história
Shaltiel, primeiro Embaixador de Israel no Brasil Por PAULO VALADARES
Em poucos meses, em abril de 2022, completam-se 70 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre o Brasil e Israel. Tudo começou com uma cerimônia solene no Palácio Rio Negro, em Petrópolis, em 8 de abril de 1952, às 16 horas, quando o Presidente brasileiro Getúlio Vargas recebeu as credenciais do General israelense David Shaltiel – o primeiro embaixador de Israel no Brasil.
o
movimento foi simultâneo com a abertura da representação brasileira em Tel Aviv, tendo como embaixador brasileiro o diplomata José Fabrino de Oliveira Baião (1892 – 1971), em 5 de março de 1952. A escolha dos diplomatas por Israel mostrava o cuidado na seleção e a importância geopolítica dada à área latinoamericana. Eram homens de reconhecida atuação na restauração do estado israelense – como David Shaltiel – os enviados para o Brasil e regiões vizinhas.
Sua vida David Sealtiel nasceu em Berlim (16/01/1903) - ele hebraicizaria o nome para Shaltiel, em Israel. Como descendia de uma velha linhagem portuguesa, o seu barmitzvá foi realizado entre os “portugueses” de Hamburgo, com a leitura de uma haftará (trecho dos Profetas). Sua militância em prol da restauração de Israel não seguiu a fórmula religiosa de seus ancestrais de manter seu judaísmo; ele a trocou por uma solução política, o Sionismo formulado pelo jornalista húngaro Theodor Herzl (1860-1904), de origem parcialmente sefaradi. Participou do movimento juvenil Blau-Weiss, o primeiro grupo da história sionista, que fora organizado em Berlim em 1912, com o fim de preparar os jovens para a construção de Estado Judeu.
Shaltiel, sobrevivente do Holocausto, foi um herói da Guerra da Independência de Israel, um dos homens que lutaram arduamente para a restauração de um Estado Judeu. A luta pelo judaísmo estava enraizada em sua alma, pois descendia de uma velha linhagem portuguesa cuja genealogia conseguimos apurar até Portugal e que apresentaremos mais adiante. Descendia dos chamados “Gente da Nação” que, em 1497, foram obrigados a se converter à força, tornando-se anussim, em hebraico, também chamados de cristãos-novos ou conversos. 1
A militância deu resultado, pois em 1923, ele “subiu”1 para a Terra de Israel, onde foi agricultor numa plantação de fumo por algum tempo, retornando depois à Europa. Em Nice, a 15 de janeiro de 1925, engajou-se na Legião Estrangeira, de onde deu baixa como sargento em 1930. Desapareceu por algum tempo no Haiti, reapareceu na Alemanha, onde é preso em 6 de novembro de 1936
Entre os judeus, emigrar para a Terra Santa, Israel, é considerado uma “subida”, caracterizada pelo termo “aliá”, proveniente do verbo “laalot”, subir. 34