ENCICLOPÉDIA TEOLÓGICA: NUMA PERSPECTIVA TRANSDISCIPLINAR. VOLUME 1.

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Editora Reflexão, 2020 – Todos os direitos reservados. © Roney Cozzer Editora Executiva: Caroline Dias de Freitas Revisão: Samuel Candido Henrique e Nilcelene Candido Henrique Capa: César Oliveira Diagramação e Projeto Gráfico: Estúdio Caverna Impressão: Meta Solution 1ª Edição – Novembro/2020 DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) CÂMARA BRASILEIRA DO LIVRO, SP, BRASIL COZZER; Roney. Enciclopédia Teológica numa perspectiva transdisciplinar - Volume 1. Editora Reflexão, São Paulo: 2020.

ISBN: 978-85-8088-442-5 1006 páginas.

1. Enciclopédia 2. Artigos 3. Teologia 4. Verbetes I. Título. II. Série.

06‑6456

CDD‑809

Índices para catálogo sistemático: 1. Enciclopédia 2. Teologia 3.Bíblia

Editora Reflexão Rua Fernão Marques, 226 ­‑ Vila Graciosa ­‑ 03160­‑030 São Paulo Fone: (11) 4107­‑6068 / 3477­‑6709 www.editorareflexao.com.br atendimento@editorareflexao.com.br Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora Reflexão.

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Recomendar a obra do Professor Roney Cozzer é um prazer, pois ele se mostra, nestas páginas, como alguém extremamente capacitado e, ao mesmo tempo, reconhecedor de que suas habilidades vêm de Deus. Um trabalho de fôlego como este, transdisciplinar, de teor pentecostal, escrito com esmero, em linguagem pessoal, mas técnico onde necessário, é uma grande contribuição para os interessados em boa teologia. Além do adequado embasamento teológico, o autor também nos brinda com excelentes auxílios práticos, como, por exemplo, esboços de mensagens bíblicas em estilo próprio. Destaco ainda a importância do que o autor chamou de índice temático, uma utilíssima relação de obras sobre temas variados, o que será de grande valia para os pesquisadores. Sem dúvida, esta é uma obra que merece um lugar especial em todas as bibliotecas. Antônio Renato Gusso, pastor, escritor e professor de Teologia. Também é Mestre e Doutor em Ciências da Religião, e Mestre, Doutor e Pós-doutor em Teologia. Professor e Pró-reitor nas Faculdades Batista do Paraná (FABAPAR).

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Enciclopédias visam trazer informação rápida e confiável ao leitor. E é isso que a obra de Roney Cozzer faz. Ela traz ao leitor informação sobre um vasto campo de conhecimento da teologia. Faz isso de maneira transdisciplinar. Mas não é só isso. O leitor percebe nos artigos o cuidado pastoral de quem escreve e sua paixão pelo estudo da Palavra de Deus. Posso imaginar a ajuda que uma obra como essa vai representar aos milhares de Pastores e Líderes da Igreja Brasileira que precisam ensinar em suas Igrejas e não tem tempo para fazer a sua pesquisa mais aprofundada. Esta Enciclopédia será para eles uma ferramenta de grande ajuda que lhes abrirá a porta do conhecimento para temas complexos e difíceis. A Bibliografia indicada ao longo das páginas é outra ferramenta muito útil pois indica a continuação dos estudos que serão iniciados com a leitura da Enciclopédia. Rev. Erní Walter Seibert, escritor, articulista, Mestre em Teologia pelo Seminário Concórdia de São Leopoldo (RS), Doutor em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Bernardo do Campo (SP), MBA em Marketing de Serviços pela Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo (USP) e Diretor Executivo da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB).

É com alegria que recomendo a Enciclopédia construída pelo amigo Professor Roney Cozzer. Sua habilidade empreendedora, rica e diversa formação acadêmica é percebida nos prazerosos textos bem redigidos e de fácil leitura presentes ao longo das páginas desta obra. O leitor ávido pelo conhecimento atualizado terá neste conjunto de textos a oportunidade de ter contato com temas multidisciplinares, fruto de intensa labuta de um decênio de produção. Ao público que se ressente da existência de uma Enciclopédia que vá além de textos permeados pelo rigor acadêmico científico, às vezes frios e sisudos, o presente trabalho, sem dúvida, atende adequadamente, e com profundidade, esta necessidade, pois transborda de paixão e calor redacional.

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Marco Antônio de Oliveira, pastor, professor de Teologia e Filosofia, graduado e licenciado em Teologia, Doutor em Teologia (PUC-RJ) e membro do Banco Nacional de Avaliadores do Sistema de Ensino Superior para os Cursos de Filosofia, Teologia e Ciência da Religião (BASIs/Inep/MEC/Brasil).

Nesta obra, o professor Roney Cozzer nos convida a fazer parte de seus estudos e a partilhar de suas reflexões acerca de variados temas necessários à produção de uma cultura cristã. Com maestria transdisciplinar, ele debate assuntos ligados à religião, educação e ciências. Foram anos de pesquisas! Com humildade, ele se pergunta: por que mais uma enciclopédia teológica e devocional? Sua resposta, bem objetiva, traça sua intenção: compartilhar e multiplicar sua singela contribuição para o conhecimento. Esta obra interessa a todos que buscam, através do conhecimento, um mundo melhor. Rubem Alves dizia: “as palavras só têm sentido se nos ajudam a ver um mundo melhor”. É isso! Acredito que os leitores serão edificados com esta obra cujas palavras nada pretendem a não ser provocar em nós a sede de conhecimento. José Neivaldo de Souza, Doutor em Teologia (Universidade Gregoriana de Roma) e Mestre em Filosofia (UERJ) e Psicologia (Universidade Tuiuti do Paraná). É professor-pesquisador e atua como psicanalista.

O Professor Mestre Roney Cozzer apresenta-nos a Enciclopédia Teológica: numa perspectiva transdisciplinar, um trabalho constituído de ousadia e, sobretudo, da singularidade com a qual se nomeia Enciclopédia. Porque não recolhe saberes estilhaçados, mas religa-os pelo fio abstrato da transdisciplinaridade. Esta publicação reconhece na teoria e manifesta na prática a necessidade dos múl-

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tiplos olhares para a compreensão da Bíblia. Eis uma grata surpresa em tempos de fragmentação tecnológica: uma publicação enciclopédica que religa áreas de conhecimento e que também mira “o outro”, anônimo em seus estudos bíblicos, ou “professores cheios de amor pelo que fazem nas escolas bíblicas dominicais” ou aqueles que precisam dialogar com estes caminhos por aqui trilhados. É grande e fundamental a contribuição do foco declarado pelo autor. E eu endosso. Sonia Almeida [Sonia M. C. P. Mugschl] é Mestra em Educação pela UFMA; Doutora em Educação pela USP; Pós-Doutora pela Ruhr Universität Bochum (Alemanha); Membro da Academia Maranhense de Letras e Professora Titular da Universidade Federal do Maranhão.

Roney Cozzer é um estudioso das Escrituras, um pesquisador cuidadoso e um homem comprometido com a verdade. Esta é uma obra robusta, uma ferramenta indispensável para aqueles que desejam conhecer as profundezas insondáveis da Palavra de Deus. Recomendo, com entusiasmo, este revelante trabalho, convicto de que será uma preciosa ferramenta para a edificação do povo de Deus. Rev. Hernandes Dias Lopes, pastor presbiteriano, autor de mais de 130 livros, conferencista, Bacharel em Teologia, Doutor em Ministério e Membro da Academia Evangélica Brasileira de Letras.

Em tempos clássicos o saber enciclopédico era um dos únicos a ter valor em ambientes de produção de conhecimento. A erudição e o acúmulo de informação eram sinônimos. A sociedade moderna trouxe uma avalanche de acesso à informação e mostrou a necessidade de especialização. Com isso, sabe-se “cada vez mais de cada vez menos”. Não obstante, um recurso enciclopédico transdisci-

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plinar é muito bem-vindo. Sobretudo em um período onde o amplo acesso não oferece muita segurança acerca da veracidade das informações. Com essa obra do professor Roney Cozzer, essa questão pode ser facilmente resolvida, pois ele coloca à disposição dos estudiosos, um excelente material que é fruto de suas pesquisas em diversas áreas. César Moisés Carvalho, pastor assembleiano, pedagogo e pós-graduado em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).

Foi um privilégio ler tão grande obra. A Teologia é um conhecimento que se vale entrelaçar ou mesmo transpassar por outros conhecimentos, por outras ciências, crendo assim, que este é o diferencial deste conteúdo denso e rico. Feliz em ler a transdisciplinaridade com a Filosofia, Sociologia, Psicanálise, Educação, Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, Sexualidade, Oratória, dentre outros tantos assuntos de forma relevante e atual. A proposta é ousada e qualificada, diante da experiência e vivência do autor, tanto no âmbito acadêmico como também ministerial, dando-lhe assim autoridade para tratar de todos esses assuntos. Desejo uma boa leitura e um bom crescimento em conhecimento para cada leitor assim como foi comigo. Que o compartilhar da sapiência do autor seja fonte de informação para cada leitor. Daniele Gotardo Veloso, Bacharel em Fonoaudiologia, Especialista em Educação Especial, Especialista em Educação Bilíngue para Surdos Letras Libras/Língua Portuguesa, Bacharel e Mestre em Teologia Profissional pelas Faculdades Batista do Paraná (FABAPAR), docente na FABAPAR, Assessora em Acessibilidade na FABAPAR e Ministra Auxiliar na Primeira Igreja Batista de Curitiba.

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Recomendo efusivamente esta magnifica Enciclopédia Teológica: numa perspectiva transdisciplinar, escrita com excelência, para o uso do estudante da Bíblia e de todos aqueles que levam a sério o estudo das Sagradas Escrituras, tanto o principiante como o avançado. Esta obra de referência certamente transformará o estudo e o ensino da Palavra de Deus mais gratificante e proveitoso. Parabéns Professor Roney Cozzer por essa “epopeia teológica”, que será sem duvida, um marco editorial da literatura evangélica em língua portuguesa. Anthony Donizeti Romualdo, pastor, articulista, Licenciado em Teologia (ISUM), bacharel em Teologia pela Faculdade de Educação Teológica das Assembleias de Deus (FAETAD), Licenciado em Estudos Sociais (Faculdade Don Domenico) e em Letras Português-Inglês (Faculdade da Região dos Lagos) e Mestrando em Estudos Bíblicos (SETECA). Reside em Tampa, Flórida (EUA), onde atua como segundo pastor na Igreja Batista Identidade (Identity Baptist Church), filiada a Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos.

A experiência acadêmica nos ensina, especialmente nos níveis de mestrado e doutorado, a importância da bibliografia na construção de uma obra, seja ela um livro, uma tese ou uma enciclopédia como esta. Antes de consultar o primeiro verbete, fui direto às fontes pesquisadas pelo Professor Roney Cozzer. Embora a obra siga uma linha teológica ortodoxa e pentecostal, o autor dialogou com os mais variados estudiosos. Na Teologia, há obras de autores pentecostais e reformados, conservadores e liberais. A bibliografia engloba diferentes enciclopédias e dicionários, obras de teologia sistemática, traduções diversas da Bíblia, além de trabalhos que já se tornaram clássicos. Autores da Filosofia que mudaram a nossa forma de ver a vida, como Aristóteles e Hegel, ou da Psicologia e Psicanálise, como Freud e Jung, também compõem a galeria de pensadores indispensáveis numa obra desta envergadura.

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Trata-se, essencialmente, de uma enciclopédia de Bíblia e Teologia, e o leitor observará que a maioria dos verbetes se debruça sobre livros da Escritura Sagrada, interpretação da Bíblia, passagens bíblicas, Apologética, Bibliologia e Crítica Textual. Mas esta obra, que já seria rica se tratasse “apenas” dos assuntos mencionados, vai além disso. Há uma notória preocupação do autor com problemas atuais, como saúde mental e injustiça social – citando apenas alguns – além de uma atenção a temas com os quais a Teologia necessariamente se relaciona, como Educação, História, Filosofia, Psicologia. O leitor encontrará nesta Enciclopédia uma rica fonte de conhecimento e pesquisa e terá nela uma obra para a sua vida inteira, que poderá ser permanentemente consultada para diferentes propósitos. Julio Cezar Lazzari Junior, graduado em Teologia (Metodista) e Marketing, pós-graduado em Marketing e em Ciências da Religião (PUC-SP), Mestre e Doutor em Filosofia (Universidade São Judas e UNIFESP). É pastor e professor de Teologia.

Ter o prazer de ler uma obra de tão grande envergadura é uma honra. Roney Cozzer fez uma excelente pesquisa, fruto de anos de labuta e dedicação. Um teólogo aplicado e que se superou com esta enciclopédia. Ter uma ferramenta deste porte, escrita por um brasileiro, deve nos encher de orgulho e satisfação. Obra abrangente e útil para todos os públicos. Com uma linguagem simples e contextualizada, o mestre Roney satisfaz a Academia, sem deixar de prestar um grande serviço às igrejas e irmãos sem formação teológica. Obra de referência e leitura obrigatória. Carlos Alberto Bezerra, pastor, formado em Teologia pelo Seminário Batista do Cariri com validação pela Faculdade Kurios, Mestre em Teologia pelas Faculdades Batista do Paraná (FABAPAR) e professor na Faculdade Batista do Cariri, no Ceará.

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Uma pergunta que todo ser humano precisa fazer a si mesmo é “qual a contribuição que está deixando para o mundo desta geração e, por que não, também para a posteridade?” Alguns terão mais dificuldades para responder esta questão e outros nem tanto. A iniciativa do professor Roney Cozzer é uma resposta a esta pergunta, reunindo uma série de textos e artigos úteis tanto para leigos quanto para acadêmicos, expondo a sua maneira de pensar e refletir sobre diversos temas, numa perspectiva transdisciplinar. Aprecio a sua dedicação nos estudos e no ensino, procurando fazer tudo com excelência. Meu desejo é que esta obra possa auxiliar muitas pessoas que estão em busca de conhecimento e respostas para temas abordados na obra. Claiton André Kunz, pastor e professor, graduado em Teologia e Filosofia, Mestre em Novo Testamento e em Teologia, e doutorado em Teologia (com ênfase em Bíblia). Diretor da Faculdade Batista Pioneira e professor do Mestrado Profissional em Teologia das Faculdades Batista do Paraná (FABAPAR).

O professor Roney Cozzer já há alguns anos tem contribuído muito para a pesquisa teológica no nosso país. Embora esta seja sua Magnum opus, Roney já publicou outros títulos que de igual modo tem abençoado a igreja brasileira. Hermenêutica, Teologia Bíblica e Sistemática, Liderança Cristã, Homilética, Educação e Ética Cristã, dentre tantos outros temas, são áreas sobre as quais o Professor Roney tem se debruçado. Com a sensibilidade que lhe é pertinente e com a habilidade que já é a sua marca em todos os seus escritos, ele agora nos brinda com a Enciclopédia Teológica: numa perspectiva transdisciplinar, obra que vem para revolucionar o mercado editorial por causa da proposta ousada e necessária. Esta enciclopédia, diferente de muito do que vem sendo produzido no Brasil, propõe estabelecer um diálogo sobre as mais diversas áreas do conhecimento tais como Teologia, Filosofia, História, Crítica Literária, Educação na Pós-modernidade, Geografia Bíblica, etc. Certamente este é um legado que ficará para a posteridade

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e abençoará as próximas gerações. Oro para que Deus abra os nossos olhos para apoiar cada vez mais homens como Roney que tem gastado sua vida com o propósito de edificar a igreja do Senhor. Thyago de Souza Siqueira, Licenciado em História (UNINTER), graduando em Filosofia (UEPB), formado em Teologia com ênfase em Teologia Sistemática (STEMES), coordena o Instituto Teológico Superior de Missões (ITESMI) e é professor de História e Teologia na cidade de Campina Grande, Paraíba.

Enciclopédia Teológica: numa perspectiva transdiciplinar, escrita pelo professor Roney Cozzer, é uma ferramenta de grande valor para aqueles que amam e estudam a Palavra de Deus. O trabalho, escrito com profundidade e diversidade de temas, apresenta o resultado de estudos e debates teológicos numa perspectiva transdiciplinar. Impressiona a objetividade e clareza na exposição do conteúdo, além do diálogo com diversos pensadores. O texto é uma fonte de informações escrita para compartilhar conhecimento. Por isso, na leitura desta obra você encontrará inspiração e será desafiado a crescer e refletir em áreas diversas das Escrituras. Marivete Zanoni Kunz, professora graduada em Teologia e Pedagogia. Possui mestrado e doutorado em Teologia (com ênfase bíblica). Professora da Faculdade Batista Pioneira e professora e coordanadora adjunta do Mestrado Profissional em Teologia das Faculdades Batista do Paraná (FABAPAR).

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“Um ser humano descobre sua finitude no fato de que, primeiramente, ele se encontra dentro de uma tradição ou tradições”.1 — Paul Ricoeur

“Quando você vier, traga a capa que deixei na casa de Carpo, em Trôade, e os meus livros, especialmente os pergaminhos”.2 — Apóstolo Paulo

“Eu nunca assumi, eu nunca assumi; eu não sou uma profissional, eu só escrevo quando eu quero. Eu sou uma amadora e faço questão de continuar sendo uma amadora. Profissional é aquele que tem uma obrigação consigo mesmo, de escrever, ou então, com o outro, em relação ao outro. Agora eu faço questão de não ser uma profissional, para manter minha liberdade”.3 — Clarice Lispector

1

RICOEUR, Paul apud: McGRATH, Alister E. A gênese da doutrina: fundamentos da crítica doutrinária. Trad.: A. G. Mendes. São Paulo: Vida Nova, 2015, p. 5.

2 2 Timóteo 4.13 na Nova Versão Internacional. 3 Clarice Lispector em entrevista à TV Cultura em 1977, respondendo à pergunta sobre quando havia se descoberto como uma escritora profissional. Panorama com Clarice Lispector. [vídeo]. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ohHP1l2EVnU> Acesso em 28 jul. 2019.

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S UM ÁR IO lista de siglas utilizadas nesta obra.......................................25 colaboradores...........................................................................29 agradecimentos.........................................................................31 dedicatória................................................................................35 o autor.......................................................................................39 o que é escrever?........................................................................41 apresentação..............................................................................45 artigos

& verbetes em ordem alfabética – A — G...................59

144 mil de apocalipse 7.1-8 e 14.1-5, os....................................61 24 anciãos de apocalipse, os.....................................................61 a ambivalência do contexto religioso: adoecimento e cura. aportes da terapia cognitivo comportamental.....62 a bíblia como um livro incomparável......................................82 a bíblia e o efeito benéfico que ela exerce sobre pessoas e nações................................................................82 a bíblia entendida como palavra de deus................................85 a busca do jesus histórico e a cristologia pentecostal: pontes para um diálogo....................................................85 a clínica psicanalítica na atualidade....................................123 a educação cristã na pós-modernidade.................................129 a igreja deve se posicionar.....................................................133 a igreja no contexto atual e a educação cristã como ponte de diálogo com a sociedade...............................134 a importância do preparo adequado da aula........................139 a tv e o cristão.........................................................................142

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abordagens educacionais........................................................156 aborto e ética cristã...............................................................161 algumas diferenças entre o hebraico, o aramaico e o grego..........................................................................166 alta crítica e baixa crítica.....................................................169 amós, o livro de.......................................................................173 análises do texto bíblico, tipos de........................................175 andragogia...............................................................................181 animais de apocalipse 4, os......................................................185 antigo testamento, a importância de se estudar o..............186 antigo testamento, o..............................................................188 antiguidade oriental e antiguidade clássica.......................192 antropologia bíblica...............................................................193 antropologia e sociedade.......................................................198 apocalipse 6.12-17, a interpretação de..................................205 apocalipse 6.6, explicação de..................................................205 apocalipse, o livro de..............................................................206 apocalíptica judaica, a literatura.........................................215 aportes para a educação cristã nos livros de sabedoria do antigo testamento...................................218 apostasia...................................................................................235 armagedom, o...........................................................................235 arrebatamento da igreja.........................................................236 as bodas do cordeiro..............................................................241 as epístolas da prisão..............................................................242 atos, o livro de........................................................................244 avaliação e intervenção psicopedagógica.............................253 batismo com o espírito santo.................................................261 batismo com o espírito santo na perspectiva pentecostal clássica.......................................................266

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batismo nas águas.....................................................................273 bíblia.........................................................................................280 bíblia como revelação especial de deus, a.............................281 bíblia e ética............................................................................285 bíblia e seu autor, a.................................................................289 bíblia, a estrutura interna da................................................290 bíblia, a leitura e o estudo constante da.............................296 bíblia, a origem da...................................................................300 bíblia, a unidade ou unicidade da..........................................303 bíblia, depoimentos notáveis sobre a.....................................305 bíblia, o elevado padrão moral da.........................................306 bíblia, o livro incomparável...................................................309 bíblias alexandrinas................................................................309 bíblias da reforma...................................................................310 bibliologia: o estudo da bíblia..............................................310 cânon bíblico...........................................................................313 capelania..................................................................................318 caso entebe..............................................................................320 caso lavon................................................................................322 cavaleiro de apocalipse 6, o....................................................322 célula-tronco..........................................................................323 charles h. spurgeon, dwight lyman moody e john bunyan....................................................................327 cisma da igreja, o segundo grande........................................329 civilização................................................................................329 civilizações babilônica e grega e o império romano............332 códex sinaiticus ou manuscrito álefh.....................................333 códex vaticanus ou manuscrito b.............................................333 como entender a realidade de injustiça social brasileira face à enorme presença de cristãos?...........334

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considerações sobre a história da pesquisa histórica sobre jesus.......................................................................335 contribuições da crítica textual para a compreensão dos evangelhos sinóticos..............................................348 contribuições da educação cristã para a missiologia..........365 contribuições da hermenêutica para o trabalho do educador cristão............................................................370 contribuições da igreja para a construção da subjetividade humana como prevenção à dependência química......................................................381 controle de natalidade..........................................................402 coríntios, primeira e segunda epístola aos...........................406 cultura.....................................................................................410 daniel, o livro de....................................................................411 david bem-gurion.....................................................................420 declaração balfour e sua promulgação, a............................421 desafios à igreja na pós-modernidade...................................423 desentulhando os poços antigos..........................................428 deus preserva sua palavra........................................................429 dia do senhor, o......................................................................429 dificuldades bíblicas...............................................................430 dificuldades bíblicas: como superá-las e os problemas decorrentes de não se superá-las.................................439 dificuldades bíblicas, exemplos de........................................444 divórcio, repúdio e a igreja....................................................458 documento histórico.............................................................465 eclesiologia.............................................................................467 educação cristã.......................................................................468 educação cristã como aliada à constituição saudável do caráter.......................................................................475

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educação cristã e hermenêutica: um diálogo necessário...................................................481 educação cristã e leitura popular da bíblia: propondo mediações hermenêuticas............................484 educação cristã e pós-modernidade......................................502 educação de jovens e adultos................................................515 educação especial e a pessoa com necessidades especiais.....518 educação infantil....................................................................521 educação teológica nas assembleias de deus, breve apanhado histórico da........................................523 educador cristão, o................................................................526 educador cristão, o................................................................528 ensino.......................................................................................530 ensino bíblico e sua importância para a igreja.....................541 epístolas do novo testamento................................................548 epístolas gerais, as...................................................................552 epístolas pastorais, as.............................................................553 epístolas soteriológicas, as....................................................554 epístolas, a questão contextual das......................................554 escatologia bíblica..................................................................556 escatologia bíblica, o homem na............................................561 escatologia bíblica, palavras e expressões fundamentais da.............................................................562 escola bíblica dominical........................................................564 escola dominical, administração financeira na..................570 escola dominical: organização, funções e cronogramas...................................................................572 escolas psicanalíticas.............................................................577 espírito santo..........................................................................584 ética e liderança na perspectiva cristã.................................589

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ética cristã...............................................................................605 ética cristã e comunicação pós-moderna: um olhar crítico à luz das escrituras..........................614 ética cristã e família...............................................................625 ética cristã e igreja.................................................................628 ética cristã, o valor da...........................................................633 ética vista na bíblia.................................................................633 evangelização e mídias sociais................................................641 exegese e leitura popular da bíblia.......................................642 exegese bíblica.........................................................................644 êxodo, o livro de.....................................................................657 ezequiel, o livro de.................................................................659 família e pós-modernidade.....................................................667 fato histórico..........................................................................670 figuras de linguagem da bíblia..............................................671 filosofia da educação.............................................................676 filosofia da educação e pedagogia........................................681 filosofia, educação e cosmovisão cristã...............................688 gálatas, a epístola aos.............................................................695 genealogia................................................................................697 gênesis, o livro de...................................................................698 geografia bíblica.....................................................................705 golda meir................................................................................706 grande tribulação e o armagedom........................................708 guerra de suez.........................................................................721 cronologia bíblica.................................................................723 cronologia eclesiástica.........................................................731 cronologia teológica............................................................743

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& educadores cristãos esboços de sermões e de palestras..................................751 sobre esta seção.......................................................................753 esboço 1....................................................................................755 esboço 2....................................................................................762 esboço 3....................................................................................770 esboço 4....................................................................................773 esboço 5....................................................................................781 esboço 6....................................................................................788 esboço 7....................................................................................791 esboço 8....................................................................................797 esboço 9....................................................................................808 esboço 10..................................................................................812 esboço 11..................................................................................823 esboço 12..................................................................................826 esboço 13..................................................................................828 esboço 14..................................................................................831 esboço 15..................................................................................836 esboço 16..................................................................................839 esboço 17..................................................................................842 esboço 18..................................................................................848 esboço 19..................................................................................860 esboço 20..................................................................................866 esboço 21..................................................................................869 esboço 22..................................................................................873 esboço 23..................................................................................876 esboço 24..................................................................................881 esboço 25..................................................................................885 esboço 26..................................................................................888 esboço 27..................................................................................891

para pregadores

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esboço 28..................................................................................894 esboço 29..................................................................................901 esboço 30..................................................................................905 esboço 31..................................................................................919 esboço 32..................................................................................923 esboço 33..................................................................................928 índice temático para estudantes e pesquisadores de teologia. ..................................................................937 referências. ...........................................................................969

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COL ABO R AD O R E S

Não poderia deixar de fazer deferência aqui a algumas pessoas especiais que contribuíram direta e indiretamente para a construção desta Enciclopédia. Conquanto eu tenha despendido muitas e incontáveis horas para concluir este grande projeto, me vejo, felizmente, impedido de encará-lo como uma caminhada solitária. Pessoas foram fundamentais para que ele fosse concluído e pudesse chegar ao público.

ELIAS MENDONÇA, um grande amigo com quem compartilhei e compartilho muitos sonhos pessoais e que tem sido um incentivador incansável do meu ministério. O projeto desta Enciclopédia nasceu quando eu estava em meu escritório, à época, na minha residência em Porto de Santana, Cariacica, Espírito Santo. Elias foi a primeira pessoa com quem compartilhei a ideia e foi ele quem primeiro se deu ao trabalho de reunir dezenas de textos meus num arquivo só, de Word, atendendo a um pedido meu. Este trabalho inicial foi o “embrião” desta Enciclopédia. SAMUEL CANDIDO HENRIQUE, grande amigo que prontamente se dispôs a revisar ortograficamente esta Enciclopédia, e o fez voluntariamente! Esse gesto me tocou profundamente. Ele é licenciado em Letras pela Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), pós-graduado em Novo Testamento, mestre em Teologia pelas Faculdades Batista do Paraná (FABAPAR), e doutorando em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). E quero mencionar ainda que sua cumplicidade e conselhos sábios tem sido uma bênção para mim. NILCELENE CANDIDO HENRIQUE, que juntamente com seu irmão Samuel Cândido Henrique, acima citado, trabalhou na revisão ortográfica desta obra voluntariamente. Minha profunda gratidão a ela! 29

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SAMUEL DA SILVA COSTA, um grande amigo com quem escrevi o artigo Religião, periferia e Leitura Popular da Bíblia: uma análise do Documentário Santa Cruz à luz da Pneumagiologia Pentecostal. Este artigo veio a ser publicado pela Revista de Estudos Pentecostais Assembleianos1 e adaptado à esta Enciclopédia. Sem o Samuel, este importante artigo (e agora, parte desta obra) não teria vindo à luz. Ele é bacharel em Teologia pela Faculdade Unida de Vitória (ES). SANDRA HELENA DO NASCIMENTO, psicóloga, com quem escrevi dois artigos que fazem parte desta enciclopédia: A ambivalência do contexto religioso: adoecimento e cura. Aportes da Terapia Cognitivo Comportamental e Contribuições da Igreja para a construção da subjetividade humana como prevenção à dependência química. IZAÍAS DA CRUZ PAIVA, um ex-aluno do seminário de Teologia com quem escrevi o artigo Contribuições da Hermenêutica para o trabalho do educador cristão. Ele tem sido um amigo precioso!

1 Publicado originalmente em: COSTA, Samuel Silva da. COZZER, Roney Ricardo. Religião, periferia e leitura popular da Bíblia: uma análise do documentário Santa Cruz à luz da Pneumatologia Pentecostal. Revista de Estudos Pentecostais Assembleianos. vol. 5. abr. 2019. Disponível em: <http://revista.repas.com.br/index.php/repas/article/view/62> Acesso em 20 abr. 2019.

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AGR AD E C I M E N TOS

AGRADEÇO: EM PRIMEIRO LUGAR A JESUS, “Senhor meu, e Deus meu!” (Jo 20.28), Amigo inseparável, Divino Companheiro no Caminho, Aquele para Quem fui lançado desde a madre, Aquele em Quem convergem todas as coisas, no Céu a na Terra. Ele, a quem amo, imito e compartilho com outros. A Ele toda honra e glória pelos séculos dos séculos! À MINHA AMADA ESPOSA DOLARIZE ALVES VIEIRA COZZER, por seu incansavável companheirismo e cuidado zeloso que tem tido para comigo e para com a nossa família durante todos esses anos. Sua presença e companheirismo tem sido fonte de renovação constante para minhas forças. Simplicidade, simpatia e paciência são suas marcas registradas... Ela é, sem dúvida, um ser humano incrivelmente incrível. À NOSSA AMADA FILHA, ESTER ALVES COZZER, de oito anos apenas, mas cuja “simples” existência representa um grande impulso à minha própria vida. Quem poderá calcular o impacto de um radiante sorriso dado por uma uma filha amada em horas difíceis? À EDITORA REFLEXÃO, na pessoa da sua Gerente Editorial, Caroline Dias de Freitas, que acreditou no projeto, tornando-se ela mesma uma grande entusiasta da Enciclopédia Teológica. Obrigado por ter valorizado a obra e por ter aberto espaço junto à Editora Reflexão para tornar real a publicação desta obra.

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A ADSON THIAGO, amigo de alguns anos cuja amizade tem sido uma bênção para mim. Seu esforço no sentido de obter patrocínio para a publicação desta obra tocou-me de um modo muito especial e me fez lembrar que um desafio compartilhado com grandes amigos é um desafio mais fácil de ser superado, e que um sonho compartilhado com grandes amigos representa uma alegria multiplicada. AO PROF. DR. GILSON VIANA, escritor, professor e Diretor Acadêmico da Faculdade União Araruama de Ensino (Faculdade Unilagos), em Araruama, no Rio de Janeiro. À ele, minha profunda gratidão pela confiança e pela oportunidade que me concedeu, introduzindo-me profissionalmente no contexto do ensino superior, num gesto de profunda generosidade para comigo e por extensão, para com a minha família. Jamais esquecerei esse gesto, o que torna minha gratidão um ato permanente. AOS PRECIOSOS AMIGOS, “lenitivos à minha alma”, de longa e de curta data, meus confidentes, ouvintes, conselheiros sábios, apoiadores e incentivadores incansáveis: Pr. Evaldo Cassotto, o “meu pastor”, líder da igreja onde congrego e à qual sirvo, a Assembleia de Deus Central de Porto de Santana, Cariacica (ES). Obrigado por seu apoio, abertura junto ao ministério local e confiança em meu trabalho, sempre; Pr. Ivan Kleber, “o homem cuja voz marcante reflete a profundidade de sua própria alma”, pregador eloquente, hábil ensinador, amigo sempre presente em vitórias e derrotas, alegrias e tristezas e nos grandes desafios e conquistas ministeriais que vem marcando minha vida nestes últimos anos. Seus conselhos, sua cumplicidade e amizade sincera muito tem contribuído para meu crescimento pessoal, espiritual e profissional;

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Pr. Eliel de Souza, líder da Assembleia de Deus em João Neiva (ES), escritor, pregador, palestrante e professor de Teologia. Foi ele uma das primeiras pessoas com quem compartilhei a ideia, num momento em que ainda estava refletindo se valeria a pena despender tanto esforço numa obra desta magnitude. Seu apoio e incentivo foram fatores de grande motivação para mim naquele momento. Mais tarde, quando comentei com ele que havia acordado com a Editora Reflexão a publicação da obra, ele prontamente se dispôs a adquirir, na pré-venda, alguns exemplares, para me ajudar; Luciene Belo, “a mulher dos insights psicológicos”, sempre capaz de ouvir o não dito e ver o que não foi mostrado; sua amizade, prontidão para ouvir (algo raro hoje em dia!) e cumplicidade foram, ao longo de muitos anos, um verdadeiro “oásis” para mim nessa minha “inelutável peregrinação melancólica”; Luiz Eduardo, meu “irmãozão” de longa caminhada... desde os tempos do ensino fundamental. Sei que ele não gosta muito desse “longa caminhada”, por causa de sua insistência em acreditar que ainda é jovem, mas é só uma forma de eu dizer o quanto ele é especial para mim, afinal, amizades longas, hoje, são cada vez mais raras. Ele, com sua simpatia e alegria, tem tornado mais alegre a minha vida; Luís Carlos Romualdo Damasceno, amigo precioso que pude conhecer durante o mestrado em Teologia, na cidade de Curitiba (PR). Luís, assim como sua esposa Glenir, tem sido para mim e para minha família pessoas especiais e como é bom saber que podemos contar com sua amizade sincera; Lorayne Costa de Oliveira, que insiste em me chamar de “mestre” e não de Roney, pelo profundo respeito que nutre pela minha pessoa. Seus generosos elogios dispensados a mim, ora me fazem sentir constrangimento, ora vaidade... Para ser honesto, não sei ao certo se sou a pessoa que ela descreve (sinceramente acho que não!), mas seu respeito e amizade tem sido uma bênção para mim;

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Pr. Leandro Bochou, também um amigo de longa data. Há mais de uma década ele me pedia para escrever uma apostila, no formato 14 x 21 cm, com 60 páginas aproximadamente, contendo 13 lições sobre missões para ser usada numa classe de adolescentes na igreja onde congregávamos naquele tempo. Nascia o Discipulado Missiólogo, meu primeiro trabalho escrito... Mas não apenas isto: nascia o autor desta enciclopédia! De algum modo sou profundamente grato a ele por ter visto em mim um escritor tão antecipadamente. Pr. Bochou não sabia (nem eu), mas era o humilde começo de uma jornada literária...

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DE D ICAT Ó R I A DEDICO ESTA OBRA À MEMÓRIA DE MEU PAI, SEBASTIÃO GREGÓRIO. Homem de origem pobre, vindo de zona rural no Estado das Minas Gerais, que mudou-se com a família para a região da Grande Vitória (ES), onde trabalhou como portuário durante muitos anos. Embora fosse uma pessoa de hábitos muito simples, sua vida marcou profundamente a minha vida e a vida de toda a nossa família, composta por ele, nossa mãe e cinco filhos, sendo dois adotivos (eu, um deles). 35

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Lembro-me vividamente que na minha adolescência, o meu primeiro contato com as Escrituras se deu por meio daquele Novo Testamento com Salmos e Provérbios, de capa azul, que era distribuído pelos Gideões Internacionais. Era um livrinho, que não continha todo o Antigo Testamento e “as passagens não possuíam títulos como na Bíblia da minha mãe”. Meu sonho à época era ganhar uma Bíblia completa. Pois bem, ainda me lembro dele chegando em casa num dia, a tardezinha, com sua velha bicicleta, trazendo nas mãos um livro, embrulhado em papel de presente, quando eu contava 12 anos de idade; era um exemplar da Bíblia Sagrada, completa. Meu sonho estava realizado! Mais tarde, em torno dos meus 14 anos, foi ele quem me levou àquela livraria evangélica, no Centro de Vitória (ES), para ali escolher meu primeiro livro de teologia. Selecionei na estante um pequeno comentário bíblico de um antigo teólogo pentecostal chamado Frank M. Boyd. Isso foi há 22 anos aproximadamente, mas até hoje me pego pensando (emocionado) em quão curioso é imaginar um homem analfabeto, que não tinha condições de assinar o próprio nome, dando livros de presente ao filho adotivo, e dentre esses livros, o Livro dos livros, a Bíblia Sagrada. Àquela época, o que eu jamais seria capaz de ao menos imaginar é que eu mesmo me tornaria um escritor e que viria a produzir livros direcionados ao conhecimento e a difusão das Escrituras. Hoje, passados tantos anos após o seu falecimento, louvo a Deus por sua vida como também pelo legado que deixou. Agradeço a Deus pelo milagre incrível de um analfabeto pobre introduzindo um garoto na vida de leitura e no amplo universo da Teologia. Curiosamente, mesmo tendo lido grandes teólogos e mesmo tendo estudado com grandes teólogos, foi o meu pai, um homem iletrado e leigo, a pessoa mais influente na minha carreira acadêmica, literária e de ensino cristão. DEDICO ESTA OBRA À MEMÓRIA DE MINHA MÃE, CLEUZENI SOARES COZZER. Ela que com seu amor me ensinou a amar a Bíblia e a viver no seguimento do Senhor Jesus Cristo, a saber, Aquele a quem ela mesma conheceu, amou e serviu. Ela, que sendo pobre, ousou adotar um recém-nascido, oriundo de uma família tradicional e rica, mas rejeitado pela mãe biológica. Ela 36 | R O N E Y C O Z Z E R

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que sempre me ensinou a nunca odiar ou rejeitar minha mãe biológica por isso, e sempre me deixou livre para escolher com quem viver. O verdadeiro amor é assim: nos “amarra” com cordas invisíveis, das quais não queremos jamais nos libertar. Na prática, eu realmente nunca soube exatamente a diferença entre ser um filho adotivo e ser um filho biológico. Seu tratamento para comigo evidenciou ao longo dos anos um amor incondicional, duradouro e profundamente terno. No verso de uma antiga fotografia em que ela aparece ao meu lado, me entregando o certificado da minha formatura do pré-escolar, datada de 14 de dezembro de 1990, ela escreveu o seguinte: “De Cleuzeni S. Cozer para o meu fofinho com muito amor e carinho. Me leva com você porque você está sempre dentro de mim. Te amo demais. Beijos para você. Continua estudando. Deus te abençoe e te guarde”. Procuro seguir seu conselho, até os dias de hoje! Sua lembrança segue absolutamente viva comigo... DEDICO ESTA OBRA À MINHA PROFESSORA DE ESCOLA DOMINICAL, EUNICE CORDEIRO. Ainda me lembro dela, com a Bíblia aberta em suas mãos, ensinando a Palavra de Deus com uma firme convicção. Quem poderá calcular o valor de uma professora ou de um professor leigo de Bíblia (em termos acadêmicos), mas absolutamente dedicada(o) e que se interessa sinceramente por seus alunos? Todas as vezes que tenho a oportunidade de revêla, continuo reverenciando-a como a minha “mestra indelével”. DEDICO ESTA OBRA A TODOS OS PROFESSORES LEIGOS DE BÍBLIA E DE TEOLOGIA ESPALHADOS PELO BRASIL. Na realidade da Igreja brasileira são inúmeros os mestres e mestras leigos e leigas que se dedicam ao ensino da Palavra de Deus em suas congregações locais, e o fazem com amor e esmero. Conquanto reconheça a irrevogável necessidade do educador cristão percorrer o caminho da formação continuada, e eu mesmo tenha procurado seguir por este trilho, não posso deixar de reconhecer o valor do trabalho dessas pessoas que levam a sério o ministério do ensino bíblico e a ele se dedicam com amor e, em muitos casos, com poucos recursos. Conhecimento nem sempre é 37

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acessível sem dinheiro, como sabemos, mas vi homens e mulheres dedicarem suas vidas a ensinar a Palavra viva de Deus a outras pessoas dando o melhor de si nessa sublime tarefa. Esses verdadeiros “heróis” atuam em Escolas Dominicais, classes de discipulado, pequenos grupos, cursos livres de Teologia e em outras atividades educacionais da Igreja. Suas contribuições, sem dúvida, só poderão ser realmente mensuradas na Eternidade. O impacto do trabalho desses heróis, contudo, alcança-nos no agora...

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O AU TO R

Roney Cozzer serve a Deus e a Igreja como presbítero, palestrante, escritor e professor de teologia. É membro da Assembleia de Deus Central de Porto de Santana, em Cariacica (ES), igreja esta liderada pelo Pastor Evaldo Cassotto. É casado com Dolarize Alves Vieira Cozzer desde 2003, com quem tem uma linda filha, a Ester Alves Cozzer, de oito anos. Sua

formação teológica

inicia no Curso de nível Médio de Teologia

da Escola de Educação Teológica das Assembleias de Deus (EETAD), que ele concluiu em 2011, vindo depois a graduar-se em Teologia em 2014. Realizou o Curso de Extensão Universitária “Iniciação Teológica” pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), entre os anos 2014 a 2016. Cursou o mestrado em Teologia pelas Faculdades Batista do Paraná (FABAPAR), entre os anos 2016 a 2018, na Linha de Pesquisa “Leitura e Ensino da Bíblia”, realizando a defesa de sua dissertação em março de 2018. O título da dissertação foi: “Contribuições da Leitura Popular da Bíblia para a formação integral do indivíduo: uma proposta de ensino a partir da educação cristã e sua cosmovisão”. Fez complementação pedagógica em História (2013), possui formação em Psicanálise (2014), pós-graduação em Metodologia do Ensino 39

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de História e Geografia (2014) e em Psicopedagogia Clínica e Institucional (2015). Atualmente, cursa Licenciatura em Letras Português pelo Centro Universitário Internacional Uninter. Participou

como autor e pesquisador

do Projeto Historiográfico do

Departamento de Missões das Assembleias de Deus do Vale do Rio Doce e Outros (DEMADVARDO) entre os anos de 2016 e 2018, que culminou com a publicação do livro O Vale em chamas: história do Departamento de Missões das Assembleias de Deus do Vale do Rio Doce e Outros (2018). Serviu

e serve como professor de teologia

em seminários e cursos de

teologia na Grande Vitória, além de ministrar palestras relacionadas à Bíblia, Teologia, Família e Educação Cristã. No ensino superior, vem atuando desde 2018 como docente, coordenador pedagógico, conteudista e gestor de polos. Atualmente, é docente, coordenador pedagógico e gestor de polos na Faculdade FABRA. Para

mais informações sobre o autor

e acesso gratuito a diversos

conteúdos de sua autoria, como artigos científicos, sua dissertação de mestrado, reflexões, apresentações em Power Point de palestras e aulas, palestras em vídeo e videoaulas e esboços, acesse o Blog Teologia & Vida (disponível em: <www.teologiavida.com> Acesso em 17 mai. 2019). CONTATOS E ATIVIDADES DO AUTOR NA INTERNET E-mail: roneyricardoteologia@gmail.com Blog: Teologia & Vida (www.teologiavida.com) Canal no Youtube: Repensando meu Cristianismo Currículo Lattes: lattes.cnpq.br/3443166950417908

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O QU E É E S C R EV E R ? Escrevo há vários anos e tenho aprendido que o ato de escrever é sim uma arte. Para um escritor, o texto final que se apresenta bem escrito, rico de conteúdo e rico no arranjo ortográfico, é sem dúvida uma bela obra de arte a enobrecer a mente. Mas escrever também requer técnica e muito empenho. Neste sentido, escrever, para mim, é como ler: requer trabalho, muito trabalho! Sei do imenso valor de uma produção original. Sabemos que não há total consenso quanto à definição do que significa ser um teólogo e ser um filósofo. Para alguns, só é teólogo e só é filósofo aquele que produz algo com originalidade, tipo o que fizeram pensadores como Barth, Bultmann, Bonhoeffer, Nietzsche, Heidegger, Ricoeur, etc. Para outros, uma vez tendo concluído um bacharelado em Teologia ou em Filosofia, já se pode afirmar que o indivíduo é teólogo ou filósofo. Particularmente, prefiro pensar que mesmo não construindo uma categoria nova na Teologia ou na Filosofia, se um indivíduo pesquisa e produz em Teologia e em Filosofia, ele pode sim ser considerado um Teólogo ou Filósofo. É fato que o conhecimento se sobrepõe, precisa ser preservado e retransmitido tanto a novas gerações, como às gerações que não o possuem. Neste sentido, me coloco entre aqueles que mesmo não sendo capazes de oferecer uma nova categoria na Teologia, leem, pesquisam e escrevem sobre Teologia objetivando levar a outros o conhecimento da área. E o faço com prazer. O conhecimento da Teologia que se alicerça sobre as Escrituras produz libertação intelectual, amadurecimento espiritual e vida cristã prática na realidade concreta. Escrever, portanto, no sentido aqui abordado, não significa necessariamente trilhar uma via de total ineditez e originalidade, mas também não é o mesmo que produzir uma escrita estéril, não própria e que não ofereça contribuições novas.

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Escrever é repisar conceitos antigos, mas os conectando com a realidade abordada, no hoje, no agora. Escrever é reafirmar verdades outrora pensadas e ditas por outros pensadores, na mesma medida em que elas são conectadas com o presente. Escrever é também afirmar por meio das letras aquilo em que creio, mas uma crença na qual não estou solitário. Outros teólogos afirmaram essas mesmas verdades sobre as quais agora me debruço. Escrever é o reflexo de como encaro e reajo a essas mesmas verdades e então as comunico a outros por meio da palavra escrita. Escrever, assim como ler, é viajar. É deslocar-se do “claustro” do escritório particular na minha casa para falar ao coração e à mente de pessoas que eu nunca verei, mas com as quais me conecto por meio dos assuntos de interesse comum e do ideário bíblico, ético e teológico que nos une (no meu caso, que sou teólogo). Escrever, diante disto - penso que não é exagero afirmar - é também um milagre fantástico. Escrever, para mim, é um ato fundante, no sentido de que enquanto escrevo me construo, refaço-me, reflito e repenso. É um retorno constante que enquanto abre novos horizontes, e também reafirma marcos antigos, leva-me para frente, propulsiona-me ao crescimento. Um paradoxo, sem dúvida: como pode um ato que me faz rever e repensar tantas vezes conceitos e fatos me fazer avançar? Para mim, escrever constitui assim um delicioso paradoxo... Escrever, como afirmei no início desse texto, é sim uma arte, mas também uma técnica. Às vezes escrever é caminhar por um deserto: uma tarefa árida e solitária. A tecnicidade necessária em alguns textos, a pesquisa em campos ainda inexplorados que nos desafiam com suas palavras novas (parecem-me até neologismos) e o contato com textos muito complexos no campo da Teologia e da Filosofia representam um grande desafio a ser continuamente superado e que pode tornar o ato da escrita até mesmo muito cansativo. Mas o fruto desse trabalho é 42 | R O N E Y C O Z Z E R

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arte! Escrever também é arte! Mesmo um texto mais técnico requer sim a combinação de sensibilidade e perícia, profundidade e leveza, subjetividade e clareza. Escrever – afirmo por fim – é de certo modo “imprimir a alma”. É um ato que vai ao encontro da razão e do coração de quem me lê. Escrever requer diálogo com as grandes mentes do mundo, afinal, só escreve de fato quem lê constantemente. Escrever é um “êxtase do agora” que documenta para a posteridade. O que é escrever? É arte e técnica a serviço do outro!

O autor escrevendo, claro.

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APR E S E NTAÇ ÃO A ideia desta enciclopédia nasceu em abril de 2018 quando trabalhava em meu escritório, em minha casa, em Porto de Santana, Cariacica (ES). Sentindo necessidade de reunir todos os meus trabalhos literários em um só arquivo de Word, com objetivo de facilitar a consulta, pedi ao amigo Elias Mendonça que viesse ao meu escritório e fizesse esse trabalho para mim, pois eu me encontrava muito ocupado com outras atividades. E ele prontamente me atendeu. Passados dois ou três dias, enquanto cumpria meus afazeres normais do dia a dia, de repente me ocorreu um insight: Por que não transformar todo este conteúdo1 em uma espécie de enciclopédia para, assim, poder disponibilizar o meu trabalho, que é resultado de mais de uma década de pesquisa e produção textual, para leitores e leitoras? A ideia me foi muito agradável, pois isso me levaria a reorganizar todo o conteúdo – o que fiz ao longo de quase dois anos de trabalho – e deixá-lo mais organizado e útil. Pois bem. Enviei uma mensagem em áudio via WhatsApp ao Elias, comentando a respeito da ideia. No dia seguinte conversei por telefone com outro amigo, o Pastor Eliel de Souza, líder da Assembleia de Deus em João Neiva (ES), ele também um escritor, buscando uma segunda opinião. Tanto ele quanto o Elias deram total apoio e incentivo ao projeto. A ideia começava assim a ganhar forma. Logo comecei a editar a enciclopédia e pude visualizar um sonho que haveria de se realizar, pela graça de Deus. Foi uma tarefa árdua, e que me fez lembrar algumas vezes uma frase inesquecível para mim: “Uma ideia pela qual não sofreste não lhe pertence”. Passados alguns meses, este projeto que começou com um insight e foi prontamente incentivado por amigos, chegou ao conhecimento da Gerente Editorial da Editora Reflexão, Caroline Dias de Freitas, por meio de um primeiro contato que fiz com ela via Facebook e depois por telefone. Nosso diálogo se estendeu durante alguns meses, tempo que eu mesmo demandei para prosseguir 1

O arquivo original, sem editoração, havia ficado com mais de 2.400 laudas!

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editando a Enciclopédia e fazendo os ajustes necessários para que, finalmente, a publicação pudesse assim acontecer. Desse modo, o que inicialmente seria apenas um arquivo para uso individual, tornou-se uma obra a serviço do público ledor. Me senti imensamente honrado quando a Caroline me comunicou que por ocasião da publicação desta Enciclopédia, ela representa o maior projeto editorial da Editora Reflexão até então, uma editora que naquele momento do nosso contato, dispunha de um catálogo de mais de 550 obras, conforme me foi informado pela própria Caroline.

Uma pergunta a mim mesmo Durante a construção deste projeto, uma pergunta me “perseguiu”: “Por que mais uma enciclopédia teológica?” Confesso ao leitor ou leitora que procuro admitir – humildemente – que meu trabalho não possui a qualidade de ser totalmente inédito, o que poderia levá-lo a ser considerado uma contribuição ímpar na literatura cristã. E embora eu possua formação teológica a nível de mestrado, isto também não faz com que minha obra seja algo totalmente original. Na verdade, ela é resultado de pesquisa, ressalto, de vários anos de pesquisa e produção. É óbvio que muitos insights são meus, propriamente meus e nesse sentido creio que em alguns momentos apresentarei contribuições específicas, mas nada que me permita afirmar que esta obra surge como algo totalmente inédito. Devo mencionar ainda que, de certo modo, esta pergunta (“Por que mais uma enciclopédia teológica?”) não me ocorreu exclusivamente a partir da construção deste projeto, pois ela já me segue há vários anos em minha atividade como escritor de livros: “Por que trazer mais livros à lume?” E tenho encontrado, sim, algumas respostas ao longo da jornada que me motivaram e que aqui uso para justificar esta enciclopédia. Em primeiro lugar, o conhecimento precisa ser multiplicado. A produção literária replica, multiplica, inova, renova e também preserva o conhecimento. Novos livros não são só um amontoado de papel com tinta impressa neles. Obras novas circulando são veículos de comunicação e de transmissão 46 | R O N E Y C O Z Z E R

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de saberes, inclusive para as novas gerações. A leitura nos demove de nossos “guetos existenciais”, que tendem a nos “confinar”, e nos permite “olhar além, ouvir além e ir além”. Como Clarice Lispector, não procuro ser um profissional da escrita. Escrever para mim é uma missão, no sentido de servir ao outro, mas não uma obrigação. Escrevo alegre, livre e de modo independente, sabendo que me uno a muitos que, como eu, ajudam a tornar melhor a Igreja e a sociedade por intermédio das letras. Em segundo lugar, quero dar a minha singela contribuição. Em muitos momentos, na condição de escritor, me senti apenas mais um autor dentre tantos produzindo livros. E até cheguei a pensar se alcançaria de fato as pessoas com as minhas obras. Mas pude perceber que tenho leitores! Parece óbvio, e talvez até seja, mas fato é que a despeito de possuirmos excelentes obras no mercado editorial cristão, sempre teremos leitores ávidos por conhecimento que ao lerem os nossos livros irão conhecer e/ou rever conceitos importantes por meio da nossa escrita. Neste sentido, sinto-me feliz por poder agora oferecer ao leitor e a leitora a minha contribuição, que é fruto de anos de pesquisa séria e de produção textual. Ouso encaixar esta obra e a mim mesmo na descrição que o editor-livreiro parisiense Edouard Rouveyre fez, em 1880, a respeito dos livros. Ele comenta o seguinte: “[...] reputa-se bom um livro que alcança com êxito a finalidade proposta pelo autor, mesmo que consinta erros. Desse modo, um livro poderá ser bom ainda que seu estilo seja ruim. Consequentemente, um historiador bem informado, sensato e diligente, um filósofo que raciocina com apuro sobre princípios corretos, um teólogo ortodoxo que não se afasta das Escrituras e das máximas da Igreja (primitiva), todos estes devem ser considerados bons autores, mesmo que em seus livros sejam encontrados algumas negligências, problemas de estilo e erros banais”.2 Outra razão para trazer a público esta enciclopédia é que ela me permite consolidar uma obra. Ao longo dos anos, estudei de modo considerável, uma atividade que continua fazendo parte de minha rotina. Meus textos brotam desse esforço contínuo. Minha formação maior é em Teologia (Bacharelado 2

ROUVEYERE, Edouard. Dos livros. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003. p. 57-9.

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e Mestrado), mas também fiz Segunda Licenciatura em Pedagogia e Pós-graduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional. Fiz estudos de Complementação Pedagógica em História e uma Pós-graduação em Metodologia do Ensino da História e da Geografia. Logo após concluir minha graduação em Teologia, iniciei meu curso de Psicanálise Clínica3 e também o meu Curso de Extensão Universitária “Iniciação Teológica” pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Mas além dessas áreas, também sou apaixonado por livros, o que me levou a fazer alguns cursos pela UNIL-UNESP na área de editoração de livros. Assim, diversas áreas de estudos são contempladas nesta enciclopédia justamente porque meus estudos, nesses campos de conhecimento, foram gerando textos. Desse modo, você encontra aqui um pouco de Teologia, Psicanálise, Educação, Filosofia, Sociologia, História, edição de livros, dentre outros assuntos. Para mim, é muito gratificante poder colocar no papel o resultado de tanto tempo de trabalho, pelo que louvo a Deus por isto e anseio profundamente que esta obra possa contribuir de modo efetivo para com todos os leitores, e espero que sejam muitos!

E o estilo? Isto foi um desafio, confesso! Como a Enciclopédia reúne textos meus escritos durante vários anos, na editoração dela senti a dificuldade de unificar o estilo, visto que o estilo de um autor pode mudar com o passar do tempo. E comigo isto de fato aconteceu. Os meus textos recentes, especialmente os que produzi depois do mestrado, que iniciei em 2016, são bem menos pessoais. Aliás, é comum na escrita acadêmica evitar-se a pessoalidade. Mas na editoração da Enciclopédia fiz questão de manter a pessoalidade em diversos textos que produzi há vários. Procurei reduzir um pouco, mas realmente não quis remover de todo essa característica dos meus textos. Esta escolha teve uma razão de ser. Não quis ser tão acadêmico ou formal demais, ainda que minha formação acadêmica tenha incidido direta e positiva3

Atualmente nem se usa mais esta palavra – “clínica” – em conexão com a Psicanálise, por ela constituir uma prerrogativa médica.

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mente na editoração desta Enciclopédia. Vi nessa escolha uma forma de me manter mais “próximo” dos meus leitores. E creio que essa característica dos meus textos é reflexo da minha atuação como professor de Teologia, lidando com alunos em sala de aulas durante vários anos. Devo mencionar ainda que a maior parte dos meus livros, que foram adaptados à esta Enciclopédia, foram escritos com objetivo didático-teológico. Meu desejo, assim, é que a leitura desta obra seja, de certo modo, um “diálogo”. Assim, os pronomes pessoais estão presentes. E por vezes, em determinadas afirmações e informações compartilhadas, faço uso, flexionando ou não, da primeira pessoa do plural, “nós”, inferindo com isto que essas afirmações e informações não são exclusivamente minhas, mas encontram paralelo em teólogos, comentaristas bíblicos, exegetas e demais especialistas nas áreas abordadas nos artigos, verbetes, esboços e outros conteúdos. Noutros momentos, o “nós” é também usado para indicar a participação dos leitores no que se está afirmando ou mencionando. Na verdade, esta enciclopédia reúne textos meus produzidos ao longo de mais de uma década e, portanto, reflete vários momentos da minha produção intelectual, bem como registra, de certo modo, a evolução na qualidade da escrita. Faço convergir nesta obra a experiência adquirida durante os anos, seja como leitor, seja como escritor, seja como revisor, seja como diagramador, seja como pesquisador e seja como acadêmico. Neste último caso, com efeito, minha experiência no mestrado em Teologia contribuiu muito para o melhoramento na qualidade da minha escrita e na qualidade da minha pesquisa, todavia, mesmo trazendo de lá essas contribuições, como o cuidado com as fontes utilizadas e o uso adequado delas, ainda assim optei por manter a pessoalidade nesta obra em vários momentos, demonstrando com isto o desejo de “estar próximo do meu leitor ou leitora”, como mencionado anteriormente. Quero imaginar a leitura desta enciclopédia como um processo dialogal. Assim, não se escandalize com o uso das pessoas verbais nesta obra.

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E o ethos? Toda a minha vida como cristão tem sido desenvolvida no contexto pentecostal. Mesmo tendo amadurecido ao longo dos anos um ministério de ensino, de palestras e de pregações de caráter interdenominacional, eu mesmo só fui membro de duas denominações ao longo de toda a minha vida, e todas elas pentecostais. A primeira, um ministério independente que durou 12 anos aproximadamente chamado Igreja Missionária Caminho do Céu, igreja essa que foi fundada por minha mãe e que, por sua vez, teve sua formação cristã na Igreja de Deus no Brasil, uma das denominações pioneiras do pentecostalismo.4 Minha mãe levou toda a tradição recebida para a Igreja Missionária o que a definiu exatamente como uma igreja local bem ao ethos pentecostal. Ainda sinto muitas saudades da “igrejinha”... Em 2002, mais precisamente, em seis de janeiro de 2002, filiei-me à Assembleia de Deus onde permaneço até hoje.5 Embora eu só tenha falado em línguas por ocasião da minha experiência com o batismo com o Espírito Santo, penso ser justo considerar-me como um cristão genuinamente pentecostal, e convicto, seja por experiência pessoal, seja pela tradição a que sempre pertenci e seja pela Teologia Pentecostal que conheço e que ensino. Cresci lendo teólogos pentecostais, brasileiros e estrangeiros, esses últimos através de obras traduzidas, além das profundas e marcantes experiências pentecostais que tive ao longo da minha vida no interior da vivência eclesial pentecostal. Conquanto meu trabalho, aqui, seja dialogal, transdisciplinar, não nego meu ethos. Sou pentecostal! E tenho alegria de ter conhecido o evangelho em uma “igrejinha” pentecostal, onde pude experienciar na prática “o significado de ser igreja” e o significado de conhecer um Cristo vivo e real, e não o Jesus 4

A Igreja de Deus no Brasil é, na verdade, uma vertente da Igreja de Deus de Cleveland, nos Estados Unidos, esta uma das denominações pentecostais surgidas na década de 1880, antes ainda de Azusa.

5

Por razões diversas, mudei de igreja local algumas vezes, mas sempre vinculando-me, com minha família, a alguma Assembleia de Deus, nunca outra denominação.

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empoeirado da Busca6, ou o Jesus existencialista de alguns filósofos, ou mesmo o Jesus distante que nos é apresentado por religiosidades evangélicas em excesso formais e sem vida. Portanto, não estranhe o leitor se em algum momento da leitura desta Enciclopédia, você se deparar com expressões – que fiz questão manter na revisão geral – que “denunciem” meu estilo e ethos pentecostal. E claro: as muitas referências a autores pentecostais espalhadas pelos artigos, esboços e indicações que faço nesta Enciclopédia. Minha oração é no sentido de que esta obra possa, inclusive, contribuir para reduzir os “espantalhos”, as caricaturas e os preconceitos nutridos por irmãos de outras denominações contra pentecostais. É fato que o Pentecostalismo tomou alguns rumos muito tristes, e a nossa querida Assembleia de Deus enfrenta sérios desafios doutrinários, relacionais e institucionais, mas quem, assim como eu, conheceu o Pentecostalismo em seu “estado da arte”, como suspeito que seja o meu caso, não consegue simplesmente esquecê-lo e prossegue crendo que “o vento sopra onde quer...”.

Por que uma “Enciclopédia Teológica numa perspectiva Transdisciplinar”? Minha pesquisa tem se concentrado, ao longo de todos esses anos, majoritariamente no campo da Teologia. E esse foi um processo natural, visto que Teologia para mim é questão de vocação e formação. Minha formação maior é em Teologia (Curso Médio, Bacharelado e Mestrado em Teologia até o momento). Admito, contudo, que nunca consegui me concentrar exclusivamente nos estudos sobre Teologia, e não por qualquer possível insatisfação pessoal com os estudos teológicos, mas porque a própria Teologia reivindica esse diálogo com outras disciplinas. E confesso aos leitores que tem sido muito gratificante para mim manter esse diálogo ao longo do tempo. Para minha pesquisa teológica é muito enriquecedor realizar esse “percurso” e manter diálogo com outras grandes mentes que pesquisaram, produ-

6

Referência à Busca do Jesus Histórico.

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ziram e escreveram em outras áreas de conhecimento como a Psicanálise, a Filosofia, a Pedagogia, a Didática, a História, dentre outras. E louvo a Deus porque, de certo modo, posso agora compartilhar com você, por meio desta Enciclopédia, os resultados desse “percurso transdisciplinar”. Você poderá perceber durante a leitura desta obra, que de maneira recorrente correlacionei disciplinas, em diversos artigos, alinhando temas e buscando contribuições de uma área para outra. Hoje, se valoriza muito a transdisciplinaridade. Fala-se e escreve-se sobre Transdisciplinaridade, Multidisciplinaridade e Interdisciplinaridade. Cada conceito possui sua especificidade, mas eles mantêm certa relação entre si. Neste trabalho optei pelo conceito de “Transdisciplinaridade” porque ele é de fato o conceito que melhor corresponde ao conteúdo desta Enciclopédia. A palavra “Transdisciplinaridade” representa, basicamente, o esforço no sentido de diminuir a fragmentação do conhecimento humano, um fato constatado por pesquisadores da área da Epistemologia. Foi o psicólogo suíço Jean Piaget o primeiro a usar, na literatura, o termo “Transdisciplinaridade” oferecendo uma clara definição do conceito: “[...] enfim, no estágio das relações interdisciplinares, podemos esperar o aparecimento de um estágio superior que seria “transdisciplinar”, que não se contentaria em atingir as interações ou reciprocidades entre pesquisas especializadas, mas situaria essas ligações no interior de um sistema total sem fronteiras estáveis entre as disciplinas”.7 A transdisciplinaridade é assim um esforço no sentido de produzir um conhecimento unificado, a partir das contribuições de disciplinas específicas, sem que elas se fechem no sistema rígido não dialogal. A Transdisciplinaridade é uma reação assim ao ensimesmamento de disciplinas, que rejeitam a interrelação entre saberes. A Transdisciplinaridade – é fundamental destacar – não necessariamente propõe que as disciplinas em diálogo se descaracterizem em suas especialiadades e especificidades, mas sim que proporcionem in-

7

PIERRE, Weil. Rumo à nova Transdisciplinaridade: sistemas abertos de conhecimento. São Paulo: Summus, 1993, p. 30.

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terações úteis, reconhecendo assim “a interdependência de todos os aspectos da realidade”.8,9 Para mim, a experiência de pensar a Teologia em termos transdisciplinares tem sido fantástica, visto que uma Teologia “fechada”, não-dialogal e que “não olha para os lados” nem mantém os “pés no chão”, por mais que arvore dar toda glória somente a Deus, haverá de ser uma Teologia pobre, ensimesmada e que acaba limitando seriamente sua própria contribuição. Teologia precisa abrir-se ao diálogo com outros saberes, com outras disciplinas; o teólogo deve assumir para si o desafio “psicanalítico temporal” de ser capaz de ouvir o seu próprio tempo, e a Transdisciplinaridade se coloca como grande contribuinte nesse sentido. Estou convencido que, no final das contas, estamos apenas recorrendo a recursos e reflexões que, de modo embrionário, já se encontram no ensino do Mestre amado, o Senhor Jesus: Ele ensinava à partir de seu tempo e para o seu tempo (ainda que seu ensino tenha transcendido sua própria época). Ele falava a linguagem das pessoas com as quais convivia, sendo capaz de emudecer os doutores da Lei e falar ao coração do povo simples. Ele soube, como ninguém, conjugar simplicidade e profundidade em seu ensino. Como teólogo que comunico pela internet, pelo ensino, pela pregação e pela escrita, assumo para mim este desafio.

8

PIERRE, 1993, p. 31.

9

Weil Pierre discorre, citando Erich Jantsch (1980), sobre as diferenças entre Multidisciplinaridade, Interdisciplinaridade e Transdisciplinaridade: “A pluri ou multidisciplinaridade é a justaposição de várias disciplinas sem nenhuma tentativa de síntese. É o modelo que predomina na universidade francesa. A interdisciplinaridade trata “da síntese de duas ou várias disciplinas, instaurando um novo nível do discurso (metanível), caracterizado por uma nova linguagem descritiva e novas relações estruturais”. A transdisciplinaridade, segundo o autor, “é o reconhecimento da interdependência de todos os aspectos da realidade”. A transdisciplinaridade é a consequência normal da síntese dialética provocada pela interdisciplinaridade, quando esta for bem sucedida. Esse ideal, disse o autor, nunca estará completamente ao alcance da ciência, mas poderá orientar de modo decisivo a sua evolução” (PIERRE, 1993, p. 31).

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Conteúdo devocional numa enciclopédia teológica? Pois é! E por que não? Esta enciclopédia tem vários conteúdos voltados ao aspecto devocional. Não podemos negar que a devoção é uma bênção em nossas vidas e representa, de certa maneira, a própria vida cristã. Sem devoção não há vida cristã. O que somos na vida devocional reflete diretamente na vida que vivemos perante o mundo. Por que não incluir temas devocionais numa obra desta natureza? Julgo que assim como foi e tem sido útil a mim, será também ao leitor. Embora não tenha preenchido grande parte desta obra com temas devocionais, o teor devocional a perpassa. Sendo esta obra também direcionada ao aspecto devocional da vida cristã, e não apenas à pesquisa teológica, decidi, na medida em que o trabalho foi avançando, incluir seções práticas como a seção PARA PREGADORES E EDUCADORES CRISTÃOS: ESBOÇOS DE SERMÕES E DE PALESTRAS. Você encontrará também textos distribuídos ao longo da obra intitulados DEVOCIONAL e REFLEXÃO. São abordagens sobre temas variados, sempre pensados em relação à vida cristã, à condição atual da Igreja brasileira e a outros temas atrelados à vida. No caso da seção PARA PREGADORES E EDUCADORES CRISTÃOS: ESBOÇOS DE SERMÕES E DE PALESTRAS, o que ocorre é que ao longo dos anos, produzi vários esboços de sermões e palestras, demandados pelas minhas ministrações em diversas igrejas por alguns estados do Brasil, mormente em meu estado, o Espírito Santo. Não espero – como professor de Homilética – que o leitor ou leitora reproduza de modo automático esses esboços, mas sim que eles sirvam de ponto de partida, um a priori, para fins de comparação e como fontes de informação para a análise bíblica, histórica e teológica.

Resultado de mais de 10 anos de pesquisa e produção literária Esta enciclopédia reúne diversos livros que escrevi a partir de 2008, vários outros trabalhos produzidos em cursos que realizei, também alguns artigos científicos, apostilas e comunicações acadêmicas preparadas durante o meu mestrado

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em Teologia.10 Naturalmente, ela passou por um processo de revisão geral, em que os textos foram adaptados para atender ao ideal deste projeto. É importante destacar isto até para que o leitor entenda a razão de eu não ter me preocupado em apresentar uma obra que fosse exaustiva e que trouxesse artigos e verbetes de outros diversos assuntos que poderiam ter sido abordados. E neste sentido, não sou o único autor de uma enciclopédia a fazer isto.

O que você encontrará nesta Enciclopédia? Artigos e verbetes São quase 300 ao todo. Artigos de Teologia, de História, de Educação, de Psicanálise e de outras áreas do conhecimento com as quais tenho dialogado ao longo de vários anos. Eles foram dispostos em ordem alfabética objetivando facilitar a sua localização pelo leitor e leitora, como acontece em obras desta natureza. Esses artigos e verbetes – deve ser lembrado aqui – foram adaptados a partir de diversos trabalhos que escrevi ao longo de uma década. Eles podem ser encontrados em alguns livros meus, inclusive, mas aqui reorganizei todo esse conteúdo na forma enciclopédica a fim de torná-lo mais “acessível”, didático e útil. Esta foi a intenção original e agora, com alegria, posso compartilhar com os meus leitores. Cronologia Bíblica Situar os textos bíblicos e os fatos da História (bíblica e não bíblica) é fundamental para entender as Escrituras e a História de um modo mais amplo. A cronologia bíblica é fundamental para nos ajudar a compreender as narrativas bíblicas, quando nos auxilia a situá-las no tempo. Um princípio hermenêutico fundamental para o correto entendimento das Escrituras é justamente considerar o contexto histórico, pois isto nos permite perceber o porquê de determinadas expressões, modos, costumes e crenças que são refletidos no texto bíblico. Essa Cronologia Bíblica, assim como as outras duas (Cronologia Eclesiástica e Crono10 Optei por não incluir a minha dissertação de mestrado, objetivando publicá-la no futuro como obra independente.

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logia Teológica), não são exaustivas, mas creio que serão muito úteis no sentido de sumariar eventos importantes e tecer comentários elucidativos sobre eles. Cronologia Eclesiástica Uma cronologia eclesiástica nos auxilia na compreensão do nosso próprio ethos cristão, de modo que aquilo em que cremos, que pregamos e que praticamos hoje, como ekklesia, é em grande medida o resultado de séculos de fatos ocorridos no passado na vida da Igreja. Se a cronologia bíblica foca nos eventos bíblicos, uma cronologia eclesiástica foca na história da Igreja. Cronologia Teológica Para estudantes da disciplina Teologia, mas, especialmente para estudantes de Teologia Contemporânea e História do Cristianismo, aqui reside uma importante ferramenta. O objetivo desta seção é alistar os principais eventos do pensamento teológico ao longo da história do Cristianismo. Ainda que esta seleção passe pela minha escolha pessoal, evidentemente ela encontra amparo na comunidade acadêmica teológica que reconhece esses eventos e sua importância para a Teologia. Por mais que o aprofundamento nos eventos históricos da Teologia seja fundamental, considerar de modo objetivo os principais fatos da história da reflexão teológica cristã, a partir de uma cronologia como esta, disponível aqui, ajuda muito no sentido de obter uma visão panorâmica, conhecer autores principais e que ajudaram a consolidar teologias e conhecer essas teologias. Isto, além de contribuir para perceber o impacto desses eventos não apenas nos círculos teológicos, mas na cristandade de um modo geral. Esboços de Sermões e Palestras Ao longo dos anos, venho proferindo palestras e pregações em algumas centenas de igrejas. Com grata satisfação disponibilizo aqui aos leitores este material que poderá auxiliá-lo na assimilação do que é e como se prepara um esboço, de sua importância para o ministério do ensino e da pregação, auxiliando também na elaboração de novos esboços e ainda, sendo fonte de muitas 56 | R O N E Y C O Z Z E R

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informações nas áreas da Teologia, da Teologia Bíblica, da Educação Cristã entre outras. Índice Temático A ideia do Índice Temático me ocorreu há alguns anos enquanto pesquisava e sentia a necessidade de ir anotando, por área de estudos, as obras às quais eu estava recorrendo. Daí surgiu o Índice Temático que agora compartilho com você, prezado leitor ou prezada leitora. Obviamente, ele não pretende ser exaustivo, mas alista centenas de referências bibliográficas e não bibliográficas às quais recorri. Ele está organizado por assuntos em diversas áreas do conhecimento. Meus alunos e também leitores da internet sempre me pedem indicações de leitura, o que de algum modo evidencia a necessidade de boas indicações de leitura. Outros conteúdos Informações de cunho biográfico sobre importantes personagens bíblicos, da História da Igreja e da História Geral são também encontradas nesta Enciclopédia. Grandes teólogos são revisitados, bem como o seu pensamento, além de outros personagens importantes. Por vezes, para entender o pensamento, a obra e determinados fatos que envolvem pessoas, é preciso conhecer um pouco sobre quem elas foram. Você também encontrará textos devocionais, como mencionado anteriormente. Esses devocionais aparecem em separado, como também em trechos menores inseridos nos próprios artigos e verbetes. Não deve o leitor ou leitora presumir que esses textos indicam que esta obra, em seu conjunto, não tenha rigor metodológico e conceitual. Em minha jornada na leitura e pesquisa acadêmica sempre procurei conjugar espiritualidade e razão, devoção e episteme e, a propósito, ler autores competentes enquanto lia autores tementes a Deus, associando sensibilidade com racionalidade. Penso que a devoção aplicada à vida pessoal do estudante de Teologia, do professor de Teologia, do pesquisador, enfim, contribui para a construção de uma jornada teológica que nos mova para Deus e para o próximo, que nos permita ouvir, com nosso coração, a Deus e ao próximo.

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Concluindo... Concluo esta apresentação desejando a você uma ótima leitura e pesquisa nesta Enciclopédia. Minha oração a Deus, por ocasião da editoração e publicação desta obra, é que ela seja uma ferramenta útil a muitos leitores espalhados pelo nosso Brasil. 7 de fevereiro de 2020, Araruama, Rio de Janeiro, Em Cristo, Roney Cozzer... apenas um escritor que não deu certo.

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A RT IGOS & V E R BETES

E M O R D E M A L FA B É T I CA

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parável amor proverá 144 mil testemunhas, que anunciarão ao mundo o evangelho. Esses 144 mil são judeus, santos homens de Deus, advindos das doze tribos de Israel, como fica claro nos textos bíblicos em apreço. Eles serão perseguidos pelo Anticristo e provavelmente2

144 MIL DE APOCALIPSE 7.18 E 14.1-5, OS.1 É glorioso observar que mesmo nos tempos de maiores trevas espirituais sobre a humanidade, Deus não ficou sem testemunhas para

serão martirizados, haja vista a diferença dos cenários: no capítulo sete eles são vistos na Terra, ao passo que no capítulo 14 eles são vistos juntos ao “[...] Cordeiro em pé sobre o monte Sião”.

testificar do Seu nome. Isso aconteceu no passado bíblico, com Elias, que chegou a pensar que somente ele havia restado dos profetas do Senhor: “Ele respondeu: Tenho sido zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só...” (1 Re 19.10). Deus, no entanto, reservara para Si sete mil que não haviam se contaminado com o culto idólatra a Baal (1 Re 19.18). Considerar o significado dessas passagens do livro de Apocalipse significa também refletir sobre este assunto. No período da Grande Tribulação não

24 ANCIÃOS DE APOCALIPSE, OS. Afinal quem são os 24 anciãos descritos no livro de Apocalipse (4.4,10; 5.8; 11.16 e 19.4)? Várias respostas são dadas aqui: há os que creem que eles são anjos governantes, outros creem que 12 desses anciãos são os 12 patriarcas de Israel e 12 são os doze apóstolos do Cordeiro, representando Israel e a Igreja em adoração a Deus e ainda outros que acreditam que eles representam a totalidade da Igreja no Céu. Quanto a primeira posição

será diferente. Mesmo estando a humanidade mergulhada no pecado, Deus, em seu incom1

Este artigo foi produzido na perspectiva dispensacionalista e pré-tribulacional. Naturalmente, há outras perspectivas interpretativas desses textos do livro de Apocalipse.

2

“Provavelmente” porque há escatólogos que advogam outras possibilidades; há quem defenda a possibilidade de que eles não serão mortos, e ainda, quem defenda a possibilidade de que eles poderão vir a serem mortos ou não, estando a questão em aberto.

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citada, não creio ter ela boa base bíblica, pois vemos que os anjos são citados como estando ao redor dos anciãos (Ap 5.11 e 7.11) o que indica distinção entre os anjos e os anciãos. Quanto a segunda posição citada, de que 12 seriam os 12 patriarcas e 12 seriam os 12 apóstolos do Cordeiro, também não creio nessa posição por uma razão: não vejo motivo para os doze patriarcas, filhos de Jacó, aparecerem numa posição tão distinta como a que vemos aqui, pois eles não tiveram uma vida com Deus tão expressiva, não todos. Aliás, eles aparecem nas páginas antigotestamentárias de forma negativa. Dentre eles, o que se destacou quanto ao andar com Deus foi José, vendido pelos seus irmãos – os demais patriarcas. A posição aqui adotada é a terceira, de que são representantes da Igreja em todos os tempos, em sua totalidade. Essa é a posição de C. I. Scofield, que afirma: “Estes anciãos representam a Igreja. A palavra “ancião” tem importância eclesiástica (1 Tm 5.17; Tt 1.5). No Novo Testamento, as coroas são apresentadas exclusivamente

A AMBIVALÊNCIA DO CONTEXTO RELIGIOSO: ADOECIMENTO E CURA. APORTES DA TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL Sandra Helena do Nascimento4 Roney Ricardo Cozzer

INTRODUÇÃO A Terapia Cognitivo Comportamental (daqui para frente, apenas TCC) se coloca como uma das várias terapias, hoje existentes, com vistas a auxiliar as pessoas em problemas relacionados à sua psique. Como se sabe, a TCC é desenvolvida principalmente a partir dos estudos em torno de quadros de depressão realizados pelo psiquiatra e pesquisador norte-americano Aaron T. Beck (1921-) na década de 1960 e atualmente é entendida como uma forma de lidar com diversos tipos de problemas e transtornos psicológicos.5 O interesse pelos problemas

como recompensa para os fiéis na Igreja. Os anciãos sentam-se em tronos que estão associados com o trono do juízo de Deus (Ap 4.2-4; comp. 1 Co 6.2,3; 2 Tm 2.12)”.3

3 SCOFIELD, C. I. Bíblia de Estudo Scofield. São Paulo: Holy Bible, 2009, p. 1.166.

4

Psicóloga e pós-graduanda em Psicopatologia em Dependência Química pela Unyleya. Contato: sandrahelena67@ yahoo.com

5 NEUFELD, Carmem Beatriz. RANGÉ, Bernard P. (org.s.). Terapia cognitivo-comportamental em grupos: das evidências à prática [recurso eletrônico]. Porto Alegre: Artmed, 2017.

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de ordem psicológica vem crescendo e esses

licas ou protestantes; e vale destacar ainda

problemas vêm recebendo atenção especial

que até mesmo os problemas são comuns,

da comunidade médica também. Reconhe-

muitas vezes, bem como as saídas possíveis

ce-se que não apenas o aspecto patológico

são também tangíveis a todas elas, respei-

deve ser considerado no tratamento de pes-

tando-se, é claro, suas especificidades.

soas que sofrem, mas também os aspectos

Duas áreas de estudos “encontram-se” na

psicológicos devem ser observados. Assim, a avaliação psicológica se apresenta como um caminho necessário.

presente pesquisa: a Teologia e a Psicologia. De um lado, a Teologia em face da sua relação com o contexto eclesial, com

O foco da presente pesquisa recai sobre

a Igreja. A Teologia dedica parte de seus

o contexto religioso e as possíveis con-

esforços a entender justamente o que é a

tribuições para o melhoramento das re-

Igreja, em seu aspecto bíblico-teológico,

lações nesse ambiente a partir da TCC.

bem como em seu aspecto funcional, orgâ-

É reconhecido aqui que o ambiente reli-

nico e institucional. A disciplina teológica

gioso provoca uma ambivalência: tanto é

dedicada a esses estudos é a Eclesiologia,

terapêutico como é adoecedor, do ponto

que o teólogo M. Semerano define como

de vista emocional e psíquico. A fim de

sendo “[...] a parte da teologia dogmáti-

situar e delimitar a presente pesquisa, o

ca que estuda a realidade da Igreja”.6 Para

interesse recaiu sobre o contexto eclesial

o teólogo protestante norte-americano

protestante, que abarca segmentos com

Wayne Grudem, “Igreja” é: “[...] a comu-

uma enorme variedade de denominações.

nidade de todos os cristãos de todos os

A despeito dessa variedade, há elementos

tempos. Essa definição compreende que a

cúlticos e doutrinários comuns que per-

igreja é feita de todos os verdadeiramente

mitem que essas igrejas sejam agrupadas

salvos. Paulo afirma: “Cristo amou a igre-

debaixo da mesma nomenclatura: evangé-

ja e entregou-se a si mesmo por ela” (Ef

Disponível em: <https://books.google. com.br/books?id=1tCuDgAAQBAJ&printsec=frontcover&dq=Terapia+Cognitivo+Comportamental&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwil5beZ0obeAhWLj5AKHfQmATYQ6AEIKDAA#v=onepage&q&f=false> Acesso em 14 out. 2018.

5.25). Aqui o termo “igreja” é usado para referir-se a todos aqueles pelos quais Cris6

SEMERANO, M. Eclesiologia in: LEITE, Silvana Cobucci. MARCIONILO, Marcos. et al. Lexicon: Dicionário Teológico enciclopédico. São Paulo, SP: Loyola, 2003, p. 221.

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artigos & verbetes

to morreu para redimir, todos os salvos pela morte de Cristo”.

7

1. A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL

A definição acima apresentada representa

A presente pesquisa aceita o desafio con-

muito bem o sentimento de muitos pro-

siderável de refletir sobre práticas saudá-

testantes em relação a sua compreensão

veis do ambiente eclesial e sobre os pro-

quanto à Igreja. Denota o elo para a sua

blemas desse mesmo ambiente, em diálo-

pertença ao “corpo de Cristo”. Esta é, pois,

go com as contribuições da TCC. Tal re-

uma definição importante neste trabalho.

flexão exigiu dos autores, naturalmente,

Todavia, esse mesmo “corpo de Cristo”

a capacidade de pesquisar e dialogar com

também lida com problemas sérios em seu

diferentes áreas de conhecimento, mais

interior, o que requer de líderes o diálogo

especificamente a Psicologia e a Teologia,

com saberes não teológicos para lidar com

tendo exercido influência o fato de que os

o complexo psíquico das pessoas. O fecha-

próprios autores estão, eles próprios, in-

mento em si do saber teológico não só é

seridos no contexto eclesial, desenvolven-

inviável nos dias atuais, como pode gerar

do atividades junto a comunidades cristãs

complexos e caricaturas dos problemas en-

em regiões de carência social e, no caso da

frentados pelas pessoas, inclusive no am-

Sandra, por sua relação com a Psicologia,

biente eclesial que, não poucas vezes, é ele

tanto pela formação como pelo exercício

mesmo o gerador de problemas de ordem

da profissão.

psíquico-emocional. Assim, a TCC é vista aqui como uma dessas possíveis ferramentas para se lidar com essa ambivalência presente no contexto religioso.

Iniciamos este artigo definindo o que é a TCC, no segundo tópico considera-se alguns dos desafios presentes no contexto religioso, atualmente, o que, naturalmente, implicará numa mudança considerável de linguagem neste artigo, visto que a reflexão, neste caso, recairá sobre o contexto eclesial. Todavia, ao desembocar no tópico três, o

7 GRUDEM, Wayne A. Teologia Sistemática. Trad.: Norio Yamakami. Lucy Yamakami. Luiz A. T. Sayão. Eduardo Pereira e Ferreira. São Paulo: Vida Nova, 1999, p. 715.

presente trabalho apresentará uma reflexão que é baseada justamente no diálogo entre Teologia e Psicologia, verificação psicológica e realidade eclesial.

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A TCC pode ser considerada uma psico-

algumas especificidades desse grupo social

terapia e os psicanalistas Elisabeth Roudi-

que envolve o indivíduo.

nesco e Michel Plon definem “psicoterapia”

A sociedade humana de um modo geral

como sendo um “método de tratamento psicológico das doenças psíquicas que utiliza como meio terapêutico a relação entre o médico e o paciente, sob a forma de uma relação ou de uma transferência”. A TCC 8

tem ganhado força e se apresenta também em modalidades diferentes: pode ser direcionada ao indivíduo como também a um grupo. A TCC também vem sendo usada no tratamento de diversos tipos de problemas psicológicos. “Com suas diferentes modalidades, ela trouxe várias inovações e obteve um crescimento significativo nos últimos anos, quando comparada com outras formas de psicoterapia”.9

reúne vários tipos de grupos sociais, cada qual com suas características próprias. Sigmund Freud (1856-1939) comenta que “[...] é possível distinguir tipos muito diferentes de grupos e linhas opostas em seu desenvolvimento”. O “pai da Psicanálise” prossegue afirmando: Há grupos muito efêmeros e outros extremamente duradouros; grupos homogêneos, constituídos pelos mesmos tipos de indivíduos, e grupos não homogêneos; grupos naturais e grupos artificiais, que exigem uma força externa para mantê-los reunidos; grupos primitivos e

A TCC lida com questões fundamentais

grupos altamente organizados, com es-

à constituição da subjetividade humana

trutura definida.10

como a ressignificação de conceitos, de práticas e de emoções. Comportamento,

Ele coloca a igreja como um grupo artifi-

sintomas evidenciados e o contexto social

cial que requer certa força externa para se

que envolve. Por isto mesmo, é importante

manter agregada e ainda, para sustentar sua

– ou mesmo fundamental – que se conheça

estrutura. Para Freud, um elemento importante para manter essa coesão na Igreja

8

9

ROUDINESCO, Elisabeth. PLON, Michel. Dicionário de Psicanálise. Trad.: Vera ribeiro. Lucy Magalhães. Rio de Janeiro: Zahar, 1998, p. 624. BESSA, Larissa Medeiros. Técnicas de Terapia Cognitivo Comportamental. Brasília, DF: Unyleya, [s.d.], p. 8.

10 FREUD, Sigmund. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud: edição standard brasileira. vol. 18: Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros trabalhos. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1996, p. 99.

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é justamente a convicção de que há um lí-

e do aprendizado, e de modo cumulativo,

der, o “cabeça da Igreja”, Cristo. Ele chama

avaliativo e seletivo, vai reagindo às deman-

esta convicção de ilusão. Nesse grupo, os

das do cotidiano. Desse modo, emoções,

sujeitos estão ligados a Cristo e uns aos ou-

ações e pensamentos prosseguem numa

tros, partindo do princípio de que Cristo é

constante interação. Naturalmente, as téc-

uma espécie de “pai substituto” para eles.

nicas aplicadas pela TCC consideram esses

A despeito dessa relação fraterna, ele indica

aspectos:

11

que há certa falta de liberdade do indivíduo no grupo, que implica em limitação na sua

[...] de modo abrangente, as técnicas

própria personalidade. Aqui, já se começa

da terapia cognitiva-comportamental

a exemplificar, a partir da teoria freudiana,

visam trabalhar, em termos de ajustes

uma das possíveis razões para o adoeci-

cognitivos, os padrões e modos de fun-

mento emocional e psíquico no ambiente

cionamentos prejudiciais aos indivíduos,

eclesial. Mas vale destacar que na relação de

considerando o sistema de mútua influ-

fraternidade também residem possibilida-

ência entre pensamento, emoção e com-

des, que podem ser exploradas pela TCC.

portamento. Dessa forma, por meio de

A TCC direciona seu enfoque de modo es-

registros de pensamentos disfuncionais,

pecial ao comportamento e à cognição. Di-

técnicas de reestruturação cognitiva e

reciona seu interesse pela cognição humana

sistemas de análise das crenças irracio-

e seus reflexos sobre o comportamento. É

nais, busca-se a reformulação ou ressig-

claro que aqui está se falando da teoria13,

nificação dos padrões disfuncionais por

nem tanto da terapia, ainda que na terapia

padrões mais funcionais do pensamento,

isso haverá de ser considerado orientando

algo que, por sua vez, refletirá também

assim o trabalho do terapeuta.

nas emoções e no comportamento da

12

A cognição humana vai sendo desenvolvida ao longo da vida, por meio das experiências

pessoa.14

Aaron T. Beeck comenta a respeito do crescimento da TCC e afirma que “[...] um nú-

11 FREUD, vol. 18, 1996, pp. 99,100.

mero crescente de diferentes transtornos, e

12 FREUD, vol. 18, 1996, pp. 100,01.

transtornos mais graves, são agora tratados

13 Naturalmente, há distinção entre teoria e terapia; aquela enfatiza o aspecto conceitual, esta o aspecto prático.

14 BESSA, [s.d.], p. 10.

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com terapia cognitiva [...]”.15 Beeck defen-

der como a melhora é conseguida a fim

de ainda a possibilidade de que a TCC seja

de verem a si próprios como parceiros

usada como um meio integrador na prática

colaboradores no empreendimento tera-

clínica. De um modo geral, pode ser dito

pêutico. Para ensinar isso a seus pacientes,

que a TCC é resultado de um trabalho teó-

os terapeutas devem possuir um aporte

rico em redor do efeito causado pelas teo-

teórico para técnicas de tratamento espe-

rias pessoais na vida dos indivíduos. Esses

cíficas. De outro modo, não há estrutura

construtos pessoais refletem de modo dire-

sobre a qual basear o processo de colabo-

to na vida do sujeito, mas nem sempre de

ração. Por outro lado, sem a teoria a prá-

modo positivo, podendo ser mal adaptados

tica de psicoterapia se torna um exercício

e assim causar danos à sua saúde emocional

puramente técnico, destituído de qual-

e até física. Na TCC, a psicopatologia e a

quer base científica.17

psicoterapia se encontram.16 É defendido no âmbito da TCC que as práticas clínicas sejam orientadas pelas detecções psicoterapêuticas, e o terapeuta atua numa constante interação com o paciente. Essa aceitação por parte do paciente é fundamental, pois é justamente neste ponto que o terapeuta consegue mediar sua cognição ou participar de seu mundo cognitivo. Beck comenta a respeito da importância da participação dos pacientes no processo terapêutico: Para que haja colaboração é necessário haver estrutura. Os pacientes devem apren-

Na TCC, a cognição é vista como a chave para detecção e consequente tratamento para os transtornos psicológicos. A cognição é fundamental para equilibrar o mundo interior do sujeito e a realidade externa que o envolve. A estrutura cognitiva do sujeito, para adaptar-se ao mundo, precisa dispor de um significado, e em seguida ele combina esse significado cognitivo com o contexto social que interage com aquilo que na Psicanálise é chamado de self. O self é o eu autêntico que pode ser “soterrado” ao longo da vida por meio da distorção da personalidade.18 O interesse pelo mundo cognitivo do indi-

15 BECK, Aaron T. O poder integrador da terapia cognitiva. Trad.: Maria Cristina Monteiro. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000, p. 14.

víduo, pela sua subjetividade e constituição

16 BECK, 2000, p. 21.

18 ROUDINESCO, 1998, p. 699.

17 BECK, 2000, p. 22.

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psíquica não é exclusivo da Psicologia ou da

Mesmo quando a interação terapêutica

Psicanálise. A Teologia também se aproxima

clínica inclui a aplicação de outras tera-

do tema, ainda que ao seu modo, como se

pias nominais (tais como técnicas com-

verá adiante, e esse interesse deve, inclusive,

portamentais ou a livre associação de

ser visto de modo muito positivo, frente aos

produtos cognitivos conscientes), a psico-

novos desafios que se colocam diante do su-

terapia é indiscutivelmente um exercício

jeito contemporâneo, como o esvaziamento

de troca de informação.21

da subjetividade na Pós-modernidade. Na TCC, a cognição tem sido vista como uma espécie de “ponte clínico-teórica”.19 Independentemente da abordagem adotada no tratamento de um distúrbio psicológico, a comunicação verbal é um caminho fundamental para se chegar ao ponto de o terapeuta conseguir auxiliar o sofrente. “Portanto, um aspecto comum entre as várias psicoterapias é que a terapia envolve comunicação, ou a troca de informação, entre terapeuta e paciente”.20 O acesso a esse “mundo interior”, ou inconsciente para falar freudianamente, passa pela comunicação entre o terapeuta e o paciente. Por meio dessa comunicação estabelecida, tem lugar uma interação cognitiva. Por mais que pareça simples, essa interação tem sua complexidade e envolve transferência e contratransferência, objetividade e subjetividade, comunicação verbal e não verbal. Para Beck:

Naturalmente, o terapeuta poderá usar conceitos variados, oriundos da Psicologia e/ou da Psicanálise para o prosseguimento do atendimento ao cliente, mas o histórico desse paciente será fundamental para que o terapeuta possa assim direcionar seu atendimento e ajudar o cliente de modo mais efetivo. Os transtornos psicológicos muitas vezes têm origem num longo histórico que vai sendo construído no decurso da vida do cliente. O contexto eclesial, como será demonstrado a seguir, também contribui de modo significativo para esse adoecimento emocional. Por vezes, quando a pessoa chega a procurar ajuda, ela já está na ponta de um longo processo que se agravou e agora precisa ser revertido.

2. MARCAS DO CONTEXTO RELIGIOSO O contexto eclesial coloca diversos desafios que podem ser atendidos pela Terapia Cog-

19 BECK, 2000, p. 47. 20 BECK, 2000, p. 47.

21 BECK, 2000, pp. 47,48.

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nitivo Comportamental. Atualmente, o

tos casos, inédito). O ambiente religioso

número de fobias e transtornos é realmente

proporciona muitos fatores positivos que

muito grande. O pânico, por exemplo, é

aqui podem ser, inclusive, elencados, bre-

um mal que vem atingindo muitas pessoas

vemente, e que muito contribuem para a

e que ainda intriga. Sigmund Freud comen-

saúde e em alguns casos, para a recupe-

ta que não necessariamente é a magnitude

ração emocional das pessoas. Pessoas que

de um risco ou perigo que se coloca como a

foram vítimas de preconceito social, vio-

fonte originadora do pânico, visto que por

lência sexual, assédio moral, abandono

vezes ele se manifesta em situações triviais

familiar, dentre outros males, encontram

em que a maioria das pessoas não se sen-

na igreja um lugar de apoio e acolhida,

tem ameaçadas de algum modo. Freud co-

podendo trilhar assim o caminho da res-

menta: “[...] pertence à própria essência do

tauração emocional.

pânico não apresentar relação com o perigo

Mas não se pode negar que há também

que ameaça, e irromper frequentemente nas ocasiões mais triviais”.22 Mas o pânico é apenas um dentre tantos outros exemplos. Não seria o contexto religioso devedor, em parte, à multiplicação desses males? Fato é que o número de pessoas com doenças emocionais e psicológicas no contexto eclesial é elevado. O que se procura demonstrar no presente trabalho é que o ambiente cristão muitas vezes apresenta um aspecto vivencial que é duplo. De um lado, se mostra terapêutico, o que não pode ser negado. São muitas as pessoas profundamente restauradas pelo encontro pessoal que tiveram com a espiritualidade presente em muitos contextos evangélicos (encontro esse, em mui22 FREUD, vol. 18, 1996, p. 102.

fatores altamente destrutivos no aspecto psicológico e que até se perpetuam na convivência eclesial. A seguir, serão considerados alguns fatores positivos e depois alguns negativos. Começando, pois, por fatores positivos, pode ser citado o da convivência saudável entre as pessoas, em torno das atividades religiosas que são praticadas no interior das igrejas locais. Do ponto de vista da Teologia, o próprio conceito de “Igreja” está atrelado diretamente a ideia de comunidade. O termo “igreja” indicaria assim um grupo de pessoas redimidas pelo sacrifício de Jesus que vivem numa comunhão entre si, e daí a expressão “irmão” (ou “irmã”) usada entre os cristãos. A igreja é uma comunidade que, inspirada 69

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artigos & verbetes

no livro de Atos dos Apóstolos, reparte o

Os anseios de fraternidade e de convivên-

pão com seus membros e se reúne regular-

cia que a igreja procura encontram base

mente para o culto cristão, onde também

em textos neotestamentários como esse.

encontram instrução mútua nos princí-

Documentos oficiais de denominações

pios doutrinários extraídos da Bíblia. No

evangélicas procuram também definir o

livro de Atos dos Apóstolos há um trecho

que vem a ser a Igreja e qual a sua missão

que pode ser destacado e que aponta jus-

no mundo. Reconhece-se a igreja como

tamente para esse arquétipo em relação à

uma espécie de “assembleia universal”,

comunidade eclesial:

mas se reconhece também seu aspecto local comunitário:

E eles perseveravam no ensino dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e

Cremos, professamos e ensinamos que a

nas orações. Em cada alma havia temor,

Igreja é a assembleia universal dos santos

e muitos sinais e feitos extraordinários

de todos os lugares e de todas as épocas,

eram realizados pelos apóstolos. Todos

cujos nomes estão escritos nos céus: “À

os que criam estavam unidos e tinham

universal assembleia e igreja dos primo-

tudo em comum. Vendiam suas proprie-

gênitos, que estão inscritos nos céus, e

dades e bens, e os repartiam com todos,

a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos

segundo a necessidade de cada um. E

dos justos aperfeiçoados” (Hb 12.23).

perseverando de comum acordo todos

A Igreja foi fundada por nosso Senhor

os dias no templo, e partindo o pão em

Jesus Cristo, pois Ele mesmo disse: “so-

casa, comiam com alegria e simplicidade

bre esta pedra edificarei a minha igreja,

de coração, louvando a Deus e contando

e as portas do inferno não prevalecerão

com o favor de todo o povo. E o Senhor

contra ela” (Mt 16.18). Essa pedra é o

lhes acrescentava a cada dia os que iam

próprio Cristo: “Ele é a pedra que foi re-

sendo salvos.23

jeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina” (At 4.11), tendo a doutrina dos apóstolos por fun-

23 BÍBLIA. Português. Almeida Século 21. 2008. SAYÃO, Luiz Alberto Teixeira. Bíblia Sagrada Almeida Século 21/ [Antigo e Novo Testamento]. São Paulo: Vida Nova, Hagnos 2008, Atos 2.42-47.

damento e Jesus a principal pedra de esquina: “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina” (Ef

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2.20). Ela, a Igreja, é a coluna e firmeza

que neste trabalho se menciona, até para

da verdade. É a comunidade do Senhor.

que se entenda quem são as pessoas que

Além de assembleia universal dos crentes

constituem esse grupo. E como se poderá

em Jesus, o vocábulo “igreja” refere-se a

notar, a própria definição em torno des-

um grupo de crentes em cada localidade

te conceito por si só já é complexa, cer-

geográfica.

tamente por ser complexa a realidade que

24

No aspecto teológico, como se pode perceber logo acima, fica bem claro que a igreja deve ser uma unidade de pessoas que operam em torno de ideais comuns. No aspecto prático, o que se percebe é que há muitos esforços no sentido de produzir coesão e unidade fraterna entre os membros. Como exemplo, pode ser mencionada a ação educacional no contexto evangélico e no contexto católico. Pode ser indicado o trabalho das pastorais, realizado entre comunidades carentes e outros projetos de ação social, todos perpetrados pela Igreja.

ela procura delinear: A palavra “evangélicos” aparece em três sentidos: no sentido amplo, europeu, é apenas sinônimo de protestante; no sentido amplíssimo, latino-americano, é sinônimo de todo cristão não-católico romano (o IBGE inclui, até, mórmons e testemunhas de Jeová); outro, restrito, específico, no sentido inglês, representa uma vertente da Igreja com ênfase no relacionamento pessoal com Cristo, em reação a uma religião estatal e sacramentalista.25

Mas a Igreja também lida com dificul-

Como se pode ver na descrição acima do

dades seríssimas e que precisam receber

teólogo Cavalcanti, a palavra “evangélico”

especial atenção, por terem se tornadas

exige ao mínimo uma definição tríplice,

sistêmicas e profundamente enraizadas

que encontra amparo na História, inclusi-

no interior das denominações evangélicas.

ve. Mas deve ser mencionado ainda que há

Robinson Cavalcante faz importante ob-

milhares de denominações abarcadas sobre

servação a respeito dessa palavra “Igreja”

este epíteto “evangélico”, e denominações que divergem profunda e substancialmente

24 SILVA, Esequias Soares da. (org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus: Jesus salva, cura, batiza no Espírito Santo e breve voltará. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p. 119.

25 CAVALCANTI, Robinson. Igreja evangélica: identidade, unidade e serviço. Viçosa, MG: Ultimato, 2013, p. 07.

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em muitos aspectos.26 Mas alguns pontos,

Cavalcanti irá escrever a respeito da perca

curiosamente, são comuns a elas.

de identidade evangélica de alguns movimentos que, conquanto operem sob o títu-

26 Cavalcanti comenta o seguinte: “O protestantismo brasileiro de missão (18551909) foi estabelecido com um alto grau de consenso, mantido por mais de um século. As igrejas congregacionais, presbiterianas, metodistas, batistas, episcopais e cristãs evangélicas partilhavam de uma herança e de uma teologia em comum; um legado que, vindo da Reforma Protestante do Século 16, incluía traços de puritanismo, pietismo, avivalismo e movimento missionário” (CAVALCANTI, 2013, p. 11). Cavalcanti prossegue delineando os diferentes movimentos evangélicos que foram se configurando, mas sempre tendo em comum doutrinas cardeais da fé cristã, como por exemplo, a doutrina da Segunda Vinda de Jesus. Mesmo com a chegada do Pentecostalismo no Brasil, que divergiu substancialmente em alguns aspectos das denominações evangélicas aqui já estabelecidas, ainda assim, nas palavras de Cavalcanti, “éramos todos “crentes”. Apesar das diferenças secundárias e de nossas “cordiais” rivalidades, nos considerávamos parte de um mesmo povo: os evangélicos” (CAVALCANTI, 2013, p. 12). Mas este cenário delineado por Cavalcanti não perdurou, infelizmente. O movimento neopentecostal cresceu vertiginosamente, sendo considerado um movimento sem qualquer vinculação às raízes históricas do movimento evangélico no Brasil. Por vários estudiosos, ele tem sido considerado um pseudomovimento cristão (e pentecostal).

lo de “evangélicos”, nada ou muito pouco tem de “evangélicos”. Cavalcanti é incisivo ao analisar a conjuntura que a Igreja evangélica assumiu no Brasil no decurso dos últimos anos, cenário que sem dúvida contribui para o adoecimento emocional das pessoas no interior das denominações evangélicas e esfacelamento do cumprimento do papel missional e social da Igreja: O dissenso protestante se agravou com a chegada da teologia da prosperidade e a teologia da batalha espiritual, e com o vertiginoso crescimento das igrejas ditas neo (isso/pseudo/pós) pentecostais, carentes de vínculos históricos, doutrinários e teológicos com a herança reformada e evangélica; sociologicamente percebidas como seitas para-protestantes, cuja mensagem nada tem a ver com o que se pregou desde Kalley e o protestantismo (Evangelicalismo brasileiro). O culto-aula deu lugar ao culto-show. Debilitou-se a escola bíblica dominical e deixou-se de cantar hinos com conteúdo teológico – os quais foram substituídos por vagas odes à divindade, que podem ser entoadas por qualquer monoteísta não-cristão. Com o crescimento numérico da segunda e da terceira

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gerações, fomos além da velha dicotomia

-se falar do “consumismo religioso” como

“membro comungante” “versus” membro

se pode também falar do “consumismo nas

desviado” e passamos a ter os nominais, os

relações” entre as pessoas no contexto das

ocasionais, os bissextos, os migrantes e o

igrejas.

“crentes de IBGE”, que confessam a fé a

No primeiro caso, “consumismo religio-

cada década do Censo, pois não se garante a conversão ou a ortodoxia de descendentes biológicos ou adotivos.27

Todo esse abandono, por assim dizer, de características que identificavam de fato o movimento evangélico como “evangélico” pavimentaram o caminho para a chegada de um “cristianismo” brasileiro que até pode ser brasileiro, mas não é cristão, visto que ele rompe radicalmente com pressupostos fundamentais da fé cristã histórica, como foi muito bem descrito por Cavalcanti acima. E esse rompimento tem produzido sérias consequências nas pessoas que frequentam as igrejas situadas nessas matrizes religiosas.

2.1 O consumismo Destacando-se assim alguns dos males que levam as pessoas ao adoecimento emocional no interior das denominações, pode-se começar mencionando aqui o consumismo, consumismo que assume contornos e formas variadas no ambiente eclesial. Pode27 CAVALCANTI, 2013, p. 13.

so”, o que ocorre é o estabelecimento de uma religiosidade utilitária e com uma base fortemente egoísta (como é típico do consumismo que apela ao ego das pessoas). Mas o discipulado cristão vai na contramão dessa tendência já que ele trabalha diretamente o caráter das pessoas, o caráter do cristão. Considere-se aqui o sentido destas duas palavras: “consumismo” e “discipulado”. A primeira, “consumismo”, em geral pensada em relação à economia, indica o consumo de bens e serviços, mas inegavelmente, a palavra “consumismo” na Pós-modernidade assume um sentido que está para muito além desse sentido básico. Elizabeth Gomes comenta o seguinte a respeito do consumismo: [...] hoje, o desejo de consumo é considerado como de grande importância. É dado imprescindível na máquina que move o mercado. O grande prazer da maioria dos brasileiros é passear no shopping e comprar. Somos seduzidos pelo prazer de consumir, de comprar, não por

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causa de uma necessidade verdadeira, mas

herdeiro do Novo Testamento e da Refor-

de uma necessidade percebida, presumida

ma Protestante.

– e pelo simples prazer.

Diante do exposto, configura-se assim

28

O consumismo no movimento evangélico, atualmente, saiu dos limites da economia e entrou na relação do cristão com Deus. Muda-se estruturalmente a relação com a atividade religiosa, conduzindo não a uma relação pura e incondicional com o divino, mas para um ativismo religioso marcado por campanhas, “votos”, procissões religiosas, dispêndio de recursos financeiros, atos irrefletidos em nome da fé em Deus como caminhar por uma trilha de sal grosso ou mesmo usar determinada peça de roupa que foi “ungida”. As pessoas passam então a frequentar os cultos não para o serviço cristão, mas para serem abençoadas. Deus deixa de ser o interesse principal da liturgia evangélica e suas benesses tomam o seu próprio lugar no coração do crente. Esquece-se, como afirma Gomes, que “o fato é que só Deus satisfaz a alma”29, como sempre foi entendido no protestantismo histórico,

um cenário que “transborda” também para o relacionamento com o outro no interior das diversas denominações evangélicas que operam com essa “mecânica” religiosa. Trata-se de uma mecânica em que a engrenagem central é o interesse pessoal, e não a alteridade, o outro, “o amar a Deus acima de todas as coisas”, desenhando assim um claro acinte à fé cristã histórica. Fortalece-se o ego das pessoas, enfraquece-se o “amar ao próximo como a si mesmo”. Apesar deste escândalo teológico, bíblico e eclesial, esse estranho “monstro evangélico” cresceu e ganha adeptos em todo o país. A despeito desse crescimento, contudo, a conta chegou e percebe-se um número crescente de pessoas doentes e carentes de assistência espiritual e emocional. Como se sabe, o número de suicídios entre pastores é alarmante e preocupa a comunidade evangélica de um modo geral. A propósito, o Pastor Gedimar de Araújo, em entrevista à Revista Comunhão, co-

28 GOMES, Elizabeth. Ética nas pequenas coisas: orientações simples para quem quer agir com coerência e não sabe a quem perguntar. 2ª ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Editora Vida, 2010, p. 72. 29 GOMES, 2010, p. 73.

menta que “[...] pastores têm uma tendência à solidão e a fazer tudo sozinhos. Muitos trabalham baseados na identidade de servo e não de filho. Não sabem ou

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