BIBLIOLOGIA: BÍBLIA, O LIVRO INCOMPARÁVEL

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BIBLIOLOGIA

BIBLIOLOGIA BÍBLIA, O LIVRO INCOMPARÁVEL

BIBLIOLOGIA

A Bíblia, inegavelmente, é o Livro dos livros. É o Livro do Cristianismo e de outras duas grandes religiões mundiais, o Islamismo e o Judaísmo. A Bíblia, embora muito antiga, continua sendo contemporânea. A despeito do ufanismo do Iluminismo no século 18, quanto à razão, então entronizada no lugar de Deus, e do vaticínio de Nietzche quanto à "morte de Deus", o "super-homem" (nas palavras do próprio Nietzche), continua tendo agora as mesmas aspirações, anseios, demandas e necessidades que sempre teve, nos séculos passados. A razão não pôde suprir suas necessidades mais íntimas. E, numa linguagem mais teológica, ele continua sendo pecador, carente da graça de Deus. A Bíblia, enquanto Palavra inspirada de Deus, toca diretamente essa realidade da existência humana, falando ao coração e respondendo à perguntas profundas da alma humana. As Escrituras estão hoje traduzidas para mais de 2.500 idiomas, total ou parcialmente, para diferentes povos no mundo todo. E dela, milhões continuam se alimentando. Conhecer as Escrituras não é questão de opção para o verdadeiro cristão, mas uma necessidade. E foi considerando essa verdade que esse livro foi carinhosamente preparado. Bem vindo à Bibliologia!

BÍBLIA, O LIVRO INCOMPARÁVEL

BÍBLIA, O LIVRO INCOMPARÁVEL

Instituto de Educação Cristã CRER & SER crereserinstituto@gmail.com (27) 99978-4158 cursodeteologia.net.br

RONEY COZZER


BIBLIOLOGIA BÍBLIA, O LIVRO INCOMPARÁVEL Roney Cozzer


Bibliologia: BĂ­blia, o livro incomparĂĄvel

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável Revisão: Roney Cozzer Diagramação: Roney Cozzer Capa: Elias Mendonça _______________________________

COZZER, Roney. 1984 COZZER, Roney. Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável. Cariacica, ES: Instituto de Educação Cristã CRER & SER, 2018. Bíblia. Bibliologia. Escrituras. 130 pp.: 14 x 21 cm | ISBN: 978-85-63434-61-6 Inclui referências bíblicas e bibliográficas. 1. Introdução Bíblica. 2. Bíblia. 3. Bibliologia É permitida a reprodução parcial desta obra desde que citados o autor e o título da obra e que seja feita sem fins lucrativos.

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Contatos e atividades do autor na internet: Site: teologiaediscernimento.wordpress.com Blog Fundamentos Inabaláveis E-mail: roneyricardoteologia@gmail.com

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável

SUMÁRIO Lista de siglas utilizadas neste livro...................................

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Apresentação...........................................................................

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1. Bíblia, o livro incomparável.............................................

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2. Bíblia: sua mensagem, a necessidade de estuda-la constantemente e inerrância bíblica................................... 30 3. Bíblia: estrutura interna, cânon, preservação e tradução.................................................................................... 56 4. Bíblia: seu elevado padrão moral e sua imparcialidade........................................................................ 98 5. A Bíblia e o Seu Autor.......................................................

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Bibliografia..............................................................................

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Bibliologia: BĂ­blia, o livro incomparĂĄvel

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável

Lista de siglas utilizadas neste livro

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om o intuito de ganhar tempo e espaço, no decorrer deste livro são utilizadas algumas siglas. Uma sigla nada mais é do que a abreviatura de um título ou denominação, geralmente composta pelas letras iniciais das palavras que compõe este título ou denominação. Tomemos como exemplo a sigla ARC, que remete ao título Almeida Revista e Corrigida, uma das versões da Bíblia em português publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil1. Frequentemente são utilizadas as siglas AT, para Antigo Testamento, e NT, para Novo Testamento. Neste livro você também encontrará citações bíblicas e versículos bíblicos transcritos. Logo a seguir você encontrará duas tabelas com as siglas dos livros da Bíblia. Como versão oficial para as referências bíblicas transcritas neste livro, foi adotada a versão Almeida Revista e Atualizada (ARA), publicada pela SBB, por ser ela uma versão de grande aceitação entre o público brasileiro e de mais fácil compreensão para o leitor. Além da ARA, são utilizadas ainda outras versões como a NVI (Nova Versão Internacional), por questões didáticas. Assim, o autor deste livro deseja que os comentários deste livro possam ser uma benção para você e toda a sua família, estimado(a) leitor(a). É para você que este trabalho foi carinhosamente preparado! A seguir, você tem as siglas que utilizamos neste livro com seus respectivos significados e também as siglas dos livros da Bíblia, em ordem alfabética: 1

Também representada por uma sigla: SBB.

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável 1 Co: 1 Coríntios 1 Cr: 1 Crônicas 1 Jo: 1 João 1 Pe: 1 Pedro 1 Re: 1 Reis 1 Sm: 1 Samuel 1 Tm: 1 Timóteo 1 Ts: 1 Tessalonicenses 2 Co: 2 Coríntios 2 Cr: 2 Crônicas 2 Jo: 2 João 2 Pe: 2 Pedro 2 Re: 2 Reis 2 Sm: 2 Samuel 2 Tm: 2 Timóteo 2 Ts: 2 Tessalonicenses 3 Jo: 3 João Ag: Ageu Am: Amós Ap: Apocalipse ARA: Almeida Revista e Atualizada ARC: Almeida Revista e Corrigida AT: Antigo Testamento At: Atos Cap.: Capítulo Cf.: Confira Cl: Colossenses Ct: Cantares de Salomão Dn: Daniel Dt: Deuteronômio

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável Ec: Eclesiastes Ed: Esdras Ef: Efésios Et: Ester Êx: Êxodo Ez: Ezequiel Fl: Filemon Fp: Filipenses Gl: Gálatas Gn: Gênesis Hb: Habacuque Hb: Hebreus Is: Isaías Jd: Judas Jl: Joel Jn: Jonas Jo: João Jr: Jeremias Js: Josué Jz: Juízes Lc: Lucas Lm: Lamentações de Jeremias Lv: Levítico Mc: Marcos Ml: Malaquias Mq: Miquéias Mt: Mateus Na: Naum Ne: Neemias Nm: Números

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável NT: Novo Testamento NTLH: Nova Tradução na Linguagem de Hoje NVT: Nova Versão Transformadora Ob: Obadias Os: Oséias Pv: Provérbios Rm: Romanos Rt: Rute Sf: Sofonias Sl: Salmos Ss: Seguintes. Refere-se aos versículos seguintes que podem ir até o fim do capítulo citado ou não. Tg: Tiago Tt: Tito Vv: Indica pluralidade de versículos. Zc: Zacarias

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável

Apresentação

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disciplina a ser estudada neste livro é de grande riqueza. Nela, consideraremos aspectos fundamentais pertinentes à Bíblia Sagrada, este Livro único, que atravessou os séculos e chegou até nós indubitavelmente pela providência divina. Não há outro livro como a Bíblia Sagrada e isso em diversos aspectos; e para nós, evangélicos, ela é a regra áurea para a práxis da vida cristã. Mas não apenas para a vida aqui e agora, mas ela se coloca ainda como o nosso manual para chegarmos ao Céu. A Bibliologia é uma disciplina teológica, e possui um caráter técnico, o que acontece pelo fato dela analisar a Bíblia não apenas como a Palavra de Deus, mas também como um livro que ela é, e um livro muito antigo. Deste modo, devemos pensar na Bíblia sob esses dois aspectos: ela é a Palavra de Deus (Sua mensagem) e é um livro, com características peculiares e com características comuns a outros livros. Enquanto livro, ela conta com estrutura, divisões, encontramse dificuldades em seu estudo, dentre outros fatores. Enquanto Palavra de Deus, sua mensagem é inspirada, inerrante, indestrutível, pura. A Bibliologia, portanto, é uma área de conhecimento que deveria ser explorada por todo cristão, pois ela nos ajuda na compreensão do que é a Bíblia, sua origem, formação, tradução, entre outros aspectos fundamentais relacionados às Escrituras. A Bibliologia não 10


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável deve ser encarada como um conhecimento que deva se restringir apenas ao ambiente acadêmico-teológico, mas deve tocar a vida da Igreja, trazendo resultados positivos. A Bibliologia considera a Bíblia sob três principais pontos de vista: 1. A Bíblia como a mensagem de Deus, isto é, a Bíblia como a Palavra de Deus. 2. A Bíblia como um livro antigo. 3. A Bíblia e seu divino Autor. Este livro foi preparado considerando estes três grandes aspectos que são os alicerces principais da Bibliologia. Os cinco capítulos que compõem esta obra foram organizados considerando esses três grandes aspectos mencionados acima. Esperamos que você possa dedicar-se com amor e zelo ao estudo desta matéria e não deixe de recorrer à bibliografia mencionada ao final deste livro, a fim de complementar seu conhecimento. Sinto-me ainda no dever de informar que este trabalho não tem a intenção de ser inédito em sua abordagem do assunto e nem excessivamente técnico. Ele objetiva atender àquelas pessoas que embora tendo contato constante com a Bíblia, não sabem exatamente o que vem a ser a Bíblia, enquanto Livro e enquanto mensagem de Deus. Nesse sentido, é possível que este trabalho seja dirigido à maior parte do povo evangélico, hoje. Minha oração a Deus é que ele possa cumprir sua missão de contribuir para que as pessoas possam 11


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável compreender e reconhecer a razão da Bíblia ser o Livro incomparável!

Deus o abençoe ricamente neste sentido! Em Cristo, Roney Cozzer

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável

1 Bíblia, o livro incomparável “Como eu amo a tua lei! Medito nela o dia inteiro” (Salmo 119.97). INTRODUÇÃO 2

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omo são belas as palavras do salmista no Salmo 119.97, como lemos acima, expressando o seu amor para com a Palavra de Deus. Devemos observar que a palavra “Lei”, como aparece em toda a extensão do Salmo 119, é uma referência ao conjunto das Sagradas Escrituras. O autor deste belíssimo cântico deixou-nos um exemplo maravilhoso de amor e dedicação à Palavra de Deus. Ela é, de fato, excelente, incomparável, insubstituível, suficiente para o crente em matéria de fé e prática. Deve o salvo dedicar-se e amar a Bíblia Sagrada. Como pode o cristão viver à margem da comunhão com as Santas Escrituras? Como pensar o cristianismo sem a Bíblia? Permita que o Espírito Santo, através destas linhas, renove em seu coração o amor à Bíblia

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Para mais informações e conteúdos adicionais sobre a disciplina Bibliologia, veja: Site Teologia e Discernimento. Disponível em: <teologiaediscernimento.wordpress.com/turma-de-teologia-basica-igrejarenovacao-familia-crista/> Acesso em 30 jan. 2018.

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável Sagrada, o Livro que atravessou os séculos, chegando até nós tão atual como o era quando de sua escrita! 1. A BÍBLIA Halley, conhecido comentarista da Bíblia, alista algumas "declarações notáveis a respeito da Bíblia"; veja: Billy Graham: Em nossa geração, existem pessoas que questionam se a Bíblia é a Palavra de Deus. Do começo ao fim, porém, a Bíblia é a Palavra de Deus, inspirada pelo Espírito Santo. Quando consulto a Bíblia, sei que estou lendo a verdade. E abro-a para lê-la todos os dias. George Mülher, de Bristol: O vigor de nossa vida espiritual estará na proporção exata do lugar que a Bíblia ocupa em nossa vida e em nossos pensamentos. Declaro isso tendo por base a experiência de 54 anos [...] Já li cem vezes a Bíblia inteira, e sempre com maior deleite. Cada vez ela se me apresenta como um livro novo. Grande tem sido a bênção recebida de seu estudo consecutivo, diligente e diário. Considero perdido o dia em que não passei um período proveitoso com a Palavra de Deus. D. L. Moody: Eu orava pedindo fé e imaginava que algum dia a fé cairia e me atingiria como um raio. Parecia, entretanto, que a fé não vinha. Certo dia, li no capítulo 10 de Romanos: "A fé vem por se ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo" (v. 17). Antes, eu tinha fechado minha Bíblia e orado, pedindo fé. Passei então a abrir minha Bíblia e a estudá-la, e minha fé vem crescendo continuamente desde aquele momento. [...] W. E. Gladstone: Conheci 95 dos grandes homens do mundo que viveram no meu tempo, e, destes, 87 eram seguidores da Bíblia. A Bíblia leva em si as marcas de sua

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável origem especial, e a distância imensurável a separa de quaisquer possíveis concorrentes. [...] Thomas Carlyle: A Bíblia é a declaração mais verdadeira da alma do homem jamais escrita. Por meio dela, como que através de uma janela aberta por Deus, todos podem penetrar a quietude da eternidade e discernir, em vislumbres, seu lar muito distante, do qual se haviam esquecido fazia muito tempo3.

O vocábulo Bíblia Pode parecer estranho, mas o termo “Bíblia” não se encontra no texto das Sagradas Escrituras em língua portuguesa4. A palavra “Bíblia” é de origem grega e significa “livros”. É que os gregos chamavam de biblos uma folha pequena de papiro; um rolo pequeno de papiro eles chamavam biblion, e vários rolos pequenos de papiro eram chamados de bíblia. Assim, podemos dizer que o leitor, quando leva sua Bíblia Sagrada para qualquer lugar, está, na verdade, transportando uma coleção de livros pequenos. A maioria dos estudiosos, conforme menciona Gilberto (1986, p.18), concorda que o primeiro a aplicar o termo “Bíblia” às Sagradas Escrituras foi João Crisóstomo, patriarca de Constantinopla, no século IV. A Bíblia é a Palavra de Deus Há estudiosos afirmando que a Bíblia não é a Palavra de Deus, mas que ela apenas contém a Palavra de Deus. Vemos 3 4

HALLEY, 2002, p. 22. O termo aparece no texto grego.

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável nisso uma grande incoerência, pois quem de nós poderá dizer o que é e o que não é a Palavra de Deus na Bíblia, se tal premissa for verdadeira? A Bíblia, como veremos adiante, reivindica para si mesma a autoridade como Palavra de Deus. Isso pode ser depreendido do que Paulo declara em 2 Timóteo 3.16. Já é bem conhecida a frase que diz que “a Bíblia aberta é a Palavra de Deus, mas fechada é um livro qualquer”. Isso é um grande erro! Aberta ou fechada, empoeirada ou não, usada diariamente ou esquecida em cima de uma estante, nova ou envelhecida..., seja como for, a Bíblia é e sempre será a infalível, inerrante e inspirada Palavra de Deus. No texto contido nela reside a Palavra de Deus, isto é, a mensagem de Deus à humanidade. Importa sim que nós nos dediquemos a lê-la e estudá-la.

2. BÍBLIA, O LIVRO INCOMPARÁVEL As palavras de Victor Hugo, escritor francês, refletem muito bem o fato de que a Bíblia é, de fato, o Livro incomparável, o Livro dos livros: Há um livro que, desde a primeira letra até a última, é uma emanação superior; um livro que contém toda a sabedoria divina, um livro que a sabedoria dos povos chamou de Bíblia. Espalhai evangelhos em cada aldeia: uma Bíblia em cada casa!

Não há dúvidas de que a Bíblia exerce um papel transformador na vida daqueles que se dedicam a amá-la e 17


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável estudá-la diligentemente, fazendo dela seu manual de vida. Conheceremos alguns aspectos da Bíblia Sagrada que a tornam singular entre tantos milhões de livros. A Bíblia e a sua origem É preciso dizer logo de início que é justamente este fato que torna a Bíblia uma obra única: a sua origem divina, isto é, sua procedência de Deus. A Bíblia é inspirada por Deus, pois Ele é o seu divino Autor. Podemos verificar a origem divina da Bíblia quando observamos fatores internos e externos relativos a ela. Por “fatores internos” e “fatores externos” refiro-me às evidências inquestionáveis que são encontradas no próprio texto da Bíblia Sagrada e fora dele, ou em relação a ele. A inspiração divina que repousa sobre a Bíblia é visto como uma evidência interna, e outros fatores, como o testemunho apostólico e os testemunhos dos chamados “Pais da Igreja”, de grandes homens de Deus da história do cristianismo através dos séculos e ainda os efeitos benéficos que a Bíblia exerce sobre pessoas e até nações inteiras podem ser considerados como uma evidência externa. Como crentes em Jesus, não estamos impedidos por Deus de examinar evidências que corroborem nossas convicções quanto a Bíblia Sagrada – daí serem mencionados aqui algumas dessas evidências. Todavia, para o crente, o maior testemunho em favor da origem divina da Bíblia é aquele que é dado pelo Espírito Santo que testifica em seu coração quanto à esta verdade. Na Bíblia, o Espírito de Deus nos guia na imutável 18


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável verdade da Palavra de Deus, cumprindo assim na vida da Igreja a intercessão do Mestre Jesus, em João 17.17: “Santificaos na verdade; a tua palavra é a verdade”. É interessante considerar ainda que as Escrituras reivindicam para si a sua inspiração divina. Nela encontramos não menos que 2.800 vezes a expressão “Assim diz o Senhor...”, e mais 1.000 expressões equivalentes, como por exemplo, “veio a mim a palavra do Senhor”, o que indica que o texto bíblico foi inspirado pelo Senhor5. Podemos dizer mui apropriadamente que a expressão “Assim diz o Senhor” funciona como uma espécie de autenticação da Bíblia como divinamente inspirada, indicando que ela de fato procede de Deus. São várias as provas da inspiração divina da Bíblia, dentre elas, o fato de que o próprio Jesus aprovou a Bíblia como sendo autoridade inquestionável, procedente do Pai. Os fariseus davam à tradição escrita (que constava no Mishna e no Talmude) a mesma autoridade do AT, atitude esta que foi severamente condenada pelo Senhor Jesus, haja vista que os fariseus acabaram por abandonar as Escrituras do AT para seguirem suas próprias tradições (cf. Mc 7.1-13). Vemos no sermão do monte6 um claro exemplo de como muitas vezes a 5

cf. GEISLER. NIX, 1997, p. 29. Capítulos 5 a 7 de Mateus. É importante salientar que há distinção entre um sermão e um ensinamento. No caso do “Sermão do Monte”, como é comumente chamado, temos na verdade um ensinamento, e isso é indicado pelo próprio texto: “Jesus, pois, vendo as multidões, subiu ao monte; e, tendo se assentado, aproximaram-se os seus discípulos, e ele se pôs a ensiná-los...” (5.1,2 – grifo meu). 6

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável tradição acabava por se sobrepor ao AT. Quando Jesus diz: “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mt 5.43,44), temos a impressão de que Jesus está invalidando uma ordem do AT quando afirma “Eu, porém, vos digo...”. Mas na verdade, quando Jesus diz “Ouvistes que foi dito...” Ele não está se referindo ao AT, mas sim ao ensino torcido dos fariseus, que interpretavam incorretamente os textos veterotestamentários. Em lugar algum do AT você encontrará um versículo com essas palavras: “Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo”. Dois versículos relevantes do NT devem ser citados aqui como prova de que Jesus aprovou todo o AT, que era a Bíblia da época, uma vez que o NT ainda haveria de ser escrito anos mais tarde7. Em Lucas 24.27 e 44 encontramos expressa a aprovação de Jesus para todo o AT, pois as expressões "Moisés e todos os profetas" e "Lei de Moisés, Profetas e Salmos" representava a forma como estavam divididas as Escrituras do AT, de Gênesis à Malaquias, só que numa sequência diferente (aliás, até hoje a Bíblia hebraica está assim dividida). Também em João 5.39 o Senhor Jesus testifica quanto ao fato de que o AT apontava para Ele, ou seja, em Jesus cumpriram-se as profecias referentes ao Messias esperado, embora os judeus não reconhecessem isso por dureza de coração. 7

O primeiro livro do NT a ser escrito foi 1 Tessalonicenses, aproximadamente 20 anos depois da ressurreição de Jesus e o primeiro livro do evangelho, Marcos, provavelmente tenha sido escrito 25 ou 30 anos depois.

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável Mas, e quanto ao NT, como se deu a sua aprovação? Jesus, por antecipação demonstrou sua aprovação para o NT quando disse as seguintes palavras aos apóstolos: "Mas quando o Espírito da verdade vier, ele os guiará a toda a verdade. Não falará de si mesmo; falará apenas o que ouvir, e lhes anunciará o que está por vir" (Jo 16.13). Jesus já estava prometendo aos apóstolos que o Espírito Santo os guiaria em toda a verdade, levando-os a transmiti-la com integridade. Também em 2 Pedro 3.16 temos outra comprovação da inspiração divina do NT, quando o apóstolo Pedro coloca os escritos de Paulo no mesmo nível das demais Escrituras do AT. Repare que nesse texto Pedro equipara os textos paulinos com “as outras Escrituras”, uma referência ao AT. Outro formidável exemplo temos em 1 Timóteo 5.18, onde lemos assim: “pois a Escritura diz: 'Não amordace o boi enquanto está debulhando o cereal", e "o trabalhador merece o seu salário'". Na primeira parte do versículo, Paulo está de fato citando o AT, mas na segunda ("o trabalhador merece o seu salário") ele está na verdade citando um versículo de Lucas (10.7). Ele coloca as Escrituras do NT em pé de igualdade com as do AT. Não resta dúvida, portanto, de que toda a Bíblia é por Deus inspirada, como declara Paulo em 2 Timóteo 3.16: “Toda a Escritura é inspirada por Deus...” e que os apóstolos consideraram os escritos neotestamentários também como Escrituras, em pé de igualdade com o AT.

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável A Bíblia e a sua unidade A unicidade da Bíblia é outra característica que a torna sui generis. Na verdade, dizer como a Bíblia chegou a nossas mãos na forma como se encontra, tendo os seus 66 livros reunidos num só volume, é praticamente impossível. Não se sabe ao certo como se deu isto. É claro, temos algumas informações a esse respeito, mas dizer com total precisão é impossível8. Vemos nisso um milagre de Deus, dando à humanidade este presente inestimável. Todos os 66 livros da Bíblia Sagrada demoraram aproximadamente 1.600 anos para serem escritos9. Na maioria dos casos, os escritores não se conheceram, pois viveram em lugares distantes de três continentes. Em alguns casos, um começava um assunto e outro o terminava séculos mais tarde10. Os escritores bíblicos, em número aproximado de 40, viveram não só em épocas e lugares diferentes, mas também em condições as mais diversas. Alguns livros foram escritos na cidade, outros no deserto e no campo, outros em tranquilidade e outros em 8

Acredita-se que tenha sido Esdras o primeiro a reunir os volumes do AT dando assim forma à Bíblia Hebraica. 9 Falamos sob a perspectiva conservadora. Se considerarmos o que afirma a Alta Crítica, esse período seria drasticamente reduzido. 10 Sugiro ao leitor considerar, por exemplo, a discussão em torno da formação do Pentateuco (Hipótese Documentária) e dos Evangelhos (Teoria das Fontes). Mesmo que não concordemos com essas teorias em sua totalidade, nesse trabalho, reconhecemos contudo a sua contribuição no sentido de mostrar ou procurar identificar como se deu a formação do texto bíblico. Em alguns casos, é mesmo inegável que tenha havido o trabalho de um editor posterior, como acontece em Deuteronômio 34, que relata a morte de Moisés. Como poderia Moisés escrever detalhes de sua própria morte? Fica evidente que houve um adendo à sua obra.

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável tempos de crise. Há livros que expressam grande preocupação, como a carta de Paulo aos Gálatas, ao passo que a de Filipenses, também escrita por Paulo, expressa grande alegria e incentiva os leitores a alegrar-se. Podemos dizer com segurança que nunca houve uniformidade no processo de escrita dos livros bíblicos. Agora, imagine o querido leitor se solicitássemos aos 40 maiores escritores do mundo que cada um escrevesse um livro, separando-os em lugares e condições diferentes, e depois reuníssemos todo esse material num só volume. Teríamos, sem dúvida alguma, uma obra mesclando assuntos sem conexão e até sem nexo algum. Encontramos na Bíblia uma unidade perfeita, uma uniformidade de pensamento e doutrina. Somente uma explicação pode ser dada para tal fato: uma Única Pessoa guiava os escritores na produção dos livros bíblicos: Deus. Ele é o Autor da Bíblia Sagrada, a mente divina que guiou os escritores bíblicos. Embora tenham sido vários os escritores, ou ainda, os autores humanos da Bíblia, o seu Autor é Único. 3. A BÍBLIA E O EFEITO BENÉFICO QUE ELA EXERCE SOBRE PESSOAS E NAÇÕES Não restam dúvidas de que nenhum outro livro no mundo influenciou tanto a tantas pessoas, culturas e até nações inteiras como a Bíblia Sagrada. Essa influência é sempre muito benéfica. A Bíblia é tal qual uma fonte que jamais seca, jamais esgota, onde todos aqueles que nela bebem são por Deus abençoados. Não importa o quanto a humanidade 23


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável possa vir a mudar, seja no pensamento, comportamento, cosmovisão, etc., a Bíblia, todavia, permanece inalterável, como afirma o profeta messiânico no AT: “Seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a palavra de nosso Deus permanece eternamente” (Is 40.8). Aleluia! 3.1 O efeito benéfico da Bíblia sobre pessoas Ao olharmos para a vida das pessoas que lêem e estudam a Bíblia diligentemente, e praticam seus princípios, logo percebemos que essas são pessoas melhores, indubitavelmente, para a Igreja, para a família, para os amigos, para a sociedade, enfim, para todos os que estão ao seu redor. É interessante trazer à memória ainda que homens de grande destaque, que realizaram grandes feitos para a humanidade, amavam a Bíblia e não a encerravam entre os demais livros. Sir Isaac Newton, famoso físico, matemático e cientista, chegou a escrever um tratado sobre Daniel e Apocalipse. Conta-se uma interessante história ocorrida em 1892 sobre um senhor de 70 anos que viajava de trem tendo ao seu lado um jovem universitário, que compenetrado lia o seu livro de ciências. O senhor por sua vez lia um livro de capa preta. Foi quando o jovem percebeu que se tratava da Bíblia, e estava aberta no livro de Marcos. Sem muita cerimônia o jovem interrompeu a leitura do velho e perguntou:

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável — O senhor ainda acredita neste livro cheio de fábulas e crendices? — Sim —, disse o senhor, — mas não é um livro de crendices, é a Palavra de Deus. Estou errado? O estudante dando uma risadinha sarcástica respondeu: — Claro que está! Creio que o senhor deveria estudar a história geral. E veria que a Revolução Francesa, ocorrida há mais de 100 anos, fez o favor de mostrar a miopia da religião. Somente pessoas sem cultura ainda crêem nessa história de que Deus criou o mundo em seis dias. O senhor deveria conhecer um pouco mais sobre o que os cientistas dizem sobre isso. — É mesmo? — perguntou o velho cristão, — e o que dizem os cientistas sobre a Bíblia? —Bem — respondeu o universitário, — agora eu não posso explicar, pois vou descer na próxima estação, mas deixe o seu cartão que eu lhe enviarei o material pelo correio. O velho então cuidadosamente abriu o bolso interno do paletó, e deu o cartão ao universitário. Quando o jovem leu o que estava escrito, abaixou a cabeça, e saiu cabisbaixo se sentindo pior que uma ameba. O cartão dizia: “Louis Pasteur, Diretor do Instituto de Pesquisas Científicas da École Normale de Paris”11. 11

CORRÊA, Michele de Oliveira Dias Alves. Estudo da fauna aquática associada à vegetação do mangue do Rio da Fazenda, Ubatuba (SP) através

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável Até hoje o trabalho de Louis Pasteur permanece, pois quando compramos um produto qualquer no supermercado que contenha em seu rótulo a expressão “produto pasteurizado”, é porque ele passou por um processo desenvolvido por esse conhecido cientista. Esse relato ilustra muito bem o fato de homens de grosso calibre intelectual amaram a Bíblia e, mesmo hoje, há vários exemplos. Essa ideia de que a Bíblia é apenas para pessoas sem cultura, ignorantes, incultas, etc., é na verdade preconceituosa. Ela tem sido o livro de cabeceira de pessoas, de variados níveis culturais, sociais, intelectuais, etc., no mundo inteiro. 3.2 O efeito benéfico da Bíblia sobre nações Conta-se que certa feita um imperador chinês perguntou à rainha da Inglaterra ao que se devia a grandeza de seu império – o Império Inglês. Ela então tomou uma Bíblia e lhe respondeu dizendo que era devido àquele Livro! O povo inglês sempre teve profundo respeito pela Bíblia, tendo-a mesmo como um legado nacional. Nações que hoje são grandes potências, como os Estados Unidos, no passado, tiveram seus alicerces lançados sobre a Palavra de Deus. Não foi a Europa também o berço dos movimentos reformistas, que tinham a Bíblia como única autoridade?

de experimentos de manipulação. 2008. Tese (Doutorado). Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Botucatu, Botucatu. Disponível em: <www.ibb.unesp.br/posgrad/teses/zoologia_do_2007_michele_correa.pdf> Acesso em 12 jun. 2016.

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável CONCLUSÃO Na Bíblia encontramos alívio em meio ao cansaço da nossa caminhada para o Céu, refrigério em meio aos desertos da nossa vida, renovo quando sucumbe nosso vigor espiritual. Como peregrinos aqui nesta terra, temos a Bíblia como o nosso “mapa” que nos conduz ao Céu, nossa morada permanente. Enquanto cristãos, devemos evitar qualquer forma de bibliolatria, afinal, devemos amar a Bíblia, não idolatrá-la. Toda forma de idolatria é desagradável a Deus. Que possamos dedicar nossas melhores horas à Palavra de Deus, que nos corrige, instrui, ensina, orienta para toda boa obra. Oremos ao Senhor para que a Igreja de Cristo na Terra ame o Deus da Bíblia, mas de igual modo a Bíblia de Deus.

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável

Exercícios do capítulo 1 Marque com C para Certo e E para Errado 1. (

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O termo “Bíblia” não se encontra no texto das Sagradas Escrituras em língua portuguesa.

2. (

)

Há livros bíblicos que expressam grande preocupação, como a carta de Paulo aos Filipenses, ao passo que a de Gálatas, também escrita por Paulo, expressa grande alegria e incentiva os leitores a alegrar-se.

3. (

)

Em Lucas 24.27 e 44 encontramos expressa a aprovação de Jesus para todo o AT, pois as expressões "Moisés e todos os profetas" e "Lei de Moisés, Profetas e Salmos" representava a forma como estavam divididas as Escrituras do AT, de Gênesis à Malaquias, só que numa sequência diferente.

4. (

)

Jesus, por antecipação demonstrou sua aprovação para o NT quando disse as seguintes palavras aos apóstolos: "Mas quando o Espírito da verdade vier, ele os guiará a toda a verdade. Não falará de si mesmo; falará apenas o que ouvir, e lhes anunciará o que está por vir" (Jo 16.13).

5. (

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Na verdade, dizer como a Bíblia chegou a 28


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável nossas mãos na forma como se encontra, tendo os seus 66 livros reunidos num só volume, é praticamente impossível. Não se sabe ao certo como se deu isto. É claro, temos algumas informações a esse respeito, mas dizer com total precisão é impossível.

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável

2 Bíblia, sua mensagem, a necessidade de estudá-la constantemente e inerrância bíblica “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2 Timóteo 3.16).

INTRODUÇÃO

A

Bíblia possui características únicas à ela, tornando-a o Livro incomparável por excelência. Ela é inerrante – não comete erros em nenhum campo, seja doutrinário, seja histórico, seja científico, etc., enfim, ela não erra! A Bíblia é também universal, ou seja, embora escrita no contexto judaico, não ficou ela restrita somente ao povo judeu; ela alcança com sua mensagem a todos os povos da terra. Quando lemos o Salmo 23, por exemplo, temos a impressão de que ele foi escrito unicamente para nós! A Bíblia também é sempre atual, nunca fica velha; nunca precisou ser atualizada, como precisam os demais livros do mundo. Dizer que ela se renova a cada manhã é um grave erro, pois algo para se renovar precisa ficar velho e esse não é o caso da 30


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável Bíblia Sagrada – ela é sempre nova, sempre inegostável! Essas e outras são algumas peculiaridades da Bíblia que advém da sua inspiração divina, ou seja, é essa inspiração divina que dá a Bíblia essas características. Em mais uma lição sobre o Livro incomparável estudaremos juntos sobre a mensagem da Bíblia, ou seja, a Bíblia como Palavra de Deus. 1. O QUE É INSPIRAÇÃO Quando lemos e estudamos a Bíblia Sagrada, Deus está a falar conosco por intermédio dela. Fazendo isto, sentimos a gloriosa presença do Espírito Santo conosco. Você já chorou sobre as páginas sagradas, amado(a) leitor(a)? De fato, a Bíblia leva-nos a conhecer ao Senhor e a Sua santa vontade. É impossível para o crente que deseja crescer a cada dia mais em Cristo abrir mão de estar em comunhão com a Palavra. Não fosse a inspiração ímpar da Bíblia ela não passaria de apenas mais um livro qualquer. É a inspiração divina que acha-se na Bíblia que a torna o Livro dos livros, a Palavra de Deus. Estudar sobre a Bíblia requer que estudemos sobre a sua divina inspiração. Nisto concordam autoridades no assunto. Por isso, entendamos primeiro o que é inspiração. 1.1 Definição etimológica A palavra inspiração tem sua origem em dois vocábulos gregos; são eles: Theos, que significa “Deus”, e pneustos, que significa “sopro”. Assim, literalmente a palavra inspiração significa “sopro de Deus”, ou “aquilo que é dado pelo sopro 31


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável de Deus”. No nosso processo fisiológico de respiração, a inspiração consiste em introduzir o ar para dentro dos pulmões. Isso ilustra muito bem o processo de inspiração divina sobre os escritores bíblicos: Deus introduziu neles o Seu Espírito, o Espírito Santo, levando-os a produzir o texto bíblico. Que coisa gloriosa! 1.2 Definição teológica Teologicamente falando, inspiração é “ação sobrenatural do Espírito Santo sobre os escritores sagrados, que os levou a produzir, de maneira inerrante, infalível, única e sobrenatural, a Palavra de Deus – a Bíblia Sagrada”12. 1.3 Várias teorias da inspiração da Bíblia São várias as posições quanto a este assunto. A teoria do ditado verbal ensina que as palavras da Bíblia foram, literalmente, ditadas por Deus, uma a uma. Augustus H. Strong, conhecido teólogo que escreveu uma Teologia Sistemática, defende a idéia de conceitos inspirados, ou seja, Deus inspirou os conceitos, as idéias, mas não as palavras do texto bíblico, as expressões literárias. Há também o conceito da iluminação que defende não serem todas as partes da Bíblia divinamente inspiradas, ou seja, que a Bíblia apenas contém a Palavra de Deus. Já o conceito da intuição vai mais longe no absurdo de ensinar que a Bíblia nada mais é do que uma espécie de 12

ANDRADE, 2010, p. 231.

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável registro do folclore judaico, não tendo qualquer credibilidade histórica. Para eles, o que é denominado de inspiração divina não passa de uma intensa intuição humana – não há qualquer elemento divino no texto bíblico. O conhecido teólogo do século 20, Karl Barth, defende que a medida em que o homem da atualidade se encontra com a Bíblia, ela se torna a Palavra de Deus para ele, pois a Bíblia é na verdade a revelação divina aos homens de Deus de eras passadas. 1.4 A correta doutrina da inspiração da Bíblia É preciso que digamos aqui que grandes e conceituados estudiosos cristãos de nosso tempo defendem outra posição. A doutrina da inspiração da Bíblia deve ser corretamente entendida pelo crente. As outras posições apresentadas no pensamento anterior apresentam sérias deficiências, as quais não comentaremos aqui por falta de espaço. Mas, ao conhecer a correta doutrina da inspiração da Bíblia saberá você identificar os erros contidos nas posições anteriores. Os doutores Geisler e Antonio Gilberto, dois dos maiores estudiosos de Bíblia de nosso tempo, defendem a doutrina da inspiração plenária e verbal da Bíblia Sagrada. Essa doutrina ensina que todas as partes da Bíblia são igualmente inspiradas (essa é a inspiração plenária) e que todas as palavras da Bíblia (no original) foram também inspiradas por Deus (essa é a inspiração verbal). Há que se dizer porém, que essa inspiração – plenária e verbal – não eliminou os estilos de cada escritor. Cada um escreve de forma particular. Olhe 33


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável por exemplo as cartas paulinas e as cartas de Pedro; são diferentes em seu estilo. A Bíblia registra até mesmo traços do escritor enquanto ele estava escrevendo. Paulo, por exemplo, teve um lapso de memória enquanto escrevia 1 aos Coríntios. Veja o que ele diz: “Assim ninguém pode dizer que vocês foram batizados em meu nome. (Ah! Sim. Batizei também Estéfanas e a família dele, mas não lembro de ter batizado mais ninguém)” (1 Co 1.15,16 – NTLH). Usei aqui uma versão numa linguagem mais recente para que ficasse mais claro o sentido da passagem. Veja que Paulo inseriu no texto bíblico um traço pessoal. Isso é uma clara evidência de que os escritores bíblicos foram levados pelo Espírito Santo a escreverem aquilo que seria a Palavra de Deus em sua totalidade, sem, no entanto, serem tais como máquinas que funcionam mecanicamente. Como podemos ver, a inspiração da Bíblia é um milagre extraordinário que somente o Senhor poderia efetuar. Louvemos ao Senhor por isso! 2. EXPLICANDO A DIFERENÇA ENTRE “INSPIRAÇÃO” E “REVELAÇÃO” NA BÍBLIA É preciso que neste tópico façamos um esclarecimento do que é “inspiração” e o que é “revelação” na Bíblia Sagrada. A primeira, como já foi explicado, é a ação sobrenatural do Espírito Santo sobre os escritores bíblicos, levando-os a produzir os livros da Bíblia sem contudo violar a sua personalidade própria. Isso é um milagre extraordinário que somente Deus poderia realizar! Eles escreveram em seus 34


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável próprios estilos, mas movidos pelo Espírito de Deus, de modo que o que eles escreveram é a Palavra de Deus. Já a revelação consiste em Deus revelar algo ao escritor bíblico que ele não sabia de antemão, algo que ele não poderia saber por si mesmo. Temos vários casos desses na Bíblia Sagrada, como por exemplo, quando Daniel não somente revela o sonho que o rei Nabucodonosor havia tido, mas também o interpreta, declarando eventos futuros (Dn 2). O apóstolo Paulo de igual forma disse que o evangelho que pregava não havia recebido de nenhum homem, mas do próprio Jesus: “Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo” (Gl 1.11,12). É bem possível também que os primeiros capítulos de Gênesis sejam fruto direto da revelação de Deus a Moisés. Alguém pode perguntar: “Como poderia Moisés escrever sobre eventos que eram bem anteriores à Ele?” Ora, a resposta é que Deus mesmo pode ter revelado a Ele. Como podemos ver, nem sempre a inspiração irá consistir numa revelação, pois na inspiração o escritor fala daquilo que ele já conhecia (cf. 1 Co 1.14 onde Paulo fala de algo que ele havia feito). Tenhamos, porém, o cuidado para não pensar que os textos revelados não são inspirados, estamos apenas mostrando a diferença entre aquilo que foi escrito por revelação de Deus ao escritor daquilo que foi escrito dentro dos domínios de conhecimento do próprio escritor bíblico. 35


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável 3. EVIDÊNCIAS DA INSPIRAÇÃO DIVINA DA BÍBLIA Neste tópico, veremos algumas evidências que comprovam que a Bíblia é divinamente inspirada. Como é glorioso e gratificante para nós, que cremos plenamente na Bíblia, conhecer essas evidências que comprovam a divina inspiração que repousa sobre a Palavra escrita de Deus. Essas evidências permanecem pela soberana vontade e providência de Deus, por isso é bom que nós as conheçamos. Elas vêm somente confirmar aquilo que já abraçamos pela fé. 3.1 A unicidade da Bíblia Uma das leis de interpretação das Sagradas Escrituras mais aceita universalmente entre os estudiosos é a chamada lei do contexto. Ela considera o “antes” e o “depois” da passagem, do texto ou do assunto que se está estudando na Bíblia. Essa lei de interpretação bíblica jamais existiria não fosse a unidade e harmonia da Bíblia. A Bíblia não entra em contradição em suas doutrinas. Às vezes um assunto começa em Gênesis e termina no Apocalipse. Isso é maravilhoso e revela que a Bíblia só pode ser obra de Deus. Como poderiam 40 homens vivendo em épocas, lugares e circunstâncias diferentes escreverem 66 livros que se harmonizam tão perfeitamente? A explicação mais plausível é a de que somente Um os guiava na escrita dos livros bíblicos – Deus!

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável 3.2 O testemunho do Fiel Intérprete das Escrituras no interior do crente Não temos dúvida alguma de que o Fiel Intérprete das Sagradas Escrituras é o Espírito Santo. Jesus disse a respeito DEle: “quando vier, porém o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade” (Jo 16.13). A maior evidência de que a Bíblia é divinamente inspirada é esta – o testemunho do Espírito de Deus dentro do crente, no seu íntimo. Tão logo uma pessoa se entrega a Cristo, ela demonstra interesse pela Bíblia, o que é sinal de genuína conversão. É o Espírito Santo que nos guia e “abre” as Escrituras para nós. 3.3 Jesus aprova a Bíblia Podemos afirmar que de várias maneiras Jesus aprovou a Bíblia: Ele viveu de acordo com ela (Lc 24.44), a ensinou (Mc 11.17; Lc 24.27) e em sua vida terrena, cumpriram-se as profecias do AT (Mt 26.54,56; Mc 15.28; Lc 4.21; Jo 19.36); Ele se referiu às Escrituras como Palavra de Deus (Mc 7.13), identificando como mensagem genuinamente procedente de Deus. Quando tentado pelo Diabo no deserto, o Senhor Jesus o venceu citando as Sagradas Escrituras (Ele citou Deuteronômio 8.3; 6.16 e 6.13 – nessa ordem). Esses exemplos demonstram que Jesus de fato deu seu endosso às Escrituras.

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável 3.4 As profecias bíblicas se cumprem! Essa é uma das evidências mais surpreendentes da origem divina da Bíblia – o fiel cumprimento de suas profecias. Fatos preditos séculos antes nas Escrituras cumpriram-se fielmente e cumprem-se até hoje, diante dos nossos olhos. O que dizer das profecias a respeito de Jesus? Sobre esse assunto, o teólogo John R. Higins comenta: Alguns têm sugerido que as profecias não predisseram as atividades de Jesus, mas que o próprio Jesus agiu deliberadamente para cumprir o que fora dito no Antigo Testamento. Muitas das predições específicas, porém, estavam além do controle ou manipulação humanos. E os cumprimentos das predições não eram meras coincidências, levando-se em conta o número significativo das pessoas e eventos envolvidos. Peter Stoner examinou oito das predições a respeito de Jesus, concluindo que, na vida de uma só pessoa, a probabilidade de elas se coincidirem era de l e 10 elevado a 17 (1 em 100.000.000.000.000.000 [1 em 100 quatrilhões – grifo meu!]). A única explicação racional de tantas predições exatas, específicas, a longo prazo, é que o Deus onisciente, soberano sobre a história, haja revelado tais conhecimentos aos escritores sagrados13.

3.5 A Bíblia forma o caráter Olhai para as pessoas que amam e cumprem em suas vidas a Palavra de Deus. Como são melhores para a família, para a Igreja, para a sociedade, enfim, para todos à sua volta. A 13

HIGGINS in HORTON, 1996, p. 91.

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável Bíblia tem a capacidade de atingir não apenas o intelecto humano, mas também o seu coração. Quando o homem volta-se para a Palavra de Deus, ela é para ele tal qual um espelho que lhe mostra suas imperfeições e carências e apresenta à ele a solução para o dilema do pecado – Jesus Cristo – o Tema Central das Sagradas Escrituras. REFLEXÃO Robert Lee disse: “Em todas as minhas dificuldades e aflições, a Bíblia nunca deixou de fornecer-me luz e auxílio”. Sendo divinamente inspirada por Deus, tem a Bíblia essa capacidade. Em todos os momentos de sua vida, bons e ruins, pode o crente encontrar na inspirada Palavra de Deus alimento para sua alma. Apeguemo-nos a este tesouro inestimável chamado Bíblia! 4. A IMPORTÂNCIA DE SE LER E ESTUDAR A BÍBLIA CONSTANTEMENTE Há algum tempo, ao realizar uma pequena pesquisa entre cristãos, pude constatar um triste fato com relação ao comportamento de muitos crentes em relação à Bíblia: há muitos que encontram tempo para várias coisas, mas para a Bíblia não! Apresentam muitas desculpas, se esquivando de se dedicarem à leitura e estudo das Sagradas Escrituras. Isso é grave para a igreja, haja vista que é na Palavra de Deus que encontramos solidez para nossa vida espiritual. Essa pesquisa que realizei tinha por finalidade identificar como estava o 39


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável relacionamento do cristão com a Bíblia, e ela envolveu cerca de 60 a 70 irmãos. A enquete foi intitulada “O Relacionamento do Crente com a Bíblia”, que consistia em que cada entrevistado deveria responder a um questionário com 10 questões de respostas objetivas. Algumas entrevistas foram feitas por telefone. Ao dialogar com uma irmã, ela declarou-me que só lia a Bíblia nos cultos, alegando de início não ter tempo para fazê-lo em casa, mas acabou reconhecendo logo em seguida ter tempo sim, pois era telespectadora de novelas! Ou seja, o tempo que ela poderia dedicar para o estudo bíblico pessoal, gastava-o com programas tão imorais e perniciosos, como são as novelas. O comportamento dessa irmã é um triste reflexo do estado em que se encontra a Igreja do Senhor, pois não são poucos que também agem assim em relação à Palavra de Deus. Oremos, busquemos de Deus um genuíno avivamento, é tempo de despertarmos do sono! (Rm 13.11; Ef 5.14). 4.1 Estudando e lendo a Bíblia Sagrada Veremos aqui o quão importante é para o crente não somente ler a Bíblia, mas também estudá-la. São duas ações que devem fazer parte da sua vida, ações estas que ele deve nutrir. Estudar e ler a Bíblia são ações que requerem amor, zelo, disciplina e dedicação por parte do cristão. Ao fazê-las dessa maneira, seu prazer pelo estudo e leitura da Bíblia só aumentará, pois aos poucos o Espírito Santo lhe mostrará as riquezas ocultas da Palavra de Deus, nas quais ele como 40


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável servo de Deus se deleitará. Você já teve essa gratificante experiência com o Livro incomparável? 4.2 O que é ler a Bíblia? Em primeiro lugar, é preciso dizer que ler não é apenas decodificar as letras de um alfabeto. Definitivamente não! A verdadeira leitura consiste em entender aquilo que estamos lendo – só assim a leitura terá sabor para nós. Para o iniciante no hábito da leitura, alcançar isso não será fácil, mas é preciso perseverança. Popularmente se costuma dizer que ler a Bíblia não é tão importante, mas é necessário ressaltar que é a leitura da Bíblia que nos ajudará no estudo da mesma. Uma coisa, por exemplo, é ler toda a Bíblia; outra coisa bem mais distinta é estudar toda a Bíblia, livro a livro. Porém, querer estudar toda a Bíblia sem primeiro tê-la lido toda será, com certeza, bem mais difícil. Esse primeiro contato com todo o texto bíblico se faz necessário. 4.3 O que é estudar a Bíblia? Estudar a Bíblia evidentemente é algo bem mais demorado do que somente lê-la. Enquanto a leitura é corrida, o estudo requer tempo, maior dedicação, por ser compassado. É necessário fazer anotações à parte na medida em que se lê, pesquisar significados de nomes, localizar cidades em mapas, entender expressões do texto bíblico, buscar aqui e ali, etc. Isso é estudar a Bíblia! Essa tarefa não é coisa fácil, mas assim como o ouro que precisa ser garimpado pacientemente e com 41


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável muito esforço, assim também é o estudar a Bíblia – na medida em que o fazemos, mais riquezas vamos descobrindo! Você estuda as Sagradas Escrituras? Se não, comece a fazê-lo a partir de agora. Deus o abençoe! 4.4 Razões para o crente estudar sempre a Bíblia Veremos a seguir algumas razões pelas quais deve o servo de Deus estar sempre debruçado sobre o Livro Santo. A relação do cristão com a Bíblia não pode ser a do tipo “Este é um livro entre tantos na minha prateleira”, mas sim, “Este é o livro sempre à mão, sempre à mesa de leitura”. 4.4.1 A Bíblia é uma arma para o crente no combate espiritual É o que vemos em Mateus 4, que narra a tentação de Jesus por Satanás, no deserto. Note que o Mestre Jesus, em momento algum daquele diálogo, abriu mão da Palavra de Deus. Jesus sempre responde a Satanás com algum versículo do Antigo Testamento. Ele responde por três vezes consecutivas fazendo citações do livro de Deuteronômio (8.3; 6.16 e 6.13 – nessa ordem). Para cada proposta maligna do vil tentador, o Mestre respondia com um texto das Sagradas Escrituras. Está você também preparado para responder com a Palavra de Deus? Ou irá recorrer a argumentos falaciosos que não produzem efeitos? O Espírito Santo só poderá usar aquilo que você tem; se for muito, Ele usará muito; se for pouco, Ele usará pouco. 42


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável 4.4.2 A Bíblia é alimento para nossas almas De fato, a Palavra de Deus é como alimento indispensável para nossa alma, que nos dá sustentação e vigor na presença de Deus. Não demonstrar interesse pela Bíblia por parte do crente, indica que ele está enfermo espiritualmente. Veja quantas pessoas estão dentro da casa de Deus, mas levam uma vida espiritual infrutífera e, talvez, estão há anos vivendo assim. Isso é perigosíssimo porque pode conduzir a pessoa ao mero ativismo religioso e não necessariamente a uma vida de devoção profunda. Não é por acaso que isso acontece em nossas igrejas, pois são muitos os crentes que não mantêm um relacionamento íntimo com a Bíblia. Deixemos que o próprio Senhor Jesus nos ensine quanto a isto: “... Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4.4). Pedro, apóstolo do Senhor, nos exorta a desejarmos muito esse alimento espiritual: “desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação” (1 Pe 2.2). Assim como o recém-nascido nescessita do leite materno para começar a se desenvolver, assim também o novo-convertido necessita ser instruído e alimentado pela Palavra de Deus. Como o adulto necessita de alimento diário para se manter vivo, assim também o crente já maduro na fé precisa prosseguir no conhecimento da Palavra de Deus, crescendo em Cristo cada vez mais! Sigamos o exemplo do “profeta das lágrimas”, Jeremias, que declara: “Achadas as tuas palavras, 43


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável logo as comi” (Jr 15.16). “Comamos” também a Palavra de Deus! 4.4.3 É na Bíblia que encontramos as respostas Não se engane o leitor ou a leitora: vivemos num mundo que pergunta, que questiona. Se você for indagado pela sua fé, o que responderá? É na Bíblia que o crente encontra os fundamentos da sua fé e é com ela que ele deve responder. Pedro, inspirado pelo Espírito Santo, diz que a nossa resposta não deve ser arrogante, indiferente, mas deve ser dada com mansidão, de modo que nós devemos estar “sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1 Pe 3.15 – ARC). É preciso salientar que também não é pequeno o número de seitas e ensinos hereges que se avolumam em nossa nação e invadem também a igreja. Nos deparamos com membros de seitas e também de religiões contrárias aos ensinos bíblicos, embora muitas delas aleguem ter a Bíblia como base; algumas há que até se intitulam “evangélicas”. É surpreendente saber de crentes que deixam boas denominações evangélicas, que se baseiam realmente na Palavra de Deus, para se tornarem membros de denominações que, embora se intitulem “evangélicas”, cometem graves erros doutrinários. Por quê isso? Falta de proximidade com a Bíblia! Estejamos alertas. Não importa o quão atraente uma seita ou religião, ou mesmo uma “igreja evangélica” possa ser em sua liturgia, ou ação 44


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável social, ou em seu discurso teológico – se não está fundamentada na Palavra de Deus, está incorrendo em grave erro. Oremos pela salvação dessas vidas. 4.5 Como devemos estudar a Bíblia? Para respondermos a esta importante pergunta, vamos olhar com atenção o texto bíblico de Josué 1.8: “Não cesses de falar deste Livro da Lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto nele está escrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás bemsucedido”. A partir desta orientação divina para o general Josué (e também para nós, hoje), responderei então a pergunta: como devemos estudar a Bíblia? 4.5.1 Devemos estudar a Bíblia com meditação A ordem de Deus foi “medita nele dia e noite”. Meditar é ler com atenção, refletindo, analisando com muita atenção. O estudo da Bíblia requer entrega por parte do leitor. Martin Anstey define isso com muita propriedade quando diz: “A qualificação mais importante exigida do leitor da Bíblia não é a erudição, mas sim a rendição; não a perícia, mas a disposição de ser guiado pelo Espírito de Deus”. Só consegue meditar na Bíblia que assim procede. Veja a atitude do salmista em relação à Palavra de Deus no Salmo 119, versos 70,72,77,92,97,109,113,153,163 e 174. É pertinente dizer nesse momento do nosso livro que a oração não deve jamais estar ausente do estudo da Bíblia Sagrada. O 45


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável Doutor Martinho Lutero disse que “A melhor metade do estudo é a oração”, ou seja, ele dividiu o estudo em duas metades, sendo que para ele a melhor parte era a oração. É orando que o Espírito Santo “abre” para nós as páginas sagradas, levando-nos a “mergulhar” nas riquezas da Palavra de Deus e internalizá-las em nossa própria vida. 4.5.2 Devemos estudar a Bíblia tendo-a como o nosso manual de fé e conduta A Bíblia é a nossa bússola que nos orienta no mar desta vida. Ela é o consolo de Deus para nós em meio às aflições e é fonte de ricas promessas que nos alcançam. Quantos vêm encontrando em suas páginas conforto e orientação em momentos de adversidade? A Igreja do Senhor é dirigida pela Palavra de Deus e a ela se submete. O crente, individualmente, deve procurar conhecer cada vez mais as Sagradas Escrituras, a fim de viver conforme a vontade de Deus para a sua vida. Josué deveria ter o cuidado de “fazer segundo tudo quanto nele está escrito” para que pudesse prosperar. Para aqueles que observam os princípios bíblicos é dirigida a seguinte promessa: “Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido” (Sl 1.3). Desejas ser abençoado assim pelo Senhor? Medite então na Lei do Senhor de dia e de noite cumprindo-a em sua vida! 46


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável O nosso espaço aqui para falar sobre a importância do estudo contínuo da Bíblia pelo crente é pequeno. Este assunto é de uma grande riqueza, de modo que poderíamos prosseguir ainda muito mais numa matéria tão profunda como esta. Ao ler e estudar a Bíblia deve o crente ter consciência de que não está lendo um livro entre tantos, mas sim o Livro incomparável, a Palavra de Deus. Por isso, deve ele ter a melhor atitute em relação às Sagradas Escrituras, sempre orando ao Senhor, pedindo que o Espírito Santo, o Fiel Intérprete da Bíblia, possa lhe guiar no conhecimento da Palavra de Deus. O que está sendo proposto aqui não é, de forma alguma, uma espécie de “bibliolatria” (uma idolatria em torno da Bíblia), pois isso não seria em nada edificante para o cristão, mas sim que de fato amemos as Escrituras e nos relacionemos com ela corretamente. 5. INERRÂNCIA BÍBLICA Não é de agora que céticos e críticos vêm procurando encontrar erros no Livro incomparável. Eles fazem de tudo a fim de provar que a Bíblia é antiquada e contém erros, sendo por isso uma fonte insegura. Mas a Bíblia tem dado sinais claros de que em seu conteúdo não existem erros de nenhuma espécie e em nenhum campo, seja geográfico, seja histórico, seja gramatical, seja doutrinário, seja científico. Ela não erra, pois procede do Deus inerrante que por seu Santo Espírito inspirou os escritores bíblicos. Nesta lição, entenderemos o que é “inerrância bíblica” e veremos que este é um assunto 47


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável glorioso, que leva-nos a sermos gratos a Deus pela sua infalível Palavra, na qual podemos depositar nossa total confiança. 5.1 Definição de inerrância bíblica O que significa “inerrância bíblica?” Significa que a Bíblia não contém erros de qualquer espécie. A palavra “inerrância” é definida pelo dicionário da seguinte maneira: “Que não pode errar; infalível. Não errante; fixo” (Aurélio). De fato, a Palavra de Deus nunca precisou de uma revisão em seu texto. Note o querido leitor que a Bíblia é um livro extremamente antigo, que foi escrita em línguas antigas, sendo que uma dentre elas é considerada uma língua morta – o aramaico –, pois nem é mais falada como língua corrente. Outras obras também muito antigas foram escritas, e até antes da Bíblia começar a ser redigida, como o Código de Hamurabi, por exemplo, que data de 1700 a.C., aproximadamente, ao passo que o Pentateuco situa-se pelos anos 1400 a.C. Essas obras, no entanto, não passam de meras peças de museus. A Bíblia, porém, não perde sua atualidade! Nela, o homem pósmoderno encontra a resposta de que precisa para seus dilemas e necessidades atuais. 5.2 O grande debate teológico do século 20 A maior controvérsia teológica do século 20 foi justamente em torno deste tema: a inerrância bíblica. Os filósofos, desde o período do Iluminismo, sempre lançaram dúvidas sobre a 48


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável inerrância da Bíblia, mas entre a comunidade cristã, seja católica, seja protestante, ninguém ousava lançar dúvidas sobre o fato de que a Bíblia não erra em nenhuma parte. Mas com a teologia liberal ganhando espaço e corpo, o que parecia inquestionável foi discutido abertamente entre os acadêmicos: é a Bíblia de fato inerrante? 5.3 Evidências da inerrância bíblica Uma evidência é uma certeza manifestada através de sinais, de indicativos claros. Quanto à inerrância da Bíblia, várias são as evidências que a atestam. A seguir, algumas delas: 5.3.1 Evidências teológicas No campo teológico é abundante o número de indicativos que apontam para a inerrância bíblica. Em primeiro lugar, cito o fato de que a Bíblia é de autoria divina. Sendo o Seu Autor inerrante, haverá de ser também a Bíblia inerrante. Se Deus é Perfeito, logo sua Palavra é perfeita. A Bíblia também foi produzida sob a orientação e supervisão do Espírito Santo, que também é infalível (cf. 2 Tm 3.16; 2 Pe 1.19-21). 5.3.2 Evidências eclesiológicas Ou seja, evidências relativas ao posicionamento da Igreja nessa questão. Em resposta aos questionamentos dos teólogos liberais quanto à inerrância das Sagradas Escrituras, eruditos de várias confissões evangélicas reuniram-se em 1978, na 49


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável cidade de Chicago, nos Estados Unidos, e elaboraram um documento conhecido como A Declaração de Chicago, que no artigo 13 afirma o seguinte: “Declaramos que a Bíblia, em sua totalidade, é inerrante, estando, por conseguinte, isenta de toda falsidade, fraude ou engano”. Isso é uma demonstração do reconhecimento da Igreja do Senhor de que a Bíblia é de fato inerrante. 5.3.3 Evidências no campo histórico e arqueológico A inerrância bíblica pode ser vista também em sua relação com a História e com a Arqueologia. Cidades, eventos, personagens, enfim, vários fatores relativos à História que são citados pelos escritores bíblicos vêm sendo gradualmente confirmados pela pesquisa histórica e pela pá dos arqueólogos. Recentemente, arqueólogos encontraram o túmulo de Herodes, o Grande, que é citado no NT. Estudiosos questionavam a existência de Herodes, mas esse achado veio confirmar o relato bíblico em torno dessa questão. Um admirável exemplo da precisão da Bíblia quanto a eventos históricos, temos no livro de Atos dos Apóstolos, onde segundo um renomado estudioso, Lucas descreve nos últimos 16 capítulos 84 fatos que foram confirmados por pesquisa histórica e arqueológica.14

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Sugiro a leitura do livro Não tenho fé suficiente para ser ateu (Editora Vida), onde os autores abordam com maestria essa questão, ainda que citando de outra fonte.

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável 5.4 Supostas contradições da Bíblia É importante que nesta lição abordemos este tema, haja vista que estamos comentando sobre o fato de a Bíblia não conter erros de qualquer espécie. Muitos críticos da Bíblia ao longo do tempo procuram encontrar erros na Bíblia a fim de desacreditá-la. O famoso filósofo francês Voltaire, que era ateu e que morreu em 1778, disse certa vez que o cristianismo seria varrido da face da Terra passando para a História. Curiosamente, cinquenta anos após a sua morte, a Sociedade Bíblica de Genebra estava usando a sua própria casa e a sua impressora para imprimir centenas de Bíblias! Voltaire sim ficou na História, mas a Bíblia continua circulando e como nunca antes. Deus é tremendo. Aleluia! Em 1865, críticos da Bíblia relacionaram 50 supostos erros científicos encontrados nela. Vinte anos depois, nenhum daqueles erros ficou confirmado. É necessário salientar aqui que na Bíblia não existem erros, mas existem dificuldades. Deus nunca quis que Sua Palavra ficasse inacessível ao povo, mas existem fatores de dificuldade na compreensão do texto bíblico, como por exemplo, as línguas em que ela foi escrita, as quais eram muito diferentes da nossa; também os usos e costumes dos tempos bíblicos que podem levar o leitor mais desavisado a interpretar incorretamente determinadas passagens e assim por diante. Um bom exemplo de uma aparente contradição na Bíblia é a que encontramos em 1 Samuel 6.19, na ARC, onde lemos que 51


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável o Senhor feriu “cinquenta mil e setenta homens”. Já na ARA lemos que o Senhor feriu apenas “setenta homens”. Como entender isso? Temos diante de nós uma evidência clara de que a Bíblia errou! Certo? Não necessariamente! O biblicista Antonio Gilberto explica: “Há aqui, sem dúvida, problemas na transmissão sucessiva do texto original hebraico. Isto é, falha humana de copista (grifo meu), ocorrida durante os milênios de transmissão do texto bíblico... é preciso explicar que os números no hebraico bíblico são formulados mediante letras do alfabeto. Pequenas alterações nas letras seriam o suficiente para resultar em elevados números”. Assim, a evidência nos mostra que o erro é dos manuscritos, do copista, não do original, o autógrafo. Este é um dentre vários outros exemplos que poderíamos aqui citar, mas não o faremos por falta de espaço. Mas que fique claro que a Palavra de Deus jamais entra em contradição, ela é fiel e verdadeira e podemos depositar nela a nossa confiança. CONCLUSÃO O famoso pregador de Londres, Charles Spurgeon, que ficou conhecido como o “príncipe dos pregadores”, declarou: “Os homens, para serem verdadeiramente ganhos, precisam ser ganhos pela verdade”. Joseph Irons também declarou: “Abracemos toda a verdade ou renunciemos totalmente o cristianismo”. Como podemos ver nessas declarações do passado, a verdade de Deus revelada na Bíblia não aceita meios termos – ela é única e suficiente. Por mais que Satanás 52


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável tente lançar dúvidas sobre a Bíblia Sagrada, ela tem se mantido firme e inabalável. Apeguemo-nos como nunca à Palavra de Deus, a qual “fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração, sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2 Pe 2.19-21).

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável

Exercícios do capítulo 2 Marque com C para Certo e E para Errado 1. (

)

Em resposta aos questionamentos dos teólogos liberais quanto à inerrância das Sagradas Escrituras, eruditos de várias confissões evangélicas reuniram-se em 1978, na cidade de Chicago, nos Estados Unidos, e elaboraram um documento conhecido como A Declaração de Chicago.

2. (

)

A Bíblia também foi produzida sob a orientação e supervisão do Espírito Santo, que também é falível.

3. (

)

Na Bíblia encontram-se muitos erros, mas nenhuma dificuldade, dado à sua inspiração divina.

4. (

)

O termo "inerrância" aplicado à Bíblia indica que ela não contém erros de qualquer espécie.

5. (

)

A Bíblia deve ser lida e estudada com meditação, em oração.

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Bibliologia: BĂ­blia, o livro incomparĂĄvel

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável

3 Bíblia, estrutura interna, cânon, preservação e tradução “A seguir, Jesus lhes disse: São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (Lucas 24.44). INTRODUÇÃO uando falamos da estrutura interna da Bíblia, estamos abordando um dos aspectos dela enquanto livro, o Livro do Senhor. Como uma obra escrita, ela possui características próprias que, se estudadas, nos levam ao melhor aproveitamento em nosso conhecimento das Sagradas Escrituras. É importante que façamos esse estudo, de modo que possamos ver a Bíblia como um todo, o que é fundamental para o estudante da Palavra de Deus, haja vista que “a Bíblia explica-se a si mesma”. A própria Bíblia denomina-se a si mesma como “Escrituras”, “Sagradas Escrituras”, “livro do Senhor” e “palavra de Deus”, além de outros títulos, os quais a identificam como Livro. Veremos algumas características peculiares desse Livro

Q

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável singular, que procede de Deus para a humanidade – a Bíblia Sagrada. 1. A ESTRUTURA INTERNA DA IMPORTÂNCIA DE SE ESTUDÁ-LA

BÍBLIA

E

A

O estudo da estrutura (ou composição) interna da Bíblia analisa as duas grandes divisões que a compõe: o Antigo e o Novo Testamentos; divide os seus 66 livros em grupos de assuntos, capítulos e versículos, distingue os gêneros literários, etc. Fazendo isto logo vemos o quão rica a Bíblia é em unidade e harmonia, o que nos leva a reconhecer que temos em nossas mãos uma biblioteca e, ao mesmo tempo, um livro único. A primeira parte da Bíblia Sagrada, o AT, abrange maior número de livros que o Novo Testamento. É no AT que temos os cinco livros que compõem o Pentateuco, que narram o começo de todas as coisas e o início da história do povo hebreu após sair do Egito, depois de um longo período como escravo. Depois, temos os livros históricos, em seguida os poéticos e, por fim, os livros proféticos. É importante que se saliente aqui dois fatos relativos à estrutura do AT. Primeiro, que essa classificação dos livros do AT em grupos de assuntos deriva da Septuaginta (representada pelos algarismos romanos LXX), a tradução do AT para o grego, feita entre os séculos II e III a.C., aproximadamente. A ordem em que os livros se encontram em nossas bíblias vem dessa tradução, não levando em conta 57


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável a ordem cronológica. Segundo, que a Bíblia Hebraica é o mesmo AT que consta em nossas bíblias e o NT não aparece. Porém, a quantidade, ordem e classificação dos livros na Bíblia Hebraica é diferente do nosso AT. A quantidade de livros é de apenas 24, pois os judeus consideram um só livro os dois de Samuel, os dois de Reis, os dois de Crônicas, os de Esdras e Neemias, os doze profetas menores e os restantes do AT também são considerado um só livro. A sequência também é diferente. A classificação dos livros na Bíblia Hebraica (ou Tanack) é dada da seguinte maneira: Lei, Profetas e Escritos. Jesus citou essa classificação em Lucas 24.44, só que ao invés de dizer Escritos Ele citou o livro dos Salmos, que é o primeiro dos Escritos. A palavra testamento vem do idioma grego (διαθηκη – diatheke), e tem dois significados: 1) é um documento que contém a última vontade de alguém quanto à distribuição de seus bens materiais, só sendo válido após a sua morte e, 2) pacto, acordo, aliança, concerto. Segundo a versão bíblica que estiver sendo usada pelo leitor, poderá ser encontrada a palavra aliança em lugar de testamento, como, por exemplo, o texto de Mateus 26.28, onde a ARC usa a expressão “o sangue do novo testamento”, enquanto a ARA diz “o sangue da nova aliança” – “aliança” é melhor tradução. Então, no AT temos a velha aliança, com seus ritos e sacrifícios, mas no NT temos a nova aliança, efetuada no perfeito sacrifício de Cristo, que substitui a velha aliança (cf. Hb 9.11-22).

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável 2. O ANTIGO TESTAMENTO E A SUA ESTRUTURA O AT tem 39 livros e é classificado em quatro partes, como veremos a seguir. Tem um total de 929 capítulos e 23.214 versículos. Um renomado teólogo afirma que a expressão “Antigo Testamento” foi aplicada pela primeira vez aos 39 livros por Tertuliano e Orígenes. A Bíblia toda tem 1.189 capítulos e 31.173 versículos. Vejamos a partir daqui as quatro classificações do AT: 2.1 O Pentateuco A palavra Pentateuco também é de origem grega e significa “cinco livros”. Compõe-se dos cinco primeiros livros do AT: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Na Bíblia hebraica, eles são chamados de Torah (“instrução” em hebraico) e em manuscritos antigos, os cinco livros eram escritos num só rolo, de forma contínua. Essa divisão do Pentateuco em cinco livros vem da Septuaginta, bem como os nomes de cada um deles. Na Bíblia Hebraica, esses livros foram nomeados de acordo com as primeiras palavras que aparecem em seus textos, no hebraico, como por exemplo, Gênesis, que é intitulado de be’reshit, que significa “no princípio” – de fato, é assim que começa o livro de Gênesis. Quanto à autoria desses livros, o comentarista desse livro é de posição conservadora, que baseada em evidências bíblicas seguras afirma ser Moisés o escritor desses livros (cf. Mt 12.26; Lc 24.27; Rm 10.19 – nesta última referência, temos 59


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável Paulo citando Deuteronômio 32.21 e atribuindo a autoria a Moisés)15. O Pentateuco trata do princípio de todas as coisas, da criação do Céu e da terra, bem como do ser humano e de toda a vida (animal e vegetal). Já nos primeiros capítulos de Gênesis temos a promessa do Redentor (cf. Gn 3.1516). Vemos como Deus livrou os hebreus do cativeiro egípcio, que durou 430 anos, conduzindo-os para a terra de Canaã. No Pentateuco também vemos o perigo de negligenciarmos os preceitos do Senhor, caminhando pela desobediência. Deus prescreve como deveria ser preparado o Tabernáculo, o templo móvel onde Ele manifestaria Sua glória. Também encontramos a consagração de Arão e seus filhos, bem como dos levitas para o ministério sacerdotal. O Pentateuco termina com a segunda geração de hebreus saídos do Egito às portas de Canaã, quando Moisés renova a aliança entre Deus e seu povo. 2.2 Livros Históricos São os livros que tratam da entrada de Israel em Canaã e as conquistas feitas nesse território. Abrange um período que vai desde a conquista, em 1451 a.C., até o retorno do exílio babilônico, em 445 a.C. – um período aproximado de 1000 anos! Os livros históricos compreendem 12 livros, sendo eles:

15

Não nego, contudo, o trabalho de um editor posterior, o que para mim, é mesmo inegável. 16 Esse versículo tem sido chamado pelos estudiosos de o “proto-evangelho”.

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester. 2.3 Livros Poéticos São cinco os livros poéticos: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão. Recebem o nome de poéticos pois o seu gênero literário é de poesia. Isso não significa que eles sejam livros mitológicos, ou que sua inspiração não seja a mesma dos demais livros do AT, bem como do NT – eles são igualmente inspirados. No século um da nossa era, a Era Cristã, uma escola judaica chamada Shammai levantou dúvidas sobre a inspiração divina do livro poético de Cantares de Salomão. Mas a posição do Rabi Akiba ben Joseph (cerca de 50–132 a.D.) prevaleceu, quando declarou: “Deus nos livre! – Ninguém em Israel jamais contestou o Cântico dos Cânticos... pois todas as eras não valem o dia em que o Cântico dos Cânticos foi dado a Israel; pois todos os escritos são santos, mas o Cântico dos Cânticos é o mais Santo dos Santos”. 2.4 Livros Proféticos São 17 livros ao todo; é a seção da profecia bíblica no AT. Os livros proféticos estão subdivididos em duas partes: Profetas Maiores e Profetas Menores. Usa-se as expressões Maiores e Menores para referir-se ao tamanho do livro e à extensão do ministério do profeta; essas expressões não tem nada que ver 61


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável com o mérito ou a notoriedade do profeta. Veja a seguir os livros classificados assim: PROFETAS MAIORES Isaías Jeremias Lamentações de Jeremias Ezequiel Daniel

PROFETAS MENORES Oséias Joel Amós Obadias Jonas Miquéias Naum Habacuque Sofonias Ageu Zacarias Malaquias

3. A IMPORTÂNCIA DE SE ESTUDAR O ANTIGO TESTAMENTO Infelizmente, em nossos cultos, fazemos pouca (ou nenhuma!) menção do AT. Geralmente, só nos reportamos à ele quando lemos um verso no livro dos Salmos, ou outros trechos conhecidos como 2 Crônicas 7.14, etc. Mas a leitura constante e o estudo cuidadoso do AT é de fundamental importância na compreensão de toda a Bíblia. Não devemos jamais menosprezar o estudo sistemático da primeira parte da Bíblia. Devemos lembrar, inclusive, que o NT foi escrito à luz do AT, reportando-se a ele com grande frequência. No NT encontram-se referências mais diretas, alusões e ecos, o que 62


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável indica a correlação e mesmo dependência do NT para com o AT. 3.1 Jesus e o Antigo Testamento Muitos se esquecem que a “Bíblia” que Jesus usou foi, na verdade, o Antigo Testamento, haja vista que o NT começaria a ser escrito anos mais tarde, após a sua ascenção aos Céus. Eis as ações de Jesus com relação ao AT: Ele leu o AT e era íntimo dele, como depreendemos de Lucas 4.16-20, quando a Bíblia diz que Jesus “... achou o lugar onde estava escrito...” (v. 17). Ora, em nossas bíblias modernas é muito fácil encontrar qualquer passagem, mas nos dias de Jesus não havia o nosso sistema atual de referências bíblicas e com certeza era dificílimo “achar o lugar onde estava escrito”. O Senhor Jesus também cumpriu todo o AT em seu viver e proceder, como lemos em Lucas 24.44. Ele também ensinou o AT (Mt 21.23; Lc 24.27); Ele citou o AT (Mt 4.4,7,10; 21.23); Ele também designou o AT como “Palavra de Deus”, como vemos em Marcos 7.13. Sigamos, pois, o exemplo do Mestre Supremo, dedicando-nos com todo zelo a estudar as Escrituras Sagradas no AT. Que riqueza fluirá para nossas vidas dali! 3.2 A Igreja primitiva, os apóstolos e o Antigo Testamento É digno de nota que a Igreja primitiva e os apóstolos fizeram uso do AT como padrão de conduta e viver. É o que verificamos logo na primeira mensagem pregada, no dia de 63


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável Pentecostes, por Pedro, quando ele informa aos seus ouvintes que o que havia acontecido ali era o início do cumprimento de uma das mais belas promessas contidas no AT – o derramar do Espírito Santo – como descrito em Joel 2.28-32 (cf. At 2.16-21). Eles tinham o AT como Palavra de Deus! A mesma atitude devemos ter nós também, hoje. Muitas são as citações do AT feitas pelos escritores do NT. Paulo, por exemplo, refere-se ao AT como “Escritura” (1 Tm 5.18) e declara que “...Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil ...” (2 Tm 3.16). Tiago e Pedro, em suas epístolas, assim como Paulo, também referem-se ao AT como Escritura (cf. Tg 2.8,23; 4.5; 1 Pe 2.6; 2 Pe 1.20; 3.16). Vemos nesses exemplos o valor que os apóstolos davam ao AT. Façamos o mesmo. 3.3 A beleza do Antigo Testamento O Antigo Testamento é de suma importância para nossas vidas no estudo e na compreensão de toda a Bíblia. Não devemos jamais deixar de nos debruçar sobre as páginas veterotestamentárias, “Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15.4). Como é glorioso lermos no Gênesis da criação de Deus. No Êxodo vemos o nosso Deus como o Grande Libertador e em Levítico contemplamos a precisa ordem no culto levítico e a Sua santidade manifesta naquele livro. Nos livros históricos aprendemos muito com os erros e acertos dos reis de Israel e Judá e é ali que encontramos grandes avivamentos entre o 64


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável povo, como nos dias de Josias (cf. 2 Re 22 e 23). E o que dizer dos poéticos!? Quem já não se maravilhou ante as belíssimas palavras de Davi no célebre Salmo 23, ou de Moisés no 90? Faltam a mim as palavras adequadas para expressar tamanha profundidade ali encontrada. Nos livros proféticos, quem não se espanta das profecias de Zacarias 14, ou da precisão com que Daniel descreve os grandes impérios mundiais (Dn 2)? Quão maravilhoso é “viajar”, guiado pelo Espírito, nas páginas do AT. Você já “descobriu” o AT, amado leitor ou amada leitora? É glorioso considerarmos a unicidade do texto bíblico, a sua harmonia. O NT é o cumprimento de muitas sombras, tipos, mistérios e profecias do AT. Nele temos os relatos dos quatro evangelistas sobre a vida do Mestre amado, Jesus, bem como a história do começo da Igreja e as bases doutrinárias encontradas nas epístolas. O NT termina com o livro de Apocalipse que revela o futuro para nós e assegura-nos gloriosas promessas. 4. O NOVO TESTAMENTO E A SUA ESTRUTURA O NT tem ao todo 27 livros, 260 capítulos e 7.959 versículos, estando, assim como o AT, dividido em quatro seções, como veremos a seguir. Deve ser lembrado que essa classificação auxilia muito no sentido de entendermos o NT no que tange ao gênero dos livros. Essa classificação organiza os livros quanto ao seu conteúdo e forma literária, e nos permite 65


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável perceber tanto as especificidades como as distinções de cada seção. 4.1 Biografia É a primeira parte dessa quádrupla divisão do NT, sendo composta pelos quatro primeiros livros: Mateus, Marcos, Lucas e João. Esses livros são chamados de biográficos por tratarem do nascimento, ministério, morte e ressurreição de Jesus. Eles tratam da biografia do Mestre, relatando seus feitos, milagres, ensinos, etc. Os livros de Mateus, Marcos e Lucas, apresentam uma certa semelhança entre si, sendo chamados de livros sinopticos. A palavra sinoptico vem do grego e significa “ver junto”. É importante frisar aqui que não existem “evangelhos”, como muitas vezes ouvimos em nossos cultos: “vamos ler no evangelho de João...”. Na verdade, o evangelho é um só, mas escrito sob a ótica de quatro evangelistas. O mais correto é dizer: “vamos ler no evangelho de Jesus segundo escreveu João...” 4.2 História O NT também tem a sua seção de história, mas diferentemente do AT, o NT só tem um livro que trata disso – o livro de Atos dos Apóstolos. Ele foi escrito por Lucas, que é possivelmente o único escritor não judeu dentre todos os demais da Bíblia. Foi ele quem também escreveu o livro de Lucas; era médico e esteve ao lado de Paulo. No livro de 66


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável Atos, ele registra com precisão detalhes históricos relativos à igreja primitiva, como a expansão do cristianismo através das viagens missionárias do século I, desde o dia de pentecostes até a ida de Paulo para Roma, como prisioneiro. 4.3 Epístolas Esta seção do NT é também chamada de doutrina; é a seção epistolar, pois é constituída somente de epístolas. Ela está subdividida em três partes principais: 4.3.1 Epístolas Paulinas São as epístolas escritas por Paulo e daí receberem esse nome; essas, por sua vez, podem ser catalogadas em quatro partes: a) primeiras epístolas; b) grandes epístolas; c) epístolas da prisão, e d) epístolas pastorais. 4.3.2 Epístola aos Hebreus Foi originalmente endereçada a crentes judeus que passavam por aflições; esta carta aparece de forma destacada por seu conteúdo ser bem distinto das demais. 4.3.3 Epístolas Gerais ou Universais Foram escritas por autores diversos, endereçadas a todos os cristãos, indistintamente.

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável As epítolas (ou cartas) do NT são em número de 21, sendo 13 da autoria de Paulo. O gráfico a seguir o ajudará na classificação geral do gênero epistolar do NT: CLASSIFICAÇÃO DAS EPÍSTOLAS POR GRUPO DE ASSUNTOS EPÍSTOLAS PAULINAS PRIMEIRAS 1 Tessalonicenses EPÍSTOLAS 2 Tessalonicenses GRANDES Romanos EPÍSTOLAS 1 Coríntios 2 Coríntios Gálatas EPÍSTOLAS Efésios DA PRISÃO Filipenses Colossenses Filemom EPÍSTOLAS 1 Timóteo PASTORAIS 2 Timóteo Tito EPÍSTOLA AOS HEBREUS Hebreus EPÍSTOLAS GERAIS Tiago (ou UNIVERSAIS) 1 Pedro 2 Pedro 1 João 2 João 3 João Judas

Na literatura paulina, temos as primeiras epístolas, isto porque foram as primeiras a serem escritas pelo apóstolo. As grandes epístolas recebem essa designação por seu conteúdo ser mais extenso. Embora Gálatas não tenham um extenso texto, ela aparece nessa classificação por sua estreita ligação 68


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável com Romanos. As epístolas da prisão são as que foram escritas por Paulo quando esteve preso. Não se sabe com certeza onde ele estava preso nem se ele as escreveu de uma única prisão. Por fim, temos as epístolas pastorais, que são cartas endereçadas a indivíduos e não à igrejas, como no caso das outras. Tem um caráter pastoral mesmo, pois tratam da ordem e condução de igrejas estabelecidas. 4.4 Profecia Esta última seção em que está dividido o NT também se constitui de um livro apenas, o Apocalipse. É o livro profético do NT. O autor é João, o mesmo que escreveu o livro de João, mais as três cartas que levam o seu nome. É interessante frisar aqui a possibilidade do Apocalipse não ter sido escrito na ilha de Patmos. Na ilha rochosa de Patmos ele recebeu a revelação divina, a qual ele registrou nesse livro ímpar em toda a Bíblia, sendo provável que o livro tenha sido escrito quando de seu retorno para a cidade de Éfeso, onde, segundo a tradição, pastoreou a igreja que havia ali até a sua morte, já no final do primeiro século da Era Cristã, entre 81 e 96 d.C. A palavra “apocalipse” vem do grego apokalupsis (αποκαλυψις), a primeira palavra constante no livro e significa, basicamente, “revelação”. O livro é rico em símbolos e figuras, retratando circunstâncias históricas, do reinado de Domiciano, imperador romano, e descortinando eventos futuros que se cumprirão muito em breve. 69


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável 5. PARTICULARIDADES DA BÍBLIA O texto bíblico em sua totalidade, Antigo e Novo Testamentos juntos, apresenta algumas particularidades interessantíssimas, que valem a pena serem conhecidas por nós, que amamos toda a Bíblia Sagrada. 5.1 O tema central da Bíblia Sagrada Em primeiro lugar, saliento o fato de que não resta dúvidas de que o assunto central da Bíblia é o Senhor Jesus. Grandes eruditos bíblicos atestam isso. Considero esta a principal particularidade do texto bíblico. Jesus está presente de Gênesis a Apocalipse. O Dr. C. I. Scofield, famoso comentarista bíblico, resume o tema central da Bíblia em quatro palavras diretamente relacionadas a Jesus; são elas: 1) Preparação (referindo-se a todo o AT, que anunciam através de tipos, rituais, símbolos e figuras o advento de Cristo); 2) Manifestação (são os livros de Mateus, Marcos, Lucas e João, que descrevem a manifestação de Cristo como DeusHomem sobre a Terra); 3) Propagação (o livro de Atos dos Apóstolos, que trata da propagação de Cristo através da pregação do evangelho); e 4) Consumação (o livro de Apocalipse, que mostra a consumação de todas as coisas, conforme as profecias bíblicas, em Cristo Jesus, o Alfa e o Ômega). Jesus Cristo é, portanto, a “Chave” hermenêutica da Bíblia. 70


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável 5.2 Particularidades no texto bíblico Existem particularidades do texto das Sagradas Escrituras que são muito interessantes e curiosas, e que não estão ali por acaso – são fruto da providência divina guiando os escritores na produção do texto bíblico. Vejamos algumas: 

O AT termina com a palavra “maldição” e com uma promessa referente àquele que seria o precursor de Jesus – Elias (Ml 4.5,6 – cf. Mt 17.9-13); o NT também termina com uma promessa, mas referindo-se ao próprio Jesus; enquanto o AT termina com “maldição”, o NT termina com a expressão “A graça do Senhor Jesus seja com todos” (cf. Ap 22.20,21). A Bíblia refere-se muito à segunda vinda de Cristo. São 1.845 vezes, sendo 1.527 no AT e 318 no NT, o que mostra a relevância desse assunto nas Sagradas Escrituras. Meditemos nisso! Antes, a Bíblia não era dividida em capítulos e versículos. A divisão em capítulos foi feita em 1250, por um cardeal estudioso das Escrituras. A divisão em versículos foi feita em duas etapas: a primeira do Antigo Testamento, em 1445, por um rabi; a do Novo Testamento em 1551, por um impressor de Paris. O livro dos Salmos não possui “capítulos” e nem “versículos”, e sim “salmos” e “versos”, pois ele é constituído de 150 salmos que são, na verdade, cânticos que eram entoados pelo povo de Israel. 71


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável 

O Salmo 119 é um acróstico alfabético, ou seja, tem 22 seções de 8 versos cada. O curioso é que o alfabeto hebraico tem justamente 22 letras. Em cada seção, cada versículo inicia com a mesma letra, seguindo a ordem das 22 letras do alfabeto hebraico. A frase “não temas” e equivalentes ocorre 365 vezes em toda a Bíblia, isso dá uma para cada dia do ano. Para aqueles que amam e servem ao Senhor, em todos os dias do ano Ele está a lhes dizer: “Não temas!” Aleluia!

Essas são algumas das particularidades do texto bíblico; são apenas alguns exemplos, haja vista que o espaço de que disponho aqui é limitado. Mas existe bibliografia ampla neste assunto, podendo o leitor ou leitora se aprofundar mais. 5.3 Particularidades da Bíblia como obra literária:  A Bíblia é o livro mais traduzido do mundo, como nenhum outro já tenha sido. Segundo informações da SBB, ela já foi, total ou parcialmente, traduzida para mais de 2.500 línguas em todo o mundo! Louvemos ao Senhor por este milagre.  A Bíblia é o livro mais lido, mais traduzido, mais vendido e que mais inspirou outras obras a serem escritas. De fato, não é pequeno o número de livros bíblicos, como enciclopédias bíblicas, atlas bíblicos, concordâncias bíblicas, devocionais, léxicos, 72


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável dicionários bíblicos e comentários bíblicos, obras de cunho teológico, etc., etc.  A Bíblia foi o primeiro livro do mundo a ser impresso. Isto aconteceu na Alemanha, em 1552, após a invenção da prensa. Como podemos ver, a Bíblia possui alguns recordes que são fruto da ação abençoadora de Deus sobre a Sua Santa Palavra. Um fato muito interessante sobre o Antigo Livro é que em 1969, quando os astronautas norte-americanos pisaram pela primeira vez o solo lunar e viram a terra nascer – algo nunca visto antes por nenhum ser humano – com reverência leram o seguinte texto: “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). Como vimos neste capítulo (e também no anterior), a Bíblia é incomparável como Livro, o Livro do Senhor. Em sua composição interna, ou seja, nos seus dois testamentos, nos seus livros, capítulos, nos detalhes, nas particularidades do texto, enfim, vemos que a Bíblia é de origem divina. O Seu Autor é Deus. Nenhum homem poderia produzir tal Obra, apesar de todo o desenvolvimento cultural, intelectual, científico, tecnológico, etc. Na verdade, o homem nunca foi capaz e nem o será, pois somente Deus, o nosso Deus, é que pôde, através dos séculos, gerar a Bíblia! Agradeçamos à Ele pela Bíblia!

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável 6. O CÂNON BÍBLICO No estudo da Bibliologia, você deve inserir em seu vocabulário a palavra “cânon”, ou a expressão “escrituras canônicas”. O que é o cânon bíblico? É ele que determina quais livros são e quais não são divinamente inspirados? Por qual razão nossas bíblias, de versões protestantes, possuem menos livros que as de edições católicas? Essas são algumas perguntas, pertinentes ao cânon bíblico, que consideraremos agora. 6.1 Definindo o cânon A autoridade da Bíblia procede da sua inspiração, que é divina. Deus inspirou os escritores bíblicos e cuidou para que sua Palavra fosse preservada e chegasse até nós, hoje. Como já dito anteriormente, o que torna a Bíblia diferente de todos os demais livros do mundo é a sua inspiração divina. Mas é o processo de canonização que levou a Bíblia a receber sua aceitação definitiva. Estudar o cânon bíblico leva-nos a reconhecer que Deus cuidou de forma maravilhosa para que Sua Palavra fosse preservada e reconhecida, em sua divina inspiração. 6.2 O significado literal do termo “cânon” “Cânon” é um termo grego que significa “vara reta de medir”, e que procede por sua vez do hebraico kaneh. É o que se pode verificar em Ezequiel 40.5 onde lemos: “Vi um muro 74


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável exterior que rodeava toda a casa e, na mão do homem, uma cana de medir, de seis côvados, cada um dos quais media um côvado e quatro dedos. Ele mediu a largura do edifício, uma cana; e a altura, uma cana”. A palavra “cânon” é traduzida aí por “cana”. Já no NT, o termo grego kanon (κανων) tem o sentido de norma, regra, ou como define Strong, é um “espaço fixo ou limitado que define e delimita a esfera de influência de alguém”17. Vê-se isso em passagens como Gálatas 6.16 e 2 Coríntios 10.13,15. Cânon no contexto do nosso estudo. Como vimos, cânon fala de norma, regra. Assim, em nosso estudo de Bibliologia, o cânon nada mais é do que “a coleção completa dos livros divinamente inspirados”. De fato, o reconhecimento dos livros bíblicos como divinamente inspirados submeteu-se a normas, regras, como veremos adiante. O termo cânon foi aplicado pela primeira vez às Escrituras por Orígenes, que viveu de 185 a 254 d.C. 6.3 Entendendo o cânon É necessário que façamos logo de início, neste tópico, uma pergunta muito apropriada: “É o cânon que determina quais livros são e quais livros não são divinamente inspirados?” Com relação ao cânon bíblico as pessoas geralmente tendem a pensar que o cânon é que determina a autoridade dos livros bíblicos, quando na verdade o cânon nada mais é do que o resultado do reconhecimento por parte dos judeus e da Igreja 17

STRONG, 2002; 2005, S. H8679.

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável dos livros bíblicos como divinamente inspirados – ou seja, eles reconheceram que os livros bíblicos já eram procedentes de Deus. É preciso que se saiba que não foram eles que escolheram quais livros eram e quais não eram inspirados por Deus, eles apenas reconheceram esses livros através de alguns critérios e normas, que estudaremos a seguir. 6.4 Canonicidade antes do cânon Mesmo antes do uso do termo “cânon” o conceito de canonicidade já existia. Desde os tempos de Moisés, os judeus reuniram e preservaram os livros bíblicos através dos séculos. Moisés mesmo determinou que seus escritos fossem guardados ao lado da arca da aliança, como vemos em Deuteronômio 31.24-26, o que indica que esses escritos eram considerados sagrados. Nos dias de Samuel, suas palavras foram colocadas “num livro e o pôs perante o Senhor” (1 Sm 10.25). Daniel tinha uma coleção de livros que incluía “a lei de Moisés” e “os profetas” (Dn 9.2,6,13). Enfim, o Talmude chegou a afirmar que somente os livros escritos no período profético (os profetas do AT) deveriam ser considerados como canônicos. 6.5 O que determina o cânon? Em primeiro lugar, é preciso que se diga que o que determina a canonicidade é a inspiração do livro – se ela é divina ou não. Os doutores Norman Geisler e William Nix, comentando sobre canonicidade, afirmam: “Os livros da 76


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável Bíblia não são considerados oriundos de Deus por se haver descoberto neles algum valor; são valiosos porque provieram de Deus – fonte de todo o bem”. Mas, o leitor deve estar se perguntando: “Como saber se determinado livro era ou não era divinamente inspirado”. O povo de Deus, ao longo dos séculos, consideraram alguns faltores nessa análise. Mais uma vez cito Geisler e Nix, que explicam com propriedade essa questão: Nunca deixaram de existir falsos livros e falsas mensagens... Por representarem ameaça constante, fez-se necessário que o povo de Deus revisse cuidadosamente sua coleção de livros sagrados. Até mesmo os livros aceitos por outros crentes ou em tempos anteriores foram posteriormente questionados pela igreja. São discerníveis cinco critérios básicos, presentes no processo como um todo: 1) O livro é autorizado — afirma vir da parte de Deus? 2) É profético — foi escrito por um servo de Deus? 3) É digno de confiança — fala a verdade acerca de Deus, do homem etc.? 4) É dinâmico — possui o poder de Deus que transforma vidas? 5) É aceito pelo povo de Deus para o qual foi originariamente escrito — é reconhecido como proveniente de Deus?18

7. EXPLICANDO AS DIFERENÇAS ENTRE A BÍBLIA PROTESTANTE, A BÍBLIA CATÓLICA E A BÍBLIA HEBRAICA Devemos ter um cuidado aqui para que não haja confusão. Quando se usa expressões como “Bíblia Protestante”, “Bíblia Católica” e “Bíblia Hebraica”, não se pretende afirmar que 18

GEISLER. NIX. 1997, p. 66. As palavras em negrito são grifo do autor.

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável existam várias bíblias. Na verdade, o texto bíblico é único; a referência é sim às versões da Bíblia, seja para protestantes, seja para católicos, seja para judeus. Estudiosos de ambos os grupos trabalharam na produção de variadas versões bíblicas, com finalidades específicas19 e assim continuam fazendo. 7.1 Entendendo a diferença Mas afinal, o que é uma “versão” da Bíblia? Uma versão é uma tradução de uma língua original para outra e, geralmente, o termo “versão” é usado paralelamente com o termo “tradução”. Assim, temos várias versões da Bíblia em vários idiomas (mais de 2.500!), inclusive, são várias versões bíblicas em português. A Bíblia Evangélica (ou Bíblia Protestante) é diferente da católica e da hebraica, pelas seguintes razões:  A Bíblia católica tem os mesmos 66 livros que a nossa protestante, mas além deles, ela também inclui mais 7 apócrifos e 4 acréscimos, o que perfaz um total de 73 livros (os acréscimos [ou apêndices] não são considerados “livros” propriamente ditos).  A Bíblia Hebraica não tem os mesmos 66 livros que a nossa protestante, pois ela não inclui o NT. A Bíblia Hebraica é na verdade o nosso AT. A ordem e quantidade em que os livros aparecem também é 19

Por exemplo, há versões de equivalência formal e versões de equivalência dinâmica.

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável diferente da nossa, porém, o texto é o mesmo. Portanto, ela não inclui os livros apócrifos. 7.2 O que são os livros apócrifos? A palavra “apócrifo” vem do grego apókripho, significa “oculto”, “escondido”. No sentido religioso, “apócrifo” significa “não genuíno”, “espúrio”, desde que foi aplicado por Jerônimo. Esses livros foram escritos no período interbíblico, que vai de 430 a.C. ao nascimento de Jesus. Os escritos apócrifos são em número de 14, sendo 10 livros e 4 acréscimos. A Igreja Católica Romana aceitava todos os 14 até o Concílio de Trento, que ocorreu em 1540, mas a partir daí passou a aceitar somente 11, sendo, como dito anteriormente, 7 livros e 4 acréscimos que constam nas bíblias de edição católico-romana. São eles: Os sete livros apócrifos são: 1) Tobias (após o livro canônico de Esdras) 2) Judite (após o livro de Tobias) 3) Sabedoria de Salomão (após o livro canônico de Cantares) 4) Eclesiástico (após o livro de Sabedoria) 5) Baruque (após o livro canônico de Jeremias) 6) 1 Macabeu 7) 2 Macabeu (ambos, após o livro canônico de Malaquias).

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável Os quatro acréscimos, ou apêndices são: 1) Ester (a Ester, 10.4 – 16.24) 2) Cântico dos Três Santos Filhos (a Daniel, 3.24-90) 3) História de Suzana (a Daniel, cap. 13) 4) Bel e o Dragão (a Daniel, cap. 14). Esses livros foram incluídos pela Igreja Católica Romana no dia 18 de abril, no Concílio de Trento, realizado em 1540. Era uma forma de combater a Reforma Protestante, iniciada pelo monge Martinho Lutero. Os protestantes combatiam com veemência os erros doutrinários do catolicismo romano, como a invocação dos mortos, a doutrina do Purgatório, a venda de indulgências, etc. Vendo nos livros apócrifos base para essas doutrinas, a Igreja Católica Romana os incluiu como livros canônicos. Sobre essa atitude da Igreja Romana, comenta o Dr. Antonio Gilberto: “A aprovação dos apócrifos pela Igreja Romana foi uma intromissão dos católicos em assuntos judaicos, porque, quanto ao cânon do Antigo Testamento, o direito é dos judeus e não de outros. Além disso, o cânon do Antigo Testamento estava completo e fixado há muitos séculos”20. 7.3 Porque não aceitamos os livros apócrifos? Seguem abaixo algumas razões pelas quais não aceitamos os livros apócrifos como divinamente inspirados. É claro que 20

GILBERTO, 2007, p. 65.

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável eles podem e até devem ser consultados como fonte de pesquisa histórica, como é o caso dos dois livros de Macabeus, que descrevem um importante período da história judaica no tempo interbíblico. Vejamos, pois, algumas das razões pelas quais não cremos serem os livros deuterocanônicos (como são chamados pelos católicos) divinamente inspirados: a) Eles não reivindicam para si mesmos a inspiração divina, como vemos nos 66 livros canônicos (que são os livros genuinamente inspirados que constam em nossas bíblias de versão evangélica). b) Eles não são citados pelo Senhor Jesus. c) Eles também não são citados por nenhum escritor do NT como livros divinamente inspirados. d) Eles contêm ensinos contrários ao ensino geral da Bíblia. e) Eles nunca fizeram parte do cânon hebraico. f) Autoridades da Igreja como Agostinho, Atanásio e Jerônimo não reconheceram esses livros como procedentes de Deus. Jerônimo, que foi o tradutor da Vulgata (405 d.C.), incluiu os apócrifos, mas fez assim porque isto lhe foi ordenado e recomendou que esses livros não poderiam servir como base de doutrina. Martinho Lutero, que traduziu a Bíblia para a língua alemã, incluiu seis livros apócrifos ao final de sua Bíblia alemã, mas escreveu o seguinte sobre eles: “Apócrifos: estes livros não são 81


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável considerados iguais às Sagradas Escrituras, embora sejam úteis e bons para leitura”. g) Flávio Josefo, que escreveu a obra Antiguidades Judaicas, publicada no Brasil pela CPAD sob o título História dos Hebreus e que é considerada a maior fonte de informações sobre o povo judeu depois da Bíblia, pois Josefo viveu entre 33 e 107 d.C., rejeitou totalmente os livros apócrifos. Estudar o cânon da Bíblia é entender que uma coisa é Deus entregar uma revelação, outra coisa é essa revelação ser reconhecida como procedente DEle e então ser aceita e recebida pelo Seu povo. A canonicidade bíblica é justamente isso: o reconhecimento e a consequente aceitação dos livros bíblicos pelo povo de Deus através dos séculos como sendo procedente de Deus. Quanto à isto, não resta dúvidas! Amém! Nesta lição estaremos estudando um assunto da mais alta relevância para nós que amamos a Bíblia Sagrada – comentaremos sobre a preservação e a tradução da Bíblia –, fatores esses que contribuíram para que ela chegasse até nós, hoje. Na própria Escritura podemos ver que o Evangelho é supracultural, ou seja, não está limitado à uma cultura apenas, mas alcança a todos os povos, indistintamente, como vemos, por exemplo, em Atos 17.22-31, ocasião em que Paulo se dirige aos cidadãos de Atenas, um centro cultural daqueles dias, para lhes anunciar a salvação em Cristo. 82


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável Como já dito anteriormente, a Bíblia já foi traduzida total ou parcialmente, para mais de 2.500 idiomas, em todo o mundo. Que Deus sempre quis comunicar Sua mensagem ao homem na sua língua materna, não restam dúvidas. É o que vemos por claras evidências na própria Bíblia. Ora, o hebraico foi a língua em que o próprio Deus falou! É o que vemos quando Deus se revelou a Paulo, dirigindo-se a ele na sua própria língua materna, o hebraico, embora ele falasse outros idiomas (cf. At 26.14). 8. MATERIAIS E FORMATOS PRIMITIVOS EM QUE A BÍBLIA FOI ESCRITA Quando se estuda a Bíblia como livro, é preciso considerar o modo como ela chegou até nós. É uma história fantástica que perpassa vários séculos. E a história da Bíblia e de como ela chegou até nós, hoje, diz respeito aos materiais e formatos primitivos em que ela foi preservada. 8.1 Materiais primitivos São aqueles materiais usados na Antiguidade para se escrever. Há vários, mas destacamos aqui os dois principais e que foram largamente utilizados. 8.1.1 O papiro O papiro é, na verdade, o nome de uma planta aquática muito comum no Antigo Egito. Essa planta nasce nas 83


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável margens de rios, lagoas e é encontrada em alagadiços. Na fabricação da folha de papiro usava-se o talo dessa planta, o qual era cortado em finas tiras as quais iam sendo sobrepostas umas às outras, até formar uma folha. Até a invenção do papel pelos chineses (séc. II d.C.) e a sua difusão na Síria e no Egito nos séculos VII e VIII d.C., o papiro foi largamente utilizado no mundo antigo. 8.1.2 O pergaminho É feito de pele de animais, que era curtida e preparada para a escrita. É mais durável que o papiro. Foi muito usado nos códices e a sua utilização generalizada vem desde os primórdios do cristianismo; porém, já é citado em Isaías 34.4. Conta-se interessante fato à respeito da origem do nome pergaminho. Ele é originado da cidade de Pérgamo, cidade da Ásia Menor. O seu rei, chamado Eumenes II (197-159 a.C.), que foi o seu maior rei, queria formar uma biblioteca maior que a de Alexandria, no Egito, que tinha um milhão de volumes! O rei do Egito, por inveja, proibiu a exportação de papiro para Pérgamo, o que obrigou Eumenes a recorrer a outro material para a escrita. Este fato incentivou o surgimento de uma nova técnica para preparar peles, que resultou no pergaminho. O pergaminho é citado no NT em 2 Timóteo 4.13 e Apocalipse 6.14.

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável 8.2 Formatos primitivos Os livros na Antiguidade não tinham o formato que tem agora e a escrita era bem mais difícil e mais sacrificante. Vejamos a seguir os dois principais formatos em que a Bíblia foi escrita: 8.2.1 Rolo Os livros na Antiguidade tinham o formato de rolo. O códice, que comentaremos logo adiante, é de uso mais recente. Quando lemos na Bíblia a palavra “livro” devemos ter em mente que a referência ali é, na verdade, à um rolo. É por isso que lemos sobre um livro selado com sete selos em Apocalipse (cf. Ap 5.1), pois no tempo de João havia o costume de selar (ou lacrar) um documento importante com sete selos. Na medida em que o rolo ia sendo enrolado, os selos iam sendo aplicados. 8.2.2 Códice Alguns manuais que versam sobre este assunto costumam usar a palavra “códex” ao invés de “códice”. Na verdade, ambos são a mesma coisa. É que “códex” é latim e “códice” é português. O códice tem o formato de livro moderno e o seu uso apresentava vantagens em relação ao rolo. Enquanto este poderia ser escrito somente de um lado, aquele poderia ser escrito nos dois lados. Além disso, para se ler e estender um rolo era preciso utilizar as duas mãos, enquanto que com o 85


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável códice apenas uma mão bastava. Verificar uma citação num rolo era bem mais difícil do que fazê-la num códice. O uso do códice remonta ao século I d.C., quando foi substituindo progressivamente o rolo. Inicialmente, era feito de papiro, mas a partir do quarto século d.C. o códice já era feito de pergaminho. 9. TRADUZINDO O LIVRO SANTO Por que traduzir a Bíblia para outros idiomas? Seria esse trabalho de tradução da Bíblia, que vem sendo levado a efeito, apenas mais um nicho do mercado editorial cristão? Seria apenas mais uma forma de angariar dinheiro? Como bem sabemos, a Bíblia foi escrita originalmente em três antigos idiomas: o hebraico e o aramaico para o AT. O aramaico foi utilizado, mas como uma exceção. O NT foi escrito no grego coiné. O querer de Deus, no entanto, é que Sua Palavra escrita alcançasse a todos os povos. Isto se vê num fato maravilho: enquanto a revelação do AT foi dada exclusivamente ao povo judeu, e em sua língua materna – o hebraico –, a revelação do NT, que alcança judeus e gentios, foi dada na língua grega – o grego coiné. O que o inglês é para nós, hoje, o grego era para os povos daqueles tempos. Era uma língua falada em todo o Império Romano. O evangelho sendo pregado nesse idioma poderia ser entendido por praticamente todo o mundo da época. Uma língua conhecida por todos fazia parte da preparação do mundo por Deus a fim de receber Seu Filho Unigênito, Jesus. 86


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável 9.1 As primeiras traduções da Bíblia Enquanto a Igreja Católica Romana proibia a leitura da Bíblia pelo povo comum, não aceitando jamais a sua tradução para outro idioma além do latim, grandes homens de Deus do passado sonhavam em traduzi-la para suas línguas pátrias, homens tais como John Wycliffe (13820-1384), considerado a “estrela da manhã da Reforma Protestante”, que foi o primeiro a traduzir a Bíblia completa para o inglês. Outro conhecido tradutor da Bíblia foi William Tyndale (1492-1536), que foi o primeiro a traduzir diretamente do grego o NT para o inglês. Ele disse, certa feita, à um oponente: “Eu desafio o Papa e todas as suas leis; se Deus poupar a minha vida, antes de muitos anos eu farei com que um menino que maneja o arado saiba mais das Escrituras do que tu o sabes”. Martinho Lutero, quando pela primeira vez folheava uma Bíblia latina, exclamou: “Oh! Quem dera Deus me desse tal livro!” Aquele Livro ele nunca vira antes, pois só tinha ouvido porções dos evangelhos e epístolas, até então. Ele também desejava “levar” a Bíblia para o povo alemão. Foi assim que ele traduziu a Bíblia para a língua alemã enquanto esteve refugiado em um castelo, na Alemanha. Mas, para falarmos sobre as primeiras traduções da Bíblia temos de voltar bem mais no tempo. Quando o povo judeu voltou do cativeiro babilônico, no quinto século a.C., ele não falava mais o hebraico, mas sim o aramaico. Para poder entender a leitura das Escrituras, que era feita em hebraico, o povo necessitou de explicações orais em aramaico. Mais tarde, essas 87


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável explicações passaram a ser escritas. São elas que recebem o nome de Targumim, que é o plural de Targuns, que em hebraico significa “tradução”. Dez Targumim permaneceram. Entre os séculos III e II a.C. foi produzida a Septuaginta, também conhecida como “versão dos setenta”, pois foi preparada por 70 ou 72 eruditos, que traduziram o AT hebraico para o grego. Esse trabalho foi feito em Alexandria, Egito, a fim de atender aos muitos judeus que ali residiam e não conheciam o hebraico. O termo Septuaginta vem do grego e significa “setenta”. Essa versão é geralmente representada pelos algarismos romanos LXX, que correspondem a 70. A LXX é uma versão de suma importância, pois foi ela que acabou com o abismo que existia entre o mundo grego e o AT, escrito até então somente em hebraico. No mundo antigo, foi usada por judeus em todas as partes. Outra importante tradução da Bíblia o final do século IV e início do século V d.C. Essa foi uma tradução da Bíblia completa para o latim e recebeu posteriormente (séc. VI d.C.) o nome de Vulgata, palavra esta que vem do latim vulgos e significa “povo”, isto porque esta versão se tornou muito popular. Jerônimo havia estudado por 20 anos o hebraico com rabinos de Belém da Judéia e isso o capacitou a traduzir o AT diretamente do hebraico. A Vulgata foi decretada a versão oficial da Igreja Católica Romana, no Concílio de Trento, em 1546. Jerônimo incluiu os livros apócrifos, mas não os recomendou como divinamente inspirados. Não poderia concluir este tópico sem citar, é claro, a versão de 88


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável João Ferreira de Almeida, a primeira tradução da Bíblia para o português. Almeida foi ministro do Evangelho na Igreja Reformada Holandesa, na cidade de Batávia, que era em sua época a capital da ilha de Java, na Oceania – Java hoje é capital da Indonésia, que se chama Djakarta. Almeida traduziu primeiro o NT e depois o AT. Em 1670 ele concluiu a tradução do NT, mas não concluiu a do AT, foi até Ezequiel 48.21, falecendo então em 1691, aos 63 anos. Missionários, que eram seus amigos, completaram a tradução. Erros nas traduções É importante frisarmos aqui que é comum haver erros nas várias traduções existentes, como vemos por exemplo na ARC (Almeida Revista e Corrigida) que traduziu assim o versículo 22 do capítulo 41 de Jó: “No seu pescoço pousa a força; perante ele, até a tristeza salta de prazer”. Já a NVI (Nova Versão Internacional) traduziu o mesmo versículo assim: “Tanta força reside em seu pescoço que o terror vai adiante dele”. Você observou que contraste? A diferença de uma versão para outra? Neste caso, a NVI traduziu corretamente a passagem citada. Você poderá verificar que outras versões também traduzem corretamente a referidada passagem, como a ARA (Almeida Revista e Atualizada) e NTLH (Nova Tradução na Linguagem de Hoje). Mas o erro em questão aqui, não é da Bíblia e sim da comissão de tradução da ARC. Quero lembrar, é claro, que erros assim não são suficientes para desmerecer toda uma versão, como 89


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável no caso da ARC, que é uma excelente versão da Bíblia, além de ser muito querida pelo povo evangélico brasileiro. Diante desses aparentes erros na Bíblia, devemos pensar nas já conhecidas e apropriadas palavras de Agostinho com relação à isso: “Num caso desses, deve haver erro do copista, tradução mal feita do original, ou então sou eu mesmo que não consigo entender”. Portanto, nunca devemos pensar logo de início que a Bíblia está errada. A falha é sempre do lado humano. Desse modo, glorifiquemos a Deus que tem provido que Sua Palavra chegue até nós, de modo que nós possamos receber sua mensagem. Em 1212, a Igreja Romana proibiu a leitura da Bíblia pelo povo simples, mas Deus, que derruba muralhas, levantou homens que se opuseram a isto e trabalharam, mesmo sob pena de morte, na tradução das Sagradas Escrituras, levando a Bíblia ao povo comum, de modo que não somente os padres tivessem acesso às Escrituras. Hoje, a Bíblia pode ser levada até no bolso! Devemos muito aos reformadores do passado, pois foram eles que Deus usou para abrir o caminho para que Sua Santa Palavra fosse difundida, com está hoje, em todo o mundo. Eles exclamavam Sola Escriptura, que significa “Somente as Escrituras”. Que possamos, hoje, de igual modo, desejar somente as Escrituras, como doutrina, como norma de vida, como guia infalível. Deus o abençoe!

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável REFLEXÃO Emílio Castelar, escritor espanhol, declarou o seguinte: “Não compreendo que se tenham posto milhares de obstáculos à propagação da Bíblia, pois ela é a revelação mais pura que de Deus existe na sociedade, na natureza e na história”. De fato, muitos e grandes obstáculos surgiram a fim de impedir a disseminação da Palavra de Deus. Mas ela permanece eternamente, como declarou de forma vívida o profeta Isaías (Is 40.8). 10. A CONSTANTE TENTATIVA DO INIMIGO DE DESTRUIR O LIVRO SANTO Em 303 d.C. o imperador romano Diocleciano promulgou três editos de perseguição aos cristãos, pois ele achava que eles estavam rompendo a aliança entre Roma e seus deuses. Os editos determinavam a destruição de igrejas, dos manuscritos (que eram exemplares das Sagradas Escrituras) e também determinava a morte dos cristãos. Talvez milhares de manuscritos tenham sido destruídos naquela perseguição que durou até o ano 311. Passaram-se os séculos e chega o ano 1229, quando a Igreja Católica Romana no seu concílio realizado em Tolosa, proíbe então a leitura da Bíblia pelos leigos, sendo que somente o clero romano poderia ter acesso às Escrituras. Mas com a Reforma Protestante no século 16 a Igreja Romana viu-se obrigada a reavaliar a decisão do concílio de Tolosa: ela permitiria a leitura da Bíblia pelos leigos, mas sob as 91


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável seguintes condições: “a) Que a Bíblia fosse editada ou autorizada pelo clero; b) Que os leigos não formassem juízo próprio dos seus ensinos; c) Que os leigos só aceitassem a sua interpretação quando feita pelo clero”21. Como podemos ver nesses dois exemplos citados, a Bíblia foi terrivelmente perseguida e ultrajada. Mas aqueles que usados por Satanás tentaram varrer da face da Terra a Bíblia Sagrada perderam a guerra! Ela é hoje o Livro mais lido e mais vendido no mundo todo, para a glória de Deus. No passado, o Inimigo tentou levar a Bíblia à extinção total, mas não conseguiu. Mas e agora, terá ele cessado seus ataques contra a Palavra de Deus? É claro que não! Como ele não conseguiu destruí-la fisicamente (o Livro) volta-se agora contra a sua mensagem, procurando deturpá-la através das heresias, dos modismos teológicos, da neo-ortdoxia e do modernismo teológico, etc. São vários os ataques dele contra a Bíblia. Amado leitor, como nunca antes estamos vendo o aumento assustador de seitas heréticas em nossa nação e também a proliferação acelerada de modismos teológicos. O que dizer de aberrações doutrinárias como por exemplo a chamada “unção do leão”? A teologia da prosperidade (que vem sendo propalada pelos pregadores da prosperidade na mídia) toma até os nossos púlpitos, em nossas igrejas locais. Modismos teológicos vários surgem diante de nós, desafiando a sã doutrina da Palavra de Deus, pois embora esses ensinos se apresentem como sendo oriundos da Bíblia, 21

OLIVEIRA, 2004, p. 27.

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável nada tem de genuinamente bíblico! O chamado teísmo aberto acaba por negar em seu ensino que o Deus revelado na Bíblia não é onisciente, pois Ele não teria como prever que decisão os anjos e o homem haveriam de tomar. Ora, o Deus revelado na Bíblia não foi pego de surpresa quando do pecado de Lúcifer no Céu e de Adão no Éden. Mas não é isso que os defensores do teísmo aberto ensinam. São ensinos antigos, eles vem desde os dias da Igreja primitiva, mas que se apresentam com roupagem nova, enganando a muitos por falta de conhecimento sadio da Palavra de Deus. É Satanás que está por trás desses enganos doutrinários, procurando torcer sempre as Sagradas Escrituras. Estejamos como nunca antes apegados ao Livro incomparável, a Bíblia, fonte de toda verdadeira doutrina que procede de Deus. 10.1 Deus preserva Sua Palavra “Achei o Livro da Lei na Casa do Senhor”. Foram estas as palavras do sumo sacerdote Hilquias ao escrivão (ou secretário) Safã, quando ele encontrou dentro do templo de Salomão um exemplar, certamente do Pentateuco, que havia estado ali como objeto esquecido (2Rs 22.8). Isto aconteceu durante as obras de restauração do templo empreendidas pelo jovem rei reformador, Josias, que ainda muito jovem, aos 16 anos, começou a buscar o Senhor (2 Cr 34.3) e aos 26 iniciou a reforma do templo (2 Cr 34.8). O Dr. F. B. Meyer comenta: “Que terrível devastação realizara Manassés, a 93


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável ponto de todas as cópias da Lei serem destruídas!” Isto porque durante o reinado do ímpio rei Manassés, avô de Josias, cópias da Lei foram destruídas e, segundo uma tradição, foi ele também o responsável pela morte do profeta Isaías. Mas é interessante observarmos como Deus, em Sua providência, cuidou para que a Bíblia da época não se perdesse para sempre. Mediante aquele achado glorioso seguiu-se um grande avivamento. 10.2 Desentulhando os poços antigos Lemos assim na belíssima passagem de Gênesis 26.18,19: “E tornou Isaque a abrir os poços que se cavaram nos dias de Abraão, seu pai (porque os filisteus os haviam entulhado depois da morte de Abraão), e lhes deu os mesmos nomes que já seu pai lhes havia posto. Cavaram os servos de Isaque no vale e acharam um poço de água nascente”. É interessante observar nessa passagem bíblica que Isaque não cava poços novos, antes, ele desentulha poços que seu paiAbraão havia cavado, tempos atrás. Fazendo assim, diz a Bíblia que os servos de Isaque encontraram um poço de água nascente, ou como traduziu a ARC, poço de águas vivas. Devemos nós, hoje, de igual forma, não procurar inovações teológicas, que acabam por substituir a impreterível Palavra de Deus. Desentulhemos os poços antigos! Voltemos às verdades centrais da fé cristã, a qual é genuinamente bíblica e cristocêntrica. Se assim fizermos, haveremos de nos deparar com águas vivas – isso nos fala da pureza da doutrina bíblica! 94


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável Nos dias de Lutero, na Alemanha do século 16, não foi a invenção de uma nova doutrina que gerou a poderosa e irresistível Reforma, mas sim o retorno à uma doutrina fundamental da Palavra de Deus – a da salvação pela fé em Cristo Jesus – esquecida e substituída pelas falsas doutrinas da venda de indulgências e do Purgatório. Nos dias de Wesley, na Inglaterra do século 18, não foi a invenção de algo novo ou a aplicação na Igreja de uma nova doutrina. Não! Foi o retorno à doutrina bíblica da santidade que promoveu tremendo avivamento que varreu aquela nação! Afinal, é sempre assim quando voltamo-nos para a Palavra de Deus. Jonathan Edwards, quando pregou o famoso sermão “Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado” (que ainda fala por dois séculos!), durante o qual as pessoas que o ouviam foram tremendamente impactadas por Deus durante aquela mensagem, também não inovou, ele apenas fez algo “antigo”, já conhecido – ele havia jejuado por 22 horas antes e pregou baseado na boa e sempre nova Palavra de Deus! CONCLUSÃO Procuremos beber dos “poços antigos” da inerrante e veraz Palavra de Deus, pautando nela o nosso viver, “até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4.13 – ARC). Nesta fonte não hão de faltar águas cristalinas. Aleluia! 95


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável

Exercícios do capítulo 3 Marque com C para Certo e E para Errado 1. (

)

O pergaminho é originado da cidade de Pérgamo, cidade da Ásia Menor.

2. (

)

A palavra Targumim é plural de Targuns, que em hebraico significa “tradução”.

3. (

)

Almeida traduziu primeiro o NT e depois o AT. Em 1870 ele concluiu a tradução do NT, mas não concluiu a do AT, foi até Ezequiel 48.21, falecendo então em 1691, aos 63 anos. Missionários, que eram seus amigos, completaram a tradução.

4. (

)

O papiro é, na verdade, o nome de uma planta aquática muito comum no Antigo Egito. Essa planta nasce nas margens de rios, lagoas e é encontrada em alagadiços.

5. (

)

Uma versão é uma tradução de uma língua original para outra e, geralmente, o termo “versão” é usado paralelamente com o termo “tradução”.

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Bibliologia: BĂ­blia, o livro incomparĂĄvel

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável

4 A Bíblia, seu elevado padrão moral e sua imparcialidade “Porque a palavra do Senhor é reta, e todo o seu proceder é fiel” (Salmo 33.4).

INTRODUÇÃO O escritor F. B. Meyer declara com muita propriedade a respeito da influência poderosa que a Bíblia exerce sobre as pessoas: “O melhor argumento em favor da Bíblia é o caráter que ela forma”. Como negar essa verdade conhecida e experimentada por aqueles que se apegam ao Livro incomparável? Homens e mulheres do passado e do presente tornam-se célebres perante a sociedade. Em nosso tempo atual, a mídia nos apresenta várias “estrelas”, seja do esporte, seja do cinema, seja da teledramaturgia, enfim, em diversas áreas de apreciação da sociedade. Essas pessoas são praticamente idolatradas pela sociedade, sendo vistas com admiração pelo talento que possuem. Mas quando verificamos um pouquinho apenas do que é a vida pessoal de muitas dessas pessoas ficamos espantados. Não há referencial de família, casam-se aqui, separam-se ali. Drogas, boates, prostituição, traição, jogatinas, enfim, muitas delas envolvem98


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável se nas coisas mais degradantes. São apreciadas não por sua “pessoa”, ou seja, pelo que são de fato, mas sim pelo talento que possuem. Isso é um reflexo do nível moral de nossa sociedade, que valoriza mais o talento, a fama, o dinheiro, etc., do que valores e princípios tão essenciais para a família e para a sociedade em geral, tais como castidade entre os jovens, fidelidade no matrimônio, fidelidade à família, respeito ao próximo e a si mesmo, enfim, valores bíblicos que são relegados pelos homens e mulheres de hoje. A Bíblia, contudo, permanece pura e requer pureza de todos aqueles que optam por servirem a Deus. Felizes aqueles que procedem em conformidade com a Palavra de Deus. 1. O ELEVADO PADRÃO MORAL DA BÍBLIA Como é poderoso o efeito que a Bíblia exerce sobre a moral de um indivíduo. E o que dizer do ensino bíblico dado à pessoa desde o berço? De fato, é notável o peso que o ensino bíblico dado desde a infância exerce sobre um indivíduo em sua vida adulta. O Pastor Terry Johnson conta que certa vez foi calculado que 19 em cada 20 crentes se converteram antes de chegarem aos 25 anos de idade. Depois de 25 anos, um em cada 10 mil crentes. Depois de 35 anos, um cada 50 mil. Depois de 45 anos, apenas um em 200 mil. Depois de 55 anos, apenas um em 300 mil. Depois de 65 anos, apenas um em 500 mil, e, depois de 75 anos, apenas um 700 mil! Como podemos ver nesses dados, o ensino da Palavra de Deus dado na infância contribui muito para que o indivíduo continue 99


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável servindo a Deus durante sua vida adulta. Os preceitos recebidos mediante a exposição da Palavra de Deus serão fundamentais para a formação do caráter ideal no indivíduo. Aqueles que aprenderam a amar a Bíblia Sagrada, com certeza são pessoas melhores! É também notável o fato de que mesmo aqueles que não conheceram a Jesus durante a sua infância e que vieram a se converter na fase adulta de sua vida, se tornam também pessoas melhores, passando por uma mudança radical. Elas se tornam melhores para a família, para os amigos, para a sociedade, etc. Essa mudança não acontece por acaso, e também não alcança apenas o exterior do homem. Ela abrange à todo o ser do homem: espírito, alma e corpo. Quando uma pessoa se entrega a Cristo e passa pelo processo do novo nascimento (Jo 3.3), ela recebe o Espírito Santo que passa a habitar em si (1 Co 6.19), impulsionando-a a buscar na Palavra de Deus alimento para a sua alma. Assim, aquele indivíduo que antes levava uma vida desregrada, na devassidão deste mundo, agora passa a se pautar pela Palavra de Deus. É aí que está o real sentido da vida cristã: o viver segundo os padrões estabelecidos por Deus em sua Palavra. Certa vez, num programa evangélico de TV, um pastor contou que um empresário fora até ele para pedir-lhe que lhe indicasse certa quantia de crentes que necessitavam de um emprego, pois ele optara por contratar crentes para trabalhar em sua empresa. Isso não foi por acaso. Embora haja “crentes” que vivam trazendo escândalo para o evangelho, 100


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável isso não muda o fato de que funcionários crentes atendem muito bem às expectativas de uma empresa. Por ter um padrão moral elevado, ele haverá de se destacar dentre os demais funcionários por seu comportamento ilibado. Sua assiduidade na empresa não será afetada por causa de vícios, sua linguagem também é diferente, seu comportamente dentro das dependências da empresa é ético, enfim, vários fatores que o fazem se destacar em seu ambiente de trabalho. É claro, estou falando de verdadeiros crentes! Agora, quero chamar a sua atenção para outro fato notável: você já observou a ligação dos crentes com a Bíblia? Eles a lêem, a ensinam, a pregam, a levam consigo para os cultos e outros lugares, enfim, de uma forma geral, os evangélicos estão sempre relacionando-se com a Bíblia. Tão forte é este relacionamento que houve um tempo que éramos chamados por muitos descrentes de “os bíblias!” Ainda que em tom de zombaria eles acabavam por reconhecer o nosso estreito relacionamento com o Livro Santo. Então, podemos concluir que este elevado padrão moral que norteia nosso comportamento vem do nosso apego à Palavra de Deus! Ligue-se uma coisa a outra e não haverá como negar isso! Isto mostra a real influência da Bíblia sobre os indivíduos que se apegam à ela. É como se diz: “Contra fatos não há argumentos”, e isso que menciono aqui é um fato incontestável – uma evidência fortíssima em favor da Bíblia. É muito benéfica a sua influência na vida do cidadão, da família, da sociedade e até de nações inteiras. 101


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável Grandes e destacados homens que a humanidade conheceu eram amantes da Palavra de Deus. Isaac Newton disse: “Considero as Escrituras Sagradas a filosofia mais sublime”. É belíssimo o testemunho que o Imperador Dom Pedro II dá à respeito do seu relacionamento com a Bíblia: “Eu amo a Bíblia. Eu leio-a todos os dias e, quanto mais leio, tanto mais a amo. Há alguns que não gostam da Bíblia. Eu não os entendo, não compreendo tais pessoas. Mas eu a amo. Amo a sua simplicidade, e amo as suas repetições e reiterações da Verdade. Como disse, eu leio-a cotidianamente e gosto dela cada vez mais”. Também W. E. Gladstone testificou dizendo: “Tenho conhecido noventa e cinco grandes homens, e oitenta e sete deles foram seguidores da Bíblia Sagrada”. É também belíssimo o testemunho que Henry Ford, inventor do automóvel, dá à respeito da influência benéfica da Palavra de Deus em sua vida: “Todo o sentido de integridade, honra e serviço no meu coração, veio de ouvir a leitura da Bíblia feita pela professora na pequena escola onde eu estudei. Ela lia a Bíblia e fazia comentários para começar o dia de aula e aquilo me influenciou muito. Eu fui criado na igreja e pertenço à igreja, eu frequento os cultos na igreja. Não importa a mensagem ou o pregador ou o tamanho da igreja, pois eu sempre recebo uma ajuda divina para a minha vida”. Estimado(a) leitor(a), venho aqui lançar o desafio: “Mostraime, se puderdes, outro livro que no decurso da História têm influenciado tão beneficamente indivíduos e até nações inteiras como a Bíblia Sagrada”. 102


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável Os exemplos que citei anteriormente são apenas testemunhos de pessoas que ficaram mundialmente conhecidas, mas milhares e milhares de pessoas, em todo o mundo, têm constatado a verdade de que o contato com a Palavra de Deus só traz benefícios àquele que assim o faz. Isso acontece porque a Bíblia possui um padrão moral elevado. Sua ética é incomparável. Nela temos a Verdade de Deus revelada para as nossas vidas. Jesus, em sua oração sacerdotal, pediu ao Pai: “Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. Eles não são do mundo, como também eu não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.1517). 2. A MORAL VISTA NA BÍBLIA Embora não encontremos na Bíblia a palavra “moral”, o princípio inerente a ela está presente em toda a Sagrada Escritura. Entendemos por “moral” o “conjunto de normas de conduta válidas para todas as pessoas em qualquer tempo ou lugar”. Uma boa moral só pode existir quando existe também um bom caráter, uma boa ética. O grande evangelista D. L. Moody diz que “caráter é aquilo que somos no escuro”. Nosso comportamento perante Deus, a família, a Igreja e perante o mundo deve ser pautado por um padrão de moralidade elevado, haja vista que nós somos o sal da terra e a luz do mundo, como afirma o Senhor Jesus em Mateus 5.1316. 103


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável Na Bíblia encontramos várias vezes algumas palavras que correspondem ao princípio de moralidade, tais como “íntegro” ou “integridade” (Sl 7.8; 78.72), “retidão” (Sl 84.11) e “santidade” (Ef 4.24). Em Jó 1.1 encontramos a seguinte declaração: “Havia um homem... cujo nome era Jó; homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal”. Como podemos ver, essa expressão bíblica denota a conduta irrepreensível do patriarca. Existem outras expressões bíblicas para referir-se ao proceder correto, íntegro, que evidenciam uma moral elevada. Assim, podemos afirmar com toda certeza que a Bíblia trata com clareza meridiana deste assunto. Existem três versículos no NT que condenam o procedimento imoral, usando a palavra “imoralidade”, sendo eles 1 Coríntios 5.1; 6.18 e 10.8, isto, é claro, na versão ARA e não na ARC. 3. A BÍBLIA – O CÓDIGO DE ÉTICA DIVINO A palavra “ética” significa “conjunto de princípios e valores nos quais a sociedade se pauta”. Partindo dessa definição, entendemos que a ética revelada na Palavra de Deus difere do comportamento mundano. A ética influi diretamente na conduta das pessoas, por isso abracemos nós a ética revelada por Deus em Sua Santa e Pura Palavra. Como Ele é Santo, também requer santidade dos seus filhos em todo o seu proceder perante o mundo (Mt 5.13-16; 1 Pe 1.15,16). Quando procedemos de conformidade com o padrão bíblico, o mundo 104


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável nota e reconhece que somos filhos da luz, e não das trevas (1 Ts 5.5). 3.1 O mundo jaz no maligno É o que declara a Bíblia em 1 João 5.19. O mundo nos apresenta muitas práticas que são reprováveis do ponto de vista divino e se não estivermos atentos, acabamos nos tornando condizentes com tais práticas. Em nosso tempo de pós modernidade é comum a relativização de valores, que em termos práticos significa que aquilo que antes era considerado certo pode não ser considerado certo hoje, e o que era considerado errado pode não ser considerado errado hoje. É na verdade uma inversão de valores. Temos um exemplo recente disso: a psicóloga francesa MaryseVaillant lançou um livro no qual declara que “a infidelidade conjugal é essencial para o funcionamento psíquico de muitos homens, que não deixam de amar suas mulheres por causa disso”. Ela chega a considerar que homens que não tem casos extraconjugais podem ter “uma fraqueza de caráter”. O livro é sucesso de vendas na França e ela é uma das psicólogas mais conhecidas nesse país. Que dizer de tal absurdo? No afã de defender sua própria condição pecaminosa, o homem procura meios falaciosos para justificar o seu estado pecaminoso. No Brasil também estamos presenciando a constante decadência moral de nosso povo e de nossos governantes. O decreto nº 7.037/09 do novo Programa Nacional de Direitos 105


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável Humanos do governo federal propõe o casamento de homossexuais e a adoção de crianças por homossexuais, “profissionaliza” a prostituição e (pasmem!) inclui o candomblé no currículo das escolas. Diz a Bíblia que “Mas os homens perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados” (2 Tm 3.13). 3.2 A Igreja deve se posicionar! A Igreja do Senhor serve à Bíblia, não o contrário! Assim, devemos nós, como servos de Deus e Igreja do Senhor Jesus, seguirmos com diligências os preceitos da Palavra de Deus (Sl 119.4). A Bíblia alerta-nos como Igreja de Cristo: “para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo, preservando a palavra da vida” (Fp 2.15,16). Não devemos nos tornar condizentes com o mau procedimento deste mundo tenebroso, mas permanecermos inabaláveis nos santos preceitos da Palavra de Deus. Você é fiel à sua esposa (ou ao seu esposo)? Você compra e paga suas dívidas? Sua linguagem é pura e santa? Como vai seu testemunho? Você tem vergonha de que o mundo saiba que tu és servo do Senhor? Abraçemos toda a verdade bíblica pautando sempre por um proceder santo perante Deus, perante a nossa família, perante a Igreja e perante o mundo. Conclamemos o mundo ao arrependimento em Cristo, pois só Ele é a resposta! 106


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável Os tempos da pós modernidade que estamos presenciando são tempos de grande decadência moral. Os valores éticos e morais tão necessários são esquecidos e as pessoas cada vez mais vivem de maneira irresponsável e sem temor a Deus. O adultério, embora tido como algo imoral, é livremente praticado por muitas pessoas, que em desrespeito ao cônjuge, se lançam num relacionamento extra-conjugal. O sexo livre praticado entre adolescentes e jovens é até, de certa forma, incentivado pela mídia. A idéia que a sociedade, de uma forma geral, tem sobre “sexo seguro” está relacionada ao uso de preservativos. Mas é na Bíblia que encontramos conceito correto de “sexo seguro”: “Fujam da imoralidade sexual!” (1 Co 6.18). Sexo seguro é aquele que é feito no casamento, com alguém com quem namoramos, noivamos e nos casamos; com quem mantemos um relacionamento sério e responsável! É curioso saber que o historiador Arnold Tonbee, ao pesquisar as 21 civilizações notáveis da História, pôde descobrir que 19 delas pereceram não por causa da invasão de exércitos inimigos, mas pelo apodrecimento moral interno14. Com certeza, muitas das mazelas que afligem a sociedade é fruto do seu próprio apodrecimento moral. 4. A IMPARCIALIDADE DA BÍBLIA Querido eventos eventos detalhes

leitor, se ao escrever um livro que relatasse vários que ocorreram em determinado tempo e nesses você mesmo estivesse inserido, você escreveria comprometedores sobre você mesmo? Detalhes que 107


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável deixariam você constrangido? Acredito que dificilmente você incluiria tais detalhes. Mas você não seria uma exceção, pois nenhum escritor ao escrever um livro incluiria detalhes que o deixariam constrangido. Mas, e se você fosse escrever a respeito de outras pessoas muito importantes, sem, contudo falar de você mesmo, você teria coragem de incluir detalhes embaraçosos sobre essas pessoas ilustres, tal como um presidente ou outra qualquer figura importante? É bem verdade que muitos articulistas fazem isto escrevendo para jornais e revistas, mas ainda assim não é fácil publicar tais escritos, visto serem pessoas de grande relevância para a sociedade. Agora, olhe para a Bíblia Sagrada. É justamente isto que vemos em muitos dos escritores bíblicos: eles incluíram detalhes constrangedores sobre si mesmos e também sobre outras pessoas ilustres da própria história bíblica. Esse fato constante na Bíblia Sagrada revela que os seus escritores não fizeram partido seu ou de outrem enquanto escreviam os livros bíblicos – eles foram imparciais e isso é uma clara evidência de que a Bíblia procede de Deus, haja vista que o homem tem sempre uma grande tendência de defender a si mesmo e muitas vezes faz isso até de forma injusta! O quem vem a ser “imparcialidade bíblica?” É a característica peculiar que o Livro dos livros tem de dar toda glória somente a Deus. A Bíblia não foi escrita tendo por objetivo agradar a reis, a imperadores, ou mesmo aos próprios escritores bíblicos. Ao contrário, ela descreve os fatos tal 108


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável como eles aconteceram e relata os êxitos como também os fracassos dos homens de Deus nela descritos. Vemos essa verdade de forma explícita nas palavras de Pedro: “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pe 1.21 – ARC). Como vemos, a Bíblia não é produto direto da volição humana, mas sim da soberana vontade de Deus. O Pastor Antonio Gilberto, com muita propriedade, declara a respeito da imparcialidade bíblica: “Se a Bíblia fosse um livro originado do homem, ela jamais poria a descoberto as faltas e falhas dele. Os homens jamais teriam produzido um livro como a Bíblia, que só dá toda glória a Deus e mostra a fraqueza do homem”. 5. EVIDÊNCIAS BÍBLICA

CLARAS

DA

IMPARCIALIDADE

A seguir, serão consideradas algumas evidências dessa imparcialidade presente nas Escrituras. Nem todos atentam para o fato de que a Bíblia apresenta sim indicativos claros de que sua mensagem se mostra justa e equilibrada, valorizando a equidade e a fidelidade, tanto no ensino como no registro dos fatos. 5.1 A imparcialidade bíblica verificada nos seus escritores É interessante observar que a Bíblia mostra as virtudes dos grandes homens de Deus por ela mencionados. Relata os grandes feitos, a fé extraordinária, a operação de milagres 109


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável mediante o poder de Deus em suas vidas, grandes sermões, etc. Mas essa mesma Bíblia mostra também os fracassos desses mesmos homens de Deus! A mesma Bíblia que diz que Davi venceu o gigante Golias é a mesma que diz que o gigante lascívia venceu a Davi (compare 1 Sm 17 com 2 Sm 11); a mesma Bíblia que diz que o apóstolo Paulo orou por um jovem chamado Êutico e ele ressuscitou é também a mesma Bíblia que diz que esse mesmo Paulo (antes chamado Saulo) consentiu na morte de Estevão (At 20.7-12 com At 7.54-60; 8.1); a mesma Bíblia que relata o poderoso sermão pregado por Pedro no dia de Pentecostes e que mediante essa pregação quase três mil almas se converteram é também a mesma Bíblia que nos conta que esse mesmo Pedro negou o Senhor por três vezes (compare At 2.14-41 com Mt 26.69-75; Mc 14.66-72; Lc 22.55-62 e Jo 18.15-18,25-27). A Bíblia faz tais registros para a nossa instrução e advertência, a fim de evitarmos semelhantes erros (Rm 15.4; 1 Co 10.11). Como dito pelo Pr. Antonio Gilberto, a Bíblia só dá toda glória a Deus! Ela mostra a fraqueza dos homens mas também mostra que Deus é quem capacita o fraco. Assim declarou Ana, a mãe do profeta Samuel: “O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz subir. O Senhor empobrece e enriquece; abaixa e também exalta. Levanta o pobre do pó e, desde o monturo, exalta o necessitado, para o fazer assentar entre os príncipes, para o fazer herdar o trono de glória; porque do Senhor são as colunas da terra, e assentou sobre elas o mundo” (1 Sm 2.6-9). 110


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável 5.2 Os escritores bíblicos não omitiram a verdade sobre si mesmos Nenhum outro livro no mundo possui um grau de sinceridade e verdade tão elevado quanto a Bíblia Sagrada. Ela é tão imparcial e direta que ao mesmo tempo em que mostra as qualidades e os feitos extraordinários daqueles que confiaram no Senhor, mostra também as fraquezas e as falhas cometidas por esses mesmos servos do Senhor. Às vezes, até mesmo o próprio escritor de determinado livro da Bíblia não omite a verdade a seu respeito, mesmo quando esta não lhe é favorável. Veja o exemplo de Davi em sua oração ao Senhor no Salmo 51, onde pede a Ele o perdão por seu pecado com Bate-Seba. Davi é enfático e não faz rodeios: “Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mau perante os teus olhos” (Sl 51.4 – grifo meu). Vemos isso também na vida do maior erudito da igreja primitiva, o apóstolo Paulo. Aliás, vemos nesse exemplo de Paulo uma preciosa lição para muitos crentes que são indiferentes para com os perdidos se esquecendo de onde foi que Jesus os tirou! Paulo é direto e conclusivo: “Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério, a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente” (1Tm 1.12,13a – grifo meu). Aos coríntios, ele não nega seu passado: “Porque eu sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus” (1 Co 15.9). 111


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável 5.3 A imparcialidade dos escritores do NT Os escritores do Novo Testamento também são sinceros em seus relatos. Eles não escondem que os discípulos muitas vezes não entendiam o que o Senhor Jesus dizia, lembrando que em alguns casos, alguns escritores do Novo Testamento estão eles mesmos incluídos nesses relatos, como João, por exemplo (Mc 9.32; Lc 18.34; Jo 12.16). Os escritores neotestamentários também não escondem que os discípulos, quando da prisão do Mestre, fugiram como covardes deixando-o só, com exceção de João e das mulheres que o acompanharam até a crucificação (Mt 26.56; Jo 19.25-27). Eles também não deixam de relatar que foram as mulheres as primeiras a saberem da ressurreição de Jesus. Isso é curioso, visto que naquela época o testemunho de uma mulher não era considerado confiável e nem tinha peso num tribunal. No entanto, os escritores dos quatro evangelhos registram isso (Mt 28.1-10; Mc 16.1-8; Lc 24.1-12; Jo 20.1-10). Mais interessante ainda é saber que uma das mulheres – Maria Madalena – havia sido anteriormente possuída por demônios, e o evangelista Lucas admite isso, mas não deixa de incluir que ela estava entre as primeiras testemunhas do sepulcro vazio (Lc 8.2; 24.10). O Novo Testamento também não esconde que mesmo as mulheres afirmando que Jesus havia ressuscitado, além das diversas vezes que o próprio Jesus disse que ressuscitaria, os discípulos tiveram dificuldades para acreditar. Um deles chegou a dizer “Se eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o dedo, e não 112


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável puser a mão no seu lado, de modo algum acreditarei” (Jo 20.24,25 – cf. também (Mt 12.39-41; 17.9, 22, 23; Jo 2.18-22; 3.14-18). Querido leitor, agora reflita, será que os escritores do Novo Testamento iriam incluir estes fatos inusitados se estivessem mentindo? Só podemos chegar à uma conclusão: eles foram imparciais, falando somente a verdade, independentemente se eles mesmo ficariam bem na história ou não! CONCLUSÃO De fato, a imparcialidade da Bíblia é maravilhosa! Josh McDowel, escritor evangélico norte-americano afirma: “Um aspecto espantoso da Bíblia é a franqueza com a qual ela trata as deficiências das pessoas e até mesmo as falhas de seus próprios autores. Ela pinta um retrato realista de suas personagens, resistindo à tentação de mitificá-los ou aperfeiçoá-los. Por exemplo, o livro de Gênesis revela que Noé, o grande homem de Deus que salvou o remanescente da humanidade do dilúvio, foi encontrado uma vez completamente embriagado [...] O fato de as personalidades bíblicas serem imperfeitas não prejudica a mensagem da Bíblia: é a santidade do Senhor Deus que ela proclama, não a perfeição dos seus seguidores e profetas. Mas Jesus, a maior personalidade revelada na Bíblia, Aquele a respeito de quem toda a Bíblia de certa forma fala, encontra-se descrito como sendo sem pecado”. Como não concordar com ele!? De fato, a Bíblia é a Verdade! Aleluia! 113


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável

Exercícios do capítulo 4 Relacione a COLUNA A de acordo com a COLUNA B COLUNA A

COLUNA B

A

Segundo ___________ ( caráter é aquilo que somos no escuro.

)

as mulheres

B

Dado à sua ( identificação com a Bíblia, os crentes foram por vezes chamados de

)

“íntegro” “integridade”

C

Os escritores do Novo ( Testamento não omitiram que ____________ foram as primeiras e encontrar o sepulcro vazio.

)

D. L. Moody

D

Na Bíblia encontramos ( várias vezes algumas palavras que correspondem ao princípio de

)

114

o viver segundo os padrões estabelecidos por Deus em sua Palavra.


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável moralidade, tais como __________ ou __________ .

E

É aí que está o real ( sentido da vida cristã:

115

)

Os "bíblias".


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável

5 A Bíblia e o Seu Autor “Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor” (Oséias 6.3a).

INTRODUÇÃO Como pudemos verificar em lições anteriores, vários fatores tornam a Bíblia o Livro incomparável. A Bíblia é obra literária singular, de valor único, de modo que não se produziu e nem jamais se produzirá outro livro que se iguale ao Livro dos livros. Além de seu elevado nível literário, a Bíblia também pode ser consultada como fonte de História Antiga, haja vista não haver nela qualquer tipo de erro histórico, de modo que nesse quesito ela é mais que aprovada. Enfim, são vários os aspectos pertinentes à Bíblia que poderíamos aqui citar quanto ao seu valor como livro, os quais trazem benefícios para aqueles que a lêem. Verificamos ainda que a Bíblia não apenas contém a Palavra de Deus, mas que ela é a Palavra de Deus, isto porque ela é totalmente inspirada por Deus. É preciso frisar o fato de que é possível à alguém reconhecer todos esses fatos pertinentes à Bíblia Sagrada, inclusive o de que ela é a Palavra de Deus, sem, contudo, essa mesma pessoa não conhecer a Deus. Eis aí uma grande verdade! A maior realização para o leitor da Bíblia é quando ele conhece 116


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável o Autor dela! Deus deseja que conheçamos Sua Palavra para que O conheçamos cada vez mais. As maiores revelações do texto bíblico Ele dá para aqueles que tem comunhão com Ele! Que nossa iniciativa em ler e estudar a Bíblia seja movida pelo intenso desejo de conhecermos mais a Deus e de nos achegarmos à Ele. 1. DEUS, O AUTOR DA BÍBLIA Não resta dúvida de que Deus é o Autor da Bíblia. A própria Bíblia evidencia isso claramente. Embora escrita por cerca de 40 escritores, a Bíblia é fruto da inspiração divina sobre os escritores levando-os a escrever os 66 livros que compõe este volume chamado Bíblia. Na Palavra escrita de Deus encontramos 2.800 vezes a expressão “Assim diz o Senhor”, que é tal qual um carimbo de autenticação divina sobre a Bíblia Sagrada. Os cinco primeiros livros do AT, ou seja, o Pentateuco, denominados de “o livro da Lei de Moisés” (Js 8.31,32), ou simplesmente “Lei de Moisés” (Lc 24.44), são também chamados de “a Lei do Senhor” (Êx 13.9), ou ainda “Livro da Lei do Senhor” (2 Cr 17.9). Notai a expressão “... do Senhor”, que indica que esses livros vieram de Deus. Em toda a extensão do texto bíblico, seja no AT, seja no NT, encontramos expressões equivalentes a essa, que indicam claramente que os 66 livros bíblicos procederam de Deus. O Espírito Santo mesmo testifica isso em nosso coração – que a Bíblia tem como Autor o Senhor, nosso Deus. Como não reconhecer isso quando lemos as páginas sagradas? 117


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável 2. A BÍBLIA COMO REVELAÇÃO ESPECIAL DE DEUS Ao contrário do que ensinam certas filosofias, a Bíblia mostra claramente que o desejo de Deus é se fazer conhecido ao homem que Ele criou; aliás, a própria Bíblia em si mesma já demonstra isso, afinal, ela está cheia de narrativas que descrevem relacionamentos entre Deus e o homem. Vemos isso na vida dos patriarcas, tais como Abraão, Isaque, Jacó, etc. Vemos o amor de Deus e a Sua intervenção manifestos na história de um povo chamado Israel, desde as suas origens em Abraão, passando pelo seu livramento da escravidão no Egito sob a liderança de Moisés, na condução pelo deserto e na conquista de Canaã, no período dos juízes e no período profético e chegando até os tempos do NT (Sl 135.4; At 7.153). Na verdade, segundo a Bíblia, Deus continua tratando com este povo e assim continuará até culminar no retorno visível de Cristo sobre o monte das Oliveiras e no Milênio, quando então cumprir-se-ão promessas divinas pertinentes a este povo (cf. Gn 15.18; Zc 14.4; At 1.11; Ap 19.11-20.6). E o que dizer do relacionamento de Deus com a sua Igreja, através de Cristo, que é o Cabeça da Igreja (Ef 5.23; Cl 1.18)? Este povo, a Igreja, que é constituído tanto de judeus como de gentios (Ef 2.13-16) é também uma prova viva de que Deus se relaciona com a humanidade. Em Atos dos Apóstolos, vemos como Deus agiu em favor da Igreja nos seus primeiros passos, salvando vidas, curando enfermos, operando sinais extraordinários a fim de que o Seu Nome fosse glorificado através dos Seus. Enfim, como podemos ver, Deus se revelou, 118


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável e se Ele se revelou é porque está interessado em relacionar-se. Veremos a seguir o que é a chamada “revelação especial”. 2.1 O que é a revelação especial? Etimologicamente falando, a palavra “revelação” vem do latim revelatione e significa “revelar”, “tirar o véu”, “descobrir”. Teologicamente falando, a revelação é uma ação divina, ou seja, é uma atitude que parte de Deus para a humanidade, comunicando a ela o seu incomparável amor e compaixão (Jo 3.16-18). Quando estudamos o Ser de Deus vemos que Ele se revelou através de duas formas principais, sendo elas: a “revelação geral” e a “revelação especial”. A revelação geral, também chamada de “revelação natural”, é a revelação que Deus faz de Si mesmo através da natureza, na criação, nas suas intervenções através da História e no senso interior de Sua existência que Ele mesmo colocou em cada ser humano, embora muitos queiram negar a existência DEle (veja o que Paulo diz em Romanos 1.19-21). Já a revelação especial é aquela revelação que Ele faz de Si mesmo de forma mais específica. Essa revelação se dá de duas formas: através da Palavra Viva de Deus – o Senhor Jesus Cristo, o Verbo encarnado – (Jo 1.1,14), e através da Palavra escrita de Deus – a Bíblia Sagrada – (Jo 5.39). C. S. Lewis, tratando da revelação especial de Deus, afirma com muita propriedade: “Deus nunca se faz de filósofo diante de uma lavadeira”. De fato, na Bíblia Deus se revela de modo vívido e claro a todos os homens. É através da Palavra escrita de Deus que 119


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável conhecemos a história e o plano de Salvação em Cristo Jesus. A revelação especial de Deus é a prova mais que concreta de que Deus se preocupa com o homem que criou e deseja salvar o maior número possível de pessoas. Na revelação especial de Deus vemos também manifesta a evidência de que Deus é o Autor da Bíblia, pois ela é, como já dito, a revelação específica de Deus à humanidade. 2.2 Porque uma revelação escrita? Nos tempos do AT, Deus usou meios diversos para comunicar sua vontade aos homens, como por exemplo, os próprios anjos (Gn 18,19). O urim e o tumim também foram meios que Deus usou para revelar sua vontade nos tempos veterotestamentários (Êx 28.30). Deus também falava com voz audível, como vemos no caso do jovem Samuel (1Sm 3), através de milagres, como na travessia do Jordão (Js 3). Porém, é preciso frisar que embora esses meios fossem eficazes na transmissão do querer de Deus, eles continham deficiências. Os teólogos norte-americanos Geisler e Nix afirmam: “Todos esses veículos sofriam algum tipo de limitação ou deficiência. Enviar um anjo para que entregasse cada mensagem de Deus, a cada ser humano, em cada situação, ou empregar vozes audíveis e milagres diretos, tudo isso seria difícil de administrar e repetitivo. Lançar sorte ou a simples resposta positiva ou negativa advinda do Urim e do Tumim eram limitados demais, em comparação com outros veículos de comunicação de massa com maior amplitude e 120


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável melhores recursos, sendo capazes de prover descrições minuciosas. Outros meios de comunicação, como visões, sonhos e as vozes da consciência ou da criação, em certas ocasiões sofriam a influência do subjetivismo, da distorção cultural e até da corrupção”22. Deus, em Sua infinita sabedoria, proveu que Sua Palavra ficasse registrada de forma escrita, chegando até nós, hoje. As vantagens de uma revelação escrita se verificam no fato de que aquilo que é escrito é mais preciso do que aquilo que é simplesmente dito, verbalmente. Outra vantagem é a objetividade, haja vista que quando um escritor escreve um livro ele tem em vista o leitor e por isso preocupa-se que ele compreenda a mensagem que está escrevendo. Vemos isso na declaração de Lucas (cf. Lc 1.3,4 – note a preocupação de Lucas no sentido de que Teófilo tivesse plena certeza). Outra grande vantagem em se ter uma mensagem escrita é a da disseminação, ou seja, a divulgação. De fato, o texto bíblico escrito foi capaz de ir longe, bem mais longe que os próprios escritores bíblicos. E porque não citar a vantagem da reflexão, ou seja, quando lemos determinado texto temos ótima possibilidade de refletir sobre ele, pois podemos ler e reler. Louvemos a Deus por Ele, em Sua infinita sabedoria, ter provido que Sua Palavra chegasse até nós na forma escrita.

22

GEISLER. NIX, 1997, p. 124.

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável 3. DEUS FALA CONOSCO ATRAVÉS DA BÍBLIA Na Bíblia, Deus está a falar conosco. Veja a ação do Espírito Santo no sentido de salvar o eunuco, quando Ele ordena a Filipe: “Aproxima-te desse carro e acompanha-o” (At 8.29). O eunuco lia justamente uma passagem bíblica! A partir deste fato, Filipe pode iniciar um diálogo com ele, mostrando-lhe Jesus, o Salvador Eterno. É na Bíblia que Deus revela sua vontade para conosco, nos admoesta e também exorta; ela é o nosso infalível “mapa” em nossa peregrinação. Na Bíblia, Deus fala conosco das seguintes maneiras: 3.1 Nos conduzindo Quantos estão a sofrer em suas vidas por causa de decisões erradas que tomaram em suas vidas, e outros até morrem! Mas é na Bíblia que Deus conduz os seus. Felizes aqueles que pautam o seu viver de acordo com o Livro incomparável, é o declara o salmista: “Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes, o seu prazer está na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite. Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido” (Sl 1.13). O autor destas linhas tem experimentado essa verdade bíblica em sua própria vida!

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Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável 3.2 Nos fazendo promessas Existem na Bíblia cerca de 32 mil promessas! É claro que quando nos aprofundamos um pouco mais no assunto das promessas bíblicas, haveremos de constatar que nem todas as promessas bíblicas são para nós. Há promessas que são para Israel, como povo. Outras que são para a Igreja, como povo. Outras que são para indivíduos, especificamente, como no caso de Abraão, por exemplo. Mas há muitas promessas bíblicas que são para nós individualmente, promessas essas que alcançam milhões de pessoas em todo o mundo. Dentre elas, a promessa de vida eterna a todos os que crêem em Cristo Jesus (Jo 3.16,36; 4.14; 5.24), a promessa do revestimento de poder (At 2.1-4,39), etc. Com respeito às promessas de Deus para nossas vidas, cito as palavras de determinado escritor evangélico: “Se fosse concedido a alguém acesso aos cofres de um banco e lhe dissessem para tirar dali tudo quanto quisesse, e ele saísse com apenas um cruzeiro, quem seria o culpado de sua pobreza? De quem é a culpa se os filhos de Deus vivem, geralmente, com porções tão pequenas das riquezas gratuitas de Deus?”. Como não concordar com ele? Apossemo-nos das promessas bíblicas para nós! 3.3 Nos consolando Em meio aos sofrimentos da nossa peregrinação nesta vida, como são necessários os consolos do Divino Consolador, o Espírito Santo. É na Bíblia que encontramos o consolo de 123


Bibliologia: Bíblia, o livro incomparável Deus para nossas vidas. Você consegue ouvir o consolo de Deus para sua vida na Palavra de Deus, amado leitor? A Bíblia está cheia de consolação. Como já vimos, por 365 vezes encontramos a expressão “não temas”, e isso dá uma para cada dia do ano, ou seja, todos os dias Deus está dizendo para os seus “não temas”. Não importam as circunstâncias, as necessidades, as calúnias, traições, enfim, todo o mal que nos advém, Deus continua dizendo: “não temas”. O Senhor Jesus disse: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim” (Jo 14.1). Como vemos nas palavras do Mestre, a nossa segurança advém da nossa confiança nEle. Creiamos no Deus Todo-Poderoso (Gn 17.1). CONCLUSÃO É com grata satisfação que concluímos esta série de lições sobre o Livro incomparável. Nossa oração a Deus é para que você, amado leitor ou amada leitora, possa se dedicar cada vez mais ao estudo e leitura da Palavra de Deus, pois ela é fonte de riqueza espiritual para os filhos de Deus. Ela é incomparável, é a Palavra de Deus e não apenas a contém, ela é indestrutível, inerrante, verdadeira, confiável, suficiente em matéria de fé, prática e doutrina, ela é imparcial, ela tem um elevado padrão moral e, por fim, o seu Autor é Deus! Diante dessas atribuições ao Livro dos livros, como não reconhecer que ele é o Livro incomparável!?

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Exercícios do capítulo 5 Marque com C para Certo e E para Errado 1. (

)

Encontramos nas Escrituras 2.800 vezes a expressão “Assim diz o Senhor”, que é tal qual um carimbo de autenticação divina sobre a Bíblia Sagrada.

2. (

)

Ao contrário do que ensinam certas filosofias, a Bíblia mostra claramente que o desejo de Deus é se fazer conhecido ao homem.

3. (

)

A revelação especial consiste naquela revelação de Deus à humanidade em que Ele se dá a conhecer aos homens através do Verbo encarnado e da Palavra escrita.

4. (

)

Uma das grandes desvantagens de uma revelação escrita é que ela não é durável como a comunicação/tradição oral.

5. (

)

Através das Escrituras, Deus fala conosco nos conduzindo, nos fazendo promessas e nos conduzindo.

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Bibliografia ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico: edição revista e ampliada e um suplemento biográfico dos grandes teólogos e pensadores. Rio de Janeiro: CPAD, 2010. COMFORT, Philip Wesley (ed.). A Origem da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 1998. GEISLER, Norman. Willian Nix. Introdução bíblica: como a Bíblia chegou a nós. São Paulo: Editora Vida, 1997. GILBERTO, Antonio. A Bíblia Através dos Séculos: uma introdução. 19ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007. HORTON, Stanley M. (ed.). Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal. Trad.: Gordon Chown. Rio de Janeiro: CPAD, 1996. OLIVEIRA, Raimundo Ferreira de. Seitas e heresias: um sinal do fim dos tempos. 26ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004. PFEIFFER, Charles F. HOWARD, Vos F. REA, John. (ed.s.). Dicionário Bíblico Wycliffe. 2ª ed. Trad.: Degmar Ribas Júnior. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.

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O autor Professor Roney Cozzer serve a Deus e a Igreja como presbítero e professor de teologia. É membro da Assembleia de Deus Central de Porto de Santana, Cariacica, ES, igreja esta liderada pelo Pastor Evaldo Cassotto. É casado com Dolarize Alves desde 2003, com quem tem uma linda filha, a Ester Alves Cozzer. Formou-se inicialmente pelo Curso Médio de Teologia da EETAD (Escola de Educação Teológica das Assembleias de Deus), vindo depois a graduar-se em Teologia. Realizou o Curso de Extensão Universitária “Iniciação Teológica” da PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro). É mestre em Teologia pela FABAPAR (Faculdades Batista do Paraná) na Linha de Pesquisa Leitura e Ensino da Bíblia. Possui formação em Psicanálise Clínica, é Licenciado em Pedagogia com pós-graduação em Psicopedagogia Clínica, e Licenciado em História com pós-graduação em Metodologia do Ensino da História e Geografia. Participou como autor e pesquisador do Projeto Historiográfico do Departamento de Missões das Assembleias de Deus do Vale do Rio Doce e Outros (DEMADVARDO) entre os anos de 2016 e 2018 e é membro do Grupo de Pesquisa "Perquirere: Práxis Educativa na Formação e no Ensino Bíblico". Serviu e serve como professor de teologia em seminários e cursos de teologia na Grande Vitória, além de ministrar palestras nas áreas de Bíblia, Teologia, Família, Educação Cristã e Mídia e Cristianismo. É administrador pedagógico do Instituto de Educação Cristã CRER & SER e coordenador do Curso de Teologia EAD da Faculdade Unilagos, em Araruama, no Rio de Janeiro, onde reside atualmente com sua família. CONTATOS E ATIVIDADE DO AUTOR roneycozzer@hotmail.com roneyricardoteologia@gmail.com Site Teologia & Discernimento Currículo Lattes: lattes.cnpq.br/3443166950417908

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