ESCATOLOGIA BÍBLICA: UMA DISCIPLINA CONFORTADORA PARA A IGREJA

Page 1

Este subtítulo, “Uma disciplina confortadora para a Igreja”, tem sido também utilizado em minhas palestras sobre Escatologia, nas Igrejas por onde tenho passado. Infelizmente, é notável o quanto a Escatologia foi e está sendo ridicularizada em nosso país, em função de abordagens em torno dela que são desprovidas de pesquisa séria, equilibrada e coerente. Há muito sensacionalismo, misticismo e superstição sendo apresentados como “escatologia”. Impressiona ver crentes deixando seminários de Escatologia Bíblica impressionados, com medo e sem qualquer expectativa em relação à Igreja e ao mundo. Paulo, ao concluir um dos maiores “tratados” escatológicos da Bíblia - 1 Tessalonicenses 4.13-18 - convida seus leitores a que consolem uns aos outros com aquelas palavras. Tal verdade bíblica, clara, está distante do que vemos hoje. A Escatologia Bíblica, conquanto revele o juízo de Deus a ser despejado sobre este mundo pecador, no futuro, é motivo de consolação, alegria, paz e esperança para a Igreja. Mostra que Deus está conduzindo a História rumo aos seus propósitos e que o mal será finalmente aniquilado. Tendo isso em mente, pelas igrejas que tenho passado, faço sempre questão de enfatizar que Escatologia Bíblica é esperança, esperança que nos move a uma vida de comunhão com Cristo, sabendo que Nele estamos guardados. O autor.

Escatologia Bíblica

Escatologia Bíblica: Uma disciplina confortadora para a Igreja

Escatologia Bíblica: Uma disciplina confortadora para a Igreja

Uma disciplina confortadora para a Igreja

crereserinstituto@gmail.com

& INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ

&

27 99978-4158 (Vivo e WhatsApp)

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

Roney Cozzer

& INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ


ESCATOLOGIA BÍBLICA® UMA DISCIPLINA CONFORTADORA PARA A IGREJA

Roney Cozzer

Instituto de Educação Cristã CRER & SER Rua Santana, 335, Porto de Santana, Cariacica, ES Telefones: (27) 9 9978-4158 – 3286-3710 E-mail: crereserinstituto@gmail.com Portal: portalcrereser.com.br Capa: Michel Pablo Mendes Sabarense Diagramação: Roney Cozzer

COZZER, Roney Ricardo. COZZER, Roney Ricardo. Escatologia Bíblica: uma disciplina confortadora para a Igreja. Cariacica, ES: Instituto de Educação Cristã CRER & SER, 2018. Escatologia. Profecias. Bíblia. Doutrina. 150 pp.: 14 x 21 cm | ISBN: 978-85-923916-3-8 Inclui referências bibliográficas.


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

|1


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

SUMÁRIO Lista de Siglas Utilizadas Neste Livro ...........................

04

Apresentação ...................................................................

08

Lição 1 Sinais do fim dos tempos, o Arrebatamento da Igreja, o Tribunal de Cristo e as Bodas do Cordeiro ............... 10 Lição 2 A Grande Tribulação e o Armagedom ...........................

44

Lição 3 A Manifestação de Cristo e o Julgamento das Nações

74

Lição 4 O Milênio e a Última Revolta de Satanás ......................

90

Lição 5 O Juízo do Grande Trono Branco e o Perfeito Estado Eterno ............................................................................... 112 Apêndice 1 Razões que fazem da Escatologia Bíblica uma disciplina confortadora para a Igreja ............................ 122 Apêndice 2 Palavras e expressões fundamentais em Escatologia Bíblica ............................................................................... 124 Apêndice 3 Perguntas e respostas em Escatologia Bíblica ............

128

Referências ......................................................................

142

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

|2


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

|3


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Lista de siglas utilizadas neste livro Com o intuito de ganhar tempo e espaço, no decorrer deste livro são utilizadas algumas siglas. Uma sigla nada mais é do que a abreviatura de um título ou denominação, geralmente composta pelas letras iniciais das palavras que compõe este título ou denominação. Tomemos como exemplo a sigla ARC, que remete ao título Almeida Revista e Corrigida, uma das versões da Bíblia em português publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil1. Frequentemente são utilizadas as siglas AT, para Antigo Testamento, e NT, para Novo Testamento. Neste livro você também encontrará citações bíblicas e versículos bíblicos transcritos. Logo a seguir você encontrará duas tabelas com as siglas dos livros da Bíblia. Como versão oficial para as referências bíblicas transcritas neste livro, foi adotada a versão Almeida Revista e Atualizada (ARA), publicada pela SBB, por ser ela uma versão de grande aceitação entre o público brasileiro e de

1

Também representada por uma sigla: SBB.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

|4


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

mais fácil compreensão para o leitor. Além da ARA, são utilizadas ainda outras versões como a NVI (Nova Versão Internacional), por questões didáticas. Assim, o autor deste livro deseja que os comentários deste livro possam ser uma benção para você e toda a sua família, estimado(a) leitor(a). É para você que este trabalho foi carinhosamente preparado! Abaixo, você tem as siglas que utilizamos neste livro com seus respectivos significados e uma tabela com as siglas dos livros da Bíblia:

ARA

Almeida Revista e Atualizada

ARC

Almeida Revista e Corrigida

ARC

Almeida Corrigida Fiel

AT

Antigo Testamento

BJ

Bíblia de Jerusalém

cap.

Capítulo

Cf.

Confira ou conferir

Gr.

Grego

Heb.

Hebraico

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

|5


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

i.e.

Isto é

Lit.

Literalmente

LXX

Algarismos romanos que indicam o número 70. São usados para se referir à tradução do AT hebraico para a língua grega feita entre os séculos 2 e 3 a.C. por 70 tradutores – daí o uso do número 70.

NT

Novo Testamento

NTLH Nova Tradução na Linguagem de Hoje. NVI

Nova Versão Internacional.

ss

Seguintes. Refere-se aos versículos seguintes que podem ir até o fim do citado capítulo.

vs

Indica pluralidade de versículos; mais de um versículo.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

|6


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Siglas dos livros da Bíblia Antigo Testamento Gn Ex Lv Nm Dt Js Jz Rt

Gênesis Êxodo Levítico Números Deuteronômio Josué Juízes Rute

2 Cr Ed Ne Et Jó Sl Pv Ec

2 Crônicas Esdras Neemias Ester Jó Salmos Provérbios Eclesiastes Cantares de Salomão

Dn Os Jl Am Ob Jn Mq Na

Daniel Oseias Joel Amós Obadias Jonas Miqueias Naum

1 Samuel

Ct

Hb

Habacuque

2 Samuel

Is

Isaías

Sf

Sofonias

1 Re

1 Reis

Jr

Ag

Ageu

2 Re

2 Reis

Lm

Zc

Zacarias

1 Cr

1 Crônicas

Ez

Jeremias Lamentações de Jeremias Ezequiel

Ml

Malaquias

Hb Tg 1 Pe 2 Pe 1 Jo 2 Jo 3 Jo Jd Ap

Hebreus Tiago 1 Pedro 2 Pedro 1 João 2 João 3 João Judas Apocalipse

1 Sm 2 Sm

Novo Testamento Mt Mc Lc Jo At Rm 1 Co 2 Co Gl

Mateus Marcos Lucas João Atos Romanos 1 Coríntios 2 Coríntios Gálatas

Ef Fp Cl 1 Ts 2 Ts 1 Tm 2 Tm Tt Fl

Efésios Filipenses Colossenses 1 Tessalonicenses 2 Tessalonicenses 1 Timóteo 2 Timóteo Tito Filemon

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

|7


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Apresentação Este subtítulo, Uma disciplina confortadora para a Igreja, tem sido também utilizado em minhas palestras sobre Escatologia, nas Igrejas por onde tenho passado. Infelizmente, é notável o quanto a Escatologia foi e está sendo ridicularizada em nosso país, em função de abordagens em torno dela que são desprovidas de pesquisa séria, equilibrada e coerente. Há muito sensacionalismo, misticismo e superstição sendo apresentados como "escatologia". Impressiona ver crentes deixando seminários de Escatologia Bíblica impressionados, com medo e sem qualquer expectativa em relação à Igreja e ao mundo. Paulo, ao concluir um dos maiores "tratados" escatológicos da Bíblia - 1 Tessalonicenses 4.13-18 - convida seus leitores a que se consolassem uns aos outros com aquelas palavras. Tal verdade bíblica, clara, está distante do que vemos hoje. A Escatologia Bíblica, conquanto revele o juízo de Deus a ser despejado sobre este mundo pecador, no futuro, é motivo de consolação, alegria, paz e esperança para a Igreja. Mostra que Deus está conduzindo a História rumo aos seus propósitos e que o mal será finalmente aniquilado. Tendo isso em mente, pelas igrejas que tenho passado, faço sempre questão de enfatizar que Escatologia Bíblica é

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

|8


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

esperança, esperança que nos move a uma vida de comunhão com Cristo, sabendo que Nele estamos guardados.

Em Cristo, A princípio em outubro de 2010, outra vez em março de 2018, Para glória de Deus, consolação da Igreja e salvação dos perdidos, Professor Roney Cozzer.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

|9


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Lição 1 ___________________________

Sinais do fim dos tempos, o Arrebatamento da Igreja, o Tribunal de Cristo e as Bodas do Cordeiro

INTRODUÇÃO É interessante observar como em nosso tempo é grande o interesse por Escatologia Bíblica e não é por acaso que verificamos isso. Estudiosos do assunto reconhecem que nossa era está presenciando a intensificação de muitos sinais preditos pelo Senhor Jesus como indicativos de sua iminente volta. O que dizer dos diversos sinais tais como terremotos, guerras, a crescente onda de violência em todo o mundo, a agitação sempre incessante no Oriente Médio e num ritmo e frequência sem precedentes na História. Estudiosos da Escatologia Bíblica vêm afirmando que várias profecias bíblicas estão tendo o seu cumprimento fiel em nossa era. Robert C. Walton traça um paralelo entre as doutrinas teológicas e fases da História da Igreja (Walton, 2000, p. 108). Os séculos dois a quatro de nossa era presenciaram

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 10


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

uma forte ênfase na Doutrina das Escrituras (Bibliologia), envolvendo questões extremamente discutidas como o cânon do Novo Testamento. Nos séculos IV e V, tivemos uma ênfase maior na Doutrina de Deus, na Cristologia e na Pneumatologia2, envolvendo as questões da Trindade e a controvérsia cristológica do século V. Nos séculos V a VII tivemos maior ênfase na Antropologia3, no período da Reforma Protestante (séculos XVI e XVII) a Soteriologia4 e a Eclesiologia5. Já os séculos XIX e XX foram, sem dúvida, os séculos da Escatologia! 1. DEFINIÇÃO O termo “Escatologia” vem da junção de duas palavras gregas – eschatos, “último”, “derradeiro”, “final”, “extremo”, e logia, “estudo”, “tratado”, “discurso racional”, e significa, portanto “estudo das últimas coisas”. Não resta dúvida de que a Escatologia Bíblica é uma disciplina que apresenta dificuldades, na qual os mais abalizados teólogos divergem entre si. Até mesmo dentro de uma mesma linha de interpretação escatológica há divergências. É o que verificamos dentro da linha de interpretação futurista do livro do Apocalipse, onde há os teólogos que creem que a Igreja não passará pela Grande 2

Doutrina do Espírito Santo. Doutrina do homem. 4 Doutrina da salvação. 5 Doutrina da Igreja. 3

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 11


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Tribulação sendo arrebatada antes (pré-tribulacionistas), há os que creem que ela passará por uma parte, sendo arrebatada durante a Grande Tribulação (miditribulacionistas) e há também aqueles que acreditam que a Igreja será arrebatada no final da Grande Tribulação (os pós-tribulacionistas). Como podemos ver, embora futuristas, estas três correntes discordam entre si quanto à posição da Igreja em relação à Grande Tribulação. Embora a Escatologia Bíblica possa apresentar dificuldades, isto não deve ser fator impeditivo para que conheçamos esta matéria bíblica tão gloriosa, ou seja, não devemos nos sentir desestimulados a conhecer Escatologia Bíblica devido às dificuldades que existam. Ela é uma disciplina bíblica que revela a nós o cronograma divino para a consumação da história humana e para a restauração de todas as coisas por Deus. Ela revela o futuro glorioso daqueles que permanecem fiéis a Deus, fato este que nos impulsiona a prosseguir em nossa caminhada para o Céu, firmes em Jesus. O estudo sadio da Escatologia Bíblica nos previne até mesmo contra heresias, excessos e falsos ensinos que circulam hoje, concernentes a esse tema. Reconhece-se que de fato muitas seitas e até mesmo denominações evangélicas cometem graves erros em Escatologia Bíblica, por falta de iluminação do Espírito Santo e de correta interpretação das profecias bíblicas. O que dizer de alguns movimentos evangélicos que chegaram a datar a vinda do Senhor Jesus? Muitas

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 12


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

afirmações são feitas e conclusões são tiradas sem que leve em conta o estudo sério e consistente das Escrituras. Alguns conceitos, defendidos por alguns segmentos religiosos, em Escatologia Bíblica, chegam a ser absurdos. Daí a importância de estudarmos com dedicação este assunto tão importante, de tamanha relevância, a fim de compreendê-lo corretamente, à luz da Bíblia. 2. LINHAS DE INTERPRETAÇÃO ESCATOLÓGICA Existem três linhas de interpretação da doutrina das últimas coisas entre os evangélicos. É interessante notar que embora o século 20 tenha presenciado um crescente interesse por Escatologia Bíblica, já antes, na Idade Média, muitos conceitos escatológicos que hoje professamos, já eram aceitos pelos cristãos daquela época. Os cinco primeiros séculos da Igreja não se caracterizaram por uma dogmatização de uma doutrina escatológica, mas isso não significa dizer que os primeiros cristãos não cultivassem esperanças escatológicas. A própria Igreja primitiva esperava em seus dias a vinda de Jesus (cf. 2 Ts 2.1 – note neste texto que a Igreja em Tessalônica incorria num erro de interpretação com relação à expectativa quanto à vinda do Senhor Jesus – que é um tema escatológico). 2.1. Amilenismo (ou Amilenarismo) Os teólogos amilenistas, dentre eles L. Berkhof, conhecido pela Teologia Sistemática que escreveu, entendem que não

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 13


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

haverá nenhum período literal de mil anos em que Cristo reinará sobre a Terra como Rei, seja antes ou depois de Sua Segunda Vinda. Eles espiritualizam boa parte das passagens futuríveis da Bíblia. A palavra “amilenismo” significa “não milenismo”, ou “não milênio”. De modo objetivo, temos a seguir os postulados defendidos por essa linha de interpretação escatológica: 1. Crêem na Segunda Vinda de Jesus como um evento único, não havendo, portanto, duas fases distintas, como ensina o pré-milenismo. 2. O milênio é entendido por eles como sendo o Reino de Deus na Terra de forma espiritual, o qual, embora invisível (mas real) foi inaugurado por ocasião da primeira vinda do Senhor Jesus em carne. Assim, este reino continua existindo espiritualmente e perdurará até a Segunda Vinda do Senhor Jesus. Ao vencer na cruz, o Senhor Jesus teria limitado a atuação de Satanás no sentido de enganar as nações. 3. Os “mil anos”, mencionados seis vezes em Apocalipse 20.1-7, são na verdade um período simbólico, não exato, representando a era presente da Igreja, que é um período de tempo indefinido, que durará até a Segunda Vinda de Jesus. 4. A Tribulação para eles não será um período literal de sete anos, quando Deus derramará sobre este

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 14


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

mundo diversos flagelos, mas é algo que experimentamos agora, na vida presente. 5. Os amilenistas entendem que haverá apenas uma ressurreição geral por ocasião da Segunda Vinda de Jesus, que será para justos e injustos. 6. O Juízo final será, portanto, para justos e injustos, e é nessa ocasião que ambos ressuscitarão. Os justos não serão condenados, ao passo que os injustos sim. A seguir, os salvos adentrarão ao Novo Céu e à Nova Terra. O gráfico a seguir é um ótimo recurso para facilitar a nossa assimilação da posição amilenista:

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 15


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 16


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

2.2. O Pós-Milenismo (ou Pós-Milenarismo) O pós-milenismo, representado por teólogos como Charles Hodge e A. H. Strong (também muito conhecidos pelas suas Teologias Sistemáticas) é muito similar ao sistema anterior. O prefixo “pós” significa “após”, o que significa dizer que “pós-milenismo”, a grosso modo, é o mesmo que “após-milênio". Veja abaixo os principais postulados do pós-milenismo: 1. Entende que Cristo regressará após o Milênio. 2. Acredita que o Milênio descrito nas Escrituras é simbólico, apontando para a influência benéfica do evangelho sobre as pessoas em todo o mundo. Para o pós-milenismo, o Milênio é um período indefinido de tempo, que perdurará até a Segunda Vinda de Jesus (que acontecerá também em uma só etapa). 3. Assim como o amilenismo, o pós-milenismo entende que Satanás foi aprisionado quando Cristo morreu na cruz e que o anjo que o prendeu, mencionado em Apocalipse 20.1 é, na verdade, o próprio Cristo. 4. Quanto à ressurreição, ao Juízo Final e ao Estado Eterno, as duas posições – amilenismo e pósmilenismo – assumem, em geral, a mesma postura.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 17


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

O gráfico a seguir nos ajudará a compreender esta linha de interpretação escatológica:

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 18


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

2.3. O Pré-Milenismo (ou Pré-Milenarismo) O pré-milenismo se distingue muito quanto às duas posições anteriores. Apresenta mais detalhes pertinentes aos eventos finais. Ele não é uniforme – há dentro desta mesma linha de interpretação diferentes abordagens. O pré-milenismo se divide em pré-milenismo histórico e prémilenismo dispensacionalista. A posição deste trabalho de Escatologia é pré-milenista dispensacionalista (ou prémilenismo pré-tribulacionista). O prefixo “pré” significa “antes”, assim, o pré-milenismo ensina que Cristo retornará antes do Milênio. Scofield (conhecido pela Bíblia de estudo preparada por ele – a Scofield Reference Bible – Bíblia de Referência Scofield) defende esta posição. A palavra dispensacionalista usada aqui é para se referir às sete dispensações reveladas na Bíblia. Scofield afirma: “Uma dispensação é um período de tempo durante o qual o homem é posto à prova em sua obediência a certa revelação específica da vontade de Deus”. É notória a distinção feita pelo dispensacionalismo entre a Igreja e Israel (distinção – não preferência). A seguir, os principais pontos defendidos pelo pré-milenismo dispensacionalista: 1. Crê na Segunda Vinda de Jesus em duas fases distintas, antes do Milênio. 2. Crê num período literal de terrível tribulação sobre a Terra – a Grande Tribulação –, que durará sete anos.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 19


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

3. Distingue o julgamento da Igreja do julgamento dos ímpios. 4. Entende que a ressurreição dos justos ocorrerá por ocasião do Arrebatamento e que a ressurreição dos ímpios só acontecerá após o Milênio, no Juízo Final (essas ressurreições estão, então, separadas por um período de mais de mil anos). 5. Entende que o Milênio é um período literal de tempo – mil anos literais – em que Cristo reinará sobre a Terra, dando cumprimento a profecias bíblicas do Antigo e do Novo Testamentos. Mais uma vez, recorramos ao recurso gráfico a fim de compreendermos a posição pré-milenista dispensacionalista.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 20


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 21


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Mais detalhes serão apresentados sobre os eventos da Escatologia pré-milenista no decorrer deste trabalho. Alguém já afirmou que os pré-milenistas fazem “uma “cirurgia textual” nas Escrituras, de acordo com o quadro já pré-desenhado por eles” (Revista Ultimato, ano 31 – nº 251 – Março de 1998, p. 22). Os pré-milenistas, no entanto, creem que a Bíblia nos oferece uma grande riqueza de detalhes sobre os eventos finais, permitindo-nos reconhecer, definir e delimitar cada evento escatológico, fazendo assim uma exegese e não uma eisegese do texto bíblico. Embora Deus não tenha descortinado tudo dentro deste assunto, revelou-nos em Sua Palavra o necessário e nos faz cientes dos eventos que hão de ocorrer em breve. De fato, as profecias da Bíblia se cumprem diante dos nossos olhos. O grande perigo que corremos quanto à Escatologia Bíblica (bem como em qualquer outra doutrina bíblica) é querer ir além do que está revelado nas Escrituras Sagradas, formando uma “teologia unicamente especulativa”, que mais traz confusão do que edificação. Sigamos o conselho de Paulo aos coríntios: “não ultrapasseis o que está escrito...” (1 Co 4.6). Mas a Escatologia Bíblica é motivo de conforto e alegria para a Igreja, e também de temor e tremor, haja vista revelar detalhes do juízo de Deus derramado sobre a humanidade caída. Por isso, apeguemo-nos à infalível Palavra de Deus e creiamos em suas verdades eternas, fiéis e imutáveis, e “guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar,

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 22


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

pois quem fez a promessa é fiel” (Hb 10.23) “porque ainda um poucochinho de tempo, e o que há de vir virá e não tardará” (Hb 10.37). 3. OS SINAIS DO FIM DOS TEMPOS No passado, houve pessoas e grupos religiosos que tentaram datar o regresso do Senhor Jesus6 a este mundo. Mas todas as tentativas, obviamente, falharam. À luz da Palavra de Deus não temos qualquer base para fazer tal coisa. Nem o próprio Jesus intentou fazer isso na condição de homem (Mt 24.36). No entanto, Ele, pelos sinais que descreveu, nos permite identificar e reconhecer a proximidade do seu retorno. Ele não nos deixou sem nenhuma evidência de seu regresso. Um “sinal” nada mais é do que um indício, um rastro que nos chama a atenção para algo. Vejamos a seguir alguns dos sinais descritos pelo Senhor Jesus como indicativos de seu iminente regresso.

6

Temos o famoso exemplo de Willian Miller que no século 18, tendo Daniel 8.14 como texto base, concluiu que as “tardes e manhãs” ali mencionadas referiam-se a anos, e portanto, seriam 2.300 anos. Tomando como ponto de partida o ano 457 a.C., data do regresso de Esdras do Cativeiro. Para uma abordagem mais ampla, recomendamos a leitura do livro Seitas e Heresias, de Raimundo Ferreira, CPAD. Também Stanley M. Horton faz menção de alguns grupos que se esforçaram por datar a Segunda Vinda de Jesus: cf. HORTON, Stanley M. Nosso Destino: o ensino bíblico das últimas coisas. Rio de Janeiro: CPAD, 1998. pp. 72-75.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 23


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

3.1. Eu sou o Cristo... Um dos sinais deixados pelo Senhor Jesus à Sua Igreja concernente ao tempo do fim é a proliferação de falsos Cristos; Ele disse: “... Vede que ninguém vos engane. Porque virão muitos em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos” (Mt 24.4,5). Note que Jesus antecipa algo que estamos constatando em nossos dias: falsos Cristos enganando a muitos, Ele diz, não poucos! De fato, isto se cumpre diante dos nossos olhos. Uma seita chamada Crescendo em Graça, que já conta com dois milhões de adeptos no mundo todo, sendo 10 mil só no Brasil, tem em seu fundador a ideia do próprio Cristo reencarnado. Ela é liderada por um homem que se autointutitula Jesus Cristo homem, que alega ser a reencarnação de Jesus Cristo. Essa seita apoio movimentos homossexuais e diz que o pecado não existe. É de espantar a cifra de dois milhões de pessoas seguindo esta seita em todo o mundo! Alguns teólogos sugerem que esse não seria um sinal para a Igreja, mas exclusivamente para os judeus, mas fica evidente que o que foi mencionado por Jesus em Mateus 24.4 e 5 se cumpre em nosso tempo. Para Grudem, o sinal dos falsos Cristos e falsos profetas, é pouco provável de ter se cumprido, mas reconhece a sua possibilidade: Embora os milagres demoníacos e os falsos sinais venham acontecendo há séculos, parece provável que as palavras de Jesus predigam a manifestação muitíssimo

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 24


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer maior dessa espécie de atividade no tempo exatamente anterior ao seu retorno. Novamente devemos dizer, entretanto, que é difícil estarmos certos de que as coisas serão assim. É melhor concluir que é pouco provável, mas ainda possível que esse sinal já se tenha cumprido.7

Grudem indica não adotar a convicção de que Cristo certamente regressará logo, de maneira iminente. Ele reconhece que Cristo pode e deve vir a qualquer momento, e até chega a dizer que devemos estar prontos. Ao comentar sobre os últimos dias, Horton parece destoar um pouco de Grudem; ele afirma que A Bíblia está cheia de esperança para o futuro. O cumprimento das profecias relacionadas com a primeira vinda de Jesus nos dão a plena certeza da ocorrência de sua segunda vinda. O fato de o Espírito Santo estar presente agora nos dá mias certeza ainda de que estamos “nos últimos dias” (At 2.17). Também nos assegura que “os últimos dias” não continuam indefinidamente, pois neste tempo presente temos apenas “as primícias do Espírito” (Rm 8.23), e o batismo com o Espírito Santo nos dá somente um sinal (gr. arrabon, “primeira prestação”) de nossa herança futura, a qual sem dúvida será nossa quando Jesus voltar. Isto era proeminente no pensamento dos crentes do primeiro século e sempre deveria fazer parte da visão dos crentes de hoje.8

7

GRUDEM, Wayne. Manual de Teologia Sistemática. São Paulo: Vida, 2001, p. 479. 8 HORTON, 1998, p. 123.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 25


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

3.2. Guerras, fomes e terremotos Outro sinal que indica a proximidade do Arrebatamento é o que está descrito em Mateus 24.7: “Porquanto se levantará nação contra nação, reino contra reino, e haverá fomes e terremotos em vários lugares”. É espantoso o cumprimento fiel desta profecia em nosso tempo. Talvez o leitor possa perguntar: “Mas guerras, fomes e terremotos sempre existiram. O que faz destes eventos um sinal do Arrebatamento?” Para responder à esta pergunta, voltemos à pergunta feita pelos discípulos no monte das Oliveiras: “... quando sucederão estas coisas e que sinal haverá da tua vinda e da consumação do século” (Mt 24.3). A palavra “sinal” (negritada no texto bíblico acima) tem um importante significado no grego bíblico. Strong diz que “sinal” é “prodígio, portento, isto é, uma ocorrência incomum, que transcende o curso normal da natureza; sinais que prognosticam eventos notáveis prestes a acontecer9. Como podemos ver, ao mencionar eventos como guerras, fomes e terremotos, Jesus está falando de “eventos incomuns”, “que transcendem o curso normal da natureza”. Trata-se de algo que se intensifica assustadoramente. É o que vemos em nossa geração.

9

Strong, James: Léxico Hebraico, Aramaico e Grego De Strong. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002; 2005, S. H8679.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 26


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

As guerras marcaram o século 20. O documentário evangélico chamado Contagem Regressiva para o Armagedom informa: [...] a Cruz Vermelha estima que mais de 100 milhões de pessoas morreram só no século 20 em conflitos armados. Só em 1993 foram travadas 29 guerras – um recorde! Desde o final da Segunda Grande Guerra Mundial, em 1944, 23 milhões de pessoas já perderam a vida em conflitos menores. É também impressionante o custo de uma guerra. O ex-presidente norte-americano, o General Eisenhover disse: ‘Toda arma fabricada, todo míssel e foguete lançado é, num certo sentido, um crime contra os que passam fome e não são alimentados, contra os que sentem frio e não são agasalhados’. De fato! Um avião caça, por exemplo, custa 25 mil dólares e um míssel tomahawk, um milhão e 300 mil dólares. Na década de 90, estimou-se que cerca de 100 milhões de crianças africanas morreriam de fome e, que estas mortes poderiam ser evitadas com o que o mundo gasta em seu aparato militar em apenas dois dias!10

E o que dizer do receio de um confronto nuclear que ainda paira sobre as nações? Países como Coréia do Norte e Irã (este último inimigo declarado de Israel) tem sido palco de constantes agitações com relação a este assunto. O próprio Israel, que nunca confirmou ter armas nucleares, é suspeito de ter, segundo especialistas no assunto e 10

Disponível em <www.youtube.com/watch?v=4DYP3Prpsn0> Acesso em 13 jan. 2015.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 27


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

autoridades como o ex-presidente norte-americano Jimmy Carter, 150 ogivas nucleares. De fato, o Oriente Médio é hoje um foco de tensão para o mundo todo! Também a fome tem índices assustadores no mundo. Estima-se que morrem cerca de vinte milhões de pessoas no mundo por ano por causa da fome. No Brasil, as estimativas apontam para o número de dez milhões de famílias que passam fome, sendo as crianças as mais prejudicadas11. Em Lucas 21.11 Jesus associa a fome com as epidemias, ou seja, doenças que surgem de repente e atingem muitas pessoas, como por exemplo, a influenza A/H1N1, mais conhecida como gripe suína, que assustou o mundo todo e que foi considerada uma pandemia, sendo quase 30 mil contaminados e tendo vitimado, segundo a Organização Mundial da Saúde, 143 pessoas até 12 de junho de 2009. Estimou-se que se a gripe suína (como ficou conhecida) continuasse se espalhando no ritmo em que estava na primeira semana do surto, ela poderia se assemelhar à gripe espanhola, em 1918, que matou de 40 a 50 milhões de pessoas em dois anos! O curioso é que nem a Primeira Grande Guerra Mundial que acabava naquele ano havia vitimado tantas pessoas como a gripe espanhola.

11

GILBERTO, Antonio (ed.). Teologia sistemática pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, p. 491.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 28


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Impressiona também o aumento no número de terremotos no século 20. Os dados abaixo são do Almanaque Mundial. Veja no gráfico a seguir: AUMENTO NA FREQUÊNCIA DE TERREMOTOS DE 1000 d.C. à 1990 d.C. 1000 d.C – 1800 d.C

Houve 21 grandes terremotos

1800 d.C. – 1900 d.C

Houve 18 grandes terremotos

1900 d.C. – 1950 d.C.

Houve 33 grandes terremotos

1950 d.C. – 1991 d.C

Houve 93 grandes terremotos

É impressionante observar que num espaço de apenas 41 anos aconteceram mais terremotos do que todos os outros juntos nos 950 anos anteriores! Ou seja, de 1000 à 1950 ocorreram 72 grandes terremotos, enquanto que de 1950 à l991 ocorreram 93! Nossa memória geralmente é muito curta para certos eventos, mas como esquecer a catástrofe que atingiu a costa da Ásia em 2004? Um terremoto de 9,3 graus na escala Richter que ocorreu no fundo do Oceano Índico, provocando uma onda gigantesca (chamada de Tsunami) que varreu a costa da Ásia, atingindo 12 nações e matando mais de 230 mil pessoas! Nas regiões mais afetadas, as ondas gigantescas chegaram a submergir ou deslocar ilhas

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 29


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

e também arrasar cidades e vilas em poucos minutos! Milhares de corpos ficaram expostos ao tempo, devido à dificuldade de serem enterrados. Também os tremores no Chile e no Haiti, que mataram muitas pessoas. Como nunca antes estamos contemplando o aumento assustador no número de terremotos e consequentemente no número de vítimas. 3.3. A multiplicação do erro O “erro” aqui referido é de caráter doutrinário. Paulo, em 1 Timóteo 3 afirma: “Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência” (vv. 1,2). Este é também um sinal indicador da vinda de Jesus – o aumento do erro e da apostasia espiritual. Note que este sinal acontece em meio ao povo de Deus. Sim! Pois quem apostata é o crente em Jesus, não o ímpio! Assim, a apostasia12 espiritual só pode ocorrer em nosso meio. Isso não está acontecendo, hoje, amado(a) leitor(a)? Certamente que sim. Quantos que movidos por torpe ganância estão deturpando os ensinos bíblicos genuínos e estão disseminando heresias no meio do povo de Deus. E o que dizer do crescimento assustador das falsas religiões 12

“Apostasia” é “abandono”. Apostatar é abandonar.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 30


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

e de seitas bizarras que levam muitos para longe da verdade bíblica. O islamismo, por exemplo, cresce vertiginosamente no mundo todo, tendo já quase dois bilhões de adeptos em todo o globo. É tão forte sua influência na Europa que alguns especialistas já chamam a futura Europa de “Eurábia”. 4. O ARREBATAMENTO DA IGREJA O que é o arrebatamento da Igreja? No texto de 1 Tessalonicenses 4.17 encontramos a palavra “arrebatados” ( no grego αρπαζω - harpazo ) que significa “1) pegar, levar pela força, arrebatar; 2) agarrar, reivindicar para si mesmo ansiosamente; 3) arrebatar”. No latim, a palavra arrebatamento é raptus, que significa “rapto”. Esta definição a partir do texto bíblico muito nos ajuda a entender o que será e como será o arrebatamento – é claro, dentro do que a Bíblia nos permite dizer à respeito, haja vista que este glorioso evento só será completamente compreendido por nós quando ele ocorrer! O arrebatamento será um evento que ocorrerá de forma rápida, muito rápida, furtiva, inesperadamente, isso é o que está claramente evidenciado no texto de 1 Coríntios 15.52, onde Paulo usa a palavra “momento” para se referir ao rapto da Igreja. Esta palavra, “momento”, no grego é ατομος – atomos, que é algo “que não pode ser cortado em dois, ou dividido, indivisível”, “de um momento de tempo”. É deste termo grego que deriva a nossa palavra já

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 31


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

bem conhecida, “átomo”. O átomo foi considerado durante muitos anos a menor partícula da matéria. Analisando este termo à luz do contexto paulino, vemos que o arrebatamento se dará numa fração de tempo inimaginável, muito pequena, tal qual é o átomo! Nesse caso teríamos uma fração (átomo) de tempo. É necessário frisar também que o Arrebatamento da Igreja é o evento escatológico que marcará o início de uma série de vários outros eventos escatológicos, como a Grande Tribulação (quando então ocorrerá a manifestação pública do Anticristo), a primeira Guerra de Gogue e Magogue, o Armagedom, o Julgamento das Nações, o Milênio, etc., sobre os quais comentaremos mais adiante. A doutrina bíblica do rapto da Igreja é uma verdade imutável, que jamais passará (Mt 24.35). Não importa o quanto o mundo mude, não importa quantas mudanças a pós-modernidade esteja trazendo para o pensamento humano, a verdade da Palavra de Deus de que Jesus arrebatará Sua Igreja “num abrir e fechar de olhos”, permanece inalterável! (cf. 1 Co 15.51,52; 1 Ts 4.16,17). É lamentável que muitos estejam perdendo de vista a importância desta doutrina bíblica, alguns há que até já não acreditam mais no rapto da Igreja pelo Senhor Jesus. Em nossos púlpitos, muitas vezes, já não vemos e ouvimos mais ministrações sobre o Arrebatamento iminente da Igreja com a frequência que deveria haver. Porém, bem sabemos que a indiferença espiritual para com as

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 32


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

verdades da Palavra de Deus é também um sinal que indica o breve retorno de Jesus para raptar a sua noiva, é o que Paulo diz em 1 Timóteo 4.1, quando ele menciona a apostasia espiritual. Ora, só pode apostatar quem já serve a Deus, pois apostasia implica no abandono consciente da fé. Estejamos, pois, alertas. Veremos a seguir detalhes bíblicos à respeito do Arrebatamento, os quais devemos conhecer a fim de termos uma correta interpretação desta doutrina escatológica: 4.1. A iminência do Arrebatamento da Igreja A palavra “iminência” significa: “Qualidade do que está iminente; que ameaça acontecer breve; que está sobranceiro; que está em via de efetivação imediata; impendente” (Aurélio). Ou seja, cremos que o Senhor Jesus já está às portas para arrebatar sua Igreja aos Céus. A doutrina da iminência do arrebatamento nos leva a renovar em nossos corações a viva esperança quanto à volta do Senhor Jesus para Sua Igreja. Paulo corrobora esta verdade quando diz: “E digo isto a vós outros que conheceis o tempo: já é hora de vos despertardes do sono; porque a nossa salvação está, agora, mais perto do que quando no princípio cremos” (Rm 13.11). Em 1 Tessalonicenses 4.15, o apóstolo emprega o pronome “nós”, indicando que ele aguardava, em seu tempo, a

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 33


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

vinda de Jesus, e comunica essa esperança aos crentes de Tessalônica (cf. 1 Ts 4.15-18). 4.2. O Arrebatamento será muito rápido É o que Paulo deixa claro quando diz: “Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados” (1 Co 15.52 – grifo meu). Nesse texto, Paulo está tratando do arrebatamento da Igreja. É interessante saber que um piscar de olhos dura aproximadamente de 100 a 150 milésimos de segundo, uma fração de tempo muito pequena. Em nossa visão ocular, temos a impressão de estarmos olhando sem interrupção alguma o mundo à nossa volta, pois piscamos uma média de 15 vezes por minuto, sem nos darmos conta disso, dado à velocidade desse mecanismo nos nossos olhos. Todavia, ao piscar os olhos, é como se o mundo à nossa volta ficasse às escuras, numa fração pequeníssima de tempo. Isso ilustra muito bem o que ocorrerá no Arrebatamento da Igreja, quando raptados para os ares já não estaremos mais aqui, mas para sempre com o Senhor, quando então o mundo já não estará mais diante de nossos olhos, mas sim o próprio Jesus, como a Bíblia claramente revela na expressão: “e, assim, estaremos para

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 34


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

sempre com o Senhor” (1 Ts 4.18). Vale a pena ser fiel ao Noivo! Aleluia! Também em 1 Coríntios 15.52 encontramos outra evidência da velocidade em que ocorrerá o rapto, que se encontra na palavra “momento”. O termo grego traduzido aqui por “momento”, segundo Strong, é ατομος – atomos, que significa “que não pode ser cortado em dois, ou dividido, indivisível”. Essa definição se aplica também ao tempo, o que significa dizer que será uma fração de tempo ínfima. O arrebatamento ocorrerá tão rapidamente assim por se tratar de um evento específico para a Igreja, quando o mundo não participará, não terá ingerência neste evento tão especial. O Arrebatamento será invisível para o mundo. O mundo só saberá depois, quando notar a ausência de milhões de fiéis em todo o planeta Terra! 4.3. O Arrebatamento acontecerá nos ares – Cristo não pisa na terra (1 Ts 4.17 – note a frase “nos ares”). 4.4. O Arrebatamento só será plenamente compreendido quando ocorrer - Leia 1 Co 15.51 – note a palavra “mistério” empregada no texto. 4.5. Os justos falecidos ressuscitarão por ocasião do Arrebatamento, e os vivos serão transformados. Por ocasião do Arrebatamento, Jesus trará os fiéis que

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 35


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

estiverem com Ele e estes, por sua vez, unir-se-ão aos seus corpos já ressuscitados e glorificados; os crentes que estiverem vivos, terão seus corpos transformados e não provarão a morte (1 Co 15.51,52). É bom lembrar aqui que a “primeira ressurreição” é um termo geral que abrange pelo menos três distintos grupos de ressuscitados: 1) As primícias da primeira ressurreição, são Cristo e aqueles que ressuscitaram com Ele quando da sua morte na cruz (cf Mt 27.53; 1 Co 15.20,23; Cl 1.18); 2) A colheita geral do arrebatamento, que são aqueles que vão ressuscitar no momento do Arrebatamento da Igreja, todos os santos desde Adão até este momento (1 Ts 4.16), e 3) Os rabiscos da colheita, que são aqueles que vão ressuscitar logo antes da inauguração do Milênio (Leia Ap 6.9-11; 7.9-14; 15.2; 20.4). A palavra “ordem” em 1 Coríntios 15.23, no original grego é ταγμα – tagma, e indica “fileira”, “grupo”, “turma”, “corpo de soldados”, “bando”, “tropa”, “classe’. A própria expressão “Cristo, as primícias...” já indica por si mesma que haverá classes e sequência de ressurreições. 4.6. O Arrebatamento será precedido pelo toque da trombeta. O toque da trombeta precederá o arrebatamento (1 Co 15.52; 1 Ts 4.16). É importante ressaltar que a trombeta do Arrebatamento nada tem a ver com as sete trombetas de Apocalipse. A trombeta mencionada por Paulo relativa ao Arrebatamento traz a

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 36


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

ideia da reunião dos salvos com Cristo. No contexto histórico de Israel, o tocar da trombeta era um chamado para uma reunião militar, para a batalha (Leia Ne 4.20). 5. O TRIBUNAL DE CRISTO O que é o Tribunal de Cristo? A Palavra de Deus nos fala de sete julgamentos, ou sete juízos, a saber: 1) O juízo do pecado original, em Jesus, na Cruz, que recebeu por nós a sentença divina; 2) o juízo dos pecados atuais do crente, ou seja, trata-se do auto-julgamento do crente em Jesus, perante Deus; 3) o juízo do Tribunal de Cristo, que comentaremos neste tópico; 4) o juízo de Israel, durante a Grande Tribulação; 5) o juízo das nações sobreviventes ao final da Grande Tribulação e logo antes da inauguração do Milênio; 6) o juízo do Diabo e de suas Hostes, ao final do Milênio e, por fim, 7) o juízo do Grande Trono Branco, quando haverão de ressuscitar todos os ímpios desde o tempo de Adão até aquele momento a fim de serem julgados, embora já estejam definitivamente condenados, para depois serem lançados no “lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte” (Ap 21.8).

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 37


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

É importante que conheçamos, ainda que resumidamente, os sete juízos mencionados nas páginas sagradas, pois o Tribunal de Cristo está aqui inserido. Esses juízos diferenciam-se entre si quanto aos que participam deles, quanto ao tempo e ao local em que eles ocorrem, e quanto ao resultado de cada um deles. Mas então, voltemos diretamente para o assunto do Tribunal de Cristo. A expressão é bíblica: “Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (2 Co 5.10 – grifo meu). Embora a expressão apareça apenas duas vezes na Bíblia, aqui e em Romanos 14.10 (dependendo da versão, pois a ARA usa “tribunal de Deus”), esse ensino encontra apoio em outras passagens bíblicas. No Tribunal de Cristo seremos julgados quanto à nossa mordomia cristã, nossa conduta em vida como servos de Deus. Ali, serão julgadas nossas obras e não a nossa pessoa, como fica claro em 1 Coríntios 3.10-17. Note no versículo 13 que o que se manifestará é a obra de cada um, a qual será provada no fogo, o que resultará em ganho ou perda de galardão (recompensa). Note também a expressão bíblica “se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo” no versículo 15. Isto indica que ali, no Tribunal de Cristo, só participarão os salvos, não havendo portanto qualquer possibilidade de condenação eterna, pois já está a Igreja com Cristo. Esse juízo é para a Igreja, portanto, não há ali

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 38


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

condenação eterna. O Tribunal de Cristo ocorrerá ainda nos ares, antes das bodas do Cordeiro que, por sua vez, ocorrerá no Céu. 6. AS BODAS DO CORDEIRO A palavra “bodas”, no grego γαμος – gamos –, segundo Strong significa “grande festa de casamento, banquete de casamento, festa de núpcias”13. As bodas eram a festa de casamento. Em Israel, o casamento era uma ocasião de grande alegria, de banquete, como vemos em Gênesis 29.22. A principal cerimônia do casamento era a entrada da noiva na casa do esposo, mas antes disso, o noivo, acompanhado com seus amigos, dirigia-se à casa da noiva e ela vinha então com ele para a sua casa. O noivo tinha sua cabeça enfeitada com um diadema, uma espécie de “coroa”. A noiva, por sua vez, estava ricamente vestida, adornada com joias, mas permanecia coberta por um véu, daí Labão ter substituído Raquel por Lia no primeiro casamento de Jacó (cf. Gn 29.23-25). Cânticos de amor fazem parte da celebração do casamento14. O glorioso aqui é observar os paralelos entre as características do casamento hebreu com o casamento de 13

Strong, James: Léxico Hebraico, Aramaico E Grego De Strong. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002; 2005. 14 VAUX, Roland de. Instituições de Israel no Antigo Testamento. Trad.: Daniel de Oliveira. São Paulo: Editora Teológica, 2003, p. 56.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 39


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Cristo com sua noiva, a Igreja. De fato, o casamento de Cristo e a Igreja (o Arrebatamento) será cheio de grande alegria! É até impossível para nós descrever tal fato, quando encontraremos com nosso Senhor nos ares! Como não será glorioso contemplar a face adorada de Jesus, o nosso Rei! Como no casamento hebreu, Cristo, o Noivo, vem primeiro ao encontro de sua noiva, a Igreja, para buscá-la, levando-a assim para o seu lar eterno. Como não nos recordarmos aqui das palavras ditas por Ele em João 14.2,3? São elas: Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também.

As bodas do Cordeiro são, portanto, a celebração do Seu casamento com a Igreja. Esta festa ocorrerá no Céu, que já estará todo preparado para nos receber. Interessante também é notar que a festa de casamento em Israel durava uma semana, sete dias. Isso nos leva a pensar na Grande Tribulação, que durará uma semana, uma semana de anos, ou seja, sete anos. Esse período do derramamento dos juízos de Deus sobre a Terra inicia quando a Igreja é raptada para o Céu. Assim, ao passo em que ela está com o Cordeiro no Céu, celebrando seu casamento, nas bodas do Cordeiro, a Terra estará sofrendo o juízo divino. É

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 40


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

importante lembrar que em Escatologia Bíblica, nem sempre os eventos são sequenciais – um após outro –, pois as vezes eles ocorrem paralelamente. É o caso das bodas do Cordeiro e da Grande Tribulação, eventos que ocorrerão simultaneamente – este último na Terra, aquele no Céu. CONCLUSÃO As doutrinas escatológicas abordadas nesta primeira lição representam, num certo sentido, a convicção de milhões de pessoas no mundo todo em torno do futuro. Constituem também o complexo que integra e forma a cosmovisão cristã. A maneira de encarar o passando, o presente e o futuro pela Igreja é orientada, em grande medida, pela compreensão que se tem dessas doutrinas. Com efeito, o Dr. J. Dwight Pentecost escreveu algo interessante sobre o crescente gosto pela Escatologia no século 20: "A época em que vivemos testemunha uma onda de interesse pela escatologia bíblica. Se há uma geração um teólogo escrevia: "A escatologia é em geral amada na proporção inversa ao quadrado do diâmetro mental daqueles que a amam", hoje outro escreve: 'O problema da escatologia pode tornar-se rapidamente, se ainda não for, a viga mestra da discussão teológica americana'"15. De fato, estas doutrinas tem lugar central no pensamento cristão e merecem ser estudadas e compreendidas.

15

PENTECOST, Dwight J. Manual de escatologia. Trad.: Carlos Osvaldo Pinto. São Paulo: Editora Vida, 2006, p. 5.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 41


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Exercícios da Lição 1 ___________________________ Responda as questões abaixo, de maneira bem sintetizada. 1.

O que significa o termo "Escatologia"? _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________

2.

Qual o significado da expressão "Amilenismo"? _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________

3.

Qual o significado da expressão "Pós-milenismo"? _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________

4.

Qual o significado da expressão "Pré-milenismo"? _______________________________________________ _______________________________________________

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 42


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

_______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ 5.

Qual o valor da Escatologia Bíblica para a Igreja do Senhor? _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 43


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Lição 2 ___________________________

A Grande Tribulação e o Armagedom INTRODUÇÃO Estudar a doutrina bíblica da Grande Tribulação pode ser chocante para muitas pessoas, que pensam a relação de Deus com a humanidade apenas em termos de amor e graça. O estudo da Grande Tribulação deixa claro que Deus trará os homens a juízo, castigando-os a manifestando assim sua ira contra o pecado desenfreado. Esse período é chamado de "o dia do Senhor" e Pentecost (2006) comenta que "uma das maiores linhas proféticas encontradas no Antigo e no Novo Testamento é a verdade profética relacionada ao dia do Senhor"16. 1. O TEMPO DE ANGÚSTIA PARA JACÓ Chegou o tempo de Deus tratar com Israel (especialmente) e com as nações gentílicas que viraram as costas para Ele. É o tempo do derramamento em abundância dos flagelos divinos sobre a humanidade pecadora. É a Grande 16

PENTECOST, 2006, p. 254.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 44


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Tribulação, evento que nas páginas sagradas recebe outros nomes tais como Dia da ira deles, na ARA, ou Dia da sua ira, como na ARC, como vemos em Apocalipse 6.17; também dia da ira do Senhor (Lm 2.22; Sf 2.2); a expressão hora da tentação é também uma referência à Grande Tribulação (Ap 3.10); ou ainda, simplesmente a palavra ira (1 Ts 5.9). Em Sofonias 1.15 lemos dia de trevas (cf. na ARC) e em Isaías 61.2 dia da vingança do nosso Deus. É bom salientar que a expressão “Grande Tribulação” é de fato bíblica, como podemos verificar em Apocalipse 7.14. Quando afirmamos que a Grande Tribulação é o tempo de Deus tratar especialmente com Israel, embora toda a humanidade seja atingida pela Grande Tribulação, é por que encontramos na Bíblia Sagrada evidências claras que demonstram que este período de trevas sobre a Terra tem a ver especialmente com Israel. Um fato interessante é notar que a primeira referência bíblica à Grande Tribulação aparece justamente ligada à Israel. Diz a Bíblia: “Quando estiveres em angústia, e todas estas coisas te sobrevierem nos últimos dias, e te voltares para o Senhor, teu Deus, e lhe atenderes a voz”. Esta é uma palavra dirigida ao povo israelita, quando ainda peregrinava no deserto. Note ainda a expressão “.. e todas estas coisas te sobrevierem nos últimos dias” – aqui a ARA traduziu corretamente, pois esta é a tradução literal do hebraico, enquanto que a ARC usou a expressão “fim de dias”, que não reflete com exatidão o sentido do texto. Assim, a

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 45


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Grande Tribulação, nos últimos dias das História da humanidade tal como a conhecemos, servirá para levar o obstinado e duro povo de Israel (Êx 32.9; 33.3; Dt 9.6; Ez 3.7) ao arrependimento e a reconhecer que o Homem que tem as marcas dos cravos nas mãos é o Messias profetizado no Tanach17. Aleluia! De fato, em Jeremias verificamos que a Grande Tribulação é um tempo para Israel: “Ah! Que grande é aquele dia, e não há outro semelhante! É tempo de angústia para Jacó; ele, porém, será livre dela” (Jr 30.7). O nome “Jacó” neste texto é uma referência ao povo de Israel, basta ler o contexto do capítulo para verificar isso. Ao final da Grande Tribulação cumprir-se-á a gloriosa profecia de Apocalipse 1.7: “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém!”. Aqueles que o traspassaram são os seus irmãos segundo a carne, os judeus. Mais adiante comentaremos sobre a Manifestação de Cristo em glória. Outro fator importante que nos mostra que a Grande Tribulação é o trato de Deus com Israel está em Daniel 9.24, que diz: “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a 17

Tanach é uma expressão hebraica usada para se referir à Bíblia Hebraica, que é composta do nosso AT, ou seja, dos 39 livros que o compõe, embora na Bíblia Hebraica esses livros estejam dispostos em ordem e quantidade diferentes.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 46


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniqüidade, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos Santos”. É a conhecida, mas pouco entendida, profecia das Setenta Semanas proféticas. Note a expressão bíblica que diz: “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo...”. O anjo Gabriel diz a Daniel que estas setenta semanas eram para o seu povo, ou seja, para o povo de Israel. A Grande Tribulação está inserida no estudo das Setenta Semanas, pois ela é a última semana, ou seja, a septuagésima, assunto que também analisaremos logo mais à frente. 1.1. O que é a Grande Tribulação? A Grande Tribulação será um período de sete anos em que o mundo experimentará os flagelos divinos derramados, flagelos estes que estão representados nos selos, trombetas e taças de Apocalipse. A Grande Tribulação está dividida nas Sagradas Escrituras em dois períodos, ambos de três anos e meio, sendo que a segunda metade da Grande Tribulação será a de maior sofrimento. Há muitos escatólogos que não encaram a Tribulação com literalidade. Mas encontramos no texto bíblico expressões como “tempo, tempos e metade de um tempo”, “42 meses”, etc., que denotam exatidão e precisão em termos cronológicos.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 47


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Ao referir-se a este tempo, Jesus é enfático: “Porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais. Não tivessem aqueles dias sido abreviados, ninguém seria salvo; mas, por causa dos escolhidos, tais dias serão abreviados” (Mt 24.21,22). Esta última metada da Grande Tribulação aparece nas Escrituras como “quarenta e dois meses”, “um tempo, tempos, e metade de um tempo” e “mil duzentos e sessenta dias” (cf. Dn 7.25; Ap 11.2; 12.6,14; 13.5). As expressões “quarenta e dois meses” e “mil duzentos e sessenta dias” derivam do fato de que no calendário hebraico os meses são de exatos 30 dias, diferentemente do nosso que varia entre 30 e 31, além de mais um mês do ano, fevereiro, que tem 28 dias – e isto difere no ano bissexto, quando este mês passa a ter 29 dias. Assim, quando a Bíblia usa essas expressões está na verdade se referindo aos últimos três anos e meio da Grande Tribulação. É só fazer os cálculos: 42 meses divididos por 12 (que é o correspondente à um ano), resultará em 3,5 anos, ou seja, três anos e meio. No outro caso, basta dividir 1.260 por 30 (que é o corresponde à um mês), e encontraremos o resultado que será 42 meses, ou seja, três anos e meio. No calendário judaico, um ano tem 360 dias, três anos tem então 1.080 dias, somados a mais meio ano (= 180 dias), teremos 1.260 dias. Quanto à expressão “um tempo, tempos, e metade de um tempo”, seu significado tem um fundo histórico em Daniel 7.25. É a

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 48


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

forma bíblica de dizer “um ano, dois anos e metade de um ano”. O pastor Severino Pedro da Silva menciona o seguinte: [...] segundo o modo judaico de calcular, três anos juntos precisariam do acréscimo de um mês, de maneira que o período seria 1.290 dias (Dn 12.11) em vez de 1.260 dias (Dn 7.25; Ap 11.2,3; 13.5); mas, referindo-se a um dos anos separadamente evita-se este resultado. Isso é confirmado em Ap 11.2,3 quando a cidade de Jerusalém será pisada pelos gentios durante o tempo de 42 meses 18.

1.2. As setenta semanas Uma das verdades pertinentes à Bíblia que mais nos maravilha é a de que as suas profecias se cumprem fielmente. Esse fiel cumprimento das profecias bíblicas é para nós uma prova concreta de que a Bíblia é digna de toda a aceitação e verdadeira em sua mensagem profética. O fato de várias dessas profecias bíblicas terem se cumprido e estarem a se cumprir demonstram claramente que a Palavra de Deus não mente, é inerrante e que aquilo que está nela revelado quanto ao futuro haverá de se cumprir, “pois fiel é o que prometeu” (Hb 10.23 - ARC). Vários são os exemplos que podemos citar quanto a esta verdade, pois muitas profecias bíblicas já se cumpriram, algumas inclusive até mesmo em nosso tempo. O que 18

SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse versículo por versículo. 21ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1985.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 49


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

dizer do espantoso cumprimento da profecia de Isaías 66.8? De fato, Israel nasceu como nação soberana em apenas um dia!19 A profecia sobre as Setenta Semanas é outro exemplo admirável do fiel cumprimento do que a Bíblia diz a respeito do futuro. Esta é uma profecia que aguarda a sua plena concretização, pois já se cumpriu em grande parte, ou seja, é uma profecia extensiva. Ela se encontra registrada em Daniel 9.24-27; vejamos o texto: Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniquidade, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos Santos. Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos. Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido e já não estará; e o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas. Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, 19

Reconhecemos (e isso é até óbvio) que houve precedentes históricos que acabaram culminando com a fundação do soberano Estado de Israel. Mas é notável que em apenas um dia, 14 de Maio de 1948, Israel seja reconhecido, por votação na ONU, como um estado soberano. Uma nação que nasceu em um dia pontual na História!

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 50


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele.

Esta passagem nos possibilita chegarmos às seguintes conclusões: a) Estas semanas dizem respeito ao povo judeu, somente. A Igreja não está inserida aqui; é só observar o texto: “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade...” O povo aqui é o judeu e a cidade é Jerusalém. b) A profecia das Setenta Semanas é extensiva, ou seja, cumpriu-se em alguns eventos, mas requer cumprimento futuro. Ela demanda um longo tempo. Para constatar isso, é só verificar os eventos descritos no versículo 24, que só terão cumprimento no futuro. Além desses fatores, considere-se ainda que as “semanas” ali mencionadas são semanas de anos e não de dias, como veremos a seguir. c) Que se trata aqui de semanas de anos não resta dúvidas. Primeiro porque o hebraico diz simplesmente “sete setes” (sete semanas, no versículo 25 – pois a palavra “semana” no hebraico é shabua ‫ ׂשבע‬, que significa “sete”). Segundo, porque se fossem semanas de dias então teríamos 70 X 7 = 490 dias. É simplesmente impossível que

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 51


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Jerusalém fosse destruída e reedificada em apenas 490 dias, como lemos no versículo 25. d) A profecia divide as setenta semanas em três grupos, ou três períodos, a saber: 1) sete semanas = 49 anos; 2) sessenta e duas semanas = 434 anos, e 3) uma semana, a semana final, a 70ª semana – a Grande Tribulação = 7 anos. Assim temos: 49 + 434 + 7 = 490 anos. Os eventos pertinentes aos dois primeiros grupos, ou seja, aos 483 anos, já se cumpriram no passado, restando agora o cumprimento dos últimos 7 anos – a última semana profética. No versículo 25 de Daniel 9 lemos sobre “... a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém”. Abalizados escatólogos pré-milenistas concordam que se trata aqui da saída de Neemias da Pérsia para a cidade de Jerusalém a fim de restaurar a cidade e os muros. Leiamos: No mês de nisã, no ano vigésimo do rei Artaxerxes... E ainda disse ao rei: Se ao rei parece bem, dêem-se-me cartas para os governadores dalém do Eufrates, para que me permitam passar e entrar em Judá (Ne 2.1a,7).

É necessário salientar que a Bíblia menciona quatro decretos pertinentes à Jerusalém e ao Templo; são eles: o de Ciro, em 536 a.C. (cf. Ed 1.1-3); o de Dario, entre 521 e 486 a.C. (cf. Ed 6.6-8); o de Artaxerxes, no sétimo ano de seu reinado, provavelmente em 458 a.C. (cf. Ed 7.12,21) e o

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 52


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

quarto decreto, também promulgado por Artaxerxes, mas no vigésimo ano de seu reinado, situado no ano 445 a.C. (cf. Ne 2.1,7). O evento descrito em Daniel 9.25 teve seu cumprimento neste último decreto, o de Artaxerxes, em 445 a.C. A contar desta data iniciam-se as setenta semanas de anos. A Bíblia nos informa, porém, que a contagem destas semanas seriam interrompidas: “Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido e já não estará...” (Dn 9.26a). O leitor deve ter cuidado para não confundir-se pensando se tratar aqui de 62 dentre as setenta semanas, pois o texto está se referindo aqui ao segundo período, ou seja, ao período de 434 anos após o primeiro período de 49 anos, o que perfaz um total de 483 anos, ou, 69 semanas (69 X 7 = 483). Assim, fica faltando uma semana, e entre a 69ª semana e 70ª semana há um intervalo de tempo indefinido, no qual insere-se a Igreja. Esse intervalo de tempo indefinido é chamado de “Dispensação da Igreja” e “Tempo dos Gentios”. Abalizados estudiosos afirmam que foi a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (Mt 21.1-10) que marcou o fim do segundo período, pois a Bíblia diz que “Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido e já não estará...” (Dn 9.26). Logo após a entrada triunfal do Ungido em Jerusalém, ocorre a sua morte – “será morto o Ungido e já não estará”; os demais eventos descritos neste texto tiveram então o seu cumprimento (ainda que não totalmente completo) por ocasião da

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 53


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

destruição de Jerusalém pelos exércitos romanos em 70 d.C. – “e o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas”. Assim, a septuagésima semana, diferente das primeiras 69, não vem a seguir, imediatamente e consecutivamente. Nos 1.900 anos subsequentes não há sequer um período de sete anos que cumpra satisfatoriamente a profecia do versículo 27. Uma conclusão justa é que este período ainda é futuro e deve ser identicado com a tribulação que será precedita pelo arrebatamento da Igreja, e que é descrita e revelada em Apocalipse 6-19.20

1.3. O Anticristo O Anticristo aparece na Bíblia descrito de várias formas: ele é a Besta mencionada em Apocalipse 13.2-4,11,15,17,18; 14.9,11; 15.2; 16.2,10,13; 19.19,20; 20.4,10. Em Daniel 7.8 ele é o chifre pequeno que arranca outros três e que tem olhos como de homem e uma boca que falava com insolência (ARA) ou uma boca que falava grandiosamente (ARC), ou ainda, uma boca que proferia palavras arrogantes (Bíblia de Jerusalém). Em Daniel 9.26 e 27 ele é o príncipe que há de vir. Paulo o descreve como “o homem da iniquidade, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de 20

PFEIFFER, Charles F. HOWARD, Vos F. REA, John. (ed.s.). Dicionário Bíblico Wycliffe. 2ª ed. Trad.: Degmar Ribas Júnior. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p. 1.810.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 54


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus” (2 Ts 2.3,4). Em Apocalipse a palavra besta, no grego, significa “um homem fera”. Strong informa que metaforicamente, esta palavra significa “um ser bruto, lascivo, selvagem, feroz”. De fato, ao analisar nas Escrituras o perfil deste homem que personificará o próprio Satanás, vemos que estas definições se confirmam. O Anticristo haverá de galgar o poder mediante a imposição e aclamação ao mesmo tempo, pois inicialmente ele haverá de derrubar três reis, como podemos depreender de Daniel 7.24, mas muitas nações escolherão submeter-se à ele, como vemos em Apocalipse 17.13. É na Grande Tribulação que o Anticristo haverá de governar todo o mundo, implantando inclusive seu sistema monetário único. Ele será implacável contra os fiéis a Deus no período da Grande Tribulação produzindo mártires e mais mártires (Ap 6.9-11; 20.4) e também contra os judeus, nos três anos e meio finais da Grande Tribulação, ao quebrar o pacto que fará com eles (cf. Dn 9.27). Ele será, de fato, “um homem fera”. Vejamos a seguir, de forma bem resumida, algumas características do Anticristo conforme a Palavra de Deus nos revela:

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 55


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

1) Ele será um homem, não um sistema político de governo único – é o que verificamos em Apocalipse 20.1021. 2) Ele será um homem personificando o próprio Satanás (Ap 13.2). Note ainda a expressão “matará” em 2 Tessalonicenses 2.8, que evidencia se tratar de um homem, o que, aliás, é reforçado em todo o contexto dessa passagem. 3) Roy E. Swim, comentando Daniel 7.8, texto que se refere ao Anticristo, diz: “Um ser humano, dotado de inteligência e sagacidade extraordinárias, com um imenso orgulho, é sugerido pelos olhos de homem, e uma boca que falava grandiosamente”22. 4) O espírito do Anticristo já opera no mundo, mas de forma velada, oculta, pois segundo a Bíblia, ele “aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém” (2 Ts 2.7). Cremos que este que o detém é o Espírito Santo que está derramado na Igreja de Cristo. Cremos também que a Igreja, cheia do Espírito Santo, impede que ele se manifeste de imediato, haja vista o fato de os crentes serem comparados por Jesus ao sal da 21

É importante salientar aqui embora sendo um homem, de fato, ele estará amparado, evidentemente, por um sistema tanto político, quanto religioso. Daí a figura do falso profeta aparecer em conexão com ele. 22 Comentário Bíblico Beacon. AT. vol. 4, Rio de Janeiro: CPAD, p. 522.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 56


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

5)

6)

7)

8)

Terra, elemento que tem a propriedade de conservar os alimentos e era usado nos tempos bíblicos com esta finalidade (Mt 5.13). O Anticristo será auxiliado diretamente pelo Falso Profeta, que enganará as nações da Terra, e para isto haverá de operar até sinais prodigiosos, pois sua atuação é segundo a eficácia de Satanás (2 Ts 2.8-12). Ele oferecerá ao mundo uma aparente paz, ou seja, uma falsa paz, como vemos em 1 Tessalonicenses 5.3 e Apocalipse 6.2. Neste último texto, o cavaleiro no cavalo branco simboliza o Anticristo e não o Senhor Jesus, que só aparece montado num cavalo branco no capítulo 19, versículos 11 a 21. Para verificar a distinção entre os dois cavaleiros, basta observar os detalhes sobre cada um deles. O domínio do Anticristo será mundial, numa escala nunca vista antes! Ele dominará sobre a política, sobre a economia, sobre a religião, sobre os exércitos do mundo. É só ler com atenção o texto de Apocalipse 13.1-9. O Anticristo será vencido pelo Rei dos reis e Senhor dos senhores ao final da Grande Tribulação, como vemos em Apocalipse 19.11-21 (cf. também 2 Ts 2.8).

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 57


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

9) O Anticristo e o falso profeta inaugurarão o Inferno propriamente dito, ou seja, o Lago de Fogo e Enxofre, como vemos em Apocalipse 19.20. Se olharmos para o cenário mundial atual, veremos que ele indica o “ajustamento” do mundo para o recebimento deste novo grande líder mundial. Apesar de todo avanço científico e tecnológico, a humanidade vêm enfrentando problemas que se agravam cada vez mais. A violência sem fim nas grandes cidades, guerras e mais guerras, enfim, dilemas mundiais. O Anticristo oferecerá ao mundo uma aparente solução para todos estes problemas, é o que a Bíblia nos dá a entender em Apocalipse 13.3: “... e toda a terra se maravilhou, seguindo a besta”. E o que dizer do processo acelerado de globalização mundial que se instala cada vez mais? Os líderes mundiais sugerem a implantação de uma Nova Ordem Mundial. Por ocasião da crise econômica mundial no ano de 2008, líderes políticos conclamaram o então recém-eleito presidente norte-americano, Barack Obama, a ajudar na construção de uma nova ordem mundial. Veja o que disse o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso: Precisamos transformar a crise atual em uma nova oportunidade. Precisamos de um novo acordo para um mundo novo. Eu sinceramente espero que, com a liderança do presidente Obama, os Estados Unidos da

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 58


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer América unam forças com a Europa para comandar esse novo acordo.23

Temos razões para crer que a União Européia é a plataforma já sendo amplamente preparada para a atuação do Anticristo. É claro que é possível que a frase dita pelo presidente da Comissão Européia, Manuel Barroso, citada acima, não seja uma referência direta à Nova Era de Aquário, mas ela evidencia em si, sem dúvida alguma, a expectativa que não é só dele, mas de vários líderes – uma Nova Ordem Mundial – o que traz a ideia de um governo mundial, centralizado, único. Isto nos leva a reconhecer que o mundo está sim sendo preparado (ainda que veladamente) para o governo centralizado do Anticristo. Achei muito apropriado inserir aqui, quando cito a Nova Ordem Mundial, as palavras do pastor e teólogo Ciro Sanchez Zibordi sobre este mesmo assunto: [...] a Nova Ordem Mundial existe e é um movimento religioso, filosófico, econômico e político mundial, também conhecido como Nova Era. E ela é mais um sinal indicador de que o Arrebatamento da Igreja acontecerá a qualquer momento. Seus nomes são atraentes para

23

Disponível em: <http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI3308217-EI294,00Lideres%2Bpedem%2Ba%2BObama%2Bnova%2Bordem%2Beconomica%2B mundial.html> Acesso em 10 jul. 2010.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 59


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer seduzir os ignaros. Afinal, as opressões por que está passando a humanidade, decorrentes da corrupção, da violência urbana, das catástrofes, das guerras, do desemprego, das injustiças sociais, da carestia, da decadência moral, etc., leva o mundo todo a suspirar por uma Nova Ordem Mundial, uma Nova Era, um mundo melhor em que a paz finalmente reine. Isso não significa que todas as personalidades que desejam um mundo melhor estejam ligadas ao Anticristo ou à Nova Era. O movimento em apreço nada tem que ver com teorias da conspiração. Ele está infiltrado nas falsas religiões e também em algumas igrejas ditas evangélicas, em boa parte da política e da imprensa, em escolas (não todas, é evidente), em vários divertimentos, em boa parte dos meios de comunicação de massa, na ciência, na literatura, na indústria, na música e no esporte [...]. A Nova Ordem Mundial não foi inaugurada com a declaração de Bush pai, em 1991. Como movimento religioso, ela existe desde 1875, ano em que a Sociedade Teosófica iniciou as suas atividades em Nova York, Estados Unidos. Suas crenças religiosas, contudo, procedem nitidamente do paganismo oriental, e seus princípios filosóficos são adaptações de enunciados filosóficos antropocêntricos. Segundo a Escatologia Bíblica, o movimento Nova Ordem Mundial (Nova Era) não é uma conspiração global para dizimar a população e controlar o mundo ainda hoje através da Illuminati e dos Bilderbergs. Não! Ela é uma plataforma de ascensão do Anticristo, que deste mundo exercerá o domínio, como preposto do Dragão (Satanás), quando a Igreja sair da Terra (Lc 21.36, ARA; Ap 13-19). Há grandes mentalidades, verdadeiros gênios de todos os campos do saber humano, a serviço do futuro governo

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 60


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer anticristão. Eles estão preparando o mundo para a chegada do “homem do pecado”. Colaboram com a Nova Ordem Mundial: escritores, educadores, estadistas, financistas, economistas, teólogos, investidores, cientistas e artistas. O cristão precisa, na verdade, saber identificar no trabalho desses intelectuais a sua contribuição à Nova Era, sem fazer generalizações ou suposições irresponsáveis e caluniosas, práticas comuns da escatologia aterrorizante24.

1.4. O Falso Profeta O Falso Profeta será um superlíder religioso a nível global, como podemos depreender do texto bíblico em Apocalipse 13.12a: “Exerce toda a autoridade da primeira besta na sua presença. Faz com que a terra e os seus habitantes adorem a primeira besta...”. Note a expressão “... Faz com que a terra e os seus habitantes adorem a primeira besta...”, que indica que o Falso Profeta, a segunda besta que sobe da terra (Ap 13.11), exercerá uma poderosa influência religiosa sobre todo o planeta Terra, levando os seus habitantes a adorar o Anticristo. Ele será o auxiliador do Anticristo no que tange ao aspecto religioso de seu governo mundial. A expressão falso profeta aparece três vezes em Apocalipse: em 16.13, 19.20 e 20.10. A sua manifestação será, segundo a Bíblia Sagrada, marcada por sinais 24

Disponível em: <http://cirozibordi.blogspot.com/2010/06/escatologiabiblia-4-nova-ordem-mundial.html> Acesso em 26 jul. 2010.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 61


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

espantosos, seduzindo assim os homens a prestar culto à primeira besta, o Anticristo. Porém, estes sinais espantosos são feitos segundo a eficácia de Satanás, como Paulo declara em 2 Tessalonicenses 2.9. É bom frisar aqui que neste texto Paulo está falando realmente do Falso Profeta, não do Anticristo. Neste texto, esse superlíder religioso é chamado de o iníquo (2 Ts 2.8), o que nos dá um importante indicativo de seu caráter maligno, pois esta palavra, no grego, é anomos (ανομος), que significa “que se desvia da lei”, “que desrespeita lei”, “ilegal”, “malvado”. Confira na tabela abaixo os versículos do texto de 2 Tessalonicenses 2.3-12 que correspondem ao Anticristo e ao Falso Profeta. 2 Tessalonicenses 2.3-12 O Anticristo O Falso Profeta Versículos 3-6

Versículos 6-12

É interessante observar que a Bíblia afirma que o Falso Profeta induzirá a humanidade a preparar uma imagem para a primeira besta, o Anticristo: “e, por meio dos sinais que lhe foi permitido fazer na presença da besta, enganava os que habitavam sobre a terra e lhes dizia que fizessem uma imagem à ” (Ap 13.14). A Palavra de Deus não nos

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 62


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

revela pormenores pertinentes à esta imagem à besta25, mas fica claro aqui que se trata de um ato de idolatria, haja vista que ao Falso Profeta “...Foi-lhe concedido também dar fôlego à imagem da besta, para que a imagem da besta falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta. ” (Ap 13.15). O Falso Profeta persuadirá a humanidade a adorar a besta através dos espantosos sinais de engano operados. 1.5. O número 666 Quanto já não se indagou à respeito desse número tão conhecido, o 666!? Mas afinal de contas, o que ele representa? Para respondermos à esta pergunta precisamos recorrer aos números na Bíblia e ao que eles representam no texto bíblico, ou, o que eles indicam. Por exemplo, o número 1 (um) aponta para Deus, por ser Ele o Único Deus vivo e verdadeiro; já o 3 (três) aponta para a 25

Na Escatologia Bíblica, não devemos tomar tempo excessivo para pormenores e detalhes para os quais a própria Bíblia “não abriu o leque”. O que fica patente aqui é que de fato haverá uma espécie de “culto” ao Anticristo, num claro ato de idolatria e afronta a Deus. O que vem a ser essa imagem não é prioritário para nós, nesse momento, até por fazer referência a um período em que a Igreja não mais estará aqui. É interessante notar que ao longo da História, muitos imperadores e conquistadores quiseram ser adorados. A previsão bíblica com relação ao Anticristo também indica que ele buscará ser adorado, mas certamente numa escala sem precedentes. Seus esforços, no entanto, serão baldados pela vinda do glorioso Filho de Deus, ao final da Tribulação para dar fim a esse período sombrio sobre a Terra.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 63


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Trindade, haja vista ser esta constituída de três Pessoas em uma só Divindade. O número 7 (sete), presente abundantemente em toda a Bíblia e, só no livro de Apocalipse, ele é citado 54 vezes, aponta para perfeição e plenitude, indicando totalidade, tanto no bem como no mal. Na Bíblia encontramos Maria Madalena possuída por 7 demônios, o que indica “total” possessão demoníaca; em Apocalipse 3.1 Jesus afirma ter os sete espíritos de Deus, indicando a plenitude da vida divina ou a plenitude da presença constante do Espírito Santo, segundo comenta Donald Stamps na Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD, p. 1.989). Mas, e o número 6 (seis), o que significa? O número seis na aritmologia bíblica aponta para o homem. Em Gênesis 1.26-31 vemos que Deus criou o homem no sexto dia. Alguns estudiosos entendem que este número, o 666, aponta para um nome concreto que era conhecido pelos contemporâneos de João, mas que é incerto para nós, hoje. Outros intérpretes bíblicos, porém, entendem que o número seis usado três vezes em referência a um homem indica que este (no caso, o Anticristo) se apresentará como Deus, que é trino. O autor deste livro adota esta posição26. 26

Tentativas vem sendo feitas no sentido de “rastrear” a que personagem histórico, ou mesmo atual, esse número, o 666, estaria indicando. Essas tentativas em geral não se confirmam e acabam por não sair mesmo do campo especulativo. Nossa ponderação sobre o assunto é que ele é um tema periférico, embora importante, mas que não nos compete saber quem será este homem que fará uso do 666 (em outras palavras, quem será o Anticristo). Olhando da perspectiva pré-tribulacional, aí é que essa busca

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 64


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Creio que o número 666 indica o homem numa espécie de governo trino, imitando grosseiramente a Santíssima Trindade. A Bíblia nos diz que durante a Grande Tribulação só poderão comprar ou vender aqueles que tiverem recebido “...a marca, o nome da besta ou o número do seu nome” (Ap 13.17b). No momento, só sabemos o número do seu nome, que é 666. Os que se recusarem a receber a marca da besta e a adorar a sua imagem, pagarão com a vida, mas hão de ser grandemente recompensados por Deus (cf. Ap 20.4). 1.6. Satanás tentando imitar a Deus É interessante notar que durante esse período de trevas sobre a Terra, Satanás, através do Anticristo, procurará imitar a Deus em muitos detalhes. É o que vemos no caso da marca da besta, pois os fiéis a Deus, os 144.000,

acaba por não fazer sentido mesmo, uma vez que para o pré-tribulacionista, a Igreja não estará por aqui por ocasião da manifestação desse homem iníquo. Também tem se empreendido grandes energias e tempo na discussão em torno de outros elementos semelhantes ao 666, como o que será a marca, mencionada em Apocalipse, entre outras coisas. Estamos convencidos de que essas discussões em geral não produzem o que produz a Escatologia Bíblica enquanto doutrina: edificação e despertamento espiritual. Nossa abordagem nesse livro volta-se, portanto, para o que está mais claro e concreto no campo das profecias bíblicas, evitando especulações que não nos conduzirão a nada.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 65


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

também receberão uma marca da parte de Deus, serão selados, como diz Apocalipse 7.1ss e 14.1. Isso dá a entender que a marca da besta é uma imitação do selo de Deus sobre os fiéis. A marca da besta pode ser também uma zombaria aos judeus ortodoxos que, ao tempo de Jesus, usavam em obediência a Deuteronômio 6.8 os Tefilins27 em suas testas ou nos braços. Outro exemplo de imitação grotesta da parte de Satanás, mas agora através do Falso Profeta, é o fogo que cai do céu (Ap 13.13) – imitando o milagre operado através do profeta Elias (cf. 2 Re 1.10-13). Querendo se apresentar como um genuíno “homem de Deus”, o falso profeta fará descer fogo do céu, mas ao contrário do caso de Elias, esse fogo não será fogo de Deus, e sim um sinal que é segundo a eficácia de Satanás para enganar a humanidade! Quanto ao fato de que o Anticristo procurará imitar a Deus, a Bíblia não deixa dúvida: “o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus” (2 Ts 2.4 – grifo meu). Considerando este texto bíblico podemos presumir que: 1) o Anticristo quererá receber adoração de todos e, 2) ele há de assentar-se no santuário de Deus, 27

Também chamados Filactérios, são rolos pequenos, firmemente enrolados, que contêm passagens dos livros bíblicos de Êxodo e de Deuteronômio. Eram guarnecidos em caixinhas amarradas no braço esquerdo ou na cabeça.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 66


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

ostentando-se como se fosse o próprio Deus, o que indica que durante a Grande Tribulação haverá um novo templo construído para os judeus, o qual é chamado de o Templo da Tribulação. Mas não pára por aí! Além dessas imitações grotescas citadas, a união de Satanás, o Anticristo e o Falso Profeta formarão uma falsa trindade, uma espécie de trindade satânica. Na verdade, não uma trindade, mas uma tríade, pois eles não são três pessoas distintas formando um só deus, mas três pessoas distintas, que vão agir separadamente, cada uma com sua finalidade maligna, cujo líder é Satanás. 2. O ARMAGEDOM O estudante da Escatologia Bíblica deve ter cuidado aqui para não confundir a batalha do Armagedom, que se dará ao final da Grande Tribulação, com as duas batalhas de Gogue e Magogue. A primeira batalha de Gogue e Magogue ocorrerá no início (ou um pouco antes) da Grande Tribulação, ao passo que a segunda batalha de Gogue e Magogue ocorrerá no final do Milênio, ou seja, essa batalha será a última revolta de Satanás contra Deus para ser em seguida lançado na Lago de Fogo e Enxofre. Mais adiante estudaremos sobre essa batalha. A palavra “Armagedom” é hebraica e significa “monte de Megido”. É sabido que nos territórios de Israel não há um lugar literal que receba o nome de “Monte de Megido”. Existe no entanto a antiga cidade de Megido, chamada de

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 67


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Tel Megido, em hebraico ‫מגידו‬. As Escrituras fazem referência ao “Vale da Decisão”, como vemos em Joel 3.14, ao “Vale de Jeosafá”, em Joel 3.2, nomes diferentes para a mesma região conhecida como Vale do Megido. Essa região possui características geográficas que a colocam numa posição estratégica em termos militares, localizada num lugar que por mais de quatro mil anos presenciou diversas batalhas decisivas na história do antigo Israel. Uma colina acabou se formando a partir dos destrossos das cidades que iam sendo destruídas e reconstruídas umas sobre as outras no local. Desse modo, a expressão “monte de Megido” é uma referência a uma colina ou elevação de terra formada no local onde ficaram estas cidades antigas. De fato, a planície de Esdraelom, onde está situado Armagedom28, foi cenário de eventos marcantes do Antigo Testamento, tais como as vitórias de Baraque sobre os Cananitas, e a de Gideão sobre os Midianitas; e por duas grandes tragédias, a morte de Saul e a de Josias.

28

“Armagedom” é o termo grego para “Megido”.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 68


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Na imagem abaixo o Vale de Megido

O pastor e teólogo Joel Machado diz que a palavra Armagedom: [...] aponta para o grande conflito bélico que dar-se-á no final da Grande Tribulação (Ap 19.11-21), quando portentosos exércitos procedentes de todas as nações da terra, atendendo determinação do Anticristo, marcharão contra os judeus em Jerusalém (Israel). O país de Israel será invadido pelos gentios procedentes dos quatro cantos da terra. Emocional e fisicamente, esses militares estarão bastante debilitados, face procederem dos horrores dos juízos divinos na Grande Tribulação. Entretanto, Satanás incutirá forças sobrenaturais nesses homens, para que a raça hebréia finalmente seja varrida de sobre a face da terra. Uma expectativa de horror e de

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 69


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer aspecto interminável abater-se-á sobre a cidade de Davi, Jerusalém (Ap 16.16 e 19.19-21).29

A batalha do Armagedom, que terá fim com a manifestação de Cristo, marca uma importante linha divisória no desdobramento histórico dos eventos da Escatologia Bíblica: sinaliza o final da Grande Tribulação e o início do reino milenar de Cristo. CONCLUSÃO É válido destacar aqui que as correntes escatológicas divergem também quanto à condição da Igreja no período da Grande Tribulação. A posição adotada no presente trabalho é de que a Igreja é tirada antes deste período de trevas sobre a terra. Esta posição tem sido chamada de "Pré-tribulacionismo", mas há ainda outras duas: o Mesotribulacionismo e o Pós-tribulacionismo. Enquanto o Prétribulacionismo defende a retirada da Igreja antes, o Meso-tribulacionismo defenda a participação da Igreja na Grande Tribulação; entende que ela será tirada durante a Grande Tribulação. O Pós-tribulacionismo também defende a participação da Igreja de forma integral na Grande Tribulação: a Igreja é tirada após. Nosso entendimento, contudo, é que por ser esse período um tempo de juízo, a Igreja é poupada. Conquanto o povo de

29

MACHADO, Joel. Mini-Dicionário Bíblico Grego: ES, pp 16 e 17.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 70


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Deus ao longo da história tenha enfrentado provações atrozes, o juízo manifesto nesse período é de juízo, de castigo sobre a humanidade em rebeldia declarada contra o Criador. Como escreveu o Pastor Abraão de Almeida, "Deus purifica os crentes não através do fogo da sua ira, mas através do sangue de Jesus"30. Entende-se assim que este é um juízo do qual a Igreja não toma parte, mas quando ocorrer, já estará com seu Senhor para sempre, conforme ensina Paulo (1 Ts 4.13-18).

30

ALMEIDA, Abraão de. Manual da profecia bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, p. 137.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 71


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Exercícios da Lição 2 ___________________________ Responda as questões abaixo, de maneira bem sintetizada. 1.

Mencione pelo menos outro nome que é dado ao período da Grande Tribulação nas Escrituras: _______________________________________________ _______________________________________________

2.

Em linhas gerais, o que é a Grande Tribulação? _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________

3.

Na visão dispensacionalista, quantos anos durará a Grande Tribulação? _______________________________________________

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 72


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

4.

Quantos decretos são mencionados na Bíblia a respeito de Jerusalém e do Templo? _______________________________________________ _______________________________________________

5.

Apresente uma evidência bíblica de que o Anticristo é um homem real: _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 73


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Lição 3 ___________________________

A Manifestação de Cristo e o Julgamento das Nações INTRODUÇÃO A manifestação de Cristo é a segunda fase da Segunda Vinda de Cristo, este último, um evento central na Escatologia Bíblica. É vital entendermos que Cristo é o centro, a "espinha dorsal" de toda a profecia bíblica. Seu advento marcará o cumprimento dos eternos propósitos de Deus. Marcará o ápice do projeto redentor de Deus para a humanidade. Será decisivo para que Israel finalmente se converta e seja curado, reconhecendo Jesus como o Messias, o verdadeiro Messias. Vale lembrar ainda que há um grande número de outras profecias que estão atreladas à Segunda Vinda de Jesus e daí decorre a importância desta doutrina em particular. 1. A MANIFESTAÇÃO DE CRISTO Usamos a palavra “manifestação” por ser ela bem apropriada a essa doutrina escatológica tão importante. Essa palavra traz a ideia de notoriedade, expressão,

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 74


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

divulgação – algo que é público, em que todos observam. Como exemplo do uso dessa palavra nesse sentido, temos as “manifestações públicas”, que são ajuntamento de pessoas para reivindicar algo. Assim, a palavra “manifestação” usada em referência à segunda fase da Segunda Vinda de Jesus é muito apropriada, pois ela será pública, conforme diz o Texto Sagrado: “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele” (Ap 1.7). Note a expressão bíblica “e todo o olho o verá”, que encerra justamente essa ideia de revelação, manifestação visível e pública, notória. Diferentemente da primeira fase da Segunda Vinda de Cristo – o Arrebatamento –, a Manifestação de Cristo será pública, visível a todos os que tiverem sobrevivido aos juízos da Grande Tribulação e à Batalha do Armagedom. Cumprir-se-á aí também a profecia bíblica que diz: “Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (Fp 2.10,11). Alguém pode até considerar incoerente a ideia das duas fases da Segunda Vinda de Jesus, mas se não houvessem duas fases, a Bíblia seria contraditória. Vejamos alguns versículos comparados que dão prova incontestável das duas fases:

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 75


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Colossenses 3.4 X João 14.3 Colossenses 3.4: “Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória”. João 14.3: “E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também”. Considerações: Os contrastes entre os textos são evidentes. Note que ambos os textos falam da Vinda de Jesus. Enquanto no primeiro lemos sobre o manifestar de Cristo, e que vós também sereis manifestados com ele, em glória, (ou seja, os crentes se manifestam com Ele), em João lemos Jesus prometendo voltar para os seus discípulos: “... voltarei e vos receberei para mim mesmo...”. Lucas 17.24 X Atos 1.11 Lucas 17.24: “pois, assim como o relâmpago, fuzilando em uma extremidade do céu, ilumina até a outra extremidade, assim será também o Filho do homem no seu dia. ”. Atos 1.11: “os quais lhes disseram: Varões galileus, por que ficais aí olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 76


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

vós foi elevado para o céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir”. Considerações em torno dos versículos aludidos O primeiro versículo fala do Arrebatamento, e o segundo da Manifestação de Cristo em glória. O primeiro texto indica a velocidade do evento, e de fato, como já mostramos no capítulo que trata do Arrebatamento da Igreja, esse evento será muito rápido. Já o segundo texto indica vagareza, lentidão: “Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir”. Ora, como é que os discípulos viram Jesus subir? A Bíblia diz: “Ditas estas palavras, foi Jesus elevado às alturas, à vista deles, e uma nuvem o encobriu dos seus olhos. E, estando eles com os olhos fitos no céu, enquanto Jesus subia...” (At 1.9,10). Note que a ascensão de Jesus foi vagarosa, foi aos olhos dos discípulos, e eles viram a nuvem que encobriu o Mestre e eles permaneceram observando. De igual modo será a Manifestação de Cristo – visível a todos e vagarosa. Veremos a seguir alguns detalhes bíblicos importantíssimos sobre este evento glorioso, detalhes esses que também demonstram os objetivos da Manifestação de Cristo. Vejamos: 1.1. Jesus descerá sobre o monte das Oliveiras. Em Atos 1.12 vemos que Jesus ascendeu aos Céus do monte das

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 77


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Oliveiras e em Zacarias 14.4 lemos que o Senhor intervirá na Batalha do Armagedom justamente sobre o monte das Oliveiras. Desse texto bíblico podemos depreender que Jesus pisará no monte do qual ascendeu aos Céus milênios antes; diz a Bíblia: “Naquele dia, estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras...” Essa descida de Jesus sobre o monte das Oliveiras criará um evento geofísico extraordinário. O monte se fenderá em duas partes criando um vale que servirá de refúgio para o povo israelita, que estará então em grande aperto, quase dizimado, como podemos depreender de Jeremias 50.20 que diz: “Naqueles dias e naquele tempo, diz o Senhor, buscar-se-á a iniqüidade de Israel, e já não haverá; os pecados de Judá, mas não se acharão; porque perdoarei aos remanescentes que eu deixar”. Note que o Senhor perdoará aos remanescentes, ou seja, ao restante do povo de Israel. De fato, devido aos flagelos da Grande Tribulação, à perseguição do Antricristo contra Israel e também por causa da Batalha do Armagedom, a nação israelita (e também os gentios) estará bem reduzida populacionalmente. Leia Zacarias 14.4. 1.2. Jesus virá para resgatar Israel do Anticristo e de suas hostes. É interessante notar que enquanto na primeira batalha de Gogue e Magogue as nações do norte é que virão contra Israel, na batalha do Armagedom todas as nações virão contra Israel, como lemos em Zacarias 14.2:

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 78


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

“Porque eu ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalém...” (grifo meu – cf. Também Zc 12.3,9). O fato de que é Deus quem ajunta todas as nações para a peleja contra Israel não deve ser motivo de confusão na mente do estudante de Escatologia Bíblica, pois isso indica na verdade o controle total de Deus sobre todos os eventos finais da História da humanidade. Embora seja o Anticristo quem vai comandar essa confederação de nações, de todo o mundo, Deus é Quem está no controle total. Mas, o que é que dará início à Batalha do Armagedom? Como bem sabemos, as profecias bíblicas indicam que o Anticristo, no começo de seu governo, firmará um pacto com Israel: “E ele fará um pacto firme com muitos por uma semana....” (Dn 9.27). É necessário lembrarmo-nos que “semana” aqui corresponde ao período da Grande Tribulação, sendo portanto referente à sete anos – a duração deste período. O mesmo texto de Daniel 9.27 prossegue dizendo que ele (o Anticristo) “e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador; e até a destruição determinada, a qual será derramada sobre o assolador”. Este texto dá a entender que os rituais do Templo serão restaurados nesse período, e portanto, o Anticristo fará que eles sejam interrompidos, na metade da última semana profética de Daniel, a septuagésima, ou seja, ao final dos primeiros três anos e meio. Mas, por que o Anticristo fará cessar tais sacrifícios? Diz a profecia: “o

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 79


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

homem da iniquidade, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus” (2 Ts 2.3,4). Podemos depreender desse texto que o Anticristo desejará ser cultuado como se fosse o próprio Deus, e certamente haverá de querer assentar-se no Templo dos judeus, para ser adorado por eles, durante a Grande Tribulação. Mas certamente os judeus não haverão de aceitar tal proposta, recusando-se participar de tal “culto” ao Anticristo. A História do povo judeu é a melhor prova de que este povo não aceita se curvar ante qualquer outro “deus”, a não ser ao Senhor, num rígido monoteísmo. O rabino Akiba, do segundo século antes de Cristo, ao ser esfolado vivo, momentos antes de morrer declarou: “Ouvi, Israel, o Senhor é nosso Deus, o Senhor é o Único”. Essa ideia do Anticristo sentando-se como deus não é em nada absurda, pois bem sabemos que houve homens que desejaram serem adorados como verdadeiros “deuses”. O que dizer de homens como Hitler, que se auto-intitulava czar? A palavra “czar” é a forma russa da palavra “César”, termo que foi usado como um título dos imperadores romanos, que promoveram o “Culto ao Imperador”, nos tempos de Roma. O Anticristo requererá adoração a si mesmo por parte do povo judeu, mas este, recusando-se a fazer tal coisa, enfrentará a ira deste homem personificando Satanás. Ele

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 80


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

congregará todas as nações do mundo com a intenção de exterminar o povo judeu. Em condições bélicas e em número de homens, Israel estará então em grande desvantagem, e quando estiver quase perecendo, aparecerá o Senhor Jesus, com os seus santos, em glória, montado sobre um cavalo branco, e pisará sobre o monte das Oliveiras e derrotará as nações inimigas de Israel lideradas pelo Anticristo, como lemos em Apocalipse 19.11-21. A batalha que era contra Israel, agora se volta contra o próprio Cristo. Mas a vitória do REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES é esmagadora! Aleluia! A besta foi aprisionada, e com ela o falso profeta que, com os sinais feitos diante dela, seduziu aqueles que receberam a marca da besta e eram os adoradores da sua imagem. Os dois foram lançados vivos dentro do lago de fogo que arde com enxofre. Os restantes foram mortos com a espada que saía da boca daquele que estava montado no cavalo. E todas as aves se fartaram das suas carnes (Ap 19.20,21).

Sobre este fato bíblico, escreveu o grande comentarista devocional da Bíblia, doutor F. B. Meyer: Foi precisamente quando seus irmãos estavam na maior dificuldade que José se revelou a eles. Do mesmo modo, será quando os judeus estiverem no limite extremo do pavor que clamarão em voz alta e pedirão ajuda e libertação àquele a quem rejeitaram. Essa cena memorável na antiga terra das pirâmides será reproduzida em toda a sua ternura e compaixão, quando

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 81


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer o irmão, há tanto tempo rejeitado, disser aos judeus: “Eu sou Jesus, vosso Irmão, a quem vendestes para Pilatos; agora, pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes entregado para ser crucificado; porque Deus me enviou diante da vossa face para conservação de um remanescente na terra e para guardar-vos em vida por um grande livramento” (ver Gn 45.1-15).31

1.3. Haverá Profunda Comoção em Israel. Sobre este fato, diz a Bíblia: E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o espírito da graça e de súplicas; olharão para aquele a quem traspassaram; pranteá-lo-ão como quem pranteia por um unigênito e chorarão por ele como se chora amargamente pelo primogênito (Zc 12.10).

Haverá então uma profunda conversão do povo judeu ao Senhor Jesus, quando então o reconhecerão como o Messias profetizado no Antigo Testamento. 1.4. O Anticristo e suas Hostes Serão Derrotados. Quando Cristo regressar a Terra com a Igreja já glorificada, Ele vem como o Rei que batalhará contra o Anticristo e seus aliados a fim de resgatar Israel, que estará quase perecendo. A Bíblia nos mostra isso no texto de Apocalipse 19, referente ao final da Grande Tribulação, 31

Comentário Bíblico Beacon. AT. vol. 5. Rio de Janeiro: CPAD, p. 334.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 82


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

quando a batalha que era contra Israel, agora se volta contra o próprio Cristo seguido de seus exércitos: “E vi a besta e os reis da terra, com os seus exércitos, congregados para pelejarem contra aquele que estava montado no cavalo e contra o seu exército” (v. 19). É importante reportarmo-nos aqui ao texto de Zacarias 14.2 que diz: “ Pois eu ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalém; e a cidade será tomada, e as casas serão saqueadas, e as mulheres forçadas; e metade da cidade sairá para o cativeiro mas o resto do povo não será exterminado da cidade”. Note que nesta ocasião, diferentemente da primeira batalha de Gogue e Magogue, mencionada anteriormente, todas as nações da terra virão contra Jerusalém. William M. Greathouse faz importante comentário sobre o texto de Zacarias 14.1-15: Eis que vem o dia do Senhor (1). É impossível considerar que esta profecia misteriosa e sublime já tenha se cumprido. Também nada acontece na captura de Jerusalém sob o comando dos macabeus ou em sua destruição subsequente pelos exércitos romanos que adequadamente satisfaçam as condições das palavras de Zacarias. Quando foi que todas as nações se reuniram para a peleja contra Jerusalém (2)? Quando foi que o monte das Oliveiras foi vendido pelo meio (4)? Que dia já nasceu no oriente conforme descrevem os versículos 6 e 7? [...] O quadro é tão real quanto se o profeta

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 83


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer descrevesse um testemunhara.32

fato

histórico

verdadeiro

que

Os capítulos 12 e 14 de Zacarias tratam do mesmo evento, estando portanto interligados. É interessante ler em 14.5 que “então, virá o Senhor... e todos os santos, com ele”, o que aponta para a Igreja, que virá com o Senhor por ocasião de Sua manifestação. 2. O JULGAMENTO DAS NAÇÕES Este evento terá lugar logo após o Armagedom, por ocasião da Manifestação de Cristo, que dará fim ao governo do Anticristo. Mas afinal, que nações são estas a serem julgadas por Cristo? Serão as nações que sobreviverem à batalha do Armagedom e aos flagelos da Grande Tribulação. É preciso dizer que a população mundial estará bem reduzida e analisando a descrição que a Bíblia faz do mundo nesta época, no livro de Apocalipse, podemos concluir que o cenário global estará bem diferente. Como bem sabemos, uma grande guerra sempre provoca mudanças profundas no campo social, político, econômico, etc. O julgamento das nações ocorrerá após os flagelos da Grande Tribulação e, como se isto não bastar, ainda haverá, ao final da Grande Tribulação, a batalha do Armagedom, de proporções mundiais! Como já 32

Comentário Bíblico Beacon. AT. vol. 5. 2ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, pp. 332,33.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 84


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

mencionamos, a Bíblia diz que nesta batalha todas as nações tomarão parte nela. O Julgamento das Nações é um evento importantíssimo, cujo caráter é de julgamento coletivo, não individual, como acontecerá posteriormente no Juízo do Grande Trono Branco. À luz de Mateus 25.31-46, que é o texto que trata mais pormenorizadamente deste assunto, este julgamento terá como base o tratamento que foi dado aos irmãos de Jesus segundo a carne – os judeus. Diz a Bíblia: Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me. Então, perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos forasteiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos visitar? O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes (Mt 25.36-40).

O texto bíblico nos dá forte evidência de que de fato este julgamento ocorrerá por ocasião da Manifestação de Cristo: “E, quando o Filho do Homem vier em sua glória...” (Mt 25.31 – ARC). A NTLH traduziu assim este mesmo versículo: “Jesus terminou, dizendo: — Quando o Filho do Homem vier como Rei...”. De fato, por ocasião de sua manifestação em glória sobre o monte das Oliveiras, o

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 85


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Senhor Jesus vem para reinar sobre este mundo, cumprindo assim o sonho profético de Nabucodonosor – Ele é a Pedra que esmiuça os reinos deste mundo para estabelecer o seu próprio governo sobre a Terra! Aleluia! Cf. Daniel 2.36-45. É interessante notar que no texto de Mateus 25.31-46 são mencionados três classes de pessoas: 1) as ovelhas, que representam os gentios salvos; 2) os bodes, que representam os gentios não salvos, e 3) os irmãos, que representam o povo de Israel. O fato de ambos aparecerem juntos, misturados, é evidência de que não haverá arrebatamento nesta ocasião, pois se assim fosse, eles não haveriam de estar ali misturados. O arrebatamento já terá acontecido. Note que o evento acontece na terra, com pessoas vivas e não com pessoas ressuscitadas ou arrebatadas. O Senhor Jesus faz menção do tratamento dado aos Seus “pequeninos irmãos”, a maneira como Ele se refere aos judeus vivos nessa ocasião. CONCLUSÃO A doutrina milenista, também chamada de "Quiliasmo" (do grego chilioi) é a crença de que Cristo regressará antes do Milênio, para implantá-lo, e que reinará nele estabelecendo entre os homens um governo santo e justo. No pensamento pré-milenista dispensacionalista, isto se dará não antes do julgamento das nações sobreviventes à Grande Tribulação que adentrarão à era milenar para

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 86


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

viverem com Cristo. Diferentemente do Juízo Final, esse julgamento é coletivo diz respeito aos gentios. É por isto mesmo chamado também de "julgamento dos gentios"33. As nações que forem aceitas, entrarão no Milênio com Cristo.

33

Cf. PENTECOST, 2006, p. 426.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 87


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Exercícios da Lição 3 ___________________________ Responda as questões abaixo, de maneira bem sintetizada. 1.

Explique a diferença entre o Arrebatamento e a Manifestação de Cristo: _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________

2.

Mencione pelo menos uma finalidade da manifestação de Cristo: _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________

3.

Mencione pelo menos um fato que ocorrerá por ocasião da manifestação de Cristo: _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 88


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

4.

Quais nações participarão do julgamento de Cristo no julgamento das nações? _______________________________________________ _______________________________________________

5.

A Bíblia parece de fato indicar um local exato onde Cristo descerá por ocasião de sua manifestação. Onde será esse local? _______________________________________________ _______________________________________________

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 89


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Lição 4 ___________________________

O Milênio e a Última Revolta de Satanás INTRODUÇÃO Os homens sempre aspiraram um tempo de paz entre as nações. Os povos clamam sempre por justiça e equidade entre as pessoas. A corrupção se coloca como um terrível mal social que traz incalculáveis prejuízos aos países afetados por ela, em especial nosso Brasil. O sentimento que toma conta do coração das pessoas em vários lugares do mundo é que a injustiça compensa e que o mal é premiado com o poder. Todavia, as Escrituras não falham: elas mostram o terrível destino que aguarda os que insistem em praticar a injustiça e a maldade e que somente Cristo terá condições efetivas de instaurar entre os homens um reino justo, puro, incorruptível e que seja duradouro. O Milênio atenderá finalmente esta grande expectativa da humanidade, e não a ciência, o saber acumulado pelas gerações ou a força militar. 1. O MILÊNIO Num dos textos bíblicos mais conhecidos da humanidade, o Senhor Jesus ora ao Pai para que implante na Terra o

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 90


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Seu reino eterno: “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu...” (Mt 6.9b e 10). O Milênio é sem dúvida a concretização desse pedido que é feito por inúmeros crentes no mundo todo, que oram seguindo essa oração modelo, ensinada pelo Senhor Jesus e registrada em Mateus 6.9-13 e Lucas 11.2,4. A palavra “milênio” vem do latim milenium e significa simplesmente “mil anos”. É importante aqui que você retorne ao começo deste livro e verifique novamente os gráficos que resumem as três posições escatológicas: amilenista, pós-milenista e pré-milenista. O Milênio será implantado na Terra pelo próprio Senhor Jesus Cristo, que o fará após a derrota sobre o Anticristo e seus aliados, na batalha de Armagedom. Satanás será então preso por mil anos, como verificamos em Apocalipse 20.1-3. Note neste texto que com a prisão de Satanás no Abismo, ele estará totalmente limitado no sentido de enganar as nações. É interessante notar a ligação que a Bíblia faz de Satanás com as nações, no sentido de levá-las ao engano. De fato, isso ele vem fazendo através dos séculos – enganando os homens; é o que a Bíblia claramente mostra quando afirma: “o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, que engana todo o mundo...” (Ap 12.9). A palavra “sedutor” usada pela ARA é tradução do termo grego πλαναω planao e significa, entre outras definições,

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 91


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

“desencaminhar da verdade, conduzir ao erro, enganar”, “pecar”. No entanto, Satanás estará preso durante o Milênio e não mais terá poder para enganar as nações levando-as a desviar-se da verdade divina. Os homens viverão sob o reinado incomparável do Senhor Jesus sobre a Terra e terão extenso conhecimento dEle (Jr 31.34). 1.1. O Milênio e o sonho profético de Nabucodonosor O Milênio é o cumprimento fiel do sonho profético de Nabucodonosor, no qual Cristo é a Pedra cortada sem auxílio de mãos que atingiu a estátua nos pés esmiuçandoa por completo (Dn 2.31-45). O mundo teve grandes impérios mundiais que estiveram em seu ápice, mas vieram a desaparecer, apesar de toda a sua grandeza e riqueza. Começando pela Babilônia de Nabucodonosor, que destruiu Jerusalém e levou Judá para o cativeiro (em 606 a.C.), que durou 70 anos, foi a vez do Império MedoPersa dominar o mundo da época após subjugar o Império Babilônico. O Império Medo-Persa foi na verdade uma coalisão de potências (a Média e a Pérsia), e foi durante o seu domínio que Judá regressou do cativeiro, ainda que de forma reduzida, sob ordem de Ciro, imperador Persa. O império Medo-Persa no entanto, não foi tão conquistador como o Império Grego de Alexandre Magno, que subjugou os medos-persas e dominou o mundo da época. Não tivesse ele morrido aos 33 anos de idade, certamente teria conquistado regiões do mundo inteiro! Mas após a

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 92


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

sua morte, o Império Grego dividiu-se em quatro partes, sendo substituído pelo poderoso e férreo Império Romano, que num período pequeno de tempo implantou seu domínio sobre todo o mundo. Mas este império também veio a desaparecer. A Bíblia, no entanto, descreve um último império mundial (humano) no sonho profético de Nabucodonosor, um império que é forte por um lado (o ferro), mas é fraco por outro (o barro). Alguns intérpretes vêem aqui os sistemas de governo democrático e socialista. O democrático é o governo do povo e por isso é instável, enquanto o socialista é o governo duro, ditatorial, tirano, o que aponta para um poder mais centralizado. É isso que afirma o pastor e teólogo Antonio Gilberto: O ferro é o governo ditatorial, totalitário que hoje cada vez mais aumenta em todos os continentes... O barro é o governo do povo, democrático, republicano... é formado de partículas soltas, o que indica governo do povo... Já o ferro é formado de blocos compactos, indicando poder centralizado. Temos hoje no mundo estas duas formas de governo.34

Será justamente este ambiente político que propiciará o aparecimento do Anticristo. Some-se à isto o fato de que o mundo estará em crise, por causa do rapto de milhões de pessoas, o que será também um fator favorável para o 34

GILBERTO, Antonio. Daniel e Apocalipse: o panorama do futuro. 4ª ed. Campinas, SP: EETAD, 2003, p. 24.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 93


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

aparecimento do Anticristo. Mas o aparentemente próspero governo do Anticristo também será, como os demais impérios mundiais que existiram no passado, substituído por um império maior e mais forte! A Bíblia diz o seguinte sobre esse reino: “Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; nem passará a soberania deste reino a outro povo; mas esmiuçará e consumirá todos esses reinos, e subsistirá para sempre.” (Dn 2.44). É interessante notar que essa profecia contida no sonho de Nabucodonosor já se cumpriu em grande parte, no passado, restando apenas agora o cumprimento da parte que diz respeito aos pés de barro e ferro e da pedra cortada sem auxílio de mãos, que esmiuça a estátua inteira (note que a pedra esmiuça primeiro os pés!), o que significa dizer que só restam apenas os dois últimos impérios mencionados na profecia – o governo do Anticristo, simbolizado pelos pés de barro e de ferro, e o reino milenar de Cristo simbolizado pela pedra cortada sem auxílio de mãos que atingiu a estátua nos pés.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 94


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

O gráfico a seguir nos ajuda na compreensão desta profecia espantosa da Bíblia:

Imagem divulgada pela internet com adaptações feitas pelo autor

É importante ressaltar que o governo do Anticristo será, na verdade, o Império Romano restaurado35. Se crê assim que este será o último sistema de governo humano, que virá a ser esmiuçado pela Rocha dos Séculos, o Senhor

35

Essa visão vem dispensacionalistas.

sendo

defendida

décadas

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

por

teólogos

| 95


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Jesus, por ocasião da Sua Manifestação pública, ao final do período de Tribulação sobre a Terra. 1.2. Características do Milênio A Bíblia nos apresenta características do Milênio, as quais são de ordem física e também espiritual. Um importante texto bíblico acerca do Milênio se encontra em Isaías 65.1725. Ali encontramos algumas características notáveis desta época gloriosa em que o Rei dos reis haverá de reinar sobre a Terra. Em primeiro lugar, o próprio Deus afirma que irá fazer novos céus e nova terra, ou seja, Deus há de restaurar toda a natureza para receber o Milênio. De fato, essa restauração será necessária, haja vista o homem estar destruindo ao longo dos anos a natureza. Desmatamentos, poluição de nacentes, poluição do ar com gases tóxicos lançados todos os dias na atmosfera, ocupações irregulares, etc., são fatores que tornam o planeta Terra cada vez mais um lugar mais difícil para se viver. Um exemplo incrível dos altos índices de poluição atmosférica foi o número de mortes registrado na cidade do México, em 1986 – 100 mil pessoas morreram na cidade do México de doenças respiratórias em virtude de 15 mil toneladas de poluentes que a cidade suporta a cada dia!36 Segundo 36

O escatólogo Abraão de Almeida em seu livro “Manual da Profecia Bíblica” (CPAD) traz vários dados confiáveis sobre a degradação do planeta Terra, bem como do aumento no número de mortes em função de catástrofes que assolam as nações hoje.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 96


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Annie Leopard, ex-funcionária da Greenpeace e palestrante independente, nas últimas três décadas, 33% dos recursos naturais simplesmente desapareceram! Isso é surpreendente. Mas a Bíblia revela-nos que Deus haverá de restaurar a natureza. As condições físicas da natureza influenciam muito a nossa qualidade e durabilidade de vida, na verdade, elas influenciam diretamente. É interessante observar que as condições apresentadas no capítulo 65 de Isaías são bem distintas das que conhecemos hoje, em nosso tempo. A longevidade humana será muito mais prolongada em relação à atual. Enquanto hoje as melhores expectativas de vida são de 70 a 80 anos, no Milênio “Não haverá mais nela criança de poucos dias, nem velho que não tenha cumprido os seus dias; porque o menino morrerá de cem anos; mas o pecador de cem anos será amaldiçoado...” (Is 65.20). Segundo lista da ONU para o período de 2005 a 2010, o Japão é o país com a maior expectativa de vida – 86,1 anos para mulheres e 79 para homens. Mas no Milênio, morrer com um século de vida será morrer precocemente! A ferocidade dos animais será reduzida e não haverá carnívoros, de modo que dois animais – predador e presa – habitarão juntos: “O lobo e o cordeiro pastarão juntos, e o leão comerá palha como o boi; pó será a comida da serpente. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o Senhor” (Is 65.25 – grifo meu).

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 97


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Este texto de Isaías (65.17-25) também nos apresenta características sócio-econômicas do Milênio. Sim! Características sócio-econômicas! O conceito de “economia” aqui não tem relação com esse sistema capitalista atual, mas sim o conceito de economia como uma “ciência que trata dos fenômenos relativos a produção, distribuição e consumo de bens, à um sistema produtivo de um país ou região” (Aurélio). Veja abaixo as características descritas neste texto quanto à aspectos sociais e econômicos das populações da Terra nesse período: a) A habitação será algo comum a todos, não uma coisa inacessível como hoje é para muitos. Diz a Bíblia: “Eles edificarão casas e nelas habitarão...” (v. 21). b) A terra produzirá de modo a atender aos que nela plantarem; não haverá escassez nesse sentido: “plantarão vinhas e comerão o seu fruto” (v. 21). c) Os resultados do trabalho e esforço não serão deixados para que outros desfrutem, pois a vida será longa permitindo que as pessoas colham e gozem dos seus próprios trabalhos: “Não edificarão para que outros habitem; não plantarão para que outros comam; porque a longevidade do meu povo será como a da árvore, e os meus eleitos desfrutarão de todo as obras das suas próprias

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 98


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

mãos” (v. 22) e “Não trabalharão debalde...” (v. 23a) ou não trabalharão em vão, inultilmente. d) No Milênio, as orações serão respondidas imediatamente! Hoje, muitas vezes, esperamos anos e até décadas para obtermos respostas à algumas orações, mas no Milênio, o Altíssimo diz que “E será que, antes que clamem, eu responderei; estando eles ainda falando, eu os ouvirei” (v. 24). Que promessa gloriosa! 1.3. Propósitos do Milênio Cada evento escatológico descrito na Bíblia tem seus propósitos, como afirmado no início deste trabalho. Com o Milênio não será diferente. Vejamos a seguir alguns propósitos do Milênio evidenciados na Bíblia: 1. Estabelecer o reinado de Cristo sobre todas as nações (Leia o Salmo 2). O pastor e teólogo Ciro Sanchez Zibordi observa muito bem que: [...] alguns consideram o fato de Cristo reinar aqui na Terra durante mil anos uma utopia (uma fantasia, algo impossível de ser realizado – grifo meu). Dizem que Deus não desceria de sua alta posição para reinar no mundo. Tais teólogos, cuja fonte de autoridade é o próprio raciocínio, se esquecem de que o Senhor Jesus já fez algo muito mais inconcebível! Sendo em forma de Deus, aniquilou-se a si mesmo e viveu entre os homens como Servo! E mais: morreu como Homem pelos nossos

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 99


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer pecados (Fp 2.6-8)! Por que não viria ao mundo para reinar com vara de ferro?37

Neste aspecto, o Milênio cumprirá uma antiga promessa divina pertinente ao rei Davi, que afirma: “Este (Cristo – grifo meu) será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim” (Lc 1.32,33). Cf. também Dn 7.13,14. De fato, o Senhor Jesus era da descendência de Davi e da tribo de Judá – que também foi a tribo de Davi (cf. At 13.22,23)38. A Bíblia nos mostra que o reino de Cristo no Milênio será um reino justo, tal qual nunca houve na História dos grandes impérios mundiais e nem em qualquer forma de governo humano. A Terra será, portanto, regida não mais 37

Teologia Sistemática Pentecostal, 2008, p. 538. Parece que a inclinação da maioria dos teólogos hoje, seja a dos de linha reformada, seja a dos que seguem as escolas alemãs, enfim, é de negarem a literalidade dessas passagens. Nesse sentido, tudo o que estamos dizendo aqui não passaria de meros construtos teológicos e para alguns, mais duros com o Pré-Milenismo, meras invenções. Mas é curioso notar que o próprio texto bíblico, em suas afirmações a respeito do Milênio, bem como de outros temas escatológicos, reivindicam literalidade, mesmo que às vezes usando de símbolos. Isso é um fato muito importante a ser observado pelo estudante de Escatologia Bíblica. Por exemplo, para muitos teólogos hoje, Adão e Eva não existiram de fato. Isidoro Mazzarolo, teólogo católico brasileiro, não encara os primeiros capítulos de Gênesis como literais (cf. MAZZAROLO, Isidoro. Antigo Testamento. Rio de Janeiro: Mazzarolo editor, 2012). Todavia, lembremo-nos que o próprio Jesus, bem como Paulo, fazem referência a Adão e Eva como personagens históricos para justificar seus ensinamentos. 38

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 100


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

pela democracia, ou pela monarquia e nem pela autocracia, mas a forma de governo será a teocracia, isto é, o próprio Deus será o regente do mundo. Diz a Bíblia à respeito de Cristo: “E da sua boca saía uma aguda espada, para ferir com ela as nações; e ele as regerá com vara de ferro...” (Ap 19.15 – ARC). A expressão vara de ferro indica “justiça”. Somente Cristo poderá, no futuro, implantar um reino de plena justiça entre os homens. Pergunto ao leitor: Se hoje, aqui no Brasil mesmo, um líder tentasse implantar um governo mais justo, sem corrupção, você acha que ele teria grande êxito? 2. Exaltar Israel, como nação. De fato, após a nação de Israel se converter a Cristo, por ocasião de Sua Manifestação, ela haverá de adentrar ao Milênio e, embora muito reduzida populacionalmente, as condições do Milênio haverão de favorecê-la, de modo que ela voltará a florescer! Cumprir-se-á no Milênio a promessa feita por Deus a Israel que diz: “O Senhor te porá por cabeça e não por cauda; e só estarás em cima e não debaixo...” (Dt 28.13). Note que neste texto a promessa é dirigida à nação de Israel, não é uma promessa feita à um indivíduo apenas.39 39

Muitas músicas evangélicas hoje em dia, erradamente, estão atribuindo a indivíduos promessas que são exclusivas ao povo de Israel. Em outros casos, promessas feitas por Deus exclusivamente a indivíduos, como a Abraão, estão sendo usadas em referência aos cristãos de hoje. Tal atitude reflete o

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 101


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

É também no Milênio que Deus vai cumprir a promessa que Ele fez a Abraão em Gênesis 15.18; veja: “Naquele mesmo dia, fez o Senhor aliança com Abrão, dizendo: À tua descendência dei esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates”. Esta proporção de terra prometida por Deus é muito mais do que aquela pequena faixa de terra que Israel ocupa hoje, e é também muito mais do que o que ele já ocupou em qualquer período de sua história! Considerando a profecia mencionada aqui, vemos que essa faixa de terra corresponde à toda a Península Arábica (veja o mapa a seguir), de fato, uma grande extensão de terra jamais ocupada pelos israelitas, nem mesmo durante os reinados de Davi e Salomão, que foram os períodos de maior expansão territorial de Israel.

desconhecimento do assunto das promessas bíblicas que ora são coletivas (à Israel, à Igreja, à outras nações, etc), ora são à indivíduos específicos, ora são aos crentes de todos os tempos. Além disso tudo, lembremo-nos que em alguns casos, elas são condicionais.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 102


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Imagem divulgada na internet

É importante também ressaltar que no Milênio, a cidade de Jerusalém será a capital do governo, de onde Cristo haverá de reger as nações e elas a Ele virão. Diz a Bíblia: Nos últimos dias, acontecerá que o monte da Casa do Senhor será estabelecido no cimo dos montes e se elevará sobre os outeiros, e para ele afluirão todos os povos. Irão muitas nações e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e a palavra do Senhor, de Jerusalém (Is 2.2,3).

Hoje, grandes e conhecidas cidades se destacam, ora por questões econômicas, ora pelo movimentado turismo, ora por seus grandes monumentos e maravilhas da

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 103


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

engenharia moderna, ora pelo grande número de habitantes, etc. Cidades tais como Nova York, Washington, Londres, Tókio, Dubai, São Paulo, etc. Mas no Milênio, Jerusalém será a grande cidade, conhecida e referenciada entre as nações. Jerusalém, tantas vezes pisada pelos gentios, agora exaltada entre os povos! Diz a Bíblia: “Nunca mais te chamarão: Desamparada, nem a tua terra se denominará Desolada; mas chamar-te-ão Hefzibá, e à tua terra Beulá; porque o Senhor se agrada de ti; e a tua terra se casará” (Is 62.4). Essa Jerusalém a que me refiro aqui não é a Nova Jerusalém, citada em Apocalipse 21. A Jerusalém na qual Cristo haverá de reinar é terrestre e não celestial, isto fica claro à luz das várias referências bíblicas à este respeito – cf. Is 2.2,3; 62.4; 66.20; Ez 47.15; Mq 4.8-13). 3. A Igreja no Milênio também estará numa posição de exaltação, mas numa condição diferente da dos povos do Milênio. Quando Cristo se manifestar para resgatar Israel na batalha do Armagedom, os crentes em Jesus de todas as épocas virão com Ele já com seus corpos glorificados. Assim, a Igreja, já glorificada, adentra também ao Milênio – com Cristo, com Israel e com as nações sobreviventes que ingressarão no reino milenar de Cristo. Os salvos transformados, no entanto, terão acesso tanto à Jerusalém terrestre como também à celestial, haja vista seus corpos transformados

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 104


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

serem semelhantes ao de Cristo, quando Ele ressuscitou. Isso pode parecer até loucura, mas é só nos lembrarmos de que quando Cristo ressuscitou seu corpo não estava mais limitado às leis da física. Ele entrou num recinto totalmente fechado onde estavam os discípulos e sem que eles se dessem conta disso – quando o viram, Ele já estava lá dentro! (cf. Jo 20.26; cf. também Lc 24.31). A Igreja exercerá um importante papel no Milênio – ela haverá de reinar com Cristo, como prometido na Palavra de Deus (cf. Ap 1.6; 5.10). Para a Igreja que estava em Tiatira o Senhor Jesus faz a seguinte promessa: “Ao vencedor, que guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações, e com cetro de ferro as regerá e as reduzirá a pedaços como se fossem objetos de barro” (Ap 2.26,27). Note que quem regerá as nações com cetro (ou vara) de ferro e as reduzirá a pedaços é o que vencer, ou seja, Cristo delegará poder e autoridade à Igreja para reger as nações. 2. A ÚLTIMA REVOLTA DE SATANÁS Mesmo vivendo sob as melhores e mais favoráveis condições, na presença do próprio Deus, tendo-O como Rei e Legislador, outra vez mais a humanidade dirá “não” ao seu Eterno Criador. Diz a Bíblia que Satanás, após mil anos preso no Abismo, será, por um pequeno tempo, solto

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 105


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

para novamente enganar as nações e induzi-las contra o Rei dos reis e Senhor dos senhores. A Bíblia descreve este fato: “Quando, porém, se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão e sairá a seduzir as nações que há nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, a fim de reuni-las para a peleja. O número dessas é como a areia do mar. Marcharam, então, pela superfície da terra e sitiaram o acampamento dos santos e a cidade querida; desceu, porém, fogo do céu e os consumiu. O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre, onde já se encontram não só a besta como também o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos” (Ap 20.7-10). Este texto mostra claramente que Satanás estava preso literalmente, não de forma simbólica, sem ter a quem influenciar, ou seja, “preso por circunstâncias” apenas, como erroneamente ensinam alguns. A Bíblia diz que após os mil anos ele sairá a enganar outra vez! Findou a última dispensação – o Milênio – e Deus experimentou por fim a humanidade. Como vemos aqui, até o próprio Satanás atende aos propósitos de Deus. Como vemos, mesmo após terem estado com Cristo como Rei por um período de Mil anos, ainda sim as nações escolherão seguir o arque-inimigo de Deus – Satanás. Esta é a terceira batalha escatológica descrita na Bíblia em que Deus intervém de maneira sobrenatural. A primeira, chamada de Gogue e Magogue, se dará provavelmente no

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 106


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

início da Grande Tribulação. A segunda, a batalha do Armagedom, ao final da Grande Tribulação, e a terceira, que também recebe no livro de Apocalipse o nome de Gogue e Magogue, ao final do Milênio. Deus intervirá de maneira sobrenatural exterminando assim de uma vez por todas as nações que se voltaram contra Ele. Diz a Bíblia: “Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb 10.31). A tabela a seguir resume as três batalhas: AS TRÊS GRANDES BATALHAS ESCATOLÓGICAS 1ª) A de Gogue e Magogue, provavelmente no início da Grande Tribulação – Ezequiel 38 e 39 2ª) A do Armagedom, ao final da Grande Tribulação – Ap 16.16 3ª) A Segunda batalha de Gogue e Magogue, ao final do Milênio – Ap 20.8 CONCLUSÃO É vital entender a natureza do Milênio. Não se deve maximizar o seu caráter espiritual, mas negá-lo seria um grave erro também. Noutra mão, não se deve negar seu caráter físico, evitando maximizá-lo também. O Milênio será espiritual e físico. As condições serão outras, numa realidade bem distinta da que se coloca diante de nós, hoje. Haverá bênçãos espirituais, como o conhecimento de Deus ampliado entre as pessoas, mas contará também com

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 107


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

benesses materiais como a longevidade humana, melhores condições de vida, prosperidade, dentre outras. As condições sociais serão outras, visto que haverá de fato justiça entre os povos. De certo modo, o que se perdeu no Éden, será resgatado no Milênio.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 108


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 109


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Exercícios da Lição 4 ___________________________ Responda as questões abaixo, de maneira bem sintetizada. 1.

Explique, conforme a lição, o significado da palavra "milênio": _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________

2.

O que simboliza o ferro na visão de Nabucodonosor? _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________

3.

Mencione pelo menos uma característica do Milênio, conforme as Escrituras: _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 110


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

4.

Mencione pelo menos um dos propósitos do Milênio conforme demonstrado na lição: _______________________________________________ _______________________________________________

5.

Qual será a condição da Igreja no Milênio? _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 111


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Lição 5 ___________________________

O Juízo do Grande Trono Branco e o Perfeito Estado Eterno INTRODUÇÃO Terá lugar agora a "segunda ressurreição", que será para os ímpios de todos os tempos. Apocalipse fala da "segunda morte", em 20.6 por exemplo (ACF) que indica justamente o julgamento para condenação dessas pessoas que sofrerão eternamente no Lago de Fogo. Universalistas tendem a negar que esse sofrimento seja eterno ou mesmo que ele exista. Teólogos liberais também tendem a negar a realidade do Inferno. Nosso entendimento, contudo, é que esta é uma doutrina que deve ser seriamente considerada por todos e que deve ser corretamente entendida, de modo que o Inferno não seja negado e nem banalizado. Pentecost (2006) comenta que os que ressuscitaram para a vida, ressuscitaram mil anos antes e que agora esses ressuscitam para receberem a segunda morte (Ap 20.14), a separação eterna de Deus. Pentecost afirma: "Esse é o ato final no plano realizado "para que Deus seja tudo em

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 112


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

todos" (1 Co 15.28)"40. A Bíblia, contudo, continua, hoje, afirmando que felizes os que tem parte na primeira ressurreição. 1. O JUÍZO DO GRANDE TRONO BRANCO Este é o evento escatológico que precede o Perfeito Estado Eterno e ocorrerá mil anos após o Julgamento das Nações. Enquanto este último acontece na Terra, por ocasião da Manifestação de Cristo, o Juízo Final ou Juízo do Grande Trono Branco acontecerá no Céu, como verificamos em Apocalipse 20.11-15. Diz a Bíblia: “Então vi um grande trono branco e aquele que está sentado nele. A terra e o céu fugiram da sua presença e não foram vistos mais” (Ap 20.11 – NTLH). Note que a terra e o céu já não foram mais vistos por João. Este é o último dos sete julgamentos mencionados ao longo da Bíblia, como citamos anteriormente. É neste tremendo evento escatológico que terá lugar aquilo que a Bíblia chama de Segunda Morte. A ressurreição que ocorre aqui é exclusiva para os ímpios mortos de todas as épocas da História humana. O Juízo Final é um julgamento para condenação, ou seja, os ímpios presentes neste julgamento já estarão condenados ao Lago de Fogo e Enxofre, mas não serão lançados lá sem antes serem julgados por Deus, o Juiz de toda a Terra (Ap 20.13-15 e Gn 18.25). Este 40

PENTECOST, 2006, p. 559.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 113


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

julgamento também tem um caráter individual, ou seja, cada pessoa será julgada por Deus de forma individual, como deixa claro o texto bíblico: “E todos foram julgados de acordo com o que cada um tinha feito” (Ap 20.13). A ARA traduziu assim o mesmo trecho: “E foram julgados, um por um, segundo as suas obras”. Note as expressões cada um e um por um usadas pelas duas versões, respectivamente. Isso denota que o Juízo Final é de caráter individual. Um fato muito interessante também é que as obras dessas pessoas, que estarão presentes no Juízo Final, estão anotadas em livros, ou seja, estão registradas, como demonstra a Palavra de Deus: “E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros” (Ap 20.12). É curioso observar que à luz da Bíblia, quando um pecador se arrepende se entregando a Cristo e recebendo-O como Senhor e Salvador, seus pecados são por Deus perdoados e esquecidos (cf. Rm 8.1; 1 Jo 1.7), mas para aqueles que rejeitam a Cristo hoje, suas obras estarão anotadas, registradas, para serem elementos de julgamento naquele grande dia! No Juízo Final não haverá distinção. Ali, na presença de Deus, a influência política, o poder financeiro, o nome, o prestígio, a glória humana, enfim, todos esses fatores que hoje privilegiam alguns e prejudicam outros, não terão valor algum diante do Deus que é Justo e Santo. Perante

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 114


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Ele estarão grandes e pequenos, ou como diz a NTLH, estarão tanto os importantes como os humildes (Ap 20.12) a fim de serem julgados conforme a sua conduta em vida. Observe o leitor que o trono é branco, o que indica transparência e justiça. O suborno não funcionará! Quem poderia fugir a tal julgamento? O nosso Deus é tremendo! 2. O PERFEITO ESTADO ETERNO Agora, chegou o momento do Senhor realizar o que está profetizado em Apocalipse 21.1-3: “Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo. Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles”. Este texto indica que o Senhor haverá de refazer os céus e a terra, e esse novo céu e essa nova terra serão distintos dos que agora conhecemos como fica evidente no texto bíblico acima. Note que não haverá mais mar e que o primeiro céu e a primeira terra passaram, ou como diz a Bíblia de Jerusalém, “... o primeiro céu e a primeira terra se foram, e o mar já não existe”. Deus haverá de restaurar todas as coisas criadas. Os justos, tanto de Israel como da Igreja estarão para sempre com o seu Deus. Note que João ouve uma grande voz que lhe dizia: “Eis o tabernáculo de Deus

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 115


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

com os homens...” Esta afirmação bíblica nos mostra a humanidade na presença de Deus, pois a Bíblia menciona homens. Na verdade, esse sempre foi o desejo do Criador, que sua criação estivesse em sua presença para sempre, mas a escolha pelo pecado distanciou a humanidade da vontade de Deus. A Bíblia também nos diz que a Nova Jerusalém haverá de descer dos céus para o novo céu e a nova terra criados por Deus. As dimensões dessa cidade santa, que “... tem a glória de Deus” (Ap 21.11a) são extraordinárias e nela não haverá templo para os salvos, pois o próprio Cristo será seu templo (cf. Ef 2.19-22) e “Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles” (Ap 21.3). Sobre as dimensões da Nova Jerusalém, comenta Lawrence Olson: “A cidade será quadrangular, sendo suas dimensões cerca de 2.500 quilômetros de comprimento, e dimensões idênticas de largura e de altura. Se fosse dividida em ruas, haveria lugar para 8 milhões de ruas de 2.500 quilômetros de comprimento cada uma! Em comparação com esta cidade celestial, a maior cidade do mundo atual seria como insignificante aldeia rural! Se o espaço do mesmo fosse dividido em lotes para residências,

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 116


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

haveria lote para cada pessoa que já nasceu neste mundo em todos os tempos!”41 O conhecido escritor pentecostal norte-americano Stanley M. Horton faz um importante comentário relativo ao novo céu e à nova terra mencionados em Apocalipse, bem como à Nova Jerusalém: Não obstante haver a descrição da Nova Jerusalém, os novos céus e terra não são descritos. Alguns consideram que são os atuais céus e terra, renovados pelo fogo, e indicam trechos biblicos que falam da terra que permanecerá para sempre (Ec 1.4). Mas isso provavelmente significa que sempre haverá uma terra, embora a atual venha a ser substituída por uma nova. Quando o Grande Trono Branco for estabelecido, a terra e o céu fugirão da presença de Deus, “e não se achou lugar para eles” (Ap 20.11). Essa expressão sugere que cessarão de existir. O salmista contrasta a existência deles com a existência eterna de Deus: “Eles perecerão, mas tu permanecerás; todos eles, como uma veste, envelhecerão; como roupa os mudarás, e ficarão mudados. Mas tu és o mesmo” (Sl 102.25-27; Hb 1.10-12). Mudar de roupas envolve tirar um conjunto velho e vestir um novo. Há a ideia dalguma coisa novinha em folha, e não dalguma melhoria. Semelhantemente, Isaías viu que “todo o exército dos céus se gastará” (Is 34.4), que “os céus desaparecerão como a fumaça, e a terra se envelhecerá como uma veste” (Is 51.6). Jesus também reconhecia que 41

OLSON, N. Lawrence. O plano divino através dos séculos: as dispensações que Deus estabeleceu para Israel, à Igreja e para o mundo. 27ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 179.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 117


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer os atuais céus e terra passarão (Mc 13.31). A mesma posição é manifestada por Pedro (2 Pd 3.10-12). “Novo” (gr. Kainos) usualmente significa totalmente novo, com a conotação de “maravilhoso”, “desconhecido anteriormente”. Deus criará novos e maravilhosos céus e terra que ficarão para sempre livres de toda a mancha de pecado. Aí haverá uma alegria eterna.42

Nosso entendimento neste livro, como já evidenciado, é que os capítulos 21 e 22 de Apocalipse referem-se não ao Milênio, mas à Nova Jerusalém e ao Perfeito Estado Eterno. Há outras posições que sustentam que não se trata disto. Há os que defendem que a referência é ao Milênio e outros que argumentam que é alusão "à morada eterna dos santos ressurrectos durante o milênio"43. Mas as formidáveis características da cidade formam de fato certo contraste com o que é descrito sobre os "mil anos" em Apocalipse 20. O próprio livro parece indicar justamente uma nova condição. CONCLUSÃO Apocalipse 21.1 e 2 faz menção de três elementos novos: novo céu, nova terra e nova Jerusalém. O texto bíblico faz uma distinção entre essa nova Jerusalém e o novo céu e a nova terra que é até clara, de certo modo. A despeito desta 42

HORTON, Stanley M. (ed.). Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal. Trad.: Gordon Chown. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, pp. 644,45. 43 PENTECOST, 2006, p. 576.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 118


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

distinção, fica clara a relação mútua entre eles. Crê-se que a Jerusalém nova ficará, até certo ponto, suspensa sobre o planeta Terra para depois integrar-se à ele. Não se deve, pois, confundir o reinado de Cristo em Jerusalém com a nova Jerusalém mencionada nos dois capítulos finais de Apocalipse44, visto que no primeiro caso Cristo reina na Jerusalém terrestre e não na celestial. Assim, entende-se que esta Jerusalém não será a milenar, mas a celestial. Esta cidade celestial será o lugar de residência permanente de Cristo com sua noiva, a Igreja, agora esposa. Finalmente, este flagelo diário e terrível chamado pelas Escrituras de "pecado" terá desaparecido de uma vez por todas da realidade humana. A glória do Senhor estará nesta cidade gloriosa!

44

Note que em 22.14 o texto fala de "entrarem na Cidade pelas portas" (BJ).

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 119


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Exercício da Lição 5 ___________________________ Responda as questões abaixo, de maneira bem sintetizada. 1.

Tendo concluído o estudo deste livro, sobre Escatologia Bíblica, faça a seguir ponderações a respeito de como você encarou este estudo, sobre sua relevância para sua vida cristã e para a vida da Igreja: _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 120


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Apêndice 1 ___________________________

Razões que fazem da Escatologia Bíblica uma disciplina confortadora para a Igreja A seguir algumas razões que nos motivam a amar a Escatologia Bíblica e dedicarmo-nos a estudá-la com zelo: 1. A Escatologia Bíblica revela o futuro glorioso da Igreja: a) a Igreja será arrebatada (1 Co 15.52; 1 Ts 4.17) e este evento por si só já será algo maravilhoso; b) os que morreram em Cristo vão ressuscitar, o que significa dizer que o “último grande inimigo”, a morte, será vencida pela Igreja (1 Ts 4.16); c) aqueles que estiverem vivos por ocasião do arrebatamento, terão seus corpos transformados (1 Co 15.52); d) veremos a bendita face adorada de Jesus (1 Co 13.12 e 1 Jo 3.2); e) haveremos de reinar com Cristo para sempre (AP 5.10) e, f) seremos galardoados pelo Senhor Jesus (Ap 22.12). 2. A Escatologia Bíblia revela-nos que promessas de Deus que ainda não se cumpriram, haverão de cumprir-se nos eventos finais, promessas que são relativas à Igreja, à Israel e aos gentios.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 121


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

3. A Escatologia Bíblica mostra que a natureza será restaurada pelo seu Criador, como a Bíblia mostra em várias passagens - Sl 96.11-13; 98.7-9; Is 14.7,8; 35.1,2,6,7; Ap 20.4-7; 21.1-22.6. 4. A Escatologia Bíblica revela-nos que o terrível inimigo de Deus e de Seu povo será finalmente destruído. Após o Milênio, Satanás será Souto por um pouco de tempo, quando então tentará uma última rebelião contra Deus, mas será finalmente lançado no Lago de Fogo e Enxofre, de onde nunca mais sairá (Ap 20.7-10).

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 122


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Apêndice 2 ___________________________

Palavras e expressões fundamentais em Escatologia Bíblica 1. A trombeta de 1 Tessalonicenses 4.16. É preciso dizer que a trombeta mencionada em 1 Tessalonicenses 4.16 nada tem a ver com as trombetas de juízo mencionadas em Apocalipse (Ap 8,9,11.15-19). O estudante da Palavra de Deus deve estar atento a isso para não fazer confusão. As diferenças entre essas trombetas se verificam pelos seguintes fatores: a) O contexto da passagem de 1 Tessalonicenses 4.13-18 é de reunião com o Senhor e glorificação dos corpos dos santos. Portanto, a trombeta aqui mencionada é a mesma de 1 Coríntios 15.52, onde o contexto indica a mesma coisa. Em ambas as passagens, vemos rapidez no toque dessas trombetas (“... num momento...” – 1 Co 15.52). Já as trombetas de Apocalipse são trombetas de juízo que serão tocadas durante a Grande Tribulação, de forma gradual, abrangendo certo período de tempo, como acontecerá no toque da quinta trombeta, quando os homens serão atormentados por cinco meses (cf. Ap 9.5).

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 123


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

2. Dia da graça O termo dia, usado aqui, não se refere a um período exato de 24 horas, mas sim a um período de tempo longo, extensivo. As Sagradas Escrituras nem sempre usam o termo “dia” para referirem-se ao período exato de 24 horas, como acontece, por exemplo, com a expressão “O Dia do Senhor”, que aparece em várias passagens da Bíblia (Am 5.18-20; Zc 14.1; At 2.20; 2 Ts 2.2 – esta última referência está corretamente traduzida na ARA, e não na ARC, pois “dia de Cristo” é uma referência ao arrebatamento – leia a referência nas duas versões, para efeito de comparação). O “dia da graça”, portanto, começa com a rejeição do Messias por Israel e vai até o arrebatamento, quando então findará o dia da graça (cf. Sl 118.22-24 – note nessa passagem que o contexto imediato dela aponta diretamente para a rejeição de Jesus, a Pedra rejeitada pelos edificadores, ensino este ratificado no Novo Testamento (Mc 12.10; At 4.11; 1 Pe 2.7). 3. O Dia do Senhor A expressão “dia do Senhor” aparece tanto no AT (“dia do Senhor” ou “dia de Jeová”) como também no NT (cf. Am 5.18-20; Zc 14.1; At 2.20; 2 Ts 2.2). Não deve ser confundido com a expressão “dia de Cristo”, que é uma referência ao arrebatamento, enquanto que “dia do Senhor” fala de juízo e relaciona-se exclusivamente com

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 124


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Israel e as nações gentílicas, após o arrebatamento. Isto se verifica com clareza no texto escatológico de Zacarias 14. 4. A Segunda Vinda de Jesus Por mais de 300 vezes – numa média de um versículo a cada 26 – o Novo Testamento refere-se à segunda vinda de Jesus Cristo. A vinda do Senhor é referida direta ou indiretamente 1.845 vezes em toda a Bíblia Sagrada, sendo 1.527 no AT e 318 no NT. A segunda vinda de Jesus se dará em duas fases totalmente distintas, que são: 1) O arrebatamento (nos ares), e 2) A manifestação ou revelação (no monte das Oliveiras).

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 125


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 126


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Apêndice 3 ___________________________

Perguntas e respostas em Escatologia Bíblica 1. Que quer dizer a expressão bíblica “E ouvi uma como que voz no meio dos quatro seres viventes dizendo: Uma medida de trigo por um denário; três medidas de cevada por um denário; e não danifiques o azeite e o vinho” em Apocalipse 6.6? RESPOSTA: O denário era o pagamento por um dia de trabalho, como podemos inferir de Mateus 20.2: “E, tendo ajustado com os trabalhadores a um denário por dia, mandou-os para a vinha”. Assim, podemos concluir que na abertura do terceiro selo a carestia dos alimentos será muito elevada, ou seja, o preço dos alimentos será muito elevado, isto em consequência da fome que se abaterá sobre a Terra (cf. Ap 6.5,6). Quando a Bíblia diz “uma medida de trigo por um denário” ela está mostrando que um dia de trabalho só será suficiente para comprar alimento para um dia apenas! Segundo Strong, “medida” é o que sustentaria um homem de apetite moderado por um dia. Veja agora como a NTLH traduziu o versículo 6 de Apocalipse 6: “Ouvi o que parecia ser uma voz, que vinha do meio dos quatro seres vivos e dizia: — Meio

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 127


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

quilo de trigo custa o que vocês ganham num dia inteiro de trabalho; e um quilo e meio de cevada custa a mesma coisa. E não misturem água no vinho, nem falsifiquem o azeite”. O terceiro selo aberto no período da Grande Tribulação representa uma grande fome que se abaterá sobre toda a Terra, certamente em decorrência da guerra na abertura do selo anterior (cf. Ap 6.3,4), pois geralmente a guerra sempre traz consigo a fome. A balança na mão do cavaleiro indica racionamento. Em Ezequiel 4.16 lemos sobre o “pão por peso”, quando Deus fala com o profeta sobre o futuro cerco de Jerusalém, quando haveria grande racionamento: “E disse mais: — Homem mortal, eu não vou deixar que a cidade de Jerusalém receba pão. Então o povo, aflito, vai racionar a comida e a água” (Ez 4.16 – NTLH). Como podemos depreender, “balança”, nas profecias, indica racionamento. 2. Quem são os vinte e quatro anciãos descritos no livro de Apocalipse (4.4,10; 5.8; 11.16 e 19.4)? RESPOSTA: Várias respostas são dadas aqui: há os que crêem que eles são anjos governantes, outros crêem que doze destes anciãos são os doze patriarcas de Israel e doze são os doze apóstolos do Cordeiro, representando Israel e a Igreja em adoração a Deus a ainda outros que acreditam que eles representam a totalidade da Igreja no Céu. Quanto a primeira posição citada, não creio ter ela boa

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 128


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

base bíblica, pois vemos que os anjos são citados como estando ao redor dos anciãos (Ap 5.11 e 7.11) o que indica distinção entre os anjos e os anciãos. Quanto a segunda posição citada, de que doze seriam os doze patriarcas e doze seriam os doze apóstolos do Cordeiro, também não creio nessa posição por uma razão: não vejo motivo para os doze patriarcas, filhos de Jacó, aparecerem numa posição tão distinta como a que vemos aqui, pois eles não tiveram uma vida com Deus tão expressiva, não todos. Aliás, eles aparecem nas páginas antigotestamentárias de forma negativa. Dentre eles, o que se destacou quanto ao andar com Deus foi José, vendido pelos seus irmãos – os demais patriarcas. Eu fico com a terceira posição aqui citada, de que são representantes da Igreja em todos os tempos, em sua totalidade. Essa é a posição de Scofield, que afirma: Estes anciãos representam a Igreja. A palavra “ancião” tem importância eclesiástica (1 Tm 5.17; Tt 1.5). No NT, as coroas são apresentadas exclusivamente como recompensa para os fiéis na Igreja. Os anciãos sentam-se em tronos que estão associados com o trono do juízo de Deus (Ap 4.2-4; comp. 1 Co 6.2,3; 2 Tm 2.12)45.

45

SCOFIELD, C. I. Bíblia de Estudo Scofield. São Paulo: Holy Bible, 2009, p. 1.166.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 129


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

3. O que são os quatro animais citados em Apocalipse 4? RESPOSTA: Donald Stamps, na Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD, p. 1.989) afirma que “estes quatro seres viventes provavelmente representem a totalidade da criação vivente (Ap 4.7). Todas as criaturas viventes de Deus o glorificarão e o adorarão e serão libertas da maldição do pecado (vv. 8-11)”. Outros teólogos, porém, como Norman Geisler, crêem que eles são na verdade anjos. O Pastor Antonio Gilberto apresenta interessante comentário sobre esses seres viventes: “São seres criados por Deus que ainda não conhecemos porque residem lá no Céu... Pela sua posição aqui “... no meio do trono e à volta do trono...” (v. 6) eles são como que oficiais do gabinete (grifo do autor) de Deus, pois ministram junto ao Seu trono. O número quatro talvez, indique que eles têm relação com a restauração da terra, cujo número simbólico é quatro” (Daniel e Apocalipse, CPAD). 4. O que significa a expressão contida em Apocalipse 5.6 que diz: “... os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra?” RESPOSTA: Esta expressão “sete Espíritos de Deus”, que aparece mais duas vezes no livro de Apocalipse (3.1 e 4.5) pode ter sido extraída da sétupla expressão do Espírito Santo registrada em Isaías 11.2 (note que neste versículo o

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 130


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Espírito Santo aparece sob sete títulos). Para responder à esta pergunta, podemos nos reportar ao significado do número sete, muito presente no livro de Apocalipse (54 vezes!). Ele é sinônimo de perfeição e plenitude. Assim, o número sete associado ao Espírito Santo pode indicar a presença total, plena, completa do Espírito Santo diante do trono de Deus. 5. Quem são os santos mencionados em Apocalipse 5.8? RESPOSTA: Considerando que o capítulo cinco de Apocalipse trata da Igreja já glorificada com Cristo, podemos concluir que esses santos são, na verdade, os crentes de todos os tempos, que estão com Cristo no Céu. A tabela abaixo mostra como está dividido o livro de Apocalipse: ESBOÇO DO LIVRO DE APOCALIPSE Capítulos Divisões do Livro de Apocalipse 1 João contempla o Senhor Jesus glorificado 2 e 3 As sete cartas às sete igrejas da Ásia Menor – elas simbolizam seis períodos da História da Igreja 4 A Igreja já arrebatada 5 A Igreja glorificada

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 131


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

6 a 18 O período da Grande Tribulação (nota: incluindo passagens parentéticas) 19 A Manifestação de Cristo 20 O Milênio seguido do Juízo Final 21 e 22 O Perfeito Estado Eterno 6. O texto de Apocalipse 5.8 pode ser interpretado à luz da teologia católica romana que afirma que os santos intercedem por nós junto a Deus? RESPOSTA: Não, por uma simples razão: o capítulo 5 de Apocalipse trata de um evento futuro, que ainda está por acontecer – a glorificação da Igreja –, o que significa dizer que os santos mencionados aí são a própria Igreja de Cristo. 7. Quem é o caveleiro mencionado em Apocalipse 6.2 e o que representa a cor branca? RESPOSTA: Há estudiosos que acreditam ser este cavaleiro um símbolo do evangelho em sua expansão pelo mundo, sendo vitorioso no sentido de ser proclamado a todo o mundo. Todavia, à luz do contexto de Apocalipse seis, vemos que este cavaleiro não é símbolo do evangelho em sua expansão mundial, mas sim do Anticristo. Este cavalo branco simboliza o Anticristo no início de seu

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 132


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

governo, oferecendo ao mundo uma falsa paz, uma paz ilusória. A cor branca aponta para a paz, mas nesse caso, trata-se mesmo de uma falsa paz. Ele também não é o cavaleiro mencionado no capítulo 19. Os contrastes entre os dois cavaleiros são evidentes, como vemos na tabela a seguir: O cavaleiro do capítulo O cavaleiro do capítulo 19 6 É visto na Terra É visto no Céu Tem um arco na mão

Tem uma espada na boca

Recebeu uma coroa

Traz consigo muitos diademas (espécie de coroas)

É visto sozinho

É visto acompanhado de um numeroso exército

O primeiro selo mencionado aqui fala de um cavalo branco apenas É anônimo

O capítulo 19 fala de muitos cavalos brancos

É visto no começo da Grande Tribulação

Tem quatro nomes: 1) Fiel; 2) Verdadeiro; 3) A Palavra de Deus e, 4) O Nome Misterioso É visto no fim da Grande Tribulação

Esta tabela é uma adaptação dos comentários de Severino Pedro da Silva no livro Apocalipse Versículo por Versículo, CPAD, p.p. 86,7.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 133


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

8. Os eventos descritos quando da abertura do sexto selo (Ap 6.12-17) ocorrerão de fato sobre a Terra ou eles são símbolos apenas? RESPOSTA: O pastor e teólogo Abraão de Almeida diz o seguinte sobre este selo: “Os eventos descritos por ocasião da abertura do sexto selo se relacionam com os astros celestes que envolvem a Terra. No dia 19 de maio de 1780, principalmente no nordeste dos Estados Unidos, ocorreu um assombroso fenômeno atmosférico em que o sol se escureceu a partir das nove horas da manhã, e à noite, ao surgir a lua, esta estava vermelha como sangue. Cinquenta e três anos mais tarde, em 1833, na mesma região da Nova Inglaterra, outro fenômeno ocorreu: uma intensa chuva de meteoros riscou todo o céu à noite, exatamente da maneira como João viu na sua visão na ilha de Patmos. Estes eventos já ocorridos são, a meu ver, uma amostragem dos grandes sinais que hão de ocorrer no futuro” (ALMEIDA, Abraão de. Manual da Profecia Bíblica. 2ª ed., CPAD, p. 156). 9. Por ocasião do Arrebatamento da Igreja, os israelitas terão salvação, ou seja, eles subirão com a Igreja? RESPOSTA: Ora, Paulo era um judeu e foi ele quem melhor ensinou sobre o Arrebatamento! Se os israelitas serão excluídos do rapto da Igreja, então temos aqui uma

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 134


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

verdadeira incoerência. Mas é preciso ressaltar que só vão subir os israelitas que receberam a Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas, reconhecendo-o como o verdadeiro Messias profetizado no Antigo Testamento. Assim, a salvação para israelitas no Arrebatamento é de caráter individual, não coletivo, nacional. Essa salvação nacional ocorrerá já no final da Grande Tribulação. Mas o israelita hoje que recebe a Jesus torna-se membro do corpo de Cristo, que é a Igreja. Lembremo-nos que Cristo “... é a nossa paz, o qual de ambos os povos [gentios e judeus] fez um” (Ef 2.14 – grifo meu). 10. Os selos citados em Apocalipse seis já foram abertos? RESPOSTA: Há quem ensine que sim, que eles estão sendo abertos em nossa época. Mas analisando o contexto do livro de Apocalipse fica claro que não, eles ainda serão abertos no período da Grande Tribulação. Afirmar que estes selos já foram ou estão sendo abertos em nosso tempo é ferir a integridade do texto bíblico, ignorando detalhes e características dos eventos ali descritos. Por exemplo, a grande escassez de alimentos que ocorrerá na abertura do terceiro selo é de nível global, não local apenas. Isso não ocorre em nosso tempo. Ocorrerá na Grande Tribulação. Também a grande mortandade que ocorrerá na abertura do quarto selo, quando 25% da humanidade haverá de perecer. São fatos que não

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 135


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

encontram paralelos precisos no contexto da nossa época, o que significa dizer que são eventos a ocorrer. Além disso, o capítulo seis de Apocalipse trata do início da Grande Tribulação quando a Igreja já não estará mais aqui. 11. Quem haverá de participar do Milênio? RESPOSTA: Quatro classes de pessoas terão parte no Milênio: 1. Os salvos transformados, ou seja, a Igreja que subiu com Cristo no Arrebatamento. Note a expressão “estaremos para sempre com o Senhor” usada por Paulo em 1 Tessalonicenses 4.18 quando trata sobre o Arrebatamento, o que significa dizer que os salvos transformados não estão mais sujeitos de nenhuma forma a perderem a sua salvação, pois “Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele mil anos” (Ap 20.6). 2. Os judeus salvos, ou seja, o remanescente judeu que se converterá a Cristo já no final da Grande Tribulação, na batalha do Armagedom. 3. As nações sobreviventes à Grande Tribulação e à batalha do Armagedom, que após passarem pelo

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 136


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Julgamento das Nações, serão absolvidas por Cristo e ingressarão também no Milênio, isto é, as nações que forem absolvidas! Aqui, trata-se mesmo dos gentios ingressando no Milênio. Essas pessoas ingressarão no Milênio com seus corpos não glorificados e terão o seu desenvolvimento normal. 4. Os povos que nascerão no Milênio, pois a humanidade haverá de florescer novamente, ou seja, ela haverá de multiplicar-se, pois no Milênio haverá nascimentos. 12. No Milênio haverá pecado e morte? RESPOSTA: Sim! Isto se dará pelo fato de que ingressarão no Milênio as pessoas que sobreviveram à Grande Tribulação e à batalha do Armagedom (cf. Ap 19.21) e não terão seus corpos glorificados. A inclinação pecaminosa que reside em sua natureza continuará existindo. Mais uma vez estará a humanidade sob prova! Como no princípio, no Jardim do Éden, estará o homem sob as mais perfeitas e aprazíveis condições, restando a ele escolher servir fielmente ao Senhor ou não. 13. Quando ressuscitarão aqueles que morreram no Milênio?

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 137


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

RESPOSTA: No Milênio haverá mortos salvos em Cristo e mortos não salvos. Uma vez que ao final do Milênio, Cristo destruirá as nações que houverem se rebelado contra Ele, estas pessoas que morrerem sem salvação haverão de ressuscitar por ocasião do Juízo Final – a Segunda Ressurreição – para comparecerem perante o Juízo do Grande Trono Branco. Lembremo-nos que esta é a Segunda Ressurreição que é somente de condenação. Aqui não há mais salvação. É pertinente perguntar então quando ressuscitarão os mortos salvos do Milênio? Devemos ter cuidado para não ensinarmos uma “Terceira Ressurreição”, o que não tem nenhum apoio nas Sagradas Escrituras. A Bíblia deixa muito claro, porém, que a Primeira Ressurreição, que ocorrerá (de forma geral) no Arrebatamento, abrange não apenas os crentes do Antigo Testamento e os que estiverem vivos por ocasião do rapto, mas também os mártires da Grande Tribulação e também os mortos do Milênio. A ressurreição dos mortos do Milênio deve ocorrer após a vitória de Cristo sobre as nações que se rebelarem contra Ele ao final do Milênio, logo, um pouco antes do Juízo Final. Esta conclusão é humana, é claro, mas encontro algum apoio nas Sagradas Escrituras, haja vista no Juízo Final o livro da vida, no qual estão registrados todos os nomes de todos os salvos, estará aberto (Ap 20.12).

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 138


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

14. Quem são os 144 mil mencionados em Apocalipse 7.1-8 e 14.1-5? RESPOSTA: É glorioso observar que mesmo nos tempos de maiores trevas espirituais sobre a humanidade, Deus não ficou sem testemunhas Suas para testificar do Seu nome. Isso aconteceu no passado, com Elias, que chegou a pensar que somente ele havia restado dos profetas do Senhor: “Tenho sido muito zeloso pelo Senhor Deus dos exércitos; porque os filhos de Israel deixaram o teu pacto, derrubaram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada; e eu, somente eu, fiquei...” (1 Re 19.10). Deus, no entanto, reservara para Si sete mil que não haviam se contaminado com o culto idólatra a Baal (1 Re 19.18). No período da Grande Tribulação não será diferente. Mesmo estando a humanidade mergulhada no pecado, Deus, em seu incomparável amor proverá 144 mil testemunhas, que anunciarão ao mundo o evangelho. Estes 144 mil são judeus, santos homens de Deus, advindos das doze tribos de Israel, como fica claro nos textos bíblicos em apreço. Eles serão perseguidos pelo Anticristo e certamente serão martirizados, haja vista a diferença dos cenários: no capítulo sete eles são vistos na Terra, ao passo que no capítulo 14 eles são vistos juntos ao “... Cordeiro em pé sobre o monte Sião”.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 139


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 140


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

Bibliografia ALMEIDA, Abraão de. Manual da profecia bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 1999. Comentário Bíblico Beacon. vol. 4. 2ª ed. Trad.: Luís Aron de Macedo. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. GILBERTO, Antonio (ed.). Teologia pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.

sistemática

GILBERTO, Antonio. Daniel e Apocalipse: o panorama do futuro. 4ª ed. Campinas, SP: EETAD, 2003. GRUDEM, Wayne. Manual de Teologia Sistemática. São Paulo: Vida, 2001. HORTON, Stanley M. (ed.). Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal. Trad.: Gordon Chown. Rio de Janeiro: CPAD, 1996. HORTON, Stanley M. Nosso Destino: o ensino bíblico das últimas coisas. Rio de Janeiro: CPAD, 1998. MACHADO, Joel. Mini-Dicionário Bíblico Grego: ES. MAZZAROLO, Isidoro. Antigo Testamento. Rio de Janeiro: Mazzarolo editor, 2012.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 141


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

OLIVEIRA, Raimundo de. Seitas e Heresias: um sinal do fim dos tempos. 23ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2002. PENTECOST, Dwight J. Manual de escatologia. Trad.: Carlos Osvaldo Pinto. São Paulo: Editora Vida, 2006. SCOFIELD, C. I. Bíblia de Estudo Scofield. São Paulo: Holy Bible, 2009. SILVA, Antonio Gilberto da. O calendário da profecia. Rio de Janeiro: CPAD, 1985. SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse versículo por versículo. 21ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1985. STAMPS, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. Strong, James: Léxico Hebraico, Aramaico E Grego De Strong. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002; 2005. VAUX, Roland de. Instituições de Israel no Antigo Testamento. Trad.: Daniel de Oliveira. São Paulo: Editora Teológica, 2003. WALTON, Robert C. História da Igreja em quadros. Trad.: Josué Ribeiro. São Paulo: Editora Vida, 2000.

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 142


Escatologia Bíblica – Roney Cozzer

O autor Professor Roney Ricardo serve a Deus e a Igreja como presbítero e professor de teologia. É membro da Assembleia de Deus Central de Porto de Santana, em Porto de Santana, Cariacica, ES, igreja esta liderada pelo Pastor Evaldo Cassotto. É casado com Dolarize Alves há 15 anos, com quem tem uma linda filha, Ester Alves. Formou-se inicialmente pelo Curso Médio de Teologia da EETAD (Escola de Educação Teológica das Assembleias de Deus), vindo depois a graduar-se em Teologia. Realizou o Curso de Extensão Universitária “Iniciação Teológica” da PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro). É mestre em Teologia pela FABAPAR (Faculdades Batista do Paraná) na Linha de Pesquisa Leitura e Ensino da Bíblia. Possui formação em Psicanálise Clínica, é Licenciado em Pedagogia com pós-graduação em Psicopedagogia Clínica, e Licenciado em História com pós-graduação em Metodologia do Ensino da História e Geografia. Participou como autor e pesquisador do Projeto Historiográfico do Departamento de Missões das Assembleias de Deus do Vale do Rio Doce e Outros (DEMADVARDO) entre os anos de 2016 e 2018 e é membro do Grupo de Pesquisa "Perquirere: Práxis Educativa na Formação e no Ensino Bíblico". Serviu e serve como professor de teologia em seminários e cursos de teologia na Grande Vitória, além de ministrar palestras nas áreas de Bíblia, Teologia, Família, Educação Cristã e Mídia e Cristianismo. Contatos e atividades do autor: roneycozzer@hotmail.com roneyricardoteologia@gmail.com Site Teologia & Discernimento Currículo Lattes: lattes.cnpq.br/3443166950417908

Instituto de Educação Cristã CRER & SER

| 143


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.