Risco Seguro Brasil

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ARTIGO

Os desafios da globalização, por Alfredo Chaia

GESTÃO

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Setor elétrico pede seguros inovadores

EDITORIAL

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É hora de reforçar a gestão de riscos 2 PÁG.

RISCO SEGURO BRASIL

Ano 1 - Edição 00 - Março - 2016

Raio X: quem é quem em seguro corporativo no Brasil Depois de um período de reestruturações, os grupos estrangeiros se posicionaram com destaque no setor de seguros corporativos no país. Levantamento exclusivo mostra o desempenho deste mercado.

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Corrupção em alta deixa o seguro D&O mais caro ¢¢ O aumento dos casos de corrupção alterou o perfil do seguro D&O (Directors and Officers). A sinistralidade subiu, os preços aumentaram e a subscrição das apólices ficou mais rigorosa, segundo especialistas. As seguradoras começaram também a cobrar mais foco no compliance de seus clientes.

O pesadelo dos seguradores Heróis e superheróis salvam sucessivas vezes o planeta dos mais variados vilões. Em compensação, dariam uma tremenda dor de cabeça para as seguradoras. James Bond já causou prejuízos de R$ 41 bilhões. Já a batalha em Nova York em Os Vingadores geraria a maior perda da indústria: R$ 615 bilhões.

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INTEGRIDADE

NEGÓCIOS

Onda de F&A puxa demanda por seguro transacional

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Petrobras mostra importância de fazer compliance real

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EDITORIAL

EXPEDIENTE

É hora de investir de verdade em gestão de riscos ¢¢ Escândalos como a Lava Jato e tragédias como a de Mariana revelaram o quanto as empresas brasileiras ainda precisam caminhar em termos de gestão de riscos e compliance. Muitas até produzem sites magníficos e livros luxuosos para divulgar suas supostas políticas de governança. Na prática, no entanto, parece haver muito menos disposição em alocar recursos a essas áreas e fazê-las impactarem uma cultura empresarial viciada e arcaica. É uma pena que seja assim. A gestão de riscos exige tempo e investimentos. Geralmente não traz resultados visíveis na forma de bônus de final de ano. Mas, se bem feita, no médio e longo prazos, é extremamente benéfica para o balanço de qualquer empresa. A verdade é que, se existe alguma economia inconsequente em uma empresa, é a que se faz com

gestão de riscos. O fato de que este tipo de economia siga sendo uma constante no país reflete a profunda ignorância do empresariado brasileiro com relação ao tema. Mudar esta situação exige um longo esforço. Mas é necessário começar por algum lugar. Por exemplo, com a introdução com rapidez na cultura empresarial nacional a figura do Chief Risk Officer, o CRO. Cada vez mais comum nos Estados Unidos, o CRO é um membro da direção executiva com o mesmo nível hierárquico do CFO ou do COO. Sua função, porém, consiste em garantir que a empresa avalia seus riscos e implementa as medidas necessárias para mitigálos. Mais importante, porém, é que o CRO tem uma posição hierárquica suficientemente elevada para se fazer ouvir. Está lá para dizer aos outros membros o que eles não

querem, mas precisam ouvir. Tão importante quanto isso, o CRO age como um catalisador das políticas de mitigação de risco das empresas. Ele não vai cuidar de todos os riscos, mas vai estimular os administradores de cada departamento a trabalharem adequadamente o assunto. No fim das contas, um bom CRO é uma garantia de que a empresa possui uma estratégia de gestão de riscos coerente e disseminada — que ela faz parte, enfim, da cultura empresarial. Em tempos em que muitas empresas têm a corrupção encalacrada em sua cultura corporativa é preciso promover uma revolução na sua filosofia de negócios. Em outras palavras, está na hora de tirar a gestão de riscos do papel. Até porque o principal risco enfrentado hoje pelas empresas brasileiras é que ninguém mais aceita ficar engolindo tanta conversa fiada.

Revista Risco Seguro Brasil Publicação da Editora Butiá sobre o mercado de gestão de risco e seguros corporativos. Distribuição dirigida aos profissionais da área nas principais empresas de todo o país. Rua Professor Brandão, 290. Cjto. 06 CEP 80045-135. Curitiba - Paraná - Brasil CNPJ - 22.378.693/0001-93 Jornalistas responsáveis Oscar Röcker Netto (+55 41) 8438-1828 oscar@riscosegurobrasil.com.br Rodrigo Amaral (+ 34 617) 99 21 71 rodrigo@riscosegurobrasil.com.br Projeto gráfico e diagramação Rodrigo Montanari Bento (+ 55 41) 8416 8727 Impressão Gráfica Tecnicópias. www.riscosegurobrasil.com.br

ARTIGO | ALFREDO CHAIA*

Os desafios da produção globalizada ¢¢ No mundo globalizado em que vivemos, as organizações são formadas por complexas combinações de recursos, interdependentes e interrelacionados, que devem perseguir os mesmos objetivos, e cujo desempenho pode afetar, positivamente ou não, a estrutura operacional como um todo. Atualmente, a grande empresa transnacional pode conceber um produto nos Estados Unidos, desenvolver seu projeto na Europa ou na Índia, fabricar os componentes na Coreia do Sul, realizar a montagem no México e, finalmente, comercializá-lo em todos os continentes. A despeito da complexidade desse cenário e, ao contrário do que muitos temiam, algumas empresas brasileiras tornaramse parceiras ativas do processo de globalização, desenvolvendo vantagens competitivas próprias e transformando-se também em multinacionais. Já outras inseriram-se nesse contexto de

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“economia globalizada”, obtendo ou fornecendo bens de consumo, bens de capital ou componentes para outros mercados. O Brasil integrouse à economia mundial e passou a ser importante para o restante do mundo, ao passo que o mundo se tornou importante para nós. Por outro lado, esse movimento ainda não cumpriu a promessa de criar um mercado livre de fronteiras à circulação de produtos e pessoas, mas já mostrou que a interdependência de instalações em diferentes locais incorpora riscos que antes não eram percebidos, além de explicitar implicações muito mais amplas do que se poderia imaginar. Com essa premissa, as cadeias de suprimentos tornamse cada vez mais complexas à medida que novas tecnologias são introduzidas no mercado, o que torna a gestão de possíveis vulnerabilidades ainda mais difícil. Não obstante, os sistemas de infraestrutura são mais tortuosos, com complicadas redes de inter-

relacionamento, dependências e interdependências, e vulnerabilidades associadas, podendo desencadear impactos em cascata. A “dependência” existe quando qualquer subsidiária de um mesmo grupo econômico se integra à rede de negócios e gestão, e o desligamento repentino de uma linha de produção chave produz efeitos em outra propriedade ou processo do grupo. A interdependência está presente quando a operação é gerenciada por outro parceiro de negócio, podendo criar uma perturbação na capacidade normal de produção nas instalações que seguem daquele ponto. Esse conceito reflete a relação entre várias instalações operacionais ou de produção que devem continuar ativas para que a empresa possa produzir e vender o componente final ou os produtos acabados aos clientes. Em geral, há quatro

maneiras de classificar uma interdependência, são elas: Matéria-prima, Componentes & Subconjuntos, Serviços e Infraestrutura Central. Um exemplo de estratégia de produção largamente utilizada nas indústrias é o modelo “Just In Time”, que tenciona o melhor retorno sobre investimento, reduzindo estoque e custos contábeis associados. Esse sistema de negócios é projetado em torno dos níveis de estoque mínimos e se concentra fortemente em logística, garantindo que peças, componentes e materiais cheguem onde e quando necessários. Entretanto, muitas variáveis podem colocar a organização em risco elevado, frente à uma interrupção direta ou contingente, na qual qualquer rompimento na cadeia global pode criar relevantes impactos financeiros. *Alfredo Chaia é diretor da AIG Consultoria Brasil.


GESTÃO DE RISCO

Setor elétrico precisa de soluções inovadoras Especialista em seguros da Light critica produtos de prateleira e avalia que compradores precisam fazer trabalho interno melhor

Grandes também fazem gato

Oscar Röcker Netto oscar@riscosegurobrasil

riscosegurobrasil.com.br

Divulgação/Copel

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nfrentando pressão em várias frentes e com riscos cada vez mais complexos, os gestores de riscos do setor elétrico precisam construir mais pontes, internas e externas, a fim de enfrentar de maneira mais eficaz as ameaças que rondam as empresas do setor. A avaliação é de Marcia Santos Ribeiro, especialista em seguros da Light e coordenadora do comitê do setor elétrico da Associação Brasileira de Gerência de Riscos (ABGR). “O que a gente quer são soluções inovadoras”, disse ela. “Precisamos de gente interessada em fazer produtos [de seguros] diferentes, inteligentes e aderentes. Os produtos de prateleira, muitas vezes com clausulado que fica difícil até para inglês ver, precisam ser melhorados.” Ribeiro entende que esse desenvolvimento depende do esforço do mercado segurador, mas também – no caso do setor elétrico – é necessário focar mais o trabalho das próprias empresas, a fim de calibrar as reais necessidades para a companhia mitigar com mais precisão seus diferentes riscos. “Para ir ao mercado também precisamos fazer um trabalho interno”, afirmou ela. “Queremos mais diálogo para termos produtos com mais substância. Se o mercado entender melhor nossos riscos, terá mais eficácia.” As pontes que Ribeiro defende ganham mais força quando se olham as fontes de pressão para os gestores de risco e para os desafios do setor elétrico, sejam empresas geradoras, distribuidoras ou transmissoras de energia. A pressão vem de acionistas, executivos, conselhos de administração e

Rede de transmissão de energia: necessidades particulares no setor. stakeholders variados. Já o campo das ameaças é vasto, complexo e diversificado: riscos hidrológicos e crise hídrica; instabilidade regulatória e riscos políticos; riscos climáticos e outros. Para Victor Garibaldi, diretor da MDS, os riscos mais importantes atualmente são os hidrológicos e os ligados à legislação e regulação, além da necessidade de investimentos grandes e recorrentes, que fazem pressão no caixa das empresas. O seguro paramétrico é um exemplo de inovação introduzida pelo mercado que caminha no sentido proposto pela especialista da Light. O modelo trabalhado pela Swiss Re CS, uma das pioneiras no Brasil neste setor, “é um instrumento adicional para gestão do caixa no curto e médio pra-

zo”, explica Rodrigo Violaro, diretor de energia da seguradora de soluções corporativas. O seguro paramétrico trabalha com médias de ocorrências climáticas. Acima ou abaixo de determinado nível, o seguro é acionado automaticamente. “Não é um seguro para casos extremos, para eventos que ocorrem a cada 40 ou 50 anos”, explicou Violaro à Risco Seguro Brasil. “É um seguro para ocorrências mais frequentes, a cada 10 ou 20 anos, mas para perdas menores.” As coberturas incluem precipitação (chuva, vazão de rio), vento, temperatura, irradiação solar, terremoto, El Niño e preço de commodities – todos fatores que impactam diretamente as empresas de energia.

¢¢ O roubo de energia elétrica, incluindo o feito por grandes empresas, continua sendo um dos principais riscos enfrentados pelas concessionárias do setor. Trata-se de uma questão que preocupa os gestores, uma vez que interfere na operação, no resultado das empresas e na contratação de seguros. A imagem clássica do problema é o “gato” em comunidades carentes, nos quais a eletricidade é desviada da rede por meio de conexões ilegais. Mas o risco não se restringe a pessoas que não têm renda suficiente para pagar pelo seu consumo. “Há grandes estabelecimentos que fazem o mesmo, gente de todas as classes”, afirmou Marcia Santos Ribeiro, especialista em seguros da Light e coordenadora do Comitê do Setor Elétrico da ABGR (Associação Brasileira de Gerenciamento de Riscos). Segundo ela, os desvios de eletricidade continuam causando grandes perdas para as empresas do setor e aumentam o risco de sobrecarga do sistema elétrico. “Imagine um sistema desenhado para atender 200 mil residências que acaba sendo utilizado por um número cinco vezes maior”, disse Ribeiro. Ela explicou que equipes especializadas em combate a fraudes realizam um trabalho de conscientização das comunidades onde o problema existe, ressaltando os efeitos dos desvios no sistema como um todo e os riscos pessoais a que os usuários se expõem.

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RAIO-X DO MERCADO

BB-Mapfre lidera nos Levantamento feito por RSB com dados da Susep mostra protagonismo de estrangeiras; carteira da líder contabiliza R$ 1,7 bilhão em prêmios

Rodrigo Amaral rodrigo@riscosegurobrasil.com.br

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pós um par de anos de reestruturações, chegadas de uns e saídas de outros, o mercado de seguro corporativo no Brasil tem um novo perfil, com os grupos estrangeiros assumindo a ponta na maioria das coberturas compradas pelas empresas. Levantamento da Risco Seguro Brasil com base nos dados da Susep mostra que a espanhola Mapfre, que atua em joint venture com o Banco do Brasil, fechou 2015 como a maior seguradora de grandes riscos do país. O critério utilizado é o total de prêmios diretos, os quais a empresa contabilizava mais de R$ 1,7 bilhão nas linhas selecionadas. A BB-Mapfre superou o grupo resultante da aquisição da carteira de grandes riscos da Itaú Seguros pela ACE. Mesmo após a transferência de boa parte dos prêmios da ex-líder do mercado para a ACE Seguros Seguros Corporativos, a nova unidade ficou em segundo lugar no ranking com R$1,46 bilhão. Somadas as participações de outras de suas unidades, porém, o grupo Chubb acabaria no topo da lista. Tokio Marine, Allianz e Yasuda Marítima fecham o grupo das cinco maiores. A comparação dos crescimentos de prêmio pode ser problemática devido às mudanças de portfólio resultantes das fusões e aquisições

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ocorridas no mercado. Por esse motivo, publicamos também o ranking de 2014 e 2015 (veja o infográfico ao lado) para fins de comparação. O ranking elaborado pela RSB vai certamente ter uma nova cara no final de 2016, já que as operações de transferências de portfólio não param de acontecer. A assimilação dos grandes riscos da Sul América pela AXA levará a seguradora francesa, hoje fora do top 20, a uma posição de maior destaque. A HDI ou a Swiss Re Corporate Solutions também tendem a subir no ranking, caso se confirme a compra por uma delas de 51% do portfólio de grandes riscos da Bradesco Auto/Re, que fechou o ano passado na sexta colocação. OS CRITÉRIOS RSB ordenou o ranking pelo critério de prêmios diretos, com uma afirmação adicional – que não influencia a classificação – sobre os níveis de sinistralidade das 20 maiores seguradoras corporativas do Brasil. Para que o levantamento se focasse o máximo possível nos seguros demandados pelas empresas, foram levantados no banco de dados da Susep de 38 linhas de seguros cuja relação segue abaixo. Foram deixadas de fora as linhas de seguro massivo, os seguros coletivos de pessoa e também, por sua característica como um segmento altamente condicionado pelas políticas de subsídio do governo, as linhas de seguro rural.

TOP 20 DO SEGURO CORPORATIVO Total de prêmios da D&O, em milhões de R$ 2015

Sinistralidade, em %

2014 Mapfre 1.736 1.434 ACE Seguros SC 1.455 574 Tokio Marine 887 701 Allianz 836 834 Yasuda Maritima 745 648 Bradesco Auto/Re 710 628 Porto Seguro 670 527 Zurich Minas 619 630 AIG 544 392 Ace Seguradora 526 516 Aliança do Brasil 493 552 Pan Seguros 370 6 RSA 364 349 Itaú Seguros 345 1.614 J. Malucelli 310 304 Fairfax 284 272 Nobre 259 153 Chubb 242 214 Berkley 226 171 Sul América 223 246

78 47 51 86 41 82 36 73 134 129 36 22 45 40 7 125 65 49 31 70 Fonte: RSB com dados da Susep

AS LINHAS INCLUÍDAS NO LEVANTAMENTO: • Compreensivo empresarial • Lucros cessantes • Riscos de engenharia • Riscos diversos • Global de bancos • Riscos nomeados e operacionais • Riscos de petróleo • Riscos nucleares • Satélites • D&O • Responsabilidade civil (RC) ambiental • RC geral • RC profissional • Transporte nacional • Transporte internacional • RC ônibus

• RCFV ônibus • RC transportador de carga em viagem internacional • RC transporte ferroviário de carga • RC viagem internacional de pessoas • RC transporte aéreo de carga • RC transporte rodoviário de carga • RC transporte desvio de carga • RC transporte aquaviário de carga • RC operador de transporte multimodal • Stop Loss

• Crédito interno • Crédito à exportação • Garantia segurado – setor público • Garantia segurado – setor privado • Seguro compreensivo de operadores portuários • RC facultativo para embarcações • Marítimos (cascos) • DPEM • RC facultativo para aeronaves • Aeronáuticos (cascos) • RC hangar • Resp. do explorador ou transportador aéreo.


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seguros corporativos Apesar da crise, seguradoras crescem nos grandes riscos Prêmios de líderes avançam mais de 20%; portfólio da ACE cresce 154% ¢¢ Mesmo com o Brasil em crise, seguradoras que apostam no mercado de seguros conseguiram fazer crescer seu negócio de maneira significativa em 2015, de acordo com as estatísticas da Susep. Empresas líderes do setor, como a BB-Mapfre e a Tokio Marine, registraram taxas de crescimento de prêmios superiores a 20% no conjunto de 38 linhas corporativas analisadas por Risco Seguro Brasil. A média do mercado foi de 8,8%, e o PIB encolheu -3,8%. A ACE Seguros Soluções Corporativas, por sua vez, viu seu portfólio aumentar quase 154% após a absorção da maior parte do portfólio de grandes riscos da Itaú Seguros. A AIG, 9ª maior seguradora corporativa do Brasil, registrou aumento de 39%, enquanto a Porto Seguro, número 7 entre as maiores, viu os prêmios crescerem 27% no ano passado. Companhias estrangeiras que estão investindo com certo grau de agressividade também viram seus negócios se incrementarem de maneira significativa. Após iniciar suas operações em agosto de 2014 no Brasil, a HDI-Gerling, unidade especializada em seguros industriais da HDI, teve um aumento de prêmios de quase 782% em 2015 — o suficiente para colocá-la entre as 30 maiores do setor. A própria HDI fechou 2015 com mais do que o triplo dos prêmios nas linhas corporativas que no ano anterior. XL, QBE e Swiss RE Soluções Corporativas apresentaram aumentos de prêmios de 91%, 67% e 40% respectivamente,

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ainda que seus volumes totais de prêmios continuem em volumes relativamente modestos. A Mapfre, que atua no Brasil em joint venture com o Banco do Brasil, obteve os maiores ganhos em prêmios no segmento de seguros nomeados e operacionais, com um crescimento de 26,1%, ou R$ 137,6 milhões, fechando o ano com mais de R$ 665 milhões em prêmios. É sua maior carteira, representando quase 40% do portfólio da empresa em seguros corporativos. A empresa, no entanto, também perdeu espaço em algumas linhas, como seguros marítimos, seguro garantia e compreensivo empresarial. Ao todo, o volume de prêmios da Mapfre aumentou 21% em 2015. Já o efeito da aquisição dos grandes riscos da Itaú Seguros pela ACE SSC é ilustrada pelo expressivo aumento do volume de prêmios da compradora em áreas como seguros nomeados e operacionais (de R$ 310,2 milhões para R$ 670,3 milhões), D&O (de R$ 17,9 milhões para R$ 152,7 milhões) e cascos no setor aeronáutico (de R$ 17,5 milhões para R$ 57,8 milhões). O grande desafio da ACE SSC no processo de fusão, porém, é reter os clientes cujo negócio foi adquirido da Itaú. Os números da Susep podem dar uma ideia do sucesso obtido pela empresa nas linhas analisadas. A Itaú Seguros aparece nas estatísticas ainda retendo mais de R$ 345 milhões em prêmios diretos, especialmente em riscos diversos e crédito interno. Somadas, as carteiras das duas

CESCIMENTO Quem cresceu mais que a média em 2015, em %. HDI - Gerling

782

HDI SEGUROS

235

Cardiff 189 ACE SSC

154

Pan Seguros

121

XL 91 Nobre 70

665

milhões de reais foi o valor dos prêmios com seguros de riscos nomeados e operacionais da Mapfre em 2015. O valor representa quase 40% do portfólio de seguros corporativos da companhia.

QBE 67 Swiss Re CS

40

AIG 39 Pottencial 38 Berkley 32 Porto Seguro

27

Tokio Marine

27

Mapfre 21 Austral 15 Yasuda Maritima

15

Bradesco Auto/Re

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Chubb 13 Fonte: RSB com dados da Susep

empresas chegavam a R$ 2,03 bilhões em prêmios em 2015. Em 2014, o total era de R$ 2,19 bilhões. A Tokio Marine, por sua vez, deu bastante ênfase em 2015 à área de seguro garantia, cujo volume de prêmios passou de R$ 7,6 milhões para R$ 48,8 milhões no período de um ano. A empresa também aumentou em mais de R$ 35 milhões seu portfólio de seguro compreensivo empresarial, chegando a R$ 134,5 milhões, e em quase R$ 50 milhões o de riscos nomeados e operacionais, atingindo R$ 121,7 milhões. A seguradora japonesa fechou 2015 com um aumento de

27% em prêmios diretos. A americana AIG mais que quintuplicou seu volume de prêmios em riscos de engenharia, chegando a R$ 86,7 milhões, e aumentou também sua presença em áreas como RC geral, RC profissional e D&O. No caso da Porto Seguro, a linha de seguros compreensivos empresariais cresceu R$ 70 milhões até mais de R$ 380 milhões, enquanto a de riscos diversos aumentou quase R$ 40 milhões para fechar o ano em R$ 86,7 milhões. Linhas de seguros de transporte também apresentaram taxas saudáveis de crescimento. A Nobre registrou fortes crescimentos nas linhas de RC ônibus, que dobrou para chegar a quase R$ 50 milhões em prêmios, e RC facultativo para ônibus, que aumentou 83% até mais de R$ 170 milhões. E o aumento de quase 800% dos prêmios diretos da HDI-Gerling refletem o foco da empresa, em seus primeiros 18 meses de atividades, em linhas como seguros de engenharia, nomeados e operacionais, RC geral e transportes. (RA)

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MERCADO

Seguro transacional cresce com onda de F&As Preço e condições de produto que protege contra litígios após fechamento de negócio melhoram; número de transações é recorde Rodrigo Amaral rodrigo@riscosegurobrasil.com.br

ao alto risco de litígio futuro. O crescimento da demanda não é de hoje. Em 2014, a Marsh já havia registrado um aumento de 36% na venda de apólices de seguro transacional. Mas Hunt vê mais potencial, uma vez que se estima que entre 10% e 15% das transações de F&A em todo o mundo são cobertas pelo seguro.

BOOM “A demanda por coberturas W&I tem disparado desde a crise financeira global, quando os participantes se tornaram mais conscientes dos riscos

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Divulgação

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onda mundial de fusões e aquisições está incrementando a procura por coberturas de seguros transacionais, que protegem os participantes das operações de litígios surgidos após o fechamento do negócio. Segundo corretores internacionais, coberturas de Representations & Warranties (R&I), também conhecidas como Warranties & Indemnities (W&I), se tornam aspectos cada vez mais comuns nas transações, ainda que o número de negócios cobertos por elas continue sendo minoritário. Os especialistas também dizem que as coberturas em questão já chegaram ao Brasil. A Marsh britânica reportou ter fechado ao menos um contrato de W&I para uma operação envolvendo empresas brasileiras. Especialistas presentes no XI Seminário Internacional de Riscos e Seguros, em outubro/16 em São Paulo, afirmaram que a tendência é que a procura por estes produtos aumente no país. De acordo com a Dealogic, uma empresa de pesquisa de mercado, o volume global de fusões e aquisições em todo o mundo chegou a US$ 4,9 trilhões entre janeiro e a metade de dezembro de 2015, estabelecendo um novo recorde histórico. No Brasil, o volume de fusões e aquisições se desacelerou em 2015 devido à crise econômica e a incertezas políticas, mas especialistas acreditam que mais negócios surgirão no futuro, na medida em que investidores internacionais sintam mais confiança para aproveitar as barganhas que existem hoje no país.

Os CEOs da Dow, Edward Breen (à esquerda), e da DuPont, Andrew Liveris, celebram a fusão das duas empresas.

A demanda por cobertura W&I tem disparado desde a crise global, quando participantes se tornaram mais conscientes dos riscos.” Clemens Kueppers, diretor de Riscos Transacionais da corretora Willis em Londres.

envolvidos”, disse Clemens Kueppers, diretor de Riscos Transacionais da corretora Willis em Londres. “O atual boom das fusões e aquisições, porém, está levando a um crescimento sem precedentes de operações que são asseguradas e da entrada de novos atores no mercado. Esperamos que o crescimento continue.” De acordo com a Marsh, até poucos anos atrás, havia apenas poucas seguradoras que ofereciam coberturas de seguro transacionais no mercado global. Hoje já há mais de 15 apenas no mercado londrino, e players regionais estão surgindo na Europa,

na Ásia e outras partes do mundo. Como resultado, os preços destas coberturas estão caindo, e as condições se tornam mais favoráveis aos compradores das apólices. Em geral, estes são os investidores que realizam as aquisições, ainda que vendedores também possam ter interesse. “Há poucas jurisdições no mundo em que já não fechamos algum negócio”, disse Andrew Hunt, diretor de Private Equity e Fusões & Aquisições na Marsh em Londres. Transações em alguns setores, como o farmacêutico e o financeiro, podem ter maior dificuldade em obter as coberturas devido

PRIVATE EQUITY E COMPLIANCE Um dos fatores por trás do aumento da demanda é a crescente participação de fundos de private equity em operações de F&A. Tais investidores são especialmente interessados em vender seus ativos sem ter que se preocupar em enfrentar problemas legais no futuro, dizem os especialistas. Uma crescente preocupação de investidores com temas de compliance e de gestão de riscos também ajuda o segmento a se desenvolver. Além das apólices de R&W ou W&I, como são conhecidas nos Estados Unidos e Reino Unido respectivamente, outros tipos de seguros transacionais incluem coberturas contra passivos tributários e outros temas. Sua função é basicamente garantir que o comprador de uma empresa não tenha que arcar com os custos de um passivo trabalhista, ambiental, tributário ou outro risco que não tenha sido encontrado durante o processo de due diligence. Em geral, os riscos cobertos são desconhecidos dos compradores. As exclusões dos contratos abrangem áreas como corrupção e compliance, riscos cibernéticos, alguns riscos tributários, guerra, terrorismo e outros riscos, de acordo com Kueppers, além dos riscos já identificados durante o processo de due diligence. Hunt afirma, no entanto, que, em alguns casos em que é considerado de muita baixa probabilidade, é possível convencer as seguradoras a tomar algum risco identificado previamente.


MERCADO

Corrupção em alta deixa D&O mais caro e rigoroso Seguradoras enfatizam compliance; coberturas começam a trazer novidades Oscar Röcker Netto oscar@riscosegurobrasil.com.br

Novo grupo Chubb concentra metade do mercado

estouro dos casos de empresas envolvidas com corrupção fez aumentar a sinistralidade do seguro D&O (Directors and Officers) e alterou o perfil do produto, voltado para proteção dos executivos das empresas. Segundo especialistas reunidos em painel sobre o seguro e a aplicabilidade da Lei Anticorrupção no XI Seminário Internacional de Gestão de Riscos e Seguros, em São Paulo, o seguro ficou mais caro para algumas empresas, a subscrição está mais rigorosa e mudaram os limites das coberturas. Além disso, as seguradoras começaram a aplicar mais exclusões e franquias mais elevadas, aumentou o foco sobre o compliance dos tomadores, e estão surgindo algumas novidades na gestão do produto. O maior impacto para os compradores do seguro recai sobre empresas estatais e aquelas que têm relações com estatais, além das empresas com histórico de sinistros. Nesse processo, o subscritor de D&O ganhou mais preponderância e responsabilidade, e as seguradoras estão cobrando muito mais informações do tomador do seguro. “Estão perguntando mais e precificando de forma diferente”, disse Celso Soares Júnior, responsável pelas linhas financeiras da seguradora Zurich. Soares disse que se busca conhecer de maneira detalhada como está estruturado o programa na empresa, como funciona o canal de denúncias, se há política anticorrupção, se há treinamento nessa área para os funcionários, entre outras coisas. “Percebemos que muitas empresas falham nesses itens”, disse ele. “Acredito quer a subscrição vai ficar muito mais personalizada”, completou Álvaro Igrejas, diretor de grandes riscos da corretora Willis.

¢¢ O recém-formado grupo Chubb fechou o ano de 2015 com praticamente metade do mercado brasileiro de seguros para diretores e executivos, de acordo com estatísticas da Susep. Acrescentando a Zurich Minas e a AIG, chega-se a conclusão de que apenas três grupos, todos estrangeiros, detém 80% dos prêmios diretos de D&O no país.

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riscosegurobrasil.com.br

A alta concentração acontece em um momento em que o mercado de seguros D&O está em pleno crescimento, uma consequência das investigações judiciais envolvendo executivos na Operação Lava Jato, na tragédia de Mariana (MG) e outros eventos de alta repercussão na opinião pública brasileira. Segundo os dados da Susep, em 2015, o volume de prêmios

diretos de D&O aumentou 35,9% na comparação com o ano anterior. Desde 2011, o aumento do volume de prêmios chegou a 80,9%, apesar de um recuo em 2014. Apesar do elevado número de executivos de grandes empresas envolvidos em ações legais no ano passado, os níveis de sinistralidade se mantiveram estáveis em 53%, o mesmo patamar de 2014. (RA)

O MERCADO DE D&O Participação das empresas nos prêmios da linha em 2015

Zurich Minas

ACE SC

16%

30%

AIG

15% ACE Seguradora

14% Outros

11%

XL

4%

De acordo com Igrejas, a expectativa é que a fase atual do D&O irá desembocar num maior envolvimento da alta direção das empresas nos assuntos de compliance e gestão de riscos. Além disso, a tendência é que os procedimentos internos passem a ser melhores, com análise periódica e avaliação de riscos, canais de denúncias e controles internos. A advogada Márcia Cicarelli, do escritório Demarest, lembrou que o

Chubb

5%

Liberty

5% Fonte: RSB com dados da Susep

D&O é uma importante ferramenta de proteção dos executivos, mas não é a única. “O seguro é complementar”, afirmou. De acordo com ela, outras formas de proteger a empresa e o board, evitando práticas nebulosas, é limitar o poder dos executivos, produzir atas claras do conselho de administração e utilizar as confort letters (mecanismo pelo qual a empresa assume responsabilidade de seus executivos, desde que eles

ajam de acordo com a legislação e as regras da companhia). As seguradoras também estão trabalhando com versões diferentes para as cláusulas de exclusão, disse Soares. Entraram no circuito itens como exclusão absoluta, pagamento de custos com defesa só depois de a ação judicial ter sido finalizada, além de sublimites para cobertura dos custos. “A inversão de pagamento está supercomum hoje”, disse Soares.

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GOVERNANÇA

Petrobras reforça necessida de implementar compliance Empresa tenta se alinhar a tendência internacional. Exemplos mostram importância de não se restringir à corrupção Rodrigo Amaral rodrigo@riscosegurobrasil.com.br

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Fotos: Agência Brasil

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m meio às investigações da Operação Lava Jato e às preocupações com os resultados da empresa, o anúncio da Petrobras de que começará a avaliar os programas de conformidade (ou compliance) de seus parceiros comerciais passou quase despercebido. Mas a medida, se realmente implantada, pode representar um passo vital rumo à mudança dos hábitos empresariais das empresas brasileiras. Em todo o mundo, grandes corporações estão sendo cada vez mais pressionadas a não só adotar práticas de negócios que seguem padrões éticos aceitáveis, mas também a garantir que seus fornecedores façam o mesmo. Princípios como a responsabilidade objetiva das empresas, implementada no Brasil pela recente Lei Anticorrupção, tornaram mais difícil para uma organização argumentar que não sabia que um funcionário ou um fornecedor estava cometendo uma infração enquanto trabalhava com seu empregador ou cliente. Conceitos similares estão incluídos nas legislações de outros países como os Estados Unidos, Reino Unido e França e se espalham rapidamente pelo mundo. “Muitas empresas brasileiras ainda não têm praticamente nada implementado na área de compliance”, disse Fabio Haddad, gerente executivo de Compliance da consultoria ICTS, especializada no tema. “Algumas têm apenas um código de ética, às vezes um canal de denúncias interno. Mas desde o começo da Operação Lava Jato, tem havido uma procura muito grande para realmente implantar

De cima para baixo em sentido horário os ex-executivos da Petrobras Nestor Cerveró, Paulo Roberto Costa, Pedro Barusco e Jorge Zelada .

um programa efetivo de compliance como a lei exige, e já há companhias trabalhando nisso.” Especialistas deixam claro que mesmo o melhor programa de compliance não tem como garantir que irregularidades não venham a acontecer. Mas eles são um argumento importante para a defesa de uma empresa em um eventual caso de corrupção, aumentando a chance de penas menos severas e de se firmar acordos de leniência com a Justiça. A Petrobras, por exemplo, anun-

ciou que seus fornecedores “deverão prestar informações detalhadas sobre estrutura, finanças e mecanismos de compliance (conformidade) e combate à fraude e à corrupção, entre outros itens, sendo avaliadas pelo processo conhecido como Due Diligence de Integridade.” As medidas para monitorar a adequação de fornecedores incluem o direito, por parte da Petrobras, de realizar auditorias no interior de seus fornecedores. Como a Petrobras possui milhares de for-

necedores, muitos deles empresas brasileiras, a medida pode ter um efeito multiplicador importante na economia. A produtividade é outro argumento que reforça os efeitos positivos do compliance. Um relatório do USCBC, o conselho de negócios Estados Unidos-China, cita por exemplo o caso de uma empresa que, em 2007, realizou um detalhado trabalho de seleção de seus parceiros comerciais chineses com base na


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conformidade das empresas com o FCPA, a lei anticorrupção empresarial americana. De 300 fornecedores, a empresa descobriu que apenas 70 podiam ser considerados conformes e cortou relações com os demais. O resultado foi um aumento de 17% de sua margem de lucro. Os mais céticos podem argumentar que uma coisa é anunciar a intenção de implementar práticas de negócios éticas e outra é fazê-lo de forma efetiva. Com base nas revelações da Operação Lava Jato, o histórico da Petrobras na área de compliance certamente não gera grande confiança. E várias das empresas envolvidas nas denúncias possuem seus próprios programas de compliance, códigos de ética e outras iniciativas que soam bastante bem, mas parecem mostrar pouca efetividade para impedir irregularidades. Uma delas possui em seu site uma linha de denúncias para funcionários, fornecedores e clientes exporem atividades duvidosas. Um detalhado código de conduta de 14 páginas pode ser baixado do site por qualquer pessoa e inclui regras que devem reger as relações com agentes tanto públicos como privados. O documento proíbe, entre outras coisas, “financiar, custear ou de qualquer forma patrocinar a prática de atos ilícitos”. Além disso, “(é) igualmente vedado o oferecimento de presentes, ou benefícios, inclusive o pagamento de viagens aos agentes públicos e privados ou a seus familiares, quando visem influenciar decisões”. A aparente dissonância entre o que se diz e o que se faz ilustra a dificuldade que existe em mudar velhos hábitos empresariais a fim de abraçar de verdade práticas cada vez mais exigidas pela sociedade e pela Justiça. O papel da opinião pública fica claro no Brasil por meio da reação da sociedade às revelações da Lava Jato e outros escândalos empresa-

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riais. O dano de reputação sofrido pelas empresas citadas é um dos fatores que indicam que novas medidas de compliance, como as anunciadas pela Petrobras, desta vez de fato saiam do papel. Hoje também é difícil alegar que não há referências legais suficientes para auxiliar as empresas a implementar um plano de conformidade que satisfaça à Justiça. A Lei Anticorrupção e os decretos e portarias que os regulamentam detalham os 16 parâmetros que são utilizados para avaliar um programa de conformidade em um eventual processo judicial. Ressalte-se que o primeiro deles é o “comprometimento da alta direção da pessoa jurídica, incluídos os conselhos, evidenciado pelo apoio visível e inequívoco ao programa”. Cenas de altos dirigentes de empresas, incluindo presidentes e proprietários, algemados e levados à cadeia por suspeitas de corrupção, indicam que cada vez mais se exigirá de líderes empresariais um comprometimento real com as boas práticas de negócios. Afora o patrocínio formal do programa de compliance, código de ética e outros documentos de boas práticas, isso também exige que as mensagens mais amplas de diretores e presidentes a seus subordinadas estejam em linha com os princípios propagados, diz Richard Bistrong, consultor americano especializado na área. Ele observou que pouco adianta implementar os programas se, ao mesmo tempo, a chefia exige dos funcionários que obtenham ganhos exorbitantes a qualquer preço, especialmente em mercados onde as práticas empresariais ainda são um tanto nebulosas. “Hoje, no Brasil, é a Lei Anticorrupção que está impulsionando o compliance”, afirmou Mauricio Reggio, diretor-sócio da ICTS. “Há outros crimes e irregularidades que também trazem punições às empresas, como por exemplo o trabalho escravo.”

Especialistas alertam que sistema precisa garantir confidencialidade

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de para valer

Canais de denúncia ganham espaço

¢¢ Os danos legais, financeiros e de reputação causados a empresas brasileiras por suposto envolvimento em casos de corrupção estão levando um número cada vez maior de organizações a implementar canais de denúncias para o uso de funcionários e outros colaboradores. Na ICTS Protiviti, consultoria especializada em gestão de riscos e compliance, o número de consultas sobre o tema em 2015 foi 40% maior do que dois anos atrás, de acordo com a companhia. Os canais de denúncia ganham força porque se apresentam como a forma mais eficiente para uma empresa tomar conhecimento de atividades ilícitas ou comportamentos antiprofissionais por parte de funcionários e executivos. A Lei Anticorrupção, que entrou em vigor em janeiro de 2014, estabelece que a existência de tais canais é um requisito necessário para provar que uma empresa está fazendo todo o possível para reduzir o risco de acabar envolvida em um caso de corrupção. Os especialistas alertam, no entanto, que, para ser eficientes, os canais de denúncias precisam seguir uma série de requisitos que vão muito além da criação de uma linha telefônica dedicada ao tema. “A empresa deve assegurar total confidencialidade no

Cassiano Machado, diretor da ICTS tratamento das informações”, afirma Wagner Giovanini, diretor da consultoria Compliance Total, sediada em Porto Alegre. Também não vale ser mão-devaca e tentar cumprir os requisitos da lei com soluções capengas. “Há empresas que montam ‘caixinhas’ pelas fábricas, restaurante e recepção, esperando que funcionários a utilizem para fazer denúncias”, diz Giovanini. “Isso não funciona.” O canal de denúncia também deve dar o menor trabalho possível para o denunciante, observa Cassiano Machado, sócio-diretor da consultoria paulistana ICTS Protiviti, a fim de não criar obstáculos extras à execução de uma decisão que muitas vezes não é fácil de ser tomada. “O canal deve estar à disposição 24 horas por dia e 7 dias por semana, pois na prática mais da metade das denúncias são feitas fora do horário de expediente”, acrescenta Giovanini. Depois que o canal está aberto, a empresa precisa lidar com as denúncias recebidas. Mais do que isso, é necessário deixar claro que elas estão sendo levadas a sério. De um ponto-de-vista mais prático, a empresa deve oferecer uma maneira de o denunciante seguir o desenvolvimento do caso sem comprometer sua confidencialidade “O registro da denúncia deve gerar um número de protocolo para o denunciante”, diz Machado. “Com esse número, ele consegue acompanhar o status da apuração da denúncia.” (RA)

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COISA DE CINEMA

A dura vida dos seguradores de Bond Agente da rainha salva o mundo, mas dá dor de cabeça para peritos em sinistros Rodrigo Amaral rodrigo@riscosegurobrasil.com.br

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á várias décadas James Bond vem salvando o planeta dos mais variados vilões do cinema. E imagina-se que, em seu mundo, causando dor-de-cabeça para os peritos que avaliam as perdas de seguro. Por onde passa, o agente 007 deixa um rastro de destruição de automóveis, edifícios e helicópteros, em um verdadeiro pesadelo para os seguradores ficcionais. Para ser mais exato, no valor de € 600 milhões, ou R$ 2,44 bilhões, só no último filme. O cálculo foi feito pela venerável Gesamtverband der Deutschen Versicherungswirtschaft, GDV, a associação de seguradores da Alemanha por ocasião do lançamento de 007 Contra Spectre, que chegou ao Brasil em novembro. No filme, Bond transforma em migalhas os mais variados bens segurados na Cidade do México, Roma, Londres, Marrocos e nos Alpes Suíços, onde inclusive destrói um avião. Apenas em automóveis, a perda chegaria a € 32 milhões, ou R$ 130,2 milhões, graças à tendência mostrada pelo agente do MI6 em utilizar apenas modelos luxuosos da Aston Martin, Jaguar e Land Rover em suas perseguições. Perdas em edifícios residenciais chegariam a mais € 500 milhões, ou R$ 2 bilhões, estima a GDV. A associação não menciona em nenhum momento, porém, possíveis ações por responsabilidade e danos a terceiros, além de tratamento médico a feridos e indenizações às famílias de vilões mortos. Afinal, o mínimo que se deve exigir, em termos de gestão de risco de recursos humanos, de uma empresa sofisticada como a Spectre é que proveja seus capangas de cobertura de seguro de vida. Para dizer a verdade, os segurado-

Daniel Craig em ação como James Bond: prejuízos fictícios de R$ 47 bi no combate aos vilões. res das aventuras de James Bond devem ter soltado um suspiro de alívio quando Daniel Craig assumiu o papel do agente de Sua Majestade. Em suas quatro aparições no papel, o ator inglês causou perdas acumuladas de R$ 2,5 bilhões, ou R$ 625 milhões por filme, de acordo com a MoreThan, uma seguradora britânica que faz parte do grupo RSA. Seu mais venerável antecessor, o escocês Sean Connery, causou perdas médias de R$ 1,25 bilhão, enquanto Pierce Brosnan chegou a R$ 2,75 bilhões por filme. Mas ninguém se compara ao genial Roger Moore, que deixou a indústria seguradora no chão ao gerar R$ 3,82 bilhões de perdas por filme. Apenas no filme 007 Contra o Foguete da Morte, Moore causa pre-

juízos estimados em R$ 23,7 bilhões ao destruir várias espaçonaves e até mesmo uma estação espacial. Em seus 50 anos de aventuras, os vários James Bond causaram danos estimados pela MoreThan em mais de R$ 46,2 bilhões. James Bond não deixa de causar prejuízos para o mercado de seguros também no mundo real. A GDV nota, por exemplo, que cinco automóveis de alta linha foram roubados da equipe de filmagem durante rodagens na Alemanha, e eles estavam todos cobertos por apólices. As coberturas de responsabilidade civil da produção também terão que ser atividades para arrumar danos causados pela equipe de filmagem no centro histórico da Cidade do México, de acordo com a mídia mexicana.

Os diretores financeiros do mundo de James Bond podem se conformar porém com o fato de que a situação financeira do setor é certamente muito mais precária no universo ficcional da Marvel, onde o volume de destruição causado por heróis e vilões chega a níveis estratosféricos. Por exemplo, em 2012 a empresa de avaliação de desastres Kinetic Analysis Corp. estimou, a pedido de The Hollywood Reporter, que os danos causados em Manhattan pela batalha entre Capitão América e seus amigos contra os Chitauris teriam chegado a US$ 160 bilhões, ou R$ 615 bilhões — o que constituiria a maior perda jamais sofrida pela indústria de seguro. A batalha é descrita no filme Os Vingadores.


INDEX

A melhor cobertura de gestão de riscos, seguros corporativos e compliance Desde 1º de junho/15, publicamos em média 30 novas reportagens e artigos por mês. Veja alguns dos principais assuntos que trabalhamos até março/16 RISCO POLÍTICO ¢¢ Verisk: Odebrecth pode ser “prego no caixão” de Dilma ¢¢ Instabilidade política e corrupção intimidam investidores ¢¢ Jurista defende seguro contra “capitalismo de compadrio” ¢¢ Lei Anticorrupção eleva risco para administradores ¢¢ Lei Anticorrupção pode falhar em casos menores ¢¢ Brasil tem regras avançadas para combater corrupção ¢¢ Escândalos e crise complicam seguro de crédito SAMARCO E RISCOS AMBIENTAIS ¢¢ Aperto regulatório eleva riscos para mineradoras ¢¢ As lições de Mariana para a gestão de riscos ¢¢ Tragédia de Mariana coloca gestão de riscos em foco ¢¢ Custos, normas e prazos prejudicam gestão de risco em barragens ¢¢ Barragem era do tipo mais barato e arriscado ¢¢ Para MP, Samarco foi omissa e negligente ¢¢ Câmara analisará 4º projeto de seguro para barragens ¢¢ Samarco terá de pagar pesas custos de ressarcimento, diz consultor ¢¢ IBGC: má gestão de risco expõe sociedade a catástrofes ¢¢ Seguradoras serão mais rigorosas com risco ambiental ¢¢ Indenização da Samarco passa de R$ 1 bi, diz jornal ¢¢ ONU: seguro deve ser agente de mudança ambiental ¢¢ Deputados arquivam projeto de seguro para barragem ¢¢ Avaliação de risco de desastre natural precisa evoluir ¢¢ Desastres em cidades podem custar US$ 4,5 trilhões ¢¢ Avaliação de risco de desastre natural precisa evoluir ¢¢ “Empresas falham na gestão de riscos de desastres”

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ATAQUES CIBERNÉTICOS

¢¢ Ciberataque: Brasil tem

alta 7 vezes maior que média global ¢¢ Aumenta número de ciberataques a estruturas críticas ¢¢ Risco cibernético: 90 milhões de ataques ¢¢ Brasil é 4º em ranking de perdas com cibercrime ¢¢ Para delegado, “é cada um por si” contra cibercrime ¢¢ Reação de empresas não acompanha riscos cibernéticos ¢¢ Cibercrime e reputação ganham urgência em 2015 ¢¢ Simulação de ataque hacker estima danos de US$ 1 tri ¢¢ Empresas se preocupam mais com risco tecnológica ¢¢ Cresce demanda contra risco cibernético ¢¢ Riscos cibernéticos exigem “revolução” nos seguros ¢¢ Demanda contra risco cibernético cresce nos EUA ¢¢ Agência alerta contra ataque cibernético a aviões ¢¢ Risco cibernético: o que a apólice tradicional já cobre? ¢¢ Oferta de seguro cibernético evolui no mercado global O SEMINÁRIO DA ABGR

¢¢ Gestão de riscos em alta reúne mais de 2.000 em SP

¢¢ Risco ambiental cresce e puxa demanda por seguros

¢¢ Clausulado da Susep é “tecnicamente atrasado”

¢¢ Saúde do funcionário exige gestão integrada

¢¢ Setor elétrico precisa de soluções inovadoras

¢¢ “Economia vai piorar antes de melhorar”, diz Mailson

¢¢ ABGR discute desafios da gestão de risco em SP

¢¢ Multis brasileiras ainda ignoram programas globais

¢¢ Cobertura para fusões e aquisições chega ao Brasil ¢¢ “Consolidação vai brecar amadorismo no seguro” ¢¢ Corrupção deixa seguro D&O mais caro e rigoroso COMPLIANCE EM TEMPOS DE LAVA JATO E ESCÂNDALOS ¢¢ Moro convoca empresas a combater corrupção ¢¢ Caso Petrobras impõe compliance a cadeia produtiva ¢¢ Motivação de fraude vai além do dinheiro, diz consultor

¢¢ Investigação de reembolso desemboca em IPO problemático ¢¢ Independência é antídoto a pedido antiético de chefe ¢¢ Lei e mercado pressionam por integridade em PMEs ¢¢ Compliance ganha peso em ano marcado pela Operação Lava Jato ¢¢ As seis perguntas-chave do programa de compliance ¢¢ Só compliance formal não garante ética nas empresas ¢¢ Teste: veja se sua empresa é tolerante à corrupção ¢¢ Compliance é imaturo em quase metade das empresas ¢¢ Exemplo de líder é vital para evitar corrupção ¢¢ Cade traçará parâmetro de compliance concorrencial ¢¢ Especialistas elogiam abertura e vêem problemas em “detalhes” ¢¢ Veja como estruturar um programa de integridade para pequena empresa ¢¢ Consultoria sugere 8 passos para satisfazer 16 demandas da lei ¢¢ Crise impulsiona governança nas empresas ¢¢ FCPA: quando a arte imita a vida é sinal que a coisa pegou ¢¢ Investidor global foca corrupção antes de aquisição ¢¢ Canais de denúncias ganham força nas empresas ¢¢ Estigma de dedo-duro é obstáculo a programas nas empresas ¢¢ Caso Petrobras e a importância do compliance real ¢¢ Caso Fifa ilustra alcance global do risco corrupção DEMANDA EM ALTA Gestor de risco tem papel central na segurança cibernética ¢¢ Escândalos impulsionam maturidade na gestão de risco ¢¢ Cresce oferta de cursos em gestão de riscos e compliance ¢¢ Escola cria MBA sobre gestão de riscos e seguros ¢¢ Vice da ABGR cobra mais apoio do mercado ¢¢ Gerente de risco está entre profissionais mais visados

¢¢ Demanda por gestor de

¢¢ Apesar da crise, seguro

risco dispara e se sofistica ¢¢ Salários vão de R$ 12 mil a R$ 40 mil para cargos de gerente e diretor ¢¢ Interesse do gestor tem de ir além da apólice de seguros ¢¢ KPMG mostra evolução na estrutura de gestão de risco ¢¢ Setor vive bom momento, mas desafios são grandes ¢¢ Gestão de risco evolui e inclui governança, diz ACE ¢¢ Gestão de risco ganha espaço ao enfrentar a crise hídrica ¢¢ Internacionalização exige gestão de risco integrada ¢¢ Amcham estreita relação com comprador de seguro ¢¢ Iniciativa da Amcham pode diminuir gaps de mercado ¢¢ Funções em alta engordam salário de gestor de risco

corporativo atrai investimento ¢¢ Seguradoras crescem em linhas corporativas ¢¢ Perdas e juros baixos incentivam fusões e aquisições ¢¢ Atletas terão seguro para medalha na Rio 2016 ¢¢ Atrás de novas receitas, governo põe olho no seguro ¢¢ Com forte alta, RC ambiental precisa dosar limites ¢¢ Após recorde, fusões e aquisições devem continuar ¢¢ Mercado abre 2016 em dúvida sobre preços ¢¢ Resseguradoras locais dobram participação do exterior ¢¢ Baixa no resseguro se espalha para novas áreas ¢¢ D&O sofre pressão; novos produtos chegam ao país ¢¢ Perda em alta ameaça capacidade em D&O ¢¢ Resseguro muda no Brasil e segue brando no mundo ¢¢ Apesar da crise, seguro corporativo atrai investimento ¢¢ Onda de F&A alimenta seguro transacional ¢¢ Catástrofe pode “derrubar máscara” do resseguro ¢¢ Resultado de resseguradoras locais cresce 232% fora do país ¢¢ Polo de resseguros mira o exterior para sair do papel ¢¢ A dura vida dos seguradores de James Bond ¢¢ Falta fiscalização para seguros obrigatórios ¢¢ Aumento de interesse atrai novos atores ao mercado seguro de crédito ¢¢ Em mutação, seguro marítimo fica mais complexo ¢¢ Risco marítimo inclui até mina perdida na II Guerra ¢¢ Mercado lamenta morte de executivos da Bradesco ¢¢ BNDES volta a aceitar “completion bonds”, diz JLT ¢¢ Susep anuncia seguro garantia com limite mais amplo ¢¢ Informação e Justiça elevam risco para médico ¢¢ Preço do seguro corporativo cai há 12 trimestres consecutivos ¢¢ Seguro cresce como opção a banco na garantia judicial ¢¢ Resseguro tem bons resultados, mas preços baixos preocupam ¢¢ Resultados de seguradoras indicam manutenção de ciclo ¢¢ Italianos compram Partner

SEGUROS E RESSEGUROS

¢¢ Transação do Bradesco e o impacto nos grandes riscos

¢¢ AXA promete mais

flexibilidade em contratos após comprar unidade da Sul América ¢¢ Nova Chubb detém metade do mercado de D&O ¢¢ Com lucro recorde, IRB desiste de IPO e da África ¢¢ IRB suspende oferta inicial de ações, informa agência ¢¢ BB-Mapfre lidera mercado de seguros corporativos ¢¢ ACE e AIG fica com metade do mercado de RC ambiental ¢¢ Swiss Re pede regras mais ágeis para inovar ¢¢ Tokio Marine aposta em grandes riscos ¢¢ Onda fusões cresce com ACE, Chubb e Willis ¢¢ Austral estima mais que dobrar resultados fora do país ¢¢ Travelers parte para voo solo e promete inovação ¢¢ Resseguro cresce, mas rentabilidade ainda é desafio ¢¢ Yasuda quer crescer 20% ao ano em grandes riscos ¢¢ AXA prevê lançar seguro paramétrico em 2016 ¢¢ QBE retoma seguros corporativos no Brasil ¢¢ Em ano de crise, Lockton visa nichos pouco explorados ¢¢ Aquisição da VIS dá sequência a expansão no país

em novo capítulo de fusões ¢¢ Regras e economia encabeçam ameaças ao seguro ¢¢ Modelo atual trava seguro agrícola, diz especialista ¢¢ Preço do resseguro “segue com pressão de baixa” ¢¢ América Latina deve continuar atraindo investimentos ¢¢ Resseguradoras se adaptam a mercado em transformação RISCOS DIVERSOS ¢¢ Caso Volkswagen põe foco em risco de reputação ¢¢ Fraude em queda pode revelar falha no controle interno ¢¢ Fraude: o perigo mora na baia ao lado ¢¢ Risco de ações coletivas extrapola EUA ¢¢ Direitos humanos expões multis a alto risco no Brasil ¢¢ Aedes e zika movimentam ações nas empresas ¢¢ Gestor de risco tem papel centram em tempos extremos ¢¢ Aumentam ações coletivas contra empresas no exterior ¢¢ Política e dívidas rebaixam avaliação de risco do Brasil ¢¢ Informação sobre terrorismo é vital para expatriado ¢¢ Interrupção de negócios tira o sono das empresas no Brasil ¢¢ Má governança é risco nº 1 para empresas no país ¢¢ Como o risco-família pode acabar com o negócio ¢¢ Sucessão é tema delicado que fundadores têm receio de abordar ¢¢ Setor elétrico precisa de soluções inovadoras ¢¢ Gestão de risco rodoviário revela “mapa do inferno” ¢¢ Samsung reduz roubo de carga em 94% ¢¢ Gestão de risco no Brasil está abaixo da média da AL ¢¢ Reputação empresarial: muito risco e pouco seguro ¢¢ Para Swiss Re, seca no Brasil é desafio ao seguro ¢¢ Usinas a fio d’água são novo desafio para setor elétrico ¢¢ Fraudes são exemplo de má gestão de risco, diz jornal ¢¢ Para Banco Mundial, falta diálogo sobre gestão de riscos no Brasil

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Informação para um caminho mais seguro

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