Revista TRUCO

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BEM VINDOS

Opa, leitor querido... Você por aqui?

É com muito entusiasmo que a TRUCO dá as boas-vindas à sua primeira edição. Esse é um momento muito especial para todos nós, e queremos que você saiba que colocamos nosso coração e nossa alma em cada página. O objetivo?

Criar algo que fale diretamente com você, que está começando a entender o mundo e o mundo da política, e deseja, de forma descomplicada e leve, descobrir como tudo isso funciona.

Nesta edição, temos a certeza de que há algo para todos: de matérias informativas e cheias de curiosidades a um conteúdo divertido, como a nossa matéria sobre Fake News, que traz um olhar sério sobre o tema, mas de um jeito leve e superengraçado. Aqui na TRUCO, acreditamos que aprender também pode ser divertido, e é por isso que deixamos várias surpresas para você ao longo da revista – como nossas dicas de filmes, séries e livros, e até o nosso horóscopo, que esperamos que traga boas energias para o seu dia.

Nosso time se dedicou com carinho para trazer um conteúdo que seja acessível, sem abrir mão da profundidade que o tema exige. Queremos te ajudar a se sentir mais confiante ao entender o cenário político e, mais importante, a construir seu próprio ponto de vista. Como a missão de informar não pode parar, continuaremos trabalhando com muito empenho para que cada nova edição da TRUCO seja ainda mais interessante e envolvente. Não esqueça de compartilhar suas impressões com a gente! Use a hashtag #NaCartaAoLeitor e, quem sabe, a gente pode responder à sua mensagem na próxima edição.

Aproveite a leitura e, principalmente, aproveite esse momento de aprendizado e descoberta. Estamos muito felizes por você estar com a gente nessa jornada!

PROJETO III: Marise de Chirico

Cor, Percepção e Tendências: Paula Csillag

Ergonomia: Carolina Bustos e Matheus Passaro

Infografia e Visualização de Dados: Marcelo Pliger

Marketing Estratégico: Leonardo Aureliano

Motion Graphics: Carlos Eduardo Nogueira

Produção Gráfica: Mara Martha Roberto

COLABORADORES

RITA VON HUNTY

Rita é uma influenciadora, humorista e professora brasileira, conhecida por seu estilo irreverente e críticas sociais. Com um toque de humor ácido, ela aborda temas como cultura pop, comportamento e questões lgbtqia+. Seu carisma e autenticidade a tornaram uma figura marcante nas redes sociais.

LILIA MORITZ SCHWARCZ

Lilia é uma historiadora e antropóloga brasileira, reconhecida por suas pesquisas sobre a cultura e a história do Brasil. Autora de obras influentes, ela aborda temas como a formação da identidade brasileira e as relações raciais, combinando rigor acadêmico com uma linguagem acessível. Sua atuação também se destaca no debate público sobre questões sociais e culturais.

MATHEUS SODRÉ

Matheus é um criador de conteúdo e influenciador brasileiro, conhecido por seu humor leve e abordagens sobre temas do cotidiano. Ele se destaca nas redes sociais, onde compartilha vídeos e reflexões sobre a vida moderna, sempre com um toque divertido e autêntico.

MIWA KASHIWAG

Miwa, também conhecida como “lésbica do RI”, é uma criadora de conteúdo brasileira que aborda questões políticas, culturais e sociais de forma direta e envolvente. Ela utiliza suas plataformas para promover diálogos e aumentar a visibilidade de temas relevantes, especialmente relacionados à comunidade lgbtqia+. Seu trabalho é marcado pela autenticidade e pela vontade de engajar e educar seu público.

MANIFESTO

A TRUCO é mais do que uma revista. É um movimento, um espaço de voz e força para jovens que acabaram de adentrar o universo da política. Sua missão é ser um guia de confiança nesse caminho complexo e, muitas vezes, nebuloso. Ela está aqui para descomplicar, traduzir e, acima de tudo, empoderar. Porque a TRUCO entende: se é para a juventude fazer parte desse jogo, nada melhor do que conhecer as regras.

Você é novo no mundo eleitoral? Ainda sente que a política é um enigma feito para confundir e afastar? A TRUCO entende essa realidade, e é por isso que ela existe: para tornar o conhecimento político acessível, independente e direto ao ponto. Enquanto todos jogam termos técnicos e discussões fechadas, a TRUCO transforma esses assuntos em algo que faça sentido para você. Cada edição, cada página, é pensada para que o leitor sinta que política não é só para os outros – é para você e com você.

No Brasil, ainda falta uma revista como a TRUCO, que seja uma porta de entrada acessível e inovadora, mas sem abrir mão da responsabilidade e da precisão. O intuito é abrir o caminho e ajudar o leitor a dar os primeiros passos nesse “jogo político.” Ainda assim, aprender sobre política é muito mais do que só ler uma revista. Por isso, fica o convite: não pare por aqui. A TRUCO almeja que cada página inspire a buscar mais, a se questionar e a investigar diferentes pontos de vista em outras fontes. Quanto mais o leitor explorar, mais forte será sua própria visão – e, para a TRUCO, isso é o mais importante.

Sua missão é dar aquele empurrão inicial, compartilhar informações de um jeito que todos entendam e gostem de ler. A TRUCO não aponta “o caminho

se situar em diferentes nuances, longe de uma divisão binária. A polarização excessiva limita o debate e nega a multiplicidade de ideias que fazem parte da complexidade política. TRUCO traz uma perspectiva plural, pois entende que a verdadeira riqueza do debate está em sua diversidade – e não em um falso equilíbrio entre opostos.

A principal crença da TRUCO é que conhecer o sistema é o primeiro passo para transformá-lo. Ela estará ao lado do leitor nessa jornada rumo à vida adulta, onde o entendimento político é uma ferramenta vital. Então, que ela seja o guia: uma chance de desvendar o jogo político e construir um caminho de força, coragem e entendimento.

ENTREGANDO AS CARTAS

12 TRUCO indica

14 Cultura do cancelamentopromove intolerância ao buscar justiça

16 Como surgiu a primeira parada do Orgulho LGBTQIA+

18 De crime a arte: a história do grafite nas ruas de São Paulo

Entenda em 5 pontos a polêmica envolvendo Vini Jr na Bola de Ouro

IA: os desafios da tecnologia que promete mudar o futuro para sempre

38 IA nas campanhas: o presente e o futuro da política brasileira em 2024

40 4 tendências iminentes de Inteligência Artificial para 2024

42 As tecnologias da sociedade civil na defesa das eleições

Israel e Palestina: o bê-à-bá do conflito que abala o mundo

62 Made in China: Como a China virou potência?

64 Vitória de Trump pode ser gatilho de guerra comercial global?

66 Veganismo em ascensão: pensar sobre carne está transformando cultura global

História das milícias no Brasil: como surgiram e se expandiram?

78 Como votar?

80 O que é a CPI das Bets?

82 Pagar mais caro pelo café é o novo normal?

84 “O Congresso é machista”, diz Erika Hilton

Top 6 mentiras bizarras para refletir e desmascarar!

96 Mentiras que viralizam: o caos da desinformação na era digital

98 É falso que urnas eletrônicas exibem mensagem ‘confirma o seu voto’

100 Golpe simula site da Starlink e engana ao oferecer internet vitalícia

mafê

oi, leitores!

gi

oii, no truco indica dessa edição eu queria começar indicando O Show de Truman pra vocês curtirem :)

rachel meu deus, não.

assistam Highschool Musical, essencial né

gui

eu curto mais O Poço... um suspense daora

TE VEMOS EM BREVE! - equipe truco :)

mafÊ

falando em suspense, recomendo o livro 1984!

pô, eu curti mt a série Tomb Raider, a que lançou na Netflix

maria

sou apaixonada pelo filme V de Vingança! acho que é um

filme que todo mundo deveria assistir

gi

é, preciso admitir que foram boas indicações mesmo

então até a próxima edição com mais boas indicações (ou não kkkkkk) dos seus truqueiros preferidos

Cultura do cancelamento promove intolerância ao buscar justiça

Entre justiça social e linchamento virtual: o impacto da cultura do cancelamento nas redes sociais

A cultura do cancelamento é um fenômeno social relativamente recente, amplamente conhecido e debatido, principalmente entre os jovens nas redes sociais. A expressão é utilizada para descrever um comportamento que, em sua essência, busca promover justiça social e responsabilizar indivíduos por atitudes ou declarações consideradas ofensivas ou politicamente incorretas. No entanto, a prática frequentemente acaba se transformando em uma espécie de linchamento virtual, onde uma pessoa ou figura pública é publicamente exposta e rejeitada, muitas vezes sem a oportunidade de se defender ou refletir sobre seu erro.

O professor e sociólogo Marco Antônio de Almeida, do Departamento de Educação, Informação e Comunicação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, explica que esse comportamento tem raízes em causas justas e bem-

intencionadas, mas que, ao longo do tempo, evoluiu para algo mais intolerante e até desrespeitoso. “A cultura do cancelamento deriva do politicamente correto, que exige uma maior percepção e sensibilidade em relação a questões de classe social, gênero, etnia e outros tópicos sensíveis. É uma causa muito justa, que propõe uma sociedade mais atenta e inclusiva, mas que acabou adotando uma postura de tolerância zero, onde erros, mesmo que pequenos, podem resultar em pedidos de demissão, cortes de financiamento e a exclusão de indivíduos da vida pública.”

apesar das boas intenções, o cancelamento prejudica o debate democrático

O peso das acusações: dedos apontados podem ferir mais do que palavras e chegar em lugares irreversíveis

Esse fenômeno tende a ser mais associado aos adolescentes e jovens adultos, por estarem mais presentes nas redes sociais e serem mais influenciáveis por esse tipo de comportamento coletivo. “Nas redes sociais, o impacto do cancelamento eco de uma , e ele ganha um peso ainda maior entre os jovens, que passam muito mais tempo nessas plataformas do que os mais velhos,” explica Almeida. Esse engajamento intenso e frequente faz com que os jovens estejam mais suscetíveis a se envolver em campanhas de cancelamento, muitas vezes apenas seguindo o que parece ser uma “onda”.

Embora o cancelamento virtual ainda possa parecer,uma maneira justa de corrigir comportamentos problemáticos

e injustos, as consequências dessa prática têm se mostrado graves e até mesmo devastadoras. Em alguns casos, pessoas “canceladas” acabam enfrentando consequências drásticas, como a perda do emprego, isolamento social e, em situações extremas, uma queda na saúde mental que pode levar até a tentativas de suicídio. Infelizmente, relatos de pessoas que foram canceladas e que posteriormente sofreram com problemas emocionais ou até tiraram a própria vida são cada vez mais comuns, mas continuam sendo ignorados pelos outros. Marco Antônio pontua que, apesar das intenções de promover justiça e responsabilização, o cancelamento virtual compromete o diálogo democrático, pois ele impede o livre debate de ideias.

Foto por Ana Luíza Martins

CULTURA

Como surgiu a primeira parada do Orgulho LGBTQIA+ e quais impactos tiveram

De um bar em Nova York às ruas do mundo: o legado da luta lgbtqia+ pela igualdade

texto LUISA COSTA

O Dia do Orgulho lgbtqia+ é comemorado no dia 28 de Junho graças a um acontecimento que se tornou símbolo de resistência e luta pela igualdade de direitos civis: a Rebelião de Stonewall. O ocorrido no dia 28 de junho de 1969 foi uma revolta contra uma operação policial violenta em um bar frequentado pela comunidade lgbtqia+ de Nova York. Os protestos ao redor do bar se estenderam por alguns dias, em uma época em que a comunidade lgbt+ era fortemente reprimida e alguns atos eram criminalizados. Depois de Stonewall, as manifestações em prol dos direitos civis de pessoas lgbtqia+ se intensificaram nos Estados Unidos. Mas precisamos dar um passo atrás para entender como tudo começou. Antes da revolta, na década de 1960, já existia uma conferência chamada ercho (Eastern Regional Conference of Homophile Organizations), com o objetivo de reunir organizações a favor dos direitos da população homossexual (na época era usado o termo “homofilia”, que já está datado). Em 4 de julho de 1965, dia da Independência dos Estados Unidos, dezenas de membros dessas organizações se juntaram em frente ao Salão da Independência, na Filadélfia, com cartazes lembrando às pessoas que a população gay não tinha seus direitos civis garantidos.

Essa manifestação passou a ocorrer anualmente na Filadélfia, e o evento foi chamado de Annual Reminder, ou “lembrete anual”. Após a Rebelião de Stonewall, alguns ativistas propuseram levar os Annual Reminders a um novo patamar, aumentando a proporção dos eventos que agora aconteceriam em memória ao ocorrido no bar. Foi assim que nasceu a Christopher Street Gay Liberation Day – ou Dia da Libertação Gay da Rua Christopher – em Nova York. A rua Christopher é onde fica o bar Stonewall. No dia 28 de junho de 1970, no aniversário de um ano Revolta de Stonewall, uma passeata partiu dali e seguiu por 4,5 quilômetros em direção ao Central Park.

a revolta deu início a um movimento que ecoa até hoje pelo mundo

PASSADO E FUTURO

Em uma demonstração de coragem e união, membros tomam as ruas para exigir visibilidade e respeito aos direitos da comunidade

Segundo uma notícia do jornal

The New York Times da época, a fila de participantes se estendia por 15 quarteirões. Os manifestantes gritavam bordões em defesa dos direitos da comunidade lgbt, seguravam cartazes, e casais lgbt se beijavam publicamente. Isso gerava tanto estranhamento na época que diversos curiosos sacaram as câmeras para fotografar.

O protesto também rolou em outros lugares: no dia anterior, 27 de junho de 1970, ocorreu uma marcha menor em Chicago, com cerca de 150 pessoas. A de Nova York, no dia seguinte, contou com um público de 3 mil a 20 mil pessoas, segundo disseram os organizadores.

AS PARADAS DO ORGULHO

A Revolta de Stonewall e a Christopher Street Gay Liberation Day, promovida pela organização e movimentação política de ativistas lgbtqia+, foram chaves para o futuro do movimento moderno em favor da igualdade dos direitos civis. As marchas continuaram acontecendo, e vem crescendo cada vez mais: elas se tornaram as Paradas do Orgulho lgbtqia+ que conhecemos hoje e acontecem todo ano ao redor do mundo. Hoje, desfiles e festivais são realizados em junho, que se tornou o Mês do Orgulho lgbtqia+. Um dos maiores eventos acontece justamente em Nova York. Em 2019, no aniversário de 50 anos da Revolta de Stonewall, 150 mil pessoas marcharam em um desfile de 12 horas e meia, e cerca de 5 milhões de pessoas participaram do evento ao todo, sendo este um número histórico e muito significativo para toda a comunidade.

Foto por João Pedro Silva

De crime a arte: a história do grafite nas ruas de São Paulo

A origem, a luta e os conflitos do grafite em São Paulo, a capital mundial da arte urbana

No início da década de 1980, os muros de São Paulo começaram a ganhar vida com grandes desenhos de frangos assados, telefones e botas de salto alto, criados pelo artista etíope radicado no Brasil, Alex Vallauri. Nesse contexto de repressão da liberdade de expressão durante a ditadura, o grafite era considerado crime. O sociólogo e curador Sérgio Miguel Franco destaca que a simples ocupação da rua se tornava um ato político. As obras de Vallauri revelavam a faceta política do grafite: um de seus primeiros desenhos, “Boca com Alfinete” (1973), era uma crítica à censura. Ao longo dos anos, povoou os muros com araras e frangos clamando por Diretas Já, o lema do movimento por eleições diretas ao final da ditadura.

A influência de Vallauri inspirou outros artistas a ocuparem as ruas, e sua morte em 27 de março de 1987 é lembrada como o Dia do Grafite no Brasil. O aniversário de 30 anos da sua morte, em 2017, trouxe a esperança que o grafite receberia maior valorização. Entretanto, em 14 de janeiro, o novo prefeito de São Paulo, João Doria Jr. (psdb), anunciou a remoção dos painéis da avenida 23 de Maio como parte do programa “São Paulo Cidade Linda”, provocando críticas de artistas e gerando um debate acirrado entre especialistas em arte urbana.

Jaime Prades, uma das primeiras pessoas a fazer grafite no Brasil, vê o

grafitódromo como um limite à liberdade de expressão. Ele critica a ideia de que o grafite é algo a ser controlado, argumentando que a verdadeira essência do grafite é a interação livre com a cidade. Além disso, a prefeitura planeja lançar um programa para grafite, que incluirá a criação do Museu de Arte de Rua (mar) na rua Augusta.

O arquiteto João Graziosi acredita que criar um espaço dedicado ao grafite poderia ser interessante, mas que isso também não deve excluir outras áreas da cidade que poderiam ser ocupadas por murais e artes. Para ele, a intervenção artística em locais como a 23 de Maio na vedade enriquece a paisagem urbana e deve continuar existindo. Ana Cláudia Scaglione Veiga Castro, arquiteta e professora na usp, considera a proposta

Em contextos de resistência política, o grafite em São Paulo tem sido usado como uma forma de protesto e expressão para a sociedade

de limitar grafites a “lugares adequados” como trágica, tratando-a como uma ação de marketing que tenta moldar a cidade como uma empresa, não como algo fluído como realmente é e deve ser.

A discussão sobre grafite e pichação reflete sobre a percepção de cada governo em relação a essas intervenções. A autorização para elas na avenida 23 foi solicitada desde a administração de Jânio Quadros, mas foi concretizada no final do governo de Fernando Haddad, em 2016. Amaral destaca que foi o auge do movimento artístico urbano paulistano. Até 2011, grafite em prédios públicos era considerado crime ambiental em São Paulo; a pichação, geralmente vista como uma intervenção destrutiva, continuou a ser criminalizada na cidade. O sociólogo Alexandre Barbosa Pereira explica que a distinção entre grafite e pichação ajudou muito o grafite a ser mais aceito.

PASSADO E FUTURO

A relação entre arte urbana e poder público reflete o debate sobre o papel da cidade na expressão cultural. Enquanto o grafite ganha reconhecimento, com alguns defendendo sua valorização, o poder público tenta impor limites, muitas vezes confundindo arte com vandalismo. Propostas como grafitódromos ou museus de rua levantam questões sobre a liberdade de expressão e a democratização do espaço público. Contudo, o grafite sempre foi uma arte livre, sem restrições de espaço, e sua presença nas ruas é parte da vivência urbana. A tensão entre preservar a liberdade artística e manter a ordem na cidade é um desafio constante para São Paulo.

Foto por Beatriz
Ferreira Costa

A POLÊMICA ENVOLVENDO VINI JR NA BOLA DE OURO

Racismo, comportamento em campo e mais: os 5 motivos que podem ter tirado o prêmio de Vini Jr

texto FERNANDO DE MORAES

aderrota de Vinicius Júnior na Bola de Ouro 2024 surpreendeu parte do mundo do futebol, especialmente os torcedores e jogadores brasileiros, que se manifestaram em peso nas redes sociais depois que o espanhol Rodri recebeu da revista France Football o troféu de melhor do mundo.

A expectativa para a premiação deste ano era alta, sobretudo para os fãs de Vinicius Júnior, que estavam confiantes de que o brasileiro teria sua temporada coroada com o prêmio mais cobiçado do futebol individual. Afinal, Vinicius não apenas teve um desempenho notável no Real Madrid, mas também emergiu como um símbolo de resistência, especialmente diante dos episódios de racismo que enfrentou. Muitos fãs, principalmente no Brasil, viam nele uma figura de inspiração e renovação do futebol brasileiro na elite mundial. Assim, a escolha de Rodri como vencedor acabou sendo um choque para quem acompanhou de perto a trajetória de Vinicius ao longo do ano.

Nas redes sociais, a comoção foi generalizada. Jogadores de futebol, torcedores e personalidades públicas se uniram em apoio ao Vinicius, destacando seu talento, compromisso e o impacto que teve dentro e fora dos gramados. A hashtag #JusticeForVini chegou a ficar entre os tópicos mais comentados globalmente, em uma verdadeira campanha para destacar o que muitos consideraram uma injustiça histórica. Esse sentimento de descontentamento não se limitou aos brasileiros; admiradores de Vinicius ao redor do mundo também expressaram sua decepção, considerando que ele merecia mais reconhecimento pelo seu trabalho.

Há algumas razões que podem explicar a razão pela qual Vinicius Júnior não ficou com o prêmio. Veja cinco pontos para entender a polêmica envolvendo o atacante do Real Madrid e a Bola de Ouro 2024.

Troféu Bola de Ouro (Ballon d’Or), prêmio de futebol criado pela revista francesa France Football que teve sua primeira edição em 1956

Imagem por Lucas Almeida Rocha

O resultado gerou uma série de discussões sobre os critérios da Bola de Ouro e o que realmente determina o “melhor jogador do mundo.” A eleição, embora simbólica, carrega um peso enorme e muitas vezes define o status de um jogador ao longo de sua carreira. No caso de Vinicius, foram levantados cinco fatores principais que podem ter influenciado o resultado: racismo, comportamento em campo, desempenho nas competições internacionais, concorrência dentro do próprio time e um suposto boicote do Real Madrid à premiação. Cada um desses pontos oferece uma lente única para entender os desafios que Vinicius enfrentou.

RACISMO?

O racismo é uma questão muito complexa que Vinicius Júnior teve que enfrentar não só uma vez, mas várias, especialmente nos campeonatos espanhóis. O atacante foi alvo de insultos racistas por diversas vezes, em incidentes amplamente divulgados pelas mídias do mundo todo que ocorreram tanto dentro como fora dos estádios. Em uma dessas ocasiões, Vinicius chegou a interromper um jogo ao ouvir ofensas vindas da torcida adversária, o que levou a uma reação forte por parte do jogador. Esse comportamento direto e desafiador transformou Vinicius em um porta-voz involuntário contra o racismo, algo que transcende o futebol e atinge um debate muito mais amplo na sociedade.

interpretaram suas palavras como uma ameaça direta ao país e ao futebol espanhol. Figuras como o prefeito de Madri, José Luis Martínez-Almeida, foram a público para pedir uma retratação por parte do jogador, acusando-o de “manchar a imagem do futebol espanhol.”

O comentário de Vinicius gerou repercussão inclusive na mídia esportiva, com jornalistas criticando ou elogiando a postura do jogador. A declaração fez com que ele se tornasse um símbolo de resistência para algumas comunidades, mas também atraiu a desaprovação de outras, que consideraram o posicionamento um tanto agressivo ou excessivo. Esse cenário criou um ambiente polarizado e fez com que o nome de Vinicius estivesse no centro de um dos debates mais relevantes e controversos da temporada.

Vini Jr se tornou um porta-voz involuntário contra o racismo

CULTURA

COMPORTAMENTO

EM CAMPO

Dentro das quatro linhas, Vinicius Júnior é conhecido por seu estilo explosivo e provocador. Ele é um atacante ágil, com dribles rápidos e ousados, o que frequentemente incomoda seus adversários. No entanto, ele também carrega a fama de ser um jogador “temperamental”, que muitas vezes demonstra insatisfação em campo ao questionar árbitros ou ao se envolver em discussões com adversários. Essa postura gerou diversas opiniões: enquanto alguns veem isso como uma demonstração de paixão pelo jogo, outros interpretam como uma falta de maturidade. Recentemente, um colunista do diário espanhol Sport, Lluis Miguelsanz, publicou um texto pouco antes da premiação, no qual argumentava que a possível vitória de Rodri representaria um triunfo da “Bola de Ouro dos valores.” Para Miguelsanz e outros críticos, o futebolista ideal é aquele que alia talento com comportamento exemplar, e eles consideram que Vinicius ainda não possui essa “maturidade” em campo.

reações exageradas após algumas faltas são vistas como um ponto negativo, especialmente no contexto de competições europeias, onde a valorização da disciplina e da conduta ética em campo são muito altas.

suas emoções durante o jogo gerou grandes questionamentos sobre sua capacidade de controlar o temperamento e de crescer como líder. Em um ambiente como o futebol europeu, lugar onde o respeito às regras e aos árbitros é considerado fundamental, atitudes como as de Vinicius podem ser vistas como provocadoras e até mesmo infantis, o que pode ter influenciado negativamente a opinião dos jurados da Bola de Ouro, que buscam um “modelo” de jogador a ser premiado.

COPA AMÉRICA X EUROCOPA

O desempenho de um jogador em torneios internacionais sempre pesa no julgamento de sua temporada. Para Rodri, a Eurocopa foi uma vitrine perfeita: ele não só jogou bem, mas também foi fundamental para que a Espanha se tornasse tetracampeã, um feito inédito na história do futebol europeu. A Eurocopa é amplamente considerada um dos torneios mais competitivos do mundo, e seu peso na análise da Bola de Ouro é geralmente significativo. Rodri, sendo campeão e figura de destaque, conseguiu acumular pontos importantes que fortaleceram sua candidatura

No caso de Vinicius, o cenário foi oposto. O Brasil teve uma campanha fraca na Copa América, sendo eliminado nas quartas de final em um jogo contra o Uruguai, que terminou nos pênaltis. Vinicius sequer jogou essa partida, pois estava suspenso, e nos outros jogos, seu desempenho foi pouco expressivo. O único momento de brilho foram os dois gols marcados contra o Paraguai, na fase de grupos, mas esse feito não foi suficiente para impressionar a crítica. A Copa América, além de ter menos prestígio que a Eurocopa no cenário global, não teve o impacto necessário para favorecer Vinicius.

Esse contraste entre os torneios serviu para fortalecer ainda mais a candidatura de Rodri, pois sua atuação na Eurocopa superou em visibilidade e impacto o desempenho de Vinicius na Copa América. Para os eleitores da Bola de Ouro, esse diferencial pesou bastante, principalmente quando considerado que a Eurocopa é realizada na Europa, o que também implica uma cobertura midiática mais intensa e muito mais tendenciosa.

CONCORRÊNCIA NO

PRÓPRIO TIME

O Real Madrid é um dos maiores clubes do mundo, e uma das suas características é contar com diversos jogadores de elite em seu elenco. Nesta temporada, além de Vinicius Júnior, outros atletas do Real também estavam entre os indicados à Bola de Ouro, como Jude Bellingham e Dani Carvajal. Essa situação criou um dilema para os eleitores: ao dividir os votos entre esses 3 jogadores, cada um acabou perdendo pontos que poderiam ter contribuído para uma vitória mais expressiva de Vinicius. Vincent Garcia, responsável pela organização da Bola de Ouro, explicou que esse fenômeno de “divisão de votos” pode prejudicar um jogador, especialmente quando ele concorre com companheiros de equipe de alto nível. No caso de Vinicius, a presença de Bellingham, que também teve uma temporada impressionante, foi particularmente impactante. Os votos que poderiam ter sido direcionados exclusivamente para ele acabaram sendo compartilhados, enfraquecendo a sua posição na corrida pelo prêmio.

BOICOTE DO REAL MADRID

Após o anúncio de que Vinicius não havia sido premiado, o Real Madrid tomou uma posição radical: a diretoria do clube decidiu cancelar a ida de sua delegação a Paris, optando por não participar da cerimônia da Bola de Ouro. Essa decisão simbolizou a insatisfação do clube com o resultado e foi interpretada como uma demonstração de apoio a Vinicius.

A decisão de boicotar a cerimônia trouxe ainda mais visibilidade ao debate, com muitos interpretando essa atitude como uma crítica ao sistema de votação da Bola de Ouro. Para os torcedores do Real Madrid, a ausência de Vinicius no pódio foi um reflexo de que a premiação falhou em reconhecer seu impacto. Ao boicotar a cerimônia, o Real Madrid solidificou uma posição de protesto, destacando que para o clube, o reconhecimento do talento de Vinicius vai muito além de um prêmio.

Celebrando a glória máxima: o jogador beija o tão cobiçado troféu da Liga dos Campeões

Imagem por Lucas Almeida Rocha

A TECNOLOGIA QUE PROMETE MUDAR O FUTURO

Como gerenciar os avanços da IA para equilibrar oportunidades e desafios éticos no cotidiano e no mercado?

texto EVANDRO ARMELIN

TECNOLOGIA

oano de 2023 foi um marco decisivo para a Inteligência Artificial (ia). Foi o momento em que o grande público finalmente começou a ter acesso direto a essa tecnologia e a utilizá-la ativamente em suas atividades diárias – seja no trabalho, na vida pessoal ou nos estudos.

Embora a ia tenha sempre estado muito presente, de maneiras sutis, como guiando nossa navegação na internet ou sugerindo conteúdos em plataformas de streaming e redes sociais, sua atuação era invisível e discreta. Porém, com o lançamento do ChatGPT pela OpenAI, tudo mudou. Pela primeira vez, pudemos interagir com a ia de maneira um pouco mais direta, fazendo perguntas que antes acreditávamos que apenas humanos poderiam responder, ou pedindo para criar desenhos que nós mesmos teríamos dificuldades em realizar. As respostas e criações geradas pela ia rapidamente nos impressionaram e, por muitas vezes, até nos assombraram pela sua capacidade de gerar resultados criativos e precisos.

2023 pode, portanto, ser considerado o ano da “revelação” da Inteligência Artificial. Foi quando ela deixou de ser uma tecnologia invisível e passou a fazer parte do cotidiano de muitos. O que antes era uma realidade distante e futurista, agora já está à disposição de todos. Com isso, o uso da ia promete se tornar ainda mais massivo e presente em todos os aspectos de nossas vidas, tanto pessoais quanto profissionais. No futuro, será como ter um assistente pessoal, disponível 24 horas por dia, pronto para ajudar com as mais variadas tarefas, seja em uma simples pesquisa ou em questões mais complexas e específicas do nosso trabalho.

IA GENERATIVA: O COMEÇO DA REVOLUÇÃO

O grande salto da ia se deve ao surgimento da inteligência artificial generativa. Diferente das ias tradicionais, que são usadas para analisar e processar dados existentes, a ia generativa tem o poder de criar algo – seja texto, imagem, música ou até mesmo vídeos. Esse avanço abre portas para uma série de possibilidades inovadoras em diversas áreas, como entretenimento, educação, e comunicação. A velocidade com que essa tecnologia tem ganhado relevância mostra o seu potencial infinito de transformação, tornando-se uma peça-chave para o futuro da ia e de várias outras indústrias que utilizam da tecnologia.

A próxima geração de ferramentas baseadas em ia generativa se estenderá para além dos chatbots e geradores de imagens, incluindo a criação de vídeos, música, design e até mesmo síntese de voz.

A acessibilidade dessas tecnologias, com interfaces simples e democráticas, permitirá que mais pessoas possam explorar essas ferramentas e utilizá-las no seu dia a dia. Em breve, qualquer pessoa poderá gerar vídeos incríveis, criar músicas personalizadas ou até mesmo escrever textos criativos com o auxílio de uma ia, democratizando a produção de conteúdo e trazendo novas formas de expressão pessoal.

ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS

PARA INCORPORAR A IA GENERATIVA

As empresas também precisam estar preparadas para lidar com essa revolução. Para aproveitar ao máximo os benefícios da ia generativa, elas precisarão definir estratégias específicas que garantam a incorporação eficaz dessa tecnologia. Essas estratégias podem ser divididas em duas vertentes principais: “godeep”, que busca identificar todos os casos possíveis de uso da ia generativa dentro dos negócios, e “go-wide”, que foca na capacitação e formação dos colaboradores para que eles possam integrar a ia ao seu trabalho diário de forma fluida e eficiente. A combinação dessas abordagens ajudará as empresas a transformar suas operações e a se adaptar rapidamente às novas demandas do mercado de trabalho.

A IA NA VIDA PROFISSIONAL E

PESSOALO impacto da ia no mercado será profundo e transformador. Ao invés de ser vista como uma ameaça, a ia deve ser encarada como uma ferramenta para ampliar nossas capacidades e aumentar nossa eficiência. A interação entre humanos e ia criará novas dinâmicas de trabalho, com a tecnologia começando a atuar como uma parceira que nos ajudará a sermos mais produtivos e a tomarmos decisões mais informadas.

Ilustração por Sofia Pereira Souza

TECNOLOGIA

Já estamos começando a ver isso na prática. Ferramentas como os “copilots”, que assistem os usuários fazerem tarefas como editar textos, organizar planilhas ou gerenciar e-mails, já estão sendo incorporadas em muitas plataformas e empresas que visam se adequar ao “futuro” e inovar. Com esses assistentes digitais, tarefas repetitivas e simples serão automatizadas, e a ideia é que enquanto isso, os seres humanos possam focar em atividades mais complexas e criativas, que a Inteligência Artificial não é capaz de reproduzir e criar como um humano consegue, uma vez que muitas vezes ela apenas reproduz baseado em coisas que já existem, chegando a plagiar ideias criativas e únicas.

A ia ajudará a transformar a maneira como trabalhamos, criando novas funções e reconfigurando as funções existentes, ao mesmo tempo em que gera preocupações sobre a substituição de empregos e de funções que existem há anos e já são muito estruturadas em nossa sociedade. No entanto, um ponto mais importante é a necessidade de adaptação: os trabalhadores precisarão aprender novas habilidades para se manterem relevantes no mercado, criando papéis e oportunidades de emprego na economia digital, mas perdendo na economia física e atual.

HUMANOS DIGITAIS E A INTERCONEXÃO COM A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Uma das questões mais fascinantes da ia é a ideia de que, aos poucos, estamos nos tornando “humanos digitais”. Isso não significa que estamos nos tornando ciborgues, mas sim que estamos criando versões digitais de nós mesmos para interagir com o mundo virtual. Avatares digitais e réplicas virtuais de nossa identidade poderão, no futuro, fazer parte do nosso dia a dia, interagindo com outras pessoas e sistemas em nosso nome. Isso criará uma fusão cada vez maior entre o mundo físico e o digital, permitindo que nossas ações e interações sejam mediadas pela tecnologia de forma mais integrada. Embora a ideia de avatares digitais esteja mais distante da realidade em 2024, já podemos ver os primeiros exemplos desse conceito na prática. A integração entre as capacidades humanas e as ferramentas de ia já está criando um tipo de “trabalho simbiótico” entre pessoas e máquinas. Empresas, por exemplo, já estão utilizando ia para melhorar o atendimento ao cliente nos call centers, otimizar processos de recrutamento e seleção, analisar feedbacks de clientes e tendências de mercado, e até auxiliar equipes de desenvolvimento na criação de novos produtos.

Ilustração por Sofia Pereira Souza

TECNOLOGIA

UM IMPERATIVO: IA DEVE SER REGULAMENTADA

Apesar das incríveis possibilidades que a ia oferece, é essencial que ela seja regulamentada de forma ética e responsável. O uso crescente de ia generativa levanta questões sérias sobre privacidade, preconceitos, vieses e o uso irresponsável da tecnologia. Por isso, 2024 será um ano crucial para o estabelecimento de frameworks regulatórios que garantam um desenvolvimento seguro e justo da ia Organizações internacionais, governos e empresas precisarão trabalhar juntas para criar diretrizes claras sobre como essa tecnologia pode ser usada de maneira ética e legal.

A União Europeia já está à frente nesse processo com o desenvolvimento do “AI Act”, uma legislação que visa regular o uso da ia no bloco europeu. No entanto, é urgente que outros governos sigam o exemplo e se envolvam nessa discussão para evitar o uso irresponsável, inconsciente e até perigoso da tecnologia, garantindo que ela beneficie a todos de maneira justa e equilibrada, e não que saia do controle e seja prejudicial, se adequando aos desafios e às oportunidades que surgem com a ia

A inteligência humana deve ser priorizada, pois é ela que traz autenticidade e empatia ao que se cria, algo que a IA nunca poderá reproduzir de maneira genuína

Ilustração por Gabriel Oliveira Lima

UM MUNDO MELHOR COM INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Estamos à beira de uma nova era, onde as tecnologias de ia vão moldar não só a forma como trabalhamos, mas também a maneira como vivemos e interagimos. Se trabalharmos de maneira consciente e cooperativa, a ia pode ser uma ferramenta fundamental para a criação de um futuro melhor. No entanto, é necessário que as pessoas se preparem para essa mudança, investindo na formação de novas habilidades e na adaptação às novas realidades que surgem com a ia

Com um uso responsável e ético, a inteligência artificial tem o potencial de melhorar a qualidade de vida das pessoas, transformar a economia global e criar uma sociedade mais conectada e eficiente. O futuro está sendo escrito agora, e a maneira como lidaremos.

moldar não só a forma como trabalhamos, mas também a maneira como vivemos e interagimos
Foto por Camila Duarte Santos

IA dentro das campanhas: o presente e o futuro dentro da política brasileira

Novas regras para inteligencia artificial e deepfakes nas eleições de 2024 buscam combater a desinformação

As eleições municipais de 2024 no Brasil marcaram um novo capítulo na utilização de novas tecnologias, com a inteligência artificial (ia) desempenhando um papel significativo nas campanhas eleitorais. O Tribunal Superior Eleitoral (tse) estabeleceu regras específicas para o uso de ia visando garantir a transparência e a integridade do processo eleitoral. Em fevereiro de 2024, o tse publicou uma resolução que define diretrizes claras sobre o uso de ia nas campanhas eleitorais. Entre as principais regras estão: a obrigatoriedade de avisar explicitamente quando o conteúdo de propaganda eleitoral é gerado por ia; a proibição de deepfakes, que são conteúdos manipulados digitalmente para alterar a imagem ou voz de uma pessoa; restrições ao uso de robôs para intermediar o contato com eleitores, não podendo simular diálogo com o candidato ou qualquer outra pessoa real; responsabilização de provedores de internet e plataformas digitais, que devem retirar imediatamente conteúdos que contenham desinformação, discurso de ódio, ideologia nazista e fascista, além de conteúdos antidemocráticos, racistas e homofóbicos; combate à desinformação, proibindo a utilização de conteúdo fabricado ou manipulado para difundir fatos inverídicos ou descontextualizados que possam causar

danos ao equilíbrio do pleito ou à integridade do processo eleitoral; e o uso de chatbots e avatares, que devem seguir as mesmas regras de transparência e não podem simular interlocução com uma pessoa real.

Um levantamento realizado pelo Aos Fatos identificou que 85 candidatos a vereador declararam gastos com três empresas que fornecem conteúdos gerados por ia. Desses, ao menos 38 candidatos publicaram conteúdos sintéticos sem informar o eleitor sobre o uso da tecnologia. A ia foi amplamente utilizada para a produção de jingles, anúncios e outros atos de campanha.

é necessária uma conscientização sobre as regras para uso da IA de maneira

FUTURO E DESAFIOS

Com falta de regulamentação, o uso de IA pode comprometer a privacidade dos dados pessoais

Empresas especializadas forneceram pacotes de produção de artes para materiais gráficos, redes sociais e figurinhas de WhatsApp, além de jingles por ia. No entanto, muitos candidatos não cumpriram a exigência de informar explicitamente que o conteúdo foi produzido com ia.

Além disso, a ia foi utilizada para otimizar a comunicação com eleitores através de chatbots, que responderam a perguntas nas redes sociais e plataformas de mensagens, garantindo disponibilidade 24 horas por dia. Ferramentas de ia também foram empregadas para monitorar menções nas redes sociais, analisar o sentimento do

público e detectar fake news, permitindo ajustes em tempo real na estratégia da campanha e ajudando a combater a desinformação. A prática de utilizar microinfluenciadores políticos, observada nas eleições presidenciais dos eua em 2024, também foi adotada no Brasil, com influenciadores locais transmitindo mensagens políticas de forma mais autêntica e direcionada.

A crescente utilização de ia nas campanhas eleitorais levanta importantes questões sobre a regulação dessa tecnologia no Brasil. A resolução do tse é um passo significativo para garantir a transparência e a integridade do processo eleitoral. brasileiro.

Imagem por Felipe Carvalho Andrade

4 tendências iminentes de Inteligência Artificial para 2024

Tudo que você precisa saber sobre as novas tendências da considerada “tecnologia do futuro” está nas cartas!

PROFISSIONAIS EM IA

Hoje sabemos que temos cargos relacionados a TI e engenharia da computação, como desenvolvedores, programadores e engenheiros de softwares, que já atuam nos processos de planejamento, estruturação e criação de sistemas e aplicativos tecnológicos, incluindo a IA. Porém, novos cargos surgiram para suprir as demandas e habilidades específicas e necessárias para operar com a tecnologia.

AUTOMAÇÃO DE PROCESSOS

A implementação de IA e adoção de plataformas low-code crescem no mesmo ritmo. Além disso, pesquisas indicam que a IA e o low-code podem abrir inúmeras possibilidades para as organizações. Com a implementação da gestão de processos por meio do low-code é possível transformar e otimizar os fluxos de trabalho e a gestão de equipes com a automação.

ANÁLISE DE DADOS

De acordo com estimativas, até o próximo ano, 60% dos dados para IA serão sintéticos para simular a realidade, cenários futuros e análise de risco por meio dessa tecnologia. Desse modo, a IA nos anos seguintes irá mudar a maneira como organizações realizam as análises de dados de negócios. Novas soluções de gerenciamento de dados específicos podem surgir, principalmente voltadas para a segurança e privacidade na sociedade.

ÉTICARESPONSÁVEL

éAindapermeiammuitasdiscussõesacercadaIA,se não.umatecnologiaqueveioparatrazerbenefíciosou Porém,tudodependesobreaformacomaqual apoioatecnologiaéimplementada,quaisferramentasde negócio.sãousadas,alémdasescolhaséticasdecada concentraçãoDeacordocomestimativasdoGartner,a demodelosdeIApré-treinadosentre uma1%dosfornecedoresaté2025,atornaráaresponsável preocupaçãosocial.

TECNOLOGIA

As tecnologias da sociedade civil na defesa das eleições

Tecnologia e sociedade civil se unem para restaurar a confiança nas eleições e fortalecer democracias

Nunca tivemos tantos países indo às urnas como no ano de 2024. Apesar da metade da população do globo estar participando de um momento crucial para suas democracias, há, ao mesmo tempo, uma crescente desconfiança no processo eleitoral em todo o mundo. O novo relatório do Idea (International Institute for Democracy and Electoral Assistance), divulgado em setembro deste ano, aponta uma queda significativa na confiança nas eleições. Entre os nos de 2020 e 2024, uma em cada cinco eleições foi contestada por partidos ou candidatos, e o engajamento dos eleitores caiu quase 10% na última década.

As eleições são o pilar fundamental da participação cidadã nas democracias. A perda de confiança nesse processo não afeta apenas as instituições, mas é um golpe para toda a população, enfraquecendo a própria estrutura democrática. Apesar de o cenário atual ter sido moldado por fatores políticos e sociais construídos ao longo dos anos, com ataques sistemáticos às instituições, ainda há espaço para que a sociedade civil reaja e contribua para a recuperação dessa confiança.

Desafios como esse, que muitas vezes parecem demasiado distantes, podem ser viabilizados por meio de tecnologias sociais, que, apesar do nome, vão além de recursos digitais, abrangendo processos

e produtos que auxiliam na solução de questões complexas da sociedade. Diante de um cenário em que as tecnologias vêm sendo usadas para enfraquecer a política e a democracia, há uma oportunidade de redirecioná-las para fortalecer os processos democráticos. Essa visão foi defendida pelo filósofo e professor de Harvard, Michael Sandel, em sua passagem pelo Brasil em 2023, quando argumentou que os meios digitais devem ser usadas para recriar espaços de diálogo político, como as antigas ágoras gregas, que eram centros de debate cívico, e permitiram o nascimento e desenvolvimento da democracia. Nesse sentido, a sociedade civil já vem liderando um movimento global de utilizar as tecnologias como aliadas na

As eleições são o pilar fundamental da participação cidadã nas democracias “

Tecnologias digitais podem ser usadas para restaurar a confiança nas eleições, criando espaços de diálogo político e combate à desinformação

reconstrução de espaços democráticos. No Brasil, O Pacto pela Democracia criou uma plataforma digital, inspirada na lógica da “ágora” defendida por Michael Sandel, que divulga e conecta as ações que visam fortalecer o processo eleitoral. A plataforma Eleições Melhores chega à sua quarta edição neste ano de 2024, reunindo as principais ações, campanhas e ferramentas voltadas para a defesa das eleições, organizadas em sete eixos temáticos: acompanhar e defender as eleições; combater a desinformação; encontrar candidaturas e aprender sobre eleições; enfrentar a violência política; aprofundar o debate político; aumentar a participação e diversidade; e monitorar campanhas, partidos e mandatos. Dentro da plataforma, é possível acessar as principais agendas da sociedade civil para as eleições deste ano de 2024. Essas propostas, conduzidas por

organizações diversas, buscam qualificar o debate eleitoral e, com base na visão de especialistas, destacar os pontos que os candidatos devem considerar e assumir como compromisso em diferentes áreas. Além de oferecer suporte às campanhas, as agendas estabelecem princípios para que a população possa cobrar o cumprimento das promessas. As pautas variam desde a agenda antirracista com foco em educação, justiça climática e desenvolvimento urbano, do Instituto de Referência Negra Peregum, até as recomendações da Transparência Internacional Brasil para tornar as cidades mais íntegras, com 20 medidas sugeridas para aumentar a transparência na gestão pública.

Foto por Mariana Ramos
Oliveira

ISRAEL E PALESTINA: ENTENDA O CONFLITO

O conflito entre Israel e Palestina é um dos mais duradouros e complexos

texto PABLO SANTOS

oatual conflito entre os israelenses e os palestinos do Hamas remonta à declaração de independência de Israel  em 1948, um país que desde a sua fundação tem vivido conflitos com os seus vizinhos, principalmente países árabes e muçulmanos. Este é um conflito  que nasceu no século passado, mas que está latente há décadas e parece não ter fim à vista.

As tensões entre Israel e os palestinos existem desde antes da fundação do estado, em 1948. Milhares de pessoas de ambos os lados foram mortas e muitas mais ficaram feridas num conflito que já dura há muito tempo.

Um primeiro passo para a compreensão deste conflito é a mais recente escalada devido à invasão de militantes do Hamas que entraram no território israelense por terra, mar e ar, em 7 de outubro.

As Forças de Defesa de Israel ( de 2.200 foguetes foram disparados contra Israel durante o ataque. O Hamas disse que foram 5 mil.

Para colocar isto em contexto, cerca de 4 mil foguetes foram disparados de Gaza em direção a Israel durante a guerra de 50 dias em 2014.

O comandante militar do Hamas, Muhammad AlDeif, chamou a operação de “Tempestade Al-Aqsa” e disse que o ataque a Israel foi uma resposta aos ataques às mulheres, à profanação da mesquita de Al-Aqsa em Jerusalém e ao atual cerco a Gaza.

O INÍCIO

A história deste conflito leva-nos a 1917, quando o governo britânico expressou o seu apoio ao estabelecimento de um estado judeu permanente na Palestina com uma carta chamada Declaração Balfour, que reconhecia o direito dos judeus de reconstruir a sua antiga pátria na Palestina. Esta declaração foi posteriormente endossada pela Liga das Nações (a antecessora do que hoje conhecemos popularmente como onu).

Em 1922, a Liga das Nações autoriza a Grã-Bretanha a ajudar o povo judeu a estabelecer uma pátria na Palestina com o Mandato Britânico para a Palestina.

Mas a Declaração Balfour nada disse sobre a população árabe indígena –exceto uma referência ao respeito pelos direitos civis e religiosos – e certamente não mencionou quaisquer aspirações nacionais que os árabes poderiam ter.

POLÍTICA INTERNACIONAL

Em uma solução de dois estados, viveriam juntos numa faixa muito estreita de território: os dois estados medindo apenas 80 quilômetros de largura, desde o Mar Mediterrâneo até o Rio Jordão.

Contudo, se há uma lição fundamental retirada da votação da onu em 1947, é que o perfeito não deve ser inimigo do bom. Foi o pragmatismo dos defensores judeus que permitiu o seu sucesso. Em 1947, a onu apelou a uma solução de dois estados dividindo a terra entre judeus e árabes. Nenhum dos lados ficou totalmente satisfeito com este acordo, mas pelo menos abordou algumas das suas preocupações.

Embora a resolução apelasse à internacionalização de Jerusalém, os principais sionistas aceitaram o que ficou conhecido como Plano de Partição. Embora os críticos nacionais tenham atacado este campo, liderado por David Ben-Gurion e Chaim Weizmann, pela sua moderação, os seus membros demonstraram considerável coragem política e não foram dissuadidos.

A criação do estado de Israel não foi bem recebida na região “

Em contraste, o lado árabe considerou o Plano de Partição injusto no seu apelo à partilha do território, pois acreditava que os sionistas não tinham direito à terra. Os sionistas aceitaram a metade e, apesar dos árabes o terem atacado no dia do seu nascimento, Israel floresceu. Como os árabes rejeitaram a sua outra metade, a Palestina nunca nasceu.

A criação do estado de Israel não foi bem recebida na região. Em maio de 1948, forças do Egito, Síria, Jordânia, Iraque e Líbano invadem, levando à primeira de uma série de guerras árabe-israelenses. No ano seguinte, foi alcançado um armistício e a Cisjordânia foi separada de Israel para se tornar território jordaniano e Gaza foi designada como território egípcio. O armistício pretende ser um acordo temporário, um prelúdio para tratados de paz permanentes.

A EXPANSÃO DE ISRAEL E DA OPL

Sem saberem como se enquadrar no confronto global com Israel, os palestinos passaram as duas décadas seguintes no limbo. Mas a esmagadora ofensiva militar israelense de 1967 derrotou os árabes unidos e devolveu o confronto israelense-palestino ao centro das atenções.

Em junho de 1967, a Guerra dos Seis Dias foi travada entre Israel e o Egito, a Jordânia e a Síria. No final desta guerra, Israel duplica as suas terras para incluir a Península do Sinai, as Colinas de Golã, Gaza e a Cisjordânia.

Israel capturou Gaza do Egito em uma guerra em 1967 e depois retirou-se em 2005. O território, onde vivem cerca de dois milhões de palestinos, caiu sob o controle do Hamas em 2007, após uma breve guerra civil com o Fatah, uma facção palestina rival que é a espinha dorsal da Autoridade Palestina.

Foto por Clara Costa Mendes

Depois que o Hamas assumiu o controle de Gaza, Israel e o Egito impuseram um cerco rigoroso ao território, que continua até hoje. Israel também mantém um bloqueio aéreo e naval a Gaza.

Após a guerra, os palestinos começaram a definir-se em termos do inimigo: Israel. Por esta altura, surgiram os primeiros sinais de resistência na Cisjordânia ocupada e na Faixa de Gaza, mas o foco mudou para mais longe.

A recém-criada Organização para a Libertação da Palestina (olp, criada em 1964) assumiu a causa e o poder militar da organização cresceu sob Yasser Arafat.

A força crescente da olp levou o confronto com a Jordânia a um nível febril, quando a olp mais radical sequestrou aviões ocidentais com destino a Amã. O campo de batalha transferiu-se cada vez mais para arenas internacionais à medida que os palestinos lançavam uma série de ações terroristas.

E então, em 1972, terroristas palestinos chocaram o mundo com um ataque descarado a atletas israelenses nos Jogos Olímpicos de Munique, na Alemanha: onze membros da equipe olímpica israelense foram mortos no ataque.

Entre 1987 e 2021, mais de 14.000 palestinos morreram devido a violência armada associada

israelense-palestino, com a maioria

sendo palestinas

Foto por Victor Hugo Pires

POLÍTICA INTERNACIONAL

Após a guerra geral árabe-israelense de 1973, a olp aproximou-se do reconhecimento político de Israel ao propor uma filosofia de “dois estados”. Mas com a principal base da olp agora no Líbano, os combates continuaram até a guerra de Israel contra aquele país em 1982. As forças israelenses enviaram as forças de combate palestinas e seus líderes para um novo exílio na Tunísia.

AS INTIFADAS

Em dezembro de 1987, teve início a Intifada, uma revolta palestina contra o governo israelense na Cisjordânia e em Gaza. De acordo com dados da Human Rights Watch, durante os primeiros 31 meses da intifada, as Forças de Segurança de Israel (fdi) mataram mais de 670 palestinos e feriram milhares. De acordo com esse relatório, Israel culpou os próprios palestinos pelas mortes “argumentando que a sua resistência violenta às tropas israelenses exigiu uma resposta enérgica para restaurar e manter a ordem”, disse a hrw em um relatório de 1990, acrescentando que Israel afirmou que “com poucas exceções”, seus soldados responderam aos “perigos e provocações constantes com grande moderação e sem usar mais força do que o apropriado”.

A violência entre Israel e Palestina faz parte de uma disputa ampla sobre controle territorial e religioso

A primeira intifada começou em dezembro de 1987 e terminou em setembro de 1993 com os acordos de Oslo. O presidente da olp, Yasser Arafat, e o primeiroministro israelense, Yitzhak Rabin, e Shimon Peres, exministro israelense, receberam o Prêmio Nobel da Paz em 1994 pelos Acordos de Paz de Oslo.

Anos depois, apesar dos acordos assinados, Israel e os palestinos mantiveram conversações de paz, mas não conseguiram resolver as principais divergências pendentes. E em setembro de 2000 eclodiu uma segunda intifada. Naquele ano, o líder da oposição Ariel Sharon visitou o Monte do Templo, um local sagrado para judeus e muçulmanos. A visita é condenada pelo líder palestino Yasser Arafat, levando a uma onda de confrontos violentos em Jerusalém e na Cisjordânia.

Em 2003, o presidente dos eua, George W. Bush, apresentou “Oriente Médio: O Roteiro para a Paz”.

Os líderes israelenses e palestinos concordam com as linhas gerais do plano, mas os países ficam aquém do ponto final do roteiro: uma solução de dois estados para resolver conflitos entre israelenses e palestinos.

Cinco anos depois, em junho de 2008, entrou em vigor um cessar-fogo entre o Hamas e Israel em Gaza.

Em dezembro daquele ano, o cessar-fogo terminou oficialmente após seis meses. Os ataques entre o Hamas e Israel continuaram até certo ponto e, de fato, intensificaram-se em novembro.

E no final daquele ano, Israel lançou a Operação Chumbo Fundido, que se baseia em ataques aéreos contra alvos do Hamas em retaliação pelos contínuos ataques de foguetes ao sul de Israel.

Foto por Daniel Souza Pinto

O CONFLITO CONTINUA

A violência no Oriente Médio tem sido uma constante, apesar das tentativas de paz entre israelenses e palestinos, numa cena há muito repetida de bombardeios, explosões e acusações de ataques de ambos os lados.

Entre julho e agosto de 2014, Israel realizou a Operação Margem Protetora contra o Hamas. As Nações Unidas afirmam que mais de 2.200 palestinos morreram na violência em Gaza nesse período e estimam que quase 70% dos palestinos mortos eram civis, mas Israel relata um número maior de islâmicos entre os mortos. Segundo a onu, ocorreram 73 mortes do lado israelense, 67 delas soldados.

Made in China: Como a China virou potência?

A

potência

chinesa – como a China se erguem sobre os pilares da mão de obra barata e dos investimentos estrangeiros

“Desde a época do surgimento da civilização chinesa, há 4 mil anos, até o ano de 1978, muitas coisas aconteceram. A China tornou-se um grande império no século II a.C., quando iniciou a construção da Grande Muralha para se defender dos mongóis. No século XIII, o país começou a ter contato com o mundo ocidental. Na Guerra do Ópio, os chineses lutaram contra o imperialismo inglês, contudo, acabaram perdendo o território de Hong Kong. Para os franceses, perderam o Vietnã; os russos conquistaram áreas do norte de seu território; e o Japão tomou Coreia e Taiwan. Os chineses também viram os japoneses ocuparem a Manchúria; tal situação só se findou com a derrota do Japão na 2ª Guerra Mundial.

Em 1949, os comunistas, sob a liderança de Mão Tsé-Tung, tomaram o poder e realizaram inúmeras mudanças, estatizando as empresas e as propriedades fundiárias e promovendo a ditadura. Em 1950, a China aproximou-se da União Soviética, entrando também na Guerra da Coreia. Após a morte de Tsé-Tung, em 1976, Deng Xiaoping e seus aliados assumiram o poder e colocaram o país em outros trilhos.

A partir de 1978, a China iniciou uma série de reformas econômicas, as quais tiveram como base os fartos subsídios estatais, visando tornar o

país um grande exportador de produtos de baixo custo e procurando atrair pesados investimentos estrangeiros. Com tais medidas, o país se deparou com um crescimento econômico bastante significativo. Em virtude da mão de obra barata, centenas de empresas estrangeiras foram atraídas para a país, tornando-o uma verdadeira potência exportadora. Em 1989, mesmo com o fim da urss, a China manteve seu regime fechado. Basicamente, a política econômica adotada pelos chineses nesse período baseava-se no apoio às multinacionais, que mudavam gradativamente o perfil da economia chinesa.

Quem nunca encontrou a famosa frase
‘Made in China’ em algum produto?

A China permanece um dos maiores exportadores do mundo no mercado de produtos gerais

O Estado se esforçava para garantir uma ampla infraestrutura, energia, matérias-primas e mão de obra barata, tudo que as multinacionais desejavam. O que essas empresas estrangeiras levaram à China foi a tecnologia, o que foi essencial para a modernização do país. Com a produção em massa, os preços dos produtos chineses ficaram baratíssimos em relação a outros mercados, dando para o país uma fantástica competitividade no mercado internacional. Quem nunca encontrou a famosa frase “Made in China” em algum produto? O Estado procurou acelerar ainda mais o crescimento econômico por meio de fortes investimentos na construção de portos, aeroportos, pontes, ferrovias, entre outros.

ECONOMIA GLOBAL

Atualmente, com um nível de crescimento econômico assustador, a China encontra novos desafios. O principal deles talvez seja, justamente, o de diminuir a dependência em relação ao comércio exterior, das multinacionais, e tentar elaborar uma economia semelhante à ocidental, baseada no consumo interno, na tecnologia de ponta e nos serviços. Mesmo assim, essa “revolução econômica” serviu para tirar 400 milhões de pessoas da pobreza. A verdade é que ninguém sabe, ao certo, até onde os chineses podem chegar.”

Foto por Lara Oliveira
Teixeira

Vitória de Trump pode ser um possível gatilho para a guerra comercial global?

A promessa de Trump: tarifas para impulsionar a economia dos EUA podem acarretar em uma guerra comercial global

Donald Trump prometeu ao longo de sua campanha que taxaria todas as mercadorias importadas pelos Estados Unidos se voltasse à Casa Branca. Após sua vitória, empresas e economistas do mundo todo estão afoitos para descobrir até que ponto ele está falando sério.

Trump vê as tarifas como uma forma de fazer a economia dos Estados Unidos crescer, proteger empregos e aumentar a receita tributária. No passado, ele impôs tarifas a países específicos, como a China, ou a determinadas indústrias, por exemplo, de aço. Mas a promessa da campanha eleitoral de Trump de impor tarifas de 10% a 20% sobre todos os produtos estrangeiros pode afetar os preços no mundo todo.

No mês passado, ele pareceu destacar a Europa. “A União Europeia parece tão bacana, tão adorável, né? Todos os pequenos países europeus bacanas reunidos... Eles não querem nossos carros. Eles não querem nossos produtos agrícolas”, afirmou.

As ações da bmw, Mercedes e Volkswagen caíram entre 5% e 7% após a confirmação da vitória de Trump. Os EUA são o maior mercado de exportação para as montadoras alemãs. Durante a campanha, Trump afirmou que as tarifas eram a resposta para uma série de questões, incluindo a contenção da China e a prevenção da imigração ilegal.

“Tarifa é a palavra mais bonita do dicionário”, ele disse. É uma arma que ele claramente pretende usar. Embora grande parte desta retórica e conduta tenha como alvo a China, ela não para por aí. Algumas jurisdições, como a União Europeia, já estão elaborando listas de ações de retaliação preventivas contra os Estados Unidos, depois que os ministros não levaram suficientemente a sério as ameaças anteriores de Trump relacionadas a tarifas.

Os ministros das Finanças do grupo formado por sete dos países mais ricos do mundo, disseram na semana passada que tentariam lembrar aos Estados Unidos liderados por Trump a

As ações da BMW, Mercedes e Volkswagen caíram entre 5% e 7% após a confirmação da vitória dele

As tarifas de Trump podem afetar não apenas os EUA, mas também países em desenvolvimento que dependem de exportações para os mercados ocidentais

necessidade de ter aliados na economia mundial porque “a ideia não é iniciar uma guerra comercial”.

No entanto, se “um poder amplo e muito forte for usado”, a Europa vai considerar rapidamente sua resposta. No passado, a União Europeia impôs tarifas sobre produtos americanos icônicos, como motocicletas Harley Davidson, uísque Bourbon e jeans Levi’s, em resposta aos impostos dos eua sobre aço e alumínio.

Um representante de um importante Banco Central da zona do euro disse que as tarifas dos eua, por si só, “não seriam inflacionárias na Europa, mas isso depende de qual vai ser a reação dela.

No mês passado, o Fundo Monetário Internacional (fmi) disse que uma grande guerra comercial poderia afetar a economia mundial em 7%, o equivalente ao tamanho das economias francesa e alemã juntas. Há questões muito mais importantes para o governo britânico sobre onde exatamente o Reino

Unido pós-Brexit (saída da União Europeia) deve se posicionar em uma muito possível – se não certa – guerra comercial transatlântica.

Até o momento, o movimento do Reino Unido tem sido de se aproximar do bloco europeu, inclusive no que se refere a padrões alimentares e agrícolas. Isso dificultaria muito um acordo comercial fechado com os eua

O governo Biden não estava muito interessado em um acordo desse tipo. O principal negociador comercial de Trump, Bob Lighthizer, ainda muito influente hoje em dia, chegou a dizer que a suposição de que o Reino Unido permaneceria próximo à União Europeia para ajudar suas próprias empresas, o que impediu de buscar e continuar um acordo mais sério.

Foto por Rafael Santos Nascimento

Veganismo em ascensão: pensar sobre carne está transformando cultura global

O crescimento do veganismo impulsionado pela preocupação ambiental e pelos influenciadores desafiando estereótipos

Para ela, que militou contra a rede de fast-food 30 anos atrás, o orgulhoso lançamento de um hambúrguer vegano e o compromisso assumido pela empresa de ter 50% do cardápio à base de plantas até 2030 era um sinal claro de que as coisas haviam mudado de forma irreversível. Para ela, isso representava uma grande vitória, não só para o movimento vegano, mas para a própria sociedade, que estava cada vez mais consciente dos impactos ambientais, éticos e de saúde ligados ao consumo excessivo de produtos de origem animal. “Como se essa tendência só pudesse ir numa direção”, afirmou, refletindo sobre como o veganismo, antes visto como algo marginal e alternativo, agora se consolidava como uma mudança de comportamento ampla e difícil de reverter. O veganismo, que antes era um estilo de vida praticado por um número restrito de pessoas, se tornou cada vez mais uma parte importante da cultura ocidental, especialmente à medida que as discussões sobre sustentabilidade e direitos dos animais ganhavam mais visibilidade.

O aumento de adeptos do veganismo pode ser visto não apenas em números de pessoas aderindo ao movimento, mas também no surgimento de novas empresas, produtos e plataformas de mídia que promovem uma vida

baseada em plantas. O Veganuary, uma organização sem fins lucrativos do Reino Unido, teve um crescimento significativo, com mais de 700 mil pessoas inscritas em sua campanha anual para promover o veganismo, um aumento considerável em relação aos anos anteriores.

Alemanha, onde o número de veganos quase dobrou desde 2016, lidera as pesquisas globais sobre veganismo, seguida pelo Reino Unido e Áustria. Esse crescimento reflete a crescente aceitação da dieta vegana na Europa. Essa demanda crescente transformou o veganismo em uma indústria bilionária, com novos produtos, restaurantes e influenciadores promovendo o estilo de vida de forma cada vez mais popular.

O veganismo parece estar ocupando um lugar cada vez maior na cultura ocidental

Veganismo em alta: frutas, legumes e grãos ganham espaço como escolhas sustentáveis

PREOCUPAÇÃO COM MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Que o veganismo está em alta é algo que a porta-voz da The Vegan Society, Maisie Stedman, atribui principalmente ao noticiário sobre o impacto ambiental do consumo de carne e laticínios.

“Acho que isso causou uma mudança real na mentalidade das pessoas, porque estamos vendo muito mais os impactos da crise climática na vida real.”

Dietas veganas geram cerca de 75% menos emissões de gases de efeito estufa (co2, ch4, n20) responsáveis pelo aquecimento do planeta e significativamente menos poluição da água e destruição da vida selvagem, de acordo com um artigo publicado em 2023 na revista Nature Food.

Alimentos como frutas, vegetais e leguminosas exigem menos energia, solo e água que os produtos de origem animal. A produção de carne, especialmente de gado, necessita de grandes áreas de pastagem, muitas vezes originadas pela derrubada de florestas. Isso contribui para a perda de biodiversidade e a emissão de gases de efeito estufa. A agricultura vegetal tem uma pegada ecológica menor e oferece uma alternativa mais sustentável. Optar por uma dieta baseada em plantas pode reduzir significativamente esses impactos ambientais.

Foto por Júlia Rocha
Almeida

COMO SURGIRAM AS MILÍCIAS NO BRASIL?

Entenda o que são as milícias grupos que controlam territórios e exploram a população no Brasil texto LAYANE HENRIQUE

você com certeza já ouviu falar sobre um tal de “poder paralelo”, não é mesmo? Mas você sabe qual é a verdadeira  história das milícias no Brasil e como elas se consolidaram?

As milícias representam um dos fenômenos mais complexos da segurança pública no Brasil, é tema de muitos debates e já foi alvo de investigações, como a cpi das Milícias. Essas organizações armadas, geralmente formadas por agentes de segurança pública ou por seus ex-membros, controlam territórios e oferecem serviços essenciais para os locais.

No Brasil, a atuação das milícias é predominante no Rio de Janeiro, mas também pode ser vista em outros estados, como São Paulo.

Nossa equipe conversou com o sociólogo Bruno Paes Manso, autor do livro República das Milícias e especialista no tema, para entender as dinâmicas das milícias no Brasil.

O QUE SÃO AS MILÍCIAS

A milícia é um grupo armado que opera de forma paralela ou com o consentimento das forças de segurança estatais, muitas vezes composto por agentes ou ex-agentes do Estado, como policiais civis pms, bombeiros, guardas municipais e das Forças Armadas.

No Brasil, esses grupos atuam à margem da lei e controlando determinados territórios e populações. Eles atuam com atividades ilegais, incluindo a exploração de serviços essenciais, como transporte e acesso à moradia, e a oferta de segurança em troca de pagamento de taxas, por exemplo.

Nas regiões onde atuam, os moradores não têm escolha senão pagar pelos serviços das milícias ou enfrentar as retaliações.

COMO SURGIU AS MILÍCIAS NO BRASIL

A origem das milícias no Brasil remonta à década de 1950, período em que a polícia do Rio de Janeiro focava em proteger áreas nobres e centrais, deixando as periferias expostas ao crime e à violência.

Nessa época, surgiram os primeiros “esquadrões da morte”, grupos de extermínio formados por policiais para reprimir o crime nas periferias. A narrativa criada foi de uma oposição entre dois grupos:

nas regiões onde atuam, os moradores não têm

Os traficantes representavam o caos e a insegurança e os milicianos surgiam como uma resposta necessária para neutralizar essa ameaça, usando a violência como um meio de restaurar a ordem, inclusive com o uso de força letal.

Um marco neste contexto foi a criação, em 1957, da Turma Volante Especial de Repressão aos Assaltos à Mão Armada (tvrama), pelo general Amaury Kruel, com o objetivo de combater o aumento de roubos.

Além disso, a relação com o jogo do bicho, profundamente enraizado na cultura carioca, também impulsionou a criação de grupos armados para proteger os interesses dos chefes das apostas, os “bicheiros”.

A operação do jogo dependia dos “bicheiros”, que além de controlar os pontos de apostas, garantiam a proteção aliando-se aos policiais. Foi neste cenário que surgiram as primeiras milícias brasiliras.

E NO MUNDO?

Assim como no Brasil, outros países também tiveram suas próprias versões de milícias, com características e propósitos distintos. Vamos entender isso melhor.

M-i-l-i-t-i-a. Militia. Significado no Latim Clássico: forças armadas ou simplesmente exército. No português, milícias. Já na Rússia, as “milítsas soviéticas” surgiram após a Revolução de 1917 para substituir a polícia czarista. Posteriormente, a milícia assumiu o papel de controlar protestos e manifestações durante o período da Perestroika, nos anos 1980.

Na Alemanha nazista de Hitler, a milícia tinha um papel bem próximo do que conhecemos hoje. As Tropas de Choque do Partido Nazista (Sturmabteilung, ou sa) representaram uma forma de milícia paramilitar, intimidando opositores e promovendo a ideologia nazista.

Nos Estados Unidos, as milícias surgiram no período colonial, quando os primeiros imigrantes foram grupos para se proteger na ausência de forças policiais ou militares. Com o tempo, essas milícias dos eua evoluíram e hoje incluem uma variedade de ideologias, muitas vezes com tendências extremistas. Esse é o caso de grupos como os  Oath Keepers (OUAT KIPERS), Three Percenters e Posse Comitatus.

De 2006 a 2008, o número de comunidades controladas pelas milícias aumentou de 42 para 92, uma média de uma favela dominada a cada 12 dias

Foto por Henrique Martins Braga

POLÍTICA BRASILEIRA

DOS ANOS 1950 ATÉ OS DIAS ATUAIS

Em 1957, surgiu o primeiro grupo de extermínio do Rio de Janeiro, criado pelo general Amaury Kruel, a “Turma Volante Especial de Repressão aos Assaltos à Mão Armada”, conhecida como tvrama. O objetivo era combater o aumento dos roubos na cidade.

Já durante a ditadura militar (19641985), grupos de extermínio e esquadrões da morte praticavam a repressão e a eliminação de opositores do regime.

nas comunidades sob o pretexto de resguardar os moradores do tráfico, intensificaram suas atividades.

Segundo Bruno Paes Manso:

“Os esquadrões da morte passam a atuar usando a violência como se matando bandido. Naquela época, visto como ameaças, diferente do bandido da contravenção, que era o malandro e tudo mais. Esses bandidos vistos como pessoas perigosas, onde se matar se exterminava. Era uma forma, de acordo com a concepção da época, de tornar a cidade mais segura. Então inicia se uma ideia de guerra ao crime, guerra às favelas, como se usando a violência, você ensinasse que existia lei nas cidades e como se fosse um tipo de violência pedagógica para ensinar as pessoas a respeitarem as leis”

A ideia de “matar bandidos” como um lema de segurança pública se espalhou ainda mais para outros estados, dando origem a cada vez mais outros grupos de extermínio em uma estrutura de crime organizado.

Foi a partir dos anos 2000 que surgiu a milícia com a atuação que conhecemos hoje em dia. Policiais e ex-policiais corruptos, além de oferecerem segurança

Para muitos moradores da comunidade, a presença das milícias, embora coercitiva, representava uma forma de proteção contra o ambiente hostil gerado pelo tráfico, com a redução de tiroteios e uma percepção de maior ordem nas ruas.

Além dos produtos básicos, os milicianos expandiram sua rede de controle para serviços de entretenimento.

A distribuição de internet e tv a cabo também era controlada por eles, e, além disso, chegavam a comercializar até mesmo kits de churrasco. Nesse cenário, necessidades cotidianas se transformavam em fonte de lucro e coerção.

Com o tempo, as milícias passaram a se envolver em um novo tipo de crime: o tráfico de drogas, se transformando em “narcomilícias”.

Os membros das milícias assumiram o controle do tráfico nas áreas que dominam, expulsando os traficantes que antes operavam nesses locais, ou fazendo parcerias com facções para explorar o mercado de drogas.

Relatórios do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro mostram que algumas milícias alugam territórios para traficantes e até criam franquias de pontos de venda de drogas.

POLÍTICA BRASILEIRA

O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS

De acordo com especialistas, o crescimento das milícias pode ser visto como um sintoma da ausência do Estado na prestação de serviços básicos e de segurança nas periferias.

Sem a presença efetiva do poder público, algumas comunidades viram as milícias como uma forma alternativa de organização que oferece segurança, transporte e energia, mesmo que de forma coercitiva e a preços abusivos.

Por isso, muitas vezes, a atuação das milícias era bem recebida por parte da população que estava aterrorizada pela criminalidade crescente e desejava qualquer forma de estabilidade, mesmo que isso significasse apoiar os métodos brutais de controle.

MILÍCIAS NO RIO DE JANEIRO

As milícias se desenvolveram com mais influência no Rio de Janeiro. O avanço desses grupos moldou uma nova geografia do crime organizado.

Além do controle territorial, as milícias são organizadas em facções, semelhantes ao modelo utilizado pelo tráfico de drogas. Dentre as facções milicianas mais conhecidas, estão a Liga da Justiça e Escritório do Crime.

A Liga da Justiça é uma das maiores organizações de milícias no estado, com atuação em diversos bairros da Zona Oeste e fama por seu controle rigoroso sobre os serviços dos moradores locais. Essa facção cobra as chamadas taxas de segurança, explorando serviços como o fornecimento de gás e transporte clandestino.

Já o Escritório do Crime é notório por sua ligação com assassinatos de aluguel e sua estrutura de atuação paramilitar, sendo apontado em investigações como um dos principais responsáveis por execuções encomendadas e pelo controle da segurança ilegal.

Essa presença acentuada das facções milicianas no Rio de Janeiro mostra como essas organizações transformaram a dinâmica de segurança e controle social, se consolidando como uma força paralela ao poder público em diversas regiões.

Foto por Isabela
Pinto Silva

MILÍCIAS E PODER PÚBLICO

Em alguns momentos da política brasileira, as milícias estiveram no alvo do poder público. Uma delas foi em 2008, quando deputados estaduais iniciaram a cpi das Milícias, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, liderada pelo então deputado Marcelo Freixo. Essa cpi trouxe à tona conexões entre milicianos e políticos.

O resultado foi que mais de 200 pessoas foram indiciadas, incluindo parlamentares, policiais e bombeiros.

Em 2012, foi criada a Lei nº 12.720, um marco no Código Penal, em que o país reconhece formalmente o crime de milícia privada, além de outros tipos de organizações criminosas.

Outro momento foi após o assassinato de Marielle Franco, ex-vereadora do psol, quando milicianos foram apontados como responsáveis pelo mandado e pela execução de seu assassinato.

Para muitos, essa proximidade sugere uma  dependência entre poder público e milicianos, que garantem segurança e votos em troca de controle sobre as comunidades. O professor Wellington Caixeta Maciel, por exemplo, destaca que “as milícias foram ganhando muito respaldo político. A ponto de vermos deputados eleitos que contratam milicianos e familiares de milicianos”.

Esse laço permite às milícias perpetuarem seu domínio, agora também político, aumentando sua influência em processos eleitorais e políticas de segurança pública. O caso de Jerônimo Guimarães

Filho, o “Jerominho”, ex-vereador e líder da Liga da Justiça, é um caso emblemático dessa simbiose entre milícias e a política.

Nesse sentido, surgem algumas reflexões sobre até que ponto as milícias são apoiadas politicamente, e por isso, permanecem livres de investigações mais consistentes que possam controlar essa questão tão complexa no Brasil.

Foto por Isabela Pinto Silva

01.

Como se arrumar:

Use roupas confortáveis e evite qualquer coisa que tenha propaganda política (como camisetas de candidatos), porque isso não é permitido.

Nada de estresse — é um dia importante, mas também tranquilo!

Saia de casa com tempo de sobra, evitando o horário de pico.

03.

Cuidado na entrada:

Ao chegar na zona eleitoral, fica esperto com a famosa “boca de urna”! Algumas pessoas podem tentar influenciar seu voto, mas é só ignorar e seguir o seu caminho. Dentro da zona de votação, não é permitido qualquer tipo de propaganda, então foca no candidato já escolhido.

05.

Na hora do voto:

Na cabine de votação, você vai digitar o número do candidato para cada cargo (presidente, governador, etc.).

Se errar o número, não se preocupe! É só apertar o botão laranja para apagar e corrigir.

Quando terminar, não esquece de confirmar apertando o botão verde. Fácil, né?

Não esqueça de levar um documento oficial com foto (RG, carteira de motorista, passaporte) para se identificar na hora de votar.

COMO VOTAR?

Votar é poder: saiba tudo o que você precisa saber sobre o dia de eleição

02.

O que levar:

Leve também uma garrafinha de água, porque a fila pode demorar, especialmente se for em um horário mais cheio.

E, claro, paciência e disposição!

04.

O que fazer ao chegar:

Quando você chegar, vai ter uma fila pra se organizar. Ela costuma andar rápido, então fica tranquilo. Olhe nos cartazes ou pergunte para os funcionários qual é a sua seção eleitoral (vai estar no seu título de eleitor ou no app e-Título), e siga para a sala certa.

Dicas extras:

Se puder, evite os horários mais movimentados, como de manhã ou perto do fim do dia. Tente ir no meio da tarde, que geralmente é mais tranquilo. E, se ainda está em dúvida sobre em quem votar, existem alguns quizes legais de match político na internet que podem te ajudar a ver quais candidatos têm ideias mais parecidas com as suas!

POLÍTICA BRASILEIRA

O que é a CPI das BETS e como ela influencia a economia brasileira?

Os primeiros passos rumo à regulamentação: como a CPI das Bets está desvendando o impacto das apostas online

Apostas online têm sido cada vez mais comuns no Brasil, movimentando bilhões e impactando as vidas de milhões de famílias. Mas até que ponto essa prática afeta o orçamento familiar e se conecta a atividades ilícitas? Leia para entender o que é a cpi que investiga as chamadas “bets” e o contexto em que ela surgiu.

O QUE É A CPI DAS BETS?

A cpi das Bets é uma Comissão Parlamentar de Inquérito criada pelo Senado em 8 de outubro de 2024 para investigar o crescente fenômeno das apostas online no Brasil. O requerimento foi apresentado pela senadora Soraya Thronicke (Podemosms), com apoio de 30 outros senadores.  Os senadores, através da cpi das Bets, pretendem levantar informações sobre os impactos dessas apostas no orçamento das famílias brasileiras, possíveis associações entre sites de apostas e organizações criminosas ligadas

EM QUAL ESTÁGIO ESTÁ?

A cpi, apesar de criada, está no estágio “aguardando instalação”. Isso significa que os parlamentares que integrarão a comissão ainda não foram selecionados. Portanto, o passo seguinte é a indicação, pelos partidos, de 11 membros e 8 suplentes. A cpi terá 130 dias para conduzir as investigações, com limite orçamentário de R$110 mil.

MOVIMENTAÇÕES

FINANCEIRAS EM APOSTAS

De acordo com um relatório do Banco Central, cerca de 24 milhões de brasileiros transferiram dinheiro via Pix para sites de apostas na internet entre os meses de janeiro e agosto de 2024. Os valores recebidos por esses sites variaram entre R$18 e R$21 bilhões por mês.

texto LUCAS CAVALCANTI DOS SANTOS É uma média de R$140 mil recebidos

Um dos motivos pelo qual é tão difícil de monitorar as Bets é a evasão fiscal nas transações financeiras entre apostadores do Brasil

A nível de comparação, as loterias receberam R$1,9 bilhão mensais, em média. Considerando as 13.559 loterias cadastradas no Brasil, é uma média de R$140 mil recebidos por loteria.

Dos 576 cnpjs de empresas de apostas, 520 estão classificados como empresas de aposta em sua Classificação Nacional de Atividades Econômicas (cnae). Essas 520 empresas corretamente registradas receberam, em média, R$576 mil reais mensais. Em contraste, as 56 empresas de apostas que não estão devidamente classificadas no cnae, receberam cerca de R$253 milhões mensais.

Entretanto, esses valores são apenas aqueles transferidos através de Pix e como muitos sites de apostas, também aceitam outros meios de pagamentos, como criptomoedas, teds e cartões de crédito, nos levando à conclusão de que é provável que os valores reais sejam consideravelmente maiores.

CONTEXTO SOCIOECONÔMICO

Conforme o relatório do BC, a maioria dos 24 milhões de apostadores têm entre seus 20 e 30 anos. O documento também traz dados sobre as tendências de gastos, que aumentam com a idade. Os mais jovens gastam, em média,  R$100 mensais, enquanto os mais velhos podem chegar a R$3 mil despendidos por mês com as apostas. Outro dado que chama atenção é a participação de pessoas vulneráveis financeiramente. Em agosto de 2024, aproximadamente 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família transferiram R$3 bilhões para empresas de apostas. Isso representa aproximadamente 20% do total de beneficiários do programa.

Foto por Eduardo Carvalho Souza

Pagar mais caro pelo café é o novo normal?

Consumo em alta, mudanças climáticas e lei antidesmatamento pressionam preços da bebida

O mundo está bebendo mais café do que é capaz de produzir. Isso aconteceu em 2023 e pode se repetir este ano, com os efeitos das mudanças climáticas sobre as safras nos principais países produtores. Consumo em alta, falta ou excesso de chuva e a expectativa sobre a nova lei antidesmatamento da União Europeia pressionam o preço do café para níveis historicamente altos.

Líder mundial na produção e exportação de café, o Brasil enfrenta a seca de maior extensão e intensidade dos últimos 70 anos, segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais. Temperaturas mais altas, estiagem prolongada e chuvas esparsas atingem as maiores regiões produtoras em Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo.

Quebras de safras e picos de preço não são novidade na trajetória histórica de uma das commodities mais comercializadas globalmente. O ingrediente novo, desta vez, talvez seja o agravamento das condições climáticas e as incertezas sobre o futuro das regiões produtoras em um momento de expansão da cultura do café.

O hábito de beber café vem se expandindo em países asiáticos e economias emergentes, e pressionando a demanda. Além disso, o mercado de cafés especiais está crescendo e o interesse dos consumidores nesse tipo de grão também.

Os efeitos dessa nova pressão sobre uma das bebidas mais populares do mundo já podem ser sentidos no bolso. O preço médio do café tradicional torrado e moído estava, em média, R$ 39 no varejo em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro em agosto, segundo levantamento mais recente feito pela Associação Brasileira da Indústria de Café (abic).

O mundo está bebendo mais café do que é capaz de produzir

A Starbucks, ao operar no Brasil, aproveita a tendência de cafés premium, mas não contribui para melhorar a remuneração dos pequenos produtores brasileiros

INCERTEZA SOBRE CLIMA

Embora seja uma commodity, o café guarda peculiaridades que o diferencia das demais commodities.

Os grãos de café se dividem entre as espécies arábica e robusta, e seus preços são fixados de forma diferenciada, conforme território de origem e a qualidade. As safras se caracterizam pelo efeito da bienalidade: um ano se produz mais e no seguinte, menos. O Brasil responde por mais de um terço da produção, seguido por Vietnã e Colômbia.

O café é uma planta sensível, que requer condições específicas de altitude e chuvas regulares para a produção.

Em 2024, o Brasil deve colher uma safra menor do que a esperada por conta de estiagens, chuvas esparsas e mal distribuídas, e altas temperaturas durante as fases de desenvolvimento dos frutos. Há incerteza se as chuvas previstas para outubro e novembro serão capazes de mitigar esses efeitos.

ECONOMIA

“A falta de umidade em decorrência do longo período sem chuvas já prejudica o desenvolvimento da safra 2025/26 de arábica e de robusta – as plantas estão debilitadas e o déficit hídrico nas regiões produtoras tem se intensificado”, preveem os analistas do Cepea, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/usp.

É pouco provável uma reversão do quadro atual e a expectativa sobre uma quebra de produção contribui para a manutenção dos preços altos.

Grande produtor do tipo robusta, o Vietnã enfrenta as consequências de um tufão e uma seca severa, a pior em uma década. Isso abriu espaço para que outros países, incluindo o Brasil, aumentassem suas exportações da espécie, de sabor mais amargo, com teor de cafeína maior, utilizada em blends e nos cafés solúveis.

Foto por Letícia
Gomes Costa

POLÍTICA BRASILEIRA

“O Congresso é machista”, diz Erika Hilton em entrevista

A primeira deputada trans do país conta como ainda é alvo do preconceito dos colegas

texto SOFIA CERQUEIRA E MAFÊ FIRPO

JORNALISTA: Deputada, você tem uma trajetória de vida inspiradora e uma atuação política muito marcante. Para começar, poderia nos contar um pouco sobre sua experiência como a primeira parlamentar transexual na Câmara dos Deputados?

ERIKA HILTON: É uma honra, mas também uma grande responsabilidade. Eu nunca imaginei que chegaria até aqui, mas é a minha vida, minha história, e a luta de tantas outras pessoas que me trouxe até esse espaço. Ser a primeira mulher trans eleita para a Câmara dos Deputados é um marco, mas também uma oportunidade para transformar a política brasileira. É um espaço onde precisamos dar visibilidade e voz para a comunidade lgbtqia+, especialmente para mulheres trans, que sempre foram invisibilizadas e marginalizadas.

JORNALISTA: Você mencionou que enfrentou muitos desafios em sua trajetória. Uma das dificuldades que você compartilhou publicamente foi a expulsão de casa aos 14 anos e a vivência nas ruas. Quais são as maiores dificuldades que as mulheres trans enfrentam no Brasil, e como isso reflete no seu trabalho político?

ERIKA HILTON: As dificuldades são muitas, principalmente quando falamos das mulheres trans e travestis, que vivem em situações de extrema vulnerabilidade. A exclusão familiar, a violência social, a discriminação no mercado de trabalho e até mesmo a violência física. Muitas de nós somos forçadas a viver nas ruas e, infelizmente, a prostituição é uma realidade para muitas. Isso reflete diretamente no meu trabalho político, pois é impossível não lutar por justiça

social e igualdade quando você conhece a realidade dessas mulheres na pele. Eu me sinto responsável por essa luta. Quando vejo retrocessos, como a tentativa de criminalizar o casamento homoafetivo ou a “cura gay”, vejo uma ameaça real às vidas de muitas pessoas, especialmente as mais vulneráveis.

JORNALISTA: A sua atuação tem sido marcada por um posicionamento firme contra projetos de retrocessos e pela defesa dos direitos lgbtqia+. O que você pensa sobre o novo modelo de RG proposto pelo governo Lula, que exige o preenchimento do campo “sexo” e que foi criticado por você?

ERIKA HILTON: Eu me oponho fortemente a essa medida. Ela é um exemplo claro de como, muitas vezes, a inclusão de pessoas trans não é considerada de fato. O campo “sexo” nos documentos oficiais constrange as pessoas trans, obrigando-nos a se encaixar em uma normatividade que não reflete nossa realidade. Isso não é apenas um erro administrativo, mas uma forma de marginalização e desrespeito.

há uma hipocrisia aí: as mesmas pessoas que dizem nos odiar consomem o mercado trans “
Foto por Letícia Gomes Costa

6 MENTIRAS BIZARRAS PARA DESMASCARAR!

Fake news como a “mamadeira de piroca” impactam o cenário político brasileiro, moldando opiniões

texto RAFAELA UCHÔAS

nesta edição, selecionamos notícias falsas viralizadas nas redes sociais que vão muito além da piada e da casualidade. Recentes ou não, essas fake news têm sempre um objetivo, uma teoria da conspiração que contribui para reforçar ideologias e mudar o rumo da história política do Brasil. Todas as notícias falsas a seguir foram checadas, conferidas, a partir de ferramentas que desvendam, por exemplo, quando uma imagem é manipulada ou inserida fora de contexto.

1)

MAMADEIRA DE PIROCA

“Olha aqui ó, vocês que votam no pt Essa aqui é a mamadeira distribuída na creche”, diz um homem, em vídeo que mostra uma mamadeira com bico de pênis. “Distribuída na creche para seu filho, com a desculpa de combater a homofobia. Olha o bico como é, ó. Tá vendo? O pt e o Haddad pregam isso para o seu filho (…) Isso faz parte do ‘kit gay’. Invenção de Haddad”.

O vídeo com a mentira viralizou em 2018, na eleição presidencial disputada por Haddad e Bolsonaro. Não houve nenhuma distribuição de material do tipo por parte do governo federal e o pt não estava no poder. Haddad enquanto prefeito de São Paulo também não distribuiu mamadeira de piroca, como ficou conhecida a fake news.

O vídeo sobre a “mamadeira de piroca” viralizou durante a eleição de 2018, com um homem afirmando que o pt estaria distribuindo esse material nas creches como parte de um “kit gay” para combater a homofobia. No entanto, não houve qualquer distribuição desse tipo de mamadeira, nem pelo governo federal nem por Haddad como prefeito de São Paulo. A fake news, amplamente desmentida, foi usada para atacar o pt e intensificar a polarização política na época.

2) KIT GAY

Uma das fake news mais conhecidas e influentes no Brasil foi amplamente disseminada durante as eleições de 2018, ganhando ainda mais visibilidade quando foi reforçada pelo então candidato à presidência, Jair Bolsonaro. A falsa informação já circulava pelas redes sociais, mas foi amplificada quando Bolsonaro, em uma entrevista ao Jornal Nacional, retirou do bolso o livro *Aparelho Sexual e Cia*, alegando que ele faria parte de um suposto “kit gay” distribuído em escolas públicas durante os governos petistas. Bolsonaro afirmou que o kit era parte de uma tentativa de “doutrinação sexual” de crianças. A informação, no entanto, era falsa. O livro nunca foi distribuído nas escolas públicas, e o “kit gay” — como foi apelidado — nunca existiu. O projeto de combate à homofobia nas escolas, conhecido como “Escola sem Homofobia”, foi criado para combater a discriminação e promover o respeito às diferenças, mas foi suspenso em 2011, antes de ser implementado. Mesmo assim, a narrativa de que havia um kit promovendo a sexualização infantil se espalhou de forma viral e causou grande impacto entre o eleitorado conservador, contribuindo para um clima de medo e de desconfiança.

Até hoje, muitos eleitores acreditam nessa fake news, que se tornou um dos principais símbolos da polarização política e da desinformação no Brasil. Esse episódio ilustra o poder das fake news na manipulação de crenças e emoções, mostrando como informações distorcidas podem influenciar decisões políticas e perpetuar inverdades, mesmo após serem desmentidas.

A disseminação dessa narrativa reforça a importância da verificação de fatos e da responsabilidade no consumo e no compartilhamento de informações, especialmente em períodos eleitorais, quando o impacto da desinformação é ainda mais significativo.

Foto por Amanda Ribeiro Martins

CORINGA

No campo das fake news, as que exploram temas religiosos estão entre as mais ardilosas e recorrentes, frequentemente carregando o objetivo de associar a esquerda a uma suposta ameaça aos valores cristãos. Nesse contexto, a narrativa de que a esquerda, especialmente em governos progressistas, seria “inimiga de Deus, do evangelho e da Bíblia” se tornou uma estratégia comum para alimentar desconfiança e medo entre eleitores religiosos. Essas histórias buscam reforçar a ideia de uma batalha espiritual, posicionando figuras políticas de esquerda como o “inimigo” que ameaçaria a liberdade religiosa e os valores cristãos.

Um dos exemplos mais emblemáticos dessa estratégia é a fake news sobre o suposto “banimento de igrejas” por decreto de Lula, uma alegação que não possui qualquer base na realidade, mas que circula repetidamente entre grupos religiosos. Nesta narrativa, Lula é retratado como um “enviado do demônio”, o que alimenta o imaginário de uma guerra entre o bem e o mal.

A disseminação dessas inverdades não apenas manipula a fé e as crenças de parte da população, mas também contribui para a polarização e o radicalismo, dificultando o diálogo e a convivência pacífica entre pessoas de diferentes visões políticas.

as fake news que exploram temas religiosos estão entre as mais ardilosas e recorrentes “
Ilustração por Renata Freitas Costa

COMUNISMO E INVASÃO DE VENEZUELANOS

A disseminação de fake news sobre temas sensíveis, como a política e a segurança nacional, é um problema crescente no Brasil, onde narrativas falsas buscam desestabilizar a confiança pública e gerar divisões. Uma dessas narrativas manipuladoras afirma que o presidente Lula teria sido conivente com uma invasão de soldados venezuelanos no Norte do país. A alegação completamente absurda, amplificada por grupos extremistas, sugere que o governo petista teria autorizado a entrada das tropas para caçar e prender refugiados venezuelanos, acusando Lula de ser um “terrorista genocida”.

No entanto, uma análise mais cuidadosa revela que as imagens usadas para sustentar a falsa narrativa eram de um treinamento legítimo do Corpo de Fuzileiros Navais realizado no Espírito Santo, cerca de um mês antes da circulação das fake news. A confusão é alimentada pelo uso indevido de material visual, distorcendo o contexto e criando uma falsa conexão com um evento fictício. A distorção de fatos reais com objetivos políticos é uma tática antiga, mas que, na era digital, ganha uma força ainda maior, alcançando públicos amplos e criando um ambiente de desinformação e desconfiança. O episódio é mais um exemplo claro de como as fake news podem ser perigosas, não apenas pela falsidade das informações, mas também pelo impacto real que têm na polarização política e na segurança de uma nação.

Ilustração por Bruno Alves da Silva

APOSENTADORIA DE BOLSONARO POR INSANIDADE

A indústria da desinformação não se limita a atacar a esquerda ou o Partido dos Trabalhadores (pt); candidatos de outros espectros políticos também se tornam alvo de fake news. Durante as eleições de 2022, o então presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro foi vítima de uma notícia falsa que afirmava que ele havia sido aposentado do Exército por insanidade. Essa narrativa circulou amplamente nas redes sociais, sugerindo que ele teria sido afastado de suas funções militares por problemas psicológicos, o que contribuiu para a criação de uma imagem negativa do candidato entre parte do eleitorado. Na realidade, Bolsonaro não foi aposentado por insanidade. Em 1986, ele foi detido por publicar um artigo na revista Veja no qual criticava os baixos salários dos militares, o que resultou em um processo por insubordinação. A desinformação sobre sua suposta “insanidade” militar ilustra como as fake news podem distorcer fatos e prejudicar a imagem pública de figuras políticas, independentemente de sua ideologia. Essa manipulação contribui para uma cultura de desconfiança, em que informações distorcidas são usadas como arma eleitoral, dificultando que o eleitor tenha uma visão clara e equilibrada dos candidatos.

Foto retirada do Google
Ilustração por Renata Freitas Costa

PAPA LIBERANDO

CHURRASCO NA

SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO

Durante a Semana Santa, circulou pelo WhatsApp e em diversas redes sociais uma mensagem falsa atribuída ao Papa Francisco, na qual ele supostamente teria orientado os fiéis a “comerem de tudo” na Páscoa. A falsa declaração gerou uma série de comentários e levou a outras fake news ainda mais extravagantes, sugerindo que o Papa teria incentivado o consumo de churrasco em plena Sexta-feira Santa, dia em que a tradição cristã recomenda a abstinência de carne em respeito à memória da crucificação de Jesus Cristo.

A Sexta-feira da Paixão é um dos dias mais solenes do calendário cristão, marcado pelo jejum e pela abstinência em sinal de luto e reverência pelo sacrifício de Jesus. No entanto, a mensagem manipulada sugere de forma enganosa uma postura contrária à tradição, o que contribuiu para a disseminação de desinformação. Tal conteúdo demonstra como boatos e fake news podem distorcer a imagem de figuras públicas e gerar confusão entre os fiéis, especialmente em períodos tão significativos para a comunidade religiosa.

Ilustração por Marcos Antônio Rocha

Mentiras que viralizam: o caos crescente da desinformação

A educação como ferramenta – a luta contra a desinformação promovendo cidadãos mais críticos e conscientes

A liberdade de expressão, uma conquista da balzaquiana democracia brasileira, se tornou a trincheira de quem acredita que pode falar ou escrever o que quiser sem ter consequências. Pessoas ou grupos se utilizam do artigo 5º da Constituição como escudo para difundir fake news. O tema se fortifica ainda mais quando a propagação de informações deturpadas e a utilização de contas inautênticas chegam à cúpula do poder.

A praga da desinformação é brutal e causa prejuízos incalculáveis. Não há, porém, vacina para esse mal. A tentativa de legislar, cpis pirotécnicas ou de simplesmente usar o sistema judiciário para conter essa disseminação são caminhos sem saída. O projeto que está em tramitação no Congresso Nacional, aprovado no Senado e em discussão na Câmara, tem pontos positivos, pois joga luz num assunto extremamente importante. Porém, a proposta se torna ineficaz ao tentar colocar uma manada de elefantes dentro de uma caixa de sapato. Parece que os parlamentares não debateram de fato sobre o assunto. Ou apenas usam o cenário atual para empurrar uma lei polêmica que oferece soluções até simplistas e, outras, extremamente complexas, como o “conselhão” da transparência. A possibilidade de dar errado ou tornar sem efeito é praticamente certa.

verdade impera. Transformam a opinião em verdade. E se discordar, invoca-se a liberdade de expressão.

A liberdade de expressão virou escudo para a mentira?

As fake news geram mais engajamento nas redes sociais do que as informações verdadeiras, sendo compartilhadas em massa muitas vezes até por quem sabe que é mentira

IMPRENSA EM CRISE X REDES SOCIAIS EM EXPANSÃO

A crise da imprensa aparece como peça importante nesta engrenagem. A perda da credibilidade agrava o cenário pelo incremento do embate político e do radicalismo. O mercado da comunicação passa por adversidades econômicas, de redefinição dos negócios e o enfraquecimento da mídia tradicional.

Sem investimento, o trabalho jornalístico é prejudicado. Com menos recursos humanos, a qualidade do produto desaba, tornando a função jornalística mais rasa e suscetível a erros. O trabalho jornalístico tem um custo e a maioria dos cidadãos não tem acesso às informações por não conseguir pagar. As plataformas de fact-checking, que são ótimas opções para certificar a veracidade de fatos, não conseguem competir com o fluxo exponencial das fakes news. As megacorporações de tecnologia, donas das plataformas, estão no âmago

da questão. Algoritmos viciados, sistemas de segurança falhos, vazamento de dados de usuários, o lucro estratosférico e a falta de investimentos em conter fake news e distorções tornam a missão um trabalho de Sísifo. A falta de vontade de governos, legislações em descompasso, congressistas andando em círculos e uma justiça parcial complementam as paredes desse labirinto.

Foto por Carolina Lima Dias

É falso que urnas eletrônicas exibem mensagem ‘confirme o seu

voto’

O mito da urna eletrônica – o que realmente aparece na tela antes do voto ser confirmado?

texto BIANCA BORTOLON

Não é verdade que o eleitor deve esperar

A orientação é que o eleitor não aperte

As alegações de que o eleitor perderia seu voto caso apertasse a tecla “Confirma” enquanto a mensagem “Confira seu voto” estivesse na tela começaram a circular nas eleições de 2022 e retornaram em 2024

voto”. A confusão surgiu a partir de uma atualização implementada pelo Tribunal Superior Eleitoral (tse) em 2022, que passou a exibir a mensagem “confira seu voto” no rodapé da tela antes que o eleitor finalizasse sua votação. No entanto, a orientação clara é que o eleitor não deve pressionar nenhuma tecla enquanto essa mensagem estiver piscando. Caso o eleitor aperte “confirma” durante esse período, o voto não será anulado, mas o processo de votação continuará normalmente. O eleitor precisará apenas apertar novamente “confirma” para concluir a votação. Essas informações estão sendo disseminadas de maneira equivocada em publicações que têm gerado confusão, especialmente em plataformas como

Instagram, Facebook e WhatsApp. O tse já se posicionou sobre o assunto e disponibilizou vídeos e guias explicativos para esclarecer como o processo de votação funciona, reforçando que a mensagem “confirma o seu voto” nunca faz parte do procedimento. Portanto, é essencial que os eleitores confiem nas informações oficiais e não se deixem enganar por conteúdos que circulam de forma errada nas redes.

Foto por Gustavo Almeida Pereira

Golpe simula site da Starlink e engana ao oferecer internet vitalícia e outras mentiras

O golpe da licença vitalícia da Starlink: como golpistas enganaram usuários com um site falso

texto MARCO FAUSTINO

Não é verdade que a Starlink, empresa de Elon Musk que oferece acesso à internet via satélite, tenha lançado um plano vitalício. A empresa nunca ofereceu qualquer tipo de plano que permitisse ao cliente acessar a internet de forma permanente até o fim da sua vida. Recentemente, circulam nas redes sociais publicações falsas sobre esse suposto plano, que rapidamente ganharam popularidade, acumulando mais de 1.100 compartilhamentos no Facebook até a tarde da sexta-feira, 13 de setembro de 2024. Essas postagens enganosas têm como base um trecho manipulado de uma edição do Jornal da Record, de 3 de setembro deste ano.

O trecho original, que foi distorcido e usado de forma inadequada, apresenta um comentário do apresentador Celso Freitas sobre um comunicado da Starlink, no qual a empresa confirma que cumprirá a decisão do ministro do stf, Alexandre de Moraes, para bloquear a rede social X (antigo Twitter) no Brasil. Em nenhum momento, o apresentador menciona a existência de qualquer plano vitalício de acesso à internet, o que deixa claro que o conteúdo foi manipulado de maneira intencional para espalhar desinformação. Esse tipo de distorção é comum em fake news e visa criar um falso senso de urgência ou exclusividade sobre um serviço.

qualquer menção a um pagamento único ou planos vitalícios. Para utilizar os serviços de internet via satélite da empresa, o cliente deve adquirir um kit de equipamentos e pagar mensalidades, que variam de R$ 184 a R$ 5.132, dependendo do plano de dados escolhido. Não existe nenhuma oferta que permita o acesso vitalício aos serviços sem o pagamento contínuo de mensalidades. Além disso, o vídeo que circula com a alegação do plano vitalício contém imagens de uma versão falsa do site oficial da Starlink, configurando uma tentativa clara de enganar as pessoas e induzi-las a cair em um golpe financeiro.

Satélites Starlink orbitando a Terra. Boatos sobre um ‘plano vitalício’ da empresa são falsos e já foram desmentidos

Esse tipo de desinformação pode gerar confusão entre os consumidores, especialmente os menos informados, resultando em prejuízos financeiros significativos para eles.

conteúdo, principalmente quando se trata de informações relacionadas a grandes empresas como a Starlink.

A reportagem realizada pelo site Aos Fatos, especializado na verificação de conteúdos falsos, investigou a origem desse boato e verificou que, na tarde de sexta-feira, 13 de setembro, os links que direcionavam os usuários para as páginas falsas estavam quebrados, dificultando ainda mais a análise do mecanismo utilizado pelos golpistas. Esse tipo de falha técnica é uma tentativa de camuflar o golpe, tornando o trabalho de investigação mais difícil e tornando mais complexo o processo de desmascaramento da fraude. Isso sublinha a importância de uma análise cuidadosa antes de acreditar ou compartilhar qualquer

Além disso, a propagação de fake news sobre temas tão relevantes, como o acesso à internet e planos de pagamento, destaca a necessidade urgente de educação digital e de conscientização sobre os riscos da desinformação. Embora a Starlink tenha se tornado um serviço popular para fornecer internet em áreas remotas, a manipulação de informações sobre seus planos e serviços pode prejudicar tanto a imagem da empresa quanto causar danos financeiros aos consumidores que caem em fraudes. Por isso, é fundamental que os usuários verifiquem a veracidade das informações antes de tomarem qualquer decisão, evitando assim a disseminação de boatos que só contribuem para a desinformação e o caos nas redes sociais.

Foto por Camila Martins

AS COLUNAS

Metas da OMS e o esforço necessário para superá-las

Quando tragédias acontecem, a humanidade brilha através de gestos de compaixão e união

Quando se estabelecem metas para o futuro, há uma noção implícita, porque óbvia, de que esse futuro vai chegar. A que foi estabelecida pela oms (Organização Mundial da Saúde), de eliminar epidemias de aids, tuberculose, malária e doenças tropicais foi estabelecida em 2015, dentro do âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, da onu (Organização das Nações Unidas). A pandemia de covid-19 atrasou os esforços para que esse programa fosse cumprido –mas é importante que seja perseguido. E o Brasil tem condições de fazer isso.

No início de novembro, em Brasília, o Ministério da Saúde avaliou que, em 2 anos (até novembro de 2025, portanto), será possível detectar 95% das pessoas com hiv; ter 95% delas já introduzidas a tratamento antirretroviral; e fazer com que a carga viral das pessoas em tratamento se torne indetectável. O caminho no combate ao hiv traz sucessos a serem mostrados: na cidade de São Paulo, segundo o ministério, há 5 anos o número de casos de aids vem decrescendo.

Fossem quais fossem os avanços que a área de saúde pudesse estar fazendo, a pandemia mudou o jogo: foram feitos esforços monumentais, em todos os países, para preparar centros de cuidados emergenciais, fabricação de equipamentos e desenvolvimento de vacinas. Hoje, felizmente, o quadro já é outro: a doença ganha um perfil endêmico (quando é recorrente em uma dada região, mas sem aumentos significativos de casos), e esforços podem voltar a se concentrar em outras doenças, que causam impacto igualmente forte em sistema de saúde por toda parte.

O Brasil, como bem sabemos, foi duramente atingido pela covid-19. Reencontrar o caminho para fazer frente à meta da oms vai exigir investimentos

em pesquisa, avanços em diagnósticos, formação de profissionais e em saúde digital – com uso de ia (Inteligência Artificial), telemedicina, aprendizado de máquina e tantas outras ferramentas. Mas há sinais inspiradores: o país, afinal, se tornou uma referência no combate ao hiv – em não pequena medida devido ao alcance do sus (Sistema Único de Saúde), com acesso a medicamentos, exames e acompanhamento – dos quais se beneficiam milhares de brasileiros.

Por mais que, perto do prazo final, uma meta não possa ser cumprida, o esforço só faz sentido se for para atingi-la – e mesmo superá-la. Há intercorrências que comprometem esse esforço, mas não se pode reduzir as expectativas. É possível, claro, adequá-las, calibrá-las – afinal, não faz sentido estabelecer metas que excedam toda chance de realizar na prática. Na área da saúde, planejar e elaborar medidas públicas podem ajudar a absorver o impacto de uma eventual nova pandemia, por exemplo. Buscar parcerias com o setor privado é outra iniciativa que pode ajudar a cumprir a meta da oms, para desenvolver tratamentos, investir em pesquisa e em outras frentes.

Claudio L. Lottenberg É médico e empresário, com destaque na gestão da saúde, especialmente à frente da Unimed São Paulo. Também é colunista e compartilha suas opiniões sobre inovação e sustentabilidade na saúde.

AS COLUNAS

Não vamos parar! A doação que vai para além de um gesto

Uma

forma de manifestar nossa humanidade, e pequenos atos de solidariedade têm o poder de transformar vidas e comunidades

“Um estado naufragado. Nada ficou no lugar. A água invadiu existências desprevenidas. Caos. Quem poderá, agora, assegurar a essas almas desoladas que temporais não irão novamente inundar suas vidas e memórias?”

Foi assim que a jornalista, empreendedora e ativista humanitária Gabriela Bordasch descreveu o cenário de guerra que presenciou durante a maior enchente do Rio Grande do Sul, no último mês de maio.

O historiador holandês Rutger Bregman, autor de “Humanidade: Uma História Otimista do Homem”, apresenta a natureza humana como essencialmente boa. A tendência é que, em uma situação de estresse social limite, aflore o que há de melhor em nós.

O termo humanidade, do latim Humanitas, faz referência ao conjunto de todas as pessoas do mundo, mas também aos atos de solidariedade, que são praticados pelos humanos. É esse sentimento de bondade e compaixão em relação ao próximo que me interessa para este artigo.

Uma das principais tarefas na vida é saber identificar o que está sob o nosso controle. Muitas vezes, achamos que não há nada que possamos fazer. “O mundo é um lugar injusto.” “A culpa não é minha.” “A vida é isso mesmo.” Logo, deixamos de tomar ação por acreditar que somos seres separados.

Felizmente, não há nada mais poderoso do que a experiência da compaixão para provar que o objetivo supremo da humanidade é a conexão.

Em momentos de crise, como a enchente descrita por Gabriela Bordasch, a humanidade se revela através da compaixão e solidariedade. Em vez de ceder ao desespero, podemos nos unir e criar uma rede de apoio que fortalece aqueles que mais precisam, gerando um ciclo de ajuda que não pode parar.

NÓS SOMOS UM

Foi assim que surgiu o grupo “Desapegos Ajuda rs”, no WhatsApp, formado por três amigas que decidiram usar suas condições privilegiadas para impactar positivamente o mundo. Imbuídas do propósito de ajudar aqueles que perderam absolutamente tudo no Rio Grande do Sul, elas começaram uma campanha com amigas e amigas de amigas para doação de peças usadas ou novas, serviços e tudo o que pudesse arrecadar dinheiro para contribuir com as 615 mil pessoas que foram forçadas a deixar suas residências no último mês.

Tanise Sirotsky Dvoskin Dutra, amiga amada que a vida me presenteou, tem o poder de mudar a energia por onde passa. Parece até feitiçaria. A alegria e generosidade dessa gaúcha são contagiantes, e ela sabe disso. A Tati é uma das pessoas mais gratas que conheço e decidiu usar uma das suas virtudes mais notáveis para ajudar o próximo: seu poder de influenciar

“Como fazer a diferença no mundo se não tenho a fortuna da Melinda Gates ou da Mackenzie Scott?”

Autoconhecimento é a resposta.

Luciana Rodrigues

Colunista brasileira que escreve sobre temas sociais, culturais e humanitários. Em seus textos, aborda solidariedade, empatia e a importância das ações individuais e coletivas para transformar realidades.

ÁRIES

21 de março a 19 de abril

Nando Moura, como ariano, exibe características típicas de Áries, como sua atitude combativa e a disposição para falar de forma franca e sem rodeios sobre temas polêmicos, especialmente em sua abordagem política.

TOURO

20 de abril a 20 de maio

Mano Brown tem uma postura muito firme e segura sobre seus valores e opiniões, especialmente quando se trata de temas como desigualdade social e injustiça, mostrando uma determinação e resistência.

Ana Paula Henkel compartilha suas opiniões de forma firme e protetora, especialmente no que diz respeito a valores familiares e à defesa de causas em que acredita.

CÂNCER

21 de junho a 22 de julho

LEÃO

23 de julho a 22 de agosto

Miwa Kashiwagi reflete as características com sua presença marcante e sua forma vibrante de interagir com o público. Em sua atuação podem ser vistos atributos como ao amor próprio, liderança e busca por reconhecimento.

GÊMEOS

21 de maio a 20 de junho

Ian Neves possui uma habilidade natural para se conectar com diferentes públicos e tem um interesse genuíno em explorar vários temas, o que é típico de geminianos.

VIRGEM

Rita Von Hunty tem abordagem cuidadosa e informada em suas apresentações, reflexões e conteúdo que posta. Conhecida por sua crítica social inteligente e sua habilidade de debater questões complexas de maneira clara e fundamentada.

23 de agosto a 22 de setembro

LIBRA

23 de setembro a 22 de outubro

Lilia Moritz Schwarcz, sendo libriana, tem uma habilidade natural para mediar conflitos e encontrar pontos de equilíbrio, o que se reflete na maneira como ela aborda temas históricos e sociais com uma perspectiva crítica e ética.

Álvaro Borba, como capricorniano, reflete essas características em sua atuação política e influente, frequentemente mostrando uma postura focada, organizada e com um olhar voltado para a construção de uma trajetória sólida.

CAPRICÓRNIO

22 de dezembro a 19 de janeiro

ESCORPIÃO

23 de outubro a 21 de novembro

Jones Manuel se destaca por sua postura firme e engajada nas discussões políticas, o que é uma característica típica dos escorpianos, que também são muito leais mas também muito protecionistas com suas ideias e valores.

SAGITÁRIO

22 de novembro a 21 de dezembro

Felipe Castanhari, com seu estilo irreverente e curioso, reflete bem o signo. Sagitarianos também tendem a ser francos e diretos, o que também pode ser visto na forma descontraída e muitas vezes sem filtros com que se comunica com seu público.

Felipe Neto é conhecido por suas posturas críticas, abordagens inovadoras e por sempre se posicionar em discussões sociais e políticas de forma direta, buscando promover mudanças e debates sobre temas como justiça social, direitos humanos e liberdade de expressão.

AQUÁRIO

20 de janeiro a 18 de fevereiro

Matheus Sodré traz uma abordagem emocional e reflexiva em seus conteúdos., abordando temas de forma profunda e sensível. Matheus os expressa através do seu trabalho e estilo de vida, a criatividade e a busca por significado

19 de fevereiro a 20 de março

JOGO DE PALAVRAS

REPERTÓRIO

Não é do topo que se constrói Conhecimento, habilidade, caráter.

O que começa de cima, não tem base, E sem base, não há nada que lhe possa sustentar.

Sem base, O conhecimento, ahabilidade, o caráter

Hão de levantar.

Com base, O conhecimento, ahabilidade, o caráter

E com base, não há nada que lhe possa derrubar.

O repertório é construído com base,

Demora, sensível e complexa.

Hão de despencar... ...então, sabedoria se ergue de baixo.

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