Sinal Verde

Page 1

Confira o especial itajaí trade summit 2011 - Pág 68

Edição no 3 – Agosto/Setembro de 2011

Sinal verde

Veja as novas soluções que o mercado de logística e transporte traz para, além de neutralizar a imagem de poluidor, efetivamente preservar a natureza - Pág. 36



Como é bom poder dividir este momento com o leitor da revista Trade Summit, chegamos na nossa terceira edição e a cada revista que chega na sua mão, percebemos que estamos no caminho certo. Como um samurai que ao repetir uma atividade sempre tenta executá-la melhor do que havia feito antes. Ricardo Demasi A prova dessa dedicação é o avanço atingido, agora são 88 páginas, Diretor NetMarinha duas novas seções e um especial. Sem deixar de lado o compromisso em ser uma revista técnica e, ainda assim, interessante. O tema abordado nesta edição está presente na publicidade, no marketing, nas políticas governamentais ou econômicas. A partir daqui você verá como as grandes empresas do setor praticam o conceito “Sustentabilidade”. Partimos em buscam de opiniões de quem atua com boas ideias, investimentos em pesquisa e tecnologia com a intenção de preservar. Desvendamos, dentro da logística e transporte, o que está sendo feito para reduzir a emissão de gases e os cuidados com o meio ambiente, como as baleias Francas do Porto de Imbituba. Com a chegada do ITS 2011 - Itajaí Trade Summit, vimos a necessidade de um especial do evento, com depoimentos de velhos amigos, planta dos estandes com lista dos expositores e uma matéria dedicada a cidade e arredores. As novidades não acabam por aqui. Estreamos a seção de entrevista, em que escutamos a opinião do novo presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul. O quadro Perfil evoluiu para Summit View. Apresentamos uma coluna sobre moda e comportamento. E ainda a nova Mundo Corporativo, em que especialistas discutem as qualidades do trabalho. Boa leitura a todos!

EXPEDIENTE: Trade Summit revista bimestral, segmentada para o setor de logistica, transporte de cargas e comercio internacional é um produto da NetMarinha Soluções Empresariais Ltda :: DIREÇÃO: Ricardo Demasi, Diretor - ricardo@netmarinha.com.br, João Teixeira, Diretor - joao@netmarinha.com.br :: COMERCIAL: Roberta Godoy - roberta@netmarinha.com.br, Tomás Pomba - tomas@ netmarinha.com.br :: EDIÇÃO e DESIGN: Rodrigo Montanari - rodrigo@netmarinha.com.br 5441DRT-PR :: REPORTAGEM e EDIÇÃO: Leandro Almeida - leandro@netmarinha.com.br :: COLUNISTAS: Sérgio Barreto Motta - sergio@netmarinha.com.br, Willian Mac-Cormick Maron willian@netmarinha.com.br, Aparecido Rocha, arocha@netmarinha.com.br, Roberto Gayoso - roberto@netmarinha.com.br :: REDAÇÃO: Fernanda Fontoura (Florianópolis) - fernanda@netmarinha.com.br, Miriam Gasparin (Curitiba) - mirian@netmarinha.com.br, Fernanda Cunha (Brasília) - fcunha@netmarinha.com.br, Eulália Vasconcelos (Japão) :: WEB: Eduardo Villa - villa@netmarinha.com.br :: PROJETO GRÁFICO: AliensDesign - www.aliensdesign.com.br :: Impressão: Gráfica e Editora Posigraf S/A - www.posigraf.com.br :: NETMARINHA: Servidão José Cardoso de Oliveira, 380, Jurerê Internacional, Florianópolis, 88053 - 306 - Santa Catarina - Brasil Fone: +55 (48) 3321-0249 +55 (48) 3321-0248 Fax:(48) 3321-0245


ÍNDICE

business

capa

especial

PÁGINA 24

PÁGINA 36

PÁGINA 68

Vitrine

16

europe special report

58

seu direito

22

summit view

62

IMAGENS 32

pier 64

saúde 48

de tout un peu

84

asia special report

52

Mundo corporativo

86

seguros em foco

56

favor aplicar selo ^^fsc

4


agosto/setembro de 2011

5



E NÃO É SO PELO ESPORTE.

O Mundo da Logística , do Transporte de Cargas e do Comércio Internacional terá seu encontro anual, em novembro, no Rio de Janeiro. Brasil Trade Summit 2011. Um evento com estrutura voltada para promover o network, trocar experiências com profissionais qualificados, estimular negócios e fazer a diferença no planejamento e nas tomadas de decisão. Em dois dias, você realizará negócios que durarão o ano todo. Dias 10 e 11 de novembro, no Riocentro, o maior e mais completo centro de convenções da América Latina. Informações: marketing@netmarinha.com.br ou pelo telefone (48) 3321 0200.

Um cenário de grandes negócios • O maior evento do segmento no Brasil • Idealizado pela NetMarinha, que conta com mais de 30 anos de experiência no setor • Participação de grandes empresas nacionais e internacionais. • Palestras, fóruns e seminários com profissionais renomados do Brasil e do mundo.


Cartas Boa sorte para a TD

Antenado

Faço questão de parabenizar a nova revista, estávamos

Acompanho o site de vocês e reparei em melhoras

órfãos de uma boa publicação no setor e vocês

muito significativas, está muito mais atualizado e com

acertaram de mão cheia. A mistura eficiente de artigos

matérias próprias, fugindo dos clássicos releases,

relacionados a indústria e ao bem estar ficou perfeita.

parabéns. Vi que vocês estão reproduzindo a revista

Meus sinceros votos de sucesso neste novo empreendimento.

no site também. Achei bem interessante a coluna do Aparecido Rocha sobre as oportunidades na África.

Um grande abraço!

Atenciosamente,

Eduardo Liguori

Rubens Shimitz

Commercial & Projects Manager - Uniship International Freight Forwarders

Colega de profissão Gostaria de expressar os meus parabéns a toda a

Futuro do mercado

equipe da revista Trade Summit, vocês estão fazendo

Olá pessoal da Trade Summit. Sou estudante de

um grande trabalho. Como o próprio Ricardo Demasi

comércio exterior e gostei muito da matéria que

cita no seu editorial “uma revista técnica sem ser

explica sobre o BRICS, levei a revista pra sala de aula e

entediante”.

debatemos o assunto com o meu professor.

Parabéns,

Parabéns,

Rafael Rodrigues

Emerson Garcia

Editor da revista Moving Magazine

*

Sua colaboração é muito importante. cartas@netmarinha.com.br


Dudu Leal

preto no branco

“O Brasil leva vantagem” Sheila Meyer

O novo presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, Heitor José Müller, tem muitos argumentos ao expor as características do país a quem investe em agronegócios agosto/setembro de 2011

9


preto no branco

E

xperiente e responsável pelo crescimento da avicultura do estado gaúcho, Heitor iniciou trajetória industrial, na década de 70, como sócio-fundador do grupo Frangosul. Com a entrada de capital francês da empresa Doux, o cenário mudou e hoje a companhia é uma das maiores exportadoras do Brasil. Müller participou da criação, em 1990, da Agrogen S.A., na área de multiplicação de genética avícola, em que atualmente integra o conselho de administração. Nesse mesmo segmento de produção animal, no ano 2000, fundou a Novagro Granja Avícola S. A. É também sóciofundador da Deltapar Investimentos S. A., holding fundada em 2002 e que já adquiriu uma fundição que pertencia à John Deere, criando a Fundimisa. É o atual diretor-presidente dessa empresa. Na atividade empreendedora sempre valorizou o associativismo e chegou a ser presidente da União Brasileira de Avicultura (UBA) com sede em Brasília. Teve experiência política entre 1968 e 1976 quando foi eleito vereador na cidade de Montenegro, RS.

problema é a competitividade. Dentro disso, temos algumas questões a pensar. Fala-se muito do câmbio, ainda mais num estado com perfil exportador como o Rio Grande do Sul, mas não é só o câmbio desvalorizado que atrapalha. Se houvesse subsídios ou juro mais barato que compensasse a distorção cambial, já melhoraria tudo. Não precisa resolver só pelo câmbio. Outra coisa, não é só a chamada guerra fiscal que nos atrapalha, pois dentro desse emaranhado de leis diferentes nos Estados, há coisas maiores. Temos regiões no país que são beneficiadas até com fundos constitucionais e benefícios. Temos regiões com empresas que por um tempo não pagam imposto de renda ou são isentas de outros impostos federais. Onde há bancos de desenvolvimento, como Sudene, e outros que possuem dinheiro subsidiado a juros menores. A nossa questão de competitividade envolve benefícios dados em outros Estados, tanto da ordem estadual, quanto federal. Nós temos um complicador aqui no Rio Grande do Sul: somos o Estado mais meridional, então, deveríamos ter algum benefício por causa disso e não temos.

“Qualquer dona de casa hoje, seja no exterior ou aqui mesmo no Brasil, encontra a preços justos produtos de carne de frango pronto para servir”.

Trade Summit - Ser o novo presidente do Sistema FIERGS desde julho de 2011 já lhe rendeu responsabilidade de receber a presidente da república, Dilma Rousseff. E agora? Como será o trabalho numa das maiores entidades industriais do Brasil? Heitor - Foi muito bom contar com a presença da presidente Dilma, ministros e outras autoridades. Desde antes da posse eu já trabalhava para dar foco no trabalho que assumi. Há duas questões muito básicas que temos de ter um olhar profundo. Primeiro, na questão da indústria em si, que é o foco da Fiergs e do Centro das Indústrias, o maior

10

É daí que surgem os temores de desindustrialização e não seria um fenômeno apenas no Rio Grande do Sul? Eu não diria desindustrialização assim com tanta precisão porque aqui no Rio Grande do Sul há setores muito fortes, eu diria imbatíveis. Um deles é a agroindústria. Há um aumento de demanda mundial incrível e podemos atender. Temos tecnologia, conhecimento, empresas modernas e gente querendo trabalhar. Vamos continuar a industrializar, nessa área, e defendo vigorosamente que precisamos agregar


valor aos produtos. Em vez de exportar soja em grão temos de vender óleo de soja com a lata, o rótulo, a embalagem, as variações de tipos, entre outros. Para isso, fala-se tanto em inovação, capacidade de criação, melhorias e qualificação. Eu posso dar um exemplo muito bom disso, porque conheço bem e vem desse segmento na minha origem industrial. É o caso dos frangos. Essa cadeia produtiva conseguiu um feito admirável. Hoje a produção de carne de frango é uma engrenagem muito bem consolidada e inicia no produtor, a maioria de pequenas propriedades, e vai até o mais refinado acabamento de produto nas indústrias com exportações de grande porte em valor e em quantidade para os mais variados mercados. Usamos a expressão “farm do to fork”, que é bem simples de entender. Qualquer dona de casa hoje, seja no exterior ou aqui mesmo no Brasil, encontra a preços justos produtos de carne de frango pronto para servir. Há frango empanado, temperado, grelhado, assado, frito, gratinado, em pedaços, cru apenas temperado, temperado conforme a região do planeta, com especiarias, sem especiarias, enfim... isso é valor agregado. É produto que inicia na base da cadeia com um preço e chega ao consumidor com muitos incrementos. É disso que toda a agroindústria precisa. Agregar valor.

estados do Sul, que têm a questão dos minifúndios, cultura. Se tornou importante do ponto de vista da produção e faturamento, consequentemente, na geração do ICMS que são impostos para o Estado. Quantos Estados Brasileiros a indústria avícola era zero? Então é muito fácil dar o benefício porque eles saem do zero para alguma coisa. Nos Estados onde o ICMS do frango é importante, como no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, é difícil abrir mão do recurso. Esse é o grande problema. Sou de um tempo em que o Confaz era importante. Ele era mandatório e regulava bem o mercado. Hoje o Confaz busca unanimidade entre os Estados e não é justo. O que é importante para um Estado não é para o outro e isso prejudica as relações. Hoje existem muitas intervenções dos Estados, muitas Adins... o Brasil é o único país do mundo aonde o imposto é de legislação estadual e não federal. Isso se resolveria da seguinte forma, e eu defendo há muito tempo: no Estado em que o pr duto é produzido, onde é gerado o emprego e a renda e todo o resultado positivo da indústria é gerado e pago o ICMS. Eu entendo que o estado que fabrica o produto já tem os benefícios de cadeia em que o empregado trabalha, ganha salário, faz compras e faz a economia girar. Para mim, o ICMS deveria ser pago no estado de destino, onde o produto é consumido.

“Para mim, o ICMS deveria ser pago no Estado de destino, onde o produto é consumido”.

O senhor falou rapidamente sobre guerra fiscal, o senhor não acredita que há uma disputa por atração de investimentos e benefícios que tornam a concorrência muito ruim internamente? Eu não chamaria de guerra fiscal. Eu prefiro chamar de exagero de legislações que alguns estados fazem para atrair ou manter indústrias. De volta o caso da avicultura. Ela se desenvolveu mais nos

Se tivesse, então, uma receita para arrumar a situação geral do desenvolvimento no Brasil, qual seria? Aqui no Rio Grande do Sul é preciso rever um benefício fiscal chamado Fundopem. Ele trouxe muitas vantagens para o Estado, atraímos várias indústrias para cá, geramos muitos empregos e

agosto/setembro de 2011

11


preto no branco conseguimos que muitas dessas empresas e outras locais permanecessem por aqui, aumentando a capacidade produtiva porque não é só empresa nova que o programa privilegia. Só que precisamos ter uma visão um pouco mais abrangente. Hoje, o consumidor exige mais qualidade com preço barato nos produtos. A indústria precisa produzir com alta performance, produtividade e com custo baixo. O Fundopem está baseado em criação de emprego. O que precisamos em algumas áreas é a atualização da tecnologia e isto implica, eventualmente, até em redução de empregos. Mas isso resulta em melhora da qualidade, melhora do produto, melhora do custo e significa permanecer no mercado “vis à vis” com a concorrência. Muitas vezes não é a indústria que faz o preço de venda é o próprio mercado. Ou você entra no jogo ou está fora dele. Deve haver um redirecionamento na questão do Fundopem no que diz respeito ao benefício para a modernização das empresas.

se tornando cada vez mais importante. Até porque existem empresas que não têm bens, mas têm cérebros. Se a gente analisa um pouco o que são Google, Facebook, Twitter... são empresas que valem bilhões e tem apenas cérebros. Então, existe uma nova forma de empreendedorismo. Temos que melhorar muito o nosso ensino de modo geral. Desde o fundamental, o ensino médio, técnico e assim por diante. A mão de obra que a indústria recebe não está bem preparada. Temos de investir muito dinheiro e muito tempo para preparar melhor um colaborador. Fora isso, há um contexto geral de nossa sociedade que necessita melhorar cérebros. Há alguns dias, aqui no Rio Grande do Sul, foi dado um tipo de atestado para isso ao aprovarmos uma lei que autoriza a contratação de cérebros do exterior. Isto é um claro sinal de que falta muito na nossa educação.

“Deve haver um redirecionamento na questão do Fundopem no que diz respeito ao benefício para a modernização das empresas”.

É possível deslocar os empregos que se perdem numa modernização de indústria para vagas em outras áreas como serviços e comércio? Claro. Hoje mesmo o que mais se fala é sobre falta de mão de obra. Eu mesmo tenho vagas abertas em duas de minhas empresas que não consigo completar. Fale com o segmento da construção civil e eles vão disparar a falar que falta mão de obra. A equação dos empregos seria bem fácil de resolver. Há também uma questão importante nisso tudo. A educação! Preocupame muito é a educação. Estamos em um mundo onde o preparo, o ensino, a massa crítica da sociedade está

12

E sobre as reformas estruturais? Qual delas deveria ser priorizada? Política, trabalhista, tributária... Se queremos mexer realmente na base de tudo, a primeira reforma deve ser a política. É preciso diminuir o número de partidos, impedir esse sistema de alianças vinculadas a cargos e negociações que emperram o andamento dos trabalhos. Fazer um sistema diferente de eleição, fazer um voto distrital minimamente misto. A partir dessa reforma, todas as outras coisas se encaminhariam e hoje qualquer discussão que há em uma Assembleia Legislativa, no Congresso Nacional, sempre depende de acordos partidários de líderes, coisas muito complicadas e difíceis. Volta e meia lemos nos jornais artigos dos próprios legisladores falando do excesso de Medidas Provisórias e do vácuo que isso deixa no


legislativo. O emperramento do legislativo com tantas negociações, acaba não legislando ou é demorado. Aí o executivo utiliza a Medida Provisória e o Judiciário acaba por decidir as coisas. Quem está fazendo leis no Brasil, hoje, em tese é o judiciário que precisa decidir sobre coisas que não foram legisladas oportunamente. A reforma política é a mais importante. Depois, é a reforma previdenciária. Veja que há vários países em dificuldades porque no passado foram feitas leis quando a vida útil do trabalhador, a vida das pessoas em geral era de menor expectativa. Eu quando nasci tinha uma projeção que viveria até os 54 anos. Hoje já tenho 78 e quero passar dos 100. A ciência já anuncia que nasceu o homem que vai viver 150 anos. E nós continuamos a aposentar pessoas com menos de 50 anos. Imagina que essa conta não vai fechar. A sociedade precisa entender que é preciso mudar.

tem o perfil exportador. Como enfrentar enquanto outras medidas não surgem? Quando se fala dessa questão, o próprio governo e alguns integrantes reconhecem que há um problema mundial e não especificamente brasileiro. O dólar está com problemas no mundo inteiro. Aliás, até o euro enfrenta problemas recorrentemente com a questão da Comunidade Europeia e países com dificuldades financeiras. Essa apreciação do câmbio, que prejudica os exportadores e facilita muito as importações, é realmente de se pensar o que fazer. A equipe econômica do governo deve estar trabalhando muito. Nós aqui, no Sul, sofremos as conseqüências. Como já disse, a importação está sendo muito beneficiada e só aumenta. O consumidor procura e acha produtos baratos. Ninguém de nós vai numa loja ou supermercado e fica procurando de onde é o produto. Compramos e pronto. Só que isso é ruim. Estamos desempregando gente aqui no Brasil. Como nós já temos algumas atividades, por exemplo, o setor calçadista, que foi muito prejudicado com essa situação, vamos ver outros setores na mesma marcha. Recentemente, li nos jornais que o segmento Aço está com graves problemas. Não por acaso o presidente da entidade Associação do Aço no Rio Grande do Sul, que é executivo da Marcopolo, tem falado em eventual desindustrialização, inclusive na área metal-mecânica que tem tradição, porque além da importação não produzimos chapas de aços planos e isso significa mais uma dificuldade. Está mais do que na hora de termos uma discussão sobre a questão cambial e melhorar a situação.

“É preciso diminuir o número de partidos, impedir esse sistema de alianças vinculadas a cargos e negociações que emperram o andamento dos trabalhos”.

O senhor deixou a reforma tributária por último mesmo sendo a reivindicação mais badalada no meio empresarial? Primeiro, porque nosso grande problema não é só o quanto pagamos de impostos em volume, em valores, mas sim a burocracia e a dificuldade que o administrador tem na hora de cumprir a obrigação fiscal. É um emanharado de leis, muito complicadas, leis mal redigidas e isso deixa tudo muito complexo. Antes de falar em reforma tributária eu prefiro falar em simplificação tributária. Embora o senhor tenha dito que a questão cambial pode ser contornada de outras formas, no cenário nacional, um dos fatores que muito preocupa a indústria é o câmbio, especialmente no Sul que

agosto/setembro de 2011

13


preto no branco Sua experiência indica grande conhecimento sobre as questões nacionais. O Brasil vive um momento de grande valorização como nação e atrai olhares internacionais. Onde estão as oportunidades para os brasileiros? O que o senhor apontaria? O interesse internacional é verdadeiro. Somos um país de dimensões continentais com uma população que beira os 200 milhões de habitantes. Quantos países têm isso? Temos um mercado interno fantástico, enorme. Tenho dito isso há anos, inclusive, numa palestra na Feira de Hannover em 2004, eu comecei dizendo que o Brasil é privilegiado por não ter maiores problemas naturais, como tsunamis, terremotos, não temos problemas religiosos ou raciais importantes; temos 851 milhões de hectares de terras produtivas e ocupamos apenas 47 milhões, podemos triplicar essa área e triplicar a produção de alimentos sem mexer um centímetro na Amazônia. Mesmo que tenhamos ainda milhões de pobres, temos mais de 100 milhões de pessoas que podem consumir todos os dias. Qual é o país do mundo que tem isso? Outra questão é que se nós olharmos para fora, para o BRICS, por exemplo, não vemos condições tão boas. A China não tem a organização que nós temos. O direito e a justiça não são como no Brasil. O sistema democrático não é como o nosso. O regime deles funciona para eles. Quando um empreendedor começa a buscar informações sobre um país, ele leva isso em consideração. O Brasil leva vantagem.

Diálogo. A minha vida sempre foi da atividade meio. Nunca produzi nada, nunca vendi nada. Sempre atuei na área da burocracia, cresci dentro da contabilidade, administrando a atividade meio. Ao mesmo tempo, fiz muito a parte de relações institucionais. Além disso, lá no início da minha vida, eu não tinha nem 30 anos, fui eleito vereador e, então, um pouco de política eu já estive metido. Participo e pratico associativismo há muito anos e eu fui um dos construtores de um grupo pequeno para viabilizar o case de sucesso no mundo inteiro que hoje é a questão da avicultura brasileira. Na época, eu representava o Estado do Rio Grande do Sul em todas as negociações e passei mais de 20 anos da minha vida fazendo interlocução em São Paulo, no Rio de Janeiro – que na época abrigava a sede da Cacex junto ao Banco do Brasil e todas as exportações tinham que ser nesse trâmite – em Brasília com reuniões entre deputados, senadores, ministros, alterando leis e fazendo até Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) no Supremo Tribunal Federal. Tenho uma experiência acumulada muito grande. É por isso que insisto: há de se ter base de reivindicação, há de se ter lógica, há de se ter argumentos. Com isso se vai mais longe. Não adianta achar que xingando arruma alguma coisa.

“...temos 851 milhões de hectares de terras produtivas e ocupamos apenas 47 milhões, podemos triplicar essa área...”

Como deve ser a sua interlocução com os poderes públicos federal e estadual e como o senhor pretende conduzir as questões de política industrial?

14

Que nota o senhor daria para o governo federal hoje? A expectativa que tínhamos com o governo Lula e o que acabou sendo realizado são coisas a considerar. Na questão econômica ele nomeou um presidente do Banco Central que fosse forte


para conduzir continuidade e rumo. Vimos que a estabilidade econômica foi uma diretriz. Na atualidade, vemos que a presidente Dilma está surpreendendo. Está me surpreendendo positivamente. Ela é uma bela gestora. Está dando respostas imediatas ao que acontece ao redor dela. Ela tem que ter pessoas de confiança ou ministros nomeados por circunstâncias políticas e aí, lógico, pode haver surpresas negativas como realmente aconteceu. Mas ela tem agido rapidamente. No que diz respeito a economia, vejo ela muito interessada.

muitos compromissos não me assusta. Na verdade, vou trocar uma vida relativamente calma que eu tinha conquistado nos últimos dois ou três anos por uma vida um pouco mais agitada. Vou tentar cumprir a missão da melhor forma possível. O senhor fala muitas línguas? Como se comunica com interlocutores internacionais? Aaaah me viro bem no alemão e nem tanto no inglês, mas consigo me fazer entender... (risos) Qual vai ser a bandeira na gestão da FIERGS? Há missões que nós escolhemos e há missões que nos escolhem. Não fazia parte dos planos da minha vida assumir essa posição agora, mas aconteceu e aqui estou. Eu pretendo fazer o melhor de mim e da missão que recebi. Eu sempre fui de me dedicar de corpo e alma àquilo que eu abraço e a minha vida pregressa é exemplo disso. Não tem porque não ser assim nesta casa. Eu preciso, na verdade, da colaboração de todos. Entendo que essa casa seja uma estrutura única. Todos nós defendemos os interesses comuns da indústria e o resultado de tudo é justamente em cima dessa união, da defesa desses interesses, isso que importa. Não estou preocupado com promoção pessoal. Já tive muito mais status na minha vida do que eu jamais sonhei em ter. Então, estou aqui para cumprir uma missão e dar uma importância maior à FIERGS e ao Senai, Sesi e IEL que compõem o Sistema. Não gosto muito de uma expressão, mas reconheço que Fernando Pessoa acertou quando disse “O homem é um cadáver adiado” (risos). u

“É por isso que insisto: há de se ter base de reivindicação, há de se ter lógica, há de se ter argumentos. Com isso se vai mais longe”.

Pessoalmente, como está sendo a experiência de liderar a FIERGS? O senhor aumentou o ritmo de trabalho? Antes de decidir aceitar a candidatura para a presidência do Sistema FIERGS eu consultei os sócios na empresa e os meus familiares. Como nas minhas empresas, já passei o poder há mais de cinco anos, a minha intenção era diminuir um pouco o meu ritmo. Hoje tenho disponibilidade total. O que vai mudar é que em vez de eu levantar pela manhã e dar a minha caminhada às 8 horas, eu terei de levantar mais cedo. Vai mudar para mim o local do trabalho porque eu sempre me mantenho ativo. Desde pequeno fui ensinado a trabalhar o que é uma honra importante. Aceito quando alguém disse que pantufa e poltrona acabam com qualquer homem. Eu não quero tão cedo abraçar essa idéia. Eu sempre tive uma rotina bastante complicada na minha vida, eu viajei muito, eu tive épocas que na minha casa eu tinha o apelido de ‘oi, tchau’, porque eu entrava dando oi e enquanto eu tomava banho a minha mulher arrumava a mala da próxima viagem. A rotina complicada de

agosto/setembro de 2011

15


vitrine

Do carro ao relógio

Fotos: divulgação

O ato de consumir, apesar de ser um prazer para muitas pessoas, não é considerado conciente por aqueles que se preocupam com o meio ambiente. Para amenizar esse impasse a Trade Summit selecionou objetos capazes de satisfazer ambos. Confira!

iBamboo alto falante natural Uma invenção bastante interessante, principalmente para aqueles que gostam do contato com a natureza sem perder a musicalidade. Perfeitos para acampamentos e dias de praia. Feito inteiramente de bambu, sem nenhuma peça eletrônica, o iBamboo amplifica o som produzido por um iPhone 4, através da ressonância que sai da peça. Como o som sai das duas extremidades do bambu cria um som stereo, muita tecnologia natural. Você pode encomendar o seu no site ibamboospeaker.com e assistir o vídeo tanto no site como no youtube. ibamboospeaker.com

16


Relógio movido a água Esse relógio da marca americana Bedol funciona apenas com água, portanto esqueça as pilhas e baterias, elas possuem substâncias tóxicas que prejudicam o meio ambiente e a sua saúde. Para fazer o relógio funcionar, basta enchê-lo com água da torneira. Os eletrodos do relógio transformam os íons da água em energia. Pode ser usada a mesma água por cerca de 12 semanas e na hora de trocar não é necessário ajustar a hora de novo. E o design inovador do produto ainda vai dar um toque na sua decoração. greenvana.com

LG e o jornal eletrónico flexível Com a queda nas vendas do jornal de papel em quase todo mundo, a LG pode ter desenvolvido a solução e o melhor, mais ecológico. Desenhado para imitar a aparência e o toque do jornal comum, este novo e-reader promete ser uma solução alternativa aos tradicionais jornais , permitindo assim poupar toneladas em papel, água e tinta utilizados na sua produção. Sem dúvida que a característica mais impressionante é a capacidade de dobrar o jornal. Para isso, na produção do ecrã foi utilizada uma folha metálica ao invés de um composto a partir de vidro. Isso aliado ao seu tamanho de cerca de 30 centímetros de altura e 0,3 milímetros de espessura (mais ao menos a espessura de 5 folhas), dão-lhe o aspecto de um verdadeiro jornal. www.lg.com

Centopeia Com um design premiado mundialmente, a Centopéia, da empresa paranaense Desfiacoco, é muito mais do que uma fruteira, é uma obra de arte. A peça de design permite inúmeras possibilidades de formato, podendo ser utilizada nos dois lados, comportandotanto frutas grandes quanto pequenas. Foi desenvolvida com materiais 100% recicláveis, à base de fibras naturais de coco, cana e madeira. Você pode encomendar essa peça que já foi selecionada para o Museu de Arte Moderna de Nova York, o MOMA. desfiacoco.com.br

agosto/setembro de 2011

17


vitrine

Óculos que convertem energia solar Desenhados por Hyun-Joong Kim e Kwang-Seok Jeong estes óculos de sol conversores de energia são uma inventiva forma de utilizar o sol para alimentar pequenos dispositivos electrónicos. Quando possíveis, os Self-Energy Converting Glasses terão lentes com células solares coradas, que recolhem a energia solar e permitem carregar pequenos dispositivos electrónicos através do cabo que sai através da haste. Essas células solares são descritas pelos criadores como um corante barato e orgânico, criado a partir de nano tecnologia, para transformar os raios solares em energia eléctrica.

Relógio bafômetro A Tokyoflash, pensando nas pessoas que acabam bebendo de mais do que deviam, criou um conceito de um relógio que funciona como uma espécie de “bafômetro”. É claro que ele também tem todas as funções de um relógio comum, como informar a hora, a data e função de alarme. Mas o que realmente chama a atenção é que ele, na teoria, consegue fazer uma leitura da quantidade de álcool no seu sangue pra dizer o nível da sua embriaguez. Se você costuma sair a noite com seu carro, mas acaba passando da quantidade de álcool que o seu corpo aguenta, esse conceito foi pensado em você. Pois com um simples sopro o relógio estará apto a lhe dizer se você tem a capacidade de dirigir ou não. Basta pressionar um botão que o relógio vai abrir o local aonde você deve soprar, em seguida ele exibirá os resultados na tela. Como é apenas um conceito, não se sabe o quão preciso esse relógio poderá ser, caso seja fabricado. www.techtudo.com.br

18


Innervision Este conceito do designer norte-americano Matt Clark tem aro feito de polipropileno. Ele é composto de dois componentes de plástico reciclado, que foram unidos por moldagem. A estrutura triangular foi pensada para dar mais sustentação a toda à bike e distribuir seu peso. Os garfos traseiros também são de plástico e reforçados. De acordo com o blog Bike Commuter, que fez um test drive do modelo, essa bicicleta é leve e firme. A ideia é fabricar modelos a partir de containers antigos de comida, garrafas ou outros polipropilenos descartados. www.gizmag.com

Luminárias feitas com papelão Graypants Inc é um escritório de arquitetura e design de Seattle, Estados Unidos que desenvolve produtos sustentáveis reaproveitando materiais como papelão, aluminio e madeira descartados por empresas locais. Fundada pelos designers Jonathan Junker and Seth Grizzle a Gray Pants tem uma forte pegada sustentável e investe na criação de produtos de baixo impacto ambiental e design de alto nível. O resultado das criações da dupla é incrível e é exemplo em design sustentável. A empresa tem em seu portfólio diversos produtos que vão de casinhas de cachorro ecológicas a cadeiras de madeira reciclada, mas a sua grande especialidade é a criação de luminárias feitas de papelão. Feitas com papelão recolhidos em estações de reciclagem e lixeiras ele é limpo e cortado por um potente laser, que desenha a estrutura da luminária. Após o corte ela é montada manualmente e colada camada por camada até ser finalizada. www.graypantsinc.com

agosto/setembro de 2011

19


vitrine

Primeiro cargueiro a energia solar O navio M\V Auriga Leader possui 328 painéis fotovoltaicos, que fornecem energia à rede central de energia do navio. E fazendo deste o primeiro navio a ser movido, em parte, pela energia do Sol. O novo equipamento solar do navio é parte de um projecto de demonstração organizado pelo Porto de Long Beach, na Califórnia, pela Toyota e pela empresa de transportes NYK Line. O objectivo do projeto é diminuir a dependência dos navios no diesel, um combustível fóssil e nocivo para o ambiente. Enquanto outros navios já utilizavam energia solar para alimentar pequenos dispositivos electrónicos, como as luzes auxiliares, o Auriga Leader é o primeiro navio a ligar esta energia à rede central do navio. Os 328 painéis ajudam a fornecer energia aos propulsores, sistema hidráulico e leme do navio, perfazendo cerca de 10% da energia total do navio. www.nykline.com

Totalmente elétrico O Mini E! é equipado com um motor de 204 cavalos, um sistema de travagem regenerativo e uma autonomia de cerca de 240 quilómetros. Usa bateria de lítio para alimentar um motor eléctrico de 204 cavalos. E, em vez de um depósito de combustível, vem equipado com uma tomada eléctrica para ser carregado. Para poupar energia ,a sua velocidade de topo será limitada a 150 Km/h e terá uma autonomia de 240 quilómetros com apenas um carregamento. Ao invés de o lançar de imediato para o mercado, a BMW decidiu limitar a produção a 500 veículos, para testar a viabilidade do produto. Estes 500 Mini E! poderão ser vistos nas ruas de Nova Iorque, Los Angeles, Nova Jersey e possivelmente Londres. www.miniusa.com/minie-usa

20



seu direito

Roberto B. de Gayoso e Almendra, advogado dos setores cível e trabalhista. roberto@netmarinha.com.br

Ecologia e sua disciplina legal no Brasil O Brasil esteve retardatário na combinação do desenvolvimento e ecologia

I

sso mudou com o advento de nosso 1º Código Florestal, com a promulgação do Decreto nº 23.793/31 e também com o 1º Código de Pesca. Com a Constituição de 1988, foi introduzido o conceito do desenvolvimento sustentável, estabelecido no art. 225, cabeça, ao prever que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Com a CF/88, depois da edição de legislação esparsa sobre a matéria, Código de Pesca e Código Florestal, foram criados mecanismos que propiciaram meios ao Estado (União Federal, Estados-Membros e Municípios) para o cumprimento ideal de desenvolvimento sustentável. A partilha entre a União, Estados, Distrito Federal e Municípios quanto a competência para legislar sobre o meio ambiente, que antes assegurava a competência exclusiva da União, que trouxe também para as outras esferas político-administrativas da República o incentivo para regular, preservar e construir um novo modelo de resguardo ao ambiente, não precisando ficar em posição subalterna ao que fora alinhavado no Congresso Nacional ou pela Presidência da República, podendo agora os Governadores e Prefeitos também elaborarem projetos de leis, decretos e regulamentos a respeito da flora e fauna. Com a concessão de legitimidade a qualquer cidadão brasileiro, o direito de propor ação popular com a finalidade de anular ato lesivo ao meio ambi-

22

ente praticado pela União Federal, Distrito Federal, Estados e Municípios, entidades autárquicas, sociedades de economia mista, empresas públicas e quaisquer outras entidades, que recebam subvenções dos cofres públicos. O IBAMA, que é a repartição pública que tem como incumbência a formulação, a coordenação e a execução da política nacional do meio ambiente. A Lei Federal nº 9.605/98, definiu os delitos no âmbito do Direito Ambiental, estabelecendo sanções administrativas e tipos penais para reprimir as lesões e ações prejudiciais ao meio ambiente. Uma das novidades foi prever o uso do instituto da desconsideração da pessoa jurídica, que é a possibilidade do julgador poder atingir pessoalmente as pessoas físicas que compõe a sociedade violadora do meio ambiente, a fim de responsabilizá-las, evitando-se que usem a empresa como proteção ou guarida para fins contrários a preservação ambiental. Conclui-se que o desenvolvimento sustentável implica um novo conceito de crescimento econômico, que propõe justiça e oportunidade para todas as pessoas do mundo, sem destruir os recursos naturais finitos do mundo. O desenvolvimento sustentável deve ser um processo definidor das políticas públicas, principalmente nas áreas de saúde e educação, que devem ser incentivadas, no presente, para não legar uma dívida social às gerações futuras. O sistema legal ambiental brasileiro, acima esboçado, prima por tornar o ideal desenvolvimento de maneira sustentável, numa real possibilidade e não mera peça de ficção. Oxalá tenha êxito! u


ENFIM UM CARTÃO DE BENEFÍCIOS DO TAMANHO DESTE MERCADO.

Trade Partner’s Club. O cartão de benefícios do NetMarinha. O NetMarinha, o maior portal de notícias do segmento de logística, transportes e comércio internacional do Brasil, lança o cartão de benefícios exclusivamente para os profissionais/leitores que atuam neste setor. Descubra como ter descontos e benefícios sempre à mão.

Acesse www.netmarinha.com.br e cadastre-se.

www.netmarinha.com.br


business

Sustentáveis confiáveis Mirian Gasparin

24

O conceito faz parte do dia a dia nas empresas. Cada vez mais negócios sustentáveis ganham mérito com o consumidor e benefícios do governo


Divulgação | Eletrosul

E

mbora a palavra sustentabilidade surgisse nos meios empresariais nos anos 80, hoje ela faz parte do vocabulário não só das empresas, mas de uma boa parte das pessoas. Empresas sustentáveis são vistas dentro de um novo conceito e até mesmo quando são objeto de avaliação, acabam recebendo maior valor. Em organizações sustentáveis o cuidado com o meio ambiente e o bem estar das partes interessadas fazem parte da sua estratégia de negócios, melhorando a própria imagem. Empresas que contribuem para o desenvolvimento sustentável têm maior acesso ao capital. O BNDES, por exemplo, considera formalmente a variável ambiental em seus procedimentos de análise e concessão de crédito. Além disso, investidores, em

Instalação de hélice da Eletrosul, investimentos em fontes renováveis.

agosto/setembro de 2011

25


nível mundial, têm procurado empresas sustentáveis e rentáveis para aplicar seus recursos. Tais aplicações, denominadas “investimentos socialmente responsáveis” (SRI), consideram que empresas com essas características geram valor para o acionista no longo prazo, pois estão mais preparadas para enfrentar riscos econômicos, sociais e ambientais. Segundo o superintendente do Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getúlio Vargas (Isae/FGV) de Curitiba, Norman de Paula Arruda Filho, as empresas hoje não somente estão produzindo de forma sustentável como de maneira educadora. “Existem empresas que dão incentivos financeiros aos funcionários que usam bicicleta para ir trabalhar”, exemplifica. Arruda Filho esteve no mês de junho em Bangalore, na Índia, participando na Eastern Academy of Management da Conferência Internacional de Gestão em uma Economia Global, onde apresentou o estudo de caso realizado pelo Isae/FGV sobre o programa “Cultivando Água Boa”, a pedido da Itaipu Binacional. O projeto prevê ações que vão desde a recuperação de microba­cias e a proteção das matas ciliares e da biodiversidade, até a disseminação de valores e saberes que contribuem para a formação de cidadãos dentro da concepção da ética, do cuidado e do respeito com o meio ambiente. Para ele, o conceito de sustentabilidade nas empresas não está somente na concepção dos materiais que são utilizados, mas em racionalizar o máximo possível o uso de energia e de água. O superintendente do Isae/FGV também lembra que as empresas que alugam imóveis, principalmente os bancos, dão preferência para as construções que apresentam soluções sustentáveis. A Eletrosul Centrais Elétricas S.A é outro exemplo de empresa que se preocupa com o meio ambiente. A companhia está se destacando entre as subsidiárias do Sistema Eletrobras na área de investimentos em fontes renováveis. A empresa acaba de retomar seus negócios em geração com o Complexo Eólico Cerro Chato e se prepara para iniciar a licitação internacional para instalar a primeira usina solar do país, além de ter projetos de usinas de biogás, hidrogênio, entre outras

26

Divulgação

business

O complexo Eólico Cerro Chato construído pela Eletrosul Centrais Elétricas.

fontes. Só nos projetos do complexo eólico e na usina solar a empresa está investindo R$ 410 milhões. “Investir em energias limpas é uma das premissas de crescimento da Eletrosul”, afirma o assistente executivo da Diretoria de Engenharia da Eletrosul, Airton Argemiro Silveira. Embora o custo da energia eólica seja o dobro de uma usina hidráulica, a grande vantagem é que ela vem complementar a energia fornecida pelas hidrelétricas. Já a energia solar chega a ser cinco vezes mais cara que a hidráulica. Entretanto, segundo Silveira, o apelo do Selo Verde está fazendo com que muitas empresas invistam em novas fontes de energia. De acordo com o executivo da Eletrosul , ao se trabalhar com conceitos de energias alternativas aumenta a confiabilidade da matriz energética brasileira. “O Brasil continua crescendo e vai precisar de muita energia”, salienta. No mês de junho, a Eletrosul encaminhou ao


Divulgação

Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a Declaração de Atendimento aos Procedimentos de Rede, oficializando a primeira etapa de operação do Complexo Eólico Cerro Chato, no Rio Grande do Sul. Nessa primeira etapa, entraram em funcionamento cinco de um total de 15 aerogeradores de um dos três parques que compõem o Complexo. Cada parque terá capacidade para gerar até 30 MW. A energia produzida por esse primeiro circuito já está abastecendo o Sistema Interligado Nacional (SIN). Paralelamente ao início da operação, a Eletrosul mantém as obras em ritmo acelerado para entregar todo o parque gerador até o final de setembro próximo, dez meses antes do prazo previsto. A energia que será gerada pelo Complexo Eólico Cerro Chato – consórcio formado pela Eletrosul (90%) e Wobben (10%) - foi comercializada, em dezembro de 2009, no primeiro leilão exclusivo de energia eólica realizado pelo governo federal e será disponibilizada

“Existem empresas que dão incentivos financeiros aos funcionários que usam bicicleta para ir trabalhar”. Norman de Paula Arruda Filho, superintendente do Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getúlio Vargas (Isae/FGV).

agosto/setembro de 2011

27


ao SIN. Ou seja, reforçará o sistema elétrico brasileiro, especialmente na fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, diminuindo a dependência da energia complementar das usinas termelétricas em períodos de picos de demanda e de estiagem, quando a capacidade de geração das hidrelétricas fica comprometida. A geração de 90 MW, que será a capacidade instalada total do complexo, é suficiente para atender o consumo de aproximadamente 500 mil pessoas. A Eletrosul também quer colocar o Brasil entre os poucos países que têm pleno domínio da cadeia de produção de módulos fotovoltaicos – painéis que captam a radiação solar e convertem em energia elétrica. A estatal lançou um chamamento público, buscando parcerias do meio acadêmico e científico para o desenvolvimento de pesquisas de purificação do silício e fabricação de células solares. Atualmente, essa tecnologia é restrita à Alemanha, Noruega, China, Japão e Estados Unidos. A expectativa do gerente do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência Energética da Eletrosul, Jorge Luis Alves, é que a pesquisa comece a ser desenvolvida, efetivamente, no início de 2012. O Brasil tem uma das maiores reservas de silício do mundo. O minério é exportado na forma metalúrgica (com pré-processamento simples) e volta ao País purificado, com valor agregado, para uso, principalmente, na indústria eletrônica e microeletrônica para produção de chips, circuitos eletrônicos, transistores, entre outros componentes. Um dos principais entraves para o desenvolvimento da energia solar fotovoltaica no Brasil é o alto custo de implantação das usinas, justamente, pela dependência de equipamentos importados. De acordo com o diretor de Engenharia e Operação da estatal, Ronaldo dos Santos Custódio, com o fomento às pesquisas para domínio da tecnologia, a Eletrosul quer ajudar a romper essa barreira, reduzindo custos e estimulando a expansão do uso da radiação solar como fonte de energia. A intenção da Eletrosul em incentivar a expansão da energia solar no Brasil está em sintonia com as diretrizes do Ministério de Minas e Energia (MME). O órgão tem trabalhado no sentido de acelerar a

28

Divulgação

business

Onibus híbrido da Volvo reduz não somente as emissões de CO2, mas também outros gases responsáveis por alergias e ardência nos olhos.

regulamentação de sistemas isolados de geração de energia. A legislação permitirá que unidades residenciais, que utilizarem painéis fotovoltaicos, possam se conectar à rede de distribuição de energia. O governo federal quer que residências com geração fotovoltaica conectadas à rede, seja real a partir de 2020. A fábrica brasileira da Volvo, localizada na Cidade Industrial de Curitiba (PR) foi escolhida para produzir chassis de ônibus híbridos, movidos a eletricidade e a diesel. A operação brasileira será a primeira a fabricar híbridos fora da Suécia. Segundo o presidente da Volvo Bus Latin America, Luis Carlos Pimenta, a tecnologia da Volvo Bus é revolucionária, e permite uma economia de combustível (diesel) de até 35% e ainda reduz as emissões


de gases poluentes entre 80 e 90%. Além disso, traz outro grande benefício: o ônibus da Volvo emite muito menos ruídos que os veículos convencionais. O ônibus híbrido tem dois motores, um a diesel e outro elétrico, que funcionam em paralelo ou de forma independente. O motor elétrico é utilizado para arrancar o ônibus e acelerá-lo até uma velocidade de aproximadamente 20Km/H, e também como gerador de energia durante as frenagens. O motor diesel entra em funcionamento em velocidades mais altas. A cada vez que se acionam os freios, a energia de desaceleração é utilizada para carregar as baterias. Quando o veículo está parado, seja no trânsito ou em pontos de ônibus, o motor diesel fica desligado. Estudos da Volvo demonstram que o tempo que o veículo fica

parado pode representar até 50% do período total de operação do ônibus. Durante todo esse tempo, não há emissões de poluentes, pois o motor diesel se apaga completamente. O sistema híbrido da Volvo reduz não somente as emissões de CO2, mas também de Nox, Óxidos de Nitrogênio, responsáveis por alergias e ardência nos olhos, por exemplo. O Walmart desenvolveu o projeto “Sustentabilidade de Ponta a Ponta” em parceria com os fornecedores. Os fornecedores escolheram um item líder de sua categoria para que fosse analisado tecnicamente todo o seu processo de produção. O Walmart deu o suporte técnico representado pelo Centro de Tecnologia de Embalagens, ligado ao Instituto de Tecnologia de

agosto/setembro de 2011

29


Divulgação / Natura

business

Natura: optou pela venda de refis de cosméticos numa atitude pioneira no País.

Alimentos, de São Paulo, que durante 18 meses fez reuniões com as indústrias a fim de sugerir mudanças em qualquer fase da produção. Treze produtos integraram o projeto de 2011. Só em resíduos, os 13 produtos representam redução de mais de 250 toneladas por ano, considerando a estimativa de venda em um ano no Walmart. Pelo mesmo critério, a redução do uso de água chega a dois milhões de litros e, de energia, mais de 19 milhões de Kwh. Além disso, em relação às emissões de gases de efeito estufa, houve redução de 3.171 toneladas CO2 equivalente, o que corresponde a uma economia de 17,3 milhões de quilômetros rodados. A Reckitt Benckiser, líder mundial nos segmentos globais de limpeza doméstica e dona das marcas Veja, Vanish, Dettol e Poliflor, possui diversos programas ambientalmente responsáveis, que visam minimizar ou eliminar impactos causados pelo cotidiano e pelos processos necessários da produção fabril. Entre os programas estão os de redução de emissão de CO2; utilização de produtos recicláveis e processos de reciclagem; ações que resultam em economia de energia (junto ao consumidor e internamente e redução

30

de utilização de embalagens). Através do programa Carbon20, lançado em 2007, a RB deixou de emitir mais de três milhões de toneladas de CO2. Esse resultado representa uma redução de 11% no impacto na vida útil de seus produtos. A meta é chegar a 20% em 2020, o que pode ser comparado com a retirada de um milhão de carros das ruas. A Natura, líder no mercado de cosméticos, é pioneira em sustentabilidade no Brasil. Em 1983, optou pela venda de refis de cosméticos no País. Em média, para produzir os refis gasta-se 20% menos recursos naturais. A empresa eliminou os testes em cobaias, uma prática que era motivo de fortes críticas de entidades que atuam em defesa dos animais, e possui hoje um dos programas de neutralização de carbono mais eficazes. Adotou um projeto de redução de gases geradores do efeito estufa em sua cadeia produtiva. Trocou, por exemplo, os microônibus a diesel que transportavam funcionários dentro da fábrica, em Cajamar (SP), por carrinhos movidos a gás natural; substituiu o álcool utilizado nas fórmulas de perfumes por álcool orgânico (produzido sem agrotóxicos ou queimadas) e intensificou o uso de material reciclado nos frascos. u



imagem

32


Stringer Shanghai | Reuters

Funcionário separa computadores descartados em uma usina de reciclagem de resíduos eletrônicos inaugurado em Wuhan, província de Hubei 29 de março de 2011, na China. De acordo com a Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos EUA, o lixo eletrônico é o produto com crescimento mais rápido de resíduos, com uma taxa de crescimento cinco vezes maior do que os resíduos industriais.

agosto/setembro de 2011

33


imagem

34


Chaiwat Subprasom | Reuters

Ativistas do Greenpeace formam uma bandeira humana com a mensagem “Detox” (abreviação de desintoxicação em inglês) no Santichaiprakarn Park, às margens do rio Chao Phraya em Bangkok, na Tâilandia, no dia 14 de julho de 2011. De acordo com o comunicado de imprensa, uma investigação recente do Greenpeace revelou que muitas marcas líderes de roupas, incluindo Nike e Adidas têm relações comerciais com fábricas na China que descartam sem tratamento seus resíduos em rios. O Greenpeace alerta que a Tailândia, também hospeda essas mesmas fábricas e enfrentam ameaças similares.

agosto/setembro de 2011

35


Capa

Consumo de combustível fóssil, entulhos de pneus usados e vazamentos. Estes são só alguns exemplos dos desperdícios que o transporte de cargas pode causar. Veja algumas soluções encontradas por empresas que se preocupam em minimizar os prejuízos à natureza

Um novo

Leandro Almeida

O

que é sustentabilidade? Pergunta a professora ao começar a aula para os alunos da sexta série. E ao contrário do que se imagina as crianças se atropelavam entre palavras para mostrar que a resposta está na ponta da língua. Numa atmosfera bastante diferente da sala de aula, o especialista em sustentabilidade, Eduardo Bastos, fazia a mesma pergunta para um conglomerado de executivos e também negando as espectativas houve silêncio unânime. O termo consiste em configurar a civilização e as atividades humanas de forma que a sociedade possa preencher as suas necessidades e ao mesmo tempo preservar a biodiversidade, planejando e agindo na manutenção indefinida desses ideais. Essa ideologia alcançou o censo comum do consumidor e por consequência as empresas envolvidas nos processos de logística. A revista Trade Summit apresenta exemplos do engajamento ambiental de empresas envolvidas no setor. As duas maiores companhias de transportes marítimos, Hamburg Süd e Maersk line, possuem política similar quando o assunto é o desenvolvimento econômico aliado a equilíbrio ecológico. Ambas fazem mais do que previsto em

36

legislações ambientais, investem em tecnologias e com ideias simples e outras nem tanto fazem a diferença na hora do balanço da emissão de CO2. Os navios são os meios menos poluentes (ver gráficos), mesmo assim consomem muito cosbustível. Para melhorar a performance das embarcações, essas empresas investem em novos designs que facilitam cortar o mar e uma melhora no fluxo de água para as hélices, aumentando a pressão e diminuindo o gasto energético. Os navios da Hamburg Süd são equipados com um sistema metereológico de roteamento que permite evitar áreas de mau tempo que afetam a resistência do navio, criando rotas alternativas durante a navegação. Na parte mecânica, usa-se a tecnologia “Common Rail”, um sistema de injeção regulada eletronicamente, mantendo a posição dos pistões independentes, o que permite uma operação otimizada para cada curso. A Maersk faz parte da “Lead Global Compact”, uma nova plataforma de liderança em sustentabilidade corporativa. Também aderiu ao “Pacto Global” da ONU, que visa conduta ética nos negócios, direitos humanos, trabalhistas, meio ambiente, sustentabilidade e combate a corrupção.


Porto de Los Angeles, energia elétrica reduz CO2 dos navios atracados.

Divulgação Porto de Los Angeles

horizonte

agosto/setembro de 2011

37


Divulgação | Hamburg Sud

Capa

Hamburg Süd: designer avançado para reduzir impacto contra a água.

Para proporcionar estabilidade, facilitar o direcionamento e propulsão, os navios precisam usar da chamada Água de Lastro. Muitas vezes carregando um ecossistema rico em planctons e outros organismos para outros meios. O que ameaça o equilíbrio ecológico e propaga doenças epidêmicas. A solução simples foi passar a troca do lastro para alto mar. O Porto de Itajaí, possui o “Programa de Controle da Água de Lastro”, que monitora as embarcações atracadas no porto, para identificar na água os possíveis agentes bioinvasores. “Além dos navíos existe a inspeção veicular que é feita em alguns caminhões. Por meio do ‘Programa Despoluir’, que tem caráter educativo para os caminhoneiros, ensinando sobre o problema de emissão de gases e do efeito estufa T\também temos o ‘Programa de Educação Ambiental do Porto’, realizado nas escolas e universidades. Entre as atividades, há o monitoramento da qualidade do ar e de ruído. Localizados em pontos estratégicos da

38

área portuária encontram-se coletores de materiais recicláveis, não-recicláveis e de resíduos perigosos. As lâmpadas desativadas passam por um processo de descontaminação e em seguida são enviadas para a reciclagem do vidro”, declara Médelin Pitrez, engenheira ambiental da Gerência de Meio Ambiente do Porto de Itajaí. Dados do Ministério do Meio Ambiente mostram que entre 30% e 37% de todo o lixo recolhido no Brasil são resíduos secos, que podem ser reutilizados. Mais da metade, 55% são resíduos úmidos, incluído o orgânico. Apenas de 8 a 10% é formado por rejeito inaproveitável. Nos portos de Paranaguá e de Antonina, no estado do Paraná, todos os resíduos de grãos como soja, milho e trigo são varridos do cais após a operação dos navios e reutilizados. Antes disso, a “Administraçao dos Portos de Paranaguá e Antonina” (Appa) pagava para que resíduo de grãos, fosse varrido do cais e enviado para um aterro sanitário. Após a implantação do novo sistema o


Ivan Ferreira

volume de lixo retirado, que era 315 toneladas por mês, caíu para 100 toneladas. Representando uma economia mensal de aproximadamente R$ 40 mil. O Porto de Los Angeles, nos Estados Unidos, foi além das leis ambientais, com uma tecnologia usada em navios de guerra, o “Alternative Maritime Power” (AMP), programa que reduz as emissões de gás carbônico dos navios porta contêineres. Vale lembrar que um navio precisa manter o funcionamento de centenas de conteineres refrigerados, o próprio funcionamento das cabines e do sistema operacional. Em vez de funcionar com diesel, os navios são plugados em cabos de energia elétrica, que o próprio porto dispolibiliza para os navios que também possuem o sistema AMP. A administração do sistema fica por conta do departamento de água e energia do município. Para o professor de Gestão Portuária e Terminais do curso de Logística Portuária da Unisanta e vicepresidente da Câmara Brasileira de Contêineres, Transportes Ferroviário e Multimodal, Washington Soares, o Brasil está atrasado pelo menos 15 anos no que diz respeito a sustentabilidade no setor de transportes de cargas. Segundo Soares, a realidade internacional é muito diferente. Enquanto no Brasil ainda é preciso convencer os empresários a migrarem de um modal poluente para outro mais ecoeficiente, na Europa e Japão, a troca modal já é passado. “O tema central das discussões sobre sustentabilidade no deslocamento de cargas hoje está voltado às inovações tecnológicas e mudanças de processos. Por exemplo, como fazer que modais pouco poluentes, como as ferrovias, sejam ainda mais eficientes? ... Com o uso de locomotivas híbridas e o aproveitamento da energia gerada pelos vagões. É preciso fomentar a multimodalidade nas ferrovias e na cabotagem para se ter mais ecoeficiência no transportes de volumes”, defende Washington. O Brasil possui uma malha ferroviária pequena e deficiênte se comparada com outros países (ver box), possuindo somente 29.706 quilômetros de extensão de malha ferroviária, com ligações com a Argentina, Bolívia e Uruguai.

“É impossível pensar que o Brasil, o quinto maior do mundo em extensão territorial e o oitavo maior PIB, permaneça estagnado no crescimento da malha ferroviária”. Washington Soares, vice-presidente da Câmara Brasileira de Contêineres, Transportes Ferroviário e Multimodal.

agosto/setembro de 2011

39


Divulgação

Capa

Lufthansa Cargo: containeres 15% mais leves, reduzindo CO2.

“É impossível pensar que o Brasil, o quinto maior do mundo em extensão territorial e com o oitavo maior PIB, permaneça estagnado no crescimento da malha ferroviária, além de ser mais econômico é mais sustentável. Afinal cada vagão corresponde a dois caminhões. Em um cálculo em que cada trem de carga tenha 80 vagões, que é uma média dos trens da ALL no trecho Curitiba a Paranaguá, haveria um total de 160 caminhões a menos”, analisa Eduardo Bastos. A América Latina Logística (ALL) é a maior companhia ferroviária do Brasil e o assunto sustentabilidade tem um papel importante. Desde que assumiu a concessão da malha ferroviária sul, a empresa busca substituir os dormentes de madeira nativa, por eucaliptos replantados. Em 2004, a companhia adquiriu sua própria floresta e, a partir daí, toda a produção de dormentes de eucaliptos

40

g Perigo no ar

Emissão de CO2 por modal de transporte Em gramas emitidas no transporte por 1 tonelada por 1 km

Aviões: 640 g/Tkm Caminhões: 57,1 g/Tkm Trens diesel: 19,1 g/Tkm Navios: 13,5 g/Tkm

Fonte: Estudo WWF


Divulgação

Porto de Itajaí: cuidados com a água de lastro, reciclagem do lixo e educação. Alguns dos programas que vem apresentando resultados.

passou a ser própria. Entre outras ações de sustentabilidades a ALL implantou seis sistemas de captação de água da chuva, estrategicamente em locais com maior demanda de consumo de água para lavagem de locomotivas e vagões. O sistema é implantado sem usar energia elétrica, dispensando o uso de bombas. Na logística aérea, o grupo Lufthansa incentiva uma conferência que premia com um total de 16 mil euros, jovens pesquisadores, clientes e funcionários pelas ideias mais inovadoras para o setor. Além de investir em pesquisas para o uso do biocombustível. O grupo tem planos para trocar até 2015 todos os seus containeres, cerca de 5 mil. Os novos serão 15% mais leves, reduzinho o consumo em 2,2 toneladas de querosene e a produção de CO2 em 6.867 toneladas por ano.

A DHL européia a partir de 2011 realiza suas entregas urbanas com mais de 100 furgões do novo modelo da italiana Iveco (fabricante de caminhões, ônibus e utilitários leves). O Ecodaily Elétrico, não produz CO2 e tem zero por cento de emissões de gases. Com um propulsor elétrico, acumula energia via plug-in, alimentado por um inversor de corrente. Um motor elétrico move diretamente o veículo e recupera energia durante a frenagem. Não exige manuntensão e são totalmente recicláveis, atingindo uma velocidade máxima de 70 Km/h, com autonomia que varia entre 90 à 130 Km, dependendo da carga e número de baterias. A operação de recarga dura cerca de 8 horas. “A sustentabilidade é uma realidade, as empresas que se adequarem melhor e mais rápido saem na frente. Aquelas que ainda não se preocupam, vão patinar para obter lucro. Hoje a

agosto/setembro de 2011

41


Capa Divulgação

g A pequena malha

ferroviária brasileira Através dos poucos e esquecidos 29.706 quilômetros de extensão de malha ferroviária, o Brasil transporta somente 23% da carga da economia do país, sendo que a média dos outros países grandes como o Brasil é de cerca de 40%. Na Rússia (que é o maior país do mundo em extensão territorial) com 85 mil quilômetros de extensão ferroviária, transporta cerca de 80% da carga da economia

� França: contém cerca de 35 mil quilômetros de malha ferroviária (1,17 vezes maior que a malha ferroviária brasileira). América Latina Logístic: a lavagem das locomotivas são feitas com água captada das chuvas.

� Japão: contém cerca de 43 mil quilômetros de ferrovias (cerca de 1,4 vezes maior).

� China: são cerca de 60 mil população mundial está preocupada com o que está acontecendo com o planeta, são mudanças climáticas, desastres naturais e uma busca contínua por uma boa qualidade de vida. As pequenas mudanças que começam dentro de cada um, são responsáveis pelas maiores mudanças mundiais”, finaliza Eduardo Bastos. Essas empresas, assim como os alunos da sexta série, são exemplos de uma nova conciência. Um pensamento coletivo que se preocupa em preservar o local e o momento em que estamos. Uma forma de agir que não há mais como evitar, afinal todos recriminam o vizinho que não separa o próprio lixo.

42

quilômetros (pouco mais de 2 vezes maior).

� Índia: são cerca de 63 milquilômetros (cerca de 2,12 vezes maior);

� Rússia: são cerca de 85 mil quilômetros (cerca de 2,8 vezes maior);

� Estados Unidos: são cerca de 226 mil quilômetros de extensão (cerca de 7,6 vezes maior).


Fotos: Paulo Flores

Exemplo do Porto de Imbituba

Projeto Baleia Franca, 28 anos de trabalho em prol da espécie.

Entre os meses de julho e novembro, o Porto de Imbituba, no estado de Santa Catarina, recebe simpáticos visitantes, são as baleias Francas, espécie de cetáceo em risco de extinção, que procuram as águas mais quentes do litoral sul catarinense para se reproduzirem

D

urante o período de obras de recuperação dos molhes, ampliação do cais e dragagem. O porto neceissitava de operações com bate-estacas e martelete, o que molestava as baleias, foi criada uma solução o “Programa de Monitoramento das Baleias Francas no Porto de Imbituba e adjacências”. O programa foi proposto pela administração

do Porto, com uma metodologia especialmente desenvolvida pelo Projeto Baleia Franca, ONG que trabalha com a espécie há 28 anos. Como a cidade detém o título de Capital Nacional da Baleia Franca e ambas as partes queriam solucionar o problema, foi criada uma área de monitoramento. O monitoramento é realizado a partir de três pontos fixos, um localizado em uma encosta

agosto/setembro de 2011

43


Capa

As baleias Francas procuram o litoral sul catarinense para se reproduzirem.

próxima ao cais, outro no Morro do Farol e um terceiro no costão da Praia da Ribanceira. O segundo e o terceiro ponto servem de apoio e segurança ao monitoramento realizado no ponto fixo do cais. “O nosso objetivo é garantir o bem-estar dos animais e subsidiar o porto com informações técnicas para que as atividades sejam executadas causando o menor impacto possível”, relata Karina Groch, diretora de pesquisa do Projeto Baleia Franca. Segundo a diretora, foi criada uma metodologia a partir de um estudo de decaimento sonoro que analisou o tipo de ruído e a propagação do som provenientes da cravação das estacas. Assim as áreas de segurança e sobreaviso foram definidas e há monitoramento em um raio de até 4 km a partir do bate-estacas. O projeto rendeu prêmios, a construtora An-

44

drade Gutierrez, responsável pelas obras, recebeu o Prêmio de Mérito Ambiental da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) que premia anualmente a empresa com maior destaque na implantação de projeto ambiental. “Uma cortina de bolhas envolve o bate-estaca, minimizando o ruído gerado pela cravação”, explica Ricardo Kasper, Gerente de Qualidade do Meio Ambiente. Já o Porto de Imbituba recebeu o troféu pelo 9° lugar no Prêmio Benchmarking Ambiental do ranking de 2010 dos Melhores Cases de Gestão Socioambiental no Brasil. O Programa Benchmarking é uma iniciativa independente que construiu o maior banco de dados de livre acesso do país. Quem agradece de verdade pela iniciativa são as Baleias Francas, que em novembro voltam para a Antártida a procura de alimentos.


agosto/setembro de 2011

45



NETMARINHA.COM.BR O MAIOR E MAIS COMPLETO PORTAL DE NOTÍCIAS DO SETOR DE LOgÍSTICA, TRANSPORTES E COMéRCIO INTERNACIONAL DO BRASIL. Acesse e confira tudo o que acontece no Brasil e no mundo neste segmento de mercado.

JORNALISTAS NOS PRINCIPAIS POLOS econômicos do Brasil.

CORRESPONDENTES INTERNACIONAIS no Japão, China e Europa.

Parceria de geração de conteúdos com as principais

AgêNCIAS DE NOTÍCIAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS.

Mais sobre a NetMarinha: Editora da revista segmentada Administradora do cartão de benefícios ao leitor Promotora e organizadora das feiras:

www.netmarinha.com.br


Saúde

Sua saúde é aquilo que você come Fernanda Cunha

Entre trabalho, estudo, trânsito, filhos e demais compromissos diários, cortar atenções que deveriam estar voltadas para a alimentação é tentador. Diminuir o horário e a qualidade do almoço, comer algo rápido e fácil sob a justificativa de não perder tempo ou simplesmente pular as refeições, é mais comum do que deveria ser

A

o negligenciar as regras básicas de alimentação surgem males que afetam àqueles com cotidiano corrido. Segundo o Ministério de Saúde, a hipertensão arterial atinge 23,3% da população adulta, a diabete chega a 6,3%, com maior incidência nas mulheres que nos homens, 13% da população adulta é obesa e 48% está acima do peso. Em nível mundial quase 500 milhões de pessoas são obesas correspondendo a 10% da população. Problemas relacionados a alimentação são mais comuns e frequentes do que se imagina, o cuidado deve ser constante e a atenção redobrada, se tempo é dinheiro, saúde vale ouro. Procuramos uma especialista no assunto, a nutricionista Érica de Souza que já começou a entrevista afirmando que falta de tempo não é desculpa para uma má alimentação. “Eu sei que todo mundo trabalha o dia inteiro e não sobra tempo para nada, mas também sei que todo mundo usa bolsa, tem gaveta ou armário no ambiente de trabalho. Dá para colocar uma maçã ou

48


Fotos: Fernanda Cunha agosto/setembro de 2011

49


Saúde

uma barra de cereal, certo?”, desafia a nutricionista. Érica sabe que não é fácil, mas ressalta que é necessário investir na saúde. Ela aconselha tentar adaptar-se à rotina e procurar alternativas. “Temos que respeitar o tempo de cada um, analisar o ambiente de trabalho e o ritmo de vida para, então, procurar adaptações. As pessoas têm hábitos totalmente diferentes, não dá pra seguir uma regra pra todos”. “Fácil não é, mas é preciso. Tem que querer e se esforçar”, complementa. Foi pensando nisso que, há dois anos, a gerente de negócios Marina Cabral, 28 anos, decidiu mudar a alimentação radicalmente. “Eu me vi trabalhando o dia todo, sem estímulo para praticar esportes, engordando e ao mesmo tempo via as pessoas da minha família adoecendo, tendo diabetes, colesterol alto e sem falar o histórico de câncer! Eu precisava fazer alguma coisa”. Ela,

então, passou a fazer refeições de três em três horas, cortou frituras, refrigerantes, doces e massas, aderiu aos alimentos orgânicos e à prática de exercícios físicos cinco vezes por semana. Mas o maior desafio para Marina foi cozinhar o próprio almoço numa rotina de, no mínimo, 10 horas por dia. “Passo o dia fora. Sabia que se quisesse comer comida saudável eu mesma teria que fazer, então comecei a cozinhar durante a noite o almoço do dia seguinte”, explica. Os resultados? “A minha pele e meu cabelo melhoraram muito, o peso equilibrou e minha disposição aumentou. Não fico mais com sono depois do almoço, tampouco de mau humor. Meu humor não muda mais!”, comemora Marina. Érica preparou dicas simples, possíveis para as rotinas de trabalho mais puxadas e garante que se forem levadas a sério, podem fazer toda a diferença.

“Passo o dia fora. Sabia que se quisesse comer comida saudável eu mesma teria que fazer, então comecei a cozinhar durante a noite o almoço do dia seguinte”. Marina Cabral, gerente de negócios.

50


g

Dicas Veja algumas sugestões para uma boa alimentação mesmo com uma rotina de trabalho que não lhe dá folga: • Comer de 3 em 3 horas: quando passamos um período maior que 3 horas sem comer, o corpo entende que isso é jejum e naturalmente diminui o metabolismo, ou seja, o organismo acumula nutrientes em forma de gordura para possíveis situações de escassez. Fazer intervalos pequenos entre as refeições ajuda a controlar o apetite e acelera o metabolismo. Sucesso certo. • Ter sempre ao alcance frutas secas ou frescas, iogurte, barras de cereal e biscoitos sem gordura transgênica: essas são alternativas fáceis e saudáveis. Dessa maneira, estaremos sempre prontos para evitar o tal jejum que diminui o metabolismo e aumenta a fome. • Beber sempre muita água: devemos beber no mínimo 2 litros por dia! A água é o solvente universal, serve para carregar as substâncias dentro do nosso corpo, mantendo assim, as células bem nutridas. Ajuda a saciar o apetite e serve para excreção de toxinas pela urina. Além disso, auxilia no emagrecimento, pois para quebrar uma molécula de gordura são necessárias 4 moléculas de água. • Evitar frituras, refrigerantes, doces, enlatados, defumados: como se não bastasse o baixíssimo valor nutritivo, esses alimentos ainda são ricos em gorduras, açúcares e contêm substâncias nocivas para o organismo. O consumo exagerado pode ocasionar doenças crônico degenerativas. • Evitar bebidas alcoólicas e cigarro: essa é a primeira medida para manter a saúde em dia. Associados ao aparecimento de inúmeros tipos de doenças, bebidas alcoólicas e cigarros devem ser evitados. • Praticar esportes: atividades físicas melhoram o condicionamento físico e ajudam no emagrecimento, au­xiliam no combate às doenças e ao estresse. Para os que não têm tempo de seguir os horários de academia, as caminhadas são uma ótima escolha. Podem ser feitas em qualquer lugar e a qualquer hora. Para quem tem bom preparo físico, não está muito acima do peso e não tem problemas articulares, as corridas ainda são a melhor opção. • Abuse dos alimentos orgânicos: esses produtos são cultivados (vegetais) ou criados (animais) de uma forma a não se colocar em risco a saúde humana, não são utilizados fertilizantes, sintéticos, solúveis, agrotóxicos ou transgênicos. Além de naturais, os orgânicos possuem uma quantidade bem maior de nutrientes e são bem mais saborosos. Mas os benefícios não ficam só na saúde, o consumo de alimentos orgânicos também contribui com a sustentabilidade do planeta e fomenta a agricultura. Durante o processo de produção é feito o uso responsável do solo, da água, do ar e dos demais recursos naturais.

agosto/setembro de 2011

51


Asia especial report

Portos com sustentabilidade

Nagoya | Eulália Vasconcelos

H

á 1,02 mil portos no Japão, sendo que 22 deles são considerados especiais para trocas com outros países, como Nagóia, Kobe, Yokohama, Osaka, Chiba e Tóquio, por exemplo. Quase a totalidade dos produtos oriundos de comércio internacional, 99,7%, passa pelos portos ou ancoradouros existentes no país. A área portuária do Japão, além de importante para a economia do país, é essencial para a vida de toda a sociedade, já que a mesma desenvolve também serviços de transporte de passageiros, além de proporcionar espaços para negócios e comércio, fornecimento de energia, desenvolvimento de projetos de cinturão verde e espaços de lazer. Por causa disso, a responsabilidade ambiental e o desenvolvimento de políticas de sustentabilidade tem sido implementadas, desde o início da década de 90, sejam sob a coordenação do Governo Nacional, por meio dos Ministérios do Meio Ambiente e da Terra, Infraestrutura, Transporte e Turismo, sejam pelas

52

Divulgação

Por ser um arquipélago, com quatro ilhas centrais e mais de 6,8 mil pequenas espalhadas por toda a região, os portos desde sempre foram importantes meios para a realização de trocas comerciais no Japão. Até mesmo entre as cidades japonesas o transporte de cargas é feito por via marítima, representando 38,7% do volume total movimentado dentro do país, de acordo com dados do Ministério da Terra, Infraestrutura, Transporte e Turismo do Japão

Vista aérea do porto de Nagoya.


Descarga dos containeres, sustentabilidade começa com a organização.

agosto/setembro de 2011

53


Asia especial report

Em 1994 o governo japonês apresentou as Novas Politicas de Meio Ambiente para Portos.

próprias administradoras locais, ou com parcerias dos dois níveis de governo. No ano de 1994, o governo japonês lançou os conceitos básicos dos portos do futuro e politicas de meio ambiente, intitulados “Novas Políticas de Meio Ambiente para os Portos: desenvolvendo portos ecológicos em harmonia com seus meios”, representando uma série de melhorias portuárias, tais como o trabalho de proteção do ambiente marinho e o Projeto Mar Azul, ambos financiados pelo governo nacional, e o projeto de formas de prevenção da poluição portuária, parceria com as administradoras locais, por exemplo. Eliminação de Resíduos Os portos do Japão desenvolvem projetos de eliminação e reaproveitamento de resíduos, assim como a introdução de navios de limpeza responsáveis pela retirada de material descartado na superfície das águas próximas aos ancoradouros. Esses projetos são majoritariamente coordenados pelas administradoras locais, com um pequeno suporte do governo nacional. Além

54

disso, uma parte desses resíduos é usada para geração de energia que será utilizada pelo próprio porto. O Japão tem conduzido políticas efetivas não só para a disposição e tratamento de resíduos, mas também na criação de Parques Eco-Industriais que possuem como característica, incentivar empresas geograficamente próximas, buscando a diminuição da produção de resíduos e melhorar a gestão local. O conceito de “Eco-town” japonesa, foi introduzido em 1997 através de um sistema de subsídios criado por uma comissão interministerial, composta pelo Ministério da Economia, Comércio e Indústria e pelo Ministério do Meio Ambiente. Muitos professores estão utilizando seus esforços de pesquisa para a construção da “sociedade de baixo carbono” que, no Japão, ganhou status de lei federal nos últimos anos. A contribuição da energia solar é óbvia, pois em seu ciclo de vida não há emissões significativas, ou melhor dizendo, as emissões de CO2 por unidade de energia produzida são substancialmente reduzidas em relação aos processos normais de


O porto inaugurou o Plano de Proteção do Meio Ambiente em 2001.

produção de energia elétrica, no caso de termoelétricas que são movidas a carvão. Nesse sentido, o Japão tem contribuído com o desenvolvimento de placas mais eficientes, novos materiais e ideias inovadoras. No entanto, segundo dados apresentados, nos últimos 20 anos, as eficiências de conversão de energia solar para energia elétrica aumentaram entre 4 a10 vezes, e o preço caiu pelo menos mil vezes. Segundo o professor Hiroshi Ajiki, é preciso cortar ainda 50% destes custos para que a comercialização e circulação sejam elevadas a patamares que sustentem este mercado. Um dos exemplos de trabalhos desenvolvidos em prol da coexistência com o meio ambiente pode ser encontrado no Porto de Nagoya, localizado na cidade homônima. Um dos maiores do mundo, desde 1987, que as discussões acerca do destino do lixo e dos cuidados com o ecossistema da região portuária tem sido de extrema importância. De acordo com a administração local do porto, há uma política de responsabilidade baseada no conceito de um porto agradável e eco amigável para o futuro,

com envolvimento das autoridades portuárias e da população para a sensibilização sobre a preservação do meio ambiente. No ano de 2001, o Porto de Nagoya lançou o “Plano de Proteção do Meio Ambiente do Porto” em que um dos objetivos era criar um porto em harmonia com o ecossistema. Um ano mais tarde foi formatado o “Plano de Ação da Administração do Porto de Nagoya para Prevenir o Aquecimento Global”, baseado no sistema de gerenciamento ambiental ISO 14001 e que foi introduzido no ano de 2003. De acordo com o plano, foram implementadas políticas de esforços de proteção ambiental (veja na tabela abaixo) que proporcionam o desenvolvimento de um porto favorável à coexistência com nosso ambiente natural. Outro projeto implantado pelo Porto de Nagoya foi a utilização de energia eólica, produzida na própria área portuária e gerenciada pela administração local, que considera uma forma de contribuir para o desenvolvimento sem prejudicar a natureza, além de reduzir a produção de poluentes.

agosto/setembro de 2011

55


SEGUROS EM FOCO

Aparecido Mendes Rocha, corretor de seguros especializado em seguros internacionais. arocha@netmarinha.com.br – Twitter: @amrocha2011

Responsabilidade civil ambiental Os impactos causados ao meio ambiente repercutem nas esferas sociais, políticas e econômicas e faz com que os governos e comunidades, tratem a questão ambiental de forma integrada

A

responsabilidade civil consiste, na obrigação do agente causador do dano, reparar o prejuízo causado a terceiro, por ato próprio ou de alguém que dele dependa (responsabilidade subjetiva) ou ainda independente de culpa em alguns casos (responsabilidade objetiva). Traduzindo para os riscos ao meio ambiente, o causador de um acidente com consequências de danos ambientais ao solo, às águas, às espécies e habitats naturais protegidos e danos corporais e materiais causados a terceiros, tem o dever de repará-lo. O mercado segurador identifica grande potencial para o desenvolvimento do seguro de responsabilidade civil ambiental, um seguro definido por danos de poluição ambiental, que tem como objetivo reembolsar o segurado, até o limite da garantia contratada na apólice, as quantias pela qual vier a ser responsável civilmente, em virtude de danos decorrentes de poluição súbita, acidental e gradual. Porém, são poucas as seguradoras que operam com essa modalidade de seguro e as que operam possuem coberturas limitadas. Há grande resistência das seguradoras em garantir cobertura para poluição gradual, aquela configurada com a ocorrência de dispersão permanente e gradual de poluentes. O seguro de responsabilidade civil ambiental prevê cobertura parcial de poluição súbita e acidental e ampla para a gradual, resultantes de riscos de vazamento durante o transporte rodoviário de mercadorias, de derrame de petróleo ou derivados e riscos decorrentes da prospecção

56

de produção de petróleo e para os da produção de energia nuclear. Também estão previstas coberturas para os gastos com limpeza e contenção de poluentes, depuração ou recomposição do meio ambiente, custos judiciais e lucros cessantes de segurados ou despesas decorrentes da impossibilidade de utilização do local coberto. O seguro de responsabilidade civil transmite a idéia, a partir da sua concepção, de um dever social, todavia, também se qualifica como um seguro de danos, cuja finalidade é à proteção patrimonial da empresa segurada, possibilitando-a superar o impacto ocasionado por um acidente ambiental, sem comprometer a sua saúde financeira. Tramita na Câmara de Deputados, o projeto de lei 2313/03 que pretende tornar obrigatória a contratação de seguro ambiental para atividades lesivas ou potencialmente danosas ao meio ambiente, o que pode representar a efetividade da recuperação do meio ambiente degradado. A contratação de seguro ambiental, independente de sua obrigatoriedade, constitui um elemento positivo para as empresas que desejam agregar valor a sua imagem institucional. Nenhum seguro deveria ser compulsório, contudo, ainda não há, no Brasil, uma cultura de preservação ambiental por parte da maioria das empresas. O seguro não pode ser entendido como se fosse uma licença para poluir. As empresas querem produzir e obter lucros, as seguradoras querem vender seguros e obter resultados e o meio ambiente quer apenas sobreviver.



Europe Special Report

La durabilité de la rivière

Redação

Fotos | Reuters

Paris é conhecida por seus museus, culinária requintada, monumentos e por um rio que cruza a cidade, o Sena, que está longe de ser apenas um cartão postal, é uma peça fundamental para a sustentabilidade da capital francesa

Rio Sena atravessa toda a cidade.

58


C

onhecido como o rio dos namorados, o Sena é um importante instrumento econômico para a França e principalmente para a capital, Paris, banhada por suas águas. A navegação fluvial na região metropolitana é utilizada com bastante ênfase no transporte de produtos que são deslocados das rodovias, vias expressas e avenidas, aliviando o tráfego urbano. O entulho proveniente das demolições, materiais para construção, areia, pedra, cimento, concreto e terra de escavação, são cargas comuns em comboios que navegam o rio. As usinas de concreto localizadas as margens da hidrovia recebem matéria prima e fazem entragas por meio fluvial. A proximidade ao rio é um fator importante na redução de custos, pois as jazidas de areia e pedra estão localizadas no próprio leito. A sucata industrial e urbana também têm o rio como meio de transporte preferencial. O carvão também é um produto que chega a região por hidrovia, para abastecer as usinas termoelétricas localizadas a beira do Rio Sena, evitando o fluxo de caminhões em trajetos urbanos, reduzindo a poluição ambiental e sonora. O trigo, da famosa baguete francesa, navega o Sena ao encontro de moinhos localizados às margens. Após a industrialização, a farinha de trigo passou a ser distribuída para toda a região urbana de Paris, por via rodoviária.

os Porto de Paris adotaram um plano de ação para estruturar a política ambiental no campo de desenvolvimento portuário. O tráfego do porto poderia ser triplicado, o que aliviaria o setor rodoviário em dois milhões de caminhões, aproveitando o incentivo fiscal para a implantação das empresas de logística ao longo do rio, facilitando o escoamento da produção por toda Paris e região. O mais recente projeto que envolve o rio Sena, em Paris, propõe quatro objetivos. O primeiro é aumentar o acesso ao rio e tornar suas margens mais seguras. Segundo, melhorar a travessia do rio e propor novas atividades culturais, econômicas e desportivas, disponíveis à população, durante todo o ano. Por último uma nova arquitetura para as margens e que promova o desenvolvimento da biodiversidade. O projeto propõem pelo menos nove áreas de saneamento, sendo quatro na margem direita e cinco Carregamento de lixo corre o rio em direção à Catedral de Notredame.

Os portos de Paris “Transporte fluvial limpo, eficaz e responsável”. Com esse slogan os Portos de Paris querem promover ainda mais o transporte fluvial, com foco principal no compromisso ambiental. Afinal, o transporte fluvial consome cinco vezes menos combustível e emite 2,5 vezes menos CO2. Mais verde e mais seguro, ele se encaixa perfeitamente na dinâmica do Fórum Ambiental de Grenelle que tem como perspectiva um aumento de 25% dos modos de transportes alternativos, assim teríamos menos emissões, menos poluição e um potencial real de ganho na preservação. Além desta importante contribuição para reduzir as emissões de gases de efeito estufa,

agosto/setembro de 2011

59


Europe Special Report na margem esquerda. Cada área será redesenhada, na margem direita o principal objetivo é reduzir o tráfego intenso de veículos a um custo de aproximadamente 40 milhões de euros. Os Portos de Paris estão determinados a ajudar a preservar o ambiente natural, levando em conta o ambiente no projeto e operação de seus portos. Na sequência da adoção de um primeiro Plano de Ação Ambiental em 2007 e para consolidar os progressos realizados, os portos de Paris decidiram implementar uma política ambiental em todo o estabelecimento, consagrada em um espírito de melhoria contínua do desempenho ambiental.

Os “Bateaux Mouches”: barcos de transporte de turistas e cargas.

60

Fluxo turístico O transporte turístico de passageiros, pelo Rio Sena, é uma atividade tradicional em Paris, com seus famosos Bateaux Mouches, barcos moscas, nome originado do fabricante que construía as embarcações, o Estaleiro Mouche, da cidade de Lyon. O número de turistas na França supera os 80 milhões e a grande maioria visita Paris Como as principais atrações turísticas de Paris estão localizadas às margens do Rio Sena, a prefeitura projeta interligar diversos trechos das margens do rio, para possibilitar aos turistas e visitantes circularem e desfrutarem das atrações através de um passeio contínuo, sem prejuízo para as atividades portuárias.


Encontro Nacional de Comércio Exterior

Pier Mauá - Armazém 2 do Porto do Rio de Janeiro

Veja programação no site e inscreva-se!


Summit View

Um cidadão do mundo Leandro Almeida

Acostumado a muitos carimbos no passaporte, o holandês Robbert Jan van Trooijen voltou recentemente para o Brasil. Agora como chefe executivo da Maersk na América Latina e Caribe e se declara feliz. Um líder que prefere falar da empresa do que de si, intitula a família e a profissão como a razão de viver. Acredita que o segredo é o equilíbrio, “a balança” como ele mesmo diz com o sotaque holandês. Robert apresenta, como poucos, a habilidade nata em moldar o mercado, motivo de sobra para estrear esta seção 62


Trade Summit - Quantos idiomas fala? Robert - O meu francês está um pouco fraco agora, já foi melhor. Falo alemão, pois para quem é holandês existe uma facilidade, o inglês, português e o holandês. Quantas viagens a trabalho pelo mundo por ano? Eu viajo muito, são em média duas viagens por mês dentro do Brasil e uma por ano, ao mínimo, para o exterior, para a Dinamarca onde é a sede da empresa. Segredo do líder? Acredito que não há segredo, o que deve ser feito é conhecer a sua equipe, os seus funcionários, as pessoas que estão ao seu redor e com quem você trabalha. Mostrar autenticidade, acho que essa é a palavra para descrever melhor o que é o segredo do líder. Como motivar equipe? Mostrar energia, bom humor, profissionalismo, assim você passa esses princípios para sua equipe, é claro que existem dias que você está mais cansado ou até um pouco enfermo, mas você deve sempre mostrar para os seus funcionários que você acredita na empresa. Como repreende? Acho que cada um sabe o seu dever com a empresa. Seu maior erro profissional ? Aconteceu há muitos anos, eu sabia o que era necessário, doloroso, porém necessário e demorei para tomar a atitude e eu digo isso em termos de funcionário. Sua mais importante realização profissional? Foi quando estava em Hong Kong e a empresa me chamou para trabalhar em Londres, onde era a matriz. The one million dollars question? Olha, pensei muito sobre essa pergunta e acho que não existe, tem um livro do qual fizeram um filme que fala sobre isso. O homem pergunta qual o sentido do universo e o computador depois de um tempo, diz que a resposta é a numero 42, então acho que a questão de um milhão de dólares não existe.

Fusões e aquisições ou crescimento linear? Uma pessoa que eu conheço muito bem me disse que você pode adquirir tudo na vida, a única coisa que você não pode comprar ou adquirir é o cliente. Eu posso pagar US$ 10 bilhões para comprar uma empresa grande, pensando que vou estar comprando também a participação que essa empresa tem no mercado, mas no final, quem vai decidir é o cliente. Como a sua empresa gera valor compartilhado? Como agregamos valor compartilhado aos nossos clientes é fácil, são três requisitos que queremos nos diferenciar dos nossos concorrentes, confiabilidade, facilidade de acesso e meio ambiente. Paletó e gravata ou roupa casual? Eu prefiro uma calça jeans e uma camisa do que terno e gravata, até mesmo para trabalhar. Hobby? Minha família, meus filhos e minha esposa. Livro que recomenda e que está lendo no momento? Não tenho um em particular, mas não gosto de ficção, prefiro os sobre história, biografias. Quando fui morar no oriente médio eu li um que falava sobre o mundo do petróleo o nome é “The Price”. Qual é o preço que se paga para chegar ao “Summit”? Inevitável, acho que sempre tive muita sorte em minha vida, nunca deixei a minha família de lado, sempre priorizei o trabalho e a família. Qual é o maior beneficio de estar no “Summit”? É bom ter acesso a pessoas que você admira e pode aprender. Nas minhas viagens eu gosto de estar em contato com a minha equipe. Quando fui ao oriente médio, eu aprendi sobre petróleo, no Brasil, sobre o café e no Chile o salmão. Desde 97 eu não voltava ao Brasil e foi muito bom reencontrar velhos amigos. Estar no “summit” é um grande benefício, pois posso viajar muito e estar em contato com essas pessoas que me fazem aprender mais. Quando se está numa montanha, a melhor vista é a do topo.

agosto/setembro de 2011

63


pier

notas do trade

g A Progress Rail Services produzirá Divulgação

locomotivas em Minas Gerais

Diversos portos estão surgindo por todo o país. Isso mostra que o decreto 6620, disciplinou o setor. Dando segurança jurídica para os terminais em operação e trouxe normas claras para os futuros terminais. Segundo Brito, será autorizado um novo porto em Manaus, uma concessão para um porto no Sul da Bahia, uma concessão para a região de Aratú (BA). Vitória (ES) terá um novo porto de

Progress Rail Services, subsidiária da Caterpillar

águas profundas e será renovada a concessão de

Inc., anuncia seus planos de abrir uma fábrica de

Imbituba (SC), o primeiro porto privado do país.

locomotivas diesel-elétricas em Sete Lagoas, no Estado de Minas Gerais. A MGE Equipamentos e

de containeres: Embraport e BTP-Brasil

Serviços Ferroviários Ltda, subsidiária brasileira

Terminais Portuários. Ambos ainda estão

da Progress Rail, será responsável por esta nova

em fase de implantação. Brito destaca que o BTP

operação industrial no país, cujo objetivo é ampliar

reúne os dois maiores operadores mundiais de

o atendimento oferecido aos clientes brasileiros

containeres: a dinamarquesa Maersk e a suiça

e sul-americanos. A Progress Rail prevê que

MSC. Em Itaguaí (RJ), será lançada licitação de

esta nova planta poderá criar até 600 empregos

novo terminal de granéis.

diretos, quando estiver funcionando em sua plena capacidade. A empresa planeja fazer investimentos

Uma das idéias do Governo de mais fácil execução é no Norte do País. Ligar os portos às hidrovias, principalmente, após a inauguração das

significativos para modernizar a fábrica já

eclusas de Tucuruí (PA), no Rio Tocantins. Belém e

existente em Sete Lagoas. A unidade vai montar

Santarém, no Pará e Itaqui, no Maranhão, podem

e fabricar locomotivas da marca Electro-Motive

se beneficiar desse projeto.

Diesel (EMD) em uma área de 12 mil metros

Antaq tem um Grupo de Trabalho que

quadrados. O local conta com 100 mil metros

está montando as propostas para apoio à

quadrados de área total. A Electro-Motive Diesel

cabotagem, entre as quais, o suporte a projeto

Inc. é uma subsidiária da Progress Rail Services,

do Sindicato dos Armadores (Syndarma), que

líder mundial em tecnologia de locomotivas, com

trata de novos incentivos e de redução do Custo

aproximadamente 33 mil locomotivas diesel-

Brasil no mar, através do Pró-REB (Registro

elétricas em operação no mundo todo.

Especial Brasileira).

g Antaq anuncia novos portos terminais Sérgio Barreto Motta

64

Cita que Santos terá dois novos terminais

g Desafio ao Arco Rodoviário Sérgio Barreto Motta

Pedro Brito, ex-titular da Secretaria Especial

O Rio de Janeiro está realizando, com apoio

de Portos e prestigiado diretor da Agência

federal, uma obra importante, o Arco Rodoviário.

Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq),

Embora menor, é comparável ao Rodoanel

anuncia que novos portos e terminais virão.

paulista. O Arco Rodoviário irá ligar as


proximidades do Pólo Petroquímico de

O aporte recebido também permitiu

Itaboraí (Comperj) ao porto de Itaguaí.

a concretização do plano de internacionalização

Além disso, como a Ponte Rio-Niterói está

da marca Softway, que inaugurou em março

congestionada, permitirá que caminhões

uma subsidiária na Argentina, a primeira fora

do Norte e Nordeste tenham acesso

do Brasil. Para 2012, está prevista a abertura

a Itaguaí e ao Sul do País com facilidade.

de uma unidade no México, com um investimento

Para isso, será importante que a Serra

total avaliado em US$ 2 milhões. Unidades em

das Araras, na Via Dutra, hoje com traçado

outros países da América latina bem como nos

arcaico, seja modernizada.

Estados Unidos, estão previstas, porém com

Mas um impasse está no meio do

datas ainda em estudo.

Arco Rodoviário. Pelo jeito, a obra foi iniciada sem profundo planejamento, pois pretende-se que, ao passar pela periferia de Niterói, tome área de diversos estaleiros, como

g Complexo Logístico da Interporti

Equipemar, Renave, Aliança e Ultratec (UTC).

recebe maior guindaste do mundo

Os estaleiros sugerem ao Governo fluminense,

O complexo recebeu a encomenda

que o alargamento de pista não ocorra do lado

da Constremac Construções, fabricado

do mar, mas na parte interna da via, de modo

pela holandesa IHC Fundex, que foi orçado

a preservar os estaleiros. Caso as negociações

em R$ 20 milhões.

não tenham êxito, os estaleiros estão dispostos a recorrer à justiça.

Este é o maior guindaste do mundo para cravação de estacas em obras de infraestrutura portuária. O equipamento garantirá maior precisão e redução de custos nas obras em

g Holding que controla

alto mar. Segundo a Constremac, a aquisição

a Softway adquire Softleasing

desse guindaste é um diferencial competitivo,

A maior empresa em fornecimento

em produtividade.

de soluções em software para o mercado

possibilitando um aumento de mais de 50% O Complexo Logístico da Interporti,

de comércio exterior da América Latina,

localizado em Itajaí (SC), foi escolhido

que já tinha recebido um aporte financeiro

para essa operação, pois é especializado

da DGF Investimentos em operação global

em cargas de projeto, que é qualquer tipo

avaliada em R$ 60 milhões, intensifica

de carga pesada ou volumosa que, em razão

seu processo de expansão. Por meio

de sua tonelagem ou dimensão não pode ser

dessa capitalização, a holding adquiriu a

transportada em contêiner, exigindo assim,

Softleasing, empresa do mesmo segmento,

transporte especial.

com foco em pequenas e médias empresas.

Em 2010, a empresa investiu em

A operação permite que, agora, a holding

novos equipamentos para movimentação

tenha atuação em todo o mercado brasileiro

de cargas, capacitação técnica de seu corpo

de softwares para movimentações aduaneiras,

de funcionários, composto hoje por 220

processo essencial a todos os setores da

colaboradores e deu início às obras de

economia nacional.

expansão de sua estrutura física.

agosto/setembro de 2011

65


pier

notas do trade

g Paraguai retoma exportações Divulgação

de soja pelo Porto de Paranaguá

disso, este convênio prevê algumas facilidades como agilidade no desembaraço de cargas nos dois países.

g Cade aprova fusão da Brado Logística O Cade, Conselho Administrativo de Defesa Econômica, aprovou em julho, a fusão da Brado Logística, criada pelas parceiras América Latina Logística (ALL) e Standard Logística. A Companhia passou pelo processo de autorização do órgão sem nenhuma restrição, cumprindo todas as As exportações de soja paraguaia pelo Porto de Paranaguá voltarão a ser realizadas a partir

exigências A Brado já nasce como a maior operadora

do mês de agosto. Há oito, anos os paraguaios

logística do Brasil com base intermodal

deixaram de exportar soja pelo Porto, em

rodoferroviária em contêiner, operando também

função das políticas públicas que dificultaram

no Mercosul. A Companhia atua nos mercados

o escoamento de cargas, como a proibição do

externo, interno e importação e tem como

embarque de soja transgênica.

diferencial o transporte ferroviário, oferecendo

A superintendência do Ministério da

capacidade, competitividade nos custos e

Agricultura no Paraná está incentivando

qualidade de serviço, além de armazenagem de

as transações. Facilidades na liberação de

cargas reefer e dry, distribuição, frota própria,

mercadorias têm agilizado o desembaraço, como

terminais de contêineres, Redex, Vigiagro e

a integração aduaneira que permite a fiscalização

habilitações para os mercados internacionais.

da carga pelo Ministério da Agricultura do Brasil ainda em solo paraguaio. A Receita Federal também tem apoiado a

A Brado Logística prevê investimentos em torno de R$ 1 bilhão em cinco anos e espera conquistar de 12% a 15% das operações de

iniciativa. Já foi estabelecido um cronograma

contêineres com o transporte ferroviário. Desde

de chegada de caminhões no Entreposto

a criação da companhia, já foram investidos,

Alfandegado do Paraguai em Paranaguá, para

aproximadamente, R$ 45 milhões em ampliações

evitar congestionamentos ou filas. Num primeiro

de Unidades e aquisições de equipamentos e

momento, a Receita irá liberar a chegada de 20

maquinários.

caminhões provenientes do Paraguai por dia, podendo aumentar esse número conforme a necessidade. O Porto de Paranaguá possui um Entreposto

g CSI Cargo inaugura centro logístico II Mirian Gasparin

para escoar produtos do Paraguai (importação e

66

exportação). Foi estabelecido, na década de 50,

A CSI Cargo inaugurou o seu Centro Logístico II,

um convênio entre Brasil e Paraguai que criou o

localizado às margens da BR 376, no município

entreposto em Paranaguá e deu também ao Brasil

de São José dos Pinhais (PR). Com uma área total

um porto seco em território paraguaio. Além

de 114.349 metros quadrados, o Centro Logístico


Divulgação

empilhadeiras foi de R$ 3,5 milhões. Segundo informa o diretor-presidente da CSI Cargo, Andrés Ceballos, o Centro Logístico II funcionará 24 horas por dia, seis dias por semana e conta com uma equipe de 70 colaboradores altamente qualificados, além de toda a estrutura de equipamentos, que garante a velocidade e eficácia exigidas. Outro diferencial do projeto é a utilização de um Sistema de Gerenciamento de Armazém da CSI oferecerá serviços de desconsolidação

(WMS Gardem) próprio, desenvolvido pela

de cargas da Renault/Nissan vindas de diversas

equipe de Tecnologia da Informação da CSI. O

partes do mundo e transporte just-in-time

software funciona com sistema wi-fi, via pocket

O armazém de 18 mil metros quadrados de

pcs, e processa informações relacionadas a

área de armazenagem tem capacidade para

todas as atividades desenvolvidas dentro do CL,

380 contêineres e pode operar um volume

gerando indicadores de recebimento, estoque

transferencial de 130 mil metros cúbicos por

e faturamento. Desta forma, a equipe da

mês, com recebimento superior a 43 mil metros

Renault tem acesso online aos relatórios, que

cúbicos e expedição de 86 mil metros cúbicos.

são atualizados constantemente via leitura de

O investimento na compra de maquinário e

códigos de barra.


ITS 2011 – Itajaí trade summit especial

Todos os caminhos Redação

Preparamos este caderno para que você leitor descubra o prazer que existe em participar do ITS 2011 - Itajaí Trade Summit. Aqui apresentamos dos dados técnicos do evento aos pontos turísticos de uma das regiões mais promissoras do sul do país

História :: Por ser um produto que agrega valor a esse encontro de empresas e profissionais, a revista Trade Summit se sentiu com a obrigação de colocar, nesta edição, um pouco da história, do envolvimento dos expositores presentes nos outro anos, mas sem deixar de lado gráficos de avaliação de público, ilustração com a planta do evento, mapas, entre outros

Circuito :: Nossa equipe se orgulha ao superar cada um dos desafios que surgem quando se quer melhorar. Somos também, declaradamente, favoráveis à qualidade de vida e consideramos que cada passo de sucesso dever ser compensado. Por isso, oferecemos-lhe a editoria Viagem, com muitas opções para celebrar suas conquistas

68


trazem a ItajaĂ­

Vista da praia de Taquaras, uma das agrestes de CamburiĂş.

agosto/setembro de 2011

69


Arquivo | NetMarinha

ITS 2011 – Itajaí trade summit especial

Entrada do Centreventos, local em que ocorre o ITS 2011.

A

berto ao público no dia 21 de novembro, o ITS 2008 - Itajaí Trade Summit, surgiu com a pretensão em ser o maior encontro de negócios, nas áreas de comércio internacional e logística, da Região Sul. Aproximadamente 7 mil visitantes passaram pelo Centro de Eventos, entre eles estiveram profissionais de comércio exterior, logística, transportes marítimo, rodoviário, aéreo, embarcadores de cargas internacionais e fabricantes de equipamentos. Segundo o então coordenador de assuntos internacionais da Associação Brasileira de Transportadores Internacionais (ABTI), Guilherme Boger, a feira podia ser logo considerada uma das maiores e mais significativas do país. “Participo de eventos em todo o Brasil e, sem dúvida, a Itajaí Trade Summit, surpreendeu pela organização e pelo enfoque. Foi um evento bastante focado e isso é importante, nesse caso o destaque foi a comercialização e internacionalização. Fiquei surpreso com as informações disponíveis no evento”, afirma Boger que atualmente é o gerente executivo da ABTI.

70

No ano seguinte, com mais de sessenta expositores o evento marca a retomada total dos negócios da região. Para o prefeito, Jandir Belline, a feira agregou qualidade ao mercado de comércio internacional da cidade, trouxe o setor logístico e mostrou que Itajaí se recuperou dos problemas na estrutura portuária, causados pela enchente que assolou o estado em 2008. “A prefeitura conta com o Itajaí Trade Summit para apresentar a todos os profissionais do setor a infraestrutura que a cidade possui, além é claro da expectativa de crescimento”, avalia Jandir Belini. Com 8.828 visitantes e mais de setenta expositores, o ITS 2010 – Itajaí Trade Summit bateu recorde de todas as edições anteriores, com um crescimento de 35% em relação a 2009. Na terceira edição, o diferencial foi o grande número de negócios fechados durante o evento. Segundo o presidente da Próspera Trading, Fábio Fecondes, todos os anos a empresa em que trabalha consegue amortizar os investimentos do patrocínio com negócios fechados ou iniciados na feira.


Vista da movimentação do ITS 2010, sucesso de negócios e contatos.

“O ITS é um evento importante para as pequenas e médias empresas que querem apresentar a marca para o mercado, sendo uma excelente oportunidade para as grandes empresas se fortalecerem, mantendo proximidade aos clientes e prospectando novas oportunidades. E valoriza a cidade de Itajaí, que cresce a cada ano no segmento de comércio internacional”. Jean Stoll, gerente regional sul da Maersk

agosto/setembro de 2011

71


Divulgação

ITS 2011 – Itajaí trade summit especial

Entrada do porto e a praia de Atalaia.

Ainda lembra que os contatos iniciados ali são concretizados posteriormente e que a expectativa melhora a cada ano com a qualidade do público visitante. Atualmente a Região Sul tem a melhor infraestrutura portuária no país. Os três estados concentram grande parte da exportação e importação de carga de produtos com alto valor agregado. Para Fabiano Longo, da DHL Global Forwarding, que nunca ficou de fora do ITS e dobrou o tamanho do estande para essa edição, comenta que em 2010 foi notável que o evento aumentou quanto ao número de clientes, principalmente do Paraná. O que para Fabiano é importante, porque reforça a atuação regional, fortalece a marca e mantém o contato com os clientes da DHL. Já para Marcelo Orpinelli, CEO do Grupo Localfrio , que participa desde 2008 e que ano passado foi patrocinador e renovou para 2011 o foco no relacionamento e intercâmbio empresarial, teve as expectativas superadas, afirmando que o evento é uma das melhores oportunidades de se reunir players do setor, autoridades e clientes, além de estabelecer contatos valiosos para qualquer empresa que atua no segmento, demonstrando que o ITS é um encontro qualificado da área de Logística, Transporte e Comércio Internacional, destinado a profissionais de grandes, médias e

72

pequenas empresas exportadoras, prestadoras de serviços e equipamentos. “O ITS é um evento importante para as pequenas e médias empresas que querem apresentar a marca para o mercado, sendo uma excelente oportunidade para as grandes empresas se fortalecerem, mantendo proximidade aos clientes e prospectando novas oportunidades. E valoriza a cidade de Itajaí, que cresce a cada ano no segmento de comércio internacional”, afirma gerente regional sul da Maersk, Jean Stoll. O Porto de Itajaí, que patrocina o evento desde o princípio, revela a importância que representa para a cidade. Segundo o prefeito Jandir Bellini, receber o ITS é visto com atenção, pois movimenta o setor turístico, empresarial e a cidade ganha em todos os sentidos, pois o volume de negócios que é tratado dentro da feira sempre trás boas parcerias para o município. Como as feiras geram oportunidades de negócios e possuem ambientes privilegiados para o incremento das relações comerciais, reunindo fornecedores de produtos, serviços e tecnologia, compradores, especialistas do setor e profissionais, essa concentração de oportunidades favorece a otimização de recursos financeiros e representa a possibilidade de demonstrar o produto a um grande número de pessoas em um curto período de tempo.


g Fórum Netmarinha

Dia 14 de setembro as 16 horas:

Dia 15 /setembro

Incentivo à importação: Sonegação fiscal ou catalisador de desenvolvimento logístico regional?

Cabotagem vs. Transporte Rodoviário de Carga. Qual a melhor opção para quem paga o frete?

^^Menos ICMS na importação e mais arrecadação

^^No mundo todo, o transporte acima de 500 km é

para o Estado de Santa Catarina.

realizado por navio. O que falta para também ser realizado no Brasil?

^^Ações de inconstitucionalidade de setores da indústria e o real desenvolvimento de novos polos logísticos no Estado.

^^Mais escala, tempo de entrega, preço, velocidade no atendimento, falta de espaço para a armazenagem, “lobby” da indústria automotiva, aceitar “meia nota”, comprador de serviço corrupto, desconhecimento do assunto pelo gestor da indústria. Enfim, como convencer o responsável pela compra de frete, sobre a eficiência da Cabotagem para o transporte de Carga de longa distância?

^^Qual será o impacto na economia Brasileira e para o Estado de Santa Catarina com o fim destes incentivos? Tecnologia aplicada à movimentação de carga

^^Carga inteligente e porto sem papel. Realidade? ^^RFID aplicado ao produto como ferramenta de informação online.

Veja a seguir alguns números do ITS 2010: Perfil 22%

Técnico

15%

Gerente Comercial

11%

Outros

11% 10%

Diretor

8%

Supervisor Sócio

6%

Governo

5%

Consultor

5%

Presidente Engenheiro

4% 3% agosto/setembro de 2011

73


ITS 2011 – Itajaí trade summit especial

Segmento dos Visitantes (Prest. de Serviço) 19%

Portos, terminais e armazéns Logítica

17%

(Oper. logística e Freight Forwarders)

14%

Serviços (Trade Companies, consultores, TI, entid. de classe, governo, etc.)

11%

Transp. Marítimo Equipamentos

9%

Despachantes Aduaneiros

9%

Transp. Rodoviário

8%

Outros

8%

Transp. Aéreo Transp. Ferroviário

4% 1%

Procedência 68%

Santa Catarina

11%

São Paulo

7%

Paraná

6%

Rio Grande do Sul Internacional Rio de Janeiro

2%

Centro-Oeste

2%

Norte/Nordeste

74

3%

1%


Planta ITS 2011: Veja a localização de cada expositor para esta edição Ford Caminhões Cugner Tesc Tecadi Poly Terminals

Rogério Phillip

MercosulLine

Sdaprsc

Columbia Trading Softway Login

Tito DHL

ABTI Interport Jornal Brasil Econômico

Estrada

Grupo Soseg

Trade Júnior APPA Schenker ijsglobal Multipla Azul Cargo Porto de Itapoá

Infraero

Revista Economia e Negócios

Câmara Brasil-Itália Informativo dos Portos MovTrans ACII - Ass. Emp. de Itajaí Mafi do Brasil Columbia, Elog, EADI Sul Porto do Rio Grande Porto Nave Porto de Itajaí EGA Solutions Multilog

AM Trans

Heusj Comissária

LocalFrio APM Terminals DC Logistics

Smiths Detection Porto de Santos

agosto/setembro de 2011

75


ITS 2011 – Itajaí trade summit especial

Porto, praia, diversã Luciana Zonta e Adão Pinheiro

Com a realização do evento Itajaí Trade Summit, convidamos a jornalista Luciana Zonta para apresentar a cidade e arredores, mostrando ao lado empresarial, que além de bons negócios, Itajaí é uma ótima opção para o turismo e entretenimento, confira as dicas da nossa repórter

B

arcos a vela ancorados na Baía Afonso Wippel, popularmente conhecida como Saco da Fazenda, geram uma empatia imediata com quem chega ao lugar. O estuário da margem direita da foz do Rio Itajaí-Açu, que separa as vizinhas Itajaí e Navegantes, é o ponto de referência para quem está na Itajaí Trade Summit (Centro de Eventos de Itajaí), e quer desbravar um pouco mais desta cidade de quase 200 mil habitantes e um certo ar de interior. Isso mesmo, interior! Após 151 anos de emancipação política, Itajaí cresceu e apareceu, mas também guarda um conjunto de casarios históricos bem conservados, pracinhas limpas e floridas e

76


Fernando Vargas

o e culinรกria

Para os mais radicais parapente no morro do Careca.

agosto/setembro de 2011

77


ITS 2011 – Itajaí trade summit especial

personagens com quem sempre é possível trocar alguns comentários sobre a safra da tainha ou da anchova. A forte ligação com a pesca (a cidade concentra algumas das maiores empresas enlatadoras de sardinha do Brasil) faz de Itajaí uma terra com fartura de oferta de pescados tanto nos restaurantes agrupados na turística Avenida Beira-Rio - onde também está o Centro de Eventos - quanto no Mercado do Peixe, lugar que, aos sábados, reúne democraticamente empresários, portuários e mendigos sob o mesmo teto. Um bom exercício de imersão na alma da cidade é sentar-se em um dos charmosos restaurantes do Mercado Público de Itajaí, de frente para o Rio Itajaí-Açu, e observar quem passa ou se diverte por ali. Anexo ao local, o tradicional Café e Restaurante Mercado Velho tem comidinhas típicas de boteco e cervejas artesanais de Santa Catarina, lugar perfeito

78

para um happy hour entre amigos. O local também é point de eventos culturais e shows musicais de voz e violão. A alguns passos dali, está a Igrejinha Imaculada Conceição – a mais antiga da cidade - e um conjunto bem conservado de construções tombadas, que contam parte história de Itajaí. Na praça da igrejinha, é possível avistar o píer turístico, que recebe navios de cruzeiros e turistas de diversas partes do mundo, de novembro a março. E ainda comprar algum presente dos artesãos que por ali se espalham. Baladas Se a intenção é conhecer gente bonita ou badalar pelos lugares bacanas da região, é possível pegar o carro e dar uma esticada até a Praia Brava, bairro preferido de surfistas, mulheres bronzeadas e distante 5 quilômetros


Fotos: divulgação

À cima a entrada do Mercado Público, à esquerda os trabalhos artezanais feitos no local. À direta a Igreja Imaculada Conceição, a mais antiga igreja da cidade.

do centro da cidade ou, então, jogar-se na efervescente Balneário Camboriú. Em ambos, o que não falta são boas opções gastronômicas e lugares charmosos para cair na noite. Para o empresário e diretor do Grupo Riviera, Evandro Dal Molin, que reside no bairro e freqüenta os points mais badalados da Brava, há pelo menos meia dúzia de bons restaurantes que não podem ficar de fora do roteiro de quem quer curtir a Praia Brava, atual alvo de investimentos imobiliários de alto padrão. Especializado em comida espanhola, o restaurante Dianthus costuma agradar o paladar de quem busca cozinha contemporânea. A sevicheria Salva Brava, a poucos metros do mar, reúne os que apreciam culinária andina diferenciada. Curtiu a praia e resolver esticar alguns dias da viagem de negócios para descansar? Evandro Dal

Molin sugere a Pousada Ondas da Brava, bem de frente para a praia, e a pousada Felíssimo, administrada pela elegante Graça Schauffert e que costuma hospedar famosos como o apresentador Amaury Jr. e globais que escolhem a Brava para curtir férias em família. Quem curte música eletrônica, ainda pode ficar atento à programação do Warung Beach Club, que costuma trazer DJs de renome internacional para festas especiais. Situado na ponta da Praia Brava, no limite com Balneário Camboriú, o Morro do Careca é o mais belo ponto para avistar a paisagem de cima. Há quase 20 anos, o topo do morro também virou endereço fixo dos adeptos de parapentes e asa-deltas. O Careca leva este nome por ter o topo liso e pouca vegetação. A vista, aliás, é dupla. Do lado direito, os prédios da Praia Central emolduram a paisagem de frente para a

agosto/setembro de 2011

79


Divulgação

Nelson Robledo

ITS 2011 – Itajaí trade summit especial

À cima, a adega do Number Seven, 1,2 mil rótulos de vinhos para degustar. À direita, pescadores, na Baía Afonso Wippel, popularmente conhecida como Saco da Fazenda

Ilha das Cabras, principal cartão-postal de Balneário Camboriú. Do lado esquerdo, os surfistas da Brava, em Itajaí, viram formigas num tabuleiro azul. Camboriú Mais três quilômetros ao Sul pela Rodovia Osvaldo Reis, chega-se em Balneário Camboriú, cidade que concentra alguns dos restaurantes, bares e casas noturnas mais badaladas de Santa Catarina. Ao olhar a linha do horizonte da Praia Central, a primeira impressão que se tem é de ter chegado a uma metrópole. E não está muito longe disso. A cidade é um playground turístico que, nos últimos anos, passou por um boom imobiliário digno de Avenida Paulista. Junto com esse boom, surgiram excelentes restaurantes, que não perdem em nada para os de outras regiões turísticas do país. Isso sem contar as lojas bacanas, shoppings com várias salas de cinemas e uma noite animadíssima,

80

com baladas que só terminam ao raiar do sol. Um dos endereços mais balados é o Green Valley, estrategicamente posicionado na vizinha Camboriú. A casa noturna acaba de ser apontada como a terceira melhor do planeta, segundo a conceituadíssima lista dos Top 100 clubs mundias da revista Dj Mag, publicação inglesa considerada a bíblia da música eletrônica. Um reconhecimento inédito para o Brasil, até então, um país sem muita expressão no e-music mundial. Como o que não falta são alternativas para aproveitar as horas de ócio em Balneário Camboriú, definir o que fazer nem sempre é uma tarefa fácil. O empresário do ramo de automóveis, Álvaro Zambom dos Santos, cita que um dos programas que não pode faltar em qualquer roteiro turístico da cidade é visitar as praias agrestes, sem esquecer de ocupar a estrutura e serviços de algum restaurante junto à beira mar. Entre as praias agrestes, ele recomenda a do Estaleiro,


À cima na esquerda, os temperos do Mercado Público. A badalada praia de Itajaí. E navio de cruzeiro atracado no terminal turístico do porto.

lugar que costuma freqüentar pelo menos uma vez por semana. Como a natureza é um espetáculo à parte na cidade, Álvaro ainda recomenda acompanhar o nascer do sol na Praia Central. “São imagens inesquecíveis, que podem render belíssimas fotos”, destaca. No campo gastronômico, a primeira filial do descolado restaurante Taj de Curitiba, eleito cinco vezes consecutivas pela Revista Veja como o melhor lugar para paquerar, também não pode ficar de fora de quem quer conhecer a alma de Balneário Camboriú. Situado na Avenida Atlântica, point das melhores casas e restaurantes da cidade, o Taj trouxe à região um mix de restaurante e balada, mas sem pista de dança. “É um ambiente agradável, para um happy hour, um jantar a dois ou mesmo tomar um chopp e curtir um som com os amigos”, explica Gustavo Ferroni Ferreira, um dos sócios da casa. O restaurante Number Seven, no Pontal Norte, é outra boa opção para curtir a vista da Praia Central

e degustar um dos vinhos da adega de 1.200 rótulos e um dos charutos cubanos que a casa oferece aos clientes. O menu de culinária fusion food, que mistura receitas tradicionais com ingredientes e sabores novos e inusitados, é assinado pelo chef Denis Ceratti Pernanchini, da nova safra de talentos catarinenses na gastronomia. Senna Você sabia que Balneário Camboriú reúne o mais completo museu do Brasil sobre Ayrton Senna? Eternizado por sua carreira brilhante na Fórmula 1, o piloto é homenageado pelo Museu Ayrton Senna – Tributo a um Campeão, idealizado pelo empresário e professor de Educação Física, Altair Kadiz dos Santos. Com acervo que reúne cerca de 1,5 mil itens, entre fotos, reportagens, miniaturas de carros, estatuetas, capacetes e até um macacão de corrida do ídolo, a exposição fica permanentemente aberta ao público na Kadiz Esporte& Lazer, em Camboriú. Parte do material fotográfico e algumas peças foram doadas pela mãe do corredor. Espalhadas pelo complexo estão 500 quadros que contam um pouco da carreira de Senna.

agosto/setembro de 2011

81




De tout un peu

Cristina Franzon, consultora em designer de moda. cris@netmarinha.com.br

O que é estilo? Essa é a pergunta respondida na estréia desta coluna. Ela surgiu pela necessidade de uma introdução ao tema moda e comportamento, pois antes de dizer o que e como vestir é preciso entender o que é ter estilo

O

s modismos são temporários, por isso, sua atitude em relação a vida deve ser uma marca registrada. E, indiscutivelmente, a aparência é parte fundamental da maneira como você se apresenta ao mundo. O estilo pessoal e intransferível revela, ou deveria revelar, quem você é. Se for uma pessoa tímida e vestir-se com uma roupa que chame atenção, com cores fortes por exemplo, passará a impressão de estar fantasiada. O contrario também é possível, uma pessoa extrovertida em uma roupa muito clássica e conservadora parecerá amarrada. Por tanto, antes de definir um modo de vestir, deve-se encontrar um jeito de ser. “Conheça primeiro quem você é, depois adorne-se de acordo”, disse Epiteto em seus conselhos para uma boa vida. Atualmente podemos observar que a moda está em um momento de ausência de tendências. Nunca houve época como agora, em que encontramos tudo-ao-mesmo-tempo-agora, basta sair nas ruas para comprovar. Modelos tradicionais misturam-se a novos tecidos, cortes ou modismos. Estabelecer um padrão virou demodê. A cada estação algumas peças ficam em evidência, mas a indústria em renovação constante torna impossível seguir modelos como antigamente. Quando, dentro do leque de opções oferecido nas lojas, você escolhe aquilo que o representa, a moda ganha um sentido maior. A produção em escala industrial causa a necessidade de um estilo individual, do contrário todos andaríamos exatamente iguais. Observe que nas ruas encontramos estilos que podem ser mais inspiradores e interessantes do que nos desfiles, isso é o reflexo de uma busca por identidade. É um modo

84

único de se mostrar ao mundo. Mesmo quando é preciso manter algumas regras para fazer parte de um grupo o indivíduo tende a diferenciar-se. Mas ainda é possível encontrar alguma tendência nessa nova ordem da moda. A febre do momento é quanto a procedência dos produtos. O público, mais consciente, exige produtos a partir de materiais ecológicos e métodos sustentáveis de produção. Essa prática começou timidamente nos anos 70, com os movimentos culturais da época, e se intensificou nos últimos anos no cenário mundial. A atual tomada de consciência no consumo deixou de ser coisa de hippie. As roupas não têm mais caráter artesanal, incorporaram design e tecnologia. O São Paulo Fashion Week, pela segunda vez adotou a sustentabilidade como tema. O evento foi decorado com papelão reciclado e reduziu o consumo de energia em 70%, entre outras ações. Nas passarelas, contudo, pouco se viu sobre o tema. A indústria têxtil brasileira ainda está começando a adaptar suas fábricas a esse novo conceito, mas no exterior esse processo anda a passos firmes. A semana de moda de Londres, realizada em setembro, terá o Esthetica, um espaço só para marcas ecológicas. E, em outubro, Paris sediará a quarta edição de uma semana de moda exclusiva para marcas adeptas do comércio ético (todas as etapas de confecção priorizam a redução do impacto ambiental, promovem a atividade de artesãos e pequenas comunidades e valorizam os funcionários). Na Europa e Estados Unidos existem lojas inteiras


g Encontre seu estilo

Decidir o que vestir pode determinar quem você é: ^^ Os Clássicos – são as pessoas que não seguem modismos, possuem peças de qualidade à temporais, criam um guarRodrigo Montanari

da-roupas duradouro, podendo se apropriar da moda em alguns itens ou assessórios quando lhes convier. Preferem as peças refinadas com bom corte e tecidos glamurosos, sapatos de qualidade. Mantém-se fieis às marcas pessoais.

^^ Os Modernos – Antenados, assimilam informações rapidamente, são descolados, e desapegados. Capazes de renovar o uso para uma mesma

especializadas em peças ecologicamente corretas. Grifes como Armani e Levis – até a megarrede varejista WalMart – lançaram linhas especiais de roupas com algodão orgânico. Hoje é fashion usar roupas e acessórios que contribuem para a preservação do planeta. O importante é saber o que usar, respeitando os ambientes e as pessoas. Imprimindo sua personalidade em seu modo de vestir. O meio corporativo tem convenções pré-estabelecidas quanto a vestir, observe-as e adicione sua marca pessoal. Um terno pode ser uma vestimenta muito tradicional, em cores sóbrias. Ou um look bem cortado adicionado de uma camisa colorido e gravata vintage. Ou pode ter um toque descontraído e uma camisa de tecido que ajuda a pele a respirar, com anti-fungícos. E assim por diante. O ideal é ter você evidenciado em suas atitudes.

roupa, inventam, reaproveitam, misturam. O novo e o antigo, os caros e baratos, tecnologia sustentável e peças de brexó . Abusam dos acessórios releem roupas clássicas num contexto inovador.

^^ Os Esportivos – Vestem-se para aventura com tecidos modernos cheios de tecnologia, reciclados, orgânicos, confortáveis. Usa roupas informais, preocupa se com a natureza e a sustentabilidade.

agosto/setembro de 2011

85


mundo corporativo

A NetMarinha como geradora de conteúdo e produtora de eventos, tem o objetivo de fortalecer o Brasil no mercado global. Para que isso seja possível, é preciso formar profissionais que saibam atuar nas condições adversas que o mercado apresenta. É necessário pensar no crescimento, bem estar e João Teixeira desenvolvimento deste profissional. Mas não queremos adotar Diretor Comercial práticas de auxílio, em que gurus do RH ditam regras. Como e Marketing se vestir, se portar numa entrevista, redigir um currículo ou o caminho que deve ser seguido na carreira. Acreditamos que o melhor é fornecer conteúdos importantes para o autoconhecimento, respeitando o indivíduo, priorizando a saúde mental. Para, então, tornar-se seguro e confiante para assimilar todas as informações que nos cercam nesse ambiente. Ao pensar nessa busca pelo crescimento do profissional do setor vimos a necessidade em criar esta nova seção da Trade Summit. Apresento a você leitor o “Mundo Corporativo”, aqui vai encontrar opinões de especialistas em comportamento humano sobre seu bem estar no trabalho. Para esta estreia convidamos nosso colunista, Willian Mac-Cormick, especialista em psicologia organizacional e institucional, a selecionar alguns artigos. Sua colaboração é fundamental para o desenvolvimento deste conteúdo, mande dúvidas e pontos de vista. Colabore para promovermos uma grande troca de conhecimentos! Aguardamos seu e-mail, mundocorporativo@netmarinha.com.br.

86


Você é feliz com seu trabalho? Willian Mac-Cormick

A felicidade no trabalho para alguns pode significar o sucesso, a carreira brilhante ou o emprego dos sonhos. Mas a profissão ideal é aquela que se ama, que se deseja, que se passa horas fazendo com prazer, sem ver o tempo passar

A

pessoa precisa se sentir realizada e completa, sem pensar apenas no retorno financeiro ou na popularidade que ganhará. Se relacionarmos felicidade a poder, ter, comprar e ser admirado pelo que temos e não pelo que somos ou gostamos de fazer, abre-se um vazio existencial. O trabalho pode e deve ser fonte de prazer, realização e não apenas um meio para alcançar o que deseja. O trabalho, muitas vezes, pode estar ligado ao sofrimento, pela necessidade de ganhar dinheiro. Um exemplo é o modo como o brasileiro se relaciona com o ofício. Somos um povo que pega o calendário no primeiro dia do ano e vibra com o feriado que terá, ou seja, o trabalho passa a não ser prazeroso e sim, apenas uma obrigação, uma necessidade. Um dos primeiros passos para transformar essa visão é mudar a postura. É preciso colocar-se como responsável pela vida e trabalho. Ao invés de reclamar das atitudes do patrão, da empresa, do trabalho, do salário, entre outros, deve-se refletir: - O que eu faço de diferente Por que eu mereço um aumento? Como posso

melhorar neste ambiente? Será que não é o momento de buscar outras oportunidades? Entretanto, não existe empresa perfeita ou ideal. Existe aquela em que seus valores condizem com a forma de atuar no mercado e relacionar com clientes, colaboradores e parceiros. Delegar a felicidade Transferir a responsabilidade de ser feliz a coisas e pessoas. O ser humano, muitas vezes, liga a felicidade a outra pessoa, a um amor, a um casamento ou um trabalho e um bem material, mas é preciso que primeiramente tenhamos que ser felizes conosco. O projeto de felicidade que idealizado é distorcido e tem a função de nos manter na insatisfação. Cada vez mais a felicidade, na atualidade, está menos embasada em razões filosóficas e mais em razões de mercado, de consumismo. As motivações filosóficas e religiosas dão conta que é preciso ser feliz pelo que somos, ir além da banalidade do nosso dia a dia. Já os motivos de mercado transformam os desejos em necessidades e o que eu não tenho, faz-me infeliz.

agosto/setembro de 2011

87


mundo corporativo

E agora? Willian Mac-Cormick

Chegou a hora de repensar a carreira, procurar novos cursos e oportunidades de emprego. Novos projetos. É nessa hora que surge a dúvida: como planejar este processo de mudança?

V

ocê como profissional não está fadado a nada. E hoje, mais do que escolher esta ou aquela profissão - como uma prateleira de supermercado - podemos inventar e se reinventar como profissional o tempo todo. O número de profissionais que se questionam sobre suas escolhas é cada vez maior. Uma pesquisa do HLCA Human Learning revelou que 78% dos profissionais entrevistados, entre 18 e 60 anos, não estão felizes no trabalho. É daí que surgem as mudanças. É importante salientar que, hoje, diferentemente de anos anteriores, a formação de um profissional não é mais determinante para o trabalho. Existem engenheiros que são diretores, jornalistas que fazem seleção e até odontólogos que administram. É grande o número de profissionais que por diversos motivos se questionam como profissionais em suas escolhas. Tudo tem um preço: recomeçar uma nova carreira, voltar a estudar, investir mais do que receber, descapitalizar. Cada escolha tem seu preço e é preciso estar preparado para enfrentá-lo. O primeiro passo é perceber que não existe empresa perfeita. Sempre há os prós e contras em cada organização. Sempre há um preço. O fato é que o trabalho vem para responder uma forte questão social: – Quem é você?. Muitos responderão, por exemplo: – Sou fulano, vim da família tal, dessa região. Geralmente as pessoas respondem com seu ofício

88

e assim se sentem socialmente úteis. Tenho minhas dúvidas: será que quando perguntam “quem é você?” não desejam saber, na realidade, “o que você faz?” Nesse sentido, o melhor emprego é aquele que melhor responde a pergunta “quem é você”, levando em consideração todos os fatores, como remuneração, família, qualidade de vida e identificação com a cultura organizacional. É difícil pensar em mudança de atividade profissional de forma totalmente separada das questões financeiras. Toda mudança pode gerar perdas no que se refere à remuneração. Esteja preparado para ser questionado sobre largar estabilidade e bons salários em busca de algo novo. Quando se encontra sentido no que se faz e aceita pagar o preço, os resultados podem ser extraordinários.

g Quer mudar de carreira?

Preste atenção nestas dicas: ^^Muitas vezes é preciso investir na aquisição de novos conhecimentos - cursos de extensão, pós-graduação e até uma nova faculdade.

^^Entenda que não existe empresa perfeita. Em cada uma poderá existir algo que você discorde.

^^Sempre é tempo para mudar e arriscar algo novo. Basta estar preparado para o desafio.


Caça aos trainees Willian Mac-Cormick

As empresas buscam alunos de universidades de renome, cursando o último ano ou recémformados, com potencial para serem grandes profissionais. Esses candidatos devem ter perfil para trabalhar sob pressão, suportando a competição interna e a constante busca pelos melhores resultados

N

a abertura de um processo trainee, os candidatos passam por avaliações, entrevistas e dinâmicas de grupo. - Estabilidade familiar, ser bilíngue, solteiro e ter condição de dedicação integral ao trabalho são características relevantes para a vaga - o maior objetivo é moldar um profissional jovem e talentoso de acordo com a cultura organizacional da empresa. Os candidatos procuram por programas de trainee para obter experiência, contato com empresas de referência no mercado e reconhecimento, mas lembre que nem sempre isso significa melhor remuneração. O candidato deve estar ciente de que muitas vezes deverá abdicar do lazer, de finais de semana e de tempo com a família. Participar de um processo tão acirrado nem sempre é o indicado para todos os perfis. Pessoas que já passaram por empresas mais exigentes e que hoje podem optar pelas que, além do resultado, primam pela quali-

dade de vida. Porém, também há casos de profissionais que sentem falta da correria, adrenalina. Por isso, cada um deve avaliar o próprio perfil antes de ter certeza de que deseja participar de um processo trainee. Aprovação X Reprovação O grande desafio para os candidatos é entender o que a empresa deseja. Ler os cases sobre a empresa, estudar, conversar com pessoas que já trabalham na mesma e fazer um diagnostico da cultura. Estando dentro, inserido no programa, o importante é observar e agir, espelhar-se em alguém e procurar se adequar à cultura. É importante analisar o que a instituição deseja, caso não aprovado em algum processo não significa que o profissional é menos capaz que os outros. Se é isso que se deseja, é importante tentar novamente, com outra empresa, de outra nacionalidade, outra cultura e com outros profissionais. Futuramente, o resultando pode ser satisfatório.

agosto/setembro de 2011

89


Gestão & carreira

Willian Mac-Cormick, especialista em psicologia organizacional e institucional. willian@netmarinha.com.br – www.executivosnodiva.com.br – twitter: @wmaccormick

A sustentabilidade do discurso

A incoerência entre o que falamos, o que desejamos e como agimos torna-se cada vez mais um empecilho para que consigamos alcançar nossos objetivos, prazer ou algum tipo de bem estar

V

ivemos na era do discurso. Mas o meu discurso, ou seja, o que eu falo e prego por verdade não se sustenta por muito tempo se não seguida pela ação, pelo ato. Freud já dizia que o pensamento é o ensaio da ação. Sempre há o tempo para refletir, para falar e há o tempo para agir. A questão é que cada vez agimos menos de acordo com nosso discurso. O discurso é aquele que dita, que diz-o-curso, mas quem te leva e te sustenta onde desejas estar é o ato, a ação. Sem o ato, o discurso não se sustenta por muito tempo. “No princípio era a ação.” (Sigmund Freud) Somos bombardeados por palestrantes que nunca ou pouco agiram sobre o tema que falam, apenas ensaiaram, somos atendidos por psicólogos que não fazem terapia ou por psicanalistas que não se analisam. É como ter aulas com um professor de literatura que não lê... Incoerente. Existem treinamentos e mais treinamentos visando melhorar, agregar e aprimorar o discurso, a oratória. Mas o que é feito para agirmos ou para aprendermos como bancar o preço por esta ação? “Mas aquele consultor fala muito bem, parece que entende mesmo do assunto...”, diz um amigo. E lhe respondo: “Falar difícil é fácil, o difícil é falar fácil e agir.” Quanto mais é enfático e repetitivo o discurso que profere, mais esta tentando se convencer do mesmo. É como um político que, em palanque ou acusado de alguma ilegalidade se embasa e repeti-

90

tivamente se apega no discurso de que “Sou ético! Sou ético! Sou ético!” Quem é ético apenas o é. Quem não é, tenta se convencer. Mas entre o prolixo e o coprolálico, melhor o silêncio. “Preocupe-se mais com o não-dito do que com o mal-dito” Mesmo que mal, quando eu digo algo tomo posse desse discurso, mesmo que seja mágoa, repúdio, aversão. Quando não digo me mantenho refém do não dito. Nem sempre o bem-dizer é uma opção, mas muitas vezes é necessário dizer da forma que se consegue. Não percebemos, mas há sempre palavras que dizem sem o querer dizer. Dar voz é se empossar de algo até então velado. Agir à altura do discurso e discursar à altura do desejo. Nossa questão hoje não é necessariamente desejar e sim agir à altura do seu desejo, do seu discurso. Imaginar, desejar sem se comprometer é apenas um delírio ou um ensaio de algo que nunca fica pronto, que não sai do papel. O Brasil é feito, em sua maioria, de pessoas que querem ganhar na loteria, mas não jogam. Para tudo há um preço. É necessário passar do discurso ao ato para se obter o que desejas. Me apoio no que, sabiamente, certa vez disse William Shakespeare: “Que tuas palavras ilustrem teu comportamento e teu comportamento, tuas palavras.” E você? Deseja ser reconhecido por seu discurso ou suas ações? Você deseja ser reconhecido? Você deseja?


O nordeste merece um evento de grandes proporções.

Nordeste Trade Summit, o maior evento regional de logística, transporte de cargas e comércio internacional. Dias 1 e 2 de março de 2012, no Centro de Convenções, em Recife/PE. Informações: marketing@netmarinha.com.br ou pelo telefone (48) 3321 0200.

MAR. 01st and 02nd - 2012



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.