ED. #2; D23 & SDCC | JUL 17
GEEK HYPE
AS MAIORES NOVIDADES GEEKS, DIRETO DAS MAIORES FEIRAS DE ENTRETENIMENTO DO MUNDO
NESTA adele - anitta - a feiticeira - baby driver - castlevania - doctor who - game of thrones - george romero - ghibli EDIÇÃO homem-aranha - jane austen - mcu - league of legends - okja - rico dalasam - tio patinhas - xavier dolan
editorial;
A ZINT é uma revista mensal gratuita voltada às áreas de Acreditamos na nossa independência editorial e esperamo tos, possamos trazer alguma abordagem inventiva ou inédita a cultural.
Nesta segunda edição, trazemos boas novas a todos. Em nho, que traz tirinhas autorais de assuntos que colocamos na r aproveitando os dois Especiais da Edição #2: uma retrospectiv Internacional Comic Con, duas das maiores feiras geek do m A ZINT #2 também traz uma sessão de fotografias, apr ensaios que ele fez no início do ano, e está compartilhando pa Entre os vários assuntos da revista, que vem com mais de amada Anitta (pegando como gancho a matéria da edição pas Aproveitamos também o lançamento do esperado Homemanda a divisão de direitos autorais da Marvel. E para inaugur tando o anúncio do novo Doctor, de Doctor Who. É para chorar de tanta informação legal e interessante que
João Dicker e Victor “vics” Monteiro Editores-chefes e idealizadores da ZINT
Arte e Cultura, em formato de publicação digital. os que, dentro dos mais variados formatos de texaos assuntos que permeiam o campo do jornalismo
primeiro lugar, temos um Colaborador de Deserevista. Rafael Rallo também assina a nossa Capa, va do que aconteceu na D23 Expo e na San Diego mundo. resentando Victor Piroli. São cinco fotos, de três ara exposição aqui conosco. Quão legal é isso? 100 páginas, temos novas matérias sobre a nossa ssada), e sobre OKJA, que também figurou na #1. -Aranha: De Volta pra Casa para explicar como rar mais uma nova sessão, a de Opiniões, aprovei-
e a gente trouxe para você. Aproveitem!
O QUê QUE A ZINT TEM? Aproveitando das possibilidades de uma publicação online, a revista conta com algumas interações bem legais. Para que nenhum leitor fique sem usufruir 100% do oferecemos, um manual de como funciona a ZINT.
Com uma publicação online, as possibilidades de interações são promissoras. Usando a plataforma digital ao nosso alcance, a revista pode sempre vir acompanhada de objetos interativos. A ZINT aproveita de todos esses recursos, e você pode usufruir de tudo de uma forma bastante simples e rápida. Capítulos
Em primeiro lugar, é interessante apontar que a revista funciona por Capítulos. As barras laterais correspondem ao capítulo correspondente: Azul para Televisão, Verde para Cinema, Roxo para Música, Laranja para Literatura, Marrom para Quadrinhos, Vermelho para Jogos, Salmão para Fotografia, Azul Marinho para Tirinhas, Rosa para Indicações, e, claro, Amarelo para Capa. Assim, fica fácil identificar o tipo de conteúdo em que você se encontra.
Vídeo e Áudio
Com uma revista de Entrenimento e Cultura em mãos, é simplesmente impossível não relacionar as matérias com um conteúdo digital. Um vídeo, um filme, uma música, uma playlist. No papel físico, tais interações são impossíveis de serem atingidas por motivos óbvios. Mas digitalmente, tudo é muito fácil. Toda vez que um matéria vier com qualquer tipo de conteúdo de Vídeo/Áudio, a imagem de destaque virá acompanhada de ícones correspondentes, como os mostrados acima. Se a matéria tiver mais de um conteúdio audiovisual, cada imagem disponível ao longo da matéria terá os mesmos ícones. Basta passar o mouse ou o dedo por cima da imagem, que ela se mostrará como um link. Clique, e seja redirecionado para o conteúdo! No caso de vídeos únicos (e não em playlist), o player será aberto dentro da própria revista, não interferindo na sua experiência.
Links
Além do conteúdo audiovisual principal, as vezes as matérias contém inúmeros outros links de Vídeo/ Áudio, tornando difícil colocar ícones para todos. Também acontece de uma matéria ter um link para outra matéria. Para isso, foi criado uma forma bem fácil de identifica-los: todos os links são sublinhados. O sublinhamento tem o efeito do marca-texto, parecendo que aquela parte do texto foi, de fato, destacada por um. Esta é a identificação de um link; uma linha grossa em Amarelo, a cor oficial da revista. Rodapé
O easter-egg da revista. No rodapé de cada página de matéria, no mesmo lugar da paginação, o zint. online sublinhado também é um link. Neste caso, ele leva para a versão correspondente da matéria no site, em formato blog. zint.online | 5
IDEA LIZAD ORES colab
DES EN HO
colabs
DIA GRA MA ÇÃO
colab
FOT OGR AFIA
equipe
a revista é um projeto colaborativo voluntário. além dos idealizadores, a Edição conta com um colaborador de desenho, quatro de diagramação, um de fotografia e dez de texto
colabs
TEX TO
em ordem alfabética, da esquerda para a direita idealizadores; joão, vics desenho; rafael rallo diagramação; maria nagib, samuel lima, thales assis, victoria cunha fotografia; victor piroli texto; bruna nogueira, gabi carvalho, giulio gonanno, jader theophilo, julio puiati, renato quintino, roberto barcelos, stephanie torres, victor gama, victoria cunha
56
GEEKS, É HORA DE PIRAR!
68
Duas das maiores convenções do mundo de cultura geek aconteceram em julho, revelando novidades para fazer qualquer coração fanboy/fangirl ter uma taquicardiaca
LITERATURA JOGOS 14;
League of Legends é esporte sim! Julio César Puiati
32;
18;
Tio Patinhas, 70 anos Renato Quintino
MÚSICA 22;
ADELE: da juventude à maternidade
24;
A presença de Anitta
28;
Bruna Nogueira Victoria Cunha
Rico Dalasam: a força do Queer rap brasileiro Jader Theophilo
Bruna Nogueira; Gabi Carvalho
TELEVISÃO 40;
QUADRINHOS
A incansável dança de Jane Austen
Gelo e fogo se encontram na 7ª Temporada de “Game of Thrones” Victor Gama
46;
Witch’s honor: 45 anos sem “A Feiticeira” vics
50;
O retorno do Drácula
52;
A new regeneration
Roberto Barcelos vics
CAPA 56;
O que aconteceu na D23?
68;
O que aconteceu na San Diego Comic Con?
João Dicker; Victoria Cunha João Dicker
18
14
40
22
120
98
32
124
117
SUMÁRIO
CINEMA 80;
OKJA: Manifestos e a Gastronomia Orgânica
83;
Doce, azedo e amargo: Os excessos e sua importância em “É Apenas o Fim do Mundo”
Renato Quintino
Roberto Barcelos 85;
INDICAÇÕES 116;
#SupportYourLocalGirlGang
117;
GOD SAVE THE QUEEN!
O ritmo urbano de “Baby Driver”
Gabi Carvalho
Stephanie Torres
Roberto Barcelos 86;
MCU: a construção de uma marca
TIRINHAS
O legado do morto-vivo
120;
João Dicker 96;
João Dicker 98;
Homem-Aranha e suas representações no cinema
121;
Amigão da Vizinhança Rafael Rallo
Onda de Hype Rafael Rallo
Stephanie Torres 102;
Anseios, Meios e Magias
106;
Os jovens clássicos de Hollywood
Giulio Bonanno Gabi Carvalho
FOTOGRAFIA 124;
Ensaio
Victor Piroli
CALENDÁRIO CULTURAL TER.
01
Manhunt: Unabomber
PLANETA DOS MACACOS: GUERRA
Estreia da 1a Temporada
WAR FOR THE PLANET OF THE APES
THE SINNER 02
03
O FILME DA MINHA VIDA
QUI.
03
DOM.
06
QUI.
15
Annabelle: Creation
17
BINGO - O REI DAS MANHÃS
ANITTA - O LIVRO DAS PODEROSAS
ERIC GERON
28 JAN
Sharknado 5: Global Swarming
THE DEFENDERS Estreia da 1a Temporada
SEX.
18
QUI.
31
QUI.
TER.
29 FEV
THE EMOJI MOVIE
COMO NOSSOS PAIS
QUI.
TERRA SELVAGEM
31 MAR
EMOJI - O FILME
31
DESCENDENTES 2 SEG.
SHARKNADO 5
Estreia da 1a Temporada
16
ter.
MAYA BANKS
MARLON
QUA.
Annabelle 2 A Criação do Mal
2017
Seduzida Por Um Highlander
05
KeL COSTA
24
03
SAB.
RUÍNAS DE GELO
QUI.
Estreia da 1a Temporada
QUI.
Estreia da 1a Temporada
QUA.
QUI.
what would diplo do?
ABR
WIND RIVER
MAI
JUN
a agenda traz as datas dos principais lançamentos do mês de Agosto para as áreas de cinema, música, televisão, e literatura
Estreia da 5a Temporada
DOM.
06
QUI.
Valerian e a Cidade dos Mil Planetas
QUI.
DIFFICULT PEOPLE
LOUCOS E PERIGOSOS
Estreia da 1a Temporada
O ESTRANHO QUE NÓS AMAMOS
Once Upon A Time In Venice
TER.
08
Valerian and the City of a Thousand Planets
The Beguiled
QUI.
QUI.
10
QUI.
10
10
DICE
THE LAST SHIP
Estreia da 2a Temporada
DOM.
Diário de um Banana: Caindo na Estrada 10 Diary Of A Wimpy Kid: The Long Haul
Malasartes e o Duelo com a Morte 10
RAY DONOVAN
20
A TORRE NEGRA
THE DARK TOWER
Estreia da 4a Temporada
EPISODES Estreia da 5a E ÚLTIMA Temporada
DOM.
20
Amityville: O Despertar Amityville: The Awakening
QUI.
QUI.
ATÔMICA
The Hitman’s Bodyguard
ATOMIC BLONDE
31
DESTINO TENTADOR
31 AGO
QUI.
DUPLA EXPLOSIVA
QUI.
31
JUL
24
20
QUI.
O CASTELO DE VIDRO THE GLASS CASTLE 24
QUI.
DOM.
NA MIRA DO ATIRADOR THE WALL 24
NORA ROBERTS
SET
OUT
QUI.
31
NOV
DEZ
2018
jogos
League of Legends é esporte sim! Das plataformas de streaming aos canais de televisão. Entenda este fenômeno de audiência que vem conquistando milhões Julio Puiati
N
o dia 20 de março deste ano, o programa Bem, Amigos!, do canal Sportv, recebeu convidados ilustres. Não eram jogadores de futebol, basquete ou vôlei. Não eram pilotos de automobilismo. Tampouco nadadores ou lutadores de artes marciais. Os telespectadores do tradicional programa da Globosat conheceram um pouquinho do mundo que envolve um outro tipo de esporte. Um esporte mais peculiar. Trajando as camisetas de seus respectivos clubes, Felipe “brTT” Gonçalves, da Red Canids, e Micael “MicaO” Rodrigues, da INTZ, ensinaram a Galvão Bueno e Arnaldo Cezar Coelho as mecânicas do jogo League of Legends. O Lolzinho, como é carinhosamente conhecido pela legião de fãs, cyber atletas e jogadores casuais 14 | zint.online
espalhados pelo mundo, se tornou um fenômeno de audiência. E a prova disso está aí. As transmissões de campeonatos profissionais, que antes eram exclusividade de plataformas de streaming como a Twitch, a Azubu e o Youtube, já conquistaram o seu espaço nos grandes canais de televisão. Em 2016, o Sportv transmitiu a final do Campeonato Brasileiro de League of Legends, o CBLoL, para todo o país. E pasmem: de acordo com a Riot Games, desenvolvedora do game, cerca de 2,1 milhões de pessoas assistiram à decisão. Dessa quantia, 1,4 milhão acompanharam pela televisão. Sem falar das 10 mil pessoas que lotaram o Ginásio do Ibirapuera e vivenciaram de perto uma grande final de esporte eletrônico. O sucesso foi tanto que o Sportv não parou com
A equipe da Red Canids se sagrou campeã do 2º Split, no ano passado
as transmissões. O canal tratou logo de adquirir os direitos de transmissão da edição de 2017, que é dividida em duas etapas (splits): o 1º Split, já disputado entre janeiro e abril deste ano, e o 2º Split, em andamento. O palco da final foi definido há poucos dias: os dois melhores times do campeonato se enfrentam no Mineirinho, no dia 2 de setembro. Os ingressos começam a ser vendidos a partir do dia 17 de julho, com preços variando entre R$ 20,00 e R$ 80,00. Para se ter outra ideia da grandeza de League of Legends no Brasil, a semifinal do 1º Split entre Keyd Stars e Red Canids gerou mais repercussão nas redes sociais do que o clássico de futebol disputado entre São Paulo e Corinthians, um dos maiores do país, no dia 26 de março. A hashtag #GoRed chegou a ficar em segundo nos trend topics, enquanto #VAICORINTHIANS não passou da oitava posição. A marca ainda é mais expressiva quando consideramos que o Corinthians é o time com a segunda maior torcida do Brasil. O Campeonato Mundial de League of Legends de 2016 (algo equivalente a Copa do Mundo de futebol, claro, guardadas as devidas proporções), foi
um fenômeno gigantesco de audiência. Segundo a Riot Games, 334 milhões de pessoas – aproximadamente – assistiram aos confrontos do torneio, que foi decidido entre os coreanos da Samsung Galaxy e da SK Telecom T1. Os números levam em conta, juntos, aqueles que acompanharam pela internet e pela televisão. E os dados aumentam cada vez mais. Recentemente disputado no Rio de Janeiro, entre abril e maio deste ano, o Mid Season Invitational – uma espécie de Copa das Confederações de E-sports – atraiu 364 milhões de espectadores durante os 15 dias de competição! Os organizadores do torneio gastaram mais de 1 milhão de dólares em premiações. No mundial, esse valor ultrapassa incríveis 5 milhões de moedas estado unidenses. O esporte eletrônico começa a se profissionalizar cada vez mais em meio a tanta visibilidade. Os cyber atletas se submetem a rotinas desgastantes nas chamadas gaming houses (casas de treinamento), recebem salários de gente grande (entre R$ 3 e R$ 20 mil reais aqui no Brasil), possuem acompanhamento psicológico profissional, patrocinadores e, claro, fãs espalhados por todo o lugar. Eles disputam campeonatos de alto nível, que demandam intenso esforço mental – e de certa forma físico, também – e precisam se preparar corretamente para tal. E-sport é também alta performance. Os dados estão aí. A tendência, portanto, é que a audiência cresça cada vez mais. A televisão – um meio de comunicação mais tradicional e mais utilizado que a Internet – está abrindo portas para que outras pessoas conheçam o e-sport. E deixem de lado todo aquele preconceito que envolve competições cibernéticas. League of Legends é esporte sim! O público e a mídia já comprovaram essa resposta. Basta ligar a sua TV. E se impressionar! Na mundial de 2014, 27 milhões de pessoas assistiram ao Campeonato, enquanto 11.2 milhões de pessoas assistiram via streaming
quadrinhos
Tio Patinhas, 70 anos Renato Quintino
C
omo está escrito na contracapa da edição comemorativa de seus 70 anos, lançado pela editora Abril, Tio Patinhas é mais rico que Bruce Wayne e Tony Stark, inspirou Georges Lucas no roteiro de Os Caçadores da Arca Perdida e Indiana Jones no Templo da Perdição e ainda detém, até hoje, o recorde de maior venda de quadrinhos em uma única edição no mercado brasileiro. Em um cenário em que quadrinhos já alcançaram status de obras de arte – o que de fato são – o foco do momento está na Marvel, na DC Comics e nas dezenas de variações de estilos do Mangá Japonês. Livrarias tem hoje seu espaço Geek , ser nerd deixou de ser pejorativo, a indústria dos quadrinhos movimenta bilhões em produtos licenciados e o sucesso comercial 18 | zint.online
passou a ser vinculado à qualidade artística. Mas os quadrinhos de Tio Patinhas e família, incluindo Pato Donald e seus sobrinhos, seus rivais e inimigos como Maga Patalógica, Madame Min, Patacôncio e outros personagens como Margarida e suas sobrinhas, o primo “hippie-jornalista” Peninha (a alcunha fazia sentido entre os anos 60 e 70), o outro jornalista Mickey, Pateta, João Bafo de Onça e tantos outros são clássicos mas que não foram alçados ao universo Geek e não conseguiram até agora o status de cool e cult. É verdade que os roteiros das histórias mais antigas são previsíveis, as situações são mirabolantes (o que inclusive é divertido, a imaginação dos roteiristas não é contida), há muitos quadrinhos numa página, o texto é tão importante quanto o desenho (ao
Tirinha dos quadrinhos do Tio Patinhas
contrário de outros períodos de produção de quadrinhos, em que o desenho era o relevante), mas é exatamente esta união de fatores que assegura a identidade e a originalidade das histórias Disney dentro do universo dos comic books. Em minha infância e adolescência, lia tanto Marvel, DC, quanto Disney, minha coleção hoje de cada um destes itens – especialmente da primeira editora - valeria muito se a tivesse mantido e me lembro até hoje da emoção que senti aos treze anos quando escrevi e postei uma carta no correio a redação da editora Abril pedindo um manual sobre Jornalismo – depois do sucesso do Manual dos Escoteiros Mirins – e lendo uma “revistinha” (como era chamado na época) do Pato Donald vi a resposta a minha carta, em meu nome, dizendo que o manual sairia em breve com o nome de “Manual do Peninha”. Se o Manual dos Escoteiros Mirins me fez ser “lobinho” durante alguns meses, experiência que detestei, o Manual do Peninha me deixou eufórico e me ajudou a compreender a diferença entre crônica e texto, sobre as funções de cada profissional num jornal inclusive a do “copidesque” – a que mais faz falta hoje dada a abundância de erros visíveis publicados a cada dia em publicações de renome – além de despertar ainda mais meu interesse pelo jornalismo, o que levou não só a ler e assinar jornais de vários países como colaborar com outros e com a ZINT. À despeito de críticas ao universo Disney ou à teorias da conspiração diversas envolvendo o mesmo universo – como as denunciadas no livro “Para ler o Pato Donald” publicado nos anos 70 que associava
os patos ao projeto de imperialismo e ao puritanismo estado-unidense, uma vez que, por exemplo, o sexo é banido dos quadrinhos já que todos são sobrinhos e nunca filhos – os quadrinhos Disney sempre foram focados no lazer e no relaxamento do leitor, foco este que fez até um tio da minha mulher, empresário de sucesso e bastante pé no chão, perder um voo porque estava lendo Tio Patinhas. É relaxante e hilário hoje ler as aventuras rocambolescas dos personagens Disney dos quadrinhos, o azar do Pato Donald, a insuportável sorte do Gastão, a sovinice do Tio Patinhas, a obsessão da Maga Patalógica com a sua moeda número um, as estratégias sempre frustadas da família Metralha e ainda nos divertir com os nomes dos personagens como Professor Pardal e João Bafo de Onça. Parabéns Tio Patinhas, pelos seus 70 anos. Que venham outros anos dourados! Entre os familiares do Tio Patinhas, estão o seu sobrinho Pato Donald e os sobrinhosnetos Huguinho, Zezinho e Luisinho
música
ADELE: da juventude à maternidade Bruna Nogueira
A
os quatro anos de idade uma menininha loira encarava a família e os amigos cantando as mais belas canções em uma voz extraordinária, que transformava festas de quintal em um verdadeiro show. Adele foi presenteada com um talento maravilhoso desde seus primeiros anos, e aos 19 apresentou sua voz e suas composições poéticas em seu primeiro álbum. Em 28 de janeiro de 2008, Adele lançou seu álbum de estreia intitulado 19. Desde a sua estreia o álbum foi aclamado pe la crítica e foi um sucesso em vendas, vendendo até hoje cerca de 10 milhões de cópias pelo mundo. O primeiro single do álbum, Hometown Glory, alcançou a 19ª posição da UK Singles Chart. O segundo, Chasing Pavements, atingiu a 2ª posição do ranking e a 11ª da Billboard Hot 100, tendo ainda conseguido entrar no Top 10 de outros cinco países. A impressão que ficou à época é que quanto mais o público conhecia a voz de Adele, mais se encantava e mais sucesso ela foi fazendo. A artista foi extremamente criticada pelos tabloides de famosos por não se encaixar em padrões de beleza pré-determinados para uma diva do pop. Adele era uma jovem britânica acima do peso que poderia ter desistido da carreira devido a profundidade das críticas (algo comum para jovens cantores), mas ela não abaixou a cabeça e seu primeiro álbum estreou em #1, recebendo três certificações de platina no Reino Unido e dois Grammy Award. Três anos depois, em 2011, ela lançou seu segundo álbum de estúdio, 21. Dele podemos destacar dois maiores sucessos: Rolling in the Deep, primeiro 22 | zint.online
single do álbum, que fora divulgado ainda em 2010, alcançou o #1 na Bélgica, Alemanha, Itália, Países Baixos e Suíça, se tornou um dos dez maiores hits na Áustria, Dinamarca, Irlanda, Nova Zelândia e Noruega, além de vencer vários prêmios. Logo em seguida as rádios conheceram Someone Like You, composição que teve como fonte o fim de um relacionamento da cantora. Com os dois primeiros singles lançados, a Official Charts Company anunciou que Adele era a primeira artista a alcançar, em vida, uma canção e um álbum como número um ao mesmo tempo na Inglaterra desde Os Beatles em 1964. Em julho de 2011, Someone Like You se tornou a primeira canção a vender mais de um milhão de cópias no Reino Unido esta década. Em dezembro de 2011, 21 havia vendido mais de 3,4 milhões de cópias no Reino Unido e se tornou o álbum mais vendido do século, ultrapassando Back to Black de Amy Winehouse. Logo depois, o jornalista e autor Chas Newkey-Burden, escreveu a biografia oficial da cantora, que foi lançada em janeiro de 2012 pela editora LeYa. Ryan Tedder, produtor que também trabalhou com Adele no segundo álbum, revelou em uma entrevista que em seu terceiro trabalho, a cantora estava fazendo o melhor som em relação aos seus dois últimos álbuns, e que ela estava em seu melhor momento e continuava a ser sua artista favorita no mundo. Em janeiro de 2014, os compositores Phil Collins e Diane Warren, afirmaram ter escrito canções com Adele para o sucessor do 21. Os anos passaram e os títulos dos discos de
Adele significavam mais do que apenas números: a cantora estava crescendo, e a jovem de 19 anos que cantava sobre primeiros amores deu lugar à mulher de 25 anos de idade, que aprendeu a dizer adeus (como mostra a canção Send My Love) e a amar com maturidade. Em entrevista à Rádio BBC, a cantora revelou porque demorou tanto tempo para lançar um álbum: “Fiz um álbum sobre ser mãe, e era muito chato”, complementando que chegou a descartar todo o trabalho para começar do zero. Na entrevista, Adele também comenta sobre o tempo que passou cuidando do filho, Angelo, e como foi balancear a carreira e a maternidade, afirmando uma dificuldade em arrumar tempo livre, o que ocasionou um pouco da perda do hábito de compor. Na mesma época de divulgação do título do 25, Adele publicou em seu Twitter uma carta aberta na qual explicou um pouco o conceito do álbum novo. Segundo ela, 21 foi sobre uma desilusão amorosa e 25 fala sobre conhecer a pessoa que ela se tornou sem nem perceber. “Fazer 25 anos foi um ponto de virada para mim, um tapa no meio dos 20 anos. Estar no limite entre ser uma adolescente em idade avançada ou uma adulta completa me fez decidir ser quem eu serei pelo resto da vida sem um caminhão de mudança lotado com minhas velharias. Eu sinto falta de tudo do meu passado, o bom e o ruim, mas apenas porque não posso voltar atrás. Quando eu estava lá, queria sair. Tão típico”. O primeiro single do novo álbum, “Hello”, foi lançado no dia 23 de outubro de 2015. Em poucas horas a música tornou-se um sucesso mundial, alcançando o topo de mais de 100 países, por meio da plataforma do iTunes. O álbum 25 também não ficou para trás, alcançando o topo na mesma plataforma em mais de 90 países.
Saúde e vida pessoal
Agora casada, Adele tem devotado sua vida aos cuidados de seu filho Ângelo, fruto de seu casamento com Simon Konecki. No final do mês de junho a cantora cancelou seus últimos shows da turnê do álbum 25. As apresentações estavam marcadas para acontecer no Reino Unido, lar da cantora e onde ela afirmava se “sentir mais confortável”. Em carta escrita à mão, distribuída ao público e em seguida publicada em seu Instagram, Adele explicou suas motivações, que saíam da mera necessidade de focar na maternidade e envolviam motivos de saúde: desde sua segunda turnê, do álbum 21, realizada em 2011, a garganta da cantora sofre com o desgaste das apresentações. Na época, a turnê foi encerrada mais cedo que o previsto e alguns shows foram cancelados por conta de sua cirurgia nas cordas vocais. Neste ano, o motivo é quase o mesmo. “Então é isso, após 15 meses na estrada e 18 meses do ’25’, estamos no fim. (...) Eu fiz 119 shows e, com estes 4 últimos, serão 123. Foi difícil, mas senti muita emoção e prazer em ter feito. Eu só fiz essa turnê por vocês e espero que tenha tocado vocês do mesmo jeito que fui tocada por meus artistas favoritos em shows ao vivo. E eu queria que meus últimos shows fossem em Londres, porque não sei se farei outra turnê novamente, então eu quero que minha última vez seja em casa. Obrigado por vir, por todo o seu amor e bondade. Vou lembrar de tudo isso pelo resto da minha vida. Eu amo vocês, boa noite”, explica a carta. Agora a cantora entra em hiato indeterminado e deixa os fãs o temor de esse ser o fim. Entretanto, muitos fãs e críticos de música vêm afirmando categoricamente que mesmo que Adele não faça mais shows, sua carreira de estúdio seguirá firme e forte, com novos álbuns, singles de sucesso e mais prêmios que a cantora dá conta de carregar.
Ao longo de sua carreira, Adele já contabiliza 147 prêmios ganhos em 301 indicações; destes, 15 são Grammy Awards, a maior premiação de música do mundo
zint.online | 23
A presenรงa de Anitta
A presença de Anitta O sucesso internacional de Anitta não veio por acaso. Foi necessário muito estudo e estratégias de marketing da própria cantora para conquistar o Brasil e o mundo.
Victoria Cunha
Anitta e Iggy Azelea apresentando a música “Switch” no talk show americano The Tonight Show with Jimmy Fallon.
P
abllo Vitar. Maluma. Simone e Simaria. Projota. Major Lazer. Nego do Borel. Wesley Safadão. Iggy Azelea. Esses são apenas alguns dos artistas que Anitta, de apenas 24 anos, fez parcerias, usando a base do cross branding na sua carreira. No último ano, a cantora conquist ou fãs de diversos países, trazendo singles em diferentes idiomas, estilos musicais e parceiros. O fenômeno foi tão grande que assustou alguns profissionais, e abriu os olhos de outros curiosos. Mas, afinal, como é que ela cresceu tanto sendo que foi lançada há pouquíssimo tempo, em 2012? Anitta sempre foi um exemplo de marketing e sucesso no Brasil. Em sua entrevista no programa Conversa com Bial, a artista reforça que “tudo que ela faz pela sua carreira, é pensando no futuro”. Cada movimento é feito para enxergar um vindouro sucesso, e com seus pequenos passos estratégicos, ela conseguiu chegar nas paradas com dois singles, desbancando até a famosa Despacito, de Luis Fonsi e Justin Bieber. A fim de conquistar, inicialmente, o mercado latino americano, Anitta entendeu que não bastava lançar suas músicas nos países de língua espanhola. Era importante, também, manter o mercado brasileiro e seus fãs vivos e ativos. Para isso, re-introduziu o idioma espanhol nas músicas nacionais, trazendo ao país uma versão brasileira da música Ginza, do colombiano J Balvin. Com doses homeopáticas do espanhol em músicas na rádio brasileira, Anitta conseguiu fazer com que o idioma latino fosse aceito novamente no país, 26 | zint.online
lançando seu single Sim ou Não com Maluma, me smo artista que fez parceria com Shakira na música Chantaje. A versão lançada na Colômbia conta apenas com o espanhol na música, ao contrário da versão brasileira, que possui Anitta cantando em português e Maluma em espanhol, mostrando ao público que os dois idiomas podem andar juntos. Como se não bastasse, Anitta não parou por aí. Chegou a hora do principal mercado internacional: os Estados Unidos. Uma recente parceria com a australiana Iggy Azelea lançou a música Switch, que, mesmo com uma participação curta da brasileira, já abriu diversas portas para o sucesso internacional. A música foi lançada internacionalmente no dia 19 de maio, tendo o clipe vazado no dia seguinte (uma possível estratégia de marketing?). As cantoras fizeram, também, uma apresentação no talk show The Tonight Show with Jimmy Fallon, que gerou burburinhos tanto por brasileiros quanto estrangeiros, devido à pouca aparição de Anitta no palco. Mesmo com o clipe vazado (e com o lançamento oficial cancelado), apresentação um tanto quanto estranha no programa americano, e boatos de briga entre as cantoras, a música continuou fazendo sucesso. Mal sabíamos que tudo foi agendado estrategicamente para seu maior lançamento: a música Paradinha. Ainda com o intuito de atingir os três maiores mercados do mundo, a cantora promoveu o lançamento de sua mais nova música apenas alguns dias depois lançamento de Switch, para aproveitar o boom de seu sucesso. Como empresária, Anitta sabe o
poder da internet no mundo, principalmente no Brasil, e planejou cada movimento para o lançamento. Contratou uma equipe de marketing e redes sociais, tendo uma pessoa responsável por cada plataforma que utiliza (Facebook, Twitter, Instagram e Youtube), além de três coletivas de imprensa nas sedes brasileiras do Google, Facebook e Spotify. O clipe da música foi ao ar pelo Youtube, e em poucos minutos, fez a internet parar: foram 6,4 milhões de visualizações em menos de 24h, quebrando o recorde e sendo o vídeo brasileiro mais visto neste espaço de tempo da história. E como estamos falando de Anitta, é claro que tem mais estratégia por trás - por mais que a cantora queira atingir o mercado internacional, ela sabe a importância dos fãs brasileiros. Para não deixar de lado o mercado que a fez crescer, nem a recém conquistada América Latina, a produção de Paradinha fez com que a música e o clipe conversassem com os três principais públicos de uma forma inovadora e diferente. Pode-se perceber que a música é cantada em espanhol, mas com a palavra do refrão em português, e gravado nos EUA. Dessa forma, Anitta atingiu os três mercados de uma vez só. E para quem acha que a artista só é boa em marketing musical, está 100% errado. Em Sua Cara, sua última música lançada em parceria com a cantora e drag queen Pabllo Vittar e com Major Lazer, trio
eletrônico que já firmou colaborações com grandes nomes da música, Anitta bate na tecla da defesa contra homofóbicos e mostra ao Brasil e ao mundo como o universo drag queen é importante. A presença da cantora em redes como Instagram, Twitter e Facebook é tão forte e influenciadora, que na lista dos melhores artistas nas redes sociais, o Social 50 da Billboard, Anitta é a única brasileira entre os nomes, e o seu melhor pico foi em 9 de junho quando chegou ao 15º lugar, desbancando, na época, gigantes como Shakira (16º), Taylor Swift (23º), Beyoncé (30º) e Lady Gaga (36º). (26/jul: 42º lugar) Por ser sua própria empresária, ela mesma comanda todas as redes, criando uma conexão maior e mais íntima com seu público. Além disso, ela também vende autoconfiança e autoestima para as mulheres brasileiras, sendo muito sincera e honesta com assuntos tabu como cirurgias plásticas, comida e corpo. No clipe de Paradinha, por exemplo, vários tipos de beleza feminina são trabalhados - uma criança, a angel da Victoria’s Secret Laís Ribeiro e até mesmo uma idosa. A carreira da jovem artista tem se mostrado cada vez mais interessante. Seja pelas músicas que produz, pela gestão de sua imagem enquanto figura pública ou pelo planejamento de marketing que faz, Anitta já se consolidou como um grande nome da indústria musical brasileira.
Rico Da força rap b O
paulistano Jefferson Ricardo da Silva, de 28 anos, mais conhecido como Rico Dalasam, é o nome que vem ganhando destaque no cenário do hip hop nacional. O principal representante do Queer rap (algo como “rap feito por gays”) no Brasil, começou a rimar na periferia de Taboão da Serra, cidade da região metropolitana de São Paulo, e frequentava as populares batalhas de MC’s de Santa Cruz, na zona sul do estado. Versando sobre aceitação racial, sexualidade e gênero, o ex-cabeleireiro lançou o seu primeiro EP, Modo diverso, em 2015. Produzido por Filiph Neo, de forma independente, o trabalho logo chamou a atenção de público e crítica com seu single principal, Aceite-C, que usa como base o sample da música O Mais Belo dos Belos, de Daniela Mercury, e traz no refrão um grito de confronto e autoaceitação. Com o sucesso, a música ficou durante semanas nos mais tocados de canais como MTV Brasil e Multishow. Ainda no mesmo EP, com um tom questionador e político aliado aos beats, normalmente presente nas pistas de dança, e um leve toque de Funk, as rimas da música Não posso Esperar revelam um pouco mais da proposta de Rico, que é trabalhada de forma mais ampla no seu álbum Orgunga. Lançado de forma gratuita, em junho de 2016, o primeiro álbum do rapper mistura flautas, percussões brasileiras e algumas referências árabes em um total de oito faixas autorais. A obra é intitulada pela pala28 | zint.online
vra “Orgunga”, inventada pelo artista e que significa “o orgulho depois da vergonha”, uma maneira de exaltar o orgulho gay e negro. Com um clipe dinâmico, colorido e empoderado, dirigido por Nicole Fischer e Amadeo Canônico, a música Esse Close Eu Dei, chega como carro-chefe desse trabalho e revela um lado mais pop, presente em todo o álbum. Outros destaques, são as músicas Vambora, que expõe a mistura de frevo, pandeiro com referências orientais e samba; Honestamente, que tem rimas mais melódicas, quase cantadas, em um ritmo de R&B, faixa que o rapper nos revelou “ter muito carinho”; e o remix de Riquíssima, produzido por Mahal Pita, do BaianaSystem, e que originalmente estava presente no EP Modo Diverso. Uma das características de Dalasam é a facilidade em transitar por diversos ritmos musicais, o que pode ser conferido em sua colaboração na faixa Mandume, de Emicida, presente no álbum Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa. A parceria, lançada em 2015, traz também os rappers Drik Barbosa, Amiri, Muzzike e Raphão Alaafin. Na canção, as rimas deixam claro as reivindicações por representatividade, igualdade racial, de gênero e religiosa. Já na música Todo Dia, lançada no início do ano para o álbum de estreia da drag queen brasileira Pabllo Vittar, o rapper mostra que também é possível fazer letras mais leves e que cabem no gosto popular. A faixa que virou hit no carnaval 2017, e já conta com mais de 38 milhões de visualizações no Youtube,
alasam: a a do Queer brasileiro A busca por representatividade na cultura hip hop ganha um novo passo no país Jader Theophilo
foi produzida por Rodrigo Gorky, do Bonde do Rolê, e traz um refrão chiclete sustentado pelo ritmo de funk. O rapper se prepara agora para o divulgar o seu recém lançado EP, Balanga Raba, disponibilizado no dia 21 de julho e que sinaliza um flerte ainda maior com pop. Para isso, conta com uma turnê que teve sua estreia na parada LGBTQ’s do Canadá, a Pride Toronto, evento que é o terceiro maior do mundo nesse segmento; ele também irá circular por todo o Brasil. Desse novo trabalho, a música Procure, lançada no final de 2016, com produção de Japa, do BaianaSystem, mostrou a mistura do axé com à música eletrônica, sem perder o tom crítico de seus versos. Mas é o seu novo single, Fogo em Mim, que abre oficialmente os trabalhos desse projeto. Com a mistura de elementos eletrônicos e de percussão em sua nova parceria com Mahal Pita, Rico está definitivamente disposto a colocar o público para dançar. Além disso, o trabalho também conta com as inéditas Não Deito Pra Nada e Não Vem Brincar de Amor. Todas as músicas do Balanga Raba estão disponíveis em plataformas de streaming (Spotify; Deezer; Apple Music) e para download gratuito. Em conversa com o artista, Rico comenta sobre uma declaração da Drag Queen americana RuPaul em que diz ter sido “rejeitada pelos brancos por ser negro, pelos negros por ser gay e pelos gays por ser afeminado”.
ZINT: Você já viveu ou sentiu isso em algum momento? Rico: A gente vive a margem da margem. Quando você é negro, você é gay, você é afeminado, você vive em um outro lugar de ser gay, em um outro lugar negro, em um outro lugar de ser ser-humano. Entende? Isso, as vezes, influencia no nosso jeito de amar. Eu acredito que a gente tem que encontrar o nosso lugar. Temos a chance de dizer, cada vez mais, propagar e mostrar que a gente não está pedindo esmola pra ninguém. A gente vai fazer e vai ser! RuPaul é um grande exemplo, apesar de tudo isso, ela é um ícone no mundo. Z: E como você avalia esse momento em que existe uma onda conservadora no mundo, mas ao mesmo tempo, pessoas como você tem ganhado cada vez mais espaço? R: A gente está na outra ponta, enquanto o retrocesso caminha. Com a força do jovem, com a força incendiária, a gente tá fazendo a nossa arte. Se eles estão retrocedendo a gente tá trazendo nossa própria vida. A gente se expõe e ai mano, contra isso, não tem força! Z: Sobre apropriação cultural, Rico foi enfático ao dizer que a cultura negra precisa ser reconhecida em cada ser humano que vive dentro deste país. R: Nosso país é muito misturado! Para começo de conversa, acho que ninguém aqui é zero% negro, todo mundo tem algo de negro em si. É algo muito mais complexo do que dizer que branco está fazendo coisa de preto ou preto fazendo coisa de branco.
literatura
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A incansável dança de Jane Austen Bruna Nogueira
É
uma verdade universalmente conhecida que Jane Austen é uma das mais revolucionárias e queridas escritoras de seu tempo. Desde 1811, quando lançou seu primeiro livro, Razão e Sensibilidade, Jane ficou conhecida por sua habilidade de escrever personagens femininas complexas, diálogos inteligentes e irônicos e explorar os conflitos das relações de classe e gênero. Daí em diante, numa época em que a maiorias dos livros eram escritos por homens e abordavam temas como aventura e exploração, Jane Austen se destacou ao manter suas histórias no ambiente rural e limitado que conhecia, escrevendo sobre dramas cotidianos e familiares que, apesar de simples, apresentaram para o mundo novas perspectivas de narrativas realistas. Cada personagem e cada palavra é importante para construir suas histórias, que escondem nas entrelinhas discussões sobre escravidão e feminismo. Em 2017, a escritora será homenageada pelo Banco da Inglaterra, e terá seu rosto estampando a nota de dez libras, substituindo o naturalista Charles Darwin. A homenagem vem no 200º aniversário da morte da autora, marcado no dia 18 de julho, e a nota começará a circular em Setembro. Vida
Muitos dos livros da autora refletem sua própria vida. Nascida em 1975 na Inglaterra, Jane Austen cresceu com uma família grande, numa pequena casa na zona rural do país, cercada de muito verde — cenário típico de suas obras. Jane teve seis irmãos e uma irmã mais velha chamada Cassandra, com quem teria forte laço de amizade. A única imagem que os fãs podem ver da autora foi feito por Cassandra, e hoje está exposto na Galeria Nacional de Artes de Londres.
Gabi Carvalho
Jane viveu em uma época que sistemas de educação ainda não haviam sido desenvolvidos e, mais importante ainda, uma época em que as mulheres não mereciam nada além de uma “escola para moças”, para aprender boas maneiras. Ainda assim, aos 17 anos, Austen escreveu seu primeiro livro: Lady Susan. Sua vida foi inspiração para todos os seus livros e, mesmo sem nunca ter casado, suas narrativas giram em torno da temática do casamento, entretanto sempre de uma maneira peculiar. Suas personagens principais são, em sua maioria, mulheres astutas e com forte senso de humor. O sarcasmo em seus textos é uma das grandes características da autora, assim como a sensibilidade ao retratar o amor tanto entre casais, quanto entre familiares. A ironia que utiliza para descrever as personagens de seus romances a coloca entre os clássicos, sendo amada tanto pelo público que aprecia histórias romantizadas, quanto para o público feminista que acredita na força que cada mulher carrega dentro de si. A crítica britânica considerou-a a primeira romancista moderna da literatura inglesa. No início de 1817 a autora começou a escrever Sanditon, porém teve que abandonar a obra devido ao seu estado de saúde. No dia 18 de julho do mesmo ano, Jane Austen faleceu em Winchester, um ano antes de serem publicadas as obras Persuasão e Abadia de Northanger. Na época não encontraram o motivo de sua morte, porém atualmente acreditam-se que ela tenha sofrido com Doença de Addison. Com 41 anos no ano de sua morte, suas últimas palavras foram: “Não quero nada mais que a morte”. Em seu testamento, ela deixou tudo o que tinha para sua irmã Cassandra. Na época, o epitáfio, na catedral de Winchester, não mencionava que Austen foi a autora de seus conhecidos romances. Foi apenas em 1872, zint.online | 33
A Ăşnica imagem conhecida de Austen foi pintada por sua irmĂŁ, Cassandra
depois que James Edward Austen-Leigh publicou suas Memórias, que uma nova placa explicava sua condição de escritora, salientando: “Ela abriu sua boca com sabedoria e em sua língua reside a lei da bondade”. Na British Library, em Londres, pode-se encontrar uma caderneta presenteada por seu pai, ilustrada por Cassandra, sua irmã, onde Jane escreveu suas primeiras histórias. Também se encontram ali manuscritos dos últimos capítulos de Persuasión, e um pequeno escritório em madeira. Existem dois museus dedicados a Jane Austen. O Jane Austen Centre, em Bath, na Inglaterra, é um museu público situado em uma casa georgiana em Gay Street, a alguns metros do número 25, onde residiu Austen em 1805. O outro, Jane Austen’s House Museum, é localizado na cabana de Chawton, em Hampshire, também na Inglaterra. Em Bath, o Jane Austen Centre contém diversos objetos relacionados à Austen. Sua localização fica próxima à residência dos Austen em 1805
» Orgulho e Preconceito (1813)
Na Inglaterra do final do século XVIII, as possibilidades de ascensão social eram limitadas para uma mulher sem dote. Elizabeth Bennet, de vinte anos, uma das cinco filhas de um espirituoso, mas imprudente senhor, no entanto, é um novo tipo de heroína, que não precisará de estereótipos femininos para conquistar o nobre Fitzwilliam Darcy e defender suas posições com perfeita lucidez de uma filosofa liberal da província. Lizzy é uma espécie de Cinderela esclarecida, iluminista, protofeminista. Neste livro , Jane Austen faz também uma crítica à futilidade das mulheres na voz dessa admirável heroína — recompensada, ao final, com uma felicidade que não lhe parecia possível na classe em que nasceu.
» Razão e Sensibilidade (1811)
Obras
» Lady Susan (1805)
Uma obra epistolar* curta, conta a história de uma viúva sedutora e manipuladora de, trinta e cinco anos. Sua conduta é, aparentemente, irrepreensível, como se esperaria de uma perfeita dama. Dotada de grande beleza, com modos encantadores e supostamente sensíveis, ela consegue desarmar até mesmo aqueles que estão familiarizados com boatos sobre sua má reputação. A relação com a filha, Frederica, uma jovem tímida e submissa, parece ser destituída de qualquer afeição, pois a mãe a trata como mais uma peça em seu jogo maquiavélico, planejando casá-la contra a própria vontade.
Este romance concentra sua narrativa nas idílicas tramas de amor e desilusão em que duas belas irmãs inglesas se envolvem - Elinor e Marianne Dashwood - quando chega a idade do casamento. À procura do amor verdadeiro, as filhas órfãs de uma família pertencente à pequena nobreza enfrentam o mundo repleto de interesses e intrigas da alta aristocracia. Marianne e Elinor representam polos opostos do universo ético de Austen - enquanto Marianne é romântica, musical e dada a rompantes de espontaneidade, Elinor é a encarnação da prudência e do decoro.
Fachada do Jane Austen Centre
» Mansfield Park (1814)
Fanny Price mora de favor na casa dos tios ricos, para onde foi levada aos doze anos; tem a aparência de uma menina doce e diz “sim” a todos os caprichos de seus tios e primos. Apesar da aparência frágil, Fanny concentra em si diversos conflitos da alma humana, mostrando-se uma personagem forte e profunda que certamente cativará leitores de diversas idades e contextos sociais. Recheado de dissimulação, Mansfield Park revela a sociedade inglesa do século XIX, com seus costumes peculiares e, muitas vezes, aprisionadores. O livro de Austen foi publicado no ano de 1914 e levou apenas seis meses para ter todos os seus exeplares esgotados.
» Emma (1815)
Ao comentar sobre Emma Woodhouse, Jane Austen brincou com seus leitores ao dizer que Emma é o tipo de “heroína que ninguém além dela própria iria gostar muito”. Entretanto, ela é irresistível, a única personagem dos seis livros publicados de Austen cujo próprio nome é também o título do livro. Além disso, Emma possui uma descrição diferenciada das demais heroínas criadas pela autora: é bonita, inteligente e rica. O livro é um ótimo exemplo de sagacidade e ironia, típicos da escritora Jane Austen, e é considerado por muitos como seu romance mais elaborado. A habilidade que a escritora teve ao demonstrar os diversos aspectos da natureza humana de forma bastante realista e afetuosa eleva esta obra a uma sátira brilhante. 1775; Nasce em Steventon, Hampshire, Inglaterra, no dia 16 de dezembro
O enredo gira em torno de Anne Elliot, filha de Sir Walter Elliot, um vaidoso e esnobe baronete. No passado, Anne apaixonara-se por Frederick Wentworth, que, embora belo, inteligente e ambicioso, não tinha tradições ou conexões familiares importantes - e assim Anne fora persuadida pela família a romper com ele. Em 1815, momento em que se passam os eventos narrados no livro, a boa, generosa e sensível Anne Elliot continua solteira, mas agora, aos 27 anos, pensa com mais autonomia e maturidade. Agora, também, a situação financeira de Sir Walter Elliot é desfavorável, e ele se vê obrigado a alugar a propriedade da família. Por força do destino, o novo ocupante da residência é cunhado de Wentworth. Com o mesmo texto leve e envolvente - mas irônico e perspicaz - que a caracteriza, Austen faz aqui uma crítica à vaidade típica da sociedade inglesa do início do século XIX, ao mesmo tempo em que enfoca o tema do casamento, quase onipresente em seus escritos.
» Abadia de Northanger (1818)
Escrito quando Jane Austen era muito jovem e publicado postumamente em 1818, o livro é uma comédia satírica que aborda questões humanas de maneira, tendo como pano de fundo a cidade de Bath. O enredo gira em torno de Catherine Morland, que deixa a tranquila e por vezes tediosa vida na zona rural da Inglaterra para passar uma temporada na agitada e sofisticada Bath do final do século XVIII. Catherine é uma jovem ingênua, cheia de energia e leitora voraz dos romances góticos. O livro faz uma espécie de paródia a esses romances, especialmente os escritos por Ann Radcliffe.
1792; Escreve “Catherine or the Bower”
1790; Escreve “Amor e Amizade”
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» Persuasão (1818)
1794; Escreve seu primeiro romance, “Lady Susan”
1803; Vende “Abadia de Northanger” por 10 libras esterlinas; o romance só foi publicado 14 anos depois 1809; Os Austen se mudam; Jane revisa “Razão e Sensibilidade”, aceito por uma editora
LEGADO
Após ter se tornado um dos maiores nomes de todos os tempos da literatura, Jane Austen continuou e continua influenciando outros artistas com suas narrativas brilhantes e personagens bem construídos. Muita gente não sabe, mas além dos filmes homônimos como Orgulho e Preconceito (2005; Joe Wright) e Emma (1996; Douglas McGrath), e da famosa série produzida pela BBC, também baseada em sua principal obra, Orgulho e Preconceito (1995), existem diversos produtos feitos para o cinema e para TV que tiveram sua base na literatura de Austen. Uma dessas obras inspiradas é O Diário de Bridget Jones. A autora Helen Fielding criou uma série de livros, cuja personagem-título é uma mulher completamente confusa e atrapalhada. As características de Bridget fogem das que se destacavam nas personagens de Austen, entretanto é possível ver a inspiração na escritora britânica na temática de casamentos e no interesse amoroso da protagonista: um homem chamado Mark Darcy cuja personalidade segue o padrão do Sr. Darcy, de Orgulho e Preconceito. Os livros ganharam um filme no ano de 2001, com as sequências Bridget Jones no Limite da Razão (2004) e O Bebê de Bridget Jones (2016). Quem vê Cher andando por Beverly Hills com seus conjuntinhos e poás, não imagina que o clássico adolescente As Patricinhas de Beverly Hills, de 1995, segue o plot narrativo do livro Emma. No filme, a personagem principal, Cher, é uma menina rica, popular e mimada, assim como a controversa personagem-título. Em 2012, o autor Seth Grahame-Smith criou uma narrativa que tinha como base a obra de Austen, mas com um pequeno diferencial: zumbis. O livro Orgulho e Preconceito e Zumbis transforma Elizabeth Bennet em uma verdadeira guerreira, que luta contra os mortos-vivos. A obra fez tanto sucesso que em 2016 ganhou uma adaptação para o cinema. No filme Sem Prada Nem Nada, de 2012, Camilla Belle e Alexa Pena Vega estrelam uma versão da colônia mexicana dos EUA de Razão e Sensibilidade. Até então muito ricas, as irmãs Nora e Mary Dominguez descobrem que perderam tudo com a morte do pai e precisam morar com a tia. Outra obra que merece ser mencionada é o filme
Metropolitan, 1990, que chegou a ser indicado a um Oscar por seu roteiro. Ao apresentar a trajetória de um grupo de novaiorquinos da alta sociedade, o filme segue a história de Tom, que ao se tornar amigo de um grupo de bem-nascidos não resiste em achá-los frívolos, até que começa a se interessar por Audrey. A narrativa foi inspirada no livro Mansfield Park. Para a TV, duas séries - ambas produzidas pela fã número um das obras de Austen, a BBC - se destacam. Em 2008, John Alexander dirigiu a série Razão e Sensibilidade, com a presença de David Morrissey (Coronel Brandon), Dominic Cooper (Willoughby) e, no papel das irmãs Dashwoord, Hattie Morahan e Charity Wakefield. No ano seguinte estreou Emma, que tem Romola Garai e Johnny Lee Miller nos papéis dos protagonistas da história, e direção de Sandy Welch. Ambas produções foram minisséries com três e quatro episódios, respectivamente. _______________
* Romance epistolar é um livro escrito que usa uma técnica
literária que consiste em desenvolver a história principalmente
através de cartas, embora também sejam usadas entradas de diários e notícias de jornais. O nome “epistolar” vem do latim epistoláris “relativo a carta, epístola”. O objetivo desta técnica ao ser criada era dar maior realismo a uma história. (Wikipédia)
1814; “Mansfield Park” é publicado, esgotando em menos de seis meses; começa “Emma” 1813; “Orgulho e Preconceito” é publicado; começa “Mansfield Park”; o Príncipe regente solicita que Austen dedique seu próximo livro a ele
1814; Começa “Sanditon”; morre em 18 de julho
1815; “Emma” é publicado, com dedicatória ao Príncipe; escreve “Persuasão”; início dos sintomas
1980; ”Sir Charles Grandison” é publicado 1871; “Lady Susan” é publicado
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televisĂŁo
Gelo e fogo se encontram na 7ª Temporada de “Game of Thrones” O inverno chegou, trazendo começo do fim do épico da HBO Victor Gama
Nota do editor
série Dan Weiss e David Benioff tem a liberdade de desenvolver a trama de uma maneira mais dinâmica. Tal autonomia proporciona um desenvolvimento maior no arco dos personagens principais e um caminho mais livre para a resolução das duas grandes questões que a série vem trabalhando ao longo de
Este texto contém spoilers e foi produzido antes da estreia da sétima temporada, no dia 12 de julho. No original, a matéria não está atualizada com os acontecimentos dos episódios que já foram ao ar até o lançamento da revista. * Uma adição pós-estreia foi colocada ao final deste texto, no dia 25/jun. O adendo, também contendo spoilers, traz análises e informações sobre o que aconteceu nos primeiros dois capítulos da série.
C
om apenas 13 episódios pela frente, Game of Thrones está em sua reta final, fazendo com que fãs do mundo todo criem expectativas quanto ao penúltimo ato de uma das maiores séries da atualidade. Na 7ª temporada, que vai contar com sete episódios, três a menos do que o habitual, a trama deve preparar o terreno para o final grandioso que é esperado no oitavo e último ano da produção, programada para ir ao ar entre o final da 2018 e o início de 2019. Já bem à frente do material original da saga de livros Crônicas de Gelo e Fogo, a obra ainda incompleta de George R.R. Martin, os showrunners da
A cada episódio, Daenerys Targaryen fica cada vez mais perto de se inserir na esperada batalha para o trono de Westeros
Com o poder nas mãos depois dos chocantes eventos do final da sexta temporada, Cersei Lannister já deixou bem claro que só irá descansar quando for a rainha soberana dos Sete Reinos
seus sete anos: a batalha pelo Trono de Ferro e o confronto contra os White Walkers. De acordo com os produtores e o elenco da série, o novo ano da produção traz novidade, como o encontro de diversos personagens que nunca se conheceram e os reencontros de personagens que não se veem desde a primeira temporada. Consequentemente, as alterações acabam criando a necessidade de um ritmo mais acelerado para a narrativa, fazendo com que a equipe de roteiristas não perca tempo em narrativas arrastadas e desnecessárias. Entre os momentos já foram confirmados para acontecer, uma das maiores expectativas do público está no encontro de dois dos protagonistas da série, Jon Snow e Daenerys Targaryen. A reunião do arco dos dois personagens deve acontecer em algum momento da temporada. Em que ponto está a trama? O cenário político da atual temporada apresenta uma Westeros dividida por quatro monarcas. Em 42 | zint.online
Porto Real, Cersei Lannister (Lena Headey) venceu todos os seus inimigos na cidade, tomando para si o Trono de Ferro. Proclamada como a primeira rainha por direito da história de Westeros (e não como simples consorte de um Rei), cabe a Cersei agora defender o legado da Casa Lannister, subjugar quem ameaça seu posto e se vingar daqueles que provocaram a morte de seus filhos. Mais sozinha do que nunca, a rainha tem poucas casas como aliadas e isso faz com que ela precise ainda mais da ajuda de seu irmão gêmeo (e amante) Jaime Lannister (Nikolaj Coster-Waldau), que, pelo final do último ano, não aparenta estar de acordo com as atitudes da irmã. Nas Ilhas de Ferro, o Rei Euron Greyjoy (Pilou Asbaek) tinha como objetivo conseguir uma aliança por casamento com Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) usando a rainha e seus dragões para conquistar o Trono de Ferro. Porém, sua sobrinha e rival auto proclamada Rainha das Ilhas de Ferro, Yara Greyjoy (Gemma Whelan) tomou a frente e conseguiu o favor da Mãe dos Dragões antes de Euron. Sem os
dragões de Daenerys, Euron deve buscar outras alternativas para chegar ao Trono de Ferro e eliminar seus sobrinhos e concorrentes pelo trono de Sal, Yara e Theon Greyjoy (Alfie Allen). Em Winterfell, o recém proclamado Rei do Norte, Jon Snow (Kit Harrington), tem como principal preocupação o inverno e a chegada da “Longa Noite” trazida pelos White Walkers que marcham em direção à Muralha. Apesar de não ter nenhum interesse em se sentar no Trono de Ferro, Jon sabe que somente uma Westeros unida pode resistir à ameaça do Rei da Noite e seu exército, o que deve leva-lo a procurar a ajuda dos outros líderes do continente para fortalecer a resistência aos Caminhantes na “Grande Guerra”. Essa, no entanto, talvez não seja a principal preocupação de Mindinho (Aidan Gillen), que teve seus planos de sacramentar Sansa Stark (Sophie Turner) como a verdadeira líder do Norte frustrados na última temporada. Resta a ele uma última cartada: convencer Sansa a trair Jon e tomar para si o poder no Norte para que juntos eles possam tomar o Trono de Ferro.
Outros personagens que também devem interferir diretamente na trama política do Norte são os outros Stark sobreviventes, Arya (Maisie Williams) e Bran (Isaac Hempstead-Wright), que podem rumar para Winterfell em breve. Recém-chegada em Westeros, Daenerys enfim está preparada para conquistar o Trono de Ferro. Tomando como base o lar ancestral dos Targaryen (e lugar de seu nascimento), o castelo de Pedra do Dragão, Dany deve planejar a conquista do continente ao lado da Mão da Rainha, Tyrion Lannister (Peter Dinklage). Apesar do foco inicial em tomar o trono de Cersei, Daenerys deve ser alertada em breve da ameaça dos White Walkers e do perigo iminente que eles trazem, o que fatalmente vai forçar a Mães dos Dragões a escolher entre a batalha contra os Lannister e a guerra contra os morto-vivos. Com a estreia da 7ª temporada programada para o dia 16 de julho, falta pouco para acompanharmos o começo do fim da mais bem-sucedida série de fantasia de todos os tempos e diante de tantas possibilidades, zint.online | 43
apenas uma coisa é certa: o inverno chegou e ninguém em Westeros está preparado para enfrenta-lo, pelo menos não sozinho. S07E01 & S07E02 | Adição
Consideravelmente menor que as outras, com apenas sete episódios, ao invés dos costumeiros dez, a nova temporada de Game of Thrones confirmou a expectativa de que aceleraria sua narrativa. Apesar de que todo primeiro episódio de temporada de uma série funcione como uma recapitulação dos acontecimentos de sua antecessora, além de tratar das consequências imediatas das mesmas, David Benioff e D.B. Weiss, demonstraram consciência do tempo enxuto que tem para este ano. Assim, nos deparamos com avanços narrativos cada vez mais rápidos, viagens e deslocamentos de personagens que em temporadas anteriores poderiam demorar 3 episódios acontecendo em somente um, além de tomadas de decisões importantes que poderiam ser prolongadas em vários episódios de discussão sobre o “jogo dos tronos”, mas são limitados a um único capítulo. A chegada de Bran a Muralha, por exemplo, é um bom exemplo de como os produtores da série decidiram por acelerar os acontecimentos, uma vez que em outras temporadas acompanhamos o mesmo personagem vagando pelas terras além a muralha, enquanto na atual temporada já nos deparamos com o Stark mais jovem encontrando com a Patrulha da Noite. A incrível cena de abertura do primeiro capítulo, em que Arya Stark, disfarçada de Walder Frey, assassina todos os Frey e envolvidos no Casamento Vermelho, agrega ao arco de vingança da personagem que, após um
encontro com sua loba Nymeria e a descoberta que de que Jon está governando o Norte, parte para casa. Será o tão aguardado encontro dos Starks sobreviventes? Enquanto isso, Jon e Sansa tem tido alguma dificuldade para governar Winterfell. Ele quer priorizar a preparação para a eminente batalha contra os White Walkers, enquanto ela se preocupa mais em manter o Norte unido e resgatar a uniformidade e tradição que existia no reino antes do golpe dos Bolton. A presença de Mindinho tem colocado mais lenha na fogueira ainda, com o personagem evidentemente tentando mexer com a cabeça de Sansa que, felizmente, continua em um arco crescente interessante, tornando-se uma personagem muito menos passiva, mais madura e preparada para os jogos políticos de Westeros. Um ponto positivo dos dois primeiros episódios é a forma com que os roteiristas trabalharam os personagens considerados secundários, explorando-os como elos entre protagonistas que estão separados por léguas de distância na série. Os acontecimentos com Sam na Cidadela, que ao descobrir a jazida de vidro de dragão, matéria prima que Jon necessita para combater os White Walkers, existente no local em que Daenerys se encontra, prenuncia um encontro entre os dois personagens. Já no segundo capítulo, o atual comandante do Norte confirma uma viagem para Pedra do Dragão, em busca de uma aliança com a Mãe dos Dragões. De forma parecida, temos expectativa do encontro entre Clegane e a Irmandade sem Bandeira com o povo livre, em uma das fortalezas da Muralha próxima ao mar. A trama de Daenerys finalmente se alinha totalmente com o jogo político de Westeros, uma vez que
Ainda que a grande batalha por Westeros seja o arco central de toda a série, os White Walkers mostram-se como a ameaça mais mortal do que qualquer humano, que aumentam o seu exército a cada morte que acontece(u) na produção
Logo nos minutos iniciais do primeiro episódio da sétima temporada, Arya já entra roubando a cena e causando reboliço, deixando claro que o novo ano do programa não está para brincadeiras
a Khalessi e seus seguidores chegaram a sua terra natal e passam a planejar a melhor forma de atacar Porto Real. As cenas que envolvem a garota Targaryen no segundo episódio são, talvez, as melhores da temporada até aqui, também graças aos personagens secundários. O embate verbal entre ela e Varys funcionam para valorizar ambos os personagens, mas garantindo ao eunuco um desenvolvimento que há muito tempo não acontecia. Ainda, ocorre um resgaste de todo o contexto inicial vivido por Dany ainda quando jovem, lembrando o espectador da grande jornada que a personagem passou e que acompanhamos. A cena de preparação para o ataque a Porto Real também é excelente graças aos personagens interessantes e multifacetados presentes na conversa, assim como as boas atuações de Peter Dinklage (Tyrion), Endira Varma (Elaria), Gemma Whelan (Yara Grejoy) e Diana Rigg (Olenna Tyrell). Felizmente, é o plano de ataque de Daenerys que funciona como gatilho narrativo para a primeira grande batalha da temporada. A interceptação, e destruição, dos navios de Yara e Theon graças ao ataque de seu tio Euron, proporcionaram uma sequência de ação interessante e bem dirigida, com fogo, navios e uma composição de cena que evoca batalhas piratas no oceano. A destruição da frota de navios de Dany, assim como
o sequestro de Yara e Elaria acabam não só equilibrando mais os lados militarmente, como também aumentam a rixa existente entre a garota Targaryen e a casa Lannister. Enquanto Euron se apresenta como o antagonista mais bruto, Cersei continua com sua sutileza e malícia sentada no Trono de Ferro. Acompanhada de Jaime, a atual rainha dos setes (ou de no máximo três?) reinos se prepara para o vindouro embate por Porto Real. Com a ajuda de Qyburn, a personagem encontra uma arma capaz de matar os temidos dragões de Daenerys, ao mesmo tempo que tenta garantir o apoio e ajuda militar de alguns vassalos da região sul de Westeros. É de se esperar que nos próximos episódios Euron retorne à capital com Yara e Elaria como os “presentes prometidos” à rainha, fazendo com que Cersei aceite o Greyjoy mais velho como parte de sua armada. Agora, resta aguardar para os encontros tão aguardados e conjecturados por fãs acontecerem, além das consequências dos conflitos estabelecidos nos dois primeiros episódios. Restando cinco episódios para o fim da temporada, Game of Thrones continuará entregando aos espectadores episódios recheados de diálogos bem escritos, personagens cativantes, batalhas sangrentas, mortes inesperadas e revelações surpreendentes, todos os domingos às 22h na HBO. zint.online | 45
Witch’s honor:
45 anos sem “A Feiticeira” vics
É
bem possível que não haja bruxa mais famosa do que Samantha Stephens, a feiticeira loira que fazia magia apenas com o mexer de seu nariz. Ao recusar sua linhagem mágica e decidir casar-se com um mortal, a moça tenta, sem muito sucesso, adaptar-se ao mundo sem bruxaria. Samantha é uma “garota ordinariamente comum”, que esbarra diversas vezes com Darrin, um “cara ordinariamente comum”. O estranho acaso acaba levando os dois a saírem em um encontro, no qual acabam se apaixonando e, enfim, casando. Na noite de núpcias, Samantha revela o seu grande segredo: “Darrin, eu sou uma Bruxa”. Mas não uma bruxa de expressão, por ser uma mulher chata e intrometida; ela é, literalmente, uma bruxa. De vassoura, caldeirão e magia. Com esse plot um tanto original, Elizabeth Montgomery deu vida à Samantha. A Feiticeira foi ao ar pela primeira vez no dia 17 de setembro de 1964 pela ABC, reunindo uma legião de fãs e um sucesso estrondoso. A fama da produção foi tamanha que ressoou até na NBC, produzindo e estreando, em 1965, a sua própria feiticeira, Jeannie é um Gênio. A Feiticeira resultou em oito temporadas e algumas trocas de elenco, mantendo como fixo Elizabeth, Agnes Moorehead, como a mãe de Sam, Endora, e Dick York como Darrin (traduzido no Brasil para James), vindo a ser substituído na sexta temporada por Dick Sargent.
Samantha entrou voando na casa das pessoas (badunts), virou uma febre e tornou-se um símbolo cultural. Sua influência acabou gerando homenagens em séries como Charmed, Os Simpsons, Family Guy e Os Flintstones, além de ter ganhando um spin-off e um filme (2005) de mesmo nome, estrelado por Nicole Kidman e Will Farrell. A série também serve como uma forte crítica ao sistema de estilo de vida da época, utilizando as feiticeiras como uma quebra da realidade. Elizabeth Montgomery ficou imortalizada por conta de seu papel como Samantha, e sua “torcidinha” no nariz (ideia, inclusive, que partiu dela) virou sua marca de assinatura
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Durante os oito anos no ar, Endora foi vista em todos os 254 episódios exibidos
O enredo
Após a revelação da esposa, Darrin se vê dentro de um problema sem fim. O rapaz desaprova o estilo de vida da mulher, tentando, incansavelmente, fazê-la abdicar de seus “truques”, afim de viver a vida sem “hocus pocus”. No entanto, a tarefa logo mostra-se impossível para Samantha, que se vê forçada a usar de sua magia em diversas situações do seu dia-a-dia. Como se os problemas não fossem suficientes, Endora vive fazendo visitas indesejadas para tentar colocar um fim ao casamento misto da filha. O casal também recebe diversas visitas de outros membros da família de Sam, como de seu pai Maurice (Maurice Evans), que também desaprova o casamento; da Tia Clara (Marion Lorne), esquecida e atrapalhada; da prima descolada e revolucionária, Serena (Elizabeth Montgomery); e do charlatão Dr. Bombay (Bernard Fox). Os Stephens ainda contam com uma vizinha bisbilhoteira, Gladys Kravitz (Alice Pearce e Sandra Gould), e o seu marido que está “nem aí” para todo ao seu redor, Abner (George Tobias). Enquanto Samantha passa os seus dias sendo uma dona de casa, destinada a atender todas as necessidades de seu marido, Darrin trabalha na agência de publicidade de seu grande amigo Larry Tate (David 48 | zint.online
White), que desconhece completamente do segredo. Assim como a sua esposa, Louise (Irene Vernon e Kasey Rogers). Ocasionalmente, Darrin também recebe as visitas dos pais. Phyllis Stephens (Mabel Albertson) é uma mãe-coruja, extremamente carente e que vive com “dores de cabeça”, afim de chamar a atenção do marido e força-lo a fazer o que ela quer. Adam Stephens (Greg e David Lawrence) é um homem cansado, que percebe das artimanhas da esposa, mas decide ignorar para não criar conflito. Crítica social
Embora A Feiticeira seja uma série de comédia, há uma forte crítica social embutida nas entrelinhas de sua narrativa. A mais óbvia delas está no casal Stephens. Darrin é um homem de sua época, que gosta que as coisas permaneçam sem alterações: prefere que sua mulher fique em casa, sem trabalhar, enquanto ele é o “chefe da casa”. Seus ideais logo mostram-se um resultado de sua criação, principalmente por parte de sua mãe, que também acredita que o lugar de uma mulher é em casa, cuidando do marido e fazendo de tudo para servir às suas necessidades (afinal, foi assim que ela fez). Samantha, por outro lado, representa o completo oposto disso. Por ser uma feiticeira de três mil anos, ela viveu uma vida completamente diferente, assistindo de camarote a História acontecer. Consequentemente, a personagem acabou incorporando em si uma forte independência, assim como uma liberdade, fazendo dela uma das representações do feminismo dentro da série. Desgarrada do mundo mundano e das obrigações do dia-a-dia, Sam nunca precisou aprender a fazer tarefas básicas destinadas às mulheres da época, como cozinhar ou lavar roupa, sempre vivendo em viagens e se hospedando no melhor que a bruxaria pode lhe oferecer. Sua vida acabou gerando-lhe bastante independência e espírito livre, sem precisar atender a ninguém; a não ser suas próprias necessidades. É apenas quando se casa com Darrin que Samantha se vê “forçada”, ainda que por “opção”, a experimentar da vida humana. Por mais que esteja obstinada a, de fato, abdicar de sua vida como feiticeira, Samantha mantém vivo seu lado desgarrado, as vezes brigando com Darrin devido sua obsessão em fazê-la acabar com o uso de magia. A feiticeira encontra-se sempre no limite da encruzilhada entre ser humana ou continuar vivendo como uma bruxa, muitas vezes buscando balancear os dois estilos de vida.
Para ajuda-la a manter o seu lado feiticeira, está Endora. A mãe de Sam funciona como o link de sua vida anterior, estando constantemente viajando, festejando e socializando com Princesas e Príncipes, entrando cada vez mais nos círculos exclusivos dos feiticeiros. Endora desaprova o estilo de vida escolhido pela filha. Entediada com a vida humana, ela está sempre se esforçando em mostrar o que Samantha está perdendo, ao mesmo tempo em que vive se intrometendo na vida do casal, constantemente sendo o estopim (propositalmente) para as brigas do casal. Endora, que desconhece os limites, já transfigurou Darrin em animais ou objetos de decoração. No mesmo círculo mundano de Darrin está Larry Tate, que representa tudo o que há de frívolo no sexo masculino. Larry, com seus 50 e tantos anos, acredita que ainda está na flor da idade e que o seu dinheiro significa poder e status. Mesmo com uma esposa em casa, o chefe de Darrin nunca perde a oportunidade de dar em cima de mulheres jovens e esbeltas, até mesmo, diversas vezes, deixando a ideia de que traiu Louise (mais de uma vez). Larry também acredita que o lugar de mulher é ficar em casa, e assim como qualquer marido rico, simplesmente detesta a ideia de que sua mulher está torrando seu dinheiro nas compras, mesmo que use desta desculpa para se livrar dela e ir festejar ou viajar. O último ponto crucial de crítica é Serena, a prima de Samantha. Fisicamente, as duas são quase gêmeas (afinal, Elizabeth Montgomery interpreta as duas), mas são completamente diferentes de personalidade. Enquanto Samantha é mais retraída e contida, Serena é um verdadeiro furacão. Sua alma é viva e jovem, sem nenhum senso de responsabilidade. Revolucionária, a prima de Samantha sempre está a frente de seu tempo, participando de meios da música jazz e rock ‘n roll (estilos musicais que, na época, sempre foram relacionados ou aos negros, ou aos jovens e perturbados), namorando homens de cor, participando dos movimentos hippies, lutando pelos direitos de independência da mulher. Serena também vive em festa, e mostra-se sempre entediada com a vida mundana de sua prima. Constantemente se intromete na vida de Samantha, apenas pelo prazer de criar caos, que vê como uma deliciosa e animadora diversão. Em algumas situações já trocou de lugar com a prima pela piada, ou até mesmo chegou a ir atrás de um marido humano para “se aquietar” (sem muito sucesso). Serena é a força do novo e do inovador, do jovem, do fresco, das mudanças, do futuro.
Em “A Feiticeira” (2005), Nicole Kidman fazia Isabel Bigelow, uma bruxa escalada para fazer Samantha Stephens em um revival da série (dentro do filme) por conta da “torcida” que fazia com o nariz; genialmente original?
Reboot? Com o peso e o legado que a série deixou, ao terminar no dia 25 de março de 1972, não é de se espantar as vontades de se produzir um reboot. A produção chegou a ganhar um filme de mesmo nome em 2005, com Nicole Kidman na pele de Sam, mas acabou sendo muito mal recebido pela crítica, manchando a imagem de A Feiticeira. Desde 2011, no entanto, rumores vem e vão na indústria do entretenimento sobre uma possível nova versão da série. Em 2011, a CBS encomendou um episódio piloto, mas que nunca foi produzido. Em 2014, a Sony Pitcures vendeu um piloto para a NBC, afim de estrear a série na temporada 20152016. Na trama, a neta de Samantha protagonizaria a série, e também abdicando dos poderes afim de encontrar sua alma gêmea. Tanto Daphne, a neta, quanto a Sony não tiveram nenhum sucesso em suas aventuras, e o projeto permanece engavetado até hoje. Por mais que a possibilidade de ver Samantha Stephens de volta à TV seja menor a cada dia, A Feiticeira continua viva no imaginário de milhares de pessoas ao redor do mundo. Afinal, chega a ser impossível não conhecer o famoso mexer de nariz que Samantha fazia no momento de utilizar sua magia. zint.online | 49
O retorno do Drácula Série baseada na franquia Castlevania estreia na Netflix
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Roberto Barcelos
om mais de trinta títulos lançados em diversos consoles, Castlevania é um clássico dos videogames criado pela empresa japonesa Konami. Popular por seu conteúdo próximo ao terror, os jogos da franquia possuem em sua essência temáticas góticas que exploram o folclore em torno de figuras vampirescas, magia e caçadores. Por conta do grande sucesso e o potencial 50 | zint.online
dramático de suas narrativas, a Netflix lançou, no dia 7 de julho desse ano, a primeira temporada da série animada em quatro episódios. Sua produção possui nomes importantes como Adi Shankar (“A Perseguição”, “O Grande Herói” e “O Homem da Máfia”), o quadrinista Warren Elis (“Hellblazer”, “Doom 2099” e “Iron Man: Extremis”), Kevin Kolde (“Hora de Aventura”) e Fred Seibert (“Hora de Aventura” e “Os Padrinhos Mágicos”).
A trama baseada no jogo Castlevania III: Dracula’s Curse explica em sua primeira temporada o porquê da ira de Drácula e como ele começou a destruir o leste europeu. Também, introduziu personagens importantes para a série, como o caçador de vampiros Trevor, a sacerdotisa Sylpha e o vampiro Alucard. Apesar de uma história em fase inicial de desenvolvimento, a Netflix confirmou uma segunda temporada com oito episódios já para 2018. Outro ponto importante e que chamou a atenção dos fãs da saga é o design dos personagens e do cenário, inspirado em animes da década de 90. É possível encontrar nos traços referências famosas, como de “Neon Genesis Evangelion”, “Cowboy Bebop”, “Bucky” e “Gundam”. O potencial inovador de um clássico
Apesar de sua nova narrativa e a adaptação do jogo para uma série de animação, o primeiro confronto entre caçadores de vampiros e o próprio Drácula aconteceu no famoso Famicom Disk System em 1986. Baseado no romance O Drácula, de Bran Stoker, e outros elementos de filme de terror, como múmias, zombies e gárgulas que ganham vida, Akumajō Dracula chegou ao ocidente com o nome Vampire Killer. Em uma rota de avanço linear, o jogador deve explorar o castelo do grande vampiro e matá-lo no final. Apesar da simplicidade da
história, o que chamava a atenção no jogo era a sua dificuldade. Diferente de outros títulos lançados na época, Vampire Killer desafiava os fãs de jogos para conseguir superar cada fase e seus obstáculos. O estouro de vendas do game motivou a Konami a lançar em 1987 o jogo para o NES (Nintendo Entertainment System), console da época com os cartuchos mais baratos, o que facilitou para que o jogo fosse adquirido com maior facilidade. Na mudança de um aparelho para o outro, Vampire Killer recebeu o nome de Castlevania e deu início a uma nova geração de games. De 1986 até 2017, a saga recebeu versões, continuações e spin off que vão de computadores, portáveis e videogames da nova geração, como o Playstation e Xbox. O sucesso da saga ultrapassou as vendas e revolucionou a forma como os jogos de videogame passaram a ser criados, inaugurando um novo subgênero de ação e aventura. Ao lado de Metroid (jogo de ficção científica da Nintendo, criado em 1986), Castlevania inspirou um novo conceito de jogabilidade com um enorme mapa de jogo para ser explorado chamado Metroidvania. Nele, as passagens do game são trancadas e só podem ser abertas por itens ou magias específicas, o que cria uma maior integração entre a história e o design dos níveis. Além de também incentivar a exploração dos cenários 2D e se tornar bastante popular até os anos 2000.
background; .
N
o ano em que foi projetada, em 1965, séries de fantasia para a família não eram grande sucesso de público na grade televisiva. Ainda na incubadora, Doctor Who já foi recebida como um fracasso, e não era levada a sério. Porém, contrário ao que todos esperavam, o programa acabou se tornando um gigantesco sucesso, não só gerando uma legião de fãs por todo o Reino Unido (e, posteriormente, fora dele), mas durando mais de 50 anos, fazendo da produção a série de maior duração da televisão mundial. Na narrativa, somos apresentados às aventuras de um alienígena do planeta Gallifrey. Com aparência de um humano, o extraterrestre faz parte de uma raça chamada de Senhores do Tempo. Vivendo na Terra sob o título de um professor, o Doutor, único nome no qual é conhecido (e que permanece uma incógnita até hoje), viaja numa espaço-nave pelo tempo e espaço, conhecida como TARDIS (“Tempo e Dimensão Relativas no Espaço”, em português). Ao seu lado, há sempre uma companhia, conhecida como a Companion. Na primeira temporada, a personagem era a sobrinha do Doutor, mas desde então as companhias são (em grande maioria) mulheres que acabam esbarrando com o extraterreste, mergulhando nas aventuras e responsabilidades do alienígena (já houveram, no entanto, duas companions homens). Com uma narrativa criativa, dramática e bastante cômica, o título da série, Doctor Who, faz uma piada com algo que acontece constantemente: o nome não-usual do Doutor gera um certo ruído entre as raças, que sempre estão acostumadas com a ideia de que “doutor” é um título, e não um nome. Consequentemente, sempre que o Doctor se apresenta, a pergunta logo segue: Doutor Quem? Ao longo de seus mais de 50 anos em exibição, Doctor Who trouxe consigo uma mitologia bastante vasta, com inimigos e amigos que sempre aparecem ao longo das temporadas, como os temíveis Daleks, arqui-inimigos declarados do Doctor. Além das personagens, a história sobre os Senhores do Tempo é, no mínimo, interessante: diferente dos seres humanos, os habitantes de Gallifrey tem dois corações. Devido a esta particularidade, Senhores do Tempo nunca morrem; eles se regeneram, ganhando, 52| zint.online
literalmente, um novo corpo. A ideia por trás dessa curiosidade veio, na verdade, de uma necessidade. Nos rascunhos originais de Doctor Who, essa questão da regeneração nunca esteve presente na narrativa. No entanto, a série começou a fazer um gigantesco sucesso, cada vez atraindo mais e mais público. Na época, no entanto, William Hartnell, o ator que fez o Primeiro Doutor tinha uma saúde bastante debilitada, forçando que ele tivesse que sair o programa. Como o cancelamento não era uma opção (afinal: $$$), os Se-
An (re)gene
nhores do Tempo vic ganharam Pela primeira v a habilidade, 50 anos de hi dando início a uma regeneração do uma polêmica vida longa e próspera whovians (fãs de ao Doctor. o público Desde então, o Doutor já passou por doze regenerações. Onze delas foram durante as temporadas seguintes da série, e uma durante um hiatus que aconteceu entre a série original e o seu revival, que na narrativa ficou conhecida como o War Doctor. Os primeiros oito Doutores estiveram na televisão até 1996; sete no programa (em 1989, a série foi cancelada em
sua 26ª temporada) e um em um telefilme (1996). Após o lançamento desta última produção, Doctor Who ficou fora do ar por nove anos, ganhando em 2005 o revival. À época, a BBC ainda não apostava 100% no projeto, resultando em um baixíssimo orçamento que ficou evidente em sua produção. Com o retorno à tv, a explicativa para o sumiço do Doutor foi simples, porém trágica: entre os anos fora da Terra, o alienígena voltou para o seu planeta-natal, onde uma guerra se instaurou contra os Daleks. For-
new eration
çado a tomar ação para cs terminar a vez em mais de guerra, o Doctor istória, a nova acabou causando a o Doctor gerou a real entre os explosão de Gallifrey, e Doctor Who) e resultando na extinção dos em geral Senhores do Tempo e dos Daleks. Consequentemente, o Doctor se tornou o último de sua espécie, fazendo com que ele ficasse marcado e amargurado por ter sido o catalizador da tragédia. Como resultado, ele voltou à Terra, vivendo em constante fuga e negação, recusando-se a comentar qualquer coisa que tivesse relação ao seu amado planeta.
A série estreou, então, com o Nono Doctor, com uma das Companions mais memoráveis da série. Desde então, foram mais outras três regenerações. Neste ano, a série chegou à sua 10ª temporada e o fim do ciclo do 12º Doutor.
polêmica; .
C
om o Twelfth se aproximando de sua regeneração (o momento acontecerá apenas no costumeiro Episódio de Natal da série, que vai ao ar no dia 25 de dezembro deste ano), a BBC realizou o muito esperado anúncio de quem será o 13º Doutor. Desde o ano passado, rumores começaram a circular pela internet, afirmando que, pela primeira vez na história da série, o novo Doctor seria uma mulher. Diversos nomes foram ligados aos rumores, mas o canal nunca chegou a confirmar (ou negar) as notícias. Em julho, o anúncio foi feito: a 11ª temporada de Doctor Who trará uma Doctor; a inglesa Jodie Whittaker é a mais nova pilota da TARDIS. A atriz é uma conhecida do público britânico, por ser a protagonista da série Broadchurch, que, curiosamente, também é estrelada por David Tennant, o 10º Doutor. Por mais que as regenerações sejam sempre dolorosas para os fãs, que se apegam as novas versões dos Doctors, a presença de Jodie como a 13ª causou um grande desconforto entre as pessoas. Rapidamente, a polvorosa se instaurou; whovians e não-whovians se separaram em dois grupos: o dos que acolheram Jodie de braços abertos, e o dos que não aceitavam a mudança de gênero do Doutor. As redes sociais logo ficaram cheias de textões de apoio e repúdio à Doctor. Enquanto alguns relembravam os ensinamentos que o Doutor passou ao longo de seu mais de meio século, como a compaixão ao próximo e o fim ao preconceito, outros alegavam que a BBC queria perpetuar e forçar as pessoas a aceitarem a “ideologia do gênero”, afirmando que “um homem não pode virar mulher e vice-versa” (dessa última situação, muitos deixavam claro que não assistiam a série, mas mesmo assim não aceitavam que esse tipo de coisa acontecesse). A repercussão foi tamanha que a BBC precisou emitir um comunicado reafirmando sua escolha, mostrando grande animação com os caminhos visionários que Jodie tem para a personagem. zint.online | 53
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opinião; Doctor Who apareceu na minha vida em um momento em que eu precisei dar uma freada no volume de séries que eu assistia, cortando grande parte da minha grade. Atualizado e sem muita vontade de retornar ao que foi deixado para trás, fui atrás de algo novo para assistir. Fui, então, indicado à série, que logo comecei a assistir. A produção de baixa qualidade não me assustou, e, muito rapidamente, me apaixonei pelo Nono Doutor, o Senhor do Tempo mais underrated da nova geração. Rose, a primeira e mais memorável Companion do revival, também roubou meu coração, fazendo com que DW se tornasse uma das minhas séries favoritas de todos os tempos. Como um whovian devoto, também sempre sofro com as regenerações. Cada Doctor é particular. Fica impossível não se apaixonar por cada um deles, e soltar lágrimas quando um novo Doutor assume o posto. Com o 12o, no entanto, foi diferente. Os primeiros momentos de Peter Capaldi como Twelfth foram um baque, devido sua abordagem ser bem obscura a amargadura. Eu não fui o único que senti a estranheza, o que acabou forçando os showrunners a deixarem a personalidade do Capaldão (apelido carinho utilizado pelos whovians) mais leve. O amor então veio, e rapidamente tornou-se bastante difícil dizer adeus a mais um Doutor. Mas, assim como diversos outros fãs, eu estava bastante animado por ter, pela primeira vez, uma Doutora. Comecei a imaginar como seria, por exemplo, Tilda Swinton como uma Senhora do Tempo. Então, veio o anúncio de Jodie Whittaker; recebi de braços abertos, o que causou meu desconforto com a polêmica. Como apontei em uma série de tweets, que inspiraram esse pedaço de opinião, eu acompanhei textões de apoio e repúdio à nova identidade de gênero do Doctor. Vi muitos relembrando os ensinamentos da série, e outros mostrando preconceito não só à novidade, mas também a todos os transgêneros. Foi no meio de tudo isso que eu parei para perceber uma coisa: ninguém falava que o acontecimento não era inédito e que um Senhor do Tempo já teria se regenerado em uma Senhora do Tempo.
Na oitava temporada, conhecemos a magnífica Missy (Michelle Gomez), regeneração do Master (John Simm). Porém, diferente do que aconteceu com o Doctor, ninguém mostrou nenhum incômodo, ninguém bateu panela, ninguém fez textão nas redes sociais. Então, porque as pessoas estava bravas agora? A resposta óbvia seria, é claro, que é porque é o Doctor; mas isso também não fazia sentido, considerando toda a discussão de que “um homem não pode virar mulher”. Já tinha acontecido antes!!!, então porque as pessoas estavam bravas? A pergunta continuou sem uma resposta definitiva, mas a discussão estava acesa. O Doctor ser, agora, a Doctor, não muda substancialmente nada na série. A unica coisa que podemos levar em consideração é que cada regeneração é resultado de uma particularidade na vida do Doutor. Quando o Eleventh, jovem e criança, regenerou no Twelfth, velho e maduro, foi porque o Doctor havia, finalmente, encontrado uma forma de salvar Gallifrey, e já não estava mais correndo em negação (Run, you clever boy, and remember). E asim fica a pergunta: o que será que vai fazer o Doctor mudar tanto a ponto de seu gênero também trocar? É, no mínimo, curioso. A única coisa que me causa desconforto em toda essa história é pensar que sempre houve uma balança e harmonia entre o Doctor e sua Companion. Enquanto o Senhor do Tempo era um homem, e consequentemente, regido pelo privilégio de seu sexo, a companion era uma mulher, que historicamente é sempre vista como o sexo frágil, e, na série, por ser humana, era inferiorizada ainda mais (que o normal). Em contra partida, a série sempre proporcionou momentos para criar um equilíbrio entre os dois, mostrando que não havia realmente uma diferença entre eles. As vezes, haviam situações em que o Doctor se sobressaia, mas também haviam outras onde era a Companion que levava a melhor e era a heroína. Se agora temos uma Doctor, então, em prol de manter esse equilíbrio, será que podemos ter, depois de tanto tempo, uma companion homem? Particularmente, espero que sim. E mal vejo a hora do Especial de Natal, e, claro, da nova temporada. zint.online | 55
#d23expo
O que aconteceu na d23 Expo? JoĂŁo Dicker
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Victoria Cunha
Nas últimas décadas, as convenções tem se tornado cada vez mais populares no mercado de entretenimento e cultura pop. Esse tipo de evento funciona como um local para empresas apresentarem ao seus fãs e à mídia especializada os projetos que possuem para os próximos anos, além de vender os mais variados produtos licenciados de suas respectivas produções. Assim, a Disney não demorou a criar sua própria convenção, escolhendo a cidade de Anaheim, na Califórnia, como a sede para realizar a D23 Expo. A exposição é realizada
a cada 2 anos com uma duração de 3 dias, em que a empresa apresenta todos os projetos planejados que englobam não apenas os parques, mas também filmes, animações, canais de televisão, rádio, merchandising e várias outras áreas. _____ A edição deste ano aconteceu nos dias 14, 15 e 16 de julho e contou com grandes revelações de todos as áreas em que a Disney trabalha para construir seu mundo encantado. Confira as principais notícias da edição 2017 da D23! zint.online | 59
homenagens; O painel Disney Legends foi uma cerimonia que homenageou nomes importantes da empresa e de
suas franquias, como Stan Lee, Jack Kirby, Carrie Fisher, Mark Hamill, Oprah Winfrey, Whoopi Goldberg, além do diretor e produtor Garry Marshall, o especialista em animatrônicos Wayne Jackson, a figurinista Julie Taymor e o animador Clyde “Gerry” Geronimi.
parques; A D23 divulgou, também, algumas novidades
para os parques e hotéis do Walt Disney World Resort, em Orlando, e Disneyland na Califórnia e Paris. Os maiores destaques, sem dúvida alguma, foram as confirmações dos boatos que rodam pela internet há meses, como por exemplo o hotel imersivo e temático de Star Wars, e a abertura de uma atração temática do filme Ratatouille no pavilhão da França, no parque Epcot. O tão famoso hotel do Star Wars foi confirmado, porém ainda sem muitos detalhes. Segundo os bo-
atos, é uma experiência imersiva, em que o visitante pudesse viver dentro da nave, com programas e pequenas atrações temáticas dentro do resort. Apesar de não terem dado detalhes maiores sobre a experiência, uma informação foi bastante impressionante: todas as janelas do hotel terão uma vista para a galáxia. Ainda, a convenção também divulgou mais novidades sobre a land de Star Wars que está em construção no parque Hollywood Studios, e chamará a Star Wars – Galaxy’s Edge. A data de abertura está marcada para o verão americano de 2019, ou seja, entre junho e agosto, e teve mais fotos e vídeos da
Arte conceitual da land de Star Wars, “Star Wars Galaxy’s Edge”
área também foram divulgados. Segundo os produtores, a land contará com duas atrações que prometem muita popularidade (e, com isso, filas). Uma delas simulará uma batalha entra a Primeira Ordem e a Resistência, em que os visitantes terão a sensação de estar em um Hangar da Star Destroyer. Na outra, os visitantes poderão pilotar a Millennium Falcon, sendo que cada um terá uma 60| zint.online
função específica para o sucesso da missão. Segundo o anúncio, as experiências na atração serão diferentes dependendo de como a nave for pilotada. Bob Chapek, presidente do Walt Disney Parks e Resorts disse, durante o painel de apresentação, que “a escala dessa atração é diferente de tudo o que fizemos antes”. Além disso, também foi confirmada a construção de uma cantina onde os visitantes poderão interagir
Arte conceitual da vindoura "Toy Story Land"
com personagens e situações consagradas da franquia, como por exemplo consumir a bebida Leite Azul ou encontrar personagens clássicos como Chewbacca, BB-8 e Kylo Ren. “É diferente de tudo que existe hoje. Do segundo que você chega, você se torna parte da história de Star Wars! Você se torna um cidadão da galáxia e vai passar por toda experiência, que inclui usar um vestuário adequado. Assim que você deixa a Terra, vai descobrir uma nave com personagens vivos, histórias e aventuras que aparecem na sua frente”, finalizou Chapek. Star Wars não é o único universo construído em uma galáxia a dominar os parques da Disney: uma atração temática dos Guardiões da Galáxia também foi confirmada! Ela tomará o lugar da atração não muito famosa Universe of Energy, no Epcot, e, segundo os palestrantes, será uma atração “e-ticket”, categoria em que se encontram as atrações mais populares do parque, com possível restrição de altura e muita aventura. Além da novidade citada acima, o Epcot também receberá a atração de Ratatouille, em seu pavilhão da França. Não foram divulgados detalhes sobre a data de inauguração, mas foi dito que a atração será semelhante à da Disneyland da Califórnia, que faz o maior sucesso por proporcionar uma experiência em que os visitantes são “diminuídos” ao tamanho do rato Remy para que possam sentir os cheiros e as percepções que o personagem tem quando esta na cozinha do restaurante Gusteau’s. Outra notícia que animou muitos presentes na convenção foi a confirmação de Toy Story Land, local que contará com brinquedos e atrações baseadas na animação clássica da Pixar. O espaço será lançado no Walt Disney World e será aberto o público durante o verão americano de 2018.
Para os super fãs do Hollywood Studios, uma novidade triste também foi divulgada. Agora que o parque perdeu seu ícone mais famoso, o chapéu do Mickey Feiticeiro, o símbolo principal do parque é o Teatro Chinês, que hospeda a atração tradicional “The Great Movie Ride”. Ela será substituída pela “Mickey and Minnie’s Runaway Railway”, a primeira e única atração de todas as Disneys do mundo a ser criada 100% ao redor da temática do Mickey e seus amigos. E se você acha que parou por aí... A Disney não cansa de inovar! Na D23 deste ano eles anunciaram dois novos meios de transporte entre os parques e os hotéis de Orlando: a Minnie Van, uma van temática da Minnie, e um teleférico que ligará os hotéis Art of Animation, Pop Century, Caribbean Beach e Riviera Resort (novo hotel confirmado também na convenção!) aos parques Epcot e Hollywood Studios.
televisão; No ramo televisivo a Disney não fez muitos
anúncios quanto aos canais e programas que detêm. A maior e mais empolgante revelação foi o lançamento da prévia da nova temporada de Ducktales. Baseada nos quadrinhos de Carl Barks, a série original foi exibida entre 1987 e 1990. A nova versão chegará nas TVs estado-unidenses no dia 12 de agosto de 2017, no canal Disney XD. Foi revelado na convenção que, assim como a série original, a nova versão acompanhará Patinhas e seus sobrinhos-netos, em suas aventurais pelo mundo. A produção também contará com o retorno de personagens conhecidos da primeira versão do programa, como Pato Donald, Leopoldo (Duckworth), Professor Pardal (Gyro Gearloose), Capitão Boing (Launchpad McQuack), Irmãos Metralha (Beagle Boys), zint.online | 61
Pão-Duro Mac Mônei (Flintheart Glomgold), Madame Patilda (Mrs. Beakley) e Maga Patalójika (Magica DeSpell).
cinema;
Em um dos painéis do evento, a Disney apresentou o seu calendário de lançamentos para os próximos dois anos, que incluem filmes já aguardados por fãs e críticos, além de novidades para a indústria cinematográfica. Dentre os próximos lançamentos temos os live-actions de diversas animações consagradas como Rei Leão, Mulan e Dumbo, os próximos episódios de Star Wars e seus filmes derivados, uma nova versão de O Quebra-Nozes, e os filmes do universo Marvel e as próximas animações da empresa. No ramo das animações, a Disney anunciou as sequencias de filmes muito esperados por fãs. Um dos sucessos recentes da empresa, Frozen, ganhará uma continuação em 2019, assim como a exibição de um curta chamado Olaf ’s Frozen Aventure que será exibido antes de Viva - A Vida é Uma Festa. O novo longa da Pixar chegará aos cinemas brasileiros no dia 4 de janeiro de 2018 e conta com Anthony Gonzalez, Renée Victor, Renée Victor e Gael Garcia Bernal no elenco. A franquia Toy Story ganhará seu quarto filme em 2019 e teve a confirmação de que John Lasseter, chefe criativo da Pixar , deixou a função de diretor do longa, dando lugar a Josh Cooley que participava da animação como produtor. Entretanto, Lasseter afirmou que continuará trabalhando na produção como produtor executivo devido ao carinho que possui pela franquia. “Nada é mais importante para mim”, afirmou a D23. Detona Ralph é outra produção que terá continuidade nos cinemas, intitulada Detona 62| zint.online
Ralph 2: Ralph Quebra a Internet, mas que estreará em 2018. O diretor Rich Moore confirmou que a história se passará nos dias atuais e apresentará Ralph tentando se tornar uma sensação viral da internet, além de que todas as princesas Disney estão presentes no longa animado, assim como Stan Lee e C3PO. Mas de todos os anúncios realizados quanto aos filmes animados, o mais comemorado foi a confirmação de que Os Incríveis 2 chegará aos cinemas em 2018. Lasseter revelou ao IGN, em uma entrevista realizada durante o evento, que o próximo filme começará um minuto depois do fim de seu antecessor: “Começa assim que o primeiro termina, seguindo a história. Teremos o Escavador e uma grande sequência antiga. Sabe o final do primeiro longa, quando você vê a família inteira vestida como super-heróis? Bom, é aí que o novo filme começa”. Ainda, o diretor Brad Bird retornará para a função na sequência e, durante o painel, deu sinais de que a trama do próximo filme será mais focada na Senhora Incrível, a Mulher Elástica. O diretor também confirmou que grande parte do elenco retornará para seus papeis, com exceção do dublador de Dash (Flecha) que está com uma idade muita avançada para fazer a voz da criança. Mesmo sem nenhum trailer ou material de divulgação do longa, a Pixar liberou um vídeo homenageando a carreira de Edna Mode, que também estará presente na película. A animação ainda não tem data de estreia, mas está previsa para julho de 2018. Se a Disney sempre foi conhecida por seus personagens icônicos de animações e os mundos mágicos criados nestes filmes, reproduzidos em seus parques, ultimamente a empresa tem se mostrado muito forte nas produções de live actions. Desde que comprou outras gigantes do entretenimento e do
cinema, como a Marvel e a Lucas Films, a empresa tem entregado anualmente diversos longas-metragens para o público, sejam películas de seu universo mágico de personagens ou dos universos criados por Stan Lee e por George Lucas. Assim como A Bela e A Fera (2017), Mogli - O Menino Lobo (2016), Malévola (2014), dentre outras animações que ganharam versões live action, Mulan, Rei Leão e Dumbo, foram confirmados como as próximas adaptações em carne e osso da Disney. A primeira delas será a história do jovem elefante, que não só teve seu visual revelado como também a confirmação de alguns atores no elenco. Colin Farrell, Danny De Vito e Michael Keaton ja estão confirmados no longa que será dirigido por Tim Burton e tem data de estreia prevista para 29 de março de 2019. O primeiro vídeo da versão live action de Rei Leão foi mostrada no painel, mas não será disponibilizada na internet. A prévia mostrava a primeira cena da animação, que também deverá ser a cena inicial do filme, com o batismo de Simba e a apresentação do reino de Mufasa. O longa será dirigido por Jon Favreau (Mogli - O Menino Lobo, Homem de Ferro) e contará com Donald Glover como Simba, James Earl Jones (o Darth Vader) como Mufasa, Billy Eichner como Timão e Seth Rogen como Pumba, dentre outros. O filme está previsto para julho de 2019. Já o longa de Mulan, que será dirigido por Niki Caro, não apresentou muitas novidades, mas reafirmou que Lauren Hynek e Elizabeth Martin cuidam do roteiro e teve uma atualização em sua data de lançamento de 2018, para 2019. Por outro lado, a adaptação de Aladdin confirmou os atores para os três papeis principais. Mena Mas-
soud interpretará o protagonista, Naomi Scott, a Ranger Rosa no novo filme dos Power Rangers, será Jasmin e Will Smith fará o Gênio da Lâmpada, que foi dublado por Robbin Williams na animação de 1994. Guy Ritchie cuida da direção do longa que tem estreia prevista para 2018. Uma Dobra no Tempo, adaptação do livro de ficção cientifica escrito por Madeleine L’Engle, ganhou seu primeiro trailer durante a convenção. A trama conta a história da família Murry, cujo pai (Chris Pine) pesquisava a possibilidade de viajar no tempo quando desapareceu misteriosamente. Assim, Meg (Storm Reid), seu amigo Calvin (Levi Miller) e seu irmão Charles precisarão viajar para outros pontos do tempo e do espaço tentar resgatar o pai de Meg. Na jornada, os jovens enfrentam diversas forças do mal, seres desconhecidos e planetas diferentes, além de descobrir o que é a dobra no tempo que intitula o filme. O longa é dirigido por Ava Duvernay, de Selma: Uma Luta pela Igualdade (2014), e tem estreia prevista para março e 2018. The Nutcracker and the Four Realms, nova adaptação da Disney de O Quebra-Nozes, teve sua data de estreia oficial nos EUA revelada: 2 de novembro de 2018. O novo longa conta com Keira Knightley, Morgan Freeman, Helen Mirren, Mackenzie Foy e Richard E. Grant no elenco, e será dirigido por Lasse Hallstrom. Ainda, a empresa revelou o primeiro teaser do vindouro filme Mary Poppins Returns, estrelado por Emily Blunt. O longa será situado na Londres dos anos 30, contando a história de Michael Banks (Ben Whishaw) e Jane Banks (Emily Mortimer) já crescidos, com Michael vivendo com seus três filhos e Fã-arte de Edna Moda
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sua governanta (Julie Walters). Após sofrer uma perda pessoal intensa, a enigmática Mary Poppins (Emily Blunt) retorna para a vida da família Banks e usará de suas habilidades mágicas para fazer com que a família redescubra a alegria perdida de suas vidas. O filme ainda conta com Meryl Streep e Lin-Manuel Miranda no elenco, além de Rob Marshall (Caminhos da Floresta, 2014) na direção. Como era de se esperar, a Disney não perdeu a oportunidade de fazer um verdadeiro show quando tratou de falar dos filmes produzidos pelo Marvel Studios. Durante o painel de filmes live actions, a Marvel soube utilizar bem seu tempo de maneira impactante para os fãs e jornalistas presentes. O principal assunto do painel da Casa das Ideias, ministrado pelo presidente do estúdio Kevin Feige, foi o próximo filme de equipe MCU, Vingadores: Guerra Inifinita. De acordo com Feige, o próximo filme da equipe de heróis será o maior filme da franquia até então: “Vingadores: Guerra Infinita será a culminação dos 10 anos de filmes da Marvel. Tudo graças a Thanos”, afirmou. Não só presidente do Marvel Studios aumentou o hype que ja vinha sendo construído em torno do filme, mas também a sinopse oficial do longa, que também foi liberada durante o evento, reafirmou a grandiloquência esperada na projeção. “Uma jornada cinematográfica que durou dez anos para construir e abrangeu todo o Universo Cinematográfico Marvel, Vingadores: Guerra Infinita leva para telona o confronto mais importante e mortal de todos os tempos. Os Vingadores e seus aliados devem estar dispostos a sacrificar tudo em uma tentativa de derrotar o poderoso Thanos antes que sua invasão de devastação e destruição acabe com todo o Universo”.
Ainda, o filme teve seu primeiro pôster revelado e apresentou o vilão da projeção Thanos, que vem sendo preparado desde o primeiro Vingadores (2012). O antagonista será vivido por Josh Brolin, que também marcou presença no painel. A aparição de Brolin, inclusive, fez parte de um dos momentos mais legais da apresentação Marvel que contou com inúmeros atores no palco como Robert Downey Jr., Tom Holland, Benedict Cumberbatch, Chris Hemsworth, Chadwick Boseman, Elizabeth Olsen e Karren Gillan. Ainda, o interprete do antagonista chegou a colocar a Manopla do Infinito em sua mão, artefato que Thanos utilizará para derrotar os Vingadores na projeção, além de apresentar 5 estatuetas que revelaram o visual do próprio personagem que ele dará vida
e dos 4 seguidores do vilão. Os filhos de Thanos farão parte da Ordem Negra e entre eles estão Corvus Glaive, Proxima Meia-Noite, Fauce de Ébano e Anão Negro. Por fim, Joe Russo, um dos diretores do longa, subiu ao palco e introduziu o primeiro teaser do filme, que não foi disponibilizado na internet, mas que poderá ser lançado ao público durante a San Diego Comic Con, que acontecerá dos dias 20 a 23 de julho. Vingadores: Guerra Infinita tem estreia prevista para 26 de abril de 2018. Após o painel, diversos atores deram entrevistas a respeito do filme e de seus personagens do MCU. Quando perguntado pela Variety sobre um possível filme solo do Hulk, Mark Ruffalo, interprete do personagem, deu uma notícia triste para os fãs. “eu quero deixar uma coisa perfeitamente clara: um filme solo do Hulk jamais vai acontecer. Isso porque a Universal e,
por algum motivo, eles não sabem se entender com a Marvel e não querem fazer dinheiro”, afirmou Ruffalo. Entretanto, o personagem aparecera ainda este ano em Thor: Ragnarok, próximo filme da Marvel, que chegará aos cinemas em 2 de novembro. Outra franquia que teve espaço no painel de filmes live action foi Star Wars, que teve um vídeo de bastidores do Episódio VIII, Star Wars: Os Últimos Jedi, revelado. Alguns fãs ficaram decepcionados com a falta de um novo trailer ou de imagens exclusivas do filme, uma vez que o longa chegará aos cinemas ja em dezembro deste ano. Contudo, o filme também teve seus novos posteres divulgados que mostram personagens como Luke, Rey, Finn, Princesa Leia, Kylo Ren e Poe Dameron. Curiosamente, a Disney preferiu focar a apresentação de Star Wars no Episódio VIII, deixando de fora informações sobre o filme do jovem Han Solo, que estreara em 2018. A escolha pode soar um pouco estranha visto que o filme tem não só data de estreia próxima à Vingadores: Guerra Infinita, que teve um teaser trailer revelado, mas também quase o mesmo tempo de produção. Assim, muitos questionaram se a recente troca no comando de direção, com a demissão de Phil Lord e Chris Miller e a contratação de Ron Howard, acabou atrasando o calendário do longa. É verdade que se a Disney apresentasse qualquer mínimo conteúdo de divulgação ou apresentação das filmagens do longa, os fãs e a crítica especializada poderiam se acalmar, já que passam a ter receio com a aparentemente produção problemática do longa. O filme, que ainda não tem título, será situado durante a juventude de Han Solo e começou a ser filmado em fevereiro, tendo sua estreia prevista para maio de 2018.
os lanรงamentos da Disney para os anos de 2017, 2018 e 2019;
#sdcc17
O que aconteceu na San Diego Comic Con? JoĂŁo Dicker 70 | zint.online
Considerada a meca da cultura pop, a San Diego International Comic-Con aconteceu dos dias 20 a 24 de julho. Com os anos, a feira se tornou parada obrigatória para os profissionais e amantes de quadrinhos, cinema, séries de televisão, videogames e produtos colecionáveis. A edição deste ano contou com grandes revelações nos diversos painéis que compõem a feira. A ZINT, amante de Entretenimento e Cultura Popular que é, através do nosso Idealizador João Dicker, fez um apanhado com as maiores novidades da edição deste ano. Confira os posters lançados, assista a todos os painéis liberados no Youtube, e veja todos os trailers lançados durante a edição #SDCC17. It’s geekin’ time! zint.online | 71
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* Para ver o pôster em maior resolução, basta clicar na imagem correspondente do filme.
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* Para assistir ao painel, basta clicar na imagem correspondente do filme e/ou sĂŠrie.
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painĂŠis zint.online | 75
* Para assistir ao trailer, basta clicar na imagem corresponde do filme, sĂŠrie e/ou jogo.
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cinema
Manifestos e a Gastronomia Orgânica Renato Quintino
O
filme original da Netflix responsável pela polêmica no último Festival de Cannes, é também uma produção que trabalha com gastronomia sob vários aspectos, mesmo que o faça, em alguns momentos, de uma forma indigesta. A referência está no fato de que o grande movimento referência na gastronomia atualmente estar na sustentabilidade, na comida orgânica e no vinho orgânico e biodinâmico, na tendência ao vegetarianismo e ao veganismo. Chefs renomados fazem uma conversão parcial ou radical nesta direção, restaurantes vegetarianos em cidades cosmopolitas e com visão de mundo avançada como Berlim e Copenhaguen lideram esta referência, que abrange não apenas a comida mas um estilo de vida em geral. As cafeterias que utilizam de grãos orgânicos garimpados em comunidades que se tornam autossustentáveis devido a produção do café para a própria cafeteria, destas que são frequentadas por hipsters lenhadores que nunca viram um machado na vida e que chegam dirigindo suas bikes, pode ser um clichê contemporâneo, mas ao menos é um clichê saudável. Importado da Escandinávia, este movimento nos EUA chegou pelo Brooklyn e desembocou finalmente em Manhattan, a ilha que transforma movimentos alternativos de grande aceitação da gastronomia em mainstream, profissionalizando-os no conceito nova yorkino e tornando-os menos espontâneos, mais formatados e vendidos por uma estratégia de marketing feroz. Jean Georges Vongerichten e David Bouley são exemplos de dois Chefs de expressão internacional, radicados em Nova York, que agregaram recentemente ao seu trabalho a filosofia de sustentabilidade e da busca da qualidade de vida. Jean Georges o fez em seu mais novo restaurante dentro do ABC Carpets divulgando um cardápio que, além de ser totalmente orgânico, foi concebido para “emitir boas vibrações”; enquanto David Bouley reformou seu restaurante e cardápio em Tribeca renomeando-o
como Bouley Botanical. Em julho passado, Bouley divulgou um “Jantar Vegetariano Sensual” com a proposta de uma “Biohacking adventure”, parte da experiência maior do projeto “The Chef and The Doctor” que abrange uma experiência de “multiculinária” em uma série de vários pratos com foco na saúde e em parceria com médicos reconhecidos internacionalmente. Especificamente neste “Jantar Vegetariano Sensual” a parceria é com Ben Greenfield, descrito no convite como um “coach de human body e de human brain”, ex-boybuilder, triatleta ironman, consultor de anti-envelhecimento, palestrante e autor do livro “Beyond Training: Mastering Endurance, Health and Life”. No evento, Greenfield discutiu seu “unique set of cuttin-edge brain and body biohacking techniques” seguindo de um “wellness” inspirado jantar de David Bouley na cozinha de um de muitos pratos criado e seus restaurantes preparado por David Bouley. O jantar foi totalmente vegetariano, onde os participantes além de degustaram produtos orgânicos frescos de verão ainda o fizeram num ambiente cercados por 400 espécimes de plantas cultivadas pela técnica biodinâmica da “Greenhouse” de Nova Inglaterra. Okja e o lado
negro da indústira da sustentabilidade
A temática e o sucesso de Okja é puro ano de 2017 por ser mais um filme-manifesto (ótimo, por sinal) do diretor, por tratar do tema da sustentabilidade e do vegetarianismo na alimentação opondo seus ativistas e as corporações que comercializam o conceito e por ter conseguido entrar na competição oficial do cult Festival de Cannes, mesmo tendo sido apenas lançado na plataforma de streaming da Netflix. O filme acerta em tudo: na proposta da megacorporação Mirando de criar um porco gigantesco que teria vindo de uma fazenda “remota” no Chile, de desenvolvê-lo durante 10 anos por “pequenos produtores” em vários paraísos ecológicos do mundo para zint.online | 81
depois comercializar seus cortes de carnes abundantes, supostamente orgânicos, saudáveis e ecologicamente sustentáveis à preços baratos. É enfim, o tema do momento. Na verdade, o porco era transgênico e sua criação pelos pequenos produtores em santuários ecológicos foi apenas a absorção e utilização pelo mainstream do conceito estrutural dos adeptos da sustentabilidade, usado aqui como o marketing para o lançamento do produto. Os planos da empresa, contudo, sofrem um baque quando a menina sul coreana criadora da porca Okja se une à um grupo de “ativistas vegetarianos pacíficos” para resgatar Okja na festa de lançamento do produto em Nova York. É brilhante a cena em que a criadora do projeto e presidente da empresa, interpretada por Tilda Swinton, da pânico da falência eminente devido a postagem no Youtube da tumultuada tentativa do resgate de Okja pelos ativistas na Coréia do Sul à certeza do sucesso ao ter a ideia de converter a menina e absorver sua figura que atende a toda a expectativa do momento – sendo “jovem, bonita, mulher, ecológica e autossustentável” - como imagem de sua empresa. O tom do filme é muito ajustado, alternando comédia leve com cenas fortes, como o retrato frio de abatedouros, fazendo um manifesto a favor dos animais e contra os interesses das grandes indústrias; criticando e denunciando o marketing “orgânico” vazio, mas rindo, também, de clichês como o do apresentador dos programas “fofos” de animais
vestido com bermuda e chapéu (Jake Gyllehaal), dos ativistas - na cena em que um deles passa fome porque se recusava a comer até mesmo uma fruta por estar supostamente carregada de agrotóxicos e por ter sido transportada por caminhões que liberam gás carbônico – e da alta gastronomia – na cena onde os degustadores (tastings) provam e avaliam com empáfia porções mínimas e elegantes do porco gigante em louça branca estilizada. É curioso pensar que o "filme-manifesto" que Okja se mostrou ser foi vítima, por sua vez, de outro posicionamento forte, feito por Pedro Almodóvar, presidente do júri em Cannes, que se posicionou contra a participação de filmes que não serão exibidos no cinema na corrida pela Palma de Ouro. Como os que antigamente defendiam a supremacia do “mistério” das novelas de rádio sobre a linguagem da TV, o antes ousado e inovador Almodóvar assumiu uma postura conservadora defendendo a sagrada experiência de ir até a sala de cinema, em detrimento de assistir a um filme – mesmo que ótimo – unicamente por um serviço de streaming, ou no sofá de casa. Mesmo perdendo, a presença de Okja em Cannes foi ponto para a Netflix, a empresa que num momento de conservadorismo do mercado infelizmente começou a cancelar séries ousadas - felizmente decidiu fazer o episódio final da série Sense 8 em 2018 - mas que renovou de forma irrevogável o formato de exibição, o conteúdo e a linguagem em séries e filmes.
Doce, azedo e amargo: Os excessos e sua importância em “É Apenas o Fim do Mundo” Com grande potência dramática, o retorno de um filho para casa evoca sentimentos emudecidos pela ausência Roberto Barcelos
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pós estrear aos 19 anos como diretor e ator do longa Eu Matei Minha Mãe (2009, vencedor de três prêmios no Festival de Cannes), Xavier Dolan foi conhecido internacionalmente como prodígio. O currículo do canadense inclui os filmes Amores Imaginários (2010, vencedor do César de Melhor Filme Estrangeiro) e Mommy (2014, vencedor do César de Melhor Filme Estrangeiro e o Prêmio do Júri do Festival de Cannes), que ressaltam características de suas obras como o relacionamento entre mãe e filho e personagens homossexuais. É apenas o Fim do Mundo (2016, vencedor do prêmio Grand Prix do Festival de Cannes) destaca o estilo do diretor e marca uma visão autocrítica sobre a própria vida e a de milhares de gays que enxergam dificuldades em serem aceitos por suas famílias.
A mistura de sabores do longa cria certo desconforto ao espectador, pois os excessos teatrais e dramáticos não são fáceis de serem digeridos. Louis (Gaspard Ulliel) passou 12 anos longe de sua família e volta para casa com o objetivo de dizer para sua mãe e irmãos que está morrendo. Nesse momento, o filme se fecha em uma visão intimista com diversos closes que nos aproximam de cada em situações que são gatilhos emocionais. Contudo, percebemos – pelo menos precisamos – que os exageros são carregados por sentimentos contidos pela ausência, inseguranças e laços rompidos. Apesar de ser a adaptação de uma peça escrita por Jean-Luc Lagarce, Dolan utiliza suas habilidades de direção para que a linguagem cinematográfica articule em harmonia com sua visão. Além dos quadros fechados, a cenografia e a direção de arte marcam zint.online | 83
a casa e a vida de uma mãe solteira que – mesmo com suas individualidades – sentimos conhecê-la de outros lugares. Principalmente de outros filmes do diretor, pois vemos sempre uma mesma imagem da figura materna com um estilo que beira a extravagancia, com mistura de cores fortes e estampas – desde o abajur até as almofadas – que não agem em harmonia. Louis é um jovem dramaturgo sensível e acanhado em um lugar que não consegue mais enxergar como o seu lar. Entre objetos do passado, a memória desperta flashbacks construídos por cenas exaltadas por causa da trilha sonora não esperada para momentos como aquele, desde a música romena Dragonstea Din Tei até canções de Blink-182, Moby e Camille. Porém, reforçam o estilo do diretor como autor de sua obra, com o livre uso da poética para construir momentos únicos que gozam cheio de nostalgia da infância e juventude. Entre os momentos mais importantes do longa, o final marca o motivo pelo qual . É Apenas o Fim do Mundo mistura sabores doces, azedos e amargos. Num show de atuação, Louis é forçado a deixar sua casa de forma abrupta pelo irmão (Vincent Cassel). Sem contestar, ele se prepara para dizer, mudo, o seu último adeus para a irmã mais nova (Léa Seydoux) e a mãe (Nathalie Baye). Contudo, estava subentendimento de todos que aquele seria o último momento em que a família estaria unida. Entre promessas de futuros reencontros e lágrimas, nos aproximamos das feridas abertas de cada um sobre a perda. Sem esconder sua origem teatral, Dolan traduz para o cinema um roteiro cheio de nuances que dão forma para o arco dramático da jornada do herói para casa em busca de palavras que possam expressar sua despedida. O parisiense Gaspard Ulliel é responsável por dar vida a Louis, a personagem principal da narrativa
Pôster nacional do filme "É Apenas o Fim do Mundo"
É Apenas o Fim do Mundo ( Juste la fin du monde) País: Canadá, França Direção: Xavier Dolan Roteiro: Xavier Dolan (baseado na peça de Jean-Luc Lagarce) Elenco: Nathalie Baye, Vincent Cassel, Marion Cotillard, Léa Seydoux, Gaspard Ulliel, Antoine Desrochers, William Boyce Blanchette, Sasha Samar, Arthur Couillard, Emile Rondeau, Théodore Pellerin Duração: 97 minutos
O ritmo urbano de Baby Driver Roberto Barcelos
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om 94% de aprovação no Rotten Tomatoes, o filme dirigido por Edgar Wright (Chumbo Grosso e Scott Pilgrim Contra o Mundo) surpreende com o seu ritmo de ação e os personagens incomuns. Em Ritmo de Fuga (2017) resgata características de clássicos do cinema hollywoodiano — como Taxi Driver (1976) e Caminhos Perigosos (1973), do aclamado Martin Scorsese —, mas demonstra uma identidade própria ao trabalhar uma linguagem jovem e refrescante. Como o próprio trailer do filme evidencia, o caráter “estiloso” da obra brinca com o imaginário dos fãs de cinema da nova geração. Baby (Ansel Elgort) é um talentoso motorista coagido a trabalhar para o mestre do crime Doc (Kevin Spacey) por causa de uma dívida do passado. Após ajudá-lo na fuga de diversos assaltos, o protagonista precisa realizar uma última tarefa para seguir o seu caminho ao lado do seu interesse amoroso Debora (Lily James). Contudo, o que deveria ser mais um assalto torna-se em uma grande confusão graças as atitudes irresponsáveis de outros membros da gangue. Apesar da comparação com os filmes dirigidos por Scorsese, o protagonista de Em Ritmo de Fuga possui um fator específico que o difere dos personagens ambíguos de Nova Iorque da década de 70 e 80. Envolvido em cenas de crimes, Baby aproveita a oportunidade para unir duas paixões: dirigir e música. Sempre com o seu iPod, podemos perceber nele características típicas de um herói romântico, principalmente por
conquistar o amor de Debora e agir diversas vezes para tentar protegê-la e ter o seu final feliz com a mocinha. Além de, também, ter em mente uma visão mais clara sobre o bem e o mal, quase maniqueísta em alguns momentos, e sempre realizar alguma gentileza na maioria das cenas de ação. A necessidade dos fones de ouvido fortalece o enredo e cria suas particularidades. Como um objeto narrativo, percebemos que a ausência da trilha sonora em determinadas cenas são um potente objeto dramático. Da mesma forma que a escolha delas pelo personagem de Elgort demarcam as cenas de ação, romance e colaboram com a comédia. A capacidade de Wright em construir uma narrativa por meio da música acentuou como ela é um elemento da linguagem cinematográfica que não pode ser descartado ou tratado como menor, pois suas nuances colaboram para expressar características de cada personagem e dar potência à trama. Em Ritmo de Fuga ultrapassa a barreira do som com suas cenas dinâmicas, as perseguições de carro capturam a atenção do espectador e surpreende até quem não é fã de ação. Acompanhamos o desenvolvimento do protagonista em cenas dosadas de drama e humor, suas motivações, dilemas e conflitos com a fluidez de um roteiro inteligente e bem construído. Wright reafirmar o estilo do seu cinema realizado em obras passadas, como os já mencionados Chubo Grosso e Scott Pilgrim, principalmente com a dosagem de gêneros sem perder o foco da comédia e da ação.
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MCU: a construçã João Dicker
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eja para um fã dos filmes de super-heróis ou para um espectador do chamado “público médio”, aquele que não necessariamente tem um conhecimento prévio a respeito do que é visto nas telas de cinema, a Marvel tornou-se uma marca sinônima de filmes engraçados e com narrativas envolventes. Acima de tudo, o principal trunfo da Casa das Ideias, como é conhecida a editora, foi dar vida aos heróis que havia criado nos quadrinhos nas telas de cinema, transportando-os em um universo compartilhado coeso e plural. Curiosamente, os heróis que hoje são responsáveis pelos sucessos de crítica e pelas bilheterias astronômicas, em sua maioria, não são as principais figuras do universo criado por Stan Lee nos quadrinhos. Homem de Ferro, Capitão América, Hulk, Thor, Viúva Negra, Gavião Arqueiro, sempre foram personagens um tanto quanto secundários no universo Marvel dos quadrinhos, mas que acabaram por serem os escolhidos da empresa para ganhar vida em longas-metragens. Mas porque isso aconteceu? A crise financeira
Nos anos 90 a Marvel passou pela pior crise financeira de sua história. A década de 90 foi um período em que a indústria de quadrinhos, majo86 | zint.online
ritariamente, passava por um momento estilístico de priorizar o traço as narrativas. Desta forma, as HQs desta época possuíam poucos diálogos e eram repletas de cenas de ação, com lutas mirabolantes e desenhos cada vez maiores, mais coloridos e vistosos. A partir desta tendência, as editoras encontraram um caminho que parecia ser muito próspero para aumentar os lucros com as vendas de quadrinhos: as capas variantes de colecionador. Explorando da devoção dos fãs mais assíduos, a Marvel adotou uma política de vendas de quadrinhos que consistia em publicar a mesma história com diferentes capas desenhas por artistas convidados ou cartunistas consagrados da editora que trabalhavam em outros arcos de personagens. A primeira revista a ser publicada com uma capa variante foi a edição de número #1 dos X-Men, em 1991, com uma capa estilizada desenha pelo lendário desenhista Jim Lee. Essa edição alcançou números expressivos de vendas, confirmando para a editora a possibilidade de ganhar dinheiro com as edições variantes. Contudo, esse mercado implodiu rápido demais, fazendo com que a empresa tivesse um enorme prejuízo devido ao grande número de exemplares produzidos e que não foram vendidos. Como as vendas de quadrinhos já não iam bem antes mesmo
ão de uma marca Como a Marvel se tornou uma gigante da indústria cinematográfica
dessa tentativa de reaquecer o mercado, a Marvel foi caminhando para perdas monetárias cada vez maiores. Em 1993, a Marvel assinou um acordo com a ToyBiz para produção de bonecos colecionáveis dos personagens da editora, em uma tentativa de criar produtos licenciados que ajudassem a empresa a recuperar os saldos positivos de venda. A investida no mercado de figuras de ação até ajudou a empresa a balancear melhor suas finanças, mas também não durou muito tempo. Foi em 1996 que a Marvel Comics declarou sua falência.
A Casa das Vendas
Em resposta ao momento financeiro extremamente delicado e urgente, os chefes de decisões da Marvel acabaram por decidir vender os direitos de licenciamentos de seus principais personagens para estúdios cinematográficos e distribuidoras. Com isso, foram firmados acordos em que a Casa das Ideias, em um momento de desespero, não saiu muito beneficiada destas vendas. De acordo com o The Wall Street Journal, a editora receberia somente cerca de 5% de retorno da receita líquida produzida pelos filmes de seus perso-
Capas variantes da edição #1 dos X-Men de 1991, marcando os 50 anos da Marvel
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nagens. Ainda, os contratos estabelecidos no final dos anos 90 não possuíam datas de validade dos licenciamentos, mas obrigam os estúdios detentores dos direitos de produção e distribuição a produzir pelo menos um filme em um determinado tempo específico. Estes ciclos temporais impostos nunca foram confirmados por nenhum executivo de nenhum dos estúdios envolvidos, mas existem especulações de que a periodicidade destas produções gira em torno de três a quatro anos. Assim, iniciou-se um processo de diáspora dos principais personagens da Marvel, com os direitos sobre o Homem-Aranha sendo comprados pela SONY por U$ 7 milhões e as responsabilidades produtivas de X-Men e Quarteto Fantástico ficando sob a tutela da FOX, por valores desconhecidos. Logo na virada do milênio, em 2000, chegou aos cinemas X-Men – O Filme, dirigido por Bryan Singer e produzido com um orçamento de, aproximadamente, U$ 75 milhões. O longa trouxe um retorno altíssimo para o estúdio ao arrecadar U$296,339,527 em bilheterias por todo o mundo, o que garantiu que mais dois filmes fossem produzidos para fechar uma trilogia dos mutantes. X-Men 2 estreou em 2003 e X-Men: O Confronto Final fechou a trilogia em 2006. O segundo filme da franquia arrecadou U$ 407,711,549, enquanto o que viria a ser o desfecho do arco mutante nos cinemas fez U$ 459,359,555. Desde então, o estúdio produziu filmes solos derivados de personagens que ganharam o coração do público, como Wolverine (2013) , e até mesmo apostando em filmes mais ousados como o recente Deadpool (2016). A 20th Century Fox até optou por fazer um reboot da franquia X-Men (X-Men: Primeira Classe; 2011), ao apresentar versões mais jovens dos personagens que já haviam sido estabelecidos na trilogia inicial. Não satisfeita em lucrar com as produções cinematográficas dos X-Men, a FOX ainda produziu dois longas metragens do Quarteto Fantástico antes mesmo da Marvel iniciar sua jornada independente nos cinemas. Lançado em 2005, o filme com título homônimo a equipe protagonista arrecadou U$ 330,579,719, enquanto a sua sequência Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado (2007) arrecadou U$ 289,047,763 no mundo todo Enquanto a FOX desfrutava do sucesso de Professor X, Wolverine, Ciclope e companhia no cinema, a SONY lucrava com os filmes do Homem-Aranha. Dirigido por Sam Raimi e estrelado por 88 | zint.online
Tobey Maguire, o filme chegou aos cinemas em maio de 2002, apresentando a tradicional história de origem de Peter Paker e sua jornada até transformar-se no conhecido herói. O filme arrecadou U$ 821.708.551 mundialmente e se tornou, na época, a maior bilheteria para um filme de herói e uma das maiores da história do cinema. O sucesso deste filme levou a SONY a produzir duas sequências, Homem-Aranha 2 (2004) e Homem-Aranha 3 (2007), que arrecadaram U$ 783,766,341 e U$ 890,871,626 respectivamente. Após a terceira aventura do personagem, que bateu recorde de bilheteria, o estúdio se viu judicialmente obrigado a produzir um novo longa do herói, uma vez que seu contrato estabelece uma periodicidade mínima de 3 anos entre um filme e outro para que os direitos não retornem para a Marvel. Assim, os dirigentes da SONY decidiram por recomeçar a franquia apresentando um novo Homem-Aranha para o público. Estrelado por Andrew Garfield como Peter Parker, a nova versão do amigão da vizinhança não vingou e, depois de dois filmes que não arrecadaram os valores esperados pelo estúdio, acabou sendo reciclado novamente.
O mosaico do Digital Spy UK reune os membros dos X-Men que ganharam filmes pela 20th Century Fox
Além dos três personagens que mais vendiam quadrinhos até os anos 90, a Marvel também viu a Universal adaptar as telonas Hulk (2003). A primeira aparição de Bruce Banner nos cinemas rendeu uma bilheteria de U$ 245,360,480, um valor muito abaixo do esperado, fazendo com que os direitos de produção voltassem para a Marvel em 2006. Com isso, o monstro verde ganhou mais uma adaptação, desta vez produzida pela empresa que o criou nos quadrinhos, mas com os direitos de distribuição ainda atrelados a Universal Pictures. O Incrível Hulk chegou aos cinemas em 2008, arrecadando nada mais que U$ 263,427,551. Assim, a Marvel ainda estava incerta quanto as permissões jurídicas que possui para utilizar o personagem e, por isso, o Hulk só apareceu em filmes de equipe até então, como Os Vingadores (2012) e Vingadores: A Era de Ultron (2015), ou então em participações especiais em filmes solos de outros personagens do MCU, como acontecerá em Thor: Ragnarok (2017). O que fazia a Marvel nessa época?
Com o dinheiro que entrou para os cofres da Marvel, graças à venda dos direitos de distribuição
e produção, além da porcentagem dos lucros destes filmes, a Casa das Ideias se reergueu economicamente. Em 2005, a empresa criou uma linha de crédito de U$ 550 milhões com o banco de investimento Merrill Lynch para produzir os seus próprios filmes. E assim nasceu o Marvel Studios. Iniciado com o sucesso arrebatador de crítica, público e bilheteria, arrecadando U$ 585,174,222, de Homem de Ferro (2008), a jornada independente do estúdio nos cinemas rendeu 15 filmes, sendo que este ano teremos Thor: Ragnarok em dezembro. Ainda, em julho chegou aos cinemas Homem-Aranha: De Volta ao Lar (2017), uma parceria feita entre a SONY e os estúdios da Marvel para contar com o Homem-Aranha dentro do universo cinematográfico da Marvel. Esse acordo firmado entre os dois estúdios estabelece que a Casa das Ideias tenha liberdade e poder criativo na produção do longa. Ou seja, não só o filme solo do Aranha faz parte do mesmo universo que os Vingadores, mas o presidente do Marvel Studios, Kevin Feige, tinha poder de decisão na escolha de Tom Holland como protagonista, de John Watts como diretor, de adaptar o roteiro do filme, dentre vários outros processos zint.online | 89
Em busca de explicar a divisรฃo de direitos da Marvel de uma forma mais clara, o site The Geek Twins produziu um infogrรกfico mostrando quem tem os direitos cinematogrรกficos de cada personagem (v.4; 2017)
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Na primeira formação d'Os Vingadores (2015), a equipe era formada, da esq. para a dir., pela Viúva Negra, o Thor, o Capitão América, o Gavião-Arqueiro, o Hulk e o Homem de Ferro
criativos. É como se a Marvel estivesse fazendo um filme do MCU para a SONY, que seria responsável por pagar e distribuir. Entretanto, o acordo também define que os lucros de bilheteria resultantes dos filmes solos do amigão da vizinhança são, única e exclusivamente, destinados à SONY. De Volta ao Lar fez, somente no seu fim de semana de abertura nos EUA, U$ 117,027,503, aproximando-se do seu valor de orçamento que ficou em torno de U$ 175 milhões. Mas então, o que a Marvel ganha com isso? O contrato garante que o estúdio responsável por criar o herói possa utilizar do Peter Parker de Tom Holland em cinco filmes do MCU, sendo que duas de suas aparições foram em Capitão América: Guerra Civil (2016) e De Volta ao Lar. Ainda, já foi anunciado que o Homem-Aranha fará parte de Vingadores: Guerra Infinita (2018), e do quarto filme da equipe de heróis, previsto para 2019. O quinto filme do contrato entre os estúdios provavelmente será o próximo filme solo do aracnídeo, sem data de estreia ou inicio de produção confirmados. Além disso, a Marvel é detentora dos direitos de merchandising de todos seus heróis. Isso significa que os lucros provenientes das vendas de produtos licenciados, como camisas, bonecos, figuras de ação, jogos, canecas, e os mais variados itens, vão para as contas da Casa das Ideias. Sendo assim, qualquer produto de Homem-Aranha: De Voltar ao Lar, que não seja audiovisual, é de responsabilidade comercial da Marvel. 92 | zint.online
A confusão contratual existente nos acordos entre os estúdios também valeu para a distribuição. Como já foi dito, a Universal Pictures ainda possui os direitos de distribuição dos filmes do Hulk, o que impede a Marvel de produzir um filme solo do mesmo. Por outro lado, a Paramount Pictures foi a empresa responsável pela distribuição dos primeiros filmes do MCU, desde o Homem de Ferro de 2008 até Capitão América: O Primeiro Vingador (2011),
com exceção de O Incrível Hulk que era distribuído pela Universal. Contudo, em 2009, o caminho de distribuição da Marvel seria facilitado graças a mais uma venda da empresa. Dessa vez, era toda a instituição que seria comprada por outra gigante da indústria do entretenimento: a Disney. A era Disney
Com a venda da Marvel Entertainment, por um valor aproximado de U$ 4 bilhões, para a empresa criadora de Mickey Mouse e cia, os super heróis do estúdio passaram a fazer parte do circuito cinematográfico comercial anualmente. Se muitos investidores questionaram o valor pago pela Disney, passados 9 anos desde a transação, os filmes do MCU renderam aproximadamente U$ 11 bilhões somente em bilheteria. O ganho financeiro que a Disney obteve com a compra se torna ainda mais estratosférico se considerarmos valores de produtos licenciados existentes dos personagens, mas tais números nunca foram liberados pela empresa. Ainda, os parques temáticos da Disney já estão passando por reformulações, além de contar com a construção de novas atrações, para contar com os personagens da Marvel em seus parques. Curiosamente, a investida em atrações temáticas dos heróis também criou dores de cabeças jurídicas, uma vez que a Universal tem direitos perpétuos de utilização do Hulk em sua Island of Adventure, em Orlando, possuindo
uma montanha-russa chamada The Incredible Hulk Coaster, além de uma atração em imersão virtual do Homem-Aranha intitulada de Amazing Adventures of Spider-Man. Já sob a tutela da Disney, a Marvel Studios viu alguns outros personagens que tinham seus direitos de produção vendidos retornarem para o estúdio. Demolidor, Elektra, Justiceiro, Blade e Motoqueiro Fantasma, voltaram para debaixo das asas criativas de quem os criou. Assim, depois de uma nova divisão de departamentos realizada nos bastidores da Marvel, Kevin Feige passou a ter mais controle criativo sob o MCU e as interligações com outras mídias. Universo transmídia
Feige e sua equipe de executivos terminaram por criar o universo cinematográfico coeso que é visto nos cinemas, além de estabelecer planos para as produções em outras mídias. Uma dessas novas abordagens foi a criação da série MARVEL’s Agents of S.H.I.E.L.D., trazendo o agente Phill Coulson para a televisão devido a seu carisma e apelo popular obtido no primeiro filme dos Vingadores. A série também já demonstrou diversas conexões com os filmes, trazendo para os episódios da série de TV não só narrativas como também personagens secundários que frequentam as histórias das telonas. Ainda, na sua quarta e mais recente temporada, a série trouxe uma nova representação do Motoqueiro
Parte do elenco de "Vingadores: Guerra Infinita" reunido em foto durante o painel do filme para a D-23, evento da Disney, de 2017. Entre os atores estão personagens d'Os Vingadores, Guardiões da Galáxia, Pantera Negra e Homem-Aranha
Fantasma. A produção ainda abriu portas para a série Inhumans (que inicialmente fazia parte do calendário de filmes da empresa), produzida pela Marvel e que, assim como Agents, será transmitida no canal americano ABC, tendo os seus dois primeiros episódios exibidos em salas IMAX ao redor do mundo. Sempre atenta ao mercado e suas oportunidades, a Disney não perdeu tempo e também deu chance ao streaming. Com isso, firmou uma parceria com a Netflix para produzir e distribuir séries exclusivas e originais da gigante do ramo, com alguns personagens do estúdio. Assim, Demolidor ganhou duas temporadas, Jessica Jones, Luke Cage e Punho de Ferro uma temporada cada, sendo que ainda em agosto de 2017 estreará a temporada de Os Defensores, equipe que reúne os quatro heróis. Ao mesmo tempo, a Netflix está produzindo uma temporada 94 | zint.online
solo do Justiceiro, que já havia aparecido na segunda temporada de Demolidor, a segunda temporada de Jessica Jones e também estão em conversas avançadas para o segundo ano de Luke Cage. Apesar do sucesso das produções televisivas no streaming, a Marvel ainda não encontrou uma forma de transportar estes personagens para seus filmes. Perguntados em setembro de 2016 sobre a possibilidade de estes heróis integrarem o elenco de Vingadores: Guerra Infinita, os diretores do longa Joe e Anthony Russo afirmaram ao Toronto Sun: “Nós realmente consideramos todo mundo. Não queremos ser muito específicos sobre o que vai acontecer com esses filmes. Queremos que seja uma surpresa para os fãs”. Entretanto, em entrevista ao Collider, em outubro do mesmo ano, Kevin Faige esfriou as expectativas do fã declarando:
Na foto, da esquerda para a direita: Sebastian Stan (Soldado Invernal), Dave Bautista (Drax), Pom Klementiff (Mantis), Karen Gillian (Nebulosa), Benedict Cumberbatch (Doutor Estranho), Chadwick Boesman (Pantera Negra), Chris Hemsworth (Thor), Josh Brolin (Thanos), Kevin Feige (Presidente do Marvel Studios), Robert Downey Jr (Tony Stark), Mark Ruffalo (Hulk), Tom Holland (Homem Aranha), Elizabeth Olsen (Feiticeira Escarlate), Paul Bettany (Visão), Don Cheadle (Maquina de Combate) e Antonhy Mackie (Falcão)
Acho muito impressionante o que a Netflix fez, e vou dar a mesma resposta de sempre, que é: tudo depende do timing. Depende de como fazer, porque não acho que ninguém queria personagens tão importantes aparecendo por dois segundos. Para mim, Pantera Negra e o HomemAranha em Guerra Civil são bons exemplos de como trazer personagens para alguma coisa. O Visão e o Ultron, a Wanda e o Pietro em A Era de Ultron também. E isso usa muito tempo de tela e dá muito trabalho. Vingadores: Guerra Infinita já tem muitas pessoas. Então só depende de como poderíamos fazer isso. O posicionamento do presidente do Marvel Studios demonstra a organização e cautela que tanto o estúdio, quanto a Disney, tem tido na construção do universo cinematográfico que criaram. As diferentes participações de heróis, as tentativas de acordos com
outras produtoras, e até mesmo a expectativa de retorno dos direitos produtivos de alguns personagens, são questões que permeiam os ambientes produtivos da Marvel com frequência no dia a dia, recheando a indústria de boatos e especulações quanto ao retorno de alguns personagens, como o Quarteto Fantástico, para a Casa das Ideias. Independente dos personagens que estejam ganhando vida nos cinemas, o fato é que o Marvel Studios tem acertado na fórmula desenvolvida para trazer seus heróis para as telonas. Seja em adaptações mais fieis dos arcos consagrados nos quadrinhos, em histórias que sintetizam épocas diferentes e vários enredos de um mesmo personagem, ou na representação de heróis pouco conhecidos nos quadrinhos, a Marvel escreveu seu nome na história como um dos maiores estúdios que já existiram na indústria. zint.online | 95
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e o mercado de entretenimento e cultura pop atual está recheado de produções que trabalham com a representação de zumbis, sejam eles mortos-vivos, seres geneticamente modificados ou seres humanos transformados por vírus, uma enorme parte está ligada ao trabalho do cineasta George A. Romero. O videoclipe de Thriller, de Michael Jackson, os filmes e os jogos de Resident Evil, filmes como Todo Mundo Quase Morto, a série televisiva The Walking Dead, e, porque não?, Game of Thrones, trabalharam com as formulas e características do subgênero que foi garimpado por Romero. O cineasta não e o responsável por criar este conceito, mas foi quem definiu os elementos básicos e necessários para toda a mitologia de uma história de zumbi. A ideia dos seres reanimados comedores de carne humana que explorou primeiramente em seu lendário A Noite dos Mortos-Vivos (1968), já havia sido trabalhada em filmes antecessores como O Morto Ambulante (1936) e Epidemia dos Zumbis (1966), dentre outros. A genialidade de Romero residiu no fato de que o autor reinventou a mitologia das criaturas, que anteriormente eram seres autômatos revividos graças a rituais de vodu haitiano. Com seu trabalho, o cineasta encontrou uma maneira de modernizar a essência 96 | zint.online
da criação dos zumbis para transforma-los em seres alegóricos. Assim, o diretor produziu, ao longo de sua carreira, diversos filmes que exploravam dos mortos vivos como metáforas e alegorias críticas a valores sociais e culturais da sociedade, além de torna-los uma representação dos anseios e ansiedades do imaginário de uma época específica. Romero conseguiu aproximar o gênero de terror do cotidiano humano com simplicidade, sangue e crítica. Em 1968 o diretor lançou seu primeiro, A Noite dos Mortos Vivos. O longa revolucionou não só o subgênero de zumbis como um todo, mas todo o cinema de horror, uma vez que o orçamento de produção custou aproximadamente U$ 114 mil, investidos do próprio bolso do diretor, que filmou em preto e branco devido ao baixo orçamento e utilizou de tripas animais de verdade para assegurar o realismo tão chocante nas cenas do longa. Além disso, o filme trazia uma revitalização para o gênero com mais violência, nudez, gore e canibalismo do que as outras produções da época, além de apresentar um protagonista negro e trabalhar as temáticas sociais alegóricas. A obra é considerada por Jamie Russel, autor do livro Zumbi - O Livro dos Mortos, como "o filme que fez nascer o terror norte-americano da era moderna”. A Noite dos Mortos-
João Dicker Considerado o pai dos zumbis, cineasta George A. Romero faleceu, em julho, aos 77 anos
O legado do morto-vivo -Vivos foi um grande sucesso financeiro, faturando aproximadamente 12 milhões de dólares só nos EUA. Mesmo com a prosperidade criativa e econômica que se desenhava para Romero no final da década de 60, os anos 70 iniciaram com um banho de água fria no diretor. Seus filmes seguintes não foram bem recebidos pelo público que, depois de A Noite dos Mortos-Vivos, esperava por mais um longa metragem com zumbis. Assim, os filmes There’s Always Vanilla (1972), A Estação da Bruxa (1972), O Exército do Extermínio (1973) e Martin (1977) acabaram caindo no esquecimento. Contudo, vale dizer que estas projeções trabalham críticas interessantes ao descontrole militar estado-unidense, aos fantasmas da guerra do Vietnã, ao receio de uma infecção biológica pelo avanço armamentista nuclear e a estrutura familiar social da época. Com os flops de bilheteria destas produções, Romero voltou seu senso criativo para dar continuidade a sua narrativa com zumbis. Com isso, chegou aos cinemas em 1978 o filme mais celebrado e icônico de sua carreira: Despertar dos Mortos. Neste retorno a temática do morto vivo, o diretor encontrou na crítica ao capitalismo e ao consumismo exacerbado da sociedade estado-unidense não só um alvo crítico, mas também uma maneira de situar sua narrativa.
Trocando as ambientações pastoris idílicas de A Noite dos Mortos-Vivos por grandes centros urbanos, Romero explora de um shopping center como palco de todas as críticas sociais ao capitalismo e ao consumismo que estão encapadas em um filme de horror muito mais chocante, brutal e gore do que seu antecessor. O aumento expressivo no orçamento, a presença de cores na imagem e a excelente maquiagem de Tom Savini permitiram que o cineasta torna-se as cenas muito mais catologicas. O desfecho dessa primeira trilogia viria em 1985 com o filme Dia dos Mortos, apresentando zumbis mais domesticados e humanizados, em um filme repleto de um niilismo existente no mundo humano e que apresentava um clima mais sórdido e pessimista. Dessa vez, a principal crítica se reside na violência armamentista ostensiva e desnecessária, em uma clara metáfora a conjuntura da Guerra Fria. Infelizmente, por possuir um orçamento alto e ter feito pouco dinheiro na bilheteria, Romero passou por alguns anos de produção cinematográfica que não trabalharam com zumbis. Assim, dirigiu filmes Instinto Fatal (1988), Dois Olhos Satãnicos (1990), em parceria com Dario Argento, A Metade Negra (1993) e A Máscara do Terror (2000). Foi só em 2005 que Romero retornaria ao gênero, iniciando uma nova trilogia, com Terra dos Mortos, sendo seguida por Diário dos Mortos (2007) e A Ilha dos Mortos (2009). O cineasta até esboçou um debate sobre luta de classe, corporativismo e toda política externa americana da Era Bush em seu combate ao terrorismo, mas os novos filmes do diretor não tinham a mesma urgência e relevância social que a trilogia original, nem apresentaram nenhuma renovação ao gênero. Entretanto, Romero viveu o suficiente para ver seu legado influenciar uma geração de ótimos escritores, quadrinistas, cineastas e produtores em geral, como o criador da série de quadrinhos The Walking Dead e os cineastas Edgar Wright e Zack Snyder (o primeiro dirigiu seu filme Todo Mundo Quase Morto e o segundo dirigiu Madrugada dos Mortos, remake de Despertar dos Mortos), além de inspirar a criação da franquia de videogame, que foi adaptada aos cinemas, Resident Evil. Agora, o mestre dos zumbis se foi, mas, assim como suas criaturas, não ficará morto. A sua memória permanece em qualquer um que tenha olhos abertos, reconhecendo o legado rico e imprescindível para o cinema e a cultura pop que é deixado por George Romero. zint.online | 97
Stephanie Torres
Homem-Aranha e suas representações no cinema
O
Homem-Aranha sempre foi um dos heróis mais populares dos quadrinhos. No meio de bilionários, deuses, pessoas geneticamente modificadas e seres de outros planetas, o adolescente do Queens que ganha superpoderes após ser picado por uma aranha radioativa é um sucesso de público desde sua criação, principalmente graças a facilidade de identificação com o herói. Por isso, era eminente que o famoso Cabeça de Teia saísse das páginas das HQs e dominasse outras mídias. A história de Peter Parker já foi adaptada para desenhos animados, séries de TV, videogames, livros para colorir, romances, livros infantis e até mesmo ganhou um musical na Broadway. Porém, as adaptações cinematográficas foram as que renderam mais holofote para o herói. A primeira trilogia de filmes, produzidos pela Sony, teve o seu primeiro filme estreando em 2002. Interpretado por Tobey Maguire, o Peter Parker dos primeiros longas estava no seu último ano do ensino médio, mas logo se formou e começou a trabalhar como fotógrafo freelancer, fornecendo fotos do Homem-Aranha para o famoso jornal fictício Clarim Diário. 98 | zint.online
Junto a isso, outras características canônicas do personagem estão bem representadas no filme, como o amor de Peter pela amiga de escola Mary Jane (Kirsten Dunst), principal motivação para a maioria das ações do herói. Também, por ter perdido os pais muito cedo, a relação de Peter com Tia May e Tio Ben, responsáveis pela criação do protagonista, é bem explorada no filme. Peter Parker é um jovem estudioso que vive com seus tios, Ben e May, desde que seus pais faleceram. Inteligente e com um grande interesse pela ciência, Peter tem dificuldade em se relacionar com seus colegas, por ser tímido e por eles o considerarem um nerd. Até que, em uma demonstração científica, um acidente inesperado faz com que aranha modificada geneticamente pique Peter. A partir de então seu corpo é quimicamente alterado pela picada da aranha, fazendo com que Peter possa emitir pelos punhos um fluido ultra-resistente semelhante à uma teia de aranha, além de superforça e visão ampliada. Eventualmente, Peter decide não usar seus poderes para proveito próprio e sim para enfrentar o mal, tendo como seu primeiro grande desafio enfrentar o psicótico Duende Verde. (AdoroCinema)
É graças a uma picada de uma aranha radioativa que o magro e míope Peter Parker se torna forte, ganha a capacidade de escalar superfícies lisas, reflexos apurados e a habilidade de soltar teias pelo braço. No filme dirigido por Sam Raimi, a teia de Peter sai de seu corpo de forma orgânica, uma mudança inteligente e controversa, deixando de lado os lançadores de teia produzidos por Parker. Até hoje, no entanto, Tobey Maguire continua sendo o Aranha preferido de muitos fãs. Afinal, ele foi a primeira imagem live-action do herói pra muitos, ocupando um espaço na memória afetiva. A produção cinematográfica transformou-se em uma trilogia, tendo as suas duas sequências estreando em 2004 e 2007. Sucessos de bilheteria, apenas os dois primeiros capítulos agradaram a crítica. No Rotten Tomatoes, site agregador das críticas especializadas, o primeiro filme detém 89% de aprovação dos críticos, enquanto o segundo alcançou a marca dos 94%, e o terceiro atingiu apenas 63%. Juntos, os três filmes fizeram quase US$ 2,5 bilhões em bilheteria ao redor do mundo. Ironicamente, a terceira película foi o capítulo que mais arrecadou. O custo total de produção pelos três filmes foram de quase US$ 600 milhões. O Espetacular Homem-Aranha estreou em 2012 como um reboot da franquia. Dessa vez, Andrew Garfield assumiu o uniforme do herói aracnídeo, dando vida a um Peter Parker mais descolado, que andava de skate e se distanciava um pouco da imagem clichê nerd de Peter, ainda que o personagem continuasse sendo um gênio da ciência. O humor característico do Homem-Aranha nos quadrinhos começou a aparecer mais ativamente nessa nova versão. E não só isso, mas pela primeira vez, pudemos ver o herói produzindo sua própria teia e a lançando com um dispositivo que ele mesmo criou. Peter Parker (Andrew Garfield) em um de seus primeiros momentos como o aracnídeo em "O Espetacular Homem-Aranha"
Em 2002, Tobey Maguire foi o escolhido para dar vida ao Peter Parker
Aqui, o interesse amoroso de Peter é Gwen Stacy (Emma Stone), personagem que nos quadrinhos antecede o relacionamento com Mary Jane. O principal diferencial dessa adaptação foi o plot dos pais de Peter. Apesar de terem morrido antes do tempo cronológico do filme, foram mostrados em flashbacks. As voltas ao passado estabelecem uma relação das descobertas científicas dos pais do garoto com os poderes que ele adquiriu. Peter Parker é um rapaz tímido e estudioso, que inicou há pouco tempo um namoro com a bela Gwen Stacy, sua colega de colégio. Ele vive com os tios, May e Ben, desde que foi deixado pelos pais, Richard e Mary. Certo dia, o jovem encontra uma misteriosa maleta que pertenceu a seu pai. O artefato faz com que visite o laboratório do dr. Curt Connors na Oscorp. Parker está em busca de respostas sobre o que aconteceu com os pais, só que acaba entrando em rota de colisão com o perigoso alter-ego de Connors, o vilão Lagarto. (AdoroCinema) Porém, O Espetacular Homem-Aranha e sua sequência, O Espetacular Homem-Aranha 2 - A Ameaça de Electro, lançada em 2014, não repetiram o sucesso da trilogia anterior. A recepção de ambos os filmes foi bastante morna nos quesitos bilheteria e críticas. Juntos, os dois títulos arrecadaram US$ 1,5 bilhão, com um orçamento na casa dos US$ 400 milhões (Fontes 1 e 2). Nos Estados Unidos, os dois filmes conseguiram uma bilheteria de "apenas" pouco mais de US$ 460 milhões, considerados um número bastante tímido e pouco expressivo perto do orçamento gasto para produzir ambos. Nas críticas, o filme de 2012 detém 72% de aprovação no Rotten Tomatoes, enquanto o de 2014 alcançou menos, tendo 52%. zint.online | 99
A baixa receptividade acabou forçando a Sony a cancelar os planos para o terceiro filme da saga, que já havia sido confirmado. Para não perder os direitos sob a personagem, o estúdio logo começou a elaborar um novo reboot do Amigão da Vizinhança, fechando, pouco tempo depois, uma parceria inédita com a Marvel Studios. Esse acordo firmado entre os dois estúdios estabelece que a Casa das Ideias tenha liberdade e poder criativo na produção do longa. Isso garante que não só o novo filme solo do herói faça parte do mesmo universo que os Vingadores, mas que o presidente do Marvel Studios, Kevin Feige, possa tomar decisões durante o processo criativo do longa, como a escolha do ator que interpretará o protagonista ou quem será o diretor e o roteirista da projeção. O acordo também estabelece que os lucros provenientes de bilheteria dos filmes solos do amigão da vizinhança são destinados somente à SONY. Isso significa que a Marvel não vai ver a cor dos U$ 117,027,503, arrecadados somente no fim de semana de estreia por De Volta ao Lar. Por outro lado, a Marvel é detentora dos direitos de merchandising de todos seus heróis, o que faz com que todos os lucros provenientes das vendas de produtos licenciados vão para as contas da Casa das Ideias. Sendo assim, qualquer produto de Homem-Aranha: De Voltar ao Lar, que não seja audiovisual, é de responsabilidade comercial da Marvel. Ainda, a parceria permite o estúdio de utilizar o Peter Parker de Tom Holland em cinco filmes de seu universo cinematográfico expandido (o MCU), sendo que duas destas aparições ocorreram em Capitão América: Guerra Civil (2016) e De Volta ao Lar. Holland já foi confirmado no elenco de Vinga-
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Em "Hom Volta ao (Tom Ho 15 anos e como o embora d'Os Vin
dores: Guerra Infinita (2018) e retornará como Homem-Aranha no quarto filme da equipe de heróis, previsto para 2019. O quinto filme do contrato entre os estúdios provavelmente será a sequência do filme solo do aracnídeo, sem data de estreia ou inicio de produção confirmados. A versão atual do Homem-Aranha foi apresentada em 2016, ganhando uma aparição no bem recebido Capitão América: Guerra Civil. Interpretado por Tom Holland, o novo Peter foi recrutado por Tony Stark, o Homem de Ferro, para unir-se ao seu time na batalha contra o time do Capitão América. A participação do aracnídeo no filme era o pontapé da Marvel para inserir a personagem em seu Universo Estendido, dando-lhe um filme solo no ano seguinte, em sua parceria com a Sony. Homem-Aranha: De Volta Ao Lar, filme solo do herói que acaba de chegar aos cinemas, traz várias inovações para história já conhecida. A maior de todas é, obviamente, a relação com os demais heróis do MCU (Universo Cinematográfico da Marvel, em tradução livre), porém não é a única. O filme traz um Aranha adaptado para a geração atual, que ao invés de fotógrafo, é uma estrela do Youtube. Seu traje ganhou um upgrade tecnológico feito pelo Sr. Stark, cuja relação acaba substituindo a relação que Peter tinha com a família nos longas antigos. Aqui, Tony Stark acaba assumindo o papel que antes era do Tio Ben. A adaptação opta em não repetir a já bem conhecida e muito explorada história da
mem-Aranha: De o Lar", Peter Parker olland) é um jovem de e já está estabelecido Homem-Aranha, sonhe em fazer parte ngadores
Mais dois filmes solo do Homem-Aranha já foram confirmados dar continuidade à nova franquia. Ao mesmo tempo, Peter Parker ainda fará uma participação em Os Vingadores: Guerra Infinita (2018), além de Os Vingadores 4, que ainda não possui título ou data de estreia.
O NOVO HOMEM-ARANHA # O ator britânico Tom Holland começou a atuar profissionalmente com 12 anos no musical Billy Elliot; origem do Homem-Aranha. Ao invés de mostrar # Estreou no cinema em 2012 no filme O Parker descobrindo seus poderes, a película mostra Impossível; o garoto aprendendo a dominar a tecnologia de sua # Ele praticou ginástica artística quando nova roupa. criança, o que foi um dos diferenciais que o A escolha de um ator jovem como protagonista fez conseguir o papel de Homem-Aranha; (Holland tem 21 anos, enquanto Tobey tinha 27 # O Homem-Aranha sempre foi o superno lançamento de seu primeiro filme e Andrew, 29) herói preferido do ator, que é grande fã da resultou em um Peter também mais novo, o que faz com que o seu lado aluno do colegial seja melhor exMarvel; plorado e se torne parte importante na trama. Afinal, # Inclusive, Holland disse em entrevista Peter não é só um super-herói tentando descobrir o que pediu a seu agente que lhe conseguisse seu espaço em um universo que já conta com vários uma audição para o papel de Peter Parker Vingadores, mas é também um garoto de 15 anos apenas porque ele queria ter a oportunidade que está apaixonado por uma menina de sua escola de conhecer o pessoal da Marvel; e precisa conviver com as constantes provocações do valentão do colégio. # Tom descobriu que tinha conseguido o O filme foi bem recebido pelo público e pela papel de Homem-Aranha pelo Instagram crítica. No Rotten Tomatoes o filme tem um total da Marvel. Ele pensou que o site da empresa de 92% de aprovação dos críticos, estabelecendo um tivesse sido hackeado e só depois de meia empate no pódio de "filmes com % maior aprovação" hora recebeu uma ligação confirmando que o da nova leva de filmes de super-heróis, dividindo o prêmio com Mulher-Maravilha (2017). Já de acordo papel era mesmo dele; # Holland descreve sua primeira com o Box Office Mojo, site que agrega as bilheterias domésticas e mundiais dos filmes, a película fez vez vestindo o traje do Aranha como mais de US$ 117 milhões na sua semana de estreia, já "decepcionante". Isso porque ele começou a contando com quase US$ filmar apenas alguns dias após ser escalado e 500 milhões em bilheteria ainda não tinha um traje sob medida. Então ao redor do mundo em ele teve que usar o do seu dublê, que era suas duas semanas em maior que ele; exibição. Ainda é cedo para es# Ele foi proibido de ler o roteiro de tabelecer o quão bem-su- Vingadores: Guerra Infinita pois sempre cedido financeiramente o acaba soltando spoiler dos filmes que atua filme foi. O seu custo de em entrevistas. Tom só teve acesso as cenas produção é de US$ 175 em que está presente e em alguns momentos milhões, já tendo arrecaAntes de Mary chegou a gravar cenas de luta sem saber qual do, dentro dos Estados Jane, Peter Parker (Andrew Garfield) vilão estava enfrentando. Unidos, US$ 265 mimantinha um relacionamento com Gwen Stacy (Emma Stone)
lhões (dados de 29/jun.).
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Anseios, Meios e Magias Giulio Bonnano
A
o assistimos a uma animação, não é costumeiro parar e pensar nos desafios técnicos e criativos envolvidos em sua produção. Animações proporcionam um fascínio capaz de cativar diversas faixas etárias e estender-se por muitas gerações. Uma coisa é assistir aos filmes de Charles Chaplin e não reparar nas limitações da época, outra é assistir Branca de Neve e os Sete Anões, primeiro longa animado da Disney, e não se surpreender com a persistência da obra, mesmo 80 anos após seu lançamento. Existe certa magia (não consigo pensar em Hayao palavra melhor) que nos Miyazaki é co-fundador toca profundamente dos estúdios quando observamos traGhibli. Com çados e rabiscos ganha76 anos, já ganhou 120 rem vida. Magia que é prêmios, elevada à décima potência entre eles um Oscar Award quando nos colocamos e um Oscar diante de um filme de Honorário pelo seu Hayao Miyazaki. impacto em Cineasta nascido em animação e cinema Tóquio e de currículo impecável, Miyazaki representa também um dos pilares do Studio Ghibli. Responsável pela produção de alguns dos principais animes exibi102 | zint.online
dos numa sala de cinema, a empresa japonesa carrega certa identidade visual, temática e narrativa digna de discussões. Boa parte dela é intrínseca ao estilo de Miyazaki, mas é construída também com a ajuda de outros grandes artistas, como Isao Takahata (diretor de Túmulo dos Vagalumes) e Joe Hisaishi (compositor das trilhas de quase todos os filmes do estúdio). Bem... o que tem de tão especial no Studio Ghibli? Para começar, a abordagem subjetiva da realidade, das vivências individuais, de sonhos, perdas, aprendizados e conquistas. Um ingrediente especial na receita de O Castelo no Céu, A Viagem de Chihiro, Vidas ao Vento, entre outros. Essa galera é boa em fazer a gente acreditar nesses universos e levar uma parte deles para o nosso dia a dia. Não são só as sutilezas dos traçados de Miyazaki ou da música de Hisaishi. Não se trata também de uma apreciação superficial, objetiva e tecnicista. Tem a ver com identificação. Através
da animação, realizada com Lançado em 1988, "Meu Amigo Totoro" ganhou seis dos sete prêmios nos quais foi indicado um cuidado impressionante, narrativas complexas e mirabolantes atravessam um sólido canal que torna a vida daqueles personagens tão tangível e importante quanto às de quem assiste. Meu Amigo Totoro, filme de 1988, é um dos maiores expoentes do currículo de Miyazaki. Não à toa, a criatura do filme estampa a logomarca do estúdio. Animadores ocidentais visionários e renomados como Lee Unkrich e Travis Knight não escondem a apreciação pela obra com referências em seus Outro ponto presente na alma das obras do próprios trabalhos e entrevistas. Quem não assistiu Studio Ghibli é a abordagem da natureza, menos roainda está muito cru para dizer até onde a animamântica, mais bucólica, com um saudosismo mediado ção pode chegar. pela vontade de contar histórias. Narratólogos até Basicamente, conta a história de duas meninicunharam o termo Ghibli Hills para se referir a locanhas que lidam com o novo lar enquanto esperam lizações em uma narrativa com exaltação à natureza, pela chegada da mãe, que está internada em um uma singela homenagem a essa marca inconfundível hospital. A caçula, Mei, encontra um monstro no da produtora. Não à toa, as locações que abrangem a meio da floresta e, em vez de fugir e pedir socorro, sede do estúdio e o seu respectivo museu são repletas, aconchega-se carinhosamente na barriga peluda e vamos assim chamar, de Ghibli Hills. confortável de Totoro. A entidade passa a acompaAs heroínas-mor da natureza, junto com Totoro, nhar as garotas sempre que os adultos se ausentam, poderiam ser San e Kaguya. Singulares ao seu modo, oferecendo também diversão e escapismo. É como as duas princesas apresentam perfil contrastante. o clássico construto do amigo imaginário, mateUma é independente, a outra é inocente e submissa. rializado numa obra atemporal e universal que Ambas nascidas e criadas na natureza, reflexos do respeita a capacidade de compreensão de qualquer mito do bom selvagem. Enquanto uma resiste ao criança, seja ela dos anos 40 ou dos anos 2000. avanço da civilização humana e se isola de seus iguais, Fotografia do museu do Studio Ghibli. Inhotim passa mal.
a outra vivencia alguns dos podres que compõem nosso status quo. No meio de familiares, servos e pretendentes, Kaguya desacredita; como se descobrisse numa gaiola, impedida de voar. A mensagem é simples, porém inspiradora. Oferece novas maneiras de lidar com o destino e com as pressões cotidianas. No desespero, retornamos ao nosso lar: nossa natureza, que por mais hostil e desigual, ainda nos fascina. O discurso dos filmes de Totoro, Princesa Mononoke e O Conto da Princesa Kaguya (e ainda de vários outros) acaba convergindo na valorização do nosso papel como apêndices florais, e não como eixo sustentador, da árvore da vida. Uma vez, referi-me sobre “Kaguya” como um filme que tem o poder de nos colocar de volta à posição de crianças, enquanto um velho sábio nos conta histórias. Esse velho sábio poderia ser Takahata (o diretor do filme) ou mesmo Hisaishi (compositor da trilha). A música de “Kaguya” soa incrivelmente legítima. Traduz com uma acurácia absoluta o ambiente de incertezas e descobertas, amplificados
Pôster internacional de "O Conto da Princesa Kaguya", indicado a categoria de Melhor Animação no Oscar.
Fã-arte reunindo diversos dos personagens criados pelos estúdios Ghibli
ainda mais pelo aspecto visual minimalista da obra. Já delirei perguntando-me se não seria a trilha perfeita. Lembro aqui que perfeição é uma definição artificial, não cabe à experiência naturalmente mágica de se assistir a um filme Ghibli. Hayao Miyazaki tem também suas referências. Uma das principais é Chuck Jones, animador responsável pelos Looney Tunes, capaz de transformar qualquer piadinha em uma sacada visual eficiente. Esse cara, lá nos anos 40, já entendia o poder da animação tão bem quanto Walt Disney. Seus trabalhos também possuem uma identidade cativante e aproveitam com eficiência as particularidades da técnica. Coisa de criança? São adultos ali no estúdio que suam e ralam para materializar as ideias por trás do que é “coisa de criança”. Depois assista ao curta Duck Amuck e aí você volta a falar comigo. Pergunto então: o que há de especial no meio da animação? Brad Bird, diretor de Os Incríveis, certa vez disse: “Animação não é um gênero. É um meio.” Um meio capaz de expressar qualquer gênero, inclu-
sive terror e policial (já conferiu as obras de Satoshi Kon?). Um universo muito maior do que imaginamos, permeado por séries de TV, curtas-metragens, longas-metragens e até documentários que não devem nada àqueles protagonizados por corpos de carne-e-osso. Quem lembra de Kill Bill, sabe qual é a parte que mais se destaca: uma sequência de anime desenvolvida pela Toei (empresa onde Miyazaki trabalhou nos anos 70), ou Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1. São muitos exemplos; casos em que filmes live-action reconhecem a efemeridade e buscam apoio na animação. É irônico, pois efêmeros somos todos nós. Faz parte da identidade do ser humano, já acostumado às etiquetas de convívio, celebrar os legados de vossas estadias. A arte é fruto de tal anseio. Dela, vieram as manifestações que temos hoje: literatura, pintura, fotografia, cinema. Cada um com sua magia e os seus meios. Pois arrisco dizer que, se há uma metonímia para representar a magia inerente ao meio da animação, ela atende pelo nome de Studio Ghibli.
Gabi Carvalho
Os jovens clรกssicos de Hollywood
S
e você é amante de cinema ou se ainda está iniciando sua aventura em colecionar frames na memória, com certeza já ouviu falar em um ou dois filmes considerados os "Jovens Clássicos de Hollywood". Obras como Pulp Fiction, de Quentin Tarantino, Trainspotting de Danny Boyle e Fargo, dos Irmãos Coen, são longas que, apesar de produzidos nos últimos 30 anos, já são considerados como parte fundamental da História do Cinema. E o que decide essa classificação, muitas vezes, é a opinião do crítico de cinema que, dependendo de sua popularidade, possui o poder de controlar o marketing do filme, como pode acontece com o website Rotten Tomatoes. O método do site funciona como uma equipe que coleta opiniões online a partir de membros certificados de várias associações críticas de cinema e, para ser tornar um crítico no site, você deve reunir uma quantidade específica de likes em seus textos, fator que acontece, normalmente, aos “Top Critics”, autores que escrevem para algum meio de comunicação notável. Então, torna-se possível o cenário em que a opinião de apenas uma pessoa pode mudar a maneira que dezenas de outras que apreciam – ou não – a um filme. E fazer parte de um todo inserido no espaço-tempo atual, é fantástico. A opinião do crítico de cinema é arriscada. Como falar que algo é bom ou ruim? Como passar sua opinião e, mais do que isso, como fazer com que as pessoas confiem em você para consumir uma obra audiovisual? A resposta é simples, mas se torna complexa à medida que é realizada: são usados critérios e argumentos, que não vem apenas da subjetividade do crítico, mas também de um estudo contínuo da arte do cinema. São análises quanto o tom do filme, a fotografia, a direção dos atores, trilha sonora, entre outros tópicos, que integram a crítica e dão ao espectador o quadro geral do filme. Claro, a interpretação quanto ao longa é pessoal, e nunca saberemos realmente a intenção do diretor em suas minucias – a menos que ele fale abertamente sobre. Mas o que teria em comum premiados diretores como David Fincher, Bryan Singer, Tim Burton e Martin Scorsese? Todos eles, e mais outros, integraram a Mostra Jovens Clássicos de Hollywood, que aconteceu durante o mês de Junho em Belo Horizonte, no Cine Theatro Brasil Valourec, juntamente com um curso administrado pelo crítico de cinema,
Pablo Vilaça. Organizada pelo professor e crítico Rafael Ciccarini, a mostra foi uma oportunidade de exibição de produções com roteiros e atuações reconhecidamente brilhantes, que lançaram uma vertente estética nova para o cenário hollywoodiano e passaram a ser seguidos por outros diretores e produtores. Durante suas realizações, concentradas no final dos anos 1980 e durante toda a década de 90, os filmes escolhidos para a mostra retrataram temas amplamente discutidos a época. São obras que muitas vezes dependem do avanço tecnológico para contar suas histórias, como em Matrix (1999), das Irmãs Wachowski, da suspensão do cumprimento de expectativa e o consagrado humor judaico, assinatura dos Irmãos Coen em Fargo (1996), e o dom de saber o momento de ir em contramão da convenção como Martin Scorsese faz com a narrativa e trilha sonora de Cassino (1995). Além disso, no contexto histórico, observa-se que a cena hollywoodiana estava lidando não só com a virada do século, mas também com o acontecimento dos 100 anos do cinema, em 1995. As preocupações se concentravam em lamentações sobre a indústria cinematográfica estar se transformando em ações de marketing, e não mais em um espaço para experimentações ou para o cinema de autor. Com o aumento dos filmes blockbusters, protagonizado pelo diretor que, ouso dizer, lançou mais filmes do tipo, Steven Spielberg, e a generalização da frase “dos mesmos produtores de...”, ao anunciar um filme, a banalização desses se tornou alvo de críticas. Muitos críticos, diretores, realizadores e pesquisadores de cinema consideram, até hoje, o blockbuster “cinema de massa” e outros filmes como “arte de verdade”. Porém, os filmes populares foram e são até hoje responsáveis por movimentar a indústria cinematográfica como um todo, gerando renda para que as mais variadas produções se tornem possíveis. Funcionando como uma maquina retroalimentativa, os filmes independentes, por exemplo, causam a renovação da indústria ao mesmo tempo em que os blockbusters levam novos espectadores aos cinemas, facilitando ao público conhecer alguns filmes considerados cults. Com o avanço independente de Quentin Tarantino com seu Pulp Fiction no Festival de Cannes de 1994, a década de 90 deu grande passo para a sétima arte em Hollywood, e vem influenciando, até os dias de hoje, o cinema mundial. zint.online | 107
Edward Mãos de Tesoura (1990); de Tim BurtoN No longa do cineasta norte-americano mundialmente reconhecido por seu estilo sombrio, expressionista e gótico, com influências nas artes plásticas, Peg Boggs (Dianne Wiest) é uma vendedora da Avon que acidentalmente descobre Edward (Johnny Depp), jovem que mora sozinho em um castelo no topo de uma montanha no subúrbio. Criado por um inventor (Vincent Price, um dos nomes mais famosos do cinema de terror), que morreu antes de dar mãos ao seu ser, Edward possui apenas lâminas no lugar delas, o que o impede de se aproximar de hu-
manos. Vítima de sua inocência, Edward é inserido na sociedade e se torna amado por uns, e perseguido e usado por outros. Primeira parceria entre Tim Burton e Johnny Depp, que continuaram trabalhando juntos por pelo menos mais cinco outros filmes, o longa traz a figura de um outsider, um excluído do convívio social, retratado em uma sociedade esquisita, caricata e alienada. _____ Se você gostou de Edward Mãos de Tesoura, também vai gostar de Marte Ataca! (Tim Burton, 1996).
O Silêncio dos Inocentes (1991), de Jonathan Demme Considerada uma obra de “terror” a vencer não só o prêmio principal do Oscar, por Melhor Filme, mas também outras 4 categorias (Diretor, Ator, Atriz e Roteiro), o longa de Demme traz a história da agente do FBI, Clarice Starling (Jodie Foster) que é ordenada a encontrar um assassino que arranca a pele de suas vítimas. Para entender como ele pensa,
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ela procura o perigoso psicopata, Hannibal Lecter (Anthony Hopkins), encarcerado sob a acusação de canibalismo. O filme utiliza do recurso de roteiro de “plantar” pistas ao longo da narrativa, que levarão o espectador a recompensas em momentos específicos, além de flashbacks e forte identificação com os personagens.
Cassino (1995), de Martin Scorsese Filme que tem uma sequência incrível com a música The House of the Rising Sun, interpretada pela banda The Animals, e a narrativa totalmente não convencional montada através de três personagens: um diretor de cassino (Robert De Niro) com um passado comprometedor; uma prostituta de alta classe (Sharon Stone), que domina todos, menos o seu cafetão; e um gângster (Joe Pesci), que toma conta do diretor do cassino, criado um painel de Las Vegas dos anos 70, quando a Máfia controlava o jogo, até o gradual surgimento das grandes corporações,
que ficaram no lugar das quadrilhas e transformaram a cidade em uma Disneylandia. Com mais de duas horas de duração, o filme é baseado no livro com mesmo nome, de Nicholas Pileggi, que também co-escreveu o roteiro para o longa. A revelação é a atriz Sharon Stone que, interpretando Ginger, ganhou um Globo de Ouro de Melhor Atriz e uma indicação para o Oscar de Melhor Atriz. _____ Se você gostou de Cassino, também vai gostar de Os Infiltrados (Martin Scorsese, 2006).
Fogo Contra Fogo (1995), de Michael Mann Filme que reúne pela primeira vez Al Pacino e Robert De Niro, traz o cenário de Los Angeles com um assalto de US$ 1,6 milhão de títulos ao portador e três policiais são mortos. Com isso, um detetive da Divisão de Roubo e Homicídio (Al Pacino) assume o caso. Apesar das poucas pistas, os ladrões profissionais e os problemas na vida pessoal, ele tenta impedir que a quadrilha continue operando.
Muito mais que um filme de ação, o diretor traz as posições e ideias dos personagens por meio de recursos visuais, sem que eles precisem, necessariamente, dizer algo. O filme possui cenas memoráveis como as de explosão histérica de Al Pacino e os planos e contra-planos durante conversa entre ele e De Niro, além de várias cenas em que a profundidade de campo é reduzida para ressalta a solidão dos personagens. zint.online | 109
Os Suspeitos (1995), de Bryan Singer O filme neo-noir, traz em seu título (original, The Usual Suspects) uma referência à fala do personagem interpretado por Claude Rains no filme Casablanca (Michael Curtiz, 1942), frase que era utilizada durante investigação de algum crime, em que prendiam os “suspeitos usuais”, para encontrar o culpado. No filme de Singer, após uma explosão no cais, a polícia contabiliza 27 corpos e duas testemunhas: um húngaro em estado crítico e um conhecido ladrão deficiente físico, que saiu completamente ileso. Quando os dois dão seus depoimentos, fica clara a participação de Keyser Soze, húngaro misterioso e
impiedoso que foi o mentor de um golpe contra um grupo de traficantes de drogas da Argentina. Mas quem seria esse homem? O filme tem Kevin Spacey no papel do golpista Roger “Verbal” Kint, e monta sua narrativa, que aumenta a complexidade no decorrer do tempo, utilizando de flashbacks – pontuais e seletivamente escolhidos por Verbal. _____ Se você gostou de Os Suspeitos, também gostará de Os Suspeitos (Denis Villeneuve, 2013). P.S.: Sim, são dois filmes diferentes!
Jackie Brown (1997), de Quentin Tarantino No filme, ao invés de trabalhar em seu próprio universo, Tarantino adaptou o livro de Elmore Leonard (Rum Punch, 1992) que possui suas próprias peculiaridades. A narrativa conta a história da comissária de bordo Jackie Brown (Pam Grier), que trafica dinheiro para os Estados Unidos, a mando de um vendedor de armas. Quando dois policiais oferecem um acordo para que ela entregue o bandido, ela deci110 | zint.online
de dar a volta em todos os envolvidos, com um olho na liberdade e outro numa mala cheia de dinheiro. Apesar da falta de cenas fortes e violentas, marca dos filmes de Tarantino, Jackie Brown discute a questão racial e é um fuga da zona de conforto do diretor. _____ Se você gostou de Jackie Brown, também gostará de A Qualquer Custo (2017, David Mackenzie)
Trainspotting - Sem Limites (1996), de Danny Boyle Filme britânico baseado no livro homônimo de Irvine Welsh, conta as histórias de viciados em heroína que vivem num subúrbio de Edimburgo, na Escócia, narradas do ponto de vista de um deles, Renton (Ewan McGregor). Ele resolve interromper o vício, mas sempre acaba retornando, Spud (Ewen Bremner) tenta arrumar um emprego mas não consegue, e Sick Boy (Johny Lee Miller) é um especialista em filmes de James Bond. Além deles, também integram o mesmo grupo, mas não são viciados, Tommy (Kevin McKidd), que acaba eventualmente
seguindo o mesmo caminho dos amigos, e Begbie (Robert Carlyle), intempestivo e violento. Eleito pela revista Rolling Stone como uma das 25 melhores trilhas sonoras de todos os tempos, o filme traz uma rica construção dos personagens de maneira natural e imprevisível. _____ Se você gostou de Trainspotting – Sem Limites, também gostará de T2 Trainspotting (Danny Boyle, 2007), sequência do longa.
Matrix (1999), das Irmãs Wachowski No primeiro filme da trilogia, Thomas Anderson (Keanu Reeves), um jovem programador de computador é atormentado por estranhos pesadelos nos quais encontra-se conectado por cabos e contra sua vontade, em um imenso sistema de computadores do futuro, gerando dúvidas sobre a realidade. Por meio do encontro com os misteriosos Morpheus (Laurence Fishburne) e Trinity (Carrie-Anne Moss), Thomas descobre que é, assim como outras pessoas, vítima do Matrix, um sistema inteligente e artificial
que manipula a mente das pessoas, criando a ilusão de um mundo real enquanto usa os cérebros e corpos dos indivíduos para produzir energia. Morpheus, entretanto, está convencido de que Thomas é Neo, o aguardado messias capaz de enfrentar o Matrix e conduzir as pessoas de volta à realidade e à liberdade. Com predominância do verde, cor ligada à tecnologia e sci-fi, utilização do efeito “bullet-time” e coreografias ensaiadas, Matrix marca a inquietude de uma geração prestes a entrar em um novo século. zint.online | 111
Clube da Luta (1999), de David Fincher Já que a primeira regra do Clube da Luta é não falar sobre o Clube da Luta, vou tentar ser breve. Jack (Edward Norton) é um jovem que trabalha como investigador de seguros, mora confortavelmente, mas está ficando cada vez mais insatisfeito com sua vida medíocre. Para piorar ele está enfrentando uma terrível crise de insônia, até que encontra uma cura inusitada para o sua falta de sono ao frequentar grupos de auto-ajuda. Nesses encontros ele passa a conviver com pessoas problemáticas como a viciada Marla Singer (Helena Bonham Carter) e a conhecer estranhos como Tyler Durden (Brad Pitt). Misterioso e cheio de ideias, Tyler apresenta para Jack um grupo secreto que se encontra para extravasar suas
angústias e tensões através de violentos combates corporais. Muitas vezes interpretado superficialmente como um filme revolucionário, Clube da Luta é, antes de tudo, mais um filme que, buscando criticar o “papel” do homem na sociedade, acaba o reforçando, entre a discussão de outros temas, o machismo. É um dos filmes mais debatidos de todos os tempos, seja na internet ou na mesa de bar, e foi indicado ao Oscar por Melhores Efeitos Sonoros. _____ Se você gostou de Clube da Luta, também gostará de Seven – Os Sete Crimes Capitais (David Fincher, 1995).
De Olhos Bem Fechados (1999), de Stanley Kubrick No último filme do diretor, que faleceu na pós-produção, Bill Harford (Tom Cruise) é casado com a curadora de arte Alice (Nicole Kidman). Ambos vivem o casamento perfeito até que, logo após uma festa, Alice confessa que sentiu atração por outro homem no passado e que seria capaz de largar Bill e sua filha por ele. A confissão desnorteia o sujeito, que sai pelas ruas de Nova York assombrado com a imagem da mulher nos braços de outro. Ele acaba em meio a uma reunião secreta em uma mansão afastada.
Considerado um dos diretores mais teimosos e difíceis da história do cinema, Kubrick entrega sua última obra de modo impecável e meticuloso – como sempre. Recheado de ocultismo e mensagens subliminares, para interpretar e entender todos os significados estrategicamente colocados por Kubrick, De Olhos Bem Fechados é um daqueles filmes em que é preciso assistir mais de uma vez. _____ Se você gostou de De Olhos Bem Fechados, vai gostar de A Seita Misteriosa (Zal Batmanglij, 2011).
indicações
#SUPPORTYOURLOCALGIRLGANG lista
gabi carvalho
E, se você amou Mulher-Maravilha e toda a discussão por trás do longa, que tal experimentar coisas novas e nacionais? Confira a seguir indicações de mulheres brasileiras que arrasam no que fazem!
ana muller;
Você com certeza já ouviu a Ana entre as postagens e likes do Facebook. É que, com mais de 6 milhões de views no Youtube em suas canções autorais, a cantora, na voz e no violão, encanta com suas letras sensíveis e sinceras. Em seu primeiro trabalho de estúdio, o EP homônimo conta uma história de amor, reconhecimento, brigas e o fim, além de todo o aprendizado durante. Natural de Ibatiba, Espírito Santo, Ana compõe desde criança. Ouça especialmente: Me cura, Escopo e Deixa.
constelações;
Em Constelações, Helena fala, através de suas poesias, sobre amor, sobre dúvidas da vida, a busca das mulheres pelo seu espaço e suas vozes. A autora, estudante de Letras, ilustradora e coordenadora da coluna de Literatura da Revista Capitolina, passa por 69 poemas com leituras diferentes, ao mesmo tempo fluidas e difíceis, por se tratar de assuntos cotidianos na vida feminina.
brechó da carlota;
Com a curadoria de Carla Borges, dona de um dos brechós mais simpáticos de Belo Horizonte, é possível encontrar peças must-have por menos de R$ 50,00. Com o objetivo de oferecer roupas vintage, autorais, descoladas, futuristas, coloridas e do amor, o Brechó marca presença em feiras e bazares de BH. Eles avisam em suas redes sociais onde será o próximo evento, então a dica é acompanhar as atualizações no Facebook! 116 | zint.online
GOD SAVE THE QUEEN! stephanie torres
lista
Intrigas, guerras, escândalos, romance, luxúria, ganância, reviravoltas. A história real da monarquia às vezes nos oferece roteiros melhores do que qualquer obra de ficção. Para as mulheres da corte, então, possuir tanto poder em um mundo dominado por homens não é nada fácil. A lista a seguir traz produções inspiradas na vida de algumas dessas incríveis personagens.
A mini-série produzida pela BBC narra o período da história inglesa conhecido como Guerra das Rosas. Tudo começa quando Elizabeth the Woodville (Rebecca Ferguson), pertencente ao clã dos Lancaster, se white apaixona pelo rei Eduardo IV, descendente do clã rival York. Então, a luta queen; das famílias pelo trono são narradas na visão de três mulheres: Elizabeth, 2013 Margaret Beaufort (Amanda Hale) e Anne Neville (Faye Marsay). O filme conta a história de Maria e Ana Bolena, duas irmãs que, levadas pela ambição da família, se envolvem com o rei Henrique VII. Estrelado por Scarlett Johanson e Natalie Portman, o longa mostra os jogos de a poder que se transformam em uma rivalidade entre as irmãs pela atenção outra; do monarca inglês e pelo título de Rainha Consorte da Inglaterra. 2008 eliza beth a era de ouro; 2007
Protagonizado por Cate Blanchett, o filme sobre uma das rainhas mais famosas da história mostra as dificuldades enfrentadas por Elizabeth, considerada por muitos ilegítima, para se manter no trono. Além disso, a Rainha Virgem, como era conhecida, ainda tem que lidar com o conflito de se encantar por um homem inapto para se tornar seu marido.
Produzida pela CW, a série é inspirada na vida da herdeira do trono escocês Mary Stuart, rainha aos seis dias de vida, após a morte do pai. Ao atingir a maioridade, Mary se vê obrigada a governar e defender os interesses do seu país em uma época de grande instabilidade na Europa, devido ao avanço do reign; protestantismo. Além disso, ainda tem que lidar com as constantes ameaças 2013 2017 de sua prima Elizabeth, a rainha da Inglaterra, ao seu trono. Com Emily Blunt no papel de Vitória, o filme conta como a ainda a adolescente rainha teve que lidar com as maquinações de sua própria jovem rainha família para conseguir a regência de seu trono. Além disso, seu romance vitória; com o príncipe Albert da Bélgica é uma história de amor incomum para 2009 um membro da realeza. A série da Netflix estrelada por Claire Foy narra a coroação e os primeiros anos do governo da Rainha Elizabeth II. As dificuldades de assumir o trono tão jovem, a relação com o primeiro ministro Winston Churchill, os the escândalos familiares e seu casamento com o Príncipe Philip são explorados crown; na primeira temporada da produção. 2017
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tirinhas
tirinha um; Amigรฃo da Vizinhanรงa por Rafael Rallo
tirinha dois; Onda de Hype por Rafael Rallo
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fotografia
ensaio um; fotógrafo;
victor piroli, 22 anos belo horizonte, minas gerais inspirações;
Raul Aragão, Márcio Rodrigues, Luiza Ferraz, Nick Knight, Chuck Lang, Jam Sutton “eu adoro usar o instagram para abastecer a criatividade. 95% de quem eu sigo são artistas que me inspiram, desde fotógrafos até drag queens, maquiadores, tatuadores e personalidades do mundo fashion” sonho de trabalho;
Violet Chachki, Jon Kortajarena “a primeira é uma peça de arte viva; o segundo é o meu modelo favorito. que homão da porra!” portfólio; victorpiroli.com
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modelo; raphaela ramalho
modelo; ariell tolledo
modelo; ariell tolledo
modelo; letĂcia rehwagen
modelo; letĂcia rehwagen
agradecime
Mais uma edição, mais um agradecimento. Novamente, queremos agradecer aos nossos pa com esse projeto. Em segundo lugar, um grande o dessa Edição. Incrível, não é mesmo? Logo em seguida agradecemos o Victor Piroli p algumas fotos do ensaio fotográfico que ele prod nossos Colaboradores que participaram dessa Edi Renato, Roberto, Samuel, Stephanie, Thales, Victor
Ao leitor, obrigado, mais uma vez, por ter prestig Esperamos que você tenha gostado!
entos;
ais, que continuam nos dando suporte em seguir obrigado ao Rafael Rallo por ter produzido a capa
por ter cedido, para exibição dentro da revista, de duziu. Também agredecemos, é claro, a todos os ição: Bruna, Gabi, Giulio, Jader, Julio, Maria, Rafael, e Victoria.
giado o nosso trabalho.
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