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Saúde e bem-estar | Bovinos de leite
by RUMINANTES
SÉRIE DE ARTIGOS SOBRE "A SAÚDE DOS CASCOS E AS 3 GRANDES CAUSAS DA CLAUDICAÇÃO"
1. Úlceras da sola
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2. Lesões da linha branca
3. Dermatite Digital 4. Claudicação como doença do periodo de transição 5. Implicações para a longevidade da vaca
SAÚDE E BEM-ESTAR ANIMAL | BOVINOS DE LEITE LESÕES DA LINHA BRANCA
TAL COMO OS OUTRAS CAUSAS IMPORTANTES PARA A INCIDÊNCIA DE CLAUDICAÇÃO EM EXPLORAÇÕES LEITEIRAS, AS LESÕES DA LINHA BRANCA REPRESENTAM UM CUSTO ECONÓMICO SIGNIFICATIVO PARA OS PRODUTORES. TAL DEVE-SE À QUEBRA DE RENDIMENTO, À DIMINUIÇÃO DO DESEMPENHO REPRODUTIVO, AO AUMENTO DA PERDA DE PESO, AO MAIOR RISCO DE REMOÇÃO DO REBANHO COMO DESCARTE INVOLUNTÁRIO DE VALOR ECONÓMICO REDUZIDO E, AINDA, AO CUSTO DE SUBSTITUIR A VACA NO REBANHO.
MARIE-LAURE OCAÑA
Dairy Technical Services Manager Zinpro Corporation mlocana@zinpro.com As lesões da linha branca ocorrem quando o material córneo da parede do casco se separa do material córneo da sola, devido a danos na zona da linha branca. Estas lesões são causadas por uma combinação de alterações internas e externas com um enfraquecimento na linha branca, devido à instabilidade da terceira falange na cápsula de material córneo da unha. As lesões são mais frequentemente vistas em apenas uma ou em ambas as unhas laterais posteriores, e a incidência é maior em vacas pesadas e de alto rendimento, em condições confinadas (figuras 1 e 2).
Ao invés de ser um único tipo de lesão, o termo refere-se a um grupo de lesões que representam uma progressão em termos de gravidade e consequentes perdas. A progressão leva à hemorragia, começando por uma fissura até progredir para um abcesso.
Todas as lesões têm como causa principal a instabilidade da terceira falange e existem três teorias que explicam o porquê desta causa: - mudanças no suprimento de sangue no corium (parte da sola que produz novo tecido para o crescimento do casco), o que pode resultar na quebra da ligação entre a terceira falange e a cápsula de material córneo da unha. - um aumento da atividade enzimática pode aumentar o tecido conjuntivo que suspende a terceira falange, levando à instabilidade. Estas alterações enzimáticas podem ser desencadeadas por alterações
hormonais no parto e, potencialmente, por alterações nutricionais que resultam no aumento do risco de acidose ruminal subaguda. - alterações na espessura e na composição da almofada adiposa digital que podem resultar na redução do suporte da terceira falange.
A parede da unha externa da pata posterior está sujeita a maiores forças de impacto do solo, quando a vaca está em pé ou a andar. A linha branca que fica a dois terços para trás da unha é mais suscetível a lesões. A parede da unha exterior está muitas vezes com sobrecrescimento, o que aumenta o peso que a vaca suporta em certas partes da unha e contribui para a formação de lesões.
A hemorragia e o enfraquecimento da estrutura da linha branca, juntamente com o traumatismo provocado pelo solo, podem resultar numa fissura em que o material córneo da parede se separa da sola. Podem também ocorrer impactações com pedras e outros materiais. Se esta impactação não for aliviada, pode ocorrer septicémia e formação de abcesso, espalhando-se ao longo das lamelas podendo depois emergir na faixa coronária. Se isso não acontecer, a septicémia e o abcesso podem atingir os tecidos mais profundos e criar uma septicémia digital. Para além disso, as lesões da linha branca podem resultar de um corte e/ou desgaste excessivo das unhas, por exemplo, quando as vacas caminham longas distâncias em superfícies cimentadas ou, quando se remove casco excessivamente, levando à exposição do corium na linha branca na zona da unha.
A doença da linha branca é mais comum em vacadas não estabuladas e quando as superfícies por onde as vacas circulam são escorregadias ou traumáticas. Também existem lesões em touros de carne, que podem resultar de um maneio alimentar deficiente combinado com excesso de peso sobre as patas posteriores.
TRATAMENTO
A prevenção deve ser uma prioridade: • As condições dos estábulos e dos pisos são um fator contributivo para muitas lesões. Uma combinação de sobre-densidade animal, espaço de alimentação limitado, pisos de ripas e um corredor livre de alimentação, em vez de cornadis ou de manjedouras com separadores, aumentam ainda mais este risco. Utilize o programa FirstStep® da Zinpro e, mais especificamente, o Walking Surface Assessor para identificar onde podem ser feitas melhorias para beneficiar a saúde dos cascos.
• A transição das novilhas para o efetivo adulto deve ser feita de forma gradual, especialmente em relação a novos alimentos e ambientes. • A alimentação deve ser ajustada para reduzir o risco de acidose ruminal subaguda. • O equilíbrio do casco deve ser corrigido regularmente para evitar a sobrecarga da unha lateral das patas posteriores. • Adicione 20mg/dia de biotina e Zinpro Performance Minerals®, incluindo zinco, cobre, manganês e cobalto à dieta.
O tratamento imediato é importante para reduzir a gravidade dos problemas e as consequentes perdas económicas: • A hemorragia difusa da linha branca é mais provável em vacas recém-paridas ou vacas com problemas nutricionais graves e onde as condições impedem o descanso adequado dos animais. Animais afetados devem ser transferidos para uma zona com camas ou levados para o pasto para permitir a sua recuperação. • Hemorragias profundas mais localizadas, fissuras e abscessos simples na unha externa da pata posterior devem ser tratados com aparamento funcional do casco. A parede em volta da lesão deve ser removida o suficiente para expor o material córneo saudável em volta das bordas da lesão. O calcanhar deve ser aparado ao nível ou abaixo da altura do calcanhar da unha interna sem que a sola fique muito fina. Se a unha não puder ser aparada adequadamente para transferir peso suficiente para a unha não afetada, então deve-se aplicar um bloco de casco à unha sã. • Se surgir um abcesso na faixa coronária, toda a parede lateral deve ser removida até expor tecido saudável. Verifique se há sinais de sépsia profunda ou insuficiência da sola, e discuta o tratamento com o seu veterinário. • As lesões devem ser enfaixadas quando houver sinais ou risco de infecção ou de dermatite digital. Nestes casos, uma ligadura leve como a ADAPTARAPTM pode ser aplicada. As vacas devem ser examinadas novamente após 3 dias para garantir que não existe infeção, e 3 semanas depois. • Após o tratamento, os casos leves podem retornar aos estábulos. É benéfico que as vacas coxas tenham um lugar confortável para se deitar por vários dias após o tratamento. Se o corium estiver exposto, discuta as estratégias de controlo da dor com o seu veterinário. • Qualquer vaca a que tenha sido aplicado um bloco deve ser reexaminada após 30 dias, para novo aparamento e remoção do bloco. Se a lesão não estiver totalmente curada, deve ser novamente aparada e um novo bloco aplicado por mais 3-5 semanas.
Um fator importante que contribui para o sucesso do maneio da saúde do casco é o tratamento rápido e eficaz de todas as lesões o mais cedo possível, em conjunto com um programa preventivo que inclui o uso de Zinpro® Availa® Dairy.
FIGURA 1 ZONAS DA UNHA. LESÃO DA LINHA BRANCA - ZONAS AFETADAS 1, 2, 3
Vista inferior
Vista abaxial (externa)
Vista axial (interna) FIGURA 2 LESÃO DA LINHA BRANCA