INTRODUÇÃO AO ANTIGO TESTAMENTO PENTATEUCO, LIVROS HISTÓRICOS, POÉTICOS E PROFÉTICOS Roney Cozzer
Introdução ao Antigo Testamento
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Introdução ao Antigo Testamento Revisão: Roney Cozzer Diagramação: Roney Cozzer Capa: Elias Mendonça _______________________________
COZZER, Roney. 1984 COZZER, Roney. Introdução ao Antigo Testamento: Pentateuco, Livros Históricos, Poéticos e Proféticos. Cariacica, ES: Instituto de Educação Cristã CRER & SER, 2018. Introdução. Antigo Testamento. Bíblia. 144 pp.: 14 x 21 cm | ISBN: 978-85-63434-66-1 Inclui referências bíblicas e bibliográficas. 1. Introdução. 2. Antigo Testamento. 3. Bíblia. É permitida a reprodução parcial desta obra desde que citados o autor e o título da obra e que seja feita sem fins lucrativos.
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Contatos e atividades do autor na internet: Site: teologiaediscernimento.wordpress.com Blog Fundamentos Inabaláveis E-mail: roneyricardoteologia@gmail.com
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Introdução ao Antigo Testamento
SUMÁRIO Lista de siglas utilizadas neste livro.........................
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Prefácio | Hernandes Dias Lopes.............................. 10 Apresentação.................................................................. 12 1. Introdução ao Antigo Testamento e o Pentateuco...................................................................... 16 2. Os Livros Históricos................................................. 36 3. Os Livros Poéticos....................................................
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4. Os Profetas Maiores.................................................
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5. Os Profetas Menores................................................
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Referências..................................................................... 140
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Lista de siglas utilizadas neste livro
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om o intuito de ganhar tempo e espaço, no decorrer deste livro são utilizadas algumas siglas. Uma sigla nada mais é do que a abreviatura de um título ou denominação, geralmente composta pelas letras iniciais das palavras que compõe este título ou denominação. Tomemos como exemplo a sigla ARC, que remete ao título Almeida Revista e Corrigida, uma das versões da Bíblia em português publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil1. Frequentemente são utilizadas as siglas AT, para Antigo Testamento, e NT, para Novo Testamento. Neste livro você também encontrará citações bíblicas e versículos bíblicos transcritos. Logo a seguir você encontrará duas tabelas com as siglas dos livros da Bíblia. Como versão oficial para as referências bíblicas transcritas neste livro, foi adotada a versão Almeida Revista e Atualizada (ARA), publicada pela SBB, por ser ela uma versão de grande aceitação entre o público brasileiro e de mais fácil compreensão para o leitor. Além da ARA, são utilizadas ainda outras versões como a NVI (Nova Versão Internacional), por questões didáticas. Assim, o autor deste livro deseja que os comentários deste livro possam ser uma benção para você e toda a sua família, estimado(a) leitor(a). É para você que este trabalho foi carinhosamente preparado!
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Também representada por uma sigla: SBB.
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Introdução ao Antigo Testamento A seguir, você tem as siglas que utilizamos neste livro com seus respectivos significados e também as siglas dos livros da Bíblia, em ordem alfabética: 1 Co: 1 Coríntios 1 Cr: 1 Crônicas 1 Jo: 1 João 1 Pe: 1 Pedro 1 Re: 1 Reis 1 Sm: 1 Samuel 1 Tm: 1 Timóteo 1 Ts: 1 Tessalonicenses 2 Co: 2 Coríntios 2 Cr: 2 Crônicas 2 Jo: 2 João 2 Pe: 2 Pedro 2 Re: 2 Reis 2 Sm: 2 Samuel 2 Tm: 2 Timóteo 2 Ts: 2 Tessalonicenses 3 Jo: 3 João Ag: Ageu Am: Amós Ap: Apocalipse ARA: Almeida Revista e Atualizada ARC: Almeida Revista e Corrigida AT: Antigo Testamento At: Atos Cap.: Capítulo Cf.: Confira
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Introdução ao Antigo Testamento Cl: Colossenses Ct: Cantares de Salomão Dn: Daniel Dt: Deuteronômio Ec: Eclesiastes Ed: Esdras Ef: Efésios Et: Ester Êx: Êxodo Ez: Ezequiel Fl: Filemon Fp: Filipenses Gl: Gálatas Gn: Gênesis Hb: Habacuque Hb: Hebreus Is: Isaías Jd: Judas Jl: Joel Jn: Jonas Jo: João Jr: Jeremias Js: Josué Jz: Juízes Lc: Lucas Lm: Lamentações de Jeremias Lv: Levítico Mc: Marcos Ml: Malaquias Mq: Miquéias
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Introdução ao Antigo Testamento Mt: Mateus Na: Naum Ne: Neemias Nm: Números NT: Novo Testamento NTLH: Nova Tradução na Linguagem de Hoje NVT: Nova Versão Transformadora Ob: Obadias Os: Oséias Pv: Provérbios Rm: Romanos Rt: Rute Sf: Sofonias Sl: Salmos Ss: Seguintes. Refere-se aos versículos seguintes que podem ir até o fim do capítulo citado ou não. Tg: Tiago Tt: Tito Vv: Indica pluralidade de versículos. Zc: Zacarias
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Prefácio
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into-me honrado de prefaciar esta preciosa obra sobre a Introdução ao Antigo Testamento. Faço isso, por vários motivos: Primeiro, a importância do trabalho. Roney é um estudioso sério. Ele escreveu com acuracidade bíblica, profundidade teológica e clareza metodológica. Este trabalho é fruto de pesquisa, de análise e investigação. Estou convencido de que a leitura deste livro vai enriquecer sua mente, fortalecer sua fé e edificar sua vida. Segundo, a necessidade da igreja. Hoje o Brasil é o país que mais imprime bíblias no mundo, mas ainda temos uma geração de analfabetos da Bíblia. Poucas igrejas têm um compromisso sólido com o ensino das Escrituras. Este trabalho do Roney vem ajudar a igreja a superar essa deficiência. Chama a igreja de volta às Escrituras e examina com cuidado os passos iniciais que um estudioso da bíblia deve dar para conhecer com mais exatidão as Escrituras. Terceiro, a vida do escritor. Roney é um homem de Deus, que conhecendo a Deus e amando sua Palavra compartilha conosco o fruto de seus estudos e contribui, assim, com a edificação da igreja. Meu desejo é que você leia este livro; e mais: que você estude os assuntos aqui abordados, com a mente aberta e o coração sedento para aprender tudo quanto Deus tem disposto nesse livro para o seu crescimento espiritual.
Hernandes Dias Lopes
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Apresentação
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studar o Antigo Testamento (AT) é sempre muito gratificante. Lembramo-nos aqui das palavras do apóstolo Paulo que diz: “Porque tudo que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito, para que, pela paciência e consolação das Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15.4 – ARC). Paulo, em Romanos 15.4, abre um parêntesis para incentivar seus leitores a estudar sempre o AT, pois ele é fonte de consolação e, consequentemente, de esperança para os crentes. Esta é a atitude que eu e você devemos ter em relação ao AT. Geralmente, nota-se um descaso para com o AT entre os crentes, dando-se mais valor ao NT. Nossa atitude para com o AT deve ser de cuidado e amor assim como para com o NT. Devemos amar a Bíblia por inteiro, embora tenhamos o NT como norma doutrinária para nossa vivência diária. Fica firme a verdade de que os princípios expostos no AT e suas narrativas históricas são para nós fonte de rico ensinamento e instrução para caminharmos na presença de Deus. Isaltino Gomes explica melhor este fato: Há um silêncio muito grande em nossas igrejas sobre o Velho Testamento... em boa parte das vezes, o seu uso é fragmentário, ou seja, citam-se versículos isolados, versículos que trazem verdades expressivas, como as promessas de conforto e de
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Introdução ao Antigo Testamento segurança. Não bastasse o conhecimento fragmentário... o que do Velho Testamento se divulga em nosso meio pode ser resumido a poucas passagens. Um Salmo que é lido numa devocional, alguma passagem messiânica em Isaías 11, 2 Crônicas 7.14, o nascimento de Moisés, as chamadas de Samuel e de Isaías, Daniel na cova dos leões, é quase tudo que se divulga sobre o Velho Testamento em nossas igrejas. A razão do pouco uso pode ser explicada. Afinal, é no Novo Testamento que nos descobrimos como Igreja de Cristo que somos. É nele que embasamos nossas doutrinas e posturas. Há muita coisa no Velho Testamento que não nos diz respeito e nem mesmo nos faz qualquer sentido. Algumas de suas prescrições são inadequadas para nós, prendendo-se a uma cultura perdida no tempo e no espaço. Por exemplo, o que significa para nossas igrejas e para nossas vidas toda a regulamentação sobre as vestes sacerdotais? É muito mais proveitoso debruçar-se sobre uma das cartas de Paulo e descobrir ali princípios para a igreja. Mas, como bem observa Wright ao discutir o assunto: "A Necessidade Que a Igreja tem do Antigo Testamento": "Que espécie de Cristo podemos apresentar sem o Antigo Testamento?"2.
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FILHO, 1994, pp. 13,14.
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Introdução ao Antigo Testamento O Antigo Testamento com seus 39 livros é geralmente dividido em quatro grandes seções; são elas: 1. O Pentateuco – inclui os livros de Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. 2. Os Livros Históricos – inclui os livros de Josué a Ester, sendo 12 livros ao todo. 3. Os Livros Poéticos – compõe-se dos livros de Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão, sendo cinco livros ao todo. 4. Os Livros Proféticos – compõe-se de 17 livros ao todo, de Isaías a Malaquias. Esta seção por sua vez está subdividida em duas partes: 4.1 – Profetas Maiores – é constituída dos livros de Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel e Daniel, sendo cinco livros ao todo. 4.2 – Profetas Menores – compõe-se de 12 livros: de Oséias a Malaquias. Nosso estudo do AT neste livro segue este esquema. Optamos sempre por “Antigo Testamento” ao invés de “Velho Testamento” pois entendemos que algo pode ser “antigo”, mas não velho! Isso se aplica muito bem ao Antigo Testamento, que embora escrito séculos atrás, continua sempre atual para nós como Palavra inspirada de
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Introdução ao Antigo Testamento Deus. Concluindo, desejo a você uma ótima Introdução ao Antigo Testamento!
Deus o abençoe ricamente neste sentido! Em Cristo, Professor Roney Cozzer
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Introdução ao Antigo Testamento
1 Introdução ao Antigo Testamento e o Pentateuco “Hoje em dia a tendência é valorizar mais o NT do que o AT. Creio que há concordância geral de que o conhecimento do AT é necessário para a compreensão do NT... Ele registra a preparação para o evangelho, é o relato do que aconteceu antes, sem o que o evangelho não pode ser compreendido adequadamente. Além disso, o NT está de tal modo repleto de citações do AT que o conhecimento deste é tão essencial para a sua apreciação...” (F. F. Bruce).
INTRODUÇÃO
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esta lição, estudaremos a estrutura do AT, a primeira das duas grandes seções da Bíblia Sagrada, que abrange maior número de livros que o Novo Testamento. É no AT que temos os cinco livros que compõem o Pentateuco, que narram o começo de todas as coisas e o início da história do povo hebreu após sair do Egito, depois de um período de 430 anos como escravo. Depois, temos os livros históricos, em seguida os poéticos e, por fim, os livros proféticos. 16
Introdução ao Antigo Testamento O conhecido teólogo F.F. Bruce fala sobre a importância do Testamento Antigo: “[...] nas primeiras gerações da sua existência a única Bíblia da igreja cristã era o AT, e ela se deu muito bem tendo somente o AT. Quando nosso Senhor afirma que “são as Escrituras que testemunham a meu respeito” (Jo 5.39), ele está se referindo às Escrituras do AT. Quando é dito a Timóteo que “toda Escritura é inspirada por Deus”, a referência é àqueles escritos sagrados com que Timóteo estava familiarizado desde a infância – ou seja, os escritos do AT (a propósito, na versão LXX). Tomóteo é lembrado que esses são os escritos “que são capazes de torná-lo sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus” e que proporcionam uma instrução abrangente e completa “para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra” (2 Tm 3.15-17). Era do AT que os primeiros pregadores cristãos, seguindo o exemplo do seu Mestre, extraíam seus textos; e o faziam de maneira formal e expressa quando se dirigiam a audiências judaicas e de maneira implícita quando pregavam aos gentios. Assim como Jesus afirmou que não viera aboliar a Lei os Profetas, mas para cumpri-los (Mt 5.17), Paulo também afirma que a Lei e os Profetas testemunham do evangelho da Justificação pela fé (Rm 3.21,22)”.3
É importante que se saliente aqui dois fatos relativos à estrutura do AT. Primeiro, que essa classificação dos livros do AT em grupos de assuntos deriva da Septuaginta (representada pelos algarismos romanos LXX), a tradução 3
BRUCE, 2009, pp. 3,4.
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Introdução ao Antigo Testamento do AT para o grego, feita entre os séculos II e III a.C., aproximadamente. A ordem em que os livros se encontram em nossas bíblias vem dessa tradução, não levando em conta a ordem cronológica. Segundo, que a Bíblia Hebraica é o mesmo AT que consta em nossas bíblias – o NT não aparece. Porém, a quantidade, ordem e classificação dos livros na Bíblia Hebraica é diferente do nosso AT. A quantidade de livros é de apenas 24, pois os judeus consideram um só livro os dois de Samuel, os dois de Reis, os dois de Crônicas, os de Esdras e Neemias e os doze profetas menores. A sequência também é diferente. A classificação dos livros na Bíblia Hebraica (ou Tanack) é dada da seguinte maneira: Lei, Profetas e Escritos. Jesus citou essa classificação em Lucas 24.44, só que ao invés de dizer Escritos Ele citou o livro dos Salmos, que é o primeiro dos Escritos. A palavra testamento vem do idioma grego (διαθηκη diatheke), e tem dois significados: 1) é um documento que contém a última vontade de alguém quanto à distribuição de seus bens materiais, só sendo válido após a sua morte; e, 2) pacto, acordo, aliança, concerto. Segundo a versão bíblica que estiver sendo usada pelo leitor, poderá ser encontrada a palavra aliança em lugar de testamento, como, por exemplo, o texto de Mateus 26.28, onde a ARC usa a expressão “o sangue do novo testamento”, enquanto a ARA diz “o sangue da nova aliança” – “aliança” é melhor tradução. Então, no AT temos a velha aliança, com seus ritos e 18
Introdução ao Antigo Testamento sacrifícios, mas no NT temos a nova aliança, efetuada no perfeito sacrifício de Cristo, que substitui a velha aliança (cf. Hb 9.11-22). 1. O ANTIGO TESTAMENTO E A SUA ESTRUTURA O AT tem 39 livros e é classificado em quatro partes, como veremos a seguir. Tem um total de 929 capítulos e 23.214 versículos. Um renomado teólogo afirma que a expressão “Antigo Testamento” foi aplicada pela primeira vez aos 39 livros por Tertuliano e Orígenes. Vejamos a partir daqui as quatro classificações do AT: 1.1 O Pentateuco A palavra “Pentateuco” também é de origem grega e significa “cinco livros”. Compõe-se dos cinco primeiros livros do AT: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Na Bíblia hebraica, eles são chamados de Torah (“instrução” em hebraico) e em manuscritos antigos, os cinco livros eram escritos num só rolo, de forma contínua. Essa divisão do Pentateuco em cinco livros vem da Septuaginta, bem como os nomes de cada um deles. Na Bíblia Hebraica, esses livros foram nomeados de acordo com as primeiras palavras que aparecem em seus textos, como por exemplo, Gênesis, que é intitulado de bereshit, que significa “no princípio” – de fato, é assim que começa o livro de Gênesis. Quanto à autoria desses livros, o comentarista deste livro é de posição conservadora, que 19
Introdução ao Antigo Testamento baseada em evidências bíblicas seguras afirma ser Moisés o escritor desses livros (cf. Mt 12.26; Lc 24.27; Rm 10.19 – nesta última referência, temos Paulo citando Deuteronômio 32.21 e atribuindo a autoria a Moisés). O Pentateuco trata do princípio de todas as coisas, da criação do Céu e da terra, bem como do ser humano e de toda a vida (animal e vegetal). Já nos primeiros capítulos de Gênesis temos a promessa do Redentor (cf. Gn 3.15). Vemos como Deus livrou os hebreus do cativeiro egípcio, que durou 430 anos, conduzindo-os para a terra de Canaã. No Pentateuco também vemos o perigo de negligenciarmos os preceitos do Senhor, caminhando pela desobediência. No Pentateuco, Deus prescreve como deveria ser preparado o Tabernáculo, o templo móvel onde Deus manifestaria sua glória. Também encontramos a consagração de Arão e seus filhos, bem como dos levitas para o ministério sacerdotal. O Pentateuco termina com a segunda geração de hebreus saídos do Egito às portas de Canaã, quando Moisés renova a aliança entre Deus e seu povo. 1.2 Livros Históricos São os livros que tratam da entrada de Israel em Canaã e as conquistas feitas nesse território. Abrange um período que vai desde a conquista, em 1.451 a.C., até o retorno do exílio babilônico, em 445 a.C. – um período aproximado de 1000 anos! Os livros históricos compreendem 12 livros, sendo 20
Introdução ao Antigo Testamento eles: Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester. 1.3 Livros Poéticos São cinco os livros poéticos: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão. Recebem o nome de poéticos pois o seu gênero literário é poesia. Isso não significa que eles sejam livros mitológicos, ou que sua inspiração não seja a mesma dos demais livros do AT, bem como do NT – eles são igualmente inspirados. No século um da nossa era, a Era Cristã, uma escola judaica chamada Shammai levantou dúvidas sobre a inspiração divina do livro poético de Cantares de Salomão. Mas a posição do Rabi Akiba ben Joseph (cerca de 50 – 132 a.D.) prevaleceu, quando declarou: “Deus nos livre! – Ninguém em Israel jamais contestou o Cântico dos Cânticos... pois todas as eras não valem o dia em que o Cântico dos Cânticos foi dado a Israel; pois todos os escritos são santos, mas o Cântico dos Cânticos é o mais Santo dos Santos”.4 1.4 Livros Proféticos São 17 livros ao todo; é a seção da profecia bíblica no AT. Os livros proféticos estão subdivididos em duas partes: Profetas Maiores e Profetas Menores. Usa-se as expressões 4
GEISLER, Norman L. HOWE, Thomas. Manual popular de dúvidas, enigmas e "contradições" da Bíblia. Trad.: Milton Azevedo Andrade. São Paulo: Mundo Cristão, 1999, p. 270.
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Introdução ao Antigo Testamento Maiores e Menores para referir-se ao tamanho do livro e à extensão do ministério do profeta; essas expressões não tem nada que ver com o mérito ou a notoriedade do profeta. Veja a seguir os livros classificados dessa forma: PROFETAS MAIORES Cinco livros Isaías
PROFETAS MENORES Doze livros Oséias
Jeremias
Joel
Lamentações de Jeremias
Amós
Ezequiel
Obadias
Daniel
Jonas Miquéias Naum Habacuque Sofonias Ageu Zacarias Malaquias
2. A IMPORTÂNCIA DE SE ESTUDAR O ANTIGO TESTAMENTO Infelizmente, em nossos cultos, fazemos pouca (ou nenhuma!) menção do AT. Geralmente, só nos reportamos à ele quando lemos um verso no livro dos Salmos, ou outros trechos conhecidos como 2 Crônicas 7.14 e etc. Mas a leitura e o estudo do AT é de fundamental importância na 22
Introdução ao Antigo Testamento compreensão de toda a Bíblia. Não devemos jamais menosprezar o estudo sistemático da primeira seção da Bíblia que é, inclusive, a maior parte das Escrituras. 2.1 Jesus e o Antigo Testamento Muitos se esquecem que a “Bíblia” que Jesus usou foi, na verdade, o Antigo Testamento, haja vista que o NT começaria a ser escrito anos mais tarde, após a sua ascenção aos Céus. Algumas ações de Jesus com relação ao AT mostram o quanto Ele o valorizava. Ele leu o AT e era íntimo dele, como depreendemos de Lucas 4.16-20, quando a Bíblia diz que Jesus “...achou o lugar onde estava escrito.” (v. 17). Ora, em nossas bíblias modernas é muito fácil encontrar qualquer passagem, mas nos dias de Jesus não havia o nosso sistema atual de referências bíblicas e com certeza era dificílimo “achar o lugar onde estava escrito”. O Senhor Jesus também cumpriu todo o AT em seu viver e proceder, como lemos em Lucas 24.44. Ele também ensinou o AT (Mt 21.23; Lc 24.27); Ele citou o AT (Mt 4.4,7,10; 21.23); Ele também se referiu ao AT como “Palavra de Deus”, como vemos em Marcos 7.13. Sigamos, pois, o exemplo do Mestre Supremo, dedicando-nos com todo zelo a estudar as Escrituras Sagradas no AT. Que riqueza fluirá para nossas vidas dali!
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Introdução ao Antigo Testamento 2.2 A Igreja primitiva, os apóstolos e o Antigo Testamento É digno de nota que a Igreja primitiva e os apóstolos fizeram uso do AT como padrão de conduta e viver. É o que verificamos logo na primeira mensagem pregada, no dia de Pentecostes, por Pedro, quando ele informa aos seus ouvintes que o que havia acontecido ali era o início do cumprimento de uma das mais belas promessas contidas no AT – o derramar do Espírito Santo – como descrito em Joel 2.28-32 (cf. At 2.16-21). Eles tinham o AT como Palavra de Deus! A mesma atitude devemos ter nós também, hoje. Muitas são as citações do AT feitas pelos escritores do NT. Paulo, por exemplo, refere-se ao AT como “Escritura” (1 Tm 5.18) e declara que “...Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil ...” (2 Tm 3.16). Tiago e Pedro, em suas epístolas, assim como Paulo, também se referem ao AT como Escritura (cf. Tg 2.8,23; 4.5; 1 Pe 2.6; 2 Pe 1.20; 3.16). Vemos nesses exemplos o valor que os apóstolos davam ao AT. Façamos o mesmo! 3. O PENTATEUCO 3.1 Considerações Iniciais Na Bíblia Hebraica, o Pentateuco é chamado de Torah, que significa “instrução”. O Pentateuco é referido nas Escrituras como a “Lei de Moisés”, uma designação dada aos cinco primeiros livros do AT que é antiga e já era dada pelos judeus desde os tempos de Josué, como vemos em Josué 24
Introdução ao Antigo Testamento 23.6 e também nos dias de Malaquias, 400 anos antes de Cristo (cf. Ml 4.4). É importante ressaltar que o termo hebraico Torah, de fato, inclui o conceito de "lei" e, até com maior propriedade, os conceitos de "guiar", "dirigir", "instruir" ou "ensinar" (cf. Dt 31.9). A palavra “Pentateuco” vem de duas palavras gregas: penta, que significa “cinco” e teuchos, “estojo” ou “instrumento”. Pode ser traduzida, portanto, por "cinco estojos", fazendo referência aos estojos (caixas ou vasilhas) onde, na Antiguidade, se guardavam e protegiam da deterioração os rolos de papiro ou de pergaminho utilizados como material de escrita. 3.2 A Autoria do Pentateuco É grande a variedade de opiniões em relação à autoria do Pentateuco. Reconhecemos que houve sim o trabalho de um editor posterior a Moisés no Pentateuco (isso é até óbvio), mas cremos, com base no testemunho interno do próprio Pentateuco, no testemunho de Jesus e também dos apóstolos, que foi de fato Moisés quem compôs a Torah originalmente. Digamos que o conteúdo principal foi escrito por Moisés recebendo complementações de um editor posterior. O texto de Deuteronômio 34, que narra a morte de Moisés, é uma indicação do trabalho de um editor posterior. Como Moisés poderia relatar eventos subsequentes à sua própria morte!? 25
Introdução ao Antigo Testamento No Pentateuco, encontramos evidências da autoria mosaica. Deus disse a Moisés: “ Então, disse o SENHOR a Moisés: Escreve isto para memória num livro e repete-o a Josué” (Êx 17.14). Também em Êxodo, lemos que “Moisés escreveu todas as palavras do Senhor...” (24.4). Há ainda outras referências que fazem alusão à autoria mosaica – cf. também Nm 33.1-4; Dt 31.9,24,25 e 31.24-26. Mas as referências não páram por aí, elas prosseguem por outros livros do AT que fazem alusão ao “livro da lei de Moisés”, o “livro de Moisés” e a “lei de Moisés”. 3.3 O livro de Gênesis No AT em hebraico, o título do livro de Gênesis é bereshit, que significa “no princípio”. Era uma prática comum no Antigo Oriente Médio denominar um livro com a primeira palavra desta obra. A Septuaginta, no entanto, intitulou o primeiro livro com a palavra gênesis, do grego, que significa “origem” ou “fonte”. De fato, a palavra “origens” aparece no primeiro livro do Pentateuco (e da Bíblia):”Esta é a gênese dos céus e da terra quando foram criados” (Gn 2.4a – ARC). A ARA traduziu “origens” por “gênese”. “Gênesis”, portanto, é um título muito adequado quando consideramos o conteúdo deste livro – ele trata dos começos de tudo: do Céu e da Terra, do ser humano, das civilizações, do próprio pecado entre a humanidade, da salvação provida por Deus, da aliança de Deus com os homens e da nação israelita. 26
Introdução ao Antigo Testamento O livro de Gênesis possui duas grandes seções naturais: do cap. 1 a 11 temos a narrativa que é chamada de a “história das origens”, que trata dos começos do Céu e da Terra, do ser humano, do pecado, da salvação e da nação hebraica; do cap. 12 ao 50 encontramos as narrativas dos patriarcas Abraão, Isaque, Jacó e José. São narrativas belíssimas que nos inspiram a uma vida de santidade cada vez maior com o Senhor. Há no NT cerca de 17 citações diretas do livro de Gênesis; veja, por exemplo, as seguintes citações: Gênesis 1:27 é citado em Mateus 19.4 e em Marcos 10.6. Gênesis 2.2 é utilizado em Hebreus 4.4. Gênesis 2.7 é encontrado em I Coríntios 15.45. Gênesis 2.24 é citado em Mateus 19.5 e em Marcos 10.7, I Coríntios 6.16 e Efésios 5.31. 3.4 O livro de Êxodo A palavra “Êxodo” vem também do grego e significa “saída”, “partida”. Este título também vem da Septuaginta e é muito adequado ao livro, pois ele trata da saída do povo hebreu da terra do Egito após 430 anos de escravidão naquela terra (cf. At 7.6 e Gl 3.17). O livro revela como foi a chamada de Moisés, o grande legislador de Israel, que conduziu o povo na peregrinação até a terra da promessa, Canaã, mas que acabou ele próprio não entrando lá, como também a primeira geração daqueles israelitas saídos do Egito. Êxodo pode ser dividido em três grandes seções; são elas: 27
Introdução ao Antigo Testamento 1. Do cap. 1 a 12, que trata da opressão de Israel no Egito; 2. Do cap. 13 ao 19, que relata como foi a libertação de Israel por Deus da nação Egípcia e, 3. Do cap. 20 até o 40, que trata da promulgação da Lei no monte Sinai. Um dos relatos mais marcantes de toda a Bíblia está no livro de Êxodo: a passagem dos israelitas a pé enxuto pelo mar Vermelho (Êx 14), que revela o poder de Deus em favor do seu povo. De fato, como cantou Miriam, no capítulo 15, “só o Senhor é Deus!” 3.5 O livro de Levítico Os levitas (membros da tribo de Levi) são personagens de destaque neste livro. Daí o nome “Levítico”, pois faz referência ao sacerdócio levítico. Já “a Bíblia Hebraica, conforme a norma observada em todo o Pentateuco, nomeia o livro pela sua primeira palavra, Wayiqrá, que significa ‘e chamou’” (Sociedade Bíblica do Brasil: Bíblia De Estudo Almeida Revista E Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil, 1999; 2005, Lv). Após as prescrições de como o Tabernáculo deveria ser construído e da conclusão do mesmo, encontramos em Levítico diversas prescrições relacionadas à prática do culto à Iavé (o nome de Deus na língua hebraica). É de fato, um livro que trata dos rituais 28
Introdução ao Antigo Testamento que envolviam o culto a Iavé. Segundo a Bíblia de Estudo Almeida Revista e Atualizada: Na sua maior parte, Levítico é formado por um conjunto de prescrições extremamente minuciosas, tendendo a fazer do cerimonial cúltico, como expressão da fé em Deus, o eixo ao redor do qual devia girar toda a vida do povo. Este livro ritualista, cheio de instruções sobre o culto e disposições de caráter legal, encerra uma mensagem de alto valor religioso, na qual a santidade aparece como o princípio teológico predominante. Javé, o Deus de Israel, o Deus santo, requer do seu povo escolhido que seja igualmente santo: “Santos sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo” (19.2)”.5
3.6 O livro de Números O quarto livro do Pentateuco tem este nome em português porque na Septuaginta, ele recebe em grego o título de Arithmoi que significa “números”. O nosso termo “aritmética” deriva desta palavra grega. Na Bíblia Hebraica seu nome é Bəmidbar, "no deserto (de)". Este livro recebe o nome de “Números” por causa dos dois censos (contagens) de Israel que estão registrados nele, o primeiro consta nos capítulos 1 a 4 e foi realizado no segundo ano após a saída do Egito, e o segundo, registrado no capítulo 26, que foi realizado já na fronteira de Canaã, 38 anos depois! O Senhor Jesus, em seu diálogo com Nicodemos, cita o livro de Números. Ele faz menção da serpente de metal, levantada 5
Bíblia De Estudo Almeida Revista E Atualizada, 1999; 2005.
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Introdução ao Antigo Testamento por Moisés (cf. Nm 21.9 e Jo 3.14). O livro de Números pode ser esboçado da seguinte maneira: 1. A permanência no Sinai (1.1—10.10) 2. A longa marcha até Moabe (10.11—21.35) 3. A permanência nas planícies de Moabe (22.1— 36.13). 3.7 O livro de Deuteronômio A palavra “deuteronômio” vem de dois termos gregos: deuteros, que significa “segundo” e nomos que significa “lei”. Assim, “deuteronômio” significa “segunda lei”. Em hebraico, seu nome é Debarim, que significa “palavras”. O livro de Deuteronômio contém as últimas palavras, ou os últimos discursos de Moisés proferidos ao povo de Israel após 40 anos de peregrinação no deserto. Em seu embate com Satanás, no deserto, o nosso Mestre Amado citou justamente o livro de Deuteronômio (cf. Mt 4.4,7,10). Ele citou ali Deuteronômio 8.3, 6.16 e 13, nesta ordem conforme lemos em Mateus 4. Deuteronômio pode ser dividido assim: I. O primeiro discurso de Moisés 1.1-4.43 Introdução 1.1-5 O passado recordado 1.6-3.29 Um chamado à obediência 4.1-40 Cidades de refúgio nomeadas 4.41-43 30
Introdução ao Antigo Testamento II. O segundo discurso de Moisés 4.44-26.19 Exposição dos Dez Mandamentos 4.44–11.32 Exposição das leis cerimoniais 12.1 16.17 Exposição da lei civil 16.18-18.22 Exposição das leis criminais 19.1-21.9 Exposição das leis sociais 21.10–26.19 III. O terceiro discurso de Moisés 27.1– 30.20 Cerimônia de retificação 27.1-26 Sanções do concerto 28.1-68 O juramento do concerto 29.1-30.20 IV. As palavras finais e a morte de Moisés 31.1– 34.12 Perpetuação do concerto 31.1-29 O cântico do testemunho 31.30-32.47 A bênção de Moisés sobre Israel 32.48—33.29 A Morte e a sucessão de Moisés 34.1-12 CONCLUSÃO O Antigo Testamento é de suma importância para nossas vidas no estudo e na compreensão de toda a Bíblia. Não devemos jamais deixar de nos debruçar sobre as páginas veterotestamentárias, “Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15.4). Como é glorioso lermos no Gênesis da criação de Deus! No Êxodo vemos o nosso Deus como o 31
Introdução ao Antigo Testamento Grande Libertador e em Levítico contemplamos a precisa ordem no culto levítico e a Sua santidade manifesta. Nos livros históricos aprendemos muito com os erros e acertos dos reis de Israel e Judá e é ali que encontramos grandes avivamentos entre o povo, como nos dias de Josias (cf. 2 Re 22 e 23). E o que dizer dos poéticos!? Quem já não se maravilhou ante as belíssimas palavras de Davi no célebre Salmo 23? Como não reconhecer que a nossa vida é “como um conto ligeiro” quando lemos o salmo de Moisés, o Salmo 90? Faltam a mim as palavras adequadas para expressar tamanha profundidade encontrada nos livros do AT! Nos livros proféticos, quem não se espanta das profecias de Zacarias 14, ou da precisão com que Daniel descreve os grandes impérios mundiais (Dn 2)? Quão maravilhoso é “viajar”, guiado pelo Espírito, nas páginas do AT. Você já “descobriu” o AT, amado(a) leitor(a)?
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Introdução ao Antigo Testamento
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Introdução ao Antigo Testamento
Exercícios do capítulo 1 Responda as sintetizada.
questões
abaixo,
de
maneira
bem
1.
Qual era a "Bíblia" usada pelos primeiros cristãos, no primeiro século? ______________________________________________ ______________________________________________
2.
De onde deriva essa classificação dos livros do Antigo Testamento em grupo de assuntos? ______________________________________________ ______________________________________________
3.
O que significa a palavra "Pentateuco" e quais livros engloba? ______________________________________________ ______________________________________________ ______________________________________________ ______________________________________________ ______________________________________________
4.
Qual a importância do estudo do Antigo Testamento para o cristão? ______________________________________________ ______________________________________________ 34
Introdução ao Antigo Testamento ______________________________________________ ______________________________________________ ______________________________________________ ______________________________________________ ______________________________________________ ______________________________________________ ______________________________________________
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Introdução ao Antigo Testamento
2 Os Livros Históricos “E que mais direi? Certamente, me faltará o tempo necessário para referir o que há a respeito de Gideão, de Baraque, de Sansão, de Jefté, de Davi, de Samuel e dos profetas” (Hebreus 11.32). INTRODUÇÃO
O
Antigo Testamento é riquíssimo em suas narrativas históricas. Muito temos a aprender delas. Ocuparemos agora algumas páginas de nosso livro para discorrer sobre os livros de Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester, perfazendo um total de 12 livros que compõem a seção histórica do Antigo Testamento. É claro que encontramos relatos históricos em outras partes do AT, inclusive nos livros proféticos, mas esses livros em especial ocupam-se de narrativas históricas relacionadas ao povo de Israel. Isso não significa que a Igreja de Cristo hoje, em pleno século 21, não deva ocupar-se do estudo e meditação desses livros pelo fato deles tratarem de assuntos históricos relacionados com Israel, numa cultura muito distante da nossa. Lembremo-nos que o NT desenvolve sua teologia a 36
Introdução ao Antigo Testamento partir do AT, tendo-o como base. Digamos que o NT completa o AT. Daí a importância de se conhecer tanto um como o outro! Em Hebreus 11, o escritor inspirado lança mão de personagens bíblicos descritos justamente nos livros históricos do AT tais como Gideão, Baraque, Sansão e Jefté, juízes de Israel que realizaram grandes feitos entre Israel pelo poder de Deus. Também Davi, Samuel e os profetas que o escritor de Hebreus cita, tem suas vidas marcantes registradas nos livros históricos, os quais, inclusive, registram o ministério de grandes profetas do Altíssimo cujas palavras só são ali encontradas, pois eles não nos deixaram livros escritos como fizeram os profetas literários Isaías, Jeremias e outros. Enfim, grande é a riqueza desses livros. Aprofundemo-nos pois, neles. 1. A ABRANGÊNCIA DE TEMPO DOS LIVROS HISTÓRICOS Os livros históricos abrangem um período de tempo que vai desde a conquista da Terra de Canaã pelos israelitas e seu estabelecimento ali até o retorno do exílio babilônico. Muita discussão existe entre os estudiosos sobre a data da conquista de Canaã por Israel. Várias datas são propostas. Mas há duas principais: uns apontam uma data mais antiga, no 14º século a.C., outros uma data mais recente, no 12º século a.C. Sobre a questão da data do êxodo e da conquista, comenta o biblicista Norman Geisler: 37
Introdução ao Antigo Testamento Conquanto muitos eruditos da atualidade tenham proposto uma data posterior para o evento do êxodo, de 1.270 a 1.260 a.C, há evidências suficientes para se dizer que não é necessário aceitar essa data. Uma explicação alternativa nos fornece um melhor relato de todos os dados históricos, e coloca o êxodo por volta de 1.447 a.C. Primeiro, as datas bíblicas para o êxodo o colocam nos anos em torno de 1.400 a.C, já que 1 Reis 6.1 declara que ele ocorreu 480 anos antes do quarto ano do reinado de Salomão (o que foi por volta de 967 a.C). Isso colocaria o êxodo por volta de 1.447 a.C, de acordo com Juízes 11.26, que afirma que Israel passou 300 anos na terra, até o tempo de Jefté (o que foi cerca de 1000 a.C). De igual modo, Atos 13.20 diz ter havido 450 anos de juízes, de Moisés a Samuel, sendo que este último viveu por volta de 1000 a.C. O mesmo ocorre com respeito aos 430 anos mencionados em Gálatas 3.17... abrangendo o período de 1.800 a 1.450 a.C. (de Jacó a Moisés). O mesmo número é usado em Êxodo 12.40. Todas essas passagens indicam uma data em torno de 1.400 a.C, não em torno de 1.200 a.C, como os críticos afirmam. Segundo, John Bimson e David Livingston propuseram uma revisão da data tradicionalmente atribuída ao fim da Idade do Bronze Média e início da Idade do Bronze Avançada, de 1.550 para um pouco antes de 1.400 a.C. A Idade do Bronze Média caracterizava-se por cidades grandemente fortificadas, cuja descrição se enquadra muito bem com o relato que os espias trouxeram a Moisés (Dt 1.28). Isso significa que a conquista de Canaã se deu por volta de 1.400 a.C. Como as Escrituras afirmam que Israel vagueou pelo deserto por cerca de 40 anos, isso dataria o êxodo por volta de 1.440 a.C., totalmente de acordo com a cronologia bíblica. Se aceitarmos os registros
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Introdução ao Antigo Testamento tradicionais dos reinos dos Faraós, isso significaria que o Faraó do livro de Êxodo foi Amenotep II, que reinou de cerca de 1.450 a 1.425 a.C. Terceiro, outra possível solução, conhecida como a revisão de Velikovsky-Courville, propõe uma revisão na cronologia tradicional dos reinados dos Faraós. Velikovsky e Courville afirmam que há 600 anos a mais na cronologia dos reis do Egito. Evidências arqueológicas podem ser juntadas para substanciar esta proposta que de novo data o êxodo em 1.440 a.C. De acordo com este ponto de vista, o Faraó nesse tempo era o rei Tom. Isto se harmoniza com a afirmação de Êxodo 1.11, de que os israelitas foram escravizados para construírem a cidade chamada Pitom (residência de Tom). Quando a cronologia bíblica é tomada como padrão, todas as evidências arqueológicas e históricas se encaixam direitinho”.6
O retorno do exílio babilônico se deu no ano de 445 a.C., i.e., a terceira leva de repatriados que voltaram da Babilônia. É que assim como o exílio deu-se em três levas de cativos, o retorno também se deu em três levas de repatriados. Em 445 a.C., foi Neemias quem comandou o retorno à Jerusalém e a retomada das obras de restauração dos muros de Jerusalém. Essa data marca, inclusive, o início da contagem das setenta semanas proféticas mencionadas em Daniel 9.24-27. Desse modo, os livros históricos, de 6
GEISLER. HOWE, 1999, pp. 73,4.
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Introdução ao Antigo Testamento Josué até Ester (os eventos mencionados em Ester ocorreram por volta dos anos 485-465 a.C.), abrangem um período de 1000 anos aproximadamente. A conquista de Canaã relatada em Josué abrange um período de apenas sete anos. Calebe relata que havia 45 anos que ele fora enviado a espionar Cades-Barnéia (cf. Js 14.7 e Nm 13), e considerando que os israelitas passaram 38 anos vagando no deserto (cf. Dt 2.14), da época em que eles atravessaram o rio Jordão até a data em que Calebe faz esta declaração, o intervalo é de sete anos. Concluímos que a maioria dos eventos descritos em Josué ocorreu dentro deste período de sete anos, haja vista o escritor do livro indicar que ele mesmo faz parte destes eventos. 2. A POSIÇÃO DOS LIVROS HISTÓRICOS NA BÍBLIA HEBRAICA Como sabemos, a Bíblia Hebraica constitui-se dos mesmos 39 livros que compõem nosso Antigo Testamento. Todavia, na Bíblia Hebraica, eles variam em quantidade (são em número de 24 apenas) e na forma como estão agrupados. A
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Introdução ao Antigo Testamento tabela a seguir nos ajuda a entender melhor essa classificação: A DIVISÃO DOS LIVROS NO CÂNON HEBRAICO LEI PROFETAS ESCRITOS PROFETAS LIVROS GÊNESIS ANTERIORES POÉTICOS ÊXODO JOSUÉ SALMOS LEVÍTICO JUÍZES PROVÉRBIOS NÚMEROS SAMUEL (Os dois livros JÓ juntos) CINCO DEUTERONÔMIO REIS (Os dois livros OS ROLOS juntos) PROFETAS POSTERIORES ISAÍAS JEREMIAS EZEQUIEL OS DOZE (Os doze Profetas Menores reunidos em um só livro, de Oseias a Malaquias)
CANTARES RUTE LAMENTAÇÕES ECLESIASTES ESTER
LIVROS HISTÓRICOS DANIEL ESDRASNEEMIAS CRÔNICAS
Como podemos ver, seis dos livros históricos estão situados na categoria de “profetas anteriores” no cânon judaico. A 41
Introdução ao Antigo Testamento designação de “profetas anteriores” vem de uma antiga tradição, segundo a qual esses livros foram compostos por alguns dos profetas de Israel (Sociedade Bíblica do Brasil: Bíblia De Estudo Almeida Revista E Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil, 1999; 2005). É interessante notar que estes livros, que nas Bíblias protestantes sejam classificados apenas como históricos, apareçam no cânon hebraico como livros proféticos. De fato, os livros históricos têm um caráter profético, pois mostram o agir constante de Deus no sentido de corrigir e abençoar o seu povo, Israel, num ciclo constante. 3. O LIVRO DE JOSUÉ No livro de Josué vemos Deus cumprindo a promessa que havia feito aos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó de dar-lhes por herança a terra de Canaã (Gn 13.14-17; 26.3-5; 28.13-14). O livro de Josué, já no seu fim declara que “nenhuma promessa falhou de todas as boas palavras que o Senhor falara à casa de Israel; tudo se cumpriu” (21.45). Quarenta anos após peregrinarem pelo deserto, o povo de Israel agora adentra na terra de Canaã para conquistá-la. A primeira geração de israelitas que havia saído do Egito morrera no deserto, pois Deus assim havia determinado que seria, como castigo pela incredulidade daquela geração (cf. Nm 14.21-23). Mas houve duas exceções: Josué e Calebe, os dois espias que juntamente com outros dez foram enviados por Moisés para espionarem a terra de Canaã quarenta anos antes. 42
Introdução ao Antigo Testamento Somente eles creram firmemente na promessa de Deus e receberam Canaã por herança (cf. Nm 13). A segunda geração de israelitas (de vinte anos acima) agora passa a conquistar a terra da Promessa e nela vai se estabelecendo gradualmente. O principal personagem humano do livro de Josué é o próprio Josué. Homem temente a Deus e por Ele escolhido (1.1-9), fiel à Ele, submisso à Sua direção e resoluto em servir ao Senhor – é assim que temos Josué apresentado no livro que leva seu nome. É imperioso, contudo, ressaltar que o alvo principal do livro é descrever a ação de Deus em favor do Seu povo Israel – é Deus Quem dirige todos os eventos relatados no livro de Josué. É Ele Quem orienta a Josué e Quem corrige Seu povo quando necessário (cf. cap. 7). Um fato interessante sobre Josué é que originalmente ele não se chamava “Josué”, mas apenas “Oséias”. Isto é relatado em Números 13.16. É que “Oséias” significa “salvação”, ao passo que “Josué” significa “Iavé é salvação” ou “O Senhor é salvação”. Quanto a ser o próprio Josué o autor humano do primeiro dos livros históricos, não há evidência textual suficiente e conclusiva no livro para fundamentar esta posição, a não ser o fato de que Josué teria escrito a sua despedida em 24.14-27. A tradição rabínica, no Talmude, atribui a autoria do livro ao próprio Josué. Duas vezes no livro o ato de escrever é associado a Josué (cf. 18.9 e 24.26). Mas seja como for, o que mais importa para nós é o peso da inspiração 43
Introdução ao Antigo Testamento divina que repousa sobre o livro de Josué, deixando evidente o fato de que é Deus Quem dirige os eventos registrados no livro de Josué. 4. O LIVRO DE JUÍZES Nos documentos judaicos mais antigos, o livro de Juízes recebe o título de sepher shopehtiym, ou “um livro de juízes ou governadores”. Esta nomenclatura reflete bem o conteúdo do livro, que retrata um período da história de Israel em que não havia rei, mas “juízes”, que foram uma espécie de “governadores” que conduziam a nação. Este período durou mais de 300 anos. O tempo referido por Jefté em Juízes 11.26 refere-se a este período. O tempo dos juízes começa à partir da morte de Josué e vai até o fim do governo de Samuel. O livro de Juízes registra nos seus primeiros 16 capítulos um contínuo ciclo de apostasia de Israel, arrependimento, livramento do Senhor e retorno à apostasia. Deus levantava um juíz que livrava Israel, mas morrendo este juíz, o povo novamente tornava ao pecado. A maneira como Deus enxergava o povo neste tempo vemos em Juízes 2.10: “Foi também congregada a seus pais toda aquela geração; e outra geração após eles se levantou, que não conhecia o Senhor, nem tampouco as obras que fizera a Israel”. Embora esta parte da história de Israel seja considerada como estando sob um governo teocrático (do grego Theos: Deus + kratos: governo), foi na verdade um dos períodos mais tristes da história 44
Introdução ao Antigo Testamento bíblica de Israel. Vemos essa verdade expressa na conhecida frase que marca o livro de Juízes: “Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava mais reto” (21.25 – também em 17.6). O livro de Juízes termina de forma indefinida, demonstrando inclusive pelo contexto do próprio livro, que aquele foi um período de rebeldia, anarquia e desconhecimento do Senhor. Ao lermos e estudarmos o livro dos Juízes é importante termos em mente que o conceito de “juíz” aplicado àqueles governadores de Israel não é o mesmo conceito moderno que temos hoje. Os juízes de Israel eram comandantes militares como poderes administrativos absolutos e seu ofício não era herdado, isto é, não era hereditário, como na monarquia. Eles também não eram selecionados à partir de uma tribo específica e nem “eleitos” pelo voto popular. O próprio Deus era Quem escolhia esses juízes e os capacitava, muitas vezes de poderes sobrenaturais como no caso de Sansão, para executar o livramento do povo de Israel. A autoria do livro de Juízes não é conhecida. Várias hipóteses já foram levantadas quanto à autoria do livro. Já se supôs que cada um dos juízes tenha escrito sua própria história e que depois esses relatos tenham sido reunidos. Outros chegaram a sugerir a autoria de Juízes como sendo de Finéias, outros sugeriram Ezequias e até mesmo a Esdras.
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Introdução ao Antigo Testamento Os principais juízes foram quinze: 1 - Otniel (Jz 3.9) – De Judá, livrou a Israel do rei da mesopotâmia; 2 - Eúde (Jz 3.15) – Expulsou os amonitas e os moabitas; 3 - Sangar (Jz 3.31) – Matou 600 filisteus e salvou a Israel; 4 - Débora (Jz 4.5) – Associada a Baraque, guiando a Naftali e Zebulom à vitória contra os cananeus; 5 - Gideão (Jz 6.36) – Expulsou os midianitas do território de Israel; 6 - Abimeleque (Jz 9.1) – Pseudo libertador sem autoridade divina; 7 - Tola (Jz 10.1) – Subjugou os amonitas; 8 - Jair (Jz 10.3) – Subjugou os amonitas; 9 - Jefté (Jz 11.11) – Subjugou os amonitas; 10 - Ibsã (Jz 12.8) – Perseguiu os filisteus; 11 - Elom (Jz 12.11) – Perseguiu os filisteus; 12 - Abdom (Jz 12.13) – Perseguiu os filisteus; 13 - Sansão (Jz 16.30) – Perseguiu os filisteus; 14 - Eli (1Sm 4.18) – Julgou a Israel como sumo sacerdote; 15 - Samuel (1Sm 7.15) – Agiu principalmente como profeta. 5. O LIVRO DE RUTE Sem dúvida alguma, o livro de Rute é uma peça de altíssimo valor da literatura hebraica. Liturgicamente, o livro de Rute é um dos cinco rolos da terceira divisão da Bíblia Hebraica, conhecida como Os Hagiógrafos (lit. 46
Introdução ao Antigo Testamento “Escritos Sagrados”). Cada um desses rolos era lido publicamente numa das festas judaicas anuais. Visto que a comovente história de Rute ocorreu na estação da colheita, era costume ler este livro na Festa da Colheita (Pentecoste). O nome hebraico Ruth é uma espécie de adaptação da palavra moabita re’ut, que significa “amizade”, “associação”. Esse significado reflete muito bem a personagem humana principal do livro, Rute, nesta belíssima história de companheirismo e amizade entre uma nora e sua sogra e, mais que isso, o livro de Rute é a narrativa de uma mulher gentia que se entrega por inteira ao Deus único e verdadeiro. Mesmo sendo moabita, Rute decide servir ao Deus de Israel com fidelidade e é por isso abençoada grandemente, vindo a tornar-se ascendente do Rei Davi e do Senhor Jesus Cristo (cf. Mt 1.5). Os eventos narrados no livro ocorreram no período dos juízes e serve para mostrar que mesmo em um tempo tão caótico, é possível manter-se leal ao Senhor. O livro, com seus curtos quatro capítulos, serve ainda para mostrar que Deus não faz acepção de pessoas, pelo que abençoou uma mulher que não pertencia originalmente à família de Israel. 6. OS LIVROS DE 1 e 2 SAMUEL É importante ressaltar que no princípio, os livros de 1 e 2 Samuel junto com 1 e 2 Reis, formavam um só livro. São chamados no cânon judaico de “Samuel” e estão na categoria dos Profetas Anteriores. O personagem humano 47
Introdução ao Antigo Testamento de destaque nos livros de 1 e 2 Samuel foi o juíz, profeta e sacerdote Samuel, cujo nome significa “ouvido por Deus” e que foi quem ungiu os dois primeiros reis de Israel: Saul e Davi. Os oito primeiros capítulos de 1 Samuel são dedicados mais a descrever a biografia deste santo homem de Deus. Quanto à autoria dos livros de Samuel, ela é anônima, embora tenha sido dado aos livros o nome do profeta-juiz Samuel. Sobre a questão da autoria dos livros de Samuel, afirma W. T. Purkiser: Uma vez que a morte de Samuel é descrita em 1 Samuel 25.1, ele não poderia ter escrito os livros da maneira como se encontram hoje. Porém, uma das funções do profeta era agir como historiador, e é possível que ele tenha deixado anotações ou registros que foram incorporados aos livros. Temos informações de um livro escrito por Samuel e colocado por ele “perante o Senhor” (1 Sm 10.25); em 1 Crônicas 29.29 há uma referência ao relato dos atos de Davi num livro chamado ‘crônicas de Samuel, o vidente’. [...] Em adição à história de “Samuel, o vidente”, outras fontes do período abrangido pelos registros de 1 e 2 Samuel são mencionados no Antigo Testamento, tais como as “crônicas do profeta Natã” e as “crônicas de Gade, o vidente” (1 Cr 29.29). [...] O estudo conservador está mais inclinado para a ideia de que 1 e 2 Samuel foram compilados, em grande parte, das fontes já mencionadas, i.e., os livros de Samuel, Natã e Gade. As vidas destes três profetas cobriram o período (citado nos livros de Samuel – grifo meu). Há pequenas indicações nos próprios livros de que pequenas fontes
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Introdução ao Antigo Testamento foram empregadas, tais como dois relatos da advertência feita a Eli (1 Sm 2.29-36; 3.11-14) e da guerra dos amalequitas (1 Sm 14.48; 15.1-35), ou das repetidas explicações das conexões da família de Davi (1 Sm 16.1113; 17.12).7
As narrativas dos dois livros de Samuel focam principalmente a pessoa do rei Davi. Sua trajetória desde sua unção pelo profeta Samuel até ao fim de sua vida é descrita nestes dois livros. Começando pelo capítulo 16 e indo até o fim do livro de 2 Samuel, encontramos a história de como Davi chegou ao trono e dos fatos que cercaram sua vida depois disto. 7. OS LIVROS DE 1 e 2 REIS O livro de 1 Reis pode ser considerado a continuação de 2 Samuel. Ali, o escritor narra o restante do reinado de Davi, que não foi descrito no final de 2 Samuel. Apenas um capítulo e mais uma parte do capítulo dois de 1 Reis é dedicado a isto, para logo a seguir a narrativa voltar-se para o filho de Davi com Bate-Seba que irá assumir o trono – Salomão. Os dois livros de Reis, como o próprio nome sugere – Reis – são as narrativas dos reis de Israel e os fatos que marcaram suas vidas como monarcas, começando pelo período do Reino Unido, sob Salomão (1 Re 2-11), passando 7
Comentário Bíblico Beacon: Antigo Testamento, vol. 2, 2005, p. 175.
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Introdução ao Antigo Testamento pela divisão do Reino em duas partes sob o reinado de Roboão, filho de Salomão (1 Re 12 e 13) e estendendo-se até o cativeiro de Judá, para a Babilônia. Assim, a história do povo de Israel entra numa nova fase em relação ao tempo dos juízes, a da sucessão monárquica, que cobre o período entre o início do reinado de Salomão (cerca de 970 a.C.) e a queda de Jerusalém no tempo de Zedequias (586 a.C.), mais de 300 anos. É nesse período que foram escritos os livros de Joel, Jonas, Amós, Oséias, Isaías, Miquéias, Sofonias, Naum, Habacuque e Obadias, todos estes profetas literários. Diz-se “profetas literários” por causa dos livros, i.e., conteúdo literário que eles deixaram para a posteridade. Mas neste tempo houve também os “profetas não literários”, como Elias (1 Re 17-21) e Eliseu (1Rs 19.1621; 2Rs 2—13) e ainda outros que são mencionados nas Escrituras (cf. também: Micaías – 2Cr 18.7-27; Hulda, profetisa – 2Rs 22.14-20; Natã - 2Sm 7; 12; 1Rs 1; etc.). Foram homens (e mulheres) que, embora não se tenha livros escritos por eles, foram tremendamente usados por Deus para transmitir Sua mensagem aos reis e ao povo e em nada foram inferiores aos profetas literários no que tange ao ministério profético. Profetas do Reino do Norte pela ordem cronológica Não-literários:
Os dois anônimos mencionados em 1 Rs 13 50
Introdução ao Antigo Testamento
Elias (1 Rs 18.1,22) Um outro anônimo (1 Rs 20.13) Micaías (1 Rs 22.8) Eliseu (2 Rs caps. 2-7) Obede (2 Cr 28.9)
Profetas literários do Reino do Norte:
Jonas, com mensagem especial para Nínive Oséias Amos. Este foi profeta de Judá, mas com mensagem para Israel Miquéias. Caso idêntico ao de Amós.
Profetas do Reino do Sul antes do exílio Não literários:
Semaías (2 Cr 12.5) Ido (2 Cr 12.15) Azarias (2 Cr 15.1) Eliézer (2 Cr 20.37) Um anônimo (2 Cr 25.15) Hulda (mulher - 2 Rs 22.14) Profetas anônimos (2 Rs 23.2) Urias (Jr 26.20-23) Hanani (2 Cr 16.7-10) Jaaziel (2 Cr 20.14-18).
O primeiro livro de Reis narra como foi a divisão do Reino de Israel em duas partes. Ao norte, dez tribos que ficaram sendo lideradas por Jeroboão, filho de Nebate, também 51
Introdução ao Antigo Testamento conhecido como Jeroboão 1. Esta divisão do reino ficou conhecida como Israel e nas profecias recebe também o nome de Efraim e Samaria. Sua capital era a cidade de Samaria. A partir de 734 a.C., Israel começou a ser levado para o cativeiro na Assíria. Os habitantes que restaram deste cativeiro foram levados anos mais tarde, em 721 a.C., também para o cativeiro. Esta última data marca o fim do reino do Norte, Israel. Ao sul, com apenas duas tribos, Judá e Benjamim, ficou o reino de Judá, como ficou conhecido, liderado pelo rei Roboão, sendo Jerusalém sua capital. Judá também foi levado em cativeiro, mas não pela Assíria, e sim pela Babilônia que havia vencido a Assíria e se tornado a nova potência mundial àquela época. Judá foi levado para o cativeiro em três levas (ou grupos) de cativos. A primeira leva foi em 606 a.C., ano que marca o início dos 70 anos de cativeiro profetizados pelo profeta Jeremias (cf. Jr 25.11,12). Em 587 a.C. a cidade de Jerusalém é sitiada e o templo de Salomão é destruído. Este é um fato marcante na história do povo judeu. O livro de Segundo Reis termina justamente com a narrativa do fim do reino de Judá. Aparentemente, o reinado de Davi havia terminado para sempre, mas em Cristo esta esperança é revivida e será plenamente cumprida por ocasião do Milênio. Bem, como cremos, se Cristo arrebatar a Igreja exatamente no momento em que você lê este livro, não demorará um pouco mais que sete anos para que este reino milenar de Cristo seja implantado! Aleluia! 52
Introdução ao Antigo Testamento
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Introdução ao Antigo Testamento Você Sabia ? De forma direta, a Bíblia só menciona pelo nome apenas cinco mulheres profetisas, i.e., que foram diretamente chamadas de “profetisas”, sendo que uma é citada de forma negativa. Veja a lista abaixo: 1. Miriã: “A profetisa Miriã, irmã de Arão, tomou um tamborim, e todas as mulheres saíram atrás dela com tamborins e com danças” – Êx 15.20. 2. Débora, a juíza: “Débora, profetisa, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele tempo” – Jz 4.4. 3. Hulda: “Então, o sacerdote Hilquias, Aicão, Acbor, Safã e Asaías foram ter com a profetisa Hulda, mulher de Salum, o guarda-roupa, filho de Ticva, filho de Harás, e lhe falaram. Ela habitava na cidade baixa de Jerusalém” – 2 Re 22.14. 4. Noadia: “Lembra-te, meu Deus, de Tobias e de Sambalate, no tocante a estas suas obras, e também da profetisa Noadia e dos mais profetas que procuraram atemorizar-me” – Ne 6.14. 5. Ana: “Havia uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser, avançada em dias, que vivera com seu marido sete anos desde que se casara” – Lc 2.36.
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Introdução ao Antigo Testamento Há outros casos de associação do ministério profético à mulheres na Bíblia. Temos ainda o caso de Jezabel, citada em Apocalipse 2.20, mas não se sabe ao certo se ali se trata mesmo de uma mulher literal ou se é uma figura de linguagem. Há também no livro de Isaías a referência que é feita à uma profetisa, que aparece no livro como esposa do profeta Isaías e o texto diz apenas “a profetisa” (cf. Is 8.3). Outro caso é o das filhas de Filipe; diz o texto bíblico: “Tinha este quatro filhas donzelas, que profetizavam” (At 21.9). É importante ressaltar que neste último caso as filhas de Filipe tinham o dom de profetizar, mencionado por Paulo em 1 Co 14.39, mas a Bíblia não as chama de “profetisas”. O ministério profético não deve ser confundido com o dom de profetizar mencionado por Paulo e comum, hoje, nos cultos genuinamente pentecostais. 8. OS LIVROS DE 1 e 2 CRÔNICAS A palavra “crônica” significa, segundo o Dicionário Aurélio, “Narração histórica, ou registro de fatos comuns, feitos por ordem cronológica”. De fato, os livros de Crônicas seguem uma sequência cronológica dos fatos, começando desde Adão e indo até o decreto do rei persa Ciro (2 Cr 36.22,23), que marca o retorno dos exilados do cativeiro babilônico que durara 70 anos. No cânon hebraico, os livros de Crônicas estão situados como os últimos e estão na categoria dos livros chamados Hagiógrafos, ou Escritos. Quando Jesus faz a afirmação que encontramos em Mateus 55
Introdução ao Antigo Testamento 23.35 Ele está, na verdade, seguindo a Bíblia Hebraica, i.e., Ele estava se referindo ao primeiro e ao último livro na ordem como eles se acham na referida Bíblia: Gênesis, o primeiro e Crônicas, o último. Não nos esqueçamos de que os dois livros de Crônicas formam apenas um livro no cânon judaico. É interessante saber que a Septuaginta, a Versão dos Setenta (LXX), intitula os livros de Crônicas de Paralipomena, palavra grega que significa “assuntos omitidos”. Este título faz referência ao que foi omitido nos livros de Samuel e Reis. No hebraico seu título é Devrei Hayamim, que significa simplesmente “as coisas dos dias”. O autor humano de Crônicas pode ter sido Esdras, o escriba versado na Lei do Senhor (Ed 7.6). Aliás, a tradição judaica atribui a ele a autoria não apenas de Crônicas, mas também do livro de Ester e do que leva o seu nome, Esdras. Na verdade, o seu trabalho foi o de um editor ou compilador. Os livros de Crônicas foram escritos por volta de 440 a.C. As narrativas destes dois livros são de eventos pré-exílicos, mas os livros foram escritos a fim de renovar a esperança e ideal do povo judeu do período pós-exílio. O povo judeu valoriza muito o passado, e um reflexo disto vemos nas longas listas genealógicas que encontramos em 1 Crônicas, do capítulo um ao nove. O cronista mostra a ligação do Israel pós-exílico com o passado e que eles estão regressando a Jerusalém para reconstruir o templo porque Deus está cumprindo Sua promessa a Davi, feita muitos anos antes. Embora tenham passado muito tempo como 56
Introdução ao Antigo Testamento cativos, Deus está agora levando-os novamente para a sua própria terra. O que é uma genealogia? Na Bíblia Sagrada encontramos várias listas genealógicas. A palavra "genealogia" vem do grego e significa o "registro da descendência ou linhagem de um indivíduo ou indivíduos". Nenhum povo na história foi tão cuidadoso em conservar as suas genealogias como o povo judeu. Vêse isto claramente no próprio texto bíblico. As genealogias entre os judeus tinham por objetivo: 1. Mostrar a história de Israel. 2. Mostrar os ancestrais e a preservação das tribos de Israel ao longo do tempo. 3. Assegurar a integridade do sacerdócio arônico e da linhagem do rei Davi, do qual viria o Messias, o que leva a Cristo. 4. Assegurar direitos de herança aos israelitas. O conceito de genealogia no Antigo Testamento é visto nas expressões "gerações" ou "livro das gerações" (cf. Gn 5.1). No Novo Testamento a palavra "genealogia" é citada apenas duas vezes: em 1 Timóteo 1.4 e Tito 3.9. Somente duas genealogias são citadas no Novo Testamento: uma em Mateus 1 e outra em Lucas 3, ambas do Senhor Jesus.
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Introdução ao Antigo Testamento 9. OS LIVROS DE ESDRAS E NEEMIAS Tanto na Bíblia Hebraica quanto na Septuaginta, os livros de Esdras e Neemias eram combinados inicialmente em um só livro que era chamado de “O Livro de Esdras”. Muitos estudiosos acreditam que Esdras foi o compilador de ambos os livros, bem como de 1 e 2 Crônicas, o que torna estes livros, portanto, obras do pós-exílio. Acredita-se que foi Jerônimo, o tradutor da Vulgata Latina, o primeiro a separar os dois livros, isto em torno de 400 d.C. Não é por acaso que os dois livros, combinados num só inicialmente, tenham recebido o título de “O Livro de Esdras”. É que parte da história de Esdras é também contada no livro de Neemias, além do fato de que, como já foi dito, a tradição atribuir a Esdras a autoria destes livros. Um fato interessante é que o final de 2 Crônicas coincide verbalmente com o início de Esdras (compare 2 Cr 36.22,23 com Ed 1.1-3). Esdras foi sacerdote e “escriba versado na Lei de Moisés” (Ed 7.6), extremamente zeloso no ensino e na aplicação da Lei ao povo judeu que regressara da Babilônia. Aliás, ele mesmo fora cativo na Babilônia e de lá estava regressando com um grupo de repatriados. Ele foi bisneto de Hilquias, que foi sumo sacerdote no tempo do bom rei Josias. Hilquias foi aquele que encontrou o Livro da Lei como um objeto esquecido no interior do Templo de Salomão, durante as obras de restauração. Aquele achado gerou um 58
Introdução ao Antigo Testamento grande avivamento espiritual no tempo de Josias (cf. 2 Re 22.8; Ed 7.1). A tradição judaica atribui a Esdras alguns grandes feitos ou grandes obras; citamos três delas: 1. A fundação da “Grande Sinagoga” que, segundo o Pastor Antonio Gilberto, “era um conselho composto de 120 membros que se diz ter sido organizado por Neemias, cerca de 410 a.C., sob a presidência de Esdras. Foi essa entidade que reorganizou a vida religiosa nacional dos repatriados e, mais tarde, deu origem ao Sinédrio, cerca de 275 a.C”; 2. A determinação do Cânon das Escrituras, com a divisão em Lei, Profetas e Hagiórgrafos (ou Escritos); 3. A implantação das sinagogas que davam ênfase a leitura e exposição da Palavra de Deus. Segundo a tradição, Esdras teria morrido em idade muito avançada, com 120 anos! Os judeus honram muito este homem de Deus do passado chegando a dizer que se a Lei não tivesse sido dada por Moisés, seria Esdras o legislador dos hebreus. O livro de Esdras relata como foi a volta dos exilados do cativeiro e focaliza mais a restauração espiritual do povo, ao passo que Neemias está mais inclinado à restauração social e nacional do povo judeu, pois relata os esforços de 59
Introdução ao Antigo Testamento Neemias e dos que com ele estavam na reconstrução dos muros de Jerusalém. É importante ressaltarmos mais uma vez que o retorno dos exilados do cativeiro babilônico não se deu de uma única vez, mas foram três levas sucessivas de repatriados. Em 538 a.C. acontece o primeiro regresso e as obras de reconstrução do Templo levam em torno de 20 anos, sendo concluídas em 515 a.C., o que é relatado no capítulo seis de Esdras. Entre os capítulos seis e sete do livro de Esdras há um longo intervalo de tempo e é justamente neste intervalo que tem lugar os eventos narrados em Ester. O gráfico a seguir ajuda a compreender um pouquinho da cronologia dos livros de Esdras e Neemias.
10. O LIVRO DE ESTER Como já vimos, o livro de Ester está situado cronologicamente entre os capítulos seis e sete do livro de Esdras, que corresponde ao intervalo de tempo de quase 60 anos entre a primeira leva de repatriados e a segunda, que 60
Introdução ao Antigo Testamento regressou em 457 a.C. A personagem humana principal do livro é a rainha Ester, e seu nome em hebraico é Hadassa (2.7), que significa “murta” – um pequeno arbusto de folhas pequeninas e flores perfumosas, usado para fazer cercas vivas. É símbolo de coisas belas e agradáveis (Is 55.13). O nome persa, Ester, deriva da palavra persa stara, e significa “estrela”. Hadassa foi renomeada Ester possivelmente por causa de sua beleza, após tornar-se rainha do Império Persa. O rei Assuero mencionado no livro é o Xerxes da História secular. É que Assuero é a forma hebraica ao passo que Xerxes é a forma grega. Os eventos descritos no livro de Ester abrangem um pequeno período de tempo: nove anos aproximadamente, do ano 483 a 474 a.C. Quanto a data em que o livro foi escrito, devemos considerar alguns fatos: 1) o escritor de Ester estava familiarizado com o ambiente persa, pois ele dá detalhes, inclusive, do próprio palácio “na cidadela de Susã” (cf. 1.2,5; 2.3); 2) a linguagem usada pelo escritor de Ester contém antigas palavras persas que dificilmente teriam sido usadas depois do terceiro ou quarto século a.C. Estas evidências colocam o livro de Ester como tendo sido escrito antes do ano 300 a.C. Pelo fato do livro de Ester não conter a palavra “Deus” ele foi o último a ser oficialmente incluído no cânon do AT. Discussões também surgiram entre os estudiosos pelo fato de a palavra “Deus” não aparecer no conteúdo do livro. Mas a narrativa de Ester é por si mesma uma sugestão 61
Introdução ao Antigo Testamento fortíssima da atuação divina em favor do povo judeu. Ali, vemos a providência de Deus na preservação de seu povo no transcurso da história bíblica. Alguns estudiosos apontam algumas improbabilidades no livro de Ester, como por exemplo, o fato do rei Assuero não saber que Ester era judia e se uma minoria judaica seria realmente capaz de se defender das tropas oficiais que viriam para exterminá-la. Mas, apropriadamente comenta sobre este fato C. E. Demaray: Tais improbabilidades certamente não constituem uma prova de que as afirmações feitas (no livro de Ester – grifo meu) sejam falsas. A verdade é sempre mais estranha do que a ficção, e o notável caráter da história enseja a oportunidade para que seja contada. Ela também constitui uma prova de que a providência de Deus atuava a favor dos judeus8.
O grande foco do livro de Ester é mostrar que mesmo um povo rebelde como Israel é alcançado pela proteção divina, que o livra da artimanha maligna através de poderes políticos e militares, inclusive. O fato de não encontrarmos o nome “Deus” no decorrer da história em Ester serve para nos indicar que às vezes Deus “se oculta”, mas continua agindo! Não é assim muitas vezes na nossa jornada? Parece que Ele esqueceu-se de nós, mas Ele continua presente e jamais desampara os seus!
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Comentário Bíblico Beacon: Antigo Testamento. Vol. 2. 2005, p. 544.
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Introdução ao Antigo Testamento CONCLUSÃO Os livros históricos muito servem para enriquecer nossa vida espiritual hoje, em pleno século 21. As narrativas históricas servem como lições que podemos extrair para nossa vivência e convivência diante dos desafios que a pósmodernidade oferece a uma vida de santidade na presença santa do Senhor!
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Introdução ao Antigo Testamento
Exercícios do capítulo 2 Responda as sintetizada.
questões
abaixo,
de
maneira
bem
1 Qual a abrangência de tempo abarcada pelos Livros Históricos? _______________________________________________ _______________________________________________ 2 Em quantas levas se deu o retorno do Exílio Babilônico? _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ 3 Mencione pelo menos dois profetas não-literários: _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ 4 Quem teria sido o primeiro tradutor a separar os livros de Esdras e Neemias e em que ano? _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ 64
Introdução ao Antigo Testamento 5 Como está dividido o cânon do Antigo Testamento na Bíblia Hebraica? _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________
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Introdução ao Antigo Testamento
3 Os Livros Poéticos “Considerando que esses livros (os poéticos – grifo meu) descrevem experiências do povo de Deus, seu alcance é tão amplo quanto a própria vida. Neles a inspiração envolve a experiência humana com uma qualidade universal que tem trazido conforto, força e orientação a incontáveis crentes ao longo do tempo” (C. I. Scofield).
INTRODUÇÃO
C
omo vamos estudar agora cinco livros do AT que são classificados como “poéticos”, devemos considerar seis elementos fundamentais que são pertinentes à poesia. Embora a poesia hebraica não siga a rigor estes elementos, o estudante precisa conhecê-los, pois são princípios fundamentais no campo da poesia; são eles: 1. A própria poesia (i.e., o que é poesia?) – “arte de escrever em versos”. 2. O poema – “produção verbal e literária em versos”. 3. O poeta – “aquele que compõe, escreve e recita os poemas”. 4. A rima – “a harmonia de sons, especialmente na repetição de uma sílaba no fim de uma linha”. 66
Introdução ao Antigo Testamento 5. O ritmo – “é a cadência ou a regularidade de repetição de sons – é o compasso”. 6. As expressões figurativas – “são geralmente feitas na poesia por intermédio de comparações e analogias, de modo que o poeta “pinta um quadro” com palavras”. A poesia é distinta da “prosa”, que é a maneira natural de se falar ou escrever. No ramo do saber poético, os livros poéticos de Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão são o que de melhor já foi produzido no mundo. A poesia hebraica é singular, bem distinta da poesia como conhecemos hoje. Com relação à este fato, explica C. I. Scofield: O ritmo não é obtido pela semelhança de sons, como nos versos com rima, nem pela métrica ou cadência, como no verso livre (embora a poesia hebraica ocasionalmente use cadência), mas principalmente pela repetição, pelo contraste e pela elaboração de ideias9.
A poesia hebraica segue ou está baseada principalmente no paralelismo de ideias e o seu objetivo principal é comunicar a sabedoria divina aos homens. Estes cinco livros classificados como poéticos são também chamados de livros sapienciais do AT. A palavra “sapiencial” vem do 9
SCOFIELD, 2009. p. 481.
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Introdução ao Antigo Testamento latim sapientia, e significa, “sabedoria”. Desse modo, esses livros procuram comunicar aos leitores a melhor forma para se viver e isto do ponto de vista divino, é claro. Isto os torna livros didáticos – que ensinam – e práticos, não são apenas teóricos. Eles de fato, nos ensinam a viver! Quando falamos em “livros poéticos” não deve o estudante da Bíblia pensar que por serem poéticos são menos inspirados ou mesmo desprovidos da inspiração divina, sendo por isso diferente dos demais livros da Bíblia. Quando falamos destes livros como “livros poéticos” estamos falando de um gênero literário da literatura hebraica. Desse modo, é corretíssimo pensar nos livros poéticos como sendo igualmente inspirados por Deus, como acontece com os demais livros do cânon bíblico. 1. O QUE É PARALELISMO NOS LIVROS POÉTICOS? O paralelismo de ideias é sem dúvida a característica mais singular da poesia hebraica. No contexto do nosso estudo, o paralelismo é a relação entre cada dois ou mais versos da poesia sem qualquer preocupação com a rima, com palavras e sons. Diferente do verso moderno que é reconhecido como poesia por causa de rima ou da métrica, a poesia hebraica não depende de nenhum deles. Em vez disso, a poesia hebraica emprega o paralelismo. Há três tipos comuns de paralelismo: 68
Introdução ao Antigo Testamento 1. Sinonímico (por quê vem de sinônimo) - a segunda linha do dístico (grupo de dois versos) repete o pensamento da primeira linha (por exemplo, Jó 4.7; este é o tipo mais comum de paralelismo no livro de Jó). Esta categoria de paralelismo indica similaridade (semelhança) entre versos. Consiste em expressar duas vezes a mesma ideia com palavras diferentes, como em Sl 113.7: Ele levanta do pó o necessitado E ergue do lixo o pobre. (NVI). 2. Antitético (por quê vem de antítese) - a segunda linha do dístico forma um contraste com a primeira linha (por exemplo, Sl 1.6). Indica contraste mesmo, oposição, diferença de pensamento entre um verso e outro, mas com a finalidade de dar ênfase à verdade exposta. É formado pela oposição ou pelo contraste entre duas ideias ou imagens poéticas, como em Sl 37.21: Os ímpios tomam emprestado e não devolvem, Mas os justos dão com generosidade. (NVI). 3. Sintético - a segunda linha completa ou aumenta o pensamento da primeira (por exemplo, Jó 4.9; 19.21). As duas linhas do verso não dizem a mesma coisa, 69
Introdução ao Antigo Testamento mas antes, a declaração da primeira linha serve como base sobre a qual a segunda declaração se fundamenta. A relação é a de causa e efeito, como em Sl 19.7-8: A lei do Senhor é perfeita, e revigora a alma. Os testemunhos do Senhor são dignos de confiança, E tornam sábios os inexperientes. Os preceitos do Senhor são justos, e dão alegria ao coração. Os mandamentos do Senhor são límpidos, e trazem luz aos olhos. (NVI)”. 2. OUTROS RECURSOS DA POESIA HEBRAICA Outros recursos literários também são usados na poesia hebraica. Podemos citar a metáfora, que consiste no emprego de uma palavra fora de seu sentido habitual ou literal, como vemos, por exemplo, em Provérbios 6.20: “Porque o mandamento é lâmpada...”. Lâmpada, aqui, evidentemente, é usada figuradamente como símbolo de iluminação, entendimento ou aquilo que dá luz, que orienta – é uma metáfora. Há também a símile que é, na verdade, uma modalidade de metáfora. Ela ocorre quando uma metáfora vem acompanhada das expressões “como”, “qual”, “tal”, “assim como”, etc. Exemplo: “Como dente quebrado e pé sem firmeza...” (Pv 25.19). 70
Introdução ao Antigo Testamento Outro recurso magnífico que é usado na poesia hebraica são os chamados acrósticos alfabéticos. Trata-se de um artifício literário encontrado em algumas poesias do AT para ajudar a memória ou propiciar a divisão das estrofes. O tipo de acróstico empregado no AT é de caráter alfabético. O melhor exemplo pode ser observado no Salmo 119. Este salmo forma um acróstico alfabético. Suas 22 seções de oito versos cada correspondem às 22 letras do alfabeto hebraico. Cada versículo começa com a letra da sua respectiva seção. Isso pode ser verificado na versão ARC. É lógico que na tradução do hebraico para outras línguas, o efeito do acróstico se perde e as letras iniciais de cada versículo não são todas as mesmas para cada divisão do salmo. Há outros Salmos acrósticos como o 9, 25, 34, etc. Também em Lamentações ocorrem vários acrósticos alfabéticos. Os capítulos 1,2 e 4 contêm 22 versos com acrósticos, que nem sempre seguem uma ordem precisa. O capítulo 3 tem três versos para cada letra do alfabeto. Acredita-se que Naum 1.2-10 seja parcialmente alfabético, mas isso não está claro no texto hebraico. Alguns afirmam que os poemas acrósticos sejam de um período posterior, mas essa opinião não está baseada em fatos. A seguir, você tem o texto hebraico dos oito primeiros versos do Salmo 119 dispostos em dois gráficos, onde o gráfico da direito dispõe os oito versos com todas as letras álefes marcadas. O álefe é a primeira letra do alfabeto hebraico. Repare que esta é a primeira seção, i.e., a seção Álefe, onde todos os versos 71
Introdução ao Antigo Testamento iniciam justamente com esta letra. Lembre-se ainda de que no hebraico a leitura é feita da direita para a esquerda:
3. O LIVRO DE JÓ Embora não encontremos no livro de Jó uma referência direta ao seu autor humano, Ezequiel 14.14,20 e Tiago 5.11 fazem referência a Jó, o personagem humano principal do livro, como histórico. Ele existiu de fato. Ezequiel nos apresenta Jó como um homem extremamente reto e Tiago nos apresenta Jó como um modelo de paciência nas tribulações. Embora alguns teólogos defendam que o livro de Jó seja produto do período pós-exílio, há evidências fortes de que o livro está narrando eventos que ocorreram no período patriarcal e tendo sido escrito antes do cativeiro babilônico; consideremos essas evidências: 1) a maneira de medir a riqueza de Jó é a mesma do tempo de Abraão e Jacó – eles usavam o gado como medida (cf. Jó 1.3; 42.12; Gn 12.16; 13.2; 30.43; 32.5); 2) o livro de Jó cita povos que se situam numa data bastante remota: os sabeus e os caldeus (cf. Jó 1.15,17); 3) existe no livro de Jó uma expressão 72
Introdução ao Antigo Testamento hebraica para peça de dinheiro que só é encontrada ali e em Gênesis 33.19; 4) a maneira como Jó ofereceu sacrifícios a Deus era a maneira dos patriarcas, de modo que ele não era sacerdote e não há referência à um santuário ou templo no livro (cf. Jó 1.5); 5) outro fato marcante no livro de Jó que é evidência de que os eventos do livro tenham ocorrido no período patriarcal é a longevidade de Jó, típica do período patriarcal (cf. Jó 42.16) e, 6) também o uso frequente do nome divino Shaddai (31 vezes) em vez de Iavé pode também ser considerado um indicativo de que o livro relate eventos que ocorreram antes do Êxodo (Êx 3.14,15). Com relação ao autor humano do livro, três autorias são defendidas entre os estudiosos: uns atribuem o livro ao próprio Jó, outros a Moisés e ainda outros atribuem o livro a Eliú, que participa dos diálogos com Jó. O significado do nome “Jó” não é fácil de ser definido. O pastor Esequias Soares acredita que a maior possibilidade é que o nome signifique “voltar” ou “arrepender-se”. Com relação ao conteúdo do livro, existe em Jó uma prosa narrativa que ocupa nele um espaço muito reduzido; ela se encontra somente no prólogo (caps. 1-2), no epílogo (42.717), numa breve passagem de transição (32.1-6) e em alguns versículos introdutórios do diálogo. O resto, praticamente a totalidade do corpo do escrito, é poesia. Na verdade, podemos dizer que o livro de Jó é majoritariamente o registro de um diálogo – 29 capítulos ou quase 75% do livro é ocupado com os debates entre o patriarca Jó e seus 73
Introdução ao Antigo Testamento amigos. Vinte capítulos são palavras de Jó e nove são palavras de seus amigos. O livro de Jó se ocupa de um assunto que há séculos ocupa os pensamentos dos homens: a questão do sofrimento humano. Ora, se há um Deus bondoso e amoroso que se importa com a humanidade, por que Ele permite que haja tanto sofrimento entre os homens, ou mais perto que isso, por que Ele permite que seus servos sofram? Reconhecemos que o sofrimento faz parte da existência humana – é inerente à ela! Não há ser humano que não sofra! Todos nós, em algum momento de nossas vidas, passamos por algum tipo de sofrimento ou ainda iremos passar, ou já passamos e iremos passar novamente! De fato, nossa vida aqui é um vale de lágrimas, muitas vezes. Dentro deste contexto, nada no mundo foi produzido que se compare ao livro Jó. O antigo escritor e historiador Thomas Carlyle chegou a dizer: “Eu classifico esse livro (o livro de Jó – grifo meu) como uma das maiores obras já escritas com a pena. Dá a impressão de que não é hebreu – nele reina uma universalidade tão grandiosa... O livro de todos os homens! É a nossa primeira e mais antiga declaração acerca do infindável problema – o destino do homem e os procedimentos de Deus com ele aqui nesta terra [...] Não há nada escrito, penso eu, na Bíblia ou fora dela, de igual mérito literário”. Com inspiração raríssima entre os comentaristas bíblicos, escreve o doutor F. B. Meyer sobre o livro de Jó: 74
Introdução ao Antigo Testamento A história é muito confortadora, porque verificamos que não somos um joguete do acaso, mas em cada detalhe da vida, a mão de nosso Pai está promovendo nosso desenvolvimento espiritual. Nossos amigos mais queridos podem aconselhar-nos a renunciar a Deus e morrer, mas no Getsêmane o Senhor nos ensinou a aceitar a vontade do Pai seja qual for o preço – mesmo que isso possa significar a morte – certos de que Ele não nos deixará na sepultura.10
A partir do capítulo 38 temos as palavras do Senhor, que até então mantivera-se em silêncio: O último discurso pertence ao Senhor, que fala a Jó “do meio de um redemoinho” (38.1; 40.6). Deus se lhe manifesta assim, rompendo o silêncio que até então havia guardado e do qual Jó havia se queixado frequentemente. Surpreendentemente, as palavras do Senhor não fazem referência aos sofrimentos de Jó, mas são uma afirmação da grandeza de Deus, do seu poder e da sabedoria insondável do seu governo universal. Jó, tocado na sua consciência, confessa ser um ignorante e atrevido que falava “do que não entendia” (42.3). Tendo aversão a si mesmo e arrependido “no pó e na cinza” (42.6), mantém a sua confiança em Deus, mesmo quando não tenha conseguido decifrar o mistério dos sofrimentos e a infelicidade do inocente (38.1—42.6).11
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MEYER, 2002, p. 256. Bíblia De Estudo Almeida Revista e Atualizada, 1999; 2005.
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Introdução ao Antigo Testamento Os amigos ou “consoladores” de Jó Vemos nos amigos de Jó algumas qualidades legítimas de um verdadeiro amigo. Mas suas explicações para o sofrimento de Jó foram falhas; tipicamente humanas! O livro de Jó apresenta na verdade três amigos de Jó mais Eliú, que foi o mais jovem dos quatro, procedia de Buz, possivelmente na Síria ou Arábia e não tinha grande intimidade com Jó. Seu nome significa “Ele é meu Deus”.Os três amigos de Jó apresentados no livro são Elifaz, Bildade e Zofar. Estes amigos de Jó vieram de longe para condoerse com ele em seu sofrimento. Eles partiram cada um de sua terra de origem e após encontrarem-se, rumaram para a terra de Uz, a cidade de Jó. Após sentarem-se com ele no monturo (monte de resíduos), permaneceram sete dias calados, seguindo o período de luto daquele tempo e reconhecendo que o sofrimento de Jó era extremo (Jó 2.13). Elifaz veio de Temã, região mais conhecida como Edom, a sudoeste de Canaã, famosa pela grande sabedoria de seus habitantes (cf. Gn 36.4; 10-12; Jr 49.7). O nome “Elifaz” significa “Deus é ouro refinado” ou “Deus concede”. Possivelmente, o mais idoso dentre os três amigos de Jó. Demonstra ser mais entendido e mais maduro. Bildade veio da Síria; ele é chamado de “Bildade, o suíta”, porque ele era descendente Suá, filho de Quetura com Abraão (Gn 25.2; 1 Cr 1.32). Este termo, “suíta”, indica, portanto, a ascendência de Bildade e só é aplicado a ele nas 76
Introdução ao Antigo Testamento Sagradas Escrituras. Bildade é mais argumentador do que Elifaz e acusa Jó de impiedade (Jó 8.13). Zofar veio de Naamã, possivelmente no norte da Arábia. Seu nome significa “Cabeludo” ou “Rude”. Zofar acusa Jó de ser orgulhoso e um dos seus principais argumentos é que Deus “[...] conhece os homens vãos e, sem esforço, vê a iniquidade” (Jó 11.11). Ao final do livro de Jó, vemos que Deus não aprovou a atitude do próprio Jó em relação à Ele, mas também não aprovou a atitude de seus três amigos. Deus afirma que o erros de Elifaz, Bildade e Zofar foi ainda mais grave que o de Jó (42.7) e instrui a Jó no sentido dele interceder por eles. Isto serve para nos mostrar que mesmo homens sábios, como Elifaz, podem estar grandemente equivocados em relação ao agir do Senhor em determinadas circunstâncias da vida. 4. O LIVRO DOS SALMOS O Pastor Isaías Lobão Pereira Júnior em excelente artigo publicado na internet sobre o Livro dos Salmos explica que: O Livro dos Salmos é o maior e talvez o mais amplamente usado livro da Bíblia. Ele explora o mais profundo da experiência humana de uma forma muito pessoal e prática. Seus 150 “cânticos” permeiam da Criação aos períodos patriarcal, teocrático, monárquico, exílico e pósexílico. A tremenda amplitude do tema nos Salmos inclui diversos tópicos, tais como júbilo, guerra, paz, culto, juízo, profecia messiânica, louvor e lamentação. Os Salmos eram
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Introdução ao Antigo Testamento entoados com o acompanhamento de instrumentos de corda e serviram como hinário do templo e guia devocional para o povo judeu. O Livro dos Salmos foi gradualmente colecionado e originalmente intitulado, talvez devido à grande variedade de material. Ele veio a ser conhecido como Sepher Tehillim – “Livro dos Louvores” – em virtude de quase todo salmo conter alguma nota de louvor a Deus. A Septuaginta (LXX) usa a palavra grega Psalmoi como título para este livro, significando poemas entoados com acompanhamento de instrumentos musicais. Ele também é chamado Psalterium (coleção de cânticos), e esta palavra é a base para o termo “Saltério”. O título latino é Liber Psalmorum, “Livro de Salmos”.12
O livro dos Salmos é a principal referência das Escrituras sobre louvor e música. O próprio título hebraico do livro dos Salmos (tehilim que significa “louvores”) por si só já indica isto; o título na Septuaginta é Psalmoi, que significa “cânticos para serem acompanhados por instrumentos de cordas”. O título em português, Salmos, deriva da Septuaginta. A música desempenhava papel de importância no culto do antigo Israel (cf. Sl 149; 150; 1 Cr 15.16-22). Os salmos eram os hinos do povo de Israel, eram o hinário oficial de Israel. O salmo mais antigo conhecido vem de Moisés, no século XV a.C. (Sl 90); os mais recentes provêm dos séculos VI e V a.C. (ex. Sl 137). A maioria dos Salmos, no entanto, foi escrita no século X a.C., durante a 12
JÚNIOR, acesso em: 14 abr. 2012.
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Introdução ao Antigo Testamento era áurea da poesia em Israel. Desde os tempos mais antigos, os 150 Salmos são organizados em cinco livros, tendo cada um, na sua conclusão, uma enunciação de louvor e invocação dirigida a Deus, a saber: livro 1 (1-41), livro 2 (42-72), livro 3 (73-89), livro 4 (90-106) e livro 5 (107150). A seguir, temos uma visão panorâmica da divisão dos Salmos em cinco livros: Livro I: Salmos 1 a 41 (total de 41 salmos). Autoria: maioria de Davi. O nome divino predominante é Jeová (o “SENHOR”). Temas frequentes são o ser humano e a criação. A semelhança com o Pentateuco é referente ao livro de Gênesis. Livro II: Salmos 42 a 72 (total de 31 salmos). Autoria: maioria de Davi e dos filhos de Corá. O nome divino predominante é El/Elohim (“Deus”). Os temas frequentes são livramento e redenção. A semelhança com o Pentateuco é referente ao livro de Êxodo. Livro III: Salmos 73 a 89 (total de 17 salmos). Autoria: maioria de Asafe. O nome divino predominante é El/Elohim (“Deus”). Os temas frequentes são adoração e o santuário e a semelhança com o Pentateuco é referente ao livro de Levítico. Livro IV: Salmos 90 a 106 (total de 17 salmos). Autoria: a maioria é anônima. O nome divino predominante é Jeová (o “SENHOR”). Temas frequentes são o deserto e os 79
Introdução ao Antigo Testamento caminhos de Deus. A semelhança com o Pentateuco é referente ao livro de Números. Livro V: Salmos 107 a 150 (total de 44 salmos. Autoria: maioria anônima. O nome divino predominante é Jeová (o “SENHOR”). Os temas frequentes são a Palavra de Deus e o seu louvor e a semelhança com o Pentateuco é referente ao livro de Deuteronômio.13 Os títulos hebraicos dos salmos Os títulos hebraicos dos salmos contêm diversas informações. Algumas vezes, fazem referência à pessoa a quem se atribui a composição do poema, pessoa que, em quase a metade dos casos, é identificada com o rei Davi (39; 11-32; 34-41; 51-65; 68-70; 86; 103; 108-110; 124; 131; 133; 138-145). Outros salmos são atribuídos a Salomão (72; 127), a Asafe (50; 73-83), aos filhos de Corá (42; 44-49; 84-85; 8788), a Etã (89) e a Moisés (90). Há 49 salmos que são anônimos. Alguns títulos oferecem informação sobre a música (por exemplo, “ao mestre de canto, com instrumentos de cordas”, 4; 6; etc.). Infelizmente, o significado de numerosos termos técnicos se perdeu, e não temos como traduzi-los de maneira precisa: termos como Masquil (42; 44; 52-55, etc.), Mictam (16; 56-60) e Shigaion (7) parecem referir-se a 13
Adaptado de: STAMPS, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
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Introdução ao Antigo Testamento determinados tipos de salmos. Outros parecem referir-se a algum instrumento musical, como no caso de Neginot (instrumentos de cordas?, 4; 6) e Nehilot (flautas?, 5). Outros, por fim, aparecem precedidos da preposição “sobre” (hb. al) e parecem ser os nomes da melodia que se usava com determinado salmo, como, por exemplo, AieletHashahar (22), Alamot (46), Gitit (8; 81; 84), Mahalat (53; 88), Mut-Labén (9), Seminit (6; 12). Nesta versão, os nomes das melodias foram traduzidos, como, por exemplo, “Corça da manhã” (22), “A pomba nos terebintos distantes” (56), “Os lírios” (45; 69), “Não destruas” (57-59; 75). A palavra selah (Selá), que aparece 71 vezes no texto hebraico dos Salmos, significa, possivelmente, “levantar” e parece indicar um interlúdio musical. O antigo teólogo pentecostal Myer Pearlman comenta que: O livro dos Salmos é uma coletânea de poesia hebraica inspirada pelo Espírito Santo; descreve a adoração e as experiências espirituais do povo de Deus no Antigo Testamento. É a parte mais íntima e pessoal deste testamento, pois nos mostra como era o coração dos fiéis naquele tempo, e a sua comunhão com Deus. Nos livros históricos da Bíblia, Deus fala acerca do homem; nos livros proféticos, Deus fala ao homem, e nos Salmos, o homem fala a Deus. A alma do crente pode ser comparada a um órgão cujo executor é Deus. Nos Salmos, percebe-se como Deus toca todas as emoções da alma piedosa, produzindo cânticos de louvor, confissão, adoração, ações de graças, esperança e instrução. Até hoje, não foi achada linguagem melhor
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Introdução ao Antigo Testamento para que nós nos expressemos diante de Deus. As palavras dos Salmos são linguagem da alma”.14
5. O LIVRO DE PROVÉRBIOS No livro de Provérbios encontramos aquilo que podemos denominar de “a herança da sabedoria de Israel”. Ele é composto por uma série de coleções que, em forma de máximas, refrães, ditos e poemas, transmitem a antiga herança de sabedoria de Israel. O conteúdo, no seu conjunto, é encabeçado pelo título “Provérbios de Salomão, filho de Davi, rei de Israel” (1.1). A tradição hebraica atribui a autoria da obra completa frequentemente àquele monarca, conhecido pela sua sabedoria. Ele é autor de três mil provérbios e mil e cinco cânticos (1Rs 4.29-34). Israel considerava Salomão o seu sábio por excelência. A palavra hebraica mashal, traduzida por “provérbio”, tem os sentidos de “oráculo”, “parábola”, ou “máxima sábia”. Por isso, há declarações longas no livro de Provérbios (por exemplo, 1.20-33; 2.1-22; 5.1-14), mas há também as concisas, mais resumidas, mas ricas de sentido e sabedoria, para se viver de modo prudente e justo. O conteúdo de Provérbios representa uma forma de ensino comum no Oriente Próximo antigo, mas é importante ressaltar que no caso de Provérbios, sua sabedoria é diferente porque veio da parte de Deus, com seus padrões justos para o povo do seu concerto. Ele usa como método de ensino o contraste: o 14
PEARMAN, 2007, p. 5, grifo meu.
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Introdução ao Antigo Testamento bem e o mal, a justiça e a impiedade, a sabedoria e a insensatez e assim prossegue. O doutor Norman Geisler desenvolve uma interessante discussão em torno do livro de Provérbios e a posição de críticos em relação à ele: Com frequência, os críticos rapidamente chegam à conclusão de que afirmações que não mencionam restrições não admitem exceções. Apoderam-se de versículos que apresentam verdades gerais e então regozijam-se em mostrar óbvias exceções. Ao fazerem isso, se esquecem de que tais afirmações foram feitas com a intenção de serem generalizações. O livro de Provérbios é um bom exemplo de casos assim. Dizeres proverbiais, por sua própria natureza, dão-nos apenas uma direção, e não uma certeza aplicável a todos os casos. São regras para a vida, mas regras que admitem exceções. Provérbios 16.7 é um desses casos. A afirmação é: "Sendo o caminho dos homens agradável ao Senhor, este reconcilia com eles os seus inimigos". Isto obviamente não tinha a intenção de ser uma verdade universal. Paulo era agradável ao Senhor, e seus inimigos o apedrejaram (At 14.19). Jesus foi agradável ao Senhor, e seus inimigos o crucificaram! Não obstante, esta é uma regra geral: aquele que vive de modo a agradar ao Senhor poderá minimizar o antagonismo de seus inimigos. Outro exemplo de uma verdade geral é Provérbios 22.6: "Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele". Entretanto, outras passagens da Bíblia nos mostram que isto nem sempre é verdade. De fato, alguns homens piedosos na Bíblia (inclusive Jó, Eli e Davi) tiveram filhos perversos.
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Introdução ao Antigo Testamento Este provérbio não contradiz a experiência por ser um princípio geral, que se aplica de maneira geral, mas que permite exceções em casos isolados. Os provérbios não têm a característica de ser garantias absolutas. Antes, eles expressam verdades que nos proporcionam conselhos e direções úteis, que cada um de nós deve aplicar à própria vida, a cada dia. Não passa de um simples erro presumir que a sabedoria de um provérbio seja sempre uma verdade universal. Os provérbios são sabedoria (direções gerais), não leis (imperativos com aplicação universal). Quando a Bíblia declara “... vós sereis santos, porque eu sou santo” (Lv 11.45), então não há exceções. Santidade, bondade, amor, verdade e justiça estão na raiz precisa da natureza de Deus, que é imutável e, por isso, não admite exceções. Mas a sabedoria toma as verdades universais de Deus e as aplica a circunstâncias específicas e sujeitas a alterações, as quais, por sua própria natureza mutável, nem sempre produzirão os mesmos resultados. Não obstante, a sabedoria ainda assim é muito útil como um guia para a vida, mesmo admitindo eventuais exceções”.15
6. O LIVRO DE ECLESIASTES A palavra “Eclesiastes” significa “pregador”, “orador”, “pessoa encarregada de convocar um auditório e dirigir-lhe a palavra”. A palavra hebraica qoheleth usada logo no primeiro versículo do livro significa justamente “pregador”, que vem de uma raiz hebraica que significa “aquele que chama” ou “aquele que invoca”. A abordagem 15
GEISLER. HOWE. 1999. pp. 29,30 (grifo meu).
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Introdução ao Antigo Testamento central do livro de Eclesiastes é que tudo o que há debaixo do Sol é vaidade, i.e., passageiro, vão, perecível: “Considerei todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também o trabalho que eu, com fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol” (2.11). Mas o livro tem um epílogo que deve ser o epílogo de toda a vida humana nesta terra: “ De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem” (12.13). O livro é destinado a mostrar, do ponto de vista físico, quão passageira é a nossa existência nesta terra. Mas ele aponta também e justamente por isso a necessidade do Criador! A tradição hebraica atribui a autoria do livro de Eclesiastes a Salomão assim como atribui o de Salmos a Davi. O livro de 1 Reis narra-nos como foi que Salomão pediu a Deus sabedoria e Este respondeu à sua petição (1 Re 3). De fato, a sabedoria de Salomão, demonstrada formidavelmente na questão das duas prostitutas que disputavam o nenê vivo, foi vista não só ali, mas também na administração do reino, haja vista que o período monárquico sob Salmoão foi um dos períodos áureos da História de Israel, de grande riqueza e expansão territorial, inclusive. Mas há quem acredite que o livro de Eclesiastes não tenha saído diretamente da pena de Salomão. O primeiro que pensava assim parece ter sido o reformador Martinho Lutero. Hoje, até mesmo os estudiosos mais conservadores do AT crêem 85
Introdução ao Antigo Testamento assim. A evidência para isto é que no livro encontramos expressões que aparentemente teriam sido escritas por Salomão mas que se encontram no tempo pretérito, i.e., no passado. Veja, por exemplo, 1.12: “Eu, o pregador, fui rei sobre Israel em Jerusalém”. Em 2.4-11 também são descritos os atos e feitos do reinado de Salomão como algo que já era passado no tempo em que foi escrito. Novamente em 1.16 e 2.7 o mesmo acontece: o escritor fala no tempo pretérito. O autor do livro, portanto, não foi o próprio Salomão, pois nunca houve uma época na vida de Salomão em que ele pudesse se referir ao seu reinado como algo passado. O autor humano do livro de Eclesiastes é alguém que viveu no período do pós-cativeiro babilônico e colocou suas palavras na boca de Salomão. Possivelmente, esse escritor posterior (ou escritores posteriores [?]) coletaram e reuniram no livro de Eclesiastes as informações pertinentes à vida, experiências e sabedoria de Salomão. Isso não diminui em nada a inspiração divina que repousa sobre o “O Livro do Pregador”. O valor do livro procede da verdade divina que ele expressa com impacto. Parece que o nosso autor usou a prática comum de escritores judeus de se identificar com alguma pessoa importante para apresentar sua obra literária. 7. O LIVRO DE CANTARES DE SALOMÃO ― “Mas irmão, como é que pode um livro como o de Cantares estar na Bíblia? Ele contém expressões de 86
Introdução ao Antigo Testamento sensualidade!” ― Foi com essa pergunta que uma irmã em Cristo e amiga me abordou certa feita, sem entender como é que um livro como Cantares de Salomão pode estar na Bíblia. Bem, de fato, o livro contém expressões que fazem referência ao sexo e não há como negar isto. Foi justamente por causa deste impacto que na antiguidade a tendência entre os teólogo judeus e os teólogos cristãos foi sempre interpretar o livro como uma alegoria para o amor entre Deus e Israel e do amor de Cristo para com Sua Noiva, a Igreja. Mas, como bem expressa o biblicista Norman Geisler: A Bíblia não condena o sexo, apenas o sexo pervertido. Deus criou o sexo (Gn 1.27) e ordenou que fosse desfrutado dentro dos limites do casamento monogâmico e sob o relacionamento do amor. As Escrituras declaram: "Alegra-te com a mulher da tua mocidade, corça de amores e gazela graciosa. Saciem-te os seus seios em todo o tempo; e embriaga-te sempre com as suas carícias" (Pv 5.18-19). Depois de advertir àqueles que proíbem o casamento (1 Tm 4.3), o apóstolo declara que "tudo que Deus criou é bom" (v. 4), e prossegue falando do Deus "que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento" (6.17). O livro de Hebreus destaca que "digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros" (Hb 13.4). Deus tem consciência de que as pessoas normais têm desejos sexuais, mas ele acrescenta: "mas, por causa da impureza, cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido" (1 Co 7.2). Assim, o sexo em si
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Introdução ao Antigo Testamento não é pecado, assim como os desejos sexuais também não o são. Deus os criou com a pretensão de que fossem desfrutados dentro dos laços de amor de um casamento monogâmico. O Cântico dos Cânticos de Salomão é um exemplo de como o amor sensual deve expressar-se no casamento, dado com a autoridade divina.16
Seguindo essa linha de interpretação do livro de Cantares, concluímos que o livro trata em primeiro plano do relacionamento monogâmico, no casamento, entre um homem e uma mulher, onde o sexo tem o seu lugar e é por Deus abençoado e é bênção para o casal, de modo que deve homem e mulher desfrutar sim desta bênção maravilhosa. Algo tão bom como o sexo só poderia mesmo ter sido criado por Deus! O problema é que a humanidade, desprovida de princípios cristãos e temor a Deus, tem banalizado o sexo. Até reconheço que o livro de Cantares pode sim apontar para o relacionamento entre Deus e Israel e de Cristo e Sua Igreja, mas não é esse o objetivo primário do livro. O objetivo primário é realmente mostrar a beleza do relacionamento entre um homem e mulher no casamento (que fique claro!). Na Bíblia de Estudo Almeida Revista e Atualizada encontramos a seguinte exegese do livro de Cantares de Salomão, também chamado de o “O Cântico dos Cânticos”: O título hebraico dado a este breve mas belíssimo livro é uma expressão que corresponde literalmente ao início do 16
GEISLER. HOWE. 1999. p. 269.
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Introdução ao Antigo Testamento texto hebraico da Bíblia: shir hashirim. Trata-se de uma fórmula idiomática muito condensada, cujo sentido pode explicar-se com propriedade como: “o mais formoso dos cantos” ou “o poema mais sublime.” Assim, Cantares (= Ct) é um poema distribuído em estrofes, nas quais, alternadamente, dois namorados manifestam os seus recíprocos sentimentos numa linguagem apaixonada, de alto nível literário e brilhante colorido. Tudo nesse poema enfeitado de símiles e esplêndidas metáforas orienta-se para a exaltação do amor entre o homem e a mulher, nessa irresistível e mútua atração que inspira as palavras e determina as atitudes dos namorados. Em Cantares, o esposo olha a esposa como um modelo de perfeições, contempla-a pelo cristal daquilo que considera mais apetecível, seja vinha ou fonte, jardim ou “nardo e açafrão” (1.6; 2.15; 4.12-14; 5.1; 8.12). A beleza dos namorados e as delícias do amor são como os frutos da terra, os lírios, o vinho, o leite ou o favo de mel (4.3,11; 5.1,13; 6.2,7; 7.7-9; 8.2). Também, desde os mais altos expoentes da lírica, o poema expressa, às vezes, a angústia pela ausência do amado (1.7; 3.1-3; 5.8), a felicidade do encontro (2.8-14; 3.4) e, sobretudo, o desejo intenso da mútua entrega (1.2-4; 8.1-3).17
CONCLUSÃO Meditação profunda, reflexões da alma, comunhão profunda com Deus, anseio pelo Criador Eterno, antevisão do Messias Sofredor, do Messias Crucificado, do Messias Ressuscitado e do Messias que adentra aos portões eternos 17
Bíblia De Estudo Almeida Revista e Corrigida. 2002; 2005.
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Introdução ao Antigo Testamento – é essa a riqueza que encontramos nos livros poéticos. Nesses cinco livros, encontramos lenitivo para nossas almas, consolo em meio às tristezas da vida, fonte abundante de renovação espiritual, correção para nossa caminhada. Por que então não nos dedicar a estudá-los com sede profunda? Ali, encontraremos pão cotidiano para nossos momentos devocionais, para nossos momentos a sós com Deus. Busquemos sempre nessa mina inesgotável de riquezas eternas que nos conduzem à eternidade!
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Introdução ao Antigo Testamento
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Introdução ao Antigo Testamento
Exercícios do capítulo 3 Responda as sintetizada.
questões
abaixo,
de
maneira
bem
1 O que é "poema"? _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ 2 Qual o objetivo principal do paralelismo de ideias na poesia hebraica? _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ 3 O que é metáfora? _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ 4 Qual o assunto do livro de Jó? _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ 92
Introdução ao Antigo Testamento 5 Qual a principal referência nas Escrituras sobre louvor e adoração? _______________________________________________ _______________________________________________
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Introdução ao Antigo Testamento
4 Os Profetas Maiores “Assim, temos ainda mais firme a palavra dos profetas, e vocês farão bem se a ela prestarem atenção, como a uma candeia que brilha em lugar escuro, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça no coração de vocês” (2 Pedro 1.19).
INTRODUÇÃO
C
hegamos então a esta seção do Antigo Testamento rica daquilo que Deus desejava e deseja para seu povo: a seção profética. Esta seção inteira compreende ao todo 17 livros, chamados proféticos por causa do seu conteúdo e porque as suas respectivas autorias são de profetas, homens que viveram durante o período monárquico de Israel, ao longo de mais de quatro séculos! É importante ressaltar aqui que o que foi dito e escrito por estes homens de Deus do passado, os profetas de Israel, não é apenas material literário restrito àquele período, mas as verdades espirituais que encontramos nestes livros são também para nosso tempo, de modo que muito podemos aprender e apreender para nossa vida de devoção a Deus, relacionamento com e na Igreja e também na vivência social. 94
Introdução ao Antigo Testamento Os profetas bíblicos ainda falam, depois de mais de 2.400 anos! Você consegue ouvi-los? Peça ao Espírito Santo que possa guiá-lo na compreensão da mensagem profética contida no AT. As profecias que foram transmitidas por estes homens de Deus formam a base teológica e cristológica do próprio Novo Testamento. São, portanto, a base para assuntos teológicos, desenvolvidos no NT, da mais alta importância, tais como Soteriologia, Antropologia, Hamartiologia, as Dispensações, Escatologia, etc. Mas o que acontece é que esses livros, apesar de serem tão vitais para nossa compreensão teológica do NT e da Bíblia como um todo, são muitas vezes ignorados por nós, Igreja de Cristo. Que este livro de Introdução ao Antigo Testamento possa ajudá-lo a reconhecer a importância dos livros proféticos do AT e dedicar-se a lêlos e estudá-los. 1. QUEM ERA O “PROFETA” NO AT? Evidentemente precisamos começar entendendo o que a Bíblia nos revela sobre “o ser profeta”. A palavra “profeta” aparece no AT na palavra hebraica Nabi e o sentido dela em toda a extensão do AT aplicado aos profetas de Deus é “aquele que fala ou declara uma mensagem em nome do Senhor”. Ele era o porta-voz de Iavé, comunicando aos seus ouvintes (e leitores) a vontade DEle. É claro que nem sempre isto acontecia, pois o AT cita também os falsos 95
Introdução ao Antigo Testamento profetas, como vemos no caso de Jeremias em seu embate com o falso profeta Hananias (Jr 28), por exemplo. A palavra grega para profeta é prophetes que significa “aquele que fala sobre aquilo que está por vir ou adiante”. O prophetes é aquele que conhece o futuro porque Deus lhe revelou e assim ele comunica o que recebeu de Deus por inspiração. Uma parcela significativa do profetismo bíblico dedicou-se a anunciar o futuro. Isto é visto nas profecias messiânicas, por exemplo. As profecias messiânicas são aquelas profecias contidas no Antigo Testamento que dizem respeito ao Messias. Já foi feita uma estimativa de que várias centenas de profecias relacionadas a Cristo já se cumpriram em seu primeiro advento. Arthur T. Pierson (1837-1911) afirmou que há 332 referências a Cristo no AT que foram expressamente citadas no NT como profecias cumpridas durante a sua vida e ministério, ou como previsões de seu caráter [...].18
No AT, o profeta é também chamado em alguns momentos de “vidente”. Não deve o estudante da Bíblia confundir o conceito bíblico de “vidente” com o conceito do espiritismo sobre esta palavra. Na Bíblia, o profeta do Altíssimo era assim chamado porque “via as mensagens que recebia de Deus”, em alguns casos. De fato, livros como o de Ezequiel, Daniel, Zacarias e outros são ricos em visões. A palavra “vidente” significa “aquele que vê”. 18
Dicionário Bíblico Wycliffe, 2007, p. 1605.
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Introdução ao Antigo Testamento Mas além de ser o porta-voz de Deus, o profeta no AT era aquele que sentia o que o próprio Deus estava sentindo. Deus comunicava o Seu próprio coração ao coração do profeta! Vemos isso claramente nas Lamentações de Jeremias! O profeta chora ao ver a devastação de Judá. Também o profeta Oséias, igualmente sentiu o que Deus estava sentindo em relação à Sua infiel esposa – Israel. Dura missão recebeu aquele profeta de Deus: “Vai, toma uma mulher de prostituições e terás filhos de prostituição, porque a terra se prostituiu, desviando-se do Senhor” (Os 1.2). O seu próprio casamento seria um símbolo vivo da infidelidade de Israel! O profeta nestes casos se tornava, muitas vezes, uma mensagem ambulante! Enfim, vemos que os profetas veterotestamentários tornavam-se assim os recipientes dos sentimentos do próprio Senhor. É claro que em um coração humano não caberia todo o amor de Deus pelo povo. O amor divino é incomensurável! Mas aqueles homens (e mulheres também, em alguns poucos casos citados no AT) eram impactados pelo zelo do Senhor. 2. O PROFETISMO EM ISRAEL Afinal, o ministério profético no AT existiu como uma instituição organizada, como a dos sacerdotes? Houve de fato uma escola de profetas? Com base no que lemos em Números 11.16-30, entendemos que a atividade profética inicia-se já nos tempos de Moisés. Aliás, o próprio Moisés é chamado nas Escrituras de profeta (cf. Dt 34.10). Mas é 97
Introdução ao Antigo Testamento interessante observar que esta atividade já era conhecida no tempo do patriarca Abraão. Veja que Abimeleque ouve o próprio Deus dizer que Abraão era profeta! (Gn 20.6,7). Mas certamente essa atividade profética só veio a ser mais amplamente desenvolvida no tempo de Moisés mesmo. Acreditamos que o profetismo como movimento surgiu mesmo no oitavo século antes de Cristo e que “tinha por objetivo restaurar o monoteísmo hebreu, combater a idolatria, denunciar as injustiças sociais, proclamar o Dia do Senhor e reacender a esperança messiânica num povo que já não podia esperar contra a esperança. Tendo sido iniciado por Amós, foi encerrado por Malaquias. João Batista é visto como o último representante deste movimento"19. 3. CLASSIFICAÇÃO DOS PROFETAS Veremos a seguir quatro tipos de classificação para os profetas do AT: 1. Profetas “literários”, também chamados de “profetas clássicos”. São os profetas que nos legaram os livros que levam os seus nomes. Deixaram-nos uma mensagem escrita. 2. Profetas “não literários”, também chamados de “profetas orais”. São aqueles cujas profecias não chegaram até nós na forma de livros, embora 19
ANDRADE, 2010, p. 244.
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Introdução ao Antigo Testamento encontremos as suas palavras registradas nos livros bíblicos, mas esse registro era sempre feito por outro escritor. 3. Profetas Maiores – refere-se aos livros de Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel e Daniel. São assim chamados por causa da grande quantidade de volume literário de seus livros e também por causa da extensão dos seus ministérios. 4. Profetas Menores – são assim chamados por causa do pequeno volume literário de seus livros. Poderíamos ainda classificar os profetas em “profetas do pré-exílio” e “profetas do pós-exílio”. Conhecer e entender essa classificação ajuda muito na compreensão da mensagem dos livros proféticos. De fato, o exílio babilônico foi um marco na história do povo judeu, delimitando um “antes” e um “depois” na vida daquela nação. 4. O LIVRO DE ISAÍAS 4.1 O profeta Isaías, o filho de Amoz, é conhecido entre os estudiosos como o “príncipe dos profetas do Antigo Testamento”. É também por excelência o “profeta messiânico”, devido as várias referências que faz ao Messias, Jesus. Seu nome dá título ao livro por ele escrito, como acontece com todos os demais livros proféticos no AT. O significado é “Iavé é Salvação” ou “O Senhor é Salvação”. Seu ministério foi 99
Introdução ao Antigo Testamento extenso – profetizou por mais de 60 anos, desde antes da morte do rei Uzias, que era seu tio, até depois da morte de Senaqueribe, rei Assírio, i.e., de 740 a.C. até 681 a.C. (cf. 1.1; 6.1; 37.38). O ministério do profeta Isaías foi centrado em Jerusalém e abrangeu os reinados de quatro reis: Uzias, Jotão, Acaz, Ezequias e Manassés (1.1). A tradição judaica afirma que Isaías morreu cerrado ao meio por ordens do filho do rei Ezequias, o ímpio rei Manassés. Possivelmente, foi à este fato que o escritor da epístola aos Hebreus tenha se referido em Hebreus 11.37. Isaías foi casado com uma profetisa e com ela teve dois filhos, cujos nomes eram mensagens simbólicas à nação de Judá: Sear-Jasube (7.3), que significa “Um-Resto-Volverá” e Maer-Salal-Has-Baz (8.3), “RápidoDespojo-Presa-Segura”. 4.2 A mensagem de Isaías Certamente a maior parte do livro de Isaías (caps. 1 a 39) foi escrita durante os reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias e o restante do livro, caps. 40 a 66, durante o reinado do ímpio e perverso rei Manassés. Talvez os sofrimentos que tenha enfrentado por causa da perseguição deste malvado rei possa ter contribuído para os seus escritos a respeito do Servo Sofredor que viria no futuro (52.13-15; 53). O livro de Isaías em sua mensagem aborda temas sociais, religiosos e políticos. O profeta exorta o povo por causa de sua infidelidade a Deus, requer justiça dos líderes de Judá 100
Introdução ao Antigo Testamento e procura mostrar que a salvação só pode vir do Senhor e não de acordos e alianças com outros países e nações. O livro de Isaías apresenta Iavé como “O Libertador de Israel” ou “O Redentor de Israel” (45.15; 49.26; 62.11). “Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há salvador”. Isaías 43.11 4.3 O livro de Isaías, uma minibíblia dentro da Bíblia O livro do profeta messiânico tem sido chamado de “A Bíblia dentro da Bíblia” ou uma “mini-Bíblia” por causa da semelhança da sua estrutura com a estrutura da Bíblia. Curiosamente o livro de Isaías está naturalmente dividido em duas grandes seções, assim como a Bíblia também é dividida em duas grandes seções, o AT e o NT. A primeira seção de Isaías compreende justamente 39 capítulos, assim como o AT tem justamente 39 livros. A segunda seção de Isaías tem 27 capítulos (40 a 66) assim como o NT tem 27 livros. A primeira seção do livro de Isaías contém uma mensagem com ênfase no julgamento divino sobre a nação pecadora, na Lei e faz referências ao Messias prometido. A segunda seção realça a graça, a redenção prometida, oferecida e realizada pelo Senhor, O Redentor de Israel e ao Messias, mas agora como estando presente. A primeira seção anuncia o Messias. A segunda apresenta o Messias manifesto! 101
Introdução ao Antigo Testamento 4.4 Esboço do Livro de Isaías 1. Profecia de denúncia e convite (primeira seção do livro) 1.1-35.10 Mensagem de Julgamento e promessas - 1.1-6.13 Mensagem concernentes ao Emanuel - 7.1-12.6 Mensagem de Julgamento sobre as nações - 13.1-24.23 Mensagem de Julgamento, louvor, promessa - 25.1-27.13 Os infortúnios dos descrentes imorais em Israel - 28.1– 33.24 Resumo - 34.1-35.10 2. O procedimento de Deus com Ezequias 36.1-39.8 Deus liberta Judá - 36.1-37.38 Deus cura Ezequias - 38.1-22 Deus censura Ezequias - 39.1-8 3. Profecia de consolo e paz (segunda seção do livro) 40.166.24 A garantia de consolo e paz - 40.1-48.22 O Servo do Senhor, o Autor do consolo e da paz - 49.157.21 A realização do consolo e da paz - 58.1-66.24 5. O LIVRO DE JEREMIAS 5.1 O profeta 102
Introdução ao Antigo Testamento Pouco mais de um século depois que Isaías exerceu o seu ministério, o Senhor agora chama um jovem para o ofício profético, que era natural de uma família de sacerdotes. Seu pai se chamava Hilquias e a vila de onde era natural se chamava Anatote. Seu nome, Jeremias (1.1). O próprio significado do nome Jeremias é um indicativo de que ele fora de fato chamado e enviado pelo Senhor a profetizar a uma nação rebelde: “a quem Iavé designou”. Foi chamado ao ministério profético através de uma visão (1.4-10). Profetizou durante 40 anos, nos reinados dos cinco últimos reis de Judá (627 a 587 a.C.). As autoridades não recebiam bem as suas mensagens, pois Jeremias era tido como alguém que “enfraquece as mãos dos homens de guerra que restam nesta cidade e as mãos de todo o povo” (38.4). Desse modo, Jeremias foi rejeitado, perseguido e preso. O livro de Jeremias possui alguns dados biográficos do profeta, pois alguns episódios de sua vida estão narrados no seu livro (caps. 26, 28, 32, 35-43). Nabucodonosor cuidou dele depois da destruição de Jerusalém (39.11-12). Foi forçado a ir para o Egito (43.6-7) e lá, em adiantada velhice, morreu martirizado na cidade de Mênfis. 5.2 A Mensagem de Jeremias A mensagem do profeta Jeremias tinha aspectos de repreensão ao pecado do povo de Judá, a previsão do cativeiro babilônico e várias palavras de juízo contra as 103
Introdução ao Antigo Testamento nações inimigas, como o Egito, Filístia, Moabe, Amom, Síria, etc. Mas o livro do profeta Jeremias não é só de juízo e castigo divinos sobre o povo. Há também a promessa do regresso da Babilônia após os 70 anos de cativeiro, o que significa dizer que há a esperança de reconstrução nacional da nação (cf. 25.11; 29.10). No livro também há uma referência ao Messias, futuro Rei da descendência de Davi (23.5,6). Jeremias é conhecido entre os estudiosos como o profeta das lágrimas, dado o teor melancólico de sua mensagem. E não era para ser diferente! O profeta Jeremias na extensão do seu ministério viu o povo afastar-se do Senhor e como consequência, a devastação da cidade de Jerusalém pelos exércitos babilônicos. Israel já tinha sido completamente destruído. Agora, chegara a vez de Jerusalém e Judá. Jeremias iniciou seu ministério no reinado de Josias, um rei bom que adiou temporariamente o juízo de Deus prometido por causa do governo terrível de Manassés. Os acontecimentos estavam mudando rapidamente o Oriente Próximo. Josias tinha iniciado uma reforma, a qual incluía a destruição dos lugares altos pagãos em Judá e Samaria. Entretanto, a reforma teve um efeito pouco duradouro sobre o povo. Assurbanipal, o último grande rei assírio, morreu em 627 aC. A Assíria estava enfraquecendo, e Josias expandindo o seu território para o norte. A Babilônia, sob o domínio de Nabopolasar, e o Egito, sob Neco, estavam tentando sustentar sua autoridade sobre Judá.
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Introdução ao Antigo Testamento Em 609 a.C, Josias foi morto em Megido ao tentar impedir o Faraó Neco de ir contra o que restava da Assíria. Três filhos de Josias (Joacaz, Jeoaquim e Zedequias) e um neto (Joaquim) sucederam-no no trono. Jeremias viu a insensatez da linha de ação política desses reis e alertouos sobre os planos de Deus para Judá, mas nenhum deles deu atenção à advertência. Jeoaquim foi abertamente hostil a Jeremias e destruiu um rolo enviado a ele, cortando-o em algumas colunas e jogando-as no fogo. Zedequias foi um governante fraco e vacilante, buscando às vezes os conselhos de Jeremias, outras vezes permitindo que os inimigos de Jeremias o maltratassem e o aprisionassem.20
Esboço do Livro de Jeremias 1. O chamado de Jeremias - 1.1-9 2. Coleção de discursos - 2.1-33.26 Primeiro oráculos - 2.1-6.30 Sermão do templo e abusos no culto - 7.1-8.3 Assuntos diversos - 8.4-10.25 Eventos na vida de Jeremias - 11.1-13.27 Seca e outras catástrofes - 14.1-15.21 Advertência e promessas - 16.1-17.18 A santificação do sábado - 17.19-27 Lições do oleiro - 18.1-20.18 Oráculos contra leis, profetas e povo - 21.1-24.10
20
Bíblia de Estudo Plenitude.
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Introdução ao Antigo Testamento O exílio babilônico - 25.1-29.32 O livro de consolação - 30.1-35.19 3. Apêndice histórico - 34.1-35.19 Advertência a Zedequias - 34.1-7 Revogada a libertação de escravos - 34.8-22 O exemplo dos recabitas - 35.1-19 4. Julgamentos e sofrimentos de Jeremias - 36.1-45.5 Jeoaquim e os rolos - 36.1-32 Cerco e queda de Jerusalém - 37.1-40.6 Gedalias e o seu assassinato - 40.7-41.18 A fuga para o Egito - 42.1-43.7 Jeremias no Egito - 43.8-44.30 Oráculos para Baruque - 45.1-5 5. Oráculos contra nações estrangeiras - 46.1-51.64 Contra o Egito - 46.1-28 Contra os filisteus - 47.1-7 Contra Moabe - 48.1-47 Contra os amonitas - 49.1-6 Contra Edom - 49.7-22 Contra Damasco - 49.23-27 Contra Quedar e Hazor - 49.28-33 Contra Helão - 49.34-39 Contra a Babilônia - 50.1-3 106
Introdução ao Antigo Testamento 6. Apêndice histórico - 52.1-34 O reinado de Zedequias - 52.1-3 Cerco e queda de Jerusalém - 52.4-27 Sumário de três deportações - 52.28-30 Libertação de Joaquim - 52.31-34 6. O LIVRO DE LAMENTAÇÕES DE JEREMIAS O autor deste livro é também o profeta Jeremias que, em cinco capítulos, expressa o mais profundo da sua alma em relação à como agora se acha “solitária aquela cidade dantes tão populosa!” (Lm 1.1 – ARC). Os cinco capítulos que estão escritos em forma poética são, na verdade, uma espécie de apêndice ao livro de Jeremias com as suas profecias. Seu título em hebraico é Eichah, que significa simplesmente “como?”, a primeira palavra do livro. A Septuaginta nomeou este livro como Threnoi, que significa “lamento”, “cântico de dor”, “cântico fúnebre”, “gemido”. Este título expressa bem o contexto histórico de Lamentações. Jerusalém está agora desolada e o templo, símbolo máximo da religião judaica, arruinado! O livro de Lamentações pode ser considerado uma espécie de cântico fúnebre da cidade de Jerusalém. A impressão que temos ao ler as comoventes palavras do profeta das lágrimas é de que ele está de pé em meio aos escombros da cidade e do templo. Quem sabe não foi assim de fato!? Mas no livro de Lamentações encontramos um clarão de luz de esperança 107
Introdução ao Antigo Testamento em meio à escuridão da desolação que se abatera sobre a cidade: “O Senhor não rejeitará para sempre; pois, ainda que entristeça a alguém, usará de compaixão segundo a grandeza das suas misericórdias; porque não aflige, nem entristece de bom grado os filhos dos homens” (Lamentações de Jeremias 3.31-33). 7. O LIVRO DE EZEQUIEL O profeta O profeta Ezequiel juntamente com Daniel é um dos profetas que atuaram no cativeiro. Enquanto Jeremias profetizou na cidade, Ezequiel profetiza entre os exilados na Babilônia. Seu nome significa “fortalecido por Deus”. Ele foi levado para a Babilônia juntamente com Daniel já na primeira deportação. Lembremo-nos de que o cativeiro babilônico ocorreu em três levas de cativos. Nessa primeira leva, a nata de Jerusalém foi deportada para o império babilônico. Seu ministério não teve uma extensão tão grande comparado aos ministérios de Isaías e Jeremias. Ele profetizou por 20 anos aproximadamente. O conteúdo literário de seu livro, no entanto, está entre os maiores dos livros proféticos. O chamado de Ezequiel veio a ele em 593 a.C, o quinto ano do reinado de Joaquim. A última data dada por oráculo (29.17) é, provavelmente, 571 a.C. O nome 108
Introdução ao Antigo Testamento “Ezequiel” aparece apenas duas vezes no Livro em apreço (1.3; 24.24) e em nenhum outro lugar do AT. A mensagem do livro de Ezequiel Assim como aconteceu com outros profetas do Altíssimo, Ezequiel contemplou consternado a desobediência de Israel: “A casa de Israel se rebelou contra mim no deserto” (20.13). Mas o livro não deixa de conter, como acontece em outros livros proféticos, uma mensagem de esperança: “Habitareis na terra que eu dei a vossos pais; vós sereis o meu povo, e eu serei o vosso Deus” (36.28). Com Deus é sempre assim! Ele revela a doença, mas oferece o remédio para a cura! Os capítulos 36 e 37 são mensagens que focam a restauração de Israel. A conhecidíssima passagem do Vale dos Ossos Secos (cap. 37) é, na verdade, uma referência à restauração da nação de Israel. Esta grandiosa visão é a resposta do Senhor ao desalento e à desesperança dos israelitas no exílio (cf. Ez 33.10). Fora da Terra Prometida, os exilados são comparados a um monte de ossos secos (cf. v. 11). Mas o Senhor dará vida novamente ao seu povo através da eficácia da palavra profética (v. 4) e com a força vivificante do seu espírito (v. 5). O relato é dividido em duas partes: na primeira, temos a descrição da visão (vs. 110); na segunda, encontramos a explicação do significado da visão (vs. 11-14).
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Introdução ao Antigo Testamento Esboço do Livro de Ezequiel 1. O início da visão e chamada de Ezequiel - 1.1-3.21 Visões introdutórias - 1.1-28 O encargo dos profetas - 2.1-3.21 2. Profecias e visões sobre a destruição de Jerusalém - 3.2224.27 Oráculos de julgamento - 3.22-7.27 Visões de idolatria no templo - 8.1-11.25 O exílio e cativeiro de Judá - 12.1-24.27 3. Oráculos da ruína contra nações estrangeiras - 25.1-32.32 Contra Amom - 25.1-7 Contra Moabe - 25.8-11 Contra Edom - 25.12-14 Contra a Filístia - 25.15-17 Contra Tiro - 26.1-28.19 Contra Sidom - 28.20-26 Contra Egito - 29.1-32.32 IV. Profecias de restauração - 33.1-48.35 Ezequiel como vigia - 33.1-33 Deus como Pastor - 34.1-31 Julgamento contra Edom - 35.1-15 Restauração de Israel - 36.1-37.28 Julgamento contra Gogue - 38.1-39.29 110
Introdução ao Antigo Testamento Restauração do templo - 40.1-46.24 Restauração da terra - 47.1-48.35 8. O LIVRO DE DANIEL O profeta Daniel é exemplo de fidelidade a Deus em meio a circunstâncias as mais adversas possíveis. Ele estava à quilômetros de sua terra natal, de sua própria cultura, de seu próprio povo. Agora, introduzido numa cultura completamente pagã, a cultura babilônica, ele tem seu nome mudado na corte de Nabucodonosor para Beltessazar (1.7), uma homenagem ao ídolo Bel, pois o nome significa “Bel proteja sua vida”. Seu nome original, Daniel, significa em hebraico “Deus é meu Juiz”. Ele passou por um período de três anos estudando no palácio e depois foi selecionado para o serviço real. Daniel era membro da família real. Nasceu em Jerusalém, por volta do ano 623 a.C., durante a reforma de Josias e no começo do ministério de Jeremias. Foi levado cativo para a Babilônia na primeira leva de exilados, no ano 605 a.C. O ministério de Daniel foi muito extenso. Ele era adolescente por ocasião dos eventos registrados no capítulo um de seu livro e devia já estar na faixa dos oitenta anos quando recebeu de Deus as visões dos capítulos 9 a 12.
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Introdução ao Antigo Testamento A mensagem do livro de Daniel O livro de Daniel é por excelência o “Apocalipse do Antigo Testamento”. Ele é assim chamado justamente por causa do seu alto teor profético. O livro todo pode ser considerado profético, embora encontremos nele descrições históricas, como os capítulos três e seis. O livro de Daniel juntamente com o de Apocalipse pertence a uma classe da literatura judaica chamada de “literatura apocalíptica”, que é encontrada no AT. Além de Daniel, outros profetas também utilizaram este gênero literário, tais como Isaías (caps. 24-27), Joel (cap. 2), Ezequiel (caps. 1 e 40-48) e, sobretudo, Daniel (caps. 7-12) e Zacarias (caps. 1-6). A literatura apocalíptica tem sua origem num conjunto de textos do judaísmo tardio (sec. II a.C.) e do cristianismo primitivo. Entre esses textos destacam-se o 2 Enoque, o Apocalipse de Abraão, o 2 Baruque, o 4 Esdras e as Adições em Daniel. Mas estes livros não tinham o peso da inspiração divina, tal como encontramos em Daniel e Apocalipse. Um fato interessante no livro de Daniel é que a sua ênfase recai mais sobre os gentios do que sobre o povo judeu, sobre Israel, diferentemente dos outros profetas. Ele menciona Israel ou Judá apenas 12 vezes. Já Ezequiel o faz 201 vezes! O livro de Oséias, 59 vezes. Interessante ainda é notar que mais da metade do livro está escrito originalmente em aramaico, que na época da escrita (séc. VII a.C.) era a língua gentia mais falada no Oriente Médio. 112
Introdução ao Antigo Testamento Esta parte do livro vai de 2.4 à 7.28 e registra dois sonhos ou visões nos capítulos dois e sete que tratam dos “tempos dos gentios”, de modo que o papel dos reinos gentílicos é o assunto ou mensagem principal do livro. Sem dúvida alguma, encontramos no livro de Daniel uma das maiores contribuições proféticas: a profecia das setenta semanas de anos, registrada em 9.24-27. Esta é uma profecia que aguarda a sua plena concretização, pois já se cumpriu em grande parte, ou seja, é uma profecia extensiva. Ela se encontra registrada em Daniel 9.24-27: "Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniquidade, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos Santos. Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos. Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido e já não estará; e o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas. Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele". Esta passagem nos possibilita chegarmos às seguintes conclusões:
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Introdução ao Antigo Testamento a) Estas semanas dizem respeito ao povo judeu, somente. A Igreja não está inserida aqui, é só observar o texto: “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade...” O povo aqui é o judeu e a cidade é Jerusalém. b) A profecia das Setenta Semanas é extensiva, ou seja, cumpriu-se em alguns eventos, mas requer cumprimento futuro. Para constatar isso, é só verificar os eventos descritos no versículo 24, que só terão cumprimento no futuro. c) Que se trata aqui de semanas de anos não resta dúvidas. Primeiro porque o hebraico diz simplesmente “sete setes” (sete semanas, no versículo 25 – pois a palavra “semana” no hebraico é shabua – – ׂשבע, que significa “sete”). Segundo, porque se fossem semanas de dias então teríamos 70 X 7 = 490 dias. É simplesmente impossível que Jerusalém fosse destruída e reedificada em apenas 490 dias, como lemos no versículo 25. d) A profecia divide as setenta semanas em três grupos, ou três períodos, a saber: 1) sete semanas = 49 anos; 2) sessenta e duas semanas = 434 anos, e 3) uma semana, a semana final, a 70ª semana – a Grande Tribulação = 7 anos. Assim temos: 49 + 434 + 7 = 490 anos. Os eventos pertinentes aos dois primeiros grupos, ou seja, aos 483 anos, já se cumpriram no passado, restando agora o cumprimento dos últimos sete anos – a última semana profética. No versículo 25 de Daniel nove lemos sobre “... a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém”. Abalizados estudiosos do assunto concordam que se trata aqui da saída de Neemias da Pérsia para a cidade de
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Introdução ao Antigo Testamento Jerusalém a fim de restaurar a cidade e os muros. Leiamos: “No mês de nisã, no ano vigésimo do rei Artaxerxes... E ainda disse ao rei: Se ao rei parece bem, dêem-se-me cartas para os governadores dalém do Eufrates, para que me permitam passar e entrar em Judá” (Ne 2.1a,7). É necessário salientar que a Bíblia menciona quatro decretos pertinentes à Jerusalém e ao Templo; são eles: o de Ciro, em 536 a.C. (cf. Ed 1.1-3); o de Dario, entre 521 e 486 a.C. (cf. Ed 6.6-8); o de Artaxerxes, no sétimo ano de seu reinado, provavelmente em 458 a.C. (cf. Ed 7.12,21) e o quarto decreto, também promulgado por Artaxerxes, mas no vigésimo ano de seu reinado, situado no ano 445 a.C. (cf. Ne 2.1,7). O evento descrito em Daniel 9.25 teve seu cumprimento neste último decreto, o de Artaxerxes, em 445 a.C. A contar desta data iniciam-se as setenta semanas de anos. A Bíblia nos informa, porém, que a contagem destas semanas seriam interrompidas: “Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido e já não estará...” (Dn 9.26a). O leitor deve ter cuidado para não confundir-se pensando se tratar aqui de 62 dentre as setenta semanas, pois o texto está se referindo aqui ao segundo período, ou seja, ao período de 434 anos após o primeiro período de 49 anos, o que perfaz um total de 483 anos, ou, 69 semanas (69 X 7 = 483). Assim, fica faltando uma semana, e entre a 69ª e a 70ª semana há um intervalo de tempo indefinido, no qual insere-se a Igreja. Esse intervalo de tempo indefinido é chamado de “Dispensação da Igreja” e “Tempo dos Gentios”. Abalizados estudiosos afirmam que foi a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (Mt 21.1-10) que marcou o fim do segundo período, pois a Bíblia diz que “Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido e já não estará...” (Dn 9.26). Logo após a entrada triunfal do Ungido em Jerusalém, ocorre a sua morte – “será morto o
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Introdução ao Antigo Testamento Ungido e já não estará”; os demais eventos descritos neste texto tiveram então o seu cumprimento (ainda que não totalmente completo) por ocasião da destruição de Jerusalém pelos exércitos romanos em 70 d.C. – “e o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas”. Assim, “a septuagésima semana, diferente das primeiras 69, não vem a seguir, imediatamente e consecutivamente. Nos 1.900 anos subsequentes não há sequer um período de sete anos que cumpra satisfatoriamente a profecia do versículo 27. Uma conclusão justa é que este período ainda é futuro e deve ser identicado com a tribulação que será precedita pelo arrebatamento da Igreja, e que é descrita e revelada em Apocalipse 6-19.21
Esboço do Livro de Daniel 1. As convicções religiosas de Deus - 1.1-21 O exílio de Judá - 1.1-2 A decisão de Daniel de manter-se separado - 1.3-21 2. O primeiro sonho de Nabucodonosor - 2.1-49 O sonho esquecido - 2.1-28 A revelação e a interpretação de Daniel - 2.29-45 Daniel é honrado através de promoção - 2.46-49
21
RICARDO, 2010, pp. 16,7.
116
Introdução ao Antigo Testamento 3. A libertação da fornalha de fogo - 3.1-30 Convocação para adorar a estátua de ouro - 3.1-7 A recusa dos três hebreus de se prostrarem perante a estátua - 3.8-18 Os três hebreus são miraculosamente protegidos - 3.19-25 O rei confessa o Deus verdadeiro - 3.26-30 4. O segundo sonho de Nabucodonosor - 4.1-37 O sonho de Nabucodonosor - 4.1-37 A Interpretação da Daniel - 4.19-27 O cumprimento do sonho - 4.28-33 A oração e restauração de Nabucodonosor - 4.34-37 5. A festa blasfema de Belsazar - 5.1-31 A escrita manual na parede - 5.1-9 A interpretação de Daniel da escritura - 5.10-31 6. Daniel na cova dos leões - 6.1-28 Complô contra Daniel - 6.1-9 Daniel é lançado na cova dos leões - 6.10-17 Daniel é liberado - 6.18-28 7. A primeira visão de Daniel - 7.1-28 O sonho da Daniel sobre os quatro animais - 7.1-14 A Interpretação de Daniel - 7.15-28 117
Introdução ao Antigo Testamento 8. A segunda visão de Daniel - 8.1-27 O sonho de Daniel sobre um carneiro, um bode e sobre os chifres - 8.1-14 A interpretação de Gabriel - 8.15-27 9. A profecia das setentas semana - 9.1-17 A oração de Daniel - 9.1-19 A Visão da Daniel - 9.20-27 10. A visão final de Daniel - 10.1-12.13 A visão de Daniel de um ser glorioso - 10.1-9 A visita de um anjo - 10.10-21 Guerra entre reis do Norte e do Sul - 11.2-45 O tempo da tribulação - 12.1-13 CONCLUSÃO Os livros dos profetas maiores revelam-nos uma riqueza muito grande. Neles, vemos o quanto o Senhor requer do seu povo a justiça, a retidão, a pureza e também percebemos que somente Ele é soberano sobre os eventos da História. A Bíblia toda é muito rica em profecias e o cumprimento dessas profecias vêm somente comprovar a origem divina da Palavra de Deus, até porque, o Senhor é Soberano sobre a História e conhece o futuro ainda no passado. Aleluia! É impressionante o fiel cumprimento de 118
Introdução ao Antigo Testamento muitas profecias contidas nos livros dos profetas maiores, como por exemplo, [...] em Ezequiel 37 está uma das mais claras profecias sobre o despertamento nacional e espiritual do povo israelita. O cumprimento dessas profecias está em marcha perante nossos olhos. Há inúmeros outros casos de famosas profecias bíblicas. Ciro, o monarca persa, Deus chamou-o pelo nome através do profeta Isaías, 150 anos antes do seu nascimento! (Is 44.28). Josias, rei de Judá, também foi chamado pelo nome 300 anos antes do seu nascimento (Ver 1 Reis 13.2 com 2 Reis 23.15-18) [...].22
22
GILBERTO, 2007, p. 42.
119
Introdução ao Antigo Testamento
Exercícios do capítulo 4 Responda as sintetizada.
questões
abaixo,
de
maneira
bem
1 Qual o significado da palavra grega prophetes? ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ 2 Em qual século ocorreu o início do profetismo em Israel? ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ 3 O que são os profetas literários? ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ 120
Introdução ao Antigo Testamento 4 Em linhas gerais, qual a mensagem do livro de Isaías? ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________
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Introdução ao Antigo Testamento
5 Os Profetas Menores “[...] Jesus Cristo... o qual foi por Deus, outrora, prometido por intermédio dos seus profetas nas Sagradas Escrituras” (Romanos 1.1,2). INTRODUÇÃO
C
omo discordar do “doutor dos gentios” nesta afirmação categórica? De fato, foi Jesus Cristo já prometido por Deus através do ministério profético no AT. Passamos agora a considerar os livros dos profetas menores, homens poderosamente usados por Deus, a despeito do volume literário de seus livros serem pequenos e de termos poucas informações sobre alguns deles. Não houve outro povo ao longo da História que tenha tido o privilégio de ser instruído, exortado, corrigido e consolado pelo ministério profético como foi o povo de Israel. Graças a Deus, contudo, que a mensagem destes homens que falaram inspirados por Deus ficou registrada por escrito e chegou até nós. O profetismo em Israel foi mais do que prever o futuro – tratou da conduta individual e social, rompeu com o formalismo religioso que havia tomado o ministério sacerdotal em alguns momentos e comunicou ao povo, aos líderes políticos e religiosos a vontade de Deus. 122
Introdução ao Antigo Testamento Este ministério profético foi por vezes impactante e também muito difícil de ser exercido por esses porta-vozes de Deus. Quão difícil foi a missão de Oséias! Malaquias combate o culto formal e sem vida que acontecia em seu tempo e condena os pecados do sacerdócio e do povo. Ageu convida o povo a voltar às obras do Templo e Jonas precisa encontrar-se com um grande peixe para cumprir a ordem divina. Muito temos a aprender com estas histórias ricas de conteúdo espiritual edificante para nossas vidas, hoje, em pleno século 21. Meditemos, pois, nestes livros. 1. O LIVRO DE OSÉIAS Outros profetas que foram contemporâneos de Oséias foram Amós, Miquéias e Isaías. O nome Oséias em hebraico é Oshea e significa “Salvação”. Era filho de Beeri, exerceu a sua atividade profética entre os anos 750 e 730 a.C. aproximadamente, durante os reinados de “Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá, e nos dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel” (Os 1.1). 2. O LIVRO DE JOEL O nome Joel significa “Iavé é Deus”. A única informação biográfico que temos deste profeta está no primeiro versículo do livro: “Joel, filho de Petuel” (1.1). Com isso não temos como saber de que cidade ele procedia, com que idade aproximada iniciou seu ministério profético e outros detalhes acerca de sua pessoa e ministério. Com isso, 123
Introdução ao Antigo Testamento muitas conjecturas tem sido levantadas sobre a quem estaria o profeta dirigindo-se em suas mensagens proféticas. Uns acreditam que ele tenha profetizado por volta de 835-805 a.C. enquanto outros estudiosos propõe a data de 400 a.C. Pelo contexto do livro é possível crer que ele tenha sido um profeta-sacerdote, isto porque ele demonstra estar familiarizado com os sacerdotes, dado às muitas referências que ele faz ao templo e a Sião. O que se pode dizer com segurança sobre o ministério profético de Joel é que ele: [...] profetizou numa época de grande devastação de toda a terra de Judá. Uma enorme praga de locustas (um tipo de gafanhoto – grifo meu) havia despido a zona rural de toda a vegetação, destruiu até as pastagens tanto das ovelhas como do gado, até mesmo tirou a casca das árvores de figo. Em apenas algumas horas, o que tinha sido um terra bonita, verdejante, havia se tornado um lugar de desolação e destruição. Descrições contemporâneas do poder destrutivo dos enxames de locustas confirma a descrição de Joel acerca da praga. A praga das locustas acerca do que Joel escreveu era maior que qualquer um jamais havia visto. Toda a safra foi perdida, e as sementes da safra para o plantio seguinte também foram destruídas. A fome e a seca se apoderaram de toda a terra. Tanto o povo como os animais estavam morrendo. Ela foi tão profunda e desastrosa, que Joel viu uma explicação: era o julgamento de Deus”.23
23
Bíblia de Estudo Plenitude.
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Introdução ao Antigo Testamento Alguns estudiosos irão interpretar essa invasão de gafanhotos como sendo na verdade a invasão dos caldeus sobre a terra de Jerusalém. Seja como for, o livro contém uma mensagem de esperança: a promessa da efusão ou derramamento do Espírito Santo, cujo cumprimento deu-se à partir do Dia de Pentecostes e o apóstolo Pedro cita justamente essa profecia contida no capítulo dois de Joel. Joel também fala a respeito do “Dia do Senhor”, um evento bem citado no AT. O Dia do Senhor é relacionado ao julgamento divino sobre o próprio Israel e sobre outras nações da época. Esse Dia do Senhor tem também um significado escatológico: diz respeito ao período de sete anos da Grande Tribulação e a volta visível de Cristo para implantar o Milênio, o Seu governo sobre as nações da Terra. 3. O LIVRO DE AMÓS Uma declaração muito conhecida deste livro e também muito impactante é a que está registrada em 7.14,15: “Respondeu Amós e disse a Amazias: Eu não sou profeta, nem discípulo de profeta, mas boieiro e colhedor de sicômoros. Mas o Senhor me tirou de após o gado e o Senhor me disse: Vai e profetiza ao meu povo de Israel”. Amós, cujo nome no hebraico é Amos e significa “fardo pesado”, “carga”, se identifica como “boiero e colhedor de sicômoros”. Era procedente de uma cidade chamada Tecoa, uma cidade de Judá situada 20 kms ao sul de Jerusalém. Por 125
Introdução ao Antigo Testamento causa da mensagem que propagava foi perseguido por um sacerdote idólatra da cidade de Betel chamado Amazias. Apesar de ser natural de Judá, exerceu seu ministério em Israel. O livro de Amós contém palavras de juízo contra nações estrangeiras e termina com a promessa de que Judá regressará à sua terra para, de lá, nunca mais ser arrancado (9.14,15). 4. O LIVRO DE OBADIAS Com apenas um capítulo, Obadias é o menor livro dos profetas menores e também do AT. Seu nome no hebraico é Obadiah e significa “Servo de Iavé”. “Obadias” era um nome comum no AT, doze ou treze pessoas são mencionadas com este nome (por exemplo, 1 Rs 18.3; 2 Cr 34.12; Ed 8.9). Em razão de Edom, nação vizinha de Israel situada a sul do mar Morto, ter ajudado os caldeus no sítio de Jerusalém e ainda ter se alegrado com a queda de Judá, o livro contém uma mensagem profética de condenação àquela nação. Edom, que, junto com outros povos, havia primeiramente se unido a Israel em uma aliança bélica contra a Babilônia, depois, traindo o acordo quando o exército de Nabucodonosor sitiou Jerusalém, passou para o lado dos vencedores, a fim de entrar para saquear a cidade e tomar parte nos despojos (vs. 11-14). Aliás, essa é a única referência histórica que temos em Obadias, pois o livro não cita nenhum rei pelo nome. Esses fatos envolvendo Edom renovaram a inimizade antiga que havia entre os 126
Introdução ao Antigo Testamento descendentes de Esaú e os de Jacó, isto é, entre Edom e Israel (Gn 25.30; 32.28; cf. 25.23); inimizade que se manifesta especialmente em alguns textos pertencentes aos períodos exílico e pós-exílico (cf. Sl 137.7; Is 34; Lm 4.21; Ez 25.12-14; 35). Acredita-se que o livro tenha sido redigido por volta do quinto século antes de Cristo. Mas é importante ressaltar que há outras opiniões, entre os estudiosos, pertinentes à data da escrita do livro e sobre qual invasão estaria Obadias se referindo em seu livro. É que houve, na verdade, cinco grandes invasões sobre Jerusalém na Antiguidade. Há quem defenda que Obadias estaria de fato se referindo à invasão que foi realizada pelos filisteus e árabes, entre 848 e 841 a.C. no reinado de Jorão (cf. 2 Cr 21.16,17). Isto situaria o livro então por volta 840 a.C. 5. O LIVRO DE JONAS Seu nome no hebraico é Yonah e significa “pombo”. Jonas é o profeta que tenta “fugir” de uma ordem divina, a qual lemos em 1.2: “Dispõe-te, vai à grande cidade de Nínive e clama contra ela...”. Mas, nas palavras do salmista, “Para onde me irei do teu Espírito ou para onde fugirei da tua face?” (Sl 139.7 – ARC). O livro relata como foi que o profeta, tentando fugir da ordem divina, talvez por uma questão de patriotismo (haja vista que Nínive, a capital da Assíria, era um símbolo de opressão para Israel) não quis proclamar a eles a mensagem divina. Os assírios ficaram conhecidos na Antiguidade pela crueldade com que 127
Introdução ao Antigo Testamento tratavam os seus conquistados. O próprio Jonas evidencia que desejava mesmo que aquele povo fosse destruído pelo Senhor. Mediante o arrependimento do povo de Nínive, Jonas irou-se (3.10; 4.1). Depois, disse ao Senhor: “Ah! Senhor! Não foi isso o que eu disse, estando ainda na minha terra? Por isso, me adiantei, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus clemente, e misericordioso, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e que te arrependes do mal” (4.2). Mas Jonas haveria de aprender uma grande lição com o Todo-Poderoso. O Senhor mostrou-lhe que ele dava mais valor a uma planta do que a um conjunto enorme de pessoas, de aproximadamente, segundo estimativas, 600 mil pessoas! A referência que o texto faz a “mais de cento e vinte mil pessoas, que não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda” (4.11) é na verdade uma alusão à quantidade de crianças que viviam na cidade. Traz a ideia de pessoas que ainda não sabem discernir pelo uso da razão. O livro do profeta Jonas, com a narrativa que encontramos nele, é uma clara demonstração também da misericórdia de Deus e de que Ele não é apenas um Deus nacional, como acontecia com as demais divindades dos povos vizinhos (cada um tinha o seu), mas o Senhor é Soberano sobre todas as nações da Terra e usa de compaixão mesmo para com um povo que seja até mesmo inimigo de Israel, desde que ele se arrependa, é claro.
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Introdução ao Antigo Testamento 6. O LIVRO DE MIQUÉIAS Mikhah é a forma original em hebraico do nome Miquéias e significa “quem é semelhante a Iavé?”. No começo do livro encontramos a informação de que Miquéias era natural de Moresete (ou Moresete-Gate, cf. 1.14), povoado situado a uns 40 km a sudoeste de Jerusalém e que viveu “nos dias de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá”. Foi, portanto, um dos profetas do século VIII a.C., contemporâneo de Isaías (Is 1.1), Oséias (Os 1.1) e Amós (Am 1.1). 7. O LIVRO DE NAUM Naum pertence àquela categoria de profetas que não apresentam uma auto-biografia. A única informação que temos sobre a origem de Naum é que ele era procedente de uma cidade chamada Elcos, em 1.1. Seu nome em hebraico é Nahum e significa “consolação”. É único nas Escrituras, não aparece em nenhuma outra parte. A localização da cidade de Elcos nunca foi encontrada. Houve especulações, mas nada concreto de fato. Quando Paulo escreve aos Romanos as palavras “... Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas!” (10.15b) é bem possível que ele tivesse em mente o livro de Naum, i.e., que ele estivesse citando o profeta Naum (cf. Na 1.15 – há também um texto similar em Is 52.7). A mensagem do livro de Naum é apresentada na forma de um poema que contém uma profecia acerca do fim do império assírio, cerca de 150 anos depois do profeta Jonas 129
Introdução ao Antigo Testamento (note que o arrependimento dos ninivitas no tempo de Jonas parece ter retardado o juízo divino sobre a Assíria por mais 150 anos!). Há evidências que indicam que Naum tenha profetizado por volta do século sete antes de Cristo. O profeta faz menção da queda de Nô-Amom, antiga cidade do Egito, também conhecida por Tebas, situada a 670 km ao sul do Cairo; foi invadida pelos assírios no ano 663 a.C. Desse modo, concluímos que Naum profetizou subsequentemente a essa data. “O SENHOR é bom, um refúgio em tempos de angústia. Ele protege os que nele confiam”. Naum 1.7 (NVI) 8. LIVRO DE HABACUQUE Habacuque é outro exemplo de profeta cuja biografia não nos foi deixada. Seu nome só ocorre aqui. Seu nome no hebraico é Habaquq e o significado é incerto. O nome é bem parecido com a palavra assíria humbalcuku que é o nome dado a uma flor. Na forma hebraica, pode significar “apertar”, “abraçar” ou ainda “abraço ardente”. Há um fato interessante em torno da discussão da pessoa do profeta Habacuque: a tradição rabínica afirma que Habacuque foi o filho da mulher sunamita que Deus, através do profeta Eliseu, ressuscitou. Interessante notar que de fato o menino foi “abraçado” pelo profeta. Mas não se pode afirmar com segurança se isto é fato. A crença, contudo, é interessante. 130
Introdução ao Antigo Testamento No capítulo três lemos as seguintes palavras: “O Senhor Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar altaneiramente. Ao mestre de canto. Para instrumentos de cordas” (v. 19). A frase que lemos no final “Ao mestre de canto. Para instrumentos de cordas” é um indicativo que permite conjecturar que Habacuque tinha algumas qualificações oficiais para participar ativamente no canto litúrgico do Templo. Em outras palavras, ele era integrante do coro do Templo. Habacuque foi contemporâneo ao profeta Jeremias. Na interpretação da mensagem de Habacuque é importante que se considere a data em que Habacuque profetizou. Mas é claro, no caso de Habacuque (assim como acontece com outros livros do AT) os problemas com a data não deixam de existir. O consenso geral é que Habacuque profetizou entre os anos 697 e 586 a.C., e consequentemente esta é a data em que o livro está situado. 9. O LIVRO DE SOFONIAS “Iavé esconde” – este é o significado do hebraico TsephanYah, Sofonias em português. As informações sobre este profeta também são muito poucas. Mais três homens no AT recebem também o nome de “Sofonias”. Baseados na pequenina genealogia encontrada em 1.1, os estudiosos concluem que Sofonias era de descendência real e além disto, embora o profeta não se dirija ao rei, ele denuncia a família real. O conteúdo do livro indica que Sofonias 131
Introdução ao Antigo Testamento profetizou por volta de 638 a 621 a.C., no período do rei Josias. Esta data situa Sofonias como contemporâneo de Jeremias e antecessor de Naum e Habacuque. O profeta Sofonias, em seu livro, dirige-se a Judá, repreendendo a nação por sua injustiça e idolatria, à nações diversas e a Jerusalém. 10. O LIVRO DE AGEU Ageu é um dos profetas pós-exílicos, i.e., que profetizaram depois do exílio babilônico. Ele foi contemporâneo de Zorobabel e do profeta Zacarias. Seu nome significa “festivo”, do hebraico Haggai. Encontramos em Ageu um interesse especial pela precisão dos dados históricos que menciona. Repete datas e notícias (1.1,15; 2.1,10,20) que permitem estabelecer com exatidão o tempo em que começou a exercer a sua atividade: o ano 520 a.C., “segundo ano do rei Dario” (1.1), que governou entre 521 e 485 a.C. A mensagem profética de Ageu gira em torno da reconstrução do Templo. Deus, Fiel como é, cumprira Sua palavra falada anteriormente por outros profetas: o novo rei da Pérsia, Ciro, permitiu o regresso e a reconstrução do Templo, que foi inaugurado em 516 a.C. O profeta condena o indiferentismo do povo, i.e., sua apatia em relação à Casa de Deus. Não estaríamos nós, hoje, cometendo o mesmo pecado?
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Introdução ao Antigo Testamento 11. O LIVRO DE ZACARIAS Junto com Ageu, Zacarias profetizou nos dias de Zorobabel. Seu nome no hebraico é Zachar-Yah e significa “Iavé se lembrou” ou “Iavé se lembra”. É importante ressaltar que Esdras se referiu ao profeta Zacarias como “filho de Ido” (cf. Ed 5.1; 6.14), quando na verdade ele era “filho de Berequias” (cf. Zc 1.1). Isto acontece porque no AT é comum alguns homens serem chamados de filhos de seus avôs (cf. Gn 24.47; 29.5; 1 Re 19.16; 2 Re 9.14,20). Possivelmente Berequias, o pai de Zacarias, morreu antes de Ido, o avô de Zacarias. Com isso, mais tarde, Zacarias sucede seu avô na ordem sacerdotal de Davi. O avô era considerado o fundador da casa e a expressão “filho de Ido” deve ser entendida no sentido de descendente geral. Até porque no hebraico do AT não há uma palavra para “avô”, mas para a palavra “pai” existe (’ab). Desse modo, concluímos que Zacarias era um profeta-sacerdote. Sua família certamente havia regressado da Babilônia para Jerusalém sob as ordens do monarca Ciro (Ne 12.4). O ministério profético de Zacarias começa 520 a.C. A declaração de Jesus em Mateus 23.35 refere-se a esse profeta. Você Sabia ? Como podia Zacarias, filho de Baraquias, ser o último dos mártires? E não era ele na verdade filho de Joiada? 133
Introdução ao Antigo Testamento Em Mateus 23.34, 35, Jesus diz aos escribas e fariseus que tramavam sua morte: “Por isso, eu lhes estou enviando profetas, sábios e mestres. A uns vocês matarão e crucificarão; a outros açoitarão nas sinagogas de vocês e perseguirão de cidade em cidade. E, assim, sobre vocês recaíra todo o sangue justo derramado na terra, desde o sangue do justo Abel, até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias a quem vocês assassinaram entre o santuário e altar”. Supõe-se de modo geral que Jesus referia-se a Zacarias, filho de Joiada, que fora apedrejado até morrer no pátio do templo, por ordem do rei Joás, porque ele praticou a temeridade de repreender o rei e sua corte e todo o povo, pelo pecado da idolatria. O fato está registrado em 2 Crônicas 24.20-22. Todavia, desde que esse aparente erro a respeito do nome do pai do mártir seja explicado, como falha do copista, pode-se verificar que Zacarias, filho de Joiada, que morreu em 800 a.C, de modo algum foi o último mártir do at. Por isso, ele não se equilibra nessa gangorra, face a face com Abel, que realmente foi o primeiro mártir. A solução óbvia é começar tudo de novo, e presumir que Mateus 23.25 relata de modo correto as palavras de Jesus, e o Senhor sabia muito bem de que estava falando. Se assim for, descobriremos que o Zacarias a quem Cristo se referia era na verdade o filho de Baraquias (e não o de Joiada) e, de fato, esse foi o último mártir do AT, mencionado nas Sagradas Escrituras. Em outras palavras, Cristo está relembrando ao seu auditório as circunstâncias da morte do profeta Zacarias, filho de Baraquias (Zc 1.1), cujo ministério iniciou-se por volta de 520 e encerrou-se pouco depois de 480 a.C. O AT não contém o registro do que aconteceu durante as primeiras décadas do século v a.C, até cerca de 457, data do retorno de Esdras a
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Introdução ao Antigo Testamento Jerusalém. Entretanto, pode muito bem ter acontecido que, em certo ano, entre 580 e 570 a.C, Zacarias, o profeta, tenha morrido assassinado pela multidão, da mesma forma que outro de igual nome, filho de Joiada, fora martirizado cerca de três séculos antes. Visto que Jesus se referiu a Zacarias como sendo o último dos mártires do AT, não pode haver dúvida alguma de que esse, na mente do Senhor, era o décimo primeiro dos doze profetas menores. Portanto, podemos concluir que este profeta morreu da mesma forma que o filho de Joiada, vítima do ressentimento popular, por causa da acusação de seus pecados. Como existem cerca de vinte e sete pessoas com o nome de Zacarias, mencionadas no AT, não é de surpreender que duas delas tenham sofrido o mesmo tipo de morte. Noutras palavras, se tomarmos Mateus 23.35 exatamente como o conhecemos, faz sentido o contexto; e não constitui uma contradição entre fatos plenamente conhecidos da história. Na ausência de quaisquer informações sobre como o profeta Zacarias teria morrido, concluímos que Jesus nos forneceu um relato fiel do que aconteceu, e podemos colocá-lo no rol dos nobres mártires dos tempos bíblicos.24
12. O LIVRO DE MALAQUIAS Mais uma vez, não temos informações biográficas suficientes à respeito de Malaquias. Uma grande discussão existe entre os estudiosos a respeito da autoria deste livro. Uma vez que Malaquias, no hebraico Mala´kh-Yah, significa 24
ARCHER, 2001.
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Introdução ao Antigo Testamento “meu mensageiro” ou “mensageiro de Iavé”, vem então a pergunta: seria “Malaquias” apenas um título para o profeta ou seria mesmo o seu nome? O Targum chega a parafrasear Malaquias 1.1 da seguinte maneira: “Como pela mão do meu mensageiro, cujo nome se chama Esdras”. Josefo menciona Ageu e Zacarias, mas não faz referência ao nome Malaquias. CONCLUSÃO À semelhança do Novo Testamento, o Antigo termina com uma profecia: “Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor” (Ml 4.5). Esta profecia era referente a João Batista, e nele se cumpriu. Jesus mesmo o disse: “Eu, porém, vos digo que Elias já veio, e fizeram com ele tudo o que quiseram, como a seu respeito está escrito” (Mc 9.13). Esta profecia dizia respeito ao trabalho de João Batista de preparar o caminho para o Senhor Jesus. Podemos dizer então que o AT termina apresentando um vislumbre do Salvador, Jesus Cristo. Já o NT conclui com as palavras do próprio Cristo: “Aquele que dá testemunho destas coisas diz: Certamente, venho sem demora” (Ap 22.20a). Que possamos estar sempre prontos a dizer: “Amém! Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22.20b).
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Exercícios do capítulo 5 Responda as sintetizada.
questões
abaixo,
de
maneira
bem
1 Qual o significado dos nomes Oséias e Joel? ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ 2 Quantas pessoas no Antigo Testamento recebem o nome de Obadias? ________________________________________________ ________________________________________________ 3 O que significa a expressão "cento e vinte mil pessoas, que não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda", em Jonas? ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ 4 De que forma é apresentada a mensagem de Naum? ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ 138
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Referências ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico: edição revista e ampliada e um suplemento biográfico dos grandes teólogos e pensadores. Rio de Janeiro: CPAD, 2010. ARCHER, Gleason Leonard. Enciclopédia de temas bíblicos: respostas às principais dúvidas, dificuldades e "contradições" da Bíblia. Trad.: Oswaldo Ramos. 2 ed. São Paulo: Editora Vida, 2001. Bíblia De Estudo Almeida Revista E Atualizada. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2005. BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. 2 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2008. BRUCE, F. F. Comentário Bíblico NVI: Antigo e Novo Testamento. Trad.: Valdemar Kroker. São Paulo: 2009. Comentário Bíblico Beacon. vol. 2. 2 ed. Trad.: Luís Aron de Macedo. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. Dicionário da Bíblia de Almeida Segunda Edição. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil. ELLISEN, Stanley A. Conheça melhor o Antigo Testamento. Trad.: Emma Anders de Souza Lima. São Paulo: Editora Vida, 1991. 140
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O autor Professor Roney Cozzer serve a Deus e a Igreja como presbítero e professor de teologia. É membro da Assembleia de Deus Central de Porto de Santana, Cariacica, ES, igreja esta liderada pelo Pastor Evaldo Cassotto. É casado com Dolarize Alves desde 2003, com quem tem uma linda filha, a Ester Alves Cozzer. Formou-se inicialmente pelo Curso Médio de Teologia da EETAD (Escola de Educação Teológica das Assembleias de Deus), vindo depois a graduarse em Teologia. Realizou o Curso de Extensão Universitária “Iniciação Teológica” da PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro). É mestre em Teologia pela FABAPAR (Faculdades Batista do Paraná) na Linha de Pesquisa Leitura e Ensino da Bíblia. Possui formação em Psicanálise Clínica, é Licenciado em Pedagogia com pósgraduação em Psicopedagogia Clínica, e Licenciado em História com pós-graduação em Metodologia do Ensino da História e Geografia. Participou como autor e pesquisador do Projeto Historiográfico do Departamento de Missões das Assembleias de Deus do Vale do Rio Doce e Outros (DEMADVARDO) entre os anos de 2016 e 2018 e é membro do Grupo de Pesquisa "Perquirere: Práxis Educativa na Formação e no Ensino Bíblico". Serviu e serve como professor de teologia em seminários e cursos de teologia na Grande Vitória, além de ministrar palestras nas áreas de Bíblia, Teologia, Família, Educação Cristã e Mídia e Cristianismo. É administrador pedagógico do Instituto de Educação Cristã CRER & SER e coordenador do Curso de Teologia EAD da Faculdade Unilagos, em Araruama, no Rio de Janeiro, onde reside atualmente com sua família. CONTATOS E ATIVIDADE DO AUTOR roneycozzer@hotmail.com roneyricardoteologia@gmail.com Site Teologia & Discernimento Currículo Lattes: lattes.cnpq.br/3443166950417908
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