CMND

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SALVE!

Reimaginar a sustentabilidade transformando incertezas em ação, é com esse compromisso que surge a revista cmnd. Nossa missão é inspirar jovens criativos a superar os clichês do debate sobre sustentabilidade, traduzindo questões complexas em soluções práticas, estilosas e acessíveis. Refletimos as ansiedades e aspirações de uma geração inquieta e visionária, capacitando nossos leitores a agir e moldar o mundo, sem abrir mão de estilo. E acreditamos que um futuro sustentável não é apenas possível, já está acontecendo, e queremos mostrá-lo como uma alternativa tão atraente quanto o consumo desenfreado, que está tão presente nos dias atuais.

Nesta primeiríssima edição trazemos diferentes cases detalhados do Brasil e do exterior.

Começando pelo eixo Del, denunciamos as tragédias sociais e ambientais do mundo em que vivemos e refletimos sobre a nossa responsabilidade como designers diante desse cenário. Já no eixo Alt falamos de inovações promissoras e com gente que tem feito um trabalho criativo fenomenal sem agredir o planeta. E por último, trazemos histórias reais de pessoas que trabalham ativamente para mudar para melhor o mundo no qual todos vivemos no eixo Shift. E aí, se interessou? Então continue a leitura, temos muito mais para te mostrar!

ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E MARKETING

Graduação em Design Visual

DSG 3A 2024.2

Projeto III: Marise de Chirico

Cor, Percepção e Tendências: Paula Csillag

Ergonomia: Carolina Bustos, Matheus Passaro

Finanças: Rossana Filetti Soranz

Marketing Estratégico: Leonardo Silva

Produção Gráfica: Mara Martha

Infografia: Marcelo Pliger

Projeto editorial: Gustavo Pavani, Felipe Sanches

Projeto gráfico: Gustavo Pavani, Felipe Sanches

Gustavo Pavani

Collabs

RICHARD MOSSE

Ganhador dos prêmios de Fotografia

Börse e Prix, expande a linguagem da fotografia documental para destacar histórias urgentes e negligenciadas, utilizando o poder estético de seu meio para criar formas imersivas e inovadoras, empregegando tecnologias originalmente militares e científicas, para lançar luz sobre questões humanitárias.

NAGIB ORRO

Formado em arquitetura pela PUC CAMP e Designer há 30 anos, Nagib é um dos pioneiros da sustentábilidade no design de mobiliario Brasileiro. Inclusive tendo desenhado a primeira linha de móveis da América Latina a conquistar a licença da WWF de móvel ecologicamente correto. Nagib também ja foi ganhador do prêmio Brasil Faz Design.

DANIEL BENSON

Daniel Benson é um fotógrafo de Londres cujo trabalho utiliza a cor como elemento central. Sua fotografia transita entre composições cuidadosamente planejadas e registros espontâneos. Nascido em Sheffield, ele começou fotografando sessões de BMX com seus amigos, logo depois, expandiu o trabalho para a moda e publicidade.

18

12 14 18 24 38

Saber é poder:

Referências Culturais

Nossa Culpa?

Mau design e o grande descarte

Tristes Tropiques

Preço baixo: Fast Fashion

Direitos Humanos e a crise climática

Por Samyra Naspolini

42

MODA SUSTENTÁVEL

52

42 66

Moda Sustentável

Bioculture

Por Piero D’Angelo

TechSave Tecnologias Sustentáveis

Marca Destaque: Osklen

A atemporalidade intrinsica do Design

Por Nagib Orro

Moda com Significado

Se ligue! Justiça Climática

Conchas que Transformam

Ative! H&M e Heron Preston

Pessoas que valem à pena acompanhar

Bem mais do que um “Stakeholder”

Por Ari Andrade Shifters

Poema Visual

Saber é Poder

Títulos Sustentáveis

Referênciass culturais para expandir seu repertório sustentável.

A Obra de Ailton Krenak 1.

O primeiro Indígena Imortal da ABL, traz uma visão crítica e transformadora em três obras essenciais que desafiam nossa percepção do mundo e da vida. Em “A Vida Não É Útil”, ele questiona a cultura da produtividade, explorando o valor de uma existência além do consumo e da pressa moderna. “Ideias para Adiar o Fim do Mundo” aprofunda essa crítica, propondo que façamos uma pausa para ouvir a sabedoria ancestral indígena, refletindo sobre nossa relação destrutiva com o planeta e nossa responsabilidade no ciclo de destruição. Em “Futuro Ancestral”, Krenak vislumbra um amanhã onde a tecnologia e a natureza coexistem em harmonia, sugerindo que valores ancestrais podem guiar novas formas de convivência sustentável. Com uma linguagem poderosa e uma abordagem única, Krenak nos convida a reconstruir o significado de progresso e a cultivar um futuro onde respeito e cuidado com a Terra estejam no centro de nossas escolhas. São livros urgentes para quem busca novas respostas em meio à crise climática e existencial que vivemos.

2.

O Amanhã é Hoje

O documentário “O Amanhã é Hoje”, dirigido por Thais Lazzer e lançado em 2018, expõe os danos das mudanças climáticas na vida dos brasileiros. Em depoimentos de seis pessoas de cinco estados, o filme mostra as secas severas em Pernambuco, afetando alimentação, agricultura e saúde, as chuvas no Rio de Janeiro, que destroem moradias e matam, as ressacas marítimas em São Paulo, desabrigando comunidades, o impacto na pesca em Santa Catarina; e os incêndios que devastam aldeias indígenas no Maranhão. Reúne diferentes regiões, classes e perdas econômicas, materiais e culturais em um mesmo plano, destacando que tudo está à mercê dos desastres naturais. A urgência do título remete à responsabilidade do Estado e da sociedade diante das emissões de gases e do desmatamento desregrado e está disponível gratuitamente no YouTube.

Mau design e a economia de

Um olhar mais atento sobre todas as maneiras de fazermos melhor.

Nossa Culpa?

Há um consenso crescente entre ativistas climáticos de que precisamos superar a economia linear e rápido. A pandemia deixou claro: se buscamos um futuro saudável para as pessoas e o planeta, não o encontraremos em um modelo de “negócios como de costume”. Mas, para onde vamos a partir daqui? Quais modelos antigos devemos deixar para trás? Quanto dano já causamos? E por que os designers deveriam se importar?

No início deste mês, a iniciativa What Design Can Do lançou o No Waste Challenge em parceria com a Fundação IKEA: uma competição global que busca ideias radicais para reduzir o desperdício e repensar todo o nosso ciclo de produção e consumo. Como parte de nossa análise sobre o assunto, hoje respondemos a algumas perguntas fundamentais sobre o papel da indústria criativa na economia de “extrair-produzir-descartar”.

Deixando o velho para trás, trazendo o novo Então, o que é a economia de “extrair-produzir-descartar”?

Quando falamos de “extrair-produzir-descartar”, estamos falando de uma abordagem em relação aos recursos. Esse modelo é a base da economia linear, na qual matériasprimas são extraídas, transformadas em produtos que são usados brevemente e, depois, descartados. Extrair, produzir, descartar.

Essa cadeia econômica produz enormes quantidades de gases de efeito estufa”

Nesse sistema, o valor é criado ao produzir e vender o máximo de produtos possível. O problema é que ele opera com a suposição de que sempre haverá uma oferta infinita de matérias-primas, energia e mão-de-obra. Hoje, estamos vendo o quanto essa suposição estava errada.

Por que é tão insustentável?

Na economia linear, o desperdício é o ponto final; o encerramento do ciclo. Por isso, todos os tipos de resíduos estão agora ameaçando nossos ecossistemas: resíduos plásticos, têxteis, alimentares, eletrônicos, da construção civil; apenas para citar alguns. Os números são alarmantes: nossos aterros estão crescendo cerca de 2 bilhões de toneladas de lixo a cada ano. Se todo esse lixo fosse transportado por caminhões, eles dariam a volta na Terra 24 vezes.

Enquanto isso, um terço de todos os alimentos produzidos para consumo humano é desperdiçado, e impressionantes 8 milhões de toneladas de plástico acabam em nossos oceanos todos os anos. Muitos de nós sabemos disso, mas continuamos comprando mais.

Antes mesmo de chegar ao consumidor, essa cadeia econômica também produz enormes quantidades de gases de efeito estufa, como carbono, metano e óxido nitroso. Na verdade, a extração e o processamento de matérias-primas atualmente representam metade das emissões globais totais de gases de efeito estufa. Água e terras também são exploradas ao longo desse processo, levando a taxas alarmantes de perda de habitats e biodiversidade. No geral, de acordo com a Global Footprint Network, já estamos consumindo 75% mais recursos do que a Terra pode sustentar a longo prazo.

Como o mau design contribuiu para o problema?

Tudo ao nosso redor foi projetado: as roupas que vestimos, os prédios em que vivemos e trabalhamos, até mesmo os sistemas que nos fornecem alimentos e mobilidade. Infelizmente, desde a Revolução Industrial, a maioria das coisas foi projetada para se adequar ao modelo linear, onde os ciclos de vida são curtos e os materiais são quase impossíveis de serem recuperados.

Todos somos parte desse sistema. Como lembra William McDonough, autor de Cradle to Cradle: o desperdício e a poluição não são acidentes, mas sim produtos de decisões que ele chama de cruéis e não inteligentes. Ao tornar as coisas ao mesmo tempo desejáveis e descartáveis, a indústria do design incentivou ativamente o consumismo, contribuindo para a extração excessiva, a produção excessiva e o consumo excessivo. Nossos dedos estão em quase todas as etapas: desde os anúncios que vemos, até os algoritmos que não vemos, e os milhões de produtos, tendências e marcas entre eles.

Mas aqui está a boa notícia: podemos fazer melhor. Designers estão em uma posição única para mudar como as coisas são feitas e do que são feitas. O design também desempenha um papel na mudança de narrativas e na criação de visões alternativas para o futuro. E há razões para ser otimista — muitos designers e criativos já assumiram um papel ativo na transição para um novo sistema que funcione tanto para as pessoas quanto para o planeta.

Tristes Tropiques

Registros de uma Amazônia em colapso, uma denúncia visual de um ecocídio.

PREÇO BAIXO: FAST FASHION

Tendências a preços populares: entenda a lógica por trás desse modelo de produção que tem feito cada vez mais sucesso.

Marcas como Zara, Renner, Shein e Forever 21 são populares por produzirem e venderem roupas que são inspiradas em coleções de grifes renomadas a preços acessíveis. São uma ótima opção para aqueles que sempre buscam manter seus looks atualizados gastando pouco. É fashion, e é fast.

Mas, para atingir a demanda de fabricação rápida e barata de roupas em alta escala, essas marcas da chamada fast fashion, ou “moda rápida” em português, costumam terceirizar sua produção em países em desenvolvimento. A roupa que milhares no mundo todo vestem foi produzida com mão-de-obra barata e matéria-prima sem qualidade.

“A indústria do fast fashion lidera não só o número absurdo de produção de roupas, e consequentemente de lixo têxtil, mas também faz parte de um setor que possui muitas marcas mundialmente conhecidas por seus impactos negativos para o meio ambiente e pelas violações aos direitos humanos e trabalhistas”, diz a representante do Fashion Revolution Brasil e embaixadora do Instituto Lixo Zero Brasil, Antonella Pichinin, que conversou com a Factual900. Apelidadas como “fábricas de suor”, oficinas de costura terceirizadas das marcas que seguem o modelo de produção apresentam infraestrutura precária, onde pessoas são obrigadas a trabalhar incessantemente para cumprir as metas de produção e garantir o lucro às empresas. Recebem salários inferiores a 1 real por dia. São em espaços como esses, com grande aglomeração, condições de higiene inadequadas e falta de instrumentos próprios aos funcionários, que se verificam casos de trabalho análogos à escravidão.

Para Joana Contino, professora do curso de Design da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), a precarização do trabalho é uma consequência do processo produtivo barato e veloz exigido pela “moda rápida”.

Mulheres trabalhando em fábrica de confecção para fast fashion, em Bangladesh

“Na indústria de confecção, cada pessoa opera uma máquina de costura e essas máquinas são baratas e pequenas. É barato você montar uma oficina caseira. E essa sempre foi uma característica da produção de vestuário, ela já tende a ser mais escondida. Também exige pouca qualificação profissional, qualquer pessoa pode fazer esse tipo de trabalho”, explica Joana. “Muitas vezes, imigrantes chegam às oficinas com poder de barganha nulo, não apresentam documentos, então sequer conseguem reclamar se vão ganhar 1 real ou 10 reais. É, portanto, um setor produtivo que está sujeito à exploração.

As oficinas de costura do século 21 são resquícios de um modelo que surgiu na Revolução Industrial de fins do século 18. A criação da máquina de costura, por exemplo, foi fator essencial para aumentar a quantidade e a velocidade com que as roupas são produzidas. Assim, na década de 90, com o barateamento das matérias-primas e da mão de obra inseridas na indústria têxtil, o termo fast fashion originou-se e tem ganhado cada dia mais popularidade no universo da moda, no qual muitas marcas aderem àquilo que é proposto.

Autora da dissertação “Fast fashion: apontamentos sobre as transformações da moda na condição pós-moderna”, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Joana Contino frisa que esse modo de produção, hoje predominante no mundo da moda, pertence a uma dinâmica própria do sistema capitalista.

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Retrato da mão-de-obra.

Jornadas diárias de 12 até 14 horas, uso de mão-de-obra infantil, locais de produção com instalações degradantes e salários irrisórios são a realidade de muitos trabalhadores precarizados nas oficinas de costura da indústria do fast fashion.

De acordo com os dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), 85% dos empregados da indústria da moda são mulheres. Em sua maioria, são jovens de países em desenvolvimento, como Argentina, Bangladesh, Brasil, China, Índia, Indonésia, Filipinas, Turquia e Vietnã, entre outros. Há também muitos imigrantes que dependem desses empregos para garantir o mínimo para a sua sobrevivência, como moradia e comida.

No Brasil, após muitas denúncias, em 2014, foi instaurada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), na Assembleia Legislativa de

Bangladesh é, atualmente, o segundo maior exportador de roupas, depois da China”

São Paulo, para investigar possíveis casos de precarização do trabalho no setor têxtil. Chegou-se à conclusão, no relatório final, de que, em todo o estado, havia entre 12 mil e 14 mil oficinas com empregados em condições insalubres. Para reduzir custos trabalhistas e tributários, muitas das empresas do setor terceirizam etapas da cadeia produtiva e contratam oficinas de costura em países em desenvolvimento. Enquanto as empresas continuam com o setor administrativo nos países de origem – as quais são responsáveis pelo desenvolvimento de novas coleções, acompanhamento da qualidade e análise dos lucros –, as fábricas de produção são deslocadas para outros locais onde as leis trabalhistas são frágeis ou não existe muita fiscalização. Para vencer a concorrência da terceirização, esses países cortam gastos, oferecem salários insuficientes e fazem vistas grossas para o desrespeito às medidas de segurança – formas que se tornaram comuns de fazer negócios no fast fashion.

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Bangladesh é, atualmente, o segundo maior exportador de roupas, depois da China. A fabricação nesse país do sul da Ásia continua sendo muito barata e os sindicatos têm poder limitado. Apesar de trágico, não é surpreendente que um edifício de oito andares, conhecido como Rana Plaza, desabasse em Daca, capital do Bangladesh. Um total de 1.127 pessoas morreram naquele ano de 2013. O prédio abrigava cinco fábricas independentes de vestuário e empregava mais de dois mil funcionários, que produziam peças para marcas como Zara, H & M, Primark, Walmart, Carrefour, Benetton e The Children ‘s Place. O salário era de cerca de 360 reais por mês, com jornadas de trabalho de dez horas ao longo de seis dias da semana.

O episódio, relatado no documentário The True Cost (disponível no Facebook), mostra que, dias antes do desastre acontecer, os trabalhadores chegaram a indicar sinais de desabamento para os patrões, como rachaduras nas paredes do prédio, mas foram obrigados a continuar trabalhando normalmente.

É um setor produtivo que está sujeito aos absurdos da exploração”

Segundo Joana Contino, hoje em dia é mais fácil driblar o sistema de fiscalização e o Ministério do Trabalho, justamente por existir pouco policiamento, principalmente nos países que são potências na produção e confecção de roupas como Bangladesh e China. “No Brasil, em São Paulo, por exemplo, existem sweatshops, “fábricas de suor”, que são escondidos, os trabalhadores não têm contrato e não é legalizado”, relata a professora.

De acordo com ela, na cadeia de produção da moda sempre houve essa precarização. Além disso, o fato de as máquinas de costura serem baratas e não exigirem qualificação profissional para seu uso é algo que também colabora para que seja possível despistar a fiscalização, afinal cada trabalhador pode ter seu próprio ateliê e produzir roupas em casa.

O ciclo de se desfazer de uma roupa e comprar uma nova transcorre de forma mais veloz”

O ciclo do fast fashion É possível caracterizar o ciclo dos produtos do fast fashion em três fases: compra, uso e descarte. No contexto em que marcas querem obter o máximo de lucro e entregar a seus clientes os produtos que procuram de forma rápida e atendendo às tendências do momento, as peças de roupa produzidas por essa indústria são, muitas vezes, de baixa qualidade e pouco duráveis, apresentando falhas no caimento e no acabamento.

São também desenvolvidas a partir de tecidos sintéticos derivados de combustíveis fósseis e metais pesados, como o petróleo, acetato, acrílico, poliuretano e poliéster, o que as torna facilmente descartáveis. Logo, o ciclo de se desfazer de uma roupa e comprar uma nova transcorre de forma mais veloz, pois elas estragam mais rapidamente.

VOGUE

No entanto, há muitas marcas, inclusive caras, que aderem ao fast fashion, não necessariamente tendo uma qualidade ruim em seus produtos, mas tendo produções menos sustentáveis e realizando hiper exploração de trabalhadores.

“A lógica está em toda a cadeia. Começa com as grandes redes de varejo, mas hoje em dia marcas de todos os tamanhos e preços utilizam essas mesmas estratégias para obter mais lucro sobre o trabalho das pessoas”, explica a professora Joana. Logo, essa moda rápida não deve ser vinculada somente a preços baixos e qualidade inferior se comparada à confecção do slow fashion, mas também a vários outros aspectos característicos do fast fashion.

Uma nova forma de consumir.

Com o isolamento social, impulsionado pela pandemia do covid-19, e a redução de consumo na maioria dos setores, a maneira de comprar foi ressignificada. A venda de produtos online já vinha sendo muito utilizada, mas, quando se tratava de roupas, havia muita insegurança por parte dos consumidores, sobretudo por não poderem experimentar os modelos no próprio corpo.

Porém, com os comércios fechados e o impedimento de sair de casa, não houve outra alternativa senão o consumidor realizar compras online, assim, causando um impacto positivo no setor de e-commerce da moda.

O Relatório e-commerce no Brasil realizado pela Conversion, consultoria de performance e SEO, evidencia que o setor da moda cresceu 52% do ano passado para 2021. E a tendência é que, nos próximos anos, esses números cresçam em torno de 36,6%

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Com a crise causada pela pandemia e o aumento das vendas de roupa online, surgiu uma nova onda de consumidores: aqueles que começaram a comprar apenas o essencial e a se preocupar com os impactos econômicos e sociais da indústria da moda fast fashion. Mas, mesmo com essa leva de clientes do chamado slow fashion, “As empresas que fazem isso por ideologia e por convicção, têm uma intenção boa. Ainda assim, não muda a forma de produção. Essa é uma dinâmica que é essencial para o funcionamento do sistema”, diz Joana.

Comprar de marcas da “moda rápida” online, como a chinesa Shein, virou tendência, sobretudo entre os mais jovens. A marca é conhecida por fornecer modelos descolados e baratos. O consumidor é seduzido pelo intenso bombardeamento de propaganda da marca, apesar da qualidade das peças. Empresas que aderem ao modelo de produção tendem a sempre ter conhecimento das tendências do momento, vendendo, para seus clientes, a imagem de que a compra trará grande satisfação e inclusão no padrão do momento, deixando-os com uma vontade insaciável de realizar mais compras.

Dentre as suas principais estratégias, o fast fashion também conta com a aceleração da quantidade de coleções, que estão cada vez mais desconectadas das estações do ano. “A gente tem hoje uma série de coleções ao longo do ano, que as marcas lançam justamente para dar essa ideia de novidade e estimular o consumidor a comprar de novo. Ao fazer isso, elas diminuem a quantidade de peças por modelo, para dar justamente uma sensação de escassez. A Zara, por exemplo, faz isso muito bem, sempre muda os modelos de roupa que estão nas lojas, para estimular o consumo”, observa Joana.

Embora haja muitas pessoas que, preocupadas com os impactos ambientais e sociais de suas próprias escolhas, estão dispostas a buscar formas mais sustentáveis e conscientes de viver, “há quem ainda não tem conhecimento e acesso às informações necessárias e permanece ‘enfeitiçado’ pela falsa sensação de poder que o consumo desenfreado de tendências traz”, ressalta.

Quem Realmente Paga

expedientes de

por dia

a jornada de trabalho média em uma sweatshop gira em torno de 100 horas por semana, para efeito de comparação, a jornada média no Brasil é de aproximadadamente 44 horas por semana. Uma jornada de 100 horas seria algo em torno 15 horas por dia de serviço, ou 60% do tempo do trabalhador

Salários Mínimos vs Sweatshops em Reais por Hora

Pelos Preços Baixos?

renda média de por mês

R$380

por mais que a maioria dos países considerados hubs do trabalho análogo à escravidão possuam sim salários mínimos, essas leis são raramente aplicadas, com a maioria desses trabalhadores recebendo entre 15 e 50 centavos por peça. A maioria dos trabalhadores nestas fabricas trabalha de forma totalmente informal, sem nenhum tipo de documento ou fiscalização que garanta seus direitos.

Nº de SWEATSHOPS por país asiático

Mais de 50.000

20.000 - 50.000

10.000 - 20.000

5.000 - 10.000

1.000 - 5.000

500 - 1.000

Direitos humanos e a crise climática

Estamos vivendo um momento crítico. Apesar do vasto conhecimento acumulado e das inúmeras descobertas científicas, o alerta sobre o estado do meio ambiente parece não atingir certos líderes mundiais, que continuam a negar o impacto das ações humanas no ambiente e justificam o processo de destruição do nosso planeta.

A ameaça que enfrentamos não é mais limitada a áreas específicas ou restrita territorialmente. Pela primeira vez na história, a crise ambiental possui o potencial de extinguir a vida em todas as suas formas, em escala global. E essa conclusão se torna cada vez mais evidente e iminente.

A frequência e severidade cada vez maiores dos desastres socioambientais, juntamente as rápidas mudanças climáticas, têm exigido um repensar urgente sobre as nossas escolhas civilizatórias.

Os eventos extremos, como secas, tempestades, deslizamentos e inundações, enfatizam a necessidade de uma política permanente de proteção e defesa civil por parte dos governos, inclusive no sentido de reduzir a vulnerabilidade das populações que vivem em áreas de risco e fortalecer a resiliência e a capacidade de adaptação a eventos climáticos adversos.

De toda a sociedade, são necessárias ações voltadas à prevenção, mitigação, resposta e recuperação frente a esses desastres. Precisamos

As rápidas mudanças climáticas, têm exigido um repensar urgente sobre as nossas escolhas civilizatórias”

atuar na construção de uma sociedade mais resiliente e sustentável, pois estamos colhendo os frutos de séculos de degradação e modo de vida poluidor.

O Direito ao Meio Ambiente sadio é considerado um Direito Humano previsto na Declaração Universal do Direitos Humanos de 1948 e especialmente em um país de dimensões continentais e com uma das maiores biodiversidades do mundo como o Brasil, a Constituição Federal declara em seu Artigo 225 que “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.”

Nessa perspectiva, a prevenção, mitigação e resposta aos desastres socioambientais devem ser eficazes, visando à proteção dos direitos humanos e à preservação ambiental.

MODA SUSTENTÁVEL

Como Stella McCartney cresceu com um profundo respeito pela vida não humana.

Por: Willow Defebaugh

Fotos: Vicki King

Stella McCartney tem desafiado a indústria da moda desde o início de sua carreira, posicionando-se como uma das vozes mais influentes em defesa da sustentabilidade. Filha de pais ativistas pelos direitos dos animais, cresceu em um ambiente que cultivava respeito pela vida e pela natureza, o que moldou sua visão como estilista e empresária. Em seu trabalho, Stella adota uma abordagem inovadora, priorizando materiais sustentáveis e métodos de produção éticos, em uma tentativa de criar um modelo de moda que respeite o meio ambiente. Com sua marca, ela busca não apenas questionar os padrões estabelecidos, mas também inspirar uma nova mentalidade na moda de luxo: uma que valorize tanto a estética quanto a responsabilidade ecológica.

Você poderia compartilhar o que sua família te ensinou sobre sustentabilidade e o planeta?

Stella:Quero dizer, a palavra “sustentabilidade” nem existia naquela época. Eu cresci em uma fazenda orgânica em East Sussex. Meus pais foram os primeiros a participar de um projeto piloto de agricultura orgânica na Inglaterra. Então, eu já cresci pensando fora da caixa, perguntando “O que é orgânico?” Eram os primeiros dias, até mesmo dessa palavra. E eu sou famosa por ser vegetariana. Minha mãe iniciou uma marca de alimentos vegetarianos em 1991, então ela foi uma grande pioneira, e meu pai estava muito alinhado com isso.

Os dois formavam uma equipe poderosa.

Fui criada com uma visão diferente do mundo – especialmente naquela época, quando esse tipo de conversa não era permitida e era recebida com muita raiva e defensividade. Cresci observando meus pais lutarem pelo direito dos animais de compartilhar o planeta Terra conosco em igualdade. Vi-os tentarem tornar isso mais aceitável para as pessoas. Eles começaram com o PETA: Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais. Mais tarde, isso se conectou com o meio ambiente, quando surgiram dados científicos que mostravam que a pecuária é bastante prejudicial ao planeta.

Sempre tento agir como se tudo fosse fácil e como se pudéssemos fazer qualquer coisa

Como defensora de longa data dos direitos dos animais, de que maneira esse senso moldou sua abordagem ao design?

Acho que há um nível de empatia que vem disso, sendo uma marca fundada por uma mulher, projetando principalmente para mulheres e sendo mãe.

Desde jovem, nunca fui ensinada a desrespeitar os animais. Ainda hoje, tenho muitas conversas com pessoas, e elas dizem: “Mas os humanos são superiores. Somos inteligentes.”

E eu não compartilho dessa visão. Eu realmente sinto que os animais se comunicam à sua maneira, assim como nós. Uma vaca olhando para nós talvez não entenda o que estamos dizendo, mas uma vaca ainda dá à luz, ama seu filhote. E existem filmagens e dados científicos que mostram que há sofrimento quando seus filhotes são retirados. Eu realmente sinto que todos somos animais habitando o planeta.

Quando se trata de design, a resposta para sua pergunta é que eu encaro cada temporada com uma conversa do tipo: Por que estou fazendo isso? Como vou usar isso para mudar minha indústria? Como vou iniciar uma conversa que as pessoas possam aprender e que as informe a fazer uma contribuição mais consciente com seu tempo na Terra? Essa é minha maneira de traduzir minha visão, mantendo o design bonito, sexy e fashion, para que você não comprometa a criatividade e o desejo em prol da sustentabilidade.

VICKI KING

Seus produtos não usam couro animal. Pode nos contar como foi estar entre os primeiros a ter esta conversa na indústria? Nunca trabalhei com couro. Mesmo quando eu estava na St. Martin’s, meu desfile inteiro, incluindo os sapatos e acessórios, era baseado em plantas. Às vezes, trabalho com minha equipe de bolsas e sapatos, e vamos desenhar – agora conseguimos que [alternativas ao couro] fiquem super realistas e macias – e eu digo: “Eu nem sei como o couro verdadeiro se parece, você precisa me ajudar aqui. Está bom?” No nosso último desfile, fizemos um casaco de croco falso feito a partir do resíduo da indústria de maçãs.

Desde o início, tem sido difícil, para ser honesta. Acho que nunca dou a mim mesma e ao meu negócio o crédito pelo quão difícil é trabalhar dessa forma, pois sempre tento agir como se tudo fosse fácil e como se pudéssemos fazer qualquer coisa. Especialmente em 1997, era quase impossível obter os materiais; eles não existiam. As poucas alternativas ao couro que existiam eram geralmente para estofamento de carros, não por razões éticas, mas porque podiam ser lavadas.

A cada segundo, um caminhão de fast fashion é enterrado ou queimado”
VICKI KING

Photoshooting da coleção

criada por Stella McCartney

Estamos em um espaço estranho em nossa indústria, no qual estamos na fronteira entre agricultura, ciência e desenvolvimento de materiais. Porque quando você começa a explorar essa conversa, percebe que a maioria dos couros sintéticos contém plástico ou é à base de petróleo. Aqui na Stella, não usamos PVC. Não usamos em lantejoulas. Estamos trabalhando com jovens cientistas e inovadores incríveis, que estão desenvolvendo lantejoulas e malhas de algas que são completamente biodegradáveis. Trabalhamos com uma inovação incrível, que é escalável –e acho que essa é uma das palavras mais importantes aqui – chamada Mirum, que é completamente livre de plástico. Criativamente, é limitador, porque temos cinco tipos de lantejoulas disponíveis que não têm petróleo, enquanto meus concorrentes têm 5.000. Temos que fazer muito com muito pouco. Mas eu gosto de uma restrição.

Fui criada observando meus pais lutarem pelo direito dos animais de compartilhar o planeta Terra conosco em igualdade”

Quais são alguns dos desafios que você enfrenta especificamente na inovação de materiais e quais as possibilidades?

Encontramos uma jovem cientista com quem cultivamos lantejoulas. Eu dizia a ela: “Ok, preciso de umas 50.000 lantejoulas a mais.” E ela respondia: “Consigo cultivar seis nos próximos seis meses.” Essas limitações são reais, e é aí que surge um bloqueio no momento. Mas então você tem algo como o Mirum, que é um couro falso à base de borracha, completamente livre de plástico – e é escalável. Está no preço certo. Isso é muito emocionante quando acontece.

VICKI KING
Algumas pessoas me dizem: ‘Eu sinto o amor quando uso suas roupas.’ E isso é um luxo para mim. Nossa indústria tem uma responsabilidade e precisa estar à altura dela.”

Qual o papel que a moda de luxo pode desempenhar para criar uma mudança na forma como abordamos o vestuário?

A cada segundo, um caminhão de fast fashion é enterrado ou queimado. A cada segundo. Quantos segundos estamos conversando? E essas peças, às vezes, nem foram usadas. Elas literalmente vão para o aterro com suas etiquetas ainda. Mas, ao mesmo tempo, entendo que a moda de luxo está disponível para... que porcentagem do mundo? E isso é um dilema para mim. Quero que todos tenham acesso ao que fazemos na Stella. Mas, se você faz as coisas da maneira certa e bem, isso tem um custo. O couro sintético é mais caro que o couro verdadeiro. Isso é uma loucura. Desculpe, mas é moralmente tão errado. No espaço de luxo, sou uma espécie de navio pirata na beira da conversa. Sinto que é minha responsabilidade informar as pessoas, mas ainda sou a única trabalhando desse jeito. É um luxo comprar algo que não mata o planeta. É um luxo respeitar os animais, sentir o amor e a bondade em um produto. Algumas pessoas dizem para mim:

“Eu sinto o amor quando uso suas roupas.” Isso é um luxo para mim. Nossa indústria tem uma responsabilidade e precisa assumir essa responsabilidade. Ao mesmo tempo, o luxo deve ser mais atemporal no design. Deve, por direito, durar toda a sua vida. É um investimento. Acredito que agora, mais do que nunca, a revenda de um item, a vida após o uso, a rentabilidade – o luxo é onde isso acontece. Isso não ocorre na fast fashion.

Biocouture

Inovação sustentável desenvolvida no Brasil

Motores movidos a hidrogênio: a indústria nacional produz inovações para um mundo descarbonizado.

O cotidiano das pessoas é constantemente transformado por uma inovação. Há sempre novos produtos ou novas formas de realizar ações que impactam a rotina de todos. Quem exemplifica bem isso são empresas e centros de pesquisa nacionais como Suzano, Tupy, Morlub, Tramontina, ProSolar e os Institutos SENAI de Inovação, que estão desenvolvendo novos processos e tecnologias com o objetivo de tornar a indústria e o mundo mais sustentáveis. Os projetos vão desde tecidos sustentáveis até motores movidos a hidrogênio e demonstram o protagonismo do país na agenda global de descarbonização, na e na bioeconomia.

Motor de combustão interna movido a hidrogênio

Uma alternativa inovadora de propulsão está em desenvolvimento pela Tupy, multinacional brasileira do setor metalúrgico sediada em Santa Catarina. A empresa cria soluções de engenharia direcionadas aos ramos de transporte, infraestrutura, agronegócio e geração de energia. Um exemplo de destaque é o motor de combustão movido a hidrogênio. Além de substituir os combustíveis tradicionais por uma opção neutra em carbono, o motor oferece maior durabilidade, potencial para reabastecimento mais rápido e custo operacional mais baixo.

O motor oferece maior durabilidade, potencial para reabastecimento mais rápido e custo operacional mais baixo”

Os veículos com motores de combustão interna a hidrogênio podem operar sem qualquer emissão de CO2 vinda do combustível a hidrogênio, direta ou indireta, dependendo da fonte do hidrogênio que foi utilizado.

O hidrogênio produzido por eletrólise usando a eletricidade vendo de painéis solares ou turbinas de vento, por exemplo, permite uma condução sem CO2. Além disso, os combustíveis a hidrogênio não liberam qualquer material particulado, monóxido de carbono ou compostos orgânicos que sejam voláteis.

No entanto, os motores a hidrogênio têm o potencial de liberar algum NOx, um poluente atmosférico que pode contribuir para a névoa às vezes observada acima das grandes cidades durante os meses de verão. Os sistemas pós-tratamento são usados para eliminar a maioria das emissões de NOx. Nos Estados Unidos, a conversão de caminhões médios e pesados em hidrogênio limpo eliminaria cerca de um quarto de todas as emissões de gás de efeito estufa do setor de transporte. setor de transporte.

Osklen: Pioneira no Luxo Sustentável

Com o programa e-fabrics, a Osklen certifica materiais sustentáveis, promovendo inclusão e inovação.

ACERVO OSKLEN
Marca Destaque

A Osklen, criada por Oskar Metsavaht, é uma marca pioneira na moda brasileira que combina luxo e sustentabilidade, redefinindo o conceito de consumo consciente no país. A marca está à frente do movimento chamado “New Luxury”, que defende a união de estética sofisticada com práticas sustentáveis

Um dos maiores diferenciais da Osklen é o programa e-fabrics, desenvolvido para identificar, certificar e promover o uso de materiais ecológicos e sustentáveis. Entre esses materiais, destacam-se o algodão orgânico, a seda ecológica e o couro de peixe, que além de serem ambientalmente corretos, trazem benefícios para comunidades locais envolvidas na produção. Essas comunidades, em parceria com a Osklen, desenvolvem técnicas que preservam o meio ambiente, ao mesmo tempo em que garantem inclusão social e geração de renda.

Além do uso de materiais sustentáveis, a Osklen investe em processos produtivos responsáveis, como a reutilização de materiais excedentes em coleções futuras.

É uma marca que combina a sofisticação do design brasileiro com um forte compromisso ambiental”

O compromisso da marca com a sustentabilidade também se reflete em sua participação em iniciativas globais de proteção ambiental, como a parceria com o Instituto-E, uma ONG que promove fortemente o desenvolvimento sustentável.

A Osklen já foi reconhecida internacionalmente por suas práticas sustentáveis, sendo premiada no Green Carpet Fashion Awards, que celebra marcas de moda que lideram o caminho para um futuro mais sustentável. Oskar Metsavaht, além de criador da marca, é um ativista ambiental, utilizando a Osklen como plataforma para promover mudanças positivas na indústria da moda e na percepção da sociedade.

O resultado é uma marca que combina a sofisticação do design brasileiro com um forte compromisso ambiental, tornando-se referência tanto no mercado de luxo.

A atemporalidade intrínsica no Design por Nagib Orro

Para que qualquer objeto possa ser nomeado com o termo design, devemos ter em mente o significado desta palavra que é latina, por sinal, e não anglo saxônica, como muitos pensam. Sua origem vem latim designare ou designar que, em português, significa desenhar. Porém não é qualquer desenhar... É mais do que isso! Trata-se de um desenho que traz em si as qualidades de um projeto, uma intenção, um valor maior no sentido de desígnio mesmo, algo que cria significado. Perceba que não é qualquer designação, esta tem critério. Lembre-se de que o argumento que confere a qualidade de design para um objeto, passa pela compreensão do significado deste termo e remete à sua temporalidade. Um artefato com as qualidades inerentes do design resiste ao tempo e, portanto, ganha o status de atemporal, ou seja, não envelhece nunca, podendo se tornar um clássico, justamente porque é representante autêntico dos valores humanos de um momento e de um lugar. Hoje em dia ouvimos muito sobre atemporalidade. Acontece que o mercado se apropriou deste termo, inclusive, para fazer dele uma forma de agregar valor.

Na verdade, são adjetivos subjacentes, pois não existe atemporalidade sem design, digo DESIGN DE QUALIDADE. Pois justamente é a qualidade do design que pode conferir este valor de atemporal. Num

mundo em que o mercado incorporou a palavra design até para sobrancelhas, temos que estar alertas para entendermos o nosso tempo.

Uma peça de design é um artefato ambientalmente adequado pois nele reside a tal da atemporalidade e como se trata de um artefato que não envelhece, ele pode ficar antigo, mas permanece atual, sempre será utilizado e reformado; mas quase nunca descartado. E, quanto mais antigo for, mais valor o mercado conferirá. Como não será descartado, este se torna amigo do meio ambiente e ecologicamente correto, pois economiza material e energia da natureza além de conservar em si mesmo o investimento humano e ambiental feito tempos atrás.

Quando um produto é construído com qualidade e com materiais adequados visando sua durabilidade e, sobretudo, com a qualidade visual que só o design pode conferir; este produto é também um produto amigo do meio ambiente ou ecologicamente correto.

Vou ilustrar com duas peças das quais tenho muito orgulho. Sempre busco a cada trabalho, atingir o bom desenho, porém só o tempo dirá. Ambas as peças são oriundas de uma conversa com elementos geométricos formais primários e essenciais.

O cinzeiro Fefê que Foi pensado como a intersecção de dois planos com uma calota esférica.

O aparador Acaso que nasce como intersecção de várias retas posicionadas “ao acaso” com dois planos paralelos. foi finalista do Prêmio Museu da Casa Brasileira (2006) e ganhou o primeiro lugar no Prêmio Brasil Faz Design.

MODA COM SIGNIFICADO

Conheça os estilistas que foram destaque na

São Paulo Fashion Week com peças inovadoras e sustentáveis

Por: Haco

Fotos: Guilherme Siqueira

Os estilistas, Pedro Andrade e Paula Kim, foram destaque recentemente na SPFW (São Paulo Fashion Week) com a marca P. Andrade. No entanto, não é de hoje que ambos são relacionados à inovação, design e estilo.

Tanto Pedro quanto Paula estão à frente de marcas consolidadas, Piet e Lapô, respectivamente. As empresas entregam a cada coleção um conjunto de elementos do streetstyle, elegância e simplicidade. Como resultado do sucesso, Paula Kim e Pedro Andrade fecham parcerias grandiosas com empresas como Renner, Nike e C&A. Atualmente, Pedro é embaixador da Haco e contribui para que cada novo lançamento seja único. Juntos, eles combinam suas trajetórias para criar uma moda inovadora e consciente, muito destacada em eventos altamente reconhecidos, como a São Paulo Fashion Week.

Você cursava design industrial, mas criou a Piet. Como surgiu a ideia e o processo da identificação da essência da marca?

Sempre tive interesse não só em moda, mas na criação de produtos no geral. Porém, foi através da moda que encontrei uma maneira mais ‘democrática’ de me expressar e alcançar mais pessoas.

A Piet nasceu antes de seu próprio lançamento, porque já era um projeto de faculdade sobre uma marca fictícia. Eu queria que ela me representasse, mas, ao mesmo tempo, tivesse um nome simples, jovem e sofisticado. Então, lembrei do meu apelido de infância: Piet. A ideia sempre foi ter uma marca com a minha essência.

Qual foi o momento que você se deu conta de que, não só a marca, mas o seu nome começou a crescer na moda?

Apesar da marca ter ganhado um espaço relevante no streetwear nacional em seu terceiro ano, acredito que foi em 2017 que eu realmente senti que eu não era mais tão nichado. Foi quando comecei a ter uma exposição global maior por conta dos projetos colaborativos e materiais em mídias internacionais.

Sempre tive interesse não só em moda, mas na criação de produtos no geral”

Qual foi a sensação de assinar coleções em parceria com grandes marcas como Nike, C&A e NBA, por exemplo?

sempre tem grande significado para mim. Cada collab que faço tem uma função diferente, ou seja, preenche uma lacuna diferente no lifestyle da

vestimentas da nova coleção da Piet,

marca de Pedro Andrade.

Sua esposa também é estilista e referência em sustentabilidade. Como você traz as ideias dela para as suas criações?

Tenho aprendido muito com a Paula ao longo dos últimos anos. Sempre tive a intenção de trazer soluções sustentáveis, mas confesso que sempre foi um assunto incrivelmente complexo para implementar em uma empresa que não nasceu sustentável. Hoje, depois de muito estudo e esforço, percebi que ser sustentável se tornou algo básico em nossas empresas. Tudo que fazemos hoje é pensando de maneira sustentável.

Muitas vezes pensar de maneira sustentável torna o processo extremamente mais difícil

Como a sustentabilidade ajudou na criação da sua nova marca, e quais os osbjetivos?

Não é bem que a sustentabilidade “ajuda” nas criações. Acho que, na verdade, ela está mais para algo como um dever nosso. Muitas vezes pensar de maneira sustentável torna o processo extremamente mais difícil, mais caro, mais demorado, porém é essencial que haja um entendimento de que isso é nossa nova realidade. Não temos mais tempo para não pensarmos de maneira sustentável e acreditamos que a marca possa ser uma porta voz disso, onde une tecnologia, inovação e sofisticação, sendo o mais sustentável possível.

Havia pessoas falando um pouco sobre sustentabilidade e isso despertou meu interesse”

O que você diria para aqueles que querem se engajar da mesma maneira que você na questão da moda sustentavel?

Lembro que quando estava no último ano da faculdade, já havia pessoas falando um pouco sobre sustentabilidade e, de alguma forma, isso me despertou certo interesse. Uma semente foi plantada. Alguns anos depois, quando já estava atuando como designer na Zara, comecei a entender mais a fundo sobre produção em larga escala e decidi me dedicar e estudar cada vez mais sobre sustentabilidade. O que eu diria para quem quer se engajar? Estude bastante sobre o assunto, acompanhe o que os ativistas estão falando e, de alguma forma, treine sua visão macro sobre processos produtivos. A sustentabilidade, quando vista de perto, é infinitamente mais complexa do que parece.

Foi muito bom ver a primeira coleção sustentável da Renner que desenhamos ser lançada”

Como foi a experiência de desenvolver uma linha sustentável para a Renner, e quais das ações você mais gostou de implementar? Foi uma experiência bem desafiadora, pois na época se falava bastante sobre sustentabilidade somente nas questões internas da empresa, nem tanto sobre soluções sustentáveis para produtos. Foi interessante ver como é difícil para empresas grandes se moldarem em novos métodos sustentáveis. Foi muito bom ver a primeira coleção sustentável da Renner que desenhamos ser lançada pois, na época, foi uma coleção bem difícil de sair do papel. Precisou de uma força tarefa da equipe do núcleo de pesquisa e do pessoal da sustentabilidade para fazer acontecer de verdade.

HACO

Qual é o seu olhar sobre essa caminhada da sustentabilidadena moda?

Ainda caminhamos a passos de formiga. Nosso deadline oficial para a mudança drástica de hábitos é 2050 e para isso precisamos buscar soluções urgentes para substituição de matérias-primas de origens fósseis, zerar a emissão de carbono e olhar também para a parte social do problema.

A responsabilidade social é uma parte fundamental da sustentabilidade e não podemos nunca esquecê-la.

Modelo com roupas da coleção

no desfile da São Paulo Fashion Week 2023

A responsabilidade social é uma parte fundamental da sustentabilidade
HACO
HACO
de Paula Kim e Pedro Andrade,

Se Ligue!

Justiça Climática e Racismo Ambiental

Para Jahzara Ona, a luta climática só será eficaz quando estiver integrada com pautas sociais e raciais

Quem sofre mais com as consequências do racismo ambiental é quem polui mais? Certamente que não. Um exemplo disso foi o desastre de Brumadinho, em Minas Gerais, onde o rompimento de uma barragem vitimou centenas de trabalhadores em 2019. A Vale, empresa responsável pelo crime, ainda é, quatro anos depois, uma das mais ricas do Brasil. Esse é um exemplo de duas dinâmicas que estão presentes nas principais discussões sobre clima no mundo: o racismo ambiental e a justiça climática.O primeiro diz respeito a quem são as vítimas das consequências da crise ambiental. “As pessoas de favelas, de periferias, até as aldeias indígenas. São elas que estão na linha de frente e sendo as mais impactadas”, afirma a jovem ativista Jahzara Ona, 18. Jahzara se autointitula como “ativista socioambiental”. Cria do Jardim Pantanal, bairro do Jardim Helena, na periferia da zona leste de São Paulo, ela entendeu o que era o racismo ambiental no dia a dia da comunidade, antes mesmo de se aprofundar no estudo do tema.

O racismo ambiental trata exatamente de como as políticas ambientais são tratadas de forma desigual”

Por: Fabiano Souza

Foto: Tatiana Oliveira

O que é racismo ambiental?

O termo foi criado na década de 1980 pelo ativista estadunidense Benjamin Chavis, que era aliado de Martin Luther King na luta pelos direitos civis dos negros dos Estados Unidos. Na época, Chavis denunciava o despejo de resíduos tóxicos em uma região de população majoritariamente negra na Carolina do Norte.

O racismo ambiental trata exatamente de como as políticas ambientais, como o saneamento básico, são tratadas de forma desigual, privilegiando a parte mais rica de uma região.

Se Ligue!

Todas as justiças juntas

Da mesma forma que a definição de racismo ambiental admite que as consequências da crise no clima global não são sentidas da mesma forma por conta das diferenças sociais e econômicas, o conceito da justiça climática reconhece que é preciso cobrar de quem polui mais pelo sofrimento causado às vítimas.

Jahzara vai além. Na opinião da jovem, a justiça climática caminha junto a outras justiças que são buscadas pela sociedade, como a racial, social e de gênero.

“Ela ‘casa’ com o racismo ambiental porque as mesmas pessoas que estão sendo atingidas por essa crise também estão passando por outros problemas, de diversas outras pautas, seja evasão escolar, feminicídio, morte, fome e diversos outros problemas. Não se faz uma justiça sem as outras”, afirma a ativista.

Para ela, ambas as questões estão finalmente sendo discutidas com seriedade. Realizada no fim do ano passado, a COP 27 chegou a ser chamada de “COP da Justiça Climática”, justamente pela impossibilidade de não discutir assuntos como a redução de danos dos países ricos aos países pobres.

Só agora as pessoas estão sentindo na pele o que está acontecendo. Infelizmente”

“Só agora as pessoas estão sentindo na pele o que está acontecendo. Infelizmente, por essa pauta agora estar sendo falada e conscientizada, as empresas usam muito disso também. Tem muita empresa que polui, mas se finge de sustentável”, conta Jahzara, mencionando um comportamento conhecido como “greenwashing”.

Como ativista jovem e participante de uma rede global preocupada com essa pauta (o movimento Jovens pelo Clima), ela acredita que a geração dela tem papel importante para levar essas discussões adiante, porém sem gerar a chamada “eco-ansiedade” e um excesso de responsabilização.

“Dá tempo de amenizar se a gente agir, ir atrás, continuar sendo incluídos em espaços de discussões, mas também agindo localmente na nossa comunidade, enquanto indivíduo, que também é extremamente importante. Isso traz um peso muito grande, então é preciso respirar e agir da forma que é possível”, conclui.

CONCHAS QUE TRANSFORMAM

Conheça o projeto Sururu: Conchas que Transformam. Com produtos que trazem sustentabilidade e brasilidade

Por: Archtrends Portobello

Fotos: Acervo Portobello

Traduzindo a essência sustentável da Portobello, o projeto Sururu: Conchas que Transformam surgiu como forma de solucionar um problema socioambiental de uma comunidade de Alagoas. Além disso, fomenta a economia local e ainda valoriza a cultura da região. Afinal, o sururu é um molusco considerado patrimônio cultural de Alagoas. Nas linhas a seguir, entenda melhor sobre esse projeto de economia circular, saiba quais são seus benefícios e conheça os produtos que resultaram desse trabalho.

Entenda como surgiu o Projeto Sururu: Conchas que Transformam

O projeto Sururu: Conchas que Transformam é um trabalho socioambiental que surgiu para solucionar um problema sanitário em comunidades do bairro Vergel do Lago, em Maceió, Alagoas.

Às margens da Lagoa do Mundaú, a pesca do sururu é uma das principais atividades econômicas da população. Entretanto, o aproveitamento era somente do molusco. Isso resultava em mais de 300 toneladas de cascas de sururu sendo acumuladas às margens da lagoa todos os meses. Por sua vez, esses resíduos poluem a água, causam mau cheiro, além de provocar doenças nas comunidades do seu entorno. Nesse sentido, o projeto Sururu: Conchas que Transformam deu seu primeiro passo com a criação do Cobogó Mundaú. Um produto de design sustentável em parceria com o projeto Maceió mais Inclusiva.

Portanto, por meio do Sururu: Conchas que Transformam, é possível valorizar características culturais da região. Além de melhorar a qualidade de vida dos moradores, possibilita ainda uma nova fonte de receita para a população que vive da pesca do Sururu.

Afinal, as conchas são tratadas, limpas, moídas e misturadas ao cimento para darem vida a produtos. Por sua vez, eles levam a cultura nordestina para todo o Brasil, em um processo de economia circular.

Produção de peças da linha Cobogó Mundaú, por Marcelo Rosenbaum e Rodrigo Ambrosio.

Antes do projeto, eram mais de 8 toneladas despejadas na natureza por dia”

Projeto é baseado no tripé da sustentabilidade

O foco do projeto Sururu: Conchas que Transformam, certamente, é levar mais sustentabilidade. Isso em diferentes frentes, como social, ambiental e econômica.

Nesse sentido, detalhamos um pouco mais sobre as vantagens do projeto dentro do tripé da sustentabilidade.

Sustentabilidade ambiental Sem dúvidas, o projeto Sururu: Conchas que Transformam promove a sustentabilidade ambiental ao evitar o acúmulo de conchas do molusco no meio ambiente.

Afinal, apesar da pesca do sururu ser bastante tradicional na comunidade de Vergel do Lago, sua casca não tinha nenhuma utilidade e se acumulava na Lagoa do Mundaú.

Antes do projeto Sururu: Conchas que Transformam, eram mais de 8 toneladas despejadas na natureza por dia. A consequência era a poluição da lagoa e seu entorno.

Sustentabilidade econômica

Vergel é uma comunidade carente na zona urbana de Maceió. Por lá, a pesca do sururu a principal fonte de renda de muitas famílias.

Portanto, com a chegada do projeto Sururu, os moradores puderam conhecer mais uma possibilidade de gerar uma nova receita.

Afinal, pescadores começaram a fornecer a matéria-prima para os produtos. Além disso, moradores foram empregados para fazer com que o projeto acontecesse.

Sustentabilidade social

Já do ponto de vista social, o projeto Sururu: Conchas que Transformam torna a economia circular uma realidade para a população. Afinal, transforma um item que causava danos ao meio ambiente e à saúde em um produto que pode ser vendido.

Além de gerar empregos, o uso das cascas do sururu amplia a visão dos moradores da comunidade, que passam a enxergar o que antes era lixo, como matéria-prima importante e capaz de transformar vidas.

Peça da linha Cobogó Mundaú, finalizada.
ACERVO
PORTOBELLO
ACERVO PORTOBELLO

Conheça os produtos do projeto Sururu: Conchas que Transformam

Do projeto Sururu: Conchas que Transformam já surgiram três produtos ideais para personalizar paredes.

Eles levam uma estética natural e orgânica para dentro dos espaços, criando uma decoração mais aconchegante.

A ideia foi resgatar a arquitetura brutalista em planos e volumes.

Cobogó Mundaú

Idealizado pelos designers Marcelo Rosenbaum e Rodrigo Ambrosio, a linha Cobogó Mundaú foi apresentada na Expo Revestir de 2020.

A peça vazada foi desenvolvida por meio de técnicas do artesão Itamacio dos Santos. Substituindo areia pela casca do sururu triturada, isso faz com que a peça fique com uma forma orgânica e com textura granulada.

Além disso, a mistura de cimento com conchas do sururu resulta em uma cor acinzentada e reflexo furta-cor.

O produto marca o início do projeto Sururu: Conchas que Transformam, posteriormente reconhecido internacionalmente pela premiação iF Design Award 2022. Ganhou ainda o Prêmio Casa Vogue Design 2021.

Ele foi desenvolvido a partir do projeto “Maceió Mais Inclusiva Através da Economia Circular – Cooperação Técnica” (BID Lab), em parceria com o Instituto A Gente Transforma, o IABS (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade) e a Prefeitura de Maceió. Além de contar com o DNA alagoano, o cobogó em si é um elemento tipicamente brasileiro. Foi idealizado por três engenheiros: Amadeu Oliveira Coimbra, Ernest August Boeckmann e Antônio de Góes. Eles usaram seus sobrenomes para dar nome a essa nova linha de produtos.

Contudo, o cobogó nada mais é do que uma adaptação de elementos vazados já muito conhecidos em outros países como Índia e Marrocos, como é o caso do Muxarabi. No entanto, o produto nacional é uma alternativa mais barata, uma vez que tem produção, basicamente, em cimento, e formas geométricas simples.

Como usar o Cobogó Mundaú na decoração:

De maneira geral, os cobogós são ótimos elementos para dividir espaços. Afinal, não são estruturais, mas sim decorativos.

Eles proporcionam um efeito translúcido, que é uma tendência de decoração. Além disso, permitem a integração entre os espaços de forma elegante e original.

Como o Cobogó Portobello tem um aspecto mais rústico, é excelente para usar com outros materiais nessa mesma pegada. Entre eles cimento queimado, madeira e metal.

Também é possível integrá-lo numa decoração minimalista contemporânea. Ele forma um contraste interessante com materiais mais nobres como mármore, ou ainda modernos, como aço e vidro.

Além de divisórias, o Cobogó Mundaú ainda pode ser usado em ambientes internos e externos como fechamento de ambientes, Em fachadas, meia parede, e por aí vai.

ACERVO PORTOBELLO

Linha Solar

Já na Expo Revestir de 2023, foi a vez de conhecer a linha Solar. Também desenvolvida por Marcelo Rosenbaum e Rodrigo Ambrosio, e usando a concha do sururu como matéria-prima.

Dessa vez, são revestimentos cerâmicos iluminados pelas cores. Especificamente, tons terrosos, que são tendência de decoração. Com isso, ampliam o leque de possibilidades da inclusão da economia circular na composição dos ambientes, além de adicionar robustez e energia.

A superfície dos revestimentos traz um efeito ripado e linear, em combinação com maxitijolinhos. A ideia foi resgatar a arquitetura brutalista em planos e volumes.

Nesse caso, a inspiração foi Lina Bo Bardi, o que levou a uma proposta de design e a uma cartela de cores com linhas e formas essenciais para paredes sustentáveis.

Vale destacar ainda a textura, que faz presença da concha no produto, marcando a sustentabilidade.

Foi a partir desse lançamento que o projeto Sururu: Conchas que Transformam foi batizado, marcando assim a sua consolidação para um mundo melhor e mais sustentável.

Como decorar com a linha Solar: Também voltada para a aplicação em paredes, a linha Solar traz ainda mais possibilidades para quem quer se inspirar no projeto Sururu, os tons terrosos levam mais vida e energia para os espaços internos de duas maneiras: por meio de peças ripadas ou maxitijolinhos.

No primeiro caso, o produto adiciona textura à decoração. É ideal tanto para usar em paredes inteiras quanto para dar destaque a uma superfície específica.

Além disso, é possível formar um

ACERVO PORTOBELLO

painel ripado e rústico que serve como cabeceira de cama, painel de televisão, entre outras possibilidades.

Para complementar, os maxitijolinhos nas mesmas cores podem ser aplicados lado a lado, ou em outras composições. A superfície mais plana ainda traz a textura das conchas, levando rusticidade e brasilidade para a decoração.

Linha Fita

O projeto Sururu: Conchas que Transformam não parou por aí. Na Expo Revestir de 2024, a Portobello apresentou mais uma linha, que foi batizada de Fita.

Dessa vez, a inspiração foi em um dos cinco princípios da arquitetura modernista de Le Corbusier. Em seus projetos modernistas, ele usava janelas em fita para cobrir as fachadas das construções.Essas ”fitas” foram reproduzidas por meio de relevos que aparecem na superfície dos revestimentos da linha. Inclusive, é nesses detalhes texturizados que aparece o efeito furta-cor da biomatéria usada.

O colorido surge ao lado do tom neutro e sólido do concreto, levando a essência modernista, que é simples, racional e sem excessos.

Antes mesmo de começar a Revestir 2024, Fita foi destaque no prêmio Design Brasil do Best in Show. Na abertura da maior feira de revestimentos e acabamentos da América Latina, a premiação trouxe os maiores destaques do ano. No caso de Fita, o reconhecimento foi pelo prêmio Design Brasil, uma vez que valoriza a brasilidade.

Com o revestimento, é possível criar diferentes padrões, que se adaptam aos mais variados estilos de decoração”

A linha Fita foi pensada para proporcionar mais uma opção de mosaico. Com o revestimento, é possível criar diferentes padrões, que se adaptam aos mais variados estilos.

Para isso, Fita chega em três opções: larga, fina e tripla. Cada uma tem uma combinação diferente de relevo. Assim, é possível usar apenas um tipo, misturar dois ou brincar com as texturas dos três produtos.

Todos os revestimentos da linha contam com formato 20x20 cm e acabamento mate. Além disso, a composição é uniforme. Portanto, com o efeito Color Body, o acabamento fica mais elegante.

Versátil, a linha Fita pode levar textura, sustentabilidade e brasilidade a paredes de projetos de decoração.

Sem falar que dá para usar tanto em detalhes, como painéis e mosaicos, quanto em paredes inteiras. São muitas as possibilidades de uso desse revestimento em tom de concreto, que leva autenticidade modernidade aos espaços.

Iniciativa que Une Novos Talentos e Moda Circular

O H2 Exchange, um projeto inovador liderado por Heron Preston em colaboração com a H&M, está abrindo novas possibilidades para a moda circular. Três designers emergentes foram selecionados para trabalhar de perto com Heron Preston e a equipe da H&M, criando coleções exclusivas a partir de roupas que foram doadas diretamente pelo público.

Essas peças serão desenvolvidas com base nas roupas coletadas durante uma campanha de doação em março. Quem participou da doação recebeu um token, que permitirá escolher itens das coleções upcycled do H2 Exchange.

A experiência acontece em um apartamento na Chrystie Street, em Manhattan, e dura 13 dias. Durante esse período, os selecionados podem interagir com Preston e participar de oficinas de design. Os escolhidos para essa edição são Devante Hicks, designer autodidata de Nova York; Treshara Franklin, uma promissora designer de Brooklyn; e June Chen, estudante de Design de Moda na Parsons School of Design.

No fim do programa, haverá uma avaliação das coleções por profissionais da indústria e representantes da H&M. Existe a possibilidade de que as melhores criações sejam reproduzidas em maior escala. Os designers terão a chance de aprimorar suas habilidades em sessões de estúdio, oficinas e mentorias diretas, aprendendo mais sobre os princípios da moda circular.

Entre as atividades, destacam-se workshops de serigrafia, bordado, aerografia e customização de camisetas, abertos ao público entre os dias 8 e 11 de junho. A apresentação final acontecerá no dia 13 de junho, das 18h30 às 20h.

Além disso, em março, a H&M anunciou uma nova parceria com Preston, que inclui coleções sazonais e consultoria criativa. A primeira coleção, inspirada no estilo urbano das ruas da cidade de Nova York, foi lançada em 14 de março.

O H2 Exchange não só promove a moda sustentável, mas também dá uma plataforma valiosa para novos talentos mostrarem seu trabalho e sua arte ao mundo.

Bem mais do que só um “Stakeholder”

Recentemente notei na entrada de uma trilha no Parque Burle Marx, em São Paulo, a frase: “A natureza não é um recurso, é natureza!”

Embora a placa destaque a importância da preservação da natureza, ainda transmite para mim a ideia de que a natureza é uma entidade externa a nós, meramente fornecedora de produtos para a nossa subsistência.

A natureza não é um recurso, assim como os seres humanos não são recursos, clientes, fornecedores, nem tampouco stakeholders; os humanos são humanos!

Enquanto não desenvolvermos a consciência de que somos parte da natureza, assim, somos natureza, não conseguiremos avançar em temas como o ESG, essa sigla atualmente tão presente no linguajar empresarial. Essa consciência é necessária, pois sem ela correremos o risco de transformar a intenção benéfica do movimento ESG em uma licença para que algumas organizações operem em benefício próprio, tratando a natureza e nós, seres humanos, como meros recursos.

Estamos em um caminho tão desconectados da natureza, que considerar normal tirar uma selfie em um cercadinho no meio de um rio poluído, à sombra de uma árvore metálica, se torna uma preocupante realidade!

A natureza é a base para toda vida e atividade humana e demais seres vivos. A natureza é intrinsecamente ligada ao bem-estar humano. A natureza possui limites os quais devem ser respeitados.

Ao darmos conta de que tudo o que fazemos afeta a todos os seres vivos, possivelmente deixaremos de chamar os humanos de “Recursos Humanos”, de clientes, de fornecedores e de profissionais para “apenas” humanos e os rios, mares, montanhas, florestas, desertos e demais seres vivos deixando de ser recursos naturais para serem “apenas” natureza, da qual somos parte!

Quando nos dermos conta que não estamos separados de todo o resto do mundo, começaremos a agir de forma a sair do foco no Ego para focarmos no Eco.

Shifters

COLE SPROUSE

conhecido globalmente como ator, Cole tem virado destaque na fotografia. Ele se inspira em paisagens remotas e cenários oníricos, explorando o lado mais isolado do mundo. Sua paixão pela fotografia começou com registros de ruínas na época de estudante de arqueologia, e hoje sua câmera capta histórias em lugares desafiadores ao redor do mundo.

SAMYRA NASPOLINI

Mestre em Direito pela UFSC e Doutora em Direitos Humanos pela PUC-SP, é uma das maiores autoridades do país em pesquisa acadêmica da área, tendo publicado diversos artigos nos quais questiona o estado atual de nossa sociedade. Samyra também leciona nos cursos de direito do Mackenzie e da ESPM,e é presidente do CONPEDI.

KLEBER SALES

Kleber Sales é ilustrador e chargista do Correio Braziliense e colaborador de O Estado de S. Paulo. Suas obras apareceram em revistas como Quatro Rodas, Piauí e Playboy, e em livros infantis e adultos. Premiado três vezes no Salão Internacional de Desenho para Imprensa (SIDI), seu trabalho é afiado e nacionalmente reconhecido.

ARI ANDRADE

Atua como consultor e é um dos responsáveis por trazer o Capitalismo Consciente para o Brasil, sendo um dos heads da ONG. Ari é referência em aplicar práticas sustentáveis em empresas de grande porte. Ari é formado em negócios pela FAAP, mestre em administração pela USP e professor da Fundação Dom Cabral.

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