HOMILÉTICA E ORATÓRIA: COMUNICANDO COM EXCELÊNCIA A PALAVRA DE DEUS

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Homilética e oratória: Comunicand o com excelência a Palavra de Deus

Numa época em que a pregação evangélica no Brasil, mormente a pentecostal, enfrenta uma séria crise, esta obra busca enfatizar a importância da exposição bíblica para a evangelização e para a saúde da Igreja do Senhor. O autor ousa contrariar a tendência atual quanto ao que se pensa em termos de pregar com êxito: “Muitos podem pensar aqui que ter êxito no ministério da pregação significa tornar-se famoso e só pregar em grandes congressos e eventos. Entendemos que pregadores de êxito em seus ministérios podem sim experimentar isso, mas não é exclusivamente isso que definirá se o pregador tem ou não êxito em seu ministério, afinal os grandes pregadores da Bíblia não conheceram televisão, rádio, outdoor, folder, etc. Alguns até nem tinham uma mensagem assim tão atraente: “... Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir?” (Lc 3.7). Esse era o teor da pregação de João Batista e, no entanto, diz a Bíblia que “... toda a província da Judeia e todos os habitantes de Jerusalém iam ter com ele; e todos eram batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados” (Mc 1.5) [...] Quanto ao que diz a Bíblia, entendemos que o pregador tem êxito em seu ministério quando expõe a mensagem divina tal como ela é, tal como Deus quer que a transmitamos aos ouvintes, com ousadia e intrepidez”. Assim, sob esta perspectiva, o autor discorre enfatizando temas essenciais no estudo da Homilética, como a importância desta disciplina para a Igreja, o perfil do pregador, o sermão e sua preparação, dentre outros conteúdos, sempre pensando a pregação em termos de comprometimento com a pureza da Palavra de Deus, Cristo como seu centro e o amor ao próximo como motivação para ela.

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ

Homilética e oratória

Homilética e Oratória Comunicando com excelência a Palavra de Deus &

Roney Cozzer

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ


HOMILÉTICA E ORATÓRIA COMUNICANDO COM EXCELÊNCIA A PALAVRA DE DEUS Roney Cozzer


Homilética e Oratória

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Homilética e Oratória Revisão: Roney Cozzer Diagramação: Roney Cozzer Capa: Michel Pablo M. Sabarense _______________________________

COZZER, Roney. 1984 COZZER, Roney. Homilética e oratória: comunicando com excelência a Palavra de Deus. Cariacica, ES: Instituto de Educação Cristã CRER & SER, 2018. Homilética. Sermão. Oratória. 132 pp.: 14 x 21 cm | ISBN: 978-85-63434-65-4 Inclui referências bíblicas e bibliográficas. 1. Homilética. 2. Pregação. 3. Oratória É permitida a reprodução parcial desta obra desde que citados o autor e o título da obra e que seja feita sem fins lucrativos.

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Contatos e atividades do autor na internet: Site: teologiaediscernimento.wordpress.com Blog Fundamentos Inabaláveis E-mail: roneyricardoteologia@gmail.com

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Homilética e Oratória

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Homilética e Oratória

SUMÁRIO Lista de siglas utilizadas neste livro.............................

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1. Homilética: importa que o evangelho seja pregado............................................................................... 12 2. Homilética e sua importância para a Igreja.............

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3. O pregador e seu perfil................................................

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4. Oratória...........................................................................

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5. O sermão.........................................................................

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Apêndice............................................................................. Pregador: importa que Ele cresça e você diminua Referências.........................................................................

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Homilética e Oratória

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Homilética e Oratória

Lista de siglas utilizadas neste livro

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om o intuito de ganhar tempo e espaço, no decorrer deste livro são utilizadas algumas siglas. Uma sigla nada mais é do que a abreviatura de um título ou denominação, geralmente composta pelas letras iniciais das palavras que compõe este título ou denominação. Tomemos como exemplo a sigla ARC, que remete ao título Almeida Revista e Corrigida, uma das versões da Bíblia em português publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil1. Frequentemente são utilizadas as siglas AT, para Antigo Testamento, e NT, para Novo Testamento. Neste livro você também encontrará citações bíblicas e versículos bíblicos transcritos. Logo a seguir você encontrará duas tabelas com as siglas dos livros da Bíblia. Como versão oficial para as referências bíblicas transcritas neste livro, foi adotada a versão Almeida Revista e Atualizada (ARA), publicada pela SBB, por ser ela uma versão de grande aceitação entre o público brasileiro e de mais fácil compreensão para o leitor. Além da ARA, são utilizadas ainda outras versões como a NVI (Nova Versão Internacional), por questões didáticas. Assim, o autor deste livro deseja que os comentários deste livro possam ser uma benção para você e toda a sua família, estimado(a) leitor(a). É para você que este trabalho foi carinhosamente preparado!

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Também representada por uma sigla: SBB.

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Homilética e Oratória A seguir, você tem as siglas que utilizamos neste livro com seus respectivos significados e também as siglas dos livros da Bíblia, em ordem alfabética: 1 Co: 1 Coríntios 1 Cr: 1 Crônicas 1 Jo: 1 João 1 Pe: 1 Pedro 1 Re: 1 Reis 1 Sm: 1 Samuel 1 Tm: 1 Timóteo 1 Ts: 1 Tessalonicenses 2 Co: 2 Coríntios 2 Cr: 2 Crônicas 2 Jo: 2 João 2 Pe: 2 Pedro 2 Re: 2 Reis 2 Sm: 2 Samuel 2 Tm: 2 Timóteo 2 Ts: 2 Tessalonicenses 3 Jo: 3 João Ag: Ageu Am: Amós Ap: Apocalipse ARA: Almeida Revista e Atualizada ARC: Almeida Revista e Corrigida AT: Antigo Testamento At: Atos Cap.: Capítulo Cf.: Confira

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Homilética e Oratória Cl: Colossenses Ct: Cantares de Salomão Dn: Daniel Dt: Deuteronômio Ec: Eclesiastes Ed: Esdras Ef: Efésios Et: Ester Êx: Êxodo Ez: Ezequiel Fl: Filemon Fp: Filipenses Gl: Gálatas Gn: Gênesis Hb: Habacuque Hb: Hebreus Is: Isaías Jd: Judas Jl: Joel Jn: Jonas Jo: João Jr: Jeremias Js: Josué Jz: Juízes Lc: Lucas Lm: Lamentações de Jeremias Lv: Levítico Mc: Marcos Ml: Malaquias

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Homilética e Oratória Mq: Miquéias Mt: Mateus Na: Naum Ne: Neemias Nm: Números NT: Novo Testamento NTLH: Nova Tradução na Linguagem de Hoje NVT: Nova Versão Transformadora Ob: Obadias Os: Oséias Pv: Provérbios Rm: Romanos Rt: Rute Sf: Sofonias Sl: Salmos Ss: Seguintes. Refere-se aos versículos seguintes que podem ir até o fim do capítulo citado ou não. Tg: Tiago Tt: Tito Vv: Indica pluralidade de versículos. Zc: Zacarias

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Homilética e Oratória

1 Homilética: importa que o evangelho seja pregado “Como eu amo a tua lei! Medito nela o dia inteiro” (Salmo 119.97). INTRODUÇÃO

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regar a Palavra do nosso Deus é algo sublime e compensador. Sublime por se tratar da exposição da verdade divina, do querer de Deus com relação à Sua Igreja e aos pecadores. Compensador por que quando pregamos, pessoas são alimentadas e edificadas pela Palavra de Deus e vidas se entregam ao Salvador através da exposição da verdade divina na pregação. Considerando essas razões, vale a pena continuar a pregar a Palavra de Deus! 1. CONCEITUAÇÃO E APLICAÇÃO PRÁTICA DOS PRINCÍPIOS DA HOMILÉTICA A pregação da Palavra de Deus no culto cristão vem desde o período apostólico e sempre constituiu fator de propulsão para o Reino de Deus em praticamente toda a 10


Homilética e Oratória história do cristianismo. Podemos afirmar ainda que se trata de uma responsabilidade e dever irrevogável para a Igreja, afinal de contas, “como ouvirão, se não houver quem pregue?” (Rm 10.14b – NVI2). Em 1 Coríntios 9.16 Paulo deixa claro que considerava a pregação do evangelho um dever. O ministério da pregação pode ser também encarado como um chamamento da parte de Deus. Vemos isso no ministério de Paulo, como lemos em Gálatas 1.15,16 (ARA3): “Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, sem detença, não consultei carne e sangue”. Note que o apóstolo demonstra que foi chamado por Deus para pregar (ou anunciar) o Senhor Jesus às nações gentílicas. A pregação é também um ministério, aliás, o próprio exercício da pregação reivindica ser um ministério. Um ministério nada mais é que um serviço, um serviço prestado ao Senhor, à Sua Igreja e ao mundo. Quando pregamos, estamos servindo a Deus e a Sua Igreja. Esse ministério pode ser considerado também um dom, num certo sentido dessa palavra. Compartilhar a Palavra de Deus e contemplar os resultados que ela traz aos ouvintes é sem dúvida, um grande presente de Deus para

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Nova Versão Internacional. Almeida Revista e Atualizada

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Homilética e Oratória nós. A pregação bíblica é assim, resultado direto da graça de Deus aos homens. Assim, a Igreja tem uma mensagem e faz com que ela seja ouvida pelo mundo: a boa nova do evangelho. Considerando estes fatos pertinentes à pregação, entendemos que a pregação pode e deve ser desenvolvida, isto é, o seu exercício contínuo pode e deve ser feito de forma a melhorar cada vez mais. É reconhecendo esta verdade que aceitamos a Homilética como uma poderosa ferramenta que nos auxilia no aperfeiçoamento da prática da pregação e também do ensino bíblico4. Sejamos sinceros: quem de nós nunca ouviu um daqueles sermões cansativos, enfadonhos, de modo que em nossa mente ficamos a dizer: “Amém! Amém! Termina logo...”? Pois é, isso acontece muitas vezes por estar o pregador (ou pregadora) despreparado. A pregação precisa ser atraente, envolvente, deve “alcançar” os ouvintes. Ela deve ter conteúdo, ou do contrário, a congregação logo ficará dispersa e desinteressada da mensagem. Essa preparação que precisa preceder e acompanhar a pregação, evidentemente só pode acontecer na vida do(a) pregador(a) se ele buscá-la. A Homilética é um ramo do saber no ensino teológico que irá versar justamente sobre a arte de preparar e expor aos ouvintes sermões bíblicos e 4

A Homilética tem relação direta também com o ensino bíblico, que se dá também a partir do púlpito cristão, embora não unicamente, como bem sabemos.

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Homilética e Oratória também sobre o preparo do próprio pregador, pregadora. Essa disciplina nos mostra caminhos, recursos, nos traz informações muito úteis e definições que precisamos conhecer. A Homilética classifica os sermões em tipos e nos ajuda em sua elaboração. Em qualquer atividade que vamos atuar é imperioso que conheçamos o que estamos fazendo e não é diferente na pregação. Digamos que a Homilética pode ser considerada uma espécie de “manual do pregador”. Faço questão de salientar que a abordagem aqui está alicerçada no “Livro do pregador”, a Bíblia Sagrada, nossa fonte inesgotável. O pregador, a pregadora, que realmente deseja pregar conforme a vontade de Deus terá a Bíblia como o seu ponto de partida, seu “mapa” no caminho e seu alvo final na pregação. Como nunca antes, é preciso nos apegar ao Livro dos livros no exercício da prédica cristã, pois muitos têm ocupado os nossos púlpitos para expor mensagens que não são genuinamente bíblicas, cristocêntricas. Gastam tempo precioso distribuindo para a congregação conteúdo que em nada edifica. Só a mensagem genuinamente bíblica leva o pecador ao arrependimento, edifica a Igreja e glorifica a Deus. É necessário, pois, resgatar o sentido da pregação genuinamente bíblica em solo brasileiro, daquela pregação que fala de Jesus ao coração do homem, que ilumina o entendimento e aquece o coração. 13


Homilética e Oratória 2. O QUE É A HOMILÉTICA Apresentamos a seguir algumas definições básicas para a disciplina Homilética. Naturalmente, elas devem ser consideradas pontos de partida para o conhecimento e consequente aprofundamento na disciplina. 2.1 Definição etimológica O termo Homilética vem do grego e significa “homiletike, que significa “o ensino em tom familiar”. No grego clássico temos a palavra homilos – “multidão, assembleia do povo” – e o verbo homileo que significa “conversar”. De homileo adaptou-se o termo homilia. Foi a partir da raiz, homiletike, que passamos a entender a forma de pregação dos apóstolos no primeiro século da Era Cristã” (CABRAL, O pregador eficaz, p. 15). 2.2 Definição teológica e prática Neste sentido, podemos definir a Homilética de forma resumida e prática como sendo “a arte de preparar e expor sermões”. Vejamos algumas definições de Homilética apresentadas por alguns expoentes evangélicos: o Pastor Claudionor de Andrade diz que a Homilética é “arte de elaborar e apresentar sermões. É a disciplina que nos leva a falar com elegância, desenvoltura e propriedade bíblica e evangélica”; o Pastor Elienai Cabral afirma que a “Homilética é a arte da preparação e 14


Homilética e Oratória comunicação de sermões. De maneira alguma tal estudo anulará a inspiração do Espírito Santo. A Homilética apenas coloca os pensamentos inspirados por Ele numa ordem tal que facilita a exposição do sermão [...] como uma disciplina teológica... é aquele ramo da teologia prática e das habilidades ministeriais que trata das regras relativas à preparação e entrega dos sermões”. 2.3 Aplicação prática dos princípios da Homilética A Homilética em suas aplicações tem por campo de ação a vida do pregador, responsável pela transmissão da mensagem divina, a própria Igreja, que recebe a pregação, os pecadores e ela ainda se relaciona com outras disciplinas teológicas, dadas as suas aplicações, tais como a hermenêutica, a exegese, a ética cristã e a teologia do obreiro. 3. PREGAÇÃO Mas afinal, o que é a pregação? Mais uma vez cito o Pastor Claudionor de Andrade, que informa-nos que a palavra “pregação” vem do latim praedicare e significa “proclamação da Palavra de Deus, visando a divulgação do conhecimento divino, a conversão dos pecadores e a consolação dos fiéis. A pregação deve ter um caráter bíblico, evangélico e profético. Além de ter a Bíblia como 15


Homilética e Oratória base, há de mencionar a obra salvífica de Cristo, e mover o pecador a arrepender-se de seus pecados”. Os dois lados da pregação Quais são esses dois lados da pregação ou proclamação da Palavra de Deus? O pastor e escritor Robson Moura Marinho, em seu livro A arte de pregar: como alcançar o ouvinte pós-moderno (2008), faz uma importante observação concernente à pregação: A pregação bíblica é um milagre duplo. O primeiro milagre é Deus usar um homem imperfeito, pecador e cheio de defeitos para transmitir a perfeita e infalível Palavra de Deus. Trata-se de um Ser perfeito usando um ser imperfeito como seu porta-voz. Só um milagre pode tornar isso possível. O segundo milagre é Deus fazer que os ouvintes aceitem o porta-voz imperfeito, escutem a mensagem por intermédio do pecador e finalmente sejam transformados por essa mensagem. Esse é o grande milagre da pregação!5

Assim, a pregação tem de fato dois lados: o divino e o humano. Quando pregamos o Evangelho no poder e na unção do Espírito Santo vivenciamos em nós mesmos este milagre: a ação de Deus através de nós, seres humanos falíveis, pecadores. O Deus Santo e Verdadeiro usa seres humanos imperfeitos para a transmissão de Sua verdade 5

p. 179.

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Homilética e Oratória salvadora. Não é, pois, a pregação um grande feito quando ministrada desta forma? É preciso que tenhamos isso em mente, de que o humano coopera com o divino na transmissão do evangelho para os pecadores. 4. A DEPENDÊNCIA DE DEUS PARA O EXERCÍCIO DO MINISTÉRIO DA PALAVRA Paulo nos dá o exemplo da dependência de Deus para proclamar o evangelho. Ele pede aos crentes de Éfeso que orem para que ele seja um arauto ousado na proclamação do mistério do evangelho. Vale a pena ler suas palavras em Efésios 6.18-20: “Orem sempre, guiados pelo Espírito de Deus... Não desanimem e orem sempre por todo o povo de Deus. E orem também por mim, a fim de que Deus me dê a mensagem certa para que, quando eu falar, fale com coragem e torne conhecido o segredo do evangelho. Eu sou embaixador a serviço desse evangelho, embora esteja agora na cadeia. Portanto, orem para que eu seja corajoso e anuncie o evangelho como devo anunciar” (NTLH6). Paulo se mostra dependente de Deus para anunciar a Sua Palavra. Jamais deve o pregador se apoiar exclusivamente em seu próprio cabedal de conhecimento secular, bíblico e teológico, pois ainda que ele tenha amplo conhecimento nestes ramos do saber, se não tiver a unção de Deus, sua mensagem não haverá de produzir efeitos. 6

Nova Tradução na Linguagem de Hoje

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Homilética e Oratória Como pregarmos a Palavra de Deus se o Deus da Palavra está distante de nós? Por isso, devemos sempre nos achegarmos à Ele, pois quanto maior for a nossa comunhão com Deus mais frutos haveremos de produzir no ministério da exposição da Palavra. É dEle que devemos buscar e receber nossos sermões. É à Ele que devemos perguntar o que Ele quer que falemos ao povo durante a mensagem. O pregador do evangelho que realmente está comprometido com a proclamação do evangelho jamais prescindirá do auxílio do Pai através do Espírito Santo. CONCLUSÃO

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Homilética e Oratória

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Homilética e Oratória

Exercícios do capítulo 1 Responda as sintetizada.

questões

abaixo,

de

maneira

bem

1.

Qual o campo de ação da Homilética? _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________

2.

O que significa a palavra "Homilética"? _______________________________________________ _______________________________________________

3.

O que significa a palavra "pregação"? _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________

4.

Quais são os dois lados da pregação? _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________

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Homilética e Oratória

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Homilética e Oratória

2 Homilética e sua importância para a Igreja “Como eu amo a tua lei! Medito nela o dia inteiro” (Salmo 119.97).

INTRODUÇÃO

E

m linhas gerais, não apenas a Homilética, mas todas as disciplinas teológicas tem um importante papel a cumprir em relação à Igreja. Por mais que possamos ser tentados a pensar que a Teologia com suas muitas logias seja coisa apenas da academia, das faculdades e dos seminários cristãos, é fundamental nos lembrarmos de que muitos de nossos pastores, pregadores, obreiros, dentre outros, que estão em nossas igrejas, falando a nós, tiveram sua cosmovisão profundamente marcada e influenciada pelos conteúdos que receberam lá. Assim, podemos afirmar que essas disciplinas “tocam” diretamente a realidade da comunidade eclesial. Elas incidem exatamente em nosso modus vivendi e no nosso modus operandi e por isso mesmo devemos perguntar sobre sua importância para nós, 22


Homilética e Oratória enquanto corpo de Cristo. No caso específico da Homilética, iremos destacar algumas das suas contribuições para a Igreja, coletivamente, reconhecendo, contudo, que esse coletivo emerge também da individualidade. Assim, falamos da importância da Homilética para a Igreja pensando no todo e no indivíduo. 1. A HOMILÉTICA CONTRIBUI PARA A IGREJA NO CUMPRIMENTO DE SUA MISSÃO Precisamos ter claro em nossa mente o fato de que como Igreja temos uma missão que é composta. Nossa missão não vai numa direção apenas. Temos assim uma missão para com Deus, mas tal missão nos impele automaticamente para uma responsabilidade também em relação ao mundo. Sim, pois como bem observa John Stott, o pregador ou pregadora é um(a) despenseiro(a) de Deus, e um despenseiro “é o empregado de confiança que zela pela correta utilização dos bens de outra pessoa” (STOTT, 1989, p. 20). Recebemos de Deus um bem muito precioso que precisa ser compartilhado com o mundo e tal verdade é para nós inegociável, intransferível, irrevogável, inalienável. Esse bem é o evangelho da graça de Deus manifestado em Cristo. O “ide” imperativo de Jesus atravessou os séculos e continua ecoando para nós, na atualidade:

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Homilética e Oratória Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos (Mt 28.19,20 – NVI).

E como o compartilhamos essa mensagem, em obediência à ordem do Mestre? A pregação é uma das formas mais eficazes de o fazermos! Nesse sentido, cumpre perguntar sobre o conteúdo e sobre o modo da nossa pregação. A Homilética existe justamente para isso: aprimorar os despenseiros nessa sublime missão que temos para com o mundo, a de lhes anunciar a Cristo. Assim, a Homilética contribui para a Igreja no cumprimento de sua missão na medida em que fornece o instrumental necessário para tornar a pregação cristã eficaz, equilibrada, profunda, simples, bíblica acima de tudo. 2. A HOMILÉTICA CONTRIBUI PARA A IGREJA NA MEDIDA EM QUE AJUDA A APRIMORAR SUA COMUNICAÇÃO Indubitavelmente, a comunicação é um dos mais impressionantes e interessantes fenômenos humanos. E a Homilética dialoga com áreas vitais para o aprimoramento da nossa comunicação e da maneira como nos comunicamos. Importante lembrar que nos comunicamos não apenas pelas palavras ditas verbalmente, mas também 24


Homilética e Oratória pela linguagem corporal e até na ausência de palavras. Com efeito, alguém já disse que “o corpo fala”. Na pregação, por exemplo, as lágrimas podem ser um grito mais penetrante que aquele emitido pela voz, podendo tocar “lugares” intocáveis. A comunicação no âmbito da Homilética está para além de técnicas e excercícios vocais. Há um aspecto conceitual fundamental que precisa ser muito bem compreendido por aquele e por aquela que comunica o evangelho: a Igreja precisa entender a mentalidade do homem pósmoderno para ter condições de falar-lhe do evangelho. Um princípio fundamental na arte de ensinar é que se a linguagem empregada na comunicação não for comum ao locutor e ao interlocutor, a comunicação não ocorre com eficácia (e pode nem mesmo ocorrer de fato!). Assim, se não conhecemos a maneira como nossos ouvintes encaram o mundo em que estão inseridos, certamente estaremos insensíveis às suas vicissitudes, carências, necessidades. Percebemos assim que se abre um verdadeiro “fosso” entre a Igreja e a sociedade quando o assunto é comunicação. John Stott, algumas décadas atrás, já notara esse fenômeno: Não há dúvida que precisamos aprender os métodos de pregação, e que a comunicação é um assunto de importância vital em nossos dias, quando o abismo entre a igreja e o mundo secular já é tão grande que restam

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Homilética e Oratória poucas pontes pelas quais estes dois mundos possam entrar em contato.7

É interessante considerar que quando o apóstolo Paulo vai comunicar o evangelho de Jesus Cristo aos atenienses, no Aerópago, ele começa usando justamente um elemento que fazia parte da cultura deles, de seu dia a dia: o altar ao Deus desconhecido (cf. At. 17.24). Veja que percepção brilhante teve o apóstolo ao anunciar Jesus a partir de um altar pagão... Fala aos atenienses a partir de sua própria linguagem, de um objeto que lhes era familiar. Deve assim o pregador, a pregadora, ter essa sensibilidade e preocupar-se se está sendo entendido pelas pessoas que lhe ouvem. Isso é tão elementar (mas às vezes passa despercebido por muitos) que até mesmo quando Paulo vai tratar dos dons espirituais, mais especificamente, do dom de profecia, ele deixa claro que se não há entendimento do que se profetiza, então não há edificação: Agora, irmãos, se eu for visitá-los e falar em línguas, em que lhes serei útil, a não ser que lhes leve alguma revelação, ou conhecimento, ou profecia, ou doutrina? Até no caso de coisas inanimadas que produzem sons, tais como a flauta ou a cítara, como alguém reconhecerá o que está sendo tocado, se os sons não forem distintos? (1 Co 14.6,7 – NVI).

7

STOTT, 1989, p. 09.

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Homilética e Oratória Nós, evangélicos, produzimos ao longo dos anos uma linguagem própria, com expressões que passaram a fazer parte do nosso vocabulário, mas desconexas com a realidade social que nos cerca. Palavras como “vaso”, “varão”, “mistério”, “alma”, “varão”, “buzina”, dentre outras, que são empregadas durante o momento em que usamos o púlpito cristão, muitas vezes não fazem muito sentido a quem não está habituado com o nosso contexto. Tente agora imaginar uma pessoa que nunca foi cristã, ou mais distante que isso, imagine uma pessoa que nunca entrou num ambiente de culto evangélico, e se depara com um pregador ou pregadora usando esses termos, que já caíram em desuso ou mesmo mudaram de sentido com o passar dos anos8. Sem dúvida, um desastre! Portanto, é fundamental que a nossa linguagem, o nosso vocabulário, sejam contextualizados. É possível sim anunciar o evangelho, numa linguagem contextualizada, sem com isso corrompê-lo. Pensemos nisso... CONCLUSÃO

8

Por exemplo, a palavra “buzina” em Joel 2.1 nada tem que ver com a buzina como conhecemos hoje nos veículos, mas indica ali um instrumento de sopro.

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Homilética e Oratória

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Homilética e Oratória

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Homilética e Oratória

Exercícios do capítulo 2 Responda as sintetizada.

questões

abaixo,

de

maneira

bem

1.

Comente sobre a importância da pregação para a Igreja: _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________

2.

Em que aspectos a Homilética contribui para a Igreja no cumprimento de sua missão? _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________

3.

Qual a importância de adaptarmos nossa linguagem na pregação? _______________________________________________ _______________________________________________ 30


Homilética e Oratória _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________

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Homilética e Oratória

3 O pregador e seu perfil “Como eu amo a tua lei! Medito nela o dia inteiro” (Salmo 119.97). INTRODUÇÃO

N

este capítulo, consideraremos alguns fatores essenciais para que o pregador (ou a pregadora) possa ter um bom resultado no seu ministério de pregação bíblica. Mas o que consideramos como “bom resultado no exercício da pregação?” Muitos podem pensar aqui que ter êxito no ministério da pregação significa tornar-se famoso e só pregar em grandes congressos e eventos. Entendemos que pregadores de êxito em seus ministérios podem sim experimentar isso, mas não é exclusivamente isso que definirá se o pregador tem ou não êxito em seu ministério, afinal os grandes pregadores da Bíblia não conheceram televisão, rádio, outdoor, folder, etc. Alguns até nem tinham uma mensagem assim tão atraente: “... Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir?” (Lc 3.7 – ARC). Esse era o teor da pregação de João Batista e, no entanto, diz a Bíblia que “... toda a província da Judéia e todos os habitantes de Jerusalém iam ter com ele; e todos eram batizados por ele 32


Homilética e Oratória no rio Jordão, confessando os seus pecados” (Mc 1.5 – ARC). Mesmo sem os modernos recursos de que dispomos hoje, o alcance do ministério de João era irresistível, isto porque ele pregava a verdade que o povo necessitava ouvir. Aí está o primeiro passo para um ministério vitorioso – pregar conforme a vontade de Deus e não conforme a vontade do povo! Isso não significa, é claro, que devamos pregar uma mensagem sempre agressiva, dura, que fere as pessoas. Devemos antes pregar o que Deus nos mostra que o povo necessita ouvir, de fato. Nossa avaliação deste assunto está embasada em primeiro lugar na Bíblia, a Palavra de Deus, e depois nos parâmetros da ética cristã e ministerial. Quanto ao que diz a Bíblia, entendemos que o pregador tem êxito em seu ministério quando expõe a mensagem divina tal como ela é, tal como Deus quer que a transmitamos aos ouvintes, com ousadia e intrepidez. Foi o que Paulo desejava em seu ministério: “[...] orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos e também por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra, para, com intrepidez, fazer conhecido o mistério do evangelho, pelo qual sou embaixador em cadeias, para que, em Cristo, eu seja ousado para falar, como me cumpre fazê-lo” (Ef 6.19,20). Paulo entendia que fora chamado por Deus para pregar o evangelho e isto 33


Homilética e Oratória desejava fazer ou cumprir, tal como Deus o chamou a realizar. Agora quanto ao que diz respeito a ética cristã e ministerial, entendemos que o pregador terá êxito se observar as seguintes orientações que passaremos a apresentar logo a seguir. Essas orientações ajudam no ato de pregar e de se relacionar com o público, tornam a mensagem mais rica, com conteúdo. Preparam o pregador ou a pregadora para lidar com a Igreja, alcançando assim o propósito que deve ter sempre em vista – comunicar a mensagem poderosa do evangelho de Cristo. Muitos por não observarem os critérios a seguir, acabam por gerar muitas vezes situações extremamente desagradáveis, como veremos a seguir. 1. ORIENTAÇÕES AO PREGADOR Veremos a seguir orientações valiosas para se ter êxito na pregação. Em primeiro lugar, cito como fator indispensável ao pregador (ou à pregadora) a educação no trato com as pessoas. Como é desagradável uma mensagem proferida por um pregador mal educado, que agride as pessoas, que é truculento no falar. Isso não é bom, pois causa repulsa nos ouvintes, o que dificulta a comunicação da mensagem bíblica que se está pregando. Neste quesito, que o digam os sonoplastas! Aqueles profissionais que trabalham nas mesas de som das igrejas, 34


Homilética e Oratória que geralmente sofrem com a falta de educação de alguns pregadores, que por não conhecerem nada a respeito deste trabalho, agridem verbalmente esses dedicados servos de Deus que, na maioria das vezes, nada recebem por seus esforços. Pregador, nunca entre por este caminho, seja sempre educado. Os grandes pregadores, do passado e do presente, embora firmes na mensagem, foram e são em sua maioria pessoas simpáticas e educadas. O hábito constante da leitura é outro fator que deve acompanhar o seu ministério. Se você deseja ter êxito no ministério da pregação precisa cultivar sempre o hábito da leitura. Em primeiro lugar, ler sempre a Bíblia, que é o Livro-texto do pregador. Ela é uma fonte que nunca seca. Aleluia! Depois deve o pregador investir na leitura de outras literaturas tais como livros bíblicos, de autores genuinamente bíblicos e ortodoxos; periódicos evangélicos, tais como jornais e revistas, que nos mantêm informados sobre assuntos do nosso interesse; periódicos seculares, que nos mantêm informados sobre os acontecimentos à nossa volta, em nosso contexto local e internacional. O pregador deve acompanhar o que se passa em nossa sociedade, considerando nisso as profecias bíblicas, que indicam o futuro da Igreja e da humanidade. Logo abaixo, cito alguns tipos de obras que o pregador deve procurar ter em sua estante, lembrando à você que é importante não se desfazer desses livros com o tempo, mas guardá-los e conservá-los em local apropriado e de 35


Homilética e Oratória forma organizada, para facilitar a localização deles, sempre que você vier a precisar. Eis alguns tipos de obras que você deve adquirir; faço questão de indicar algumas que são excelentes e eu mesmo tenho em minha biblioteca particular. Em primeiro lugar, Bíblia, sempre em mais de uma versão, para estudo comparativo – note que na preparação deste livro utilizei mais de uma versão da Bíblia. Os Dicionários bíblicos são outra importante ferramenta para o despenseiro de Deus. Indico o Dicionário Bíblico Wycliffe, da CPAD, mas há vários no mercado editorial cristão. A Concordância Bíblia é uma ferramenta formidável na busca por apoio Escriturístico na elaboração de uma mensagem, pois relaciona uma referência bíblica (a que você está considerando) com dezenas e, em alguns casos, até centenas de outras referências relacionadas; indico a Concordância Exaustiva do Conhecimento Bíblico, da Sociedade Bíblica do Brasil. Devem ser mencionados os Comentários Bíblicos, que são obras destinadas a explicar o que o texto bíblico está dizendo, para quem está dizendo e em que contexto está dizendo. Essas “ferramentas” são uma verdadeira bênção para o estudante da Bíblia Sagrada; aqui, indico as obras do teólogo pentecostal Myer Pearlman, publicadas pela CPAD (na Série Comentário Bíblico), o Comentário Bíblico Beacon e também as obras colossais O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo e O 36


Homilética e Oratória Novo Testamento interpretado versículo por versículo, de Russel Norman Champlin. É claro que há dezenas de obras neste quesito, estou apenas citando algumas que são muito conhecidas e excelentes. O Atlas Bíblico é outra “ferramenta” formidável para o pregador; o atlas bíblico ajuda você a localizar muitos acontecimentos bíblicos, entender algumas expressões bíblicas, traçar as rotas percorridas por personagens do texto bíblico, enfim, é uma "ferramenta" maravilhosa. Por fim, não poderíamos deixar de mencionar também os Dicionários Teológicos, e aqui é importante você observar a diferença que há entre um dicionário teológico e um dicionário bíblico. O teológico é destinado a definir termos teológicos, tais como soteriologia, cristologia, Homilética, hermenêutica, teontologia, anabatista, pentecostal, etc. Já o dicionário bíblico se destina a dar o significado de termos bíblicos que se encontram na Bíblia, tais como Jerusalém, Mar, Galiléia, Euroaquilão, etc. Conhecer o significado de termos teológicos ajuda sim no enriquecimento de um sermão, haja vista o conhecimento teológico da Igreja hoje ser muito maior que há alguns anos atrás. Mas aqui vai uma orientação importante: evite sempre exceder no uso de termos teológicos durante a mensagem, pois quando pregamos nos dirigimos a todo tipo de pessoas, tais como crentes e não crentes, desviados, congregados, novos convertidos, sectários, leigos, doutores, etc. Devemos nos 37


Homilética e Oratória esforçar para pregar uma mensagem com linguagem acessível a todos sem, contudo, sermos superficiais. Ainda outro fator fundamental para quem deseja alcançar bons resultados na pregação bíblica, apresentando uma mensagem relevante, é estar sempre disposto a ouvir, isto é, ouvir sempre! Percebo que muitos erram aqui, pois não se dispõem a sentar em uma cadeira para aprender com outros. A predisposição para ouvir sempre nos ajuda muito em nosso crescimento espiritual e de conhecimento. Tenho praticado isso em meu ministério e tenho colhido grandes bênçãos decorrentes disso. Quando estamos dispostos a ouvir e assim fazemos, adquirimos novas ideias para nossos sermões, inspiração para avançar através dos testemunhos de fé que ouvimos que edificam a nossa vida, novas informações que enriquecem nosso “bojo de conhecimento” e em alguns momentos, acabamos por rever alguns conceitos pessoais que temos. No período em que este livro estava sendo preparado, tive a oportunidade de ouvir uma mensagem pregada pelo conhecido pastor presbiteriano, Hernandes Dias Lopes. Num templo batista, enquanto ele falava, comecei a observar que esse pastor consegue fazer algo que tem se tornado raro hoje em dia: ele une simplicidade e profundidade ao mesmo tempo enquanto prega. Isto é maravilhoso. Não há ostentação em suas mensagens e nem autoelogios – ele simplesmente prega a Palavra. Desejei isso do Senhor para minha vida, para meu 38


Homilética e Oratória ministério, afinal, importa que Ele cresça e eu diminua! Às vezes é realmente maçante como alguns pregadores gastam o tempo que deveria ser dado à pregação da Palavra para descrever o seu vasto currículo, mas não será o seu vasto currículo que edificará a Igreja e libertará vidas, mas sim a exposição da Palavra que conduz a fé em Cristo, e a fé em Cristo à salvação eterna (Rm 10.17). Paulo só se gloriava na cruz de Cristo! (Gl 6.14). Outro elemento que muito enriquece a vida do pregador (ou da pregadora) é a criatividade. Sem dúvida alguma, ela é fundamental na pregação. Quando usada de forma coerente, torna a pregação mais atraente e interessante. Ajuda a "prender" o interesse dos ouvintes. Existem casos de pessoas, inclusive obreiros, que quando pregam são sempre repetitivos e maçantes em suas mensagens. A congregação já sabe o que esperar quando aquela pessoa irá pregar. Isso acontece em primeiro lugar por falta de intimidade com a Bíblia, que é uma fonte inesgotável para o pregador, e também por falta de criatividade. A atenção é outro fator necessário no exercício da pregação. O pregador atento extrai assuntos para suas preleções dos mais variados lugares e das mais variadas circunstâncias. Lembro-me de ter citado certa vez, quando pregava num culto doméstico, um fato que observei no quintal do meu vizinho. Ele havia cortado uma árvore deixando-a somente no tronco, mas a árvore voltou a florescer, apesar disso. Na mensagem, eu falava sobre 39


Homilética e Oratória renovo espiritual e usei o exemplo daquela árvore, que mesmo após ser cortada, voltou a florescer, aplicando esta ideia à vida espiritual daquele que mesmo ferido, pode ser restaurado por Deus. Quando somos observadores, extraímos elementos para nossas pregações das experiências que temos com Deus, experiências familiares, no trabalho, na convivência entre irmãos, andando na rua, assistindo à um noticiário ou outra coisa que seja útil, lendo um livro, um artigo, uma matéria, etc. A observação da vida à nossa volta nos ajuda em muito no exercício da pregação. Vemos isso em abundância no ministério do Senhor Jesus, que sempre citava elementos do cotidiano no qual Ele vivia - água, trigo, joio, dracmas, semeador, etc. Há ainda uma característica que não posso deixar de mencionar: a capacidade de sintetizar, isto é, de resumir, de ser objetivo sem deixar o assunto vago. Isso deve marcar o ministério do pregador da Palavra de Deus. Há pregadores que abordam vários assuntos em um sermão, mas não chegam a lugar algum. Outros acham que sermão bom é sermão extenso demais. É melhor pregar um sermão de meia hora deixando na congregação o desejo de ouvir mais, do que pregar um sermão de uma hora ou duas deixando a congregação enfadada, enfastiada. É comum abordarmos, às vezes, determinados temas de pregação que são muito sugestivos, muito amplos. Se o pregador não souber sintetizar, acabará exagerando em 40


Homilética e Oratória seus comentários, estendendo demais a preleção. Esta também é outra característica que encontramos no ministério do Senhor Jesus. É maravilhoso observar como algumas vezes, numa palavra direta e objetiva, Ele conseguia comunicar uma verdade extremamente profunda! Nem sempre falar muito é sinônimo de profundidade. Pregador(a), lembre-se sempre disto! 2. O PREGADOR E A VIDA ESPIRITUAL Neste ponto iremos salientar o quão importante é para o pregador da Palavra de Deus cultivar uma vida espiritual sadia e quais são os requisitos espirituais que ele deve atender para exercer com êxito este ministério. Então, quais são as qualificações espirituais necessárias ao pregador da Palavra de Deus? Em primeiro lugar, o pregador precisa ser nascido de novo, isto é, ter passado pela experiência da salvação pela fé em Cristo Jesus demonstrada por frutos, tal como Jesus descreveu a Nicodemos em João 3.1ss (confira também Gl 5.22-25). Se o “pregador” não for genuinamente nascido de novo em Cristo, ele não passará de uma farsa! Como pregar salvação se eu mesmo não a experimentei? É uma grande incoerência! É importante ressaltar que pessoas são salvas por Cristo para herdar o Céu e também para servir a Ele em Sua seara. Daí a importância de que todos os salvos em Cristo 41


Homilética e Oratória sempre busquem do Senhor o direcionamento ministerial, procurando se localizar na obra de Deus. “Para que o Senhor me chamou?” É uma pergunta que desde os primeiros meses devem os recém convertidos fazer ao Senhor, recebendo ajuda dos mais experientes, haja vista que essa descoberta nem sempre é fácil, principalmente para os jovens. Mas a nossa chamada vai sendo descortinada pelo Senhor em nossas vidas. No ministério da pregação não é diferente! O pregador do evangelho precisa ser então chamado por Deus para este ministério. Ele não deve ser um aventureiro, mas estar cônscio de que foi escolhido e capacitado por Deus para pregar a mensagem salvífica do evangelho. Outro fator marcante e indispensável na vida espiritual do pregador é a piedade e a devoção a Deus. Estas palavras dizem respeito ao proceder do crente como servo do Senhor no dia a dia, no relacionamento com as pessoas e principalmente com Deus. Ele deve se deixar controlar sempre pelo Espírito Santo buscando sempre produzir em seu caráter o fruto bendito do Espírito Santo mencionado em Gálatas 5.22. Os maiores e mais profundos pregadores do passado e da atualidade foram e são homens (e mulheres) de grande piedade e devoção. A sinceridade e a humildade precisam também marcar a vida do pregador ou da pregadora. Nem sempre é fácil ser sincero, e também não podemos fingir humildade – ou somos ou não somos humildes! Isto é fato! Mas se 42


Homilética e Oratória queremos agradar a Deus devemos possuir estas características marcantes. Não devemos confundir sinceridade com grosserias e agressões verbais ditas de maneira irresponsável. A sinceridade consiste em dizermos o que realmente Deus quer que digamos, com temor Dele, mas sendo sempre humildes. Para que isso aconteça, precisaremos ainda de honestidade e seriedade, de coragem para transmitir o que Deus nos dá e de otimismo para crer que a mensagem produzirá efeitos benéficos na vida dos ouvintes. A pregação da Palavra de Deus deve sempre ser pautada por uma vida espiritual sadia em Cristo Jesus. Isto não significa dizer que o pregador ou a pregadora será uma pessoa isenta de falhas. A pregação é justamente um grande milagre por isso mesmo, pelo fato de Deus usar uma pessoa pecadora para comunicar a mensagem de salvação a outras pessoas que também são pecadoras, mas que mesmo ouvindo um pecador, aceitam e crêem na mensagem que está sendo pregada e são salvas pela fé em Cristo Jesus. Isto é sem dúvida um fato notável! O homem ou a mulher que é chamado ou chamada por Deus para o ministério da pregação, precisa cultivar uma vida de oração e de leitura e estudo da Palavra de Deus. É dos momentos de comunhão com Deus que recebemos nossas mensagens. É dele que temos que buscar e receber aquilo que vamos pregar. É certo também que quando assumimos o compromisso de pregar o evangelho, trava43


Homilética e Oratória se uma batalha no mundo espiritual, daí a necessidade de se buscar sempre o Senhor e ter uma vida espiritual dinâmica. Outro fato a ser observado é que a pregação não é um discurso comum, uma palestra apenas, como qualquer outra. É mais que isso! Trata-se de comunicar à Igreja e aos pecadores aquilo que Deus quer comunicar. O pregador ou a pregadora é porta-voz do Senhor e deve ser a própria encarnação da mensagem que ele mesmo está pregando. Para que isso aconteça, o pregador ou a pregadora precisa ser espiritual. 3. DIFICULDADES PREGADOR

ENFRENTADAS

PELO

Uma realidade sempre presente e constante na pregação é que enfrentamos desafios para fazê-la. Sabemos que o Inimigo das nossas almas opõe-se à Palavra, portanto, não é de admirar que ele investirá esforços contra a difusão da mensagem do evangelho. O pregador ou a pregadora sempre encontrará as mais variadas dificuldades no exercício da exposição bíblica pela pregação. Após alguns anos estudando a Bíblia Sagrada e vivendo a experiência de pregar, tenho observado algumas dessas dificuldades – na verdade, não apenas observado, mas sentindo na pele essas dificuldades! Quero aqui compartilhar com você, 44


Homilética e Oratória estimado leitor, algumas orientações úteis que lhe ajudarão a superar estas dificuldades. A primeira é sem dúvida a mais difícil, isto porquê engloba por si mesma uma série de outras adversidades – a oposição das trevas. Não resta dúvida de que as trevas irão batalhar para parar os autênticos pregadores da mensagem da cruz. Note que Paulo enfrentou muitas dificuldades em seu ministério, ele chegou a apresentar aos coríntios uma lista dos seus sofrimentos (cf. 2 Co 11.16-33), tudo por amor à pregação do evangelho de Cristo! Apesar de seus muitos sofrimentos pela causa de Cristo, Paulo não deixou de reconhecer que Deus estivera com ele em todos estes momentos – veja o que ele diz já no final de sua vida: “Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças, para que, por meu intermédio, a pregação fosse plenamente cumprida, e todos os gentios a ouvissem; e fui libertado da boca do leão” (2 Tm 4.17). Por isso, tenha em mente que Deus é Quem nos chama, envia, capacita e supre nossas necessidades. É NEle que devemos nos apoiar, é DEle que recebemos forças para prosseguir avante sempre, levando a doce mensagem de salvação em Cristo Jesus, o Único Mediador entre Deus e os homens (2 Tm 2.5). Pois bem, consideremos agora outras dificuldades mais que fazem parte do exercício da pregação. Uma que não poderia deixar de citar aqui é o medo e o nervosismo. Mas esta dificuldade é até natural, na verdade mais 45


Homilética e Oratória natural do que possamos imaginar. Veja o que uma pesquisa feita com três mil pessoas revelou; perguntou-se: “Do que você tem mais medo?” – veja os resultados curiosos que foram obtidos: 1 - Falar em público – 41% 2 - Medo de altura – 32% 3 - Insetos – 22% 3 - Problemas financeiros – 22% 3- Águas profundas – 22% 4- Doença – 19% 5 - Morte – 19% 6 - Viagem aérea – 18% 7 - Solidão – 14% 8 - Cachorro – 11% 9 - Dirigir ou andar de carro – 9% 10 - Escuridão – 8% 11 - Elevadores – 8% 12 - Escada rolante – 5% Como você pôde ver, a maioria das pessoas responderam que tem medo de falar em público. Se você sente medo ou fica nervoso na hora de se dirigir à um grupo de pessoas, não se sinta só, você não é o único a se sentir assim em tal situação. Para superar isto, é importantíssimo que você não desista em um primeiro aparente fracasso. Persistir é preciso! Como em qualquer outra atividade, “a pefeição 46


Homilética e Oratória vem da prática!” Arrisque-se! Apesar daquela sensação horrível que nos assalta de que estamos sendo observados e avaliados pelas pessoas, de que podemos “pagar um terrível mico” (na linguagem da garotada) e assim por diante, devemos insistir no ministério. Conta-se que um diácono, certa vez, sugeriu ao famoso evangelista Moody que desistisse de pregar pois ele tinha um vocabulário muito ruim. De fato, Moody falava errado mesmo, mas à despeito disso, Moody é considerado o maior evangelista do século 19 nos Estados Unidos! Outra dificuldade que encontramos no momento da pregação é a indiferença e desatenção de algumas pessoas no momento da preleção. Sim! Esta é uma dificuldade das mais difíceis de ser superada. Algumas vezes, quando vou pregar, percebo em algumas pessoas total desinteresse pelo momento da Palavra. Algumas levantam-se no momento exato em que começo a pregar, outras sequer dão atenção apesar de permanecerem sentadas, outras mexem no aparelho celular e outras fazem algo que me deixa numa situação ainda mais difícil: começam a bocejar! É até engraçada esta situação, mas o pregador deve estar preparado para isto. Nem sempre estas coisas que acabei de citar acontecem porquê o pregador é ruim ou não é dinâmico na pregação, é porquê as pessoas estão desinteressadas mesmo. Nessas horas, é bom lembrar que nem todos estão assim, mas que há pessoas que precisam ouvir a Palavra que o Senhor nos 47


Homilética e Oratória deu para transmitir. Por isso, numa situação como esta, pregue com coração aberto e com coragem, não desanimando por causa disto. 4. ERROS A SEREM EVITADOS PELO PREGADOR Após alguns servindo ao Senhor, tenho coletado algumas informações fundamentais no âmbito da ética e da etiqueta para o obreiro no exercício da pregação bíblica. É importante que você leia com atenção cada uma dessas orientações e as pratique em seu ministério. Algumas pessoas consideram o que vamos abordar aqui algo um tanto "chato", mas o fato é que muitos, por ignorar estas informações, acabam cometendo verdadeiras "atrocidades" ao púlpito. Daí a importância de você conhecer as orientações a seguir a fim de não cometer os erros decorrentes por não observá-las. Desse modo, salientamos os erros não para valorizá-los, mas para conhecê-los e desse modo evitá-los. Sendo assim, pregador(a), evite os seguintes erros por favor: 4.1 Não tomar um texto bíblico como base do seu sermão Seja qual for o tipo de sermão a ser pregado (temático, textual ou expositivo), a Bíblia é por excelência o Livrotexto do pregador; é dela que extraímos as verdades que vamos transmitir durante um sermão, daí a importância de sempre embasar biblicamente uma mensagem. Já ouvi 48


Homilética e Oratória de um caso em que determinado pregador não leu nada da Bíblia para transmitir o seu sermão. Isso é lamentável! A Palavra de Deus é a nossa "fundação", nosso alicerce, nossa mensagem. O mais conveniente é sempre ler o texto bíblico escolhido ao início da mensagem, para que dele flua a pregação. 4.2 Não orar Infelizmente, isso pode acontecer – um pregador não orar a Deus na preparação de suas mensagens. Por mais que o preletor (ou preletora) possua um grande cabedal de conhecimento bíblico, teológico e mesmo secular, é somente em oração que receberá de Deus poder para ministrar com intrepidez a Sua poderosa Palavra. É um grande erro nos apoiarmos em nossa própria sabedoria, não dependendo de Deus em oração para o exercício da pregação. Procure sempre cultivar uma vida de oração. 4.3 Chegar atrasado ao culto Há quem faça isso intencionalmente, para chamar a atenção para si. Mas o pregador que se preocupa em glorificar a Deus e simplesmente pregar a Sua Palavra, não atenta para isso. Porque razão não participar do culto? Seria melhor chegar antes do culto começar e orar a Deus pelo seu desenrolar, pedindo para que vidas sejam ganhas 49


Homilética e Oratória para Cristo e que tudo seja conduzido no culto de modo a agradar a Deus, inclusive o sermão que será pregado. 4.4 Indiscrição na tribuna Subir à tribuna e sair cumprimentando todas as pessoas que ali estiverem, caso tenha chegado atrasado(a) ao culto, é uma prática a ser sempre evitada. Ainda que seja algo muito comum, especialmente nas igrejas de orientação pentecostal, é algo a ser evitado, sempre. Lembro-me de ter visto certa feita um pastor chegar atrasado num culto e fazer isso - sair cumprimentando todas as pessoas. Ele acabou chamando tanto a atenção da congregação ali presente que o pastor que conduzia o congresso (lotado!) acabou parando de falar, por não conseguir mais se concentrar. Felizmente o pastor que dirigia o culto acabou conduzindo a situação de forma bem humorada. Essa prática atrapalha muito o andamento do culto. É falta de ética. Se você não conseguiu chegar no começo do culto, ou mesmo antes, ao subir a tribuna apenas acene com a mão para as pessoas. Isto já é suficiente. Esse ponto vale também para quem não estará assentado na tribuna, pois sair cumprimentando as pessoas quando o culto já está em andamento, na tribuna ou fora dela, atrapalha o andamento normal, para quem está ao microfone e para os demais que ouvem.

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Homilética e Oratória 4.5 Orar em excesso Orar novamente ao passarem para você o microfone, caso alguém já tenha orado antes. Isso traz a impressão de que a oração feita pelo seu antecessor foi inválida ou que você simplesmente a está ignorando. Caso você deseje orar novamente, então peça licença à pessoa que já o fez e procure ser delicado fazendo a ressalva indicando que não é sua intenção invalidar a oração já feita. 4.6 Indiscrição ao púlpito Ser indiscreto no púlpito, usando brincadeiras que deixam as pessoas constrangidas ou em situações que possam causar algum tipo de mal estar. É claro que é sempre bom o pregador levar a congregação a interagir com a mensagem, mas faça isso de maneira equilibrada e moderada, sem excessos. Hoje em dia, tornou-se comum ouvirmos os pregadores dizerem: "faça isso", "faça aquilo", "diga isso", "diga aquilo", "levante", "bata no ombro do seu irmão e diga...", etc. Lembro-me de ter assistido em um DVD a pregação de um conhecido pregador no Brasil. Durante a mensagem, veja o que ele disse: "Dê um tapinha no ombro do seu irmão como quem está limpando caspa" (!) É realmente deprimente ouvir esse tipo de coisa, e muito mais de uma pessoa de quem se espera conteúdo bíblico. Outra verdade que precisa ser dita aqui é que pessoas que usam excessivamente este tipo de coisa 51


Homilética e Oratória podem estar querendo, na verdade, é manipular a congregação com subterfúgios psicológicos, a fim de levar o povo a se mostrar animado durante a pregação. O pregador genuinamente bíblico simplesmente prega a Palavra de Deus e isso acima de tudo! Não estou dizendo com isso que o preletor não deve ser atento e preocupado com as pessoas que o irão ouvir, mas a exposição bíblica é suficiente e ela não depende dessas inovações que estamos presenciando em nossos dias. 4.7 Usar o microfone e o púlpito para desabafar Eis aí uma prática lamentável em nossas igrejas e eventos cristãos. Esse tipo de situação quebra completamente a atmosfera espiritual de um culto, desviando a atenção das pessoas para aquilo que em nada haverá de edificar. Nas mãos do pregador o microfone é uma poderosa arma que ele deverá usar contra as forças das trevas, e não contra pessoas. Há pregadores que por estarem magoados com alguém presente durante o culto, usam o momento da pregação para descarregar no púlpito os seus sentimentos contra aquela pessoa, o que por si só já é um ato de covardia, uma vez que ele não tem coragem de ir diretamente àquela pessoa e resolver o problema, passa então a usar irresponsavelmente o microfone e o púlpito. Isso não traz nenhuma edificação, só confusão e mais

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Homilética e Oratória problemas. Pessoas saem feridas e magoadas e por vezes, isso acaba por dividir a congregação. Vigiemos! 4.8 Usar o microfone e o púlpito para lançar indiretas Talvez você possa não concordar com alguma postura do pastor, ou de algum membro da igreja, enfim, de qualquer situação que possa estar relacionada à igreja. Todos tem o direito de ter uma opinião, mesmo que diferente da maioria. Mas nunca use o púlpito para lançar indiretas - o pregador deve ser franco e direto e só dizer no púlpito o que é apropriado. O púlpito não foi feito para a resolução de problemas internos da igreja ou entre pessoas, para isto existe o diálogo aberto e as reuniões que são realizadas periodicamente. Jamais use o púlpito e o microfone para lançar indiretas. 4.9 Tornar público problemas internos da igreja ou da denominação à qual você pertence Lembre-se sempre: quando você prega, acaba se dirigindo a todo tipo de pessoas: crentes e não crentes, congregados, desviados, visitantes, novos convertidos, etc. Muitas pessoas poderão não saberem como lidar com as informações transmitidas (que podem até ser verdadeiras) e acabarão até mesmo pecando contra o Senhor e perdendo a bênção. 53


Homilética e Oratória 4.10 Não estar atento ao tipo de público ao qual você está se dirigindo É fundamental que o pregador (ou a pregadora) esteja atento a isso, para que não venha ser incoerente com a mensagem que irá pregar em relação à congregação. Não estou dizendo que o pregador deve ser tendencioso, tipo aquele que quando está entre os conservadores prega como um conservador, mas quando está entre os liberais, prega como os liberais. Não é isso que estamos sugerindo, pois isso é falta de personalidade diante de Deus e da Igreja. O pregador deve sim transmitir o que Deus lhe dá, tendo convicção que recebeu DEle a mensagem. Mas é preciso que digamos que talvez você possa estar em algum momento diante de uma congregação que esteja chorando a morte de um membro que era muito querido, ou esteja vivendo um momento difícil por causa de problemas internos, etc. Desse modo, não é bom pregar uma mensagem admoestativa, corretiva. Há pregadores que pensam que a pregação deve sempre ser dura, repreensiva, truculenta. Não! Os profetas de Deus também foram chamados para consolar a Igreja e isto é fato. Esteja atento a isto. CONCLUSÃO

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Homilética e Oratória

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Homilética e Oratória

Exercícios do capítulo 3 Responda as sintetizada.

questões

abaixo,

de

maneira

bem

1.

Comente sobre a importância do hábito da leitura na vida do pregador ou pregadora: _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________

2.

Mencione alguns elementos indispensáveis para o exercício da pregação: _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________

3.

Mencione uma das dificuldades enfrentadas pelo pregador e como superá-la: _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ 56


Homilética e Oratória _______________________________________________ _______________________________________________

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Homilética e Oratória

4 Oratória “Como eu amo a tua lei! Medito nela o dia inteiro” (Salmo 119.97).

INTRODUÇÃO medo de falar em público é um dos maiores da humanidade, superando até o medo da morte para muitas pessoas. É o que indica uma pesquisa feita pelo jornal inglês Sunday Times, citada no site da Associação Brasileira de Recursos Humanos:

O

[...] Sunday Times, que realizou um levantamento com 3 mil entrevistados, onde cada um deles deveria hierarquizar os seus maiores medos. O resultado apontado foi que 41% deles tinha receio de falar em público, seguido por problemas financeiros, com 22%, e 19% delas apontaram ter medo de doenças e também morte9.

9

Site: ABRH-PR. Associação Brasileira de Recursos Humanos. Link: <http://www.abrh-pr.org.br/medo-de-falar-em-publico-e-maior-que-o-damorte-para-41-das-pessoas-diz-pesquisa/> Acesso em 13 abr. 2016.

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Homilética e Oratória Se comunicar bem não é apenas uma questão relacionada à “estética” do indivíduo, mas incide diretamente na sua inserção na sociedade, no mercado de trabalho, no acesso à educação. O mesmo site, acima citado, menciona que “a comunicação é uma habilidade em falta no mercado de trabalho, mas muito requisitada nos processos de seleção”10. O fato é que nos comunicamos o tempo todo. A fala, como nosso principal veículo de comunicação, é usada por nós diuturnamente no desenvolvimento de atividades as mais variadas. Independente da área em que se trabalhe, a comunicação será essencial. Se for defeituosa, com certeza isso refletirá na qualidade do que se está desempenhando. A questão da comunicação é apresentada nas Escrituras também já nos primeiros capítulos e em Gênesis 11 pode-se conferir o que a comunicação, quando não se estabelece a comunicação num empreendimento. No contexto eclesial então isso é muito sensível. Aliás, o espaço de culto possibilita um uso constante da comunicação verbal por meio da pregação, do ensino, da condução da liturgia, etc. Precisamos lembrar que a comunicação do evangelho se dá, em grande medida, pela comunicação oral. E sendo assim, porque não recorrer à técnicas e “ferramentas”, fornecidas pela Oratória, a fim de aprimorá-la?

10

Idem.

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Homilética e Oratória 1. ORATÓRIA A oratória pode ser definida, de maneira bem direta, como “a arte de falar em público”, ou “a arte de falar ao público”, ou ainda, a arte do “dizer bem”. Usar a voz na comunicação com o público sempre foi uma atividade típica entre as civilizações. Até a prática da leitura na Antiguidade era feita principalmente na forma oral (CASTELLO, 2007, p. 110). D’Addario (2015) define oratória como a “arte de informar, causar impacto, comover e entreter um auditório através de um discurso”. Indica que a oratória não é apenas falada, uma vez que, conforme ele pontua, “a palavra não é apenas escrita e falada, mas gestual e, acima de tudo, emocional”. A oratória remonta, em sua história, ao quinto século antes de Cristo. Os gregos valorizavam muito a arte de falar em público e existe até uma anedota "sobre o aprendizado de Tísias. A história conta que Tísias se recusou a pagar as aulas minisradas pelo mestre Corax alegando que, se fora bem instruído pelo mestre, estava apto a convencê-lo de não cobrar. Se este não ficasse convencido, era porque o discípulo ainda não estava devidamente preparado, fato que o desobrigava de qualquer pagamento" (SILVA, 2012, p. 2). A retórica falada pode ser definida como oratória, conforme D’Addario (2015). A palavra vem do grego 60


Homilética e Oratória rhétor, que significa “orador”. Ela presta um importante serviço à oratória no sentido de torná-la argumentativa, persuasiva. São, portanto, dois fazeres que se entrelaçam na comunicação. 2. ORIENTAÇÕES EXCELÊNCIA

PARA

COMUNICAR

COM

A oratória, vista como disciplina, nos oferece uma série de informes que nos ajudam a aprimorar a nossa comunicação com o público. De fato, essa é uma atividade a ser desenvolvida e melhorada e que depende de diversos fatores. Consideraremos alguns princípios a partir daqui, mas tenha em mente que esses princípios serão apresentados neste livro sempre conexão com a Homilética. 2.1 Conheça sua audiência Quando se está para falar a uma grande audiência, o nervosismo e até mesmo a própria curiosidade, podem levar a mente a divagações e apreensões que não correspondem à realidade. Mesmo quem já tem experiência com a comunicação em público costuma enfrentar nervosismo nos minutos que antecedem o momento da ministração. Aliás, a experiência em alguns casos pode até servir para aumentar ou no mínimo tornar permanente o nervosismo. Certamente um dos maiores 61


Homilética e Oratória pavores das pessoas com relação a se dirigir a uma audiência é sofrer o famoso "branco"... Mas é possível lidar com isso e produzir uma boa pregação, palestra ou qualquer outro tipo de comunicação em público. Olhar as pessoas para as quais se vai falar pode ajudar muito, pois possibilita uma espécie de "acomodação" psicológica com o ambiente, tornando-o assim familiar a si próprio. Indubitavelmente, num lugar onde se sente mais familiarizado, o indivíduo tende a ter mais facilidade para se comunicar. Outra dica boa é conhecer também o ambiente físico onde ocorrerá a fala. Isso também ajuda na diminuição da ansiedade. Tal "sondagem" do lugar lhe permitirá ter uma visão dos recursos disponíveis, do que lhe permitirá enfrentar, limitações, acomodações, equipamentos de som, dentre outros elementos ali presentes. O desconhecimento total contribui diretamente para a ansiedade e insegurança do orador. Conhecer as pessoas que farão parte do seu auditório ajuda na aproximação entre orador e ouvintes. Ajuda a diminuir o "abismo" que parece se estabelecer quando se vai falar em público. 2.2 Vocabulário Se há algo que é determinante quanto à credibilidade de uma preleção, esse algo é o vocabulário usado. Você já se perguntou sobre isso? E ainda, você já perguntou a algum 62


Homilética e Oratória dos seus ouvintes sobre o vocabulário que você usa? Conta-se que um grande pregador do evangelho preparava seus esboços e lia para sua empregada doméstica. Os termos que ela não conhecia, ele simplesmente removia do texto. Isso é algo extremamente importante no que tange à comunicação. Se a linguagem que está sendo empregada não é compreendida por orador e ouvintes simultaneamente, a comunicação não se estabelece, ou no mínimo, fica prejudicada. O pregador, ensinador, deve enriquecer seu vocabulário, mas sempre tendo em vista a clareza em sua maneira de ministrar aos ouvintes. "Ampliar o vocabulário não significa apenas descobrir novas palavras, mas também, e, sobretudo, fazer uso das que já foram aprendidas e que, por qualquer razão, não e incorporam à comunicação ativa" (SILVA, 2012, p. 22). Que fique claro na mente do leitor que ter um vocabulário amplo e rico não significa usar uma linguagem por demais técnica na preleção, excessivamente rebuscada, ininteligível, mas também não é empobrecer a linguagem empregada, fazendo uso de gírias, palavras de baixo calão e português deficiente. 2.3 Trabalhe sua postura corporal Esse é outro ponto fundamental. É fato que nos comunicamos pelos gestos físicos e fisionômicos, alguns mais e outros menos. Inclusive nessa questão é preciso 63


Homilética e Oratória cuidado. Há pessoas que por inexperiência e desatenção acabam produzindo gestos obscenos durante sua fala. Isso pode causar constrangimento e demover a audiência da atenção ao conteúdo que está sendo comunicado. O corpo fala! Nossos gestos são determinantes sobre a mensagem que estamos transmitindo. O olhar, a maneira como movemos as mãos, as lágrimas, o silêncio, o andar. "Um estudo realizado pelo psicólogo Albert Melhrabaian concluiu que a transmissão da mensagem do orador para os ouvintes tem a influência de 7% da palavra, 38% da voz e 55% da expressão corporal" (SILVA, 2012, p. 25). Uma orientação muito válida para se desenvolver e aperfeiçoar a maneira como se gesticula, é gravar em vídeo as próprias ministrações. As pessoas sempre se surpreendem ao verem a si mesmas num vídeo. Cometemos erros e mantemos hábitos e cacoetes sem nos darmos conta disso. Assistir a si mesmo e ouvir a si mesmo ajuda muito na correção dessas falhas. Isso não pressupõe em hipótese alguma que a partir disso estaremos, definitivamente, isentos de errar. Mas garantirá a melhoria na qualidade da apresentação pessoal do orador. 2.4 Cuidados com a voz A voz precisa ser usada com cuidado e algumas medidas devem ser tomadas pelo orador para que se faça um bom uso da voz. Jailton Moraes em seu livro Homilética: da 64


Homilética e Oratória pesquisa ao púlpito (Editora Vida) dá as seguintes recomendações:             

Fale sempre com os pulmões cheios de ar, para não quebrar a voz; Respire bem, inspirando pelo nariz e expirando pela boca; Não fale enquanto estiver inspirando; Fale com naturalidade e vida; Não grite. Gritos agridem as cordas vocais de quem fala e prejudicam os tímpanos de quem escuta; Evite falar ao ar livre quando o tempo estiver frio e úmido; Faça exercícios de respiração; Faça exercícios de relaxamento; Faça exercícios vocais. Cante, pelo menos para si mesmo; Procure articular bem; Use sua voz na tonalidade natural; Cuide para que o final das frases e palavras seja bem audível; Imposte a voz sem afetação.

CONCLUSÃO

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Exercícios do capítulo 4 Responda as sintetizada.

questões

abaixo,

de

maneira

bem

1.

O que significa oratória? _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________

2.

Mencione algumas orientações importantes para um melhor cuidado com a voz: _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ 68


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5 O sermão “Como eu amo a tua lei! Medito nela o dia inteiro” (Salmo 119.97). INTRODUÇÃO

P

assaremos a estudar agora aspectos fundamentais pertinentes ao sermão tais como o título, a estrutura, a sua exposição diante dos ouvintes e é claro, analisaremos o que vem a ser o sermão em si. Popularmente, o sermão é mais conhecido como “pregação” e ambos os termos, “sermão” ou “pregação” estão corretos dentro do contexto da Homilética. O dicionário Aurélio define “sermão” como sendo um “discurso religioso geralmente pregado ao púlpito; prédica, predicação, pregação”. O sermão no contexto cristão evangélico tem um caráter bíblico e cristocêntrico, i.e., ele tem a Bíblia como sua base e Cristo no centro. Na verdade, isso é o que deve ser, embora nem sempre seja assim em nossos cultos, infelizmente. Quando consideramos os sermões que se acham na Bíblia logo notamos que a preocupação daqueles que os expuseram foi de comunicar a vontade de Deus aos seus ouvintes através dos sermões que estavam 70


Homilética e Oratória proferindo. Sem dúvida alguma, encontramos no período do NT pregadores notáveis como Pedro, Paulo, Apolo, Estêvão e outros. Também na história da Igreja nesses últimos dois mil anos grandes pregadores deixaram seu testemunho – homens como Moody, Spurgeon, Finney, John Wesley, George Whitefield, Willian Seymour e outros homens de Deus do passado. 1. O SERMÃO O sermão é em primeiro plano a comunicação verbal da verdade divina contida na alma do pregador com o propósito de persuadir as pessoas a receberem e assim viverem essa verdade em suas vidas. Desse modo, o sermão bíblico é distinto de qualquer outro discurso que possa ser feito, pois ele tem por objetivo um fim prático, que é o resultado da recepção pelo ouvinte deste sermão ou da verdade contida neste sermão. A pregação bíblica é a comunicação da verdade de Deus através de um homem a outros homens. 2. O ESBOÇO DO SERMÃO O estudo preparatório deve produzir algum material escrito. Enquanto se lê a Bíblia e outros livros, devem ser feitas anotações das referências e pontos principais do assunto. Trata-se de uma coleta de dados. No final, será necessária uma seleção e organização das ideias. 71


Homilética e Oratória Desorganização no preparo conduz ao nervosismo e erro no momento da pregação. Normalmente se obtém um grande volume de informações sobre o tema, de modo que se torna inviável a utilização de tudo na mensagem, mesmo porque, na medida em que se estuda, percebe-se o destaque de alguns dados em detrimento de outros. Precisamos, portanto, escolher as informações que de maior relevância em relação mais direta com o que iremos transmitir. Os pontos selecionados darão origem ao esboço da mensagem, que deve ser o mais curto e objetivo possível. Os esboços de pregação não têm uma forma rígida. Podem variar muito, mas aqui vão algumas dicas que podem servir como base para sua elaboração: A estrutura do esboço é a mesma da pregação. O esboço será então um roteiro para o pregador não se perder durante a ministração, ou mesmo para não se esquecer dos pontos mais importantes da mensagem. Em outras palavras, é um mapa com alguns pontos de referência que o ajudarão a alcançar seu objetivo. O esboço poderá ter: 1. 2. 3. 4. 5.

Título da mensagem Texto bíblico base Introdução Tópico 1 Tópico 2 72


Homilética e Oratória 6. Tópico 3... 7. Ilustração 8. Conclusão Vamos analisar cada parte. 2.1 Título É o tema a ser tratado, ou o “nome” da mensagem. Por exemplo: "A vinda de Cristo ao mundo" é o titulo de uma mensagem evangelística. 2.2 Texto bíblico base Toda pregação precisa ter um texto bíblico como base. Este é o fundamento que vai dar autoridade a toda a mensagem. Normalmente, o texto é pequeno: 1 versículo ou 2, ou 3. Raramente se deve utilizar um capítulo todo. Só quando o capítulo estiver todo relacionado ao mesmo assunto. Se for falar sobre a oração que Jesus ensinou aos discípulos, não preciso ler todo o capitulo 6 de Mateus. No caso do nosso exemplo (A vinda de Cristo ao mundo), usaremos o texto de I Timóteo 1.15 que diz: "Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao

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Homilética e Oratória mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal". 2.3 Introdução Existem inúmeras maneiras de se começar uma pregação. Por exemplo: "Nesta noite, eu gostaria de compartilhar com os irmãos a respeito do assunto tal..." ou "No texto que acabamos de ler, temos as palavras de Paulo a respeito da vinda de Cristo ao mundo". Para muitas pessoas, a primeira frase é a mais difícil. Apesar de muitas alternativas, o ideal é que a introdução seja algo que prenda logo a atenção dos ouvintes, despertando-lhes o interesse para toda a mensagem. Pode-se então começar com uma ilustração, um relato interessante sobre algo que esteja relacionado com o assunto da pregação. Outro recurso muito bom é começar com uma pergunta para o auditório, cuja resposta será dada pelo pregador durante a mensagem. Se for uma pergunta interessante ou intrigante, a atenção do povo estará garantida até o final da palestra. Voltando ao nosso exemplo, poderíamos começar a mensagem perguntando: "Você sabe para quê Jesus veio ao mundo? Nossa mensagem de hoje pretende responder a esta pergunta tão importante para todos nós." No esboço, podemos colocar uma palavra ou uma frase para nos lembrar como iniciaremos a mensagem. 74


Homilética e Oratória 2.4 Tópicos Os tópicos são as divisões lógicas do assunto, ou a divisão mais lógica possível. Podem ser argumentos, características, causas e consequências, aspectos positivos e negativos de algo ou listas diversas: informações, pecados, bênçãos, milagres, pessoas, promessas, etc. Por exemplo, se o título da minha mensagem for "O Maior Problema da Humanidade", eu poderia ter os seguintes tópicos: 1 - a origem do pecado; 2 - as consequências do pecado; 3 - a solução divina para o homem. A divisão em três tópicos é aconselhável por ser um número pequeno, de modo que o povo tenha facilidade de acompanhar o raciocínio do pregador, sem perder o “fio da meada”. Podemos até mudar este número, tomando cuidado para não elaborarmos uma mensagem complexa. Os tópicos devem ser organizados numa ordem que demonstre o desenvolvimento natural do tema, de modo que os ouvintes serão levados a compreender gradualmente o assunto até a conclusão. Em algumas mensagens, os tópicos podem ser argumentos a favor de uma ideia que se quer defender com o sermão. Bom será se eles estiverem organizados de maneira que os mais interessantes ou mais importantes sejam deixados por último, de modo que a mensagem vá se tornando cada vez mais significativa, consistente e mais interessante a cada momento até a conclusão. Se você usar seu melhor 75


Homilética e Oratória argumento logo no início, sua mensagem poderá “perder o sabor” no final. Numa mensagem sobre “Homens de Deus na Bíblia”, cada tópico poderia ser o nome de uma pessoa, sobre a qual o pregador falará resumidamente. Por exemplo: Abraão, Moisés, Davi e Jesus. Esta ordem é natural e ascendente. Se for invertida, a pregação começará forte e terminará sem força. Em alguns casos, o próprio texto bíblico já tem sua própria divisão que usaremos para formar nossos tópicos. O texto de I Timóteo 1.15 é assim. Dele tiramos os seguintes tópicos para nosso esboço: 1 - Jesus veio ao mundo - Falar sobre a aceitação geral da vinda de Jesus. É difícil encontrar alguém que não creia que ele tenha vindo. 2 - Para salvar os pecadores - Falar sobre diversas ideias que as pessoas têm sobre o objetivo da vinda de Cristo e qual foi sua real missão. Fundar uma religião? Uma escola filosófica? Dar um golpe de estado? Nada disso. Ele veio salvar os pecadores. 3 - Dos quais eu sou o principal - Falar sobre a importância do reconhecimento do pecador para que a obra de Cristo tenha eficácia em sua vida. Questão individual. Outro exemplo de divisão natural do texto é João 3.16: 1 - Deus amou o mundo. Falar sobre o amor de forma geral e sobre o amor de Deus. 76


Homilética e Oratória 2 - Deu o seu Filho Unigênito - O amor de Deus em ação. Deus não ficou na teoria ou no sentimento. 3 - Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna - O objetivo da ação de Deus. Esse versículo é riquíssimo. Podemos elaborar várias mensagens através dele. É importante prestar atenção a este detalhe. Se tivermos um entendimento muito abrangente de um versículo, é melhor elaborar mais de um sermão, do que tentar colocar tudo em um só, tornando a mensagem longa ou complexa, principalmente quando o texto permitir vários ângulos de abordagem, ou contiver mais de um assunto. 2.5 Ilustrações Ilustrações são ditados, provérbios (não necessariamente os de Salomão) ou pequenas histórias que exemplificam o assunto da mensagem ou reforçam sua importância. Como alguém já disse, as ilustrações são as "janelas" do sermão. Por elas entra a luz, que faz com que a mensagem se torne mais clara, mais compreensível. Jesus sempre ilustrou suas mensagens através do relato de situações comuns da vida de seus ouvintes: pastores e ovelhas, pais e filhos, senhores e servos, etc. Muitas vezes, os argumentos que usamos podem ser difíceis, ou obscuros, mas, quando colocamos uma ilustração, tudo se torna mais fácil. Existem muitas 77


Homilética e Oratória “historinhas” por aí que não aconteceram de fato e são usadas para ilustrar mensagens. Não há problema em usálas. Podem ser comparadas às parábolas bíblicas. Entretanto, é importante que o pregador diga que aquilo é apenas uma ilustração. As histórias podem ser fictícias desde que não sejam testemunhos. Estes devem ser reais. Não podemos inventar a história de um milagre que nunca aconteceu. Não podemos colocar Deus como personagem de uma lenda. Observe que as parábolas de Jesus foram usadas para exemplificar e esclarecer seus ensinamentos, mas nelas não encontramos pseudotestemunhos sobre a ação de Deus. Se usarmos testemunhos (verdadeiros!) como ilustrações, eles devem ser bem curtos. A ilustração não pode ser tão grande a ponto de se sobrepor à mensagem, assim como a janela não pode ser maior do que a parede. As ilustrações são muito importantes, porque despertam o interesse dos ouvintes, eliminam as distrações e ficam gravadas na memória. Pode ser que, na segunda-feira, os irmãos não se lembrem de muita coisa do sermão de domingo, mas será bem mais fácil lembrar das ilustrações, dos “casos” contados como exemplo e, juntamente com essa lembrança, será também recordado um importante ensinamento. As ilustrações podem aparecer em qualquer parte da pregação, mas não em todos os tópicos da mesma mensagem. 78


Homilética e Oratória No exemplo da mensagem de I Timóteo, poderíamos usar uma ilustração no tópico 3, mencionando que um doente precisa reconhecer sua doença para ser curado, ou contando um curta história sobre um doente que reconheceu ou não a sua doença e qual foi a consequência disso. Não é obrigatório o uso de ilustrações no sermão. Às vezes, os próprios relatos bíblicos já ilustram muito bem os assuntos que abordamos. Quando pregamos com base no Novo Testamento, podemos usar um pequeno relato do Antigo Testamento como exemplo. Outro detalhe a se observar: não é bom usar muitas ilustrações na mesma mensagem, pois ela se tornaria uma coleção de contos sem consistência. Como dissemos, ilustração é luz, e luz demais pode ofuscar a visão. Observe que neste estudo de Homilética, usamos até aqui os seguintes elementos ilustrativos: refeição, vendedor, semeador, viagem, mapa, janela, parede e luz. 2.6 Conclusão A conclusão será o ápice da mensagem, o fechamento. Não basta fazer como aquele pregador que disse: "Pronto! Terminei". A conclusão é a ideia ou conjunto de ideias construídas a partir dos argumentos apresentados no decorrer da mensagem. Nesse momento pode-se fazer uma rápida citação dos tópicos, dando-lhes uma "amarração" final. A conclusão está diretamente ligada ao 79


Homilética e Oratória objetivo da mensagem, que deverá ser focalizado e mencionado nesse momento final. Nessa parte, normalmente se convida para o posicionamento dos ouvintes em relação ao tema. Ainda não é o apelo. O pregador incentiva as pessoas a tomarem determinada decisão em relação ao assunto pregado. Depois desse incentivo, dessa proposta, o assunto está encerrado e pode-se fazer o apelo, se for o caso, e/ou uma oração final. No caso do nosso exemplo (A vinda de Cristo ao mundo), poderíamos concluir convidando os ouvintes a reconhecerem sua condição de pecadores, para que o objetivo da primeira vinda de Cristo se concretize na vida de cada um. Para fechar bem podemos encerrar dizendo que Cristo virá outra vez a este mundo para buscar aqueles que tiverem se rendido ao evangelho. O esboço deve ser o menor possível. Pode-se, por exemplo, usar uma frase para cada parte. Pode haver determinado tópico representado por uma única palavra. O esboço é o "esqueleto" da mensagem. Coloca-se o que for suficiente para lembrar ao pregador o conteúdo de cada divisão. Se uma palavra ou uma frase não forem suficientes, pode-se colocar mais, mas com o cuidado de não se elaborar um roteiro muito grande e complicado, pois o pregador poderia ficar perdido no próprio esboço na hora de pregar. Então, o recurso que deveria ser útil torna-se um problema. Opcionalmente, o pregador pode fazer o esboço, bem pequeno e, em outro papel, um 80


Homilética e Oratória resumo da mensagem. No púlpito, só o esboço será usado. O destino do resumo será o arquivamento. Em outra ocasião, quando o pregador for usar o mesmo sermão, o resumo será muito útil. Se tiver guardado apenas um esboço muito curto, este poderá não ser suficiente para lembrá-lo de todo o conteúdo de sua mensagem. Eis o esboço que construímos durante esta explicação: Título: A Vinda de Cristo ao Mundo Texto bíblico base: 1 Timóteo 1.15. Introdução: Você sabe para quê Jesus Cristo veio ao mundo? Tópico 1: "Jesus veio ao mundo" - Falar sobre a aceitação geral da vinda de Jesus. Todos crêem que ele veio (até os ímpios). Tópico 2: "Para salvar os pecadores" - Falar sobre diversas ideias que as pessoas têm sobre o objetivo da vinda de Cristo. Fundar uma religião? Dar um golpe de estado? Ensinar uma nova filosofia de vida? Qual foi sua real missão? Salvar os pecadores.

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Homilética e Oratória Tópico 3: “Dos quais eu sou o principal” - Falar sobre a importância do reconhecimento do pecador para que a obra de Cristo tenha eficácia em sua vida. Ilustração: O doente precisa reconhecer sua doença. Conclusão: Qual é o nosso posicionamento em relação à pessoa de Jesus Cristo? Conduzir ao reconhecimento individual da condição de pecado. Conduzir a aceitação de Cristo como Salvador. Não é aconselhável que se escreva toda a mensagem para se ler na hora. Isso torna a palestra monótona. Escreva apenas algumas frases norteadoras. Também não se deve ler todo o esboço diante do auditório. Trata-se de um roteiro para o pregador e não para os ouvintes. 3. TIPOS DE SERMÃO Os sermões são geralmente organizados em três tipos, que apresentamos aqui. Trata-se de uma divisão clássica e muito útil para se entender o papel e objetivo dos sermões, além de ajudar o pregador na elaboração/preparação do esboço do sermão. 3.1 Sermão Textual Neste tipo de sermão, o texto bíblico utilizado é amplamente explorado, pois no sermão textual o seu tema e a sua estrutura partem do texto lido, que não deve 82


Homilética e Oratória ultrapassar quatro versículos. É o texto que servirá para dirigir todos os tópicos do sermão. 3.2 Sermão Temático ou Tópico É aquele cujo tema é extraído de determinado texto bíblico, mas as suas divisões, isto é, o seu desenvolvimento, vem de outras referências bíblicas. Aqui, o pregador busca argumentos para o sermão em outras passagens bíblicas, sem, contudo, perder de vista o tema que está sendo tratado. 3.3 Sermão Expositivo No sermão expositivo, o tema e o desenvolvimento são extraídos de um texto bíblico que possua mais de quatro versículos. A diferença básica entre o sermão expositivo e o textual é que no expositivo o texto bíblico lido é maior, são mais de quatro versículos. É importante ressaltar que a pregação expositiva não é bem um comentário bíblico por parte do pregador, por mais enriquecedor que isto possa ser, afinal, sermão é sermão. Deve-se ter também o cuidado de não considerar o texto em apreço de forma isolada em relação às Sagradas Escrituras, pois a Bíblia explica-se a si mesma – esta é uma regra fundamental para uma boa hermenêutica bíblica.

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Homilética e Oratória 3.4 Os tipos de sermão que jamais devem ser pregados Passaremos a considerar agora alguns tipos de sermão que geralmente não são tratados nos livros de Homilética, mas que costumamos ouvi-los muitas vezes em nossa congregação. Aqui, é claro, estou tratando de um assunto importante, mas de forma bem humorada. Vejamos então alguns tipos de sermão que jamais devem ser proferidos por aquele que almeja a excelência no ministério da pregação. 3.4.1 Sermão Salada de Frutas É aquele que não tem um alvo, um objetivo. É uma verdadeira confusão! Como uma salada de frutas, este sermão mistura várias ideias sem, contudo, chegar a um alvo determinado. O pregador começa em Gênesis e termina em Apocalipse, mas não chega a lugar algum! Esse é o sermão salada de frutas, que por sua confusão acaba não alcançando um ápice, um ponto alto da pregação. 3.4.2 Sermão Metralhadora Neste tipo de sermão o pregador “dispara” para todos os lados, sem medir as consequências. Fomos chamados por Deus para edificar através da exposição da Palavra de Deus, não para ferir as pessoas, que muitas vezes já chegam em nossos templos feridas pelas circunstâncias 84


Homilética e Oratória adversas da vida, no seu cotidiano. Assim, ao invés de saírem curadas, saem ainda mais machucadas. 3.4.3 Sermão Sedativo É aquele em que o pregador consegue “anestesiar” a congregação, de tão cansativa que é a sua mensagem. Ele não tem conteúdo, não apresenta nada novo e muitas vezes fala com aquela voz arrastada. Assim, a congregação acaba tendo dificuldade para ouvir e receber a mensagem. E aproveitando este ponto, é importante ressaltar que o pregador ou a pregadora deve ter o cuidado de trabalhar bem a sua voz durante a sua pregação, mantendo a voz nem alta demais e nem baixa demais, mas alternando, em outras palavras, “subindo e descendo” o tom de voz. Se você gritar o tempo todo poderá causar irritação nos ouvintes e se você falar baixo demais o tempo todo, com aquela voz arrastada, poderá causar passividade na congregação. Fiquemos no equilíbrio. 3.4.4 Sermão Britadeira É aquele em que a pessoa grita excessivamente e o tempo todo. Muitas vezes, quando ouvimos este tipo de sermão, reconhecemos que o conteúdo – isto é, a mensagem em si – é até boa, bíblica, mas pelo fato do volume excessivo da voz, a congregação acaba ficando incomodada. É importante, inclusive, que o pregador ou a pregadora 85


Homilética e Oratória esteja atento ao volume do som da igreja para a qual ele está se dirigindo. Em muitos casos, o som do microfone já está alto e o pregador mesmo assim grita o tempo todo. Isto não é bom. 4. TRÊS PALAVRAS HOMILÉTICA

FUNDAMENTAIS

EM

Passaremos a considerar agora três elementos fundamentais na arte de falar em público, reconhecendo a importância de se aplicá-los na pregação ou mesmo no ensino. Vejamos, de forma bem sucinta estes três objetos de estudo da Homilética: 4.1 Oratória Conjunto de regras que constituem a arte de dizer bem, de falar bem. A oratória é a arte de falar em público de forma elegante, precisa, fluente e atrativa. Quando ouvimos uma pessoa falando, proferindo uma palestra ou pregando, apresentando estas qualidades, costumamos dizer que ela tem boa oratória. Isto porque a oratória evoca justamente a ideia de uma comunicação agradável, fluente e eficaz. 4.2 Retórica A arte argumentar bem. A retórica é o estudo teórico e prático das regras que desenvolvem e aperfeiçoam o 86


Homilética e Oratória talento natural da palavra, baseando-se na observação e no raciocínio. 4.3 Eloquência Capacidade de falar e expressar-se com desenvoltura. A eloquência pode ser desenvolvida na teoria e na prática da oratória. É o dom natural da palavra, desenvolvido de modo coordenado, coerente e fluente. CONCLUSÃO Como conclusão deste livro, trago as recomendações dadas por Emil Frommel, editadas há mais de um século, em 1894: Reserve para você momentos de silêncio e de meditação. Muitos cristãos se assemelham a aranhas, que vivem tecendo com o material que seu corpo produz. Mas, devemos também aprender das abelhas, que colhem néctar das flores que Deus lhes coloca à disposição! Quando meditamos, nós nos alimentamos. E, assim, nós nos preparamos para as adversidades da vida. Reserve para você os primeiros momentos do dia. Consagre as primícias de seus pensamentos ao Senhor. Renove todas as manhãs a grandiosidade da vocação da sua vida. E relacione para você mesmo os seus pontos fracos; é nessa área que você deve lutar mais. Aquilo que parece ser virtuoso perante os homens, isso pode ser pecaminoso diante de Deus.

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Homilética e Oratória Leia a Sagrada Escritura, inicialmente sem comentário. Leia a Bíblia com o lápis na mão, e procure decorar versículos importantes. Não negligencie a oração. Coloque todos os assuntos diante de Deus. Procure orar no espírito dos Salmos. Dê muita atenção à sua conduta, pois ela é o desdobramento daquilo que você fala. As palavras de um cristão devem estar envoltas pela seriedade. Não faça de suas palavras uns rojões a espoucarem no ar, mas procure direcionar as palavras aos corações das outras pessoas. Se a palavra é como uma espada, então ela deve estar guardada na bainha da misericórdia. Não fique procurando honrarias e nem louvor. Saiba que aqueles que gostam de perfumar as pessoas, são também os primeiros a cortar-lhes o pescoço. Com relação a sexualidade, o recato e a decência ainda são melhores do que a libertinagem. Visite as demais pessoas. Elas podem estar precisando de uma palavra de encorajamento. E se você transferir a visita para mais adiante, pode estar perdendo uma excelente oportunidade para ser uma bênção a alguém. Faça de seus ouvidos duas sepulturas para aquilo que foi confiado a você. Não atropele os acontecimentos; Deus tem a sua hora para agir. Faça as coisas de tal maneira como se você tivesse apenas este dia para agir. Mas, tenha também uma paciência tal como se você pudesse dispor de muitos anos. Viva um dia após o outro. Amanhã, Deus dará novas forças a Você!

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Homilética e Oratória Espero que você tenha sido edificado ou edificada por essas linhas. Que Deus possa abençoá-lo ou abençoá-la ricamente em Cristo neste ministério tão maravilhoso – a pregação da Palavra de Deus!

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Homilética e Oratória

Exercícios do capítulo 5 Responda as sintetizada.

questões

abaixo,

de

maneira

bem

1.

O que é o sermão? _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________

2.

O que é um esboço de sermão? _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________

3.

O que é a introdução do sermão? _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________

4.

Quais são as três principais classificações para o sermão? _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ 90


Homilética e Oratória 5.

O que é retórica? _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________

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Homilética e Oratória

Apêndice PREGADOR, IMPORTA QUE ELE CRESÇA E VOCÊ DIMINUA

E

stimado leitor ou leitora, estamos vivendo em um tempo em que denominações acabam se assemelhando à empresas que disputam entre si os consumidores e que nessa disputa, acabam usando de todo tipo de subterfúgios para atraí-los a comprar o seu “produto”. Denominações há que também agem assim, como se fossem verdadeiras “empresas da religião”, usando chavões como “venha para cá”, “a mão de Deus está aqui” e outros que dão a impressão ao ouvinte de que somente aquela denominação é a verdadeira ou de que somente nela Deus está operando, propagando essa ideia egocêntrica no afã de atrair novos fiéis (ou clientes?). Presenciamos hoje um verdadeiro “Mercado da fé” e nesse mercado nota-se fortemente a presença de um misticismo religioso presente no movimento protestante. O Pastor Hernandes Dias Lopes comenta: Temos visto a igreja evangélica brasileira capitular-se ao misticismo pagão. O verdadeiro evangelho está ausente de muitos púlpitos. Prega-se sobre prosperidade e não sobre salvação. Prega-se sobre curas e milagres e não sobre arrependimento e novo nascimento. O lucro substituiu a mensagem da salvação em muitas igrejas.

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Homilética e Oratória Temos visto igrejas se transformando em empresas, o púlpito em balcão, o evangelho num produto e os crentes em consumidores. Além desse descalabro, muitas crendices têm substituído a verdade em não poucas igrejas. Esses crentes incautos têm se alimentado do farelo do sincretismo em vez de serem nutridos pelo Pão da Vida. Há crentes que olham para a Palavra de Deus como um livro mágico e consultam a Bíblia como se ela fosse um horóscopo. Há aqueles que colocam um copo d’água sobre o aparelho de televisão, enquanto o suposto homem de Deus ora, pensando que essa água "benzida" tem poder extraordinário. Essas práticas não são bíblicas e devem ser reprovadas. Urge certamente uma nova Reforma11.

É um grande equívoco pensar que somente na “denominação tal” Deus está agindo, a começar pelo fato de que Deus não está limitado a denominações, embora elas sejam instrumentos que Ele mesmo usa na expansão de Seu Reino na Terra. Desde que a denominação seja genuinamente bíblica e cristocêntrica (o que não significa necessariamente ser isenta de erros!), esta denominação é boa e contribui para a expansão da Obra de Deus. Este comportamento “marqueteiro” de muitas denominações tem contribuído, infelizmente, para 11

LOPES, Hernandes Dias. Por que a igreja precisa de uma nova reforma. Disponível em: <http://hernandesdiaslopes.com.br/2009/10/por-que-aigreja-precisa-de-uma-nova-reforma/#.Vsun730rKt8> Acesso em 22 fev. 2016.

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Homilética e Oratória atitudes impróprias no culto cristão, como aquilo que eu chamaria de “estrelismo evangélico”, onde determinado(a) pregador(a) ou determinado(a) cantor(a) acaba se tornando a figura central. Pessoas afluem aos milhares a determinados eventos não por que Jesus estará presente, mas porquê “fulano tal” estará pregando ou cantando. Isso tem produzido uma comunidade evangélica interesseira, utilitária, sem profundidade espiritual. Fica evidente que o movimento evangélico no Brasil tem produzido homens e mulheres que se destacam na pregação e no louvor, mas é preciso que façamos uma reflexão sobre quem está recaindo nosso foco. É aqui que deve o pregador ou a pregadora refletir sobre o seu papel no reino de Deus e não se deixar levar por essa onda de busca por fama e estrelismo no serviço a Deus. Importa que Jesus cresça nos corações e nós diminuamos. Você está disposto a aceitar isso em seu ministério? Nessa altura, é pertinente perguntar: o que lhe move a pregar a Palavra de Deus? Sem dúvida, Deus nos julgará também por nossas intenções. A atitude de João Batista é um exemplo sóbrio para os nossos dias. Diz a Bíblia: [...] entre os discípulos de João e um judeu suscitou-se uma contenda com respeito à purificação. E foram ter com João e lhe disseram: Mestre, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, está batizando, e todos lhe saem ao encontro” (Jo 3.25,26).

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Homilética e Oratória A resposta que João Batista dá para esta questão evidencia o sentimento de um homem que não pretendia jamais disputar com Jesus, ou se aproveitar Dele, mas contribuir para que o Mestre fosse engradecido perante os homens: “Convém que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.30b). Diante da atitude de João Batista vale perguntar: Sua atitude como portador do evangelho de Cristo tem sido a de glorificar ao Cristo da cruz ou buscar glória para si mesmo? Importa que Ele cresça e nós diminuamos! Há momentos em que precisamos fazer uma autocrítica sobre nosso ministério, de nossa vida de comunhão com Deus. Pense nisso! Você foi chamado para glorificar a Deus.

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Referências Bíblia Sagrada. Nova Versão Internacional. CASTELLO, Luis A. Oculto nas palavras: dicionário etimológico para ensinar e aprender. Trad.: Ingrid Mülher Xavier. Belo Horizonte: Autêntica, 2007. LOPES, Hernandes Dias. Por que a igreja precisa de uma nova reforma. Disponível em: <hernandesdiaslopes.com.br/2009/10/por-que-a-igrejaprecisa-de-uma-nova-reforma/#.Vsun730rKt8> Acesso em 22 fev. 2016. MORAES, Jailton. Homilética: da pesquisa ao púlpito. São Paulo: Vida. SILVA, Henrique Sousa. Curso de oratória: a arte de falar em público ou habilidade de falar em público? CONSULPAM: 2012. STOTT, John R. W. O perfil do pregador. São Paulo: Editora Sepal, 1989.

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O autor Professor Roney Cozzer serve a Deus e a Igreja como presbítero e professor de teologia. É membro da Assembleia de Deus Central de Porto de Santana, Cariacica, ES, igreja esta liderada pelo Pastor Evaldo Cassotto. É casado com Dolarize Alves desde 2003, com quem tem uma linda filha, a Ester Alves Cozzer. Formou-se inicialmente pelo Curso Médio de Teologia da EETAD (Escola de Educação Teológica das Assembleias de Deus), vindo depois a graduar-se em Teologia. Realizou o Curso de Extensão Universitária “Iniciação Teológica” da PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro). É mestre em Teologia pela FABAPAR (Faculdades Batista do Paraná) na Linha de Pesquisa Leitura e Ensino da Bíblia. Possui formação em Psicanálise Clínica, é Licenciado em Pedagogia com pós-graduação em Psicopedagogia Clínica, e Licenciado em História com pós-graduação em Metodologia do Ensino da História e Geografia. Participou como autor e pesquisador do Projeto Historiográfico do Departamento de Missões das Assembleias de Deus do Vale do Rio Doce e Outros (DEMADVARDO) entre os anos de 2016 e 2018 e é membro do Grupo de Pesquisa "Perquirere: Práxis Educativa na Formação e no Ensino Bíblico". Serviu e serve como professor de teologia em seminários e cursos de teologia na Grande Vitória, além de ministrar palestras nas áreas de Bíblia, Teologia, Família, Educação Cristã e Mídia e Cristianismo. É administrador pedagógico do Instituto de Educação Cristã CRER & SER e coordenador do Curso de Teologia EAD da Faculdade Unilagos, em Araruama, no Rio de Janeiro, onde reside atualmente com sua família. CONTATOS E ATIVIDADE DO AUTOR roneycozzer@hotmail.com roneyricardoteologia@gmail.com Site Teologia & Discernimento Currículo Lattes: lattes.cnpq.br/3443166950417908

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