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RAÇA

“Os animais Nelore pintado evoluíram muito e estão em grande ascensão graças ao trabalho de seleção que diversos criadores vêm fazendo”, assegura o criador, que levará 12 animais para concorrer na ExpoZebu. “O alto nível das competições da ExpoZebu são um indicador de que teremos um julgamento muito concorrido também no Nelore pintado. Será uma vitrine importante para todos”, finaliza Angelo.

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Referência no Brasil

A história do Nelore pintado no país passa pela Fazenda Café, no município de Paranaíba/MS, fundada pelo criador Walmir Lopes Cançado, titular da marca V. Lá, no dia 30 de outubro de 1984, foram registrados os primeiros animais da variedade de pelagem, pintado de preto: o touro Pintor da Café e a matriz Pintora da Café.

A base de seu rebanho começou a ser formada muito tempo antes, na década de 1920, com animais descendentes do touro Pintor Importado, de propriedade de Manoel Andrade (conhecido como “Neca Andrade”), pecuarista do Triângulo Mineiro. A partir de 1953, ele intensificou a seleção dos animais de pelagem pintada de preto. Anos depois, adquiriu exemplares pintados de vermelho do selecionador do Mato Grosso do Sul, Hélio Corrêa de Assunção, pioneiro desta variedade de pelagem do Nelore. Também foram adquiridos animais Nelore padrão que apresentavam manchas ou pintas, descendentes dos touros da importação de 1962, Karvadi e Kurupathy Importado.

O legado da marca V continua hoje pelas mãos do médico-veterinário João Antônio Soares Bessa Costa, bisneto de Walmir. “Ele lutou muito para defender o Nelore pintado, que no início não despertava o interesse dos pecuaristas, e sua insistência na promoção do melhoramento genético do rebanho possibilitou posteriormente a oferta ao mercado de exemplares superiores”, defende João Antônio, que comanda a marca V3.

Assim como o bisavô e a avó Dona Mariita, filha do fundador da Fazenda Café, João Antônio vem trabalhando para o avanço da raça desde muito jovem. Quando era adolescente já auxiliava a avó e, depois de formado, assumiu a gestão do negócio. “Estamos sempre desafiando o nosso gado, investindo na melhoria da carcaça, habilidade materna, desempenho, precocidade, qualidade da carne e promovendo acasalamentos que garantam a pelagem pintada de vermelho e pintada de preto”, diz. Entre as tecnologias utilizadas estão a genotipagem, FIV e a ultrassonografia de carcaça.

Para difundir a genética do criatório, o selecionador fundou a empresa V3 Genetics, focada na produção de embriões congelados de doadores do plantel.

São produzidos e comercializados anualmente 2500 embriões para todo o Brasil. “O Nelore pintado passa por um momento muito favorável, de demanda grande. A entrada de novos investidores contribui para aumentar a credibilidade da variedade, traçando um futuro promissor para o Nelore Pintado”, acredita João, que está pronto para a ExpoZebu, onde concorrerá com 15 animais.

O retorno à ExpoZebu

A ExpoZebu terá em pista 162 animais, tanto mochos quanto padrão de diversas variedades de pelagem. Os julgamentos serão entre os dias 4 e 6 de maio, sob o comando dos jurados Carlos Alberto Marino Filho, Célio Arantes Heim e Horácio Alves Ferreira Neto.

O Nelore pintado estreou na pista da ExpoZebu em 1986, porém, na época os animais eram registrados como LA pela ABCZ, separado do Nelore padrão. O jurado foi Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges, atual 1º vice presidente da associação. O primeiro Grande Campeão Nelore Pelagens da ExpoZebu foi Aracaju da Café, pintado de preto, do expositor Agropecuária Lopes Cançado.

A galeria de campeões exposta na sede da ABCZ, em Uberaba/MG, ainda conta com outros dois Gran des Campeões. Em 1990, venceu Esperando da L. Can çado, do expositor Agropecuária L. Cançado S/A. Ele era filho do campeão Aracajú da Café. Já em 1996, o criatório fez novamente o Grande Campeão, com Líbero Café.

Dois anos antes de comandar o primeiro julgamento, Arnaldinho tinha participado do registro dos primeiros animais Nelore pintado, o macho Pintor e fêmea Pintora, de propriedade da família de Walmir Lopes Cançado. “Até 1983, os animais com pelagem vermelha, preta ou pintada eram desclassificados e não podiam receber o registro genealógico. No ano seguinte, consegui a aprovação no Conselho Deliberativo Técnico da raça Nelore para registrar esses animais como livro aberto”, lembra Arnaldo

Nos anos 1990, ele encaminhou mais uma proposta para que as variedades de pelagem fossem consideradas permissíveis dentro do padrão racial do Nelore. Anos depois, elas já foram consideradas como “Ideal”. Com as alterações no regulamento de registro, o julgamento separado na ExpoZebu foi suspenso. “Quando visitei a Índia vi muitos rebanhos com essas variedades de pelagem. Meu avô, Rodolfo Machado Borges, chegou a ter alguns animais pintados de origem indiana, mas na época, vendeu todos esses exemplares para um criador do

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