zint edição #13: os incríveis
jun. 2018
e di to ri al
Chegamos no nosso aniversário! Um ano depois, entregamos, finalmente, a nossa Edição #13! Foi um percurso longo, mas muito prazeroso, repleto de novidades e de pessoas novas, afinal a nossa Equipe cresceu de uma forma que nunca esperamos. Melhor ainda é o feedback que recebemos, sempre positivo. A revista é o nosso grande orgulho e por isso estamos sempre empenhados em evoluir. Assim, nada mais justo do que comemorar o nosso aniversário de um ano com uma publicação completamente repaginada, um site totalmente refeito e redes sociais muito bem organizadas. Estamos mais polidos, melhores, com textos mais bem escritos e bem produzidos. Essa é o nosso novo visual, mas o coração da identidade continua o mesmo. Queremos cor, queremos vida, queremos ser curiosos, abraçar o novo e o diferente. Queremos ser nós mesmo. Obrigado a todo mundo que esteve envolvido ao longo dessas treze publicações. Obrigado quem compartilha, comenta, dá um feedback, e até mesmo quem apenas lê a gente de forma aleatória. Simplesmente, obrigado. Esperamos que todos vocês possam aproveitar, porque o nosso conteúdo continua Incrível como sempre!
O QUê A ZINT TEM? como uma publicação digital, as possibilidades de interações são promissoras. usando a plataforma ao nosso alcance, a revista sempre vem acompanhada de interatividade. aproveitamos de todos esses recursos e você pode usufruir de tudo sem muito mistério. »
paleta de cores;
para ficar fácil diferenciar as áreas de cobertura, cada uma delas possuem suas próprias cores, que ficam visíveis nas barras laterais da revista
vídeo;
stories;
com uma revista de Cultura & Entretenimento, estamos sempre escrevendo sobre algo que possui um trailer ou um videoclipe, por exemplo. o ícone do Youtube é sempre visível para encontrar esse conteúdo audivisual. ao clicar na imagem, uma janela com o player será aberto e você poderá assistir ao vídeo!
se você está pelo app Issuu, é possível ler as principais matérias da Edição em versão “Stories”. na parte superior direita você pode ver um ícone de barras; basta clicar nele para ser levado para a área onde o conteúdo está em um formato de texto corrido
playlists;
links;
algumas das nossas matérias vem acompanhadas playlists. quando isso acontece, eles são encontradas ao final da respectiva matéria. ainda, nas páginas finais de cada publicação, você pode encontrar todas as listas, com ícones para ouvi-las no Deezer, Spotify e Youtube
além do conteúdo audiovisual principal, as matérias contém outros tipos de links, como para páginas da internet, ou até mesmo outros vídeos e áudios. toda vez que essa identificação visual aparecer saiba que ela corresponde a um link. é só clicar!
rodapé;
o easter-egg da revista. no rodapé de cada página de matéria, no mesmo lugar da paginação, o zint.online sublinhado também é um link. neste caso, ele leva para a versão correspondente da matéria no site, em formato blog
equipe da edição a cada publicação, o nosso time de colaboradores muda um pouco
joão
vics
idealizador; editor de conteúdo
idealizador; diretor de arte
@jdicker
@vics
a variação ocorre como o resultado da disponibilidade de cada um dos colabs
colabs da edição
11 colaboradores participam dessa edição, com matérias sobre música, séries, filmes, quadrinhos, arte plástica e até mesmo nas playlists
ana luisa santos
bruna curi
bruna nogueira
carolina cassese
joão dicker
mike faria
rafael bonanno
ruth berbert
vics
vitória rocho
yuri soares
clique aqui para ver todos nossos colabs
agenda cultural trazemos as datas das principais estreias e lançamentos de julho
05
05
mulheres alteradas
06
samantha! estreia da 1ªT
palo santo years & years
HOMEM-FORMIGA E A VESPA
06
08
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sharp objects estreia da 1ªT
12
12
arranha-céu: coragem sem limite
hotel transilvânia 3: férias monstruosas
mamma mia: here we go again various artists
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ilha dos cachorros
night & day the vamps
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19
uma quase dupla
mega man x legacy collection
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castle rock estreia da 1ªT
nintendo switch, pc, ps4, xbox one
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orange is the new black estreia da 6ªT
missão impossível: efeito fallout
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no man’s sky
jack ryan
xbox one
estreia da 1ªT
VOCÊ PODE VER O CALENDÁRIO COMPLETO CLICANDO BEM AQUI
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guia do en tre te ni men to
não é todo mundo que está imerso no mundo do entretenimento, podendo ficar sem entender alguns (ou vários) dos termos utilizados na área. por essa e outras, mês a mês, nos prontificamos a trazer três palavras, traduzidas, explicadas e exemplificadas
veja o dicionário completo
plot driven plot-driven é o termo utilizado para designar uma história focada na ação, na sequência de fatos que compõem o enredo, sempre levando o protagonista de um lugar A para um lugar B. em geral, é uma narrativa focada em uma mudança ou transformação externa. Em O Senhor dos Anéis, a franquia como um todo é estruturada a partir da ação. O enfoque da narrativa é a jornada para a destruição do anel, não necessariamente as transformações internas que cada personagem passa ao longo dessa jornada.
queer baiting queer baiting traduz-se para algo como “isca para gays”, um termo utilizado quando uma narrativa cria uma tensão sexual entre dois personagens do mesmo gênero, afim de “pescar” o público LGBTQ+, mas mantém o arco no espectro hétero para não desagradar a parcela cis, mantendo apenas as ilusões queers Em Teen Wolf, Stiles e Derek formavam o “casal” Sterek. Dean e Castiel formam Destiel em Supernatural e até mesmo Sherlock possui Sherlock e John como Johnlock.
character driven character-driven é toda história focada no profundo desenvolvimento do personagem, em como ele toma as suas decisões. geralmente a ação da narrativa é tomada de forma mais lenta, criando tempo necessário para o espectador acompanhar as consequências e o peso de cada atitude para os personagens. Em Três Anúncios Para Um Crime, o foco da narrativa são as consequências e transformações que cada personagem passa a partir do conflito, não da resolução do conflito em si.
CONTEÚDO 16
34
66
música
filmes
quadrinhos
p.16
p.66
p.104
Christina Aguilera vics
Os Incríveis João Dicker
p.26
p.72
Mike Faria
Rafael Bonanno
The Carters
séries p.34
Sense8
Ana Luisa Santos p.40
Queer Eye vics p.48
The Fosters Ruth Berbert p.52
Unbreakable Kimmy Schmidt Bruna Curi
Jurassic World p.78
Hereditário Carolina Cassese, João Dicker p.82
Oito Mulheres e Um Segredo Bruna Curi p.86
Praça Paris Carolina Cassese p.88
Sicario João Dicker p.92
Mulan Ruth Berbert p.96
especial p.58
Perola Navarro Bruna Nogueira
Procurando Nemo Bruna Curi
Mangás Yuri Soares
indicação p.110
Filmes LGBTQ+ Vitória C. Rocho
playlists p.116
Todas as Playlists produzidas pelos nossos Colabs
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música
]
A LIBERTAÇÃO D’A VOZ DA GERAÇÃO TEXTO E DIAGRAMAÇÃO
VICS
Após ter lançado dois álbuns que não vingaram, sucedendo dois que ajudaram a determinar o rumo da música (e artistas) pop, Christina Aguilera quebra o hiatus de seis anos com um novo disco. Ainda mais engajada no fortalecimento e independência da nova geração de mulheres, o trabalho já é considerado pela crítica especializada como o melhor da carreira da cantora 16|
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Em novembro de 2017, Christina Aguilera emergiu na mídia após adotar um novo visual, diferente de todos os outros até então. Em uma foto no Instagram, ela anunciava "coisas novas no horizonte". Em uma camisa bastante explícita escrita "Chupa Meu Pau", Christina deixa claro que nesta nova fase de sua vida e carreira, a cantora está oficialmente ligando o "foda-se" e finalmente se libertando das amarras das quais passou tantos anos presa. O sucesso de Aguilera é fruto de uma relação com a Disney, quando, aos 13 anos, estrelou o reboot do programa infantil O Clube do Mickey Mouse, ao lado de outros nomes como Britney Spears e Justin Timberlake. Ela tinha 18 anos quando deu voz a versão single de Reflection, música da animação Mulan (1998). A música ajudou a dar notoriedade
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a sua carreira solo, que iniciaria em 1999 com a explosão do carro-chefe chiclete Genie in the Bottle. Assim, a cantora passou boa parte de sua vida na frente dos holofotes, enquanto sua carreira ia escalando e sua legião de Fighters e haters aumentando. Com mais de 226 prêmios ganhos, entre eles cinco Grammy Awards, Christina recebeu, em 2012, o título especial de A Voz de Uma Geração, no American Latino Media Arts Award (ALMA Awards). Prêmio este que ilustra perfeitamente o poder da voz da cantora, que dá substância a hits mundiais como a jazzy Ain't No Other Man, a sexy Dirrty e a maravilhosa Say Something, da dupla A Great Big World. Christina não brinca em serviço e inspirou a nova geração de cantoras pop, como Demi Lovato, Ariana Grande e Bebe Rexha, ou até mesmo artistas como Lady Gaga.
ACELERANDO O retorno de Aguilera vinha carregado de expectativa. Seu último álbum, Lotus, foi lançado em 2012 e não vingou entre os críticos e muito menos entre os fãs, que vêem o disco como um dos mais fracos da cantora. Esse era o segundo projeto que não dava certo, após o Bionic, de 2010, receber críticas mistas e também não ter vingado nas vendas. Conhecido como um "álbum além de sua época", o disco ainda foi o centro de teorias de conspiração que colocavam Lady Gaga contra Aguilera, afirmando que a então artista do momento teria usado sua recente ganha influência para sabotar o álbum. A polêmica ganhou força e resistiu por vários anos, 20|
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até o momento icônico que Christina e Gaga subiram ao palco juntas e terminaram a performance de mãos dadas, rasgando elogios uma a outra. Teria o suposto desafeto delas chegado ao fim? Com dois álbuns com um lançamento ruim após dois álbuns que marcaram sua carreira (o Stripped, que ano passado completou 15 anos, e o Back to Basics), Christina Aguilera entrou em um hiatus. Assim, sua carreira se resumiu a apenas pequenas participações em faixas de outros artistas e um single avulso em homenagem as vítimas da boate Pulse, em Los Angeles, Estados Unidos. Em 2018, tudo mudou. No começo do ano, uma faixa chamada Fall in Line vazou na internet. Junto a ela, notícias
afirmavam que a faixa demo seria um dos singles do vindouro projeto, e que a sua versão finalizada contaria com a participação de uma grande cantora pop da atualidade. Foi o suficiente para ativar a internet a se preparar para o retorno de uma das maiores artistas da música. Foi então que em 3 de maio Christina finalmente anunciou, oficialmente, o primeiro single do novo projeto. Accelerate chegou as plataformas digitais e streaming no mesmo dia, acompanhado de um vídeo. O carro-chefe trouxe a participação dos rappers Ty Dolla $ign e 2 Chainz, com produção de ninguém menos que Kanye West. Com uma rápida intro tribal, a música aposta no hip-hop, colocando Aguilera em um novo território, mais experimental, diferente do que ela já fez até agora. A música dividiu ligeiramente os fãs, mas acabou sendo bem recebido por eles e pela crítica especializada, que chamava a faixa de "estranhamente fantástica" e um "corajoso retorno artístico". Não só o estilo musical de Chris-
tina estava diferente, mas também a sua relação com os fãs. A cantora, que até então mantinha-se mais distante das redes sociais, passou a ser mais ativa, interagindo com seus seguidores, contando sobre o processo do álbum, seu significado, explicando cada uma das faixas, compartilhando fã-artes, vídeos por-trás-das-câmeras de ensaios fotográficos, music videos, eventos. Era uma nova Christina, que pela primeira vez mostrava suas sardas ao mundo na entrevista com a PAPER Magazine e vinha ainda mais angelical e direta em peças jornalísticas com a W Magazine e a Billboard. A promoção do novo álbum continuou, com uma nova estratégia, adequando-se mais ao mercado fonográfico atual. Invés de trabalhar apenas com uma música, a cantora lançaria outras faixas do projeto até o lançamento do disco. Dito e feito. Twice chegou as plataformas na semana seguinte, acompanhado de um pequeno vídeo experimental. O grande trunfo, no entanto, veio apenas depois.
Liberation debutou em sexto lugar na Billboard 200, vendendo pouco mais de 120 mil cópias na primeira semana (físicas e equivalentes, como streamings). Este é o sétimo álbum de Christina (de oito) a entrar no Top 10 da parada musical
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FORA DA LINHA Fall in Line foi finalmente lançada em sua versão finalizada. E a grande artista pop que faria participação na música é ninguém menos que Demi Lovato, escolhida por Aguilera especialmente pelo o poder de sua voz. Decisão esta que foi muito bem recebida pelo público e pela crítica, que celebravam o quando as duas vozes se encaixavam completamente e completavam uma a outra. Ambas as artistas possuem vozes poderosas e flexíveis, que deram à Fall in Line uma hino contemporâneo voltado, especialmente, à jovens garotas. Qualquer um que conhece a carreira de Christina sabe que ela sempre foi muito vocal quanto ao feminismo. Se em Can't Hold Us Down ela canta "para todas as mulheres
ao redor do mundo que já encontraram um homem que não respeita o seu valor", em Fall in Line ela afirma que "toda a verdade dentro de uma garota é muito preciosa pra ser roubada dela". A faixa, no entanto, vai muito além do que sua primeira mensagem. Ela também é um manifesto de Aguilera para com a indústria musical, que durante anos, principalmente nos seus primeiros anos, esperava que ela seguisse a linha da garota comportada, sem opinião, submissa ao homem. É um grito em como a indústria é machista e abusiva, em como artistas femininas são sempre colocadas dentro de um molde e precisam fazer o que são mandadas, se quiserem ter algum tipo de sucesso, em como a sua inocência é roubada logo no início, em uma indústria que é famosa por vender fama em troca de sexo. Há quem diga, ainda, que a música também é uma resposta à RCA, gravadora que assina a carreira Christina. Nos últimos anos, o selo vem mostrado descaso com a cantora e rumores afirmavam que eles não estavam muito felizes com o novo projeto, tentando força-la a lançar um álbum mais genérico e que fosse vender muito. Mas depois de 20 anos, Christina não é mais, como ela mesma afirma, uma artista de vendas. PROCURANDO MARIA Liberation chegou nas lojas e serviços de streaming no dia 15 de junho, seis anos após seu último disco. Com Accelerate, Twice, Fall in Line e Like I Do apresentado, estava na hora de focar no álbum. A Libertação de Christina está presente em cada uma das faixas, que juntas narram um pouco sobre como a cantora andou se sentindo nesses últimos anos desde o Lotus. É sobre se distanciar de qualquer coisa que não seja a sua verdade, se soltar das amarras da indústria, ser ela mesma e poder ser o que ela quiser, viver livre das expectativas dos ou-
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tros. É sobre apreciar, de forma crua, a sua própria beleza. É sobre esse novo mantra que Maria é a personagem central do álbum. Baseada em A Noviça Rebelde (1965), Christina quer achar a sua Maria interior. No filme, a personagem de Julie Andrews é uma freira que não sente pertencer completamente ao convento, mas que quer desesperadamente ter essa vocação. Para encontrar seu lugar, ela é mandada para ser a governanta das sete crianças da família Von Trapp, onde finalmente encontra o seu verdadeiro chamado. Após os interludes Liberation e Searching for Maria, com samples da música Maria, da trilha sonora de Noviça, Aguilera chega na sua própria faixa Maria, com produção de Kanye West e samples de Maria (You Were the Only One), performada por Michael Jackson. Aqui, ela questiona onde está essa pessoa que ela quer tanto conhecer, porque
ela não consegue enxergá-la. Christina se queixa do custo de sua fama e de ter se permitido "seguir a linha", que tudo isso foi caro e que ela já não se reconhece quando olha no espelho, por estar tão no fundo de sua própria vida e carreira. Onde está Maria? Em Sick of Sittin', produzida por Anderson .Paak, a cantora continua a analisar as decisões que tomou na vida, a quantidade de coisa que ela fez que hoje ela sente não ser mais ela. A faixa faz uma alusão direta ao seu
tempo no The Voice, no qual Aguilera revelou recentemente ter sido excruciante, por ser um programa que não se importava com os artistas, mas apenas em ganhar fama e dinheiro. A cantora passava horas sentada, brincando de girar sua cadeira vermelha e aqui ela relembra o quanto ela se sentia escrava de tudo. Agora, cansada de ficar sentada, não quer aceitar qualquer coisa que caia no seu colo. Sua raiva e angustia é expressada de forma ainda mais clara com a vibe rock and roll da zint.online | 23
música, com as guitarras sampleadas de No Registration, guitarrista e compositor sueco Janne Schaffer. Dreamers entra em ação, com garotas falando o que elas querem ser e ter quando crescer, como a Presidente ou apenas fazer suas vozes serem ouvidas. O interlude, que traz a breve participação de sua filha, Summer Rain, antecede Fall in Line, encaixando perfeitamente com a letra e ideia central do single. O álbum ainda faz outros questionamentos, como em Twice. Porque só vivemos em extremos? Porque só podemos ser Paraíso ou Inferno? Água ou Fogo? Puro ou Impuro? Com uma boa dose de baladas e faixas sensuais, Liberation flui de forma natural entre alguns gêneros, como o reggae de Right Moves, o R&B de Pipe e o hip hop da já citada Accelerate, por exemplo. Christina sabe aproveitar de sua poderosa voz para transitar organicamente em gêneros musicais diferentes do seu primário e também dar emoção a baladas poderosas e significativas como Masochist. Aguilera prova que o conceito de seu álbum não está tão deturpado, acompanhada de uma aclamação da crítica, que coloca o Liberation entre os melhores discos de sua carreira (se não o melhor), enquanto o agregador Metacritic registra uma das maiores Nota do Público de todos os tempos. Com um álbum tão focado em independência e encontrar sua própria voz, Christina prova que ela não é mais, de fato, uma cantora
que só se importa com vendas. Aguilera quer passar sua mensagem, usar sua plataforma para ser melhor e dar voz à injustiça. Não só isso, a cantora também exerce um papel pivô no mundo da música, por ser uma espécie de intermediária entre artistas, compositores e produtores pequenos e desconhecidos para com a indústria musical mainstream. Em Liberation, Christina ajuda a apresentar os artistas Keida, XNDA, GoldLink e Shenseea para um público que, provavelmente, não iria conhecê-los de forma natural. E mesmo se unindo a poderosos nomes da indústria como Kanye West, ela também traz colaborações com Anderson .Paak, nomeado à Melhor Artista Novo no Grammy Awards de 2017, o britânico MNEK e até mesmo Julia Michaels, nomeada a Melhor Artista Novo no Grammy 2018. Mesmo que não tão ligado com a música pop, a espera pelo novo álbum vale muito a pena. Christina Aguilera não tem medo de ousar, experimentar, sair do genérico e vender pouco, lançando um projeto nos seus próprios termos. Sua Libertação ajuda o público geral e os fãs a ter uma ideia melhor de seu atual momento, além de mostrar o que o horizonte pode estar preparando agora que a cantora já deixou claro que ela não pretende tirar férias tão longas e já está empolgada em fazer o sucessor do Liberation. //
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THE CARTERS:
A PARCERIA AFIRMADORA DE BEYONCÉ E JAY-Z por
D
MIKE FARIA
ois anos após lançar seu último álbum Lemonade, Beyoncé liberou de surpresa um novo trabalho juntamente com JAY-Z, seu parceiro na vida e nas turnês. Tendo em vista o início da turnê mundial On The Run Tour II, o projeto conjunto ganha o nome de Everything is Love (em português, Tudo é Amor). A proposta do The Carters, como são chamados no material, é trazer consigo músicas que tratam da fama, do poder, do sucesso, da riqueza, mas, principalmente, do amor que mantém os dois unidos e mais fortes do que nunca.
diagramação
vics
A dupla ultrapassa as confissões da vida e do casamento presentes no Lemonade e o arrependimento em forma de resposta presente no 4:44, último álbum solo lançado por JAY-Z, para se mostrarem realmente juntos, seja no amor ou para mostrar que a cultura e os indivíduos negros merecem também espaço e reconhecimento. Nesse sentido, o disco aposta nas questões sociais como a cultura negra para trazer, assim, um discurso empoderado que expõe, para quem quiser ouvir, os desafios e o orgulho de ser negro. Uma grande e desafiadora reflexão para a realidade da população negra nos EUA, diante aos inúmeros acontecimentos de
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O álbum EVERTYTHING IS LOVE (capa ao lado), apresentando o projeto nomeado The Carters, foi lançado de surpresa, junto ao clipe da música APESHIT
violência ocorridos no país, principalmente nos últimos tempos. Para marcar a estreia do disco, a música Apeshit ganhou clipe gravado no Museu do Louvre, em Paris,totalmente vazio, marcando apenas a presença dos dois como ícones da cultura pop contemporânea em meio as obras de arte que servem como pano de fundo. Em uma
proposta audiovisual inovadora, o casal aparece em meio a diferentes esculturas e obras, como a Monalisa, trazendo ainda performance de dançarinos
A medida que se voltam contra a ordem social, política e cultural estabelecida e ressignificam o museu mais visitado do mundo, os Carters alcançam realmente o ARTPOP. O conceito introduzido por outros artistas na música não ganhou tanto destaque e acabou por se restringir a alguns clipes coloridos, vestidos estampados com obras famosas e rostos pintados.
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No último dia 6, Beyoncé e JAY-Z deram início a On the Run Tour II. A segunda turnê conjunta do casal começou em Cardiff, no País de Gales e terminará em Seattle, nos Estados Unidos, no dia 4 de outubro. A primeira On the Run Tour aconteceu entre junho e setembro de 2014, focando apenas nos EUA, com duas noites em Paris, onde foi gravado o especial On the Run Tour: Beyoncé and Jay-Z, para a HBO. negros para mostrar que eles também merecem espaço nos grande palácios e galerias como o Louvre, ambiente reconhecido por expor a arte ocidental e ocupado quase totalmente por brancos e pessoas de classe alta, sejam elas artistas ou visitantes. O fato é que, desde Summer até Lovehappy, passando por Black Effect, possivelmente a música que traz o discurso político mais forte de todo o álbum citando Malcolm X, Beyoncé e JAY-Z trazem consigo a afirmação da dupla como as personalidades mais influentes da música no mundo atual e fazem questão de provar isso nas letras. Temas como a humanidade e a herança cultural dos dois como artistas conduzem as letras
cantadas principalmente pelo rap, ritmo que domina o disco. Em Boss por exemplo, o casal exalta sua riqueza e ostenta sem pudor por tudo que conquistaram e o tornaram poderosos e ainda celebram o fato de que os efeitos disso trará mais negros na lista da Forbes. A faixa encerra com Blue Ivy fazendo questão de saudar os irmãos gêmeos, os
mais novos integran tes da família, Rumi e Sir, como forma de fazer todos presentes no trabalho. "Um salve para Rumi e Sir, com amor, Blue". Durante o videoclipe de Apeshit, enquanto o casal exprime seus rancores de forma indiferente e sem qualquer insegurança, citando o Grammy e o Super Bowl e falando de dinheiro, a cena é composta por grandes obras de arte que contribuem para imagens que tornam-se icônicas. A partir daí o casal traz para a cultura popular todo um acervo admirado pelo valor artístico e transformam o lugar de fala ao cantarem "Eu não posso acreditar que fizemos isso" em meio as obras. Certamente, Beyoncé e JAY-Z representam o verdadeiro ARTPOP, sendo que transferem para a cultura popular o luxo da arte e fazem dela um elemento comum, naturalizado por eles e pelo zint.online | 29
público que passa a ver tais figuras mais próximas e comuns. Afinal, não há forma melhor de atrair o público que impactar ou agradar os olhares de quem vê. Dessa forma, acabam por ressignificar a si próprios ao se legitimarem como as verdadeiras obras de arte do clipe, bem como os dançarinos. A dupla consegue desviar a atenção toda para eles, enquanto, por exemplo, a Monalisa, a escultura grega Vitória de Samotrácia ou a pintura Coroação do Imperador Napoleão aparecem ao fundo das cenas – presentes, porém tímidas, em segundo plano. Seja no Louvre, no Grammy ou no Super Bowl, o fato é que Beyoncé e JAY-Z conseguiram mais uma vez, por meio de um discurso relevante, provar sua força e a influência que possuem. Juntos, usam desse mecanismo para alcançar seus objetivos e defender seus interesses e ideais. Mais uma vez venceu o amor. Mais uma vez venceu a música. //
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Há todo um cuidado de (re)significação por trás de cada um dos enquadramentos, como na cena ao lado, onde Beyoncé e suas dançarinas dançam na frente do quadro Coração de Napoleão, que trouxe de volta a escravidão pra França e suas colônias, depois que já tinha sido abolida. Ainda, após a liberação da produção, o Museu do Louvre soltou uma curta declaração que contém algumas interessantes curiosidades: Bey e Z visitaram o Museu quatro vezes ao longo de 10 anos e a ideia do vídeo surgiu apenas no mês passado, quando o Louvre foi contatado para apresentar a ideia (e acertar a permissão)
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sĂŠries
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AMOR VINCIT ONNIA
por
ana luisa santos
diagramação
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Sense8 foi cancelada pela Netflix ao final da sua segunda temporada, mas devido a grande comoção dos fãs que fizeram campanha para a renovação da série, o show retornou no dia 8 de junho para um episódio final em formato telefilme
se
é que alguém ainda não conhece o fenômeno geracional que se tornou, Sense8 é uma ficção científica criada e roteirizada por Lilly e Lana Wachowski e produzida pela Netflix. A série conta a história de oito jovens sensates que levavam vidas completamente diferentes uns dos outros, mas todas dentro da normalidade até um determinado momento. Eles percebem que têm uma conexão entre si quando têm a visão da morte de Angélica (Daryl Hannah). É aí que se manifesta essa ligação mental e emocional, que os permite tomar o lugar do outro e ficar juntos, mesmo que não estejam fisicamente no mesmo lugar. Will (Brian J. Smith) é um policial de Chicago. Capheus (Aml Ameen, na 1ª temporada, e Toby Onwumere, na 2ª), que vive em Nairóbi e transporta as pessoas em uma van. A DJ islandesa Riley (Tuppence Middleton), que vive em Londres e parece não andar bem acompanhada. O astro mexicano Lito (Miguel Ángel Silvestre), que esconde sua homossexualidade, temendo que essa revelação arruine sua carreira. Sun (Bae Doona), uma empresária que vive em Seul, além disso, é uma exímia lutadora das horas vagas. A hacker Nomi (Jamie Clayton), que acabou de passar por uma cirurgia de redesignação sexual e enfrenta problemas familiares por isso. Wolfgang (Max Riemelt), um ladrão
alemão, prestes a dar um grande golpe e Kala (Tina Desai), uma farmacêutica indiana, que está prestes a se casar segundo as tradições de seu país. Juntos, eles tentam descobrir mais sobre essa conexão e começam a perceber que podem se ajudar em situações cotidianas. Para isso, os jovens contam com a ajuda de Jonas (Naveen Andrews), que é de outro cluster (grupo de oito sensates). Em meio a todas as descobertas, eles também têm que fugir de Whispers (Terrence Mann), que tenta caçá-los a fim de exterminá-los. Sense8 é uma série que se utiliza de recursos narrativos riquíssimos e traz fortes emoções ao espectador em cada um de seus episódios. A originalidade da trama chama a atenção, uma vez que é diferente de tudo o que já se viu antes. A densidade da narrativa faz com que os detalhes sejam algo extremamente importantes e para além disso, a sensação é de que zint.online | 35
para a segunda temporada, como resultado do grande sucesso da produção em terras brasileiras, o elenco de Sense8 veio ao Brasil para gravar algumas cenas durante a Parada do Orgulho LGBTQ+ de São Paulo
se a série fosse dividida em oito novas produções, ainda assim os assuntos não se esgotariam. O episódios trazem o ponto de vista de cada um dos personagens, dando um panorama interessante de todos os fatos narrados e nos mostrando a completude das vivências. Ao mesmo tempo, eles podem interagir uns com os outros, o que rende impressionantes cenas de ação, uma vez que sensates conseguem compartilhar e transmitir ao cluster suas habilidades e emoções. 36|
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e Inglaterra são os cenários que servem de pano de fundo para o desenrolar da história. O que contribuiu muito para Sense8 ganhar o coração dos fãs, foi o fato de trazer representatividade, além de uma gama assuntos que vêm sendo muito discutidos em nossa sociedade. A cena inicial da série já traz uma cena que aborda tanto a homossexualidade quanto a transexualidade. Em outros momentos, traz cenas que A relação dos membros podem ser consideradas muito apelativas do cluster é apresentada por alguns. A narrativa trata de temas de forma muito natural, reforçando a mensagem de delicados, que trazem consigo muitos conflitos. que, mesmo em em meio São abordados temas como desia adversidades, ninguém gualdade social, intolerância religiosa, está sozinho no mundo. transexualidade, machismo, LGBTfobia e Trazendo um elenco relacionamentos abusivos. Além de trazer muito diverso, diferenassuntos relacionados a questões psicolótes culturas e lugares do gicas, sociais e existenciais. Entretanto, a mundo são retratados ao grande mensagem que fica é que as minolongo da narrativa. Com uma fotografia impecável, rias se tornam fortes quando unidas. podemos conhecer um CANCELAMENTO E COMOÇÃO pouco do lugar onde vive Sense8 estreou sua primeira tempocada um dos sensates. Alemanha, Coreia do Sul, rada na Netflix em junho de 2015, com México, Estados Unidos, 12 episódios. Em 8 de agosto do mesmo ano, a data do aniversários dos sensates, foi Índia, Quênia, Islândia
confirmada a segunda temporada. Antes do lançamento da mesma, foi ao ar um episódio especial de natal, com duração de duas horas, em dezembro de 2016. A segunda temporada, chegou à plataforma em maio de 2017, e um mês após seu lançamento, a Netflix anunciou o cancelamento. O motivo seria a baixa audiência, frente ao alto custo de produção da série. Com o anúncio, houve uma grande mobilização dos fãs, sobretudo brasileiros. A internet foi tomada por discursos indignados e hashtags pedindo a volta da série, além de e-mails, cartas e até abaixo-assinados. Os fãs indignados chegaram a enviar para a concorrente do streaming, Amazon Prime, um par de chinelos com as palavras “renove Sense8”. A intenção era fazer com que a mesma comprasse os direitos
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e desse continuidade à história. Diante disso, a Netflix anunciou a criação de um episódio final, dando um fim à narrativa e respondendo as questões que ficaram após o fim da segunda temporada. No último dia 8 de junho, esse episódio chegou ao streaming, para alegria dos fãs. Amor Vincit Omnia (O Amor Conquista Tudo, traduzindo) é um telefilme. O episódio final tem duas horas e meia e missão de encerrar dignamente a história dos jovens sensates, agradando ao público consternado diante do cancelamento. A pressão sobre a produção era grande e o episódio foi produzido em um período de tempo relativamente curto, se comparado às duas temporadas anteriores. Apesar de ser cheio de detalhes, uma marca registrada da série, o episódio resolve grandes problemas em cenas rápidas, diante da complexidade das situações. A intenção, claramente, era agradar ao público. O episódio é muito dinâmico, e apesar de ser longo, é quase impossível pensar no tempo diante do bombardeio de informações que saltam da tela. A principal preocupação do cluster era resgatar Wolfgang, que foi sequestrado, no final da segunda temporada, 38|
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pela misteriosa OBP, uma agência secreta que caça e faz experimentos no sensates. Além dos conflitos familiares de Sun e Nomi, o casamento de Kala e a carreira de Lito, que continuou sem resposta. Alguns personagens que tinham maior “urgência” em ter suas situações resolvidas, como Kala, Wolfgang e Sun foram colocados em maior destaque, enquanto outros como Capheus e Lito ficaram praticamente esquecidos. Em alguns momentos, os coadjuvantes parecem ser mais importantes do que os protagonistas. Apesar de ter sido satisfatório, o capítulo final tem furos e até força um final para a história. Os vilões são fracos, informações que poderiam render muito são apenas pinceladas e algumas cenas deixam a impressão de que o capítulo se arrasta, dando ênfase a situações pouco interessantes e resolvendo grandes problemas com soluções muito simples. O episódio final cumpriu seu papel: deu aos fãs o final feliz tão esperado. Fica claro que a série se tratava de algo muito maior do que realmente foi, é uma pena que tenha sido cancelada tão precocemente. É fato que Sense8 realmente tinha potencial para, pelo menos, mais duas temporadas. A sensação de perda é o que fica. // zint.online | 39
TEXTO E DIAGRAMAÇÃO
VICS
Cinco gays entram na casa...
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transformam a sua vida. Essa é, basicamente, a premissa de Queer Eye ("Olhar Gay", traduzindo livremente). No programa, cinco homens gays, conhecidos como os Fab 5 ("Cinco Fabulosos"), formam um super time designado a auxiliar pessoas (conhecidos como "Heróis") a mudarem suas respectivas vida para uma versão melhor. Trabalhando na mesma linha que produções como What Not to Wear e Extreme Makeover: Home Eidtion, Queer Eye é o reboot repaginado de Queer Eye for the Straight Guy, um programa estilo reality que teve cinco temporadas exibidas entre 2003 e 2007. Perdendo a parte do "for the...", essa nova versão tem uma mudança fundamental em sua criação: enquanto QEFTSE buscava promover a aceitação dos Fabulosos (e de toda uma comunidade de LGBTQ+'s), QE
considera que essa barreira já foi quebrada e agora busca promover o respeito das pessoas para com essa mesma comunidade, como se eles fossem o intermediários/representantes. O grande trunfo da repaginação de Queer Eye não se restringe apenas a pavimentar um novo caminho para a comunidade LGBTQ+, mas também a se permitir ir além do que a série-mãe foi e aproveitar do espaço que foi aberto por ela. Se em 2003 o título deixava claro que os makeovers eram voltados para o Olhar Hétero, com a perda dessa segunda metade do título o programa possibilita que os gays sejam nomeados a ajudar mulheres e transgêneros (esse segundo grupo, no entanto, não é novidade na franquia). Tendo Atlanta, no estado da Geórgia, Estados Unidos, como panos de fundo, a primeira temporada de QE estreou dia 7 de fevereiro de 2018, com oito episódios de 45 minutos cada (média). Assinado pela Netflix, que agora detém os direitos de produção e exibição, o reality rapidamente conseguiu aclamação da crítica, sendo seguido pela aprovação do público, que se emociona pelas histórias e se apaixona por cada um dos Fab 5.
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QUEER QUEER EYE... EYE... FOR FOR THE THE STRAIGHT STRAIGHT EYE EYE Quem é quem no programa e quem são as suas contrapartes do original?
ANTONI POROWSKI
TED ALLEN
COMIDA E VINHO
Conhecedor de Comida e Vinho
BOBBY BERK
THOM FILICIA
JONATHAN VAN NESS
KYAN DOUGLAS
KARAMO BROWN
JAI RODRIGUEZ
TAN FRANCE
CARSON KRESSLEY
DESIGN
BELEZA
CULTURA
MODA
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Doutor do Design
Guru da Beleza
Abutre da Cultura
Cientista da Moda
A primeira temporada tem um grande foco em estabelecer quem são os Fabulosos e no que eles são excelentes, colocando-o em histórias que comovem o público e são fáceis de se relacionar. O primeiro episódio, por exemplo, traz o Herói Tom, cuja frase de "efeito" é Feiura Não Tem Conserto, que dá nome ao capítulo. Tom está acima do peso, tem um barba longa, áspera e mal cuidada, um rosto com problemas dermatológicos e usa óculos. Para ele, o combo quer dizer que ele é uma pessoa feia, mesmo sendo um cara completamente formidável, carinhoso e aberto aos seus sentimentos. Então, quem nunca se sentiu ou se sente assim? Tom é apenas mais uma pessoa vítima de sua auto-consciência, que consequentemente precisa da ajuda dos queers para mudar a sua vida e até mesmo conseguir a garota que ele deseja. Assim como Tom, há Ne
al (S01E02), Cory (S01E03) , William (S02E02) e muitos outros. Homens que apesar de não serem nenhum padrão de beleza, são bonitos de suas próprias formas, são pessoas belas e/ou sexy para as que as amam, carregam uma grande personalidade e pura simpatia. Há também pessoas como Tammye (S02E02) e Bobby (S01E05), que são completamente religiosas mas não deixam a religião ditar tudo em suas vidas e estão realmente abertas a amarem o próximo. Ou como Skyler (S02E05), que passaram a vida inteira se identifica com o gênero diferente daquele que elas nasceram. Gays que não tem coragem de sair do armário para os familiares, como AJ (S01E04). Pessoas introvertidas como Joe (S01E07) ou até mesmo num espectro mais simples, como Leo (S02E03), que só querem ser o melhor pai que podem ser, ou Sean (S02E07),
que estão entrando na fase do jovem adulto e querem descobrir quem elas são no mundo. Há todo o tipo de pessoa, para todos os gostos. Por ser uma série que também quer promover um diálogo, é muito interessante e bem colocado como determinadas conversas acontecem no programa e como elas se encaixam na vida de cada um dos Fabulosos. Karamo, por exemplo, é um homem negro, o que já é difícil em qualquer lugar do mundo. Não só isso, ele é negro E gay, uma combinação que também não o ajuda em um mundo cheio de racismo e homofobia. Mas Karamo é cheio de vida e não se deixa segurar, mesmo quando em um dos episódios (S01E03), o Herói é Cory, um policial (e apoiador de Trump). Não é preciso ser um gênio para entender o tipo de sufoco que Karamo possa sentir na presença do Herói. Nos últimos zint.online | 43
anos, a brutalidade policial contra negros, nos Estados Unidos, tem sido ainda mais alarmante, com episódios que deram origem e demonstram a necessidade de movimentos como o Black Lives Matter. Portanto, em um determinado momento, o foco do episódio é promover um ambiente onde essas duas pessoas, de realidades tão diferentes, possam conversar e expor suas visões, medos e desejos. Karamo quer que os policiais não sejam tão discriminatórios, não usem a força de forma desnecessária, não atirem e matem jovens homens negros por acharem que eles estão indo pegar uma arma, quando na verdade é apenas o celular ou a identidade. Cory entende perfeitamente isso e o maior desejo dele é que esse tipo de visão não seja estendidos a todos os policiais, porque há sim aqueles que não concordam com essas situações, se propõe a ajudar e levam muito a sério a proteção dos cidadãos sem qualquer tipo de preconceito. Nessa mesma linha estão Bobby e Tammye, duas pessoas que foram criadas dentro da Igreja e levam a palavra do Senhor muito a sério. Bobby (S01E05) é pai de seis filhos, casado e muito ativo na sua igreja. Desde criança ele aprendeu que gays são abominações e devem ser evitados. Mas com o passar dos anos, ele percebeu que na verdade as coisas não eram assim e muitas vezes os LGBTQ+ eram mais exemplares que pessoas héteros, o que mudou a sua cabeça; ele não só passou a aceita-los, mas também a fazer com que sua família estivesse aberta ao diferente.
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Tammye (S02E02) segue pelo mesmo caminho, mas viveu o preconceito de forma mais íntima, quando seu filho relevou seu gay. O episódio revela que nos primeiros momentos, a relação dos dois ruiu completamente e foi apenas quando ela teve câncer e precisou repensar sua vida que ambos se acertaram e Tammye pediu desculpas ao filho por ter errado tão feio com ele, por não tê-lo amado acima de tudo. O evento acabou gerando outras sequelas, fazendo com que seu filho saíssem da Igreja e parasse de cantar em corais, sua maior paixão, com medo de que ele não fosse aceito pela comunidade religiosa. Nesse arco, Bobby é quem tem o maior relacionamento, por ter vindo de uma família extremamente religiosa, que o expulsou de casa quando ele "saiu do armário". Ele conta ter passado boa parte de sua vida se odiando por ser algo que ele tinha ensinado ser tão "abominável". Foi apenas depois de encontrar sua Família Escolhida (nome dado ao círculo de amigos que uma pessoa LGBTQ+ tem, que as vezes tomam o lugar da família biológica, consequência de algum atrito entre a pessoa e seus parentes de sangue, como foi o caso do Fab de Design) que ele começou a entender que o problema nunca tinha sido ele. Porém, após tantos anos sofrendo, retornar ao meio religioso ainda é um passo muito difícil para ele, algo que fica explícito com o episódio da Heroína Tammye, quando o Expert se recusa a entrar na Igreja ("Você parece um daqueles gays que acham que vão queimar assim que pisar dentro da Igreja", brinca Karamo). De forma mais breve, Tan tem o seu próprio arco de relacionamento. O Queer é um inglês de pais paquistaneses, o que já traz uma outra carga para o fato dele ser um homem gay. Mesmo com a aceitação recente da família, Tan ainda vive sob a expectativa de sua cultura, onde ele tem que ser um homem bem casado, com um bom trabalho, sucedido, contido, educado. Coisas que ele reflete e se relaciona com Neal (S01E02).
Queer Eye possui um mini episรณdio extra no Youtube!
as duas gerações de queers se reunem, com excessão de Ted Allen, lado a lado de suas respectivas contrapartes
Em contra partida, Jonathan e Antoni não possuem Heróis específicos com quem se "enturmar", mas nem por isso brilham menos. Enquanto Antoni é o grande "colírio para os olhos" do elenco, Jonathan é o viado completo. Assim, no combo de boy magia e cozinheiro, o primeiro Fab acaba arrancando suspiros e é um dos primeiros com quem o público se apaixona, principalmente quando adicionado a sua personalidade leve. Van Ness(a), por sua vez, é dono do maior catchphrase do programa ("Can you believe?", ou "Você acredita?"), sendo extremamente divertido, animado, afetado, dono de um grande coração, um longo cabelo cheio de vida e uma personalidade iluminadora. Não só preocupada em fazer com que os queers sejam ouvidos, o programa também 46|
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possibilita que eles ouçam e vejam as coisas a partir de outras perspectivas. Um grande exemplo disso é Skyler (S02E05), um homem trans. O primeiro da nova série passou pela cirurgia de redesignação de sexo algumas semanas antes das filmagens do episódio, o que possibilitou a produção gravar cenas do grande acontecimento, que é exibido de forma breve aos espectadores, que assistem os queers assistirem. É um belo episódio para mostrar que ignorância existe em qualquer lugar, inclusive dentro da comunidade LGBTQ+, mas que nunca é tarde para buscar entender melhor e expandir seus horizontes. Tan revela que até aquele momento, ele nunca tinha realmente conhecido uma pessoa trans e nunca havia entendido porque alguém se submeteria a um cirurgia que é tão pesada emocionalmente, fisicamente e psicologicamente, "só" pra se sentir no gênero certo. Mas é após assistir o vídeo e conversar com Skyler que ele finalmente entende, também dando a oportunidade de voz ao rapaz. Assim, Skyler pode contar sua própria história, o motivo disso ser
[BÔNUS] Antoni de crop top no clipe da música tema do programa
tão importante e o quanto ele sofreu se sentindo no corpo errado e o quanto ele e seus amigos batalharam para reunir o dinheiro para que ele pudesse finalmente ser, por fora, o que ele sempre foi por dentro. Queer Eye estreou sua segunda temporada no dia 15 de junho, apenas quatro meses após a primeira chegar
à Netflix, tamanho o sucesso do programa. Não só isso, o novo ano veio bem no meio do mês do Orgulho LGBTQ+, celebrado em todo o mundo desde a Rebelião de Stonewall, em 1969, quando a comunidade queer se rebelou contra policias em uma invasão ao bar Stonewall, em Nova Iorque, resultando no que é considerado o evento que deu origem ao movimento de libertação e luta pelos direitos LGBTQ+ no país. Assim, QE se prova muito mais do que apenas um divertimento, mesmo sendo um excelente e delicioso divertimento. O programa é político, é educativo, é certeiro em promover conversas, em mostrar que há história que merecem serem contadas
e ouvidas, em deixar claro que ser LGBTQ+ não é apenas uma fase e que a comunidade não vai mais a canto algum e nem vai mais permitir ser silenciada ou marginalizada. Queers não são melhores ou piores que héteros. Queers são pessoas, tem sentimentos. Queers tem amigos, famílias biológicas, famílias escolhidas, trabalham, estudam, pagam os impostos, comem, andam, respiram, falam, ouvem, são afeminados, são contidos, são negros, são brancos, são paquistaneses, são barulhentos, são calmos. Queers são diferentes e individuais, como qualquer outra pessoa. Queers nasceram assim. //
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PEDIDA A INTENSA DES
DA FAMÍLIA
r e t s Fo Após seis anos no ar, The Fosters chega ao fim cumprindo sua missão de consolo e denúncia com responsabilidade e compaixão
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ruth berbert
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o dia 3 de junho de 2013 estreou no canal ABC Family, atual Freeform, o episódio piloto da série The Fosters, tornando-se, em pouco tempo, uma das séries mais inovadoras da TV americana. Exatamente como foi descrita por sua produtora executiva, a cantora e atriz Jennifer Lopez, a série retrata uma história sobre o que há de mais importante na vida, família e amor. O último ato da trama foi ao ar no dia oito deste mês e já deixa seus fãs com saudades. Situada na cidade de San Diego, na Califórnia, o seriado conta a história de um casal LGBTQ+ formado por duas mulheres, Stef (Teri Pollo) e Lena (Sherri Saum), que oferecem seu lar como abrigo temporário para crianças que estão no sistema adotivo. Além dos gêmeos Mariana (Cierra Ramirez) e Jesus (Noah Centino), elas criam juntas Brandon (David Lambert), o filho biológico de Stef, fruto do seu primeiro casamento. Tudo parece acontecer em perfeita ordem até que o assistente social, responsável pela adoção de seus filhos, lhes pede que acolham Callie (Maia Mitchell), uma garota com vários problemas por resolver, o que inclui reencontrar seu irmão mais novo, Jude (Hayden Byerly). No começo, o foco da série era a luta contra a homofobia e a denúncia do quão precário é o sistema adotivo dos Estados Unidos. O preconceito expressado pelo próprio pai de Stef e a encenação dos abusos vividos por milhares de crianças em lares temporários compunham um sequência de cenas fortes, fazendo
“Querida, para ser sincera com você, toda mãe tem medo que os filhos não nos amem como os amamos. E eles não amarão. Não do mesmo jeito, sendo biológica ou não. É assim que deve ser. As mães e os pais, nós temos que amar mais nossos filhos pra poder fazer os sacrifícios necessários para colocá-los em primeiro lugar. Mas uma coisa é certa, O amor sempre será uma conexão mais forte do que o sangue. Acredite nisso” – Mãe da Lena quando a filha está internada por causa de uma complicação na gravidez (S02E06)
surgir no espectador um sentimento de revolta instantâneo. Porém, ainda na primeira temporada, outras pautas importantes sobre respeito às diferenças foram abordadas, o que trouxe grande notoriedade ao seriado. Por se tratar de um drama real, muitos acontecimentos verídicos foram simultaneamente vividos pelos personagens, e, a partir
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“Tem gente no mundo que tem medo do que é diferente. E, às vezes, querem machucar pessoas como eu e a Stef. Então toda vez que estamos fora e eu quero segurar a mão dela, mas decido não fazer isso, eu fico brava. Brava com as pessoas que podem querer nos machucar, mas brava comigo também por não me defender. Porque o problema é que se você aprende que precisa esconder o que te faz diferente, vai sentir muita vergonha de quem é, e isso não é bom. Não tem nada errado com você por usar esmalte, assim como não tem nada errado comigo por segurar a mão da Stef. O que é errado são as pessoas que nos fazem sentir inseguras” – Lena para Jude quando o encontra no banheiro tirando o esmalte das unhas após sofrer bullying na escola (S01E05)
dos olhares do roteirista, Brad Bredeweg, e do diretor, Peter Paige, muitas pessoas puderam se sentir representados na série. E, pela consciência de sua audiência ser predominantemente jovem, a solução de cada problema também era exposta, sempre unindo pais e filhos, entre diálogos comoventes.
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Em seis anos, os fãs da série puderam se emocionar e/ou ficar com raiva dos erros cometidos por cada membro dessa família, mas acima de tudo, puderam aprender com sua coragem e empenho como serem sempre melhores. O ÚLTIMO VERÃO Finalizar a série sem deixar pontas soltas seria uma missão impossível. Muitos fãs utilizaram as redes sociais para pedir a continuação da série, mas a verdade é que a vida real sempre permite o aparecimento de novos conflitos e polêmicas, assim como vitórias e momentos felizes. Há sempre algo para acontecer graças a espontaneidade da vida e, a única solução, é
cada um inventar suas próprios finais. Com a liberdade de saber que não há como definir o certo e o errado. À primeira vista, por exemplo, a história que parecia girar em torno do amor proibido entre Brandon e Callie, pronta para se tornar mais um drama adolescente, se mostrou muito mais profunda. As duas primeiras temporadas se encarregam de traçar o destino dos dois rumo um ao outro, sem ofuscar nenhum dos outros personagens. E, nos três últimos episódios, nota-se uma tensão entre os irmãos, devido a aproximação do casamento de Brandon, mas essa foi apenas uma tática para deixar os espectadores mais tensos com o final. Os criadores da série
se ativeram em concluir a trama com maestria, mostrando que a paixão juvenil não existia mais, e, principalmente, que uma grande amizade e amor fraterno haviam surgido em seu lugar. Uma trama que por tantos momentos se tornou cansativa pela recorrência em erros graves, também foi fonte de inspiração. Muitos fãs desistiram. Outros começaram a torcer por fins trágicos. Mas, quem se manteve fiel às duas mães, sentiu o alívio de vê-los a salvo, entendendo suas fraquezas e expectativas. Se com o passar do tempo até Lena e o ex-marido de sua esposa, Mike, puderam evoluir de uma convivência hostil a uma relação de companheirismo, pode-se afirmar que ter esperança é peça chave para acompanhar essa família.
Para se despedirem, mães e filhos posam para sua última foto em frente à icônica casa presente na abertura, fazendo jus a música tema do seriado, afinal, a história não é sobre de onde cada um deles veio, mas sim sobre onde cada um deles pertence. Por fim, já dizia Lena no primeiro episódio: o normal é superestimado. SPIN-OFF Recém formadas na faculdade e iniciando suas vidas adultas na estonteante Los Angeles, as duas jovens irmãs, Mariana e Callie, vão protagonizar a série Good Trouble em 2019, na qual as duas viverão novas grandes aventuras longe de suas mães. Como esperado, já que Brandon também está trabalhando na cidade e Jude estuda na UCLA, eles com certeza aparecerão na nova série. A decisão de mover os personagens para
esse novo seriado aconteceu por causa da vontade de mudar a programação do canal Freeform, abandonando os conteúdos para família, para contar histórias que abordem especificamente os millennials, como são chamados aqueles que nasceram do início da década de 1980 até meados da década de 1990, assim como assuntos que representem a geração Z. Então é bom esperar o mesmo contexto em que foi baseado The Fosters, mas também incluir um pouco da bagunça que são os relacionamentos aos 20 e poucos anos de idade. // zint.online | 51
ABLE KIMMY
UNBREAK por
I
bruna curi
magine como seria passar 15 anos de sua vida vivendo em um bunker, acreditando que está a salvo do apocalipse e depois descobrir que tudo não passou de uma grande mentira. Essa é a premissa da série Unbreakable Kimmy Schmidt, originalmente gravada pela NBC e que depois adquirida pela Netflix. O início da série se passa nos dias atuais com Kimmy Schmidt (Ellie Kemper) e outras mulheres sendo libertadas do cativeiro onde viveram por anos, acredi-
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tando na mentira contada pelo reverendo Richard Wayne (Jon Hamm), de que um apocalipse iria acontecer em breve e que elas estariam a salvo no bunker. O caso chama atenção da mídia e as mulheres passam a ser convidadas para dar entrevistas, pois todos estão curiosos para saber como era a vida lá no bunker, ou se elas nunca tinham desconfiado de alguma mentira. Todos querem saber um pouco mais sobre as “mulheres toupeiras” (apelido que Kimmy e suas companheiras receberam por parte da mídia).
Após dar uma entrevista para um programa de TV, Kimmy toma a corajosa decisão de não voltar para Cleveland junto com as outras mulheres. Em sua cidade natal a sua história seria conhecida por todos e ela não queria ser reconhecida como uma “vítima”, ela não queria que as pessoas tivessem pena dela, de forma que decide ficar em Nova York para recomeçar sua vida. A vida na cidade grande pode ser um pouco complicada e desafiadora, ainda mais para uma pessoa tão ingênua quanto Kimmy, mas desistir não é uma opção. Se ela foi forte e passou tantos anos no bunker sem se deixar abater, ela também pode conseguir sobreviver aos perigos de Nova York. O primeiro passo é encontrar um local para morar e é assim que ela conhece Lilian (Carol Kane), uma velha senhora que está disposta a alugar um quarto para ela, e Titus Andromedon (Tituss Burgess), o carismático colega de quarto da Kimmy e que sonha em se tornar um astro da Broadway. Pouco tempo depois, ela consegue arrumar um emprego como babá do
filho da ricaça e fútil Jacqueline White (Jane Krakowski). A primeira temporada de Unbreakable Kimmy Schmidt contou com um total de 13 episódios e focou em Kimmy recomeçando a sua vida em Nova York. O público teve a oportunidade de acompanhar a personagem vivendo algumas experiências importantes, como arranjar seu primeiro emprego, se apaixonar e ter sua primeira decepção amorosa. Além disso, vemos a relação complicada entre Kimmy e sua família, o seu bloqueio pra falar sobre o seu passado e o momento em que ela teve de ser forte para enfrentar o reverendo em um tribunal.
A abertura da série é inspirada em um meme criado pelos irmãos do canal Songifythis. Em 2010, eles remixaram uma entrevista real e a colocaram no Youtube – a música acabou parando na lista das mais tocadas nos EUA! Os irmãos são os responsáveis por criar a atual abertura da série, que possui uma versão extendida no canal deles
em primeiro pl ano, da esquerda para a direita, as personagens Titus, Kimmy, L il ian e Jacquel ine
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A personagem de Kimmy foi roteirizada por Tina Fey e Robert Carlok, criadores da série, pensando especificamente na atriz Ellie Kemper, que de fato estrela a série. Kemper, ainda, aparece na abertura da produção, que traz fotos dela criança
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QUARTA TEMPORADA No dia 30 de maio deste ano a Netflix disponibilizou a primeira parte da quarta temporada da série, que contem um total de seis episódios. Muita coisa mudou na vida de Kimmy desde a primeira temporada: agora ela tem um diploma universitário, trabalha em uma start-up de tecnologia e amadureceu um pouco, mas o seu humor e seu jeitinho típico de ser continuam os mesmos. Enquanto isso, Titus
continua correndo trás de seu sonho para se tornar um astro da Broadway e Jacqueline aproveita a situação para se tornar agente dele, na esperança de que isso lhe traga algum dinheiro. A dinâmica formada pela dupla é ótima, além de gerar inúmeras piadas. Outra personagem que também amadureceu ao longo da tempora-
da foi Lilian, que voltou com os seus discursos sobre as mudanças pela qual sua comunidade passou nos últimos anos. Mesmo se tratando de uma série de comédia, Unbreakeble Kimmy Schimidt não perde a oportunidade de fazer pontuações importantes e essa temporada apresentou temas polêmicos como o abuso sexual, trabalho escravo e a luta das mulheres por direitos iguais. No primeiro episódio é feito uma crítica a Kevin Spacey e Harvey Weinstein, acusados
de assédio sexual. Neste episódio, ao demitir um colega de trabalho Kimmy é acusada de assédio sexual e em um diálogo com Titus ela afirma: “Eu não sou um Weinstein, ou um Spacey, ou o presidente”. Outra crítica feita pela série foi feita no terceiro episódio, que critica as produções que contam histórias de criminosos, pois dependendo da versão que é contada dá a entender que os suspeitos foram presos injustamente. Feito para aparentar um documentário, o terceiro episódio da quarta tempo-
rada retrata a vida do reverendo Richard Wayne: abordando o seu passado, desde a época em que ele trabalhava com DJ, até os dias atuais, em que ele se encontra na prisão. A série já se encontra em sua reta final e podemos notar um caráter de despedida com a aparição de personagens antigos, como foi o caso da Xanthippe (Dylan Gelula), a ex enteada da Jacqueline e antiga colega de faculdade de Kimmy. A segunda parte da quarta temporada vai ser lançada no dia 25 de janeiro de 2019 e até lá os fãs vão ter tempo para rever as temporadas anteriores e matar a saudade de todos esses personagens tão queridos. //
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perola navarro
ARTE DE DENTRO PRA FORA Conheça Perola Navarro, artista brasileira de 22 anos que deixou tudo para trás para se expressar 58|
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bruna nogueira
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Em uma pequena cidade do interior de São Paulo, chamada Caraguatatuba, nasceu Perola Navarro. Diferente da maioria das crianças, Perola tinha um sonho tão especial quanto seu nome: não queria ser médica, nem bailarina, nem astronauta, queria ser artista. Decidida e batalhadora, a menina cresceu entre lápis e tintas e viu na arte uma forma pura e genuína de expressão, que permite que ela seja quem realmente é. Hoje, Perola tem 22 anos e tenta ganhar seu espaço no mercado norte-americano, após ter optado pela independência e ido morar em Los Angeles, na Califórnia. Segundo Navarro, o interesse pela arte começou mesmo bem cedo. “Meu primeiro contato com desenho e pintura aconteceu na minha infância, minha avó montou uma brinquedoteca para os netos passarem o dia na casa dela e eu passava o tempo pintando e desenhando”, conta. Na arte ela cresceu e se desenvolveu. Há quase um século atrás, uma célebre artista francesa conhecida como Louise Bourgeois afirmava que “ela não era o que era, ela era o que fazia com suas mãos”. A frase parece fazer muito sentido quando Perola descreve seu processo de criação e a fonte de sua criatividade. “Para mim, fazer arte é permitir-se se perder dentro de si. Meu processo é basicamente ignorar qualquer barreira ou crença que minha cabeça venha a impor durante a criação, ignorar qualquer racionalização e permitir que os sentimentos venham à tona da forma mais pura possível. Normalmente (a inspiração) vem de dentro para fora, costuma ser bastante visceral e necessário.
Se eu não pinto me sinto emocionalmente drenada ou até mesmo não sinto nada, é como se eu precisasse pintar para entender e sentir claramente o que está realmente acontecendo dentro de mim e, sempre no final da pintura, consigo “ler” tudo o que estava se passando na minha cabeça, todas as confusões se tornam bem simples. É como organizar uma casa bagunçada Se eu não consigo tirar de dentro para fora, procuro por meios externos de me expressar. Se quero pintar, mas não estou inspirada, começo a arrumar meu ateliê ou olhar trabalhos de outros artistas que me inspiram”, explica Navarro. DAS TELAS PARA O MERCADO Ao falar de seus estilos de pintura e do mercado de trabalho, Perola conta que usar a arte para se expressar é algo que faz parte de quem ela é. Talvez seja por essa naturalidade que ela não restrinja a uma única forma de arte e trabalha com colagens, retratos,
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pinturas realistas e com abstratas, sendo essa a sua preferida. É com esse último estilo que a artista conquistou seis exposições em Los Angeles e Nova Iorque ao longo desse ano. Já seus retratos em aquarela são seu ganha pão, e são essas encomendas que ajudam na hora de pagar as contas lá fora. “Tanto as colagens quanto as pinturas surrealistas são estilos que me distraio muito fazendo, mas não considero necessariamente sérios na minha carreira”, completa. A jovem está há dois anos oficialmente no mercado e antes de se mudar para a Califórnia estudou dois anos de artes visuais em São Paulo, curso que ainda pretende retomar. Navarro nunca teve
medo de se expressar com tinta e também nunca se intimidou em mostrar seu trabalho para o mundo, e foi apresentando, aos poucos, sua arte que ela nem viu quando já estava criando carreira. “Sempre compartilhei meu trabalho (antes mesmo de ser trabalho) nas redes sociais e quando notei estava recebendo pedidos, então comecei a pintar por encomenda e agora me sustento com isso. Meus pais ficam muito preocupados exatamente pelo estigma de que arte não é uma profissão séria e bem paga, mas se você souber abraçar as oportunidades certas, fazer contato com quem realmente importa e não ter vergonha de mostrar sua arte, chances são que as coisas comecem a dar certo”, ressalta. A TRILHA PARA LOS ANGELES Quando questionada sobre a decisão de ter ido morar nos Estados Unidos, Perola conta que sua ideia inicial era ir para o Canadá, mas após não
crédito: Life Photos NY
Acrilica com spray sobre tela ter ingressado em institutos canadenses, começou a procurar em Nova Iorque. Desde então, seu sonho se tornou estudar na School of Visual Arts (SVA), uma renomada escola de artes norte-americana. Infelizmente, um grave
episódio de depressão a impediu de correr atrás dessa jornada e novamente ela mudou seus planos. Dessa vez, Perola optou em comprar uma passagem só de ida e viajar com a cabeça aberta para conhecer a arte fora do Brasil. “Vendi todas as minhas coisas e juntei dinheiro, pedi dinheiro para minha família e todo mundo ajudou como podia, fui pra Los Angeles, onde
minha irmã poderia me hospedar. Minha depressão piorou e comecei a desenvolver insônia, além das crises de ansiedade e dissociação ficarem mais intensas e frequentes, até que conheci meu namorado (que é músico) e ele começou a me dar suporte emocional. Então acabei ficando em Los Angeles, onde assinei contratos com marcas e galerias e consegui muitas oporzint.online | 61
tunidades com feiras artísticas e empresários”. “Terra de quem é livre e lar de quem é corajoso” - em seu hino, os Estados Unidos apresentam essa frase que reforça muito como o país é visto por quem chega de fora e se torna real no cotidiano de Perola: imigrante, latina, mulher e artista. Como em todo mercado de trabalho, no mundo da arte também existem dificuldades, especialmente para quem preenche os requisitos acima, e a jovem conta como é essa experiência. “Por mais sério que eu leve meu trabalho, ainda percebo que as pessoas aqui tratam como brincadeira ou como algo amador. Parece que preciso provar o tempo todo a minha visão e que tudo que faço precisa ser absolutamente perfeito para conseguir um “That’s actually pretty good” (“até que isso é bom mesmo”) enquanto os americanos conseguem ótimas reações e oportunidades. Parei de me preocupar com isso e comecei a usar como algo ao meu favor. Por onde exponho deixo claro que sou latina, jovem e venho de um país de terceiro mundo e que minha arte é tudo o que tenho a oferecer porque é ela que me mantém viva”. Ao longo desse ano, Perola já participou de duas exposições em solo norte-americano. Uma no Consulado Brasileiro de Los Angeles e outra na galeria Saphira & Ventura em Nova Iorque. Ela conta que conseguiu essas participações por intermédio de seu amigo e agente, Gabriel Hamsi.
“O mundo das artes aqui oferece oportunidades gigantescas da forma mais simples, porém, da mesma forma que essas oportunidades podem te levar a lugares estratosféricos, elas também podem te engolir vivo. É como um jogo onde você deve escolher cuidadosamente quais oportunidades abraçar e quais contatos fazer, tem muitas pegadinhas por aqui”, comenta. Navarro também explica um pouco de como é a recepção do público americano com a arte e as diferenças em relação ao público brasileiro. Segundo ela, nos Estados Unidos existe uma seriedade maior no mercado artístico, já que a arte lá é mais incentivada e tem mais espaço na cultura nacional do que no Brasil. “Se o americano não se identifica com o seu trabalho pelo motivo que for, ele apenas ignora e segue o trabalho dos artistas com os quais ele se identifica. É muito raro receber um comentário negativo apenas por querer te diminuir ou humilhar, o que infelizmente é muito comum de ouvir do brasileiro” diz. Perola ainda está no começo de sua carreira, e os planos para o futuro são muitos, mas o mais importante parece ser estar em constante produção, seja qual for a forma e qual for o público. Com isso em mente, a pintora expõe seu ponto de vista sobre a importância da arte para a vida. “Na minha vida arte é absolutamente necessário pois é através das pinturas que consigo controlar os danos mentais caudados por meus transtornos psicológicos. Atualmente estou trabalhando em uma série de pinturas abstratas que mostram os principais efeitos do Borderline em mim”, ela declara. “Absolutamente tudo o que vemos tem teor artístico e, se você souber aproveitar isso, consegue transformar em arte. Meu movimento favorito da arte para sociedade é a intervenção política, é algo que realmente me toca e me admira”, finaliza Perola. // zint.online | 63
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filmes
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í, por
joão dicker
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vics
Q
uando os créditos de Os Incríveis (2004) terminaram de rolar, a sensação de qualquer espectador que se divertiu com as aventuras da família Pêra era de que em curto espaço de tempo voltaríamos a encontrar aqueles personagens. A forma abrupta com que o longa de 2004 acaba, mostrando a família se organizando para confrontar O Escavador, deixou um gostinho de quero mais. Curiosamente, e até mesmo de uma forma irritante, a Pixar/Disney optou por dar sequências a diversas outras franquias, como Toy Story, Carros e Procurando Nemo, antes de revisitar a família de super poderosos. Passados 14 anos de espera, Os Incríveis 2 nos proporciona o tão esperado reencontro com a família Pêra, mas, mesmo que partindo do exato momento em que deixamos os heróis em 2004, atualizando os temas que permeiam a produção. Desta forma, acompanhamos os heróis sendo obrigados a viver no anonimato e proibidos de exercer o seu lado "super" devido aos possíveis acidentes que ocorrem quando tentam salvar o mundo. Partindo de uma iniciativa privada motivada por um milionário, a Mulher-Elástica é escolhida como a heroína
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ideal para carregar uma câmera capaz de transmitir para as pessoas comuns a sensação de heroísmo e altruísmo que existe em seu trabalho, para tentar colocar os heróis novamente nos holofotes da sociedade. Com seu novo emprego, ocorre uma inversão dos papéis existentes no primeiro longa com o Sr. Incrível se vendo obrigado a ficar em casa para cuidar de Flecha, Violeta e Zezé,
enquanto a Mulher-Elástica assume seu novo emprego e uma posição de glamour social. Por se tratar de um filme com assinatura da Pixar, era de se esperar que por trás de toda fofura, humor e experiência escapista prazerosa existira um discurso ou temática mais sóbria sendo trabalhada. E nas mãos de Brad Bird, talvez um dos melhores diretores e roteiristas de animações da indústria - pense que ele é o responsável pelo primeiro Os Incríveis, Ratatouille (2007) e
Nesta sequência, é Beto Pêra que fica responsável por ficar em casa e cuidas das crianças, enquanto Helena faz o seu trabalho salvando o mundo
O Gigante de Ferro (1999) - esse trabalho de temas complexos se dá de forma divertida, contemporânea e fugindo de qualquer didatismo pedante. Existe uma clara representação de empoderamento feminino em toda jornada de Helena como heroína e protagonista, além de trabalhar também outras personagens femininas de maneira interessante, principalmente a dinâmica existente entre a Mulher-Elástica e Evelyn Deavor. Ainda, Bird levanta questões relevantes a respeito da relação do ser humano com os aparelhos tecnológicos personificando os apontamentos a respeito da dependência de tablets, telefones e telas dos mais varia-
dos tamanhos na imagem do antagonista do longa, O Screenslaver, que apesar de ser um vilão previsível e fraco possui um visual interessante e acaba proporcionando sequências de ação muito bem dirigidas. Sobra tempo também para trabalhar com um roteiro divertidíssimo, engraçado e leve, que trabalha a dinâmica familiar dos Pêra de forma que as dificuldades, desencontros e cometimentos existentes em uma família venham a tona. Bird entrega um apuro estético em toda a parte visual do longa. A maneira com que trabalha o uso da luz em diversas das cenas é impressionante, criando diferenças de iluminação que permitem mudanças na atmosfera e clima do longa, ao mesmo tempo que cria possibilidades de demonstrar ainda mais como o avanço tecnológico na produção de animações consegue criar cores e texturas tão vivas - méritos para Erik Smitt, responsável pela iluminação na cinematografia. A caracterização dos personagens ainda mantém os traços que tornam todos os personagens um pouco desajeitados e os prédios e ambientações em
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uma combinação de mundo futurista com cores e traços sessentistas, ao mesmo tempo que agregam uma verossimilhança admirável. Em sua veia mais escapista o filme também se destaca nas sequências de ação extremamente bem dirigidas, seja em larga escala como no confronto contra o Escavador no primeiro ato, trazendo para a tela todo o escopo de grandiosidade existente no gênero de super-herói da atualidade, ou seja em uma pequena escala que demonstra a astúcia de brincar com as regras do gênero ao colocar Zezé para experimentar seus poderes em um confronto contra um guaxinim no quintal. O bebê, inclusive, é um dos destaques do filme, proporcionando as cenas mais engraçadas e o humor mais equilibrado que funciona pela fofura e se manifestando tanto visualmente como em expressões sonoras altamente relacionáveis.
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A trilha de Michael Giacchino é certeira nos momentos que evoca a nostalgia eminente na película, ao passo que também contribui para o clima aventuresco das sequências de
ação e para os momentos de apreensão nas cenas detetivescas, especialmente quando acompanhamos a Mulher-Elástica em suas novas missões. É realmente um trabalho irretocável em todos
os aspectos técnicos do longa, elogio que também se estende ao divertido, tocante, emocionante e bonito curta de abertura, intitulado Bao e dirigido por Domee Shi, que também trabalha com a temática familiar. Depois de 14 longos anos, Os Incríveis 2 chega as telas utilizando do que a Pixar tem de melhor para combinar nostalgia e contemporaneidade, animação e realidade, ação e humor, em um filme que entende que sua maior virtude reside na verdade existente nas relações de seus personagens e no maior ato heroico de todos: viver em família. //
A Vida que Encontrou um Jeito
O segundo Jurassic World chega aos cinemas no aniversรกrio de 25 anos de Jurassic Park
por
rafael bonanno
diagramação
vics
E Em 1993, o primeiro Jurassic Park, dirigido por Steven Spielberg, chegou aos cinemas revisitando o conceito de blockbuster que já havia se estabelecido em Hollywood, por quase vinte anos, com Tubarão (1975), também do diretor. Grata reinvenção para a indústria, o filme trazia uma história que focava bastante em seus personagens sem perder o ritmo de suspense e mistério quando a trama se centralizava nas criaturas pré-his-
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tóricas. Essa dinâmica, aliada aos efeitos visuais de ponta, foi responsável por capturar a magia do cinema em sua forma mais pura e essencial. O resultado não poderia ter sido diferente: sucesso absoluto de bilheteria, clamor da crítica especializada e um produto que moldou toda uma geração. Duas décadas depois e a franquia continua encontrando alguma vida após o êxito comercial do
reboot Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros, em 2015. Juan Antonio Bayona (ou J.A. Bayon), cineasta espanhol que ganhou notoriedade por sua habilidade em tratar de temas sombrios de formar subjetiva e sutil, ficou responsável por dirigir Jurassic World: Reino Ameaçado, que tem roteiro dos colaboradores de longa data Colin Trevorrow e Derek Connolly (ambos co-escreveram o primeiro Jurassic World).
N o f il m e , Ow e n f o i que m cri ou e cu i dou d e B l ue , uma v e loci ra pt or ex tre m am e n t e i n te li ge n t e que p ro tag on i z a a n ova fra n qui a
Algum tempo após o fatídico incidente que culminou com o fim do parque temático Jurassic World, o congresso norte-americano discute a respeito da preservação de espécimes pré-históricos, recriados com recursos de intervenção genética, uma vez que a ilha que abrigava o parque seria devastada por um vulcão prestes a entrar em atividade. Claire Dearing (Bryce Dallas Howard), antiga gerente de operações no Jurassic World, agora à frente de uma ONG pró salvamento dos espécimes, é convocada para uma operação de resgate em conjunto com o pesquisador behaviorista Owen Grady (Chris Pratt).
O longa abre de maneira aterrorizante, indicando que o tom do filme seria mais sombrio do que seu antecessor. No primeiro ato, há um momento para contextualização e desenvolvimento do problema a ser explorado em que a participação do Dr. Ian Malcolm (Jeff Goldblum), restabelecendo o ponto de vista anteriormente trabalhado no primeiro filme da série, não é gratuita. A ideia de que a vida não pode ser contida e de que ela encontra suas maneiras está implícita durante toda a narrativa. É importante observar que enquanto os vilões apresentam motivações unilaterais – e talvez aí
Juan Antonio Bayona, diretor de Jurassic World: Reino Ameaçado, é responsável por dirigir outros longas como Sete Minutos Depois da Meia-Noite, O Impossível e O Orfanato
falte inventividade para a franquia – a natureza desempenha seu papel. Neste capítulo, Bayona se aproveita das muitas peculiaridades dos dinossauros para causar sensações, como espanto, humor e compaixão. Os seres pré-históricos são criaturas que conhecemos, majoritariamente por meio dos livros de história e museus, portanto nosso imaginário trabalha de uma maneira que cria percepções variadas e obscuras a respeito deles. No passado, Spielberg fez excelente uso desses aspectos para trabalhar nossa empatia por tais criaturas através das interações com os persozint.online | 75
O primeiro filme da franquia, Jurassic Park, foi lançado em 11 de junho de 1993. Reino Ameaçado chegou aos cinemas mundiais dia 22 de junho de 2018
nagens. Em Reino Ameaçado, apesar da história demandar um andamento frenético, Bayona valoriza quando pode emular ou despertar sensações semelhantes. O grande mérito de sua direção é o de buscar inventividade e novidade quando as criaturas estão em cena. Em meio ao tributo e respeito prestados à franquia, observamos Owen e Claire serem desenvolvidos à medida que conhecemos novos personagens. Chris Pratt entrega uma sólida performance, dessa vez adicionando traços bem característicos de sua atuação, resgatados de quando surgiu como um dos personagens mais engraçados da série televisiva Parks and Recreation. Eventualmente, descobrimos mais sobre a antiga pesquisa de Owen, um estudo sobre o comportamento dos velociraptors, e sobre a
n a im age m , o we n , ben ja m i n , cla i r e e z i a cu i dam d e b l ue
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forte relação com a Blue. Na companhia da paleontóloga Zia Rodriguez (Daniella Pineda) e do analista de sistemas Franklin Webb (Justice Smith) à frente do Grupo de Proteção de Dinossauro, Claire, dessa vez mais madura e determinada, é convocada por
Benjamin Lockwood (James Cromwell). O senhor, que revela ser um dos cientistas responsáveis (ao lado de John Hammond) pela clonagem dos espécimes pré-históricos, deseja transportar os animais ameaçados para
O universo de Jurassic é baseado no livro de mesmo nome de Michael Crichton, lançado em 1990 e disponível no Brasil
d evido o seu repertório com fil mes de terror, bayona l eva m uito desse gênero para o novo l onga da f ranquia, que é m ais parecido com o original
uma ilha-santuário-livre-de-turistas após repensar questões éticas e ecológicas de sua pesquisa. Bryce Dallas Howard consegue transformar a personagem de Claire de maneira orgânica, sem que as alterações na sua personalidade pareçam forçadas ou fora de lugar. É sempre uma grande expectativa saber que Michael Giacchino assina a trilha sonora original de um longa. Em Reino Ameaçado, o compositor não só re-
trabalha os temas clássicos de John Williams (assim como o fez em Jurassic World), como também dá sua própria interpretação para os momentos mais impactantes confeccionados por Bayona. Poucos compositores em atividade sabem evocar sentimentos de forma tão precisa e memorável. Com a conclusão de mais um capítulo, é difícil vislumbrar o futuro da franquia dos dinossauros. Acredito que o esforço de conceber uma obra
mais sentimental e que flerta com subgêneros de terror, é uma forma de estabelecer novas frentes. Por outro lado, sinto que há, novamente, um desinteresse em investir nos personagens principais que, conceitualmente, são bons, mas que quando a narrativa se aproxima do clímax acabam ficando em segundo plano. Em relação ao seu antecessor, Jurassic World: Reino Ameaçado emula empatia, terror e curiosidade com mais eficiência enquanto explora o
próprio universo no intuito de encontrar novas abordagens. Entretanto, a retomada de temas e momentos nostálgicos para o público não é abandonada e, como têm acontecido de forma sistêmicas nas grandes produções hollywoodianas, acabam sendo mais apelativas (o tal do fan-service) do que elementos narrativos bem incorporados à trama. A visão de Bayona, porém, demonstra potenciais que podem ser explorados no sentido de permitir que a franquia enxergue novos ares. // zint.online | 77
H E R E D I TÁ R I O foge dos clichês do gênero terror
por
carolina cassese
C
por
onsiderado pela crítica um dos filmes mais aterrorizantes filmes dos últimos anos, Hereditário (2018) estreou no Brasil em 22 de junho. O longa é centrado na história da família de Annie Grahan (Toni Colette), uma artista especializada em miniaturas realistas que vive com seu marido e com seus dois filhos em uma confortável casa. De cara somos apresentados à dinâmica
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joão dicker
diagramação
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da família a partir da morte de sua avó, a mãe de Annie, que acaba se tornando o primeiro ponto de catalização de acontecimentos aterrorizantes. Assim, a narrativa do longa vai se desenvolvendo e apresentando nuances que são sustentadas na ambiguidade de que o filme, e porque não seus personagens, estão submetidos a uma história de tragédia familiar ou estão no centro de acontecimentos muito mais complexos e macabros.
Partindo desta ambiguidade, o filme utiliza de diversos artifícios para despertar uma constante sensação de incomodo e apreensão em seu primeiro ato, enquanto observamos a família disfuncional e com visíveis - mas não claros - problemas de relacionamentos tentar retomar a vida após a morte da avó. De seu segundo ato em diante, o longa passa a explorar cada vez mais do medo como agente no espectador, conseguindo criar situações tenebrosas sem recorrer a convenções do gênero como a conhecida técnica do jump scare. Inova, também, por evitar usar da música para antecipar as ações assustadoras, ao mesmo tempo que traz um design de som impecável,
criando sons realistas que são cirurgicamente utilizados e conjugados a um arrojado jogo de uso da imagem "fora de campo" para criar ainda mais desconforto. O sucesso no Festival de Cinema de Sundance que acarretou um exponencial aumento na expectativa pelo longa colocou a A24, produtora do longa, mais uma vez em uma posição de conforto com seus filmes independentes no festival. Se em 2015 o estúdio alcançou prestígio com A Bruxa, em 2018 certamente terá fortes chances de concorrer a prêmios com Hereditário, pegando também a onda de bons filmes do gênero que tem sido valorizados pela crítica especializada e pela Academia, como Corra! (2017) e
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o recente Um Lugar Silencioso (2018), também cotado para uma possível corrida à premiações. As diversas virtudes que o longa apresenta passam inevitavelmente pelo incrível trabalho de Ari Aster, que assina a direção e o roteiro da película. O interessante jogo de câmera que o diretor utilizada criam uma excelente relação visual e sentimental entre as casas em miniatura construídas por Annie, e a casa da família Graham, passando a impressão de que tudo que acontece ali está sendo operado por uma força maior. Aster demonstra um olhar sensível para a decupagem do roteiro, mostrando que cada plano tem um sentido e um propósito para como ser enquadrado e para como cada tomada é feita, de forma que os efeitos no espectador são ampli-
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ficados pelas outras virtudes na parte técnica, especialmente a trilha sonora enervante, a edição de som pungente e a montagem disruptiva. A sensibilidade do diretor também é vista na forma como tira o melhor de seu elenco, parando a câmera para garantir o espaço necessário para todos brilharem. Toni Colette faz uma atuação impecável, dando vida a uma personagem principal construída com cuidado e complexidade, revelando sentimentos profundos e intensos que variam dos traços de loucura, da dor profunda pela perda, do remorso e do arrependimento, até o amor e proteção. Alguns críticos afirmam que a atriz merecia uma indicação ao Oscar pelo desempenho – mas sabe-se que, na história da academia, somente 14 filmes de terror receberam in-
dicações de seus atores. Alex Wolff demonstra uma profundidade dramática impressionante, trazendo ainda mais drama e peso para os acontecimentos que cercam a família e explodindo em desespero com os efeitos que cada um destes acontecimentos causa em seu personagem. Mesmo que com pouco tempo de tela, Milly Shapiro da vida a uma personagem reclusa, sofrida e macabra por excelência, garantindo que sua presença continue ao longo de toda a projeção. Tenso e angustiante, especialmente a partir do segundo ato, Hereditário tem tudo para ser realmente o filme mais assustador do ano. Apesar de se valer de algumas convenções do gênero na passagem do segundo para o terceiro ato (a premissa de uma família assombrada por forças sobrenaturais está longe de ser inédita), o diretor não exaure o frescor que sua película traz para o gênero e para o cinema, principalmente graças ao excelente uso da linguagem cinematográfica. //
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A força da união feminina
por
bruna curi
diagramação
vics
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m 2001 era lançado nos cinemas o remake do filme Onze Homens e Um Segredo, cujo original é de 1960, dirigido por Steven Soderbergh e estrelado por George Clooney, Brad Pitt, Julia Roberts e Matt Damon. Na época, a película foi um grande sucesso garantindo duas sequências (Doze Homens e Outro Segredo, de 2004, e Treze Homens e um Novo Segredo, de 2007), além de se tornar uma referência para os "filmes de crime” que vieram depois. Agora, 17 anos depois do lançamento de Onze Homens, chega nos cinemas o spin-off Oito Mulheres e Um Segredo, dirigido por Gary Ross. O filme explora da fórmula original utilizada por Lewis Milestone em 1960 e do remake de Soderbergh. Contudo, Oito Mulheres e Um Segredo apresenta um diferencial dos demais filmes: para a realização do crime é essencial ser mulher. A trama começa com Debbie Ocean (Sandra Bullock), irmã do famoso Danny Ocean (George Clooney), saindo da prisão após ficar cinco anos presa. Apesar de prometer para seus agentes da condicional, que dessa vez ela iria ficar longe do crime e de que não se meteria em mais problemas, Debbie passou cinco anos bolando o crime perfeito (e uma pequena
vingança contra seu ex-parceiro) e agora mal vê a hora de colocar o seu plano em ação. Para realizar o roubo perfeito, Debbie procura sua antiga parceira e amiga, Lou (Cate Blanchett), e juntas as duas passam a procurar outras mulheres para ajudar na realização do plano. A primeira mulher a ser recrutada é Rose Weil (Helena Bonham Carter), uma estilista famosa no passado e que agora está se afundando em
dívidas; depois elas encontram Amita (Mindy Kaling), uma especialista em diamantes; Nine Ball (Rihanna), uma hacker que não gosta de falar sobe sua vida ou assuntos pessoais; Constance (Awkwafina), uma ladra de mão leve; Tammy (Sarah Paulson), que é uma excelente estrategista; e Daphne Kluger (Anne Hathaway), uma famosa atriz que estará presente no Met Gala, o baile anual oferecido pela Editora-chefe da Vogue, zint.online | 83
da e s q ue r da pa r a a di re i ta , a s pe r s on ag e n s de bby, lou, a mita , tam m y, c on sta n ce , da p h n e , n i n e b al l e rose
Anna Wintour, no Metropolitan Museum of Art, em Nova York. O crime consiste em roubar um colar de diamantes, no valor de US$ 150 milhões, que a atriz Daphne Kluger estará usando no evento. É nesse momento que ser mulher é essencial para realizar o plano, como explica Debbie Ocean: “Se for Ele é notado, se for Ela é ignorada. E, pela primeira vez, queremos ser ignoradas”. Todas as mulheres trabalham em conjunto, e se ajudam para realizar o objetivo em comum: roubar o colar e passarem despercebidas. É interessante observar que as únicas mulheres notadas durante o roubo, são as que apresentam alguma ligação com algum homem: a atriz Daphne, que foi ao baile acompanhada de Claude Becker (Richard Armitage), além de estar cercada por vários seguranças; e Debbie, que é conhecida por ser uma ex-presidiária e irmã de Danny Ocean, e que faz questão de ficar à luz das câmeras para construir seu álibi. 84|
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Apesar de se tratar de um roubo clássico, Oito Mulheres e Um Segredo não apresenta cenas de perseguição, tiros ou até mesmo explosão. Trata-se de um filme com poucas surpresas, sem momentos de clímax. Tudo parece se resolver com grande facilidade como, por exemplo, a cena em que a irmã mais nova de Nine Ball aparece para ajudá-las a resolver o problema que ameaçava colocar o plano por água a baixo.
Além disso, os furos que aparecem ao longo do crime são resolvidos facilmente por algum personagem que está disposto a ajudar. Contudo, essas falhas do roteiro podem ser justificadas pelo fato de Debbie ter passado anos pensando no plano, sempre aperfeiçoando cada detalhe para não ser pega. Ela pensou em tudo, praticamente. O filme contém grandes nomes em seu elenco como Sandra Bullock, Cate Blanchett, Helena Bonham Carter e Anne Hathaway, e na trama algumas atrizes acabaram se destacando.
Helena brilha ao dar vida à personagem Rose, uma estilista um tanto quanto excêntrica e que tem uma pitada de loucura. Rihanna mostra que sua presença vai além dos palcos, entregando uma personagem que foge de alguns clichês quando imaginamos o perfil de uma hacker. E Mindy Kaling rouba a cena do filme trazendo consigo uma leveza cômica. Durante boa parte da trama, Bullock manteve uma postura mais séria e em alguns momentos fez comentários sarcásticos, provando que a inteligência, o gosto por crimes e a ironia estão presente no sangue dos Ocean.
Oito Mulheres e Um Segredo bateu o recorde da franquia nas bilheterias da América do Norte, no final de semana da sua estreia. O filme abriu em primeiro lugar nos Estados Unidos e Canadá, com uma arrecadação de US$ 41,5 milhões, superando a bilheteria de estreia de cada um dos três filmes estrelados por Clooney e Pitt. A película é muito mais do que a versão feminina de Onze Homens e Um Segredo. Trata-se de um filme importante ao levar em conta o contexto da representatividade feminina, tanto
no cinema quanto fora dele, que está sendo cada vez mais debatida nos últimos tempos. É através de pequenos passos que podemos atingir o patamar ideal no futuro. Apesar de algumas falhas em seu roteiro, o elenco brilhante, o cuidado com os detalhes (destaque para o belíssimo cenário do Met Gala e os figurinos deslumbrantes utilizados) e críticas relacionadas ao estereótipo feminino em um gênero cinematográfico dominado por homens compensam alguns dos erros do roteiro. No fim, Oito Mulheres e Um Segredo é um filme divertido e que mostra a força da união feminina. //
a pri me i ra fot o ofi ci a l do fil me, reunindo todo o el enco de “oi t o mulh e re s”, e stá presente no f il me apenas nos seus últ i mos mi n ut os. da e squerda para a direita, as atrizes sandra bullock , cat e bla n ch e t t, rihanna, mindy kal ing, aw kwafina, h e le n a bon h a m ca rt e r, anne hathaway e sarah paul son zint.online | 85
Praça Paris: Universos díspares que dialogam
por
carolina cassese
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ançado em abril deste ano, o longa Praça Paris ficou em cartaz até o começo de junho. É centrado, principalmente, na relação entre a terapeuta Camila, portuguesa de classe média alta, e a ascensorista Glória, que vive na periferia do Rio de Janeiro. É o 13º filme de Lucia Murat, que também assina o roteiro do longa, em colaboração com o escritor Raphael Montes. A obra conquistou o Prêmio Dom Quixote de Melhor Filme no Festival de Havana e foi 86|
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selecionado para a Mostra Competitiva do Festival Internacional de Chicago e para o Festival Black Nights de Talin (Estônia). O filme foi considerado pela crítica “uma tradução da tensão social” ou "um retrato urgente do abismo social brasileiro”. A disparidade entre as realidades das personagens principais, verossímeis e muito bem construídas, é ilustrada também pela desigualdade da própria cidade do Rio de Janeiro, cenário do longa. A UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) é o ponto de encontro entre as duas protagonistas, já que é o ambiente de trabalho de ambas: uma exerce a função de
ascensorista, enquanto a outra é pesquisadora. Um dos principais destaques é sem dúvida a atuação da atriz mineira Grace Passô, que arrebata o espectador. Pela interpretação, a atriz, que já exerce a profissão há mais de 20 anos, foi premiada no Festival do Rio 2017. Sobre a composição da personagem, Grace contou em entrevista: “Era importante vencer alguns estereótipos. Da violência, da mulher periférica, toda essa carga que vem junto. Se olhasse só para o que estava escrito, ela era uma mulher má, sabe? Agora, como ir além disso? Era preciso colocar essas características perigosas, que habitam em torno dela, como algo contraditório. Humanizá-la, e não julgá-la”. Para o site AdoroCinema, a diretora Lucia Murat comentou: "O filme trabalha sobre o medo e a paranoia numa relação entre duas pessoas com histórias e classes sociais diferentes. O medo do outro me parece algo implantado na sociedade brasileira hoje. E a partir desse medo sabemos que injustiças, agressões, mortes violentas acontecem, como no filme, um thriller que trabalha a intimidade dos personagens".
O olhar da terapeuta Camila, mesmo que inconscientemente, é um olhar colonizador, de uma mulher branca, portuguesa, que vive em um bairro nobre do Rio. Glória, sempre sincera, identifica esse comportamento em Camila. A relação das duas se aprofunda no decorrer da narrativa e apresenta tensionamentos. O final surpreende e levanta uma série de questões. É, sem dúvidas, um filme que causa incômodo no espectador, além de suscitar reflexões sobre a desigualdade social do Brasil e os conceitos de lugar de fala/lugar de escuta. // zint.online | 87
Um filme ofuscado na sombra de seu antecessor por
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joão dicker
s primeiros 15 minutos de Sicario: Dia do Soldado funcionam como uma contextualização em duas frentes. A primeira delas, demonstra os acontecimentos que vão nortear toda a operação militar que ocorre nas 2 horas de projeção. A segunda, não intencional, acaba demonstrando ao espectador a sensação de que a troca no comando do longa,
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mais perceptível na falta de um diretor com tanta personalidade quanto Denis Villeneuve, evidencia o brilho de Taylor Sheridan (roteirista do primeiro longa que retorna para trabalhar no texto de Dia do Soldado) em compreender que na falta de uma mão mais carregada na direção a verdadeira virtude do longa estaria nos bons personagens de sua história e suas dinâmicas. Desta forma, Dia do Soldado demonstra um roteiro que, mesmo que estruturado de forma muito similar a de Sicario: Terra de Ninguém (2015), é inteligente na forma como se constrói como um "plot driven movie" e acaba se transformando em um "cha-
racter driven movie". O importante de ressaltar é que essa opção não significa que o longa não possui uma história interessante ou um enredo bem estabelecido, uma vez que as bases para a ação são bens construídas e que existe uma linha narrativa clara, mas há um enfoque na forma como o desenvolvimento do texto se preocupa mais em trazer mudanças interessantes na dinâmica dos personagens, puxar uma carga de pessoalidade maior para as relações e apresentar nuances existentes em cada um deles. Ainda, o longa tem um discurso claro e latente a respeito de temáticas contemporâneas e intrínsecas na sociedade americana, combinando duas das bandeiras mais levantadas no que diz respeito a sociedade civil americana atualmente: a luta e o medo perante o terrorismo e a problemática relação com a longa fronteira mexicana. Desta base plot driven, voltamos os olhos para a fronteira
com o estado do Texas e somos apresentados a um contexto em que os carteis mexicanos passam a lucrar com o transporte ilegal de imigrantes para terras estado-unidenses, abrindo espaço para que no meio dos milhares de civis que tentam adentrar o país estejam alguns terroristas disfarçados. Quando um grupo de homens-bombas explode um supermercado em uma cidade texana, o governo dos EUA procura a retaliação ao iniciar uma operação secreta na tentativa de provocar uma guerra entre os cartéis, minando suas agendas de transporte ilegal na fronteira e instalando o caos em suas agendas. A partir dessa premissa, a trama se desenvolve e segue sempre um caminho mais voltado para o que seus personagens tem a apresentar, a revelar de cargas emocionais e relações passadas e de como vão se comportar na perigosa e tortuosa jornada a frente. Assim, Benicio Del Toro e Josh Brolin tem espaço para brilhar e preencher a tela com a química natural e atrativa que possuem. Todo o elenco secundário está bem, principalmente a jovem Isabela Moner, que demonstra uma amplitude dramática impressionante para uma jovem atriz. O maior destaque vai para a atuação de Del Toro, que é capaz de transmitir uma imponência e todo um semblante amedrontador que transformam Alejandro na figura perigosa e temida que é.
Em um filme que conta com diversos retornos, a perda de Denis Villeneuve na direção faz com que o filme perca, também, sua característica forte de inquietação. É verdade que Stefano Sollima assume bem o cargo com escolhas interessantes de planos, principalmente nas sequências de ação, mas falta inventividade e um pulso na construção da atmosfera preocupante e enervante que o primeiro longa conseguia também. Como dito, logo na abertura da película quando acompanhamos uma operação militar durante a noite somos imediatamente lembrados da forma inventiva e magistral com que Villeneuve conduziu o desfecho de Sicario: Terra de Ninguém, e a falta de
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uma sequência emblemática em Dia do Soldado acaba resumindo bem a falta do "algo a mais" que esperava de Sollima. A trilha sonora parece tentar emular o trabalho sensorial enervante que Jóhann Johannsson entregou no primeiro Sicario, mas a composição feita por Hildur Guõnadóttir acaba sendo muitas vezes perceptível e pouco suave, quebrando com a experiência diegética do longa. Completando as diversas perdas nas partes técnicas, a substituição de Roger Deakins por Darius Wolski no comando da cinematografia acaba sendo, talvez, a mais sentida. Wolski faz um ótimo trabalho e demonstra um olhar interessante na forma como trabalha a luz nas cenas noturnas e como capta o rosto dos atores em cenas de poucas luz, mas imaginar as tomadas longas que Villeneuve faria sobre os vastos cenários áridos do Texas e das cidades
mexicanas em sua fronteira, tudo filmado pelas lentes de Deakins, acabam trazendo quase que um sentimento nostálgico do primeiro longa e demonstrando as possibilidades que este segundo não alcançou. Mesmo que com uma dificul-
dade de sair da sombra de seu antecessor, Sicario: Dia do Soldado dá sequência a uma história intrigante, poderosa e que possui personagens carismáticos, interessantes e complexos o
suficiente para carregarem o longa. Se Sheridan sempre pensou Sicario como uma franquia de três filmes, que para este possível desfecho tenhamos um comando na direção que se destaque tanto quanto seus personagens. // zint.online | 91
Mulan 2.0 “A flor que desabrocha na adversidade é a mais bela e rara de todas” por
ruth berbert
Ao contrário do que muitos divulgaram em 2013, não foram Elsa e Ana que quebraram o paradigma da mocinha indefesa salva pelo príncipe encantado nos filmes infantis. Há 20 anos, a personagem Mulan estreava nas telonas do mundo inteiro vencendo o exército Huno, com sua coragem e astúcia. Na época, a adaptação foi muito bem recebida pelo público e pela crítica, obtendo, inclusive, indicações ao Globo de Ouro e ao Oscar, por sua trilha sonora que inspira pequenas heroínas até hoje. O filme conta a história de uma jovem que procura provar seu valor, após fracassar no cumprimento de algumas tradições sociais da China 92|
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imperial, governada pela dinastia Han. Com a invasão do exército Huno, um homem de cada família deveria servir ao exército chinês, podendo o filho mais velho se voluntariar no lugar do pai. Porém, Mulan era filha única, e, como mulher, seu alistamento era proibido. Então, mesmo debilitado, seu pai, Fa Zhou, se compromete a lutar por sua pátria mais uma vez. Após tentar convencê-lo, sem êxito, de que já havia muitos jovens para defender o país, Mulan rouba a armadura de seu pai e foge no meio da noite, em direção ao centro de treinamento militar. E, é ai que grande aventura começa. Com a partida de Mulan, a esperança da
Mulan é a única Princesa Disney a ter um sobrenome (“Fua”) conhecido – e confirmado
família é de que ela desista no caminho e volte para casa, pois caso fosse descoberta, sua sentença seria a morte. Para ajudá-la, sua avó pede ajuda aos seus ancestrais, e a cena seguinte talvez seja a mais cômica de todo o longa. Ao acordarem, os espíritos discutem qual seria o melhor guardião da família para salvar a jovem e, vendo a oportunidade de retomar o seu pedestal, o dragão Mushu, junto ao grilo da sorte, Gri-Li, parte ao encontro de Mulan no intuito de fazê-la conquistar grandes honras no exército. Confiante com seus novos aliados, ela se empenha em ganhar o respeito dos outros guerreiros e do comandante, Lee Shang. O caminho foi difícil, mas apesar dos obstáculos, Mulan conquista a amizade e, até mesmo a admiração de seus colegas. Porém, aos olhos do conselheiro imperial, Chi Fu, a tropa do jovem comandante não está preparada para o combate e apenas após receber uma carta falsa escrita por Mushu e Gri-Li, eles marcham para se unirem ao exercito principal. Ao chegarem, a tropa encontra o acampamento arrasado pelo exercito Huno, o que significava que eles eram a última esperança do Imperador. O caminho mais rápido era pela passagem Tuc Shau, mas o homens de Shan-Yu estavam a espreita para uma emboscada. A derrota seria inevitável, mas é nesse momento que Mulan faz seu segundo ato heroico. Com visão estratégica, ela utiliza o último explosivo para
provocar uma grande avalanche, da qual apenas seis guerreiros Hunos sobrevivem. Mas, este ainda não seria o grande triunfo de Mulan. Ferida no combate, o exército descobre que o grande guerreiro que eles agora tinham como herói, era uma mulher. O dever do comandante Lee Shang era matar a jovem, mas por ela ter salvo sua vida, ele decide poupá-la, causando o alívio de seus amigos e a fúria do conselheiro Chi Fu. Assim como hoje, Mulan precisa provar seu valor várias vezes para ser reconhecida. E, foi pouco antes de voltar para casa, que a jovem assiste os Hunos saírem da neve em direção a cidade imperial. Enquanto o exército de Lee Shang é recebido com festa pela
população, Mulan tenta avisá-los de que a batalha ainda não acabou, mas eles não lhe dão ouvidos. Nesse momento a jovem questiona o comandante do por que dele não confiar nela como antes. Essa é uma cena que gera em toda criança uma insatisfação com a desigualdade sofrida até hoje, e isso é o que mais encanta nesse filme. Seu caráter político, promovendo mudanças de pensamento e conduta desde a infância. E, claro, o melhor fica para o final. Mulan estava certa em não comemorar a vitória. Quando o zint.online | 93
"Meus maiores presentes e honra são ter você como filha" Imperador aparece para cumprimentar os guerreiros, ele é raptado pelos Hunos que o fazem refém dentro de seu palácio. Depois de falharem uma vez por ignorância, o exército chinês decide aceitar as ordens de Mulan que, ao fim, se torna a grande heroína da China. Além de derrotar Shan-Yu, ela salvou seu pai, seu comandante e o imperador. Talvez, a cena mais emocionante seja a de todos ao redor dela, se curvando em sinal de respeito. Determinada, confiante e inteligente, essa é Mulan, uma personalidade das animações infantis que representa tudo que toda garota deve almejar ser. O roteiro foi baseado em uma lenda chinesa datada entre 386 e 557 d.c e já se passaram 20 anos desde que o ocidente conhece Mulan, portanto, é indiscutível o caráter atemporal dessa história. Atualmente, são poucos os países que contam com 94|
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Enquanto Mulan é dublada pela atriz Ming‑Na Wen, a Agente May em MARVEL’s Agents of S.H.I.E.LD., é a cantora filipina Lea Salonga quem interpreta a música Reflection, cuja versão lançada como single é da cantora norteamericana Christina Aguilera
alistamento obrigatório para os dois sexos e, na maioria deles, apenas homens podem integrar o grupo de Armas-Base, que engloba cavalaria e infantaria. Em 1995, Pocahontas já havia rompido alguns padrões, mas ela ainda dividia os holofotes com John Smith, herói por salvar seu pai, Powhatan. Mulan é a única princesa da Disney que protagoniza verdadeiramente cada uma das vitórias em seu filme. LIVE ACTION Em 2020, Mulan vai dominar as telonas mais uma vez. Segundo o Omega Underground, as filmagens do live-action começaram em janeiro deste ano, com locações na China e Nova Zelândia. A atriz chinesa Liu Yifei, uma das atri-
zes mais populares desta geração em seu país, viverá a protagonista no longa. Além dela, o filme trará Donnie Yen como o Comandante Tung, uma nova versão de Lee Shang, e o veterano Jet Li, como o Imperador. Também foram confirmados na equipe de produção o coordenador de dublês Allan Poppleton de Avatar (2009), o supervisor de efeitos visuais Sean Andrew Faden de Power Rangers (2017), e a designer de figurinos Bina Daigeler conhecida por seu trabalho na série Narcos. A influência da heroína está presente na direção do filme, que será realizada por Niki Caro, ainda pouco reconhecida no mercado norte-americano das grandes produções cinematográficas. A diretora revelou que a produção será um musical, e trará o elenco soltando a voz, o que foi uma ótima notícia para os fãs. Já o roteiro está sob o comando de Rick Jaffa e Amanda Silver. De acordo com o Hollywood Reporter, o live-action foi adiado em quase dois anos. A estréia que estava prevista para 2 de novembro de 2018, acontecerá no dia 27 de março de 2020, mas não há informação se o adiamento afetará o cronograma de filmagens. Enquanto isso, os fãs permanecem ansiosos pelo reencontro com Mulan. //
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NEMO 0S 15 ANOS DE PROCURANDO
por
bruna curi
diagramação
vics
“P Sherman, 42 Wallaby Way, Sydney” Ainda, “Quando a vida te decepciona, qual é a solução? Continue a nadar! Continue a nadar! Continue a nadar, nadar, nadar... Para achar a solução, nadar”, “Os peixes são amigos, não comida” e “ProoOoOOoocuraaaAaAaaAAando NeEEEeEeeEeemoOoOooooO, ooOooOooOnd’é qu’eEEeeEele estáaAAaAaaAaaAaa? Eu quero saber como chegar lá”. Essas são algumas das icônicas frases do filme Procurando Nemo, lançado em 2003 em uma parceira entre os estúdios Disney e Pixar. O filme entrou para a história como uma das animações mais rentáveis de todos os tempos, arrecadando um total de 921 milhões de dólares ao redor do mundo. A película retrata a história de Marlin (Albert Brooks), um peixe-palhaço que
se tornou um pai super protetor, após perder sua ninhada e sua esposa depois do ataque de uma barracuda. Apenas um ovo da ninhada sobreviveu ao ataque, de forma que Marlin decide criar Nemo (Alexander Gould) com todo o cuidado
do mundo, ainda mais que o seu filho tem uma nadadeira defeituosa e apresenta certa dificuldade para nadar. Contudo, toda essa preocupação em excesso se torna prejudicial para a relação entre pai e filho, principalmente, quando Nemo decide começar
a frequentar a escola do Tio Raia (Bob Peterson). Enquanto Nemo se empolga com a possibilidade de fazer novos amigos e conhecer mais coisas além da anêmona onde mora, Marlin se preocupa, uma vez que considera o oceano um lugar extremamente perigoso e que seu filho não está pronto para frequentar a escola. A tensão entre pai e filho é muito grande ao ponto de gerar uma briga entre eles, quan-
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do Nemo desobedece ao seu pai e nada para fora do recife onde estavam. Ele queria provar que era capaz de encostar em um barco que estava ali perto, enquanto Marlin defendia fortemente que seu filho não era capaz de se aventurar tanto devido a sua nadadeira defeituosa. É nesse momento que Nemo acaba sendo capturado por dois mergulhadores que estavam no local, que o colocam no barco e o levam para muito longe. Desesperado, Marlin tenta nadar o mais rápido possível para alcançar o barco onde seu filho estava, chegando a se aventurar no mar aberto, mesmo sabendo dos perigos que aquele ambiente representava, ainda mais para ele, um peixe-palhaço, que estava acostumado a viver na segurança de sua anêmona e em seu recife. Na busca para encontrar o seu filho, Marlin conhece Dory (Ellen Degeneres), 98|
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uma cirurgiã-paleta que sofre perda de memória recente. Juntos os dois enfrentam várias aventuras na tentativa de achar o Nemo: eles conhecem um grupo de tubarões vegetarianos, fogem de um peixe-pescador-das-profundezas, se deparam com uma floresta de águas-vivas, fazem amizades com um bando de tartarugas amigáveis e pegam carona com uma baleia. Enquanto isso, Nemo foi levado para um aquário de um dentista onde ele conhece outros peixes que acabam se tornando seus amigos: Bubbles (Stephen Root), um cirurgião-amarelo; Gurgle (Austin Pendleton), um royal gramma; Gil (Willem Dafoe), um moorish idol; Deb/Flo (Vicki Lewis), uma striped damselfish; Jacques (Joe Ranft), um camarão cleaner shrimp; Peach (Allison Janney), uma estrela-do-mar; e Bolota (Brad Garrett), um baiacu. Juntos eles armam um plano para conseguir escapar do aquário e retornar para o oceano, como o próprio Gil reforça:
O personagem Nemo tem seu nome inspirado no capitão do submarino Nautilus, Nemo, do aclamado livro Vinte Mil Léguas Submarinas, de Julio Verne
“Peixes não foram feitos pra ficar numa caixa, garoto. Isso faz mal”. O filme retrata a trajetória cheia de aventuras e emocionante de pai e filho tentando se reencontrar, mesmo que pareça ser algo muito improvável. Na época em que foi lançado, Procurando Nemo arrecadou 70,3 milhões de dólares somente em sua estreia e acabou se tornando um dos maiores sucessos da Pixar. DIFICULDADES As primeiras pesquisas para a produção do filme começaram em 1997, seis anos antes de sua finalização, e até que ele fosse lançado, o diretor Andrew Stanton e a equipe da Pixar precisaram superar alguns desafios ao longo do percurso. Um dos primeiros obstáculos a ser superado foi tentar dar ao público a sensação de que a história se passava debaixo da água, dessa forma a equipe da Pixar realizou diversas pesquisas de campo, visitas a museus e até mesmo aulas de mergulho. Tudo foi feito para que o público tivesse uma experiência que fosse fiel à realidade. Contudo, a primeira ambientação não atingiu o resultado que Stanton estava esperando; a impressão que dava era de que a história se passava em
uma piscina. Foram necessárias mais tentativas para se obter o resultado esperado. Outro desafio encontrado pela equipe foi a recriação de ambientes do oceano. Como Marlin e Dory viajaram por diferentes profundidades e pontos do Oceano Pacífico, foi estabelecida uma paleta de cores que acompanhava os personagens em cada momento da historia. Porém, isso não era o suficiente para diferenciar os ambientes. A equipe da Pixar teve que pensar nos pequenos detalhes como as partículas que estariam na água, ou a forma que os raios solares incidiam no oceano. Pensando nesses detalhes e levando em consideração o ecossistema como um todo, os cenários foram ganhando vida. Por último, a equipe teve que encontrar uma forma de dar emoções aos peixes, e entender como eles se movimentavam. Uma das inspirações que eles usaram para fazer as feições dos personagens foram os cachorros, que com um movimento de sobrancelhas conseguem indicar suas emoções. Já a questão da locomoção, os animadores estudaram por meses e tiveram aula com um professor de fisiologia para entender o que era essencial para que os personagens se mexessem como peixes. Essa dificuldade aconteceu pelo fato de que os animadores estavam acostumados a dar movimento para personagens bípedes, então eles foram obrigados a adaptar suas técnicas a uma linguagem corporal diferente.
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Quando o nariz de Dory sangra, na cena com o tubarão Bruce, é primeira vez que sangue aparece em um filme da Pixar. Ainda, Bruce é uma homenagem a Tubarão; no filme de Steven Spielberg, o diretor apelidou o tubarão eletrônico com o nome
CONTINUE A NADAR Depois de 13 anos do lançamento de Procurando Nemo, o filme ganhou uma sequência que chegou aos cinemas brasileiros em junho de 2016: Procurando Dory. Os acontecimentos se passam um ano após o primeiro filme, e começa com Dory tendo flashbacks sobre o seu passado, que até então era uma verdadeira incógnita para o público. Junto dessas memórias, Dory apresenta uma súbita vontade de tentar reencontrar com seus pais, ao se lembrar vagamente que eles viviam na “Jóia de Morro Bay, Califórnia”. Uma viagem tão grande como essa pode apresentar seus riscos, ainda mais para um peixe como Dory, que sofre de perda de memória recente e que às vezes é um pouco ingênua. Dessa forma, tanto Marlin quanto Nemo (Hayden Rolence) decidem acompanhar a amiga nessa aventura até a Califórnia. Como de costume, essa trajetória acabou sendo marcada por algumas aventuras: o reencontro com os velhos amigos Crush (Andrew Stanton) e Esguicho (Bennett Dammann), e uma luta com uma lula gigante. Além disso, o trio acaba se metendo em confusões no Instituto de Vida Marinha (local para 100|
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onde Dory acaba sendo levada, e Marlin e Nemo vão para regatar ela). Além de apresentar personagens antigos e tão queridos pelo público, em Procurando Dory há a adição de mais personagens que acabam integrando à trama como Destiny (Kaitlin Olson), uma tubarão-baleia míope; Bailey (Ty Burrell), uma baleia beluga que acredita que perdeu a sua capacidade de ecolocalização; Hank (Ed O’Neill), um polvo vermelho que possuiu sete tentáculos e que tem medo de viver na natureza devido uma experiência traumática do passado; e Charlie (Eugene Levy) e Jenny (Diane Keaton), os pais de Dory. O filme ultrapassou a renda mundial de um bilhão
de dólares. Na época, este foi o segundo filme da Pixar a alcançar o bilhão e o décimo segundo filme da Disney. Procurando Dory recebeu uma avaliação de 94% no Rotten Tomatoes, também sendo foi muito bem recebido pelo público. Quando foi lançada a película quebrou recordes nas bilheterias norte-americanas, mostrando que a franquia tem um potencial muito grande e que ainda tem muito a oferecer. Por mais que não tenha sido anunciada, se haverá uma nova sequência ou não, não muda o fato de que Marlin, Nemo e Dory marcaram a infância de muitas crianças e vão permanecer para sempre em nossos corações. //
Enquanto Procurando Nemo chegou aos cinemas no dia 30 de maio de 2003, fazendo quase US$ 950 milhões, Procurando Dory estreou em 17 de junho de 2016 e alcançou pouco mais de US$ 1 bilhão zint.online | 101
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quadrinhos
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yuri soares
por
diagramação
vics
Mercado nacional de mangás a todo vapor Setor sobrevive e se reinventa diante dos problemas
O mês de junho, símbolo das tradicionais festas juninas, este ano é também marco de outros eventos. Além do mundial de futebol na Rússia, o período de trinta dias também representa o 110º aniversário da 104|
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Imigração Japonesa no Brasil e, não menos importante, o primeiro ano da ZINT. Em sua primeira edição foi publicada uma pequena matéria sobre a reedição da obra-prima de Katsuhiro Otomo, o mangá Akira.
Nesta edição especial o assunto não poderia ser diferente. De lá para cá, o mercado nacional de mangás parece ter crescido significamente. Nos últimos doze meses foram lançados ou relançados cerca de 20
títulos, média de quase dois por mês. Os números são positivos, mas poderiam ser mais expressivos não fossem as crises política e econômica do país, que refletiram, inclusive, na recente alta de preços dos impressos e na sua já atrapalhada forma de distribuição. Dentro desse contexto, as editoras brasileiras de quadrinhos sobrevivem ao aparente aquecimento das vendas de mangás, principalmente por meio de lançamentos inéditos e edições especiais para colecionadores, que acabam por justificar o preço muitas vezes “salgado”. Entretanto nem tudo são flores. Apesar do investimento na oferta e qualidade de novas histórias, que justifica a boa fase de vendas nos últimos dois semestres, nem sempre os títulos chegam às gráficas de acordo com a periodicidade anunciada. Esse problema ficou mais que explícito no processo de negociação do volume dois de Akira. Anunciado em junho de 2017 com periodicidade
semestral, a segunda parte da história cyberpunk de Kaneda e Tetsuo só chegará de fato às prateleiras este mês. Parte desses atrasos justifica-se na negociação direta das editoras com empresários japoneses, além das provas de impressão, que são enviadas a Terra do Sol Nascente e só depois de aprovadas lá são impressas, aqui, desse lado do globo. Segundo a JBC, empresa detentora dos direitos de diversos títulos de mangás no Brasil, o atraso de Akira deu-se principalmente na aprovação das páginas, que foram supervisionadas por ninguém menos que o próprio Katsuhiro Otomo.
A editora desculpou-se ao anunciar que, finalmente, o segundo volume do clássico foi aprovado e garantiu que o problema não ocorrerá novamente, pois as provas agora são enviadas com antecedência ao Japão. A medida parece repetir-se nas concorrentes que, até o momento, conseguem cumprir com a periodicidade dos títulos no qual são responsáveis. Felizmente casos como o de Akira são esporádicos e os atrasos, quando acontecem, são resolvidos em algumas semanas. Essa demora também não interfere no lançamento de novas histórias, o que muitas vezes acalmam os fãs mais ansiosos. O relançamento do mangá foi o grande destaque nos anúncios de mangás ano passado, entretanto eles não pararam por aí. Nos últimos 12 meses muitos títulos chegaram às lojas.
FULLMETAL ALCHIMIST GUIA COMPLETO Divido em três volumes e periodicidade semestral, o Guia traz muitos detalhes do mundo dos irmãos Elric, além de curiosidades, jogos e entrevistas com a autora da série Hiromu Arakawa. Lançado em julho de 2017, o título está com o cronograma atrasado em alguns meses. O terceiro volume deve chegar às lojas somente em setembro.
FAIRY TAIL GAIDEN E FAIRY TAIL ZERO Também divido em três volumes e periodicidade bimestral, Gaiden é uma trilogia de histórias totalmente produzidas pelo mangaká Kyouta Shibano, que se baseou na história original da série de Hiro Mashima. Lançado em dezembro passado, foi finalizado em abril. Já o spin-off Fairy Tail Zero, escrito e desenhado por Mashima, foi lançado em volume one-shot em outubro de 2017. A edição única conta as origens da guilda de Natsu, Elza, Grey e Lucy.
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BATTLE ANGEL ALITA GUNNM HYPER FUTURE VISION
THE GHOST IN THE SHELL 2.0 MANMACHINE INTERFACE
Clássico do cyberpunk, o mangá de Yukito Kishiro foi relançado em novembro de 2017 e finalizado este mês. Em formato big foi publicado bimestralmente e versão impressa completa em quatro volumes. Famosa na década de 1990, a história de Alita deve chegar aos cinemas em dezembro deste ano. O live action Alita: Anjo de Combate conta com elenco premiado, direção de Robert Rodriguez e produção de Jon Landau e James Cameron, os dois últimos responsáveis pelos estrondosos Titanic (1997) e Avatar (2009).
O último semestre de 2017 deu vez aos mangás do cyberpunk. A sequência na jornada da Major Makoto Kusanagi chegou as livrarias e lojas especializadas em dezembro. Escrita e ilustrada por Shirow Masamune, autor da obra original, a edição é considerada luxuosa e conta com cerca de 200 páginas coloridas.
ANOTHER E ANOTHER 0 PLATINUM END Inédito no Brasil, o título é resultado da parceria bem-sucedida de Tsugumi Ohba e Takeshi Obata, autores do aclamado Death Note. Anunciado em outubro de 2017, o mangá finalmente foi lançado em abril com periodicidade bimestral. A história do jovem Kakehashi está em publicação no Japão e no momento conta com sete volumes.
Famoso por suas adaptações, Another foi relançando em nova edição e acabamento em março deste ano. Desta vez, a principal novidade é o formato box de colecionador, que reúne os quatro volumes da série e o spin-off Another 0. A história extra é roteirizada por Yukito Ayatsuji e caracterizada por Hiro Kiyohara, autores da obra original.
ROSA DE VERSALHES Inédita no Brasil, a obra é considerada uma das mais importantes dos mangás shõjo – voltado para o público feminino. Produzida no início da década de 1970, a história de Oscar François e Maria Antonieta baseia-se em alguns fatos históricos da Revolução Francesa e promove reflexões sobre igualdade de gênero, senso de justiça e direitos humanos. Anunciado em março, o trabalho da mangaká Riyoko Ikeda ainda não tem previsão de lançamento ou formato.
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LITTLE WITCH ACADEMIA Sucesso mundial no catálogo da Netflix, o anime de Yoh Yoshinari e Masahiko Otsuka, produzido pelo estúdio Trigger, ganhou sua adaptação em mangá assinada por Keisuke Sato ano passado. Anunciada em abril, as aventuras de Akko estão divididas em três volumes de periodicidade trimestral, a primeira parte chega ao mercado no fim desse mês.
OS CAVALEIROS DO ZODÍACO THE LOST CANVAS Uma das franquias mais famosas de mangás no Brasil, The Lost Canvas será republicada 11 anos após sua primeira publicação no país. Anunciada em fevereiro, a série roteirizada por Masami Kurumada e ilustrada por Shiori Teshirogi será relançada ainda este mês com periodicidade mensal. Além disso, a guerra entre Athena, Alone, Tenma e demais cavaleiros virá em formato especial para colecionadores em 25 volumes com capa metalizada. Destes, os doze primeiros já estão disponíveis para pré-venda em lojas online.
OYASUMI PUNPUN / BOA NOITE PUNPUN
FIRE FORCE
Premiado internacionalmente, o mangá de Inio Asano é sinônimo de sucesso por onde passa. Anunciado em abril, o enredo que acompanha de vida de Punpun, da infância ao inicio da vida adulta, será publicado em formato big e sete volumes, como nos Estados Unidos. No Japão, o mangá de gênero slice of life foi publicado 13 volumes. A estreia nas prateleiras brasileiras, entretanto, ainda não tem data confirmada.
Com o lançamento vazado pelo registro no site ISBN, o mangá de Atsushi Ohkubo também terá periodicidade bimestral e estreará em solo brasileiro em julho. Publicadas no Japão desde 2015, as confusões de Shinra na caótica Tóquio tem atualmente seis volumes publicados.
THE PROMISED NEVERLAND Um dos primeiros mangás vazados pelo ISBN, a obra de Kaiu Shirai e Posuka Demizu chegará as bancas em agosto com periodicidade bimestral. O enredo das crianças órfãs conta até o momento com nove volumes publicados no Japão.
Na Edição #4 da revista, publicamos uma matéria sobre o anime Little Witch Academia; você pode ler só clicando aqui.
ERASED / BOKU DAKE GA INAI MACHI Assim como Another, Erased também é famoso por suas adaptações. Virou anime, produzido pelo estúdio A-1 Pictures, em 2016 e série live action, produzida pela Netflix, em 2017. A trama gira em torno do jovem mangaká Satoru Fujiuma e suas pequenas viagens no tempo, chamadas de revival. Também anunciada em abril, a obra de Kei Sanbe não teve detalhes divulgados. Na Terra do Sol Nascente a tragédia evitada por Sotoru foi publicada em oito volumes.
BORUTO Continuação direta de Naruto, o mangá é supervisionado por Masashi Kishimoto, autor da obra original, e conta com Ukyo Kodachi no roteiro e Mikio Ikemoto na arte. A notícia de que a séria ilustrada de Boruto será publicada no Brasil vazou junto com Dragon Ball Super no site de registro do ISBN. O título também terá periodicidade bimestral com lançamento previsto para junho. Em publicação no Japão, conta, até o momento, com cinco volumes.
DRAGON BALL SUPER Sequência do clássico de Akira Toriyama, a franquia ajudou a popularizar a venda de mangás no país. O mangá é roteirizado pelo próprio Akira e ilustrado por Toyotaro e foi revelado pelo site de registro do ISBN este mês. A estreia no Brasil está agendada para julho e terá periodicidade bimestral. As novas aventuras de Goku e companhia são publicadas no Japão desde 2015 e possuem atualmente seis volumes.
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THE PROMISED NEVERLAND Um dos primeiros mangás vazados pelo ISBN, a obra de Kaiu Shirai e Posuka Demizu chegará as bancas em agosto com periodicidade bimestral. O enredo das crianças órfãs conta até o momento com nove volumes publicados no Japão.
THE PROMISED NEVERLAND A mais nova história de Hiro Mashima, autor de Fairu Tail, será lançada simultaneamente com o Japão em formato digital. É a primeira vez que isso ocorre no país. O primeiro capítulo já sai esse mês e os demais serão publicados semanalmente. A distribuição simultânea do mangá também ocorrerá nos país de língua francesa, inglesa, coreana, chinesa e tailandesa.
DISTRIBUIÇÃO É ilógico não deduzir que o maior mercado de mangás do mundo está no Japão. No pequeno arquipélago do Monte Fuji este tipo de entretimento é mais que comum, faz parte do cotidiano de todos, em todas as idades. Não existem números oficiais, mas estima-se que a indústria dos quadrinhos represente cerca de 40% de impressos na Terra do Mangá. Por ano, movimentam a cifra dos bilhões de dólares, pois são vendidos em média 750 milhares de exemplares. Em outras localidades do planeta, a venda de mangás também não deixa a desejar. Só nos EUA este tipo específico de quadrinho movimenta mais de 200 milhões de dólares anualmente. Países como França, Alemanha e Itália também alcançam, facilmente, a casa do milhões em vendas. No Brasil, o setor de quadrinhos, de modo geral, tem representatividade no setor de impressos, entretanto ainda não se compara com indústrias gigantescas faladas anteriormente. Outros fatores contribuem para isso: a convergência de mídias e crise econômica fizeram com que grandes editoras encolhessem ou fechassem as portas. As que sobreviveram parecem estabilizadas, mas as sequelas ficaram. Dentro os problemas que ficaram está a distribuição dos mangás. O que já não era muito bom piorou. Com isso, as principais editoras de quadrinhos decidiram: mangás não serão mais comercializados em bancas de revistas. Aquelas, que você encontra em quase toda esquina dos grandes centros urbanos do país. O problema, como dito, já é antigo. No Brasil, a distribuição nacional em bancas de revista é feita por apenas uma distribuidora, pertencente ao Grupo Abril. Grupo este que, apesar de ser gigante no mercado nacional de impressos, vem passando por cortes de gastos há alguns anos. Não demorou para o serviço de entrega piorar.
Nesse contexto, iniciou-se a debanda das editoras. Em 2016, a NewPOP anunciou o encerramento da venda de seus títulos em bancas de revistas. No ano seguinte, foi a vez da Panini (Planet Mangá) também romper com a empresa do Grupo Abril, dando inicio a negociação direta com distribuidoras regionais. Este ano a JBC seguiu a tendência e retirou alguns de seus mangás das bancas. Atualmente, os títulos das três editoras podem ser adquiridos por meio de assinaturas, livrarias e lojas especializadas. Apesar de ainda disponibilizar alguns mangás nas bancas e dizer que cada título será comercializado de acordo com sua necessidade, ao que tudo indica, a JBC deve retirar todos os seus impressos das bancas ainda esse ano, de forma gradativa como vem fazendo. Além disso, a editora continua investindo pesado em mangás digitais. No momento, são mais de 160 volumes disponíveis em ebooks na loja virtual da empresa. // zint.online | 109
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INDICAÇÕES
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S eis filmes par a c eleb rar o mês do org u lh o LGBTq+ Hoje em dia, não é incomum ver pessoas de diversas orientações sexuais de gênero retratadas no cinema e na televisão ainda que de forma ineficiente, mas nem sempre foi assim. Decretado de 1930 a 1968, o Motion Picture Code, comumente conhecido como o Código Hays, estabeleceu um conjunto de diretrizes morais que foram aplicadas aos filmes dos Estados Unidos. Este código incluía uma longa lista de assuntos que não podiam aparecer em tela, tais como narcotráfico, nudez e ridicularização do clero. Outro assunto que foi banido do cinema foi a homossexualidade, visto que os gays eram rotulados como “desviantes sexuais”. Embora o Código Hays tornasse quase impossível para os cineastas mostrarem homossexuais em seus filmes, eles foram capazes de agregá-los em seus roteiros tornando os personagens excessivamente afeminados ou em vilões. Tais retratos continuaram por muitas décadas e não foi até a Rebelião de Stonewall, em 1969, que Hollywood começou a mudar sua abordagem. O mês de junho desse ano marca o 43º aniversário do icônico levante em Nova York que desempenhou um papel considerável nos anos pioneiros do movimento pelos direitos de gays, lésbicas e afins. Com o orgulho sendo comemorado no mundo todo, aqui está uma lista de filmes para assistir e celebrar a conquista cinematográfica quando falamos de representação LGBTQ+.
// T E XT O
vitória C. Rocho
// Diagr a m aç ão
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PRIDE: A lista vem acompanhada uma Playlist temática! Você pode vê-la no final da revista.
» Direito de Amar 2009; direção de Tom Ford A data é 30 de novembro de 1962. O professor de inglês George Falconer (Colin Firth) está achando difícil lidar com a vida desde que Jim (Matthew Goode), seu parceiro de dezesseis anos, morreu em um acidente de carro oito meses antes. George planeja cometer suicídio naquela noite e, enquanto se prepara para o ato, relembra sua vida com o amado e visita os amigos que pretende deixar. Durante o dia, acaba encontrando várias pessoas que o notam mais triste do que o habitual e que afetam sua certeza do suicídio. Essas pessoas incluem Carlos (Jon Kortajarena), um ator espanhol e gigolô que recentemente chegou a Los Angeles; Charley (Julianne Moore), sua melhor amiga e que o deseja romanticamente apesar de sua orientação sexual; e Kenny (Nicholas Hoult), um de seus alunos que parece estar interessado no professoro também fora da sala de aula.
» The Rocky Horror Picture Show 1975; direção de Jim Sharman Em uma noite chuvosa no final de novembro, os jovens Brad Majors (Barry Bostwick) e Janet Weiss (Susan Sarandon) se veem perdidos no caminho para visitar um ex-professor. Em vez disso, o casal encontra o assustador esconderijo de esquisitices inesgotáveis do Dr. Frank-N-Furter (Tim Curry), bem a tempo de participar da revelação de sua maior obra: Rocky Horror (Peter Hinwood), o símbolo masculino e sexual perfeito de cabelos loiros e pele bronzeada. Porém, à medida que a efervescente força transgressora engole todos os desavisados visitantes da noite, Brad e Janet começam a abraçar as potentes fascinações da sedução, enquanto um confuso e voluptuoso Rocky vagueia livre na mansão. No final das contas, quem pode interromper a união do homem com o prazer absoluto?
» A Garota Dinamarquesa 2015; direção de Tom Hooper Situado no início dos anos 20 em Copenhague, o renomado pintor Einar Wegener (Eddie Redmayne) compartilha um relacionamento amoroso e prospero com sua esposa retratista, Gerda (Alicia Vikander). No entanto, a base de seu relacionamento fica comprometida quando a mulher pede alegremente ao marido para tomar o lugar de uma de suas modelos femininas e posar para sua pintura de meia calça e vestido. Esta experiência desencadeia uma transformação sutil dentro de Einar, que começará a perceber que, na realidade, ele é Lili, uma mulher presa no corpo de um homem. Como cada vez mais se torna evidente que este não é um capricho efêmero, Einar se determina a viver sua nova vida ao máximo, enfrentando o preconceito e a luta pelo direito de ser diferente, em busca de uma cirurgia de redesignação sexual altamente experimental que eventualmente faria de Lili uma pioneira transgênero notável.
» Weekend 2011; direção de Andrew Haigh Em uma noite de sexta-feira, Russell (Tom Cullen) deixa a casa de seus amigos heterossexuais e vai para um clube gay em busca de alguém. Antes que desse a festa por encerrada, ele conhece Glen (Chris New), e o que era para ser uma história de apenas uma noite, acaba por se tornar algo especial. Durante aquele fim de semana, quartos e bares, álcool e sexo, o casal se conhece e se reconhece, tendo um momento que os acompanhará para a vida toda. O filme conta de forma honesta uma história de amor entre dois homens, sem pesares nem culpa. Enquanto debate sobre a batalha por uma vivência legítima em todas as suas formas, traz a mensagem que nem todo amor é para a vida toda e está tudo bem.
» Garotos 2014; direção de Mischa Kamp O filme holandês conta a história de Sieger (Gijs Blom), um garoto de 15 anos, alegre e quieto que descobre o amor durante as férias de verão. Sieger está treinando na nova equipe de atletismo para os campeonatos nacionais de revezamento e conhece o intrigante e imprevisível Marc (Ko Zandvliet). A amizade que se desenvolve parece comum, mas o rapaz abriga secretamente sentimentos mais fortes pelo amigo. Sieger se envolve em uma luta solitária consigo mesmo quando fica claro que Marc também está apaixonado por ele. Enquanto isso, o garoto precisa lidar com um pai silencioso, um irmão rebelde e o luto pela morte da mãe. Ainda que tente trazer paz para dentro de casa, a mente de Sieger está em outro lugar, já que fica cada vez mais difícil negar seus sentimentos por Marc.
» The Normal Heart 2014; direção de Ryan Murphy No verão de 1981, Ned Weeks (Mark Ruffalo) visita a Dra. Emma Brookner (Julia Roberts), que está tratando virtualmente todos os gays de Nova York que sofrem de doenças raras relacionadas ao sistema imunológico. Brookner ouviu falar de Ned - e de sua “boca grande” na sua procura por um homem gay que liderasse essa nova crise. Ela pede que ele expresse sua raiva em relação àqueles no poder que são apáticos e Ned começa a agir, explorando o fracasso do The New York Times em cobrir adequadamente a epidemia. Ao fazê-lo, encontra o repórter Felix Turner (Matt Bomer), a quem se sente imediatamente atraído. Outro relacionamento chave na trama é o de Ned com seu irmão Ben (Alfred Molina), um advogado. Embora ele esteja impaciente com a relutância de seu irmão em ajudar a organização que formou em resposta à epidemia, está claro que o que Ned mais deseja de Ben é a aceitação incondicional.
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PLAYLISTS
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play lists
a revista possui suas próprias playlists temáticas, fruto das matérias que produzimos. ao todo, são 23 listas, que você pode usufruir e escutá-las pelo Deezer, Spotify e Youtube! PARA ACESSAR A LISTA, CLIQUE NA IMAGEM!
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