HISTÓRIA
HERZL DEPOIS DE HERZL Por ZEVI GHIVELDER
Algumas biografias de Theodor Herzl se circunscrevem à sua trajetória desde a publicação de “O Estado Judeu” até a realização do Primeiro Congresso Sionista Mundial. No entanto, foi depois do Congresso que sua atuação política assumiu uma proporção caudalosa e sua vida pessoal avultou como um enigma.
E
m agosto de 1897, quando, depois de três dias de intensas sessões, o Primeiro Congresso Sionista Mundial terminou, na Basileia, Suíça, o jovem Theodor Herzl embarcou num trem rumo a Viena, onde residia. Ele tinha sido o inspirador e realizador do mais extraordinário evento até então vivido pelo povo judeu em dois mil anos de dispersão. Estava atordoado com o êxito alcançado por seu inusitado e inesperado empreendimento, muito bem-sucedido a despeito de todos os obstáculos que havia transposto. Ainda sentia a vibração dos aplausos que recebera desde o início até o encerramento do Congresso e, sobretudo, pelo eco de uma voz feminina, que não sabia de onde havia partido, dentre os duzentos delegados: “Temos um rei!”.
Ele mesmo se assombrava com os acontecimentos que haviam norteado sua vida nos últimos meses. Mas, quando olhava para trás, não precisava alongar demais a visão. Desde a publicação de O Estado Judeu, um livro de leitura concisa e árida que havia despertado os anseios das massas judaicas na Europa, apenas dois anos tinham transcorrido. Não há na história da humanidade o registro de algum líder de um movimento nacional que tenha alcançado tanto em tão ínfimo espaço de tempo. Em meros dois anos, de 1895 a 1897, ele conseguiu atrair as atenções das poderosas famílias de filantropos judeus europeus, que a princípio o desprezaram. O mesmo aconteceu por parte da intelectualidade judaica da época, que muito relutou até dar crédito às suas ideias, tidas como utópicas e, portanto, descartáveis.
Theodor Herzl, ou Binyamin Zeev, em hebraico, como alguns de seus seguidores preferiam chamá-lo, tinha, então, 37 anos de idade, porém dava a impressão de ser mais velho por causa de sua volumosa barba negra.
Na manhã do primeiro dia de setembro, quando deixava a Basileia, Herzl escreveu em seu diário que ali mesmo, naquela pequena cidade suíça, tinha fundado o Estado Judeu. Não teve o receio de ser visto como um sonhador 23
JUNHO 2021