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Queijo Herdade dos Caeiros

Margarida e Bruno Pateiro.

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PRODUÇÃO| OVINOS DE LEITE PURO QUEIJO

MELHORAR AS PASTAGENS, ADAPTAR A GENÉTICA ÀS CONDIÇÕES NATURAIS, CONSOLIDAR A MARCA DE QUEIJO RECÉM CRIADA E PRODUZIR LEITE BIOLÓGICO. SÃO ESTES OS PRINCÍPIOS E OS OBJETIVOS QUE BRUNO PATEIRO DEFINIU PARA O SEU NEGÓCIO DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. EM MAIO, FOMOS ATÉ À HERDADE DOS CAEIROS PARA CONHECER MELHOR ESTE PROJETO E PROVAR O QUEIJO. Por Ruminantes Fotos FG

Em abril saíram os primeiros queijos Herdade dos Caeiros. Produzidos a partir de leite de pasto, de ovelhas criadas em regime extensivo.

A Herdade dos Caeiros, que deu o nome ao queijo, foi adquirida por Bruno Pateiro há quatro anos com o objetivo de produzir queijo de ovelha em regime extensivo puro.

Fica localizada a 200 metros em linha reta da barragem de Alqueva, no concelho de

Reguengos de Monsaraz, e tem 70 hectares ocupados por pastagens permanentes e parcelas com culturas anuais. É ali que vive, com Margarida Pateiro e o filho, Afonso, que entretanto nasceu.

“Criei a Vitigene Agropecuária, com a minha mulher, com o objetivo de produzir queijo de ovelha em regime extensivo nesta herdade. Este projeto começou em 2016 e no final de 2018 iniciámos a ordenha.”

Para além do mestrado integrado em medicina veterinária, Bruno teve alguns anos de experiência de trabalho em pecuária com pequenos ruminantes de carne e leite, primeiro como assistente numa exploração e depois como produtor. Há três anos decidiu afastar-se da clínica e da prestação de serviços onde trabalhava, para se dedicar por completo às duas explorações da família, de cabras e ovelhas e, mais recentemente, ao projeto de produção do queijo Herdade dos

Caeiros.

Para produzir leite em extensivo, que raça escolheram? Continuo a acreditar que a Lacaune é a raça mais adaptada dentro das que têm aptidão leiteira, devido à conformação e boa inserção do úbere relativamente a outras raças produtoras de leite; porque é uma ovelha que tem menos lã, sofrendo menos de stress térmico que outras raças num clima como este; e por ter uma pata longa, adaptando-se melhor às caminhadas.

De onde veio este rebanho? As Lacaune vieram de duas explorações, uma em Serpa e outra em Brinches. As Assaf têm origem na associação espanhola de criadores da raça Assaf. A Lacaune representa 60% do efetivo, a Assaf 20%, e os restantes 20% são cruzamento de Assaf com Lacaune adquiridas.

Porquê toda esta genética, acreditando que a Lacaune é a raça certa? Até aqui eramos produtores de leite e precisávamos de ter uma raça que produzisse mais leite. Entretanto, a nossa estratégia mudou e agora somos produtores de queijo. Neste momento estamos à procura de adaptar uma linha genética para tirar mais rendimento das condições locais.

e às temperaturas elevadas do verão? Ainda não temos dados para tirar conclusões, mas sabemos que os úberes são muito inadequados a uma ovelha que caminha, assim como os aprumos. Além disso, o comportamento do borrego torna-o muito suscetível aos predadores.

Como se caracteriza esta propriedade em termos edafoclimáticos? Tem solos esqueléticos. Estamos a melhorálos através do pastoreio, do recurso a fertilizantes e de sementeiras. Fazemos cerca de 50% de pastagens permanentes e os outros 50% são dedicados a culturas anuais. Aqui, os invernos são curtos e rigorosos e os verões também. Em 2017 tivemos 180 dias seguidos em que a temperatura máxima superou os 30° (de maio a outubro). No inverno temos muito nevoeiro por influência do Alqueva, que está a 200 metros em linha reta, mas como a área é bastante desflorestada fazem-se por vezes sentir ventos frios.

A Lacaune perdeu potencial por viver em extensivo? Perdeu potencial de produção, mas não o suficiente para fazer perder rentabilidade. Perdemos o pico no intensivo de 2,7-2,8 para 2,3-2,4, mas ganhámos na alimentação e na saúde. As ovelhas estabuladas têm muitos problemas, nomeadamente de unhas e de locomoção. No regime intensivo tínhamos também um plano muito apertado no que respeita à profilaxia de enterotoxémias.

Como têm a herdade dividida? Nestes 70 hectares temos parques e sub-parques. Os parques estão com as pastagens, os sub-parques estão com culturas temporárias onde, consoante o ano, vamos fazendo um corte a dente e um corte mecânico, ou apenas um ou o outro.

A que distância fica o parque mais distante da ordenha? A cerca de 600 metros.

Como distribuem as ovelhas por parques? As ovelhas de alta produção estão sempre mais próximas da ordenha, devido ao volume do úbere e porque geralmente são ordenhadas 2 vezes ao dia. As ovelhas de baixa produção estão logo a seguir. Após um mês do início duma parição, quando essa parição atinge o pico, o grupo anterior passa para 1 ordenha diária. Aqui utilizamos o sistema de 3 partos em 2 anos, o nosso objetivo é ter 1 parto a cada 8 meses. Nos parques seguintes temos as ovelhas à cobrição, as ovelhas secas (que no 2º terço da gestação estão no parque mais distante) e as malatas.

Como fazem o maneio dos borregos? Fazemos de tudo um pouco. Já fizemos aleitamento artificial puro, em que administrávamos o colostro, muitas vezes por sonda. Quando a ovelha paria, tirava logo o borrego e ordenhava o colostro. A ovelha nem se apercebia de que tinha parido. Tudo cem por cento artificial. Dos resultados ninguém tinha dúvidas, mas a ética é duvidosa. Tivemos épocas em que as fêmeas ficavam com as mães em aleitamento natural e os machos em aleitamento artificial. E outras em que era tudo em aleitamento natural. Atualmente só fazemos aleitamento artificial quando precisamos de leite para cumprir contrato. O aleitamento cem por cento natural é muito mais vantajoso: tem menos mão-obra, uma taxa de mortalidade muito inferior, consome menos medicamentos e aumenta a capacidade de desenvolvimento da imunidade da cria. Nas fêmeas de reposição o ideal é o aleitamento natural porque aprendem a pastar com as mães. Aleitamento natural é aleitamento natural, não tenho grande dúvida. … E, do ponto de vista económico, é o mais vantajoso.

DADOS DA EXPLORAÇÃO NOME: HERDADE DOS CAEIROS LOCALIZAÇÃO: CUMIEIRA, REGUENGOS DE MONSARAZ ÁREA DA EXPLORAÇÃO: 70 HA CULTURAS: 50% PASTAGENS PERMANENTES; 50% ANUAIS RAÇAS: LACAUNE (60%); ASSAF (20%); CRUZAMENTOS (20%) Nº DE OVELHAS EM ORDENHA: 200 PRODUÇÃO MÉDIA DIÁRIA DO REBANHO: 300 LITROS PRODUÇÃO DUMA LACAUNE POR LACTAÇÃO: 300 LITROS EM 180 DIAS PICO DE PRODUÇÃO DUMA LACAUNE EM EXTENSIVO: 2,4 LITROS/DIA IDADE À 1ª COBRIÇÃO: 8-9 MESES, COM 2/3 DO PESO EM ADULTA 1ª BARRIGA: ENTRE OS 12 E OS 14 MESES Nº DE DIAS DE LACTAÇÃO: 180 DIAS Nº DE ORDENHAS DIÁRIAS: 2 Nº DE PARTOS: 3 EM 2 ANOS PESO AO DESMAME: 8 KG PESO DE VENDA DOS BORREGOS: 25 A 30 KG CUSTOS COM PROFILAXIA: €8/ANIMAL/ANO CUSTOS COM TRATAMENTOS: < €0,50/ANIMAL/ANO. TAXA DE FERTILIDADE EM CICLO: > 90-95% TAXA DE FERTILIDADE EM CONTRACICLO: > 75-80% TAXA DE MORTALIDADE: < 2% TAXA DE MORTALIDADE ATÉ AO DESMAME: <5%

…A que idade desmamam? Aos 30 dias fazemos uma observação e todos os borregos com mais de 8 kg são desmamados.

Quais são as etapas seguintes? A seguir ao desmame, vão para um parque de recria com palha e concentrado à descrição, e pastagem, até à cobrição. Os borregos saem aos 25-30 kg. A idade da 1ª cobrição é aos 8-9 meses, dependendo da condição. A primeira barriga é entre os 12 e os 14 meses. Na minha opinião, quanto mais adulta é a fêmea quando é coberta, maior a deposição de gordura no úbere com prejuízo para o desenvolvimento da glândula mamária. A altura ideal é entre os 8-9 meses com 2/3 do peso de vida em adulta, para parir entre os 12 e os 14 meses.

Quanto tempo é que as ovelhas estão a dar leite? 4 meses com 2 ordenhas diárias, 2 meses com 1 ordenha diária (e 2 meses secas). Nas que estão em aleitamento natural, a amamentar os borregos, tiramos o excedente para que não fique leite na glândula mamária e também para evitar doenças do úbere. No pico de lactação (2,5 litros), uma Lacaune produz leite mais do que suficiente para o borrego.

Como é o maneio das ovelhas em produção? Pastagem e ração na ordenha; em períodos de escassez de pastagens, usamos fenos produzidos na exploração. Somos autossuficientes, fazemos fenos de consociações de aveias, azevéns e trevos.

O que é uma produção de leite normal? Ao dia de hoje estou a ordenhar 200 ovelhas e no tanque nesta altura do ano estão cerca de 300 litros (1,5 litros/dia). Numa Lacaune são 300 litros em 180 dias (1,66 litros/dia). Como queijeiro não sei se será esse o meu objetivo.

Vai concentrar-se mais em extrato queijeiro do que em produção de leite? Muito mais. Vou concentrar-me em queijo vendido por ovelha, por ano.

O que vai mudar? Vou mudar uma parte da alimentação, a formulação da ração. Com o apoio de uma fábrica de rações e de um consultor vamos ensaiar uma genética mais adaptada e fazer alguns cruzamentos com raças autóctones, como a Merino Branco, para observar se a produção é satisfatória.

Ao dia de hoje, com Lacaune e Assaf, qual é a qualidade do leite? O leite tem uma variação muito grande quando é de pastagem. Na primavera tem teores de proteína médios, e de gordura baixos. Ao longo do verão, a proteína mantém-se e a gordura começa a subir. No outono é quando o leite é melhor, mais concentrado. No inverno, a gordura e a proteína tornam a baixar.

Isso vai dar-lhe um queijo diferente ao longo do ano? Exato, e nós vamos dar isso a conhecer ao consumidor. O consumidor tem que perceber que estamos a comer um produto natural, é quase como a fruta da época. E o produtor tem que perceber que a natureza é sazonal e que os alimentos vêm da natureza e têm que ser sazonais.

Faz sincronização de cios? Normalmente, fazemos sincronização de cios com efeito de macho e resulta muito bem. Não utilizamos flushing, nunca achámos necessário. Nas cabras, o efeito de macho é muito notório, nas ovelhas nem por isso. Às vezes fazemos sincronizações em contraciclo porque as raças são muito sazonais, precisamos de induzir o cio.

OS OBJETIVOS A 5 ANOS SÃO "MELHORAR AS PASTAGENS, ADAPTAR A GENÉTICA ÀS CONDIÇÕES NATURAIS, CONSOLIDAR A MARCA DE QUEIJO E PRODUZIR LEITE BIOLÓGICO."

"EM PROFILAXIA MÉDICA GASTAMOS CERCA DE 8€/ANIMAL/ANO. EM TRATAMENTOS NÃO CHEGAMOS A 0,50€/ANIMAL/ANO."

Utilizamos melatonina com relativa frequência, assim como progestagénios, GnRH e prostaglandinas. Protocolos mais complexos, que envolvem mais hormonas, fazemos pontualmente quando temos essa necessidade. Estamos a pensar introduzir, não só pela questão do queijo mas pela sazonalidade reprodutiva, raças autóctones que diminuam a sazonalidade reprodutiva e que façam aumentar a líbido do resto do rebanho.

Em termos de saúde animal, quais são as preocupações? Para mim é muito importante não ter que tratar. Partimos duma base de prevenção e de controlo. Fazemos rastreio anual obrigatório de brucelose e, em termos de profilaxia médica fazemos enterotoxémias e pasteureloses (na mesma vacina), Febre Q, Agaláxia e Febre catarral ovina (a “língua azul”). Temos em epidemiovigilância Paratuberculose, Salmonelose e Aborto enzoótico dos ovinos. Caso haja algum sinal, os nossos animais, pelo menos as Assaf, fazem testagem de Scrappie. Se não existir sintomatologia, não há motivo para testar nem para refugar.

O que representa a saúde animal em termos de custo? Só em profilaxia médica gastamos cerca de 8€/animal/ano. Em tratamentos não chegamos a 0,50€/animal/ano. É difícil otimizar mais. Fazemos profilaxia de algumas doenças que existem no rebanho e temos outras em epidemiovigilância, em testagem. Em suspeita e testagem de animais, alguns casos positivos são eliminados.

Que tecnologia usam numa exploração de produção de leite em extensivo? A suficiente para ter o máximo de eficiência possível. Utilizamos uma rede social na equipa onde os dados e os acontecimentos da exploração são registados. Depois a informação é compilada duma forma organizada na velhinha folha de Excel que funciona lindamente. Conseguimos tirar as nossas conclusões, saber intervalos de partos, produção média, produção leiteira média por ano por ovelha, mortalidade do rebanho, mortalidade neonatal, taxas de fertilidade, taxas de aborto, valorização de efluentes pecuários, culturas, fertilizações, etc.. Com um grupo de WhatsApp e uma folha de Excel fica tudo feito.

Que indicadores utilizam para perceber se este negócio vai no bom caminho? Além dos indicadores óbvios, como a relação entre o volume de faturado e os custos, diariamente utilizamos outros: - produção/cabeça/dia versus fase produtiva. Temos uma tabela onde está definida uma lactação standardizada, que comparamos com o leite realmente ordenhado. Este indicador pode ser influenciado pela alimentação, pelas condições climatéricas, ou por alguma distração na sala de ordenha; - taxa de fertilidade. Uma fertilidade, tendo em conta o nosso histórico, em ciclo, inferior a 90-95% ou, em contraciclo inferior a 75-80%, é sinal de que alguma coisa não está bem no rebanho; - taxa de mortalidade. Com o plano profilático que temos e a vigilância dos animais que fazemos, mais de 2% é desastre, só se for devida a alguma característica genética em que o animal tenha que ser eutanasiado.

Qual é a taxa de mortalidade até ao desmame? No sistema intensivo com pastoreio, como temos aqui, e em aleitamento natural, uma taxa superior a 5% é sinónimo de insucesso. No sistema extensivo com aleitamento natural temos um problema que se chama ‘desaparecimento’, devido aos predadores, aqui principalmente a raposa, que faz disparar o valor da mortalidade para 30%. Em aleitamento artificial, a taxa de mortalidade ronda 30%. Em parições até 50 animais, em grupos controlados, já conseguimos 3-4% mas para isso tivemos que cuidar dos borregos quase um a um.

Que fatores considera limitantes para o seu negócio? Nos fatores externos, em relação ao negócio do queijo, a concorrência, o preço de mercado e as margens esmagadas. Temos que nos destacar por um produto diferenciado, não pode ser pelo preço. Apesar de produzir leite a um preço reduzido, não tenho volume suficiente para entrar para essa guerra. Nos fatores internos, a formação e a estabilidade da mão-de-obra.

Que perguntas faria a um produtor com uma exploração do género da sua? Sendo o objetivo dessa exploração o mesmo que o da minha, a produção de queijo, perguntava-lhe sobre: - a qualidade do leite: o sistema utilizado para o registo da qualidade do leite, química e microbiológica; - a saúde do rebanho (fertilidade, produção); - os sistemas de limpeza e desinfeção; - o controlo da alimentação do ponto de vista nutricional.

Quais são os objetivos para os próximos 5 anos? Melhorar as pastagens, adaptar a genética às condições naturais, consolidar a marca de queijo e produzir leite biológico.

ALIMENTAÇÃO| OVINOS SUFFOLK PRÉ-STARTER NA RECRIA O PRESENTE ARTIGO TEM COMO OBJETIVO DEMONSTRAR COMO MAXIMIZAR AS PERFORMANCES DE CRESCIMENTO EM BORREGOS SUFFOLK COM A UTILIZAÇÃO DE UM STARTER FORMULADO PARA SATISFAZER AS NECESSIDADES DESTES ANIMAIS.

A condução e o maneio dos borregos de hoje influenciam as performances técnicas e económicas das explorações de amanhã, uma vez que o custo de recria de uma borrega tem um impacto económico muito significativo nas contas de uma exploração. Por isso, os produtores de borregos têm-se dedicado à procura de sistemas de produção que lhes permitam, cada vez mais, aumentar o potencial genético dos animais de forma a obter animais mais pesados ao desmame e o mais cedo possível. COMO CONDUZIR OS BORREGOS DO NASCIMENTO AO DESMAME No primeiro dia, existem alguns pontos fundamentais a ter em consideração: - desinfetar o cordão umbilical; fornecer 100 g de colostro por kg de peso vivo, em duas refeições; distribuir o colostro nas primeiras 6 horas de vida; manter uma temperatura de 10 a 18 ºC nas maternidades. No segundo dia, ao desmame, os objetivos são os seguintes: - ter animais com 15 kg de peso vivo aos 30 dias; potenciar a produção de leite da mãe tanto a nível quantitativo como qualitativo; - fornecer um alimento starter com nível nutricional adequado, e feno fibroso ou palha à descrição; - desmamar quando as borregas comerem 300 g de concentrado por dia; - utilizar aditivos para prevenir coccidiose e problemas respiratórios. Os borregos são sujeitos a diferentes stresses durante a fase de engorda, que podem limitar a sua performance e eficácia alimentar, e ter impacto sobre o custo alimentar. Alguns produtos à base de óleos essenciais mostraram efeitos benéficos sobre parâmetros de ruminação em borregos e, consequentemente, sobre as suas performances (Chaves et al, 2008). No estudo que descrevemos, realizado na Herdade do Pinheiro, acompanhámos a fase de preparação do parto (20 a 30 dias antes do parto), o programa alimentar das ovelhas durante a fase de lactação, de forma a maximizar a produção e qualidade de leite. Finalmente, desenhámos um starter – FlocoStart Ovi/Capri – para potenciar o máximo desenvolvimento dos borregos até aos 70 dias. RAÇA SUFFOLK A raça Suffolk é uma raça ovina de excelência, originária de Inglaterra e tem na sua génese o cruzamento das raças Southdown e Norfolk. Atualmente, considerada uma das melhores raças para carne, quer ao nível do índice de conversão, quer em termos de rendimento de carcaça e principalmente em termos de qualidade da carne. A utilização de carneiros Suffolk em rebanhos de ovelhas cruzadas poderá proporcionar um forte efeito melhorador, com um aumento substancial do peso dos borregos ao desmame e com boas performances (ganhos médios diários, índice de conversão) após o desmame. O presente artigo tem como objetivo demonstrar como maximizar as performances de crescimento em borregos Suffolk com a utilização de um Starter formulado para satisfazer as necessidades destes animais. Este starter conta, na sua composição, com a utilização de matérias-primas selecionadas, alguns cereais em flocos (milho e cevada) e soja extrudida que contribui para o aumento da digestibilidade e aumenta a higiene do produto. Além de apresentar todos os níveis nutricionais adequados (como o nível e qualidade de proteína, energia, fibra bruta, vitaminas e minerais sendo alguns deles orgânicos), ainda contem alguns aditivos que podem fazer a diferença. São estes: - leveduras inativas e óleos essenciais, com o objetivo de regular o pH ruminal, melhorar a digestibilidade da ração, e aumentar a produção de ácido propiónico,

PEDRO CASTELO Diretor técnico ZOOPAN pedro.castelo@zoopan.com

DIOGO RIBEIRO Técnico comercial ZOOPAN Diogo.Ribeiro@zoopan.com

GRÁFICO 1 EFEITO DE UMA SUPLEMENTAÇÃO EM FOS SOBRE A FLORA INTESTINAL

1,10 09

1,10 06

1,10 03

Bifidobactéria

Testemunha

Fonte: Bunceet al Closttridium

FOS

(C3) com impacto direto nas performances de crescimento. As leveduras inactivas estimulam o consumo de ácido láctico e a produção de ácido acético e propiónico, aumentando assim a produção de ácidos gordos voláteis totais. No que diz respeito aos óleos essenciais selecionados, estes orientam as fermentações ruminais de modo a aumentar a produção de C3 (ácido propiónico) sem perturbar a flora microbiana. - outros óleos essenciais e FOS (fosfoligossacarídos) que contribuem para melhorar o conforto respiratório e favorecer o bom funcionamento dos pulmões e do sistema imunitário. ACOMPANHAMENTO DO CRESCIMENTO DOS BORREGOS ATÉ AOS 70 DIAS DE IDADE Este ensaio contou com o acompanhamento de 44 borregos descendentes de Sulffolk em linha pura, sendo estes acompanhados durante três meses. Para a recolha de dados, contámos com a pesagem dos animais ao nascimento, aos 10, 30, 50 e 70 dias de vida. Note-se que as datas das pesagens podem significar uma variação de +/- 5 dias em relação aos dias descritos anteriormente. Foi registado o tipo de parto (simples, duplo ou triplo) e o género logo ao nascimento. Os dados recolhidos foram trabalhados individualmente para cada animal de forma a aferir o ganho médio diário (GMD) nos diferentes intervalos de tempo e em todo o período.

Relativamente ao programa alimentar utilizado, como descrito anteriormente, os animais foram alimentados com um starter formulado para satisfazer todas as necessidades de crescimento, e feno ad libitum. Para a presentação de resultados consideraramse duas fases do ensaio: - dos 0 aos 30 dias de idade, periodo em que o consumo de alimento sólido é insignificante, existindo grande influência do consumo de leite materno (em quantidade e qualidade); - dos 30 aos 70 dias de idade, periodo em que o consumo de alimento sólido aumenta e passa a ter maior importância no desenvolvimento dos borregos. Nas tabelas 1 e 2 estão demonstrados os pesos dos animais nas diferentes fases do ensaio, por tipo de parto e sexo. Na primeira fase do ensaio (dos 0 aos 30 dias), em que existe uma grande influência da mãe, os GMD foram sempre superiores em partos simples e duplos (Tabela 3). Quando … TABELA 1 PESO MÉDIO DOS ANIMAIS AO NASCIMENTO

Parto Sexo Peso Medio (kg) Nascimento Simples Macho Fêmeas 6,3 6,02 Duplo Macho Fêmeas 6,05 5,72 Triplo Macho 5,97

TABELA 2 PESO MÉDIO DOS ANIMAIS AOS 30 E 70 DIAS DE VIDA

Parto Sexo Peso Médio (kg) 30 Dias de Vida

Simples Duplo Macho Fêmeas Macho Fêmeas 17,46 17,40 17,54 17,12 Triplo Macho 17,95 70 Dias de Vida

Simples Duplo Macho Fêmeas Macho Fêmeas 36,36 33,08 36,35 34,52 Triplo Macho 36,85

Parto Sexo GMD (kg)

Simples Machos Fêmeas 0,347 0,356 GMD 0 - 30 Duplo Machos Fêmeas 0,345 0,345

Triplo Machos 0,334 Global Machos Fêmeas 0,346 0,347

TABELA 4 GANHO MÉDIO DIÁRIO DOS 30 AOS 70 DIAS DE VIDA

Parto Sexo GMD (kg)

Simples Macho Fêmeas 0,440 0,422 GMD 30 -70 Dias Duplo Machos Fêmeas 0,463 0,419

Triplo Machos 0,450 Global Machos Fêmeas 0,458 0,420

TABELA 5 GANHO MÉDIO DIÁRIO DO NASCIMENTO AOS 70 DIAS DE VIDA

Parto Sexo GMD (kg)

Simples Machos Fêmeas 0,399 0,381

GMD 0 -70 Duplo Machos Fêmeas 0,407 0,386 Triplo Macho 0,400 Global Machos Fêmeas 0,405 0,385

GRÁFICO 1 GMD DE MACHOS E FÊMEAS NAS DIFERENTES FASES

0,500

0,450

0,400

0,350

0,300

0,250

0,200

0,150

0,100

0,050

0,000

0,455

0,389

0-10 dias 0,385

0,373

10-30 dias

Machos 0,455

0,436 0,468

0,414 0,405 0,385

30-50 dias

Fêmeas 50-70 dias Total 0-70 dias … comparando o tipo de parto, notamos um valor superior nos partos simples. No que diz respeito à separação apenas por sexo, sabemos z comparando com 0,347 kg nas fêmeas (Tabela 3). Na tabela 4 demonstram-se os pesos médios aos 30 e 70 dias de idade, bem como os GMD's desse período. De notar que neste período a influência do programa alimentar dos borregos ganha uma nova importância, uma vez que o consumo aumenta. Dos 30 aos 70 dias, os valores de GMD, distinguindo apenas o sexo, foram de 0,420 kg para as fêmeas e de 0,458 kg para os machos. O GMD total geral neste periodo foi de 0,442 kg/ animal/dia. É ainda notável o desenvolvimento dos machos com partos duplos e triplos que, nesta fase, atingiram um maior crescimento, explicando a recuperação na diferença de pesos, o que remete para a importância de um starter de qualidade superior. Dos 0 aos 70 dias, o GMD foi de 0,405 kg para os machos e de 0,385 kg para as fêmeas. Separando por sexo e tipo de parto (Tabela 5) observamos a mesma tendência, em que as fêmeas têm um crescimento menor independentemente do tipo de parto. Comparando os GMD's entre machos e fêmeas nas diferentes fases (Gráfico 1) observamos que, embora no primeiro período não se reflita, os machos conseguem crescimentos superiores. Este efeito consegue refletir-se até no GMD total. CONCLUSÃO Com esta demonstração confirmamos que a utilização de um correto plano alimentar (leite materno e concentrado adequados) permite um ótimo desenvolvimento dos borregos nas primeiras semanas de vida. Permitindo assim um bom peso ao desmame e, consequentemente, favorável valor de mercado. Pelas razões apresentadas, a utilização de um correto maneio alimentar das ovelhas em fase de lactação é uma ação tecnicamente apreciável, assim como um starter que permita um bom desenvolvimento a partir dos 30 dias de vida dos borregos. Apenas com a junção destes dois fatores podemos exprimir o potencial genético dos animais.

GRÁFICO 2 EVOLUÇÃO DO EFETIVO DE OVINOS EM PORTUGAL DE 2006 A 2019

O consumo de carne ovina tem sido estável nos últimos 3 anos, verificando-se um consumo 'per capita' na ordem dos 2,3 kg por ano (carne de ovino e caprino). No gráfico 2 podemos observar a evolução do efetivo de ovinos em Portugal, entre 2006 e 2019 (INE). O efetivo de ovinos, em Portugal, sofreu uma tendência decrescente desde 2006 até 2015, no entanto começa a haver uma inversão da tendência entre 2016 e 2019, resultado do aumento de procura deste produto para exportação.

3000

2500

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1500

1000

500

0

2006 2007 Efetivo ovino

2008 2009 2010 2011

2012 Ano

2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

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