REVISTA SAÚDE ARAPONGAS/APUCARANA - EDIÇÃO 15 - 28/04/2020

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Fibromialgia

A fibromialgia é uma condição dolorosa caracterizada por dor muscular e óssea, difusa e crônica, com a presença de numerosos pontos dolorosos detectados no exame físico como fadiga, rigidez matinal, anormalidades do sono, queixas cognitivas e do humor. É uma condição comum e causa incapacidade significativa, a prevalência na população varia de 1,5 a 4,4%, é predominante no sexo feminino e acomete nove mulheres para cada homem.

Seu impacto na qualidade de vida e funções físicas é substancial. No Brasil, estudos constataram que leva a decréscimo de 65% da renda familiar, 55% recebem auxílio previdenciário. Vários fatores de risco podem interferir no desenvolvimento da fibromialgia, como fatores genéticos, ambientais, traumatismos físicos, cirurgias ou infecções, assim como estressores emocionais crônicos. Parentes de primeiro grau de doentes com fibromialgia têm risco até oito vezes maior de apresentar a doença. A dor é o principal sintoma, 60 a 70% dos pacientes informam que dói o corpo todo, a dor é difusa e migratória, o formigamento é um sintoma comum associado a dor. Referem sensibilidade aumentada para estímulos luminosos, auditivos e odores e muitos sintomas viscerais. Rigidez e dor articular ocorre em até 80% dos pacientes. Fadiga generalizada, traduzida por sensação de falta de energia e exaustão, é relatada por 85% dos doentes. Insônia inicial, despertar frequente durante a noite, dificuldade para retomada do sono, sono agitado e superficial e despertar precoce ocorrem em aproximadamente 65% dos doentes. É comum a queixa de sono não reparador; o paciente acorda cansado e com dores no corpo.

Dor de cabeça crônica, geralmente diária, muitas vezes intensa e frequentemente relacionada à tensão emocional são referidas por mais de 40% dos pacientes. Tontura também é uma queixa comum. Aproximadamente 25% dos doentes apresentam depressão, e 50% tem história de depressão em algum período da vida. Os sintomas de depressão incluem fadiga, desânimo, falta de energia, alterações do sono e dor crônica. O principal achado ao exame físico é a presença de numerosos pontos dolorosos. Os exames complementares (tomografias, ressonâncias, eletroneuromiografia e laboratoriais) são normais, logo, o diagnóstico é feito com base na história clínica e exame físico. O tratamento deve ser multidisciplinar e inclui o controle da dor e da fadiga, a melhora do padrão do sono, o controle das anormalidades do humor, a melhora da função geral do organismo e a reintegração psicológica e social. No tratamento medicamentoso, os analgésicos simples e os analgésicos anti-inflamatórios não hormonais são eficazes quando associados aos psicotrópicos, como por exemplo a amitriptilina, a duloxetina, a pregabalina e a gabapentina. Relaxantes musculares podem ter bons resultados na indução do sono, melhora da dor e fadiga. O tratamento não medicamentoso deve ser usado pois apresenta resultados iguais ou melhores que o tratamento com medicamentos. O uso de medicamentos isoladamente não é suficiente para tratar a fibromialgia. As terapias físicas mais utilizadas são: fisioterapia, condicionamento físico, atividade física (natação, esteira, bicicleta), hidroterapia, massoterapia, acupuntura. A psicoterapia é importante e a terapia cognitivo-comportamental pode ajudar os pacientes a melhorar a maneira de pensar e de lidar com a fibromialgia.

DR. RAFAEL WILLIAM DE SOUZA CRM/PR 26931 - RQE 18196 Neurologista

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Revista Saúde | Fevereiro . 2020 | rsaude.com.br

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