ano VII
nยบ 105
R$ 10,00
www.revistaideias.com.br
AnĂşncio Itaipu
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IDEIAS | julho de 2010
gente de
Qualquer cidade — em qualquer parte do mundo — pode melhorar sua qualidade de vida em menos de três anos. Isso é possível porque nem sempre a resposta vem com dinheiro público, mas com ações coletivas. É importante ter decisão política, mas é fundamental a visão estratégica para promover uma mudança e fazer com que todas as forças da comunidade atuem a favor.
Jaime Lerner
IDEIAS 105 EDITORIAL O Paraná foi obrigado a acompanhar longa novela protagonizada pelo senador Osmar Dias no papel de indeciso e no final por Requião, no papel de algoz arrependido. Depois de meses de oscilação entre uma aliança com o tucanato e a adesão ao PT, PMDB ET caterva, Osmar Dias decidiu-se, na undécima hora, a ficar com o PT do governo Lula e a companhia de Requião, o mesmo que o desancou com acusações de corrupção. Entre outras, a de ter adquirido uma fazenda em Tocantins por meio ilícito. Pois, pois, agora estão juntos e pelas circunstâncias se pode dizer que os dois se merecem. Tanto que vão dividir o mesmo palanque e dar chá de explicação sobre o que o povo chama de incoerência e outros adjetivos impublicáveis e que eles juram que representa o mais alto interesse do Estado. Pode? Tudo pode na política nativa. E é bom que o leitor se cuide, pois eles estão á solta, como conta a matéria de capa. Eles são os candidatos em busca de votos. Amassam velhinhas, beijam moçoilas, fazem bilu bilu para as criancinhas, dão tapinhas nas costas do marmanjo e procuram vender simpatia. Nada mais chato e inconveniente, sem contar a invasão da telinha e do rádio com o horário gratuito de propaganda eleitoral. Gratuito não, porque quem paga é o Tesouro Nacional, ou seja, todos nós. Vamos lá. A campanha começa mais cedo com o desastre de Dunga e seus medíocres na Copa do Mundo de futebol. Aliás, estes são tempo de segunda ordem, diria um poeta russo. A política nativa comprova isso à exaustão. Revista Ideias: publicação da Travessa dos Editores ISSN 1679-3501 Edição 105 – R$10,00
www.travessadoseditores.com.br e-mail: ideias@travessadoseditores.com.br 01 de julho de 2010
ÍNDICE Fábio Campana
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Luiz Geraldo Mazza
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Judas Tadeu Grassi Mendes
12
O preço da corrupção no Brasil
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Os fichas sujas
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Gente Fina
24
Luiz Fernando Pereira
31
Mirian Gasparin
33
Um dia na vida de Fernanda Richa
34
Carlos Alberto Pessôa
37
Câmara dos vereadores
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Cuidado, eles estão à solta
40
Os políticos consultam os bruxos
44
Invernais de Dico Kremer
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Claudia Wasilewski
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Talento sem fronteiras
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Toda mediocridade
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será castigada Rogerio Distefano
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Marianna Camargo
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Judas Tadeu Grassi Mendes, Larissa Reichmann Lobo, Luiz Carlos Zanoni, Luiz Fernando Pereira, Luiz Geraldo Mazza, Márcia Toccafondo, Mirian Gasparin, Rogerio Distefano, Pryscila Vieira, Vicente Ferreira. Capa: Guilherme Zamoner Projeto gráfico: Clarissa M. Menini Diagramação: Katiane Cabral Diagramação colunas Gente Fina e Márcia Toccafondo: Espresso Design Conselho Editorial: Aroldo Murá G. Haygert, Belmiro Valverde, Carlos Alberto Pessôa, Denise de Camargo, Fábio Campana, Lucas Leitão, Paola De Orte, Rubens Campana
Vicente Ferreira
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Luiz Carlos Zanoni
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Prateleira
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Márcia Toccafondo
70
Para anunciar: comercial@travessadoseditores.com.br
Tamandaré constrói um novo futuro
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Pryscila Vieira
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Editor: Fábio Campana Secretária de Redação: Marianna Camargo Colaboradores: Antonio Vera, Carlos Alberto Pessôa, Claudia Wasilewski, Eros Ramonzoni,
Rua Desembargador Hugo Simas nº 1570 cep 80520-250 / curitiba pr Tel.: [41] 3079 9997
FÁBIO CAMPANA jornalista
POLÍTICA
Os brutos também amam
“O
s brutos também amam”, poderia ser o título deste episódio da vida de Osmar Dias e Roberto Requião. Depois de anos a insultar Osmar, eis que Requião passa de algoz a aliado e protetor. Patética a cena. Os dois, lado a lado, trocando olhares e sinais, a explicar para a imprensa que agora estão no mesmo leito político porque amam o Estado. Não souberam dizer se a referência era ao Paraná ou à máquina estatal. Talvez os dois, cada qual a sua maneira. Questionado se os eleitores entenderiam essa mudança radical que não implica apenas em flexão tática da política, mas em concessão moral, Osmar afirmou que os interesses do Estado estão acima de divergências pessoais. Requião, mais experiente e no confortável papel do agressor redimido saiu pela tangente. Disse que sua reaproximação a Osmar Dias é uma “unidade necessária” e garantiu que as divergências entre os dois “estão absolutamente superadas em nome do Estado”. Osmar também teve de dar explicações a respeito de outra incoerência em seu comportamento político:
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to quicar de um lado para o outro, Osmar Dias, por fim candidato ao governo do Paraná como aliado de Requião e Dilma, ganhou o apelido de Jabulani da eleição de 2010. Referência a bola da Copa do Mundo que oscila em trajetória errática tanto quanto o próprio Osmar Dias. José Serra, o presidenciável do PSDB, queixou-se da inconstância de Osmar Dias, que teria dito que não concorreria ao governo caso Alvaro fosse o vice do PSDB para a presidência. “Ele (Osmar) apertou minha mão três vezes”, disse Serra.
T
igrões e tchutchucas
disputar o governo contra o tucano Beto Richa após negociar uma aliança com o PSDB. Tanta incoerência rendeu novo apelido na imprensa nacional para Osmar Dias nestes dias de Copa do Mundo de Futebol. Depois de mui-
- Bom lembrar alguns dos episódios que faziam crer ao Cidadão normal e de princípios que Osmar Dias jamais voltaria a se aliar ao seu algoz Roberto Requião. Na eleição de 2006, Osmar Dias e Roberto Requião protagonizaram alguns dos momentos mais baixos da política paranaense. Requião acusou Osmar Dias de ter uma fazenda de origem suspeita no Tocantins. Osmar reagiu com duras críticas a Requião. Do imbróglio, restou uma vitória apertadíssima de
Foto: Elias Dias
Requião que nunca engoliu o resultado e insinuou que houve manipulação em favor de Osmar. Osmar respondeu da tribuna do Senado. Disse que Requião. “usou de todos os artifícios sórdidos e baixos para, com calúnias, tentar manchar a minha honra”. “A reeleição levou (...) Requião a usar, de forma escandalosa, a máquina pública. Um escândalo que entreguei aos meus advogados para que tomem as devidas providências (...). Houve de tudo, desde cabos eleitorais pagos com dinheiro público, até ocupantes de cargos comissionados, durante o expediente, nas ruas de todo o estado do Paraná.” Com o humor ácido de sempre, Requião afirmou que o Paraná tem dois senadores (os irmãos Alvaro e Osmar Dias) que aqui se fazem passar por “tigrões”, mas em Brasília são “tchutchucas”. Ora, pois, Osmar esqueceu as ofensas e abraçou Requião para provar que a política é a profissão mais antiga do mundo. Diante da cena, foi interessante a reação de um proeminente prefeito peemedebista, diante da cena que protagonizaram Requião e Osmar, ontem, na entrevista coletiva do Hotel Mabu: “Estou decepcionado e me sentindo usado pelo que vi hoje. Lutei e trabalhei 8 anos por um homem que eu admirava. Perdi muitos votos em meu município em 2006, defendendo algo e alguém
em quem acreditava, contra o Osmar. Como explicar isso ao povo que não tem culpa de nada?”
O
mais indeciso dos Dias
- Qualquer que seja o desfecho das eleições deste ano, este 2010 passará para a história como o ano da indefinição do senador Osmar Dias. Durante nove meses, prazo de uma gestação, ele apoquentou a paciência dos paranaenses com seu exercício diário de vacilação. Osmar Dias oscilou entre aliar-se aos tucanos de Beto Richa ou aceitar a oferta do PT para ser candidato a governador e erguer um palanque para Dilma Rousseff. No final, cedeu às pressões de Carlos Lupi, cacique de seu partido e controlador dos interesses do PT em seu arraial. Osmar agora é candidato ao governo contra o tucano Beto Richa. Tornouse aliado de tudo que mais combateu, entre outros o MST. E abrigou seu algoz Requião, além de engolir um vice do
Depois de muito quicar de um lado para o outro, Osmar Dias, por fim candidato ao governo do Paraná como aliado de Requião e Dilma, ganhou o apelido de Jabulani da eleição de 2010
PMDB. Tudo em troca da promessa de uma campanha fortalecida pela logística do PT e do governo Lula. abe a pergunta: como pode um político de vôo majoritário passar de um lado para o outro como se não houvesse limite político e ideológico a separar as duas grandes forças políticas no país: o PT no governo e o tucanato na oposição.
C
O
utra pergunta: que credi-
bilidade tem Osmar Dias que sofreu ataques furibundos do ex-governador Roberto Requião e depois aceitou sentar-se com o algoz para negociar uma saída que possa servir aos interesses dos dois. Requião percebeu a besteira que fez. Ao destruir a candidatura de Osmar Dias ao governo arrumou um forte adversário na disputa do Senado. Assim é a política paranaense. Dessa experiência ficou a evidência de que vivemos um momento de revelação. Não temos partidos ideologicamente definidos e modernamente concebidos, conforme se demonstra até pelo fato de que, às vésperas das eleições, temos candidatos que oscilam entre uma composição do centro para a direita e outra do centro para a esquerda e tratam as duas como se não houvesse diferença alguma. Pior, não há. Pesando bem, elas se equivalem e não se diferenciam pelas idéias e propósitos. Muito menos pela voracidade julho de 2010 | IDEIAS
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ecado original - O pecado
não está na candidatura de um agrônomo que virou senador da República graças à trajetória política paralela de seu irmão, o exgovernador e hoje também senador Alvaro Dias. Um dos mais amados presidentes dos EUA, Harry Truman, começara como vendedor de gravatas. O pecado está na salada ideológica, que implica falta de objetivo, além da obstinada ambição de poder pelo poder. Osmar Dias sempre foi um representante do agronegócio, dos mega-agricultores e se identifica com propósitos que são diametralmente opostos aos que o PT diz defender. Nem por isso recusou sentarse à mesa do presidente Lula para ouvir suas propostas e seus apelos. Vivemos, ainda, em branco e preto. Nos arraiais do PT, partido que chegou a representar as esperanças dos trabalhadores, o objetivo é eleger Dilma Rousseff a qualquer preço. Não importa que trato se faz
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pelo PMDB de Requião e seus modelitos nacionaleiros do século passado. Mudança nossa, apenas paranaense. Mas o que deve prevalecer é a nossa rasa cultura política. Durante séculos chamou-se a esquerda, genericamente, de bicho-papão, com variações sobre o tema, como se dá com o diabo, também chamado de Astaroth, Ramãzinho, Cão, Satanás, etc. Esquerda, sinônimo de comunismo, radicalismo, terrorismo, etc. Gerações de gerações de burguesotes e remediados foram criadas na crença de que a esquerda existe para levar ao forno, além de criancinhas, qualquer anseio de bem-estar pessoal. A classe média brasileira lê apressadamente os jornais e os livros de história, ou não os lê de vez, e sendo assim se conforma tranqüilamente a contos da carochinha tecidos para legitimá-la como minoria privilegiada. Trata-se de não perder os privilégios. Ou seja, de não entregar sequer os anéis, contrariando, segundo se crê, os propósitos da esquerda, a qual insufla a plebe rude e ignara a tom ar tudo o que temos e, quem sabe, abocanhar os nossos dedos como os comensais de Santa Felicidade atacam asas de frango.
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epetição e caricatura - Os
cidadãos que ocupam a ribalta da política paranaense, de Gleisi Hoffmann a Requião, de Osmar Dias ao seu irmão Alvaro, só conseguem imaginar movimentos e saídas experimentados no passado próximo e remoto, às vezes repetidos como caricaturas. O tempo ficou propício, no entanto, á desmistificação. Admitamos então uma mudança adequada ao Paraná, nova, original inconfundível. Distante dos padrões tradicionais, desligada dos modelos consagrados
Foto: Elias Dias
Foto: Divulgação
com que disputam o poder. Assim, o senador Osmar Dias notabilizou-se como protagonista do mais longo drama da indefinição de que se tem notícia nesta área chuvosa do planeta. Ele sempre disse, com emocionante candura, que qualquer apoio lhe serviria, contanto que aceitasse seu programa de governo que colheu das sugestões populares em suas visitas aos municípios.
com as forças da direita ou do fisiologismo para apoiar a candidata à sucessão do Lula. Nessa seara, fala-se em coligação de centro, juntando centrodireita, centro-esquerda, centrocentro. Mais uma vez me pergunto: onde está a direita? Curioso país o nosso, a direita existe, mas ninguém se assume como tal. É igual visitar um cemitério. Onde estão enterrados os cafajestes? Ninguém sabe ninguém viu, não há cafajestes indicados nas lápides. Uma coisa é certa, vivemos uma larga indefinição provocada pela dificuldade de Osmar Dias para tomar seu rumo e indicar o que pretende. Candidato viável no plano eleitoral, com experiência acumulada de várias campanhas majoritárias, pintou no cenário como esperança do PT nativo em compor uma frente política forte e um palanque para a presidenciável Dilma Rousseff. Qual é a esquerda de Lula? Boa pergunta, se ele próprio não fosse vítima de suas fantasias, cumpre esclarecer. Mas é perfeitamente admissível que uma profunda mudança esteja em andamento debaixo de nossos narizes, sem que a gente se dê conta dela. No dia em que tomaram a Bastilha ninguém disse “está começando a revolução francesa”.
A luta de classes foi um fator de desenvolvimento nos países civilizados do mundo e em alguns se encaminha para virar debate de idéias entre grupos iguais. Mas por aqui se preserva o faroeste. E a esquerda é mais temida que apaches e sioux. Mas é bom não perder as esperanças. Sejamos, aqui, se não ufanistas, ao menos imaginosos. Trata-se de pensar, simplesmente, sem o risco de pensar grande. Para enxergar o Paraná como ele é, a seu modo único, na desgraça e na chance de sair dela. Parece quimera a pretensão de fazer deste Estado de todas as gentes uma Bolívia, uma Venezuela ou mesmo um Paraguai. Senhores, não é por aí. E não adianta inventar bichos papões. Os povos acabam sempre por ocupar seus espaços e assumir suas identidades. Infelizmente já custa muito esperar.
até — a partir da constatação de que ele encena o desastre da ideologia e se agiganta no vácuo partidário. Requião é o estandarte do fracasso de todas as tentativas de se criar, entre o Equador e o Capricórnio, alguma forma de vida política aparentada com a contemporaneidade do mundo. Requião vem, eis a demonstração do teorema constrangedor, como candidato de si mesmo, embora com o disfarce precário do aval do PMDB nativo. Mas isto ainda é pouco, para quem quiser descer ao genuíno significado das expectativas da população. Não se trata de praticar espeleologia
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lhando no espelho
Foto: Elias Dias
- Neste quadro, desaparecem as grandes metas, os programas de governo, os planos de realizações. Resta apenas a esperança da população das camadas médias de que a corrupção desapareça e nas populações mais pobres a de que os benefícios do assistencialismo, consagrados no Bolsa Família, sejam garantidos. De resto, é o vazio. As pesquisas mostram uma população saturada pela longa experiência de bravatas e mentiras de Requião. Cansou de ouvir frases como “o pedágio ou baixa ou acaba” e depois nada acontecer. Absolutamente nada, porque o que mais caracterizou a vida paranaense nos últimos sete anos e meio foi a anomia, a ausência de governo e a prosperidade do crime. A respeito de Requião já se desenhou o estupor, o espanto — o medo,
e baixar no breu com tochas e cordas. Tudo brilha à luz do sol.
A
única esperança - O trágico é ler as pesquisas de opinião e perceber que o povo não está nem aí para os grandes projetos. Na verdade, ele nada espera, nada sonha, nada almeja além da exemplar punição dos corruptos. E os políticos, com a maior desfaçatez, dirão o que o povo quer ouvir. Um juramento só — sagrado, na expectativa do salvador da pátria, mas absolutamente único —, selando o compromisso sem quartel de combate
à corrupção, como se todos os males, os insuportáveis males do Brasil, pudessem ser sanados dessa maneira. As pesquisas pintam um retrato sombrio do Paraná. Quem assusta não são os candidatos, é o povo. Quer dizer, a gente teria de tremer ao se olhar no espelho. Parece que o Paraná se sente faltamente tolhido para a realização de um grande destino por uma vasta camarilha de políticos corruptos, tão vasta a ponto de suscitar a impressão de que a política é sinônimo de corrupção. Neutralizada a gang com o corretivo da punição devastadora, os problemas estarão resolvidos, de sorte a justificar a impressão de que a Revolução Brasileira realizaria, por este caminho, a Igualdade em vão buscada de 220 anos para cá, da Tomada da Bastilha em diante. Trata-se, obviamente, de uma perigosa simplificação dos problemas, de uma conclusão que dispensa, bem mais que a objetividade, a própria lógica. A precariedade de nossas instituições, a imaturidade da população, o seu distanciamento de uma modernidade precipitada pela revolução francesa que alguns de nossos políticos pretendem entender, são dolorosamente flagrantes. E nadas, absolutamente nada, indica que os pesquisados de hoje sejam substancialmente melhores ou, se preferirem, de quem os governa ou de quem os governará. Não há razão alguma para se supor que os políticos sejam piores do que os demais cidadãos nativos, ou que empresários, jornalistas, metalúrgicos, professores universitários, etc. etc, constituam categorias à parte, devidamente sintonizadas com a contemporaneidade do mundo. Estamos todos na vala comum do nosso atraso, cada vez mais fundo. julho de 2010 | IDEIAS
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TAMANDARÉ TERÁ CENTRO DA JUVENTUDE
Laboratórios de informática, biblioteca, auditório, piscina, praça, teatro, pista de skate e ginásio poliesportivo para atendimento a Juventude.
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Prefeitura Municipal de Almirante Tamandaré
luiz geraldo mazza jornalista
OPINIÃO
O apagão da inteligência
S
e há um momento em que o exercício do pensamento, em sua mais refinada expressão, seria obrigatório, imperioso, é o de uma eleição. Mas será justamente aí que não teremos, como já se viu nos pleitos anteriores, quer estadual ou municipal, qualquer indício de reflexão e aprofundamento em torno de valores filosóficos ou morais. É que o varejo dos marqueteiros como sempre substituirá a prática obrigatória do raciocínio: slogans, saques primários de publicidade, vinhetas cromáticas serão a linguagem substitutiva e para a qual não é necessário, tal o seu primitivismo, nenhum Champollion. Nenhum pleito, mesmo aquele plebiscitário, como o havido entre Requião e Osmar Dias, trouxe qualquer contribuição como pensamento organizado e o de Curitiba no confronto Beto Richa versus Gleisi Hoffmann incidiu também nessa deficiência. A impressão que se tem é que candidatos e partidos ignoram, de forma absoluta, o ‘’universo’’ em que vivem. Nem a vinculação de candidatos locais às alternativas nacionais e respectivas pregações parece oferecer espaço à inteligência, mesmo com a existência de uma candidata como Marina Silva que ao menos recupera a perspectiva da utopia, que era uma
constante em toda e qualquer eleição, isso antes da Queda do Muro.
O
s preceptores - Que fim
levaram os preceptores de governantes como um Wilson Martins com Manoel Ribas, Renê Pereira Alves e Raul Viana com Lupion, os filósofos Ernani Reichmann e Ubaldo Puppi, o crítico Temístocles Linhares com Munhoz da Rocha e depois Samuel Guimarães da Costa com Ney Braga (aí também Joaquim de Mattos Barreto e José Augusto Ribeiro)? É inútil a verificação porque entre o pensamento e o exercício da simplificação marqueteira a opção é pelas artes da manipulação. É nessas horas que se sente a falta do intelectual orgânico tal qual se dava no breve governo de transição de Adolpho de Oliveira Franco com a presença de uma figura de expressão no mundo da filosofia como Fausto Castilho e também a de Lamartine Correa Lira como assessor de Ney Braga, ambos escalados para a Biblioteca Pública do Paraná. Dá para medir aí a importância que se concedia a esse posto.
U
m pouco de Bento - Alguém é capaz hoje de definir como Bento Munhoz da Rocha Neto o presente e o devir do Paraná como processo civilizatório?
Ao justificar as obras de seu governo falava em que era indispensável construir para o futuro e com noção de escala numa unidade federativa em que as estatísticas nasciam atrasadas. Nas reflexões era insuperável como quando se referiu à busca do êxito a qualquer preço como itinerário dos políticos. ‘’Para atingi-lo todas as armas são boas, as curvaturas não degradam, as mentiras não infamam, as promessas não prometem, as fintas constituem habilidade louvável. Concluo, com melancolia, que a moral da atividade política é especificamente utilitária. Percebo a convicção, que nela se gerou, de que a sordidez é condição de sobrevivência.’’ E mais adiante: ‘’Recolho-me ao meu mundo interior, nos intervalos da luta, construindo para mim mesmo o meu clima incontaminado, livre das coações da propaganda e da sugestões da convivência. Para pensar só por mim mesmo. Para julgar só por mim mesmo. Para resolver e agir só por mim mesmo. E conservar a fé no ideal, e continuar a amar a verdade, a verdade antidialética, a verdade que não apodrece, não flutua ao vento das paixões e não se supera; a verdade que não traz em si o germe da contradição e da morte; a verdade que fixa para as limitações humanas um aspecto da eternidade’’. julho de 2010 | IDEIAS 11
Foto: Ricardo Stuckert
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Foto: Ricardo Stuckert
Judas Tadeu Grassi Mendes professor e analista
Nunca antes na história deste país... ou algumas coisas que os tucanos devem dizer ao presidente Lula
O
objetivo do presente (sucinto) documento é o de fornecer informações para serem utilizadas pelo candidato José Serra, pois se não forem ditas
dia por mês, ou seja, R$ 438 milhões por dia, isto é, R$ 54,7 milhões por hora-útil (dia de 8 horas de trabalho). Nunca antes na história deste país... Ao completar os oito anos, Lula irá
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A falácia dos juros altos
- É um grave erro de visão dizer que o Brasil precisa ter juros altos para conter a inflação. Isso seria verdade, se a nossa
Como não investimos em infraestrutura (que é padrão africano), parece que estamos condenados a não poder crescer. Se crescer acima de 5% ao ano, teremos os apagões as reais verdades, estaremos, por omissão, referendando as coisas erradas do atual governo, que é “campeão” em vender “enganações” para o povão. Vamos a alguns dados:
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A Verdade sobre os Juros -
Nos 89 meses do governo Lula (jan/2003 a maio/2010), já foram pagos R$ 1,170 trilhão, o que equivale a R$ 13,1 bilhões em mé-
para a história com o astronômico valor de R$ 1,28 trilhão somente em juros. Para fins de comparação, é mais do que o dobro do governo FHC, que foi de R$ 600 bilhões. É por isso, que os banqueiros estão cantando a musiquinha: “ah! Isso aqui tá muito bom, isso aqui tá bom demais”. Eles adorariam que Lula tivesse mais um mandato. Quem diria, hein? É o maior entreguismo da nossa história.
inflação tivesse origem apenas na demanda agregada, como acontece nos EUA. Aprendi em 1976 nos EUA no início do meu Ph.D. em economia, que combate-se a inflação dando choque de oferta. Por que será que o mundo inteiro tem juros baixos e não tem inflação? Por choque de oferta, entende-se criar condições favoráveis para a produção, tais como: menos bujulho de 2010 | IDEIAS 13
rocracia, menos impostos, juros mais baixos, infraestrutura física eficiente (e não como a que temos, que é ineficiente e cara), educação de excelência, e mais investimentos em ciência e tecnologia. Por isso, os EUA, apesar do demanda agregada ser oito vezes maior do que a brasileira, não tem inflação porque tem um PIB de US$ 14 trilhões e importa mais de US$ 2 trilhões (ou seja, oferta agregada enorme).
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Ainda sobre os juros - Em
2009, pagamos de juros algo como R$ 320 bilhões, assim distribuídos: governo: R$ 170 bilhões; as empresas: R$ 50 bilhões, as pessoas físicas: R$ 40 bilhões e de tarifas: R$ 60 bilhões. Isto significa ao redor de R$ 1 bilhão por dia-útil (tirando os domingos). Simplesmente um absurdo.
se desta taxa a inflação (ao redor de 5%) conclui-se que a taxa de juros reais é de 40% ao ano ou até mais. Simplesmente, 700 por cento acima da inflação. Esta é a verdade.
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Único país do mundo: um recorde negativo - O Bra-
sil é o único país do mundo em que os gastos do governo com juros é o principal item de gastança. É mais do que pessoal. No ano passado, o governo torrou R$ 169 bilhões com juros e com pessoal foi ao redor de R$ 150 bilhões (o segundo item), e olha que o governo Lula na questão de pessoal foi pródigo em gastança.
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Finalizando sobre os juros - Ao invés de ter torra-
do tanto em juros (repito: nos 8 anos, Lula terá pago R$ 1,28
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Juros = 8 vezes os investimentos em infraestrutura - Em todos os oito anos,
o governo Lula torrou acima de R$ 150 bilhões em juros. Na média, R$ 160 bilhões. Por outro lado, em infraestrutura física, na media, nem chegou a R$ 20 bilhões por ano, ou seja, para os banqueiros destinou oito vezes mais do que para a infraestrutura. Como é que pode um país arrecadar 36,5% do PIB e investir em infraestrutura apenas 0,43% do PIB? Algo está errado e não precisa ser gênio.
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Um país com medo de crescer - Como não investimos em
infraestrutura (que é padrão africano), parece que estamos condenados a não poder crescer. Se crescer acima de 5% ao ano, teremos os apagões. Isto significa dizer que estamos
O Brasil é o único país do mundo em que os gastos do governo com juros é o principal item de gastança.
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Sobre os juros reais - É um
escárnio sobre a ignorância da população quando o Banco Central calcula a taxa de juros reais com base na SELIC (agora em 9,5% ao ano) e dela deduz a inflação e aí parece para os incautos que a taxa de juros reais fica ao redor de 4,5% ao ano. Ora, quem consegue tomar emprestado a taxa de 9,5% ao ano, se somente nos cartões de crédito cobram-se taxas mensais acima de 10%? Simplesmente um roubo. O juro médio no Brasil, considerando-se a média ponderada entre o que a população paga e o que os empresários pagam, é de 45% ao ano. Tirando-
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trilhão), de maneira tão desnecessária, e parte desta montanha de recursos tivesse melhorado a infraestrutura física (estrada, portos, energia, etc), os juros no Brasil poderiam ser bem baixos e mesmo assim não teríamos inflação.
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Um governo de Gastança -
Além dos juros, o governo Lula torrou em 2009 R$ 511 bilhões em apenas quatro itens (que pouco contribuem para o desenvolvimento do país), que são juros, pessoal, maquina administrativa e déficit da previdência. Isto significa R$ 1,4 bilhão por dia em gastança.
condenados? Um país com medo de crescer? Basta parar de torrar em juros e fazer um canteiro de obras em infraestrutura. Aí, tudo muda.
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E o crescimento da dívida interna? O fenômeno que não para de crescer - O governo Lula
recebeu do governo FHC uma dívida interna que era inferior a R$ 800 bilhões. Hoje se aproxima de R$ 2 trilhões. Isto significa que cresceu R$ 1,2 trilhão em 89 meses. Dessa maneira, concluímos que a dívida interna tem aumentado em média R$ 13,5 bilhões por mês, ou seja,
R$ 449 milhões por dia. Algo inacreditável, mas é, infelizmente, a verdade.
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Juros + aumento da dívida - Somando-se os
R$ 438 milhões por dia somente em juros com os R$ 449 milhões referente ao aumento diário da dívida interna, conclui-se que o
mês. É bom lembrar que menos da metade das obras (na verdade, segundo o governo, são 46%) foram concluídas. Como neste período foram investidos, segundo o governo, o valor total de R$ 302,5 bilhões, conclui-se que o governo federal (leia-se recursos do Tesouro) é responsável por apenas 13,8% do PAC. A grande fonte de recursos são as estatais e o setor privado.
Ao completar os oito anos, Lula irá para a história com o astronômico valor de R$ 1,28 trilhão somente em juros. governo Lula vem torrando, desde janeiro de 2003, o valor absurdo de R$ 887 milhões por DIA, mas investe apenas 6% desse valor em infraestrutura. Para cada um real investido em infraestrutura, o atual governo torra R$ 16 em pagamento de juros e no aumento da dívida.
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E o PAC: uma outra enganação - Vamos uti-
lizar os dados divulgados pelo próprio governo, no final de maio de 2010. O PAC já tem 48 meses de existência e neste período o governo federal investiu R$ 41 bilhões, ou seja, ao redor de apenas R$ 1 bilhão por
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Por ano no PAC menos do que em juros por mês - Os dados acima
evidenciam que o governo investiu apenas R$ 1 bilhão por mês no PAC (apesar de toda a mídia avassaladora), enquanto em juros tem sido de R$ 13 bilhões por mês. Isso significa que para cada um real investido no PAC (que é para beneficiar a população), o governo Lula “encaminha” para os bancos 13 reais. E olha que seis grandes bancos privados controlam dois terços de todo o crédito no Brasil. Concentração maior de riqueza, impossível. Por isso, nunca antes na história deste país...
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Crescimento pífio -
Como pagamos por ano, R$ 320 bilhões em juros e em serviços para os bancos, e ainda pagamos R$ 1,2 trilhão em impostos por ano, o total chega a mais de R$ 1,5 trilhão. Como o nosso PIB em 2010 vai ser de R$ 3,3 trilhões, concluímos que os dois itens acima (dinheiro para bancos e dinheiro para o governo) consomem 45% do PIB. Um absurdo. Mas, por outro lado, quase nada é investido, o crescimento econômico brasileiro tem sido pífio. É bom lembrar que nos oito anos do atual governo, somos: a. o último entre o grupo BRIC; b. o penúltimo na América Latina. Aliás, graças ao Haiti, não fomos o último em alguns anos. O crescimento médio tem sido de 3,5% ao ano. Como a população brasileira tem crescido a uma taxa média de 1,1% ao ano, concluise que o crescimento per capita tem sido de apenas 2,4% ao ano. Isto significa dizer que levaremos 30 anos para duplicar a renda per capita. A China por outro lado, não leva nem dez anos para duplicar a dela. Não podemos nos contentar com tão pouco, ainda mais considerando o potencial tão grande do Brasil. julho de 2010 | IDEIAS 15
AnĂşncio P Curit
16 IDEIAS | julho de 2010
Prefeitura itiba
julho de 2010 | IDEIAS 17
Política
O preço da corrupção no Brasil Um estudo realizado pelo Departamento de Competitividade e Tecnologia (Decomtec) da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) revelou os prejuízos econômicos e sociais que a corrupção causa ao País. O valor chega a R$ 69 bilhões de reais por ano Marianna Camargo
A
s denúncias de corrupção vêm de todos os cantos do país e de todos os setores – públicos e privados. Denunciadas em parte pela imprensa, em parte por setores privados fiscalizadores, não se havia medido ainda o tamanho do rombo e o mais alarmante: o prejuízo que este montante de dinheiro causa em setores fundamentais, como educação, saúde, infraestrutura, habitação e saneamento. O relatório da Fiesp informa que o custo disso chega até R$ 69 bilhões de reais ao ano. Segundo o levantamento, a renda per capita do País poderia ser de US$ 9 mil, 15,5% mais elevada que o nível atual. Segundo dados de 2008, a pesquisa aponta que o custo médio anual da corrupção no Brasil representa de 1,38% a 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, gira em torno de
R$ R$ 41,5 bilhões a R$ 69,1 bilhões. No período entre 1990 e 2008, a média do PIB per capita do País era de US$ 7.954. Contudo, o estudo constatou que se o Brasil estivesse entre os países menos corruptos este valor subiria para US$ 9.184, aumento de 15,5% na média do período, equivalente a 1,36% ao ano. Entre 180 países, o Brasil está na 75ª colocação, no ranking da corrupção elaborado pela Transparência Internacional. Numa escala de zero a 10, sendo que números mais altos representam países menos corruptos, o Brasil tem nota 3,7. A média mundial é 4,03 pontos. Além disso, o levantamento também traz simulações de quanto a União poderia investir, em diversas áreas econômicas e sociais, caso a corrupção fosse menos elevada. Veja abaixo o quanto poderia
ser investido do dinheiro gasto em corrupção no Brasil. • Educação – O número de matriculados na rede pública do ensino fundamental saltaria de 34,5 milhões para 51 milhões de alunos. Um aumento de 47,%, que incluiria mais de 16 milhões de jovens e crianças. • Saúde – Nos hospitais públicos do SUS, a quantidade de leitos para internação, que hoje é de 367.397, poderia crescer 89%, que significariam 327.012 leitos a mais para os pacientes. • Habitação – O número de moradias populares cresceria consideravelmente. A perspectiva do PAC é atender 3.960.000 de famílias;
Para o Brasil, as ações anticorrupção devem ser focadas em duas questões principais. Primeiro, na criação e fortalecimento dos mecanismos de prevenção, monitoramento e controle da corrupção na administração pública. Segundo, é essencial reduzir a percepção de impunidade, por meio de uma justiça mais rápida e eficiente. Os agentes corruptos ao perceberem que suas ações serão severamente punidas têm maior incentivo para mudar seu comportamento oportunista.
18 IDEIAS | julho de 2010
Simulação dos benefícios que os brasileiros deixam de obter por causa da corrupção Valor Observado ou Meta (A)
Adicional: equivalente ao desviado para a corrupção (B)
Adicional em % (B/A)
Educação – Ensino Fundamental Número de Alunos da Rede Pública1*
34.510.989
16.438.071
47,6%
327.012
89,0%
5.150.000
24.570.088
477,1%
22.500.000
23.347.547
103,8%
Saúde – SUS Número de leitos (internação)2**
367.397
PAC – Metas (2007-2010)
3
Luz para Todos (pessoas atendidas) Saneamento Básico (domicílio atendidos) Habitação (famílias atendidas)
3.960.000
2.940.371
74,3%
Rodovia (Km)
45.337
56.341
124,3%
Ferrovia (Km)
4
2.518
13.2 30
525,4%
Porto (unidade)
12
184
1537,3%
Aeroporto (unidade)
20
277
1383,6%
Fontes: 1 Investimento público direto médio por aluno do ensino fundamental – 1ª a 8ª série (Inep, 2007); Estes dados referem-se aos gastos consolidados do Governo Federal, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios, 2 Fundo Nacional da Saúde e Cadernos de Informação (DATASUS, 2007), 3 Balanço do PAC (Portal do Governo Brasileiro, http://www.brasil.gov. br/pac/conheca/infra_estrutura/), 4 Inclui recursos de contrapartida de estados, municípios e pessoas físicas e não considera SBPE. *Gastos do Governo Federal, Estadual e Municipal. ** Repasse dos créditos orçamentários e recursos financeiros destinados às ações e aos serviços públicos de saúde realizados pelos governos federal, estaduais, municipais e pelas instituições sem fins lucrativos. Elaboração: Decomtec/FIESP.
sem a corrupção, outras 2.940.371 poderiam entrar nessa meta, ou seja, aumentaria 74,3%. • Saneamento – A quantidade de domicílios atendidos, segundo a estimativa atual do PAC, é de 22.500.00. O serviço poderia crescer em 103,8%, somando mais 23.347.547 casas com esgotos. Isso diminuiria os riscos de saúde na população e a mortalidade infantil. • Infraestrutura – Os 2.518 km de ferrovias, conforme as metas do PAC, seriam acrescidos de 13.230 km, aumento de 525% para escoamento de produção. Os portos também sentiriam a diferença, os 12 que o País possui poderiam sal-
tar para 184, um incremento de 1537%. Além disso, o montante absorvido pela corrupção poderia ser utilizado para a construção de 277 novos aeroportos, um crescimento de 1383%.
L
ei da Transparência – A
melhor maneira de controlar o que está sendo gasto pelos setores públicos é fiscalizar, acompanhar e cobrar. Mas para que o cidadão tenha acesso aos gastos é preciso que todos os órgãos tenham os chamados “portais da transparência”, onde devem constar os recursos investidos, relação dos funcionários, folha de pagamento, etc. A chamada Lei da Transparência foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 27 de maio de 2009 e pu-
blicada no dia seguinte. Desde então não havia sido regulamentada. A lei é uma alteração na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), do ano 2000. O governo federal publicou em uma edição extra do “Diário Oficial da União” de 27 de maio de 2010, exatamente um ano depois, as regras para divulgação de gastos públicos nos sites dos estados e prefeituras, com a definição de que as informações financeiras estejam disponíveis até um dia útil depois das operações. O novo decreto que regulamenta a transparência também define que os sites não podem exigir cadastramento prévio de usuários e nem utilizar senhas de acesso. A exigência de sites com informações sobre pagamentos e recebimentos para todos os estados e as 273 cidades com mais de 100 mil habitantes começaram a valer dia 28 de maio. A lei determina que os gastos estejam disponíveis “em tempo real”, mas o próprio governo federal já havia definido que incluiria as informações diariamente. O termo “tempo real” foi criticado por entidades, que afirmaram que não havia uma regulamentação clara. A lei estipula que estejam disponíveis as informações sobre receitas e despesas. A regulamentação determina que para as despesas seja informado o valor, o número do processo, a fonte dos recursos que financiaram o gasto, beneficiário e dados sobre a licitação realizada, quando houver.
V
acina anticorrupção – O
ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, afirmou em entrevista à Agência Brasil que a transparência nas ações públicas é a melhor “vacina” contra a corrupção e o desperdício do dinheiro público. O site de Informações Diárias no Portal da Transparência permite que qualjulho de 2010 | IDEIAS 19
quer cidadão obtenha informações sobre todos os gastos dos governos (empenho, liquidação e pagamento). A nova ferramenta, ressaltou Hage, permitirá ao cidadão acompanhar diariamente a execução orçamentária e financeira dos órgãos e entidades do Poder Público que usam o Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), antes restrito a gestores com senha. Para o ministro-chefe da CGU, a população deve acompanhar o uso do dinheiro público. Essa nova postura, tornará, segundo ele, “irreversível” o processo de abertura das informações referente às despesas dos órgãos públicos. Hage afirmou ainda que a CGU já exibe os gastos do governo desde 2004 e que o cidadão pode acompanhar desde os investimentos em obras até o repasse aos municípios. O ministro lembrou que para tentar evitar problemas com o uso de recursos públicos para a promoção da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016, a CGU lançou este ano os portais dos dois eventos, detalhando a execução de cada obra.
P
ortais da transparência
– No Paraná, o governo estadual lançou, no fim do mês de maio, o site Gestão do Dinheiro Público (www.gestaododinheiropublico.pr.gov. br) que promete atualizar de hora em hora todas as despesas do Governo do Estado. São publicados os valores pagos, serviços prestados, além da iden-
tificação dos beneficiários. Qualquer pessoa pode verificar as informações. Além dos pagamentos, a Secretaria da Fazenda, administradora do portal, também passará a atualizar a arrecadação do Estado semanalmente, trabalho que era feito todo o mês. O Governo também publica na internet a relação dos servidores e cargos em comissão, com respectivos salários, as licitações em processo e concluídas no site Compras Paraná (www.comprasparana.pr.gov.br), e sobre o andamento das obras públicas no Foco na Obra (www.foconaobra.pr.gov.br). Em setembro de 2009, a Assembleia Legislativa do Paraná divulgou o processo de transparência da Casa no site www.transparencia. alep.pr.gov.br. O orçamento de 2010 está previsto em 319 milhões de reais este ano. Cada um dos 54 deputados paranaenses terá um custo de R$ 5,9 milhões anuais para o Estado. Segundo a assessoria de imprensa da Assembleia, os deputados também perderam o direito de usar veículos oficiais e deixaram de receber pelas sessões extraordinárias, o que acontece em muitas assembleias do país. Os deputados paranaenses também possuem uma verba de ressarcimento de R$ 15 mil que podem ser usados para abater despesas de 27 itens, como alimentação, hospedagem, combustível, material de escritório, por exemplo. A cota de transporte e de R$ 9,3 mil e de Correio e telefone, R$ 3,2 mil.
O custo da corrupção representa todo o montante de recursos que deixa de ser aplicado no país desviado para o pagamento das práticas corruptas. 20 IDEIAS | julho de 2010
Corrupção: um dos canais que reduz a eficiência do gasto público, em especial, dos gastos sociais Na Prefeitura de Curitiba, o portal “Curitiba Aberta” (www.curitibaaberta.curitiba.pr.gov.br) lançado dia 27 de maio, mostra a conta do que é arrecadado e onde a Prefeitura está investindo esses recursos. Pensado como uma área especial dentro do site (www.curitiba.pr.gov.br), serão divulgados todos os gastos do município, com atualização diária das despesas e receitas da Prefeitura. “Todos os balanços e informações financeiras, que já eram publicadas na internet de forma consolidada, a cada dois meses, agora estarão disponíveis diariamente para o cidadão. O objetivo do “Curitiba Aberta” é permitir o controle social da qualidade do gasto público”, afirma o prefeito Luciano Ducci. Já na Câmara Municipal de Curitiba o acesso é pelo www.cmc.pr.gov.br/portal.php, onde o cidadão pode acompanhar toda a relação dos servidores, remuneração dos vereadores e tabela de valores. O Ministério Público do Paraná ganhou a partir de 21 de junho uma nova ferramenta – a apresentação em tempo real dos dados, conforme determina a Lei Complementar de nº 131, gerenciada pela própria instituição. Com isso, a população tem acesso diário a todas as despesas e receitas pertinentes ao MP-PR via internet, diretamente na página www.mp.pr.
gov.br, no link Transparência. Até então, esse serviço era feito pelo Sistema Integrado de Acompanhamento Financeiro (SIAF), da Secretaria de Estado da Fazenda (SEFA), que continua recebendo os dados.
para o enquadramento na lei é de dois anos (maio de 2011). Já para municípios com até 50 mil habitantes, o prazo para providenciar a publicação das informações definidas na lei é de quatro anos (maio de 2013).
O
M
NG fará ranking dos sites mais transparentes – Com
apeamento da corrupção – A organização não
a entrada em vigor da nova lei, a ONG Contas Abertas e um grupo de especialistas em contas públicas desenvolveram um índice de transparência para avaliar a qualidade das informações divulgadas na internet pela União, estados e municípios. Com base nos parâmetros, serão dadas notas de 0 a 10 para os portais. Entre os critérios de avaliação, estão o nível de detalhamento das despesas, as possibilidades de download dos dados, a frequência de atualização das informações e as facilidades na navegação. Na primeira etapa, será anunciado o ranking da União, dos estados e do Distrito Federal. Em seguida, será elaborado o ranking dos 273 municípios brasileiros com população superior a 100 mil habitantes, incluindo 16 cidades do Paraná. Para municípios com população entre 50 e 100 mil habitantes, o prazo
governamental Transparência Brasil em parceria com a Controladoria-Geral da União tem disponível para consulta em seu site www.transparencia.org.br um manual de aplicação da metodologia de levantamento do mapa de riscos de corrupção em instituições públicas. A metodologia foi concebida para permitir a autoaplicação pelos servidores dos órgãos públicos. Trata-se de um instrumento auxiliar na prevenção à corrupção. De acordo com o documento, entre as ações de prevenção adotadas, destaca-se a criação de métodos de mapeamento e avaliação das áreas de maior risco de corrupção e a implementação de medidas que reduzam, cada vez mais, possíveis focos capazes de fragilizar as instituições públicas. De fato, atualmente, diversos países vêm investindo no desenvolvimento de instrumentos para fortalecer a in-
Relação entre o Indicador Efetividade do Governo e o Índice de Percepção da Corrupção 0 NZL CHE AUS IRL DEU CAN JPN USA GRB CHL BEL FRA ESP PRT ISR
9 8 7 6 5 4
IDN
BOL
3 2 1
VEN
PRY
BRA
TUR
CRI
COL
POL ITA
PRT KOR ZAF CZE MYS
CHN GRC MEX PHL
IND ARG RUS
0 0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Fonte: Transparência Internacional e Banco Mundial 7. Elaboração: Decomtec/FIESP.
0
tegridade institucional dos órgãos do Estado. Na América Latina, por exemplo, podemos citar as experiências da Colômbia, Argentina e México. O Mapeamento de Riscos de Corrupção consiste em ferramenta de gestão que permite aos agentes públicos mapear os processos organizacionais das instituições que integram, de forma a identificar fragilidades que possibilitem a ocorrência de atos de corrupção. A partir disso, implementam-se mecanismos preventivos que minimizem as vulnerabilidades e evitem a prática de corrupção.” A corrupção aparece em 4º lugar no ranking dos maiores problemas apon tados pelos curitibanos, segundo levantamento realizado pelo Instituto Paraná Pesquisas*. Para a realização desta pesquisa foram entrevistados 602 habitantes maiores de 16 anos em Curitiba, durante os dias 22 a 24 de junho de 2010. Tal amostra representativa do município de Curitiba atinge um grau de confiança de 95,0% para uma margem estimada de erro de 4,0%. Não sabe
0,33%
Segurança pública
46,84%
Saúde
37,21%
Drogas
28,90%
Corrupção
27,57%
Educação
11,30%
Desemprego
8,80%
Transporte coletivo
7,97%
Falta de habitação
5,81%
Pedágio
5,15%
Falta de pavimentação/asfalto
4,15%
Condições das estradas
2,82%
Saneamento básico/esgoto
2,82%
Preço das tarifas públicas
2,66%
Obras paradas
2,33%
Área social
1,66%
Falta de apoio à agricultura
0,83%
Falta de incentivo ao turismo
0,17%
Outras citações
0,50%
* Pesquisa encomendada pelo Jornal Gazeta do Povo. julho de 2010 | IDEIAS 21
Política
Os fichas sujas Antonio vera
O
site Congresso em Foco divulgou a relação completa de deputados e senadores de todo o país que respondem inquérito ou ação penal no Supremo Tribunal Federal. Para o senso comum e os dicionários, processo é todo procedimento ou demanda em andamento no Judiciário. É esse o conceito usado pelo Congresso em Foco no levantamento a seguir, feito entre 29 de setembro e 29 de maio. Para os juristas, há uma diferença entre inquérito, fase em que o parlamentar é considerado suspeito de ter praticado ato ilícito, e se reúnem elementos para se propor ou não uma ação penal; e as ações penais, às quais o congressista responde na condição de réu, após aceita a denúncia pelo STF. No sul, as ações penais são contra os deputados: Abelardo Lupion (DEM-PR), Alceni Guerra (DEM-PR), Cássio Taniguchi (DEM-PR), Dilceu Sperafico (PP-PR), Fernando Giacobo (PR-PR), Luiz Carlos Setim (DEM-PR). Os inquéritos são contra os deputados Alfredo Kaefer (PSDB-PR), Cássio Taniguchi (DEM-PR), Eduardo Sciarra (DEM-PR), Fernando Giacobo (PR-PR), Odílio Balbinotti (PMDB-PR), Takayama (PSC-PR).
D
e todo o país - Eles são de 15 partidos di-
ferentes, das 27 unidades da Federação. Nove ocupam cargos de liderança no Congresso. Um deles preside a Câmara, outro é vice-presidente do Senado. Em comum, têm o mandato que exercem no Parlamento e os processos a que respondem no Supremo Tribunal Federal (STF). É a bancada mais numerosa do Legislativo federal, a dos parlamentares processados, composta por 21 senadores e 147 deputados. Juntos, eles são alvos de 396 investigações no Supremo. Entre esses 168 parlamentares, cinco respondem a pelo menos uma dezena de processos. O campeão nesta lista é o ex-governador de Roraima Neudo Campos (PP-RR), candidato ao governo do estado em outubro, com 21 denúncias. Depois dele, vêm os deputados Jader Barbalho (PMDB-PA), candidato a uma vaga no Senado, Abelardo Camarinha (PSB-SP), Fernando Chiarelli (PDT-SP) e Lira Maia (DEM-PA), com dez investigações em curso.
22 IDEIAS | julho de 2010
No Senado, os senadores Jayme Campos (DEM-MT), com cinco, Valdir Raupp (PMDB-RO) e João Ribeiro (PR-TO), com quatro cada, são os que acumulam maior número de pendências na Corte Suprema. O senador João Ribeiro é líder do PR. Assim como ele, outros quatro líderes no Senado também devem explicações ao Supremo: os senadores Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo; Renan Calheiros (AL), líder do PMDB e da maioria; Mão Santa (PI), líder do PSC, e Gim Argello (DF), líder do PTB. Na Câmara, também são alvo de investigação os líderes do PR, Sandro Mabel (GO); do PDT, Dagoberto (MS); do PRB, Cléber Verde (MA), e do PMN, Fábio Faria (RN). O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e o primeiro-vice-presidente do Senado, Marconi Perillo (PSDB-GO), também são alvos do Supremo.
O
vice de Dilma - Oficializado na convenção do
PMDB, candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Dilma Rousseff (PT), Michel Temer está indiciado no Inquérito 2747, suspeito de ter cometido crime contra o meio ambiente. Na última movimentação do inquérito registrada na página do Supremo, o ministro Joaquim Barbosa, relator do caso, cobrou explicações da Procuradoria-Geral da República sobre a “demora excessiva” da investigação. Como mostrou a Folha de S. Paulo, o presidente da Câmara é suspeito de ter recorrido a grileiros para se apropriar de terras na reserva ecológica da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. O deputado sempre negou as acusações. No ofício, o ministro pediu ao procurador-geral, Roberto Gurgel, que explicasse por que não haviam sido cumpridas as diligências por ele determinadas um ano antes. Não há registro de resposta da PGR desde o envio do documento, em 27 de outubro.
O
vice do Senado - Candidato ao governo de
Goiás, Marconi Perillo acumula três inquéritos, um por concussão (ato de exigir para si ou para outrem dinheiro ou vantagem em razão da função), corrupção passiva, prevaricação, tráfico de influência, corrupção ativa e crimes de abuso de autoridade; outro por corrupção passiva, e um terceiro cuja natureza não é informada pelo Supremo. A relação dos parlamentares processados inclui outros personagens ilustres da política brasileira, como o ex-presidente da República Fernando Collor (PTB-AL) e o ex-governador paulista Paulo Maluf (PP-SP). Candidato ao governo de Alagoas, Collor de Mello é réu em duas ações penais: uma por corrupção passiva, peculato, tráfico de influência, corrupção ativa e falsidade
ideológica; e outra por crime contra a ordem tributária. Incluído este ano na relação de procurados pela Interpol, Maluf responde a cinco acusações no Supremo: por crimes contra a ordem tributária, contra o sistema financeiro, de responsabilidade, formação de quadrilha ou bando, e lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores.
A
ções penais - O ex-presidente da República
e o ex-governador de São Paulo estão entre os 63 parlamentares que figuram na condição de réu em 108 ações penais, procedimentos que podem resultar em condenação. Nesses casos, os ministros do Supremo aceitaram as denúncias da Procuradoria-
Geral da República por entenderam que há indícios da participação dos 54 deputados e nove senadores nos crimes que lhes são atribuídos. Entre as denúncias mais frequentes contra deputados e senadores, estão as de crime de responsabilidade (praticados no exercício de outra função pública), peculato (apropriação, por funcionário público, de bem ou valor de que tem a posse em razão do cargo, em proveito próprio ou alheio), formação de quadrilha, crimes eleitorais, ambientais, contra a ordem tributária e a Lei de Licitações. Também há acusações de menor gravidade, como os chamados crimes contra a honra, como calúnia, infâmia e difamação.
julho de 2010 | IDEIAS 23
Tânia Espírito Santo Funcionalidade e equilíbrio marcam o trabalho da Designer de Interiores Tânia Espírito Santo. Com um estilo que segue as referências do clean,para ela na hora de transformar os desejos dos clientes em realidade, o que conta é o modo de vida, sem o uso de qualquer modismo. Com essa atitude ela consegue projetar interiores com uma linguagem contemporânea e soluções atemporais. Cada projeto traz a cultura dos seus moradores, mas com sua interpretação. É com esse seu jeito despretensioso que cada ambiente sempre revela uma agradável surpresa.
24 IDEIAS | junho de 2010
foto: Dico Kremer
Gente Fina
Musa paradisíaca
foto XXX
foto Francisco Faria
A tradução nos roubou um tanto da poesia da Jose, a Josely Maria Biscaia Vianna Baptista. Também nos roubou a musa paradisíaca e sua beleza admirada por gerações de escritores, artistas e afins desta Curitiba modorrenta e chuvosa. Mas nos deu a melhor tradução possível de obras do espanhol que nenhum outro tradutor honesto deste país teria condições de fazer. Imaginem traduzir “Paradiso”, de José Lezama Lima. Trabalho para quem é craque. Ninguém mais teria condições de se aventurar nessa seara. Jose também traduziu Jorge Luis Borges, Juan Carlos Onetti, Guillermo Cabrera Infante, Gabriel García Marques, Mário Vargas Llosa. Mas bem que podia deixar algum tempo para a poeta que nos deu os livros “Ar” e “Corpografia”, publicados no Brasil, e “Los poros flóridos”, publicado no México. E voltar, vez ou outra a Curitiba, para ser vista pelos amigos e os inconsoláveis admiradores.
Rogério na Copa Cinco dos principais artistas dos países que participam da Copa do Mundo foram convidados a criar uma obra para a 2010FINEART — Coleção Oficial de Arte da Copa 2010. Entre os brasileiros está Rogério Dias, que enviou para a África a sua “Seleção Canarinho”. A Coleção é extremamente exclusiva, com apenas 210 cópias de cada obra. Todas as estampas foram impressas no Museu da Gravura Hahnemühle na Alemanha. Cada cópia é única, numerada e assinada pelo artista, com certificado de autenticidade e selo da 2010 FIFA World Cup.
junho de 2010 | IDEIAS 25
Gente Fina foto f22 Studio
O Arquiteto da Noite
foto Nuno Papp
Gastão Lima foi fotógrafo do Teatro Guaíra enquanto estudava. Formado pela PUC Paraná, é professor de pós graduação há 9 anos, e dedica-se à arquitetura de entretenimento fazendo a noite curitibana há 25. Projetou grande maioria das casas noturnas da moda. Busca suas informações em viagens específicas para pesquisa e conhecimento. Aos 50 anos foi derrubado por crise de identidade. Decidiu recomeçar. Tem agendado cursos nos EUA para julho. Vai criar lugares ainda mais especiais. Sua vida gira em torno do amor pelo filho e isto o faz buscar energia para viver feliz e realizado ao lado dele e de sua profissão.
Designer de luxo
foto J. S. Vieira
A designer Silvia Döring é uma das mais destacadas profissionais no mercado de acessórios de luxo de Curitiba. A leveza, a elegância e a qualidade acompanham os traços de todas as suas criações. A inspiração da designer nasce do cotidiano, do contemporâneo e das atualidades. Trabalho que resulta em peças exclusivas. Em 2007 abriu sua primeira loja de acessórios de luxo em Curitiba. Em 2010, Silvia Döring iniciou a expansão de seu negócio com sistema de franquias. Em outubro, a designer abre sua primeira loja em shopping. Será no Park Shopping Barigüi.
Hora do salto Depois dos cds “Acorda” e “No País de Alice” Rogéria Holtz gravou canções de compositores paranaenses. A cantora acredita que é hora de dar um salto em sonoridade. Nada melhor que parceiros de porte internacional como o grupo Na Tocaia. É claro que ela não vai deixar de cantar os poetas amigos, mas quer caprichar ainda mais na execução de cada faixa. Ela também tem curtido compor e passa horas em busca de belas melodias. Adora. Já fez umas 3. Também não poderia deixar de registrar aqui o orgulho de cantar o musical “O Carrossel” de Helinho Brandão e de participar do cd novo de Glauco Sölter. Um privilégio.
26 IDEIAS | junho de 2010
A festa nunca termina
foto Daniel Sorrentino
Gisa Gabriel trabalha com produção de eventos há cerca de 20 anos. Além disso é DJ e famosa por suas festas badaladíssimas. Mora em São Paulo, entre idas e vindas a Curitiba. Recentemente fez dois eventos em Curitiba, um deles foi desfile para a Bob Store e Los Dos na loja da Mini Cooper em parceria com o stylist Chrys Kishida e o projeto The Way We Run – Converse, por meio da revista e produtora Vice SP. Vai continuar com os projetos de festas em Curitiba. A Strong Girls em parceria com as amigas Sandra Carraro e Fernanda Dias, é um sucesso. Em breve estará em Curitiba com o MMMix (Mercado Mundo Mix) repaginado e com atrações inusitadas.
Olhar Único Começou aos 18 anos. Assistente de fotografia comercial. Muito antes tinha contato com o mundo das imagens. Kraw Penas é filho do fotógrafo Gibi Penas e aprendeu desde cedo a olhar o mundo através de uma câmera. Também por isso desenvolveu uma linguagem peculiar e inconfundível. Seu trabalho tem impressão única, fruto de experiências diversificadas na captação de imagens. Trabalhou com fotografia publicitária com vários fotógrafos conceituados antes de montar seu próprio estúdio. Também tem experiência com fotojornalismo. Suas fotos foram publicadas em revistas regionais e nacionais. Há mais de 20 anos atua como free lancer, faz eventos e casamentos com diferenciais que transformam a sua fotografia em obras de arte: um olhar único e uma captação de luz original.
Requinte
foto Luize Flemming
O pediatra especializado em neonatologia, Dado Dantas, e a decoradora e artista plástica, Ilse Lambach, são, em primeiro lugar, realizadores de sonhos. Se antes Dado se dedicava aos sonhos de milhares de mães, por meio dos mais de 60 mil partos que fez, e Ilse de seus clientes, com ambientes sofisticados e quadros que expressavam toda a sua sensibilidade, hoje eles fazem sonhos de festas. A dupla criou uma empresa que vem, desde 2003, realizando as festas e eventos corporativos mais comentados da capital paranaense. São diversos eventos pessoais e profissionais, que vão de casamentos e festas de aniversário até a ambientação de lounges de empresas e festas corporativas, além de marketing de relacionamento agregado às suas festas. Para eles, o segredo do sucesso é a capacidade de organizar um evento como um todo. Mérito da infraestrutura que possuem, mas também da experiência adquirida. junho de 2010 | IDEIAS 27
Gente Fina
foto Marino Prieto
Durante anos, Fábio Elias foi líder da banda de pop/rock do Paraná, a Relespública. Em 2010, lança a carreira solo com o disco “Me Dê Um Pedaço Teu”. A música sertaneja e a country music são suas grandes paixões desde que começou a tocar, ainda criança. Um músico que passeia por vários estilos sem preconceito. A mudança de roqueiro para sertanejo, muito bem pensada segundo o artista, fazia parte de seus sonhos, desde a época em que morava em Wenceslau Braz, no interior do Paraná, com os pais. Do estilo caipira aprendeu a gostar
desde cedo ao mesmo tempo que passou a gostar de rock. Aos 4 anos tocava viola e violão; adolescente, criou uma banda, de onde traz bagagem autoral, performance de palco e a coragem para inovar. Estilos que são um pedaço do artista. Isso deu forma e som ao disco “Me Dê Um Pedaço Teu”. O CD, lançado em abril de 2010, tem 13 canções, todas composições próprias. Com o bom humor que conquista fãs em todos os palcos do país ele fala: “Digamos que Elvis Presley se encontrou com José Rico e eles fizeram um som.”
Vício do Rádio
foto Lidia Ueta
Carol Domingues sempre achou que trabalho deve ser bem parecido com um hobby para que possamos trabalhar com amor, e não só pelo dinheiro. Ela é locutora de rádio há 19 anos. Muitas vezes tentou fazer outras coisas. Até se formou em letras. Mas não adianta - rádio é o seu único vício. Não tem um fim de semana inteiro. E nenhum feriado com exceção de Natal e Ano Novo. É assim que ela acha que tem que ser. Fala mesmo. Das 6 horas da manhã ao meio-dia. De segunda a domingo na Mundo Livre Fm 93.9.
Imaginários de Luana Luana Navarro é artista visual. Desenvolve trabalhos autorais e participa do Coletivo Mofo Zero. Realiza ações urbanas, trabalhos em vídeo e fotografia. No início do ano esteve na Amazônia e desenvolveu o projeto “Imaginários Compartilhados” com o artista Arthur do Carmo que recebeu o incentivo da Funarte para sua realização.
28 IDEIAS | junho de 2010
foto Cecília Velloso
Elvis ou José Rico?
foto Cecília Velloso
A criadora da Bisbilhoteca Cláudia Serathiuk é a criadora da Bisbilhoteca, o espaço de cultura infanto-juvenil mais bacana da cidade. Esta ideia ela trouxe de sua infância, lugar de leitura. O primeiro presente que ganhou foi um livro e a primeira palavra que lembra de ter visto escrita foi Biblioteca. Cresceu frequentando a Casa de Leitura Franco Giglio. Mais do que uma livraria para o público infantil e juvenil, tornou-se um ponto de encontro e polo cultural. Lançamento de livros, presença de autores, exposições, música, oficinas. Vale a pena conferir: www.bisbilhoteca.com.br
Angelino, a marca
foto Mariana Carneiro
A marca Angelino nasceu para capitanear as oportunidades no mercado infantil de segurança. O personagem, um simpático anjinho da guarda é distraído e traz embutido mensagem de alerta – não confie na sorte, é preciso aprender a prevenir acidentes e ensinar as crianças a se protegerem desde cedo. A empresa gestora da marca é a curitibana 97 Graus, dos publicitários Renato Cavalher, Toni Rodrigues e Adalberto Gonçalves, que desenvolveu novas tecnologias e patenteou mais de 20 produtos para ajudar a evitar acidentes dentro de casa. Na área editorial a empresa lançou no mês de abril, durante a bienal de Fortaleza, uma coleção de livros que vai ensinar, de forma lúdica, como os pais e as crianças devem se proteger, numa parceria com as editoras Educarte e Littere. Outras. O personagem está na internet: www.angelino.com.br.
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LUIZ FERNANDO PEREIRA advogado
OPINIÃO
Requião e as ideias bolorentas
O
Governo Requião foi o tempo todo prisioneiro de um preconceito. E de um preconceito alimentado por ideias bolorentas; ideias que só vicejam no mofo. Requião se diz um “nacionalista de esquerda” (?). Vive anunciando que tem uma visão de “Brasil nação”; em suposta contraposição aos que defendem o “Brasil mercado”. Como discursa bem (e isso ninguém pode negar), a boa forma acaba nublando um pouco a ausência absoluta de conteúdo. Ninguém sabe o que exatamente significa defender um “Brasil nação”. E o próprio Requião também nunca explica; quem sabe por que também não saiba. É só um slogan. Não passa disso. Na gestão que comandou aqui no Paraná o componente ideológico se expressa apenas no preconceito que Requião tem em relação à iniciativa privada. O mercado é malvado – nos explica Requião –, pois só busca o lucro! Este discurso raso e retrô, sempre acompanhado de uma fraseologia pseudo-revolucionária,
redunda sempre em medidas administrativas desastrosas. Em recente artigo aqui na Revista Ideias, lembrei que tal postura espanta interessados em investir no estado. A Copel foi a grande vítima disso. O preconceito impediu parcerias com a iniciativa privada. Repito aqui o dado impressionante mencionado no artigo anterior: recente avaliação do americano JP Morgan indica que a Copel, no início do Governo Requião, tinha um valor de mercado equivalente ao da Cemig; hoje a Copel vale apenas a metade da companhia mineira. Aécio Neves autorizou que a Cemig buscasse parceiros privados. Requião ficou vociferando contra o mercado. O mercado malvado!
A
ssim como muitos outros estados, Minas Gerais atraiu mais de um bilhão de reais em Parcerias Público-Privadas – as PPPs. Aqui no Paraná Requião sequer autorizou a aprovação de uma Lei Estadual sobre o tema. As PPPs, disse em entrevista, são uma “privatização disfarçada”. E como
a privatização não está no projeto do “Brasil nação”, deixamos para os outros estados os investidores interessados nestas parcerias. A forma obsoleta de administrar também impediu que fosse criada qualquer política de incentivos fiscais. Esta omissão, embalada apenas por um slogan (abaixo o mercado!), evitou a atração de grandes empresas ao Paraná durante todo o seu período. E assim criamos menos empregos do que poderíamos ter criado. E menos impostos, etc.
A
verdade é que Requião não se conforma com a virada antiutópica da política. Segue com uma visão anacrônica de Estado. O Paraná quase dobrou a arrecadação nas duas últimas gestões, mas não conseguiu aumentar a capacidade de investimento – inferior a 0,8 do PIB. Gastamos tudo com funcionários, previdência e manutenção da pesada máquina. Requião é, enfim, um obstinado do retrocesso. E termino aqui como terminei o artigo anterior: ficaremos gerações pagando o prejuízo. julho de 2010 | IDEIAS 31
AnĂşncio S.J. Pinhais
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MIRIAN GASPARIN jornalista
NEGÓCIOS
Inovação é fundamental para tornar as empresas mais competitivas
T
alento empreendedor é o que não falta nas micro e pequenas empresas, mas para que se tornem realmente competitivas e sustentáveis nos negócios é necessário que passem por um processo de inovação. Hoje, as empresas de uma forma geral ainda não entenderam a inovação como um instrumento para a competitividade e para avançar em novos mercados. A maioria dos micro e pequenos empresários tem uma ideia errada sobre o que é inovação, confundindo inovação com alta tecnologia e, consequentemente, acham que um projeto de tal nível se torna inviável financeiramente. Inovação é reduzir custos, agilizar a produção, fazer um atendimento diferenciado ou desenvolver um novo produto que atenda às necessidades do mercado consumidor. Há dois anos o Paraná e o Distrito Federal foram escolhidos para fazer parte do Projeto Agentes Locais de Inovação, criado pelo Sebrae, e que no estado conta com o apoio da Secretaria da Ciência Tecnologia e Ensino Superior (SETI) e da
Fundação Araucária. Este programa consiste em capacitar em inovação, jovens recém-formados e inseri-los nas micro e pequenas empresas. Depois desta boa experiência, o projeto foi levado para 22 unidades da Federação. Atualmente, 11 estados já prestam atendimento, por meio dos agentes locais, para um total de 12 mil micro e pequenas empresas. Outros 11 estados estão em processo de implantação do Projeto. A meta do Sebrae é chegar a 24 mil micro e pequenas empresas atendidas até o final do ano. No Paraná, 26 profissionais foram a campo para atuarem como disseminadores da cultura da inovação em micro e pequenas empresas, nos setores de Agronegócio, Vestuário e Construção Civil, sensibilizando cerca de 3 mil empresários nos dois últimos anos. Em 2010, as entidades realizaram uma nova capacitação para formar a segunda turma do projeto. Ao todo 2.550 profissionais enviaram currículos candidatando-se às vagas e 40 foram selecionados para participar da capacitação, que aconteceu em Curitiba.
Segundo o presidente do Sebrae, Paulo Okamoto, que esteve em Curitiba participando do I Encontro Nacional dos Agentes Locais de Inovação, inovação é a melhor estratégia para melhorar a competitividade das empresas. Já para o diretor técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, a inovação é parte de um processo contínuo e hoje os empresários não precisam se queixar da falta de recursos, uma vez que existem diversas linhas de financiamento para implantação de projetos de inovação. Entre os recursos está o Sebraetec (Serviços em Inovação e Tecnologia), solução destinada às empresas com faturamento anual inferior a R$ 2,4 milhões, dos setores do comércio, indústria, serviços e agronegócio. Para 2010, o recurso disponível para projetos é R$ 28 milhões e a meta, para este ano, é atender cerca de 17 mil micro e pequenas empresas. Empresas interessadas na contratação dos serviços oferecidos pelo Sebraetec poderão parcelar sua contrapartida financeira em até 48 vezes, por meio do uso do cartão BNDES. julho de 2010 | IDEIAS 33
Gente
Um dia na vida de Fernanda Richa Miriam Karam Fotos rogério machado
O
dia de Fernanda Richa começa cedo. Ainda antes das 8h está pronta para o compromisso das 8h30. Uma informação tão simples como esta é bastante para revelar dois aspectos da personalidade da presidente da FAS (Fundação de Ação Social, de Curitiba): ela não admite atrasar-se, portanto está sempre adiantada para cumprir a agenda; a rotina matutina, que não falha um dia sequer, impede que ela pratique tênis, a única atividade regular que fazia além do trabalho. É que Fernanda prefere seguir a maratona de encontros, visitas, audiências em tal quantidade que seria capaz
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de nocautear o mais experiente político habituado a movimentadas campanhas. Ela não deixa ninguém sem uma resposta, sem um sorriso, sem um abraço. É isso mesmo: mesmo em épocas que nada têm de campanha, Fernanda está presente nos lugares mais remotos, mais pobres, mais necessitados de Curitiba. Quem não a conhece ficaria impressionado. Todos reconhecem Fernanda, gritam seu nome, chamam sua atenção, beijam e abraçam na maior sem cerimônia. E foto, é claro. Pelo menos metade da população de Curitiba deve ter uma fotografia em que aparece ao lado da exprimeira dama. Na segunda-feira 26 de abril, o café da manhã foi tomado com membros de uma das sete cooperativas de catadores de papel, os Eco-cidadãos; neste caso, a cooperativa do Rebouças. Era a terceira visitada nos últimos dias e a satisfação de Fernanda foi ver que a principal reivindicação foi por cursos de formação. E, surpresa, não apenas cursos para obter mais qualidade em seu trabalho, mas também de alfabetização de adultos, empreendedorismo e sobre o próprio cooperativismo – informática já é oferecida. Em conversa com os catadores, Fernanda cobra a participação dos catadores e incentiva que procurem seus representantes para exigir melhorias.
N
o mesmo dia, mais duas audiências pela manhã, uma visita a duas garotas gêmeas, hoje com sete anos, que se tornaram xodó de Fernanda por participarem de todas as campanhas eleitorais; e almoço na casa de outro amigo feito nos bairros durante as campanhas, Alexandre Magno, portador de leve deficiência mental. “Pelo menos uma vez a cada dois meses tenho de almoçar com ele e a família, caso contrário fica muito sentido”, conta Fernanda. Fernanda cultiva essas amizades “de campo” com a naturalidade com que outra pessoa cumpriria compromissos sociais. E a naturalidade de quem está habituada ao convívio com gente simples da periferia. “Minha avó teve asilo, minha família teve educandário... desde pequena acompanhamos meus pais em entregas de alimentos, cobertores, lençóis...”, conta a herdeira de uma das famílias mais ricas do Paraná. No caso de Alexandre Magno, a casa fica na Vila Leão, que “não tinha uma rua asfaltada, não tinha água, luz, nenhuma infraestrutura quando começamos a frequentá-la na primeira campanha do Beto para a prefeitura”, relata. Ela lembra que seu grupo foi praticamente escorraçado do
local – não queriam deixá-los entrar porque era reduto de outro partido – e chegou a ser agredido fisicamente. Hoje, Fernanda Richa é quase uma rainha no bairro. As pessoas saem às janelas para cumprimentá-la quando passa a pé, as crianças correm para abraçar e beijar Fernanda. Ela conhece quase todos pelo nome, lembra de suas histórias e responde a perguntas específicas sobre um caso ou outro sem cometer enganos. Na correria entre um compromisso e uma audiência, Fernanda trabalha mesmo é no carro, enquanto se desloca. Não sai do telefone celular, discutindo situações com seu staff, pedindo providências, orientando projetos e até despachando com a assessora que a acompanha. No carro, com uma pilha de papéis organizados no console que divide o banco traseiro, Fernanda também cuida da família. Fala constantemente com os três filhos e orienta os empregados domésticos. E guarda sempre um olhar carinhoso à cidade e seus desprotegidos. Assim como um cuidador. Enquanto conversa, observa pela janela do carro em movimento um mendigo dormindo numa esquina, outro sob uma marquise. Só aponta o problema para a assessora, que julho de 2010 | IDEIAS 35
imediatamente telefona para quem de direito, para que tomam uma providência de atendimento ao mendigo. No pequeno passeio que faz na Vila Leão, depois do almoço, Fernanda visita a associação dos moradores e combina providências com o presidente da entidade, Jaime de Oliveira. Na saída, uma senhora confirma: “Eu tinha vergonha de dizer que moro na Vila Leão. Agora... dá licença”, diz com orgulho. À tarde , a maratona inclui três eventos em lugares distantes da cidade, tudo antes de um jantar beneficente marcado para 20 horas, no Clube Curitibano. Fernanda encerra a noite entregando troféus a empresas solidárias que colaboraram com a Associação Franciscana de Educação Especial (Afece). Num dos eventos da tarde, Fernanda participou da entrega de 4 mil coberturas para 2 mil famílias da Regional CIC. Pouco antes, esteve no Centro de Integração Social Divina Misericórdia, no Sabará, onde são atendidas cerca de 160 crianças de cinco a 17 anos. Destas, 100 praticam futebol em quadra erguida com apoio da prefeitura. Jovens dali saíram direito para treinar em grandes times, conta a enérgica e incansável Irmã Anete
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Giordani. Contam que nos raros momentos de folga, Irmã Anete veste uma calça comprida, arregaça um pouco o hábito e sai disputando a bola com a garotada. Em todos os eventos, Fernanda entrega uma boa notícia – a aprovação de algum convênio ou parceria, o atendimento de reivindicações. Mas ela também é clara quando ouve os pedidos e explica que nem todos poderão ser atendidos. Sem falsas promessas.
CARLOS ALBERTO PESSÔA jornalista
LIVRE PENSAR
Que Canga! Um dos temas crônicos da crônica econômica brasileira é o baixo crescimento relativo do PIB, produto interno bruto; comparado com os tempos do milagre econômico, quando chegamos a crescer 14% num ano, o nosso crescimento desde o governo Sarney tem sido muito baixo, muito abaixo do que podemos e devemos crescer se quisermos encurtar mais rapidamente a distância que ainda nos separa dos países ricos*. Nas chamadas décadas perdidas (80-90) crescemos em torno de 2%, pouco mais, pouco menos. Taxa que emperrou a renda per capita. E ficou muito abaixo da nossa taxa histórica de crescimento: desde o final do século XIX até a metade dos anos 80 do século passado crescemos em média 6,5% ao ano. Agora passemos ao coração da matéria. A carga tributária no Brasil atingiu 37% do Produto Interno Bruto. De tudo o que produzimos pouco menos de 40% é entregue ao grande irmão. Exceto raros países europeus, os escandinavos especialmente, não há carga de impostos igual ou superior a nossa.
E ela é grande porque as despesas são grandes, imensas. E cresceram adoidamente sob Lula, notadamente as despesas com pessoal&custeio**. Acontece que boa parte delas é supérflua. O que levou Sérgio Warlang, ex-diretor do Banco Central, a afirmar: podemos aumentar bastante o superavit primário (a diferença entre o que se arrecada e o que se gasta, sem contar os juros da dívida pública). Tenho outra sugestão: cortar os gastos em 3% do PIB! E derrubar a carga tributária para menos de 35% do PIB! Esses três pontos percentuais voltarão para o setor produtivo, isto é, privado. Que poderá transformá-lo em algo como mais um ponto percentual de crescimento do PIB, dado que historicamente a relação capital/produto é de três para um. Nessa altura chegamos a um ponto crucial. A chamada fragilidade externa do Brasil é produto da nossa baixa taxa de poupança/investimento. Que nos constrange a crescimento menor e a uma dependência maior do capital externo. Não só para equilibrar nossas contas como para crescer. Uma das razões da baixa taxa de poupança/investimento é que o Estado consome muito. E despoupa. Ao contrário do que fazia nos anos do milagre e até pelo menos o ano de 82, quando contribuía com percentual significativo para o crescimento do País. Ao contrário dos anos posteriores até hoje. Daí a nossa dívida interna. Que é simples consequência do deficit público. E daí também as relativamente baixas taxas de crescimento. O resto é papo engana trouxa.
* ATENÇÃO! ESTA DISTÂNCIA FOI BEM MAIOR! NOSSO PIB É DE UM TRILHÃO E SEISCENTOS BILHÕES DE DÓLARES! E A RENDA POR CABEÇA ESTÁ ACIMA DE DEZ MIL DÓLARES ANUAIS! ** O governo investe pouquinho mais que 1% do PIB! APENAS! É por isto também que crescemos relativamente pouco.
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VEREADORES
Por dentro da Câmara Acompanhe o trabalho dos vereadores da Câmara Municipal de Curitiba RESÍDUOS Foi sancionada a lei de auto-
ria dos vereadores João Cláudio Derosso (PSDB), Julieta Reis (DEM) e João do Suco (PSDB) que dispõe sobre o tratamento e destinação final diferenciada de resíduos especiais. Agora, empresas que trabalham com pneumáticos, pilhas, baterias, lâmpadas, tintas, solventes, óleos lubrificantes, equipamentos e componentes eletrônicos são responsáveis pelo descarte final destes produtos. CELULAR Também foi sancionada pelo
prefeito Luciano Ducci a lei que proíbe o uso de telefone celular ou equipamentos similares no interior de agências bancárias e instituições assemelhadas de Curitiba. A medida determina que o infrator fique sujeito à apreensão do equipamento, que será devolvido somente na saída. COPA A Comissão de Legislação, Justiça
e Redação na Câmara de Curitiba deu parecer favorável à mensagem do Executivo que prevê isenção do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) à Fifa e seus parceiros sobre as operações necessárias à organização e realização da Copa das Confederações de 2013 e da Copa do Mundo de 2014. EMPREGO Desde 2006, o vereador
Mario Celso Cunha (PSB) aguarda a votação de um projeto de sua autoria que autoriza o Executivo a criar um sistema municipal integrado de inserção de jovens no primeiro emprego. “Milhares de jovens
completam a maioridade e não conseguem seu primeiro emprego por não terem experiência e carteira de trabalho assinada, já que buscam seu primeiro emprego. Eles um olhar especial da administração pública”, defendeu o parlamentar. BR-116 O vereador Pedro Paulo (PT)
reuniu-se com o diretor superintendente da Autopista Planalto Sul do Grupo OHL, Arthur de Vasconcellos Netto, e o gerente de engenharia, Fernando Macluf, para verificar como estão os prazos para iniciar as obras na BR-116. A concessionária tem uma obrigação contratual de duplicar a estrada no trecho entre a Vila Pompéia, em Curitiba, e Mandirituba. A empresa informou que deve iniciar a obra em 2011 para terminá-la em 2014. LDO 2011 Duas emendas de ordem
técnica, protocoladas pela Comissão de Economia, Finanças e Fiscalização da Câmara de Curitiba, foram aprovadas junto ao projeto original da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2011. O orçamento de Curitiba para o próximo ano é de R$ 4,49 bilhões. RADAR Para que haja permanente visua-
lização e alerta aos motoristas, o vereador Jairo Marcelino (PDT) solicitou, na Câmara Municipal, a manutenção da sinalização que informa a distância a ser percorrida até estes equipamentos. Curitiba conta com 110 radares e 34 lombadas eletrônicas, conforme dados da Urbs.
VACINA O vereador Serginho do Posto
(PSDB) destacou o cumprimento da meta de vacinação contra a poliomielite (paralisia infantil). Segundo a Central de Vacinas da Secretaria Municipal da Saúde, 115.099 crianças menores de cinco anos haviam tomado a dose até o dia 17 de junho, o que representa 95,7% das 120.294 da faixa etária residentes na cidade. ENCHENTES Os vereadores da Comissão Especial para Assuntos Metropolitanos devem se reunir no próximo semestre com a comunidade de Pinhais para buscar soluções para evitar as enchentes do Rio Atuba, que atingem também a população do Bairro Alto, em Curitiba. A comissão é presidida por Omar Sabbag Filho (PSDB). LUTO A morte do médico cardiologista
Danton Rocha Loures foi registrada com pesar, em minuto de silêncio, durante a sessão plenária na Câmara de Curitiba, pelo primeiro vice-presidente da Casa, Tito Zeglin (PDT). O médico realizou o primeiro transplante de coração no Paraná, no Hospital Evangélico de Curitiba. SEGURANÇA Preocupado com a mé-
dia de nove assaltos por dia no sistema de transporte público da capital, o vereador Jair Cézar (PSDB) solicita estudo à prefeitura para criar um pelotão de guardas municipais para fiscalizar ônibus, estações tubos e terminais.
Câmara Municipal de Curitiba • www.cmc.pr.gov.br R. Barão do Rio Branco, s/nº — cep 80010-902 telefone: (41) 3350-4500 fax: (41)3350-4737 julho de 2010 | IDEIAS 39
Cuidado, eles estão à solta Fábio Campana
P
reparem a sua paciência. Eles estão mais uma vez nas ruas. Cuidado. A qualquer momento você pode ser atacado por um ou por vários ao mesmo tempo. Os sinais imediatos para identificá-los são o sorriso armado, permanente, certo ar de subserviência quando explicam suas teses, a atenção inusitada quando você fala, além dos galanteios, elogios, enfim, todo o arsenal de bajulação e conquista. São os candidatos. Abraçam velhinhas, comparecem a todos os eventos que reúnam mais de cinco pessoas, de festa de igreja a formaturas, beijam criancinhas, lançam perdigotos sobre os bebês, fazem bilu-bilu, sorriem para as mães, gastam elogios para as moças, chamam os mais novos de meu jovem, distribuem santinhos e se transformam nos insuportáveis chatos de galocha da política nativa que aparecem um ano sim outro não nos períodos eleitorais
para tentar conquistar o voto que lhes dará um mandato. Em outubro deste ano, os paranaenses vão eleger 54 deputados estaduais, 30 deputados federais, dois senadores, um governador e seu vice, e o presidente da República. Milhares disputam essas vagas que dão acesso ao poder e suas maravilhas, que incluem prebendas e sinecuras para os parentes, agregados e cabos eleitorais, benesses, comissões, negócios, enfim, tudo aquilo que o poder pode proporcionar aos políticos da catadura que caracteriza a maioria dos nossos nesta área úmida do planeta. Há mais. Além dos candidatos você terá que suportar o cabo eleitoral, que é o chato de galochas sem pedigree. “Você já escolheu seu candidato?”, será a pergunta a atenazar a nossa paciência em 2010. Atenazar (ou atazanar) julho de 2010 | IDEIAS 41
significa apertar com tenaz, ou seja, mortificar, aborrecer, importunar, torturar. Ano eleitoral é ano de torturadores políticos. Não cometa a asneira (comportar-se como um asno, burro, jumento) de revelar seu candidato a um desses torturadores. Se coincidir com o dele, você receberá tapinhas, sorrisos, abraços e, quem sabe, alguma promessa de duvidoso valor moral. Se não coincidir, você será brutalmente atazanado pelos chatos de galochas.
O
chato de galochas - As galochas dos chatos
políticos não são os revestimentos de borracha usados antigamente, nos dias de chuva, para proteger os calçados do barro (o tal chato de galochas era o que entrava nas casas sem tirar as galochas, sujando tudo). O chato político calça num pé a galocha do fisiologismo e, no outro, a galocha do maniqueísmo. Depois, sai pela cidade sujando tudo. “Você perdeu uma ótima chance de ficar calado”, disse uma senhora a um desses chatos, nas eleições pas-
Além da abordagem direta, o chamado corpo a corpo feito pelo próprio candidato ou pelos seus prepostos que são os cabos eleitorais, seremos todos bombardeados por horas de propaganda eleitoral no rádio e na televisão. Tempo dado aos políticos, pago pela viúva e usado para ampliar o festival de besteiras que assola o país, como diria Sergio Porto – Stanislaw Ponte Preta que tanta falta nos faz para registrar em crônicas a política de nosso tempo. Um político, um governante, assim como os locutores de rádio e TV (perdoem-me os locutores) são em geral pessoas mais cheias de palavras do que de ideias. Isso nada teria de extraordinário, se não fosse a característica essencial dos atuais meio de comunicação que obrigam as pessoas a falarem, mesmo quando obviamente não têm o que dizer.
Abraçam velhinhas, comparecem a todos os eventos que reúnam mais de cinco pessoas, de festa de igreja a formaturas, beijam criancinhas, lançam perdigotos sobre os bebês, fazem bilu-bilu, sorriem para as mães, gastam elogios para as moças, chamam os mais novos de meu jovem, distribuem santinhos... sadas, quando ouviu uma série de desaforos sobre o candidato que ela escolhera para votar. O cabo eleitoral chato de galochas depende deste ou daquele candidato para continuar mamando numa das tantas tetas suculentas e fartas do poder público (que é público mais no nome de batismo do que na vida real). Ele luta por cargos e carguinhos, e não pela sua cidade. Age movido mais pelo bolso do que pela consciência (fisiologismo). 42 IDEIAS | julho de 2010
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ropaganda eleitoral - Se você duvida dessa
capacidade dos candidatos nativos de falar muito sem dizer nada, observe a televisão. Basta ligar um aparelho de TV aqui, em Paris ou Nova Iorque para perceber que um microfone, quando espetado diante do nariz de um candidato, é um maravilhoso instrumento capaz de esvaziar até mesmo cérebros vazios. Calar-se seria uma derrota e a perda da oportunidade que o candidato mais almeja, o de falar para muita gente por meio da mídia. O importante para os candidatos é produzir palavras; é satisfazer o apetite do pequeno aparelho e encher o tempo e o espaço com promessas e lugares comuns antes que outro aventureiro o faça. Políticos, especialmente
Basta ligar um aparelho de TV aqui, em Paris ou Nova Iorque para perceber que um microfone, quando espetado diante do nariz de um candidato, é um maravilhoso instrumento capaz de esvaziar até mesmo cérebros vazios candidatos, ou falam ou perdem a vez. É óbvio que a censura não seria a melhor solução para essa espécie de sangria desatada. Mas, quem sabe, o racionamento? As sociedades civilizadas limitam o tempo de trabalho das pessoas, tornam obrigatórias as férias anuais e os dias de descanso semanal. Por que não impor um regime semelhante ao menos nos meios de comunicação coletivos, isto é, compulsórios? Um professor da Universidade Federal do Paraná, na área das ciências sociais, defende a tese de que podia-se determinar também a criação de espaços diários, exclusivamente destinados à música e às imagens, sem palavras, para compensar os enfadonhos soporíferos, espaços destinados à propaganda eleitoral gratuita.
C
andidato pensa? - Dizia o inglês John Ruskin
que, para cada cem ou duzentas pessoas que falam, apenas uma pensa. E que, para cada mil pessoas que pensam, apenas uma sabe realmente ver o que tem diante dos olhos. Ruskin, grande admirador de Turner e de Santo Agostinho, foi um apaixonado observador das coisas da natureza e um crítico severo do capitalismo de seu tempo. Ele morreu em 1900, aos setenta anos de idade, mas não é difícil imaginar o que teria a dizer deste início de século, tão diferente de seu universo vitoriano. Com efeito, o nosso mundo moderno parece ter sido inventado para contrariar Ruskin. De tal maneira estão organizadas as coisas, que as pessoas que falam são estimuladas e favorecidas, desde que não pensem. Enquanto que, na maioria dos países, aqueles que realmente enxergam mais longe não se arriscam a dizer o que pensam, por medo de verem surgir, diante dos seus narizes, não um microfone, mas um juiz questionando-lhe as ideias e acusando-o de difamação. Tempo de segunda ordem, diria Joseph Brodsky, poeta russo. É certo que há avanços inquestionáveis que libertaram a humanidade de doenças, de pragas e que ampliaram a expectativa de vida de multidões em todo o planeta. Em compensação, como diria Octávio Paz, recuamos sobre nossos próprios passos e preenchemos
o mundo de vulgarizações e de indigência do espírito.
O
povo é ingênuo? - Essa gente acredita que o povo é ingênuo, desmemoriado, pacífico e facilmente induzido a dar seu voto em troca de promessas que os candidatos a mandatos políticos não economizam. São capazes de prometer da cura da AIDS ao calçamento da rua da periferia. Ou uma nova fórmula para o bolsa-família que atenda todas as expectativas, inclusive a gratuidade de motéis e a felicidade imediata. Não se enganam. O povo tem confiado em figuras que agora aparecem nas longas listas da “fichas-sujas”. Um exemplo histórico? O falecido demagogo Adhemar de Barros dizia em suas campanhas eleitorais: “Nem esquerda, nem direita; para frente e para o alto”. Eleito, assumiu o governo e organizou uma companhia de aviação para servir ao seu partido. Consta que o povo, em qualquer latitude, pode ser de humor instável. Consta também que os homens, em situações análogas, agem de forma semelhante. Nas circunstâncias e segundos os padrões de nossas instituições político-eleitorais, as massas nativas portaram-se dentro dos padrões, quer dizer, quase sempre sofreu em silêncio e elegeu costumeiramente os demagogos mais despreparados para a vida pública, o que é apresentado pelos senhores políticos como mais uma prova da natureza pacífica da maioria que habita o Paraná. Mas deixemos os pequenos. Num mundo de segunda ordem, também a História acaba sendo representada por atores de segunda ordem: Requião é exemplo clássico. Evo Morales e Hugo Chavez são outros da mesma extração dos populistas nacionaleiros. Talvez o mal da história contemporânea seja parecer-se tanto com esses modernos meios de comunicação que a registram e que, como ela, não podem parar, não podem emudecer. E por que não seria assim? Afinal, a História também é uma obra nossa. julho de 2010 | IDEIAS 43
Os políticos consultam os bruxos
Foto: Divulgação
Eros Ramenzoni
O “guru” do Paraná Chick Jeitoso acertou muitas previsões para políticos
O
tempo passa, o tempo voa, e os políticos, em desespero diante das eleições, não estão numa boa. Suam frio nas mãos, andam à beira de ataque de nervos, sofrem frouxos intestinais desmoralizantes e enfrentam, flatulentos, longas noites insones. Imaginem o que significa a derrota para essa moçada que só sabe viver à sombra do poder. Pois, pois, em ansiedade, o coração em disparada, mesmo os mais frios e racionais se permitem a consulta aos adivinhos, videntes, sortistas, tarólogos, profetas e outros profissionais capazes de antecipar o futuro ou de orientar a maneira de evitar o desastre que se anuncia. Nestes dias, há fila na porta do tarólogo e bruxo curitibano Chik Jeitoso, que agora também é dublê de político, candidato a deputado estadual. Há de tudo. Gente da extrema esquerda a extrema direita. Católicos, adventistas, pentecostais, espíritas, luteranos, presbiterianos, islamitas,
todos acreditam numa previsão do futuro quando a situação aperta e o desespero bate à porta. Chik Jeitoso, paramentado, defuma o ambiente com seu charuto e vai desfiando as previsões. Para uns, a vitória sorri, embora isso venha a custar-lhes o amor perdido ou infelicidade nos negócios. Outros não têm chances nas eleições, em compensação terá a felicidade depositada em sua cama. E há quem não terá futuro nem na política nem no amor, mas terá sorte nos negócios, o que pode ser, segundo o próprio Jeitoso, o necessário para que em dia alcance sucesso onde hoje vai mal. Muitos políticos respeitados na praça passaram pelo consultório de Jeitoso. O senador Alvaro Dias, que já foi governador, chegou a publicar as previsões do tarólogo em seu site oficial, o que encheu de orgulho o cidadão que é candidato a deputado estadual pelo PPS, partido que já foi o Comunista, de inspiração marxista e portanto avesso a religiões, crenças
“Em Curitiba não é difícil encontrar um futurólogo das diversas especialidades. Basta abrir as páginas dos classificados dos jornais e pronto. Lá estão vários anúncios, de “pais” e “mães” de santos, “irmãs”, gurus e afins” 44 IDEIAS | julho de 2010
e superstições. Mas são os tempos pós-modernos e vale tudo no terreno ideológico, inclusive as misturas mais inacreditáveis. Jeitoso se apresenta como o “guru do Paraná” e conta que é conhecido em 107 países. No currículo, a previsão da vitória de Barak Obama quando ninguém apostava um tostão furado em sua vitória para a presidência dos Estados Unidos. Jeitoso vai usar o slogan “Sim, nós também podemos”, que foi de Obama e que ele acredita que será poderoso em sua eleição. — Você é o quê? — Sou tudo. Macumbeiro, vidente, feiticeiro, tarólogo, bruxo, pai-de-santo. Responde o guru de políticos e artistas que tem no currículo mandingas para o Coritiba voltar a 1ª divisão (2007), Barack Obama ser eleito (2008) e a filha sequestrada de Silvio Santos ser libertada (2000). Acompanhado por três ajudantes, o homem que quando menino foi internado pela mãe num hospício, arma no barracão do Caxola seu altar com diferentes apetrechos místicos sobre uma toalha de jogar baralho. Sempre sorridente, brinca enquanto Fofo prende o microfone: “Não passa a mão assim que me arrepio todo”. Na gravação de uma terça à noite, Chik previu para 2009: Pelé sobrevive a um acidente de carro, um avião da TAM cai em São Paulo no primeiro semestre e o Caxola vai para o SBT. Acredita? Nem tudo se confirma e o bruxo explica que sempre é possível interferir no destino. Basta seguir seus conselhos. Portanto, se alguma previsão não se confirmou, está explicado, o
próprio Chik Jeitoso mostrou o caminho para mudar o roteiro programado pelo Altíssimo. Neste momento, Jeitoso faz as seguintes previsões: Beto Richa vencerá as eleições com a desistência do candidato pedetista, Osmar Dias, que vai concorrer ao Senado novamente. Ele previra a vitória de Alvaro Dias para governador, mas este não fez todos os trabalhos que deveria ter feito, explica o bruxo. Outro que está mal nas previsões
de Jeitoso é o ex-governador Requião, destinado a uma derrota acachapante que deve curá-lo de vez dos males da cabeça ou decretar sua insanidade para todo o sempre. Jeitoso não está sozinho no mercado dos futurólogos de Curitiba. Há muitos outros. Famosos como a Mãe Virgínia, que recebe o cliente, prende uma saia vermelha de rendas e babados na cintura com dourados nas pontas e incorpora a Cigana que é sua outra personalidade e na verdade quem lê as cartas que informam o que poderá acontecer com cada um desses políticos nativos que a procuram para saber se terão chances de eleição.
A consulta subiu de preço. Era R$ 30,00 e agora é R$ 50,00, mas para certos casos cabeludos, como o da investigação da sorte dos desafetos, pode chegar a R$ 200,00. Há quem pague. O que um político não daria para saber de si mesmo e do adversário? E não imaginem essas profissionais como pessoas envelhecidas ou de mau aspecto. Há uma moça bonita, de menos de 25 anos, que leva muita gente ao seu tugúrio no Bacacheri onde lê a sorte e se propõe a trabalhos para resolver problemas de amor, impotência, maus odores e coisas tais que normalmente exigem a intervenção do cupido ou de um médico para que tenham solução. Em Curitiba não é difícil encontrar um futurólogo das diversas especialidades. Basta abrir as páginas dos classificados dos jornais e pronto. Lá estão vários anúncios, de “pais” e “mães” de santos, “irmãs”, gurus e afins. Todos prontos a resolver qualquer tipo de problema, desde impotência sexual até desastres financeiros. Alguns garantem que só cobram a consulta e não os “trabalhos” que precisem ser feitos. Outros, só cobram pelos “trabalhos” e dão de brinde a consulta. O fato é que todos ganham dinheiro com isso, usando e abusando do imaginário e da fé das pessoas. Cuidado. Há um político que na eleição passada ficou nas mãos de uma mãe de santo e certo de que ela oferecia o melhor caminho para o seu sucesso, entregou-lhe o que tinha e o que não tinha. Hoje procura os gabinetes para tentar a sorte em um cargo em comissão ou uma beirada numa estatal. Perdeu tudo, inclusive as joias da mulher. julho de 2010 | IDEIAS 45
invernais
de Dico Kremer
A
s fotografias aqui publicadas fazem parte de um projeto de livro chamado “Invernais” que concebi no Monte Estoril, Portugal, onde morei entre 1990 e 1997. Tanto lá em Portugal como cá no Brasil andei de Herodes a Pilatos mas não consegui patrocínio para a publicação. Aqui está uma amostra das 80 fotografias selecionadas, de aproximadamente 500 tiradas e um excerto do texto que escrevi para a apresentação do livro. Palmilhando Lisboa no inverno de 1993, cidade que me acolheu durante quase 8 anos, vi, olhando com olhos de ver, fachadas de edificações percebidas através dos galhos das árvores sem folhas. Embrenhei-me na Graça, na Mouraria, em Capo de Ourique e em Campolide, no Rossio, na Sé, na Estrela, no Campo Grande e no Campo Pequeno, na Estefânia, na Ajuda, no Bairro Alto e em Alfama, em Alcântara, no Areeiro, nos Prazeres. Em ruas, avenidas, becos, alamedas, largos, praças, travessas, vielas, áleas, azinhagas. Nessas fachadas imóveis vi um eloquente testemunho de vidas, dramas de vidas vividas no interior e no exterior dessas habitações. Como grandes olhos, ouvidos, bocas, aparentemente cegos, surdos, mudas, essas quietudes fizeram-me imaginar uma parte da história da cidade: história pública e privada. Onde parece haver desolação, nudez, silêncio, pude imaginar (e ver) uma porção vibrante da vida e da história de Lisboa. Ficaria recompensado se essas fotografias transmitissem o mesmo sentimento que tive quando descobri uma Lisboa vista pelos olhos de um andarilho num já distante inverno. Para caracterizar minha ligação com Lisboa faço minhas, mudando-as, as palavras com as quais Miguel Torga descreveu a sua ligação com o Brasil quando disse que “ tinha o Brasil tatuado na alma”. Eu trago Lisboa tatuada no meu coração. Dico Kremer
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invernais
de Dico Kremer
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invernais
de Dico Kremer
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ClAuDIA WASIleWSKI
cronista
CRÔNICA
Fora de Moda
C
oisas tão boas estão fora de moda. Por favor, com licença, muito obrigada. É impressionante como o agradecimento virou humilhação. Com licença foi substituído por empurrão, pisão no pé. Por favor, agora é “Hei”. Mas a gentileza desapareceu sem deixar rastro. Gentileza, cadê você? Procuro pessoas gentis desesperadamente. Ser gentil não depende de idade, de classe social, muito menos de cultura. As pessoas são ou não. Já se nasce assim. O filho de uma amiga minha é o Lord Guilherme desde pequeno. Fui a uma festa junina na escola e ele teve a capacidade de segurar a catraca para eu passar. Dá para imaginar? Isto corresponde a colocar um lenço na poça d’água, coisa que só vi em filme. Com certeza ninguém o mandou fazer isto, o fez porque está na sua essência. Adoro levar uma flor ou doce quando visito alguém. Me faz bem dar e receber. Sou incapaz de não agradecer um presente. Tem gente que não agradece, e eu encaro como pouco caso. Risco da minha lista. Antes no mundo gentil seguravam-se portas. Agora são puxadas e a pessoa te olha com uma expressão de bem feito, se ferrou. No trânsito, não existe colaboração. O que custa deixar as pessoas
trocarem de faixa, segurar o carro antes de uma garagem? Nada, apenas segundos perdidos. Acho que o vidro preto nos carros, nem é tanto para segurança. É mais para não vermos quem está dirigindo quando se pede a vez. E tocam em cima e ficamos sem saber como xingar. Na dúvida é melhor se dirigir à mãe mesmo. Todo mundo teve ou tem uma e provavelmente é culpa dela. Pronto. No ônibus é que realmente o bicho pega. Enquanto não se fizer uma propaganda vexatória, os idosos, deficientes, grávidas, jamais terão seu lugar respeitado. Quando minha mãe ainda podia passear, levantou e cedeu o lugar para uma moça grávida, com uma criança com as duas perninhas engessadas, no colo. Não tem cabimento uma pessoa de 75 anos na época, ter que tomar uma atitude, porque os que estavam em volta fingiam não ver. E ocupando os bancos preferenciais. Sonho em fazer uma campanha agressiva. Colar nos bancos. SÓ NÃO FICA VELHO QUEM MORRE CEDO! Ou desenhar uma cadeira de roda com a frase AGUARDE, A SUA VEZ CHEGARÁ! Pelo menos incomodaria. A confusão da entrada e saída já se estendeu aos elevadores. Prestem atenção. O elevador ainda não esvaziou e vão te peitando para entrar como acontece nas estações tubos. É uma loucura.
Não podia deixar de cutucar o supermercado. A semana passada pedi ajuda ao segurança para desconectar um maldito carrinho. Ele me olhou com ar angelical e disse não. Bem assim, calmamente, não. Poderia ter puxado o carrinho. Fui reclamar e me informaram que ele estava em experiência. Deixo para a imaginação de vocês qual foi a minha reação. Não entrarei em detalhes. Por favor pessoas, com licença, muito obrigada. Viram só como não dói? Façam este exercício e sejam felizes. Mesmo com erros de português o Profeta Gentileza foi um filósofo e tanto. Pregava assim: “GENTILEZA GERA GENTILEZA / AMORRR BELEZA PERFEICÃO E / BONDADE E RIQUESA A NATUREZA ….” Texto extraído de uma das pilastras do Viaduto do Caju no Rio de Janeiro.
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Talento sem fronteiras Paranaenses realizam-se profissionalmente no exterior MARIANNA CAMARgO
R
ealização profissional é tarefa árdua. As possibilidades de trabalho,dependendo da profissão escolhida, são limitadas, além disso, a competitividade aumentou, e assim tornou-se mais difícil trabalhar em sua área. Estas dificuldades amplificam-se fora do seu país. Outro idioma, outra cultura, outro modo
de viver. As fronteiras diminuem quando o assunto é talento, persistência, oportunidade e inteligência, moeda comum entre pessoas, que independe de lugar, língua ou origem. Cinco paranaenses contam essa história sob este ângulo, driblando questões migratórias, geográficas e socioculturais.
C
provar ia precisa n ô S , a n ca ha ameri sua habilidade da marin Cientista constantemente a
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ientista da NASA - Quem imaginaria
uma paranaense cientista convidada da NASA? Pois a curitibana Sônia Maria Fidelis Garcia, PhD em matemática, é cientista da marinha americana e professora da Academia Naval dos Estados Unidos. Foi cientista convidada da NASA (National Aeronautics and Space Administration) entre os anos de 2001 e 2005. Mora há 32 anos nos Estados Unidos, em Severna Park, Maryland, e trabalha em Annapolis. Sônia tem um vasto currículo e uma consagração profissional em uma área dificílima. Entre 99 e 2000 trabalhou como cientista convidada para ONR – principal escritório de pesquisa para a Marinha Americana em Washington, DC. Em 2006 recebeu um prêmio da Marinha Americana “Meritorious Civilian Service Award”. Em 2008, recebeu uma bolsa de pesquisa como “Fulbright Scholar” para trabalhar na Irlanda. No ano passado foi convidada pela Universidade de Reading, departamento de meteorologia, na Inglaterra, e viajou por 20 países da Europa e Ásia para dar conferências e palestras. Apesar do espaço que alcançou, Sônia diz que as dificuldades são imensas. “Neste nível você tem que competir com os cientistas daqui e tem que
provar constantemente a sua habilidade na matéria que você trabalha. Mas eu acredito que nós, brasileiros, somos muito persistentes e isto ajudou muito”. Sônia teve a oportunidade também de sempre trabalhar na sua área. Afirma que tentou trabalhar no Brasil, mas encontrou muita resistência e por isso voltou aos Estados Unidos para desenvolver seu trabalho, onde conseguiu obter reconhecido mérito profissional.
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rte no Oriente Médio - A história de Luciana
Ceccatto Farah é diferente, porém não menos instigante. Há seis anos fora do Brasil, Luciana morou no Kuwait, Bahrain e desde 2007 está no Qatar. O motivo de sua mudança para a península arábica foi o casamento com um líbio que morava no Kuwait. Hoje, ela é curadora do Arts & Culture Specialist na campanha para a Copa de 2022 no Qatar. Começou a trabalhar com isso um pouco por acaso, quando buscava um atelier para continuar seus estudos e aprender mais sobre a cena local. Aconteceu de nessa busca ela conhecer uma socialite que havia herdado uma galeria, mas não sabia o que fazer com ela. Co-
meçou catalogando o acervo, realizou a curadoria de uma série de exposições com artistas locais no início de 2005, e de repente estava representando a galeria em simpósios e feiras na região. “A região” são todos os países que falam árabe, do Marrocos ao Líbano. Nessas viagens, fez muitas visitas a ateliers em vários países e agendou mais um ano de exposições, criou um programa de residência na galeria, cursos de história da arte e workshops. Em 2007, quando mudou para o Qatar, começou a trabalhar para uma família de colecionadores, clientes da galeria. “Este trabalho me proporcionou oportunidades incríveis: eu representei a coleção em leilões, feiras, aprendi muito sobre aquisições e todos os trâmites legais de ceder obras para museus. Isso resultou numa proposta de criar o conceito e projeto de implementação de um centro cultural no Souq Waqif”, conta Luciana. No ano passado, depois de uma visita ao Brasil, recebeu uma proposta para trabalhar como Consultora de Arte e Cultura da campanha para a Copa 2022. “Estou criando uma série de exposições e eventos culturais durante a campanha, aqui no Qatar, na Europa e até no Brasil”. Especialista em arte moderna e contemporânea do Oriente Médio e Norte da África, Luciana acredita que seria difícil desenvolver o mesmo trabalho na cidade onde nasceu. “Curitiba tem outras prioridades. Onde moro sobra dinheiro para projetos culturais, mas falta mão de obra especializada. No Brasil sobra mão de obra especializada, mas falta dinheiro. Porém, adoraria mediar um diálogo entre artistas brasileiros e árabes”, afirma.
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arketing em Manhattan -
Luciana, c onsultora d e art entre artista e, gostaria de media s brasileiro r s e árabes um diálogo
André Bodowski é diretor de Marketing em Nova York, onde mora há dez anos.André demorou apenas 40 dias para trabalhar na sua área, “tive sorte e estava no lugar certo na hora certa. Logo consegui ser contratado por uma agência de publicidade em Manhattan. Meu primeiro cliente foi um laboratório farmacêutico (Bristol-Myers Squibb). Foi difícil no começo. Eu falava inglês fluentemente, mas mesmo assim houve um período de um ou dois anos de choque, de um processo de adaptação difícil e de muito julho de 2010 | IDEIAS 53
assustado) com as mudanças em Curitiba. Sei que grandes empresas estão estabelecidas na cidade e que elas impõem uma profissionalização grande, o que é muito importante. Cada vez mais acredito que Curitiba pode ser uma alternativa para quem não quer viver em São Paulo”, define.
T
endências de todos os tempos
O publicitário André no ritmo intenso de Nov a York
trabalho. O ritmo em Nova York é intenso, o ambiente muito competitivo. O mercado publicitário e de marketing ainda mais”. Adaptado ao ritmo intenso planejou e executou campanhas de marketing para redes sociais, campanhas de palavras-chave através de AdWords e Google Analytics. Trabalhou em uma das divisões da EURO/RSCG, onde atuava como Campaign Specialist, atendendo contas de peso como AOL, Bank of America, Bose, Chase, Citibank, DIRECTV, Earthlink, Martha Stewart Living, Netflix, Omaha Steaks, The Sharper Image, QVC, entre outros. Executou, com sua equipe, uma campanha que gerou mais de 12 milhões de dólares em comissão de mídia por ano. André diz que as dificuldades de trabalhar nos Estados Unidos são normalmente relacionadas com as questões migratórias. Observa que quando chegou não havia muitas vantagens específicas relacionadas ao fato de ser brasileiro. Mas que hoje o Brasil é uma “marca” muito mais reconhecida e valorizada. Sobre o fato de realizar o mesmo trabalho no Brasil, ele é otimista. “Fico sempre impressionado (e um pouco 54 IDEIAS | julho de 2010
- Diretora de cinema, redatora, publicitária e fotógrafa, Gláucia Nogueira mora em Paris desde 2008. Cursa História da Arte na Ecole du Louvre e participará do Paris Photo 2010. Foi a Paris na década de 90, quando recebeu um prêmio como redatora para um comercial de TV, e retornou há dois anos. “Além de ser um cenário perfeito, Paris mistura tendências de todos os tempos. E isso inspira. Não é preciso sair dos limites urbanos para se sentir viajando por esse mundo afora de todas as épocas”, afirma. Atualmente tem dois programas para TV em andamento e um projetopiloto aprovado. Está fazendo um livro fotográfico chamado “Movimento”, escrevendo dois roteiros para cinema, que espera dirigir em 2011, além de publicar uma foto por dia no Face. Gláucia diz que não poderia existir um momento melhor para ser brasileiro no exterior. “Quando o país da gente vira capa do Le Point, a vida fica mais fácil”, pontua com humor. Mas afirma que as diferenças culturais existem. “Por exemplo, nosso relógio à Dali, maleável, não agrada em nada a cultura do país do rendez-vous”. Ela diz que os franceses ficam impressionados pela criatividade e leveza na maneira “brasileira” de trabalhar. “Temos agilidade e solução, não problema. Na minha área, as portas estão se abrindo”. E completa: “os diretores de criação gostam do trabalho, mas acham nossa fotografia quente, um olhar muito tropical, alegre, para cima, até mesmo quando falamos da pior realidade brasileira. Isso encanta, mas ao mesmo tempo atrapalha”. Apesar de não gostar muito da publicidade francesa, “muito barroca e pouco divertida”, aprecia a qualidade das produções culturais e acredita que em Paris tem oportunidade de conviver com um mercado cultural e artístico que não tem em Curitiba.
rio perfeito Paris um cená em vê ia uc Glá A fotógrafa
A
rquitetura sonora - Carlos Daniel de
Arruda Camargo mora em San Francisco, na Califórnia, há seis anos. Baterista e artista plástico por opção, desenhista industrial por formação, sua criatividade abrange estas diversas áreas: música, artes plásticas, moda e arquitetura. Foi à Califórnia conhecer outra cultura e aprender mais sobre suas atividades. Desde que chegou trabalha com arquitetos e executa projetos importantes. Paralelamente, entrou em contato com a cena musical de San Francisco e tocou com músicos reconhecidos internacionalmente como Barry Finerty, guitarrista do Miles Davis e Crusaders; Jarrod Kaplan, percussionista e sonoplasta do Cirque du Soleil, Marcos Silva, pianista de Airto Moreira e Flora Purim e dividiu gravação com o baterista Celso Alberti, da dupla Moreira e Flora. Além disso, tem uma banda, Macabea, onde toca música brasileira. Como artista plástico fez exposições em San Francisco, Berkeley e San Diego. Recentemente teve dois trabalhos aceitos em uma das maiores feiras de Marin County, “The Marin County Fair”, evento muito concorrido, que expõe obras de grandes artistas da Bay Area de San Francisco.
Com sua linha de roupas Cdaniac Artways, participou dos mais populares eventos de Fashion Design como Chillin’ Productions, Mission Bazaar, How Weird Street Festival. Trabalhou com artistas como Rafael Moreira (Christina Aguilera, Pink e Paul Stanley), Ivan Lins, Rob Trujillo (Metallica), Angeline Saris e Uriah Duffy (White Snake). Daniel diz que apesar de trabalhar em todas as áreas, as dificuldades de viver lá são gritantes. “As vias de aceitação ao imigrante legal no país com questão a trabalho são bem limitadas e burocráticas. O número de brasileiros ilegais e exercendo o subemprego são enormes. As dificuldades de adaptação variam muito. Grande parte da população brasileira vive e se relaciona em comunidades. Vivem de certa forma a cultura brasileira aqui. No meu caso sempre procurei expandir, conhecer pessoas e culturas novas, compartilhar nossas diferenças e afinidades independentemente da nacionalidade”. Ele conta que em San Francisco, além do incentivo e acesso à arte, música e cultura em geral, o senso de organização, civilidade e respeito onde vive são o que fazem a diferença.
Entre proje tos, moda e música, em todas as possiblid Daniel investe ades
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COPA 2010
Toda mediocridade será castigada
Fotos: Reuters
lARISSA ReIChMANN lOBO
S
exta-feira, 2 de Julho de 2010. Os brasileiros tiveram um almoço indigesto. Na tela da televisão a cor laranja vibrante dominava. Parecia pinceladas de Van Gogh que assombravam a seleção brasileira que acabara de perder para a Holanda nas quartas de final pela Copa do Mundo. Aconteceu o inesperado? Talvez depois do anúncio do técnico Dunga sobre a escalação da seleção, cada brasileiro lá no fundo tenha ficado com a dúvida sobre a eficácia do time. Seria essa a seleção que traria o tão sonhado hexacampeonato para o Brasil? A verdade é que nos quase quatro anos que esteve no comando da seleção, Dunga conquistou a Copa América de 2007, diante da Argentina, e a Copa das Confederações de 2009, contra os Estados Unidos. Além disso,
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ele classificou a equipe para o Mundial como primeira colocada das Eliminatórias Sul Americanas. Apesar de tantas vitórias e excelente campanha, o técnico precisou driblar desde o início a pressão da torcida e da imprensa. Isso porque ele sempre foi muito enfático nas entrevistas e também por não ter levado para a copa atletas com maior qualidade técnica, isso na opinião da maioria dos brasileiros. Se Dunga fosse o técnico da seleção de 58, certamente ele não escalaria Pelé para seu time por não ter as devidas qualificações para isso. Em Johanesburgo, Dunga chamou a atenção de todos quando criou uma briga com jornalistas ao fechar quase todos os treinamentos do time. Mas ao ser questionado sobre o assunto, o técnico falou que em momento algum agiu de forma diferente das outras seleções.
Dunga retornou para o Brasil com seus Sonecas, pena que não eram Mestres e por sinal, em seguida Zangado voltou para Buenos Aires. No jogo pelas quartas de final contra a seleção da Holanda o time brasileiro jogou um excelente futebol durante os primeiros quarenta e cinco minutos, digno de melhor seleção do mundo. O que aconteceu no intervalo ninguém sabe, mas podemos imaginar, os jogadores ao liberarem a tensão por estarem na frente por 1 a 0, acabaram deixando no vestiário a atenção. No segundo tempo a seleção brasileira voltou perdida, desencontrada e perdeu o equilíbrio depois do primeiro gol holandês aos oito minutos do segundo tempo. O tempo foi passando e os jogadores brasileiros cada vez mais nervosos cometeram erros imperdoáveis e abriram espaço para o time da Holanda chegar e marcar o segundo gol. A equipe brasileira não fez mais nada, teve um jogador expulso e viu o sonho de ser o hexacampeão do mundo escorrer pelo gramado.
Na sala de entrevistas do Nelson Mandela Bay, em Port Elizabeth, após a derrota da seleção brasileira, o treinador tentou explicar o nervosismo dos jogadores da equipe no segundo tempo e afirmou que deixará o cargo. “Quanto ao meu futuro, já se sabe bem quando eu cheguei na Seleção que eram quatro anos que eu ia ficar”, disse o treinador após a derrota de virada para a Holanda, por 2 a 1. Dunga também disse que muitos jogadores viam nessa Copa do Mundo uma oportunidade de vida, a de fazer história na Seleção Brasileira, e isso causou o nervosismo durante a partida. Essa afirmação deixa a pergunta: somente essa seleção pensou em fazer história? A verdade é que no fim Dunga retornou para o Brasil com seus Sonecas, pena que não eram Mestres e por sinal, em seguida Zangado voltou para Buenos Aires. julho de 2010 | IDEIAS 57
ROgeRIO DISTeFANO
advogado
OPINIÃO
A transparência e o disco voador
A
cidade de Denver, capital do Colorado, no Centro dos EUA, fará referendo em novembro próximo para decidir sobre a criação de uma agência municipal para contatos alienígenas. Os termos da convocação são claros: a comissão deverá assegurar a saúde e segurança dos habitantes de Denver, e também ajustá-los ao choque cultural nos contatos com seres terrestres inteligentes ou seus veículos – sim, veículos, e na falta de detalhes quero crer que seriam robôs exploratórios, como os que a NASA remete à Lua e Marte. O referendo é resultado da campanha de Jeff Beckman, que a justifica na frustração de ufologistas e ufofilistas com a recusa do governo em liberar informações sobre visitas de encontros com extraterrestres, política que completa sessenta anos. Beckman conseguiu exposição na sua campanha – EXTRA – ponto divulgá-la no programa David Letterman, importante talk show da tevê dos EUA. O referendo restringe-se ao Colorado, não expande para o resto do país, nem cogita dos conflitos com agências federais operando no campo da segurança nacional. Ao ler a
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notícia só tive uma dúvida: por que exato o Colorado? Não há resposta na convocação do referendo, mas posso imaginar que as Montanhas Rochosas, cartão-postal do estado, exerçam especial atração nos alienígenas. Ou que as minas que fizeram fama e riqueza do estado possam atiçar a cobiça extraterrestre. No referendo EXTRA não me atrai a assistência no contato com alienígenas, apostolado de Jeff Beckman e de tantos aficionados – como minha prima, que desenhou o heliponto no terraço de seu sobrado, para fornecer porto seguro para naves do espaço exterior; não consegui entender a dimensão das naves, um pouco maiores que a de Mino, o extraterrestre das histórias em quadrinhos; mas conhecendo o combustível à base de cânhamo ingerido pela prima entendi que as naves caberiam perfeitamente no atracadouro. Não descreio em alienígenas. Não tem sentido negar-lhes a existência, considerando a dimensão infinita, eterna e expansiva do uni-
verso. O que não faz sentido é achar que eles andaram por aqui ou que podem voltar à Terra. Se aqui pousaram e não fizeram contato, é plausível pensar que para eles não paga a pena maiores intimidades conosco. E se aparecerem não faço fé num contato amigável, fraterno, solidário, de colaboração. Ao contrário, eles nos dizimam ou eventualmente nos comem crus, com garfos e facas alienígenas. Tenho excelente companhia nesta convicção: Stephen Hawking, o maior físico da atualidade, disse que contato dos terráqueos com civilização alienígena – evidentemente mais adiantada – teria os mesmos resultados daquele entre os astecas e Hernán Cortés. O que me fascina no referendo EXTRA é a consagração da democracia americana, em que tudo está aberto para debate e decisão. Fascina mais o referendo vir para enfatizar a noção da full disclosure, onipresente nas instituições e na vida americana de um modo geral. As duas coisas andam juntas, a plena e aberta discussão e a
full disclosure – que podemos traduzir para transparência, em português. A transparência norte-americana chega a irritar, como assistimos todos os dias: que melhor exemplo que a nomeação de um promotor especial para investigar as estripulias sexuais do presidente Bill Clinton, a ponto de aparecer como prova o vestido da namorada, com marcas do augusto sêmen presidencial? A transparência americana se difunde em todos os sentidos. Começou nas igrejas pentecostais, em que os fiéis expõem seus pecados aos irmãos de fé e, com ruidoso arrependimento, redimem-se e são perdoados. O traço cultural da transparência permeia de tal maneira a sociedade
não é estrito como o brasileiro – e é isso que nos interessa aqui. Os norteamericanos liberaram todos os seus arquivos sobre a II Guerra Mundial e mantêm sob sigilo parte deles sobre a guerra do Vietnã. Já o Brasil retém arquivos sobre a Guerra do Paraguai, que terminou há mais de cem anos, os do Estado Novo ainda são liberados em conta-gotas, alguns com trechos rasurados. Não sou rigoroso na crítica a Rui Barbosa, que como ministro do primeiro governo republicano, mandou queimar os registros de compra e venda de escravos. Se de um lado ficamos livres de demandas paraguaias por conta de Itaipu, no outro ficamos sem argumentos para as sucessivas exigências de cotas de
entre os bispos deputados apanhados em flagrante delito. Mas incluímos a transparência na constituição e nas leis. A cada dia temos mais leis sobre transparência, em absurda sobreposição de normas, a seguinte para dar força à anterior – surgiu nestes dias uma lei antidiscriminação racial, matéria de lei anterior e da constituição. A constituição e as leis determinam que o Estado seja transparente, que informe tudo que faz, quanto gasta, com quem gasta, etc. O Estado não informa e surgem leis para determinar que o Estado informe. A antitransparência é tão forte que o próprio Estado esconde a lei que iniciou e não a vota, como acontece
Não descreio em alienígenas. Não tem sentido negar-lhes a existência, considerando a dimensão infinita, eterna e expansiva do universo. americana que aparece nas técnicas de psicodrama para treinamento de vendas. Quem duvida compareça a reunião de treinamento da Amway, a maior vendedora de detergentes porta-a-porta. Ou num curso Dale Carnegie, em que para “aprender a fazer amigos e influenciar pessoas”, o aluno precisa primeiro lavar sua alma em público. Mas o melhor do full disclosure está no exigir que o governo abra seus arquivos, que não pode subtrair aos cidadãos – a menos que traga risco à segurança nacional. Felizmente para os norte-americanos o espaço racional e político da segurança nacional
afrodescendentes. Também deve haver um traço religioso na tradição brasileira antitransparência, igualmente difusa em nossas instituições, inclusive na política. Esse traço há de ser o catolicismo, que reduz a confissão do pecado a um conchavo com o padre, que ouve escondido, não nos identifica, e burocraticamente nos isenta com amenas penitências. Nada daquilo de lavar a roupa suja diante da igreja, da televisão, do clube, da empresa, como nos EUA. O crescimento das religiões pentecostais e fundamentalistas no Brasil não teve ainda sedimentação para mudar o comportamento – nem
no Paraná com a lei da transparência, que a assembleia legislativa conserva no olvido de uma gaveta. Para dar foros de elegância a esta análise teria que dizer que na transparência o Brasil vive conflito entre a ética e a religião: uma quer a transparência, outra atua para que os pecados fiquem bem escondidos. Então está claro que a transparência não integra nossa mos maiorum, a tradição ancestral e inconsciente coletivo. Não pegou. Ponto. A menos que algum disco voador pouse no Brasil. Aí teremos transparência, o governo não poderá sonegar a informação – que será divulgada pelo presidente e sua candidata jactarem-se precursores no contato alienígena. Nessa transparência seremos nós, diferentes, superiores aos norte-americanos. julho de 2010 | IDEIAS 59
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MARIANNA CAMARGO jornalista
CRÔNICA
O sucesso do excesso
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e engana quem pensa que a cafonice e o provincianismo das pessoas se resume apenas à origem ou ao modo de vestir. Aquilo que subverte o que é considerado elegante aparece na maneira de ver o mundo, extremamente limitada e local, no jeito de falar, no excesso. Contudo, além dessa esfera comportamental, há aspectos bem-humorados na cafonice, na película deste universo felliniano, com cores de Almodóvar, identificado imediatamente nos excessos desse vasto mundo. Já ouvi algumas “damas da sociedade” falarem seu parco francês para parecerem mais cultas, poliglotas, inteligentes, quando na verdade, seu francês se resume a duplicar os “Rs” em um péssimo português, très bien. Fora os que creem entender de vinhos e exibem todo seu conhecimento de aromas de pneus e madeiras em extinção das florestas da Irlanda. A turma do perfume é pior, pois se trata de algo que todos vão sentir, e não existe nada mais deselegante e mal-educado do que fazer as pessoas sentirem apenas o “seu” perfume. E os que comem frango com polenta e besuntam seus ouros e peles de gordura? Temos ainda uma senhora conhecida das colunas sociais que comprou uma autêntica cadeira Luis XV com tecido adamascado no valor de R$ 10 mil reais. Para os cachorros sentarem. Pasmem. Quando se pensa em moda, então, encaramos um batalhão de exageros e similaridades grotescas. Gilles
Lipovetsky, no seu livro “O império do efêmero”, observa que “a moda é um sistema inseparável do excesso, da desmedida, do exagero”. Amplificador de ideias, conceitos e atitudes, nem sempre próximas à realidade da maioria; preta e branca, minimalista, sem exageros, o avesso do excesso. Certa vez uma citada consultora de moda explicou como as pessoas deveriam se comportar e se vestir em viagens internacionais. A ideia em si compreende um arsenal preconceituoso e provinciano sem tamanho. Uma das dicas era: “se não tiver dinheiro, aja como se tivesse, vá ao melhor restaurante da cidade e peça o vinho mais caro”. Não existe algo mais cafona que isso. Em Curitiba este provincianismo se traduz em uma classe típica classificada de “peruas”. Os salões de beleza devem ganhar rios de dinheiro para deixar todas loiras, com o indefectível topete, a marca curitibana, e morrer de tédio por não ter nenhum ímpeto criativo. Mas a sua essência reside nas atitudes, na estreiteza de horizontes sem nenhuma linha rasa de sol, da pausa de algo menos fundamental e demasiadamente descartável. Oscar Wilde acertou em cheio quando disse “moderação é algo fatal; nada traz mais sucesso que o excesso”. Por isso, falem o que quiserem, mas a cafonice é um sucesso.
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62 IDEIAS | julho de 2010
GASTROLOGIA
A arte do simples Vicente Ferreira FOTO DE DICO KREMER
H
ermes Custódio comanda a cozinha que prepara alguns dos pratos mais cobiçados da cidade. Sua principal fonte de inspiração é Paul Bocuse. O mestre maior, seu iniciador, foi o Celso Freire. Deles aprendeu a nova gastronomia, essa que deixou mais leve e simples a cozinha francesa clássica e revolucionou a culinária no mundo. Hermes Custódio usa ingredientes tradicionais, mas mudou a maneira de prepará-los. Sua preocupação é a de preservar o sabor dos alimentos. Por isso mesmo os seus molhos e temperos são suaves. Nem um grama a mais para não comprometer o sabor original. Mas há criatividade nessa faina que o obriga diariamente a procurar o que há de melhor para servir. Quando pode, faz seus experimentos. Alguns levaram mais de ano para que chegassem ao ponto que ele pretendia. Prove o lombo de bacalhau com a crosta de alho ou o mignon acompanhado de arroz em molho de queijos. Peça um peixe, experimente os frutos do mar. Depois organize uma corrente de orações para manter o chef em atividade. Hermes Custódio tem uma história que repete a dos meninos humildes do interior que procuraram na cidade grande um destino melhor. Veio de Wenceslau Brás, cidade que parou no tempo e feneceu com a mudança de sua agricultura. Hoje, a população é menor do que na época que Hermes a deixou. Em Curitiba, aos 15 anos, ele foi lavar pratos para sobreviver. Aí começou a mudar a sua sorte e a desenvolver uma vocação que ele acredita que tem origem anterior, na observação da cozinha doméstica, no preparo das caças e na educação paciente, mas rigorosa, que recebeu do avô. Ainda menino, Hermes era escalado para o sacrifício das aves de caça que o avô trazia das incursões pela região. Trabalho a que levou muito tempo para se habituar e que fazia parte de sua formação para a idade adulta, como explicava o avô, que não queria um neto com temores e preguiças. O italiano era um convicto defensor do princípio do desempenho.
No restaurante Boulevard, passou da estiva de lavar a louça para a função de auxiliar de cozinha. Cortava os legumes segundo o pedido do chef Celso Freire. Foram anos de paciência e observação até que surgisse a oportunidade. Um subchefe pediu demissão. Freire lhe ofereceu a vaga. Ele aceitou. Freire presenteou Hermes com um volumoso compêndio onde estavam as receitas que ele usava. Hermes agradeceu, olhou o livro e surpreso, observou: — Mas este livro é em francês e eu não seu francês. — Você pensa que a vida é fácil? Respondeu Freire. O primeiro teste foi o da preparação dos molhos. Hermes comprou um dicionário, traduziu as receitas como podia, pendurou cartazes na cozinha com as palavras em francês e sua tradução. Assim aprendeu francês e a cozinhar. No começo, Freire experimentava os molhos e os despejava no lixo. Um atrás do outro. Nada dizia. Meses depois, Freire aprovou o primeiro, o segundo e daí em diante deixou Hermes à vontade. Desde então, nosso chef evoluiu à condição de um dos principais da cidade. Para encontrá-lo, em sua cozinha ampla, onde comanda uma equipe com rigor de general de brigada, visite o Vin Bistrô, na rua Rua Fernando Simas, 260, Batel. O professor Vicente Ferreira é gourmet e gastrólogo julho de 2010 | IDEIAS 63
LUIZ CARLOS ZANONI enólogo e jornalista
Rolhas da discórdia
A
lguns amigos que andaram pela Austrália e Nova Zelândia relataram sua surpresa por depararem, à entrada dos restaurantes de cidades como Sidney ou Auckland, a onipresente plaqueta com a estranha palavra BYOW. Decifrada a charada, viu-se que era apenas o acrônimo de Bring Your Own Wine, um convite ao cliente para que leve seu próprio vinho. Essa prática, bem vista e estimulada por lá, constitui-se, entre nós, jogo de regras ainda obscuras, causa de frequentes barracos. Da mesma forma que alguns restaurantes se ofendem, encarando como uma bofetada em suas cartas, certos clientes ignoram o básico, acham-se no direito de aparecer com vinhos rigorosamente comuns, ou de nível inferior aos oferecidos pela casa. Fora do bom senso não há salvação. As regras não estão escritas, pertencem ao mundo dos costumes. Há que contem-
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plar aí dois interesses, o do restaurante, para o qual a carta de vinhos é ítem valioso de sobrevivência, e o do cliente, que deseja celebrar um momento especial com um rótulo repleto de credenciais.
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importante é sempre consultar antes. Telefonar perguntando não custa nem ofende. Curiosamente, os restaurantes com boas adegas, que trabalham profissionalmente o vinho, são os mais compreensivos, encaram com naturalidade. A maioria estipula uma taxa, a chamada “rolha”, que custeia o serviço e equivale ao preço de uma garrafa de valor médio da carta, cerca de 20 ou 30 reais. Outros nada cobram. E até permitem que o cliente estoque algumas garrafas na adega da casa, o que sempre lhe dará bons motivos para um retorno.
Q
ualidade é o ponto seguinte. Os restaurantes que dizem sim realmente se sentem honrados pela presença de um rótulo de bom gosto, fruto de garimpo individual e guarda cuidadosa. Vinhos assim enobrecem a culinária da casa, marcam a consideração que lhe devota o cliente. Nem sempre está em questão o preço da garrafa, mas ela deve ser incomum, situarse fora da seleção proposta na carta do restaurante, ou acima dela. Pega mal chegar com alguma coisa de nível igual ou inferior. Também não está escrito, porém pedir um vinho do restaurante é retribuição esperada. Talvez um branco ou um espumante para acompanhar a entrada, talvez um Porto para o final. E manda a etiqueta que o serviço receba uma gratificação generosa nessas ocasiões.
taurante tinha às pencas. Mas há também casos de estabelecimentos que, por ignorância pura, vetam o vinho do cliente mesmo dispondo de pouco para oferecer. Um amigo conta que, numa churrascaria da cidade, com modernas instalações por sinal, além da negativa ouviu o gerente cochichar ao garçom que “é preciso abrir o olho, hoje trazem o vinho, amanhã a comida”. O tal gerente não sabia nem o significado de cobrar a rolha. O cliente tomou uma cerveja e não voltou nunca mais.
e
xemplo negativo foi o da pessoa que levou uma sacola de tintos argentinos da uva Malbec para festejar com parentes o aniversário da mulher. Nada contra Malbecs. Os tais, porém, eram comuns, disponíveis em todas as prateleiras. O próprio resjulho de 2010 | IDEIAS 65
PRATELEIRA Filmes
Fellini 8 e ½
Vi o 8 e ½ de Fellini bem uma centena de vezes. É, para mim e mais penca graúda de amigos, o filme mais importante de toda a história do cinema, da época em que ainda havia cinema. Entre esses amigos posso listar o Nêgo Pessôa e o Dico Kremer, duas figuras que também habitam estas páginas da revista Ideias. Há, entre nós, conversas internas onde a referência a diálogos de Fellini é constante. “Quanta gente bruta” é exclamação comum quando nos deparamos com os representantes da barbárie local. Voltemos ao filme e à civilização. “Fellini 8 e 1/2” trata da crise de inspiração de um diretor de cinema. Guido, interpretado por Marcello Mastroianni, é um 66 IDEIAS | julho de 2010
artista cujo único comprometimento é com sua arte. Mas, ao se deparar com a indagação de se ainda havia algo essencialmente importante a ser dito, entra em crise de criação que bloqueia a produção de seu novo filme. Buscando em suas raízes biográficas elementos possíveis para constituir um possível roteiro, Guido acaba mergulhado em memórias confusas, em devaneios oníricos e numa aporia mais do que filosófica. Ao mesmo tempo, Guido enfrenta necessária reflexão sobre sua relação com as mulheres, desde a infância e a experiência com Saraguina, passando por todas que conheceu
e que ele procura encaminhar ao sótão na medida em que perdem graça e beleza. Formidável. Oito e Meio contém todos os filmes feitos antes e depois e anuncia os futuros, aqueles em que Fellini adquire definitivamente sua personalidade cinematográfica. É sempre difícil falar sobre os filmes de Fellini, já que eles se encerram em si mesmo. Este diretor italiano é mestre em criar obras aparentemente sem trama, com quadros potencialmente desconexos e com personagens grotescos e in. É neste clima turbulento e confuso que Fellini faz transparecer suas preocupações vitais acerca do papel de uma obra de arte. É natural que um filme que retrata um artista em crise seja uma das mais belas obras de arte do cine ma. E também é natural que em sua imaginação o personagem Guido tenha eliminado o intelectual e crítico que lhe apoquentava a existência com observações e reprimendas. F.C.
ADeUS, SARAMAGO
Livros
POeTA RUSSA Marina Tsvietáteva é um livro prefaciado e traduzido por Décio Pignatari. Marina foi uma das melhores poetas modernistas russas, mas seu trabalho é pouco conhecido no Brasil. Décio Pignatari nos presenteia com este livro que ele abre com três prefácios que falam sobre tradução, o conturbado cenário da Rússia na época e o ponto de vista de Marina em relação ao seu país e à sua vida. Marina nasceu em 1892 e cometeu suicídio em 1941, teve uma juventude agitada, alguns anos felizes, mas passou por duas guerras e uma revolução que trouxeram sofrimento e também paixões. É possível ver todos estes sentimentos nas suas poesias, como o Ensaio de Ciúme. As ilustrações de Maria Angela Biscaia trazem a leveza necessária. (Travessa dos Editores – 2005).
O SÁBiO e O lOUCO
Belo livro sobre Picasso de MarieLaure Bernadac e Paul de Bouchet editado pela Objetiva. Edição cuidada, iconografia interessante... Um homem para quem pintar significava ver e que melhor do que ninguém enxergou seu século. Dos primeiros esboços dos pombos de Málaga aos período azul e rosa, dos anos loucos de Montmartre às Senhoritas de Avignon, da explosão surrealista à Guernica, das mulheres que choram à mulher flor, ele sempre afirmou sem cessar: “Eu não procuro, eu encontro”.
Morreu José Saramago, aos 87 anos, em sua casa em Lanzarote, nas Ilhas Canárias. Ele sofria de leucemia e, nos últimos anos, havia sido hospitalizado em várias oportunidades devido a problemas respiratórios. Vencedor do prêmio Nobel de Literatura em 1998 e de um prêmio Camões - a mais importante condecoração da língua portuguesa. Entre seus livros mais conhecidos estão “Memorial do convento”, “O ano da morte de Ricardo Reis”, “O evangelho segundo Jesus Cristo”, “A jangada de pedra” e “A viagem do elefante”. Saramago era considerado como o criador de um dos universos literários mais pessoais e sólidos do século XX e uniu a atividade de escritor com a de homem crítico da sociedade, denunciando injustiças e se pronunciando sobre conflitos políticos de sua época. Em 1997, escreveu a introdução para o livro de fotos “Terra”, em que o fotógrafo Sebastião Salgado retratava a rotina do movimento dos sem-terra no Brasil.
ViSÃO DO PARAÍSO Enfim, nova edição de “Visão do Paraíso”, de Sérgio Buarque de Holanda. Em posfácio, Laura de Mello e Souza analisa o impacto do livro em seu tempo e seu significado decisivo para a historiografia. Destaca o empenho de Sérgio Buarque em passar em revista a história colonial portuguesa e espanhola. O segundo posfácio, de Ronaldo Vainfas, apresenta brevemente o livro no contexto da obra do autor e sua limitada recepção entre os anos 1960 e 1980. julho de 2010 | IDEIAS 67
Música
Foto: Felix Broede
Maria João Pires é pianista portuguesa. Genial. Muito cedo aprendeu a tocar piano: aos cinco anos deu o seu primeiro recital e aos sete tocou publicamente concertos de Mozart. Com nove anos recebeu o prêmio da Juventude Musical Portuguesa. Estudou na Alemanha, primeiro na Musikakademie em Munique com Rosl Schmid e depois em Hannover com Karl Engel. Maria João Pires torna-se reconhecida internacionalmente ao vencer o concurso internacional do bicentenário de Beethoven em 1970, que se realizou em Bruxelas. Fez na sua carreira numerosas digressões onde interpretou obras de Bach, Beethoven, Schumann, Schubert, Mozart, Brahms, Chopin e muitos outros compositores dos períodos clássico e romântico. É encontrável nesta aldeia periférica. Ouça. Não é sem tempo.
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AMel BRAHiM DJellOUl
OUÇA ninO, leMBRe De FELLINI
Foto: Ashraf Kessaissia
MARiA JOÃO
Para ouvi-la é preciso encomendar gravações na Suíça. Mas vale a pena. Amel é argelina. Nasceu em Argel e começou por estudar violino, iniciou-se posteriormente na disciplina de canto, conquistou, em 2003, o 1º Prémio de Canto no Conservatório de Paris. O seu repertório estende-se da música antiga à contemporânea, tendo recentemente interpretado os Grands Motets de Lully, sob a direção de Olivier Scheenebeli, Dido and Aeneas (Dido) e Fary Queen de Purcell. No verão de 2004, interpretou o papel de Sesto (Giulio Cesare de Antonio Sartorio), no Festival de Innsbruck. Cantou também o papel de Pamina (A Flauta Mágica) numa produção do Conservatório de Paris (2002) e interpretará Servilla (La Clemenza di Tito) no Festival de Aix-en-Provence, em 2005.
O trabalho de Nino Rota para o cinema data dos anos 40. A filmografia inclui nomes de todos os realizadores notáveis da sua época. Marcou a obra de Federico Fellini. Rota compôs para todos os filmes de Fellini, desde o ‘Sheik Branco’, de 1952, até ‘Ensaio de Orquestra’, de 1979. A lista dos outros realizadores inclui os nomes de Renato Castellani, Luchino Visconti, Franco Zeffirelli, Mario Monicelli, Francis Ford Coppola, King Vidor, René Clément, Edward Dmytryk e Eduardo de Filippo. Também compôs a música de várias produções teatrais de Visconti, Zefirelli e de Filippo.
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foto Márcia Toccafondo
foto Gerson Lima
toccafondo
foto Alexandre Mazzo
Os sócios da Pastilhart, apoiadora da Casa Cor PR, Fábio Pacheco e Alexandre de Lara receberam convidados para apresentar os lançamentos 2010. Entre os convidados: A badaladíssima dupla Daniel Casagrande e Luiz Maganhoto, que assina o Quarto do Moço na Mostra com a artista plástica Simone Trombini Costa e a arquiteta Carla Gil Heller, que projetou a Suíte Veneza.
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márcia
O Motel Luna Blu trouxe para Curitiba o ator e cantor Daniel Boaventura que encantou com o show “Songs 4 U”, acompanhado de sua banda afinadíssima, a platéia do Teatro Guaira. No camarim, Daniel Boaventura entre Fabiane Pedroso e o irmão Thiago Pedroso, ambos do Luna Blu.
A socialite Paris Hilton que desfilou para a Triton, foi a grande estrela da São Paulo Fashion Week trazendo o tema Evening Party Triton para o verão 2010. A franqueada da Triton em Curitiba Aline Fajardo assistiu na primeira fila e contou que as novidades da grife chegam em Curitiba no mês de agosto. O Verão 2011 da marca terá vestidos curtíssimos, saias godês ou em camadas grandes de babado. A cintura chega marcada ou mais baixa. Na foto, Paris Hilton durante desfile para a Triton, que em Curitiba possui lojas nos shoppings Crystal Plaza e Mueller. chefLaurent LaurentSuadeau Suadeaucomandou comandouas ascozinhas cozinhasdo doEspaço EspaçoGourmet GourmetEscola Escola OOchef deGastronomia Gastronomiaem emduas duasaulas aulasem emjunho, junho,para paraum umpúblico públicoseleto seletode deapreciadoapreciadode resda dagastronomia. gastronomia.OOcardápio cardápiofoi foiexclusivo exclusivoeecriado criadoespecialmente especialmentepara paraaaaula. aula. res Nafoto fotoLaurent Laurentcom comoochef chefMárcio MárcioSilva, Silva,diretor diretordo doEspaço EspaçoGourmet. Gourmet. Na
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márcia toccafondo
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foto Márcia Toccafondo
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O diretor da marca de roupa masculina LOS DOS Raphael Sahyoun Filho recebeu amigos e imprensa, para assistirem o jogo da Seleção Brasileira - na Copa do Mundo - na loja da grife localizada no bairro Moema, em São Paulo. Entre muitas estrelas que foram torcer estava a simpaticíssima Fernanda Souza.
Nereide Michel, o estilista paulista Mario Queiroz e Vanessa Malucelli Andersen, durante o coquetel de apresentação e desfile da coleção coleção Primavera/Verão 2010-2011 da marca curitibana de bolsas Delatia e da linha masculina de Mario Queiroz, no Clube Concórdia.
A artista paranaense e curitibana Simone Campos está com uma exposição individual em sua Galerie d’Art Lúcia Hinz, na cidade de Alsdorf na Alemanha.
foto Márcia Toccafondo
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Patrocinador da Casa Cor Paraná, o Balaroti realizou evento fechado para convidados vipérrimos. Os anfitriões foram Talita Ballaroti, gerente de marketing da empresa, Hélio Ballarotti, diretor-presidente, e o arquiteto Maximiliano Scandelari, autor do projeto do Lounge Balaroti, onde foi realizado o evento.
A RE/MAX, maior rede de franquia imobiliária do mundo e com 68 escritórios comercializados no Brasil, promoveu evento de lançamento da franquia em Curitiba reunindo profissionais do ramo imobiliário. No evento, o presidente da RE/MAX do Brasil, Renato Teixeira, com Carlos Canto, diretor da Revista Imóvel Magazine.
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A dupla Hugo Pena e Gabriel escolheu Curitiba para gravar seu terceiro DVD. Três dias serão dedicados à produção assinada pela CWB Brasil, leia-se João Guilherme Leprevost. O cenário será montado no Curitiba Master Hall que recebe a dupla de 28 a 30 de julho. foto Marcel Blasi
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márcia
Inaugurado em junho, no piso L2 do Shopping Crystal, o corner da Masdar - Joias de prata e aço, que contagiou os corredores do shopping com coquetel para jornalistas, clientes, convidados. Na foto: Claudia Tomasi e o sócio-proprietário da Masdar, Augusto Santana na inauguração, durante a inauguração.
foto Humberto Michaltchuk
O casal de Djs Tati Bittencourt e Léo B. ferveram tudo na Liqüe em junho, com um set impecável e cada vez mais conquistando os baladeiros de plantão curitibanos. A dupla tocou logo após o Vácuo Live.
A presidente do IAP - Instituto dos Advogados do Paraná, Rogéria Dotti e um dos novos filiados do Instituto - o advogado Francisco Zardo, na noite do jantar de comemoração dos 93 anos do IAP, em junho, no Graciosa Country Club. A jornalista Dora Kramer foi a convidada e proferiu palestra com o tema Reforma Política.
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Dias 6 e 7 de agosto o consultor Carlos Ferreirinha, expert nos mercados do Luxo e Premium, ministra o curso de gestão de negócios de luxo, em Curitiba, no o Mabu Royal & Premium Hotel - Praça Santos Andrade. Informações: 41.3329-8205.
foto Naideron Jr.
Melina Velozo, a estilista Karina Kulig, João Paulo Porangaba e Franc Souza no prestigiado coquetel para lançamento da Coleção Verão 2011 da estilista intitulada de Cocktail Sunrise.
márcia toccafondo
A Fundação Cultural de Curitiba e a Fnac Curitiba realizaram um concurso para escolher a capa da edição do Guia Curitiba Apresenta. O vencedor foi José Aguiar que é formado em Artes Plásticas pela FAP. Na foto Mariana Manita (Gerente de Comunicação da Fnac Curitiba) Fernanda Brun (Editora da Revista), José Aguiar (vencedor), Danilo Boeno (Diretor da Fnac Curitiba) e Marili Azim (Coordenadora de Artes Visuais da Fundação Cultural de Curitiba) na entrega da premiação.
foto Márcia Toccafondo
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foto Naideron Jr.
Os proprietários da Construtora San Remo na Casa Cor Paraná – Sonia Moritz Perussolo, João Carlos Perussolo e Aline Moritz Perussolo. É da San Remo a mão-de-obra empregada na infraestrutura do Espaço do Curitiba Convention & Visitors Bureau (Curitiba CVB), e que leva a assinatura da arquiteta Cynthia Karas.
Antenadíssimos e de olho na moda do Brasil e do mundo: o produtor Paulo Martins, o estilista Jefferson Kulig, a jornalista Nereide Michel e a estilista Irit Czerny, “tricotando” durante evento.
foto Hans Basso
foto Diogo Alexandre
O modelo e ator Cássio Reis brinca com Maria Clara Cavalca Machado, filha da franqueada da Tyrol em Curitiba, Francelli Cavalca, durante o desfile beneficente da marca.
A marca de bolsas curitibana Delatia – das irmãs Sâmy e Suliane dos Anjos com o apoio do investidor norte-americano Wallace Fitzwater – estreou sua linha masculina em junho, na São Paulo Fashion Week, durante o desfile do badalado estilista Mario Queiroz, que passa a assinar a linha masculina da marca. Na passarela, os modelos vestiram trajes em cores suaves sem grandes diferenças nos tons e para acompanhar a proposta do desfile, “Delatia por Mario Queiroz” apostou em bolsas em tons terrosos.
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A fotógrafa e jornalista Cris Berger lançou em Curitiba, seu primeiro livro “69 Lugares para Amar”, na Livraria Curitiba Megastore do ParkShopping.
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márcia toccafondo
Cida Colombo recebeu 70 mulheres
charmosas da sociedade curitibana em sua residência, lindamente repaginada, distribuindo sorrisos e gentilezas. A noite fria não impediu as amigas de comemorar ao seu lado e o clima da festa foi muito agradável. A organização e o decór foi de Luiz Roberto Borges, o buffet foi assinado por César Monteiro, flores linda da Flor de Liz, docinhos deliciosos de Miriam. Champagne Möe Chandon, vinhos pra lá de elegantes e muita conversa divertida. Confiram nas minhas fotos:
A aniversariante Cida Colombo com a filha Mauren e a arquiteta Karin Klassen.
MARCIA Lylian Vargas, Julietinha Miró, Zaira Gáleas, Beth Pallazo e Norma Camargo. Lylian Vargas, Julietinha Miró, Zaira Gáleas, Beth Pallazo e Norma Camargo.
A aniversariante recebe o carinho do chef Cesar Monteiro e da mulher Ana.
Moema Michaelis, Alda Gulin Crivelar e Izaura Mueller.
Louise Alves e Neuza Madalosso.
Florlinda Andraus, Stella Winnikes e Cristiane Andraus.
Zaira Gáleas, Gladys Fadel e Cintia Peixoto.
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márcia toccafondo
Luiz Maganhoto, Maribel de Cássia Souza, Fernando Pires e Daniel Casagrande.
O artesão de sapatos glamourosos e de salto altíssimos, Fernando Pires, aterrisou em Curitiba para a inauguração da loja que leva seu nome: House of Shoes Fernando Pires. Um aglomerado de pessoas foi conferir a nova loja que conta com 350 modelos belíssimos, femininos e masculinos. O projeto da loja leva a assinatura competente da dupla Luiz Maganhoto e Daniel Casagrande.
Fernando Pires e Maribel de Cássia Souza, proprietária da loja
ESTRELAS DA CASA COR O luxo e a sofisticação dos interiores fizeram bonito na 17a. edição regional da Casa Cor, o mais tradicional evento sobre tendências de arquitetura e design de interiores do país, que aconteceu na Casa de Retiros Mossunguê - Bairro Ecoville, entre 21 de Maio a 29 de Junho. O tema da mostra foi “Morar verde: sustentável maneira de viver” e seguiu as tendências mundiais de sustentabilidade. Conheça algumas estrelas da 17a. edição paranaense. A arquiteta Karen Camilotti com a diretora da Mostra, Marina Nessi.
A arquiteta Luciana Baggio com a Suíte Brasil.
O arquiteto Ivan Wodzinsky em seu premiado espaço Escritório-Biblioteca.
Márcia Toccafondo com o artesão Fernando Pires.
fotos Andrea Paccini, Naideron Jr e Gerson Lima
Melissa Mussi, Fernando Pires e Norah de Paula Gomes.
fotos Márcia Toccafondo
HOUSE OF SHOES BY FERNANDO PIRES
O arquiteto curitibano Jorge Elmor, com a concepção do Espaço Café.
O arquiteto Jayme Bernardo assinou o espaço Green Bar.
76 IDEIAS | julho de 2010
cidades
Tamandaré constrói um novo futuro Prefeitura investe em obras e melhora a qualidade de vida dos moradores
O
prefeito de Almirante Tamandaré Vilson Goinski lançou diversas obras no mês de junho: pavimentações, obras de ampliação e construção. Foi assinada ordem de serviço para o início das pavimentações no Tanguá, obra que custará cerca de R$ 130 mil reais, pagos com recursos próprios do município. A pavimentação na região de Areias ficou em R$ 498 mil reais. Na região de Tranqueira, a obra, que inicia na primeira quinzena do mês de julho, está orçada em R$ 422 mil reais. Além disso, começaram as obras de pavimentação da Rua João Vicentini, no Distrito Industrial II – São Venâncio. É a primeira rua pavimentada pelo Programa PROPAT, que faz as obras
numa parceria entre o Poder Público e a comunidade. A construção do
Centro da Juventude, localizado numa área de 20 mil m2, custará cerca de R$ 2 milhões de reais e fará parte de um grande complexo de prédios públicos que atenderão a população da região da Grande Cachoeira. O local contará com área de lazer, piscina, teatro ao ar livre, quadras esportivas, pista de skate e um prédio com salas de informática, auditório, salas de estudo.
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o mês de junho, cerca de R$ 6,5 milhões de reais foram investidos pela administração em Almirante Tamandaré. Com estas iniciativas, a cidade mostra que está crescendo no rumo certo, com administração austera e transparente do dinheiro público. julho de 2010 | IDEIAS 77
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