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IVA incluรญdo
Espaรงos verdes PRIMEIRO REGISTO DE NINHO DE CEGONHA EM VILA NOVA DE GAIA Entrevista EM BUSCA DO MAIOR ESCARAVELHO EUROPEU Reportagem SAPAL DE CASTRO MARIM
Green spaces For the first time in Gaia: storks are nesting Interview Tracking the largest European beetle Report Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo Antรณnio VER E FALAR + ASTRONOMIA + MIGRAร ร ES + AGENDA + QUINTEIRO PARQUES DE GAIA + PORTFOLIO + FOTONOTร CIAS + CARTOON
ESTATUTO EDITORIAL A revista intitulada “Parques e Vida Selvagem” é propriedade da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia e tem por principal meta a divulgação de notícias e outras informações que estimulem a educação ambiental. Esta revista relaciona-se com os seus leitores oferecendo-lhes uma informação isenta, clara e objetiva, respeitando os princípios deontológicos, pluralistas e democráticos, numa atividade independente de influências partidárias políticas ou religiosas, de forma a que também possa prestar o melhor contributo possível no sentido do progresso ambiental, social e educacional do país. Sendo a revista “Parques e Vida Selvagem” uma revista sazonal que privilegia a problemática ambiental em Portugal, visa simultaneamente abordar diversos temas que interessam ao público em geral, de todas as idades. A revista “Parques e Vida Selvagem” quer também integrar o debate das questões de fundo que se colocam à sociedade portuguesa na perspetiva do ambiente, e inclusive estender-se ao espaço mundial da Lusofonia. A existência de uma opinião pública informada, ativa e interveniente é uma característica essencial das sociedades esclarecidas e da dinâmica de uma mentalidade aberta que não traça limites, fazendo com que o trânsito da informação não se iniba diante de fronteiras regionais e culturais. Do ponto de vista editorial e gráfico, seguindo critérios rigorosos e criativos, a revista “Parques e Vida Selvagem” faz questão de respeitar todos os parâmetros deontológicos da imprensa e a ética profissional, sem abusar da boa fé dos leitores ou deturpar a informação, e garantindo a sua independência nas vertentes ideológicas, políticas e económicas. Inspirando-se na importância da biodiversidade para a Terra, ao descodificar uma informação diversificada, a revista “Parques e Vida Selvagem” entende que as novas possibilidades técnicas da informação, quer na vertente tradicional quer na vertente “on line”, implicam um jornalismo intensamente dinâmico, imaginativo, em permanente comunicação com os leitores, no pressuposto de uma interatividade constante entre ambos os interlocutores. A “Parques e Vida Selvagem” é recetiva a colaborações diversas. Porém, reserva-se o direito de aceitar ou rejeitar colaborações que lhe sejam enviadas. Caso as aceite, sempre que conveniente — por razões gráficas, de espaço limitado ou outras — poderá resumir essas mesmas colaborações. Esta revista organiza-se através da existência de um Diretor, de um Editor ou Coordenador e de uma rede de colaboradores diversos, tanto na área da escrita, quanto na da fotografia, do grafismo e internet.
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OPINIÃO 3
Maria Mercês Duarte Ramos Ferreira Vereadora do Pelouro de Ambiente Urbano e Espaço Público da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia
Um convite para passear mais Está provado que o usufruto de espaços verdes no ambiente urbano favorece a saúde. Vila Nova de Gaia proporciona aos seus cidadãos essa possibilidade em diversas vertentes e os dias cada vez mais luminosos que se sucedem nesta época do ano são convidativos
Jorge Pereira Gomes
I
nvestigadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Exeter, no Reino Unido, verificaram que as pessoas que passaram a residir na proximidade de espaços verdes beneficiaram desde então de uma melhor saúde mental. O coordenador desta equipa de cientistas, Ian Alcock, afirmou à Imprensa que «existem dados que indicam que estes espaços podem providenciar benefícios sustentáveis a longo prazo para as comunidades locais». O estudo foi publicado no jornal «Environmental Science & Technology» e envolveu, ao longo de cinco anos, 1064 pessoas. Mesmo que nem sempre se resida perto de um parque ou espaço verde, a verdade é que, em Vila Nova de Gaia, ninguém está longe de um ponto com estas caracteristicas. Ao longo do tempo, a política de desenvolvimento do Concelho assentou no fator diferenciador de promoção do aumento do espaço público que deixamos para usufruto das populações. O referencial mais conhecido é o Parque Biológico de Gaia, com mais de 30 anos. Percorrer o seu trilho de descoberta da natureza, com quase três quilómetros, é uma experiência que deixa a vontade de o repetir e funciona como verdadeira universidade da natureza e da biodiversidade. Mas outros há, como o Parque
O Parque da Ponte Maria Pia - Fitness Park dispõe de novos equipamentos
Botânico do Castelo, em Crestuma, de pendor igualmente arqueológico, que tem características singulares. É também o caso do Parque da Ponte Maria Pia, agora com novas valências de Fitness Park, mobilizadoras de mais e diferentes visitantes, localizado no miolo urbano da cidade. Como este, envolvido também pela cidade, o Parque da Lavandeira continua a ser visitado por inúmeros gaienses, como passeio de família por excelência, que ali fazem as suas caminhadas e observações. À beira do mar, é bom revisitar o Parque de Dunas da Aguda ou a Reserva Natural Local do Estuário do Douro, onde se usufrui de uma das melhores zonas de estadia de aves selvagens do mundo e deleitar-se com a
sua observação num ambiente calmo e de paisagem única. Observar a natureza desperta o sentido de nos tornarmos cada vez mais ativos na defesa da sustentabilidade dos nossos recursos naturais e dos desafios que lhe são inerentes. Tem de ser este o nosso caminho, a busca de sucesso para a mudança de mentalidades sobre a gestão dos nossos recursos, através de políticas que envolvam a qualidade de vida dos cidadãos. Esta revista será sempre um veículo para a trajetória da mudança através da Educação Ambiental que deve ser transversal e para todos os alvos, incluindo com particular relevância, a área da gestão e da economia.
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Conheça as edições do Parque Desejo adquirir os seguintes títulos nas quantidades indicadas:
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Livro “Guia das Camélias do Parque do Conde das Devesas” de Nuno Gomes Oliveira .................................................................................. € 9,00
Livro “Ensaio sobre as Camélias e o Parque da Quinta do Conde das Devesas” de Nuno Gomes Oliveira ................................................................................ € 8.00
Livro “Pirilampos de Portugal” de vários autores”............................................................................................. € 5,00
Livro “Cobras de Portugal” de Jorge Gomes .............................................................................................. € 3,00
Livro “Guia da Reserva Natural Local do Estuário do Douro”de vários autores... € 2,00
Livro “Uma Escola Sem Muros: Diário de Um Professor” de Paulo Gandra.............................................................................................. € 0,50
Livro “José Bonifácio de Andrada e Silva: Um Ecologista no Séc. XVIII” de Nuno Gomes Oliveira ................................................................................ € 3,50
Livro “Parque Biológico de Gaia - 1983/2013” ................................................... € 5,00
Livro “Ecoturismo e Conservação da Natureza” de Nuno Gomes Oliveira ................................................................................. € 3,50
Livro “Borboletas dos Parques de Gaia” de Jorge Gomes ............................................................................................. € 10,00
Livro “Áreas de Importância Natural da Região do Porto” de Nuno Gomes Oliveira ................................................................................ € 5,00
Livro “Mauro e Emília: os nossos cágados estão em perigo, vamos ajudá-los” .................... € 5,00
Livro “Manual da Confecção do Linho” de Domingos Quintas Moreira ......................................................................... € 0,50
Livro infantil “Galvino e Galvão, a Galinha-de-água e o Galeirão” de Manuel Mouta Faria .......................................................................€ 5,00
Livro “A Origem das Espécies” de Charles Darwin ....................................................................... € 5,00
Enviar este cupão preenchido em letra legível para: Parque Biológico de Gaia t Loja t Rua da Cunha t 4430-681 ou por e-mail para sandra@parquebiologico.pt Nome Morada Código Postal
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Junto comprovativo de transferência bancária para o IBAN: PT50-0033-0000-45473586033-05
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Solicito P. F. que me enviem à cobrança (Portes de Correio não incluídos)
NOTÍCIAS 5
O Presidente do Município de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, afirmou: «O nosso objetivo é ter esta relva calcada, ou seja, a relva e o espaço são para usufruir»
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Parque da Ponte Maria Pia
Fitness Park
passear, mas usufruir de equipamentos de educação física, de práticas de lazer». Adiantou que «o nosso objetivo é ter esta relva calcada, ou seja, a relva e o espaço são para usufruir. Foi esse o espírito de instalação destes equipamentos». O Presidente do Município
esteve acompanhado por outras individualidades, nomeadamente pelo Presidente da Assembleia Municipal, Albino Pinto de Almeida, e pelos vereadores Mercês Ferreira, José Valentim Pinto de Miranda e Elísio Ferreira Pinto.
Jorge Pereira Gomes
Parque da Ponte Maria Pia - Fitness Park tem novos equipamentos. Na manhã de 7 de dezembro o Presidente do Município de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, dirigiu-se aos presentes e sublinhou que este parque foi «um espaço construído num contexto muito específico. Faltavalhe ter um conjunto de atrativos que nós quisemos nesta fase acrescentar». Afirmou também que se pretende que corresponda a «uma razão adicional para as pessoas cá virem não apenas
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6 NOTÍCIAS
Semana Europeia da Mobilidade
Jorge Pereira Gomes
Nos dias 16 e 17 de setembro de 2016 as paredes interiores da Estação General Torres foram enriquecidas com um conjunto de pinturas realizadas pelos Artistas de Gaia, alusivas à mobilidade e ambiente. No mesmo intuito, em 16 de setembro teve também lugar o lançamento da Rota Eco-Escolas na coletividade Olival Social - Associação para o desenvolvimento de Olival. De noite, decorreu um passeio de bicicleta noturno que já vai na sua 8.ª edição. Estas foram algumas das diversas iniciativas que se enquadraram num conjunto de atividades relativas à Semana Europeia da Mobilidade.
Centenas de alunos refletiram sobre desenvolvimento sustentável
Filipe Vieira
Dia Nacional do Mar Em 16 de novembro comemorou-se o Dia Nacional do Mar. Portugal é um país com quase mil quilómetros de território banhado pelo oceano Atlântico e em boa parte por isso no auditório do Olival Social centenas de alunos de diversas escolas gaienses juntaram-se para apontar problemas como a poluição e a degradação costeira, o impacte da invasão de espécies exóticas na perda de biodiversidade, a pesca e os problemas emergentes das alterações do clima, bem como outras questões englobadas no conjunto de consequências prejudiciais ao bom funcionamento dos ecossistemas naturais que sustentam a vida na Terra, com vista à adoção de práticas amigas do desenvolvimento sustentável. O evento abriu com palavras do Presidente do Muncípio, Eduardo Vítor Rodrigues.
O encontro contou com a presença da Vereadora Mercês Ferreira
Jorge Pereira Gomes
Filipe Pinto no Jardim do Centro Cívico
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Filipe Pinto, estrela de televisão que brilhou no programa “Ídolos”, esteve no Jardim do Centro Cívico, em Gaia, no dia 21 de setembro a participar numa plantação de árvores, simbólica, mas fortemente ligada ao seu projeto “O Planeta Limpo”. Filipe está envolvido no plantio de um milhão de árvores até 2017, em diferentes países.
João Luís Teixeira
Rebento da vinha mais antiga em Gaia Em 11 de novembro de 2016, sexta-feira, pelas 11h00, decorreu no auditório do Parque Biológico, com a presença do Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, o ato de doação do Município de Maribor ao Município de Vila Nova de Gaia de um rebento da videira mais velha do mundo, variedade Zamtovka, que tem crescido e dado fruto há mais de 400 anos no centro histórico da cidade de Maribor, na margem direita do rio Drava, na Eslovénia. O rebento foi depois plantado dentro do Parque, junto do campo da quinta de Santo Tusso.
Jorge Pereira Gomes
Plantação de árvores na Escola Básica da Madalena Na manhã de 30 de novembro de 2016, quarta-feira, teve lugar uma cerimónia de plantação de duas árvores na Escola Básica da Madalena, que contou com a participação de várias individualidades, nomeadamente da Veradora Mercês Ferreira. As espécies em causa foram um loureiro-deportugal, Prunus lusitanica, e um pinheirosivestre, Pinus sylvestris. O certame, associado à ideia de proteção da diversidade de espécies própria dos bosques nativos, envolveu numerosos alunos e professores.
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8 EDITORIAL
Nuno Gomes Oliveira
Biólogo (PhD), Técnico Superior da CMG
"Todo o mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades." Quando Luís de Camões, no séc. XVI, escreveu "todo o mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades" não estava, seguramente, a pensar nas alterações climáticas, mas que as havia, havia e sempre houve e haverá
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ouglas Kennett, professor de antropologia da Universidade da Pensilvânia, coordenador de um estudo publicado na revista “Science”1, sustenta que as alterações climáticas do século XVI, que motivaram prolongadas secas na América Central, foram fatais para a civilização maia. Se bem que haja razões naturais para as variações climatéricas ao longo do tempo geológico, hoje ninguém duvida que em tempo histórico o aceleramento das alterações do clima tem a ver com as atividades humanas, nomeadamente o aumento da produção de gases com efeito de estufa (GEE), produção essa que ultrapassou a capacidade natural de remoção da atmosfera, processo de que é exemplo a fixação do Dióxido de Carbono (CO2) pelas plantas lenhosas que tem vindo a diminuir devido à redução drástica da área florestal do Mundo. A Europa Ocidental já perdeu 99,7% de suas florestas primárias; a Ásia, 94%; África, 92%; Oceânia, 78%; América do
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Norte, 66%; e América do Sul, 54%.2 Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) “Enquanto que em 1990 as florestas cobriam 31,6% das áreas terrestres do planeta, o que corresponde a 4128 milhões de hectares, em 2015 a sua área diminuiu para 30,6%, ou 3999 milhões de hectares, de acordo o FRA (Forest Resources Assessment). Entretanto, a taxa líquida anual de desflorestação diminuiu de 0,18% em 1990, para 0,08% durante o período de 20102015. Hoje [2016] a maioria (93%) da área florestal global é de floresta natural: uma categoria que inclui as áreas de floresta primária, onde a perturbação humana tem sido minimizada, e as áreas de floresta secundária, que foram regeneradas naturalmente. A floresta plantada, outra subcategoria, corresponde atualmente a 7% do total da área florestal do planeta, tendo aumentado mais de 110 milhões de hectares desde 1990."3
É verdade que, graças aos esforços internacionais, as emissões de GEE têm vindo a diminuir, por recurso às energias renováveis e a tecnologias mais eficientes e mais "amigas do ambiente". Mas temos que dar passos rápidos a caminho de uma "sociedade de baixo carbono” se queremos evitar, entre outros problemas, vir a gastar fortunas em sistemas de climatização das nossas casas. E como bem escreveu Camões, com o avanço das alterações climáticas o nosso mundo está, mesmo, "Tomando sempre novas qualidades." Isso é particularmente visível nas alterações e na perda de habitats e biodiversidade, base da vida no planeta. Segundo o economista e ambientalista Donal McCarthy num texto publicado na revista “Signhkance”, de fevereiro de 2013, “Os ecossistemas do mundo fornecem serviços à humanidade avaliados em cerca de 16 a 54 milhões de biliões de euros [dólares no original] por ano – um valor que
tem sido descrito como "uma grave subestimação dum valor infinito". Em 58% da superfície terrestre, onde vive 71% da população mundial, "o nível de perda de biodiversidade é suficientemente substancial para questionar a capacidade dos ecossistemas de suportar as sociedades humanas", alerta a equipa do Professor Tim Newbold, da University College London.4 "Para chegar a esse resultado, os cientistas analisaram mais de 2,3 milhões de registos de 39 100 espécies de 18 600 regiões do Globo, de várias épocas. Os dados revelaram que a biodiversidade, em todo o planeta, caiu para 84,6% (o total, 100%, seria a taxa antes da ocupação humana). Se considerado o surgimento de novas espécies, a percentagem aumenta para 88%. O cálculo é baseado na proposta de que um ecossistema deve preservar até 90% da biodiversidade para que o seu funcionamento seja garantido – assim, perdas maiores que
10% estariam além do limite seguro", segundo transcreve do estudo o veja. com5 de 15/7/2016. Entre nós, em Portugal, há sucessos e fracassos: é verdade que, parece certo, conseguimos, a meias com Espanha, salvar o lince-ibérico e também é verdade que muitas espécies viram as suas populações aumentadas; noutros casos foram as áreas de distribuição que alargaram ou diminuíram, mas isto pode ter muito a ver com as alterações climáticas, pois algumas espécies mais meridionais viram a sua distribuição subir para Norte e outras, mais setentrionais recuaram, também para Norte. Mas se com as espécies há avanços e recuos, já com os habitats naturais só há recuos. A recente publicação da União Europeia “Lista Vermelha dos Habitats da Europa”6 traça um panorama negro: dos 233 habitats naturais estudados 2% estão em "Perigo Crítico", 11% em “Perigo”, 24% estão "Vulneráveis" e 12% “Quase
Ameaçados”, ou seja, mais de um terço dos habitats naturais da Europa estão ameaçados, sendo as principais vítimas de ameaça as zonas húmidas dulçaquícolas (46%) e os habitats costeiros (45%). Em Portugal a situação, neste particular, é muito grave, pois além de quase nada se fazer para recuperar habitats degradados, ainda se deixam destruir zonas costeiras, nomeadamente dunas, para construção num litoral que hoje ninguém pode ignorar - está em forte processo de erosão e sujeito à subida das águas do mar que em Portugal poderá ser de 1,5 m até 2100, segundo Filipe Duarte Santos, especialista em questões ambientais, em comentário a um artigo publicado na revista “Nature” de março de 2016.7 E porque "Todo o mundo é composto de mudança" chegou, em julho de 2016, o tempo de mudar e deixar de ser diretor do Parque Biológico de Gaia. Aos novos responsáveis desejo os maiores sucessos e manifesto a minha total disponibilidade para o que for útil. Quanto aos leitores da revista “Parques e Vida Selvagem" espero continuar a encontrar-me com eles nestas páginas, de um projeto editorial único que, com este número, atinge as 50 edições.
1) KENNETT, D. et all (2012).Development and Disintegration of Maya Political Systems in Response to Climate Change. Science 338: 788.791. 2) GREENPEACE Brasil. (2007). O que fazer para salvar a floresta. Disponível em: http://www.greenpeace.org/ brasil/amazonia, acedido em 29/03/2010. 3) Food And Agriculture Organization of The United Nations Rome (2016). Global Forest Resources Assessment 2015. DisponNel em http://www.fao. org/3/a-i4793e.pdf, acedido em 6/2/2017. 4) Newbold, T., et all (2016). Has land use pushed terrestrial biodiversity beyond the planetary boundary? A global assessment. Science 353: 268-291. 5) http://veja.abril.com.br/ciencia/perda-dabiodiversidade-chegou-a-nivel-perigoso-diz-estudo/ acedido em 6/212017. 6) JANSSEN, J.A.M. (2016). European Red List o! Habitats, Part 2 Terrestrial and freshwater habitats. União Europeia. 7) TOLLEFSON J. (2016). Antarctic model raises prospect of unstoppable ice collapse. Nature, 2016 Mar 31;631(7596):562.
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Na produção desta revista, ao utilizar um papel com 60% de fibras recicladas (Satimat Green) em vez de um papel não reciclado, o impacto ambiental foi reduzido em:
Inverno de 2016
1762
kg de aterro
159
litros de ĂĄgua
1590
kg de CO2 (gases de efeito de estufa)
38170
kWh de energia
3804
kg de madeira
2863
km de viagem num automĂłvel europeu de consumo mĂŠdio
FICHA TÉCNICA Revista “Parques e Vida Selvagemâ€? Editor Parque BiolĂłgico de Gaia Rua da Cunha, 4430-681 Avintes Tel. 227878120 Diretor Nuno Gomes Oliveira Coordenador da Redação Jorge Pereira Gomes Sede da Redação Parque BiolĂłgico de Gaia ProprietĂĄrio Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia Rua Ă lvares Cabral – V. N. Gaia Pessoa coletiva 505335018 Periodicidade trimestral Tiragem 2000 exemplares N.Âş de registo na ERC 123937 ISSN 1645-2607 Dep. Legal 170787/01 Tipografia Orgal Impressores Rua do Godim, 272 – 4300-236 Porto Colaboradores Cristiana Vieira, Helena Hespanhol, Jorge Paiva, Maria MercĂŞs Duarte Ramos Ferreira, Henrique N. Alves, Filipe Vieira, JoĂŁo Teixeira, Anabela Pereira, Assunção Santos, Mike Weber, Paulo Paes de Faria, Ernesto Brochado, Jorge AraĂşjo Silva, Abel Barreto, AmĂĄlia Xavier, Carlos Silva, Daniel Santos, Daniel Machado, David Gonçalves, Francisco Bernardo, Henrique Zorzan, Jaime Prata, JosĂŠ Pedro Oliveira, JoĂŁo Coutinho, JoĂŁo Petronilho, Jorge Casais, JoĂŁo C. Vieira, Maria A. Pinto, Mariana Cruz, PatrĂcia e LuĂs, Paulo LobĂŁo, Paulo Almeida, Paulo Ferreira, Raphael AntĂłnio, Vasco Amorim, Verena Fuchs, VĂtor Sousa. O estatuto editorial da revista “Parques e Vida Selvagemâ€? tambĂŠm se encontra publicado no site www.parquebiologico.pt, indo Ă secção Recursos e Ă subsecção Revista.
www.parquebiologico.pt "OP 97* t / Â? t 5SJNFTUSBM t EF NBSĂŽP B EF EF[FNCSP EF t %JSFUPS /VOP (PNFT 0MJWFJSB 3 euros
IVA incluĂdo
Espaços verdes PRIMEIRO REGISTO DE NINHO DE CEGONHA EM VILA NOVA DE GAIA Entrevista EM BUSCA DO MAIOR ESCARAVELHO EUROPEU Reportagem SAPAL DE CASTRO MARIM
Green spaces For the first time in Gaia: storks are nesting Interview Tracking the largest European beetle Report Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António VER E FALAR + ASTRONOMIA + MIGRAÇÕES + AGENDA + QUINTEIRO PARQUES DE GAIA + PORTFOLIO + FOTONOT�CIAS + CARTOON
Capa: foto de Jorge Pereira Gomes
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PRIMEIRO REGISTO DE NINHO DE CEGONHA EM GAIA espaços verdes
O grupo de 13 cegonhas que pode observar em semiliberdade no Parque Biológico é, na sua grande maioria, irrecuperável. Ainda assim, um dos indivíduos, recuperável e apto para voar em liberdade, optou por ficar – acabou por atrair uma companheira selvagem…
54 SAPAL DE CASTRO MARIM reportagem
A Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António agrega sapais e esteiros, salinas e pastagens: faz parte da Rede Nacional de Áreas Protegidas e, tome nota, foi a primeira reserva natural criada no continente português.
59 EM BUSCA DO MAIOR
ESCARAVELHO EUROPEU entrevista
Criada a Rede Portuguesa de Monitorização da Vaca-loura, conversamos com João Gonçalo Soutinho, biólogo e coordenador desta campanha: ele explica a importância destes invertebrados nos bosques e quer apurar pelo menos onde e quantos avistamentos ocorrem entre junho e julho...
SECÇÕES 12
Ver e falar
14
Fotonotícias
18
Portfolio
26
Contra-relógio
28
Quinteiro
33
Dunas
42
Espaços verdes
51
Recuperar
53
Anilhagem
66
Migrações
68
Atualidade
70
Crónica
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12 VER E FALAR
Dizem os
leitores Será perigoso?
Qualidade
A exemplo de outros leitores, José Óscar Fernandes envia a sua mensagem por correio eletrónico em 10 de abril: «Manifesto-lhes a minha estranheza pelo facto de, desde a n.º 47, não ter recebido mais qualquer exemplar da vossa revista, que, diga-se, é de qualidade superior. Será que deixou de ser publicada/distribuída?». Na resposta explicou-se que, por razões realmente involuntárias, tivemos uma paragem imprevista da edição de inverno, que apesar disso foi produzida dentro dos prazos habituais. Contudo, «podemos dizer que a edição está para ser distribuída em breve».
Revistas anteriores Os pedidos de leitores no sentido de conseguirem adquirir também revistas mais antigas continuam a chegar. Como entretanto já não há exemplares em armazém para atender a essas solicitações, a alternativa de reunir uma coleção completa recai na internet: basta ir ao site www.parquebiologico. pt, procurar Recursos e depois Revistas – todas as anteriores edições da revista «Parques e Vida Selvagem» estão aí disponíveis.
Jorge Pereira Gomes
O telefone tocou. É de uma escola. Em nome do estabelecimento de ensino, Paula Sousa diz ter aparecido um inseto estranho: «Será perigoso?». Não tardou a chegar o e-mail de 12 de julho de 2016 com a fotografia pedida: «Boa tarde. Conforme telefonema de hoje junto enviamos foto do inseto de que desconhecemos a origem. Obrigado!». Afinal era simples. É mesmo um inseto, inofensivo, embora grande na fase adulta, podendo ter 7 centímetros de comprimento: uma borboleta-caveira, Acherontia atropos. O nome comum é antropomórfico: tem a ver com o suposto desenho de uma caveira na parte de trás da cabeça.
Pirilampos de Portugal O livro Pirilampos de Portugal publicado em junho de 2015 teve uma rápida reação de leitores especialistas do nosso e de outros países. Partilhamos algumas delas consigo, tomando a liberdade de as traduzir. De Inglaterra, John Tyler diz, em 23 de junho: «Quero dar os meus parabéns por produzirem este excelente livro. Vi que contém quer informações muito
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interessantes quer ótimas fotografias e isso tanto se liga à apreensão da magia dos pirilampos como ao entusiasmo próprio de quem os estuda. Tenho a certeza que o livro vai inspirar toda uma geração de pessoas em torno do encanto dos pirilampos e da sua investigação. Por isso, dou-vos os meus parabéns». Em 2 de junho, da Zâmbia, Hesse Muse
aponta: «Parabéns! Sei que este tipo de livro é sempre fruto de muito e minucioso trabalho!». Da Malásia, especificamente de Kuala Lumpur, do Wetlands Programme Manager, Malaysian Nature Society, Sonny Wong escreve em 18 de junho: «Obrigado por partilharem comigo este lindo livro. Muito informativo. Os pirilampos da vossa região têm algumas parecenças com os do meu país». De Mafra, em 13 de junho, Ana Margarida Gago, assevera: «Adorei! Já folheei e acho que está um trabalho muito interessante, limpo e com informação acessível. Vou com certeza devorá-lo para outros encontros “imediatos” que tenha com um pirilampo».
Daniel Santos
FOTOGRAFIA 13
Consegue dizer mais que a fotografia? O desafio foi lançado na revista anterior e as respostas chegaram. Daniel Santos envia uma fotografia de sua autoria de um anfĂbio que, em todo o Mundo, sĂł existe na PenĂnsula IbĂŠrica: “Desde criança que tenho uma ligação bastante forte com a natureza.
Aqu
Gosto de observar todas as criaturas que encontro. Um dos meus maiores sonhos sempre foi ser biĂłlogo. Concretizei-o recentemente. No entanto, ao longo dos meus anos como estudante de licenciatura sentia que algo me faltava e foi nessa altura que descobri a fotografia. Nas minhas imagens tento sempre incluir caracterĂsticas dos habitats onde os animais vivem e tento ser criativo na composição e luz.
NĂŁo tenho animais preferidos de fotografar, mas tenho um carinho especial pelos anfĂbios e rĂŠpteis. O meu objetivo ao fotografĂĄ-los segue no sentido de tentar desmitificar todas as histĂłrias sem fundamento de que sĂŁo alvo e mostrar toda a sua beleza, que por vezes passa despercebida. Nesta fotografia ĂŠ possĂvel ver que mesmo pequenas criaturas como a rĂŁ-ibĂŠrica (Rana iberica) podem apresentar um ar majestoso. É apenas uma questĂŁo de perspetiva.â€?
De segunda a sexta-feira das 10h00 Ă s 12h30 e das 14h00 Ă s 18h00
SĂĄbados, domingos e feriados das 10h00 Ă s 18h00
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14 FOTONOTÍCIAS
Tradescância sem fortuna “Que flor tão linda!”, alguém pensou há muito tempo no Sul do Brasil. Ali ao lado alguém pode ter dito com sotaque de telenovela: “Linda é pouco: mas que beleza!”. Não resistiu, apropriou-se: “Vou levar para casa”. Depressa descobriu que se adaptava bem em qualquer jardim, e não só: até se dava bem numa pequena jarra lá em casa, com um pouco de água. O mar imenso foi obstáculo só de imaginação e a cerca já era. Qual jardim... qual jarra com água! Entretanto alguém atirou o barro à parede: este fenómeno de adaptação leva bem é o nome de erva-dafortuna, mesmo sem dar dinheiro. Está há já largos anos a ocupar margens de rios e ribeiros em Portugal. Onde esta planta cai, pousou. deitou o pé, enraizou, proliferou. A própria flor já é inútil, nem frutifica! A tradescância pela calada da noite e do dia come o espaço todo. No acotovelanço sobre a terra ganha a mãos-cheias a muitas outras espécies vegetais nativas, com função ecológica. Ao que tudo indica, difícil de erradicar, procura entre semelhantes um outro equilíbrio evolutivo...
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João Luís Teixeira
Quando uma estrelinha-de-cabeça-listada, Regulus ignicapilla, canta no ramo de uma árvore, está a avisar concorrentes para se afastarem do seu território
Jorge Pereira Gomes
O gene territorial: dos milhões do futebol ao chilrear no jardim Se calhar nunca pensou nisso, mas que pode ter a ver uma ave que ouve a cantar e o desporto de milhões, o futebol? Bem, não é de todo descabido imaginar que, simplificado o acesso à fonte da pulsão, vamos encontrar por ali escondidinho e mascarado o gene da territorialidade. Seria infalivelmente assim ainda que a Seleção Portuguesa não tivesse conquistado o título de Campeã da Europa, com direito a celebração por todo o planeta, e até no Espaço! Não sabemos se concorda, mas... na programação genética que influencia uma boa parte do comportamento dos seres vivos há instruções remotas que sugerem com veemência que ter território equivale a ter abrigo, ter castelo, ter despensa ou armazém alimentar e, por fim, poder gerar descendentes. O melro e as outras aves que cantam por onde o levem os seus passos fazem-no para defender território. Afastam concorrentes em economia de esforço. O futebol é um jogo de raízes supostamente territoriais que simboliza o combate entre representantes dos respetivos territórios, sejam eles bairros, cidades, regiões ou nações. Por isso, se o ponto de partida é o mesmo para aves e homens, a meta varia de lés a lés, com o condão de agregar milhões aos molhos.
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16 FOTONOTÍCIAS
Uma borboleta do Norte
Jorge Pereira Gomes
Prefere cara ou coroa? Perdulários, os amieiros na margem do rio Febros deixam cair as folhas prenhes de nutrientes, sem se darem ao trabalho de os absorver. Árvore de solo rico fazem delas tapete para os pés que ali constroem caminho... olha! O que vai ali? Uma lagarta de três centímetros, mas com um jogo de cores que não está longe do Carnaval! Nunca a tinha visto. Clic! Clic, clic... O registo ficou feito e o verme engalanado entregue à sua vida. Tudo indica que normalmente se safam melhor sozinhos do que com a bem intencionada ajuda humana... Transformada a imagem em corrente elétrica, cai no computador, esborracha-se na internet e cai no cimo do cesto do grupo do Facebook denominado Lepidoptera. Gravitam ali mentes brilhantes no conhecimento das mais que muitas espécies, que aceleram a identificação que teria de palmilhar morosamente por mim próprio. Carlos Franquinho não estaria à espera, mas acentuou sem mácula: “É uma Calliteara pudibunda”. Bem, mesmo sem armadilhagens luminosas em noites frias ou quentes, a borboleta adulta vê-se por vezes nas paredes, supostamente em sono profundo à sombra em pleno dia, mas com um aspeto em tudo diferente da lagarta. É caso para dizer, como numa antiga moeda, entre estes insetos, “Prefere cara ou coroa?”
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O bater de asas desta borboleta do Norte disfarça as cores vivas das suas asas abertas. Se as fecha, pior ainda, fica de uma cor escura, torna-se impercetível. Ao contrário de muitas outras espécies - que passam o tempo mais frio do ano enquanto ovo, larva ou crisálida - as que vir agora a voar, se sobreviverem, vão passar o inverno no estado adulto. Isto faz com que precisem de flores para se alimentarem, estejam estas em jardins, em terreno ruderal ou em orlas de bosque. Dados oriundos de uma monitorização feita na Grã-Bretanha em 2015 apontam para um decréscimo da observação desta espécie de 21%. Se tiver o hábito de manter flores no seu jardim ou, se o não tiver, em floreiras numa varanda, pátio ou até janelas, poderá estar a contribuir sem se aperceber para o reforço importante desta e de outras espécies, particularmente no que respeita às migradoras que no outono passam em busca do Sul.
A borboleta-pavão, Aglais io, vai deixando de se ver aos poucos na região Centro de Portugal e no Sul não aparece: com o aquecimento global do clima dentro de um certo período de tempo passará a ser observada apenas no Norte
Filipe Vieira
Jorge Pereira Gomes
Licranço: nem uma hora de descanso? “Ui, que o esmago! Vá lá... safou-se!”. Ainda assim, recolhido o passo, foi necessário ajudar o pequeno réptil a despachar-se do cimento para a terra com o estímulo dos meus dedos, pois com certeza julgava estar invisível. Ali, só quem não olhasse não veria este licranço, com a sua pele nova, colorida, a tanger o dourado. É sempre bom, quando possível, não dar o piso por seguro e ver bem onde se vai pousar a sola do sapato, como aconteceu em junho, ainda na hora de almoço. Se o nome científico deste réptil, que não é nem serpente nem lagarto, fosse traduzido à letra seria algo parecido talvez com enguia frágil, embora tudo o que seja anguiforme entre no grupo dos seres vivos com forma de cobra. O licranço, porém, não só é frágil de facto como passivo, o que quer dizer que nos dá paletas de descanso. Soma-se a isso o facto de, na cadeia alimentar, servir de repasto a muitos outros seres vivos que vão por essa galeria acima. Esta constatação contradiz ditos populares escavados em fobias antigas, decerto culturais e neurológicas entre primatas. Numa aldeia ouvi várias vezes dizer em pequeno: “Picadela de licranço, nem uma hora de descanso”.
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18 PORTFOLIO
Concurso fotográfico
Parques e Vida Selvagem O
júri – composto por João Nunes da Silva, J. Paulo Coutinho e Jorge Pereira Gomes – reuniu em 12 de maio e distinguiu entre uma série de ótimas fotografias concorrentes as seguintes: Prémio na categoria Jovem Fotógrafo: «Acrobata», de Afonso Petronilho; Prémio na categoria Parque Biológico: «Simpatia» de Mariana Cruz; Prémio na categoria Paisagem: «Sombras na planície» de Patrícia e Luís; Prémio na categoria Flora: «Outono» de Jorge Casais. Prémio na categoria Fauna Vertebrada: «No duche» de Gabriel Moreira; Prémio na categoria Fauna Invertebrada: «Passeando pelo bosque» de Vasco Amorim; Prémio na categoria Olhar Criativo: «Reflexo» de Francisco Bernardo; Prémio na categoria Parques e Vida Selvagem: «O chapéu do Pico» de João Coutinho. Tendo afluído muitas pessoas interessadas na exposição, no momento da entrega dos prémios a vereadora do Pelouro de Ambiente Urbano e Espaço Público do Município de Vila Nova de Gaia, Mercês Ferreira, começou por dar as boas-vindas aos presentes e incentivou os participantes do concurso fotográfico, salientando as belas imagens ali expostas. Também presente esteve Nuno Gomes Oliveira, que deu nota do amplo leque de atividades em curso no próprio dia e chamou a atenção para este espaço, que ao longo do ano, tem sempre alguma mostra interessante em exibição. Os prémios desta edição do concurso fotográfico foram edições do Parque, mas da próxima vez é paticamente certo que será possível valorizar mais ainda os prémios a atribuir aos concorrentes. Fica aqui uma pequena amostra da exposição que teve de resumir o certame a meia centena de trabalhos, que estiveram expostos até final de agosto.
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Jorge Pereira Gomes
A mostra de mais uma edição do Concurso Nacional de Fotografia da Natureza Parques e Vida Selvagem, a 13.ª, com a entrega dos prémios regulamentares, abriu sábado, 4 de junho de 2016
Entrega do Prémio Fauna Vertebrada, atribuído a Gabriel Moreira
A qualidade da exposição justificou uma ótima afluência logo na abertura
O Prémio Jovem Fotógrafo foi atribuído a Afonso Petronilho pelo seu trabalho intitulado «Acrobata»
João Coutinho recebe o Prémio Parques e Vida Selvagem
A Mariana Cruz coube o Prémio da categoria Parque Biológico
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20 PORTFOLIO
Prémio na categoria Parque Biológico: «Simpatia» de Mariana Cruz
Prémio na categoria Fauna Invertebrada: «Passeando pelo bosque» de Vasco Amorim
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Prémio na categoria Fauna Vertebrada: «No duche» de Gabriel Moreira
«Sapo iluminado» de Sara Anjos
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Prémio na categoria Parques e Vida Selvagem: «O chapéu do Pico» de João Coutinho
«Impressões outonais» de João Petronilho
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Prémio na categoria Flora: «Outono» de Jorge Casais
Prémio na categoria Olhar Criativo: «Reflexo» de Francisco Bernardo
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2424PORTFOLIO PAR
«Espelho meu» de David Gonçalves
«A asa da mariposa» de Verena Fuchs
The exhibition of the latest edition of the Parques e Vida Selvagem National Nature Photography Contest has opened on Saturday, June 4th 2016 with the award ceremony.
«Garça-branca-pequena» de Daniel Machado
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«Momento meu» de Henrique Zorzan
IMPAR 25
«Mushroom world» de Vítor Manuel Ribeiro Sousa
Prémio na categoria Paisagem: «Sombras na planície» de Patrícia e Luís
«Absorvendo a luz» de Maria Augusta Almeida Pinto
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26 CONTRA-RELÓGIO
Exóticas e invasoras Ao serem introduzidas, as espécies exóticas invasoras tendem a produzir efeitos devastadores nos biomas autóctones, já que provocam a diminuição e inclusive a extinção de espécies nativas, afetando negativamente os ecossistemas, autênticos alfobres de bens e serviços para a humanidade
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João Luís Teixeira
João Luís Teixeira
João Luís Teixeira
A
s espécies exóticas invasoras juntam animais, plantas, fungos e microorganismos introduzidos e estabelecidos no meio ambiente fora do seu habitat natural. Reproduzem-se rapidamente, dominam as espécies locais na competição por alimento, água e espaço, e são uma das principais causas de perda de diversidade biológica em todo o mundo. Frequentemente estas espécies são introduzidas deliberadamente, por exemplo, mediante a piscicultura, o comércio de animais de estimação, a horticultura ou como supostos meios de controlo biológico. Ainda assim, também podem introduzir-se involuntariamente por meio do transporte terrestre e marítimo, de viagens e da investigação científica. A economia mundial, com o aumento de tráfego de bens e viagens, tem facilitado o movimento de espécies vivas através de longas distâncias e além das suas fronteiras naturais. Embora só uma pequena percentagem dos organismos transportados se convertam em invasores, acabam por ter um enorme impacto sobre a saúde de plantas, animais e inclusive das pessoas, representando uma ameaça para as suas vidas e afetando a segurança alimentar e a saúde dos ecossistemas. O impacto negativo sobre a economia dos países chega a ser enorme, gerando grandes perdas no setor da agricultura e um custo
A perca-sol é um peixe de origem norte-americana que está a contribuir para a extinção de espécies piscícolas autóctones
ambiental mundial de aproximadamente um bilião de dólares por ano. Uma vez estabelecidas estas espécies invasoras, a erradicação é a solução desejável, mas esta normalmente torna-se onerosa. Daí que a prevenção continue a ser a melhor resposta. Os efeitos negativos das espécies exóticas invasoras sobre a diversidade biológica podem intensificar-se graças às alterações climáticas, à destruição de habitats e à contaminação. Em ecossistemas isolados, como as ilhas, estes efeitos são particularmente graves. Por sua vez a perda de diversidade biológica terá grandes consequências sobre o bemestar dos seres humanos e entre elas incluiu-
A erva-das-pampas, de origem sul-americana, quando se instala num terreno, além de diminuir a biodiversidade local, é difícil de erradicar sem grandes custos de mão-de-obra
se a diminuição da diversidade de alimentos disponíveis, o que provoca desnutrição, fome e enfermidades especialmente nos países em desenvolvimento. De resto, terá um grande impacto sobre a economia e a cultura. Se é um facto que o problema das espécies exóticas invasoras resulta de atividades humanas associadas aos movimentos internacionais, é necessário tomar medidas a nível nacional e local. Neste sentido, a cooperação internacional pode ser muito útil. A prevenção é o primeiro passo, mas onde o dano já existe é possível revertê-lo, se todos trabalharem juntos. Fonte: www.cbd.int
Alien and invading
The introduction of invading alien species will have devastating effects on the native biomes by diminishing the number, or even extinguishing, the native species, creating a negative impact on the ecosystems, which provide valuable goods and services for mankind.
O lagostim-de-louisiana depois de introduzido tornou-se incontrolável e danifica diversos grupos de animais autóctones
Conta-gotas
Desde o século XVII que as espécies t exóticas invasoras têm contribuído como a causa de aproximadamente 40% de todas as extinções de animais das quais se conhece a causa. As perdas ecológicas anuais produzidas por pragas introduzidas nos Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, África do Sul, Índia e Brasil foram estimadas em mais de 100 mil milhões de dólares americanos. A quitridiomicose, causada pelo fungo Batrachochytrium dendrobatidis, ocasionou um drástico declive de espécies de anfíbios e inclusive extinções na região Oeste de América
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do Norte, na América Central, na América do Sul, no Leste da Austrália, em Dominica e em Montserrat, nas Caraíbas. O fungo provocou mortes esporádicas em algumas populações de anfíbios e uma mortalidade de 100% noutras. Cerca de 80% das espécies ameaçadas no bioma sul-africano de Fynbos encontram-se em perigo de extinção devido à invasão de espécies exóticas. As espécies exóticas invasoras podem transformar a estrutura e a composição das espécies dos ecossistemas reprimindo ou excluindo as espécies autóctones.
Devido ao facto das espécies t invasoras serem apenas um fator
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entre um maior conjunto de fatores que afetam lugares ou ecossistemas específicos, nem sempre é fácil determinar a proporção que se lhes deve atribuir nesse impacto. Uma fonte importante de introdução de espécies exóticas no mar são as incrustações nos cascos das embarcações e a descarga de água de lastro do casco. As espécies utilizadas como isco vivo na pesca recreativa, assim como as descargas e fuga da aquicultura ou de aquários, também são problemas graves.
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Pontos de água no seu jardim Jorge Pereira Gomes Coordenador da revista Parques e Vida Selvagem
É quase uma frase feita dizer que onde há água há mais vida, mas é mesmo assim: já reviu como vai o precioso líquido no seu jardim?
O
s jardins das áreas urbanizadas são um apoio importante para muitos animais selvagens. Embora estes tenham o pequeno tamanho que os caracteriza, enquadram-se num sistema maior e têm a sua parcela de serviço a realizar. Por exemplo, abelhas, moscas e outros grupos de espécies polinizadoras são uma força vital para que, depois da floração, se multipliquem sementes e frutos. Além desses serviços, estão também na cadeia alimentar. Uma elevada variedade de aves alimenta-se deles, sobretudo na primavera e verão. Se cultiva o prazer de observar as espécies que param no seu quinteiro, ao manter no seu espaço plantas diversas, como por exemplo as aromáticas, está a criar condições para que tudo se conjugue no
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sentido de poder observar perto de si seres de uma elevada beleza e de grande utilidade. Ao verificar que as estações do ano apresentam ritmos diferentes, manter alimentadores de aves selvagens granívoras no inverno pode ser o apoio de que muitas necessitam para não se tornarem aves raras. Pelo contrário, no tempo quente, por vezes um pequeno lago de jardim com alguma manutenção transforma-se num oásis para matar a sede e realizar o banho que mantém as penas em bom estado. Com alguma imaginação, até uma barrica adaptada pode ajudar, com alguns vasos de plantas nos bordos e, se possível, à distância de esconderijos na proximidade, não vá o gato transformar o lago em armadilha fatal. Uma pedra à maneira de degrau de saída
Jorge Pereira Gomes
28 QUINTEIRO
Ruda
pode ser uma ajuda preciosa para os que chegarem à água e depois precisem de sair. Se mantiver este ponto de água em condições adequadas, haverá decerto libélulas e outros insetos aquáticos que ali vão pôr ovos. As larvas que emergirem, carnívoras, vão alimentar-se em boa quantidade de pequenos invertebrados aquáticos, como as larvas de mosquito.
Water spots on your backyard
It’s almost cliché to say that where there is water, there is more life, but that’s the way it goes: have you taken notice of how the levels of that precious liquid in your backyard are?
Jorge Pereira Gomes
Jorge Pereira Gomes
Murta
Borboleta cauda-de-andorinha
João Luís Teixeira
Até um pequeno ponto de água se converte num item de enorme importância no que toca a atrair vida ao seu jardim: à esquerda, um verdilhão desconfiado quer saciar a sede... Aqui ao lado, uma caixa-ninho desperta no início do ano o interesse de um casal de chapins-azuis... Um alimentador de aves selvagens permite observar como chapinsreais e outras aves especiais passam perto da sua janela preferida...
João Luís Teixeira
João Luís Teixeira
Se houver sapos – sobretudo sapo-comum e sapo-parteiro – nas redondezas, podem aproveitar o sítio para colocar os seus ovos e hão de eclodir girinos. De uma ou de outra maneira, à medida que as estações do ano rodam no calendário, encontrará nos voos do seu quinteiro uma janela de novas observações.
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30 QUINTEIRO
Adulto Torymus sinensis
Diniz Ponteira
Vespa das galhas
do castanheiro Dryocosmus kuriphilus Yasumatsu Dryocosmus kuriphilus é um inseto minúsculo, originário da China, que ataca as plantas do género Castanea causando a formação de galhas nos gomos e nas folhas
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Provoca assim a diminuição do crescimento dos ramos e impede a frutificação, podendo conduzir ao declínio e morte dos castanheiros. Todas as variedades da espécie europeia Castanea sativa são particularmente sensíveis, tal como a maioria das espécies de origem asiática e americana cultivadas na Europa (C. mollisima, C. crenata. C. dentata) e seus híbridos. O inseto foi detetado na Itália em 2002 e daí para cá já se expandiu para outros países europeus, sendo os mais recentes Espanha (Catalunha) e Portugal (Entre Douro e Minho) em 2014. Este inseto é atualmente considerado a praga mais prejudicial dos castanheiros em todo o mundo e na Europa pode constituir
uma séria ameaça à sustentabilidade de soutos, pomares e castinçais.
Sintomas e prejuízos na cultura Os insetos adultos depositam os ovos nos gomos, originando o aparecimento de galhas muito características, nos ramos jovens e no pecíolo e nervura principal das folhas, dando-lhes um aspeto frisado. Estes sintomas devem-se à deformação dos tecidos afetados. As galhas podem medir entre 5 a 25 mm, são de fácil visualização, de cor verde ou rosada. Adquirem uma coloração vermelha acastanhada, à medida que os adultos vão emergindo e de seguida secam e lenhificam, ficando presas à árvore vários anos. Esta praga causa grandes quebras de produção e perda de qualidade do fruto, bem como a diminuição do crescimento e o declínio dos castanheiros. Alguns castanheiros morrem em consequência de ataques graves. Em regiões de Itália e França já se registaram quebras de produção superiores a 80%.
Ciclo biológico Os pequenos ovos de forma oval (0,1 a 0,2 mm), de cor branca-leitosa, são depositados
Carlos Coutinho
Sintomas de inverno: as folhas com galhas ficam presas à árvore
Dinis Monteiro
Dinis Monteiro
Galhas na primavera
Galhas
pelas fêmeas nos gomos latentes. A fêmea pode depositar 3 a 5 ovos em cada gomo, dos 100 a 150 que produz. Várias fêmeas podem utilizar o mesmo gomo para as suas posturas, pelo que é frequente encontraremse galhas com 20 ovos e mais. Do ovo nasce uma pequena larva, passados uns 40 dias. A larva tem um ligeiro crescimento no interior do gomo, no fim do verão e interrompe o seu desenvolvimento durante o outono-inverno, para apenas o retomar na primavera seguinte. Antes da primavera, não são visíveis nos gomos quaisquer sintomas. Nessa altura, as larvas desenvolvem-se rapidamente e por efeito das toxinas que produzem, formam-se as galhas, que se tornam visíveis no espaço de uma a duas semanas. Pelo fim de maio começam a emergir os adultos, que depressa darão início a um novo ciclo de vida, depositando ovos nos gomos dos castanheiros. O inseto adulto é um pequeno himenóptero (2,5 mm) de difícil observação à vista desarmada. Embora o tempo de vida útil do inseto adulto seja curto, cerca de 10 dias, a emergência dos adultos dá-se de uma forma escalonada, desde finais de maio a finais de julho. Este escalonamento está relacionado com as condições meteorológicas, com a
Larvas de D. Kuriphilus no interior da galha
altitude e com a exposição solar dos soutos. Esta praga só tem uma geração por ano. A sua reprodução é feita por partenogénese, ou seja, não é necessária a presença de machos para se multiplicarem. Além disso, a espécie é constituída apenas por fêmeas. O Dryocosmus passa a maior parte do seu ciclo de vida no interior da galha, o que anula a eficácia de qualquer tratamento químico.
Medidas de controlo O tratamento químico é ineficaz e tem grande impacto negativo no ambiente, matando os inimigos naturais do Dryochosmus kuriphilus, incluindo espécies nativas cujo papel pode vir a ser fundamental no estabelecimento de uma barreira natural à invasão desta praga. Todo o trabalho de investigação e de aplicação prática, em diversos países, tem demonstrado que a luta biológica, com largadas sucessivas, na primavera, de populações do himenóptero Torymus sinensis, parasitoide das larvas do Dryocosmus, é a única forma efetiva de controlo da praga. A introdução deste parasitoide exótico e sua aclimatação no país, a investigação sobre a existência de parasitoides indígenas como Torymus beneficus, e a seleção
Eclosão dos insetos adultos de Dryocosmus kuriphilus
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32 QUINTEIRO de variedades de castanheiro resistentes ou tolerantes aos ataques de Dryochosmus kurifilus, sĂŁo as linhas de trabalho fundamentais, jĂĄ adotadas em alguns paĂses atingidos por esta epidemia. Devem tambĂŠm ser postas em prĂĄtica sem demora medidas preventivas bĂĄsicas como: t &N QPNBSFT KPWFOT PCTFSWBS DVJEBEPsamente as plantas a partir da rebentação. Eliminar os ramos com galhas e queimĂĄ-los. t /Ă?P VUJMJ[BS QPSUB FOYFSUPT F QMBOUBT JOGFUBdas. t "ERVJSJS QMBOUBT QSPEV[JEBT FN SFHJĂœFT POEF ainda nĂŁo se tenha detetado esta praga.
DispersĂŁo da praga na RegiĂŁo Norte de Portugal A identificação do primeiro foco de vespa das galhas do castanheiro em Portugal ocorreu no inĂcio do mĂŞs de junho de 2014, na freguesia de Aguiar, concelho de Barcelos, e no concelho de Ponte de Lima, na freguesia de SandiĂŁes. Desde esse momento, começaram os alertas um pouco por toda a regiĂŁo de Entre Douro e Minho. Durante os anos de 2015 e 2016, a praga continuou a expandir-se com muita rapidez e intensidade na RegiĂŁo Norte do paĂs. Em novembro de 2016, a praga jĂĄ tinha sido observada em 41 concelhos e 244 freguesias (ver mapa). A circulação e plantação de material
infetado ĂŠ o grande fator responsĂĄvel por esta rĂĄpida disseminação em toda a regiĂŁo. A produção de castanha tem um grande peso econĂłmico e social em diversos concelhos de TrĂĄs-os-Montes, sendo que alguns deles, nĂŁo tĂŞm mesmo outro meio de subsistĂŞncia. Neste sentido, na tentativa de evitar a entrada da vespa nas regiĂľes de denominação de origem da castanha, deu-se inĂcio Ă luta biolĂłgica.
Luta biolĂłgica: Torymus sinensis Uma vez que a luta quĂmica nĂŁo ĂŠ viĂĄvel nem autorizada no combate a esta praga, dado que os ovos e as larvas do inseto se desenvolvem no interior de galhas, aĂ estando protegidas, e que os insetos adultos emergem de dentro das galhas de forma escalonada durante vĂĄrias semanas sem nunca se alimentarem de partes vegetais dos castanheiros, a Ăşnica solução para o seu combate ĂŠ a luta biolĂłgica, aliĂĄs jĂĄ com resultados promissores obtidos noutros paĂses como a ItĂĄlia e a França. Para o sucesso da instalação do parasitoide especĂfico da vespa – Torymus sinensis – as galhas tĂŞm de se encontrar num estado de desenvolvimento que permita Ă s fĂŞmeas do T. sinensis introduzir o oviscapto para colocação dos ovos no seu interior. As larvas eclodidas destes ovos irĂŁo parasitar as larvas de vespa, e assim interrompem o ExpansĂŁo no Norte de Portugal e luta biolĂłgica
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seu ciclo de vida. Este processo ĂŠ complexo e moroso, pelo que os seus resultados sĂł serĂŁo percetĂveis apĂłs alguns anos de largadas persistentes de T. sinensis. Em Portugal, no ano de 2015, jĂĄ foram realizadas largadas do parasitoide T. sinensis em 14 concelhos e 35 freguesias. Em 2016 foram feitas 62 largadas, em 19 concelhos em 29 freguesias e uniĂľes de freguesias (ver mapa).
Açþes futuras da DRAPN É necessĂĄrio manter informados todos os envolvidos na fileira da castanha, sobretudo na fase de maior risco, quando ĂŠ necessĂĄria vigilância permanente. As estaçþes de aviso da DRAPN tĂŞm divulgado informação de aconselhamento sobre esta praga. A DRAPN irĂĄ promover açþes de formação sobre a vespa e respetivo parasitoide, para tĂŠcnicos de municĂpios e associaçþes, visando a uniĂŁo de esforços, de modo a que o combate Ă vespa se faça ao nĂvel do concelho. A DRAPN tem como objetivo final tornar o proprietĂĄrio vigilante do seu prĂłprio territĂłrio! SĂł assim, serĂĄ possĂvel o combate a esta terrĂvel praga, tĂŁo prejudicial Ă cultura do castanheiro.
Por AmĂĄlia Xavier
João Luís Teixeira
DUNAS 33
Gládio em flor
Fêmea de borrelho-de-coleira-interrompida
Lírio-das-praias
Parque de Dunas Parecem ondas de areia, cristalizadas: ainda assim mexem-se ao seu ritmo sob capricho da ventania. As muitas espécies de plantas dunares vivem sob stress, mas desde que este não exagere, tudo vai bem... Há plantas que precisam de uma boa dose de stress para cumprirem o ciclo de vida da espécie com qualidade. Estes níveis ligam-se a itens tão simples como um solo arenoso que não retém facilmente humidade, pobre em nutrientes, e uma parte aérea da planta que cresta ao sol...
A evolução criou estratégias de superação dessas dificuldades, criando em torno desta vegetação inúmeros laços de sobrevivência na teia da vida, com pontos bem definidos a articularem invertebrados e pequenos mamíferos, répteis, anfíbios e as aves, sobretudo nas suas migrações.
Ao ser humano, depois de uma bela estadia balnear, ficam os passeios mais ou menos extensos, a paisagem atrativa tocada por uma atmosfera de maresia. Também isso desliga o stress de um dia a dia atarefado, enquanto repõe energias novas para o que der e vier.
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34 LITORAL
17 anos de educação ambiental A Estação Litoral da Aguda ELA, localizada na praia da Aguda, no concelho de Vila Nova de Gaia, integra um Museu das Pescas, um Aquário e um Departamento de Educação e Investigação
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ertence à Câmara Municipal de Gaia (CMG) e é gerida pela empresa municipal Águas de Gaia E. M., S.A. Aberta em Julho de 1999, recebeu até agora 360000 visitantes. No âmbito de educação ambiental são disponibilizados anualmente nove programas para todos os níveis pedagógicos, abrangendo todas as classes etárias, desde os jardins-de-infância até às universidades sénior. Em relação ao ensino superior e com base no protocolo de colaboração, celebrado em 1997, entre a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia e o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar ICBAS da Universidade do Porto, são lecionadas aulas em ciências do mar para os cursos de licenciatura e mestrado. As vantagens da ELA para o ensino e a investigação científica são a proximidade de um litoral rochoso com toda a sua
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biodiversidade; a frota pesqueira e as artes da pesca artesanal; a lota com o pescado de importância económica; o museu das pescas para conhecer a pesca artesanal ao nível local, regional e mundial; e o aquário com a fauna e flora aquáticas locais, sobretudo marinhas. Em 1996, embora sem o edifício da ELA estar ainda concluído, deu-se início a uma série de atividades ligadas à educação ambiental para proporcionar às escolas da região um contato direto com o mar. Em pouco tempo, a praia da Aguda começou a tornar-se num ponto de encontro para muitas gerações de alunos do Norte e Centro do país. Em 1997 foi apresentado o programa de «Educação e Animação Ambiental no Litoral», financiado maioritariamente pelos fundos comunitários do Programa PRONORTE, que permitiu adquirir uma série de equipamentos técnicos e científicos. Ao longo dos anos seguintes começam a ser apresentados às escolas e ao público em geral uma série de programas de Educação Ambiental. O programa Contos do Mar é destinado a crianças entre três e seis anos e tem como objetivo despertar uma consciência ecológica e ambiental. Desde o seu início em 2003, foi frequentado por 14179* crianças. O programa Turma do Mar é dirigido às crianças dos seis aos doze anos. São transmitidos conhecimentos básicos sobre Biologia e Ecologia Marinhas e Oceanografia Física. Iniciado em 2004, atraiu até agora 11339* crianças. O programa Uma Noite no Fundo do Mar é concebido para desenvolver e incentivar o espírito aventureiro de crianças entre seis e doze anos de idade. É uma experiência rara, na qual as crianças permanecem no Aquário
Visita guiada ao Litoral rochoso
durante a noite, das 21h00 até as 9h00, e “mergulham” em alguns aquários com uma câmara de vídeo especial para observar a atividade das espécies noturnas. O Programa de Educação Ambiental no Litoral revela as riquezas do litoral rochoso “in loco” e os fatores físico-químicos e bióticos da zona entre-marés. Começou a funcionar dois anos antes da abertura da ELA ao público e nele já participaram 16126* alunos, distribuídos por 745* sessões. O programa Trilho de Interpretação da Natureza é desenvolvido em conjunto com o Centro de Educação Ambiental das Ribeiras CEAR. Nos seus 12 anos de funcionamento foram registadas 163* visitas que envolveram 4285* participantes. O ano de 2016 é o décimo ano de funcionamento do programa Litoral em Mudança que se destina a alunos do 11.º ano em diante. Pretende abordar, de uma forma cientificamente correta, as questões das alterações climáticas, subida do nível médio do mar, erosão costeira, recuo do litoral e as possíveis medidas de mitigação.
Identificando e contando espécies marinhas
Educação ambiental no Litoral
Explicando as artes de pesca artesanal
Até agora frequentaram este programa 1112* alunos. Pelo 16.º ano consecutivo, a ELA participa no programa Biologia no Verão da iniciativa Ciência Viva, mantendo-se a frequência dos participantes relativamente constante ao longo dos últimos anos. No âmbito do programa da Universidade Júnior, organizado pelo ICBAS e pelo Parque Biológico de Vila Nova de Gaia, a ELA foi visitada ao longo dos últimos anos por dezenas de participantes. O programa Festas de Aniversário inclui uma visita ao Museu das Pescas e Aquário, a participação no programa Turma do Mar ou Contos do Mar e uma sessão de lanche e oferta de prendas para todas as crianças participantes. A participação nas atividades de Educação Ambiental, nos últimos anos, refletiu a crise económica que atingiu o país e também as alterações ocorridas no funcionamento das escolas quanto à realização de visitas de estudo. O grande obstáculo para as escolas continua
a ser o custo elevado dos transportes e também as greves dos transportes públicos que esporadicamente ocorreram. A crise e falta de condições financeiras e logísticas faz com que muitos pais rejeitem a participação dos seus filhos em visitas de estudo. Outro fator que influenciou, nos últimos anos, a adesão das escolas às visitas, foi a grande proliferação de locais e instituições da área das ciências, que as escolas podem visitar, bem como da oferta, muitas vezes gratuita, de atividades de Educação Ambiental. Em 1999, ano de abertura da ELA ao público, toda a população alvo dispunha apenas de dois locais, dentro deste âmbito, para visitar, o Parque Biológico de Gaia e a ELA. Atualmente existem mais 16 instituições de Educação Ambiental que abriram, uma após outra, na área geográfica do grande Porto. Outra causa importante são as restrições à realização de visitas de estudo em que grande parte das escolas apenas autoriza uma visita por turma (que tem de ser negociada entre os vários professores dessa turma), o que as tem levado a visitar
equipamentos novos em detrimento dos que já existiam. A ELA e as suas atividades pedagógicas são bem conhecidas da generalidade das escolas, existindo um reconhecimento unânime da sua qualidade e do valor pedagógico. Em 2015/16, várias escolas e instituições participaram pela primeira vez nos programas de Educação Ambiental, mas verificou-se também a presença de escolas que se mantêm fiéis há vários anos, o que é um indicador positivo do desempenho. * Dados até outubro de 2016.
Jaime Prata, José Pedro Oliveira, Assunção Santos e Mike Weber
ESTAÇÃO LITORAL DA AGUDA Rua Alfredo Dias, Praia da Aguda 4410-475 Arcozelo Vila Nova de Gaia Tel.: 227 536 360 fax: 227 535 155 ela.aguda@mail.telepac.pt www.fundação-ela.pt
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36 DUNAS
Understanding migratory birds
Filipe Vieira
To celebrate the World Migratory Bird Day, in a joint activity all over the world, several special activities took place on the 7th and 8th of May 2016 on the Reserva Natural Local do Estuário do Douro.
Neste fim de semana cerca de uma centena de visitantes aproveitaram esta iniciativa e puderam observar ao todo perto de quatro dezenas de espécies de aves selvagens
Entender as
aves migradoras Numa iniciativa conjunta que englobou várias regiões do Globo, decorreram em 7 e 8 de maio de 2016 atividades especiais na Reserva Natural Local do Estuário do Douro (RNLED) com vista a celebrar o Dia Mundial das Aves Migradoras
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Filipe Vieira
Lavandisca-amarela, uma pequena ave migradora que migra na primavera para nidificar no litoral
Filipe Vieira
O cartaxo é uma das aves mais habituais em qualquer visita que faça à RNLED
Por razões compreensíveis no domingo houve maior afluência
Filipe Vieira
O
Dia Mundial das Aves Migradoras (World Migratory Bird Day) enquadrou um fim de semana chuvoso, mas não demoveu a afluência de visitantes à RNLED, a quem foi explicada a importância dos ecossistemas estuarinos. Cerca de uma centena de pessoas aproveitaram esta iniciativa global comemorada localmente e puderam observar perto de quatro dezenas de espécies, embora algumas destas sejam residentes. Diversas aves deram um ar de sua graça, concretamente patos-bravos e gaivotas, corvos-marinhos e andorinhas, ferreirinhas e outros passeriformes já ali habituais. Já na sua sexta edição, esta atividade contou claramente um maior número de participantes no domingo.
Filipe Vieira
Uma tarambola, ao longe, distingue-se com facilidade pelo contraste da face preta
Esta simpática família deixou-se fotografar no domingo junto do cartaz internacional desta iniciativa de educação ambiental
A lista dos observadores registou 39 espécies num total de 1531 aves observadas: corvo-marinho-de-facesbrancas, garça-branca, garça-real, pato-real, falcão-peregrino, peneireiro, borrelho-grande-de-coleira, borrelho-decoleira-interrompida, tarambola-cinzenta, rola-do-mar, pilrito-de-peito-escuro, pilritodas-praias, maçarico-real, maçarico-galego, fuselo, maçarico-das-rochas, gaivota-deasa-escura, gaivota-de-patas-amarelas, gaivota-de-cabeça-preta, guincho, garajau-comum, andorinha-do-mar-anã, pombo-das-rochas, pombo-torcaz, rolabrava, andorinha-das-barreiras, andorinhadas-chaminés, andorinha-dos-beirais, lavandisca-amarela, lavandisca-branca, estorninho-preto, pega-rabuda, gaio, ferreirinha, fuinha-dos-juncos, cartaxo, melro, pardal, chamariz...
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38 DUNAS
João Luís Teixeira
As águias-pesqueiras costumam observar-se de passagem sobretudo no outono, quando se deslocam dos seus habitats europeus de nidificação para África, onde passam o inverno
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The flight of the birds
João Luís Teixeira
The Rastreio de Anilhas de Leitura à Distância is a program taking place in the RNLED since 2011. The goal is to know which migratory birds appear in the area of the Reservation, by creating a record of birds with rings which can be read at a distance.
Garças-reais disputam domínio em território de alimentação
O Voo das Aves
Rastreio de anilhas normalizadas
O
Rastreio Anilhas de Leitura à Distância (RALD) é um programa em execução na Reserva Natural Local do Estuário do Douro (RNLED) desde 2011, com o propósito de conhecer a ocorrência de aves migratórias no espaço desta Reserva, direcionado para
o registo de aves com anilhas de leitura à distância. Tem como objetivo obter informações importantes associadas a comportamentos migratórios (por exemplo, filopátricos) relativos à utilização do espaço da RNLED, sendo importante para a sua gestão temporal. Permite também uma divulgação e projeção da RNLED e de Vila Nova de Gaia a nível internacional, pela informação e divulgação de registos de aves provenientes de outros países. Para ter uma ideia, aqui ficam alguns registos de aves anilhadas provenientes da Alemanha: Corvo-marinho do Báltico, Phalacrocorax carbo sinensis. Visto na RNLED em março de 2012, proveniente da Ilha Fehmarn,
Wasservogelreservat Wallnau (Reserva Natural gerida por Nature and Biodiversity Conservation Union (NABU), SchleswigHolstein - Eslésvico-Holsácia. Maçarico-real, Numenius arquata. Visto na RNLED no inverno de 2012/2013, proveniente de Saerbeck, Steinfurt, Nordrhein-Westfalen - Renânia do NorteVestefália. Águia-pesqueira, Pandion haliaetus. Vista na RNLED em setembro de 2014, proveniente de Damerow, MecklemburgoVorpommern - Pomerânia Ocidental. Garça-real, Ardea cinerea. Vista na RNLED no inverno 2014/2015 até ao verão deste último ano, proveniente de: Aseleben, Axony-Anhalt - Alta Saxónia. Por Paulo Faria
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40 LITORAL
À descoberta das ribeiras
João Luís Teixeira
João Luís Teixeira
Munidos de espírito de descoberta e de aventura pelos meandros ribeirinhos da zona costeira de Gaia
Ribeira do Espírito Santo
Pato-real
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João Luís Teixeira
S
ão muitos os pequenos detalhes naturais que nos preenchem e nos remetem para o fascinante mundo natural dos ecossistemas dulçaquícolas. A reabilitação de algumas ribeiras e pequenos rios da zona costeira de Gaia, particularmente a Ribeira do Espírito Santo, junto à praia de Miramar, permitiu novamente a valorização dos ambientes ribeirinhos e a sua reintegração nos mosaicos naturais do concelho. Nesta ribeira, para além de um agradável passadiço ao longo das margens do seu troço inferior, é também possível visitar e conhecer o Centro de Educação Ambiental das Ribeiras de Gaia (CEAR). O marulhar de fundo da Ribeira do Espírito Santo e a vegetação ribeirinha que, nas partes mais bem conservadas, ainda preserva a conformação característica de galeria ripícola, convidam à contemplação e à observação mais atenta das variadíssimas formas vivas dos ecossistemas ribeirinhos. De entre as espécies arbóreas são de destacar o amieiro (Alnus glutinosa), o salgueiro-negro (Salix atrocinerea), o salgueiro-branco (Salix alba) e pontualmente o freixo (Fraxinus sp.), que no seu conjunto conferem a base estrutural
Tritão-de-ventre-laranja
de sobrevivência destes ecossistemas, nomeadamente ao nível da regulação da temperatura do leito da ribeira, com uma bonita folhagem verde intenso nos meses quentes e com as suas copas despidas de ramos castanhos-amarelados, nos meses de inverno. Com um pouco mais de atenção e olhar precavido podemos deparar-nos com
algumas espécies de animais que, sem demoras, retornaram ao habitat natural ribeirinho que a Natureza se encarregou de reestabelecer, logo após a reabilitação do rio e das suas margens. É nestas que, não raras vezes, podemos observar o lagarto-de-água (Lacerta schreiberi), nos dias solarengos e amenos. No leito da ribeira podemos também ser surpreendidos pelo pato-real (Anas platyrhynchos), ora a descansar sobre uma pedra, ora a alimentar-se dos macroinvertebrados do fundo. Observando com atenção o fundo da ribeira, nas zonas mais baixas e de menor corrente, podemos aperceber-nos de um anfíbio peculiar, os tritões-de-ventre-laranja (Lissotriton boscai), que encontramos a maior parte do ano dentro de água. Com alguma sorte podemos ainda detetar a rã-verde (Pelophylax perezi) por entre as plantas aquáticas ribeirinhas. Chegado ao CEAR, pode complementar as suas observações faunísticas e, num pequeno percurso, ficar a conhecer mais algumas curiosidades dos característicos ecossistemas ribeirinhos do concelho de Vila Nova de Gaia. Por Anabela Pereira
MUSEU 41
O Centro Interpretativo do Património da Afurada (CIPA) fica na vila piscatória que lhe dá o nome e acolhe no formato de exposições permanentes e temporárias diversos motivos de interesse. A exposição permanente organiza-se em cinco núcleos: lugar, terra, natureza, vida, homem, mulher. O lugar liga-se ao território e enquadra inclusive a sua origem e evolução. A terra relaciona as artes da pesca com o tempo de pausa entre idas ao mar. A natureza e a vida centram-se na ligação entre o rio e o mar, no contexto geofísico e biológico da Afurada. O homem e a mulher incluem factos como a longa espera das antigas campanhas do bacalhau, as histórias do mar, bem como as ocupações dos dois géneros. A coleção do centro é composta por tudo o que faz parte deste território e de tudo o que pertence aos seus habitantes, seja isso de natureza móvel e imóvel, material e imaterial. O CIPA fica ali mesmo à mão, a jeito de uma nova visita.
João L. Teixeira
Afurada: Centro Interpretativo
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João L. Teixeira
42 ESPAÇOS VERDES
Parque das Devesas
A 52 metros de altitude, o Parque da Quinta do Conde das Devesas fica na freguesia de Santa Marinha. Ao visitá-lo pode observar cerca de 120 variedades de camélias. O Norte tem boas condições para as camélias, graças às características de solo e de clima. Há até a ideia de que Gaia e Porto terão sido das primeiras cidades europeias a receber estas plantas e a implementar o seu cultivo. Alguns autores defendem que as camélias mais antigas da Europa são dos finais do século XVI. Visitado uma vez, sabe sempre bem voltar.
Além do cariz florístico, o Parque Botânico do Castelo, em Crestuma, é um sítio arqueológico. O topo do cabeço terá sido ocupado pelo menos entre os finais do Império Romano (séculos IV-V) e a Alta Idade Média (séculos X-XI). Os trabalhos arqueológicos identificam numerosos orifícios para implantação de postes em madeira e entalhes para assentamento de blocos de pedras das construções que ali existiram, cobertas por telhados feitos com o sistema de telha plana de rebordo e telha de meia-cana de tipo romano. Agora que os dias estão a crescer, visitá-lo é a tendência mais natural.
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João L. Teixeira
Parque Botânico do Castelo
Jorge Pereira Gomes
A vida noturna dos ouriços-cacheiros e a diminuição de bosques e de espaços rurais faz com que não seja fácil observar estes pequenos mamíferos
Ouriços: Parque da Lavandeira
Jorge Pereira Gomes
O Parque da Lavandeira foi o cenário da libertação de vários ouriços-cacheiros no passado dia 15 de novembro de 2016, sob o olhar de numerosos alunos
e professores da Escola EB1 Manuel António Pina. Sara Loio, médica-veterinária em serviço no Centro de Recuperação de Fauna do
Parque Biológico de Gaia, começou por explicar os hábitos de vida destes pequenos mamíferos. Percebeu-se que são animais ativos de noite, altura em que, como omnívoros que são, se nutrem de pequenos invertebrados como caracóis, larvas de insetos, frutos, entre outros alimentos. Depois do verão de S. Martinho, quando o inverno se ouve ao longe, procuram um local sossegado para hibernarem até à primavera, quando se tornam mais ativos. Já em local adequado, em pleno Parque da Lavandeira, os ouriçoscacheiros foram mostrados cuidadosamente às crianças, cheias de curiosidade, após o que se colocaram no solo. A forma inicial de bola viva revestida de espinhos pouco a pouco mostrou um focinho engraçado e as patinhas começaram a procurar abrigo, que esta coisa de ter tanta gente, e tão grande, a olhar lá de cima, intimida até o mais valente dos ouriços-cacheiros.
Presente nesta atividade, a Vereadora do Município de Vila Nova de Gaia, Mercês Ferreira, libertou alguns destes ouriços-cacheiros
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44 ESPAÇOS VERDES Agenda
O Parque Biológico de Gaia dá algumas sugestões para os seus tempos livres... Sábados no Parque Juntam no primeiro sábado de cada mês uma sessão de anilhagem científica de aves selvagens a um atelier de educação ambiental diferente mês a mês. À noite há sessão no Observatório Astronómico do Parque, dependendo do alvitre da meteorologia. Destina-se às famílias e o custo resume-se apenas à entrada normal, de acordo com a tabela em vigor.
Coincidem com as férias escolares e têm em vista crianças e jovens. Para saber mais basta contactar o Gabinete de Atendimento - telefone direto 227 878 138 ou atendimento@parquebiologico.pt
Moinhos Abertos Os visitantes do Paque Biológico de Gaia, quando passaram no moinho do Belmiro, nos dias 9 e 10 de abril de 2016, puderam assistir ao processo de moagem artesanal na companhia de um técnico do Parque. Esta iniciativa da Rede Portuguesa de Moinhos, designada Moinhos Abertos, contou com a participação do Parque. De alcance nacional, surgiu com o objetivo de chamar a atenção para o valor patrimonial dos nossos moinhos tradicionais, por forma a motivar e coordenar vontades e esforços de proprietários, organizações associativas, autarquias locais, museus, investigadores, entusiastas e amigos dos moinhos. Um conceito simples: ano a ano, pretendese colocar os moinhos em funcionamento simultâneo e abri-los ao público para acesso livre, tantos quantos for possível, por ocasião do dia 7 de abril, Dia Nacional dos Moinhos.
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Jorge Pereira Gomes
Oficinas
Exposições permanentes A Terra é um oásis, o único local conhecido do universo onde o ser humano pode prosperar, mas a teia da vida apenas existe na fina camada de ar, água e solo da superfície do planeta. A mostra intitulada “Encantos e desencantos” propõe-lhe uma extraordinária viagem pela história da vida na Terra: em apenas alguns minutos percorre 4700 milhões de anos. Ao percorrê-la aprenda com os desencantos. Inspire-se nos encantos, de forma a multiplicá-los. Vista esta exposição, depois de esticar o passo no percurso de descoberta da natureza o visitante encontra o Biorama. Nesta mostra atravessa vários módulos e apercebese das características das diferentes comunidades ecológicas ali representadas, nomeadamente o ambiente Mesozóico, a Floresta tropical húmida, a Savana, o Deserto e o Litoral dunar atlântico.
Entre 23 e 25 de setembro de 2016 Esposende acolheu no Litoral Norte uma feira da natureza. Com este certame os organizadores pretenderam concentrar e mostrar a oferta de turismo de natureza, com o enfoque preferencial na observação de aves selvagens. Para além do espaço expositivo, ao longo desses três dias os visitantes puderam participar em oficinas ligadas à fotografia de natureza, passeios interpretativos ornitológicos, geológicos, botânicos e de observação de aves noturnas, em roteiros fluviais, incluindo ainda diversas atividades lúdicas infanto-juvenis e conferências. O Parque Biológico de Gaia, em representação do Município, também esteve presente nesta iniciativa.
Jorge Pereira Gomes
Jorge Pereira Gomes
Feira de Natureza no Litoral Norte
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46 ESPAÇOS VERDES
Jorge Pereira Gomes
Novidades de Fauna
O papel atrativo das cegonhas irrecuperáveis para a vida selvagem terá sido fundamental
Pela primeira vez em Gaia:
A população de cegonha-branca tem aumentado em Portugal nas últimas décadas No entanto, mantém na Europa a categoria de SEPC 2 – “Species of European Conservation Concern”, uma vez que a população mundial da espécie se concentra na Europa, onde o seu estatuto de conservação é desfavorável. No Parque Biológico, o grupo de 13 cegonhas que pode observar em semiliberdade é, na sua grande maioria, irrecuperável.
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Porém, um dos indivíduos, recuperável e apto para voar em liberdade, optou por ficar e acabou por atrair uma companheira selvagem. Observados a acasalar, ocuparam um ninho artificial no refúgio da vida selvagem. De acordo com o último censo nacional da cegonha-branca (2014), apesar da ampla distribuição da população nidificante pelo território nacional, no distrito do Porto não
Jorge Pereira Gomes
nidificação de cegonha Em 21 de abril, já em postura, a resistir a um dos muitos aguaceiros desse mês
For the first time in Gaia: storks nesting
Portugal’s population of white storks has increased in the past decades. In Parque Biológico, the white storks which can be seen in free range aren’t capable of retuning to the wild. However, one of these storks, fit for flying freely, ended up staying and bringing in a wild mate. The couple would then breed.
Jorge Pereira Gomes
havia nidificação confirmada, mas em maio de 2015 foi referenciado um ninho em Vila do Conde (informação: Pedro Martins/ SPEA). Este ninho do Parque Biológico é o primeiro de Vila Nova de Gaia e concelhos limítrofes. Outras quatro cegonhas formaram dois casais e iniciaram a construção de ninhos no chão, por não conseguirem voar, mas ainda sem sucesso. É curioso salientar que já o ano passado tinha havido uma tentativa tardia por parte deste casal de cegonhas de nidificar, mas não passou disso. Não havendo bela sem senão, 2016 tornouse, assim, o ano das cegonhas. As primeiras observações de crias com registo fotográfico, a partir do solo, datam de 22 de abril. Depois de muito exercício de asas com vista a fortalecer a musculatura de voo e de muito piscar de olho ao prado lá em baixo, a jovem cegonha voou do ninho pela primeira vez na quente tarde de 22 de junho, mas de noite lá estava de novo a descansar.
Jorge Pereira Gomes
As cegonhas não cantam, mas o casal de aves reforça os laços com batimentos ruidosos dos bicos, enquanto retraem o pescoço a ponto de tocar com o bico no uropígio: 3 de maio
Em 16 de maio, depois de estimular um dos pais a regurgitar, a ave juvenil prepara-se para engolir um peixe
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48 ESPAÇOS VERDES
Em 2016 este casal de milhafres conseguiu criar três juvenis: embora esta espécie não faça necessariamente ninho em colónias, a proximidade de aves da mesma espécie irrecuperáveis deverá ter ajudado a que regressem na primavera e no verão dispersem com a prole pronta a cuidar de si própria
Os milhafres
A natureza gera sincronismos. Faz isso tão bem que torna viável uma subtil camada de vida no planeta Terra que se chama biosfera. Os herbívoros tendem a nascer quando há mais vegetação a brotar, com o degelo ou as chuvas primaveris. Por sua vez, os carnívoros copiam o programa e o rápido nascimento e desenvolvimento dos juvenis emerge. Nestas linhas destacamos três itens apenas que ilustram este ritmo: os ostraceiros, as cabras-bravas e os gamos.
Jorge Pereira Gomes
adotaram o Parque
O
inverno atrasou e avançou no calendário. Isso terá trazido um pouco mais tarde que noutros anos o casal de milhafres, Milvus migrans, que desde 2012 escolheu o Parque Biológico de Gaia para criar descendência. O desenho das suas asas abertas no céu por altura de março anuncia o voo territorial de quem veio e já se instalou para reocupar o ninho num choupo enraizado nas margens do rio Febros. Na sua hora de almoço, arguto, Filipe Vieira, técnico de educação ambiental, esgueirou-se num talude marginal e, só de cócoras, junto de um arbusto, conseguiu descobrir um único ângulo de registo fotográfico, distante, com a vantagem de não perturbar. Partilhou connosco o facto e viemos a descobrir que em 2016 contam-se três crias criadas com êxito. A última a voar abandonou o ninho por altura do S. João.
Filipe Vieira
Jorge Pereira Gomes
+ Novidades de fauna
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Perto do açude, no Parque, uma das aves adultas, de vigia: as crias estão grandes, já não cabem todos no ninho – 30 de maio
Jorge Pereira Gomes
Jorge Pereira Gomes
Jorge Pereira Gomes
Novos hóspedes
Há uma pequena borboleta noturna cujo macho voa apenas durante algumas das noites mais frias do ano. As fêmeas não voam. Sem nome vulgar, só podemos referi-la pelo nome científico: Eriocottis paradoxella (Staudinger 1859). Nova na listagem de espécies observadas no Parque Biológico de Gaia, é um dos insetos que se destaca na armadilhagem luminosa realizada na noite de 26 de dezembro de 2015, inserida no programa de levantamento contínuo da biodiversidade do Parque, quando surgiram à luz um total de sete espécies, entre o pôr-do-sol e as 23h00. Além da espécie
Jorge Pereira Gomes
Jorge Pereira Gomes
Ostraceiro adulto
As crias de ostraceiro são bem diferentes dos adultos
Jorge Pereira Gomes
Jorge Pereira Gomes
Por altura de junho nasceram meia dúzia de gamos
A exemplo de outras aves, os ovos de ostraceiro revelam um padrão mimético e o ninho é praticamente impercetível
Na semana de 20 de maio nasceu uma cabra-brava
Borboleta-fêmea de Eriocottis paradoxella
já referida, houve nesta noite outra que não estava na lista: Chloroclysta siterata (Hufnagel 1767). Identificada por João Nunes e Eduardo Marabuto, fotografada por Carlos Silva, fica aqui a curiosidade, sendo certo que nunca tinha sido feita no inverno, por razões compreensíveis. É que o frio pode doer!
Carlos Silva
Armadilhagem luminosa de 26 de dezembro
Borboletamacho de Eriocottis paradoxella
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Cristiana Vieira
50 ESPAÇOS VERDES Novidades de Flora
Pogonatum aloides (Hedw.) P. Beauv.
Musgo-aloé
Uma pura coincidência! Como o próprio nome comum sugere, este musgo assemelhase a um pequeno cacto-aloé, dado que apresenta filídeos (folhas pequenas) de Helena Hespanhol cor verde-escura, e Cristiana Vieira rígidos e mais ou CIBIO-InBIO menos triangulares, dispostos em rosetas em caulóides (eixos do caule) curtos e eretos. Tal como nos aloés, os filídeos deste pequeno musgo têm um aspeto quase suculento, dado que apresentam numerosas fiadas de células dispostas perpendicularmente ao longo da nervura que evitam a perda de água e auxiliam nas trocas gasosas essenciais à fotossíntese. Em estado seco, esta típica aparência modifica-se bastante e os filídeos ficam enrolados e curvados para dentro. O nome do género deriva do latim pogon que significa barba e remete para o aspeto fibroso, e branco das caliptras - estruturas que protegem as cápsulas enquanto jovens. As cápsulas, estruturas na qual se formam esporos, são bastante comuns, cilíndricas e têm a particularidade de ir descorando durante a maturação das cápsulas e consequente libertação de esporos. A maioria dos musgos produz um protonema uma estrutura filamentosa originada a partir da
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germinação dos esporos, de caráter efémero, a partir do qual crescem caulóides e filídeos. Esta espécie em particular, produz um protonema persistente e facilmente visível a olho nu assemelhando-se a um manto verde, constituído por minúsculos filamentos que lembram algas filamentosas. Tipicamente, este musgo coloniza abundantemente grandes áreas de taludes terrosos e declivosos, geralmente ensombrados, húmidos e recémformados, apresentando uma distribuição gregária tipo de crescimento, em que os indivíduos crescem juntos, não chegando, no entanto, ao ponto de formarem tufos densos. Esta espécie é muito vulgar no nosso País, evitando apenas substrato calcário. No Parque Biológico de Gaia, este musgo pode ser encontrado em taludes terrosos que ladeiam muitos dos caminhos. Convém realçar que esta espécie de musgo não possui as mesmas propriedades medicinais do que os aloés e, como tal, as suas semelhanças morfológicas são pura coincidência. No entanto, mesmo não tendo nenhuma aplicação medicinal, este musgo pioneiro desempenha um papel ecológico fundamental em ecossistemas e microhabitats terrestres, ao reduzir a erosão do solo e auxiliando na fixação das partículas, ou mesmo na acumulação de solo e humidade entre os tufos de musgo. Afinal, mesmo o mais pequeno ser vivo tem sempre uma função e especial contributo no ecossistema onde vive…
World Animal Day
Jorge Pereira Gomes
OnAothe World Animal Day, lusco-fusco, libertação no Parque Biológico de Gaia de mocho-galego na presença de jovens da CAF da Escola Fernando Guedes which was celebrated on October 4th, several wild birds which had been recovered on the Centro de Recuperação do Parque Biológico de Gaia were released into the wild again.
o Centro de Recuperaçã
Dia Mundial do Animal O Dia Mundial do Animal e do Médico Veterinário, comemorado em 4 de outubro, foi alvo de um vasto programa de libertação de aves selvagens reabilitadas no Centro de Recuperação do Parque Biológico de Gaia
Na lista de animais devolvidos à natureza encontram-se espécies como o mocho-galego e o peneireiro-comum, o tordo e a águia-de-asa-redonda, o açor e o gavião, a corujado-mato e até aves mais pequenas como o verdilhão e o pardal-dos-telhados. Com o envolvimento de escolas e outras entidades, por exemplo, em Vila Nova de Gaia pelas 15h30, numa escola em Crestuma, foram libertados à vista de numerosos alunos e professores vários pássaros, com a explicação devida sobre a identificação e modo de vida de cada um. No mesmo dia, horas depois, no Olival Social outros técnicos do Parque Biológico proporcionaram aos presentes o mesmo tipo de atividade educativa coroada com a libertação de diversos mochos-galegos. Pelas 21h00, no Parque do Conde das Devesas, foram também libertadas algumas rapinas noturnas. Nesse mesmo dia, noutros concelhos, foram devolvidos à natureza outros animais.
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Jorge Pereira Gomes
52 ESPAÇOS VERDES
da Torre, na Lixa, em Valongo, na Reserva Natural de São Jacinto, em Oliveira de Azeméis, e em Gondomar. O Parque Biológico acolhe animais selvagens feridos e faz tudo o que pode para os restituir à natureza. Este serviço funciona no âmbito de um protocolo com o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas e da Direcção-Geral de Veterinária.
Ao final da tarde, um mocho-galego reabilitado volta à natureza no Olival Social
Na Reserva Natural de São Jacinto peneireiros reabilitados voltaram a voar
Jorge Pereira Gomes
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Ao início da tarde, feita a explicação necessária, um tordo regressa em boas condições à vida selvagem no pátio de uma escola em Crestuma
Jorge Pereira Gomes
Foi o caso da Maia. Pelas 15h00, na Quinta da Gruta e no Parque de S. Pedro de Avioso, foram libertados peneireiros e açores. De noite, pelas 21h30, no Parque da Cidade do Porto, voaram corujas-do-mato. Esta mesma comemoração do Dia do Animal continuou a estender-se a outras localidades. Aconteceu também em S. Mamede Infesta, no Agrupamento de Escolas Abel Salazar, bem como em Penafiel, na Escola Básica
Anilhagem
Ave com anilha belga Na sessão de anilhagem científica de aves selvagens de 16 de janeiro de 2016, sábado de manhã, foi recapturada no Parque Biológico de Gaia uma fêmea de toutinegrade-barrete, Sylvia atricapilla, com anilha oriunda da Bélgica
Daniel Santos
Com a anilha n.º 14284526, foram pedidos à Central de Anilhagem, tutelada pelo Instituto de Conservação da Natureza e da Florestas, mais dados no sentido de se apurar qual a região em que foi anilhada e a respetiva data. Mediante a ficha recebida, apurou-se que tinha sido anilhada em 5 de outubro de 2015 em Oorderen, Antuérpia. Sendo os habitats do Parque generalistas, não é de admirar a demora na recaptura de uma ave com anilha estrangeira. Passada uma década de anilhagem científica foi a primeira vez que um facto desta natureza ocorreu. Em zonas húmidas, compreendendo um território mais circunscrito, esta meta é bem mais fácil de alcançar! Terá sido um presente antecipado da natureza quando se sabe que em outubro esta Estação de Esforço Constante contou a sua primeira década de atividade ininterrupta? Além desta toutinegra, nessa manhã foram capturadas e anilhadas mais 25, num total de 36 indivíduos de diversas espécies, além da já referida: pisco-de-peito-ruivo, tordo-comum, tordo-ruivo.
A anilha especial foi fotografada para a posteridade
Sendo os habitats do Parque generalistas, não é de admirar a demora de cerca de nove anos na recaptura de uma ave com anilha estrangeira
Rui Brito
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54 REPORTAGEM
Uma boa parte desta reserva natural integra o estuário do rio Guadiana
Reserva Natural de
Castro Marim A Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António agrega sapais e esteiros, salinas e pastagens: no Algarve, faz parte da Rede Nacional de Áreas Protegidas e, tome nota, foi a primeira reserva natural criada no continente português t 1BSRVFT F 7JEB 4FMWBHFN inverno 2016
A extração de sal valoriza esta área protegida
Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António
The Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António comprises saltmarshes and inlets, saltworks and pastures: located in the Algarve, it is part of the Rede Nacional de Áreas Protegidas and is noteworthy for being the first natural reservation created in the portuguese mainland.
O
s dias quentes de fim de verão na Reserva Natural de Castro Marim recomendam que se meta a caminho, quem puder, entre as primeiras horas da manhã e as que precedem o crepúsculo. Não é o caso, quando esta oportunidade surge a grande distância do Norte. O sol está forte e metade da tarde já voou. Ao longo do estradão de terra batida vão-se vendo algumas aves limícolas pela janela do automóvel. Bico desenhado como um talher à medida da ementa a que se adaptou cada espécie, peneiram energicamente invertebrados aquáticos de teor diverso no espelho de água rasa. Uma delas destaca-se. Pernas avermelhadas, finas e compridas, asas escuras e corpo branco: é um pernilongo,
Entre a Europa e a África áreas protegidas como esta são locais de alimentação e refúgio para milhares de aves selvagens: diversas limícolas tratam de se alimentar para uma nova viagem
Diversas aves limícolas: à direita a ave do logótipo deste Reserva, o pernilongo
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56 REPORTAGEM
Himantopus himantopus, a ave que ilustra o logótipo da reserva. É habitual nas salinas, onde crustáceos, como os pequenos camarões do género Artemia, são prolixos e constituem boa parte da nutrição. A ave que observo está num esteiro, a algumas centenas de metros de um pequeno bando de flamingos, composto por juvenis e adultos mais coloridos. Não lhes inspiro confiança, compreensivelmente, e quando me tento aproximar para a fotografia possível, voam. Aos meus pés estende-se à borda de água uma planta halófita – espécies adaptadas ao sal –, a salicórnia. Tem a aparência de pequenos caules tubulares eretos, que se copiam em comportamento. Um movimento longínquo atrai o olhar. Pela janela, mais distante, há um camião que se desloca junto de um grande monte branco, constituído por sal. Se ainda ali não foi, verá que ao palmilhar a reserva encontra várias salinas. Não é de estranhar, pois esta atividade humana economicamente sustentável, além de gerar sal de qualidade, integra-se de forma harmoniosa nos ecossistemas desta natureza. Microalgas, flora halófita e avifauna conjugam-se e transportam mais-valias diversas, inclusive ecoturísticas e de biodiversidade. Na borda dos talhões surge vegetação espontânea, amiga da conservação destas estruturas, que somam a vantagem de proporcionar abrigo para muitos pequenos animais, bem como para as aves selvagens e seus ninhos. Uma boa parte de todos estes motivos de interesse pode ser observada enquanto se desloca pelos percursos pedestres marcados na reserva. Um dos trilhos, talvez o de menor grau de dificuldade, tem por ponto de partida e de chegada o parque infantil de Castro Marim e estende-se ao longo de sensivelmente dois quilómetros. As suas protagonistas são as salinas tradicionais, pelo que vê uma diversidade de marinhas e viveiros. Tudo isto funciona a partir dos esteiros de abastecimento que, por gravidade, fazem a água circular por tanques compartimentados até que chegam aos chamados talhos, que são as quadrículas onde se cristaliza o sal, precioso bem, pois além de estar certificado apresenta boa qualidade.
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A salicórnia é uma planta tão bem adaptada a este tipo de zona húmida que consegue excretar sal Uma boa parte dos motivos de interesse da Reserva são observados ao longo dos percursos possíveis
Colhereiros e flamingos – dois juvenis na fotografia – são habituais no sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António
Uma das diversas espécies de pilrito – possivelmente Calidris minuta – procura alimento no limo Maçarico-das-rochas
Halimione portulacoides
Este é um exemplo de eleição que constrói uma cumplicidade especial entre a rentabilidade económica e o aumento da diversidade da flora e da fauna selvagens. Entre as plantas, chamam a atenção duas halófitas, a salicórnia e sarcocórnia, ambas objeto de diversos estudos técnicos que apontam no sentido do seu aproveitamento alimentar, quer como salada quer como o chamado sal-verde, isto é, a planta moída em pó. No final do verão já não se avistam em nenhum lugar as vistosas flores amarelas da Cistanche phelypaea, uma planta de sapal que não tem clorofila, e por isso vê-se obrigada a parasitar outras espécies que centram ali o seu habitat. Entre os répteis, ocorre a única espécie de camaleão da fauna ibérica, Chamaeleo chamaeleon. Esta reserva natural mistura-se com o sapal que se encosta ao rio Guadiana, num amplexo estuarino, que une território português e espanhol. É também uma fusão harmoniosa de espaços de água salobra e de salinas, de charcos e de pastagens. A biodiversidade destes sapais desde há longo tempo proporcionou caça e pesca, pelo que não é de admirar que haja vestígios
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58 REPORTAGEM
Palmeira-anã, Chamaerops humilis L., é a única espécie portuguesa nativa deste grupo
O centro de interpretação ajuda a entender a área protegida
Vários painéis explicativos ilustram os percursos pedestres
arqueológicos de ocupação pré-histórica e, entre outros povos, fenícia, romana, árabe e cristã. O Castelo de Castro Marim, na margem direita do rio, evoca a época medieval, mas a sua importância redobra no apogeu dos Descobrimentos, pela maior proximidade de África. É sabido que as lagoas costeiras e os estuários são vitais enquanto maternidade de peixes e crustáceos de valor comercial, e é precisamente isso que ocorre com esta reserva natural, situada no Sudeste de Portugal. Venha a sombra de feição, ou nem por isso, ao passar por ali, há sempre vida selvagem para observar. Texto e fotos: Jorge Pereira Gomes As pastagens dispersam-se algo distantes dos sapais
Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António Centro de Interpretação Sapal de Venta Moinhos Apartado 7 8951-909 Castro Marim (+351) 281 510 680 rnscm@icnf.pt www.icnf.pt/portal
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ENTREVISTA 59
Tracking the largest european beetle
The Rede Portuguesa de Monitorização da Vacaloura (Portuguese network for the monitoring of stag-beetles) is a project of the townsfolk whose aim is to compile data on stag-beetles and the rest of the Lucanidae beetles in Portugal’s mainland. These data will serve as a means of improving what is currently known about the distribution of these species in Portugal, namely on what their ecological requirements are.
Na pista J do maior escaravelho da Europa Criada a Rede Portuguesa de Monitorização da Vaca-loura, conversamos com João Gonçalo Soutinho, biólogo e coordenador desta campanha: ele explica a importância destes invertebrados nos bosques autóctones e quer apurar pelo menos onde e quantos avistamentos ocorrem entre junho e julho...
oão Gonçalo Soutinho é gestor da Rede Portuguesa de Monitorização da Vaca-loura, nome popular dado ao maior escaravelho da Europa. Licenciado em Biologia pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, membro da direção da Associação BioLiving e apaixonado por escaravelhos e árvores monumentais, confessou que, “durante o meu percurso académico, tenho vindo a ganhar uma paixão por insetos, ecossistemas florestais, e pela relação entre estes dois “mundos”, afirma. Continua: “Tive a oportunidade de trabalhar com a equipa da Unidade de Vida Selvagem do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro durante o estágio final da licenciatura, onde trabalhei com invertebrados que necessitam de madeira morta em algum momento do seu ciclo de vida (entre eles o Lucanus cervus ou vaca-loura) na Mata Nacional do Bussaco”. Está agora a estagiar no Parque Nacional da Floresta da Baviera, na Alemanha, onde colabora em projetos relacionados com madeira morta e toda a biodiversidade associada a este ecossistema: “Um dos meus sonhos é que no futuro se olhe com orgulho para as florestas autóctones portuguesas como um dos nossos
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60 ENTREVISTA
Na primavera, por vezes, alguns visitantes do parque conseguem ver o maior escaravelho da Europa
Com tantos seres vivos para estudar, porquê colocar o foco na vaca-loura? João Gonçalo Soutinho - A decisão de focar os nossos esforços na vaca-loura tem várias razões no seu fundamento. Em primeiro lugar é uma espécie que enfrenta grandes ameaças a nível de conservação. Está classificada como Quaseameaçada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) e encontrase listada no Anexo II da Diretiva Habitats e no Anexo III da Convenção de Berna devido ao declínio das suas populações em toda a Europa, nos últimos anos, principalmente no Norte e Centro (onde também se encontra melhor estudada), estando já extinta na Dinamarca, Letónia e Luxemburgo. Em segundo lugar, não temos informação suficiente para avaliar o estado de conservação desta espécie no nosso território e por isso é urgente adotar estratégias para colmatar esta lacuna e promover medidas concretas para a conservação desta espécie emblemática no nosso país. Por último, o facto de ser um dos maiores escaravelhos da Europa (podendo ter mais de 8 cm de comprimento), ser uma espécie enigmática devido às mandíbulas hiperdesenvolvidas dos machos utilizadas para os seus confrontos pelas fêmeas, e não sendo facilmente confundível com outras espécies, levou a que fosse
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adotada como uma espécie-bandeira dos escaravelhos que vivem nos ecossistemas florestais, principalmente dos que têm uma dependência por madeira morta ao longo do seu ciclo de vida, normalmente denominados por escaravelhos saproxílicos. Uma espécie-bandeira é uma espécie que devido às suas características é adotada para representar o grupo ecológico em que está incluída e assim chamar a atenção da população/público em geral para os perigos que estas espécies enfrentam. O que é a Rede Portuguesa de Monitorização da Vaca-loura? João Gonçalo Soutinho - É um projeto de ciência cidadã que tem como finalidade compilar dados sobre a vaca-loura e os restantes escaravelhos da família Lucanidae em Portugal Continental. Estes dados serão posteriormente utilizados para aumentar o conhecimento sobre a distribuição destas espécies em Portugal, nomeadamente ao nível dos seus requisitos ecológicos, inferir o seu estado de conservação e determinar os fatores de ameaça à escala regional que estas espécies enfrentam no seu dia-a-dia. O projeto tem duas vertentes diferentes para adquirir dados, ambos utilizando a participação dos cidadãos como fonte primária da informação. Por um lado, temos os avistamentos esporádicos, que consistem no envio de uma fotografia do exemplar observado e informação sobre o avistamento (data, local); por outro, temos a adoção de um método de observação estandardizado que consiste num percurso com 500 metros, num local
A Rede Portuguesa de Monitorização da Vaca-loura foi criada para se conhecer melhor esta espécie associada aos bosques nativos portugueses
Platycerus spinifer
Albano Soares
maiores valores, e que se explorem estes ecossistemas de forma sustentável”. Há muito que perguntar...
Tatiana Moreira
“Se algum dia encontrar um exemplar desta espécie tire uma fotografia e entre em contacto connosco”, diz João Gonçalo Soutinho, à direita
Ana Rita Gonçalves
Outro escaravelho saproxílico, ainda sem nome vulgar e de tamanho menor, é o Dorcus parallelipipedus
onde se sabe que a espécie ocorre, sendo este percurso efetuado semanalmente, idealmente sempre com as mesmas condições ambientais. A primeira abordagem permite-nos conhecer melhor a distribuição das espécies no território nacional, assim como os seus períodos de atividade. A segunda serve para termos dados comparativos entre locais e assim perceber o estado de conservação da espécie. Adicionalmente, podemos monitorizar a evolução das populações, se a metodologia for repetida ao longo dos anos. A outra vantagem do segundo método é que nos permitirá no futuro comparar o que se passa em Portugal com outros países onde esta espécie ocorre e onde a mesma metodologia está a ser implementada no âmbito de um projeto europeu. Este projeto tem como objetivo a adoção de um protocolo definido para perceber o estado de conservação da espécie em toda a sua distribuição. O projeto tem também uma forte componente de educação ambiental, onde tentamos familiarizar os cidadãos com estas espécies, informá-los sobre os problemas que estas e os seus habitats enfrentam, envolvê-los em medidas concretas que promovam a conservação destas espécies, tais como a construção de ninhos artificiais ou locais de abrigo, e por fim avaliar o impacto que um projeto de ciência cidadã pode ter na conservação de uma espécie. Como surge a campanha em curso? João Gonçalo Soutinho - O projeto em Portugal surge de um culminar de interesses
por parte das instituições gestoras do projeto (Universidade de Aveiro; Sociedade Portuguesa de Entomologia; Associação BioLiving e Instituto da Conservação da Natureza e Florestas) que já tinham começado a reunir dados de forma particular sobre a distribuição das espécies de lucanídeos em Portugal, tanto para fins científicos como para cumprir as avaliações periódicas obrigatórias da Diretiva Habitats sobre o estado de conservação das populações das espécies listadas nos seus anexos. Além disso surgiu a oportunidade de integrar este projeto num contexto europeu, que ao nosso ver, fez todo o sentido. Qual é a utilidade deste animal para o ser humano? João Gonçalo Soutinho - A utilidade desta espécie para o ser humano está muito ligada ao seu ciclo de vida e dos restantes escaravelhos saproxílicos. Estes escaravelhos têm uma dependência por madeira morta e ao longo do seu ciclo de vida ajudam na decomposição da matéria vegetal, sendo um elemento-chave no ciclo de nutrientes dos ecossistemas florestais. Esta decomposição de matéria é o que permite que os nutrientes que foram fixados pela planta durante o seu crescimento sejam devolvidos ao solo e estejam disponíveis para as novas plantas. São, assim, elementos-chave para a regeneração florestal, algo que está diretamente ligado ao nosso bem-estar como seres humanos devido à multiplicidade de serviços dos ecossistemas que é fomentada,
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62 ENTREVISTA
nomeadamente a produção de oxigénio pelas plantas. Qual é o seu ciclo de vida? João Gonçalo Soutinho - Esta espécie está intrinsecamente ligada a árvores de folha caduca, tais como os carvalhos. As fêmeas, após serem fecundadas, depositam os seus ovos no solo junto das raízes da árvore. Três semanas mais tarde, pequenas larvas vão eclodir destes ovos e começam a alimentar-se da madeira morta envolvente. Esta fase de alimentação normalmente dura 3 ou 4 anos, durante os quais a larva vai crescendo e acumulando energias que irão permitir mais tarde ao adulto desenvolver as suas funções ecológicas, uma vez que o escaravelho adulto pode até nem se alimentar, a não ser que encontre fruta podre ou seiva a escorrer das feridas dos carvalhos. Quando a larva já tem reservas suficientes e sente que o verão está a chegar, para de comer e sai da madeira morta em direção ao solo, onde começará o processo de metamorfose, transformando-se numa pupa. Haverá tempo ainda para uma nova transformação, onde esta pupa se transformará num belo escaravelho adulto, a conhecida vaca-loura. Surpreendente é que a fase de adulto dura no máximo um mês, podendo variar conforme a atividade do indivíduo e o consumo das reservas acumuladas durante o desenvolvimento. Durante este mês, os adultos dividem o seu tempo em várias atividades, como a de procurar um parceiro para acasalar, lutar por parceiras (no caso dos machos), fugir a predadores ou simplesmente alimentar-se de seiva. Quando acabarem as reservas, os adultos morrem, restando-nos apenas esperar pela próxima geração para voltarmos a ver esta belíssima espécie. Hábitos culturais: são de estimular? João Gonçalo Soutinho - Esta espécie tem uma forte ligação com a população, o que se consegue demonstrar pela variedade de nomes comuns que conseguimos encontrar na literatura e por contacto com cidadãos. Nomes como vaca-loura, cabra-loura, abadejo ou carocha são os mais comuns. É interessante esta ligação entre o homem e o escaravelho, porque nos pode indicar que outrora era uma espécie comum e bem distribuída pelo nosso país, algo que no nosso ponto de vista parece ter sido alterado
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A vaca-loura fêmea é mais pequena que o macho e as mandíbulas são menos exuberantes
nos últimos anos, uma vez que ouvimos cada vez mais relatos de que já não é encontrada como antigamente. Nestes relatos ouvimos também que era hábito arrancar-se os cornos dos machos, que na realidade são as mandíbulas e são o órgão corporal que permite a estes seres lutarem para se reproduzirem. Também gostaríamos de tentar mudar estes comportamentos, uma vez que este ato leva à morte do animal, causando ainda mais dano nas populações e vai contra tudo o que este projeto tem em mente. À semelhança do que acontece com outras espécies animais emblemáticas, o Lucanus cervus também é capturado na natureza para ser comercializado no mercado colecionador. Existe alguma procura de exemplares desta espécie, sobretudo de machos de maiores dimensões dada a sua espetacularidade. É de realçar que este tipo de atividade é ilegal, dado o estatuto de proteção que detém. Gostávamos que os hábitos culturais
fossem transformados, e, substituindo o tradicional ato de arranque dos cornos, sempre que um cidadão observar um exemplar desta espécie agradecemos que nos envie um registo fotográfico e informações sobre o avistamento e assim todos juntos podemos ajudar a conservar o que realmente é de todos nós. No Norte da Europa sabe-se mais sobre estas populações? João Gonçalo Soutinho - Na realidade sim. Os estudos ligados à biodiversidade dependente de madeira morta são algo comuns no Norte da Europa, pois sabese que este processo do final da vida das árvores é fulcral para a manutenção de um grande número de espécies de fauna e flora. O estudo das populações de vaca-loura não foge à regra, e como disse antes, sabe-se que a espécie está extinta na Dinamarca, Letónia e Luxemburgo. Além disso, na maior parte dos países conhece-se a distribuição da espécie e o seu estado de conservação. Nestes locais está
Jorge Pereira Gomes Ana Rita Gonçalves
Lucanus barbarossa
caracterizado. Em grande parte dos locais a espécie está listada a vermelho, o que indica um perigo de desaparecimento se os fatores de impacto que a espécie enfrenta continuarem a existir. Poderá haver aqui resultados diferentes? João Gonçalo Soutinho - Neste momento ainda é cedo para afirmar que os resultados são diferentes ou não. Ainda só temos um ano de dados, ano esse que achamos ser de educação e divulgação do projeto e da importância destes seres vivos. Para já tivemos cerca de 300 registos confirmados da ocorrência da espécie em Portugal, o que faz com que o balanço deste primeiro ano seja muito positivo: nomeadamente estes dados permitiram duplicar o número de localizações conhecidas desta espécie. Estes resultados são muito animadores, embora fiquem aquém do que projetos semelhantes conseguiram em outros países, como por exemplo no Reino Unido, onde foram obtidos cerca de 6500 registos no mesmo período de 2016. A Rede Portuguesa de Monitorização da Vaca-loura vai manter-se em funcionamento durante os próximos anos, e espero que daqui a três anos consigamos ter uma ideia do estado de conservação das várias espécies de lucanídeos que ocorrem no nosso país, em particular do Lucanus cervus. No entanto, para conseguir atingir esse objetivo precisamos da ajuda de todos. Quais as principais ameaças que pendem sobre esta espécie com proteção legal? João Gonçalo Soutinho - Os maiores fatores de ameaça em Portugal, tanto para a vaca-loura como para todo o grupo que é simbolizado por ela, os escaravelhos saproxílicos, estão principalmente ligados às práticas silvícolas que se desenvolvem no nosso país, que têm como consequência a destruição de habitat adequado para esta espécie. Exemplos destas práticas são a remoção das árvores quando estas parecem enfraquecidas ou mortas, assim como as limpezas florestais que retiram todo o material vegetal dos ecossistemas florestais ou inclusive a substituição das florestas autóctones de carvalho por espécies exóticas como o eucalipto. É necessário ter em conta mais do que o valor económico de uma área quando se planeia o que irá ser o seu futuro e há formas de tirar rendimento de florestas sem destruir
completamente todo o ecossistema que estas constituem. Algumas ideias passam pela valorização de produtos não lenhosos como frutos (bolota, castanha, medronho), a apanha de cogumelos e as resinas ou até produtos lenhosos obtidos de podas seletivas que permitem o continuar do desenvolvimento da planta e ao mesmo tempo retirar alguma lenha para o nosso bem-estar. Claro que tudo isto tem de ser feito com planeamento a longo prazo, pois as nossas espécies nativas demoram bastante mais tempo a desenvolver-se do que as exóticas que temos a dominar o nosso país. Por exemplo, o eucalipto ocupa mais de 25% da área florestada do nosso país. Há espécies afins que estão menos ameaçadas? João Gonçalo Soutinho - Neste momento ainda não temos informação suficiente para responder com certeza absoluta, mas das quatro espécies de lucanídeos que se podem encontrar em Portugal, parece-nos que apenas uma, Dorcus parallelipipedus, se encontra num bom estado de conservação, sendo comum e com uma vasta distribuição. As restantes, Lucanus barbarossa e Platycerus spinifer, são espécies ainda menos comuns do que a vaca-loura, encontrando-se bastante localizadas. No entanto, não sabemos como as populações destas espécies realmente se encontram em termos de abundância e distribuição. Mais uma vez, esperamos conseguir dar uma resposta mais concreta nos próximos três anos. Como podem os leitores ajudar? João Gonçalo Soutinho - Tornando-se um cidadão cientista, claro. Se algum dia encontrar um exemplar desta(s) espécie(s) tire uma fotografia e entre em contacto connosco para registarmos o avistamento. Se quiser ajudar ainda mais na conservação da espécie e se conhecer um local onde normalmente seja fácil observar vacas-louras (um carvalhal antigo por exemplo), adote um percurso semanal por dois meses e registe os indivíduos que vir. Para colaborar basta que entre em contacto connosco para lhe transmitirmos todas as informações necessárias a partir do e-mail bio.deadwood@gmail.com ou na página do facebook do projeto (www.facebook.com/ vacalourapt). Texto e fotos: Jorge Pereira Gomes
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64 BLOCO DE NOTAS
Cávado Avifauna do Estuário do
Quando, há cerca de 20 anos, me propus elaborar o inventário das aves do estuário do Cávado mal sabia quais seriam as comuns ou as mais escassas, julgava que o seu número se situaria na ordem das dezenas de espécies e, não estando esta área protegida classificada como Zona de Proteção Especial, também não esperava encontrar aqui aves “ilustres”. Pois foi precisamente a grande sucessão de no outono e no inverno – a chamada época registos contrários a estes equívocos que baixa do turismo. aumentou a minha curiosidade a cada saída Estou certo de que este tipo de testemunhos de campo e me motivou nestes primeiros contribuem para atrair a cobiça de outros voos pela ornitologia. observadores de aves e amigos da natureza Após dois ou três ciclos anuais e identificadas e, por essa via, para uma efetiva valorização já mais de cem espécies entre residentes Jorge Araújo da área ou da região de estudo que cada um da Silva e visitantes na região, tal como acontece a elegeu como “sua”. ECOLOGISTA, OBSERVADOR DE AVES E DIVULGADOR qualquer comum observador de aves, surgiuCom uma ambição inicialmente tão modesta, DA VIDA SELVAGEM me então a necessidade de encontrar outros que mais poderia eu esperar, se o meu elenco desafios. já era tão vasto e pejado de raridades? Como terá experimentado Thoreau no seu lago Walden, Numa manhã de novembro do ano de 2014, para não as mudanças provocadas pela alternância das estações ter o aborrecimento de contar os mergulhões-pequenos do ano também passaram a atrair a minha atenção. (Tachybaptus ruficollis) que se agrupavam junto à restinga Determinar as datas de chegada e de partida das de Ofir, tirei-lhes algumas fotografias que guardei sem lhes aves estivais e invernantes ou o período de passagem dar a devida importância. das migradoras renovou-me o espírito de descoberta No dia seguinte, um amigo destas lides apresentouenquanto me mantinha aplicado no propósito original me para análise imagens do mesmo bando a grande a aumentar o número de espécies na minha lista até distância, pois intrigava-o o maior tamanho de um dos ultrapassar as duas centenas. indivíduos, o que me levou a rever os meus registos. Entretanto, o advento de novos canais de comunicação Pelo que então vi com maior cuidado, apesar da veio facilitar a troca de informação entre simples qualidade deficiente de todas as fotos, suspeitei que “birdwatchers” e ornitólogos especialistas com quem estava perante algo verdadeiramente inesperado, nessa desenvolvi a noção sobre o grau de raridade de algumas noite já quase não dormi e ainda o sol estava para nascer das espécies de aves de Portugal. quando me coloquei junto à margem do Cávado onde Assim, melhor preparado, percebi que o “meu” estuário pude, por fim, atestar a presença de um mergulhãodo Cávado é destino de muitos espécimes divagantes e, caçador (Podilymbus podiceps) no continente europeu. desde aí, não resisti em partilhar com esta comunidade Durante os dois meses que aqui esteve, esta ave, oriunda a excitação extraordinária de aqui ver improbabilidades das regiões neárticas (da América do Norte), tornoupara todo o território nacional como o ganso-de-bicose numa autêntica celebridade ibérica para enorme curto (Anser brachyrhynchus), a marreca-d’asa-azul satisfação minha que tive o privilégio de anunciar à (Anas discors), o pato-rabilongo (Clangula hyemalis), o comunidade ornitológica nacional a inscrição de uma merganso-grande (Mergus merganser), o mergulhão-deNOVA ESPÉCIE na Lista Sistemática das Aves de Portugal penachos (Podiceps auritus), a petinha-marítima (Anthus Continental. petrosus) ou a felosa-aquática (Acrocephalus paludicola), É por isto que quando o inverno se aproxima gosto de entre tantas outras que aqui têm ocorrido quase sempre dizer «este friozinho que me aquece!»
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Mergulhรฃo-caรงador, Podilymbus podiceps, algo verdadeiramente inesperado
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66 MIGRAÇÕES
Quando chegam as
andorinhas Associadas a dias mais luminosos, as andorinhas já se contaram em maior número: aves que se alimentam de insetos, fazem também viagens de longo curso...
Abel Barreto
No início do ano as andorinhas regressam. Muitas delas voam da África do Sul para entre as benesses da primavera europeia criarem a prole, agora que os invernos são mais curtos. Em Portugal começam a ver-se normalmente em fevereiro e contam-se várias espécies. Na fauna do nosso país pode observar a andorinha-das-chaminés, a andorinha-dosbeirais, a andorinha-das-rochas, a andorinhadas-barreiras e a andorinha-dáurica. Para o cidadão comum, um outro grupo, o dos andorinhões, também ajuda a confundir, mas, nem mesmo pelo facto de serem migradores, são tidos como andorinhas. Para estas páginas escolhemos a andorinhadas-chaminés, Hirundo rustica. De penas caudais longas e bifurcadas, só pode ser confundida com a dáurica, sendo certo que esta última é mais difícil de observar. Ave de voo fluido, rápido, é típica das zonas rurais onde abundam numerosos insetos alados, de que se alimenta. Faz ninho, por exemplo, nos contrafortes dos celeiros. Tarefa laboriosa, pois com o bico colhem pequenas porções de lama e depositam muitas e repetidas vezes em inúmeros voos no local escolhido, misturando-a com saliva e palha. Estudos de anilhagem científica de aves selvagens demonstram que andorinhas-daschaminés recapturadas na África do Sul eram provenientes de países europeus como a Grã-Bretanha e a Escandinávia.
Ninho de andorinha-das-chaminés
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Abel Barreto
Andorinhas-das-chaminés: alimentar a prole é uma atividade incansável
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Hugo Oliveira
68 ATUALIDADE
Lince-ibérico atropelado na Maia
Pavão: dança de cor e som O organismo de um pavão investe muito nas penas caudais, que tornam esta ave exótica atrativa ao olhar do ser humano. Uma pesquisa liderada por Roslyn Dakin, da University of British Columbia, levou-a a declarar aos meios de comunicação social que «as penas se agitam ondulatoriamente como as cordas de uma guitarra». A equipa de investigação utilizou registos de vídeo de alta velocidade para analisar o movimento dessas penas especiais. Pode afirmar-se, por isso, que a espécie não investe só na cor das penas dos machos, mas adiciona-lhes um movimento intenso e específico e uma sonoridade não menos importante. São sinais de saúde que se pensa serem analisados pelas fêmeas durante a exibição e que lhes darão nota de que o macho em causa será uma boa escolha para a paternidade das suas crias.
Um dos felinos selvagens mais raros do mundo foi atropelado no concelho da Maia em 15 de outubro de 2016, segundo o “Jornal de Notícias”. Nascido em 2013 no centro de reprodução de Silves, o animal terá percorrido cerca de 3 mil quilómetros nos últimos dois anos, desde que foi visto como apto para ser libertado na vida selvagem, o que ocorreu em dezembro de 2014, na zona montanhosa de Montes de Toledo, entre os rios Tejo e Guadiana. Este programa de conservação da natureza decorre no âmbito do projeto LIFE+Iberlince e tem em vista a recuperação da distribuição natural desta espécie em Espanha e Portugal. Conhecido entre investigadores por Kentaro, este lince, terá reentrado no nosso país através da serra de Montesinho e, como se se arrependesse, voltou para Espanha, quando, em dezembro de 2015, refere o texto do ICNF, o terão tentado capturar, e adianta: «A última emissão da sua coleira GPS indicava que se encontrava em Ourense. Desde março que a sua localização era desconhecida».
Artur Serrano
Nova espécie na serra da Estrela
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Um artigo publicado na “Zootaxa” apresenta um estudo em que “é descrita uma espécie nova do género Domene Fauvel, 1873 — D. viriatoi n. sp. — de uma gruta granítica natural localizada na serra da Estrela”. O artigo dá nota da morfologia externa e adiciona considerações ecológicas, assim como comentários sobre a prioridade da conservação do habitat desta espécie nova. Nas suas linhas disponibiliza igualmente uma chave dicotómica baseada nas características das genitálias masculinas para a identificação.
Jorge Pereira Gomes
Acordo de Paris em vigor O Acordo de Paris, exarado sob a égide das Nações Unidas em dezembro de 2015, entrou em vigor no nosso país no passado dia 4 de novembro de 2016. João Matos Fernandes, ministro do Ambiente, em comunicado dirigido à imprensa disse que este “é um dia memorável para Portugal”. Sublinhou ainda o seu “enorme orgulho” por constatar que o “combate às alterações climáticas mereceu o consenso nacional”. A mitigação das alterações climáticas aceleradas pela atividade humana é “um dos principais desafios que o planeta e a humanidade enfrentam neste século”. O diploma vincula os países que o assinaram a manter o aumento da temperatura média global abaixo dos 2 graus centígrados. Para alcançar essa meta a maior parte dos signatários apresentaram medidas para reduzir as emissões de gases de efeito-estufa até 2025/2030. De cinco em cinco anos os 197 signatários deverão rever as contribuições dadas para o controlo das alterações do clima. O prazo-limite para a aplicação deste diploma fixava-se em 2020. Portugal foi o quinto país da União Europeia e o 61.º do mundo a ratificar o documento.
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Jorge Paiva Biólogo
Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra jaropa@bot.uc.pt
A biodiversidade num planeta “lixado” A letra C: Toda a gente sabe que qualquer motor para trabalhar precisa de um Combustível que, através de reacções químicas exotérmicas (Combustão) liberta Calor (energia) suficiente para que o motor funcione. Os Carburantes (gasolina, gasóleo, álcool, gás, etc.) são Compostos orgânicos com Carbono (C), Hidrogénio (H2) e Oxigénio (O2). Da Combustão, resultam outros Compostos (CO2 e CO, por exemplo) que são expelidos pelos tubos de escape, sendo até poluentes
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odos sabemos que o nosso Corpo tem vários “motores”. O Coração é um desses “motores” que está sempre a “bater” (trabalhar) e que não pode parar. Quando pára, morre-se. Se o Coração é um motor, tem de haver um Combustível para que este motor funcione. Esse Combustível é a Comida, que não é de plástico, nem são pedras, mas sim produtos vegetais, animais, de cogumelos, de algas, isto é, de diversos seres vivos. Essa Comida que ingerimos é transformada no nosso organismo em energia (Calor), através de reacções exotérmicas (digestão) semelhantes à referida Combustão, que vai fazer com que os vários motores do nosso Corpo, entre os quais o Coração, trabalhem e nos mantenham vivos. Na Comida estão as substâncias Combustíveis com Carbono (C), Hidrogénio (H2) e Oxigénio (O2), como são os hidratos de Carbono (açúcares, farinhas, etc.), lípidos (gorduras, como o azeite, a manteiga, etc.) e proteínas (na carne, no peixe, nas leguminosas, como o feijão, a fava, a ervilha, etc.). As proteínas têm mais um elemento,
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o Azoto (N2), que, apesar de nos ser muito útil em reduzida quantidade, é muito tóxico. Assim, tal como acontece com os veículos automóveis, da comida que ingerimos, o que não é transformado em energia é expelido do nosso corpo sob a forma de fezes. Mas nós temos de ter outro escape para o excesso de azoto. Esse escape é o aparelho urinário. Por isso, a urina inclui muitos compostos nitrogenados.
A Biodiversidade
Preguiça-tridáctila (Bradypus variegatus) Costa Rica. Puerto Viejo de Talamanca. 26.07.2011
Assim, qualquer pessoa entende que os outros seres vivos, a Biodiversidade, são a nosso Combustível e que se não os protegermos e eles desaparecerem do Globo Terrestre, também nós vamos desaparecer, por ficarmos sem Carburante. Todos os seres vivos necessitam dessas substâncias orgânicas como nutrientes (“Combustíveis”). As plantas, porém, não precisam de comer, porque são os únicos seres vivos que são capazes de as sintetizarem (produzirem), “acumulando”
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Angola. Floresta tropical junto às Quedas de Kalandula. 2012
no seu Corpo o Calor (energia) do Sol (a fonte de energia que aquece o Planeta Terra) com a ajuda de substâncias (CO2 e H2O) existentes na atmosfera e reacções químicas endotérmicas (fotossíntese). Como os animais não são capazes de fazer isso, têm que comer plantas (animais herbívoros) para terem produtos energéticos ou, então, comerem animais que já tenham comido plantas (animais carnívoros). Nós, espécie humana, tanto comemos plantas como animais, por isso, dizemos que somos omnívoros. Mas os outros seres vivos não são apenas as nossas fontes alimentares, fornecem-nos muito mais do que isso, como, por exemplo, substâncias medicinais (mais de 80% dos medicamentos são extraídos de plantas e cerca de 90% são de origem biológica), vestuário (praticamente tudo que vestimos é de origem animal ou vegetal), energia (lenha, petróleo, ceras, resinas, etc.), materiais de construção e mobiliário (madeiras), etc. Até grande parte da energia eléctrica que consumimos não seria possível sem a
contribuição dos outros seres vivos pois, embora a energia eléctrica possa estar a ser produzida pela água de uma albufeira ou pelo vento nos aerogeradores, as turbinas precisam de óleos lubrificantes. Estes óleos são extraídos do “crude” (petróleo bruto), que é de origem biológica. Enfim, sem o Património Biológico (Biodiversidade) não comíamos, não nos vestíamos, não tínhamos medicamentos, luz eléctrica, energia, etc.
A Floresta
O corpo dos seres vivos não é constituído por matéria mineral, mas sim por matéria orgânica, isto é, biomassa. Come já se referiu, os alimentos são o combustível dos seres vivos (hidratos de carbono, lípidos e proteínas), isso é, são de matéria orgânica, portanto de biomassa. Porém, os animais são consumidores de biomassa (a comida), enquanto as plantas são produtoras de biomassa (basta-lhes terem luz, CO2 e H2O) e, ainda por cima, ao produzirem biomassa,
consomem CO2 (despoluem) e libertam oxigénio (O2). As plantas, ao contrário das fábricas de alimentos, que poluem e consomem oxigénio com os motores, as plantas são fábricas de biomassa e de oxigénio, mas despoluidoras. Como as árvores são de maior dimensão do que as ervas, produzem maior quantidade de biomassa, consomem maior volume de CO2 e são as maiores “fábricas” naturais de O2. Assim, um conjunto de árvores (floresta) despolui mais e produz maior quantidade de oxigénio e de biomassa do que um prado. As florestas, particularmente as tropicais com árvores enormes, com grande número de indivíduos e de espécies, são pois ecossistemas de elevadíssima Biodiversidade (a enorme quantidade de biomassa que produzem, alimenta muito maior número de animais do que uma savana), despoluem e produzem muito mais oxigénio do que prados e savanas. As florestas são, pois, fundamentais para o equilíbrio da temperatura e do clima do Planeta, pelo volume de CO2 que retiram
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da atmosfera e relevantes fornecedoras de oxigénio, fundamental para a vida na Terra. Apesar de se ter este conhecimento, as florestas continuam a ser derrubadas a um ritmo verdadeiramente alarmante e devastador. Actualmente, por cada 10 segundos é derrubada uma área de floresta tropical correspondente à superfície do relvado de um campo de futebol, ou seja, por ano, o equivalente à área de Inglaterra. Assim, resta no Globo Terrestre pouco mais de 20% da cobertura florestal que existia depois da última glaciação (Würm), isto é, após o início do período actual, o Holoceno (Antropogénico). Números da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) revelam que, na década de 2000 a 2010, 13 milhões de hectares/ ano dessas florestas tropicais foram derrubados. Por exemplo, no Brasil, que está entre os cinco países com maior área de floresta, a perda chegou a 2,6 milhões de hectares anuais. Sabemos que as florestas, particularmente as equatoriais (pluvisilva), devido à enorme biomassa que elaboram diariamente, são ecossistemas de elevadíssima Biodiversidade. Sabemos, ainda, que a nossa espécie depende de Biodiversidade elevada, pois aparecemos na Terra quando existia o máximo de Biodiversidade no nosso planeta e formamo-nos junto aos ecossistemas terrestres de maior Biodiversidade, as florestas tropicais africanas. Além disso, constantemente se descobrem novas utilidades de plantas, animais e outros seres vivos, que, apesar de serem conhecidos há muito, ainda não estavam suficientemente estudados, alguns até já em vias de extinção.
A Água
O corpo dos seres vivos é maioritariamente constituído por água. Por exemplo, num corpo humano com 70 kg, 42 kg são de água, 12 kg de gorduras, 12 kg de proteínas, 2 kg de açúcares e 2 kg de outras substâncias. Isto é, a maior parte do corpo humano (60%) é água. É fácil demonstrar que sem água não há vida e que o corpo dos seres vivos é maioritariamente constituído por água. Todos sabem que a espécie humana é capaz de sobreviver 2-3 meses sem comer, desde que se movimente o mínimo possível para não consumir o combustível (gorduras,
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açúcares e proteínas) que tem acumulado no corpo. Uma pessoa em greve de fome emagrece. Mas não há ninguém que faça greve de sede, pois não aguentava mais do que 2-3 dias vivo. Também, quando uma pessoa está muito doente e não pode abrir a boca, dão-lhe soro intravenoso, que é fundamentalmente água. É por isso que, em todo o Globo Terrestre, é fundamental preservar as zonas húmidas, não só por conterem uma grande diversidade e quantidade de seres vivos, como também por serem reservas de água, muito importantes para nós e para os seres vivos de que dependemos. Infelizmente, estamos, há séculos, a fazer desaparecer grandes áreas de zonas húmidas. A drenagem de zonas alagadiças ou pantanosas não é uma prática moderna, já que se encontram provas arqueológicas disso, como a drenagem efectuada pelos etruscos dos amplos charcos em volta da colina onde se fundou Roma. Quando se procedeu à drenagem maciça de extensas áreas húmidas, por exemplo, no LanguedocRoussillon (S de França) e na Pianura Pontina (CW de Itália), ignoravam-se os danos que daí adviriam. Actualmente, efeitos drásticos nas áreas húmidas estão também a ser produzidos por outras “pragas” da civilização, como a “regularização” de rios, construção de portos, vias rodoviárias e ferroviárias, urbanizações sem nexo, etc. As zonas húmidas, além de serem ecossistemas de elevada Biodiversidade, são essenciais para a vida e para a agricultura. Por outro lado, com a “revolução industrial” iniciou-se a poluição do Globo, agravada, durante a segunda metade século XX, com a “revolução verde” da agricultura. Assim, abarrotaram-se extensas zonas húmidas de produtos químicos nocivos, como pesticidas, agro-químicos, detergentes, nitratos, iões metálicos e muitos outros compostos vertidos por efluentes urbanos e industriais sem tratamento prévio. Ora, a nossa espécie só pode utilizar água potável. Não somos como muitos outros animais que conseguem beber água poluída com seres patogénicos ou com produtos químicos tóxicos. A água, desde que esteja poluída, pode matar-nos ou provocarnos doenças que, posteriormente, muitas vezes levam à morte.
O Lixo
Qualquer pessoa sabe que precisa de
comer para viver e crescer e que a comida é constituída por material biológico (vegetal e animal); que a água potável é imprescindível à vida humana; que não se pode viver no seio do lixo; que a actividade industrial tem de ter regras de conduta para não poluir; que a atmosfera terrestre está repleta de gases tóxicos e que a concentração de gás carbónico (CO2) tem vindo a aumentar desmesuradamente, com o consequente efeito de estufa; etc. Praticamente toda a gente tem alguma consciência do que está a acontecer no Globo Terrestre, com o consequente risco de sobrevivência da nossa espécie, mas, a maioria das pessoas, não só não tem a educação ambiental necessária para entender o que se está a passar, como também para perceber que tem de mudar a sua maneira de estar na Terra. A grande maioria da população mundial não tem a mínima preocupação de produzir pouco lixo. Há lixo sólido espalhado por todo o Globo Terrestre, particularmente invólucros de plástico. O plástico é leve, “voando”
para os rios e estes arrastam-no para os oceanos. Assim o Mediterrâneo está repleto de plástico flutuante, que escoa para o Atlântico, recebendo os oceanos este plástico e o de outras áreas. Finalmente, as correntes marinhas agregaram grande parte do plástico flutuante em cinco ilhas. Duas no Pacífico, duas no Atlântico e uma no Índico. Só a do Pacífico Norte tem uma superfície igual a 38 vezes a área de Portugal Continental. Desta maneira, antes do final do século, a superfície dos oceanos deve estar praticamente coberta de plástico.
A Inconsciência e a Impunidade
Coimbra. Latada de 2016. Latas de refrigerantes vazias e outro lixo sólido, deixado na via pública
Coimbra. Latada de 2016. Latas de refrigerantes vazias, copos de plástico e garrafas vazias lançadas para a via pública
Todos os anos, duas vezes por ano, uma em Outubro (latada estudantil) e outra em Maio (queima das fitas), assiste-se em Coimbra a um espectáculo vergonhoso, pois, além de se tratar de um atentado ambiental lastimoso (lixo sólido, às toneladas deitado para a via pública e para o leito do rio Mondego), acontecem também actos que, em qualquer país minimamente civilizado, são considerados crimes (mais de um milhar de carros de compras furtados nas grandes superfícies comerciais). Este ano, por exemplo, na última latada (16 de Outubro de 2016), um grupo de cidadãos (“Não Lixes”), com a colaboração de algumas entidades (elementos de segurança de alguns hipermercados, da Polícia de Segurança Pública, da Associação Académica e da Câmara Municipal), recolheram, no fim do cortejo da “latada”, mais de mil desses carrinhos, uma grande parte dos quais teria sido lançada ao rio, se não tivesse havido o cuidado de os recolher. Quando não havia esta iniciativa de recolha dos carrinhos, lançada pelo movimento “Não Lixes”, eram abandonados na via pública ou eram lançados às centenas no leito do rio. Por exemplo, em 2013, o movimento “Não Lixes” retirou do leito do rio (alguns através de actividade de mergulho) mais de duas centenas desses carros. Actualmente, apesar da acção de recolha no final dos ditos cortejos, ainda vão parar ao leito do rio algumas dezenas. Além deste crime cívico e simultaneamente ambiental, há o lançamento de lixo sólido na via pública (mais de 50 mil latas de refrigerantes vazias, milhares de copos de plástico, além de garrafas vazias, muitas delas deliberadamente arremessadas
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ao solo com força de modo a partiremse). Neste caso, os Serviços Camarários têm o cuidado e a trabalheira de recolher todo esse lixo, deliberadamente lançado e deixado na via pública, imediatamente após o final da latada. Todo este trabalho é muito dispendioso para a Edilidade e, indirectamente, para todos os cidadãos através dos impostos que pagam. O movimento “Não Lixes”, anualmente (desde 2014), antes da realização de cada um desses eventos estudantis (latada e queima das fitas) convoca uma reunião, convidando os cidadãos e algumas entidades (estive presente em todas elas) no sentido de procurar soluções para estes crimes ambientais e cívicos. Infelizmente, algumas das entidades convidadas nunca estiveram presentes, como, por exemplo, a Universidade de Coimbra, e as entidades empresariais de cerveja e refrigerantes. Depois destes anos de luta, consideramos que o problema só se resolve com punição, como acontece, por exemplo, com a condução sob o efeito do álcool. Em Coimbra, durante a madrugada de alguns dias, eram relativamente frequentes acidentes rodoviários resultantes da má condução de jovens estudantes alcoolizados. Isso agora já não acontece porque a Polícia, sabendo quais os dias e o período da noite no qual essa gente está alcoolizada, está vigilante e pune-os devidamente. Pergunta-se: 1) se furtar os carrinhos não é um crime; 2) se lançar lixo para a via pública e para o leito de um rio não é um crime (duplo, cívico e ambiental); 3) para que serve o Ministério do Ambiente, se não penaliza estes crimes; 4) se neste país não há leis para punir furtos; 5) se o estudante de Coimbra é inimputável. Parece que a cidade tem medo dos estudantes. Este ano, passei o tempo do período de férias escolares a mostrar a alguns habitantes de Coimbra como a cidade estava limpa, a qualquer hora do dia, sem os estudantes. Logo que se iniciaram as aulas, as ruas passaram a estar emporcalhadas, antes de os Serviços Camarários as limparem, o que fazem diariamente, particularmente em determinadas artérias urbanas onde há bares e discotecas, que não têm dimensão suficiente para manter a freguesia no interior dos respectivos estabelecimentos. Então, os fregueses vêm beber para a rua e lançam na
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Coimbra; grupo de carrinhos recolhidos no fim da latada de 2016
Coimbra. Recolha de carrinhos lançados para o leito do rio Mondego, após festejos académicos em 2013
via pública os copos de plástico e recipientes vazios das bebidas (latas e garrafas) que consomem. Tudo isto é facilmente testemunhável por qualquer pessoa, de manhã, antes de os Serviços Camarários recolherem esse lixo. É por comportamentos destes, tremendamente incivilizados, que os oceanos estão repletos de lixo sólido sobrenadante. Enfim, liberdade não é libertinagem. Além dos estudantes, há muita libertinagem a lançar lixo sólido para espaço público e privado, como lançamento de fraldas descartáveis e quejandos pelas janelas dos veículos automóveis (exemplo as toneladas desse tipo de lixo, recolhido ao longo das estradas para a Torre, na Serra da Estrela, depois de um fim de semana de neve); assim
como o lixo deixado pelos peregrinos ao longo dos trilhos que percorrem a pé para Fátima; lixo deixado cerca dos parques de merendas, mesmo nas Reserva Naturais; lançamento em pinhais, eucaliptais e outros ecossistemas, de toneladas de lixo de obras de construção civil; esgotos sem qualquer tratamento, muitos deles a céu aberto, etc. Não podemos continuar a derrubar as florestas e a poluir o Globo Terrestre como temos vindo a fazer, pois podemos atingir um estado de poluição tal que não será possível a vivência humana nesta gigantesca gaiola que é Terra, que se transformará num “PLANETA LIXADO” sobreaquecido e inabitado.
BIBLIOTECA 75
História das plantas Os elementos paleobotânicos até hoje reunidos permitem verificar a diferenciação progressiva dos vegetais ao longo dos tempos geológicos Filipe Vieira
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s grandes grupos de plantas foram surgindo pela mesma ordem que ocupam na classificação natural, isto é, dos mais simples para os mais complicados. Por mais que uma vez aconteceu, no decurso dos tempos geológicos, extinguirem-se grupos inteiros de vegetais, embora alguns deles tivessem tido, pouco antes, predomínio sobre todos os outros. Teofrasto, considerado o pai da botânica, foi um filósofo da Grécia Antiga, sucessor de Aristóteles na escola peripatética, era estudante e amigo chegado dele (384 a.C. - 322 a.C.), tendo-lhe sucedido como líder do Liceu em Atenas, com a sua tradição filosófica. Teofrasto descreveu à volta de 500 plantas com detalhe, muitas vezes incluindo descrições de habitat e distribuição geográfica, reconhecendo também alguns grupos de plantas que atualmente são famílias botânicas. Conforme se lê no livro, alguns termos que utilizou, como Crataegus, Daucus e Asparagus persistiram até à atualidade. A sua segunda obra, De Causis Plantarum, versa sobre o crescimento e reprodução das plantas (semelhante à fisiologia moderna). Tal como Aristóteles, ele agrupou as plantas em “árvores”, “subarbustos”, “arbustos” e “ervas”, mas também fez outras várias importantes distinções e observações botânicas. Ele notou que as plantas poderiam ser anuais, perenes e bienais, que eram ou monocotiledóneas ou dicotiledóneas, notou também a diferença entre indeterminado e determinado, e aspetos da estrutura floral, incluindo o grau de fusão das pétalas, a posição do ovário entre outros. Estas notas das palestras de Teofrasto compreendem a primeira exposição clara dos rudimentos de anatomia, fisiologia, morfologia e ecologia vegetais, apresentados de uma forma que não seria reproduzida nos 18 séculos seguintes. As obras principais de Teofrasto foram De Historia Plantarum (História das plantas) e De Causis Plantarum (Sobre as causas das plantas), que eram notas das palestras dadas por ele no Liceu. Em 2016, a obra foi publicada pela Imprensa da Universidade de Coimbra.
Teofrasto, História das Plantas tradução portuguesa, com introdução e anotação Maria de Fátima Sousa e Silva, Jorge Paiva Imprensa da Universidade de Coimbra, 2016
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76 OBSERVATÓRIO
Concurso de
Astrofotografia 4.ª edição
À abertura da exposição afluíram numerosos visitantes
A exposição alusiva ao Concurso Nacional de Fotografia Astronómica do Observatório do Parque Biológico de Gaia abriu ao público sábado, 5 de novembro, às 15h00, com a entrega dos prémios atribuídos pelo júri, desta vez composto por Pedro Ré, Paulo Casquinha e Henrique Alves. Na presente edição desta competição, aliás, a quarta, o júri escolheu como fotografia vencedora o trabalho «NGC2244 (Roseta)», de Paulo R. V. de Almeida. Na categoria Terra e Espaço o 1.º Prémio foi atribuído a «Auro Boreal na Islândia», de João C. Vieira, ficando como 2.º classificado o trabalho «Aurora Boreal I», de Paulo Ferreira. Na categoria Espaço Profundo foi distinguida a fotografia «Nebulosa NGC7822», de João C. Vieira, tendo lugar uma Menção Honrosa para «Nebulosa da Lula (OU-4)», de Paulo Lobão. O Prémio Júnior salientou o trabalho «A Lua», de Raphael Teixeira da Costa António. Na abertura afluíram muitas pessoas, sendo os prémios entregues pela Vereadora Mercês Ferreira, e outros colaboradores.
A Vereadora Mercês Ferreira entregou o Prémio Júnior a Raphael Teixeira da Costa António
Prémio da fotografia vencedora - «NGC2244 (Roseta)» - a Paulo R. V. de Almeida por Henrique Alves, membro do júri
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Rita Diogo, Diretora do Departamento de Ambiente e Parques Urbanos, confiou a Paulo Ferreira o Prémio de 2.º classificado com o trabalho «Aurora Boreal I»
Vencedor Geral - 1.º Prémio: «NGC2244 (Roseta)», de Paulo R. V. de Almeida
Terra e Espaço: 1.º Prémio - «Auro Boreal na Islândia», de João C. Vieira
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78 OBSERVATÓRIO
Prémio Júnior - «A Lua», de Raphael Teixeira da Costa António
Terra e Espaço: 2.º classificado - «Aurora Boreal I», de Paulo Ferreira
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Espaço Profundo: 2.º classificado - «Nebulosa NGC7822», de João C. Vieira
Menção Honrosa para «Nebulosa da Lula (OU-4)», de Paulo Lobão
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80 OBSERVATÓRIO
André Borges, categoria Terra e Espaço: “Via láctea”
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“M33”, categoria Espaço Profundo, de Nuno Pina Cabral
“Mosteiro e Via Láctea”, categoria Terra e Espaço, de Ângelo Jesus
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82 CARTOON Por Ernesto Brochado
Coletivismo
Terrestres e marinhas As Ă reas Importantes para as Aves e Biodiversidade, ou IBA (do inglĂŞs Important Bird and Biodiversity Areas) sĂŁo sĂtios com significado internacional para a conservação das aves Ă escala global. SĂŁo identificadas atravĂŠs da aplicação de critĂŠrios cientĂficos internacionais e constituem a rede de sĂtios fundamentais para a conservação de todas as aves com estatuto de conservação desfavorĂĄvel. Em Portugal existem 93 IBA terrestres designadas, localizadas um pouco por todo o paĂs, incluindo as regiĂľes autĂłnomas dos Açores e Madeira, e que identificam no paĂs quais as ĂĄreas que garantem a conservação das principais espĂŠcies ameaçadas, como por exemplo, a abetarda, o britango ou o priolo. EstĂŁo tambĂŠm identificadas 17 IBA
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marinhas, as mais relevantes dentro da Zona EconĂłmica Exclusiva para a conservação das aves marinhas mais ameaçadas, como a freira-da-madeira, a freira-do-bugio ou o painho-de-monteiro. Estes locais sĂŁo crĂticos para a conservação das aves e da biodiversidade e de importância internacional. SĂŁo igualmente utilizadas para reforçar as redes de Ă reas Protegidas jĂĄ existentes, nomeadamente a Rede Natura 2000. A nĂvel global hĂĄ cerca de 12 mil IBA, em cerca de 200 paĂses e territĂłrios autĂłnomos, identificadas, mas apenas 40% destas sĂŁo estĂŁo devidamente protegidas. Para alĂŠm da nova designação, as IBA tĂŞm um novo logĂłtipo que passarĂŁo a identificar as açþes realizadas nesses sĂtios e nos respetivos inventĂĄrios. Os critĂŠrios utilizados para a identificação de
IBA sĂŁo claros, objetivos e compatĂveis com os princĂpios de criação de Zonas de Proteção Especial (ZPE) previstas na Diretiva 79/409/CEE (Diretiva Aves da UniĂŁo Europeia). Por essa mesma razĂŁo, todas as IBA identificadas com esses critĂŠrios deverĂŁo ser designadas como ZPE, opiniĂŁo partilhada pela prĂłpria ComissĂŁo Europeia e fundamentada por casos precedentes do Tribunal Europeu de Justiça. Fonte - http://www.spea.pt/pt/estudo-econservacao/ibas
Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves Avenida João Crisóstomo, 18 – 4º Dto 1000-179 Lisboa – Portugal Tel.: 21 322 0430 / Fax: 21 322 04 39 TQFB!TQFB QU t XXX TQFB QU
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