Revista Morashá - ed 113

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história

TRÊS EVENTOS DECISIVOS POR ZEVI GHIVELDER

O POVO JUDEU FEZ UMA TORMENTOSA CAMINHADA ATRAVÉS DO EXÍLIO ATÉ RECONQUISTAR SUA SOBERANIA. ESTA MARCHA CULMINOU COM O TRIUNFO DE HERZL NO PRIMEIRO CONGRESSO SIONISTA, EM 1897, AO QUAL SE SEGUIRAM TRÊS EVENTOS DECISIVOS: A DECLARAÇÃO BALFOUR, EM 1917, O RELATÓRIO DA COMISSÃO PEEL, EM 1937, E A PARTILHA DA PALESTINA sob mandato britânico, EM 1947.

N

a primeira década do século 20 a Inglaterra abrigava cerca de 200 mil imigrantes judeus. Este número expressivo se devia ao fato desse país manter uma condição de liberdade religiosa aliada a uma perspectiva de ascensão econômica e social que seduzia o continente. Os imigrantes judeus provenientes da Europa Oriental, notadamente da Rússia e da Polônia, trabalhavam como operários ou pequenos comerciantes nas cidades de Manchester, Leeds e Londres, onde se concentravam num bairro do East End. Quando começou a 1ª Guerra Mundial, em 1914, 50 mil judeus se alistaram no exército britânico, 10 mil dos quais morreram em combate.

Império Turco Otomano, do Kaiser da Alemanha e do mais influente ministro da Rússia imperial. Chaim Weizmann estava convencido de que o ideal sionista só poderia ser alcançado através do apoio do Império Britânico, a superpotência da época. Weizmann era um cientista respeitado na Inglaterra porque tinha feito uma importante contribuição a seu esforço de guerra ao desenvolver um tipo de acetona que otimizava a capacidade do arsenal bélico da marinha de Sua Majestade. Manteve incontáveis reuniões com os líderes do governo e da oposição do império, aos quais apresentava uma argumentação de caráter geopolítico: era de suma importância que a Inglaterra mantivesse o controle do Canal de Suez, inaugurado em 1869, para garantir a viabilidade de seu comércio exterior e o caminho para a Índia. Portanto, a existência de um estado judeu no Oriente Médio, próximo ao canal e aliado dos britânicos, asseguraria esse domínio estratégico. Nas altas esferas britânicas, Weizmann era favorecido por sua postura pessoal. Era um homem culto e refinado, profundo conhecedor da história, um judeu diferente dos estereótipos. Um parlamentar da época, Richard Crossman, assim o descreveu: “Ele possui o fanatismo de Lenin e o charme sofisticado de Disraeli”.

O judeu Chaim Weizmann era uma exceção à regra entre os imigrantes. Nascido em 1874 na Bielorrússia, tinha conseguido sair de sua aldeia, Motol, para estudar química, primeiro na Alemanha e depois na Suíça, onde obteve o doutorado. Emigrou para a Inglaterra em 1904, passando a lecionar na Universidade de Manchester. Àquela altura já era atuante no movimento sionista. Seguia um conceito do próprio Herzl segundo o qual a questão judaica deveria ser inserida no âmbito de uma conjuntura internacional, tanto assim que Herzl havia tentado, sem sucesso, obter apoio como o do sultão do 22


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