querida leitora,
É com imensa alegria e orgulho que lhe damos as boas-vindas a Baoba. Uma revista criada especialmente para mulheres, assim como você. Aqui, buscamos lhe propocionar um espaço acolhedor, repleto de repertório e um aconhego materno para orientá-la em sua jornada.
Estamos comprometidos em dar voz às mulheres de diferentes origens, identidades e experiências. Acreditamos na força da diversidade e na importância de compartilhar histórias inspiradoras que reflitam a multiplicidade de vivências femininas. Queremos que você se veja representada nessas páginas, que se identifique e se conecte com as experiências de outras mulheres que trilham caminhos semelhantes.
Em resumo, querida leitora, a Baoba é um convite para que você se permita explorar, se inspirar, aprender e crescer. Aqui você encontrará um refúgio e um porto seguro, onde poderá se sentir bem vinda e nutrida. Estamos honradas por poder fazer parte da sua vida e esperamos que esta revista se torne um recurso valioso e essencial em sua jornada rumo ao empoderamento e à realizações pessoais.
Escola Superior de Propaganda e Marketing
Graduação em Design
Turma DSG3B 2023.1
PROJETO III
Marise de Chirico
Cor, Percepção e Tendências
Paula Csillag
Ergonomia
Auresnede Pires
Matheus Passaro
Finanças Aplicadas ao Mercado
Alexandre Ripamonti
Marketing Estratégico
Ana Duque
Produção Gráfica | Materiais e Processos
Mara Martha
Projeto Editorial e Gráfico
Carolina Cheng
Carolina Iavelberg
Giovana Wilberg
Natália Valente
Sofia Araújo
colaboradoras
erika lourenço
@erika.lourencoo
nátaly neri
@natalyneri
Referência na luta por uma sociedade mais inclusiva e igualitária, Nátaly Neri é uma influenciadora e ativista brasileira, que aborda questões sociais, raciais, políticas e de gênero.
djamila ribeiro
@djamillaribeiro1
Djamila Taís Ribeiro dos Santos é uma filósofa, feminista negra, escritora e acadêmica brasileira.
Ilustradora talentosa e versátil, especializada em criar arte que combina elementos tradicionais e digitais, Erika tem um estilo único e expressivo.
erika hilton
@hilton_erika
Política brasileira e ativista, é a primeira mulher trans eleita vereadora em São Paulo. Ela luta pelos direitos LGBTQIA+ e pela equidade de gênero.
catarina bessell
@catarinabessell
Talentosa ilustradora, conhecida por suas criações encantadoras e detalhadas, Catarina combina linhas fluidas e cores vibrantes para dar vida a personagens.
vem por aí...
elos
pequenas notícias 14 perguntas e respostas 16 entrevista 18 cases de sucesso 22 apoie mulheres 28
dondevim
ensinamentos 32 história 52
âmago
sexualidade 68 moda 88
indicações culturais 106 coluna assinada 112
sabedoria feminina mulheres no holofote
CIENTISTAS E ARTISTAS SÃO HOMENAGEADAS
NA MOSTRA NÓS
“Nós, Mulheres, sempre criamos, curamos, catalogamos, inventamos, analisamos e, sobretudo, lutamos”, afirma Isabel Seixas, curadora da mostra Nós - Arte e Ciência por Mulheres. Em exposição no Paço das Artes, a curadora apresenta um panorama sobre a trajetória das mulheres como produtoras de conhecimento por meio de uma narrativa que busca dar visibilidade à contribuição feminina ao longo dos tempos. A ideia é contemplar cenários históricos, desde a sabedoria ancestral até a crescente presença feminina nas instituições científicas de hoje, e propor tanto uma denúncia quanto uma ode às mulheres ativas nas mais diversas áreas do conhecimento. Entre as biografias inspiradoras estão a paleontóloga Carlotta Joaquina Maury, da médica Beatriz Grinsztejn, da escritora Nísia Floresta e a da cientista da computação Nina da Hora, entre outras tantas protagonistas.
prazer natural
seu prazer com lubs
Uma alquimia poderosa acontece quando olhamos com atenção, paciência, cuidado e mais respeito para a nossa sexualidade. E quando ela vem junto com estimulantes que não agridem a nossa pele e nem o meio ambiente, melhor. Foi pensando nesse caminho, livre de crenças limitantes e testes em animais que a Lubs surgiu com produtos e ideias para inspirar momentos liberdade. Além das super fórmulas de ingredientes naturais a empresa gera conteúdos educativos para naturalizar o prazer com o bem-estar em todos os sentidos.
CONHEÇA A DOMANI, MARCA MINIMALISTA, CONFORTÁVEL E SUSTENTÁVEL
Sem excessos nem frescuras, mas com tecnologia e propósito. Assim nasceu e se sustenta a Domani, marca de activewear sustentável e totalmente brasileira. “Tanto na mão de obra quanto nos materiais utilizados na fabricação de cada roupa”, esclarece a fundadora Gabriela Lombardi. Com detalhes pensados na praticidade e no conforto, como bolsos estratégicos e tecidos com função antiodor, isentos de produtos tóxicos para a pele e para o ambiente, as peças possuem tecnologia de compressão e baixa transparência. Perfeitas para práticas esportivas e atividades casuais. Além disso, os moldes são pensados para todos os corpos, ou seja, para todo dia e para todo mundo.
somente por mulheres
activewear revolution a livraria do momento
CONHEÇA A LIVRARIA GATO SEM RABO, ONDE NÃO FALTAM ESCRITORAS MULHERES
Nísia Floresta, Narcisa Amália, Gilka Machado, Patrícia Galvão, Simone de Beauvoir… O que esses nomes têm em comum? Mais do que mulheres, todas elas se mobilizaram pela causa feminista por meio da literatura e do ativismo. Ainda hoje, é essencial relembrá-las. Para além das autoras já consagradas, mais importante ainda é ler e divulgar o trabalho de mulheres na literatura. É nesse contexto que uma livraria como a Gato sem Rabo apresenta sua proposta: reunir e vender apenas publicações femininas, para que ganhem o reconhecimento merecido. A Gato sem Rabo localiza-se no centro de São Paulo, na avenida Amaral Gurgel 273, e está aberta ao público de terça a domingo.
perguntas e respostas
desvendando mistérios...
@pietracavalcanti
Como posso me conectar com outras pessoas e construir relacionamentos mais saudáveis?
Para se conectar mais profundamente com outras pessoas, comece por ser autêntica e vulnerável, mostrando seus verdadeiros sentimentos e pensamentos. Ouça com empatia e respeito, e estabeleça limites saudáveis para proteger sua própria saúde mental e emocional.
@valengomez
Como posso superar meus medos e inseguranças e viver corajosamente?
Para superar seus medos e inseguranças, comece por identificá-los e examinar de onde eles vêm. Pratique o enfrentamento gradual de seus medos e desafios, e encontre maneiras de se apoiar e se motivar. Lembre-se de que a coragem não significa a ausência de medo, mas agir apesar do medo.
@anajusilva
O que me traz felicidade e satisfação na vida e como posso incorporar mais disso em minha vida?
A felicidade e a satisfação são pessoais e podem ser encontradas em muitas coisas diferentes, como hobbies, relacionamentos, viagens e experiências. Identifique o que lhe traz alegria e pense em maneiras de incorporar mais dessas coisas em sua vida cotidiana.
@tatachaves
Como posso desenvolver minha espiritualidade e encontrar um sentido maior para a minha vida?
A espiritualidade pode assumir muitas formas diferentes e pode ajudá-la a encontrar um sentido maior na vida. Explore diferentes práticas espirituais, como a meditação, a oração ou o estudo de textos sagrados. Converse com outras pessoas sobre suas crenças e ouça diferentes perspectivas.
a primeira CEO trans
NASCIDA NA ARGÉLIA, FEZ A L’OREAL LUCRAR 4 BILHÕES DE EUROS AO CRIAR CAMPANHAS INCLUSIVAS
por JOÃO BATISTA JR.Integrante de família de classe média, nasceu em 1968 na Argélia, país esse do norte da África de maioria muçulmana. Aos seus 17 anos, se mudou para Paris -onde estudou biotecnologia e engenharia agrônoma, com pós-graduação em administração. Cacifou-se , então, para ingressar na gigante dos cosméticos L’Oreal. Sua carreira progredia à medida que assumiu-se uma mulher transgênero. Com o nome de Sue, ela fez história em diversos sentidos. Se tornou a primeira CEO trans do mundo e quebrou o recorde de faturamento da empresa que dirigia, sendo 4 bilhões de euros por ano. É de sua autoria um dos perfumes mais vendidos no mundo, o La Vie Est Belle, da Lancôme. Hoje, aos 50 anos, morando em Londres de frente ao Hyde Park, criou a sua própria marca de beleza, a vegana Orveda. Por telefone, ela falou sobre cosméticos, uso de Botox e de se sentir bem na própria pele. Hoje, aos 50 anos, a primeira CEO trans do mundo e responsável pelo recorde de faturamento da L’Oreal, criou sua própria marca.
Como se tornou a primeira CEO trans do mundo?Com o meu trabalho. Eu nasci em Argel, capital da Argélia, e desde adolescente quis atuar com ciência e tecnologia. Meu pai era político e minha mãe, professora de francês. Aos 17 anos, me mudei para a Paris para fazer faculdade. Estudei biotecnologia e engenharia agrônoma. Consegui mostrar o meu potencial quando entrei na maior empresa de cosméticos do mundo, a L’Oreal.
Como ingressou na empresa?
Comecei de baixo. Fui gerente de uma divisão de produtos para homens, voltados para a barba. Depois fui galgando espaço. Fui gerente de marca, gerente de marketing, gerente-geral até ser chamada para ser a CEO da L’Oreal Paris, em 2005. Embora fosse a joia da coroa do conglomerado L’Oreal, a marca passava por problemas enormes: crescia muito pouco e sua imagem estava defasada. Com determinação e visão estratégica, assumi o desafio de revitalizar a marca
L’Oreal Paris, trazendo inovação e modernidade mercado.
A medida fez aumentar as vendas da empresa? Quando assumi a L’Oreal Paris, o crescimento ao ano oscilava entre 0% e 3%. Na minha gestão, crescemos 10% o faturamento da empresa e, pela primeira vez na história, ele atingiu 4 bilhões de euros por ano. Isso se deu pela política da diversidade de gênero, étnicas e etária, mas também pelo lançamento de novos produtos. Por fim, decidi trocar o icônico slogan da marca, para “Porque eu mereço” para “Porque nós merecemos”. Coloquei a empresa no lado luminoso do jogo, o mercado.
Qual foi? Tive a grande ideia de criar um perfume. infelizmente a marca havia falhado em algumas fragrâncias, como a Magnifique, cuja campanha foi estrelada pela brilhante Anne Hathaway. Os diretores me disseram para focar nos produtos de pele. Não dei bola. Convidei o perfumista Olivier Polge, o maior gênio do setor do momento. Ele é filho do Jacques Polge, perfumista da Chanel que criou os sucessos Coco Mademoiselle, Chance and Allure. Eu e Oli-
ver nos vimos uma vez por semana ao longo de três anos. Quando o La Vie Est Belle chegou ao aroma final e obteve a fixação que queríamos, peguei um avião e fui até a casa da Julia Roberts, em Malibu. Lá, expliquei que o perfume foi inspirado no sorriso dela. Colocamos a fragrância no mercado em 2012.
O perfume vingou? O perfume se tornou um dos três mais vendidos do mundo e ultrapassou a marca de entorno de cinquenta milhões de frascos, um marco. O fato é que o mercado de luxo engana demasiadamente seus consumidores. Diversas grifes criam perfumes em seis meses, usando matérias-primas ruins. Elas investem mais em publicidade do que de fato na criação do produto. Mas não o nosso perfume, que não engana o consumidor e entrega o que promete. E por que a senhora deixou a empresa em 2013? O mercado estava em erupção, então percebi que as redes sociais mudariam a dinâmica de compra e desejo e queria criar algo novo. Eu vejo a vida como se fossem atos, assim como uma
todos, sem restrição de gênero, temos o direito de sermos que somos sem precisar sofrerHarry Mitchell Aos 44 anos, Sue Y. Nabi já havia conquistado tudo na indústria da beleza. Ou quase tudo.
peça de teatro. Meu próximo ato seria criar uma empresa minha. Não ligo ter deixado um salário alto para trás. Pessoas que colocam dinheiro em banco e não investem, não viajam e não criam algo novo são muito burras. Coloquei dinheiro na criação da Orveda.
Em que sua marca se diferencia das outras empresas? Para começar, ela é de luxo de fato. Você não a encontra em qualquer lugar. Apenas online e lojas de departamento cobiçadas. Também está ancorada em pensamentos modernos.
É vegana, não usa ingredientes de origem animal nem realiza testes em bichos. Sem falar que tem alta concentração de ativos orgânicos.
Os tais cosméticos de luxo têm apenas 1% de ativos que melhoram de fato a pele, então as pessoas são enganadas.
Quais matérias-primas a senhora usa? Itens como água de bambu, manteiga de macadâmia, probióticos naturais e o kumbucha, o chá preto vindo da Mongólia. Antes usado em drinques, quando alto
concentrado, ele dá luminosidade, brilho e firmeza. Mas há uma dica infalível para parecer jovem: das risada. O sorriso estica a pele ara cima, como se fosse natural.
A senhora usa plástico em seus produtos? Apenas na tampa dos rótulos. Escolher um cosmético é uma forma de se posicionar diante do mundo, por isso temos de levar tudo em consideração. Por exemplo, há protetores solar que estão matando recifes de corais. Não podemos ser cúmplices disso. O protetor interrompe o ciclo reprodutivo da espécie. Sem ddeixar de falar que, para nós, humanos, esse produto deixa a pele oleosa.
A senhora já sofreu preconceito por ser transexual? Sempre vou encontrar pessoas por ai que não gostam de mim. Então, como ja sei que irei me deparar com certos individuos, preconceituosos, minha arma é mostrar o meu melhor talento e habilidade. Meu lema de vida é: não me julgue pelo meu gênero, me julgue pelo o que eu faço e entrego nos meus trabalhos.
A senhora se considera uma ativista das causas LGBTQ+? Não tenho nada para esconder, mas não sou ativista. Na verdade, meu trabalho fala por si só. Na L’Oreal, essa questão nunca foi um obstáculo. Eu subi na empresa pelo meu empenho, pelas minhas ideias. As companhias precisam entender, e eu sou a prova disso, que a diversidade é boa, traz lucro. Na Orveda, há pessoas do mundo do todo, de todos os gêneros. É preciso que todo funcionário traga algo para o jogo. Eu quero apenas os melhores profissionais, pouco importa o gênero. Ninguém pode ter medo de ser o que é. Não se escondam dentro do armário, se expor é fundamental. Uma vez que há um mix de gente qualificada, a empresa só tem a ganhar.
A sociedade está mais tolerante?
Muito em função do uso frequente e viciante das redes sociais, as pessoas julgam umas as outras através das imagens que são projetadas facilmente. Tem gente que não tem nada para fazer da vida, mas encenam uma vida boa e ganha fãs que gostam de acompanhar essa vida.
Eu mesma, dentro do escritório, vejo meus amigos curtindo a praia e faço comparações de ortina. Nos compararmos, aliás, faz pate da alma humana, só temos de ter em mente o que queremos para nossas vidas. Por outro lado, as mesmas redes sociais expõe exemplos de pessoas parecidas conosco e nossos valores. Mostra que não estamos sozinhos, há em quem nos inspirarmos. O preconceito, de qualquer forma, sempre vai existir, infelizmente.
Em março deste ano, o Supremo Tribunal Federal do Brasil autorizou a população trans a alterar o nome social e o gênero no registro civil sem precisar fazer cirurgia. Como vê essa posição? Poder adotar o nome social dá empoderamento e poder de decisão sobre a própria vida, sem que isso afete de qualquer maneira à população e seus indivíduos. Essa medida precisa ser assegurada em todo o mundo. Todos, sem qualquer restrição de gênero, temos o direito de ser quem somos sem precisar sofrer constrangimento.
os diretores disseram para eu focar nos produtos de pele, não dei bola
da dívida aos milhões
NATALIA MARTINS SAIU DO ZERO E CONSTRUIU UM IMPÉRIO
DE BELEZA QUE CAMINHA PARA SE TORNAR INTERNACIONAL por MONIQUE LIMA
O ano era 2017. Natalia Martins enfrentava um divórcio no qual não teria direito a nada. A empresária devia R$ 90 mil e tinha um carro com ordem de apreensão. Não possuía nenhuma formação profissional. Além de cuidar dela mesma, também precisava sustentar a filha de dois anos. A solução foi trabalhar com o que conhecia: tratamento estético em sobrancelha.
Em uma sala de 30 metros quadrados – alugada com a ajuda da família –, Martins começou a atender clientes. As redes sociais eram seu chamariz, onde ela contava sua história e mostrava o seu trabalho. Um misto de profissional com pessoal que lhe rendeu um negócio milionário e um perfil com 10 milhões de seguidores no Instagram.
Natalia Martins, ou mais conhecida como Natalia Beauty, empresária do setor de beleza, com celebridades entre seus principais clientes e um faturamento de R$ 30 milhões em sua empresa no ano de 2022. Seu negócio foi a segunda marca mais admirada do varejo brasileiro no ano passado, segundo o ranking IBEVAR-FIA.
Dificuldade x oportunidade
A trajetória de Martins começou em 2014, aos 25 anos, quando casou e se mudou para Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Sua sogra tinha uma franquia de beleza, onde ela começou a trabalhar como secretária e atendente.
Quando uma funcionária abandonou a empresa com a agenda de clientes cheia, coube a Martins resolver a situação. “Tive que me deslocar até São Paulo para aprender o serviço dela de nanopigmentação e tratamento de sobrancelhas. Foi um curso intensivo de um dia que nunca imaginei que mudaria minha vida”, diz ela.
Ela assumiu as clientes e durante um ano melhorou sua técnica e ganhou experiência. Até que no fim do ano de 2016, o seu casamento acabou e Martins teve que voltar para o estado de São Paulo sem nada. “Era um negócio de família, eu não recebia salário fixo então nunca consegui juntar dinheiro. Tive que voltar para São Paulo com uma mão na frente e outra atrás, carregando somente minhas dívidas e minha filha”, contou à Baoba.
Divulgação
Em São Paulo, considerou quais eram suas opções: trabalhar em um restaurante da família, procurar um emprego sem ter um diploma profissional ou ser autônoma e começar seu próprio negócio de beleza. Na clínica de estética da sogra, ela viu que os tratamentos de beleza tinham tickets altos, cerca de R$500 por sessão. Foi quando ela teve que tomar uma nova decisão: pagar a dívida ou investir na expansão de seu negócio?
Expansão
“Eu não podia recuar. Já tinha chegado até ali e a dívida me acompanhado todo esse tempo. Não sou uma pessoa má. Eu sabia que iria pagar, mas decidi que faria isso quando aquele valor não me fizesse mais falta. Então eu investi no negócio. Investi em mim”.
No ano de 2018, a sala de 30 metros quadrados se tornou uma clínica matriz de mil metros quadrados, localizada na avenida Rebouças, em São Paulo. Àquela altura, as clientes da marca Natalia Beauty que nascia fomentavam o sucesso do negócio. Elas divulgavam nas redes sociais,
indicavam para amigas, e até viagem internacional bancaram.
Em 2019, o negócio que ela chamou de NB University teve um bom começo, mas cresceu depressa em 2020, devido à pandemia. A empresária teve de adaptar o curso para o modelo online. Ela começou com um live no Instagram mostrando a técnica. A repercussão foi tão grande, que decidiu montar uma versão do curso à distância. O faturamento desses cursos chegou a R$ 1 milhão naquele ano.
Atualmente já são ao todo 15 cursos voltados para o setor de beleza, além de gestão de negócios. A NB University já teve mais de 500 mil alunas online e cerca de 20 mil alunas presenciais.
Por conseguinte, as alunas recebem não só o diploma de conclusão dos cursos, mas também o selo da técnica e empresária Natalia Beauty, que podem estampar nos seus negócios e se filiarem à matriz. O Brasil já conta com 60 filiadas espalhadas por todos os estados. Há também as filiadas internacionais no Canadá, Itália, EUA, Suíça, Portugal e Austrália.
uma artista que inspira
LUDMILLA E SUA INCRÍVEL JORNADA DE SUCESSO
NO CENÁRIO MUSICAL BRASILEIRO
por CARINA GOMESNos últimos anos, o cenário musical brasileiro tem sido palco do brilhante sucesso da cantora Ludmilla. Com sua voz poderosa, talento inquestionável e carisma contagiante, a artista carioca conquistou o coração do público e se consolidou como uma das maiores estrelas da música no país. Nesta matéria, exploraremos a trajetória da cantora Ludmilla, desde seus primeiros passos até as realizações alcançadas ao longo de sua carreira. Ludmilla, cujo nome de nascimento é Ludmila Oliveira da Silva, nasceu em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, em 1995. Desde jovem, ela demonstrou interesse e talento pela música, cantando em festas familiares e participando de competições de canto na escola. Seu primeiro impulso rumo ao estrelato veio em 2012, quando publicou vídeos de suas performances no YouTube, ganhando grande visibilidade e atraindo a atenção de produtores musicais.
A partir desse momento, a vida de Ludmilla começou a passar por uma transformação acelerada. Os produtores musicais reconheceram
seu talento inegável e viram nela um potencial enorme para se tornar uma estrela da música brasileira. Logo, Ludmilla assinou seu primeiro contrato profissional e deu início ao desenvolvimento de sua carreira.
O Estouro
Foi em 2013 que Ludmilla, então conhecida como MC Beyoncé, lançou sua música de estreia “Fala Mal de Mim”. A canção rapidamente se tornou um sucesso viral, acumulando milhões de visualizações e colocando-a sob os holofotes da mídia. Seu estilo único, que mesclava funk com elementos de pop e R&B, conquistou um público diversificado e despertou o interesse de grandes gravadoras.
No decorrer de sua carreira, a cantora Ludmilla passou por uma transformação significativa, afastando-se do título de MC e adotando seu nome verdadeiro como uma forma de reafirmar sua identidade artística. Em 2014, lançou o single “Sem Querer”, que marcou o início de uma nova fase em sua música. Com uma sonoridade mais pop, Ludmilla mostrou sua versati-
Divulgação
lidade e a capacidade de transitar por diferentes gêneros musicais, conquistando ainda mais fãs.
Desde então, Ludmilla emplacou uma série de sucessos nas paradas musicais brasileiras. Canções como “Hoje,” “Cheguei,” “Din Din Din,” “Solta a Batida” e “Verdinha” se tornaram verdadeiros hinos em festas e baladas por todo o país. Além disso, colaborações com artistas renomados, como Anitta, Jão, Léo Santana e Ivete Sangalo, ampliaram ainda mais sua visibilidade, popularidade e público.
Internacionalização
O talento da cantora Ludmilla ultrapassou fronteiras, fazendo com que a cantora conquistasse espaço também no cenário internacional. Em 2020, lançou a música “Rainha da Favela”, que recebeu reconhecimento global e foi remixada pelo DJ norte-americano Diplo. Ludmilla também teve a oportunidade de se apresentar em diversos festivais internacionais, como o SXSW, em Austin, Texas (EUA) solidificando sua presença no mercado musical também internacional.
Empoderamento e a Representatividade: Além de sua habilidade vocal e talento artístico, Ludmilla também se destaca como uma figura empoderada e uma importante representante da comunidade LGBTQIA+. Ao longo de sua carreira, ela tem usado sua plataforma para lutar por igualdade, combater o preconceito e levantar questões sociais relevantes, tornando-se um ícone para muitos jovens.
O sucesso de Ludmilla no cenário musical brasileiro é fruto de seu talento indiscutível, dedicação incansável e autenticidade. Sua voz marcante, presença de palco cativante e letras empolgantes e ilustres conquistaram um público diversificado, tornando-a uma das artistas mais influentes e admiradas de sua geração. Com uma carreira repleta de hits e uma trajetória de superação, Ludmilla prova que é possível alcançar o sucesso e impactar a vida das pessoas através de suas obras, sua música. E seu legado continuará ecoando nos corações e nas playlists por muitos anos vindouros.
brilho da TV brasileira
TAIS ARAUJO: A ATRIZ BRASILEIRA QUE CONQUISTA CORAÇÕES
COM SEU TALENTO VERSÁTIL E SEU ATIVISMO INSPIRADOR
por MARINA BAGGIOTais Araújo é uma renomada atriz brasileira que conquistou o coração de todo o público com sua versatilidade e carisma. Com uma carreira consolidada na televisão, no cinema e no teatro, Tais é considerada uma das artistas mais talentosas e renomadas de sua geração.
Nascida em 1978, no Rio de Janeiro, Tais Araújo descobriu sua paixão pelas artes cênicas desde cedo. Aos 16 anos, ingressou em um curso de teatro e ali começou a lapidar seu talento. Sua determinação e dedicação logo renderam frutos, e com isso começou a fazer pequenas participações em produções televisivas, adquirindo experiência e se aprimorando como atriz.
No início dos anos 2000, ganhou notoriedade ao interpretar a personagem Xica da Silva, na minissérie de mesmo nome na emissora Globo. Sua atuação impressionou a crítica e o público, mostrando seu talento para dar vida a personagens fortes e marcantes. A partir desse momento, sua carreira decolou, e ela se tornou uma presença frequente na televisão brasileira, presente no cotidiano de nossa população.
Tais conquistou o público com sua versatilidade ao interpretar personagens de diferentes estilos e gêneros. Seja em dramas, comédias ou romances, ela demonstra habilidade em mergulhar nas mais diversas nuances dos papéis que desempenha, cativando a audiência com sua presença magnética nas telas. Além disso, sua presença carismática e carisma natural são características marcantes que a tornam ainda mais adorada pelo público brasileiro.
Além do sucesso na TV, Thais também se aventurou no cinema, protagonizando filmes de diferentes gêneros. Sua versatilidade fica evidente ao ver sua atuação em produções que vão desde comédias românticas até dramas mais intensos. Ela demonstra sua habilidade em se adaptar a diferentes estilos de atuação, entregando sempre performances convincentes e muito emocionantes.
Tais Araújo também é uma defensora da igualdade racial e do movimento de empoderamento feminino. Em entrevistas e discursos, ela levanta questões importantes
sobre a representatividade negra na mídia e sobre a importância de valorizar a diversidade. Sua voz ecoa além das telas, inspirando jovens artistas a acreditarem em seus talentos e a não se limitarem por barreiras impostas pela sociedade.
Ao longo de sua carreira, Tais Araújo acumulou deviersos prêmios e reconhecimentos por seu enorme talento e contribuição para as artes. Ela se tornou um ícone da representatividade negra na televisão brasileira, abrindo caminho para que outros artistas também tenham oportunidades de brilhar e mostrar seu valor.
Tais Araújo é uma artista completa, que emociona e encanta com suas interpretações marcantes. Seu talento, aliado ao seu ativismo, faz dela um exemplo a ser seguido por jovens aspirantes a atores e atrizes. Com seu carisma, determinação e paixão pela arte, Tais continua a conquistar novos públicos e a deixar sua marca na indústria do entretenimento brasileiro.
Tais Araújo não apenas brilha como atriz, mas também como produtora. Em parceria com seu marido,
o também ator Lázaro Ramos, ela fundou a produtora audiovisual “Aruana”, que tem como objetivo ampliar a representatividade na indústria do entretenimento, dando espaço e visibilidade para demasiadas histórias e talentos diversos.
Além de suas conquistas profissionais, é uma mãe dedicada e uma figura inspiradora para suas duas filhas. Ela usa sua visibilidade e influência para incentivar o tema de empoderamento feminino, a valorização da cultura negra e a importância da educação e do respeito às diferenças. Tais é um exemplo de mulher que equilibra sua carreira e sua vida pessoal, mostrando que é possível ser bem-sucedida em todas as esferas da sua vida.
Tais Araújo continua a ser uma referência no cenário artístico brasileiro, encantando o público com sua habilidade de se reinventar e se destacar em diferentes projetos. Sua atuação e seu ativismo inspiram não apenas jovens artistas, mas todas as pessoas que a admiram, pois ela representa a força, a resiliência e a determinação da mulher negra na sociedade.
skincare e sustentabilidade
CRIADA POR PATRÍCIA CAMARGO E LU NAVARRO, A CARE NATURAL BEAUTY É UMA DAS MAIS RELEVANTES MARCAS
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bell hooks e sua revolução
HISTORIADORAS NEGRAS FALAM SOBRE AS IDEIAS REVOLUCIONÁRIAS DE BELL HOOKS
por ANELIZE MOREIRA imagens PEXELS
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A escritora, professora e ativista Bell Hooks trazia em suas obras dimensões subjetivas articuladas com diversas questões sociais como racismo, feminismo, política, pedagogia, dominação e resistência.
A autora morreu em dezembro do ano de 2021 e deixou um legado imensurável para a literatura negra, segundo as historiadoras que conversaram com o Brasil de Fato.
A feminista negra norte-americana escreveu mais de quarenta livros publicados em quinze idiomas diferentes, sendo alguns deles felizmente traduzidos no Brasil . Filha de zelador e de uma empregada doméstica, bell foi educada em escolas segregadas nos Estados Unidos e publicou seu primeiro livro de poemas, And There We Wept, no ano de 1978.
Em 2020, a educadora e historiadora Silvane Silva foi convidada pela editora Elefante para escrever o prefácio da edição brasileira do livro de hooks Tudo sobre o amor: novas perspectivas.
Concomitantemente, ela explica que a autora acredita que o amor vai muito além do amor romântico, de afeição por alguém. Para ela, o amor é ação e está ligado à ética e ao coletivo.
“Ela mostra o quanto é importante para comunidade que nós tenhamos o amor como ética e que possamos construir uma noção de amor, que valoriza não o individualismo como a sociedade capitalista está acostumada, mas sim uma noção de amor que é construída”.
Legado de Bell Hooks continua a impactar vidas e influenciar pensamentos
Como definir as ideias revolucionárias de Bell Hooks? Diferente dos grandes teóricos da academia, Hooks fazia questão de escrever de forma didática e acessível para que todas as pessoas que se interessassem pela sua literatura e pelos temas que abordou em sua obra pudessem ler os seus escritos e sofreu críticas ao longo da sua carreira de não ser “acadêmica o suficiente”.“Isso é algo de uma grandeza imensa porque poucos acadêmicos conseguem alcançar o que ela traz, que é uma profundidade de conceituação alinhado a uma linguagem simples que atinge a todos e que principalmente traz todas as relações práticas do cotidiano para os conceitos e reflexões.
A preocupação dela era que a teoria pudesse nos curar, auxiliar a viver e pudesse ajudar no nosso dia a dia, trazendo luz e respeito”, diz Silva.
A autora percorreu durante a sua trajetória temas que vão desde teoria crítica a práxis pedagógica e cultural, feminismo, amor, espiritualidade, autoestima e também alguns livros voltados ao público infantil. Então como começar a ler
bell hooks? Silvane indica “Ensinando a Transgredir: A educação como prática de liberdade” e livros que tenham uma temática que tenha interesse, como por exemplo “Tudo sobre o Amor”, também da autora.
“Enfrentar o medo de se manifestar e, com coragem, confrontar o poder, continua a ser uma agenda vital para todas as mulheres”, escreveu bell hooks no prefácio de Erguer a voz: pensar como feminista, pensar como negra. E é este livro que a historiadora e psicanalista Mariléa
conhecer bell hooks foi um divisor de águas na sua carreira de como ela se via e de como pensava sobre elaBell Hooks empoderou mulheres do mundo todo, em busca da liberdade
de Almeida, autora do livro ‘Devir quilomba: Antirracismo, afeto e política nas práticas de mulheres quilombolas’ indica pra quem nunca leu bell hooks e quer entender as ideias da importante e renomada autora.
Durante a entrevista ela leu um trecho do livro Erguer a voz, pensar como feminista, pensar como negra: Quando nos desafiamos a falar com uma voz libertadora ameaçamos até aqueles que podem a princípio afirmar que querem ouvir as nossas palavras no ato de superar o nosso medo da fala de sermos vistas como ameaçadoras o processo de aprendizagem de falar como sujeitas participamos da luta global para acabar com a dominação. Quando acabamos com o nosso silêncio quando falamos com uma voz libertadora, nossas palavras nos conectam com qualquer pessoa que vive em silêncio em qualquer lugar.
Marilea diz que conhecer Bell Hooks foi um divisor de águas na sua carreira como escritora e de como ela se via e pensava sobre si mesma. A leitura das obras a ajudou se autorizar como mulher negra, intelectual, professora, pesquisadora e escritora.“Ela funciona para mim como uma convocatória, sabe? Como se estivesse sendo convocada a aprender a usar minha voz, minha inteligência, minha capacidade intelectual
e minha minha energia é a serviço para dignidade humana”. Luedji Luna lançou um álbum “Bom mesmo é estar debaixo d’água” que faz referências às autoras negras, nessa faixa remete ao livro publicado por hooks em 1981, chamado E eu não sou uma mulher? Mulheres negras e o feminismo. Em homenagem póstuma à Bell Hooks, a Editora Elefante anunciou que publicará pelo menos mais seis livros da renomada e sempre presente autora Bell Hooks.
Em seu legado duradouro, Bell Hooks continua a impactar vidas e influenciar pensamentos de milhares de mulheres Marilea relata que conhecer a obra da autora foi transformador, permitindo que ela se autorizasse como mulher negra e pesquisadora em meio à um mundo machista e repressor, e o mesmo acontece com muitas outras meninas, jovens e adultas, diariamente; provando que a influência de Hooks foi muito necessária.
as mulheres indígenas?
por JAMILLE ANAHATA imagens PEXELSn
No Brasil, mulheres originárias não reivindicam um “feminismo indígena”. Primeiro, porque os povos indígenas não representam uma unidade. Embora tenham pautas em comum, a defesa da terra como algo sagrado e de importância cultural, bem como as múltiplas relações a partir do gênero, podem ser diferentes de acordo com o território e o povo.
Depois, a própria definição de gênero dos povos indígenas se difere da visão trazida pelos colonizadores. Determinadas atividades possuem, historicamente, diferenciação entre gêneros, mas sem que isso signifique que as mulheres são inferiores aos homens.
Como as mulheres negras, as indígenas jamais tiveram que lutar pelo direito de trabalhar, uma vez que seus corpos foram explorados e escravizados. E mesmo fora da lógica escravista, as mulheres originárias não são vistas como frágeis – trabalham no roçado, com sementes ou na cestaria.
O contato com não-indígenas
Muitas das violências atuais decorrem, são consequências do marco histórico da colonização que tivemos em nosso país e da “miscigenação” ocorrida. Com o contato com não-indígenas, o corpo das mulheres foi mais exposto a além de doenças, os horrendos assédios. E mesmo sem o rótulo de “feministas”, as indígenas caminham pelo direito à dignidade e à saúde.
Rostos de mulheres indígenas, de várias tribos e culturas
Em alguns momentos, essa luta não se vê separada dos homens: uma vez que a luta pela terra e pela soberania alimentar é, em si, por essas pautas também. Em outras ocasiões, ela é sim específica.
Por isso, encontros como a Marcha das Mulheres Indígenas se tornaram demasiadamente necessários. Onde as demandas estão presentes e as mulheres de diferentes povos se fortalecem entre si, onde vemos muita união envolida. Vale destacar, dentro ainda da união desse movimento, que homens indígenas foram convidados a ouvir também.
As particularidades –ou seja, os recortes de gênero – também estão muito presentes em movimentos como o feminismo comunitário de Abya Yala e também o feminismo comunitário antipatriarcal. Assim como em grupos de articulação científica, como por exemplo o movimento plurinacional Wayrakunas e em grupos de conexão política co-
mo a Articulação Nacional Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA).
Embora não tenha um “feminismo indígena”, existem diversos exemplos de que as mulheres indígenas fazem frente aos resquícios coloniais que perduram até hoje na sociedade e deixam marcas para as mulheres, e elas consideram sabedorias ancestrais – uma delas é perceber o bem-viver como motor para o futuro.
Representatividade não é o ponto final
Em 2018, Joênia Wapichana foi a primeira mulher indígena a ser eleita deputada federal no Brasil. Filiada à Rede Sustentabilidade, ela atuou para barrar as investidas do governo em políticas anti-indígenas. Em 2022, seu legado já se mostra na eleição de Sônia Guajajara e Célia Xakriabá como deputadas federais.
É, sem dúvidas, uma celebração para os povos tradicionais que protegem a terra a chegada delas na política institucional. Mas, ao mesmo tempo, a ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, que sempre incentivou o racismo indígena, também foi eleita. E os discursos preconceituosos se difundem.
Outras mulheres, como por exemplo Bia Kicis e Carla Zambelli, integram uma bancada femi-
e mesmo sem o rótulo de feministas, indígenas caminham pelo direito à dignidade e à saúde
nina, sim. Mas conservadora. Isso mostra a armadilha de uma representatividade pautada apenas em características físicas, mas não, de fato, em projetos políticos.
Nesse sentido é necessária sempre uma atenção e interesse nos discursos políticos para o compreendermos e não sermos enganados pela representatividade, que está tanto em pauta atualmente.
Sônia Guajajara e Célia Xakriabá são a cara de um Brasil que quer preservar o meio ambiente quando o mundo inteiro fala de mudanças
climáticas e mercado de carbono. Assim como elas, há muitas outras que estavam concorrendo a cargos nessas últimas eleições e infelizmente não foram eleitas, e tantas outras que colocam seus corpos na linha de frente contra a violência e não são reconhecidas, nem na política, e, pasmem, nem pelo movimento feminista.
As mulheres indígenas que lutam pela proteção da terra, da natureza e dos direitos humanos, trazem um olhar sobre a violência de gênero, mas também sobre a preocupação com a segurança das próximas gerações. Algo que só pode ser garantido com a preservação da nossa biodiversidade. Não basta ser mulher, é preciso defender um projeto de vida e de futuro.
o que é o feminismo decolonial?
DO QUE ESTAMOS FALANDO QUANDO FALAMOS DE FEMINISMO DECOLONIAL BRASILEIRO?
por SUSANA DE CASTRO imagens PEXELSo
O feminismo decolonial acadêmico surge a partir do texto “Colonialidad y género” (2008), da filósofa argentina María Lugones. Nele a autora amplia a teoria da “colonialidade do poder” do sociólogo peruano Aníbal Quijano, introduzindo a noção de “sistema moderno-colonial de gênero”. Quijano e o grupo de intelectuais latino-americanos do Grupo Modernidade/ Colonialidade foram precursores na análise do colonialismo pensado a partir do eurocentrismo, do racismo e da modernidade. Mostraram como o projeto europeu de colonização das Américas estava calcado na teoria pseudocientífica da raça como desculpa para a expropriação capitalista da mão de obra escrava e para o acúmulo de capital globalizado.
O racismo que justificou a escravidão de negros e índios, na mesma época em que a Europa saía da servidão e entrava no sistema liberal de pagamento do trabalho mediante salário, deixou marcas indeléveis no continente latino-americano. Entre essas marcas, destaca-se a colonialidade do saber, do poder e do ser. Ou seja, apesar de supostamente independentes, os países latino-americanos continuam subordinados a um modelo de poder que reproduz a hierarquia racial e econômica da época da colônia, que marginaliza os saberes locais e, finalmente, que cinde a identidade nacional, uma vez que ela é marcada por um imaginário colonizado pelo racismo europeu.
Luta pela diversidade se torna clara no feminismo decolonial
Para Lugones, além de raça, o conceito “moderno-colonial” de gênero – no sentido de aquilo que qualifica e identifica a diferença sexual – também teria sido introduzido nos países latino-americanos como forma de dominar e controlar o trabalho e os corpos. Homens e mulheres não europeus, indígenas e africanos, eram considerados “diferentes” – leia-se inferiores –, porque não seguiam as mesmas regras de socialização e convivência das sociedades coloniais. Além disso, não eram cristãos. Assim, foi-se construindo a narrativa segundo a qual os povos não europeus, isto é, no caso latino-americano, os povos originários e os africanos da diáspora, viviam como selvagens, próximos à animalidade, e que por isso a cultura e a religião europeias deveriam salvá-los.
O feminismo surge como um movimento europeu-americano de libertação das mulheres da opressão patriarcal. Mas de quais mulheres se está falando? Existe uma identidade universal “mulher”? Todas as mulheres sofrem da mesma forma diante do patriarcado ou algumas tam-
bém usufruem das benesses dele? O feminismo negro e o feminismo lésbico norte-americanos mostraram que a subjugação da mulher branca ao marido ou ao patrão não a impedia de participar do racismo institucional e estrutural que a favorecia por sua cor e/ou por sua sexualidade, e por isso a alçava a representante e porta-voz de todas as mulheres nos meios de comunicação de massa e nos meios acadêmicos. Nesse sentido, não podemos condenar o patriarcado como uma entidade abstrata que subordina todas as mulheres da mesma forma sem olharmos para as diversas outras formas de opressão, tais como a racial, a sexual e a de classe.
Da mesma forma que o conceito universal moderno de ser humano – ou de natureza humana, definida com base no modelo europeu de racionalidade (autonomia moral e razão instrumental) – serviu para legitimar a submissão dos povos não europeus à invasão colonial, cultural e econômica, também pode-se dizer que o conceito universal de “mulher” serviu para ocultar outras formas de opressão, como
não há uma identidade exclusiva de mulher que represente à todas as mulheres
a de raça e a de classe. O conceito de interseccionalidade, forjado no bojo do feminismo negro, conseguiu dar expressão e visibilidade à opressão de raça, classe, sexualidade e gênero vividas pelas mulheres negras e pelas mulheres não brancas*. Para que a mulher negra e a mulher não branca possam ser elas mesmas representantes de suas pautas e reivindicações, é necessário que lhes seja reconhecido o lugar de sujeito, e que suas experiências façam parte também dos estudos feministas.
A contribuição das feministas negras e feministas não brancas foi fundamental para a crítica à identidade “mulher” monolítica do movimento feminista identitário. Não há uma identidade única de mulher que represente todas as mulheres. A situação fica mais clara quando comparamos as pautas do feminismo liberal “universal” pelo direito ao aborto, pela criminalização do assédio e do estupro, pela paridade de gênero na política e nos empregos –temas de interesse claramente da mulher branca universitária, e não necessariamente da mulher trabalhadora e de classe popular.
De que adianta lutar pela paridadena representação política se asrepresentantes mulheres forem todas da classe média ou média
o feminismo decolonial é uma corrente que busca confrontar as estruturas de poder e de opressão do colonialismo
A sororidade se faz importante em um movimento que a união faz a força
alta e defenderem seus interesses de classeao lado de seus pares homens? Se para muitas mulheres brancas a maternidade e o casamento não podem ser mais o destino das mulheres, para muitas mulheres negras e indígenas a maternidade é expressão central de suas identidades como mulheres e como líderes na comunidade – e não está associada diretamente à relação de gênero e de casamento. O trabalho da nigeriana Oyèrónké Oyěwùmí que aborda a sociedade iorubá do sudoeste da Nigéria, The Invention of Women: Making an African Sense of Western Gender Discourses (1997), expôs as falhas da universalização do conceito de gênero com base no ideal de família europeia nuclear, por associar maternidade ao casamento. Mostrou que a noção ocidental de “mãe solteira” é uma formulação estranha à cultura iorubá justamente por conjugar as duas coisas, como se uma fosse dependente da outra.
Se a segurança pública racista é pautada pelo encarceramento em massa da população negra, as mulheres negras vão se solidarizar
com seus companheiros não brancos, e não com as feministas de classe média e heterocentradas e suas pautas de liberação sexual e autonomia financeira, não havendo representatividade.
O feminismo decolonial latino-americano se junta ao movimento das mulheres negras e não brancas na reivindicação de que a questão do racismo é central no eixo da opressão patriarcal-capitalista. Não podemos pensar em feminismo brasileiro ou latino-americano sem considerar nossa herança colonial escravista. Pensar um feminismo decolonial latino-americano e brasileiro significa elapulações própria.
o feminismo decolonial brasileiro compartilha da preocupação de historiadores com a forma deturpada como nossos antepassados negros e indígenas
moda e o feminismo na história
COMO A MODA E O FEMINISMO ANDARAM LADO A LADO, DESDE O SÉCULO XX ATÉ OS DIAS ATUAIS
por LUANA BALMAS imagens PEXELSa
A moda, como expressão cultural e social, é um reflexo da sociedade em que vivemos, e, no Dia Internacional da Mulher, dia 8 de março, a Baoba quer saber qual o papel dela em movimentos feministas ao longo da história.
Atualmente, por exemplo, é possível ver o movimento feminista literalmente estampado em camisetas, com frases empoderadas como por exemplo “Lute Como Uma Garota” ou The future is female” (“O futuro é feminino”).
Esse movimento recente começou no ano de 2017, com a diretora criativa Maria Grazia Chiuri, da Dior, que trouxe a pauta feminista com a camiseta ‘we should all be feminists (todos deveriam ser feministas, em português)’, título esse do livro de Chimamanda Ngozi.
Rapidamente, essas camisetas viraram tendência, foram usadas e copiadas no mundo todo.
Para a consultora Renata Bitencourt, essa propagação mais recente do feminismo na moda permite que mais pessoas participem do debate: “Esse é um dos grandes papéis da moda, trazer a conversa para o mercado, disseminar o assunto para um público maior, um público de massa. Pessoas que não vestem Dior e nunca leram o livro de Chimamanda, mas que entendem a pauta e podem literalmente vestir a camisa.”
Mas essa pauta não é de hoje. Ela começa mesmo no século XX, quando a feminista americana Amelia Bloomer propôs uma peça que ganhou o nome dela, que era uma espécie de ceroula,
Ao longo da história, a moda serviu como expressão cultural e social para mulheres pelo globo
uma calça que permitia que as mulheres andassem de bicicleta e tivessem muito mais mobilidade para se locomover. Especialista em história e comunicação de moda, Dudu Bertholini explica que Bloomer foi perseguida e ridicularizada nos jornais pela ideia: “Outras mulheres foram presas por usar a peça. A provocação é muito além da estética. Por trás dela, havia um desejo de emancipação e o patriarcado queria impedir essas transformações.”
Por volta dos anos de 1910, século XX, a moda eliminou o espartilho, que era uma peça extremamente apertada e desconfortável a quem usasse. Vale destacar o quão recente essa data é e o quão próxima de nós está. E muitas mulheres não podiam nem viver mais sem os espartilhos porque perderam a força das costelas e da cinturas.
Renata afirma que é uma mudança que liberta as mulheres não só de uma peça de roupa, mas de uma ferramenta de tortura. Era realmente uma ferramenta de tortura que as mulheres deveriam utilizar em seus cotidianos.
Pouco depois, Coco Chanel, uma das estilistas mais famosas do mundo, promoveu a retomada do uso das calças por mulheres. A simplificação das roupas vinha na contramão do que se esperava da moda na época. O movimento sexista e machista da moda queria as mulheres cada vez mais arrumadas e “exóticas” aos olhos de toda uma sociedade patriarcal.
Já nos anos 20, ainda no século XX, as mulheres simplificam o guarda-roupa feminino, gerando uma grande transformação social para muito além da moda, suas vidas.
Até que nos anos 40, com a chegada da Segunda Guerra Mundial, os homens vão para guerra e não voltam para casa e as mulheres precisam, pela primeira vez na história, assumir a função dos homens. As mulheres passam a usar macacão, casacos com ombreiras, cortam os cabelos…
Outro momento muito importante foi o acontecimento da famosa queima dos sutiãs, mas que não foi propriamente uma queima só de sutiãs. No ano de 1968, aconteceu um protesto na frente de um concurso de beleza, em que feministas fizeram uma fogueira com elementos considerados opressores para as mulheres, como citado anteriormente, o famigerado sutiã.
Claro, tinha salto alto, meia-calça, detergente de lavar louça, e, sem esquecer deles, a famosa peça de sutiãs: “O protesto que aconteceu acabou virando um símbolo de resistência do movimento feminista.”
um dos papéis principais da moda é esse, levar o assunto ao público
a conquista do voto feminino
COMO
hHá 91 anos, as sufragistas brasileiras conquistavam direito ao voto. Em 1932, contudo, o voto ainda não era obrigatório nem universal – mas a data é extremamente marcante para a linha do tempo da luta feminina, visto o feito que foi realizado e o legado que podemos observaraté os dias atuais, com o direito ao voto feminino universal e mais que isso, mulheres conseguindo ocupar cargos políticos. Até o ano de 1932, o exercício do direito político ativo era mais uma exclusividade dos, pasmem, homens. Mas, atenção: esta é uma data importante, só que pela metade. Isso porque neste momento foi dado somente o direito das mulheres irem às urnas, votar e escolher representantes para os cargos públicos, o que já foi um enrome avanço para aquele momento, aquela época. Mas isso não lhes permitiu a posição de serem candidatas, votadas e eleitas legitimamente pelo povo, elementos esses que vemos pouca representatividade infelizmente até os dias de hoje. E isso é bem importante, viu? O Brasil possui 53% do eleitorado feminino, público esse que fez demasiada diferença para a decição da eleição de presidente do ano passado, 2022, e as mulheres representam 51,1% da população e a possibilidade de serem eleitas é não só trazer equidade para a política, mas refletir as demandas dessa população. Você sabia que atualmente, das 513 cadeiras da Câmara Federal, 91 são ocupadas por mulheres? E no Senado, das oitenta e
uma vagas, somente dez são delas? Novamente, a enorme falta de representatividade que observamos. Em ranking internacional, feito pela União Interparlamentar (UIP), que conta com 193 países, o Brasil é o 132º lugar em participação das mulheres na política, um dado demasiadamente alarmante.
O caminho ainda é longo mas nós da Baoba queremos te contar algumas conquistas históricas e mais sobre como chegamos até aqui. Vem com a gente:
1. O voto feminino no Brasil foi reconhecido somente no ano de 1932
Em 2020, é comemorado 90 anos da conquista do voto feminino garantido pelo Código Eleitoral (Decreto nº 21.076). O martelo foi batido no dia 24 de fevereiro. Esse ano, 2023, esse marco completa 93 anos, e devemos sempre lembrar do que muitas mulheres passaram para que tenhamos esse direito hoje.
2. Mas nem todas as mulheres podiam votar Apesar do voto feminino ter sido reconhecido em 1932, século XX, e incorporado à Constituição em 1934, ele era até então optativo e este direito era garantido apenas a mulheres acima de vinte e um anos, sendo demasiadamente excludente. Foi somente em 1965 que ele tornou-se universal e obrigatório, equiparando-se enfim ao direito ao voto masculino.
3. Uma professora foi a 1ª mulher a votar no Brasil
Documentos históricos mostram que Celina Guimarães Viana foi a 1ª eleitora brasileira registrada oficialmente e inequivocadamente, e antes mesmo de 1932. O marco aconteceu em 1928, na cidade de Mossoró (Rio Grande do Norte), após a proclamação da Lei Estadual nº 660 em 1927, que garantia a não distinção de sexo para o exercício do voto no estado. Hoje, a professora é conhecida no mundo por ter sido ainda a 1ª eleitora da América Latina, marcando um importante marco na luta pela igualdade de gênero e pelos direitos das mulheres no Brasil e na política, o que garantia a não distinção de sexo.
O estado do Rio Grande do Norte foi o primeiro estado do Brasil a deixar as mulheres participarem ativamente da política como eleitoras e candidatas – mesmo que ainda com uma série de restrições. Por isso, tanta coisa marcante aconteceu por lá. Além de Celina, já mencionada anteriormente, Alzira Soriano foi eleita prefeita da cidade de Lajes com 60% dos votos, tomando posse no dia 1º de janeiro de 1929. Um ano depois, após promover a construção de estradas, mercados, e trazer melhorias ligadas à iluminação pública, contribuindo com a segurança na região, ela perdeu seu mandato por não concordar com a política nacional de Getúlio Vargas, eleito presidente da República, que mais tarde protagonizou o Golpe do Estado Novo. Alzira Soriano foi eleita prefeita da cidade de Lajes com 60% dos votos.
você sabia que atualmente, das 513 cadeiras da Câmara Federal, somente 91 delas são ocupadas por mulheres?
Mulheres lutando pelos seus direitos e se manifestando frente a sociedade
5. O primeiro partido feminino foi criado antes do direito ao voto, concebido somente no ano 1932
O Partido Republicano Feminino (PRF) foi criado em 1910 por Leolinda de Figueiredo Daltro, uma educadora apelidada na época de “a mulher do Diabo”, por, pasmem, ser divorciada e criar sozinha seus cinco filhos, chocando a sociedade com esses fatos. Depois de ter seu alistamento eleitoral negado – e afrontar muito o patriarcado -, ela criou o Partido Republicano Feminino justamente para reivindicar o direito ao voto feminino em nome de todas as mulheres, tornando-se assim sufragistas.
6. Bertha Lutz foi outro grande nome do sufrágio brasileiro
Além de criar a Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher, em 1918, século XX, e a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, em 1922, a diplomata Bertha Luz foi uma das responsáveis por alavancar a candidatura da prefeita.
Ela também representou o Brasil em diversas assembleias que discutiam direitos femininos, inclusive na ONU (Organização das Nações Unidas), e foi um dos principais nomes a lutar pelo direito ao voto e ao trabalho das mulheres.
E hoje? Mudou alguma coisa?
Hoje, 52,5% do eleitorado brasileiro é composto por mulheres. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 56,1% dos brasileiros se declaram negros, grupo que reúne pretos e pardos. Mas esta parcela da população não é representada como deveria no mundo da política mesmo 90 anos após esta conquista tão importante.
E não para por aí. O Brasil ocupa o 9º lugar na lista de 11 países da América Latina no ranking de participação de mulheres na política da ONU. As nações são classificadas de 0 a 100, de acordo com 40 indicadores, distribuídos em 8 dimensões, entre elas: compromisso com a igualdade, exercício de direito ao sufrágio, efetividade da lei de cotas e paridade política, poder executivo e administração pública, poder legislativo, poder judiciário e instâncias eleitorais, partidos políticos e governos locais.
simplificando a sexualidade
É PRECISO IR ALÉM DOS PREFIXOS “BI” E “PAN” PARA
ENTENDER ESSAS ORIENTAÇÕES SEXUAIS E NÃO
REPRODUZIR PRECONCEITOS
b
Bi de bissexual significa dois. E pan de pansexual significa tudo. É simples assim? Basta olhar para as primeiras letras dessas duas palavras para entender essas orientações sexuais por completo? Não. Focar apenas na construção da palavra pode nos levar para a reprodução de preconceitos e interpretações equivocadas. No fim, Qual a diferença entre bissexual e pansexual
A bissexualidade é popularmente conhecida pelo caráter binário. É bem difundida a ideia de que pessoas que se entendem dentro dessa orientação são atraídas por homens e mulheres. Mas não é bem assim. Pessoas bissexuais, na verdade, são pessoas que sentem atração por mais de um gênero. Isso é, elas podem ser emocionalmente, romanticamente ou sexualmente atraídas por quem está fora dessa binariedade, como pessoas não binárias, queers, gênero fluído, homens e mulheres cis, homens e mulheres trans.
De onde vem o bi?
A bissexualidade surgiu numa época em que ou você era heterosexual ou você era gay, . Quando as pessoas que não se identificavam com nenhum desses pólos começaram a se organizar e reivindicar espaço – dizendo que sentiam atração por mais de um gênero -, rapidamente as batizaram como “aqueles que gostam de homem e mulher”. Mulheres trans e travestis já existiam e encabeçavam lutas pelos direitos LGBT muito
A bissexualidade é popularmente conhecida pelo caráter binário, mas não é bem assim
Nos anos 90 apareceu o manifesto bissexual, que descreveu a bissexualidade através de sua fluidez
antes disso, mas como não eram reconhecidas pela sociedade cisheteronormativa, elas não eram vistas, também, como pessoas desejáveis. Não era exatamente o que o movimento bissexual estava dizendo, mas o que a sociedade cisgênero conseguia enxergar. Para essa estrutura, só tinham duas possibilidades de existir: homem e mulher.
Nos anos 90, então, apareceu o manifesto bissexual, originalmente publicado em uma revista do gênero, para reafirmar a identidade plural dessa orientação. Ele é considerado um documento importante e não deixa dúvidas que bi é mais de um. Em um trecho, ele diz: “. Não assuma que a bissexualidade é naturalmente binária ou poligâmica”.
Uma pessoa bissexual não precisa ter se relacionado com mais de um gênero para se considerar bissexual. Homens casados com mulheres a vida toda, por exemplo, podem ser considerados bi, mesmo não tendo, ainda, nenhum tipo de relação com homens em suas vidas. Vale também para quem se sente atraído mais por um gênero do que por outro – aliás, trata-se de
Podem ser emocionalmente, romanticamente ou sexualmente atraídas pelo sexo oposto
sexualidade, não de matemática, e por tanto não precisamos aplicar tantas regras. Esse assunto não tem a necessidade alguma de ser um gesso na vida das pessoas.
Bi e pan são a mesma coisa? Enquanto na bissexualidade o indivíduo pode ter preferência por alguns gêneros, a pansexualidade é a atração por todas as pessoas. Para quem é pan, o gênero em si não importa, nem entra na conta. É aquele famoso: “gosto de pessoas, não importa o gênero”.
Essa orientação sexual ganhou notoriedade no fim dos anos 90, e está intimamente ligada aos acontecimento de ativismo e ao debate de gênero. Ela existe para incluir pessoas que não se enxergam nessa binareidade: homem e mulher.
Embora tenham subjetividades, as duas orientações sexuais sofrem os mesmos preconceitos, sendo eles: serem taxadas de confusas e promíscuas, quando, na verdade, confuso e extremamente ultrapassado mesmo é tentar enquadrar todas as existências dentro da caixa da monossexualidade.
o que significa transfeminismo?
e
Em 29 de janeiro é celebrado o Dia da Visibilidade Trans, uma data que é fruto da luta protagonizada por travestis e transgêneros (homens e mulheres trans, que não se identificam com o gênero atribuído ao nascer, e pessoas não-binárias, que não se identificam nem com o gênero masculino, nem com o gênero feminino). Todos estão em busca de espaço e direitos, reivindicações que estão presentes no transfeminismo. Aliás, você sabe o que é e o que busca esse movimento?
O transfeminismo é uma linha de pensamento e ação feminista que empodera falas e experiências, a vida de travestis, pessoas trans e não-binárias, questionando os existentes estereótipos de gênero. Não reduz o gênero ao sexo biológico e considera, definitivamente, que existem muitos jeitos de ser. Luta que não beneficia apenas pessoas trans, mas “integra uma maior parte de experiências de mulheridades e feminilidades”, explica a autora do livro Transfeminismo, da coleção Feminismos Plurais, Letícia Carolina Nascimento.
Um Orixá
“O transfeminismo é uma entidade, como um Orixá”. É assim que a mulher negra e ativista Neon Cunha define, então, a luta das mulheres trans. Se define como uma divindade pedindo para que o corpo não seja maltratado – nem por si, nem pelos outros.
O transfeminismo é uma linha de pensamento e ação feminista que empodera pessoas trans
É sobre o direito de sermos quem somos e vivermos livres
A maior contribuição que o transfeminismo traz como alternância de pensamento e de intelectualidade, segundo Neon, é a liberdade de ser.
“Não é só discutir a equidade, mas o direito de ser quem se é”.
Essa corrente do feminismo, também defende que a sociedade reconheça a contribuição de pessoas trans em suas trajetórias coletivas e individuais, não só no momento atual, mas também resgatando suas existências desde a origem da história.
Direitos básicos, como políticas públicas que deem suporte para que pessoas trans permaneçam na escola, acessando o ensino superior, são também demandas da luta transfeminista. Por conseguinte, a comunicadora e escritora Lana de Holanda Pelech acrescenta ainda a busca para que tenham saúde de qualidade, tanto de assistência básica, como de direitos reprodutivos e ginecológicos, em busca pelos direitos.
Interseccional também
“A gente aprende com o feminismo negro a interseccionalidade”, explica a professora do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) e autora do livro “Transfeminismo: Teorias e Práticas”, Jaqueline Gomes de Jesus. Ao lutar pelos direitos das mulheres trans e travestis, o transfeminismo também questiona a ideia universal de mulher, como aquela que só é, se for branca e de classe média.
Embora tentem romper com essa ideia hegemônica, o transfeminismo não rompe com outras vertentes do feminismo. “Ele se alimenta da trajetória política e epistemológica destas outras lutas para ampliar o conceito de gênero”, complementa Letícia Carolina, autora do livro Transfeminismo.
Transfeminismo para todos
Além de abrir espaço para as falas e contribuições de pessoas trans em todas as lutas feministas, é necessário que pessoas cis percebam como o estereótipo de gênero faz com que pessoas que não estejam dentro desse padrão sejam negligenciadas em direitos, benefícios sociais, segurança e trabalho. Ainda assim, a professora Jaqueline Gomes de Jesus ressalta que o transfeminismo não denuncia apenas a opressão pelas quais pessoas trans sofrem, mas também propõe uma nova reflexão sobre o que é ser cis. “Há uma pluralidade de formas”. E, para quem tiver disposto a descobrir quais, Jaqueline dá uma lição de casa: “pensar na sua identidade e na forma como você se coloca no mundo, frente a sociedade”.
pensar na sua identidade e na forma como você se coloca no mundo, frente a sociedade
vantagens do coletor menstrual
oO Inciclo é a solução que oferece liberdade para todas as mulheres durante o período mede ser uma escolha sustentável.
O coletor menstrual Inciclo é flexível e se adapta perfeitamente ao corpo, o que faz com que você esqueça que está usando! É perfeito para ser usado durante todas as atividades físicas (inclusive yoga, ciclismo, acrobacia, natação, ginástica, corrida e mergulho). Você também poderá dormir com o coletor menstrual Inciclo.
O Inciclo é simples de usar, ele é inserido na vagina e simplesmente coleta o fluxo. Pode ser usado por até 12 horas! Depois é só retirar, lavar e usar novamente. Como o coletor menstrual Inciclo fica em posição mais baixa que um absorvente interno, facilita a remoção sem bagunça.
Produzido 100% em silicone, o coletor não interfere na umidade natural da vagina e é hipoalergênico. O Inciclo não contém substâncias químicas, ao contrário dos absorventes externos e internos. O uso do Inciclo também ajuda a diminuir o risco de infecções.
E nada de cheiro! Como não há proliferação de bactérias enquanto o sangue não entra em contato com o ar, ele não exala odores.
O coletor menstrual Inciclo também pode ser usado por mulheres com fluxo muito intenso, o que vai mudar é apenas o intervalo da higiene. Tendo que haver maiores trocas. Não é necessário retirar seu coletor menstrual Inciclo para urinar ou evacuar.
Prático, econômico, sustentável, seguro e higiênico, o coletor mudou a vida de muita gente
Além disso, o copinho é econômico e ecológico, já que você adquiri um, usa por vários anos e não precisa mais comprar absorventes descartáveis. O coletor menstrual é mais saudável para você, para o seu bolso e para o planeta terra! Venha descobrir o porquê:
Mais saudável
Feito de silicone hipoalergênico, o coletor menstrual não resseca a vagina. Os absorventes internos são feitos de algodão e mais 12 substâncias químicas. 35% do que é absorvido é umidade do corpo e não sangue menstrual.
O Inciclo é a solução, também, para mulheres que costumam ficar com a pele irritada e tem alergia a absorvente por causa do contato direto com a pele. Além disso, como não há proliferação de bactérias enquanto o sangue não entra em contato com o ar, não sentimos odor desagradável.
Economia para você
Você não precisa muito gastar dinheiro todo mês só porque simplesmente está menstruada, com incontáveis absorventes!
Concomitantemente, em média, as mulheres gastam quase R$9.000,00 em absorventes descartáveis. Você provavelmente gasta aproximadamente R$210,64 por ano. Ou seja, usando o coletor menstrual Inciclo você estará economizando R$135,64 logo no primeiro ano, sensacional!
Praticidade
Com o copo menstrual Inciclo você terá a liberdade que precisa para o seu dia-a-dia sem se preocupar com a menstruação. É perfeito para ser usado também durante a noite e para praticar todos os tipos de esportes, mesmo por mulheres com bastante fluxo.
Com o coletor menstrual Inciclo você poderá nadar, fazer escalada, dançar, correr, mergulhar, fazer esportes radicais, yoga e etc. É discreto, molda-se ao corpo e evita o desconforto dos absorventes comuns. Ou seja, nada de deixar de fazer suas atividades por estar menstruada.
Você pode ferver por 5 minutos para esterilizar seu Inciclo. O Inciclo é o melhor produto de higiene menstrual no mercado e com certeza vai mudar a sua vida.
Confortável
O Inciclo é tão confortável que você vai esquecer que está menstruada. O coletor menstrual é feito de silicone macio e flexível, e devido a possuir esse material, são raros os relatos de desconforto ao utilizá-lo.
Fácil de usar
Com um pouco de prática, você vai colocá-lo e tirá-lo em segundos. Sem sentir qualquer dor. Cada mulher encontra uma posição que se sente mais confortável. Para colocar, o Inciclo deve ser inserido dobrado na vagina. A flexibilidade do silicone permite que o Inciclo abra e molde-se perfeitamente ao seu corpo.
Depois de aproximadamente 8 a 12 horas, é só retirar e enxaguar. Pronto! Pode usá-lo novamente. O Inciclo, depois de inserido, fica em posição mais baixa que um absorvente interno, o que facilita a remoção sem bagunça. Entre um ciclo e outro, é recomendada uma limpeza mais cautelosa. O Inciclo com certeza vai mudar a sua vida com sua praticidade.
o uso do coletor menstrual evita o lixo gerado pelo descarte de milhares de absorventes descartáveis e proporciona mais conforto
menstruação e sustentabilidade
O ECO FEMINISMO CONECTA A LUTA PELA IGUALDADE ENTRE GÊNEROS E A PRESERVAÇÃO DA NATUREZA
Qual a relação entre menstruação e sustentabilidade?
Boa parte dos absorventes descartáveis tem em sua composição produtos químicos para disfarçar supostos odores desconfortáveis. Além disso, eles também têm plástico em sua composição e como são produtos de higiene íntima, não podem ser reciclados, acabam parando em atorros sanitários ou oceanos e levam centenas de anos para se decompor. Uma única pessoa tem em média 450 ciclos menstruais durante a vida, o que daria um equivalente a 10 mil absorventes descartáveis durante a vida, responsável por produzir portanto 150 kg de lixo. O que é vendido como conforto e praticidade resulta na ameaça a vida animal, em poluição de nascentes, mares, rios e oceanos, afetando nossa saúde e as próximas gerações.
Em média, 4 coletores menstruais se equivalem a 12mil absorventes descartáveis
4 coletores
12 mil absorventes
O benefício do uso do coletor menstrual
um absorvente custa R$20,00 por mês
Ao longo de dez anos serão gastos R$2.400,00 a
o coletor custa R$86,00 para uma unica compr Como ele dura 10 anos, ele seria comprado uma única vez com uma economia de 279% nesse período
Como colocar o coletor adequadamente
vestindo o futuro
A MODA E O CONSUMO DE MENOR IMPACTO NO MEIO AMBIENTE E NAS PESSOAS
por CNN BRASIL imagens PEXELSv
Você sabe a origem e o destino de todas as peças de roupa que você usa? A moda sustentável é a área desse setor que se preocupa em pensar em soluções mais responsáveis social e ambientalmente para todo o ciclo de vida de uma roupa.
A partir daí, a grande produção de resíduos têxteis, os danos à natureza e a exploração de mão de obra barata passam a ser encarados como problemas nessa produção.
Por isso, surge essa filosofia que se baseia em conceitos como slow fashion e eco-friendly. Mas o que significa uma moda sustentável? Quais são os benefícios da moda sustentável no meio ambiente? E quais são os exemplos dessa prática no dia a dia?
O que é moda sustentável?
A moda sustentável é um termo usado para descrever uma abordagem que leva em consideração o impacto ambiental, social e econômico da produção de roupas, acessórios e calçados.Seu objetivo é minimizar ao máximo o desperdício e a poluição, bem como promover práticas éticas na indústria.
A sustentabilidade na moda defende que ela seja mais durável e atemporal, sem encorajar o consumo excessivo de roupas descartáveis, ação essa que não vemos em demasia em nosso cotidiano. A proposta aqui é incentivar uma moda mais consciente e responsável, que valorize a qualidade das roupas.
A moda se manifesta de diversas formas, uma delas é pela sustentabilidade
Quando surgiu?
Embora não tenha uma data, ou não seja um evento de um ano específico, essa ideia não é tão nova: práticas sustentáveis nesse setor remontam desde os anos 60.
Um dos grandes fatores para isso foi o movimento hippie, que defendia o meio ambiente e a comunidade e, como efeito disso, surgiu uma moda mais preocupada com os aspectos ambientais e sociais, causando movimentação e revolução entre os participantes.
Exploração de mão de obra barata
A produção de roupas e acessórios, muitas e muitas vezes, envolve a contratação de vários trabalhadores em países em desenvolvimento, onde os salários são mais baixos e os direitos trabalhistas são limitados.
Esses trabalhadores frequentemente trabalham em condições precárias, incluindo longas horas de trabalho, baixos salários, falta de segurança no trabalho e exposição a produtos químicos muito perigosos.
Em alguns casos, esses trabalhadores também são submetidos a formas de trabalho forçado, como trabalho infantil e trabalho escravo.
Segundo o Global Slavery Index, de 2018, disponibilizado pela fundação Walk Free, a moda é o segundo setor que mais explora pessoas.
Como efeito, esse processo contribui para a perpetuação do ciclo de pobreza e desigualdade.
Qual o impacto da moda sustentável na natureza?
A moda e a sustentabilidade dependem de que pessoas, comunidades e ambientes envolvidos no processo sejam cuidados e protegidos. Mas os benefícios da moda sustentável, especificamente no meio ambiente, são: menor uso de materiais de origem animal; redução da poluição do ar, água e solo; diminuição do desperdício no processo de produção; menor consumo de água para produzir uma peça; redução da emissão de gases poluentes.
Moda ecológica
A moda ecológica, ou também conhecida como eco-friendly, se concentra em minimizar o impacto ambiental da produção.
Quais são os benefícios da moda sustentável no meio ambiente?
Isso inclui a utilização de matérias-primas ecologicamente corretas, assim como fibras naturais e recicladas, e a adoção de processos de produção ecológicos, como o uso de corantes naturais e processos de produção de baixo impacto ambiental.
Enquanto a moda ecológica se concentra principalmente em minimizar o impacto ambiental, a moda sustentável busca principalmente criar um sistema de moda que seja sustentável em todas as suas dimensões, incluindo o ambiental, econômico e social.
Moda vegana
A moda vegana é um tipo de moda que se concentra em utilizar materiais que não derivam de animais em suas roupas e acessórios. Isso significa que a moda vegana evita o uso de couro, pele, seda, lã e outros materiais derivados de animais.
Matérias-primas derivadas de animais, muitas vezes, são obtidas por meio de práticas cruéis e antiéticas, como o abate de animais para a produção de couro ou o uso de seda de casulos de bicho-da-seda.
Logo, ela não se concentra apenas nos materiais utilizados nas roupas e acessórios, mas também inclui a escolha de fornecedores que adotam práticas éticas e sustentáveis em todas as etapas da produção, desde a colheita de matérias-primas até a distribuição e venda.
A imagem mostra uma peça da designer Flávia Aranha, marca sustentável
o que significa uma moda sustentável?
moda e feminismo
ESPECIALISTAS EXPLICAM COMO A MODA E O FEMINISMO ANDARAM E ANDAM LADO A LADO
por LUANA BALMASAtualmente é possível sair nas ruas e ver o movimento feminista literalmente estampado em camisetas, com frases empoderadas com “Lute Como Uma Garota” ou The future is female” (“O futuro é feminino”).
Esse movimento recente começou em 2017, com a diretora criativa Maria Grazia Chiuri, da Dior, que trouxe a pauta feminista com a camiseta ‘we should all be feminists (todos deveriam ser feministas, em português)’, titulo do livro de Chimamanda Ngozi.
Rapidamente, essas camisetas viraram tendência, foram usadas e copiadas no mundo todo.
Para a consultora Renata Bitencourt, essa propagação mais recente do feminismo na moda permite que muito mais pessoas participem do debate:“Esse é um dos grandes papéis da moda, trazer a conversa para o mercado, para um público maior, um público de massa. Pessoas que não vestem Dior e nunca leram o livro de Chimamanda, mas que entendem a pauta e podem literalmente vestir a camisa.”
Mas essa pauta não é de hoje. Ela começa mesmo no século XX,
quando a feminista americana Amelia Bloomer propôs uma peça que ganhou o nome dela, que era uma espécie de ceroula, uma calça que permitia que as mulheres andassem de bicicleta e tivessem muito mais mobilidade para se locomover, para viverem.
Especialista em história e comunicação de moda, Dudu Bertholini explica que Bloomer foi duramente perseguida e ridicularizada nos jornais pela ideia: “Outras mulheres foram presas por usar a peça. A provocação é muito além da estética. Por trás dela, havia um desejo de emancipação e o patriarcado queria impedir essas transformações, essa revolução.” Percebemos aqui o quão revolucionador foi ter usado uma “simples” calça.
Por volta dos anos de 1910, século XX, a moda eliminou o espartilho – peça extremamente apertada e desconfortável que proporcionava momentos demasiadamentenão agradáveis a quem o usasse. Infelizmente, muitas mulheres não podiam nem viver mais sem os essas peças, os espartilhos, uma vez que perderam a força de suas costelas.
feminista
“É uma mudança que liberta as mulheres não só de uma peça de roupa, mas de uma ferramenta de tortura. Era realmente uma ferramenta de tortura”, define Dudu.
Pouco depois, Coco Chanel, uma das mulheres e estilistas mais famosas do mundo, promoveu a retomada do uso das calças por mulheres, novamente trazendo liverdade para as mulheres. A simplificação das roupas, como o uso calças, por exemplo, vinha na contramão do que se esperava da moda na época. O movimento sexista e machista da moda queria as mulheres cada vez mais arrumadas e “exóticas”.
Já nos anos 20, as mulheres simplificam o guarda-roupa feminino, gerando uma grande transformação social para muito além da moda, modificando o seus cotidianos.
Até que nos anos 40, com a chegada da Segunda Guerra Mundial, os homens vão para guerra e não voltam para casa e as mulheres precisam, pela primeira vez na história, assumir a função dos homens. As mulheres passam, então, a usar macacão, casacos com ombreiras, cortam os cabelos.
o protesto acabou virando um símbolo de resistênciaA imagem mostra uma mulher vestindo roupas modernas, da marca Channel
É tempo de festa, de rua e do poder criativo. É tempo de dança, corpo livre e fantasia. Tempo de catarses e encontros transcendentais. A gente quer colocar nossas cores na rua. Nosso desejo de Brasil plural, potente e natural. Para transbordar os blocos e atravessar todos os sons.
Queremos dissolver nossas ideias e fusionálas com nossos corpos, celebrando a potência de nós-natureza como um só espaça-tempo.
Queremos ver nossas organzas flutuando nas notas dos instrumentos de sopro. E as miçangas do Vale do Jequitinhonha tremendo com os tambores.
Queremos ver todas as mulheres celebrando suas belezas com liberdade e força ecoando as vozes e cantos de todas as tantas mulheresbiomas que representamos nos nossos tecidosplanta que viram roupa de carnaval.
As memórias do desfile Manifasto Pau Brasi se transformam em roupas atraves do upcycling. Tule de algodão e bordados, compõem o cortejo carnavalesco com adornos de cabeças em parceria com o designer Eduardo Laurino.
Tudo feito à mão, com muito carinho e muito cuidado para mulheres.
indicações culturais
rainha charlotte traz o melhor de bridgerton
SHONDA RHIMES USA SUA FÓRMULA DE SUCESSO E MOSTRA QUEM É O VERDADEIRO DIAMANTE DA TEMPORADA
por GIOVANNA BREVE imagem SAVEE.IT
Já disponível no catálogo brasileiro da Netflix, Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton é o primeiro spin-off do aclamado romance Bridgerton. Ambas as séries são pautadas em personagens e eventos históricos. Vamos ver, agora, a história real por trás dessa ficção.
A trama de Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton é ambientada décadas antes dos eventos da série original.
Enquanto a história de Bridgerton é baseada nos livros de Julia Quinn, o enredo de Rainha Charlotte é completamente original, produzido pelos roteiristas da Netflix, sendo inédito.
A história real da Rainha
Charlotte
A rainha Charlotte nasceu Sophia Charlotte de Mecklenburg-Strelitz em 19 de maio de 1744 em Mirow, Alemanha, que era então parte do Sacro Império Romano-Germânico, de acordo com o site da família real britânica.
Seu pai era um duque e sua mãe era uma princesa, fazendo de Charlotte uma princesa também.
Quando George III sucedeu ao trono em 1760, ele tinha apenas 22 anos e ainda não era casado. A princesa Charlotte foi escolhida para se casar com ele e mudou-se da Alemanha para a Inglaterra. Ela tinha 17 anos na época.
Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton obviamente foca muito no romance entre os monarcas. E embora nem tudo possa ser conhecido sobre um casal que se juntou há mais de 250 anos, o rei e a rainha teriam tido um casamento amoroso.
O Royal Collection Trust publicou cartas que Charlotte escreveu para George, que deixam claro o quanto ela gostava dele.
Mas, enquanto eles encontrarm o amor após seu casamento arranjado, eles tiveram que lidar com a doença mental de George, como mostrado em Bridgerton e na série derivada.
De acordo com o site da família real, “o rei George III sofreu sua primeira, embora temporária, crise de doença mental em 1765, o que causou conflitos na família”.
O caso piorou de fato em 1811. De acordo com o History Extra, George se tornou violento.
A rainha Charlotte era realmente negra?
Em Bridgerton e na série derivada, a rainha Charlotte é interpretada por atrizes negras Golda Rosheuvel e India Amarteifio.
Os seriados fazem questão de que a rainha Charlotte seja o impulso para a alta sociedade britânica se integrar, embora isso obviamente não fosse o caso no mundo real do século XVIII.
De fato, é possível que a rainha Charlotte tivesse ascendência negra devido a algumas descrições antigas dela e uma pintura particularmente famosa, mas a maioria dos historiadores concorda que essa sugestão é imprecisa, carece de evidências e Charlotte não era realmente negra.
“Pegamos a ideia de que a rainha Charlotte era da realeza negra portuguesa e corremos com ela”, disse a criadora da série. Embora Bridgerton e sua série derivada tenham optado por retratar a rainha Charlotte como uma figura negra, é importante ressaltar que essa representação é fictícia e baseada em especulações históricas. A série busca usar a personagem como
um catalisador para a integração da alta sociedade britânica, mesmo que esse não tenha sido o caso na realidade do século 18. Embora algumas descrições antigas e uma famosa pintura tenham levantado a possibilidade de que a rainha Charlotte tivesse ascendência negra, a maioria dos historiadores concorda que essa sugestão é imprecisa e carente de evidências concretas. A criadora da série admitiu que eles pegaram a ideia de que a rainha Charlotte era de origem negra e a exploraram ficcionalmente. É importante separar a ficção da realidade histórica e compreender que a representação da rainha Charlotte como negra é uma escolha artística e não um retrato verídico de sua ascendência.
wandavision e empoderamento
AO FUGIR DO CLICHÊ DA “MULHER LOUCA”, SÉRIE DA MARVEL
TRATA SUA PROTAGONISTA COM COMPLEXIDADE E RESPEITO por NATALIA ENGLER imagens SAVEE.IT
Apesar de ter uma heroína como protagonista, seria difícil argumentar que questões de gênero são um dos temas principais de WandaVision, já que o fato de Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) ser mulher praticamente não é uma questão, é algo que simplesmente está lá. Como fica claro no episódio final, a verdadeira jornada da minissérie tem a ver com o processo de luto vivido pela personagem, mas isso não quer dizer que o arco da heroína não traga um complexo e cuidadoso (e sutil) debate sobre gênero. Ao abordar o tema do luto, a showrunner Jac Schaeffer conseguiu avançar mais na representação de mulheres do que produções que são deliberadamente sobre empoderamento feminino, seja lá o que essa expressão batida signifique para Hollywood hoje em dia.
pilotar um caça, e, mesmo depois de ganhar superpoderes, passa boa parte do filme ouvindo que precisa aprender a controlar suas emoções, e só no final entende que seus sentimentos e sua intuição são dons, não defeitos, e essa é a chave para que ela consiga usar seus poderes ao máximo. Na ânsia de responder ao sucesso de Mulher-Maravilha e de vender seu filme como mais feminista que o da concorrência, a Marvel trocou um clichê por outro e perdeu a oportunidade de dar uma jornada mais verdadeira e original.
Reencenação da estrutura de sitcoms clássicas em Wandavision
Capitã Marvel (2019), por exemplo, é praticamente um curso express de feminismo básico, uma metáfora nada sutil para o processo de empoderamento feminino: Danvers é a garota que ouviu a vida toda que não deveria se arriscar a fazer coisas “masculinas”, como
E é isso exatamente o que WandaVision subverte. Nos primeiros episódios, especialmente depois que fica claro que Wanda criou uma realidade alternativa baseada em sitcoms para viver com Visão (Paul Bettany) e seus filhos a vida de que Thanos a privou ao matar o sintozóide no filme Vingadores: Guerra Infinita, parecemos estar diante do velho e ultrapassado clichê da “mulher louca”, que Hollywood não se cansa de repetir.
A reencenação da estrutura de sitcoms clássicas é um recurso particularmente sutil e inteligente pa-
ra alcançar esse efeito. Surgido nos anos 1940, esse tipo de comédia foi um dos principais responsáveis por criar uma imagem de família perfeita norte-americana. Programas como I Love Lucy (referenciada no primeiro episódio) davam protagonismo para as personagens femininas, mas apoiavam seu humor justamente no modo como essas mulheres falhavam em desempenhar o papel de dona de casa perfeita e em reproduzir o status quo. Já A Feiticeira e Jeannie É um Jeito têm protagonistas que são uma variação menos assustadora da “mulher louca”, mas cujos poderes imprevisíveis são uma metáfora bastante literal para a rebelião feminina dos anos 1960 e 1970 (segunda onda do feminismo) e para a crescente ansiedade masculina sobre o que aconteceria com eles diante da “mulher moderna”.
indicações culturais
séries
Coisa Mais Linda
É uma série brasileira da Netflix que se passa na década de 1950, na cidade do Rio de Janeiro, e acompanha a vida de uma mulher que luta por seu sonho de abrir um clube de música. Com temáticas importantes como empoderamento feminino e racismo, a produção também apresenta uma trilha sonora marcante com diversos clássicos da Bossa Nova além de outros ritmos brasileiros.
Lançamento: 2022
Disponível: Netflix
O Gambito da Rainha
É uma série original da Netflix, que conta a história de uma jovem órfã prodígio do xadrez nos anos 60, que luta contra seus demônios pessoais e a pressão de uma sociedade machista enquanto se torna uma das maiores jogadoras do mundo. Com atuações impecáveis e um roteiro envolvente, a série aborda temas como preconceito de gênero, abuso de substâncias e a busca pelo sucesso em um mundo competitivo.
Lançamento: 2022
Disponível: Netflix
Sex education
A série é conhecida por abordar questões sexuais e relacionamentos na adolescência, mas além de tratar desses temas, também se destaca por sua abordagem feminista, explorando as lutas e experiências das personagens em busca de autonomia, empoderamento, e igualdade de gênero. Dessa forma inspira mulheres, principalmente jovens, a desafiar as normas sociais que limitam seu potencial.
Lançamento: 2019
Disponível: Netflix
filmes
Estrelas além do tempo
É um filme inspirador que retrata a história real de Katherine Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson, três mulheres matemáticas afroamericanas, que superaram o racismo e o sexismo da época para se tornarem importantes figuras da NASA nos anos 60, contribuindo para a história da ciência e da tecnologia. O filme destaca a importância da igualdade de oportunidades e da representatividade.
Lançamento: 2016
Disponível: Netflix
A Dama de Ferro
Margaret Tatcher foi a primeira mulher a ocupar o posto de primeiro-ministro do Reino Unido. O filme mostra as dificuldades e os preconceitos que a inglesa sofreu para chegar ao cargo em um ambiente patriarcal, a superação da primeira-ministra e as complicadas decisões políticas e financeiras que a fizeram ficar 11 anos no cargo, sendo assim a pessoa que ficou por mais tempo no século 20.
Lançamento: 2011
Disponível: Hbo Max
As sufragistas
O filme retrata o Reino Unido no início do século XX, quando a primeira onda do movimento feminista lutava para conseguir seus direitos de voto e melhores condições de vida. A protagonista, interpretada por Carrey Muligan, é uma lavadeira, sem formação política, habituada à opressão masculina, porém, aos poucos ela acorda desse transe social e passa a buscar seus direitos como cidadã e mulher.
Lançamento: 2015
Disponível: Netflix
fortalecendo a diversidade na política
CAMINHOS PARA IGUALDADE E O PAPEL CRUCIAL DA DIVERSIDADE NA POLÍTICA E DEMOCRACIA
por ERIKA HILTON ilustração CATARINA BESSELA representação política é um reflexo direto da sociedade em que vivemos, e é urgente enfrentar a desigualdade de gênero que permeia nossas instituições democráticas. Para construir políticas públicas verdadeiramente inclusivas e garantir a participação igualitária de todas as pessoas, devemos primeiramente reconhecer o papel crucial da diversidade de gênero no processo político.
A sub-representação de mulheres e pessoas transgênero na política não é apenas uma questão de números, mas sim uma manifestação das desigualdades estruturais que limitam suas oportunidades e vozes. Ao negligenciar a inclusão desses grupos, privamos a sociedade de perspectivas valiosas e experiências únicas que poderiam enriquecer o debate político. A diversidade de gênero na política não é apenas um princípio de justiça social, mas um requisito essencial para a construção de uma sociedade democrática e inclusiva. Quando mulheres e pessoas trans têm a oportunidade de ocupar cargos políticos, suas vozes e experiências são levadas em consideração na formulação de políticas públicas que afetam a vida de todos os cidadãos.
Para promover essa igualdade de gênero na política, é fundamental adotar medidas concretas, medidas reais e que ajudem a causa. A implementação de cotas de gênero, por exemplo, é uma ferramenta eficaz para garantir uma representação mais equitativa e diversificada nos espaços de poder, como nas universidades. Além disso, é necessário investir em programas de capacitação política e conscientização sobre a importância da inclusão de mulheres e pessoas trans na esfera política. Devemos também combater ativamente o sexismo, a misoginia e a transfobia, estabelecendo um ambiente político livre de discriminação.
Ao fortalecer a diversidade de gênero na política, estamos construindo um futuro no qual todas as pessoas têm a oportunidade de se envolver ativamente nas decisões que afetam suas vidas e a de seu povo, trazendo representatividade e inspirando outras pessoas. A luta pela igualdade de gênero e pela participação política é essencial para a construção de uma sociedade justa e verdadeiramente democrática.
A luta pela igualdade de gênero na política é uma jornada coletiva, que exige o compromisso de todas as pessoas e ações contínuas. Somente assim poderemos criar um mundo onde a representação política reflita verdadeiramente a rica tapeçaria de nossa sociedade.
À medida que a conscientização sobre a importância da igualdade de gênero na política continua a crescer, concomitantemente mais indivíduos comprometidos com a causa se unem em prol desse objetivo comum. Movimentos sociais ganham cada vez mais força, organizações são criadas e eventos de engajamento político são realizados, capacitando mulheres e pessoas trans a assumir papéis de liderança e a se expressarem em todos os níveis da política.
Essa mobilização resulta em mudanças significativas nas instituições democráticas. A implementação de cotas de gênero se mostra efetiva, permitindo que mais mulheres e pessoas trans se candidatem e sejam eleitas para cargos públicos. As vozes outrora silenciadas
encontram espaço para se expressar e moldar o cenário político de maneira mais inclusiva e representativana sociedade.
Os programas de capacitação política se expandem, oferecendo treinamento e suporte para aqueles que antes eram marginalizados na política. Mulheres e pessoas trans recebem as ferramentas necessárias para se tornarem líderes, articularem suas ideias e defenderem os direitos e interesses de suas comunidades.
A batalha contra o sexismo, a misoginia e a transfobia não se limita apenas ao ambiente político, mas se estende a toda a sociedade. Educação e conscientização são fundamentais para erradicar esses preconceitos arraigados e construir um ambiente onde todos sejam valorizados e respeitados, independentemente de seu gênero.
Além disso, a mídia também desempenha um papel fundamental na criação de espaços seguros para discussões sobre igualdade de gênero e direitos das mulheres e pessoas trans. Programas de televisão, podcasts e plataformas digitais oferecem plataformas para debates abertos, nos quais especialistas e ativistas podem compartilhar seus conhecimentos e experiências, educando o público e estimulando uma reflexão crítica sobre questões de gênero.
Através dessas iniciativas, a mídia não apenas desconstrói estereótipos prejudiciais, mas também amplifica as vozes de mulheres.
um olhar sobre feminismo
FEMINISMO INTERSECCIONAL VAI MUITO ALÉM DO SEXISMO E DESIGUALDADE DE GÊNERO
por DJAMILA RIBEIRO ilustração ERIKA LOURENÇO Djamila RibeiroNossa luta por igualdade de gênero precisa ser inclusiva e abranger as diversas experiências vividas por mulheres de diferentes raças, classes sociais, orientações sexuais e identidades de gênero - esse tema está sendo central na discussão do movimento feminista.
O feminismo interseccional reconhece que as opressões não se dão de forma isolada, mas estão entrelaçadas e interseccionam em nossas vidas. Não podemos falar sobre igualdade de gênero sem levar em consideração as diferentes formas de opressão que afetam mulheres de maneiras distintas.
É fundamental compreender que o feminismo não pode ser uma luta exclusiva das mulheres brancas e de classes privilegiadas. Precisamos dar voz e espaço para as vozes das mulheres negras, indígenas, trans, imigrantes, deficientes e de todas as mulheres que enfrentam múltiplas formas de discriminação. De certa forma essa vertente nos convida a reconhecer e combater o racismo, a lesbofobia, a transfobia, o capacitismo e todas as outras formas de opressão presentes em nossa sociedade. Devemos estar atentas para não reproduzir essas opressões dentro do próprio movimento feminista, e sim criar uma rede de solidariedade que acolha e dê visibilidade às experiências diversas de todas as mulheres. Uma parte fundamental do feminismo interseccional é a escuta ativa. Devemos ouvir e aprender com as experiências e perspectivas das mulheres que são marginalizadas e têm suas vozes silenciadas. É necessário entender como essas opressões se entrelaçam e afetam a vida e a luta dessas mulheres, para que possamos trabalhar juntas na construção de um movimento para todas.
Esse movimento, de certa forma, nos tira da nossa zona de conforto e nos convida a agir, a combater as opressões de
forma concreta e a criar espaços de inclusão para todas as mulheres. Devemos nos engajar em ações que desmantelam as estruturas opressivas que perpetuam a discriminação e o preconceito. Isso implica em questionar nossos próprios privilégios e estar dispostas a aprender e crescer com as experiências das mulheres que enfrentam diferentes formas de opressão. Precisamos construir alianças solidárias, ouvindo e dando visibilidade às vozes marginalizadas, para que todas as mulheres se sintam representadas e fortalecidas em suas comunidades.
Além disso, é fundamental incorporar a perspectiva interseccional em todas as áreas de atuação do movimento feminista. Devemos promover a diversidade e a inclusão em espaços de poder e influência, garantindo que mulheres de todas as raças, orientações sexuais, identidades de gênero e condições sociais tenham assento à mesa e participem ativamente nas tomadas de decisão, de espaços de poder.
O feminismo interseccional também exige que busquemos a transformação da sociedade como um todo, incluindo outras lutas. Devemos combater o racismo, a lesbofobia, a transfobia, e outras formas de opressão presentes em nosso cotidiano. Isso inclui todo o trabalho de conscientização, promover a educação para a igualdade e o ativismo em prol de incentivar políticas públicas que promovam a justiça social e a equidade como um todo.
A luta é contínua e exige comprometimento. Devemos estar dispostas a enfrentar os desafios e a desconstruir as estruturas de poder que perpetuam as desigualdades. Somente através de uma abordagem interseccional e inclusiva poderemos alcançar uma sociedade verdadeiramente igualitária, na qual todas as mulheres sejam respeitadas e tenham suas vozes ouvidas. Além disso, é importante destacar que o feminismo interseccional não é uma teoria acadêmica distante da realidade. É uma prática diária que exige reflexão, desconstrução de privilégios e ações Devemos estar dispostas a nos informar, a questionar nossos próprios privilégios e a nos posicionar ativamente contra todas as formas de opressão.
Devemos estar dispostas a nos informar, a questionar nossos próprios privilégios e a nos posicionar ativamente contra todas as formas de opressão. Isso implica em assumir responsabilidade por nossas ações e palavras, educando-nos sobre as experiências das mulheres marginalizadas e ampliando nossa empatia e compreensão. O feminismo interseccional nos convida a olhar além de nossas próprias vivências e a reconhecer as interconexões entre diferentes sistemas de opressão, buscando soluções que beneficiem todas as mulheres. Somente através desse compromisso e esforço coletivo poderemos construir uma sociedade mais justa, igualitária e verdadeiramente inclusiva para todas as mulheres.