Revista Morashá - ed 115

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COMUNIDADES

Judeus do Iraque: apogeu e fim de uma comunidade Os judeus viveram na região que hoje é o Iraque durante mais de 2700 anos. No século 20 eram cidadãos integrados, com importante participação no desenvolvimento econômico e administrativo do país. Era uma comunidade próspera que se orgulhava de suas sinagogas, instituições comunitárias e suas escolas. No entanto, em um período de 20 anos todos os caminhos lhes foram sendo fechados. Em 1935 havia 135 mil judeus no Iraque, hoje restam cinco indivíduos.

À medida que o Império Otomano começa a entrar em lenta decadência, a vida dos judeus piora, fazendo com que a partir do final do século 18, uma leva de judeus iraquianos deixasse Bagdá em busca de onde viver – indo parar na Índia e em países do Oriente. Entre estes, aqueles que prosperaram, como os Sassoon e os Kadoori, iriam ter importante papel para a população judaica iraquiana, devido às polpudas contribuições que enviavam a suas comunidades de origem.

O Império Otomano Desde 1534, quando os otomanos tomaram Bagdá e, em seguida, anexaram toda a Mesopotâmia a seu Império, os judeus viviam na região como súditos do Império Otomano. Sob o regime vigente, a vida da população era determinada pela lei islâmica, a shari’a, e isso se manteve até os britânicos conquistarem o que hoje é o Iraque. Judeus e cristãos lá podiam viver na condição de dhimmis, desde que reconhecessem a superioridade do Islã e pagassem os tributos devidos. O Islã lhes garantia a vida, a liberdade e a autonomia comunitária. Com exceção da jizya, tributo per capita cobrado anualmente a não-muçulmanos, as políticas dos governantes otomanos referentes aos judeus eram improvisadas e sempre decorrentes da sua “utilidade” ou não, no momento.

As Tanzimat e o novo estado civil judaico No século 19, era numerosa a população judaica na região que hoje constitui o Iraque, sendo que a maior comunidade era a de Bagdá, onde, em 1831, viviam cerca de sete mil judeus e havia nove sinagogas. Havia outras comunidades na região norte do país, sendo a maior a de Mossul1, com cerca de 450 famílias judias.

No decorrer dos 400 anos de domínio otomano, a vida da população judaica dependeu do humor de sultões e de califas, alguns dos quais agiram com crueldade. Tudo, porém, é relativo; se comparada à vida de seus irmãos na Europa cristã, a vida dos judeus era quase um “mar de rosas”. 1

Em 1839, melhora a situação da população otomana, bem como a dos judeus em seu meio, quando o governo de Istambul decide modernizar o Império com uma série de reformas que ficaram conhecidas como as Tanzimat Fermani. Foi criado o sistema dos millets,

Essa cidade é a antiga Nínive citada na Torá.

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