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Alimentação | Bovinos de leite
by RUMINANTES
ALIMENTAÇÃO | BOVINOS DE LEITE PASTONE, UM STOCK ENERGÉTICO BARATO
A PRODUÇÃO DE PASTONE (SILAGEM DE GRÃOS HÚMIDOS), ASSUME UM PAPEL PREPONDERANTE NA RENTABILIDADE DAS EXPLORAÇÕES. DEVE SER ENCARADA COMO UM STOCK ENERGÉTICO DA EXPLORAÇÃO, COM CUSTOS SIGNIFICATIVAMENTE MAIS BAIXOS SE ATENDERMOS A UMA MESMA QUANTIDADE DE ENERGIA DISPONIBILIZADA.
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ANTÓNIO CANNAS Desenvolvimento Técnico Lusosem S.A. acannas@lusosem.pt
Nos tempos que correm, os produtores pecuários de um modo geral e os de leite em particular, veem-se confrontados com novos desafios originados pelo preço das matérias primas, e em particular dos cereais, os quais afetam muito negativamente a rentabilidade das explorações. Em regra, para a produção de pastone, o grão deverá ter uma humidade que oscile entre os 28 e os 33% (com a aparição do ponto negro, não haverá mais deposição de amido no grão). A um pastone com maior teor de humidade do grão, corresponde uma melhor digestibilidade do amido. Por outro lado, teores baixos de humidade do grão levam a uma maior dificuldade de compactação do silo e à necessidade de fazer um processamento mais meticuloso do grão. Tal como ocorre com a silagem de milho (planta inteira), a silagem de pastone tende a aumentar a digestibilidade do amido à medida que o tempo de conservação aumenta!
Não são necessários investimentos suplementares para levar a cabo a tarefa, na medida em que o pastone pode ser ensilado com o auxílio de uma ceifeira debulhadora. Esta, por sua vez, alimenta de grão uma automotriz adaptada com um tegão na sua frente e que
O processamento do grão destinado a pastone, deve ter em conta a humidade do mesmo no momento da colheita.
O processamento do grão destinado a pastone, deve ter em conta a humidade do mesmo no momento da colheita.
mói o grão diretamente para o silo ou para um reboque. Outro processo consiste na moagem, através de um moinho que enche diretamente um rolo em forma de salsicha. O inconveniente deste último método é que dificulta a mecanização da recolha do pastone para o unifeed. Já nos silos de trincheira, haverá que assegurar um dimensionamento que assegure uma remoção mínima diária de 10 a 20 cm na frente de silo, em função da temperatura ambiente, de forma a assegurar uma boa conservação. Por último, importa referir que a utilização de inoculantes ou de conservantes à base de ácido propiónico, favorecem não apenas a fermentação, como a conservação da matéria ensilada.
A produção de pastone deve ser encarada como um stock energético da exploração, com custos significativamente mais baixos se atendermos a uma mesma quantidade de energia disponibilizada. Em primeiro lugar, por kg de matéria seca (MS) produzida, a quantidade de energia disponibilizada pelo pastone é semelhante àquela que é facultada pela farinha de milho. Assim sendo, na tabela 1 temos os valores energéticos expressos em UFL/kg MS do pastone vs. farinha de milho* .
Quanto ao custo de produção do pastone, os valores oscilam significativamente entre aqueles que se verificam na região norte, onde a quantidade de regas é menor e com um custo energético associado inferior e a região sul, com regas muito frequentes e custos associados à água utilizada e à energia, mais elevados. Tomaremos como valor médio de produção de pastone os 1.800€/ha e um valor actual de 310€/TM para a farinha de milho.
A tabela 2 baseia-se na quantidade de energia UFL/TM tal qual disponibilizada pela farinha de milho e a quantidade necessária de pastone (TM tal qual) para suprir esse mesmo montante energético.
Para igualar a mesma quantidade de energia disponibilizada por 1 TM de farinha de milho, necessitamos de 1358 kg (tal qual) de pastone.
Tomando por exemplo prático a rentabilidade em pastone da Sociedade Agropecuária Irmãos Ferreira Gomes em Paços de Ferreira, na qual a colheita de pastone, para um ciclo FAO 400 foi de 17,9 TM com 27,9% MS, corrigida a 33% de humidade do grão, a colheita representa 20,4 TM/ha. Com um custo de 1.800€/TM, o valor da TM de pastone (tal qual) é de 88€.
Sabendo que será necessário fornecer ao efetivo 1.358kg de pastone para igualar a quantidade de energia disponibilizada por uma TM de farinha de milho, chegamos à conclusão que o custo inerente à alternativa “PASTONE” é de 88 x 1,358 TM = 120€ contra os 310 despendidos com a farinha de milho.
Resumindo: - 120€ para alcançar 1.165 UFL, utilizando pastone; - 310€ para obter os mesmos 1.165 UFL, utilizando farinha de milho.
*- fonte: www.feedtables.com
TABELA 1
Concentrado Energético
Farinha de milho
Pastone
UFL INRA 2018/kg MS
1,33
1,28
TABELA 2
Concentrado Energético % MS UFL/kg MS UFL/TM Farinha de milho 87,6 1,33 1.165
Pastone 67 1,28 0,858