Título: "Dany, o menino que queria sorrir" Conto de Rosa Maria Santos, janeiro 2021

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Dany O menino que queria sorrir

Conto

Rosa Maria Santos 2


Ficha Técnica

Título Dany, o menino que queria sorrir Tema Conto Autora Rosa Maria Santos. Capa Arranjo de José Sepúlveda Ilustrações Rosa Maria Santos Revisão de textos e Formatação José Sepúlveda Publicado por Rosa Jasmim Edições

Editado em E-book em Janeiro de 2021 https://issuu.com/rosammrs/docs 3


Rosa Maria Santos Naturalidade – S. Martinho de Dume, Braga. Muito pequena, foi viver para a freguesia de Maximinos. A base do seu equilíbrio emocional está no seio familiar. É na família que encontra a alegria de viver. Viveu na Costa Litoral Alentejana, em Sines, trinta e um anos, tendo regressado em 2017, à cidade que a viu nascer, Braga. Participou em diversas coletâneas de Poesia, portuguesas, italianas e brasileiras. É Colunista no site Divulga Escritor, possuindo também uma rubrica na Revista com o mesmo nome. Foi assistente de produção e recolha na coletânea de postais do grupo Solar de Poetas, Poeta Sou…Viva a Poesia; participou nas coletâneas de poemas e postais de Natal do mesmo grupo: Era uma vez… um Menino; Nasceu, É Natal; Não Havia Lugar para Ele; Vale do Varosa: Uma Tela, um Poema, do Solar de Poetas, para promoção do Evento: Tarouca Vale a Pena; Belém Efrata; Então, Será Natal; Vi Uma Estrela, todas editadas em e-Book; O Presépio de Marco – inspirado nas imagens do presépio de Natal 2019, elaborado por Marco Penna e seus familiares; Quando o Menino Chegar – Coletânea de Poesia de Natal de 2020. 4


É Administradora dos grupos: Solar de Poetas, onde coordena também a equipa de Comentadores; Solarte – a Arte no Solar; SoLar-Si-Dó - A Música no Solar; Canal de Divulgação do Solar, Casa do Poeta; SolarTV Online; Poetas Poveiros e Amigos da Póvoa; Hora do Conto e O Melhor do Mundo, todos do grupo Solar de Poetas. A escrita é uma das suas paixões… Não se considera escritora nem poetisa, mas uma alma poética a vaguear pelo mundo... Se um dia deixar de sonhar, diz, deixa de existir. Livros editados: Rosa Jasmim (poesia), Capa do Mestre Adelino Ângelo – Julho 2018.

E-Books - Poesia Cantam os Anjos (poesia de Natal) – Capa de Adias Machado – Natal 2017; - Ucanha terra de encanto Poesia) - Capa: Glória Costa – Maio 2018; - Sinos de Natal, Natal de 2018; - Glosa, Arte e Poesia, Pinturas de Glória Costa, poesia da autora, Agosto 2019; - Entre Barros, Arte e Poesia Bordadas à Mão – pinturas de Bárbara Santos, poesia da autora, Outubro 2019; - Maviosa poesia, a arte de rialantero" Pintura de Silvana Violante; poesia da autora; Em Palhas Deitado – Poesia de Natal, Dezembro 2020.

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E-Books - Contos Pétalas de Azul (contos) – Fevereiro 2019; - Estórias em Tons de Rosa (contos) Abril 2019; - Pena Rosada, Crónicas do Quotidiano, Julho 2019; - 12 Contos de Natal, capa de Madalena Macedo - imagens com arranjos da autora, Natal 2019; - O Veado Solitário, na Aldeia do Chefe Lyn - Edição bilingue (português/italiano), Janeiro 2020; - Esperança no País do Arco Íris – Edição bilingue (português/italiano), Abril 2020; - O Menino da Lagoa - Edição bilingue (português/inglês), Abril 2020; - A Menina Raposa, capa de Ana Cristina Dias; - Rufo, o Cãozinho desaparecido – Edição bilingue (português/espanhol), Abril 2020; - Ana Rita e o fascínio dos ovos – Maio 2020; - Milú, o Chapeuzinho que gostava de cirandar, Maio 2020; - Contos ao Luar, Maio de 2020; - Patusca, no Reino Misterioso - Edição bilingue (português/italiano), Maio 2020;- O bolo na casa da Avó Doroteia, Junho 2020; - Sonega, o Coelho Mandrião, Julho 2020; - Rosalina e a Sombra Rebelde, Julho 2020; - O Jardim em Festa, Julho 2020; - Ritinha, salva a Sereia Serena, Julho 2020; - Ana Clara, em tempos de pandemia, Novembro 2020; - Josefina, a menina que veio do mar, Novembro 2020; - Luizinho, protetor do ambiente, Novembro 2020; - A Girafa Alongadinha e a Pulga Salomé, Novembro 2020; O Dia de Natal, Dezembro de 2020; O Natal de Afonso; Dezembro de 2020; Um Milagre na Ilha Paraíso, Dezembro de 2020; Ventos de Mudança, Dezembro de 2020; 6


Gisela e a Prenda de Reis, Janeiro de 2021; Dany, o Menino que queria sorrir – Janeiro 2021 .

Histórias da Bolachinha Bolachinha em Tarouca (prosa e poesia) - Capa: Glória Costa - Maio 2018; - Bolachinha vai à Hora de Poesia - Edição bilingue (português/ francês), Outubro 2018; - Bolachinha vai à Casa Museu Mestre Adelino Ângelo - Novembro 2018; - O Natal de Bolachinha, Natal 2018 Bolachinha e a Hora de Poesia, a visita de Teresa Subtil - Edição bilingue (português/Mirandês), Fevereiro 2020; - Bolachinha e a Hora de Poesia, a visita de José Sepúlveda - Edição bilingue (português/francês), Julho 2020.

Aventuras de Maria Laura Maria Laura, a Menina da Página dezasseis, Agosto 2020; - Aventura no Castelo sem nome, Agosto 2020.

Distinções 2º Prémio de Poeti Internazionali. Poema Rosa de Saron, no Concorso Artemozioni, Cantico dei Cantici In Valle d’Itria, Itália; Maio 2017. 3º Prémio de Poeti Internazional - Itália. Com o poema “Violino”; 5° Biennale del Festival Internazionale Delle Emozioni, Itália - Maio 2019. 10° Edizione Del Concorso Di Poesia e Narrativa: Prémio d’Onore Concurso de Premio Letterario 7


Internazionale di Poesia “Gocce di Memoria“, Itália, Junho 2019 con la poesia Sfera di cristallo (Bola de Cristal). Concorso “Il Meleto di Guido Gozzano” Sezione Autori di lingua straniera - ATTESTATO DI MERITO, 14 settembre 2019 com la poesia Assenza (Ausência). Itália, agosto de 2019. Jogos Florais Vale do Varosa 2019 – Concurso Literário Tarouca - “O rio, o vale e as gentes”: Menção Honrosa, categoria de Poema. Concorso di Poesia Internazionale " Gocce di Memoria" VI edizione 2020. Menzione d'onore con la poesie “Il mio quadro” – (Meu quadro). Itália julho 2020. Segunda Classificada no Prémio Poeti Internazionali 11ª. Edizione del Concorso Internazionale di Poesiavideopoesia e racconti dal titolo: Poesia Esteri “Ouve” (Ascolta) dezembro 2020. Menzione di Merito de poeti Internazionali 11ª. Edizione del Concorso Internazionale di Poesia-videopoesia e racconti dal titolo: Racconti “Esmeralda” dezembro 2020. https://issuu.com/rosammrs?fbclid https://romyflor.blogspot.com/p/blog-page.html

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Dany o menino que queria sorrir

Dany era uma das dez crianças que viviam na pequena e pacata aldeia de Sericat, situada entre o rio Simas e a Montanha de Sericat. Tinha seis anos. Sua mãe, Mariazinha, era empregada doméstica e um dos lugares em que prestava os seus serviços era na casa do Doutor Carlos Reis, um médico conceituado que vinha à aldeia duas vezes por semana, a fim de dar consultas no posto médico da aldeia. O pai de Dany exercia a sua atividade profissional no ramo da construção civil e tinha sido recrutado para 10


fazer um trabalho no estrangeiro durante o período de um ano.

Como Dany adorava o pai! Aos domingos de manhã, bem cedo, saíam os dois para pescar na Lagoa Simas. Após o almoço, iam assistir aos jogos tradicionais que com regularidade se praticavam ali perto. Tinha um fascínio especial pelo jogo da malha. Adorava ver a perícia com que os jogadores colocavam os mecos de madeira, arredondados, tão perfeitos na sua conceção. Logo, cada jogador se perfilava e pegava no par de malhas, redondas, feitas em ferro, para jogar. O pai era um deles. 11


Colocavam-se em linha e lançavam cada malha em direção ao meco da outra equipa de per si, alternadamente, tentando derrubá-lo, se possível, ou, ao menos, fazer com que a sua malha ficasse o mais próximo dele, com o objetivo de assim conseguir o maior número de pontos. Era muito interessante assistir aos jogos horas a fio, a ver quem seria ao fim a equipa campeã. Às vezes, surgia a sua oportunidade de participar.

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- David, olha o teu filho. O miúdo percebe disto. Não faltará muito e vai ser o campeão em toda a aldeia de Sericat! Dizia Francisco. Dany, não conseguindo esconder alguma vaidade, sorria.

- Tens muito jeito, rapaz, Disse Francisco a sorrir Concentra, Vê se és capaz De o meco fazer cair. 13


E num tom de brincadeira, Chamava-lhe campeão, - Com pontaria certeira, Atiras o meco ao chão. Põe redobrada atenção Nas regras que vais ouvindo. E com toda a precisão, Cada meco ia caindo. O tio Litos Cuadas O campeão lá da aldeia Dizia para o Torradas: Corre-lhe o sangue na veia.

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Diziam na aldeia que o Tio Litos Cuadas era indubitavelmente o mais capaz naquela atividade e tinha já granjeado alguns troféus de campeão. Mesmo em torneios efetuados entre as aldeias vizinhas, em dias de festas e romarias, era ele que frequentemente se sobrepunha a todos os outros, possuindo em casa um sem número de taças que orgulhosamente exibia quando era visitado pelos amigos. Dany era ainda novo, mas tudo fazia crer que um dia seria ele o herdeiro desses predicados do avô. Logo se veria. Agora, que tinha jeito para o Jogo da Malha, isso tinha.

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Ao fim da tarde, no regresso a casa, passavam pela loja ambulante da tia Elvira, a vendedora de pipocas que eram a sua delícia, e compravam um pacote delas para irem entretendo o estômago pelo caminho. Sobejava ainda algum tempo para que pudessem passar algum tempo na companhia da mãe, a quem sobejava escasso tempo para descansar. A rotina do trabalho era árdua. Apesar disso, nunca se via sair da sua boca algum queixume. Ela bem que gostava de poder acompanhar o marido e o filho algumas vezes, mas era necessário aproveitar esse tempo para deixar arranjadas as coisas lá por casa. Além disso, Dany tinha que se divertir, usufruir da companhia do pai. Por isso, era ela mesmo que impelia o marido a sair com o menino. O ficar em casa só iria atrapalhar as coisas. O filho era o seu tesouro mais precioso. Apercebia-se que gostava das atividades de lazer do pai: a pesca, os jogos tradicionais eram importantes para ele. Por outro lado, nada recomendava que se mantivessem por ali fechados em casa sem qualquer atividade. Desse modo, ela ficava livre para as lides domésticas e mesmo para fazer desenvolver algumas atividades em algumas das casas lá da aldeia.

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- Eis-nos chegados, mãezinha, P’ra te fazer companhia. E corria p’rá cozinha P’ra ver o que lá havia. A mãe, boa cozinheira, Brilhava como ninguém Não se poupava em canseira A fazer bolos também. E sorria tão feliz A vê-los saborear E ao Dany, seu petiz, Nem sequer bolo faltar. 17


Fazia uma limonada Para a boca refrescar E com eles se sentava Um pouco, p’ra descansar.

Como eram bons para Dany os momentos que passava com o pai no Centro Recreativo com os amigos, dos jogos tradicionais. Depois, esses tempos inesquecíveis na companhia da mãe a conversar. Ela contavalhe histórias antigas, de príncipes e de fadas, falavalhe da família que ele não conhecia mas cujos laços 18


interessava alicerçar. Tinham uma vida humilde, mas não faltava no seu lar o amor, o carinho, uma fatia de bolo de laranja, ou de limão, e uma vez por outra, uma tijela de pipocas para restaurar a alma e dar um pouco de aconchego ao estômago.

Apesar de modesta, a casa possuía dois quartos, uma cozinha espaçosa, que simultaneamente servia de sala de jantar ou estar. Possuíam ainda um pequeno quintal, aonde o pai cultivava alguns produtos hortícolas. Ali havia um limoeiro que nunca lhes faltava com uns 19


suculentos limões, perto dele, uma laranjeira, que dava laranjas muito doces e sumarentas e uma macieira que, só de olhar as maçãs, até lhes fazia crescer água na boca. Depois, uma cerejeira que no tempo certo era visitada também por melros, pintassilgos, felosas ou estorninhos que partilhavam com eles as apetitosas cerejas. Era um regalo vê-los voar, carregando no bico uns brincos de cereja. Deus era misericordioso e até parecia que quanto mais cerejas eles levavam, mais elas apareciam na frondosa árvore.

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No fundo do quintal havia uma antiga figueira, aonde vivia um casal de papa-figos, que logo que os figos amadureciam e se tornavam suculentos e doces como o mel, não se coibiam de fazer deles o seu manjar. Havia ainda uma tangerineira que, quando o Natal se aproximava, nunca se esquecia de os presentear com tangerinas amarelinhas e muito doces. Eram os remédios que a natureza prodigamente lhe oferecia para ajudar a preservar a sua saúde e providenciava as necessárias vitaminas que o protegia de gripes e constipações e lhe proporcionava as energias necessárias para enfrentar os seus dias.

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Como adorava viver Na sua humilde casinha, Nada mais queria ter Que seu pai, sua mãezinha. Bem cedo, ao amanhecer Levantava-se e cantava, Logo, saía a correr E o pai e a mãe abraçava. E quando ia p´ra a escola Com o intuito de aprender Não faltava na sacola Fruta e água para beber.

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Mal imaginava Dany que de um momento para o outro tudo iria mudar. A crise chegou à pacata aldeia de Sericat e agora, o pai era chamado para trabalhar no estrangeiro, apenas por um ano, diziam. Com o passar do tempo, esse ano foi-se prolongando. A mãe tinha agora o rosto coberto de saudade e de tristeza, pela ausência do marido, tentando ocultar a mágoa no árduo trabalho, agora, mais intenso do que nunca. Desde que David partira, nunca mais teve notícias suas. Condoído com o desaparecimento do pai, Dany deixou de sorrir, sua alegria e a vontade de brincar que sempre o acompanhavam, desapareceram. Tentava ajudar a mãe em tudo o que podia mas, era muito pequeno, os seus préstimos eram ainda de pouca valia. Queria sentir-se o homem da casa, mas…

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Na escola tudo corria bem. Dany nem por um segundo que fosse deixou de ser um aluno dedicado e de fazer os trabalhos escolares. Um dia, começou a sentir uma dor na boca. Era um dente que abanava. O menino mostrou-se apreensivo. Um dos seus colegas tentou animá-lo e disse-lhe que quando um dente caía, a Fadinha do Dentinho lhes dava uma prenda. O que tinha a fazer, era à noite colocar debaixo da almofada o dente, era só pedir-lhe que satisfizesse um desejo. Na manhã seguinte, com toda a certeza, a Fada do Dentinho realizá-lo-ia. Com essa esperança, acalmou. Já nada tinha a temer. Quando o dente caísse, ele poderia formular o seu desejo e a Fada do Dentinho lhe traria de volta o seu querido pai.

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- Minha Fada do Dentinho, Vem, concede-me um desejo, Traz de volta o meu paizinho Que há tanto tempo não vejo. Eu te peço, por favor, Minha mãe vive a sofrer, Traz de volta o seu amor Para nos fortalecer. Fá-lo em breve, regressar, Preciso do seu carinho, Para podê-lo abraçar, Não me sentir tão sozinho. Agora, minha mãezinha Passa as noites a chorar, Tem saudades, coitadinha, Passa o tempo a trabalhar.

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Com todo o cuidado, depositou o seu dentinho debaixo da almofada, ao qual juntou o bilhetinho com o seu pedido. Restava agora confiar que a Fada do Dentinho lhe realizasse o seu desejo. Quase nem tinha jantado. Com o coração aos saltos, engoliu rapidamente a refeição e pediu permissão à mãe para se retirar da mesa, precisava descansar. A mãe abraçou-o e perguntou-lhe: - Já te caíu o dente Dany? - Sim, Mãezinha. Vou dizer-te um segredo. Escrevi à Fada do Dentinho a pedir-lhe que satisfizesse um desejo meu. Acreditas nisso, mãe? 26


- Ai, meu Dany, não, querido, tu sabes que isso são histórias antigas, não se realizam nunca. São lendas, meu filho. Olha, vai e não fiques triste, se amanhã não tiveres o desejo realizado – sorriu – não te importes. Pena que não tenho dinheiro para te comprar um presente que te fizesse feliz por um pouco e te fizesse esquecer essa Fada do Dentinho. - Mas, mãe, o meu amigo Rui disse-me que todos os desejos seriam concretizados, fossem eles quais fossem. Estará ele enganado? - Está bem, Dany, vai descansar, meu querido, mais um fim de semana que se avizinha, a mãe tem tanto

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trabalho, que mal pode descansar. E quanto ao desejo, quem sabe!

- Boa noite, mãe querida! - Dorme bem, meu homenzinho, Vou arrumar a cozinha E depois vou p’ra o quentinho. Sinto falta do paizinho Que algum dia vai chegar, Vai repousar, meu filhinho, Precisas de descansar. 28


- Tenho fé e esperança Que o paizinho há de voltar, E os tempos de bonança Vão chegar ao nosso lar. Depois, esta longa espera Sem dele notícias ter, Um dia, serão quimera, Logo vão desaparecer.

A noite foi muito agitada. Dany procurava ver a Fada do Dentinho. Disfarçadamente, abria um olho, abria outro, mas, nada. Depois, com o cansaço, acabou por 29


adormecer. Então, sonhou com o pai, recordou os dias felizes que passaram juntos e que, envolvendo-o num abraço, lhe disse: - Vou regressar em breve, confia. Acordou em sobressalto. A luz do dia invadia já o seu quarto. Num gesto rápido, ergueu a almofada e apalpou e logo encontrou a pequena cartinha. - Não veio… Entristecido, levantou-se de um salto, saiu do seu quarto e correu para a cozinha. Abraçou a mãe, soltou um suspiro, tomou o pequeno almoço a correr e regressou ao seu quartinho, aonde se fechou.

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- Não atendeste o pedido… Eu coloquei o dentinho… Devo ter adormecido, Que saudades do paizinho! Quando íamos pescar, Vivia feliz, contente, E ia à malha jogar, Agora, com ele ausente… A mãe sempre a trabalhar Está cansada, desgastada… Faz o meu pai regressar Para a ver mais animada. Com tão grande fé pedia À Fadinha do Dentinho Que até ouvir parecia A suave voz do paizinho. Levantou a almofada… - O dentinho desapareceu! E era a mãe que gritava: - O que foi que aconteceu? Era o paizinho de volta Que acenava à mãezinha… Sai disparado pela porta E logo volta à cozinha 31


- Meu pai, que bom que voltaste! Era tão grande a saudade! Agora que regressaste, Trouxeste a felicidade. - Quão grande a nossa alegria O meu pai está aqui Nunca esquecerei o dia Em que regressar te vi.

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Naquela manhã de sábado, eram tantas e tão grandes as novidades a contar. David sofrera um acidente de trabalho e os dias que se seguiram foram de grande sofrimento. Foi hospitalizado em coma mas, ao longo do seu internamento, não deixava de ouvir a voz da Fadinha Madrinha de Dany: - Precisas regressar, precisas regressar! Desperta, a tua esposa e filho precisam de ti. Despertou do seu sono profundo e recuperou da sua enfermidade. Até ao dia em que recebeu alta do hospital e lhe foi dada ordem da empresa para que regressasse a casa, a fim de recuperar. 33


Agora, feliz e cheio de alegria, ei-lo de regresso ao lar, cheio de propósitos, de planos, para que pudesse erguer, com sua esposa e filho, em seu lar, de novo o altar duma família feliz.

- Ter fé e acreditar Na vida, se faz possível Ter uma família, um lar É subir a outro nível. Seu paizinho regressou, A Fadinha Madrinha o quis E a vida proporcionou Viver num lar tão feliz! 34


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