revistapzz.com.br
VIGIA DE NAZARÉ berço histórico artístico cultural
TEATRO
l
FOTOGRAFIA
l
MÚSICA
l
CINEMA
l
DOCUMENTÁRIOS
l
ECONOMIA l ARTES VISUAIS www.revistapzz.com.br 1
ANĂšNCIO
2 www.revistapzz.com.br
Edição 28 | 2017
Diretoria Executiva Carlos Pará Editor Responsável Carlos Pará 2165 - DRT/PA Diagramação Carlos Pará Fotografias Amazo Alcântara Adriana Lima Produção Executiva Carlos Pará Webdesigner Andrey dos Anjos Revisão Final: Elias Teles Impressão: Gráfica Sagrada Família Distribuição Belém, Pará, Brasil Contatos (91) 98335-0000 email revistapzz2017@gmail.com Twitter @revistapzz Facebook https://www.facebook/revistapzz
cartas Issn: 2176-8528 A Revista PZZ é uma publicação bimensal da M.M.M. Santos Editora EPP - Av. Magalhães Barata, 391, Belém, Pará, Amazônia, Brasil Cep 66093-400 Cnpj : 07.015.922/0001-11 Issn: 2176-8528 site: revistapzz.com.br
Parceiros
www.revistapzz.com.br 3
É
com muitom orgulho e satisfação que apresentamos a edição especial da Revista PZZ sobre nossa cidade de Vigia de Nazaré onde desde as ações dos jesuítas representaram papel de extrema importância na formação cultural, contribuindo também para a caracterização do aspecto arquitetônico. Com 400 anos de história o município é berço de um elenco de nomes que se destacam no cenário artístico, cultural e político, fato que lhe faz conhecida como Atenas Paraense. Sua base econômica é a pesca, que contribui significativamente para o mercado de consumo nacional e internacional, através da exportação de pescado e produtos derivados. A cultura popular vigiense é variada, representada por grupos folclóricos de Carimbó, Boi-bumbá, Cordões de Pássaro, Folia de Rei Lendas, Mitos, Crendices e o Carnaval. Nossa Gastronomia é rica e diversa Vigia de Nazaré é uma cidade com grande potencial turístico e abre suas portas para recebê-los de braços abertos. Em seus 402 anos de história
4 www.revistapzz.com.br
ANĂšNCIO
www.revistapzz.com.br 5
PZZ_VIGIA / LITERATURA
Carlos Pará Raul Lobo
BREVIÁRIO DA LITERATURA DE VIGIA
“A divulgação da Literatura de VIGIA constitui-se na revelação autores e de obras poéticas que merecem divulgação para o público leitor da PZZ e para as novas gerações conhecerem o valor inigualável dos escritores e poetas da ATENAS PARAENSE, e assim serem reconhecidos e admirados pelos seus conterrâneos e ganharem uma janela no cânone da literatura paraense universal.
E
ste breve estudo dos poetas e escritores de Vigia de Nazaré, cidade histórica do nordeste paraense, constitui-se na revelação autores e de obras literárias, que merecem divulgação para o público-leitor da PZZ e para as novas gerações conhecerem o valor inigualável dos escritores vigienses, e assim poderem ser reconhecidos e admirados pelos seus conterrâneos e ampliar o alcance do texto literário, em função de um fenômeno mais extensivo que engloba, a linguagem, a sociedade, a história e a memória brasileira. As poesias aqui reunidas são recortes da produção de autores que revelam uma existência de reflexões sobre a memória, o cotidiano, as tradições e amores à terra natal, trazendo para este ensaio, as pedras que ajudaram a construir e a preservar a identidade e a história de Vigia, “Vigia, os guardiões do tempo/ Ungiram na academia /O teu nome.” como diz uma estrofe do poema de Wilkler Almeida E no depoimento do nosso imortal poeta José Ildone, “Comunidade sem Artistas está morta e enterrada na necrópole do Esquecimento. VIGIA DE NAZARÉ, ao
6 www.revistapzz.com.br
contrário, tem e valoriza seus Artistas: os que usam sensibilidade, inteligência e habilidade para mostrar ao mundo o que o mundo possui na sua mais expressiva representação. Nossa terra se alimenta da herança jesuítica, internacionalmente conhecida, admirada e estudada, especialmente na
As poesias aqui reunidas são recortes da produção de autores que revelam uma existência de reflexões sobre a memória, o cotidiano, as tradições e amores à terra natal, trazendo para este ensaio, as pedras que ajudaram a construir e a preservar a identidade e a história de Vigia sua MATRIZ DE NAZARÉ, monumento que a mão cabocla ajudou a construir. No decorrer dos séculos, multiplicaram-se os desenhistas e pintores de telas sacras e profanas,
Domingos Antonio Raiol mostrando nos traços, nas cores, na agudeza da visão, a vida que pulsa e encanta. Conjuntamente, surgem os escritores, em especial os POETAS - arautos do “sentimento do mundo”, como propôs o mineiro Carlos Drumond de Andrade, os poetas - com a palavra profunda, sedutora, definitiva" declara Ildone. Uma cidade que se escreve por mais de 400 anos, incontestavelmente reconhecidada
por todos os os Paraenses, como terra abençoada onde a devoção à Nossa Senhora de Nazaré advém e pelo talento vigiense, onde a devoção a ARTE - sublime atividade, rara neste mundo sem paz, é uma arma contra o ódio, a guerra ou destruição moral, que, com certeza, engrandece e envolve o Ser Humano, com o êxtase dos tempos imortais. Nesta breviário, fruto da pesquisa do escritor Raul Lobo e na divulgação do site www.culturavigilenga.com.br basicamente centramos nos aspectos literários locais, onde você vai encontrar também com poemas que fizeram construir uma VIGIA DE NAZARÉ respeitada há séculos, no Pará e além de nossas fronteiras, pelo Brasil a fora. LITERATURA VIGIENSE Na Literatura Vigiense, encontramos tanto no passado como no presente: Poetas, Prosadores, Memorialistas, Cordelistas, Gramáticos, Historiadores, Literatura de Viagens, Filosofia, Teatrólogos, Contistas, Romancistas, Didáticos, Jornalistas, na área de Direito, Matemática. Com isso, mostramos a diversidade que a Vigia tem no campo da literatura e que mantém, 35 escritores lançando livros. "Vigia ostenta o título outorgado no passado de “Atenas Paraense”, concedido ao município por se destacar em diversos seguimentos da sociedade no estado, motivo de orgulho para nós vigienses. No Passado destacamos Domingos Antônio Raiol, fundador e primeiro presidente da Academia Paraense de Letras - APL e o Instituto Histórico e Geográfico do Pará - IHGP. Autor de várias obras, citamos “Os Motins Políticos”, que é a História dos principais acontecimentos Políticos da Província do Pará desde o ano de 1821 até 1835. Filho de Pedro Antônio Raiol e de Arcângela Maria da Costa Raiol, casouse com Maria Vitória de Chermont. Formado pela Faculdade de Direito do Recife, em 1854, foi procurador
HINO DA VIGIA Letra: Prof. José Música: Maestro José Maria Vale
José Augusto Corrêa da Fazenda Nacional no Pará, além de deputado provincial várias vezes e deputado geral na 12ª legislatura, em 1864, pelo Pará, em 1900 fundou a Academia Paraense de Letras. Foi presidente das províncias de Alagoas, nomeado por carta imperial de 23 de junho de 1882, de 3 de setembro a 11 de dezembro de 1882, do Ceará, de 12 de dezembro de 1882 a 17 de maio de 1883, e de São Paulo, nomeado por carta imperial de 30 de junho de 1883, de 18 de agosto de 1883 a 29 de março de 1884. Agraciado barão em 3 de março de 1883. A Academia Paraense de Letras (APL) é a entidade literária máxima do Estado do Pará. Acha-se instalada à Rua João Diogo, 235, bairro da Cidade Velha em Belém do Pará. Foi fundada por Domingos Antônio Raiol – o Barão de Guajará em 3 de maio de 1900, uma das mais antigas do Brasil, posterior apenas à Academia Cearense de Letras e à Academia Brasileira de Letras. A data da criação da Academia Paraense de Letras coincide com a do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, e ambos ocuparam o mesmo local para suas sessões e seu expediente. A reunião de criação das duas entidades foi conjunta. No entanto, não há registro conhecido de ata da referida reunião. O Barão de Guajará publicou os livros Motins Políticos,
Estribilho Vejo o sol brilhar no teu destino, Iluminando a História do Pará. No Civismo na Crença, nas Artes, Outra rival não te suplantará. (1) Ó Vigia, vigilenga de heróis, Dom secular do Guajará-miri, És a herança de Cultura e Fé Que os Jesuítas plantaram aqui. (2) Um filho teu, para o nosso Brasil, Trouxe, de longe, o ouro do café. E, do Oriente, nós todos herdamos A tradição já nascida em Nazaré. (3) Se a Cabanagem á Vila feriu, A gratidão platina te ergueria, E a inteligência, triunfante na vida, A nossa Atenas do Pará consagraria. (4) Tu és, Vigia, guardiã do Norte, Um município – de outros, matriz, E novo lar para tantos que chegam. Possuis Amor e Progresso. És feliz!
em três volumes que narra a invasão dos Cabanos em Vigia sendo que o mesmo foi testemunha visual quando criança o acontecido sendo seu Pai Vereador Antônio Raiol um dos mortos no ataque ao Trem de Guerra de Vigia. De Vigia, José Augusto Corrêa, que pertenceu à Academia de Ciências e Letras de Portugal, e lançou a “Crônica Planetária”, primeira narrativa de uma viagem em torno do planeta, em Língua Portuguesa. No presente, destacamos o Professor José Ildone Favacho Soeiro, membro da Academia Paraense de Letras e autor de 28 obras já publicadas, das quais destacamos o Chão D’Agua, leitura obrigatória do Vestibular da UFPA no ano de 1989, hoje na 5ª Edição, só superado pelo livro “Batuque” de Bruno de Menezes com 6 edições no nosso Estado e a segunda obra mais
www.revistapzz.com.br 7
PZZ_VIGIA / LITERATURA
José Ildone importante Romanceiro da Cabanagem, José Ildone é Poeta, Memorialista, Cronista, Contista, Teatrólogo, Historiador, Pesquisador e Jornalista, hoje ocupa a cadeira 31 na APL José Ildone (Vigia, 1942) iniciou os estudos na Vigia e depois em Belém (Seminário Metropolitano, Colégio Estadual Paes de Carvalho e UFPA). Formou-se em Letras em 1976. Na Vigia, que divulgou pelo Brasil afora e onde apoiou inúmeras atividades sócio-culturais, lecionou por várias décadas. Foi secretário municipal, vereador, vice-prefeito (presidindo a Câmara Municipal) e prefeito, em eleições diretas. Dirigiu por muitos anos várias entidades locais da área cultural. Eleito Professor do Ano e Vereador do Ano, tem seu nome aposto em escola municipal. Colabora há décadas em jornais e revistas de Belém: Folha do Norte, A Província do Pará, O Liberal, Mensagem, Gol e Aspectos – nesta, como editor especial, junto a Assis Filho. Tem proferido palestras, integrado júris (inclusive de carnaval belenense), recebido homenagens e comendas. Em 1987 colaborou com a TV Cultura para realização de documentário sobre Vigia. Participou de encontros e congressos no Pará, Rio, São Paulo e Brasília, e recebeu convites para cursos de Administração Pública na Espanha e EUA.
8 www.revistapzz.com.br
Vários poemas seus foram musicados e apresentados em público, estilo jogral, em Vigia e Belém. Em 1981 ingressou na APL. Preside a Comissão que elabora a Introdução à Literatura no Pará. Presidiu até 1990 a APE – Associação Paraense de Escritores, que representa no Conselho Diretor da Fundação Cultural do Pará. Como diretor de Documentação e Divulgação da Imprensa Oficial do Estado, editou o Suplemento Cultural (1983 a 1986), coordenou edição de vários livros (como Personalidades no Pará). Em 1987 foi homenageado pela Escola de Samba Estação Primeira da Vigia, com o samba -enredo “José (Poeta) Ildone”. Conquistou primeiro lugar em inúmeros concursos e recebeu várias láureas em concursos de poesia, reportagem sobre a Amazônia, música, peça teatral (julgado pelo SNT/RJ, em 76), crônica e conto. Possui alguns livros premiados inéditos e peças teatrais Uirapuru e A Arraiada (encenadas na Vigia), além de Cativeiro. Participou da Antologia de Poetas Contemporâneos, organizada por Henrique Alves, e editada pela GM do Brasil. Livros: Tiradentes-Sangue Derramado pelo Ouro da Liberdade & Canto no Campo. 1974; Chão d’Água. Poesia. Belém, CEJUP, 1980. Mais 5 edições. Prêmio Vespasiano Ramos 1979 da APL. Escolhido para leitura no Vestibular da UFPA; Luas do Tempo. Belém, 1983; Ro-
manceiro da Cabanagem. Belém, Secretaria de Educação de Belém, 1985. Menção Honrosa da UBE/RJ; A Hora do Galo. 1987; e Trilogia do Exílio. 1987 – estes todos de poesia. E ainda: A História da Imprensa Oficial do Pará, em 1985. Do livro Poesia do Grão-Pará (Rio, Graphia, 2001, seleção e notas de Olga Savary) Com o livro: Vigia de Nazaré: fragmentos de uma história, o escritor Bartolomeu, ou “Seu Bartô”, como é conhecido, lançou no ano de 2009 um breve histórico sobre a cidade da Vigia, contando fragmentos do que se passou nesses 400 anos com alguns fatos nunca antes relatados. Seu Bartolomeu por muitos anos também foi Diretor da Escola Bertoldo Nunes. Na Academia Paraense de Letras APL, contamos com 08 (oito) Vigienses desde sua fundação até hoje. Na área de Jornalismo destacamos: José Leal, que foi o primeiro jornalista do Norte a cobrir as eleições nos Estados Unidos do presidente eleito Jhime Carter, para a Província do Pará e o Jornalista José Nélio Palheta que exerceu a função de Secretário de Comunicação Social do Governo Jatene. Conquistou dois prêmios VIVENDA DE JORNALISMO o único no nosso estado a conquistar esse título Entrou na Literatura pelo portal da poesia com o livro ”EQUINÒCIOS” poema.
NÉLIO PALHETA
No ano em que a Poesia foi escolhida como o país homenageado da XXI Feira Pan-Amazônica do Livro, a Imprensa Oficial do Estado (IOEPA) apresentou ao leitor “Equinócio”, um livro de poemas que lança o jornalista Nélio Palheta no mundo literário. O nascimento de “Equinócio” advém da descoberta do poeta quando verifica a quantidade de poemas sobre um tema recorrente e cheio de muitas variáveis sobre água, mar, rio, oceano, pescador, pescaria. Com o tempo foi enriquecendo esse tema múltiplo sobre o mesmo tom com novas imagens, visões, leituras e realidades universais, históricas e até mitológicas. “Eu sintetizaria tudo isso em um tema central que é a memória. Descobri também que o passado estava presente intensivamente nos meus poemas. E o leitor vai encontrar muitas vezes as palavras relógio, ponteiro, calendário, tempo, ontem, passado, futuro, presente. Gosto muito disso tudo. Inspirame Santo Agostinho ao falar do tempo. E nessa batida, é meio paradoxal lembrar daquilo que não vivi exatamente, com por exemplo, nadar, e eu não sei nadar. E por isso registro enorme saudade da maré, do rio, de pescadores e histórias que giram em torno do rio - de Vigia - que não é rio”, relatou. Palheta disse que resolveu publicar os poemas depois de ouvir a crítica de várias pessoas, de estudiosos da literatura, de “amigos suficientemente críticos que não permitiriam que eu tornasse públicas bobagens em versos, de inspiração fácil. E como descartei bobagens? Cortando, jogando fora, ignorando e refazendo. É um exercício regular do meu trabalho de jornalista. Muito exigente, descartei poemas estando o livro quase na impressora, por pura autocrítica”, pontuou. Para Nélio, os poemas são memorialísticos também. Sempre entre textos e reportagens, a palavra foi sua matéria-prima e sua fonte de inspiração. Nos últimos tempos tem se dedicado quase que diariamente à poesia – ora escrevendo, refazendo, recriando -, ora lendo muitos autores. Sem essa entrega não tem poesia, criação”, ensina.
CANTO EQUINOCIAL Por Nélio Palheta (Reportagem poética de um equinócio) I Na noite da lua cheia Rio feito mar chega sem aviso Interrompe a farta seia do leito E banha de sal o lugar quente do coito Traz canto de sereia no afoito da inundação Vigilenga vem namorar na janela VII Água de março é assim Ninguém sabe de onde sai Nem de onde vem de dia, de noite Do oceano! – Do Guarimã? – Aquele braço de rio? - Igarapé, córrego Na vazante tem andança no mangal Água de março tem hora certa pra chegar Chega em ondas retorcidas E ungir com águas de além-mar As barrancas deste Guajará As serpentes agitam-se nos camarins Dos confins do mato-mangal-lamaçal No lar das lavas, dos abismo inalcançáveis VIII Cheiro de peixe no ar Os telheiros festejam esfumaçantes Um fio azul adverte os estômagos Há farturas na mesas Postas borbulham crepitantes E o cheiro dourado do manjar Enfeita o pirão de cada dia Farinha-açaí-pupunha-bacuri Miriti-araçá-cupu-maracujá Tudo a preço de vintém? Já se foram os bons tempos de sauatá Do mato vem o conto Pato-marreco-paturi Guará tinge o céu no voo de arribação - De onde vem tanta coisa? - De onde este mistério de mãe d’água? - É Deus meu filho. É tudo da criação... - Levanta a mão, diz Amém!
XIV Na vazante tem martelo, bujarronas, prego, bigorna Os carpinteiros amolam seu serrotes - O mastro é amarelo!! Embebem os calafetos de azarcão Tesouras rasgam violentas nova-lona-vela O algodão cede desflorado Á pressão da lâmina penetrante O artesão é feliz no corte Tingidos de vermelho Os pinceis correm frouxos no azul Alaranjado. Negro é verniz O brilho do breu efervescente É vida latente que se lança ao mar Rostos cansados de marejar. Gente pura Povo camarada vai trabalhar XV Água de março vem depressa vai depressa A maré. O orgasmo. O sacrifício da paixão A sereia terminou seu prazer Sua mutação no açoite da grande noite E agora vai para Marianas ou para Java Velar filho de Costeau XVI As mulheres choram quem foi com ela Era hora as crianças choram indiferentes A maré que foi embora vela some Faz coração transpassar a rede vazia ( Leito de amor e de cor) enrola-se para sempre, Chora mãe-sogra-tia-irmã-nora Pescador para não voltar (10-84 – 3-85)
www.revistapzz.com.br 9
PZZ_VIGIA / LITERATURA
Wilkler Almeida WILKLER ALMEIDA O escritor e artista visual Wilkler Almeida que na desenvoltura do exercício da constante pesquisa sobre a cidade, o envolveu na implantação do Museu Municipal da Vigia (2004), ocasião em que se encarregou do levantamento de dados históricos abrangendo a região do entorno do Rio Tauapará, onde, a partir do século XVII, instalou-se a missão jesuítica de Tabapará e o Engenho escravocrata Santo Antonio da Campina, pertencente ao Barão de Guajará. Tal atividade proporcionou descobertas importantes, aventuras e experiências curiosas, estimulando a ideia de se produzir meios para que o resultado do trabalho chegasse ao domínio popular. Daí estreia da figura do escritor, com a publicação do seu primeiro livro, intitulado “Tauapará”. Após dois anos, a produção literária resulta no segundo livro; porém desta vez, o autor, munido de um relevante acervo de informações históricas, busca inserir a nova obra no gênero romance, deixando de lado o compromisso com a linguagem científica e normatizações acadêmicas, criando personagens de apoio inspirados em suas vivências, que protagonizam uma instigante aventura investigativa, combinando ficção e informações reais, para relatar as histórias
10 www.revistapzz.com.br
lendárias que rodeiam as igrejas antigas e o subterrâneo da cidade da Vigia. O livro chama-se “A Sala Secreta da Mãe de Deus”, lançado na Vigia, em Belém e Macapá/AP. Este livro, segundo José Ildone, além de abordar de forma muito própria os informes provenientes da pesquisa, destaca-se por ser, talvez, o primeiro no gênero romance policial na região. Em 2008, o terceiro livro: “Cinco de Agosto”, escrito em parceria com José Ildone é um resumo da pesquisa dos dois autores sobre a trajetória da Sociedade Literária e Beneficente Cinco de Agosto, fundada em 1871, da qual ambos são filiados. A entidade é uma das mais antigas do gênero no Brasil e precursora da Academia Paraense de Letras, fundada pelo vigiense Domingos Antonio Raiol, o Barão de Guajará. A obra literária mais recente foi lançada em 2011, sob o título “O Enigma da Confraria da Coroa”, que é uma sequencia de “A Sala Secreta da Mãe de Deus”, pois são mantidos os mesmos personagens, quatro anos mais velhos, agora envolvidos numa trama misteriosa, que tem como cenário as igrejas atribuídas
a Antonio Landi, em Belém, cuja personalidade histórica tem estreitas ligações com a corte portuguesa do século XVIII, que tinha pretensões de se instalar na Amazônia, e Landi seria o guardião de um segredo guardado até os dias de hoje. O livro foi lançado em Vigia e Macapá, aguardando por um lançamento em Belém. Diante da boa aceitação de leitores de várias faixas etárias e do posicionamento positivo da crítica, o autor adotou o gênero romancista e já desenvolve mais um livro, intitulado “De volta ao porão”, que em 2013 recebeu o Prêmio Nacional de melhor romance. RAUL LOBO Jorge Raul Barbosa Lobo, nasceu em Vigia de Nazaré, estudou no Grupo Escolar “Barão de Guajará” e no Colégio “Bertoldo Nunes”, onde concluiu o 2º grau com habilitação em Magistério. Começou suas atividades em cultura e turismo aos 16 anos. Participou dos movimentos do Centro Universitário de Treinamento e Ação Comunitária (CRUTAC) como voluntário, órgão da Univer sidade Federal do Pará.
Raul Lobo Sócio do Interact Clube de Vigia, sendo presidente. No Colégio “Bertoldo Nunes”, foi eleito Vice–presidente do Centro Cívico Estudantil Dr. Marcionilo Alves, ao lado de Raimundo Alves, vindo assumir no ano seguinte a presidência; participou do Rotary Clube de Vigia como sócio e presidente, membro da Sociedade Literária e Beneficente “Cinco de Agosto”, e presidente por três mandatos – 2000 a 2001, 2013 a 2014 e 2017, em 2000 como presidente, trouxe para Vigia de Nazaré, a Academia Paraense de Letras, e Instituto Histórico e Geográfico do Pará, para uma seção especial em homenagem ao seu centenário, como presidente da “Cinco de Agosto” discursou nas duas sessões. Como pesquisador, foi convidado para
realizar as pesquisas e implantação do Museu Municipal. Escreveu como colaborador para os jornais: “O Pescador” e a “Folha do Salgado”, em Vigia de Nazaré, e “A Voz de Nazaré” de Belém do Pará, fez parte da equipe que escreveu o Jornal “Novo Milênio”, ao lado do escritor vigiense José Ildone. Promoveu em Vigia de Nazaré, show e exposições culturais. Participou das peças de teatro “Era uma Vez um Homem” de autoria de Emanuel Franco e “O Messias” de Monteiro Cecim, ambas dirigida por Emanuel Franco, dirigiu a peça teatral “Paixão de Cristo” por 12 anos em Vigia com apresentação ao ar livre na sexta-feira santa, com texto adaptado por padre Alberto Trombini (Barnabita), com a participação de 60 jovens atores amadores de Vigia de Nazaré. Contribuiu para o Museu Contextual (SECULT) em Vigia de Nazaré e membro da elaboração do livro e cartilha do “Museu Contextual” editado pela Secretária de Cultura do Estado; Exerceu as funções de Secretário de Cultura e Diretor da Biblioteca Municipal “Alves de Sousa”, na administração municipal de Mimito Barata, Diretor das Escolas Municipais “Tia Pê” e “Noelândia” e Técnico do Departamento Municipal de Turismo na Administração do prefeito Noé Palheta (segundo mandato) em Vigia – Pará. Livros Lançados “VIGIALMA NOSSA”, História Cultura e Turismo, com edição do autor 2008, hoje na segunda edição, “CHÃO DA MINHA VIDA” 2011, Livro Inédito VIGIAR e no prelo OS
Paulo Cordeiro VERSOS DOS LOBOS, PALAVRA SEM ALMA este de poesia. Participou da Comissão organizadora da 2ª Conferencia Municipal de Cultura como palestrante e mediador. PAULO CORDEIRO Vigiense, nascido em 06 de abril de 1964. É graduado em Licenciatura e Bacharelado em História, pela ESMAC. Especialista em Saberes Africanos e Afro-brasileiros na Amazônia (UFPA). Começou a escrever em 2007. Participou por três anos consecutivos da Feira Pan Amazônica de livros em Belém. Publicou vários artigos nos jornais de Vigia: O Pescador e Folha do Salgado. Artigo publicado na Revista cientifica – Unichapeco, 2013, em parceria com o prof. Dr. Assunção José Pureza Amaral. Entre homens e mulheres, escravizados e libertos, campo e cidade – eis as tias “negras” do carimbó na fronteira do saber na cidade da Vigia. O mesmo artigo também foi publicado no livro Entre os rios e as florestas da Amazônia. Belém: UFPA, GEAM. Artigo publicado no livro Da Universidade ao quilombo: extensão, pesquisa, educação e sociabilidade na Amazônia. Castanhal/PA: UFPA, 2015. Carimbó “Dança da Onça”: Expressão da identidade negra na cidade de Vigia/PA – Noticias históricas. Também em parceria com o prof. Dr. Amaral.
www.revistapzz.com.br 11
PZZ_VIGIA / LITERATURA
Vilhena Alves É sócio e ex- tesoureiro da Sociedade Literária e Beneficente “Cinco de Agosto; Membro da Academia de Imprensa de Belém e da Academia Curuçaense de Letras, Artes e Ciências. Tesoureiro do Conselho de Jornalista Região do Grão-Pará ZIMBA “ZIMBA” O nome primitivo do Carimbó vigilengo, surgido nas rodas do Engenho Santo Antonio da Campina (Tauapará). Na imagem, a capa do livreto do historiador vigilengo Francisco Soeiro, de 1978. (in memórian) “As modinhas e cantorias foram inspiradas pelo próprio trabalho que era sujeito o negro, bem como todas as coisas que o cercavam (objetos, animais, plantas, etc...). Até mesmo os suplícios que eram submetidos eram cantados e representados coreograficamente.” Professor Francisco Soeiro, sobre o “Zimba” e as origem de nosso Carimbó.
12 www.revistapzz.com.br
VILHENA ALVES Francisco Ferreira de Vilhena Alves, nasceu em Vigia, no dia 03 de fevereiro de 1848. Nada se sabe a respeito de sua infância, juventude e primeiros estudos. Adulto, foi professor, poeta e prosador, publicando muitas obras. Em 1868 lançou um livro de poesia denominado “Monodias”, bem como outro intitulado “Melodias”. Como muitos escritores paraense integrou a “Mina Literária”, associação ligada às letras, inaugurada oficialmente em 1º de janeiro de 1895. No ano de 1900, Vilhena Alves, com outras personalidades paraenses participou da fundação do Instituto Histórico e Geográfico do Pará (IHGP). Naquele local de encontro da intelectualidade paraense, versada na história e realidade amazônica, tornou-se Vilhena Alves o 2º secretário do IHGP. Também foi responsável pela “Comissão de pesquisa de documentos” e da “Comissão de estatutos e redação” da revista publicada pelo Instituto, no qual ocupava a cadeira número 39. Foi colaborador do jornal “Província do Pará” e da revista “Ciências e Letras”. Vilhena Alves faleceu em Belém no dia 09 de julho de 1912. Em sua homenagem foi nomeada uma escola estadual em Belém, na Avenida Nazaré. Entre suas obras encontra-se: “Compêndio de análise moderna”: Lexicologia e Sintática (1895) “Enlevos Poéticos” (1871) “Exercícios de Português” (1900) “Gramática Portuguesa: curso superior” (1895) “Monodias” (poesias, 1866) “Miscelânea Literária” (coleção de artigos, 18--?)
Aércio Palheta “Primeira Gramática da infância” (18--?) “Segunda Gramática da infância: curso médio” (1897) “Seleta Literária” (1900) ALVES DE SOUZA Alves de Sousa nasceu na Vigia a 12 de novembro de 1882. Filho de Antônio Alves de Sousa e de Olinda Alves de Sousa. Mudou-se, muito moço ainda, para prosseguir seus estudos em Belém, matriculou-se no antigo Atheneu Paraense, educandário de merecido conceito, do qual era diretor e proprietário o professor Bertoldo Nunes. Poeta e jornalista, ainda adolescente, Belém o consagrou como uma das mais vigorosas personalidades de sua geração. Conquistou no jornalismo um nome glorioso. Foi redator de A Província do Pará, deputado estadual e secretário de O Estado do Pará. Fundou e dirigiu em Belém, após a queda das oli-
garquias, o diário – “A Capital”. Transferiu-se para o Rio de Janeiro. Tornou-se ali uma das figuras mais dinâmicas do jornalismo, alcançando singular relevo como diretor de O País, jornal que marcou época na política do Rio de Janeiro, e que foi empastelado após a revolução de 30. Desgostoso e arruinado, aceitou a oportunidade que Orlando Dantas lhe ofereceu na redação do Diário de Notícias em 1931. Morreu como modesto redator daquele matutino carioca, em 04 de dezembro de 1943. Como poeta, publicou ainda em Belém, em 1904, o volume Crepusculário, que teve larga repercussão, “Equatoriaes”. Deixou ainda muitas poesias e versos esparsos, assim como alguns trabalhos dramáticos de merecimento. MANOEL ALVES RAYOL Alves Rayol nasceu em 1º de setembro de 1908 na cidade da Vigia de Nazaré, estado do Pará, onde iniciou seus estudos com a professora Dalila Dolores Franco Lobato. Ingressou, logo depois, numa escola pública da cidade, hoje Escola Estadual de 1º grau Barão de Guajará. Aos 14 anos, foi balconista no comércio de Augusto Rayol Cardoso. A partir de 1931, foi 1º Oficial Amanuense e Secretário nomeado da Prefeitura do Município. Em 1943, transferiu-se para Santa Izabel do Pará na função de Secretário da Prefeitura, exonerando-se em 194. É aposentado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística como agente administrativo. Começou a escrever seus poemas ainda moço e alguns dos seus escritos foram publicados em jornais da Vigia,
NÊNIA DE TUBINAMBÁ Eis ali sem vida e alento Guerreiro tupinambá! De forma e glória sedento Não pulsa seu peito já! Essa fronte excelsa e augusta Que tantas vezes, robusta, Incutiu medo e terror; Em que transluzia a chama Que o márcio furor derrama, Jaz frio, inerte,sem dor. Esses braços que levavam Ao fero inimigo a morte, Se vigorosos se alçavam Para dar o márcio corte, Quando soltava-se o grito Da guerra, que no infinito Retumbava qual trovão, Pendem-se sem forças; e agora Tal brado solte-se embora, Que jamais se moverão Inda ontem cheio de vida, Em nossas vidas guerreiras, Á turba de gente infinda Lançava as frechas certeiras; Brandia o forte tacape E na cinta o enduape Se balançava gentil; Cada golpe, que vibrava, Era mais um que tombava Dentre a chusma insana e vil
Capanema e Primavera. Na década de quarenta, colaborou nos jornais “Caeté de Bragança”” e “Gleba de Primavera” com poemas e crônicas. Parte do seu acervo literário ainda encontra-se inédito. O autor de “Flor de Espuma”, obra poética sequência do poema “Evocando a Vigia de Nazaré, considera-se sem pre-
Com bravura desmedida, Fogo dos olhos lançando, Se atira em longa corrida Ao exercício nefando! Seu braço conduz a morte! Mas o poder de sua sorte Fê-lo depressa tombar! Caiu, qual vivo rochedo, Sem que o palpite do medo Fosse-lhe o seio agitar! Ontem leão foribundo, Em torno a morte espalhando; Hoje, acabou-se-lhe o mundo, Pra sempre jaz repousando; Ontem, sanhudo gigante, Do inimigo a sorte incinstante Fechada tinha na mão; Hoje, cadáver, apenas, Daquelas ínclitas cenas Famoso e ilustres padrão! Basta. Pra sempre dormita, Guerreiro tupinambá! Ingente glória infinita Concedeu-te o Deus Tupá! Voe tua alma além dos Andes, Eterna pátria de grandes, Eterna pátria de heróis, Onde tudo é riso e flores, Onde despedem fulgores, Milhões de esplêndidos sóis.
conceito de escola, estilo ou forma. A publicação do livro Memorial de Manoel Alves Rayol, não só define as suas emoções, mas também o sucesso obtido no labor intelectual ao longo de seus 100 anos de idade. O Memorial é uma lição de vida.
www.revistapzz.com.br 13
PZZ_VIGIA / LITERATURA
AÉRCIO PALHETA Natural de Vigia, esse escritor viveu em nosso município de 1932 até 1953 quando foi trabalhar na capital. Aposentado do Banco do Brasil, atualmente mora em Belém com a família. Autor de vários livros, entre eles “A Revolução dos Cabanos” que ganhou menção honrosa no concurso de historiadores na Academia Paraense de Letras. Tendo em especial “Vigia ainda Ontem” de 1997 publicado pela Imprensa Oficial do Estado. Colocando em evidência alguns personagens que fizeram parte da contemporaneidade vigiense, Aércio Palheta traz para o conhecimento dos mais jovens de hoje, várias personalidades que, atualmente, em grande parte, são desconhecidas das gerações atuais, são vigienses que muito contribuíram para o progresso de nosso município. Por isso, conhecer as obras de Aércio é obrigação daqueles que são fascinados em conhecer Vigia de outrora. RANILSON CHAVES Ranilson Chaves da Silva, paraense, nascido na Vigia em 5 de maio de 1968, professor radicado em Macapá, publicou os seguintes livros: A Felicidade ao ver dos Versos (poemas, 1998); O Mundo Desaba e eu Escrevo (poemas e crônicas) e Amar Amor – Os Versos que Faltam em Nós (poemas, 2000) e seu último livro U.T.I. UM TREVO INTERIOR. Ranilson Chaves é um vencedor. A vida não foi fácil para esse cidadão brasileiro que nasceu com 3 graves patologias cardíacas e, aos 33 anos, submeteu-se a uma complexa cirurgia em São Paulo - e já fez mais outras. Ele, que há dois meses perdeu sua mãe (a quem prestou comovente homenagem durante o lançamento), consegue extrair dessas adversidades o material dos seus livros. Poeta sensível, talentoso, persistente, não se deixou abater pelo desânimo. Prossegue sua jornada escrevendo, dando aulas e, sobretudo, sendo um exemplo de que a vida, que nos foi dada por Deus, é uma conquista de cada dia. LEÔNCIO SIQUEIRA JOSÉ LEÔNCIO FERREIRA DE SIQUEIRA nasceu em 16 de outubro de 1946, na Cidade de Vigia, no Estado do Pará. Filho de Abelardo da Conceição
14 www.revistapzz.com.br
Siqueira e Almerinda Monteiro Ferreira de Siqueira. Seu genitor, funcionário público federal do IBGE, onde exerceu a função de Agente de Estatística, atuou em vários municípios do Nordeste Paraense. Desta forma o Autor deste a mais tenra idade, pôde desenvolver o seu conhecimento da “Zona Bragantina”, convivendo com os costumes e culturas regionais. Residiu nas cidades de Vigia, Salinas, Maracanã e Bragança; viajando por toda a extensão da estrada de ferro e por vicinais que interligavam as cidades litoranas à linha tronco da Estrada de Ferro de Bragança. Profissionalmente atuou até o ano 2000 em quatro empresas multinacionais: Olivetti do Brasil S/A, Xerox do Brasil S/A, Isapel – Indústria de Sacos de Papel S/A e Jolimode Roupas S/A (Du Loren), cobrindo os estados do Piauí, Maranhão, Pará, Amapá, Amazonas, Acre, Rondonia e Roraíma. A partir do ano 2000 iniciou sua trajetória literária, fundamentando-se na Literatura Histórica, iniciando suas pesquisas pelo Nordeste Paraense, em especial pela Estrada de Ferro de Bragança, a grande responsável pelo desenvolvimento da Zona Bragantina, um celeiro historico dos mais importantes do nosso Estado que começa com a sua colonização, a construção da Bragantina: Estrada de Ferro de Bragança; o surgimento de todas as cidades hoje existentes na área central do Nordeste Paraense e a interligação da cidades litoranas à estrada de ferro, através de rodovias vicinais. Em 2008 lançou a primeira edição dessa embriagante pesquisa com o título Trilhos: O Caminho dos Sonhos (Memorial da Estrada de Ferro de Bragança), patrocinada pela Prefeitura Municipal de Bragança. No mesmo ano, à convite da Cela – Centro de Estudos Luso Amazônicos, da UFPA, coordenado pela Dra. Maria de Nazaré Paz de Carvalho, acompanhou como cicerone da comitiva de Bragança de Portugal, que visitou pela primeira vez Bragança do Pará, no período de 22 à 27 de dezembro daquele ano. Na oportunidade sua récem lançada obra foi entregue como referência histórica do Município. Nos dias 2 e 3 de abril de 2012, participou, na nossa Bragança, do encontro acadêmico internacional entre as academias de Bragança. Desses que entraram para o hall dos
Leôncio Siqueira notáveis, destacamos, também BERTOLDO NUNES, CÂNDIDO VILHENA, CASEMIRO FERREIRA, FABIANO DE SOUSA, JOSÉ AUGUSTO CORRÊA, LAURO FERREIRA , MARCIOLINO ALVES , FABIANO DE SOUSA, LEONARDO NERY , TONINHO SOEIRO , MÁRIO CARDOSO RAIOL, JOSÉ FURTADO BELÉM NETO, , CARLOS CORDEIRO GOMES , ESTER NUNES BIBAS (1888 - 1972), que merecem leitura, pesquisa, publicação e reconhecimento.
ESCRITORES DO PASSADO (Até 1950, aproximadamente)
ESCRITORES MAIS RECENTES (Após 1950, aproximadamente)
Filosofo, Cronista e Memorialista: José Augusto Correa
Poeta, Memorialista, Cronista, Contista, Teatrólogo, Historiador, Pesquisador e Jornalista: José Ildone Favacho Soeiro (APL)
Historiador e Memorialista: Domingos Antônio Raiol Pesquisador e Geografo: João de Palma Munis Escritor: Monsenhor Argemiro Pantoja Poetas: Abrão Ataíde, Antônio Leal de Mira, Bezerra de Albuquerque, Carlos Cordeiro Gomes, Diniz Costa, Ester Nunes Bibas, Evandro Salvador, Irene Favacho Soeiro, José Furtado Belém Neto, Judith Lúcia Lima de Campos, Manoel Alves Rayol, Olavo Guimarães Nunes (APL), Antônio de Vilhena Alves (APL), Ângelo Neves, Jornalista: Tauriano Gil de Sousa, Poetas e Jornalistas: Agnelo Neves, Antônio Alves de Sousa (APL), Manoel Alves Saraiva, Marcionilo do Espirito Santo Alves, Thomas Nunes (APL), Raimundo Bertoldo Nunes (APL). Poeta, Jornalista e Gramático: Francisco Ferreira de Vilhena Alves Poeta, Historiador e Gramático: Teodoro Simões Rodrigues (APL) Poeta, Cronista e Memorialista: Issac Dias Gomes Poeta e Prosador: Osvaldino da Silva Raiol Matemático: Manoel Evaristo Ferreira
Poetas: Antônio Lobo, Celeste Santos, Dário Jaime, Fernanda Louise, Karina Lobo, Nery Cardoso, Nery Silva, Renno Sousa. Poetas e Prosadores: Donato Cardoso, Marquinho Palheta, Ranilson Chaves. Poetas e Contistas: João Belém, Luís Terra, Sônia Santos. Poeta e Memorialista: Raul Lobo Poeta e Dramaturgo: Toninho Soeiro Poetas e Jornalistas: José Maria Leal, Nélio Palheta, Pablo Ataíde. Romancistas: Sinicley Menezes, Wilkler Almeida. Trovador e Cordelista: Francisco Monteiro Memorialistas: Aécio Palheta, Leôncio Siqueira, Marco Belém, Marilda Cardoso. Científicos: Igo Soeiro, Ivanildo Santos, Tadeu Santos. Historiador: Bartolomeu de Barros Ensaios: João Paulo Pesquisas Náuticas: Ney Cardoso
Pesquisador: Francisco Siqueira Soeiro
Pesquisador: Raimundo Paulo Cordeiro
Cordelista: Mario Cardoso Raiol
Sociologia: Nonato Vasconcelos
www.revistapzz.com.br 15
PZZ_VIGIA / LITERATURA
CARTA DUM CABÔCO Ao mano Josino Cardoso Cabôco véio di guerra, Parente dos sertanejos Qui nasceste lá na terra Dos Palha e dos caranguejos: Ouve as voz, iscuta te invia Quem tem o imbigo interrado Nos tijuco da Vigia Por Deus, sô mano, que a gente Té mêmo perde a razão, Quando vê cabra valente Botando figuração. Parece qu’istou te vendo Na pupa da embarcação Sarvando os qu’istão morrendo, Josino do curação. Si não fosse tu, minino, Mail-o teu barco velêro, Lá se ia o Dunga argentino E mail-o seu companhêro. Botaste azeite sarvaste da procela Os filhos doutra nação. (...) Josino, meu nêgo, abraça Quem te abraça com fervô: Tu és orgulho da raça E honra dos pescado. Enquanto ferraste o pano Da vigilenga macia, Fizeste mais qui em cem ano A nossa diplomacia. (...) É triste abandoná o ninho Nas horas do nosso embarque: Que o diga nosso sobrinho De nome Santanamarque. Te lembras desse maruto? Quando nós se distraía, Se punha a pegar tralhuto, Não sei pra que sirvintia. Adeus. Dá lembranças ao Jona, Aquele Jona assinzinho Qui foi o terrô da zona No tempo em qu’era mocinho. Esse qu’esteve umas hora No bucho dum abaleia, E depois, sem mais demora, A bicha cuspiu na areia. No Henrique Palha tu joga Um bêjo: é cabra cutuba No cabo da jiga-joga, Na pesca da gurijuba. E abraça, mano Josino, Teu mano do curaçao: Quebra as costelas, minino, Do Xico Pantalião.
16 www.revistapzz.com.br
OLAVO NUNES (1871 – 1942), poeta e jornalista vigiense, nascido na então Vila de Curuçá, continuou os estudos em Belém, no Ateneu Paraense, de seu tio Bertoldo Nunes. Foi serventuário da Justiça, integrante da Mina Literaria e da academia Paraense de Letras. Era excelente sonetista, como se comprova no gostoso livro “Musa Vadia”, titulo que usava na sua coluna de redator do jornal “ Diário do Pará”, sob o pseudônimo (nome falso ) de Zé Boêmio. A “carta dum Cabôco” é deste livro e lembra a página internacional da pesca, quando Josino Cardoso e seus pescadores salvaram três aviadores que vinham de Nova Iorque e caíram no oceano, em 1927. Este fato ganhou as páginas dos jornais pelo mundo afora. TROVA Delegado, não consinta Bumbá nenhum este ano. Essa gente anda faminta, Vai comer o boi de pano. JOSÉ FURTADO BELÉM NETO, Poeta vigiense nascido no Arapiranga, teve os estudos prejudicados pela enfermidade respiratória que o afligiu sempre, assim como sua participação no serviço público, escreveu muitos poemas, a maioria sonetos, como sua obra-prima, o “solilóquio”, romântico e sob forte influencia de Augusto dos Anjos, autor do famoso “Eu”, livro de poemas super-editado no Brasil. A trova, também admirável, foi remetida a um concurso junino, patrocinado pela Prefeitura de Belém, em 1960.
CIDADE DO INTERIOR (Hora da sesta) Cotidiano almoça cotidiano na hora do almoço O comércio cerra suas portas para o intervalo da sesta... Na rua deserta Um bêbado tropeça em sua própria sombra E vacilante caminha pela rua deserta... O “Jardim da Luz” A usina velha velha O anjo da torre da igreja... E Na estrada da cidade O cemitério São Francisco de Assis. Com exceção Do bêbado Tudo parece estar dormindo... CARLOS CORDEIRO GOMES (Vigia de Nazaré/Pará. 1927 – Fortaleza/CE. 2000) . Jornalista, poeta e prosador, fez os primeiros estudos na antigo Grupo escolar” Barão de Guajará”. Trabalhou na Imprensa Oficial (Belém) e radicouse em Macapá; assessorando o governo e representando-o por vezes. Viveu intensamente o jornalismo. Apoiou incontáveis eventos culturais. Recebeu o título de Cidadão Macapaense. Publicou “Mar Mágoa” e “Poemas de Amar Mar”, e um excelente livro de memórias, intitulado “GuajaráMirim: Um rio de Lembranças” (Macapá), 1994). Nas visitas á cidade vigilengas, declamava com imponência seus poemas, especialmente os de natureza popular, bem rimados, e plenos de extrema devoção á Vigia de Nazaré. O CARNAVAL DA VIGIA No Carnaval da Vigia, todo mundo vem pra brincar, Pois, com certeza, é o melhor do meu Pará. Vamos parabenizar a nossa Estação. São 18 anos de tradição. E com alegria convidar Pra-sambista e Grande Família. Vamos lá Caprichosos do Arapiranga, para
conosco compartilhar Esta alegria, a maior festa popular. Segunda-feira é tradicional, Virgienses e Crabra-Surdos, Destaque no carnaval, Gaiola das Loucas, Irreverência total, e na avenida contagiando geral. Os blocos de axé vieram para ficar, Canto do Galo, Boto e Gurijubal, Moleca sem vergonha, mostra o teu tempero, Vem com a estação, pular o carnaval inteiro. (Samba-enredo da GRESS Estação Primeira da Vigia -2004) CELESTE PINHEIRO SANTOS Nasceu na Vigia de Nazaré, onde estudou, tendo concluído o segundo grau no “Bertoldo Nunes”. Formada, integra o magistério local, e mantém uma das melhores escolas particulares , cuja denominação homenageia sua genitora, Almina Santos. Presidente da GRES, animou vários carnavais com suas letras. Lançou recentemente um livro de poesia, intitulado “A Vida em Versos.” LAMENTO DO IGARAPÉ DA ROCINHA .1. - Por que esta dor? Por que tanto lamento? Me perguntas. E meu leito, margens, escuras águas te respondem: - Tu me alimentas com restos da tua casa: Plástico e metais, madeira e vidro. Derramaste em meu sangue teus esgotos. E meu ventre, doente, inchou e dói. .2. Minhas águas, que eram limpas, Bordando o Arapiranga e a cidade, Alimentando peixes e crustáceos, Hoje são sujeira e lama, Corpo enfermo que mau cheiro exala. .3. Sóis, luares, enchentes e vazantes, Jesuítas cuidando de suas roças, Montarias deslizando calmamente, Rumores do Círio que aqui passa, Crianças e adultos no bom banho
- Já vibraram nas minhas artérias. Hoje sou a memória que apodrece, A história ultrajada sem defesa, Porque tu, cruel criatura, Me presenteias com veneno e morte, Sem reparar que o igarapé, morrendo, Também mata quem vive ao seu redor
“ PONTA” A tarde calma baixa sobre a mata Murchando as sensitivas dos caminhos Une-se ao murmúrio da cascata O doce pipilar dos passarinhos
JOSÉ ILDONE Favacho Soeiro (Vigia de Nazaré, 1942), professor, escritor, Jornalista, vice-prefeito (presidindo a câmara) e prefeito deste Município. Cadeira 31 da Academia Paraense de Letras, desde 1982 e mais antigo sócio da “Cinco de Agosto”. 24 livros publicados, inclusive “Chão d’Água”, prêmio da Academia, leitura em vestibulares, cinco edições. Atualmente escreve “Vigia de Nazaré e Santa Maria de Belém – polos Europeus na Amazonia – 400 Anos”, para publicação em 2016.
Quebrando a paz que há no sol poente Vêm meus irmãos remando alegremente D’outra margem cantando na canoa
SOLILÓQUIO Na escadinha, solitário, Eu contei, ao mar, baixinho, Que a cruz do meu calvário É a falta do teu carinho. Uma ave vai e volta, Depois desce e beija o mar. Sinto inveja e revolta No meu peito se aninhar. Mas, se eu também fosse ave, Então desceria suave Sobre ti, se fosses mar, E nunca mais subiria, Porque em ti me afogaria, Cansado de te beijar.
Pressagos de que a noite se avizinha Concertando uma uníssona sonata Para o sol que nas águas se retrada E pra suas profundezas se encaminha
E maninha feliz na ribanceira Deitada sob a fronde da mangueira Pesca despreocupada na lagoa... (Dedicado aos meus irmãosMundico, Edmundo, Maria e Galileu, com a lembrança da nossa infância passada neste sítio). JUDITH LÚCIA, Poetisa vigiense, teve como mestra a professora Adelaide, famosa na vigia passada, e o seu tio afim, o paraplégico Manuel Alves Saraiva, de quem ela fala em seu livro: “... com acentuadas sequelas da paralisia também nas mãos, não lhe era possível escrever; por isso aos 13 anos eu já era sua secretária”. Um de seus primeiros sonetos (“Longe de Ti”) foi publicado no jornal “ O Cinco de Agosto”. Lançou, no Rio de Janeiro, o livro de poesias “Cicatrizes”, em 1980. O soneto “Ponta” lembra bem uma cena vigilenga de sua adolescência.
www.revistapzz.com.br 17
PZZ_VIGIA / LITERATURA
AVANTE, COMPANHEIROS! Salve, ó companheiros rotarianos, Defensores da paz e da verdade. Nossos trabalhos, muita vez insanos, São feitos sempre em prol da sociedade. Sob a égide do amor e da vontade, Se abrigam, unidos, gregos e troianos, Preliando , como bravos espartanos, Pela conquista da fraternidade. Prossigamos na liça sem temores, Em risos transformando os dissabores Nas refregas sofridos, porventura. E, ao chegarmos ao termo da jornada, Bendiremos a glória conquistada, Defendendo uma causa justa e pura. (Em 30.11.1970) MARCIONILO ALVES, Vigiense, do Iteréua (6.10.1897 – 1974). Começou a estudar na vila de Porto Salvo. Cursou, em Belém, a Escola Técnica de comécio. Chegou a ser tesoureiro do Telégrafo Nacional. Concluiu o curso de cirurgião-dentista em 1931. Trabalhou no jornal belemense “O Estado do Pará” e foi membro da Associação dos Novos, onde pontificaram grandes escritores e famosos jornalistas. Aqui, na Vigia, fundou vários jornais, inclusive “05 de Agosto”, em 1938, e “ A Vigia”, impressos em Belém, e também o Instituto de Proteção á Maternidade e á Infância Desvalida. Sua obra maior foi a idealização e fundação do GINÁSIO “BERTOLDO NUNES”, a partir de 15.6.1953 e que manteve, com muito sacrifício e ajuda de amigos sinceros, durante muitos anos. Foi vereador nos anos 70, cumprindo nobremente sua missão, assim como no âmbito esportivo (Uruitá E.C. e Liga Esportiva Municipal). Não chegou a reunir em livros seus numerosos escritos
18 www.revistapzz.com.br
INSONIA O pior das horas é não saber as horas Neste mar de horas que é a noite. Um grilo metalúrgico estica na bigorna A morosidade das horas a passar... Um cricrilar intermitente tine na mente. Com órfão que não chegou ao lar. Um galo rouco rege a sinfonia de sapos, Pererecas, corujas e matintas-pereiras. No céu, arrastam-se as estrelas sem a luz. No rio, peraus vomitam horas devagar... Tudo resolve acontecer, menos o dia. Por estas plagas resolve não chegar. O bacurau já se foi, reina agora o sapo-boi. O galo prepara a batuta, vem aí a saracura. A orquestra dos seres que não fazem sesta Tem o dom nefasto de a noite alargar. Minha fiúza é o Orlando passar pro porto. Com seu passadio, as horas poder calcular. Mas ele não passa e as horas acham graça. No baile das horas, sou um cavalheiro... De braços com a insônia, amor verdadeiro. ACRÓSTICO V-ejo-te lambica por rios, I-nvadida por encantos mil. G-raça és do meu salgado. I-nfinita no meu agrado, A musa deste vate viril. MARCOS ANTONIO PALHETA, Poeta e prosador vigiense. Professor secundarista estadual, com participação em antologias. Este “Acróstico” (poema em que as iniciais formam o nome VIGIA), integram o “Novo Espaço Alternativo”, de 1987. E “ Insonia” foi classificada no Concurso Nacional “Novos Poetas”, integrando a antologia “Poesia Livre”, na Paraíba, em 2014. O ROUBO DA SANTA Na manhã de quinta-feira O sacristão ao levantar Foi abrir logo a igreja Para o povo ali rezar Quando lá ele entrou Tomou logo um espanto Pois no altar do São Suís Só estava o lírico santo Por isso logo viu Que a igreja estava roubada Faltava também Nossa Senhora Onde ele é venerada Seu nicho estava vazio E o altar desarrumado
Só havia cacos de vidro Que os ladrões tinham quebrado O povo acordou chorando Quando soube o que se deu Houve logo um corre-corre E ninguém mais se entendeu O padre por sua vez Não queria acreditar Teve que ir á Igreja Para poder constatar ...................................... A berlinda também estava Esperando a mãe de Deus Que estava quase chegando Aos braços dos filhos seus. Quase ninguém dormiu Pois tudo era alegria A noite era de festa Na cidade de Vigia. MÁRIO CARDOSO RAIOL, Radialista e cordelista vigiense. Trabalhou na Prefeitura coordenando o setor de Turismo, nos anos 70. Estas quadras, sobre o roubo da imagem da Padroeira e sua recuperação e retorno á Vigia, integram o cordel publicado em 10/2/1977. REI – PESCADOR No ventre do mar Nasce o peixe Na calvície da terra Nasce o pescador. Entre o ventre e o Cérebro O peito da coragem De aço. Na tona do desequilíbrio Do solo perigoso e amigo Reina o rei sem coroa No trono de sua canoa. TERRA QUERIDA III Transporto-me nest’hora ao meu amado lar, Á casa em que vive na infância descuidada E sinto que nem mesmo a escabrosa jornada, Os embates da vida Fizeram-me esquecer essa terra querida
Que eu não canso de amar. IV Tarde clara de abril. (...) Frágeis barcos que vão mais sobranceiros quando (Ó saudade cruel, por que tanto me esmagas?) Se chocam mais as temorosas vagas, Ferozmente bailando, Intemeratos vêm, todo aberto o velame, Ao sopro do geral constante, rijo e forte! V Guardas dentro de ti alguma coisa santa - Via-látea de amor desta existência louca – Um ser que a mão do tempo as forças lhe aquebranta Mas nunca o doce amor, o grande amor lhe aquebranta Mas nunca o doce amor, o grande amor lhe apouca. (...) Um ser que é minha mãe – sombra do meu deserto – Em cujo coração retemperado e puro Tenho um sacrário aberto Para os cardos da vida e as lutas do futuro. Guardas dentro de ti essa doce velhinha, Tão doce, tão feliz, tão trêmula, tão minha, Consolação que Deus no meu pranto me envia, Que eu, ás vezes, duvido Como num coração que tanto tem sofrido Cabe um amor assim, que aumenta todo dia. VI Terra do meu amor, do meu amor nativo, Neste momento extremo Em que para teu lar meus suspiros derivo, Neste instante de mágoa em que vacilo e tremo, Transporto-me, a sorrir, ao teu solo bendito E soluçando grito, Por ti, terra ideal do meu amor nativo. (Do livro; “Canções do Norte”)
TEODORO RODRIGUES, Poeta, prosador, educador e gramático vigiense (1874 – 1912) . Estudo iniciais na Vigia de Nazaré. Secundário em Belém. Integrou Mina Literária e, a parti de 1900, a Academia Paraense de Letras. Em Manaus (AM), onde passou 10 anos, foi secretário da Biblioteca Pública. Publicou três livros. O primeiro, de poemas, intitulado “pálidos”, aos 18 anos. Santana Marques informa: T.R. “contribuiu para a gramática superior de João Ribeiro, que conservou essa colaboração em destaque...” Lecionava Português na Escola Normal (Belém) e ia fixar-se na Vigia, quando a morte o surpreendeu. NUM SONETO, A LINDA LENDA Em tempos que vão longe, a cidade encantada, Onde a lua desatava as alvas bambinelas, Soubera que, de noite, á hora triste e calada, Nossa senhora ungia o destino das velas. A crença iluminou, então a alma cansada, Mas heroica do nauta, em ríspidas procelas. - A tormenta fustiga e, no horizonte, nada, Apenas dessa Fé as mudas sentinelas. É pequenina, assim...loura como o arrebol, O povo repetia, entre espanto e surpresa, Tem os olhos azuis e os cabelos de sol.
TOMÁS NUNES (1894 – 1972), jornalista, poeta e prosador vigilengo. Professor diplomado pela Escola Normal do Pará, exerceu a profissão. Secretariou o jornal “Folha do Norte”, do grande Paulo Maranhão. Ocupou a cadeira 22 da Academia Paraense de Letras. Sua produção está espalhada nos jornais da época. Publicou “Missangas” (poesia). DO LIVRO CARMINA II Um caboclo Divide a noite em dia e madrugada. E de seus olhos descem fios Luminosos Transpassando o tempo Ferindo a palavra Transformando em eunucos Momentos de eterna divagação Na inseminação do escuro. Vago entre borboletas azuis E colho suas asas: Cartas do tempo. O que coube no poema III Uma pétala da tarde Se abriu em chuva. Para o Calafate Não sinto saudade Da palavra esquecida Sinto apenas O calor da tinta E o cheiro do verniz. TONINHO SOEIRO (Antônio Carlos Soeiro de Sousa) Vigiense de Santa Maria do Guarimã. Estudou até o segundo grau na Vigia de Nazaré. Licenciou-se em Educação Artística em Belém (UNAMA). Trabalhou na PMVN e lecionou em Belém e no Amapá. Poeta e prosador, dedicou-se também ao teatro. É grande apoiador de atividades culturais em sua terra e membro da Sociedade “Cinco de Agosto”. Além de “carmina” é de sua autoria, com o Prof. José Ildone, o inédito “Dobrado para Vigia de Nazaré”.
Por isso, talvez, hoje, a vela que entre ou saia, Inda espere encontrar, na lendária certeza, Nossa Senhora olhando a solidão da praia.
www.revistapzz.com.br 19
PZZ_VIGIA / LITERATURA
A PELE DE URUCURANA Farfalham bichos E o chão lacrimeja poeira De tarde sinônima Na ribanceira roxa Descobrindo as raízes Da mangueira velha; As samambaias rasteiras Untam a vertente rio da passagem Num longínquo viés de samaúma. O olhar sabiá mistura Caibros vozes e sementes Tentos jacitaras Papa-terras agudos Na metamorfose da alma E na mística cantiria As velas se apagam; Se fazem chão Roem ceifeiros besouros Dem de saber velho De doídas matintas pereiras Com seus assovios sonâmbulos; Sapatilhas ; tamancos inóspitos. VIGIA Nas águas de um rio Nasce tua história ... Com lendas, cabanos, Contos, encantos e cantigas. ............................................ Cidade que não dorme! Acordas todas as manhãs E vigiais os que vivem Na viva vívida Pérola do Salgado! Porém teu sono será eterno Nas lendas de teus sonhadores... Dominarás como bela adormecida Para que o príncipe da poesia Deposite em tua face O beijo da mais linda canção, Ouvida ao cais do teu coração. Ó Guajará Com teu sangue esverdeado, Banhas minha heroína Que faz parte Da mais real história, Fruto da minha inspiratriz Vigia!... (Do livro: “Rascunho D’Alma” – 2013) SÔNIA SANTOS, Nascida em 1972, é professora licenciada em letras pela UFPA, com especialização no Rio de Janeiro e UNAMA/Pa. Exerce o magistério na capital (SEMEC e SEDUC). E vinculou-se ao movimento de contadores de
20 www.revistapzz.com.br
Historia da Amazônia, sendo uma das organizadoras do livro “Apanhadores de histórias: Contadores de Sonhos” (vols. I e II), com sua participação de contista. VIGIA FACEIRA Vigia faceira, Em noites de lua Te olho da beira do mar. Tu de maré cheia, Os barcos atracados na orla Te completam Esperando a hora de partir. A maré vaza, Os vigias dormem, Os barcos ensecam novamente Esperando por outra maré. A maresia anuncia O vento me corta E a orla enche num sopro e lá vou eu, como sempre, Para um dia voltar. OS POÇOS Poços cavados Num chão de ninguém No chão sem sombras De areia árida Sem pegadas. Poços cavados Com água escondida No fundo longínquo Longe,muito longe Do balde de barro Por ninguém modelado Seco ao sol Sem que ninguém Visse. Poços cavados Na areia incandescente Ondeada como um lago De água e fogo Misturados. Poços que ninguém viu nascer Ninguém pôde cavar Mas lá estão Cavados na areia Sem pegadas. Poços cavados Apesar dos homens Ignorados
Por mãos fantasma Cavados Durante a noite do tempo. Poços cavados Pelo trabalho das horas Horas mudas, ignotas Sem boca, sem olhos Horas que simplesmente Pensam como os homens Mudas e cegas. Poços cavados No chão nodoso. Sem fim Sem limites,sem fronteiras Sem dono,sem cultura Chão onde o tempo trabalha Pela eternidade afora Cavando poços Sem poder Sentir sede. LUIZ TERRA ( Vigia de Nazaré, 21.6.1946), contista e poeta, órfão de Pai aos 11 anos, estudou no “Barão de Guajará” e na capital, onde onde concluiu o Curso Médio de Administração (UFPA) e o de Serviço Social. Foi bolsista da Aliança Francesa. Trabalhou na Força e Luz e em órgãos de administração pública. Colaborou na imprensa belenense e publicou seus livros com recursos próprios: “ A Distância Imaginada” (poesia) e “ Na Janela do Vulgar” (contos). DE VESTIDO CABLOCO I Ali está de vestido caboclo. Parada, sentada na pedra inocente do cais Olhos fixos nas velas que velam a montaria levada pela Velocidade dos ventos vadios. Os cabelos soltos a brisa e os pés desnudos na pedra fria Exalam o perfume dos uruitás, da pureza da criação Que mistura-se com os voos coreográficos das gaivotas. II Ali está ela de vestido caboclo, Cantando suas dores, Chorando sua vida, Construindo sua esperança,
Tecendo sua alegria. UFPA e exerceu o magistério em O som das águas do Lendário rio vários colégios da capital. Em 1986 guajarino organizou e apresentou o I FECEV, Arrancan-lhe lembranças do marido ( Festival da Canção Evangélica). guerreiro. Ajudou também a fundar o Grupo Tempos de luta contra tempestade e Eletrônico Apocalipse. Na Vigia, as ondas do mar bravio. atuou no Interact (Rotary), no A conquista dos frutos marinos. O teatro e em diversas atividades reencontro no porto. culturais, inclusive no Carnaval/82 O aconchego da noite. A despedida na madrugada. VIGIA O grito da morte, submerso nas Vigia ainda está dormindo águas. Entre brumas de luar. O silêncio na dor de não vê-lo mais Parece linda menina regressar. Que, com raminhos de estrelas, III Vive sorrindo a brincar. Cidade colonial Ali está ela de vestido caboclo. Do interior do Pará, Ora cantando, ora sorrindo, ora Cheirosa e feiticeira chorando. Como igual outra não há. O braço infantil lhe renova, Vigia, cidade encantada O beijo criança lhe acalma. Do meu bonito Pará, No presente de maio, a emoção do Que vive grande na História momento. Com o nome de Uruitá. Nas mãos o pacote. Abre. Respira ofegante. . . . ooo. . . . Lágrimas em festa. Uma rosa A manhã estava tão bonita branca, um cartão: Quanto, após tantos anos, “Á você herpína, protetora ser forte, Visitei minha cidade! razão de viver, Sol dourado, verão vigiense! Harmonia do lar. Casas diferentes... alegria... Á você mãe-cabocla que cuida de A estrada...a ponte...o mim, que chora meu choro, Arapiranga... Que curte minha dor, que aquece O peixe...os doces...o açaí meu frio, As vigilengas abrindo e fechando Que inspira o poema, que me chama as asas... de filho. Ao longe o Porto Salvo e o Melodia da minha vida. Eu te amo”. Guajará... Depois ...minha visita a linda igreja IV do tempo de menina Aqui estou. Pensando, chorando. Do meu batismo e primeira Sonhando o dia de alguém me comunhão: dizer: “Garoto de rua, sou tua mãe; Que saudade, Meu Deus!... cuidarei de ti”. ESTER NUNES BIBAS (1888 LEONARDO NERY da Costa 1972), Professora e poetisa vigiense. Cardoso ( Vigia de Nazaré, 19.12.60), Foi alfabetizada pela própria mãe. poeta, compositor e cantor, estudou Formou-se normalista em Belém. em duas escolas estaduais e no Chegou a dirigir escolas na capital Ginásio “Bertoldo Nunes” (locais). Preparou livros escolares para as Começou a escrever poesia aos 15 cinco séries primárias, como as anos, influenciado por grupos jovens “Páginas Brasileiras” e publicou um da terra. Aos 17, integrou o conjunto livro de poesias, intitulado “Rimas “Os Dinâmicos”, deste município. do Coração” (1958). Em 1980 e 81 esteve em Manaus, e Tem o nome oposto em importante foi bem classificado nos festivais da escolas no bairro de Arapiranga. Sanyo e do Sesi. Cursou Letras na
NATAL Na minha cidade de ruas estreitas de gente humilde E a noite chegando devagar Agasalhando pássaros Com bálsamos que envolvem corações. Natal Na minha cidade de verde e sombras E de crianças pobres; Crianças pobres Que dormem em redes furadas de invernos. Natal Na minha cidade de 225 anos, Do trapiche municipal E de velhos pescadores cismando saudades, Saudades do mar Natal Na minha cidade de igreja-museu, de santos. Que tão velhos Já não obram milagres. Natal Da minha cidade de moças bonitas, De velhos pescadores, De verdes e sombras E de crianças pobres Que dormem em redes furadas de invernos. ( . . .) PESCA Pesca Pescador No amazonas ou no Norte Nesse mar que te chama As vezes pra própria morte. (. . . ) OSVALDO NERY SILVA, Funcionário publico municipal e poeta vigiense. Participou da 1ª Mostra vigilenga de poesias, em 1987. Publicação “ Livrencontro”. DUAS QUADRAS Quando escuto o som do sino Lá da Igreja Matriz, Eu rogo por meu destino Para que eu seja feliz. ... Eu já dei duro na vida A vida é dureza só Mas amoleço na lida Quando danço um carimbo. FRANCISCO CARDOSO MONTEIRO (poeta vigiense)
www.revistapzz.com.br 21
PZZ_VIGIA / LITERATURA
MAR VIGIENSE Oh, Peixe sagrado, Arrancado do mar... Vigiam as velas na maresia Preces, orações, romarias, Beijos guardados a esperar. Oh, solo sagrado, Sentinela do mar... Ajuruna destemida, Vigilenga apressada, mão amiga, Vidas portenhas foi salvar. Oh, Rincão cobiçado, Revolução á beira-mar... Sangue e ouro enterrado, Cabanagem a estourar! Oh, Sinos calados, Águias de bronze assombrados... Ladras mãos Enquanto a cidade dormia, Levaram Nossa Senhora, Enquanto a cidade dormia. Foram três noites enormes Foram três noites enormes Foram três noites enormes... De silêncio e agonia! Até que os sinos cantaram Alegria, Santo Deus, alegria! E o povo, a banda e a rua sorria... E o rio, os peixes, as flores e os anjos sabiam Que era carnaval de nossa senhora de Vigia. E até hoje a cidade não dorme Pois foram três noites enormes Enquanto a cidade dormia. II Responda-me vigilenga: Qual estrela estreitou tuas ruas? Qual beijo mundiou a lua? O boto? A boiuna? Ou o vento do vale que varre a vila. Quem acorda a corda do círio? Ou o círio é a corda que acorda? Concorda? III Vigia, os guardiões do tempo Ungiram na academia O teu nome. WILKLER ALMEIDA
22 www.revistapzz.com.br
AVANTE, COMPANHEIROS! Salve, ó companheiros rotarianos, Defensores da paz e da verdade. Nossos trabalhos, muita vez insanos, São feitos sempre em prol da sociedade. Sob a égide do amor e da vontade, Se abrigam, unidos, gregos e troianos, Preliando , como bravos espartanos, Pela conquista da fraternidade. Prossigamos na liça sem temores, Em risos transformando os dissabores Nas refregas sofridos, porventura. E, ao chegarmos ao termo da jornada, Bendiremos a glória conquistada, Defendendo uma causa justa e pura. (Em 30.11.1970) MARCIONILO ALVES, Vigiense, do Iteréua (6.10.1897 – 1974). Começou a estudar na vila de Porto Salvo. Cursou, em Belém, a Escola Técnica de comécio. Chegou a ser tesoureiro do Telégrafo Nacional. Concluiu o curso de cirurgiãodentista em 1931. Trabalhou no jornal belemense “O Estado do Pará” e foi membro da Associação dos Novos, onde pontificaram grandes escritores e famosos jornalistas. Aqui, na Vigia, fundou vários jornais, inclusive “05 de Agosto”, em 1938, e “ A Vigia”, impressos em Belém, e também o Instituto de Proteção á Maternidade e á Infância Desvalida. Sua obra maior foi a idealização e fundação do GINÁSIO “BERTOLDO NUNES”, a partir de 15.6.1953 e que manteve, com muito sacrifício e ajuda de amigos sinceros, durante muitos anos. Foi vereador nos anos 70, cumprindo nobremente sua missão, assim como no âmbito esportivo (Uruitá E.C. e Liga Esportiva Municipal). Não chegou a reunir em livros seus numerosos escritos
INSONIA O pior das horas é não saber as horas Neste mar de horas que é a noite. Um grilo metalúrgico estica na bigorna A morosidade das horas a passar... Um cricrilar intermitente tine na mente. Com órfão que não chegou ao lar. Um galo rouco rege a sinfonia de sapos, Pererecas, corujas e matintas-pereiras. No céu, arrastam-se as estrelas sem a luz. No rio, peraus vomitam horas devagar... Tudo resolve acontecer, menos o dia. Por estas plagas resolve não chegar. O bacurau já se foi, reina agora o sapoboi. O galo prepara a batuta, vem aí a saracura. A orquestra dos seres que não fazem sesta Tem o dom nefasto de a noite alargar. Minha fiúza é o Orlando passar pro porto. Com seu passadio, as horas poder calcular. Mas ele não passa e as horas acham graça. No baile das horas, sou um cavalheiro... De braços com a insônia, amor verdadeiro. ACRÓSTICO V-ejo-te lambica por rios, I-nvadida por encantos mil. G-raça és do meu salgado. I-nfinita no meu agrado, A musa deste vate viril. MARCOS ANTONIO PALHETA, Poeta e prosador vigiense. Professor secundarista estadual, com participação em antologias. Este “Acróstico” (poema em que as iniciais formam o nome VIGIA), integram o “Novo Espaço Alternativo”, de 1987. E “ Insonia” foi classificada no Concurso Nacional “Novos Poetas”, integrando a antologia “Poesia Livre”, na Paraíba, em 2014.
www.revistapzz.com.br 23
PZZ_VIGIA / HISTÓRIA
VIGIA DE
NAZARÉ José Ildone
24 www.revistapzz.com.br
FOTo: AMAZO ALCÂNTARA
Em 8 de julho de 1613, o francês Daniel de LaTouche, senhor deSão Luís do Maranhão, veio fundar uma colônia no Pará. Passou em Bragança e Maracanã. E dirigiu-se à aldeia de Taba-pará, na Vigia. Ali perto estava a aldeia de Uruitá (no tupi-guarani: URU - CESTO, ITÁ - PEDRA, ou seja, CESTO DE PEDRA), ocupada por índios Tupinambás.
A história da cidade de Vigia remonta o início da colonização na Amazônia por franceses, portugueses, espanhhois e outros aventureiros que adentraram nesse vasto território e contribuiram não só para as histórias da cidade e para a formação da cultura e da identidade do povo vigiense
DESCOBERTA, FUNDAÇÃO E COLONIZAÇÃO Antes de Cabral descobrir o Brasil, Cristóvão Colombo, um italiano que aprendera muito de navegação em Portugal, após tenaz insistência, conseguiu, na Espanha, condições de viajar para o “outro lado do Atlântico”. Descobriu as ilhas da América Central (Cuba, Haiti, S. Domingos) em 1492, e a América do Norte seis anos depois. Mais tarde, os espanhóis, comandados por Vicente Pinzon (que descobriu a América junto a Colombo), Diogo de Lepe, Orelana e Pizarro, navegaram pelo rio Amazonas. A denominação de Amazonas foi dada pelo próprio Orelana, em 1542, após o combate com as “amazonas” ou mulheres guerreiras. As notícias em torno desse imenso rio, suas terras habitadas pelos índios e a lenda em torno de riquezas imensas (o El-Dorado) assombraram a Europa, e contribuíram para aumentar o ritmo das viagens até às Américas. Um acordo entre Portugal e Espanha, o Tratado de Tordesilhas, dividia as terras descobertas entre os dois países europeus. Mas os franceses, não respeitando esse acordo, avançaram para a Amazônia e aqui estabeleceram colônias. Foi assim que, em 8 de julho de 1613, o francês Daniel de La Touche, senhor de São Luís do Maranhão, veio fundar uma colônia no Pará. Passou em Bragança e Maracanã. E dirigiu-se à aldeia de Taba-pará, na Vigia. Ali perto estava a aldeia de Uruitá (no tupi-guarani: URU - CESTO, ITÁ - PEDRA, ou seja, CESTO DE PEDRA), ocupada por índios Tupinambás, amigos dos europeus. Depois, seguiu viagem até Cametá, mas teve que retornar às pressas, porque o governo português estava atacando São Luís, e acabou forçando a rendição de La Touche em novembro de 1614. Mas era preciso assegurar o domínio do Norte. Para isso, foi designado Francisco Roso Caldeira de Castelo Branco. Ele saiu de São Luís a 25 de dezembro de 1615. Parou na aldeia de Uruitá a 6 de Janeiro de 1616, a data da Fundação de Vigia. Depois, lançou as bases da futura capital do Pará, dia 12 de Janeiro. O fundador da vila de São Jorge dos Álamos (atual Vigia), segundo Ernesto Cruz, foi o bandeirante português Estácio Rodrigues, bisavô de Felipe Patroni. (O Barão de Guajará omite este dado e qualquer outro referente a D. Jorge, o fidalgo a seguir citado). As terras da aldeia de Uruitá foram doadas por D. João IV, ao fidalgo português D. Jorge Gomes dos Álamos, a quem se deve a colonização do povoado. Homem rico, destinou grande parte da fortuna ao desenvolvimento de suas terras, na capitania do Pará. Mas em 1653 retornou a Portugal. As terras voltaram ao patrimônio da coroa. O trabalho de Jorge dos Álamos, porém, tinha transformado a simples aldeia num espaço preenchido pelas casas, pequeno templo, arruamento, plantações e estaleiro para construção e recuperação de embarcações. Com ele deve ter chegado a Vigia, o culto de Nossa Senhora de Nazaré, pois, em Portugal, o fidalgo vivia perto das terras onde essa veneração existia com enorme fervor. Foi tão grande o progresso local, que a autoridade real promoveu a elevação a Vila (das mais antigas da Amazônia) em 1693.
www.revistapzz.com.br 25
PZZ_VIGIA / HISTÓRIA
O DESENVOLVIMENTO SOB A AÇÃO DOS JESUÍTAS
A Companhia de Jesus, fundada pelo espanhol Inácio de Loiola, em 1534, espalhou-se rapidamente, obedecendo a rígida disciplina. Religião, educação e trabalho volvido para as melhorias materiais, foram a base de sua existência. Os jesuítas Portugueses se estabeleceram no Brasil. No Sul, o nome mais conhecido é o de José de Anchieta. No Norte, o do famoso pregador Antônio Vieira, defensor dos índios perseguidos e escravizados pela ganância dos comerciantes e proprietários de terras lusitanos. A Companhia chegou a Belém em 1653, e ali construiu o primeiro colégio da Amazônia, embora já houvesse outras ordens religiosas na região. Muito trabalho trouxe bastante prosperidade aos jesuítas, que estabeleceram suas fazendas (missões) nas áreas próximas da capital, como a do Marajó, a de Cabu (Colares), Mamaiacu (Porto Salvo), Penhalonga, São Caetano de Odivelas, Curuçá e Tabapará. Antes mesmo de iniciar a grande obra da então Vila da Vigia, os religiosos visitavam e organizavam aquelas missões, que, com sua produção, supriam as necessidades da Casa de Santo Alexandre, na Cidade Velha, em Belém. Esse contato estreito com os padres, levou-os a aceitar o pedido das autoridades e outros moradores da então Vila de Nossa Senhora de Nazaré da Vigia, para estabelecerem, aqui, a casa e o colégio. Conta-nos o historiador conterrâneo citado: “O padre José Lopes, provincial da Companhia de Jesus, impetrou no ano de 1730, licença para fazer na vila uma casa em que pudessem residir seis ou oito religiosos, incumbidos assim do pasto espiritual, por haver ai um só sacerdote, como também do ensino e educação dos filhos dos moradores”. Em 1731, foi concedida pelo rei de Portugal, a licença. Em agosto de 1732, o mesmo padre conseguiu a permissão do bispo Dom Bartolomeu, para por em prática a licença real. E continua o Barão de Guajará: “... conseguido isto, pediu a Câmara Municipal e obteve sessenta e quatro braças de terrenos entre as duas ruas chamadas hoje das Flores e de Nazaré, começando da travessa do Solimão até o Tujal. Aí tratou logo de mandar levantar a casa que tinha de servir de residên-
26 www.revistapzz.com.br
cia para os religiosos, onde estabeleceu o Colégio da Mãe de Deus, e deu começo ao ensino e educação da mocidade”. Pouco mais de um ano depois, os jesuítas, construída a casa, começaram a erguer- os alicerces da atual matriz. Eis-a excelente informação de Raiol: “Onde fora dantes humilde chão, erguia-se um majestoso templo com elevados campanários, com varandas sustentadas por colunatas, com espaçosos salões, com sacristia adornada de painéis, com rico altar e retábulos doirados! As aulas que funcionavam na acanhada casa de residência dos religiosos, foram transferidas para este vasto edifício, que ficou por isso chamado Colégio. Além de primeiras letras, ensinavam ai os frades, o Latim, a Filosofia racional e moral, e todas as outras
matérias necessárias ao sacerdócio. Para auxiliar os estudos a que se aplicavam e fornecer aos seus discípulos os meios de instrução, tinham no pavimento superior uma excelente biblioteca com os livros de que poderiam carecer. Eles haviam também criado duas missões no distrito da Vila, em sítios afastados desta. Chamavam-se, uma Porto-Salvo e outra Penha-Longa, dos quais as mesmas derivavam os seus nomes”. Atendendo ao povo, 0 padre José de Souza, reitor do Pará, passou a dirigir a Casa da Vigia, anexada ao colégio de Santo Alexandre, do qual se separou mais tarde, por auto-suficiente.
OUTROS NA VIGIA
RELIGIOSOS
Não foram só os jesuítas que se radicaram na Vila da Vigia. Aqui estiveram também os Mercedários e os Carmelitas. Estes construíram casa e templo (sem, porém, a durabilidade dos jesuíticos). Os carmelitas ainda abriram escola e introduziram, na Vigia, o culto do Senhor dos Passos ou do Bom Jesus. Em 1749, a imagem do Senhor dos Passos, guardada pelos jesuítas na igreja matriz, foi devolvida aos carmelitas, que a colocaram na capelinha recém-construída. E desta safa em procissão, até a matriz, durante a Semana Santa. É tradição que ainda se mantém, na Procissão do Encontro.
AUTÔNOMA A CASA DA VIGIA
As boas realizações dos inacianos, com o apoio integral do povo, determinaram o alto progresso da Vila. A Casa dos Padres pode separar-se da de Santo Alexandre, na capital, porque tinha condições de sobreviver de seus próprios recursos: criação do gado e mineração, preparo de sabão, plantações de café, algodão e cacau. Era o ano de 1740.
CASA DOS JESUÍTAS
Conta-nos o historiador conterrâneo citado: “O padre José Lopes, provincial da Companhia de Jesus, impetrou no ano de 1730, licença para fazer na vila uma casa em que pudessem residir seis ou oito religiosos, incumbidos assim do pasto espiritual, por haver ai um só sacerdote, como também do ensino e educação dos filhos dos moradores”.
1752 - Falece, nesta Vila, o fundador da Casa, do templo e do Colégio, padre Jose de Souza. (Em 1978, José Ildone quando prefeito, deu o nome desse Jesuíta à travessa que passa aos fundos da Sociedade Literária e Beneficente “Cinco de Agosto”).
REFORMA POLÍTICA
Com a vinda, de Portugal, do Irmão do Marques de Pombal, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, para governar o Pará (1751-1759), deu-se início ao processo de organização política de Belém e de algumas vilas ou cidades, sendo criados os Senados. Os senados e as câmaras municipais do Brasil são uma herança do sistema de governo português. Eram instituídos por deferência Real. 1753 - É iniciado o regime Parlamentarista na Vila de Nossa Senhora de Nazaré da Vigia, com a criação do Senado, composto por três membros; Joaquim Fernandes Ataíde, Francisco da Rocha Terra e João
de Souza Pinheiro. Esta fase da política vigiense perdurou até 1763, quando a Vigia começava a se adaptar as mudanças politicas que antecederam ao Grito de Independência. 1757 - A fazenda de Mamaiacu é transformada em Lugar de Nossa Senhora de Porto Salvo. E a fazenda de Curuçá passa a Vila Nova Del-Rei. 1764 - O Senado é substituído por um Juizado Ordinário. Este era representado por um ou dois juízes, escolhidos para administrar justiça ao povo. Para demonstrar a insígnia da autoridade do cargo, os juízes ordinários geralmente seguravam uma vara vermelha em suas andanças. A fase dos Juizados ou Regime Legalistas, na Vigia, termina em 1813, ficando a Vila administrada por um Conselho Municipal.
EXPULSÃO DOS JESUÍTAS
Quando Ministro de Negócios Estrangeiros, o Marquês de Pombal (nascido em Lisboa em 1699) adotou várias medidas positivas para o Brasil. Mas terminou por perseguir os jesuítas e expulsá-los do nosso país, em 1760. Neste ano, a 23 de junho, cinco padres e um irmão foram presos na Vigia e levados para Belém. Os bens dos padres, confiscados ou vendidos em leilão, exceto as fazendas de Tabatinga e São Caetano. Os livros da biblioteca foram levados para a capital. O segundo colégio da Amazônia deixava de ter o comando religioso. A Vigia sofreu enorme abalo, pois os mais evidentes responsáveis pelo seu progresso, em todos os sentidos, eram afastados como criminosos. Santana Marques, jornalista, professor, pesquisador e acadêmico respeitado, levantou a hipótese: não fosse o ato condenável do marquês, a Vigia seria, hoje, um centro universitário. É um bom assunto para debate. Mas vejamos o que aconteceu a Pombal: Dona Maria I, subindo ao trono, anistiou presos políticos, desprestigiando o ministro, que foi acusado de locupletar-se dos bens públicos e morreu desterrado em 1782.
www.revistapzz.com.br 27
PZZ_VIGIA / HISTÓRIA
A CRIAÇÃO DA PARÓQUIA
Para apagar a impressão de violência contra os jesuítas e acalmar o povo desolado, o Rei de Portugal, Dom José, propôs ao Bispo da Diocese transformasse a igreja da Vigia em matriz paroquial, destinando a outra igreja a “capela filial”. A outra igreja, presume-se, era a capela do Senhor dos Passos. 1786 - Na Vigia, cultivava-se o café e a mandioca. Fabricava-se, além do sabão, excelente cal de sernambi. Outras atividades importantes: a caça, a pesca, a preparação de canoas. 1799 - 0 governo funda escolas primárias em várias vilas, inclusive na Vigia.
A CAPELA DO SENHOR DOS PASSOS
Também chamada Capela do Bom Jesus, foi a última construção dos jesuítas, que desejavam deixar o primeiro templo mais para o atendimento do Colégio. O segundo iria centralizar a vila, que estava crescendo para o outro extremo. O Barão de Guajará foi informado de que teria sido erguido “a custa da devoção particular dos fiéis”, mas confirma ser uma construção do século XVIII e, portanto, do tempo em que os jesuítas ainda estavam na Vigia. Por outro lado, o professor Cândido Vilhena é mais preciso: “Entre muitos episódios que se deram por ocasião do embarque dos religiosos, conta-se que frei Joaquim da Epifania, engenheiro e arquiteto, encarregado de dirigir os trabalhos de um grande templo em começo de construção e sob a invocação do Bom Jesus dos Navegantes, no bairro denominado de Igarapé, e cujas ruínas ainda se veem, dissera, emocionado, ao passar por ele: “Adeus, meu ideal, jamais haverá quem te leve a conclusão!” Palavras proféticas! Assim ficou e assim esta...” A infeliz perseguição de Pombal impediu a complementação do templo, no qual se guarda um admirável testemunho dessa interrupção: a pia de mármore inacabada. Sequenciando o quadro de depredação de monumentos históricos na Vigia, um intendente mandou retirar dos paredões, centenas de pedras, que se destinaram a obras na cidade. O portal de mármore todo quebrado, esta conservado em segurança no interior da capela.
28 www.revistapzz.com.br
TEMPLO INACABADO
A infeliz perseguição de Pombal impediu a complementação do templo, no qual se guarda um admirável testemunho dessa interrupção: a pia de mármore inacabada. Sequenciando o quadro de depredação de monumentos históricos na Vigia, um intendente mandou retirar dos paredões, centenas de pedras, que se destinaram a obras na cidade. O portal de mármore todo quebrado, esta conservado em segurança no interior da capela.
www.revistapzz.com.br 29
PZZ_VIGIA / HISTÓRIA
TRANSIÇÃO POLÍTICA
1822- Acontece a proclamação da Independência do Brasil. Dom Pedro I torna-se o primeiro Imperador do Brasil. Com o estabelecimento da Independência, ocorre no Brasil uma reorganização politico-administrativa. O poder central é o Imperador. O Pais é dividido em Províncias. Este acontecimento marcou a transição do regime Colonial para o Imperial. O Pará foi o último Estado a aderir oficialmente, em 15 de agosto de 1823, pois estava mais ligado à Coroa Portuguesa do que ao resto do Brasil. 1823 - A Vila da Vigia declarou sua adesão somente em 31 de agosto desse ano, fato ocorrido com grandes festejos em torno do Paço. 1824 - Promulgação da Constituição Política do Império do Brasil contendo a primeira Lei Eleitoral do Brasil independente. 1828 - Foi constituída a Câmara da Vigia, composta de sete vereadores, que legislaram até 1832, época em que o Pará enfrentava grandes agitações populares, que viriam a culminar com a Revolução Cabana. 1835 - Explode a Cabanagem, durante a segunda vereança, com mandato previsto de 1833 a 1836. O primeiro ataque cabano à Vila da Vigia, comandado por Bento Ferrão, ocorreu no Paço, em maio de 1835, obrigando os vereadores a saírem de lá e se refugiarem no prédio conhecido por “Trem de Guerra”, pertencente ao Juiz de Paz, Joao de Souza Ataíde, onde ha via um paiol de armas. No dia 23 de julho, em torno desse prédio, foi travada uma grande batalha entre cabanos e políticos vigienses, com a morte de vários homens. Morreram, nessa luta, todos os vereadores, entre estes, Pedro Raiol, pai de Domingos Antônio Raiol, que mais tarde viria se tornar Barão de Guajará, um dos mais brilhantes políticos vigienses. 1836 - Em 08 de março, a Câmara foi reconstituída. 1842 - Vigia constitui sua jurisdição de Comarca, representada por um juiz, desligando-se da Comarca da Capital. 1854 - Através da Lei Provincial n° 252, ocorre a elevação da Vila de Vigia a categoria de Cidade. 1871 - Através da Lei Provincial n° 674, de 21 de setembro, Vigia passa a ser classificada como Comarca de 2° Entrância. 1876 - O Imperador do Brasil, D. Pedro II,
30 www.revistapzz.com.br
visita o Pará. 1882 - Construção do novo prédio do Paço Municipal, sobre o mesmo terreno. 1883 - O vigiense Domingos Raiol recebe o titulo honorífico de Barão de Guajará. 1889 - Em 15 de novembro, foi proclamada a República do Brasil. A data marcou o fim da Monarquia Brasileira. Um governo provisório foi estabelecido. Ainda em 15 de novembro, o Decreto n° 01, redigido por Rui Barbosa, anunciava a forma de República Federativa, onde as antigas províncias, juntamente com a Federação, constituíam os Estados Unidos do Brasil. Em Vigia, a Câmara é dissolvida. Com o advento da República e o término da Monarquia, acontecem diversas mudanças, logo no dia seguinte a Proclamação da República. Decretou-se o banimento da Família Real. Deu-se a Dom Pedro II 24 horas para deixar o País. Em 17 de novembro, a Família Imperial seguiu para o exílio na Europa. Tem início a primeira fase da República, que perdura até 1894, conhecida como a “República da Espada”, pois é dominada pelos militares. 1890 - O Governo Provisório do Estado do Pará cria, na Vigia, o Conselho Municipal de Intendência, pelo Decreto n° 33, de 05 de fevereiro. O Poder Executivo entra em cena, sendo administrado por um intendente, geralmente militar, nomeado pelo governo estadual. 1891 - Foi promulgada a primeira Constituição Republicana, determinando que o primeiro presidente da República e seu vice fossem eleitos pelo Congresso Nacional. O Brasil tem como primeiro presidente o Marechal Deodoro da Fonseca, aclamado Generalíssimo Deodoro. 1901 - O primeiro intendente da Vigia, no século XX, foi o Capitão Antônio José do Carmo Barriga. 1912 - Barão de Guajará, que ocupou importantes cargos políticos no Brasil, morreu aos 82 anos, em Belém. 1916 - Era intendente da Vigia o Tenente Raymundo Nonato Gaspar, natural do Pará, que aos 30 anos de idade, no exercício de sua administração, foi assassinado com um tiro na cabeça, quando se encontrava no quartel da Brigada Militar, em Belém, em 28 de dezembro desse ano, onde ocorreu um protesto popular contra o governador Enéas Martins, posteriormente deposto. 1918 - Chega ao fim a Primeira Guerra
Mundial. 1926 - Ocorreu, na costa do Amapá, o salvamento de três aviadores argentinos, pela tripulação de Pescadores vigienses comandada por Josino Cardoso. Henrique Palha, o intendente na ocasião, recebeu os resgatados e os heróis, prestando-lhes as honrarias. 1930 - Getulio Vargas chega ao poder, como chefe do Governo Provisório. A Revolução pôs fim a primeira República, acabando com a “hegemonia” da burguesia do Café, pois o controle político estava nas mãos dos fazendeiros, que enriqueciam enquanto o povo permanecia na miséria. Na Vigia, chega ao fim a fase das Intendências. A Historia Política da Vigia entra numa nova fase, em que acontece a conversão do Conselho Municipal de Intendência em Prefeitura. Na transição para o novo regime, em 1930, ficou exercendo o cargo de primeiro prefeito, sob nomeação, Antônio Pinheiro dos Santos, conhecido popularmente por Feijoada. 1931 - Inicio da administração do Tenente Jorge Corrêa. Com aprovação do vigário, Padre Alcides Paranhos, ele mandou demolir as paredes inacabadas do que seria a nave central da Igreja de Pedra. 1932 - O Código Eleitoral concede o direito de voto às mulheres.
TEMPLO INACABADO
A infeliz perseguição de Pombal impediu a complementação do templo, no qual se guarda um admirável testemunho dessa interrupção: a pia de mármore inacabada. Sequenciando o quadro de depredação de monumentos históricos na Vigia, um intendente mandou retirar dos paredões, centenas de pedras, que se destinaram a obras na cidade. O portal de mármore todo quebrado, esta conservado em segurança no interior da capela.
1935 - Até então, os prefeitos eram nomeados. A partir desse ano os prefeitos da Vigia passaram a assumir o cargo mediante eleição; assim, Rose Blanche, mulher de Jorge Corrêa, foi indicada e se tornou a primeira prefeita eleita do município. Ainda em 1935, o município de São Caetano de Odivelas, depois de ter sido suprimido em 1933, e restituído, com território desmembrado de Vigia. 1937 a 1945 - Suspensão das eleições. 1945 - Término da Segunda Guerra Mundial. 1947 - Até esse ano, não havia, na Vigia, o cargo de vice-prefeito. Também não havia o de presidente da Câmara. O próprio prefeito presidia a mesma. 1948 - Com a Lei Municipal n° 09/1948, na administração municipal do Dr. Ruy de Figueiredo Mendonça, é estabelecido o cargo de vice-prefeito, ficando este também exercendo a presidência da Câmara. 1961 - A Lei Estadual n° 2.460, de 29 de dezembro de 1961, elevou definitivamente Colares a categoria de Município, desmembrando-se de Vigia. A mesma lei emancipou também Santo Antônio do Tauá, com território desmembrado dos municípios de Vigia e João Coelho (atual Santa Izabel do Pará). Portanto, Vigia tem sua delimitação consideravelmente reduzida. 1964 - Ano Revolucionário. Em 31 de mar-
ço, os militares sobem ao poder. É iniciada a Ditadura Militar, período caracterizado pela total interrupção do governo nos direitos individuais da população. 1966- Em 13 de dezembro, o governo militar decreta o Ato Institucional n° 5 (AI5). Este foi o mais duro desse governo, pois aposentou juízes, cassou mandates, acabou com as garantias do habeas corpus e aumentou a repressão militar e policial. O General Médici assume a presidência do Seu governo e considerado o mais duro do período. 1970 - É inaugurado o novo prédio para onde se transferiu a Prefeitura da Vigia. A Câmara Municipal continuou funcionando no Paço.
belece o pluripartidarismo no País. 1983 - Até então, as eleições municipais aconteciam em 15 de novembro e o prefeito era empossado em 31 de Janeiro do ano seguinte. 1888 - Promulgação da nova Constituição Brasileira. Daí em diante, o prefeito passa a tomar posse em 1° de Janeiro. 1989 - Eleição direta para presidente. 1990- Foi promulgada a Lei Orgânica do Município da Vigia, na qual aparece, em termo de obrigatoriedade, o ensino da História da Vigia na rede escolar municipal, conforme o Artigo 204. 1997 - Houve a definição do desenho da Bandeira Oficial do Município da Vigia, pelo artista plástico Wilkler Almeida. Esta bandeira foi idealizada na administração de Raimundo Nonato Melo de Vasconcelos (1963-1967), desenhada pelo ex-prefeito Eloy Vera Leal, colaborado por Jose IIdone, também ex-prefeito. 2000 - A cidade foi renomeada, passando a se chamar Vigia de Nazaré, apos a realização de um plebiscito. 2003- Houve, na primeira administração de Marlene Vasconcelos, a institucionalização do Hino da Vigia de Nazaré, com letra de Jose IIdone e música de José Vale. 2004 - Em 14 de fevereiro, foi inaugurado o Museu Municipal, no prédio do antigo Grupo Escolar “Barão de Guajará”. 2005 - Marlene Vasconcelos e reeleita e implanta, no prédio do Paço Municipal, o Memorial Político da Cidade de Vigia de Nazaré, inaugurado em 22 de setembro.
Após o fim da primeira gestão de Florival Nogueira, houve um mandato de dois anos (1971-1972) exercido por Marco Aurélio Gouveia Furtado Belém. 1974- O General Geisel anuncia a abertura política no Brasil, executada gradualmente. 1977- A Câmara passou a eleger o próprio presidente. Nesse ano, houve a demolição total do Paço Municipal, posteriormente reconstruído. 1978- Geisel acaba com o AI5, restaura o habeas corpus e abre caminho para a volta da democracia no Brasil. 1979- O governo aprova a lei que esta-
www.revistapzz.com.br 31
PZZ_VIGIA / PATRIMÔNIO MATERIAL
IGREJA DE NOSSA SENHORA
DE NAZARÉ
32 www.revistapzz.com.br
FOTO: AMAZO ALCÂNTARA
A
Igreja de Nossa Senhora de Nazaré foi construída junto a casa de residência dos jesuítas, com grande ajuda do povo. Diz Raiol que “a cal era feita de conchas conhecidas pelo nome de sernambi, que mandavam buscar nas costas próximas do Atlântico, e queimavam em fornos que eles mesmos preparavam”. O padre jesuíta Serafim Leite (maior historiador da Companhia) que visitou a Vigia, garante que as colunas laterais são caso único ou extremamente raro em igrejas do Brasil, que a biblioteca tinha 1010 volumes (e publicou a relação deles em Portugal) e entre as fotografias que ilustram o texto, incluiu a da famosa naveta de prata, tendo na proa uma cabeça de jacaré, naveta essa que foi roubada na década de 50. Informa o professor Candido Vilhena que, entre “as maravilhas saídas das mãos desses habilíssimos artistas, num supremo arrojo de concepção estética”, destacavam-se, “pelo lavor delicado da escultura, quatro figuras de Sansão, delineados em mármore róseo, duas maiores e duas menores, - que serviam de suporte as colunas da frontaria do templo”. E conclui, entre lamentações mais que justas: “Essas preciosidades de arte decorativa, bem como os antigos púlpitos ricamente ornamentados, representando duas enormes cornucópias com entalhes dourados, estilo manuelino, e de arabescos policromos, abertos a buril, não existem mais, assim também diversas outras obras de talha de uma delicadeza de linhas e contornos admiráveis que ali se viam noutros tempos. O camartelo brutal do imbecil empreiteiro nos diversos consertos que tem sofrido o templo até hoje, as derribou e destruiu por completo. Só faltou, para que o vandalismo fosse maior ainda ter arrancado e destruído também as belas e magníficas pias de mármore, em forma de
www.revistapzz.com.br 33
PZZ_VIGIA / PATRIMÔNIO MATERIAL
34 www.revistapzz.com.br
FOTOS: ADRIANA LIMA
TRABALHO JESUÍTICO
A Igreja Madre de Deus tornou-se o segundo marco mais importante do trabalho jesuítico na Amazôniia, depois do Colégio de Santo Alexandre, em Belém. Construída pela ordem dos jesuítas, tendo sido iniciada em 11 de junho de 1702 e concluída em 1732. Sagrada em 21 de março de 1749, erigida em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré. Em estilo barroco, destacando-se a majestade da obra e as edificações do tipo e porte. Na fachada apresenta frontão com ornamentação em relevo, ladeada por duas torres sineiras, evidenciando-se também a porta principal e as janelas de couro.
conchas bivalves, aderidas as paredes internas, na entrada da igreja e na sacristia”. Esta igreja ficou famosa pela sua beleza barroca, pelos objetos em ouro, prata e marfim, pelas belíssimas imagens de madeira. Hoje, infelizmente, grande parte dessa riqueza de nossa paróquia desapareceu, através de remodelações geridas por pessoas incompetentes, pelo desleixo dos responsáveis em relação aos bens eclesiásticos e históricos e, principalmente, pelos roubos ou estranhíssimas trocas de objetos em prata, recentemente acontecidos, e ainda não devidamente investigados.
IGREJA MATRIZ DE VIGIA Esta igreja ficou famosa pela sua beleza barroca, pelos objetos em ouro, prata e marfim, pelas belíssimas imagens de madeira. Hoje, infelizmente, grande parte dessa riqueza de nossa paróquia desapareceu.
www.revistapzz.com.br 35
PZZ_VIGIA / PATRIMÔNIO MATERIAL
36 www.revistapzz.com.br
IGREJA DE NOSSA SENHORA
DA LUZ
A
Igreja de Nossa Senhora da Luz, em Porto Salvo, é um símbolo de elegância arquitetônica da Vila que se debruça sobre o rio Guajará-miri, rio que deveríamos chamar “Guajará Vigiense”, para distingui-lo dos outros rios homônimos. Na Vila de Porto Salvo se celebra até hoje a festa de Nossa Senhora da Luz, hoje com a denominação de Círio, que se realiza no segundo domingo de dezembro. É uma das festas em louvor a Nossa Senhora, onde reúne grande parte das localidades vizinhas a Vila. A pequena igreja tem todas as características do século XVIII, quando estavam sendo sendo construídas as igrejas da sede do município, as igrejas Madre de Deus e Bom Jesus. Estas possuem um pequeno Arco Cruzeiro e nichos laterais e frontais ricamente ornamentados com peças barrocas. O altar é decorado com pinturas sacras, restauradas pelo artista plastico Antonio Coutinho. No centro, um nicho com uma peça barroca da imagem de Nossa Senhora da Luz, de tamanho médio, trazida da Europa pelos padres jesuítas. Para o historiador Paulo Cordeiro ”É possível que essa imagem que fica bem no alto da fachada da Capela de Nossa Senhora da Luz seja a de Nossa Senhora do Rosário da Vila de Porto Salvo. Ela não segura uma vela e um terço no braço esquerdo como a imagem de Nossa Senhora da Luz. Não existe nenhuma imagem de N. S. do Rosário dentro da capela. Com relação à construção da Igreja de Porto Salvo, em 1730, o Jesuíta João Teixeira, mandou construir uma pequena igreja “no porto dessa fazenda em terras que se lhe acrescentaram por doação da Câmara e compra particular”. Mas a pequena Igreja foi ampliada a custa dos devotos da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário“ relata em seu livro .
www.revistapzz.com.br 37
PZZ VIGIA / CABANAGEM
CABANAGEM Por José Ildone
38 www.revistapzz.com.br
Entre os paraenses (e na Vigia era fato bem claro, gerando até queixas ao imperador), o desentendimento com os lusitanos não deixava um caminho de conciliação.
O DESMANDO GOVERNAMENTAL E A REAÇÃO NATIVISTA Os nacionalistas queriam liberdade, respeito à cidadania, melhores condições de vida. Queriam também uma divisão mais justa de cargos, pois os melhores pertenciam aos Portugueses e amigos destes, que mandavam e desmandavam no Brasil. Havia os moderados, pregando a pacificação dos ânimos, porém sem um argumento forte, que garantisse o atendimento a reivindicação dos nacionalistas e contentasse os poderosos, aferrados as suas posições como se fossem elas direitos pessoais, sagrados e vitalícios. Entre os paraenses (e na Vigia era fato bem claro, gerando até queixas ao imperador), o desentendimento com os lusitanos não deixava um caminho de conciliação. Agravando o conflito, estava na memória do povo a violência da escravidão negra, o genocídio praticado contra os índios, o golpe fatal no excelente trabalho dos jesuítas, a ganância dos comerciantes lusos e as grandes riquezas que, empobrecendo o Brasil, iam enriquecer Portugal. Mais recentemente, a perseguição, culminando na prisão de Filipe Patroni (bacharel, filho do Acará, bisneto do fundador da Vila da Vigia, procurador da Província do Pará no Reino, lutador inteligente e incansável contra os abusos, defensor de nossa autonomia, e responsável pelo nosso primeiro Jornal - O Paraense - de março de 1822). E ainda: a prisão do cônego Batista Campos, articulista substituto de Patroni, com o fechamento do jornal pela censura do governo, sob a violência das baionetas. Estava na memória do povo a covarde deposição da primeira Câmara, só de brasileiros, eleita em Belém, e a remessa de 267 prisioneiros políticos paraenses a Lisboa (quando a maioria morreu), após a revolta de 14 de abril de 1823 e a de Muaná, contra a tirania portuguesa, representada pelo general José Maria de Moura, então verdadeiro ditador em nossa Província, e que só se afastou do cargo a 11 de agosto de 1823, quando a Junta Governativa proclamou a adesão do Pará a Independência do Brasil.
ERA UMA FASE NOVA
A Cabanagem, também conhecida como Revolta dos Cabanos foi uma revolta popular e social ocorrida durante o Império do Brasil entre os anos de 1835 a 1840 por índios, negros, mestiços e brancos pobres que viviam em condições exploratórias e humilhantes por conta da ganância e da cobiça dos portuguêses da antiga província do Grão-Pará
Os municípios foram aderindo lentamente: Cametá, o primeiro, dia 21; a Vigia, o segundo, a 31 de agosto; depois, Chaves, Bragança e outros mais distantes. Mas, em Belém, crescia o descontentamento dos patriotas, divididos em dois grupos, desejando a presidência da Junta Provisória do Governo para Dom Romualdo Coelho, uns, e para o cônego Batista Campos, outros; exigindo, ainda, a demissão dos lusitanos aferrados ao poder e sempre contrários a Independência. Houve desordens, até que a Junta fez as demissões pedidas. Mas o capitão Greenfell inglês a serviço do Império, que fora o arauto da Independência, quando chamado a restabelecer a ordem pública, mandou fuzilar paraenses no meio da rua, e tentou matar o cônego Batista Campos, que, salvo por intercessão de autoridades e do povo, acabou deportado para o Rio e en-
www.revistapzz.com.br 39
PZZ VIGIA / CABANAGEM
Considero, dessa maneira, que a paisagem que foi construída em Cametá deva ser analisada como uma possibilidade de representação social lusa, e como tal não condizia com a realidade social do lugar. Se intentou construir uma paisagem européia sem que existisse uma sociedade européia na Amazônia do século XVIII.
40 www.revistapzz.com.br
carcerado na Fortaleza de Santa Cruz. A seguir, o sanguinário e covarde Greenfell amontoou, nos porões do brigue Diligente (depois alcunhado Palhaço), 256 cidadãos acusados de excessos e os deixou perecer em alucinante tortura, sobrando apenas um para levar uma vida desgraçada, nas lembranças e no corpo martirizado. Batista Campos, inocentado no Rio e condecorado Cavaleiro da Ordem de Cristã, em agosto de 1824 chegou a Belém, e protestou contra a atitude do primeiro presidente nomeado pelo governo imperial, José Roso, que negara posse a um comandante de armas ordenara sua prisão e o fizera embarcar para o Rio. E o cônego e novamente preso e depois remetido para o Maranhão, assim como outros cidadãos. Voltou a ser julgado no Rio, foi absolvido, novamente condecorado e nomeado arcipreste da Catedral de Belém, tomando posse neste cargo em 01.07.1826.
ADESÃO À INDEPENDÊNCIA Tela do Artista Plástico Wilkler Almeida sobre a Adesão da Vigia a Independência. A Adesão de Vigia a Independência do Brasil se deu no dia 31 de agosto de 1823 e foi muito festejada pelos moradores desta vila. O presidente Roso é substituído pelo coronel Burgos. Ocorre a tomada de Cametá pelo soldado Antônio Barbosa, desejoso de castigar Portugueses, a retomada, e a fuga deste. 1828 - Forma-se a primeira Câmara Municipal na Vigia, - cinco anos após a eleição da primeira Câmara de Belém, esta com nove vereadores brasileiros, que haviam derrotado, eleitoralmente, os portugueses, mostrando toda a força nativista do povo contra José Maria de Moura, general, govenador das armas, perseguidor de Patroni, Batista Campos e outros patriotas. 1830 - Em 30 de março, nasce Domingos Antônio Raiol, futuro Barão de
Guajará. A Província do Pará tem novo presidente: o barão de Bagé. Logo, retorna a presidência o coronel Burgos (14.07.1830), com o novo comandante de armas, brigadeiro Soares de Andrea, que expediu ordens inconstitucionais, prejudicando a liberdade dos cidadãos . Por isso, indispôs-se ante o Conselho Presidencial. Chega a notícia da abdicação de D.Pedro I. No Conselho, pede-se o afastamento de Andrea. O coronel Burgos não atende. Mas ambos retornam ao Rio em julho de 1831. Vem um novo presidente: o visconde de Goiana, que é hostilizado pelos dois partidos políticos de então: os Caramurus (Portugueses com ideias de restauração do antigo poder) e os Filantrópicos (nacionalistas chefiados pelo cônego Batista Campos). Estes acabam por apoiar o visconde. Os Caramurus promovem um motim. Batista Campos é retirado da residência, humilhado, ferido, preso e remetido para fora da Capital. Então o visconde de Goiana, que governou só 19 dias, é deposto e devolvido ao Rio. O novo presidente, Machado de Oliveira, assume em 27.02.1832. Prega a paz e prestigia Batista Campos, chamando-o a Belém. Por isso, desgosta os Caramurus, que o atacam. Em dezembro, novo presidentes José Mariani. Os Caramurus se alegram, pensando em ganhar seu apoio. O Conselho resolve não empossar Mariani, prestigiando os Filantrópicos. Os Caramurus se armam para fazê-lo. Chegam interioranos (principalmente do Acará), dispostos a lutar e dobrar os Caramurus. Após a luta contra o português Joaquim Jales, ficou este morto, mais 70 amigos. Das forças governistas, 25 homens. E Mariani acaba não assumindo. Fica Machado de Oliveira até ser substituído, em dezembro de 1833, por Bernardo Lobo de Souza. 1833 - Começa o mandato dos membros da segunda Câmara da Vigia, que sofreria os ataques cabanos. O pai do Barão de Guajará, Pedro Antônio Raiol, era vereador nessa legislatura.
A FASE DAS GRANDES LUTAS Lobo de Souza promove anistia aos crimes políticos e torna outras medidas positivas, mas permite que o padre Gaspar Queiros ataque violentamente o cônego Batista Campos, através do jornal Correio Oficial Paraense. Batista Campos e seus amigos filantrópicos afastam-se do presidente e o atacam, através de uma pastoral contra a Maçonaria. O bispo, D.Romualdo Coelho, recebe ameaças. A pretexto de recrutamento obrigatório, Eduardo Nogueira, agricultor cearense, amigo de Batista Campos, é preso. O cônego, ameaçado de prisão. A partir daí, a revolta popular foi crescendo sempre, pois os governantes, mandados aos montes ao Pará, eram mal informados, mal intencionados, incompetentes, intransigentes e, assim, não tinham condições de controlar a situação. Em 1834, havia, de um lado, o tirano português Lobo de Souza, que mandava no Pará com o apoio do tenente-coronel Santiago. De outro, Batista Campos, apoiado pelos verdadeiros patriotas e tendo, no jornalista maranhense residente no Pará, Lavor Papagaio, um poderoso apoiador, que escrevia panfletos conclamando os cidadãos a lutar contra o governo despótico. Sabendo que Felix Malcher, tenentecoronel de milícias e fazendeiro no Acará, dava apoio a Batista Campos, Lobo de Souza mandou uma expedição contra ele, mas os amigos de Malcher venceram a luta, desmontando a força do governo e matando o comandante. Lobo de Souza, enfurecido, mandou a segunda expedição, em outubro de 1834. Malcher, sabendo que as forças eram poderosas e não havia como resistir, abandonou suas terras, onde tudo foi destruído pelo capitão James Inglis, mercenário inglês a serviço do Império. No mês seguinte, Manoel Vinagre foi assassinado e Malcher, com vários conterrâneos, levado preso para a capital. Lobo de Souza queria demolir os adversários. Mandou então reforçar a perseguição ao cônego Batista Campos, refugiado no interior. Mas o cônego faleceu em 31 de dezembro de 1834, com uma violenta inflamação no rosto.
JORNAL O PARAENSE DIRIGIDO POR FILIPE PATRONI A notícia se espalhou e a revolta popular cresceu. As medidas de segurança e repressão do governo também. Eduardo Nogueira Angelim e os irmãos Vinagre (um tinha sido assassinado) começaram a reunir os adeptos em vários pontes do interior e da capital preparavam a reação armada, para depor os maus governantes. 1835 (7 de Janeiro) - Primeiro assalto a Belém e conquista da capital. Lobo de Souza é fuzilado. Malcher, retirado da prisão por Francisco Vinagre e Angelim, é aclamado Presidente da Província do Pará (o primeiro de uma série de três). (19 de fevereiro) - Desavindos, Malcher e os irmãos Vinagre lutam. Malcher, junto aos legalistas, na Baia de Guajará, ordena, e a esquadra metralha Belém. (21 de fevereiro) - Francisco Vinagre e Angelim vencem a luta. Francisco Vinagre é aclamado presidente. Malcher, assassinado. Pedro da Cunha vem do Maranhão para pacificar a Província. Francisco Vinagre aceita o acordo. Ângelo Custodio (nascido em Cametá, que era contra os cabanos) é chamado a empossar-se no governo. Os revoltosos impedem a posse. Há lutas pelo interior. (Maio) - A Vigia era uma das mais importantes vilas do Pará. O domínio local
www.revistapzz.com.br 41
PZZ VIGIA / CABANAGEM
ASSALTO AO TREM DE GUERRA Os rebeldes do Pinheiro e do Benjamim, formando um grupo de mais ou menos quinhentos homens, reuniram-se no Porto Salvo e planejaram um assalto a Vigia. Atacaram por água e por terra, colocando o Trem de Guerra entre dois fogos.
pertencia aos Portugueses, apoiando a legalidade. Mas havia muitos cabanos na vila. Nos últimos dias de maio, o cabano Bento Ferrão, morador do igarapé Maracajó, surpreendeu, com seus homens, de noite, a guarda do Trem de Guerra (casa fortificada, onde eram guardadas as armas e munições, pertencente ao juiz de paz Joao de Souza Ataíde, situada na confluência da Rua de Nazaré e Av. General Gurjão; hoje reconstruída). Bento Ferrão festejou o fácil triunfo e, no dia seguinte, obrigou a câmara a reunir-se com todos os juízes de paz. E substituiu as autoridades legalistas pelos que apoiavam o governo de Francisco Vinagre. No dia seguinte, as autoridades de-
42 www.revistapzz.com.br
postas procuraram o comandante do batalhão de guardas nacionais, o tenete-coronel Raimundo Antônio de Souza Alvares, que estava no seu sítio, no rio Mujuim. Enquanto o comandante recrutava os guardas, as autoridades depostas fingiam apoiar Bento Ferrão, para que ele não desconfiasse da trama . (6 de junho) - Bento Ferrão sestava, quando os guardas retomaram o Trem de Guerra, pondo em fuga os revoltosos, muitos dos quais foram presos, inclusive o chefe, posto a ferro na fragata Imperatriz. - O Governo Regencial (acusado pelos cabanos dos males gerais) manda ao Pará o marechal Manuel Jorge Rodrigues, que recebe o governo de Ângelo Custódio.
Há um acordo com Francisco Vinagre, e o marechal restabelece o poder legalista no Pará. Faz-se a trégua. (23 de julho) - Antes deste dia, os rebeldes do Pinheiro e do Benjamim, formando um grupo de mais ou menos quinhentos homens, reuniram-se no Porto Salvo e planejaram um assalto a Vigia. Iriam atacar por água e por terra, colocando o Trem de Guerra entre dois fogos. Sabendo da aproximação dos revoltosos e de sua intenção de vingança, o comandante Álvares reuniu as autoridades e moradores, planejando a defesa: das três colunas, cada uma com duas peças de artilharia, a primeira ficaria no porto do Colégio, a segunda na estrada e a terceira no Trem de Guerra. Essa defesa era falha, ante o plano dos cabanos, que faziam guerra de guerrilha com extrema perfeição. Era uma quinta-feira: 23 de julho. Manhã cedo, foram chegando os cabanos e se esconderam próximo ao Pombal. Outros se aproximaram por terra, chefiados por Bonifácio, Roque e Portilho, três comandantes brabos. Começou o tiroteio, de surpresa. Os defensores, mal localizados, recuaram e acabaram por se proteger no Trem de Guerra. Então os cabanos fizeram o cerco, enquanto saqueavam a vila. Às 11 horas, faltou munição aos atacantes, mas esta foi encontrada no comércio de um portugueses que se negara a entregar chumbo e pólvora aos defensores da vila. Os revoltosos reorganizaram o ataque e ameaçaram rebentar a porta de entrada com um canhão. Ante essa ameaça, o juiz de paz, Joao Ataíde, propôs um pedido de trégua. Os cabanos fingiram concordar. Mandaram que os defensores jogassem as armas no poço interno do Trem de Guerra e saíssem desarmados. Assim foi feito. Os defenso-
TREM DE GUERRA
Durante o primeiro assalto à Vila da Vigia, os cabanos dominaram o Paço Municipal, onde funcionava o Senado da Câmara, obrigando as autoridades legalistas vigienses a se refugiarem-se no Trem de Guerra, também conhecido como Casa-Quartel. Esse prédio foi onde o movimento cabano operou o mais violento e sangrento episódio da Cabanagem na Vila da Vigia, quando foram assassinados todos os moradores e os militares vigienses que se encontravam aquartelados no Trem de Guerra. Atualmente funciona a Câmara Municipal de Vigia.
res do Trem haviam caído numa armadilha mortal. (Pedro Raiol, pai do Barão de Guajará, recebeu uma bala na cabeça e teve morte instantânea, nessa luta). Os cabanos enterraram seus mortos e obrigaram o vigário, padre Bentes, a rezar, no dia seguinte, uma missa em ação de graças pela vitória. Depois, abandonaram a vila. Os moradores que haviam conseguido fugir, só dois dias após fizeram grandes valas e enterraram seus parentes e conhecidos. Chegou o socorro da capital. Inútil. O vigário foi ao presidente e pediu providencias. Manuel Jorge Rodrigues quebrou, de surpre¬sa, a trégua, mandou prender os chefes cabanos que estavam em Betem, mas apanhou só Francisco Vinagre. Era o dia 27 de julho. Eduardo Angelim, seu irmão Geraldo Gavião e Antônio Vinagre fogem e agrupam tropas no Moju. (14 de agosto) - Os cabanos invadem Belém pela segunda vez, com aproximadamente 3.000 homens. Geraldo Gavião domina o Arsenal de Marinha. Angelim ataca o Palácio do Governo e o Forte do Castelo. Antônio Vinagre ataca o Trem de Artilharia (junto a igreja das Mercês), mas cai morto no inicio do ataque. Angelim assume o comando geral. Morre o filho do presidente, que se refugia na
esquadra, ancorada na Baía de Guajará. Os cabanos dominam Belém. Eduardo Angelim (de Aracati/Ceará), com apenas 21 anos, e o terceiro presidente cabano. 1836 (11 de abril) - 0 regente padre Feijó manda o brigadeiro Soares Andrea, conhecedor do Pará, de onde sairá curtindo rancores, pacificar a região. Não pode entrar na cidade e empossado na ilha de Tatuoca. Angelim, em Belém, reprime os excessos. Ha cabanos dispostos a enfrentar o inimigo. O bispo (D. Romualdo Coelho) desaconselha. Angelim pede anistia geral, mas Andrea, com uma força recheada de facínoras recrutados em todas as prisões do Nordeste, declara preferir a luta. Os cabanos, instados a abandonar a cidade, tentam incendiá-la. São demovidos por Angelim e pelo bispo. (13 de maio) - Soares Andrea entra em Belém e ataca os cabanos que saem. Angelim é capturado mais tarde no Acará e deportado por 10 anos. Os cabanos resistem aos legalistas no interior. Andrea permite atos bárbaros contra os adversários e lentamente desarma os grupos cabanos. 1839 (8 de abril) - O jovem bacharel paraense Bernardo de Souza Franco substitui Andrea na presidência da Província e começa um difícil trabalho de reorganização geral. Espantado com o martírio e o genocídio imposto aos cabanos, discorda do “estado de guerra” recomendado pelo
general, e declara: “...difícil será concluir a guerra sem o emprego de meios brandos e conciliatórios”. - A 4 de novembro, os revoltosos são anistiados em todo o Império, mas Vinagre e Angelim sofreram desterro de 10 anos em Fernando de Noronha. Depois, retornaram ao Pará. O primeiro faleceu e foi sepultado na capital, em 1873. Angelim faleceu em Belém e foi sepultado na fazenda Madre de Deus, em Barcarena (1882). - 1840 (25 de março) - Cai o último reduto cabano em Luzéia (hoje Maués, no atual Estado do Amazonas).
www.revistapzz.com.br 43
PZZ VIGIA / CABANAGEM
BRIGUE PALHAÇO A Tela de Romeu Mariz retrata de forma magistral um dos episódios mas marcantes da Revolta da Cabanagem e da História Política do Brasil.
A TRAGÉDIA DO BRIGUE PALHAÇO A TRAGÉDIA DO BRIGUE PALHAÇO NA CABANAGEM RETRATADO POR DOMINGOS ANTONIO Raiol diz que Greenfell amontoou, nos porões do brigue Diligente (depois alcunhado Palhaço), 256 cidadãos acusados de excessos políticos e os deixou perecer em alucinante tortura, sobrando apenas um para levar uma vida desgraçada, nas lembranças e no corpo martirizado.
44 www.revistapzz.com.br
“Ahi, em um dos dias de maior calor neste clima, forão lançados no porão ou em um espaço de trinta palmos de comprido, vinte de largura e doze de alto, fechando- se as escotilhas e deixando-se apenas aberta uma pequena fresta para entrada do ar. Encerrados assim ou atochados em tão estreito recinto, esses infelizes, que pertencião á diversos partidos e cores, que convinha extremar, romperam logo em gritos e lamentos, exasperados pelo calor e falta de ar que experimentavão; e no meio dessa terrivel vozeria, ouviram se algumas ameaças contra a guarnição de bordo as quaes se devião considerar como impotentes efeitos da desesperação. “Pela narração de um dos quatro que poderam sobreviver á matança soube se que os infelizes presos forão instantaneamente accommettidos de violentas dores de cabeça e suor copioso sobrevindo lhes uma sede insuportavel e afinal grandes dores de peito. Bradaram diversas vezes por agua para saciar a sede, que os devorava, e agua do rio, salgada e turva, lhes foi lançada em uma grande tina, que havia no porão; á ella se arrojaram tumultuariamente, bebendo a com as mãos, com os chapéos, e de bruços, procurando cada um ser o primeiro neste mister, amontoando se com violencia uns sobre os outros, e tudo na maior sofreguidão e desordem. Alguns cahiram sem sentidos, logo depois de beberem a agua, e á outros exacerbaram se as dores, os lamentos os gritos e as vociferações. “ Diversos forão os meios, á que recorreram para mitigar o estado em que se abrasavão, depois que certificaramse, que nada havia, que podesse mover aos seus ferozes guardas, estando elles decididos a vel-os morrer. Pozeram se nús; agitaram o ar com os chapéos e roupas; lançaram se á tina d’agua; atiraram se ao costado do navio no intento de achar alguma humidade, e no meio desta violenta desordem e frenesi muitos cahiram desfalecidos e inanidos de forças, e alguns delles acabaram espesinhados e comprimidos pelos seus companheiros de infortúnio. Acabando se a agua da tina que logo se tornou imunda, pediram nova; deu se lhes; porém armando-se uma furiosa contenda sobre quem primeiro beberia, os mais fracos foram derribados e succumbiram pouco depois. A
agua ainda não poude matar a sede dos que a poderam beber; devorava-os uma febre ardente que crescia com espantosa rapidez. Após della seguio-se um violento frenesi, succedido logo por accessos de raiva e furor, que os levou a lançaremse uns contra os outros a darem se reciprocamente punhadas e a se dilacerarem com as unhas e com os dentes, entre gritos, ameaças e horriveis vociferações. “ A barbara guarnição do navio, que presenciava tudo isto, e que com um sorriso infernal comprazia-se de ver aquella horrorosa scena de desesperação e furor, dirigio alguns tiros de fuzil para o porão e derramou dentro uma grande porção de cal, cerrando-se logo a escotilha e ficando o porão hermeticamente fechado, á pretexto de que por este meio atroz se aplacaria o motim, e os presos ficarião sossegados. Por espaço de duas horas ainda se ouvio um rumor surdo e agonisante, que se foi extinguindo aos poucos, e ás tres horas de encerramento completo que foi ao escurecer, reinou no porão o silencio dos túmulos! “ Erão sete horas da manhan do dia 22, quando se correo a escotilha do navio em presença do comandante... E o que vio ele?... Um montão de duzentos e cincoenta e dous corpos, mortos, lívidos, cobertos de sangue, dilacerados, rasgadas as carnes com horrivel catadura e signaes de que tinhão expirado na mais longa e penosa agonia. “Arrojados os corpos na lancha do navio, forão levados para a margem do rio, no sitio chamado Penacova e ahi sepultados em uma grande valla que para isso se abrio: e passando se a recorrer de novo o porão, encontraram se entre as cavernas quatro corpos, que ainda respiravão, os quaes, sendo expostos ao ar livre em poucos momentos recobraram a vida, tres deles, para succumbirem dentro em poucas horas no hospital, e o quarto, para passar uma existencia molesta e definhada, tornando se valetudinario na idade de vinte anos. De proposito não nos servimos da propria penna na descripção deste lugubre acontecimento, recêosos de não podermos dar as verdadeiras côres á semelhante quadro de horror, ou de darmol as mais carregadas do que convinha. Recorremos á penna estranha, sem duvida menos suspeita que a nossa, descreven-
do com mais imparcialidade esta scena barbara e dolorosa da terra, que nos vio nascer. Não faltará quem deseje saber porque o conego Baptista Campos, sendo um dos mais dedicados defensores da independência, fôra tambem prezo no dia 17 por ordem de Greenfell? A resposta é obvia. Quem mandou espingardear em uma praça publica a cinco infelizes sem culpa formada; quem autorizou consentio ou observou impassivel os horrores do Palhaço não era para admirar que tivesse mandado prender a um dos homens que mais pugnaram pela independencia do imperio e que por certo não poderia aconselhar os roubos e violencias que acabavão de ter lugar! E demais o brigadeiro Moura esteve prezo com o coronel Villaça á bordo do brigue Maranhão até o dia 26 de agosto, em que passaram para bordo da galera Tamega, que os transportou para Lisbôa, sendo ambos inimigos rancorosos do conego Baptista Campos. E era natural, que eles se insinuassem no animo de Greenfell demaneira a convencel-o, de que aquelle era não só agente principal do motim como cumplice dos arrombamentos de portas e dos excessos commettidos nos calamitosos dias de outubro! Que o conego Baptista Campos não concorreo para semelhantes attentados foi facto de que só duvidaram seos inimigos pessoaes. Outros, porém lhe fizerão inteirajustiça. E que motivos poderia elle ter para instigar a tropa eo povo a commetter taes violências? Infelizmente aos homens proeminentes dos partidos politicos se attribue quase sempre a culpa e responsabilidade das occorrencias do dia. Seos adversarios são implacaveis e no intuito de tirar lhes a influencia aproveitão tudo para desprestigial-os, imputando lhes a maldade de todos os acontecimentos com negação calculada de terem concorrido para os actos, que não podem ser contrariados sem revoltar a propria consciência. Trecho do Livro: Motins Políticos. Coleção de 03 Volumes escritos por Domingos Antononio Raiol, reeditado pela UFPA em 1957.
www.revistapzz.com.br 45
PZZ_VIGIA /5 DE AGOSTO
SOCIEDADE LITERÁRIA E BENEFICIENTE “CINCO DE AGOSTO”
P
TEXTO: YGOR /// FOTOGRAFIAS: 5 DE AGOSTO
assada a época das violentas revoltas populares contra as forças legalistas do Império do Brasil, ocorridas entre 1830 e 1835, as províncias mais prejudicadas pelas sequelas dessas agitações procuravam se soerguer. No Pará, ainda que terminada a Cabanagem, a população continuava vivendo em situação desconfortável, buscando penosamente a retomada da normalidade, principalmente nas localidades em que a revolução obteve maior efeito, ou seja, onde ocorreram conflitos: Belém, Acará, Barcarena, Cametá e Vila de Nossa Senhora de Nazaré da Vigia, como podemos interpretar ao ter contato com escritos e publicações de meados do século XIX. A anistia geral, de 22 de agosto de 1840, foi um fator relevante no sentido de a província se recompor das marcas negativas deixadas pela revolução. Vigia, após o período de batalhas, permaneceu sob administração do regime parlamentar, com a reconstituição da nova Câmara, em 1836, que substituiu a composição chacinada no assalto caba-
46 www.revistapzz.com.br
no ao Trem de Guerra, ocorrido em 23 de julho de 1835. Recuperava-se o comércio, predominado por descendentes de portugueses, assim como também decorria o modesto
Vigia, após o período de batalhas, permaneceu sob administração do regime parlamentar, com a reconstituição da nova Câmara, em 1836, que substituiu a composição chacinada no assalto cabano ao Trem de Guerra, ocorrido em 23 de julho de 1835. avanço urbanístico, a movimentação no setor pesqueiro e nos empreendimentos agrícolas, embasados no sistema escravocrata. As atividades políticas, educacionais, culturais e religiosas, igualmente, buscavam expressão. Fato relevante foi a publicação do primeiro jornal da Vigia, também estreante no interior da Província, denominado de O Vigiense, que começou a circular em
1852. A imprensa escrita, que a partir daí continuaria sempre atuante no cenário social local, estimulou bastante o florescimento da produção literária. Em 1854, estando à frente do governo do Pará o tenente-coronel Sebastião do Rego Barros, Vigia dá um passo importante, ganhando foros de cidade, através da Lei Provincial de 02 de outubro daquele ano. A classe intelectualizada vigiense do século XIX, representada por políticos, escritores, jornalistas, poetas, oradores, educadores, enfim... Figuras como Domingos Rayol (nascido em 1830), Araújo Nunes (1839), Bertoldo Nunes (1847), Vilhena Alves (1850), entre outros, mostravam-se dispostos e condicionados a promover um movimento de comunhão de ideais. Assim, em 01 de outubro de 1871, foi fundada a Sociedade Literária e Beneficente “Cinco de Agosto”, encabeçando o grupo de conterrâneos o professor Francisco Quintino de Araújo Nunes, seguido do irmão Raimundo Bertoldo Nunes, Francisco Ferreira de Vilhena Alves, Alencarino Bezerra de Albuquerque, Domingos Antonio
Rayol, Pe. Mâncio Caetano Ribeiro, Pe. Argymiro Maria de Oliveira Pantoja, Lauriano Gil de Souza, Manoel Felippe da Costa, Francisco de Moura Palha, Gerôncio Alves de Mello, Francisco Abrahão Furtado de Athayde, Manuel Evaristo Ferreira e demais nomes dedicados à causa do engrandecimento moral da Vigia, com intenção de promover de ações de cunho educacional, cultural e humanitário. A entidade foi oficialmente instalada na data que lhe foi nomeada, data essa que, na época, era dedicada à festa de Nossa Senhora de Nazaré, padroeira da “Cinco de Agosto” e da paróquia. Vale lembrar que, na década de 1930 houve a transferência da realização do Círio de Nazaré, de agosto para setembro, ficando o 05 de agosto consagrado a Nossa Senhora das Neves, padroeira do município.
PRINCIPAIS PROPOSTAS E CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS
Os objetivos prioritários da “Cinco de Agosto”, conforme estatuto datado de 1905, consistiam em: distribuir a educação, o esclarecimento e benefícios ao povo, aos associados e seus dependentes, como, por exemplo, a destinação de recursos, em casos de enfermidade, e financiamento de despesas fúnebres, em decorrência de falecimento; apoiar a cultura e motivar o amor aos valores locais. Outra atividade essencial era promover, em parceria com a paróquia, o Círio de Nazaré, colaborando para a expansão da fé católica. A parte educacional seria exercida através da implantação de uma Escola Primária e de um Externato (estabelecimento de ensino onde só há alunos externos, ou seja, que não residem no mesmo), para levar instrução gratuita à população desprivilegiada. Nas últimas décadas do século XIX, a “Cinco de Agosto”, já enraizada no âmbito social da cidade, recebia apoio comunitário e era positivamente comentada em jornais circulantes na época: O Vigilante, O Liberal, O Liberal da Vigia e O Orvalho, de Bertoldo Nunes, ambos de cunho crítico, literário e noticioso; O Apóstolo e O Publicista, religiosos; O Espelho; O Ateneu; O Século XX, também de Bertoldo Nunes, entre outras publicações de prestígio. O Externato era considerado um dos grandes feitos dos idealizadores da entidade. As aulas iniciavam regularmente no mês de janeiro, sendo ministradas, voluntariamente, por membros educadores, com ensinamentos em Geometria, Português, Geografia, Aritmética e Francês. Em 1878, este contava com catorze alunos
TREM DE GUERRA
Durante o primeiro assalto à Vila da Vigia, os cabanos dominaram o Paço Municipal, onde funcionava o Senado da Câmara, obrigando as autoridades legalistas vigienses a se refugiarem-se no Trem de Guerra, também conhecido como Casa-Quartel. Esse prédio foi onde o movimento cabano operou o
www.revistapzz.com.br 47
PZZ_VIGIA / 5 DE AGOSTO
Nas últimas décadas do século XIX, a “Cinco de Agosto”, já enraizada no âmbito social da cidade, recebia apoio comunitário e era positivamente comentada em jornais circulantes na época: O Vigilante, O Liberal, O Liberal da Vigia e O Orvalho, de Bertoldo Nunes, ambos de cunho crítico, literário e noticioso; O Apóstolo e O Publicista, religiosos; O Espelho; O Ateneu; O Século XX, também de Bertoldo Nunes, entre outras publicações de prestígio.
matriculados, sendo que vários deles, mais tarde, tornaram-se cidadãos influentes. Eram eles: Manoel Roque Pinheiro, Francisco de Assis das Chagas, Augusto Ramos Pinheiro, Manuel E. de V. Palheta, Manoel do Nascimento Souza, Manuel Braz F. de Ataíde, Henrique L. de Moura Palha, Raimundo José Cardoso, Luís Antonio Monteiro, Eurico Antonio Rayol, José Ferreira Monteiro, João de Almeida Pinheiro, José Maria Seabra de Moraes e Joaquim Faustino Rayol. A aplicação e desempenho do alunado eram acompanhados pelos administradores da mesa de renda, além do promotor público, Joaquim Catanho Sobrinho, e outros amantes das Letras. Ao final do curso era realizado um exame para avaliação de aproveitamento, havendo também premiação ao aluno que mais se destacava, em sessão assistida por várias autoridades locais. Ainda em 1878, no dia 01 de outubro, em comemoração ao aniversário do sétimo ano de fundação da “Cinco de Agosto”, os membros da Sociedade se reuniram na casa do presidente Araújo Nunes e decidiram que despenderiam a quantia de dez mil réis para serem doados como esmola aos mais necessitados da cidade. Diante das benfeitorias da “Cinco de Agosto” para com a comunidade, freqüentemente eram ofertados à instituição ma-
48 www.revistapzz.com.br
teriais técnicos e didáticos, outras vezes também adquiridos de acordo com as disposições dos cofres da casa. Em 1883 morreu o fundador e primeiro presidente, Prof. Araújo Nunes, aos 53 anos de idade. Sendo considerada uma das mais antigas e importantes sociedades literárias e beneficentes do Brasil, antecedendo outras como a “Mina Literária”, de 1895, e as Academias de Letras, tendo a Brasileira surgido somente em 1896 e a Paraense em 1900, a “Cinco de Agosto” foi uma espécie de precursora desta última. A Academia Paraense de Letras (APL) foi fundada pelo escritor, advogado e político vigiense Domingos Antonio Rayol, o Barão de Guajará, da qual foi primeiro presidente. A “Cinco de Agosto” também emprestaria outros nomes de seus associados a algumas das citadas entidades. Na Mina Literária constavam as presenças de Bertoldo Nunes, Vilhena Alves, Bezerra de Albuquerque e Barão de Guajará. Com o surgimento da APL, integraramna também: Alves de Souza, Olavo Nunes, Cantidiano Nunes, Otávio Pires, Teodoro Rodrigues, o próprio Barão de Guajará, e outros, que apareceriam posteriormente para representar o Município da Vigia, que por honra recebeu o cognome de “Atenas Paraense Diante da preocupante situação em que se encontrava a entidade, o Prof. Manuel Evaristo Ferreira convocou alguns membros para uma reunião em sua residência, em 08 de maio de 1902, a fim de se discutir providências para que a “Cinco de Agosto” não viesse a desaparecer. Entre os convidados estavam o tenente-coronel Casemiro José Ferreira, Manuel do Nascimento Magalhães e Souza, Capitão Francisco Antônio de Carvalho, além dos sócios efetivos Abrahão Athayde, Gratuliano Nunes, João Felipe, Nicácio Elleres e Jonas José Ferreira. Para a renascença da Sociedade foi idealizada a organização da biblioteca, sendo que, ficou a cargo do Prof. Bertoldo Nunes saber quais dos associados residentes em Belém continuariam a participar, além de coletar os livros que estavam em poder destes, para a posterior devolução à casa. Na Vigia, foi nomeada uma comissão
para percorrer a cidade, arrecadando livros e objetos pertencentes à Sociedade, que se encontravam em mãos de terceiros. O Prof. Manuel Evaristo Ferreira manteve-se provisoriamente na presidência. Como se pode constatar em ata de 11 de maio de 1902, neste dia foi realizada a primeira sessão normal, estando presentes, além dos anteriormente citados, os membros Filipe de Barros, José de Vasconcelos, Prof. Cândido José de Vilhena e Santiago Monteiro. Ao se falar na questão da sede, vários dos membros ofereceram as salas de suas residências, uma vez que, a “Cinco de Agosto” já havia funcionado em lugares diversos, cedidos pelos consócios, como as casas de Araújo Nunes (Praça “Siqueira Campos”), do genitor do Mons. Argymiro Pantoja (Rua de Nazaré, esquina com a Trav. José Bonifácio) e do Prof. Manuel Evaristo Ferreira (Av. Visconde de Souza Franco, ao lado da antiga casa do Barão de Guajará). Por fim, a “Cinco de Agosto” acabou por ser instalada na residência de Casemiro José Ferreira (Rua de Nazaré, onde hoje é a residência das Irmãs Preciosinas, do Educandário N. Sra. das Neves). Em 06 de julho aconteceu a primeira eleição da diretoria da Cinco de Agosto reorganizada, com a seguinte composição: Manoel Felippe da Costa (presidente), Casemiro José Ferreira (vice), Jonas José Ferreira (1º secretário), Manuel Magalhães e Souza (2º secretário) e Manuel Evaristo Ferreira (tesoureiro). Como o presidente não pôde ser empossado, por motivo de doença, na sessão seguinte foi eleito presidente o Prof. Francisco Abrahão Furtado de Atayde. Falava-se na criação de um periódico (jornal) e na Filocênica (companhia teatral), mas uma das principais metas era a reabertura do Externato e a retomada das atividades educacionais, assunto bastante discutido durante as sessões regulares, sendo também proposta a criação de uma escola primária noturna, para crianças pobres, pois isso consistia em oferecer à população um dos mais importantes benefícios sociais: a instrução. Foi definida a data do início das aulas:
Falava-se na criação de um periódico (jornal) e na Filocênica (companhia teatral), mas uma das principais metas era a reabertura do Externato e a retomada das atividades educacionais, assunto bastante discutido durante as sessões regulares, sendo também proposta a criação de uma escola primária noturna, para crianças pobres, pois isso consistia em oferecer à população um dos mais importantes benefícios sociais: a instrução. 1º de março de 1903; assim como as disciplinas a serem lecionadas: Português, Francês, Aritmética, Geografia, História Pátria, Escrituração Mercantil e Religião, além do destacamento de professores, sendo inclusive citado os nomes do Cônego Raymundo Ulisses Penafort (o vigário), Drs. Antônio Evaristo da Cruz Gouveia e José Cavalcante da Costa, para serem convidados a integrar o corpo docente do Externato, que já contava com os professores Cândido Vilhena, Abrahão Athayde e Tertuliano Brasil. Aos alunos do Externato que se destacassem pela dedicação nos estudos e excelente aproveitamento, seria estipulada uma pensão, para que este pudesse continuar os estudos na capital, como determinava o estatuto da casa. Segundo consta nos arquivos, o estatuto mais antigo da “Cinco de Agosto” data do ano de 1905, sendo que, desta forma compunha-se a diretoria: Cândido José de Vilhena (presidente), Manoel Fernandes de Barros (vice), Casemiro José Ferreira (tesoureiro), Manoel Luduvino de Campos (1º secretário) e João Evangelista Cardoso (2º secretário). Após algum tempo em funcionamento, a “Cinco de Agosto” teve novos impasses e o Externato voltou a fechar, ainda que sob lamentos.
A SEDE
LIVROS RAROS
Há muito se estudava uma proposta apresentada pelo Prof. Abrahão Athayde, sugerindo que a Sociedade levantasse fundos para a aquisição de um terreno onde pudesse ser edificada a sede própria, lembrando que a “Cinco de Agosto” já havia migrado por diversas residências. A Assembléia Geral determinou, em setembro de 1908, que fosse empregada a quantia de 200 mil réis para a compra da área a ser construído o futuro prédio. No início do ano seguinte, com a importância providenciada, Manuel Evaristo Ferreira, o tesoureiro, comunicava à Assembléia e solicitava autorização para firmar o referido negócio. E assim foi feito. O terreno comprado ladeava a antiga casa do fundador, Prof. Araújo Nunes, na Praça “Siqueira Campos”. Com problemas de redução da atividade dos procuradores, os primeiros anos da década de 1910 foram penosos. Além disso, em 1912, de uma só vez, a Vigia perde dois de seus filhos ilustres: no dia 20 de outubro, aos 38 anos de idade, o poeta Theodoro Simões Rodrigues, que havia passado anos morando na capital do Estado do Amazonas, trabalhando na Biblioteca Pública de Manaus, é encontrado morto num quarto de hotel, em Belém do Pará. Sete dias depois, também falece, com 82 anos, Domingos Antônio Rayol, Barão de Guajará, em sua residência, na mesma cidade. Vivendo dificuldades, devido à baixa arrecadação, o serviço da sede “engatinhava” lentamente. Já em 1915, foi eleito presidente da Sociedade “Cinco de Agosto” o ex-vereador Fabiano Paulo de Souza, tendo como principal marca o dinamismo. Indicado pelo veterano Tertuliano Brasil, ele foi bem aceito entre os consócios, que depositaram total confiança para alavancar os projetos em execução. Com esforço, a sede foi então erguida, uma conquista para a sobrevivência da entidade.
www.revistapzz.com.br 49
PZZ_VIGIA / CÍRIO DE NAZARÉ
CÍRIO DE NAZARÉ TEXTO: CARLOS PARÁ /// FOTOGRAFIAS: ADRIANA LIMA
Porto Sal é um distrito pertencente ao município de Vigia de Nazaré, comunidade localizada às margens do rio Guajará-Mirim que surgiu no século XVII e já conta com 350 anos de fundação. No século XX foi elevada a categoria de “Vila”.
50 www.revistapzz.com.br
RUÍNAS DO TRAPICHE DO COMERCIANTE PORTU-
O “A cultura musical vigiense é um legado marcante das ordens religiosas no século XVII e XVIII. Com a celebração da adesão do Pará à independência foram feitas várias solenidade na Vigia e houve músicas nas ruas da cidade; que se dava o nome para essa manifestação de (Tem Deum- festas populares), mas nesse período não há registro de existência de bandas de música. As bandas de música só aparecem nos registros em 14 de março
Círio de Nazaré, em devoção a Nossa Senhora de Nazaré, é uma manifestação religiosa Católica do Brasil e um dos maiores eventos religiosos do mundo. Reúne cerca de dois milhões de pessoas em todos os cultos e procissões, principalmente em todo o Estado do Pará. Sendo em dezembro de 2013, declarado pela UNESCO, Patrimônio Cultural da Humanidade. . Sendo que o Círio de Vigia de Nazaré é considerado o mais antigo do Pará. Ocorre há mais de 300 anos, sempre no segundo domingo do mês de setembro. A festividade possui os mesmos símbolos da procissão que acontece em Belém, tal como carros, berlinda, fogos de artifício e corda. A devoção a Nossa Senhora de Nazaré chegou à Vigia, vinda de Portugal, no século XVIII. O documento mais importante, citado pelo Padre Serafim Leite (historiador da Companhia de Jesus), é a declaração do Padre José Ferreira, também Jesuíta, que, em 1697, visitou na Vigia, de passagem, a milagrosa imagem de N.ª S.ª de Nazaré. Registrou o Padre “que de todas as partes se frequenta de romeiros que vão lá fazer suas romarias e novenas”. Com certeza, a devoção à Santa chegou à Vigia antes mesmo dos Jesuítas e, certamente, isto aconteceu no início de sua colonização através de Dom Jorge Gomes d’ Alamo (1616-1653), procedente da província de Algarve (Portugal), onde já se cultuava a Virgem de Nazaré. Vigia ganhava uma igreja de romeiros, a atual matriz. Traços típicos: pescadores molhados, a “Vigilenga Juventude”, o anjo do Brasil. É a maior concentração popular de Vigia.
www.revistapzz.com.br 51
PZZ_VIGIA / CÍRIO DE NAZARÉ
A
devoção a Nossa Senhora de Nazaré começou no Oriente. Depois, transferiu-se para a Espanha e, em seguida, Portugal, onde a imagem passou a receber homenagem publica, tendo muita concorrência. De Portugal passou a Vigia que, no século XVII, já invocava o nome de sua padroeira. E o documento mais importante, citado pelo padre Serafim Leite, e a declaração do Padre Jose Ferreira. tie, em 1697, “visitou na Vigia, de passagem, a milagrosa imagem de N.S. de Nazaré”, e informa, com certa exultação; “que de todas as partes se frequenta de romeiros que vão lá fazer as suas romarias e novenas”. Essa festividade , foi anterior a de Belém, onde surgiu em 1700, com o estranho achado da imagem pelo pescador-caçador Plácido, segundo informes, um vigiense! A primeira romaria em Belém (círio) aconteceu em 1793, portanto quase um século depois do achado de Plácido. E, consequentemente, um século depois de, na Vigia, a imagem ser considerada milagrosa, e já haver romarias e novenas, com muita afluência de romeiros. Por outro lado, nem o padre Jose Ferreira nem Serafim Leite declaram que a devoção foi implantada pelos jesuítas. Naturalmente, seria uma honra eles poderem declarar tal fato. E não iriam silencia-lo jamais. É lógico. Tudo leva crer que a devoção nazarena foi trazida de Portugal para Vigia pelo colonizador D. Jorge Gomes dos Álamos, na primeira metade do século XVII.
52 www.revistapzz.com.br
A BERLINDA A berlinda começou a fazer parte do Círio, em substituição ao andor que era carregado por homens da cidade. Mandou-se fazer uma berlinda que levasse a imagem sozinha. Hoje a berlinda que carrega a imagem da Virgem de Nazaré na procissão do Círio tem estilo barroco e é esculpida em cedro vermelho. Ornamentada com flores naturais na véspera do Círio, a Berlinda é colocada sobre um carro com pneus, que na procissão é puxado pelos Guarda de Nazaré.[
Vila de Porto Salvo - A Vila de Porto Salvo, a mais antiga vila do município da Vigia faz parte das festividades do Círio da localidade. A programação religiosa propriamente dita começa com o encerramento das peregrinações. Na sexta à noite é feita a romaria rodoviária, que leva a imagem do centro de Vigia até a vila de Itapuá em Porto Salvo. No dia seguinte, às 9 da manhã é feita a romaria fluvial, com a imagem de volta à cidade. Na chegada é a vez da romaria dos motociclistas. A trasladação ocorre após a missa de 18 horas na Igreja Matriz, de onde a imagem é levada até a Igreja de São Sebastião, no bairro do Arapiranga. São 15 dias de festejo. E quando se fala em festa, não se quer dizer apenas celebração religiosa. Durante toda a semana, carros de som e faixas anunciavam extensas programações festeiras. Pelo menos cinco aparelhagens de som de Belém tem agenda fechada no município, principalmente para a noite de véspera da procissão. A cidade, certamente,
BANDAS DE MUSICA As Banda de Vigia não poderiam estar de fora do Círio as cinco bandas também participam de apresentações durante os festejos de Nazaré.
www.revistapzz.com.br 53
PZZ_VIGIA /CÍRIO DE NAZARÉ
54 www.revistapzz.com.br
FOTOS: AMAZO ALCÂNTARA
A CORDA Cujo objetivo era facilitar a passagem da berlinda que conduzia a imagem de Nossa Senhora de Nazaré em lugares de difícil acesso (os atoleiros). A corda tem 400 metros de comprimentos duas polegadas de diâmetro em titãn torcida de sisal. Hoje a função e o objetivo da corda são de pagamento de promessas das pessoas que a conduzem.
www.revistapzz.com.br 55
PZZ_VIGIA /CÍRIO DE NAZARÉ
O ARRAIAL DE NAZARÉ O arraial de Nazaré tem sua festividade ao longo de quinze dias, ao lado da Matriz fica um palco onde tem apresentação de cantores locais e nacionais finalizando com o re-círio.
56 www.revistapzz.com.br
FOTO: AMAZO ALCÂNTARA
não dorme. MANTO DE NOSSA SENHORA Segundo a lenda da Virgem de Nazaré, por a imagem ser em estilo roca, ela já estava com um manto no momento em que foi trazida a Vigia. A tradição foi mantida e, ao longo dos anos, ela foi ganhando vários outros. A imagem autêntica recebeu um manto bordado a ouro e pedras preciosas, além de receber a Coroa Pontifícia. Daí em diante, vários católicos e estilistas passaram a confeccionar o manto. CARTAZES - A cada ano, os cartazes do Círio são produzidos para distribuição à população, que tem por hábito afixar nas portas de suas casas, como uma homenagem daquele lar à padroeira. CARRO DO BOI puxado por um boi ou búfalo, segue á frente do cortejo, conduzindo um fogueteiro que de quarteirão em quarteirão acende um foguete como anúncio de que a imagem se aproxima CARRO DAS PROMOSSAS puxado por um boi ou búfalo, segue á frente do cortejo, conduzindo um fogueteiro que de quarteirão em quarteirão acende um foguete como anúncio de que a imagem se aproxima
FOTOS: AMAZO ALCÂNTARA
CÍRIO Virgem mãe, O poeta chora sua saudade, A berlinda da santa na sua terra de nascença. O seu povo levando sua mãe maior Nos olhos dos aflitos pedindo misericórdia. E a santa caminhando nos ombros dos seus filhos Abençoando a cada rosto Que pede o seu amor e sua proteção O chão é purificado pela sua passagem E os vigilengos te saudando com grande clamor Renovando as esperanças de teu povo O poeta chora bem longe de ti Virgem mãe de Nazaré Na certeza de tuas bênçãos receber Por ser mais um dos filhos teus Que corre à proteção materna Virgem mãe da Vigia Formosa terra Na doçura da tua saudade eu estou chegando Jardim florido deste povo varonil Estrela cintilante dos meus nobres pescadores És mais fértil e feliz Na voz fala a eterna grandeza E enaltecida pelo valor do teus filhos Neste chão Onde a distância declama à minha alma Estas imensas saudades sentem de ti ANTONIO BARBOSA LOBO, Poeta vigilengo, estudou no antigo Grupo escolar “Barão de Guajará” e no Bertoldo Nunes”. Formou-se Patrão de pesca costeiro e Alto-Mar, no Centro de Instituição “Almirante Braz de Aguiar” (CIABA). Há 35 anos, reside na Guiana Francesa. Tem um volumoso numero de poemas. As primeiras estão no livro “ Versos dos Lobos Palavras sem Alma”. Conhecido como “poeta do Mar”, a saudade da terra natal e todo o seu contorno visual, são temáticas permanentes em sua poesia.
www.revistapzz.com.br 57
PZZ_VIGIA / A PESCA EM VIGIA
A PESCA EM VIGIA 58 www.revistapzz.com.br
N
a costa atlântica do Pará, a produção pesqueira está nos municípios de Vigia, Colares, São Caetano de Odivelas, Curuçá, Marapanim, Maracanã, Primavera, São João de Pirabas, Salinópolis, Bragança e alguns municípios da Ilha do Marajó. Não restam dúvidas de que, em Vigia, a pesca merece destaque já desde a sua colonização, entre os anos de 1645 e 1654, período em que, apesar de vila, já criara nome entre outras colônias. O nome Vigia surgiu do fato de, na localidade, ter sido erguido um posto fiscal pelos portugueses, para proteger as embarcações que vinham da capital, Belém. E as vigilengas foram as primeiras embarcações construídas pelos colonizadores. Em 1643, o capitão Pedro da Costa Favela, proprietário de campas pesqueiras, fazia o beneficiamento do pescado em benfeitoria, localizada às proximidades do rio Barreta. A fartura da colônia proporcionava aos seus habitantes uma vida saudável. Quando os jesuítas José Maria e João Felipe Bettendorf foram enviados à Amazónia, por solicitação do padre Antônio Vieira, na passagem por Vigia, em 1661, expressaram-se em sua crônica da seguinte forma: "Os moradores gozam de bons ares do mar, com seus peixes, ostras, caramujos, e da fartura da terra. "Tudo isso lhes oferecia a natureza como dádiva do céu”. O desenvolvimento da pesca foi acelerado e, no final do Século XX, com a multiplicação de canoas, tornara-se importante para a economia local. Da foz do Amazonas à Costa Norte, o mar se viu pontilhado de vigilengas em busca do peixe de resina amarela como ouro vivo, conhecido como gurijuba, um dos prediletos da população. Multiplicaram-se as vigilengas. O peixe beneficiado em benfeitorias ou mesmo nas embarcações tomou lugar de destaque em outras localidades, intensificando o comércio local e a atividade pesqueira. Na história da pesca, passaram-se 200 anos consolidandose as vigilengas como embarcações tipicamente vigienses a navegar em rios e mares, sempre priorizando a pesca da gurijuba, e no pachorrento trabalho de fazê-la em manta ou lanhos para posterior salga. Outras canoas faziam a comercialização, chegando a lugares distantes, muito além de Vigia. Na terça parte do Século XX, os primeiros sinais de decadência das vigilengas começaram a surgir. Nas décadas de 50 e 60, esse tipo de embarcação já se revelava antieconômica, marcando definitivamente seu declínio ao ponto de, no início dos anos 90, o número de vigilengas não passar de meia dúzia. Ali se decretava o fim de uma importante era. Com o declínio da pesca artesanal em alto-mar e do "chega-e-vira", tomava vulto a pesca com redes de nylon, que tecnicamente permitia a captura de peixes em maior quantidade. Não demorou para que os pescadores locais fossem despertados para o sucesso da atividade, que neste momento começou a atrair aventureiros.
www.revistapzz.com.br 59
PZZ_VIGIA / A PESCA EM VIGIA
Surgia a febre de uma pesca mais produtiva, resultante principalmente da pescaria de cardumes de douradas, realizada próximo à costa e até mesmo no rio que passa em frente da cidade. Pequenas embarcações sem toldo chegavam abarrotadas desse peixe dourado, deixando patrões e pescadores proprietários de canoas satisfeitos com o resultado do trabalho. Em poucos anos, porém, os cardumes não foram renovados e o resultado da pescaria deixava desestimulados patrões e pescadores. Redes foram amontoadas em depósitos, canoas desativadas ou adaptadas para outro tipo de pesca. Continuou, entretanto, a pesca do "chega-e-vira", atuando no Canal do Navio ou imediações, aportando sempre à tarde, transportando no porão maior ou menor quantidade de peixe fresco. Enquanto a pesca da dourada minguava, barcos motorizados se juntavam aos nossos poucos pesqueiros, formando uma frota que, equipada com redes e usando gelo para conservação do pescado, fazia a pesca em alto-mar. O pescado era exporta-
60 www.revistapzz.com.br
do por caminhões frigoríficos rumo a outros Estados brasileiros. Desse modo, extinguiuse progressivamente a salga e, consequentemente, a comercialização do peixe salgado. O pescado era agora conservado em depósito de gelo até chegar os caminhões. Ocorre que o peixe gelado vendido no mercado municipal não foi bem aceito e neste início do Século XXI ainda sofre restrições. O sabor deixou de ser o mesmo. Assim, a pesca vigilenga entrou no terceiro milênio com centenas de barcos motorizados pescando na Costa Atlântica. A Baía do Marajó ficou reservada para um punhado de canoas do "chega-e-vira" e a "boca da Vigia", na entrada da cidade, para pequenas montarias com atividade à noite, utilizando aparelho de pesca, minicurrais e tapadores de igarapés. Isto, no inverno.
VIGILENGAS
Eram embarcações à vela construídas nos estaleiros improvisados da antiga colônia, possivelmente ainda no governo de Jorge d’ Álamo, pela necessidade da pesca litorânea. Com a mão de obra dos colonos vindos com este fidalgo e com o conhecimento que tinham da arte naval, foi pos-
Com o declínio da pesca artesanal em alto-mar e do “chega-e-vira”, tomava vulto a pesca com redes de nylon, que tecnicamente permitia a captura de peixes em maior quantidade. Não demorou para que os pescadores locais fossem despertados para o sucesso da atividade, que neste momento começou a atrair aventureiros. Surgia a febre de uma pesca mais produtiva, resultante principalmente da pescaria de cardumes de douradas, realizada próximo à costa e até mesmo no rio que passa em frente da cidade.
sível construir pequenas embarcações especialmente para a pesca. Para isso, os colonos tinham ao seu redor uma grande variedade de madeira. Com portão aberto, próprio para a coleta de peixes próxima ao litoral, começaram as vigilengas a escrever a história da pesca artesanal de Vigia. Estas embarcações de tal modo se expandiram ao ponto de, em 1643, o capitão Pedro Favela já possuir várias canoas e uma feitoria às proximidades do rio Barreta. Com presença constante no litoral, logo foram batizadas de vigilengas, e seus tripulantes, de vigilengos. Os anos se passaram e este designativo se diferenciou de vigiense ou vigilense, que designa nativo do município da Vigia. Em antigo dicionário encontramos essa definição: vigilenga - canoa de pesca, um tanto redonda; espécie de embarcação parecida com um iate. Peregrino Júnior assim se expressa: Vigilenga - canoa de pesca, quase redonda, encontrada no quadrado do Ver-O-Peso. Dezenas de canoas, desde casquinhos, montarias, galerias vigilengas. Raimundo Moraes vai mais
Vigilengas por volta de 1910 longe e escreve: Vigilenga - canoa de pescador; boca aberta, de velas que parecem morcegos; quase redonda. Amarra-se no Atlântico afora, dias e dias. Os primeiros modelos saíram da Vigia. Daí, o nome. Em geral, tem o casco negro e o pano avermelhado tingido de muruci. Também conduz caranguejo em cofo. A evidência dessas informações nos diz que as vigilengas foram embarcações
com formato arredondado, velas triangulares, porão aberto e costado negro. Inicialmente, suas velas eram vermelhas pintadas com tinta de pau-brasil, e na falta desta com tinta de muruci ou de cumatê. O tempo, porém, encarregou-se das alterações na sua forma, tornando-as mais esguias, com velas quadrangulares, mas conservando o costado negro.
www.revistapzz.com.br 61
PZZ_VIGIA / A PESCA EM VIGIA
FOTO: AMAZO ALCANTARA
PESCA ARTESANAL
A pesca do marisco "principalmente camarão" movimenta a economia da pesca na Vigia, é comum encontrar na alta madrugada geralmente dois pescadores arrastando o pulsar na beira da maré, que é o único horário que a maré está mais calma.
62 www.revistapzz.com.br
FOTO: AMAZO ALCANTARA
TECENDO REDES
Para onde você olha em Vigia, encontra um consertador de rede em frente as casas, é fundamental para remendar as malhas de rede danificadas na pescaria, barateando o custo para o proprietário de embarcação, se utilizam de uma agulha específica de remendo.
Mantiveram-se na pesca artesanal em alto-mar, na salga de gurijuba e de outros peixes durante o Século XIX até meados do Século XX, quando se tornaram antieconômicas diante da concorrência dos barcos motorizados, com a pesca de arrastão e usando-se gelo na conservação do pescado. No artigo, Memória da pesca em Vigia na Costa do Pará, por Silvia Leão, do Museu Paraense Emílio Goeldi. A Cultura da pesca local é modificada a partir da modernização das embarcações e do modo de conservação do produto Com uma economia ligada à pesca artesanal, Vigia – município do nordeste paraense - representa o centro pesqueiro de maior importância do Pará. A frota de embarcações regionais como as vigilengas, montarias, lanchas e reboques, além de equipamentos utilizados para realizar a pesca, sofreram diversas mudanças com o tempo. A modernização do trabalho de pesca na região e a transformação dos hábitos daquela comunidade provocaram a perda do modelo de embarcações antigas, do modo como se conservava os peixes e
da preservação do meio ambiente. Regiane Monteiro Alves, Bolsista de Iniciação Cientifica PIBIC/MPEG, do curso de Ciências Sociais, da Universidade da Amazônia (Unama), realizou a pesquisa “Entre o tradicional e o moderno: as formas de mudança na pesca artesanal do município de Vigia”. Integrada ao Projeto Populações Tradicionais Haliêuticas - Impactos Antrópicos, Uso e Gestão da Biodiversidade em Comunidades Ribeirinhas e Costeiras da Amazônia Brasileira – RENAS, a estudante elaborou a sua pesquisa com base no seu trabalho de conclusão de curso e Pibic/2008, intitulado “Situações de conflitos na pesca artesanal em Vigia de Nazaré: Uma contribuição aos estudos sobre a área costeira Amazônica”. Natural de Vigia, a bolsista do PIBIC/ Museu Goeldi pretende elaborar um catálogo descritivo sobre aspectos, especificidades e significados das memórias das embarcações no âmbito da atividade haliêutica da frota do município, tendo em vista os saberes de personagens daquela comunidade. Por ter pouca documentação sobre o assunto, sentido pela estu-
dante durante a elaboração do trabalho, o intuito de Regiane é levar, até as escolas locais, o catálogo, incentivando crianças e adolescentes a terem mais conhecimento a respeito de sua cultura e economia.
ESTALEIROS
Atualmente, o município de Vigia possui quatro estaleiros navais. Dois estão localizados no bairro do Arapiranga, um no Porto Salvo e um no Sol Nascente. Para realizar a pesquisa, Regiane fez a escolha do estaleiro que fica a beira do Igarapé da Rocinha, localizado no Arapiranga. Com 12 anos de atividade, lá é possível encontrar uma pequena oficina instalada no fundo de um quintal, onde se constroi embarcações variadas, como: barcos de pesca, cascos, montarias, além de trabalhar no aumento desses tipos de embarcações. A bolsista conta que a escolha desse estaleiro foi feita pela história do igarapé e dos conflitos da pesca naquele lugar. ”O Igarapé da Rocinha era um espaço de lazer e de subsistência. Por um longo período, encontrou-se abandonado. A própria população jogava lixo e aterrava o mangue.
www.revistapzz.com.br 63
atividade, lá é possível encontrar uma pequena oficina instalada no fundo de um quintal, onde se constroi embarcações variadas, como: barcos de pesca, cascos, montarias, além de trabalhar no aumento desses tipos de embarcações. A bolsista conta que a escolha desse estaleiro foi feita pela história do igarapé e dos conflitos da pesca naquele lugar. ”O Igarapé da Rocinha era um espaço de lazer e de subsistência. Por um longo período, encontrou-se abandonado. A própria população jogava lixo e aterrava o mangue. Ele era um igarapé muito importante já que cortava vários bairros do município. Com a falta de cuidados, houve um estreitamento do igarapé, deixando inclusive de circular embarcações por ali”. No entanto, a Colônia de pescadores de Vigia se organizou para revitalizar o Igarapé da Rocinha. Foi retirado todo o acúmulo de lixo, fazendo um alargamento do espaço por onde passa a água. “A Colônia de pescadores possui cerca de 2.732 associados de Vigia, tem mais de 1.200 barcos e possui quatro estaleiros no município. Foram eles os responsáveis pela mudança de consciência da população no que diz respeito à preservação do meio ambiente e da importância do igarapé para a própria subsistência dos moradores da região”.
64 www.revistapzz.com.br
FOTO: ADRIANA LIMA
FOTO: AMAZO ALCÂNTARA
PZZ_VIGIA / A PESCA EM VIGIA
VENDA DO GRUDE Vigia de Nazaré é referência na produção do grude de peixe que vem da gurijuba, da pescada amarela e de outros. O preço do quilo chega a ser mais de R$ 1.000 (mil reais)
FOTO: ADRIANA LIMA FOTO: ADRIANA LIMA
Quem vem a Vigia tem que “Tomar o caldo, chupar a cabeça e lamber o sal”. Trecho da marchinha de carnaval do bloco “Gurijubal”, se referindo a caldeirada de gurijuba, peixe tradicionalmente, de maior atrativo na culinária vigiense. De cor acinzentado, a gurijuba é um peixe comum no Norte do Brasil, seu grande valor comercial, está no “grude”, bexiga natatória, o órgão é retirado do peixe logo depois da captura, ainda no barco. Os pescadores retiram dela a gordura e o sangue e pisa em cima para prensá-la, depois é colocado ao sol para secá-lo. E em seguida é exportado para a Europa e Oriente, sendo utilizado em fabricação de remédios, colas de precisão e filtros para cervejarias. A gurijuba tem uma semelhança com o popular bagre de água doce (cabeça grande achatada, barbatanas e um corpo não muito alongado), a espécie pode chegar até 20 Kg. Com diferença que a gurijuba, pode chegar até 30 Kg. Assim como a anchova, o cação, surubim, pescada amarela, arraia, são extraídos da pesca artesanal, principal fonte de renda do município. Outro peixe que se destaca na região é o PACU (piaractus mesopotamicus), pode atingir um (1) metro de comprimento e é encontrado em todo o território brasileiro A comercialização do grude movimenta bastante o comercio vigiense muitos prefere somente negociar o precioso produto. Pois, a floresta Amazônica é uma região que tem uma das mais ricas diversidades do mundo, aqui reside uma grande variedade de seres vivos, animal e vegetal: Só de peixes são 2.500 espécies.
www.revistapzz.com.br 65
PZZ_VIGIA / A PESCA EM VIGIA
GRUPO ECOMAR
O Grupo Ecomar iniciou suas atividades em 1982, está localizado na Vigia, nordeste paraense, município de tradição pesqueira. O trabalho da Ecomar é transformar o pescado em um produto pronto para o consumidor no Brasil, na América do Norte e na Europa. Um ponto forte para esta indústria é a tecnologia aliada à qualidade na transformação. Todos os detalhes, da higiene à logística de transporte que em 24 horas coloca peixe fresco paraense à disposição de consumidores de outros países.
RESPONSABILIDADE AMBIENTAL
A Ecomar desenvolveu uma linha de produtos alimentares de alto valor nutritivo com o aproveitamento da fauna acompanhante, espécies capturadas durante a pesca que não possuem valor comercial, mas que sem destinação correta representam alto impacto no ambiente. Essa linha, batizada de “Medalhões de Peixe“, é produzida em escala industrial, sendo vencedora do Prêmio Finep de Inovação Tecnológica/2003- região norte, na categoria produto. Os Medalhões de Peixe foram lançados durante a VI Feira da Indústria do Pará, em maio de 2002. Responsabilidade Social A Ecomar está empenhada em promover o bem-estar de seus clientes, colaboradores, e das comunidades onde está presente. Para
66 www.revistapzz.com.br
isso, é guiada pelos seus Valores Fundamentais que são espírito empreendedor e trabalho em equipe. A gestão empresarial bem sucedida da Ecomar é atribuída pelo seu presidente a conduta nos negócios com integridade, sinceridade e confiança. A Ecomar valoriza ações de responsabilidade social, oferecendo cursos e treinamentos de qualificação de mão-de-obra para funcionários e para a comunidade local. A empresa mantém o Programa de Distribuição de Alimentos, com a entrega de pescado para cerca de 50 comunidades carentes de Vigia, beneficiando cerca de 8 mil pessoas. Conheça a infra estrutura da Ecomar no link Infra-estrutura além de outras ações voltadas paras a comunidade local com projetos nas áreas de educação, saúde, meio ambiente e cultura, de modo a promover o desenvolvimento no âmbito da família, da comunidade e da sociedade em geral.
INFRA-ESTRUTURA
Anexo a Fábrica de processamento dos pescados, esta localizado um complexo de Infra-estrutura de apoio à produção. Esse complexo dá sustentabilidade ao novo modelo de governança corporativa adotado pela Ecomar que busca assegurar o crescimento e a perenidade dos negócios. A Ecomar concilia o aumento da sua produção com o bem estar da sua base de colaboradores.
EMBARCAÇÕES Vigia de Nazaré é referência na produção de embarcações. Atualmente o município possui 4 estaleiros.
FOTO: ADRIANA LIMA
www.revistapzz.com.br 67
PZZ_VIGIA / O CAFÉ EM VIGIA
O CAFÉ de
VIGIA A plantação do café no Brasil, INICIOU EM VIGIA E MAIS tarde seria o maior produtor e exportador mundial de café. TUDO ISSO GRAÇAS A AÇÃO DO VIGIENSE FRANCISCO PALHETA
A
s raízes do café no Brasil foram plantadas no século XVIII, quando as mudas da planta foram cultivadas pela primeira vez, que se tem notícia, por Francisco de Melo Palheta, em 1727, no Pará. Nesse ano, o governador do Pará, João da Maia Gama, enviou uma expedição à Guiana comandada pelo Sargento-mor, Francisco de Mello Palheta, a fim de obter alguns grãos de café, já que o governo francês proibia a saída de mudas ou sementes do cafeeiro da região. A missão foi um sucesso! Além de ganhar a confiança e a amizade dos governantes franceses, Francisco Palheta conseguiu algumas mudas de café. A partir daí, o café foi difundido timidamente no litoral brasileiro, rumo ao sul, até chegar à região do Rio de Janeiro, por volta de 1760. Entretanto, sua produção em escala comercial para exportação ganhou força apenas no início do século XIX. Tal dimensão de produção cafeeira só foi possível com o aumento da procura do produto pelos mercados consumidores da Europa e dos EUA. O consumo de café no continente europeu e no norte da América ocorreu após a planta percorrer, desde a Antiguidade, um trajeto que a levou das planícies etíopes africanas até as mesas e xícaras dos países industrializados do século XIX. Mas para isso foi necessária uma expansão de seu consumo pelo Império Árabe e pelo mundo islâmico, sendo posteriormente apresentada aos europeus, que tornaram seu consumo mais expressivo por volta do século XVII. A produção do café no Brasil expandiu-se a partir da Baixada Fluminense e do vale do rio Paraíba, que atravessava as províncias do Rio de Janeiro e de São Paulo. A cafeicultura no Brasil beneficiou-se da estrutura escravista do país, sendo incorporada ao sistema plantation, caracterizado basicamente pela monocultura voltada para a exportação, a mão de obra escrava e o cultivo em grandes latifúndios. Nessa região do Brasil, a produção cafeeira beneficiou-se do clima e do solo propí-
68 www.revistapzz.com.br
A produção do café em escala comercial para exportação ganhou força apenas no início do século XIX. Tal dimensão de produção cafeeira só foi possível com o aumento da procura do produto pelos mercados consumidores da Europa e dos EUA.
A colheita era feita manualmente pelos escravos. A cafeicultura no Brasil beneficiou-se da estrutura escravista do país, sendo incorporada ao sistema plantation, caracterizado basicamente pela monocultura voltada para a exportação, a mão de obra escrava e o cultivo em grandes latifúndios.
FRANCISCO DE MELO PALHETA Francisco de Melo Palheta, o introdutor do café no Brasil, em representação idealizada. Observe o traje de fidalgo, adquirido de comerciante francês em Caiena, para se apresentar perante o governador: capa, gibão justo ao corpo, calções de tecido escarlatre, além de um chapéu bordado, conforme descrição de figurino da época.
cios ao seu desenvolvimento. O fato de ser rota de transporte de mercadorias entre o Rio de Janeiro e as zonas de mineração contribuiu também para a adoção da lavoura cafeeira, já que parte das terras estava desmatada, facilitando inicialmente a introdução das roças de café e beneficiando o escoamento da produção através das estradas existentes. Os capitais iniciais para a produção do café vieram dos próprios fazendeiros e comerciantes, principalmente os que conseguiram acumular capital com o impulso econô-
mico verificado após a vinda da Família Real ao Brasil, a partir de 1808. As técnicas de produção de café eram simples. Inicialmente se desmatavam terras onde era necessário expandir as áreas agricultáveis para a colocação das mudas da planta. Estas demoravam cerca de cinco anos para começar a produzir. Nesse tempo, outras culturas eram plantadas em torno dos cafezais, principalmente gêneros alimentícios. Para a conservação das plantas, eram necessárias apenas enxadas e foices. A colheita era feita manualmente pelos escravos, que, após essa tarefa, colocavam os grãos do café para secar em terreiros. Uma vez seco, o café era beneficiado, re-
tirando-se os materiais que revestiam o grão através de monjolos, máquinas primitivas de madeira formadas por pilões socadores movidos a força d’água. Após esse processo, o café era transportado nos lombos das mulas para o porto do Rio de Janeiro, de onde era exportado. Mas o aumento da produção cafeeira e os lucros decorrentes dela levaram ao início do processo de modernização da economia e da sociedade brasileira. Um dos exemplos mais marcantes dessa modernização esteve na construção de ferrovias para o transporte do café, o que aumentou a velocidade do
www.revistapzz.com.br 69
PZZ_VIGIA / O CAFÉ EM VIGIA
70 www.revistapzz.com.br
www.revistapzz.com.br 71
PZZ_VIGIA / O CAFÉ EM VIGIA
transporte e interligou algumas regiões do Império, principalmente após a expansão das lavouras para as terras roxas localizadas no chamado Oeste paulista, intensificada após a década de 1860. Tal situação levou ainda ao fortalecimento do Porto de Santos como principal local de escoamento da produção. Em 1836 e 1837, a produção cafeeira superou a produção açucareira, tornando o café o principal produto de exportação do Império. Os grandes latifundiários produtores de café, os chamados “Barões do café”, enriqueceram-se e garantiram o aumento da arrecadação por parte do Estado imperial. Surgiram ainda os chamados comissários do café, homens que exerciam a função de intermediários entre os latifundiários e os exportadores. Além de controlarem a venda do produto, garantiam aos latifundiários acesso a créditos para a expansão da produção e também viabilizavam a compra de produtos importados. O café foi, dessa forma, um dos principais esteios da sociedade brasileira do século XIX e início do XX. Garantiu o acúmulo de capitais para a urbanização de algumas localidades do Brasil, como Rio de Janeiro, São Paulo e cidades do interior paulista, além de prover inicialmente os capitais necessários ao processo de industrialização do país e criar as condições para o desenvolvimento do sistema bancário. Em 1836 e 1837, a produção cafeeira superou a produção
72 www.revistapzz.com.br
CAFÉ DA VIGIA
É comum encontrar no interior de Vigia pequenos cafezais e produtores rurais de café. Ao lado Jeremias, da comunidade de Porto Salvo, utilizando o café para o sustento de sua família preparando de forma artesanal o café puro. açucareira, tornando o café o principal produto de exportação do Império. Os grandes latifundiários produtores de café, os chamados “Barões do café”, enriqueceram-se e garantiram o aumento da arrecadação por parte do Estado imperial. Surgiram ainda os chamados comissários do café, homens que exerciam a função de intermediários entre os latifundiários e os exportadores. Além de controlarem a venda do produto, garantiam aos latifundiários acesso a créditos para a expansão da produção e também viabilizavam a compra de produtos importados. O café foi, dessa forma, um dos principais esteios da sociedade brasileira do século XIX e início do XX. Garantiu o acúmulo de capitais para a urbanização de algumas localidades do Brasil, como Rio de Janeiro, São Paulo e cidades do interior paulista, além de prover inicialmente os capitais necessários ao processo de industrialização do país e criar as condições
O CAFÉ NA ECONOMIA
O café foi um dos principais esteios da sociedade brasileira do século XIX e início do XX. Garantiu o acúmulo de capitais para a urbanização de algumas localidades do Brasil, como Rio de Janeiro, São Paulo e cidades do interior paulista.
www.revistapzz.com.br 73
PZZ_VIGIA / GASTRONOMIA
TUCUPI DE VIGIA CONSIDERADO O MELHOR TUCUPI DO PARÁ, VIGIA DE NAZARÉ TEM COMO TRADIÇÃO NO CONSUMO DE SUAS RIQUEZAS GASTRONÔMICAS O SUMO DA MANDIOCA TEMPERADO COM ERVAS NATIVAS, TRANSFORMA EM VERDADEIRO SABOR SELVAGEM
FOTOGRAFIAS: ADRIANA LIMA
74 www.revistapzz.com.br
300 L
VENDA DE TUCUPI
Em média 300 litros por vendedora na Feira Livre Municipal de Vigia é vendido pelas simaticas vendedoras de Tucupi.
O TUCUPI DE VIGIA
O município de Vigia é considerado o maior e melhor produtor de tucupi da região devido a qualidade de clima e solo. Por se tratar de uma iguaria com sabor inigualável e delicioso que compõem os mais famosos pratos dos paraenses, o pato no tucupi e o tacacá, que é a presença certa no Círio Vigiense e Belenense, também é utilizado no preparo de vários outros pratos na culinária brasileira e vem sendo muito requisitado na culinária internacional por seu sabor exótico amazônico. Em média 330 litros é vendido na Feira Livre Municipal de Vigia pelas simpáticas vendedoras de tucupi. Com as suas barracas postas em locais estratégicos, são as mais visitadas diariamente, oferecendo “o melhor tucupi” da região. Extraído da mandioca brava, ou manipueira, o tucupi é resultado da massa ralada e depois prensada, apresentando-se como um líquido leitoso-amarelado, o qual passa pelo processo de decantação do amido, remoção natural de fermentação, para após esse processos, ser cozido com temperos como alho, sal, chicória e outros. A fervura do líquido deve durar 1h para a remoção total do àcido cianídrico, obtendo um líquido de coloração amarelo intenso o qual é denominado tucupi. De origem indigena, espécie “Manihot esculenta”, que segundo Câmara Cascudo, o classifica como “Mani poi”, sopa indigena. Considerada planta rústica e com ampla capacidade de adpatação à climas tropicais, a mandioca adaptou-se de forma satisfatória ao solo vigiense, dando safras com boas raízes para a extração do tucupi.
VENDA DE TUCUPI
Em média 300 litros por vendedora na Feira Livre Municipal de Vigia é vendido pelas simpáticas vendedoras de Tucupi. De local fixo na feira, elas oferecem o melhor tucupi da Amazônia. Muitas vendedoras são produtoras de mandioca, no caso do tucupi, a mandioca utilizada é a mandioca brava amarela
www.revistapzz.com.br 75
FOTO: ADRIANA LIMA
PZZ_VIGIA / GASTRONOMIA
O SABOR DE VIGIA
O
Restaurante Arapucão é um lugar destinado a pesquisa e experimentação gastronômica e funciona como restaurante e ponto turístico de Vigia. Desde os 7 anos de idade a Chef de Cozinha Lucinha Santos já tinha um encanto pelas facas, louça e armário de sua casa. Foi tudo natural que foi descobrindo, comenta: “Minha mãe deixava os afazeres da casa onde tinham 05 mulheres e eu sempre gostava da cozinha onde aprendi a preparar galinha caipira, carne de porco, pato no tucupi, e o que tivesse em casa. Quando tinha entre 9 e 10 anos também íamos passar o Círio em São Caetano de Odivelas onde moram meus tios e lá me esperava um cação que eu cortava e preparava com todos os sabores que aprendi, chegou a ser parte do cardápio do momento. Depois fui para Belém e queria fazer o curso de nutrição na Universidade Federal ou Educação Física na UEPA, passei em Educação Física, me formei e comecei a trabalhar como professora, tive um problema na voz e fui trabalhar na biblioteca. Lá eu assistia o programa da Olga Bonjovanni. Via e anotava, fiz um caderno de receitas. Comecei assim, a fazer as receitas e levava para vender na escola, fui considerada rainha da empada, colocava no forno as 5 da manhã e o meu marido levava pra mim. Depois comecei a me empenhar e a fazer pratos grandes para poder ganhar mais também, procurei me especializar, chegando a fazer cursos de gastronomia, inclusive com o Chef Paulo Martins. Hoje fico feliz com meu trabalho pois nosso restaurante tornou-se um ponto turístico da cidade de Vigia.
76 www.revistapzz.com.br
“Minha mãe deixava os afazeres da casa onde tinham 05 mulheres e eu sempre gostava da cozinha onde aprendi a preparar galinha caipira, carne de porco, pato no tucupi, e o que tivesse em casa. Quando tinha entre 9 e 10 anos também íamos passar o Círio em São Caetano de Odivelas onde moram meus tios e lá me esperava um cação que eu cortava e preparava com todos os sabores que aprendi, chegou a ser parte do cardápio do momento.”
FOTOS: AMAZO ALCÂNTARA
Pizza de gurijuba defumada com jambú, um dos sabores mais cobiçados na pizzaria do Arapucão. PIZZARIA
Antes de montar o restaurante começamos com uma pizzaria, lá em casa mesmo, no pátio de casa. Fiz uma pesquisa de campo em Vigia e não tinha nenhuma pizzaria, vendíamos os sabores tradicionais e inovamos o cardápio com as pizzas de gurijuba defumada e a de gurijuba com jambú e camarão ao molho de tucupi com pimenta.
CONCEITO
"Hoje trabalhamos o conceito do Slow Food, uma política ecologicamente correta. Todo o meu trabalho é fundamentando na culinária e na cultura Amazônica como um todo e acaba se tornando um referencial da gastronomia” comenta a dona do restaurante “Nós colocamos as técnicas amazônicas que possuem o nosso conhecimento ancestral e inovador em alguns casos, para o contexto atual. Essas técnicas poderão serem usadas pelo mundo a fora. Porque são resultados de milhares de anos sendo executadas com eficiência. Ou seja, além do aproveitamento dos produtos dentro de tecnologias amazônicas. Mais informações: (91) 98155-4000 / 2121-6096 / E-mail: restaurantesaborselvagem@gmail.com
Caldeirada de Peixe, Bolinho de Gurijuba, Salada de Peixe são alguns dos 50 pratos oferecidos pelo Restaurante Arapucão www.revistapzz.com.br 77
FOTO: AMAZO ALCÂNTARA
FOTO: ADRIANA LIMA
PZZ_VIGIA / GASTRONOMIA
ROLÊ DE GURIJUBA Um dos petiscos mais consumidos e saboreados no Restaurante Arapucão é sem dúvida, o Rolê de Gurijuba, tipo um tempurá de camarão, com massa de trigo, ovo e água fria, envolta em cubos de filé da gurijuba é frito e fica pronta para servir.
BOLINHO DE GURIJUBA O Bolinho de Gurijuba
CALDEIRADA DE GURIJUBA DEFUMADA Desde os 14 anos o chef Jonas Santos, filha do casal Lucinha Santos e Roberto Carvalho, decidiu seguir a carreira de Chef e atualmente além de ajudar na logística do Arapucão prepara deliciosos sanduwiches de hamburgues com pão de chá e pão integral
78 www.revistapzz.com.br
CALDEIRADA DE GURIJUBA DEFUMADA Porção para 04 pessoas - 02 litros de tucupi de vigia - 01 maço de jambú grande - 01 cebola - 05 folhas de chicória - 03 dentes de alho - 1/2 pimentão verde - 01 tomate grande Opcional: Folhas de Alho, Alfavaca e Ovo. - 08 pedaços de gurijuba defumada. Tempo de preparo: 20 a 30 minuitos
FOTO: ADRIANA LIMA
FOTO: ADRIANA LIMA
RECEITA
CALDEIRADA DE PEIXE “Hoje trabalhamos o conceito do Slow Food, uma política ecologicamente correta. Todo o meu trabalho é fundamentando na culinária e na cultura Amazônica como um todo e acaba se tornando um referencial da gastronomia” comenta a dona do restaurante.
HAMBURGUER Desde os 14 anos o chef Jonas Santos, filha do casal Lucinha Santos e Roberto Carvalho, decidiu seguir a carreira de Chef e atualmente além de ajudar na logística do Arapucão prepara deliciosos sanduwiches de hamburgues com pão de chá e pão integral
www.revistapzz.com.br 79
CLUBE MUSICAL
31 DE AGOSTO CLUBE MUSICAL
31 de Agosto localizado no município de Vigia de Nazaré no estado do Pará fundado após a decadência das bandinhas de música de Vigia composta pela banda Sebo de Holanda (formada por crianças brancas) e pela banda 7 de SETEMBRO (formada por adultos). Surgiu a iniciativa de fundi-las e formar o Clube Musical 31 de Agosto em 26 de dezembro de 1876 tendo título-data como uma homenagem a adesão do município de Vigia, na época à frente o vigário Monsenhor Mancio Caetano Ribeiro a quem se atribui a formação desta nova banda apoiada pelo senador Francisco de Moura Palha. No primeiro decênio do século XX o Clube Musical apresentou-se em de-
80 www.revistapzz.com.br
cadência, e logo em seguida chega em Vigia no ano de 1912 o Padre Alcides Paranhos brilhante compositor e músico que reorganiza o Clube Musical que na época encontrava-se sem presidente apoiado por um pequeno grupo de músicos. Entre o Padre Alcides Paranhos tiveram a participação de outros grandes compositores e músicos talentosos que contribuíram para a formação de novos artistas, entre eles Isidoro de Castro autor do dobrado Saudade de Minha Terra famoso integrado ao Repertório de Ouro das Bandas do Brasil e Joaquim Silvino Pinheiro ex militar do exercito Brasileiro que assumiu a frente da banda 31 de Agosto e através de seu trabalho expandiu o contexto musical no mu-
nicípio sendo considerado como mestre da banda e encerrou sua carreira regendo-a, logo após seu filho Alcemir Pinheiro (mestre Simir), deu-lhe continuidade ao seu trabalho levando a musica do município de Vigia para outras regiões do Estado e outros cantos do Brasil. Em 25 de setembro de 1976 foi campeã do 1º Festival de Bandas do Pará tendo a oportunidade de participar do 1º CAMPEONATO NACIONAL DE BANDAS, em novembro de 1977(no rio de Janeiro representando o estado do Pará) promovido pelo MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA, FUNDAÇÃO NACIONAL DE ARTE E REDE GLOBO DE TELEVISÃO. A exibição do Clube Musical 31 de Agosto no rio de Janeiro integrou o programa CONCERTOS
31 de Agosto localizado no município de Vigia de Nazaré no estado do Pará fundado após a decadência das bandinhas de música de Vigia composta pela banda Sebo de Holanda (formada por crianças brancas) e pela banda 7 de SETEMBRO (formada por adultos). Surgiu a iniciativa de fundi-las e formar o Clube Musical 31 de Agosto em 26 de dezembro de 1876 tendo título-data como uma homenagem a adesão do município de Vigia, na época à frente o vigário Monsenhor Mancio Caetano Ribeiro a quem se atribui a formação desta nova banda apoiada pelo senador Francisco de Moura
CLUBE MUSICAL
31 de Agosto localizado no município de Vigia de Nazaré no estado do Pará fundado após a decadência das bandinhas de música de Vigia composta pela banda Sebo de Holanda (formada por crianças brancas) e pela banda 7 de SETEMBRO (formada por adultos). Surgiu a iniciativa de fundi-las e formar o Clube Musical 31 de Agosto em 26 de dezembro de 1876 tendo título-data como uma homenagem a adesão do município de Vigia, na época à frente o vigário Monsenhor Mancio Caetano Ribeiro a quem se atribui a formação desta nova banda apoiada pelo senador Francisco de Moura Palha. No primeiro decênio do século XX o Clube Musical apresentou-se em de
www.revistapzz.com.br 81
UNIÃO V “A cultura musical vigiense é um legado marcante das ordens religiosas no século XVII e XVIII. Com a celebração da adesão do Pará à independência foram feitas várias solenidade na Vigia e houve músicas nas ruas da cidade; que se dava o nome para essa manifestação de (Tem Deum- festas populares), mas nesse período não há registro de existência de bandas de música. As bandas de música só aparecem nos registros em 14 de março de 1836, pelo comandante militar da Vigia e Distritos na época da Cabanagem”
82 www.revistapzz.com.br
VIGIENSE www.revistapzz.com.br 83
PZZ_VIGIA / MÚSICA
A
cultura musical vigiense é um legado marcante das ordens religiosas no século XVII e XVIII. Com a celebração da adesão do Pará à independência foram feitas várias solenidade na Vigia e houve músicas nas ruas da cidade; que se dava o nome para essa manifestação de (Tem Deum- festas populares), mas nesse período não há registro de existência de bandas de música. As bandas de música só aparecem nos registros em 14 de março de 1836, pelo comandante militar da Vigia e Distritos na época da Cabanagem com uma tropa de 766 homens, sendo que no batalhão de infantaria havia uma banda de música composta por dez músicos e um regente, depois dessa data aparece duas bandas civis, a 07 de setembro e sebo de Holanda, essa com uma curiosidade formação de meninos brancos, ambas se acabaram com o tempo e não havendo outros registros, em 1876 , monsenhor Mâncio Caetano Ribeiro tomou a iniciativa de reunir os músicos remanescentes das duas bandas extintas e formou a banda 31 de agosto nome sugerido pelo Dr. Francisco de Moura Palha em homenagem à data da adesão da Vigia à independência do Brasil e em 31 de agosto de 1881 foi inaugurada oficialmente pelo professor Francisco de Moura Palha, a banda 31 de Agosto teve a sua primeira rival a banda 25 de novembro, fundada em 1883, logo, desaparecido ficando nenhum registro em Vigia. No decorrer de sua história de suas bandas existiram cinco bandas: duas na cidade e três nos seus distritos, até o ano de 1961 o município de colares se desmembrou do município de Vigia e com isso as bandas foram divididas três em Vigia e duas para o Município de Colares. Segundo em nossa pesquisa bibliográfica, até 1961 o município de Colares era distrito de Vigia. Tornando-se autônomo em 20 de dezembro do mesmo ano,
84 www.revistapzz.com.br
“A cultura musical vigiense é um legado marcante das ordens religiosas no século XVII e XVIII. Com a celebração da adesão do Pará à independência foram feitas várias solenidade na Vigia e houve músicas nas ruas da cidade; que se dava o nome para essa manifestação de (Tem Deum- festas populares), mas nesse período não há registro de existência de bandas de música. As bandas de música só aparecem nos registros em 14 de março de 1836, pelo comandante militar da Vigia e Distritos na época da Cabanagem”
a sua história, como a história de suas bandas de música, não deixa de se ligar ao movimento musical da Vigia. Colares, não obstante a escassa população, com pouco mais de mil habitantes em sua sede municipal sempre contou com duas bandas de música, tal como o distrito de Porto Salvo havia outrora duas bandas rivais a “7 de setembro” e a “Arcádia”. “Ambas desapareceram dando lugar a uma terceira banda a 25 de Dezembro” fundado em 1968. “ Ao ser desmembrado da Vigia, Colares também absorveu o distrito de Mocajatuba e assim mantêm hoje duas tradicionais bandas de música: a “Lira Nova”, de Mocajatuba, fundada em 15 de novembro de 1922 e a banda” Prof. Luís Gama” na sede municipal, fundada em 30 de junho de1948. Segundo Ildone, José (1991) pag.38.muito antes, entretanto no Compêndio de Eras, de Monteiros Baena, ocorre uma referência ao compromisso dos padres mercenários da Vigia, quanto à instrução da juventude. “ Os padres ainda não tinham iniciado as prometidas aulas de ‘‘ler, escrever e contar”, e mais, de “ Lingua Latina, Filosofia, Teologia e Solfa[1]. “A música, portanto, fazia parte do programa educacional a ser implantado na Vila da Vigia”.A ocorrência prende-se a uma reclamação da Câmara ao Governador José de Menezes, entre os anos de 1780 e 1783”. “Segundo informações de Vicente Salles dá ao nosso município, a primazia, entre todas as comunidades paraenses, em matéria de banda de música”. ( segundo José Ildone , 1991 p.38). A cidade da Vigia tem uma tradição musical riquíssima desde as ordens religiosas no século XVII e XVIII até a atualidade o que mostra uma grande plenitude musical, já passou por turbulências nas bandas de música, na qual muitas das vezes essas bandas tinham que ir buscar músicos emprestados de outras bandas para poderem se apresentar, já teve o auge das festas carnavalescas nos salões das sociedades vigienses, uma bandinha na sede do Luzeiro a bandinha carnavalesca do Mestre Zota, que pertencia ao Clube Musical União Vigiense, e a bandinha do Mestre Simi, que pertencia à banda do Clube Musical 31 de Agosto. Os tempos foram passando a tecnologia avançou a música na cidade da Vigia de Nazaré
“A cultura musical vigiense é um legado marcante das ordens religiosas no século XVII e XVIII. Com a celebração da adesão do Pará à independência foram feitas várias solenidade na Vigia e houve músicas nas ruas da cidade; que se dava o nome para essa manifestação de (Tem Deum- festas populares), mas nesse período não há registro de existência de bandas de música. As bandas de música só aparecem nos registros em 14 de março de 1836, pelo comandante militar da Vigia e Distritos na época da Cabanagem”
www.revistapzz.com.br 85
PZZ_VIGIA / MÚSICA evoluindo conforme os tempos, as festas carnavalesca de salão, foram acabando e deixando o espaço para o carnaval de rua: das micaretas aos trios elétricos, más as bandinhas procurando seu espaço, continuando a tocar as marchinhas e os frevos de rua. Porém em 31 de janeiro de 2008, Os integrantes do Clube Musical União Vigiense formaram o Bloco os Sobreviventes do Frevo, com o intuito de manter a tradição do carnaval, com as bandinhas de música.
HISTÓRIA DAS BANDAS MUSICAIS As primeiras bandas de música surgiram no Rio de Janeiro no Século XVIII e eram formadas por barbeiros na maioria eram escravos e as músicas tocadas nesse período eram: Fandangos, dobrados e quadrilhas em festas religiosas e profanas. Em 1831, foram criadas as bandas de música da guarda nacional e 1896 foi criada uma das mais antiga e famosa banda de música do país a banda de música do Corpo de Bombeiro do Rio de Janeiro, fundada por Anacleto de Medeiros. Já no Século XX as bandas de música foram consideradas umas das grandes manifestações Culturais do país, pois nesse período as bandas de música se apresentavam em coretos, sendo que era o orgulho da cidade interiorana, nessas pequenas bandas formaram vários músicos profissionais e amadores, eruditos e populares, como podemos citar alguns deles: Patápio Silva, Anacleto de Medeiros Fundador da Banda do Corpo de Bombeiros do estado de Rio de Janeiro e Altamiro Carrilho, entre outros,nas bandas de música formaram muitos gêneros musicais e vários repertórios como: Chorinhos, marchas e dobrados. Com o desenvolvimento da cultura de massa as bandas de música sofreram um sério risco de extinção e em 1976 a Funarte criou um projeto com o objetivo de realizar uma política de estado que possibilitasse o apoio dos trabalhos dessas bandas de música. Na cidade de Vigia de Nazaré, as bandas de música na segunda década do século XX, as bandas passava nas tardes da quinzena Nazarena e se instalava nos coretos, o Clube Musical União Vigiense e a Banda de Música 31 de Agosto tocavam no coreto uma embaixo e a outra em cima, se alternando com brilhantes repertórios, na qual o Clube musical tocava as composições de Serafim dos Anjos Raiol Filho e dentre outros compositores. “Era uma vez na Vigia de Nazaré... Havia no arraial da Igreja Madre de Deus uma construção em alvenaria, dois pavimentos, formato de prisma, cônico no ápice, com escadaria lateral para acesso ao segundo pavimento”. “Aqui, no Coreto do Arraial, ficarão impressas para os presentes e legados à posteridade os fatos relevantes às coisas sagradas da Vigia de Nazaré.” (Segundo Emanuel Ataíde, 2008. P,10)
CONTEXTOS HISTÓRICOS DAS BANDAS MUSICAIS VIGIENSES Em 13 de maio de 1916 surgiu o Clube Musical União Vigiense, foi fundado por um grupo de desistentes do Clube Musical 31 de Agosto, com apoio de comerciantes locais, seu primeiro presidente foi, Clarindo Palheta, e o primeiro mestre, Tertuliano Zacarias Palheta, receberam o apoio de Constâncio da Silva Gaia que se manifestou em fundar outra banda de música com a colaboração de outros como: Mâncio Ataíde, Raimundo Nonato Alves, Raimundo Napoleão de Sousa, Leopércio Mira e José Esteves, sendo muito os comerciantes que contribuíram para a aquisição de instrumentos e progresso da União. A primeira Banda era composta por 25 Músicos. O Clube Musical União Vigiense desenvolve vários trabalho na comunidade vigiense e interior desse município, fazendo
86 www.revistapzz.com.br
apresentações em praças e teatros, além de acompanhar os cortejos das procissões de Círio de quase todas as localidades vizinhas ao município de Vigia de Nazaré e também na capital. O Clube Musical União Vigiense, em 1978, sob a regência do maestro,Dalmácio Siqueira, participou do II Campeonato Nacional de Bandas, promovido pela FUNARTE. O Clube Musical União Vigiense já viveu momentos de sucesso e de dificuldades, no final da década de1980 a Fundação Carlos Gomes, órgão do Governo do Estado do Pará, passou a dar apoio Técnico Pedagógico, dando uma melhora e qualidade na Banda de Música. Segundo simpatizante do Clube Musical União Vigiense, que por volta de 1979, já participava de eventos fora do município de Vigia de Nazaré. Conquistando o 2º lugar no II Encontro de Bandas de Música do Pará. Em 21 de abril de 1981 o Clube Musical União Vigiense participou dos Festejos de Aniversário de 21 anos da Capital Federal. Os convites apareceram de imediato para apresentação em festejos de Círios da Capital e Interior do Estado, participou em atividades culturais da Universidade Federal do Estado do Pará e outros promovido pelo MEC, em Belém. A escola de música foi reativada depois de longo tempo, em março de 1981começaram as atividades em uma Escola Estadual “Comandante Castilho França, situado à Rua Lauro Sodré no Município de Vigia de Nazaré Estado do Pará. Os resultados não demoraram a aparecer e a escola garantiu a renovação do quadro de músicos e a banda tornou-se mais harmoniosa e tecnicamente melhor. Algum tempo, mas tarde a escola passou a funcionar em um casarão a Rua de Nazaré, cedido pelo Sr. Américo Pereira, antigo colaborador e Irmão do Cunhado de Serafim dos Anjos Raiol Filho, Raimundo de Mira Pereira. Em 1984, foi iniciada a construção da atual sede, em um terreno cedido pela Prefeitura Municipal do Município de Vigia de Nazaré, na gestão do Prefeito José Ildone Favacho Soeiro. Em 1990, assinou convênio com a Fundação Carlos Gomes, sendo a primeira banda a integrar o projeto de interiorização, possibilitando a integração de seus músicos em cursos de especialização e apresentações de grupos musicais com artistas brasileiros e estrangeiros na cidade de Vigia de Nazaré, como podemos citar cursos ministrados pelo PHD em Regência Martin Bergee, Holly Copland e Berry Ford da Universidade de Missouri (EUA), Maestro Zem Obara (Japão), Maestro Andy Pereira de São Paulo, Quinteto Brasil e Quarteto de Trombone da Universidade da Paraíba, e cursos ministrados pelos Professores Gabriel Galo e Daniel Parriello da Argentina, Oleg da Rússia e Ricardo Cabrera da Colômbia. Em 1992, gravou um clipe para TV cultura; em 1995 participou do programa gente que faz, da TV globo. Nesse mesmo ano os monitores da escola de música da união participaram do festival internacional de música de londrina no Estado do Paraná. Em 1996, participou do centenário da morte de Carlos Gomes na Assembléia Legislativa, no qual executou a Protofonia da Ópera “o Guarany”. Nesse mesmo ano, o Clube Musical União Vigiense, participou das festividades de Natal em Belém Estado do Pará, tocando em um Bombinho na maioria das ruas da Capital Paraense. O Clube Musical União Vigiense, representou a Amazônia no concurso de Bandas de Música realizado em Brasília, promovido pelo Rotary Internacional, ficando em Quarto Lugar. Em 1998 apresentou-se em salvador (pelourinho) Bahia, um dos momentos marcantes da união vigiense foi a participação do trombonista Fernando André na cerimônia de abertura dos jogos olímpicos de Sidney em 2002 (Austrália). Em 2000, o Clube Musical União Vigiense gravou um clipe para o Governo do Estado do Pará com a (mensagem de Natal). Entre 2002 a 2007, participou da abertura do festival inter-
nacional de música do Pará, no teatro da estação das docas e nas alvoradas musicais na capital paraense Em julho de 2002, participou do campeonato internacional de esportes aquáticos no teatro da estação das docas, e a inauguração do estádio olímpico do Pará (mangueirão); em maio do mesmo ano, a banda participou da gravação de um cd, com repertório de hinos pátrios. Entre 2002 a 2005 participou como anfitriã dos encontros de bandas da região do salgado, na cidade de Vigia de Nazaré, reunindo cerca de 500 músicos de localidades vizinhas. Em abril de 2006, participou da gravação de um clipe para rede de TV amazona Sat com uma programação da tribo Sat. Nesse mesmo ano, ocorreu a formatura da primeira turma do curso de graduação em música, da Universidade do Estado do Pará, Núcleo Universitário de Vigia, da qual quase todos os formandos eram músicos do Clube Musical União Vigiense. Um dos fatos muito importante que podemos citar, é que os músicos que saíram do Clube Musical União Vigiense, está empregado: em orquestras e bandas militares de todo o país, dando valor a esses jovens, com uma expectativa de vida mais saudável, e uma grande ênfase ao Clube musical União Vigiense, com uma qualidade de trabalho de mais aceitação quando se fala na banda de música do município de Vigia de Nazaré. O Estatuto do Clube Musical União Vigiense foi aprovado no de 1916, e em 16 de março de 1942, Fenelon Cleofas e Serafim dos Anjos Raiol Filho reformularam o estatuto da banda que era formada por 25 músicos, uma escola de música e um quadro de sócios, honorário e benemérito e alterado em 14 de junho de 1997. Em 04 de março de 2008, Hédrios Frank Silva Raiol- Presidente, Marinildo Pereira da Silva- Vice -Presidente e Regente, Kelso Palheta Monteiro- Secretário atualizaram, o estatuto do Clube Musical União Vigiense de acordo com o Novo Código Civil. Tendo como Capítulo segundo o seu estatuto:
I- Da denominação e fins. Art. 1º - O Clube Musical União Vigiense, fundado na cidade de Vigia de Nazaré, em 13 de maio de 1916, é uma associação civil de direito privado sem fins lucrativos ou econômico, apartidária, livre e sem discriminação, com sede foro em Vigia/Pa, personalidade jurídica e patrimônio próprios e duração por tempo indeterminado. Art. 2º - São fins principais do Clube Muiscal União Vigiense § 1º- Primar pela Educação e o desenvolvimento da cultura musical entre associados e comunidade; § 2º- Manter uma Escola de Música; § 3º - Manter uma Banda Musical com a mesma denominação social, ou seja, Clube Musical União Vigiense; § 4º- Promover, dentro de suas possibilidades o engrandecimento social e cultural da Vigia. O novo estatuto do Clube Musical União Vigiense foi aprovado em Assembléia Geral no dia 14 de junho de 1997, e atualizado segundo as normas do Código Civil Brasileiro em 04 de março de 2008. A Diretoria do Clube Musical União Vigiense é formada por: Presidente, Vice- Presidente, Secretário, Tesoureiro, Relações Pública e o Regente da Banda que exercer o cargo por nomeação. O Presidente do Clube Musica Musical tem todo o poder de efetuar acordos e convênios com atividades ou instituições de caráter público: Federal,Estadual,Municipal,Comercial ou Civis, a fim de conseguir recursos necessários para provimentos e execução de seus objetivos. ”A Banda de Musica é um fenômeno histórico e sociológico tão importante quanto fenômeno artístico, a banda de música vive hoje, em muitos lugares, em estado de latência. Não deixa, porém, de desempenhar importante papel de mobilizadora da comunidade nos seus momentos mais caros e solenes; de cumprir o papel de escola livre de música, verdadeiro conservatório do povo; de manter-se como guardiã da tradição musical popular brasileira. A banda de música ainda é a mais antiga e menos estudada instituição ligada à criação e divulgação da música popular”.( Salles, 2004 p.222).
UNIÃO VIGIENSE
O Clube Musical União Vigiense, fundado na cidade de Vigia de Nazaré, em 13 de maio de 1916, é uma associação civil de direito privado sem fins lucrativos ou econômico, apartidária, livre e sem discriminação, com sede foro em Vigia/Pa, personalidade jurídica e patrimônio próprios e duração por tempo indeterminado. São fins principais do Clube Muiscal União Vigiense : - Primar pela Educação e o desenvolvimento da cultura musical entre associados e comunidade; § 2º- Manter uma Escola de Música; § 3º - Manter uma Banda Musical com a mesma denominação social, ou seja, Clube Musical União Vigiense; § 4º- Promover, dentro de suas possibilidades o engrandecimento social e cultural da Vigia.
www.revistapzz.com.br 87
MARCOS CARDOSO O saxofonista e professor da Escola de Música da UFPA Marcos Cardoso Puff JA estEVE na França para apresentação em Festivais de Jazz e casas de shows. NO PASSAPORTE do músico ESTÃO TARIMBADOS o Festival de Jazz de Montreux na Suíça – que já apresentou estrelas como Ella Fitzgerald e Elis Regina – e uma passagem pela tradicional Universidade de Montpellier, fundada no século XIII.
88 www.revistapzz.com.br
Marcos Vinícius Rodrigues Cardoso, “Marcos Puff”. Iniciou seu estudo no fundado Clube Musical União Vigiense, aos 11 anos de idade, foi incentivado pelos seus pais na cidade de Vigia de Nazaré (PA) a estudar música no referido clube, seu início musical foi com o profº Paulo Henrique (Vigia) e Raimundo Castro (Marapanim) na região do salgado, o mesmo artista atuou em diferentes grupos e coletivos como: Clube Musical União Vigiense(1916) Banda 31 de Agosto (1871), Conjuntos de Carimbó, Banda Grupo da Terra
e outros grupos Tradicionais como “Bois e Pássaros Juninos”, até sua ida para a cidade de São Paulo aos 17 anos onde estudou com o Profº Demétrio Santos Sax Leader da Jazz Sinfônica(SP) e Nailor Proveta da Banda Mantiqueira(SP), tocou no grupo Ases do Jazz da BASP(SP) onde através de uma seleção passou em 1º lugar para compor a Banda de Música da Base Aérea de São Paulo(BASP)1992. Aos 21 anos retorna para a cidade de Vigia retomando os trabalhos no Clube Musical União Vigiense aos 22 anos de
idade é convidado pela superintendente da Fundação Carlos Gomes Glória Caputo para ocupar a cadeira de profº de saxofone no Conservatório Carlos Gomes (19942007), aos 23 é aprovado em concurso público para profº da escola de música da Universidade federal do Pará (EMUFPA). Participou dos festivais de música em Londrina onde estudou com o profº Dilson Florêncio (DF), foi aluno de clarinete do profº Oleg Andreyeve(UKR) desde então Marcos Cardoso vem desenvolvendo trabalhos na área de formação técnica do saxofone no estado do Pará. Foi 1º clarinete da Orquestra Sinfônica do Teatro da Paz (2006/2008). Já tocou em companhia de artistas regionais, nacionais e internacionais, como: Bilie Blanco, Verequete, Ivan Lins, Hebe Camargo, Guinga, J.J. Jackson (USA), Ian Guest (USA), Arismar e Tiago do Espírito Santo, Toninho Horta, Raul de Souza, Vadim Klokov(RUSSIA), Mini Paulo, Ney Conceição, Robertinho Silva, Lucinha Bastos e outros grandes artístas. No ano de 2008 foi 1º Lugar com a composição de Nêgo Nelson e 2º lugal com a composição de Jacinto Kawage no festival de música instrumental de Macapá (FEMINSAP). Tocou p/ os presidentes de países Latino-Americanos no Fórum Social Mundial em Belém do Pará (2008). Foi convidado para ministrar oficinas no 7º jazz festival de joinville em Santa Catarina (2009). Foi diretor eleito para assumir o cargo de diretor do Teatro Experimental do Pará Waldemar Henrique (2007-2010), É músico da Amazônia Jazz Band desde 1994, em 2011 foi convidado para ser profº do 1º encontro de saxofones do estado do Amapá (Banda do Corpo de Bombeiros AP) ministrando oficinas de técnicas de improvisação para a comunidade artístico-musicais do estado supracitado. Em 2011 fez turnê pela a Europa tocando nos festivais de Saint André de Sangonis, Montpellier no Sul da França e nos festivais de Jazz de Montreux e Genebra na Suíça com os mestres Raul de Souza e Toninho Horta, Mazombo, Yvan Baumgartner.
www.revistapzz.com.br 89
PZZ VIGIA / CULTURA POPULAR
CARIMBÓ DE RESISTÊNCIA
A
Paulo Cordeiro
Haverá mesmo? – Diz e affirma o sr. Tenente Maximiano Pantoja, em um aviso religioso estampado no Liberal desta cidade, que a festa da Senhora do Livramento será feita este anno, porque o revd. encommendado já deu sua palavra de houra! Olhe lá tenente, cuidado com o Caetêano, veja se elle passa o mel pelos beiços! Olhe que elle é onça em pregações de tabocas! E depois consta-no que o aviso religioso que sahio no Liberal não levou o infallivel carimbó”.
90 www.revistapzz.com.br
nota ao lado é do jornal O Espelho de 8 de dezembro de 1878. O tenente Maximiano Pantoja era tesoureiro da irmandade de Nossa Senhora do Livramento, o articulista estava alertando-o que o padre Mancio Caetano Ribeiro não era confiável. O tesoureiro havia confirmado em uma nota no jornal O Liberal da Vigia que a festividade seria realizada e que o padre já havia dado sua palavra. Há uma disputa política acirrada entre o padre e os liberais, que se percebe nas páginas dos jornais: O Espelho e O Liberal da Vigia; rebatidas pelo padre no jornal O Vigiense. Mas o que nos interessa nesta nota é o aviso religioso que havia saído no jornal O Liberal da Vigia, no qual não constava na programação da festividade “o infallivel carimbó”. Esta é a noticia mais antiga que encontramos da presença do carimbó na cidade da Vigia. E sua primeira proibição no século XIX pela Igreja Católica. A palavra infalível nos remete a noção que o carimbó vinha sendo praticado na festividade há muito mais tempo. O que estava por trás dessa proibição? Uma das hipóteses mais plausível era o processo de romanização. O padre Mancio Caetano Ribeiro foi o percussor da romanização da Igreja Católica na cidade da Vigia. Entre as várias medidas desse processo estava em combater o lado profano das festividades religiosas. Festas foram proibidas, novas devoções introduzidas e antigas festividades terminaram. Mas o padre era flexível, não terminou com as esmolações. O carimbó foi excluído das festividades religiosas dentro da cidade de Vigia, por ser uma brincadeira, onde os negros e pessoas menos favorecidas participavam. Mas essa atitude não foi suficiente para acabar com essa cultura. Os Códigos de Posturas Municipais além dos aspectos arquitetônico, higiênico e urbanístico da cidade da Vigia, estavam também preocupados em exterminar o que consideravam negativo nos costumes da população. Batuque, carimbó, crenças e outras heranças culturais negras e indígenas eram vistas como símbolos de atraso ao progresso. Outra proibição imposta ao carimbó da cidade da Vigia no século XIX foi ainda mais seve-
FOTOS: AMAZO ALCÂNTARA
ra, antes proibido de participar das festividades, agora por perturbar o “sossego público” por parte da elite, que não viam com bons olhos essa cultura. Essa proibição veio através da Legislação Municipal, que além de proibir, o infrator era multado ou preso. Após essa lei o carimbó passou a ser caso de policia, quem estivessem dançando-o e fosse denunciado era multado ou preso. À noite na cidade não se via mais carimbó, porque perturbava o sossego público daquela elite. Art. 48 – É prohibido § 1º Fazer voserias e dar altos gritos sem necessidade, § 2º Tocar tambor, carimbó, ou qualquer outro instrumento de percussão que pertube o socego publico durante a noite. A contravenção será punida com a multa de réis 15$000, ou cinco dias de prisão, em qualquer dos casos. O documento acima é o Código de Posturas Municipal da cidade da Vigia de 1883. Contendo 136 artigos o Código foi aprovado por nove vereadores e sancionado pelo governador do Pará, Visconde de Maracaju no dia 12 de abril. O Código de Posturas Municipal de 1883 aplicava multa e prisão para os que cometessem as infrações. A proibição aplicava-se a todos os seguimentos da sociedade, na saúde, segurança, higiene na venda de alimentos, limpeza, edificação, conservação das estradas e caminhos; licença publica para os estabelecimentos, incêndios e lazer. Nenhuma das proibições foi suficiente apesar de sufocar as manifestações populares de acabar, pelo contrário elas resistiram e chegaram ao século XXI. O carimbó continuou sendo praticado nas festividades religiosas (principalmente aquela que promovia levantação e durrubação de mastro), nas festas promovidas pela classe popular, nos terreiros (organizado pelas Tias do carimbó). Na década de 70 o carimbó é apresentado na festa carnavalesca promovida pelo clube esportivo Uruitá em sua sede social e também em uma festa social do mesmo clube o grupo Tia Pê foi homenageado. Na década seguinte a cidade da Vigia realiza o primeiro Festival de carimbó em 1976 e dois anos depois o grupo de carimbó Os Tapaioaras viaja até São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Aracajú e Brasília, para apresentar o ritmo e a dança da cultura paraense. O carimbó fez/faz presença nas festas de alguns terreiros da religião afro e em setembro de 2000 em frente da Prefeitura Municipal, na calçada da Arena do “Cabelinho”, o grupo de carimbó O Beija-Flor realizou a primeira homenagem a Nossa Senhora de Nazaré no dia do Círio, embora tenha sido convidado o outro grupo Os Tapaioaras, para se apresentar nesse dia, o convite foi feito pelo grupo “Dança Tia-Pê” organizado pelo Aldo Brito. No ano seguinte a apresentação se deu em frente à Igreja de Pedra, desde então sempre contou com a maior participação do grupo Os Tapaioras. Em 2014 o grupo O Beija-Flor passou a realizar sua homenagem na Av: Barão de Guajará, esquina com a Rua Josino Cardoso em cima de uma caminhão. O mesmo grupo em 2015 realiza o “Arrastão do Carimbó” no final do mês de junho, organizado pelo prof. Valdo Palheta. Em cima de um trio-elétrico o grupo vem tocando o carimbó arrastando o povão. Todo esse processo de proibição e resistência ocorrido com o carimbó no século XIX até chegar a se tornar Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, a cidade da Vigia teve importância fundamental nesse processo. PAULO CORDEIRO - Historiador e escritor vigiense.
GRUPOS DE CARIMBÓ Os grupos de Carimbó de Vigia registrados por pesquisadores são: Tauapará Zimba, Os Tapaioaras , Alegria Vigiense , O Beija-Flor , e outros. Eles refletem, de maneira singular, diferentes espaços sociais que podemos acharse na região do Salgado desde a primeira metade do século XX.
DUAS QUADRAS Quando escuto o som do sino Lá da Igreja MAtriz, Eu rogo por meu destino Para que eu seja feliz. ... Eu já dei duro na vida A vida é dureza só Mas amoleço na lida Quando danço um carimbó.
www.revistapzz.com.br 91
PZZ VIGIA / CULTURA POPULAR
O
Carimbó é considerado um gênero musical de origem indígena, onde seu ritmo era executado de maneira monótono, porém, quando a cultura negra entrou em contato com essa manifestação deu-lhe mais movimento, aperfeiçoando o andamento e a dança, que passou de monótono para uma espeicie de batuque africano. Seu nome, em tupi, refere-se ao tambor com o qual se marca o ritmo, “o curimbó”. Na forma tradicional chamado “pau e corda”, o Carimbó é formado por três tambores (curimbó), maracás e o banjo. A música está literalmente relacionada ao homem - trabalho – natureza, pois suas letras retratam a preservação e a sua ligação com a natureza, a fauna, e a vida cotidiana do caboclo em seu âmbito de trabalho, as letras exprimem o grito da natureza que vem sofrendo com a devastação e degradação, falam dos pássaros e mitos do folclore local e da vida simples e árdua do camponês e pescador que busca seu sustento no meio em que vive, neste último cenário em que o Carimbó está inserido, sempre houve as “rodas de Carimbó”, festas em
92 www.revistapzz.com.br
que celebravam o começo do plantio e o fim da colheita da lavoura. Segundo o historiador Paulo Cordeiro “grupos de famílias, parentes, amigos e vizinhos se reuniam nos finais de semana, para dançar o Carimbó, durante a plantação ou colheita de um roçado”. Na década de 1960, o pesquisador vigiense José Soeiro começou a recopilar uma coleção de letras do carimbó da Vigia e arredores. Foi nos festivais que começariam na década seguinte e nas rodas de carimbó locais, que pesquisadores e folcloristas começavam já a freqüentar, que ele desenvolveu esse interesse pelo folclore local, e especificamente pelo carimbó como forma musical “cabocla.” Simultaneamente a outros pesquisadores do folclore paraense, como Vicente Salles, Soeiro começava a estudar as origens e características de um gênero musical que se destacava comercialmente nessa década, mas que nos espaços populares existia pelo menos desde fins do século XIX. 1 A coleção de letras reunidas por Soeiro é composta por 85 peças, e inclui as cantadas nas rodas de carimbó de grupos como Tauapará Zimba , Os Tapaioaras , Alegria Vigiense , O Beija-Flor
, e outros. Elas refletem, de maneira singular, diferentes espaços sociais que podiam achar-se na região do Salgado na primeira metade do século XX. O mundo dos roceiros e agregados nas fazendas da região e do trabalho agrícola em geral; o universo social e cultural da pesca num território a cavalo entre o rio e o mar; as realidades vivas e cambiantes dos descendentes das senzalas, e as múltiplas celebrações profanas e religiosas do calendário cultural da área, são todos eles elementos que aparecem ricamente narrados e cantados nessa coleção de letras. É por isso que proponho utilizar as letras como fonte para a história da região do Salgado da primeira metade de 1900. Obviamente, não podemos tratar as letras do carimbó da mesma maneira que trataríamos uma coleção de inventários post-mortem ou de jornais da época. As informações que elas contêm nunca vão nos dar informações muito precisas sobre eventos políticos ou sobre as quantidades de grude que foram exportadas da Vigia naquela ou em outra década. Porém, esses fragmentos de evidência empírica trazem para nós um conjunto de representações sobre espaços sociais e culturais.
FOTOS: AMAZO ALCÂNTARA
LETRAS DE CARIMBÓ Na década de 1960, o pesquisador vigiense José Soeiro começou a recopilar uma coleção de letras do carimbó da Vigia e arredores. Foi nos festivais que começariam na década seguinte e nas rodas de carimbó locais, que pesquisadores e folcloristas começavam já a freqüentar, que ele desenvolveu esse interesse pelo folclore local, e especificamente pelo carimbó como forma musical “cabocla.”
www.revistapzz.com.br 93
PZZ VIGIA / ARTES VISUAIS
CARNAVAL DE VIGIA Alberto Mocbel é poeta, contista, artista e escritor. É um amante da arte, é inventor, é profeta (e por isso, prospectivo). Na verdade Mocbel é um criador. é produtor de textos onde avulta o grande ser humano que é com coração transbordando de amor por Cametá e os cametaenses.
94 www.revistapzz.com.br
www.revistapzz.com.br 95
96 www.revistapzz.com.br
www.revistapzz.com.br 97
PZZ_VIGIA / ARTES VISUAIS
ANTONIO COUTINHO
ANTONIO COUTINHO Além de exposições em Nova York, no ano de 2013 participou da exposição coletiva de artistas brasileiros no Museu do Louvre em Paris - França. É um dos mais conceituados artistas brasileiros da atualidade. Executou vários trabalhos de pinturas sacras em diversas igrejas no Brasil.
Ao longo de sua carreira, participou de várias exposições coletivas, individuais, nacionais e internacionais, recebendo premiações em Roma, - Itália, Viena - Áustria e New York - EUA. Além de exposições em Nova York, no ano de 2013 participou da exposição coletiva de artistas brasileiros no Museu do Louvre em Paris - França. É um dos mais conceituados artistas brasileiros da atualidade. Executou vários trabalhos de pinturas sacras em diversas igrejas no Brasil.
98 www.revistapzz.com.br
ANTONIO COUTINHO
Antonio Faustino Coutinho Leal, nascido em Vigia de Nazaré - PA em 17/02/1957 , especialista em pinturas sacras, murais, retratos, marmorização e folheação a ouro é reconhecido internacionalmente. Aos 11 anos começou o aprendizado de desenho e pintura com o seu pai, também artista plástico, Manoel Leal. Aos 15 anos pinta sua primeira obra intitulada “Jovem com cesto de frutas” - óleo sobre tela. Ao longo de sua carreira, participou de várias exposições coletivas, individuais, nacionais e internacionais, recebendo premiações em Roma, - Itália, Viena - Áustria e New York - EUA. Além de exposições em NovaYork, no ano de 2013 participou da exposição coletiva de artistas brasileiros no Museu do Louvre em Paris - França. É um dos mais conceituados artistas brasileiros da atualidade. Executou vários trabalhos de pinturas sacras em diversas igrejas no Brasil.
www.revistapzz.com.br 99
PZZ_VIGIA / ARTES VISAIS
100 www.revistapzz.com.br
www.revistapzz.com.br 101
WILKLER ALMEIDA
Wilkler Luiz Almeida Silva, começou a trabalhar com desenho e pintura em tela, aos 13 ou 14 anos. Mais tarde, fez ilustrações para algumas publicações locais e regionais (jornais e revistas), com as quais também colaborou através de textos articulados e reportagens. Passou a se dedicar ao design gráfico e editorou algumas dessas publicações, como o jornal “O Pescador”, o qual dirigiu por algum tempo. Exercendo a área de design, faz trabalhos de projeção arquitetônica e decoração.
102 www.revistapzz.com.br
www.revistapzz.com.br 103
PZZ_VIGIA / ARTES VISAIS
As primeiras experimentações com desenho ocorreram na infância, com a influência dos quadrinhos. As percepções artísticas foram despertadas ao observar obras de artistas já reconhecidos no cenário local, como Gerson Pinto e Silvio Guedes. Deste contato a típica ânsia de expressão fez surgir as pinturas sobre tela, que despertaram a atenção de artistas veteranos, entre eles Antonio Coutinho, o qual exerceu papel importante na orientação e aprimoramento de técnicas, influenciando, inclusive, no estabelecimento do estilo, caracterizado pelo delineamento clássico e realístico, buscando em suas composições retratar aspectos históricos e culturais no âmbito regional, mediante trabalho de pesquisa, havendo uma carga de elementos que reforçam o tema e enriquece em detalhes. A partir dos 15 anos foram inúmeros os eventos que participou com suas obras, entre exposições coletivas e concursos, nos quais obteve premiações. Também atuou como ilustrador de diversas publicações, entre jornais, revistas e livros. Durante quatro anos foi selecionado a frequentar o Laboratório Intermunicipal de Artistas, promovido pelo Instituto de Artes do Pará, onde ampliou conhecimentos e pôde formar conceitos próprios acerca da Arte contemporânea. As pinturas, no formato de afrescos, painéis, relevos e telas atualmente podem ser encontradas em igrejas, prédios públicos, museus e residências em vários estados. Em 2002, já que toca violão e compõe, reuniu alguns amigos e
104 www.revistapzz.com.br
juntos criaram o grupo de música e dança “Uruitá”, que fazia apresentações artísticas, envolvendo ritmos e temáticas regionais coreografadas de acordo com as músicas que compunham. O grupo atuou por cerca de dois anos, e se apresentou em várias cidades. Indicado por pessoas que conheciam seus trabalhos de arte plástica e de pesquisa histórica e cultural, em 2003, foi convidado a integrar a equipe de implantação do Museu Municipal de Vigia, no qual trabalhou por dois anos após a inauguração, fazendo assessoramento, monitoramento e organizando exposições. No local também há obras artísticas de sua autoria. Por causa do constante acesso a documentos antigos importantes ou informações curiosas sobre o passado remoto da cidade de Vigia, o interesse em focalizar um tema específico para desenvolver um trabalho de estudo e pesquisa resultou na publicação do primeiro livro historiográfico, em 2005, intitulado “Tauapará”. Logo, tornou-se escritor. Em 2007 lançou o segundo livro: “A Sala Secreta da Mãe de Deus”, um romance policial. Aliás, a primeira obra do gênero na Região do Salgado. Já em 2008, foi publicado um terceiro livro, em parceria com o escritor José Ildone, contando os 136 anos de história da Sociedade Literária e Beneficente “Cinco de Agosto”, da qual são filiados.
“LEMBRANÇA ANCORADA Entre velas e flâmulas ao vento, Vejo o pescador sair pro mar, Ele vai buscar o seu sustento, Passa dia e noite a navegar Por um mar de sofrimento, Trabalho duro ao sol e luar. E ao chegar em solo vigilengo, Ele vai pra casa encontrar Aqueles que não via a algum tempo, Armar uma rede e descansar, Carrega no pensamento Lembrança ancorada na beira do cais Nessa batucada de tambores, Nesse vai-e-vem de pescadores... Wilkler Almeida
www.revistapzz.com.br 105
PZZ_VIGIA / ARTES VISAIS
ANTONIO MARCOS ANTÔNIO MARCOS, nível médio e autodidata, nasceu no ano de 1954 na cidade de Vigia de Nazaré – Pará – Brasil. Começou na profissão de ajudante de ferreiro aos 09 anos de idade. Aos 20 anos teve que deixar a profissão para trabalhar na Empresa de Telecomunicações do Pará (TELEPARÁ). Já em 1980, após 06 anos de afastamento do trabalho com ferro, retorna as atividades com serviço de ferragens em geral em sua própria oficina. No mesmo ano começou a resgatar a Arte milenar do ferro, ou seja, esculpir artesanalmente obras de arte do ferro bruto; tendo como primeira obra, O Cristo, na cruz. E assim, surgiram outras: O Minotauro; o menino brincando de roda; A muda do pé de café; O Cálice bento; O Faustão; A âncora emendada com areia; O Ferrador da gurijuba; O Esquiador do gelo; A chave do século
106 www.revistapzz.com.br
XVII, A Espada samuray; O milésimo gol do Pelé; O Presidente Lula; O Ver-o-peso (ferro, aluminia, madeira e plástico); e 03 quadros: Escada para o céu; o Homem Direito; A janela Vigiada. O que mais desperta a atenção e a curiosidade do público em geral, é a que a maioria das obras são todas em ferro maciço e fabricadas artesanalmente com ferramentas rústicas, demonstrando no seu trabalho a originalidade e criatividade dando ênfase aos detalhes. 2007 - Foi entrevistado peio canal de televisão Amazon Sat, por ter realizado a restauração de 07 chaves #07 fechaduras do século XVII da Igreja de Nossa Senhora da Santana - Belém -Pará. Também, confeccionou a coroa de Nossa Senhora das Neves para a Festividade do dia 05de agosto em Vigia de Nazaré. A mesma ganhou uma exposição na Ig-
reja da Sé em São Paulo - Brasil. 2011 * Exposição Coletiva na Sociedade Beneficiente Cinco de agosto durante 07 dias do mês de Janeiro na cidade de Vigia. 2011 - Exposição Individual na V Semant Académica realizada pela Universidade Estadual do Pará (UEPA- Campus de Vigia) no dia 22 de setembro. 2012 - Exposição coletiva da 10* Semana de Museus -14 a 20 de Maio em Vigia. 2012 - Exposição individual no XVI Encontro Internacional (IFNOPAP) realizado na Universidade Estadual do Pará ( UEPA - Campus de vigia) nos dias 04 e 05 de Agosto.
www.revistapzz.com.br 107
PZZ_VIGIA / ARTES VISAIS
1 - Olhar de fé Artista: Everton Patrick
OLHAR vigiaDO 108 www.revistapzz.com.br
2 - Vigia, quem te Vigia Artista: Gerson Pinto EXPOSIÇÃO COLETIVA “OLHAR VIGIADO” REVELA A TÉCNICA E A QUALIDADES DOS ARTISTAS VISUAIS DE VIGIA.
www.revistapzz.com.br 109
PZZ_VIGIA / ARTES VISAIS
1 - História por Um Triz Artista: Gerson Pinto 3- Consequência Artista: Gerson Pinto 110 www.revistapzz.com.br
7- O Café (Acrílica sobre madeira) Artista: Alex Barata
Pescador Devoto Artista: Mileno Palheta Curumins Artista: Mileno Palheta
Banho de Rio Artista: Mileno Palheta
www.revistapzz.com.br 111
PZZ_VIGIA / ARTES VISAIS
112 www.revistapzz.com.br
www.revistapzz.com.br 113
ANĂšNCIO
114 www.revistapzz.com.br
www.revistapzz.com.br 115
ANĂšNCIO
116 www.revistapzz.com.br