A boa música em primeiro lugar ENTREVISTAS COLUNAS PARTITURAS VÍDEOS TRANSCRIÇÕES E MAIS
EDO CASTRO O baixista americano deixa entrevista na coluna Ouvido no Mundo! A SEC traz a entrevista de Serginho Trombone! Um grande ícone do sopro no cenário da música brasileira!
Nº 05 MAI2014
www.somemcampo.com
PAULO RUSSO
Mais uma partitura inédita e áudio de um dos maiores nomes do contrabaixo acústico mundial
LULU MARTIN
Na Coluna Discurso de Mestre trazendo seu novo livro O Som dos Acordes!
COLUNISTAS Paulo Russo Adriano Giffoni César Machado Zazu Márcio Hallack Lulu Martin Roberto Rutigliano Ceci Medeiros
Parceria de primeira qualidade! Captadores de primeira qualidade! Link vĂdeo promocional Tesla Pickups
16 Capa
Nessa edição, a SEC (Som em Campo), traz a entrevista do grande Serginho Trombone! Com uma enorme folha de trabalhos realizados na música brasileira, Serginho transformou-se em um símbolo da MPB e do cenário da música instrumental com uma vasta experiência em festivais jazzistas tanto no Brasil como no exterior
05
Discurso de Mestre
Na coluna Discurso de Mestre dessa edição, depoimento do grande pianista Lulu Martin!
06
Paulo Russo
O contrabaixista Paulo Russo presenteia a SEC com partitura e áudio inéditos!
13
Baixo Brasil
Novidades na coluna Baixo Brasil com o renomado Adriano Giffoni !
49
COLUNAS & MATÉRIAS 09-
A música e Mundo Música e Arteterapia
22-
PIANO–música inédita Márcio Hallack.
25-
Brasil na Bateria – César Machado
28-
PIANO – Continuação do estudo - Lulu Martin
31-
BAIXO– ZAZU - Transcrição
36-
BATERIA– Roberto Rutigliano ENTREVISTAS
39-
Entrevista – Saxofonista Bernardo Fabris
SOM EM CAMPO RECOMENDA
Ouvido no Mundo
Coluna Internacional
Entrevista com o baixista americano Edo Castro!
60-
O que tem pra hoje? – CD Quinteto – Bernardo Fabris
62-
Pra levar na bag - Métodos, CD’s, livros de cabeceira e muito mais!
Já caímos em campo. . .
A caminho do nosso Festival de Música Instrumental ! AGUARDEM
DISCURSO DE MESTRE Lulu Martin
No Brasil, existe uma separação entre músicos instrumentistas e artistas que é muito negativa. Nossa cultura não valoriza a arte porque não valoriza o conhecimento. Não temos o uso da padronização suficiente para que a aquisição de cultura possa ser alcançada por uma maioria de indivíduos. O problema é que não somos gênios musicais. E assim, no Brasil aparenta-se que apenas os geniais, dotados pela natureza, conseguem se desenvolver para além do nível do simples. Acredito que a arte vem do conhecimento de si. Ao construir uma expressão, ou um conteúdo, usamos o nosso conhecimento e a nossa personalidade. Mesmo que não tenhamos conhecimento formal sistematizado, usamos algum conhecimento interior, só nosso, a sabedoria do autodidata.
Lulu Martin
lulumartinbr@yahoo.com.br
PAULO RUSSO
Por Paulo Russo
Nessa edição, mais uma partitura do renomado e mundialmente reconhecido contrabaixista Paulo Russo! A música Monsieur Matheus com áudio e partitura “handwrite” . Para escutar o áudio basta acessar o botão acima da partitura na próxima página. Bom estudo!
Link テ「dio Monsieur Matheus
Pr贸 Music & Som em Campo
Unidas pela m煤sica de qualidade
A MÚSICA E O MUNDO Música e Arteterapia Por Ceci Medeiros “O ato criador é rebelde e subversivo – é, sobretudo, um ato de coragem. Coragem de não aceitar o estabelecido, propondo uma nova visão, uma ordem, uma nova correlação de forças.” (JUNIOR, Duarte – 1986) Acredito na arte como necessidade de primeira ordem para a humanização do ser. Os caminhos para expressão e criação existentes no mundo artístico possibilita ao indivíduo a capacidade de “ler” o universo ao seu redor de maneira mais ampla, conseguindo inserir-se nesse mesmo universo com mais segurança e auto confiança, e a arte música encontra-se completamente inserida nesse mecanismo. O ser humano não pode ser fragmentado em “gavetas”, ele é inteiro e constitui um todo complexo, multifacetado e de natureza dialética, a arte junto à terapia traz a baila essa inteireza e permite ao sujeito se compreender como tal e dialogar com o outro e com o mundo de forma consciente. A partir disso, a que se pensar a saúde como um complexo harmônico e inteiro. Musicalmente falando, “se saúde é o movimento harmônico de todas as frequências, quando isto não acontece, poderíamos dizer que a doença se instala, não como uma frequência à parte, mas como parte de um todo em direção à saúde nos níveis pessoais – corpo, alma e psique – e coletivos – social, cultural e ecológico.” Diante desse discurso, penso que a arte, em suas mais variadas vertentes pode trazer uma perspectiva inovadora em se tratando de valores. O contexto artístico possibilita o navegar por entre os temas da natureza e sociedade, linguagem e matemática, bem como tantos outros universos. Tomando a arte de maneira genérica como elemento fundamental de formação do sujeito, entendoa como indispensável às práticas terapêuticas relacionadas a qualquer tipo de distúrbio psicológico ou afetivo. Afinal de contas, a arte existe para “puxar tapetes”, quebrar paradigmas, reconstruir conceitos, e assim, o crescimento e a evolução acontecem a partir do desdobramento do ser. “
Quando o homem se percebe como instrumento, como um corpo sonoro, e descobre que estes sons podem ser organizados, nasce a música. Começa ele, então, a manejá-los, convertendo-os em matéria nova, em um fantástico veículo expressivo.” (MILLECCO, MILLECCO FILHO e BRANDÃO, 2001, p. 05)
La Bella e Adriano Giffoni Parceiros do
Som em Campo
La Bella e Som em Campo
Parceiros na difusĂŁo da mĂşsica instrumental!
BAIXO BRASIL
Sambão
Por Adriano Giffoni
O sambão é um tipo de samba tocado em andamento em torno de 120 bpm e por Ter esse Andamento a condução do baixo deve ser simplificada. As semínimas são as figuras mais usadas, mas o baixista pode usar outras figuras como a colcheia pontuada e a semicolcheia para criar variações. O baixo de sambão é baseado na condução do surdo das escolas de samba e as notas básicas Do baixo serão a tônica, a Quinta grave e a Terça. A sonoridade do baixo deve ser mais aguda e a interpretação das notas, mais seca, para que isso proporcione um melhor resultado com a percussão e a bateria. Baixistas como Luizão Maia, Jorjão Carvalho, Jamil Joanes, Bororó e Jacaré , participaram de muitas gravações de sambão com artistas da MPB como Beth Carvalho, João Bosco, Emílio Santiago, Gonzaguinha,Martinho da Vila e vários grupos de samba. Os baixos de quatro e cinco cordas são os mais indicados para shows e gravações desse estilo. EXEMPLO 1 : As semínimas do primeiro compasso são seguidas por uma variação de surdo em colcheias pontuadas e semicolcheias , no terceiro compasso voltam as semínimas e no quarto compasso acontece mais uma variação junto com o surdo, resolvendo a levada. EXEMPLO 2: Nesse exemplo usei tônica e Terça no primeiro compasso . No segundo e terceiro compasso , usei uma nota cromática (meio tom) fechando o compasso e interligando os acordes. O quarto compasso termina com o baixo fazendo mais uma variação junto com o surdo.
EXEMPLO 3: O terceiro exemplo tem no primeiro compasso uma condução com t6onica e Quinta com o segundo tempo sendo preenchido por colcheias. No segundo compasso usei as mesmas notas e fiz uma variação rítmica com colcheia pontuada e semicolcheia no segundo tempo. Para fechar a levada, usei a sétima e a Terça do acorde. EXEMPLO 4: O quarto exemplo elaborado sobre o acorde de Em 9, usa a tônica e a Quinta no primeiro compasso, a nona e a Quinta no segundo, a tônica e a Terça no terceiro e fecha a levada com a Quinta sendo usada em duas oitavas diferentes e com o uso da corda Si Grave. REFERÊNCIAS DISCOGRÁFICAS: Vira Virou/ A Mocidade Chegou ( Toco e Jorginho Medeiros) Viagem ao Tempo da Criação ( Martinho da Vila) O Que É O Que É ( Gonzaguinha) Vai Passar( Chico Buarque)
Link テ「dio Sambテ」o
SERGINHO TROMBONE
SEC: Serginho, com que idade iniciou sua caminhada na música? ST: Sou músico “original” desde os sete anos! Com onze anos, fiz meu registro na Ordem dos músicos, acho que um dos mais antigos registros da Ordem dos Músicos do Brasil. SEC: Fale um pouco sobre seus estudos e caminhos entre estilos na música? ST: Eu fiquei conhecido na MPB, por conta da variedade de estilos e artistas com os quais trabalhei. Em relação a formação, estudei harmonia e improvisação com Vítor Assis Brasil. Participei de bandas históricas que marcaram a música popular como a Dom Salvador & Grupo Abolição e também tenho tenho o meu trabalho solo como compositor e instrumentista.
SEC: Sabemos que já dirigiu como arranjador e atuou como interprete em muitos trabalhos, incluindo discos e shows de inúmeros artistas da MPB. Você pode citar alguns? ST: Bom, é uma lista bem intensa... Mas aqui vão alguns: Amelinha, Gal Costa, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Baby do Brasil, Luis Melodia, Ney Matogrosso, Rita Lee, Tim Maia, Roberto Carlos, Barão Vermelho, Banda Black Rio, Blitz, Brilho da Cidade, Carlinhos Brown, Cássia Eller, Cassiano, Chico Science, Cidade Negra, Djavan, Ed Motta, Emílio Santiago, Evandro Mesquita, Fafá de Belém, Gabriel o Pensador, Guilherme Arantes, Jota Quest, Jorge Ben Jor, Kid Abelha, Kleiton & Kledir, Lincoln Olivetti, Leo Gandelman, Márcio Montarroyos, Margareth Menezes, Marcos Resende, Marina Lima, Matt Bianco, Moraes Moreira, Nelson Gonçalves, Originais do Samba, Paulo Braga, Pepeu Gomes, Ricardo Silveira, Sandra de Sá, Tânia Alves, Ultraje a Rigor.
O Estúdio Acústico é parceiro do
Som em Campo
www.acusticoestudio.com.br
SEC: Qual foi e quando foi gravado seu primeiro trabalho? ST: Meu primeiro disco solo foi o Avec Elegância. Esse foi gravado em 1991, pela gravadora CID. Nesse disco, instrumental, interpretei de minha autoria, "De repente", "Aeróbica", "Robotrombo", "Malandragem" e a faixa-título "Avec elegância". Inclui também o clássico "Maracangalha", de Dorival Caymmi. Ainda nesse CD, contei com a participação de músicos de renome: Mauro Senise, Márcio Montarroyos, Bidinho, Celso Fonseca, Don Ney e Jorge Helder, Paulinho Guitarra, Cidinho José Carlos Bigorna. SEC: Você tem algum prêmio e participações em festivais em seu currículo? ST: Sim! Ganhei o Prêmio Sharp de Melhor Arranjador em 1994. No Brasil, toquei em todos os Festivais Rock in Rio; Hollywood Rock e quase todas as versões do Free Jazz Festival. Tenho muitas experiências Internacionais também, em Tournês pela Europa, Japão e Estados Unidos, incluindo festivais de Montreux, quatro edições, com Moraes Moreira, Gilberto Gil e Jorge Ben Jor. Em 2002, a convite de Leo Gandelman, atuei no "Projeto Sesc Instrumental", apresentando-me no Teatro do Sesc de Copacabana.
SEC: Serginho, quais são os planos para o futuro? ST: Atualmente estou tocando com o Leo Gandelman e acabando meu segundo disco solo.
SEC: Serginho Trombone, a Som em Campo agradece muito pela sua entrevista e desejamos que siga com seu trabalho, confirmando a força da sua música, seja em seu trabalho solo seja como presença sempre solicitada pelos grandes artistas da MPB. Um forte abraço de todos que fazem a Som em Campo! *Na página “Pra levar na bag” o CD Avec Elegancia do trombonista e arranjador Serginho!
PIANO
Márcio Hallack
Como prometido, o grande pianista Márcio Hallack traz na página a seguir um super material musical! Partitura e áudio de uma das músicas autorais do Márcio . Nessa edição, a música é Tudo Azul, do cd “Free ” do pianista. Bom estudo!
Link テ「dio
&
www.gesolucoes.com.br
A GE Soluções em
Telecomunicações É parceira do Som em Campo e apoia a cultura incentivando a difusão da música instrumental no Brasil!
BRASIL NA BATERIA
Por César Machado
Esta coluna traz alguns loops de Sambas tocados e escritos na partitura, portanto temos áudio, que pode ser escutado acionando os botões na próxima página, e partituras para os interessados poderem ter mais praticidade para estudar . Estes loops fazem parte de uma série de levadas de música brasileira na bateria do projeto Sons do Brasil, do Baterista César Machado, que podem ser encontrados em sites de música americanos e Koreanos.
Link テ「dios Sons do Brasil
A missão da QUALYSOM
Satisfazer um mercado profissional em amplo crescimento, com produtos de alta qualidade e o que há de mais moderno. Trabalhando num ambiente participativo, aplicando padrões de alta satisfação, criatividade e inovação.
A missão do SOM EM CAMPO Fazer com que todo esse esforço da nossa parceira QUALYSOM valha a pena! Difundindo a música instrumental de qualidade no Brasil e no exterior!
PIANO LULU MARTIN
No Brasil, existe uma separação entre músicos instrumentistas e artistas que é muito negativa. Nossa cultura não valoriza a arte porque não valoriza o conhecimento. Não temos o uso da padronização suficiente para que a aquisição de cultura possa ser alcançada por uma maioria de indivíduos. O problema é que não somos gênios musicais. E assim, no Brasil aparenta-se que apenas os geniais, dotados pela natureza, conseguem se desenvolver para além do nível do simples. Acredito que a arte vem do conhecimento de si. Ao construir uma expressão, ou um conteúdo, usamos o nosso conhecimento e a nossa personalidade. Mesmo que não tenhamos conhecimento formal sistematizado, usamos algum conhecimento interior, só nosso, a sabedoria do autodidata.Hoje temos um exercício novo, de acordes construídos com intervalos de quintas, usando o conceito musical de acorde maior e menor. Esse exercício me foi passado pelo professor Charlie Banacos. Foi um professor particular de música, da cidade de Boston, que tinha uma fila de espera de até 3 anos para se ter aulas com ele. Eu fiquei na fila para aulas por 1 ano e 6 meses, e não consegui vaga. Voltei para o Brasil antes de ter conseguido uma vaga. Estudei o que ele ensinava aos meus conhecidos que tiveram a oportunidade de estudar com ele. O ponto interessante desse exercício é o modo de pensar para estudá-lo. Depois do primeiro acorde feito, a mão direita desce meio tom e o acorde maior se torna menor. A seguir, a mão esquerda desce meio tom e o acorde se torna maior de novo (modulando para outra tonalidade). E assim segue o exercício. Charlie Banacos foi uma grande sistematizador e educador musical.
lulumartinbr@yahoo.com.br
Link テ「dio
Apresenta
Zazu
Transcrição da linha de Baixo e harmonia feita por Zazu, da Composição do Baixista, arranjador e compositor mineiro Yuri Popoff, Era só Começo Nosso Fim. A transcrição foi feita através do vídeo postado no youtube da apresentação de Toninho Horta no Sesc em São Paulo.
TRANSCRIÇÃO
Link para vídeo Link para músicas
&
Parceiras a procura do Som perfeito!
BATERIA
ROBERTO RUTIGLIANO O baterista, compositor e arranjador argentino Roberto Rutigliano traz nessa edição a partitura de uma composição autoral! A música chama-se: Um Dia em Bacaya.
Um dia em Bacaya (por Roberto Rutigliano) O interior do Rio tem pequenos povoados simples e lindos, podemos encontrar mato, cachoeiras, natureza fora de qualquer circuito turístico pre-planejado... Passei um dia num lugar chamado Bacaya onde um amigo comprou um sitio e fiquei tão feliz que no outro dia escrevi esta musica.... Tem três partes, a primeira pode ser tocada em ritmo de Ciranda (como sugere o ritmo escrito ) ou como Maracatu que também funciona bem... a segunda parte como Baião e parte "C" é um interlúdio e pode ser tocado de modo leve.... Como a melodia é muito cantável a instrumentação comporta uma voz...para a formação pensei em percussão, instrumento harmônico e contrabaixo mais pode ter outras interpretações... Uma composição bem no estilo instrumental nordestino que tanto gosta Egberto ou Hermeto...uma música inédita para enriquecer as jam sesion dos leitores de Som em Campo.... Abraços
Roberto
BATERIA Um dia em Bacaya Roberto Rutigliano
TRESCLICKS fotografia & Som em Campo Parceria entre o Som e a arte de registrar a mĂşsica em movimento por Tatiana Ribeiro
BERNARDO FABRIS SEC: Com qual idade, qual sua naturalidade, e como ocorreu seu interesse pelos instrumentos de sopro? BF: Por volta dos sete anos de idade eu comecei a estudar música tendo aulas de flauta doce na cidade de Curitiba/PR. Apesar de ter nascido no Rio de Janeiro, vivi na capital paranaense durante a minha infância. Eu fazia iniciação musical em uma escola que seguia o método da CLAM, escola de música do Amílson Godoy. Alguns anos depois, em 1989, quando eu já residia em Florianópolis/SC, passei a estudar saxofone inicialmente com uma saxofonista chamada Marisa Ribeiro e depois com Sílvia Beraldo no CIC (Centro Integrado de Cultura). O saxofone apareceu quase que casualmente pra mim, a Marisa me dava aulas de flauta doce, mas era de fato saxofonista e, por sugestão dela, ganhei de presente dos meus pais um saxofone soprano cachimbo que tenho até hoje. SEC: Quando começou a estudar, como eram as condições ao acesso as informações didáticas para o estudo do instrumento? BF: Depois desse período de primeiro contato com o saxofone eu acabei me distanciando dos instrumentos de sopro, migrei pra guitarra e fui tocar rock com colegas em bandas de Florianópolis. Isso durou até meus 18 anos, aproximadamente. Meu reencontro com o saxofone se deu por volta de 1995, e é justamente nesse momento que eu considero que comecei a “estudar” de fato. Voltei a ter aulas com a Sílvia Beraldo e participei de grupos de MPB na capital catarinense. Nesse tempo o meu referencial teórico era muito baseado no que a Sílvia me passava, tinha começado estudando com o método pra saxofone do Klosé e depois passei a tocar com alguns play alongs do Jamey Aebersold, mas as coisas eram passadas muito pela oralidade mesmo, durante as aulas, além das referências dos discos, eu diria que a minha formação é muito auditiva.
Alguns dos álbuns que marcaram minhas referências no saxofone foram o The Mad Hatter do Chick Corea, com o Joe Farrell no tenor; Manhattan Burn e Reunion do Paquito D’Rivera, o My Song do Keith Jarrett, com o Jan Garbarek, o disco A Música Livre de Hermeto Pascoal além dos discos do Egberto Gismonti, especialmente o Sanfona e o Circense, ambos com o Mauro Senise. Outro fato fundamental pra mim foi a entrada na faculdade. Isso se deu em 1996 quando ingressei no curso de Licenciatura em Música da UDESC. O mais legal dessa fase foi conhecer outros colegas e poder trocar experiências com eles. Desse tempo tive contato com um pianista florianopolitano chamado Diogo de Haro, com quem fiz muita música improvisada, coisa mais pro free-jazz mesmo, e o Samuel de Oliveira, também saxofonista que acabou indo pro Rio de Janeiro. Mas de todo modo, a questão da bibliografia pra saxofone, especificamente, era muito precária. Fui ter contato com a coisa mais sistematizada mesmo com o Dílson Florêncio no bacharelado em saxofone na UFMG, curso que entrei em 1997 vindo de transferência da UDESC. O Dílson estudou no Conservatório Superior de Música de Paris e o material todo dele naquele tempo era voltado para o saxofone erudito, mas que também me auxiliou enormemente para a prática do saxofone voltado para diversos estilos, sempre procurei adaptar os métodos para usos no jazz e na música brasileira também. Utilizei e ainda utilizo principalmente os métodos de escala e estudos do Marcel Mule e outros do Jean Marie Londaix – principalmente o de exercícios mecânicos – além dos estudos melódicos do Klosé e do Ferling. Tudo eu acho que é uma questão de saber utilizar esses materiais conforme as diversas linguagens, já que a técnica é sempre a mesma para todos os estilos, o que muda é o enfoque dado a cada um deles. SEC: Quais cursos, e professores com os quais estudou? FB: Bom, como havia dito, comecei estudando saxofone em Florianópolis em 1989 com a Marisa Ribeiro e depois com a Sílvia Beraldo. Alguns anos depois, na mesma cidade, fiz aulas de violão clássico com Roberto Rezende. Já em Belo Horizonte fui aluno durante o curso superior de música da UFMG do Dílson Florêncio, e em especial outros dois professores foram fundamentais pra mim principalmente para o estudo da harmonia funcional e da improvisação: Mauro Rodrigues e Fábio Adour. Fui também aluno de outros músicos em oficinas principalmente em festivais de inverno, dos quais eu poderia citar: Jovino Santos Neto; Itiberê Zwarg; Vinícius Dorin e Nivaldo Ornelas. Especialmente com o Nivaldo eu pude realizar um trabalho de pesquisa de doutorado sobre a obra dele, de modo que iniciei um relacionamento que me possibilitou, e ainda possibilita um crescimento musical imenso. Os encontros com o Nivaldo sempre são de muito aprendizado, ele é um patrimônio da nossa música, uma referência sem igual.
SEC: Fale sobre o início de sua carreira? BF: Bom, eu considero a minha vinda para Belo Horizonte em 1997 como um divisor de águas na minha vida profissional. Além de ingressar no Bacharelado em Saxofone da UFMG foi aqui que, de fato, comecei a ter uma atuação profissional mais consistente. Meus primeiros passos no mercado musical belo-horizontino foram em 1998 tocando ao lado do pianista e compositor Renato Kefi, e mais tarde, formei duo com o violonista e guitarrista Alexandre Souza, que é natural do Rio de Janeiro. A partir daí comecei a integrar grupos de música instrumental, fosse tocando música instrumental brasileira, jazz, choro, etc. Dos grupos que participei poderia citar o Kintawt, que era formado pelo Thiago Nunnes (guitarra), Agostinho Paolucci (guitarra), Werner Silveira (bateria) e o Thiago Correa (baixo) – (depois Enéias Xavier e Aloísio Horta); mais tarde ao lado de Gustavo Figueiredo (teclado), Marco Daniel (trompete), Maurício Ribeiro (baixo) e Guilherme Faria (bateria) formamos o Samambaia que tinha um repertório dedicado mais à música instrumental brasileira. Outro grupo que foi importante para a minha formação foi o Trio Fogo na Jaca, que integrei juntamente com os irmãos Alexandre Souza (violão) e Ricardo Boca (percussão). Com esse trio eu toquei muita música brasileira, especialmente choros de K-Ximbinho, Luiz Americano e Ratinho e ouvi muito o Zé Bodega, isso somou muito à minha maneira de tocar. Já por volta de 2004 comecei a tocar com um grupo chamado Sambop ao lado do maestro Néstor Lombida (piano), Pablo Souza (contrabaixo) e Bo Hilbert (bateria). Nos dedicávamos principalmente aos standards de jazz e tocamos muito na noite de BH, essa foi outra escola importantíssima pra mim. O convívio com o Néstor Lombida me abriu muito a cabeça para o universo da harmonia e improvisação. Através desses grupos pude entrar em contato com vários músicos de BH que considero como referências pra minha carreira, muitos deles ícones da nossa música: Toninho Horta, Juarez Moreira, Neném, Celso Moreira, Beto Lopes, Chico Amaral, Cléber Alves, Tabajara Belo, Zazu, enfim, o terreno era e é muito fértil e essas trocas foram fundamentais para o meu amadurecimento na música. Essa experiência é insubstituível.
SEC: Como foi o processo do seu primeiro trabalho solo e existe algum projeto atual? FB: Em 2003 eu fiz a gravação de 3 músicas minhas que acabaram entrando em um CD coletânea com outros 3 músicos de BH: Antonio Loureiro, Maurício Ribeiro e Thiago Nunnes. Esse CD ficou conhecido como ABMT e funcionou pra mim como um esboço para o trabalho que eu viria a realizar em 2010 com o atual grupo que me acompanha. O Quinteto, como chamo, foi criado entre 2010 e 2011 com músicos com os quais trabalho há muito tempo: Gustavo Figueiredo (teclado e piano), Thiago Nunnes (guitarra), Yan Vasconcellos (contrabaixo) e Hudson Vaz (bateria) formam o grupo comigo. Com eles gravei meu primeiro disco, também intitulado Quinteto e que foi produzido de forma totalmente independente por mim e co-produzido pelo Gustavo Figueiredo no estúdio dele, o Near Filed em Contagem. O disco conta com sete músicas de minha autoria e um arranjo para Insensatez do Tom Jobim e Vinícius de Morais que foi premiado no BDMG Instrumental de 2011. Lançamos o CD no projeto Quarta Jazz, hoje Quarta Instrumental, do SESC Palladium e entre março e abril desse ano nós realizamos uma turnê por cinco cidades mineiras divulgando o trabalho através de shows e workshops. Atualmente estou trabalhando na pré-produção do segundo disco do Quinteto, que também será realizado de forma totalmente independente. O atual CD deverá contar apenas com músicas autorais e, mais uma vez, vou buscar mostrar a cara do meu trabalho em música instrumental através da sonoridade desse grupo. SEC: Quantos músicas autorais, ou trabalhos gravados você tem até o atual momento? BF: Eu gravei e lancei um único CD autoral, o Quinteto, e participe da coletânea ABMT, lançada em 2004. SEC: Conte aos leitores da revista Som em Campo como sucede o processo de criação de suas composições? BF: Por hábito eu realizo as minhas composições de maneira bastante intuitiva e as faço, normalmente, com o auxílio de um instrumento harmônico, violão ou piano. Gosto de cantar enquanto toco, isso dá uma cara de canção para o que faço, é tudo de fato lírico. As ideias musicais surgem, normalmente, de estruturas hormônico-rítmicas e daí derivam as melodias. Há casos em que faço as melodias primeiro, mas esse processo é uma exceção, como exemplo cito a música Cris, presente no disco Quinteto. Aquele é o único caso do disco onde realizei primeiro a melodia da música, e o que é ainda mais curioso, ela foi composta no clarinete. Depois de realizada a “melodia acompanhada”, parto para a parte de arranjo e pra isso gosto também de
escrever, pelo menos, uma linha de baixo como referência, sendo que muitas vezes essa linha de baixo já aparece na feitura da melodia. No caso dos arranjos, depende muito do tipo de intervenção que proponho pra banda, há vezes que também escrevo as linhas de bateria e alguns dos voicings dos instrumentos de harmonia, em outros casos, deixo o terreno mais livre para a realização dos músicos. SEC: Como vê a evolução do seu instrumento? BF: O saxofone tem uma história riquíssima na música brasileira. Há, no senso comum, uma ideia de que o sax tenha entrado na nossa história a partir do referencial do jazz – há o notório caso do Pixinguinha que introduziu o saxofone à sua música a partir da turnê francesa dos Oito Batutas em 1922 - mas é fato que o saxofone foi inserido no choro muito antes de aparecer no jazz. Nosso primeiro grande solista do instrumento foi provavelmente, Viriato Figueira, que tocava no grupo do flautista Joaquim Callado, isso pelos anos 1880, ou seja, pelo menos 40 anos antes da inserção do saxofone nos grupos de jazz. De lá pra cá muita gente escreveu e realizou música brasileira no saxofone, desde chorões: Anacleto de Medeiros, Ratinho, Luiz Americano, Sandoval Dias, K-Ximbinho, Zé Bodega; até músicos do samba-jazz e da música instrumental: Paulo Moura, Cazé, Moacir Santos, Vitor Assis Brasil, Nivaldo Ornelas, Juarez Araújo, Mauro Senise, Ion Muniz, etc... De modo que podemos considerar que há uma escola brasileira de saxofone, nós temos uma maneira diferente de tocar o instrumento, que não é a maneira dos jazzistas e tampouco o estilo do saxofone francês, é muito próprio da nossa música. Atualmente o território é absolutamente fértil. Temos desde nossos patronos, casos de Nivaldo Ornelas, Mauro Senise e Proveta, passando por Carlos Malta, Vinícius Dorin, Cacau, Zé Nogueira, Teco Cardoso, Marcelo Martins, Eduardo Neves, Leo Gandelman, Dílson Florêncio, Ademir Júnior e uma infinidade de virtuosos, cada qual com muita personalidade musical. Belo Horizonte não fica fora desse quadro de referências, temos aqui grandes saxofonistas com carreiras já sólidas, casos de Chico Amaral, Cléber Alves, Jairo de Lara, Robert Clay e Nick Payton, além de outros tantos jovens instrumentistas que realizam trabalhos também como compositores e arranjadores em diferentes vertentes da música instrumental, casos de Breno Mendonça, Renato Goulart (Quarteto Monte Pascoal), Vinícius Augustus, Leo Barreto, Sérgio Danilo, Fabiano Zan, enfim, estou sendo absolutamente parcial nessas citações, mas são diversos os nomes, o que nos faz ter uma mesa farta. SEC: Sobre sua sonoridade e forma de tocar, conte um pouco sobre isso. BF: É um pouco difícil falar de sobre si dessa maneira. Procuro realizar a música de maneira honesta, sendo honesto comigo mesmo. Quando me dedico à música instrumental levo comigo minhas referências de sonoridade e estilo, mas buscando sempre imprimir algo da minha personalidade. De todo modo, procuro ser coerente com o trabalho que estou realizando e penso mais no resultado musical como um todo sem me prender a detalhes eminentemente técnicos.
Como realizo trabalhos tanto na música popular quanto na música de concerto, procuro ter dois equipamentos (conjunto de boquilha e palheta) que mudo conforme o enfoque do trabalho. Um deles utilizo em formações de jazz e música instrumental e o outro para grupos de câmara e Orquestras e Bandas Sinfônicas. Como passei pelas duas escolas (escola do jazz e escola francesa) me sinto relativamente à vontade para migrar entre essas duas estéticas sem maiores percalços. O importante é, como disse, ser coerente com o texto musical, levando em consideração o universo sonoro no qual a obra que está sendo tocada foi composta. SEC: Cite os músicos que mais te influenciaram? BF: As minhas referências são várias e variam de tempos em tempos, mas nem sempre são saxofonistas o meu norte. Dois compositores, no caso pianistas, que sempre gostei e ainda norteiam a minha música são Egberto Gismonti e Keith Jarrett, mas soma-se a eles Hermeto Pascoal, Tom Jobim, Guinga, Moacir Santos, Milton Nascimento, Toninho Horta, Nivaldo Ornelas, Edu Lobo e Dori Caymmi, isso falando mais da música brasileira, que é sem dúvida a base da minha referência composicional. Outros universos musicais se misturam a isso, como o jazz de Miles Davis, Bill Evans e Herbie Hancock, e gosto muito também da sonoridade do Som Imaginário e de bandas do jazz rock dos anos 1970, principalmente do Weather Report, Returno to Forever e Mahavishnu Orchestra. Também ouço e toco bastante música de concerto, tenho especial predileção por compositores do final do século XIX e início do XX: Gustav Mahler, Claude Debussy, Maurice Ravel, Radamés Gnattali , Villa-Lobos, Franz Schmidt, Gabriel Fauré, Erik Satie e Alexander Scriabin são alguns deles. Relativo especificamente aos saxofonistas cito novamente Joe Farrell e Jan Garbarek, provavelmente os primeiros timbres que ficaram definitivamente gravados em meus tímpanos, mas ainda Lester Young, Charlie Parker, Cannonball Adderley, John Coltrane, Dexter Gordon, Wayne Shorter, Michael Brecker, Zé Bodega, Vitor Assis Brasil e Nivaldo Ornelas. Essas são referências que sempre tenho comigo. Na música erudita gosto de Arno Bornkamp, Claude Delangle e do Dílson Florêncio, mas acho fundamental ouvir Marcel Mule e Sigurd Rascher, foi de onde tudo veio. SEC: Cite trabalhos nos quais participou ao lado de outros artistas, festivais, gravações, etc... BF: Tive a felicidade de participar de alguns trabalhos que contribuíram enormemente para o meu desenvolvimento musical. Em 2007 tive a oportunidade de trabalhar com a compositora, arranjadora e regente estadunidense Maria Schneider no festival Tudo É Jazz; também trabalhei com Darcy James Argue em um projeto de residência artística dentro do Savassi Festival Jazz & Lounge em 2012, esses dois no formato de Big Band. Tive também o prazer de realizar shows juntamente do Jazz Mineiro Orquestra, projeto do saxofonista Nivaldo Ornelas produzido por Cléber Alves com o qual pude me apresentar também com Naná Vasconcelos.
Realizei também gravações e shows com a Happy Feet Jazz e Big Band em dois projetos, um com o saxofonista estadunidense Mike Hashim, em 2009, e outro em formato de Big Band em 2013 tendo como convidados o saxofonista Jeff Rupert e o trombonista Bill Allred, isso sem falar de outras apresentações que realizei com Celso Moreira, André “Limão” Queiroz, Pablo Souza, Enéias Xavier, Magno Alexandre, Zazu, Néstor Lombida Hunt, Wagner Souza, Tabajara Belo, etc. Tenho também realizado trabalhos no âmbito da música de concerto. Colaborei com a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais em 2012 e realizei concertos dedicados ao repertório para saxofone com pianistas como Gunther Bauer de Goiânia. Acho muito importante e saudável essa diversificação de repertórios, eles me ajudam a dar nova cara pras coisas que estou fazendo. SEC: O que você acha do cenário atual da música instrumental brasileira e da nova geração? BF: A música instrumental adquiriu um status de notoriedade durante a última década. A modalidade caminha a passos largos para uma autonomia do campo podendo ser percebido, por exemplo, com a criação e consolidação de festivais de música e projetos culturais que incluem em suas programações o estilo, além de concursos que viabilizam o surgimento de novos nomes no cenário. Os músicos que produzem música instrumental no Brasil hoje estão dependendo cada vez menos da plataforma da MPB para se consagrarem. Hoje não é fundamental que um músico acompanhe um grande “artista” da MPB para ser consagrado no meio musical e poder correr paralelamente com seu trabalho autoral, podendo assim almejar lugar ao sol, como acontecia praticamente como via de regra entre os anos 1970 e 1990. É possível se dedicar praticamente à produção e difusão somente da música instrumental – seja autoral ou não – contribuindo com o trabalho de outros músicos e participando de festivais (tocando e lecionando), investindo em projetos de lei de incentivo e empreendendo. O desenvolvimento das tecnologias de gravação e edição de música somada às ferramentas de difusão nas mídias eletrônicas, tais como as redes sociais, hoje demonstra ser uma realidade que possibilita que se possa gravar com relativa facilidade e fazer com que essa produção circule tanto entre pares quanto que se possa atingir públicos diversos que em um primeiro momento não seriam necessariamente consumidores de música instrumental. Parece-me que o último passo pra essa autonomia do campo está ligado diretamente à profissionalização da classe e na relação entre a classe musical e o empresariado, no sentido de conseguirmos relações de trabalho baseados em contratos de prestação de serviços com o pagamento de honorários que sejam justos para quem toca. Isso, a meu ver, deveria ocorrer em todas as relações de trabalho, tanto na noite, em bares, casas de show, centros culturais, quanto em eventos e grandes festivais. O Sindicato dos Músicos precisa se fortalecer pra que essas ações sejam possíveis, mas isso tem muito de partir da atitude do músico em relação ao mercado, se ele não se valorizar, não há como melhorarmos as condições do mercado. De todo modo esse quadro tem melhorado e a novíssima geração de músicos que se dedica à música instrumental ou à música independente tem se valido dessa corrente.
Hoje se ouve falar muito mais de novos músicos que aparecem no cenário da música instrumental. A quantidade e qualidade desse grupo de jovens são formidáveis. Acho que hoje, com a facilidade na circulação de informação e com a possibilidade de se produzir gravações com muito menos gastos fez com que essa geração aparecesse mais pra nós, mas ao mesmo tempo, sempre se produziu e sempre apareceram vários talentos, mas que em muitas vezes migraram para outros campos da música já que boa parte desses músicos não conseguia, em outros tempos, sustentar suas produções instrumentais, portanto, devemos o cenário atual aos pioneiros dessa modalidade que abriram caminho, incentivando a formação de público e a consagração do meio. SEC: Deixe uma mensagem final para os leitores da revista Som em Campo.
BF: Iniciativas como a do Som em Campo são de uma importância sem igual. O empreendedorismo nessa atividade é fundamental para o incentivo à autonomia no meio da música instrumental, à formação de público e à publicidade dos trabalhos de autores e intérpretes que é realizado exclusivamente de forma independente. Esse tipo de iniciativa mostra ser indispensável para que a música instrumental adquira o reconhecimento necessário para andar com as próprias pernas e possa se renovar. Ao Zazu e à Ceci Medeiros meus parabéns e sinceros agradecimentos pela oportunidade, e aos leitores da Som em Campo votos de sempre boas leituras e muita informação. Um forte abraço.
Bernardo Fabris
Link รกudio
TV Nova Lima
registrando o nosso som
OUVIDO NO MUNDO Internacional SEC - Com qual idade despertou seu interesse pela música, e qual foi seu primeiro instrumento? At what age sparked his interest in music, and what was your first instrument?
EDO
EDO:Eu me interessei por música em uma idade muito precoce, quando a minha mãe tocava piano eu cantava muito com ela. Eu também ouvia muitos tipos de música, shows musicais, música American Folk, Country, Música Clássica e Jazz. Fiquei interessado em Jazz quando o meu tio, um engenheiro de gravação me deu meu primeiro disco de jazz com a idade de 8-9 anos. Meu primeiro instrumento foi o piano. Mas como a maioria das crianças eu não praticava, mas apenas me preocupava em "jam" ou tocar o que eu ouvia na minha cabeça. Aprendi a ler música, mas era apenas preguiçoso. Mais tarde eu comecei a tocar violino e guitarra. Não tarde demais, um amigo me deu um baixo e eu imediatamente me apaixonei por ele. Desde então, eu persigo a minha paixão pelo baixo ". I was interested in music at a very early age, when my mother played the piano and I sang a long with her. I also listened to many kinds of music too, Musical shows, American Folk music, Country, Classical Music and Jazz. I became interested in Jazz when my Uncle, a recording Engineer gave me my first jazz record at the age of 8-9 years old. My first instrument was piano. But like most kids I did not practice but only cared to “jam” or play what I heard in my head. I learned to read music but was just lazy. I later played violin and guitar. It wasn’t till later in my life that a friend handed me a bass and I immediately fell in love with it. From there I pursued my passion for the bass.”
SEC - Você é natural de qual País? E iniciou seus estudos musicais onde nasceu? What’s your nationality? Did you begin your musical studies where was you born? EDO:Eu sou da primeira geração de Filipinos nascidos nos Estados Unidos. Mas eu tenho raízes que remontam à Espanha e as ilhas do Pacífico. Eu sou uma raça cruzada devido ao colonialismo. Assim, a minha herança é o espanhol, filipino, havaiana e ilha do Pacífico. Eu comecei a minha formação musical formal no Colégio de “San Jose State” aqui em nos EUA. Antes disso eu participei nas aulas de música na escola pública sem nenhum interesse real, exceto para evitar outras aulas. Além disso, havia meninas na classe que eu achava muito bonitas. Eu era jovem e não muito sério sobre qualquer coisa, exceto me divertir e tocar. I’m first Generation Filipino born in the United States. But I have roots going back to Spain and the Pacific Islands. I’m a cross breed due to colonialism. So my heritage is Spanish, Filipino, Hawaiian and other Pacific island background. I started my formal music training in College at San Jose State here in the US. Prior to that I participated in music classes in public school with no real interest, except to avoid other classes. Plus there were girls in the class that I thought were very cute. I was young and not very serious about anything except pleasure and play. SEC- Com quais professores já estudou? E se teve formação acadêmica onde se formou? With which teachers have you studied? And if you had academic training where did you graduate? EDO:Estudei com o baixista Bill Harrison, professor e artista local de Chicago, uma lição com o baixista Frank Tusa, artista ECM, Warren Benfield, que era a princípio baixista com o Chicago Symphony, e Kai Eckhardt. Também participei em clínicas de jazz com Roy Haynes, Ray Brown e Rufus Reid. Recebi meu diploma do Conservatório Americano de Música, em Chicago. (A escola já não existe como uma faculdade) I studied with bassist Bill Harrison, Teacher and local Chicago artist, 1 lesson with Bassist Frank Tusa, ECM artist, Warren Benfield, who was Principle Bassist with the Chicago Symphony, and Kai Eckhardt. I also participated in jazz clinics with Roy Haynes, Ray Brown and Rufus Reid. I received my Music degree from the American Conservatory of Music in Chicago. (The school is no longer active as an accredited college)
SEC - Quando sentiu que realmente ser músico profissional seria sua profissão? When did you fell that you’ll really be a professional musician? EDO:Esta é uma boa pergunta. Se os critérios para ser "profissional" se baseiam no que está sendo pago, o meu primeiro cheque foi escrito para mim em 1978-79 para um concerto. Quando eu comecei eu queria ser famoso, gravar e viajar o mundo com os melhores músicos. Agora depois de 35 anos tudo que me importa é escrever boas canções, tocando de forma criativa como músico e dar o meu melhor para criar a música que é importante para mim. Todos os dias eu pratico porque gosto de praticar. Não para ser um grande baixista, mas para ser um músico participando na criação de música. Para mim, o que eu faço no baixo quase nada tem a ver com o “lance” de tocar “grandemente o baixo", mas a criação de composições é mais importante em um formato ao vivo. Eu não me importo com profissionalismo nesse sentido. Eu gosto de ser pago por meu trabalho e agradeço o reconhecimento, mas essas coisas não são o foco para mim.
This is a good question. If your criteria for being “professional” is based on being paid, my first check was written to me in 1978-79 for a concert. When I first started I wanted to be famous, record and travel the world with the best players. Now after 35 years all I care about is writing good songs, playing creatively as a musician and be my best at creating the music that is important to me. Everyday I practice because I love to practice. Not to be a great bassist but to be a participating musician in creating music. For me what I do on the bass almost has nothing to do with playing “great bass” but more importantly creating compositions in a live format. I don’t care about professionalism in that sense. I do like getting paid for my work and I appreciate recognition, but these things are not the focus for me anymore.
SEC- Com quais artistas já trabalhou? Which artists did you work with? EDO:Tenho realizado / gravado com David Amram, Mark Walker, Hassan Kahn, Pete Cosey, Roy Haynes, Fareed Haque, David Onderdonk, Ed Thigpen, Johnny Griffin, Joel Harrison, Jim Trompeter, Ian Doogle, Deborah Winters, Jill Knight, Paul Van Wageningen, Caroline Aiken, Dan Zinn, Michael La Macchia, Armando Peraza, Caren Armstrong, Percy Howard, Mike Molenda, Stu Hamm, Lorn Leber, George Brooks, Eric Doc Smith, Michael Manring, Mark Isham, Steve Erquiaga, Mark Egan, Yves Carbonne, Percy Jones, Todd Johnson e David Friesen. I have performed/recorded with David Amram, Mark Walker, Hassan Kahn, Pete Cosey, Roy Haynes, Fareed Haque, David Onderdonk, Ed Thigpen, Johnny Griffin, Joel Harrison, Jim Trompeter, Ian Doogle, Deborah Winters, Jill Knight, Paul Van Wageningen, Caroline Aiken, Dan Zinn, Michael La Macchia, Armando Peraza, Caren Armstrong, Percy Howard, Mike Molenda, Stu Hamm, Lorn Leber, George Brooks, Eric Doc Smith, Michael Manring, Mark Isham, Steve Erquiaga, Mark Egan, Yves Carbonne, Percy Jones, Todd Johnson and David Friesen. SEC - Quantos Cd’s autorais já gravou? How many authoral Cd's have you already recorded? Já toquei em mais de 25 projetos de gravação não incluindo o meu próprio, nos últimos 36 anos. Eu tenho 3 álbuns autorais: "Edo", "Fênix" e "Graffiti Sagrado" I’ve played on over 25 recording projects not including my own in the last 36 years. I have 3 albums as a leader: “Edo”, “Phoenix” and “Sacred Graffiti. SEC - Quais foram suas influências? What were your influences? EDO:Há muitos artistas que me influenciaram ao longo dos anos e a maioria deles não são baixistas. Deixe-me listar os baixistas primeiro: Ron Carter, Anthony Jackson, Eddie Gomez, Percy Jones, James Jamerson, Francis Rocco Prestia, Chris Squire, John Entwhistile, Jaco, Marcus Miller, Stanley Clarke, Miroslav Vitous e Steve Swallow. Estes artistas são as influências centrais do meu jeito de tocar baixo.
Os outros artistas sĂŁo Joni Mitchell, Pat Metheny, Paul Desmond, Bill Evans, The Beatles, The Grateful Dead, AmĂŠrica, Seals e Crofts, James Taylor, David Bowie, Robert Fripp e Brian Eno, Bach, Eric Satie, Mozart, Debussy e Beethoven. There are many artists who have influenced me over the years and most of them are not all bass players. Let me list the bassists first: Ron Carter, Anthony Jackson, Eddie Gomez, Percy Jones, James Jamerson, Francis Rocco Prestia, Chris Squire, John Entwhistile, Jaco, Marcus Miller, Stanley Clarke, Miroslav Vitous and Steve Swallow. These artists are the core influences of my bass playing. The other artists are Joni Mitchell, Pat Metheny, Paul Desmond, Bill Evans, The Beatles, The Grateful Dead, America, Seals and Crofts, James Taylor, David Bowie, Robert Fripp and Brian Eno, Bach, Eric Satie, Mozart, Debussy and Beethoven.
EDO CASTRO Artist Endorsement from GHS Strings
SEC - O que acha da nova geração de baixistas e das facilidades ao acesso de informações que a internet oferece? What do you think of the new generation of bassists, and the facilities to access information that the Internet offers? EDO: Os novos músicos são muito impressionantes. Embora eu sinta que alguns deles são mais obcecados com a obtenção de sucessos do YouTube e um pouco demasiado focado em como mostrar o quão rápido eles estão. Eu não quero parecer crítico, mas eu só digo isto com base em como eles se apresentam, eu acho que a noção de grandeza e talento é turva. Gestos repetidos em uma corda é confundida com arte. Minha analogia para isso é que qualquer um pode falar palavras, mas só um verdadeiro poeta pode criar belas imagens com as mesmas palavras. A "internet" é uma fabricação intocável. Ela só pode ser acessada através da visão e nossa mente com um dispositivo, mas é o estado de como podemos transmitir a nossa informação. Para mim ainda é difícil colocar a crença em algo que não pode tocar. Eu só posso afirmar a sensação de que isso não é o ideal, mas algo que deve ajustar-se, porque é o futuro da matriz agora e talvez de nossa existência para a comunicação, a internet. Eu amo o que ela tem feito para chegar ao mundo, mas também sinto que destruiu alguma integridade, como o que é fato ou ficção. The new players are very impressive. Although I feel some of them are more obsessed with getting youtube hits and a little too focused on how to show how fast they are. I don’t want to sound judgmental, but I only say this based on how they present themselves, I think the notion of greatness and talent is blurred. Repeated hand gestures on a string is confused with artistry. My analogy for this is that anyone can speak words but only a true poet can create beautiful imagery with those same words. The “internet” is an untouchable fabrication. It only can be accessed by sight and our mind with a device, but it is the state of how we transmit our information. For me it’s still difficult to place belief in something I cannot touch. I can only state from a gut feeling that this is not ideal, but something we must adjust to because it is the now and perhaps future matrix of our existence for communication. I love what it has done to reach out to the world but I also feel it has destroyed some integrity as to what is fact or fiction.
SEC – Quais baixos você costuma usar e quais equipamentos? What basses you usually use and what’s your equipment? EDO: Meus baixos são duas Utrera Prestige 7 cordas, dois Conklin Sidewinder 7 cordas, (ambos Midi), Três Bee 7 Cordas Stinger Baixos, uma Jerzy Drozd Barcelona 7 Cordas, Um corpo oco Watson 7 cordas Fretless baixo e Dois Erizias 7 cordas baixos compartimentado. Para Amps eu uso Genz Benz Shuttle ampères com dois alto-falantes 1x8, altofalantes de graves Accugroove 1x8x6 gama completa e 2x8 woofer e para backup de imagem acústica Foco 900 watt Amp. Estes são todos os equipamentos leves My basses are two Utrera Prestige 7 strings, two Conklin Sidewinder 7 strings, (both Midi), Three Bee 7 String Stinger Basses, one Jerzy Drozd Barcelona 7 String, One Watson Hollow body 7 string Fretless bass and Two Erizias 7 String Chambered basses. For Amps I use Genz Benz Shuttle amps with two 1x8 speakers, Accugroove 1x8x6 full range and 2x8 Woofer bass speakers and for backup Acoustic Image Focus 900 watt Amp. These are all lightweight equipment.
SEC - Quais os projetos para 2014? What are the plans for 2014? EDO: Há muitas mudanças de vida acontecendo para mim agora e eu devo abordar essas questões, enquanto eu continuar a melhorar o meu ofício. Eu estou trabalhando com Steph Wiseman cantor / compositor na gravação de um CD com. Eu não trabalho com alguém assim a muito tempo. Ela é um pouco como Lou Reed, Bob Dylan e Bruce Springsteen. Ela tem um som muito original que é muito atraente. Espero começar outro projeto solo de baixo em seguida e ser liberado pela gravadora com quem eu estou chamada “Music Passion Star”. Talvez eu adquira um baixo novo e talvez um cachorro. Eu amo cães. Nunca se sabe o que vai acontecer. A vida é cheia de surpresas. There are many life changes occurring for me now and I must address those issues while I continue to improve my craft. I’m working with a singer/Songwriter named Steph Wiseman recording a CD with her. I haven’t worked with someone like this in long time. She’s a bit like Lou Reed, Bob Dylan and Bruce Springsteen. She has a very original sound that is very compelling. I hope to start another solo bass project by the fall and be released under my Record label that I’m with called Passion Star Music. Maybe a new bass will happen and maybe I will get a dog. I love dogs. One never knows what will happen. Life is full of surprises.
SEC - Obrigado pela entrevista! Você poderia deixar uma mensagem final para os leitores da revista Som em campo? Thanks for the interview! Could you leave a final message for the readers of Som em Campo magazine? EDO: Obrigado por me dar esta oportunidade de falar com os seus leitores. Sinto-me honrado. Se há alguma coisa que eu poderia dizer para os seus leitores, seria esta: Seja você mesmo. Estamos esperando por você para nos mostrar a sua luz. O mundo não precisa de outro Jaco, Marcus Miller, Stanley Clark e Victor Wooten. Viva a sua vida, pois sem vida, a sua música não tem conteúdo. Concentre-se no seu instrumento e faça parte da força da vida ". Thank you for giving me this opportunity to speak with your readers. I’m honored. If there’s anything I could say to your readers, it would be this: Be yourself. We’re waiting for you to show us your light. The world does not need another Jaco, Marcus Miller, Stanley Clark and Victor Wooten. Live your life, because without living, your music has no content. Put your instrument down and be in the force of life.
EDO CD’s
O que tem pra hoje? Bernardo Fabris CD Quinteto Link Áudio: A Cidade Invisível
Para informações sobre aquisição entrar em contato com o Som em Campo através do site www.somemcampo.com ou através do e-mail somemcampo@hotmail.com
&
O Estúdio DigiAudio e Som em
Campo
Para grandes produções, grandes parcerias! DIGIAUDIO Rua Bom Despacho 100 Santa Tereza - BH 31 34610104
Pra levar na bag
Serginho Trombone
Link música Robotrombo
CD
Avec “Elegancia”
Para informações sobre aquisição entrar em contato com o Som em Campo através do site www.somemcampo.com ou através do e-mail somemcampo@hotmail.com
PARCEIROS
www.promusic.com.br MG
www.istrings.com.br
www.teslapickups.com.br SP
www.gesolucoes.com.br PE
www.nhureson.com.br SP
www.acusticoestudio.com.br MG Rua Bom Despacho 100 Santa Tereza - BH 31 34610104
www.maccabos.com.br SP
www.qualysom.com.br PB www.tvnl.com.br MG
http://tresclicks.com.br/# MG
Quer tornar-se parceiro do Som em Campo? Entre em contato através do site www.somemcampo.com ou através do e-mail somemcampo@hotmail.com