Up Belém #7 - Outubro/2015

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ISSN 2446-6328

ano 1 | #7

out 2015

A festa mais bonita do Pará vai começar. E ela fica ainda mais bonita quando pessoas de todo o Brasil vêm se juntar aos paraenses para acompanhar a procissão, assistir a trasladação, participar da romaria fluvial e aproveitar cada momento do Círio de Nazaré, renovando a sua fé no futuro. GOVERNO DO Seja bem-vindo ao Círio. O Pará recebe você de braços e coração abertos.

#Mauricio de Sousa Os 80 anos do pai da Turma da Mônica

#Sebá #Círio

A Belém de todos que a festa proporciona

#Maniçoba A invenção indígena que nunca sai de moda

distribuição gratuita

O criador da primeira galeria fluvial do planeta


8PDUL]DO


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#índice

#capa

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Mauricio de Sousa, o homem que ensinou o Brasil a amar quadrinhos

#pitada

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Ah, a maniçoba, essa mistura de maniva e amor. Tudo no ponto certo.

#entrevista

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Sebá Tapajós e a experiência da primeira galeria fluvial do mundo

#partiu

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O Círio de Nazaré que nos faz redescobrir a Belém de tudo e de todos

#estilo

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Como transformar a cozinha num espaço de convivência prático e agradável

Capa: Mauricio de Sousa | foto Lailson dos Santos

#expediente

Up Belém | ano 1 | nº7 | outubro de 2015 | distribuição gratuita

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Criação e realização | Omnia Editora Projeto Gráfico | Omnia Editora Diretora Editorial | Lorena Filgueiras - DRT-PA/MTb 1505 Editor-chefe | Elvis Rocha - DRT/PA 1712 Colunistas | Alfredo Coelho, Ana Cristina Iudice, Cassius Martins, Daryan Dornelles, Dina Batista e Sueid Abou, Joanna Martins e Paulo Bergamini. Revisão: José Rangel - DRT-PA/MTb 696 Comercial | Omnia: 91 98138.7557 | contato@upmagazine.com.br Site | www.upmagazine.com.br Críticas, elogios e sugestões de pauta | revista@upmagazine.com.br Impressão | Gráfica Santa Marta Tiragem | 6.000 exemplares A Revista UP Belém é uma publicação mensal da Omnia Editora. Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem autorização. Revistaupbelem

revistaupbelem


Fitas de Nossa Senhora de NazarĂŠ | Lucas Ohana - lucasohana89@gmail.com


#editorial

O mês de outubro em Belém é diferente. As ruas, os cheiros, as pessoas. A chegada do Círio de Nazaré traz uma aura renovada para a capital paraense. Dizem que a população dobra, tamanha a quantidade de visitantes e romeiros circulando. E mesmo quem não tem fé entrega os pontos, dada a força do simbolismo cultural da festa, não à toa considerada o maior evento religioso do país. O Círio há muito transcendeu os limites do estado, e não à toa a turma mais famosa dos quadrinhos brasileiros desembarcou na cidade este ano com uma estória ambientada por estes lados. Sim, a Turma da Mônica, que despertou em gerações o gosto pela leitura homenageou Nossa Senhora, e o pai das personagens, Mauricio de Sousa, ilustra a capa desta edição, falando de seus 80 anos de contribuição para a cultura brasileira – e sua relação com o Pará. E como Belém ferve no décimo mês do ano, preparamos mais duas matérias ligadas ao tema. Na primeira, demos pitacos básicos sobre o que não pode ficar de fora num roteiro, entre tantas opções de romarias, igrejas, museus e festas na cidade, sobre o que fazer em Belém durante o período. Na segunda, contamos a incrível história da maniçoba, este alimento tão paraense quanto a quadra nazarena e que provavelmente estará entre as suas opções na mesa – junto com o Pato – no tradicional almoço pós-procissão. Mas nem só de Círio foi feita esta Up Belém. O grafite amazônico do artista Sebá Tapajós, que foi à Ilha do Combu emprestar suas cores para a criação da primeira galeria fluvial de street art do planeta; boas dicas sobre como transformar a cozinha num espaço de convivência útil e agradável; a melhor hora para levar os pequenos a um salão de beleza (e quais cuidados os papais devem tomar antes disso), além das valiosas colaborações de nossos colunistas. Então é isso, amigos. Um bom Círio e uma ótima leitura a todos.

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#PontosDeDistribuição

• Barbearia Belém, Rua Antônio Barreto, 939 • Buffalo Steak House - Estação das Docas • Casa do Bacalhau, Rua Diogo Móia, 455 • Churrascaria do Osmar - Rua Diogo Móia, 1069 • Circus Hamburgueria - Rua João Balbi, 35. • Colors Nail Boutique - Avenida Almirante Wandenkolk, 1257 • Discos ao Leo | Travessa Campos Sales, 628 • DomNato | BR 316/KM 6,5 • Enoteca Don Vino | Conselheiro Furtado, 1420 • Fox Vídeo • Grand Cru | Braz de Aguiar, 50 • Hotel Atrium Quinta das Pedras - Rua Dr. Assis, 834 • Laboratórios Amaral Costa • Mazza Fresh Italian - Avenida Almirante Wandenkolk, 276 • Melissa | 4º piso do Boulevard Shopping • Metallo, Travessa Rui Barbosa, 582 B • Old School Rock Bar, Avenida Almirante Wandenkolk, 1074 • Oral Plus | Centro Empresarial Bolonha • Princesa Louçã, Avenida Presidente Vargas, 882 • Uniflora Natureza & Saúde Farmácia de Manipulação Travessa 14 de Março, 1148 • Rede de postos Pará Vip • Restaurante Bistrô do Bispo - Rua Dr. Assis, 834 • Restaurante Cantina do Chef - Rua Jerônimo Pímentel, 201 • Restaurante Famiglia Sicilia | Conselheiro Furtado, 1420 • Restaurante Lá em Casa | Estação das Docas • Restaurante Santa Chicória | Diogo Moia, 1046 • Salud Gourmet (delivery) • Salão Cassius Martins | Rua Bernal do Couto, 119 • SOL Informática | Doca de Souza Franco • Tabacaria Lit | Térreo do Boulevard Shopping • Todeschini | Generalíssimo Deodoro, 719 • Todeschini Umarizal, Avenida Generalíssimo Deodoro, 719 • Top Internacional | Av. Tamandaré, 1013

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#capa

por Lorena Filgueiras| fotos divulgação

Mauricio de Sousa, o homem que ensinou o Brasil a amar histórias em quadrinhos A infância é um período de descobertas e, por isso, lúdico, cheio de fantasia. Foi assim para a Mauricio de Sousa, uma criança às vésperas de completar 80 anos, que, ainda em seus primeiros anos de vida, já desenhava. “Nasci em uma família de pessoas que desenhavam”, declarou em uma entrevista recente. Até aí, nada de mais, mas o que pouca gente sabe, ele também declarou na mesma ocasião: “Aprendi a ler lendo historinhas em quadrinhos”. O destino já tinha feito planos para o pequenino Mauricio, que, apesar de uma curta experiência como repórter policial, nunca fez outra coisa a não ser dar vida aos personagens infantis que lhe fazem companhia desde sempre. Ouviu do primeiro chefe que fizesse outra coisa. “Garoto, desenho não dá futuro, não dá dinheiro, seja feliz!”. E mesmo apesar do “não” categórico, ele não desistiu. Neste 2015, Mauricio celebra oito décadas de vida (“dizem que farei oitenta anos”, comenta, entre risos) e a Turma da Mônica desembarca em Belém para viver aventuras no Círio de Nossa Senhora de Nazaré. E que meu editor-chefe me perdoe, porque manter a imparcialidade é fundamental à nossa profissão, mas foi com nervosismo e uma alegria típica de bacurizinha que o entrevistei. A seguir, um papo com o personagem de capa da sétima (e especialíssima) edição da Up Belém, “O” Mauricio de Sousa. 10

foto: Lailson dos Santos

Uma criança aos oitenta


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foto: Lailson dos Santos

A turminha vem para o Círio... e já vieste algumas vezes a Belém. O que mais gostaste na cidade? Lançamos o livro [da Turma da Mônica no Círio de Nazaré] na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, nesse mês, com sucesso total. Em Belém já foi lançado no evento da Basílica de Nazaré. A programação dos lançamentos está sendo coordenada pela Editora Santuário. Adoro Belém e já estive visitando inclusive para as pesquisas para meus personagens amazônicos. Minha participação na tradicional Feira do Livro de Belém, em 2012, me deixou emocionado. Começaste tua carreira com o jornalismo policial... Pensas (ou já cogitaste alguma vez) em fazer literatura para adultos? Aproveitando esse gancho, o que estás lendo no momento? Quando comecei no jornal Folha da Manhã (atual Folha de São Paulo), em 1959, a publicar minhas tiras, não pensava em público infantil porque o jornal é voltado para um público adulto. Mas como meus personagens são crianças, acho que foi um processo natural conquistar um público infantil. Para o público adulto temos publicado a série de graphic novels com diversos desenhistas brasileiros convocados por nosso editor Sidney Gusman e que estão fazendo grande sucesso. E tenho um projeto de produzir a turma da Mônica Adulta para daqui a alguns anos. Os personagens teriam a idade próxima dos 25 anos e a cada ano fariam aniversário como os leitores. E sobre o que estou lendo atualmente na verdade é uma releitura de toda a obra de Monteiro Lobato. Te acompanho nas redes sociais e sempre testemunho palavras carinhosas a ti e, recorrentemente, leio pessoas que dizem que aprenderam a ler com a Turma da Mônica. Tens algum receio de que com a tecnologia, gadgets, redes sociais e o pensamento cyber-acelerado as crianças troquem essas referências? 13


Já ouvi dizer e li em algumas entrevistas que só tu podes desenhar o Horácio e percebo que há uma enorme relação emocional com ele. É isso mesmo? Horácio vai virar filme, não é? Quando ele chegará aos cinemas? Na verdade o Horácio é uma espécie de meu alter ego. A linguagem quase filosófica e amor à natureza têm muito de mim. Por isso é mais autoral e realmente há dificuldade em passar para outra pessoa do estúdio para desenvolver. Quando tenho tempo rabisco alguma historinha dele. Sobre o filme em 3D, ainda está em fase de captação de patrocínio, mas fazer cinema no Brasil é muito complicado por conta da distribuição e tempo de exibição nos cinemas. Inviabiliza uma produção de animação em longa. Sei que tens um amor enorme por todos teus personagens, mas sempre fazes referências muito carinhosas à vó Dita (que teria sido inspirada em tua avó) e seus quitutes. Que cheiro ou sabor te transporta diretamente para tua infância? Tens hábitos da roça? Aprendi um pouco a contar histórias pela minha Vó Dita. Nos reuníamos em grupo de crianças ao redor dela para ouvir as histórias. Eu fazia até alguns desenhos para ilustrá-las. Era como um cineminha da turma da rua. Sou um pouco o Chico Bento também com

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foto: Valentino Mello

Se eu tivesse receio não estaria com leitores novos por esses 55 anos de trabalho. Claro que vamos sempre estar em todas as novas plataformas de comunicação, mas ainda se lê muito quadrinhos impressos. Sempre que encontro leitores, nos eventos de que participo, vem um pai dizendo que aprendeu a ler com meus quadrinhos e agora é seu filho quem está aprendendo a ler com a Turma da Mônica. De certa forma somos uma cartilha de alfabetização paralela criando leitores desde os 5 anos de idade. O que vende é o conteúdo, independente do meio digital ou impresso que chega ao leitor.


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o amor pela roça. Na minha infância, na Rua Ipiranga, em Mogi das Cruzes, conviviam famílias de várias etnias como japoneses, italianos e árabes. Quando tínhamos fome entrávamos na casa mais próxima e comíamos o que houvesse por lá. Então esses sabores e cheiros são uma ótima recordação. O que fazes quando tens um tempo livre ou dia off? Consegues passar um dia longe da turma? Gosto muito do que faço e não vejo apenas como trabalho. Tenho o hobby de fotografar paisagens, cidades, bichos e o que me interessar pelo caminho. Quais são teus planos e prioridades para o futuro? Dizem que farei 80! Mas não vejo o tempo passar. O futuro é continuar tendo ideias, sonhos e realizá-los.

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O que jรก era bom...

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omnia

...ficou melhor!

Rua Bernal do Couto, 119 Belém - Pará 91 3225.6615 / 3225.5606 98816.1733

SALÃO CASSIUS MARTINS

www.cassiusmartins.com.br

Shopping Grão Pará - 2º piso Rodovia dos Trabalhadores s/nº Belém-Pará • 91 3199.2955 98282.0423 19


#FicaDica

A Up Belém avisa: há programas para todos os gostos [e bolsos] rolando de Norte a Sul do país! Confira alguns que selecionamos para vocês: S’imbora, O Musical Belo Horizonte recebe no mês de outubro, no Palácio das Artes, o espetáculo “S’imbora, O Musical”, que conta a história de ascensão e queda de Wilson Simonal, um dos maiores cantores da história da Música Popular Brasileira. Assinado por Nelson Motta e Patrícia Andrade, o espetáculo é protagonizado pelo ator Ícaro Silva e conta com arranjos de Max de Castro, filho de Simonal. S’imbora, O Musical - A História de Wilson Simonal Quando: 16 a 18 de outubro (sexta e sábado, às 21h, domingo, às 19h) Onde: Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1537, Centro) Vendas: bilheteria do teatro ou pelo site www.ingresso.com Classificação: 12 anos Mais informações: (31) 3236.7400 / 4003.2330

Cartas do Modernismo Mário de Andrade, como todo bom amante de literatura sabe, mandou cartas para quase todo mundo. E até o próximo dia 15 de novembro o Centro Cultural Correios, em São Paulo, recebe a exposição “Cartas do Modernismo”, com a troca de missivas de Mário com grandes nomes da cultura brasileira do século XX, com ênfase na troca de ideias com artistas plásticos como Di Cavalcante, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Cícero Dias. Além das cartas, o visitante terá a oportunidade de conferir pinturas, retratos e desenhos da coleção de Mário de Andrade. Cartas do Modernismo Quando: De 19 de Setembro a 15 de Novembro de 2015. Visitação de terça a domingo, das 11h às 17h Onde: Centro Cultural Correios de São Paulo - Avenida São João, s/nº, Vale do Anhangabaú, São Paulo Quanto: Entrada franca Mais informações: (11) 3227.9461 20


como Edyr Augusto Proença, Antônio Juraci Siqueira, Alfredo Coelho e Salomão Larêdo estão confirmados. FliPa 2015 Quando: De 17 a 18 de outubro Onde: Livraria Fox, Travessa Doutor Moraes, 584. Nazaré, Belém. Quanto: Entrada Franca Mais informações: www.flipa.com.br foto: Dah Passos

FliPA 2015 De 17 a 18 de outubro, a livraria Fox será palco da segunda edição da Feira Literária do Pará (FliPa), um evento independente capitaneado por escritores paraenses que pretende valorizar a literatura produzida no estado. A escritora Adalcinda Camarão foi escolhida como a patrona da edição 2015 da Feira, que promoverá lançamentos e homenagens, além de discutir os rumos da literatura produzida no estado. Nomes

Arraial do Pavulagem Olha quem está de volta! O Arraial do Pavulagem ganha a estrada de novo a partir do segundo semestre de 2015. Com patrocínio do programa Natura Musical, o grupo vai percorrer cidades do Pará, Amapá e São Paulo com o projeto “Céu da Camboinha”, que reúne um repertório repleto de retumbão, xote, toada de boi, quadrilha, merengue, carimbó. Mais informações www.facebook.com/institutoarraialdopavulagem (*) A programação apresentada neste espaço foi fornecida pelos próprios autores e pode ser alterada a qualquer momento sem aviso prévio. Consulte site e/ou telefones de informação antes.

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Jo an

#colherada

na

Ma

rtins

Turismo gastronômico Você gosta de cozinhar? E de comer? Já pensou em conhecer o Brasil visitando os diversos festivais e eventos gastronômicos que temos pelo país afora? Se você gosta de comer/cozinhar e viajar, esta é a melhor maneira de unir o útil ao agradável. E não pense que estou falando isso só porque sou do meio gastronômico e promovo um festival, não; falo porque é isso que tenho ouvido de algumas pessoas que tenho conhecido em minhas andanças pelo nosso rico Brasil; pessoas que, na maioria das vezes, estão extremamente surpresas pela experiência que estão vivenciando e que nunca tinham imaginado ser tão agradável. Um festival gastronômico é um momento de celebração da gastronomia local, um momento onde cozinheiros e chefs de cozinha locais e de outros estados (ou até países) se reúnem para

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descobrir novos produtos e botar a criatividade pra funcionar, oferecendo ao público seus melhores trabalhos e criações com ingredientes locais nos jantares e feiras gastronômicas, repassando seus conhecimentos em aulas e workshops, tendo como pano de fundo cenários especiais, músicas e tradicionais culturais locais. Podendo ainda fazer visitas guiadas a mercados e produtores. Quer momento mais especial que esse para conhecer uma cidade nova? Passear, conhecer seus pontos turísticos, aprender e comer cultura e inovação? Gostou da ideia e não sabe por onde começar? Vou dar uma ajuda e listar alguns mais tradicionais e alguns bem novos pra vocês: Outubro • Semana Mesa SP em São Paulo

Joanna Martins é publicitária, organizadora e curadora do festival Ver-O-Peso da Cozinha Paraense, diretora do Instituto Paulo Martins e proprietária da Manioca.


• Festival Gastronômico de Pernambuco • Fenaostra em Florianópolis Novembro • FIGA em Manaus

Agosto • Festival de Tiradentes em Minas Gerais • Congresso dos Restaurantes da Boa Lembrança em Curitiba • Rio Gastronomia no Rio de Janeiro

Janeiro a março • Vindima em várias cidades da Serra Gaúcha

Setembro • Paladar Cozinha do Brasil em São Paulo

Maio/junho • Maia Gastronômico em Visconde de Mauá (RJ) • Festival Ver-o-Peso da Cozinha Paraense em Belém • Festival Gastronômico da Costa do Descobrimento na Bahia • Festival gastronômico de Pirenópolis (GO) • Rio Bom de Mesa no Rio de Janeiro

E ainda os ‘Mesa ao vivo’ (da Revista Prezeres da Mesa), os ‘Fartura Gastronômica’ e outras centenas de pequenos festivais que acontecem quase todos os meses, em muitas cidades do País. Viu só a quantidade de opções? Então tá esperando o quê pra preparar a mala e o estômago e programar logo esse tour pelo Brasil, a partir de seus festivais gastronômicos? Nos encontramos por aí.

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#pitada

Para comer rezando por Lorena Filgueiras | fotos Dudu Maroja

A maniçoba hipnotiza o cérebro e satisfaz os paladares mais exigentes

T

udo começa no cérebro. Uma vez que você sente o odor, ele vai percorrer

um caminho que começa nos cílios nasais (sim, aqueles cabelinhos dentro do nariz) e, em forma de impulsos elétricos, ele corre pelo nervo olfativo até chegar ao bulbo olfativo – parte do sistema límbico central, chamado pelos cientistas e estudiosos o “cérebro emocional”. É ali que a mágica ocorre e um odor pode evocar memórias poderosas, determinando o humor e – acreditem – até seu desempenho na vida afetiva. Se você é paraense, vai saber do que falo. Se você estiver de passagem pela cidade e quiser viver intensamente a experiência de estar em Belém, durante o Círio de Nazaré, não resista ao aroma que sai das cozinhas paraoaras e invade as ruas da metrópole das mangueiras: é a maniçoba, talvez a definição mais perfeita do conceito que descrevi acima, o da memória olfativa afetiva. Não é exagero, juro. Belém recende maniçoba em outubro. Talvez muito mais neste período tão curto do que somando todos os 11 meses e três semanas restantes do ano. “Sou homônima da Santa. Prazer, Maria de Nazaré Romana”, ela falou rindo. A senhora cabocla de longos cabelos negros estava comendo maniçoba. Não era nem 8 horas da manhã, quando eu a encontrei. “Não é

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cedo demais para comer maniçoba?”, indaguei. “Num acho. Neste período, se bobear, como maniçoba no café da manhã, no almoço e no jantar. Comer maniçoba é oração e gratidão... e quase sempre lembro de minha falecida mãe, que fazia uma maniçoba de comer rezando”. O sorriso dela me desmontou, ao afirmar isso, confesso. O sentimento da dona Maria de Nazaré é compartilhado por outras centenas de milhares de pessoas – católicas ou não. Ó, deliciosa controvérsia! Pouco, pouquíssimo se sabe das origens da maniçoba, para além do que já sabemos: que se trata de um prato indígena e que a menção mais antiga (registrada) ao prato ocorreu aqui na Amazônia. Há uma corrente de estudiosos que desconstrói a teoria de que a “feijoada nasceu nas senzalas” e constrói um novo pilar de que “a maniçoba, sim, é a feijoada dos escravos... com o conhecimento indígena e os ingredientes descartados do porco”. E a polêmica prossegue. Há maniçoba na Bahia e ela aparece como prato tradicional dos municípios de Feira de Santana e Cachoeira. E muito ciúme. Bote ciúme nisso! Mas o modus operandi da maniçoba baiana difere... ô, se difere! A folha da mandioca, quando moída e transformada em maniva (matéria-prima do prato) precisa ser cozida, para eliminar o ácido cianídrico, venenoso, de sua composição. E só por meio da cocção, é possível eliminá-lo. E são necessárias 36 horas ao lume para ela ficar pronta para o consumo. E eis a deliciosa diferença que torna a maniçoba paraense tão inesquecível: ela fica 7 dias fervendo, apurando os gostos. E tudo termina na ponta da língua. Porque, afinal, após sete dias de cocção, apurando os gostos e mexendo com as narinas (e o cérebro da gente), a maniçoba finalmente vai à mesa. 26


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Na apresentação tradicional ou em releituras (foto ao lado), a maniçoba é carro-chefe em boa parte dos restaurantes locais.

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Receita original, de família “A receita original de maniçoba só leva maniva e as carnes. Nada de tomate, cebola, alho e louro”, afirma Joanna Martins, nossa colunista e pesquisadora da cultura gastronômica paraense. “E a diferença da maniçoba paraense de todas as demais é que, mesmo já tendo eliminado o ácido cianídrico 36 horas depois, optamos por continuar cozinhando, até apurar gostos e deixá-la bem escura. Não verde”. E esta receita original é a que a chef Daniela Martins, à frente do tradicional Lá em Casa, executa. “O menos é sempre mais”, afirmou. “Maniçoba não precisa de temperos. Precisa de maniva de boa procedência e carnes (dessalgadas) de excelente qualidade”. Uma porção de releitura, por favor A chef Ilca do Carmo fala do sucesso do bolinho de maniçoba, considerado um dos carros-chefes do Santa Chicória, restaurante capitaneado por ela e pelo chef Paulo Anijar. “O bolinho de maniçoba e o de vatapá foram criados por minha antiga sócia e ficaram na casa. São campeões de pedidos. E os vendemos congelados também, para os que desejam levar para casa e fritá-los no conforto do próprio lar”. EM TEMPO

Lá em Casa: Estação das Docas • 91 3212.5525 Santa Chicória: Diogo Moia, 1046 • 91 3347.9899 29


#entrevista

Esse rio é minha galeria por Elvis Rocha | fotos Maurício Toscano

No Combu, Sebá Tapajós cria a primeira galeria fluvial do planeta

S

ebá Tapajós voltou para Belém, depois de anos longe da terra natal, com um objetivo: resgatar as

próprias raízes. O clichê vale. Grafiteiro que passou a vida circulando entre Belém, Santarém, Rio de Janeiro e Salvador, o primogênito do violonista Sebastião Tapajós trouxa das andanças pelo país um olhar atento à realidade e um jeito muito peculiar de aplicar influências – dos impressionistas ao picho – em sua obra. No final de 2014, em um passeio despretensioso pela Ilha do Combu (“pra comer um peixe e tomar um banho de rio”), Sebá mirou as palafitas ribeirinhas e o insight veio. Eram aquelas as telas que ele procurava. Após um processo de aproximação com a comunidade local, nascia “Street River”, que o artista apresenta orgulhosamente como a “primeira galeria de arte de rua fluvial do mundo”. As intervenções em casas e pequenas embarcações, além da simpatia dos ribeirinhos, ganharam o mundo. Participações em programas televisivos, chamados para exposições dentro e fora do país, venda de telas para globais, e até um convite para ilustrar a capa do DVD mais recente de Lulu Santos (Toca + Lulu – Ao Vivo). Com ideias e mais ideias na cabeça, o daltônico Sebá recebeu a Up Belém para um bate-papo. A experiência no Combu e a vivência nas ruas estiveram no centro do diálogo. Confira.

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Como nasceu a ideia do Street River? Eu já tinha a ideia antes do Reduto Walls (projeto de revitalização do bairro do Reduto por meio do grafite, capitaneada por Sebá). Eu já vinha contemplando essa ideia, estudando os ribeirinhos. Fiz uma exposição no IAP, Raízes e Fragmentos, em que já vinha apostando nisso, estudando as formas dos rios e tal. Passei o final de ano em Alter do Chão, coisa que sempre fiz desde criança: passear de barco, contemplar a natureza, e isso foi me dando o start de aperfeiçoar o que eu já vinha fazendo. E como escolheste o Combu? As coisas foram se conectando. O Thiago Castanho (chef paraense), que fez o finger food oferecido no coquetel da minha exposição anterior, trabalha com o chocolate produzido na ilha. Conversei com ele, que me deu apoio, e fui lá visitar. A ideia era pintar uma casa. O Combu é o lugar mais raiz de Belém pra mim. É onde há mais de dez anos eu vou quando quero comer peixe frito e dar uma relaxada, tomar um banho de rio. É bonito, de fácil acesso. A primeira vez que entrei lá foi de madrugada, porque minha ideia original era usar a luz da noite. Aí quando amanheceu foi aquilo: “Meu Deus!”. Diante dos meus olhos estavam todas aquelas telas (risos). E como foi o primeiro contato com a comunidade, como apresentaste o projeto pra eles? Na primeira visita não rolou nada. É um namoro, né? Eles não sabiam o que era, não têm acesso a galerias etc. Já na segunda ida a gente conseguiu liberação de uma casa. Sempre deixei claro pra eles que o que eu queria era pintar e uma foto, mais nada. Eu tô dando um presente pra eles e eles estão me dando o presente de permitir a pintura das casas. Fomos conversando

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com outros, e na quarta visita, que foi pra mapear a ilha e fazer imagens, conseguimos a segunda casa. Aí veio o dono do bar, o dono do barco (risos), e a coisa foi tomando uma proporção maior. Li que a ideia inicial prevê a pintura de 17 casas. O que tá definido pro projeto? São 17 casas autorizadas. Já fiz cinco. Quero chegar a dez, mas a galeria já é uma realidade. O Street River é a primeira galeria de arte de rua fluvial do mundo. O que eu quero agora é concluir as dez casas, chamar pelo menos três, quatro artistas convidados pra fazer parcerias. Mas não é minha intenção que fique tudo grafitado, não, senão a ilha perde a originalidade. Acho que esse é o mínimo de sensibilidade que tenho que ter. Existem mais de 200 famílias, são mais de 1.700 hectares no Combu, então dá pra ter casas grafitadas e manter as originais. Quero finalizar esse trabalho até o aniversário de 400 anos de Belém. Quando voltaste pra Belém, em 2012, tocaste um projeto chamado Reduto Walls, que pretendia revitalizar o bairro do Reduto por meio do grafite. Fala um pouco sobre como foi esse trabalho. Pensei o Reduto Walls pra botar Belém no mapa. Ali é uma área boêmia, de grandes muros, industrial. O Reduto é um bairro em que morei e já tinha pintura minha lá desde 2005. Cheguei com essa vontade de fazer e em pouquíssimo tempo, um semestre, o Reduto se tornou o bairro mais grafitado de Belém. Fizemos um festival em novembro de 2014 com a presença de artistas daqui e de fora, com mais de setecentos metros quadrados de painéis produzidos entre a Gaspar Viana e a Doca de Souza Franco.

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Recentemente foste responsável pela arte da capa do DVD Toca + Lulu – Ao vivo, do Lulu Santos. Como nasceu essa parceria? A gente já se conhecia virtualmente. Nós temos um amigo em comum. O Lulu me viu no programa da Fátima Bernardes e ligou pro meu amigo: “Olha, vi teu amigo. Ele é daltônico. Não sabia. Achei muito bacana”. Quando ele me contou, eu disse: “Liga pra ele e pergunta se eu posso dar um presente!” (risos). Isso foi na quarta, ele ia viajar na sexta pra fazer um show. Na quinta acordei sete da manhã e fiz todo o trabalho. Fui lá e entreguei. Ele gostou. Depois disso a gente virou broder, se falava de vez em quando: ele postava meu trabalho, fazia elogios em rede social. Aí do nada, no dia do meu aniversário, quatro de março, recebi a notícia de que ele queria fazer a capa do DVD. És filho de um grande artista paraense, o violonista Sebastião Tapajós. Qual é a relação dele com o teu trabalho? Hoje ele é fãzaço (risos). Também sou fã, uso as músicas dele nos teasers de vídeos que fazemos, ele já se apresentou em exposições minhas. É uma espécie de flashback da minha infância, da minha vivência com ele. É uma convivência que eu voltei pra resgatar e hoje trouxe pra minha vida profissional também. O que tens em mente para quando terminares o Street River? Tô pensando em plataformas grandes. Fazer mega instalações na cidade, que é um presente que quero deixar pra Belém. Existem exposições que devo fazer fora daqui, no Rio, em Brasília. Viajar para festivais de grafite pelo Brasil. E também tô querendo fazer Eurotrip ano que vem, participar de festivais por lá, e conseguir mais apoio, que hoje quase não existe, pra seguir tocando minha arte por aqui.

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ou

#QuerSerFashion

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Se liga nas trends! Atenção! Atenção! Fizemos uma edição especial com as principais tendências da temporada. Mas qual temporada? #whatever! Cansadas de entender sobre a primavera/verão ou se adaptar às tendências de outono/inverno? Aqui no Norte vivemos o calor o ano inteiro, então que possamos aproveitar essa temperatura quente dos trópicos com muito estilo! Anota aí: 1. Blusa Ciganinha A blusa com decote de ombro a ombro dá um toque boho e deixa a produção básica mais moderna. 2. Jardineira Essa saiu do grupo de peças cafonas e vem reinar nos looks na versão curtinha. 3. Saia midi - assimétrica A peça já está presente nas ruas há algum tempo, mas agora mais justa e com cortes assimétricos de arrasar. 4. Pantacourt Sai o short e entra a bermuda! Tão fresquinha como o rei do verão, mas com o dobro de sofisticação, ela vem com tecidos mais leves e modelagem bem mais ampla. 5. Tênis branco Com certeza o dono dos pés mais fashionistas. O tênis branco vai com tudo e para todos os lugares, compondo desde looks despojados a looks para festa.

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Dina Batista e Sueid Abou são autoras do Quer Ser Fashion, blog de moda, beleza, maquiagens e experiências. Adoram novidades e acreditam que, para ter estilo, é necessário, sobretudo, ter atitude. www.querserfashion.com | @dina_batista @sueidabou


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#partiu

Texto da redação | fotos divulgação

Círio é oportunidade de reencontrar, em eventos e lugares, a cidade

Q

uando o caboclo Plácido vislumbrou a imagem, suja e deteriorada, não tinha condições de adivinhar no que

aquilo se tornaria. Das margens do Murucutu, no século XVIII, nasceria uma das maiores manifestações religiosas do Ocidente e o ícone máximo da cultura paraense: o Círio de Nossa Senhora Nazaré, festa que transcende a fé para unir religiosos, ateus e agnósticos na comunhão de imagens, sons, cheiros e sabores que tomam conta de ruas e casas da capital paraense durante o mês de outubro. O “Natal dos Paraenses” (apelido mais do que apropriado) tem de tudo para todos. Não à toa atrai a atenção de turistas e romeiros de todas as partes do planeta, interessados em conferir de perto o que a festa tem a oferecer. E quem chega não se decepciona. Procissões, romarias de todos os tipos, feiras de artesanato, espetáculos culturais de natureza religiosa e profana, um roteiro de turismo que inclui (entre milhares de opções) de igrejas a museus, de barraquinhas de rua a restaurantes sofisticados. Círio é cultura que não acaba mais e as alternativas, de

tantas que são, não caberiam nas páginas de apenas uma Up Belém. Tomamos a liberdade de apontar nas próximas páginas um roteiro resumido do que o visitante (sim, belenense, essa lista serve aos amigos que estão chegando para conhecer a festa) não pode deixar de fora – em eventos e lugares –, numa visita a Belém nessa época. Da religião à arte profana, mas devota, tem coisa boa pra ver. É um recorte humilde, mas é nosso. Dá uma olhadinha aí. 40

foto: Agência Pará

De tudo e de todos


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Basílica de Nazaré O Círio nasceu exatamente ali. Foi no local onde hoje está erguida a Basílica de Nossa Senhora de Nazaré que o caboclo Plácido se surpreendeu ao encontrar a imagem da santa, onde então existia o Igarapé do Murucutu. Construída nos moldes da Basílica de São Paulo, em Roma, é considerada uma das igrejas mais bonitas do Brasil e fica aberta diariamente para missas e visitações. Se quiser entender mais do Círio, tem que passar por lá.

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foto Dudu Maroja

Catedral Metropolitana Localizada no bairro da Cidade Velha, na Praça Frei Caetano Brandão, foi erguida a partir de um projeto do arquiteto italiano Antônio Landi e hoje é a sede da Arquidiocese de Belém. É de lá que a imagem de Nossa Senhora de Nazaré sai na manhã do segundo domingo de outubro, dando início à tradicional procissão. Aberta todos os dias para missas e visitação.

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Igreja de Santo Alexandre os jesuítas estiveram por aqui. Construída em 1698, a igreja hoje abriga o Museu de Artes Sacras de Belém (MAS), que

foto Dudu Maroja

Uma herança da época em que

disponibiliza um acervo de peças históricas valiosas, além de ser um espaço aberto para a realização de concertos de música e

foto Dudu Maroja

foto Dudu Maroja

teatro e exposições de arte.

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Museu do Círio Ainda no complexo Feliz Lusitânia, na Cidade Velha, está o Museu do Círio. Reinaugurado em 2002 (a primeira versão do museu data de 1986), o espaço é uma excelente pedida para quem pretende conhecer de perto um pouco da história da devoção a Nossa Senhora. São mais de duas mil peças. Os mantos confeccionados para a procissão são guardados lá, assim como peças de destaque ofertadas pelos fiéis durante as romarias, arte sacra do século XIX etc. Funciona de terça a sexta, das 10h às 18h e aos finais de semana e feriados das 19h às 14h. 45


Auto do Círio É lindo de ver. Nascido de um programa de extensão da Universidade Federal do Pará em 1993 para promover o teatro de rua no Centro Histórico de Belém, o Auto do Círio completa este ano 21 anos de realização, levando louvor em forma de arte para as ruas da Cidade Velha, o bairro mais antigo da capital. Música, teatro, dança, tudo reunido para levar, literalmente, um colorido a mais à festa. Programado para o início da noite do dia 9 de outubro, na sexta-feira que antecede o Círio, o evento deste ano tem como tema “Nossa Senhora, quanta luz!”. Para participar é só chegar por lá.

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foto Sidney Oliveira

Romaria Fluvial Entre as muitas romarias que fazem parte do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, é difícil destacar apenas uma – e elas vêm crescendo em quantidade com o passar dos anos. Mas sem dúvida uma das visualmente mais bonitas é a Fluvial, que leva para as águas a devoção à Santa. Realizada no sábado que antecede a procissão, a romaria, realizada desde 1986, sai do Trapiche de Icoaraci e percorre 18 quilômetros levando a berlinda com a imagem de Nossa Senhora até a Escadinha do Cais do Porto, na Estação das Docas. Muitas companhias de turismo disponibilizam barcos especiais para os que pretendem acompanhar de perto a santinha nas águas da Baía de Guajará. 47


Feira do Miriti Uma das tradições mais enraizadas do Círio é o comércio de brinquedos de miriti. Reproduzindo elementos da cultura amazônica, os produtos são um sucesso com turistas e nativos. Aproveitando a época, é realizada todos os anos a Feira de Artesanato do Círio, que reúne pequenos produtores do estado para comercializar suas obras a preços acessíveis, de brinquedos de miriti a biojoias. A edição deste ano será realizada de 7 a 11 de outubro deste ano na Praça Waldemar Henrique, no centro de Belém, terá 67 estandes e deve reunir mais de 25 mil visitantes nos cinco dias de realização.

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Festa da Chiquita Os conservadores, claro, torcem o nariz. Mas o fato é que a festa “Filhas da Chiquita”, a tradicional Festa da Chiquita, faz parte da história recente das programações culturais ligadas ao Círio de Nazaré. Realizada logo após a trasladação da imagem, na madrugada de sábado para domingo, a Chiquita chega à 37ª edição com o tema “Chiquita Elétrica”, trazendo para o lado do Theatro da Paz mais uma vez a relação entre o sagrado e o profano. O ponto alto da festa, comandada pelo cantor Elói Iglesias, é a entrega do Troféu “Viado de Ouro” a uma personalidade que tenha se destacado junto à comunidade LGBT. Também é só chegar.

EM TEMPO

No facebook e Instagram: Use a hashtag #revistaupbelem nas suas fotos do Círio. Publicaremos as mais curtidas. Leia mais em: Revistaupbelem revistaupbelem 49


Ca ss

#look

s iu

Ma

rtins

Para eles A aparência faz toda a diferença na mensagem que transmitimos ao redor, seja no ambiente de trabalho ou até dentro de casa. E embora os homens já soubessem disso há tempos, o salão ainda era um espaço feminino. Hoje isso não existe mais. As barbearias e o mercado de beleza como um todo se voltaram para esse novo homem do século 21, que quer sim passar uma boa impressão e sentir-se satisfeito consigo mesmo. Corte é apenas o começo da diversa lista de serviços que o público masculino tem à disposição. Para cabelos e barbas brancos nada marcante. Já existe a camuflagem de fios – até a suavização de ondas, se a textura do cabelo não agrada mais. Manicure e pedicure para unhas bem tratadas, limpas e lustrosas. Mas se a barba precisa ser aparada, a escolha

vai desde um barbear simples até o adicional de esfoliação e massagem. O rosto conta ainda com higienização facial, feitura das sobrancelhas e a retirada de pelos que carregam o aspecto da face. Tudo para ter um visual mais “clean”, esmerado e de presença. E o cuidado com os aspectos exteriores deve começar pela raiz. Sim, literalmente, com produtos específicos para tratar as características capilares masculinas. Você sabia que o couro cabeludo do homem é, geralmente, mais oleoso do que o da mulher e tem maior propensão à caspa? Por isso e alguns outros fatores, o velho hábito de assaltar o xampu da companheira pode ser uma cilada. Confira as indicações de produtos “tem que ter” dos nossos especialistas em “beauté”. Leonidas Hugo, cabeleireiro “Para homens que estão em processo de queda capilar ou perdendo volume nos cabelos o melhor aliado é o Stimuliste da Kérastase. Um tônico fortificante que nutre o bulbo

Patrick Araújo,

capilar, estimula o crescimento natu-

cabeleireiro e maquiador

ral dos fios, previne a queda e ainda

“Invigorating sham-

reforça a fixação da fibra, dando

poo ajuda a fortificar os

densidade no cabelo.”

fios e proporciona uma sensação de refrescância

Will Trindade, cabeleireiro

no couro cabeludo, ga-

“Sempre indico ‘Capital Force da

rantindo aspecto limpo e

Kérastase’, que é uma linha de tra-

saudável aos cabelos.”

tamento exclusivamente masculina. Ela dá força e vitalidade, é antiqueda e ajuda na tonificação e densidade do cabelo do homem. Seus tônicos e suas pomadas são ideais para tratamento do couro cabeludo e penteados

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práticos e despojados.” Cassius Martins é cabeleireiro, paulistano de nascimento e paraense de coração. www.cassiusmartins.com.br


Hugo Bentes, cabeleireiro “O homem atual procura novidades para cuidar da aparência e na L’Óreal Professionnel ele vai encontrar a linha Homme e, mais especificamente, o

Rose Mary Esteves, cabeleireira

shampoo Homme Energic para

“A Pasta Modeladora da linha

uso diário. Sua formulação à

Kérastase Homme Capital

base de menta e raiz de ginseng

Force é excelente para ter um

energiza o couro cabeludo e

efeito densificador nos fios. Ideal

provoca uma sensação extra

para cabelos sem volume, pois

refrescante após o banho. É um

possibilita um resultado opaco,

produto indispensável para se

ideal para finalizações práticas.”

ter sempre à mão.”

Erico Holles, cabeleireiro “Clean Brew é um shampoo

Jonas Wanderloff, cabeleireiro

de limpeza profunda e diária

“A Rewind 06 Redken é um

para cabelos masculinos. Ótimo

excelente aliado para acaba-

no combate à oleosidade. For-

mento de penteados e tam-

mulado por uma mistura rica

bém para uso diário em cortes

em extrato de malte, levedura

masculinos. Excelente textura

de cerveja e casca de laranja.”

na qual você pode modificar a forma a hora que quiser sem perder o efeito de fixação.”

Passadinhas no Cassius 01

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02

04

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05

08

07

01. Fafá de Belém| 02. Taciana Martins | 03. Raiana Borges Ramos | 04. Apoena Afonso | 05. Thais Biti | 06. Priscila Amaral | 07. Bruna Valle | 08. Flavia Chaves 51


#estilo

Um lugar feito de amor Da redação | Fotos divulgação

A cozinha, este espaço cotidiano onde alimentamos o corpo e a alma O escritor moçambicano Mia Couto diz que cozinhar é um modo de amar os outros. Qualquer um que passe algumas horas preparando refeições para amigos, amantes ou familiares reconhece a verdade contida nesta frase. Da refeição cotidiana à mais sofisticada, cozinhar é uma maneira de dizer “isto é meu, pra você”, tenhamos consciência ou não. Dito isto, fica claro que o lugar onde cuidamos do que servirá de alimento para o corpo – e para a alma, sim? – tem muita importância no projeto de um lar. Transformar a cozinha em um espaço de convivência, com design e praticidade, requer só um pouco de capricho. Nas próximas páginas, a designer de interiores Keyla Henriques, da Todeschini Planejados, dá dicas sobre como valorizar este ambiente vital para o nosso dia a dia.

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“As cozinhas planejadas vieram para inovar o conceito de cozinhas. Móveis personalizados, criados com design e material que combinam com o ambiente e que traduz o perfil dos moradores podem ser sinônimo de um espaço funcional, sofisticado e muito charmoso.” 53


“Aquela antiga cultura de oferecer jantares/almoços sofisticados com todas as pompas e circunstâncias para amigos e família na sala de jantar vem dividindo espaço com o novo conceito de cozinhar junto com os convidados na própria cozinha. Para atender este novo conceito, as cozinhas estão mais equipadas e multifuncionais, mas com toda elegância e beleza de uma sala de jantar.”

“A praticidade é fundamental. Uma boa distribuição dos móveis, eletrodomésticos e aproveitamento de cada espaço, para assim promover a organização para o convívio entre as pessoas.” 54


“A cozinha é o coração da casa: é nela que preparamos as refeições, conversamos, comemos e até recebemos os amigos. Por isso o ambiente merece decoração caprichada. Com o advento dos ambientes integrados, as cozinhas deixaram de ser espaços reservados e passaram a ser ambientes expostos, compartilhados no convívio social e por essa razão se tornaram modernos e sofisticados.”

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“Ter uma cozinha planejada é ter um espaço aberto a oportunidades e realização de desejos. É fazer o seu ambiente um espaço que cabe tudo o que você deseja, dispostos da melhor forma possível.” 56


Keyla Henriques: “Ter uma cozinha planejada é ter um espaço aberto a oportunidades.”

“Os móveis das cozinhas planejadas possuem diâmetros e medidas para atender às necessidades de seu espaço. Os eletrodomésticos podem ser embutidos, ficando alinhados com armários, criando um espaço esteticamente limpo e bonito.”

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Pa ulo

mini rga

#autos

Be

Volkswagen Up! TSi Em seu primeiro ano de vendas, o pequeno up! pode ser considerado um daqueles casos de carro “incompreendido” pelo mercado. Qualidades, ele tem de sobra: projeto alemão recente, mecânica moderna, bom aproveitamento de espaço, extremamente econômico e seguro e com desempenho acima da média. Receita perfeita, não é? Não! Não estamos acostumados com o conceito de carro urbano, no qual o up! se enquadra tão bem. Além disso, todas estas qualidades e modernidade têm um preço, que no caso do up!, é um pouco salgado. Ao ser adaptado para o Brasil, o up! ganhou 5cm na traseira para aumentar seu espaço para bagagens, pois aqui ele seria, em muitos casos, o primeiro ou o único carro da família e para isso teria que agregar às suas já citadas qualidades, a capacidade de transportar cinco passageiros e sua bagagem em pequenas viagens. Foi aí que a coisa complicou: nascido na Europa para ser uma excelente opção de carro 58

urbano econômico, o up! passou a ter que encarar modelos bem maiores como o Hyundai HB20, Fiat Palio e o próprio VW Gol, pela proximidade de preço. Não que o up! não seja capaz de “encará-los”, pois ele tem aptidões mecânicas e dinâmicas de sobra para isso, mas o seu tamanho compacto se torna uma desvantagem. O resultado disso é que, apesar de hoje já alcançar resultados mais expressivos nas vendas, o up! não chegou a deslanchar como a VW esperava e, pior, acabou roubando mais vendas do Gol do que o planejado, levando este a perder a liderança de vendas no País depois de 28 anos. Para virar este jogo e fazer seu pequeno carro decolar, a VW apresentou agora a versão turbo (TSI) do seu moderno 1.0 de três cilindros, capaz de entregar 105cv aliado a muita economia. Trata-se do primeiro motor 1.0 turbo flex do mundo, e um dos mais modernos e econômicos motores fabricados no Brasil. Com ele, o up! TSI

Paulo Bergamini é economista e apaixonado por carros desde os sete anos.


consegue ter desempenho de carros 1.6, com a economia dos melhores motores 1.0. Para marcar a chegada deste motor, a VW preparou uma versão especial sugestivamente chamada de Speed up!, com decoração externa mais esportiva. No entanto, a proposta é acrescentar as versões TSI às já existentes hoje, ao custo adicional de R$ 3.200,00. Assim, temos o motor turbo disponível nas versões Move, High, e Cross. Já para as versões “top”, chamadas de White, Red e Black, o motor TSI passa a ser a única opção disponível. Todos os turbo terão a tampa traseira pintada em preto brilhante, onde é aplicado o logo TSI e o parachoques dianteiro mais saliente 4cm, para abrigar o resfriador de ar (intercooler) do turbo. O restante permanece igual, exceto na versão Speed up!, que tem faixas decorativas, teto pintado de preto, faróis e rodas com máscara negra e espelhos externos em azul perolizado. A dotação de acessórios de cada uma das versões permanece a mesma, sendo que todas dispõem de direção hidráulica, ar condicionado, sistema de som com bluetooth e entrada USB, air bag duplo dianteiro, freios ABS, computador de bordo, ajuste de altura para o volante e vidros dianteiros e espelhos elétricos. O desempenho das versões TSI promete ser o grande destaque: aceleração de 0 a 100 em menos de 10 segundos

e velocidade máxima ao redor dos 190km/h. Números excelentes para um motor 1.0, especialmente ao se considerar que ele ainda é capaz de fazer mais de 12km/l na cidade e mais de 16km/l na estrada. Como já disse no início, o up! já tinha qualidades suficientes para ser um sucesso de vendas, mas esbarrava no tamanho e no preço. Com a chegada do motor TSI, as qualidades aumentaram, e o up! passa a ter o conjunto mecânico mais moderno fabricado no Brasil. Porém seu tamanho continua o mesmo e o preço aumentou... mesmo assim, vale!

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foto: arquivo pessoal

#especial

Sem tensão pré-cabeleireiro! por Lorena Filgueiras | Fotos Dudu Maroja

Nas mãos de especialistas, crianças ficam bonitas e na moda sem “sacrifício”

“E

le tinha uns cachinhos lindos”, conta entre risadas, a escritora Bruna Guerreiro, mãe

do pequeno Carlos. Pergunto a ela se ela sofreu, ao tomar a decisão de cortar o cabelo do filho de 1 ano e 4 meses. “Eu não diria sofrer, mas eu relutei um

pouco, fiquei adiando... Mas ele já andava com muito calor e reclamando na hora de lavar, pentear. Cedi na hora certa. Acho que ele adorou o primeiro chuveiro depois de cortar”, diz às gargalhadas. E se o pequenino se comportou direitinho? Sim, a mãe respondeu enfática. “Fiquei surpresa. Achei que uma hora ele ia ficar de saco cheio, mas ficou de boa... e ainda vendo a Galinha Pintadinha”, revela Bruna, que foi só elogios ao tratamento recebido. “Gostei. O profissional [que o atendeu] foi excelente. Tinha muito jeito com criança. Foi muito bom!” A tensão pré-cabeleireiro para pais das crianças é mais comum do que se imagina. Segundo a psicopedagoga Tatiana Duarte, que presta assessoria e consultoria para empresas que [também] atendem crianças, é o comportamento dos pais e dos profissionais que conduzirá o [bom] comportamento de seus pequeninos. O cuidado para receber um público tão jovem e exigente vai muito além do preparo e treinamento dos profissionais que trabalham com cuidados para crianças: o 60


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Pais e profissionais inspiram os comportamentos das crianรงas, afirma a psicopedagoga Tatiana Duarte.

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salão, ou melhor, o espaço deles tem de ser planejado para minimizar desconfortos. As paredes têm de ser harmoniosas e, se houver o uso de imagens, que sejam formas geométricas, por exemplo. “Estamos removendo os adesivos em formas abstratas, para não incomodar crianças down e TEA (autistas)”, exemplifica uma das inúmeras modificações propostas. Tatiana conta ainda que ouve muitos relatos, de pais de crianças que precisam de uma atenção especial, que é mais cômodo aprender a cortar o cabelo delas e fazê-lo em casa. “Muitos ficam preocupados se o filho vai se ambientar ou se ficará agitado e evitam tirá-los de casa para cortar o cabelo. Por isso é nossa prioridade, embora soe incomum, preparar os pais, deixá-los tranquilos e confiantes. Até porque a criança precisa interagir cada vez mais com o mundo ao redor dela”, finaliza. Tranquilidade é a melhor definição para a assistente social Ianê Seabra Ledo, mãe do Maurinho, 10 anos, que faz questão de ir toda quarta-feira ao salão. No dia desta entrevista, já passava das 16h. “Chegamos aqui às 11h da manhã e ele gosta tanto do local, do atendimento, que passamos muito tempo aqui”. Maurinho foi diagnosticado autista aos 8 anos e antes do diagnóstico, Ianê conta, “era um tormento”. “Nem todos os salões gostam de cortar cabelo de crianças. Cansei de voltar da porta, porque diziam que ali não era feito. Sem mencionar o desconforto em ver meu filho sendo observado de maneira diferente, segregadora. O Maurinho chorava da hora em que sentava na cadeira até a hora de ir embora”, ela relata. A luz veio quando uma terapeuta, encarregada do tratamento do Maurinho, contou de um salão diferente, que o próprio sobrinho dela frequentava e que adorava!

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Foi quando chegaram ao espaço Barber Kids, capitaneado pelo casal Kassio Neiva e Carina Moura. “Nossos profissionais são muito bem treinados. Eles têm o cuidado com as crianças, o jeito no DNA”, conta Kássio. “São, ao todo, 6 profissionais, com preparo em psicopedagogia, treinamento em neurolinguagem e com técnicas específicas para lidar com os pequeninos”. “Numa primeira vez, os pais ficam mais tensos que as próprias crianças”, revela Carina. “Existe uma troca emocional entre pais e filhos quando vão ao salão. Um pai tenso, certamente, deixará o filho tenso. Mas, quando chegam aqui, recebem orientações e relaxam. E as crianças se entretêm”, afirma o casal, que contratou a Tatiana Duarte, que você conheceu no começo desta matéria, para deixar o espaço dedicado às crianças ainda mais acolhedor. “Estamos minimizando até o som do secador e a cadeira de lavar o cabelo não é uma cadeira; é uma cama, para que a criança relaxe completamente”, exemplifica. A brinquedoteca do salão foi reformulada e o espaço ganhou mais tablets e videogame. Carina virou amiga do Maurinho e quando dá tempo, os dois sempre jogam videogame juntos. Mais de casa, impossível! 64


Maurinho adora o salĂŁo, para onde vai toda quarta-feira. A mĂŁe, IanĂŞ, confia nos profissionais e se sente em casa.

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Vamos às dicas que podem facilitar [e muito!] a visita dos pequenos ao Cabeleireiro!

foto: arquivo pessoal

• Se é a primeira vez da criança, ela pode estranhar o espaço, o barulho, as pessoas com rolos ou papel na cabeça, além dos cheiros fortes e adultos com tesouras ou outros aparelhos estranhos nas mãos. Para evitar que aconteça, procure um espaço preparado para receber crianças. Só isso já evitará muitas lágrimas! • Alguns dias antes, em casa, avise ao seu bambino que o dia de “arrumar” o cabelo está chegando. Você pode até brincar de Cabeleireiro em casa! A criança vai amar e relacionar a experiência com uma coisa boa!

foto: arquivo pessoal

• Evite a palavra “cortar”. Qualquer corte dói. Diga à criança que ela vai arrumar o cabelinho pra ficar ainda mais linda e que você sabe que ela vai se comportar muito bem! • Quando chegar ao local, peça ao profissional para explicar passo-a-passo, o que será feito. Ela vai perceber que não será muito diferente do que já faz em casa, quando arruma o cabelinho pra passear, por exemplo. • Evite intervalos muito longos entre os cortes. O ideal é a cada 4 ou 6 semanas, assim o cabelo não se torna um incômodo, fica sempre saudável e a frequência ajuda seu bambino com o profissional e o local. • Agende um horário em que a criança esteja descontraída e descansada. Evite levá-la com pressa: algumas crianças precisam se sentir seguras no ambiente e se familiarizar com o processo, ver como tudo funciona. • Sempre comunique ao profissional se existe alguma coisa que o seu filhote não gosta. Exemplos: a forma de tocá-lo na cabeça, se pode lavar o cabelo, se a máquina de acabamento incomoda, se ele aceita o secador... Isso pode facilitar o trabalho do profissional e tornar a experiência mais agradável para o bambino! • Alguns não aprovam o sistema de recompensas, mas que funciona, funciona! Não prometa brinquedos ou coisas caras: muitas vezes uma pipoca, um sorvete ou um pequeno passeio depois do corte bem-sucedido já resolvem a situação! • Se no fim das contas, a criança acabar cortando o cabelinho sentada no seu colo, tente não restringir os movimentos dela e não se preocupe - isso passa com o tempo e muitas vezes um chorinho ou um verdadeiro escândalo fazem parte da experiência e é neste momento que profissionais bem preparados fazem toda diferença. EM TEMPO Barber kids 66

Rua Antônio Barreto, 939 • 91 3118.0634


omnia foto: Dudu Maroja

Barbearia Bel茅m Rua Ant么nio Barreto, 939 91 3118.0634


Alf re

#medicinarevista

do

elho Co

É possível morrer com saúde? Embora para algumas culturas orientais a morte chegue a ser celebrada (pois representa o retorno à nossa verdadeira essência, nosso imortal ser) falar em morte no mundo ocidental é sempre assunto a ser evitado, mesmo que o propósito da reflexão seja aumentar nosso conhecimento a respeito da vida. Do ponto de vista biológico fomos programdos, por meio da reprodução, para perpetuarmos a espécie, não interessando, teoricamente, se mantemos uma vida saudável e longeva (tanto que muitos pesquisadores acreditam que nossa expectativa de vida máxima gire em torno dos cento e vinte anos). Se levarmos em conta registros históricos, vale lembrar que Matusalém teria sido o homem que mais viveu, chegando a novecentos e sessenta e nove anos. Enoque, seu pai, trezentos e sessenta e cinco anos, enquanto Noé, seu neto, novecentos e cinquenta. Hipócrates, o pai da medicina moderna,

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Alfredo Coelho é médico. dr@alfredocoelho.com.br • www.alfredocoelho.com.br

não chegou a passar dos cem... em um tempo em que a expectativa média de vida da época não passava dos trinta. Segundo dados do IBGE, a expectativa de vida do brasileiro vem aumentando nos útlimos anos, ficando a média, entre homens e mulheres, em 74,9 anos (dados de 2013) contra 62,5 anos em 1980. Já no vale do rio Hunza, na fronteira entre a Índia e o Paquistão, a expectativa de vida média da população, nos tempos atuais, é de 120 anos, sem contar que seus habitantes quase nunca ficam doentes e mantêm uma aparência sempre jovem. A verdade é que, como dito no começo, falar da morte física, ou seja, a que nós conhecemos, é falar da vida, ou melhor, refletir sobre a forma que estamos vivendo. Como brasileiros estamos videndo mais, sem sombra de dúvidas. Mas a que custo? E com que qualidade? Na prática o que estamos vendo é uma geração inteira de idosos dependentes de remédios e cuidados, muitas


vezes perdendo o contato com o mundo e seus entes queridos. E mesmo em idades não tão avançadas muitos já ‘sobrevivem’, pois perderam o que poderíamos chamar de qualidade de vida. Onde teria parado a noção de uma vida plena e ativa que, independentemente da idade, seria a razão desta existência? Envelhecer pode até estar programado em nosso código genético, mas morrer doente, não. Certa vez uma paciente contava, triste, que sua mãe de noventa e dois anos de idade havia falecido. No dia anterior à sua morte havia ido à academia (sim, ela praticava musculação), feito compras, passado a tarde com as amigas, ligado para todos os filhos para saber como tinha sido o dia e combinado o almoço de sábado da família, desejando a todos uma boa noite. Quase ao amanhecer, chamou a irmã com a qual morava e, sem desespero, avisou: estou morrendo! Tomada por uma paz e tranquilidade, seu corpo

parou de funcionar. Ao ouvir tal relato não pude conter minha observação: “que morte linda!” Sei que pode soar estranho, talvez até ‘mórbido’, e por isto peço que não me entendam mal: não tenho fixação alguma pela morte, mas a encaro como uma passagem; fisicamente falando, uma trasmutação de energia, onde nossa frequência mais baixa - a da matéria - eleva-se às mais elevadas, conduzindo-nos de volta à nossa origem. Atualmente nos preocupamos tanto com a morte que estamos esquecendo de realmente valorizar a vida. É como se estivéssemos presos numa busca por viver mais a qualquer custo. Se a Ciência busca, cada vez mais, estender nosso tempo de vida por que não tentar entender o real significado da palavra imortal? Porque se a biologia se preocupará apenas com a perpetuação da espécie, cabe a cada um de nós buscar a vida eterna, plena e saudável.

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#vitrine

Saímos por aí à procura do que faz nossa felicidade: produtos originais e delícias para alterar o humor para melhor ;) Confira nossa seleção:

Marshall Se você é ligado em música, especialmente a dos anos 60 e 70, vai gostar dessa. A Marshall Headphones anunciou para o último trimestre deste ano o lançamento da Stockwell, uma caixa de som em miniatura que reedita o design de amplificadores antigos. Com entrada USB para conexão com smartphones e computadores, a Stockwell vem equipada com um microfone embutido para que você possa utilizá-lo inclusive como viva voz. Já dá pra sacar as especificações técnicas e encomendar o seu no site oficial da Marshall. Dá um pulo lá. www.marshallheadphones.com

Pssica O escritor paraense Edyr Augusto Proença está de volta às prateleiras, desta vez com “Pssica”, um romance, como a própria expressão que o batiza, com sotaque muito paraense. Ambientado em Belém, Marajó e Guiana Francesa, o livro conta uma história de amores e violência, onde ratos d´água, o tráfico de meninas e cidades interioranas do Pará são o pano de fundo para o estilo já conhecido do autor, com frases curtas, eletrizantes e de impacto. Uma leitura mais do que recomendada.

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Selfie e tanto Chega de selfie escura e imagem borrada. A Asus inovou e botou nas melhores lojas o Zenfone Selfie, que traz - anote aí - uma câmera frontal de nada menos do que 13 megapixels. Com tela Full HD de 5.5 polegadas e processador de 1.5 GHz, o Zenfone Selfie chega com força na briga dos smartphones pelo mercado nacional. Um caso a pensar. www.asus.com.br

Cozinha Retrô Fritar alimentos sem deixar a cozinha com aquele cheiro de óleo já é uma maravilha, imagina então um aparelho que, além disso, tenha um design inteligente e descolado ao mesmo tempo. Pois é, a Fun Kitchen lançou no mercado a Fritalight Retrô, com um sistema inovador que usa a circulação de ar quente em alta velocidade para o cozimento de alimentos (e cesto removível com capacidade para até três litros). Uma gracinha muito útil. www.shoptime.com

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An a

#fengshui

C

ris

tina

Iudice

Por uma vida mais leve Para compreendermos melhor o Feng Shui e o fator principal desse estudo, o Chi (energia vital), precisamos focar atenção em tudo que nos envolve. Tudo tem importância, cada ato, cada objeto e cada situação, é percebido por nosso corpo e mente e também as influências que recebemos do local que moramos, da vizinhança, das circunstâncias urbanas e naturais que promovem melhor ou pior qualidade de vida. Através desta técnica percebemos o padrão de energia que queremos atrair para nossa vida e podemos alterar nossos ambientes de forma a serem favoráveis a isso. Começando de forma bem básica: não é necessário ter um “sexto sentido” para perceber e compreender a energia. Basta a vista, o olfato, o tato e o ouvido. Se você quer saber como o Chi flui melhor em um espaço, preste atenção para onde converge sua atenção, aí está o Chi. Os lojistas utilizam esse princípio para atrair seus clientes com cartazes

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Ana Cristina Iudice é arquiteta e consultora Feng Shui. anaiudice@gmail.com | 91 99912.2314

luminosos, objetos móveis, cores fortes, perfumes ou aromas, que excitem ou convoquem o olfato, o ouvido, a vista, o tato: subterfúgios que nada mais são que formas de atrair a atenção das pessoas, seus Chi e, portanto, a prosperidade e o bem-estar; outro exemplo simples está no guarda-roupa, sempre desorganizado, cheio de roupas e coisas. Essa desordem atua diretamente sobre nós. O caos transmite caos, e não apenas de maneira metafórica ou psicológica. Concretamente também, pois essa desordem costuma gerar perdas de tempo ao procurar alguma coisa, atraso nos compromissos que podem originar problemas pessoais, econômicos, preocupações, estresses e doenças. Agora dê uma olhada na sua casa ou local de trabalho. Como está? Arrume, limpe, conserte, desapegue! Para a energia vital entrar e circular de maneira saudável em seu espaço, trazendo o movimento que você precisa para ter uma vida mais leve e harmônica!


Seu melhor amigo merece o melhor tratamento A Unipet possui bloco cirúrgico próprio, além de clínica. Realizamos consultas e exames laboratoriais/ histopatológicos.

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Da ry

#RetratoseCanções

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Do

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“A primeira palavra que me vem à mente quando penso na Deborah Colker é ‘guerreira’. Ela é o Brasil talentoso e que dá certo!”

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Daryan Dornelles é fotógrafo, carioca, amante de vinis e de cliques memoráveis. A cada edição da Up Belém, ocupará este espaço para contar histórias sobre suas imagens favoritas. www.daryandornelles.com


8PDUL]DO


ISSN 2446-6328

ano 1 | #7

out 2015

A festa mais bonita do Pará vai começar. E ela fica ainda mais bonita quando pessoas de todo o Brasil vêm se juntar aos paraenses para acompanhar a procissão, assistir a trasladação, participar da romaria fluvial e aproveitar cada momento do Círio de Nazaré, renovando a sua fé no futuro. GOVERNO DO Seja bem-vindo ao Círio. O Pará recebe você de braços e coração abertos.

#Mauricio de Sousa Os 80 anos do pai da Turma da Mônica

#Sebá #Círio

A Belém de todos que a festa proporciona

#Maniçoba A invenção indígena que nunca sai de moda

distribuição gratuita

O criador da primeira galeria fluvial do planeta


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