MUNDO CaNA Setembro de 2009 | ano 01 | no 01
Acima da média Grupos Alta Mogiana, Campanelli e Vale do Verdão e suas receitas de sucesso
Informação valiosa UNESP e Aplique Bem geram informação e tecnologia para o agricultor
Cuidado com ela Os males da Brachiaria decumbens para a lavoura de cana
Olho no futuro Crise é momento de ser criativo e ficar atento a oportunidades
“Somos Imbatíveis na Cana” Roberto Rodrigues aposta na duplicação da produtividade e no aumento da oferta de açúcar e álcool. Agroenergia não tem volta.
MUNDO CANA
MUNDO CANA ANO 01 - NÚMERO 01 SETEMBRO DE 2009 A revista Mundo Cana é o veículo de comunicação oficial da Arysta LifeScience para o mercado sucroalcooleiro.
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Coordenação Geral Antonio Carlos Costa Adriana Taguchi Supervisão Gustavo Gonella Produção Texto Assessoria de Comunicações
8 Editorial Flavio Prezzi, presidente e CEO da Arysta LifeSciense pág.
4
PRODUTOR Campanelli A tecnologia a serviço da produtividade pág.
8
USINA Alta Mogiana Gestão em primeiro lugar pág.
12
PROJETOS CANA Aplique Bem A informação a serviço do campo pág.
16
MANEJO de pragas Brachiaria decumbens: cuidado com ela pág.
20
14 Entrevista Roberto Rodrigues “Nosso bem maior é o conhecimento” pág.
5
USINA Vale do Verdão Elevados níveis de eficiência em Goiás pág.
10
CONSULTOR Weber Geraldo Valério Menos desperdício é a receita da Consult Agro e Agro Analítica pág.
Jornalista Responsável Altair Albuquerque (MTb 17.291) Redação Felipe Fonseca Denise Mello Fotos Felipe Fonseca e arquivo Arysta Projeto Gráfico e Design Ronaldo Albuquerque Tiragem 7.000 exemplres Arysta LifeScience do Brasil Rua Jundiaí, 50 – 4º andar São Paulo/SP – Brasil CEP.: 04001-904 Telefone: 55 11 3054-5000 Fax: 55 11 3057-0525 www.arystalifescience.com.br mundocana@arystalifescience.com.br
14
Pesquisa / tecnologia Prof. Edvaldo Velini e a contribuição da FCA, da UNESP pág.
18
Artigo Gustavo Gonella Crise exige criatividade pág.
22
3
MUNDO CANA
Nossa força está na tecnologia Caros leitores, Esta é a primeira de muitas safras da Revista Mundo Cana. Você está colhendo, neste momento, o resultado de muito trabalho e intensas pesquisas. O objetivo principal da Arysta LifeScience ao criar este canal de comunicação é incentivar o fluxo de informações entre produtores, pesquisadores, usineiros e demais agentes do setor sucroalcooleiro. Flavio Prezzi, presidente e CEO da Arysta LifeScience
>
Para atingir este ideal, selecionamos personagens que ilustram com competência o grande potencial desta atividade no Brasil. A edição 1 traz depoimentos de pessoas que, no sentido literal da palavra, suam a camisa em prol do desenvolvimento da cana no País. São homens e mulheres que se multiplicam entre o canavial, o escritório, o laboratório, a universidade e os
Editorial
setores privado e público.
4
Certamente, as iniciativas descritas são apenas extratos do que o Brasil produziu em mais de cinco séculos de história da cana. Mas, não temos dúvidas de que elas ilustram em muito as vitórias alcançadas e podem servir de exemplo para quem esteja começando na atividade. Conversamos, por exemplo, com o agricultor Roberto Rodrigues, Ministro da Agricultura Pecuária e Abastecimento do Brasil entre 2002 e 2006 e figura carimbada no agronegócio brasileiro e global. A entrevista com Rodrigues foi o ponto de partida para a preparação de todo o conteúdo da revista. Reunimos consultores, agricultores e técnicos para falar da atividade, suas inovações, o mercado, o futuro, para espalhar conhecimento no campo, ser parceiros do produtor, oferecer soluções inteligentes. O conceito básico é a importância da tecnologia para o aumento da produtividade. Essa linha de raciocínio não é apenas o foco da Revista Mundo Cana, mas também da história da Arysta LifeScience. No ano passado, completamos quatro décadas de Brasil, orgulhosamente dedicados ao contínuo investimento em qualidade dos nossos produtos. Esperamos que a revista seja uma leitura agradável, proveitosa e que os personagens aqui destacados instiguem a troca de informações entre os vários elos da cadeia produtiva de açúcar e de álcool. Boa leitura!
Entrevista
>
Roberto Rodrigues
MUNDO CANA
O comandante em campo O engenheiro agrônomo, ex-ministro e professor Roberto Rodrigues é um polivalente do agronegócio. Se fosse
Felipe Fonseca
Aos 66 anos, Roberto Rodrigues mantém a disposição de um garoto e a gana de um iniciante, sem esquecer a inteligência de um experiente articulador. E decreta: “ninguém segura o setor sucroalcooleiro do Brasil” “Ninguém defende mais o meio ambiente que o produtor rural”
feita uma comparação com o futebol, pode-se dizer que ele joga na defesa e no ataque, além de ser treinador. Nas funções de defensor, ele aproveitaria a vasta experiência e habilidade para negociar; na posição de atacante, utilizaria o arsenal de informações de que dispõe para vencer barreiras. E como treinador saberia como ninguém orientar o seu time, como fez no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, entidades de cooperativismo e de agronegócios, bancos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e, mais recentemente, conselhos de agronegócio da FGV e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Em entrevista exclusiva concedida à revista Mundo Cana em seu escritório em São Paulo, Roberto Rodrigues
Mundo Cana – A palavra do mo-
mente, mas o meio ambiente for
define com clareza indiscutível o pa-
mento é sustentabilidade. Como o
destruído, também não é possível.
pel de cada um no jogo globalizado
agronegócio tem de encarar esse
Esta questão precisa ser encarada
da produção de alimentos e de agro-
novo conceito de produção?
com estas vertentes. Nós precisa-
energia, e ainda sentencia: o jogo
Roberto Rodrigues – O produtor
mos de critérios de sustentabilidade
não é amistoso, é de Copa do Mun-
rural precisa defender, e defende, a
que levem, inclusive, à verificação do
do! “Em uma década, vamos dobrar
sustentabilidade como um conceito
sistema de produção, tendo em vista
a produtividade, fortalecendo tre-
que incorpora três vertentes: os
a certificação do produto final.
mendamente não apenas a oferta de
setores econômico, ambiental e
açúcar mas também de etanol. Aliás,
social. Se algo é sustentável ambien-
É uma exigência já feita pelos im-
teremos capacidade para produzir
talmente, mas não traz renda para
portadores à carne brasileira, por
330 bilhões de litros de álcool por ano
o homem do campo, é socialmente
exemplo? Exatamente. A restrição
em pouco tempo”, garante.
inviável. E se for bem economica-
internacional à carne brasileira,
>
5
MUNDO CANA
não ocorre por causa da febre aftosa, mas porque não tem (ou não tinha) rastreabilidade. Esta era a vertente da sustentabilidade na pecuária. A lição a ser aprendida com esse caso é que nós precisamos criar nossas próprias regras, porque quase nunca funciona importar a regra de outros países.
“
o biocombustível compete com a produção de alimentos. Nada mais
Não há competição
alguma entre a cana e a produção de ali-
“
especialmente pela União Europeia,
mentos. são negócios complementares para o produtor
Como o senhor vê o papel do setor sucroalcooleiro nesse cenário? A FAO (Organização das Nações Unidas
me econométrico para mostrar que não foi o biocombustível que freou a indústria de alimentos (especialmente o milho), e sim o estoque global desse insumo que caiu e depois veio a especulação financeira. Não há competição alguma com a produção de alimentos. São negócios complementares para o produtor.
para a Agricultura e a Alimentação)
que 25% das emissões de CO2 no
Mas, independente dessas resis-
estabelece que a demanda mundial
mundo são feitas por veículos leves
tências, o Brasil está fazendo a sua
por grãos e carne deve crescer cerca
e o etanol emite apenas 11% do
parte do ponto de vista estratégico?
de 40% nos próximos 20 anos. A
CO2 de um carro movido a gasoli-
Infelizmente não. Falta estratégia.
população aumentará e a renda per
na. Me incomoda muito, mas não
Você sabe, por exemplo, quanto
capita está mudando nos países
surpreende, a resistência ao etanol
de álcool o País quer produzir em
emergentes, onde a população vai
em termos globais.
2011? Ninguém sabe, nem o governo nem o setor privado. Acredite: o
crescer mais. Os estoques mundiais já estão diminuindo. Numa outra ponta
Afinal, quais são as razões para
governo tem 12 ministérios cuidan-
a Agência Mundial de Energia diz
esta resistência? Na época de
do do etanol, com muita gente da
que, nesse mesmo período, o consu-
ministro da Agricultura, visitei o
melhor qualidade, mas as equipes
mo de combustíveis líquidos crescerá
Japão para criar um mercado de
não trabalham em sintonia. Eu já
55% uma vez que China e Índia, que
etanol e ouvi de um ministro: “Você
propus e proponho novamente a
hoje têm apenas três veículos para
acha que nós vamos trocar nossa
criação de uma Secretaria Nacional
cada 100 habitantes, apresentam
dependência de petróleo da OPEP
da Agroenergia, de nível ministe-
tremendo potencial de crescimento
(Organização dos Países Exportado-
rial. Em 10 anos, vamos dobrar a
da frota de automóveis. Há várias
res de Petróleo) pela dependência
produtividade por hectare do setor
informações embutidas nessas
do Brasil, um único país e que ainda
sucroalcooleiro no Brasil, além de
estatísticas. Uma delas é que o braço
deixa faltar álcool?” Para mim,
multiplicar o uso de fontes vegetais
álcool da cadeia produtiva tem um
ficou claro que o Japão só investiria
para produção de biocombustível.
potencial incrível de crescimento.
em etanol quando houvesse mais
O Brasil tem capacidade para pro-
países produzindo, com qualidade,
duzir algo em torno de 330 bilhões
É um processo irreversível? Sim. O
certificação e padronização. Nunca
de litros de álcool por ano.
petróleo não atenderá à demanda
vai haver uma commodity com um
a preços compatíveis com a renda
único país como fornecedor.
Essa questão parece vital. Mas não permanece a restrição que o
dos países emergentes. O biocom-
6
falso. Aqui na FGV, fizemos um exa-
bustível é uma certeza: a tecnologia
Tem também a alegação de que o
senhor comentou sobre o Brasil
está pronta, sabemos produzir o
combustível renovável compete
ser o único grande fornecedor de
motor flex e cultivamos cana-de-
com os alimentos... É verdade.
agroenergia? O tema central é para
açúcar como ninguém. E sabemos
Criou-se no mundo a ideia de que
onde vai crescer a produção, pois
MUNDO CANA “Projeto para expandir cana para América Latina, África e Asia está pronto e será bom para o Brasil”
cana precisa de terra e sol. O estudo está pronto: estamos falando dos países que ficam entre os Trópicos de Câncer e Capricórnio, que são os da América Latina, África e Ásia. E estes são os países mais pobres do mundo. Olha que situação interessante. A agroenergia pode ser um instrumento que, além de mudar o paradigma agrícola mundial, mudará a geopolítica global. Mas disseminar a produção de cana-de-açúcar para essas áreas não é ruim para o Brasil? Essa visão é míope. Com a criação de um granvenderemos o que vale muito mais: o know-how. Venderemos álcool também, pois queremos ser um
Felipe Fonseca
de mercado mundial de etanol, nós
grande fornecedor global, e vamos vender usina, carro flex, legislação
Sem subsídio ao homem do campo,
produtor rural é o maior preservador
ambiental, distribuição. Ou seja,
ele disse, faltaria leite para meus
do meio ambiente que existe. Se ele
nosso maior bem é o conhecimento
filhos e o homem do campo iria
não adubar a terra, se não tiver pro-
em cana. A tecnologia desenvolvida
para as cidades disputar os empre-
teção de nascentes de rios, perde seu
no País nas últimas décadas vale
gos. Assim, passei a entender – e a
patrimônio e renda. Então ele é um
muito dinheiro. Com um gran-
aceitar – que os governos dos países
preservador por definição. Quando
de acordo global, vamos vender
ricos paguem para o homem ficar
não havia legislação ambiental, muita
estação experimental, tecnologia
no campo. O que eu não admito é o
gente desmatou mais do que deveria.
agrícola e industrial, e ainda gerar
subsídio para excedentes exportá-
Então, os ambientalistas firmaram po-
empregos onde estas tecnologias
veis, que compete com países em
sição radical de um lado ao dizer que
forem instaladas.
desenvolvimento, como o Brasil.
o agricultor destrói o meio ambiente.
Isso, sim, é um absurdo e tem de
Isso não é verdade. Alguns produto-
Nesse cenário onde entra a
ser combatido. Essa realidade tira
res até fizeram isso, mas não a classe
questão dos subsídios agríco-
mercado de quem é mais eficiente.
toda. E o agricultor também radicali-
las? Quando eu era ministro tinha
zou ao dizer que o ambientalista não
uma dificuldade muito grande em
Um dos temas mais polêmicos
quer progresso. Antagonizaram-se
relação à negociação internacional
envolvendo o agronegócio é a
duas categorias que têm o mesmo
porque não sou contra subsídio. Há
questão ambiental. Como o senhor
projeto: produzir com sustentabili-
muitos anos, fui para a Alemanha
enxerga essa questão? Está aí mais
dade. Falta inteligência, bom senso,
e perguntei para um taxista se ele
uma questão que me tira o sono
equilíbrio e boa vontade para encon-
era a favor do subsídio do leite. Para
porque há tanta discordância e para
trar o caminho. Mas confio na solução
minha surpresa ele disse que era!
mim há uma verdade absoluta: o
conciliatória. 7
MUNDO CANA
Sucrotecnologia 2.0 Grupo Campanelli, do noroeste paulista, é exemplo de como os investimentos em tecnologia podem fortalecer a atividade
O
>
produção, especialmente com a diminuição
panelli S.A., localizado na região
de perdas de cana colhida. “Nós trabalhamos
de Bebedouro (SP), é um exemplo
com uma commodity que nem sempre per-
de que se pode, sim, mexer em time que está
mite muita briga pelo preço. Então, a solução
ganhando. E que os resultados podem ser
é aumentar a produtividade no espaço culti-
ainda mais positivos. O aprimoramento das
vado”, explica Victor Campanelli.
técnicas de produção e as novas tecnologias
O Piloto Automático utiliza o sistema GPS
são caminhos para aumentar o potencial pro-
(sistema de posicionamento global) para dire-
dutivo do setor sucroalcooleiro.
cionar a colheitadeira no canavial. O condutor,
O grupo tem oito anos de atuação em cana,
dessa forma, conta com um computador de
para onde trouxe a experiência adquirida na
bordo e tem mais liberdade para gerenciar a
produção de laranja. A empresa foi funda-
máquina, sem ficar preso ao trajeto no cana-
da em 1982, mas o primeiro plantio de cana
vial. Isso reduz o índice de perdas, agiliza a
veio somente no verão de 2001, com substi-
colheita e diminui a compactação da soqueira
tuição primeiramente dos pomares que es-
de cana, pois o tráfego todo é direcionado na
tavam condenados. “Decidimos mudar do
entrelinha do canavial, aumentando assim a
pomar para o canavial porque percebemos
produtividade e a longevidade do canavial.
que na cana, apesar da grande demanda
Com a divulgação das metas de redução de
de trabalho, o gerencia-
queimadas e a proibição de utilização da
mento é melhor e os re-
técnica em novas áreas de plantio, a colheita
sultados compensam”,
manual teve o prazo de validade decretado.
explica Victor Campa-
Uma lei estadual (São Paulo) e um Protoco-
nelli. A empresa soube
lo Agro Ambiental estipulam que até 2017 a
assimilar as novidades
queima da palha de cana não seja mais utili-
tecnológicas que sugiram
zada nas áreas não-mecanizáveis. E em 2021
nos últimos anos.
vencerá o prazo da última etapa de eliminação
Um dos grandes marcos
da prática em 100% da parte mecanizável.
recentes do grupo foi a
Toda a área mecanizável do Grupo Campanelli
implantação do Piloto Automático
está mecanizada. Isto deverá corresponder a
no plantio e na colheita da cana. A
92% da safra 09/10. Em aproximadamente 230
chegada da novidade foi motivada
dias de colheita, sete colhedoras trabalham 24
pelo desejo de reduzir os custos de
horas por dia. A empresa conta também com
divulgação
Detalhes do computador de bordo no Grupo Campanelli: mais eficiência
Grupo Agro Pastoril Paschoal Cam-
MUNDO CANA
“
Decidimos mudaR Do
pomar para o canavial porque percebemos
que na cana, apesar da grande demanda de tra-
“
balho, o gerenciamento é melhor e os resulta-
Campanelli obtém índices melhores a cada safra divulgação
dos compensam
tratores e outras máquinas para realizar o tra-
Investimento e boa gerência
balho. A implantação da colheita mecanizada traz, ainda, uma vantagem preservacionista para a região, pois permite que a palha con-
Todo o processo de plantio, cuidado e colheita nos
tinue protegendo o solo contra o excesso de
canaviais do Grupo Campanelli é feito pela empresa.
chuva e a erosão. “Eu acredito na palha como
Apenas o transporte da cana até as usinas é terceiri-
uma aliada da produção de cana-de-açúcar. Primeiramente como adubo, ela supre apro-
zado. Como o noroeste paulista é bastante propício à
ximadamente 40% da necessidade de potás-
produção sucroalcooleira, toda a cana produzida pelo
sio do canavial, além de aumentar o teor de
grupo é processada em usinas locais.
cia de algumas ervas daninhas e conservar a
Além da plantação de laranja, o
umidade do solo, fato que ajuda muito em
grupo já se envolveu fortemente
nossa região”, completa Campanelli.
na cafeicultura, graças aos pri-
Todo esse investimento em tecnologia, além do gerenciamento da empresa e o consequen-
meiros Campanelli que vieram
te aumento da produtividade, permitiu que o
da Itália no século pas-
Grupo Campanelli passasse pela recente tur-
sado. Hoje,
bulência econômica mundial de forma mais segura. Mesmo com índices produtivos muito
as ativida-
acima da média do setor, a empresa optou
des prin-
por não reduzir o adubo aplicado no canavial.
cipais são
“Queremos ter índices ainda melhores na próxima safra. Nós investimos muito na produção
cana e
porque nossa vida é a área agrícola; é nela que
gado. felipe fonseca
está nosso foco de atuação”, explica Victor.
Victor: atento às tecnologias >
matéria orgânica do solo, diminuir a incidên-
MUNDO CANA
Três décadas de conquistas em Goiás Grupo Vale do Verdão é referência no setor sucroalcooleiro pelos avanços em tecnologia e expressiva produtividade
O
empresário José Ribeiro de Men-
nas, sendo a Vale do Verdão, em Turvelândia
donça não acreditaria se lhe dis-
(GO), a principal delas, com processamento
sessem, no início dos anos 80,
anual de 3,6 milhões de toneladas de cana.
que o seu recém-criado Grupo Vale do Ver-
Na Panorama, que começou as atividades
dão processaria 6,3 milhões de toneladas de
em 2007, o total de cana industrializada por
cana-de-açúcar por ano, com nível de efici-
ano chega a 1,8 milhão de toneladas. “Em
ência comparável aos melhores do País.
geral, metade da cana processada é para
Afinal, o Pró-Álcool (Programa
Nacio-
nal do Álcool) tinha apenas alguns anos de vida e ainda pro-
“
produção de açúcar e metade é para combustível. Essa pro-
Contamos com
uma solidez que nos
porção pode atingir 60/40, conforme a
curava o seu rumo.
permite seguir sempre
demanda do merca-
Naquele cenário de
em frente, pensando no
do para estes produ-
zação da cana como matéria-prima ener-
“
euforia pela valori-
futuro e mantendo os pés no chão
gética, o empresário soube analisar o ce-
tos”, explica Carlos José, gerente agrícola do grupo. Ele complementa que a produção da usina
nário, adequar suas estratégias, preparar sua
Floresta, localizada em Santo Antonio da
estrutura e se tornar referência no setor.
Barra, será totalmente voltada para o álcool
O aprendizado e o foco na produtividade
neste ano. A usina foi inaugurada em 2008 e
desde o início da organização contribuíram
a projeção é de processar 900 mil toneladas
para o aumento da capacidade de produção e
de cana em 2009.
a multiplicação das unidades. Atualmente, o
A área plantada de cana-de-açúcar soma
Grupo Vale do Verdão é formado por três usi-
100 mil hectares, atingido dez municípios
MUNDO CANA goianos. Os canaviais estão localizados no
do mercado da cana tende a aumentar”, ana-
máximo a 40 quilômetros a partir das usi-
lisa Carlos José, para quem “o grupo soube se
nas. Para ter a agilidade logística necessá-
preparar para as exigências do mercado”.
ria, a organização conta com frota própria
Essa preocupação com a qualidade, aliás,
de caminhões e o trabalho incansável dos
ajudou o grupo a enfrentar diversos desa-
seis mil funcionários. Um dos destaques das usinas do Grupo Vale do Verdão é o uso de novas
tecnologias.
“
fios na atividade e também a crise econômica iniciada nos
Formamos usinas
Estados Unidos em
modernas, que
2008 e que chegou
Nestes 30 anos, a em-
abraçam os avanços
neste ano ao Brasil.
presa acompanhou de
do setor. Estamos
“Sem dúvida, o mer-
automatização do se-
“
perto o processo de
sempre em busca da
tor sucroalcooleiro e
qualidade
assimilou os processos que ajudam a obter
cado sentiu a força da crise, mas contamos com uma solidez que nos permite seguir sempre em
aumento periódico de produtividade.
frente, pensando no futuro e mantendo os
“Temos usinas modernas, que abraçam os
pés no chão”. E o futuro do Grupo Vale do
avanços do setor. Estamos sempre em busca
Verdão inclui a construção da quarta usina,
da qualidade, pois confiamos que a demanda
que deve iniciar as atividades em 2011.
11
MUNDO CANA
O segredo está nos processos Gestão, segurança, preocupação com as pessoas e o meio ambiente. Eis os valores da Alta Mogiana, do interior paulista
C
om imagem e resultados de empre-
da usina resulta do trabalho intenso com in-
sa-referência na região de Ribeirão
discutível respaldo técnico, responsabilida-
Preto (SP), a Alta Mogiana obteve
de social e ambiental, compromisso com o
sucesso como usina por se pautar sempre em
colaborador e sua segurança no trabalho.
atitudes corretas, legais e, acima de tudo,
Desde sua fundação, em 1983, a Alta Mo-
éticas. Tanto os diretores como gestores e
giana age com o respeito pela comunidade,
colaboradores concordam que a evolução
além de desenvolver sólidas ações sociais, divulgação
Estrutura profissional coloca empresa em destaque no mercado nacional 12
MUNDO CANA
Colaboradores comprometidos e valorizados pela empresa divulgação
como o projeto “Educando para o Futuro”,
dade conquistada pela Alta Mogiana é for-
iniciado em 2001, que busca a inclusão di-
talecida por ações sempre bem planejadas.
gital de crianças da rede pública de ensino,
Com isso, a empresa evita riscos à saúde e/
permitindo o acesso às mais diversificadas
ou segurança dos processos. Várias estra-
novidades tecnológicas.
tégias inovadoras de gestão são adotadas.
Com sede em São Joaquim da Barra (SP),
Uma delas é o sistema SSAM (Sistema de
a usina tem como objetivo principal a bus-
Segurança Alta Mogiana), baseado na nor-
ca pela excelência na qualidade produtiva.
ma OHSAS 18001:1999 (Occupational He-
Para tanto, implantou o Sistema de Gestão
alth and Safety Assessment Series – Série
Alta Mogiana, que engloba os programas,
de Avaliação de Segurança e Saúde Ocupa-
normas e políticas internas. Quando o as-
cional). A empresa também conquistou, em
sunto é qualidade do produto final, o aspec-
2007, a norma ISO 22000 – Sistemas de Ges-
to segurança é sempre fator determinante,
tão da Segurança de Alimentos.
pois qualquer problema pode comprometer
Toda essa preocupação com a qualidade per-
a saúde do consumidor final.
mite boas expectativas para a safra 2009. A
Diante dessa prioridade, desde 2004 a Alta
moagem de cana terá aumento estimado de
Mogiana adota as normas HACCP (Hazard
8,4% em relação ao ano passado, saltando
Analysis Critical Control Point – Ponto de
de 4,75 para 5,15 milhões de toneladas de
Controle Crítico de Análises de Risco), fer-
cana. Serão produzidos 8,4 milhões de sacas
ramenta eficaz para identificar e analisar os
de açúcar, 141 milhões de litros de álcool e
perigos associados aos produtos e definir
125 mil MW/h de energia.
maneiras para controlá-los. O sistema de
No campo, a área agrícola colhida chega a
BPF – Boas Práticas de Fabricação também
56 mil hectares (sendo 14.748 ha de fornece-
é seguido, confirmando o objetivo de garan-
dores e 41.255 ha próprios), com rendimen-
tir a segurança de todas as etapas do pro-
to aproximado de 96,91 toneladas por hec-
cesso produtivo.
tare. A colheita mecanizada também avança
A imagem de responsabilidade e proativi-
já atingindo 87% da cana.
MUNDO CANA
Tecnologia com foco na
produtividade Consult Agro e Agro Analítica demonstram que transformar informação em conhecimento gera bons resultados Weber: rapidez para atender as demandas
O
>
s constantes avanços da tecnologia
maticidas e inseticidas (em 60 mil hectares).
levam o Brasil a registrar inúmeros
Segundo Weber Geraldo Valério, tecnólogo
avanços na produção de cana-de-
em produção de açúcar e álcool e sócio-di-
açúcar. Equipamentos, treinamentos e novos
retor da Consult Agro, o objetivo é atender
modelos como a terceirização do manejo
com rapidez as demandas da agricultura de
de plantas daninhas e pragas são exem-
precisão. “Para isso, oferecemos tecnologias
plos de ganhos observados nas últimas
que efetivamente reduzem custos, evitam
décadas. A Consult Agro, baseada em
desperdícios e auxiliam na aplicação de de-
felipe fonseca
Piracicaba (SP), acompanhou diver-
14
fensivos com a eficácia que o setor exige”.
sas dessas transformações ocorridas
Weber também está envolvido em outro
no campo. Desde 1995, quando foi
projeto no setor sucroalcooleiro: a empre-
criada, a empresa cumpre o papel
sa Agro Analítica Consultoria Agronômica.
de sugerir tecnologias que propor-
Criada em 2006, essa consultoria foca de
cionem aumento de produtividade
modo especial o manejo de plantas daninhas
em 19 unidades produtoras no Esta-
em aproximadamente 600 mil hectares de
do de São Paulo. Somadas, as áreas
cana-de-açúcar. Atualmente, a empresa de-
dessas unidades chegam a 460 mil hectares.
senvolve um projeto inovador chamado de
Os três sócios da empresa contam com 25
“Diagnóstico de perdas durante a pulveriza-
anos de experiência no setor, o que garan-
ção”. A estimativa, segundo Weber, é de que
te segurança nos projetos desenvolvidos.
o desperdício no momento da aplicação de
Ao todo, a equipe da Consult Agro é forma-
produtos pode chegar a 40%, um percentual
da por 154 colaboradores, envolvendo en-
extremamente elevado. “A adoção de novas
genheiros agrônomos, técnicos agrícolas,
tecnologias tem proporcionado aplicações
motoristas, operadores de máquinas, setor
eficazes e seguras ao cultivar, ao ser huma-
administrativo e outros.
no e ao ambiente”, explica Weber.
O trabalho desempenhado envolve a aplica-
Os estudos também consideram as dife-
ção de herbicidas (em 400 mil hectares) e ne-
renças climáticas, o preparo da equipe que
MUNDO CANA
Cuidados com o desperdício, que pode ser extremamente elevado
Tecnologia ajuda a reduzir custos
divulgação
aplica o defensivo, os equipamentos utiliza-
ganhos da produtividade indiscutíveis. “É
dos e a rotina de trabalho na produção. Não
cada vez mais claro o papel fundamental das
faltam cases de sucesso que comprovam a
novas tecnologias no futuro do etanol, por
eficácia do serviço prestado pelas empre-
exemplo. Temos como provar que é possível
sas. O Grupo Cosan, criado há mais de 70
reduzir as perdas com ganhos expressivos
anos, terceirizou a aplicação de herbicidas
de produtividade, sem comprometer a qua-
em 1998 e, em pouco tempo, apresentou
lidade”, ressalta Weber Valério.
15
MUNDO CANA Informação correta é uma poderosa ferramenta para aumentar eficiência no campo
Modo de usar correto DENISE MELLO
Programa Aplique Bem percorre o País para capacitar homem do campo a usar corretamente os defensivos agrícolas
A
16
precisão na hora de utilizar o de-
mordial que todos os envolvidos na atividade
fensivo agrícola é um importante
estejam atentos a possíveis desperdícios, in-
diferencial produtivo na proprie-
cluindo de insumos. E um dado preocupante:
dade sucroalcooleira. De olho no uso correto
há estimativas de que 70% dos agricultores
dos defensivos, a Arysta LifeScience criou o
não utilizam corretamente os defensivos na
Programa Aplique Bem há mais de dois anos.
propriedade. Assim, o uso incorreto pode
O nome do projeto já esclarece sua missão:
causar danos para quem aplica o produto,
multiplicar o manuseio correto dos defensi-
para o meio ambiente e ainda afetar o resul-
vos agrícolas nos quatro cantos do País. Rea-
tado do negócio. “Tanto o despejo em exces-
lizado em parceria com o Instituto Agronômi-
so quanto aquele feito em um nível inferior
co de Campinas (IAC), o programa conta com
ao ideal são prejudiciais. Nosso objetivo é
dois laboratórios móveis bem equipados: um
atingir a aplicação precisa na medida corre-
para o interior paulista e outro que percorre
ta”, explica Liria Hosoe, Coordenadora de
as demais regiões do País.
Stewardship da Arysta.
A iniciativa surgiu num momento oportuno.
Os técnicos do Aplique Bem estão atentos a
Com o aumento da demanda por etanol e
um desafio mecânico que pode aparecer na
açúcar, a exigência por maior produtividade
hora de utilizar os defensivos agrícolas. O ní-
dos canaviais tende a crescer. Para isso, é pri-
vel de produto despejado indicado pelo com-
MUNDO CANA putador de bordo do trator pode ser diferente da quantidade realmente aplicada na planta. É o que os técnicos chamam de variação da taxa de aplicação. “Mostramos aos agricultores como ficar atentos aos equipamentos utilizados, especialmente aos pontos para
Números do Aplique Bem Ano
2007
2008
2009*
Cidades visitadas
45
92
130
Propriedades
74
156
163
1.896
2.957
Pessoas treinadas
pulverização (bicos). Quando o laboratório móvel visita uma propriedade, fazemos a
Engenharia e Automação do IAC, Hamilton
regulagem desses equipamentos ao lado de
Humberto Ramos. Ele encara o programa
quem vai usá-los no dia a dia”, explica Liria.
como um sonho concretizado. “O Aplique
Irregularidades nos equipamentos podem
Bem é completo, pois une pesquisa, avalia-
render fitotoxicidade (injúrias) quando há
ção de qualidade e treinamento”, comemo-
superdosagem do produto. Isso representa
ra. Para o pesquisador, outro ponto forte do
riscos para a plantação e para os consumidores de derivados da cana. A presença de
resíduos
pode
afetar a comerciali-
“
programa é o fato de trabalhar com dados fornecidos pelos pró-
Nas visitas do
prios
Aplique Bem, são
feitas regulagens de
agricultores.
“Na prática, funciona quase como uma con-
zação, especialmente
equipamentos para
sultoria, o que certa-
quando o foco produ-
combater a variação
mente agrada mui-
“
tivo é o açúcar. Outro
3.560 * Dados estimados até Julho 2009
problema é o escape
da taxa de aplicação e
de ervas daninhas,
ajudar o agricultor
que se aproveitam de subdosagens para so-
to aos produtores e apresenta resultados quase que imediatos”, analisa. O sucesso do Aplique
Bem explica a fila de espera das proprieda-
Não é raro encontrar, nas visitas do Aplique
des que desejam receber visita dos técnicos.
Bem, outras inadequações, como manguei-
No dia do treinamento, é muito comum que
ras defeituosas, filtros mal encaixados nas
toda a equipe das fazendas receba o trei-
máquinas e pessoal trabalhando sem equi-
namento, pois o aproveita-
pamentos de segurança. Os técnicos fazem
mento é excelente tanto
inúmeras sugestões para adequar o trabalho.
para o operador de má-
De sua parte o IAC utiliza um relatório para
quinas maiores quanto
coleta dos dados que servem de base para
para o aplicador costal.
mapear a agricultura nas regiões por onde o
A procura tem sido tão
programa passa.
grande que a Arysta pla-
O Aplique Bem foi lançado na Agrishow de
neja oferecer em
2007, em Ribeirão Preto (SP). Desde então,
breve a terceira
o programa vem colecionando admirado-
unidade mó-
res. Um dos mais expressivos apoiadores é o
vel do pro-
pesquisador científico e diretor do Centro de
grama.
Hamilton (IAC) e Liria (Arysta): > ferramenta de apoio ao agricultor
DENISE MELLO
breviver no meio do canavial.
MUNDO CANA
União pelos mesmos
objetivos no campo Universidade comprova eficácia de defensivos e especialista defende que conhecimento tem de evoluir sempre
U
ma das principais características da Universidade Estadual Paulista (UNESP) é a aplicação prática do
conhecimento adquirido nas diversas áreas de pesquisas. Especialmente por meio da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA), localizada em Botucatu (SP), a UNESP oferece ao agronegócio diversos caminhos para vencer barreiras de manejo e mercado. “Estamos muito próximos do setor privado, pois as empresas ajudam a dar legitimidade às nossas pesquisas ao comprovarem a eficácia e viabilidade para o homem do campo”, analisa o engenheiro agrônomo PhD em Metabolismo Secundário de Plantas e Aleopatia e Diretor da Faculdade de Ciências Agronômicas, Edivaldo Domingues Velini. A proximidade com empresas e órgãos públicos garante à FCA mais de 500 projetos em andamento, incluindo iniciativas sociais. Segundo Velini, isso é um motivo para comemoração, pois coloca a informação mais perto dos produtores rurais. “Muitos proje-
18
tos que antigamente eram iniciativas apefelipe fonseca
Velini: parceria universidade/ iniciativa privada vence barreiras e gera benefícios
nas do governo hoje são liderados por empresas, como a produção de diesel a partir da cana-de-açúcar”, comenta ele.
MUNDO CANA Com a Arysta LifeScience, a Faculdade de Ci-
o bom andamento do setor sucroalcooleiro,
ências Agronômicas desenvolve desde 2007
que está sempre em busca do aumento da
um importante estudo do comportamento
produtividade. O desempenho de uma uni-
dos defensivos agrícolas. Neste programa
dade produtora altamente rentável da dé-
de cooperação técnica, a Universidade en-
cada de 1970 seria considerado muito baixo
volveu oito profissionais, incluindo o Profes-
hoje. Além das mudanças de negociações de
sor Velini, com o objetivo de acompanhar a
mercado, o setor passou por diversas outras
aplicação de Dinamic, Dizone e outros produtos. Os resultados comprovam a aptidão do produto e, com o monitoramento dos resultados, a
“
mudanças, pois melhorou o controle de pragas, novas tecno-
Na produção de
logias foram criadas e
cana, o Brasil é
as técnicas de plantio
iNsuperável. Precisamos
universidade conse-
continuar investindo
gue mensurar a eficá-
na criação de canais de
“Nosso objetivo é dis-
comercialização
ponibilizar o máximo de informações. Os
“
cia do produto.
e uso dos produtos herbicidas passaram por aprimoramentos. A cana deverá aumentar sua participação na Economia a partir do tripé etanolaçúcar-energia. Esti-
dados são coletados tanto em campo como
ma-se que, em um prazo de até 10 anos, ha-
em laboratório e repassados para a empre-
verá uma segunda geração do etanol e cerca
sa”, acrescenta Velini. Segundo Edivaldo Ve-
de 15% da produção energética do País vi-
lini, a aplicação do defensivo é outro ponto
rão da cana. “Este é um cenário inevitável.
fundamental neste processo. “Ela é tão im-
Na produção de cana, o Brasil é imbatível.
portante quanto o próprio produto”, explica
Precisamos continuar investindo em conhe-
o professor.
cimento e na criação de canais de comercia-
Este tipo de informação é fundamental para
lização”, avisa o Professor Velini.
MUNDO CANA
Controle de pragas: Brachiaria decumbens Especialista dá dicas sobre como combater essa forrageira vigorosa e agressiva no canavial
C
onhecida de longa data pelos produ-
cantes, de onde brotam touceiras que enco-
tores de cana, a Brachiaria decum-
brem a superfície do solo.
bens dificulta o bom desenvolvimen-
Outra característica da B. decumbens: não
to canavial, atrasando o seu desenvolvimento
é alvo preferencial das formigas cortadei-
e até comprometendo a produção. Ela é
ras de folhas, além de ser tolerante a fogo e
perene (ou seja, não tem época do ano cer-
sombreamento. Seu alto poder de resistên-
ta para aparecer), vigorosa e agressiva, com
cia também se deve à capacidade de supor-
crescimento que pode alcançar um metro de
tar períodos sem água e em regiões com
altura. As plantas produzem grande número
temperaturas elevadas, como as de clima
de colmos semidecumbentes com nós radi-
tropical, embora não se adapte bem a solos mal drenados. Por sua alta adaptabilidade, esta é a espécie mais comum de todas as Brachiarias,
Produtividade da cana depende do manejo eficiente de pragas
sendo encontrada em todas as regiões brasileiras. Segundo Caio Giusti, especialista em desenvolvimento de produtos e mercado da cana-de-açúcar da Arysta, há algumas providências para combater esse tipo de praga. “Existe um grande banco de sementes de Brachiaria decumbens em regiões de pastagens. Com as áreas de cana em expansão, o produtor precisa estar atento ao seu controle”, explica Giusti. Um dos caminhos possíveis é o pré-plantio
divulgação
incorporado (PPI), técnica que permite diminuir o banco de sementes de b. decumbens no preparo do solo. O objetivo é aumentar a eficácia do tratamento herbicida que será
MUNDO CANA adotado posteriormente no manejo em pós-
Com o objetivo de oferecer soluções que pos-
plantio, em que é possível trabalhar com inú-
sibilitem maior rentabilidade e contribuam
meras moléculas isoladas ou em associações,
com o aumento da vida útil das plantações, a
verificando a relação dose, textura de solo e
Arysta lifescience desenvolveu Dinamic, um
clima (precipitação). Neste Arysta
sentido,
a
LifeScience
vem desenvolvendo este
posicionamen-
to em aplicações PPI com o herbicida Dinamic, buscando um
“
produto inovador que compõe a extensa linha de herbicidas da
Somada ao
empresa, chamada
controle herbicida
um jeito novo na cana.
inteligente, a
Destinado ao com-
colheita mecanizada
efeito agregado aos
tem importante
tratamentos posterio-
contribuição a dar
Um outro ponto a
para o setor
ser destacado nesta batalha é o beneficio
“
res em pós-plantio.
bate de ervas daninhas da cana planta, cana soca queimada e cana soca crua, Dinamic apresenta excelentes
resultados
quando aplicado em qualquer estação do
agregado que a colheita mecanizada pode
ano, com destaque no manejo em época de
trazer ao controle de plantas daninhas em
seca. O produto apresenta o maior residual
cana soca, pois não exige a queimada da pa-
comprovado do mercado, pois permanece
lha. Embora parte da Brachiaria consiga cres-
ativo no solo por mais tempo e reduz o custo
cer por meio da palha, a praga encontra mais
por dia de tratamento.
dificuldade nessas condições. “Mesmo com o efeito herbicida proporcionado pela palha, a adoção do uso de herbicidas sobre áreas colhidas mecanicamente é indispensável para se
divulgação
Cuidados antes do preparo do solo para plantio envolvem atenção às ervas daninhas
obter a eficácia máxima desejada. Vale lembrar que, mesmo com grandes quantidades de palha depositada por hectare, é indispensável o uso de herbicidas de alta performance capaz de se manter estável sobre a palha nos períodos secos e com grande potencial de atravessá-la com pequenas quantidades de precipitação e, claro, este herbicida deve possuir ação de controle tanto em espécies de Brachiarias, como também em espécies de plantas daninhas de folhas largas (ipomeas e merremias), que estão conjuntamente presentes em áreas de altas infestações de Brachiarias”, resume o especialista. O herbicida ideal neste caso é o Dinamic. 21
MUNDO CANA
Artigo
É possível vencer a crise Cenário de instabilidade pode ser oportunidade para diversificar a produção
S
22
>
por Gustavo Gonella
o mercado interno quanto externo, deve-se principalmente à necessidade dos países em reduzir a emissão de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Há ainda outras opções criativas para os produtores que querem vencer a crise. A geração de energia de bagaço da cana, por exemplo, pode ser um caminho bastante lucrativo. Este recurso vem sendo utilizado
uperar a crise que prejudica
cimento (Conab) aponta que deve
em larga escala pelas próprias usi-
as negociações agrícolas em
haver redução na produção e no nú-
nas e também para cobrir déficits
todo o país desde o segundo
mero de novas usinas. Este ano, das
financeiros.
semestre do ano passado é o objetivo
35 usinas que deveriam entrar em
Apesar de não existir fórmula pronta
dos produtores de cana e das usinas,
operação em São Paulo, somente 20
para driblar os efeitos negativos da
concentradas principalmente na re-
iniciarão as atividades.
crise econômica, o segredo para mi-
gião Centro-Sul do Brasil. Diante do
De acordo com a União da Indús-
nimizar prejuízos pode estar no di-
cenário de liquidez apertada e de cré-
tria de Cana-de-Açúcar (Unica), este
álogo entre a cadeia produtiva e os
dito limitado no mercado, o sistema
será um período de reestruturação
especialistas tanto do setor privado
de troca foi a alternativa encontrada
e consolidação devido à fragilidade
quanto das entidades governamen-
por muitas empresas para impulsio-
financeira das empresas. A queda
tais. E, ao contrário do que muitos
nar os negócios e impedir a redução
das exportações de etanol também
imaginam, o cenário de instabilidade
de compra de insumos e defensivos
deve representar mudanças efetivas
atual pode representar excelentes
agrícolas pelas usinas e produtores.
na produção brasileira de cana que,
oportunidades de novos negócios.
Este sistema era bastante utilizado
ao mesmo tempo, caminha para au-
Nesse caso, a aquisição ou fusão
em negociações de grãos, mas pouco
mento nas vendas de açúcar, produ-
de empresas pode amenizar alguns
comum em cana. E tem apresentado
to em alta desde dezembro de 2008.
problemas. A eficiência do processo
resultados positivos.
Este cenário reflete a redução nas sa-
produtivo é o ponto central de toda
Acompanhar as tendências do mer-
fras de grandes produtores mundiais
essa questão, pois com
cado não é tão fácil como parece.
de açúcar, como Índia e União Euro-
investimentos que possi-
Nem todos os elos possuem estru-
peia, e pode ser uma saída interes-
bilitem ao Brasil manter
turas adequadas para enfrentar tur-
sante para os canavieiros do Brasil.
as exportações de açúcar
bulências econômicas, como a crise
Com adequação na produção, eles
e álcool em níveis satisfa-
global. Embora o Brasil se destaque
podem manter o fluxo positivo dos
tórios será possível
como grande produtor mundial e um
seus negócios.
ganhar fatias
dos mais importantes fornecedores
Por outro lado, vale ressaltar que a
de
de cana, o cenário é diferente. Os es-
demanda por etanol já retoma índi-
em crescimen-
pecialistas afirmam que a crise deve
ces positivos, com o aquecimento
to, metas que
influenciar o volume de investimen-
do mercado automobilístico. Este
até hoje não
to no setor. Em relatório recente,
aumento já previsto na fabricação
foram alcan-
a Companhia Nacional de Abaste-
e venda de veículos flex, tanto para
çadas.
mercados
Gustavo Gonella, engenheiro agrônomo e > Gerente de Produto da Arysta LifeScience