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APRESENTAÇÃO DE LIVRO
‘20 anos de DBS em Portugal’ OBRA DE RUI VAZ E MARIA JOSÉ ROSAS Recordar técnicas inovadoras que perduram até hoje e que permitem melhorar a qualidade de vida de muitos doentes é uma forma de evidenciar como os avanços na Medicina têm sido uma constante ao longo da história. A SRNOM foi palco para a apresentação, no dia 11 de abril, do livro “20 Anos de DBS em Portugal”, da autoria de Rui Vaz e Maria José Rosas. Texto Catarina Ferreira › Fotografia Medesign
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oi há 20 anos, pela mão de Rui Vaz, que se realizou em Portugal a primeira cirurgia à Parkinson. A partir de então inaugurou-se um percurso de liderança e inovação na área da estimulação cerebral profunda. O reconhecido neurocirurgião do Hospital de São João é dos poucos médicos portugueses a quem é permitido mexer num cérebro vivo – tantas vezes com o doente acordado. Escrito pelo próprio, em coautoria com a neurologista Maria José Rosas, o livro “20 Anos de DBS em Portugal – Estamos a operar todos os doentes
que precisam?”, foi lançado, no dia 11 de abril, na Casa do Médico. “É uma honra receber aqui, na casa de todos os médicos, os autores deste livro. É o local certo para o apresentar, rodeado de amigos e de tão ilustres personalidades que acompanharam estes avanços científicos”, inaugurou António Araújo, presidente do CRNOM. A apresentação ficou a cargo de Pedro Teixeira Bastos. “Estamos na presença de uma belíssima obra, magnificamente editada e que, na realidade, traduz uma história de vida de um grupo de pessoas que se dedicaram, de
alma e coração, ao desenvolvimento e concretização de um projeto: o tratamento de um grupo de doenças neurológicas pela técnica da estimulação cerebral profunda”, descreveu o presidente da Mesa da Assembleia Regional do Norte. O primeiro capítulo revela “Como tudo começou”, com a notificação da Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson, daqueles que tinham deixado de responder à terapêutica médica, as deslocações dos especialistas ao estrangeiro para obter “formação prática e imprescindível”, a aquisição de material e sistemas de neuro navegação, dando início à viagem, onde sempre imperou o “bom senso e a segurança dos utentes”.
“ESTAMOS A OPERAR TODOS OS DOENTES QUE PRECISAM?”
O também especialista em Cirurgia Cardiotorácica focou parte da sua intervenção no subtítulo do livro “Estamos a operar todos os doentes que precisam?”. “No que diz respeito ao nosso país, estima-se que, em cada ano, sejam operados apenas 37% dos potenciais candidatos cirúrgicos de novo, o que tem provocado, de ano para ano, uma acumulação progressiva de doentes nesta situação. Neste caso, o atraso no tratamento não se deve à existência de longas listas de espera cirúrgicas, mas sim a uma deficiente referenciação dos doentes”, esclareceu Pedro Teixeira Bastos. Presente no lançamento da obra, Pedro Moradas Ferreira, na qualidade de doente, partilhou o seu testemunho e agradecimento profundo. “Fui diagnosticado com Parkinson aos 47 anos e após uma avaliação cuidada, reuni as condições fisiológicas e cognitivas para ser operado pela equipa do Dr. Rui Vaz”, revelou o investigador, enaltecendo a sua “capacidade autónoma” como exemplo das técnicas cirúrgicas de que ele próprio beneficiou. Entre vários agradecimentos, Rui Vaz e Maria José Rosas destacaram o trabalho da equipa que os acompanha ao longo dos anos, de várias especialidades, “que diariamente dão o seu melhor”. n