Melhores espetáculos, restaurantes, e rolês para curtir com seu xodó
$ 45,00 | temp. 1 ep.1 | 2023
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FRESQUINHO
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Quem somos?
Caro leitor, a Balaio tem a proposta de enaltecer a beleza e o entretenimento que as metrópoles tem a oferecer, destacando com entusiasmo, a brasilidade presente na simplicidade do nosso cotidiano, que torna a nossa cultura tão rica. A Balaio surgiu do desejo de reingressar aqueles que foram se afastando das grandes cidades com o passar do tempo, e de certa forma, se desvilnculando das diversas oportunidades que tem a dar. Sendo assim, a ideia é trazer novos olhares para as capitais de forma diversa e contemporânea, visando a imersão dentro desses espaços, a partir de diferentes propostas.
Escola Superior de Propaganda e Marketing Design Visual DSG3A 2023/1 Projeto III: Marise de Chirico Cor, Percepção e Tendencias: Paula Csillag Ergonomia: Matheus Passaro Finanças Aplicadas de Mercado: Luis Américo Infografia: Marcello Pliger Produção Gráfica: Mara Martha Roberto Projeto Editorial e Gráfico Bruna Melo Mabell Brasil Maria Vitória Silva Milena Nogueira Vinicius Chaim
Vinicius Chaim
mabell brasil MILENA NOGUEIRA bruna melo
MAVI silva
Nossos parceiros Graduada pela Belas Artes, a artista é reconhecida por suas ilustrações presentes em exposições e capas de livros. Suas criações foram destaque em exposições mellina farias nacionais e internacionais.
Graduada em Jornalismo, reconhecida por suas análises críticas, sobre questões sociais e culturais. Sua contribuição vai além das palavras, fornecendo insights para temas contemporâneos.
Referência na captura da arquitetura contemporânea, seu trabalho foi reconhecido em exposições e palestras sobre estética arquitetônica.
Colunista e teólogo com mestrado em Filosofia, com abordagem interdisciplinar em suas colunas. Já foi Deputado e é membro em iniciativas contra a fome e sede.
nelson kon
Colunista formado em Ciências Políticas, oferece perspectivas informadas sobre desafios atuais, sendo reconhecido por análises críticas e engajamento na mídia.
nivaldo pereira
maria hom
selv
Colunista com formação em Comunicação Social, destaca-se por sua escrita reflexiva e provocativa. Ativa em movimentos sociais, contribui para debates sobre questões contemporâneas.
viviane s
mem
vino heck
sarmento
Restaurantes para levar seu xodó
18 DESFRUTE
Passeios românticos para curtir a 2
22 BAMBAMBÃ
Melhores espetáculos para levar seu xódo
CHEIRINHO
IMPERDÍVEL
14 DEGUSTE
26 VEIO PRA FICAR O Novo Sesc: Um mergulho
30 CIRCULANDO Como se locomover
32 FOLIA
A mistura das cores da cidade
42 ACONTECE POR AQUI Veja a Bienal do Livro
46 DIVERSÃO POR AQUI Vila Madalêna: arte e boêmia
FRESQUINHO
50 8 TIPOS DE AMOR
Os 8 tipos de amor segundo os gregos
58 EVOLUÇÃO DO AMOR
Será que as pessoas nasceram pra amar?
66 AMOR DIGITAL
Evolução do conceito do corpo na era digital
74 TODOS QUEREM AMOR Entrevista com Jorge Forbes
07 PESO MAIS LEVE
O peso do ódio levantado pelo amor
82 AINDA ROMÂNTICO
É sempre que voltamos a falar de amor
IMPERDíVEL
Ainda há amor O predio iconico do Copan, e histórias de amor que aconteceram dentro dele
“Conheci meu marido no Copan”, finaliza Chico. “Ele morava no 27º andar e eu no 28º. Dividíamos o elevador porque lá os elevadores atendem de dois em dois andares. E começamos a nos falar por bilhetes embaixo da porta”, lembra.
O Bloco no terréo ocupa mais de 72 lojas incluindo restaurantes, e a famosa Livraria Megafauna.
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Com 6 blocos únicos, é o Brasil concentrado em apenas um cep, 1.160 apartamentos e 32 andares. Os 6 blocos são dividídos assim:
A Livraria Megafauna é uma das livrarias mais diversas e mais bonitas de São Paulo, tudo no famoso S do centro. O Magg Café Copan, com seu aroma de café fresco, foi o cenário onde Lucas e Sofia se apaixonaram, com cada xícara de café simbolizando seu amor crescente. Hoje, com 35 anos juntos, ainda tomam café no Copan. Os sons e ruídos das taças brindando entre os casais reverberam pelo Paloma, um dos mais românticos restaurantes anunciando: Há Amor No Copan! Uma videolocadora sobreviveu à pandemia, graças ao amor e a paxião de seu dono!
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IMPERDíVEL
Restaurantes para levar seu xodó Aonde vão os apaixonados? Em algum lugar comer, obviamente. Aqui pode descobrir onde levar seu xodó
JACARANDÁ
Renomado, o restaurante esbanja não apenas um agradável jardim ao redor de uma centenária árvore Jacarandá, como também uma cozinha focada no ingrediente e respeito à natureza orgânica do produto e premiada pela mídia especializada. Ali se destaca o preparo de clássicos de carnes argentinos, peixes e frutos do mar na brasa e diversos deliocosos acompanhamentos. Local Rua Alves Guimarães, 153 Preço $ $ $ $ Avaliação
LASSÙ
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O restaurante giratório tem vista para a silhueta urbana, revelando pontos como o Pico do Jaraguá e a Serra do Mar. Intimista, costuma abrigar casais nas alturas. Sob comando do chef Schoendorfer, a cozinha preza por receitas italianas com a valorização de ingredientes brasileiros. Tem opções como o risoto de queijo mascarpone e legumes orgânicos e o risoto brasileiro, com carne de sol, abóbora, manteiga de garrafa e castanha de caju. Local Conselheiro Saraiva, 207 Preço $ $ $ Avaliação
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PRAÇA SÃO LOURENÇO
Em um amplo espaço, o restaurante reúne casais em uma bela área arborizada ao ar livre. Durante o almoço, o público tem opções self-service no buffet, facilitando as escolhas pessoais. Ao anoitecer, o jantar é menu à la carte, contando com nhoque grelhado com queijo canastra, vegetais assados e pesto de manjericão. No friozinho, os apaixonados pedem o fondue. Local Rua Casa do Ator, 608 Vila Olímpia Preço $ $ $ Avaliação
ORFEU
O bar e restaurante de comida brasileira tem mesinhas na calçada e estrutura mais aberta, dialogando com a rua ao lado do Copan. No andar superior, o clima é mais intimista, com luz baixa e cochichos ao pé do ouvido. O mais pedido da casa é o arroz Brasil, que mistura paio, carne seca, couve, cebola, alho, tomate e queijo coalho. Quer saber da melhor parte? Tem multiplas belas opções vegetarianas que vão além de saladinhas e entradinhas! A equipe Balaio super recomenda! Local Avenida Ipiranga, 318 Bloco A Preço $ $ Avaliação
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IMPERDíVEL
SARGENTO GARCIA
Mantendo as portas abertas fora do eixo Centro-Zona Sul há mais de 25 anos, o restaurante é um dos mais charmosos e tradicionais da região Norte. Com mesas ao ar livre e pratos sofisticados, coloca em destaque a cozinha mediterrânea, incluindo lula grelhada, linguado ao molho de laranja, e posta de salmão ao forno em crosta de gergelim, acompanha palmito gratinado e saladinha de couve.
Local Rua Padre Luciano, 154 Jardim Preço $ $ $ $ Avaliação
VIE ROSE
Esbanjando da charme do jardim ao seu interior, o restaurante costuma ser palco para noivados e celebrações de casamentos que fogem do convencional. O menu contemporâneo tem opções vegetarianas e veganas, como o cuscuz marroquino e o risoto de cogumelos com azeite trufado. Quem come carne pode pedir os dos destaques da casa: o bacalhau com batatas ao murro, cebola caramelizada e tomate confit, e a moqueca de peixe. Local Rua Vupabussu, 199 Pinheiros Preço $ $ $ Avaliação
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SEEN SÃO PAULO
Poderia ser em Nova Iorque, mas é em São Paulo. Com ar vintage na decoração Art Déco e ao mesmo tempo moderno, o Seen é um dos bares mais frequentados por casais em busca de um cantinho para surpreender a pessoa amada. O menu inclui o wagyu burger, com cheddar, e steak fries; e o arroz de frutos do mar, além de porções, drinks autorais, opções para veganos, vegetarianos e celíacos. Local Rua Alameda Santos, 1437 Jardim Preço $ $ $ $ $ Avaliação
CIAO VINO & BIRRA
O charmoso gastrobar italiano próximo a Avenida Paulista é ideal para um encontro mais descontraído, sem perder o tom romântico. Entre as boas pedidas para começar está o bolinho de risoto recheado de ossobuco e mozarela. No menu de massas, uma das boas pedidas é o Ravioli di Gamberi, ao molho de lambrusco. Quem gosta de uma coisinha diferente pode se apaixonar pelo nhoque de batata doce roxa ao molho de brie, parmesão e rúcula. Local Rua Tutóia , 451 Paraíso Preço $ $ $ $ Avaliação
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IMPERDíVEL
Passeios românticos para curtir a dois Sim, existe amor em sp não faltam lugares legais em São Paulo para namorar, de espaços culturais a ruas charmosas
SALA SÃO PAULO
Ir a Sala São Paulo é uma experiência incrível. A começar pela beleza do edifício neoclássico, uma antiga estação ferroviária onde está instalada a sala de concertos. Quase todos os domingos, às 11h da manhã, há concertos gratuitos da oesp. Além disso, é possível agendar uma visita monitorada para conhecer a histórica da estação. Local Praça Júlio Prestes, 16, Elísios Entrada R$ 30.00 Avaliação
PRAÇA DO PÔR DO SOL
Para passar o fim de tarde bem juntinho! Não é à toa que a praça tem esse nome. Assistir ao pôr do sol dali é realmente uma experiência bem bacana - e potencialmente romântica! Convém levar canga ou esteira para sentar no gramado e levar petiscos ou bebidinhas para improvisar um piquenique. E se tudo isso for feito a dois, melhor ainda! É um passeio gostoso pra quem gosta de aproveitar o dia ao ar livre, fora de casa, vendo o pôr do sol. Local Praça Custódio Fernandes, 334 Pinheiros Entrada Gratuíta Avaliação
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JARDIM BOTÂNICO
Passeio romântico em meio à natureza. Lago das Ninfeias, no Jardim Botânico de São Paulo. Se o casal gosta de natureza, um passeio no Jardim Botânico é uma excelente pedida! Na primavera, algumas árvores, como o manacá-de-cheiro e a quaresmeira, ficam cheias de flores. O passeio tem tudo para ser um dos melhores momentos românticos! Local Praça Avenida Miguel Estéfano, 3031 Entrada R$ 30.00 Avaliação
REPRESA GUARAPIRANGA
Sim, é possível fazer um passeio de lancha em São Paulo! Quando dizem que nesta cidade tem de tudo, as pessoas não estão exagerando. Para os casais que querem fugir do concreto e do caos urbano, uma das melhores opções está na zona sul da cidade, a poucos minutos do centro. Há empresas que oferecem passeios personalizados, com pacotes que incluem almoço ou jantar. Basta agendar um passeio com as empresas que prestam esse serviço. Local Praça Avenida Miguel Estéfano, 3031 Entrada Gratuíta Avaliação
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IMPERDíVEL
PASSEIO NA PAULISTA
Um passeio bem paulistano, e super recomendável para se fazer a dois, é dar um rolê na Paulista. De preferência aos domingos, quando a avenida fica aberta aos pedestres, e dá para caminhar sem pressa. Um passeio pelo Parque do Trianon. Para fechar, nada melhor do que um cineminha - e nesta região o que não faltam são opções, seja na Rua da Consolação, na Augusta, na Frei Caneca. Local Avenida Paulista, Bela Vista Entrada Gratuíta Avaliação
PARQUE DA CANTAREIRA
Um espaço da cidade com remanescentes da Mata Atlântica, ideal para ser visitado ao lado de quem a gente gosta! O Parque Estadual da Cantareira tem 79,2 km² e é uma das maiores áreas do mundo com esse tipo de bioma. Lá dá para fazer piqueniques, trilhas (são várias opções), visitar cachoeiras e acessar mirantes com mais de 1.000 m de altitude. O Parque é um lugar lindo para outro passeio diferenciado e ao ar livre. É um lugar muito deslumbrante! Local Rua do Horto, 1799 Horto Florestal Entrada R$ 37.00 Avaliação
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THEATRO MUNICIPAL
Quando o assunto é arte, uma das maiores referências da cidade de São Paulo é o Theatro Municipal, localizado no centro histórico da cidade, bem ao lado do famoso Viaduto do Chá. Com mais de 100 anos de história, a maior casa de óperas do Brasil conta com os mais diversos e incríveis espetáculos. Ótima opção para os casais que gostam de agregar cultura ao seu passeio romântico. Local Praça Ramos De Azevedo Entrada Gratuíta Avaliação
PARQUE DO CARMO
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O Parque do Carmo é o segundo maior da cidade de São Paulo - um refúgio verde na zona leste da capital! Para um passeio romântico, é ideal. O parque conta com espaços para piqueniques, um enorme bosque e lagos naturais. Passear a dois no meio da natureza é muito legal, não é mesmo? Mas mais legal ainda é fazer isso na época da florada das cerejeiras, em agosto. O parque conta com milhares de exemplares dessa árvore que é um dos símbolos do Japão. Local Av. Afonso De Sampaio Soua 951 Entrada Gratuíta Avaliação
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IMPERDíVEL
Melhores espetáculos para levar seu xódo Explore a cena cultural juntos e encante seu xodózinho com os melhores espetáculos. Crie memorias na bela cidade!
AQUÁRIO DE SP
Visitar o Aquário de São Paulo é uma experiência fascinante, repleta de encanto desde o momento em que se depara com a imponente estrutura do local. Situado em um ambiente moderno, o aquário oferece uma jornada única pelos mistérios do mundo marinho. O edifício, projetado de maneira envolvente serve como um mergulho visual. Local Rua Ada Negri, 448 Santo Amaro Preço $ $ $ Avaliação
SALA SÃO PAULO
A Sala São Paulo é uma preciosidade da cidade, reverenciada por sua acústica impecável e sua atmosfera grandiosa. Como lar da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, o local oferece performances musicais espetaculares, desde concertos de música clássica até apresentações contemporâneas. Se você é apaixonado por música e busca uma experiência que envolva os sentidos, a Sala São Paulo é o lugar perfeito para se maravilhar com belas performances. Local Pça Julio Prestes, 16 Campo Elíseos Preço $ $ Avaliação
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TEATRO SESI SP
O Teatro Sesi SP é um espaço cultural multifacetado que traz uma variedade de produções teatrais de alta qualidade. Com um compromisso com a diversidade e a inovação, o teatro oferece uma ampla gama de peças que vão desde o drama até a comédia, atingindo uma vasta gama de emoções, assim atendendo a diferentes gostos e idades. Local Av. Paulista 1313, Jardins Preço $ Avaliação
CENTRO CULTURAL FIESP
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O Centro Cultural Fiesp é um espaço dedicado a exposições culturais e artísticas contemporâneas. Com um olhar voltado para a interatividade e a experimentação, este centro promove mostras que desafiam conceitos e estimulam a reflexão. Se você deseja explorar as fronteiras da arte moderna e contemporânea e experimentar exposições que desafiam o status quo, o Centro Cultural Fiesp é o lugar ideal para ampliar seus horizontes culturais. Local Avenida. Paulista 1313, Jardins Preço $ Avaliação
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IMPERDíVEL
SESC INTERLAGOS
O Centro de Cultura e Lazer Sesc Interlagos oferece um refúgio da agitação urbana em São Paulo. Situado em meio à natureza, este espaço proporciona uma variedade de atividades ao ar livre, como trilhas e esportes, além de eventos culturais e exposições. Se você busca uma pausa relaxante e cultural em meio à beleza natural, é o destino perfeito para apreciar eventos culturais. Local Av. Manual Alves, 1100 Parque Colonial Preço $ $ $ Avaliação
TEATRO RAUL CORTEZ
O Teatro Raul Cortez é um tesouro escondido no cenário cultural de São Paulo. Este teatro oferece uma seleção diversificada de peças teatrais, que vão desde clássicos até produções contemporâneas. Com seu ambiente íntimo e aconchegante, é o lugar ideal para apreciar performances teatrais de alta qualidade e mergulhar no mundo das artes cênicas e teatro. Local Rua Dr. Plínio Barreto, 285 Bela Vista Preço $ $ $ Avaliação
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TEATRO SESC SANTO AMARO Divulgação
O Teatro Sesc Santo Amaro é uma importante referência para os amantes das artes cênicas em São Paulo. Com uma programação variada que abrange peças teatrais, musicais e dança, o teatro oferece uma experiência cultural diversificada e de qualidade. Se você deseja desfrutar de espetáculos emocionantes e se envolver com a cena teatral de São Paulo, é a sua opção. Local Rua Amador Bueno, 505 Santo Amaro Preço $ $ Avaliação
TEATRO SESC ANCHIETA
O Teatro Sesc Anchieta é um espaço que abraça a diversidade artística, apresentando uma gama de espetáculos que vão desde produções teatrais até apresentações musicais e de dança. Com uma atmosfera aconchegante e acolhedora, é o lugar ideal para desfrutar ao vivo de alta qualidade e explorar as diferentes expressões artísticas das mais belas performances do teatro. Local Rua Dr. Vila Nova 245, Vila Buarque Preço $ $ Avaliação
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CHEIRINHO
Sesc 14 Bis Conheça
Conheça a mais nova instalação do querido Sesc e seu mais novo espaço cultural no bixiga texto CLAYTON MELO
O Sesc abriu mais uma unidade, com isso vem mais cultura, e mais atrações
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Sesc 14 Bis abre no Bixiga com três andares com teatro, cafeteria,exposição, atividades físicas e lúdicas para crianças e adolescentes de todas as idades. Um novo Sesc entrou em funcionamento na região central de São Paulo. A unidade Sesc 14 Bis, em frente à praça de mesmo nome, no Bixiga, abriu as portas no dia 6 de outubro de 2023.O novo Sesc 14 Bis fica no local onde funcionava o prédio da Fecomércio, e já tinha um importante e renomado teatro. o Teatro Raul Cortez. Com 513 lugares, ele será um dos maiores da rede Sesc na cidade e além de peças de teatro terá espetáculos de música, dança, circo e cinema. Nesta fase inicial, três pisos do edifício estarão abertos ao público. O térreo, com espaço para exposições,loja, biblioteca e cafeteria, o primeiro andar, para atividades físicas e o terceiro, onde fica o teatro. É localizado num lugar amplo e grande, balaio.com.br
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O endereço é Rua Dr. Plínio Barreto, 285, e o local tem um amplo estacionamento no subsolo, com vagas para carros, motos e bicicletas. O projeto completo prevê ainda a instalação de um restaurante (comedoria, na nomenclatura do Sesc) e a criação de outros espaços para lazer. O Sesc 14 Bis é a primeira das três unidades anunciadas pelo Sesc na região a abrir as portas. A entidade vai ainda ocupar o antigo prédio do Mappin, como sede administrativa, e restaurar e reformar o prédio do tbc (Teatro Brasileiro de Comédia), também no Bixiga. Instalada numa região com centenas de espaços culturais e uma história rica, balaio
desde a ocupação pela população negra, afrodiaspórica, e posteriormente se firmando como um bairro de imigração italiana, o Sesc 14 Bis nasce com o objetivo de se tornar um ponto de conexões entre culturas e um local de encontro dos moradores e visitantes da região, segundo o diretor do Sesc São Paulo, Danilo Miranda. “O edifício se estabelecerá como um ponto de encontros. Uma praça como lugar de estar, do debate, do brincar e da promoção da democracia ativa como um exercício da cidadania plena. Essa unidade do Sesc chega para ser um espaço de coletividade e diálogo, em uma região marcada pela pulsante vida 27
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O Sesc, do sistema S, é um dos maiores expositores da nossa cultura brasileira no país inteiro.
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cultural com seus centros históricos, espaços cênicos de relevância e coletivos artísticos, estes responsáveis por manter vivo o ‘espírito de bairro’, mesmo num território central da cidade e verticalizado”, diz Danilo Miranda. Conheça os espaços que já estão em funcionamento no Sesc 14 Bis Térreo. Praça de Convivência: com pé direito duplo proporcionando o diálogo do edifício com a rua e o seu entorno, dará as boas-vindas ao visitante. Um ambiente para encontros e realização de atividades. Espaço de Leitura: incentiva a troca de experiências literárias, culturais e educativas, com objetivo de promover o acesso ao livro e ao ato de ler. balaio.com.br
Espaço de Brincar: instalação para bebês e crianças de até seis anos de idade, acompanhadas de responsável, que contempla a ideia da convivência. Biblioteca: instalada em piso elevado para dialogar com todo o espaço de convivência a sua volta e com acervo de 3 mil títulos para empréstimo, entre obras de literatura brasileira, estrangeira, quadrinhos, poesia e artes, além de conteúdos que contemplam as principais áreas de atuação do Sesc, como meio ambiente, esporte e saúde. Jornais e revistas também serão disponibilizados para leitura no local. Loja Sesc: ponto de convívio livre e para comercialização de produtos balaio
customizados, dos títulos publicados pela Edições Sesc e dos cds e dvds lançados e destribuídos pelo Selo Sesc. Sala de apoio à família: com poltrona para amamentação, micro-ondas, purificador de água, pia e bancada de apoio para todos da sua família. Está o Teatro Raul Cortez que a partir de agora passa a incorporar à sua programação outras linguagens Raul Cortez será um dos maiores da rede Sesc na capital. Para os espetáculos com cobrança de ingresso, a política de preços vai seguir o padrão da rede Sesc e a aquisição será via internet ou na bilheteria das unidades. É recomendado visitar imediatamente! 29
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Como se locomover
Algumas ajudas de como se locomover em São Paulo, separados especialmente para você texto VINICIUS CHAIM
O metro de São Paulo é um testamento e padrão alto de qualidade para o mundo todo.
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A Balaio sempre quer refletir de maneiras diferentes sobre o que você pode fazer, e com quem. Queremos destacar opções importantes para você conseguir se locomover. São Paulo tem muitas opções, incluindo o sistema de metro de São Paulo. Você sabia, que o metro de São Paulo é considerado um dos sistema metroviarios mais avançados do mundo? É barato, prático, e extremamente organizado. Então, incluimos não somente um mapa de São Paulo e suas áreas turisticas famosas, mas também o mapa da própria cptm, que ajuda muito a se locomover, até para lugares onde o pequeno mapa turístico não consegue demonstrar. O metrô é extremamente prático porque é a opção e transporte mais prática, rápida, limpa, eficiente, e confortável. Sem contar que estações são facilmente identificáveis, especialmente com ajuda do mapinha! balaio.com.br
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A mistura das cores da cidade
Um destaque fotográfico que demonstra a diversidade, a cor e a alegria totalmente misturada na cidade. fotos NELSON KON
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Bairro Liberdade balaio
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Parque Burle Marx
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Avenida Paulista balaio
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Veja a Bienal do livro Para casais que compartilham o amor pela literatura, perfeito para explorar juntos texto AMANDA BARBOZA
A BIenal do Livro é casa para todos fanáticos de literatura
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Antes de tudo, quero deixar evidente que o posicionamento abordado neste texto tem relação com a experiência direta que tive na Bienal do Livro 2023. Tudo aquilo que senti durante a passagem em cada estande expositor e em perceber a energia das pessoas que estavam presentes no evento literário. Uma bienal, frequentemente chamada de Bienal do Livro ou Feira do Livro, é um evento cultural que ocorre regularmente em várias cidades ao redor do mundo. O principal objetivo de uma bienal é promover a literatura e a leitura, fornecendo um espaço onde editoras, autores, leitores e entusiastas do mundo literário podem se reunir. Geralmente, esses eventos incluem a exposição e venda de livros, sessões de autógrafos, palestras, de debates, atividades interativas e uma bela variedade de outras atrações relacionadas à literatura. A Bienal do Livro é um evento cultural perfeito sobre tudo literatura. balaio.com.br
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Aqui estão algumas razões pelas quais uma bienal é benéfica para casais: Compartilhamento de interesses: Uma bienal do livro é um local onde casais que compartilham um interesse comum pela leitura e literatura podem se reunir. Isso proporciona uma oportunidade valiosa para compartilhar paixões e descobrir novos livros, autores e gêneros juntos. Exploração conjunta: Um casal pode explorar juntos os corredores da bienal, descobrindo livros que sejam do interesse de ambos. Isso pode levar a conversas animadas sobre literatura, o que é uma ótima maneira de se conectar e construir uma compreensão mais profunda um do outro, de uma maneira menos superficial. balaio
Atividades culturais: Além de ser um lugar para comprar livros, uma bienal muitas vezes oferece atividades culturais, como palestras de autores, debates literários e apresentações artísticas. Participar dessas atividades juntos pode enriquecer a experiência do casal e criar memórias compartilhadas. O evento é um encontro entre editoras e amantes de livros que puderam usufruir de um espaço inteiramente e literalmente repleto de narrativas. A Bienal do Livro é um momento muito esperado por quem ama um bom livro, e também, para quem está super ansioso por aquela sessão de autógrafos do autor preferido, que acabou de lançar uma 43
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A BIENAL DO LIVRO é um destino imperdível
A Bienal é casa para muitos grandes lamçamentos de grandes livros
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obra que já virou uma das queridinhas em todas as estantes. Esse ano, entre palavras e estandes de editoras, foi possível identificar entre crianças e adultos, um incentivo literário muito latente. A feira em si traz a possibilidade de encontros e novos aprendizados, nada mais envolvente que um ambiente repleto de literatura. Em 2023, o encontro mesclou todas as idades e possibilitou que bons encontros fossem destacados. Entre crianças e adultos, a vontade de trazer novas chances de incentivar os mais jovens sobre o poder da leitura é um ponto importante de se destacar. Todos tiveram a chance de aproveitar a Bienal. balaio.com.br
Mais do que um momento de encontrar bons livros a um bom preço (com tempo e paciência de buscar durante toda a feira), a Bienal do Livro possibilita conhecer e reconhecer obras. Além disso, um espaço destinado às crianças, para que se sintam dentro desse universo literário e que percebam o quanto a exploração da imaginação é importante. Tudo isso fica evidente, com a proposta de abraçar mais jovem, para que mais pessoas no futuro tenham interesse e mais acesso à produções literárias. O evento contou com muita diversidade e mostrou o que de fato é a presença da nova geração de leitores e balaio
autores, sem deixar de lado a essência dos clássicos, das escritas mais antigas. Isso tudo, ligando a literatura que atravessa gerações e se transforma através dos anos. O destaque de que mesmo com o decorrer do tempo, sempre é possível proporcionar a importância do livro para as pessoas. As editoras presentes foram para todos os gostos, desde romances adolescentes até para aqueles que amam um universo mais místico, de terror ou curioso, fora do comum. Então, essa Bienal do Livro mal acabou e já estamos ansiosos pela próxima, não é mesmo? A equipe da Balaio super recomenda ir pra Bienal. 45
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Vila Madalena arte e boêmia
O bairro é casa de alguns dos bares e das artes de rua mais legais na cidade texto NARLEY RESENDE
Em 2021, Vila Madalena foi votado o melhor bairro de arte e boêmia
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A história da Vila Madalena é uma saga complexa e fascinante que reflete a própria evolução de São Paulo como uma metrópole vibrante e culturalmente rica. Inicialmente, o bairro era um reduto operário, uma peça fundamental na engrenagem da revolução industrial da cidade. No entanto, sua metamorfose nas décadas de 1970 e 1980 marcou uma reviravolta extremamente notável em sua gigantesca trajetória. A proximidade com a Universidade de São Paulo (usp) foi um dos principais impulsionadores dessa transformação. Estudantes, professores e intelectuais foram atraídos para a área, trazendo consigo um influxo de criatividade e ideias inovadoras. Isso deu início a uma explosão de expressão cultural e artística que transformou a Vila Madalena em um dos bairros mais efervescentes e influentes de São Paulo. Vila Madalena então se tornou um dos bairros mais prominentes. balaio.com.br
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O Beco do Batman, no coração da Vila Madalena, se destaca como um farol dessa renovação. Este estreito beco se tornou uma das maiores galerias a céu aberto de grafite no Brasil, um testemunho impressionante da arte urbana. Grafitadores locais e internacionais convergem para o beco, transformando suas paredes em um palco dinâmico e em constante mudança. Cada centímetro do Beco do Batman é uma tela viva, onde histórias, críticas sociais e manifestações culturais são expressas em cores vibrantes e formas cativantes. Caminhar por esse beco é embarcar em viagem cultural onde a criatividade é a linguagem que todos entendem. balaio
Além da vibrante vida cultural e noturna, a Vila Madalena também é um bairro que abraça sua herança histórica. Ruas arborizadas, casas antigas e uma atmosfera acolhedora permeiam suas vielas. Os murais de grafite contrastam harmoniosamente com a arquitetura tradicional, criando uma sensação única de passado e presente coexistindo. Isso atrai uma ampla gama de visitantes, desde amantes da arte até aqueles que buscam o charme de um bairro histórico com um toque moderno. É um testemunho da capacidade da Vila Madalena de fundir com sucesso tradição e inovação, proporcionando uma experiência rica e diversificada. 47
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o noturno é forma de celebração da diversidade musical e da energia
A Vila Madalena é um dos maiores bairros artísticos de São Paulo, e ele contém artes.
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Quando o sol se põe, o bairro se transforma em um epicentro de vida noturna. A Rua Fidalga, por exemplo, metamorfoseia-se de um local tranquilo durante o dia, em um agitado corredor de entretenimento à noite. Os bares, restaurantes e casas de shows oferecem uma variedade de experiências musicais, desde a música ao vivo até as batidas eletrônicas pulsantes. O ambiente noturno é uma celebração da diversidade musical e da energia de São Paulo. Nos últimos anos, um movimento de ocupação das ruas à noite tomou forma na Vila Madalena. As pessoas deixaram de frequentar ambientes fechados e passaram a aproveitar o espaço público, balaio.com.br
criando uma atmosfera de festa nas ruas e calçadas. Os bares continuam a ser os protagonistas da vida noturna, oferecendo experiências autênticas e imersivas para aqueles que buscam a agitação e a convivência ao ar livre. A Vila Madalena é um oásis de diversidade cultural e musical. Os estabelecimentos abraçam uma ampla gama de gêneros musicais, desde o samba, o rock e o reggae até o hip-hop. Isso reflete a riqueza de São Paulo como uma cidade onde culturas e influências de todo o mundo se misturam e se manifestam em harmonia. Vila Madalena se torna verdadeiramente especial e única por causa de tudo isso. balaio
Também existe um senso de comunidade que envolve o bairro. Moradores e visitantes compartilham um sentimento de pertencimento a algo maior, independentemente de suas origens ou preferências pessoais, criando uma sensação de união que transcende barreiras culturais e sociais. Resumindo, a Vila Madalena é um microcosmo de São Paulo, onde o passado e o presente se entrelaçam para celebrar a cultura, a criatividade e a vida noturna. É uma experiência que capta o espírito diversificado de São Paulo, com suas ruas transformadas em galerias de arte e música que enche o ar, unindo a comunidade para celebrar a cultura. 49
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Os 8 tipos de amor
EM TEMPOS DESAFIADORES, É SEMPRE QUE VOLTAMOS A FALAR SOBRE O AMOR texto NIVALDO PEREIRA ilustração HUGO ALBERTO
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Sabemos que o amor que sentimos por um amigo, membro da família, um filho ou parceiro romântico são coisas totalmente diferentes. Na verdade, existem várias maneiras de amar alguém, mas para diferentes tipos de sentimento existe apenas uma palavra: “amor”. É por isso que os gregos criaram oito palavras diferentes para os muitos tipos de amor que comummente experimentamos ao longo da nossa vida. De acordo com a psicóloga clínica Kristina Hallett disse: “certamente podemos amar as pessoas de várias maneiras, e muitas vezes fazemos isso. Quando pensamos sobre as diferentes palavras gregas para amor, é possível ver como elas se conectam às categorias maiores de amor apaixonado e compassivo”. A questão do que significa amar alguém tem sido a inspiração por trás de tantas músicas por um motivo: é uma emoção muito complicada que todos nós experimentamos de maneira diferente. Mas se quer saber quais são os tipos de amor que existem, veja a lista abaixo onde apresentamos os oito tipos de amor descritos na língua grega:
EROS
Amor apaixonado Eros, o amor apaixonado, é um dos tipos mais conhecidos e celebrados de amor, pois está intrinsecamente relacionado ao romance, à paixão e à atração. É uma emoção avassaladora que define os estágios iniciais de um relacionamento, envolvendo a 52
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86% de bons relacionamentos tem ótima comunicação
sensação inebriante e emocionante que a atração mútua pode desencadear. Vamos explorar mais a fundo esse tipo de amor que é frequentemente associado ao desejo e à intensidade dos sentimentos: O Eros é descrito por Kristina Hallet como "a química que une as duas pessoas quando se conhecem". É a faísca inicial que incendeia a atração e o desejo, levando à criação de conexões românticas profundas e apaixonadas. Essa fase de Eros pode ser comparada à fase de "lua de mel" em um relacionamento, na qual tudo parece mágico e emocionante. É fundamental lembrar que o Eros desempenha um papel vital na paixão. e o romance em relacionamentos duradouros. Manter viva a chama do Eros requer um grande esforço e dedicação contínuos, pois é fácil cair na rotina monotona e na complacência à medida que o tempo vai passando.
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a Química une AS duas pessoas quando se conhecem
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PRAGMA
Amor duradouro O Pragma é traduzido como “amor prático”, referindo-se ao tipo de amor baseado no dever, no compromisso e na praticidade. Embora isso se possa aplicar bem ao tipo de amor que floresce num casamento, este também é o amor que vê em relações de longa data. O Pragma requer um compromisso mútuo e pode ser pensado como uma escolha consciente ou talvez como o tipo de amor que leva anos para se desenvolver por meio de vínculos e as diversas experiências que seram sempre partilhadas.
LUDUS
Amor lúdico Ludus é divertido, alegre, sem as cordas que vêm com o Eros ou Pragma.
Pode ser visto nos estágios mais iniciais dos relacionamentos, quando duas pessoas se estão a apaixonar. Muitas vezes envolve rir e provocar. É muito infantil nesse sentido, embora possa evoluir com o passar do tempo.
ÁGAPE
Amor universal Ágape é amor abnegado. Kristina Hallett descreve este amor como um amor compassivo por todos, também conhecido como bondade amorosa universal. É o amor que sente por todas as coisas vivas sem questionar. É um amor muito puro e consciente. É semelhante ao que, às vezes, chamamos de amor incondicional, um amor que não pode ser quebrado por nada.
PHILIA
Amizade profunda Philia é o amor que se desenvolve ao longo de uma amizade profunda e duradoura. É platónico, mas, no entanto, sente-se muito próximo das pessoas em quem confia e respeita a um nível muito pessoal criando assim uma grande intimidade. anto as relações românticas.
PHILAUTIA
Amor-próprio Este amor tem tudo a ver com amorpróprio e autocompaixão. Pode parecer óbvio, mas o relacionamento que temos balaio
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conosco é muito importante e, sim, precisa de ser cultivado. Philautia é importante para a nossa própria confiança e autoestima, e também influencia a forma como interagimos e enxergamos com o universo que está sempre em nossa volta.
STORGE
Amor familiar Storge é o amor partilhado entre os membros da família e, às vezes, amigos próximos da família ou amigos de infância. Ele difere da philia no sentido de que é reforçado por sangue, memórias antigas e familiaridade. Há um motivo pelo qual as pessoas sempre dizem que “os amigos são a família que se escolhe”.
MANIA
Amor obsessivo Mania, o amor obsessivo, é um tipo de amor que, embora alguns possam argumentar que não se enquadra na categoria tradicional de "amor", ainda é reconhecido e definido na rica tapeçaria dos tipos de amor gregos. Mania é um fenômeno complexo que aborda relacionamentos que muitas vezes são descritos como tóxicos. Vamos explorar mais a fundo esse intrigante tipo de amor que os gregos antigos identificaram: Mania envolve um intenso desejo e uma necessidade profunda de estar próximo de alguém, muitas vezes em um grau
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Philautia é importante verificações frequentes, para a nossa comportamentos controladores e, em extremos, até violência. Sabemos própria casos que o amor que sentimos por um amigo, confiança membro da família, um filho ou parceiro extremo. É caracterizado por uma ligação que transcende a racionalidade e pode resultar em comportamentos obsessivos, possessivos e até mesmo autodestrutivos. No cerne da Mania, encontra-se a busca desesperada por validação, segurança emocional e um senso de pertencimento. A Mania, quando desequilibrada, pode se transformar em um ciclo vicioso de dependência emocional. Aqueles que sofrem de Mania muitas vezes sentem um medo avassalador de perder o objeto de seu afeto, levando a comportamentos de perseguição e tentativas desesperadas de manter o relacionamento a qualquer custo. Isso se manifesta em mensagens incessantes,
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romântico são coisas totalmente diferentes. Na verdade, existem várias maneiras de amar alguém, mas para diferentes tipos de sentimento existe apenas uma palavra: “amor”. Em comparação O Pragma é traduzido como “amor prático”, referindo-se ao tipo de amor baseado no dever, no compromisso e na praticidade. Embora isso se possa aplicar bem ao tipo de amor que floresce num casamento, este também é o amor que vê em relações de longa data. O Pragma requer um compromisso mútuo e uma escolha consciente. É fundamental lembrar que o Eros desempenha um papel vital na paixão. e o romance em relacionamentos duradouros. Manter viva a chama do Eros requer um grande esforço e dedicação contínuos, pois é fácil cair na rotina monotona e na complacência à medida que o tempo vai passando.
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A evolução do amor SEGUNDO A ANTROPÓLOGA HELEN FISHER, AS PESSOAS NASCERAM PRA AMAR texto VALERIO SABETER ilustração KIM HYERIM
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Não importa se são amores que dão mais ou menos certo, esse sentimento intenso e complexo é uma fonte da existência humana, da criatividade, e também de muitas de nossas preocupações. Por isso, conhecer a evolução do amor em uma relação amorosa permite que nos aprofundamos nessa própria essência de nós mesmos que é amar, sendo ela a dois ou mais. Se eu dissesse agora que o “o amor é tudo”, muitos de vocês olhariam para essa afirmação com ceticismo. Culturalmente costumamos ser, pelo menos em geral, um pouco cínicos com essa ideia. Se olharmos a partir de um ponto de vista biológico e até mesmo antropológico, no entanto, essa sensação, esse impulso de vida e de revolução foi o que nos permitiu tornar o que somos como espécie nesse planeta. Porque o amor não apenas facilita a consolidação de um casal, como também a aparição de filhos entre eles. “A paixão é mais rápida de se desenvolver, mas também mais rápida para desaparecer. A intimidade se desenvolve mais lentamente, e o compromisso é mais gradual ainda”. – Robert Stenberg O afeto dá lugar a uma cooperação, permitindo que uma pessoa se envolva no cuidado e na atenção a outro ser. O amor nos dá fôlego, de forma que reduz a ansiedade e o estresse, apaga os medos e inclusive desperta o nosso lado mais criativo. Entender, portanto, todas as suas mudanças e se aprofundar na forma como o amor evolui dentro de um relacionamento amoroso permitirá ver como cada etapa, cada fase em nossas
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relações, tem seus próprios benefícios, funções, e seu próprio sentido. Um sentimento variável, porém sólido. Gerald Huther, neurobiólogo e professor de neurobiologia da Universidade de Göttingen na Alemanha, oferece algumas concepções bastante interessantes. Ele fala sobre a evolução do ser humano, a nossa evolução. Segundo esse pesquisador, até o momento a ciência sempre enfatizou o conceito da evolução por meio da seleção natural. Também ressaltou o princípio da sobrevivência baseada no indivíduo mais apto ou adaptado ao ambiente. No entanto, para o professor Huther, o que realmente fez a espécie humana avançar não foi nada além dos delicados e incrivelmente sólidos laços do amor. Ao mesmo tempo, se há algo que a maioria de nós sabe é que o amor, esse material que não pode ser tocado nem observado sob a lente de um microscópio, nem sempre dura ou permanece igual. Surgem os obstáculos. Surgem os desafios, as desilusões. A paixão é a etapa da qual muitas pessoas gostam mais. A paixão, cheia de mistérios, fantasias e descobertas variadas. Aquele momento em que temos em nós uma bomba prestes a explodir, carregada de dopamina, serotonina, oxitocina, noradrenalina. Tudo é muito intenso, as emoções são avassaladoras. Nada pode ser mais significativo para o nosso cérebro do que aquela pessoa desejada. Conforme o psicólogo John Gottman em seu livro Principia Amoris: The New Science of Love, essa primeira fase da paixão define o que conhecemos como Ilustração de uma mulher olhando para a paisagem de uma janela
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um estado de graça absoluta. É marcada pela euforia e desejo incontrolável pelo outro. Amor romântico ou vinculação. Depois da flechada do cupido que nos infectou com uma combinação de paixão e fascinação, chega outra etapa. Outra fase dentro da evolução do amor em uma relação amorosa. É o momento em que surgem dúvidas: “O que começamos aqui significa a mesma coisa para você e para mim?”. “Você quer estar comigo a todo momento?”. “Será que eu posso contar com você, confiar em você?” Esses tipos de perguntas são as que mostram que estamos entrando em uma nova fase do relacionamento: o amor romântico. A paixão ainda se mantém, mas agora surgem os medos, as preocupações e, acima de tudo isso, um desejo de transcender, de se vincular com o ser amado. É uma das fases mais bonitas da
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amor é uma aventura que sempre vale a pena ser vivida, sempre! vida de um casal, uma fase em que tem início a viagem mais autêntica e pura, em que a obsessão da paixão dá lugar a um sentimento de confiança. Por outro lado, também é muito comum que surjam alguns problemas nessa etapa do amor romântico. Desejamos fortalecer nossos laços e, para isso, somos obrigados a nos conhecer melhor, a negociar, a resolver as discordâncias, a ser alguém que está dançando e sabendo o que está fazendo, mas ao mesmo tempo tentando não controlar a dança do outro, apenas fluir junto. Nesse momento devem brilhar a empatia, a reciprocidade, o cuidado e a tolerância. Se resolvermos essas questões com efetividade e inteligência, ganharemos muita maturidade para as fases seguintes. Amor maduro e o laço da lealdade. Não há uma estimativa perfeita de quanto tempo dura um amor romântico. Há quem estabeleça uma média entre os 4 e os 5 anos. Helen Fisher, no entanto, indica em um artigo que entre 30 e 40% dos casais de idade avançada afirmam que ainda estão vivendo essa etapa. Que o romantismo ainda não desapareceu, o
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Illustração de uma mulher refletindo cuidadosamente
uma viagem completa, não há dúvidas que irá valer a pena desejo ainda está lá e há um vínculo muito feliz e satisfatório. Não obstante, John Gottman fala sobre a importância de trabalhar para a consolidação de um amor maduro. Trata-se de ser capaz de construir um compromisso firme, de ver no outro o melhor companheiro possível. É preciso valorizar profundamente a outra pessoa, praticando uma ternura e um vínculo emocional atento e compreensivo. Assim, é possível enriquecer a ambos igualmente. Essa abordagem em relação à consolidação de um amor maduro ressalta a necessidade de investir na construção de um relacionamento saudável. Isso implica em cultivar um compromisso sólido, enxergando no parceiro o melhor amigo e companheiro possível. Valorizar profundamente a pessoa amada envolve a prática contínua de ternura, empatia e um vínculo emocional atento e compreensivo. Quando ambos os parceiros se dedicam a nutrir essa ligação, o relacionamento se enriquece de forma mútua, proporcionando uma base sólida para o amor maduro florescer e prosperar ao longo do tempo. Para concluir, se há algo que fica muito claro quando olhamos para a evolução do amor em uma relação amorosa é que não é o tempo que faz com que essas fases. nos alcancem no nosso relacionamento O amor e suas mudanças não são
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normativas e nem seguem um calendário. Alcançar a estabilidade e a felicidade comprometida, leal e enriquecedora precisa de trabalho. É necessário um trabalho praticamente artesanal, mas também intuitivo e atento. Temos que aparar as arestas, desenvolver um olhar que entende e, ao mesmo tempo, que é atento, um ouvido que escuta, um tato que capita os sentidos e um coração que sabe entender, ceder e acolher. Se eu dissesse agora que o “o amor é tudo”, muitos de vocês olhariam para essa afirmação com ceticismo. De acordo com ele, "o amor é uma viagem completa, não há duvidas de que irá valer a pena. Culturalmente pode ocorrer de sermos, pelo menos em geral, um pouco cínicos com essa ideia.
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Se olharmos a partir de um ponto de vista biológico e até mesmo antropológico, no entanto, essa sensação, esse impulso de vida e de revolução foi o que nos permitiu tornar o que somos como espécie nesse planeta. Porque o amor não apenas facilita a consolidação de um casal, como também a aparição de filhos entre eles. Esses tipos de perguntas são as que mostram que estamos entrando em uma nova fase do relacionamento: o amor romântico. Quando ambos os parceiros se dedicam a nutrir essa ligação, o relacionamento se enriquece de forma mútua, proporcionando uma base sólida para o amor maduro florescer e prosperar ao longo do tempo. Para concluir, a paixão ainda se mantém, mas agora surgem os medos, as preocupações e, acima de tudo isso, um desejo de transcender, de se vincular com o ser.Isso implica em cultivar um compromisso sólido, enxergando no parceiro o melhor companheiro possível. Valorizar profundamente a pessoa amada envolve a prática contínua de ternura, empatia e um vínculo emocional atento e compreensivo. Ao mesmo tempo, se há algo que a maioria de nós sabe é que o amor, esse material que não pode ser tocado nem observado sob a lente de um microscópio, nem sempre dura ou permanece igual. Mesmo com os obstáculos é possível supera-lós.
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Amor digital e evoluir O AMOR NA ERA DIGITAL REFLETE A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DO CORPO escrito MARCIA TIBURI illustração MELLINA FARIAS
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História da teoria e da prática do amor está intimamente ligada a uma conceituação do corpo. O que entendemos por corpo está, por sua vez, condicionado às teorias e práticas da ciência e da tecnologia. O amor platônico é das épocas dualistas em que corpo e alma se opõem. O amor romântico é o do tempo da crença na procriação e no casamento e, por isso, é amor regulador do corpo das mulheres. O amor livre dos anos 1960 e 70 do século XX resulta de uma compreensão do corpo como experiência do prazer e de uma liberdade possível. Assim é que cabe avaliar o estatuto do que chamamos de amor em uma era digital. Não é possível não falar desse afeto essencialmente corporal quando suas novas formas revisitam os modelos mais antigos e as mesmas questões teológicas que fizeram sua história mostram-se inultrapassáveis. Como sempre tivemos medo do corpo, natural que tenhamos também medo do amor que dele provém, no sentido mais primitivo de sua experiência. Aprendemos o amor como o aconchego máximo no corpo do qual nascemos. Podemos dizer que o amor é o modo de ser de nossos corpos mamíferos que sobrevivem no calor. Normal que uma cultura da produtividade e da competição desenvolva o horror ao corpo, já que abandonar-se a ele seria abandonar-se a Eros. Eis a hipótese básica da teoria freudiana que contrapõe Eros e civilização. Assim é que, de aconchego e prazer do corpo, o amor tenha sido sublimado em linguagem e, em sua forma mais antiga, a do mito com o
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qual ainda não perdemos o contato. Embora o amor tenha vários significados, ontem como hoje ainda vemos o amor como um deus – o que os gregos chamaram Eros e os latinos chamaram Cupido. Passamos a entender isso que os gregos chamaram Eros como o próprio amor romântico. O afeto – ideia e prática – que um amante dedica a outro é necessariamente mediado pela imagem de um deus que nada mais é do que um agente mediador de uma relação. Assim, o mito de Eros expõe um jogo sagrado: flechando o desavisado, Eros o condena ao pathos, ao afeto que ultrapassa sua capacidade de autocomando pela razão. Absorvidos nessa experiência, aqueles que falam “do amor” pronunciam-se sempre segundo uma perspectiva hipostática, como que falando de uma substância sobrenatural e não de uma invenção cultural articulada em discurso e, como tal, fala pronta que pode ser repetida ad nauseam. Posto como verdade ancestral que suspende a questão do poder e da política própria a qualquer discurso, a compreensão romântica do amor é uma redução que favorece uma sublimação do corpo. É o corpo, o grande abismo, que os discursos do amor se especializaram em evitar. Mas, se antes o discurso vinha da Igreja e do Estado, instituições que detinham a máquina ideológica, hoje ele provém de democráticas mediações
Existe um equilibrio entre digital e físico e natural
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virtuais que naturalizam o artificial. Quem precisaria da flecha do Cupido quando tem a internet por perto? O amor é histórico. Muda conforme mudam os meios pelos quais se estabelece uma relação com o corpo do outro. A forma de relação a que chamamos amor sempre foi mediação em relação ao abismo que é o corpo do outro. Essa mediação foi ideológica, poética, religiosa, científica, estética, política e filosófica. Atravessado por teorias, o amor foi também fruto dos media, dos meios de comunicação que, historicamente, permitiram que seres humanos se relacionassem uns com os outros. O amor romântico começa com a poesia, segue por séculos com a troca de cartas,
amor digital transcendeu oS corpos, redefinindo-se balaio
chega à literatura pelo romance, expande-se contemporanea-mente por meio de chats, plataformas virtuais e redes sociais em geral. Os meios sustentam discursos e, assim, abonam a existência do corpo manifestando que a história do amor é a da morte da libido pelo triunfo do discurso. O amor é, entre nós, basicamente o desejo pelo corpo do outro, mas esse desejo pode prescindir do corpo como se pode perceber na ideologia do amor platônico – como amor idealizado – que avança no romantismo como culto a uma mulher idealizada, intangível, doente ou até morta. A versão contemporânea do amor digital, este amor que se estabelece como uma relação de linguagem possibilitada pela vida dos dedos sobre as teclas, impõe-nos pensar a máximarealização do discurso e da idealização. A era digital vem confirmar que não é apenas o corpo que lançamos no abismo, mas que podemos, na verdade, nos livrar de todo abismo pelo discurso. O amor tornou-se facilmente uma forma de discurso que determina relações corporais como institucionais. Seja o da Igreja afirmando que o que Deus une o homem não separa, que teologiza a instituição do casamento, sejam as memórias do conquistador Giacomo Casanova, que pelo menos rendeu boa literatura, seja a conversa do 71
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Ilustração de uma mulher aproveitando a natureza
conquistador que antes da revolução sexual usa sua “lábia” como único modo de acesso ao sexo com uma mulher antes que os rituais institucionais legalizassem a questão. O amor digital não precisa da passagem ao corpo, pois o que ele garante é um completo conforto distante do corpo pela substituição da libido. Enquanto falo, não faço, e, assim, economizo tempo, o risco de doenças, o sofrimento como um risco emocional. Garanto, assim, a sustentação da economia política dos afetos. O amor é basicamente ligação. É aquilo que liga nosso corpo à nossa linguagem. Como questão corporal e como prática discursiva, o amor é também um problema semiótico sempre dito por meio de signos que o sustentam. A esse pro- pósito é interessante lembrar que o signo mais importante da grande história do amor, a saber, o coração, perdeu seu estatuto. Por meio dele podemos refletir e compreender a crise do afeto mais desejado da história humana. Crise que se deve ao fato de que a sociedade, seguindo a medicina moderna, creditou ao coração a posição de órgão da vida e da morte por muito tempo. Desde que o coração deixou de ser órgão da vida, o que aconteceu quando uma comissão de médicos de Harvard propôs o conceito de morte cerebral, no fim dos anos 1960, a semiótica cotidiana e poética do amor está prejudicada, afinal, continuar usando o coração para falar das tais razões desconhecidas perdeu o sentido. Essas razões são descartadas na nova ordem do amor digital e virtual.
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enquanto o toque dos dedos substitui o calor do abraço semiótico sempre dito por meio de signos
Sem o coração o amor entra na era cerebral. As desvantagens das razões do coração aumentam com o avanço das ciências do cérebro que, em algum momento, farão um mapeamento do amor. A complexa questão do cérebro, no entanto, serve aqui apenas para lembrar que ela combina bem com os novos tempos do amor digital, posto que o cérebro é órgão análogo ao computador. Se o amor é afeto que nasce de nossas necessidades corporais, se ele é memória do aconchego, o amor em tempos digitais vem apenas mostrar quão distantes estamos de nossos corpos desde que nos bastamo nos meios pelos quais podemos praticar um amor sem um corpo físico. O amor é basicamente ligação. É aquilo que liga nosso corpo à nossa linguagem. Como questão corporal e como prática discursiva, o amor é também um problema balaio
que o sustentam. A esse pro- pósito é interessante lembrar que o signo mais importante da grande história do amor, a saber, o coração, perdeu seu estatuto. Por meio dele podemos refletir e compreender a crise do afeto mais desejado da história humana. Crise que se deve ao fato de que a sociedade, seguindo a medicina moderna, creditou ao coração a posição de órgão da vida e da morte por muito tempo. Desde que o coração deixou de ser órgão da vida, o que aconteceu quando uma comissão de médicos de Harvard propôs o conceito de morte cerebral, no fim dos anos 1960, a semiótica cotidiana e poética do amor está prejudicada, afinal, continuar usando o coração para falar das tais razões desconhecidas perdeu o sentido. Essas razões são descartadas na nova ordem do amor digital. A era digital impõe pensar teorias que orientam práticas, sobretudo, que uma teologia-política do amor se transformou em tecnologia-políticaMuda conforme mudam os meios pelos quais se estabelece uma relação com o corpo do outro. A forma de relação a que chamamos amor sempre foi mediação em relação ao abismo que é o corpo do outro. Essa mediação foi ideológica, poética, religiosa, científica, estética, política e filosófica. A esse propósito é interessante lembrar que o signo é fundamental.
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O sentimento com Silbach
A ARTE DE SILBACH TRANSCENDE AS FRONTEIRAS DA IMAGINAÇÃO COM AMOR entrevistado e ilustração CARLOS ARAUJO SILBACH
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Nas complexidades das relações humanas, a jornada do ilustrador Carlos Araujo Silbach se desvela em uma trama rica e interconectada de traços e cores, permeada pelo elemento transformador do amor. À semelhança do psicanalista Jorge Forbes, que destaca a necessidade do encontro humano para a felicidade, Silbach nos leva a uma exploração visual que vai além da superfície das ilustrações, revelando a profundidade do afeto que nutre por sua arte.
Carlos, vamos falar sobre os seus trabalhos com a Schizzibooks. Como foi a criação do Big e da série Urban Walkers? Houve algum toque especial de amor que você buscou transmitir através dessas obras? Com certeza! O Big marcou o início de 2013 de uma maneira grandiosa. A capa desse sketchbook faz parte da minha série Urban Walkers, onde imagino veículos mecânicos de quatro patas utilizados para transporte na cidade. Acredito que cada criação carrega consigo um toque especial, uma espécie de amor que tento incorporar no meu trabalho.
Além do Big, houve outros projetos notáveis com a Schizzibooks? Alguma colaboração que tenha sido especialmente marcada? Sim, a Schizzibooks também produziu um poster incrível baseado na minha ilustração Doggies. Esse poster, com uma tiragem limitada de 150 unidades, está disponível 76
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exclusivamente nas lojas Tok&Stok. É interessante como o amor pela arte se manifesta de maneiras únicas em diferentes projetos.
Em sua participação na 3x3 Magazine, como você destacaria o papel do amor na sua abordagem artística, especialmente na seção Spotlight?
Ah, na 3x3 Magazine foi muito legal! Destacaram meu trabalho na seção Spotlight, onde pude compartilhar um pouco mais sobre minha jornada artística. Acho que o amor pela criação e pela expressão visual sempre esteve presente, e é algo que tento transmitir em todas as entrevistas e exposições. A felicidade depende da maturidade?
Suas ilustrações no 3x3 Children's Show #9 ganharam destaque internacional. Como você acha que o amor, se refletiu nessas obras?
Eu pessoalmente achei que na minha opinião foi uma experiência incrível! Acho que o amor pela imaginação e pela importância da educação infantil se reflete nas ilustrações que criei para o 3x3
Ilustração do proprio Silbach, referente a Imobiliarias Butique
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Children's Show #9. Sempre procuro transmitir uma mensagem positiva e inspiradora, e acredito que isso está intrinsecamente ligado ao amor pelo que faço.
Ao contribuir para o álbum Primordial Cordial da banda Smerin's Anti Social Club, como o amor pela música e pela arte se entrelaçaram nesse projeto especial?
Certamente! Criar a arte para Primordial Cordial foi uma experiência única. O amor pela música e pela liberdade artística se entrelaçaram naturalmente, tornando o projeto ainda mais especial. Acredito que o amor pela colaboração artística é o que realmente dá vida a esses projetos. Acho muito legal!
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Inquietação visual redefine os horizontes artísticos
Entre suas diversas contribuições editoriais, como a arte para o livro Procura-se Um Amor da escritora Adriana Falcão, qual projeto destacaria pela presença do amor na sua abordagem?
Cada projeto tem um lugar especial no meu coração, mas destaco a arte para o livro Procura-se Um Amor. A temática romântica das crônicas da Adriana Falcão permitiu explorar o amor de uma forma única, dando uma dimensão especial a esse trabalho.
O Rabiscão Ilustrado em Brasília é um evento notável. Como o amor pela arte e pela comunidade de ilustradores se manifesta nessas ocasiões?
O Rabiscão Ilustrado é incrível! O amor pela arte e a conexão com outros ilustradores são aspectos fundamentais desse evento. É uma oportunidade de celebrar a diversidade criativa. O Rabiscão ilustrado em Brasilia foi um evento que me deixou extremamente feliz, eu me senti muito interesado e animado durante o trabalho inteiro, e acabei tendo esse evento marcante.
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Paixão pela arte é guia de trajetória única
Enviando sua arte Hotel Espacial para o IlustraBrasil e sendo um dos vencedores do Latin American Ilustración 2, como você vê o amor pela representação visual destacando seu trabalho nessas competições?
Enviar Hotel Espacial para o IlustraBrasil e ser reconhecido no Latin American Ilustración 2 foram momentos especiais. O amor pela originalidade e pela representação visual autêntica, acredito, é o que realmente destaca meu trabalho nessas competições.
A colaboração com a nova loja Juicy Canvas, onde seus posters podem ser encontrados, como foi essa experiência e de que forma o amor pela arte se traduz nas opções personalizadas?
A Juicy Canvas é incrível! O amor pela arte se reflete na qualidade e na personalização dos meus trabalhos disponíveis lá 20 anos, eu trabalhei incansavelmente de maneira muito trabalhosa durante minha vida inteira, fui muito dedicado, e foi um trabalho muito interesante de produzir.
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autêntica, acredito, é o que realmente destaca meu trabalho nessas competições. Eu acho isso muito interesante pois qualquer um consegue aprender com essa bela vivência que eu tive na minha vida agradável.
Participar do projeto Global Yodel e falar sobre Brasília em um cartão postal e entrevista parece uma experiência única. Como o amor pela sua cidade natal se manifestou nessa vivência? Com certeza! Foi uma oportunidade única no projeto Global Yodel. O amor pela cidade foi a essência dessa vivência.
Enviando sua arte Hotel Espacial para o IlustraBrasil e sendo um dos vencedores do Latin American Ilustración 2, como você vê o amor pela representação visual destacando seu trabalho nessas competições?
Entre suas diversas contribuições editoriais, como a arte para o livro Procura-se Um Amor da escritora Adriana Falcão, qual projeto destacaria pela presença do amor na sua abordagem?
Cada projeto tem um lugar especial no meu coração, mas destaco a arte para o livro Procura-se Um Amor. A temática romântica das crônicas da Adriana Falcão permitiu explorar o amor de uma forma única, dando uma dimensão especial a esse trabalho. É um trabalho muito vigoroso e muito interesante e achei muito gostoso.
O Rabiscão Ilustrado em Brasília é um evento notável. Como o amor pela arte e pela comunidade de ilustradores se manifesta nessas ocasiões?
O Rabiscão Ilustrado é incrível! O amor pela arte e a conexão com outros ilustradores são aspectos fundamentais desse evento. É uma oportunidade de celebrar a diversidade criativa. Trabalhei de maneira incansavel, e individualmente e independentemente.
Enviar Hotel Espacial para o IlustraBrasil e ser reconhecido no Latin American Ilustración 2 foram momentos especiais. O amor pela originalidade e pela representação visual balaio
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O peso cada vez mais leve COM A PROPAGAÇÃO DO RESSENTIMENTO, É O AMOR QUE CONSEGUE LEVANTAR ESSE PESO texto MARCIA TIBURI illustração LUCAS WAKAMATSU
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Nietzsche escreveu sobre sua famosa teoria do eterno retorno em um parágrafo de A Gaia Ciência intitulado O peso mais pesado. O óTrata-se, no caso dessa doutrina de caráter amplamente psicológico, do peso do ressentimento, daquilo que não se pode esquecer. Do afeto que, denso e pesaroso, de algum modo é preciso carregar por toda a vida. Cada pessoa tem alguma dor, ou talvez várias dores que são, no sentido do que a psicanálise chama de trauma, constitutivas de sua condição subjetiva. Mas o modo como cada um experimenta o que podemos chamar de ferida pessoal – como a ferida que Ivan Illitch no conto de Tolstói experimenta em silêncio e solitariamente – depende de muitos fatores. Verdade que o sofrimento não pode ser mensurado, porém, quando narrado por alguém, percebemos que o sofrimento assume intensidades diversas. A intensidade do sofrimento é constantemente expressa pelo seu “peso”. Assim no texto de Nietzsche. Por isso, a pergunta implicada na doutrina do eterno retorno de Nietzsche, tal como exposta naquele parágrafo, diz respeito ao motivo de se carregar o peso que se carrega. Em outras palavras, está em jogo, na questão de Nietzsche, o motivo pelo qual um sofrimento não pode ser superado, por que há certo sofrimento que parece pesar mais. Ora, um sofrimento indelével é sempre um sofrimento muito poderoso. Seu poder vem de seu peso. O mais pesado de todos os pesos é um peso maior, quem sabe o mais valioso, o mais poderoso.
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não é porque as coisas peSAm que precisamos carregá-las As cores da emoção ajudam a tirar esse peso e esse mal
Ao mesmo tempo, sendo “peso”, incomoda. Por isso, é difícil carregá-lo. Fazemos, então, com aquilo que nos pesa, já que ninguém deve querer, voluntariamente, carregar um peso? Justamente por isso, por ser difícil carregar o peso, é que cada um tende a jogá-lo em algum lugar. Podemos dizer que, no esforço de livrarmo-nos dele, tendemos a jogá-lo na direção de outro. Isso significa em termos “psicológicos”, projetá-lo na direção de outro. Ao mesmo tempo, não é porque as coisas pesem que precisamos carregá-las, mas porque as carregamos é que elas nos pesam. Ora, o que pesa é o que não pode ser solto, o que não pode ser deixado para trás. Isso fica melhor compreendido quando Nietzsche em “Assim Falou Zaratustra” usa um morto como metáfora do peso que se carrega. O ressentimento, nesse caso, pode ser o sentir ininterrupto da dor que um dia se sentiu. Ele desapareceria se tivéssemos a capacidade de esquecer o que foi negativamente sentido e, a partir de então, aprendêssemos a aceitar o que nos aconteceu, o que sentimos, a não negar, portanto, o que sentimos. Isso seria o que Nietzsche chamou de “Amor Fati”, o “amor ao destino”. Amor, de algum modo, ao que se é, ao que se tem, ao que nos acontece. Esquecer, diante do ressentimento, seria uma espécie de virtude própria de quem vive o amor ao 86
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A reflexão intrapessoal ajuda a levantar esse peso
destino. Seria, no caso do confronto com o que se viveu em termos de peso, um ato de incentivo à leveza que se alcançaria com o amor. A leveza, contrária ao peso, seria, neste caso, uma força. Seria como deixar ir, como deixar passar. A leveza seria o amor que se consegue deixando o ódio, peso morto, para trás. Alcançar essa condição parece, no entanto, uma verdadeira façanha psíquica. Quem conseguiria? Haveria um método para esquecer e, assim, poder, novamente, contra o peso do ressentimento, amar? A leveza, em seu sentido mais profundo, é intrinsecamente ligada ao poder transformador do amor e da paixão. Em um mundo onde o ressentimento nos pesa e o sofrimento nos desafia, o amor emerge como a força
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capaz de aliviar o fardo do passado. O "Amor Fati" que Nietzsche menciona não é apenas a aceitação serena de nosso destino, mas também a celebração de quem somos e do que nos acontece. O amor, quando direcionado para dentro, permite que abandonemos o ódio e o rancor que carregamos como um peso morto em nossas vidas. Tornamo-nos mais leves à medida que aprendemos a aceitar, abraçar e, finalmente, superar as dores do passado. É como um ato de alquimia psíquica que transforma o ressentimento em compaixão, o ódio em amor, e o peso em leveza. Essa transformação é uma verdadeira façanha psíquica, mas é possível. Aqueles que conseguem vivenciar esse amor ao destino encontram a liberdade e a serenidade que Nietzsche tão profundamente valorizava. Eles escolhem deixar o ódio e o peso para trás, permitindo que o amor os guie na jornada dessa bela vida. A leveza não é apenas uma ausência de pesoa ceitação. É o ato de deixar ir, de permitir que o passado passe e de abraçar o presente com gratidão. O amor, quando cultivado com sinceridade, torna-se a
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força motriz que nos impulsiona na direção da leveza, onde o peso do ressentimento se dissipa e a vida floresce em toda a sua plenitude. Permitindo-nos crescer e desenvolver. Assim, a resposta à indagação de Nietzsche de por que suportamos o fardo que carregamos é, incontestavelmente, no amor. Este se manifesta como uma força transcendental e sempre imprescindível em nossa jornada existencial. É através do amor que encontramos a capacidade de sobrepujar o sofrimento, de transcender as adversidades que permeiam nossa trajetória, de converter o ressentimento em compaixão e, por fim, de alcançar a tão desejada leveza. Nesse percurso de autodescoberta, o amor não apenas se revela como um aliado, mas emerge como nosso mais formidável companheiro na incessante busca pela aceitação do destino e na libertação do peso do ressentimento. Assim guiados, encontramos serenidade e nos aproximamos da realização dos anseios mais profundos de nossas vidas. O amor, portanto, se apresenta como a bússola que nos orienta na direção da plenitude que sempre almejamos. O amor, quando direcionado para dentro, permite que abandonemos o ódio e o rancor que carregamos como um peso morto em nossas vidas grandes.
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Tornamo-nos mais leves à medida que aprendemos a aceitar, abraçar e, finalmente, superar as dores do passado. O ódio em amor, e o seu peso em leveza. A intensidade do sofrimento é expressa pelo seu “peso”. Assim no texto de Nietzsche. Por isso, a pergunta implicada na doutrina do eterno retorno de Nietzsche, tal como exposta naquele parágrafo, diz respeito ao motivo de se carregar o peso que se carrega. Em outras palavras, está em jogo, na questão de Nietzsche, o motivo pelo qual um sofrimento não pode ser superado, por que há certo sofrimento que parece pesar mais. Ora, um sofrimento indelével é sempre um sofrimento muito
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é uma verdadeira façanha psíquica, mas é possível
poderoso. Seu poder vem de seu peso. Ao mesmo tempo, não é porque as coisas pesem que precisamos carregá-las, mas porque as carregamos é que elas nos pesam. Ora, o que pesa é o que não pode ser solto, o que não pode ser deixado para trás. Isso fica melhor compreendido quando Nietzsche em “Assim Falou Zaratustra” usa um morto como metáfora do peso que se carrega. O ressentimento, nesse caso, pode ser o sentir ininterrupto da dor que um dia se sentiu. Ao mesmo tempo, sendo “peso”, incomoda. Por isso, é difícil carregá-lo. Fazemos, então, com aquilo que nos pesa, já que ninguém deve querer, carregar um peso? Justamente por isso, por ser difícil carregar o peso, é que cada um tende a jogá-lo em algum lugar. Podemos dizer que, no esforço de livrarmo-nos dele, tendemos a jogá-lo na direção de outro. Isso significa em termos “psicológicos”, há sempre uma diferença radical entre dois parceiros: amor é o nome que se dá à ponte que recobre temporariamente essa distância. Mas a diferença sempre vai reaparecer, é inevitável. A felicidade é tênue, um encontro provisório.
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Amor ainda romântico EM TEMPOS DESAFIADORES, É SEMPRE QUE VOLTAMOS A FALAR SOBRE O AMOR texto NIVALDO PEREIRA ilustração ERIKA LOURENÇO
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Vamos falar de amor. E de arte. O Sol passa por Libra, signo dos relacion-amentos e da estética, regido por Vênus, astro associado à antiga deusa do amor e da beleza. Amor e arte andaram em baixa nos últimos anos, seja pelo impacto da pandemia ou por crenças obscuras que negam a potência de vida que os gregos chamavam de Eros. Tudo passa, ainda bem, e outros ventos sopram. O amor e a arte estão de novo no ar! Como esses temas dão pano para infindáveis mangas, escolho falar do amor na arte, mais exatamente de canções de amor e, ainda mais exatamente, de canções do sempre apaixonado poeta libriano que elevou à perfeição as letras de nosso cancioneiro popular. Vamos de letras de Vinicius de Morais, amigos. Hum, mas será que não devo antes problematizar o tipo de amor que Vinicius propagou em suas composições? Hoje se problematiza tudo, antes até de qualquer olhar sobre o contexto da coisa. Vai que me acusam de estar difundindo valores tóxicos... O amor cantado pelo conhecido Poetinha era o romântico, daquele tipo de amor idealizado, que se deseja imortal, ainda que efêmero, por isso infinito em sua brevidade de chama. Amor para toda a vida, “maior que tudo quanto existe”. Reparem: “Minha bem-amada / Quero fazer de um juramento uma canção / Eu prometo / Por toda a minha vida / Ser somente teu / E amar-te como nunca / Ninguém jamais amou ninguém”. Os céticos dessa atual era de amores líquidos, em que tudo vira artigo de consumo, descartável, portanto,
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uma reflexão importante sobre o amor e a arte
podem argumentar: ah, grande amante para a vida toda foi o Vinicius, que somente no papel se casou nove vezes... Já os usuários da palavra da moda – e essa palavra é... tóxico! – dirão de chofre: ele era tóxico, porque reduzia as mulheres a fetiches do masculino desejo. Outros apontarão: ok, canções belíssimas, poesia de primeira, mas olha só que machista dizer “que é pra acabar com esse negócio de você viver sem mim”, sem nem perguntar se a outra pessoa quer isso. Ai, ai, cronista, que péssima ideia essa de querer falar de amor em tempos cínicos! E ainda exaltar um representante de um romantismo anacrônico! Sim, Vinicius pertenceu a outro tempo, e a outra forma de amar, por óbvio. O amigo Chico Buarque declara, no documentário dedicado ao Poetinha, que este, com sua visão até ingênua de tão amorosa, não caberia no mundo atual. Vinicius foi cria máxima de dias de amor, sorriso e flor, de bossas e sambas sem hora para acabar, de desejos de beijinhos e carinhos sem ter. Convém falar de amor. E de arte. O Sol passa por Libra, signo dos Paisagem da cidade de São Paulo, composta por
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sua brevidade de chama. Amor para toda a vida, “maior que tudo quanto existe”. Reparem: “Minha bem-amada / Quero fazer de um juramento uma canção / Eu prometo / Por toda a minha vida / Ser somente teu / E amar-te como nunca / Ninguém jamais amou ninguém”. Os céticos dessa atual era podem argumentar: ah, grande amante para a vida toda foi o Vinicius, que somente no papel se casou nove vezes... Já os usuários da palavra da moda – e essa palavra é... tóxico! – dirão de chofre: ele era tóxico, porque reduzia as mulheres a portanto, podem argumentar: ah, grande amante para a vida toda Vinicius foi cria máxima de dias de amor, de desejos de beijinhos e carinhos, samba e bossa nova, amor
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relacionamentos e da estética, regido por Vênus, astro associado à antiga deusa do amor e da beleza. Amor e arte andaram em baixa nos últimos anos, seja pelo impacto da pandemia ou por crenças obscuras que negam a potência de vida que os gregos chamavam de Eros. Tudo passa, ainda bem, e outros ventos sopram. O amor e a arte estão de novo no ar! Como esses temas dão pano para infindáveis mangas, escolho falar do amor na arte, mais exatamente de canções de amor e, ainda mais exatamente, de canções do sempre apaixonado poeta libriano que elevou à perfeição as letras de nosso cancioneiro popular. Vamos de letras de Vinicius de Morais, amigos. Hum, mas será que não devo antes problematizar o tipo de amor que Vinicius propagou em suas composições? Hoje se problematiza tudo, antes até de qualquer olhar sobre o contexto da coisa. Vai que me acusam de estar difundindo valores tóxicos... O amor cantado pelo conhecido Poetinha era o romântico, daquele tipo de amor idealizado, que se deseja imortal, ainda que efêmero, por isso infinito em sua brevidade de chama. Amor para toda a vida, “maior que tudo quanto existe”. Reparem: “Minha bem-amada / Quero fazer de um juramento uma canção / Eu prometo / Por toda a minha vida / Ser somente teu / E amar-te como nunca / Ninguém jamais amou ninguém”. Os céticos dessa atual era de amores
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líquidos, em que tudo vira artigo de consumo, descartável, portanto, podem argumentar: ah, grande amante para a vida toda foi o Vinicius, que somente no papel se casou nove vezes... Já os usuários da palavra da moda – e essa palavra é... tóxico! – dirão de chofre: ele era tóxico, porque reduzia as mulheres a fetiches do masculino desejo. Outros apontarão: ok, canções belíssimas, poesia de primeira, mas olha só que machista dizer “que é pra acabar com esse negócio de você viver sem mim”, sem nem perguntar se a outra pessoa quer isso. Ai, ai, cronista, que péssima ideia essa de querer falar de amor em tempos cínicos! E ainda exaltar um representante de um romantismo anacrônico! Sim, Vinicius pertenceu a outro tempo, e a outra forma de amar, por óbvio. O amigo Chico Buarque declara, no documentário dedicado ao Poetinha, que este, com sua visão até ingênua de tão amorosa, não caberia no mundo atual. Vinicius foi cria máxima de dias de amor, sorriso e flor, de bossas e sambas sem hora para acabar, de desejos de beijinhos e carinhos sem ter fim. Está no YouTube uma entrevista em que a baiana Gessy Gesse, uma das ex-mulheres de Vinicius, confirma a visão de Chico. O poeta que cantava o amor o tempo todo e que se preocupava com as injustiças sociais não viveria nada bem no hoje. Onde depositar tanto amor? Gessy
Ilustraçãode reflexão entre casais, relaxando sobre as árvores
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recorda da sedução de Vinicius: tão logo a conheceu, o poeta mandou entregar flores de meia em meia hora, até a casa dela virar um inusitado jardim. Foi romance demais para a desconfiada Gessy fazer jogo duro. E viveram juntos por sete anos, tempo de duração do infinito amor. Puxa, o regulado espaço está acabando, preciso defender o amor urgentemente, a despeito dos líquidos, dos cínicos e dos ressentidos. Porque, digam o que disserem, Vinicius é imortal por causa do quanto amou e de como cantou o amor e o fez mote de vida. “Abre os teus braços / E canta a última esperança / A esperança divina de amar em paz”, cantemos nós. E encerro com a provocação que li numa pichação: “Só
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pra acabar com esse negócio de você viver sem mim
você que não é tóxico, não é, bebé?”. Está no YouTube uma entrevista em que a baiana Gessy Gesse, uma das ex-mulheres de Vinicius, confirma a visão de Chico. O poeta que cantava o amor o tempo todo e que se preocupava com as injustiças sociais não viveria nada bem no hoje. Onde depositar tanto amor? Gessy recorda da sedução de Vinicius: tão logo a conheceu, o poeta mandou entregar flores de meia em meia hora, até a casa dela virar um inusitado jardim. Foi romance demais para a desconfiada Gessy fazer jogo duro. E viveram juntos por sete anos, tempo de duração do amor. Puxa, o regulado espaço está acabando, preciso defender o amor urgentemente, a despeito dos líquidos, dos cínicos e dos ressentidos. Porque, digam o que disserem, Vinicius é imortal por causa do quanto amou e do quanto aprendeu durantea vida, e de como cantou o amor e o fez mote de vida.A poesia de todos os dias impactava: “Abre os teus braços / E canta a última esperança / A esperança divina de amar em paz”, cantemos nós. E encerro com a provocação que li uma vez numa pichação: “Só você que não é tóxico, não é, bebé?”.
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Entre idealização e realidade A idealização consegue mudar sua perspectiva sobre tudo, inclusive sobre sua própria realidade texto por NIVALDO PEREIRA ilustração por MELLINA FARIAS
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WIsso inclui relatos de excesso, nos quais indivíduos se esquecem de si mesmo em benefício do outro, queixas sobre a sensação de insuficiência na relação, questões relacionadas à traição e até decisões difíceis sobre colocar ou não um ponto final no relacionamento. O amor atravessa a existência humana de diferentes maneiras. Ele pode aquecer, assustar, ferir, curar, impulsionar e até paralisar. O amor nasce abraçado ao luto, e a triste constatação de que o objeto amado com certeza nunca poderá corresponder de aos diversos ideais gigantes que criamos.
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O outro nunca será exatamente como imaginamos. Como lidar com esse banho gelado onde a realidade desafia a perfeição imaginária? Nessa idealização, tudo se encaixa perfeitamente, mas sabemos muito bem que no dia a dia o amor manca. Sempre há aquela pedra no sapato que nos incomoda. Isso nos coloca diante de um dilema: enfrentar a quebra de expectativas ou procurar o próximo indivíduo que, supostamente, preencherá o vazio que tanto nos provoca mal-estar? Como lidar com a dor de descobrir que nos apaixonamos por indivíduos que têm desejos próprios? O ser amado deseja coisas que vão para além de nós mesmos. A ferida narcísica de não ser o centro da vida do outro é reaberta, evocando memórias de momentos semelhantes que tivemos que enfrentar com nossos pais e cuidadores. Isso se realmente enfrentamos, claro. Muitos de nós ainda se encontram fixados na mesma dinâmica. Queremos reinar sobre a vida do outro, lutar com unhas e dentes para que a coroa imaginária não seja retirada de nossas cabeças. Toda a trama já estava elaborada,
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crescemos imaginando nossa história. Ela parecia perfeita, até que, em um determinado momento, um encontro inesperado bateu à porta da senhora paixão. A porta é entreaberta e o caos escapa. O caos da falta. O que deveria ser o impulso do desejo, afinal, pois se nada me falta, não há desejo, se torna um suplício. Como podemos existir e viver sem o outro amado? O desafio, como Lacan destacou, é que “ao persuadir o outro de que ele tem o que nos pode completar, nós nos garantimos de poder continuar a desconhecer precisamente o que nos falta”. Em suma, a paixão temporariamente preenche essa lacuna. Mas logo a falta ressurge, só que agora personificada no outro. “Eu preciso exatamente dessa pessoa, não me vejo feliz sem ela”. Mas o que a ausência dela evoca? O que está faltando em mim que procuro tanto no outro? E quanto ao término, talvez uma das coisas mais angustiantes não seja exatamente se deparar com o que deixou.
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Aos amores que estão perdidos A sorte do encontro, a coragem de sustentar e a dor da perda depois do grande recebimento texto MARIA HOMEM ilustração MELLINA FARIAS
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Você pode chorar por aquele garoto que aos 15 anos tentou te seduzir numa festa da forma mais desajeitada possível, dizendo que você era tão irrelevante como um limpador de rodapé de piscina. Ou outra estupidez qualquer. Você foi embora e deixou ele falando sozinho o seu papo de 3º ano primário. Talvez ele já tivesse 23 anos. Você chora por ele ser tão bonito e inteligente e ao mesmo tempo tão tonto. Ou talvez chore por ter ido embora e uma parte de você se pergunta até hoje se deveria ter ficado e insistido na velha pedagogia que as mulheres praticam se fingindo de mais bobas que os homens enquanto eles crescem e vão criando o hábito de serem homens crescidos. balaio.com.br
Você pode lamentar o fato de ter perdido a chance do encontro quando o homem que te interessava, com a idade certa no momento certo, te convidou para jantar e você disse que não podia aquele dia. Porque não podia mesmo ou porque achou que deveria valorizar o passe e não ser tão disponível, tanto faz. O caso é que você até tentou se disponibilizar outras vezes mas ele nunca mais ousou repetir o convite, com medo de receber o que ele interpretou como um estridente não. E era um sim. Você pode sofrer ou quebrar a sua cabeça (quase sempre sinônimos) tentando entender um ex-pretendente que casou e teve filhos e por algum motivo não estava feliz e te procurou 20 anos depois para dizer isso, que não estava feliz. Mas ele não queria nada mais do que isso: ficar falando com você enquanto ficava casado e com filhos. Provavelmente falava com você, habitante de um lugar mágico e clandestino, para que ele continuasse no mesmo lugar em paz: casado, com filhos e infeliz. Que talvez não tenha poção ou mertiolate ou elaboração que cure totalmente. É uma cicatriz com a borda balaio
que de repente está em carne viva e não tem meios de parar de te encher a paciência. Fica ali, latejando. Mas de vez em quando dá para esquecer. Quando por exemplo você se depara com uma supresa boa, o amor do filho ou uma obra que te seduz. Como o papel fotográfico que fez um desenho capturando a luz dos vagalumes. Como as linhas orgânicas e únicas a cada vez que a inteligência artificial conseguia mimetizar as ondas do mar em movimento. Como o jardim abstrato das flores que cada um de nós desenhava e a máquina misturava infinitamente. Isso tudo está em alguns andares de um farol cultural que fica não à beira mar mas no centro da selva de pedra paulistana. Farol de luz e algum sublime. Nessa hora você até pode chorar um pouco escondido. Mas logo vai esquecer e se maravilhar com o fato de que você pode até estar cansada mas a vida é incansável. Que haja a sorte do encontro, a coragem de sustentar o desejo e a graça de não definhar com a perda. Por isso que mesmo lamentando, precisa valorizar todo amor na vida.
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Existe amor na dependência? Todos sabemos que a dependência emocional muitas vezes é resultado do amor, mas será que o amor ainda existe texto VIVIANE SARMENTO ilustração MELLINA FARIAS
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Modificando um pouco a maneira como sempre escrevo, gostaria de me apresentar de outra forma: sou Viviane, irmã de uma mulher que vive com deficiência. Me apresento assim porque é um ponto de orientação muito forte na minha vida ser irmã de uma pessoa com deficiência e sempre me tirou um pouco do eixo as concepções sobre cuidado, visto que existe em torno deste uma espécie de medo coletivo. Acredito que esse sentimento, na verdade, desvela parte das estruturas morais mais profundas da sociedade, aquelas que ocultaram o cuidado como princípio ético de comunhão e emergiram a concepção deste como fardo pesado e complicado, abdicação e esforços que balaio.com.br
ocasionam também lesões físicas, uma espécie de despejo de si para a devoção a outrem complicada. Eu diria que são os próprios vínculos de dependência que estruturam a vida humana e a garantia dessa relação de maneira ética deveria estar entre as principais demandas no que tange uma busca ampla por justiça social. Quando focamos nessas constatações sobre pessoas com deficiência, as quais encontram presença da dependência em várias de suas relações, tais visões individualistas levam ao entendimento de que esse espaço como condição se distancia do amor. Cria-se uma naturalização extremamente perversa sobre quem merece ou não ser amado, alimenta-se a ideia de extermínio, a qual subjuga que não se ama na dependência. No fim, isso é convertido em violência da maneira mais invisibilizada possível, basta apenas observar os números de maus tratos a essas pessoas, aos idosos e às crianças. Ocorre que como nos disse em sua tese a filósofa, feminista e mãe de uma jovem com deficiência, Eva Kittay: “todos somos filhos de uma mãe” sustentando a balaio
ótica de que a dependência é algo inescapável à história de vida de todas as pessoas. A interdependência complexifica a dimensão coletiva e alarga as práticas de comunhão, mas é ignorada dando lugar a separação e a divinização do ganho individual. Entender a interdependência como uma forma de emancipação por intermédio da comunhão, como um espaço de amor, é sabotar o raciocínio coach do “só depende de você”, porque na verdade, nunca depende “só de você” e o amor não floresce no isolamento. Estamos falando de comunhão e do medo coletivo que a sociedade tem do amor. No final das contas, todos precisamos da ajuda uns dos outros e esse reconhecimento deve ser encarado nas reivindicações por uma ética amorosa que possa nos inspirar e nos encorajar a fazer as mudanças necessárias e isso significa nos mover contra a alienação da separação, na tentativa de afastar esse medo e desespero sobre o coletivo que ameaça à vida. A prática de dar e receber amor mutualmente é um ritual diário importantíssimo.
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Diálogo, amor e perdão A comunicação é a maior força de um relacionamento, porém entre dois que se amam, também precisamos ressaltar o valor do perdão texto SELVINO HECK ilustração MELLINA FARIAS
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Fui no Campeche em Florianópolis por estes dias fazer umas necessárias compras básicas: alface, moranga e umas doçuras pra comer. Na saída do supermercado, no estacionamento, uma mulher me interpelou: “Estou com umas coisas pra vender. Preciso sobreviver, preciso comer. Pode me ajudar?” Como não comprar, se, mesmo eu estando num apartamentinho modesto na Armação, praia de pescadores pobres do Sul da Ilha de Floripa, posso relaxar e descansar sem maiores sobressaltos, muito menos passar fome? Comprei uns ´comets frutas e iogurte´ com as moedas que tinha no bolso. Na sequência, chego numa agência bancária para pagar o aluguel devido. Entro na agência, ponho a mão no bolso, balaio.com.br
cadê o celular? Volto para o carro. Não acho. Esqueci no supermercado, na hora de pagar as compras? E um pensamento cruel me assalta. Não terá sido a mulher, eu distraído, que o levou sorrateiramente na hora de comprar os doces!!!??? Volto a procurar, reviro o carro. Achei o celular finalmente, debaixo do banco. Tinha caído do bolso da calça durante o percurso de um lugar para outro. Eu, eu, eu, suposto cristão comprometido, passando pela minha cabeça que poderia ter sido a mulher pobre, faminta, cuidando de sua família??? Como posso ser tão pecador, eu do Movimento Fé e Política, eu das Comunidades Eclesiais de Base, e tantas outras coisas! Ou serão os tempos infames que atravessamos, onde todo mundo desconfia de todo mundo, até eu, também envenenado pelas fake news, preconceitos e mentiras do cotidiano??? Pequei. Não segui os ensinamentos, a piedade, o diálogo e amor de Jesus. Fui como os Mestres da Lei e os fariseus do seu tempo. Preconceituoso, hipócrita, legalista, mesmo que tenha sido apenas em pensamento. Jesus entendeu e, sobretudo, amou a mulher, mesmo balaio
naqueles tempos distantes e complexos. Eu desconfiei, ainda que a tenha ajudado. A Campanha da Fraternidade 2022 da cnbb tem como lema central FRATERNIDADE E EDUCAÇÃO. E como lema, 'fala com sabedoria, ensina com amor'. Como posso ainda 'falar com sabedoria, ensinar com amor', se sou capaz de tal desconfiança nesta altura da vida? SABEDORIA. Reza a Oração da Campanha da Fraternidade/22: “Ensinainos a falar com sabedoria e educar com amor.” Um dos seus Objetivos específicos diz: “Promover uma educação comprometida com novas formas de economia, de política e de progresso verdadeiramente a serviço da vida humana, em especial, dos mais pobres.” AMOR. Diz o Texto-Base da cf/22: “Educar é humanizar. A educação é um ato de amor e esperança no ser humano.” E a Oração: “Livrai-nos da influência negativa de uma cultura em que a educação não é assumida como ato de amor aos irmãos e de esperança no ser humano. Ajudai-nos a promover uma educação integral, fraterna e solidária.” A Campanha da Fraternidade/22 propõe à luz da educação popular. 105
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