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Mastologia
MAMOGRAFIA Por que ainda fazemos?
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O câncer de mama é considerado um dos principais problemas crônicos na saúde mundial: estima-se que, em alguns países, é a principal causa de óbito quando comparado aos demais. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram 1 caso para cada 12 mulheres, com 13 milhões de novos casos sendo diagnosticados ao ano no mundo. No Brasil, as estimativas de incidência do câncer de mama para o ano de 2019 são de 59.700 casos novos, o que representa 29,5% dos cânceres em mulheres.
O Brasil vem sofrendo, ao longo das últimas décadas, mudanças em seu perfi l demográfi co, consequência, entre outros fatores, do processo de urbanização populacional, da industrialização e dos avanços da ciência e da tecnologia, aliados a um estilo de vida diferente de antigamente. Todas essas mudanças comportamentais e ambientais trouxeram uma diminuição das doenças infectocontagiosas e aumento das doenças crônicas e oncológicas.
Apesar de considerada elevada a taxa de cura do câncer de mama, podendo atingir acima de 90% quando diagnosticado em estágios iniciais, estima-se que 60% dos casos, em nosso país, são diagnosticados em estágios mais avançados, representando 10 mil óbitos ao ano.
Mesmo com a melhoria dos exames de imagem e métodos de diagnósticos observados nas últimas décadas, ainda estamos longe de atingir o ideal. A técnica para realização da mamografi a, por exemplo, depende de uma série de fatores, tornando-se um procedimento limitado.
Para alcançar sua total capacidade diagnóstica, é necessário o correto posicionamento do paciente, o bom estado e uma alta qualidade do aparelho; é necessário que os profi ssionais que efetuam sejam devidamente preparados, que sigam padrões rígidos e preestabelecidos, além do equipamento adequado. Contudo, devido à ausência de alguns desses processos, falhas ocorrem e geram problemas no resultado da mamografi a. Consequentemente, imagens de má qualidade, necessidade de chamar novamente a paciente para realizar o exame, aparelhos em desuso, quebrados e sem manutenção ou laudos inconclusivos ocorrem com frequência.
Para se ter uma ideia, mulheres que estão na faixa etária de maior risco, 50 a 69 anos, e que fazem a mamografi a pelo SUS não ultrapassam de 14 a 34%.
Mesmo com tantos desafi os e obstáculos, a mamografi a é considerada atualmente o melhor método para rastreamento e diagnóstico do câncer de mama, ou seja, quando a comparamos com a ultrassonografi a ou ressonância de mamas, ela ainda é superior. Seu objetivo é produzir imagens detalhadas da estrutura interna da mama. Hoje é o exame que consegue detectar o câncer em sua fase assintomática, ou seja, antes de o paciente apresentar algum sintoma, como um nódulo, por exemplo. Reduz a mortalidade do câncer de mama em até 30% dos casos.
Concluímos que, por melhor que possa ser quando comparada a outros exames de imagem, a mamografi a se traduz em um exame simples, de baixo custo e efi caz no que ela se propõe, contudo, existe um campo bastante amplo para inovação no diagnóstico em câncer de mama, buscando-se sempre técnicas rápidas, práticas, com valores que se encaixem em todos os níveis econômicos e cheguem até onde os antigos métodos não conseguiram. Assim, prevejo que novos métodos devam ser estudados e criados para substituir ou aliar-se com os antigos, para que, no fi m, tenha-se um único objetivo em comum, o melhor para nossos pacientes.
Dr. Gustavo Frode Machado Vieira Mastologista CRM/SC 16834 | RQE 14190