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Arte e Poesia
Glรณria Costa Rosa Maria Santos
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Ficha Técnica
Título
Glosa, Arte e Poesia Pintura
Glória Costa Poesia Rosa Maria Santos Capa
Pintura de Glória Costa Conceção de José Sepúlveda Preâmbulo
José Sepúlveda Revisão
Rosa Maria Santos
Formatação
José Sepúlveda
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Glória Costa Maria da Glória Novais da Costa nasceu em 1975 na cidade de Fafe e atualmente reside em Rio Tinto. Decidida a expandir as suas ideias, iniciou a sua atividade artística, enquanto autodidata, em 2005. Ao longo destes anos desenvolveu e aprofundou as suas capacidades nos diversos campos da arte. Já participou em mais de uma centena de exposições coletivas e individuais, em Portugal, Espanha (Pontevedra, Galiza, Barcelona e Oropesa) e no Brasil (Minas Gerais, Rio de Janeiro e Brasília). Também expôs na Noruega (Oslo), França (Carrossel do Louvre) e em Londres. Está representada em várias coleções de arte em Portugal e no Estrangeiro, em museus, em galerias e outras instituições. Tem diversos trabalhos expostos em livros, capas de livros de arte, poesia e em contos, assim como também são visíveis em vários sites. É a autora da técnica “PAPER “ registada pela IGAC em 2017. Atualmente e em paralelo com a pintura, Glória Costa dedica-se ao artesanato e à escrita. No âmbito do artesanato. Tem em especial sensibilidade para a reutilização de materiais na realização dos seus presépios em miniatura e nos assessórios de moda. Quanto à escrita, em 2009 participou na coletânea de textos poéticos intitulada “ A traição da Psiquê ”e em 2011 editou o seu primeiro livro de poesia “A essência do amor”, tendo atingido a segunda edição no final desse mesmo ano. Inserido no mesmo género literário, publicou no início de 2012, o seu segundo livro “Raio de luz”.
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No final de 2012 participou na coletânea “Lugares e Palavras” de Contos e Poemas de Natal com o Conto “O Menino Carlos”. Em 2013 participou nas coletâneas de prosa e poesia “A arte pela escrita seis”. Lugares e Palavras de Natal 2013 com o conto “Os filhos do coração “,na Antologia Audácia dos sentidos, em 2014 nas coletâneas Lugares e Palavras do Porto, na Coletânea " A Arte Pela Escrita Sete" e na Coletânea “Lugares e Palavras de Natal. Em 2015 na Antologia “As Cores do Mar”, “A Arte Pela Escrita oito".
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Rosa Maria Santos Naturalidade – S. Martinho de Dume, Braga. Muito pequena, foi viver para a freguesia de Maximinos. A base do seu equilíbrio emocional está no seio familiar. É na família que encontra a alegria de viver. Viveu na Costa Litoral Alentejana, em Sines, trinta e um anos, tendo regressado em 2017, à cidade que a viu nascer, Braga. Participou em diversas coletâneas de Poesia, portuguesas e italianas. É Colunista no site Divulga Escritor, possuindo também uma rubrica na Revista com o mesmo nome. Foi assistente de produção e recolha na coletânea de postais do grupo Solar de Poetas Poeta Sou…Viva a Poesia; participou nas coletâneas de postais de Natal do mesmo grupo: Era uma vez… um Menino; Nasceu, É Natal; Não Havia Lugar; VALE DO VAROSA: Uma Tela, um Poema, do Solar de Poetas, para promoção do Evento: Tarouca Vale a Pena; Belém Efrata; Então, Será Natal, todas editadas em eBook. É Administradora dos grupos: Solar de Poetas, onde coordena também a equipa de Comentadores; Solarte – a Arte no Solar; SoLar-SiDó - A Música no Solar; Canal de Divulgação do Solar, Casa do Poeta; SolarTV Online; Poetas Poveiros e Amigos da Póvoa; Hora do Conto e O Melhor do Mundo, todos do grupo Solar de Poetas. A escrita é uma das suas paixões… Não se considera escritora nem poetisa, mas uma alma poética a vaguear pelo mundo... Se um dia deixar de sonhar, diz, deixa de existir. Livros editados: Rosa Jasmim (poesia), Capa do Mestre Adelino Ângelo – julho 2018. E-Books: Cantam os Anjos (poesia de Natal) – Capa de Adias Machado - Dezº 2017; Ucanha terra de encanto Poesia) - Capa: Glória
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Costa – Maio de 2018; Bolachinha em Tarouca (prosa e poesia) – Capa: Glória Costa – Maio 2018; Bolachinha vai à Hora de Poesia – Outubro 2018; Bolachinha vai à Casa Museu Mestre Adelino Ângelo – Novembro 2018; Sinos de Natal, Natal de 2018; O Natal de Bolachinha, Natal de 2018; Pétalas de Azul (contos) – Fevereiro 2019; Estórias em Tons de Rosa (contos) Abril de 2019. Pena Rosada, Crónicas do Quotidiano, Julho 2019. A editar: Histórias da Bolachinha – Capa e ilustrações de Glória Costa – Em breve. Distinções: Maio de 2017 - 2º Prémio de Poeti Internazionali. Poema Rosa de Saron, no Concorso Artemozioni, Cantico dei Cantici In Valle d’Itria, Itália; Maio 2019 - 3º Prémio de Poeti Internazional - Itália. Com o poema “Violino”; 5° Biennale del Festival Internazionale Delle Emozioni, Itália - 10° Edizione Del Concorso Di Poesia e Narrativa: Prémio d’Onore Concurso de Premio Letterario Internazionale di Poesia “Gocce di Memoria“, Itália, Junho 2019 con la poesia Sfera di cristallo (Bola de Cristal).
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Preâmbulo
Glosa . Breve interpretação de um texto ou imagem. . Poesia feita sobre um mote. in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa
Embora numa primeira leitura o título deste livro possa soar de modo estranho, o mesmo é o corolário da simbiose de artes que se foi desenvolvendo ao longo de alguns anos por duas operárias da Arte. A primeira, Glória Costa, que desenvolve simultaneamente diversas artes: a pintura, o desenho, o artesanato e a escrita, no seu modo, sobretudo, poético; A segunda, Rosa Maria Santos, que tem nos últimos anos desenvolvido uma atividade poética apreciável, com um crescendo de valorização dos seus poemas que apraz a quem a lê. É também uma excelente contadora de estórias, atividade que vai desenvolvendo com uma fértil imaginação. Foi no desenvolvimento das suas artes que as mesmas se foram encontrando e partilhando entre si os saberes que foram adquirindo, ora a Glória interpretado poemas, ora a Rosa Maria interpretando telas. Desde há algum tempo que as duas vêm desenvolvendo trabalhos partilhados, ora na ilustração de algumas histórias, ora na confeção de capas de seus livros, um trabalho que vai tecendo cada dia novos contornos e que em breve vai culminar com o aparecimento de
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outras formas de arte que as duas vão desenvolvendo, como seja, histórias (escritas pela Rosa Maria), ilustradas (pela Glória, numa bela expressão de arte que certamente nos vão deliciar.
E assim nasceu o Livro: GLOria e roSA em perfeita sintonia. Um trabalho fruto de árdua dedicação e labor, que agora nos oferecem, para que possamos saboreá-lo e bebê-lo numa verdadeira bebedeira de prazer e sabor a Arte. Não deixe de o fazer, vai ver que vale a pena. Para mim, foi com imensa satisfação que preparei a capa, partindo duma pintura da Glória Costa, e formatei o trabalho com o agrado e o carinho que as autoras merecem. Pelo convite, o meu reconhecimento, com votos de grande sucesso para mais este trabalho, apenas mais um da profícua produção das autoras de per si. José Sepúlveda
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Enigma
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Enigma
Se algum dia te sonhasse Como feito para mim Se um dia me libertasse Desta ansiedade sem fim: Se algum dia despertasse No teu peito, meu amor, Talvez em ti encontrasse Essa flor do meu desejo E então ali ficasse Na caricia do teu beijo Se algum dia respirasse A fragância que há em ti, Se algum dia adivinhasse O que me leva até ti, No meio de tanta flor, Entre rosas, malmequeres, Entre cravos e jasmim Te pedia que me esperes Para estares junto de mim E o meu eu, libertaria Entre os teus braços, amor. Com fervor elevaria Para Deus o meu louvor E livre então voaria Em tuas asas de condor!
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A Terra e o Mar
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A Terra e o Mar
Galgam as encostas, passam pelos montes Como as águas frescas, limpas cristalinas, Sempre em corrupio, que nas frescas fontes Lavam nossas frontes brancas de meninas Traços, linhas, curvas, sempre coloridos Cobrem cada imagem ao entardecer, São sonhos antigos, nem sempre vividos Que pairam no tempo deste teu viver Sigo cada corpo, num momento grito, Como pluma leve, sulco o imenso ar, Juntam-me às estrelas lá no infinito Como que num grito, livre e a acenar. Linhas contrapostas em tuas mãos urdidas, Verdes, amarelos, roxos, encarnados, Cobrem de desejos as telas tingidas, Trémulas, cansadas, livres, sem pecados.
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Love
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Love Procurei-te e me encontrei Ser tua musa, teu lema Num tempo que desejei Ser para ti um poema. Por mais que eu intentasse Ser o teu amor eterno, Por muitas voltas que eu desse Não fui teu amor superno. Serpenteei-me pelo tempo No meu tão longo sonhar E o tempo, num momento, Começou a escassear. Tempo de mim para ti Nestas buscas do amor De repente, te perdi, Não mais vi o teu fulgor. Que tentação desmedida Nesta ânsia de te amar, Uma bola colorida Que agora voa no ar.
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Toca-me o Coração
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Toca-me o Coração
Poema-me… Como água que jorra do rio Numa noite muito escura Quando o meu amor vadio Não se cansa na procura. Poema-me… Com as cores do arco íris Que dão cor ao coração E dirigem minhas íris P’ra dentro da tua mão. Poema-me… Na nossa noite de amor, Quando tu, apaixonado, Chamas por mim com dulçor E te estendes ao meu lado. Poema-me… Quando em terno solfejar Tu cantas o meu viver E a música no ar Me faz de novo nascer.
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Mal-me-quer, Bem-me-quer
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Mal-me-quer, Bem-me-quer
Deixa viver em mim esta ilusão, Cantar, sorrir, dançar, viver, sonhar, Sentir pulsar em mim teu coração Sabendo que a tristeza anda no ar. Deixa-me sentir as lágrimas cair Quando procuro mesmo sendo em vão E se te vir, sei lá, possa sentir O sonho que vivi nessa união. Deixa-me ver de novo o teu sorrir Apenas um momento junto a mim, Não quero, não, jamais, ver-te partir E ver esta ilusão chegar ao fim! Deixa-me sonhar meu sonho lindo Sentir o teu sorriso ao madrugar E possa o sonho meu tornar-se infindo, Viver o nosso amor, quero-te amar!
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A Aranha
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A Aranha
Marosca, em teia, tecida Em tela amarelecida; Gritam os anjos do céu O que aconteceu, Deus meu? São quais frutas deste tempo Em tempo desajustado, Gritos, lágrimas ao vento, Coração apaixonado Sorriso amargo de mim Que circula no jardim, Som de coruja que aflito Mora em coração contrito Esquiva, a lua aparece Com magnitude solene, Angústia de um tempo ido No seu dilema perdido Neste tempo de ansiedade Calcorreio esta cidade, Persigo o sonho de alguém Que anda perdido também
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Arco de Paradela
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Arco de Paradela
Passei por ti, admirei-te Com tuas pedras unidas, Quis pintar-te desejei-te Pintar em cores coloridas. Eras de pedra castanha, Com um arco magistral E o sol que em ti se entranha Faz de ti especial. Arco belo, muito altivo, Que nos faz acreditar Ser repouso de um amigo Onde pode descansar. Olhei para ti com alma E essas pedras ancestrais Quis pintar com muita calma Em tons quentes, outonais.
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Guerreira
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Guerreira Mulher Guerreira, Em cada novo amanhecer Tens a força do querer Com crer e confiança, Carregas no ventre a criança Que será o futuro Deste mundo impuro Retrato da falsidade, Da crueldade Que invade a humanidade. Olhas à volta E um grito de revolta Por tanta injustiça Libertas com emoção, Sentindo o coração De nova geração A pulsar dentro de ti, Que trará amanhã, Quiçá, Uma nova realidade Onde reine a liberdade.
Olhas o mundo presente Faça sol, ou chuva, ou vento, O trabalho te espera, Afagas o ventre com carinho, Com cautela, E num instante Sorris confiante, Cheia de alegria, Com força, com ousadia Enfrentas cada dia Com o coração na mão Em busca de pão! A vida é um fardo pesado Mas o filho por ti gerado Ajuda-te a enfrentar As vicissitudes da vida Tornando-a mais colorida Sendo a razão do teu viver
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Um Sopro de Luz
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Um Sopro de Luz
Hoje vejo a luz no horizonte... A mesma luz que dia e noite Me aproxima e me persegue. - Confia, diz, e logo Alcançarás o que desejas. A mesma luz me faz pensar… Que esteja onde estiver… Só ela me protege, Me dá liberdade que procuro E me faz sentir Melhor do que sou Pois como tu, As trevas dissipou.
Hoje posso gritar à saudade Parte integrante desta vida Porque só em ti sinto a verdade, A verdade, que desperta, Me liberta e esse amor Que me vai no coração A razão do meu sorrir, Do meu sentir. Hoje olho o Horizonte, E sinto o dia, a noite Tão próximas de mim e assim, Com o olhar no teu olhar, Sigo confiante.
Hoje olho o meu céu O céu estrelado Que mesmo quando oculto Ilumina a minha vida Porque tu estás comigo Me dá força para seguir em frente E mesmo que o dia esteja breu, Olhando o céu, Posso gritar E sentir-me libertar Do meu viver Como só tu sabes fazer.
Sei o que desejas E doravante Estarei aonde estejas Pois em ti Sinto segurança e proteção E é contigo A paz que trago No coração, A tua liberdade É a minha liberdade, O teu amor, Minha paixão.
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Para AlĂŠm da Estrada
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Para Além da Estrada
As linhas do infinito Quantas serão? Será que as podemos trilhar? Num sonho, ou mesmo a caminhar? É uma incógnita talvez! Na vida sejamos premiados Com uma série de incertezas Todos os dias que nos deitamos! E por mais caminhadas que fizermos Chegamos a uma conclusão: Com a morte nos deparamos, Essa é a grande lição! Olhamos o infinito e sonhamos Termos asas e voamos, Na realidade o nosso pensamento Está presente enquanto viajamos. E sorrimos para o mundo, No verde sentimos esperança E o belo o mais profundo, Nos impele a caminhar em segurança. Fecho os olhos para ver O arco-íris, da bonança, O meu sonho, o meu querer, O voltar à minha infância!
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O Calor do Coração
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O Calor do Coração
Estou apaixonada, meu amor, Tu és a água fresca que ao cair Me traz o teu olhar, o teu sorrir Em mananciais de paz e de candor Um dia aqui chegaste e aqui ficaste Olhei p’ra ti, fixei-me em teu olhar E com esses teus olhos cativaste A rosa que em ti quer desabrochar E despertaste um simples coração Que andava na esperança de te ter, E alimentei a ténue ilusão De um dia seres todo o meu querer O mundo nos chamou, amaste... e agora Eu olho para ti com afeição E peço-te que venhas sem demora Acalentar meu terno coração
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A Teia do Destino
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A Teia do Destino
Desajustada a vida Senhor Pelo crepúsculo ao amanhecer São gritos de ansiedade, muita dor Num corpo lânguido a arrefecer De manhãzinha, ao alvorecer A vida nos parece diferente E ao fim do dia, ao entardecer, De reencontro sempre em nós presente E um longo sorriso amargo e doce Me faz sentir no peito maior dor, Qual lágrimas dum sonho que se esboce, Se faz silêncio neste meu torpor A teia surge, enrosca-se na presa Que tenta em vão fugir ou se afastar E após a longa luta sai ilesa Buscando segurança em teu olhar O sol se afasta, é noite, vem a lua Iluminando o céu a anunciar Que nessa nova luz que é minha e tua Se cruza, na incerteza desse olhar
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Os Melhores Amigos do Homem
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Os Melhores Amigos do Homem
A ti, que andas perdido pela rua, Procuras um lugar p’ra descansar, Que tens por companhia a noite, a lua E no mais duro chão te vais deitar; A ti que sentes frio, sede, fome, Qual pária que caminha sem parar, Pedindo a Deus – que sabes que não dorme E que com Ele sempre vais contar; A ti, a quem a vida abandonou, Levou tua família, o doce lar, A quem até a sorte abandonou Mas crês que ainda um dia vai voltar; A ti, a quem com preces ao Senhor Suplicas um momento de esperança, A ti, que ao sonegar a tua dor, Espera ainda tempos de bonança; Aqui te digo: vai chegar a hora Em que essa tua vida vai mudar E toda essa tristeza que em ti mora Se vai embora. E tu vais ser feliz!
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Fragmentos
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Fragmentos Arco Iris de criança Cor, magia que me encanta, Vejo em ti o espelho de alma Que o olhar sombrio levanta. Meu amor, aonde estás? Vem para perto de mim! E num abraço, me faz Sentir mais feliz assim. Se sinto felicidade Por te amar, por te querer, Essa minha liberdade Me dá força p’ra viver. A vida empréstimo é... Qual peça dum tabuleiro, Se alicerça em nossa fé, Não esquece o amor primeiro. A esperança, qual fragmento Que alimenta o coração Se perde, voraz, no tempo, Nesta vida de ilusão.
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O Sorriso da Lua
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O Sorriso da Lua O meu amor é sublime, Sabedoria e paixão, Um sentimento que imprime Achaques no coração. Quando pelo entardecer, Se vem em mim recostar, O sol a desvanecer, No meu ombro, a namorar A lua, formosa, astuta, Logo em mim se faz notar E acompanha a minha luta Quando é já noite, ao luar. Mostra-se tão verdadeira P’ra meu ser apaixonado Que a recebo sem canseira Com ternura, com agrado. Vejo ao longe o azul do mar, No céu gaivotas afoitas Que dão gozo ao meu olhar Enquanto no mar pernoitas. As ondas do mar serenas Se estendem com alegria Nas areias a brilhar Ao longo de todo o dia. Neste mundo controverso, Onde o verso anda no ar, Sinto um coração disperso, Com desejo de te amar. Olho as estrelas no céu, Mergulho na fantasia E encontro no peito teu A minha grande alegria.
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Ă rvore Borboleta
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Árvore Borboleta Sou de mim tudo o que sou, Do meu poema sou verso, Uma estrofe que encontrou Espaço nesse universo. O meu destino me deu Aquilo que hoje sou E este mundo que é meu, Por teu grande amor, te dou. Sou uma nuvem que passa E em gotinhas se liberta, Sou rosa jasmim, qual graça Que a seu tempo me desperta. Sou pétala duma flor Que te inebria e seduz Qual fragância desse amor Que a nossa vida conduz. Para alguns sou liberdade, Uma réstia de esperança Que procura a liberdade No seu tempo de criança. Não pensem ser veleidade Que paira na atmosfera, Pois vivo, na realidade, No meu jardim de quimera!
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Circuito da Vida
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Circuito da Vida
Perscruto o teu olhar, feliz, sereno, Em cada instante, em cada alvorecer, E sinto em ti perene amor, tão pleno, Que faz meu coração por ti bater. O meu, feliz, entranha-se no peito Quando olho os olhos teus cheios de amor E com teu terno olhar eu me deleito, Enchendo o peito, cheia de fulgor. E quando o coração vibra apertado, Meu coração se sente apaixonado, Meu corpo no teu corpo rodopia. No teu abraço quero enfim ficar, Contigo do meu lado, hei de alcançar Felicidade e paz em cada dia.
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Superando Obstรกculos
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Superando Obstáculos
Quando anoitece, aqui te espero, amor, A ver o sol adormecer no mar E em meu silêncio, oculta em minha dor, Lá longe, sinto já teu caminhar. Preciso dum abraço, do calor Que imana do teu peito, ao me abraçar E nesta ausência, neste meu torpor, Aqui espero para então te amar. Silêncio lá na praia, a maresia, O firmamento, aves a voar, O vento, o ondular, a sintonia Das ondas desse nosso imenso mar. Que bela a tarde, lindo entardecer, No silêncio, eis-me a recordar Teu coração, a chama do meu ser, O teu intenso abraço vai chegar!
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RaĂzes do Sonho
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Raízes do Sonho Hoje senti-te... Qual brisa que meu rosto acaricia Por entre a suave bruma da manhã, Mergulho no meu sonho E sinto o teu sorriso pelo ar. Hoje és… O sol que renasce A água cristalina A pele sabor a mel A minha adrenalina, A brisa que desliza Dos meus sonhos de menina. Hoje és... A doçura do amor No meu peito a palpitar És do meu beijo o sabor Que sinto no teu beijar Hoje és…. Na minha forma de amar A voz que grita, O coração que palpita Quando vivo a recordar.
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Aquecimento Global
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Aquecimento Global
Pelo verbo construindo O que a ambição desmedida Aos poucos foi destruindo, Roubando tudo o que é vida
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A Corrente da Vida
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A Corrente da Vida Sou um sonho em teu viver, Um pouco de tudo, ou nada, Sangue no corpo a correr Ao longo da caminhada. Sou música em teu ouvido Nesse longo amanhecer Com espírito atrevido Que provoca a escrever. E quando surge a manhã E o sol já resplandece, Olho teus olhos - manã Que me canta e enaltece. Ruborizo teu olhar A quem instigo ao desejo E sinto-me a navegar Na doçura do teu beijo.
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Renascer
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Renascer No corpo teu, na dança angelical, Passo momentos de prazer intenso Que tornam o momento especial Bem dentro do teu nobre pensamento. Teus beijos, repetidos e molhados, Me levam nesse jogo sensual Em busca de momentos desejados Na senda de delícias sem igual Envolta nessa paz, serenidade, Em busca dessa palavra requerida, Sentimos esse amor, felicidade Qual dádiva tão pródiga da vida. Nesta aventura louca, onde a paixão Que faz vibrar meu peito em rodopio, Eu faço minha a tua sedução E deixo-me levar no desvario. Teu corpo, como um vendedor de sonho Flutuo no meu mundo de magia E sinto em mim momentos tão risonhos Aonde és tu a minha fantasia.
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O Portal
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O Portal O silêncio do silêncio Faz-nos pensar na realidade da vida, São tantas, tantas coisas Que queremos transmitir Mas falta-nos coragem E a nossa boca se silencia Por cobardia Ou medo de sofrer.
O silêncio do silêncio Quando em silêncio, a meditar, Nos leva a ver o que é certo E com olhar mais desperto, Seguir em frente, Até onde o nosso olhar alcance E descobrir adiante A resposta que vai dar.
O silêncio faz-nos acreditar, deixa-nos ver na verdade o que à nossa volta existe: A nossa realidade, O despertar, Um impulso de anunciar Algo belo ou não, Nos leva a acreditar que a vida nos vai tramar e deixar triste.
O silêncio do silêncio Cria em nós a sensação de medo, De incerteza, Mas desperta o pensamento Para o sonho e a nobreza Da Liberdade Entranhada no peito Aonde nasce o respeito E a vontade de acordar. O silêncio do silêncio Faz pensar…
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O Mundo em Flor
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O Mundo em Flor Queria nos meus braços te enlaçar, Ó lua lá do céu, minha rainha, Voar num voo livre e te alcançar Sentir-te no meu peito, seres minha. E quando junto ao mar, no entardecer, Olhasse o brilho teu de tanta cor Iria, majestosa, aparecer Nas águas ao teu lado, meu amor. E ao ver o teu olhar apaixonado, Sorrir p’ra mim com cândida ternura, Seria meu o afeto delicado Que lanças sobre toda a criatura. Eia a teus pés, papoilas, malmequeres, O corpo meu fervendo de paixão; E lá, no teu lugar, onde estiveres, Irá estar também meu coração. Enquanto no fulgor desta aventura, Permanecia então ao teu redor, Seria, sim, fiel e sempre pura E iria merecer teu grande amor.
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Rio de Esperanรงa
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Rio de Esperança
Exorcizei a dor da ansiedade E libertei meus medos de mudança Entre paredes prendi a saudade, Saltei o obstáculo da lembrança. Fechei-me em mim e ao adormecer Sonhei contigo, amor, senti saudade, Deitei-me na esperança do teu ser Nos parcos traços dessa liberdade. E quis a tua boca para mim... Senti-te nas fragâncias do jardim Pela janela ofusca do passado. Imaginei-me entre a maresia Em laços de cetim e fantasia Num sonho de quimeras, lado a lado.
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A Deusa
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A Deusa Como o mar invade a terra, Como o sol no alvorecer, Como o rio lá na serra, Como o ar para viver; Como a lua e o luar, A onda que vai e vem, Como sabor de se amar E amar como ninguém; Como o sol a declinar, Como a giesta a florir, Como o vento que ao soprar Nos anunciar o porvir; Como a ave no horizonte Transpõe o céu, destemida, Como a giesta lá no monte Torna a vida colorida; Como o amor que nos brindou, Com fantasia e paixão, O mundo se transformou Em perfeita translação.
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Ă rvore da Vida
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Árvore da Vida Sinto serena minh’alma Ao ver o sol a brilhar É o amor que te chama Quando mais te quero amar. Contigo no coração Sou borboleta a voar E que louca de paixão Não para de te chamar. É bom sentir teu amor, Ver a saudade surgir, E a tua voz, teu fulgor Que vive em mim a sorrir. Vem, amor, vem-me abraçar, Grito se choras por mim, Na loucura de te amar, Sinto o corpo em frenesim.
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Para lรก do Horizonte
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Para lá do Horizonte Por ti, escalei montanhas E quanto mais eu subia Muito mais longe sentia O meu cume de ilusão. Olhava-te com paixão E ao ver-te lá no fundo, Eu quase perdia o chão Ao ver-te no fim do mundo Olhei, com medo e gritei Não sabia o que fazer, Só quando por ti chamei Me senti fortalecer. Foi então que reparei Numa roseira a crescer E ao amor me entreguei Na ânsia de em ti viver. Turbilhão de pensamentos Surgiu em mim de repente. Eram grandes os momentos Ao sentir-te tão presente. Foi tanta a felicidade Que se acercou nesse instante Que me senti na verdade Uma rosa amada, amante. E do meu sonho acordei, Olhei p’ra ti e sorri, Como rosa me entreguei, Como teu amor, flori.
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A Danรงa das Palavras
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A Dança das Palavras A ponta da caneta, a confidente, Escreve-me as ideias no papel E lê tudo o que vai na minha mente Quer seja o meu pensar doçura ou fel. E ali, eu descarrego a solidão Que impele a minha força de aventura E que, entranhada no meu coração, Em ânsias de transforma de loucura. No meu viver levita a incerteza, Migalhas desse sonho que me resta Que, quando nos momentos de tristeza, Transforma a vida em vida que não presta. O corpo sofre, o coração se agita, Revolve essa loucura que há em mim, E o coração, revolto, então me grita E vem regar de novo o meu jardim.
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Em Marcha
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Em Marcha Sou pássaro fogo. P’la seara Num voo lento… O tempo que não para Se pouso suavemente numa giesta, O tempo voa, a vida corre lesta. Aperaltada, voo tão feliz, Co’ aquele sentimento de aprendiz Que tudo quer na vida assimilar À espera do meu sonho enfim chegar. No meu pensar o instinto vencedor De um coração que pulsa por amor E corre por aqui e p’ra acolá Sentindo o alvor fresco da manhã. E sinto-me um pequeno pardalito Que, trémulo, esvoaça quase aflito E tenta em sua vida compreender O bom que a vida tem a oferecer. Eis-me feliz num campo a esvoaçar Sentindo longe o sol sempre a brilhar, Qual pássaro a voar no universo A soletrar palavras de um só verso.
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Por Instantes
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Por Instantes
Um dia me cruzei no teu olhar Para aprender contigo o verbo amar, Silenciei em mim segredos teus Para despertar os sentimentos meus. Chegou assim a primavera, enfim, Essência de qual rosa, flor-jasmim, Pétalas mil no ar a esvoaçar E cada verso teu a me inspirar. Vi lágrimas, sorrisos, ao luar E um inspirado peito a te chamar Como almejava um beijo apaixonado, Sentir-te nos meus braços, meu amado! Teu coração tão cheio de paixão Fazia enfim vibrar meu coração E em minha mente, cada sentimento Se fez em mim teu nobre pensamento.
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A Dureza da Vida
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A Dureza da Vida Uma estrela que apagada Navega na solidão Presa sempre a quase nada No seu trilho triste e vão. Caminha no universo Como presa numa cela E procura no seu verso Outro tempo que era dela. Deseja o amor sentir Com a luz do seu fulgor Correr feliz e a sorrir Pelas sendas do amor. Perde-se num tempo vão E com ternura se atreve A viver numa ilusão Dum amor que em vão persegue.
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Oรกsis
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Oásis Poemas são teus olhos, meu amor, Que me fazem vibrar com mais prazer Teu coração se prende no fulgor De me sentir contigo mais mulher. Poemas são qual névoa ao despertar São dor que se atravessa o meu peito Logo que o galo se ouve em seu cantar E deixa o coração bater sem jeito. Poemas são minha alma a suspirar São as lágrimas caídas do meu rosto, Um sonho que contigo ousei sonhar Quando o meu rosto ao teu ombro encosto. Poemas são palavras de rompante Que brincam com o anjo que me quer, Delírios do meu ser amado-amante Que sonha cada dia ser mulher. Poemas são a dança angelical Da areia numa praia a ondular, Certeza de que sou especial Quando me beijas cedo, ao despertar.
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A Natureza em Movimento
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A Natureza em Movimento Quando chega a noite, A escuridão, Fico inquieta, Demasiado calada. Observo pela janela A noite quente e bela, Respiro o puro ar, Olho o firmamento, Qual quadro, qual aguarela, Miríades de estrelas a brilhar. Quanta beleza! Estendo a mão E tento alcançar Aquela estrela distante, Lá longe, a cintilar E não a posso tocar. Pontinhos distantes Que como antes Bailam no ar. Uma lágrima corre pelo rosto, Sinto no ar um sabor a maresia E a tristeza, a nostalgia, A contragosto, Insiste em ficar. Sinto a liberdade Fugir-me no ar Rumo à eternidade! Mergulho na saudade E lembro os tempos de criança Quando tudo alcançava Sem pestanejar. O pensamento flutua E procura a velha rua, Os carros a passar.
Ah, infância linda, Onde tudo era simples e belo, Levo a mão ao cabelo Que me cobre o olhar E assim fico, a sonhar! No silêncio da noite, Os gemidos do mar, Um canto de embalar Tão cheio de magia E apetece-me ficar Até ao alvorecer Do novo dia. Um novo recomeço, O sol a brilhar E apenas peço Que não pare de sonhar. O mar no seu pranto, O encanto do vento a soprar. Sinto-me a brilhar! Olho as estrelas No seu louco movimento E o meu pensamento Envolve-me o olhar. Som melodioso De harpa ou viola Me enche de gozo E a lágrima rola… Ali na janela Coberta de mar, A harpa tocando, O vento a soprar… E eu a sonhar!
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A MĂŁe Natureza
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A Mãe Natureza
Abro aquela porta Tão cheia de dor, Sozinha, absorta, Em busca do amor. Alguém que acolha, Me transmita calma, Levanta-se a folha Com vento ao redor.
Caminho sozinha Sem ti a meu lado E a paixão que tinha Partiu sem agrado. Essa porta aberta Para o meu jardim Na alma deserta Tão dentro de mim
Palavras ao vento, Que o tempo nos leva Ditas sem destreza Envoltas em treva Dias de tristeza, Perdidos na rua Nesta vã crueza Sempre nua e crua.
O porto seguro Outrora presente Mergulha no escuro Do corpo e da mente. Perdida na vida Sem paz, segurança, Sou ave ferida Que busca esperança.
Sinto essa amargura Que é minha, que é tua, Revolta, à procura, Vagueio na rua Caminho corrido Buscando ternura Um ser sem sentido Que busca aventura.
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As Garras da Natureza
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As Garras da Natureza Perdida a navegar pelo universo, A Natureza em linda sintonia, O mar, as ondas, verso do meu verso, O sol que espreita cheio de alegria. O vento sopra forte, com fulgor, Remexe o areal a bel-prazer, O mar lança beijinhos, com amor, No decorrer de um belo entardecer. O mundo explode, rasgos de paixão, Gaivotas espraiadas no areal, Profundidade, amor, contemplação, A paz na tarde fresca e outonal. Observo o mar. E ali, cada momento, Silêncios que não quero mais perder, Registo na raiz do pensamento A minha forma simples de viver. Como pequena bola de sabão, Vou levitando alegre o meu olhar E quase sinto em mim a ilusão De que não paro nunca de sonhar. Quão grato estou pela oportunidade Destes instantes breves a fluir, A ver desabrochar, felicidade Prendendo o mar, feliz e a sorrir.
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A Lagoa do Amor
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A Lagoa do Amor Olho-te, mar, Na carícia das ondas Que me faz acreditar No silêncio da alma, Na vida demasiado calma, Num lugar quase sagrado Por mim idolatrado. Sinto na respiração Alívio, emoção E quanta ilusão! Em ti, me refugio dos medos, Confio-te os segredos De forma total, Um confidente, afinal!
Olho-te, mar, Nessa imensidão E sinto a emoção De vento, a maresia, A frescura do dia, O teu ondular. Caminho sobre a areia E sinto na sensação Duma alma cheia De gozo e ilusão, Enorme leveza Me corre na mente Com tal clareza Que te faz presente.
Olho-te, mar, Sentada no areal; Nem sei se penso, Se bem ou se mal. Envolta em tristeza, Eu tenho a certeza Que no teu regaço Encontro o espaço Aonde ficar. No teu silêncio Alicerço o meu querer, O meu acreditar. Provocas um fascínio em mim Que, penso, não vai ter fim, No teu ondular Eu vou encontrar A rosa jasmim Que paira no ar.
Olho-te, mar, Sempre diferente, Quando junto a ti, Perdida entre a gente E, qual vez primeira Que venho até ti, A imagem de sempre Que me olha e sorri. Prenda que me traz Tal conforto e paz. Sabes, mar?… És o confidente Leal e seguro Que, ausente ou presente, Me preenche a mente Sempre, em meu futuro.
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Rosas Para Ti
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Rosas Para Ti São rosas espalhadas no universo, Repletas de carinho, de ternura, Palavras que eternizo no meu verso Na minha ânsia eterna de aventura. Rosas que choram ao entardecer, Procuram o amor, felicidade, Silêncios, solidão no meu sofrer, Peregrinando em busca da verdade . São rosas num jardim sem atenção Que sofrem o rigor da ventania, E nesta ânsia intensa de ilusão, Desfloram ao chegar a invernia. São rosas, companheiras matinais, Que trazem sua cor e fantasia, Essências de perfumes naturais E cheias de beleza e harmonia. São símbolo de amor e de paixão, Estrelas a brilhar o ano inteiro, Matizes multicores que nos dão Perfumes quando nasce o amor primeiro. São rosas que transformam nossa vida, Palavras feitas verso, sedução, Estrofes, poesia renascida Dia após dia em nosso coração.
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A Ă rvore da Sabedoria
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A Árvore da Sabedoria Fui à procura dum sonho, Subi colinas, montanhas, Corri vales e planícies Subi alto e já no alto, Quanto mais alto subia, Lá no cume, perseguia O sonho da minha vida. Quando no alto do monte, Olhei para o horizonte, Via nuvens, a paisagem Linda, de rara beleza E fiquei com a certeza De ali ver a tua imagem. Olhava o céu e a terra E envolta nesta guerra, Lá na montanha tombei. Caí no centro do mundo E nesse abismo profundo, Não te vi, não te encontrei Ali, nesse oculto breu Ergui meus olhos ao céu E, contrita, a Deus orei. Vi um anjo que sorria Perguntei-lhe o que queria Mas a resposta... Não sei! E acordei. Ao despertar, Decidi não mais sonhar, Aconchegar-me em meu leito. Onde não há falsidade E a corrente da verdade Torna tudo mais perfeito!
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Ao Luar
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Ao Luar Lua eterna, és ilusão dos amantes, Provocas-me desejos noite escura, Chegas oculta e logo de rompante Suspiro, sinto ânsias de loucura. Bem cedo, o teu luar tão feiticeiro, Envolve-me num antro de ternura Com versos simples, sorriso matreiro Que logo invadem minha alma pura. O brilho teu que olho com encanto, Provoca sensações em meu olhar E logo, seduzida, com espanto, Começo a soletrar o verbo amar. No teu luar, um puro encantamento, Se faz sentir por todo o universo, E surges com magia e num momento Tu és meu pensamento mais perverso! No teu luar, uma história de amor, De perdições, qual noite de magia E nesse caminhar, com tal fulgor, Me sinto a navegar até ser dia. Quando o luar vier, se aqui voltar, De nosso esse fulgor quero sentir, E hei de nos teus raios me encontrar, Sentir-me assim feliz e a sorrir.
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Flores de Inverno
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Flores de Inverno Saudade é dor sentida que nos clama, Um sentimento que perdura em nós, Que vibra no meu corpo, que me chama, E permanentemente nos reclama Momentos que nos faz sentir tão sós. Saudade é dor de amor quase infinita Que lenta nos perturba o coração, Desce até nós e quase que me grita, Que vem entorpecer a alma aflita Que sofre no seu antro de ilusão. Saudade é curso de água que no tempo Desliza pela encosta mais sombria, Que galga cada pedra, qual tormento E na corrente, a voz do sentimento Mergulha numa enorme letargia. Saudade, pensamento esfrangalhado Que surge no alvor da primavera, Qual dor dum coração apaixonado Que ao ver-se assim sozinho, perturbado, Se sente abandonado e fica à espera
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O Teu Abraรงo
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O Teu Abraço Abraço-te, ó mar do meu silêncio, No areal dourado, penso em ti, E ao ver tal plenitude, sigo e penso As ondas, os meus pés molham Nas lágrimas amargas que verti. Minha alma, ei-la inundada de saudade Quando a ti venho e a vida me sorri Percorro toda a areia em liberdade E esqueço o sofrimento que senti. Caminho no silêncio ao fim da tarde, Entre azul celeste e o verde mar, Pedindo à boa sorte que me guarde Durante este meu longo caminhar. Navego pelo sonho, a fantasia E guardo para mim um só desejo: Viver junto de ti, que bom seria Sentir o teu abraço, um longo beijo. Um dia também tu hás de ser meu, Por isso, não te escondas, vem a mim E então meu coração será só teu, E tu então serás só meu, enfim.
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O Sopro do Vento
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O Sopro do Vento No meu vazio tentei escrever Nas reticências, pouco me entendi E tudo o que pensava te dizer, Se bem tentei, eu não o consegui. E ao procurar-te nesse meu vazio, Tentei no meu passado te encontrar Senti dentro de mim um arrepio E nunca mais parei de procurar. Com todos os espaços preenchidos, No meu baú vi linhas de saudade Lembrei tantos momentos esquecidos Mas era outra a realidade. A minha vida escrita num papel Amarelado, verde, carmesim Agrafo folhas de amargor e fel E guardo-as no peito, para mim. E entra as linhas, vi pontos finais Assinalando o fim duma corrida. Vi reticências muito especiais, Parágrafos da minha triste vida. Interrogava e, triste, exclamava, Caneta em riste, presa em minha mão O verso, lentamente, soletrava Co’a força e o vigor do coração. Parti e procurei felicidade E descobri teu nobre coração. E co’a razão da força, da verdade, Fui sucumbir à força da razão.
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Cabelos ao Vento
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Cabelos ao Vento Teus olhos seguem no tempo O que a alma não quer ver, Na raiz do pensamento Tens algo sempre a moer. Segues triste, abandonada, Tentas a alma encontrar E a tua touca dourada Voa nas ondas do mar. Esse manto acobreado Pelos ombros descaído São raios do sol dourado No negror do teu vestido. Bailando ao sabor do vento, O teu rosto acaricia E as mãos em movimento Transpiram mas de alegria. Os olhos na multidão Procuram algo encontrar, E na tua solidão, Salgado, sabor a mar.
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Olhares Opostos
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Olhares Opostos O que fazer deste amor Que desabrocha da flor? Que fazer desta ansiedade Que procura liberdade? O que fazes deste amor Que logo se faz fulgor? O que fazer da alegria Que de desfaz no meu dia? O que fazer da ternura Que logo se faz loucura? O que fazer da ilusão Que atormenta o coração? Porquê esta intensidade Que logo se faz saudade? O que fazer deste preito Que se entranha no meu peito? Porquê a ausência de ti Mesmo quando estás aqui? O que fazer deste amor, Minha letargia e dor? Dentro do meu coração, A nada presto atenção E se demoras um pouco o meu raciocínio é louco. Sempre que te sinto ausente Todo o meu ser se ressente. Quando me chama a saudade, Não sinto felicidade. Meu amor, me diz então, Sou uma contradição?
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Cortina de Ă gua
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Cortina de Água Penso em ti Daria a vida p’ra te acompanhar E todo o meu amor te transmitir, Calcorrear o nosso imenso mar Co’a mão na mão, a olhar e a sorrir. Gaivota que no céu vais a planar Leva o recado, leva, ao meu amado, Diz-lhe que o sol não para de brilhar! E o seu semblante está em mim gravado. A pedra da calçada, o azul do céu, O pensamento, a praia, o areal, As gaivotas nesse tão extenso véu Que tornam tudo tão especial. O mar contrasta com o azul celeste, Percorro com o olhar o horizonte E logo na colina mais agreste Se enconde o sol atrás daquele monte.
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A Vida no Teu Olhar
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A Vida no Teu Olhar Um dia pintei teu rosto, Dentro do meu coração Pintei com tintas suaves Mas causou tanta emoção. Descobri o teu sorriso, Que tentava conservar. E com um gesto preciso Continuei a pintar.
Voei no sonho, a esperança, Prendeu a imaginação E o meu sonho de criança Saltava de mão em mão. Feliz, abracei teu corpo E senti tua afeição Vi nos teus braços o porto Que me dava a salvação.
Um dia fechei meus olhos, Procurei teu coração Encontrei tristeza aos molhos A ferir minha ilusão. E me entreguei ao teu ser, No amor mais desejado Pois queria te querer, Sentir-me ali a teu lado.
Colori o teu olhar, Co’as mais lindas aguarelas E teus olhos, cor do mar, Brilharam como as estrelas. Por ti, quis pintar o mundo Numa onda de ternura E o teu amor profundo Levou-me nessa aventura.
Corri ao longo da vida E ao ver a realidade Numa bola colorida Vi o sonho, a liberdade. Era o pronúncio da sorte, O meu sonho, a fantasia, Logo, me senti mais forte A cantar, com alegria.
Meu rosto, sereno, em paz Brilhava cheio de luz Que a tua alma falaz É uma estrela que seduz. Olhei o sol da minha alma Na praia, junto do mar E enquanto o mar me acalma Só contigo quis ficar.
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Flores do Meu Jardim
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Flores do Meu Jardim Meu jardim à beira mar Tem algas da cor do céu, Beijinhos a saltitar Que o mar, alegre, nos deu. Caminho na imensidão Deste mal tão polvoroso Criando em mim a ilusão De viver com tanto gozo. Como uma gaivota alada Que percorre o infinito, Minha alma apaixonada Torna tudo tão bonito. As ondas rolam na areia E os meus pés vão molhar Em noites de lua cheia E eu na praia a cantar. O meu jardim encantado Tem rosas, cravos, jasmim, Junto do mar implantado Para estar perto de mim. Ali, ao entardecer, Ao fim da tarde, ao sol-pôr, Procuro no meu viver Partilhar o nosso amor.
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Ă rvore de Inverno
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Árvore de Inverno Espreito pela vidraça A branca neve a cair E vejo a gente que passa Que do frio quer sair. A neve cálida, pura, Vai caindo de mansinho Com toda aquela brancura Que ilumina o meu caminho. E eu na janela a vê-la A cair na terra escura, Observo-a, como é bela, Tão cristalina, tão pura. Quando na folhagem cai E o verde se faz cobrir, O vento sopra, vem, vai, E faz meu corpo tinir. No meio da escuridão, Tantas árvores na rua, Folhas que caem no chão E a paisagem fica nua. Como é belo este cenário Quando exprime a sua graça, Segredos dum calendário Que ora vem, ora passa.
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AtĂŠ Ser Primavera
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Até Ser Primavera
Ao chegar a primavera Os cucos hão de cantar Entre magia e quimera Que nos façam encantar As flores vão crescer, Os campos embelezar, As nuvens hão de trazer Água fresca pr´a as regar. As pedras hão de brilhar Nessa manta colorida, As papoilas vão ficar Mais rubras, cheias de vida De ti ficarei à espera De um grande abraço de amor No meu jardim de quimera Onde há sol, brilho e calor. Na nossa roda do tempo, Com tanta cor, e magia, Por ti cresce o sentimento Que me leva à fantasia.
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Cavalos no Prado
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Cavalos no Prado
Quais indomáveis dons da natureza Com que este mundo nos agraciou, Galopam por aí com tal beleza Que a voz do tempo aperfeiçoou Quando ao entardecer, vão à procura De pasto para ali se saciar, Troteiam pelos prados da ventura, Felizes, relinchando para o ar. De porte nobre, fino e elegante, Com olhar meigo, terno, perscrutor Correm p’lo prado e logo num rompante Olhando aquele mar de tanta cor. Hei-los correndo na estrada da vida Ao longo da planície, tempo fora, Pintados numa tela colorida, Cheia de vida, que no peito mora. Nos prados, eis a sua liberdade, Deixando para trás os desagrados, Um desafio ao belo que a verdade Evidencia ao longo desses prados.
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Índice Ficha Técnica .............................……………………………………………………………. 3 Glória Costa ................................................................................................................. 4 Rosa Maria Santos .................................................................................................... 6 Preâmbulo .................................................................................................................... 8 Enigma ........................................................................................................................ 10 Enigma ........................................................................................................................ 11 A Terra e o Mar ....................................................................................................... 12 A Terra e o Mar ....................................................................................................... 13 Love.............................................................................................................................. 14 Love.............................................................................................................................. 15 Toca-me o Coração ............................................................................................... 16 Toca-me o Coração ............................................................................................... 17 Mal-me-quer, Bem-me-quer ............................................................................. 18 Mal-me-quer, Bem-me-quer ............................................................................. 19 A Aranha .................................................................................................................... 20 A Aranha .................................................................................................................... 21 Arco de Paradela .................................................................................................... 22 Arco de Paradela .................................................................................................... 23 Guerreira .................................................................................................................... 24 Guerreira .................................................................................................................... 25 Um Sopro de Luz.................................................................................................... 26 Um Sopro de Luz.................................................................................................... 27 Para Além da Estrada............................................................................................ 28 Para Além da Estrada............................................................................................ 29 O Calor do Coração ............................................................................................... 30
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O Calor do Coração ............................................................................................... 31 A Teia do Destino ................................................................................................... 32 A Teia do Destino................................................................................................... 33 Os Melhores Amigos do Homem .................................................................... 34 Os Melhores Amigos do Homem .................................................................... 35 Fragmentos ............................................................................................................... 36 Fragmentos ............................................................................................................... 37 O Sorriso da Lua ..................................................................................................... 38 O Sorriso da Lua ..................................................................................................... 39 Árvore Borboleta .................................................................................................... 40 Árvore Borboleta .................................................................................................... 41 Circuito da Vida ...................................................................................................... 42 Circuito da Vida ...................................................................................................... 43 Superando Obstáculos......................................................................................... 44 Superando Obstáculos......................................................................................... 45 Raízes do Sonho ..................................................................................................... 46 Raízes do Sonho ..................................................................................................... 47 Aquecimento Global ............................................................................................. 48 Aquecimento Global ............................................................................................. 49 A Corrente da Vida ................................................................................................ 50 A Corrente da Vida ................................................................................................ 51 Renascer ..................................................................................................................... 52 Renascer ..................................................................................................................... 53 O Portal ...................................................................................................................... 54 O Portal ...................................................................................................................... 55 O Mundo em Flor................................................................................................... 56 O Mundo em Flor................................................................................................... 57
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Rio de Esperança .................................................................................................... 58 Rio de Esperança .................................................................................................... 59 A Deusa ...................................................................................................................... 60 A Deusa ...................................................................................................................... 61 Árvore da Vida ......................................................................................................... 62 Árvore da Vida ......................................................................................................... 63 Para lá do Horizonte ............................................................................................. 64 Para lá do Horizonte ............................................................................................. 65 A Dança das Palavras ............................................................................................ 66 A Dança das Palavras............................................................................................ 67 Em Marcha ................................................................................................................ 68 Em Marcha ................................................................................................................ 69 Por Instantes ............................................................................................................ 70 Por Instantes ............................................................................................................ 71 A Dureza da Vida.................................................................................................... 72 A Dureza da Vida.................................................................................................... 73 Oásis ............................................................................................................................ 74 Oásis ............................................................................................................................ 75 A Natureza em Movimento ............................................................................... 76 A Natureza em Movimento ............................................................................... 77 A Mãe Natureza ...................................................................................................... 78 A Mãe Natureza ...................................................................................................... 79 As Garras da Natureza ......................................................................................... 80 As Garras da Natureza ......................................................................................... 81 A Lagoa do Amor ................................................................................................... 82 A Lagoa do Amor ................................................................................................... 83 Rosas Para Ti ............................................................................................................ 84
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Rosas Para Ti ............................................................................................................ 85 A Árvore da Sabedoria ......................................................................................... 86 A Árvore da Sabedoria ......................................................................................... 87 Ao Luar ....................................................................................................................... 88 Ao Luar ....................................................................................................................... 89 Flores de Inverno .................................................................................................... 90 Flores de Inverno .................................................................................................... 91 O Teu Abraço ........................................................................................................... 92 O Teu Abraço ........................................................................................................... 93 O Sopro do Vento .................................................................................................. 94 O Sopro do Vento .................................................................................................. 95 Cabelos ao Vento ................................................................................................... 96 Cabelos ao Vento ................................................................................................... 97 Olhares Opostos ..................................................................................................... 98 Olhares Opostos ..................................................................................................... 99 Cortina de Água .................................................................................................... 100 Cortina de Água .................................................................................................... 101 A Vida no Teu Olhar ............................................................................................ 102 A Vida no Teu Olhar ............................................................................................ 103 Flores do Meu Jardim ......................................................................................... 104 Flores do Meu Jardim ......................................................................................... 105 Árvore de Inverno ................................................................................................ 106 Árvore de Inverno ................................................................................................ 107 Até Ser Primavera................................................................................................. 108 Até Ser Primavera................................................................................................. 109 Cavalos no Prado ................................................................................................. 110 Cavalos no Prado ................................................................................................. 111
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