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AUGUSTO CORRÊA POR ALCIDES JR.

FAZENDA BACURI: um modelo de produção sustentável

O TURISMO EM AUGUSTO CORRÊA POR FILHO BARRETO

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AUGUSTO CORRÊA augusto corrêa além de ser um polo pesqueiro e turístico do estado do pará desponta na produção de ostras na fazenda de nova olinda no rio emburaí velho acompanhado pelo sebrae FOTOGRAFIA

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LITERATURA

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ARTES VISUAIS

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DOCUMENTÁRIOS

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ECONOMIA l

GASTRONOMIA


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ITINERÁRIO Edição 28 | 2017

LITERATURA

04

Poesias de Almerindo Filho Livro, Leitura, Literatura e Política com Milton Lobão

ENTREVISTA

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Prefeito de Augusto Corrêa: Filho Barreto

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URUMAJÓ: Histórias de uma Emancipação.

por Alcides Junior

Mulher na Política Partidária de Urumajó por José Rubens Britto Filho Igreja de São Miguel Arcanjo por Alcides Junior Assembleia de Deus em Augusto Corrêa

por Almerindo Filho A Marjujada em Augusto Corrêa por Carlos Reis

CULTURA POPULAR

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XXVIII Feira da Cultura Popular de Urumajó

Regata de Pescadores Artesanais do Perimirim Carpintaria Naval

PESCA EM AUGUSTO CORRÊA A pesca é a principal atividade econômica do município

ESPECIAL

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Cultivo de ostra em Augusto Corrêa favorecido pelo SEBRAE.

AGRONEGÓCIO

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Fazenda Bacuri - Produção Orgânica da Amazônia Fazenda Bacuri - Produção Orgânica da Amazônia Fazenda Bacuri - Produção Orgânica da Amazônia

GASTRONOMIA

Editores Carlos Pará 2165 - DRT/PA Fabricio Castanho Editora de Fotografia Adriana Lima Web Designer: Andrey Anjos

Vice-Prefeita de Augusto Corrêa: Suzana Lobão

HISTÓRIA

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Impressão e Acabamento: Marques Editora Distribuição Belém, Pará, Brasil, Portugal Contatos (91) 98335-0000 email revistapzz2017@gmail.com Twitter @revistapzz Facebook https://www.facebook/revistapzz cartas A Revista PZZ é uma publicação bimensal da Resistência Comunicações Av. Magalhães Barata, 391, Belém, Pará, Amazônia, Brasil Cep 66093-400 Cnpj : 10.243.776/0001-96 Issn: 2176-8528

Parceiros

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Sítio Rio Grande - Gastronomia Ítalo-Amazônica Sabores do Urumajó

TURISMO

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CICLO TURISMO por Wal Monteiro ECOTURISMO NA APA DE URUMAJÓ por Amos Amorim

ARTES VISUAIS

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O Essencialismo de Leila Santos

MÚSICA

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Amigos do Xote

NOSTALGIA BRAGANTINA

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Major Benedito por Fabrício Castanho www.revistapzz.com.br 3


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POESOFIA

ALMERINDO FILHO: O POETA DO URUMAJÓ

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ORLA DO URUMAJÓ Bem ao norte do Brasil, há um lugar Com exuberante fauna e flora! Coqueiros, mangues, céu e mar. Um pedacinho da Amazônia! Recanto da garça e do guará!

Noutro tempo, à orla, veio habitar. Pessoas oriundas do estado do Ceará. Com barcos e habilidades de pescar Guarnecem com peixes, o belo Lugar, Que trazem das águas do alto mar.

Este lugar, é no estado do Pará. Com o rio Urumajó, a lhe beijar. Rio querido! Rio manso a marejar! O lugar ama o rio, e o rio, o lugar. ... Envoltos, por uma orla singular.

A Orla do Urumajó é solo sagrado. Nela, 28 de março é homenageado. Folguedo risca o céu da alvorada. Bolo, festança, jogos e cavalgada. Em 1962, de Bragança, emancipado.

Vejam a orla, a Orla do Urumajó! Aconchegante, serena, charmosa. Quieta, de bela vista e boa prosa. Ao longe, no céu, o sol a brilhar! Dela, se vê, os encantos do lugar.

Este povo gentil retira o maná Do campo, do rio ou do mar. Ele vai e vem, volta a seu lar. Com frutos da terra ou do mar. Nas quatro estações, a labutar.

Lugar este de origem Tupinambá. Nação indígena que nele habitou. E rico legado cultural consolidou. Uso de ervas e chá, arte de caçar. Modo de plantar e arte de pescar.

Nos rincões deste lugar, ele está. Povo cortês, valoroso e acolhedor. Agricultor, feirante e pescador. Negociante, artesão e educador. Povo amigo, sábio e trabalhador.

Na orla, o branco europeu ancorou Seu batel, após rio acima navegado. A natureza rica e bela lhe encantou. De olhos azuis para lá, transportado. Consigo língua, crença e festa, levou.

Este lugar ainda estáem evolução. Na veia, o melhor da miscigenação. Do vermelho, a magia de conviver. Do branco altivo, garra de vencer. Do mulato guerreiro, graça de viver.

Outro povo além-mar, na orla pisou. Aquém, o afrodescendente cultivou: Mandioca, milho, arroz e feijão. À música e à dança deu contribuição. O vatapá, a culinária emplementou.

Este lugar é de mui nomes, chamado! De Cidade Educadora, foi nomeado! De Cidade dos Coqueiros, afamado! De Augusto Corrêa, foi proclamado! De eterna Urumajó, foi consagrado!

Nos idos, um trem, buzina e fumaça. Com retirantes cheios de esperanças. Gente que fugira da fome e da seca. Vieram homens, mulheres e crianças. Labutar na orla amazônica e edênica.

1º lugar, categoria livre, Concurso de Poesia: Urumajó de todas as Palavras. Poética Urumajoese. 2015.

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POESOFIA

CORAÇÃO DE PESCADOR Minha vida... é navegar... Sobre as ondas do alto mar... Rompendo a força do vento... Vencendo a fúria do mar... Entre azuis, minha nau vai... Senhora de si, valente e audaz ...De proa altiva e leme forte Entrecortando o imenso norte Sou um pescador de sonhos! ... De aventuras e de emoção! Às vezes, galhardo ou tristonho! Mas sou um pescador de coração! Seguem-se horas... vai-se o dia... Lançar a rede é minha lida... Pescar o peixe com maestria... Aos embalos da maresia! Em meio a noite... a lua cheia espreita... Desejo quente... o peito invade... ...Abrasa a saudade indômita! ...Consome a insólita vontade! Às vezes... Chove, o tempo é frio! Ouve-se ali... ecos d`alma... Sinto arrepios e calafrios! ... Relâmpagos e reflexos, n`água! Outras vezes... Brisa leve a soprar... No seio da imensidão flutuante... Coração desejoso quer voltar... ... Qual um golfinho lactente! Na calmaria das ondas... Meu coração escaldante... E do céu, estrela cadente... ...Risca além do horizonte!

É indomável por natureza ...é preamar de solidão e amor! ...é maremoto de paixão e desejo! Assim... adentro ao meu lar... Revejo àqueles que amo! ... Abraço-os, beijo-os e gamo! Mas... ao mar... devo voltar... Rompendo a força do vento Vencendo a fúria do mar... Meu coração pulsando a mil Vai... outra vez... a navegar... CASA DE FARINHA Desembro chegou saudoso... Trouxe nostalgia nas asas! Refaço o caminho da roça... ... Da casa coberta de palha! Riacho... pomar... e sorrisos! Da roça nova de piçara roxa... Ecoa estridente, a velha caroça... Transborda de mandioca o riacho Que de dura à lânguida massa. À velha Casa de Farinha, passa... Na Casa de Farinha da gente... Minha mãe, ação costumeira... Sacodia o tipiti, toda contente! Irmãos e eu, balançava a peneira. Fogo... puiá... e chapa quente! Massa... calor... e fumaça... A massa, papai remexia ligeiro... O rodo ia daqui...e vinha de lá... Do forno, recendia um cheiro... ... O cheiro de farinha d`água!

Após luas, chuvas, raios e sóis... Volto contando, ínfimas horas... Avisto... longínquos faróis... Mais logo, brilha a aurora!

Naquela simplicidade da mata... Com a boa farinha d`água... Se deliciava, o sabor do açaí... E o peixe, se pescava nas águas Do gélido riacho, próximo dali...

Vem minha nau... a marear... ...Vem nas asas da alvorada Qual gaivota, a ziguezaguear ...Beleza, perfeita e admirada! Meu coração de pescador...

Naquela campestre realidade De dura labuta, árdua batalha. As noites se iam dedilhando... Momento de pura tranquilidade... Fogueira, viola e cumplicidade!

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Achados... da velha choça... Retiro momentos raros assim... Palmilho o caminho da roça... Da casa de farinha, onde cresci... Pai e mãe, aconchego sem fim! MULHER URUMAJÓ A aurora desperta à Orla... O primor dos raios sorrir... Melodias suaves se ouvem. São tênis... passo a passo... De marcas, estilos e cores... Compasso segue apressado... Que seguem por ali, a pisar... Uns macios, outros ásperos... Uns leves... outros pesados... Pisam areias, piçara e poeira... Asfalto... ladrilho... mais asfalto! Segue ruas, avenidas e praças! Ao dourar o céu, se vê... A beleza personificada... Calma serena ou singela... Joga charmosa o cabelo... Liso, negro ou dourado... Curto, longo ou ondulado! Ela... Segue sua caminhada... À João Batista Monteiro... À Praça vinte e oito de Março... Seus olhos castanhos claros... Olhos escuros amendoados... Sempre atentos e admirados! São olhos, cabelos e passos... Dela... A mulher Urumajó! Que por ali está a caminhar... De tênis, ofegante respira... Suada, molhada, delicada... Destemida segue apressada... Deixando no ar seu cheiro... Suava, sítrico ou adocicado! Perfume de rosa molhada! Que desprende de sua pele... Pele de seda ou acetinada! Pele de maçã pele corada!


Ao corpo... brincos... se vê... Colar... anel... cor e tom... Aliança... esmalte e batom! Blusa... calça... bermuda... Delineia as curvas de fêmea! Esbelta... elegante desfila... Mulher bonita e guerreira! Segue segura de si, faceira... ... Fina, média ou delgada... ... Baixa, alta ou encorpada... Quando ela passa, bela sereia! ... Janelas a olham, ligeira... Essa mulher... é multifuncional ... É mãe... é filha... é adjuntora... ... É discípula... É educadora... ... É gari, feirante e agricultora... ... É operária, ainda provedora! ... De presença nobre, sedutora! A frente de seu tempo, alvorece... Aurora boreal, rosa que resplandece! Entre tantas, segue serena, indulta Mulher destemida, Mulher de luta! Segue com visão de águia, resoluta! Mulher Urumajó, autêntica e impoluta! PARÁ PAI D’ÉGUA Tu fulguras, refulgente, ao verdor do Brasil: Ó Pátria exótica e mui bela, de encantos mil! Pai D´égua és, esplêndida, ao céu do Equador: Ó Ave multicor, que voa, com visão de Condor! Pai D`égua és, envolto ao vermelho cintilante: Ó Estrela azul, num céu risonho e flamejante! Pai D`égua és, ao luar ou solar, que desperta: Ó lugar paradisíaco, de fecundadas florestas! Pai D`égua és, resistente, à luz da memória: Ó Cabanagem, guerreira, de pelejas e glórias! Pai D`égua és, ao amanhecer, o teu acordar: Ó Uirapuru, quão harmônico, é o teu cantar!

Pai D`égua és, ao exausto correr da Piracema: Ó Pirarucu sagaz, em cardume, segue rio acima! Pai D`égua és, ao vasto e proceloso Atlântico: Ó Farol norteador, de marinheiros triunfantes! Pai D`égua és, ao esplendor de ricos minérios: Ó Serra Pelada, realidade de devaneio e mistério! Pai D`égua és, ao final de tarde ou dia de festa: Ó Tacacá, ardente, que os lábios, enrubesce! Pai D´égua és, tua cor, ao chupar teu dulçor: Ó Guaraná amazônico, que produz real vigor! Tu inspiras poesia, ó destemido e gigante Pará! ...Do exótico sabor açaí, que exala maracujá! É Pai D`égua, teu filho, citadino e da floresta! É Pai D`égua, tua história e lendas de canitar! É Pai D`égua, teu folclore, cultura e culinária! É Pai D`égua, tua famosa, tradição marajoara! É Pai D`égua, teu povo, tua gente de lá e de cá! É Pai D`égua, ó Flor de Urumajó, do Grão Pará! E que à Orla dos Coqueiro, ora vem me enluarar! É Pai D`égua, tua melanina, ó nação Tupinambá! Assim, que Deus, te exalte, ó Pororoca de emoção! Dum passado de vitória, rumo ao porvir de exultação! Tu és, meu chão, meu berço, meu regaço sagrado! Pois em ti, Pará Pai D`égua, meu umbigo, foi gerado!

Almerindo R. de Souza Filho, Licenciado em Letras, pela UEMA. Especialista em Língua Portuguesa e Literaturas, pela UFPA. Atualmente, é professor de Língua Portuguesa, na cidade de Augusto Corrêa- PA.

Pai D`égua és, ao bosque silvestre e garrido: Ó bela, orquídea, sublime, em jardins floridos! Pai D`égua és, do igapó ao rio, que me instiga: Ó filho da tapioca, da castanha e da seringa!

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MILTON LOBÃO

livro, leitura e literatura

E

u tinha que ter um lugar para onde ir, morava na casa dos meus pais, família tradicional em Bragança e como eu estava ocupando um cargo eletivo em Augusto Corrêa, tive que me mudar para cá com a minha esposa e meus filhos e tinha que ter um lugar para guardar meus livros. Sempre tive muitos livros e precisava de espaço para colocolá-los. Desde os meus 16 anos compro livros, o papai quando morreu me deixou muitos, a mamãe também me deixou os dela mas ainda estão dentro das caixas, porque não tive tempo para abrir. O meu amor por livros faz com que quando viajo para outras cidades ou outros países vou logo procurando os sebos literários. Em Portugal, visito Porto e Coimbra, lá é a minha Disneyworld. Tem pessoas que dizem que tem casa de vinhos, casa de cachaça e casa de livros, eu sou de casa

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de livros. Agora, estive no Rio, e tem um pessoal que trabalhava na Barata Ribeiro e que se mudaram para o Botafogo, Arautos da Ribeira, um sebo maravilhoso, já comprei muitos livros lá e até hoje ainda compro, mas como geralmente fico em Copabacana devido alguns convênios que eu tenho com os hotéis, vou pouco lá, mas eles tem um acervo muito bonito onde já comprei mais de 20 livros. Nessa última viagem que fizemos ao Rio de Janeiro, tive que comprar outra mala para trazer os livros que havia comprado. Na véspera da volta, tentamos apertar na mala que levei, mas não coube, tive que comprar outra, não tinha como trazer de 4 a 5 pacotes nas mãos. Conheço sebos em todo o Brasil, Traças e Companhia Ltda.

ACERVO

Eu compro geralmente o Zafón, que é um escritor espanhol, comprei o último

livro dele, Labirinto dos Espíritos, eu tenho muitos dele, tenho O Jogo do Anjo, Sombra do Vento que é um clássico, eu comprei um agora, eu gosto muito. Mas minha paixão mesmo é o Borges, encontrei nessa viagem o livro Nova Antologia Pessoal, eu não comprei a Antologia Anterior porque achava que tinha, mas eu não tinha. Jorge Luis Borges é um poeta, escritor e crítico literário genial, muito bom, a maior injustiça que o Nobel já fez no mundo foi não ter premiado esse escritor. Ele é argentino e ninguém gosta de argentino, mas o Borges tem uma vantagem, ele faz contos que não te cansam, e ele mesmo se classifica que tem o fôlego curto e por isso que não gosta de escrever textos cansativos, condensa um romance em um conto de maneira formidável! Tenho mais de dez livros dele, aqui você pode ver o primeiro livro dele, um clássico da literatura ocidental que é aleph, tem o livro de areia,


Milton Lobão na varanda do seu cafofo às margens do Urumajó

prólogos com um prólogo de prólogos, borges real e sete noites, discussão, o fazedor e outros. Adoro a lietratura Latino - Americana, também tenho Cortaza, tenho Gabriel Garcia Marquez, tenho tudo do Vargas Losa. Outro que eu gosto muito é o Mia Couto, ele é maravilhoso, escreve com uma leveza e delicadeza impressionante! O livro Contos do Nascer da Terra é lindo! Interessante que o primeiro livro que eu comprei do Mia Couto foi na França, procurando sobre literatura portuguesa, encontrei ele, fiquei espantado, era um livro de bolso, Veneno de Deus, Remédio do Diabo, Mia Couto é maravilhoso! Tem um outro escritor que é moçambicano que se chama valter hugo mãe, em que ele só escreve em minúscula, ele não escreve em maiúscula, até o nome dele é escrito dessa forma, o cara é maravilhoso! Tenho muito livro que eu gosto, gosto muito de literatura, acho que da minha

geração fui o primeiro que descobriu e que valorizou a literatura Latino Americana, hoje meus amigos me procuram por essa paixão. Eu tenho aqui esse cara, Manoel Scorza; Outro é Mário Benedetti, um escritor Uruguaio, e por coincidência, encontrei um sobrinho dele em Veneza, em um Café. Mario Benedetti é caudaloso e arrastado, o cara ficou encantado quando ele descobriu que eu conhecia o tio dele. Foi um troço lindo, estava eu e Suzana conversando, e ele escutou e ficou encantado. De Júlio Cortaza, tenho um bom acervo, comprei muito dele em Portugal, na editora mais velha do mundo. Ele é um dos melhores dessa região, é dele o livro O jogo da Amarelinha, um livro fabuloso, ele te dá um roteiro para seguir ao ler, te orienta como no jogo da amarelinha e essa orientação sugerida vem em forma

Minha paixão mesmo é o Borges. Jorge Luis Borges é um poeta, escritor e crítico literário genial, muito bom, a maior injustiça que o Nobel já fez no mundo foi não ter premiado esse escritor.

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de roteiro no índice por onde você deve ler, e o fantástico é que voce não perde o fio da meada. Confesso que o li de forma linearmente, pois fiquei com medo de perder o fio do entendimento, mas Cortaza é fantástico, genial! Ele sofre influência de um dos maiores escritores da humanidade, chamado James Joyce, o qual escreveu Ulisses, um livro caústico e muito doloroso para quem ler, mas é um livro genial. A apartir de James Joyce, ninguém mais fez um livro assim. James Joyce é tão presente e influenciador que o vemos no livro de Guimarães Rosa, Grandes Sertões Veredas e muitos outros escritores modernos. Depois de Joyce, a literatura não é mais a mesma.

LINDANOR CELINA

Lindanor Celina era genial como pessoa e como escritora. Tive o prazer e a honra de conhecê-la e de vivenciar com ela a boemia e a boa literatura, conversavamos muito e fizemos vários saraus, me ensinou muita coisa. Eu e um amigo Antonio Maria. O último livro dela eram seis assinalados, talvez o último de uma tetralogia que vem de Menina que vem de Itaiara, Estradas do Tempo-Foi, o Bre10 www.revistapzz.com.br

ve sempre e Eram os os Seis Assinalados que eu ajudei a patrocinar com a ajuda de amigos, gosto muito das obras de la e saudade da pessoa, uma alma muito boa. Tenho todas as obras dela e recomendo a leitura.

BIBLIOTECAS

Quando fui prefeito de Augusto Corrêa, implementei projetos voltado para o estímulo da leitura na Secretaria de Educação. Há muito tempo atrás, existiam, no papel as bibliotecas no interior, mas na verdade, nós demos uma acervo e colocamos de fato para funcionarem, retirando apenas o papel. Nós fizemos biblioteca em cada grande distrito como: Nova Olinda, Aturiaí, Araí, etc... Fizemos grandes Saraus, o Uruluar é uma produção nossa, o FestXote é uma produção nossa, a Festa da Cultura já existia, demos uma roupagem nova, trazendo programações novas, trouxemos a Marcia Aliverti, Salomão Habib, fizemos vários saraus, com palestrantes, foi um fomento cultural que não existia, um novo olhar sobre o evento.

O último livro de Lindanor Celina “Eram Seis Assinalados,” o último de uma tetralogia que vem de Menina que vem de Itaiara, Estradas do Tempo-Foi, o Breve Sempre e Eram os os Seis Assinalados que Miltob Lobão ajudou a patrocinar com a ajuda de amigos.


EDUCAÇÃO

Em relação a questão da educação, na minha gestão, trouxe o curso de Pedagogia que não existia, o qual formaram-se 50 pedagogos, acabamos com a história de ter professor sem curso superior. No ano da minha gestão não ficou nenhum professor na rede que não tivesse no mínimo o magistério e quando eu deixei o cargo, 99% do quadro eram pedagogos. No meu tempo havia uma educação atrelada à secretaria de turismo. Acredito que ainda há uma preocupação e um olhar sobre a nossa educação municipal e estadual, porque a educação é uma coisa dinâmica e que não pode morrer. Eu fiquei muito feliz há 3 meses atrás em saber que a biblioteca funcionava, com o nome do único homem que escreveu Augusto Corrêa, Antônio Coutinho de Campos, um autodidata que escreveu contos bem regionais e muito bonitos. Na época fazíamos sessões de cinema seguidos de debates sobre os filmes e isso eu não vi mais não.

URULUAR

O Uruluar, surgiu como ideia decorrente de uma viagem que eu fiz à Itamaracá, estritamente em Abreu Lima, onde um médico decidiu trazer renda para o município. Era um festival de 7 dias e 7 noites que acontecia em Abreu Lima para arrecadar verba para o municipio, eles criaram um festival com seresta e essa ação fomentou o mercado da cidade. Quando eu voltei, voltei com essa ideia de fazer um festival em Augusto Corrêa, tinha uma Secretária de Turismo excelente e muito competente, Natacha Pena, nós, juntos criamos o Uruluar dentro dos padrões de uma boa cultura e intitulamos seresta enluarada do Urumajó, como tínhamos acabado a obra da orla e inauguramos em grande estilo com cantores e artistas da terra como Nilson Chaves, Guitarrada, etc... o público foi grande e por isso procuram esse evento até hoje. Nós tivemos uma característica em promover um evento que prezasse pelos valores, hoje as pessoas estão muito distantes disso, os valores não são levados

em consideração. Vemos hoje, profissionais e políticos que não possuem a mínima responsabilidade com aquilo que fazem, não possuem ética, valorizam o descompromisso com os reais valores. Atualmente, somos aliados do prefeito e a prefeitura tem buscado acertar, mas precisa sempre ver o que se pode fazer de melhor para fazer a ordenção correta, principalmente na cultura, onde o povo necessita ser estimulado a conhecer a sua própria cultura e saber valorizá-la. O Uruluar não era um evento, ele era um comprometimento com a cultura, mostrar o que de melhor nós temos. Eu sou louco por Bossa Nova, mas sei que sou eu, mas as pessoas precisam ter opções de ver, ouvir boas músicas ver novas coisas. Na rádio, A Peróla, tenho um programa de MPB Show, onde eu coloco musicas antigas na voz de cantores contemporâneos, as pessoas gostam! Então é uma questão de estímulos.

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ENTREVISTA


FILHO BARRETO ENTREVISTA: CARLOS PARÁ /// FOTOGRAFIAS: DRI LIMA Nesta edição especial da revista pzz sobre augusto corrêa publicamos entrevista exclusiva com o prefeito filho barreto que Fala sobre a influência da sua família na política do município e a importância da cultura e do turismo como pilares do desenvolvimento da cidade.

PZZ – Fale sobre a influência da sua família na política do município de Augusto Corrêa. Filho Barreto – A trajetória política da família Barreto no município de Augusto Corrêa, começou desde cedo com o meu avô, Eupídio Alves Barreto que foi um grande sonhador na época, com vários amigos, em emanciapar a Vila de Urumajó que estava ligada ao município de Bragança. Em 1958, eles fizeram a primeira tentativa, na emancipação do município, não conseguiram, mas também não desistiram do sonho de Urumajó vir a ser município para crescer e se desenvolver de forma independente. Eles acreditaram no potencial que o Urumajó tinha e continuaram a luta e o desejo de ver esta Vila de Urumajó passar a ser município. E assim, se reuniram ao político bragantino Augusto Corrêa que na época era Deputado Estadual e que visitava muito a Vila onde tinha alguns serviços e correligionários. Em 1962, essa luta foi executada e eles conseguiram a emancipação, no dia 28 de março quando Augusto Corrêa passou a ser município, por um decreto

estadual. A luta da emancipação, e todo esse trabalho que eles tiveram, de amigos, em torno de 06 pessoas e mais o deputado Augusto Corrêa. Além do trabalho que tiveram, eles também enfrentaram momentos difíceis, pois havia um grupo divergente ao desejo do grupo à essa emancipação, pois o grupo divergente achava que Urumajó não tinha condição de se manter como município. Eles foram até ameaçados pelo grupo opositor que deixavam bilhetes debaixo das portas das pessoas que eram simpatizantes da emancipação política. O meu avô no caso, também sofreu ameaças. Mas eles resistiram e conseguiram no dia 28 de março de 1962 colocar o nome da cidade de Augusto Corrêa, em homenagem ao deputado, por todo o trabalho realizado em prol do desenvolvimento desta Vila de Urumajó. E o meu avô, foi um lutador, mas não quis ser candidato, sempre apoiando por trás, dando suporte aos candidatos. E o primeiro candidato da nossa família no município foi meu pai, Miguel Ivanildo Barreto, candidato a vereador na época, que por sinal, nessa época, vere-

A Nossa trajetória política da família Barreto , começou desde cedo com o meu avô, Eupídes Alves Barreto que foi um grande sonhador na época, com vários amigos, em emanciapar a Vila de Urumajó que estava ligada ao municiípio de Bragança. Em 1958, eles fizeram a primeira tentativa, na emancipação do município, não conseguiram, mas também não desistiram do sonho de Urumajó vir a ser município para crescer e se desenvolver.

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ENTREVISTA

E o primeiro candidato da nossa família no município foi meu pai, Miguel Ivanildo Barreto, candidato a vereador na época, que por sinal, nessa época, vereador não era remunerado, era um cargo destinado a pessoas que queriam ajudar o município e ele foi vereador por três mandatos, chegou a ser vice-prefeito, na época do prefeito Osvaldo Sampaio de Lima, já falecido, assim como meu pai, mas eles, juntos administraram por 4 anos.

ador não era remunerado, era um cargo destinado a pessoas que queriam ajudar o município e ele foi vereador por três mandatos, chegou a ser vice-prefeito, na época do prefeito Osvaldo Sampaio de Lima, já falecido, assim como meu pai, mas eles, juntos administraram por 4 anos. Depois que meu pai deixou o cargo de vice-prefeito, continuamos na política, trabalhando, e por questão de saúde, ele teve que se afastar da política, mas continuou dando suporte nas comunidades e ele tinha um sonho, era de ver os filhos também engajados e envolvidos na política. Ele fez um convite ao meu irmão Iranildo Barreto que é conhecido como “Pão”, que na época estava fazendo Escola Técnica em Castanhal, o qual aceitou o desafio para se candidatar, e meu pai o elegeu sendo o primeiro vereador, entre os filhos, por 04 anos. Depois, veio meu outro irmão mais velho, Iraildo Barreto, que fazia faculdade em Belém, sempre com um sonho de querer se qualificar na capital, mas voltar para Augusto Corrêa, por gostar e amar esse município, onde temos uma história com esse lugar. Meu pai o conseguiu elegê-lo por dois mandatos, em oito anos, e logo em seguida eu entrei na política, me elegendo Vereador sendo o segundo candidato da Câmara Municipal de Augusto Corrêa mais votado na época, e também fui reeleito. Em 2012 aceitei o desafio de me candidatar à prefeitura, à convite do ex-prefeito, Amós Bezerra, que o nosso nome era o mais cotado para a candidatura. Posso dizer, felizmente, que não foi possível, por várias circunstâncias, ganhar o pleito para prefeito nas eleições daquele ano, mas foi proveitoso, pois passei a estreitar mais ainda os laços com o município, a conhecer melhor e a me aproximar mais das pessoas e de suas necessidades. 14 www.revistapzz.com.br

Nessa campanha, fui aprofundar meu conhecimento do município, principalmente da zona rural. Conheci as dificuldades do município, e isso me despertou mais ainda o desejo de contribuir para o desenvolvimento de Augusto Corrêa, tão almejado por aqueles que lutaram pela sua independência e autonomia. Assim como toda a minha família contribuiu, meu avô, meu pai e meus irmãos, também contribuíram. Não desisti do sonho, passei a visitar mais as comunidades, conhecendo suas reais necessidades, passei a compartilhar com elas os desafios a serem

enfrentados. Depois dos meus dois mandatos como vereador, contribuí muito com o legislativo. Sempre eu queria fazer mais, sonhava alto pelo meu município. Então, em 2016, conseguimos nos eleger prefeito de Augusto Corrêa com o mandato até 2020. Estamos à frente do município, com uma equipe de base com vereadores, secretários, nossa vice-prefeita que nos dão todo o suporte para aquilo que nós havíamos planejado. Ainda não alcançamos maiores metas devido a forma como recebemos o município, devido a gestão passada que deixou a administração física e financeira


O candidato Filho Barreto (DEM) foi eleito como novo prefeito no município de Augusto Corrêa, nordeste paraense, com 44,01% dos votos válidos. A vice-prefeita é Suzana Lobato. Diz que ainda não alcançou maiores metas devido a forma como recebeu o município pela gestão passada que deixou a administração física e financeira sucateada, e agora com sua nova equipa estão reconstruindo o município, e dentro desta reconstrução estão alcançando bons resultados.

considerada uma das melhores versões pois tivemos todo um cuidado com que essa tradição para que ela não se perdesse. Tivemos a preocupação de reunir nossas secretarias de forma integrada, com o departamento de Turismo e Cultura, para que todas dessem o melhor de si para a realização do evento. E conseguimos, pois obtivemos bons resultados da população e visitantes, elogiando a organização do evento. Logicamente tivemos parceiros como o Governo do Estado e dos outros municípios da Amazônia Atlântica que nos deram suporte. Agradeço a todos os amigos e parceiros que nos deram todo o apoio necessário para o sucesso que tivemos nesse evento. Acreditamos que a cultura assim como o Turismo possuem uma importância relevante para a população, pois os dois contribuem com a preservação do patrimônio cultural e pelo desenvolvimento econômico de Augusto Corrêa.

Prefeito Filho Barreto sucateada. E agora, estamos reconstruindo o município, e dentro desta reconstrução, estamos alcançando bons resultados e sabemos também a situação econômica e social em que o país se encontra. Estamos alcançando bons resultados e sabemos também a situação econômica e social em que o país enfrenta, mas dentro desta dificuldade estamos tentando resolver as situações necessárias e prioritárias à população, pois o nosso trabalho maior é atender a população, e suas necessidades com dedicação, fazendo o que é melhor para o município. Dar melhor qualidade de vida

PZZ – Em termo de potencial e vocação natural do município de Augusto Corrêa, observamos o grande potencial à população em todos os setores (saúde, na agricultura, na pesca e no turismo. agricultura, educação, pesca, turismo, cultura, etc...) Filho Barreto – Nós temos um município, que podemos dizer, com grande poPZZ – Em junho deste ano, a Prefeitura tencial, sobre todos os aspectos. Temos promoveu o XXVIII Festival da Cultura um municipio com 70% de zona rural, o Popular do Urumajó o qual foi que favorece a agricultura onde nos dá considerada pela população, uma de condições de produzir mais que Bragansuas melhores versões. Fale sobre a ça, seja a farinha, o feijão, frutas e outros, importância desse evento. devido a esse contigente, estamos com Filho Barreto – Realmente, realiza- um olhar mais incentivador para esse semos a XXVIII Feira da Cultura Popular de tor através da Secretaria de Agricultura, Urumajó, um evento grandioso pela cul- promovendo ações de incentivo ao agritura que não é só de Augusto Corrêa mas cultor e produtor rural levando conheda região bragantina como um todo. Foi cimento e dando condições de avanços www.revistapzz.com.br 15


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ENTREVISTA

para as sua produções, principalmente na mandioca ou no feijão caupi. Precisa-se fazer mais? Precisa, pois temos um curto período de gestão, mas estamos buscando avanços e promovendo políticas públicas de apoio para esse agricultor com o objetivo que a agricultura cresça, assim como no setor da pesca, onde tivemos muitas dificuldades no início, mas agora estamos avançando com o empenho da Diretoria da Pesca ao promover formações através de cursos e treinamentos para levar aos nossos pescadores e empresários, conhecimento e avanço no setor, pois temos uma grande produção de pescado, e isso precisa ser divulgado e apoiado para que Augusto Correa seja reconhecida, também como um município pesqueiro. Para que isso aconteça buscamos ações de comunicação para divulgar o que está sendo realizado e mostrar que nosso município tem potecialidade na produção agrÍcola e pesqueira, tanto quanto Bragança ou qualquer município da região bragantina. A farinha que abastece Bragança também parte de Augusto Corrêa. Por isso que insistimos em colocar em discussão a valorização da produção local e do produtor de Augusto Corrêa, e pedimos para colocar nas embalagens “farinha da zona bragantina” para valorizar a produção regional. Bragança tem sua produção? Tem. É de boa qualidade? Sim, é, mas também temos a nossa produção e que também possui boa qualidade e que o município vizinho se beneficia com isso e leva a fama. Outro produto de qualidade que produzimos é a ostra e estamos desenvolvendo ações na área de gastronomia e turismo. Então por que não valorizar também a nossa produção? Para isso contamos com ajuda e apoio do SEBRAE e de outras instituições para mostrar e divulgar o potencial produtivo de nosso municipio, divulgando esse potencial na região e fora dela, assim como em todo o Estado e para o mundo inteiro através da nossa página no facebook. Nossa meta é mostrar que além da pesca, temos a produção de farinha, de feijão caupi, e do bacuri, por exemplo, que através da Fazenda Bacuri, já tem produção reconhecida, no mundo inteiro, onde se produz não só a polpa, mas licores, geleias e exporta para fora, sendo um empreendimento de orgulho para nosso município e serve de modelo. Mas para que isso aconteça com os demais segmentos, precisamos de parcerias para divulgar e levar a produção de Augusto Corrêa para o mundo. 16 www.revistapzz.com.br

PZZ – Como a Prefeitura vê o escoamento de toda a sua produção? Há uma preocupação em interligar a zona rural com a zona administrativa? Filho Barreto – Sim, com certeza é de suma importância esta interligação em função da facilidade e mobilidade dessa produção rural para a cidade. Hoje o município tem em torno de 400 km de vias vicinais, todas elas precisando de restauro e construção de pontes, possibilitando o escoamento da produção local. Essa foi uma das heranças deixadas pelo governo anterior, pois não tiveram o cuidado nem no restauro e nem na manuntenção dessas vias. Nós estamos juntos ao Governo do Es-

tado do Pará garantindo um apoio para melhorar a zona rural e o escoamento da sua produção pelas vias. O municipio de Augusto Corrêa possui um território grande que necessita de preparo dessas vicinais para escoar a sua produção e também dar condições de mobilidade para a população. Essa parceria com o governo nos possibilita não somente o escoamento, como também o transporte escolar de nossas crianças com segurança. Por ser um municipio 70% agrícola, precisamos de vias de acesso seguras e restauradas para fazer o municipio crescer e se desenvolver economicamente. Pensamos também no setor de turismo, o qual também é um dos setores que contribuem para o desenvolvimento do município e que também ne-


A farinha que abastece Bragança também parte de Augusto Corrêa. Por isso que insistimos em colocar em discussão a valorização da produção local e do produtor de Augusto Corrêa, e pedimos para colocar nas embalagens “farinha da zona bragantina” para valorizar a produção regional. Bragança tem sua produção? Tem. É de boa qualidade? Sim, é, mas também temos a nossa produção e que também possui boa qualidade e que o município vizinho se beneficia com isso e leva a fama.

Prefeito Filho Barreto cessita de vias de acesso seguro e bem desenvolvido para promover uma rota turistica atrativa à nossa cidade. Temos muito trabalho a ser feito, e estamos fazendo obtivendo bons resultados nesse curto período de mandato, visamos alcançar todas as nossas metas pois temos uma responsabilidade com o nosso município e o seu progresso. PZZ – A UFRA foi a primeira Universidade Agrária a ser instalada em Augusto Corrêa. Como se deu esse processo? Filho Barreto – Sim, na realidade, foi em 2012, na gestão do ex-prefeito Amóz Bezerra e na gestão, da então secretária Professora Rosenilde, que buscou-se parceria com a UFRA, a qual trouxe para o nosso municipio, alguns cursos, os

quais tornaram-se modelo de sucesso. Hoje estamos entregando para Augusto Corrêa, duas turmas de formandos, com novos profissionais que poderão contribuir para o município com os conhecimentos científicos e pesquisas aprendidos dentro da universidade e aplicados em nossa realidade. Para alguns gestores, investir em educação não é considerado vantagem, mas para nós, é, além de suma importância, é crescimento para o nosso municipio, pois é através da educação que podemos vencer as barreiras para irmos mais além em todos os aspectos. Em nossa gestão, educação é prioridade!

PZZ – Qual o balanço que o Senhor faz sobre a participação da Prefeitura de Augusto Corrêa na FITA 2017? Filho Barreto – Tivemos um balanço positivo na FITA 2017, cerca de 30 mil pessoas visitaram a Feira Internacional do Turismo e da Gastronomia da Amazônia que aconteceu no Hangar, realizado pela Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Pará (Faciapa) e promovida pelo Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Turismo (Setur). A prefeitura de Augusto Corrêa teve seu espaço no evento dentro do Polo Amazônia Atlântica e parabenizo os produtores e todos os membros da Associação dos Agricultores e Aquicultores de Nova Olinda (AGROMAR) pelo excelente trabalho que vem fazendo com as ostras da região, levando para outros lugares o nome da nossa cidade e agradecer pela parceria feita durante a Feira Internacional do Turismo na Amazônia (FITA) no espaço do SEBRAE, juntamente com o Departamento de Turismo onde foram muito elogiados. A comunidade de Nova Olinda e suas ostras fizeram sucesso no estande de Augusto Corrêa, fazendo o público se encantar pela cultura, gastronomia e claro, nossas belezas naturais, como ilhas e praias. Entrevista realizada com o prefeito Filho Barreto em 14/10/2017 no Hotel Urumajó em Augusto Corrêa. www.revistapzz.com.br 17


SUZANA LOBÃO

MULHER DE FIBRA EM AUGUSTO CORRÊA

S

uzana Lobão, mora há mais de 20 anos na cidade de Augusto Corrêa, atualmente exerce a vice-prefeitura e o cargo de Secretária de Saúde do Município. Esposa do Dr. Milton Lobão, médico e ex-prefeito de Augusto Corrêa, acompanhou diversas mudanças no lugar e colaborou quando assumiu pela primeira vez a Secretaria de Saúde. “O maior desafio encontrado foi vencer a desnutrição infantil, a carência vitamínica e verminoses, e nós conseguimos não somente esses desafios como também a mortalidade materno-infantil, a qual apresentava um índice alarmante no município. Para vencer esses desafios, implantamos o Programa Saúde da Família nos principais polos dentro dos 5 primeiros meses de mandato. Só assim, conseguimos transpor essa problemática e hoje, estou novamente na Secretária de Saúde do município, e nos 18 www.revistapzz.com.br

deparamos com outras situações, para compartilhar, pautada nas experiências anteriores, e ajudar Augusto Corrêa a vencer outros obstáculos. Poderia ficar somente nas ações de apoio ao prefeito, mas mediante as situações, o município, na àrea da sáude, apresenta novos desafios a serem sanados como por exemplo: grande número de pessoas que necessitam fazer a hemodiálise, problemas com pressão alta, diabetes, câncer de estômago, e sem contar como um índice alarmante de acidentes automobilísticos envolvendo motocicletas, onde ocorre de 2 a 3 acidentes diários, sendo que 1 chega à óbito. Muitos desses acidentes, são encaminhados para o Hospital Metropolitano em Belém, Bragança e Capanema. Diante de todo esse quadro, aceitamos sanar esse alto índice de problemas na saúde, a qual foi deixada para trás. Essa falta da atenção

da gestão anterior na saúde básica causa um custo alto, e nós estamos investindo novamente na atenção básica da saúde da população, pois assim teremos a recuperação do paciente no próprio municipio, com conforto e responsabilidade com a saúde e vida da população, já que em vez de transportar o paciente para outro município, ele terá tratamento de boa qualidade aqui, em sua cidade. Outro desafio que temosd é ajudar a administração atual do Hospital e da Maternidade São Miguel, colocando-o para funcionar, pois percebemos que as nossas população não cresce devido as nossas crianças nascerem em outros municípios devido a infraestrutura ofertada que Augusto Corrêa ainda não possui, mas vamos lutar para ter.


REFÚGIO DA BEIRA Suzana e Milton Lobão moram num pedaço da Orla do Rio Urumajó que banha e serve o município de Augusto Corrêa, lugar denominado carinhosamente por Refúgio da Beira

DEPUTADA ESTADUAL 2003 a 2007 Quando fui eleita Deputada Estadual para atuar na Assembléia Legislativa do Estado do Pará, me deparei com um jogo político de interesses pesados de grupos econômicos e de partidos políticos pouco comprometidos com a causa pública. Com isso, me senti um pouco perdida, pois não gostava de fazer esse jogo. Eu não cabia nisso, então busquei uma bandeira que buscasse de fato melhorias para a população e que trouxesse novos horizontes de possibilidades para o município. Decidi buscar emendas parlamentares para Augusto Corrêa realizar as suas obras. Além disso, o município apresenta grande potencial pesqueiro e por isso, fez com que eu abraçasse a causa da Pesca para trabalhar com o pequeno pescador, que é o artesanal, até chegar às industrias e o beneficiamento do pescado. Assim começamos a caminhar aqui na região e em Brasília, para conhecer o que estava sendo proposta na Lei Nacional da Pesca. Então, encaminhamos para Brasília para conhecer o que eles tinham para oferecer ao país. Montamos uma equipe grande, só de profissionais, estudei bastante sobre o assunto e busquei parcerias, inclusive com a Marinha para trazermos cursos, carteiras de condutor profissional, entre outros. E assim, assinei a autoria da Lei da Pesca.

Eu passei um único mandato, mas tenho muito orgulho pelas conquistas e trabalhos realizados nesse mandato, pois tenho a certeza que deixei para o município de Augusto Corrêa algo de suma importância, e para mim esse é o papel do parlamentar. O potencial pesqueiro em Augusto Corrêa é bem grande, ele tem uma ação importante na ação social, cultural e econômica para o município. Na verdade, quando nós fizemos esse estudo, Augusto Corrêa era o 4º porto de desembarque pesqueiro, mais de desembarque e só perdia para Belém, Vigia e Bragança. E foi nisso que nos pautamos como potencial para a busca da Lei da Pesca. Em Augusto Corrêa, temos uma variedade de pescados e mariscos, mas ainda não temos isso revertido em benefícios para o município, e esse é o desafio para a atual administração. Pois o que temos e vemos é esse pescado ir embora para Gurupi e lá ser taxado, ficando assim com os recursos e com a fama de grandes produtores, assim como Capanema e Bragança. E nós que somos grandes produtores de pescado, não ficamos com nada e assim impossibilita a ação administrativa gerar melhorias para a classe e população.

Em Augusto Corrêa, temos uma variedade de pescados e mariscos, mas ainda não temos isso revertido em benefícios para o município, e esse é o desafio para a atual administração. Pois o que temos e vemos é esse pescado ir embora para Gurupi e lá ser taxado, ficando assim com os recursos e com a fama de grandes produtores, assim como Capanema e Bragança. E nós que somos grandes produtores de pescado, não ficamos com nada e assim impossibilita a ação administrativa gerar melhorias para a classe e população.

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HISTÓRIA

URUMAJÓ:

HISTÓRIAS DE UMA EMANCIPAÇÃO. POR ALCÍDES JÚNIOR O historiador ALCIDES JÚNIOR trata da EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DA VILA DO URUMAJÓ QUE ATRAVÉS DE PERSONAGENS InfluenteS E DE OUTROS ANONIMOS salienta que existe, ao lado daquilo que a história oficial escreveu, outra sequência de acontecimentos, presenciados e vividos por esses atores históricos, cujo valor merece nosso imensurável reconhecimento.

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FOTO: evandro/tudo mídia

E

m qualquer momento histórico, os sujeitos sociais possuem importância significativa na reconstrução do passado de sua terra. No caso específico do processo de Emancipação Política da Vila de Urumajó, na segunda metade do século passado, há de ser mencionada a participação direta ou indireta de inúmeros habitantes nos episódios alusivos à criação do novo município. Testemunhas oculares dos fatos, suas opiniões e relatos foram ofuscados por uma narrativa que ignorou a relevância dessas pessoas na construção da história de Urumajó. Destacá-las, significa vincular suas experiências de vida à história local, da qual também foram personagens ativas. O “esquecimento” de tantos personagens históricos dá-se, sobretudo, em função dos escassos registros historiográficos que fazem alguma referência ao assunto, e principalmente ao imaginário de grande parte da população local, consagrar e privilegiar os feitos do parlamentar Augusto Pereira Corrêa na criação do município que hoje leva o seu nome. Não pretendo, de maneira alguma, negar a importância do citado político enquanto personagem influente dos eventos que implicaram na emancipação Urumajoense, mas devemos salientar que existe, ao lado daquilo que a história oficial escreveu, outra sequência de acontecimentos, presenciados e vividos por esses atores históricos, cujo valor merece nosso imensurável reconhecimento. Esses sujeitos históricos estarão presentes em vários momentos do Processo Emancipatório, a começar pelo lado político escolhido: contrário ou favorável a Emancipação. Sabemos que não é de hoje que determinados grupos políticos disputam entre si a hegemonia do poder em Augusto Corrêa. Na época de Vila, os cidadãos urumajoenses também conviveram com o extremismo das paixões partidárias, que aqui refletiam as disputas que eclodiam no cenário estadual na primeira metade do século XX, entre baratistas e anti-baratistas. Naquele contexto histórico, os habitantes de Urumajó foram impelidos a se posicionarem favoráveis ou contrários a um dos lados, representados na região bragantina por dois dos maiores ícones políticos que o Nordeste paraense gerou: Joaquim Lobão da Silveira (Baratista) e Augusto Pereira Corrêa (Anti-baratista).

AUGUSTO CORRÊA O município de Augusto Corrêa banhado pelo Rio Urumajó tem como principais atividades econômicas a pesca artesanal (principalmente peixes, caranguejos, ostras e mexilhões) e a agricultura de subsistência (especialmente farinha, feijão caupi, pimenta do reino, coco,milho e mandioca).

ORLA DE AUGUSTO CORRÊA www.revistapzz.com.br 21


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A

gênese de tamanha rivalidade nos reporta ao ano de 1930, quando o gaúcho Getúlio Dorneles Vargas assumiu os rumos do País, após um bem sucedido movimento que depôs o presidente Washington Luís. Num processo de centralização administrativa, Vargas substituiu os governadores estaduais por interventores federais, a maioria militares tenentistas de sua confiança. No Pará, o interventor escolhido foi o Major Joaquim Cardoso de Magalhães Barata, designado em duas ocasiões para administrar o Estado, de 1930 a 1935 e de 1943 a 1945. Usando artifícios de cunho populista, Barata não se furtava em realizar viagens itinerantes pelo território estadual para entrar em contato direto com o caboclo paraense. Tais incursões fizeram crescer seu prestígio entre as classes urbanas mais baixas e as interioranas, dando- lhe, com isso, um número considerável de admiradores, bem como de desafetos. Foi dessa forma populista, que a fama de Barata, o governante “preocupado com os mais pobres”, chegou até Urumajó. Na sociedade local inúmeros moradores nutriam verdadeira paixão por Magalhães Barata. Denominados “baratistas”, eram homens e mulheres de todos os estratos sociais, que nas três décadas seguintes seriam os grandes defensores da manutenção de Urumajó enquanto unidade pertencente à Bragança, alegando que a separação seria um atestado de óbito para a pequena Vila, que não dispunha das míni22 www.revistapzz.com.br

HISTÓRIA

mas condições para manter-se sozinha. Por outro lado, se Barata conquistava tantos seguidores, é bem verdade que não lhe faltavam adversários entre os urumajoenses. Sob a liderança de Augusto Corrêa, os cidadãos que se opunham ao Baratismo (Coligados) empunhavam a bandeira da Emancipação. Acreditavam que somente a separação poderia trazer progresso à Urumajó, terra tão esquecida por várias administrações bragantinas. Estes personagens seriam os baluartes da luta pela emancipação das terras urumajoenses que perduraria até o início dos anos 60. Nesse cenário, percebe-se que para além das querelas entre Baratismo e anti-baratismo, a população de Urumajó tinha, no apoio a um ou outro grupo, o desejo ou a objeção à criação ou não de um Município separado em definitivo de Bragança, refletindo também em suas ações aquilo que suas lideranças políticas pregavam. Esses desejos entravam em ebulição em épocas de eleição, como ocorrera no ano de 1947. Naquele momento, o povo de Urumajó deparava-se com um pleito eleitoral onde seus dois maiores líderes políticos, Augusto Corrêa e Lobão da Silveira, concorriam a uma cadeira na Assembleia Legislativa do Estado. Marcado pela rivalidade, baixaria e provocações dos correligionários de parte a parte, aquele processo eletivo consagrou a vitória de Lobão da Silveira (2.465 votos) e Augusto Corrêa (2.537 votos) como Deputados Estaduais pelo Município de Bragança. Na Vila de Urumajó, os partidários do agora Deputado Augusto Corrêa imbuíram-se de esperança, crentes de que com um Parlamentar a representá-los nas mais altas esferas do poder em Belém, haveria de ser bem mais fácil conseguirem a elaboração e aprovação de uma lei favorável à criação de seu Município. Logo, eles tomariam consciência de que não bastaria apenas um político influente para obterem aquilo que tanto almejavam. Evidência disso, é que em seu pri-

Na sociedade local inúmeros moradores nutriam verdadeira paixão por Magalhães Barata. Denominados “baratistas”, eram homens e mulheres de todos os estratos sociais, que nas três décadas seguintes seriam os grandes defensores da manutenção de Urumajó enquanto unidade pertencente à Bragança, alegando que a separação seria um atestado de óbito para a pequena Vila, que não dispunha das mínimas condições para manter-se sozinha.


FOTO: evandro

meiro mandato Legislativo Augusto Corrêa ainda expeliu ofício à Câmara Estadual solicitando a emancipação, mas as leis vigentes na época referentes à redivisão territorial do Pará, não lhe eram favoráveis e seu ato, não resultou em nada. A cassação do mandato de Augusto Corrêa em 25 de junho de 1949- arquitetada minuciosamente pelos seus adversários políticos - parecia deixar mais distante o sonho Urumajoense. Para seus opositores, Augusto Corrêa estava liquidado politicamente e com sua queda, desmoronavam definitivamente as chances de Urumajó virar município. Havia, porém, quem afirmasse que o episódio da cassação serviria muito mais para fortalecê-lo do que enfraquecê-lo. Isso seria confirmado nas eleições de 1950.

Naquele ano o caudilho Magalhães Barata candidatou-se à Governador do Estado pelo Partido Social Democrático (PSD), concorrendo com o General Alexandre Zacarias de Assumpção da Coligação Democrática Paraense (CDP). Augusto Corrêa tentava recuperar o mandato que lhe fora cassado um ano antes. Os Coligados Urumajoenses vislumbravam na eleição do General Assumpção e no retorno de Augusto Corrêa à Assembleia Legislativa, uma nova possibilidade de finalmente conseguirem o tão sonhado desligamento de Bragança. Após um pleito disputadíssimo, com direito a eleições suplementares, Zacarias de Assumpção consolida sua vitória com uma pequena vantagem sobre Barata. Augusto Corrêa também se elege triun-

Por outro lado, se Barata conquistava tantos seguidores, é bem verdade que não lhe faltavam adversários entre os urumajoenses. Sob a liderança de Augusto Corrêa, os cidadãos que se opunham ao Baratismo (Coligados) empunhavam a bandeira da Emancipação. Acreditavam que somente a separação poderia trazer progresso à Urumajó, terra tão esquecida por várias administrações bragantinas. Estes personagens seriam os baluartes da luta pela emancipação das terras urumajoenses que perduraria até o início dos anos 60.

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HISTÓRIA

Cerimônia de posse de Antônio Coutinho de Campos como Prefeito Interino de Urumajó em 1955. Fonte: CASTRO LEÃO, José Quintino de. Encantos e Desencantos: A Política Bragantina a partir de Augusto Corrêa. Belém, 2009. falmente o Deputado mais votado do Estado do Pará – ao todo foram 5.237 votos. Restava agora esperar que os governantes eleitos atendessem os anseios dos urumajoenses. Porém, em seu segundo mandato de deputado, Augusto Corrêa sequer entrou com um pedido na Câmara Legislativa visando a criação da municipalidade Urumajoense. Os Coligados só obtiveram uma notícia favorável no último ano de mandato do General Assumpção. Este ratificou algumas modificações em determinados pontos da Lei nº 158 de 31 de dezembro de 1948, referentes à criação de novas municipalidades. Era uma sextafeira, 11 de março de 1955, quando pela Lei nº 1.127, publicada no Diário Oficial nº 17.858 de domingo, 13 de março de 1955, o General Assumpção determinava o estabelecimento de mais de duas dezenas de Municípios em território paraense, dentre eles, o de Urumajó. Pelo & 1º da citada Lei, estabelecia-se que os Prefeitos dos Municípios recém-criados seriam nomeados pelo Governador do Estado, devendo exercer interinamente o cargo executivo até a data da eleição direta, prevista para acontecer em outubro daquele mesmo ano e que definiria constitucionalmente 24 www.revistapzz.com.br

o primeiro alcaide municipal. Ficara acertado também que a cerimônia de instalação aconteceria em 15 de março de 1955. No caso Urumajoense, um Decreto datado de 19 de abril de 1955 solicitou ao ex-contador da Prefeitura de Capanema Antônio Coutinho de Campos que assumisse provisoriamente a administração local. Coutinho de Campos tomou posse em 28 de abril, uma quinta-feira à tarde, em cerimônia ocorrida em um antigo casarão, construído em 1899 pelo cidadão Miguel Cardoso de Athayde, pai do Major Benedito Cardoso de Athayde e que atualmente abriga a Prefeitura Municipal. O ato de instalação do novo Município foi presidido pelo Juiz de Direito da Comarca de Bragança, Doutor Olavo Nunes, estando presente o escrivão Antônio da Silva Pereira, o Adjunto de Promotor Luís Belém, representante do Ministério Público, o Padre Expedito Machado, o Vereador José Bráulio Ribeiro, dentre outras autoridades. Uma vez empossado, Antônio Coutinho de Campos iniciou suas atividades administrativas sem dispor de grandes recursos financeiros, tendo

Em seu segundo mandato de deputado, Augusto Corrêa sequer entrou com um pedido na Câmara Legislativa visando a criação da municipalidade Urumajoense. Os Coligados só obtiveram uma notícia favorável no último ano de mandato do General Assumpção. Este ratificou algumas modificações em determinados pontos da Lei nº 158 de 31 de dezembro de 1948, referentes à criação de novas municipalidades. Era uma sexta-feira, 11 de março de 1955, quando pela Lei nº 1.127, publicada no Diário Oficial nº 17.858 de domingo, 13 de março de 1955, o General Assumpção determinava o estabelecimento de mais de duas dezenas de Municípios em território paraense, dentre eles, o de Urumajó. que superar as inúmeras dificuldades inerentes a organização de um município. Para dificultar ainda mais as coisas, os baratistas se propuseram a distribuir panfletos na sede e localidades interioranas, aconselhando a população e, principalmente os comerciantes, a sonegarem o pagamento dos impostos à nova Prefeitura. Nesse ínterim, baratistas e anti-baratistas maquinavam estratégias, costurando alianças, visando, conforme determinava a lei, as eleições em outubro para a escolha do Prefeito Constitucional de Urumajó e, consequentemente, para a formação dos quadros legislativos municipais. Das hostes do PSP de Augusto Corrêa, o político mais conhecido da região e pessoa mais indicada a concorrer ao cargo de Prefeito era Alfredo Monteiro de Seixas, por duas vezes Vereador em Bragança. Diante da inusitada recusa deste em ser o candidato do PSP, coube ao Doutor Simpliciano Medeiros formalizar o convite ao jovem bragantino José Quintino de Castro Leão como representante dos Coligados. Trazido por Augusto Corrêa a Urumajó, José Quintino foi apresentado oficialmente


No ano de 1956, os Coligados criaram um pequeno Jornal intitulado “Roteiro de Urumajó” com a clara finalidade de propagarem seus ideais. Através desse veículo de comunicação, tentaram incentivar e entusiasmar seus conterrâneos a lutarem pela emancipação que lhes foi tirada abruptamente. Tendo como Diretor Antônio Coutinho de Campos, Elpídio Alves Barreto como Tesoureiro e Secretariado por José Lauro da Costa, o “Roteiro de Urumajó” contava com uma rede de colaboradores espalhados por diversas localidades do ex-município:

aos cabos eleitorais locais, em Convenção do Partido realizada na residência do senhor João Batista Monteiro, nas margens do rio Urumajó, prédio da atual Colônia de Pescadores. No lado oposto, o escolhido pelos baratistas para disputar as eleições foi o senhor João Pereira Bragança, adjunto de Promotor em Viseu. Após meses de campanha, o povo de Urumajó, pela primeira vez em sua história, caminhava rumo às seções eleitorais para escolher, enfim, os administradores de um Município próprio, independente politicamente de Bragança. Infelizmente os votos desse

pleito não chegaram a ser apurados, em virtude de um comunicado enviado pelo Supremo Tribunal Federal no dia 04 de outubro declarando a criação dos novos municípios paraenses inconstitucional. O retorno de Urumajó ao estado anterior de unidade territorial pertencente à Bragança, invalidou as eleições realizadas em outubro. Pelas determinações legais, o Governo Provisório de Antônio Coutinho também tivera de ser encerrado em 26 de janeiro de 1956, não havendo, como muitos queriam, uma transmissão democrática do cargo. Apesar de tantos reveses, os Coligados não se deram por vencidos e, me-

diante coleta entre os seus membros, adquiriram vários metros de tecido nas cores preto e vermelho e confeccionaram pequenas bandeirolas que, no silêncio da madrugada, foram fixadas estrategicamente nas portas das residências urumajoenses. Ao raiar do dia, tremulavam nas casas dos Coligados bandeiras pretas em sinal de luto pelo regresso de Urumajó à condição de Vila, enquanto nas moradas dos Baratistas, bandeiras vermelhas evidenciavam aqueles que lutaram contra sua própria terra. A luta devia continuar. No ano de 1956, os Coligados criaram um pequeno Jornal intitulado “Roteiro de Urumajó” com a clara finalidade de propagarem seus ideais. Através desse veículo de comunicação, tentaram incentivar e entusiasmar seus conterrâneos a lutarem pela emancipação que lhes foi tirada abruptamente. Tendo como Diretor Antônio Coutinho de Campos, Elpídio Alves Barreto como Tesoureiro e Secretariado por José Lauro da Costa, o “Roteiro de Urumajó” contava com uma rede de colaboradores espalhados por diversas localidades do ex-município: Patal: João Monteiro Filho; Buçú: Alfredo Seixas; Bacanga:

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HISTÓRIA

Álvaro Prata; Araí Abimael Ribeiro; Itapixuna: Vicente Moraes; Emboraí: Mário Alves; Alto Urumajó: Carlinhos e Aturiaí: M. Morais. Um exemplar do “Roteiro de Urumajó” custava C$2,00 e poderia ser adquirido em Bragança com o representante Jovelino de Castro Leão e até mesmo na Capital Belém, na Papelaria da Moda, localizada na Rua Conselheiro João Alfredo nº 117. A primeira edição do Roteiro foi distribuída oportunamente no dia 07 de setembro de 1956, aproveitando-se dos festejos comemorativos da data patriótica de nossa “independência” política do jugo português. A existência desse Jornal, lamentavelmente ficara restrita a alguns poucos números, e mesmo com a grande repercussão que sua limitada tiragem obteve, 26 www.revistapzz.com.br

o mesmo acabara saindo de circulação. A mobilização dos populares no sentido de confeccionarem bandeiras de cores diferentes para evidenciar seu descontentamento como o estado de coisas que vinham se sucedendo, e a própria publicação de um periódico que fizesse ressoar suas reivindicações, são ações que corroboram a participação de sujeitos históricos diversos no processo de desmembramento da Vila de Urumajó. Tais personagens continuariam a escrever, em eventos subsequentes, a história deste Município. História que, em sua dinâmica, reservara aos Coligados um duro golpe: a morte de Augusto Corrêa, cego, aos 78 anos de idade em 24 de julho de 1957. Havia tempos que o “grande líder” encontrava-se enfermo, com a saúde combalida e

afastado das disputas políticos-eleitorais. Por sinal, a última eleição da qual fizera parte como protagonista ocorrera em 1954, quando estava em jogo a disputa pela Prefeitura de Bragança. Na ocasião, Augusto Corrêa saiu derrotado por Benedito César Pereira, inclusive em solo Urumajoense. Enquanto político renomado que foi, uma das primeiras homenagens póstumas dedicadas a Augusto Corrêa foi feita pelo Prefeito de Bragança Mário Queiroz do Rosário, através da Lei Municipal nº 667 de 10 de março de 1959, que batizou o edifício do poder executivo bragantino com o nome do falecido caudilho. Há de se convir, porém, que o maior tributo dedicado a Augusto Corrêa fora edificado pela história oficial da emancipação de Urumajó. Nela,


FOTO: evandro

AUGUSTO CORRÊA Por outro lado, se Barata conquistava tantos seguidores, é bem verdade que não lhe faltavam adversários entre os urumajoenses. Sob a liderança de Augusto Corrêa, os cidadãos que se opunham ao Baratismo (Coligados) empunhavam a bandeira da Emancipação. Acreditavam que somente a separação poderia trazer progresso à Urumajó, terra tão esquecida por várias administrações bragantinas. Estes personagens seriam os baluartes da luta pela emancipação das terras urumajoenses que perduraria até o início dos anos 60.

Na sociedade local inúmeros moradores nutriam verdadeira paixão por Magalhães Barata. Denominados “baratistas”, eram homens e mulheres de todos os estratos sociais, que nas três décadas seguintes seriam os grandes defensores da manutenção de Urumajó enquanto unidade pertencente à Bragança, alegando que a separação seria um atestado de óbito para a pequena Vila, que não dispunha das mínimas condições para manter-se sozinha.

o saudoso deputado aparece enquanto figura central dos acontecimentos, algo consolidado de maneira tão forte na memória popular Urumajoense, que muitos habitantes locais que também tiveram sua parcela de contribuição no desenrolar dos fatos, sujeitam-se a colocar a lembrança de seus atos a um plano meramente secundário, em detrimento das obras do “grande líder”. Em outras palavras, as histórias pessoais de cidadãos envelhecidos, verdadeiros guardiões do passado, terminaram substituídas pela história oficial celebrativa. Em suma, a recuperação de outras histórias, que não sejam aquelas contidas nos meios oficiais, possibilitou uma narrativa de acontecimentos que não se resumem unicamente aos feitos políticos de Augusto Corrêa, pelo contrário, abre-se um leque de novas situações, silenciadas por muito tempo, mas que foram importantes para o processo histórico aqui discutido. Em uma delas, por exemplo, o deputado bragantino Simpliciano Medeiros, herdeiro político de Augusto Corrêa, entrou com um pedido de desligamento do território Urumajoense de Bragança na Assembleia Legislativa do Estado em 14 de outubro de 1959. No documento, o citado parlamentar argumentava que Urumajó já dispunha de todos os requisitos básicos exigidos no artigo 5º da Lei Estadual nº 158 de 31 de dezembro de 1948 para a criação de novos Municípios, uma vez

que possuía quatro vilas importantes, renda superior a CR$ 500.000,00 e por consequência, estava dentro dos imperativos legais para a constituição de uma nova unidade administrativa estadual. Havia, no entanto, determinados pontos no projeto que não estavam em consonância com os anseios de parte da população Urumajoense, principalmente no tocante a área do novo município que ficaria reduzida a 1700KM2, menos da metade do antigo território que era de 3500 Km2 e o que era pior, sem uma grande zona de produção agrícola. Diante da iminente possibilidade de redução de seu território, os Coligados urumajoenses não ficaram estáticos e foram à luta. Na tentativa de modificar o texto do Projeto, o ex Prefeito Antônio Coutinho de Campos enviou até a Assembleia Legislativa Estadual uma carta endereçada ao Deputado Cléo Bernardo, então relator da Comissão de redivisão territorial do Estado do Pará. Na citada correspondência, Coutinho de Campos argumentara que a própria Câmara Legislativa de Bragança havia feito uma solicitação aos deputados paraenses para que o município de Urumajó continuasse com a mesma área de 1955. No dia 27 de outubro de 1959, mediante abaixo-assinado enviado via telegrama ao deputado Cléo Bernardo, os habitantes de Urumajó solicitaram o credenciamento do deputado Fernando Magalhães, de Marapanim, como o homem a quem caberia a incumbência de apresentar na Assembleia Paraense o projeto de Lei propondo a criação do Município Urumajoense com os limites idealizados pelo já falecido Augusto Corrêa. Todavia, essas articulações citadas acima, promovidas pelos correligionários de Augusto Corrêa, não pareciam ser, por si só, suficientes para garantirem à reinstalação da municipalidade derrubada em 1955. Dessa forma, os membros da coligação buscaram os apoios necessários para seus objetivos. É o que se verifica nas eleições de 1960. Como se aproximava a data de visita à Urumajó do candidato do PSP ao Governo, Drº Aurélio do Carmo, os Coligados fizeram uma enorme faixa com os seguintes dizeres: “Estamos com aquele que nos torne Município novamente!”. www.revistapzz.com.br 27


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HISTÓRIA

Celebração de Missa pelo Padre Paulo Coroli no ato de instalação do Município de Augusto Corrêa em 28 de março de 1962. Fonte: Acervo da família Seixas. No discurso daquele dia, Aurélio do Carmo prometeu que se eleito fosse, atenderia ao citado pedido. Alçado ao cargo de governador, não demoraria muito para sua promessa ser honrada. Era o dia 29 de dezembro de 1961 – coincidentemente uma sexta-feira como havia sido com a emancipação de 1955 – quando foi sancionada a Lei nº 2.460, publicada no Diário Oficial nº 19.759, que determinava a criação em território paraense de 22 novas Municipalidades: Aveiro, Bagre, Benevides, Bonito, Capitão Poço, Colares, Jacundá, Limoeiro do Ajurú, Magalhães Barata, Melgaço, Peixe Boi, Primavera, Salvaterra, Santa Cruz do Arari, Santana do Araguaia, Santa Maria do Pará, Santarém Novo, Santo Antônio do Pará, São Félix do Xingu, São João do Araguaia, Senador José Porfírio e Augusto Corrêa, cuja sede seria Urumajó. Em conformidade com a Lei, o Governador do Estado ficou encarregado de nomear os Prefeitos Provisórios dos recém-criados Municípios até a realização de eleições diretas, marcadas para outubro de 1962, que também apontariam os vereadores que iriam compor a Câmara Municipal. Consolidada a emancipação e conforme os trâmites legais, a administração provisória do Município de 28 www.revistapzz.com.br

Cerimônia de posse do Professor Mariano Cândido Saraiva como Prefeito Interino do Município de Augusto Corrêa em 28 de março de 1962. Fonte: Acervo família Seixas.

Augusto Corrêa foi empossada em 28 de março de 1962. De acordo com o protocolo, houve a celebração de uma Missa solene conduzida pelo Padre Paulo Coroli em frente à Igreja Matriz. Em seguida, os presentes dirigiram-se ao Prédio da Prefeitura onde foram formalizados os ritos de posse do Professor Mariano Cândido Saraiva como Prefeito Interino. De lá, um considerável número de pessoas acompanhou as autoridades participantes do cerimonial até a frente da residência da família Seixas, local onde se encontravam os alunos do Grupo Escolar, devidamente uniformizados e perfilados em posição de respeito à nova municipalidade. O Professor Mariano Cândido Saraiva ficara encarregado de garantir a realização das eleições que apontariam o primeiro Prefeito Constitucional de Augusto Corrêa, agendadas para o dia 07 de outubro de 1962. O vencedor daquele pleito fora o Major Benedito Cardoso de Athayde, diplomado no cargo em 15 de novembro de 1962 e empossado em 31 de janeiro de 1963. Antônio Coutinho de Campos assumiu a cadeira de vice-prefeito, condição esta que lhe outorgara o direito de Presidir a Câmara Legislativa Municipal, também composta pelos vereadores Raimundo Paixão dos Reis, Osvaldo Sampaio de Lima, José Santana

O Professor Mariano Cândido Saraiva ficara encarregado de garantir a realização das eleições que apontariam o primeiro Prefeito Constitucional de Augusto Corrêa, agendadas para o dia 07 de outubro de 1962. O vencedor daquele pleito fora o Major Benedito Cardoso de Athayde, diplomado no cargo em 15 de novembro de 1962 e empossado em 31 de janeiro de 1963.


Populares da ex-Vila de Urumajó e alunos do Grupo Escolar perfilados em frente à casa da família Seixas, para celebrarem a instalação do novo Município. Fonte: Acervo da família Seixas. da Costa Luz, Paulino Alves Corrêa e Manoel Rosa de Amorim. Após anos de sucessivos avanços e recuos, Urumajó consolidava definitivamente sua posição de Município Paraense, com administração política própria, uma área territorial reduzida e a denominação modificada para Augusto Corrêa em homenagem ao falecido líder anti-baratista da região bragantina. Por sinal, essa troca de designação suscitara inúmeros questionamentos, alguns deles elencados por boa parte da população que demorou a aceitar essas mudanças, sendo que muitos ainda preferem a alcunha Urumajó. Um exemplo evidente desse desejo veio à tona recentemente, quando o Deputado Estadual Luís Cunha (hoje Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado), e o ex-vereador Eurico Rocha, levantaram a hipótese de se criarem Leis que propusessem o retorno à denominação original de Urumajó. Argumento diferente pode ser encontrando no Livro dedicado à Augusto Corrêa, escrito por José Quintino de Castro Leão em 2009. Nele, o autor referese como legítima e justa toda e qualquer homenagem a Augusto Corrêa, seja com o seu nome eternizado no Prédio da Prefeitura de Bragança, seja em uma Rua do Bairro do Guamá em Belém ou em um município no qual o mesmo militou

Solenidade de posse do Major Benedito Cardoso de Athayde (de óculos e sentado) como Primeiro Prefeito Constitucional do Município de Augusto Corrêa.

politicamente por anos. Por sua vez, o falecido professor Manoel Sady da Costa Reis, em seu farto acervo de registros sobre a história local e, principalmente em suas correspondências, gostava de assinar a terminologia São Miguel de Urumajó. Aliás, nos manuscritos de Sady, existe uma carta datada de 22 de março de 1991, assinada por um cidadão de nome Boulanger, cujo teor evidencia o desejo do destinatário de arregimentar apoio para um movimento direcionado à substituição do nome Augusto Corrêa para Coqueiropólis, nomenclatura inspirada no consagrado cognome usado por muitos para referir-se a este Município: “cidade dos coqueiros’. A notícia das conquistas provenientes da Lei nº 2.460, foi saudada com euforia por parte dos habitantes de Urumajó, homens e mulheres como José Lauro da Costa, Elpídio Barreto, Olavo Seixas, Emetério Cunha, Antônio Gomes, Martinho Brito, Olívia Rocha, Raul Lisboa, Teresinha Fernandes, Abimael Ribeiro, Maria Raimunda Rabelo, e tantos outros personagens outrora anônimos, cujos nomes sequer haviam sido mencionados anteriormente em relatos referentes à história da emancipação, mas que foram agentes ativos do processo histórico local, onde os personagens centrais foram eles mesmos: os habitantes de Urumajó.

*ALCÍDES JÚNIOR É LINCENCIADO PLENO E BACHAREL EM HISTÓRIA PELA UFPA, PÓS GRADUADO EM METODOLOGIA DO ENSINO DA HISTÓRIA PELA FACINTER, PROFESSOR DAS REDES MUNICIPAL E ESTADUAL DE ENSINO EM AUGUSTO CORRÊA E CO-AUTOR DO LIVRO HISTÓRIAS E MEMÓRIAS URUMAJOENSES: NOVAS PERSPECTIVAS.

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HISTÓRIA

MULHER NA POLÍTICA PARTIDÁRIA DE URUMAJÓ POR JOSÉ RUBENS DE BRITTO FILHO * O Artigo A MULHER NA POLÍTICA PARTIDÁRIA DO URUMAJÓ do pesquisador JOSÉ RUBENS DE BRITTO FILHO dentro do contexto histórico de emancipação política fala a breves traços da condição da mulher urumajoense que confinada ao lar, ao silêncio, a obediência e às regras, observavam a distância à discussão sobre a inserção da mulher na politica local.

A

ugusto Corrêa é um município do Estado do Pará e situa-se na região nordeste com extensa área litorânea. Compreende quatro distritos e diversas vilas que compõem um território que congrega particularidades da Ponta de Urumajó aos confins do Araí. Vale lembrar, que este espaço territorial foi habitado nos primórdios da história colonial amazônica por índios tupinambás, mas que no limiar do século XVII começou a sentir os efeitos do processo de ocupação posto em prática pelos conquistadores europeus, principalmente os franceses (JUNIOR, 38-39). Segundo o historiador de nossa cidade Alcides Junior em artigo “urumajó: de vila bragantina a município de Augusto Corrêa”, lembra que dia 29 de dezembro de 1961, em uma sexta-feira foi sancionada a lei nº 2.460, publicada no diário oficial nº 19.759 que determinava a criação em território paraense de 22 novos municípios, dentre eles o de Augusto Corrêa, cuja sede seria Urumajó. Contudo, para chegar nesse estágio, houve lutas, manifestações e divergências político-partidárias entre baratistas e anti -baratistas. [...] Consolidada a emancipação e conforme os tramites legais, a administração provisória do município de Augusto Corrêa foi empossada em 28 de março de 1962. Desde 1962 a 2017, o poder político local revezou-se entre representantes de “famílias tradicionais do município” e migrantes de outras localidades. Acredito que a motivação se deu a partir da emancipação da vila de urumajó e da abertura de estradas que possibilitaram deslocamento, escoamento e aproximação com outras cidades circunvizinhas. Nesse contexto histórico posso falar a breves traços a condição da mulher urumajoense que confinada ao lar, ao silencio e a obediência às regras, observavam a distancia

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a discussão sobre a inserção da mulher na politica local. Desde a emancipação do município em 1962, somente em 1982 uma mulher conseguiu ser eleita para representar o povo no parlamento, isto é, 20 anos depois da legalização definitiva do pleito eleitoral de nossa cidade. Nesse mesmo ano, antes do término da ditadura militar, o Congresso Nacional aprovou o Estatuto da Mulher Casada (Lei 4.121), com o qual a mulher deixou de ser representada legalmente pelo marido e passou a ser colaboradora dele, no seu papel de chefe de família. O consentimento mútuo passou a ser necessário para alienar imóveis, hipotecar bens e dar fiança e ambos passaram a ter os mesmos impedimentos legais. Tal proposta foi defendida pelo Conselho Nacional de Mulheres, fundado pela feminista Romy Medeiros da Fonseca. Nesse período histórico, convém negritar que o poder político era exclusivo dos homens, elas não tinham influencia alguma nas decisões político partidárias. Essa ausência do cenário político local produziriam consequências péssimas para as mulheres que ousavam ultrapassar as linhas demarcadas pelos homens: enfraquecimento da cidadania local, a crença na fragilidade feminina e estereótipos de que a mulher deveria cuidar da cozinha. A mulher urumajoense também esteve em meio à complexidade das relações de poder, a diversidade de experiências e a consciência da centralidade levada a cabo pelo conceito de patriarcado de décadas anteriores. O patriarcado foi um sistema que sempre esteve ligado ao capitalismo, mas manteve sua autonomia em diversos setores da sociedade. Para Silvia Walby o patriarcado: “É um sistema de estruturas e práticas sociais nas quais os homens dominam, oprimem e exploram as mulheres”. Seguindo essa concepção, para Millett, a relação que se estabelece entre homens e mulheres é uma relação política, e o domínio do homem sobre a mulher se baseia na crença ge-


ROSETE MARIA, funcionária da SEFA, 9ª e 10ª legislatura, mandato entre os anos de 19972004.

A mulher urumajoense também esteve em meio à complexidade das relações de poder, a diversidade de experiências e a consciência da centralidade levada a cabo pelo conceito de patriarcado de décadas anteriores.

PERFIL DAS VEREADORAS DE AUGUSTO CORRÊA-PÁ

neralizada de sua supremacia biológica sobre esta. [...] Para essa autora, o patriarcado é uma instituição construída na base da força e da violência sexual exercida contra as mulheres, na qual a violação é seu mecanismo principal de domínio. O patriarcado, na concepção de Millett, é “... uma instituição revestida de aspectos ideológicos e biológicos que têm a ver com a divisão social, os mitos, a religião, a educação e a economia”. (LUNA, 1994:29). A sociedade urumajoense metamorfoseouse, mas o sistema educativo permanece grosso modo, seguindo o modelo antiquado pelo menos em seus princípios. Hoje as mulheres que fazem curso superior disputam os postos de empregos que não aumentam nos setores tradicionalmente cobiçados. Entretanto, notase um despertar para as novas profissões, para novos setores que requer uma “cara nova”, uma nova roupagem, a política partidária. O contexto que envolve a eleição da primeira mulher ao parlamento urumajoense, sofre a influencia do movimento das diretas Já, que uniu o país. E concomitantemente da “Emenda Dante de Oliveira”, que devolvia ao povo o direito de escolher seu representante, justamente no ano de 1985, mas esta não passou no Congresso Nacional. Esse momento mostra a vontade do povo em sufragar nas urnas o nome de uma mulher para compor o parlamento de nossa cidade. Três pontos a declinar neste debate sobre a participação feminina na política local. O primeiro é o fato de que apenas três das mulheres eleitas pelo povo urumajoense, vieram das famílias tradicionais que sempre dominaram politicamente o município e que tiveram representante no quadro politico partidário, quer seja no legislativo, como no executivo. O segundo dado importante retrata que a maioria delas era ou são professoras. O terceiro existe evidencias da supremacia das ideias patriarcais na indicação e disputa dos homens pelas cadei

ROMANA REIS, professora, 11ª legislatura, mandato entre os anos de 2004 2008.

HELENA PICANÇO, professora, 13ª legislatura, mandato entre os anos de 2012 2016.

MIRIAM SANTOS, professora, 13ª legislatura, mandato entre os anos de 2012 2016.

GLÁUCIA SÉRIO, professora, 14ª legislatura, mandato entre os anos de 2016 2020.

LILIAN REIS PADILHA, funcionária pública, 14ª legislatura, mandato entre os anos de 20172021.

ANA FÁTIMA, professora, 9ª legislatura, mandato entre os anos de 1997-2000.

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PZZ_AUGUSTO CORRÊA

HISTÓRIA

ras cativas do parlamento local. Logo percebemos que as famílias tradicionais na sua maioria apostaram todas as fichas nos homens para um legado de tradição política no município, salvo as famílias “Couto”, “Picanço” e “Lima” que conseguiram romper com a “cortina de ferro”, montada pelo patriarcalismo local. A ex-vereadora Romana Reis, Helena Picanço e Glaucia Sério são as únicas descendentes destas famílias que quebraram esse domínio tradicional de que a política é “coisa para homem”. Alias quem administrou o município na gestão passada, foi à ex-vereadora Romana Reis que pertence há árvore genealógica da família “Couto/Reis”. Um dado no mínimo curioso todas as outras famílias tem na sua composição mulheres, mas elas obedecem à indicação dos membros influentes e/ou patriarca que assume o apoio, os riscos e os contatos com os cabos eleitorais, isto é, as lideranças tanto da cidade, como do interior do município. Na época em que Tânia Regina Moraes Oliveira fora eleita somente dois partidos dominavam o cenário local, o PMDB do líder Luís Maria Soares e Jader Barbalho na esfera estadual e Tancredo Neves na esfera Nacional e provável presidente do Brasil em 1985. Já o PDS que contava com a força política de João Figueiredo e Paulo Maluf que seria o candidato a presidente da república nesse período. Em entrevista ao Jornal Diário do Pará, a presidente da Câmara disse: “acreditar na capacidade da mulher na condução dos problemas políticos de sua terra admitindo que o espaço da participação da mulher em funções de decisões começa a aumentar e sua emancipação político -profissional já um fato que não pode mais retroceder. [...] acredita na sua capacidade de comando e de conciliação entre uma dona de casa e uma politica de direção”. [...] ela entende que uma coisa não atrapalha a outra. (Diário do Pará, 17/03/1985). Nesse ambiente Tânia Regina Moraes de Oliveira fora eleita para presidir a Câmara dos Vereadores de Augusto Corrêa (Urumajó) em 1985, pretendia dar ênfase a política legislativa do município, bem como procurar se aprofundar nos conhecimento da função legislativa, garantindo em termo a liderança do seu partido no município (PMDB). A presidente do parlamento nutria vontade de exercer outras funções políticas, por ter sido a vereadora mais votada naquele pleito. Além disso, a Edil procuraria manter a unidade parlamentar, buscando apoio do executivo, através do diálogo com o prefeito Esmaelino Braga do Nascimento.Abaixo algumas imagens da vereadora e presidente da Câmara Municipal no seu primeiro e único mandato – 1983-1987. Focalizando a sociedade urumajoense, a investigação apresenta dados quantitativos, relativos ao desempenho das funções legislativas no governo municipal, como o número de mulheres que ocuparam o parlamento local. 32 www.revistapzz.com.br

TÂNIA REGINA com apenas 03 anos de vivência política, enfrentou 02 vereadores na eleição da Câmara e venceu o pleito como candidata de consenso para unificar o PMDB.

Augusto Corrêa (Especial para o DIÁRIO DO PARÁ) - Nenhum dos dois Raimundos ganhou a presidência da Câmara Municipal de Augusto corrêa. Quem foi eleito foi uma mulher, a vereadora Tânia Regina Moraes de Oliveira, uma senhora de 22 anos, com menos de três anos de vida política. Ela foi escolhida como o candidato de consenso para unificar o partido, PMDB, que estava convulsionado com relação à presidência da Câmara, e que apresenta várias dissenções, antevendo-se um tracionamento que na realidade não se justificava. (Diário do Pará, 1985)

Acima algumas imagens da vereadora e presidente da Câmara Municipal no seu primeiro e único mandato – 1983-1987.


QUADRO II - PREFEITOS MUNICIPAIS DE AUGUSTO CORRÊA E RESPECTIVOS MANDATOS LEGISLATURA

PREFEITO MUNICIPAL

(1962-2020).

MANDATOS

VICE-PREFEITO

Primeira

Major Benedito C. de Athayde

1962-1966

Antônio Coutinho de Campos

Segunda

Alfredo Monteiro de Seixas*

1967-1970

Orlandino Barreto Alves

Terceira

Joaquim Ribeiro dos Reis

1971-1972*

Manoel Rosa de Amorim

Quarta

Osvaldo Sampaio de Lima*

1973-1976

Miguel Ivanildo Barreto*

Quinta

Alfredo Monteiro de Seixas

1977-1983

Antônio Gomes da Silva

1983-1988

João Ribeiro Teixeira

Esmaelino Braga do Nascimento Sexta Sétima

João Ribeiro Teixeira*

1989-1992

Joaquim Ribeiro dos Reis

Oitava

Antônio Maia de Brito

1993-1997

Romano Santana*

Nona

Milton Mateus de Brito Lobão

1997-2000

Amós Bezerra da Silva

Décima

Milton Mateus de Brito Lobão

2000-2004

Amós Bezerra da Silva

Décima Primeira

Amós Bezerra da Silva

2004-2008

Júnior Medeiros

Décima Segunda

Amos Bezerra da Silva

2008-2012

Júnior Medeiros

Décima Terceira

Maria Romana Reis

2012-2016

Paulo Sérgio do C. Reis*

2016-2020

Suzana de Brito Lobão

Décima Quarta Iraildo Farias Barreto Fonte: Arquivos da Câmara Municipal *Mandato Tampão

*Os sobrenomes indicam as famílias tradicionais do município.

Além do exercício da função de presidente da Câmara Municipal. O quadro abaixo mostra a participação feminina no parlamento urumajoense a partir de 1962 a 2020. Levando em consideração as informações é importante mencionar que apenas duas mulheres chegaram à presidência da Câmara Municipal de Augusto Corrêa, as senhoras Tânia Regina em 1985 e Rosete Maria em 2000. Com base nos dados apresentados no quadro acima, pode-se perceber o quanto ainda é forte a questão da desigualdade de gênero ou, no mínimo, desproporcional concernente à ocupação das cadeiras parlamentares por mulheres. Essa análise está baseada na premissa da lei de cotas de 1995, alterada em 2000, que prevê a representação de gênero em no mínimo 30% nos partidos, pressupõe-se tanto a ocupação dos cargos eletivos como os cargos políticos do quadro adminis-

trativo do governo. Seguindo esse parâmetro, os números são pífios, e não correspondem ao espaço que deveriam atuar as mulheres urumajoenses. Se esse quadro se mantiver inalterado, a contribuição feminina vai está aquém das prerrogativas que propõe a equidade de representação política no contexto municipal. Não obstante, a mulher urumajoense deve buscar se incluir nas fileiras da política partidária local, tentar ganhar visibilidade através de sua militância e dialogar com o publico feminino e masculino, divulgando suas ideias e projetos sociais. Desse modo, as lideranças locais ou os caciques tupinambás têm por obrigação estimular e apoiar moralmente o engajamento da mulher nos quadros eleitorais do município. Além disso, deixar a luta pelo voto aberta em busca de equilíbrio entre os gêneros. Partindo desses pressupostos conceituais, a mulher urumajoense timida

A mulher urumajoense deve buscar se incluir nas fileiras da política partidária local, tentar ganhar visibilidade através de sua militância e dialogar com o publico feminino e masculino, divulgando suas ideias e projetos sociais. Desse modo, as lideranças locais ou os caciques tupinambás têm por obrigação estimular e apoiar moralmente o engajamento da mulher nos quadros eleitorais do município.

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PZZ_AUGUSTO CORRÊA

mente está se inserindo no contexto político partidário. Vale lembrar que são poucas ou raras as mulheres que realmente integram um partido político com o propósito de disputar um cargo eletivo. Até o momento as mulheres urumajoenses apenas preenchem as exigências do tribunal superior eleitoral, cumprindo a cota mínima de 30% e uma cota de 70%, para qualquer um dos sexos. Nesse ponto devo mencionar que as mulheres que concorrem a uma cadeira no parlamento local, enfrentam grandes obstáculos de ordem cultural, financeiro, e de gênero. Em urumajó as mulheres que lideram as intenções de voto dentro do partido são vista como um empecilho aos olhos dos caciques do voto no município. Nesse caso, tão importante quanto incluir as mulheres urumajoenses ao contexto político-partidário, deve-se atentar para as desigualdades de gênero dentro dos partidos políticos e os processos pelos quais as mulheres são cooptadas há fazer o que os caciques lhe orientam, tirando-lhe a autonomia da sua candidatura ou de seu mandato. Em Augusto Corrêa, as mulheres continuam, muitas vezes, candidatando-se apenas para cumprir as cotas, o machismo ainda está, presente no contexto partidário local, as mulheres urumajoense não tem acesso ao financiamento de campanha, não têm apoio dos entes partidários. Na verdade elas estão imersa ao falso moralismo, a desconfiança e a inferioridade, que configura política partidária como “coisa de macho”. Além disso, quando a mulher urumajoense consegue ocupar uma cadeira no parlamento local, tem que dançar conforme as diretrizes do presidente do partido. Este geralmente passa a ser aliado incondicional do executivo, mesmo não sendo do grupo de coalizão formado durante a campanha. A partir do

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HISTÓRIA

momento que a mulher urumajoense conquista uma cadeira no parlamento, ela começa a perceber que existe um fosso entre o sonho e a realidade, entre o discurso e a prática, entre a política partidária e a política social. Ao analisar os arquivos da Câmara Municipal, descobrir que as pretensões das mulheres parlamentares urumajoenses, estão explicitas nos pronunciamentos, requerimentos, projeto de leis, projeto de resolução, projeto decreto lei, emendas parlamentares redigidas por elas no decorrer de seus mandatos e que não se materializaram como políticas públicas de governo. Por fim, posso concluir que as mulheres parlamentares urumajoenses sempre estiveram dispostas a tratar a “coisa pública” com seriedade, mas não tiveram do poder executivo apoio moral e politico. Nesse parâmetro, posso acrescentar um elemento novo à politica, mas que nos perturbará profundamente: o autogoverno para apropriar-se dos outros. Arisco a dizer que existe interessante dinâmica no que se chama de participação política da mulher no parlamento local, que ao mesmo tempo apresenta aspectos inovadores e revela contradições enfrentadas por novos sujeitos políticos, como as mulheres, no jogo político institucional. A inovação está na capacidade das mulheres de se organizarem localmente de forma capilar, como na capacidade de influir nas políticas públicas que direcionam a política municipal. A contradição se evidencia nas ações do homem parlamentar ou não, que cultiva a retórica da igualdade entre os gêneros, somente nos discursos, nas opiniões voluntariosas, mas na prática seus atos não contemplam as suas intenções. Além disso, as parlamentares urumajoense, devem criar núcleos de de-

bates que possam garantir as mulheres discutirem os problemas inerentes às lutas femininas e apresentarem propostas de resolução. Nesse momento, estamos entre duas possibilidades políticas: intensificar a participação feminina na politica partidária local, através de um fórum participativo e/ou criar uma espécie de comitê politico partidário; isto é, uma organização que utilizasse o marketing para aproximar a mulher da política institucional, potencializando a presença da mulher na política partidária urumajoense. Em termos político-participativo podem-se analisar as contradições da história das mulheres e sua força superficial no contexto local. A crítica que exponho nessa seção é a ausência de coesão política entre as mulheres parlamentares no exercício de seus mandatos que na maioria das vezes não apresentam uma pauta que represente as lutas femininas. Esta condição pertinente não tem oferecido potencialmente uma resolução fácil dos problemas que atingem a condição de gênero no parlamento local e nem na sociedade urumajoense. Mas reitero a presença feminina na politica partidária e no desempenho de cargos políticos dinamiza a gestão por acrescentar um “toque feminino” à realização de tarefas que eram exclusividade de homens baseada na masculinidade hegemônica. Assim, as mulheres continuam enfrentando inúmeros desafios para candidatar-se a um cargo público, mas aparentemente não pela sua inabilidade natural como dizem os homens, mais pela segregação do es paço politico partidário. * José Rubens de Brito Filho, licenciado em Ciências Sociais UFPa e Professor da Rede Estadual de Ensino.


QUADRO III - Nº DE VEREADORAS – CAMARA MUNICIPAL DE AUGUSTO CORRÊA-PA Nº DE CADEIRAS NOME

ANO

PARTIDO

VOTOS

Tânia Regina Moraes de Oliveira

1983/1988

PMDB

Rosete Maria Oliveira do Rosário

1997/2000

PSDB

Ana Fátima Nascimento Rodrigues

1997/2000

PDT

Rosete Maria Oliveira do Rosário

2000/2004

PSDB

Maria Romana Gonçalves Reis

2004/2008

PT

Mirian Santos Ferreira

2012/2016

PSC

Maria Helena Picanço Silva

2012/2016

PSC

Glaucia Ferreira de Araújo Sério

2017/2020

SD

Lilian Reis Padilha

2017/2020

PDT

354 345 331 ---544 718 970 942 495

09 11 11 11 09 13 13 13 13

Fonte: Câmara Municipal de Augusto Corrêa-Pá

Prédio da Câmara Municipal de Augusto Corrêa www.revistapzz.com.br 35


HISTÓRIA FOTOs: adriana lima

PZZ_AUGUSTO CORRÊA

IGREJA DE SÃO MIGUEL arcanjo

A

paróquia São Miguel Arcanjo abrange 36 comunidades rurais, nas quais o pároco realiza visitas de terça a domingo. O dia de atendimento do pároco na sede municipal acontece às quintas feiras e as missas são!celebradas de terça a sexta feira às 8:30h e aos domingos às 7h, 16h30 e 19h. Aos sábados, às19h, são realizadas as celebrações nas outras capelas da sede municipal. No largo da igreja está localizado o salão paroquial,que abre em eventos da paróquia. A igreja possui arquitetura neoclássica e uma escultura de São Miguel Arcanjo na sua torre. De acordo com o historiador Alcídes Lúcio Ribeiro Júnior uma ação impetrada por um grupo de moradores locais no ano de 1875 que originou a construção do primeiro espaço dedicado à devoção religiosa em solo urujomaense. Em uma época onde o catolicismo cristão de36 www.revistapzz.com.br

sempenhava o papel de religião oficial do Brasil, era comum as comunidades de nosso País manifestarem sua fé a um determinado santo ou santa da Igreja Católica, consagrando-lhes homenagens através de animadas festividades, tradição mantida atualmente em inúmeras localidades do interior de Augusto Corrêa. Dessa forma, a pequena igreja erguida frontalmente às margens do rio Urumajó foi dedicada ao culto de São Miguel Arcanjo, logo escolhido como padroeiro local. Não demorou muito para a solenidade em louvor ao referido Santo, ocorrida no final do mês de setembro, se tornar um dos eventos mais importantes e aguardados da pequena sociedade urujomaense. Só para termos uma dimensão das coisas, as comemorações realizadas num pequeno arraial em frente à Igreja, iluminado por faróis de querosene e enfeitado com palmeiras e flores silvestres, chegava a atrair visitantes de toda a

região, inclusive da distante localidade maranhense de Turiaçu, que aqui chegavam através de pequenas embarcações a vela. Contudo, com a realização do primeiro Círio dedicado à Nossa Senhora de Nazaré em 1958, a festa de São Miguel Arcanjo perdeu gradativamente o posto de evento religioso de maior importância para o povo do Urumajó, ficando por um longo período relegado a um acontecimento que em nada lembrava as suntuosas celebrações de um tempo não muito distante. Mesmo com os devotos locais optando pelo Círio de Nazaré como principal acontecimento daqueles que professam a fé católica , o dia 29 de setembro foi instituído como feriado religioso municipal em homenagem a São Miguel Arcanjo. Houve recentemente, um esforço por parte da comunidade católica de Augusto Corrêa, tendo em vista a finalidade injetar novo ânimo aos festejos. Assim sendo, as antigas noitadas de atrações e leilões


que antecedem o dia 29 ressurgiram, resgatando assim, parte daquela tradição religiosa que fez da comemoração a São Miguel um acontecimento relevante na história de Urumajó. Aliás, essa história, que dos primeiros contatos com os europeus à abetura das primeiras ruas; da formação dos núcleos populacionais pioneiros à afirmação da devoção cristã católica em São Miguel, deixa transparecer claramente que no transcorrer de pouco mais de três séculos, a comunidade urujomaense dera alguns sinais de desenvolvimento - tímidos é bem verdade - mas, o simples fato de continuar como mera localidade pertencente ao território bragantino , constituía sem sombras de dúvida um entrave imenso ao seu progresso. Nesse sentido, dois fatos ocorridos na última década do século XIX revelar-se-iam de grande importância para alterar esse quadro.

A pequena igreja erguida frontalmente às margens do rio Urumajó foi dedicada ao culto de São Miguel Arcanjo, logo escolhido como padroeiro local. Não demorou muito para a solenidade em louvor ao referido Santo, ocorrida no final do mês de setembro, se tornar um dos eventos mais importantes e aguardados da pequena sociedade urujomaense.

Imagem de São Miguel Arcanjo que fica guardado no acervo da Paróquia que sai na procissão da Festividade de São Miguel

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Foto do Novo Templo Central da Igreja Evangélica Assembleia de Deus, Augusto Corrêa-PA.

ASSEMBLEIA DE DEUS

A HISTÓRIA DE UM POVO EM AUGUSTO CORRÊA

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município de Augusto Corrêa, neste ano de 2017, completou 55 anos de emancipação. Concomitante com a história deste município caminha a igreja Evangélica Assembleia de Deus que também, no dia 05, de agosto de 2017, completou seu quinquagésimo quinto aniversário. Ela, enquanto instituição, está ligada a COMIEADEPA (Convenção de Ministros e Igrejas Evangélicas Assembleia de Deus no Estado Do Pará) e a CGADB (Convenção Geral das Assembleia de Deus no Brasil). Atualmente está sendo presidida pelo Pastor Moisés Albuquerque de Moraes. A saber que tudo começou a partir do empenho das Irmãs: Aurelina Bezerra de Lima (irmã Nina), e Maria Dolores Costa (Irmã Louzinha). No ano de 1962, a Irmã Aurelina Be38 www.revistapzz.com.br

Por Almerindo R. de Souza Filho * zerra de Lima (irmã Nina), in memória, que embora sendo oriunda deste município mais precisamente da Vila do Tijoca, naquele momento, recém chegada do estado de Rondônia, onde morara por dezoito anos e lá, convertera ao Evangelho na Igreja Presbiteriana. Ao chegar, não encontrando aqui, nenhum crente daquela denominação, procurou os crentes Assembleianos existentes na cidade, dentre eles, conheceu a Irmã Maria Dolores Costa, da qual, tornouse grande amiga. E assim, essas duas mulheres foram movidas pelo Espírito Santo de Deus a iniciarem um trabalho espiritual que consistia na realização de cultos levando a Palavra de Deus aos lares Com o crescimento do trabalho de evangelização, as duas missionárias resolveram conversar com o Pastor Afonso Menhinho Rey, que na época presidia

Irmã Nina

No ano de 1962, a Irmã Aurelina Bezerra de Lima (irmã Nina), in memória, que embora sendo oriunda deste município mais precisamente da Vila do Tijoca, naquele momento, recém chegada do estado de Rondônia, onde morara por dezoito anos e lá, convertera ao Evangelho na Igreja Presbiteriana.


PRIMEIRO TEMPLO Fachada do templo antigo da Assembleia de Deus, revitalizado e ampliado, pelo Pastor Antonio Nunes.

Pioneira, centenária (irmã Louzinha) a Igreja em Bragança, informando-lhe do serviço de evangelismo que estavam realizando na então recém emancipada cidade, convidaram-no a pastorear os crentes existentes, no total de 14 irmãos entre jovens e adultos. Aceitando o convite o referido Pastor, realizou o primeiro culto na casa da irmã Deuzira Oliveira da Costa, in memória, esposa do Sr. Raimundo do Rosário Santiago, in memória, mais conhecido como Cazumbá, debaixo de uma mangueira frondosa que existia em seu quintal, oficializando assim, a implantação da Igreja Evangélica Assembleia de Deus na sede do município de Augusto Corrêa. Com muita dedicação, o Pastor Afonso, prosseguiu em parceria com as irmãs, na evangelização desta Cidade. Com o crescimento da Igreja, no ano de 1963, o Pastor, deu posse

Irmã Nina, com um grupo de Senhoras e Crianças

ao diácono Benedito Cardoso de Brito, como dirigente da Congregação. Como ainda não havia templo, os cultos eram realizados em frente da casa do irmão Mecenas Neves (onde atualmente, fica localizada a Casa da Fraternidade). O dirigente Benedito C. de Brito com o total de 26 membros e vários congregados, iniciaram a Escola Bíblica Dominical, com apenas quatro classes: criança, adolescente, jovens e adultos. O primeiro templo da Igreja fora construído de taipa, localizado na rua Domingos Cardoso, inaugurada em dezembro de 1964, nesse mesmo período foi consagrado o Círculo de Oração da Igreja, e realizado o primeiro batismo nas águas do Pratiaçú.

No ano de 1973, o Sr. Olavo Seixas, ofertou a Igreja, um terreno. E no ano seguinte, por orientação do Pastor Afonso, foi iniciado a construção de um novo templo pelo dirigente da Congregação, Irmão Benedito C. de Brito. Em 1978 a Congregação foi dirigida pelo Presbítero Benedito Procópio, este realizou um bom trabalho espiritual no município. Em 1983, a Igreja teve a honra em receber o Pastor Darci Corrêa. Este foi o primeiro pastor da Igreja da sede do município. O mesmo, com ajuda dos irmãos, construiu a terceira Casa de Oração, em alvenaria, de esquina com a Praça 28 de Março. Logo após, a Igreja foi presidida pelo Pastor Eusito Lopes de Athaide, que construiu a Casa Pastoral e realizou excelente trabalho espiritual. www.revistapzz.com.br 39


Foto da Casa de Oração, localizada no terreno doado pelo Senhor Olavo Seixas, de frente a Praça 28 de Março.

Foto de inauguração do novo templo central, pelo Pastor José Ribamar 16/11/2013.

Conferência de Escola Bíblica Dominical-2015. Tema: ”Geração Sal e Luz fazendo a diferença”

Atual Pastor da Igreja, Moisés Albuquerque de Moraes

Conferência de Escola Bíblica Dominical-2017. Tema:” Primando pela excelência do Ensino” 40 www.revistapzz.com.br


Pastor da Igreja Moisés Albuquerque com colegas de Ministério, obreiros de Igreja e amigos, nas comemorações dos 55 anos da Assembleia de Deus em Augusto Corrêa O Pastor Miguel Soares chegou nesta Cidade, no mês de Março de 1986 e pastoreou a Igreja até Março de 1987. Também pastorearam a Assembleia de Deus, em Augusto Corrêa os Pastores: Pr. Elias Almeida, Pr. Sebastião Mesquita, Pr. Benedito Procópio, Pr. Manoel Guido, Pr. Elias Almeida (novamente). Em 10 de dezembro 1995, o Pastor Antônio Pinheiro Nunes, assumiu a direção da Igreja. Este, com o apoio dos obreiros, expandiu o trabalho de evangelização no município e construiu várias Congregações, tanto na Zona Rural, quanto na, Urbana. Nesse período, como resultado desse crescimento foram desmembradas as congregações do Aturiaí e do Patal. Durante12 anos, a Igreja, na sede do município, foi presidida por este amado Pastor. No dia 28 de Janeiro de 2008, o Pastor José de Ribamar Cardoso de Carvalho foi empado Pastor desta Igreja. O qual corajosamente, com o apoio da Igreja e de seu corpo ministerial, revitalizou a Casa Pastoral; concluiu a construção dos templos das congregações: Monte do Senhor, Bom Jesus, Lírio dos Vales e construiu o novo Templo Central. Assim como, também, desmembrou a congregação da Vila do

Perimirim, a qual passou a ser um novo Campo, incluindo as congregações das vilas: Ponta do Urumajó e Ilha das Pedras. No dia 22, de novembro de 2013 à 19 de novembro de 2015, a Igreja foi presidida pelo Pastor Zequias Pompeu, o mesmo, deu início a construção do templo da congregação Monte Hermon.

nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo vem contribuindo significativamente com, a mesma, no que diz respeito, a anunciação das Boas Novas do Reino de Deus e instrução de seus munícipes a serem, a cada dia, pessoas melhores e cidadãos do bem. Que o Senhor Jesus nos abençoe!

Em 20 de novembro de 2015, foi empossado o atual Pastor, Moisés Albuquerque de Moraes, que muito tem contribuído para o desenvolvimento do trabalho, com o apoio da Igreja e dos obreiros, concluiu o templo da congregação Monte Hermon e construiu os templos das congregações: Ágape e Monte Horebe; adquiriu ainda, o som e o ar condicionado para o Templo Central. Atualmente, na Sede do município, a Igreja possui o Templo Central e mais nove congregações: Monte das Oliveiras, Maranata, Lírio dos Vales, Monte do Senhor, Monte Horebe, Ágape, Bom Jesus, Monte Hermon e Tessalônica.

* Almerindo R. de Souza Filho, Licenciado em Letras, pela UEMA. Especialista em Língua Portuguesa e Literaturas, pela UFPA. Atualmente, é professor de Língua Portuguesa, na cidade de Augusto Corrêa- PA.

Esta Igreja, que desde 05 de Agosto de 1962, nesta cidade, pela graça de www.revistapzz.com.br 41


TEXTO: CARLOS REIS /// FOTOGRAFIAS: DRI LIMA

MARUJADA

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Marujada é uma das mais belas festividades do Estado em devoção ao São Benedito. O culto divino de São Benedito , santo protetor dos escravos e símbolo da multiplicidade dos alimentos, é a mais forte expressão cultural e religiosa da Região Bragantina, e uma das mais tradicionais e antigas do Pará, introduzida pelos escravos em 1798 na cidade de Bragança. A história dessa tradição permeia pela da origem do negro, do índio e do português na região. MARUJADA DE AUGUSTO CORRÊA Em respeito à tradição e a cultura paraense, destacamos no cenário urumajoense a festividade de São Benedito realizado no município de Augusto Corrêa, nordeste do Pará. Destacamos a festividade do mês de dezembro, com o grupo folclórico urumajoense que tem sua sede própria, localizada na rua Domingos Cardoso, S’N bairro São Miguel. A festividade do glorioso São Benedito no município de Augusto Corrêa, festejado pelos grupos da marujada, tem um ritual sagrado e profano; o religioso faz parte de uma das atividades do folclore do município, agregada a igreja católica. Conhecido como santo preto a celebração da missa em louvor ao São Benedito e procissão com a participação dos romeiros, marujos, marujas e da comunidade católica em geral. O profano com o ritual de dança da marujada com ritmos do xote, valsa, mazurca, retumbão e leilões. A festividade tem o inicio no dia 23 e término 26 de dezembro. O inicio da festa acontece com a levantação do mastro e o término com a derrubação do mastro com os objetos doados para o leilão. Os marujos e marujas se vestem a caráter com suas roupas brancas e vermelhas em comemoração ao São Benedito e branco e azul em comemoração ao nascimento de Jesus Cristo. Os chapéus com arranjos cobrem a cabeça das mulheres; os homens com suas vestimentas

A NO URUMAJÓ www.revistapzz.com.br 43


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A festividade de São Benedito formada pela marujada e no tratamento de uma festividade coletiva, objetivando cultura de um passado e tradições lendária dos mais remotos contos e lendas e origem de um povo, mantendo viva a historia e os acontecimentos do folclore e da cultura para refletir nosso passado.

brancas e uma fita vermelha e azul no braço esquerdo ou direito. A diretoria da marujada tem um mandato de 04 anos: presidente capitão, capitoa, juiz, juíza e os membras marujos e marujas. Ressalto que durante as suas apresentações marujas e marujos podem sofrer penalidades por desobediência a capitoa. Os componentes pagam uma prenda ficando amarrado no mastro até a liberação da capitoa, dentro das atividades da festa no saldo da maruja. Esta festividade sagrada e profana acontece em algumas vilas de Augusto Corrêa, dou destaque a Vila de Aturiaí em Nova Olinda e Araí. A festividade de São Benedito formada pela marujada e no tratamento de uma festividade coletiva, objetivando cultura de um passado e tradições lendária dos mais remotos contos e lendas e origem de um povo, mantendo viva a historia e os acontecimentos do folclore e da cultura para refletir nosso passado. Falar do Santo Preto (São Benedito), que é homenageado, com culto sagrado durante o ano inteiro peregrinando e levando a fé aos romeiros, velas acesas; uma mistura organizada de amor e devoção, cultura popular e animação com a festa da marujada em homenagem ao São Benedito, festa de irmandade nos grupos folclóricos na comunidade de Augusto Corrêa. Esses grupos folclóricos da marujada no município elevam danças, ritmos, cores e muita animação. Augusto Corrêa revive esse momento com a grandiosa festa da marujada que engrandece a memória cultural deste município.

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Destacamos a festividade do mês de dezembro, com o grupo folclórico urumajoense que tem sua sede própria, localizada na rua Domingos Cardoso, S’N bairro São Miguel.

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FEIRA DA CULTURA a XXVIII Feira da Cultura Popular de Urumajó 2017, a feira da cultura de Augusto Corrêa foi uma das melhores da região bragantina , “Tivemos todo cuidado com que essa tradição não se perdesse, tivemos a preocupação de reunir nossas Secretarias para que todas dessem o melhor para a realização do evento, e conseguimos pois obtivemos bons resultados da população e visitantes, sobre a organização do evento.

XXVIII Feira da Cultura Popular Arraial do Urumajó 2017

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principal evento junino de Augusto Corrêa, a Feira da Cultura Popular Arraial Urumajó, é realizada na cidade, porém é nos interiores do município que se iniciam os rituais dos festivais juninos, nos quais são realizados durante os finais de semana do mês de junho às feiras populares nas comunidades das vilas de Santa Maria do Açaizal, Nova Olinda, Araí, Aturiaí, Itapixuna, (Vila Nova, pedido de inclusão neste ano – 2017), Zé Castor e finalizando na sede do Município com a Feira da Cultura Popular. No ano de 2017, com o tema “Resgatando as Origens de um Povo de Múltiplas Culturas” o evento desenvolveu sua XXVIII edição da Feira da Cultura Popular Arraial Urumajó, considerada uma das melhores edições de todos os tempos, que aconteceu entre os dias 29 de junho a 02 de julho, na cidade de Augusto Corrêa-Pa. O festival se iniciou com o concurso intermunicipal de quadrilhas modernas oriundas de toda a região dos caetés e se encerrou com o concurso da Rainha da Feira da Cultura que acontece no último dia do evento. Durante quatro dias de programação o evento aconteceu em um espaço amplo e aberto para o público no qual os visitantes puderam contemplar as apresentações de grupos folclóricos, festival de xote, concurso de quadrilhas, apresentação de boi bumbá, cordões de pássaros, atrações musicais locais e nacionais, além de prestigiar talentos de artesões locais, produtos agrícolas expostos para comercialização e comidas típicas. A XXVIII Feira da Cultura Popular de Urumajó, a feira da cultura de Augusto Corrêa foi uma das melhores da região bragantina. “Tivemos todo cuidado com que essa tradição não se perdesse, tivemos a preocupação de reunir nossas Secretarias para que todas dessem o melhor de si para a realização do evento, e conseguimos, pois obtivemos bons resultados da população e visitantes, sobre a organização do evento. Fizemos o melhor pela nossa cultura. E não realizaríamos tão grande feito sem nossos parceiros como o Governo do Estado e apoio de outros municípios que nos deram suporte como Curuça, Bragança, Marapanin, São Caetano de Odivelas, incluindo amigos e parceiros que nos deram todo o suporte necessário para o evento. Acreditamos que a cultura assim como o Turismo possuem

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PZZ_AUGUSTO CORRÊA

CULTURA

uma importância relevante para a população, pois os dois contribuem com a preservação do patrimônio cultural do nosso município. Todos contribuíram para o sucesso do evento” declara Filho Barreto, Prefeito de Augusto Corrêa. A XXVIII Feira da Cultura Popular de Urumajó, além da geração de emprego e renda para comunidade local, consequente diminuição das desigualdades sociais, e igualmente, melhorias na infraestrutura local como consequência do desenvolvimento do turístico. Mesmo porque além da questão simbólica dos festejos juninos, existe a questão econômica e social que deve ser considerada, o evento Festival Junino impacta diretamente na economia do município de Augusto Corrêa. Movimenta o comércio local de armarinhos, lojas de tecidos, costureiras, coreógrafos, músicos, mestres, cantadores, além das atividades informais e de bares, hotéis e restaurantes, músicos, barracas de vendas de comidas típicas, produtoras de farinha que vendem durante o festival 800 Kg de farinha de mandioca além de outros derivados.

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A XXVIII Feira da Cultura Popular de Urumajó, além da geração de emprego e renda para comunidade local, consequente diminuição das desigualdades sociais, e igualmente, melhorias na infraestrutura local como consequência do desenvolvimento do turístico.


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MONTARIAS

AO VENTO TEXTO: ASCOM/AC /// FOTOGRAFIAS: GAMALIEL SOUSA

A Regata de Pescadores Artesanais do Perimirim acontece no mês de setembro e envolve diretamente a comunidade local no qual é responsável pela organização e execução do evento que acontece na orla da comunidade do Perimirim, localizada à 9km de sede do município. O evento conta com o apoio da Prefeitura municipal de Augusto Corrêa. A disputa é realizada com canoas a vela no rio Urumajó. Na programação existe o concurso de beleza da musa da regata e apresentações de cantores locais.

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Regata de Pescadores Artesanais do Perimirim acontece no mês de setembro e envolve diretamente a comunidade local no qual é responsável pela organização e execução do evento que acontece na orla da comunidade do Perimirim, localizada à 9km de sede do município. O evento conta com o apoio da Prefeitura municipal de Augusto Corrêa. A disputa é realizada com canoas a vela no rio Urumajó. Na programação existe o concurso de beleza da musa da regata e apresentações de cantores locais. De acordo com o organizador geral da Regata, Ronivalber Ferreira, este evento tem grande importância para o município e principalmente para o Turismo, pois movimenta um considerável público até o local. Ainda de acordo com o organizador, todo o trabalho envolvido busca tornar este evento reconhecido no Estado do Pará e para outros lugares do Brasil. “Estamos diante de um dos lugares mais lindos dessa região, com um rio exuberante de encontro com o Oceano Atlântico e com bons ventos, e nada melhor para compor esta paisagem do que a elegância e o colorido das canoas artesanal a velas. Trata-se de uma vocação natural da nossa comunidade pesqueira que usam esse tipo de embarcação no seu dia a dia para pescar. Definitivamente este evento da regata do Perimirim precisa se firmar no calendário turístico do município de Augusto Corrêa, por conta dos bons frutos que o setor turístico de certo colherá. Temos a certeza que este evento de uma década trará um grande reconhecimento a nível nacional daqui pra frente. Com a parceria do Departamento de Turismo da prefeitura de Augusto Corrêa, hoje nosso evento se apresenta de outra forma, ou seja, mais divulgado. A presença de turistas, fotógrafos e jornalistas já é uma realidade e é bem vista pela comunidade. Temos a consciência que precisamos avançar muito ainda no sentido de desenvolvimento do turismo na comunidade”.

De acordo com o organizador geral da Regata, Ronivalber Ferreira, este evento tem grande importância para o município e principalmente para o Turismo, pois movimenta um considerável público até o local.

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CARPINTARIA

NAVAL

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carpinteiro naval Raimundo Nonato SIlva de Assis é autodidata e há mais de 30 anos trabalha construindo embarcações em Augusto Corrêa para a finalidade da pesca, do transporte de cargas, do passeio e todo o tipo de embarcação, seja de madeira ou de fibra. Não só trabalha na construção mas na manutenção dos transportes marítimos muito necessária ao setor. Nonato projeta a estrutura e todos os demais componentes de qualquer tipo de embarcações, desde a quilha, o cavernandro, o patilhão, a cabine, o porão, etc. Na oficina trabalha com seu filho, seu irmão e mais um ajudante. Atualmente estão construindo um barco de pesca, no tamanho de 15 metos comprimento por 5 metros de largura que terá frigorífico para suportar 20 toneladas de pescado. Um barco resistente para aguentar as intempéries da natureza e a força do mar, uma arte primordial exercida por esse carpinteiro naval nos rios da Amazônia que merece ser reconhecida, valorizada e investida. O estaleiro do Nonato está instalado na beira do Rio Urumajó, na extrema direita da orla da cidade.

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Atualmente estão construindo um barco de pesca, no tamanho de 15 metos comprimento por 5 metros de largura que terá frigorífico para suportar 20 toneladas de pescado. Um barco resistente para aguentar as intempéries da natureza e a força do mar, uma arte primordial exercida por esse carpinteiro naval nos rios da Amazônia que merece ser reconhecida, valorizada e investida.

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ECONOMIA

A PESCA EM

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FOTOs: adriana lima

Em Augusto Corrêa, a pesca é a principal atividade econômica do município gerando emprego e renda para a maioria da população.

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pesca constitui uma das principais bases econômicas do Município de Augusto Corrêa. As espécies de pescado mais frequentes são: arraia, banderado, sarda, corvina bacalhau, dorada, gó, gurijuba, cangatá, peixe pedra, pescada amarela, serra, tainha, uritinga, crustáceos (camarão e caranguejo), moluscos (ostras e mexilhões), entre outros. Na região quem exerce a atividade pesqueira é quem possui embarcações de 40 a 50 toneladas consideradas de grande porte, tem também as embarcações de pequenos e medios portes e as artesanais que são canoas e barcos menores que não possuem câmaras frigoríferas e que se utilizam de caixas de isopor para transportar o pescado. Nessa classificação, encontram-se os ribeirinhos que também pescam com o uso de currais, algumas redes e pequenos espinhais. A categoria de pesca artesanal se subdivide por material utilizado para a pesca, como espinhal, rede de arrasto, corvos conhecidos também como mazuá que se destinam cada tipo de material um tipo de pescaria. No caso da pescaria com espinhel, ela é mais utilizada para a pesca da gorijuba e da pescada, sendo utilizada a rede de malha também, porém a maneira mais ideal para a obtenção de um peixe de qualidade e melhor condicionado e bem mais protegido é o espinhal porque ele mantem o peixe vivo até a borda até condicionar ao gelo. Já na rede não, às vezes, o peixe malhado já vem morto e depois disso vem as outras tecnicas como o corvo que é especialmente utilizada na captura do pardo. Tem a lagosta também, numa quantidade menor, já teve o ápice dessa captura, muitos barcos já pescaram a lagosta porém o valor em si e a quantidade do insumo, a produção caiu bastante. O que é notório é que naõ tem o registro de todo esse pescado, o que tem é o que fica catalogado pelo mercado, o que sai daí não tem registro. Falta um pouco de consciência do próprio armador de pesca em traduzir essas produções em estatísticas. Com essa nova administração da Prefeitura de Augusto Corrêa busca-se atualizar toda essa ação, melhorar a www.revistapzz.com.br 59


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ECONOMIA


FOTOs: adriana lima

condição e com isso promover politicas públicas para esse pescador gerando uma cadeia econômica para o municipio, pois a pesca não se destina somente com a captura do pescado e a sua venda, ela movimenta todo um comercio, toda uma estrutura que é a base economica de um municipio. “Temos também o camarão, que ainda tem uma pesca mais arcaica e totalmente artesanal, nós temos o ensejo e o desejo de atrair empresas ou alguém interessado em investir nessa captura. A gente sabe que o Ceará, é um grande produtor na produção de camarão de cativeiro, a nossa região é bem propicia para esse tipo de manejo, mas ainda são planos que necessitam ser pensados pois depende de uma area ambiental e de logistica. O Governo federal tem politicas publicas voltadas para esse setor, o que falta é maior consciencia dos aramdores e da própria classe pesqueira em se organizar para nos fornecer dados para realizarmos a estatistica e apresentar ao conhecimento do governo para que esse possa transformar e fornecer politicas publicas para o desenvolvimento da rede pesqueira do municipio” explica o diretor de pesca.

“Estamos pensando em inserir uma delagacia sindical para ajudar na catalogação da quantidade e dos tipos de embarcação"

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Foto: Josiel Hungria

MARIANA PESCADOS 62 www.revistapzz.com.br


MARIANA PESCADOS

Foto: Josiel Hungria

Augusto Corrêa - Pará 91-3482-1293 91-98895-2066 e-mail: mmgomesousa@gmail.com

Marcos Renato Proprietário da Mariana Pescados

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eados de setembro de 1998, chegava do Ceará, para trabalhar na cidade de Augusto Corrêa, um homem discreto, de bom coração, que aos poucos foi conquistando o carinho e o respeito de todos. Seu nome Marcos Renato de Vasconcelos Lousada, mais conhecido como Marquinho, nascido em dezoito de outubro de 1977. A princípio, veio para o município trabalhar como gerente de barcos pesqueiros. Com o passar de três anos, por já ter um conhecimento nesta área de pesca, decidiu fundar seu próprio negócio. Em janeiro de 2001, nascia a Mariana Pescados, (nome em homenagem a uma de suas filhas). A Mariana Pescados é uma empresa de produto artesanal e beneficiamento de pescado e exportação. A mesma, começara com apenas dois funcionários, com o passar dos anos, foi se desenvolvendo e se expandindo. Esses dezesseis anos de negócio próprio, tem sido de desafios e superação, buscando sempre manter a boa conservação e a qualidade de seus produtos, com o selo de aprovação concedido pela ADEPARÁ. Atualmente, conta com oito funcionários e exporta seu pescado para os estados do Ceará e Pernambuco. Sua perspectiva de futuro em relação a sua empresa, o Senhor Marcos Renato Lousada, pretende expandir ainda mais esse negócio, possibilitando assim, o emprego de muito mais pessoas do município. Sobre este município, o empresário de quarenta anos, pai de Vinício, Mariana, Renato, Iara, Eduarda e Laura, diz, “Augusto Corrêa é uma terra de fauna e flora exuberante, de povo hospitaleiro. Lugar rico em recursos naturais que muito tem a oferecer a seus munícipes e àqueles que nele, vem buscar guarida, os quais são recebidos como filho. O qual se considera um deles, isto é um cearense que tem sido bem recebido no seio deste município paraense”. Para finalizar, o mesmo agradece ao povo Augustocorreense pelo respeito e carinho recebido ao longo dos seus dezenove anos, residindo na cidade. Texto: Almerindo Filho

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VALE DAS

OSTRAS TEXTO: CARLOS PARÁ /// FOTOGRAFIAS: DRI LIMA

Numa curva do rio Emburaí Velho na Fazenda Marinha de Nova Olinda, comunidade de Augusto Corrêa, a Associação dos Agricultores e Aquicultores de Nova Olinda (AGROMAR) desenvolve uma produção sustentavel que abastece o mercado local, a Zona bragantina e a zona do Salgado.

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VALE DAS OSTRAS

Numa curva do rio Emburaí Velho na Fazenda Marinha de Nova Olinda, comunidade de Augusto Corrêa, a Associação dos Agricultores e Aquicultores de Nova Olinda (AGROMAR) desenvolve uma produção sustentavel que abastece o mercado local, a Zona bragantina e a zona do Salgado. Em um rancho contruído pelos próprios membros da entidade recebe técnicos da Emater e do SEBRAE, jornalistas, turistas e pesquisadores que vem conferir in loco o cultivo dessa iguaria tão apreciada na gastronomia. A Associação é formada por homens e mulheres catadores que possuem sua própria área de manejo de acordo com seu poder aquisitivo e investimento. Atualmente a Prefeitura de Augusto Corrêa vê nesse trabalho um potencial turístico, econômico e social que pode engrandecer o município e transformá-lo na capital das ostras. As condições propícias ao cultivo de uma ostra diferenciada quanto ao seu tamanho e ao seu sabor possui uma qualidade diferenciada. A área do cultivo pertence a um ambiente de preservação que é o mangue e está inserido em um ecossistema povoado de peixes, pássaros, crustáceos e animais que deve ser manejado com responsabilidade socioambiental.

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PZZ_AUGUSTO CORRÊA

ESPECIAL

“Defendemos que a aquicultura, devia ser equiparada à agricultura, pecuária ou pesca, no que tem a ver com as medidas de âmbito de incentivo à produção e a comercialização, uma vez que também se trata de uma atividade primária.

NOVA OLINDA é uma vila atendida pelo SEBRAE Pará onde vivem aproximadamente 5 mil habitantes, e a principal fonte de renda e economia é a pesca. A viagem começa no cais da cidade, e dura em média uma hora para chegar ao Projeto de Ostras no Rancho das Ostras, o trajeto passa pelos manguezais repletos de guarás, pássaros e de toda a biodiversidade que o local oferece, é um verdadeiro espetáculo da natureza para quem quer ver um dos maiores biomas da região. Nova Olinda é da região bragantina, onde a produção está ganhando maior expressão, havendo já empresas interessadas em comprar quantidades consideráveis, centenas de quilos por ano, o equivalente na prática, à quase totalidade da produção, uma vez que em Augusto Corrêa o consumo é residual. A ostra que já dá passos no sentido do desenvolvimento da sua produção em Augusto Corrêa, apesar de ter mercado e capacidade para crescer de forma significativa, é travada nesse caminho, pela burocracia dos financiamentos e pela falta de uma política pública associada à produção. Outro aspeto que complica o desenvolvimento da atividade na região, referido pela produtora de Ostra,Raimunda dos Santos, tem a ver com a compra das sementes que são adquiridas em Curuçá, na região do Salgado. “Defendemos que a aquicultura, devia ser equiparada à agricultura, pecuária ou pesca, no que tem a ver com as medidas de âmbito de incentivo à produção e a comercialização, uma vez que também se trata de uma atividade primária. O Rancho das Ostras é da Associação Agromar que foi fundada à 13 anos e que recebe incentivo da Emater, Sebrae e Ufpa e Prefeitura Municipal de Augusto Corrêa, é composta por mais de 16 componentes, entre eles uma única mulher, Dona Raimunda,a qual começou com o cultivo das ostras para ter uma renda junto à família. Por ser a única mulher da Associação, 66 www.revistapzz.com.br


Os ostricultores trabalham em comunidade, eles tomam conta de suas mesas e das dos associados de forma organizacional e por escalas.

D. Raimunda enfrenta muitos preconceitos e discriminação, o manejo com as mesas fixas(local onde é colocado as ostras) exige habilidades exaustivas, mas D. Raimunda conta com o apoio de seu esposo e de seu filho, e não se deixa esmorecer diante das dificuldades que enfrenta no cultivo de suas ostras e da associação. D. Raimunda descreve todo o Rancho, o qual conta com mesas fixas, mesas flutuantes e travesseiros (cestos telados em forma de travesseiros, um tipo de plástico com resistência a raios solares, os quais são importados e distribuídos pelo setor da pesca aos ostricultores ), onde são colocadas as ostras em três níveis: baby, média e adulta. O maior predador das ostras é chamado de sapecoara, um molusco que perfura a casca das ostras e se alimenta do molusco. Em cada mesa fixa comporta umas dez mil ostras e as menores comporta 4 mil ostras, no caso das mesas flutuantes, elas não esbarram na areia, e nesse tipo de manejo não há a presença do predador no produto, promovendo um produto de melhor qualidade e não há perdas. A coleta das ostras são diferenciadas também, nas mesas fixas não há a necessidade do mergulho para a retirada dos crustáceos como nas mesas flutuantes, elas são manejadas diretamente em cima das mesas. Além de promover o alimento direto às famílias, o cultivo das ostras também é uma fonte de renda já que o produto é comercializado para restaurantes e para os comércios dos municípios de Augusto Correa, Bragança, Salinas e capital. De sabor exótico, sua polpa é bem mais volumosa e extremamente saborosa, as ostras de Nova Olinda é um produto diferenciado devido todo o ambiente em que é cultivada. O Turismo de Conhecimento e o Ecoturismo são alternativas encontradas por membros da Associação para incrementar a renda e o reconhecimento da atividade.

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ESPECIAL


Com alto valor nutritivo, as ostras podem ser consumidas em duas formas: in natura ou assada. Há diversos tipos de pratos em que a ostra é o principal ingrediente, enriquecida de outros insumos, torna-se um dos pratos mais exótico da região do salgado.

CULTIVO

O cultivo do molusco acontece em mesas finas feitas de bambu na altura de 1 metro, telada, denominada pelos osteocultures de “travisseiro” para facilitar o manejo e botes azuis feitos de plástico resistente aos raios solares, com durabilidade de 10 anos e não é fabricado no Brasil, o material vem da Argentina o qual foi entregue à Associação pelo setor de pesca de Augusto Corrêa.

COMO CHEGAR

A Comunidade de Nova Olinda fica a 45 km de Bragança, e faz parte do município de Augusto Corrêa, o acesso à ela é por uma estrada de piçarra que passa por diversas comunidades Nova Olinda é uma vila que vivem aproximadamente 5 mil habitantes, onde a pesca e a osteocultura são as principais fontes de renda da população. Outra via de acesso a comunidade é pelo rio onde se pode chegar em 15 minutos de barco ou 1 h de canoa por um caminho exuberante, de uma paisagem cercada por mangues repletos de guarás.

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FAZENDA BACURI

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Fazenda Bacuri nasceu de um sonho. O visionário economista nipobrasileiro Henrique Osaqui, em meados da década de 70, adquiriu uma propriedade de 64 hectares no município de Augusto Corrêa e decidiu transformá-la em uma área autosustentável. Nessa região observou a predominância vegetal do palate frutifera conhecida como bacurizeiro, árvore nativa do solo amazônico que nasce de sua própria raiz formando rizomas emaranhados nas florestas ao elaborar em segredo seus frutos desde as copas floridas. Osaqui foi o pioneiro no manejo do bacurizeiro na Região, experimentando diversas formas de plantio e colheita. No começo era tanto bacuri que presenteava amigos e vizinhos com sacas cheias do fruto. Depois foi aproveitando as safras para agregar valor a produção deste segmento. A Fazenda Bacuri atualmente trabalha com produção agroindustrial orgânica e artesanal de polpa de frutas e licores da sociobiodiversidade amazônica Um empreendimento certificado e reconhecido internacionalmente.

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A Fazenda Bacuri nasceu de um sonho. O visionário economista nipobrasileiro Henrique Osaqui, em meados da década de 70, adquiriu uma propriedade de 64 hectares no município de Augusto Corrêa e decidiu transformá-la em uma área autosustentável.


FOTO: adriana lima

CERTIFICAÇÃO

FOTO: adriana lima

A Fazenda Bacuri é certificada como orgânica pelo IDB com base na Lei 3.780 que produz, doces, geleias e compotas, referente a produção de produtos orgânicos e pelo manejo sustentável e orgânico. Ela é a primeira agroindústria local a obter o selo de serviço de Inspeção Federal (SIF), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Conquistou recentemente, com a ajuda do SEBRAE, a certificação Orgânica nos mercados da Comunidade Europeia e dos Estados Unidos, podendo agora exportar o produto para fora do país.

O PATRIARCA

O visionário Henrique Osaqui, em meados da década de 70, iniciou o Projeto da Fazenda Bacuri numa propriedade de 64 hectares no município de Augusto Corrêa e decidiu transformá-la em uma área autosustentável.

AGROEMPRESA FAMILIAR

A Fazenda Bacuri é uma agroempresa familiar, que tem como produto principal o “Bacuri”, onde onde este é proveniente de um sistema de manejo orgânico do Bacurizeiro, além de trabalhar com sistemas Agroflorestais envolvendo outras culturas (cacau, banana, açaí e outras), tudo de maneira sustentável e orgânica. Além das geleias e dos licores, a família Osaqui estuda outras maneiras de aproveitar economicamente o fruto. Está surgindo a oportunidade de negócio com o aproveitamento da semente do bacuri que hoje é muito visada pela biocosmética. A semente possui uma propriedade antioxidante que atua no rejuvenescimento. Pode-se aproveitar a casca para fazer a esssência e do caroço a manteiga de bacuri.

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ECONOMIA

CARTAZ DA EXPOALIMENTARE

HORTÊNCIA OSAQUI

A agricultora e engenheira florestal Hortência Osaqui, que administra há 11 anos a propriedade localizada no município de Augusto Corrêa. Hortência esteve recentemente na EXPOALIMENTARE em Lima, no Perú, representando a produção orgânica da Amazônia, com Apoio do Sistema FIEPA e do SEBRAE.

SISTEMA FIEPA / CIN

“A Fazenda Bacuri integra o Projeto de Internacionalização do Centro Internacional de Negócios - CIN (SISTEMA FIEPA)/ SEBRAE que tem sido um grande parceiro no processo de exportação facilitando o acesso ao mercado internacional. A Fazenda Bacuri atua na verticalização da produção de frutas da Amazônia, agregando valor ao produto. Durante o projeto de verticalização gera diretamente 15 empregos diretos. Para participar da EXPOALIMENTARI no Peru contamos com o apoio do Estado com as passagens aéreas através da SEDAP e do Sistema FIEPA. “Hoje a Fazenda Bacuri é um Case de Sucesso que está caminhando para a exportação. Eles estão fazendo treinamento de capacitação para que o empre72 www.revistapzz.com.br

endimento possa entender o mercado nacional e internacional. Por exemplo, formação de preços, mercado exterior para se adequar, passaporte para levar os produtos para as férias internacional sem que tenham problemas na alfândega. O CIN tem ajudado este empreendimento a entender como é o processo de exportação e também fazendo contato com trades e especialista no mercado” declara Raul Fernandes, diretor do CIN. “Eles estão nos apoiando na divulgação do trabalho pois acreditam que é um produto de qualidade e que tem um mercado que precisa ser explorado. Para você ter uma ideia estarmos fazendo uma parceria que quer comprar manteiga de Bacurizeiro para exportar para o Estados Unidos. No final do mês estaremos recebendo a visita da empresária e da empre-

sario da Beraca. O mundo está voltado para a produção de biodiversidade. Essa produção que ninguém conhece, mas ela existe, é a nova moda do consumo internacional” ”. Explica a agricultora e engenheira florestal Hortência Osaqui, que administra há 11 anos a propriedade localizada no município de Augusto Corrêa. Hortência esteve recentemente na EXPOALIMENTARE em Lima, no Perú, representando a produção orgânica da Amazônia, com Apoio do Sistema FIEPA e do SEBRAE.

RELAÇÕES COMUNITÁRIAS E A FORMAÇÃO DE APL’S

Congregar conhecimento e inovação à produção é outra diferença que a Fazenda Bacuri pratica ao traduzir esse conhecimento e poder compartilhar com outras comunidades onde a fartura natural de frutos amazônicos favorece a possibilida-


de de desenvolver atividades de manejo e de processamento em suas próprias comunidades, formando assim, Arranjos Produtivos Locais. “Várias Comunidades como a do Livramento na Rota Turística Belém Bragança onde tem uma produção natural intensa de Bacuri seria interessante que eles próprios pudessem desenvolver e tomar conta do seu próprio processo estimulando a geração de empregos e rendas. Nosso trabalho para que seja sustentável também estimula famílias da Região para que possam fazer seu próprio procedimento com seus atores, técnicas, valores e sabores. Em Capitão Poço, por exemplo, onde é um Polo de Citricultura no Estado, não tem uma fábrica de processamaneto da laranja para a produção de geleias ou de outros produtos derivados. A ideia é disseminar esses arranjos para que surjam fábricas de produção artesanal na área da citricultura com geleia de

laranja, licor de limão, para que as pessoas desenvolvam arranjos produtivos do bacuri, do cupuaçu, do açaí, da manga ou de qualquer fruto, além do artesanato, como linha produtiva. explica Hortência Osaqui.

SAFRA

A safra de bacuri dura apenas 4 meses, de janeiro a abril, algumas variedades produzem até maio. Nos outros oito meses a Fazenda trabalha no beneficiamento e na comercialização dos produtos . Durante a maior parte do ano, apenas a familia Osaqui trabalha no cultivo e manufatura dos frutos e demais atividades da fazenda avicultura, mel e o hotel. No período da safra são contratados de 6 a 10 pessoas para auxiliar nos serviços. Vale salientar que na entresafra temos outras frutas do sistema agroflorestal que foi implantado como por exemplo: açaí, jambo, sapoti.

O BACURI

O Bacuri é uma das frutas mais saborosas da Amazônia que pode se extrair a polpa para produzir suco, sorvete, geleia, licor, creme e comer os gomos in natura. Da casca produz essências aromáticas e do caroço, manteiga utilizada por empresas nacionais e estrangeiras para fazer biocosméticos.

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ECONOMIA HOTEL FAZENDA

A Fazenda Bacuri é uma ótima opção para férias tranquilas. Esse tipo de hotel fica situado na zona rural de Augusto Corrêa e tem como objetivo oferecer aos hóspedes uma experiência de estadia em harmonia com a natureza. Além disso, eles são ideais para quem quer fugir para respirar ar puro, ouvir e ver borboletas azuis e pássaros, ter contato com a natureza e descansar com a família. Essa também é uma boa alternativa para associar conhecimento científico e lazer com o turismo de conhecimento.

ORQUIDÁRIO Na fazenda Bacuri, um orquídário encanta os turistas, que recebem uma explicação de como foi montado o orquidário, desde as primeiras plantas, o manejo e a preocupação com a preservação do meio ambiente pelo socio proprietário Henrique Osaqui. Os visitantes podem comprar orquídeas, além de outras plantas ornamentais.

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PRODUTOS DA SOCIOBIDEVERSIDADE

A Fazenda Bacuri trabalha com geleia, doces, compotas, licores de frutas da sociobiodiversidade: Bacuri (geleia, geleia com pimenta, compota, licor, cupuaçu; Cupuaçu (Doce, Geleia, geleia de cupuaçu com pimenta, licor; Taperebá (licor); Açaí (geleia, licor); Genipapo (licor); Buriti (geleia, licor); Sapoti (licor); Muruci (licor, compota). O diferencial da fabricação dos produtos , sao bem diferentes do mercado em virtude de sermos os protures dos frutos que produzem.

EDUCAÇÃO Em parceria com Universidades a Fazenda Bacuri abre suas portas para a apresentar os campos, a produção, a concepção e o processo de uma pequena agricultura que visa o manejo sustentável. Hoje o projeto recebe alunos da Ufra, da Ufpa, e de universidades estrangeiras. Os alunos vem ver in loco como a agricultura familiar pode contribuir com o desenvolvimento sustentável da Região. Em junho do ano que vem, a Fazenda Bacuri em Parceria com a UFRA e o Sistema FIEPA, realizará 0 3 Simposio de Fruticultura da Região Nordeste Paraense e o Festival de Gastronomia Orgânica. Informações: (91) 98702-8680 Endereço: PA 242 Bragança Augusto Corrêa km 15,Augusto Correa / PA Visita: com agendamento www.revistapzz.com.br 75


Hotel Urumajó

O

Hotel Urumajó é referência de excelente receptividade na áera de hotelaria que oferece um atendimento diferenciado e único na região. O amplo e belissimo espaço de àrea verde apresenta uma decoração simples, porém requintada, a qual confere-lhe uma atmosfera intimista numa combinação perfeita entre o bom gosto e um ambiente familiar. O ambiente nos convida a ficar mais tempo no lugar, entre os encantadores quartos decorados de forma delicada e regional(cada quarto apresenta uma decoração diferenciada dentro uma temática inspirada nos nomes das comunidades locais, promovendo o reconhecimento e a valorização da região ), um café com deliciosas iguarias produzidas no próprio hotel de forma sustentável, pois o espaço apresenta esse referencial em seu atendimento, dando prioridade ao consumo de produtos da região (frutas, legumes, leite, farinha, peixes, marisco, mandioca, doces, geleias e licores), possuindo uma horta orgânica utilizada em sua área gastronomica, usando a mão de obra local como forma de incentivar o desenvolvimento da economia local, sua estrutura física e arquitetônica prioriza um sistema de ventilação natural tornando a àrea externa extremamente confortante e agradável.Um ambiente propício para quem busca paz, sossego e conforto. O Hotel Urumajó está em serviço desde 2015, oferecendo uma hospedagem diferenciada utilizando e valorizando a região, além de ter como pilar a questão sustentabilidade social, econômica e social.

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HOTEL URUMAJÓ Contatos: 98878-3723 e-mail: facebook:


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ECONOMIA

farinha

augusto corrêa TEXTO: KARINE SARRAF BEZERRA /// FOTOGRAFIAS: CARLOS PARÁ

Augusto Corrêa é um polo produtor de farinha de mandioca na Região do Nordeste Paraense. Em certas regiões da zona rural do município é comum avistar plantações de mandioca e inúmeros quintais de casas com famílias produzindo, de modo tradicional, a saborosa e crocante farinha de mandioca.

Augusto Corrêa é um polo produtor de farinha de mandioca na Região do Nordeste Paraense

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de

corrĂŞa

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A

ECONOMIA

farinha de mandioca é um dos produtos mais consumidos no Pará, sendo o Estado maior produtor deste artigo no Brasil. Além disso, a cultura da mandioca é a mais explorada pela agricultura familiar paraense, não apenas pela aptidão natural das áreas (características do solo, regime de chuva, umidade relativa do ar,...), mas principalmente pelos hábitos alimentares da população, o qual está relacionado a forte influência indígena nos costumes paraenses. Nesse contexto, em Augusto Corrêa, localizado na macroregião do Nordeste Paraense, microrregião Bragantina, a farinha de mandioca também se destaca como principal produto agrícola do município e, ao lado da pesca, são os principais geradores de renda para agricultura familiar, bem como, são parte importante da base alimentar da população municipal. Apesar da grande importância da produção de farinha para agricultura

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familiar de Augusto Correa, boa parte da comercialização do produto é feita em Bragança. Isto ocorre por que, tradicionalmente, a feira do município vizinho é a mais procurada na região e onde se conseguem os melhores preços, visto que os compradores são de fora do município, principalmente da capital do estado. Considerando essa realidade, observa-se que a farinha vendida em Bragança, popularmente chamada como “Farinha de Bragança”, não é produzida apenas neste município, visto que a comercialização do artigo produzido nos municípios vizinhos é concentrada na feira bragantina. Por outro lado, deve-se considerar que Augusto Correa tornou-se município em 1962, e que até esta data, a área territorial da então Vila do Urumajo, pertencia ao município de Bragança. Assim, diante dos aspectos que envolvem a produção da farinha neste município, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará – EMATER-PARA, tem promovido o fortalecimento da Cadeia Produtiva

da Mandioca através da qualificação da farinha e de outros produtos provenientes dessa cultura. Para isso, realiza visitas, reuniões e palestras com intuito de orientar quanto a qualidade e apresentação do produto, além de viabilizar o crédito para investimento e custeio na plantação da maniva. Para complementar essas ações, a empresa tem a perspectiva de realizar atividades voltadas para as agroindustrias familiares do segmento, visando a implantação de Boas Praticas de Fabricação nessas unidades, inclusive com a possibilidade de investimento na melhoria das instalações e equipamentos através das linhas de crédito do PRONAF. Associado a isso, a EMATER-PARA esta articulando parcerias com órgãos de fiscalização e controle (ADEPARA e Vigilância Sanitária) para fazer a certificação sanitária da farinha e das casas de farinha e com a Secretaria de Desenvolvimento Agrário da Casa Civil (Governo Federal) para obtenção do Selo identificador de Produto da Agricultura Familiar e certificação de Produto Orgânico.


Karine de Almeida Sarraf Bezerra Medica Veterinรกria Extensionista Rural I\A EMATER-PARA

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ECONOMIA

feijão

caupi

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feijão Caupi, no município de Augusto Corrêa, sempre foi explorado para fins de subsistência das famílias de agricultores, por isso as variedades presentes, chamadas de são luiz e serrinha, eram de baixa produtividade e não gerava excedente para comercialização. Além disso, não havia nenhum tipo de tecnologia empregada no cultivo, que era caracterizada como “plantio no toco”. A partir de 1987, por meio de uma parceria entre o escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (EMATER-PARÁ), Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e produtores rurais do município, foi iniciado um trabalho que visava aumentar a 82 www.revistapzz.com.br

produtividade do feijão Caupi para atender mercados fora do município, fazendo dessa cultura uma opção comercial entre os produtos da agricultura familiar. Para tanto, o MAPA doou 45 kg de sementes certificadas de Caupi BR3-Tracuateua para formação de campo de multiplicação de sementes que tinha 1 ha de área e foi implantado por um grupo de 14 agricultores da comunidade de Vila Verde, liderados pelo produtor local Lucitácio da Silva Oliveira e sob orientação dos técnicos da EMATER-PARÁ Aquilino José Vasconcelos e Maria Amélia Lemos. A partir dos anos 1990, as áreas cultivadas do feijão Caupi aumentaram e se intensificaram na região, devido ao apoio dos agentes financeiros Banco do Brasil e Banco da Amazônia e do programa muni-

cipal de mecanização agrícola desenvolvido pela Secretaria Municipal de Agricultura. Esses dois fatores promoveram a introdução de novas práticas e técnicas de cultivo utilizando a mecanização como principal tecnologia aplicada. Nesse período, com a ampliação das áreas de cultivo, cresceu também a relevância econômica da atividade, tanto para agricultores, em função da renda gerada pela comercialização do produto, quanto para a economia local, pelo aquecimento provocado pela circulação dos recursos financeiros. O principal mercado do Caupi produzido em Augusto Correa, eram, e ainda são, os estados do Nordeste brasileiro. Apesar do mercado local absorver


muito pouco, por questões culturais, do feijão Caupi que é produzido no município, a renda gerada trouxe melhoria de qualidade de vida para centenas de famílias do campo. Tanto que o produto chegou a ocupar áreas de plantio superiores a 5.000 ha, fazendo com que o município de Augusto Corrêa se tornasse um dos maiores produtores e exportadores do produto na região nordeste paraense entre os anos de 2005 a 2010. Hoje, outros estados da federação passaram a produzir o Caupi utilizando tecnologia avançada de mecanização, provocando aumento da oferta e consequente queda significativa dos preços do produto em âmbito nacional. Além disso, os elevados custos dos insumos, a falta de organização para a comercialização, dentre outros fatores inerentes à agricultura familiar, tem forçado a uma drástica redução das áreas de plantio, que está já está reduzida a menos de 1.500 ha de área. Outro aspecto preocupante é que, cerca de 70 % da área plantada, pertence à agricultura empresarial. Este segmento tem melhores condições de competir por preços mais justos, pois produz em larga escala e, compensam a diminuição da margem de lucro na quantidade produzida. Isso faz com que a produção dos agricultores familiares fique estocada, provocando uma significativa redução na sua. Portanto, é necessário repensar na reestruturação da Cadeia Produtiva do Feijão Caupi da agricultura familiar. Se, de um lado, precisa-se baixar os custos de produção, do outro lado, tem-se que buscar novos mercados e estratégias de comercialização, considerando o contexto da diversificação da produção para promover a melhoria da qualidade de vida para a agricultura familiar.

Texto Robson Nascimento (Extensionista Rural da EMATER-PARÁ) Paulo S Pereira (Extensionista Rural da EMATER-PARÁ)

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ECONOMIA

MERCADO

LIVRE a o mercado municipal de augusto corrêa é farto e variado, uma vitrine da produção agrícola do município produzido pela agricultura familiar dos produtores rurais da região. lá você encontra farinha, peixes, mariscos, frutas, legumes e verduras da melhor qualidade.

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Mesmo com a proliferação de supermecados, as feiras jamais deixaram de cumprimir seu papel. Centenas de pessoas frequentam, semanalmente, o mercado de Augusto Corrêa.

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GASTRONOMIA

SABORES DO

URUMAJÓ

O Artigo A MULHER NA POLÍTICA PARTIDÁRIA DO URUMAJÓ do pesquisador JOSÉ RUBENS DE BRITTO FILHO dentro do contexto histórico de emancipação política fala a breves traços da condição da mulher urumajoense que confinada ao lar, ao silêncio, a

A inovação dos chefs no evento gastronômico na Pérola do Urumajó, fora abrilhantado, com a presença do jurado renomado Chef Valfir

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inovação dos chefs no grande evento gastronômico na Pérola do Urumajó, fora abrilhantado, e com uma conotação de aroma e temperos que surpreendeu não só os jurados, incluindo o renomado Chef Valfir Ribeiro, mas o público que se fazia reluzente no evento da Primeira Mostra Gastronômica de Augusto Corrêa. No total, foram inscritas 12 receitas com ingredientes regionais. Apresentação rica com a variedade de crustáceos, peixes, frutas, cultivo de feijão caupí, que se estende por toda a costa atlântica de Augusto Corrêa e seu interior de cultivo. Os pratos vencedores do Concurso Gastronômico Sabores do Urumajó, foram anunciados na mesma noite, domingo (23) julho, no encerramento do evento. Na categoria entrada, a receita casquinho de mexilhão ficou com o primeiro lugar; na categoria prato principal, o vencedor foi o prato Arroz de Caranguejo a moda paraense Uru-Majó e na categoria sobremesa, Surpresa de Bacurí. Os criadores das receitas levaram R$ 600,00, cada um. 86 www.revistapzz.com.br

Além do prato vencedor, Arroz de Caranguejo a moda paraense UruMajó, produzido pela Chef Ivana Roberta Oliveira. Ela apresentou a torta doce de bacuri com castanha do Pará. Todos com ingredientes naturais, produzidos no próprio município


Arroz de Caranguejo a moda paraense Urumajó

ARROZ DE CARANGUEJO

MODO DE PREPARO

MONTAGEM

O prato vencedor contou com ingredientes naturais, produzidos no próprio município. Segundo a chef Ivana Roberta Oliveira, o Arroz de Caranguejo a moda paraense Urumajó, foi elaborado com o seguinte ingrediente;

Tempere o caranguejo com alho, cebola, cheiro verde e azeite. Reserve. Em outra panela frite o arroz com alho e cebola, acrescente uma xícara de agua fervendo, quando o arroz estiver ao dente acrescentar o leite de coco. Finalize com cheiro verde.

Montagem do prato: Coloque uma camada do arroz, uma de caranguejo e jambu e continue a repetindo as camadas e finalize com camarões.

- 1 Kg de massa de caranguejo - 1 Kg de arroz - 200 ml de leite coco - 1 maço de jambu

E bom apetite

Dessalgue o camarão e deixe de molho no tucupí. Cozinhe o jambu até que esteja cozido, lamine dois dentes de alhos e frite no azeite, junte o jambu. Reserve.

- cebola a gosto - cheiro verde, alho e azeite à gosto. - Camarão para decorar - Tucupí à vontade

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GASTRONOMIA

Sítio Rio Grande O projeto do Sítio Rio Grande, nasceu da necessidade da construção de um novo modo de “viver” autosustentável que incluía qualidade de vida aliada ao trabalho de reconstrução e preservação do meio ambiente. Depois de 10 anos morando na Itália (Toscana), o casal Ricardo e Conceição Saavedra, resolveram concretizar o projeto no município de Bragança do Pará, local de natureza exuberante e ainda selvagem, tornando o sonho de ambos em um desafio excitante. Ele, arquiteto italiano. Ela, chefe de cozinha. Os dois tornaram o Sítio Rio Grande um cenário perfeito onde pudessem experimentar uma deliciosa cozinha italiana casando seus sabores com a culinária paraense marcante, construindo um sabor exótico, onde o sabor europeu casava perfeitamente com os insumos amazônicos. Pratos tradicionais da culinária italiana foram testados com os ingredientes da floresta e criaram um cardápio, além de interessante em apreciação visual, extremamente saboroso e requintado. No Sítio era marcante a presença de pés de limões, e como o casal não conseguia utilizar todos os frutos que se espalhavam resolveram seguir o velho ditado que a própria Chefa anuncia “Se a vida 88 www.revistapzz.com.br

te deu limões, faça uma limonada”. Assim o casal resolveu transformar a abundância dos frutos que aterra oferecia em licores orgânicos e magnificos refrescantes. Para acompanhar o “limocello”, foi criada uma linha de queijos temperados: “criamos a mozzarella (flor de leite), frescais temperados para servir junto ao licor, criamos também yogurtes e uma linha de massas frescas como: “noque” de jerimum, de batata e macaxeira, acompanhados de molhos diferenciados e orgânicos para acompanhar toda a linha. Sempre utilizo insumos locais orgânicos, temos uma horta aqui tanto de legumes, quanto de ervas finas que faço questão de manter e usar. Sempre busco casar os dois sabores, criei um bolinho de pato no tucupi com uma massa diferenciada, tudo que fazemos ou pensamos sempre está voltado para duas coisas que consideramos de suma importância: a sustentabilidade e o natural”. Criamos guloseimas também e estamos criando...sempre criando e testando para conseguirmos novos produtos. O espaço do Sítio conta com um Restaurante “Nonna Angela”, homenageando a sogra de Conca,de quem recebeu livros e cadernos de receitas da tradicional culinária italiana).


Licor de Limão Galego

Porco à la Toscana

Galinha Caipira Orgânica

Queijo Frescal Temperado

Noque de Jerimun com molho de tomate orgânico De sabor único e ambiente agradável, O Sítio Rio Grande é um deleite para quem quer experimentar uma alimentação saudável, com toque internacional e regional e também quer estar mais próximo da natureza. O espaço fica localizado a 10km de Bragança, recebe famílias nos finais de semana e por agendamento. Funcionamento: Aberto finais de semana Das 09h às 18h. Obs.: Com agendamento pode ser todos os dias no mesmo horário. Contato: Conca: (91) 9989-7689. (Whatsaap) Facebook: Sítio Rio Grande

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TURISMO

CICLO TURISMO

TEXTO: WAL MONTEIRO /// FOTOGRAFIAS: WAL MONTEIRO E CARLOS PARÁ Os passeios ciclísticos recreativos desenvolvidos por grupos de ciclistas locais e de municípios vizinhos, vem incentivando a prática e o desenvolvimento dessa atividade turística no município de Augusto Corrêa.

Passeio Cicloturístico Augusto Corrêa- Prainha 2017 90 www.revistapzz.com.br


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bicicleta é um invento que evoluiu e foi ocupando grande espaço no cotidiano das cidades. Desde da primeira invenção do “celerífero” (brinquedo feito de madeira) criado pelo Conde de Sivrac em 1790, até a evolução de sua forma atual denominada de bicicleta, várias foram as maneiras do homem se relacionar com esse objeto que foi adaptado de tal forma, que o “andar de bicicleta” tornou-se uma prática cultural, seja como instrumento de trabalho, competições esportivas, lazer ou veículo de turismo, este meio de transporte ganhou novos sentidos. O Cicloturismo por exemplo, como atividade que utiliza a bicicleta como principal meio de transporte no turismo é uma das atividades que vem crescendo e ganhando destaque no turismo. No Brasil existem várias rotas que são percorridas por cicloturistas, a maioria dessas são por áreas rurais em estradas de chão batido com uma gama de elementos naturais e culturais presentes, o que enriquece mais ainda o produto turístico. Um exemplo é a rota da Estrada Real em Minas Gerais, o percurso é realizado de bicicleta e contém um circuito de Vilas e Fazendas que preservam a história do Brasil do período colonial e é usado como uma das principais atratividades do roteiro. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define o cicloturismo como “atividade de turismo que tem como elemento principal a realização de percursos de bicicleta”. Uma das principais características que define o cicloturismo é a não competitividade, pois o cicloturista não está preocupado em chegar rápido, e sim contemplar, conhecer e se relacionar com as coisas que lhe rodeiam nos caminhos que percorrem despertando certas curiosidades. No Brasil algumas cidades vêm desenvolvendo roteiros de cicloturismo como forma de alavancar essa nova modalidade de se fazer turismo no país. No mês de junho de 2017, mês que se comemora a semana do meio ambiente, a Floresta Nacional (Flona) de Brasília através do ICMBio inaugurou no país o maior circuito de trilha de mountain bike com 44 km de trilha sinalizada dentro de uma unidade de conservação. Atualmente as Unidades de Conservação do Brasil, como www.revistapzz.com.br 91


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TURISMO

os parques ambientais tem ganhado esse tipo de atividade turística dentro de suas unidades, incentivando dessa forma um modelo de desenvolvimento turístico mais SUSTENTÁVEL sem causar grandes impactos ambientais, pois a bicicleta não polui e não necessita de grandes infraestruras para desenvolver essa atividade. As Unidades de Conservação apresentam um grande potencial turístico que podem ser explorados por atividades nas quais utilizem os recursos de forma sustentável. No que diz respeito Unidade de Conservação (UC), a Resex – Reserva Extrativista Marinha Araí-Perobá, localizada no município de Augusto Corrêa, no Nordeste paraense e distante aproximadamente a 220km da capital Belém, possui um grande potencial ecoturístico ainda a ser explorado de forma sustentável. Um exemplo são as trilhas ecológicas que podem ser desenvolvidas em torno da área que abrange a Unidade de Conservação ou em áreas rurais do município. Os passeios ciclísticos recreativos desenvolvidos por grupos de ciclistas locais e de 92 www.revistapzz.com.br

municípios vizinhos, vem incentivando a prática e o desenvolvimento dessa atividade turística no município de Augusto Corrêa. Os elementos naturais e culturais presentes dentro ou em torno da Resex do município podem ser utilizados como atratividade turística. Um exemplo é a Prainha localizada na comunidade da Ponta do Urumajó, distante a 8km da sede do município, é um dos destinos turísticos bastante procurado por turistas e ciclistas de vários lugares. A prainha é um ambiente ainda rústico, no qual preserva algumas características de uma comunidade pesqueira, como por exemplo, a presença de ranchos, construções típicas de pescadores feitas de madeiras e cobertos por palhas, fixas em áreas de maré, além disso não existe energia elétrica. A estrada que dá acesso a Prainha é de chão batido, e passa por áreas de manguezais o que permite a observação de um ecossistema fluviomarinho, formado por uma vegetação característica de manguezais. Chegando na prainha é possível observar de perto a pesca arte-

sanal realizada em currais. A pesca em currais é uma atividade pesqueira de característica indígena da Amazônia. O curral de pesca é um tipo de armadilha construída de cerca e fixa em áreas de maré no qual possibilita a entrada de peixes e dificulta a saída ou escape do pescado. Quando a maré baixa ou vaza, o dono do curral despesca a armadilha. Nesse tipo de pesca não se utiliza iscas para atrair o peixe. A revoada de guarás no fim da tarde, junto com o belo pôr é uma atratividade a parte. Essas características podem ser exploradas como uma atratividade turística para àqueles que buscam no turismo novas experiências, conhecimentos e vivencias.


* Wal Monteiro. Oswaldina Monteiro é Turismóloga, formada pela UFPA e trabalha atualmente no Departamento de Turismo do Município de Augusto Corrêa.

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TURISMO

ECOTURISMO NA DE URUMAJÓ

APA

TEXTO: AMÓS AMORIM* /// FOTOGRAFIAS: PETRUS JUNIOR

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A

APA da Costa de Urumajó, apresenta um arquipélago de 29 ilhas, algumas paradisíacas, dentre as quais são notáveis potencialidades como destinos de ecoturismo, para aqueles que almejam um contato mais próximo com a natureza exuberante do local e da cultura dos pescadores que frequentam, sazonalmente, as praias pertencentes à APA. Embora essas ilhas recebam sazonalmente esses pescadores artesanais da região, estas já tiveram moradores fixos, resultado do processo de ocupação do município. O processo de ocupação, dessa região se deu devido à migração, principalmente, de nordestinos que habitaram inicialmente essa área, fixando moradias na região de ilhas do município, esses se dedicavam a pesca artesanal, migrando posteriormente para zonas de matas, onde se iniciou algumas das comunidades hoje existentes, esse processo foi resultado da forte erosão nessas ilhas que dificultou a permanência dessas comunidades nesses espaços, que hoje se conhece com APA da Costa de Urumajó. De acordo com o gestor municipal do período de criação desta UC, a ideia partiu por pesquisadores e técnicos do

Museu Emilio Goeldi, Universidade Federal do Pará (UFPA) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), a partir de estudos feitos na Ilha de Canelas no município de Bragança, a respeito da ave guará (Eudocimusruber), que apontava aquela área como um dos maiores ninhais do estado, foi observado que a ilha da Filipa na costa do município, estava recebendo grande número de pássaros migratório da ilha de Canelas, e precisava se tornar uma área protegida. A APA apresenta uma área territorial de ilhas de 306,17km², na qual se destacam de acordo com o conhecimento empírico do pescador Manoel Amorim, conhecido como Curica, diversas ilhas que são interligadas pelos rios que banham a região e pelos furos, assim destaca o pescador: À Ilha das Pedras, Ilha do Bodá, Ilha do Paulo, Ilha do Piquia, Ilha do Periquito, que ficam as margens do rio Urumajó, descendo encontra-se as Ilhas de Goiabá, Pifania, Coroa Comprida, Marambaia, Cardoso, Prainha que pertence ao rio Camaramirim, logo Ilha do Pongão,Jabutiteua, Mandarité, Camará-Açu (praias do Cupim, Areia Branca, Camará-Açu, Cajueiro), Ilha da Onça e Camará-Açuzinho, nesta área também se depara com o lombo do Murucí que sofreu processo de erosão e é visto apenas com a maré baixa. Na Costa do rio Aturiaí, descemos pela Ilha de Timboteua, Pirateua, Ilha dos Curicas, Ilha do Chibé e Ilha do Rodrigues. Descendo pelo rio Emburanunga, temos a Ilha do Coco e Ilha do Caripé. Do outro lado, se localiza a Ilha do Meio, Porto Velho, Carrapatinho e Ilha da Filipa. Essa região apresenta uma rica natureza, com espécies de árvores frutíferas e grandes mangueiros, o mangue-ver-

Essa APA apresenta um arquipélago de 29 ilhas, algumas paradisíacas, dentre as quais são notáveis potencialidades como destinos de ecoturismo, para aqueles que almejam um contato mais próximo com a natureza exuberante do local e da cultura dos pescadores que frequentam, sazonalmente, as praias pertencentes à APA. Embora essas ilhas recebam sazonalmente esses pescadores artesanais da região, estas já tiveram moradores fixos, resultado do processo de ocupação do município.

melho (Rhizophoramangle), mangue -branco (Laguncularia racemosa) e mangue-preto (Avicenniaschaueriana). Encontra-se variadas espécies de animais silvestres, espécies marinhas, várias espécies de peixes, e outros tipos de frutos do mar. Pôde observar a presença de aves como garças (Ardea alba), patos selvagens (Cairinamoschata), guarás (Eudocimusruber), flamingos (Phoenicopteridae) e outras espécies de pássaros como taquiris (Nyctanassaviolácea), e maçaricos (Calidrispusilla). Essas espécies são mais frequentes na ilha da Filipa, que é uma das principais ilhas da costa e se destaca como um dos maiores berçário de pássaros do estado do Pará. A ilha está localização na Baía do rio Emboraí, cerca de 1h de barco da sede

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do município. É um espaço de proteção permanente dentro da APA, com ricas belezas naturais, onde os pássaros típicos dessa região revoam a área e reproduzem. Essa ilha já recebe certa demanda turística, pois é ofertada como atrativos em pacotes vendidos por empresas locais. Os cantos e as revoadas é um espetáculo para os visitantes. Na visita é possível ver de perto, os ninhos dos mais diversos pássaros. Nas árvores, o que se destacam são as cores dos pássaros chegam ao finalzinho da tarde. Na APA da costa de Urumajó está situada a ilha de Camará-Açu, localização na baía do Emboraí, cerca de 50 km (50min a 1h20m de lancha ou barco), sendo bastante visitada por pesquisadores, aventureiros, amante do ecoturismo e, principalmente, por famílias de pescadores artesanais da região e empresários locais. Os aspectos naturais da ilha se são as capoeiras, restingas, e um manguezal abundante em quase todo seu território, com uma diversidade de pássaros migratórios e animais silvestres. Apresenta grande extensão de praias (Praia da Areia Branca, Praia do Cupim, Praia de Camará-Açu e Praia do Cajueiro). Na Praia do Cupim encontram a maioria dos ranchos dessa área tanto de pescadores, quanto de turistas que são de empresários locais. Em Areia Branca é notável grandes dunas de areia e vegetação nativa. As características naturais da ilha de Camará -Açu, atraem, cada vez mais, visitantes ao local. Com todos esses atrativos, tanto social e cultural, como ambiental, esse patrimônio se torna um dos principais potenciais turísticos da região, principalmente para a atividade de ecoturismo, interligando todas essas vertentes, fomentando o atrativo para o turismo. Durante o percurso até a ilha de Camará-Açu, pode-se perceber a natureza exuberante da área. À noite podem-se visto luzes acessas em toda extensão da costa, pois os pescadores lançam a rede neste horário, sendo mais propício ao peixe. Pode-se ouvir o som dos cantos das aves e grunhidos de animais silvestres, assim como o som das ondas do mar. O pôr e o nascer do sol podem ser visto durante a viagem, assim como se podem observar os grandes mangueiros da APA. A revoada de pássaros é um espetáculo à parte no percurso até a ilha, onde os guarás e as garças enfeitam o céu nas cores vermelho e branco,

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assim como as árvores do mangue, os peixes pulam no rio, parecendo até, que estão vindos em nossa direção, e se der sorte pode-se ver o mergulho dos botos. Na praia do Cupim, o cotidiano do pescador é um dos atrativo principal, pois apresenta técnicas culturais e historicidade sobre o local visitado. Os ranchos dos pescadores e dos empresários servem para hospedagem dos visitantes. Nesse espaço, podem ser desenvolvidas atividades do ecoturismo. Próximo dessa praia encontra-se a praia de Areia Branca. O seu percurso se dar ou por terra na maré baixa, ou pelo furo do Cupim, seguindo pelo furo da Areia Branca. É a praia mais sossegada da ilha de Camará-Açú, por ser a mais distante da costa, apresentando um ambiente tranquilo e paradisíaco. Há poucos ranchos e poucos pescadores, a praia chama atenção pela natureza do local e sua biodiversidade. Há lagos de água doce no inverno, que são o diferencial dessa praia, sendo um atrativo a parte, nessa área. Existe um guia local, pescador artesanal, que cobra em torno de vinte reais para levar os turistas nos lagos e nas áreas de vegetação. Entre as duas principais praias da ilha, Cupim e Areia Branca há frequência de grandes ondas, devido estarem na ponta próxima ao oceano. Essas características têm chamado à atenção de surfistas que procuram esse lugar paradisíaco para a prática do surf. O turismo na ilha é feito normalmente pelos empresários locais, que chegam de lanchas e se hospedam na praia do Cupim, em ranchos que são de propriedade dos mesmos, realizam passeios na maré baixa, de buggy ou quadriciclo, nas grandes dunas de areia presente na ilha. Essa área é considerada pelos turistas e pescadores como um “paraíso no meio do mar”

* Amós Barros é turismólogo, bacharel em Turismo pela UFPA e Diretor de Turismo da Prefeitura de Augusto Corrêa.

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ARTES VISUAIS

O ESSENCIALISMO

DE LEILA

LEILA SANTOS FERREIRA, nascida em Augusto Corrêa é formada em Artes Visuais pela Universidade Federal do Amapá, fez curso de desenho pela Escola de Arte Cândido Portinari. Apesar de nascer surda com perda 100% de audição do lado direito e 89% do ouvido esquerdo, tem o dom da habilidade artística a qual atingiu a independência do seu traço.

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ARTES VISUAIS


Leila é parceira do Centro de Atendimento Educacional Especializado do Município de Augusto Corrêa, que sua irmã coordena, Leila também já ganhou concurso como coreógrafa, suas telas já foram vendidas para fora do país.

LEILA SANTOS FERREIRA, nascida em Augusto Corrêa é formada em Artes Visuais pela Universidade Federal do Amapá, fez curso de desenho pela Escola de Arte Cândido Portinari. Apesar de nascer surda com perda 100% de audição do lado direito e 89% do ouvido esquerdo, tem o dom da habilidade artística a qual atingiu a independência do seu traço. Alfabetizada por sua mãe através do desenho, cansada do preconceito, parou os estudos, mas mesmo assim sua irmã a levou para outro estado a escreveu no vestibular e lhe ensinou técnicas de redação em casa, ela fez o vestibular em artes e tirou em 8 lugar, concluiu o curso, lutou para apresentar seu TCC que contava sua história, pois seu professor não à quis orientar por encontrar dificuldade para se comunicar com ela, sua irmã à orientou e ela tirou nota máxima Leila é parceira do Centro de Atendimento Educacional Especializado do Município de Augusto Corrêa, que sua irmã coordena, Leila também já ganhou concurso como coreógrafa, suas telas já foram vendidas para fora do país.

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CULTURA

amigos do xote Por Igor Navegante

Para os Amigos do Xote, o resgate das “boas” musicas através do xote tem grande importância, pois traz à cultura e a informação, traduzindo nossa história em forma de composições marcantes, que precisam fazer parte de nossa memória.

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Grupo Amigos do Xote, foi criado no ano 2015. O grupo é composto por cinco músicos, sendo: Esmael Menner vocalista; Abraão dos teclados, Maycon Azevedo-baixista, Willian Souza-Baterista, Igor Navegante-efeitos, e participação especial dos amigos Dinho Lobato-cantor e compositor e Mauro Corrêa-Violinista. O grupo tem como objetivo resgatar a valorização da cultura do xote Urumajoense, que com o passar do tempo vem perdendo espaço para uma indústria cultural massificada. Onde a mídia lança para o sujeito um conjunto de elementos que o conduzem a desejar a imitar a “estrela” da vez ou cantar a música

do momento, mesmo que seja uma letra que ofenda a mulher ou uma dança que faça insinuações erotizadas. Para nós artistas culturais Urumajoense o resgate das “boas” musicas através do xote tem grande importância, pois traz à cultura e a informação, traduzindo nossa história em forma de composições marcantes, que precisam fazer parte de nossa memória. Nossa música busca valorizar a cultura local, além disso, é aquela que surge do povo, ou seja, das suas histórias, das suas vivencias cotidianas.


MARIAZINHA

Esmael Menner-compositor e cantor Cheguei da pesca , tô doidinho pra te ver, Tava morrendo de saudades de você, Mariazinha , prepara o caribé, Que eu vou aproveitar a enchente da maré. A pesca não foi boa lá pro Camará Mirim, Por isso eu voltei pra vila do Perimirim, Só posso em fim, levar farinha, peixe seco, E o meu coração..... Cheio de amor dentro do peito. Se Urumajó fosse no Japão Eu iria a pé pra conquistar teu coração, Mas é aqui pertinho e eu vou de canoa, E a gente vai se amar olhando a lua lá da prôa Se Urumajó fosse no Japão, Eu iria à pé pra conquistar teu coração, Mas é aqui pertinho e eu vou de canoa , E a gente vai se amar..... Olhando a lua lá da prôa...laiá laiá

Esmael Menner compositor e cantor

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NOSTALGIA BRAGANTINA

Fabrício Castanho

MAJOR BENEDITO

O Major Benedito Cardoso ATHAYDE, com 22 anos de idade veio a tomar posse das terras do pai no mesmo povoado onde nasceu no Cacoal pertencente ao distrito do Urumajó, onde possuía um grande comércio que abastecia todo o povoado inclusive os indígenas da época.

O Major Benedito Cardoso de Athayde ( 1962 ) primeiro prefeito constitucional do município de Augusto Corrêa.

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solenidade de posse do primeiro prefeito constitucional do município de Augusto Corrêa, Major Benedito Cardoso de Athayde ( 1962 ), sentado de óculos escuros. Ao lado esquerdo, Sr. João Alves da Mota, vice prefeito de Bragança, ao lado direito, Tenente Honorato Feitosa, Dr Jorge Ramos, prefeito de Bragança, a escritura fora lavrada no cartório de primeiro ofício de Bragança pelo próprio tabelião na época Sr. Antônio Pereira da Silva. O Major Benedito Cardoso, com 22 anos de idade veio a tomar posse das terras do pai no mesmo povoado onde nasceu no Cacoal pertencente ao distrito do Urumajó, onde possuía um grande comércio que abastecia todo o povoado inclusive os indígenas da época. Em 1913 casa.-se com com Rosa Fernandes de Medeiros e ingressa no Partido Republi-

cano que no Estado era chefiado pelo Major Francisco Pinheiro Junior, conhecido por Chico Pinheiro. Recebeu a patente de Major da Guarda Nacional por decreto do Presidente Epitácio Pessoa. No entanto como Intendente dirigiu os destinos de Bragança entre 1919 a 1921, quando por sua iniciativa organizou o Tiro de Guerra 596 e apoiou a Revolução de 30, onde levou a Getúlio Vargas à Presidência da República e o Major Magalhães Barata a Governador do Estado. Durante a Era Vargas foi eleito inúmeras vezes vogal ( vereador ), se tornando Presidente da Câmara. Elegeuse Prefeito Constitucional da Cidade de Augusto Corrêa em outubro de 1962, antiga Vila de Urumajó, onde foi diplomado no mesmo ano e assumindo as funções em 31 de janeiro de 1963. Onde veio a falecer em Belém em Julho de 1979, o traslado seguiu para o cemitério Santa Rosa de Lima em Bragança.


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