chega à Delegacia do Adolescente (DA), ele pode ser entregue aos cuidados da família, para que depois seja apresentado pelos responsáveis ao Ministério Público, ou, no caso de flagrante, ser internado em educandário enquanto seu caso é julgado. Botega explica que o jovem que chega à delegacia é autuado e examinado por psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros. Em seguida, é imediatamente apresentado ao MP, que tem 45 dias para definir a punição. janeiro de 2011 |

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A MiSturA QuE MAtA No final da década de 70, usuários de cocaína da Colômbia deixaram de inalar a droga e criaram o “bazuco”, um cigarro feito com os restos do refino, que contêm substâncias corrosivas, como ácido sulfúrico e acetona. A partir daí a pasta de cocaína começou ser fumada misturada com maconha, principalmente nos EUA e na Amazônia. Pouco tempo depois as primeiras pedras começaram ser produzidas. Era o “crack”, resultado demoníaco da mistura que leva, além da sobra de cocaína refinada, bicarbonato aquecidos em água e cortados em pequenas porções. Seu nome dá-se por conta do som que é produzido quando a pedra de coca está sendo queimada. Trinta anos depois o consumo dessa substância é maior que o da cocaína, pois além de mais barato é facilmente encontrado. Taxistas, catadores de papel, comerciantes e até policiais oferecem a droga abertamente. No entanto, o efeito do crack é mais curto do que o da cocaína e extremamente estimulante. Provoca a dependência em algumas tragadas.

NÚMErOS dA drOGA

• 76% dos usuários de crack têm idade ente 13 e 20 anos. • 30% pertencem à classe média. • Composição: contém 36% de cocaína e o resto são resíduos diversos que podem ser desde lã de vidro, parafina, sabão e cola. • Efeito: sua duração é de 5 a 10 minutos. • Custo: varia entre R$ 5 e R$ 10. • Peso: cada pedra pode pesar entre 20 e 40 gramas.

CrACKiCiONÁriO

• Barato: período em que a droga está fazendo efeito no corpo • Baseado: cigarro de maconha • Cabral ou cabralzinho: variação do baseado com maconha e cocaína • Capeta: baseado feito com maconha e farelo de crack • Correrias: o mesmo que “fitas” – roubos e assaltos • Queimar: processo de consumo da droga • Fissura: necessidade extremas de usar mais uma pedra • Limpo: tempo em que conseguiu ficar sem usar drogas. 40

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Cachimbos, pedras de crack e arma

reaÇÃo iMediata A cocaína inalada leva em média 15 minutos para fazer efeito. O crack age imediatamente depois de inalado. Gera aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial, dilatação das pupilas, suor intenso, tremores, excitação, maior aptidão física e mental. Além de euforia, sensação de poder e aumento da autoestima. No entanto, a dependência se instala em pouco tempo no organismo e se for inalado junto com o álcool, aumenta o ritmo cardíaco e a pressão arterial o que pode levar a morte. O médico e professor universitário Wanderley Ribeiro Pires, autor do livro Drogas – Existe uma saída, relata: “Usuários de crack se tornam obcecados e é comum ver garotos arriscando-se a matar ou morrer por alguns trocados”. Segundo ele, o aumento no número de homicídios está diretamente ligado ao consumo do crack. “No Rio de Janeiro, onde o tráfico é controlado pelo crime organizado, a venda é menor. Traficantes perceberam que a droga mata ou incapacita rapidamente os consumidores e estão procurando focar o seu negócio na cocaína, para prolongar a vida útil da clientela”, relata.

usuÁrio X traficaNte “Roubei um computador e vendi por R$ 500. Fui na favela e comprei 62 pedras de crack, suficiente para eu ficar dois dias e uma noite internado, fumando sem parar”. Esse triste depoimento foi dado por um adolescente em fase de recuperação. Além da melancolia da situação, pode-se tirar outras lições. A principal delas é que nem sempre uma pessoa que é presa com muitas pedras de crack é um traficante. Fato pouco pensado pela polícia que aborda


Caderno de anotações

e leva o detido para a delegacia onde ele é apresentado para a sociedade como traficante. Em alguns casos, nem é necessário que ele esteja portando grande quantidade de drogas, algumas pedras no bolso já são suficientes para que ele seja suspeito de envolvimento com o tráfico de drogas. Para Francischini, o que pesa na decisão do juiz são as circunstâncias em que aconteceu a prisão. “Caso tenha mais indícios que relacionem o preso com o tráfico de drogas, como dinheiro trocado, balança de precisão e outros utensílios utilizados no manuseio, com certeza ele será autuado pelo crime”, afirma. O tenente-coronel Jorge Costa Filho, coordenador estadual do 181 – Narcodenúncia, afirma que o usuário de drogas tem uma tipificação penal como vítima. “Na teoria, ele deve ser levado para tratamento psiquiátrico, psicológico até a sua recuperação. Na prática, ele tem que ser retirado de circulação. No entanto, para conseguirmos chegar até o traficante temos que receber a informação do usuário”, comenta. A questão não é o tratamento dado para cada tipo de envolvido com a droga, e sim a identificação de quem é quem nesse submundo em que vítima e criminoso se confundem, pois a ilegalidade e a imoralidade são paralelas e vão juntas até a decisão judicial. Ser um viciado é moralmente condenável, mas ser um traficante além de ilegal é abominável, pois obtém benefício financeiro com a destruição de outras pessoas.

Local usado por viciados para consumo da droga (mocó)

CrACK, HOMiCídiOS E trÁFiCO O usuário de crack destrói-se por completo. Primeiro o corpo, depois o bolso e consequentemente, a vida. As pedras que custam entre R$ 5 e 10 aparentemente parecem acessíveis. No começo do vício, o pensamento é que qualquer pessoa consegue comprar uma pedra de crack por dia. No entanto, a necessidade se torna tão intensa que não basta uma pedra, ele vai fumar quantas conseguir comprar. Para isso, o usuário usa os seus recursos e quando eles acabam, começa a vender os seus bens, objetos pessoais, em seguida, coisas da família, até mesmo móveis, aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos. O último estágio acontece quando ele não tem mais para onde recorrer e pratica pequenos assaltos. Suficientes apenas para conseguir comprar droga para satisfazer a vontade imediata. É nesse momento que o traficante dá o bote e transforma o usuário em um aliado. Ele precisa vender para conseguir manter o vício. Se vende cinco pedras ganha uma, se vende dez, ganha duas, e assim por diante. “O crack é a droga do homicídio, da criminalidade. O traficante dono da boca recruta seus “funcionários” para pagá-los com crack. Pessoas que abandonam suas casas e passam 24 horas no mocó são zumbis, “soldados do tráfico”, explica Francischini.

porta de eNtrada O cigarro, o álcool e, por fim, os inalantes são as drogas mais citadas como as primeiras consumidas por usuários de crack – geralmente crianças com idade entre 10 e 13 anos. A facilidade em adquirir drogas lícitas contribui para que crianças e adolescentes tenham suas primeiras experiências. janeiro de 2011 |

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Em muitos casos, a primeira droga é oferecida por alguém próximo, um parente que pede para o menino acender o cigarro ou oferta um copo de cerveja para provar. Segundo a coordenadora estadual antidrogas, a psicoterapeuta Sônia Alice Felde Maia, as drogas lícitas geralmente são as primeiras experimentadas. “Na maioria das vezes a maconha é a primeira droga ilícita, pois existe o sentimento de rebeldia, de romper as regras e fazer algo proibido”, comenta. Para crianças e adolescentes com esse perfil, experimentar uma droga ilícita é uma questão de tempo e oportunidade. A maconha pode ser uma porta de entrada para um mundo que nem sempre tem volta. Para o agente comunitário em reabilitação e diretor da Clínica Terapêutica Rota de Escape, Armando Jorge Iung, não existem regras para um usuário iniciar-se. “Alguns experimentam por curiosidade, outros para se autoafirmar. No entanto, todos

Pedra de crack

têm o mesmo destino, a dependência”, conta. A curiosidade mata. Este ditado popular é antigo e ao mesmo tempo contemporâneo, pelo menos quando relacionado com o efeito que uma tragada em um cachimbo de crack pode proporcionar. O efeito da droga é muito intenso, porém, muito rápido, o que leva o curioso a fumar uma segunda pedra. Existem diferenças entre as pessoas, algumas são mais tolerantes e, com isso, correm maior risco de se tornarem viciadas. Outras experimentam a uma única vez e depois nunca mais querem”, explica Armando. Segundo ele, essa é uma regra que funciona para drogas lícitas e ilícitas. “Tem gente que toma uma latinha de cerveja e fica bêbado. Com certeza vai ficar com medo de beber novamente, ou ao menos evitar. No entanto, têm pessoas que tomam muitas latinhas e não sentem o efeito do álcool, ou seja, essa pessoa tem maior probabilidade em se tornar um alcoólico”, esclarece. 42

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Promiscuidade Durante muito tempo, o Ministério da Saúde focou, e ainda foca, a prevenção da Aids, às doenças sexualmente transmissíveis, e também aos viciados em drogas injetáveis, no entanto, com o surgimento do crack no Brasil nos anos oitenta, e a proliferação na década seguinte, o foco mudou, e hoje viciados morrem sem ao menos buscar o tratamento. “O usuário da droga se torna uma pessoa promíscua, sem valores éticos. A higiene é deixada de lado e o sexo é algo extremamente dispensável, no entanto, pode servir como moeda de troca”, comentou Armando. Dez ou cinco reais, ou até menos, é o valor que garotas cobram por um programa. “Proporcionar prazer não está em questão, e sim, arrumar o dinheiro necessário para comprar uma pedra”, completa.

Mãos de usuário

Histórias que se repetem Primeiro o baseado, depois o “cabralzinho” (cigarro de maconha com crack) e por último o cachimbo de crack. Esta foi a caminhada de André, um jovem de 17 anos, que ficou cinco anos envolvido com o tráfico de drogas e procurou ajuda por conta própria para se libertar. “Nas drogas a gente fica preso e precisa de ajuda para sair, não só do vício, mas dos vínculos que ele cria, como amizades, namoradas, músicas e a forma de se vestir”, explicou o garoto que, mesmo depois de um ano na clínica ainda tem receio de rever os velhos amigos. O primeiro “péga” aconteceu aos 12 anos. Alguns amigos da rua ofereceram maconha. Durante um ano, fumou com frequência, mas chegou um tempo que não sentia mais nenhum “barato”. Resolveu conhecer o “cabral”, uma


derivação do baseado em que a maconha é misturada com cocaína. “Senti uma diferença legal e achava que estava tudo bem. Cada cabralzinho eu pagava R$ 6. Para isso precisava de dinheiro e comecei roubar”. As primeiras vítimas foram os pais, depois os amigos, vizinhos e, por último, quando já estava usando o crack, saía de moto e, armado de revólver, praticava assaltos em estabelecimentos comerciais e a pedestres. “Eu e um amigo compramos um revólver calibre 32 em sociedade. Cada um deu metade do dinheiro e saímos fazer as “fitas” (roubos e assaltos) juntos”, explicou. Depois de mais de dois anos usando crack, pesando pouco mais de 50 quilos, percebeu que estava indo para um caminho sem volta. “Acho que foi por Deus. Estava muito triste naquele dia e não tinha dinheiro para comprar mais pedra. Tava na fissura. Sabia que ia ter que roubar de novo. Encontrei um amigo e pedi ajuda. Era um ex-viciado

Viciado morto em córrego

e poderia me indicar uma saída”, explicou. “Os primeiros dias foram difíceis. Uma vez eu fugi da clínica e fui até um pedaço. Fumei um cigarro e, enquanto tragava, veio a imagem da minha mãe e do meu pai na cabeça. Joguei o cigarro fora e voltei correndo”, conta com voz embargada. Na primeira saída da casa, quando havia completado seis meses de tratamento, foi recebido com festa pela família. Mas quando andou pelas ruas do bairro, onde costumava fazer as “correrias”, sentiu medo. “Um cara me parou, tirou sarro porque eu estava gordinho e me convidou para ir na casa dele. Disse que tinha 5g para a gente queimar. Isso dá aproximadamente 20 pedras de R$ 10. Dava para ficar doido uma noite. Desvirtuei e sai correndo. Só saí de casa para voltar para a clínica”, completou, dizendo-se feliz por ter conseguido chegar ao fim do tratamento “limpo”, diz. “Crack é um pesadelo do qual consegui acordar a tempo”, afirma.

Vidas destruídas Com a família destruída e adolescência perdida, um menino de 12 anos, morador de rua, foi apreendido no centro de Curitiba com 50 pedras de crack. A droga estava escondida no forro do tênis e ele disse que trabalhava para um traficante, seu único amigo desde que seus pais foram assassinados no bairro Parolin, em Curitiba. A história aconteceu em novembro de 2007, mas se repete, já que crianças são recrutadas nas favelas para serem “aviõezinhos” do tráfico todos os dias. Naquela ocasião, o menino disse que era usuário de crack e não sabia ao certo seu nome e sobrenome, nem a data de nascimento. Contou também que morava na mesma região, mas, quando a sua mãe foi assassinada a tiros, há aproximadamente dois anos, ele deixou o pai, um irmão mais velho e três mais novos, para morar na rua. Segundo Valdecir Botega, ex-superintendente da Delegacia do Adolescente, ele sempre “dava uma passadinha” em casa, mas há seis meses, o pai foi assassinado a facadas durante um assalto e ele nunca mais apareceu. Carente de amigos, ele foi “adotado” por um traficante, que lhe deu “oportunidade” de juntar uns trocados e garantir o sustento do vício vendendo crack na região central da capital paranaense. Botega revela que os crimes mais violentos são cometidos por adolescentes, devido à falta de experiência e por estarem numa idade impulsiva, pois já adultos, eles conseguem dosar a violência e agem com mais calma. “Alguns bandidos mais velhos chegam até a agradecer a vítima que lhes entrega seus pertences num assalto, por exemplo”, ironiza. A adolescência, analisa o ex-superintendente, é a fase em que o jovem está mais suscetível ao recebimento de informações, que vão definir o seu caráter. No caso do adolescente de 12 anos, preso pela PM, que já teve os pais assassinados, não vê os irmãos há meses, não tem casa e vive no mundo do tráfico de drogas e crimes, a violência é tão normal quanto assistir à televisão, para um jovem que tem estrutura e boa educação. O grande problema da maioria destes jovens é que o crime e as drogas lhe proporcionam, de certa forma uma vida excitante, da qual eles não possuem o menor interesse em largá-la. De acordo com Botega, os garotos sabem que vivem uma vida desgraçada. As drogas tiram eles temporariamente dessa realidade e lhes dão sensação de prazer e poder. Num estágio mais avançado, acabam tendo recompensas financeiras, quando começam a traficar entorpecentes. “É difícil concorrer com a violência”, lamenta o superintendente. janeiro de 2011 |

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FOTOGRAFIA

DICO KREMER

APARAS E TACHAS –

TRAMAS A

lguns nascem artistas, outros se tornam. Das obras de uns e de outros, análises, olhares identificam a sua elaboração e transformação. Mas isso pouca importância tem para a obra em si, para aquela que permanece. Paulo José Valente, filho de artista, nasceu artista. Conheci-o quando criativo designer de móveis na longínqua e fria Curitiba dos começos dos anos 70, século que passou. Inimigo mortal do frio, da geada, da garoa, do parioquialismo mudou-se para Salvador, Bahia. Ali, alicerçado pelo seu talento construiu sua obra com pincéis, telas, tintas, papéis, colas ou qualquer material que a sua criatividade pedisse. Da câmera fotográfica já tinha conseguido resultados que o aproximavam da visão de Man Ray. Artista plástico, artista gráfico, artista fotográfico. Em 1979 tive o prazer de escrever pequeno texto sobre um trabalho – telas, quadros – que expôs em Curitiba, no Centro Cultural Brasil Estados Unidos. Era a sua primeira impressão da luxuriante vegetação de Salvador. Pensei-o, fazendo um paralelo, como Renatus Cartesius no “Catatau” de Paulo Leminski extasiando-se no Parque do Príncipe na velha Vrijburg. Sua inquieta imaginação levou-o a novas buscas: novos materiais, novos processos, novas formas, novos equipamentos, novos desafios. Visão sempre em mutação: nova. Expõe em Curitiba e Salvador. Viaja com seu trabalho para Nova Iorque e Lisboa, em 1990: novos quadros e desenhos. Tem parte de suas obras no acervo da Belanthi Gallery, Nova Iorque entre 1990 e 1993. Seus 15 segundos de fama teve-os quando o locutor da rádio New York Times – Classical Music, Greg White, comentou os trabalhos que expunha na galeria novaiorquina. As fotografias que fez e expôs em Salvador na Galeria La Lamp revelam todo o seu imenso talento: Aparas. Nas suas palavras: “Um olhar sobre as aparas, restos de papel, e a súbita descoberta de arquiteturas, de cenários, de paisagens internas e externas. Tramas. Olhei e fotografei.”

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Arte de rua além da arte

Vanessa Bordin

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ma arte que dialoga diretamente com as pessoas, pois é criada e pensada para estar nas ruas, não em museus ou espaços fechados. Isso é arte urbana. Com este importante diferencial, vai além da criação, dá movimento e cor para o meio urbano, além de ter importante papel na democratização da arte. Em evidência nos últimos anos no Brasil, em função do surgimento de artistas que mexem com graffiti e da valorização dessa expressão, a arte urbana retoma o conceito original do espaço público comum, onde há interação, diálogo, convivência mútua entre a arte e as pessoas, o que dá legitimidade às cidades. Elisabeth Seraphim Prosser, historiadora social da arte, lançou em novembro do ano passado o livro Graffiti Curitiba. Uma obra de 210 páginas em que a autora traz à tona certas polêmicas em torno da diferenciação do picho e do graffiti. Segundo ela, “passeia por muitos

pontos sobre a arte urbana”. É o mais completo livro já escrito sobre a arte de rua da cidade. Com um texto rico sobre vários aspectos desta manifestação tão expressiva e atual, presente nas grandes cidades contemporâneas. O livro é resultado de sua tese de doutorado, iniciada em 2004. “Eu passei a observar o que estava desenhado nas ruas e calçadas de Curitiba, tive curiosidade de saber mais sobre esse mundo e então comecei a minha pesquisa e o interesse em escrever um livro que tratasse especialmente deste assunto”, revela Elisabeth. O livro Graffiti Curitiba pode ser considerado um pilar de desenvolvimento para o segmento da arte de rua no Paraná. “Quanto mais as pessoas escreverem sobre arte urbana mais enriquecedor torna-se o tema. E ele é importante tanto para os artistas quanto para os professores, que podem explorar o graffiti dentro das escolas, como ferramenta educacional”, expõe a autora.


Graffiti Curitiba - SERAS Graffiti Curitiba - Ments, Anjo

Graffiti Curitiba - HEAL

Graffiti Curitiba - Benvindo Valente, A Casa, São Francisco

Graffiti Curitiba - HEAL

Uma exposição inaugurada em dezembro reuniu 18 nomes da arte urbana, com curadoria de Elisabeth. “Inquietações/Contradições” foi dedicada à arte de rua e às intervenções urbanas, em especial ao graffiti. “Para a mostra, foram convidados artistas que hoje atuam com meios e universos diferenciados, como a tatuagem, a ilustração, o design, a gravura, a multimídia, a cenografia, o graffiti e a escultura, entre outros. O ponto comum entre eles é a sua intensa experiência com a intervenção urbana, o seu diálogo íntimo e cúmplice com a cidade e a absoluta liberdade de ação e manifestação que essa arte oferece e que contribui para que sua expressão seja carregada de força e significado”, explica a pesquisadora. Os artistas assinam com codinomes como Valdecimples, Noodle, Bolacha, Dose, Paulo Auma, Thiago Syen, Cisma, entre outros. Curitiba também foi uma das capitais brasileiras que sediou o evento Encontros Internacionais de Graffiti, em 2005. Reuniu artistas do Paraná, de São Paulo, do Chile e dos EUA. Em 2009, a Travessa da Lapa, no centro de Curitiba, recebeu a pintura de três grafiteiros renomados em 80 metros de muro. Michael Devis, Felipe Kress e Wagner Now transformaram o local, até então visado por vândalos, num ponto de referência da arte. A ideia também era divulgar o

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No rol das melhores

“Muito além de dominar as técnicas o artista desenha para deixar a sua verdade”, diz Cleverson Paes Pacheco janeiro de 2011 |

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alÉM da tÉcNica A maioria dos artistas curitibanos faz do graffiti um trabalho. Como é o caso de Cleverson Paes Pacheco, ou simplesmente Café, de 26 anos, que passa horas para produzir uma pintura. Para ele, a arte urbana representa uma atitude, “muito além de dominar as técnicas o artista desenha para deixar a sua verdade”, diz Pacheco. O interesse pela arte urbana começou quando ele tinha 10 anos. “Eu gostava de ampliar desenhos como do Homem Aranha e do Batman. Depois veio a vontade de criar meus próprios personagens, meu próprio cenário, meu próprio mundo”, revela o artista,

que hoje tem desenhos grafitados em vários cantos de Curitiba e na região metropolitana. Quase todos os desenhos de Pacheco têm formas abstratas e a inspiração para pintar vem do próprio cotidiano. “Faço porque é o que sei fazer, me descobri como pessoa através do graffiti”, destaca Cleverson Pacheco que ainda expõe, “gosto de retratar a figura da pessoa negra na arte urbana porque eu sou negro, é uma forma de expressar um pouco da minha cultura”, defende. Em pouco mais de dez anos trabalhando com graffiti Pacheco deixou os velhos instrumentos, como a tinta látex para adotar o spray, o que deu à pintura mais qualidade e a tornou mais moderna. E esse é um dos materiais mais utilizados nas gravuras urbanas. O artista também aprimorou os traços, o efeito de luz e da sombra nos seus desenhos. Características que fizeram seu trabalho ser reconhecido não só em Curitiba, mas em eventos por outras cidades do Paraná.

(EMBAP), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Tuiuti (UTP) e Faculdade de Artes do Paraná (FAP). São 78 alunos expondo trabalhos que trazem diferentes linguagens sobre a arte urbana e graffiti. Um dos participantes é o curitibano Deivid Reis Marinho, conhecido por Heal, de 25 anos. Deivid mostra o graffiti por meio de pinturas ousadas, sempre trazendo um questionamento daquilo que ele faz. “Porque esse é o sentido da arte urbana, é transmitir uma mensagem pelas pinturas e delas poder provocar reações nas pessoas”, revela o artista. Para ele, o objetivo da arte urbana tem dois eixos fundamentais: o de ensinar e aquele que oferece possibilidades para quem faz. “Possibilidades que não se limitam apenas à rua, como decoração em feiras, lojas e ilustrações para campanhas publicitárias”, explica o jovem. Em função disso, Deivid Heal estudou arte em uma universidade da capital para se profissionalizar ainda mais. “O mercado da arte urbana em Curitiba ainda é pequeno, os espaços para se divulgar e discutir trabalhos não são tantos assim, embora haja apoio de instituições. E, apesar de o graffiti ainda ser visto como algo “marginal” tenho buscado meu diferencial. Acho que Curitiba pode desenvolver muito mais o potencial de arte urbana que tem, em artistas e em opiniões”, ressalta Heal.

possibilidades No ano passado, o Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC) organizou pela segunda vez a exposição “Possíveis Conexões”, que fica aberta até março de 2011, com o objetivo de aproximar as instituições de ensino de Arte em Curitiba, professores, alunos e o Museu. Participam jovens da Escola de Música e Belas Artes

Elementos – A arte urbana é representada por alguns elementos – estilos – diferentes, além do graffiti. Um exemplo é a Stencil Art (em que a aplicação da imagem é feita com molde vazado), a Sticker (pintura através de adesivo) e a Lamb-lamb (onde a mesma imagem é reproduzida e aplicada em larga escala) Manifestações – Quando se fala em arte urbana também é preciso falar em intervenções, que nada mais são do que movimentos organizados em regiões do centro da cidade por grupos de artistas da arte a fim de transmitir uma mensagem, muitas vezes abstrata, outras, nem tanto. Essas intervenções podem acontecer de várias formas, como um simples desenho de um círculo vermelho no meio da calçada a um boneco inflável pendurado num prédio. São formas de expressão de uma linguagem da arte, que também já são vistas em Curitiba. Um desses movimentos que fazem intervenções – das mais variadas possíveis Livre. Um coletivo que reúne dezenas de artistas 52 – é o Interlux | janeiroArte de 2011 interessados em artes visuais contemporâneas.

(Leia mais no site www.revistaideias.com.br)

Inquietação - Dose 2

graffiti e estabelecer a diferença entre essa técnica e a pichação. Em 2010 algumas escolas de Curitiba começaram a organizar eventos sobre o graffiti e no Largo da Ordem os bares tradicionais deram espaço para exposições de artistas locais. Atualmente, são quatro instituições que oferecem cursos voltados para a arte de uma maneira geral, seja ela visual, musical ou poética. Isso tudo mostra o quanto a arte urbana desenvolveu-se na cidade e a quantidade de artistas que foram surgindo ao longo dos últimos anos, muitos ainda não conhecidos. No entanto, é importante destacar que a arte urbana é mais do que o graffiti, é uma manifestação cultural e social, também chamada de Street Art.


SOLDA humorista

A Janela Acesa

M

eu amigo Solda e eu só temos uma diferença, tantas vezes discutida pelos bares da noite: eu acho o Professor Thimpor o maior humorista brasileiro vivo. Solda, não. Ele acha que é o próprio Professor Thimpor. Como distinguí-los, afinal? Enfim, aqui está, depois de um longo silêncio meditativo, a volta do Professor Thimpor às lides joco-filosóficas. Pelo estilo, Thimpor deve ter andado lendo Joyce ou Lennon, nestes dois últimos recentes anos no seu retiro no Tibet, onde o Dalai Lama costuma recebê-lo com o mesmo calor que Fidel Castro recebe Chico Buarque ou Gabriel Garcia Marques. Atenção, revisores, aí vem o Solda, com tudo! Paulo Leminski

uM tarado No tablado (à maneira de um famoço musgo inglês assassinalado nos Estalos Uníssonos, num ano não muito pródigo em dezembros)

A

janela acesa despintava no peitoril sinequanon. Eustáquio Teustáquio procurava um empalhador de palavras. Eustáquio Teustáquio, sabem como é, o Nossostáquio, estava parafernaliando entre as postetutas da Rua Chuelo, aquela infestada de Mariaposas. Nostácio não andava bem

do patíbulo e enroscava o balaustre nas pérgulas do pároco. Parábolas mirabolantes lhe atravessavam o mirante desabotoado, empinando coitos nas páginas amarelecidas dos Alfa Rábius. Não cabendo em si, entrol no barboteco e pediu dois dedos de cedilhas, ao alegrete. O barçom estranhou o trigode que escondia metade do resto de Nostácius, mas acabou servindo o pratinho feio de cedilhas, das importadas, aos solavancos e solevantes. - Por Tutatis! Barbituricou Bosstácius. - Por Tutatis Homeopáticus! Estas cedilhas cedilham esôfago abaixo saltitontas, como nas fábulas fantastibulosas de toldos os ambrosebierces e millôres da riodondeza! Restros de luz enbelheciam o barboteco àquela hera da madrugadália. Foi quando entrol Heptandria, num vestido e havido como gerúndio, embora a desconfiança fosse geral do galvão ferraz, impávido na montanha de Fócida - dessas consagradas a Apolo, Parnaso, se me entendem - repartindo o cabelo entre o paroxismo e a rubrica mal desenvolvida. Heptandria brilhava de posméticos e ledosivos. Saiu de trás do biombro e salcudiu o açúlcaro, como se pretendesse emporcalhar o chafé soçaite. Teustáquio abalroou uma mariaposa e desferiu-lhe o supersério, acenando-lhe bipétalo. A mariaposa, rubirosa, chamou dois esmagas que faziam a renda da rendondeza e correu para os braços de Morfeltro. Formou-se a Confuciozão. Heptandria fugiu para o bardel e truncou-se em

ásdecopas, dando uma de joãode-bruços. Uma cirene argentina desatou em marlombrandos, dos magros. E vieram as leziras e os lamarões de água parada e decomposta ao sol. Tonto, embora zorro e lúcido, Nostácius estendeu todos os tentáculos e desceu a Rua Chuelo e seguiu os padrões geraes da leiteratura brazilianista actual. Um empulhador de próstatas passava pelo logar - minto muito pra não dizer palavrório e para não dizer nada - e seguiu Nosvócius pelas imperícias guindadas às bagatelas empasteladas de genialidade, entre veraneios líquidos irresponsáveis, fórmulas escravizadas, campos de estrobérri, nevralgias retrospectivas e demais desemlapeamentos. Enquanto isso, num bardelima, dois hímens passam em revista as contradicções empostadas, os impasses, as artimanhãs do poder, a exportação do polvo e a injustiça na Nica D’água. Teustáquius passa numa biga. É o altista, criador de coisas belas, a antena da raça, a porcelândia chinesa, a madre tertúlia lutando contra a mesmice das Ruas Chuelos da Cruelritiba. Artychewski foi jogado na arehiena e devorado pelos leomansos paranistas. A jaunela acesa depintava no peitoril sinedie. Bêbado, quem me compreenderá? janeiro de 2011 |

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VICENTE FERREIRA professor e gastrólogo

ma dama cinquentona que recém se alçou a comentarista de vinhos, cervejas e acepipes diz que a comida italiana feita em Curitiba é melhor que a de Roma. Diz por ouvir dizer e de gente de rude paladar. Nunca esteve em Roma e certamente não se preocupa com o ponto do spaghetto. À la Putanesca O spaghetto à la Putanesca leva este nome segundo a lenda de que em uma cidade portuária na Itália atracou um navio cheio de marinheiros famintos e há muitos meses no mar. Eles desembarcaram e foram direto a um bordel próximo. Diante do longo jejum de cama e mesa a cozinheira preparou um molho com os ingredientes mais marcantes que tinha, pois acreditava que ficaria afrodisíaco o prato. Ela usou azeitonas pretas; alcaparras; anchovas; pimentas e ervas frescas em base de molho de tomate. A seguir, os ingredientes para duas porções: • 220g de spaghetti, 25ml de azeite, 2 conchas de molho de tomate (ver receitas mês de maio), 6 filés de aliche, 14 azeitonas pretas cortadas em tirinhas, 2 colheres de alcaparras, 1 colher de sopa de cebola picada, 1 colher de café de chá de alho picado, Salsinha picada, Pimenta calabresa a gosto, Folhas de manjericão a gosto, Sal. 1. Colocar a massa para cozinhar em água fervente com sal. 2. Enquanto isso, aqueça o azeite e doure o aliche que se desmanchará. Acrescente a cebola e o alho, as azeitonas, as alcaparras e a pimenta calabresa. 3. Agregue o molho de tomate e deixe cozinhar em fogo brando. Verifique o sal e corrija se necessário. Normalmente não precisa, pois 54

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Os comentaristas nativos no mais das vezes estão mais ocupados com o rendimento, em espécie ou permuta, dos elogios que escrevem com grande facilidade, embora seja comum o tropeço na concordância e na grafia. Mulheres, damas e spaguettis há cada dia mais em oferta nesta periférica

Foto: giadavalenti.blogspot.com

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Mulheres, damas e spaghetti

o aliche, juntamente com as azeitonas e alcaparras são salgadas o suficiente para salgar o molho. 4. Escorra a massa e coloque dentro da mesma panela com o molho. Salpique a salsinha, mexa delicadamente e emprate. Adicione folhas de manjericão a gosto. 5. Dica: Pode-se colocar mais filés de aliche inteiros no final da preparação, potencializando assim seu sabor, a depender do gosto da cada um. À la Carbonara O spaghetto à la Carbonara exige os seguintes ingredientes: • 320g spaghetti de “grano duro” (é importante que seja de “grano duro”), 4 ovos (5 se forem pequenos), 200 g panccetta em cubos (no lugar da panccetta pode ser usado bacon), Pimenta do reino moída na hora (a gosto), Parmesão ralado (o sufi-

praça. Do que se deduz que é preciso selecionar bem o que se compra. Há duas receitas de spaghetti. Famosas e duradouras porque são saborosíssimas. À la Carbonara e à la Putanesca. O jornalista Luis Geraldo Mazza muito as aprecia. Os nomes anunciam o que veremos a seguir: ciente), 5 colheres de sopa de creme de leite sem soro. 1. Em uma panela, coloque 5 litros de água com um punhado de sal grosso para ferver. 2. Aqueça bem uma frigideira grande e coloque os cubos de panccetta e frite até que fiquem crocantes. 3. Um pouco de óleo se desprenderá da panccetta. 4. Retire um pouco se achar que tem muito. 5. Reserve. 6. Em uma vasilha quebre os ovos e misture com o parmesão até formar uma pasta homogênea e bem úmida. 7. Adicione a pimenta-do-reino na quantidade que desejar misture bem e reserve. 8. Cozinhe o spaghetti “al dente” (siga as instruções da embalagem). 9. Reacenda o fogo da frigideira, escorra o spaghetti reservando um pouco da água do cozimento. 10. Misture a massa aos cubos de panccetta na frigideira e apague o fogo. 11. Acrescente os ovos misturando muito bem para que se aqueçam apenas com o calor da massa cozida (é importante não deixar os ovos cozinharem). 12. Acrescente o creme de leite sempre misturando bem. 13. Caso fique muito “seco”, acrescente uma ou duas colheres da água da fervura. 14. Sirva (e coma) imediatamente.


LUIZ CARLOS ZANONI  jornalista apreciador de vinhos

O que dizem as rosas

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ssim como toda casa deve ter um cão feroz, dentes à mostra atrás do portão, todo vinhedo necessita de roseiras. Qual a razão delas? O melhor jeito de não saber é perguntar ao proprietário ou aos funcionários. A grande diversão desse pessoal é tecer histórias absurdas a respeito. Dirão que os espinhos afugentam furtivos visitantes noturnos. Que a mulher plantou para embelezar a paisagem. Que o aroma das flores impregna as uvas, atribuindo fascinante perfume ao vinho. Conversa. A roseira está ali pelo mesmo motivo do cão: para avisar que o perigo se aproxima. Suscetíveis às mesmas doenças que afetam as parreiras e bem mais delicadas do que elas, as rosas logo acusam os sintomas de pragas que rondam o pedaço, permitindo a antecipação de medidas protetoras do vinhedo, o patrimônio maior de uma vinícola. Tanques de inox ou barris de carvalho estão à venda pelas esquinas, o que não é o caso de um bem chamado tempo. Vinhas começam a produzir aos quatro ou cinco anos de idade, mas apenas aos vinte ou trinta anos oferecem frutos com concentração, a matéria-prima dos grandes vinhos. A simples ideia de algum mal no vinhedo enlouquece o produtor, e com motivos. A des-

truição das plantações europeias, na segunda metade do século XIX, por um inseto até então lá desconhecido, marcou o DNA da classe com cicatrizes que dificilmente se apagarão. Foi por volta de 1860. Algumas mudas de vinhas, levadas da América para a região do Rhône, abrigavam o bichinho quase microscópico denominado Phylloxera vastatrix. Ele suga as raízes da vinha, que seca e morre em pouco tempo. As videiras americanas resistem porque uma película dura recobre e protege suas raízes, hóspede e hospedeiro convivem de forma sustentável, mas esse não é o caso das europeias. Com sua descomunal capacidade de reprodução, a praga arrasou os vinhedos do continente em poucos anos. Os produtores se desesperavam. Nada do que faziam dava resultados.

Em vários países, a Phylloxera não tirou apenas o vinho da mesa. Foi-se o pão, a moradia, a escola, o emprego. A vitivinicultura sustenta a economia de regiões inteiras, e esse puxão de tapete trouxe desemprego e miséria, desatando um caudaloso êxodo de famílias empobrecidas. Cerca de cinco milhões de pessoas – italianos em boa parte – imigraram para paí­ ses como Estados Unidos, Argentina, Brasil e Chile. A crise foi superada apenas nos anos finais daquele século. O problema veio da América, a solução também: a enxertia das vinhas da Europa em pés de videiras americanas, com suas raízes resistentes. Foi a salvação, até porque as vinhas enxertadas preservam suas características genéticas. Devastações massivas como essa são, hoje, impensáveis. Os avanços científicos criaram um formidável arsenal de armas contra pragas. Mesmo assim, os produtores não dispensam suas rosas – vermelhas, brancas ou amarelas, não importa a cor. Se, pela manhã, os botões não abrem, soam os alarmes. E rosas no vinhedo, além de impressionarem pela beleza e perfume, atiçam visitantes curiosos. “Pra que essas roseiras? Vocês vendem as flores?” Chegou a hora do viticultor se divertir. janeiro de 2011 |

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prateleira

Música

Fotos: divulgação

Carreras José Carreras

“Há talentos notáveis entre os intérpretes que têm aparecido”, admite o tenor José Carreras. Na verdade Josep Carreras Coll, catalão nascido em Barcelona em 1946 e que aos oito anos já se apresentava em rádios espanholas. Mas ele mesmo adverte: “Engana-se quem pensa que é suficiente ter uma bela voz”. Ao longo de sua carreira trabalhou com grandes regentes. Karajan, Abbado e Bernstein. Karajan disse: “José é um cantor adorável e um dos poucos amigos que tenho nessa profissão. Definir vozes é arriscado e nem sempre é uma boa ideia. Mas se é necessário então devo dizer ele é o verdadeiro representante do bel canto”.

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A Bohème de Puccini, com a soprano Barbara Hendricks, foi o grande primeiro trunfo discográfico da carreira.

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Foi Karajan quem o incentivou a enfrentar papéis mais pesados, como Radamés na Aida de Verdi. 56

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Além do registro em CD, há também o DVD de sua Carmem com Agnes Baltsa, gravada no MET.

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Com Sly, de Wolf-Ferrari, ele fez sucesso em diversos palcos da Europa e dos Estados Unidos.

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O musical de Bernstein com regência do compositor; além do disco, há DVD com making of.


�a��a����o

24 quaDRos Lıvro resgata a hıstórıa da antıga Cınelândıa curıtıbana Ao invés dos shoppings, o famoso calçadão do centro de Curitiba como ponto de encontro para assistir à mais aguardada estreia do fim de semana. A Rua XV de Novembro sem o prédio do HSBC, sem grandes centros comerciais e com grandiosas salas de cinema. 24 Quadros, o livro-reportagem que acaba de ser lançado pelas jornalistas Luciana Cristo e Nívea Miyakawa, em parceria com a Travessa dos Editores, resgata a história da antiga Cinelândia curitibana, como costumavam ser chamados os cinemas de rua da cidade que causavam frisson das décadas de 1950 a 1970, localizados principalmente na Boca Maldita e arredores. O livro foi produzido por meio do Mecenato Subsidiado, uma das leis municipais de incentivo à cultura, e sai com o selo da Travessa dos Editores, como parte da coleção A Capital. 24 Quadros. Luciana Cristo e Nívea Miyakawa. Travessa dos Editores (dezembro de 2010).

E��osi��o

escultuRa FlutuaNte

Projeções em uma escultura flutuante geram interação por meio dos sons, luzes e imagens na instalação "In.flexão". Na confluência entre arte e tecnologia, o projeto busca a discussão poética sobre como a sociedade da informação está se transformando e como se dá a relação do homem e seu novo contexto, em que a estética, ética, informação, trabalho, aprendizagem estão mudando em velocidade vertiginosa. Os artista envolvidos são Tiê Passos, Fábio Alves e Jonas Prates. O projeto foi viabilizado pelo Programa de Apoio e Incentivo à Cultura, da Fundação Cultural de Curitiba e Prefeitura de Curitiba. Ingresso: Gratuito - Data(s): 10/12/2010 a 13/3/2011. Espaço cultural: Centro de Criatividade de Curitiba

Fi���s

toDas as maNhãs Do muNDo

Todas as manhãs do mundo (1991) – Tous les matins du monde – dirigido por Alain Corneau, é um filme ambientado no século 17. O músico da corte de Luiz XIV, Marin Marais (Gérard Depardieu), relembra sua introdução no mundo artístico supervisionado pelo seu rigoroso mestre de viola de gamba, Sainte Colombe (Jean-Pierre Marielle). O reflexivo e denso Marais é interpretado por Gérard Depardieu quando adulto e por Guillaume Depardieu (filho de Gérard) quando jovem. O filme conta ainda com as belíssimas composições originais da época, de autoria de Jean-Baptiste Lully e François Couperin. janeiro de 2011 |

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O homem que amava as mulheres Livros

Abaixo o corporativismo

Não seja canalha, leia Johnson

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Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

O escritor e pensador inglês Samuel Johnson (1709-1784) é mais atual do que nunca. Conhecido pelas frases, entre outras, “o patriotismo é o último refúgio dos canalhas” merece ser lido na íntegra. Johnson produziu muito. Escreveu romances, ensaios e colaborou em revistas ao mesmo tempo. É dele o Dicionário da Língua Inglesa, de 1755. São antológicos os textos publicados nas revistas The Rambler (1750/52) e The Idler, (1758/60). Criou em 1764 um clube literário com os amigos (olha o time) Edward Gibbon, Joshua Reynolds, Oliver Goldsmith e Edmund Burke. Em 1765 publicou edição comentada das obras de Shakespeare e sua perspicácia demonstrou que as obras atribuídas ao poeta Ossian na verdade não eram de sua autoria. Johnson publicou também um romance de muito sucesso chamado “A história de Rasselas, príncipe da Abissínia”, de 1759. No campo da crítica, sua obraprima foi “Vidas dos mais eminentes poetas ingleses” (1779/83).

O homem que amava as mulheres, publicado pela Imago, é o que se pode chamar de um cine-romance do diretor François Truffaut. O novelista Truffaut tem toda a delicadeza e a vitalidade das percepções que caracterizam o cineasta de Jules e Jim, Fahrenheit 451, o Último Metrô. “Faço filmes para realizar meus sonhos de adolescência”, escreveu Truffaut. “Para fazer bem a mim mes­ mo e, se possível, aos outros. Para muitos, hoje, o cinema é uma escritura; para mim será sempre um espetáculo, onde fica proibido entediar quem quer que seja, ou se dirigir a uma parcela apenas do auditório. Como todo autodidata, eu me esforço, acima de tudo, para ser capaz de convencer.” As mesmas palavras poderia ter sido escritas sobre este pequeno romance, mais atual agora do que há duas décadas. Um livro sobre as perplexidades e as dificuldades – e alegrias – de ser um homem, hoje, em plena mudança das relações de gênero.

Enfim, um doutor nativo que se ocupa com temas relevantes. Antonio Benedito de Siqueira fez acurado estudo das convenções coletivas de trabalho da indústria entre 1980 e 1994 e concluiu que o sistema de negociação coletiva no Brasil é obsoleto e precisa ser mudado, com urgência, em sua estrutura. O autor põe o dedo na ferida. Prova que é preciso destruir todos os instrumentos do corporativismo ainda existente na relação entre capital e trabalho no Brasil. Crise econômica e sindicato no Brasil, editado pelo Instituto Memória, é imprescindível para capitães do sindicalismo moderno e de indústria.


mistÉRios Da moDa em peRFeita soliDão

os Gatos De eliot Feita a partir da nova edição da Bibliothèque de la Pléiade, que recupera texto da edição póstuma de 1595, a seleção de ensaios de Michel de Montaigne (1535-1592) tem tradução fluente e inédita, pela premiada Rosa Freire d’Aguiar “só, em si e consigo mesmo, no meio do mundo -- e em perfeita solidão” Editado pela Penguin-Companhia, organizado por M. A. Screch.

um NeGÓcio FRacassaDo “Um negócio fracassado e Outros Contos de Humor” é coletânea de 38 narrativas escritas entre 1882 e 1887. Marcados pelo traço humorístico de Tchekov, os contos abordam a realidade social das misérias e injustiças da Rússia pré-revolução. Da L & PM, Tradução de Maria Aparecida B. P. Soares.

Escritos nos anos 30, estes poemas de T. S. Eliot narram a vida de um grupo de gatos. “Os Gatos” inspiraram o musical “Cats”. É bela a edição bilíngue da Cia das Letrinhas. A tradução é de Ivo Barroso. Ilustração de Axel Scheffer.

pushKiN, eNFim tRaDuZiDo “Eugênio Oguenin” agora na primeira tradução para o português da obra-prima do escritor russo (1799-1837). Narrada em versos, é a história de um jovem aristocrata que, diante do amor, despreza e também é desprezado. Da Editora Record. Tradução de Dário Castro Alves.

Por não ser considerado um assunto de maior importância, a moda sempre foi tratada com algum desprezo ou indiferença pelos intelectuais. Em “O Império do Efêmero” o filósofo francês Gilles Lipovtsky desvenda o tema de uma maneira muito mais complexa do que imaginam mentes mais conservadoras. Pôr a moda em esfera mais ampla, em contexto histórico e social, desvenda e possibilita leitura muito mais abrangente – e inteligente – de um tema tratado com miudez. Por isso o livro, lançado em 1987, causou polêmicas acirradas na comunidade erudita e entre críticos. Diz Lipovtsky, “pensar a moda requer não apenas que se renuncie a assimilá-la a um princípio inscrito necessária e universalmente no curso do desenvolvimento de todas as civilizações, mas também que se renuncie a fazer dela uma constante histórica fundada em raízes antropológicas universais”. Nessa questão se baseia todo o mistério e a complexidade da moda. janeiro de 2011 |

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IZABEL CAMPANA cronista

Tarde demais

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arece que foi Fernando Sabino quem disse, em crônica sobre Paris, que sentia ter chegado à cidade tarde demais. Eu tive uma experiência muito parecida quando cheguei ao Rio de Janeiro pela primeira vez. 40 graus, 40 anos atrasada. Fui morar no Rio em 2007. Tenho que admitir, mesmo temendo a reação raivosa que certamente virá dos amigos cariocas, que me decepcionei. Não vi nada daquilo que eu esperava. Queria ver o Rio de Tom e Vinícius. Sim, gente bonita a desfilar por praias de tirar o fôlego. Fervor de beleza, paraíso tropical dos hedonistas. Mas também queria ver muita gente inteligente. Queria ver o Rio centro pensante do país. Queria ter estado lá para ver os gênios. Só de escritores, uma boa penca. O próprio Sabino, Rubem Braga, Manoel Bandeira, Clarice Lispector, Drummond. Isso só para citar alguns. E Nelson Rodrigues, meu herói de infância. É, eu sei, fui uma criança esquisita. E para falar mais dos jornais: Stanislaw Ponte Preta, Carlos Castello Branco, Otto Lara Resende, Paulo Francis, Paulo Mendes Campos. Quer mais? Tinha mais. A melhor música, a melhor vida noturna. O melhor que vinha de fora. Passou por lá, sim senhor. Queria

Brigitte Bardot em Búzios

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ter estado no Rio para ver Noel Rosa, ou mesmo João Gilberto, quando ainda saía de casa. Além do melhor do futebol. Garrincha, Didi e o milésimo gol do Pelé no Maracanã. Queria ter visto o Rio de Janeiro capital. Não balneário. Com figuras históricas interessantes. Queria assistir Missa do Galo na Corte e trocar umas idéias com Lima Barreto numa mesa de bar. Mas a verdade é que o Rio não envelheceu bem. Perdeu os melhores dentes. Os da frente. E quando eu cheguei, nada daquilo que cresci ouvindo Tom e Vinícius cantarem estava lá. Copacabana, Princesinha do Mar, imprópria para banho. A verdadeira Garota de Ipanema são hoje senhoras de 80 anos. Vão à praia de toca e penhoar e lotam as filas do banheiro do Cine da Roxy nas tardes de domingo. Foi substituída por um outro ser. Uma mulher bombada, betacarotenada, siliconada e oxigenada, que não é cheia de graça. Além da Barra da Tijuca, que encaixotou todo mundo em condomínios fechados e roubou o Glamour do posto 7. Belezas naturais? Desde que o Gabeira meteu uma tanga fio dental e foi à praia, a paisagem não é mais segura. E quando a praia deixa de ser refúgio, o calor do Rio vira tortura. A primogenitura por um ar-condicionado! Não é que tudo fosse ruim quando morei lá. Sinto falta de muita coisa do Rio. Os amigos, em primeiro lugar. Creio que seja bom adulá-los para ver se não perco a amizade. Andanças pela Barata Ribeiro para tomar um suco, entrar num sebo. Visitar as livrarias, as galerias, e um honesto restaurante chinês do centro da cidade. Mas não. O Rio não é mais aquele que recebeu Brigitte Bardot. Assim como Brigitte Bardot não é mais aquela que visitou Búzios. Mas também, talvez eu é que esperasse demais. Tinha feito na cabeça uma imagem de fantasia com narração de Paulo Francis, trilha sonora de Noel Rosa e fotografia de Gervásio Baptista. Esperava encontrar um Rio de Janeiro que não é só de outra época. É de outras épocas. E é tarde demais para acreditar nesse Rio de Janeiro que sempre existiu só na minha imaginação.


CARLOS ALBERTO PESSÔA jornalista

Bolas & Bolas

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adrugada de insônia, febre, hemoptise, cansado de ler liguei a máquina de fazer doidos. Ou de amansar doidos – tevê, telinha. E entre os mil canais que me amparam nos momentos de tédio ou angústia dei de cara com canal esportivo a mostrar jogo de futebol europeu. Fique tranquilo; não falarei sobre ele, não farei análises técnicas, táticas, físicas, químicas, morais; meu negócio é outro. Estou a me referir ao esférico, bola em Portugal. Esférico a rolar no relvado à busca da moldura. Ou bola a rolar na grama em busca da meta. Boa definição de futebol. Que se resume a: Esférico. Relvado. Moldura. Bola. Gramado. Meta. E 22 animais a escoiceá-los. Sou do tempo da bola de cor, da bola de couro&cor. Amarela ou pinhão bem passado. Sou do tempo da bola de cor&tento, bola com hérnia, não de disco, hérnia inguinal, próxima da virilha. (Tive ambas. E duas inguinais; par de vaso. Beleza. Operei.) Pois sou do tempo da bola de futebol com hérnia inguinal, conhecida como de tento. De tento e couro de cor. Para os jogos noturnos, bola branca! Pintada de branco, de cal, maquilada com pó de arroz. Como os palhaços de antanho, hoje, sempre. Ah! O branco! Que não é cor, é ausência de cor. Deslumbramento a primeira vez que vi bola branca ao vivo. Amor à primeira vista. Botei o olho na branquinha e me apaixonei. Perdidamente, mas não para sempre.

Ah! A bola branca. Então usada somente nos jogos noturnos. Que eram poucos, raros como os trevos de quatro folhas. Éramos pobres; dormíamos cedo, com os bichos. E acordávamos cedo, com galos&galinhas. Não havia energia, não havia luz para os jogos noturnos. Nem estádios com refletores. Nem público para ver jogos à noite. Salvo nos grandes centros. Que eram poucos. Raros. De repente, as bolas de cor desapareceram, saíram de circulação, deixaram de rolar pelos relvados da Oropa, França, Bahia. E não só as bolas cor; também saíram de circulação as bolas de tento, operadas, circuncizadas, cerzidas, com pontos, pespontos. Como as hérnias inguinais. Em lugar do tento, válvula. Que avanço! Em lugar das cores, a branca. E a bola branca, só branca, imaculadamente branca, foi entronizada. Virou a rainha da boca. E gostou. E monopolizou os estádios, os jogos. Todos os jogos passaram a ser jogados com bola branca. Até que a gente enjoou. E ela também. E pediu o boné. E demos o boné a ela. E ela, com a sua roliça dignidade, saiu de campo, do estádio, da vida. E entrou pra história. Aleluia! Quando a gente enjoou da bola branca, quando a gente decidiu se divorciar dela, quando a gente decidiu aposentá-la, mandá-la pra remonta, pra reserva – quem a substituiu? Quem entrou no seu lugar? Quem foi pro sacrifício? E nesse dia, então, deu na primeira edição: adentrou ao tapete

verde a bola PB. Em PB. Isto é, em preto e branco. Mas já sonorizada. Saiu a bola branca, entrou a preta e branca. Mistura de ausência de cor com todas as cores. E assim estávamos, como Inês, eis senão quando, em Portugal, no ano da graça de 2004, na copa da Europa, foi ao ar esférico bastante original, incomum, de cor incomum – cinza prateada com duas listras negras. Muito elegante apesar de um pouco fúnebre. A essa versão do assim chamado balão de couro fui reapresentado numa madrugada de insônia, febre, hemoptise. E lá pelas tantas me toquei – algo familiar que jazia no fundo da minha fiel memória veio à tona, à luz. E urrei! Heureka! Essa bola cor cinza prateada com listras negras lembra as calcinadas caveiras que chutávamos nos quebras adolescentes em Irati. Ai dos vencidos. Essas bolas cinzas prateadas são volta por cima aos bárbaros tempos das caveiras calcinadas a rolar pelos campos primitivos. Ai dos vencidos. Ai de nós! janeiro de 2011 |

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CAMILLA INOJOSA cronista

Feliz Ano Novo

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ais um ano. Tempo de renovar esperanças, sonhos e promessas. Juras que não serão cumpridas, planos que ficarão no papel. Os anos se repetem. Nós nos repetimos. Comemoramos a repetição. A época é de clichês, de frases feitas, de felicitações falsas. Há as confraternizações com pessoas que mal conhecemos. Os amigos secretos sem graça. Os vários bons desejos advindos de desconhecidos. E viva o final do ano. Começamos janeiro felizes, renovados depois de uma maratona de festas. O verão está aí. Praia. Sol. Carnaval, a euforia do Ano Novo nos domina. Podemos ser livres. Fantasias. Ah, as fantasias. O carnaval se vai, e com ele o começo dos nossos sonhos de Ano Novo. Já é abril. Páscoa. Chocolates. Agradecimentos divinos. Nossa, o Ano está passando rápido, parece que o réveillon foi ontem. As folhas caem. Outono. Dia do trabalho. Nada concretizado. Da lista feita no réveillon, só a escova progressiva foi feita. Mais um dia dos namorados sem motivos para comemoração. Sem velas e sem presentes. São João, forró e afazeres. O ano está no meio. Preciso correr. Há muito que fazer. 62

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Estou cansada. Primeiro de julho, preciso descansar. Inverno. Frio. Férias escolares das crianças. Meninos correndo, cachorro-quente. Volta às aulas. Muito trabalho, nenhuma realização. É hora de se concentrar. Setembro, feriado. Amanhã eu faço. Mês que vem eu penso. Outubro, meu Deus, o ano vai acabar! Novembro. Flores. Primavera. Vamos para a praia? Dezembro, já??? Ah, o verão. Férias escolares das crianças. Compras. Árvore de Natal. Enfeites. O Ano se foi, mas, e as promessas, os planos, as viagens para fazer, as comidas para experimentar, os livros para ler, os filmes para ver? Ficam para o próximo ano. Ainda bem que os anos se renovam, para podermos nos iludir, nos encher de esperança, nos irritar, nos decepcionar e recomeçar. Tudo de novo. Mais uma vez. É o círculo vicioso da vida. Estamos presos a ele. Conformamos-nos. Não há lutas nem confrontos. Algumas revoltas aqui ou acolá, mas passam. Passam, pois um novo ano se inicia. O novo ano em que tudo será diferente, onde as promessas serão cumpridas e os sonhos se concretizarão. Talvez ano que vem.


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foto: divulgação

ISABELA FRANÇA

CuritiBa EM orlando O diretor financeiro e coordenador do Programa de Internacionalização da Faculdade de Educação Superior do Paraná (FESP), Carlos Eduardo Athayde Guimarães, passou o mês de dezembro na Flórida, nos Estados Unidos. Mas, descanso, mesmo, só teve no período das festas, ao lado da mulher Consuelo e do casal de filhos pequenos. Participou de uma maratona de eventos na área educacional e de gestão. Foi palestrante na Central Florida Brazilian American Chamber of Commerce (CFBACC), a câmara de comércio que liga os dois países, em Orlando. E, com um grupo de cerca de 30 brasileiros, entre eles alunos e professores da FESP, fez um curso de formação em Coaching Integral Sistêmico, na Florida Christian University (FCU), ministrado por Paulo Vieira, um dos mais respeitados nomes na área de coaching. Na foto, o presidente e chanceler da FCU, professor Anthony Portigliatti, Paulo Vieira e Carlos Eduardo Guimarães.

Em risco Assumir a presidência da OAB-PR mudou a rotina do advogado paranaense José Lúcio Glomb. A OAB-PR vive um de seus melhores momentos como instituição. Em sua bela sede própria, no Ahu, tem sido palco dos mais importantes debates sobre direito e cidadania entre elas a campanha contra a corrupção e pela moralidade na política. Porém, seu presidente vive um tormento em sua vida pessoal. Além da necessidade de contratar seguranças particulares e cogitar a idéia de blindar o carro, a família Glomb estaria discutindo a possibilidade de mudar de endereço. A atual gestão estará à frente da OAB-PR até 2.012. Na foto, com o sucessor Alberto de Paula Machado, Glomb comemorava o anúncio da eleição.

CORTESIA Há muitas formas de se fazer cortesia. Uma das últimas e mais bacanas foi contada por uma amiga que recebeu uma

reutilizada do próprio Sedex, redobrada pelo lado avesso. Além de ter o mesmo tamanho e qualidade de uma novinha em folha, é uma super cortesia ao meio ambiente.

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foto: divulgação

encomenda por Sedex. O material veio dentro de uma caixinha


Com dez livros na bagagem, prefaciados por nomes como Jacques Marcovitch, Affonso Romano de Sant`Anna, Ignácio de Loyola Brandão, Arnaldo Jabor, Luiz Fernando Furlan, Clarisse Abujamra e Luís Nassif, Maria Christina de Andrade Vieira assumirá, em janeiro, a presidência da Fundação Cultural de Curitiba. Além da experiência como escritora, Maria Christina traz consigo a capacidade de realização e uma criatividade enorme. É produtora de eventos, autora e executora de inúmeros projetos culturais, entre eles o Natal do Palácio Avenida, que completou 20 anos ininterruptos de apresentações. Na FCC deverá trabalhar em sintonia com a equipe herdada do jornalista Paulino Viapiana e com o próprio, que irá assumir a Secretaria de Estado da Cultura. O anúncio de seu nome para a presidência da FCC veio numa onda de bons acontecimentos. Em dezembro, Maria Christina foi homenageada pelo HSBC nas comemorações dos 20 anos da apresentação de Natal e pelos Correios, com um selo que leva sua imagem feita a bico de pena.

foto: Júlio César Souza

Maria Christina na Fundação Cultural

10 anos Os advogados Fernando Vernalha Guimarães e Luiz Fernando Pereira comemoraram no dia 16 de dezembro os 10 anos de fundação do escritório Vernalha Guimarães & Pereira Advogados Associados. Para marcar a data lançaram um livro e um selo comemorativo. Com toda a jovem equipe de advogados festejaram, no Graciosa Country Club, entre familiares e amigos. A obra organizada pela dupla traz artigos de Direito Empresarial produzidos pela banca que conta com cerca de 20 advogados. O trabalho de edição, editoração e lay out é da designer Manoela Leão, da Gusto Editorial, que também assina o selo e a nova logomarca do escritório. O momento pessoal e profissional de ambos não poderia ser melhor. Fernando e Flávia ainda brindam a chegada de seu primogênito, há dois meses. Luiz Fernando e Ana Luísa curtem a graça das duas pequenas, com nove e sete anos.

A GENTE NÃO TEM PRAIA TEM PRAÇA A prefeitura e os comercian-

tes do chamado Batel Soho, região cool no entorno da Praça Espanha, resolveram fazer comemorar no melhor estilo europeu a chegada de 2.011. O Réveillon na Praça promete ser animado e moderno. Uma boa alternativa para quem opta por ficar na cidade e quando o litoral paranaense recebe o maior número de veranistas já registrado na orla. janeiro de 2011 |

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ISABELA FRANÇA

Paranaense, cidadão do mundo O médico cirurgião Kit Abdala tomou posse, em dezembro, na presidência Associação Médica do Sudoeste Novo, com sede em Francisco Beltrão. Nascido em Itaperuçu e formado em Medicina pela Universidade Federal do Paraná, Kit Abdala é uma figura ímpar. É pós-graduado no Karolinska Institute, na sueca Estocolmo, PhD em Ohio, nos Estados Unidos, e, pelas Nações Unidas treinou médicos na Ásia, África e Américas. Ainda nos quatro cantos, ele fundou 29 clubes Lions e, no Paraná, é cidadão honorário de, pelo menos, 11 municípios. Ao assumir mais esta missão, aos 82 anos de idade e quase 59 de medicina, mostra que não falta garra. Anunciou entre suas metas transformar o hospital regional de Francisco Beltrão em hospital universitário. E, nos bastidores, não vem medindo esforços – nem articulações – em busca de uma faculdade pública de Medicina para o município. Esta, viria pela Unioeste.

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foto: Bruna Bazzo

Corrida Sp-Rio , O Desafio dos 600K

Ela não para A executiva Lylian Vargas, após mais de dez anos à frente do marketing do Shopping Crystal, encarou outro desafio ao lado da família Tacla. Desde dezembro, é a responsável pela área de eventos do Shopping Palladium. Obstinada em tudo o que faz e com sua simpatia e educação irreparáveis, andou sozinha por todos os cantos do imenso shopping center em seus primeiros dias de trabalho para se ambientar. “Até conhecer tudo isso aqui, vai tempo”, comentou. Porém, já está alinhavando um plano que inclui inúmeros eventos culturais e sociais nos diversos espaços disponíveis do mall. Um único tema ainda não deverá ser abordado no primeiro semestre - moda. Isso porque todos os produtores envolvidos com o setor querem saber como ficará a cidade, agora órfã do Crystal Fashion. Lylian, uma das criadoras da idéia, também não pretende discutir o assunto. Pelo menos, não tão cedo. Além dos eventos do Palladium, Lylian assumiu no dia 16 de dezembro a presidência da Business Professional Women – BPW para os anos de 2011 e 2012. Ao passar a batuta, a presidente Maria Inês Borges da Silveira passou a integrar o conselho da entidade ao lado de Maria Cecília Rosenmann, Regina Teixeira, Helena Pereira Oliveira, Suzana Slaviero, Maria Ângela Tassi e Alba de Leão Buchi.


CASA NOVA

fotos: Konrhad

O renomado escritório Justen, Pereira Oliveira & Talamini Advogados inaugurou casa nova no começo de dezembro. Num belíssimo e amplo imóvel nas Mercês, a banca de juristas está instalada num espaço compatível com seu alto grau de competência. Capitaneada pelo professor Marçal Justen Filho, a equipe investe no desenvolvimento intelectual e acadêmico de seus advogados. Só em 2.010, publicou 11 livros. Os quatro sócios mais antigos e que dão nome ao escritório, César Guimarães Pereira, Fernão Justen, Eduardo Talamini e Marçal Justen Filho, são doutores e têm várias obras publicadas. Vários dos demais são doutorandos. Quase todos têm mestrado, são mestrandos ou têm títulos em cursos de especialização. Com cerca de 50 advogados, funcionários e estagiários, o escritório completa 25 anos em 2.011. Atualmente, Marçal está morando nos Estados Unidos, onde faz cursos de atualização. De lá, mantém uma linha telefônica direta com o escritório e seus clientes.

600 mil

Atualmente, 600 mil vidas estão protegidas pelo Sistema Nacional de Atendimento Médico – Sinam. O sistema criado pela Associação Médica do Paraná conta com mais de 1,2 mil médicos de diversas especialidades no Paraná. Toledo, com cerca de 120 mil habitantes, inaugurou o sistema este ano e tem mais de 4,4 mil pessoas utilizando os serviços que garante aos médicos R$ 80,00 por consulta. Em 2011, Pato Branco e Campo Mourão irão lançar o Sinam. Médicos de Cuiabá, no Mato Grosso, e Marília, em São Paulo, já pediram para conhecer seu funcionamento. janeiro de 2011 |

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BALACOBACO Juril Carnasciali e Joanita Leschkau de Lemos

Jaime Lerner e o maestro João Carlos Martins

Maestria

João Carlos Martins e Adriana Cardoso

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João Carlos Martins e Sabrina Peretti Gurtensten

Simone Greca

Conceição Cipolatti e João Carlos Martins

Fernanda Rocha

Fotos: Kraw Penas

No dia 09/12, o Shopping Mueller recebeu um dos maiores musicistas brasileiros. O maestro João Carlos Martins apresentou-se com a Orquestra Filarmônica Bachiana em um concerto para convidados. Considerado um dos maiores intérpretes de Bach, já gravou a obra completa do compositor para piano. Após alguns incidentes que reduziram os movimentos de suas mãos e quase o incapacitaram por completo para exercer a maior paixão de sua vida, tornou-se maestro e apresenta-se mundo afora com sua orquestra.


Palácio Iguaçu No dia 18 de dezembro, a Praça Nossa Senhora do Salete, no Centro Cívico, foi palco das festividades de reinauguração do Palácio Iguaçu. Milhares de pessoas acompanharam a festa que marcou a reabertura da sede do Governo do Paraná e o �im do ciclo do PMDB no poder estadual. A programação, aberta ao público, teve missa natalina do Arcebispo Dom Moacyr Vitti e shows do Padre Reginaldo Manzotti e das duplas sertanejas Willian e Renan e, Chitãozinho e Xororó. Para alegria do casal Pessuti, Regina e Orlando, que voltam à planície no dia 1º de janeiro. Casal Pessuti com o diretor regional dos Correios, Itamar Ribeiro durante o lançamento do selo comemorativo

público na Praça Nossa Senhora do Salete. Foto: Diego Pisante

Foto: Heuler Andrey A inauguração da placa no saguão do Palácio

A dupla Chitãozinho e Xororó com os produtores da festa, Ilse Lambach e Dado Dantas

Foto: Diego Pisante

Foto: Heuler Andrey

Ardisson Akel – empresário e Fabíola Bach– musicista

Foto: Diego Pisante

Foto: Diego Pisante O ministro Paulo Bernardo, a senadora Gleisi Hoffmann e o PadreReginaldo Manzotti

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BALACOBACO

Devassa em Curitiba Claudio Albuquerque

Patrícia e Edson Gomes e Juliana Costa

Fotos: Kraw Penas

A Cervejaria Devassa abriu no dia 15 de dezembro sua primeira casa no sul do Brasil. Localizada no charmoso Batel Soho, em frente à Praça Espanha. A grande novidade para os curitibanos é o exclusivo chope Devassa que só pode ser degustado na casa. Em homenagem à mulher brasileira, o chope oferece opções para todos os gostos: Loura, Ruiva, Negra, Índia e Sarará. Dentre os destaques do cardápio, os petiscos com nomes irreverentes como a Carnuda (fumegante frigideira de �ilé ao molho roti da casa, com cubos de cebola, salsa, queijo prato derretido e aipim crocante), o Bem Dotado (meio metro de linguiça fresca grelhada, acompanhada de uma saborosa cesta de pães) e o Piu-Piu (pequenos bocados de coxa, sobrecoxa e peito de frango sequinhos, com lascas de alho).

Thayene Elias, Angelita de Oliveira, Ana Wippel e Lia Meger

Juliana Blanski Costa e família

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Haute Couture

Regina De Pauli e Kitty Pires

Silvia Fregonese inaugurou, dia 09/12, a Pronovias na Cincopontoum. A primeira coleção da Pronovias foi em 1964. Hoje atua em 75 países e é líder no setor. A �iloso�ia da marca é qualidade e desenho, o que caracteriza seu trabalho. O estilista responsável pela marca é o Manuel Motta e a Pronovias também tem parceria com o Valentino e Elie Saab. Hoje a Pronovias vem crescendo também na linha Festa, onde possui modelos com uma modelágem impecável e o bom gosto Espanhol, seguindo a mesma linha moderna e de alta qualidade das noivas.

Simone Tanus Fregonese

Silvia Fregonese

Michelle Jamur

Roberta Damiani

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CLAUDIA WASILEWSKI cronista

Moça bonita não paga, mas agora leva

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ros, mudas e peixes. O que tem me incomodado e muito, são cachorros e mais cachorros. Vestidos e enfeitados atrapalhando as compras. As suas donas, ou melhor, suas “mãezinhas” não percebem o quanto é desagradável este convívio no meio de alimentos. Por isso vou bem cedo, antes das 7 da manhã. Se não for assim, só apareço depois da 11 horas. Tive que participar de uma real briga de feira

sabia conviver com outros. Não tive como ficar quieta. Tentei argumentar, ela gritava cada vez mais e o filhinho latia histericamente. Só me restou acompanhar a senhora para longe dali e conversar um pouco até que parasse a tremedeira. Gostaria de saber se em padarias, mercados etc... é proibida a entrada de animais, por que nas feiras com alimentos expostos, é livre. Mais uma para a minha lista de coisas que não entendo. Produtos de beleza vendidos em catálogos? Existem barracas com pronta entrega. Maravilha. Não é mais preciso esperar a entrega. Tem até provadores. Isto mesmo é possível experimentar ali cremes, perfumes, maquiagens. Barracas de roupas e contrabando se multiplicam em progressão geométrica. Contrabando é um pouco pesado. Não acredito que os produtos sejam importados, taxados e legalizados. Será que estou sendo injusta? Como sou assumidamente politicamente incorreta, compro sem um pingo de dor na consciência. Feiras pela manhã ou à noite têm pela cidade toda. Cada uma com seu charme. Que tal fazer um passeio no mais antigo tipo de comércio da humanidade? O único perigo é me encontrar. Foto: divulgação

M

orri de rir quando ouvi o feirante falando "moça bonita não paga, mas agora leva". Perguntei por que e ele me explicou: – Vizinha, estou aceitando todos os cartões. Adoro ir à feira. Me divirto e esqueço da vida. As barracas coloridas exercem um fascínio. Frutas e verduras arrumadas milimetricamente. Totalmente diferente do supermercado. O melhor da feira é o contato direto, o experimentar, ganhar o famoso “chorinho”. Sou louca por uma pechincha. Uma vez enlouqueci tanto um camelô no Paraguai, que ele me vendeu uma caixa de 20 batons pelo preço de dois. Brasileiros sintam-se vingados! Voltando à feira livre. Na barraca de queijos me torno uma pessoa totalmente indecisa. Tenho necessidade de provar um pouco de tudo. Estes dias vi dois senhores combinando para levar um vinho. Estilo tábua de frios. Daí é o cúmulo da cara de pau. Mas uma lasquinha de dois ou três é uma delícia. E o pastel? Como não se render? Tem uma tal de Dona Carótida que resolveu tomar mais espaço do que devia no meu pescoço. Mas ela não manda em mim. E de vez em quando mereço um pastel bem recheado. Mas nem tudo são flores, tempe-

para defender uma idosa. Vejam só. A senhora tinha acabado de colocar um pacote de biscoito na sacola e o cachorro, desculpem, “o filhinho” resolveu avançar. Ela de imediato balançou a sacola e bateu na cabeça dele. Pronto. O xingamento começou sem vírgulas, ou pontos. Foi um horror. Me falta coragem de reproduzir aqui. A chamou de múmia, que se deitasse em uma cama já que não


Cartas do Leitor Escreva para cartas@revistaideias.com.br

“Eu vendo orgasmos” Matéria muito boa, eu conheci a dita chácara, e realmente, pobre lá não entrava. Somente os poderosos do Estado do Paraná. José Augusto Ótima a matéria com a Mirlei. O trabalho dela é muito mais honesto e ético do que muitos aceitos “socialmente” por aí. Clara Rodrigues

O sonho acabou, mas aında temos o Solda Grande Solda. Desenho belíssimo, prosa inteligente e das mais criativas que tem por aí. Diz-se que tem gente que fala melhor do que escreve, mesmo quando escreve muito bem. Solda é assim. E ainda escreve e desenha bem. Não sabia que ele tinha participado da Batalha de Itararé. Pois então ele deve ser também um combatente como nunca houve. José Pires

Natal é tempo de Guılhobel Não a conheço, mas algo pouco sei de seu avô. Viajei deliciosamente na sua história. Que inveja boa deste privilégio (risos)... Boa sorte e tenha um lindo Natal! Ciro Cesar Zadra

Pela ınconstıtucıonalıdade do bom humor matınal Não conheço a cronista. Talvez estivesse em um mal dia quando escreveu esta crônica. Não posso julgá-la mas posso discordar. Tenho duas filhas lindas que me fazem pular cedo todos os dias. Não há como despertar triste com aqueles belos sorrisos. Faço de tudo para animá-las para o dia que começa, até cantar “quem quer pão, quem quer pão”. Fábio Renato

Balacobaco Parabéns aos paranaenses que têm coragem de inovar. Esta revista será, sem dúvida, motivo de orgulho para todos os cidadãos que vivem nesta terra maravilhosa. José Maria

REVISTA Publicação da Travessa dos Editores ISSN 1679-3501 Edição 111 – R$10,00 www.revistaideias.com.br e-mail: ideias@revistaideias.com.br EDITOR-CHEFE Fábio Campana CHEFE DE REDAÇÃO Marianna Camargo REDAÇÃO Carlos Simon, Karen Fukushima, Larissa Reichmann Lobo, Márcio Barros, Marisol Vieira, Sarah Corazza, Thais Kaniak, Vanessa Bordin. COLUNISTAS Camilla Inojosa, Carlos Alberto Pessôa, Claudia Wasilewski, Izabel Campana, Jaime Lerner, Luiz Carlos Zanoni, Luiz Fernando Pereira, Luiz Geraldo Mazza, Luiz Solda, Pryscila Vieira, Rogerio Distefano, Vicente Ferreira. COLABORADORES Diego Pisante, Heuler Andrey, Isabela França, Kelly Knevells, Kraw Penas, Orlando Pedroso (foto Solda). DIRETOR DE FOTOGRAFIA Dico Kremer TRATAMENTO DE IMAGEM Carmen Lucia Solheid Kremer FOTO CAPA Átila Alberti PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Clarissa M. Menini, Katiane Cabral e Luigi Camargo DIRETORA FINANCEIRA Clarissa M. Menini

Almas parvas Como sempre e não por menos, Fábio Campana consegue traduzir em palavras o sentimento que temos ao ler os periódicos noticiosos. A hipocrisia que rege o jornalismo condena os ingênuos. Já o jornalista que escreve de forma clara é honesto. Obrigada Campana, por ser sincero com seus leitores. Helena Rocha Cruz

CONSELHO EDITORIAL Aroldo Murá G. Haygert, Belmiro Valverde, Carlos Alberto Pessôa, Denise de Camargo, Fábio Campana, Lucas Leitão, Paola De Orte, Rubens Campana. PARA ANUNCIAR comercial@revistaideias.com.br PARA ASSINAR assinatura@revistaideias.com.br

Rua Desembargador Hugo Simas nº 1570 CEP 80520-250 / CURITIBA PR Tel.: [41] 3079 9997 www.travessadoseditores.com.br

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