JANEIRO DE 2014
PARANAENSE
100.ª EDIÇÃO
[editorial
Mal incurável
H
á quase 100 anos, o Dr. Flávio Luz, diretor de uma instituição de ensino de Curitiba, condenava com veemência o futebol, às vésperas do início do primeiro Campeonato Paranaense, lá em 1915. O esporte, de acordo com Luz, era “origem de males incuráveis, de vícios abomináveis e de outras surpresas dolorosas”, afirmou em artigo publicado no Diário da Tarde. Perto de um século depois, é possível afirmar que o Dr. estava coberto de razão. Não há quem consiga se livrar do time do coração. De acompanhar a tabela, grudar nas transmissões, fazer projeções, chutar escalações, enfim, tudo isso que começa neste sábado, mais uma vez e, aparentemente, pela eternidade. Este ano, a principal competição esportiva do estado completa 100 edições – da inaugural, vencida pelo Internacional, até a 99ª, no ano passado, marcada pelo tetracampeonato do Coritiba. É tempo de celebrar. Nesta segunda parte – ou primeira, como preferir – do Guia da competição da Gazeta do Povo listamos 100 artigos divididos em 10 categorias: Jogaços, Craques, Golaços, Esquadrões, Matadores, Goleiros, Técnicos, Personagens, Fiascos e Lembranças. Não são os 10 melhores em cada divisão. Mas jogadores, dirigentes e fatos que contam a longeva trajetória do futebol local, de forma ampla e democrática. Certamente, há quem vá discordar de determinada inclusão, de alguma ausência, e quem vá comemorar a presença de outros normalmente menos cotados.
AGRADECIMENTOS Sem a camaradagem dos historiadores Guilherme Straube (Coritiba), Flávio Frim (Londrina), James Skroch (Paraná) e Ângelo Defino (Operário) teria sido impossível montar as listas. Da mesma forma, sem os livros “Eternos Campeões”, do grupo coxa-branca Helênicos, “O Voo Certo - a história do Paraná Clube”, de Carneiro Neto, e “Futebol do Paraná– 100 anos de história”, de Heriberto Ivan Machado e Levi Mulford.
10JOGAÇOS Ângelo descontou. Outro do Palestra. Dos 17 aos 33 do 2º tempo, Coxa 5 a 2! E quando Anjolilo pôs 5 a 4 ninguém queria mais saber.
Coritiba 5x5 Ferroviário, Belford Duarte, 16/6/1946 – O Alviverde abriu 5 a
arrebatamento em chutes, defesas, caneladas e gols durante 90 minutos eternos
Atlético 4x4 Colorado, Baixada, 5/11/1978 – Os visitantes livraram 4 a 0, suprema humilhação para os donos da casa. Nos últimos 13 minutos um Ziquita possuído (alguém duvida?) igualou. Empate lembrado como vitória histórica. Fotos: Arquivo / GRPCOM
Coritiba 5x4 Palestra Itália , Juvevê, 17/1/1931 – Os italianos empurraram 2 a 0.
Agonia, cólera, desalento e
2, gols de Altevir (2), Baby, Gouveia e Adãozinho. Foi pouco. O Tricolor da rede reagiu Zequinha (3), Isauldo e Ibarrola marcaram.
Iraty 0x1 Operário, Coronel Emílio Gomes, 12/11/1961 – Valia o título do 2º turno da Zona Sul. 18 vagões partiram de Ponta Grossa, no “Trem Fantasma” original. Peleja dramática, gol no finzinho de Cosmoski e batalha campal entre as torcidas.
Atlético 1x1 Coritiba, Vila Capanema, 28/8/1968 – Empate e o Coxa era campeão, diante do timaço de Bellini, Djalma Santos e Zé Roberto, que abriu o placar com o Gazela. Aos 45 do 2º, Paulo Vecchio fez deste o Atletiba só dele.
Londrina 2x1 Grêmio Maringá, Café, 29/11/1981 – Decisão no maior clássico do Norte, 43 mil pessoas. Paulinho abriu o placar para os donos da casa, Silvinho empatou e Carlos Alberto decretou o título do Tubarão.
Londrina 2x2 União Bandeirante, Café, 13/12/1992 – O União anotou 2 a 0 e praticamente abraçou a taça. Tadeu descontou e, aos 45, Márcio ressuscitou o Tubarão. No terceiro jogo da final caipira, Londrina campeão depois de 11 anos.
Paraná 5x3 Coritiba, Pinheirão, 2/3/1997 – Ricardinho para o Paraná. Alex para o Coxa. Reginaldo para o Paraná. Brandão para o Coxa. Reginaldo para o Paraná. Alex para o Coxa. Ageu e Osmar para o Paraná.
Coritiba 3x4 Atlético, Belford Duarte, 14/03/1971 – O Coxa meteu 2 a 0.
Atlético 1x3 Paraná, Baixada, 22/7/2007 – Valia vaga na final. Alex
Nilson Borges perdeu um penal, mas o RubroNegro descontou, virou, fez 3 a 2 e 4 a 2. Paulo Vecchio ainda diminui em um Atletiba considerado um dos mais emocionantes.
Mineiro pôs 1 a 0 e a passagem parecia encaminhada para o Furacão. Que nada. Lima, Alex e Rogério Corrêa (contra) carimbaram o passaporte do Tricolor para a decisão.
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10 CRAQUES
O futebol da mais fina estirpe jogado em território paranaense Maximino Zanon – Capitão do Britânia, esteve em todos os títulos do hexacampeonato, de 1918 a 1923. Depois ainda foi árbitro e alfaiate tão caprichoso quanto quando se acostumou a costurar as defesas pela ponta direita.
Alceu Zauer – Volante, defendeu o Ferroviário nas décadas de 40, 50 e 60, e conquistou os títulos de campeão paranaense em 1948, 1950 e 1953. Considerado por todos um nobre em campo, incapaz de uma ofensa.
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Miltinho – O meia armador e centroavante foi sete vezes campeão com a camisa alviverde, de 1949 a 1963. Apesar do físico franzino e pouco intimidador, jamais vacilou em partir para cima de um beque malvado.
Zé Roberto – A “Gazela”, como era chamado, dava tanto problema dentro de campo (para os rivais), pelo meio e ataque, quanto fora dele (nas boites da cidade). Foi ídolo no Atlético e no Coritiba, quando conquistou o tri estadual (1972, 73 e 74).
Kruger – O “Flecha Loira” é um dos maiores jogadores da história do Coritiba. Ponta de lança de alta periculosidade obteve sete títulos estaduais. Venceu ainda uma série de contusões gravíssimas.
Carlos Henrique – Capixaba, defendeu o Londrina entre 1981 e 82, emprestado pelo Flamengo. Atacante rápido e driblador, comovia também a mulherada do norte do estado. Foi campeão em 1981, quando fez 13 gols e sofreu cinco pênaltis na campanha.
Nivaldo – Meia-cancha de categoria inquestionável e liderança, foi campeão no Grêmio Maringá em 1977. Depois brilhou no Atlético, três vezes campeão no Furacão (1982, 83 e 85).
Carlinhos Sabiá – Nos anos 80 o sonho do “futebol arte” parecia ter morrido com a derrota da seleção brasileira de 82 na Copa. Mas o meia mineiro insistiu em praticá-lo no Atlético, onde foi bicampeão (1988 e 90) e no Paraná (1991).
pelo clássico Botafogo de Garrincha e foi virar ídolo, já bigodudo (a marca registrada) no Atlético. Na Baixada, o meia-atacante tornou-se o maior artilheiro da história do clube (154 gols) e especialista em dar bicicletas.
Adoílson – Foi ídolo no Grêmio Maringá, no final dos anos 90, e três vezes campeão com o Tricolor (1991, 93 e 94). Apelidado “Bagaço”, o meia destacava-se pela habilidade e o faro de gol, além do cabelo mullet crespo.
Fotos: Arquivo / GRPCOM
Sicupira – Cria do Ferroviário, passou
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Zé Dias, para o Londrina, na vitória por 3 a 1 sobre o Atlético – Baixada, 31/8/1983
10 GOLAÇOS Matosas, para o Atlético, na vitória por 2 a 0 sobre o Rio Branco – Estradinha, 9/3/1996
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Bicicleta, letra voadora, míssil teleguiado, voleio nas estrelas, balaço matador de coruja, calcanhar humilhante, chapelaria, arrancada fulminante, manta off-road e dribles desconcertante s
ILUSTRAÇÕES: MARCO SOUSA
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Neno, para o Coritiba, na vitória por 4 a 1 sobre o Atlético - Baixada, 12/4/1942
OUTROS GOLS Isualdo, em Ferroviário 2x1 Cambaraense - Vila Capanema, 28/11/1953 – Disputa quente pelo
João Antônio, em Atlético 0x1 Paraná - Couto Pereira, 8/8/1993 – O volante/meia paranista
título do Centenário. O embate seguia empatado por 1 a 1, até que aos 6 minutos da etapa final o ponta Maurílio, do Ferroviário, cruza a bola, Isualdo pega de bicicleta e manda sem chances para o goleiro. Tento do caneco Boca-Negra.
cometeu o que se pode chamar de “voleio nas estrelas”. Ou teria sido um passo de break adaptado ao futebol? Golpe de capoeira? Bola lançada na área em cobrança de lateral, a zaga rebate e Mestre João voa para acertar um chutaço.
Chico Fraga, em Colorado 1x0 Coritiba - Vila Capanema, 12/10/1980 – Domingo chuvoso.
Ratinho, em Paraná 0x1 Rio Branco - Vila Capanema, 14/3/2009 – Apenas um minuto de
Cinco minutos de partida, falta para o Colorado na intermediária alviverde pelo lado esquerdo. O lateral Chico Fraga detona um torpedo, a bola parte rente, desbastando o gramado e vencendo o incrédulo goleiro Moreira.
jogo em Curitiba. Vacilo da zaga paranista, Ratinho toma a posse da bola, pelo lado esquerdo e acerta um balaço cruzado que vai se alojar no ângulo direito do goleiro. Por sorte não pegou em ninguém, pois poderia ter machucado.
Neílson, em Toledo 0x1 Londrina - 14 de Dezembro, 10/3/2013 – O lateral se manda pelo flanco esquerdo da defesa toledana. Cruzamento na área e Neílson salta para se encontrar com a bola. O avante para no ar por alguns instantes, tempo suficiente para aplicar uma “letra voadora”, a única alternativa para mandar a bola para as redes.
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Mirandinha, para o Paraná, na vitória por 2 a 0 sobre o Atlético – Couto Pereira, 5/2/1995
CONTEÚDO EXTRA
Sicupira, para o Ferroviário, na vitória por 4 a 1 sobre o Primavera – Vila Capanema, 27/10/1963
Confira os desenhos de todos os gols selecionados pelo Guia do Parananese 2014, em alta resolução. Trabalho do ilustrador Marco Sousa
www.gazetadopovo.com.br/esportes
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10 ESQUADRÕES
Legítimas máquinas de jogar bola, escalações recitadas como música
Britânia de 1919 – Vitor; Floriano e Cassou; Moura, Elias, Martin e Bassani; Maximino, Zito, Romualdo, Joaquim Martin e Ferreira. Time do bicampeonato de 1919, parte da primeira dinastia estadual, que duraria ainda outros quatro títulos.
Atlético de 1949 – Tão grave era o
Foi bicampeão estadual com o mesmíssimo time titular. Acompanhe: Hamílton; Fedato e Carazzai; Márcio, Bequinha e Guimarães; China, Miltinho, Ivo, Duílio e Ronald, dirigidos por Félix Magno.
Ferroviário de 1965 – O primeiro título do bicampeonato Boca-Negra, jornada magistral de Paulista; Antenor, Fernando Knaipp, Caçula e Celso; Sarará e Martins; Mário, Paulo Vecchio, Bídio e Humberto.
Arquivo / Museu do Atlético
estrago imposto aos rivais que a imprensa vaticinou: “é um Furacão!”. Nos 11 primeiros jogos do título, 49 gols. Feito da insaciável esquadra de Laio; Délcio e Waldomiro; Waldir, Wilson e Sanguinetti; Viana, Rui, Neno, Jackson e Cireno.
Coritiba de 1956/1957 –
União Bandeirante de 1971 – Vice-campeão, enfrentar o conjunto do técnico De Sordi era um inferno. Como esquecer de Mão de Onça; Carlos Roberto, Xesco, Geraldo e Wílson; Tião Macalé e China; Nondas, Tião Abatiá, Paquito e Russinho.
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Fotos: Arquivo / GRPCOM
Coritiba de 1973 – Ano mágico no Alto da Glória com o tri, a conquista do Torneio do Povo e o 5º lugar no Nacional. Graças ao timaço-aço de Jairo; Orlando, Oberdan, Cláudio e Nilo; Hildalgo e Negreiros; Leocádio, Zé Roberto, Tião Abatiá e Aladim.
Grêmio Maringá de 1977 – Bicampeão em 1963-64, o Galo voltou a mandar no futebol araucariano batendo o Coxa na decisão. Obra do escrete de Wagner; Nilo, Celso, Assis e Albérico; Didi, Ferreirinha, Nivaldo e Itamar; Freitas e Marquinhos.
Atlético de 1982 – Campeão invicto e o tão sonhado fim do jejum após 12 anos de espera para comemorar: Roberto Costa; Ariovaldo, Jair Gonçalves, Bianchi e Sérgio Moura; Jorge Luís, Lino e Nivaldo; Capitão, Washington e Assis.
Londrina de 1981 – O Tubarão não sabia o que era um título desde 1962. Ficou sabendo com o memorável time de Neneca; Toninho, Zequinha, Fernando e Zé Antônio; Luiz Gustavo, Zé Roberto e Nivaldo; Zé Dias, Paulinho e Carlos Henrique.
Paraná de 1992 – O Tricolor não foi campeão, algo meramente contingencial. Mas entrou para a história com Luis Henrique; Balu, Gralak, Servilho e Ednélson; João Antônio, Adoílson e Marquinhos Ferreira; Maurílio, Saulo e Serginho. 11
10GOLEIROS Romano – Batizado Antônio
Wojciechowski, surgiu no Operário (1919) e foi destaque e bicampeão no Britânia, na extravagante jornada do hexa. Morreu com apenas 24 anos.
Bolívar – 120kg e a agilidade de um gato. Quem viu jogar, jura que o goleiro do Monte Alegre, campeão de 1955, era um felino de grande porte.
Paulista – Ninguém recebe o apelido de “Fortaleza Voadora” por acaso. Émerson de Andrade defendeu o Ferroviário por 12 anos e foi bicampeão paranaense em 1965 e 1966.
Célio Maciel – Compensava a pouca altura (1,74m), com agilidade incomum e defesas acrobáticas. Iniciou no Britânia, foi duas vezes bi no Coritiba (1968-69, 1971-72), jogou no Londrina, Pinheiros e Colorado.
Ado – Era prata-da-casa do Londrina, onde começou em 1966 e jogou até 1969. Do Tubarão foi para o Corinthians e integrou o maior time da história: o Brasil tri na Copa do México.
Jairo – Com 1,94m entrou para a história como a “Muralha de Ébano” entre os anos 70 e 80. Levantou seis canecos e
Santos, loucos, arrojados, discretos e, uma vez ou outra, claro, culpados pela torcida é o recordista de participações na disputa com 410 partidas.
Caju – Alfredo Gottardi, a “Majestade do Arco”, defendeu a meta do Atlético por 17 anos. Conquistou seis títulos e idolatria sem igual na Baixada nos anos 30 e 40.
Régis – Frio e calculista, o goleiro tetra nos anos 90 foi exímio pegador de pênaltis – de três catava um. Fez 313 jogos pelo Tricolor e ainda atuou pelo Coritiba. Arquivo / Museu do Atlético
Vanderlei – Não é por acaso que a galera urra: “Ah, é Vanderlei!”. Dos últimos sete títulos estaduais, o camisa 1 papou seis, o primeiro pelo Paranavaí e cinco pelo Coritiba.
Flávio – Tímido, por vezes emburrado, o Arquivo / GRPCOM
alagoano brilhou no Atlético e no Paraná. Levantou cinco taças, quatro na Baixada (1998, 2000, 2001 e 2002) e era o arqueiro do último título na Vila Capanema (2006).
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10MATADORES Saulo – O “Tigre da Vila” foi o artilheiro de 1992, com 14 gols. Ao todo, balançou as redes pelo Paraná em Estaduais em 69 oportunidades. Mereceu placa de bronze em setor nobre do estádio Durival Britto.
Jackson Nascimento – Atacante do inesquecível Furacão de 1949 foi ser goleador em 1953, com 21 gols, após passar pelo Corinthians.
Duílio – Mais vezes goleador da disputa (quatro pelo Coritiba e uma pelo Água Verde) e maior número de gols em um só campeonato, 31 em 1960. Basta.
O gol não era um mero detalhe para eles. Mas uma questão de vida ou morte
Gabardinho – De uma família de craques, foi artilheiro pelo Palestra Itália em 1930 (10 gols) e 1931 (28). Cravou o recorde de tentos em um só jogo, 7, duas vezes contra o Aquidaban.
Neno – Goleador em 1941 (19 gols), 1942 (24), 1943 (19), pelo Coritiba, e 1949 (18), pelo Atlético. É mole entender porque apelidaram o atarracado avante de “Demônio Louro”.
Afinho – Artilheiro de 1952 pelo Ferroviário com 20 gols, o parnanguara destacava-se pela bravura com que lutava dentro da área, desafiando os zagueiros.
Paulo Vecchio – Outro que nunca foi Arquivo Pessoal de Rossi Ferreira Dias
goleador do Estadual. Não importa. Cansou de fazer gols decisivos, como os dos títulos de Londrina (1962), Ferroviário (1965) e Coritiba (1968).
Paquito – Três vezes artilheiro por
Gauchinho – Não foi artilheiro da
clubes do interior não é para um atacante vulgar. Foi goleador em 1966 (13 gols) e 1969 (20) pelo União Bandeirante e em 1976 (25) com a camisa do Grêmio Maringá. Na foto, à esquerda, ao lado de Tião Abatiá.
Joaquim Martin – Artilheiro pelo Britânia em 1916 (14 gols), 1918 (17) e 1921 (17). Após o hexa do clube, foi jogar em São Paulo, numa das primeiras exportações de atletas para um clube de fora do estado.
Fotos: Arquivo / GRPCOM
competição, mas anotou 303 gols vestindo a camisa do Londrina entre 1961 e 1967. É ídolo eterno do Tubarão.
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10TÉCNICOS Geraldino Damasceno – Um
legítimo gentleman da bola, jogou, treinou, foi campeão no Ferroviário, Água Verde e Atlético. Dirigiu ainda Colorado, Coritiba e Pinheiros.
Pega-ratão, arataca sertaneja, carrossel, pirâmide e ataque em bolo. Os mestres dos esquemas táticos no Paraná.
Otacílio Gonçalves – O apelidado Chapinha foi quem mais treinou o Paraná, em 146 partidas. Campeão com o Atlético em 1985, Pinheiros em 87 e bi com o Tricolor em 91 e 95.
De Sordi – Lateral campeão mundial em 1958, fez do União Bandeirante um time tinhoso, terrível de enfrentar na sempre abafada Vila Maria. Foi vicecampeão estadual com o clube em 1971, com campanha de campeão.
Félix Magno – O uruguaio é o técnico nacional foi o primeiro técnico do Paraná e já levantou o caneco do estadual em 91. Comandou ainda o Coxa e foi diretor no Atlético.
Motorzinho – Ruy Castro dos Santos foi o cérebro do irresistível e inesquecível Furacão de 1949. Treinou também o Monte Alegre, de Telêmaco Borba, primeiro clube do interior campeão estadual, em 1955.
Francisco Sarno – Foi bicampeão pelo Coxa, no histórico título de 1968 e em 1969. Autor do notável livro “Futebol, a dança do diabo”, revelando os bastidores infernais do esporte.
Abel Braga – Aquele famoso por saber “tocar na alma do jogador” resgatou Atlético e Coritiba de dois jejuns que duraram uma década, em 1998 e 1999, respectivamente. Treinou ainda o Paraná na sequência, em 2000.
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com mais partidas pelo Coritiba (196), campeão cinco vezes: 1951, 1954, 1956, 1957 e 1959. Comandou também o Atlético e Ferroviário no Paraná.
Borba Filho – Comandou 14 clubes paranaenses, talvez a mais alta quilometragem entre os técnicos pelo estado. Foi campeão com o Cascavel, em 1980, e o Pinheiros, em 1984.
Tim – Elba de Pádua Lima formou duas máquinas de jogar bola: o Coxa campeão de 1971 e o de 73. Dirigiu também o Peru, Santos, Botafogo, Fluminense, Flamengo, Vasco etc.
Fotos: Arquivo / GRPCOM
Rubens Minelli – O multicampeão
10PERSONAGENS
Heróis e vilões. As duas facetas ou nenhuma delas. Figuras notáveis do futebol paranaense
Victor Ferreira do Amaral – O ilustre médico foi o responsável por tudo que está aí. Foi Amaral quem trouxe do Rio de Janeiro, em 1903, a primeira bola de futebol para Curitiba.
Jofre Cabral – Presidente do Furacão no final dos anos 60 montou o esquadrão de 68 (com Bellini, na foto) e morreu logo em seguida, vitimado por um enfarte num jogo do clube.
Ludovico Brandalize – Jogador do Fotos: Arquivo / GRPCOM
Operário Ferroviário e fundador do Ferroviário, Brandalize foi peça fundamental para disseminar a paixão pelo esporte no estado.
Onaireves Moura – Durante 22 anos reinou absoluto como presidente da Federação Paranaense de Futebol. Tretas, politicagem e projetos malucos foram sua marca e ruína.
Hélio Alves – Apelidado “Feiticeiro”, com passagens por diversos clubes como treinador e diretor, tornou-se figura mística dos escritórios, corredores e vestiários.
Evangelino Neves – Eterno presidente do Coritiba, o Chinês tocou o clube na fase áurea. Entre 1967 e 1979, foram dez títulos estaduais e uma supremacia esmagadora.
Munir Calluf – Atuou em quase todos os setores nos principais clubes pelo estado. Marcou pela desenvoltura nos bastidores e o ideal sempre convicto de inovação no esporte.
Odivonsir Frega – Ex-preparador físico prestou serviço a vários clubes, hoje diretor/síndico do CT da Graciosa. Sob as ordens dele, a boleirada “pingava azeite” como nunca.
Domingos Moro – O mago do júri, exdiretor do Coritiba, advogado famoso por emocionar até as paredes e cadeiras do Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná.
Serafim Meneghel – Mais folclórico dos dirigentes do interior do Paraná transformou o União Bandeirante num oponente indigesto com o revólver 38 na cinta e o chapelão imponente na cabeça.
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10FIASCOS Apoio violento – Em 1934, o Britânia perdeu por 2 a 1 para o Nacional, clube oriundo da Polícia Militar. Durante o jogo, um grupo de “cavalarianos” invadiu o campo e agrediu os britânicos.
Pancadaria – Pegar o Caramuru, em Castro, sempre era bronca pesada. Em 1960, o Coritiba vencia por 5 a 0 quando torcedores invadiram o campo e o pau foi generalizado.
Nada de gols – A sequência de
Fotos: Arquivo / GRPCOM
Atletibas com mais público da história, mais de 150 mil pessoas nas bancadas da decisão de 1978. 270 minutos e nem um golzinho sequer! Foi para os pênaltis e deu Coxa.
Cai-cai – A maior polêmica da história da disputa. O Cascavel simulou contusões? O Colorado “armou” para tirar o título da Serpente? No fim, os dois dividiram o título de 1980.
Sele-Boca 1984 – Em tese, era uma seleção montada pelo dirigente Aziz Domingos no Colorado. Na prática, o time recheado de medalhões terminou na terceira colocação.
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Papelões, palhaçadas, gafes, trapalhadas, quando o futebol paranaense nos matou de vergonha.
Fórmulas esdrúxulas – O Paranaense é pródigo em regulamentos horrorosos, costurados para privilegiar acertos políticos. Até hoje ninguém entendeu os de 1975, 78, 83, 89, 90 96...
Bruxaria – Em 2005, o maior escândalo de corrupção da arbitragem local. Dos 13 envolvidos, seis foram banidos do futebol pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva.
Cemitério Pinheirão – A ideia nasceu ainda em 1956 e apenas nos anos 80 foi ficando com cara de estádio, na mais estranha obsessão de Onaireves Moura. Foi fechado em 2007.
Timãozinho – A partir de 2009, o J. Malucelli travestiu-se de Corinthians Paranaense, em uma parceria com o Timão original. Golpe de marketing que não comoveu ninguém.
Supermando – Por causa de um regulamento mal redigido pela Federação, em 2009 e 2010 o campeonato deu ao melhor classificado a molezinha de jogar sempre em casa na fase final.
10LEMBRANÇAS Recordações que não voltam mais. Quem viveu não esquece Coluna do Boluca – Os bastidores das mais trepidantes negociações por 40 anos na Tribuna. E bordões como “nada mais disse porque nada mais lhe foi perguntado”, “Quem viver, verá”, “Eis tudo”, “Vai com Deus, guri”.
Oponentes célebres – Batel de Guarapuava, Matsubara de Cambará, Platinense de Santo Antônio da Platina, Jandaia, Caramuru de Castro, Pato Branco, União Bandeirante...
Sorveteiro – Escalando as bancadas com agilidade, boné virado pra trás, cabelo branco e óculos: “Coco, manga e chocolaaaaaaaaaaaaaaaaaate!”.
Clássico do Café – O clássico de maior audiência fora de Curitiba? O Londrina se perdeu. E já morreram e nasceram tantos Maringás que nem sabemos mais qual é qual. Uma pena.
Loja Fedato – Do craque coritibano Aroldo Fedato, era local de peregrinação da molecada nas 10 sedes espalhadas por Paraná e Santa Catarina. Fechou a última em 2003.
Convivência ordeira – Uma corda e uma fileira de policiais era o suficiente para separar atleticanos e coxasbrancas. O que mudou para tantos e tantos anos de ódio e violência?
Grudado no ouvido – Ecoando
Arquivo / GRPCOM
pelo estádio, a vinheta da Rádio Independência. A narração perfeita de Lombardi Júnior e o plantão afinado e antenado de Oldemar Kramer e Carlos Kleina na B2.
“De grátis” – Quantos torcedores foram formados pela carteirinha da Federação Paranaense de Futebol, aquela que permitia o acesso livre aos estádios até os 18 anos de idade?
Torneio Início – Um festival de bola na abertura do certame araucariano. Nada de gols em 20 minutos? Vencia a equipe que obtivesse mais escanteios ao longo do embate relâmpago.
Colorido no clássico – Não pode foguete. Não pode faixa. Não pode bandeira. Não pode papel picado. Não pode fumaça. Não pode cerveja. Não pode ficar em pé. Brigar pode.
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