zint edição #24: aladdin
mai. 2019
e di to ri al
Um mundo totalmente novo! A Edição #24 vem com toda a magia da Disney e traz na Capa a crítica da versão live-action de Aladdin. Na Highlight temos a análise da quarta temporada de Lucifer, ressuscitada do cancelamento pela Netflix! Este mês ainda trazemos a crítica de Pokémon: Detetive Pikachu e do reboot de Hellboy. Para os fãs de Villanelle, viemos com a nossa análise do segundo ano de Killing Eve, além da jornada de Gotham até a temporada final. O Guia do Entretenimento vem com três palavras enquanto o Calendário Cultural está recheado com estreias, como X-Men: Fênix Negra, Toy Story 4 e Turma da Mônica: Laços. O mês também vem com as estreias de novas temporadas de Black Mirror, The Handmaid’s Tale e Pose. Na música, temoso novos álbuns de Jonas Brothers e Madonna! Que mês, hein? Façam um boa leitura! <3
O QUê A ZINT TEM?
como uma publicação digital, as possibilidades de interações são promissoras. usando a plataforma ao nosso alcance, a revista sempre vem acompanhada de interatividade. aproveitamos de todos esses recursos e você pode usufruir de tudo sem muito mistério. »
paleta de cores;
para ficar fácil diferenciar as áreas de cobertura, cada uma delas possuem suas próprias cores, que ficam visíveis nas barras laterais da revista
vídeo;
stories;
com uma revista de Cultura & Entretenimento, estamos sempre escrevendo sobre algo que possui um trailer ou um videoclipe, por exemplo. o ícone do Youtube é sempre visível para encontrar esse conteúdo audivisual. ao clicar na imagem, uma janela com o player será aberto e você poderá assistir ao vídeo!
se você está pelo app Issuu, é possível ler as principais matérias da Edição em versão “Stories”. na parte superior direita você pode ver um ícone de barras; basta clicar nele para ser levado para a área onde o conteúdo está em um formato de texto corrido
playlists;
links;
algumas das nossas matérias vem acompanhadas playlists. quando isso acontece, eles são encontradas ao final da respectiva matéria. ainda, nas páginas finais de cada publicação, você pode encontrar todas as listas, com ícones para ouvi-las no Deezer, Spotify e Youtube
além do conteúdo audiovisual principal, as matérias contém outros tipos de links, como para páginas da internet, ou até mesmo outros vídeos e áudios. toda vez que essa identificação visual aparecer saiba que ela corresponde a um link. é só clicar!
rodapé;
o easter-egg da revista. no rodapé de cada página de matéria, no mesmo lugar da paginação, o zint.online sublinhado também é um link. neste caso, ele leva para a versão correspondente da matéria no site, em formato blog
colabs da edição a cada publicação, o nosso time de colaboradores muda um pouco
joão
vics
criador da revista; editor de conteúdo
criador da revista; diretor de arte
11 colaboradores participam dessa edição, com matérias sobre filmes e televisão!
clique aqui para ver todos nossos colabs
agnes nobre
bruna curi
carolina cassese
deborah almeida
diandra guedes
giovana silvestri
giulio bonanno
joĂŁo dicker
rafael bonanno
raquel almeida
vics
agenda cultural as principais datas de estreias e lançamentos de junho [veja o calendário completo clicando aqui]
02
Fear the Walking Dead
02
05
NOS4A2
Black Mirror
estreia da 1ªT
estreia da 5ªT
05
The Handmaid’s Tale
06
estreia da 5ªT
06
Queen of the South
estreia da 3ªT
X-Men: Fênix Negra
07
07
Happiness Begins
Tim avicii
estreia da 3ªT
08
11
12
pose
Krypton
jonas brothers
Big Little Lies estreia da 2ªt
estreia da 2ªt
estreia da 4ªT
07
3%
estreia da 2ªt
13
14
14
MIB: Homens de Preto – Internacional
Madame X
Western Stars
17
17
18
Grand Hotel
Raven’s Home
Good Trouble
estreia da 1ªT
madonna
estreia da 3ªT
20
20
Toy Story 4
Chucky
Bruce Springsteen
estreia da 2ªT
21
Crash Team Racing Nitro-Fueled
Nintendo Switch, pc, ps4, Xbox One
24
27
legion
emeli sandé
estreia da 3ªT
Annabelle 3: De Volta para Casa
27
27
28
Pets - A Vida Secreta dos Bichos 2
Turma da Mônica - Laços
28
28
Super Mario Maker 2
Let’s Rock
21
Real Life
nintendo switch
The Black Keys
F1 2019
PC, PS4, Xbox One
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Step Back in Time: The Definitive Collection Kylie minogue
guia do en tre te ni men to
não é todo mundo que está imerso no mundo do entretenimento, podendo ficar sem entender alguns (ou vários) dos termos utilizados na área. por essa e outras, mês a mês, nos prontificamos a trazer três palavras, traduzidas, explicadas e exemplificadas
veja o dicionário completo
cover o covers é aquela palavra pronta para designar o quê, na música, consiste em fazer uma nova versão de uma faixa já lançada. embora a tradução literal seja “capa”, é quando aquele artista canta uma música de outro artista, dando sua própria identidade à ela.
adaptation as adaptations são os produtos mais comuns no mundo do cinema. traduzindo literalmente, são as adaptações que determinados materiais tem para as telonas, sejam eles quadrinhos, livros, tweets, histórias faladas, jogos.
mixtape uma mixtape consiste em um tipo de compilado musical mais comum entre rappers, embora músicos de outros gêneros também façam uso. são trabalhos mais independentes lançadas pelos artistas, tendo um certo teor conceitual e de apresentação.
filmes
CONTEÚDO
Aladdin Bruna Curi
16 p.22
Pokémon: Detetive Pikachu
p.36
Brightburn Giulio Bonanno
Rafael Bonanno p.40 p.26
Hellboy
Cemitério Maldito Deborah Almeida
João Dicker p.42 p.30
Rocketman Raquel Almeida
Nosso Último Verão Agnes Nobre
televisão
NA EDIÇÃO
Lucifer Bruna Curi
46 p.50
p.58
Carolina Cassese
Giovana Silvestri
p.54
p.60
Diandra Guedes
Bruna Curi
p.56
p.62
Deborah Almeida
vics
Killing Eve
Tuca & Bertie
Special
Shadowhunters
Amizade Dolorida
Gotham
playlists p.70
Todas as nossas listas musicais
[
filmes
]
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O mundo ideal de Guy Ritchie por
bruna curi
diagramação
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D De uns anos para cá, os estúdios Disney estão investindo em live-actions de suas animações clássicas, resgatando a magia e as lembranças afetivas de uma geração que cresceu com esses filmes. Entre os mais aguardados pelos fãs estava ALADDIN, que chegou as cinemas neste mês de maio e é dirigido por Guy Ritchie (Sherlock Holmes e Rei Arthur: A Lenda da Espada). O filme começa mostrando uma embarcação com uma família a bordo, onde o pai conta para seus filhos uma história que envolve magia, uma lâmpada mágica, um tapete voador e membros da realeza. Envolvidos pela versão de Arabian Nights, cantada por Will Smith, o público já mergulha em nostalgia
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ao passo em que conhece a versão live-action da cidade de Agrabah (“Oh, imagine uma terra, é um lugar distante / Onde os camelos das caravanas andam / Onde você vagueia entre todas as culturas e línguas / É caótico, mas ei, é o nosso lar”). Somos então introduzidos ao nosso protagonista, Aladdin (Mena Massoud), realizando pequenos furtos, junto com seu macaco e fiel amigo Abu. É naquelas mesmas ruas que Aladdin encontra a princesa Jasmine (Naomi Scott) pela primeira vez, fugindo de seu pai super protetor e de sua vida dentro do palácio. Deste ponto, vemos que a película dirigida por Guy Ritchie mantém a mesma essência da animação de 1992, mas apresenta pequenas mudanças ao longo de seu roteiro que dão a identidade do diretor ao filme.
Nós já escrevemos uma outra vez sobre Aladdin. Para ler a matéria completa, basta clicar aqui!
Mena Massoud e Naomi Scott dão vida ao casal protagonista do filme, respectivamente como Aladdin e Jasmine.
Nesta versão de carne-e-osso, o público é introduzido a dois novos personagens. Dalia (Nasim Pedrad) entra no filme para ser amiga da princesa Jasmine, uma vez que na animação o único amigo da princesa é o tigre Rajah – e ela ainda é a única personagem feminina do desenho. A amizade entre as duas é um ponto positivo para o filme, além de gerar boas risadas. Enquanto isso, o Príncipe Anders (Billy Magnussen) é um dos pretendentes da princesa, com o protagonista constantemente se comparando à ele e sentindo-se inferior – afinal, ele é apenas um “pé rapado” e “ladrãozinho”, e
Jasmine merece alguém melhor do que ele e do que ele é capaz de oferecer. Em tempos de empoderamento, uma bem-vinda mudança em Aladdin é o inédito interesse da princesa: Jasmine sonha em suceder seu pai. Para isso, ela precisa ir contra o sistema machista predominante da época, mostrando que ela é muito mais do que uma esposa bonita de um príncipe. Esse novo desejo da personagem é ilustrado na inédita Speechless, solo criado especialmente para
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OUÇA A TRILHA
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Jasmine: “Eu não vou ser silenciada / Você não pode me manter quieta / Não vai tremer quando você experimenta / Tudo o que sei é que não vou sem palavras / Sem palavras”. Este arco é muito bem desenvolvimento, sendo construído de forma pertinente através de ações que condizem com os ideias que ela defende. Quem também brilha ao longo do filme é o Gênio. Apesar das polêmicas ao redor do personagem, visto que algumas pessoas não gostaram do efeito do CGI, Will Smith consegue entregar um personagem com personalidade autêntica e bastante engraçado. Sem tentar imitar o personagem eternizado por Robin Williams na animação de 1992, ele cria sua própria personalidade para o icônico personagem. Com diversas piadas e brincadeiras, o Gênio ainda faz algumas referências com a cultura pop — como a referência aos parques da Disney— e recebe um toque
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da própria persona Will Smith. Como as vezes nem tudo é mágico, Aladdin acaba pecando na construção de Jafar (Marwan Kenzari), um dos personagens mais malvados das animações da Disney. Neste filme, suas motivações estão mais atreladas a motivos políticos do que à ambição de se tornar o feiticeiro mais poderoso. Durante boa parte da trama o personagem usa os seus poderes para manipular os outros, na tentativa de criar conflitos. Sua grande motivação, assim como sua personalidade, é muito pouco trabalhada ou desenvolvida, criando a sensação de superficialidade. De uma forma geral, no entanto, Aladdin é um filme surpreendente. Ao mesmo tempo em que a história
Na arte, temos Will Smith como o Gênio e Marwan Kenzari como o vilão Jafar. Além de Jasmine e Aladdin, vemos também o Tapete Mágico, Abu (macaco), Iago (papagaio) e Rajah (tigre).
mantém a mesma essência da animação, também cria mudanças que enriqueceram a sua trama, tornando-se facilmente um dos melhores live-actions produzidos pela Disney até então. Ótimos atores, um roteiro consistente, uma caracterização muito bem feita (que tem uma pegada cultural mais forte), cenas de ação dinâmicas e números musicais bem ensaiados dão unidade ao filme. Guy Ritchie, consegue criar o seu próprio mundo em uma história tão amada pelos fãs. //
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UM EXERCÍCIO DE ICONOFILIA por
rafael bonanno
diagramação 22
vics
É
praticamente impossível falar sobre cultura pop, hoje, sem sequer mencionar um dos maiores fenômenos culturais propagados pela indústria do entretenimento desde o final dos anos 90. Pokémon é uma franquia que começou como uma série de jogos de RPG desenvolvidos por Satoshi Tajiri para o Game Boy, em 1996. A partir daí, a marca se expandiu de maneira colossal em diversas mídias e, atualmente, ocupa a humilde posição de “franquia de mídia mais rentável da história” com uma renda estimada em cerca de 90 bilhões de dólares. Constantemente reintroduzida para novas gerações, os jogos principais da série sempre mantiveram os elementos que a tornaram popular junto ao slogan Temos que pegar todos eles. No entanto, a primeira interação da franquia com o cinema aconteceu por meio da adaptação de um jogo spin-off não muito popular para o público geral. Em um mundo em que seres humanos e pokémon coexistem desde os primórdios, Tim Goodman (Justice Smith) retorna a Rhyme City, sua cidade natal, após receber a notícia de que seu pai havia
desaparecido em um acidente. Ao encontrar um Pikachu com ar de detetive (Ryan Reynolds) que era o antigo parceiro de seu pai, os dois se juntam para tentar desvendar o mistério. O desafio de comprimir essa franquia quase-que-imperial em uma adaptação para o cinema ficou nas mãos do diretor Rob Letterman, que também assina o roteiro junto com Dan Hernandez, Beji Samit e Derek Connolly. POKÉMON: DETETIVE PIKACHU é, em linhas gerais, um filme que incorpora características de ficção científica utópica, neo-noir e buddy movie para contar uma história rica em detalhes visuais, mas narrativamente problemática. A história apresenta pontos importantes e que funcionam, como a dinâmica simples, porém efetiva, entre Tim e o Pikachu. No entanto, o filme parece perder o interesse em desenvolver os personagens humanos com distinção e personalidade para seguir introduzindo pokémons numa espécie de product placement auto referencial. O que resulta em uma história que apesar de estar em constante movimento, não nos dá razões o suficiente para importarmos com os personagens.
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O que não implica em dizer que os atores deixam a desejar. Pelo contrário. Grande parte da personalidade de Tim Goodman, por exemplo, é oriunda da performance expressiva e cômica de Justice Smith. Assim como Kathryn Newton, que confere o cinismo necessário à aspirante a repórter investigativa Lucy Stevens, que também tem interesse na trama envolvendo o desaparecimento do pai de Tim. Algum destaque, portanto, ao próprio Detetive Pikachu, dublado por Reynolds, que é carismático e excêntrico na
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medida certa, e consegue se aproveitar bem da capacidade de se comunicar com Tim para estabelecer o vínculo central do filme. Ainda assim, o que mais chamou a minha atenção é a eficiência no esforço dos departamentos visuais em trazer tangibilidade e fidelidade não só ao design dos pokémons, mas também à contextualização e construção de mundo em Pokémon: Detetive Pikachu. Ou seja, faz justiça ao material base, mas também permite que a relação milenar entre pokémons e humanos, ponto central da narrativa, seja algo perfeitamente natural dentro daquele universo. Apesar de todos os méritos visuais, a narrativa progride sem causar os
devidos impactos. Cada momento em que desvendamos um ponto importante da trama acaba se tornando apenas uma desculpa para encaixar novas cenas envolvendo pokémons que ainda não haviam aparecido e que não contribuem tanto para às centralidades da história. De todo modo, há uma tentativa perceptível dos roteiristas em trabalhar algumas problemáticas entre essa coexistência tão perfeita que o filme estabelece. Questões sociais, como não ter um companheiro Pokémon, refletem na forma como os próprios humanos enxergam um ao outro. Tim, por não ter nenhum companheiro e fracassar em suas tentativas de capturar um pokémon, é considerado um solitário no contexto dessa sociedade. Rhyme City, localidade principal da trama, se destaca como uma cidade futurista e utópica pela simples característica que a distingue de todas as outras. Ali é o único lugar do planeta em que pokémons não são usados em batalhas e, por isso, convivem em pé de igualdade e harmonia com os humanos.
Adaptações de jogos de videogames para o cinema sempre trarão questionamentos a respeito da transcrição de linguagens de uma mídia para a outra. Até que ponto é válido sacrificar uma história bem contada para tentar explicar mecânicas tradicionais ou particularidades de um determinado gênero de jogo? Há uma maneira melhor de transcrever esses aspectos para a linguagem cinematográfica? Essas são questões que cineastas e produtores certamente terão que responder bem para justificar e viabilizar esse tipo de adaptação. No entanto, Pokémon: Detetive Pikachu é um filme que respeita as tradições da franquia para contar uma história simples, mas divertida e que ressoa bem no imaginário de todos os fãs e simpatizantes da franquia. Não que algumas respostas para as perguntas que fiz sejam encontradas aqui, mas é admirável notar que Letterman e sua equipe souberam respeitar as limitações inerentes deste tipo de adaptação e buscaram soluções visuais criativas para trazer um universo tão icônico e amado para o cinema. //
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por
joão dicker
diagramação
vics
Seria melhor se
Hellboy estivesse no Inferno
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EM MEIO A UM CENÁRIO EM QUE HOLLYWOOD TEM EXPLORADO DE REBOOTS DIVERSOS DAS MAIS VARIADAS FRANQUIAS E SÉRIES DE FILMES, A RETOMADA DE UMA PRODUÇÃO DE HELLBOY É ALGO CURIOSO. OS DOIS PRIMEIROS FILMES, DIRIGIDOS POR GUILLERMO DEL TORO, PODEM NÃO TER GARANTIDO RETORNOS ECONÔMICOS EXORBITANTES PARA O ESTÚDIO, MAS A QUALIDADE ENQUANTO PRODUTO E, PRINCIPALMENTE, O OLHAR AUTORAL DO DIRETOR MEXICANO PARA A CRIAÇÃO DAQUELE UNIVERSO FANTÁSTICO-SOBRENATURAL GARANTEM PERSONALIDADE AOS DOIS PROJETOS. Passados mais de 10 anos da última aparição do personagem nas telonas, Hellboy volta em uma nova versão que, de forma trágica, acaba por ser um grande exemplo de reboot desnecessário e que perde a oportunidade de explorar de um bom potencial. Inspirado nos quadrinhos do personagem criado por Mike Mignola, a nova película não aproveita do bom momento das adaptações de HQs nos cinemas e desperdiça a possibilidade de enxergar em sucessos recentes alguma inspiração para trazer frescor e renovação para o uni-
verso de Hellboy. O principal problema do filme reside no roteiro inchado escrito por Andrew Cosby, que na tentativa de apresentar conceitos, personagens e a interessante mitologia criada nos quadrinhos, acaba se perdendo na quantidade de material que precisa lidar em duas horas de projeção. No fim das contas, é um roteiro que desperdiça muitas boas ideias e uma possível construção de universo sobrenatural e místico rico, mas que na afobação cria uma narrativa esquizofrenia. O enredo traz Hellboy (David Harbour) como a figura central capaz de impedir a ressurreição de Nimue (Milla Jovovich), a milenar e poderosa bruxa Rainha do Sangue, que depois de séculos aprisionada retorna ao mundo com a missão de tirar as criaturas e monstros das sombras. O discurso da vilã pautado na libertação dos seres místicos para viverem no mundo comum é extremamente batido, sendo ainda mais desfavorecido pela má construção de uma tensão entre os humanos e as criaturas. É verdade que o protagonista é um detetive/caçador sobrenatural que trabalha para uma instituição secreta cujo objetivo é caçar monstros que quebram com o equilíbrio da coexistência, mas em momento algum o roteiro consegue dar tons de que essa existência de dois mundos é realmente problemática. Por isso, quando o texto intro-
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Bem Daimio, Hellboy e Alice, respectivamente.
duz duas revelações relacionadas aos laços pessoais e paternais de Hellboy, uma no meio da projeção e a segunda já no começo do clímax, a possibilidade de um arco dramático ou de alguma mudança do protagonista não se edificam de forma alguma, o que impacta profundamente na empatia do público com o personagem. O tom desconjuntado, incapaz de equilibrar um humor jocoso com a violência caricata e grotesca, tornam todos os personagens em constantes marionetes canastronas e cheias de si, sem personalidade e carisma. A falta de química entre todos atores completa o desastre que são as dinâmicas de personagens, principalmente a relação paternal entre o personagem de Ian McShane e o protagonista, além da irritante dinâmica do trio formado pelo monstro vermelho, Alice (Sasha Lane) e o agente Bem Daimio (Daniel Dae Kim). David Harbour evidentemente se esforça no papel principal, mas
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Nimue, a Rainha do Sangue
a falta de tom definido exaure qualquer possibilidade de carisma, atuação e construção de um personagem com personalidade, transformando a nova versão do Hellboy em um monstro rabugento, chato e com frases de efeitos vazias. Mesmo que com tantos problemas, o maior desastre fica a cargo da antagonista do longa vivida por Milla Jovovich. A atriz não ganha espaço para explorar dos seus anos participando de sequências de ação mirabolantes e envolventes em Resident Evil, sendo limitada a uma vilã sem peso e imponência, desperdiçando a possibilidade de cenas de luta que valessem o ingresso de um filme pipoca como se
espera de Hellboy. Apesar de não trazer tanta expectativa quanto à amplitude dramática, a palidez e falta de expressão na atuação de Jovovich deixam a personagem ainda mais vazia e dispensável, funcionando apenas como o motivo para que a narrativa siga a diante. O roteiro esquizofrênico e a falta de uma narrativa decidida a contar uma história coesa e interessante trazem um problema de ritmo gritante. São tantos acontecimentos, personagens apresentados, locais visitados e revelações mal construídas e porcamente desenvolvidas, que o espectador sai visivelmente cansado da sala de cinema. Até mesmo a premissa de que o destino do próprio Hellboy é que ele é o catalisador de um apocalipse e o líder da supremacia dos seres das trevas perante os humanos é mal trabalhada, algo que os dois filmes de del Toro souberam fazer com clareza e profundidade. É uma boa história desperdiçada e um arco dramático interes-
sante, mas que se tornam meros melodramas de um monstro com problemas paternais e de autoaceitação. A falta de assinatura, personalidade e controle criativo recaem nas mãos do diretor Neil Marshall, que não traz o controle de ambientação e construção de atmosfera de terror que fez muito bem eu seu filme Abismo do Medo (2005), ao passo que também não tem sucesso nas sequências de ação pouco empolgantes como fez quando dirigiu dois bons episódios de Game of Thrones – Blackwater (T02, Ep. 09) e The Watchers on The Wall (T04, Ep. 09). Nesta bagunça completa, a nova interpretação de Hellboy não empolga e faz um desserviço ao conceito de reboot. O que fica é a sensação de que essa nova investida na franquia não era desejada e muito menos necessária. Um retorno desagradável e que, pelo o que tudo indica, assegura um lugar nos confins do submundo do cinema. //
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UMA CINEBIOGRAFIA DIGNA PARA
ELTON JOHN por
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raquel almeida
diagramação
vics
J
Jim Carrey, um dos nomes mais conhecidos na indústria do entretenimento do século XXI, há algum tempo vem abandonando a fantasia de super-astro de Hollywood para propor uma outra perspectiva sobre glamour, dinheiro e fama. Há uma frase em um de seus depoimentos que diz: “Acho que todo mundo deveria ficar rico e famoso e fazer tudo o que sempre sonhou para que pudessem ver que isso não é a resposta.”. Embora a relação entre Jim Carrey e a cinebiografia de Elton John não seja exatamente óbvia, é sobre essa mesma premissa que ROCKETMAN se desenvolve. Rocketman conta a trajetória de Reginald Dwight, um garoto tímido que conquistou o mundo sob o stage-name de Elton John e se tornou,
posteriormente, um dos maiores ícones da música pop. As primeiras cenas já funcionam como um prólogo do que nos aguarda: um filme excêntrico (como deveria ser), quase cafona, que redefine a percepção por vezes desumanizada de grandes ídolos e sem a menor vergonha de trazer à tona os momentos desonrosos da carreira do músico. O filme, que possui o roteiro seguro, linear e bem estruturado de Lee Hall como alicerce, usa a chegada de Elton, vivido pelo talentosíssimo Taron Egerton, em uma clínica de reabilitação como ponto de partida para desenrolar a história dos primeiros anos da carreira do cantor, que começa a ser revisitada desde a infância. Nesse primeiro ato, é interessante ver como a relação com a arte pode ser fundamental para canalizar emoções destrutivas proporcionadas por lares problemáticos. No entanto, é possível ver que o filme se preocupa em retratar a música como uma espécie de refúgio emocional para o pequeno Reggie mas que, com o passar do tempo, sua produção artística só volta a ser vista como verdadeira pelo protagonista depois de abraçar os traumas que viveu, aceitá-los e começar uma nova lógica de criação, a partir de um contexto sadio, sem romantizar o sofrimento.
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É o britânico Taron Eargeton que dá vida ao emblemático Elton John, navegando na excêntrica personalidade do cantor
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Apesar da ideia do desencontro com si mesmo ser mais clara no decorrer do filme, ainda nos primeiros momentos é possível ver como Reginald Dwight, criança, já traz questionamentos sobre ser quem ele é. Acredito que a escolha de trazer essa indagação no princípio do filme mostra exatamente que a obra não é só sobre uma carreira de sucesso ou somente sobre a trajetória de uma estrela: trata-se de uma celebração da jornada em busca do amor, do autoconhecimento e da autoaceitação. Ainda sobre a escolha de retratar da infância até a vida adulta de Elton John, cinebiografias costumam cair em uma cilada comum: a ambição de condensar uma história de décadas repleta de detalhes em duas horas. Rocketman, por sua vez, faz um recorte bem definido na carreira do astro, bem como em sua vida pessoal. Isso é fundamental para que o roteiro funcione com profundidade, trazendo tanto momentos eufóricos quanto intimistas de Elton, explorando sua
personalidade complexa e multifacetada e, principalmente, permitindo que cada momento vivido reverbere no estado de espírito do personagem, bem como no enredo em si, deixando o projeto do filme conciso e bem amarrado. Tudo isso na pele do brilhante Taron Egerton, que se mostra versátil, intenso e imersivo no papel. Além disso, os saltos narrativos são extremamente bem executados, utilizando cenas lúdicas (quase teatrais) como recurso para sinalizar a passagem do tempo em questão, com representações icônicas daquilo que marca o período retratado, de um dinamismo interessantíssimo e estética adequada. Falando em estética, Rocketman proporciona uma experiência quase engraçada em termos visuais. É espa-
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lhafatoso, meio cafona, exagerado, colorido e com um toque kitsch, tanto na direção de arte quanto na fotografia. Cores vibrantes, figurinos peculiares, planos rápidos e travellings circulares marcam uma extravagância que nasce da figura emblemática de Elton e contagia todos os outros aspectos do filme. A verdade é que, para um filme do circuito industrial, Rocketman habita o elo perfeito entre o contido e o não-convencional, com uma estrutura pouco ousada mas com uma energia criativa pulsante – o que é absolutamente apropriado para um filme que se propõe a falar sobre a carreira de um músico com uma das personalidades mais excêntricas que o mundo já viu. Apesar de o próprio Elton John assinar a produção executiva do longa,
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Comparativo de roupas: Taron Eargeton à esquerda e Elton John na direita.
esse não é um filme cheio de feitos heroicos, preocupado em canonizar uma estrela da música – na realidade, existe uma intenção latente em humanizar o artista. A carreira de sucesso exponencial do protagonista é uma segunda camada da narrativa, servindo mais como contexto para o desenvolvimento do ponto central, que tange noções existenciais sobre ser quem você é, sobre amar e ser amado, sobre fazer as pazes com a sua história e sobre sobriedade. A própria relação do astro com drogas é retratada com dura clareza e uma certa decadência,
em momentos de absoluta introspecção, tristeza e solidão, ainda que sempre rodeado de pessoas. Além disso, a atuação de Egerton traz brilhantemente uma dimensão arrogante e egocêntrica para o personagem – e é interessante perceber que a raiva exacerbada foi tomando conta de Elton a medida que o protagonista se via mais e mais distante de quem ele era em essência. Outro ponto que vale ressaltar sobre a obra é a forma absolutamente natural com que a orientação sexual do cantor é tratada. Não é escancarada, não é velada – é, simplesmente, normal. Vale dizer ainda que o filme pisa em ovos para não deixar que a sexualidade do protagonista seja vista como a responsável pela relação abusiva com drogas ou pela excentricidade de sua personalidade, como
o senso comum pode muitas vezes definir. A construção dos conflitos familiares na infância, o desamor do pai, o “abandono” do parceiro de composição, tudo isso faz um papel muito claro de fio condutor para que o personagem se visse, posteriormente, em uma situação de dependência química. O descobrimento de sua orientação sexual é construído com doçura, verdade e um nítido orgulho. Pois é: Rocketman é um filme do circuito industrial e, assim como Elton John, não está muito preocupado em agradar o público conservador. Em suma, Rocketman fez o dever de casa e entregou uma biopic bem resolvida, segura, estruturada, emocionante, extremamente envolvente e espirituosa. E acho que só podia ser assim mesmo, como Elton foi (e é). Uma última observação: separem lencinhos. Vocês podem precisar. //
Ao lado: Elton John, em 1975, no Dodge Stadium, em Los Angeles. Abaixo: imagem promocional do filme com Taron Eargeton.
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E se o Super Homem fosse do mal? por
GIULIO BONANNO
B
diagramação
ons filmes de terror nos colocam a par de nossas inseguranças. Por meio deles, somos convidados a questionar ou até mesmo ressignificar um expoente traumático da existência consentida. O medo é só uma parte disso. Talvez, a expos ição mais aguda e irracional diante de uma situação que desco-
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vics
nhecemos. Os medos fluem com o tempo, geração após geração. Acompanhar essa dinâmica não é exclusividade do cinema, mas não é difícil apontar a sétima arte como ferramenta eficiente e duradoura no estudo daquilo que tememos. Produção meio que pessoal de James Gunn (com roteiro assinado por membros de sua família),
BRIGHTBURN: FILHO DAS TREVAS tem como grande mérito a investigação lúdica do medo adulto, mais especificamente do medo parental, diante das descobertas de novas gerações sobre as maquinarias do mundo. Usa de artifícios manjados de narrativas de super heróis para estabelecer Brandon Breyers (Jackson A. Dunn), seu protagonista mirim. Além do nome aliterativo, sua origem remete diretamente ao Super Homem e todo o seu arco de descobrimento encontra rimas com as ascensões de Peter Parker ou um membro perdido dos X-Men. A subversão desses paradigmas, independente dos tropeços, se revela uma divertida (e grotesca) brincadeira, capaz de manter interesse ininterrupto do espectador até o fim da sessão - sem cenas pós-créditos, vale dizer. Na pequena cidade que dá título ao filme, vivem Tori (Elizabeth Banks) e Kyle Breyer (David Denman). Com dificuldades para ter filhos, ambos são repentinamente agraciados com a chegada de Brandon. Imagens de vídeos caseiros constituem uma rasa elipse de modo a nos situar no momento presente. Agora um adolescente, Brandon vive uma fase de descobertas acompanhada pelo início da puberdade, incluindo a atração por uma garota e as confusões do ambiente escolar. Um aluno prodígio que sabe de cor a diferença comportamental entre vespas e abelhas vira alvo fácil de bullying. Seus colegas nem imaginam no
que isso vai dar. O filme permite, enquanto conhecemos melhor nosso protagonista, analisar de perto o microcosmo que circunda Brandon. A inserção passiva do garoto nos dogmas patriarcais são representados pela aquisição de uma arma de fogo e pela conversa especial que tem com o seu pai ("Às vezes você deve ceder aos seus desejos.”). Enquanto descobre mais sobre si mesmo, Brandon se vê possuído por uma espécie de comando espiritual que o coloca diante de um misterioso alçapão, localizado nas entranhas do celeiro na fazenda em que a família reside. Um mistério provocador que acrescenta mais combustível aos dilemas da trama. Para o sucesso dessa construção dramática, a atuação do jovem Jackson A. Dunn se mostra fundamental. Temos aqui uma bem
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vinda construção de personagem, cujo estilo se aproxima de um Paul Dano ou mesmo um Jake Gyllenhaal precoce. É expressiva a partir do olhar e, principalmente, do tom de voz, algo que condiciona méritos também ao jovem diretor David Yaroveski. O elenco demonstra engajamento enquanto novas emoções se sobrepõem a narrativa. Destaco Becky Wahlstrom, que faz a mãe de uma colega de Brandon, interpretando aquela que, por meio de uma impressionante filmagem subjetiva, compõe de longe a passagem mais agonizante do filme inteiro (estabelecendo o tom definitivo da obra). Um caco de vidro na íris não é lá a imagem mais confortável de apreciar. Aliando tons vermelhos e azuis, a fotografia e o figurino buscam salientar as ambiguidades morais de Brandon. Gosto também de como vários planos são filmados sem suportes, como se a câmera fosse um cande-
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labro prestes a cair. Ancorado pelo vínculo incondicional de sua família, o garoto se vê dividido diante de seus ímpetos viscerais. Não vejo aqui o jeito mais poético de retratar os transtornos da adolescência, mas a tentativa acaba usufruindo do gênero escolhido com propriedade. Algo que O Exorcista (1973), Sobrenatural (2010) e o recente Hereditário (2018) deixaram de contribuição, e que esse filme acrescenta discretamente para o legado. Tematicamente, fui remetido ao sensacional Um Lugar Silencioso (2018). Naquele filme, observamos de perto as inseguranças de um casal criando seus filhos em uma distopia ensurdecedora. Aqui, há uma pretensão maior de mostrar as questões parentais em conflito com os padrões de comportamento emergentes, com foco absoluto no que constitui hoje um homem adolescente. Uma pena que o roteiro não encontra inspiração para desenvolver melhor os arcos de Brandon com os colegas, ou mesmo suas motivações intrínsecas para os atos que vem a cometer. Ao final, nos deparamos com uma representação unilateral e deslocada dos atiradores de Columbine, desperdiçando uma boa oportunidade de retratar contornos mais intimistas de uma mente jovem e conturbada em contato com estímulos contemporâneos. Tal desfeita é acompanhada
por decisões estéticas questionáveis. Os efeitos visuais geram desconforto pelos piores motivos. Há um apelo pela identidade escatológica e caricatural de Sam Raimi (algo que James Gunn aproveitou bem em Seres Rastejantes e que funcionou primorosamente na refilmagem de Madrugada dos Mortos, por ele roteirizada) que não conversa bem com os primeiros arcos do filme. O acúmulo de personagens descartáveis também resseca a obra, demonstrando um sintoma clássico de filmes de terror (e também de filmes de super heróis) que não passa despercebido. A trilha de Tim Williams, por sua vez, parece uma paródia das piores obras de Hans Zimmer, com menção desonrosa para os acordes que acompanham o clímax. Ao final, ficamos com a impressão de um espetáculo pretensioso, indigesto e sem definições para a história que quer contar. Cenas que, no papel, parecem repletas de significados perdem força com escolhas pretensiosas ou levianas. O final abrupto tem a sorte de não eclipsar uma identidade própria, construída, principalmente, na primeira metade da projeção. Ao final do dia, Brightburn pode parecer um filhote adotivo de A Profecia (1976) com Carrie, a Estranha (1976) aspirando um caminho incerto que não me sinto seguro em predizer. //
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deborah almeida diagramação
vics
O QUE VEM DEPOIS DA MORTE?
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“Às vezes estar morto é melhor”. Essa é a principal mensagem de CEMITÉRIO MALDITO, dirigido por Kevin Kölsch e Dennis Widmyer. Contudo, diferentemente das personagens que permeiam o filme e que demoram para entender a premissa, o trabalho dos diretores faz com que o reboot do filme de 1989 tenha personalidade e comprove que nesse caso foi melhor trazer a franquia de volta a vida. A história começa quando Louis (Jason Clarke) e Rachel (Amy Seimetz), junto aos filhos Ellie (Jeté Laurence) e Gage (interpretado pelos gêmeos Lucas e Hugo Lavoie), mudam de Boston para Ludlow para terem uma vida melhor. Como espera-se de um bom filme de terror, a casa nova não é um lugar tão feliz assim. No terreno onde foi construída, fica um antigo cemitério, cujas terras são amaldiçoadas, o que causa graves consequências para a família. Quando o gato de sua filha morre, Louis decide enterrá-lo, com a ajuda do seu vizinho Judd (John Lithgow), no cemitério que é capaz de trazer o ser de volta. Contudo, ao retornar, o gato Church não é mais o mesmo e coisas bem bizarras começam a acontecer. Enquanto o animal de Ellie passa a ter comportamentos bem esquisitos, Louis e Rachel também são assombrados com a morte. Louis, um médico, começa a ter visão de um paciente que não conseguiu salvar. Rachel, por outro lado, é atormentada pela morte de sua irmã mais velha, que faleceu quando ela ainda era criança.
Cemitério Maldito é uma adaptação do livro homônimo de Stephen King, o que por si só já garante uma história bem elaborada e sem muitas respostas para seus enigmas. Toda a trama do cemitério e o retorno à vida (mas nem tão vivo assim) é bem interessante, com o local sendo construído com uma clima aterrorizante que já garante bons arrepios. Contudo, ainda que a história seja boa, o cemitério e suas maldições não têm tanta relação com as mortes do paciente e da irmã de fulana, de modo que esses dois fatos ficam bastante jogados na narrativa. Ainda assim, a trama é bem envolvente. A atriz responsável pela interpretação de Ellie merece destaque; Jeté Laurence passa de garotinha meiga para uma pessoa um tanto quanto assustadora. Porém, nada se comparada com Church “voltando à vida”, sendo ele o verdadeiro responsável por dar o terror do filme. Segundo a produção, foram usados quatro gatos, treinados de maneiras diferentes, para que o personagem existisse. O reboot de Cemitério Maldito garante alguns bons sustos e tem um contexto sombrio, sendo uma boa escolha para quem gosta do gênero. Não é clichê e seu final é um tanto quanto inesperado, bem do jeito que um bom terror deve ser. Uma boa escolha para quem quer sentir arrepios na espinha e concorda que a morte deve ser deixada como ela é. //
Nós já escrevemos algumas vezes sobre Stephen King. Para ler todas as nossas matérias relacionadas ao escritor, basta clicar aqui!
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Apenas mais uma
comédia romântica por agnes nobre
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diagramação vics
NOSSO ÚLTIMO VERÃO, trama original da Netflix, une a história de jovens em Chicago que tentam viver, da melhor forma possível, as últimas férias antes de iniciarem a vida acadêmica – cada um em uma faculdade diferente, em cidades distintas. Enquanto alguns deles têm planos, outros só querem saber de ter um verão digno e aventureiro antes de se entregarem às universidades e as responsabilidades da vida adulta. Com o elenco composto por jovens que vivem as mais atuais séries do universo teen, como KJ Apa (Riverdale), Maia Mitchell (Good Trouble), Tyler Posey (Teen Wolf e Now Apocalypse) e Halston Sage (Cidades de Papel), o filme tem características parecidas com comédias românticas como Idas e Vindas do Amor (2010) e Simplesmente Amor (2003). Nosso Último Verão exibe várias histórias diferentes ao mesmo tempo, com personagens em rumos, situações e cotidianos distintos, mas que se conectam entre si, mesmo que eles não se conheçam. A única característica compartilhada pelo grupo é o fato de terem estudado na mesma escola durante o ensino médio. Nosso Último Verão não oferece nada de novo ou surpreendente para o seu gênero, trazendo temas como reputação, relacionamentos, arrependimen-
tos, decisões, mentiras e traição tratados de maneira sucinta, embora, por vezes, superficial. É apenas mais uma comédia romântica produzida para ser um daqueles filmes que não nos leva a pensar ou se questionar – um comfort movie. Mas, seguindo um caminho inverso comum da maioria das comédias românticas, o longa mostra que nem sempre os finais felizes existem para todos, ou ele não está sempre baseado em pares românticos, mas sim em se ver feliz consigo e conseguir alcançar seus objetivos. O filme, ainda, preocupa-se em abordar os dois lados do verão, exibindo-o em sua forma original, com os momentos de descontração e sem preocupações, e em seu lado mais oculto, como aquela última chance de viver intensamente antes de ter que lidar com as responsabilidades, e pressões sociais e familiares de abraçar o futuro e seguir alguma carreira profissional. Nosso Último Verão, apesar de não trazer grandes novidades, é uma história agradável de assistir e brinca um pouco com a ideia de que nem tudo é perfeito, descrevendo o cerne da juventude: um período de transição para a vida adulta em que sentimentos necessidade de viver de forma intensa, tomar decisões inconsequentes e aprender com os erros. //
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televisĂŁo
]
NOTA DA COLAB: ESTE TEXTO CONTÉM SPOILERS.
ELE
ESTÁ DE VOLTA por
bruna curi
diagramação 46 | zint.online
vics
Nós já escrevemos anteriormente sobre Lucifer. Para ler a matéria relacionada, basta clicar aqui!
N
o ano passado, os fãs de Lucifer ficaram apreensivos quando a FOX anunciou o cancelamento da série, devido a baixa audiência. Não demorou muito para que os fãs fossem reclamar da decisão na internet através da hashtag #SaveLucifer (“Salve Lucifer”, em tradução), chegando aos Trending Topics mundiais do Twitter – a lista dos assuntos mais comentados do microblog. Em junho de 2018, o movimento surtiu efeito e a Netflix anunciou a sua decisão em dar continuidade à série. Através da plataforma de streaming, Lucifer iria ganhar uma quarta temporada. Nas mãos da Netflix, a série ainda mantém a sua identidade, sofrendo apenas com o número de episódios. Enquanto a terceira temporada teve um total de 26 episódios, a quarta temporada vem apenas 10 – o que dá um ritmo mais dinâmico para a série. O primeiro episódio do novo ano começa com uma elipse temporal, mostrando diversas
performances de Lucifer (Tom Ellis) tocando o solo de Creep, do Radiohead, ao longo do mês em que Chloe Decker (Lauren German) esteve afastada da cidade – resultando dos eventos finais da terceira temporada. Fica claro que, com o passar do tempo, ele vai se tornando impaciente para descobrir o paradeiro da detetive, sem saber se ela vai voltar ou não para Los Angeles. No fundo, é perceptível que o Diabo sofre com a possível rejeição de Chloe, temendo que ela não o aceite depois de conhecer a sua verdadeira face. Após voltar de sua viagem, Chloe se mostra tranquila diante dos acontecimentos e descobertas recentes, e a dinâmica entre eles parece voltar a ser a mesma de sempre. Ela, Lucifer, Ella Lopez (Aimee Garcia) e Dan (Kevin Alejandro) retornam para a rotina do dia a dia, investigando os novos casos da polícia de Los Angeles. Mas, na verdade, Chloe ainda se sente amedrontada com o que viu e com a descoberta desse universo sobrenatural – ela está arrasada por dentro, mas faz de tudo para esconder sua fragilidade. Enquanto isso, o anjo Amenadiel (D. B. Woodside) toma a decisão de deixar a Cidade de Prata e voltar para Los Angeles. Depois de passar muitos anos considerando os humanos inferiores, ele muda sua visão e percebe que a humanidade é bastante interessante e complexa. Além disso, o fato de Linda (Rachael Harris)
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Lucifer é baseada em uma série de quadrinhos de mesmo nome. Inicialmente como um personagem da série de quadrinhos The Sandman, Lúcifer acabou ganhando sua própria narrativa como um spin-off. Na mídia, a história acompanha as aventuras do Anjo tanto na Terra como no Céu, assim como em todos os reinos no meio destas criações, após decidir abandonar o Inferno. Ao longo de sua publicação, diversas versões do Lúcifer já foram vistas, como as narrativas bíblicas e as concepções do cristianismo, assim como “licenças poéticas”. Por ser parte do Vertigo, selo para maiores da DC Comics, o personagem já cruzou com outros da casa, como Constantine e até mesmo o Superman – que, por um breve período de tempo, tomou o lugar de Lúcifer controlando o Inferno.
estar grávida reforça a sua vontade de continuar na Terra. Amenadiel fica empolgado diante da possibilidade de se tornar pai, enquanto Linda é mais apreensiva pela possibilidade de seu bebê ser metade anjo e metade humano. Se cuidar de um recém-nascido pode ser complicado, cuidar de um ser celestial parece ser um desafio muito maior, como fica claro graças às suas sessões de terapia com Lucifer e a demônia Maze (Lesley-Ann Brandt).
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Se todos esses problemas não fossem suficiente, a quarta temporada de Lucifer adiciona mais um personagem: Eva (Inbar Lavi), a esposa de Adão. Depois de passar milhares de anos na Cidade de Prata, ela decide descer para a Terra com o objetivo de se divertir e encontrar o seu ex-namorado, Lucifer, estando decidida a reviver os velhos tempos do Jardim do Éden ao lado dele. É nesse perspectiva que a série cria um contraponto interessante: enquanto Chloe humaniza Lucifer e o torna mais humano e sensível, Eva quer que ele aja como o Diabo de antigamente, que causava problemas e destruição por onde passava. O triângulo amoroso logo mostra-se mais complexo do que o habtual. Não se trata apenas de romance, mas também em como isso reflete diretamente na personalidade de Lucifer, que faz o possível para tentar agradar ambas. Durante esse processo de tentar ser divertido, da maneira que Eva deseja, e trabalhar conforme a lei e as regras, como Chloe gosta, ele acaba negligenciando ambas e não conseguindo agradar satisfatoriamente nenhuma delas.
A quarta temporada de Lucifer vai mais longe que as outras e explora ainda mais a personalidade de seu personagem título, chegando ao fundo de seus problemas e fazendo-o perceber qual a origem de sua personalidade errática. É graças a redução de episódios que os acontecimentos encontram lugar para serem mais dinâmicos e terem menos enrolação, ainda que conte com a sua habitual dose de vulgaridade e comédia, com personagens que tem a oportunidade de um desenvolvimento muito mais trabalhado. O novo ano do programa ainda toca em alguns assuntos importantes, como o processo de perder a fé e o racismo. Pela primeira vez em toda sua existência, Amenadiel sendo o peso, na pele, do que é ser negro nos Estados Unidos (e no mundo), fazendo-o questionar a humanidade e se de fato a Terra é um local tão bom e seguro como ele idealizava. Enquanto isso, Ella encontra-se em um obscuro momento de sua vida, quando passa a duvidar da existência divina e coloca sua fé de lado, algo que a definiu até então. É possível afirmar, com tranquilidade, que a quarta temporada é a melhor de todas até o momento. Os episódios são bem construídos, os personagens bem desenvolvidos e os arcos bem elaborados e desenrolados. Resta apenas saber se a Netflix vai ou não renovar a série para uma quinta temporada – não é difícil de ver que a produção tem um grande potencial a ser explorado. A história de Lucifer não acabou e nós temos muito o que ver e descobrir. //
ASSISTA
LUCIFER NA NETLIX.
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Duelo Feminino por
carolina cassese
diagramação
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vics
U
m verdadeiro jogo de gato e rato. Essa é uma das maneiras de definir KILLING EVE, uma das melhores séries do último ano. A produção da BBC America, centrada na relação da detetive Eve Polastri (Sandra Oh) e da serial killer Villanelle (Jodie Comer), estreou sua segunda temporada no dia 7 de abril. Entre os dois anos, não há abismo temporal: o primeiro episódio se inicia logo após o desfecho da temporada anterior. Já nos capítulos iniciais é possível perceber que as protagonistas continuam no mesmo jogo, mas adição de uma nova peça, ou melhor, uma nova assassina misteriosa, é espertamente introduzida na trama. A nova equipe, liderada por Caroline (Fiona Shawn) e composta por Eve, Jess (Nina Sosanya) e Hugo (Edward Bluemel), vai para Londres investigar os casos. A troca de showrunner (na segunda rodada, Emerald Fennell substituiu Phoebe Waller-Bridge) é praticamente imperceptível, já que o ritmo e o excelente humor da primeira temporada se mantêm nos novos episódios. A produção consegue a proeza de retratar situações significativamente tensas com muitas pitadas de comédia sem que nenhuma delas pareça deslocada ou inadequada. A obsessão de Eve por Villanelle poderia facilmente parecer “forçada”, mas as interpretações brilhantes de Sandra Oh e Jodie Comer, em conjunto com a incrível construção de personagem da serial killer (que de fato é absurdamente sedutora), fazem a premissa funcionar.
Inspirada em Villanelle, uma saga de livros de Luke Jennings, a série acumula prêmios importantes. Em 2018, Killing Eve foi indicada ao Globo de Ouro na categoria Melhor Série Dramática e Sandra Oh levou o prêmio de Melhor Atriz em Série Dramática. Na edição 2019 do BAFTA, prêmio inglês, a produção levou três troféus: Atriz Coadjuvante para Fiona Shaw, Melhor Atriz para Jodie Comer e Melhor Série Dramática.
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Imagens promocionais da segunda temporada de Killing Eve mostram Eve e Villanelle se encontrando mais uma vez (imagem acima), Eve e Caroline lidando com negรณcios (primeira imagem ao lado) e Eve com a sua forรงa tarefa para encontrar serial killers, formada por Kenny, Hugo e Jess, respectivamente da esquerda pra direita (segunda imagem ao lado). 52 | zint.online
Outro destaque de Killing Eve é a sua direção de fotografia, que apresenta uma paleta de cores fria e harmônica. Tanto a primeira quanto à segunda temporada são ambientadas em várias locações na Europa, o que faz com que a série fuja de cenários habituais (como Nova York e Los Angeles) e explore novos cantos. A trilha sonora e o figurino também não deixam a desejar, especialmente em se tratando das roupas de Villanelle (o que dizer daquele vestido rosa icônico?). A produção ganha também por ser atualizada com diversas discussões que estão em pauta nos dias de hoje. A forma com que Killing Eve subverte clichês machistas, dando espaço para as mulheres (especialmente Jodie Comer, Fiona Shawn e Sandra Oh) brilharem tanto que os homens de fato não passam de meros coadjuvantes na trama. Um dos melhores diálogos da segunda temporada ilustra bem a maneira que a série critica o sexismo e outros estereótipos. Eve, que é uma mulher asiática, está fazendo conjecturas
sobre a mais nova serial killer investigada. “Ela consegue passar por todos sem ser notada, ou seja, provavelmente não é uma mulher branca, já que…”. Em seguida, é interrompida por Hugo, um jovem homem branco que integra a equipe de detetives: “Por que você infere isso?”. Eve responde: “Justamente porque você acabou de me interromper”. Killing Eve ganha muito por não cair em maniqueísmos: o bem e o mal se entrelaçam e se confundem o tempo todo. Assim como Eve, o espectador provavelmente se pegará em algum momento torcendo e se divertindo com as maldades de Villanelle. E assim como a protagonista, o espectador provavelmente se sentirá um pouco culpado logo depois. Os personagens são repletos de nuances e passíveis de identificação. Por contar com um ótimo ritmo e apresentar novidades na medida certa, a segunda temporada da série alcança o nível da primeira e permanece intrigante. Não é a toa que a BBC America já anunciou a renovação de Killing Eve para a terceira rodada. Felicidade para nós que queremos assistir mais e mais desse jogo complexo dominado por duas mulheres tão incríveis. //
ASSISTA
KILLING EVE NA GLOBOPLAY.
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Leve e emocionante, Special conquista os espectadores por
diandra guedes
E
diagramação
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ngraçada, comovente e dinâmica, a série SPECIAL, escrita e estrelada por Ryan O’Connell, merece destaque dentre as produções originais da Netflix. Com apenas oito episódios em sua primeira temporada, a série funciona como aquele suspiro de alívio em meio a um dia chato. Os episódios curtos, que não chegam a 20 minutos de duração, são ideais para maratonar tudo em um dia só ou baixar para ir assistindo no caminho de volta pra casa. Além disso, a narrativa foge da banalidade ao tratar o tema da deficiência física do personagem principal de maneira natural e sem estereótipos. Na série, o protagonista e roteirista vive Ryan Hayes, um jovem com Paralisia Cerebral (PC), e que vê em um acidente de carro uma chance de mentir sobre sua condição. Ao entrar em um novo emprego, Hayes justifica suas limitações físicas como sequela de um atropelamento. Assim, ele encontra uma maneira de se desviar do vitimismo e dos olhares de dó de sua chefe e dos colegas de trabalho. É nesse ponto que a série acerta ao evitar o discurso de piedade tão embutido quando lidamos com pessoas com deficiências e/ou doenças crônicas.
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Filho de Karen (Jessica Hecht), uma mãe solteira super protetora, o protagonista enfrenta o desafio de conquistar sua independência e sair de casa. E é justamente quando ele deixa o ninho vazio que podemos ver outra faceta de sua mãe. Mais independente e com menos responsabilidades, ela se vê em uma posição de poder se entregar a uma nova paixão: um vizinho bonitão que acabou de se mudar para casa ao lado. É gostoso ver Karen se redescobrindo como mulher e não apenas como mãe de uma pessoa que necessita de tanta ajuda. E é interessante ver que embora tenha algumas limitações, Hayes se vira muito bem sozinho em sua nova casa. Um dos pontos mais interessantes de Special, no entanto, é acompanhar a luta do protagonista para sair do armário. Não do armário da orientação sexual, mas da paralisia cerebral. Há uma quebra de perspectiva quando vemos que Hayes tem mais dificuldade para se assumir como portador de PC do que como um jovem gay. Sua orientação sexual não é motivo para tabus ou preconceitos por parte de sua mãe, amigos ou até mesmo desconhecidos. Ao passo que o jovem não se sente desconfortável ao flertar com outros homens, o mesmo não acontece ao falar sobre sua condição física.
Uma das cenas mais comentadas da série é quando Hayes vai fazer sexo pela primeira vez e contrata um profissional. A cena que poderia ter sido vulgar é construída com sutileza, leveza e de forma delicada graças à boa direção. Ali temos uma narrativa que aborda os desejos sexuais de pessoas com PC fugindo do tradicionalismo, uma vez que a maioria dos textos tem enfoque apenas nas deficiências e/ou na superação. Nessa caminhada de autoconhecimento, o protagonista conta com sua amiga Kim (Punam Patel). Autêntica e engraçada, ela é uma mulher negra empoderada que escreve sobre a auto aceitação de seu corpo. A mulher é responsável pela maioria das cenas cômicas da série e deixa um gostinho de quero mais no espectador, criando a expectativa de que Kim seja mais explorada na próxima temporada que, segundo Ryan O’Connell, terá episódios de 30 minutos. Vale lembrar que Special tem produção executiva de Jim Parsons, o Sheldon de The Big Bang Theory (2007 – 2019), e é baseado no livro autobiográfico Eu Sou Especial: e Outras Mentiras que Contamos Para Nós Mesmos, em tradução literal, escrito por O’Connell. Special é uma novidade leve e empolgante da Netflix, que com um divertido ano de estreia encerra com a promessa de uma boa segunda temporada, aprofundando mais nos personagens secundários e explorando ainda mais a jornada de independência e aceitação de Ryan Hayes. //
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SPECIAL NA NETLIX.
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AMiZADE DOLORiDA: DOMINAÇÃO SEM TABUS por
deborah almeida
e você estivesse precisando de dinheiro, aceitaria virar assistente de uma dominatrix que também era sua melhor amiga na escola? É nessa situação que Pete (Brendan Scanell) se encontra, quando recebe uma proposta bem inusitada de Tiff (Zoe Levin). Essa é, também, a premissa de AMIZADE DOLORIDA, nova série original da Netflix. Uma das maiores virtudes da produção é a dinâmica entre os dois personagens, que se torna interessante ao ser trabalhada de forma que ambos ficam bem juntos tanto no lado social quanto nessa nova atmosfera de trabalho. Pete é um aspirante a comediante, porém seus sonhos ficam bem distantes por conta de sua insegurança. Em contrapartida, Tiff é uma estudante de pós-graduação bem segura de si e do seu trabalho pouco convencional. 56 | zint.online
diagramação
vics
A graça de Amizade Dolorida está na forma de abordar o trabalho de dominatrix, sem qualquer tabu e como se fosse uma profissão bem comum. Pete é exposto a situações bem excêntricas, envolvendo humilhação e tortura, por exemplo, e precisa agir com os clientes como se fosse absolutamente normal. Todo o contexto de roupas de couro e amarrações, abordado de maneira cômica e que não beira ao erotismo, deixa tudo bem engraçado. Mas é preciso ter uma mente aberta – segundo a produção, o objetivo da série é justamente quebrar todo esse tabu que existe por trás da prática de dominação e submissão. O enredo é desenvolvido de forma rápida, uma vez que os episódios têm menos de 20 minutos e a primeira temporada tem apenas sete episódios. Porém, o roteirista e diretor Rightor Doyle, conseguiu, mesmo que em pouco tempo, abordar questões psicológicas dos personagens e ainda fazer com que evoluíssem a cada episódio. Por
isso, tudo acontece de forma ágil, mesmo que ainda seja interessante ver o envolvimento de Pete e Tiff entre si e com outras pessoas. Pela duração do programa, a apresentação e desenvolvimento deles é muito boa, apesar de deixar um gostinho de “quero-mais”. Um tópico importante de ser abordado é que, apesar de o protagonista ser gay, a série não gira em torno de suas inseguranças em relação à orientação sexual. Pete tem sim muitas questões pessoais a serem resolvidas, mas ser gay não é algo que o afete e ele é bem resolvido com isso. Ele é uma pessoa relativamente frágil no sentido emocional, mas não por ser gay. Pontos para a produção. Amizade Dolorida é uma série boa de assistir, principalmente para quem gosta de programas rápidos e que não exijam grandes reflexões
Não confunda dominatrix com prostituta! Dominatrix é o papel da mulher como mestre ou dominadora da prática de BDSM. Na série, Tiff é contratada para tratar seus clientes como submissos, não tendo relações sexuais com eles. A série é baseada em fatos reais! Apesar de ser ficcional, o diretor afirmou que já ajudou uma amiga que também era dominatrix.
ou atenção. Contudo, a trama é bem arriscada, uma vez que a comédia é baseada em práticas de bondage/ BDSM – e nem todo mundo consegue ver graça nisso. Não é sexual, mas, sendo uma comédia para adultos, não é leve de assistir. Ainda não foi confirmada a segunda temporada da série, mas quem sabe o público não dá uma chance para esse tipo de produção? //
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AMIZADE DOLORIDA NA NETLIX.
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Tuca & Bertie: DOS CONTRASTES ÀS METÁFORAS
por
giovana silvestri
Na primeira sexta-feira
de maio estreou na Netflix o desenho animado TUCA & BERTIE, com direção de Lisa Hanawalt. A nova produção explora contrastes e metáforas a partir de duas personagens principais, que retratam críticas em um enredo que além de cômico, é leve. Com dez episódios de aproximadamente 30 minutos, a produção é passível de comparação à BoJack Horseman, já que Lisa foi responsável pelos desenhos em BoJack. A comédia de Hanawalt é leve, encantadora e crítica, criada por uma mulher, sobre mulheres e para mulheres se identificarem de alguma forma com as
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diagramação
vics
situações que as protagonistas se encontram – não apenas as que envolvem machismo e relações afetivas, mas também dúvidas da vida adulta, problemas familiares e temas polêmicos. Na mesma pegada que BoJack, a nova série se passa em uma cidade, Bird Town, onde animais antropomórficos vivem junto à plantas e objetos que ganham vida nesse universo. Além disso, a criadora optou por focar em duas mulheres não-brancas: Tuca, cuja dubladora é a atriz e comediante Tiffany Haddish, e Bertie, com voz da humorista Ali Wong. A primeira é uma mulher negra, e a segunda uma mulher de descendência vietnamita. Tuca é uma tucano fêmea hiperativa, positiva e entusiasta com as pequenas e simples
coisas da vida, segura e confiante, sempre tentando deixar todos alegres. Por outro lado, é despreocupada, irresponsável e parece nunca ter saído dos 16 anos de idade, por mais que já esteja na casa dos 30. Amiga fiel de Tuca, Bertie é uma ave canora tímida, responsável e sonhadora, apaixonada por confeitaria e sempre idealiza ter sua própria padaria. Seu contra-partido é a insegurança e ansiedade, às vezes tendo crises que a paralisam de sair de casa, impedindo-a de viver um dia normalmente. Essa amizade é cheia de contrastes e reafirma o clichê tão conhecido pelas produções audiovisuais: os opostos se atraem. Tuca & Bertie começa quando as duas amigas não vão mais morar juntas, já que Bertie opta por morar com o namorado, Speckles (Steven Yeun), e Tuca precisa se mudar para o andar de cima do mesmo prédio. Com a premissa simples, o que mais encanta no desenho é conseguir usar os contrastes da amizade e de metáforas para tratar de questões femininas de forma leve,
engraçada e autêntica, sem banalizar às situações ao levantar críticas sociais. O uso de palavras que flutuam após serem ditas, as reações exageradas dos personagens e as transformações que sofrem como “perder” e “ter de volta” uma parte do corpo, como se fosse algo normal, são algumas das várias metáforas criadas. São formas de enfatizar algumas situações, palavras e reações, que além de gerar humor, causam impacto e persuadem o telespectador. Embora parecam apenas recursos singelos do desenho para nos fazer rir, Tuca & Bertie prioriza e levanta problemáticas sem esforço, fazendo o público refletir sobre. Abuso sexual, machismo, invisibilidade feminina dentro do mercado de trabalho, insegurança e ansiedade paralisantes, alcoolismo, traumas de infância e relacionamentos problemáticos, são algumas das várias questões retratadas pelo programa. O desenho consegue trazer, com humor, leveza e consciência, fazer as suas críticas e trazer resoluções para os temas levantados. Tuca & Bertie é uma série que apresenta uma nova proposta, indo além do cômico e adionando contrastes e metáfora que persuadem, criticam e ressaltam questões que podem parecer o “fim do mundo” ou “impossíveis” de se resolver. E a cada fim de episódio percebemos com as duas personagens que, apesar dos pesares, a vida é bem mais leve do que pensamos. //
ASSISTA
TUCA & BERTIE NA NETLIX.
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por
bruna curi
diagramação
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O inevitável fim de
SHADOWHUNTERS
A
daptar livros de fantasia para produtos televisivos e cinematográficos é um grande desafio. Um exemplo disso é o filme Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos (2013), que procurou retratar o universo dos Caçadores de Sombras criado por Cassandra Clare. Apesar dos esforços, a repercussão da película não foi das melhores e a continuação dessa história acabou não acontecendo. Contudo, a vontade de adaptar a história criada por Cassandra persistiu, e em 2015 a rede de televisão americana Freeform anunciou que a produção de uma série baseada na saga d'Os Instrumentos Mortais. Em janeiro de 2016, SHADOWHUNTERS foi ao ar pela primeira vez. A premissa é focada na vida de Clary Fray (Katherine McNamara), uma garota aparentemente comum e normal. Em seu aniversário de 18 anos, ela descobre fazer parte do mundo dos Caçadores de Sombra, humanos que tem sangue angelical e são os responsá-
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veis por manter sob controle as coisas no Mundo das Sombras, habitado por feiticeiros, lobisomens, fadas, vampiros e demônios. Assim, eles lutar contra os demônios e tentar manter a paz entre os outros seres desse Submundo. MUNDO DAS SOMBRAS A primeira temporada de Shadowhunters foca em Clary descobrindo e se adaptando a esse novo mundo junto ao seu melhor amigo, Simon Lewis (Alberto Rosende), e seus novos amigos, os Caçadores Jace Wayland (Dominic Sherwood), Alexander “Alec” Lightwood (Matthew Daddario) e Isabelle “Izzy” Lightwood (Emeraude Toubia), e o feiticeiro Magnus Bane (Harry Shum Jr.). Ainda, o primeiro ano também retrata os dramas de Valentine Morgenstern (Alan Van Sprang), pai de Clary e líder de um grupo rebelde de Caçadores de Sombras, que se opõem às regras e leis impostas pela Clave – o coletivo político composto pelos Caçadores de Sombras, responsável por aplicar as leis e tomar as decisões para manter a
ordem e a paz. Ao mesmo tempo em que Shadowhunters se baseia na saga de livros criada por Cassandra Clare, os produtores tomaram a liberdade para criar novos enredos para os personagens. Uns exemplos dos acontecimentos criados exclusivamente para a série são a morte da mãe da Clary, Jocelyn Fairchild/Fray (Maxim Roy), o quase casamento de Alec com Lydia Branwell (Stephanie Bennett) e o relacionamento entre Izzy e o vampiro Raphael (David Castro). Ainda, Magnus perdendo e recuperando seus poderes e o relacionamento entre Maryse Lightwood (Nicola Correia-Damude) e Luke (Isaiah Mustafa) são eventos não presentes no cânone. Consequentemente, com materiais inéditos e que, em alguns casos, dão outro caminho à narrativa do material base, muitos do fãs não gostaram das mudanças, reprovando-as. A expectativa, para alguns, era um conteúdo mais fiel aos livros de Clare. CANCELAMENTO Em junho do ano passado, a Freeform anunciou o cancelamento da série após a ter-
ceira temporada. Segundo Kary Burke, a vice-presidente executiva de programação do canal, essa foi uma decisão tomada por razões econômicas. Em uma entrevista realizada no ano passado, ela afirma: “Nós tentamos muitas coisas, mas no final das contas, não conseguimos fazer o orçamento funcionar”. O cancelamento de Shadowhunters refletiu no rumo que a série tomou ao longo da terceira temporada, com o desenrolar acelerado e acontecimentos corridos. A parte B do último ano começa desenvolvendo a ligação entre Clary e seu irmão Jonathan (Luke Baines), uma vez que foram ligados um ao outro através de uma runa criada por Lilith. Paralelamente à estes acontecimentos, Magnus está tentando lidar com a perda de seus poderes e de sua imortalidade e Simon precisa se livrar da Marca de Caim. De forma geral, a resolução dos problemas desta temporada final é muito corrida, levando ameaças e inimigos a serem derrotados com grande facilidade e agilidade. A trama é corrida, o desenvolvimento de determinados personagens deixa a desejar e alguns dos efeitos especiais continuam ruins. Embora haja pontos positivos, como o desenvolvimento de Alec e Magnus que, ao longo de idas e vindas, tiveram vários momentos emocionantes, de uma forma geral o último ano da série é decepcionante em diversos aspectos. Mas mesmo com o final inevitável e o mix de momentos bons e ruins, Shadowhunters vai deixar saudades para os fãs da série. //
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SHADOWHUNTERS NA NETLIX.
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NOTA DO COLAB: ESTE TEXTO CONTÉM LEVES SPOILERS.
A Gotham de Jim Gordon texto e diagramação
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vics
D
entre todos os super-heróis já criados, o Batman é, possivelmente, o personagem que mais rendeu adaptações de seu universo, seja para a TV ou para o cinema. Não importa se o produto em questão vai ser estrelado por Bruce Wayne (como a série original e a trilogia dirigida por Christopher Nolan), por seus coadjuvantes (as vindouras séries Pennyworth e Batwoman) ou seu extenso time de vilões (os filmes Mulher-Gato e Esquadrão Suicida ou a série e futuro longa Aves de Rapina). O ponto é que é raro passarmos muitos anos sem algo relacionado ao Morcegão na mídia mainstream. E é graças a esse infinito ciclo que temos GOTHAM. Como uma espécie de prelúdio para o legado do Batman, Gotham foca sua história na juventude de James “Jim” Gordon (Ben McKenzie). Ainda como um detetive qualquer do Departamento de Polícia de Gotham City (GCPD, na sigla original), muitos anos antes de se tornar Comissário, Gordon se vê inserido em uma Gotham extremamente corrupta e deixada para os bandidos, precisando encontrar caminho pra justiça até mesmo dentro de sua área de emprego. Ao lado de Harvey Bullock (Donal Logue), um policial já
nos anos finais de trabalho e acomodado com a atual situação da cidade, os dois logo estarão envolvidos no centro da mitologia que abre o procedente para a criação do Homem-Morcego. Aos poucos, Gotham vai apresentando não só Jim Gordon, um jovem homem idealista e “pé no saco”, mas também as origens de certos heróis e vilões já conhecidos pelos fãs. Aqui entram não só Bruce Wayne (David Mazouz), Alfred Pennyworth (Sean Pertwee), Selina Kyle/Mulher-Gato (Camren Bicondova), Oswald Cobblepot/Pinguim (Robin Lord Taylor) e Edward Nygma/ Charada (Cory Michael Smith), mas também Don Falcone (John Doman), Jonathan Crane/ Espantalho (Charlie Tahan / David Thompson), Ivy/Hera Venenosa (Clare Foley / Maggie Geha / Peyton List), Ra’s al Ghul (Alexander Siddig), Solomon Grundy (Drew Powell), Bane (Shane West), Harvey Dent/ Duas Caras (Nicholas D’Agosto), Victor Zsasz (Anthony Carrigan), e, claro, o Coringa (Cameron Monaghan, que entrega uma atuação monstruosa e cheia de nuances). E assim como esses personagens, outros aspectos da mitologia ganham espaço, como é o caso da Mansão Wayne, o hospital psiquiátrico Arkham Asylum, a Liga das Sombras e a Corte das Corujas.
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E por se tratar de versões 15 anos mais jovens, conhecemos, por exemplo, um Gordon um pouco menos carismático e mais cabeça dura, um Bruce Wayne por vezes chato e mimado e um Pinguim não muito confiante e constantemente alvo de chacota. Mas também temos a oportunidade de ver esses personagens crescerem e se tornaram aquilo que estamos acostumado, com atores que trazem suas próprias personalidades e identidades para heróis e vilões saturados na televisão e no cinema. O NASCER DA TRAMA Ao longo de cinco temporadas sob tutela da FOX, Gotham trabalha muito bem com o mundo que tem em mãos. Personagens bem construídos e vilões carismáticos dão vida à um universo sombrio e sujo, cheio de violência e de corrupção, com um toque de melancolia e vários respiros de humor. É interessante perceber que, mesmo tratando-se de uma série baseada em quadrinhos, com personagens que muitas vezes são metahumanos, Gotham sempre mantem-se “pé no chão”, explorando uma realidade mais próxima da real possível, onde pessoas com super-poderes não exis-
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tem. Aqui, qualquer super é, na verdade, o resultado de uma ciência de fronteira, bastante mirabolante, capaz de presentear essas pessoas com habilidade fora do normal.
Da esquerda pra direita, os personagens da quinta temporada: Bárbara Kean, Eduardo Dorrance/ Bane, Edward Nygma/ Charada, Alfred Pennyworth, Oswald Cobblepot/Pinguim, Leslie “Lee” Thompkins, James “Jim” Gordon, Bruce Wayne/Batman, Lucius Fox, Jeremiah Valeska/Coringa, Harvey Bullock e Selina Kyle/Mulher-Gato.
Com uma boa recepção da crítica especializada, a série não foge muito do mal de possuir 22 episódios por temporadas. No entanto, eventualmente os roteiristas acabam encontrando um jeito de contornar isso quando, a partir do segundo ano,
passam a dividir a trama em duas partes. A decisão dá a eles a oportunidade de dar início e fim a determinados arcos e manter uma qualidade narrativa mais comum em séries limitadas, além de poder focar em certos aspectos deste universo.
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O segundo ano de Gotham foca, por exemplo, na introdução e no crescimento dos vilões, com os subtítulos “Nascer dos Vilões” e “Fúria dos Vilões“. A terceira, em contra partida, mostra as consequência dessa ascensão com a “Cidade Louca” e em como isso resulta no “Nascimento dos Heróis“. O desenvolvimento segue com “A Noite Escura“, para o quarto ano, e, finalmente, o derradeiro “Lenda do Cavaleiro das Trevas“. Tudo, é claro, para poder dar um pouco mais de background em quais foram as situações que criaram, por exemplo, o Comissário Gordon e o Batman, e o elo de confiança que há entre eles. FÚRIA DOS ATORES O quinto e último ano eleva a qualidade da série, claramente mais madura e mais focada – afinal, de 22 episódios, passamos a ter apenas 12. Ben McKenzie ganha espaço para entregar um Jim Gordon mais leve, embora ainda bastante punho firme quanto à sua jornada por uma Gotham livre de corrupção. O personagem é capaz de encontrar os pequenos deleites da vida e balancear bem a sua esfera profissional e pessoal, que gere, por exemplo, Bárbara Gordon (Jeté Laurence), a futura Batgirl. David Mazouz também cresce, não só fisicamente, e seu Bruce Wayne deixa de ser um garoto chato e adota mais características do jovem que carrega o peso do mundo nas costas e ainda é assombrado pela morte precoce de seus pais, tendo em Alfred Pennyworth uma figura paterna,
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um segurança e um melhor amigo. O time de boa atuação segue com, praticamente, todo o elenco do arco principal. Donal Logue mostra um crescimento absurdo como Harvey Bullock, deixando de ser um velho rabugento para se tornar o braço direito extremamente fiel de Gordon, muitas vezes servindo como um alívio cômico da série. Camren Bicondova é um monstro como a jovem Selina Kyle, dando uma personalidade própria para a Mulher-Gato e sendo um importante pedaço do girl power presente na produção. Robin Lord Taylor é simplesmente hilário e genial como o Pinguim, com um Oswald Cobblepot que começa como uma tímida e auto-consciente lagartixa e acaba virando uma arrogante e egocêntrica borboleta em ternos de tons roxos e pretos. Cory Michael Smith segue um caminho muito semelhante ao seu parceiro do crime e traz um Edward Nygma, o Charada, que, aos poucos, vê em sua mania por charadas uma personalidade mais ambígua e passa a ser esse maníaco do “o que é o que é” em ternos verde-esmeralda brilhante.
É no meio desses personagem que Gotham merece aplausos por conseguir imprimir seu próprio capítulo dentro deste universo tão conhecido e redondo. Bárbara Kean segue um caminho diferente daquele já conhecido nos quadrinhos. A personagem deixa de ser apenas a esposa de Gordon e assume um gigantesco protagonismo dentro da série que, no começo, faz o público se perguntar se ela seria a Harley Quinn do programa. Mas Erin Richards vai além e ganha um papel para chamar de seu, dando vida à uma Bárbara que vai do 0 a 100 em um tapa – e você vai odiá-la em uma cena, e amá-la na seguinte. Até a brasileira Morena Baccarin tem sua chance de brilhar, em uma personagem sem grandes protagonismos nos quadrinhos, mas que na série ganha trama suficiente para quatro temporadas. Lee Thompkins é uma inteligente doutora, que começa pura, passa por um momento um pouco sombrio, e acaba reencontrando sua real vocação para o bem. Ao final, 100 episódios são o suficiente para Gotham poder dar um ponto final satisfatório em sua história – embora seu último episódio soe um pouco corrido demais para o gosto dos fãs. De um jeito ou de outro, o frescor apresentado pela série deixa um legado sólido e faz seus espectadores criarem um vínculo capaz de deixar saudades. //
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GOTHAM NA NETLIX.
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