Revista Smart City Business ed2

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R E V I S T A

SmartCityBUSINESS Distribuição dirigida/venda proibida

B r a s i l

EDIÇÃO 2 - JUNHO/2017

PROCURA-SE! Empreendedor ou empresa para negócios em smart cities. Necessário dinamismo e conhecimento de mercado.

SAÚDE: Tecnologias reduzem o custo do sistema público e garantem mais eficiência. EDUCAÇÃO: A revolução da forma de aprender e ensinar para atender à nova geração de alunos.


MODERNIZE

a gestão municipal com a melhoria dos serviços ao cidadão.

Microsoft CityNext é a nossa abordagem para cidades inteligentes.

Considerando todos os desafios e a realidade das cidades brasileiras, buscando modernizar a gestão com soluções para equilíbrio fiscal, atendimento ao cidadão, saúde , educação, mobilidade urbana e segurança com videomonitoramento, criando uma cidade mais segura, saudável, sustentável e que educa.


“Nós aumentamos nossa taxa de resolução de problemas de 5.6% para 86% no período de 6 meses. Usando o Microsoft Dynamics, nossa gestão se tornou mais eficiente e menos burocrática.” MAURICIO RODRIGUES GOMES Diretor de TI – Prefeitura de Sorocaba

VOCÊ CONSEGUE IMAGINAR O FUTURO DE SUA CIDADE? Acesse e saiba mais: www.microsoft.com/pt-br/citynext


ECOSSISTEMA DE NEGÓCIOS DAS SMART CITIES

22 A 24 DE MAIO CURITIBA - PR

3 dias

EXPO COM

DE CONGRESSO

9 mil m²

230 PALESTRANTES

smartcitybusiness.com.br/2017


PATROCÍNIO PLATINA

PATROCÍNIO OURO

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PATROCÍNIO BRONZE

PATROCÍNIO APOIO

APOIO INSTITUCIONAL

PARCERIA

PARCERIA DE PROTOTIPAÇÃO

APOIO DE MÍDIA

EMPRESA DE SAÚDE OFICIAL

REALIZAÇÃO

AGÊNCIA DE VIAGEM OFICIAL

CONSULTORIA & ESTRATÉGIA


E D I T O R I A L

R E V I S TA S M A R T C I T Y B U S I N E S S

O PONTO DE VIRADA

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termo smart city já deixou de ser novidade, mas o que ainda surpreende são as oportunidades que esse ecossistema oferece para empreendedores. São negócios para pequenas ideias que geram grandes impactos sociais e são oportunidades de transformação da infraestrutura urbana na casa dos milhões para grandes empresas dispostas a investir em novos modelos de negócio. Com todos os escândalos envolvendo desvios de conduta e de recursos, a relação de contratação entre empresas e serviços públicos tende a ficar cada vez mais eficiente no Brasil. A população clama por mais transparência e mais competência. O Estado está cada vez com mais dificuldades financeiras para manter serviços essenciais e isso é o resultado da corrosão de um sistema

de negociata de cartas marcadas que há muito tempo vigorou nas relações de contratação de serviços públicos. Hoje as PPPs (Parceria Público -Privada) dão uma nova oportunidade de investimentos na relação onde todos ganham. Os munícipes ganham com serviços eficientes, o poder público em sanar gargalos estruturais que sem a participação de organizações privadas seria impossível e para empresas, a oportunidade de operação e ganhos em escala. O Brasil, sendo um país continental, tem muitos gargalos, mas também empreendedores que veem aqui um universo de oportunidades e desafios. Enquanto de um lado abordamos soluções de inteligência artificial que vêm salvando vidas, precisamos comemorar que um projeto vai combater a ane-

mia na região amazônica. Um grande disparate. E é neste país de contrastes, riquezas e desigualdades que trabalhamos para mostrar como soluções simples podem gerar impactos estruturais, como a união do poder público em atender o cidadão pode despertar uma nova fase de crescimento no país e reverberar para a América Latina. Nunca tivemos um momento em que a necessidade de transparência e transformação fosse tão fundamental para resgatarmos o real sentido de ser cidadão. Quem sabe Malcolm Gladwell, de quem empresto o título deste editorial, tenha razão e neste instante crítico possamos viver mudanças que gerem efeitos extraordinários. Heloisa Garrett Editora

E X P E D I E N T E

REVISTA SMART CITY BUSINESS EDITORA: Heloisa Garrett REDATOR CHEFE: Osny Tavares REVISÃO: Mônica Ludvick DIAGRAMAÇÃO IMPRESSO E DIGITAL: Rodrigo Montanari Bento NÚCLEO DE CRIAÇÃO: Drieli Lopes e Louise Pereira ILUSTRAÇÕES: Carolina do Nascimento e Robson Vilalba COLABORADORES NESTA EDIÇÃO: Bianca Nascimento, Diego Antonelli, Isadora Rupp, Fernanda Maria Romagnoli e Vinicius Boreki. ILUSTRAÇÃO CAPA: Robson Vilalba DIRETOR EXECUTIVO: Leon Le Senechal JORNALISTA RESPONSÁVEL: Heloisa Garrett / DRT/PR 5624

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IMPRESSÃO: Corgraf TIRAGEM: 10.000 exemplares A Revista Smart City Business Brasil é uma publicação do Instituto Smart City Business America, produzida pela The Way Editora. Todos os direitos reservados. Os artigos assinados e conteúdos de Branded Content são de responsabilidade exclusiva de seus autores. Edifício Lakeside Corporate Rua General Mario Tourinho, 1805 - Conjunto 701 - Seminário CEP 80.740-000 - Curitiba - PR contato@thewaycom.com.br / (41) 3107-2020


www.engie.com.br


C A R T A

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P R E S I D E N T E

LEOPOLDO DE ALBUQUERQUE: PRESIDENTE DO INSTITUTO SMART CITY BUSINESS AMERICA.

Comunicação a serviço das smart cities

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omo passou rápido este último ano! Parece que foi ontem que estivemos reunidos no Smart City Business America Congress & Expo 2016. E, agora, estamos mais uma vez preparados para protagonizar este grande momento do mercado de smart cities na América Latina. Amadurecemos muito neste período. O ISCBA - Instituto Smart City Business America tornou-se uma entidade capilarizada, com sedes no Chile, Bolívia, Panamá, Equador e Colômbia. Qualificamos nosso quadro associativo com diversas empresas parceiras, líderes de mercado e referência em suas áreas de atuação. Essas companhias encamparam nossa missão de promover um ambiente de negócios para o desenvolvimento de cidades inteligentes. Nossa diretoria executiva ganhou novos membros, homens e mulheres de liderança e profundo conhecimento de mercado que ajudaram a organizar as ações do ISCBA, que tem no Congresso o seu ponto alto. Lançamos nossos canais de comunicação: o portal, a TV e a Revista Smart City Business Brasil tiveram

uma rápida acolhida e se tornaram publicações de referência. Nesta edição que o leitor tem em mãos, nossa equipe de jornalistas se debruçou para analisar o ecossistema de negócios das smart cities. São diversos temas de interesse, como saúde, educação, IoT, energia. Nosso objetivo é levar ao mercado informações confiáveis e de qualidade, que apontem novos caminhos e embasem decisões de investimento. As cidades inteligentes deixaram de ser mera aspiração e se tornam realidade a cada dia. É um momento decisivo para as cidades e as empresas. Ou se preparam para ser parte do futuro ou ficarão definitivamente no passado. O sentimento que nos une é o da partilha. Sabemos que ninguém consegue construir algo dependendo somente de si. O espírito do associativismo precisa estar presente em todas as nossas ações. A revista é um exemplo disso, e em suas páginas você com certeza encontrará muitos outros. Boa leitura!

P A R T I C I P E

Mande suas sugestões de pauta e críticas para contato@thewaycom.com.br. Acompanhe nossas ações no Portal Smart City Business e nas redes sociais. www.smartcitybusiness.com.br 8

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Í N D I C E

R E V I S TA S M A R T C I T Y B U S I N E S S

14 | Entrevista

Maurício Bähr, presidente da Engie no Brasil, fala sobre o mercado de energias alternativas.

20 | Oportunidades As cidades inteligentes oferecem negócios dinâmicos e rentáveis e a população ganha em eficiência em serviços.

28 | Bytes de saúde Serviços essenciais mais eficientes graças à telecomunicação e inteligência artificial.

34 | Colheita de oportunidades A conexão no campo e o poder da agricultura urbana para minimizar a fome nas cidades.

40 | Compartilhamento A onda da economia colaborativa promove um novo dinamismo de consumo.

44 | Internet das Coisas A revolução da IoT e os impactos nos negócios e na sociedade.

48 | Escola conectada Tecnologias abrem novas oportunidades dentro do ambiente escolar, mudando a dinâmica de aprender e ensinar.

54 | Sociedade Inteligente A primeira smart city social do Brasil está virando realidade e será entregue ainda neste ano.

60 | Redes sociais Como os gestores públicos encaram a nova fase da comunicação em redes sociais.

66 | Briefing Tendências e iniciativas que transformam as cidades.

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L I N E

Acesse a versão digital bilíngue da Revista Smart City Business Brasil e acompanhe também notícias sobre a temática no Portal Smart City Business.

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SEU MUNDO DIGITAL Como a transformação digital está afetando o dia-a-dia das pessoas e qual o impacto para a gestão das cidades

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crescente demanda dos cidadãos por mais e melhores serviços públicos é um dos impactos da quarta revolução industrial e seus efeitos na modernização das cidades. Conhecer e estar preparado para atender a esse tipo de demanda é o diferencial que se espera dos novos gestores públicos que devem ser os protagonistas para garantir a transformação digital das cidades. Pela primeira vez na história, mais de 50% da população mundial1 vive em áreas urbanas e responde por 80% do PIB global2, algo que traz consigo desafios sem precedentes. Algumas cidades enfrentam uma rápida taxa de urbanização e isso, segundo as Nações Unidas, fará com que 70% da população mundial3 esteja vivendo em cidades até 2050. Atualmente, mais de 80% da população brasileira vive em áreas urbanas. Aspectos relacionados a obsolescência da infraestrutura urbana, os desafios para inovar e modernizar a gestão das cidades, as expectativas cada vez maiores dos cidadãos e a crescente pressão por uma austeridade extrema, deixam evidente que as cidades precisam aprender a fazer mais com menos. Entretanto, mesmo nesse cenário de dificuldade, há diversas oportunidades que ajudam as cidades a conectar informações e pessoas: basta aproveitar as atuais e futuras tecnologias e tornar os dados governamentais acessíveis e utilizáveis em tempo real. Segundo a IDC, espera-se que a produção global 12

de dispositivos de conexão inteligente (PCs, tablets e smart phones) supere 1,9 bilhão de unidades até 2018, sendo que cerca de 1,1 bilhão se destina a mercados emergentes. Essa tendência traz uma oportunidade de conectar conjuntos de dados até agora independentes a aplicativos em tempo real, disponíveis para líderes governamentais, empresas e cidadãos. O que oferecer a uma cidade depende da maturidade tecnológica desse grande centro, mas você pode ter um papel fundamental. Um ótimo exemplo é o caso do estacionamento rotativo na cidade de São Paulo, a conhecida Zona Azul. Como se sabe, estacionar o carro nas ruas da capital paulista é uma missão delicada. Grande volume de veículos circulando e áreas de uso restrito são alguns dos complicadores que o motorista enfrenta na disputa diária por uma vaga. E quando encontra, muitas vezes o cidadão está sem o cartão da Zona Azul, o pré-pago impresso em papel que o habilita a permanecer na vaga por um tempo determinado. A boa notícia é que a Zona Azul Digital, lançada pela Prefeitura de São Paulo, está em plena operação, rodando no Azure, a plataforma em nuvem da Microsoft. O uso de nuvem foi a escolha da Prefeitura paulistana por atender a uma exigência de implementação rápida – o projeto foi entregue em dois meses. No lugar do papel, o motorista tem, atualmente, quatro opções de aplicati-

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vos para instalar em seu smartphone e, por meio de qualquer um deles, pode comprar e ativar o Cartão Azul Digital (CAD), sem sair do carro. E se precisar renovar a utilização da vaga por mais tempo, pode comprar mais créditos remotamente, sem ter que se deslocar até o veículo. Tudo via Azure. Outra vantagem é que a nuvem da Microsoft suporta picos de acessos sem comprometer o desempenho dos aplicativos. As ferramentas disponibilizadas na plataforma Azure e as aplicações criadas pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) com tecnologia Microsoft são responsáveis pela validação da liberação de créditos para os motoristas usuários do sistema. Os fiscais da CET, em seus terminais móveis, podem verificar se os veículos pagaram o Cartão Azul Digital e, em caso negativo, autuar os que estiverem em situação irregular. Esse é um dos exemplos simples que podem mudar a rotina e demonstram alto grau de inovação. E o mais interessante: trata-se de uma solução replicável. Qualquer cidade que queira se aproveitar dessa tecnologia pode implantá-la e obter rapidamente os benefícios. O impacto disso para o cidadão é enorme e a percepção de inovação para a gestão se traduz em satisfação do cidadão. Na área de segurança pública, entre as tecnologias empregadas está o Domain Awareness System (DAS). Essa solução foi utilizada de forma pioneira em Nova York e utiliza alta tecnologia, como big data, computação em nuvem,


inteligência artificial com vídeo analítico e machine learning, entre outros recursos para ajudar a combater a criminalidade. A utilização de vídeo e imagens para prevenção de crimes ainda é uma solução recente, mas que tem forte demanda de crescimento e potencial de impacto. No mundo existem cerca de 300 milhões de câmeras de segurança interligadas. Como roda na nuvem Azure, a solução de vídeo analítico é infinitamente escalável, ou seja, pode ser colocada em qualquer quantidade de câmeras. No Brasil, o sistema DAS é parte do projeto Detecta, do Governo do Estado de São Paulo. Outro caso de sucesso no uso de tecnologia vem do estado de Goiás, através da Secretaria Estadual de Educação, que se deparou com um problema: como tratar e exibir dados de forma prática, rápida e segura, oferecendo informações relevantes a gestores que vão desde diretores de unidades escolares, coordenadores esportivos e culturais a superintendentes, passando pelo próprio Secretário Estadual e Governador? A solução foi o desenvolvimento do Goias 360 com auxílio do Power BI: uma grande suíte de aplicativos cujo

foco principal é prover informações de forma eficiente para tomada de decisões estratégicas governamentais relacionadas a educação, cultura e esporte. São oferecidos dados como indicadores estatísticos, faltas e notas dos alunos, boas práticas no ensino, turmas com poucos alunos, turmas com alunos excedentes, motivos de falta e de abandono, entre dados consolidados e microdados. Complementando o sistema do Goias 360, o Office 365 foi integrado ao portal de modo a permitir ao usuário manipular dados, relatórios e planilhas. A comunicação dos profissionais da rede estadual se tornou mais fluida e, as informações, mais acessíveis gerando resultados e maior excelência ao sistema como um todo. Da mesma forma, o Governo do Estado da Bahia, através da PRODEB (Companhia de Processamento de Dados da Bahia) passou a utilizar o Office 365 como solução corporativa para melhorar a produtividade e a comunicação entre os diversos órgãos do governo. Diante de diversos exemplos inspiradores como esses fica a pergunta: você consegue imaginar o futuro de sua cidade?

AUTORES: Milton Larsen Burgese, Diretor Geral de Setor Público milton.burgese@microsoft.com. Joao Thiago Poço, Especialista em Governo jopoco@microsoft.com

1 World Urbanization Prospects: The 2011 Revision, United Nations, Department of Economic and Social Affairs, Population Division. 2 Urban world: Mapping the economic power of cities, McKinsey Global Institute, March 2011. 3 United Nations: Department of Economic and Social Affairs. Zona Azul Digital: https://news.microsoft. com/pt-br/zonal-azul-digital-das-ruas-desao-paulo-para-a-nuvem-da-microsoft/#sm. 00imln7o1e8id5q11l314a25njc0k#rU0SBgAO2 XqVfoSr.97 Parceria na Educação: https://news.microsoft. com/pt-br/parceria-amplia-utilizacao-detecnologia-na-rede-municipal-de-ensino-dacidade-de-sao-paulo/#sm.00imln7o1e8id5q11 l314a25njc0k Governo da Bahia: https://enterprise. microsoft.com/pt-br/customer-story/ industries/government/prodeb-ganhaprodutividade-e-seguranca-com-o-office-365/ Governo de Goiás: https://enterprise.microsoft. com/pt-br/customer-story/uncategorized/ hospitality-and-travel/seduce-de-goiasintegra-informacoes-de-forma-eficiente/ 13


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UM GERADOR GLOBAL Em um dia, o mundo recebe energia solar suficiente para a demanda global de um ano. Empresas como a Engie pretendem aproveitar esse potencial para criar um futuro mais sustentável

Imagem capturada pelo Obervatório de Dinâmicas Solares da Nasa. (Foto: Nasa/SDO) 14

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Heloisa Garrett

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e existisse um termômetro para medir a economia do país, ele usaria energia elétrica em vez de mercúrio. A quantidade de energia consumida é um grande indicador da atividade industrial e comercial. Porém, o mundo chegou a um impasse, pois a questão energética está diretamente ligada à sustentabilidade. Temos um paradoxo: enquanto queimamos combustível fóssil e saturamos a atmosfera com gás carbônico, o sol irradia em um dia uma quantidade de energia suficiente para suprir a demanda mundial por um ano. Para inverter essa lógica, empresas como a Engie miram o novo mercado das matrizes alternativas, inves-

tindo para que num futuro próximo elas se tornem matrizes principais. Leia a seguir a entrevista com Maurício Bähr, presidente da Engie no Brasil. A empresa, com sede na França, é o segundo maior conglomerado mundial do setor e a maior produtora independente de energia do mundo. Smart City Business Brasil: Como o senhor vê o mercado futuro de energia no Brasil? Maurício Bähr: A Engie vem acreditando no mercado de energia ao longo destes últimos 20 anos, período em que triplicou o seu negócio no Brasil e que se tornou líder de geração privada de energia. Continuamos acreditando nesse mercado, sempre com muita persistência para superar diversos desafios regulatórios, econômicos e socioambientais.

Maurício Bähr, presidente da Engie no Brasil. (Foto: Divulgação / Engie).

SCBB: O mercado de energia está diretamente associado ao crescimento do país. Quanto mais cresce, mais energia necessita. O que o momento atual desse mercado pode dizer sobre o futuro do país? MB: Acreditamos na retomada da economia, ainda que de forma lenta neste ano e mais acelerada a partir de 2018. Já vemos alguns sinais de recupe-

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ração. O país precisa estar preparado para suportar esse novo ciclo de crescimento, com acréscimo de capacidade instalada de geração de energia, cujo consumo tende a crescer sempre acima do PIB. Como para construção de novas usinas precisamos de quatro a cinco anos de antecedência, são necessários novos leilões de concessão e ajustes nas regras atuais. SCBB: Qual grau de maturidade temos hoje nos investimentos em energia solar e outras fontes alternativas? MB: No caso específico, por exemplo, da energia solar distribuída, uma projeção da Aneel aponta que o Brasil tem potencial para atingir 1,2 milhão de instalações de sistemas solares em telhados nos próximos anos. Hoje, já são cerca de 10 mil. Ou seja, há uma grande oportunidade de crescimento. A nossa meta é alcançar uma participação de 15% a 20% nos próximos anos. Recentemente, fizemos contrato com a Celesc para instalar sistemas em 1.200 residências em Santa Catarina, no maior negócio já fechado nesse setor no país. Entendemos que a geração solar centralizada, em parques com maior capacidade de geração, também tende a ganhar espaço na matriz energética brasileira, assim como a energia eólica – que já corresponde a quase 10% da capacidade instalada do país. Acreditamos que essas fontes avancem com a redução de custo de equipamentos, 16

“Entendemos que a geração solar centralizada, em parques com maior capacidade de geração, também tende a ganhar espaço na matriz energética brasileira, assim como a energia eólica – que já corresponde a quase 10% da capacidade instalada do país.” incentivos do governo e um apelo da sociedade por alternativas limpas, o que está em linha com a estratégia global da Engie de descarbonização. Esse movimento vai requerer mais capacidade de conhecimento do sistema, que se torna mais complexo, exigindo, portanto, maior digitalização e maiores controles. SCBB: Quais os principais investimentos que a Engie tem feito em energias alternativas no país e quais as metas da empresa? MB: A empresa deseja continuar a investir seguindo seu modelo de negócios, que prevê a descarbonização, descentralização e digitalização. Nosso objetivo é ser líder da transição energética. Nesse sentido, a Engie no Brasil seguirá com inves-

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timentos em geração centralizada de energia por fontes renováveis e de baixa emissão de carbono, como solar, eólica e hidro, e em geração descentralizada fotovoltaica. Entendemos também que o gás terá um papel importante nessa transição energética, sendo uma fonte limpa e que tem a confiabilidade necessária para a estabilização do sistema. Analisamos sempre todas as oportunidades, dentro da premissa de que os ativos façam sentido à nossa estratégia, sejam complementares ao nosso parque de geração e tragam valor para a empresa e os acionistas da Engie Brasil Energia, nossa companhia de capital aberto. Sob essa lógica, mantemos o interesse nos próximos leilões dessas fontes renováveis a serem promovidos pelo governo. Outro tema importante e que também representa as conexões com os centros de consumo são as linhas de transmissão, outro setor no qual temos interesse em ingressar e que estamos atualmente estudando. Nossa previsão é investir no país, ao todo, R$ 8 bilhões nos próximos cinco anos, valor que inclui também a nossa área de serviços, que está em franca expansão no país. SCBB: A construção de Jirau é um dos maiores investimentos em energia do mundo atualmente. Qual o balanço da Engie até agora sobre o andamento desse projeto? MB: Jirau é um projeto grandioso que, apesar de todas as dificulda-


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Projeção da Aneel aponta que o Brasil tem potencial para atingir 1,2 milhão de sistemas solares em telhados nos próximos anos. (Foto: divulgação).

des, conseguimos desenvolver com excelência e inaugurar em dezembro do ano passado com 50 máquinas em plena operação e a toda capacidade. Trata-se da 4ª maior usina do país, cuja energia limpa e renovável é capaz de abastecer 10 milhões de residências brasileiras. Além disso, Jirau foi e continua a ser um importante vetor de desenvolvimento social, econômico e ambiental, com mais de 34 programas de responsabilidade social corporativa desenvolvidos na região e elevados padrões de sustentabilidade, medidos por meio de auditorias independentes. Um exemplo é o registro do projeto no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo das Nações Unidas, o que comprova sua contribuição no combate às mudanças climáticas, tema de grande relevância para a Engie e o planeta. SCBB: Como a Engie vê a regulamentação brasileira do setor de energia? Em quais pontos ela pode avançar, tendo em vista as necessidades futuras? MB: O mercado vive um momento oportuno para aprimorar regras e buscar um reequilíbrio do setor, que foi afetado pela redução da atividade econômica nos últimos anos e pelos efeitos adversos da hidrologia. É hora de pensar como o modelo atual pode ser aprimorado, com regras mais claras, retornos adequados para os investimentos e tarifas compatíveis. O governo tem dado sinalizações positivas

nesse sentido. Outro ponto que nos afeta diretamente é a necessidade de os contratos de concessão preverem cláusulas de força maior, conhecida no setor como excludente de responsabilidade. SCBB: A implantação de Smart Grid deve ser um grande avanço em direção às cidades inteligentes. Como executar um projeto de tamanha magnitude? Quais experiências a Engie já tem em seu portfólio? MB: Atualmente, as cidades concentram a maioria dos serviços que utilizamos, por exemplo, moradia, água, energia, coleta e disposição de resíduos, transporte público e privado, tráfego, iluminação pública, abastecimento etc. Então, a tarefa de tornar uma cidade inteligente envolve otimizar e integrar todos os seus serviços. Tornar um serviço inteligente significa que ele passa a responder à demanda, torna-se mais eficiente, eficaz, mais rápido e de menor custo final. O Smart Grid, ou sistema elétrico inteligente, faz parte desse conceito. Permite que se otimize o uso da energia nos horários de pico, melhorando

a utilização das redes, proporcionando que se faça algum tipo de ação do lado do consumidor. Hoje é sempre a demanda do gerador que é atendida, mas, por meio do Smart Grids, poderemos atender à demanda e à flexibilidade do consumidor. Iluminação pública, geração descentralizada, gerenciamento com resposta à demanda, eficiência energética, elementos em que a Engie atua e tem experiência. E também vem promovendo soluções inovadoras – como um “micro grid plug-and-play”, desenvolvido em parceria com o governo da Tailândia, para aplicação em ilhas. No Brasil, já atuamos em geração descentralizada, eficiência energética e estamos investindo em projetos de P&D sobre Smart Grid em parceria com universidades brasileiras. SCBB: Outro fator de importância em uma operação de energia é a eficiência. Como a empresa está atuando para criar sistemas que consigam realizar mais trabalho com menor consumo energético? MB: A Engie atua nesse segmento há muito tempo no exterior e é lí17


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der mundial em serviços de eficiência energética. Conseguimos garantir uma economia de 20% em nossos contratos de Performance Energética globalmente. No Brasil, estamos presentes nesse setor desde 2013 e temos expertise em várias soluções técnicas que nos permitem atuar em diversos setores de atividade, como rede de água gelada para cidades, geração solar distribuída, cogeração e trigeração a gás natural e a biomassa para clientes industriais ou empreendimentos, entre outros. Contribuímos também com a gestão de energia, fornecendo de forma digital uma plataforma que compara consumo atual com referência e indica oportunidades de ganho com ajustes finos na planta do cliente. No Brasil, podemos garantir uma economia de aproximadamente 40% por meio das nossas soluções existentes. SCBB: A Engie também atua com empresas e consumidor final, com painéis de energia solar? Quais os resultados desse produto? Pode-se dizer que essa é uma tendência? MB: Sim. Já temos uma vasta experiência global nesse setor e no Brasil ingressamos em geração solar descentralizada em abril de 2016, com a aquisição de uma empresa já atuante nesta área. Esperamos um importante crescimento desse mercado no país e estamos nos estruturando para ser18

“A geração perto do ponto de consumo é uma tendência global, um caminho para buscar a eficiência energética e uma oportunidade de desenvolver nossos pilares estratégicos de digitalização e descentralização.”

mos um dos líderes. A geração perto do ponto de consumo é uma tendência global, um caminho para buscar a eficiência energética e uma oportunidade de desenvolver nossos pilares estratégicos de digitalização e descentralização. SCB: Como a Engie vê o mercado de cidades inteligentes no Brasil e no mundo? MB: Vemos um grande potencial e estamos investindo pesado no Brasil em solução para cidades inteligentes, buscando, inclusive, aquisições de empresas e start-ups que tragam soluções inovadoras adaptadas à realidade do país. Pretendemos crescer dez vezes nesse setor no país. O Brasil

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possui grandes cidades, que demandam soluções inteligentes, com custo menor e mais eficientes em iluminação pública, segurança, mobilidade urbana, só para citar alguns. A Engie tem grande experiência nessas áreas no mundo, já somos um dos líderes globais em fornecimento de soluções para cidades e podemos contribuir muito para o avanço desses segmentos no país. No Brasil, já atuamos em mobilidade urbana, controle de acesso e segurança, por meio de sistemas inteligentes de gestão e monitoramento do tráfego e câmeras de segurança, e estamos estudando a área de Green Mobility, ou seja, o uso do gás e até biogás no transporte público, que acreditamos ter um grande potencial. Além disso, estamos avaliando entrar em duas áreas: prestação de serviços para aeroportos e iluminação pública por meio de parcerias público-privadas nas principais capitais do país, que devem sair nos próximos anos. Ainda com relação ao tema cidades inteligentes, abrimos, pelo terceiro ano consecutivo, um processo para recebimento de projetos inovadores – este ano ligados ao tema “Cidades do Amanhã” – através do nosso Prêmio Engie Brasil de Inovação, que irá acontecer no dia 1° de junho no Museu do Amanhã, Rio de Janeiro. Ao vencedor será dada a oportunidade de ter seu projeto incubado na empresa.



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AS OPORTUNIDADES de negรณcios nas cidades inteligentes

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Conceito está cada vez mais difundido entre gestores públicos, mas ainda é preciso evoluir para efetivar negócios, movimentar mais recursos e gerar benefícios à população Vinicius Boreki

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ma relação de “ganha-ganha” está entre as mais buscadas pelos empresários mundo afora. Há uma razão lógica para isso: criam-se benefícios para um parceiro comercial e, simultaneamente, são recebidas vantagens. Ou seja, os ganhos para ambas as empresas são positivos e mensuráveis. No universo das smart cities, um novo ente – a população – se faz interessada nesse negócio, visando aos benefícios que podem ser gerados pelas parcerias. Em outras palavras, uma relação de “ganha-ganha-ganha”. “Uma cidade inteligente gera be-

nefícios para todos. As empresas se fortalecem e pagam mais impostos. O município tem uma eficiência melhor, oferecendo serviços mais atraentes à população. E o cidadão vê que o imposto pago está sendo bem aplicado, fazendo com que a sua qualidade de vida aumente”, resume o vice-presidente de Inovação do Instituto Smart City Business America (ISCBA) e Partner & Head de Digital Transformation da Kick Ventures, Cezar Taurion. Em tese, trata-se de uma ideia e uma relação comercial positiva para os envolvidos, sobretudo em um momento econômico turbulento, no qual a administração pública visa otimizar o uso de recursos – uma vantagem oferecida pelas empresas que atuam com inovações e melhorias em cidades inteligentes. Na vida real, por outro lado, há uma série de barreiras que precisam ser quebradas para se efetivar negócios nesse ambiente de inovação trazido pelas smart cities, um mercado com potencial para movimentar US$ 1

trilhão na América Latina na próxima década. Para atingir a esses resultados e fazer com que, cada vez mais, as prefeituras, os governos estaduais e federal concluam mais negócios, o Brasil precisa superar uma série de entraves, como a burocracia, a legislação, a adequação do orçamento e a influência da reeleição nas escolhas políticas, fazendo com que os benefícios desses projetos para a população se tornem uma constante. De certa forma, o governo precisa abrir mão de centralizar as soluções e dar espaço à população e às empresas. “Tudo isso é bastante novo, mas pouco integrado pela administração pública. Enquanto os modelos de negócio não evoluem, temos visto startups e empresas da área começarem a fazer. De forma geral, o mundo tem evoluído mais rápido do que os governos”, resume o empresário e professor da Universidade Positivo e da Fundação Getulio Vargas, Arthur De 21


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Necessidades de obras básicas de infraestrutura urbana, como saneamento e tratamento de água, podem ser resolvidas com novos modelos de negócio. (Foto: divulgação). Igreja. Exemplos de startups que modificaram nosso mundo não faltam, como o Uber, o Airbnb ou o Dr. Consulta. “As startups não pedem licença, mas desculpas”, ressalta o professor. Uma necessidade cada vez maior em todo o país Um ecossistema de smart cities pode trazer vantagens à população em diversas áreas, como segurança pública, iluminação, mobilidade urbana, serviços de limpeza, informação urbana, saúde, educação e energia. Não se trata apenas de desenvolver novos produtos, mas encontrar meios de otimizar o uso de recursos e melhorar a aplicação do orçamento em áreas prioritárias, como educação e saúde. Em um exemplo hipotético, uma empresa capaz de gerenciar com mais eficiência a iluminação pública de uma cidade vai ter o lucro decorrente do seu trabalho, gerar economia para a administração pública, aumentar a qualidade de vida da população e ainda permitir que a economia de recursos seja aplicada em outras demandas. Essa percepção é ainda maior nas cidades grandes e médias (com mais de 100 mil habitantes), pois o adensamento vem reduzindo a qualidade de vida, com problemas de segurança, saúde, educação, entre outros. Não à toa, os negócios em cidades inteligentes são focados nas cidades acima dos 100 mil habitantes em função da viabilidade econômica dos projetos. Ou seja, dos quase 6 mil municípios do país, fala-se de aproximadamente 300 com cerca de 100 mil pessoas e que concentram mais de 80% dos 210 milhões de habitantes do país. De Igreja, no entanto, ressalta que, 22

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“Uma cidade inteligente gera benefícios para todos. As empresas se fortalecem e pagam mais impostos. O município tem uma eficiência melhor, oferecendo serviços mais atraentes à população. E o cidadão vê que o imposto pago está sendo bem aplicado, fazendo com que a sua qualidade de vida aumente.” Cesar Taurion, da Kick Ventures.

se as cidades desenvolverem um ecossistema favorável, atraem o interesse de startups, citando o exemplo de Pato Branco, cidade com aproximadamente 75 mil habitantes do interior do Paraná. “O governo precisa entender essas inovações e sair do caminho. Tentar deixar que as pessoas inovem e encontrem soluções para os problemas que enfrentam”, avalia. Outro aspecto importante para a difusão do conceito de cidades inteligentes e de seus benefícios está relacionado ao conhecimento dos gestores públicos sobre o tema. Por muitos anos, as relações entre entes públicos e privados sempre foram vistas como prejudiciais aos governos, um olhar cada vez menos pernicioso e em transformação. “Culturalmente, no Brasil, tem-se aversão ao lucro. Por isso, tenta-se

buscar um Estado protagonista forte, mesmo que se tenha observado uma falência desse modelo. No entanto, os apps, negócios em plataforma e as relações em rede estão mudando isso, colocando o Estado como mais um nó no processo, mas não necessariamente um protagonista”, afirma De Igreja. Taurion ressalta o papel da população. “As redes sociais tornam-se uma fonte de pressão da sociedade por melhores serviços. Não se trata de uma mudança de curto prazo, mas da conscientização das gestões e da população”, avalia Taurion. Além disso, com algumas iniciativas, como o Airbnb e o Uber, por exemplo, quando os governos pensam em legislar, as plataformas já contam com milhões de usuários, trazendo um novo ingrediente para essa equação. 23


C A P A

As iniciativas estão ganhando vida Se as vantagens das cidades inteligentes são evidentes, é preciso fechar negócios e fazê-los virar realidade. Apesar de um mundo em constante inovação, as principais maneiras ainda são as mais tradicionais quando se pensa em uma relação entre poder público e a iniciativa privada: licitações, concessões ou Parcerias Público-Privadas (PPPs). Embora possa se pensar em outras formas de negócio, como aplicativos ou outros modelos mais inovadores, ainda há muito a caminhar nesse sentido. “Basicamente, os negócios ainda são efetivados por concessão e PPPs”, diz Cezar Taurion. “Como estão sendo pressionadas pela sociedade, muitas cidades estão fazendo competições de startups, visando encontrar soluções para problemas vividos pela população. A tecnologia permite oferecer mais inteligência e incrementar o desempenho de muitos setores”, reforça o vice-presidente do ISCBA. Em abril, o Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão anunciou a criação de um fundo – gerido pela Caixa Econômica Federal – para viabilizar concessões para otimizar a infraestrutura de municípios. Entre as ações previstas, encontram-se melhorias em iluminação, fornecimento de água, esgoto e gestão de resíduos. Serão disponibilizadas, também, linhas de financiamento, somando R$ 4 bilhões em recursos. O foco da iniciativa está em municípios com mais de 100 mil habitantes, onde estão as principais demandas da população. Outro programa do Governo Federal, o Cidades Digitais, controlado 24

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“Culturalmente, no Brasil, tem-se aversão ao lucro. Por isso, tenta-se buscar um Estado protagonista forte, mesmo que se tenha observado uma falência desse modelo. No entanto, os apps, negócios em plataforma e as relações em rede estão mudando isso, colocando o Estado como mais um nó no processo, mas não necessariamente um protagonista.” Arthur De Igreja, Fundação Getúlio Vargas.

pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, já opera em 71 municípios de 16 Estados brasileiros e Distrito Federal, segundo balanço próprio. Sua ideia é criar uma rede de fibra ótica, conectando órgãos públicos e oferecendo acesso gratuito à internet. O governo entende que, dessa forma, a população consegue ter mais informações e usar de forma mais inteligente serviços de educação, saúde e segurança. Os negócios estão sendo efetivados por meio de chamadas públicas que, em um primeiro momento, selecionaram 334 municípios do país, baseados no número de habitantes e no acesso à internet. A previsão de investimento é de R$ 241 milhões. As barreiras Há três grandes entraves a serem

superados para difundir os projetos em cidades inteligentes Brasil afora. O primeiro deles é a burocracia. Uma licitação, uma concessão ou a conclusão de uma PPP dependem de uma série de critérios a serem seguidos por suas legislações específicas e, além disso, podem envolver mais de um município ou uma parceria entre cidades e o governo do Estado, caso da Nova Cidade Albor. Além disso, as especificidades das soluções oferecidas nas cidades inteligentes fazem com que muitos municípios tenham dificuldades em elaborar editais e de encontrar parceiros. “Pode-se dizer que uma cidade é um complexo sistema de sistemas. E, por vezes, a solução passa por cruzar fronteiras de municípios, o que aumenta a dificuldade de gestão de um

projeto, como em uma região metropolitana”, ressalta Cezar Taurion. Se a relação com apenas uma prefeitura pode ser complicada, ao tratar de temas de interesse de várias administrações, efetivar negócios torna-se ainda mais complexo. Outro ponto que precisa ser considerado são as escolhas políticas e a elaboração dos orçamentos municipais por parte dos prefeitos e governadores. “Muitos gestores ainda desconhecem o conceito de cidades inteligentes e o que eles podem fazer pela sua cidade. Por isso, nas previsões orçamentárias, acabam optando por realizar obras de mais impacto do que o investimento em um acréscimo tecnológico que pode resultar em mais vantagens à população, especialmente àqueles que buscam a reeleição”, acrescenta Taurion. 25


C A P A

As PPPs estão em expansão

Projetos habitacionais com soluções inteligentes podem ser beneficiados com o modelo de PPPs. (Foto: divulgação).

»»Além do contexto de crescimento das cidades e da difusão do conceito de smart cities, o momento econômico vivido pelo país – afetando a capacidade de investimento do poder público – cria oportunidades para que a iniciativa privada ofereça soluções para otimização dos recursos públicos ou formas de investimento que diminuam os aportes da administração pública, como as Parcerias Público-Privadas (PPPs). “A crise econômica abre espaço para a iniciativa privada e, aos poucos, as PPPs começam a se difundir, fazendo com que mais cidades entendam o seu conceito e o benefício que podem colher”, ressalta Cezar Taurion, do ISCBA. “Em regra, na fase de implementação, o governo não investe.

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Ou seja, a administração pública se socorre do capital privado e da inovação para implantar um benefício de longo prazo”, esclarece Bruno Pereira, sócio da Radar PPP, empresa que oferece consultoria e assistência em projetos desse tipo. As PPPs tiveram que enfrentar uma gama de preconceitos, como as críticas de que se tratava de uma privatização. “A PPP cria ativos públicos, enquanto a privatização vende”, explica Pereira. Nesse contexto, não se trata mais de um tema conceitual, já que há a tentativa do governo em massificar essa prática. “Antes, os projetos eram basicamente artesanais, sem escala. Ocorreu uma mudança muito grande, até mesmo com as iniciativas

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do Governo Federal, o que deve mudar a frequência de contratos nos próximos anos”, ressalta o sócio da Radar PPP. Um dos exemplos mencionados por Pereira é o da Nova Cidade Albor, na região metropolitana de São Paulo. Com investimento previsto de R$ 2,1 bilhões para a iniciativa privada e contrapartida de R$ 884,8 milhões do governo do Estado, a iniciativa visa construir 13,1 mil moradias em Guarulhos, Arujá e Itaquaquecetuba em uma área de 1,7 milhões de metros quadrados. Além da habitação, o local – estrategicamente situado nas proximidades do aeroporto de Cumbica e às margens do Rodoanel – terá área de comércio e de indústrias.



10101010001010101010100101010010101 10101010101111000101010110110101010 01101010110101010101010101010101010 01010101010101010010001110010101010 01011110101010101010101010001010101 10100101010010101010101010101111000 01010110110101010101101010110101010 01010101010101010101010101010101010 10001110010101010101011110101010101 Muitos bytes 10101010001010101010100101010010101 10101010101111000101010110110101010 01101010110101010101010101010101010 Telecomunicações e inteligência artificial transformam a saúde 01010101010101010010001110010101010 em um serviço mais amplo e democrático 01011110101010101010101010001010101 10100101010010101010101010101111000 01010110110101010101101010110101010 01010101010101010101010101010101010 10001110010101010101011110101010101 1010101000101010101010010101001010 01010101010111100010101011011010101 S A Ú D E

DE SAÚDE

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Osny Tavares

Q

uando as fãs da série House passavam as noites torcendo para que o médico ranzinza descobrisse o problema do paciente da semana, dificilmente se davam conta de que assistiam à encenação de um algoritmo lógico. Por trás das tiradas e das grosserias do personagem-título, o caminho feito pela equipe de médicos do seriado até o diagnóstico é semelhante à forma como um computador é programado para fornecer determinada resposta. O algoritmo é definido como uma sequência de passos finitos e não ambíguos que levam à resposta de uma determinada questão. Pode não parecer tão charmoso quanto o doutor de olhos azuis e camisa entreaberta, mas é igualmente eficiente. O sistema, concebido por matemáticos gregos e árabes no século 3 a.C., tornou-se a base da computação. Mesmo nos sistemas de inteligência artificial mais avançados, o algoritmo é a forma como a máquina pensa.

Na medicina, o uso de algoritmos é tão antigo quanto a própria ciência. Os antigos curandeiros selecionavam remédios e terapias com base em resultados previamente observados e determinavam um tratamento conforme os sintomas aparentes. Após o advento da computação, o uso de algoritmos foi difundido na análise de tomografias, radiografias e ressonâncias magnéticas. A principal função da máquina, nesses casos, é comparar um exame com outro feito anteriormente para detectar mudanças no padrão da imagem. O computador mostra quais áreas estão crescendo, o que ajuda a acompanhar o comportamento de um tumor. Antigamente, demoravam-se horas para analisar uma tomografia. Hoje isso é feito em minutos. E aqui chegamos ao próximo passo: a inteligência digital sendo utilizada para analisar sintomas e sugerir diagnósticos, passando da interpretação da imagem para a interpretação do resultado. E, ainda assim, o método

encontra similaridades com o início da medicina: os softwares acumulam uma série de informações sobre sintomas e, a partir do exame, apontam possíveis doenças. Os desenvolvedores ressaltam, porém, que os sistemas não vão substituir os médicos humanos. São, antes, uma ferramenta que agiliza processos, permitindo que a medicina chegue então a um maior número de pessoas. E, também por conta da rapidez e facilidade de transmissão de informações, o controle da saúde passará a ser uma prática diária. “Quando pensamos em cidades inteligentes, a saúde está integrada ao conceito smart. Estamos falando do compartilhamento de informações para que as pessoas vivam com mais qualidade”, afirma Kátia Galvane, vice-presidente de Saúde do Instituto Smart City Business America. “Hoje a saúde é ‘hospitalocêntrica’. O cidadão espera o último momento para procurar auxílio, porque tem pouco acesso à saúde, seja ela pública ou privada.” 29


S A Ú D E

Consulta a distância O desenvolvimento de sistemas geralmente resulta de uma parceria entre instituições médicas e empresas de programação. Das primeiras, extrai-se o conhecimento histórico do setor de saúde e a massa crítica científica. Dos desenvolvedores digitais, surge a inovação para o desenvolvimento dos sistemas. Esse não é um modelo rígido, contudo. Por vezes, as trocas ocorrem de parte a parte: a tecnologia sugerindo soluções médicas e a medicina, de tecnologia. O Instituto do Coração, em São Paulo, é um exemplo recente de sinergia entre setores. A entidade, ligada à Universidade de São Paulo, possui um serviço de Tele-Eletrocardiograma (Tele-ECG) que atende a hospitais do Estado de São Paulo e algumas localidades na Amazônia. “Damos suporte a vários hospitais menores e clínicas que não possuem especialistas em ECG. Mesmo que no local exista um cardiologista, é preciso uma segunda opinião”, explica Guilherme Rabello, gerente comercial e de inteligência de mercado do Incor. O Tele-ECG faz parte de um núcleo de telemedicina da instituição criado há menos de dois anos. A entidade acredita que uma das áreas mais promissoras no Brasil para ajudar na saúde pública e privada será o serviço de telemetria remota dos pacientes. O sistema ajudará a reduzir a quantidade de visitas desnecessárias de pacientes com doenças crônicas aos hospitais, melhorando a qualidade de vida e também atuando na intervenção preventiva, o que diminui os gastos totais de tratamento e manutenção da saúde dos pacientes. “Entendemos que essas soluções acompanham a expansão dos conceitos de smart city. Muito do processo depende da malha de telecomunicações. Temos desenvolvimentos em wearables, IoT, inteligência nas UTIs. São muitas novas possibilidades e oportunidades”, destaca Rabello. 30

“DOUTOR WATSON”:

um nerd de silício em prol da vida

U

m programa de perguntas e respostas, do mesmo tipo que abunda na tevê aberta brasileira, tornou-se o cenário de uma revolução tecnológica. O ano era 2011 e o programa era o Jeopardy, uma atração tradicional nos Estados Unidos. Em uma edição especial, o show reuniu os maiores vencedores da competição para disputar com o computador Watson, desenvolvido pela IBM. Em tempos de Google, seria presumível pensar que o computador ganharia fácil. Acontece que o Jeopardy é diferente dos outros game shows: ele não faz perguntas e pede as respostas. Ele fornece as respostas e exige as perguntas, o que demanda um conhecimento fino da linguagem, capacidade cognitiva, contextualização e raciocínio intuitivo. Para surpresa, o Watson venceu a competição. Sua performance não foi perfeita. Fez diversas associações errôneas, mas ainda assim foi superior aos competidores humanos. A IBM define-o como uma inteligência cognitiva. Seu diferencial está na capacidade de analisar dados não estruturados (artigos, relatórios, livros, exames etc.), além de altíssima capacidade de compressão de linguagem natural (idiomas). O Watson vêm acumulando funções e sendo usado nas mais diferentes áreas. Voltou a chamar a atenção no ano passado, quando uma companhia de seguros japonesa demitiu mais de 40 analistas de apólice e os substituiu pelo Watson. Na área da saúde, ele tem aplicação imediata na leitura e interpretação de exames. “A quantidade de informações de-

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sestruturadas é enorme. Cada exame que fazemos vem com uma série de questões. Os sistemas anteriores eram tabulares, então não podiam dar conta de todos os dados nem ser analisados por um computador. O Watson abre potencial para uma abordagem nova em medicina”, aponta Antonio Carlos Dias, diretor de


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Sistemas de inteligência cognitiva como o Whatson, da IBM, funcionam como um apoio ao corpo clínico. (Foto: divulgação).

“A quantidade de informações desestruturadas é enorme. Cada exame que fazemos vem com uma série de questões. Os sistemas anteriores eram tabulares, então não podiam dar conta de todos os dados Smarter Cities da IBM e vice-presidente de Inteligência Cognitiva do ISCBA. Com a sua exponencial capacidade de aprendizado, o Watson pode ajudar a classe médica “estudando” as mais recentes descobertas científicas, relacionando áreas distintas da medicina e dando uma segunda opinião em

diagnósticos. “Ele não é programado, é ensinado. Lê os livros de medicina, acumula conhecimento e pode oferecer diferentes formas de tratamento, que serão avaliadas pelo médico humano”, explica Dias. “A internet democratizou a informação. O Watson vai democratizar o conhecimento.

nem ser analisados por um computador. O Watson abre potencial para uma abordagem nova em medicina.” Antonio Carlos Dias, IBM. 31


S A Ú D E

LAURA: APÓS MORTE DA FILHA, analista cria robô gerenciador de risco em UTIs

Fressatto criou uma solução que está em constante evolução. Seu objetivo? Que outros pais não sofram a sua dor.

(Foto: Rubens Nemitz Jr.)

A

indignação de um pai associada à obstinação em evitar que outras famílias vivenciem o drama que ele passou ao perder a filha Laura, aos 18 dias de vida, para a septicemia, popularmente conhecida como infecção generalizada, resultou no primeiro robô cognitivo gerenciador de risco do mundo. Depois de experimentar o chão se abrir, o analista de sistemas Jacson Fressatto encontrou forças para continuar vivendo na pesquisa tecnológica e criou o robô Laura, que hoje está ajudando a reduzir os casos de sepse, uma das principais causas de morte em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Desde setembro de 2016, o robô Laura integra a equipe do Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba (PR), um dos maiores centros de saúde do Estado, referência no Brasil e no mundo pela qualidade em tratamentos clínicos e cirúrgicos de alta complexidade, como transplantes de 32

medula óssea e hepático. A solução utiliza tecnologias de computação cognitiva e é composta por vários algoritmos e por diferentes softwares de serviço, cujo objetivo é montar uma matriz de risco apoiada em uma base de dados de algum paciente ou de um hospital. Trabalha com machine learning, gerando modelos. “O robô Laura é um conjunto de sistemas cujo foco é acelerar a capacidade humana de ler diferentes informações e apresentar os dados necessários para a tomada de uma decisão em tempo real”, comenta Jacson. Ele foi treinado por profissionais do Hospital Nossa Senhora das Graças e por especialistas da empresa de Jacson Fressatto para identificar potenciais pacientes com risco para desenvolver sepse, estudando todos os registros em tempo real (a cada 3,8 segundos). Ao identificar algo suspeito, o robô emite alerta, de modo descritivo, por meio de cores, em uma tela

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de televisão posicionada na sala da equipe de enfermagem, do posto que está apresentando problemas. Essa funcionalidade foi denominada ansiedade de Laura. Conforme o estado de saúde do paciente vai se tornando crítico, o robô fica mais ansioso e os alertas vão escalando em cores, do verde para o amarelo, até o alaranjado e terminando no vermelho. Os alertas também ficam mais presentes, como uma respiração mais acelerada causada por ansiedade. Mesmo se os alertas vermelhos da Laura forem ignorados, ela envia e-mails e mensagens SMS para todos os profissionais envolvidos com o leito específico. “Essa funcionalidade da ansiedade de Laura fez o tempo médio de espera em um posto de atendimento cair de 3h20 para 42 minutos. A Laura cobre todos os pontos cegos, trabalha na obscuridade da sepse. A sepse engana os médicos, a Laura engana a sepse”, ressalta Jacson.


Baseado em décadas de experiência no campo de TIC, a ZTE cria a nova geração de cidades inteligentes com tecnologia da informação, realizando a operação inteligente total da cidade e facilitando as pessoas a viverem uma vida melhor. Based on decades of experience in ICT field, ZTE creates new-generation smart cities with information technology, realizing the all-around smart operation of the city and facilitating people to live a better life. enterprise@ztebrasil.com.br


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CONEXÃO A CAMPO A Agricultura 4.0 já chegou a solos brasileiros e ganha cada vez mais força

Bianca Nascimento

A

tecnologia, que domina vários setores do mundo, chegou também aos campos. Nos últimos anos, com a agricultura de precisão; hoje, cada vez mais, pela Agricultura 4.0. As lavouras de hoje são mais digitais e conectadas e têm colocado o Brasil como um dos protagonistas na agricultura mundial. Baseada em conhecimentos tecnológicos e automatização, a Agricultura 4.0 é mais inovadora e inteligente 34

e, por isso, eleva a produtividade, usa com maior eficiência os insumos, reduz os custos com a mão de obra e aumenta a rentabilidade. Por meio de aplicativos e sistemas inteligentes, os agricultores podem, em computadores, tablets ou smartphones, ter acesso às máquinas que atuam em suas propriedades e controlá-las. O resultado disso é maximizado nas produções, tornando-as mais eficiente, com mais qualidade, menor custo de mão de obra e maior rentabilidade.

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Outros equipamentos, como GPS e drones, são usados para o mapeamento de propriedades. Ao rastrear as áreas agrícolas, esses aparelhos são capazes de gerar dados sobre cada operação, do plantio até a colheita. Os aplicativos permitem monitorar, por exemplo, a utilização variada de sementes, água e fertilizantes. Podem também obter informações climáticas confiáveis, antecipando ou adiando o melhor momento de colheita e plantio, por exemplo.


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Drones monitoram lavouras, atuam no combate de pragas e no controle do clima. Apoio estratégico do plantio à colheita. (Foto: divulgação).

Conexão na lavoura Todo esse avanço só foi possível porque nos últimos anos o meio rural teve mais acesso à internet. De 2008 a 2014, o número de usuários na zona rural que acessam a internet móvel passou de 4% a 24%, como aponta a chefe geral da Embrapa Informática Agropecuária, Silvia Maria Fonseca Silveira Massruhá. O aumento desse acesso tornou a agricultura digital um mercado em expansão no país. Silvia aponta um estudo da Comunidade Europeia (Roland Berger) que

mostra o potencial de crescimento de 21% da agricultura digital na América do Sul e na Ásia, no período entre 2014 e 2020, enquanto na América do Norte e na Europa é em torno de 5% e 15%, respectivamente. “Isso deve-se ao fato de que há muito espaço para avançar em agricultura digital na América do Sul e na Ásia. Existem tanto grandes empresas multinacionais de Tecnologia da Informação entrando no segmento do agro quanto multinacionais do setor agro comprando empresas de TIC e startups de base tecnológica”, ex-

plica. Segundo o censo Agritechs, realizado pela USP/Esalq, há 75 startups agrícolas, que crescem em média 70%. Pensando nesse mercado e também em seus obstáculos, as empresas de tecnologia ganharam mais espaço e também tiveram que se reinventar. Um exemplo disso é a ferramenta Climate FiedlView, que oferece inteligência artificial no campo e foi trazida pela Monsanto, multinacional de agricultura e biotecnologia. Trata-se de um drive aplicado na máquina durante o plantio e conec35


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O Climate FieldView permite integração de informações de plantio, colheita, pulverização de insumos e fertilidade do solo. (Foto: Vinicius Santos).

tado a algum aparelho como iPad. Durante o processo de colheita e plantio, esse dispositivo implantado colhe dados e envia para a web informações sobre relevo e velocidade da máquina, por exemplo, em tempo real. Todas essas informações são transferidas para uma nuvem onde ficam armazenadas e podem ser acessadas de qualquer lugar, mesmo sem sinal de internet. Essa tecnologia permite a integração de informações de plantio, 36

colheita, pulverização de insumos, fertilidade do solo e outras informações da lavoura por meio da geração automática de mapas e relatórios de plantio. A plataforma já é usada nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa e começa a ser usada no Brasil este ano. Rodrigo Santos, presidente da Monsanto para a América do Sul, ressalta que esse sistema, além de aprimorar a produção, melhora a questão social. Ele explica que, ao aproveitar

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a particularidade de cada metro quadrado de um talhão, é possível maximizar a produção e atender ao desafio de alimentar mais de 9 bilhões de pessoas em 2050. “O avanço da ciência de dados na agricultura será fundamental para auxiliar na adaptação da atividade aos desafios complexos impostos pela crescente demanda por alimentos, bem como pelas mudanças climáticas, que trarão ainda mais ameaças à segurança alimentar e aos sistemas agrícolas”, diz.


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Combate às pragas Diante de uma infestação de pragas, o meio digital pode influenciar também o meio natural. Roberson Marczak, gerente de Inovação da Adama, empresa que desenvolve tecnologias para o campo, explica como o produtor pode identificar infestação de pragas em suas lavouras. “Por meio de imagens geradas por dispositivos digitais de drones, por exemplo, é possível identificar uma determinada coloração em uma plantação, que pode ser indício de algum tipo de manifestação de praga. Dessa forma, o agricultor pode tomar uma decisão rápida sobre que tipo de tratamento deve fazer”, explica. Preço da tecnologia Apesar de inovadoras, algumas dessas tecnologias ainda custam caro. Principalmente para os pequenos produtores, que pagam por elas o mesmo que os grandes produtores. Por isso, as empresas de tecnologia têm lutado junto aos órgãos públicos para garantir mais acesso do meio rural à internet, como explica Roberson. “O uso da tecnologia no campo cresceu muito nos últimos 15 anos. Quanto mais acesso, mais os fazendeiros ficarão estimulados a usar a tecnologia e assim conseguimos custos mais atrativos. Quanto mais pessoas a utilizarem, mais o custo cai, assim como aconteceu com as imagens de satélites, exemplo que teve um barateamento e acessibilidade”, explica. Outro aplicativo que tem revolucionado a vida no campo é o Accenture Precision Agriculture Service. Nesse caso, os programas podem até prever ações climáticas e qualidade do solo por meio de dados interpretados por sensores de aparelhos no campo, indicando a melhor época para colheita e plantio.

“O avanço da ciência de dados na agricultura será fundamental para auxiliar na adaptação da atividade aos desafios complexos impostos pela crescente demanda por alimentos, bem como pelas mudanças climáticas, que trarão ainda mais ameaças à segurança alimentar e aos sistemas agrícolas.” Rodrigo Santos, Monsanto.

Do campo para a cidade

A

ssim como a tecnologia facilita a vida dos produtores no campo, a agricultura urbana auxilia a vida das pessoas nas cidades. E pode ser o futuro das selvas de pedra para ajudar o meio ambiente, facilitar o acesso a produtos de qualidade

e até mesmo minimizar a fome nas cidades. Essa tendência tem sido cada vez mais frequente nas cidades inteligentes, por utilizar o máximo possível dos espaços físicos. A agricultura urbana é realizada em espaços urbanos públicos (praças, 37


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As horas comunitárias podem ocupar espaços de diversos tamanhos. A Horta Sapopemba, no Bairro Jardim Tietê, em São Paulo, possui 3.500 metros quadrados e beneficia 13 famílias com geração de trabalho, renda e alimentação de qualidade. (Foto: divulgação).

paredes e pátios) e privados (terraços e quintais). Essa produção é consumida pelos próprios habitantes da cidade e também abastecem os mercados locais. “Vemos muitas iniciativas no país, principalmente nos mercados de verduras e hortaliças. É possível transformar as cidades com essa iniciativa. Um exemplo são as hortas verticais nos prédios. No conceito de smart city esse movimento é fantástico”, comenta Marczak, da Adama. Esse conceito agrega não apenas a questão financeira. É também um movimento social. Segundo a ong Cidades Sem Fome, essa iniciativa pode ajudar a reduzir a fome no país. A or38

ganização mostra que 21 núcleos de hortas urbanas na cidade de São Paulo, por exemplo, poderiam completar o cardápio de cerca de 700 famílias. Essa seria uma forma, segundo eles, de combater a fome e a desnutrição infantil. As culturas urbanas também são meios de oferecer à população, de maneira mais acessível, produtos mais frescos e orgânicos (sem agrotóxicos). As hortas urbanas ou comunitárias acabam sendo também uma “válvula de escape” no combate da depressão e do estresse e já têm sido usadas dentro de clínicas para pessoas com transtornos mentais ou dependência química, por exemplo.

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A implantação dessas hortas comunitárias, apesar de começar timidamente no Brasil, já é antiga e se iniciou na metade do século 19, na Europa. E, de lá para cá, deixaram de ser apenas um movimento ou conceito nos países europeus, mas sim uma realidade presente em todos os cantos desse continente. Aos poucos, elas foram sendo aderidas por todo o planeta e hoje representam entre 15 e 20% de todo o alimento produzido no mundo pelos 800 milhões de agricultores urbanos espalhados, segundo uma pesquisa da Worldwatch Institute (WWI), órgão que realiza pesquisas sobre conteúdos ambientais.


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C O M P A R T I L H A M E N T O

Os aplicativos de compartilhamento estão cada vez mais presentes, facilitando o dia a dia e solucionando, muitas vezes, questões estruturais do cotidiano.

A REINVENÇÃO da economia Modelos de compartilhamento transformam as relações de consumo e geram novos negócios

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Diego Antonelli

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gentileza entre estranhos surge como um modelo de negócio. Se antes o processo tradicional baseado na tríade “compra – consumo – descarte” era predominante, aos poucos a economia compartilhada reinventa essa lógica. Cada vez mais, o

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processo passa a ser “compra – consumo – troca ou empréstimo – consumo”. Uma nova forma de renda e lucratividade ganha vida. A posse do objeto ou do espaço não é mais um fim em si. Há uma materialização da vida por demanda. Diversos aplicativos – apps – na internet surgem e colocam à prova a realidade da econo-


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“Num mundo cada vez mais exponencial, compartilhar não é apenas chave, mas fundamental para enfrentar os desafios da evolução social e urbana. Não apenas sharing economy, mas modelos que transformam, por exemplo, posse em serviços, como carros autônomos ou sob demanda, uma realidade cada vez mais próxima, são parte integrante e certeira de um futuro próximo que reserva em igual, proporção, desafios e oportunidades imensos.” Luiz Candreva, do aplicativo EzPark.

mia compartilhada e de um capitalismo menos selvagem. Por meio de sites, o cidadão pode alugar um quarto em um apartamento de um desconhecido para passar as férias dos sonhos em Porto de Galinhas, alugar um carro ou uma bicicleta a cada fim de semana. Para estacionar o veículo não precisa nem ter uma garagem, basta alugá-la. A confiança é fundamental nesse processo. Nessa nova economia, que paulatinamente transforma o “ter” em obsoleto, o papel do fornecedor também é exercido pelo indivíduo. É aí que ele pode encontrar formas para fazer esse novo ciclo econômico girar, proporcionando que os centros urbanos não só tenham mais interação social, mas também consigam economizar recursos. Para isso, é essencial que os empreendimentos deixem de ser apenas um modismo para tornarem-se sustentáveis economicamente. A ideia desse processo remete à Idade Média: em pequenas cidades, os vizinhos compartilhavam suas posses entre si. Com a urbanização crescente e desenfreada, essa lógica foi alterada. Mas a inovação tecnológica possibilitou que as pessoas pudessem manter contato e fazer negócios digitalmente, permitindo que o compartilhamento econômico retomasse seu prumo. Além disso, muitos já perceberam o risco financeiro, ambiental e social de um con-

sumo desenfreado e com obsolescência programada. Os riscos propiciados pelo mundo líquido e efêmero, como atestou o sociólogo Zygmunt Bauman, são reais e precisam ser minimizados. A gerente de comunicação e marketing da Associação Brasileira de Startups, Vinck de Bragança, salienta que o crescimento e a gradativa popularização da tecnologia contribuem decisivamente para que a economia compartilhada ganhe cada vez mais campo. “As redes sociais e as plataformas permitem que se passe a ter possibilidade de compartilhar o que se possui, tanto quanto empresa como pessoa física. Essa economia representa um ganho muito claro e positivo, que são os ganhos social e econômico. Além disso, o compartilhamento auxilia na sustentabilidade e vem modificando a forma como as pessoas e as empresas se comportam”, afirma Vinck. Dessa forma, a economia compartilhada implica não apenas novas formas de relações de consumo e utilização de produtos, mas pode transformar também os processos produtivos. “É preciso que as empresas se deem conta de que o compartilhamento de insumos, tecnologias, equipamentos, informações e conhecimento, entre outras coisas, são caminhos para aumentar a eficiência, reduzir custos e alcançar novos mercados, ampliando

significativamente suas oportunidades de negócios”, ressalta o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná, Edson Campagnolo. Segundo ele, o Paraná, por exemplo, possui modelos que mostram como processos produtivos compartilhados podem impulsionar os resultados de determinados setores e gerar riquezas e empregos. “São os casos das cooperativas agroindustriais e dos Arranjos Produtivos Locais de diversos segmentos da indústria. É preciso fortalecer sindicatos e associações ligados aos diferentes setores, incentivando a participação dos empresários e estimulando-os para que deixem de pensar individualmente apenas em sua empresa, mas no desenvolvimento de toda a cadeia produtiva”, alerta Campagnolo. Na rede No mundo virtual, diversos empreendimentos já apostam as fichas na economia compartilhada. Um desses exemplos é a BlaBlaCar, que atua no setor de compartilhamento de caronas e possui 35 milhões de usuários cadastrados em todo o mundo. Segundo o diretor-geral da empresa no Brasil, Ricardo Leite, a confiança nesse setor é fundamental. “Descobrimos que o grau de confiança atribuído a membros da BlaBlaCar com perfil completo é quase tão alto quanto aquele atribuído a amigos e superior ao 41


C O M P A R T I L H A M E N T O

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exemplos de economia colaborativa BLABLA CAR

O que faz Compartilha lugares disponíveis em uma viagem.

Ano de implantação 2003. No Brasil, desde 2015.

Número de usuários: 35 milhões em todo o mundo.

EZPARK O que faz Compartilha lugares disponíveis para estacionamento.

Ano de implantação 2015.

Número de usuários 35 mil vagas.

Usuários oferecem serviços e produtos e pessoas que querem contratá-los ou comprá-los.

Ano de implantação 2016.

Número de usuários

Plataforma que facilita o compartilhamento de coisas entre vizinhos.

Ano de implantação: 2014.

Número de usuários: 90 mil.

O que faz Conecta pessoas que querem comprar, vender, trocar ou doar objetos usados.

Ano de implantação: 2015.

Número de usuários:

Início de operação. 2,3 mil curtidas no Facebook

25 mil.

atribuído a colegas, vizinhos e contatos na rede social. Além disso, nos últimos 12 meses, os nossos membros economizaram um milhão de toneladas de gás carbônico em todo o mundo ao compartilhar suas viagens”, diz. O aplicativo Parkingaki oferece mais de 35 mil vagas de estacionamento em todo o Brasil. De acordo com o CEO da empresa, Ricardo Taveira, os usuários cadastram suas vagas de estacionamento das próprias garagens e alugam

o espaço que estava ocioso. “Garagens vazias podem gerar lucro. Vi que nos Estados Unidos tinha um aplicativo muito semelhante e resolvi trazer para cá. É uma mudança cultural de consumo focado na sustentabilidade e na confiança entre as pessoas”, ressalta. Segundo Luiz Candreva, do aplicativo EzPark, plataforma que compartilha lugares disponíveis para estacionamento, a economia compartilhada significa uma mudança social profunda. “Num

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O que faz:

TRADR

YUUDY O que faz

TEM AÇÚCAR

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MÉE O que faz: Aplicativo para trocar objetos.

Ano de implantação: 2015.

Número de usuários: não divulgado.

mundo cada vez mais exponencial, compartilhar não é apenas chave, mas fundamental para enfrentar os desafios da evolução social e urbana. Não apenas sharing economy, mas modelos que transformam, por exemplo, posse em serviços, como carros autônomos ou sob demanda, uma realidade cada vez mais próxima, são parte integrante e certeira de um futuro próximo que reserva em igual, proporção, desafios e oportunidades imensos”, ressalta.


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DEBATE

CONECTE-SE ANTES

que as coisas se conectem sozinhas O ambiente de Internet das Coisas representa uma nova fronteira dos negócios digitais. As empresas precisam ficar atentas para não perder o bonde histórico da automação

Osny Tavares

N

os anos 1990, um comercial de um provedor brasileiro dizia: “O que você precisa para se conectar à internet? Um computador, uma linha telefônica, um modem e um bom provedor”. Se a campanha fosse reeditada hoje, certamente a resposta seria bem mais enxuta. Ao longo dos úl-

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R E V I S TA S M A R T C I T Y B U S I N E S S

timos 25 anos, vimos uma gradativa miniaturização dos dispositivos de acesso à internet. Os antigos “microcomputadores” – um obtuso acoplamento de monitor de tubo, gabinete, impressora e periféricos – deram espaço aos dispositivos mobile, que têm no celular seu ícone geracional. Agora, o mundo entra em uma nova fase com a ascensão da Internet das Coisas, também chamada de IoT (sigla para Internet of Things). Além da conectividade chegar aos aparelhos de uso cotidiano (tomada, lâmpada, geladeira, lixeira, bueiro e o que mais você puder pensar), a Internet das Coisas traz uma profunda disrupção: prescindir dos humanos para ser operada. Evidentemente que desde os primórdios a internet opera com nível relativo de automação. Com a IoT, porém, a relação homem-máquina ganha nova escala. Afinal, nós, os humanos, estamos em ampla desvantagem em relação aos bilhões de objetos que estarão coletando e reportando dados. É necessário, portanto, dar autonomia às coisas, tanto para o envio quanto para a análise desses dados. Em um ambiente que parece programar a si mesmo, as oportunidades de negócio podem parecer escassas, ou restritas a grandes corporações com expertise e capital para operar em escala, e também que o desen-

volvimento ocorrerá nos países mais desenvolvidos, restando à América Latina aguardar por um segundo momento. Nada mais errado! A IoT é uma nova fronteira de negócios, com amplas terras à espera de desbravadores. O Brasil ocupa um lugar estratégico. O país é o oitavo do mundo em conexões de internet, com 58% da população acessando a rede de alguma forma. São mais de 100 milhões de pessoas, com uma tendência de crescimento no médio prazo. E a “conexão” será a palavra-chave do futuro da tecnologia. Para José Paulo de Oliveira, diretor de Setor Público da Cisco, o setor apresenta essa tendência de forma bastante ampla: “A preocupação da informática era que as pessoas pudessem se conectar. Aí surgiu a internet. Agora,

o IoT é um novo boom, com um número gigante de conexões. A estimativa é que em 2020 tenhamos 50 bilhões de dispositivos conectados”, aponta. Leandro Laporta, diretor de pré-vendas para a América Latina da Orange Business Services, avalia que o IoT deverá causar diversas mudanças na forma como as indústrias são pensadas, chegando-se então ao modelo de Indústria 4.0: “A adoção de IoT, Big Data e Digital Workspace tem criado um vasto ecossistema interconectado de sensores e objetos. Aplicações, serviços e infraestruturas móveis estão sendo desenvolvidas em resposta às necessidades da indústria. É importante mencionar que esse potencial afeta as plantas principais da indústria

Em um ambiente que parece programar a si mesmo, as oportunidades de negócio podem parecer escassas, ou restritas a grandes corporações com expertise e capital para operar em escala, e também que o desenvolvimento ocorrerá nos países mais desenvolvidos, restando à América Latina aguardar por um segundo momento. Nada mais errado! A IoT é uma nova fronteira de negócios, com amplas terras à espera de desbravadores. 45


D E B A T E

Gisah Kuster, ZTE.

e todo o ecossistema corporativo, incluindo as interações com os parceiros da cadeia de valor, desde o gerenciamento de fornecedores até as relações com o consumidor. Todo esse ambiente é um grande potencial para o desenvolvimento de IoT no Brasil”. Business As oportunidades são amplas, e a união de expertise e estratégia criará as oportunidades para aproveitá-las. É preciso um conhecimento apurado das características e necessidades do mercado local. “Acreditamos que todos os segmentos envolvidos na cadeia industrial, assim como

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na gestão urbana, devem ser impactados pelo desenvolvimento e implementações de soluções IoT e seus benefícios poderão ser usufruídos em larga escala pela sociedade”, afirma Gisah Küster, diretora de Produtos e Serviços da ZTE. “A Internet das Coisas não somente inicia uma quarta revolução industrial, mas também provê condições para o grande aprimoramento dos setores primário (agricultura) e terciário (serviços). A ZTE acredita especialmente em quatro segmentos que deverão ser beneficiados pela IoT: smart cities, smart transportation, smart logistics e smart homes.” José Paulo de Oliveira, da Cisco, relaciona as oportunidades de IoT

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José Paulo de Oliveira, Cisco.

com o atual cenário econômico brasileiro, salientando que mesmo em um momento de depressão o mercado pode crescer. A resposta é justamente contra-atacar os problemas: “Estamos passando por uma crise muito grande. Nesse cenário, a indústria busca economia nos processos, o que cria oportunidade para IoT. Acredito que o IoT vai possibilitar novas fontes de receita quando habilitar as redes públicas. Ao consumir novos produtos, torna o ecossistema mais produtivo. E o último pilar é de inclusão social, que passa por uma inclusão digital, permitindo grande acesso a informação para saúde, mobilidade, educação e geração de riquezas”.


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Agora, o mundo entra em uma nova fase com a ascensão da Internet das Coisas, também chamada de IoT (sigla para Internet of Things). Além da conectividade chegar aos aparelhos de uso cotidiano (tomada, lâmpada, geladeira, lixeira, bueiro e o que mais você puder pensar), a Internet das Coisas traz uma profunda disrupção: prescindir dos humanos para ser operada.

Leandro La Porta, Orange Business Services.

EMPRESAS INICIAM

Investimentos Estratégicos

O

setor de IoT é dependente de redes de informação. Quem investir nelas terá controle sobre a “cadeia” e terá amplitude para verticalizar a operação, oferecendo um número maior de soluções ao longo do processo. Entretanto, os investimentos em infraestrutura são muito altos, e dificilmente serão executados sem a ajuda do poder público. Também será essencial uma padronização das redes e sistemas, para que o IoT ganhe eficiência e não gere custos adicionais. Várias empresas já estão fazendo movimentos ousados. Leandro Laporta, diretor de pré-vendas para a América Latina da Orange Busi-

ness Services, revela que a empresa tem investimentos no Brasil totalmente dedicados a IoT. “A Orange possui uma unidade de negócios dedicada aos Serviços de IoT e no final de 2016 formalizamos uma parceria com a Porto Seguro Conecta para o fornecimento de conectividade local para os nossos clientes globais. Estamos também com oportunidades de emprego abertas nesse momento para as áreas comerciais e técnicas que irão atuar diretamente com nossos clientes locais nos projetos de IoT”, diz. Gisah Küster, diretora de Produtos e Serviços da ZTE, também demonstra afinidade com o setor: “Estamos presentes no cenário brasileiro participando das principais dis-

cussões e iniciativas sobre o assunto. A ZTE possui soluções fim a fim nesse ambiente de IoT, desde chipsets, soluções de redes de acesso wireless, soluções de core de rede, plataformas de serviço e aplicações específicas para segmentos variados da indústria, como, por exemplo: Smart metering, smart parking, smart lights, smart environment monitoring, smart way, entre outras. Dessa forma, estamos otimistas que poderemos contribuir com nossas soluções e experiência em diversos segmentos no Brasil”. O diretor de Setor Público da Cisco, José Paulo de Oliveira, revela que a empresa desenvolveu um Centro de Inovação dedicado a esse setor. “Procuramos atrair empresas para desenvolver tecnologias baseadas na plataforma Cisco. Até hoje são 105 empresas encubadas. Algumas delas usamos num programa de inovação urbana ligadas ao programa olímpico. Selecionamos dentro dessas empresas tecnologias relacionadas à cidade e implantamos no Porto Maravilha”, descreve.

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E D U C A Ç Ã O

EDUCAÇÃO MAIS INCLUSIVA A internet e outros recursos revolucionaram a forma de aprender e ensinar, diminuindo barreiras e tornando o ensino mais acessível. No entanto, é preciso ir além para aprimorar a qualidade e a aprendizagem

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Isadora Rupp

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conectividade é onipresente em um mundo de 3 bilhões de usuários de internet — dado que se torna ainda mais importante quando analisado o crescimento exponencial: há 17 anos, esse montante era de 15 milhões. Essa nova dinâmica de mundo revolucionou a forma como nos relacionamos, consumimos e nos informamos. Claramente, isso causou um grande impacto também na educação, que precisou acompanhar as

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transformações e inserir novos recursos em sala de aula. Esse ambiente tecnológico também criou uma nova geração de alunos que não acompanham mais o modelo tradicional de educação, passivo, com o professor como autoridade e o estudante apenas absorvendo conteúdos sem criá-los. “Os jovens da geração Y, com todas as suas características autodidatas e colaborativas, causaram grandes mudanças comportamentais, econômicas e financeiras no Brasil e mundo afora, reformulando o tradi-


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A conectividade é uma realidade nas escolas públicas e particulares no Brasil. Mas ainda há muito para avançar. (Foto: divulgação).

cional modelo de ensino e aprendizado”, acredita Roberto Valério, vice-presidente EAD e Polos da Kroton Educacional, maior empresa privada de educação a distância do Brasil. Ele complementa: as tecnologias proporcionaram uma abordagem mais acessível, colaborativa, sob demanda e personalizada. Visão que é provada pelos números de crescimento da modalidade no país: já são quase 4 milhões de alunos, segundo dados da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), que conseguem se graduar e se qualificar sem sair de casa, com aulas e acompanhamento on-line. Nos últimos anos, esse mercado vem atingindo um crescimento anual de, em média, 20%, prova de que existe demanda. “É um dos aceleradores do processo de democratização do ensino”, crê. Valores mais acessíveis (fator decisivo em momentos de crise econômica) e acesso para cidades pequenas, que não contam com universidades presenciais, são algumas das vantagens, mas vão além: barreiras de acessibilidade e deslocamento também são retiradas quando se fala em EAD. Fora que existe possibilidade de personalizar o ensino, conforme explica o vice-presidente de Inovação e Negócios da Kroton, Paulo de Tarso. “Esse é um fator chave quando abordamos a inclusão, já que se adequa às necessidades individuais de cada um, tanto

“O Brasil precisa despertar e expandir o amor pelo saber, o amor pelo conhecimento e o convencimento de que educação não é apenas um meio de ganhar o sustento material, mas também uma forma de realização humana, social e espiritual.” José Pio Martins, reitor da Universidade Positivo.

do ponto de vista físico quanto em processo de aprendizagem. Um exemplo de como personalizar o estudo é o uso do ensino adaptativo, que é uma das grandes tendências tecnológicas em educação do qual já fazemos amplo uso na Kroton. As pessoas aprendem de formas diferentes em tempos diferentes e, muitas vezes, os modelos tradicionais podem não acompanhar isso da maneira ideal ou sem o apoio do ensino a distância”. Na análise do economista e vice-

-reitor da Universidade Positivo, José Pio Martins, a grande contribuição da tecnologia na educação, que ajuda a torná-la mais inclusiva e cidadã, é o amplo acesso a informações e conteúdos em todos os lugares do planeta. “Em seguida, os custos de obtenção de informação, aulas, orientações e materiais serão baixíssimos, justamente em razão da não necessidade de processos industriais de fabricação”, afirma Martins. Nas escolas, tanto na rede privada 49


E D U C A Ç Ã O

quanto particular, o uso de recursos tecnológicos para auxiliar a aprendizagem é uma realidade. “As tecnologias educacionais favorecem o engajamento e a motivação dos alunos como ferramentas poderosas, que potencializam o processo de ensino e aprendizagem”, ressalta o coordenador de Educação Tecnológica da International School, Jefferson Feitosa. A rede bilíngue presente em 20 Estados brasileiros atende mais de 90 mil alunos. Os alunos do programa bilíngue da escola têm acesso aos recursos digitais logo no início da vida escolar (sendo que a International School atende crianças a partir de um ano de idade), trabalho que continua ao longo do Ensino Fundamental até os anos finais. Kits Lego Education (associados aos planos de aula dos professores, que criam um ambiente favorável para a aprendizagem da língua inglesa), aplicativos, animações, game Minecraft Edu e realidade virtual permeiam o processo de ensino das crianças e, de acordo com Feitosa, são um “grande facilitador” do ensino. “A aprendizagem envolvida nessa visão de educação não é um simples saber, é um saber fazer. O aprender acontece no bojo da ação, quando o aluno faz coisas, em especial quando ela enfrenta desafios e problemas. Aprende-se, na realidade, fazendo”, pontua. No 3º, 4º e 5º ano do Ensino Fundamental, o maior auxílio vem do Lego Wedo, um kit de robótica direcionado para as áreas de ciências humanas, biologia e engenharia – as crianças constroem robôs e aprendem a programá-los. O coordenador de Educação Tecnológica fala que o processo de aprendizagem é contínuo e imersivo, pois o aluno coopera com o colega (em jogos como o Minecraft, por exemplo) e resolve situações-problema por meio da robótica. Logo, os desafios dos programas ajudam o aluno a enxergar a língua de outra forma, inserida em contextos, o que 50

facilita a aprendizagem e, mais do que isso, a torna marcante – o aluno aprende para toda a vida. Desafios Apesar dos esforços e bons exemplos, a educação brasileira ainda tem diversos obstáculos, que vão desde a capacitação de professores para usarem os novos recursos até a ampliação do acesso à internet. Silvio Freire, execu-

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tivo da D2L do Brasil (líder global em tecnologia de aprendizagem) considera que a educação não acompanha o ritmo das evoluções tecnológicas, que, em cerca de 10 ou 15 anos, terá gerado novas evoluções na mobilidade e conectividade. “E isso gera muita frustração. A modernização da educação é um desafio gigantesco por questões relacionadas aos modelos utilizados em sala de aula. Há questões cultu-


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“Os jovens da geração Y, com todas as suas características autodidatas e colaborativas, causaram grandes mudanças comportamentais, econômicas e financeiras no Brasil e mundo afora, reformulando o tradicional modelo de ensino e aprendizado.” Roberto Valério, Kroton Educacional.

rais envolvidas, professores que dão a mesma aula, da mesma maneira, há décadas. Enquanto isso, vemos um consumidor frustrado em busca de um produto escasso no mercado, um produto chamado competência. As instituições precisam vender competências específicas, é isso que os alunos querem quando se matriculam em um curso”, fala ele, que também destaca que a mudança conceitual das instituições de ensino deve começar “de dentro para fora”, focando sobretudo na formação dos docentes. O reitor da UP frisa que a tecnologia em educação é muito mais que um tablet ou computador. O maior desafio,

segundo ele, é produzir materiais de qualidade. “Trata-se, na prática, de um sistema complexo e multiferramental. Computador, smartphone, televisão, cinema, vídeos, filmes, internet, e-mails, salas de diálogo, imagens, fotografias digitais, tour e mapas digitais... enfim, todo aparato de som, imagem, texto, ensinamentos e orientações agora não dependem mais de livro, papel, ferro, aço, fábrica e transporte. O que preciso ir além, entretanto, é essencialmente a didática dos materiais e conteúdos. Esse é o desafio.” O executivo da D2L concorda. “A qualidade do conteúdo é fator crítico de sucesso, precisa ser dinâmico, atra-

tivo, leve, atual e em diversas mídias. Podemos nos valer da melhor tecnologia disponível no mercado, mas se o conteúdo for estático e pobre em sua apresentação, o programa falhará. O inverso também possui a mesma problemática. A tecnologia é simplesmente a porta principal, traz ferramentas de engajamento e apresenta o conteúdo de maneira a enriquecer a experiência do aluno. Assim, tecnologia e conteúdo precisam andar nos mesmos patamares de qualidade”. Mais do que aparelhos Estudo realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) no ano passado, em mais de 70 países, revelou que o uso da tecnologia, por si só, não melhora o desempenho dos estudantes — o levantamento levou em conta a performance dos estudantes em testes internacionais, como o Pisa. A ideia é corroborada por especialistas como a professora de comunicação da UFPR, Glaucia Brito, que é líder do GEPETE (Grupo de Estudos, Professor, Escolas e Tecnologias). “No geral, não acontece a formação do professor para o uso das tecnologias em sala de aula, e elas só contribuem se forem bem utilizadas. Usar recursos digitais para fazer o mesmo que se faz com um quadro de giz não gerará avanços.” Ainda mais importante do que adequar escolas e professores a esse mundo tecnológico, que está sempre sob constantes transformações, é necessária uma mudança cultural do país em relação à educação, reitera o economista e reitor da UP, José Pio Martins. “O Brasil precisa despertar e expandir o amor pelo saber, o amor pelo conhecimento e o convencimento de que educação não é apenas um meio de ganhar o sustento material, mas também uma forma de realização humana, social e espiritual.” 51


E D U C A Ç Ã O

Novos negócios alavancados

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estaque no ramo de ensino a distância, a Kroton Educacional vislumbrou o potencial desse mercado e vem expandindo suas operações: são 910 polos de apoio e 242 novos polos em processo de credenciamento. Recentemente, o grupo também adquiriu faculdades como a Anhanguera e a Estácio (essa última operação ainda condicionada à aprovação do Conselho Administrativo de Desefa Econômica). “As instituições são complementares geograficamente e oferecem alta qualidade no ensino presencial e no ensino a distância. Juntas, as companhias oferecem acesso ao ensino a mais de 1,5 milhão de alunos, em todos os Estados brasileiros”, diz o vice-presidente EAD e Polos da Kroton Educacional, Roberto Valério. A intenção da compra da Estácio, caso aprovada, é que será consolidado um portfólio abrangente de cursos, graduações, pós-graduações, cursos livres e de extensão, com conceitos positivos nas avaliações do Ministério da Educação. “E isso auxiliaria a ampliação das ações de responsabilidade social já realizadas: milhares de projetos foram efetuados nos últimos anos, tais como atendimentos jurídicos e na área de saúde, em clínicas-escola das instituições de ensino do grupo, além de ações em benefício da sociedade”, diz. As duas instituições, frisa Roberto, empregam, no total, mais de 30 mil profissionais, com um corpo docente 52

“Há um oceano azul no meio de tanta concorrência e poucos estão tendo a visão correta: um modelo onde o tempo em sala de aula não é mais o que importa, mas sim qual a competência que está sendo adquirida. A tecnologia está disponível para isso. As questões culturais podem ser as maiores barreiras que enfrentamos.” Silvio Freire, D2L do Brasil.

composto por especialistas, mestres e doutores. “Ou seja, é uma integração que irá muito além do EAD”, salienta. Para fazer com que o aluno tenha uma experiência satisfatória com o ensino não presencial, a empresa incorporou ferramentas como gamefication (estratégia de interação para aumentar o engajamento), big data (conjunto de dados), ensino adaptativo (conforme as demandas e limitações do aluno) e blended learning (que mescla o EAD com encontros presenciais). A Kroton também estuda a implementação de outras tecnologias avançadas, como a realidade virtual. Empresas A D2L tem como uma das suas maiores frentes a dedicação ao mercado corporativo, com soluções que suportem novas formas de treinamento,

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estejam acessíveis facilmente na nuvem e sejam descomplicadas de usar. “As empresas começaram a perceber que precisam usar a educação para se tornarem mais competitivas, não mais como um complemento de uma atividade interna”, diz o executivo da companhia no Brasil, Silvio Freire. O foco é aumentar o engajamento nas empresas. O executivo cita um levantamento da empresa de pesquisa norte-americana Gallup para exemplificar o problema: 68% dos empregados nos Estados Unidos não estão engajados com as corporações onde trabalham, o que representa cerca de 500 bilhões de dólares perdidos em produtividade. “O impacto é direto na eficiência das organizações. Alta rotatividade de empregados em decorrência do baixo engajamento causa prejuízos gigantescos às empresas anualmente”, salienta Freire.


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SMART CITY SOCIAL

para famílias de baixa renda no Brasil Bairro inteligente tem inovações como wi-fi público, reaproveitamento de água e produção de energia solar e eólica. Unidades habitacionais custam entre R$ 90 mil e R$ 130 mil

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Osny Tavares

É “São dois níveis de integração: o primeiro deles é técnico e o segundo é humano. As pessoas precisam ter conhecimento dos serviços, do melhor uso da energia elétrica e da água, do transporte. Para isso, as plataformas digitais estarão presentes para informar e ajudar a gerir a vida comunitária.” Giovanni Savio, CEO da Planet.

A primeira fase das obras será entregue em dezembro de 2017, beneficiando 350 famílias. (Fotos: divulgação).

comum pensar que, quando as tecnologias ainda são recentes, elas ficam restritas às classes mais altas. As leis de mercado apontam que o preço cai conforme aumenta a demanda, e só então elas passariam a ser adotadas por uma clientela mais ampla. Uma iniciativa pioneira aposta na reversão dessa tendência. A Planet, uma startup italiana de soluções integradas smart em moradia, está implantando no Brasil a primeira smart city social do mundo. Construída na cidade de São Gonçalo do Amarante, no Ceará, a Smart City Laguna é composta por cinco mil casas com valores entre R$ 90 mil e R$ 130 mil. Nessa faixa de preço, os imóveis podem ser financiados pela Caixa, dentro do programa Minha Casa Minha Vida. O projeto é da Recs Architects. O valor e o financiamento são dois dos únicos pontos em que a Smart City Laguna se assemelha aos demais projetos de habitação social. A proposta é justamente fugir dos formatos convencionais – de modelos repetidos em série e pouca infraestrutura urbana. O bairro conta com diversos recursos – escassos até para lugares ricos e urbanizados do Brasil. São corredores verdes, ciclovias, áreas para pedestres, serviços de mobilidade alternativos, uso misto entre residência e comércio, tratamento de águas residuais e aproveitamento de águas pluviais, produção de energia solar e eólica, redes wi-fi públicas, entre outros. A primeira etapa, com 350 casas em 90 hectares, será entregue em dezembro de 2017. Uma segunda etapa, com 1.500 casas em 240 hectares, está programada para 2020. “Nós pensamos a inovação por meio de quatro pilares: arquitetura, meio ambiente, tecnologia e inclusão social. Com 55


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isso, planejamos além da simples ocupação do solo e nos dedicamos também à infraestrutura das cidades”, destaca Giovanni Savio, CEO da Planet e presidente da SG Desenvolvimento, empresa responsável pela startup. Mais do que um lançamento imobiliário, a smart city social é uma aposta em um novo tipo de arranjo social, com uma cultura colaborativa amadurecida. As inovações permitem compartilhamento de recursos, conexões entre quem oferece um serviço e quem necessita dele, acesso a espaços comuns de educação e lazer. Para isso, é necessário que os moradores encampem o conceito e o utilizem cotidianamente. “São dois níveis de integração: o primeiro deles é técnico e o segundo é humano. As pessoas precisam ter conhecimento dos serviços, do 56

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melhor uso da energia elétrica e da água, do transporte. Para isso, as plataformas digitais estarão presentes para informar e ajudar a gerir a vida comunitária”, afirma Savio. Para a gestão das informações, a empresa disponibiliza o Planet App. Todos os moradores podem baixar o aplicativo gratuitamente no seu smartphone, personalizar o seu perfil de acordo com as suas exigências: consultar dados, monitorar gastos, consumos e utilizar serviços (por exemplo: carros e bicicletas compartilhadas). Podem interagir com os demais moradores e manifestar opiniões a respeito dos serviços disponíveis. Expansão O investimento em São Gonçalo é de R$ 300 milhões, dos quais

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R$ 120 milhões são aplicados em infraestrutura tecnológica e o restante, nas habitações. O público-alvo é o consumidor final. No entanto, a empresa vê nesse modelo um piloto que poderá ser replicado em outras partes do mundo, passível de financiamento e incentivos pelos governos locais e órgãos de fomento. Além de projetos próprios, a empresa também criou um branch para licenciar suas soluções para outras construtoras, disponibilizando os parceiros, a tecnologia e o know-how adquirido. “Estamos traçando um percurso que amanhã poderá ser reproduzido em outros países. Temos a certeza de que nosso foco, aliando sustentabilidade e inclusão social, é um dos desafios para este século”, destaca o executivo italiano.


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O DESAFIO DAS CIDADES EFICIENTES

Renato de S. Meirelles

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oncentração urbana e êxodo rural são hábitos humanos. A história, desde a era das cavernas ou dos tempos bíblicos, registra essas migrações. Dos primeiros burgos, na formação dos estados europeus ocidentais, até o modelo atual, as cidades vivenciaram esse adensamento populacional, induzindo o correspondente desenvolvimento de suas infraestruturas. O crescimento populacional global exponencializa o surgimento de agrupamentos urbanos e, como consequência, a necessidade pela eficiência das correspondentes infraestruturas. Entre a Pré-História e a Idade Antiga, um milhão de anos, a população mundial alcançou 250 milhões de pessoas. Foram necessários 1.500 anos, descobrimento do Brasil, para dobrarmos a 500 milhões de habitantes. Em outros 300 dobramos e chegamos ao primeiro bilhão. No início do século 20, 100 anos depois, fomos a 2 bilhões. No final da década de 1970, 50 anos mais tarde, já 58

éramos 4 bilhões. Em 2010, com 7 bilhões, vislumbramos claramente que nos seguintes 40 anos passaremos a quase 10 bilhões de pessoas e as manchas urbanas quase duplicarão, saindo de algo mais de 3 bilhões para 6,3 bilhões em 2050. Em termos de infraestruturas urbanas, o que a humanidade construiu nos últimos 4 mil anos deverá duplicar em 40 anos, equivalente a um século por ano! Esse é o desafio! Enquanto a área ocupada pelas cidades crescerá pouco mais de 0,1%, de 2% a 2,1% da superfície global, comprovando o fator adensamento, o consumo de energia nas metrópoles passará de 75% para 80% do total produzido no planeta. Enfrentaremos desafios também no campo da sustentabilidade, no qual a emissão de gás carbônico passará dos atuais 80% para 90% do total global produzido. O Brasil definiu seu perfil urbano/rural em pouco mais de 30 anos. O Japão levou mais de 100. Nossa demografia cresceu rápido demais, com claros déficits em infraestruturas e serviços. Em 2010 éramos 170 milhões de pessoas nas cidades, 87% da popu-

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lação. Em 2050 seremos 204 milhões ou 94% dos brasileiros. Temos o maior adensamento urbano das dez maiores economias globais. E manteremos a posição nos próximos 40 anos. Na China, 300 milhões – um país como os Estados Unidos inteiro – migrarão de áreas rurais para as pólis em 15 anos. É preciso dobrar a capacidade urbana global com eficiência, pois a ela se resume o debate das chamadas cidades inteligentes. Afinal, para o que serve a inteligência de uma cidade se não para prover serviços e infraestrutura com eficiência? O conceito de cidades eficientes se apoia no tripé habitabilidade, eficiência e sustentabilidade, que orbita sobre centro de gestão, inteligência e controle. A dinâmica envolve governança baseada em inovação tecnológica, conectividade e participação dos cidadãos. Moradia eficiente é viver perto do trabalho, das ofertas de lazer e consumo, com pouco uso de energia. As infraestruturas articulam eficiência de conectividade com hospitais;


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Renato de Souza Meirelles, engenheiro civil com especializações em Administração e Economia na FGV e New York University, é presidente da CAF – Construciones Auxiliares de Ferrocarriles, no Brasil.

escolas; fornecimento de energia e gás; telecomunicações; captação, tratamento e distribuição de água; abastecimento de alimentos; iluminação pública; coleta e tratamento de lixo e esgoto; escoamento das chuvas etc. Mobilidade é gestão integrada dos modais de transporte, dos sistemas troncais às suas capilaridades. Da complementaridade hierarquizada dos trens suburbanos, do metrô com o ônibus, com as vans, táxis, automóveis, motocicletas, bicicletas... A economia no século 21 precisa ser compatível com as manchas urbanas. A logística de abastecimento é determinante, a sustentabilidade, uma necessidade, todos visando a maiores ganhos sociais. O financiamento dessas infraes-

truturas precisa evoluir, aliando o público ao privado. Nesse sentido, o planejamento de longo prazo, não à mercê de governos, mas sim do Estado, com regramento jurídico sólido, que aporte estabilidade, controles eficientes e garantias necessárias são requisitos mínimos. A engenharia financeira junto a estruturas modernas e com maior participação popular, com debêntures negociadas em bolsas de valores, são exemplo dessa disseminação. O déficit de infraestruturas, no Brasil, alcança cifras trilionárias e, para enfrentá-lo, a combinação de esforços públicos e privados é imprescindível. Precisamos implementar sistemas troncais como metrôs, trens ou VLTs nas 27 capitais ou nas mais de 40 cidades com mais de 500 mil habi-

tantes. São Paulo, a cidade com maior malha metroferroviária do Brasil, oferece 12 vezes menos quilômetros por habitantes de metrôs que uma cidade como Madrid. Nortear o atendimento do deslocamento entre esses agrupamentos também é tarefa essencial. No Brasil, até a década de 1970, 80% do deslocamento de pessoas entre cidades se dava por meios ferroviários, hoje é praticamente zero. Resgatar os trens de passageiros entre cidades é inadiável. O colapso rodoviário é eminente. As cidades e seus conjuntos metropolitanos precisam evoluir à eficiência, com o uso da inteligência na busca incessante pela qualidade de vida e inclusão social, proporcionando harmonia e dignidade a todos. 59


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#NOFILTER

As redes sociais e a imagem do homem público Junto com a popularidade e a tentativa de mostrar a “transparência” na gestão, é preciso estar preparado para a interação sem filtro da população e para as consequentes cobranças.

por Fernanda Maria Romagnoli*

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primeira vez que a expressão “redes sociais” surgiu foi em 1950, no estudo do antropólogo britânico John Barnes sobre as comunidades de uma ilha da Noruega. Barnes queria compreender como as pessoas interagiam entre elas, os motivos, as formas de convívio, os tipos de contato. É importante trazer esse dado histórico para que se compreenda que as redes sociais são concretas, ainda que alguns insistam na ingênua separação entre o que é real e o que é virtual ou digital, atribuindo uma efêmera e superficial condição aos posts ou a quem participa das redes sociais digitais. As redes sociais apareceram na comunicação organizacional eletrônica na forma de listas de ramais, depois listas de e-mails, tele e videoconferências, blogs corporativos e, com isso, a análise de dados provenientes da institucionalização da chamada rádio-corredor. Dessa forma, era possível

empreender mais facilmente a gestão participativa, permitindo a todos os níveis de uma empresa a participação nos processos de tomada de decisão, bem como de compartilhamento de estratégias – com os devidos cortes por nível. Por outro lado, mais fácil exercer controle. A formação da comunidade empresarial compreendia não só seus colaboradores, mas consumidores, fornecedores e famílias dos colaboradores. Tudo parte do inbound marketing, coisa que só é nova em nome, já que Kotler trata desse tema em um de seus livros de 1999. E é com essa lógica empresarial da comunidade constituinte e constituidora que rodeia a marca que a internet foi se desenvolvendo também em clusters. Desde que Barak Obama apareceu nos lares e empresas norte-americanas através das redes sociais (e onde mais fosse possível) com o seu “Yes, we can”, a relação entre a população e a gestão pública personificada pela figura de quem ocupa o posto máximo de

uma nação, Estado ou município vêm se aprofundando nessa lógica de “grupo cujos membros possuem interesses e objetivos comuns”. E se a origem etimológica da palavra “política” trata da “ciência dos negócios do Estado”, a combinação soa perfeita. Antes, o contato da gestão pública com a população era praticamente unilateral, hierarquizado, com o sempre presente filtro da assessoria de imprensa. Media training? Para falar em televisão e coletivas, cuidar da linguagem corporal. As reações em coletivas eram imediatas, porém, controladas, já que possuem número limitado de pessoas e estas com viés editoriais de tratamento e compartilhamento. Atualmente, o próprio cliente da assessoria de imprensa é responsável pela sua comunicação institucional e também propaganda, mostrando em posts, imagens e cada vez mais em “lives” a vida como ela é – ou deveria ser, segundo sua própria lente, é claro. É importante ressaltar que as redes sociais digitais proporcionam 61


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Desde que Barak Obama apareceu nos lares e empresas norte-americanas através das redes sociais (e onde mais fosse possível) com o seu “Yes, we can”, a relação entre a população e a gestão pública personificada pela figura de quem ocupa o posto máximo de uma nação, Estado ou município vêm se aprofundando nessa lógica de “grupo cujos membros possuem interesses e objetivos comuns”. E se a origem etimológica da palavra “política” trata da “ciência dos negócios do Estado”, a combinação soa perfeita.

um novo nível de troca entre gestão pública e seus cidadãos, pois oferecem a estes últimos justamente o exercício da cidadania, com suas novas formas de engajamento e participação política. É uma linha horizontal e não hierarquizada de comunicação. Nas redes sociais, cargos deixam de importar para dar força às palavras, ditas ou escritas. Ainda que não se saiba direito o que fazer com toda a informação registrada e gerada através de reações instantâneas a posts feitos nas redes sociais, a “ciência dos negócios do Estado” é imediata. Aí é que está. A dinâmica é outra. O gestor público pode pautar o que lhe convier nas redes sociais, 62

mas não tem controle sobre o que vai retornar. A matriz da comunicação proposta lá no final da década de 1940 por Shannon e Weaver é a reificação do ato de comunicar: há um emissor, um sinal, um receptor. Porém, deve-se considerar que entre o sinal emitido e o sinal recebido há ruídos, e estes podem transformar a mensagem para o receptor. Os ruídos nascem do contexto, das palavras, da entonação, das imagens, da bagagem cultural do receptor. Na ânsia de obter o sucesso alcançado por um dos pioneiros dessa dinâmica, os gestores públicos atuais tentam “obamizar” suas postagens, no intuito de lacrar, mitar, viralizar e outros neologismos digitais. Acontece

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que quem dá legitimidade ao post não é quem posta e sim quem lê e interage com o post. Frases de efeito podem ser criadas pelos melhores publicitários, situações, promessas e novos posts, lives, quizzes e o que mais se quiser usar provenientes da análise de resultados de Big Data. Tudo isso só terá legitimidade e força se o público entender aquilo como verdadeiro, original, pertinente. Atualmente, no Brasil, temos gestores públicos preferidos da internet, milhares de seguidores e alto engajamento (segundo os conceitos de social inteligence). Eles estão ou estarão no auge até que suas falas não façam mais sentido para o público. Fácil de acontecer em termos


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A superficialidade das relações existente nas redes sociais está rapidamente dando lugar à cultura de convergência cidadã e senso de comunidade em praticamente todas as esferas. As barreiras entre público e privado estão se dissolvendo.

de gestão pública no Brasil, onde as promessas de campanhas não são cobradas (ainda) como atributos de um produto. Isto é, no mundo empresarial, se um produto vende e não entrega um atributo prometido, pode ser denunciado por propaganda enganosa. Sai de circulação o anúncio, notas explicativas são emitidas pelas empresas e várias outras ações são geralmente tomadas para que não se perca a confiança do cliente. O que acontece na gestão pública ainda está engatinhando em termos de cobranças. Porém, é bom que os marqueteiros digitais atuantes no setor considerem que o potencial de mobilização a partir de um post vem aumentando exponencialmente. A

superficialidade das relações existente nas redes sociais está rapidamente dando lugar à cultura de convergência cidadã e senso de comunidade em praticamente todas as esferas. As barreiras entre público e privado estão se dissolvendo. Com isso, a lógica empresarial adotada pela gestão pública de proporcionar a “gestão participativa” aos cidadãos não poderá ser baseada somente no discurso, mas terá de tomar o lugar da prática. Se o gestor público quer ser um showman/woman das redes sociais, terá de realmente preocupar-se em prestar um serviço à população e não somente à sua popularidade. Caso contrário, a cobrança será cada vez mais forte.

Alguns prefeitos brasileiros recém-eleitos já são os preferidos das redes sociais, mas em tão pouco tempo já começam a experimentar os reveses de ficar só no âmbito das palavras, sem o cumprimento de promessas bases de suas campanhas de candidatura. Ainda não é possível prever as consequências, mas elas virão e podem não ser tão belas. Podem ser imagens que impossibilitarão o uso de artifícios de edição e tratamento. É o mundo real, sem filtros. * Fernanda Maria Romagnoli é administradora, profissional de marketing e comunicação, mestre em administração e pesquisadora de redes sociais e organizações. 63


DO CADASTRO TERRITORIAL MULTIFINALITÁRIO à Cidade Inteligente

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rones, geoprocessamento, inteligência artificial e modernos sistemas de informações geográficas proporcionam expressivo aumento da arrecadação municipal, com justiça fiscal e social, e ainda abastecem os mais diversos setores da administração pública com informações precisas, ágeis, atualizadas e confiáveis para a formulação de melhores políticas públicas. Quem não mede não gerencia! Hoje, mais do que nunca, os municípios precisam de informações rápidas e seguras para superar os desafios do desenvolvimento urbano sustentável. Com recursos físicos e financeiros cada vez mais escassos, as cidades precisam se reinventar, fazendo mais com menos. Felizmente, muitas novas tecnologias, de baixo custo, chegaram para facilitar a vida das cidades brasileiras. 64

Drones para fiscalização cadastral urbana Antes da regulamentação dos drones no Brasil, era muito caro, propenso a erros e demorado atualizar o Cadastro Técnico Municipal, para, por exemplo, avaliar o valor venal dos imóveis e, consequentemente, calcular os tributos imobiliários, como de IPTU, ITBI e ITR. Muitos cidadãos deixavam de regularizar obras de construção civil e alterações em seus imóveis simplesmente porque não havia uma fiscalização eficiente. Essa situação fazia com que os municípios deixassem de arrecadar muitos recursos vitais para a cidade, que poderiam ser utilizados para melhorar a vida de todos os seus habitantes. Inovação nacional Instalada no Parque de Software de

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Curitiba, a startup Smart Matrix foi criada a partir de uma empresa que já atuava há 20 anos no segmento de metrologia industrial e fotogrametria. Essa empresa desenvolveu uma técnica de atualização cadastral quase 100% automática, que utiliza imagens de alta resolução obtidas por drones para gerar, com algoritmos de inteligência artificial e técnicas de realidade virtual, mais de 30 camadas de informações vetorizadas em quatro dimensões, que representam análises precisas acerca da evolução da cidade no tempo e no espaço 3D. Qualidade e capacidade de atendimento Antes de essa plataforma inédita ficar pronta, no início de 2017, a criação e atualização dos cadastros ter-


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SERVIÇOS PARA O SETOR PÚBLICO

O custo dos serviços e o modelo de negócios da empresa são também bastante enxutos e atraentes para municípios de todos os tamanhos. Os municípios podem contratar a criação e atualização do Cadastro Territorial Multifinalitário através de três fases independentes: ritoriais tinha que ser realizada por meio de imagens aéreas, por satélite, ou mesmo através de visitas em domicílio. Depois que os dados brutos eram coletados, havia um laborioso trabalho analítico de escritório para transformar as imagens e os dados métricos em uma Planta de Valores Imobiliários, que é, essencialmente, um tipo de cartografia que utiliza vetores para representar as distâncias, áreas, volumes e a localização de cada parcela de interesse no território municipal. Com a plataforma Smart Matrix GIS-4D, todas as três etapas são realizadas rapidamente e de maneira sistemática. A coleta de imagens com drones de uma cidade como Curitiba, que tem cerca de 400 km2, pode ser realizada em apenas 20

dias úteis, usando uma resolução fotográfica que vai desde 0,5 cm até 5 cm por pixel, o que significa até mil vezes melhor do que imagens de satélite. A restituição/vetorização dessas imagens ocorre com ajuda de um software exclusivo, que resulta em um trabalho muito mais rico, preciso, rápido e confiável. O produto final desse trabalho é a cidade sendo visitada de qualquer lugar em realidade virtual, camada por camada, centímetro a centímetro, onde se pode visualizar em 3D as ruas, calçadas, muros, edificações, árvores, sinalizações, mobiliário urbano, rede elétrica, problemas urbanos, riscos ambientais etc. A Smart Matrix está pronta para mapear e fornecer dados abertos e inteligência geográfica para as cidades não apenas do Brasil.

»»Imageamento Territorial de Alta Resolução: é cobrado por km2 e pode ser feito por empresas que operam drones localmente. »»Sistema de Informações Geográficas licenciado como serviços (SaaS): oferecido pela empresa desenvolvedora ou por empresas e instituições integradoras em todo o território nacional. »»Cartografia Temática Multifinalitária: contempla informações analíticas, interpretadas e prontas para uso pelas secretarias de governo e todos os órgãos da gestão municipal, acerca do território municipal, constituindo mais de 30 camadas de dados, no assim chamado Geo Big Data Municipal. 65


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BRIEFING

Iniciativas, lançamentos e soluções que estão transformando as cidades

CPqD entra para o seleto grupo da ELAN Network

E-SUS regulamenta estoque farmacêutico »»Um grupo de cinco amantes da tecnologia criou uma plataforma que permite “prever” o fim do estoque de medicamentos em Unidades de Saúde da cidade de São Paulo, por meio de um “mapa de calor”, uma espécie de painel online que aponta o percentual de remédios que não serão suficientes para atender à população pelos próximos 30 ou até mesmo 90 dias. A solução surgiu na Hackathon da Saúde, competição promovida pela Secretaria de Saúde da cidade de São Paulo. Através de uma tecnologia de big data são feitas análises e segmentação desses dados, que fornecem um indicador preciso do percentual de remédios com estoque limitado e suas respectivas localizações, permitindo ao gestor programar a reposição do lote. O E-SUS é totalmente modular e pode ser adaptado e estendido a outras áreas da gestão pública, a qualquer momento, de acordo com as necessidades.

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»»O CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações) acaba de ingressar no seleto grupo de membros do programa ELAN – European and Latin American Technology based Business Network. O projeto é uma iniciativa da União Europeia que tem como objetivo estimular o ecossistema de inovação aberta entre os dois continentes, por meio da criação de uma rede internacional de parceiros englobando a indústria, instituições de pesquisa e desenvolvimento, investidores, incubadoras e agências de fomento. A ideia é oferecer um espaço para a colaboração e o desenvolvimento de tecnologias inovadoras com base em oportunidades de negócios entre a Europa e a América Latina.


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ESCOLAS CONECTADAS

»»O Governo Federal anunciou que cerca de 22,4 mil escolas públicas brasileiras terão acesso gratuito à internet banda larga de qualidade até 2018. A meta é universalizar o acesso das escolas a ferramentas de plataformas digitais até 2022. A globalização do serviço será resultado de uma parceria entre o Ministério da Educação e o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). O projeto de inclusão digital em educação atende a uma das recomendações do grupo de trabalho da CDES, que definiu diretrizes para a educação no país.

SOLUÇÕES DE MOBILIDADE

»»A Alstom lançou duas soluções, desenvolvidas pela Metrolab, que melhorarão as viagens de passageiros em redes de transporte urbano: Optimet OrbanMap, um sistema de informação dinâmica em tempo real oferecido a passageiros em estações de metrô, e Optimet Real-Time Train Occupancy, uma solução que garantirá um fluxo mais suave de passageiros nas plataformas. O Optimet OrbanMap permite a visualização imediata da rede de metrô, sua atividade, posição, tempos de viagem, interrupções de serviço e o nível de conforto a bordo dos trens. O Optimet Real-Time Train Occupancy mostra o nível de ocupação por carro por meio de uma fita LED colorida (vermelha, laranja ou verde) localizada acima das portas de segurança e estendendo-se por toda a plataforma, além de monitores nas vias de circulação e/ou elevadores da estação. 67


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ECOPONTO MINIMIZA DESCARTE IRREGULAR DE LIXO

»»Sabe quando você anda por um bairro e precisa ficar desviando de montes de caliça gerados durante construções e reformas? A cidade de Maceió (AL) resolveu o problema de forma simples e barata. Moradores da parte baixa de Maceió contam com um Ecoponto para receber resíduos de construção civil, poda e material volumoso. Mantido pela Superintendência de Limpeza Urbana de Maceió (Slum), o equipamento minimiza o descarte inadequado em vias públicas e terrenos. O Ecoponto foi instalado em uma área onde havia muitos pontos de lixo e uma constante reclamação da população, e funciona de segunda a sábado, das 6 às 18 horas. Na instalação, uma rampa de acesso facilita o descarte de resíduos que chegam em carrinhos, carroças e pequenos utilitários e são despejados em três grandes caixas estacionárias, cada uma com capacidade para armazenar até 17 toneladas de material. A substituição das caixas cheias é feita diariamente. Um caminhão coletor leva as cheias para o Aterro Sanitário de Maceió e deixa novas caixas vazias no local.

Oracle Startup Cloud Accelerator »»A Oracle lançou em São Paulo mais uma sede de seu programa global de aceleração de startups, o Oracle Startup Cloud Accelerator. A cidade sediará a iniciativa no Brasil e poderá receber inscrições de empreendedores de todo o país interessados em acelerar seus projetos. Além da capital paulista, o programa inclui outras sete cidades: Bangalore, Bristol (UK), Delhi-NCR, Mumbai, Paris, Singapura e Tel Aviv.

BNDES aprova financiamento para energia solar Veículo que roda em ruas e ciclovias »»Não importa se é com carro, trem, avião ou bicicleta, o volume de tráfego nos centros urbanos continua aumentando e está mudando a forma de como as pessoas se movimentam. Ao mesmo tempo, o desejo de mobilidade livre de emissão está fazendo com que a política seja repensada e traz novas soluções de mobilidade individual nos centros urbanos. Com base nisso, a alemã Schaeffler, fornecedora de peças para a indústria automotiva, também trabalha com novas soluções de mobilidade. A companhia analisou áreas de aplicação e exigências futuras para formas individuais de mobilidade de acordo com seu conceito estratégico “Mobilidade para o amanhã”. O resultado: o Bio-Híbrido. Com o Bio-Híbrido, a empresa apresentou um conceito inovador de micromobilidade durante o congresso Auto Motor und Sport. É semelhante a uma bicicleta, mas sem as desvantagens em termos de proteção contra as intempéries e espaço para armazenagem. Graças ao sistema de acionamento Pedelec, com uma restrição de 25 km/h, o Bio-Híbrido pode ser operado sem carteira de motorista e também pode ser utilizado em ciclovias. 68

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»»O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento de R$ 529,039 milhões para implantação do Complexo Solar Pirapora, em Minas Gerais, com cinco usinas fotovoltaicas e potência instalada total de 150 megawatts (MW) e potência fotovoltaica instalada de 191 megawatts picos (MWp). O Complexo Solar Pirapora é o primeiro projeto de geração de energia solar financiado pelo BNDES. O Brasil dispõe de amplo espaço territorial e intensidade de irradiação solar superior a diversos países que criam potencial expressivo para a geração solar. Como o setor está em estágio inicial de difusão tecnológica, precisa incorporar avanços em redução de custos e preços, bem como em ganhos de rendimento.


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PHILIPS BUSCA PPP PARA ADMINISTRAR HOSPITAIS

»» A holandesa Philips, referência em lâmpadas, eletrodomésticos e energia – além de atuante na área médica –, está prospectando negócios na área de hospitais. A empresa está buscando PPPs (Parcerias Público-Privadas) para administrar instituições públicas. A empresa já tem um consórcio em operação na Bahia, onde dirige um hospital público em parceria com empresas de diagnóstico. O contrato foi firmado em 2015, com prazo de 11 anos. A área de saúde é considerada estratégica para a Philips no Brasil. Recentemente, a empresa inaugurou uma fábrica de equipamentos médicos (raios x, ressonância magnética, tomografia e ultrassom) em Varginha (MG), em parceria com a Walita. Cerca de 60% da produção é destinada ao mercado nacional e o restante, exportado para a América Latina e o Oriente Médio.

Matthias Mueller, CEO da Volks, apresenta o Cedric: carro deverá ser usado em projetos de compartilhamento: uma espécie de Uber sem motorista. (Foto:divulgação).

VOLKSWAGEN APRESENTA SEU PRIMEIRO CARRO AUTÔNOMO

»»A Volkswagen apresentou no Salão de Genebra, na Suíça, seu primeiro veículo autônomo. A proposta é de mobilidade baseada em condução autônoma plena de nível 5 de automação. A ideia por trás do projeto é mostrar o futuro sem a necessidade de um motorista. O veículo, batizado de Sedric, é totalmente independente do ser humano. Ele deverá ser usado como veículo compartilhado – uma espécie de Uber sem motorista. Atenderá a chamadas e chegará já sabendo das condições do passageiro; por exemplo, se for uma pessoa com deficiência visual ou dificuldades de locomoção. Ele terá indicativos luminosos e sonoros para orientação do cliente.

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TECNOLOGIAS SOCIAIS NO AMAZONAS

Revolução Pernambucana »»A Fundação Biblioteca Nacional lançou recentemente a exposição “Pernambuco 1817 – A Revolução”, sobre os 200 anos da Revolução Pernambucana. A revolução de 1817 é considerada precursora da independência conquistada em 1822. A Fundação Biblioteca Nacional dispõe da mais completa coleção de livros, mapas, manuscritos e documentos iconográficos referentes a esse importante levante e mostra ao público, pela primeira vez, parte desse acervo. A Fundação fica no centro do Rio de Janeiro e a exposição vai até 15 de agosto, com entrada franca.

»»Mais de 2.700 famílias rurais e ribeirinhas dos municípios amazonenses de Borba, Nova Olinda e Itacoatiara vão ser beneficiadas por três projetos de tecnologia social nas áreas de saneamento básico, tratamento de água e saúde. A iniciativa é uma parceria entre o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis) e a Fundação Banco do Brasil (BB). As tecnologias sociais são metodologias ou soluções desenvolvidas junto com as comunidades, aliando os saberes populares e científicos para um determinado problema social. As crianças são o foco principal do projeto, uma vez que é crítica a situação de desenvolvimento da primeira infância nessas localidades. O Projeto Tecnologias Sociais no Amazonas conta com o apoio da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e da Secretaria de Estado de Saúde e vai trabalhar ações no combate à anemia, purificação da água e construção de banheiros ecológicos. A ideia é que a iniciativa também seja levada para outros municípios e Estados após serem obtidos os resultados nas cidades amazonenses. O Banco de Tecnologias do BB reúne 850 projetos que podem ser livremente aplicados e acessados por meio do site.

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MUSEU DO AMANHÃ RECEBE PRÊMIO POR CONSTRUÇÃO VERDE MAIS INOVADORA

»»O Museu do Amanhã venceu o prêmio internacional MIPIM, na categoria “Construção Verde Mais Inovadora”. Marco da revitalização da Região Portuária do Rio de Janeiro, o museu tem, entre seus diferenciais, a tecnologia empregada na captação da energia solar e o uso das águas geladas do fundo da Baía de Guanabara no sistema de ar condicionado. Os vencedores da edição 2017 da premiação foram anunciados em cerimônia em Cannes, na França. »»“Arquitetura e conteúdo, localização no espaço urbano e integração com meio ambiente, tudo neste museu converge para um despertar de consciência sobre como as escolhas feitas hoje, por cada um de nós, impactam num Amanhã comum”, disse Hugo Barreto, secretário-geral da Fundação Roberto Marinho, instituição responsável pela concepção do Museu do Amanhã. Criado em 1991, o Prêmio MIPIM é uma competição internacional que seleciona os mais notáveis projetos já construídos ou em fase de construção em todo o mundo.

Xingu Conectado »»A região do Xingu (PA) vai receber 200 quilômetros de fibra óptica para levar internet banda larga para 12 municípios, beneficiando 600 mil pessoas. As obras do Projeto Xingu Conectado foram apresentadas aos prefeitos da região e vão custar R$ 14 milhões e beneficiar a população dos municípios de Altamira, Anapu, Brasil Novo, Gurupá, Medicilândia, Pacajá, Placas, Porto de Moz, Senador José Porfírio, Uruará, Vitória do Xingu e São Félix do Xingu. O projeto é uma ação conjunta entre Governo Federal, Telebras, Governo do Pará e Empresa de Processamento de Dados do Pará (Prodepa).

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CULTURA * GADGETS * LAZER * GASTRONOMIA * ARTE * MODA * TENDÊNCIAS * VIAGENS * DESIGN * CONFORTO

Viña Vik: A harmonia entre design e a natureza no Chile Pág.

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Gadgests: Dispositivos inteligentes que revolucionam o dia a dia Pág.

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VIÑA VIK:

design futurista, arte e vinho no Chile

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Mais do que um espetáculo de design, o lugar é um lindo refúgio para os amantes do vinho e das artes. (Foto: divulgação). 77


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berta em outubro de 2014 no Vale de Millahue, Chile (duas horas de Santiago), a Viña Vik é um projeto do arquiteto uruguaio Marcelo Daglio, em parceria com os proprietários, o multiempresário Alexander Vik e sua esposa, Carrie Vik. Com teto de titânio bronzeado, o prédio futurista exibe piscina de borda infinita e 22 suítes – e banheiros – decorados individualmente com obras de arte, em sua maioria de artistas chilenos, entre eles Sebastián Valenzuela, Francisco Uzabeaga e Pablo Montealegre. Arte e design preenchem os espaços interiores: mobiliário, murais 78

e instalações, esculturas e pinturas. Num plano inferior, a piscina de borda infinita de ardósia parece se estender ao longo dos vales e lagos, oferecendo a sensação de estar nadando sobre o vale. Gastronomia A gastronomia na Viña Vik resgata o terroir chileno, privilegiando os pescados frescos do Pacífico, o salmão chileno, boas carnes – grande parte é defumada ali mesmo – e ingredientes trazidos de produtores da região, além de pães caseiros e doces preparados artesanalmente. Pratos variados, e até mesmo a tradicional

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parilla sul-americana, são acompanhados, é claro, do excepcional vinho Vik – produzido e engarrafado na propriedade – e podem ser servidos na sala de jantar ou no terraço com vista para as colinas cobertas pelas vinhas. Atividades De degustações acompanhadas por especialistas na bodega Vik aos passeios de bicicleta pelos vinhedos, cavalgadas e até voos de balão, as atividades de lazer na Viña Vik agradam a visitantes de todos os perfis. Salão de jogos, fitness center, sauna e um spa especializado em tratamentos à


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Degustações, spa com tratamentos à base de vinho e passeios em contato com a natureza são algumas das atrações do hotel que fica a duas horas de Santiago. (Fotos: divulgação).

base das propriedades nutricionais do vinho complementam a experiência. Vinícola Vik O empresário norueguês Alexander Vik, com negócios em vários países, decidiu produzir uma marca de vinho de qualidade na América do Sul e, após testes geológicos e uma conclusão positiva, foi escolhida a propriedade de 4.300 hectares no Vale de Millahue. Com a produção iniciada em 2006, a bodega da Viña Vik é uma construção em estilo futurista em arco precedido por um espelho d’água pontilhado com ro-

chas de granito da região, assinada pelo arquiteto chileno Smiljan Radic. A primeira safra aconteceu em 2009, desde então, produzindo um único tipo de vinho: um blend de Caménère, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Syrah. No interior da vinícola ficam as cubas de fermentação, as adegas de garrafas, os 1.600 barris de carvalho francês novos e uma prática de produção sustentável que faz uso da energia solar e reaproveita água da chuva – armazenada em um lago – para irrigar os 400 hectares de vinhedos. Ali, o conjunto vitivinícola se baseia num conceito holístico

de sinergia entre a terra, o homem, o clima e a alta tecnologia. O Chile vinícola, aliás, vive uma nova fase das viñas boutique, marcada por vinhos produzidos de forma artesanal, elaborados com leveduras naturais, unindo novas e antigas maneiras de fazer vinhos. Entre os enólogos-chefes escolhidos para capitanear o projeto estão os franceses Patrick Valette (Saint-Émillion, Bordeaux; trabalhou na Châteaux Pavie e na Principal, do Vale do Maipo) e o chileno Cristián Vallejo, equipe que tem tido como objetivo de levar os vinhos Vik ao panteão dos melhores do mundo. 79


L I F E

S T Y L E

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N O T A S

Muito mais que apenas um frasco »»A relojoaria suíça Urwerk, famosa por seus ultracomplicados cronógrafos, uniu-se à destilaria escocesa de single malts The Macallan e, juntas, criaram uma solução com tecnologia e design. O porta-uísque com exterior de alumínio e recipientes em titânio podem receber uma dupla de single malts, e um conjunto de rolagem rastreia e indica o tipo de madeira usado no barril e a idade da bebida. No exterior, dobradiças se abrem e deixam a peça em pé. Basta uma leve torção no bocal para escolher de qual compartilhamento sairá a bebida. Foram fabricadas apenas 500 unidades.

ESCUTA ATÉ PENSAMENTO

»»Um dos maiores problemas da GoPro parece estar com os dias contados. O microfone MKe2 foi criado para solucionar a péssima captação de áudio, uma das principais queixas dos usuários. A alemã Sennheiser é conhecida como uma das empresas mais respeitadas quando o assunto é áudio e, em parceria com a GoPro, desenvolveram uma solução que está chegando no mercado americano. Ainda não há previsão de chegada no Brasil.

Bateria carregada em 5 minutos Essa é a promessa da nova bateria para smartphone que recarrega em 5 minutos e está para chegar no mercado em 2018. A bateria foi desenvolvida pela startup israelense StoreDot e está em fase de testes com fabricantes asiáticos. Ainda não foram divulgadas as marcas que vão apostar na tecnologia que contém materiais que permitem reações “não tradicionais” e uma transferência inusitadamente rápida de íons de um ânodo para um cátodo, o processo elétrico que carrega uma bateria.

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R E V I S TA S M A R T C I T Y B U S I N E S S

DRONE DOBRÁVEL QUE FILMA EM 4K

Tanto os amadores como os profissionais da área de vídeo agora podem contar com o Mavic Pro da DJI. O drone, além de dobrável, é portátil, tem cerca de 740 gramas e cabe facilmente dentro de uma mochila. O dispositivo tem cinco câmeras, sendo que a principal faz filmagens em 4k e tem estabilização. Além disso, pode chegar a velocidades de até 65 quilômetros por hora e captar imagens com nitidez.

Montblanc Summit

Jaqueta inteligente A Google e a tradicional marca de roupas Levi’s apresentaram no South by Southwest (SXSW), festival de tecnologia em Austin, nos Estados Unidos, a jaqueta jeans inteligente. A peça é uma mostra do que tecidos conectados podem representar para o futuro dos dispositivos vestíveis. A jaqueta, chamada de Commuter, foi pensada em quem pedala para ir trabalhar – ela traz a tecnologia na manga. A ideia é simples: as fibras da jaqueta são conectadas, de forma que permitem a seus usuários atender ligações, receber direções ou até mesmo conferir as horas, apenas dando pequenos toques nas mangas. Com esses pequenos gestos, a jaqueta é capaz de enviar as informações necessárias para o fone de ouvido do usuário, de forma que ele possa manter seus olhos na estrada sem precisar olhar para uma tela. Há previsão de chegar às lojas no final de 2017 e deve custar em torno de 350 dólares

Na onda dos gadgets, a marca suíça de luxo Montblanc entrou na briga dos relógios inteligentes e, em parceria com a Google, lançou o Montblanc Summit, com sistema operacional Android e que pode chegar a 15 mil euros. Jérôme Lambert, presidente executivo da Montblanc International, acredita que o item abre uma “nova era” para os produtos de luxo. O desafio foi incorporar tecnologia e dar a sensação de um relógio real no pulso. Para isso, o mostrador do relógio é coberto por um cristal de safira ligeiramente curvo. Outra preocupação foi a de manter a identidade do relógio. O modelo foi inspirado na tradicional coleção 1858, com uma caixa de 46 mm.

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A R T I G O MÁRCIO RUIZ SCHIAVO: VICE-PRESIDENTE DE ESTRATÉGIAS ISCBA, DR. EM COMUNICAÇÃO PELA UFRJ E PRESEIDENTE DA COMUNICARTE, AGÊNCIA DE RESPONSABILIDADE SOCIAL DESDE 1992.

ÉPOCA DE MUDANÇA OU MUDANÇA DE ÉPOCA? Mudanças ocorrem em todas as épocas, mas são poucas as mudanças de época. A Era do Gelo, a Idade da Pedra, o Renascimento, a Revolução Industrial, a Era Atômica, são exemplos de mudanças que influenciaram determinantemente um período. No caso, a época é a própria mudança, e não apenas um conjunto de fatos ocorridos entre duas datas

A

Era das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) é um desses momentos de mudanças que não só caracterizam uma época, mas são capazes de nominá-la. Não é um exagero afirmar que vivemos uma mudança de época. As Tecnologias de Informação e Comunicação alteram completamente a circulação de informações e o acesso ao conhecimento. De espectadores, as pessoas passam a protagonistas. De leitores, a produtores de conteúdo. É comum que crianças e adolescentes manejem celulares e tablets com conhecimento e destreza maiores do que seus pais e mesmo seus professores. E quem os ensinou? Ninguém. Simplesmente aprenderam. Essa é uma das diferenças substanciais da Era Digital: o autoaprendizado. Assegurar o acesso universal à era digital é tarefa dos poderes constituí82

Seria ingênuo acreditar que o Google não tem ideologia e seu compromisso restringe-se a informar com precisão fatos e conceitos, deixando para os usuários as interpretações.

dos e também das empresas, pelas inovações contínuas presentes em seus produtos e serviços. Já aprender e multiplicar o conhecimento é responsabilidade de cada um. É claro que a produção do conteúdo importa. Pode-se e deve-se disponibilizar formações e prever limites sobre o uso responsável das mídias sociais. No entanto, sempre haverá alternativas de escolhas e a decisão final sobre qual tecla pressionar é cada vez mais pessoal. Mas existe ainda um novo protagonista neste enredo: o tutor/educador das mídias sociais. Alguém alimenta o sistema que multiplicará as informações e dados recebidos. Em tempo de inteligência artificial, onde o “pai dos burros” é o Google, é fundamental perguntar: “Quem educa o Google?”. Quem alimenta a plataforma que é capaz de responder a qualquer pergunta que lhe é formulada? E, mais importante ainda, qual a ideologia e a intencionalidade das pessoas que produzem conteúdo para o Google, que, por sua vez, transmitirá as informações programadas para milhões de pessoas?

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Seria ingênuo acreditar que o Google não tem ideologia e seu compromisso restringe-se a informar com precisão fatos e conceitos, deixando para os usuários as interpretações. Daí surge a “pós-verdade” ou “hoax” que, para muitos, torna incontestável o que está na rede. Se não foi, passou a ser. Se não disse, passou como dito. E se foi dito, verdade torna-se. A inovação tecnológica tem que ter um compromisso ético indissociável com a inclusão e a equidade social. Inovar é incluir. E as TICs são as novas protagonistas desse processo. Na medida em que ganham escala, o custo da inovação cai e o acesso a seus benefícios é cada vez maior, para um número maior de pessoas. E a educação continua sendo a via natural para o exercício democrático. “É preciso educar o soberano.” E não falamos apenas da educação formal, mas também dos processos educacionais que estão além das salas de aula. As empresas conectadas e inovadoras devem cuidar de educar seus públicos. Afinal, todo negócio hoje deve trazer, em si mesmo, um propósito educativo.


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A R T I G O DARCI PIANA: PRESIDENTE DO SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PARANÁ

SMART CURITIBA

Referência em inovação e mobilidade O projeto Smart City Business encontrou em Curitiba a cidade ideal para o desenvolvimento de seus pressupostos. Com tradição na área de inovação, a capital paranaense tem as qualificações necessárias para implantar programas em consonância com os avançados conceitos da cidade inteligente

N

a área do planejamento urbano, incluindo o sistema de transporte coletivo, Curitiba já foi modelo para cidades como Bogotá, Nova York e São Paulo, entre outras. Conceitos como os ônibus expressos e articulados, canaletas exclusivas e estações-tubo fizeram com que a cidade se transformasse em referência mundial no final do século 20. Hoje, embora o sistema ainda funcione a contento, está evidente que necessita ser modernizado, atualizado com a tecnologia já em uso em cidades que evoluíram e nos ultrapassaram nesse quesito. Na área de tecnologia, o lançamento do Vale do Pinhão mostra o interesse do poder público em buscar alternativas para a instalação de empresas voltadas para a inovação em uma área central da cidade até então pouco ocupada em termos comerciais e residenciais. É a nossa versão do Vale do Silício, homenageando o símbolo da fertilidade paranaense, agora germinando ideias para o futuro sustentável. 84

O fundamental, como em qualquer projeto que envolva o poder público e a vida dos cidadãos, é unir o oficial e o privado. A falta de capacidade de investimento do setor público só permite que os projetos inovadores sejam concretizados em parceria com a iniciativa privada. Essa premissa é válida para temas de toda ordem, o que irá fazer uma cidade receber o selo de “colaborativa”. O cidadão do século 21 é um ser humano diferente de seus antepassados. Ele é filho da tecnologia, educado em um ambiente em que a comunicação se dá em tempo real. Assim, suas reivindicações também pedem respostas imediatas. Para esse novo Homo sapiens, a cidade nada mais é que um cenário tecnológico. Do momento em que acorda até aquele em que vai dormir, ele está conectado. Se o sistema de transportes não corresponder ao padrão de excelência de que ele se beneficia, a administração terá ali um opositor imediato. Sua crítica será gerada por WhatsApp, por Twitter ou pelo Face-

book. A multiplicação da mensagem pode ser exponencial. Não há limites para a amplitude virtual. O exemplo pode ser estendido ao sistema de educação e de saúde. Ao trânsito, à burocracia oficial, à segurança e à iluminação pública, aos serviços de água, luz, gás, televisão e internet. Tudo é tecnológico na cidade contemporânea. Há 20 anos a internet estava começando no país, ainda dependendo de conexões discadas. Os telefones celulares só serviam para fazer ligações, muitas não completadas, pelo grande volume de zonas de sombra. Hoje um celular também serve para falar. Mas talvez essa nem seja mais sua principal função. Nossa tarefa é dotar cidades do Hemisfério Sul com o acervo inovador já disponível no Hemisfério Norte. Trata-se de uma questão de equidade social, governança, transparência e sustentabilidade. Curitiba está conectada com essa imensa via virtual que faz com que uma cidade possa afirmar, sem medo de errar, ser uma verdadeira Smart City.

Para esse novo Homo sapiens, a cidade nada mais é que um cenário tecnológico. Do momento em que acorda até aquele em que vai dormir, ele está conectado. Se o sistema de transportes não corresponder ao padrão de excelência de que ele se beneficia, a administração terá ali um opositor imediato. Sua crítica será gerada por WhatsApp, por Twitter ou pelo Facebook. A multiplicação da mensagem pode ser exponencial. Não há limites para a amplitude virtual.

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Onde você quer chegar? Nós mostramos o caminho. t h e w a y c o m . c o m . b r CURITIBA | 41.3107-2020 R. Gen. Mario Tourinho, 1805. Lakeside Corporate, cj 701

SÃO PAULO | 11.2655-1731 Av. Chedid Jafet, 222. Torre D, 5º andar


A R T I G O OZIRES SILVA: CORONEL DA AERONÁUTICA, ENGENHEIRO FORMADO PELO ITA. FOI PRESIDENTE DA EMBRAER, PETROBRÁS E VARIG. ATUALMENTE É REITOR DA UNIMONTE

O SUCESSO está à sua espera! O século 21 torna-se cada vez mais complexo. As transformações têm ocorrido numa velocidade acelerada, fazendo com que aumentem os graus de insatisfações dos povos, que se mostram crescentes. Para os governos, a insatisfação é igualmente grande e os líderes governantes, apesar dos esforços, pouco conseguem fazer para responder às demandas dos cidadãos

O

s cursos das coisas são diferentes, assim como são diferentes os dias, a natureza, as pessoas, as cidades e os países. No entanto, nossos dirigentes, mesmo se renovando, procuram padronizar as soluções, como se todas as circunstâncias da vida fossem iguais e produzissem reações sob a mesma lógica. Não conseguindo resultados, dão explicações sempre alegando a falta de recursos financeiros, produtos das arrecadações tributárias, mais e mais pagas pela sociedade com crescente relutância. Desde a mais remota das civilizações, o sucesso consagrou a necessidade de transferir às pessoas duas palavras básicas em qualquer agrupamento de seres humanos ou de animais, ou seja, a liberdade e a independência. Tudo mais deriva desse sonho não realizado na maioria das nações, mesmo hoje, quando vivemos o fenômeno do desenvolvimento das comu86

nicações amplas, internacionais e instantâneas. As duas palavras produzem o milagre do sucesso que precisamos: a previsibilidade e a esperança. Essas duas condições são as bases para que possamos viver, prosperar e avançar. Vamos fazer um acordo entre nós! De um lado, o cidadão bombardeado por más notícias ao longo do dia. De outro lado, você, caro leitor, que olha para o nascer de um novo dia, colorido pelos raios do sol, e diz para si mesmo: “Bom dia, muito bom!”. Impelido por sua vontade de ser melhor, sorri para um novo dia e, dotado de uma disposição de trabalhar duramente para obter resultados, decide não acreditar que tudo em sua volta conspira contra seu sucesso! Surpresa! Vai constatar que tudo à sua volta começa a melhorar e você passa a entender que sua atitude perante a vida muda tudo! O cenário externo continua o mesmo, mas você mudou e lhe impôs um novo comportamento, diante das dificuldades que vai encontrar, da acirrada concorrên-

cia e da necessidade de aprimoramento constante, buscando fazer jus à competitividade crescente. Você vai perceber que sua energia espiritual melhorou e passa a influenciar o meio onde vive! Seja um Homem do Terceiro Milênio neste 2017, vendo no seu horizonte o que é bom, rejeitando o que pode não ajudar. Procure aprender sobre os avanços nos segmentos que lhe interessam, pois somente a informação e o conhecimento lhes trarão a sabedoria para acertar, crescer e progredir. Coloque o amor no que faz, lembrando que você pertence a uma sociedade e, queira ou não, ocupa um espaço. Que esse espaço seja positivo e de influência para o sucesso. Não perca tempo com críticas, ao contrário, gaste seu tempo na busca de soluções. Deixe de ser espectador e seja ator! Faça as coisas acontecerem! Ajude ao próximo! De uma forma simples e direta, busque com intensidade o novo e, também simplesmente, construa para você uma nova vida, cultivando a atitude de VENCEDOR!

Procure aprender sobre os avanços nos segmentos que lhe interessam, pois somente a informação e o conhecimento lhes trarão a sabedoria para acertar, crescer e progredir. Coloque o amor no que faz, lembrando que você pertence a uma sociedade e, queira ou não, ocupa um espaço.

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MOBILIDADE INTELIGENTE Itaipu investe em pesquisas e soluções de nova geração.

O Programa Mob-i, em parceria com o Parque Tecnológico Itaipu (PTI-BR) e o Centro de Engenharia e Inovação das Indústrias de Mobilidade (CEiiA), promove a pesquisa e desenvolvimento de tecnologias e modelos de negócios aplicados à mobilidade das pessoas nas cidade e nas empresas. E o Programa Veículo Elétrico, desenvolvido em colaboração com diversos parceiros, nacionais e internacionais, conduz a pesquisa e a montagem de vários tipos de veículos elétricos, incluindo um avião, na própria área da usina.

Para saber mais, acesse projetomob-i.com.br


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