Anuário pesca e aquicultura 2014 issuu

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º

ANUÁRIO BRASILEIRO DA PESCA E AQUICULTURA 1st Brazilian Fishery and Aquaculture Yearbook

2014

Realização

ASSOCIACAO CULTURAL E EDUCACIONAL BRASIL - ACEB

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A aquicultura brasileira pode sempre contar com o apoio e o conhecimento do Sebrae na gest茫o e desenvolvimento dos pequenos neg贸cios do setor. Procure os especialistas do Sebrae no seu estado ou acesse www.sebrae.com.br.


editorial

1º Anuário Brasileiro da Pesca e Aquicultura

O

brasileiro está acostumado a ouvir que o Brasil é o país do futuro. Desta vez é a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) que coloca como um dos maiores produtores de pescado do mundo, com uma estimativa de 20 milhões de toneladas em 2030. Condições naturais para tanto temos de sobra: água em abundância (mais de 12% da água doce do planeta e uma costa marítima de aproximadamente 8,5 mil quilômetros), clima e geografia favoráveis e diversificados, rica biodiversidade tanto no mar quanto nos rios e lagoas, e uma produção significativa de grãos para fabricar ração. Um estudo da instituição holandesa Rabobank, uma das principais financiadoras do agronegócio mundial, corrobora com a previsão da FAO. Mas alerta: existem obstáculos a superar. Além das já conhecidas deficiências estruturais do Brasil, há entraves como a dificuldade em obter licenciamento ambiental, que pode custar dezenas de milhares de reais e levar mais de cinco anos para ser emitido, inviabilizando qualquer iniciativa séria de negócio. E a cadeia produtiva também precisa ser estruturada e funcionar de forma harmônica. Cabe aos governos estabelecer um ambiente favorável ao empreendedorismo no ramo. Os empreendedores, por sua vez, precisam buscar as melhores práticas e tecnologias e nunca deixar de inovar. Mas, assim como o Brasil saiu de uma situação de insegurança alimentar e passou a ser um dos principais produtores de alimentos do mundo, é possível superar as dificuldades do setor com muita pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação. Se tivéssemos prestado atenção às palavras de Pero de Vaz Caminha, escritas ao rei D. Manuel I para relatar a chegada ao que hoje é nosso país, não teríamos perdido tanto tempo: “Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem”.

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1º anuário brasileiro da de pesca pescaeeaquicultura aquicultura

ASSOCIACAO CULTURAL E EDUCACIONAL BRASIL - ACEB CNPJ: 03.680.305/0001-80 Presidente Ricardo Bulcão Vianna

1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura Coordenador geral Victor Carlson Editor-executivo Alexsandro Vanin Diagramação e Arte Luiz Fernando Ferrary Reportagem Adão Pinheiro, Alexandre Lenzi, Andreia Seganfredo, Beatrice Gonçalves, Daniele Martins, Daniel Cardoso, Deise Furtado, Fabiana de Liz, Fabrício Umpierres, Flávio Cardozo Jr., Karla Santos, Leo Laps, Luciana Zonta, Marco Túlio Bruning, Mateus Boing, Simone Kafruni e Wendel Martins Assistente de Redação Graziela Storto Tradução Monique Pfau Revisão Sérgio Luiz Meira Impressão 15 de janeiro de 2014

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2014

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editorial

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1st Brazilian Fishery and Aquaculture Yearbook

BRASILEIRO º ANUÁRIO DA PESCA E

AQUICULTURA 1st Brazilian Fishery and aquaculture yearBook

Brazilians are used to hearing that

2014

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A S S O C I AC AO C U LT U R A L E E D U C AC I O N A L B R A S I L - AC E B

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

Brazil is the country of the future. But this time it is the Food and Agriculture Organisation of the United Nations (FAO) that places the country as one of the greatest fish producers in the world estimating 20 million tons for 2030. One of the main global agribusiness funders, the Dutch institution Rabobank, carried out a research that corroborates with FAO’s estimative. The truth is that we have plenty of natural conditions for that. However, there are still barriers to overcome. The governments may establish a favourable environment for such entrepreneurship. On the other hand, entrepreneurs need to look for the best technologies and practices – and keep innovating. As well as Brazil no longer experiences a situation of food insecurity and now represents one of the largest food producers in the world, it is possible to cope with the difficulties in the sector provided there is much research, technological development and innovation. If we h ad paid attention to the words the registrar Pero Vaz de Caminha wrote to the king D. Manuel I to report the arrival of the Portuguese in the lands of our country, we would not have wasted time: “There is plenty of water; endlessly. And in such gracious way whether one wants to use it, everything will be provided through these good waters".


ITAJAÍ

UMA CIDADE NATURALMENTE INSPIRADA PELO MAR. Do porto à pesca, do surfe às regatas, do turismo aos negócios, Itajaí é repleta de riquezas e belezas que encantam e se refletem em todos os lugares. Banhada pelo rio e pelo mar, Itajaí é uma cidade naturalmente privilegiada. Dona de um encanto único, se destaca pelo desenvolvimento econômico e conquista pela beleza, pela gastronomia e pelas inúmeras oportunidades que só um verdadeiro polo náutico pode oferecer.

www.itajai.sc.gov.br


sumário

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Espécies promissoras

Potencial brasileiro

Conheça as condições naturais e de mercado que fazem da produção aquícola um bom negócio e podem fazer do Brasil um dos maiores produtores de pescado do mundo.

Algumas espécies, principalmente de peixes, vêm se destacando entre as outras e apresentam grande potencial de vendas nos mercados interno e externo.

Brazilian potential

Promising species

Learn about the best natural conditions and the market for good deals in aquaculture business that may also place Brazil as one of the best fish producers in the world. 12 Futuro próspero / Prosperous future 18 Mãos à obra / Getting down to business 22 Peixe na mesa / Fish on the table 28 Made in Brazil / Made in Brazil 32 Em alto-mar / Into the open sea 36 O gigante acordou / The giant has awakened

42

Principais cultivos

Milenar nos países asiáticos, a aquicultura é recente no Brasil. Saiba quais são os cultivos mais estabelecidos no País e suas perspectivas de crescimento.

Main cultivations

Millenary in Asian countries, aquaculture is recent in Brazil. Find the best established cultivations in the country and their growth prospects. 42 Rede cheia / Full fishing net 44 Reconquistando espaço / Reconquering space 46 Procedência garantida / Guaranteed origin 48 Água boa / Good water 50 O pulo da rã / A frog upon one’s sleeve 52 Plantações na água / Plantations in the water

xx 10

1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

Some species, especially fish, have been standing out among the others and present great sales potential in the domestic and international market. 54 Rainha da lagoa / Queen of the lagoon 56 O nelore das águas / Nelore of waters 58 Joia brasileira / A Brazilian treasure 60 Nobre dos tanques / Royal in cages 62 Aposta no mar / Betting on the sea

64

Políticas e ações

O governo precisa estabelecer um ambiente favorável ao empreendedorismo na área e fornecer meios para a jovem cadeia produtiva se desenvolver e a produção crescer.

Policies and actions

The government has to provide a favourable environment for the entrepreneurship in the sector and needs to set tactics to develop the new productive chain and to increase production. 64 Cevando a cadeia produtiva / Feeding the production chain 68 Suporte ao crescimento / Growing suport 71 Qualidade garantida / Guaranted quality 72 Hora de investir / Time to invest 78 Movido a inovação / Powered by 81 Tecnologia para todos / Technology for all 82 Conhecimento para crescer / Knowledge to progress 84 Bons exemplos / Good examples 86 Regulamentação forte / Strong regulation 89 Sob controle / Under control 90 Simplicidade desejada / Desired simplicity 92 Águas para dar e ceder / Water in abundance


116

96

Estratégias de produção

Pesquisa

O aumento da produção está atrelado ao desenvolvimento de tecnologias que proporcionem maior produtividade ou o estabelecimento de novas culturas. Confira algumas pesquisas em andamento.

Conforme o sistema de produção é estruturado, diminuemse as dificuldades – especialmente quando fundamentadas sobre parcerias – e ampliam-se os mercados.

Production strategies

Research

Production increase is related either to the development of technologies which provide more productivity or to the establishment of new cultures. Check some ongoing researches. 96 Novidade na lata / Canned news 98 Linhagens apuradas / Accurate lineages 100 Sem sacrifício / No suffering 101 Bem alimentadas / Well feed

102

Cadeia produtiva

Até o pescado chegar na mesa do consumidor, ele passa por diversas etapas de produção e depende de indústrias e serviços de apoio que devem funcionar harmonicamente.

Productive chain

Before reaching the consumer’s table, fish goes through several production steps and depends on industries and support services that must work accordingly. 102 Motores da produção / Production engines 104 Ritmo de espera / Rhythm of waiting 106 Alimentar bem para crescer / Feeding them well in order to grow 108 Nova geração / New generation 111 Guia alimentar / Food guide 112 Algo a mais / Something else 114 Longo caminho / A long way through

Difficulties reduce according to the way the production system is structured – especially when it regards partnerships - and the market expands. 116 Parceria vencedora / Winning partners hip 118 Divisão de tarefas / Task distribution 120 Força da união / Strength in union 122 Ciclo fechado / Closed-loop 124 Preocupação recompensada / Rewarded concern

128

128 Agenda / Agebda 130 Superintendências Federais de Pesca e Aquicultura do Ministério da Pesca e Aquicultura / Federal Superintendencies of Fisheries and Aquaculture From the Ministry of Fisheries and Aquaculture 132 Opinião / Opinion 133 Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural / State Enterprises of Technical Assistance and Rural Extension

2014

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Potencial brasileiro Jefferson Christofoletti - Embrapa Pesca e Aquicultura

Futuro próspero Quantidade de água disponível, clima e geografia favoráveis à aquicultura, além de uma grande biodiversidade e fronteiras de pesca extrativa ainda não exploradas podem tornar o Brasil um dos grandes produtores do setor

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura


O

Brasil apresenta vantagens excep cionais para o desenvolvimento da aquicult ura e da p esca ext rativista marinha. Com uma costa litorânea de 8,4 mil quilômet ros, 5,5 milhões de hectares de reservatórios de água doce, clima favorável, terras disponíveis, mão de obra relativamente barata e crescente mercado interno, a produção brasileira de pescados atingiu em 2011 quase 1,4 milhão de toneladas, conforme os números do mais recente Boletim Estatístico da Pesca e Aquicultura do Ministério da Pesca (MPA). Deste total, 628.704,3 toneladas foram produzidas em cativeiro. A atividade pesqueira brasileira gera um PIB nacional de R$ 5 bilhões, mobiliza 800 mil profissionais e proporciona 3,5 milhões de empregos diretos e indiretos. A meta do Ministério da Pesca e Aquicultura é incentivar a produção nacional para que, em 2030, o Brasil alcance a expectativa da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e se torne um dos maiores produtores do mundo, com 20 milhões de toneladas de pescado por ano. Hoje o País ocupa a 17ª posição no ranking mundial na produção de pescados em cativeiro e a 19ª na produção total de pescados. O doutor em oceanografia, professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Fabio Hazin, explica que a aquicultura pode ajudar a resolver o problema de produção de proteínas no Brasil e no mundo. Segundo o especialista, a produção mundial de pescado continua crescendo em ritmo compatível com o crescimento populacional graças à aquicultura, que já responde hoje pela metade praticamente de todo pescado consumido no mundo. Um est udo do Instit uto norte-americano Earth Policy most ra que, p ela primeira vez no mundo, a produção de p eixes e fr utos do mar ult rapassou a de car ne b ovina em 2012: 66,5 milhões de toneladas de frutos do mar contra 63 milhões de toneladas de carne vermelha. No Brasil, de acordo com a FAO, entre 2000 e 2009, o consumo de peixe per capita aumentou cerca de 30%, enquanto o de carne bovina cresceu 10%. Na avaliação da FAO, conforme Hazin, além de possuir uma grande disponibilidade de áreas cultiváveis em águas continentais e marinhas, associadas a condições ambientais e climatológicas altamente favoráveis ao desenvolvimento da aquicultura, o País possui um grande mercado interno e competência instalada nas suas indústrias de processamento e conservação do pescado em condição de

Produção total de pescados Ranking mundial em toneladas (2010)

1 2º 3º 19º º

China

63.495.197 Indonésia

11.662.343 Índia

9.348.063 Brasil

1.264.765

37,69% 6,93% 5,55% 0,75%

competir com qualquer país do mundo. No entanto, Hazin destaca que a produção nacional deve ser estimulada por meio de pesquisas tecnológicas.

Espécies O Brasil conta com 3 mil espécies de peixes, dos quais um grande número com potencial para utilização dentro da piscicultura como dourado, jaú, matrinxã, piau, pintado, pirarucu e jundiá. A participação das espécies nativas na piscicultura fica abaixo dos 20%, enquanto na Ásia, onde está concentrada a maior produção mundial de peixes, cerca de 95% dos cultivos estão baseados em espécies nativas daquele continente. O doutor em aquicultura da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Gilberto Caetano Manzoni, explica que as principais espécies criadas em cativeiro no país são exóticas (tilápias, carpas e bagres americanos). O principal estímulo para a produção dessas espécies parece estar mais relacionado à existência de informações básicas para a criação do que às características das espécies. A legislação brasileira limita a criação de espécies exóticas nos diferentes corpos de água, exceto quando a espécie já esteja comprovadamente detectada em uma bacia hidrográfica, de acordo com portaria do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). 2014

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potencial brasileiro Pesca extrativista

Aquicultura

Ranking mundial em toneladas (2010)

1 2º 3º 25º º

China

15.665.587 Indonésia

5.384.418 Índia

4.694.970 Brasil

785.366

17,50% 6,02% 5,25% 0,88%

Ranking mundial em toneladas (2010)

1 2º 3º 17º º

China

47.829.610 Indonésia

6.277.925 Índia

4.653.093 Brasil

479.399

60,59% 60,59% 5,89% 0,61%

Fonte: Boletim Estatístico da Pesca e Aquicultura 2011/MPA

Na Região Norte predominam peixes como o tambaqui e o pirarucu. No Nordeste, a preferência é pela tilápia e pelo camarão marinho. No Sudeste, a tilápia tem grande presença na aquicultura. No Sul predominam as carpas, as tilápias, as ostras e os mexilhões. Já no Centro-Oeste, os destaques são o tambaqui, o pacu e os pintados.

Isca viva Conforme Manzoni, Santa Catarina responde por 95% da produção brasileira de ostras e mexilhões de cativeiro e está desenvolvendo pesquisas para a produção de robalos e garoupas, além de sardinhas-verdadeiras para serem utilizadas como iscas vivas na pesca de atuns. A pesquisa para a produção da isca viva começou em em 2005 quando pesquisadores do Cepsul/ ICMBio e do Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar (CTTMar/ Univali) iniciaram estudos inéditos para a reprodução de sardinhas em cativeiro. Gilberto conta que a pesquisa nasceu da necessidade de diminuir a pressão da pesca sobre os estoques naturais de sardinha, que apresentam flutuações na quantidade capturada por causa da sobrepesca. “Com

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

a possibilidade da produção da espécie em cativeiro, as embarcações não precisarão mais ir para o mar em busca de iscas para a pesca do atum, gerando economia de tempo e de combustível”, explica o professor. Esse estudo representa a busca pela sustentabilidade econômica e ecológica da pesca de atum e sardinha, colabora com o crescimento na produção pesqueira e reduz conflitos entre os setores artesanais e industriais. Além disso, o desenvolvimento da técnica de cultivo de isca viva fortalece a cadeia produtiva de pescados enlatados e gera emprego e renda nos litorais Sudeste e Sul do País.

 por Adão Pinheiro


Arquivo Instituto de Pesca

Prosperous future Brazil holds some excellent benefits to develop aquaculture and marine extractive fishery. With a coastline of 8.4 thousand km, 5.5 million hectares of freshwater reservoirs, good climate, available lands, not expensive manpower and a prosperous internal market, Brazilian fish production has reached nearly 1.4 million tons in 2011 according to the most recent results of Statistical Bulletin of Fishery and Aquaculture from the Ministry of Fisheries (MPA). Out of this total, 628,700 tons were produced in captivity. Brazilian fishery generates a national GDP of R$ 5 billion, mobilises 800 thousand professionals and employs 3.5 million jobs directly and indirectly. The target of MPA is to promote the national production and thus Brazil will be able to accomplish the expectation of Food and Agriculture Organisation of the United Nations (FAO): to become one of the largest producers in the world with 20 million tons of fish per year. Today Brazil takes the 17th position in the world ranking for fish-farming production and the 19th for fish production as a whole. According to professor of Universidade Federal Rural de Pernambuco, Fabio Hazin, FAO evaluation shows that besides of having a large amount of areas in inland and marine waters associated to excellent environmental

and climate conditions to develop aquaculture, the country has a great internal market and jurisdiction installed in their processing and preserving industry which are able to compete with any other country in the world. However, Hazin points out that the national production must be promoted through technological research. In Brazil there are 3 thousand of fish species and a large number out of that can be used for fish-farming like dorado, jaú, brycon, piau, pintado, pirarucu and jundiá. The native species take less than 20% of fish-farming whereas in Asia, where the largest concentration of fishfarming is, about 95% of farming is based on native species from that continent. According to Gilberto Caetano Manzoni a PhD in Aquaculture of Universidade do Vale do Itajaí, Santa Catarina state carries out researches to produce bass and grouper as well as sardines (sardinella brasiliensis) to be used as live baits for tuna fishing. He says the research came with the necessity to reduce the pressure on fishery over the natural sardine stocks because due to overfishing they present fluctuations in the captured amount. “Vessels will no longer need to go to the sea searching for baits to fish tuna. This way, they will save time and fuel”, explains the professor.

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entrevista

marcelo Crivella Fotos: Victor Carlson

mãos À obra Aquicultura é a última fronteira do agronegócio a ser explorada de maneira sustentável

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura


O carioca Marcelo Crivella costuma dizer que aprendeu mais do que colocar minhoca no anzol desde que assumiu o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), em março de 2012. Descobriu o enorme potencial brasileiro para a produção de pescados. Confiante, diz que o Brasil tem plenas condições de atingir a previsão da FAO de uma produção de 20 milhões de toneladas em 2030 com as medidas de estímulo que estão sendo tomadas pelo Governo Federal. A grande responsável por este salto na produção será a aquicultura, a última fronteira do agronegócio a ser explorada de maneira sustentável, segundo Crivella. Confira estas e outras informações na entrevista a seguir.

O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de bovinos, suínos e frangos. Podemos ter o mesmo sucesso na produção de pescados? O que nos faz crer que podemos atingir a previsão da FAO de produzir 20 milhões de toneladas em 2030? Com toda a certeza. Temos tudo para ficar tão competitivos como já somos nos segmentos de grãos e de outros tipos de carne. O Brasil possui algumas das maiores bacias hidrográficas do mundo e concentra mais de 12% de toda a água doce do planeta, tem mais de 8 mil

quilômetros de costa marítima e o clima é favorável. Se apenas 0,5% dos espelhos d´água dos 200 principais reservatórios do País forem utilizados para cultivo de peixes, a produção brasileira será multiplicada por 20.

Mas antes de ocorrer a multiplicação dos peixes foi preciso abrir caminho no mar. O que está sendo feito para aproveitar o potencial natural e deslanchar a produção de pescados no Brasil? A presidenta Dilma desonerou o setor, descomplicou o licenciamento ambiental, financiou o setor com o Plano Safra da Pesca e Aquicultura, estimulou o consumo e garantiu a qualidade do pescado. Estão sendo entregues escavadeiras e tratores a prefeituras para abrir tanques nas propriedades rurais. Estão sendo cedidas áreas de reservatórios da União e de ambientes marinhos para a produção aquícola. A Dilma está realizando uma verdadeira reforma aquária.

A estrutura catarinense de produção de suínos e frangos, baseada no sistema integrado, pode servir de modelo para a aquicultura nacional? Absolutamente, sem sombra de dúvida. Já existe no Centro-Oeste brasileiro indústrias que estão engordando peixes nas pequenas propriedades familiares. Acho que isso vai se disseminar. Uma das metas do Plano Safra da Pesca e Aquicultura é justamente essa: estruturar a cadeia produtiva do pescado incluindo o pequeno produtor. 2014

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entrevista

marcelo Crivella

Uma das grandes reclamações do setor produtivo é a dificuldade em obter licenças ambientais. O que o MPA pode fazer para ajudar os produtores nesta questão? Depois de muita discussão com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e órgãos ambientais, conseguimos demonstrar como a aquicultura é uma atividade sustentável. Recentemente, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) aprovou uma nova resolução que prevê o licenciamento único para os parques aquícolas, tornando mais simplificado e ágil o licenciamento ambiental para estes empreendimentos. As áreas federais que estão sendo cedidas para cultivo aquícola já contam com licenciamento ambiental.

É na aquicultura que reside o grande potencial de crescimento da produção de pescados no Brasil. Mas, no caso da pesca extrativa, especialmente a industrial, temos condições de aumentar o volume capturado? Eu diria que temos chance de chegar a 50% a mais. Existe, por exemplo, a anchoita, um recurso que passa no Sul do Brasil, entre o final do inverno e início da primavera, que os pesquisadores dizem que temos condições de pescar 100 mil toneladas de maneira sustentável a cada ano. Também podemos aumentar a captura de atuns, albacoras e bonito listrado. Nas demais espécies, estamos no limite da exploração. Mas no Brasil ocorre um grande desperdício; se pudéssemos evitar isso já teríamos um grande aumento na produção. A presidenta Dilma também tomou outra ação muito importante, criar o Instituto Nacional de Pesquisas

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

Oceanográficas (INPO), que vai cuidar das pesquisas da nossa biodiversidade, com informações corretas das nossas espécies, sua localização e a que profundidade, como se reproduzem, o que vai ajudar demais o MPA e o MMA no manejo e ordenamento. O INPO também vai cuidar do tráfego naval, das pesquisas sobre ondas e marés, correntes e subsolo do mar. Será um grande instituto, e terá um navio gigantesco com os equipamentos mais modernos do mundo.

O MPA é hoje um ministério consolidado. É possível imaginar sua dissolução? O que o senhor tem a dizer em defesa do MPA? Eu acho que o ministério cuida de um setor que tem um potencial imenso, pois é a última fronteira do agronegócio a ser explorada de maneira sustentável. Você imagina que para engordar o boi, uma tonelada de boi, você precisa de um hectare de terra e de 32 quilos de ração para cada quilo de boi. E o boi emite metano, porque ele rumina. Já em um hectare de água, você produz 200 toneladas de peixe, e para engordar um quilo de peixe precisa de 1,5 quilo de ração. E peixe não rumina. O peixe é sustentável. Agora, se você conjugar o peixe com a produção agrícola, você tem uso duplo da água. Ou seja, antes de molhar a plantação, você coloca água num tanque e ali produz peixe. O Brasil, com a água que tem disponível, tem tudo para ser um grande produtor de pescado.

 por Alexsandro Vanin


Getting down to business Brazil is one of the greatest meat producers. Can we be as successful in fishing production? Absolutely. Brazil holds more than 12% of the global fresh water, more than 8 thousand km of coastline and a proper climate for that. If only 0.5% of water bodies from the 200 main reservoirs in Brazil are used for fish-farming, the country’s production will be multiplied by 20.

What has been done to harness the natural potential and take off the fishing production in Brazil? Rousseff, the Brazilian president, relieved the sector, facilitated the environmental licensing, financed the sector with Plano Safra da Pesca e Aquicultura, stimulated consumption, and guaranteed the fish quality. Excavators and tractors have been delivered to city halls to open up tanks in rural properties. Reservoir areas of the Union and marine environments have been granted for aquaculture. The president is making a real water reform.

Can Santa Catarina’s swine and poultry production based on an integrated system be used as a model for the national aquaculture? Definitely. In the Central West region of the country there are already industries fattening fish in small-scale family farms. One target of Plano Safra da Pesca e Aquicultura is to organize the fish productive chain including the small producers.

Aquaculture shows the great growth potential of fish production. However, is it possible to increase the volume of captured fish in the case of extractive fishing?

Brazil has so much water available and thus a great potential to be a great fish producer

I would say we can get to 50% more. There is anchoita fish, for example. It is a resource that travels through the South of Brazil between the end of winter and beginning of spring. Researchers state we can catch 100 thousand tons in a sustainable way every year. We can also catch more Blue-fin and yellowfin tuna, and bonito-listrado. For the other species, we are already in the exploitation limit. However, there is a lot of waste in Brazil. If we could avoid that, we would have a production increase.

MPA is a consolidated ministry. Is its dissolution possible? What can you say in defence of MPA? The ministry takes care of a great potential sector; it is the last boundary for agribusiness to be explored in a sustainable way. To fatten one ton of kettle you need one hectare of land and 32 kg of feed for each kilogram of kettle. And kettle emits methane because it ruminates. In one hectare of water you produce 200 tons of fish and fatten each kilogram with 1.5 kg of feed. And fish does not ruminate. Also, if you gather fish and agricultural production, you have a dual water use. Before irrigating the fields, you put the water in a tank and produce fish. Brazil has so much water available and thus a great potential to be a great fish producer.

2014

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Potencial brasileiro Consumo de peixe per capita em 16 anos (em kg/hab) 7,62 1996

7,24 7,77

6,71

6,79

6,76

2000

2001

2002

6,15

1997 1998

1999

O

s brasileiros consomem cada vez mais pescado, que é a proteína animal mais saudável e consumida no mundo. Em 2001, a média anual de consumo de peixes no Brasil era de 6,79 quilos por habitante, conforme dados do Ministério da Pesca (MPA), mas, segundo o secretário de Infraestrutura e Fomento da Pesca e Aquicultura do MPA, Eloy Araújo, já superou 11 quilos. Hoje, o consumo no País apresenta uma média de quase 10 quilos por habitante por ano e a estimativa é que, daqui a pouco mais de dois anos, ou seja, até o final de 2015, chegaremos perto dos 12 quilos anuais por habitante, o mínimo de consumo preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). “Além de ser positivo para a saúde da população, este hábito alimentar favorece o desenvolvimento da atividade pesqueira em todo o Brasil”, afirma.

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

MPA

Cresce o consumo de pescados no Brasil e a tendência é seguir crescendo, estimulando a produção aquícola nacional

2003

Arquivo

­Peixe na mesa

6,46


11,17 9,75

2011

9,03 2010

8,36 7,28 6,69 2004

6,66

2006

2009

7,71 2008 2007

2005

De acordo com o MPA, existe uma disparidade no consumo interno. Na região Norte, por exemplo, o peixe é um elemento fundamental para a alimentação humana, e o consumo alcança a média de 30 quilos por habitante por ano. Enquanto isto, em estados com pecuária bovina forte, como o Rio Grande do Sul, o consumo de pescado é baixo. Outra sinalização de que a demanda cresce pode ser constatada na balança comercial. O País já recorre a importações de pescado para atender a 34% da procura. Em 2012, a importação foi de US$ 1,3 bilhão em pescados como bacalhau, salmão e merluza. Dez anos antes a produção nacional – que cresce ano a ano – supria 75% do consumo. O aumento do consumo deve-se, em parte, ao incremento da renda do brasileiro e às ações de estímulo promovidas pelo MPA. Entre elas, destacam-se os programas Feira do Peixe (kits para o pescador ou aquicultor ofertar seus produtos diretamente ao consumidor) e Caminhão do Peixe. Outra ação é uma parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) para elevar as compras de pescado através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) do Governo Federal. A partir de 2013, as aquisições para este nicho de mercado vão passar de quase 5 mil para 20 mil toneladas. E, como medida de longo prazo, os pescados estão sendo introduzidos nos programas de merenda escolar visando ao estabelecimento de uma nova cultura de alimentação. Em sintonia com o incremento das vendas, a produção de pescados é uma das atividades econômicas que mais cresce no Brasil. A aquicultura – um dos segmentos da criação de animais de maior crescimento no mundo, segundo a ONU – responde por 40% de todo o pescado produzido no País, volume estimado em 1,4 milhão de

fonte: MPA

toneladas por ano. E o atendimento da demanda atual e futura de pescado no Brasil dependerá justamente do crescimento da atividade aquícola, já que a pesca extrativa se encontra estagnada no mundo, desde pelo menos 2006, no patamar das 90 milhões de toneladas anuais. Um caso de sucesso empresarial no ramo é a Nativ Pescados, que vem crescendo ano a ano. A produção total em 2012 foi de 1.335 toneladas, o que gerou um faturamento de R$ 23 milhões. Em 2013, a produção é estimada em 1.500 toneladas – a empresa ainda não tem uma estimativa da receita para este ano. Cerca de 95% da produção é destinada ao mercado interno. Para Marcelo Eiger, gerente de pesquisa e desenvolvimento, o momento atual é bem atípico, com alguns aumentos nos custos de produção, ao passo que existiu uma desoneração de impostos como o PIS e COFINS. Essa desoneração permitiu aos produtores baixarem o preço final para o consumidor ou mesmo aumentarem a margem de lucratividade. O executivo, formado em veterinária, é otimista e acredita que o mercado interno deve melhorar nos próximos anos. No Brasil, a companhia tem foco no varejo, com distribuição em supermercados como Walmart e Pão de Açucar. Entre os principais produtos da empresa estão os empanados e nuggets, com destaque para o camarão, e peixes com corte diferenciado, como tilápia e o pintado. “Queremos vender uma solução para o consumidor final e agregar valor ao produto’, disse Eiger.

 por Wendel Martins

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Potencial brasileiro Consumo per capita x produção brasileira de pescado

1.400.000

kg per capita

toneladas

1.200.000

12 10

1.000.000

8

800.000 6 600.000 4

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200.000 0

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2000 2001

Produção nacional (t)

2002 2003

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Consumo per capita (kg/hab)

Victor Carlson

Caminhão do Peixe, em Florianópolis (SC), facilita o acesso da população ao pescado nacional

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura


Origem do pescado consumido no Brasil

67%

33%

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75%

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Produção nacional

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34%

2010

Consumo importação fonte: MPA

Fish on the table Brazilians have been eating fish more and more often; it is the healthiest and most consumed animal protein in the world. According to the Ministry of Fisheries (MPA), in 2001, the annual rate of fish consumption in Brazil was 6.79 kg per capita. Eloy Araújo, the secretary of Fishing and Aquaculture Infrastructure and Provision of MPA, states that the consumption in the country nowadays presents an annual average of nearly 10kg per capita and by the end of 2015 he estimates it will reach an annual amount of 12 kg per capita, which is the minimum recommended by the World Health Organization (WHO). “Apart from being a positive point for the population’s health, this food habit favours fishing activities all over Brazil”, he states. According to MPA, there is a discrepancy in the internal consume. In the North region, for instance, fish is essential for the human feeding and its consume reaches an average of 30kg per capita every year. On the other hand, states with strong cattle

economy as Rio Grande do Sul, fish consumption is low. The balance of trade is another evidence of a growing demand. The country is already importing fish to meet with the 34% of demand. In 2012, importation of fish such as cod, salmon and hake was of US$ 1.3 billion. Ten years ago, the national production – which grows every year – filled 75% of consumption. The consumption increase is partly due to the increment of Brazilian income and incentive actions promoted by MPA. Among them, there are programs such as Feira do Peixe (fish fair for the fishermen or aquaculturists to offer their products straight to the consumer) and Caminhão de Peixe (Fish Truck). Another action is the partnership with the Ministry of Combat against Hunger and Social Development (MDS) to raise fishing purchases through a governmental program for food acquisition (PAA - Programa de Aquisição de Alimentos) from nearly 5 thousand to 20 thousand tons from 2013 on. Also, fish has been introduced in school meals programs with the purpose of establishing a new feeding culture.

2014

25


Potencial brasileiro

Coma pescados, faz bem! Os médicos recomendam o consumo de peixes pelo menos duas vezes por semana. Saiba o porquê.

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura


StockPhotos

Os pescados possuem todos os aminoácidos essenciais, que auxiliam na formação das proteínas, resultando no crescimento e na manutenção de um corpo saudável Possuem em sua composição 20% de proteína de ótima qualidade, rica em aminoácidos não essenciais, isto é, que não são produzidos pelo organismo Apresentam carne com baixo teor de gordura, sendo que o tipo predominante é a polinsaturada (ômega 3 e ômega 6) São ricos em ômega 3, presente em peixes como sardinha, salmão, anchova, arenque e atum, o qual os estudos mostram ser um nutriente anti-inflamatório que auxilia na redução do risco de doenças cardiovasculares, na diminuição dos triglicerídeos e colesterol e até mesmo na obesidade Possuem ótimas doses de vitaminas A, D, E e do complexo B, além de niacina e ácido pantotênico, iodo, sódio, magnésio, manganês, ferro e potássio – moluscos apresentam também doses significativas de zinco Possuem quatro vezes mais cálcio que os outros tipos de carne Reduzem o risco de Alzheimer, segundo pesquisa publicada em 2009 na revista American Journal of Nutrition Mulheres grávidas que consomem mais peixes durante o período de gestação tendem a ter crianças mais sociáveis, devido ao ômega 3, segundo artigo de um especialista do Instituto Nacional de Saúde de Maryland (EUA), publicado na revista The Economist Auxiliam na concentração e memória Melhoram a qualidade do sono

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Eat fish, it’s good for you!

holds all essential amino acids which areFishhelpful for the protein synthesis in order to grow and maintain a healthy body; It presents 20% of high quality proteins in its composition; they are rich in nonessential amino acids, which means not produced by the organism; Fish is a low fat meat; the prevailing kind is polyunsaturated (Omega 3 and Omega 6); It is rich in Omega 3 which, according to researches, it is an anti-inflammatory nutrient that helps to reduce the risk of cardiovascular diseases, triglycerides, cholesterol and even obesity; It presents excellent doses of vitamins A, D, E and B complex as well as niacin, pantothenic acid, iodine, sodium, magnesium, manganese, iron and potassium – molluscs also present significant doses of zinc; There is four times more calcium in fish than in any other kind of meat; It reduces the risk of Alzheimer’s disease, according to a research published in the American Journal of Nutrition in 2009; Pregnant women who eat more fish during pregnancy tend to have more sociable children due to Omega 3, according to an article published in The Economist Magazine from the National Institutes of Health in Maryland (USA); Eating fish helps people to concentrate and memorize; It improves the sleep quality.

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Fonte: Hospital Albert Einstein, Sebrae e outros.

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2014

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Potencial brasileiro Stock Photos

made in brazil As perspectivas são de que o Brasil venha a ser um dos grandes produtores mundiais de pescado, mas por enquanto a balança comercial é deficitária

O

peixe é a proteína animal de maior consumo no mundo. Em 2011, foram produzidas cerca de 170 milhões de toneladas de pescado, sendo 130,8 milhões de toneladas para consumo humano, enquanto a produção de bovinos foi de 56,8 milhões de toneladas e a de frangos de 89,3 milhões de toneladas. Entre 1991 e 2011, a produção mundial de bovinos aumentou 13%, praticamente a mesma taxa de expansão do consumo humano de pescado, 14,4%, registrada num período quatro vezes menor, entre 2006 a 2011. Ao todo, o setor movimenta US$ 217,5 bilhões em todo o mundo, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

O plano do governo é que o Brasil assuma um papel de destaque no cenário global, a exemplo de outras cadeias produtivas em que é líder de mercado, como a bovina e a aviária. De acordo com dados de 2010, a China é o grande produtor e exportador, com vendas estimadas em US$ 13,9 bilhões. É seguida pela Noruega (US$ 9,6 bilhões) e Tailândia (US$ 7,1 bilhões). O Vietnã é o quarto, cujas vendas externas cresceram de US$ 1,5 bilhão em 2000 para US$ 5,1 bilhões em 2010. A China também é um dos principais fornecedores para o Brasil, seguida pelo Chile. O principal produto chinês é a merluza-do-alasca. Entre 2007 e 2011, os volumes passaram de 3 mil para 79,7 mil toneladas, conforme o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior


Principais destinos

Hong Kong

frança

china

holanda

Valor: US$ 18,8 milhões Volume: 745 toneladas Destaque: ração

Valor: US$ 12,1 milhões Volume: 1,2 mil toneladas

Valor: US$ 11,7 milhões Volume: 1,8 mil toneladas

Valor: US$ 11 milhões Volume: 749 toneladas Destaque: extratos e sucos

Fonte: Boletim Estatístico da Pesca e da Aquicultura 2011

Estados Unidos

Espanha

Japão

Valor: US$ 79,8 milhões Volume: 6,5 mil toneladas Destaque: lagostas, pargos e outros peixes

Valor: US$ 28,2 milhões Volume: 7,1 mil toneladas

Valor: US$ 19,7 milhões Volume: 2,2 mil toneladas

(MDIC). Já o Chile vendeu 47 mil toneladas em 2011. Para Fábio Rosa Sussel, pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, a grande vantagem do produto chinês é o preço, mas é de baixa qualidade. Em 2011, o Brasil importou US$ 231 milhões da China; já as compras do Chile foram de US$ 282,3 milhões. O pesquisador afirma que a participação do País no mercado global de pescado ainda é pequena. A valorização do real frente ao dólar nos últimos anos, por exemplo, diminuiu o ímpeto das exportações de camarão, que também teve a produção afetada por questões sanitárias em 2012. Sussel acha necessário que o Brasil foque no

mercado interno e abasteça a demanda local. “Nossas exportações são pequenas, fruto mais da raça do produtor brasileiro”, comenta. Segundo dados do MDIC, o deficit na balança comercial de peixes, crustáceos e moluscos em 2012 foi de US$ 970 milhões em produtos como bacalhau e salmão, oriundos do Chile e da Noruega. As importações foram de US$ 1,1 bilhão no período. Até setembro de 2013, deficit aproximado de US$ 807,4 milhões; e as importações, US$ 948,4 milhões. As vendas externas aumentaram entre 2010 e 2011, passando de US$ 263,3 milhões para US$ 271,2 milhões. Em 2012, as exportações caíram para US$ 188 milhões e até setembro de 2013 foram de US$ 140,9 milhões. 2014

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Potencial brasileiro Principais origens

chile

china

noruega

Valor: US$ 289,8 milhões Volume: 51,3 mil toneladas Produto: salmão e filés congelados

Valor: US$ 234,7 milhões Volume: 181 mil toneladas Produto: filés congelados

Valor: US$ 222,1 milhões Volume: 33,2 mil toneladas Produto: bacalhau

Fonte: Boletim Estatístico da Pesca e da Aquicultura 2011

argentina

Portugal

marrocos

Valor: US$ 158,3 milhões Volume: 51,5 mil toneladas Produto: filé de merluza, outros filés e conservas

Valor: US$ 115,9 milhões Volume: 17,6 mil toneladas Produto: bacalhau

Valor: US$ 14 milhões Volume: 12,9 mil toneladas Produto: sardinhas

A meta do MPA é que, em 2030, o País se torne um dos maiores produtores do mundo, com produção de 20 milhões de toneladas por ano. Entre os principais destinos estão os Estados Unidos, Alemanha, Itália, França, Japão e Taiwan. Embora a exportação ainda esteja concentrada no camarão e na lagosta, a pauta deve se tornar mais diversificada com a produção intensiva de tilápia e de espécies amazônicas, como o tambaqui e o pirarucu. O Brasil já é um dos sete maiores produtores de tilápia do mundo, com um volume de mais de 250 mil toneladas. A tilápia é uma das três espécies de peixe mais cultivadas no planeta e uma das mais consumidas nos Estados Unidos.

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

De acordo com Marcelo Eiger, gerente de pesquisa e desenvolvimento da Nativ Pescados, entre as oportunidades que o Brasil pode aproveitar para ganhar o mercado externo, além da tilápia e do camarão, estão o tambaqui e o pirarucu. “São produtos que competem numa faixa de preço mais premium e têm grande potencial”, comentou. A empresa nasceu com vocação exportadora e mantém um departamento de comércio exterior. Entre os principais clientes estão os Estados Unidos, França, Alemanha e Portugal.

 por Wendel Martins


Arquivo APTA

Stock Photos

No exterior, peixarias são o lugar preferido para a compra de pescado (pesquisa Nielsen)

Fábio Sussel, da APTA, é zootecnista

Made in Brazil Fish is the most consumed animal protein in the world. In 2011, 170 million tons of fish were farmed. Out of this number 130.8 million tons were for the human consume whilst cattle and chicken farm were 56.8 and 89.3 million tons, respectively. Between 1991 and 2011, the global cattle farming increased 13%, which is basically the same expansion rate for human consumption of fish (14.4%) registered between 2006 and 2011; a period four times shorter. As a whole, the sector handles US$ 217.5 billion all over the world according to Food and Agriculture Organisation of the United Nations (FAO). The government plans Brazil to take an important role in the global scenery as it already happens in other production chains like cattle and poultry where Brazil is the market leader. According to 2010 data, China is currently the greatest producer and exporter; its sales are estimated in US$ 13.9 billion. The Ministry of Fisheries and Aquaculture aims

Brazil to become one of the greatest world's producers in 2030 with 20 million tons a year. The United States, Germany, Italy, France, Japan and Taiwan are among the main destinations. Although exporting is still concentrated in shrimps and lobsters, the list must become more diversified with an intensive production of tilapia and some species from Amazon such as tambaqui and pirarucu. According to MDIC data, the balance of trade for fish, crustaceans and molluscs showed the deficit of US$ 970 million in 2012 in products such as Norwegian cod and Chilean salmon. China is one of Brazil’s main suppliers followed by Chile. The main Chinese product is Alaska hake. The volumes increased from 3 thousand tons in 2007 to 79.7 thousand tons in 2011, according to the Ministry of Development, Industry and International Trade (MDIC). Chile, on the other hand, sold 47 thousand tons in 2011.

2014

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Potencial brasileiro

em alto-mar O caminho para a pesca industrial crescer está em águas profundas e bem distantes da costa

O

futuro da pesca industrial brasileira está longe da costa e a muitos metros de profundidade. A pesca oceânica é considerada hoje a principal fronteira para o desenvolvimento da atividade, muito em razão dos grandes cardumes de atuns em águas da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) brasileira e em águas internacionais que podem ser capturados de forma sustentável. Segundo o diretor do Departamento de Planejamento e Ordenamento da Pesca Industrial do MPA, Mutsuo Asano Filho, as espécies oceânicas pelágicas ou demersais apresentam elevados valores no mercado internacional e podem contribuir positivamente para melhorar a balança comercial brasileira no item pescados. No entanto, a maioria das embarcações da pesca industrial brasileira foi construída há muitas décadas e não se renovou ao longo do tempo. Faltam recursos tecnológicos mais modernos para localização de cardumes, realização de viagens a áreas mais distantes da costa, captura intensiva, conservação do pescado no mar e para maior segurança da tripulação. O pesquisador e coordenador técnico do Sindicato da Indústria e dos Armadores de Pesca de Itajaí e Região (Sindipi), Roberto Wahrlich, explica que a frota nacional já aumentou bastante na última década, mas com barcos com pouca autonomia e a maioria adaptada de outras modalidades de pesca. De acordo com o Boletim Estatístico da Pesca e Aquicultura de 2011, a captura extrativa marinha respondeu naquele ano por 553 mil toneladas, quase 40% da produção total de pescados no País. Dispondo de uma das maiores biodiversidades em pescado do planeta, os barcos brasileiros capturam centenas de espécies de peixes, moluscos e crustáceos, incluindo desde a popular sardinha-verdadeira – comum no litoral

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura


Fotos: Arquivo Sindipi

Pará é o estado com maior volume de pesca extrativa, mas Santa Catarina é o primeiro em captura marinha e produção total

2014

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Potencial brasileiro

Exte nsã o da

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Parcel de São Pedro e São Paulo

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Atol das Rocas

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Arquipélago de Fernando de noronha

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Ilhas de Trindade e Martin Vaz

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santa catarina

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Atum e afins Camarão Lagosta Sardinha Peixes diversos Pargo Fonte: Marinha do Brasil

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura


Into the open sea Sul e no Sudeste – até iguarias da alta gastronomia, como a lagosta e o camarão, encontrados principalmente no litoral Nordeste. Segundo Mutsuo, o ministério tem adotado a política de arrendamento de embarcações de países onde a pesca industrial é tradicional e já se encontra em um estágio mais avançado. Um dos objetivos é assegurar as cotas brasileiras regulamentadas pela Comissão Internacional para a Conservação dos Atuns do Atlântico (ICCAT, na sigla em inglês), da qual o País é signatário. “Se não aproveitarmos as cotas corremos o risco de perdê-las para outros países mais bem preparados, já que a ICCAT leva em consideração o histórico pesqueiro do País”, diz. Em alto-mar, as espécies capturadas pelos barcos arrendados são albacora-lage (yellow fin), albacora-branca (albacore) e albacora-bandolim (big-eye). Na visão do Ministério da Pesca, a política de arrendamento permite o contato dos brasileiros com as novas tecnologias e métodos, e representa menos gastos para o Governo Federal e os armadores na realização de estudos de prospecção pesqueira e avaliação de viabilidade econômica. Não menos importante é a gestão dos recursos da pesca industrial. Enquanto o governo desenvolve programas e normativas para regular a pesca extrativista marinha, indústrias e armadores reclamam da ausência de interação entre os ministérios da Pesca e do Meio Ambiente na hora de decidir temas como defeso, permissões de pesca e definição de lista de espécies proibidas para captura. O armador de pesca de Santa Catarina e presidente do Sindipi, Giovani Monteiro, reclama da demora na implantação dos Comitês Permanentes de Gestão (CPGs), criados pelo MPA em 2010. Dos 20 comitês previstos, somente dois estão em atividade. “Precisamos de estudos embasados que norteiem a captura sustentável da pesca através destes comitês”, explica. O ministério, por sua vez, alega que os CPGs estão em processo de instalação segundo um cronograma interno.

 por Luciana Zonta

The future of Brazilian industrial fishery is far from the shore and several metres deep. Today, oceanic fishery is considered the main frontier to develop this activity especially due to large schools of tuna in waters that belong to the Brazilian Exclusive Economic Zone (EEZ) and also in international waters where they can be caught in a sustainable way. According to the CEO of Planning Department of Industrial Fisheries at MPA, Mutsuo Asano Filho, oceanic pelagic or demersal species are very valuable in the international market and they may contribute to improve the Brazilian balance of trade for the fish item. However, most Brazilian vessels for industrial fishery were built several decades ago and have not been renewed since then. There is a lack of better technological resources in several aspects: find schools, travel to more distant offshore areas, intensive capture, fish conservation in the sea, and more safety for the crew. The researcher and technical coordinator of the Industry and Fishing Shipowner’s Union of Itajaí city (Sindipi), Roberto Wahrlich, explains that the national fleet has already increased a lot in the last decade but the boats are not independent enough and most of them are adapted to other fishing methods. According to the Statistical Bulletin of Fishery and Aquaculture from 2011, marine extractive fishing represented 553 thousand tons that year; it is almost 40% of the total production of fish in the country. Mutsuo states the ministry has worked with a leasing policy for vessels from countries where industrial fishery is traditional and it is already found in a more advanced stage. One of the purposes is to preserve regulated Brazilian quotas by the International Commission for the Conservation of Atlantic Tunas (ICCAT), which Brazil is signatory. “If we do not take advantage of our quotas, we may risk losing them for better prepared countries since ICCAT takes into account the country fishing background", he states.

2014

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Potencial brasileiro

O gigante acordou Depois de ignorar seu potencial aquícola por décadas, o Brasil investe no setor e vê a produção crescer a grandes saltos

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura


Jefferson Christofoletti / Embrapa Pesca e Aquicultura

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Potencial brasileiro Estados produtores de cada espécie

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camarão marinho

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s esforços do governo e da iniciativa privada para desatar o nó dos atrasos da aquicultura brasileira temperam com otimismo o dia a dia dos produtores de pescados. “Em que pese a necessidade de grandes avanços tecnológicos, o país se desenvolveu de forma marcante nas duas últimas décadas na aquicultura”, destaca o doutor em oceanografia, professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e vice-presidente da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Fabio Hazin. A demanda mundial por pescados tem crescido consideravelmente nas últimas décadas superando, inclusive, o crescimento de outras cadeias do agronegócio. Débora Machado Fracalossi, presidente da Sociedade Brasileira de Aquicultura e Biologia Aquática (Aquabio) explica que a pesca extrativista era responsável por quase a totalidade da produção nacional de pescados. No entanto, a má gestão da atividade, associada à crescente demanda por produtos dessa natureza, acarretou em colapsos nos principais recursos pesqueiros do mundo, gerando uma estagnação das capturas. “Nesse sentido, surge uma grande oportunidade para a aquicultura suprir essa lacuna, ofertando produtos de qualidade e com certificação de origem”, diz a pesquisadora. Essa substituição já vem sendo observada nos últimos anos, pois, apesar de a pesca ainda responder pela maior

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

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tilápia

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Arquivo UFRPE

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Hazin preside também a negociação internacional para adoção de Diretrizes Internacionais para o Desenvolvimento da Pesca Artesanal e de Pequena Escala da FAO

parcela de pescados, o crescimento da aquicultura está acelerado e ganha cada vez mais espaço. Dados do último levantamento da FAO, publicados em 2012, mostram que nas últimas três décadas os valores de produção da pesca no mundo pouco variaram, enquanto os da aquicultura aumentaram 12 vezes a sua produção. No Brasil, a tendência é de crescimento da atividade. Segundo dados do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), a produção aquícola brasileira cresceu 15% no pe-


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Pintado e surubins

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ríodo de 2009 a 2010, atingindo cerca de 479 mil toneladas. No período seguinte, a expansão foi ainda maior: 31,1%, chegando à marca de 629 mil toneladas. “Este valor ainda está aquém do potencial brasileiro e abaixo da produção da pesca extrativista (803 mil toneladas). Entretanto, com a manutenção desse ritmo de crescimento, a aquicultura deve ser a principal fonte de pescado brasileiro até o ano de 2014”, acrescenta Débora. Fabio Hazin enfatiza que o Brasil possui uma grande extensão de áreas continentais e marinhas que podem ser utilizadas para aquicultura. “A produção aquícola nacional deve ser estimulada por meio de pesquisas tecnológicas voltadas à superação dos entraves para o desenvolvimento da cadeia produtiva e para assegurar a sustentabilidade ambiental da atividade”, acrescenta. Por ser uma atividade recente quando comparada às outras cadeias do agronegócio brasileiro e envolver os múltiplos usos dos recursos hídricos, a aquicultura tem como principal entrave o licenciamento ambiental para a implantação dos empreendimentos. “Sem o devido licenciamento, há o impedimento de benefícios aos produtores, como acesso ao crédito, assim como prejuízos aos elos de produção, como a certificação e a comercialização de produtos”, destaca a presidente do Aquabio. Conforme Débora, outra importante ferramenta para viabilizar a produção de pescados no Brasil é o fomento e foco na pesquisa em aquicultura, priorizando espécies

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tambaquis

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Pirarucu

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carpa Fonte: MPA 2014

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Potencial brasileiro por região do país. “Isto acelerará o desenvolvimento de tecnologia para criação de espécies que possuam potencial para criação intensiva”, explica a pesquisadora. Como a água ainda é uma grande fronteira inexplorada para a produção de alimentos e a produtividade por hectare, para a maioria das espécies aquícolas, é maior, conforme Débora, a produção de pescados é uma forma eficiente de produzir proteína animal. “A aquicultura demanda menos energia quando comparada à produção de carne de suínos ou aves, já que estes animais gastam energia para manter uma temperatura corporal constante.” Por conta deste potencial produtivo, de acordo com a coordenadora da carteira de Aquicultura e Pesca do Sebrae Nacional, Newman Costa, a entidade vem investindo em várias regiões do Brasil para incentivar a produção de pescados em cativeiro e ajudar a consolidar a aquicultura nacional. E, em parceria com o Ministério da Pesca, Embrapa, ABNT e Inmetro, tem apoiado diversos projetos que tenham como prioridade desenvolver normas técnicas em boas práticas para ostra, tilápia, tambaqui e camarão e a implantação assistida para certificação do pescado brasileiro. Conforme Newman, o Sebrae também está desenvolvendo ferramentas de gestão para a cadeia produtiva da piscicultura, cartilha de licenciamento para dar conhecimento aos empresários, estudo de mercado de áreas produtivas e potenciais compradores e preparação de grupos produtivos para venda direta a programas do governo. Como resultado desta parceria, no Rio Grande do Norte o peixe foi inserido na merenda escolar há quatro anos. Hoje, estudantes de 11 escolas em quatro municípios do Estado já consomem filé de tilápia em preparos diversos, e o programa foi replicado no Piauí e Espírito Santo. “Vejo como principais vantagens o fato de ser um peixe amplamente criado em cativeiro e de sabor suave. Como algumas pessoas, especialmente crianças, rejeitam a ingestão de peixes devido ao forte aroma e sabor, as características da tilápia tornam essa opção altamente atrativa”, diz Newman.

 por Adão Pinheiro 40

1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

Evolução da aquicultura AQUICULTURA EM 2011 (em toneladas)

544.490 86.6% 86.6%

84.214 13.4%

Continental Total:

Marinha

628.704,3

AQUICULTURA Marinha (em toneladas)

85

78,3

2009

2010

84,2

2011

AQUICULTURA Continental (em toneladas)

544,5

337,3

2009

394,3

2010

2011

Fonte: Boletim Estatístico da Pesca e Aquicultura 2011/MPA


The giant has awakened area. According to data from the Ministry of Fisheries and Aquaculture (MPA), Brazilian aquaculture production expanded 31.1% from 2010 to 2011 reaching 629 thousand tons. “This value is still below the real Brazilian potential and the extractive fishing production (803 thousand tons). Still, if the country keeps growing this way, aquaculture must be the main resource for Brazilian fish up to 2014”, adds Fracalossi. Fabio Hazin emphasizes that Brazil has a great extension of inland and marine areas that can be used for aquaculture. “Aquaculture production in Brazil must be promoted through technological researches to overcome barriers in order to develop the productive chain and to ensure the environmental sustainability of this activity”, he states.

Seapesc

The government and the private initiative’s efforts to untangle knots that delay the Brazilian aquaculture come with optimism in the daily life of fish producers. “In spite of having the necessity of technological advances, the country has developed in aquaculture outstandingly for the last decades”, says the PhD in oceanography, professor Fabio Hazin at Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) and vice-president of Food and Agriculture Organisation of the United Nations (FAO). As water is still a large unexplored boundary for food production and productivity per hectare for most aquaculture species is larger, fish production is an efficient way of producing animal protein, says to Débora Fracalossi, president of Brazilian Society of Aquaculture and Aqua Biology (Aquabio). “Aquaculture requires less energy if compared to swine or poultry farming since these animals spend energy to keep a constant body temperature.” The global demand for fish has been growing considerably in the last decades and has even overcome the growth of other agribusiness chains. Débora Machado Fracalossi explains that extractive fishing was responsible for almost all national fish production. However, a bad management in the activity associated to the growing demand for this kind of product collapsed some of the main fishing resources in the world and stagnated captures. “In this sense, there is a great opportunity to supplement this gap by offering good quality products and a certificate of origin”, states the researcher. The last data published in 2012 by FAO shows that the production values in global fishery has not changed much for the last three decades while aquaculture has increased 12 times its production. Brazil also tends to grow in this

2014

41


Principais cultivos

Fotos: Arquivo MPA

Em 2011, a piscicultura produziu mais de 540 mil toneladas

rede cheia A piscicultura cresceu 38% em 2011 e já representa quase 87% da produção aquícola brasileira, com destaque para a criação de tilápias e tambaquis

A

produção aquícola atingiu em 2011 o volume de 628 mil toneladas e a pesca extrativa 800 mil toneladas, o que representa um volume total de 1,4 milhão de toneladas de pescados por ano, segundo o Ministério da Pesca e da Aquicultura (MPA). Em comparação com o levantamento realizado no ano anterior, a produção de espécies cultivadas aumentou 31% e a da pesca extrativa 2%. A expansão da aquicultura é puxada basicamente pela piscicultura continental, que cresceu 38,1% no mesmo período e representa 86,6% do volume cultivado. “A piscicultura é hoje um dos segmentos produtivos mais promissores, movimenta no Brasil cerca de R$ 5 bilhões ao ano e gera 3,5 milhões de empregos diretos e indiretos”, avalia a secretária de Planejamento e Ordenamento da Aquicultura do MPA, Maria Fernanda Nince.

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

O crescimento da produção aquícola, em especial o da aquicultura, é uma resposta à ampliação das políticas públicas de desenvolvimento do setor, que envolvem melhoria da infraestrutura, aumento do crédito, desenvolvimento de tecnologias e facilitação do acesso a programas governamentais. Com o aumento na produção de pescados, o MPA espera também diminuir o deficit comercial do País nesse setor, que em 2011 chegou a US$ 991 milhões. “As oportunidades de mercado são promissoras não apenas pela substituição de importações como pelo aumento do consumo interno. A expectativa é que a produção nacional de pescados atinja dois milhões de toneladas em 2014”, avalia Maria Fernanda. O presidente da Associação Norte Paranaense de Aquicultores (Anpaqui), Marcos Moreno, avalia que as me-


Produção da piscicultura por região (2011) em mil Toneldas

Full fishing net According to the Ministry

Norte  94,6

Nordeste  134,4 Centro-Oeste  75,1 Sudeste  86,8 Sul  153,7

Produção por espécies (2011) (em mil toneladas)

Tilápia 253,8

Tambaqui 111

Tambacu 49,8

Carpa 38

Pacu 21,7

Fonte: Boletim Estatístico da Pesca e da Aquicultura 2011

didas tomadas pelo governo federal devem estimular o setor. “A partir de 2012, quando o governo começou a criar uma força-tarefa para viabilizar a licença ambiental para os aquicultores, houve um aumento na procura para se associar à Anpaqui de 15%. Se o setor da aquicultura continuar crescendo é provável que a produção brasileira chegue a 20 milhões de toneladas ao ano antes do que a FAO havia previsto, em 2030”. O Paraná é hoje o maior produtor de peixes de cultivo do Brasil, com 73,8 mil toneladas, seguido por Santa Catarina e Mato Grosso, com 53,6 mil toneladas e 48,7mil toneladas, respectivamente. Apesar do entusiasmo, o presidente da associação avalia que é preciso melhorar as condições de financiamento para o aquicultor. “Hoje um dos nossos maiores problemas é conseguir crédito, porque o banco exige do produtor garantias que não temos. O que nós precisamos é de um seguro de produção nos mesmos moldes do que existe na agricultura, que cubra os prejuízos causados pelas chuvas e pelo vento.”

of Fisheries and Aquaculture (MPA), the aquaculture production reached 628 thousand tons and the extractive fishing 800 thousand tons in 2011; this represents 1.4 million tons of fish in a year. Compared to the same survey from the previous year, the production of farmed species increased 31% whereas the extractive fishing raised 2%. Aquaculture expansion is mainly brought by continental fish farming; it grew 38.1% during this period and it represents 86.6% of the farmed volume. “Nowadays fish farming is one of the most promising productive sectors; in Brazil it handles about R$ 5 billion a year and generates 3.5 million jobs, directly and indirectly”, evaluates Maria Fernanda Nince, the secretary of Aquaculture Planning at MPA. Today, Paraná state is the greatest fish farmer in Brazil with 73.8 thousand tons followed by Santa Catarina and Mato Grosso with 53.6 thousand tons and 48.7 thousand tons, respectively. By regions, the South is the country leader with 153.7 thousand tons (28.2% of Brazilian production) and the Northeast is the second with 134.3 thousand tons (24.7% of the production). Fish as Tilapia and Tambaqui represent 67% of the production, and Tambacu, Carp and Pacu, which are also representative, represent together 20.1% of the total amount.

 Beatrice Gonçalves 2014

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Principais cultivos

Reconquistando espaço Depois de uma década de crise, a carcinicultura brasileira dá sinais de recuperação e pode se beneficiar de um mau momento do setor na Ásia

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

Fotos: Arquivo ABCC

O

camarão cultivado já teve um papel de destaque na economia brasileira. Em 1998, chegou a representar 55% das exportações de pescado do País. Nessa época, o Brasil foi o maior exportador da espécie – de pequeno e médio porte – para os Estados Unidos, à frente de grandes produtores como China, Tailândia e Equador. Na última década, a atividade enfrentou uma ação antidumping norte-americana, que travou esse mercado, também afetado pela desvalorização cambial. Em 2012, não houve exportação. Depois de dez anos de muitas dificuldades, a carcinicultura, que acabou se voltando totalmente para o mercado interno, mostra os primeiros sinais de recuperação, com tímidas exportações para a França e a Espanha. A carcinicultura asiática enfrenta atualmente uma crise em decorrência de uma doença, a Síndrome da Mortalidade Súbita. “Já se projeta uma redução de 400 mil toneladas na produção do setor em 2013”, conta Itamar de Paiva da Rocha, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC). Segundo ele, esse cenário configura uma situação favorável para que o camarão cultivado no Brasil retorne ao mercado interancional, mais especificamente ao europeu. Para Rocha, a principal causa das dificuldades que a atividade encontrou nos últimos dez anos é a falta de investimento. “Outros países enfrentaram a taxação dos EUA e a desvalorização cambial. Mas só nós fomos prejudicados por falta de incentivos por parte do governo, como os que foram dados para outros setores”, avalia. A ABCC tem trabalhado para tentar ajudar os produtores em várias frentes. A formação e a informação é uma das principais delas. “Nós valorizamos a informação e oferecemos cursos sobre boas práticas de manejos para os produtores. Acreditamos que a qualificação é a nossa arma.” O estado do Ceará é responsável por quase metade da produção nacional de camarão. Em 2011, respondeu por 35 mil das 75 mil toneladas produzidas em todo o País.

Itamar de Paiva da Rocha, presidente da ABCC, é engenheiro de pesca


Carcinicultura no Brasil em 2011

Produção: 65,7 mil toneladas Variação 2010/2011:

-5,4%

Fonte: Boletim Estatístico da Pesca e Aquicultura 2011/MPA

De acordo com Cristiano Peixoto Maia, presidente da Associação de Criadores de Camarão do Ceará (ACCC), o estado possui 6.800 produtores, sendo 70% de micro e pequeno porte, 20% de médio porte e apenas 10% de grande porte; e a atividade gera 20 mil empregos diretos. Segundo dados da ACCC, a produção do estado cresceu de 20 mil toneladas em 2010 para 35 mil toneladas em 2012 e a expectativa para o ano de 2013 é de 40 mil toneladas. “Temos um projeto com o governo do estado para dobrar a produção de 40 mil para 80 mil toneladas em cinco anos”, informa Maia. A expectativa é aumentar a produtividade em 50% e inserir no mercado 50% a mais de novos produtores.

 por Daniele Martins

Reconquering space Farmed shrimps had already had an important role in the Brazilian economy. In 1998, it represented 55% of fishing exports in the country. At that time, Brazil was the greatest exporter of shrimps – small and medium size – to the USA followed by China, Thailand and Ecuador. However, the activity suffered an antidumping action by the USA this last decade which stuck this market that was also affected by rate depreciation. In 2012, there was no export. After ten difficult years, shrimp farming, which had totally turned to the internal market, shows its first steps with timid exportations to France and Spain. Asian shrimp farming is facing its crises due to a disease, the Sudden Death Syndrome. “We already projected a production decline of 400 thousand tons in 2013”, says Itamar de Paiva Rocha, president of the Brazilian Association of Shrimp Farmers (ABCC). According to him, this scenario shows a favourable situation for farmed shrimps in Brazil to return to the international market, especially to the European one. ABCC has worked with several fronts to help farmers. Training and information are the main ones. “We appreciate information and offer courses about handling practices for the farmers. We believe that qualification is our weapon.”

2014

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Principais cultivos

Em 2011, o Brasil produziu 2,5 mil toneladas de ostras

Procedência garantida Credenciamento e fiscalização sanitária de criadores é o caminho para fortalecer a cadeia produtiva e abrir novos mercados

E

ntrar no mercado europeu é a meta na Fazenda Marinha Atlântico Sul, maior produtor catarinense de ostras. Instalada em um dos melhores lugares do mundo para o cultivo de moluscos, as águas abrigadas da Ilha de Santa Catarina, a empresa produziu, em 2012, 155 mil dúzias de ostras sob o rígido controle de qualidade que a credencia a fornecer o produto de origem animal em todo o Brasil – São Paulo e Rio de Janeiro são os principais compradores. A Atlântico Sul é uma das pouquíssimas fazendas entre as 134 que produzem ostras em Santa Catarina a obter o Serviço de Inspeção Federal (SIF). O sócio-gerente da fazenda, Fábio Brognoli, destaca que para obter o selo foi preciso investir e treinar pessoal, o que acabou elevando o custo do seu produto. Vende a dúzia de ostras a R$ 10, enquanto no Mercado Público de Florianópolis

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

é vendida a R$ 6. “Hoje não temos fiscalização alguma, ou seja, apenas quem é legalizado (cinco fazendas) é fiscalizado, o que coloca toda a produção numa vala comum; e quem sofre as consequências é o consumidor” lamenta Brognoli. Responsável por mais de 90% da produção nacional de ostras, Santa Catarina comercializou 2,3 mil toneladas em 2012, 8% a mais em relação à safra anterior. Florianópolis, com 1,9 mil toneladas, foi o município que mais contribuiu. A espécie cultivada no Sul do País é a ostra do Pacífico, enquanto a ostra nativa (de mangue) é criada no litoral paulista, no Norte e no Nordeste do Brasil. Apesar do pioneirismo na maricultura – desenvolvida desde o final da década de 1980 como alternativa à pesca artesanal –, Florianópolis ainda não criou o serviço de inspeção municipal (SIM). A venda também ocorre informalmente, uma vez que não há inspeção que assegure a procedência das ostras. Para o gerente da Atlântico Sul, esse “mercado clandestino”, como ele qualifica, é a maior dificuldade para as empresas legalmente estabelecidas. “Essa situação deixa a cadeia produtiva quebrada. Ela não consegue se estabelecer, pois os informais crescem, mandam nas ações e movimentações do mercado”, diz Brognoli, que vê na exportação a melhor oportunidade para expandir seu negócio. “Existem demandas no mercado internacional, mas a nossa legislação caminha a passos lentos. Avançamos, mas ainda não temos condições de exportar para o mercado europeu.” Brognoli acredita que leve pelo menos


Fotos: Arquivo SEAPSC

Evolução da produção em Santa Catarina em Toneladas 2.300 1.600 43 1991

2001

2011 Fonte: Epagri

dois anos para que Santa Catarina atenda às exigências sanitárias da comunidade europeia. Em recente viagem à Europa, o prefeito de Florianópolis, Cesar Souza Júnior, firmou parceria com um instituto francês na área de maricultura. “Os técnicos europeus virão a Florianópolis avaliar a qualidade de nossas ostras. Precisamos nos adequar aos padrões internacionais para abrir novos mercados”, diz o prefeito.

Guaranteed origin The greatest oyster producer in Santa Catarina state, Fazenda Marinha Atlântico Sul, aims to be in the European market. The company is in one of the world’s best places for mollusc-farming, the waters sheltered by Santa Catarina Island. It farmed 155 thousand dozens of oysters last year under a very strict quality control enabling the company to supply the product all over Brazil - São Paulo and Rio de Janeiro are the main buyers. Among the 134 farms, Atlântico Sul belongs to the very few ones producing oyster in Santa Catarina under the Service of Federal Inspection (SIF). The managing partner, Fábio Brognoli, says they needed to invest and train the staff to get the seal; this ended up increasing the costs. It sells a dozen of oysters for R$10 whereas the local public market sells it for R$6. Santa Catarina is responsible for 90% of the national oyster production. In 2012, it sold 2.5 thousand tons; 8% more than its last harvest. In South of Brazil, the Pacific oyster is farmed while the native oyster (from mangrove) is cultivated in the shore of São Paulo, North and Northeast of Brazil. “There are demands from the international market but our legislation is quite slow. We have moved ahead but we are unable to export to the European market.” Brognoli believes it will take at least two more years for Santa Catarina to meet with the sanitary demands of the European community.

 por Karla Santos 2014

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Principais cultivos Alex Alves dos Santos / Epagri

água boa Condições climáticas e ambientais favoráveis fazem de Santa Catarina o maior produtor de mexilhões cultivados do Brasil

C

om um litoral bastante recortado, condições climáticas e ambientais favoráveis, como a temperatura média da água em torno de 18ºC em suas baías abrigadas, Santa Catarina conquistou a posição de líder nacional no cultivo de mexilhões. Mais de 90% dos mariscos produzidos no Brasil são cultivados no estado, cuja safra cresce á média anual de 30%.

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

Em 2012 os 612 produtores catarinenses venderam 21 mil toneladas de marisco, o que é muito pouco diante do enorme potencial da costa brasileira para a maricultura. De acordo com o engenheiro agrônomo Alex Alves dos Santos, do Centro de Desenvolvimento de Aquicultura e Pesca da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), a safra catarinense equivale à produção de uma fazenda marinha da França, por exemplo. Já a produção somada dos demais estados produtores no Brasil (Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo) está em torno de 600 toneladas por ano. “Cultivar moluscos é uma atividade nova no Brasil, se compararmos com o Chile (maior produtor da América Latina), que pratica a maricultura há 70 anos, ou com a França, há 200 anos”, avalia Santos. Além de contar com o apoio da Epagri e das universidades Federal de Santa Catarina (UFSC) e do Vale do Itajaí (Univali) desde a implantação das primeiras fazendas marinhas, no final dos anos 1980, outra vantagem do litoral catarinense é que em suas águas o tempo de cultivo do


marisco é de apenas oito meses, indicador de produtividade considerado excelente na comparação com os demais países produtores. Na China, líder mundial, a colheita é feita de 12 a 14 meses após a semeadura. Na Nova Zelândia, outro grande produtor, a espera é de 18 meses. A criação de mexilhões em Santa Catarina depende de força braçal, é familiar e concentra-se na região costeira de Palhoça, na Grande Florianópolis. Responsável por 65,4% da produção estadual de marisco (14 mil toneladas em 2012), o município quer transformar a maricultura de subsistência em agronegócio. Para isso, está investindo em tecnologia e quer importar do Chile o know how de mecanização de cultivo e de processamento industrial. A expectativa é triplicar a produção em cinco anos. Flávio Martins produz 450 toneladas de marisco por ano em sociedade com o sogro – que o incentivou a ingressar na atividade há 14 anos – e outro parceiro na fazenda marinha Mar Pesc, em Palhoça. Hoje sua maior dificuldade é captar as formas jovens de mexilhão, chamadas de sementes. Como a maioria dos criadores, Flávio utiliza coletores artificiais de sementes, que não tiveram bom resultado nos últimos dois anos. O plano B, acionado em 2010 e 2011, é a compra de sementes produzidas em laboratório. O processo de assentamento dessas larvas é muito trabalhoso, na avaliação do empresário, que optou por investir na mecanização para reduzir o trabalho braçal em sua fazenda e na implantação de uma unidade de beneficiamento de produtos à base de frutos do mar. Depois de quatro anos de pesquisa, a Mar Pesc fabrica 15 tipos pratos congelados.

 por Karla Santos

Evolução da produção catarinense em toneladas

11.300

21.000

Good water Over 90% of mussels produced in Brazil are farmed in Santa Catarina state; its harvest is increasing from the annual average of 30%. Last year, the 612 producers in the state sold 21 thousand tons of mussels. This is not much considering the huge mariculture potential in the Brazilian shore. According to Alex Alves dos Santos, an agronomy engineer of Epagri (Santa Catarina Rural Extension and Agricultural Research Enterprise), the harvest in the state is the same amount produced in a French marine farm, for example. Still, the production of other Brazilian states (Espirito Santo, Rio de Janeiro and Sao Paulo) sums about 600 tons a year. “Farming molluscs is a new activity in Brazil if we compare to Chile (the leader in Latin America) that has been in the mariculture for 70 years, or even to France, for 200 years”, evaluates Santos. Besides of having counted on Epagri and universities support since the late 80s with its first marine farms, Santa Catarina has an indented coastline, good climate, environmental conditions and the average temperature of water around 18°C in its sheltered bays. Mussels are farmed for only eight months in its waters; an excellent productivity indicator if compared with other producer countries. In China, the world leader, harvest happens from 12 to 14 months after sowing. In New Zealand, which is another great market, it takes 18 months.

13.700

190 1900

2000

2010

2012 Fonte: Epagri 2014

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Principais cultivos

O pulo da rã A ranicultura renasce no Brasil, ancorada em tecnologia própria que coloca o País em vantagem em relação a outros produtores mundiais

O

potencial da ranicultura brasileira é imenso e o país desponta como um dos players mais bem preparados para competir no cenário global. Detém tecnologia de produção intensiva, parque agroindustrial pujante, ampla rede de pesquisa e clima favorável. O grande trunfo brasileiro é o de ter alcançado know how na produção em cativeiro. Os maiores produtores estão na Ásia – Taiwan, Indonésia e Tailândia –, que se utilizam da criação extensiva ou da captura na natureza de exemplares da Rana tigerina. Como tem aumentado a pressão contra práticas ambientais predatórias nesses países, abre-se um grande nicho de mercado para o Brasil, cuja criação é exclusivamente da espécie rã-touro gigante (Lithobates catesbeianus). Além da carne, pele e óleo de fígado têm grande apelo comercial. Destaca-se também a produtividade dos criadouros brasileiros: 20 quilos de rãs p or met ro quadrado ao ano. A produção mundial, de acordo com a ONU, está na casa das 6 mil toneladas anuais. No Brasil, segundo o censo aquícola mais recente, foram produzidas 60 0 toneladas em 20 08. Estima-se que estejam em operação cerca de 100 ranários, número bem inferior ao que chegou a existir na década de 1980, quando mais de 2 mil estabelecimentos exploravam a atividade, mas sem muito profissionalismo. É preciso, contudo, superar barreiras. Uma delas é a falta de ração específica para rãs, ainda alimentadas com ração para peixes. Outra é vencer resistências alimentares decretadas por hábitos e costumes. Importante, também, é atingir uma escala de produção que derrube os preços, entre R$ 35 e R$ 40 o quilo. Com produção irregular, o mercado não fideliza clientes. Mas há iniciativas que prometem estabilizar a equação. Em Santa Catarina, a Ranac processa carne e derivados de rã ancorando-se no sistema de integração de unidades familiares. A agroindústria localiza-se em Antônio Carlos,

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

município a 35 quilômetros de Florianópolis. A reprodução e o desenvolvimento larvar ocorrem na empresa e as famílias cuidam da engorda dos animais quando atingem a fase intermediária (imagos). A Ranac produz 6 toneladas de carne por mês, comercializando 70% no mercado nacional e exportando os outros 30%. É a única empresa do mundo a ter certificação de rastreabilidade em todas as fases de produção. Para o proprietário Flávio


Proprietário da Ranac, Flávio Lawless é engenheiro de alimentos

Fotos: Divulgação Ranac

Além de rãs inteiras, a Ranac, de Antônio Carlos (SC), beneficia a carne e produz bolinhos e coxinhas de rã

Lawless, “os maiores desafios são a obtenção de ração específica, a criação de uma rede confiável de comercialização e o respeito às normas sanitárias” – única forma de abrir os mercados norte-americano e europeu, para os quais, aliás, a Ranac já exporta.

 por Flávio Cardozo Jr.

A frog upon one’s sleeve Frog-farming is a huge potential in Brazil and the country has one of the best prepared players to compete in the global scenario: it holds technology of intensive production, wide research network and good climate. Besides of meat, frogs’ skin and liver oil have great commercial appeal. Having reached a know-how in farming production is the country’s triumph; it has provided 20kg of frogs by square metre per year. The greatest producers in Asia – Taiwan, Indonesia, and Thailand – using extensive farming or capturing species of Rana tigerina from the wild. As the pressure against predatory practices has increased in there, a great market niche opens to Brazil whose only farmed species is the giant-bullfrog (Lithobates catesbeianus). However, we need to overcome some obstacles. One of them is the lack of specific food for frog; it is still fed by fish food. Another one is to overcome feeding habitual resistances. It is also important to reach a production scale that reduces the current prices from R$ 35 to 40/kg. It is not possible to have loyal clients with irregular production. Some initiatives must stabilize the maths. In Santa Catarina state, Ranac processes meat and frog products settled in family integration systems. Reproduction and larval development happen in the company and families take care of fattening after reaching an intermediate phase.

2014

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Principais cultivos

Plantações na água Ainda recente no Brasil, o cultivo de algas destaca-se como segmento promissor na aquicultura

O

cultivo das algas é dividido em dois tipos: macroalgas (visíveis a olho nu) e microalgas (microscópicas). As macroalgas podem ser utilizadas de forma direta na alimentação ou como matéria-prima para extração de substâncias empregadas na indústria alimentar e de higiene pessoal, como os colóides, e em aplicações farmacológicas. No caso das microalgas, podem ser utilizadas na alimentação humana (aditivos alimentares, óleos, pigmentos e carboidratos especiais) e de organismos aquáticos, e ainda na produção de biocombustíveis. Milenar na Ásia, a algicultura no Brasil é relativamente recente. Ainda são poucas as espécies cultivadas e as unidades produtivas, de acordo com o censo aquícola de 2008 do Ministério da Pesca e Aquicultura. “A falta de incentivo e a carência de mão de obra especializada e de programas de extensão e assistência voltados para o cultivo de macroalgas talvez sejam os principais entraves para o crescimento da atividade”, afirma Beatriz Castelar, pesquisadora da Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (Fiperj). O mesmo ocorre no segmento de microalgas, que necessita de mais investimentos para a realização de pesquisas que melhorem a produtividade, uma vez que elas têm importância ecológica, econômica e social, segundo Wanessa Costa, também pesquisadora da Fiperj. A bióloga da Fiperj Luzia Triani, no entanto, acredita que o setor é promissor. “O mercado interno demanda matéria-prima, as tecnologias de produção das duas espécies já estão consolidadas e são muito acessíveis, e pesquisas vêm sendo desenvolvidas em quase todos os estados litorâneos para o desenvolvimento da atividade”, relata. No Nordeste há o cultivo da Gracilaria birdiae, da qual se extrai o agár-agár. Estes cultivos são realizados por comunidades litorâneas e parte da produção é comerciali-

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

Distribuição do cultivo no país

74 unidades

produtivas

ceará

61% rio grande do norte

20% rio de janeiro

18%

paraná

1%

Censo Aquícola Nacional 2008

zada para a indústria de colóide e parte beneficiada pelos próprios maricultores, que produzem e vendem gelatinas, xampus e cremes. No Sudeste estão concentrados os cultivos de Kappahycus alvarezii, fonte de outro colóide, a carragenana. Ainda assim, a produção de macroalgas cultivadas no país não supre a demanda da indústria nacional e, segundo o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o país importa mais de mil toneladas anuais de agár-agár e carragenana. A produção de microalgas para extração de óleo combustível também ocorre principalmente no Nordeste e


Plantations in the water Gracilaria birdiae, natural do Nordeste, da qual se extrai o agár-agár Fotos: Arquivo Fiperj

Sudeste. “Porém, todos os estados têm potencial para essa atividade, já que a produção de microalgas pode ser realizada em laboratórios de pequeno e grande porte, sem a necessidade de estarem localizado próximo à costa, já que existem microalgas marinhas e de água doce”, diz Beatriz. E, com a implantação da piscicultura marinha no Brasil, as perspectivas no setor de produção de microalga aumentam, pois a fase da larvicultura (início da piscicultura) é dependente da produção de microalgas.

There are two kinds of seaweed-farming: macroalgae (visible to naked eye) and microalgae (microscopic). Millenary in Asia, seaweed-farming is quite recent in Brazil. The 2008 aquaculture census of the Ministry of Fisheries and Aquaculture says there are only few productive units and species farmed. Luzia Triani, the biologist of the fishing research institution Fiperj in Rio de Janeiro believes the sector is promising. “The domestic market demands raw-material and production technologies of both species have been consolidated and are accessible. Also, researches about it are developed in almost all coastal states.” In Northeast, Gracilaria birdiae is farmed for agar extraction whereas in Southeast it is Kappahycus alvarezii as a source of another colloid, the carrageenan. Still, the production of farmed macroalgae does not supply the national demand. The Ministry of Development, Industry and International Trade informs that more than a thousand tons of agar and carrageenan are annually imported. Microalgae-farming to produce fuel happens more in the Northeast and Southeast. “However, all states are able for such activities; microalgae production may be carried out in small and large laboratories. There is no need to be close to the coast as there are salt and freshwater microalgae”, says the researcher Beatriz Castelar. With the marine fish-farming, there are promising perspectives for the microalgae production because larviculture depends on microalgae.

 por Deise Furtado 2014

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ESPÉCIES PROMISSORAS

Rainha da lagoa Produção crescente de Tilápias já representa quase metade do total produzido pela aquicultura continental brasileira

E

la chegou de fora, mas se adaptou muito b em às lagoas brasileiras, ao p onto de hoje representar quase metade da produção da aquicult ura continental nacional. A tilápia tomou conta dos criadouros do País e conquistou o paladar dos consumidores. Prova disso é o crescimento expressivo do volume produzido nos últimos anos: 130% de 20 08 a 2011. A secretária de Planejamento e Ordenamento da Aquicultura do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), Maria Fernanda Nince, destaca que a abundância de recursos hídricos e as condições climáticas fazem do Brasil um país com grande potencial para a produção da espécie, que apresenta lucratividade compensadora e em curto prazo. E o paladar também ajuda. “O sabor leve da carne e as diferentes possibilidades de processamento favorecem a aceitação”, acrescenta. A zootecnista Marcela Mataveli, analista da Embrapa com doutorado em reprodução de tilápia, reconhece que a adaptação do peixe de origem africana às propriedades brasileiras foi muito boa e que a produtividade se destaca entre as demais espécies. “Uma das vantagens é que esta alta produção permite a redução do preço final do produto”, destaca Marcela. Em setembro de 2013, na abertura da Conferência Mundial sobre Tilápia, no Rio de Janeiro, o próprio ministro da Pesca e Aquicultura, Marcelo Crivella, disparou: “O mundo precisa de tilápia”. Segundo ele, a produção de pescado se traduz como uma oportunidade de criar novos negócios e empregos e, ainda, contribuir com uma a proteína de alto valor para a segurança alimentar e nutricional da população. O primeiro censo aquícola do País, divulgado em setembro, aponta que, entre os estados, Santa Catarina se des-

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

A Tilápia é considerada uma das espécies mais promissoras para conquistar o mercado externo taca com 20% dos produtores do País, seguido por Paraná com 16%. Ganham espaço os parques no modelo pesque-pague. São propriedades como o Valle Verde, localizado em Mandirituba (PR). Criado em 2004, hoje tem na tilápia o seu principal produto. “De tudo que vendemos, 90% é tilápia. É a preferência do público”, afirma o proprietário Edelar Comparin. Mas, para manter o reinado na lagoa, é preciso superar algumas barreiras. Ricardo Neukirchner, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Tilápia e diretor da empresa Aquabel, de Rolândia (PR), especializada em produção de alevinos de tilápia, diz que o ponto mais urgente é a padronização das regras entre os estados para o licenciamento ambiental das propriedades. No entanto, ele reconhece o potencial para manter a supremacia da espécie, com destaque para o abastecimento do consumo nacional, já que o câmbio atual não favorece a exportação. “O nosso mercado interno está em pleno crescimento, e quem ampliar a produção com certeza vai ter demanda. Quando se fala em aquicultura no Brasil, se fala em tilápia. É como se fala em frango quando o assunto é avicultura.”

 por Alexandre Lenzi


Arquivo MPA

Queen of the lagoon

Produção por região

Norte  3%

Nordeste  31% Centro-Oeste  3% Sudeste  22% Sul  41%

Produção nacional em toneladas

254 111

133

155

2008

2009

2010

mil

mil

mil

Tilapia is not originally from Brazil but it has got adapted very well to Brazilian lagoons; today it represents almost half of the Brazilian continental production of aquaculture. The secretary of Planning Aquaculture at Ministry of Fisheries and Aquaculture (MPA), Maria Fernanda Nince, highlights the affluence of water resources and climatic conditions enable Brazil to have a great potential to produce this species that will present a rewarding profitability in a short-term. Its taste also helps. “Its smooth flavour and the different processing possibilities are advantages for its acceptance.” Marcela Mataveli, zootechnician and Embrapa’a analyst with a PhD in tilapia’s reproduction, acknowledges a very good adaptation of this African fish to Brazilian properties and its productivity is detached among other species. “One advantage of such high production is the possibility of reducing its final price.” However, to keep being the queen of lagoon, some barriers need to be surpassed. Ricardo Neukirchner, the president of Brazilian Association of Tilapia Farmers, states the need to standardize rules of environmental licensing in Brazilian states. But he perceives the potential of this species: “Our domestic market is growing considerably; whoever extends the production will certainly have demands. If we talk about Brazilian aquaculture, we talk about tilapia. It is like chicken in the aviculture market.”

mil

2011

Fonte: Boletim Estatístico da Pesca e Aquicultura 2011

2014

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Espécies promissoras

O nelore das águas Rusticidade do tambaqui e disponibilidade de alevinos e tecnologias facilitam o cultivo da espécie nas regiões quentes do País

N

a natureza, o tambaqui é um peixe originário da Bacia Amazônica. Durante o período da seca, é encontrado nos rios de águas barrentas, desovando e vivendo da gordura que acumulou. Os peixes jovens se alimentam de zooplânctons. Na cheia entram nos igapós para se alimentarem de frutos e sementes, pois são onívoros, apresentando um hábito alimentar bem variado. “Por ser um peixe rústico, é adaptável aos diversos sistemas de produção encontrados na piscicultura; por isso é o peixe preferido para cultivo na região Norte”, afirma o zootecnista Thiago Tetsuo Ushizima, diretor de Pesquisa da Mar & Terra, empresa especializada em produção e processamento de peixes nativos do Brasil. Segundo ele, o sistema de reprodução e de produção de alevinos de tambaqui é bem dominado, e algumas centenas de laboratórios fazem esta operação. As espécies redondas, como tambaqui e pacu, têm muita força no mercado doméstico, e mesmo tendo espinhos é possível produzir produtos sem espinhos a partir delas. O principal deles é a costelinha de tambaqui, sua parte mais nobre. “A Mar e Terra hoje exporta esse produto para vários países, o qual, inclusive foi premiado há dois anos em Bruxelas, em uma das maiores feiras de pescado do mundo, a Prix d’Elite, recebendo essa distinção como melhor produto ‘food service’ da Europa”, conta Ushizima. Os redondos são mais gordos, por isso são muito procurados para o preparo assado, e o maior mercado deles no Brasil está no Norte, principalmente em Manaus e Belém, onde são vendidos na forma “inteiro e fresco”. Segundo Ushizima, a Mar e Terra produz o alevino, faz

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

Atualmente mais de 90% da produção de pescado em Rondônia é da espécie tambaqui

a engorda, o processamento e a comercialização. Atualmente a empresa está presente em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo e Rondônia através de uma rede de parceiros. “Temos ainda um setor de pesquisa para o desenvolvimento de tecnologia para espécies nativas, em especial pirarucu e pintado”, diz Ushizima. Para ele, as pesquisas são fundamentais e devem ser permanentemente desenvolvidas e utilizadas, pois a aquicultura é um setor muito novo. O chefe geral da Embrapa Pesca e Aquicultura, Carlos Magno Campos da Rocha, aponta que, para a expansão da produção, uma saída é o melhoramento genético. “No Sul se está produzindo o tambacu, cruzamento de tambaqui com pacu. É que o tambaqui, peixe amazônico, não suporta mudanças na temperatura da água. Já o pacu tem tolerância boa a essa variação. É uma iniciativa dos produtores, mas


Jefferson Christofoletti / Embrapa Pesca e Aquicultura

exige cuidados, pois os híbridos não devem ser férteis; há o risco de contaminação caso eles escapem para a natureza e se reproduzam fora do ambiente controlado”, alerta o chefe da Embrapa.

 por Marco Tulio Bruning Tambaqui no Brasil

Produção em 2011: 111,1 mil toneladas Unidades produtivas: 4,2 mil (2008) Fonte: MPA (Boletim Estatístico da Pesca e Aquicultura 2011 e Censo Aquícola Nacional 2008)

Nelore of waters In the nature, tambaqui comes from the Amazon Basin. During the drought period, they are found in rivers of muddy water spawning and living from the fat they accumulated. The young ones eat zooplanktons. During the flood period they go to igapós (flood forests) to eat fruits and seeds; they are omnivorous presenting a varied diet. “Being a wild fish, tambaqui is adaptable to several systems of production of fishfarming. That is the reason it is the favourite fish to cultivate in the North region”, states the zootechnician, Thiago Tetsuo Ushizima, director of research at Mar & Terra, a company specialized in Brazilian native fish production and processing. According to him, the system to reproduce and produce juvenile fish of tambaqui is properly dominated. Mar & Terra produces the juvenile fish, fattens it and works with its processing and commercialization. “We also have a research sector to develop technology for the native species, especially pirarucu and pintado”, he says. Tambaqui is very strong in the domestic market; even with bones it is possible to produce boneless products out of it. The main one is tambaqui ribs, the most appreciated part of it. “Mar & Terra exports this product to several countries and it was awarded in one of the biggest seafood fairs of the world in Brussels, Prix d’Elite, detached as the best ‘food service’ in Europe, says Ushuzima.

2014

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Espécies promissoras

Joia brasileira Com carne de alto valor de mercado, fácil adaptação à produção em cativeiro e taxa de crescimento incomparável, o pirarucu tem tudo para virar a grande estrela da aquicultura nacional

O

pirarucu é uma espécie que só existe na Amazônia. É um peixe de escama, carnívoro, sem espinha, e sua carne tem alto valor de mercado e excelente valor gastronômico, inclusive para a alta gastronomia, o que a faz muito procurada tanto no Brasil como no exterior. Infelizmente ele está na lista de espécies ameaçadas de extinção, por isso sua pesca é controlada. Mas a boa notícia é que é um peixe muito resistente e adapta-se facilmente ao sistema de produção aquícola. O zootecnista Thiago Tetsuo Ushizima, diretor de Pesquisa da Mar & Terra, empresa especializada em produção e processamento de peixes nativos nas regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil, não esconde seu entusiasmo ao ser perguntado sobre o potencial de produção do pirarucu no país. “Hoje a Mar e Terra é o maior produtor brasileiro de pirarucu. Em 2010, segundo dados do Ministério da Pesca e Aquicultura, foram produzidas 10 toneladas desse peixe em cativeiro. Em 2013, somente a Mar e Terra vai entregar 400 toneladas, todas oriundas de reprodução controlada e certificada, portanto passíveis de exportação. E nossa meta para este ano é atingir mil toneladas”, afirma Ushizima. Segundo ele, com um hectare de criação de pirarucu é possível extrair a mesma renda de 100 hectares de bovinocultura de corte extensiva. O mercado deste pescado é para corte, em especial o filé. Ele é comercializado 80% no mercado doméstico e 20% vai para exportação. “Mas a tendência é equilibrar essa divisão com o crescente interesse dos EUA para alta gastronomia e ‘food service’”, diz o diretor de Pesquisa da Mar e Terra. O pirarucu oferece um excelente rendimento, pois cresce aproximadamente de 10 a 12 quilos ao ano, enquanto um tambaqui cresce 2 quilos ao ano, e um pintado 1,5 quilo ao ano. É uma das espécies que apresenta maior crescimento comparada a outras de água doce. Ele é processado com cerca de 12 quilos, após um ano de engorda.

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

Um dos grandes entraves à produção do pirarucu é a sua reprodução, pois não existe uma tecnologia de propagação artificial desta espécie. “Esse é o maior gargalo na produção do pirarucu. Toda a reprodução ocorre de modo natural nas propriedades. Eles produzem pouca quantidade de ovos e há baixa eficiência na transformação de larva para juvenil, quando é hora de treiná-lo para comer ração – outro gargalo”, esclarece Ushizima. O chefe-geral da Embrapa Pesca e Aquicultura, Carlos


Pirarucu no Brasil

Produção em 2011: 1,1 mil toneladas Ainda sem uma técnica para reprodução em laboratório, matriz de pirarucu é separada para acasalamento na propriedade da Mar e Terra

Unidades produtivas: 233 Fonte: Boletim Estatístico da Pesca e Aquicultura 2011/MPA Divulgação Mar e Terra

Magno Campos da Rocha, também aposta nessa espécie. “O pirarucu pra mim é uma estrela, vai estourar a boca do balão se resolvermos o problema da reprodução. Ele é fantástico, o rendimento da carcaça dele é de 64%. E não tem espinha, que é uma limitação do tambaqui, por exemplo, pois muita gente tem medo de se engasgar.”

por Marco Tulio Bruning

A Brazilian treasure The species pirarucu is only found in Amazon. It is a carnivorous, boneless scaly fish. Its meat is very valuable in the market, in the gastronomy and even in the haute cuisine making it very sought-after both in Brazil and abroad. Unfortunately it is found in the list of endangered species and for that reason, fishing is controlled. The good side is that the fish is very resistant and can easily be adapted to the aquaculture system. Piracuru offers an excellent income because it grows about 10 to 12 kg a year whereas tambaqui and pintado grow 2 kg and 1.5 kg a year, respectively. One of the great problems to produce pirarucu is its reproduction because there has not been technology for artificial propagation yet. “Reproduction in the farms happens in a natural way. They produce a small quantity of eggs and there is not much efficiency to transform larva into juvenile fish when is time to teach them to eat feeding – another bottleneck”, clears out Thiago Tetsuo Ushizima, zootechnician and CEO of Pesquisa da Mar & Terra. Carlos Magno Campos da Rocha, CEO of Embrapa Fishery and Aquaculture, also believes in this species. “I see pirarucu as a future star if the reproduction problem gets solved. It is fantastic; its carcass income is of 64%. It is also boneless, which is one of the problems tambaqui has because a lot of people are afraid of choking.”

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Espécies promissoras

nobre dos tanques

Menor custo de produção, obtido em fazendas do norte do Paraná, reflete no preço final ao consumidor, popularizando o consumo do camarão de água doce

Camarão de água doce tem boa aceitação no mercado, e em cultivo consorciado a peixes o custo de produção diminui

O

retrato da cultura do camarão de água doce apresenta as mesmas limitações que o cultivo das outras espécies no Brasil. O professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Wagner Valenti, explica que a maior delas está na pouca oferta de pós-larvas. “Os criadores não têm hábito de produzir pós-larvas e precisam comprá-las de terceiros. A larvicultura é complexa, no entanto bastante dominada tecnologicamente, mas os produtores de pós-larva têm dificuldades de se manterem no mercado, pois dependem das pessoas que fazem a engorda, e mesmo com a boa demanda estão sujeitos a instabilidades como variação de preço e alta mortalidade, o que vêm dificultando a consolidação da cadeia produtiva do camarão de água doce no País.” Bruno de Lima Preto, coordenador do curso de Engenharia de Aquicultura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (IFES), explica que a produção de pós-larvas, elo inicial desta cadeia produtiva, leva em torno de 30 dias. “É um animal muito sensível, que vive em um ambiente totalmente controlado. O valor de um milheiro para o criador, que vai fazer o crescimento, fica hoje entre R$ 60 a R$ 70 para uma compra mínima de dez milheiros.” Outra grande limitação à expansão do cultivo de camarão de água doce está no segundo elo de produção, que pode durar entre quatro meses e meio a seis meses, dependendo da densidade do cultivo ou de passar ou não por um berçário. Quando em sistema de monocultura, representa a maior parte dos custos de produção. “Ecologicamente, não é inteligente se trabalhar com a monocultura. Se por um lado há facilidades como o

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

foco na comercialização, ou no controle sanitário de um só produto, por outro lado as oscilações tendem a afetar mais gravemente a produção”, aponta o coordenador do IFES. No norte do Paraná, os produtores têm obtido bons resultados com o policultivo de camarão com tilápia. O camarão de água doce aproveita muito bem o alimento produzido no próprio viveiro, reduzindo os custos de produção. Sendo um viveiro de terra, favorece o crescimento de uma comunidade que serve de alimento para esses camarões. Ele fica no fundo do tanque, e consome a ração e organismos como larvas de inseto, minhocas, pequenos moluscos e crustáceos. “Se no ecossistema temos diversos níveis alimentares, ou seja, se tem lá um animal que consome fitoplancton, um que consome zooplancton, um que come a ração e outro que come o resto de ração, você coloca apenas um tipo de alimento e abastece toda essa comunidade”, explica Bruno Preto.

 por Marco Tulio Bruning Unidades produtivas

80

unidades de camarão gigante da Malásia

7

unidades de camarão nativo

Fonte: Censo Aquícola Nacional 2008


Arquivo Instituto de Pesca

Royal in cages One of the greatest challenges in freshwater shrimp farming is larviculture. Postlarvae production is the first step of the productive chain; it is a very complex and long process that takes about 30 days. “It is a very sensitive animal that lives in an entirely controlled environment. Nowadays, the farmer who grows them will get in a thousand unit between R$ 60 and R$ 70 in a minimum purchase of ten units”, says Bruno de Lima Preto, coordinator of the Aquaculture Engineer course of Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (IFES). The second step is the growth stage; it may last between four and a half to six months. When it

is found in a monoculture system it represents the greatest part of the cost. However, in north of Paraná state, producers have been presenting good results with the polyculture of shrimp and tilapia. Freshwater shrimps use considerably the food produced within the vivariums. They stay on the bottom of the tank eating feed and organisms such as insect larvae, worms, small molluscs and crustaceous. “If we have several food levels in the ecosystem, if we have an animal that consumes phytoplankton, another that consumes zooplankton, one that eats feed and the other eats the feed leftovers, then we just have to put one kind of food and we supply all this community”, explains Bruno Preto.

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Espécies promissoras Fotos: NOAA Photo Library

aposta no mar Ainda em desenvolvimento tecnológico de produção, o bijupirá apresenta carne saborosa e ótimo potencial para criação em águas marítimas

A

parência de um pequeno tubarão, carne branca de textura elástica e sabor suave, com filés de mais de um quilo. Este é o bijupirá, peixe nativo das águas marinhas brasileiras. Em um ano, ele atinge seis quilos, e alcança 15 quilos em dois anos. Para o vice-diretor do Instituto de Pesca de São Paulo, Hélcio Luis de Almeida Marques, o bijupirá tem um potencial muito grande. “Foi uma medida muito acertada

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

Uma das principais dificuldades no cultivo de bijupirá está na reprodução, que praticamente não ocorre nos laboratórios

do Ministério da Pesca e Aquicultura, na minha opinião, ter trazido ao debate a produção do bijupirá, pois houve uma grande resistência no começo. Ninguém conhecia esse peixe no Brasil, mas na verdade ele é mundialmente conhecido; e até cosmopolita, criado em vários lugares do mundo. Em toda região tropical com águas acima de 24ºC pode ocorrer a produção de bijupirá, aqui no país também”, diz Marques. O pesquisador lista como destaques a carne muito saborosa, o crescimento muito rápido e o rendimento excelente. “Dentre as espécies marinhas que temos, o bijupirá é a que tem maior potencial sem dúvida nenhuma, pois apresenta uma adaptação muito boa ao cativeiro, não tem muito problema de canibalismo a partir de certo tamanho, e o que está faltando para o sucesso é pesquisa. O professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Wagner Valenti, reforça que ainda falta muita pesquisa


Betting on the sea

para se fazer um bom cultivo do bijupirá. “As empresas que entraram no negócio, saíram. Foi lançado o cultivo de uma espécie que ainda não está com a tecnologia dominada no Brasil. Está havendo um avanço, mas ainda não há escala comercial”, esclarece Valenti. Segundo ele, ainda há muita dificuldade com a reprodução da espécie. “É preciso conhecer melhor as exigências biológicas deste animal, em todas as etapas do seu ciclo de vida, desde a reprodução, cultura, etapa juvenil e crescimento final. A alimentação tem que ser adequada, pois o sistema de produção proposto é o intensivo, que só funciona com uma ração específica para aquela espécie que está sendo cultivada, e a gente ainda não tem a informação para uma ração feita para o bijupirá”, destaca o biólogo da Unesp. Por ser um peixe grande, destinado à criação em tanques-rede no mar, a larvicultura exige tanques grandes, de 20 mil litros, que pesam cerca de 20 toneladas. Cada fêmea pode desovar de um milhão a quatro milhões de ovos, mas o índice de fertilização ainda não passa dos 20%. Após 24 horas, os ovos eclodem, e em 15 dias a larva sofre uma metamorfose e passa a ser chamada de juvenil. Com 50 dias os juvenis são transferidos para gaiolas no mar. Apenas uma empresa está vendendo os juvenis do bijupirá, em Ilhabela, litoral paulista. “Posso apostar que em algum tempo, com mais investimento, o bijupirá vai se tornar a tilápia da água salgada no Brasil”, afirma Marques.

It looks like a small shark, its meat is white and elastic with a smooth flavour and its fillets weigh over a kilogram. This is bijupirá, a native Brazilian saltwater fish. It reaches 6 kg in a year and 15 kg in two. The deputy-director of Fishery Institute in São Paulo, Hélcio Luis de Almeida Marques, believes bijupirá has a great potential. “I bet that with more investment bijupirá will turn to be the saltwater tilapia of Brazil soon”, he states. He highlights its tasty meat, fast growing and excellent income. “Bijupirá presents a very good adaptation in captivity and it has no problem with cannibalism after reaching a certain size. There is still a lack of research for it to be successful." Wagner Valenti, professor of Universidade Estadual Paulista (Unesp) reinforces the need of a lot of research to farm bijupirá well. “Companies that entered in the business have already left. The cultivation of this species, which has not had a proper technology for farming in Brazil, was launched. There have been some improvements, but there is no commercial scale”, Valenti says. He states there is still much difficulty to reproduce and feed this species.

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Políticas e ações

cevando a cadeia produtiva Para elevar a produção nacional de pescados, em especial a da aquicultura, o governo federal tem investido em várias frentes, entre elas um mapeamento mais preciso do setor e o fortalecimento de parcerias

Codevasf lançou cerca de 4 milhões de alevinos na bacia do rio São Francisco em 2013 Arquivo Codevasf

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura


Victor Carlson

A

produção mundial de pescados é da ordem de 126 milhões de toneladas, e a previsão é de que, até 2030, a demanda internacional de pescado aumente em mais 100 milhões de toneladas por ano. O Brasil é um dos poucos países que têm condições de atender a essa crescente demanda, principalmente através da aquicultura, uma vez que a pesca extrativa tem registrado uma produção mundial estável, de aproximadamente 90 milhões de toneladas por ano nos últimos cinco anos. Para elevar a produção nacional, o Ministério da Pesca e Aquicultura está agindo em várias frentes. Aumentou as linhas de crédito disponíveis — apenas o Plano Safra oferece R$ 4,1 bilhões em recursos, dos quais R$ 500 milhões já foram contratados; está investindo em infraestrutura, principalmente nos Terminais Públicos Pesqueiros (TPPs); e desembaraçou os empecilhos ambientais para agilizar a implantação de tanques-rede e de viveiros escavados nas pequenas propriedades rurais, e também liberar o uso de 200 reservatórios de água existentes em hidrelétricas e barragens para criação de peixes. Hoje, no País, a aquicultura já responde por 40% de toda a produção de pescado. “O crescimento do setor pesqueiro nacional, em especial através da aquicultura, confirma a vocação do país para a atividade e estimula os brasileiros a expandir e a fortalecer os criatórios nas propriedades rurais, nos reservatórios e no litoral”, afirma o ministro da Pesca e Aquicultura, Marcelo Crivella. Conforme o MPA, as metas do plano de desenvolvimento do setor passam por maior controle da qualidade e sanidade dos produtos pesqueiros e aquícolas, com reestruturação física, aquisição de equipamentos e de insumos e preparação de recursos humanos da rede oficial de laboratórios; fomento da atividade com implantação de parques aquícolas, renovação da frota artesanal, promoção, divulgação e certificação dos produtos aquícolas e pesqueiros no mercado nacional e internacional; e re-

Segundo Tunes, IBGE levantará informações sobre produção, preço e dados sociais cuperação, ampliação e custeio das cadeias produtivas a partir da consolidação dos TPPs. Equipamentos como escavadeira hidráulica e trator de esteiras também são adquiridos para prefeituras e consórcios intermunicipais construírem viveiros escavados nas propriedades. Aumentar e consolidar as parcerias já existentes também fazem parte das estratégias. A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) tem fomentado a produção de pescado, em ações conjuntas com o MPA, como alternativa econômica no semiárido nordestino. Nos últimos quatro anos, já investiu mais de R$ 3 milhões na piscicultura na região com foco principal nos tanques-rede. Os Centros Integrados de Recursos Pesqueiros e Aquicultura operados pela Codevasf também receberam mais recursos ano passado, entre eles investimentos de R$ 14 milhões para aumentar a produção de alevinos para o repovoamento de rios e viveiros de aquicultura. Em 2012, foram 11,7 milhões de alevinos e a previsão para 2013 é de 15 milhões. “Alguns centros, como Três Marias, Bebedouro e Itiúba, já estão com suas obras praticamente prontas”, explica o chefe da Unidade de Recursos Pesqueiros e Aquicultura da Codevasf, Leonardo Sampaio. A Companhia também espera triplicar o número de peixamentos — repovoamento do rio usando algumas espécies nativas de peixes da bacia do São Francisco. O objetivo é aumentar os estoques pesqueiros, garantindo o futuro da pesca e gerando renda. Atualmen2014

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Políticas e ações

Feeding the production chain

te, existem 19 projetos de piscicultura em tanques-rede apoiados pela Codevasf no Piauí, e distribuição de alevinos em várias localidades, como Guanambi e Bom Jesus da Lapa (BA), e para os produtores rurais com tanques em Gararu (SE). “Mapear as atividades do setor também é uma meta do governo. Atualmente, o MPA, em conjunto com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), está implantando um sistema de coleta de dados mais eficiente”, afirma o Secretário de Monitoramento e Controle da Pesca e Aquicultura, Américo Ribeiro Tunes. Até o final de 2014, o censo do setor pesqueiro será completado, permitindo ações mais pontuais para desenvolver a atividade em todo o País. A medida também complementa o processo de recadastramento de pescadores e emissão das novas carteiras de pescador, dotadas com QR Code para facilitar a fiscalização e coibir fraudes no sistema.

 por Simone Kafruni

Foto Victor Carlson

Ministro Crivella entrega nova carteira a pescador catarinense, durante evento em Itajaí (SC)

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

Global production of fish is about 126 million tons and it is predicted that up to 2030 the international demand of fish will increase for more than 100 million tons a year. “The national growth of the fishing sector, especially due to aquaculture, confirms the country’s vocation for the activity and encourages Brazilians to expand and strengthen the farms in rural areas, reservoirs and the shore”, states Marcelo Crivella, the minister of Fishing and Aquaculture. The Ministry of Fisheries and Aquaculture is acting on several fronts to increase the national production by raising available credit lines, getting exempted of environment barriers, and investing in infrastructure in order to streamline the implementation of fish-cages and farms excavated in small rural properties and to release 200 existing reservoirs of water in hydroelectric plants and dams for fish farming. The targets for the development plan in the sector are going through more quality and health control of fishing and aquaculture products to physically restructure equipment acquisition and input, to prepare human resources in the official laboratory networks, to implement aquaculture farms and artisanal fleet renovation, to promote, disclose and certificate aquaculture and fishing products in the national and international trade, and to recover, enlarge and defray production chains after the Fishing Public Terminals consolidation. Some equipment such as hydraulic excavator and a crawler tractor are also bought for city halls and inter-municipal consortia to build excavated farms in the properties. Raising and consolidating partnerships is also part of the strategy plan. “The government aims to map out the sector activities. Nowadays, MPA and IBGE (Brazilian Institute of Geography and Statistics) are working on a more efficient data collection system”, says Américo Ribeiro Tines, the secretary of Fishing and Aquaculture Monitoring. By the end of 2014, the census of fishing sector will be completed and able for more exact actions to develop the activity in the country.



Políticas e ações

Suporte ao crescimento Melhorias de infraestrutura, como terminais pesqueiros e centrais de beneficiamento, ampliam a produção e a qualidade do pescado do País

D

epois de 50 anos de espera, os pescadores da Amazônia contam, desde setembro do ano passado, com o Terminal Pesqueiro Público (TPP) de Manaus para atracar seus barcos. Com capacidade para receber 200 toneladas de pescado, o terminal tem um armazém com câmaras frigoríficas e uma balsa para desembarque e comercialização. Ainda faltam os equipamentos de apoio, as máquinas de terminais pesqueiros públicos frio para as câmaras frigoríficas e uma fábrica de gelo para o abastecimento das embarcações, todas melhorias de infraestrutura que já constam do planejamento do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), segundo o secretário de Infraestrutura e Fomento da Pesca e Aquicultura, TPP Camocim-CE Eloy de Sousa Araújo. Desde 2004, o MPA investiu, aproximadamente, TPP Manaus-AM TPP Belém-PA TPP Natal-RN R$ 135 milhões na implantação e adequação de TPPs, mas ainda há muito por fazer. Segundo Araújo, o MPA é o caçula dos ministérios e começou o seu trabalho ainda como Secretaria Especial. TPP Salvador-BA “Não temos os 150 anos de história do Ministério da AgriculTPP Ilhés-BA tura, mas estamos investindo para melhorar as condições de infraestrutura da pesca e ampliar a produção do país”, ressalta. O secretário diz que, além do TPP de Manaus, o terminal TPP Santos-SP de Belém foi implantado do zero. “O Pará é o principal produtor de pescado extrativo do País. Merecia um novo termiTPP Laguna-SC nal. Santa Catarina é o maior produtor nacional se considerarmos a aquicultura junto. Lá também há o terminal de Laguna, que já existia”, conta. Salvador e Ilhéus, ambas na Bahia, também estão com terminais prontos para desemFonte: Ministério da Pesca e Agricultura

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura


Altermar Alcântara/Semcom

TPPs, como o de Manaus, são estruturas para movimentação e armazenagem de pescado, que funcionam como entrepostos de pesca em áreas litorâneas ou ribeirinhas

Arquivo Sindipi

barque. “Nosso próximo passo é implantar nesses TPPs as centrais de beneficiamento que, por enquanto, estão concentradas na iniciativa privada”, explica Araújo. Apesar de as centrais de beneficiamento e as melhorias dos TPPs serem prioridades para o MPA, o seu maior desafio em termos de infraestrutura é a renovação da frota pesqueira do País. “Os barcos utilizados têm quase 50 anos, são de madeira e não foram construídos por grandes armadores, mas por pequenos estaleiros de pescadores. Agora, estamos investindo em protótipos em fibra de vidro”, conta Araújo. As embarcações serão leves, de baixo consumo de combustível, e capazes de armazenar o pescado sem desperdícios. Também serão equipadas com recursos tecnológicos que garantem segurança a bordo e precisão na captura de cardumes, como sonares, rádios, GPS e equipamentos adequados a cada espécie alvo. Esta nova realidade da pesca artesanal só é possível a partir de um acordo de cooperação, assinado entre o MPA e a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), que está desenvolvendo os protótipos. O recorte do litoral nas regiões Norte e Nordeste representa aproximadamente 50% da costa brasileira. Entre 25 mil e 30 mil embarcações precisam ser renovadas nessas regiões.

Dois programas de crédito visam a modernização da frota brasileira: Profrota e Revitaliza

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Arquivo MPA

Mutsuo Asano Filho é mestre em Engenharia de Pesca

Segundo o diretor de Planejamento e Ordenamento da Pesca Industrial do MPA, Mutsuo Asano Filho, a renovação da frota pesqueira beneficiará os consumidores pela redução de custos e perdas. O meio ambiente será favorecido pelo fato de a tecnologia evitar o desperdício do pescado capturado tanto na pesca quanto na estocagem, e na fase de construção, ao evitar o desmatamento. Para Augusto de Lima Guimarães, presidente da Colônia Z 1, de Brasília Teimosa (PE), que representa 2,1 mil pescadores, a região necessita de terminais e frigoríficos, mas também carece da implantação de novas tecnologias. “Com boias de superfície teremos condições de atrair mais pescado. O Brasil tem uma diversidade enorme de fauna, cada região precisa de investimentos diferentes”, esclarece. Com tais melhorias, a produção de 200 quilos por embarcação – dos 220 barcos da colônia Z 1 – poderá ser duplicada em um ano. O MPA também está desenvolvendo ações de infraestrutura para aquicultura, disponibilizando escavadeiras para prefeituras construírem tanques para criação de pescado. “Cerca de 27% dos municípios brasileiros já estão participando da iniciativa, através de consórcios ou individualmente, para receber os equipamentos”, diz o secretário do MPA.

 por Simone Kafruni

Growing support After waiting for 50 years until September this year, fishermen from Amazon have been granted with the Public Fishermen’s Terminal (TPP) in Manaus city to moor their boats. The terminal offers a warehouse with cold stores and a ferry for landing and trading. There is still some supportive equipment missing: cold store machinery, an ice factory for the vessels’ supply – improvements in infrastructure, which are already foreseen by the Ministry of Fisheries and Aquaculture (MPA) planning, according to Eloy de Souza Araújo, the secretary of Infrastructure and Promotion of Fisheries and Aquaculture. Since 2004, MPA has invested about R$ 135 million to set and adequate TPPs but there is still a lot to do. The secretary states that besides Manaus TPP, the terminal of Belém city was fully implemented. “Pará is the main producer of extractive fish in Brazil. It deserved a new terminal.” The cities of Salvador and Ilhéus in Bahia state also have ready terminals for mooring. “Our next step is to implement fish processing centres at these TPPs; at the moment they are concentrated in the private initiative”, explains Araújo. The fish processing centres and the TTPs improvements are the MPA’s priorities. However, the greatest challenge in infrastructure is to renew the fishing fleet in Brazil. “The boats in use are almost 50 years old, built in wood in small shipyards and not by great shipowners. Now we are investing in prototypes of fibreglass”, says Araújo. The vessels will be light with low fuel consumption and able to store fish with no waste. They will also be equipped with technological resources that guarantee safety on board and precision to capture the schools with sonar equipment, radios, GPS and appropriate equipment for each target-species. MPA is developing actions for aquaculture infrastructure as well as making excavators available for the city halls to build tanks for the fish farming.

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura


Arquivo Laqua

Qualidade garantida Rede de laboratórios assegura a sanidade dos pescados brasileiros e dos ambientes de criação

A

preocupação em fomentar a produção pesqueira requer que o Brasil aumente o rigor no controle de doenças e na qualidade sanitária dos pescados. Para isso, foi criada a Renaqua (Rede Nacional de Laboratórios do Ministério da Pesca e Aquicultura). Essa rede já possui quatro instituições credenciadas que atuam em duas linhas diferentes: uma para diagnósticos de doenças em animais aquáticos e outra para análise de resíduos e contaminantes. No futuro, a Renaqua deverá abrigar novos laboratórios para dar conta da demanda crescente. Mathias Alberto Schramm, coordenador do Laboratório de Pesquisa e Monitoramento de Algas Nocivas e Ficotoxinas (Laqua-Itajaí), ligado ao Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), explica que os serviços da rede trazem benefícios importantes para a sociedade. “Em primeiro lugar, temos a segurança alimentar dos consumidores brasileiros. A cadeia produtiva de recursos pesqueiros também ganha, pois os programas sanitários visam à garantia da qualidade dos produtos. Por último, temos o próprio ambiente e a biodiversidade, que ganham ao obtermos maior controle das doenças que eventualmente ocorrem no ambiente natural e no cativeiro.” A Renaqua também contabiliza importantes vantagens econômicas. Graças à rede, é possível realizar os testes para certificação sanitária a um custo menor do que em laboratórios do exterior.

 por Daniel Cardoso metodologia

18

doenças listadas pela OIE

12

doenças de interesse para o País

3

biotoxinas marinhas

Professor Thiago Pereira Alves, do Laqua, de Itajaí (SC), especializado em algas nocivas, ficotoxinas e monitoramento unidades da renaqua

Aquacen-Laboratório Oficial Central – Belo Horizonte (MG) Laqua-São Luís (MA) – Enfermidades de Crustáceos Laqua-Joinville (SC) – Enfermidades de animais aquáticos Laqua-Itajaí (SC) – Resíduos e contaminantes

Guaranteed quality To keep the health of Brazilian fish, Renaqua was created (National Chain of Laboratories of Ministry of Fisheries and Aquaculture) to perform in two different lines: one diagnoses diseases in aquatic animals and the other analyses sediments and contaminants. “Firstly, there is food safety for Brazilian consumers and this is a positive situation because the sanitary programs aim to guarantee the quality of products. There is also the advantage for environment and biodiversity when we can have more control of diseases that occasionally happen in the captivity and natural environment”, states Mathias Schramm, coordinator of Laqua-Itajaí laboratory at Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC).

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Políticas e ações

Hora de investir Melhoria e ampliação das linhas de crédito e facilitação do acesso aos recursos são fundamentais para alavancar a produção de pescados no País

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

Arquivo MPA

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Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) estima que o Brasil tem condições de produzir 20 milhões de toneladas por ano de pescado até 2030. Para que a previsão se concretize, o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) vem tomando diversas medidas, entre elas a ampliação das linhas de crédito para pescadores e aquicultores. Em outubro de 2012, foi lançado o Plano Safra da Aquicultura e Pesca 2012/2013/2014, instrumento que organiza as políticas governamentais voltadas para o desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva do setor. O programa ampliou as condições de financiamento e reduziu juros. Os investimentos previstos são de R$ 4,1 bilhões para expandir a aquicultura, modernizar a pesca e fortalecer a indústria e o comércio pesqueiro. A meta é produzir dois milhões de toneladas anuais de pescado até 2014. De acordo com o secretário de Infraestrutura e Fomento da Pesca e Aquicultura do MPA, Eloy de Sousa Araújo, R$ 500 milhões do Plano Safra já foram contratados. “No mundo, o negócio pescado representa duas

Araújo, do MPA: Plano Safra estimula a agregação de produtores


Arquivo Aquabel

Médios e grandes produtores, como a Aquabel, do Paraná, contam também com uma linha especial do BNDES, a Proaquicultura

vezes a soma de boi, suíno e aves, e é o que mais cresce no setor de proteína animal. Considerando o potencial do Brasil, o Plano Safra da Pesca e Aquicultura inicia o processo de inserção do País nesse gigantesco mercado”, afirma. Para Manoel Bueno dos Santos, presidente da Federação das Associações de Produtores de Pescados e Aquicultores do Espírito Santo, que reúne 18 associações no Estado, o setor precisa de mais recursos para garantir maior produtividade. “Com mais acesso ao crédito temos condições de dobrar a produção”, diz. Oferecidas a pequenos, médios e grandes pescadores e aquicultores, as linhas de crédito do Plano Safra têm benefícios exclusivos para cada tipo de produtor: familiares, cooperativas, pescadoras, jovens, marisqueiras. Para fazer parte do programa é preciso aprimorar técnicas de cultivo e manuseio, modernizar equipamentos, investir em pesquisa e garantir mais estrutura à cadeia produtiva. Além da ampliação do volume de crédito, com juros menores e prazos estendidos, os beneficiados ainda recebem assistência técnica para aplicar melhor os recursos nos seus projetos.

Pescador há 15 anos na Colônia Z 11, do município de Buritis (MG), Aguino Batista Gonçalves, de 35 anos, é um dos beneficiados com as novas linhas de crédito do MPA. Através do Plano Safra, Aguino conseguiu um crédito de R$ 10 mil no Banco do Brasil para comprar um motor novo para o barco, um reboque e um congelador. “As condições de crédito melhoraram muito. Antes, não se conseguia empréstimos para a atividade”, comemora. Segundo ele, o próximo passo é aproveitar o crédito para investir na aquicultura. “A nossa colônia pesca nos rios São Domingos, Urucuia e Pirapetinga, que cada vez dão menos peixes. Agora, estamos desenvolvendo tanques para criar pescado. Assim, os rios podem descansar um pouco para estarem aptos para pesca de captura de novo”, explica. Além do Plano Safra, o MPA também incluiu pescadores artesanais e aquicultores familiares no Programa Mais Alimentos executado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Com isso, o setor também é beneficiado com a linha de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Uma das novidades 2014

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é o pescador artesanal ou aquicultor familiar poder contrair crédito de até R$ 100 mil para custeio, com juros de até 3,5% ao ano, através do Pronaf. Outro programa de fomento, o Revitaliza, disponibiliza até R$ 130 mil reais para reformas na embarcação, compra de equipamentos de segurança e navegação ou mesmo a troca do barco antigo por um novo, com juros de 1% para operações de até R$ 10 mil reais e 2% para operações com valor superior a R$ 10 mil. O prazo de reembolso é de até 10 anos, incluídos três anos de carência. Uma exigência para todas as linhas de crédito é que os pescadores e aquicultores sejam inscritos no Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP), conforme normas específicas do MPA. Confira os detalhes de cada linha de financiamento na tabela a seguir.

 por Simone Kafruni

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

Passo a passo para acessar o crédito do Plano Safra

1º 2º 3º 4º 5º

Procure informações sobre o Plano Safra nas Superintendências Federais do MPA; Vá ao banco para verificar a situação de seu cadastro, as linhas de crédito e os documentos exigidos; Procure um órgão de extensão rural para discutir e elaborar a proposta de projeto técnico; Entregue no banco escolhido a sua proposta e os documentos exigidos; Acompanhe o processo na agência bancária.


Arquivo pessoal

Time to invest FAO estimates that Feeding and Agriculture

Pescadores artesanais, como Aguino Gonçalves, de Buritis (MG), agora podem contrair até R$ 100 mil para custeio a 3,5% ao ano

O candidato aos benefícios do Plano Safra da Pesca e Aquicultura precisa ter uma proposta simplificada ou projeto técnico elaborado por um extensionista rural. Para facilitar, o Ministério da Pesca e Aquicultura oferece modelos de projetos para as diferentes atividades. Também é necessário estar registrado no MPA. Esse registro se chama Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP) e para fazê-lo basta acessar a página da internet, no endereço www.mpa.gov.br. Nos casos do pescador artesanal, aquicultor e agricultor familiar, assim como, no das cooperativas que se enquadram no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf, será preciso ter a Declaração de Aptidão (DAP). Bancos credenciados: Banco do Brasil – BB Banco da Amazônia – BASA Banco do Nordeste do Brasil – BNB

in Brazil is able to produce 20 million tons of fish per year up to 2030. In order to make this prediction true, the Ministry of Fisheries and Aquaculture (MPA) has been taking several steps to extend for fishers and aquaculturists up to 2030. A plan ‘Plano Safra e Aquicultura’ was launched last year for 2012/2013/2014 as an instrument to organize governmental policies for sustainable development of productive chain in the sector. The program extends funding conditions and reduces interest. Investments are predicted for R$ 4.1 billion for aquaculture extension, fishery modernization and fortification of the fishery industry and trade. The target is to produce two million tons of fish per year up to 2014. According to Eloy de Sousa Araújo, the secretary of Infrastructure and Promotion of Fishery and Aquaculture at MPA, fish represents twice as the sum of cattle, swine and birds in the business universe and it is the fastest growing in the animal protein sector. “If we consider Brazil’s potential, this plan is the beginning of the process to insert the country in this huge market”, he states. The lines of credit that Plan Safra offers are for small, medium and big fishers and aquaculturists; they present exclusive benefits for each producer: family business, cooperatives, fisherwomen, young people and shellfish business. To be part of the program, the request is to improve techniques for farming and handling, update the equipment, invest in research and guarantee more structure to the productive chain. Besides the credit extension with lower interest and wider deadlines, beneficiaries will have technical assistance for a better application of their resources in their projects. The sector also has a line of credit of National Program to Fortify Family Agriculture (Pronaf); it offers up to R$ 100 thousand in lines of credit with interest of 3.5% a year. Another incentive program called Revitaliza offers up to R$ 130 thousand to refurbish vessels, to buy safety and navigation equipment or even to change for a new boat with an interest of 1% for operations of up to R$ 10 thousand and 2% for operations when the amount exceeds R$ 10 thousand. The reimbursement must happen within 10 years including three years of grace period.

2014

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Políticas e ações PESCADOR ARTESANAL E AQUICULTOR FAMILIAR

CARÊNCIA

JUROS (%)

2 anos

*

0,5

R$ 2,5mil (1)

2 anos

*

0,5

PRONAF Pesca e Aquicultura Familiar (custeio)

Até R$ 10mil R$ 10mil até R$ 30mil Entre R$ 30mil até R$ 100mil

2 anos(2) 2 anos(2) 2 anos(2)

* * *

1,5 3,0 3,5

PRONAF Mulher Pesca e Aquicultura (investimento)

Até R$ 10mil (em função da DAP) De R$ 10mil até R$ 150mil

10 anos

3 anos

1,0 2,0

PRONAF Jovem Pesca e Aquicultura (investimento)(3)

R$ 15mil

10 anos

3 anos

1,0

PRONAF Pesca e Aquicultura para Agregação de Renda (Pronaf Agroindústrias – investimento)

Até R$ 10mil Pessoa Física até R$ 150 mil e pessoa jurídica até R$ 300 mil Associação e Cooperativa até R$ 35milhões (limitado até R$ 45mil por sócio)

10 anos (4) 10 anos (4)

3

1,0 2,0

PRONAF Pesca e Aquicultura Agroindústrias Familiares (custeio e comercialização)

Pessoa Física até R$ 10 mil Pessoa Jurídica até R$ 210mil Associações até R$ 4milhões (limite individual R$ 10mil por associado) Cooperativas Singulares até R$ 10milhões (limite individual R$ 10 mil/ associado) e Cooperativas Centrais até R$ 30milhões

1 ano

PRONAF Pesca e Aquicultura Cotas Partes (investimento e custeio)

Limite individual até R$ 20mil Por cooperativa até R$ 20 milhões

PRONAF Crédito de Investimento Mais Alimentos

PROGRAMA Program

limite de crédito

PRAZO

Credit limit

Deadline

PRONAF Microcrédito Produtivo Pesca e Aquicultura (investimento e custeio)

R$ 2,5mil (1)

PRONAF MULHER Microcrédito Produtivo Pesca e Aquicultura (investimento e custeio)

10 anos (4)

Grace period

* *

Interest rate

2,0

* *

4,0

6 anos 6 anos

* *

4,0 4,0

Até R$ 10mil De R$ 10mil até R$ 150mil

10 anos(3) 10 anos(3)

3 anos

1,0 2,0

PRONAF Crédito de Investimento – Mais Alimentos PROGRAMA REVITALIZA

Até R$ 10mil De R$ 10mil até R$ 150mil

10 anos(3) 10 anos(3)

3 anos

Programa Nacional de Crédito Fundiário – PNCF

Até R$ 80mil

20 anos

3 anos

2,0

Programa Nacional de Habitação Rural – PNHR

Até R$ 25mil (construção e mão de obra) Até R$ 15mil (reforma e ampliação da unidade habitacional)

*

*

*

76

1º anuário brasileiro de pesca e aquicultura

1 ano

* *

4,0

1,0 2,0


How you can have access to Plano Safra credit

* A ser determinado pela instituição financeira; (1) O limite de crédito do Microcrédito Produtivo poderá ser elevado para até R$ 3,5 mil quando se aplicar a metodologia do Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO), com bônus de adimplência de 25% sobre cada parcela de dívida paga até a data do seu vencimento;

1st Step: Get information about Plano Safra at MPA's Federal Inspectorates ; 2nd Step: Go to the bank and check your situation regarding the reference file, credit lines and required documents; 3rd Step: Seek for an agricultural extension agency to discuss and decide on the technical project purpose; 4th Step: Send your proposal and the required documents to your chosen bank; 5th Step: Monitor the process in the bank agency. Accredited banks: Banco do Brasil – BB Banco da Amazônia – BASA Banco do Nordeste do Brasil – BNB

(3) Requisitos: ter concluído ou estar cursando o último ano em centros familiares rurais de formação por alternância, ou em escolas técnicas agrícolas de nível médio, ou ter participado de curso ou estágio de formação profissional ou de cursos de formação do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec ou do Programa Nacional de Educação no Campo – Pronacampo, ou ainda, ter orientação e acompanhamento de empresa de assistência técnica;

*To be decided by the financial institution; (1) The credit limit for Microcrédito Produtivo may be raised up to R$ 3.5 thousand if applies to the methodology of National Program of Productive Microcredits Oriented (PNMPO) with bonus of compliance of 25% over each instalment that is paid up to its expiring date; (2) The deadline for paying the costs for artisanal fishing is up to 185 (one hundred and eighty-five) days and for aquiculture is up to 2 years according to each species’ production life mentioned in the plan, proposal or project; (3) Requisites: the applicant must have been studying or have finished the last year in rural family centres for work-linked training or in technical agricultural schools. The applicant may also have participated of a course or internship in vocational education or vocational courses from the National Program to Access Technical Education and Work – Pronatec or from the National Program of Rural Education – Pronacampo, or even if s/he had received education and supervision from a company of technical assistance; (4) The payment period may be extended to 15 (fifteen) years including a grace period of up to 3 (three) years for storage-structure financing.

(4) O prazo de pagamento poderá ser elevado para até 15 (quinze) anos, incluídos até 3 (três) anos de carência, para financiamentos de estrutura de armazenagem.

For more information, visit the following Web Pages: www.mpa.gov.br www.bb.com.br www.basa.com.br www.bnb.gov.br

(2) O prazo para pagamento no custeio para a pesca artesanal é de até 185 (cento e oitenta e cinco) dias e para aquicultura até 2 anos, conforme ciclo produtivo de cada espécie contida no plano, proposta ou projeto;

Para mais informações consulte as páginas na internet: www.mpa.gov.br www.bb.com.br www.basa.com.br www.bnb.gov.br 2014

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Políticas e ações

Movido a inoVação Melhoria da produtividade nacional do setor passa pelo estabelecimento de boas práticas a inovações de processos e produtos

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

Divulgação Primar

I

novação. Essa é a palavra de ordem para Alexandre Alter Wainberg. Proprietário da Primar, que produz pescados há mais de 20 anos em Tibau do Sul, no litoral sul do Rio Grande do Norte, Wainberg encontrou na tecnologia e no desenvolvimento de novos processos o caminho mais eficaz para melhorar a produtividade, entrar em novos mercados e aumentar a rentabilidade. Há cerca de 10 anos, Wainberg deixou de lado o cultivo tradicional, investiu em novas técnicas de manejo e inaugurou a primeira fazenda de camarão orgânico do Brasil e a primeira de cultivo de ostra orgânica do mundo. “A produção de orgânico oferece uma rentabilidade maior, mas é preciso mudar a forma de manejo e toda a concepção do negócio”, ressalta. Biólogo marinho e mestre em ecologia aquática, Wainberg agora está investindo em tecnologia para driblar um problema recorrente no setor: a falta de sementes de ostras. Com o mercado escasso, o produtor resolveu desenvolver as próprias sementes. O laboratório de procriação próprio deve começar a operar no início de 2014. “Com o laboratório, vamos driblar o problema da falta de semente e entrar em outro negócio, que é o de fornecer sementes para terceiros”, diz Wainberg. O caso de Wainberg é emblemático e representa bem um movimento que ganha força no setor de pesca e aquicultura do Brasil. Eric Arthur Bastos Routledge, chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Pesca e Aquicultura, lembra que o Brasil ainda está em estágio embrionário nesse campo e um dos principais desafios a serem superados é a cultura dos próprios produtores, que não

Camarões, ostras, siris e peixes são produzidos em um mesmo ambiente na Primar, no Rio Grande do Norte


Jefferson Christofoletti / Embrapa Pesca e Aquicultura

Rede Aquabrasil é composta por 16 unidades da Embrapa, 26 universidades e instituições de pesquisa, oito empresas privadas e três estaduais

estão acostumados a investir em tecnologia. “Por outro lado, começamos a vislumbrar uma mudança nessa cultura. Nos últimos anos, os produtores participaram de mais cursos de capacitação e estão percebendo a importância da tecnologia. O grande desafio é mostrar na prática como eles podem ser beneficiados pela inovação. E isso está sendo feito passo a passo”, diz Routledge. Segundo ele, a Embrapa está focando no desenvolvimento de tecnologia para valorizar as boas práticas e ações simples que geram grandes resultados. A ideia é fazer o fundamental bem feito. Desde cuidados na escavação dos viveiros até a prevenção de doenças, boas práticas de manejo e alimentação. Nos últimos anos também houve incentivo financeiro

por parte do governo federal. “Foram lançados cerca de 12 editais que liberaram recursos para pesquisa em empresas e instituições de ensino. É um impulso forte para desenvolver a tecnologia no setor”, avalia Routledge. Um dos programas mais importantes tocados pelo governo é a Rede Nacional de Identificação Molecular de Pescado (Renimp). O objetivo é mapear geneticamente 250 espécies das mais importantes para o mercado nacional. Foram coletados exemplares e elaborado o sequenciamento genético. A partir disso, a rede criou uma biblioteca com mais de cinco mil registros. Esse procedimento favorece toda a cadeia, desde o produtor até o consumidor final. Antônio Solé-Cava, coordenador da Renimp na Universidade Federal do Rio 2014

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Políticas e ações

Jefferson Christofoletti / Embrapa Pesca e Aquicultura

Melhoramento genético é um dos objetivos do Aquabrasil

de Janeiro (UFRJ) exemplifica: “Fizemos a avaliação de peixarias a pedido do Procon, para testar se os peixes vendidos eram realmente os que estavam sendo anunciados. Também realizamos um estudo para uma rede de supermercado que queria checar a qualidade dos pescados que estava comprando. Isso é bom porque garante a qualidade para o consumidor, evita fraudes e, para o produtor, confere um selo de credibilidade para vender a clientes e mercados mais exigentes”, diz Solé-Cava. O Brasil também desenvolve outros trabalhos em rede, como o Aquabrasil e a Rede de Piscicultura Marinha (Repimar). No Aquabrasil, foram selecionadas quatro espécies de peixes e, em cima delas, são desenvolvidos diversos tipos de pesquisas, como melhoramento genético, nutrição e sanidade. Na Repimar, o objetivo é desenvolver tecnologias sustentáveis para a criação do bijupirá, conhecido como cação de escamas.

por Daniel Cardoso 80

1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

powered by innovation Eric Arthur Bastos Routledge, the CEO of Embrapa Fishing and Aquaculture Research and Development, reminds that Brazil is still in an embryonic stage regarding fishing and aquaculture. One of the main challenges is the farmers’ habits who are not used to investing in technology. “On the other hand, we have started to glimpse a change on that. The producers have been taking more training courses in the last few years and have been able to notice the importance of technology. The great challenge is to show them how to get benefits out of that. And step by step this has been done”, states Routledge. According to him, Embrapa has been focusing on the technology development to enhance good practices and simple actions in order to provide great results. The purpose is to have well–done fundamental activities. There have been some financial incentives from the federal government for the last few years. “About 12 edicts that release resources for researches in teaching institutions and enterprises were launched. It is a good motivation to develop technology in the sector”, states Routledge. One of the most important programs offered by the government is the National Net for Molecular Identification of Fish (Renimp). The target is to map out genetically 250 of the most important species for the national market. Some specimens were collected and the genome sequencing was produced. From this point, the net created a library with over five thousand records. Brazil also develops other networks such as Aquabrasil and the Net of Marine Fishfarming (Repimar). For Aquabrasil, four species of fish were selected and several kinds of research were developed out of them: genetic improvement, nutrition and health. For Repimar, the purpose is to develop sustainable technologies to farm bijupirá (a species of dogfish).


Políticas e ações Arquivo Embrapa

Tecnologia para todos A aplicação prática de pesquisas exige a transferência dos conhecimentos aos produtores e um acompanhamento intenso dos técnicos no campo

N

ão basta apenas desenvolver tecnologia, é preciso levá-la até os produtores. Afinal, são eles que vão converter as pesquisas em ações práticas visando ao consumidor final. O desafio é enorme. Além das dimensões continentais do país, há uma quantidade muito grande de culturas e espécies distintas de peixes. Cada uma requer tecnologia específica e treinamento adequado para o criador. Com o objetivo de driblar esses problemas, a Embrapa desenvolve programas de transferência de tecnologia e trabalha lado a lado com os empreendedores. Alexandre Aires de Freitas, chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa, lembra que a instituição (unidade Brasília) realiza programas de capacitações continuadas. Recentemente, formou uma turma de produtores que durante 10 meses aprendeu sobre vários aspectos da aquicultura, por exemplo, quais rações utilizar, como monitorar o crescimento dos peixes e como encher um viveiro da maneira mais adequada. “Na transferência de tecnologia não adianta só ministrar palestras. Tem que ser a palestra e um acompanhamento intenso no campo, ao lado do produtor, mostrando como se faz na prática”, explica Freitas. “Já tivemos bons resultados nesta primeira turma. Pelas técnicas e tecnologia que ensinamos, conseguimos baixar a mortalidade dos alevinos, que chegava a 40%, para apenas 5%.”

 por Daniel Cardoso

Freitas, da Embrapa Pesca e Aquicultura, criada em 2009

Technology for all Producing technology is not enough, we must take them to the producers. Embrapa, for example, has recently graduated a group of aquaculturists who, for 10 months, learnt several aspects of aquaculture like feeding, monitoring the fish growth and how to fill up a farm in the most appropriate way. “When transferring technology, there must be coursers and an intense monitoring in the field with practical illustration of its use along the producer”, explains Alexandre Aires de Freitas, deputy-head of Technology Transference at Embrapa. “We’ve had good results with this first group. We’ve managed to lower the fish-seed mortality from up to 40% to only 5%.”

2014

81


Políticas e ações Fotos: Arquivo Senar

Conhecimento para crescer Capacitação é a diferença entre quem tem dificuldades para manter um cultivo e aquicultores que registram alta produtividade

E

m 15 anos, o produtor rural Vianei Haas, de Maravilha (SC), ampliou a produção de peixes de 1,5 mil quilos por ano para 21 mil. O incremento está relacionado a uma série de medidas adotadas pelo produtor, como aumentar a quantidade de ração, fazer pesagem constante dos peixes e oxigenar melhor a água. “Quando eu comecei, morria muito peixe e não valia a pena manter o cultivo. A produção só melhorou quando nós procuramos nos capacitar, fizemos

82

1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

cursos do Senar e hoje contamos com a consultoria de um biólogo e de um engenheiro que fazem a pesagem dos peixes e monitoram a qualidade da água. Agora conseguimos produzir carpas com até dez quilos e o cultivo de peixes representa 20% da renda anual da família.” Segundo o técnico em aquicultura Volmir Oliveira, a diferença entre os piscicultores que registram alta produtividade e aqueles que têm dificuldades em manter o cultivo está relacionada à falta de capacitação. “Quando o produtor não investe em tecnologia ou em capacitação a produtividade dele é baixa, fica em torno de 100 gramas por metro quadrado; já entre aqueles que estão constantemente se capacitando a produtividade chega a dois quilos por metro quadrado. Hoje o Brasil tem cerca de cinco milhões de quilômetros alagados e uma média de 150 gramas de pescado produzidos por metro quadrado,


Arquivo pessoal/Vianei Hass

Na página ao lado, produtoras em curso no Senar. Nesta página, o aquicultor Vianei Haas, de Maravilha (SC), que após se capacitar ampliou a produção em 14 vezes

Knowledge to progress

o que representa apenas 10% da capacidade produtiva.” O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) tem trabalhado para capacitar o setor. A instituição oferece uma série de cursos em todo o Brasil sobre noções básicas de piscicultura, construção de viveiros, nutrição e beneficiamento do pescado. “No Mato Grosso nós temos trabalhado com 86 sindicatos e 14 prefeituras. Nosso foco tem sido capacitar técnicos e lideranças locais para que eles sejam multiplicadores do conhecimento. Hoje o mercado da piscicultura no Mato Grosso cresce cerca de 10% ao ano”, afirma Eduardo Silveira, analista de educação profissional do Senar/MT. O Sebrae também tem realizado uma série de cursos para estimular o empreendedorismo entre os produtores. No Piauí, a instituição tem um programa de assistência a piscicultores que presta consultoria a cerca de 200 produtores durante três anos. “Nós identificamos no Piauí um território que tem potencialidade para a aquicultura por conta da disponibilidade de solo e de água e temos trabalhado para capacitar os pequenos produtores rurais em questões referentes ao manejo, à estruturação de cooperativas e ao controle financeiro”, explica João Pinheiro Júnior, técnico gestor do programa.

 por Beatrice Gonçalves

In 15 years, the rural producer Vianei Haas from Maravilha city (SC) has enlarged fish-farming from 1.5 thousand kg a year to 21 thousand. The development is related to some measures the producer took; he increased the amount of fish feed, he often weighed the fish and oxygenated the water better. “The production only improved when we took courses at Senar and today we count on biologist and engineer consultancies. Now we can produce carps with up to ten kg and fish-farming represents 20% of our annual family income.” According to the aquaculture technician Volmir Oliveira, the difference between fish farmers that register high productiveness from those who find farming hard to keep is related to a lack of training. “When the farmer neither invests in technology nor in courses, their productiveness is low; it is about 100g per square metre. However, for those who are always getting trained, their productiveness reaches two kg per square meter. Today Brazil has about five million flooded kilometres and an average of 150 g of fish produced per square metre; this represents only 10% of productive capacity. The National Service of Rural Learning (Senar) has been working to train the sector all over Brazil; the institution offers several courses on fish-farming basic notions, vivariums construction, and fish nutrition and processing.

2014

83


Políticas e ações

bons exemplos Sandra Brito / Embrapa

Para agilizar o desenvolvimento do setor, Brasil deve intensificar a troca de conhecimentos por meio de benchmarking e acordos de cooperação

P

ara correr atrás do tempo perdido e se colocar como uma potência mundial no setor da pesca, o Brasil está buscando no exterior bons exemplos que possam ser replicados ou adaptados para cá. A estratégia é amplamente conhecida no mundo dos negócios como benchmarking. Nos últimos anos, o País intensificou a troca de conhecimento internacional e promove um importante intercâmbio de especialistas, por meio de congressos, palestras e cursos. O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) participou, por exemplo, da criação da Rede de Aquicultura das Américas, que visa a uma maior integração entre os governos da região. O Brasil também mantém acordos bilaterais de cooperação para fomentar a troca de conhecimentos técnicos. Entre os parceiros, estão China, Coreia do Sul, Hungria, Islândia, Noruega, Paraguai, Rússia, Sudão, Uruguai e Venezuela. Outra estratégia para intensificar o benchmarking é atrair a participação da iniciativa privada. Nas viagens e visitas oficiais a outros países, a comitiva brasileira é acompanhada de empresários que podem fazer negócios e adquirir tecnologia de ponta. “Nessas missões, os empresários têm a oportunidade de conhecer tecnologias que são do interesse do setor produtivo brasileiro, como ocorreu na Noruega, na Hungria e em Israel”, lembra Lucia Maierá, assessora internacional do MPA. Porém, há desafios que precisam ser superados. Eric Arthur Bastos Routledge, chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, lembra que o setor da pesca e aquicultura de cada país possui peculiaridades que precisam ser respeitadas. Por isso, não é recomendado simplesmente

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

Routledge é pesquisador da Rede de Aquicultura da USP e do grupo Aquanegócios da Embrapa

importar uma metodologia e colocá-la em prática em solo nacional. É preciso ir além. “A Noruega, por exemplo, é a grande referência no setor, no entanto é um país de clima frio e comercializa poucas espécies. Isso nos obriga a adaptar a metodologia de trabalho deles quando a utilizamos no Brasil. Além da temperatura mais elevada, temos diversas espécies de peixes de valor comercial. É outra realidade.” Além de aprender, o Brasil também ensina aos outros. “Somos muito procurados pelos países africanos, com os quais desenvolvemos vários projetos, sobretudo, de capacitação de pessoal para a pesca e a aquicultura”, afirma Maierá. Com os vizinhos (Guianas, Venezuela, Argentina, Paraguai, Uruguai e Colômbia) a prioridade no relacionamento é harmonizar a legislação internacional. Dessa forma, pretende-se aperfeiçoar o uso de recursos pesqueiros, tanto em alto-mar quanto nas bacias hidrográficas, para a melhor exploração dos recursos naturais.

 por Daniel Cardoso


Good examples Brazil has been looking for good examples from other countries to make up for lost time and adapt them here. The strategy is known as benchmarking. For the last few years, the country has exchanged international knowledge within experts in the area through conferences and courses. The Ministry of Fisheries and Aquaculture (MPA), for example, helped to create the Aquaculture Network of Americas whose purpose is more intergovernmental integration. Brazil keeps bilateral agreements for technical knowledge exchange. Our partners are countries such as China, Korea, Hungary, Iceland, Norway, Paraguay, Russia, Sudan, Uruguay, and Venezuela. The private initiative is another goal to be achieved. When travelling and visiting other countries, the Brazilian delegation also takes entrepreneurs. “They can learn new technologies which are interesting for the Brazilian productive sector; it already happened in Norway, Hungary and Israel”, points Lúcia Maierá, international advisor of MPA. The head of Embrapa Research and Development, Eric Arthur Bastos Routledge, reminds that each country presents their peculiarities to be respected. “Norway, which is great reference in the sector, is a cold country that trades only few species. This forces us to adapt their working methodologies to Brazil. Besides of having a warmer temperature, we have several fish species of commercial value.”

Acordos bilaterais de cooperação técnica

Islândia

Hungria

Noruega

Rússia

Coreia do Sul

Brasil

Venezuela

Paraguai

Uruguai

Sudão

China

Harmonização da legislação

Suriname

Guiana

Venezuela

Argentina

Paraguai Uruguai Colômbia

Guiana Francesa Fonte: MPA

2014

85


entrevista

Peter Gullestad

Arquivo pessoal

regulamentação

forte

Ex-diretor da agência governamental de pesca da Noruega diz que preocupação ambiental é o fator chave para o crescimento da produção

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura


Durante 12 anos (1996-2008), Peter Gullestad foi o principal executivo da agência governamental de pesca da Noruega, a Norwegian Directorate of Fisheries. Em quase quatro décadas de atuação no setor, ele acompanhou de perto a evolução na aquicultura da Noruega, das primeiras ações na década de 1970 às mais recentes preocupações com doenças e impactos ambientais. Nesta entrevista exclusiva, Peter aborda alguns detalhes sobre a parceria com a indústria chilena e faz paralelos com a indústria brasileira, que conheceu há alguns anos, em um trabalho de consultoria feito para o Ministério da Pesca e Aquicultura. Baseado na experiência e na cultura de pesca da Noruega, o que o senhor avalia como mais importante para desenvolver o setor aqui no Brasil? PETER GULLESTAD - Vou responder com uma breve descrição do desenvolvimento da aquicultura norueguesa, que começou a partir do zero na década de 1970. Nas primeiras décadas, o foco principal foi resolver os muitos desafios básicos da produção. Era uma indústria emergente formada por pequenos empreendedores locais que compartilharam conhecimentos abertamente entre si e cooperaram com a ciência para melhorar a produção e desenvolver tecnologia, criação, otimização de alimentos etc. Durante a década de 1980 a indústria cresceu consideravelmente, passando de 8.000 toneladas em 1980 para 150.000 toneladas em 1990, e agora a indústria experi-

mentou enormes desafios no que diz respeito a doenças. Em 2012, a produção de salmão e truta chegou a 1,3 milhão de toneladas. Como consequência, foi dada uma atenção maior para os impactos ambientais da aquicultura. A necessidade de um melhor planejamento e utilização de áreas de mar tornou-se uma condição fundamental para que a produção continue crescendo. A aquicultura deve ser regida dentro de um quadro de forte regulamentação. E estas regras devem ser constantemente atualizadas com o desenvolvimento da produção. Não é uma indústria que a longo prazo pode crescer e prosperar em um ambiente de negócios muito liberal, onde as regras relativas à saúde animal e poluição, entre outras, sejam fracas ou inexistentes.

De que forma o Brasil pode se beneficiar com a cooperação e o benchmarking externo, a exemplo do que ocorreu no Chile? A relação entre estes países na aquicultura é especial, pois o sul do Chile e à Noruega têm as mesmas condições naturais e ambientais que tornaram possível para o Chile "copiar" a produção em cativeiro de salmão do Atlântico. Isso fez com que os dois países concorressem no mercado mundial de salmão, mas ao mesmo tempo abriu oportunidades muito específicas para as relações de cooperação. As experiências da aquicultura norueguesa são relevantes para o desenvolvimento da aquicultura no Brasil, mas por causa das diferenças de espécies, temperatura e de hidrovias, certamente serão aplicáveis em menor escala do que ocorreu no caso do Chile. Pela mesma razão, os investimentos diretos noruegueses no Brasil para a produção aquícola, na medida em que vimos no Chile, também serão um tanto diferentes. 2014

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entrevista

Peter Gullestad

Se possível, detalhe um pouco como houve esta aproximação entre o Chile e a Noruega e os resultados práticos desta parceria. Na década de 1990, a indústria norueguesa considerava o Chile um forte concorrente no mercado mundial de salmão e tinha muitas ressalvas em tratá-lo como parceiro. Isso começou a mudar no final dos anos 1990, quando fui presidente da Nor-Fishing, fundação que organiza bianualmente a exposição Aqua Nor, em Trondheim. Nas reuniões do conselho discutíamos medidas para atrair expositores chilenos e visitantes ao Aqua Nor. Queríamos dar uma pequena contribuição para melhorar as relações entre os dois países e acreditávamos que, para sermos realmente parceiros, era preciso pensar no benefício a longo prazo para a indústria de ambos os lados.

Quais são as maiores dificuldades para o desenvolvimento de políticas e ações para a indústria da pesca e aquicultura? A resposta pode variar de país para país, de ecossistema para ecossistema. No caso brasileiro eu entendo que há um problema geral de excesso de capacidade e pesca predatória, além de deficiências consideráveis na pesquisa dos ecossistemas, na legislação e no controle das pescas. Para a aquicultura brasileira devo admitir que eu não tenho uma compreensão clara de onde estão as maiores deficiências, embora o país esteja em uma fase muito inicial de desenvolvimento da atividade.

 Fabricio Umpierres 88

1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

Strong regulation Peter Gullestad was the main CEO of Norwegian Directorate of Fisheries for 12 years (1996-2008). In this interview, Peter approaches some details about the partnership with the Chilean industry relating it with the Brazilian one.

What is the main priority to develop the sector in Brazil? PETER GULLESTAD – Norwegian aquaculture started from scratch in the 70s; the main purpose was to solve basic challenges for its production. In the 80s, the industry grew considerably and now it has been going through great challenges in respect to diseases. So, there has been more attention to environmental impacts of aquaculture; to the necessity of better planning and the use of sea areas. Aquaculture must be governed within a strong regulatory framework. And these rules must always be updated according to the production development. It is not the kind of industry that can grow and thrive in a very liberal business environment where rules regarding animal health and pollution are not strict enough, for example.

How can Brazil be benefited by cooperation and external benchmarking, like the Chilean case? Experiences from Norwegian aquaculture are relevant for the Brazilian aquaculture development. However, due to differences in species, temperature and waterways, they are definitely applicable in lower-scale, as it happened in Chile. For the same reason, as we had experienced in Chile, direct Norwegian investments in Brazil for the aquaculture production will also be different.

What are the main challenges for the development of fishing and aquaculture actions and policies? It depends on the country and its ecosystem. In the Brazilian case, I see general problems of excessive capacity and predatory fishing as well as considerable deficiencies in the ecosystem research, legislation and fishing control. For the Brazilian aquaculture, I must admit I have no clear understanding about where the main problems are, although the country is in a very initial moment of aquaculture development.


Carlos Araújo/INPE

Sob controle Embrapa estuda utilização de sistema do INPE para o monitoramento e avaliação de impactos ambientais da piscicultura em águas da União

F

ormado na década de 50 durante a construção de uma usina hidrelétrica, o lago de Furnas, em Minas Gerais, é um dos maiores reservatórios de água do Brasil. Há dois anos, um grupo de pesquisadores trabalha no local para desenvolver um modelo de monitoramento e avaliação de possíveis impactos ambientais da piscicultura em tanques-rede nas áreas cedidas pela União. O objetivo, segundo a coordenadora do projeto, Fernanda Garcia Sampaio, da Embrapa Meio Ambiente, é melhorar a gestão ambiental de parques aquícolas no País. O Projeto Furnas inova ao utilizar o Sistema Integrado de Monitoramento Ambiental (SIMA) – desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) – para monitorar em tempo real dados como o pH, a temperatura da água em quatro profundidades, a turbidez e o oxigênio dissolvido em uma área, permitindo leituras mais rápidas e precisas dos processos gerados pela atividade. “A maioria das coletas de dados no Brasil acontece com espaços de dias ou até semanas, o que não permite um acompanhamento detalhado desses indicadores”, explica Marcos Eliseu Losekann, da Embrapa Meio Ambiente. Após a adaptação, o sistema deve ser adotado no monitoramento da atividade em águas cedidas pela União. Financiado pelo Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), o projeto é executado pela Embrapa, Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) e INPE.

 por Leo Laps

O SIMA, que há 20 anos monitora recursos hídricos no País, está sendo adaptado, no lago de Furnas, em Minas Gerais, para a aquicultura

Under control Researchers have been working in a lake formed by Furnas Hydroelectric Power Plant in Minas Gerais state for two years to develop a model to monitor and evaluate possible environmental impacts of fish-cages farmed in areas granted by the Union to improve the environmental management in Brazilian aquaculture parks, according to the project coordinator, Fernanda G. Sampaio. Furnas Project innovates by using the Environmental Monitoring Integrated System (SIMA) – developed by Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) – for a more accurate and fast reading. It monitors data in real time as pH, water temperature in four depths, turbidity, and oxygen dissolved in an area. ‘Most data collection in Brazil happens within days or weeks preventing us to have a detailed monitoring’, says Marcos E. Losekann of Embrapa Meio Ambiente.

2014

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Políticas e ações

Simplicidade desejada O custo e a morosidade na emissão de licenças ambientais estão entre os maiores entraves à expansão da aquicultura

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

Arquivo Codevasf

U

m dos maiores entraves para a formação da cadeia produtiva é a obtenção de licenças ambientais para empreendimentos aquícolas. Os empresários pedem maior agilidade nos processos e uma normatização mais eficiente, que mantenha a preservação da biodiversidade e a proteção sanitária para as espécies cultivadas. Uma licença ambiental pode levar até seis anos e custar até R$ 100 mil, de acordo com a legislação estadual e o tamanho da propriedade. Para a secretária de Planejamento e Ordenamento da Aquicultura do Ministério da Pesca (MPA), Maria Fernanda Nince Ferreira, os avanços obtidos nos últimos anos são resultado de conversas entre o governo, a sociedade civil e a iniciativa privada. Uma conquista foi que o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) aprovou novas diretrizes que alteram a Resolução nº 413/2009, tornando mais simplificado o processo. A resolução, publicada no Diário Oficial no final do ano, orienta os órgãos estaduais a agilizarem o procedimento para o cultivo de pescado. Maria Fernanda explicou que as discussões duraram quatro meses. Afirmou que a legislação brasileira está alinhada com o cenário global, no mesmo contexto de países como Japão, China, Nova Zelândia e Austrália, mas também seguiu as políticas e diretrizes nacionais. “Vemos o amadurecimento de uma cadeia produtiva ainda em potencial e todos ganham com uma situação de legalidade”, afirma. Estados como Goiás, Paraíba, Paraná e Rio Grande do Norte assinaram convênios com o MPA para facilitar o licencia-

Entre os critérios para a concessão da licença simplificada está o uso de espécies naturais da região

mento para pequenos e médios produtores. A medida deve beneficiar dez mil aquicultores. Outro exemplo é São Paulo, que criou no final de 2012 o Via Rápida da Aquicultura, um marco regulatório que isenta produtores que tenham menos de cinco hectares de lâmina d’água. É necessário apenas um cadastro com declaração dos dados da propriedade. Para empreendimentos que têm tanques-rede com volume de até 1 mil metros cúbicos, o processo é simplificado. “Ouvimos muito a iniciativa privada, que debateu esse tema por duas décadas. Antes, a maioria dos produtores não tinha o licenciamento e só se preocupava após a fiscalização”, comentou Luiz Marques da Silva Ayroza, pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agro-


Jefferson Christofoletti/Embrapa Pesca e Aquicultura

Via rápida isenta pequenos produtores e reduz custo de grandes de R$ 19 mil para R$ 5,5 mil

Arquivo MPA

Maria Fernanda é também pesquisadora da UNB com atuação em ecologia e biologia de comunidades de peixes

negócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Ayroza disse que existe adesão e que o prazo de cadastro deve ser expandido. “Devemos ter 30% do número de projetos e propriedades com o protocolo de solicitação. Sabemos que os produtores são os maiores interessados na qualidade da água”, finalizou, ao comentar que até o primeiro semestre de 2014, mais 20% dos empresários devem protocolar o pedido.

 por Wendel Martins

Desired simplicity The National Environment Council (Conama) has approved new guidelines that change Resolution 413/2009 by simplifying the environmental licensing process for aquaculture activities. It will be published in the Official Gazette by the end of the year when it will be in force to guide local agencies to speed fish farming procedures. According to Maria Fernandes Nince Ferreira, the secretary of Aquaculture Planning at the Ministry of Fisheries (MPA), the discussions among the government, the civil society and the private initiative lasted four months. She said the Brazilian legislation is aligned with the global scenery in the same context as Japan, China, New Zealand and Australia but also following the national policies and guidelines. “We see the maturation of a potential productive chain and everyone wins with a legal situation”, she states. Federal states like Goias, Paraiba, Parana and Rio Grande do Norte have signed agreements with MPA to facilitate licensing for small and medium producers. This measure will benefit ten thousand aquaculturists. Another example is Sao Paulo with Via Rápida Aquicultura (Fast Way for Aquaculture), a regulatory that exempts whoever has less than five hectares of water depth. Only a registration form with the property details is required. For enterprises presenting volumes of fish cages up to 1 thousand cubic metres, the process is simpler.

2014

91


Políticas e ações

Águas para Cessão de áreas em reservatórios de hidrelétricas e ambientes marinhos é a grande estratégia para ampliar a produção aquícola

C

alibrar expectativas e projetar a expansão dos negócios podem se tornar tarefas simples para a piscicultura nacional. Com a decisão do governo federal em ceder áreas onerosas para aumentar a produção aquícola, a previsão é alcançar a produção de pelo menos 200 mil toneladas de pescado por ano, entre peixes, ostras e mexilhões. De junho a outubro de 2013, a Secretaria de Planejamento e Ordenamento da Aquicultura (Sepoa/MPA) destinou mais de 792 hectares de áreas sob domínio da União para a produção de pescados em cativeiro. As áreas estão localizadas em reservatórios de usinas hidrelétricas e ambientes marinhos nos estados de São Paulo, Tocantins, Pernambuco, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Somente em Santa Catarina, as áreas cedidas ocupam cerca de 92 hectares, com capacidade para produzir 8,5 mil toneladas de mariscos por ano. “Além de criar milhares de empregos, a licitação destas áreas vai movimentar a economia e desenvolver a aquicultura nestas regiões”, destaca a secretária de Planejamento e Ordenamento da Aquicultura do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), Maria Fernanda Nince. “Resultado disso é uma melhor qualidade de vida aos aquicultores, como também o aumento da oferta de pescado à população”, completa a secretária. O processo seletivo público para a cessão das áreas aquícolas delimitadas nos parques pode ser oneroso ou não oneroso. A seleção de áreas não onerosas tem forte cunho social e estas são ofertadas gratuitamente, median-

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura


dar e ceder Alexandre Marchetti / Itaipu

Atualmente o governo brasileiro discute com o paraguaio a liberação do cultivo de tilápia no lago de Itaipu

10 milhões de ha Área com água represada

3,5 milhões de km2 Zona Econômica Exclusiva (ZEE)

950 mil km2 Extensão da plataforma continental Fonte: MPA e Marinha do Brasil

te licitação e observando parâmetros socioeconômicos. A seleção de empreendedores para as áreas onerosas é efetuada por meio de licitação onerosa, onde o vencedor é aquele disposto a pagar mais pelo uso da área. Além de ser um negócio que pode ser lucrativo, os interessados em cultivar pescados nos parques aquícolas levam uma grande vantagem: as áreas são cedidas já com todos os aspectos legais e ambientais totalmente resolvidos. De acordo com o engenheiro agrônomo Irineu Motter, da Divisão de Reservatório e um dos gestores do programa Mais Peixes em Nossas Águas, um dos exemplos da cessão de águas para a produção de pescados é o reservatório da Hidrelétrica Binacional Itaipu. Com uma lâmina de água de 1.350 quilômetros quadrados, Itaipu tem elevado potencial para o desenvolvimento da piscicultura em tanques-rede. Em decorrência deste potencial, em 2003, por meio do convênio realizado entre 2014

93


Políticas e ações

a Itaipu Binacional e o Ministério da Pesca, foram realizados os estudos ambientais para demarcação de áreas e avaliação da capacidade de suporte nos três principais braços do reservatório, sendo criados os parques aquícolas Ocoí, São Francisco Falso e São Francisco Verdadeiro. Juntos, apresentam potencial para produzir 7 mil toneladas/ano de peixes nativos (pacu) em sistema de tanques-rede, em uma área total de 11.569 hectares de superfície aquática. Os estudos indicam que, ocupando apenas 0,46% (53,2 ha) da área do parque, pode-se atingir a produção anual estimada. A ocupação fica muito aquém do limite estabelecido em normativa de ocupação de reservatórios (1,0%). Segundo o agrônomo, com a implantação dos parques aquícolas, em 2008 foram entregues aos pescadores 72 títulos de lotes de 2.000 m2 cada, oficializando a cessão de uso por 20 anos. Em 2012, foram

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

produzidas 50 toneladas de pacu nas áreas cedidas, com previsão de aumento de 50% em 2013. Atualmente a produção de peixes no lago de Itaipu se resume ao pacu (Piaractusmesopotamicus). Mesmo assim, a hidrelétrica e instituições parceiras de ensino e pesquisa estão trabalhando no desenvolvimento de pesquisa de outras espécies nativas, como lambari do rabo amarelo (Astyanaxaltiparanae) e piau três pintas (Leporinusfriderici). As pesquisas desenvolvidas e apoiadas por Itaipu acumulam mais de 20 anos de dados. “Muitas outras espécies nativas foram pesquisadas neste sistema de cultivo, todavia a melhor viabilidade técnica e econômica ainda é aferida com o pacu”, completa o agrônomo.

 por Adão Pinheiro


Alexandre Marchetti / Itaipu

A cessão de águas da União para uso na aquicultura é o grande trunfo para multiplicar a produção brasileira de pescados

Water in abundance Measuring expectations and projecting business expansion may become a simple task for the national fish-farming. The federal government has decided to grant expensive areas to increase the national aquaculture production and the prediction is to reach at least 200 thousand tons of fish, oysters and mussels per year. Those who are interested in farming fish at aquaculture parks have a great advantage: these areas are given with all legal and environmental aspects resolved. From June to October 2013, the Ministry of Fisheries and Aquaculture (Sepoa/MPA) granted more than 792 hectares of areas belonging to the Union to produce fish in captivity. These areas are found in reservoirs of hydroelectric power plants and marine environments in the states of São Paulo, Tocantins, Pernambuco, Goiás, Mato Grosso do Sul, Bahia, Paraná, Rio de Janeiro, and Santa Catarina. “It will generate thousand jobs and the bid of these areas will develop the economy and aquaculture in these regions”, says the secretary of Aquaculture Planning of MPA, Maria Fernandes Nince. One example of water assignment for fishing production is the reservoir of Hidrelétrica Binacional Itaipu, with a water level of 1,350 square kilometres and a high potential for fish-farming development in fish-cages: it takes only 0.46% (53.2 ha) of the park area and it can reach an annual production of 7 thousand tons of native fish (pacu). The occupation is much shorter than the limit established in the regulatory occupational license of reservoirs (1.0%).

2014

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Pesquisa

novidade na lata Projeto da Embrapa busca espécies alternativas à sardinha para enlatamento, entre elas a matrinxã

Arquivo Embrapa Pesca e Aquicultura

Natural da Amazônia, a matrinxã adapta-se bem ao cultivo em outras regiões

Matrinxã

Produção de matrinxã

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

Sardinha

5,7

mil t (2011)

Unidades produtivas: 753 (2008)

Fonte: MPA (Boletim Estatístico da Pesca e Aquicultura 2011 e Censo Aquícola Nacional 2008)


U

ma nova espécie de peixe poderá ser encontrada nas prateleiras dos supermercados, ao lado da já conhecida sardinha. Pelo menos é o que buscam os responsáveis pelo projeto “A matrinxã (Brycon cephalus) como alternativa à sardinha-verdadeira (Sardinella brasiliensis) para enlatamento pela indústria de pescados”. “Nosso trabalho busca espécies oriundas da aquicultura continental que sejam mais apropriadas ao enlatamento, quanto ao formato, rendimento, coloração da musculatura etc.”, explica pesquisadora da Embrapa Pesca e Aquicultura, Patrícia Mochiaro. O objetivo dos pesquisadores é oferecer uma nova opção para o setor conserveiro ou para indústrias que queiram trabalhar com produtos oriundos da aquicultura e não apenas do extrativismo. “O projeto sinalizará a percepção da indústria quanto a novas espécies e apresentará os gargalos relacionados à produção”, aponta Patrícia. Com duração prevista de dois anos, a pesquisa já propiciou o enlatamento de espécies de teste, que estão sendo avaliadas sensorialmente. Ao fim, deverá apontar a viabilidade econômica e a situação da produção da matrinxã nas regiões Norte e Centro-Oeste, onde está sendo desenvolvida. Ter uma produção aquícola continental pode ser um diferencial para a indústria conserveira, que depende muito da sardinha. Encontrada entre o litoral norte do Rio de Janeiro e o litoral sul de Santa Catarina, ela corresponde por dois terços do mercado nacional de peixes em conserva e era considerada até pouco tempo em situação de sobrepesca, mesmo com os períodos de defeso instituídos há dez anos. “Atualmente estamos vivenciando uma supersafra, porém não é sempre assim, conforme os dados históricos”, avalia a pesquisadora da Embrapa. Um dos resultados possíveis será a aproximação da indústria conserveira de pescado com a piscicultura. “Acostumada a receber sua matéria-prima da atividade pesqueira, essa indústria perceberá os benefícios que a produção aquícola pode proporcionar, como a redução dos estoques, cuja manutenção custa caro, mas é crucial para quem depende da pesca, uma atividade sazonal”, esclarece. Além disso, a produção da aquicultura pode ser planejada e atender às demandas da indústria com fornecimentos mais constantes, maior uniformidade de carcaça e controle de origem, entre outras vantagens. “O projeto também pode abrir caminho para outras espécies de peixe”, diz Patrícia.

 por Andréia Seganfredo

Evolução da pesca de sardinha-verdadeira em mil toneladas

228 140

100

125

118

84

32 1969

1973

1980

1986

1990

17 1997

2000

2009

Fonte: Ibama

Canned news A new fish species will be found on the supermarket shelves just beside the well-known sardine. “Our work searches for species originated from inland aquaculture which are suitable for canning according to their shape, proceeds, muscle colouring, etc”, explains the research coordinator of Embrapa Fishing and Aquaculture, Patrícia Mochiaro. Matrinxã (Brycon cephalus) is one of these species. The researchers propose to offer a new option for industries which are fond of working with products that come from aquaculture and not only from extractivism. Being so dependent on sardine, the canning industry might have a differential if it offers a product from the inland aquaculture. Found between the north coast of Rio de Janeiro and the south coast of Santa Catarina, this fish accounts for two thirds of the national market of preserved fish and it was in an overfishing situation a little while ago, even with the seasonal closures instituted ten years ago. According to Patrícia, one of the results will be the approximation of the fish canning industry with fish-farming. “This industry will realize the benefits of aquaculture production like stock reduction, for example, because its maintenance is expensive”, she states. Aquaculture production can be planned and meet with the industry demands with more frequent supplies, better carcass uniformity, a source control, and other advantages.

2014

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Pesquisa Fotos: Jefferson Christofoletti/Embrapa Pesca e Aquicultura

Amostra de tecido para análise de DNA é retirada geralmente da cauda

Linhagens apuradas Sistema de identificação eletrônica de peixes assegura a melhoria genética de plantéis

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

A

ssegurar a melhoria genética e a inserção da produção nos mercados mais exigentes constitui condição indispensável para quem pretende consolidar sua presença na aquicultura. A Embrapa Pesca e Aquicultura desenvolveu um sistema de identificação eletrônica de peixes que permite ao produtor acompanhar o desenvolvimento de seus planteis. Com isso, ele pode evitar que os animais percam vigor e sanidade em razão de sucessivos cruzamentos consanguíneos, escolhendo, com base no per fil genético individual, as melhores matrizes para a formação das


Accurate lineages Kit de identificação dos peixes

DNA revela grau de parentesco entre os peixes, evitando cruzamentos consanguíneos

Embrapa Fishing and Aquaculture has developed a system of electronic fish identification for farmers to avoid having the animals with less vigour and health due to successive inbreeding. So, based on the individual genetic profiling, it is possible to choose the best matrices to create the next generations. Each fish gets an electronic chip (tag) inserted under its skin to be read through a scanner. The animal is identified by a number that allows the farmer to monitor its development. The databank also shows samples of the genetic material and with them it is possible to establish the level of relatedness in the farm.

próximas gerações. Cada peixe recebe um chip eletrônico (tag), inserido sob sua pele, que pode ser lido por um escâner. O animal é identificado por um número, com o qual o produtor pode acompanhar seu desenvolvimento. O banco de dados contém ainda uma amostra de tecido, retirada geralmente da nadadeira da cauda, a partir da qual são identificadas amostras de material genético que permitirão estabelecer os diversos graus de parentesco no plantel. A iniciativa visa a eliminar um dos mais comuns e graves problemas nos sistemas de cultivo de animais: a perda natural da variedade genética dos estoques. Na piscicultura brasileira, esta tendência é bastante acentuada, em razão do intenso cruzamento entre indivíduos que possuem alto grau de parentesco. Animais que nascem nessas condições tendem a apresentar deficiências genéticas sérias, como alta suscetibilidade a doenças, deformações na coluna vertebral e redução do crescimento.

Flávio Cardozo Jr.

Sistema certifica a origem do produto, um controle do início ao fim da cadeia produtiva 2014

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pesquisa Fotos: Arquivo Lapad

Técnica chamada de Impedância Bioelétrica já é usada em humanos e outros mamíferos

Sem sacrifício Técnica inovadora revela o índice de gordura de peixes e outros parâmetros sem a necessidade de matá-los

P

esquisadores do Laboratório de Biologia e Cultivo de Peixes de Água Doce (LAPAD) da Universidade Federal de Santa Catarina (CCA/UFSC) estão aplicando uma técnica inovadora no Brasil para obter o índice de gordura corporal de peixes sem a necessidade de sacrificá-los. O experimento está sendo feito com quatro espécies de peixe de água doce da bacia do Alto Rio Uruguai: a piava (Leporinus obtusidens), o dourado (Salminus brasiliensis), o suruvi (Steindachneridion scriptum) e o curimba (Prochilodus lineatus). A técnica, chamada de Impedância Bioelétrica (BIA), consiste na aplicação de uma corrente contínua de eletricidade – a mesma de baterias e pilhas – no tecido animal, que irá conduzir ou resistir à passagem dessa eletricidade, revelando os valores de gordura e outros parâmetros como: teor de proteína, massa magra e teor de cinzas. Essas informações auxiliam, entre outras coisas, na formatação da dieta alimentar dos peixes. A principal vantagem em comparação ao método químico é manter os espécimes vivos, além de ter um custo mais baixo. O coordenador do projeto, professor Evoy Zaniboni-Filho, explica como a técnica é feita: “O peixe é tirado momentaneamente da água, seco, e depois é feita a leitura da passagem da eletricidade em seu corpo. Imediatamente após essa leitura o peixe retorna para a água”.

 por Fabiana de Liz 100

1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

Evoy Zaniboni Filho atua no desenvolvimento de tecnologias para peixes migradores brasileiros

No suffering There is a new technique in Brazil to get the body fat percentage of fish with no need to sacrifice them and it has been used by researchers at Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). This technique is called Bioelectrical Impedance (BIA) and it consists of applying a direct current – the same with batteries – in the animal tissue that takes and resists to this electricity. It reveals values for fat and other parameters as: protein content, lean body mass and ash content. This kind of information helps us determine the diet of the fish. The main advantage, if we compare with the chemical method, is to keep the specimen alive and the cost is even lower.


Pesquisa

bem alimentadas Estudo sobre comportamento alimentar de tilápias avalia a adoção de altas frequências alimentares para diminuir o tempo de produção

O

cultivo de tilápias é um importante segmento da aquicultura brasileira. No entanto, os produtores convivem com um problema crônico: a dificuldade para reduzir o tempo dedicado às várias etapas de produção. Enquanto um frango, por exemplo, leva 60 dias para entrar em condições de abate, o tempo de cultivo de uma tilápia fica entre cinco e seis meses. Um estudo sobre o comportamento alimentar das tilápias desenvolvido pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) poderá auxiliar os produtores a reduzir o tempo despendido no processo de produção. Utilizando câmeras infravermelhas, a equipe de pesquisa acompanhou durante a noite o comportamento de tilápias submetidas a altas frequências alimentares. As pós-larvas de tilápias foram divididas em quatro grupos, com seis tanques-rede para cada grupo, de acordo com a frequência alimentar estabelecida – 24, 32, 48 e 96 vezes ao dia, ou a intervalos de 60 minutos, 45, 30 e 15 minutos entre as refeições. 672 horas de gravação, durante 28 dias de experimentação no campus da Unesp de Botucatu (SP), foram analisadas pela UFPR, no campus Palotina, para quantificar a densidade e motilidade (velocidade) dos peixes. A alta frequência alimentar proporciona vários benefícios, entre eles o aumento da eficiência alimentar, redução de resíduos, diminuição do tempo de cultivo nessa

fase e maior uniformidade do lote. A meta é a obtenção de informações que possibilitem a aplicação de técnicas diferenciadas no manejo, reduzindo o aporte de resíduos para o meio ambiente pela melhor utilização da ração.

por Flávio Cardozo Jr.

Well fed Tilapia farmers have a chronic problem: how to reduce time used for the several farming steps? While chicken takes up to 60 days to be ready for slaughter, tilapia farming takes about five to six months. There is a research about tilapia feeding behaviour developed by two universities – UNESP and UFPR – that might assist in time reduction. Using infrared cameras, the research team monitored the behaviour of tilapias subjected to high food frequency. This provides an increase of feed efficiency, waste reduction, decrease in farming time, and a lot with more uniformity.

2014

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Cadeia produtiva

Motores da produção A indústria de máquinas e equipamentos é um elo fundamental para aumentar a produtividade e agregar valor aos pescados

Divulgação Brusinox

A Brusinox, de Brusque (SC), conta com engenheiros e especialistas do setor frigorífico, entre outros

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura


D

aniel Bacca, da Brusinox, de Brusque (SC), vê boas perspectivas para o futuro do setor de pesca e aquicultura, tendo em vista o aumento no consumo brasileiro. Esse fator implica a extrema necessidade de incremento da produção, o que passa por equipamentos mais eficientes. “O grande desafio da indústria de máquinas e equipamentos é estar sempre na frente, desde o relacionamento com clientes até o desenvolvimento de novos produtos.” A Brusinox tem mais de 45 anos de experiência no mercado e conta com mais de 50 mil projetos executados. Entre as novidades da empresa, destaque para a descamadora de pescado por meio de jato d’água. Por concentrar um jato de alta pressão, permite um consumo mais baixo de água. Recentemente a Brusinox lançou também a filetadora de pescado, que pode ser adquirida em três modelos para diferentes tipos de peixe. Todos os equipamentos são 100% desenvolvidos na empresa. Outra indústria do ramo, a Bass, de Boituva (SP), tem se dedicado a pesquisar e produzir equipamentos adotando tecnologias que viabilizam a produção. “Basicamente, nossa linha de atuação é através da intensificação da produção, aumento da capacidade produtiva por área, através de reuso e tratamento da água”, explica a sócia-proprietária Fabiana Grechi. Ela destaca que o foco é viabilizar a produção em efluentes pós-tratamento, visando a diminuição da concentração de sólidos suspensos, como melhoria ambiental, e a redução dos custos de produção do pescado. “Neste segmento estamos obtendo crescimento significativo, confirmando nossa perspectiva diante do mercado em volume e área de atuação”, ressalta. No entanto, para Fabiana, apesar do rápido crescimento apresentado na última década, a aquicultura passou, no último ano, por uma certa estagnação. Segundo ela, a redução dos estoques pesqueiros e a grande disponibilidade hídrica não têm sido suficientes para alavancar um crescimento representativo do setor – especialmente no que tange à intensificação das técnicas de produção em cativeiro e ao desenvolvimento de uma aquicultura sustentável. “A falta de clareza na legislação, assim como o ordenamento de toda a cadeia produtiva, têm sido os entraves para que o Brasil se torne um dos maiores produtores de pescado em cativeiro.”

Production engines Viewing the increase of Brazilian consumption, Daniel Bacca of Brusinox (from Brusque city-SC) has good perspectives on the future of the fisheries and aquaculture sector. He sees the production increasing through more efficient machinery and equipment. “The challenge of machinery and equipment industry is to be always ahead, from the relationship with the client to the development of new products.” Among the company’s innovation there is the water jet fish peeler. Since it has a high-pressure jet, the equipment consumes less water. Brusinox has also released a fish filleting machine that can be achieved in three different models for different kinds of fish. Every piece of equipment is fully developed in the company. Bass is another company in the field (from Boituva city-SP) that has researched and produced equipment with technologies that make the production feasible. “We intensify production and enhance each area productive capacity by reusing and treating water”, explains Fabiana Grechi, one of the owners. However, Fabiana points that despite of a fast growth of this last decade, aquaculture has been a little stagnated in the last year. “The lack of clarity in the legislation and the planning of all the productive chain have prevented Brazil to become one of the largest fish producer of fish in captivity.”

 por Deisi Furtado 2014

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Cadeia produtiva Arquivo Sindipi

Frota brasileira precisa estar apta a pescar em águas distantes e profundas, onde há abundância de atuns

ritmo de espera Relançamento do Profrota, em 2014, deve reanimar a indústria naval com recursos destinados à construção de barcos modernos para pesca oceânica

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

Frota pesqueira brasileira

Cerca de 30 mil barcos (MPA 2006)

27 mil destinados à pesca artesanal (MPA 2006) 5 mil barcos utilizados na pesca industrial (MPA 2011) Idade média superior a 30 anos (MPA)


U

ma frota obsoleta e com idade média que ultrapassa três décadas aguarda o relançamento de uma ferramenta criada para reinventar a pesca industrial brasileira. “Nossos barcos estão no tempo do telefone de disco”, diz o ministro da Pesca e Aquicultura, Marcelo Crivella. Criado em 2004 pelo governo federal, o Programa Nacional de Financiamento da Ampliação e Modernização da Frota Pesqueira Nacional (Profrota Pesqueira) foi suspenso em 2010 depois de frustrar expectativas do setor produtivo. A promessa do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) é de relançá-lo em 2014 com adequações que prometem beneficiar um grupo mais amplo de pescadores e armadores. A meta inicial do Profrota era financiar até 100 novas embarcações de pesca oceânica para suprir a demanda por este tipo de captura. A maioria dos barcos brasileiros não possui recursos tecnológicos para localização de cardumes e estrutura para a conservação do pescado nas áreas mais distantes da costa. Em cinco anos, o programa financiou apenas 12 embarcações de médio e grande porte. “Faltou estruturação para a realidade brasileira. Pouquíssimos armadores conseguiam atender às exigências do programa”, conta o presidente do Sindicato da Indústria e dos Armadores de Pesca de Itajaí e Região (Sindipi), Giovani Monteiro. Segundo o diretor do Departamento de Fomento do MPA, Sebastião Saldanha Neto, o ministério entendeu que o programa precisava de adequações e abriu as discussões que culminaram com a edição da Lei nº12.712, em fase de regulamentação. “No momento, o MPA está qualificando e dimensionando a demanda para retomar o financiamento em 2014”, diz Saldanha. Ele defende que a principal vantagem do Profrota foi a oferta de recursos para o incremento da produção por modalidade e taxas de juros fixas, ferramenta até então inexistente para financiamento de embarcações. Enquanto isso, o mercado da construção e reparo de embarcações para a pesca industrial em Santa Catarina, o mais tradicional do Brasil, perde forças. “Muitas empresas começam a migrar para a construção de barcos de apoio à Petrobras, que está com grande demanda”, explica o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico e de Construção Naval de Itajaí e Região, Oscar João da Cunha.

O empresário Jorge Seif, da JS Pescados, localizada em Itajaí (SC), maior polo pesqueiro do País, concorda que a falta de financiamento e as altas taxas de juro são os grandes problemas. A empresa busca inovar para se manter no mercado. O barco que congela o pescado a bordo é um dos diferenciais da JS, que mantêm 12 embarcações como essa e, atualmente, constrói uma nova embarcação para captura de sardinha, com capacidade para atuar também na pesca oceânica.

 por Luciana Zonta

Rhythm of waiting An outdated fleet of over thirty years old in average waits for of a tool created to reinvent the Brazilian fishing industry to be relaunched. “Our boats still live in the dial telephone time”, says the Ministry of Fishery and Aquaculture, Marcelo Crivella. Most Brazilian boats neither have technological resources to track schools nor fishing structure in further areas off the coast. Created in 2004 by the federal government, the National Program to Support Extension and Modernize the National Fishing Fleet (Profrota Pesqueira) was suspended in 2010 after frustrating expectations in the productive sector. The Ministry of Fisheries and Aquaculture (MPA) promises to relaunch it in 2014 with adequacies that will benefit a wider group of fishermen and shipowners. “There was a lack of organization for the Brazilian reality. Very few shipowners managed to accomplish the program requirements”, reports the president of Industry and Fishing Shipowners Union of Itajaí city (Sindipi), Giovani Monteiro. According to Sebastião Saldanha Neto, the CEO of the Promotion Department at MPA, the ministry found out the program needed adequacies and opened up discussions that culminated with Law 12,712, which is still being regulated. “MPA is qualifying and dimensioning the requirements to retake the funding in 2014”, explains Saldanha.

2014

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Cadeia produtiva

Alimentar bem para crescer Boa qualidade das rações é essencial para garantir o aumento da produtividade nos cativeiros

A

indústria de rações para a aquicultura vive uma espécie de adolescência. Tendo dado seus primeiros passos no começo dos anos 90, o setor passa por um momento de afirmação no mercado nacional e vislumbra um horizonte de crescimento para os próximos anos. Tal expectativa depende, é claro, de outros elos da cadeia produtiva – do potencial dos criadores ao próprio consumidor, estimulado pela oferta crescente de produtos mais saudáveis e acessíveis. E há também desafios intrínsecos a superar, como aumentar os investimentos em pesquisas para elevar a qualidade das rações. O Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) estima em uma centena o número de empresas brasileiras que produzem pelo menos um tipo de ração para peixes ou camarões. Elas se concentram no Sudeste, mas é no Centro-Oeste que o setor vem encontrando campo fértil para crescer, em parte devido à grande produção de milho e soja – usados na composição das rações. “Toda a produção nacional, estimada em 660 mil toneladas para 2013, é consumida no próprio País”, afirma Ariovaldo Zani, vice-presidente executivo do Sindirações. A boa qualidade das rações é essencial para garantir o aumento da produtividade nos cativeiros. Alimentados com os nutrientes adequados para cada fase da vida de cada espécie, na quantidade correta e de acordo com o ambiente de criação, os animais crescem de maneira uniforme, com menor taxa de mortalidade. Mas, além da ração de qualidade, é preciso que o produtor saiba como manejar os alimentos de maneira correta – o que garante, também, a boa qualidade da água nos cativeiros. Por isso, empresas como a Guabi, uma das maiores produtoras de ração animal do país, tem como praxe a realização de

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

produção de ração para aquicultura em mil toneladas

660

575

75 peixe

camarão 2012

80 peixe

camarão

2013 (previsão) Fonte: Sindirações

atividades de formação de aquicultores. “Sempre estimulamos e patrocinamos pesquisas, cursos e treinamentos, e colaboramos com a impressão de livros e apostilas voltados ao setor”, revela o gerente de produtos para aquicultura da empresa, João Manoel Cordeiro Alves. Para o professor doutor José Eurico Possebon Cyrino, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (USP), a introdução de rações extrusadas – com maior densidade nutricional e melhor estabilidade na água – pela Guabi, ainda nos anos 90, foi a última grande inovação na indústria. “Precisamos de um pacote de incentivos à pesquisa tecnológica específica, além da desoneração do setor, a começar pela carga tributária imposta aos insumos importados, imprescindíveis para melhorar a qualidade das rações”, avalia.

 por Leo Laps


Divulgação Guabi

Os gastos com alimentação, dependendo da espécie, representam de 50% a 70% do custo de produção

Feeding them well in order to grow The National Union of Animal Feeding Industr y (Sindirações) estimates there are about one hundred of Brazilian companies that produce at least one kind of fish or shrimp feeding. They are mainly found in Southeast region but in Brazilian Central-West the sector has found space to grow. This happens partly due to a large corn and soy production – used in the feeding composition. “All national production, which is estimated in 660 thousand tons, is consumed within the countr y", states Ariovaldo Zani, executive vice-president of Sindirações. The good quality of feeding is essential to

guarantee the expansion of captivity production. Fed by proper nutrients for each life stage of each species in the right quantity and in accordance with the farming environment, the animals grow in a uniform way with a lower mortality rate. “We need more incentives for specific technological research and the sector exemption. It should start with the tax burden for imported inputs; they are indispensable to improve the feed quality”, evaluates José Eurico Possebon Cyrino, from Universidade de São Paulo (USP). However, the producer also needs to know how to handle food properly to guarantee the good quality of water in captivity.

2014

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Cadeia produtiva

nova geração Tecnologias permitem elevar a produção e qualidade dos alevinos para atender à procura crescente

A

demanda por alevinos e peixes juvenis tem crescido em todo o Brasil, o que tem feito com que as empresas criadoras invistam cada vez mais em tecnologia para aumentar a produção. Segundo o proprietário da Aquicultura Alvorada, Dirceu Rossato, já há falta de alevinos no mercado. “O aprimoramento e o controle do cultivo são fundamentais para ampliar o volume de peixes juvenis. Na Aquicultura Alvorada produzimos cerca de dois milhões de alevinos por ano e utilizamos a técnica de coleta do ovo na boca da fêmea, muito mais eficiente do que a coleta de nuvem de larvas”, explica. A maior parte da produção da empresa é para atender ao mercado interno, e o restante é exportado para o Paraguai, Bolívia e Argentina. A empresa Biofish também investiu em tecnologia e criou um banco de sêmen de tambaqui, peixe nativo da Amazônia, hoje um dos mais consumidos no Brasil. O material coletado permite uma maior variabilidade genética das proles. “Nós também fazemos o controle dos reprodutores através de um microchip que é inserido no músculo do peixe, e cada animal tem assim uma numeração específica que permite que ele seja reconhecido através de um leitor óptico”, afirma Jenner Menezes, diretor de projetos da Biofish. O uso da tecnologia na piscicultura também tem contribuído para a criação de espécies híbridas como o tambacu, cruzamento da fêmea do tambaqui com o macho do pacu. O peixe híbrido pode chegar a 30 quilos e 80 centímetros. “Uma das principais tendências no segmento da aquicultura são os peixes híbridos, que são mais fáceis de manejar. O tambacu chega a ter em média 10 quilos a mais do que o pacu e é mais resistente às baixas temperaturas do que o tambaqui”, explica Eduardo Silveira, analista de educação profissional rural do Senar de Mato Grosso.

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

Biofish, de Rondônia, produz alevinos de tambaqui, pacu, pirapitinga, pirarucu, piau, curimatã, jundiá e jatuarana


Arquivo MPA

A unidade de pesquisa e produção de alevinos da Biofish trabalha exclusivamente com peixes nativos da Amazônia Divulgação Biofish

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Cadeia produtiva

O sucesso da produção depende também da escolha da espécie mais indicada para cada região e de cuidados básicos. Rogério Ganeo, proprietário da Piscicultura Santa Cândida, explica que alguns peixes não suportam variações de temperatura. “A tilápia e a carpa são bastante resistentes, mas os peixes oriundos da bacia Amazônica, como o tambaqui, não costumam suportar o frio intenso do sul do País.” Outro ponto crucial é o transporte dos alevinos do criadouro até o tanque. “Se não for seguida uma série de procedimentos, a população inteira de alevinos pode morrer durante o transporte”. O técnico em aquicultura Volmir Oliveira avalia que o aprimoramento das rações também tem contribuído para evitar a mortalidade dos alevinos. “Antes se colocava muito material orgânico na água dos tanques e a taxa de mortalidade dos peixes era alta.”

New generation The demand for juvenile sea

 por Beatrice Gonçalves Divulgação Biofish

Projetos da Biofish no Norte do Brasil permitem uma economia de 30% no uso de água

breams have been growing all over Brazil making farming enterprises to invest more and more in technology to enlarge their production. According to the owner of Aquicultura Alvorada, Dirceu Rossato, there is already a lack of juvenile sea breams in the market. “Farm control and improvement are essential to enlarge the volume of juvenile fish. At Aquicultura Alvorada we produce around two million juvenile sea breams a year and use the technique to collect the egg from the female’s mouth; this is far more efficient than collecting from the cloud of larvae”, he explains. Biofish is also an enterprise that invested in technology and created a databank of semen from tambaqui, a kind of fish from Amazon, one of the most consumed in Brazil. The material collected gives a wider offspring’s’ genetic variability. “We also control breeders with a microchip; each animal has a specific number”, states Jenner Menezes, Biofish project director. Technology in fish-farming has contributed to farm hybrid species as tambacu, a cross-breeding from the female of tambaqui with the male pacu. The hybrid fish may reach 30kg and 80cm. “Hybrid fish are easier to handle”, explains Eduardo Silveira, the rural professional education analyst of Senar in Mato Grosso. Tambaqui has an average of 10kg more than pacu and it is more resistant to low temperatures than tambaqui.

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura


O

Guia alimentar Gerhard Waller / ACOM-ESALQ-USP

livro “Nutriaqua: Nutrição e alimentação de espécies de interesse para a aquicultura brasileira” traz análises sobre alimentação, digestão, nutrição de reprodução e larvas, além de técnicas de fabricação de ração para cinco espécies de peixe: tambaqui, pacu, jundiá, tilápia e beijupirá. “São espécies sobre as quais já existem informações acerca das exigências nutricionais, abrangentes o suficiente para permitir a discussão e consolidação deste conhecimento”, diz José Eurico Possebon Cyrino, da Universidade de São Paulo (USP), que editou a publicação em parceria com a idealizadora da Plataforma Nutriaqua, Débora Machado Fracalossi, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A obra pode ser solicitada pelo e-mail sec.aquabio@gmail.com.

O zootecnista José Cyrino é especialista em produção e nutrição de peixes de água doce

 Leo Laps

Food guide

Os 500 exemplares da primeira edição foram distribuídos para profissionais e bibliotecas de instituições da área

The book 'Nutriaqua: Nutrição e alimentação de espécies de interesse para aquicultura brasileira’ (Nutriaqua: feeding and nutrition for species of interest in the Brazilian aquaculture) discusses food, digestion, larva nutrition and reproduction, and techniques for feed manufacturing in five kinds of fish: tambaqui, pacu, jundiá, tilapia and beijupira. “We have information of their nutritional demands; they are wide enough to discuss and consolidate this knowledge”, says José Possebon Cyrino (USP – Universidade de São Paulo), the editor with Débora Fracalossi, the Plataforma Nutriaqua mastermind (UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina). You can request the book by e-mail in sec.aquabio@ gmail.com.

2014

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Cadeia produtiva Divulgação Bottarga Gold

A Bottarga Gold, de Itajaí (SC), vem conquistando espaço nos pratos de chefs renomados e nas gôndolas de produtos gourmet

Algo a mais Da moda ao consumo de produtos finos, tecnologias de beneficiamento ajudam a expandir o mercado de pescados

E

nquanto o crescimento da produção aquícola e a utilização de novas técnicas são as grandes apostas para ampliar o mercado de pescados no Brasil, o investimento em processos de beneficiamento pode ser a oportunidade para os produtores ganharem em valor agregado e inovar com produtos diferenciados. Um mercado ainda incipiente, que não está nas estatísticas do Ministério de Pesca e Aquicultura, mas que já permitiu a algumas empresas estabelecerem produtos diferenciados e conquistarem mercados dentro e fora do país. Um exemplo desta inovação é o que fez a Nova Kaeru, empresa localizada no município de Bemposta (região serrana do Rio de Janeiro) que trabalha com curtume de couros exóticos: desenvolveu um processo próprio, já patenteado, chamado bio leather. Pioneira no curtimento

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

orgânico, a Nova Kaeru utiliza um método com insumos isentos de metais pesados que permite criar mantas sem costura entre as peças. O resultado é um produto derivado da pesca que hoje é exportado para os Estados Unidos, Alemanha, França, Espanha, além de vários países da Ásia, e que pode ser utilizado em segmentos como moda e decoração. A tecnologia de curtimento e solda das peças foi desenvolvida ainda na primeira metade da década de 1990. “Desde o começo foi uma grande novidade. Fomos convidados para expor numa feira em Hong Kong, participamos de um desfile de moda e de uma palestra para a imprensa internacional”, relembra o sócio-proprietário Eduardo Filgueiras. A pele de peixes como salmão, pirarucu, pescada amarela, entre outros, é comprada de criadores e frigoríficos, após o fileteamento da carne. “Estamos reciclando


Something else Investing in beneficiation processes algo que ia para o lixo e resolvemos fazer isto de forma ecológica, com curtimento orgânico. Sem essa técnica o couro do peixe ficava praticamente inviabilizado e não tinha uma valorização muito grande”, explica. Este aproveitamento acabou criando um novo mercado, já que o consumo de couro exótico no País até 2007 era muito tímido, comenta Filgueiras. Seja na moda ou no prato, o beneficiamento também permitiu a uma empresa de Itajaí (SC) levar a renomados chefs de cozinha e consumidores gourmet uma iguaria muito valorizada na Europa mas que não tinha espaço na indústria nacional, a bottarga – ova de tainha salgada e desidratada que pode ser utilizada tanto como aperitivo ou como ingrediente de massas, risotos, saladas e outros pratos mais elaborados. Criada em 2010, a Bottarga Gold processa anualmente mais de 3 toneladas de ovas de tainha e já tem um público fiel na Itália, onde o consumo deste alimento é uma tradição quase milenar. O investimento neste mercado premium começou em 2009, em plena crise internacional. “Ficamos com um estoque de 50 toneladas de tainha e ovas. No momento de exportarmos, veio a crise nos mercados financeiros na Europa e o dólar caiu de R$ 2,05 para R$ 1,68, inviabilizando qualquer negociação externa. Foi aí que surgiu a ideia de trabalhar com bottarga”, lembra Cassiano Ricardo Fuck, presidente da Bottarga Gold. Com a ova estocada, foi atrás de parceiros e encontrou o sócio, Sergio Arins, em Itajaí, que já tinha a experiência de mais de 20 anos em fazer bottarga na Europa e em outros países. A maior dificuldade, segundo Cassiano, é a compra da matéria-prima, já que a safra da tainha dura em média 45 dias e precisa suprir a produção do ano todo. “O projeto ainda está em desenvolvimento. É um produto totalmente novo e nobre e o mercado local está crescendo, a taxas de 80% ao ano”, calcula. A produção vem sendo bem recebida em mercados nobres do Sul e Sudeste do país. “Queremos apostar no mercado nacional com um produto 100% brasileiro. Nosso objetivo é chegar até 2016 com vendas entre 12 mil e 15 mil quilos por ano.”

 por Fabrício Umpierres

may be a good opportunity for the farmers to earn in added value and to innovate in differentiated products. It is still an incipient market that is not registered in the statistics of Ministry of Fisheries and Aquaculture but it has enabled some enterprises to establish differentiated products and conquer national and international markets. To mention an example of such innovation, Nova Kaeru, an enterprise of Rio de Janeiro that works with exotic leather tannery has developed its own patented process called “bio leather”. The precursor in organic tannery, Nova Kaeru has a method of inputs free of heavy metal which allows them to create seamless layers between their pieces. The result is a fishing product that can also be used in the fashion and decoration sector. Today it is exported to the USA, Germany, France, Spain and several Asian countries. Fish skin from salmon, piracuru, yellow fish and others is bought from farmers and refrigerators after filleting. “We recycle something that was going to be wasted and decided to work ecologically, with organic tannery. Without this technique, fish leather was hard to get and was not very appreciated”, states Eduardo Filgueiras, the part-owner. This process also enabled an enterprise from Itajaí city (Santa Catarina state) to take to wellknown chefs and gourmands a very appreciated delicacy by Europeans that had no space in the national industry: botargo – cured fish roe of gray mullet. Since 2010 Gold Botargo has processed more than 3 tons of mullet roes a year and it has regulars appreciators in Italy where it is almost a millenary tradition. The greatest challenge, according to Cassiano, is to buy raw-material because the mullet harvest usually lasts 45 days and they need to supply the production all over the year. “It is a brand new and noble product; the local market has been increasing rates of 80% a year”, he calculates. “Our target is to reach 2016 selling between 12 and 15 thousand kg a year”

2014

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Cadeia produtiva

longo caminho Melhor estruturação dos agentes do setor eliminaria as principais dificuldades de logística e reduziria o preço final dos produtos

A

o se fazer a análise dos desafios logísticos enfrentados pela cadeia de produção aquícola brasileira, é preciso ter em mente o pouco tempo que a atividade vem sendo praticada no país. “O Brasil começou a pensar a aquicultura em meados da década de 1990. Ninguém estrutura uma cadeia produtiva em um tempo tão pequeno quanto este”, ressalta João Donato Scorvo Filho, doutor em Aquicultura e pesquisador do Polo Regional de Desenvolvimento dos Agronegócios do Leste Paulista. Mas o fato é que a falta de estruturação da cadeia produtiva intensifica os problemas de logística. “Em alguns momentos os produtores não têm onde entregar os alevinos, outras vezes é o criador que precisa e não acha o alevino em oferta, e tem que buscar fora de sua região, trazer de avião”, diz o engenheiro agrônomo e vice-diretor do Instituto de Pesca de São Paulo, Hélcio Luis de Almeida Marques. No norte do País, região altamente promissora para o cultivo de peixes pela quantidade de água disponível e clima favorável, a questão se agrava por sua distância dos grandes centros de consumo e produção. Segundo Marques, a ração chega a um preço caríssimo, e o pescado produzido é muito difícil de ser escoado, pois as condições de transporte terrestre são precárias. Para ele, todas essas variáveis precisam ser melhor determinadas. “A configuração regional pode ser bem interessante, com o produtor dos alevinos, a fábrica de ração, o criador e a beneficiadora todos próximos. Só que demanda mais investimento porque os investidores têm que criar uma indústria num local que muitas vezes não tem a estrutura

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

necessária, e nem a mão de obra.” Uma solução recomendada por Scorvo para melhorar os processos seria aproveitar a capacidade de processamento da indústria pesqueira. “Tem peixe pescado no Pará que é vendido aqui em São Paulo, tem pescado de Santa Catarina vendido no norte do país. De um modo geral, peixe é peixe”, aponta o pesquisador. Segundo ele, um exemplar cultivado pode ter algumas características diferentes do que um exemplar pescado, mas isso não impede de se utilizar essa cadeia em prol da solidificação da piscicultura. “O mais difícil é criar o cultivo, a processadora


A long way through

Deficiências logísticas encarecem os produtos e dificultam uma maior popularização do pescado entre os brasileiros

 por Marco Tulio Bruning

Gastão Cyrino Bastos / Instituto de Pesca

Arquivo Codevasf

você consegue construir em seis meses, um ano.” Esses fatores fazem com que o peixe seja ainda hoje um produto caro. “Nós estamos comendo mais peixe, mas ainda não é um produto popular. Está na moda porque é saudável, pelo grande número de restaurantes japoneses, mas não faz parte da cultura da dona de casa. Ela primeiro pega o boi, depois o frango e em terceiro lugar um pescado”, afirma Scorvo.

When analysing logistical challenges faced by the aquaculture productive chain in Brazil, we need to keep in mind that such activity started its existence in the country quite recently. “Brazil started thinking Aquaculture in the mid 1990s. Nobody can structure a productive chain in such a short time”, highlights João Donato Scorvo Filho, PhD in Aquaculture and researcher in Polo Regional de Desenvolvimento dos Agronegócios do Leste Paulista. However, the lack of structure in the productive chain worsens the logistical problems. “Sometimes the producers do not find places to deliver their juvenile fish and other times they need them and cannot find good deals. Then they have to find them somewhere else and bring them by plane”, explains Hélcio Luis de Almeida Marques, the deputy director of Fishery Institute, in São Paulo. He states that all these variables need to be better determined. “Regional configuration may be interesting, with the juvenile fish producers, feeding manufacture, the farmers and the industry nearby. But this demands more investment because investors have to open an industry somewhere which might neither offer the necessary structure nor the manpower. This kind of situation keeps fish still as an expensive product. “We are eating more fish but it still neither a popular product nor part of the housewife’s culture”, Scorvo states.

2014

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Estratégias de produção

parceria vencedora Interação entre universidades e setor produtivo favorece a instalação e aprimoramento das atividades aquícolas Divulgação Fazenda Marinha Atlântico Sul

Assentamento remoto do mexilhão é resultado de uma parceria entre a UFSC e a Fazenda Marinha Atlântico Sul, de Florianópolis (SC)

C

om o assentamento remoto do mexilhão virando realidade no litoral catarinense, pesquisadores e produtores estão solucionando um problema que acompanha a malacocultura brasileira desde seu início, há quase 25 anos: a falta de um sistema que realize as etapas iniciais do cultivo nas próprias lavouras e fazendas marinhas. Atualmente, 90% das larvas e sementes produzidas no País saem do Laboratório de Moluscos Marinhos da Universidade Federal de Santa Catarina, que desde 1988 reúne conhecimentos científicos e tecnológicos sobre o

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

cultivo de mexilhões, ostras, vieiras e outros bivalves. O laboratório tem sido um dos principais indutores da atividade no Estado, mas a concentração na produção de larvas e sementes acabou se tornando um gargalo para o crescimento da malacocultura. E uma parte da solução está no mexilhão. Molusco mais cultivado no país, com uma safra em 2012 de pouco mais de 21 mil toneladas, o mexilhão é nativo do litoral brasileiro, ao contrário da ostra japonesa, cuja safra foi de cerca de 2,5 mil toneladas no mesmo ano. É por ser nativo que as etapas iniciais do seu cultivo


Evolução da produção de moluscos* em Santa Catarina em toneladas

18.253 14.758

10.066 5.324 190 1990

542 1.132 1991

1992

2.528 1994

1996

1999

2006

2011

* mexilhões, ostras e vieiras Fonte: Epagri

podem ser realizadas diretamente no mar e não apenas em laboratório como ocorre com as ostras. “Após a fecundação, o mexilhão solta larvas. As larvas flutuam na corrente por um período de 24 a 72 horas até se fixarem em um substrato duro. É a fase de assentamento, quando a larva vira semente”, diz o oceanógrafo Cláudio Blacher, gerente do laboratório. O negócio é que só recentemente pesquisadores e produtores tiveram êxito no assentamento remoto. “Fazemos o assentamento remoto em caixas de 1,5 metro por um metro com telas de microfuros menores que o tamanho das larvas. É para elas não escaparem e se fixarem nos cabos desfiados existentes dentro das caixas”, afirma o maricultor Nelson Silveira Junior, da Fazenda Marinha Atlântico Sul, que reduzirá custos e terá mais uma fonte de renda. A interação entre pesquisadores e produtores também tem sido positiva em Jaboticabal (SP), onde funciona o Centro de Aquicultura da Universidade Estadual Paulista (Caunesp). Uma das iniciativas resultou no curso anual Sanidade em Piscicultura, referência na área. Tudo começou com acompanhamento e orientação a produtores de tilápia da região. Eles aprenderam a identificar patologias e receberam dicas de manejo e nutrição. “A procura pelo curso é cada vez maior. São em torno de 200 participantes do Brasil todo, com três dias de aulas no campus de Jaboticabal, geralmente em julho. Já tivemos palestrantes do Chile para falar sobre salmão”, conta a professora Elisabeth Urbinatti, que ajudou a desenvolver o projeto.

por Mateus Boing

Winning partnership With the remote setting of mussels becoming reality in the coast of Santa Catarina, researchers and producers are working on a solution for a problem that Brazilian malacoculture has presented since its beginning 25 years ago: the lack of a system to perform the initial stages of farming within the marine farms. Today, 90% of larvae and seeds produced in the country come from the Laboratory of Marine Molluscs of Universidade Federal de Santa Catarina which has gathered scientific and technologic knowledge about how to farm mussels, oysters, scallops and other bivalve mussels since 1988. The laboratory is one of the main inductors of this activity in the state. However, the concentration of larvae and seeds production has become a bottleneck for malacoculture growth. Part of the solution is the mussel. “After fertilization, the mussel releases larvae; it floats through the current from 24 to 72 hours until settling on a hard substrate. It is the setting phase, when larvae turns into a seed”, says the oceanographer lab manager, Cláudio Blacher. “The remote settling happens in a 1.5m X 1m box with perforated nets in smaller holes than the larvae size. This is for not losing them and they can get settled on the shredded cables inside the boxes”, states the shellfisherman Nelson Silveira Junior of Fazenda Marinha Atlântico Sul, a farm that will reduce costs and have one more source of income.

2014

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Estratégias de produção

divisão de tarefas Arranjos produtivos com integração de produtores rurais à indústria são caminhos para ganhar escala e acabar com a sazonalidade

O

crescimento do consumo de pescados no planeta deverá exigir dos produtores um aumento de produção de mais 100 milhões de toneladas até 2030, de acordo com pesquisa da FAO, órgão da ONU para Alimentação e Agricultura. Com 75% dos recursos pesqueiros no limite de produção ou em vias de esgotamento, cresce a importância de novos meios de produção e o papel do Brasil – que detém 12% da água doce do planeta – para suprir esta demanda de forma economicamente sustentável. Um deles é a utilização de produtores integrados à indústria, algo semelhante ao que já acontece com as cadeias de aves e suínos. E foi justamente a experiência na indústria avícola que ajudou o engenheiro de alimentos Flávio Lawless a desenvolver sua empresa, a Ranac, especializada na criação e

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

industrialização de carne de rãs, localizada em Antônio Carlos, na Grande Florianópolis. Após 10 anos atuando na área de marketing e desenvolvimento de produtos na indústria de aves, Lawless migrou para a ranicultura e acabou desenvolvendo, com apoio de órgãos ligados à Secretaria Estadual de Agricultura de Santa Catarina, um novo arranjo produtivo com integração de produtores rurais. “Nós selecionamos famílias de produtores rurais e implantamos a ranicultura nas propriedades. Os produtores integrados fazem a transformação e a engorda dos animais, que depois voltam para a empresa”, explica Lawless. A Ranac é responsável pelas etapas de reprodução e eclosão, fornecendo os animais, ração, assistência técnica, logística e capacitação. As propriedades são escolhidas de acordo com características como relevo, clima e disponibilidade de água e as famílias são remuneradas


Divulgação Ranac

Task distribution

A Ranac, de Antônio Carlos (SC), fornece as rãs para produtores rurais engordarem em suas propriedades, depois recolhe e beneficia os animais para venda

de acordo com o resultado de cada lote. Entre os produtos feitos pela Ranac estão o bolinho de rã e a coxa de rã marinada e empanada. “A ranicultura de forma integrada surgiu da lacuna que havia no mercado nacional e internacional para o fornecimento contínuo de carne de rãs. O processo produtivo que desenvolvemos conseguiu excluir a sazonalidade que existia neste segmento”, comenta o diretor da Ranac. Segundo ele, o fato de Santa Catarina ter sido também o estado pioneiro na verticalização da criação de aves e suínos foi um fator importante para fazer com que a empresa inovasse também na criação de rãs. A Ranac agora está em fase de desenvolvimento de um sistema integrado para a criação de tilápias.

With 75% of fishing resources in the limit of their production or wearing out, the importance of new means of aquaculture increases. One of them is the use of producers integrated to industry; it is something similar that happens in the swine and poultry chains. It was this experience in the poultry industry that helped the food engineer Flávio Lawless to develop his company Ranac. The company is specialized in frog meat farming and industrialization in Antônio Carlos city (SC). After 10 years working with marketing and product development in the poultry industry, Lawless moved to frog-farming and with the support of agencies linked to the State Secretariat of Agriculture he developed a new productive arrangement integrating farmers. “We selected families and farmers and implemented frog-farming in their properties. They work with transformation and fattening and later they bring these animals back to the company for benefits”, explains Lawless. Ranac is responsible for their reproduction and expansion. They provide the animals, feeding, technical assistance, logistics and training. Families are paid according to the result of each batch. “Integrated frog farming came due to this lack the national and international market presented for a continuous supply of frog meat”, he comments. Ranac is now developing an integrated system to farm tilapias.

 por Fabrício Umpierres 2014

xx


Estratégias de produção No ramo agropecuário, quase metade da produção nacional passa pelas cooperativas

Jefferson Christofoletti/Embrapa Pesca e Aquicultura

força da união Organizados em cooperativas, pescadores tornam-se mais competitivos no mercado e têm acesso a crédito rural facilitado

C

erca de 10,4 milhões de pessoas estão diretamente ligadas às cooperativas no País e 15% da população brasileira fazem parte desse modelo de organização de negócio, considerando familiares e empregados, segundo dados do Ministério da Agricultura apresentados em 2012. A agropecuária está entre os ramos com o maior número de cooperados, se destacando em pelo menos 20 estados. Na pesca, assim como em outras atividades, essa união é muitas vezes, além de uma oportunidade de alavancar os negócios, uma chance de sobrevivência no mercado. De acordo com Márcio Lopes de Freitas, presidente da

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), o Brasil possui cerca de 30 cooperativas de pescadores formalizadas e registradas junto ao Sistema OCB. “Pode parecer um número pequeno, mas não é. Em tempos de modernidade em que as máquinas vêm pouco a pouco superando o trabalho do homem, a pesca, com suas características artesanais, manuais e originais, representa o sustento de centenas de famílias brasileiras. O fortalecimento que o cooperativismo proporciona a essas pessoas se reflete em geração de renda e, acima de tudo, em qualidade de vida”, avalia. Uma das grandes vantagens, segundo ele, é que, organizados em cooperativas, os pescadores têm


Arquivo OCB

Para Freitas, cooperativismo dá escala aos produtores e permite uma competição maior com as grandes empresas

Organização dos pescadores artesanais

950 mil pescadores artesanais 760 associações 137 sindicatos 47 cooperativas Fonte: MPA

Strength in union acesso a crédito rural, uma vez que suas atividades se enquadram no ramo agropecuário, o que faz com que eles tenham à sua disposição linhas específicas para a atividade. A Cooperativa de Agronegócios do Cariri, na Paraíba, é um exemplo. Ela reúne pescadores de 17 municípios que juntos descobriram uma maneira de se fortalecerem, buscarem crédito, aumentarem as vendas e garantirem uma melhor qualidade de vida para as suas famílias. O presidente da cooperativa, José de Deus Barbosa, ou “Deuzinho do Peixe”, como é conhecido, comemora os resultados dessa união: “Hoje nossos pescadores têm melhores condições de vida, têm casa arrumadinha, alguns têm até moto. Através da cooperativa conseguimos nos organizar para ensiná-los a ler e escrever. Muitos já assinam o próprio nome e isso é uma grande vitória, porque a nossa região aqui é muito pobre. Antes essa gente pescava, pescava e não conseguia nada. Começamos com uma associação em 2001, criamos uma colônia e agora estamos aqui, na cooperativa”. Essa organização no Cariri surgiu da necessidade de garantir benefícios e segurança para os pescadores da região, assim como a troca de conhecimento e investimentos que tornassem o produto mais competitivo. Hoje, em vez de apenas vender nas feiras locais, os pescadores têm uma garantia de mercado graças a iniciativas do governo através da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Penae).

According to some data of Ministry of Agriculture from 2012, about 10.4 million of people are directly related to cooperatives in Brazil and 15% of Brazilian population is part of this model of business organization, considering both family and employees. Agriculture presents one of the highest amounts of coop members in at least 20 federal states. For fishery, like other activities, this union is often a great opportunity to develop business and also a great chance to survive in the market. According to Márcio Lopes de Freitas, the CEO of Brazilian Cooperative Associations (OCB), Brazil has about 30 registered cooperatives for fishermen in the OCB system. “It may look like a small number, but it is not. In this modern age when machines are little by little overcoming the manpower, manual and original small-scale fishing represents livelihood for hundreds of families. The strong cooperative given to these people means income generation and quality of life", he asserts. He states that one great advantage for fishermen organized in cooperatives is the access to a rural credit. As their businesses are framed in the agricultural sector, specific lines for their activities are available.

 por Daniele Martins 2014

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Estratégias de produção

Ciclo fechado É possível reduzir custos e impactos ambientais utilizando técnicas de cultivo de peixes consorciado a outras culturas

O

cultivo de peixes é um importante aliado para a redução dos impactos ambientais causados por outros setores produtivos. Resíduos da suinocultura ou mesmo da criação de aves podem ser utilizados na cadeia produtiva do pescado. Nos tanques, os dejetos de suínos criam um ambiente propício para o crescimento de algas e pequenos organismos que alimentam os peixes. Segundo o técnico em aquicultura Volmir Oliveira, o produtor pode usar grãos de milho e de soja e gordura animal, que seriam jogados fora, para fazer ração para os peixes. Também é possível utilizar escamas e vísceras de peixes que são descartados pelos abatedouros. “Estima-se que de 100 quilos de tilápia que um abatedouro faça filé, apenas 30 quilos possam ser aproveitados para vender; os outros 70 quilos se tornam resíduos que podem ser reaproveitados na piscicultura como ração”, explica Oliveira. A piscicultura também pode ser integrada ao cultivo de orgânicos. A BioFish desenvolveu um sistema que utiliza a água de descarte do tanque coletor para fertilizar plantações. Essa água tem uma série de nutrientes, entre eles o nitrogênio e o fósforo, que são fundamentais para o crescimento das plantas e podem ser utilizados como fertilizantes orgânicos. “A reutilização do material descartado pela piscicultura representa um importante processo para que a produção de peixes seja um sistema de baixo impacto ambiental ao mesmo tempo em que reduz os custos com fertilizantes para as plantações”, afirma o diretor de projetos da Biofish, Jenner Menezes.

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

A água dos tanques pode ser utilizada ainda na hidroponia, que é o cultivo de plantas sem a utilização do solo. A Sansuy desenvolveu um sistema chamado de aquaponia. Por essa técnica, a água dos tanques é filtrada e depois bombeada para a base hidropônica, retornando para os tanques após esse processo. “Esse sistema alia duas vantagens para o produtor agrícola: reaproveita a água efluente dos tanques de produção de organismos aquáticos na produção de vegetais sem solo e garante menor consumo de recursos naturais e insumos”, avalia Marcelo Castagnolli, gerente de produto da Sansuy. O cultivo de múltiplas espécies em um mesmo tanque também reduz os impactos ambientais e os custos de produção. Segundo o técnico em aquicultura e proprietário da Psicicultura Santa Cândida, Rogério Ganeo, com a técnica é possível reduzir de 60% a 70% o volume de resíduos gerados. “É possível colocar em um mesmo tanque diferentes espécies desde que elas estejam no mesmo estágio de vida e uma não seja predadora da outra. O que acontece nesses casos é que uma espécie acaba se alimentando dos resíduos gerados pela outra.”

 por Beatrice Gonçalves


Divulgação Sansuy

Sistema utiliza a água dos tanques onde são criados os peixes para fertilizar e nutrir legumes e verduras, integrando as duas culturas

Closed-loop Fish-farming is an important ally to reduce environmental impacts caused by other productive sectors. In tanks, swine or poultry wastes generate a propitious environment to grow algae and small organisms that feed fish. According to Volmir Oliveira, an aquaculture technician, the farmer can also feed fish by using maize or soy grains and animal fat that would normally be wasted. Another possibility is to use fish scales and guts discarded by slaughterhouses. Fish-farming may also be integrated to organic cultivation. BioFish has developed a system that uses the collecting tank waste water to fertilize plantations. This water has a lot of nutrients like

nitrogen and phosphorus; they are essential for the plants growth and can be used as organic fertilizers. The tank water may also be used for hydroponics, which grows plants without using the soil. There is a system developed by Sansuy called aquaponics; it filters the tank water which is later pumped into the hydroponic basis and returns to the tanks. According to Rogério Ganeo, an aquaculture technician and owner of a fish-farm Psicultura Santa Cândida, the technique of farming multiple species in the same tank enables the waste to be reduced from 60% to 70%. “In such cases, one species eats the waste caused by another.”

2014

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Estratégias de produção

­Preocupação recompensada Técnicas sustentáveis protegem o meio ambiente, garantem o aumento da produtividade e ainda abrem novos mercados

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

Arquivo Abraps

U

m relatório lançado em 2012 pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO, em inglês) revelou que a pesca excessiva pode acabar com 30% da população de peixes do mundo, ameaçando o meio ambiente e a própria atividade pesqueira. A informação é preocupante, mas a adoção de práticas sustentáveis no setor da aquicultura pode garantir, além de menores perdas e danos ambientais, uma maior rentabilidade da atividade e, consequentemente, a sua competitividade nos mercados nacional e internacional. A Embrapa Amazônia Ocidental, por exemplo, está desenvolvendo algumas linhas de pesquisas para a piscicultura. Uma delas é o uso de aeradores para intensificar a produção de peixe, utilizando as mesmas áreas de tanques existentes. A aeração artificial diária proposta pelos pesquisadores melhora a qualidade da água, oferecendo mais oxigênio e reduzindo as chances de doenças. A alternativa já foi adotada por alguns produtores e garantiu uma produtividade três vezes maior. “Outro teste que está sendo realizado pela unidade de Manaus da Embrapa é sobre os efeitos de plantas medicinais no tratamento antibacteriano, antiparasitário e antifúngico de peixes”, conta Fernanda Almeida, pesquisadora da instituição na região. O objetivo é reduzir a quantidade de produtos químicos com potenciais tóxicos na produção e, ao mesmo tempo, diminuir os custos, já que os remédios normalmente utilizados passam a ser substituídos por produtos naturais. Wilson Wasielesky, professor do Instituto de Oceanografia da Universidade Federal do Rio Grande (IO-FURG), é um dos grandes nomes da pesquisa em sistema de cultivo de camarões em bioflocos (Biofloc Technology System

Com mais de 15 anos de experiência na área de sustentabilidade, Marcus é sóciodiretor da iSetor, de São Paulo (SP)

– BFT). O sistema diminui o intercâmbio de água e com isso reduz as possibilidades de doenças, além de aproveitar micro-organismos como alimento natural, reduzindo o uso de rações. A desvantagem está no custo, que ainda é alto para a instalação e pela energia necessária para a aeração. Mas algumas experiências já estão sendo realizadas no Brasil, com o uso dessa técnica, em algumas produções no Rio Grande do Sul e no Nordeste brasileiro. “Uma fazenda de produção de camarão deve ser planejada e estruturada para ser saudável. Isso depende de um tratamento adequado e de um sistema de alimentação bem feito”, explica o especialista. Para ele, a aquicultura de maneira geral é uma ferramenta muito interessante porque reduz as perdas habituais do processo convencional de pesca – todos os organismos que acabam sendo retirados do mar nas redes e são descartados. “A quanti-


Felipe Rosa/Embrapa

Uso de aeradores proposto pela Embrapa permite aumento da produção sem aumento da årea de tanques utilizada 2014

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1ยบ anuรกrio brasileiro da pesca e aquicultura


dade de pescado alcançou o máximo do seu limite sustentável. O que a água doce e os oceanos poderiam oferecer já está no fim e esse tipo de produção é uma opção para atender à demanda de alimento”, avalia. Uma pesquisa realizada pela Nielsen (empresa alemã que investiga o comportamento dos consumidores) mostrou em 2012 que 74% dos brasileiros estão dispostos a comprar produtos de empresas com programas sustentáveis e 46% aceitam pagar a mais. Isso significa que a preocupação com as origens dos produtos já está em pauta no Brasil, mas torná-los populares é um grande desafio. Marcus Nakagawa, presidente da Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade (Abraps), acredita que a estratégia para tornar o produto mais competitivo é a produção em escala. “Existe um nicho de mercado que está crescendo, mas só vai se fortalecer mesmo quando começar a integrar a classe C, que é a grande classe consumidora”, explica. Para Nakagawa, “outro ponto é a conscientização dos consumidores e, principalmente, da nova geração de consumidores, as crianças e os jovens de hoje, que estão tendo uma educação ambiental mais consistente do que as gerações anteriores.”

 por Daniele Martins Felipe Rosa/Embrapa

Despesca do tambaqui, peixe redondo de grande mercado no Norte do País

Rewarded concern A report released by FAO in 2012 revealed that excessive fishing may exterminate with 30% of the world’s fish population. The information is alarming but sustainable practices in the aquaculture sector may guarantee fewer environmental damages, more profitability for the activity, and a consequent competitiveness in the national and international market. Embrapa Amazônia Ocidental is developing some lines of research for fish-farming. One of them is the use of aerators to intensify fish production using the same area of existing tanks. The researchers proposed artificial daily aeration to improve the quality of water providing more oxygen and reducing risks for diseases. This alternative has already been used by some farmers and their productiveness was three times larger. “There is another test carried out by Embrapa of Manaus about the effect of medicinal plants like antibacterial, anti-parasite and antifungal for fish”, says Fernanda Almeida, a researcher in the institute. The purpose is to decrease the amount of chemical products with a toxic potential in the production and, at the same time, to reduce costs because the usual medicines will be replaced by natural medicines. Wilson Wasielesky, professor of Universidade Federal do Rio Grande, is a recognized name in the research of shrimp-farm system of bioflocs (Biofloc Technology System – BFT). The system reduces water exchange and this reduces diseases possibilities; it also utilizes micro-organisms as a natural food reducing the use of special feeds. “A shrimp-farm must be well planned and structured to be healthy. This depends on an appropriate treatment and a proper feeding system”, explains the expert. A research carried out by Nielsen in 2012 showed that 74% of Brazilians are keen on buying products from companies that present sustainable programs and 46% of them accept to pay for it.

2014

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agenda

Fevereiro / 2014 dia 4 International Conference "Innovations in feeding technologies and commercial fish" farming (alimentação de peixes) Local: Moscou, Rússia http://www.expohleb.breadbusiness.ru/eng A Conferência Internacional "Inovações em tecnologias de alimentação e piscicultura comercial", evento da programação da “International Trade Fair Cereals-Mixed Feed - Veterinary-2014, reúne profissionais do setor da Rússia e do mundo. Entre os tópicos da Conferência estão: Alimentação para piscicultura, Mercado moderno de alimentação para peixes, Custo efetivo da alimentação para um equilíbrio entre economia e qualidade dos peixes, Utilização de alimentos alternativos e a qualidade final dos peixes, Novas tecnologias de alimentação, e Novas soluções tecnológicas e equipamentos para beneficiamento de peixes. dias 9 a 12 Aquaculture America 2014 (aquicultura) Local: Seattle, USA https://www.was.org/meetings/default. aspx?code=aa2014 Aquicultura America 2014 será a maior feira de aquicultura do Hemisfério Ocidental e uma das maiores do mundo, com cerca de 200 estandes. É uma oportunidade única de conhecer o mais recente em produtos e serviços para a indústria da aquicultura. É o lugar para visitar fornecedores atuais e fazer novos contatos para se manter em dia com os avanços tecnológicos na área.

Maio / 2014 dias 25 a 30 16th International Symposium on Fish Nutrition and Feeding - ISFNF XVI (alimentação de peixes) Local: Cairns, Australia http://www.isfnf2014.org/ O International Symposium on Fish Nutrition and Feeding (Simpósio Internacional de Nutrição e Alimentação de Peixes) é o principal fórum internacional para pesquisadores, acadêmicos e industriais preocupados com a nutrição e alimentação de animais aquáticos. Como a aquicultura agora fornece mais da metade do pescado para alimentação humana do mundo, o desenvolvimento de tecnologias para a produção sustentável de alimentos

xx 1º anuário 128 1º anuário brasileiro brasileiro dada pesca pesca e aquicultura e aquicultura

que suportem o crescimento desta indústria e diminuam a insegurança alimentar mundial se tornará cada vez mais importante. Simpósios como o ISFNF são fundamentais para enfrentar esses desafios.

Agosto / 2014 dias 3 a 7 International Congress on the Biology of Fish 2014 (fisiologia dos peixes) Local: Edinburgh, Escócia http://icbf2014.sls.hw.ac.uk/ São esperados cerca de 500 pesquisadores para o encontro bienal da Seção de Fisiologia da Sociedade Americana de Pesca. Em discussão os temas mais importantes da área: fisiologia dos peixes de aquicultura; nutrição, parasitas e doenças; stress e toxicologia ambiental, entre outros. dias 25 a 29 Sixth International Symposium on GIS/Spatial Analyses in Fishery and Aquatic Sciences (sistemas de informação geográfica) Local: Tampa, USA http://www.esl.co.jp/Sympo/6th/first_announcement.pdf O seminário tem por objetivo principal discutir o uso de sistemas de informação geográfica (GIS, na sigla em inglês) nas pesquisas e atividades de pesca e aquicultura. Especialistas de todo o mundo se encontrarão na Flórida (EUA) para conhecer as tecnologias mais recentes, trocar ideias e informações e discutir melhorias na utilização de GIS para obter melhores resultados.

Setembro / 2014 dias 1 a 4 7th World Recreational Fishing Conference - WRFC (pesca recreativa) Local: Unicamp – Campinas (SP) http://www.7wrfc.com/?page_id=1449 As principais instituições e estudiosos do mundo ligados à pesca recreativa participam da WRFC para trocarem experiências, conhecimentos e práticas que propiciem o desenvolvimento da pesca recreativa. Não há dúvida de que a realização deste grande evento no Brasil vai servir como uma alavanca para o desenvolvimento da pesca amadora no País, proporcionando o refinamento de práticas e estimulando a produção de pesquisas científicas e a discussão de políticas.


agenda February / 2014 on the 4th International Conference “Innovations in feeding technologies and commercial fish farming” Place: Moscow, Russia http://www.expohleb.breadbusiness.ru/eng The international conference “Innovations in feeding technologies and commercial fish farming”, an event of “International Trade Fair “Cereals-Mixed Feed - Veterinary-2014”, gathers professionals in the sector from Russia and worldwide. Among the topics approached, there are the following: Fish farming feeding, Modern market to feed fish, Cost-effective to balance economy and quality of fish, Use of alternative feeding and final quality of fish, New feeding technologies, New technologic solutions and equipment for fish processing, etc.

that supports this industry and reduces the world food insecurity will become more and more impo rtant. Symposiums as ISFNF are crucial to confront these kinds of challenge.

August / 2014 from 3rd to 7th International Congress on the Biology of Fish 2014 Place: Edinburgh, Scotland http://icbf2014.sls.hw.ac.uk/ The congress expects about 500 researchers for the biennial meeting in the Philosophy of American Fisheries Society Section. The most important themes to be discussed are: Philosophy in fish farming, nutrition, parasites and diseases, stress and environmental toxicology, and others.

from 9th to 12th Aquaculture America 2014 Place: Seattle, USA https://www.was.org/meetings/default. aspx?code=aa2014 Aquaculture America 2014 will be the largest aquaculture fair in the Western Hemisphere and one of the largest in the world with about 200 stands. It is a unique opportunity to see the most recent products and services for the aquaculture industry. It is the place to visit suppliers and make new contacts to get updated in technologic advancements in the area.

from 25th to 28th Sixth International Symposium on GIS/Spatial Analyses in Fishery and Aquatic Sciences Place: Tampa, USA http://www.esl.co.jp/Sympo/6th/first_ announcement.pdf The symposium proposes to discuss the use of geographic information systems (GIS) for fisheries and aquaculture activities and researches. Experts all over the world will meet in Florida (USA) to see the most recent technologies, exchange knowledge and information, and discuss improvements of GIS to attain better results.

May / 2014

September / 2014

from 25th to 30th 16th International Symposium on Fish Nutrition and Feeding (ISFNF XVI) Place: Cairns, Australia http://www.isfnf2014.org/ The International Symposium on Fish Nutrition and Feeding is the main international forum for researchers, scholars and industries concerned of aquatic animal feeding. Nowadays, as aquaculture supplies over 50% of fish for human nutrition in the world, the development of technologies for a sustainable production of food

from 1st to 4th 7th World Recreational Fishing Conference (WRFC) Place: Unicamp – Campinas (SP), Brazil http://www.7wrfc.com/?page_id=1449 The main world institutions and scholars related to recreational fisheries will attend WRFC to exchange experiences, knowledge and practices to develop the activity. This great event in Brazil will work as a tool to develop the activity of amateur fishing in the country by refining practices and stimulating scientific research and political discussions.

2014

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Superintendências Federais de Pesca e Aquicultura do Ministério da Pesca e Aquicultura

ACRE Valter Santana Júnior valter.junior@mpa.gov.br sfpa.ac@mpa.gov.br (68) 3212 1307 / 1347 (61) 2023 3922 / 3923 Rodovia AC 40, nº 793, Segundo Distrito, Bairro Vila Acre, CEP 69901-365, Rio Branco/AC

ALAGOAS José Cícero Dantas da Costa jose.dantas@mpa.gov.br José Gentil Marques jose.marques@mpa.gov.br sfpa.al@mpa.gov.br (61) 2023 3964 / 3965 Rua do Livramento, nº 140, Edifício Walmap, 10º andar, Centro, CEP 57020-030, Maceió/AL

AMAZONAS José Otoni Raposo Diógenes jose.diogenes@mpa.gov.br Marcelo do Nascimento Batista marcelo.batista@mpa.gov.br sfpa.am@mpa.gov.br (92) 4009 3826 / 3842 (61) 2023 3924 / 3925 Rua Maceió, nº 460, Bairro Adrianópolis, CEP 69057-010, Manaus / AM

AMAPÁ Ricardo Ângelo Pereira de Lima ricardo.lima@mpa.gov.br Wagner Brasil Cordeiro wagner.cordeiro@mpa.gov.br sfpa.ap@ mpa.gov.br (96) 3225 3927 (96) 3222 3574 (61) 2023 3962 / 3963 Avenida Presidente Vargas, nº 14, Centro, CEP 68900-070, Macapá/AP

BAHIA Silvia dos Santos Cerqueira silvia.cerqueira@mpa.gov.br Joseane Santos da Cruz joseane.cruz@mpa.gov.br sfpa.ba@mpa.gov.br

xx 1º1ºanuário 130 anuáriobrasileiro brasileiroda dapesca pescae eaquicultura aquicultura

(71) 3443 1167 / 1168 / 1188 (61) 2023 3937 / 3936 Rua Portugal, nº 5/7, Ed. Status, 13º andar, Bairro Comércio, CEP 40015-000, Salvador/BA

CEARÁ Carlos A. Gomes de Alencar carlos.alencar@mpa.gov.br sfpa.ce@mpa.gov.br (61) 2023 3940 / 3941 Rua Frei Mansueto, nº 151, 2º andar, Bairro Meireles, CEP 60175-070, Fortaleza/CE

DISTRITO FEDERAL Sidemeron Campos Silva sidmeron.campos@mpa.gov.br Maria Vanilda dos Santos vanilda.santos@mpa.gov.br sfpa.df@mpa.gov.br (61) 2023 3061 / 3058 SBS, Quadra 02, Bloco J, Ed. Carlton Tower, Térreo, CEP 70070-120, Brasília/DF

ESPÍRITO SANTO Alberto Corrêa de Sá alberto.sa@mpa.gov.br Auler Leal das Neves auler.neves@mpa.gov.br sfpa.es@mpa.gov.br (27) 3185 9150 / 9160 / 9170 / 9180 Praça Costa Pereira, nº 52, Ed. Micheline, Sala 705, Centro, CEP 29010-080, Vitória/ES

GOIÁS Domício Vieira da Silva domicio.vieira@mpa.gov.br Laeste Antônio Prado laeste.prado@mpa.gov.br sfpa.go@mpa.gov.br (62) 3507 5400 / 5414 (61) 2023 3944 Av. 85, nº 971, 1º andar, Bairro Setor Sul, CEP 74080-010, Goiânia/GO

MARANHÃO Jesuíno Cordeiro M. Junior junior.verde@mpa.gov.br

Ana Luíza Macieira Barbosa ana.barbosa@mpa.gov.br sfpa.ma@mpa.gov.br (61) 2023 3928 / 3929 Praça da República, nº 147, Bairro Diamante, CEP 65020-500, São Luís/MA

MATO GROSSO Marlene Alves de Assunção marlene. assuncao@mpa.gov.br Douglas Delfino Pereira douglas.pereira@mpa.gov.br sfpa.mt@mpa.gov.br (65) 3688 6790 / 6797 (61) 2023 3953 / 3954 Alameda Dr. Annibal Molina, s/n, Bairro Porto, CEP 78115-901, Várzea Grande/MT

MATO GROSSO do SUL Luiz David Figueiró luiz.figueiro@mpa.gov.br Adilson Nascimento dos Santos adilson.santos@mpa.gov.br sfpa.ms@mpa.gov.br (67) 3321 1190/3382 4697 (61) 2023 3917 / 3918 Av. dos Estados, nº 35, Bairro Jardim dos Estados, CEP 79002-523, Campo Grande/MS

MINAS GERAIS Wagner Alves Benevides wagner.benevides@mpa.gov.br Luiz Clemente Ladeia luiz.ladeia@mpa.gov.br sfpa.mg@mpa.gov.br (31) 3291 2923 / 7771 (31) 3292 2408 (61) 2023 3942 / 3943 Av. Raja Gabaglia, nº 245, Setor L, Cidade Jardim, CEP 30380-103, Belo Horizonte/MG

PARÁ Carlos Alberto da Silva Leão albertinho.leao@mpa.gov.br Carlos Felipe Mota Bordalo carlos.bordalo@mpa.gov.br sfpa.pa@mpa.gov.br (91) 3243 4360 / 3231 6422 (61) 2023 3927 / 3926 Av. Almirante Barroso, nº 5.384, Bairro


federal superintendencies of fisheries and aquaculture from the ministry of fisheries and aquaculture Souza, CEP 66645-250, Belém/ PA

PARAÍBA Luiz Gonzaga Firmino Júnior gonzaga.junior@mpa.gov.br Crisantina Cartaxo da Costa crisantina.cartaxo@mpa.gov.br sfpa.pb@mpa.gov.br (83) 3228 4405/3452 (61) 2023 3966 / 3967 Rua Presidente João Pessoa, s/n, Centro, CEP 58310-970, Cabedelo/PB

PARANÁ José Antônio Faria de Brito jose.brito@mpa.gov.br sfpa.pr@mpa.gov.br (41) 3264 3407 / 1646 (61) 2023 3958 / 3959 Rua Francisco Alves Guimarães, nº 346, Bairro Cristo Rei, CEP 80050-210, Curitiba/PR

PERNAMBUCO José Telino Lacerda Neto jose.telino@mpa.gov.br Noêmia Lúcia Pacheco Guaraná noemia.guarana@mpa.gov.br sfpa.pe@mpa.gov.br (81) 3228 4492 (81) 3227 9360 (61) 2023 3968 / 3969 Av. General San Martin, nº 1.000, Bairro Bongi, CEP 50630-060, Recife/PE

PIAUÍ Márcio Kyldare P. Saraiva marcio.saraiva@mpa.gov.br sfpa.pi@mpa.gov.br (86) 3301 4534 / 4551 (61) 2023 3970 / 3971 Rua Taumatu de Azevedo, nº 2.315, Centro, CEP 64001-340, Teresina/PI

RIO DE JANEIRO Antônio Emílio Santos antonio.santos@mpa.gov.br Alan Ducasble alan.ducasble@mpa.gov.br

sfpa.rj@mpa.gov.br (21) 2213 3321 (21) 2263 0380 (21) 2253 6711 (61) 2023 3932 / 3933 Av. Rodrigues Alves, nº 129, 9º andar, Sala 904, CEP 20081-250, Rio de Janeiro/RJ

RIO GRANDE DO NORTE Abraão Lincoln F. da Cruz Júnior abraao.junior@mpa.gov.br Rochelle K. do Nascimento Gomes rochelle.gomes@mpa.gov.br sfpa.rn@mpa.gov.br (84) 4009 7485 / 7487 / 7481 / 7486 (61) 2023 3938 / 3939 Av. Hildebrando de Góis, nº 154 A, Bairro Ribeira, CEP 59010-700, Natal/RN

RIO GRANDE DO SUL Gilmar da Silva Coelho gilmar.coelho@mpa.gov.br sfpa.rs@mpa.gov.br (51) 3284 9610 / 9614 (61) 2023 3948 / 3949 Av. Loureiro da Silva, nº 515, 7º andar, Sala, 710, Centro Histórico, CEP 90010-420, Porto Alegre/RS

RONDÔNIA Jenner Tavares Menezes jenner.menezes@mpa.gov.br Ricardo Lopes da Cruz ricardo.cruz@mpa.gov.br sfpa.ro@mpa.gov.br (69) 3901 5615 / 5616 / 5622 (61) 2023 3946 / 3947 Rodovia BR 364 km 5,5, Bairro Cidade Jardim, CEP 76815-800, Porto Velho/RO, Caixa Postal 4.002

RORAIMA Fábio Costa de Lima fabio.lima@mpa.gov.br Maria das Dores Chaves Lucena maria.lucena@mpa.gov.br sfpa.rr@mpa.gov.br (95) 3224 8332 (95) 3624 9685 (61) 2023 3951 / 3952 Av. Major Willians, nº 913, Bairro São Francisco, CEP 69301-110, Boa Vista/RR

SANTA CATARINA Horst Doering horst.doering@mpa.gov.br Cristiano Martins de Souza cristiano.souza@mpa.gov.br sfpa.sc@mpa.gov.br (48) 3333 2961 / 2417 (48) 3223 7183 / 9183 (61) 2023 3920 / 3921 Rua Martinho Calado, nº 21, Centro, CEP 88015-040, Florianópolis/SC

SÃO PAULO Jorge Augusto de Castro jose.costa@mpa.gov.br José Vinhote Costa jose.costa@mpa.gov.br sfpa.sp@mpa.gov.br (11) 3541 1577 / 1383 / 1380 (61) 2023 3930 / 3931 Rua 13 de Maio, nº 1.558, 5º andar, Sala 53, Bairro Bela Vista, CEP 01327-002, São Paulo/SP

SERGIPE Heráclito Oliveira de Azevedo heraclito.azevedo@mpa.gov.br sfpa.se@mpa.gov.br (79) 3214 1920 / 1026 / 1267 (61) 2023 3960 / 3961 Rua Santo Amaro, nº 40, Centro, CEP 49010-290, Aracaju/SE

TOCANTINS Jozafá Ribeiro Maciel jozafa.maciel@mpa.com.br Amilton Rodrigues de Araújo amilton.araujo@mpa.gov.br sfpa.to@mpa.gov.br (63) 3213 2641 (63) 2111 8950 (61) 2023 3956 / 3957 Av. Teotônio Segurado, nº 102 Sul, Conjunto 1, Lote 04, Bairro Plano Diretor Sul, CEP 77020-002, Palmas/ TO 2014

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OPINIÃO

O despertar de um gigante

C

omo ministro de Estado da Pesca e Aquicultura, conheci os principais países produtores de pescado: China, Noruega, Peru, Espanha, Canadá e Chile. Todos veem o Brasil como o país de maior potencial de produção de pescado do mundo. As razões são óbvias: extensão da nossa costa, 13% da água doce do mundo, clima favorável, espécies nobres, matéria prima para rações etc. Tenho convicção de que se o Brasil tivesse dado a este setor a mesma prioridade que deu à produção de carne de bovinos, suínos e aves, sem dúvida já estaríamos entre os maiores produtores mundiais de pescado. O país produz hoje 1,4 milhão de toneladas e pode produzir pelo menos 20 milhões de toneladas/ano. Mas, felizmente, saímos da letargia e passamos a criar os instrumentos de política pública capazes de impulsionar o desenvolvimento do setor. Foi o Governo Lula e agora o Governo Dilma que começaram a mudar esta realidade. Eu, como ministro no período 2006 a 2010, sucedendo José Fritsch, sempre defendi uma política de Estado como condição para o desenvolvimento do setor. E com esta tese, criamos o Ministério da Pesca e Aquicultura, a Embrapa Aquicultura e Pesca, aprovamos a nova Lei da Pesca, a regulamentação da cessão de águas da União para fins de aquicultura, uma legislação específica para o licenciamento ambiental da atividade, a criação de uma política de crédito, o estímulo ao consumo de pescado etc. Foi um período de grandes avanços, que hoje o ministro Marcelo Crivela dá continuidade. E, apesar do pouco tempo, os resultados são muito efetivos: basta citar que o consumo de pescado no Brasil aumentou de 6,5 kg/hab/ano em 2003 para 11 kg/hab/ano em 2011. A produção, após 15 anos de estagnação, aumentou de 1 milhão de toneladas para 1,4 milhão de toneladas/ano. Podemos categoricamente dizer que “O gigante começa despertar”. O 1° Anuário Brasileiro da Pesca e Aquicultura vem coroar este trabalho: reúne um leque enorme de informações vitais para investidores, governos, entidades, academia e o próprio setor. Parabéns. Altemir Gregolin Ex-ministro da Pesca e Aquicultura

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1º anuário brasileiro da pesca e aquicultura

The giant is awakened As state minister of Fisheries and Aquaculture, I had the opportunity to visit the main countries that produce fish: China, Norway, Peru, Spain, Canada, and Chile. All of them see Brazil as the greatest potential for fish production in the world for obvious reasons: the length of the coast, 13% of the world fresh water, good climate conditions, noble species, raw material for feeding, etc. I am sure if Brazil had given the same priority to the sector as it happened for cattle, swine and poultry production, we would assuredly be among the main fish producers in the world. Nowadays the country produces 1.4 million tons and is able to produce at least 20 million tons a year. Fortunately, we have been out of lethargy and started to create instruments of public policy that are able to boost the development in the sector. Lula’s government started to change this reality that has been kept by Rousseff. As a minister from 2006 to 2010, successor of José Fritsch, I always supported a State policy in order to have the sector developed. Having this purpose in mind, we created the Ministry of Fisheries and Aquaculture and Embrapa Fisheries and Aquaculture. We also approved the new Fishing Statute, regulated the waters of Union for aquaculture purposes, set a specific legislation regarding an environmental license for this activity, generated a credit policy, stimulated fish consumption, and so on and so forth. It was a period of great advances which has been continued by the minister Marcelo Crivela. Despite the short time, we can already see some very effective results: the fish consumption in Brazil has increased from 6.5 kg per capita per annum in 2003 to 11 kg per capita per annum in 2011. After 15 stagnated years, the production raised from 1 million tons to 1.4 million tons a year. We can surely state that the giant has started to awaken. The First Brazilian Fishery and Aquaculture Yearbook comes to reward this work: it gathers a huge range of essential information for investors, governments, entities, academy and the sector itself. Congratulations.


Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural

state enterprises of technical assistance and rural extension

ACRE

MARANHÃO

RIO DE JANEIRO

Empresa de Assistência Técnica Extrativista Rural do Acre (Emater/AC) www.ac.gov.br

Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural do Maranhão (Agerp) www.agerp.ma.gov.br

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RJ www.emater.rj.gov.br

ALAGOAS

MATO GROSSO

Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RN) www.emater.rn.gov.br

Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável de Alagoas (Emater/AL ) www.emater.al.gov.br

AMAZONAS Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Estado do Amazonas (Idam) www.idam.am.gov.br

AMAPÁ

Empresa Mato-Grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) www.empaer.mt.gov.br

MATO GROSSO DO SUL Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer) www.agraer.ms.gov.br

MINAS GERAIS

Instituto de Desenvolvimento Rural do Amapá (Rurap) www.rurap.ap.gov.br

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/MG) www.emater.mg.gov.br

BAHIA

PARÁ

Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) www.ebda.ba.gov.br

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/PA) www.emater.pa.gov.br

CEARÁ

PARAÍBA

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/CE) www.ematerce.ce.gov.br

DISTRITO FEDERAL Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/DF) www.emater.df.gov.br

ESPÍRITO SANTO Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) www.incaper.es.gov.br

GOIÁS Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater/GO) www.emater.go.gov.br

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/PB) emater.noip.org/v2/ index.php

PARANÁ Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/PR) www.emater.pr.gov.br

PERNAMBUCO Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) www.ipa.br

PIAUÍ Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/PI) www.emater.pi.gov.br

RIO GRANDE DO NORTE

RIO GRANDE DO SUL Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS) www.emater.tche.br

RONDÔNIA Associação de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RO) www.emater-ro.com.br

RORAIMA Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural (Dater) www.seapa.rr.gov.br

SANTA CATARINA Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri) www.epagri.sc.gov.br

SÃO PAULO Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) www.cati.sp.gov.br

SERGIPE Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) www.emdagro.se.gov.br

TOCANTINS Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Tocantins (Ruraltins) www.ruraltins.to.gov.br

2014

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