Revista da SDC nº 01

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ANO 1 / No 1


Diretor executivo Maurício Maia Direção da revista Maurício Maia Luiz Guilherme Ourofino Leo Bindes Projeto gráfico e diagramação Fábio Brasil Fotografia Carlos Will Alexandre Farias Capa Gervasio Teixeira / glteixeira.com.br Editor-chefe Maurício Maia Colaboradoras Marilia Arrigoni – repór ter Aline Canejo –­ revisão Revista voltada exclusivamente para os associados da Sociedade do Charuto Ltda. Atendimento ao cliente atendimento@sociedadedocharuto.com.br (21) 3042 4815 (21) 3042 4816


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EDITORIAL

editorial um motivo de orgulho para todos nós A Revista da Sociedade do Charuto (SDC) é dirigida a você, degustador de charutos, que considera seu objeto de desejo uma arte. Longe de ser uma vitrine para uma simples passagem de olhos, a Revista SDC aponta seu foco para esse seleto público e nos interesses desses especialistas em cultivar amigos e que se permitem contemplar a vida de forma positivamente alegre, com elegância e requinte. Será o principal instrumento de divulgação da Sociedade do Charuto, buscando uma linha editorial que forneça informação, cultura e entretenimento para nossos associados aficionados. Criar a primeira Revista SDC não foi exatamente um sacrifício. Ao contrário. Foi quase um passeio. A equipe da revista preparou esta edição com prazer e com cuidado. A escolha de Félix Menendez, maior referência de charutos no Brasil, para ser o entrevistado de nossa primeira edição, é quase um declaração de princípios. O espaço disponível aqui é insuficiente para traduzir o orgulho que sentimos e agradecer a todos que colaboraram com ideias, críticas e sugestões. A despeito e a propósito, nosso canal de contato (contato@sociedadedocharuto.com.br) está aberto para receber sugestões e esclarecer dúvidas. Um abraço forte a todos. E que este ano nos reserve muita saúde e boas baforadas.


sumário 05 seleção mensal 10 entrevista Félix Menendez, maior referência de charutos do Brasil, conta um pouco sobre sua trajetória e como se tornou uma legendária figura do mundo dos charutos

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14 acessórios 15 onde fumar O charme da Tabacaria do Ouvidor, no Centro do Rio de Janeiro

16 especialista A sensibilidade do olhar do fotógrafo paulista Marcos Pacheco

18 opinião

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Luiz Guilherme Ourofino

19 Próximas seleções Veja o que a SDC reservou para o mês de março

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SELEÇÕES DO MÊS

Fevereiro


SELEÇÕES DO MÊS

Origem República Dominicana Marca OpusX

Seleção

Exclusivos

Fuente Fuente OpusX Perfection X a obra-prima do sabor P

roduzida por um dos principais produtores de charutos do mundo, Arturo Fuente, a linha Fuente Fuente OpusX é considerada o auge da perfeição e serve de padrão para os outros charutos produzidos pela família Fuente. O cobiçado OpusX Perfection X possui sabor suave, mas poderoso, com pequenas notas de cacau e pimenta, que dão um equílibro perfeito na doçura exclusiva das famosas capas produzidas por Arturo Fuente. Enrolado à mão com requinte, este puro produzido na República Dominicana tem uma construção soberba, o que proporciona uma queima excepcional, com qualidade e consistência, e um aroma marcante, que transformam sua fumada numa experiência memorável, que faz jus à reputação da linha OpusX.

Nome comercial Perfection X Formato Parejo Vitola Toro Apresentação Caixa de latão finamente decorada de 3 unidades Medidas 158,5 mm de comprimento por 19,05 mm de anel calibrador Calibre Grosso (cepo 48) Força 4/5 (médio a forte)

Seleção

Nacional

Dona Flor Pirâmide Mata Fina a delicadeza do sabor F

abricado pela Menendez & Amerino, a marca Dona Flor foi criada em homenagem ao romance Dona Flor e seus Dois Maridos, de Jorge Amado, e transformou-se no principal charuto do mercado brasileiro. O Dona Flor Pirâmide foi um dos últimos lançamentos da marca e veio se juntar às versões Corona, Robusto e Churchill. Com seu formato diferenciado e um blend composto de uma rigorosa seleção de fumos procedentes do Recôncavo Baiano, o Dona Flor Pirâmide possui boa queima e fluxo adequado e proporciona uma boa fumada até o fim, com destaque para o excelente caráter aromático e a suavidade de sabor do tabaco Mata Fina.

Origem Brasil Marca Dona Flor Nome comercial Pirâmide Formato Figurado Vitola Pirâmide Apresentação Caixa de madeira/maço com 20 unidades Medidas 165,2 mm de comprimento por 19,84 mm de anel calibrador Calibre Grosso (cepo 50) Força 3/5 (médio)

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SELEÇÕES DO MÊS

Origem Cuba

Montecristo 520 Edición Limitada 2012 a busca pela perfeição

Marca Montecristo Nome comercial Montecristo 520 Formato Parejo Vitola Robusto Extra

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Montecristo 520 Edición Limitada é um dos três charutos de edição limitada anunciados no Festival Habano 2012 e foi o último a ser lançado. As edições limitadas de habanos são muito apreciadas e aguardadas a cada ano por aficionados em todo o mundo. Com uma construção espetacular, em que se destacam a capa oleosa e sua consistência firme, o Montecristo 520 é uma vitola única. Ele foi criado a fim de comemorar o aniversário de 520 anos da chegada do tabaco cubano à Europa, depois que Colombo esteve pela primeira vez em Cuba, em sua primeira viagem em 1492. Apresenta um fluxo perfeito, que oferece todo o aroma e o sabor do inigualável blend Montecristo, no qual se destacam notas de café, cacau e pimenta. Sem dúvida, uma das maiores experiências de fumar que o dinheiro pode comprar.

Medidas 155,0 mm de comprimento por 21,83 mm de anel calibrador Apresentação Caixa de cedro de 10 unidades Calibre Grosso (cepo 55) Força 3/5 (médio)

Alonso Menendez Churchills Mata Fina o premium nacional feito de tradição e paixão

Origem Brasil Marca Alonso Menendez Nome comercial Churchills Mata Fina Formato Parejo

Vitola Churchill

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ambém produzida pela Menendez & Amerino, o nome da marca é uma homenagem do fundador da empresa a seu pai, o empresário cubano Alonso Menendez, que até 1960 era o fabricante dos consagrados charutos Montecristo e H. Upmann, em Cuba. O Alonso Menendez Churchills Mata Fina faz jus à boa fama da marca. Muito bem construído e com uma capa bem acabada e macia, o charuto apresenta um delicioso retrogusto, queima perfeita e ótimo fluxo, com fumaça encorpada. Impressionantemente saboroso para um charuto suave, com destaque para a constância do paladar, sempre leve e agradável.

Apresentação Caixa de madeira/maço com 25 unidades e petacas com 5 unidades Medidas 165 mm de comprimento por 17.46 mm de anel calibrador Calibre Médio (cepo 44) Força 3/5 (médio)


SELEÇÕES DO MÊS

Origem Cuba Marca Bolivar

Seleção

Puro Habano

Bolivar Redentor Edición Regional Brasil mais que um pequeno gigante P rimeira edição regional da Habanos dedicada ao Brasil, o Bolivar Redentor foi um dos mais esperados lançamentos do ano de 2013 e vem superando todas as expectativas dos apreciadores brasileiros. O sobrenome, mais do que indicar qualidade ao militar venezuelano que passou para a história como o libertador de grande parte da América do Sul, é referência clara ao símbolo mais conhecido do Brasil no exterior. Fiel à força dos charutos da marca Bolivar, o Redentor caracteriza-se pela forte personalidade de seu sabor, com queima perfeita e um aroma que impressiona até mesmo os mais experientes fumadores. Apenas 2000 estojos numerados foram produzidos para celebrar esta edição regional que, com justiça, vem sendo considerada uma das melhores já feitas pela Habanos.

Hoyo de Monterrey Epicure de Luxe

o sabor elegante e inconfundível M

ais nova estrela da Série Epicure, o Hoyo de Monterrey Epicure de Luxe é um lançamento destinado exclusivamente às mais de 140 franquias La Casa del Habano espalhadas em todo o mundo e vem se juntar aos prestigiados Epicure nº 1 e nº 2 e Epicure Especial, adicionado em 2008. Queima regular, cinzas perfeitas e o inconfundível aroma do blend da marca Hoyo de Monterrey tornam este puro uma opção atraente especialmente para aqueles apreciadores que buscam um delicado habano que é mais leve ao paladar, mas com grande elegância e complexidade.

Nome comercial Bolivar Redentor Fomato Parejo Vitola Robusto Apresentação Caixas de cedro numeradas de 25 unidades Medidas 115.0 mm de comprimento por 21.43 mm de anel calibrador Calibre Grosso (cepo 52) Força 5/5 (forte)

Origem Cuba Marca Hoyo de Monterrey Nome comercial Epicure de Luxe Formato Parejo Vitola Robusto Apresentação Caixa de cedro com 10 unidades Medidas 115.0 mm de comprimento por 21.43 mm de anel calibrador Calibre Grosso (Cepo 52) Força 3/5 (médio)

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SELEÇÕES DO MÊS

Romeo y Julieta Petit Churchills um Churchills para qualquer ocasião A

Origem Cuba Marca Romeo y Julieta Nome comercial Petit Churchills Formato Parejo Vitola Petit Robusto

Romeo y Julieta goza de grande prestígio em todo o mundo e oferece uma das mais amplas faixas de vitolas entre as marcas de habanos. Lançado no ano de 2012, o Petit Churchills é a quarta homenagem da marca a um de seus mais dedicados fumantes, o estadista britânico Winston Churchill, juntando-se ao Churchill, ao Short Churchills e ao Wide Churchills. O calibre grosso (cepo 50) e o comprimento moderado dão ao Petit Churchills uma excelente combustibilidade, permitindo que o já consagrado sabor equilibrado e aromático da marca Romeo y Julieta possa ser apreciado em curto período de tempo. Embora proporcione uma fumada rápida, seu ritmo e sua intensidade surpreendem, expondo uma série completa de nuances de sabor, que enchem o paladar.

Medidas 102 mm de comprimento por 19,84 mm de anel calibrador Apresentação Caixa de cedro com 25 unidades e petacas com 3 unidades em tubos de alumínio Calibre Grosso (cepo 50) Força 3/5 (suave a médio)

Seleção

Origem Nicarágua

Volta ao Mundo

San Lotano Oval Maduro Robusto equilíbrio e distinção A

prestigiada linha San Lotano Oval, da fábrica nicaraguense AJ Fernandez, é apresentada em uma forma oval altamente original, que chama a atenção pela distinção de seu formato “prensado”. A versão Maduro da linha foi lançada na primavera de 2012 e rapidamente conquistou os adeptos do mundo todo, tendo grande aceitação no mercado americano. Construído com a conceituada capa Ecuadorian Habano Maduro ­— produzida no Vale de San Andres, no México, e envelhecida por 4 anos — o Oval Maduro Robusto proporciona uma fumada encorpada e verdadeiramente equilibrada, com fluxo perfeito, numa queima regular e com fumaça cremosa. Isso permite que o fumador experiencie todas as sutis complexidades oferecidas pela secretíssima mistura de folhas que compõem o miolo, oriundas de Honduras e Nicarágua, e que é a chave do sucesso deste charuto premium.

Marca San Lotano Oval Nome comercial San Lotano Oval Maduro Robusto Formato Parejo “prensado” Vitola Robusto Apresentação Caixa de madeira de 20 unidades Medidas 127.0 mm de comprimento por 21.43 mm de anel calibrador Calibre Grosso (cepo 54) Força 4/5 (médio a forte)


ENTREVISTA

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félix menendez A trajetória do cubano que se tornou a maior referência de charutos no Brasil

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uando desembarcou na Bahia, em 1979, o cubano Félix Ramon Menendez y Toraño não poderia imaginar que se transformaria em uma legendária figura do mundo dos charutos. A arquitetura de estilo colonial, as igrejas e a latente musicalidade do povo daquele lugar o encantaram. Na bagagem, trazia sementes, utensílios e técnicas cubanas. No coração, a missão de desenvolver a recém-criada Fábrica de Charutos Menendez & Amerino, fundada dois anos antes por seu irmão mais velho, Benjamin Menendez. Cordial e extremamente educado, “Seu Félix”, como é conhecido na cidade de São Gonçalo dos Campos, no Recôncavo Baiano, faz questão de cumprimentar todas as pessoas por onde passa. Chegado a uma boa conversa, histórias não faltam a este senhor de 67 anos, 34 deles no Brasil. Somente uma condição foi imposta para contá-las à SDC: “que nosso encontro seja acompanhado de charutos”. Essa foi a ordem do bem-humorado executivo, que nos recebeu com um sorriso largo e um charuto, pela metade, preso entre os dentes, no canto da boca. As horas de conversa revelaram um homem simples, irreverente e que não se coloca como

protagonista de um dramalhão latino, apesar de sua história de vida ser profundamente marcada pela Revolução Cubana. “Minha paixão pelos charutos vem de família”, conta. “Meu avô materno trabalhava na indústria tabaqueira desde 1910. Depois meus tios-avós paternos e meu próprio pai entraram nessa atividade. Então, desde que nasci, estou no ramo”, conclui Menendez, detalhando a origem espanhola dos familiares, que depois imigraram para Cuba. “Comecei cedo a trabalhar na fábrica de charutos da família. Na época tinha 13 anos e foi quando toda minha trajetória se iniciou. Foi nessa idade que fumei meu primeiro charuto”, lembra, com o olhar perdido. Na ilha caribenha, Alonso Menendez e José Toraño — pai e avô de Félix — eram, junto com José Manuel García, os controladores da fábrica Menendez, García y Cia, que produzia as consagradas marcas Montecristo, H. Upmann e Por Larrañaga. “A Montecristo era totalmente desconhecida. Ela foi comprada por 1 dólar pela minha família. O desenho da marca era um cara com chapéu de palha quadrado com uma bengala apontando para um cofre cheio de ouro. Era ridículo, e foi mudada para


o atual triângulo que chama muito mais atenção”, diz, sorrindo, aproveitando para pousar o que restou do charuto no cinzeiro. Acendendo outro charuto, conta-nos de forma pausada que, antes dos anos 1960, e ainda sob a direção da Menendez Garcia, essas marcas já eram de qualidade. E foi acompanhando a fabricação dos produtos que tanto Félix quanto seu primo e hoje master blender na Menendez & Amerino, Arturo Toraño, descobriram os segredos para a confecção de desejados charutos. “A nossa fábrica ficava ao nível da rua, no centro de Havana, e eu trabalhava na loja, na parte de venda de charutos. Comecei durante as férias da escola e depois passei para a fábrica. Mas, até sair de Cuba, só trabalhei na parte comercial. Arturo trabalhava no armazém e depois foi aprender a escolher, classificar e fermentar o tabaco”, detalha Félix. Não foi por muito mais tempo que os dois primos e iniciantes produtores de charutos permaneceram com a fábrica e na ilha, então governada por Fulgêncio Batista. “Após a Revolução Cubana,

toda a produção do país foi estatizada, e as fazendas do meu pai foram confiscadas pelo governo”, comenta, com o semblante agora fechado. “Eu era contra a revolução. Quando tudo começou a acontecer, eu estudava nos Estados Unidos. Depois, o governo revolucionário baixou uma lei em que os estudos em território americano não valeriam em Cuba. Então, voltei a Havana e passei a frequentar um colégio público que era muito politizado, que tinha gente a favor e contra a revolução. Então fizemos manifestações e panfletagem contra Fidel. Ainda podíamos fazer isso no início dos anos 60, porque o governo ainda não era estruturado e não tinha controle de tudo”, explica Menendez. Apesar de fazer campanha contra o regime castrista, Félix conta que não participou da luta armada. “Eu atuava na parte política. Depois veio o exército vermelho, que acabou com esse grupo de oposição. Os participantes foram obrigados a integrar o grupo de Fidel. Os que se negaram foram presos e alguns até fuzilados”, afirma, fazendo nova pausa. Olhando para a fumaça produzida por uma longa puxada no seu charuto, detalha que com a revolução o Estado cubano entrou em colapso. “As forças armadas, os policiais, as forças de segurança... tudo acabou! Quem não fugiu,


ENTREVISTA

Félix Menendez e Arturo Toraño acompanham uma das etapas da produção. Na outra página, os primos analizam o resultado final.

ficou ali. Aí o governo começou a fazer reformas: primeiro a urbana, depois a agrária. Tinha também que acabar com as empresas gringas. E um dia assim, de repente, decidiram acabar com a indústria do tabaco”. O assunto é delicado, ante o evidente desconforto das lembranças. O charuto, agora já alcançado seu segundo terço, permanece sendo elegantemente conduzido, numa queima perfeita. O empresário dá outra longa puxada, que transforma a ponta do charuto num círculo incandescente. Diz que, ainda em 1960, os Menendez começaram a deixar Cuba. Assim como ocorreu com diversas empresas, a Menendez Garcia foi estatizada, obrigando a família a abandonar todo o patrimônio. “Estávamos na fábrica, numa reunião com sindicato e, de repente, entrou um grupo de milicianos que fechou a empresa e mandou todo mundo embora. Disseram que o negócio agora era deles. E acabou”, narra Menendez. “Não tinha mais como sobreviver e trabalhar lá. Tínhamos que procurar uma outra forma de vida. Saímos escondidos, sem ninguém saber. Mas já saí de Cuba pensando em continuar a trabalhar com tabaco”, certifica. MUDANÇA DE TRÓPICOS Em razão da origem espanhola do pai de Félix, a família decidiu voltar para a Espanha. “Eu fiquei em Madri, mas minha família criou uma fábrica

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de charutos nas Ilhas Canárias. Eu tinha 16 anos”, comenta. “Nós pensamos em fazer um produto sem matéria-prima cubana para poder entrar nos Estados Unidos. Até porque na Ilhas Canárias não se planta tabaco. Nós importávamos material de outros países”, recorda Félix. Na Espanha, os Menendez fundaram a Companhia Insular Tabacoleira e, depois de algum tempo, novamente conseguiram alcançar o sucesso. Lá, lançaram o conhecido charuto Montecruz, até hoje bastante consumido nos Estados Unidos. Mas, apesar do clima favorável, as condições de mercado desfavoreceram a produção na Espanha. “Ficou inviável manter a fábrica lá”, disse. E é aí que o Brasil começa a se destacar no mapa de possibilidades tabaqueiras de Félix. “Passamos a buscar matérias-primas de outras regiões. Foi assim que meu irmão Benjamin conheceu o fumo da Bahia, e em seguida, seu maior exportador, Mário Amerino Portugal. Foi ele quem sugeriu uma sociedade para montar uma fábrica de charutos no Brasil”, conta o cubano, não disfarçando a alegria de poder citar o antigo sócio e velho amigo Mário Amerino. Assim surgiu a Menendez & Amerino, fundada em 1977. Mas só em 1985, aos 41 anos, Félix assumiria os negócios da família. “Primeiro vieram para o Brasil meus irmãos Benjamin e Alonso e depois veio Arturo. E eu cheguei em 1979. Quando chegamos vendemos charutos sem marca. Produzimos apenas para treinar o pessoal. Era uma capa horrorosa (muitos risos). São Gonçalo nunca tinha tido uma fábrica de charutos, o mercado estava totalmente fechado e nós que começamos a tocar a empresa. Trouxemos um charuteiro para treinar o pessoal, um cubano e dois canários”, conta Menendez. Atualmente, a empresa — que se destaca por fazer charutos e cigarrilhas de forma artesanal — exporta principalmente para Alemanha, Argentina e Estados Unidos, mas tem como principal cliente o mercado brasileiro. Na sede da fábrica, evidentemente, charutos não faltam. “Nem sei quantos fumo por dia, porque não paro. Devem ser uns cinco mais ou menos. No dia em que me cobrarem os charutos, peço demissão”, brinca “Seu” Félix, afirmando ainda que charuto é bom sozinho ou acompanhado de diversas bebidas. “Fumo com café, uísque, cerveja e vinho também. Na verdade, há uma necessidade fisiológica em fumar com uísque ou outra bebida, porque a nicotina é vasoconstritora e o álcool é vasodilatador”, teoriza.


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ENTREVISTA

MÁRIO AMERINO, JORGE AMADO E O DONA FLOR A amizade entre Félix Menendez e Mário Amerino da Silva Portugal começou nas Ilhas Canárias, para onde o exportador baiano viajava a negócios, com frequência. Mário logo se tornou amigo pessoal de Benjamin, irmão de Félix. Anos mais tarde, casariase com Carmem, única mulher do clã. “O Mário era um incansável defensor dos fumos baianos”, lembra. “Ele tinha o desejo de desenvolver um charuto brasileiro de qualidade e procurava um parceiro com capacidade para tocar o projeto, e foi aí que surgiu a parceria com meu irmão Benjamin”. Segundo Félix, Mário foi — e continua a ser — uma das mais estimadas personalidades da sociedade baiana, e que sabia como ninguém fazer amigos. “Ele e o Jorge Amado eram muito próximos. No romance “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, Jorge o homenageou, citando Mário como o amigo endinheirado, solteiro e estroina que emprestou a casa para Vadinho e Dona Flor terem a primeira noite de amor”, conta, com felicidade, o empresário cubano. E foi por meio de Mário Amerino que Félix Menendez conheceu o universo de Jorge Amado e se encantou com os personagens de seus livros. A aproximação entre os dois não tardou. E, para a surpresa do cubano, o escritor era um admirador dos charutos produzidos manualmente por Menendez. “A marca Dona Flor foi criada em 1987, para comemorar os 20 anos de lançamento do livro Dona Flor e seus Dois Maridos. Foi uma homenagem à minha grande amizade com Jorge Amado”, conta Félix. Alguns anos depois, uma das versões da marca, o Dona Flor Robusto Seleção, conseguiu um feito

inédito e recebeu a nota 92 numa avaliação da revista americana Cigar Aficionado, colocando o charuto brasileiro entre os cinco melhores do mundo. “Foi sensacional. Conseguimos alcançar o reconhecimento que esperávamos desde que resolvemos fazer charutos no Brasil”, diz o empresário, aos risos. Após chegadas e partidas, Félix Menendez, o herdeiro expropriado da tradicional marca Montecristo, encontrou no Brasil uma terra acolhedora. Não tem pretensão alguma de voltar a Cuba. “Me sinto brasileiro. País é o lugar onde a gente conhece as coisas e as pessoas e convive. E em Cuba eu não conheço mais ninguém”, pontua, deixando descansar no cinzeiro, de forma digna, o que restou do charuto que fumava. Não fosse a Revolução Cubana, a saga de Félix Menendez e de toda a sua família talvez tivesse sido escrita com um outro roteiro. Mas o fato é que trabalhar com tabaco nunca foi uma incerteza para o atual master roller à frente da brasileira Menendez Amerino. “Nunca pensei em trabalhar com outra coisa”, observa ele, com o seu sotaque ainda carregado, que lhe valeu o rótulo de “a mais baiana das bocas cubanas”.


ACESSÓRIOS

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Cinzeiro de cerâmica quadrado da marca Romeo e Julieta com apoiadores para dois charutos. Ótima opção para presente.

Charuteira Cohiba, preta, com fino acabamento em textura tipo couro de crocodilo e com compartimento para guardar o cortador.

Umidores perfeitos para os amantes de esportes ao ar livre e aquáticos. Eles não são apenas à prova d’água como também resistem em profundidades de até 30m. Como é feito de resina ABS reforçada de fibra de vidro, são à prova de choques. Possuem vedação hermética. Flutuam na água. Inclui umidificador.

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Transportar seus charutos requer estilo. Essa é uma fina caixa umidora, da marca Cohiba, em cedro, com acabamento costurado. Com divisão interna para melhor acomodação dos charutos. Acompanha conta-gotas. Ótima opção para viagem.


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ONDE FUMAR

Tabacaria do

Ouvidor

Um oásis no Centro do Rio

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qui se resolvem todos os problemas do mundo”. Esta é a conclusão de um frequentador assíduo da Tabacaria do Ouvidor, localizada no Centro do Rio de Janeiro. Aos que pensarem haver exagero na declaração, basta uma visita ao charmoso sobrado de 1882, todo restaurado, para conferir de perto que o local reúne o que há de mais desejado pelos apreciadores de charutos: espaço confortável, reservado, intimista, com bebidas selecionadas e, talvez o mais importante, charutos cubanos, dominicanos, hondurenhos e brasileiros de diferentes marcas acondicionados em ambiente próprio e climatizado, o que mantém a qualidade dos produtos armazenados. Aberta em 2010 pelos irmãos Andrea e Leonardo Bindes, a tabacaria guarda um espaço de calmaria em meio à agitação do corredor cultural da Praça XV, próximo a bares, restaurantes tradicionais e prédios históricos da cidade. “Eu era frequentador dessa rua e decidi abrir a tabacaria pela falta de ambientes adequados na região para degustar charuto”, explica Leonardo, especialista que há mais de 15 anos trabalha com derivados do tabaco. Em seu aconchegante fumoir, localizado na parte superior da tabacaria e devidamente equipado com exaustores, a casa reúne semanalmente confrarias e clubes de vinhos, uísques e cervejas. “Na verdade, temos clientes que se conheceram aqui e fizeram da casa um ponto de encontro”, ressalta Bindes, que, além dessas bebidas, serve conhaques, licores e petiscos para acompanhar. Única no Rio de Janeiro a possuir o selo Especialista en Habanos, conferido pelo representante exclusivo no Brasil da estatal cubana

Habanos S.A., a Tabacaria do Ouvidor recebe desde apreciadores que não abrem mão de degustar um charuto acompanhado de um bem tirado café gourmet após o almoço a estrangeiros em turismo pela cidade. Ali encontram um oásis de tranquilidade no meio da famosa Rua do Ouvidor, uma das mais tradicionais e movimentadas do Rio. Além, é claro, dos frequentadores habituais, que só querem fazer uma happy hour e relaxar, acompanhados de um dos puros que, sob o cuidado constante dos proprietários da tabacaria, repousam cuidadosamente numa belíssima sala umidificadora, toda envidraçada. Lá, a umidade varia entre 65% e 70%, temperatura média de 18ºC, provocando o desejo dos aficionados clientes. “Aqui é para recarregar a bateria. Até o próprio ouvidor-mor da cidade, que morava nesta rua e naqueles tempos coloniais passava o dia ouvindo reclamações, daria uma paradinha aqui, no finalzinho da tarde, para relaxar”, conclui aquele mesmo frequentador, lá do início da matéria, brindando-nos com sua cultura e seu bom humor. A gente concorda. Cercada pelo ambiente bucólico do centro histórico do Rio, a Tabacaria do Ouvidor atrai os mais diversos tipos de apreciadores de charutos. Ali, encontram conforto e sofisticação, em um lugar perfeito para um bate-papo com os amigos. Tabacaria do Ouvidor Rua do Ouvidor, 39, Centro, Rio de Janeiro. Funcionamento: segunda à sexta-feira, de 10h às 22h. Aos sábados, de 10h às 18h. Contato: (21) 2232 1345. Aceita todos os cartões.


ESPECIALISTA/FOTOGRAFIA

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marcos pacheco “Estar ali, nas ruas de Havana com seus incríveis automóveis da década de 1950, é como fazer uma viagem ao passado”

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arcos Pacheco nasceu em São Paulo, em 1970, e ainda menino começou a mostrar grande interesse pela fotografia. Aos 16 anos ganhou de presente sua primeira máquina fotográfica e saiu pelas ruas fotografando tudo o que achava interessante, já demonstrando sua vocação para a street photography. No início da carreira trabalhou com fotografia de estúdio, junto a profissionais consagrados, como a fotógrafa paulista Vania Toledo. No entanto, foi nos quatro anos em que trabalhou na Agência de notícias Reuters que descobriu sua verdadeira paixão, o fotojornalismo. Inquieto, já viajou pelo mundo fotografando eventos. Já teve foto de sua autoria escolhida para

ser capa do importante jornal americano The Miami Herald. Além disso, outras fotos ilustraram publicações segmentadas, como Alfa, Living Alone, Revista da Gol e Host & Travel. Capaz de ficar horas observando e estudando seu objetivo, para o momento perfeito de fazer uma foto, seu estilo próprio de retratar o cotidiano pode ser conferido em um de seus mais recentes trabalhos, realizado em Havana, capital de Cuba. Ali, suas lentes capturaram, com rara beleza, a cultura, os costumes e a realidade social das pessoas que vivem naquele lugar. Marcos procura capturar por meio de suas lentes “o melhor momento de uma ação que vai acontecer”, como ele mesmo define. Carinhosamente, aceitou nosso convite e arranjou um tempo em sua agenda para conversar com a Sociedade do Charuto. SDC – Você é conhecido por tentar expressar, em seu trabalho, a realidade social e urbana dos países por onde passa. Como adquiriu esse estilo? MP – Olha, uma coisa que definiu muito meu estilo foi, sem dúvida, o fotojornalismo. Costumo dizer que o fotojornalismo retrata o melhor momento de uma ação que vai acontecer. É diferente de um estúdio, em que eu dirijo a ação. Na rua, essa ação vai acontecer. Então, eu sou um observador. Eu gosto muito disso. Às vezes fico parado numa cena, um bom tempo, esperando o que vai acontecer, e tento retratar o melhor momento dessa ação. É o meu olhar, a minha visão sobre aquele momento. Para mim, a foto que é boa, é aquela em que o cara olha e fala: “nossa!”. Em locais como a Jordânia e o Marrocos, por terem uma cultura totalmente diferente, isso é muito fácil de conseguir. Londres também foi um lugar em que fiz fotos bem bacanas. Todo dia havia alguma coisa interessante para retratar.


SDC – E Cuba? Como foi retratar a realidade das ruas de havana? MP – Então, Cuba foi um desses lugares muito interessantes de fotografar. Em Havana Vieja você tem cenas de rua fantásticas! Passei um mês em Havana. Fiz amigos, entrava na casa das pessoas. Senti de perto a sofrida realidade daquele povo, a falta de produtos de necessidade básica, como sabonete, xampu, essas coisas. Para você ter uma ideia, deixei todas as minhas roupas para eles. SDC – E como extrair beleza dessa realidade? MP - Um fotógrafo de rua precisa ter uma sensibilidade do olhar diferenciada, para enxergar o que, para muitos, passa despercebido. Cuba possui uma arquitetura urbana belíssima — embora totalmente deteriorada pelo tempo. Estar ali, nas ruas de Havana com seus incríveis automóveis da década de 1950, é como fazer uma viagem ao passado. SDC – E essa sensibilidade do olhar? Ela pode ser trabalhada? Como exercitar esse olhar? MP - Para você retratar a realidade dos lugares sem alterá-la, é necessário frequentar os lugares, virar um habitante do lugar escolhido. Por isso, quando me disponho a fazer um trabalho assim, fico 2, 3 meses no local, tentando observar o máximo, prestar muita atenção na cultura, nos costumes, na paisagem urbana das cidades, na sua arquitetura, onde e como as pessoas moram e seu modo de vida. Talvez tenha sido por isso que morei tantas vezes fora do Brasil (risos).

SDC - E o povo cubano? Como foi “viver” em Cuba? MP – (risos) Apesar da realidade em que o povo vive, os cubamos são alegres e gentis. Moram em habitações muito pobres, mas fiquei impressionado com a hospitalidade e a alegria deles. Eu procurava passar o maior tempo possível com os cubanos. Participei do cotidiano daquela gente, e isso me proporcionou cenas incríveis, em que pude registrar momentos bem legais. Tudo de forma muito natural. Não foi só uma experiência jornalística, mas uma experiência de vida muito rica. SDC – Qual a foto que você mais gostou de fazer? MP – Ah, tenho várias que gosto muito... mas uma que me vem à cabeça foi a que fiz com o Ayrton Senna, em sua última corrida, em Interlagos, em 1993. Ele ganhou a corrida e parou logo depois do S do Senna. Consegui flagrar o momento em que ele pega uma bandeira e sai, comemorando a vitória. Essa foto foi capa do The Miami Herald. Essa é uma foto que eu guardo com muito carinho.


OPINIÃO

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Memórias de fumaça Por Luiz Guilherme Ourofino

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embro da fumaça, densa, azul e misteriosa perdendo-se no ar. Lembro das vozes ao fundo, das conversas sobre política, religião, futebol e mulheres. Lembro dos dramas pessoais, dos contos inverossímeis, das piadas, novas e antigas. Lembro bem do aroma, inconfundível, amado por alguns e odiado por muitos outros. O ambiente acomodava mal umas dez pessoas, mas sempre estávamos em maior número, quinze, vinte pessoas disputando uma vaga naquele lugar em que os móveis e a decoração já traziam as marcas do tempo... quanto tempo. Quem fuma charutos há, pelo menos, dez anos e mora ou morou no Rio de Janeiro certamente conheceu a Tabacaria Gryphus. Para muitos foi ali que tudo começou, o primeiro charuto ou, como no meu caso, a primeira vez que me senti inserido num grupo com essa mesma afinidade. Na esquina da Rua Gonçalves Dias com a Rua Buenos Aires, em frente ao tradicional Mercado das Flores, bem no Centro do Rio de Janeiro, funcionava a casa que tantas alegrias e lembranças me proporcionou. “Seu” Walter, um homem elegante e muito, muito educado, era o proprietário do lugar em que trabalhava com a sua família. Acho que cheguei por lá pela primeira vez no ano de 2001. Não sei bem quando eu comecei a fumar charutos. Ouço os meus amigos charuteiros tratarem do assunto com precisão e fico bem impressionado. Outro dia, revendo as fotos do meu casamento, em 1996, percebi que já naquela época dava as minhas baforadas. Até a minha esposa, vestida de noiva e tudo, aparece em uma foto com um charuto aceso na boca. Acho que isso nunca mais aconteceu! Voltando à Gryphus, em 2001, a partir daí passei a me ver como um charuteiro. Fui muito bem recebido por todos que lá se amontoavam. Era uma espécie de clube ou confraria, e o batismo era algo parecido com aquilo que hoje chamam de bullyng. Bastava você voltar no dia seguinte fingindo que nada tinha acontecido e pronto: tornava-se membro daquele grupo sacana e seleto. Médicos, empresários, advogados, engenheiros, funcionários públicos diversos, desempregados, aposentados e gente misteriosa: todos se misturavam e formavam uma pasta uniforme naquela tabacaria. Ali, todos eram iguais. A coisa funcionava assim: existiam basicamente dois grupos. Um que frequentava o horário do almoço e o outro que frequentava após o trabalho. O primeiro, ganhou o apelido de “ricos e famosos”. Só me lembro de que foi um senhor de cabeça branca quem apelidou assim. Eram pessoas mais polidas, bem trajadas e certamente mais bem educadas. Já o outro grupo, o da tarde, num daqueles encontros vespertinos, ganhou o apelido de “pobres e desconhecidos” e o curioso é que ninguém ficou chateado com isso. Brincadeiras à parte, ambos os grupos eram bem divertidos e vez por outra se encontravam em uma festa de fim de ano ou numa degustação de algum lançamento. Aliás, estão cada vez mais raras essas festas de lançamentos de charutos, hein?! Certa vez um confrade me confidenciou que andava adoentado, sem ânimo e estressado, e que após começar a frequentar aquela confraria todos os sintomas desapareceram. Ele parou com os remédios e até a patroa andava mais feliz! O fato é que a Tabacaria Gryphus, a velha Gryphus, como gostamos de chamar, após o falecimento do inestimável “Seu” Walter, fechou as portas em 2009. Foram duas perdas irreparáveis. Às vezes me pego olhando a fumaça azul, densa e misteriosa. E chego mesmo a ouvir as vozes e a sentir os aromas daquele cantinho de felicidade, de troca, harmonia e respeito.


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