Mundo Cana 4 Mar'11

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MUNDO CaNA Março de 2011 | ano 03 | no 04

E X C L U S I V O

“Governo está comprometido com o fortalecimento do setor sucroalcooleiro”, diz o ministro Wagner Rossi

Produtividade em alta no Paraná Cana convive com grãos e pecuária em MS

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Futuro da cana passa pela transgenia


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MUNDO CANA

5

8

MUNDO CANA ANO 03 - NÚMERO 04 MARÇO DE 2011 A revista Mundo Cana é o veículo de comunicação oficial da Arysta LifeScience para o mercado sucroalcooleiro. Coordenação Geral Antonio Carlos Costa Adriana Taguchi Gustavo Gonella

12 Editorial Antonio Carlos Costa Diretor de Marketing da Arysta LifeScience pág.

4

USINA Usina São Fernando (MS) Alta produtividade com respeito ao meio ambiente pág.

8

Produção Texto Assessoria de Comunicações

Entrevista Ministro Wagner Rossi “Somos competentes para cultivar cana” pág.

5

USINA Usina ETH Bioenergia (MS) Compromisso e total responsabilidade aos valores pág.

10

USINA Usina Santa Terezinha (PR) Planejamento profissional e resultados elevados pág.

USINA Usina Nova Produtiva (PR) Modelo único, mas gestão profissionalizada

FORNECEDORES Murilo Morelli, Francisco Laurentiis Filho, Joaquim da Silva Carneiro, Marcelo Junqueira e Walter Luiz de Souza pág.

CONSULTOR Jamil Constantin Quanto as plantas daninhas prejudicam a produtividade? pág.

12

18

manejo Marcos Kuva Planejamento do manejo químico pág.

24

PROJETOS EM CANA Programa Aplique Bem Informação para o produtor rural pág.

28

pág.

14

Jornalista Responsável Altair Albuquerque (MTb 17.291) Redação Nadia Andrade Marcio Mingardo Fotos Texto Assessoria de Comunicações Arquivo Arysta Projeto Gráfico e Design Ronaldo Albuquerque Tiragem 2.000 exemplres Arysta LifeScience do Brasil Rua Jundiaí, 50 – 4º andar São Paulo/SP – Brasil CEP.: 04001-904 Telefone: 55 11 3054-5000 Fax: 55 11 3057-0525 www.arystalifescience.com.br mundocana@arysta.com.br

22

PESQUISA Tadeu Andrade Transgenia cada vez mais perto pág.

26

Artigo Chryz Serciloto Estímulo ao potencial genético das plantas pág.

30

3


MUNDO CANA

Recado para o mundo A população mundial está muito perto dos 7 bilhões de pessoas. Em 20 anos, serão 8 bilhões e lá pelo ano 2050 a estimativa é chegar a 9 bilhões de habitantes. Os estudos mais conservadores apontam para a necessidade de dobrar a atual oferta de alimentos para atender à demanda desse contingente em franco crescimento. Nações populosas, como China, Índia e Brasil, mudam de patamar econômico. Atualmente, são emergentes. Mas a economia chinesa já é uma das maiores do planeta. E novos tigres asiáticos apontam, como Antonio Carlos Costa, Diretor de Marketing da Arysta LifeScience >

Coreia do Sul e Tailândia. Quanto ao Brasil, crescemos mais de 6% no ano passado e devemos repetir a dose em 2011. O resumo é que o celeiro do mundo, como costumamos chamar o nosso país, será mais e mais colocado à prova. Produzimos atualmente cerca de

Editorial

150 milhões de toneladas de grãos, mas seremos desafiados a ampliar a

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oferta de alimentos em percentuais jamais experimentados. Estamos preparados para responder com produtividade e mais alimentos? O segmento sucroalcooleiro está. Nesta edição da revista Mundo Cana, brindamos os nossos leitores com uma entrevista muito especial com o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi. Objetivo e claro, o sr. ministro mostra-se absolutamente seguro em relação ao futuro do etanol e do açúcar brasileiros. Para ele, as adversidades momentâneas, incluindo restrição externa e preocupação sobre a Amazônia, nada mais são do que fruto da ignorância de quem não está atento aos fatos e às ações legais tomadas pelo Executivo. Muito bom ter essa mensagem do sr. ministro, autoridade máxima do agronegócio nacional. Além de tudo, nos mostra que os anseios da iniciativa privada têm respaldo federal. Falamos as mesmas coisas e buscamos os mesmos objetivos. E isso é excelente para o nosso setor e o país. Abraço e boa leitura!


Entrevista

>

Ministro Wagner Rossi

MUNDO CANA

‘Temos competência e as condições ambientais ajudam’ O ministro Wagner Rossi conhece muito bem a realidade da cana-deaçúcar no País. Afinal, ele – que assumiu o comando da Agri-

Antônio Araújo / Mapa

Produtividade, desafios externos, sustentabilidade. O ministro Wagner Rossi aborda todos os aspectos mais importantes do negócio de açúcar e etanol em uma entrevista exclusiva.

cultura, Pecuária e Abastecimento no final do governo Lula e foi mantido no posto pela presidente Dilma Rousseff – é da região de Ribeirão Preto (SP), o coração da atividade no Brasil. Somente essa característica seria suficiente para lhe dar voz sobre o atual momento da cana e os desafios que a cultura tem pela frente. Mas o ministro é um especialista e aborda o tema com profundo conhecimento nesta entrevista exclusiva para a revista

“Nosso papel é proporcionar condições para a atividade progredir”

Mundo Cana. Como o Senhor avalia o avanço da cana-de-açúcar nas últimas

de se desenvolva com a adequada

dade? As excelentes qualificações

décadas? O aumento do plantio de

sustentabilidade econômica, social

de nosso empresariado (produto-

cana-de-açúcar nas últimas dé-

e ambiental, de modo que outras

res, indústrias, tradings etc) e de

cadas se deu muito em função da

regiões do Brasil possam alcançar

nossos pesquisadores, associadas

utilização do etanol como combus-

o mesmo nível de desenvolvimento

às nossas favoráveis condições

tível limpo. Isso, sem sombra de

econômico e o Índice de Desen-

ambientais para a cultura da cana,

dúvidas, proporcionou significativo

volvimento Humano (IDH) que as

geraram essa evolução tão benéfica

desenvolvimento econômico e

tradicionais regiões produtoras de

à sociedade brasileira. É evidente

social nas regiões onde esse cresci-

cana-de-açúcar já desfrutam.

que essa evolução se deve também

mento ocorreu. Nosso esforço é no

ao indiscutível apoio governamen-

sentido de continuar a proporcionar

Por que a cultura evolui tanto em

tal, embora diferenciado ao longo

boas condições para que a ativida-

termos de produção e produtivi-

do tempo e dos diversos governos. > 5


MUNDO CANA Que horizonte é possível imaginar a

evolução. Mas, para isso, temos

em todos eles. Fizemos o zonea-

médio prazo para a cana no Brasil?

necessariamente de aumentar a

mento da expansão do plantio de

As perspectivas para o setor são mui-

produção, o que exige investimen-

cana no Brasil e acordamos com a

to promissoras. A cana-de-açúcar,

tos significativos. Esse é o principal

indústria o protocolo social para o

além do açúcar e do etanol, produz

ponto a ser equacionado hoje.

setor. A sustentabilidade do setor

também biomassa para energia elétrica, ainda pouco aproveitada

O prazo para fim das queima-

no Brasil, e álcool para a indústria

das e a mecanização da colheita

química – inclusive plásticos. Novas

são suficientes para dar à cana a

Como o governo vê as iniciativas

descobertas a partir da biotecnolo-

chancela de produto sustentável?

visando conscientizar quanto

gia têm sido divulgadas a cada dia,

A colheita da cana crua, ou seja,

à importância da mecanização

como diesel de cana e óleos utiliza-

sem queima, de forma mecanizada,

bem como de outros aspectos da

dos para muitos outros fins. Mas, o

é um fator muito importante na

atividade visando a educação do

mais importante são as perspectivas

prova da sustentabilidade do setor.

produtor e a proteção ao meio

para uso tanto aqui quanto no exterior. Todo esse potencial, para ser aproveitado, exigirá elevado volume de investimentos. Temos a missão de criar as condições para que esses investimentos se concretizem, diminuindo a insegurança jurídica e econômica do setor. E em termos mundiais? O Brasil conseguirá derrubar as barreiras

necessário persistir nesse esforço.

ambiente? O governo vê como es-

sencial a convergência de iniciativas que busquem a sustentabilidade

a mecanização

do setor tanto em termos sociais

da cana é uma

quanto ambientais, assim como

do etanol como combustível limpo,

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tem sido construída a cada dia e é

tendência irreversível e uma obrigação legal

o equilíbrio entre a produção de biocombustíveis e de alimentos. A mecanização da colheita da cana é uma tendência irreversível e uma obrigação legal que o próprio setor aceitou como indispensável. Hoje, o governo apoia iniciativas produtivas

protecionistas em relação ao

Não apenas devido à questão

em todas as culturas que associam

etanol? Alguns países já têm mos-

ambiental, mas também devido à

aumento de produção e preserva-

trado maior abertura para o nosso

questão social. A colheita de cana

ção do meio ambiente.

etanol e acredito que as barreiras

queimada é um trabalho muito duro,

serão gradativamente superadas. O

extenuante, e sua eliminação em

Como o governo analisa o proces-

governo brasileiro tem se esforçado

muito ajudará a melhorar a imagem

so de concentração no setor, com

para a difusão das tecnologias que

do setor, principalmente se acom-

a chegada de grupos multinacio-

dispomos para incentivar outros

panhada da requalificação desses

nais? Os investimentos internacio-

países a produzir etanol, ajudando

trabalhadores para o mercado de

nais e o processo de concentração

a criar um mercado internacional

trabalho que se abre com o desen-

pelo qual o setor passou ajudaram

sólido para o produto. O uso de

volvimento econômico proporcio-

muito a vencer com mais agilidade

combustível limpo é interesse de

nado pela atividade. Outros fatores

a crise de 2008. Hoje, muitas em-

todos e acredito que os investido-

importantes devem ser observados,

presas que encontraram fortes di-

res, muitos deles de países que hoje

tanto do ponto de vista ambiental

ficuldades financeiras há dois anos

limitam a expansão de nosso mer-

quanto do social, e o governo e a

já recuperaram sua capacidade de

cado, serão nossos parceiros nessa

iniciativa privada estão trabalhando

investimento. Não são recursos es-


MUNDO CANA peculativos, mas recursos aplicados

gradativamente, os demais países

cerca de 1% do território nacional, e

na produção, que geram empre-

e algumas organizações internacio-

no Brasil sobram essas áreas já an-

go e desenvolvimento em nosso

nais hoje críticas reverterão suas

tropizadas que podem ser utilizadas

país. Além disso, os investimentos

opiniões. Para isso, temos de con-

por esta e outras culturas.

internacionais nos trazem aliados

tinuar trabalhando com seriedade,

na abertura de mercados mundo

melhorando a produtividade, au-

Há algum motivo para preocupa-

afora, aliados que também serão

mentando a produção sem desma-

ção - especialmente internacional

nossos parceiros na demonstração

tamento desnecessário, cumprindo

- de entrada da cana no bioma

da sustentabilidade do setor.

integralmente nossos objetivos de

Amazônia? Essa questão já está re-

sustentabilidade. Agora, claro, crí-

solvida no Brasil. A cana está há quase

Haverá espaço para pequenos e

ticas absurdas, que mostram total

dois mil quilômetros da Amazônia.

médios produtores e usinas a mé-

desconhecimento de como funciona

Temos terras suficientes para cres-

dio prazo? Realmente, há dificulda-

nosso sistema produtivo – como as

cer perto de nossos principais mer-

des nesse aspecto, pois a economia

alegações de destruição da Floresta

cados e da necessária infraestrutura,

na busca de custos mais competitivos. Mas as empresas bem organizadas, eficientes e que se mantêm em linha com as novas tecnologias terão também o seu espaço. Do mesmo modo, a garantia de continuidade

longe da Amazônia. O zoneamento da cana-de-açúcar definiu que a expansão da cultura não ocorrerá no

Sou otimista,

bioma amazônico. Novamente, só

Mas temos que

os que não têm informação podem

continuar

de escala passa a ser fundamental

ter essa preocupação.

dos produtores médios e pequenos

trabalhando

Há algum projeto em desenvol-

é fator importante de estabilidade

com seriedade

vimento considerando a logística

social no setor. As cooperativas de produtores têm papel relevante na organização desses produtores.

para estimular a exportação de açúcar e etanol? Os investimentos em dutos para transporte de álcool

Amazônica e a utilização de formas

começam a se concretizar, mas o

Como o senhor avalia as críticas

inadequadas de relações trabalhis-

aumento das exportações de etanol

de organizações internacionais

tas – são apenas isso: ignorância.

passa, necessariamente, pelo aumento da produção. As exportações

ao crescimento da cana no Brasil? Críticas são naturais, uma vez que

As áreas de pastagens disponí-

de açúcar têm crescido bastante

muitos vêem no Brasil um competi-

veis atendem às necessidades do

e as empresas têm se organizado

dor quase imbatível. O importante

crescimento da cana? O trabalho

para melhorar a logística, inves-

é que tenhamos sempre respostas

de zoneamento da expansão da la-

tindo em parcerias para aprimorar

consistentes e que nossas ações

voura de cana no Brasil demonstra

as condições de transporte, de

demonstrem a sustentabilidade do

claramente que sim. Temos aproxi-

armazenagem e de embarque nos

setor. Hoje o Brasil é visto como

madamente 70 milhões de hec-

portos. Temos muito o que fazer

o mais importante país agrícola

tares de pastagens que poderiam

para melhor aproveitar nossa efici-

do mundo. Nossos excedentes

ser utilizadas para a expansão da

ência produtiva. Mas, mesmo nas

exportáveis de alimentos, agroe-

cana, área muito superior à nossa

condições vigentes, vamos acumu-

nergia e fibras são indispensáveis.

necessidade de crescimento. É bom

lando recordes de produção e de

Sou muito otimista. Acredito que,

lembrar que a cana ocupa apenas

exportação a cada ano. 7


MUNDO CANA

Crescimento acelerado

com responsabilidade usina são fernando foca trabalho na busca da maior produtividade e no tripé estrutura, pessoas e sustentabilidade

A

Luiz Fernando: liberdade para planejamento da unidade

cana não é o principal negócio do

funcionários em treinamento constante e

Mato Grosso do Sul. À frente da

respeito ao meio ambiente”, informa o di-

atividade estão os cereais (soja e

retor agrícola Luiz Fernando Siqueira. “Ti-

milho) e a pecuária, marcas indiscutíveis do

vemos a liberdade de incorporar novidades

agronegócio do estado. Porém, essa realida-

técnicas ao projeto, o que se traduz numa

de contribui para as usinas se empenharem

unidade de alta produtividade. Porém, sem

ainda mais para conquistar o seu espaço.

perder de vista os custos”.

É o caso da Usina São Fernando, em Doura-

Os planos de crescimento já estão traçados

dos, unidade dos grupos Bertin e Bumlai. O

e seguem em ritmo acelerado. O objetivo

projeto é novo – entrará na terceira safra,

é chegar a 7 milhões/t/ano. Já neste ano, a

em 2011 – e foi concebido segundo o tripé

usina pretende alcançar 3,6 milhões/t, após

estrutura, pessoas e sustentabilidade.

produzir 2,6 milhões/t na safra anterior.

“O resultado é uma indústria moderna,

Para isso, a área atual de 54 mil/ha (90%

com equipamentos de última geração,

próprios ou de parcerias) deve crescer. texto

>

8


MUNDO CANA

Área atual é de 54 mil/ha, mas deve crescer texto

palestras. Com isso, conseguimos a conscientização de todos, o que multiplica os

o respeito ao

resultados”, explica o diretor agrícola.

meio ambiente é visível

Os desafios normais de um novo projeto

em todas as áreas

estão sendo vencidos pelo compromisso de

da unidade e está

incorporado em todos os funcionários da empresa

crescer com retorno econômico. Luiz Fernando destaca um fator importante para o rápido avanço da produção: o clima. “As características do solo e a distribuição das chuvas combinam perfeitamente com a cultura da cana no Mato Grosso do Sul e, particularmente, na nossa região. Por tudo isso, não tenho dúvidas do crescimento

Na última safra, foram produzidos 120 mil/t

do nosso negócio e da atividade como um

de açúcar, 142 milhões litros de etanol e

todo no estado. Para chegar lá, fazemos a

cogerados 48 mil kw de energia a partir do

nossa lição de casa em todos os campos. Os

bagaço. “Aproveitamos todas as potencia-

resultados estão aí para comprovar que a

lidades da unidade para gerar os melhores

estratégia está no caminho certo”, ressalta

resultados”, diz Luiz Fernando.

Luiz Fernando.

O respeito ao meio ambiente é um aspecto visível em todas as áreas de unidade. Além disso, trata-se de um valor incorporado aos 2.700 funcionários. “Implementamos uma série de programas de monitoramento ligados à gestão ambiental, inclusive gestão da água, irrigação de linhaça e recuperação das áreas de pastagens. Além disso, a colheita é 100% mecanizada e os colaboradores são bombardeados com informações e 9


MUNDO CANA

Valores indiscutíveis e eficiência nos processos eth bioenergia tem o dna da responsabilidade empresarial em mS. Colaboradores encaram o negócio como donos

A

Marcelo Abrantes: meta é chegar a 75 mil/ha

s excelentes condições de culti-

da unidade Eldorado, Marcelo Abrantes.

vo da cana levaram a ETH Bioe-

“Somos desafiados a encarar o negócio

nergia, braço das Organizações

como donos. Esse comprometimento é

Odebrecht, ao Mato Grosso do Sul. Atual-

renovado em todas as nossas atividades”.

mente, são duas unidades: Eldorado (Rio

Nesse sentido, os valores saúde, seguran-

Brilhante) e Santa Luzia (Nova Alvorada do

ça e meio ambiente são inegociáveis. As

Sul). As estruturas de gestão são inde-

pessoas são valorizadas e a comunicação

pendentes, mas o pensamento é

é um valor indiscutível, representando a

uniforme e elas atuam em sin-

transferência de conhecimento entre os

tonia para fortalecer a presen-

colaboradores. A segurança das pessoas,

ça da empresa no estado.

dos processos e das próprias instalações é

“Temos o DNA da responsa-

levada ao extremo e visível na postura e

bilidade empresarial”, ressal-

ações de todos na unidade. O mesmo vale

ta o gerente agrícola

para a produção sustentável, encarada

>

como motriz do negócio. texto

Com essa visão muito clara, a unidade Eldorado, da ETH, avança. Na última safra foram cultivados 32 mil/ha, sendo 63% de áreas próprias. A produção atingiu 2,4 milhões/t/cana. “Nosso planejamento aponta para o avanço até cerca de 75 mil/ha em um raio de 30 km da indústria”, informa Marcelo. Interessante observar que o crescimento ocorre no sentido da unidade Santa Luzia, o que incorpora ganhos de eficiência e logística ao empreendimento como um todo. “As condições de solo e clima da região

10


MUNDO CANA recuperável), especialmente no início e no

final da safra. A produtividade atual no 1º

desafio constante de

corte atinge 125/t/ha. “Trabalhamos para impulsionar ainda mais o ATR médio”.

melhorar o atr. eis um

Ao contrário de outros estados produto-

dos dogmas da empresa

res, a mecanização é praticamente total

que aproveita o potencial da região, com boas

condições geográficas e climática, para crescer

no Mato Grosso do Sul. No caso da ETH também. “A topografia é um componente importante e favorece a mecanização e outros processos, como o plantio georreferenciado”, explica Marcelo. Outra característica importante, que ajuda a dinamizar os investimentos em cana na região, diz respeito à pouca competição com os grãos para a ocupação de áreas. “O

são excelentes. É nosso desafio melhorar

potencial da cana é imenso. Além de exce-

a nossa performance safra após safra”, diz

lentes condições geográficas e climáticas,

o gerente agrícola, ressaltando que um dos

há espaço para crescer. E é o que estamos

desafios é melhorar o ATR (açúcar total

fazendo”, conclui o gerente.

texto

11


MUNDO CANA

Desafios vencidos, produção em alta usina santa terezinha e o seu modelo de alta produtividade no pR, região onde o clima é mais um desafio à cultura da cana

O Marcelino Takaoka: planejamento detalhado para atingir resultados >

clima é sempre essencial quan-

de que chegou a Maringá quando veio cur-

do o assunto é a produção agrí-

sar engenharia agronômica na universida-

cola, interferindo diretamente

de estadual da cidade, há 25 anos.

no desempenho das diferentes culturas e

Ele explica que as temperaturas médias da

atividades. Em algumas regiões, porém,

região produtora de cana-de-açúcar no Pa-

existem alguns componentes ainda mais

raná são ligeiramente menores que nos de-

desafiadores, exigindo dos produtores di-

mais estados, com média anuais abaixo de

ferentes estratégias visando alcançar a

23ºC e inverno mais rigoroso com ocorrên-

produtividade rentável.

cia de geadas de forma cíclica, quando os

A produção de cana-de-açúcar no Esta-

termômetros atingem marcas próximas de

do do Paraná se configura em um desses

zero e, às vezes, até abaixo, fazendo com

casos, sofrendo interferência da tempe-

que as temperaturas médias no período de

ratura média e da precipitação

outono-inverno fiquem aquém de 19ºC.

anual, dois importantes fatores

Em contrapartida, as chuvas são mais

que afetam a produtividade da

abundantes variando de 1.600 a 2.000 mm

cultura (ATR/ha - açúcar total

anuais. “Aqui temos como característica o

recuperável por hectare).

inverno chuvoso, tendo nos meses de ju-

Marcelino Seiji Takaoka, geren-

nho, julho e agosto médias de 80 a 100 mm,

te agrícola da Usina de Açúcar

bem diferente de outros estados produto-

Santa Terezinha (Usaçucar), que

res, onde nesse período ocorrem longas es-

texto

possui oito unidades no Noroes-

tiagens”, analisa Marcelino.

te do Paraná, já conhece essa

Mas, se por um lado a região possui chuva

particularidade do clima pa-

no inverno, o que disponibiliza água para a

ranaense de longa data,

planta, mantendo seu crescimento vegeta-

mais precisamente des-

tivo, por outro as temperaturas muito baixas fazem com que a planta praticamente paralise o seu crescimento. “Isso inibe e

12

texto


MUNDO CANA dificulta a brotação da cana colhida meca-

quados ao período climático e até a meca-

nicamente crua, sendo essencial para a lon-

nização da colheita, que hoje chega a 60%

gevidade do canavial o desaleiramento da

na unidade, faz parte da estratégia para

palha na linha da cana”, explica o gerente.

manter a rentabilidade do negócio.

Para driblar o problema climático e chegar

Outro aspecto que merece destaque é a lo-

em 2010 com produção de 16,5 milhões

gística da empresa, focada para a exporta-

de toneladas de cana – que geraram 1,4

ção. A Santa Terezinha é a maior acionista

milhão/t de açúcar –, em cerca de 240 mil/ha

da PASA (Paraná Operações Portuárias),

de cana plantados, a Usina Santa Terezinha

o primeiro terminal especializado no em-

utiliza estratégias que envolvem detalha-

barque de açúcar a granel da região sul

do planejamento, com duas programações

do Brasil, e também é acionista da Cen-

para a safra, considerando especialmente o período mais chuvoso com o solo mais úmido. “Nesse

tral Paranaense de Álcool (CPA), am-

usina busca

variedades mais adapta-

das à região e resistentes

cenário, o aprovei-

ao clima frio . Essa é uma

tamento do tempo

das estratégias já previs-

na safra pode cair de 90% para 78%. Além

tas no planejamento

disso, o solo úmido

da atividade

traz mais impurezas

bas em Paranaguá. Além disso, possui terminal de açúcar e álcool próprio em Maringá, que recebe a produção de todas as unidades do grupo e presta serviços a terceiros.

no momento da colheita, aumenta o tempo

Com unidades em Terra Rica, Rondon, Pa-

médio da queima e interfere na qualidade

ranacity, Ivaté, Maringá, São Tomé, Tapeja-

do produto final, uma vez que, depois de

ra, Cidade Gaúcha e outras três em projeto,

cortada, a cana deteriora mais rapidamen-

a Usina de Açúcar Santa Terezinha expor-

te. Sem falar no desgaste do maquinário e

ta 100% do açúcar produzido. Para 2011,

da compactação do solo que diminui a lon-

a previsão é produzir 17 milhões/t/cana,

gevidade e reduz em até dois cortes o ciclo

gerando 1,5 milhão/t/açúcar. A capacida-

do canavial”, completa Marcelino.

de instalada de produção do Grupo é de

Por isso, o planejamento da colheita é fun-

20 milhões/t/cana, volume que deverá ser

damental para manter a competitividade

alcançado já em 2012.

da unidade produtora, ora flexibilizando para áreas mais arenosas ora para áreas de

texto

reforma e assim por diante. Nesse cenário, a Santa Terezinha investe em diferentes variedades de cana por meio de convênio com as empresas de melhoramento genético e prioriza a utilização de variedades mais adaptadas à região e mais resistentes ao frio e às geadas. Também utiliza tratores e implementos mais ade13


MUNDO CANA

Uma nova forma de gestão que dá certo usina nova produtiva, uma cooperativa profissionalizada em franco crescimento no Noroeste do Paraná

O

texto

Brasil possui mais de 400 usinas em pleno funcionamento, cada uma com suas particularidades.

Mas a Usina Nova Produtiva, no Paraná, tem uma característica própria. Trata-se de uma usina cooperativa, criada há 11 anos a partir dos negócios da Cooperativa Coocafé, que iniciou suas atividades com café e, em 1982, passou a investir em cana-de-açúcar. Em 1999, um grupo de cooperados da Coocafé fundou a Cooperativa Nova Produtiva, hoje com seis unidades divididas entre as atividades de grãos, usina e autoposto. Localizada no Noroeste do Estado do Paraná, a Nova Produtiva possui cerca de 3 mil cooperados abrangendo os municípios de Astorga (onde fica a sede), Iguaraçu, Ângulo, Flórida, Munhoz de Mello, Santa Fé, Lobato, Guaraci, Colorado, Itaguajé, Nossa Senhora das Graças, Santo Inácio e Santa Inês. O gerente agrícola da Nova Produtiva, Paulo Henrique Chaves de Souza, explica que a usina trabalha com cerca de 200 coopera-

Paulo Henrique: crescimento de cerca de 10% em 2011 14

dos como parceiros agrícolas e não como fornecedores, conforme ocorre em outras


MUNDO CANA usinas que também atuam como coopera-

A cooperativa mantém o foco no forneci-

tivas de cana. Esse é um dos diferenciais

mento de açúcar e álcool para o mercado

da empresa, que pratica a gestão profissio-

interno, com pequena parte da produção

nal. “São os técnicos da cooperativa que

para o mercado externo, especialmente

tocam as atividades desde o preparo do solo até a colheita da cana”, acrescenta Paulo Henrique.

a Ásia. A reciclagem

que a Nova Produti-

periódica,

com a realização de

Administração

encontros com os

moderna da usina

É com esse perfil

é

proporciona seguidas

cooperados, visando a troca de informações. Na última

va aposta em cresci-

reduções de custos,

mento significativo

especialmente com o

por exemplo, foram

nos próximos anos.

aumento da mecanização

apresentadas as da-

aumentar

a

pro-

da colheita e a otimização

“Em 2011, devemos

assembléia

geral,

das gerais da colheita do ano e discuti-

dução em cerca de

do uso de tratores

das as perspectivas

10%, passando de 12

e caminhões

para o mercado em

mil/ha (1 milhão/t de cana e 85 milhões de litros de álcool) para

2011.

“Trouxemos

um especialista da Central Paranaense

13,2 mil/ha. Nesse ritmo, alcançaremos a

de Álcool (CPA) que destacou aos coope-

meta para 2015: chegar a 18 mil/ha planta-

rados os bons preços em 2010 bem como a

dos”, afirma o gerente.

perspectiva de sua manutenção em 2011.

A administração moderna proporciona

Isso é muito importante para o mercado,

à usina conquistar seguidas reduções de

uma vez que a safra de 2011 será menor”,

custos, especialmente com o aumento da

acrescenta Paulo Henrique.

mecanização da colheita e a otimização do uso dos tratores e caminhões. “Como no ci-

texto

clo de produção da cana-de-açúcar o maior custo está no corte, carregamento e transporte da cana, conseguimos bons resultados com redução de despesas ao melhorar seguidamente esses processos e utilizar as tecnologias disponíveis. Por exemplo, só com a implementação da colheita mecanizada, hoje em torno de 60% de todo o processo, registramos cerca de 30% de redução nos custos”, avalia o gerente. “Ao corrigir a organização da frota de tratores usados na aplicação de herbicidas também alcançamos redução de cerca de 60%”. 15


MUNDO CANA

Rotação de cultura aliada à nova gestão

pode trazer bons resultados texto

“Estimulamos a criação de um novo modelo, em que é possível produzir etanol e alimentos nas mesmas áreas, com geração de emprego e renda. Uma iniciativa social, econômica e ambientalmente correta. Assim, cooperativa, produtores e indústria formam alianças vencedoras”. Essa é a definição da Cooperativa dos Plantadores de Cana da Zona de Guariba (Coplana) e as histórias de cinco agricultores contadas nas próximas páginas confirmam que o seu modelo é realmente vencedor. 16

O advogado Arnaldo Geraldes Mo-

nistração das lavouras, acrescenta

relli possui mais que o talento para

que há dois anos firmou parceria

a advocacia – profissão que herdou

para cultivar outros 260 ha de re-

do pai e fez questão de ensinar aos

novação de cana da Usina São Mar-

filhos. Ele tem uma grande sensibili-

tinho, de Pradópolis (SP), também

dade para identificar bons negócios.

com lavouras de soja em sistema de

A maior prova disso está no plantio de

rotação de cultura.

cana-de-açúcar, iniciado há 30 anos

Segundo Morelli, este novo mode-

e atualmente administrado ao lado

lo de gestão mais profissional da

dos quatro filhos, na região de Ri-

lavoura tem se revelado muito in-

beirão Preto (SP). A produção anual

teressante economicamente. Do

supera 150 mil/t/cana entregues

cultivo de grãos, o empresário con-

para moagem nas usinas São Carlos

segue introduzir novas fontes de

e São Martinho, em Guariba (SP).

receita ao faturamento total da em-

Os 2 mil/ha de área própria admi-

presa, revertidos automaticamente

nistrados pelo condomínio AGM

em novos investimentos em tecno-

(Arnaldo Geraldes Morelli e Outros)

logias e maquinário para a atividade

estão divididos entre as terras de

principal do grupo, a cana.

cultivo da cana (1.600 ha) e as áre-

A busca por parcerias também con-

as de renovação anual do canavial,

tribui para resolver antigos proble-

que somam outros 400 ha, neste

mas do setor canavieiro na região: a

ano cultivadas com lavouras de

falta de mão-de-obra especializada

soja. Murilo Morelli, filho do pro-

e a sazonalidade do trabalho. Em

prietário e responsável pela admi-

meio a esse novo modelo de negó-


MUNDO CANA cio que começa a tomar importân-

ram nas fazendas da família Morelli.

dores de Cana da Zona de Guariba).

cia entre os produtores paulistas, o

Cerca de 90% da colheita já são me-

Amauri Asselli Frizzas, supervisor de

período de safra, que antes come-

canizados. Tratores, pulverizadores

desenvolvimento técnico comercial

çava em maio e terminava em no-

e colhedeiras operadas por sistemas

da Coplana, destaca que a mecaniza-

vembro, agora não se encerra mais,

de GPS são indispensáveis. “Aqui, as

ção nas lavouras de cana traz inegá-

pelo menos dentro das fazendas.

máquinas operam em três turnos de

veis ganhos. “No caso do Condomí-

trabalho, 24 horas

nio AGM, esses ganhos se traduzem

por dia”, destaca

na produtividade elevada mesmo

Murilo, que cha-

após sete ou oito anos de cortes su-

ma atenção para

cessivos”, observa. Nesse sentido, o

ponto de apoio

o fato de a colhei-

controle de pragas é muito impor-

à rentabilidade

ta da safra 2010,

tante. “O cuidado fitossanitário deve

recém-concluída,

ser realizado de maneira sistemati-

ter sido a terceira

zada, a fim de considerar todos os

Murilo

explica

que, entre o plantio da cana, os tratos

culturais

das lavouras anuais e a preparação da próxima safra

rotação de cultura é

para novo plantio

do negócio ,pois

da cana, a equipe

permite novas

realizada apenas

potenciais agentes com condição de

da fazenda Santo

fontes de receita

com o auxilio de

reduzir a produtividade das lavou-

máquinas e sem

ras”, ressalta Murilo Morelli.

com-

posta por 70 funcionários

para a cana

fixos,

Antônio,

uso de fogo. O uso da tecno-

Parceria que dá certo

mantém-se ocupada durante dez

logia, que proporciona avanços para

meses no ano. “Se considerarmos as

os canavieiros da região de Guariba

férias e a manutenção dos equipa-

(SP), resulta em grande parte das

A Cooperativa dos Plantadores de

mentos, o pessoal da fazenda tem

parcerias que surgem entre usinas de

Cana da Zona de Guariba (Coplana)

trabalho o ano todo”, afirma.

açúcar e álcool e bases do setor ca-

foi criada há 50 anos para promover

Feliz com o ganho extra do cresci-

navieiro. A família Morelli é parceira

o desenvolvimento técnico da agri-

mento na produção resultante do

da Coplana (Cooperativa dos Planta-

cultura na região que compreende

aumento da área plantada, o proprietário já fala em ampliar o número de parcerias para algo em torno de 1,5 mil/ha de área. Murilo relembra

texto

Francisco Laurentiis : tempo dividido entre a Coplana e o seu negócio

os momentos de crise nos anos 90, quando foi praticamente obrigado a investir em maquinários novos, mesmo sem dinheiro, situação que hoje é motivo de comemoração e alivio, já que ele atribui a esse fato a razão de o projeto estar tão bem estruturado tecnologicamente e com boa produtividade – entre 95 e 100/t/cana/ha. Para dar suporte operacional ao processo de expansão do projeto, os investimentos na compra de maquinários, seleção de novas cultivares de cana e capacitação da equipe não pa17


MUNDO CANA as cidades de Araraquara, Ribeirão

usinas na região de Guariba (SP).

a lavoura já será mecanizada. Atu-

Preto, Catanduva e Colina, no in-

Hoje, a área para plantio supera

almente, o percentual é de 60% da

terior de São Paulo. Atualmente, a

1.000 alqueires que produzem 260

colheita mecanizados; o plantio é

cooperativa atende 1.500 produto-

mil toneladas de cana/ano, entre-

feito manualmente.

res espalhados por 63 municípios.

gues às usinas São Martinho (Pra-

A área de lavoura sobre a cobertura

dópolis), Santa Cruz (Américo Bra-

dos agrônomos da Coplana atinge

siliense) e Cosan (unidade Bonfim,

200 mil hectares e o atendimento é

com sede em Guariba).

dividido em cinco filiais nas cidades

A tecnologia empregada tem sido

de Dumont, Pradópolis, Jaboticabal,

fundamental para o desempenho

Para conhecer melhor a história

Taquaritinga e Guariba, onde fica a

da lavoura de cana, permitindo ao

do agricultor Joaquim da Silva Car-

sede administrativa da cooperativa,

produtor investir no seu negócio. A

neiro e de sua família na cana-de-

e postos fixos montados em três ou-

parte técnica do projeto está a car-

açúcar na região de Dumond (SP), é

tros municípios do interior paulista.

go dos agrônomos da Coplana, que

preciso voltar um pouco ao passado

O departamento técnico é chefiado

respondem pelas etapas do plane-

para conhecer mais sobre a trajetó-

jamento até a

ria desse imigrante português, que

operacionaliza-

chegou ao Brasil no início do século

decisão sobre

ção dos tratos

passado, em busca de trabalho nas

avanços técnicos

culturais, plantio

fazendas de café no interior de São

e colheita.

Paulo e Minas Gerais.

O agricultor par-

Aos 82 anos de idade e já aposenta-

pelo

engenhei-

ro

agrônomo

Amauri

Asselli

Frizzas e conta com 14 agrôno-

mos que se divi-

para o melhor

dem entre assis-

desempenho da

ticipa ativamen-

do, ele relembra com certo saudosis-

tência técnica e

cana é feita em

te da avaliação

mo dos muitos anos de trabalho duro

da relação custo

na roça até reunir recursos suficien-

x

da

tes para comprar o primeiro lote de

nova tecnologia.

terras, em sociedade com os irmãos,

“Minha formação

e começar uma pequena plantação

não me permite

de café. Uma das várias crises tor-

de 2007, após vários anos atuando

decidir sobre questões técnicas liga-

nou praticamente impossível manter

como membro do Conselho de Ad-

das à lavoura e, para isso, conto com

em pé os cafezais e levou a família

ministração. Nascido em Guarulhos,

o trabalho extremamente profissio-

a buscar novos rumos na produção

região metropolitana de São Paulo,

nal dos agrônomos da Coplana. Mas

agrícola. Primeiro, foi o algodão,

ele cursou engenharia civil pela USP,

me envolvo na análise econômica”,

depois o cultivo da cana, em 1978.

campus de São Carlos (SP), e desde

declara o dirigente da Coplana.

Segundo Manoel da Silva Carneiro,

muito cedo mantém laços estreitos

O condomínio ainda esta se adap-

filho de Joaquim e responsável pela

com a agricultura.

tando à chegada da mecanização

administração das lavouras, decisão

Proprietário do condomínio que

nas lavouras e segue à risca os dis-

tomada o projeto de cana não parou

tem o seu nome, Laurentiis está na

positivos legais quanto ao emprego

mais de crescer. Hoje, já são mais de

cana-de-açúcar desde que resol-

das máquinas na lavoura. Lauren-

2,5 mil/ha de áreas próprias e arren-

veu investir na agricultura, isso em

tiis acredita que antes de 2014, pra-

dadas cultivadas. Nos últimos anos a

meados de 1970. Inicialmente, o pro-

zo dado pelo governo federal para

produção média atinge 188 mil/t/cana

jeto abrigava cerca de 120 hectares

a extinção da mão-de-obra braçal e

para moagem/ano, com canaviais

de terras, à época arrendadas para

o uso das queimadas na cana, toda

entre o primeiro e o décimo corte.

experimentação. Francisco Antô-

parceria com os

nio Laurentiis Fi-

especialistas

lho é o presidente da Coplana des-

18

Tecnologias estimulam produtividade

beneficio


MUNDO CANA com a Usina São Martinho (SP) para a terceirização da colheita, feita praticamente sem a necessidade de fogo e uso de mão-de-obra braçal. Essa estrutura atende também outros 1000 hectares, entre terras próprias e arrendadas, cultivadas com lavouras de amendoim, em sistema de rotação de cultura para renovação da cana. A frota própria da fazenda inclui ainda cinco colheitadeiras de amendoim com capacidade para 1.000 sacas/60kg/dia e uma com capacidade para 2.000 sacas/60kg/dia.

Tradição e tecnologia movem a produção

Joaquim Carneiro e as novas gerações: investimento constante em tecnologia texto

A produção entregue para moagem

planejamento realizado”, observa.

Importante desbravador da cafei-

na Usina São Martinho, de Guariba

A meta do projeto é chegar a 300

cultura nas regiões de Ribeirão Pre-

(SP), registrou na última safra con-

mil/t/cana para moagem/ano até

to (SP) e da Alta Mogiana (SP), Luis

centração média de açúcar total

2020, utilizando para isso os concei-

Antônio Junqueira, patrono da cida-

recuperável (ATR) de 139,5 kg por

tos de gestão da agricultura de pre-

de que ajudou a construir e que por

cisão. O objetivo

isso ostenta orgulhosa seu nome,

ousado envolve

tem sua história reconhecida na re-

ainda a sustenta-

gião, importante pólo de produção

bilidade da pro-

agrícola do interior paulista e que,

dução canaviei-

mesmo após várias gerações, se

hectares. Até 2020,

ra, “que cada vez

mantém viva na memória familiar.

meta é chegar a 300

mais

encontra

A casa sede da Fazenda Luis Antô-

respaldo na me-

nio, onde essa história começou

canização

para

a ser contada no início do século

se manter com

passado, ainda guarda parcela im-

o máximo de efi-

portante dessa trajetória retrata-

dução resulta do investimento cons-

ciência e o menor impacto ao meio

da em dezenas de fotos que ocu-

tante em tecnologias que permitem

ambiente”, diz.

pam lugar nobre nos corredores,

reduzir os custos, elevar a renda e

Atualmente, os canaviais da Fazen-

passagem quase obrigatória para

ainda melhorar o poder aquisitivo

da Resfriado contam com forte es-

visitantes. Marcelo Paoliello Jun-

para obtenção de novos insumos e

trutura de mecanização para cultivo

queira, bisneto do fundador, é o

equipamentos. E tudo isso vem do

da cana, além da parceria mantida

atual administrador do projeto

atribuída para o alto rendimento das lavouras, que apresenta produtividade

média

de 96 t/ha colhido, está no modelo de gestão empregado.

área total

já supera 2,5 mil

tonelada. A razão

mil/t/cana/ano

“O

aumento da pro-

19


MUNDO CANA agropecuário da família, ao lado

Marcelo Junqueira entende que a

A produção sustentável é outra pre-

da mãe, Célia Paoliello Junqueira.

proximidade da usina é fundamen-

ocupação da família Junqueira. “O

A propriedade de 550 hectares, que

tal para manter o lucro dos fornece-

crescimento sustentável da cana de-

durante muito tempo abrigou la-

dores de cana. Segundo ele, a cultu-

pende de investimentos em novas

vouras de algodão, soja, arroz e até

ra chegou às fazendas da família na

variedades adaptadas aos diferen-

pecuária leiteira, nas últimas quatro

década de 1960 e

décadas se dedica com afinco ao

o motivo maior

cultivo da cana-de-açúcar. Marcelo

era exatamente a

tes tipos de so-

los, mecanização dos processos e

preocupação

capacitação

da

conta que durante quase 20 anos a

distância entre as

área ficou sob responsabilidade da

lavouras da épo-

Usina São Martinho, de Pradópolis

ca e as principais

(SP). Em 2004, a fazenda voltou a ser

usinas da região.

administrada pela família Junqueira.

A

Atualmente, como fornecedor ex-

aos poucos co-

clusivo da destilaria Moreno, lo-

meça a ser incor-

calizada a exatos 7 km da sede da

porada aos tratos

fazenda, o agricultor trabalha suas

culturais das la-

lavouras de cana de maneira bas-

vouras, como o uso de maquinário

mação técnica dos empregados.

tante profissionalizada e, para isso,

próprio no plantio e na aplicação

Na parte ambiental o produtor de-

conta com a parceria técnica da

dos insumos. A colheita ainda é ter-

fende a preservação dos ecossiste-

Coplana. A área de cana apresen-

ceirizada a partir de parceria com a

mas, controle biológico de pragas

ta produtividade superior à mé-

usina, que responde pela poda e o

e manejo de plantas invasoras por

dia da região, atingindo 100 t/ha.

transporte da cana para moagem.

meio do uso racional de herbicidas.

a produção

mecanização

indiscutível com sustentável na propriedade

mão-de-obra”, ressalta o agricultor. Ele também

considera

fundamentais a melhoria do nível de escolaridade e a for-

texto

D. Célia e Marcelo Junqueira: a família à frente do empreendimento 20


MUNDO CANA

Consorciação que dá resultados Bem humorado e solícito, com a tranquilidade de quem dedicou a maior parte da vida ao cultivo da terra, Walter Aparecido Luiz de Souza é um empresário que sabe tornar agradável o ambiente de trabalho, mesmo em uma região de calor intenso, como Ribeirão Preto, no Walter de Souza cresce com diversidade de culturas

interior de São Paulo. Da área de 1,5 mil/ha de terra administrada por eles em Jaboticabal (SP), metade é arrendada em

texto

sistema de parceria com usinas da

explica o agricultor, que vai além.

tir a cobertura permanente do solo.

região e recebe agora plantios de

“Quando chega o momento de re-

“Isso evita a perda de nutrientes

amendoim em sistema de rotação

tornar com o plantio da cana, ge-

causada pela compactação e ero-

de cultura para renovação das áre-

ralmente no início do ano seguinte,

são”, diz, com a mesma cordialida-

as de cana-de-açúcar. A outra parte

o amendoim já está todo colhido,

de de sempre.

(750 ha) é composta por terras pró-

deixando como herança o resíduo

Entusiasta do avanço da tecnologia

prias da família, onde também está

da adubação e a matéria orgânica

na produção agrícola, Walter atri-

a sede do projeto iniciado em 1990.

que serve como excelente cobertu-

bui importante parte do sucesso

“Desde o início, uma marca da Fa-

ra para o solo”.

zenda Santa Cândida é o investi-

A

mento no plantio intensivo da cana

das lavouras de

e o uso de tecnologias de ponta em

cana com amen-

maquinários e insumos”, destaca o

doim ocorre na

agricultor, que enxerga como prio-

proporção

ridade a produtividade para arcar

20% por ano e

com os custos da lavoura e ainda

ocupa

garantir lucro.

mente áreas de

Para atingir esses objetivos, o cami-

reforma.

nho escolhido pelos irmãos Souza é

isso, o produtor

a diversificação da cana com cultu-

mantém elevada a produtividade

Minari é o responsável técnico pelo

ras anuais, estratégia que tem pro-

dos canaviais: entre 90 e 100/t/ha.

projeto. “O acompanhamento da

porcionado bons resultados econô-

A vida produtiva atinge entre seis e

Coplana é um dos responsáveis di-

micos ao negócio. “A cana possui

sete anos, em média. Para Walter,

retos pelo avanço técnico da cana e

ciclo produtivo de seis meses em

a cana consorciada com culturas

demais culturas consorciadas”, des-

média e o amendoim perto de 125

anuais promove a renovação das

taca Walter, ressaltando que a par-

dias (quatro meses). Isso torna per-

áreas de plantio com calagem e

ceria ocorre desde o início do em-

feito o consórcio entre as culturas”,

adubação corretiva, além de garan-

preendimento, há duas décadas.

de

basica-

usinas da região

consorciação ajuda a renovação das áreas de cultivo

Com

e ao apoio da Coplana (Cooperativa dos Planta-

consorciação

às parcerias com

dores de Cana da Zona de Guariba), que oferece orientação técnica. O agrônomo Marcos Antônio

21


MUNDO CANA

A importância do manejo correto consultor jamil constantin aponta caminhos para controlar plantas daninhas na cultura da cana

A

Jamil Constantin: Pressões ambientais contribuem para queda de produtividade >

presença das plantas daninhas na

e que envolve todos os possíveis reflexos da

cultura da cana-de-açúcar e sua

planta daninha na colheita”.

consequente contribuição para a

“Os efeitos negativos observados no cresci-

queda da produtividade é tema antigo nas

mento, desenvolvimento e produtividade de

discussões agrícolas. E medir o que exata-

uma cultura, devido à presença de plantas

mente provoca a redução da produtividade

espontâneas, não devem ser atribuídos ex-

da cultura por conta dessa invasora não é ta-

clusivamente à competição imposta por es-

refa fácil. É o que explica Jamil Constantin,

sas últimas mas, sim, à resultante de várias

professor doutor da Universidade Estadual

pressões ambientais que podem ser diretas,

de Maringá (UEM) e pesquisador do Conse-

como competição, alelopatia e interferência

lho Nacional de Desenvolvimento Científico

na colheita; ou indiretas – hospedando pragas,

e Tecnológico (CNPQ). “Por

doenças nematóides e outros, ligados à sua

esse motivo, ao invés de

presença no ambiente agrícola (Pitelli, 1985).

falar em mato compe-

Se não é fácil identificar exatamente que tipo

tição, o ideal é utili-

de interferência ocasionará determinada perda

zar a expressão ‘mato

na produção, é mais simples descobrir quando

interferência’,

mais

a planta daninha começa a incomodar a cultura.

abrangente

Jamil Constantin explica que há dois períodos a ser considerados para avaliar o problema das plantas daninhas. O primeiro deles é conhecido por PAI (Período Anterior de Interferência), que equivale ao tempo em que a cultura consegue conviver com o mato sem que ele interfira em seu desenvolvimento. “Ou seja, nasceu a cana, nasceu o mato. Então, é preciso saber quanto tempo o produtor tem para entrar com herbicida antes que a planta daninha comece a provocar queda na

22

texto


MUNDO CANA produtividade. É nesse período que muitos cometem erros, pois retardam a aplicação do herbicida pensando em economizar uma aplicação. O efeito do herbicida pode ser comprometido caso o momento da aplicação ocorra no período em que já se manifestou a interferência do mato”, explica o Dr. Constantin. Demora na aplicação de herbicidas pode gerar prejuízo de mais de 5%

De acordo com estudo apresentado por ele (Meirelles 2009, Batatais-SP), considerando a plantação de cana soca úmida a partir da brotação, já a partir do nono dia se inicia a

divulgação

queda na produtividade por interferência do

tanto, é preciso considerar quanto tempo a

mato, equivalente a 2% de perda. Em um

cana demora para fechar e, assim, verificar o

universo de 126,8/t/ha a perda é de 2,54/t/ha.

residual do agroquímico que deverá acompa-

“Considerando que, em geral, se espera de

nhar até o fechamento da cultura, especial-

20 a 30 dias para aplicação do herbicida,

mente no período seco.

acreditando-se assim garantir o residual

“Essa questão da fitotoxicidade na cultura e

do produto até o fechamento da lavoura –

as perdas causadas por ela têm sido temas

principalmente na cana planta –, por esse

de trabalhos da UEM, os quais indicam, es-

estudo se pode ver o quanto os produtores

pecialmente, que quanto maior a cana-de-

vêm sofrendo perdas sem saber. O pior é

açúcar, no momento da aplicação do herbi-

que eles não enxergam essa queda, uma vez

cida, maior o prejuízo causado em termos de

testemunha.

Aliás,

essa situação faz com que repitam o erro na safra seguinte e continuem

retardando

a aplicação, enquan-

perda de produtividade demonstrando,

herbicida precisa ter

que não têm lotes-

boa seletividade para a cana fechar no limpo

to o ideal é fazer a aplicação em pré-

mais uma vez, que o ato de se retardar as aplicações

causam

prejuízos maiores do que se possa imaginar. Por exemplo, se considerarmos pro-

emergência ou em pós-emergência, o mais

dução de uma área de 240 mil/ha, dos quais

cedo possível, para se evitar perdas por uma

30% possuem o problema, e perdas médias

interferência precoce.”, avalia.

de 8/t//ha, estamos falando de 576 mil/t de

Outra questão a ser avaliada é quando se faz

cana-de-açúcar perdidas”.

a aplicação dos herbicidas, para o controle

As perdas ocasionadas pela seletividade do

das plantas daninhas, com a cana já emer-

herbicida somam-se às perdas por mato in-

gida. Isso está relacionado à seletividade do

terferência, trazendo significativo prejuízo na

produto, ou seja, a capacidade de determina-

colheita. A melhor alternativa, portanto, está

dos herbicidas de eliminar plantas daninhas,

na aplicação do herbicida em pré-emergên-

sem reduzir sua produtividade. O especialista

cia, seja para evitar a queda na produtivida-

explica que o herbicida precisa ter boa seleti-

de pela interferência da planta daninha, seja

vidade para que a cana feche no limpo. Por-

para prevenir a fitotoxicidade na cultura. 23


MUNDO CANA

Mais uma fronteira na energia renovável desafio dos técnicos para controlar problemas fitossanitários exige esforço cada vez maior das equipes

A

Kuva: cana “perene” criou uma série de novos desafios >

descoberta de novas variedades

Em relação ao uso de herbicidas químicos,

de cana, mais precoces e produti-

para manter o controle das populações de

vas, e o advento da mecanização,

plantas invasoras, a preocupação é quanto

incorporando novos tratos culturais às la-

à manutenção da eficácia dos agroquími-

vouras, são novos agentes de indiscutível

cos de ação seletiva. Esse tema é tão rele-

benefício à atividade.

vante que se tornou foco de estudo de pes-

Porém, essa mudança de perfil

quisadores, como o engenheiro agrônomo

da cana abre espaço para a

e consultor técnico, Marcos Kuva, sócio da

ocorrência de alguns pro-

empresa Herbae, de Jaboticabal (SP).

blemas

fitossanitários,

Segundo Kuva, o fato de a cana ter se tor-

os quais exigem esforço

nado uma cultura quase que perene no

maior dos técnicos para

interior de São Paulo criou uma série de

manter a produtividade e

novos desafios ao trato fitossanitário das

a consequente viabilidade

lavouras. Como o ideal é que o herbicida

econômica da lavoura.

seja aplicado entre o terceiro e o quarto mês pós-plantio ou corte da cana, o período maior de manejo expõe a planta aos efeitos das variações de temperatura e umidade no momento da aplicação, o que pode comprometer o resultado do trabalho. “É como se fossem várias culturas em uma só”, salienta o especialista. Outra preocupação é com a incidência maior de plantas invasoras em áreas de formação de cana. Estudos conduzidos pela equipe da Herbae em áreas recém-formadas e outras mais antigas apresentam diferença consi-

24

texto


MUNDO CANA derável em relação ao tipo de ocupação e

diferentes espécies de invasoras.

ao grau de competição. Em áreas onde a

Usinas com maior capacidade de produ-

cana está há mais tempo, a predominância

ção já utilizam a análise de invasoras com

é de espécies de uso corrente na pecuária,

auxílio de uma técnica chamada “matolo-

como capins brachiária, colonião e colchão,

gia”, por meio da qual os técnicos deixam

entre outras. Já nas áreas de formação re-

crescer capim em áreas selecionadas como

cente, existe equilíbrio dessas gramíneas

testemunha para conhecer as espécies de

vegetais de folha larga, caso da corda de viola, melão de São Caetano e mamona, ultrapassando

em

termos de importância as gramíneas tradicionais. Os testes da Herbae sobre

severidade

com capim brachiária em área de cana-

ocorrência endêmica na propriedade.

incidência de plantas invasoras exigem

atenção redobrada dos técnicos. Usinas já usam análise

de invasoras com a

técnica “matologia”

de-açúcar demonstraram

perdas

Assim,

perdas por

com outras espécies

de

é

possível

monitorar o potencial de infestação para o ano seguinte, o grau de incidência e a severidade da espécie, constituindo um banco de dados de grande importância para o manejo da plantação. Nesses

casos,

comenda-se

re-

definir

produtividade de até 80%. No caso de ca-

área mínima de 50 hectares. Escolhe-se um

pim colonião, os resultados mostram per-

talhão e, nele, definem-se três células (tes-

das entre 30% e 40% e em áreas de ocupa-

temunhas) com largura equivalente ao diâ-

ção mista de brachiária x capim colonião, a

metro da barra do pulverizador (2 metros).

redução foi maior que 50%. Estudo inédito

O período de permanência é entre 80 e 160

feito com capim corda de viola para avaliar

dias e Marcos Kuva sugere retornar periodi-

a competição na cana levantou perdas de

camente para fazer a leitura da área.

30% a 35%. Outra questão a ser considerada no momento de planejar o manejo químico da lavoura

texto

Marcos Kuva e equipe Herbae

é a fase de desenvolvimento da cultura. Na cana, estão disponíveis herbicidas para uso na pré ou pós-emergência. Assim, antes de iniciar qualquer trato na lavoura é importante que o técnico conheça o histórico de infestação da área. A dica do especialista é fazer levantamento detalhado do solo, a fim conhecer a atividade cultivada anteriormente. A experiência demonstra que em cada talhão analisado o produtor encontra 25


MUNDO CANA

Cana transgênica cada vez mais perto pesquisas avançam em duas frentes: os já conhecidos genes comerciais e o reconhecimento do DNA da cana

Tadeu Andrade: transgenia é questão de tempo

O

sucesso conquistado pelos orga-

avançado para obter variedades que sejam

nismos transgênicos, responsá-

ao mesmo tempo produtivas, resistentes

veis por grande salto de produti-

ao ataque de pragas e tolerantes à ação

>

vidade nas lavouras de soja, milho e algodão

dos principais herbicidas comerciais.

ao longo das últimas décadas, já há algum

Segundo Tadeu Andrade, diretor de pes-

tempo é objeto do interesse de especialistas

quisa do CTC, o desenvolvimento da pes-

brasileiros ligados ao setor canavieiro.

quisa voltada à transgenia em cana-de-

Há aproximadamente uma década e meia,

açúcar ocorre em duas frentes principais.

o Centro de Tecnologia Canaviei-

A primeira delas se desenvolve a partir

ra (CTC), de Piracica-

dos já conhecidos ‘genes comerciais’, en-

ba (SP), desenvolve

contrados com facilidade no mercado e

pesquisas com a fina-

introduzidos na cultura da cana para im-

lidade de lançar no

primir características não expressas origi-

mercado a primei-

nalmente em seu DNA.

ra variedade de

Outra frente de estudo está ligada ao re-

cana transgênica

conhecimento do próprio DNA da cana,

genuinamente na-

visando a obtenção de futuros genes para

cional. As pesqui-

fins de comercialização. Por meio de uma

sas

encontram-se

técnica chamada ‘superexpressão’, os pes-

em estágio

quisadores do CTC trabalham para identificar nas sequências gênicas do DNA da planta aqueles genes com potencial para características funcionais, como concentração de sacarose (açúcar) e/ou tolerância a seca, entre outras. Para Andrade, a grande vantagem da transgenia, em comparação com o método convencional usado no melhoramento genético

26

texto


MUNDO CANA de espécies vegetais, está no ganho de tempo trazido pela informação contida no DNA da planta. A partir do mapeamento completo do genoma da cana, a pesquisa agora está focada no reconhecimento de características ainda desconhecidas do mercado. “A primeira geração de genes tinha capacidade de resistir ao ataque de insetos e era tolerante aos herbicidas. A segunda geração, que ainda está em testes, apresenta variedades com tolerância à seca e capacidade de produção maior de açúcar (sacarose). A terceira geração, que chegará ao mercado nos próximos cinco ou dez anos, terá a capacidade também de resistir ao ataque de besouros e algumas pragas de solo”, explica o especialista do CTC. Entretanto, o futuro da transgenia em ca-

divulgação

na-de-açúcar no Brasil dependerá em gran-

No que depender da pesquisa, o futuro da

de medida da aceitação do mercado. O Bra-

cana transgênica no Brasil está garantido.

sil está entre os países mais adiantados do

A sinalização para isso está na forma como

mundo em termos de pesquisa voltada ao desenvolvimento da cana transgênica. No entanto, o volume de investimentos

ainda é modesto se

os especialistas pretendem

comercialmente

cultura. “A mesma

de genes terá

pesquisa que se esmerou para selecio-

capacidade para

comparado a outras lavouras. Para Tadeu

de besouros e pragas de solo

xergar a cana como uma cultura de im-

precisa deixar de en-

a

terceira geração

resistir a ataques

Andrade, o mundo

viabilizar

nar variedades com maior aptidão para produzir açúcar agora busca cana com maior

quantidade

de fibras para produção de biomas-

portância marginal. “Aí sim ela atrairá o in-

sa”, ressalta o especialista.

teresse do investidor”, diz. Hoje, entre os

A transgenia também possibilitará o de-

grandes ‘players’ do mercado global ape-

senvolvimento de variedades de cana com

nas Brasil, Austrália, África do Sul e alguns

maior concentração de fibras de celulose,

países de menor importância econômica

servindo de matéria-prima para a fabrica-

têm a cana como produto agrícola impor-

ção de uma infinidade de produtos. Dessa

tante em suas economias. “Essa situação

forma, a cana do futuro deve promover ou-

precisa mudar”, diz Andrade.

tra grande revolução na indústria. 27


MUNDO CANA

Educação e responsabilidade Divulgação

Mão de obra capacitada é fundamental para o gerenciamento adequado dos equipamentos e tecnologias modernas atuais

A

28

A constatação de que a correta

com os fornecedores, sejam pequenos,

utilização de defensivos agrícolas

médios e grandes. Por meio do laborató-

promove a proteção ambiental e

rio móvel Tech Móvel, durante os treina-

humana e contribui para a redução do custo

mentos, usinas e fornecedores têm acesso

de produção para o agricultor levou a Arysta

a diversas informações, como utilização

LifeScience a criar o Programa Aplique Bem,

correta de defensivos agrícolas, equipa-

em parceria com o Instituto Agronômico de

mentos de proteção individual (EPIs) e re-

Campinas (IAC). Em apenas três anos de

gulagem de equipamentos de pulverização.

existência, esse projeto de educação de pro-

Hamilton Ramos, diretor científico do IAC,

dutores rurais já visitou mais de 500 proprie-

entidade referência mundial em pesquisa

dades em 60 municípios e treinou mais de

e conhecimento na área de tecnologia de

11 mil produtores de 14 estados brasileiros.

aplicação, explica que já é possível relatar

A iniciativa, que começou com produtores

a diversidade de problemas de aplicação de

de HF no interior paulista, passou a envol-

defensivos agrícolas na cana-de-açúcar, que

ver também o cultivo de cana-de-açúcar,

variam de acordo com a região do país.

e já realizou mais de 160 visitas orientan-

“A tecnologia de aplicação utilizada nas re-

do e treinando os agricultores das princi-

giões Sul, Sudeste e Centro-Oeste em nada

pais regiões produtoras de cana, atuan-

tem a ver com a utilizada na região Nordes-

do diretamente com as usinas e também

te, por exemplo. O nível de instrução do


MUNDO CANA

de precisão, os pulverizadores possuem controladores eletrônicos de pressão e fluxo,

A solução está no

sistema de GPS, barra de luzes para direcio-

equipamento que preci-

namento e várias tecnologias para gerencia-

sa funcionar de forma adequada, nas pessoas

que precisam estar capacitadas e no processo de

aplicação correto que deve ser respeitado

mento de dados de aplicação. Porém, a falta de mão-de-obra capacitada para operar esses equipamentos é uma realidade. “Com o Aplique Bem estamos destacando aos produtores que a alta tecnologia dentro da propriedade não pode ser apenas no equipamento, mas também deve envolver o operador que conduzirá o mesmo. Seu treinamento e capacitação são fundamentais para que ele possa enxergar as variáveis que o sistema pode lhe proporcionar”.

trabalhador, as condições de trabalho e os

O Aplique Bem se enquadra perfeitamente

equipamentos são totalmente diferentes.

às necessidades do produtor e às soluções

Enquanto no Centro-Sul predominam pul-

desses principais problemas apresentados,

verizadores de barras, predominantemen-

uma vez que trabalha com o tripé equipa-

te com alto grau de tecnologia agregado e

mentos – pessoas – processo de aplicação.

número relativamente baixo de pessoas por

“O equipamento precisa funcionar de for-

equipe de aplicação, no Nordeste são utili-

ma adequada, as pessoas precisam estar

zados os pulverizadores costais com grande

capacitadas e o processo de aplicação cor-

número de pessoas por equipe. Além disso,

reta dos defensivos, que inclui as condições

enquanto no NE as reaplicações em mesma

climáticas, deve ser respeitado”, afirma a

área são comuns, nas demais regiões esse

Coordenadora de Stewardship e Registro

cenário é raro”, avalia o diretor do IAC.

da Arysta LifeScience, Líria Hosoe.

Marcel Sarmento de Souza, instrutor do Aplique Bem, acrescenta que um dos prin-

texto

cipais problemas apresentados no campo é a idade elevada tanto de tempo quanto de uso dos equipamentos de pulverização. “Geralmente, a manutenção empregada é inadequada ou até insuficiente, contribuindo para o seu mau estado. Com a avaliação das máquinas nestes três anos de estrada se fossemos considerar a presença dos principais componentes para o uso dos pulverizadores agrícolas, apenas 14 % dos equipamentos estariam em condições adequadas de uso”, explica. O instrutor explica que, na era da agricultura 29


MUNDO CANA

Artigo

>

por Chryz Serciloto *

Mais produção sem aumentar a área novas substâncias estimulam potencial genético das culturas

guns nutrientes que também não são auto-renováveis. Mediante estas necessidades agrícolas, econômicas e ambientais, a

30

Arysta LifeScience está desenvol-

Com o aumento crescente da popu-

Consequentemente, haverá neces-

lação aliado ao aquecimento eco-

sidade do incremento na quantida-

nômico brasileiro e mundial, várias

de de biomassa produzida. Porém,

implicações surgirão no contexto

com a diminuição das áreas agrí-

socioeconômico mundial. Uma de-

colas potenciais, devido também

las, e não menos importante, é o

à maior demanda mundial por ali-

aumento da demanda energética.

mentos e por se pensar em um ma-

Estima-se que haverá aumento de

nejo ecologicamente sustentável,

40% e de 90% na demanda ener-

evitando a inclusão de áreas vir-

gética mundial e nacional, respec-

gens ou de vegetação nativa, tor-

tivamente. Frente á escassez das

na-se mais necessário que o setor

fontes não-renováveis e da pressão

canavieiro busque incrementos na

socioambiental sobre o maior uso

produtividade por área.

de energias renováveis, a cana-de-

Diante desse contexto, visando ele-

açúcar ganha destaque importante

vação da produtividade e pensando

Dentre alguns de seus efeitos, des-

nesse cenário.

em manejo agrícola mais sustentá-

taca-se o incremento de brotações,

vel, novas tecnologias estão sendo

desenvolvimento inicial, enraiza-

implantadas no setor agrícola. Uma

mento, germinação de gemas, per-

delas é o uso de substâncias que

filhamento e consequente aumento

estimulam o potencial genético das

na produtividade. Outro produto de

culturas, fazendo com que a plan-

grande potencial é o K-tionic, que

ta utilize de forma mais eficiente

tem como objetivo principal aumen-

a energia luminosa, convertendo a

tar a quantidade de cargas negati-

mesma de forma mais eficiente em

vas próximas à zona do crescimento

carboidratos. Outro ponto impor-

radicular e, com isso, favorecer a

tante diz respeito ao melhor apro-

absorção de macro e micronutrien-

veitando de nutrientes, mediante

tes catiônicos, diminuir a perda de

o incremento do sistema radicular,

nitrogênio e a adsorção de fósforo,

e à melhoria da utilização dos mes-

além de contribuir para o aumento

mos pelas plantas, no qual haveria

na população de micro-organismos

dupla contribuição, otimizando al-

benéficos no solo.

*Chryz Melinski Serciloto - Especialista em Desenvolvimento de Produtos e Mercados da Arysta LifeScience, Doutor em Fisiologia e Bioquímica de Plantas

vendo o conceito “Pronutiva” com uma linha ampla de produtos que visam tanto a parte de proteção de plantas como a nutrição e a fisiologia de plantas e que proporcionam incrementos na produtividade da cana-de-açúcar. Um dos principais produtos dessa linha é o Biozyme, que tem a função de estimular o potencial genético produtivo das culturas, o que pode conferir retorno maior entre 5 a 10 vezes o valor do investimento.




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