EDIÇ ÃO # 7 // DEZ MEL EMB HOR RO 2 ES 017 DO ANO
editorial;
A revista chega na sétima Edição trazendo o Melhores do Ano, uma lista com os maiores highlights do ano de 2017 no mundo do Entretenimento e Cultura Popular, além de listas individuais de alguns dos nossos Colaboradores e suas respectivas escolhas. A ZINT #7 traz matérias de Cassandra Clare, Eminem, Chico Buarque, The Handmaid’s Tale, Dark, IZA e Star Wars: Os Últimos Jedi. O Guia do Entretenimento traz três novas palavras pra você aprender, enquanto o Calendário Cultural conta com mais de 40 lançamentos para o mês de Janeiro, como o lançamento do esperado álbum de estreia de Camila Cabello e a animação da Disney “Viva - A Vida é uma Festa”. Aproveitem!
A ZINT é uma revista mensal e gratuita voltada às áreas de Arte, Entretenimento e Cultura, em formato de publicação digital. Acreditamos na nossa independência editorial e esperamos que, dentro dos mais variados formatos de textos, possamos trazer alguma abordagem inventiva ou inédita aos assuntos que permeiam o campo do jornalismo cultural.
João Dicker & vics
Editores-chefes e idealizadores da ZINT
O QUê QUE A ZINT TEM? Aproveitando das possibilidades de uma publicação online, a revista conta com algumas interações bem legais. Para que nenhum leitor fique sem usufruir 100% do oferecemos, um manual de como funciona a ZINT.
Com uma publicação online, as possibilidades de interações são promissoras. Usando a plataforma digital ao nosso alcance, a revista pode sempre vir acompanhada de objetos interativos. A
ZINT
aproveita de todos esses recursos, e você pode usufruir de tudo de uma forma bastante simples e rápida. Capítulos
Em primeiro lugar, é interessante apontar que a revista funciona por Capítulos. As barras laterais correspondem ao capítulo correspondente: Laranja para Literatura, Roxo para Música, Azul-Céu para Séries, Verde-Grama para Filmes, Azul-Marinho para Tirinhas, Verde Água para Playlists, e, claro, Amarelo para Capa. Assim, fica fácil identificar o tipo de conteúdo em que você se encontra.
Vídeo e Áudio
Com uma revista de Entrenimento e Cultura em mãos, é simplesmente impossível não relacionar as matérias com um conteúdo digital. Um vídeo, um filme, uma música, uma playlist. No papel físico, tais interações são impossíveis de serem atingidas por motivos óbvios. Mas digitalmente, tudo é muito fácil. Toda vez que um matéria vier com qualquer tipo de conteúdo de Vídeo/Áudio, a imagem de destaque virá acompanhada de ícones correspondentes, como a ícone vermelha do Youtube. Se a matéria tiver mais de um conteúdio audiovisual, cada imagem disponível ao longo da matéria terá os mesmos ícones. Basta passar o mouse ou o dedo por cima da imagem, que ela se mostrará como um link. Clique, e seja redirecionado para o conteúdo! No caso de vídeos únicos (e não em playlist), o player será aberto dentro da própria revista, não interferindo na sua experiência.
Links
Além do conteúdo audiovisual principal, as vezes as matérias contém inúmeros outros links de Vídeo/ Áudio, tornando difícil colocar ícones para todos. Também acontece de uma matéria ter um link para outra matéria. Para isso, foi criado uma forma bem fácil de identifica-los: todos os links são sublinhados. O sublinhamento tem o efeito do marca-texto, parecendo que aquela parte do texto foi, de fato, destacada por um. Esta é a identificação de um link; uma linha grossa em Amarelo, a cor oficial da revista. Rodapé
O easter-egg da revista. No rodapé de cada página de matéria, no mesmo lugar da paginação, o zint. online sublinhado também é um link. Neste caso, ele leva para a versão correspondente da matéria no site, em formato blog. //
IDEALIZADORES
colab
DESENHO
colab
DIAGRAMAÇÃO
LI GA DO S S U PEr AMIGOS
|
colabs
TEXTO
idealizadores; joão dicker, vics
em ordem alfabética, da esquerda para a direita
eq uipe da edição
desenho; rafael rallo diagramação; maria nagib, samuel lima, thales assis, victoria cunha texto; adan, bárbara lima, bruna curi, carolina cassese, jader theophilo, laísa santos, roberto barcelos, ruth berbert // joão dicker, vics
CALENDÁRIO CULTURAL 02 QUA.
03
qui.
Sonhos Refletidos
qui.
A Forma da Água
the x files
qui.
O Estrangeiro
para playstation
de Stefany
qua.
03 qui.
04
O TOURO FERDINANDO
Past Cure
ter.
4 e Xbox One
Vaz e Fabiane Ribeiro
11ª temporada
11 11
The Shape of Water
11
The Foreigner
Jumanji: Bem-Vindo à Selva
Viva: A Vida é uma Festa QUi.
CAMILA
álbum de CAMILA
CABELLO
sex.
12 qui.
04
12
O Mau Exemplo de Cameron Post Emily M. Danforth
Crashing
sex.
Apaixonada Por Um Highlander
sex.
Me Chame Pelo Seu Nome
dom.
Brimundo - O Maior Boi do Mundo
ter.
99 Dias: 1 Complicado Amor de Verão
ter.
Street Fighter V Arcade Edition
ter.
Amantes Modernos
qua.
american crime story
Estamos Todos Completamente Transtornados de Karen Joy Fowler
qui.
05 05 09 09 ter.
09 2018
de Maya
de André
de Katie
Aciman
Cotugno
de Emma
JAN
Banks
Straub
FEV
dom.
14 14 16 17
2ª Temporada
de Celso
para pC
e Playstation 4
2ª Temporada
Correndo Atrás de um Pai
18 MAR
Sisto
ABR
MAI
JUN
a agenda traz as datas dos principais lançamentos e estreias do mês de JANEIRO para as áreas de FILMES, MÚSICA, SÉRIES, JOGOS e LITERATURA.
qui.
Me Chame Pelo Seu Nome
qui.
Gaby Estrella
qui.
Sobrenatural: A Última Chave
18 18 18
Maze Runner: A Cura Mortal qui.
25
sex.
Ni No Kuni II: Revenant Kingdom
qui.
Peixonauta - O Filme
sex.
Mais escuro
qui.
The Post - A Guerra Secreta
Mania
qui.
A Melhor Escolha
Primal Heart
qui.
A Repartição do Tempo
19
para playstation
19
de E.L.
sex.
19
álbum de Fall
sex.
19
25
4
25
James
25
Out Boy
25
álbum de Kimbra
Grace and Frankie
sex.
Dragon Ball Fighter Z
sex.
A Lady de Lyon
sex.
Monster Hunter World
26
4ª Temporada
para PC,
26 sex.
26
19 seg.
22
A Magia do Inverno
sex.
Lost Sphear
ter.
de Tahereh
ter.
23 JUL
para Nintendo
30
Switch, PC e Playstation 4
AGO
SET
álbum de Julie
para PC,
OUT
Garwood
Playstation 4 e Xbox One
VoiceNotes
26
Mafi
Playstation 4 e Xbox One
álbum de Charlie
Puth
Dissidia Final Fantasy NT para Playstation
nov
DEZ
4
2019
dicionário // guia do entretenimento
Não é todo mundo que está imerso no mundo do entretenimento, ficando sem entender alguns (ou vários) dos termos utilizados pelas pessoas da área. E as vezes, até mesmo quem está inteirado, pode acabar desconhecendo alguma palavra do meio. Por essa e outras, a ZINT se prontificou a explicar alguns dos termos utilizados no mundo do entretenimento, em todas as áreas que a revista cobre. Mês a mês, novas palavras irão figurar por aqui, de acordo com as matérias que forem publicadas e os termos que as mesmas apresentarem. Ficar fora da conversa? Nunca mais!
F R AN C HISE franquia // assim como já estabelece a tradução, FRANCHISE são as famosas franquias cinematográficas e, geralmente, se estabelecem em filmes que possuem mais de duas sequências (três ou mais filmes) e/ou algum spin-off e/ou qualquer outro tipo de continuação em alguma área do entretenimento (jogos, séries de tv, livros). << Harry Potter, O Senhor dos Anéis e Star Wars são algumas das maiores franquias do cinema, possuindo diversos filmes, spin-offs cinematográficos, livros, jogos, audiobooks, etc. >>
L EAD SING LE carro-chefe // o carro-chefe é o primeiro single a ser lançado de um álbum, servindo para introduzi-lo e preparar as pessoas para o que está por vir. geralmente, o estilo musical do LEAD SINGLE é uma prévia do estilo musical que será abordado no álbum. em diversas situações, devido o baixo desempenho nos charts, o carro-chefe pode acabar virando apenas um single promocional.
<< Para o novo álbum, “Revival”, o rapper Eminem teve como lead single a faixa “Walk on Water”, contando com a participação da cantora Beyoncé. >>
Cliffhanger gancho // o cliffhanger é um artifício utilizado para prender o telespectador de uma série, estando presente nos momentos finais de um episódio. o gancho é um acontecimento importante para a trama, cujas consequências não são mostradas no episódio, afim de fazer com que as pessoas sejam forçadas a esperar o próximo capítulo para poder saber o que aconteceu de fato. é um artifício mais comumente utilizados nos episódios que antecedem algum hiatus e/ou nos de finais de temporada. << No final da primeira temporada de Grey’s Anatomy, o cliffhanger da série é a chegada de Addie Montgomery-Shepherd, esposa de Derek. Meredith tem total desconhecimento de sua existência, ou até mesmo de que Derek é casado. >>
ME LHO RES DO ANO
a última edição do ano com os g randes highlights de 2017
pág.
52 pág.
32
pág.
42
pág.
76
SUMÁRIO [
literatura p.16
[
]
capa p.52
]
Melhores do Ano
O fenômeno criado por Cassandra Clare
Equipe da Revista ZINT
Bruna Curi
p.70
Listas Individuais
[
música p.24
]
Adan, João Dicker, Laísa Santos e vics
[ filmes ]
O renascimento de uma lenda Ruth Coelho p.28
Caravanas em Belo Horizonte Carol Cassese p.30
Roger Waters: “Us+Them” passa pelo Brasil Bárbara Lima p.32
IZA: negra, feminista, cantora e a aposta de 2018 Jader Theophilo
[ séries ]
p.76
A Força está conosco João Dicker p.86
O Expresso do Oriente de Branagh Carol Cassese p.88
O ponto de impacto entre o subversivo e o cotidiano Roberto Barcelos p.92
Os 20 anos de Titanic, o navio dos sonhos Bruna Curi
p.36
O poder do tempo em “Dark” Laísa Santos p.38
Outlander: um amor através dos séculos
[
tirinhas p.100
]
Bigode
Bruna Curi
Rafael Rallo
p.42
O sucesso de Lady Night Bruna Curi p.46
O (não tão distante) pesadelo de The Handmaid’s Tale Carol Cassese
[
playlists p.104
]
Todas
Equipe ZINT
SUMÁRIO
[
literatura
]
O fenômeno criado por Cassandra Clare // TEXTO
Há
Bruna Curi
10 anos, no dia 27 de março de 2007, a escritora Cassandra Clare publicava City of Bones (Cidade dos Ossos, em português), o primeiro livro da saga Instrumentos Mortais, que até então havia sido pensado como uma trilogia. O livro superou as expectativas e em menos de um mês de venda alcançou uma segunda edição, entrando também na lista dos mais vendidos do jornal New York Times. O livro apresenta a história da adolescente Clarissa Fray, ou simplesmente Clary. Ela vive em um apartamento no Brooklyn, Nova York, junto de sua mãe Jocelyn e nunca conheceu o seu pai, visto que ele morreu em um acidente antes dela nascer.
// diagramação
Maria Nagib
Clary leva uma vida normal, sem imaginar que sua mãe esconde segredos sobre seu passado e que o seu mundo não é o que parece ser. A mudança na vida de Clary acontece em uma noite qualquer, quando ela resolve sair junto de seu melhor amigo Simon Lewis. Os dois vão a uma boate chamada Pandemônio, onde algumas coisas estranhas começam a acontecer: ela avista alguns jovens misteriosos cheios de tatuagens, presencia um assassinato e, aparentemente, ela parece ser a única pessoa que consegue ver tais acontecimentos. A partir daí a vida de Clary vira de cabeça para baixo. Tudo começa com o repentino sequestro de sua mãe, Jocelyn, causado pelos segredos do passado que ela escondia. Como se essa situação já não fosse caótica o suficiente, Clary acaba reencontrando com um
M ur al r eun in do as tr ês capas da tr ilo gia. Da esquer da pr a d i r ei ta: P r ín cipe M ecân ico, P r in cesa M ecân ica e An jo M ecân ico
dos jovens misteriosos da boate. O nome dele é Jace Wayland e ele tem muitas explicações a dar. O garoto conta, então, sobre os Caçadores de Sombras, também conhecidos como Nephilim, que são uma raça secreta de humanos, nascidos com sangue angelical, que tem por objetivo manter em ordem o Mundo das Sombras. Eles promovem a paz entre os seres do submundo (vampiros, feiticeiros, fadas, lobisomem), escondem esse mundo e seus habitantes dos mundanos, e matam os demônios nas horas vagas. Há quase mil anos os Caçadores de Sombras têm lutado contra as forças demoníacas, além de terem criado a sua própria cultura e civilização na sociedade humana. Clary descobre que ela faz parte dessa linhagem dos Caçadores de Sombras, assim como sua mãe, e sua vida não é tão comum quanto ela imaginava. No meio de todos esses segredos, traições e mentiras, acaba surgindo um problema ainda maior: um ex-Caçador de Sombras, traidor e inimigo da Clave (a instituição que governa todo o Mundo das Sombras), está em busca do Cálice Mortal (um dos tais Instrumentos Mortais) para poder criar o seu próprio exército de Caçadores de Sombras, o que pode colocar em perigo o Mundo das Sombras e os habitantes do submundo. 18| zint.online
Na época em que foi lançado, nos Estados Unidos, Cidade dos Ossos teve uma boa recepção da crítica. De acordo com a Publishers Weekly, o livro é “uma extensa fantasia urbana sobre todo o tipo de criatura conhecida no gênero”; uma resenha publicada no School Library Journal destacou que apesar da obra apresentar algumas falhas narrativas e personagens previsíveis, o livro é divertido e deixa os leitores ansiosos pela continuação; e a autora Kelly Link disse: “São Vampiros contra lobisomens em Harlem, enquanto sensuais caçadores de demônios rondam pelos clubes do Centro e cafeterias do Brooklyn - Cidade dos Ossos é uma épica fantasia urbana. Cassandra Clare é um gênio”. Publicado pelo Grupo Editorial Record, o livro Cidade dos Ossos chegou no Brasil em 2010 e não demorou muito para se tornar um sucesso de vendas. Em 2016, Cassandra Clare já havia vendido mais de 1,6 milhão de livros no Brasil e 36 milhões no mundo todo. O sucesso foi tanto que Instrumentos Mortais deixou de ser uma trilogia para se tornar uma saga, ganhando mais três volumes. Ao todo a coletânea é composta pelos volumes: Cidade dos Ossos, Cidade das Cinzas, Cidade de Vidro, Cidade dos Anjos
Caídos, Cidade das Almas Perdidas e Cidade do Fogo Celestial. Expansão do Universo Shadowhunter
Com uma legião de fãs conquistados, a autora se dedicou a escrever uma nova trilogia, um manual dos Caçadores de Sombra, dois livros de contos e uma saga (que ainda está sendo lançada) que explora um pouco mais esse universo criado por ela. A trilogia Peças Infernais (composta pelos livros Anjo Mecânico, Príncipe Mecânico e Princesa Mecânica) se passa na Londres Vitoriana, 10 anos antes da paz travada entre os Caçadores de Sombras e os integrantes do submundo. Muitos nomes das famílias tradicionais dos Caçadores de Sombras como, por exemplo, Lightwood e Herondale, que aparecem na série dos Instrumentos Mortais, também estão presentes nessa nova trilogia. Além disso, também há a participação do personagem Magnus Bane, o alto feiticeiro do Brooklyn, desempenhando um papel fundamental nos acontecimentos de Peças Infernais. O livro Códex dos Caçadores de Sombras é uma espécie de guia ilustrado para os leitores, baseado no livro homônimo na série, O Códex dos Caçadores de Sombra. O livro fornece muitos detalhes como as criaturas fantásticas, os lugares, os monstros, as novas runas e magias. É uma obra muito enriquecedora e cheia de detalhes sobre esse mundo criado por Clare. As Crônicas de Bane é um livro de contos que
reúnem 11 histórias que contam as aventuras vividas por Magnus Bane, o famoso feiticeiro que é muito amado pelos fãs da série. O livro explora o passado de Magnus, que em mais de 300 anos de existência, acumulou diversas aventuras e que também deixou alguns corações partidos. O livro foi escrito por Cassandra Clare e contou com a colaboração de Sarah Rees Brennan e Maureen Johnson. Contos da Academia dos Caçadores de Sombras é outro livro de contos escrito pela autor e que conta com a colaboração de Sarah Ress Brennan, Maureen Johnson e Robin Wasserman. A obra reúne 10 contos, todos conectados, que mostram a experiência de Simon Lewis na Academia dos Caçadores de Sombras. É relatado desde a sua chegada ao local, das aulas e dos treinamentos intensivos para se tornar um Caçador de Sombras até o momento da cerimônia de Ascensão (o processo através do qual mundanos tornam-se Caçadores de Sombras ao beber do Cálice Mortal). A saga Os Artifícios das Trevas é o mais recente trabalho da escritora no universo shadowhunter. Os livros se passam em Los Angeles, em 2015, cinco anos após os eventos de Cidade do Fogo Celestial (o último livro da série dos Instrumentos Mortais). Até o momento só foram lançados os livros Dama da Meia-Noite e Senhor das Sombras; foi confirmado que haverá terceiro livro chamado Queen of Air and Darkness (Rainha do Ar e da Escuridão, em tradução livre), mas ainda não há previsões de seu lançamento aqui no Brasil.
zint.online | 19
Ban n er prom oc i on a l do fi lme “Ci dade dos Os s os”. Da esqu erda p ra di re i ta : S i m o n, I zzy, Ale c, Jac e e Cl ary.
Adaptações
Em 2013 foi lançado o filme Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos, a adaptação cinematográfica do livro de mesmo nome da escritora. Dirigido por Harald Zwart (diretor do remake de Karate Kid) e estrelado por Lily Collins (Clary Fray), Jamie Campbell Bower (Jace Wayland), Robert Sheehan (Simon Lewis), Kevin Zegers (Alec Lightwood), Jemia West (Isabelle Lightwood) e Godfrey Gao (Magnus Bane), o filme foi um fracasso das bilheterias. De acordo com o site especializado BoxO-
20| zint.online
fficeMojo, Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos arrecadou mundialmente pouco mais que US$ 95 milhões, com um orçamento de US$ 60 milhões. Com esse resultado, a Constantin Films cancelou o início das filmagens da sequência que seria a adaptação do livro Cidade das Cinzas. Em 2015 foi anunciado que seria feita uma adaptação dos livros da Cassandra Clare para a televisão, desenvolvida por Ed Decter. Um ano depois, Shadowhunters estreou nos Estados Unidos, através da rede de televisão Freeform, antiga ABC Family. O elenco conta com os atores Katherine McNa-
mara (Clary Fray), Dominic Sherwood (Jace Wayland), Alberto Rosende (Simon Lewis), Matthew Daddario (Alec Lightwood), Emeraude Toubia (Isabelle Lightwood) e Harry Shum Jr. (Magnus Bane). A série toma liberdades criativas em relação a trama apresentada no livro como, por exemplo, o quase casamento do Alec com a Lydia Branwell (personagem criada par a série e interpretada por Stephanie Bennett), ou o fato da Isabelle ficar viciada em drogas a partir do sangue de vampiro. Contudo, alguns fãs não
gostaram tanto dessas mudanças, já que esperavam algo fiel as obras de Cassandra Clare. Apesar de uma resposta negativa dos críticos (o Metacritic deu uma classificação de 45/100, e o Rotten Tomatoes deu uma avaliação de 65), Shadowhunters conseguiu ser renovada para a terceira temporada, que contará com 20 episódios, e também se tornou a série mais assistida pela Netflix em Portugal. A série possuiu um material de origem popular, mas aos poucos foi conquistando o público, se tornando mais divertida e criando o seu próprio universo de fantasia. // zint.online | 21
[
música
]
O renascimento de uma lenda
D
epois de quatro anos, o rapper americano que mais vendeu discos na história, voltou aos estúdios para lançar Revival, composto por 19 faixas densas, Marshall Matters faz um balanço sobre sua carreira, lamenta mais uma vez suas falhas em família e, claro, exerce seu papel social expondo sua posição política frente ao atual presidente dos Estados Unidos. Antes do lançamento, no dia 15 de dezembro, Eminem já havia apresentado uma das novidades no Europe Music Awards, no qual recebeu o prêmio da categoria Best Hip Hop. Ele mesmo se mostrou surpreso pelo reconhecimento por estar a tanto tempo longe da mídia, mas fato é que os Stans ainda o apóiam incondicionalmente. Com parcerias de peso, como Ed Sheeran, Beyoncé e Alicia Keys, é inegável o respeito que o rapper ainda sustenta no meio artístico. Um Novo Retrato na Carreira
A primeira faixa de Revival, Walk on Water, assustou um pouco os fãs de Eminem, por sua letra negativista, na qual ele inclusive sugere que esta pode ser sua despedida. Ao contrário da aparência irreverente e despreocupada com as cobranças da mídia, as constantes críticas recebidas ao longo dos anos, por suas letras ofensivas e seu mau comportamento fora dos palcos, parece ter abalado a confiança do rapper. 24| zint.online
Nós compramos a ideia de que ele estava bem se auto-intitulando Rap God, em 2013, mas em trecho dessa nova música ele mostra que não acredita estar no mesmo nível de Tupac e Notorious B. I. G, por exemplo. Essa não é a primeira vez que ele reclama da pressão exercida pela fama. Em 2000, Eminem escreveu The Way I Am, música de grande sucesso na qual ele se mostrava extremamente incomodado pelo comportamento invasivo de seus fãs, o que dificultava ainda mais seu relacionamento com sua então esposa Kimberly Scott. Outra exposição notável dessa dificuldade em lidar com o inesperado sucesso e com o alcance de sua influência foi a composição da faixa Stan, no mesmo ano, na qual ele conta a história de um fã que se matou depois de não ter suas cartas respondidas pelo rapper. Quando o clipe da música saiu, foi impactante a forma que ele encontrou de mostrar a todos que suas letras não são para serem levadas ao pé da letra. Porém, ao mesmo tempo, percebemos que sua autocobrança por lançar singles perfeitos e ser bem aceito é algo real que o atormenta. Após ouvirmos na voz de Beyoncé que ele está aterrorizado de decepcionar seus fãs, ele cita novamente Stan e reforça que ele se enxerga acima deles. Talvez, por isso exista uma grande dificuldade tomar a posição de ser um exemplo a ser seguido.
pelo então presidente George W Bush. “No more blood for oil. We got our own battles To fight on our own soil”
Político, cativante e minuciosamente composto. O álbum que marca o retorno de Eminem traça um paralelo desde o início de sua carreira, em 1995 RUTH bERBERT // di ag r amação samuel lima // tex to
A Voz dos Movimentos Sociais
Não é novidade Eminem expor sua posição frente às decisões de políticos. Ao longo dos anos ele deu muita dor de cabeça ao congresso americano, sendo considerado por alguns senadores como uma das grandes ameaças a juventude do país. Mas, a verdade é que o artista não economiza na sinceridade e suas palavras sempre causaram muito desconforto àqueles a que eram direcionadas. Em 2004, a música Mosh fortaleceu a voz de milhões de norte-americanos que imploravam pelo fim da guerra no Iraque, promovida
Das lutas que ele se referia em 2004, muitas permanecem até hoje, negligenciadas e muitas vezes confrontadas pelo atual presidente Donald Trump. Prova disso foi a ameaça de banir os jogadores que se posicionassem ajoelhados durante a execução do hino nacional dos Estados Unidos em apoio ao movimento Black Lives Matter. Uma clara oposição ao movimento, afinal a postura de um jogador em um jogo não causaria tanto alvoroço se ele estivesse ao menos indiferente a questão. Famoso por seus tweets o presidente também continua agredindo hispânicos, gays e transgêneros, e é claro que Eminem não ficaria calado. Antes mesmo do lançamento de Revival, o rapper já havia feito um freestyle, no BET Hip Hop Awards, atacando Donald Trump e estabelecendo uma escolha aos seus fãs: apoiariam a ele ou ao presidente racista. Vale lembrar que o presidente não foi eleito porque recebeu votos da maioria da população, mas sim de acordo com o modelo de colégio eleitoral. Em Like Home, nona faixa do álbum, Eminem pede a todos que se juntem a ele na luta para derrubar Trump pelo bem da verdadeira América. E, na música Untouchable, Marshall também fala sobre os privilégios de ser branco em uma sociedade preconceituosa, de forma mais explícita do que havia feito em White America, de 2002, quando afirmou que não venderia tantos discos se fosse um rapper negro.
Fechando Ciclos na Família
Castle em comunhão com Arose finalizam o novo álbum com maestria. Na primeira Eminem escreve cartas a sua filha Hailie, sobre quem fez inúmeras músicas ao longo dos anos, sempre em tom de remorso por sua constante ausência, mas também em agradecimento por tê-la em sua vida. Nos segundos finais desta podemos ouvir o som de comprimidos balançando dentro do seu recipiente que por fim é aberto. Mas, na segunda ele reescreve parte da sua história, depois de conversar sinceramente com seu irmão mais novo Nathan, com sua mãe e com seu melhor amigo Proof, que morreu em 2006. A fita imaginária do seu episódio de overdose que quase o levou a morte em 2007 é rebobinada e ao invés de abrir o recipiente, ele joga os comprimidos no vaso sanitário e o último som da faixa é uma descarga. Mockinbird é uma de suas mais famosas músicas dedicadas a família, quando ele fala sobre o fim de seu casamento com Kim, mãe de Hailie, que compõe o álbum Encore, o último antes da overdose e um dos que ele considera ser seu pior trabalho. It’s OK, do seu primeiro álbum Infinite, foi a primeira em que ele se abriu sobre esse assunto e talvez com Revival ele consiga cicatrizar essa ferida. Talvez, no futuro ele nos descreva mais momentos bons do que os ruins sobre os quais conhecemos mais agora.
a carrei ra de e mi n em é tam bé m conh eci da pe l o p olêmi co alt e re g o sli m sha dy, a qu al o ra p p e r at ri bu i su as le tras mai s controversa s
UMA BREVE VOLTA NO TEMPO 2009 // 2010 // 2017 Relapse // Recovery // Revival Esses três álbuns tem muito em comum e falam muito sobre a difícil trajetória de Eminem contra as drogas. Na 17ª faixa do disco encontramos In Your Head, música na qual ele cita os álbuns Relapse e Recovery, de uma forma que ninguém nunca havia ouvido antes. Nela o rapper diz que o álbum de 2010 poderia ter sido a grande vitória de sua carreira se ele não estivesse na beira de uma nova recaída, mas na época os rumores eram de que ele já havia superado essa fase, assim como indicava o single Not Afraid, cuja performance até hoje é uma das mais esperadas em seus shows. Com Revival ele se mostra mais forte e determinado do que nunca a apagar essa parte da sua história e recomeçar. De fato, o nome do novo álbum não poderia ter sido melhor escolhido.
Lo se Yo user lf ven ceu o O scar de 20 0 3 n a catego r ia de M elho r Can ção O r igin al, fazen do de Em o pr im eir o r apper n a histó r ia a co n seguir tal r eco n hecim en to.
O Fim de Shady?
Famoso também por suas polêmicas, sua personalidade difícil era atribuída ao seu alter ego Slim Shady, sempre alheio à mídia, intocável. Suas músicas compostas sob a influência dele ficaram conhecidas pelo humor negro e pela ridicularização de outros artistas da música e de Hollywood, que ficavam ainda mais grosseiras em seus clipes. Marshall agora traz pela primeira vez um álbum sem nenhuma faixa ao estilo de Shady, o que nos mostra sua honestidade quando pede perdão a sua filha por não ter separado Slim do seu convívio em família. Hits como Without Me, The Real Slim Shady e Just Lose It logo nos fazem lembrar o artista que os compôs, por sua originalidade e batida contagiante, mas ninguém pode dizer que foi graças a Slim Shady que Eminem construiu sua carreira. As músicas do rapper que ficaram em melhor posição no Bilboard Hot 100, foram Not Afraid e suas parcerias com Rihanna, Love The Way You Lie e The
Monster. Por enquanto a última música mais próxima do estilo Shady vai continuar sendo Bezerk, do Marshal Matters LP 2, de 2013. Será que aos 45 anos ainda há espaço para Slim? Não se pode ter certeza. Admitir que ele é surpreendente e aguardar ainda é a melhor escolha. Inclusive, ele perguntou: Do you still believe in me?. //
Caravanas em
Belo Horizonte carolina cassese // d i ag ra mação samuel lima // t e x t o
L
embro até hoje do dia em que me apaixonei pelo Chico. Estava no Rio de Janeiro e fui ao cinema assistir ao documentário Chico: Artista Brasileiro com meus pais, já fascinados pelo cantor. Só consegui entender o fascínio após assistir o filme, que retrata a trajetória e o cotidiano de Chico Buarque com uma sutileza impecável. Desde então, passei a resgatar a (vasta) obra do artista. Até hoje não consegui assimilar todas as músicas, tão carregadas de diversas simbologias. Poucas canções retratam tão bem os recentes acontecimentos políticos do Brasil como Apesar de Você e Roda Viva. Chico é antídoto para a apatia. No último dia 13, o artista estreou em Belo Horizonte sua nova turnê, Caravanas. Os ingressos começaram a ser vendidos no dia 11 de outubro e apesar dos elevados preços, se esgotaram no mesmo dia. Foram cinco shows: todos lotados e aclamados pelo público e pela crítica. O artista intercalou alguns de seus maiores sucessos, como 28| zint.online
Futuros Amantes e Geni e o Zepelin, com canções do seu novo álbum. Os espetáculos foram dedicados a Wilson das Neves, sambista que faleceu em agosto desse ano. O roteiro do show é cuidadosamente pensado e costurado, e a plateia canta alto e se emociona a cada performance. Simpático, dentro do que sua timidez permite, Chico conversou com o público. O bis - exigidíssimo - começou com Geni e o Zepelin, música que, embora tenha sido composta para uma peça específica (“Ópera do Malandro”), deflagra a hipocrisia que perpassa a história da sociedade. Vale lembrar: Geni é a escória, mas, no momento em que precisam dela, passa a ser adulada, mimada, cortejada. Findo o “serviço”, ela volta ao posto de refugo. A mulher à qual é permitido cuspir. A música Paratodos também entrou no bis, exaltando a brasilidade. Chico se aproximou mais da plateia, passou sua mão em carreira. Nesse momento, muitas pessoas já estavam em pé, a postos, no gargarejo. Ao final, o público saiu magnetizado.
Novo Álbum
Lançado em agosto de 2017, Caravanas recebeu um retorno positivo da crítica, que considerou o álbum denso e atual. Destaque para a faixa-título As Caravanas, que apresenta uma potente crítica sobre exclusão social: “Tem que bater, tem que matar/ Engrossa a gritaria/ Filha do medo, a raiva é mãe da covardia/ Ou doido sou eu que escuto vozes/ Não há gente tão insana”. A música traz também uma alusão ao romance O Estrangeiro, de Albert Camus. No livro, o protagonista assassina um árabe e afirma que cometeu o crime por conta do sol. O refrão da música de Chico diz: “Sol, a culpa deve ser do sol”. Cunho Político
Chico Buarque sempre foi sinônimo de política. O artista está nos livros de história como uma das principais personalidades que participaram de movimentos de luta e resistência ao período da Ditadura Militar. Nos últimos anos, por ter se posicionado contra o impeachment de Dilma Rousseff, o artista sofreu diversos ataques. Um deles foi registrado e circulou na internet: um jovem aborda Chico no meio da rua e começa a xingá-lo, com uma postura extremamente arrogante e agressiva. O episódio, que aconteceu em 2015, era um presságio de tantos comportamentos violentos que estariam por vir. O cunho social e político do show é, portanto, inevitável. A plateia entoou diversos gritos contra o atual governo do Brasil. Literário
Caravanas é o 23º álbum solo gravado em estú-
dio pelo artista. Ao longo de sua trajetória, os discos do cantor foram significativamente premiados - até internacionalmente. No documentário Artista Brasileiro, Chico declara sua paixão pela música, mas surpreende dizendo que se considera melhor escritor do que músico. O artista já lançou nove livros e inclusive já recebeu o prêmio Jabuti (principal reconhecimento literário do Brasil) por Leite Derramado, em 2010. Seu último romance lançado foi O Irmão Alemão, que narra a busca por seu irmão desconhecido, mesclando elementos autobiográficos e fictícios. O viés literário de Chico também é evidenciado em várias de suas canções, carregadas de elementos poéticos e de preocupações com o ritmo e a métrica. Política e poesia: essas são duas marcas que permeiam toda a obra desse artista tão completo que é Chico Buarque de Hollanda. Lembro até hoje do dia em que me apaixonei por ele. //
bárbara lima // d i ag ra mação samuel lima // t e x t o
Roger Waters:
“Us+Them” passa pelo Brasil
E
m 2018 o Brasil receberá diversas atrações musicais como os shows dos cantores Ozzy Ozsbourne e Eddie Vedder (vocalista do Pearl Jam), além de bandas com grandes bases de fãs como Gorillaz e Radiohead. Em outubro, Roger Waters realizará a sua maior turnê no Brasil, visitando sete locais, dos quais estão às cidades de Belo Horizonte, Salvador e São Paulo. Os ingressos já estão a venda pelo site ticketsforfun.com.br, e variam entre R$300 (150 meia) à R$720 (360 meia). Roger Waters é um cantor perfeccionista e extremamente dedicado ao seu trabalho. Para ele a música é como uma viagem por dentro de nós, e claramente consegue passar isso para o público de forma magistral. As suas músicas são compostas por versos narrativos e literários, com melodias atmosféricas e grandiosas. O seu show é todo bem pensado pela produção, para atingir altos níveis de adrenalina nos expectadores, em que o sentimento vai à flor da pele. Um exemplo claro, é da inspiração para turnês do álbum The Wall, em que um muro é construído durante o show, evidenciando a paranoia que Waters tem diante do público. 30| zint.online
A sua turnê em 2018, chamada de “Us+them” contará com os maiores sucessos do Pink Floyd, como os álbuns Animals (1977), Dark Side of the Moon (1973), Wish You Were Here (1975) e The Wall (1979), além de faixas do primeiro álbum solo lançado em 2017 pelo cantor Is this the life we really want?. Waters
sempre se apresentou para plateias grandes, como no seu último show no Brasil, em 2012, com a sua turnê de The Wall, contando com mais de 70 mil pessoas no estádio do Morumbi, em São Paulo. Em uma apresentação realizada no México neste ano, ele atraiu um público de 300 mil que pode presenciar as inúmeras críticas e sátiras ao atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Durante o show, no single Pigs (Three Different Ones), Waters surpreendeu o público quando a sua produção soltou um balão em forma de porco com ofensas se referindo ao presidente. Em maio desse ano, o artista publicou em sua página oficial do Facebook uma foto de Michel Temer em tom de crítica, referindo-se aos brasileiros com o seu novo álbum Is this the life we really want?, aumentando as expectativas dos fãs a respeito de um possível cunho político durante o seu show no Brasil. O cantor sempre teve um grande legado desde a sua época como integrante do grupo Pink Floyd. As músicas compostas por Waters sempre apresentaram críticas em suas nuances, como em algumas composições de The Wall que a todo tempo fazem menção às mortes causadas por guerras, principalmente a Segunda Guerra Mundial, com a dominação nazista. Já nos versos de Another Brick in the Wall. Pt.2, há um posicionamento forte contra um controle mental que o governo britânico exercia nas crianças da
época. Além disso, seu pai, Eric Waters foi um soldado morto em batalha contra alemães, o que serviu de inspiração para o artista trabalhar me suas composições do álbum. Com o estouro em 1970, Pink Floyd alcançou sucesso mundial, até quando em 1985 Roger Waters resolveu deixar os seus ex-companheiros de carreira devido a “diferenças criativas”. Dois anos antes, o álbum The Final Cut havia sido lançado e composto inteiramente por Waters. No entanto, os outros integrantes da banda (David Gilmour, Mason e Richard Wright) continuaram a produzir, e lançaram os grandes álbuns de estúdio A Monetary Lapse of Reason e The Division Bell, que inclusive, serviu de inspiração para fazer o álbum de 1994 The Endless River, considerado por muitos , inclusive Gilmour, como o álbum que marca o fim do Pink Floyd. Mesmo após os anos 2000, Roger Waters continua a se afirmar como um dos cantores mais influentes e comercialmente bem-sucedidos da história, mantendo a expectativa por sua próxima turnê no Brasil tão efervescente quanto as melodias e críticas de suas composições. // zint.online | 31
IZA: negra,
feminista, cantora e a aposta de 2018 Depois de cativar o público, no YouTube, a artista prepara seu álbum de estreia // te xto
jader theophilo
“E
32| zint.online
u sei que o meu corpo te incomoda, sinto muito o azar é seu, abre o olho eu tô na moda
// d i ag ra mação
thales assis
e quem manda em mim sou eu”, anuncia a cantora IZA, em Quem Sabe Sou Eu, sua primeira música assinada pela gravadora Warner Music Brasil. Desde sua estreia nesse selo, em 2016, até o momento, seis gravações foram lançadas incluindo o Lead Single Pesadão, presente em seu primeiro álbum, previsto para 2018. No entanto, os fatores que tornam IZA uma das grandes apostas para o cenário pop brasileiro começaram bem antes disso.
Publicitária de formação, nascida no bairro Olaria, Zona Norte do Rio de Janeiro, Isabela Lima, de 26 de anos, começou a cantar ainda criança fazendo performances para familiares e vizinhos. Em um lar extremamente musical, tendo o pai como percussionista em uma escola de Samba e a mãe sendo professora de música, não é de se estranhar o talento nato da carioca. Durante à adolescência, assim como diversos artistas, IZA começou a cantar na Igreja e a fazer pequenos shows em retiros e paroquias, no entanto, viver de música, ainda, não era uma ambição. Sendo assim, a cantora se formou em Publicidade e Propaganda, pela PUC-RJ, trabalhou com produção de vídeos, marketing e mídias sociais. Até que um dia, não satisfeita com o trabalho que estava desenvolvendo, em um coworking, decidiu se perguntar: “O que eu faria até de graça?”, foi assim que IZA largou tudo e decidiu investir na música. Motivada pelo medo de não arriscar, e ter que conviver com a dúvida se a carreira como cantora daria certo, a artista criou um canal no YouTube onde fez covers, semanais, de várias músicas conhecidas do grande público. Mas foi ao enviar um desses materiais para a Warner Music Brasil, que a carioca conseguiu um contrato para o lançar o primeiro álbum. Com grande expectativa por parte da imprensa, a gravadora decidiu matar a curiosidade de todos e lançar em novembro de 2016, a música Quem Sabe Sou Eu, que se tornou trilha sonora da novela global Rock Story e mostrou a veia pop da cantora. No ano seguinte, IZA reafirmou seu talento com o lançamento de novos singles. A canção Te pegar, foi responsável pelo seu primeiro videoclipe que conta com participação do ator José Loureto e produção executiva de Isabelle Tanugi e Valeria Amorim, envolvidas no vídeo da faixa “Corazón”, de Claudia Leitte. Logo depois Vim Pra Ficar, apresenta uma letra empoderada aliada a uma batida um pouco mais lenta do que a anterior, mas que, ainda assim, repete a formula pop chiclete já apresentada. Dando sequência aos trabalhos a música Esse Brilho é Meu, ganhou videoclipe, dirigido por Felipe Sassi, em parceria com a marca Loreal- Casting Creme Gloss, e trouxe participações especiais da atriz Tais Araújo, da youtuber Flavia Pavanelli e da modelo Ju Nalu. O ultimo trabalho lançado, antes do material que estará presente em seu álbum de estreia, trata-se de cover da música da cantora, pianista, compositora e ativista Nina Simone, I Put a Spell on You. O vídeo serve para mostrar um pouco da influencia dos ritmos R&B, Jazz e Blues que fazem parte do repertório de IZA.
Embora as músicas anteriores tenham servido para mostrar a nova artista brasileira, foi com o lançamento do single Pesadão, parceria com o cantor Marcelo Falcão, líder do grupo O Rappa, que IZA conseguiu atrair o olhar do público de vez. A canção, produzido por Ruxell e Sérgio Santos, apresenta uma batida pop com fortes influencias do ragga, ritmo jamaicano que mistura o reggae e música eletrônica com as batidas instrumentais produzidas de forma digital, e traz na letra uma história de superação. Para dar ainda mais peso à música, a cantora leva parte do seu discurso ao videoclipe. Dirigido por Felipe Sassi, o vídeo conta com um elenco exclusivamente negro, reforçando o posicionamento ativista da cantora. Além disso, o figurino, assinado por Bianca Jahara, é extremamente colorido e de acordo com IZA, “serviu para destacar esses corpos negros que são tão apontados por sua cor”. E quando o assunto é negritude a cantora entende a importância do seu papel e da sua representatividade na mídia. Por isso, falando sobre aceitação capilar, feminismo, negritude e outros assuntos do cotidiano a cantora deve lançar seu álbum em 2018 com mais duas participações especiais, ainda não reveladas. Para acompanhar os próximos passos da cantora vale a pena ficar de olho em plataformas de streaming (Spotify; Deezer; Apple Music) onde estão disponíveis todas as músicas lançadas até o momento e citadas nessa matéria. // zint.online | 33
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O PODER DO TEMPO EM
D A R K Pri mei ra sé ri e al e m ã da N e tf l i x foi lan çada e c on qui s t ou o p úbli co co m s e us m i s t é ri os sobre a am p l i t ude t e m p ora l
// TEXTO
Laísa Santos
// diagramação
VICTORIA CUNHA
N
ão é difícil de observar que a Netflix tem se interessado bastante em produzir séries originais, abrindo espaço para diferentes artistas colocarem seus projetos em prática, independentemente do local onde vivem. Para ampliar o mercado europeu e abastecer um público que está carente de alguns tipos de série, a empresa produziu o primeiro produto audiovisual alemão da plataforma. Dark é a nova promessa no gênero de suspense e drama que mistura a tensão psicológica e sobrenatural. A série aborda a questão paradoxal de linhas do tempo que se interligam a um determinado espaço físico, as pessoas que o habitam e que inconsciente36| zint.online
mente participam ou fizeram parte da história em algum momento. Normalmente, é confuso pensar na temática sem compreender o contexto que a série está inserida, mas nesse caso, isso não importa; o que realmente interessa é a cena em que os personagens estão conectados. Para entender essa realidade é necessário assistir aos episódios de forma ininterrupta ou guardar muito bem a árvore genealógica e todos os detalhes na memória. A premissa é a seguinte: várias crianças começam a desaparecer misteriosamente na Alemanha, mais especificamente na pequena cidade de Winden, conhecida por comportar uma grande usina de energia nuclear. A partir dai, acompanhamos a trajetória de quatro famílias que possuem ligações desde o passado e que vão sendo descobertas a cada episódio. O seriado está sendo considerado a nova Stranger Things justamente pelo tema de mistério e a
mistura de quatro gerações diferentes no elenco, mas apesar dessa semelhança, a sinopse é bem diferente e a proposta também está direcionada para outro viés. O tom é bem mais sombrio, maduro e não diminui a tensão para agradar um público mais jovem. Por se tratar de uma série alemã, a preparação dos atores é bem diferente das atuações americanizadas que todos estão acostumados, tornando a relação dos membros da família um pouco estranha para culturas tão calorosas como a do brasil. A frieza com que todos se relacionam chega a impressionar e mesmo as cenas mais tristes ou românticas não transmitem a dramaticidade que se é esperada. Ainda nessa questão, existe um problema com os personagens, não com a construção de cada um e sim com as fases nos quais eles são apresentados. Por exemplo, as pessoas dessas quatro famílias vão se envolver em vários problemas derivados da mesma situação, ou seja, todos estão percorrendo o mesmo caminho de formas diferentes para encontrarem o X da questão no final. O conflito é que você vai acompanhar esses personagens no passado, presente e futuro e na maioria das vezes não vai dar para entender em qual linha temporal você está. Outro ponto a ser discutido é o foco na trama central e em alguns personagens, enquanto outros não têm suas relações aprofundadas e ficam de plano de fundo para conflitos alheios. Espera-se
que na próxima temporada, que ainda não foi confirmada, os criadores Baran bo Odar e Jantje Friese respondam as perguntas que foram criadas no último episódio e desenvolvam as questões existenciais dos coadjuvantes. //
Outlander: um amor através dos séculos // TEXTO
Bruna Curi
Você já imaginou como seria se o amor da sua vida vivesse no século passado? É nessa premissa que se baseia a série Outlander, exibida originalmente no canal Starz (aqui no Brasil a série é exibida pelo canal Fox Premium 1). A história foi baseada na série de livros da escritora Diana Gabaldon, que publicou a primeira edição nos Estados Unidos em 1991. A trama se passa após o fim da Segunda Guerra Mundial e acompanha a vida da britânica Claire Randall (Caitriona Balfe), uma enfermeira que está determinada a se reaproximar de seu marido Frank (Tobias Menzies). Eles passaram muitos anos separados devido ao conflito e acabaram se tornando verdadeiros estranhos uns para o outro, de maneira que uma segunda lua de mel parece ser a oportunidade perfeita para uma reaproximação, para eles se conhecerem novamente. E o destino escolhido pelo casal é Inverness, na Escócia, que parece ser o local ideal para um recomeço, além de permitir que Frank pesquise sobre o passado de sua família. Contudo, a ocasião não sai como planejado. Claire descobre, por engano, um portal (conhecido pelos habitantes locais como Craigh na Dun) e acaba sendo transportada para a Escócia, no ano de 1743. Inicialmente, ela acredita que se trata de algum engano, que ela foi parar em um cenário de um filme de época e até mesmo que ela está ficando louca. Porém, a situação é bem real, assim como os seus perigos. Em um só dia ela faz uma viagem temporal para o passado, quase é assassinada e estuprada. Claire ainda teve um encontro assustador com o temido Jack Randall (Tobias Menzies), também conhecido como Black Jack, o antepassado de seu marido. E, posteriormente, ela conhece Jamie Fraser (Sam Heughan), um guerreiro das Terras Altas por quem acaba se apaixonando. A terceira temporada de Outlander se passa 20
// diagramação
VICTORIA CUNHA
anos após os acontecimentos da segunda temporada, quando Claire e Jamie se separaram: ela atravessou o portal voltando a Escócia em 1948 (três anos após o seu desaparecimento), enquanto Jamie acreditava que morreria na Batalha de Culloden. Duas décadas é muito tempo para ficarem separados, muitas coisas aconteceram, mas o amor entre os dois permaneceu vivo após tantos anos. Após voltar para o seu tempo, o século XX, Claire retomou para o seu casamento com Frank. Ela não tinha muitas alternativas, ainda mais que estava grávida de um homem que tecnicamente já estava morto. Porém, com a volta do casamento algumas condições foram impostas: Claire foi obrigada a fechar com sete chaves o seu passado e esquecer tudo que viveu ao lado de Jamie na Escócia. Ela se mudou para Boston junto de Frank para começar uma vida nova. O amor existente entre Claire e Frank havia acabado, só restavam boas lembranças do que tinham passado juntos e respeito, contudo isso não foi suficiente para sustentar a relação. O que lhes unia era Brianna (filha de Claire com Jamie, interpretada por Sophie Skelton), a filha que eles criaram juntos. Fora isso, não existia nenhuma ligação entre eles. Frank passou a ter casos extraconjugais, enquanto Claire passou anos estudando para se tornar médica e se dedicando à profissão. Enquanto isso, na Escócia no século XVIII, Jamie não morreu na batalha como ele tinha planejado e como desejava – em alguns momentos a perspectiva de morrer era melhor do que viver em um mundo onde Claire não existia. O fato de ter sobrevivido lhe causou algumas consequências, ele acabou se fechando em seu próprio mundo uma vez que sua vida estava sem rumo; ele sentia-se perdido. Somente em 1968, após a morte de seu marido, Claire retornou para a Escócia junto de sua filha Brianna. É quase uma viagem para o passado, que zint.online | 39
E m seu s trê s an os n o ar , Outlan der arrecada e xcelen te respo sta do s crí ti cos e qu ase 30 p rêmi o s ga n h os
aflora em Claire diversos sentimentos em relação ao que viveu lá há 20 anos. Com a ajuda do historiador Roger Wakefield (Roger Wakefield), Claire começa a procurar evidências que mostrem se Jamie morreu na batalha ou não. É uma procura cansativa e intensa, uma vez que os dados históricos da época eram poucos. Além disso, rendeu um atrito entre mãe e filha. Os primeiros episódios da terceira temporada contaram com vários flashbacks, que ajudaram a mostrar como Claire e Jamie lidaram com a separação, como eles fizeram para seguir com suas vidas. Alguns foram focados mais em Claire, como ela fez para lidar com a maternidade, com o seu casamento às ruínas e com o trabalho em uma área dominada por homens. E os episódios focados mais em Jamie trabalharam como ele fez para seguir em frente com a sua vida, do sacrifício que fez por sua família, suas idas e vindas pra prisão e de seu retorno permanente para Escócia, para as terras de sua família após ter passado tantos anos longe. Em uma entrevista para o site Omelete, Caitriona Balfe comentou sobre esse momento que a sua personagem enfrentou durante a terceira temporada; de como a protagonista se mantéu de cabeça erguida apesar da tristeza e outros problemas da vida: “O que 40| zint.online
é interessante sobre interpretá-la nessa temporada, é que ela teve tanto sofrimento e perda, mas ela está grávida, então não tem outra opção além de realmente tentar criar uma vida positiva e de sucesso para si mesma. Ela não tem o luxo de ter pena de si mesma ou viver miseravelmente, já que ela tem que tentar construir uma família saudável para sua filha viver”. O reencontro entre Claire e Jamie foi um grande momento esperado pelos fãs, acarretando muitas emoções. Ao mesmo tempo em que quer se reencontrar com o grande amor de sua vida, Claire sabe que é uma ida sem volta e ficar longe de sua filha parece ser um sacrifício muito grande. Será que realmente
vai valer à pena? Além disso há uma dúvida crucial: e se Jamie tiver encontrado um novo amor? Se ele tiver se esquecido dela? As coisas para esse casal nunca foram fáceis, eles sempre tiveram que enfrentar diversas dificuldades, e não é justo agora que vão ser. O reencontro teve uma carga emocional muito grande, afinal de contas estavam separados por tanto tempo que parecia ser um verdadeiro milagre se encontrarem novamente, principalmente, para Jamie que não esperava rever Claire. Fica evidente que os dois mudaram, que não são as mesmas pessoas de antigamente, mas o amor entre eles permanece mais forte do que nunca. Leva certo tempo para que os dois se acostumem novamente com a presença um do outro, mas algumas coisas parecem não mudar: continua sendo uma relação repleta de confusões, brigas, tapas, beijos e muito amor. Um ponto alto da terceira temporada foi a relação entre Claire e Brianna. Mãe e filha tiveram desentendimentos quando toda a verdade sobre o passado de Claire na Escócia veio à tona e a verdade sobre o pai de Brianna foi revelada. Isso causou certo abalo entre as duas, mas, no final o amor acabou falando mais alto. A filha tornou-se a maior apoiadora para que a mãe fosse em busca de seu verdadeiro amor, mesmo que isso significasse abrir mão dela e correr o risco de nunca mais vê-la. Foi uma despedida emocionante. Outro destaque desta temporada foi a inclusão de um novo inimigo em potencial (nas temporadas anteriores, principalmente durante a primeira
temporada, esse papel era do temido Black Jack) que ficou conhecido somente como Barka, criando certo mistério. A revelação da verdadeira identidade foi feita no penúltimo episódio da série (The Barka, 3x12) e trata-se de uma pessoa do passado de Claire: Geillis Duncan (Lotte Verbeek). É como se um fantasma tivesse voltado para assustá-la. Na primeira temporada a escocesa já apresentava um caráter dúbio que causava certa inquietação, agora, fica claro que Geillis nunca foi tão boa como aparentava. A terceira temporada de Outlander teve de tudo um pouco: momentos emocionantes, de nostalgia ao rever personagens antigos e de muita ação – Claire e Jamie mal tiveram um tempo de ficarem juntos na Escócia e de finalmente construírem a vida com que sonhavam. Eles tiveram que partir, se aventurando no alto mar e correndo alguns perigos até chegarem na Jamaica. Novos personagens se juntaram ao elenco da série o que foi muito enriquecedor, ajudando a criar novos enredos e intrigas. Essa temporada de Outlander conseguiu resgatar toda a aventura que a série apresentou na primeira temporada, uma vez que boa parte da segunda temporada teve um foco maior em tramas políticas e o conflito em si ficou mais para o final, criando uma trama extremamente emocionante. É como se a série tivesse voltado ao seu príncipio. Agora, resta torcer para a próxima temporada (que já foi confirmada e contará com 13 episódios baseados na obra Drums of Autumm, o quarto dos oito livros da série de obras best-seller de Diana Gabaldon) ser tão boa quanto as anteriores. //
O sucesso de Lady Night // TEXTO
bruna curi thales assis
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uem nunca ouviu a frase “Tamanho não é documento”? Apesar de ser utilizada em outros contextos, a afirmação funciona perfeitamente para resumir os programas humorísticos da televisão brasileira uma vez que com 1,52m de altura, 42| zint.online
Tatá Werneck vem conquistando um enorme sucesso com o seu programa Lady Night, exibido no Multishow e com sua terceira temporada garantida (ainda sem data de estreia definida). A comediante começou a mostrar o seu talento no programa Trolalá, exibido na MTV. Com falta de recursos e um cenário praticamente inexistente, Tatá contracenava com um telefone do estúdio. Ela ligava para um estranho e passava trotes, o que já mostrava
A essa altura, Tatá já tinha demonstrado o seu grande talento como comediante, sendo consagrada pelo público e se estabelecendo como um dos grandes nomes da comédia nacional. Lady Night
No dia 10 de abril de 2017, Tatá estreou o seu programa de entrevistas Lady Night, no Multishow. Em pouco tempo, o talk show começou a liderar a audiência nas emissoras por assinaturas, chegando a ficar entre os mais assistidos de todo o Brasil. Além dos grandes números de audiência, Lady Night pode ser considerado um verdadeiro marco por ter uma mulher como apresentadora. Tatá se tornou a primeira mulher do Brasil a se aventurar nessa área do entretenimento televisivo, o late show, que normalmente é dominada por homens como Danilo Gentili (The Noite; SBT) e Fábio Porchat (Programa do Porchat; Record), assim como nos EUA, país em que o formato é consagrado e também recheado de nomes masculinos como Jimmy Kimmel, Stephen Colbert, Jimmy Fallon, James Corden, e lendas como David Letterman. Lady Night se destaca graças a seus quadros inteligentes, engraçados e ágeis, essenciais para o sucesso do programa em sua primeira temporada. Essa
o seu potencial para improvisação e a comédia, a sua capacidade para contar uma piada sem deixar o humor acabar, chamando a atenção do público. Desde então, a carreira da comediante alavancou. Com o seu programa na MTV, Tatá conquistou fãs e começou a ser notada pela concorrência. Em 2013, estreou na novela Amor à Vida, escrita por Walcyr Carrasco e exibida pela Globo, onde interpretou a personagem Valdirene, uma “piriguete” que tentava ser sensual, filha da ex-chacrete Márcia (Elizabeth Savalla) e que sonhava em se casar com um homem rico para ascender na vida. Em novembro do mesmo ano, Tatá estreou o programa Sem Análise, exibido pelo Multishow, em que ela interpretava vários personagens nas esquetes. Já em 2014, estreou como apresentadora ao lado de Fábio Porchat, do programa humorístico Tudo pela Audiência (também exibido pelo Multishow), uma verdadeira sátira aos programas de auditório e que contava com a participação de convidados famosos.
Tatá Wern e c k ao lado de u m a de s uas con vi dadas, a c a n t ora, web celebri t y e rai n h a do s gi fs Gr e t c h e n
fórmula se manteve também na segunda temporada, que obteve resultados excelentes na audiência e que recebeu críticas positivas. O esmero do programa reside na habilidade de Tatá em conseguir transformar tudo em piada e de deixar tudo mais engraçado. Apesar de um roteiro visível que amarra o talk show, a comediante consegue romper com essas amarras com piadas instantâneas e improvisos característicos. Ela não tem medo em se arriscar fazendo brincadeiras e desafios com os convidados, e também não perde a oportunidade de fazer piada com os outros e consigo mesma. Em cada episódio, a comediante demonstra seu grande repertório de piadas sobre a sua vida amorosa, seu nariz, seu tamanho, sua dicção, sua carreira como atriz e também sobre a sua família. Um dos quadros mais engraçados de todo o programa é o Entrevista com o Especialista, em que 44| zint.online
Tatá convida especialistas das mais diversas profissões e faz diversas perguntas diretas e inusitadas, algo que essas pessoas jamais imaginariam responder como, por exemplo, “Minha relação está por um fio. Fio terra é a solução?”, “O senhor já escreveu uma carta de vinhos contando o aperto que a uva passa?” ou “A Guerra dos Cem Anos foi entre Niemeyer e Dercy Gonçalves?”. A segunda temporada contou com a presença de profissões como chef de cozinha, escoteiro, gestor de RH, sexóloga, historiador e até mesmo um vidente. A segunda temporada de Lady Night conta com 20 episódios e reuniu convidados famosos como Neymar, Marina Ruy Barbosa, Cleo Pires, Pabllo Vittar, Glória Maria, Caio Castro, Gretchen e Karol Conka. E, como de costume, Tatá conseguiu arrancar boas risadas, criar momentos icônicos e divertir o público com suas piadas, brincadeiras e improvisações.
Melhores Momentos
Até mesmo quando uma entrevista não parece fluir muito bem, quando o entrevistado parece estar um pouco travado, como foi o caso de Neymar que ficou meio tímido no sofá e dando algumas respostas curtas, Tatá consegue manter o humor do programa sendo capaz de fazer um momento marcante. E esses são alguns que se destacaram ao longo das duas temporadas.
01 // Anitta (1a Temporada)
Durante o programa, Tatá se arrisca falando um pouco de inglês e espanhol com os entrevistados, mudando de uma língua para a outra durante a entrevista. Com Anitta, além de uma entrevista em português, inglês e espanhol, as duas fizeram uma cena improvisada onde só podia falar em espanhol e a cada momento o estilo da cena era alterado. Começou com um terror, passou para um romance, depois para o drama e chegou a finalizar com o estilo "documentário lésbica”.
2 // Carolina Dieckmann (2aT)
Se você cresceu assistindo as novelas da Globo, é provável que você tenha assistido Laços de Família (2000). Essa novela teve uma cena muito marcante e que emocionou muitos: Carolina Dieckmann raspando o seu cabelo ao som de Love By Grace, da Lara Fabian. Em Lady Night, Tatá resolveu recriar essa cena marcante na carreira da atriz e Carolina acabou raspando a perna do “auxiliar” do programa.
3 // Marina Ruy Barbosa (2aT)
No quadro Seja um Convidado que Rende, Marina e Tatá são desafiadas a fazer uma série de danças malucas e engraçadas. Elas imitaram uma borboleta desesperada pisando em ovos, um esquilo trepidante até o chão e uma cabrita mal intencionada em câmera lenta.
4 // Karol Conka (2aT)
Até mesmo um assunto tão polêmico como sexo oral nas mulheres pode se tornar diversão em Lady Night. Karol explicou para Tatá o significado da expressão lalá (significa: “lambida lá”), mas como palavras não são o suficiente as duas acabam desenhando. Como de costume, Tatá não perdeu a oportunidade para fazer piadas consigo mesma enquanto desenhava.
5 // Bruna Marquezine (1aT)
Tatá e Bruna são amigas de longa data, as duas se tornaram próximas nos bastidores da novela da Globo, a I Love Paraisópolis (2015). Durante a entrevista no programa Lady Night, Bruna aproveitou para contar uma situação que ela passou ao lado de Tatá (que estava muito bêbada) em Nova York. // zint.online | 45
O (não tão distante) pesadelo de
The Handmaid’s Tale “Uma caixinha de música com uma bailarina. O presente perfeito. Uma garota presa em uma caixa. Ela só pode dançar quando alguém abre a tampa, quando alguém lhe dá corda. Se essa é a historia que eu estou contando, devo estar contando para alguém. Sempre tem alguém, mesmo quando não tem ninguém. Eu não serei aquela garota na caixa” // TEXTO
Carolina Cassese
A melhor série de 2017. É assim
que grande parte dos críticos de cultura descreve The Handmaid’s Tale, inspirada no romance homônimo da escritora Margaret Atwood. Em setembro deste ano, o seriado conquistou o Pri46| zint.online
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VICTORIA CUNHA
metime Emmy Award de Melhor Série Dramática, desbancando concorrentes de peso, como Stranger Things e House of Cards. A série, que estreou em abril, é uma produção da plataforma de streaming Hulu, ainda não disponível no
Brasil – porém já considerada uma das principais rivais da tão aclamada Netflix. A narrativa apresenta uma distopia. A República de Gilead, localizada no território norte-americano, é um país que possui um governo autoritário, teocrático e extremamente misógino. As mulheres são completamente objetificadas e controladas pelo Estado. A principal função agora designada ao sexo feminino se resume a um verbo: reproduzir. As aias (ou “Handmaid’s”) são mulheres férteis que se tornam propriedade de famílias de classe alta. Mensalmente, são estupradas pelos chefes da famílias (também chamados de “comandantes”), com o intuito de gerarem filhos para o tradicional lar. “Bendito seja o fruto”, “abençoado seja”, “Sob o olhar Dele”. Esses são os cumprimentos utilizados agora nas conversas entre mulheres. Elas só podem conversar sobre assuntos supérfluos (como compras e previsão do tempo) e são proibidas de ler – até mesmo os rótulos de produtos de supermercado são repletos
de imagens, não de dizeres. Os episódios alternam cenas do presente com o passado e apresentam uma estética impecável. As cores verde e vermelho predominam, tanto na iluminação quanto no figurino. A série segue, primordialmente, a história da aia Offred (ou June, seu verdadeiro nome), considerada propriedade da família Waterford. Interpretada por Elizabeth Moss, a personagem é vítima de diversos tipos de violência ao longo dos dez episódios da primeira temporada. A atuação de Moss é sem dúvida um dos principais destaques da série: o espectador consegue compreender os sentimentos da protagonista apenas pelo seu olhar. Alexis Bledel, conhecida até então pela adorável Rory de Gilmore Girls, também nos prende com sua intensa performance. Ela interpreta Ofglen, companheira de Offred e uma das personagens mais bem construídas da narrativa. Destaque também para a comovente história de Janine, interpretada por Madeline Brewer. zint.online | 47
M ar gar et Atwo o d é a auto r a do livr o que in spir o u a sér ie, ten do até m esm o feito um a po n ta n a pr o dução do Hulu
Crítica Social
Margaret Atwood publicou o romance O Conto da Aia em 1985. A própria autora admite que, diante do conservadorismo crescente em diversas partes do mundo, a história é significativamente atual. “O que a torna tão moderna é o retrato do totalitarismo americano”, afirmou, na Feira de Frankfurt de 2017. Sobre as recentes denúncias de assédio que abalaram Hollywood, Atwood pontua: “Situações em que mulheres jovens são exploradas por homens poderosos são infelizmente comuns já faz anos. O que permite esse tipo de abuso são dinheiro, poder e advogados. Ao menos, já estamos vendo mudanças e homens poderosos foram desafiados pelas redes sociais”. As discussões que o romance e a série suscitam são de fato extremamente relevantes para os dias de hoje. Afinal de contas, uma sociedade que busca a todo custo controlar o 48| zint.online
corpo feminino não se difere tanto assim da nossa. Sabemos que, em pleno de 2017, são homens brancos engravatados que legislam sobre os corpos das mulheres - representação que no seriado não é diferente. Os episódios também provocam reflexões sobre a cultura do punitivismo e diferenças de classe, já que a sociedade de Gilead é extremamente violenta e desigual em muitos aspectos. Apesar da significativa aprovação, a série também enfrentou algumas críticas. Um artigo do jornal El País, intitulado Por qué ‘The Handmaid’s Tale’ no es feminista (y otras series que sí lo son), defende que a série não é de fato tão progressista assim. Para a autora do artigo, que assina como HJ Darger, os personagens mais carrascos da série são do sexo feminino. “Os papéis de verdadeiras vilãs recaem sobre as mulheres em posição de poder - como Serena Joy e Tia Lydia ”, afirma. A observação
é coerente, mas não invalida as tantas críticas sociais que o seriado apresenta. Sabe-se também que parte do elenco considera a série como “humanista”, e não como feminista. Essa diferenciação é muitas vezes infeliz, pois não reconhece o movimento feminista como uma luta por direitos básicos. Não há dúvidas de que The Handmaid’s Tale é uma série que aborda temáticas que precisam urgentemente ser discutidas como a objetificação do corpo feminino, a cultura do estupro, submissão, rivalidade feminina e cultura punitivista. A primeira temporada é, do começo ao fim, um soco no estômago. O espectador deve estar preparado para cenas violentas e surpreendentes. A segunda temporada, com previsão de estreia para abril de 2018, promete aprofundar em outros personagens (como Tia Lydia e a mãe de June) e trazer mais informações sobre a resistência ao regime. Resistência, aliás, é o conceito que representa a esperança de todas as mulheres, seja em The Handmaid’s Tale ou na nossa tão conservadora sociedade. //
Sur pr een den te do in ício ao fim , Han dsm aid é um a das m ais fam o sas e m ais faladas sér ies de 20 17, ten do gan hado cin co pr êm io s n o pr im etim e em m y awar ds, en tr e eles o de “m elho r sér ie dr am ática”
MELHORES DO ANO
ME LHO RES DO ANO 2017 52| zint.online
OS MAIORES HIGHLIGHTS do ano no mundo da cultura pop
zint.online | 53
O ano de 2017 chegou ao fim, o que significa que é hora da z i n t liberar o seu ranking com os Melhores do Ano nas áreas de Filmes, Séries, Música*, Literatura e Jogos. A revista realizou uma votação entre os membros do nosso time para selecionar os produtos da Cultura Pop que foram mais bem recebidos pelos nossos Colaboradores. Ainda, alguns de nossos Colabs compartilham as suas próprias escolhas em suas respectivas listas individuais.. Curioso para saber quem são os nossos ganhadores?
[C A T E G O R I A S] CINEMa EUA, ANIMAÇÃO, NACIONAL JOGOS LITERATURA música Á L B U n s P O P, Á L B U n s A LT E R N A T I V O s E R O C K , Á L B U n s C O U N T R Y, á l b u n s H I P - H O P E R A P, á L B U N S R&B, ÁLBUNS LATINos, ÁLBUns NACIONAis, Á L B U n s S O U N D T R A C K , S I N G L E s P O P, S I N G L E s L A T I N O s , S I N G L E s A LT E R N A T I V O s E R O C K , S I N G L E s H I P - H O P E R A P, S I N G L E s R & B , S I N G L E s N A C I O N A i s séries ESTREIAS, EXIBINDO, RE-algo, NACIONAL, ANIMES, ANIMAÇÕES, REALITY MAIS ESPERADO FILMEs, ANIMAÇÕES, SÉRIES
* O MdA possui uma Playlist temática com todos os singles apresentados pela lista, no final da revista, na página 107.
LITERATURA
#1: outros jeitos de usar a boca, de rupi kaur #2: quando a noite cai, de carina rissi #3: origem, de dan brown
JOGOS
#1: Cuphead # 2 : s ta r wa r s : b at t l e f r o n t I I #3: FIFA 18
MÚSICA // SINGLES LATINOS
# 1 : Pa r a d i n h a , d e a n i t ta # 2 : D e s p a c i t o ( R e m i x ) , d e L U I S F O N S I C O M d a d d y ya n k E e e J u s t i n B i e b e r #3: Felices los 4, de MALUMA
c i n e m a // a n i m a ç ã o
#1: meu malvado favorito 3, da universal pictures # 2 : l e g o b at m a n - o f i l m e , d a Wa r n e r B r o s. P i c t u r e s #3: a bailarina, da paris filmes
S É R I E S // R E A L I T Y S H O W
# 1 : r u p a u l’ s d r a g r a c e , d a v h 1 #2: the x factor, da itv # 3 : l a d y n i g h t , d a m u lt i s h o w
MÚSICA // álbuns R&B
#1: ctrl, de sza #2: more life, de drake #3: american teen, de khalid
MÚSICA // álbuns nacionais
# 1 : va i pa s s a r m a l , d e pa b l l o v i t ta r # 2 : t r i b a l i s ta s , d e t r i b a l i s ta s #3: espiral de ilusão, de criolo
S É R I E S // A N I M E S
#1: Castlevania, da NETFLIX #2: Digimon Adventure tri., da TOEI ANIMATION # 3 : A t ta c k o n T i ta n , d a W i t S t u d i o
S É R I E S // a n i m a ç õ e s
#1: Rick and Morty, da cartoon network #2: BoJack HORSEMAN, da netflix #3: Big Mouth, da NETFLIX
MÚSICA // singles alternativos
#1: sign of the time, de harry styles #2: lust for life, de lana del rey com the weeknd #3: kiwi, de harry styles
S É R I E S // N A C I O N A L
#1: Os Dias Eram Assim, da GLOBO #2: Cidade dos Homens, da GLOBO #3: Sob Pressão, da GLOBO
MÚSICA // si ngles R&B
# 1 : T h at ’s W h at I L i k e , d e b r u n o m a r s #2: Versace on the Floor, de bruno mars #3: Die for You, de the weeknd
MÚSICA // álbuns latinos
#1: el dorado, de shakira #2: five, de prince royce #3: DM, de dulce maría
c i n e m a // n a c i o n a l
#1: Bingo - o rei das manhãs, da warner bros. pictures #2: O Filme da Minha Vida, da vitrine filmes #3: Corpo Elétrico, da vitrine filmes
MÚSICA // álbuns country
#1: younger now, de miley cyrus #2: rainbow, de kesha #3: the breaker, de Little Big Town
S É R I E S // R E c o m e ç a d a s
#1: dear white people, da netflix #2: Westworld, da hbo # 3 : L e m o n y S n i c k e t ’s A S e r i e s o f U n f o r t u n at e E v e n t s , d a n e t f l i x
s é r i e s // e m e x i b i ç ã o
#1: Stranger Things, da netflix #2: game of thrones, da hbo #3: this is us, da nbc
MÚSI CA // singles HIP-HOP & RAP
#1: dna., de kendrick lamar #2: bodak yellow, de cardi b # 3 : l o y a lt y. , d e k e n d r i c k l a m a r c o m r i h a n n a
MÚSICA // single nacional
# 1 : k .o. , d e pa b l l o v i t ta r # 2 : c o r p o s e n s u a l , d e pa b l l o v i t ta r c o m m at e u s c a r r i l h o # 3 : va i m a l a n d r a , d e A n i t ta c o m M C Z a a c, M a e j o r , D J Y u r i M a r t i n s e T r o p k i l l a z
MÚSICA // álbuns soundtrack
# 1 : B A B Y D R I V E , d e “ E m R i t m o d e F U g a” #2: stranger things 2, de “stranger things” # 3 : g u a r d i a n s o f t h e g a l a x y, v o l . 2 , d e g u a r d i õ e s d a g a l á x i a , v o l . 2
MÚSICA // álbuns rap & hip-hop
#1: damn., de kendrick lamar # 2 : 4 : 4 4 , d e j ay z # 3 : b l o o m , d e m a c h i n e g u n k e l ly
MÚSICA // álbuns alternativos
#1: harry styles, de harry styles #2: lush for life, de lana del rey #3: songs of experience, de u2
S É R I E S // E S T R E I A S
#1: mindhunter, da netflix # 2 : at y p i c a l , d a n e t f l i x #3: big little lies, da hbo
MÚSICA // SINGLES POP
#1: new rules, de dua lipa #2: havana, de camila cabello com Young Thug #3: green light, de lorde
MÚSICA // ÁLBUNS POP
#1: melodrama, de lorde #2: dua lipa, de dua lipa # 3 : r e p u tat i o n , d e tay l o r s w i f t
F I L M E S // E U A
# 1 : s t a r w a r s : o s Ú LT I M O S J E D I , d a L U C A S F I L M #2: logan, da 20th century fox #3: mulher-maravilha, da warner bros. pictures
os mais esperados para o ano de 2018
ANIMAÇÕES
# 1 : O s i n c r í v e i s 2 , d a w a lt d i s n e y p i c t u r e s # 2 : d e t o n a r a l p h 2 , d a w a lt d i s n e y p i c t u r e s # 3 : V i v a - A V i d a é u m a F e s t a , d a w a lt d i s n e y p i c t u r e s
FILMES
#1: mamma mia: lรก vamos nรณs de novo!, da universal pictures # 2 : v i n g a d o r e s : g u e r r a i n f i n i ta , d a m a r v e l s t u d i o s #3: pantera negra, da marvel studios
Sร RIES
# 1 : T h e A s s a s s i n at i o n o f G i a n n i V e r s a c e , d a f x # 2 : t i ta n s , d a t n t #3: krypton, da syfy
adan
M E L H O R E S D O A N O 2 0 1 7 // l i s t a i n d i v i d u a l cat e gorias: Single s N acionais, Ál buns Alternativos, Single s P op, me ;hore s Séries no ar, mel hores f il mes eua
singles nacio nais
álbuns a lt e r n at i v o s
singles pop
melhores séries no ar
melhores filmes eua
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JOÃO DICKER
M E L H O R E S D O A N O 2 0 1 7 // l i s t a i n d i v i d u a l c at e g o r i a s : m e l h o r e s f i l m e s
melhores filmes
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MENÇÕES HONROSAS
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LAÍSA SANTOS
M E L H O R E S D O A N O 2 0 1 7 // l i s t a i n d i v i d u a l c at e g o r i a s : m e l h o r e s s i n g l e , m e l h o r e s s é r i e s e melhores filmes de super herói
melhores singles
melhores séries
melhores FILMES DE SUPER HERÓIS
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vics
M E L H O R E S D O A N O 2 0 1 7 // l i s t a i n d i v i d u a l cat e gorias: single s mais ouvidos, ál buns MAIS OUVIDOS, me lhore s sé rie s novas e mel hores f il mes
singles mais ouvidos
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melhores séries n o va s
melhores filmes
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filmes
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A Força está conosco // t e x t o
joão dicker vics
// d i ag ra mação
Quando foi anunciado
que a Disney havia comprado a Lucasfilm, o mundo da cultura pop veio ao chão com a possibilidade do retorno de Star Wars aos cinemas. Passados alguns anos e com a chegada de Star Wars: O Despertar da Força (2015), ficou claro que a intenção do estúdio era renovar a franquia ao apresentar novos personagens e pontos inexplorados na vasta galáxia criada por George Lucas. Contudo, mesmo que o filme tenha sido bem recebido por crítica e público, muitas críticas foram levantadas a respeito da estrutura narrativa extremamente parecida ao do primeiro filme da franquia, Star Wars: Uma Nova Esperança (1977). Ainda, o cliffhanger utilizado ao final do longa serviu para
aumentar ainda mais a expectativa para que o próximo filme da franquia respondesse as perguntas que não haviam sido trabalhadas em O Despertar da Força, ao mesmo tempo que o receio (e para outros, a ansiedade) do Episódio VII ter sido tão parecido com o filme de 1977, talvez o oitavo capítulo se assemelharia à O Império Contra Ataca (1980). Desta forma, a expectativa de que Star Wars: Os Últimos Jedi traria a expansão dos conceitos essenciais da franquia, aprofundaria e desenvolveria os arcos dos novos personagens e responderia as questões deixadas pelo seu antecessor eram enormes. Felizmente, o oitavo filme da franquia não só entrega tudo o que prometeu como surpreende com reviravoltas inteligentes, emociona com diversos momentos tocantes e empolga com algumas das melhores cenas de ação da franquia, conseguindo o equilíbrio perfeito entre a essência de Star Wars e a identidade própria do filme. Esse equilíbrio é, justamente, um dos principais pontos do filme, tanto nos elementos técnicos quanto em suas temáticas e enredo. Na trama, acompanhamos os personagens apresentados em O Despertar da Força logo após o final do longa com Rey (Daisy Ridley) se encontrando com Luke Skywalker (Mark Hamill), Finn (John Boyega) e Poe Dameron (Oscar Isaac) acompanhando a Ressistência, encabeçada pela General Leia (Carrie Fisher), na luta contra as forças da Primeira Ordem e aos ataques de Kylo Ren (Adam Driver) e do Supremo Líder Snoke (Andy Serkis). Não revelar detalhes do enredo da película é essencial para qualquer zint.online | 79
experiência cinematográfica, mas em Os Últimos Jedi é imprescindível que o espectador assista sem conhecimentos prévios, devido as inúmeras reviravoltas e escolhas corajosas do roteiro do longa, assinado por Rian Johnson e que também comanda a direção. O texto afiado de Johnson assegura a todos os personagens momentos de protagonismo, mas que não soam artificiais devido as constantes mudanças de núcleos narrativos e a montagem eficiente de Bob Ducsay. Também, o roteiro aprofunda os principais conceitos da franquia sem didatismo ou superficialidade, ao mesmo tempo que consegue ser denso sem ser pedante. Os arcos de personagens são verdadeiramente dramáticos e levam os mesmos a transformações profundas e importantes para a sequência da franquia, funcionando como pontos de cisão e demarcação dentro do universo de Star Wars. Muitas delas são escolhas corajosas, principalmente as que dizem respeito a Rey e Kylo Ren, e consequentemente, ao uso e explicação da dimensão da Força, mas são também 80| zint.online
condizentes com toda a essência da franquia. As jornadas dos dois jovens, inclusive, é um dos melhores pontos do longa. Toda a construção inicial de que Rey representaria os Jedi e o lado da luz enquanto Kylo Ren seria o símbolo dos Sith e do lado sombrio, se exauri com o passar do tempo, transformando ambos os personagens em figuras confusas e conturbadas em suas próprias histórias e peculiaridades. Dentro de todo esse êxito em expandir conceitos acaba deixando alguns personagens de lado ou explicações importantes para a conjuntura de todo o cenário de guerra e conflito.
Explicações a respeito de como a Primeira Ordem se organizou após a queda do Império, a história do Supremo Líder Snoke e como se tornou uma figura tão poderosa e importante no universo, a relação do mesmo com Kylo Ren, ou qualquer vislumbre de uma personalidade bem desenvolvida para a Capitã Phasma (Gwendoline Christie), não são devidamente pontuados, deixando a sensação de que serão explicados em todos os produtos do universo expandido da franquia, como os livros, jogos e séries animadas. Dentro de Os Últimos Jedi há um sentimento inerente de "passagem de bastão", com
Luke e Leia servindo como inspirações para Rey e Poe Dameron, enquanto Snoke acaba por ser tudo aquilo que Kylo Ren renega no lado sombrio. É um trabalho de renovação da franquia utilizando de toda a carga emocional que Star Wars carrega para milhões de pessoas, com grandes homenagens principalmente a Carrie Fisher, tornando o Episódio VIII não só o filme mais denso e complexo, mas também com o maior carga emocional até então. Se o longa está carregado de sentimentos, os personagens são utilizados para evidenciar as mais variadas manifestações.
Poe Dameron é a inconsequência em pessoa, que acaba criando problemas para a Resistência devido a sua constante necessidade de confronto. Toda sua jornada funciona como um grande aprendizado para liderar, tornando o personagem mais interessante do que em O Despertar da Força. Finn é o que ganha menos espaço para desenvolvimento, participando de uma subtrama pouco atrativa para o espectador e um pouco desconsoante com o ritmo do longa, mas que ao final fazem com que o personagem se coloque em uma posição de crescimento pessoal e entendimento da necessidade de se entregar a uma causa. Luke é o personagem com maior bagagem emocional do filme, carregando todas as conquistas e as muitas perdas e derrocadas dos anos que separam Os Últimos Jedi de O Retorno do Jedi, levando-o a situação ao qual presenciamos no longa. A performance de Mark Hammil é impecável, trazendo a tona toda a intensidade e pesar no olhar do Mestre Jedi, que mesmo após anos dominando a Força se encontra em uma situação de fragilidade. Daisy Ridley demonstra mais uma vez que é um dos nomes com maior potencial em Hollywood, dando vida a uma Rey que perde gradativamente a inocência e pureza em seu olhar, deixando que o medo, a insegurança e a solidão tomem conta de suas expressões. É um trabalho de atuação impressionante, tornando a personagem cada vez mais forte, multifacetada e interessante. Adam Driver contrapõem a balança com uma atuação intensa e furiosa, permitindo que a cada acontecimento da trama Kylo Ren desperte e expurgue uma nova emoção, levando seu personagem a níveis de ódio assustadores, ao passo que ainda demonstra a fragilidade e insegurança do jovem. Ambos os atores demonstram que se 82| zint.online
há uma mudança de geração anunciada em Os Últimos Jedi, os protagonistas do novo momento de Star Wars estão em boas mãos. Assim como trabalha em diversas maneiras no roteiro do longa a noção de abraçar o passado mas renovar seus conceitos, Rian Johnson comanda a direção do longa de maneira primorosa. A forma com que dita o ritmo e que enquadra seus atores prioriza as atuações e emoções de cada cena, ao mesmo tempo que é inventivo e demonstra um controle louvável da câmera para cenas de ação, entregando as sequências mais envolventes e esteticamente apuradas. Toda a beleza plástica de Os Últimos Jedi é, também, mérito de Steve Yedlin, que comanda a fotografia com um esmero estético apuradíssimo, combinan-
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do o jogo de luzes (tão presente na franquia) para enunciar sensações: as explosões de vermelho intenso para os momentos de raiva e fervor emocional, ou os tons de azul e cinza mais claros para paginar a desesperança que reina a galáxia. Johnson ainda produz dois dos momentos mais apoteóticos e esteticamente incríveis da franquia, enchendo a tela de cinema com um momento que, impulsionado por todas as emoções levantadas no longa, deixam o espectador estupefato. O diretor consegue olhar para os episódios anteriores e reproduzir sensações, referenciar momentos marcantes e homenagear personagens e profissionais envolvidos, ao mesmo tempo em que traz novos conceitos, aprofunda novos persona-
gens e adiciona um toque autoral muito particular para o longa, transformando Os Últimos Jedi no filme de Star Wars que mais possui uma personalidade própria. Com muita coragem e inventividade, Johnson cria um filme que propõe uma análise mitológica da Força como fio da meada para decorrer o gigante universo de Star Wars e demonstrar que as sensações criadas pela franquia são baseadas em uma relação direta entre personagens e fãs. Se o diretor encerra Os Últimos Jedi com um momento tocante e emocionante para o público, é porque dentro de todo esteticismo há uma mensagem de renovação da franquia e uma gigante homenagem a tudo aquilo que ela representa. Um bonito encontro de passado e presente, prontos a abraçar o futuro. E assim como a cena final do longa evidencia, a galáxia tão tão distante criada em 1977 volta a ter um sopro de esperança graças a todos aqueles que não se deixam esquecer da existência da Força. E que ela esteja com você. //
O Expresso do Oriente de Branagh // TEXTO
L
Carolina Cassese
ançado no último dia 30, O Assassinato no Expresso do Oriente, adaptação da obra homônima de Agatha Christie, lotou as salas de cinema. Dirigido por Kenneth Branagh, o elenco do longa reuniu renomadas estrelas de Hollywood, como o próprio diretor, Michelle Pfeiffer, Johnny Depp e Penélope Cruz. O livro já havia sido (bem) adaptado para as telas anteriormente, pelo diretor Sidney Lumet, em 1974. O longa, centrado no ilustre detetive Hercule Poirot, narra a investigação do assassinato de Edward Ratchett, morto no Expresso do Oriente. Todos os excêntricos passageiros são investigados por Poirot, que utiliza vários de seus métodos para 86| zint.online
// diagramação
Maria Nagib
elucidar o mistério. A narrativa envolve o espectador, que preenche as lacunas no desenrolar da trama. Enquanto o filme de Lumet é primordialmente ambientado no trem, a nova versão conta com mais cenas de ação e algumas sequências em áreas externas. Branagh é ousado na direção, utilizando de movimentos panorâmicos, wide angles e close-ups para tornar as cenas mais fluídas e aumentar os importantes momentos de mistério ou revelações. É perceptível também uma tentativa de abordar questões sociais, como pode ser percebido na cena em que Bouc, antigo conhecido de Poirot, afirma: “Só sua investigação pode trazer justiça. Se deixarmos para o senso comum, provavelmente irão culpar o negro ou o latino”. Um paralelo que pode ser feito em relação ao livro e a nova versão diz respeito à
Albert Fi n n e y como H ercul e Poi rot n a adaptação de 19 74, di ri gi da p or Si dn ey Lu met
resolução do crime: no livro, o desfecho é mais súbito e simples. Na versão de Branagh, Poirot se depara com diversos dilemas morais.
Outra diferença notável é a construção do próprio Hercule Poirot. Tanto no romance de Agatha Christie quanto na primeira adaptação cinematográfica, o detetive é mais frio e calculista, enquanto na nova versão, percebe-se uma preocupação maior em humanizar Poirot, e suas percepções e sentimentos ficam mais evidentes. A atuação de Branagh é convincente e o personagem ganha o público. Destaque também para a interpretação de Michelle Pfeiffer, que dá vida a Mrs.Hubbard tornando-a uma das personagens mais interessantes do longa. Daisy Ridley, a Rey de Star Wars, também brilha ao interpretar a simpática Mary Debenham, mostrando todo seu potencial para ser uma grande estrela de Hollywood. O filme recebeu um bom retorno de público e da crítica. A Fox, estúdio produtor do longa, já anunciou uma continuação que adaptará Morte no Nilo, um dos mais romances mais conhecidos e cultuados de Christie. Outra obra da autora, intitulada A Casa Torta, foi adaptada para as telas em 2017, com direção de Gilles Paquet-Brenner e roteiro de Julian Fellowes, conhecido pela série Downton Abbey. O filme ainda não tem previsão de estreia no Brasil. Os fãs de Christie sabem: boa parte das mais de 100 histórias escritas por ela, tem potencial para renderem excelentes adaptações. Resta torcer que, assim como O Assassinato no Expresso do Oriente, todas façam jus à engenhosidade da rainha do crime. //
O ponto de impacto entre o subversivo e o cotidiano // TEXTO
A
ROberto Barcelos
normalidade de cada dia é palco para a performatividade do gênero em Corpo Elétrico, filme dirigido pelo belo-horizontino Marcelo Caetano e que mostra a rotina de um trabalhador gay na grande São Paulo. O discurso sobre a homossexualidade na obra é exibido na força como os personagens existem, com a presença de drag queens, bichas e afeminadas, termos considerados pejorativos em nossa sociedade heteronormativa, mas que impõem a necessidade de quebrar as colunas que sustentam o comportamento construído pela imposição do “ser homem”. Corpo Elétrico utiliza o cinema como ferramenta de manifestação sobre o que muitos consideram subversivo. Elias (Kelner Macêdo) é um jovem de vinte e três anos que deixou a família na Paraíba e mudou para São Paulo. Na cidade, ele começou a trabalhar em uma confecção de roupas, relacionar com outros homens e a participar de festas com os seus colegas de serviço. Sua única ambição é a de visitar o mar novamente. No diálogo inicial do filme, momento em
// diagramação
Maria Nagib
que vemos o protagonista na cama com outro homem pela primeira vez, o rapaz explica a forma como o mar ajuda a relaxar e desligar a cabeça frenética. Contudo, o cotidiano ganha novos nuances – mas sem perder suas características como cotidiano – quando o imigrante africano Filipe é contratado para trabalhar na mesma confecção que Elias e desperta nele uma vontade; palavra potente o suficiente para descrever a forma como a vida do jovem é norteada. Sempre inquieto, o corpo do protagonista move em um ponto até outro na vida de seus amigos e nas decisões deles para romper com a segurança do lugar comum, seja com um casamento ou uma turnê de shows. A presença de Filipe e falta de interesse em Elias cria gatilhos que revelam com timidez quem é o paraibano que vive sozinho em um apartamento, mas está sempre cercado de amantes e boemia. O excesso de companhias durante o dia e a noite flexiona com a ausência de uma família, como uma maneira de amortecer o sentimento de distância que não é apenas geográfico por causa da distância entre os estados, mas emocional. Essa é a realidade de muitos homossexuais, por causa dos diversos desafetos que surgem quando a orientação sexual é assumida. zint.online | 89
A potencialidade do filme está em sua capacidade discursiva de mostrar o gay em seu dia-a-dia. O que é apresentado em Corpo Elétrico dialoga com as diversas performatividade que o gênero possui e são dificilmente retratados por meio da narrativa cinematográfica. Em uma linha tênue, o filme consegue pegar a bicha não como algo pejorativo, mas como sinônimo de resistência e de luta sobre o direito dos corpos em manifestar a sexualidade como um elemento transgressor ao que é social, histórico e
cultural definido como o comportamento do homem e o comportamento da mulher. Os elementos transgressores e considerados subversivos podem ser identificados em Wellington (Lucas Andrade), personagem gay da história que foi acolhido por uma família de drag queens e trabalha na mesma confecção que Elias. As atitudes do garoto são revolucionárias em uma sociedade onde somos obrigados a exercer os papéis impostos pelo gênero, pois ele flutua entre os dois pontos binários e não se
preocupa em estar em nenhum deles. Contudo, não é porque Wellington e as drag queens de sua família não se encontram em nenhum dos dois lados que eles pertencem a lugar nenhum. A performatividade deles é como a Terceira Margem do Rio descrita por Guimarães Rosa, um ponto que não está nem à esquerda e nem à direita, mas existe. Inúmeras margens persistem quando falamos sobre o gênero, mas a grande questão é como o cinema e o audiovisual deve integrá-las e representá-las em suas narrativas.
Corpo Elétrico surge como uma nova possibilidade para discutir sobre o gênero no cinema, e seus debates e reflexões sobre o tema estão na maneira como os personagens “transgressores” e “subversivos” existem. Eles ocupam cada espaço de São Paulo, trabalham, saem para a balada e fazem show. O filme não esconde, ele mostra sem as máscaras criadas pelos diversos estereótipos reducionistas que mostram o gay de uma única maneira. O discurso é plural, assim como os corpos. //
Os 20 anos de Titanic, o navio dos sonhos // TEXTO
bruna curi
// diagramação
N
thales assis
a madrugada do dia 15 de abril de 1912, uma tragédia chocou o mundo: o RMS Titanic afundou em sua viagem inaugural. O navio que tinha sido construído para ser o mais luxuoso e seguro de sua época, chegando a ser considerável “inafundável” por algumas pessoas, colidiu com um iceberg e horas mais tarde naufragou, contrariando tudo que se pensava sobre ele. O naufrágio do navio foi o resultado de várias circunstâncias especiais. Apesar de ser raro encontrar icebergs no Atlântico Norte durante o mês de abril, especialmente no ano de 1912, um número maior de icebergs alcançou a rota do Titanic. O navio praticamente navegou na direção de um campo de gelo. Além disso, a noite do dia 14 de abril foi escura, sem lua ou vento, dificultando a observação de icebergs. A situação foi agravada pela falta de binóculos para os vigias. Outro fator que contribuiu para o naufrágio foi 92| zint.online
a velocidade do navio. No momento da colisão, o Titanic estava com uma velocidade alta para as circunstâncias climáticas daquela noite. Além disso, os compartimentos estanques não eram altos o suficiente para evitar a progressão da água, o seu casco tinha apenas um fundo duplo para protegê-lo de cardumes de peixes e os componentes de aço utilizado em sua construção tornavam-se frágeis em temperaturas muito baixas. Já o elevado número de mortos foi ocasionado pela falta de botes salva-vidas suficientes para todos a bordo, mas a falta de preparo e organização da tripulação também contribuiu para agravar a situação. Esse foi um dos piores desastres marítimos de todos os tempos, em que aproximadamente 1.500 pessoas (passageiros e tripulação) morreram. Com o passar dos anos, o Titanic entrou para a cultura popular tornando-se um dos navios mais famosos de todos os tempos. Por mais de 100 anos ele tem sido inspiração de obras de ficção e não ficção, e uma das retratações mais famosas sobre esse desastre foi o filme Titanic (1997), dirigido por James Cameron.
R o se e Jack per m an ecem , até ho je, co m o um a das m aio r es histó r ias de am o r do m un do do en tr eten im en to
O longa teve a maior bilheteria da história na época e venceu 11 Oscars, incluindo o de Melhor Filme e Melhor Diretor. O Filme
Em 1996, a quatro mil metros de profundidade, sob uma pressão de duas toneladas e meia por cm2, o caçador de tesouros Brock Lovett (Bill Paxton) e sua equipe estão explorando os destroços do RMS Titanic na tentativa de encontrar um famoso colar de diamante, também conhecido como Le Cœur de la Mer (Coração do Oceano, em português). Utilizando uma câmera-robô eles exploram os restos do famoso transatlântico, que repousa no fundo do oceano desde o dia 15 de abril de 1912.
Em meio aos corredores e ao convés desfeito, passando por objetos esquecidos, Lovett consegue chegar ao lugar que deseja: Deque B, onde fica o cofre do milionário Caledon “Cal” Hockley (Billy Zane). De volta ao navio de pesquisa, o Keldish, Lovett
Kate Wi n sl e t e m s ua p ri mei ra c e n a e m “Ti tan i c”, c om o a jov e m sobrevi ven t e Ros e
não poderia estar mais esperançoso para encontrar o tão famoso colar. Porém, ao abrir o cofre ele não encontra nenhuma joia ou algo de valor, apenas um velho desenho de uma uma mulher nua usando o colar, datado do dia 14 de abril de 1912, o dia em que Titanic colidiu com o iceberg. É natural que Lovett se sinta frustrado, afinal de contas anos de pesquisa não renderam nada. É como se todo seu esforço para encontrar o diamante tivesse sido em vão. Para conseguir alguma ajuda, ou pista sobre o desenho, ele e sua equipe divulgam essa descoberta em uma reportagem de TV para todo o mundo. Essa tática parece funcionar, uma vez que uma velha senhora entra em contato com Lovett, afirmando ser a mulher do desenho. Trata-se de Rose Dawson Calvert/Rose DeWitt Bukater (interpretada por Gloria Stuart quando mais velha e por Kate Winslet quando jovem). A situação parece ser um pouco suspeita, ela pode ser uma velha charlatã, mas como ela sabe sobre o Coração do Oceano, uma informação restrita a equipe de pesquisa de Lovett, eles passam a confiar no que Rose tem a dizer. Ela é a última esperança deles. Acompanhada de sua neta Lizzy (Suzy Amis), Rose viaja até o navio de pesquisa onde revela para todos detalhes do seu passado e suas recordações à bordo do Titanic, até o dia em que o navio naufragou. Ela falta também sobre sua verdadeira identidade (na verdade ela é Rose
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DeWitt Bukater) e as lembranças de Jack Dawson (Leonardo DiCaprio), que ainda permanece vivo em sua memória. Em 1912, com 17 anos, Rose embarcou no navio como uma passageira da primeira classe, junto de seu noivo Cal e de sua mãe, Ruth DeWitt Bukater (Frances Fisher). Enquanto todos parecem empolgados com a viagem, Rose aparenta estar cada vez mais infeliz, tendo de lidar com a pressão de um casamento que embora ela não queira, resolveria os problemas financeiros de sua família. Ela é como um pássaro engaiolado: não tem liberdade de opinar e nem falar o que pensa, tendo de aceitar as condições impostas por sua mãe. A situação torna-se tão insustentável que Rose considera suicidar ao tentar pular do navio. Quem a faz mudar de ideia é Jack Dawson, um passageiro da terceira classe que embarcou no Titanic por pura sorte do destino, ao ganhar as passagens em um jogo de cartas. Nessa noite ele a salva de todas as maneiras possíveis, não só evitando que ela morresse, mas lhe dando força para seguir em frente com sua vida. Esse é apenas o primeiro contato entre Rose e Jack, que acabam se aproximando durante os dias de viagem. Mesmo vivendo em mundos completamente diferentes isso não os impede de se relacionar, chegando até mesmo a fazer planos para o futuro. Quem não fica contente com essa aproximação é o noivo de Rose e sua mãe, que
acredita que Jack Dawson deva ser exterminado como um inseto. O que ninguém poderia imaginar era que o Titanic, o navio que nem Deus era capaz de afundar, estava naufragando após colidir com um iceberg. Em questão de horas todo o cenário se transforma em um verdadeiro caos: passageiros brigando entre si para conseguir um lugar nos botes salva-vidas, os passageiros da terceira classe lutando para conseguirem chegar ao convés do navio e até mesmo músicos tocando sinfonias clássicas, na tentativa de distrair as pessoas durante toda a confusão. Porém, nem mesmo todos os imprevistos fazem Jack e Rose desistirem da ideia de ficarem juntos, sendo capazes de cometer algumas loucuras e lutando até o fim para sobreviver. Toda equipe de Lovett, incluindo Lizzy, ficam tocados com a história revelada por Rose. É uma verdadeira história de amor em meio a uma tragédia. Nessa mesma noite, Rose caminha pelo convés do Keldish até a grade de proteção e joga ao mar o Coração do Oceano (o diamante pode ser visto como uma metáfora do coração de Rose, uma vez que o coração de uma mulher é como um oceano, cheio de segredos). O colar esteve durante todos esses anos com ela. Mas o seu verdadeiro lugar sempre foi ao lado de Jack, nas profundezas do oceano. O ponto de partida para James Cameron fazer filme, após cinco anos de pesquisa intensa e
autorização para filmar os escombros do Titanic, foi marcado por uma revolução artística e tecnológica. De acordo com o diretor: “A melhor demonstração da genialidade humana se impondo sobre a natureza foi a construção do Titanic. Mas a viagem inaugural terminou num pesadelo que abalou a crença na capacidade do ser humano, apontando suas limitações”. James transformou o seu filme em uma metáfora de uma era. Utilizando equipamentos desenvolvidos especialmente para filmar a 4 mil metros de profundidade, o diretor conseguiu imagens do interior do navio que jamais tinham sido vistas. Além disso, ele contou com ajuda do historiador Don Lynch e do artista Ken Marshall, que estudaram a história do transatlântico, entrevistaram alguns sobreviventes e também publicaram alguns livros. Além disso, a equipe do filme construiu uma meia réplica da metade do Titanic e três maquetes em diferentes escalas, que mais tarde foram usadas com os efeitos efeitos especiais. Também foi construído uma maquete completa do cenário dos escombros do navio. Cameron tomou todo cuidado necessário para deixar a história o mais realista possível, conseguindo criar uma trama inesquecível e que marcou uma geração. Ele conseguiu tornar atraente uma história real e trágica da qual todos já conhecem o final.
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A Crítica
Na época em que foi lançado, Titanic (1997) tornou-se um fenômeno das bilheterias. Arrecadando um total de US$ 2,1 bilhões, o filme foi o primeiro a arrecadar mais de US$ 1 bilhão mundialmente, permanecendo como a produção de maior arrecadação da história do cinema por 12 anos. Titanic foi muito bem recebido pela crítica especializada. De acordo com o site Rotten Tomatoes o filme possuiu um índice de aprovação de 88%, sendo considerado como “um triunfo quase sem ressalvas para Cameron, que oferece uma mistura estonteante de visuais espetaculares e uma melodrama à moda antiga”. Já no site Metacritic, o filme tem uma pontuação de 74/100. No dia 4 de abril de 2012, Titanic foi relançado nos cinemas após uma conversão 3D como uma forma de homenagear os 100 anos da viagem inaugural do RMS Titanic. Após o relançamento, o filme conquistou mais de 300 milhões de dólares e conseguiu o feito de ser o segundo longa a atingir a marca dos US$ bilhões em bilheteria. Ficção vs Realidade
Assim como em qualquer filme baseado em fatos reais existem coisas que são criadas para tornar a história 96| zint.online
mais atraente para o público. Personagens como Rose Dawson Calvert/Rose DeWitt Bukater, Jack Dawson, Cal Hockley, Fabrizio (Danny Nucci) e Tomy (Jason Barry) nunca existiram na realidade. Eles foram construídos para enriquecer a trama, que gira em torno de uma história de amor proibido entre duas pessoas de mundos completamente diferentes. Já alguns personagens da tripulação da White Star Line (empresa responsável pela construção do Titanic) de fato existiram: o diretor da companhia Bruce Ismay (Jonathan Hyde); o construtor do navio Thomas Andrews (Victor Garber); os vigias Frederick Fleet (Scott G. Anderson) e Reginald Lee (Martin East); o primeiro oficial William Murdoch (Ewan Stewart) e o capitão Edward John Smith (Bernard Hill). Além desses personagens que eram reais, alguns famosos passageiros também existiam e estavam a bordo do transatlântico como, por exemplo, Margaret Brown (Kathy Bates), John Jacob Astor IV (Eric Braeden), Benjamin Guggenheim (Michael Ensign), entre outros. A icônica cena dos músicos tocando enquanto o navio afundava de fato aconteceu, porém há controvérsias em relação a última música tocada por eles. Alguns
sobreviventes afirmaram que a última música tocada por eles foi Nearer, My God, To Thee, enquanto outros afirmam que eles tocaram outras músicas. Contudo, após uma publicação de uma manchete na capa do jornal Daily Mail do dia 20 de abril de 1912: “Músicos heróis do navio Titanic tocam ‘Nearer, My God, To Thee’ enquanto o transatlântico afunda”, popularizou-se o fato de que os músicos tocaram essa música. A retratação feita do primeiro oficial William Murdoch gerou certa polêmica, no longa ele foi mostrado como um oficial corrupto e responsável por matar dois passageiros inocentes, além de cometer suicídio com um tiro na cabeça. Depois da exibição do filme, familiares de Murdoch exigiram uma retratação pública e uma indenização. Na versão de DVD de Titanic, o diretor James Ca-
Me smo após 2 0 an os, o final trági c o de Jac k conti n u a sen do m ot i vo de ch oro e de s a p rovaç ão de gran de part e do se u pú bli co, c ri a n do inúm eras teori as de conspi ração e t e n tat i va s de expli car que : s i m , e ra p ossí vel salvar Jac k
meron desculpou-se pelo papel que deu a Murdoch. Todo o processo do naufrágio do Titanic também foi bastante real, assim como o número de mortos, passageiros, sobreviventes e os botes que voltaram. O navio de resgate, o Carphatia também existiu, e o tempo que levou para chegar ao local também foi verídico. 20 Aanos de Titanic Como forma de celebrar o sucesso estrondoso que o filme fez, James Cameron anunciou que iria produzir um documentário para comemorar os 20 anos da estreia do fenômeno Titanic (1997), que na época quebrou os recordes de bilheteria em seu lançamento. A exibição do documentário ocorreu no início de dezembro, sendo transmitido pelo canal pago National Geographic. Titanic: 20th Anniversary revela Cameron e os especialistas analisando e discutindo os últimos 20 anos, e os novos detalhes da tragédia que foram surgindo desde a estreia do filme. Em uma entrevista ao E! News, o diretor comentou que o objetivo do documentário é reavaliar o legado de seu longa. “Quando escrevi o filme e estava certo para dirigir, queria que cada detalhe fosse o mais preciso possível. Eu estava criando uma história viva, precisava ter respeito pelas pessoas que morreram e seus legados. Mas será que eu realmente consegui? Agora, com o National Geographic, pesquisas recentes, ciência e tecnologia, vou reavaliar tudo isso”, contou. //
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Bigode Rafael Rallo
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