blumenau
165 anos
BLUMENAU
é
nº 4 Setembro 2015
ENTREVISTA
Prefeito Napoleão Bernardes fala sobre a gestão municipal em tempos de crise
MOBILIDADE
A cidade busca saídas para resolver os problemas do transporte urbano
GASTRONOMIA
Novas cafeterias fazem uma releitura do típico café da tarde blumenauense
novos Rumos para a economia BLUMENAU ENCONTRA ALTERNATIVAS PARA CRESCER APOSTANDO NOs setores de COMÉRCIO E SERVIÇOS AO MESMO TEMPO QUE MODERNIZA SUA indústria
Experimente O B RA SIL DE ALM A ALE M Ã.
Nem todo o Brasil foi descoberto por Portugal. E é por isso que cada vez mais gente experimenta um pedacinho da Alemanha aqui mesmo, dentro do próprio país. Ela tem o mesmo sotaque, a mesma arquitetura e gastronomia. Tem a segunda maior Oktoberfest do mundo e o melhor IDH do país. Mas mesmo assim, alguma coisa mudou. Pra melhor. Venha para Blumenau e descubra a alma de uma Alemanha que nunca mais foi a mesma, quando se apaixonou perdidamente pelo Brasil.
Secretaria de Turismo www.blumenau.sc.gov.br
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Luís Augusto Zillmer @luiszillmer Rua 15 de Novembro
DIVERSIFICAR PARA CRESCER Nestes 165 anos de história Blumenau já teve que se reinventar inúmeras vezes, seja por questões políticas, econômicas ou mesmo para se recuperar de desastres naturais. E agora, mais uma vez, um momento surge: é preciso repensar certos modelos e tentar novos rumos para continuar se desenvolvendo como um dos municípios de melhor qualidade de vida no Brasil. Por muitos anos dependente da indústria têxtil, a cidade vem encontrando em uma diversidade cada vez maior de atividades econômicas saídas para a crise que hoje atinge o País e o mundo. Os setores de comércio e de serviços crescem a cada dia, apostando no poder aquisitivo do consumidor e na qualidade da mão de obra local. Ao mesmo tempo, as próprias empresas do ramo têxtil se renovam e buscam novas estratégias para se manterem competitivas, dividindo agora sua importância com outros segmentos da indústria. É este cenário – de uma cidade que sabe como crescer em tempos difíceis – que destacamos na capa da quarta edição da revista Blumenau É. O assunto se expande para outras páginas desta edição – como uma entrevista exclusiva com o prefeito Napoleão Bernardes, onde ele fala sobre o desafio de enxugar as despesas do município sem deixar de investir em setores prioritários, e uma reportagem que trata das obras e ações necessárias para minimizar o problema da mobilidade urbana. Blumenau É traz ainda uma série de matérias que mostram uma cidade cheia de atrativos e oportunidades em diversas áreas, da gastronomia ao esporte. Tudo isso e muito mais você vai encontrar nas páginas a seguir, em mais um presente do Grupo RIC SC para Blumenau no dia do seu aniversário. Uma boa leitura e parabéns a todos os blumenauenses! Marcello Corrêa Petrelli Presidente-Executivo Grupo RIC SC
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editorial l
índice l minha cidade l #blumenau l entrevista l capa l mobilidade l empreendedores l lazer l cultura l gastronomia l patrimônio l esporte l ação social l grupo RIC
6 DIVERSIFICAR PARA CRESCER 10 FELIX THEISS editorial
minha cidade
FUNDADOR e Presidente Emérito
ALDA NIEMEYER
14 retratos dA CIDADE 16 RESULTADOS EM TEMPOS DIFÍCEIs 20 COM A MARCA DA DIVERSIDADE
Mário J. Gonzaga Petrelli
Grupo RIC SC
#blumenau
entrevista
presidente-Executivo Jean C. Gilli @jeans em
previajando Salto Weissbach
Diretor SUPERINTENDENTE
Reynaldo Ramos Jr.
matéria de capa
Diretor Administrativo e Financeiro
Albertino Zamarco Jr.
NO ROTEIRO DOS NEGÓCIOS
Diretor de planejamento e estratégia
26 DO PAPEL À REALIDADE
Derly Massaud de Anunciação
mobilidade
Diretor REGIONAL BLUMENAU
Marco Salgado
PEDALADAS MAIS SEGURAS
32 CARDÁPIO FUNCIONAL
Diretor de Redação Notícias do Dia
empreendedores
Luís Meneghim Júlio Dias @juliocesardias Parque Ramiro Ruediger
CHOPE COM SOTAQUE BRITÂNICO MODA NA ESTRADA
Jackeline Moecke
38 BLUMENAU SE ENCONTRA AQUI 42 NA TEORIA E NA PRÁTICA
Editor-executivo
Diógenes Fischer
cultura
REPORTAGEM
Anderson Bernardes, Daiana Constantino, Geraldo Ferreira, Luciana Zonta e Vinícius Dias
gastronomia
patrimônio
fotografia
Daniel Zimmermann Luís Augusto Zillmer @luiszillmer Saíra-militar
Diagramação
Diógenes Fischer
Memória bem guardada
REVISÃO
Lu Coelho
56 no ritmo da vitória 60 50 anos fazendo a diferença 64 EXPANSÃO DIGITAL esporte
Distribuição
RIC Editora
ação social
IMPRESSÃO
Coan Gráfica www.ricmais.com.br/sc/revistablumenaue
grupo RIC
NO CAMINHO DO BEM
Revista BLUMENAU É GERENTE COMERCIAL RICTV BLUMENAU
lazer
44 CAFEZINHO MODERNIZADO 48 O MAPA DO ENXAIMEL
Marcello Corrêa Petrelli
Rua das Missões, 190 – Ponta Aguda Alexander Znavsky @zn
tro avski Anoitecer no Cen
BLUMENAU É l 2015
CEP 89051-000 – Blumenau/SC (47) 3381 3200
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.Daiana Constantino NDaniel Zimmermann / Mário Barbetta (Divulgação)
editorial l índice l
minha cidade l #blumenau l entrevista l capa l mobilidade l empreendedores l lazer l cultura l gastronomia l patrimônio l esporte l açãosocial l grupoRIC
PATRIMÔNIO natural “O Parque Nacional Serra do Itajaí conta com uma área de 53 milhões de metros quadrados e nada menos do que 360 espécies de árvores e arbustos e 364 espécies de animais. É uma riqueza da Mata Atlântica brasileira. Dispõe de belas trilhas para caminhadas repousantes.” Um dos acessos ao parque é pela Rua Progresso, 167, no Bairro Progresso. (47) 3326 1527.
herança viva
A blUmenau DE
fElix theiss COM UM VASTO HISTÓRICO DE SERVIÇOS PRESTADOS À CIDADE, O ECONOMISTA E EMPREsário indica cinco lugares ideais para CONHECER MELHOR blumenau Nascido em Blumenau, Felix Theiss, 77 anos, administrou a prefeitura na década de 1970. Também ocupou cargos políticos estadual e federal, como secretário da Fazenda de Santa Catarina, em Florianópolis, e presidente de órgão da Previdência Social, no Rio de Janeiro. Ficou uma década distante da cidade de origem, morando também em Brasília e São Paulo. Atualmente, atua na Felix Theiss & Associados, empresa que fundou há 24 anos. Economista, com pós-graduação em Direito Ambiental, ele diz que gosta de estar envolvido com o associativismo. “Há mais de 40 anos tenho cargo na associação empresarial da cidade, sempre no conselho ou na diretoria.”
“A Vila Itoupava ainda é um dos redutos mais germânicos de Blumenau. Ali, famílias falam alemão. Tanto na arquitetura de suas casas quanto na gastronomia e nas festas típicas, na música e na dança, moradores cultivam os hábitos e as práticas trazidos da Alemanha.” O distrito da Vila Itoupava fica situado a cerca de 25 km do Centro, no sentido norte.
passeio pela história
LEMBRANÇAS GASTRONÔMICAS
CHARME GERMÂNICO
“Quiseram apagar da história um local
“A Vila Germânica é um dos pontos
muito tempo de ‘Stadtplatz’ – onde fica a
onde a gastronomia germânica oferecia
mais charmosos da área comercial
Praça Dr. Blumenau, com o monumento
pratos dos mais saborosos, além do melhor
e gastronômica, com belas plantas
em homenagem ao Dr. Hermann Bruno
apfelstrudel, com creme de nata. O Frohsinn
floridas nas paredes dos prédios
Otto Blumenau. No entorno estão a
dava um show de cozinha! Hoje, enquanto
típicos. É lá que acontecem os
Fundação Cultural de Blumenau (antiga
as obras de recuperação do restaurante não
maiores eventos da cidade, como a
prefeitura), o Museu da Família Colonial,
terminam, vale subir o morro para ter uma
Oktoberfest, a Festitália, a Festa de
o Arquivo Histórico e nossa biblioteca,
das mais belas vistas da cidade.”
Natal e da Páscoa.”
com um bem cuidado acervo histórico.”
O Frohsinn funcionava na Rua Gertrud Sierich,
A Vila Germânica fica na Rua Alberto Stein, 199,
O Centro Histórico de Blumenau abrange a Rua
940, Velha, subindo o Morro do Aipim.
Velha. (47) 3381 7700.
15 de Novembro, na região central da cidade.
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“É no Centro Histórico – chamado por
11 .Xxxxxxx NXxxxxxx
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.Daiana Constantino NDaniel Zimmermann
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A BLUMENAU DE
NO CORAÇÃO DA CIDADE
ALDA NIEMEYER
RADIOAMADORA HÁ QUASE QUATRO DÉCADAS, ESTA BLUMENAUENSE DE CORAÇÃO REVELA OS LUGARES QUE MAIS APRECIA NA CIDADE ONDE MORA DESDE 1956
“Em frente à Igreja Matriz tem uma espécie de varanda. Gosto de ficar lá e
Conhecida como vovó Alda, Alda
olhar para a Rua 15, ver a pulsação da
Niemeyer, de 95 anos, nasceu
cidade, as pessoas fazendo compras. A
em Joinville e morou durante
igreja é uma construção moderna, mas
quase uma década na Alemanha,
tenho a sensação de que é um lugar
trabalhando como enfermeira
de aconchego, onde você pode dizer
durante a Segunda Guerra Mundial.
‘amém’ bem baixinho.”
“Mas sou blumenauense de
A Catedral São Paulo Apóstolo fica na Rua 15 de
coração”, garante. Apreciadora da
Novembro, s/n o. (47) 3322 0699.
história, da cultura e da geografia preciso saber valorizar o passado e
À MODA ANTIGA
se interessar pelas novidades para
“No Museu de Hábitos e Costumes
poder ser uma boa radioamadora
você encontra trajes de banho de
– atividade presente em sua vida
antigamente. Vê vestidos de noiva com
há 39 anos. Ela mostra um espírito
os devidos sapatos. Brinquedos que
solidário invejável ao recordar que,
nossos filhos e netos nem mais usam.
em 1983, usou o rádio para ajudar
Adoro a tradição e as coisas antigas,
dezenas de famílias que ficaram
mas sem desprezar o que é moderno.”
da cidade, vovó Alda conta que é
isoladas por causa da enchente que
O Museu de Hábitos e Costumes está localizado
atingiu o Vale do Itajaí.
na Rua 15 de Novembro, 25, no Centro.
HISTÓRIA EM MEIO AO VERDE
FESTA PARA OS SENTIDOS
FORÇA QUE VEM DO ALTO
“O Museu da Família Colonial conta com
“No restaurante Moinho do Vale, a
“O Morro da Saxônia tem vista para os
toda a mobília de antigamente. Lá, gosto
sensação é de estar em dia de festa,
meandros dos rios. Sou blumenauense
de passear pelo jardim porque tenho
com ótima comida e pessoas sempre
de coração e aprecio ver a força de
a sensação de estar no meio da mata
sorrindo. Festejei lá meus 95 anos, em
sobrevivência que a cidade tem depois de
virgem, há bananeiras, arbustos e um
maio. Do terraço a gente pode apreciar
tantas catástrofes climáticas. Na enchente
cemitério de gatos. De todo o lugar você
o rio que faz toda a diferença na vida
de 1983, tive a chance de ajudar as pessoas
tem uma impressão especial.”
da cidade.”
durante semanas absolutamente tristes.”
O museu fica na Alameda Duque de Caxias, 64,
O Moinho do Vale fica na Rua Porto Rico, 66,
O Portal da Saxônia fica na Rua Bolívia, no Bairro
Centro. (47) 3381 7514.
Ponta Aguda. (47) 3322 3440.
Ponta Aguda.
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RETRATOS Da CIDADE Fotógrafos amadores e profissionais compartilham pelo aplicativo Instagram imagens que mostram as belezas de Blumenau dos mais variados ângulos
Humberto Oliveira @hu
Luís Augusto Zillmer @luiszillmer
Andressa Koser @andres
sakoser Parque Ramiro
Carlos Gomes
mbertol Centro Históric
Tami Santos @tami_santoss Ótica
o
Husadel
Ruediger
Fábio Trevisan @flandrinhos Casarão
Ilana Vanessa @ilanavs_ Dia de Inverno
Ana Glória Bragagnolo @anagloria
brag Rua das Palmeiras
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Catarina Francisco @katy francisco
Museu Hering
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esdias Janela
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RESULTADOS eM Tempos difíceis APOSTANDO NA GESTÃO EFICIENTE DOS POUCOS RECURSOS DISPONÍVEIS, o prefeito napoleão bernardes ACREDITA QUE BLUMENAU ESTÁ VENCEnDO O DESAFIO DE CONTiNUAR CRESCENDO EM MEIO À CRISE Napoleão Bernardes entra na reta final de seu mandato à frente da prefeitura comemorando uma série de ações que, segundo ele, qualificaram significativamente os serviços públicos municipais. Como exemplo de racionalidade na gestão, menciona o corte de uma centena de cargos comissionados determinado logo no início de sua administração. No que se refere a investimentos, cita principalmente as realizações nas áreas da saúde e da educação. Crítico do pacto federativo, que concentra a maior parte dos impostos arrecadados nos cofres federais, o prefeito observa que é nas cidades que se manifestam as principais demandas do cidadão, sem que os governos municipais tenham condições de atendê-las. Tal situação, observa ele, impõe aos governantes o desafio administrativo de “fazer mais com menos”. Nesta entrevista, ele lista as ações que indicam que em Blumenau este desafio está sendo vencido. O que tem sido feito para maximizar a gestão das contas públicas e racionalizar os investimentos do município em tempos de crise? A situação é muito ruim. O pacto federativo já deixa os municípios à
míngua, com aproximadamente 15% da arrecadação, enquanto os estados ficam com 20% e a União com 65%. Porém, as demandas surgem nas cidades. Isto faz com que os municípios
“Desde os primeiros dias de mandato temos agido fortemente para otimizar a gestão e torná-la eficiente, fazer mais com menos” não tenham capacidade de investimento em melhorias. Mal dá para atender à demanda de serviços cotidianos. O cenário é preocupante. Desde os primeiros dias de mandato temos agido fortemente para otimizar a gestão e torná-la eficiente, fazer mais com menos. No dia em que assumimos, já cortamos uma centena de cargos comissionados. Revimos contratos, enxugamos custos. Optamos por BLUMENAU É l 2015
agir na administração do cotidiano para evitar desperdício. O novo Centro Integrado de Armazenagem e Distribuição é um exemplo de economia e eficácia através da logística. Passamos a atender com mais agilidade a demanda por produtos da saúde, educação e assistência social, diminuindo o tempo de entrega de 11 dias para 48 horas e economizando R$ 800 mil ao ano. Nosso compromisso é com uma gestão séria, eficiente e de resultados. O senhor tem enfatizado a inovação e a educação superior como caminhos para que Blumenau possa crescer mais. Que ações têm sido feitas nesse sentido? Na educação, além das melhorias da infraestrutura escolar, investimos firme na formação dos profissionais da educação. A formação continuada é uma realidade. Também melhoramos as possibilidades de preparação de aulas, por exemplo, através do aumento da hora-atividade. Além disso, as escolas municipais são pródigas em projetos pedagógicos de qualidade. A inovação, por sua vez, faz parte do presente-futuro. Nossa Secretaria de Desenvolvimento Econômico está atenta e atuante para que as novidades sejam potencializadas no muni-
17 .Geraldo Ferreira NMarco Santiago (arquivo ND)
“Estamos investindo forte em educação e saúde, por exemplo, percentuais bem acima do que prevê a lei federal. Na saúde é quase o dobro – cerca de 27% da receita” boa reforma no AG Garcia. Já o compromisso da entrega do remédio em casa está funcionando em um projeto piloto no Bairro Fortaleza e será implementado a partir de setembro para toda a cidade.
cípio, para o bem das pessoas. Blumenau é um polo de software, possui incubadora, tem a inovação em seu DNA. Inclusive a secretaria funciona no mesmo prédio do polo. Na área da saúde, há muita expectativa quanto à inauguração do Ambulatório Geral (AG) do Centro e implantação do Programa Remédio em Casa, que foi uma promessa de campanha. Como estão estes e outros projetos na área? Nosso grande compromisso em relação aos ambulatórios gerais foi a ampliação do horário de funcionamento, fazendo com que pelo menos
um em cada região funcionasse até a meia-noite. Isso permite que as pessoas sejam atendidas perto de sua casa, sem gasto de tempo e dinheiro com deslocamentos. Em 2013 ampliamos o horário dos AGs dos bairros Garcia e Velha. Em 2014, também o AG da Itoupava Central passou a funcionar até a meia-noite. Mais de 39 mil pessoas já foram atendidas somente no horário ampliado desses ambulatórios. Além disso, investimos forte na reforma geral e ampliação do AG da Velha. O tamanho do ambulatório dobrou e a capacidade de atendimento também. Entregamos ainda a reforma total do AG da Itoupava e efetuamos uma BLUMENAU É l 2015
Blumenau é hoje um dos principais polos de qualidade de vida do País. Que ações a prefeitura vem executando para manter este padrão? São muitas ações em todos os quadrantes. Estamos investindo forte em educação e saúde, por exemplo, percentuais bem acima do que prevê a lei federal. Na saúde é quase o dobro – cerca de 27% de nossa receita. Na educação, só em obras de reformas gerais e melhorias em escolas e creches investimos R$ 4,3 milhões. Quando se fala em qualidade de vida, temos programas fundamentais na Fundação Pró-Família, Fundação de Desportos e nas escolas que melhoram a vida de crianças e idosos. Outros programas importantes para adolescentes e jovens, como o Entra 21, Jovem Aprendiz e o Centro de Ensino Profissionalizante, geram oportunidades e melhoram a qualidade de vida das pessoas.
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NMarco Santiago (arquivo ND)
Como a prefeitura vem enfrentando a questão da expansão urbana em Blumenau e quais são as principais medidas para melhorar as condições de trânsito na cidade? Este é o grande desafio das médias e grandes cidades brasileiras. A população cresce, o número de veículos cresce, as demandas crescem e a capacidade de investimento dos municípios diminui. Aqui ainda há dois fatores muito peculiares. Nossa topografia não permite soluções facilitadas devido ao formato de vale, com muitos morros, além de ribeirões e rios que cortam o município. Por outro lado, cerca de 1,3 mil novos carros são emplacados em Blumenau a cada mês. É uma conta difícil de fechar. Ainda assim não paramos de investir nas obras de infraestrutura. Terminamos e entregamos o Complexo Bernardo Wolfgang Werner, uma obra viária de primeiro mundo, com mais de dois quilômetros de extensão, duas pontes, ciclovia e calçadas. Estamos em pleno andamento com a obra do prolonga-
“Trabalhamos para melhorar o transporte coletivo e construir pontes que colaborem efetivamente para resolver o problema da mobilidade urbana” mento da Rua Humberto de Campos, que tem praticamente o mesmo nível de grandeza e importância da outra, e ainda terá corredores de ônibus. Além disso, já pavimentamos 23,3 quilômetros de vias públicas. Trabalhamos para melhorar o transporte coletivo e construir pontes que colaborem efetivamente para resolver o problema da mobilidade urbana. Nos bairros já entregamos ou estamos construindo dez. blumenau É l 2015
Apesar da extrema dificuldade financeira, Blumenau não para. A recente liberação de um financiamento de R$ 10 milhões pelo Ministério das Cidades representou apenas 3,6% do valor pleiteado pelo município no programa PAC Pavimentação. Que obras serão priorizadas com a verba já anunciada? Devido às distorções tributárias existentes por causa do pacto federativo brasileiro, nosso cotidiano é fazer projetos para tentar buscar recursos federais e estaduais. É uma longa estrada entre os projetos, a garantia de recursos e sua liberação. Isto quando o governo federal não precisa contingenciar recursos financeiros já garantidos, cortando expectativa dos municípios. O valor de R$ 10 milhões liberado recentemente foi pequeno, mas o município não pode abrir mão de um centavo sequer. Ele será utilizado na pavimentação de quase duas dezenas de ruas. Porém, nossa necessidade é bem maior do que isso.
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COM A MARCA DA DIVERSIDADE COMO O CRESCIMENTO DO COMÉRCIO E DO SETOR DE SERVIÇOS ESTÁ MUDANDO O PERFIL DA ECOnomia blumenauense
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21 .Geraldo Ferreira NDaniel Zimmermann
Ao deixar para trás um modelo de desenvolvimento baseado na indústria têxtil, Blumenau aposta na diversificação de sua economia, abrindo espaço para o surgimento de um importante polo comercial e de serviços, no qual a inovação ocupa espaço decisivo. O bom desempenho da economia local pode ser comprovado pelos números divulgados pelo Ministério do Trabalho que colocam Blumenau como a cidade catarinense que mais gerou empregos no primeiro semestre de 2015, ficando em terceiro lugar no ranking nacional. Apesar do cenário econômico adverso, o município abriu 2.749 postos de trabalho de janeiro a junho deste ano. Com as mudanças registradas nas últimas duas décadas, a cidade transformou-se no centro de compras e de serviços de uma das regiões mais prósperas de Santa Catarina. Com três shopping centers que estão entre os mais modernos do Estado e outlets espalhados por diversos bairros – além de um movimentado corredor comercial na Rua 15 de Novembro e arredores –, o município atende um conjunto de cidades vizinhas cujo Produto Interno Bruto (PIB), segundo o IBGE, totaliza R$ 10 bilhões. “Temos hoje um comércio dinâmico e competitivo, com uma tremenda capacidade de inovar e de se adaptar às necessidades do consumidor”, salienta o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Marcos Ruediger. Segundo o professor Nazareno Schmoeller, do Departamento de Economia da FURB, deve-se destacar que Blumenau teve papel fundamental para o desenvolvimento dos municípios de seu entorno. “Nas décadas de 1980 e 1990 muitas indústrias têxteis blumenauenses expandiram seus parques fabris para
Ruediger: “Temos hoje um comércio dinâmico e competitivo, com tremenda capacidade de inovar e de se adaptar às necessidades do consumidor”
cidades vizinhas, e isso acabou gerando emprego e renda nessas cidades, ou seja, gerou riqueza e um amplo mercado consumidor, cuja maior parte faz compras em Blumenau”, explica. Para dar conta desta demanda por estabelecimentos, produtos e
serviços, novas iniciativas têm sido gestadas entre as lideranças do município. Ambicioso, o projeto Centro Vivo propõe um pacote de obras e alterações urbanas visando a revitalizar e humanizar a área central de Blumenau. O plano prevê a construção de praças, o alargamento das calçadas e a abertura de novas ruas numa região que compreende ainda os bairros Ponta Aguda, Victor Konder e Jardim Blumenau. “O objetivo é transformar o Centro e seu entorno num lugar agradável e seguro para passear, conviver e fazer compras, no qual o ator principal sejam as pessoas e não o automóvel”, explica Emílio Schramm, presidente do Sindilojas, que lidera o movimento ao lado de entidades como Sinduscon, CDL e Secovi. Segundo o empresário, a meta inicial é aprofundar as discussões com a comunidade, para depois apresentar formalmente o projeto ao poder público. De olho no mercado blumenauense, as principais redes do varejo catarinense e nacional disputam palmo a palmo espaço na preferência do consumidor. “Apesar das di-
Schramm: apesar das dificuldades, o varejo mostra dinamismo investindo em expansão e em novos produtos
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Schmoeller: a crise das empresas têxteis provocou um ajuste natural do setor privado blumenauense e abriu espaço para o desenvolvimento de outros segmentos da indústria, como o gráfico e o eletrometalmecânico
ficuldades, o setor vem mostrando muito dinamismo, abrindo novas lojas ou ampliando a estrutura, além da diversificação de sua linha de produtos e da otimização tecnológica para enfrentar os novos tempos da economia”, avalia Schramm. Cadeias de lojas como a Koerich são um exemplo do interesse das grandes marcas em conquistar fatias do comércio local. Das 93 lojas do grupo, três estão em Blumenau. “Sempre tivemos muita confiança no mercado blumenauense e hoje sua participação nos nossos resultados é expressiva”, ressalta o diretor-presidente da rede, Antônio Koerich. Lideranças empresariais são unânimes em afirmar que o futuro econômico de Blumenau passa por sua consolidação como um dos mais importantes polos de tecnologia do País. “Graças à criação da Cetil nos anos 1970 e ao surgimento dos primeiros cursos de processamento de dados, Blumenau foi pioneira na área de informática. Nosso desafio agora é aprofundar esta vocação para a tecnologia, para a inovação e para a pesquisa”, destaca o presi-
dente da Associação Comercial e Industrial de Blumenau (ACIB), Carlos Tavares D’Amaral. Considerado o passo decisivo para a consolidação de Blumenau como um polo de pesquisa de ponta, o Centro de Inovação que será construído no campus 2 da FURB deve ficar pronto até o final do ano que vem. “Nossa intenção é que este espaço sirva para a produção de conhe-
cimento não só na área de TI, mas também em setores diversos, como geração de energias renováveis, robótica, têxtil e da saúde”, explica o secretário de Desenvolvimento Econômico, Marcos Ruediger. Enquanto aguarda a execução da obra, a prefeitura trabalha na elaboração de um projeto mais ambicioso, de estimular o surgimento de um Distrito da Inovação no município. A ideia é incentivar as empresas que operam com pesquisa de ponta a ocupar os imóveis do entorno do campus 2 da FURB, onde será implantado o Centro de Inovação. “Seria uma espécie de nicho de startups, uma provocação para que toda a cidade foque na questão do conhecimento e da inovação”, afirma Ruediger. Na área privada, o município recebeu nos últimos anos uma série de investimentos que deram novo impulso ao setor, que já contava com empresas locais do porte da Senior Sistemas, Benner e WK Sistemas. Entre eles estão a instalação em 2006 da unidade blumenauense da alemã T-Systems e a ampliação da capacidade da Philips. “Temos hoje
Blumenau é hoje um polo regional do comércio e continua atraindo novos investimentos de redes varejistas
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23 NDaniel Zimmermann
Blumenschein: disponibilidade de profissionais qualificados foi fundamental para a escolha de Blumenau como sede da segunda maior unidade da T-Systems no Brasil
em Blumenau um conjunto de empresas de TI que atendem algumas das maiores corporações do País e dos mais diferentes setores da economia”, salienta Joe Linder, presidente do Blusoft, entidade que articula os interesses do setor de TI do município. Segundo Markus Blumenschein, diretor da T-Systems em Blumenau, a disponibilidade de profissionais qualificados foi fundamental para a escolha do município como sede da segunda maior unidade da empresa no Brasil. “A oferta de cursos superiores na área de TI, assim como outros programas de captação de talentos, como o Entra 21, além da estabilidade social de Blumenau, colaboraram para a escolha da cidade”, detalha Blumenschein. Com cerca de 500 funcionários e planos de ampliar seu quadro de pessoal, o escritório blumenauense da T-Systems presta serviços para filiais espalhadas por diversos países de alguns dos maiores conglomerados industriais do mundo.
Outro investimento importante para o município é a ampliação da central de desenvolvimento de software hospitalar da Philips Clinical Informatics. A empresa holandesa instalou-se no município em 2010, ao adquirir o controle da Wheb Sis-
D’Amaral: “Blumenau foi pioneira na informática. O desafio agora é aprofundar esta vocação para a tecnologia, para a inovação e para a pesquisa”
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temas, especializada no desenvolvimento de softwares para a gestão de instituições da área da saúde, função que se soma à avançada tecnologia empregada pela Philips para a fabricação de equipamentos para a área médica. A empresa está investindo em uma nova sede, localizada no Bairro Itoupava Norte. Segundo Joe Linder, deve-se ressaltar ainda o papel das incubadoras tecnológicas na geração de produtos de alto valor agregado. “Iniciativas como o Instituto Gene, da FURB, além do próprio Blusoft, são fundamentais para a produção de conhecimento e a formação de novos talentos”, ressalta. Exemplo disso é a startup Atartech, cujos primeiros passos foram dados numa pequena sala do Instituto Gene e hoje caminha com as próprias pernas graças ao desenvolvimento dos chamados wearables. No caso da Atartech, o produto desenvolvido foi um anel inteligente, que permite, por exemplo, desbloquear um smartphone quando o usuário pegá-lo na mão,
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NDivulgação Cia. Hering
Algumas indústrias têxteis conseguiram se reposicionar, como a Cia. Hering, que passou a investir em itens de elevado valor agregado e uma rede de lojas franqueadas
abrir fechaduras digitais, tanto em casa quanto na empresa, transferência de dados, em que o anel funciona como cartão de visitas eletrônico, e para utilização do transporte público. A intenção é de que no futuro o equipamento sirva até para efetuar pagamentos. A forte aposta no comércio e no setor de serviços não significa que Blumenau tenha abandonado sua vocação industrial. Pelo contrário, a cidade não só continua sendo referência na fabricação de confecções – é a quinta do País em número de empresas têxteis – como se destaca também em segmentos como o gráfico e o eletrometalmecânico, este último responsável por 15% do PIB do município. “A crise vivida pelas empresas têxteis provocou um ajuste natural do setor privado blumenauense, abrindo espaço para outros segmentos da indústria”, observa Nazareno Schmoeller. A instalação em Blumenau de multinacionais como a ABB e a
Schneider Electric, que se juntaram a indústrias locais como a Electro Aço Altona e a WEG, além de gráficas como Baumgarten, Cartondruck e 43, reforçou esta tendência. Schmoeller observa, porém, que o setor têxtil continua sendo vital para a economia blumenauense, pois responde por 25% do PIB do município. Na avaliação do presidente da ACIB, Carlos Tavares D’Amaral, a cidade conseguiu superar os tempos difíceis resultantes da crise da indústria têxtil e hoje tem na diversidade econômica uma de suas principais virtudes. Na indústria têxtil, a ênfase na produção em larga escala deu lugar a um modelo que privilegia a fabricação de itens com alto valor agregado. Empresas tradicionais como a Hering e a Dudalina são exemplos de transição bem-sucedida de um modelo para outro. Ao mesmo tempo, aquelas que surgiram nas últimas décadas já nasceram explorando esta perspectiva. O resultado disso é que cada vez mais os produtos das
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indústrias locais carregam a marca do design blumenauense. Considerada a empresa têxtil mais bem-sucedida na transição para um modelo de produção de itens de elevado valor agregado, a Cia. Hering começou este processo no início dos anos 2000, quando decidiu implantar uma rede de lojas franqueadas para comercializar seus produtos. A partir daí surgiu a necessidade de lançar coleções com frequência cada vez maior, cujas peças combinassem entre si e se destacassem nas lojas, ao mesmo tempo em que reforçavam as marcas da companhia. Atualmente, a empresa conta com 70 lojas próprias e 700 franqueadas que comercializam produtos de suas cinco marcas, cada uma delas voltada para uma fatia do público. Por outro lado, o número de peças produzidas pela companhia, que chegava a 12 milhões por mês na década de 1980, caiu para cerca de 4 milhões agora, confirmando um processo em que a quantidade deu lugar à qualidade.
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mobilidade l empreendedores l lazer l cultura l gastronomia l patrimônio l esporte l ação social l grupo RIC
DO PAPEL À REALIDADE em busca de novas soluÇões para resolver antigos problemas no trânsito, blumenau se prepara para colocar em prática seu Plano de Mobilidade Urbana
Como muitas cidades que cresceram de forma desordenada, Blumenau corre para solucionar uma equação complicada: tornar eficiente e seguro um trânsito em que há muitos veículos para uma malha viária insuficiente. A missão é encontrar alternativas na infraestrutura viária para que pedestres, ciclistas e motoristas convivam em harmonia. Obras para desafogar as regiões com pontos mais críticos, transporte público eficiente e ciclovias e ciclofaixas adequadas são algumas das desejadas intervenções para um futuro próximo. Pela importância do tema e pelo impacto direto na vida de cada blumenau É l 2015
blumenauense, o Plano Municipal de Mobilidade Urbana, ainda em fase de discussão, é encarado como ponto fundamental para modernizar a cidade. “O Plano representará as futuras ações que a municipalidade fará num futuro de curto, médio e longo prazos, para conter impactos no deslocamento de pessoas. Para que não tenhamos cidades colapsadas, com suas artérias entupidas e sem expectativa de desenvolvimento”, explica o arquiteto Daniel Rodrigues da Silva, integrante do Conselho Municipal de Planejamento Urbano. Prefeitura e entidades da sociedade civil
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debatem detalhes do documento, inter-relacionado ao Plano Diretor e à Política Nacional de Mobilidade Urbana. Em uma rodada recente de audiências públicas, moradores de sete regiões foram ouvidos no fim de agosto sobre o que querem para melhorar a situação. Como o texto-base do documento já havia sido elaborado pela prefeitura, o secretário de Planejamento Urbano, Juliano Gonçalves, entende que a hora é de dar voz à comunidade e aperfeiçoar as diretrizes. A expectativa é que o debate persista até 2016, quando será concluída a revisão do Plano Diretor. No entanto, especialistas entendem que o Plano de Mobilidade Urbana poderia ser concluído até o fim deste ano. Quando o documento estiver pronto, será regulamentado por decreto municipal, o que permitirá pleitear financiamentos públicos para aplicação em obras urbanas. Assim, o ano que vem poderia servir para fazer correções. Colocar em prática o que está no papel não será fácil. Segundo informações do Serviço Autônomo Municipal de Trânsito e Transporte de Blumenau (Seterb) há mais de 20 pontos críticos na cidade em função do intenso fluxo de veículos. Depende de dia e hora, mas no Centro a Avenida Presidente Castelo Branco, a Rua 15 de Novembro e a Alameda Duque de Caxias registram engarrafamentos em toda sua extensão. Nos bairros há trechos em que é preciso ter paciência em horários de pico, como nas ruas Amazonas, Estanislau Schaette, Benjamin Constant e Bahia. Na ausência de redutores de velocidade, há pontos em que é arriscado caminhar ou pedalar. Os corredores exclusivos para ônibus, inaugurados entre 2011 e 2013, deram mais agilidade ao transporte
Segundo o secretário Gonçalves, a prefeitura quer estender o debate sobre o Plano de Mobilidade até 2016, quando termina a revisão do Plano Diretor
público. Porém, há reclamações de usuários quanto a horários das linhas e acomodações da frota. Para completar, a previsão de que o asfalto reforçado durasse uma década não se confirmou. A prefeitura tem feito operações tapa-buraco constantes nos corredores.
As soluções apresentadas pela prefeitura para tornar a mobilidade urbana um conceito prático são adequações no corredor Aterro-Fonte e Fonte-Garcia, reurbanização da Avenida Beira-Rio e implantação de um terminal na Itoupava Central e outro no Bairro Água Verde. Está tudo estabelecido no Plano. Uma iniciativa em desenvolvimento é o Corredor Estrutural Sul, com mais de R$ 40 milhões garantidos para obra por meio do governo federal. O projeto básico foi entregue pelo município à Caixa Econômica Federal, e o executivo está em fase de elaboração. É este corredor que fará a ligação dos terminais da Fonte e do Garcia. Será feita a reestruturação das ruas Amazonas e Hermann Huscher, além de intervenções como implantação de corredores de ônibus e ciclovias. Outras diretrizes estabelecidas são a implantação da nova ponte do Centro, ainda à espera de recursos para sair do papel, e os prolongamentos das ruas Chile e Humberto de Campos. Esta última obra, uma das principais entre as que estão em andamento, é considerada o desafo-
Com o prolongamento da Humberto de Campos, o fluxo nas ruas João Pessoa e Estanislau Schaette será reduzido
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Zeitoune, do CREA: na atual situação financeira do município, o problema não são os projetos ou os planos, mas sim os recursos para viabilizar o que a população quer
go para o trânsito nas ruas João Pessoa e Estanislau Schaette. Previsto para ficar pronto ainda em setembro, o prolongamento será de dois quilômetros na Humberto de Campos até a General Osório, na confluência com as ruas Tóquio e Joaquim Nabuco. Serão três faixas por sentido, uma em cada lado exclusiva ao transporte coletivo. Estão em construção também três viadutos, retornos e uma ponte sobre o Ribeirão da Velha, em um investimento total de cerca de R$ 37 milhões, em financiamento pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Para o arquiteto Daniel Rodrigues da Silva, um dos pontos fundamentais na mobilidade urbana é discutir o melhor aproveitamento de plataformas adotadas para o deslocamento de pessoas e materiais. A chave é amenizar o impacto do crescimento da frota de veículos. Os transportes de massa, segundo Rodrigues, também devem ser tratados com atenção, com horários de funcionamento compatíveis às neces-
sidades da população. “Cada cidade tem suas características que devem ser aproveitadas. Por exemplo, é possível a reativação de dois modais que já possuímos implantados em Blumenau e que agora estão desa-
Rodrigues: uma boa alternativa para desafogar o sistema viário seria reativar o transporte fluvial e o ferroviário, dois modais já implantados na cidade
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tivados, como o transporte fluvial e o ferroviário”, sugere o arquiteto, ressaltando que desta forma haveria melhor irrigação de todo o sistema viário da cidade. O diretor regional do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA/SC), José Jacques Zeitoune, demonstra preocupação com a situação financeira dos municípios. A necessidade de uma melhor distribuição de recursos prejudicaria a capacidade de investir em mobilidade urbana. No entanto, ele acredita que Blumenau já tem diretrizes consistentes nesta área que permitem encontrar soluções eficientes. “O problema não são os planos, muito menos os projetos. O problema são os recursos para viabilizar o que a população quer”, argumenta. Em comum, especialistas e poder público entendem que é preciso maior participação da comunidade para encontrar a melhor fórmula para a cidade. O debate, assim como o trânsito de Blumenau, não pode parar por aí.
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Seibel: “Muitas pessoas gostariam de usar bicicleta ou transporte coletivo com qualidade. Não usam porque não há condições. Então ficam trancadas dentro do carro”
pedaladas mais seguras CICLISTAS pedeM maior integração e infraestrutura adequada em vias exclusivas para pedalar em Blumenau “Menos carros, mais bikes” é uma espécie de mantra moderno para quem acredita que pedalar é mais que um meio de vida saudável. É uma solução para desafogar ruas entupidas de carros e dar agilidade ao fluxo do trânsito nas cidades. O movimento cicloativista, que cresce também em Blumenau, luta por mais infraestrutura para o uso da bicicleta como meio de transporte. “Às vezes termina uma via exclusiva para bicicletas e o que eu faço? Não há sequência no caminho. No meu caso, posso peda-
lar em outro lugar. E quem não tem experiência? Está fadado a pedalar só no fim de semana porque há menos fluxo”, queixa-se o presidente da Associação Blumenauense Pró-Ciclovias (ABC Ciclovias), Giovani Seibel. Preocupado com a situação atual das vias compartilhadas com pedestres, ele entende que, sem condições mínimas de segurança, fica difícil incentivar a prática. Os gargalos enfrentados pelos ciclistas de Blumenau estão bem claros para Seibel. Além da falta de BLUMENAU É l 2015
interligação no sistema viário, há necessidade de garantir segurança. Ele espera que haja cuidado ao tratar do tema nos debates do Plano Municipal de Mobilidade Urbana. É o que ele vai pedir, junto a outros incentivadores do movimento. “Se colocarem mais pontes e aumentarem as vias, em alguns anos estará tudo entupido de novo. Muitas pessoas gostariam de usar bicicleta ou transporte coletivo com qualidade. Não usam porque não há condições. Então ficam trancadas dentro do carro”, observa. Em meio à discussão do Plano de Mobilidade, a prefeitura projeta investimentos para aumentar os 76 quilômetros entre ciclovias, ciclofaixas e calçadas compartilhadas que a cidade tem hoje. Além da implantação de novas rotas (Itoupavazinha, Fidélis e Itoupava Central, por exemplo), o município interligará caminhos já existentes com recursos de financiamentos junto ao governo federal e ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Só não há prazo para quando as melhorias serão feitas.
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Karine Schlindwein e Bruno Schmitt
cardápio funcional BLUMENAU É l 2015
A experiência pessoal serviu como impulso para o projeto profissional de Karine Schlindwein, 25 anos. Quando decidiu cortar glúten e lactose da alimentação, passou a estudar sobre alimentação saudável e se inspirou para montar um negócio. Desde setembro do ano passado, ela e o noivo Bruno José Schmitt, 26, são donos do Âme Gastronomia Funcional. O restaurante e café é especializado em alimentação sem glúten, lactose ou soja não-fermentada, elementos que causam reações alérgicas em muitas pessoas. É comida diferenciada que atrai um público variado, não apenas quem tem intolerância alimentar. “A intenção é fazer com que as pessoas comam bem. Comida saudável e gostosa. Porque desde o início o pessoal se surpreende, achando que os produtos poderiam não ter tanto sabor”, afirma Karine, que é formada em Marketing. A vontade de empreender serviu para enxergar uma oportunidade no esforço que vinha fazendo para superar uma restrição alimentar. “Eu comprava praticamente tudo orgânico e me encarregava da própria alimentação. As pessoas elogiavam, pediam até que eu cozinhasse para elas. Então comecei a me interessar e estudar a área de gastronomia funcional”, lembra. O restaurante abre de segunda a sábado e oferece bufê por quilo, com opções de carnes, peixes e frangos, verduras e legumes orgânicos, além de pratos quentes, lanches, doces e salgados funcionais para o café. Quem for ao Âme encontrará, por exemplo, sanduíches, hambúrgueres, omelete e tapioca feitos sem glúten ou lactose. Nas contas de Karine, são 8 mil atendimentos por mês (de 200 a 300 almoços por dia). E nada de crise. O casal planeja abrir até o fim do ano uma nova cozinha industrial, que já está em obras em outro local, que vai fornecer pães e outros produtos funcionais para o restaurante e para outros estabelecimentos, como hospitais, cafés e lojas de Blumenau.
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De um papo entre amigos em um pub veio a ideia de criar um negócio unindo duas tradições britânicas: a cerveja e o rock’n’roll. Adésio Mais (ou Zezzo), 47 anos, queria aproveitar os conhecimentos cervejeiros para montar a própria fábrica. Luiz Henrique Ferreira (ou Ike), 51, mostrou interesse em investir e usou sua experiência em marketing para propor um diferencial: trazer a identidade inglesa a uma região conhecida por preservar a tradição cervejeira germânica. Com o apoio de outros dois sócios, Renan Lindner e Daniel Reginatto, a Container British Beer foi fundada em novembro de 2013. Antes disso, Zezzo e Ike passaram uma temporada em solo britânico, visitaram fábricas e firmaram parceria com especialistas. Trouxeram na bagagem o conhecimento para produzir e dar nome aos cinco rótulos produzidos pela Container, servidas no pub junto à fábrica e também vendidas em garrafas desde a metade deste ano. A produção começou com 6 mil litros mensais, hoje está em 15 mil litros e deve chegar perto dos 40 mil litros até o fim de 2016. Cada cerveja traz uma história, explicada pelo próprio nome. “Temos a Wembley, uma blond ale feita em colaboração com uma cervejaria inglesa e batizada em homenagem ao tradicional estádio deles. Já a nossa IPA tem o nome de Revolution em homenagem à música dos Beatles, pois é um estilo que revolucionou o jeito de fazer cerveja”, conta Ike. A influência da música também está no cardápio – com pratos que levam o nome de clássicos do rock – e no ambiente temático, com uma cabine telefônica na recepção, discos de vinil e instrumentos musicais. Sobram referências a Led Zeppelin, Rolling Stones, Pink Floyd e outros. “No final das contas, a Container é cerveja e mais um pouco. A escola inglesa é mais favorável a experiências sensoriais, agrega valor. Tem cultura, música, moda. Por isso, a gente optou por este caminho”, define Zezzo, que também conduz grupos em visitas agendadas pelo interior da fábrica.
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Daniel Reginatto, Zezzo Mais e Ike Ferreira
Chope COM SOTAQUE BRITÂNICO blumenau É l 2015
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COMER COM OS OLHOS ANDA ENGORDANDO NOSSA AUDIÊNCIA. Horário
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Índice de audiência
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Jornal do Meio-Dia
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Ver Mais
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Fonte: Ibope Media Workstation Standard – Rat% e Shr% Domiciliar – Blumenau – 04 a 10 de maio de 2015 – Base Total de Ligados Especial. | Liderança JMD: RIC x Faixa Horária 12h00 às 13h15 da concorrência. Liderança Ver Mais: RIC x Faixa Horária 13h15 às 14h00 da concorrência.
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Shirle Tessarolo
MODA NA ESTRADA BLUMENAU É l 2015
Atender com agilidade a demanda por vestuário feminino é a especialidade da blumenauense Shirle Tessarolo. Formada em Marketing, ingressou no varejo de moda há mais de meia década. Ainda sem carteira de motorista, visitava as clientes para vender lingeries e pijamas na carona do marido Cristiano e dividia o tempo com o trabalho em uma empresa local. A realidade agora é outra: sua dedicação hoje é exclusiva à Papo Íntimo Moda Feminina, sua loja móvel de roupas, um serviço em que é pioneira na cidade. Antes, a empresária de 34 anos visitava as clientes em um carro, com as peças acomodadas em caixas de papelão. Mas logo faltou espaço e, há quatro anos, ela resolveu investir em uma van de tamanho médio. Em 2013, já pilotando e a bordo de um modelo maior do veículo, a Papo Íntimo tomou forma. As vendas multiplicaram, assim como a variedade de produtos oferecidos: são blusas, vestidos, calças jeans, bolsas e acessórios. Tudo com atendimento personalizado ao público feminino. Hoje estabelecida no mercado e com público fiel, a empresária lembra de quando decidiu largar o emprego de quatro anos para focar no próprio negócio. “Fiquei mais ou menos um mês pensando se ia realmente fazer isso sozinha ou voltaria para outra empresa. Peguei e fui com tudo. Comprei um monte de mercadorias em Ilhota e comecei a vender”, conta. Shirle tem escritório em casa, onde costuma fazer bazares a cada estação. Supre as necessidades do estoque em diferentes frentes: viaja a São Paulo para buscar uma parcela das mercadorias, de Ilhota traz as lingeries e ainda conta com representantes que vão até ela. Para se adaptar à realidade econômica, a fórmula é clara: cautela na compra de novas peças e mais atendimentos diários (em facções, empresas e casas de clientes). “Estou mantendo o faturamento, não baixei porque logo percebi a crise e tomei as medidas necessárias.”
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BLUMENAU SE ENCONTRA AQUI COM BOA GASTRONOMIA E EVENTOS O ANO TODO, A VILA GERMÂNICA SE CONSOLIDA COMO OPÇÃO DE LAZER PARA A POPULAÇÃO LOCAL Os bares e lanchonetes lotados nos fins de semana e as centenas de pessoas circulando entre lojas de produtos típicos não deixam dúvidas: o blumenauense adotou a Vila Germânica como principal ponto de encontro e convivência na cidade. Conforto, segurança e gastronomia qualificada – mas sobretudo os horários de funcionamento – são as razões apontadas pelos frequentadores para colocar o espaço no topo de sua agenda de lazer. “Desde os tempos da Proeb aqui sempre foi um espaço para turistas, mas hoje é também um lugar para reunir blumenauenses”, resume Daniela Torri, que, com o marido Ricardo Kluge, é frequentadora assídua do local.
Este novo momento teve início em 2006, com a reconstrução dos antigos pavilhões da Proeb, consolidando-se a partir de 2008 com o surgimento do Empório Vila Germânica. “Mais do que uma nova estrutura, nasceu ali o conceito de que o Parque Vila Germânica só seria atraente para o turista se fosse atraente também para o blumenauense”, relembra o empresário Valmir Zanetti, proprietário do restaurante Bier Vila e presidente da Associação Cultural Vila Germânica, entidade que reúne os 25 estabelecimentos que atuam no local. Desde então, uma série de iniciativas contribuiu para mudar a forma como o blumenauense via o espaço, BLUMENAU É l 2015
entre elas a diversificação do mix de serviços e a ampliação do horário de atendimento. “Quando conseguimos fazer isso, criamos uma sinergia com Blumenau e a população passou a ver a Vila Germânica como sua principal opção de lazer”, detalha Zanetti. A opinião é compartilhada pelo engenheiro eletricista Roberto Artur Klitzke Jr., frequentador habitual do espaço. “Antes não tinha nada, era só a Oktoberfest. Agora você vem o ano inteiro, especialmente com os festivais e eventos que acabam atraindo o blumenauense”, afirma. Para o secretário de Turismo de Blumenau, Ricardo Stodieck, a nova estrutura dos pavilhões combinada com a ampliação do número de lo-
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jas e a melhoria dos serviços na área da gastronomia contribuíram para a consolidação da Vila Germânica como complexo turístico. “Foi um processo que desde o início gerou crescimento constante no número de visitantes, especialmente nos últimos dois anos”, afirma. O impulso decisivo para redefinir o papel do Parque Vila Germânica no cotidiano do blumenauense veio com a intensificação do calendário de eventos do município. A programação deixou de ser dominada pela Oktoberfest, sendo incrementada por eventos como a Magia de Natal, a Vila de Páscoa e a Sommerfest, além dos já consolidados festivais da Cerveja, dos Botecos e Gastronômico, entre outros. “Antes focávamos tudo na Oktoberfest, que ocupa apenas 5% do total de dias do ano. Agora temos um calendário que cobre o ano todo, e isso faz a diferença”, explica Stodieck. Além das tradicionais lojas de suvenires que se tornaram parada obrigatória para turistas, chamam a atenção estabelecimentos especializados como o Empório Hemmer e a casa de vinhos Decanter. Na área da gastronomia, a Vila conta ainda com restaurantes, bares e lanchonetes com um cardápio diversificado, destacando os pratos da culinária típica alemã e a linha de petiscos. O local abriga também uma cafeteria e uma sorveteria. “Graças a esta estrutura, temos um público bem eclético, que vai de grupos de amigos durante o happy hour até famílias que vêm almoçar ou jantar regularmente”, sublinha Zanetti. Como novidade para este ano, a estrutura do Parque Vila Germânica passa a contar com um novo pavilhão, o Eisenbahn Biergarten, que substitui o antigo Biergarten montado durante a Oktoberfest. O novo espaço tem dois pisos e dispõe
Há três anos este grupo de amigos mantém o hábito de se reunir na Vila Germânica para almoçar aos sábados
de elevadores, camarotes, além de acrescentar um novo restaurante à diversidade gastronômica do principal ponto de encontro de Blumenau. Pilotos comerciais de duas grandes companhias aéreas, os amigos Alexander Velthuis e Ricardo Egon Kluge – com as esposas Cleide e Daniela – só abrem mão dos encontros
Zanetti: diversificar o mix de serviços e ampliar o horário de atendimento foram medidas importantes para se reaproximar dos moradores de Blumenau
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semanais num dos bares do Empório Vila Germânica quando suas escalas de trabalho os levam para outras terras. Ao lado do casal Patrick Boehme e Alessandra, formam um grupo animado que há três anos se reúne aos sábados em almoços que começam por volta das 12h, mas não têm hora para terminar. À vontade entre os amigos, Velthuis destaca o ambiente descontraído, o bom atendimento e a gastronomia variada como os motivos que os levam a frequentar regularmente o local. “Mas o mais importante mesmo é o sentido de preservação da cultura germânica, com as bandinhas alemãs, os pratos típicos e o chope de qualidade”, ressalta. Ricardo Kluge salienta a melhora na estrutura, mas observa que a principal virtude da Vila Germânica hoje é ser um espaço de convivência entre as pessoas. Isso, segundo ele, cria uma afinidade dos blumenauenses com o local. “É como se fosse um Stammtisch o tempo inteiro”, resume, referindo-se aos grupos de amigos que se reúnem periodicamente em encontros festivos. Para a esposa Daniela, o horário
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William e Roberto, com as esposas Gláucia e Ana: segurança e conforto para curtir a Vila na companhia dos filhos
flexível é um dos principais atrativos. “Aqui se pode chegar em qualquer horário, e você é sempre bem servido e bem atendido. Para quem tem filhos pequenos isso é muito conveniente”, acrescenta. Frequentadores assíduos do Parque Vila Germânica, o empresário Patrick Boehme e a esposa Alessandra revelam que a chegada dos filhos obrigou a uma mudança nos horários, sem que isso comprometesse a satisfação de encontrar os amigos. “Continuamos vindo à Vila, mas agora nos sábados ou domingos durante o dia, quando as crianças também podem brincar num lugar aberto e seguro”, comenta Alessandra. Blumenauenses que por motivos profissionais residem em Navegantes, o engenheiro eletricista William Tavares e a esposa Ana Luíza Zimermamm não perdem a oportunidade de agendar um encontro com amigos num dos bares da Vila Germânica quando visitam Blumenau. “Além de rever os amigos, é uma forma de retomar o contato com a cultura germânica, num ambiente confortável e ao ar livre”, observa William. Para eles,
o ambiente familiar e a segurança fazem com que os frequentadores se sintam à vontade e tranquilos. Roberto Artur Klitzke Jr. e a esposa Gláucia Alves concordam com esta opinião e acrescentam a localização favorável, a estrutura confortável e a boa comida como atrativos
Dennis e Gabriela: alta qualidade dos produtos e atendimento especializado foram os motivos que levaram o casal a frequentar as lojas do empório
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do local. “A Vila Germânica se tornou muito mais atraente depois da revitalização, especialmente com a construção dos bares do Empório”, destaca Roberto. Para Gláucia, o espaço é valorizado pela proximidade com o Parque Ramiro Ruediger: “Temos aqui ao lado uma área de lazer excepcional para as crianças brincarem e para a prática de atividades físicas”, afirma Gláucia. Ana Luíza destaca que a Vila Germânica é hoje o primeiro local em que pensa quando recebe visitantes de outras cidades e que querem conhecer Blumenau. “Primeiro, porque sei que é um lugar que está sempre aberto, e, depois, porque todo mundo quer conhecer o lugar onde acontece a Oktoberfest”, argumenta. Alheio à movimentação nos bares e corredores externos, o casal Dennis Eickenberg e Gabriela procurava numa das lojas do Empório Vila Germânica um vinho cabernet francês para dar de presente de aniversário. Embora tenham diminuído a frequência no parque, eles mantêm o hábito de passear na Vila Germânica. “Há uns quatro ou cinco anos costumávamos vir aqui umas três vezes por mês. Agora viemos um pouco menos, não só nos bares, mas também para fazer compras nas lojas do empório”, explica Dennis. Segundo eles, a qualidade dos produtos vendidos nas lojas do empório é o principal diferencial oferecido não só para os turistas, mas também para os blumenauenses. “No caso do vinho, costumamos vir aqui porque é um lugar especializado, onde encontramos maior diversidade”, afirma Dennis. Para Gabriela, também contam a favor das lojas da Vila Germânica o bom atendimento, o aconchego e a oportunidade de entrar em contato com a tradição alemã, tão característica da cidade.
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.Daiana Constantino NDivulgação
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cultura l gastronomia l patrimônio l esporte l ação social l grupo RIC
NA TEORIA E NA PRÁTICA Constituída por estudantes de música de todas as idades e seus professores, a Orquestra Espaço Kan é o resultado do trabalho de coordenação artística e didática da professora Lígia Stein, da escola de música
COLORINDO A CIDADE
Espaço Kan. No currículo, aulas individuais de violino, violino em inglês, viola clássica, contrabaixo acústico,
Natural de Curitiba, Quiko Nuts está envolvido com
piano, teclado, acordeão, violão, guitarra, baixo
as artes desde a adolescência. Aos 12 anos começou a
elétrico, flautas doce e transversa, bateria e canto. Há
experimentar com a fotografia, mas logo em seguida
até aulas específicas de musicalização para crianças de
descobriu no grafite o meio ideal para desenvolver seu
seis meses a dois anos. Para colocar em prática o que
talento. Hoje, aos 35 anos, é um dos artistas de rua mais
aprenderam, os alunos realizam atividades coletivas
renomados de Blumenau. Uma de suas criações está
que contribuem para o desenvolvimento artístico,
na Praça Washington Luiz, no Bairro da Velha (foto).
como a Prática de Orquestra, a Música de Câmara e a
Antes alvo de pichações, em janeiro deste ano o local
Teoria Musical. Sempre no fim do primeiro semestre,
ganhou uma nova cara com o trabalho do artista. Quem
a Família Kan promove o tradicional “Concerto de
passar por lá poderá ver que o grafiteiro prestou uma
Inverno”, com o objetivo de confraternizar e apresentar
homenagem a Elke Hering, artista plástica que marcou a
tudo o que foi desenvolvido com os estudantes ao
história cultural da cidade.
longo do semestre. Este ano, o evento aconteceu na Vila Itoupava e teve seu repertório inspirado em musicais de sucesso como A Noviça Rebelde e 0 Fantasma da Ópera.
ANALÓGICO E DIGITAL Mais conhecido como “Foca”, Julian Gallasch começou a desenvolver sua arte ainda com o grafite nas ruas. Mais tarde, entrou em contato com as artes gráficas, inserindo a metodologia mais analógica nos seus trabalhos. Hoje suas telas têm como marca a criação de retratos desfigurados desenhados à mão e finalizados no computador. Natural de São Paulo mas radicado em Blumenau desde os 18 anos, Julian já teve seus desenhos estampados em camisetas da italiana Nascido em São Paulo, Diesel e ilustrações publicadas em revistas como Época, Rolling Stone e Computer Arts. BLUMENAU É l 2015
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cafezinho modernizado COM ambientes DIFERENCIADOS E UM TOQUE GOURMET, NOVAS CAFETERIAS ATUALIZAM O TRADICIONAL CAFÉ DA TARDE BLUMENAUENSE O famoso pão com bolinho e mostarda preta servido com uma xícara de café com leite – um quitute clássico dos balcões das padarias e cafés de Blumenau – é apenas uma das tradições gastronômicas que vêm ganhando novos sabores em releituras criativas servidas por uma “nova geração” de cafeterias na cidade. Na onda das bebidas especiais e lanches gourmets, espaços cheios de estilo investem em cardápios que se destacam pelas receitas diferenciadas. A proposta é modernizar a tradição do café da tarde tipicamente blu-
menauense e oferecer novas opções para clientes cada vez mais curiosos quando o assunto é comer bem. Em alguns casos, o novo negócio é uma releitura de marcas já consagradas entre os consumidores locais. A Benkendorff Kaffee é um destes exemplos. Inaugurada em fevereiro deste ano, a cafeteria idealizada pelos irmãos Jeancarlo e Jonathan Benkendorff tomou como inspiração a tradicional padaria fundada pelo tio-avô e que até hoje é uma das mais conhecidas na cidade. Situada na badalada Alameda Rio Branco, a versão Kaffee BLUMENAU É l 2015
Benkendorff Kaffee: ambiente ao ar livre e releitura de clássicos da gastronomia local
resgatou as melhores receitas originais da padaria e conferiu-lhes um conceito gourmet. O pão com bolinho ganhou variações de tamanho e sabor. No Kaffee, ele aparece na versão míni e em outras quatro combinações: no pão francês, com salada, com queijo e maionese especial da casa, além do “pão com bolinho turbinado”, com queijo, salada, ovo, presunto, calabresa, bacon e linguiça Blumenau. Entre os doces, os mais pedidos são a Banoffee (receita que leva massa podre com banana, doce de leite e canela) e o Cheese Cake (bolo de queijo com creme de amoras). O local conta com um deque arborizado e valoriza as refeições ao ar livre. Na área externa, há espaço específico para clientes com pets, e quem vai de bicicleta ganha 5%
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de desconto. “É uma forma de colaborarmos no incentivo à mobilidade urbana”, observa Jonathan. Inaugurado em abril deste ano, o Cafehaus Onkel é uma releitura da tradicional casa de tortas de mesmo nome que conquistou fama nacional. Segundo o gerente da loja, Vanderlei de Oliveira, o Onkel surgiu como uma opção de empório e sistema rápido de autosserviço no Bairro Itoupava Central. “A proposta era criar o hábito de que o cliente passasse aqui e levasse o produto para casa”, explica. O espaço charmoso e aconchegante, no entanto, acabou atraindo um consumidor que prefere saborear as delícias do café ali mesmo. Em pouco tempo, uma das vitrines teve que abrir espaço para novas mesas. Assim como na cafeteria original, ali também a famosa Torta Glória (que leva casquinha de bolacha, creme belga, morango e ganache de chocolate) lidera a lista dos mais vendidos. Os cafés de origem nobre têm gerado um movimento muito semelhante ao dos vinhos de altitude e cervejas artesanais. Atentos ao que os especialistas costumam chamar de
Café Boutique: inspiração nas cafeterias de Buenos Aires e Paris e cardápio com opções para restrição alimentar
“gourmetização” do produto, empresários da cidade passaram a apostar na valorização da bebida. Apreciador dos grãos selecionados, Orlando Francelino Júnior abriu o Amantes do Café com o sócio Flávio de Oliveira dois anos atrás. Para atender paladares diferentes, eles apostam em duas variações: o expresso do dia e o expresso premium. Os grãos são alternados diariamente e vêm de dife-
Cafehaus Onkel: com a proposta de autosserviço, a casa serve as mesmas delícias encontradas no Cafehaus Glória
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rentes regiões do Brasil e do mundo, a exemplo de cafés premium da Colômbia, Bolívia, Etiópia e Itália. No menu, além dos expressos, há capuccinos, mocas, cafés gelados e até drinques alcoólicos para maiores de 18 anos. Francelino, que fez curso de barista para se especializar no assunto, conta que o gelado com bolacha e sorvete é um dos mais pedidos, além do café com licor Amarula. No verão, a sugestão é o gelado com garapa e limão siciliano. Para acompanhar, a casa serve torradas prensadas, cheeseburguer de costela, tapiocas, ovos mexidos, banoffee e torta de capuccino. Para manter o movimento da cafeteria todos os dias da semana, os sócios montam uma agenda de programação musical e gastronômica variada. Toda segunda-feira é dia de jazz. Aos sábados, músicos da região se alternam em apresentações de jazz, blues e bossa nova. O local ainda promove o Amantes da Cozinha, evento que reúne mensalmente chefs convidados para assinar menus de degustação às cegas. Já o Café Boutique, no Centro de Blumenau, tem inspiração nas fa-
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Offcina Café: espaço compartilhado para trabalhar e serviço de cafeteria com opção para jantar e happy hour
Amantes do Café: noites de música ao vivo e cafés gourmet com grãos selecionados fazem parte do cardápio
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mosas cafeterias de Buenos Aires, na Argentina, e de Paris, na França. Nas paredes, quadros com alguns dos monumentos mais famosos do mundo conferem um ar internacional ao espaço. Nas mesas, flores e louças especiais fazem jus ao título de “boutique” assinado pelos proprietários. No menu, o sanduíche de linguiça Blumenau e o pão com bolinho estão entre os mais pedidos pelos clientes. Já o Banoffee e a torta de limão siciliano lideram a lista dos doces tradicionais. O cardápio do Café Boutique traz ainda opções de alimentação alternativa para quem tem restrição ao glúten e à lactose. A proposta de compartilhar o espaço de trabalho e gerar relacionamento entre empresas e profissionais liberais deu origem a um formato inovador de cafeteria. O Offcina Café e Coworking foi criado pelo designer de produto Yuri Borges com outros dois amigos. “Café é algo que respira empreendedorismo e por isso unimos as duas coisas”, explica. Trata-se de um ambiente de trabalho compartilhado por diferentes profissionais e pequenas empresas no Bairro Velha, mas com o diferencial de ter uma cafeteria aberta ao público. O design interno segue uma arquitetura industrial e de reaproveitamento. Segundo Yuri, a essência da obra foi reaproveitada da floricultura que funcionava no local, a exemplo das folhas de madeira das portas que viraram tampos de mesa do café. O cardápio aposta em lanches rápidos para reuniões de negócios, mas também reserva opções mais elaboradas para uma janta ou happy hour, como os escondidinhos de linguiça Blumenau e o de alcatra na cerveja. No menu de bebidas há variedades de cafés, mas também de cervejas artesanais. “A bebida ajuda a ter ideias e o café a executá-las”, brinca Yuri.
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O MAPA DO
ENXAIMEL BLUMENAU É l 2015
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PESQUISADORES CATALOGAM OS PRINCIPAIS IMÓVEIS CONSTRUÍDOS COM A ANTIGA TÉCNICA EUROPEIA EM BLUMENAU
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A técnica construtiva parece simples: encaixar madeiras e preencher os vãos com tijolos ou taipas até formar uma casa que mais parece ter saído de um filme europeu de 1940. O sistema que lembra os blocos de montar dos brinquedos infantis é, na verdade, uma das heranças culturais mais importantes dos imigrantes alemães que povoaram a região há quase dois séculos. Um estudo financiado com recursos do Fundo Municipal de Incentivo à Cultura registrou e catalogou 226 casas construídas com a autêntica técnica enxaimel, o que caracteriza Blumenau como uma das cidades com o maior número de construções do gênero fora da Europa. Coordenado pelo carpinteiro especializado em casas enxaimel Paulo Volles, o levantamento levou sete meses para ficar pronto. Junto à também carpinteira Gisele Diel, ele fotografou cada uma das construções, catalogou endereços e medidas e relatou condições físicas de cada imóvel visitado em diferentes bairros da cidade. O resultado do es-
Zimmermann: levantamento que registrou 226 casas é importante, mas cerca de uma centena de imóveis em áreas rurais ficaram de fora do estudo
Paulo e Gisele: os autores da pesquisa moram em uma casa enxaimel que construíram com as próprias mãos
tudo foi transformado em um banco de dados distribuído em 10 volumes e enviado ao Arquivo Histórico, Fundação Cultural e Secretaria Municipal de Planejamento Urbano. Em agosto, o trabalho ganhou o prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, concedido pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) a iniciativas que preservam e promovem o patrimônio histórico e artístico do Brasil. Neto de construtor e ceramista, Volles iniciou no ramo de construções enxaimel há 12 anos com base em informações que coletou e utilizando somente encaixes feitos com ferramentas manuais. Uma de suas primeiras obras foi a própria residência onde mora. Alguns anos mais tarde, aprimorou seu conhecimento com a ajuda do carpinteiro alemão Stefan Pfizner de Feldberg, que trouxe da Europa ferramentas específicas para construção de casas enxaimel. De acordo com Volles, a ideia de fazer esta pesquisa partiu de uma grande preocupação: a falta de preservação das casas enxaimel de Blumenau. O levantamento conclui que BLUMENAU É l 2015
metade desses imóveis deve desaparecer em cerca de 50 anos. Na leitura do carpinteiro, a tendência é que a construção seja desfeita quando ela fica de herança para as novas gerações da família. “E como a maioria das casas enxaimel não é tombada, não há nada que garanta sua preservação”, explica. Dados da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano mostram que dos 209 imóveis históricos tombados em Blumenau, apenas 56 são edificados com a técnica enxaimel. A gerente de Patrimônio Cultural Edificado da cidade, Ana Maria Surdi, explica que nem todas as casas deste tipo possuem valor histórico. “É preciso que o imóvel tenha relação com famílias e fatos dos antepassados para merecer o tombamento”, diz Ana. Com o relatório da pesquisa em mãos, ela garante que os dados serão avaliados para identificar se ainda há alguma casa comprovadamente histórica que mereça ser tombada. Segundo o presidente da Fundação Cultural de Blumenau, Sylvio João Zimmermann Neto, acredita-se que a cidade tenha pelo menos uma
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Há muitos imóveis bem conservados, mas a tendência é que metade das casas enxaimel desapareça em 50 anos
centena de casas enxaimel a mais do que foram identificadas no estudo. “Os pesquisadores não tiveram acesso a muitos lugares, como propriedades rurais que estavam fechadas, e as casas não puderam ser medidas e fotografadas”, explica Zimmermann, que defende a pesquisa como um “levantamento rico em informações importantes sobre a cultura germânica em Blumenau”. O estudo revelou alguns dados curiosos sobre as casas enxaimel de Blumenau. Identificou, por exemplo, que a maioria das edificações do gênero tem preenchimento de tijolos. Apenas nove delas são “recheadas” com taipa. Entre os imóveis construídos com esta técnica há escolas, marcenarias, residências, salões de baile, lojas, escritórios, hotel, hospital e até museus. O maior deles é o Hospital Misericórdia. O menor, uma casa de apenas 21 m2. Segundo Volles, o bairro com mais edificações do gênero é a Vila Itoupava, onde o idioma alemão ainda é tão falado quanto o português. O Centro possui dez casas enxaimel, mas três delas estão rebocadas e escondidas entre prédios.
No Bairro Vorstadt, um dos mais belos exemplares de construção enxaimel está sendo reconstruído baseado em seu projeto original. Um ano depois de ser quase totalmente destruído por um incêndio, o prédio do antigo restaurante Frohsinn volta a tomar a forma que o consagrou como um dos ícones do turismo local. O objetivo é recuperar o imóvel, preservando as características ori-
ginais. Pouco mais de 4 mil m2 de madeira cambará e 300 m2 de tijolos maciços serão aplicados na obra. O projeto, sob responsabilidade da Soá Construtora, é acompanhado de perto pelo neto do arquiteto Henrique Herwig, que resgatou a planta original do projeto criado pelo avô em 1968. Segundo a designer de fachada e coordenadora de obras da Soá, Lucimara Costa, trata-se da primeira experiência da empresa com construções enxaimel e a preocupação é “chegar o mais próximo possível do que era o Frohsinn”. Para conduzir a obra, a construtora conta com a experiência do carpinteiro Valdenete Oliveira de Souza, o Carneiro. Ele explica que aprendeu a técnica aos 14 anos de idade com o pai e o avô, também especializados no estilo enxaimel. A reconstrução do imóvel custará R$ 380 mil. O destino do novo prédio só será definido ao final da obra, mas a Secretaria de Turismo de Blumenau já levanta duas hipóteses: concedê-lo para a exploração turística privada ou formatar convênio para tornar o local uma escola de gastronomia.
Lucimara: esforço para manter as características originais nas obras de reconstrução do restaurante Frohsinn
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Muito utilizado para pesquisas acadêmicas, o arquivo é uma referência para quem estuda a história do Vale do Itajaí
MEMÓRIA BEM GUARDADA COMO o Arquivo MUNICIPAL Trabalha PARA RECUPERAR DOCUMENTOS QUE CONTAM A TRAJETÓRIA DE DESENVOLVIMENTO DA CIDADE A história de um povo, de uma cidade, se constrói a cada dia. Mas em Blumenau o registro dessa história precisa ser construído e reconstruído. Em 1958, todo o acervo de documentos dos primeiros 108 anos da cidade foi perdido em um incêndio. Desde então, a equipe do arquivo conta com a colaboração de toda a população para registrar a história recente e tentar resgatar o que foi perdido no sinistro.
O arquivo começou a ser organizado em 1948. Durante as comemorações do centenário da cidade, em 1950, uma campanha contribuiu para que muitos documentos fossem incorporados ao acervo. Porém, oito anos depois, o incêndio no prédio da prefeitura – que atualmente abriga a Fundação Cultural de Blumenau – atingiu toda a área reservada ao Arquivo Histórico. Da documentação que estava arquivaBLUMENAU É l 2015
da foram salvas apenas quatro atas da Câmara de Vereadores. Nos anos 1960, o ex-prefeito José Ferreira da Silva, jornalista, historiador e autor de várias obras sobre a história da cidade, tomou a dianteira da coleta de materiais e reorganização do arquivo por meio de cópias ou segundas vias de documentos existentes no Arquivo Público do Estado de Santa Catarina, em arquivos da Alemanha e acervos particulares. Esse trabalho de reconstrução continua até hoje. Aquisições e doações vindas de particulares ou feitas por meio de intercâmbio com instituições de outras partes do País e do exterior são organizadas em dossiês. Somam-se a esses dossiês os documentos de órgãos da administração pública, do Poder Judiciário e de instituições privadas. Em 1972, uma lei municipal criou oficialmente o Arquivo Municipal, que recebeu o nome do ex-prefeito
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José Ferreira da Silva e foi vinculado à Fundação Cultural de Blumenau. Quatro anos depois, a historiadora Sueli Maria Petry assumiu a direção do Arquivo. Ela conta que, enquanto utilizava o espaço para fazer uma pesquisa sobre as sociedades de atiradores da região de Blumenau – que resultaria na sua dissertação de mestrado –, encontrava muita dificuldade para localizar o material e comunicava à direção do arquivo os problemas enfrentados. “Eu reclamei tanto que eles decidiram me colocar aqui. Uma espécie de desafio, eu acho”, comenta. Com a chegada da professora Sueli, o Arquivo Histórico de Blumenau contou também com o auxílio de pioneiros da arquivística no País, como a professora Heloísa Belotto, da Universidade de São Paulo (USP), que prestaram assessoria para a organização do acervo na década de 1970. A professora lembra que, em 1976, o arquivo possuía um acervo de 3 mil fotografias. Hoje já são mais de 120 mil. “Pode-se afirmar que temos mais de um milhão de itens no acervo, se considerarmos cada página de documento”, garante a diretora. “O arquivo é o principal ponto de referência para pesquisadores no Vale do Itajaí e é amplamente utilizado em pesquisas de mestrado, doutorado, pela imprensa e por toda a comunidade”, completa. O acervo do Arquivo Histórico de Blumenau é dividido em sete partes, de acordo com o tipo de documento e o suporte. O acervo audiovisual provém de doações da TV Galega, fundada em 1997. Em 2004, a TV doou ao arquivo 12 mil fitas de vídeo e desde então envia material anualmente. O setor fonográfico também conta com a doação de veículos de comunicação. Em 1988, o acervo da Rádio Clube de Blumenau e parte do acer-
A diretora Sueli Petry é responsável por um acervo com mais de um milhão de itens, divididos em sete setores
Desde 1986, o arquivo divide este prédio na Alameda Duque de Caxias com a Biblioteca Municipal Dr. Fritz Müller
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Esta foto da antiga prefeitura antes do incêndio de 1958 é uma das milhares de imagens guardadas no acervo
vo da Rádio Nereu Ramos foram incorporados ao arquivo, que também conta com doações da comunidade. Atualmente são cerca de 35 mil discos, entre eles clássicos de cantoras da extinta Rádio Nacional dos anos 1940 e 1950. Fotografias doadas por antigos fotógrafos e pela comunidade fazem parte do acervo iconográfico. As coleções de imagens registram o início da colonização, as grandes enchentes, os principais eventos esportivos e a vida social e política da cidade. Exposições organizadas pelo Arquivo Histórico incentivaram a doação de material. Os mapas elaborados por cartógrafos e engenheiros alemães, publicados entre os séculos 19 e 20, compõem o acervo cartográfico. Os mapas produzidos por José Deeke e Emílio Odebrecht são os destaques da coleção. Mais de 16 mil livros sobre a região do Vale do Itajaí fazem parte do acervo bibliográfico, que inclui obras raras dos séculos 19 e 20 sobre a história política, social e econômica de Blumenau e do Vale do Itajaí. O arquivo documental é composto pelos documentos que são enviados ao Arquivo Histórico por instituições públicas e privadas da cidade. As pu-
blicações periódicas fazem parte do acervo hemerográfico, que é composto por 120 títulos, totalizando 8 mil volumes. Um desses títulos é o primeiro jornal publicado na cidade, o Blumenauer Zeitung, que teve a primeira edição em 1º de janeiro de 1881. Um dos documentos mais importantes do acervo do Arquivo Histórico teve sua tradução para a Língua Portuguesa publicada pela editora da FURB em agosto deste ano – a “Crônica do Vilarejo de Itoupava Seca:
Altona desde a origem até a incorporação à área urbana de Blumenau”, de autoria do professor Max Humpl. O texto, redigido em alemão, foi concluído em 1918 e contava com 356 páginas, ilustradas com aquarelas do autor. O material original foi perdido com o incêndio do Arquivo Histórico, em 1958, mas o conteúdo foi preservado em uma cópia manuscrita feita em 1934. Foi com base nesta cópia que Mero Frotscher Kramer e Joahannes Kramer fizeram a tradução, com recursos do Fundo Municipal de Incentivo à Cultura. A crônica traz detalhes sobre a vida na região da Itoupava Seca desde o início da colonização até 1918, quando a região foi incorporada à área urbana de Blumenau. Além de descrições das paisagens e das propriedades, o texto destaca a vida cultural e recreativa dos primeiros imigrantes e traz a árvore genealógica de todas as famílias que habitavam a região. O livro ilustrado, publicado pela Edifurb, tem 227 páginas. A obra custa R$ 60 e pode ser adquirida pelo site www.furb.br/editora na seção “Catálogo”.
O original da “Crônica do Vilarejo de Itoupava Seca”, que foi traduzido e lançado em livro pela Edifurb este ano
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A conquista de três medalhas nos Jogos Pan-Americanos pela ginasta Jéssica Maier é resultado do trabalho realizado pela equipe da Fundação Municipal de Desportos
NO RITMO DA VITÓRIA Equipe de Ginástica Rítmica Desportiva de Blumenau conta com campeã pan-amerICana para reconquistar troféu dos JOGOS ABERTOS DE SANTA CATARINA
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No dia 20 de julho, Jéssica Maier, atleta da Fundação Municipal de Desportos de Blumenau, conquistava em Toronto, no Canadá, a terceira medalha na competição de Ginástica Rítmica Desportiva dos Jogos Pan-Americanos. Nascida em Timbó, revelada e treinada por uma blumenauense, a atleta é mais um dos grandes nomes que fazem parte da trajetória vitoriosa da modalidade, que há quatro décadas revela talentos e conquista títulos, representando a cidade em Santa Catarina, pelo Brasil e no mundo inteiro. Jéssica foi descoberta pela ex-atleta e atual técnica da equipe blumenauense de ginástica Ana Paula Carvalho Christen Mohr, que come-
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çou a praticar a modalidade com sete anos e competiu por 15 anos, representando Blumenau. Ela se afastou da ginástica quando cursou a faculdade de Fisioterapia, mas logo retornou aos ginásios como auxiliar técnica. Não demorou muito para que surgisse uma oportunidade de comandar uma equipe. Mudou-se para Timbó. Lá trabalhou durante sete anos na formação de novos atletas e no comando da equipe de alto rendimento. Este trabalho rendeu, além de conquistas para a cidade de Timbó, a revelação do talento de Jéssica Maier. A atual campeã pan-americana tinha 13 anos quando conheceu Ana Paula e começou a treinar. Em dois anos já tinha conseguido resultados expressivos e em 2010 foi chamada para a Seleção Brasileira. Ficou dois anos na seleção, que tem seu centro de treinamento em Aracaju, capital do Sergipe, mas acabou se afastando após sofrer lesões em sequência. Em 2013, com Jéssica de volta a Santa Catarina, Ana Paula aceitou o convite para trabalhar em Blumenau como técnica da equipe adulta e trouxe a pupila para a cidade. Na primeira competição de Jéssica diante da torcida, ela conquistou as medalhas de ouro nas disputas individual e geral, nos Jogos Abertos de Santa Catarina. No ano seguinte, Jéssica e Ana Paula viajaram para a Bulgária, uma das potências mundiais da modalidade. Os efeitos dos 20 dias de treinamentos no país balcânico foram observados nos Jogos Abertos de Santa Catarina, disputados em Itajaí. Jéssica conquistou cinco medalhas de ouro, três de prata e uma de bronze e se tornou a atleta com o maior número de medalhas conquistadas na modalidade em uma mesma edição dos jogos. No início de 2015, a Seleção Brasileira convocou Jéssica para um novo
Os treinos no ginásio da AABB acontecem de segunda a sábado e exigem muita dedicação das jovens atletas
teste. Das 12 atletas convocadas, apenas quatro foram aprovadas, e ela foi a única selecionada de Santa Catarina. Representando o Brasil no Pan-Americano, conquistou uma medalha de prata no conjunto de fitas, ouro no conjunto de maças e arco e ouro no geral dos conjuntos.
Christiane: meta da técnica é recolocar Blumenau no topo do pódio dos Jogos Abertos de Santa Catarina
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Depois da conquista continental, não houve muito tempo para comemorações. A atleta foi convocada para a disputa de uma das etapas da Copa do Mundo de Ginástica Artística, em Sófia, capital da Bulgária, e participou do conjunto dos dois arcos e três pares de maças, terminando a competição na 13ª colocação. A disputa serviu de preparação para o mundial da modalidade, que será realizado em Stuttgart, na Alemanha, entre os dias 7 e 13 de setembro. A técnica Ana Paula destaca que percebeu em Jéssica um talento acima da média assim que viu os primeiros treinos da atleta, ainda em Timbó. Mas a ex-atleta reconhece que está cada vez mais difícil encontrar meninas – a modalidade só é disputada na categoria feminina – que tenham interesse em praticar a modalidade. “A procura atualmente é menor. As crianças não querem passar a tarde inteira treinando”, lamenta. Os treinos da equipe de Blumenau acontecem no ginásio da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), no Bairro Ponta Aguda. As
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As técnicas Ana Paula (esq.) e Christiane com duas novas promessas da ginástica rítmica de Blumenau: Tatiane Barthel (esq.) e Maria Eduarda Elizio, ambas com 12 anos
atletas treinam de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 18h. Aos sábados, o treinamento ocorre no período matutino. Todo o trabalho da Ginástica Rítmica Desportiva de Blumenau é coordenado por Christiane Mogk de Faria, que também atua como técnica desde 1986. Foi ela quem treinou Ana Paula Mohr, que foi uma das principais atletas daquela geração. “Era uma equipe muito boa, de alto nível técnico, que trouxe muitos títulos para a cidade. E a Ana Paula era uma das que se destacava individualmente”, relembra a coordenadora, que também foi atleta de 1980 a 1986 e técnica de 1986 a 1991, quando passou a acumular a função de coordenadora da modalidade. Christiane tem como objetivo recolocar Blumenau no topo do pódio dos Jogos Abertos de Santa Catarina. A modalidade começou a ser disputada nos jogos de 1976. Blumenau levou o troféu naquele ano e em todas
as edições posteriores até 1994, com exceção de 1984 e 1993 – Florianópolis e Joinville ficaram com os títulos, respectivamente. Foram 17 troféus dos 19 disputados. Porém, desde então, a equipe blumenauense tem sido superada por Joinville ou Florianópolis. Foram sete vice-campeonatos, o último deles em 2014, quando faltou muito pouco para quebrar o jejum. A coordenadora, que foi treinada pelas pioneiras da ginástica rítmica da cidade, professoras Lia Beckauser e Marieta Beimesch, acredita que a hegemonia se perdeu quando as outras cidades também passaram a competir fora do Estado e a buscar aprimoramento fora do País. “Tinha uma época em que só Blumenau fazia isso”, conta. O futuro da ginástica rítmica de Blumenau agora está nas mãos das crianças e adolescentes que participam dos treinos diários no ginásio da AABB. Maria Eduarda dos Santos Elizio, 12 anos, estudante no sexto BLUMENAU É l 2015
ano no Colégio Bom Jesus, é uma das promessas da equipe. Ela começou a praticar a modalidade com quatro anos, depois que uma técnica de ginástica a viu fazendo estripulias na padaria da avó e a convidou para treinar. No início, os treinos funcionavam como uma brincadeira. Oito anos depois a perspectiva é outra: “Quero chegar à Seleção Brasileira”, afirma a pequena ginasta. Tatiane Barthel, 12 anos, estuda no sétimo ano da Escola Almirante Tamandaré, no Bairro Ponta Aguda. Quando tinha nove anos, viu uma apresentação de ginástica no colégio em que estuda e decidiu falar com a técnica. Logo começou a participar dos treinos. No começo, foi motivada pela curiosidade e pela beleza da modalidade, mas atualmente Tatiane, assim como Maria Eduarda, quer trilhar o caminho aberto por Jéssica Maier e por todas as atletas que fazem a história da ginástica rítmica de Blumenau.
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50 anos fazendo a diferEnça A APAE DE BLUMENAU COMPLETA CINCO DÉCADAS DE DEDICAÇÃO E TRABALHO PARA MELHORAR AS CONDIÇÕES DE VIDA DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
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A máscara do Batman e o colete coberto por elásticos coloridos parecem conferir superpoderes ao pequeno Izaac Veiga Hanchuk, de dois anos e meio. O equipamento, que ganha ares de brinquedo na imaginação das crianças, nada mais é do que uma das ferramentas para ajudar jovens atendidos pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Blumenau – instituição que completa 50 anos em 2015. A entidade foi a primeira de Santa Catarina a adquirir o Pediasuit, sistema de fisioterapia neurofuncional que usa um macacão ortopédico e bandas elásticas com o objetivo de estimular a musculatura da criança. A família de Izaac relata que o menino tem tido avanços importantes desde que começou a frequentar a APAE, em dezembro do ano passado. Ele é acompanhado por uma equipe multidisciplinar incluindo terapeutas, fonoaudiólogos e psicólogos que medem mensalmente o seu desenvolvimento psicomotor. Cinco décadas depois de sua fundação, a APAE de Blumenau é referência nacional no atendimento especializado a crianças e adultos com algum tipo de deficiência intelectual e múltipla. A Síndrome de Down é apenas uma delas. Ali também são atendidos jovens com paralisia cerebral e autismo, por exemplo. Segundo a presidente da instituição, Lorena Starke Schmidt, a entidade busca apoiar não somente o jovem com deficiência, mas a família que convive com ele. “Nossa missão é também esclarecer a sociedade e promover a inclusão desses alunos em diferentes atividades do cotidiano, inclusive no mercado de trabalho”, observa. Atualmente, a APAE de Blumenau atende 423 pessoas, entre bebês, crianças, adolescentes e adultos. A instituição é mantida principalmente com o lucro de feiras, bazares e
O pequeno Izaac se diverte enquanto fortalece a musculatura no moderno sistema de fisioterapia multifuncional
campanhas realizadas pela entidade, além de recursos do governo. Um grupo de 17 senhoras voluntárias coordena diferentes ações para a captação de verba. No final do mês, a conta é alta. A folha de pagamento inclui o salário de uma equipe médica e pedagógica altamente especializada, que inclui psiquiatra, fisioterapeutas,
Lorena: além de atender jovens e suas famílias, a APAE também promove a inclusão dos alunos em atividades cotidianas e até no mercado de trabalho
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fonoaudiólogos, terapeuta ocupacional, assistentes sociais, psicólogos, dentista e professores. Alunos com deficiência leve e moderada são encaminhados para frequentar, paralelamente, o ensino regular, já que a lei brasileira prevê a inclusão da criança na sala de aula. A dificuldade, segundo Lorena, está no despreparo técnico de grande parte das escolas regulares para atender a criança deficiente. “Não há um programa específico de integração para esse aluno. A maioria ainda tem muita dificuldade de se adaptar”, observa a presidente da APAE de Blumenau. Pai de César, o representante comercial Gilson Jorge da Silva emociona-se assim que começa a contar a história da sua família na APAE de Blumenau. Assim que o primogênito nasceu, há 32 anos, o pediatra da criança o alertou que o filho, com um grau leve de Síndrome de Down e paralisia cerebral, jamais caminharia. Determinado a dar a melhor condição de desenvolvimento possível para o menino, Gilson dedicou-se a buscar tratamentos especializados. “Com oito anos de idade, César cami-
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Na sede da entidade, no Bairro Vila Nova, os alunos contam com o apoio de pedagogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, enfermeiros e dentista
nhou e contrariou todos os diagnósticos iniciais. Hoje ele se vira sozinho e consegue se locomover sem ajuda, além de se comunicar com um vocabulário próprio, por sinais e olhares”, conta. Ele ressalta que o apoio técnico e psicológico dado pelos profissionais da APAE foi fundamental para a família em todas as etapas de crescimento do filho. “A gente vira uma grande família, um grupo de apoio mesmo”, diz Gilson, que faz parte da diretoria da instituição há 14 anos. Para Carmen Nasser, que integra o grupo de senhoras voluntárias da entidade, a APAE é bem mais do que uma escola especial para a filha Fabiana, de 42 anos, primeira de três irmãos e que teve lesão cerebral após um problema de incompatibilidade sanguínea. “É uma rede de troca de experiências com outras famílias que vivenciam as mesmas dúvidas que nós”, diz. Para ela, ser mãe de uma pessoa deficiente é um “exercício de amor, abnegação e esperança de que os dias serão sempre melhores”.
A qualidade da estrutura de apoio e de sua equipe de profissionais são os principais responsáveis por transformar a APAE de Blumenau em referência para entidades de Santa Catarina e até de outros estados. Quem visita a entidade costuma dizer que a sede, situada no Bairro Vila Nova, deixa muita escola particular para trás. Com 6,3 mil m2 de área construída em um terreno de mais de 12 mil m2, o local conta com espaços para fonoaudiologia, fisioterapia, psicologia, nutricional, enfermagem, terapia ocupacional e odontologia, além de piscina, campo para a prática de esportes, parquinho e bosque. O Programa de Atendimento Materno Infantil (PAMI) é um dos mais conhecidos da APAE de Blumenau. O atendimento é direcionado para bebês até três anos de idade que apresentam atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. Uma série de atividades estimula a área motora, cognitiva e afetiva dos pequenos. “É o primeiro contato das famílias com a BLUMENAU É l 2015
APAE. É ali que se cria o vínculo com a instituição e onde é realizado um trabalho de conscientização para que a interação e os estímulos continuem em casa”, explica Lorena Schmidt. Passada a fase de bebê, a criança é encaminhada para atividades de acordo com seu grau de desenvolvimento psicomotor. Na sala de terapia ocupacional, por exemplo, os pequenos recebem estímulos sensoriais para tratar ou prevenir algum tipo de dificuldade física. O trabalho costuma ser complementado no Bosque Sensitivo, um espaço ao ar livre onde o aluno recebe estímulos por meio de paredes com som, britas, fonte de água e brinquedos que melhoram a coordenação motora e o equilíbrio. Ao final de cada turno, a entidade oferece transporte gratuito para casa com o auxílio de sete veículos, entre ônibus e vans. “Manter uma estrutura como esta tem sido o principal desafio ao longo desses 50 anos. A comunidade tem sido nossa principal parceira neste sentido”, finaliza Lorena.
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EXPANSÃO DIGITAL COM INVESTIMENTOs DE MAIS DE R$ 4 MILHÕES, A RICTV RECORD leva PROGRAMAção em alta definição para O TELESPECTADOR DO VALE Há um ano a RICTV Record comemorou junto ao aniversário de Blumenau a estreia da programação 100% HD. O lançamento ocorreu durante o Jornal do Meio-Dia, exibido em edição especial ao vivo da Praça Victor Konder, ao lado da prefeitura do município. Desde essa data a emissora segue um plano estratégico de expansão HD/Digital na região do Vale. Recentemente a tecnologia foi expandida, com instalação de repetidoras do sinal na cidade de Rio do
Sul e também para o Bairro Garcia, em Blumenau. Para que a transmissão em HD virasse realidade foram investidos mais de R$ 4 milhões na tecnologia, incluindo torre nova, instalação de nobreaks, troca de cabos, parte elétrica e aumento no espaço interno e operacional do prédio. Destaque para a antena Katrein, fabricada na Alemanha e considerada a melhor do mundo. “A antena é a garantia que oferecemos o melhor sinal digiBLUMENAU É l 2015
grupo RIC
tal em Blumenau”, confirma o gerente técnico Rafael Mafra. A emissora inaugurou também novos cenários e equipamentos de produção. Ganham os telespectadores e anunciantes, que têm à disposição o formato em todos os programas e intervalos comerciais, com padrão único de qualidade em imagem e som. A novidade possibilita mais mobilidade para o público acompanhar a RICTV Record em dispositivos móveis, como smartphones. Para assistir ao sinal 100% HD em Blumenau é só fazer a busca automática no seu televisor e depois acessar o canal 9.1. Consagrada pelas grandes coberturas nacionais e estaduais, a Record News SC também está disponível em HD na região desde o dia 1º de maio, pelo canal 6.1. Com mais este investimento o Grupo RIC reforça seu compromisso em liderar a produção de conteúdo regional, levando a todos os catarinenses informação que faz diferença na vida das pessoas, contribuindo com o desenvolvimento socioeconômico do Estado.
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NO CAMINHO DO BEM MOVIMENTO SOU BEM BLUMENAU CONVIDA TODOS A CONTRIBUIR COM PEQUENOS GESTOS PARA UMA CIDADE CADA VEZ MELHOR PARA SE VIVER
Ser mais cordial no trânsito, preservar o meio ambiente, receber bem o turista, cuidar dos animais e respeitar os idosos são atitudes simples e um primeiro passo para a construção de uma cidade ainda melhor. Pensando nisso, o Grupo RIC/SC criou em outubro de 2013 o Movimento Sou Bem Floripa. Desde então, o projeto mobiliza a população da capital para discutir temas de interesse da sociedade e incentiva pequenas atitudes positivas que juntas podem gerar grandes resultados. A iniciativa fez tanto sucesso que foi expandida em março deste ano para outras quatro cidades catarinenses, entre elas Blumenau. Para promover a proposta do Movimento Sou Bem Blumenau, a emissora passou a dar mais espaço para pautas positivas no conteúdo editorial, especialmente no Jornal do Meio-Dia e no Programa Ver Mais.
Entre os temas abordados estão Respeito no Trânsito, Cuidado Coletivo com a Segurança, Preservação da Natureza e Cuidados com os Animais. Também foram valorizadas ações de voluntários em hospitais, mobilizações para doação de sangue, economia de água, revitalização de pontos da cidade e iniciativas de pessoas que dedicam seu tempo para alimentar os mais necessitados.
faça sua parte E você, é bem Blumenau? Para conhecer e participar do movimento basta ficar ligado na programação da RICTV Record e acessar a página do Sou Bem Blumenau no facebook: facebook.com/soubemblumenau Você também pode postar fotos da cidade no Instagram com a tag #soubemblumenau BLUMENAU É l 2015
Já os totens customizados, ícones da campanha, caíram no gosto popular e geraram dezenas de fotos compartilhadas nas redes sociais por moradores e turistas com a hashtag #soubemblumenau. Localizados em frente à prefeitura e no Parque Ramiro Ruediger, os totens têm um design exclusivo para a cidade, com uma textura que remete ao padrão presente na bandeira da Baviera, enaltecendo a Oktoberfest e a colonização alemã. “Temos orgulho de uma campanha como esta. Nela, nós mostramos para as pessoas que não precisamos esperar somente pelos outros para fazer uma cidade melhor a cada dia, uma cidade hospitaleira, educada, limpa”, observa o diretor regional da RICTV Record Blumenau, Marco Salgado. “As pessoas abraçaram a campanha e junto conosco estão construindo uma Blumenau ainda mais bonita de viver.”