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O MARGIN MONITOR MILK (MMM) é uma ferramenta da De Heus para avaliar os resultados económicos, produtivos e nutricionais dos seus clientes.
O uso da ferramenta MMM, associada ao suporte técnico da De Heus, possibilita aos produtores leiteiros conhecer a evolução em eficiência, rentabilidade e produtividade das vacas, bem como um melhor controle do custo e quantidades dos alimentos e conversão destes em leite e margem.
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Caro Leitor,
A partir desta edição da revista, a rubrica do Índice VL passa a disponibilizar mais informação para os leitores, com a publicação do “preço mínimo recomendado para o leite”. Este indicador vem colmatar o desfasamento temporal de dois meses, que existe entre a data de saída da edição e o último valor de referência do índice. Este desfazamento acontece porque o preço do leite disponibilizado no SIMA-GPP tem este tempo de atraso. Assim, publicaremos, como até aqui, os valores do Índice VL e VL erva, mas também o preço mínimo a que o leite deverá ser vendido pelos produtores. Este preço tem por base os preços dos alimentos no mês anterior ao da saída da revista e é calculado para um Índice igual a 2, valor que é considerado como o indicador de sucesso económico de uma exploração de bovinos de leite.
Introduzimos esta nova informação numa altura em que o preço do leite ao produtor é superior ao mínimo recomendado, algo que me deixa muito feliz, e que espero que assim continue por muito tempo, pois é sinal que o negócio está bom para os produtores de leite. A informação do “preço mínimo recomendado para o leite” permite ao produtor perceber, duma forma fácil e intuitiva, em tempo útil, se o preço a que está a vender o seu leite lhe permite ter um negócio interessante.
Nesta edição publicamos duas entrevistas que falam na importância das raças autóctones. Numa delas, falámos com um produtor da raça Marinhoa que também já trabalhou com raças exóticas, mas veio a concluir que com essas raças não conseguia aproveitar todas as condições naturais que tinha nas suas propriedades. Para retirar todo o potencial genético dos animais, viu-se obrigado a fazer investimentos para melhorar significativamente o sistema alimentar, através da compra de alimentos fora da exploração. Decidiu, então, pegar na Marinhoa, a raça da região em que nasceu, procurando melhorá-la progressivamente com características mais cárnicas, através de uma seleção que privilegia determinadas características fenotípicas.
Noutra entrevista, Jaime Elizondo, um experiente agricultor, agrónomo e zootécnico, mexicano, especializado em grandes ruminantes, reitera a importância da genética na rentabilidade das explorações que produzem em extensivo. Esse agricultor afirma mesmo que cada exploração deverá “criar” a sua genética (Genética Adaptada) em função das próprias condições. Defende a ideia de se obter um compósito melhor adaptado a cada exploração, ambiente ou objetivo, face à especificidade e ao modo de gestão de cada produtor. As raças autóctones são importantes no papel da formação deste "compósito" genético, e assumem relevância na produção de carne em extensivo, porque acabam por estar bem selecionadas para o pastoreio e para a conversão da erva em carne.
Como percebemos se já temos uma genética adaptada? A resposta, segundo Elizondo, está naquilo que conseguimos obter: conseguirmos ter animais saudáveis e em boa condição corporal, com o mínimo possível de ajudas alimentares, estamos no bom caminho. “Se, para manter a condição corporal for necessário permitir pastoreio seletivo, encabeçamentos baixos, desparasitações totais e agressivas, suplementos de concentrados, suplementação de feno e controlo total e absoluto de doenças, estes animais não estão adaptados”, conclui este especialista.
As raças autóctones são importantes, provavelmente as melhores no seu solar, e seguramente importantes para chegar à genética adaptada mais rentável para a exploração. Isto não é novo, é algo que já se fazia e se faz por cá, quando se cruzam raças autóctones com raças exóticas, e os F1 resultantes novamente com uma raça exótica com o objetivo de criar os animais mais adequados para engordar com concentrados.
Desejo a todos os nossos leitores um bom ano.
REVISTA RUMINANTES #48
JANEIRO . FEVEREIRO . MARÇO 2023
DIRETOR
Nuno Marques | nm@revista-ruminantes.com
COLABORARAM NESTA EDIÇÃO
Ângela Xufre, André Antunes, António Barbosa, António Moitinho, Bárbara Cunha, Carlos Plácido, Carlos Vouzela, Fernando Neto, George Stilwell, Jaime Elizondo, Javier López, Joana Silva, Joana Tomás, João Santos, José Caiado, José Freire, José Luis Madera, José Santos Silva, Marie-Laure Ocaña, Marta Rodrigues, Pedro Nogueira, Ricardo Moreira, Sara Garcia.
DESIGN E PRÉ-IMPRESSÃO
Francisca Gusmão
REDAÇÃO
Francisca Gusmão, Inês Ajuda
FOTOGRAFIA
Francisca Gusmão, Francisco Marques
IMPRESSÃO
Jorge Fernandes Lda.
Rua Quinta Conde de Mascarenhas , nº9, Vale Fetal, 2825-259 Charneca da Caparica
Telefone: 212 548 320
ESCRITÓRIOS E REDAÇÃO
Rua Alexandre Herculano nº 21, 5º Dto | 2780-051 Oeiras
Telemóvel: 917 284 954 geral@revista-ruminantes.com
PROPRIEDADE/EDITOR
Aghorizons, Lda / Nuno Marques Contribuinte nº 510 759 955
Sede: Rua Alexandre Herculano nº 21, 5º Dto. | 2780-051 Oeiras
GERENTE
Nuno Duque Pereira Monteiro Marques
DETENTORES DO CAPITAL SOCIAL Nuno Duque P. M. Marques (50% participação) Ana Francisca C. P. Botelho de Gusmão Monteiro Marques (50% participação)
TIRAGEM 5.000 exemplares
PERIODICIDADE Trimestral
REGISTO N 126038
DEPÓSITO LEGAL N 325298/11
O editor não assume a responsabilidade por conceitos emitidos em artigos assinados, anúncios e imagens, sendo os mesmos da total responsabilidade dos seus autores e das empresas que autorizam a sua publicação.
Reprodução proibida sem a autorização da Aghorizons Lda.
Alguns autores nesta edição não adotaram o novo acordo ortográfico.
O "Estatuto Editorial" pode ser consultado no nosso site em: www.revista-ruminantes.com/ estatuto-editorial.
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JANEIRO FEVEREIRO MARÇO 2023
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TECNOLOGIA | LABORATÓRIO
O DNATECH, LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS VETERINÁRIAS, NASCEU EM 2004
PELA MÃO DE ÂNGELA XUFRE, INVESTIGADORA E DOUTORADA NA ÁREA DE BIOLOGIA MICROBIANA E GENÉTICA, QUE A RUMINANTES ENTREVISTOU.
Ângela Xufre foi a grande impulsionadora de um laboratório veterinário que opera num segmento praticamente inexistente em Portugal: a área das análises clínicas veterinárias.
“Uma enorme vontade de apoiar os médicos veterinários e dar diagnósticos rápidos” foram as grandes motivações que levaram Ângela Xufre, na altura doutoranda no Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação (INETI), a aceitar um desafio que se viria a tornar num projeto com a relevância que o DNAtech alcançou. Tudo começou quando, em 2003, Ângela aceitou o desafio de dar suporte a um serviço de análises clínicas veterinárias de despiste de leishmaniose, até então prestado por uma start-up criada pelo INETI e que estava prestes a fechar portas. Rapidamente, viu o número de clientes passar de 50 para 150.
Quando chegou o dia em que deixou de ser possível dar continuidade ao serviço de análises clínicas veterinárias no âmbito do INETI, surgiu a ideia de criar um laboratório veterinário privado para poder continuar a servir estes clientes. Pondo em prática a ideia de negócio, Ângela Xufre visitou outros países para perceber o que de melhor se fazia lá fora no segmento das análises clínicas veterinárias.
Trouxe vários kits e adaptou-os aos protocolos nacionais, fazendo uso da sua experiência e investigação. O resultado foi o nascimento da DNAtech, inicialmente com a área da Imunologia, passando depois para especialidades como Citologia, Hematologia, Toxicologia, Microbiologia, Biologia Molecular, Histopatologia. À diversidade de áreas juntou a qualidade do serviço, o que lhe permitiu trabalhar com as mais prestigiadas instituições nacionais de investigação, como o Instituto Gulbenkian de Ciência, o Instituto de Medicina Molecular e o Instituto de Conservação da Natureza. Colabora ainda com várias universidades do país.
A DNAtech é o primeiro laboratório português de análises clínicas exclusivamente veterinárias. Conta atualmente com mais de 2.300 clientes em todo o país e recebe diariamente cerca de 800 amostras. Com laboratórios veterinários em Lisboa, Porto e Algarve, faz análises clínicas veterinárias e investigação em Medicina Veterinária, trabalhando sempre em equipa com o médico-veterinário para garantir diagnósticos rápidos e fiáveis.
O que oferece hoje o DNAtech, passados 18 anos de funcionamento?
À medida que os clientes iam aumentando, começou a haver pedidos para outro tipo de análises além da leishmaniose, como os despistes de hemoparasitas, hemogramas, endocrinologia, e portanto, de uma forma sustentada, a empresa foi crescendo, foram entrando mais pessoas, e fomos disponibilizando mais serviços. Hoje temos 3 laboratórios: um em Lisboa, outro no Porto e outro no Algarve, com um total de 60 colaboradores. Temos todos os equipamentos em triplicado, em cada laboratório, porque o nosso objetivo principal é estarmos próximo dos clientes, sermos rápidos e fazermos o nosso serviço com qualidade. Esta é a nossa prioridade. Trabalhamos todos os dias da semana, das 8 à 1 da manhã. Aos sábados, trabalhamos das 10 h às 20 h e aos domingos das 14 h às 18 h. Só estamos fechados 2 dias por ano: 25 de dezembro e 1 de janeiro, porque a vida de muitos animais depende da rapidez dos resultados das análises e nós sentimos que é nossa obrigação estarmos sempre disponíveis.
No DNAtech trabalhamos com todas as espécies animais: domésticos, ruminantes e selvagens (trabalhamos com o Jardim Zoológico, com o Zoomarine, com parques temáticos), e também com instituições nacionais de investigação (Fundação Champalimaud e Fundação Gulbenkian) e ainda com alguns grupos de investigação franceses que nos solicitam análises a ratinhos (por exemplo, quando querem desenvolver tratamentos para o cancro, esse produto é inicialmente administrado nos animais e aqui é feita toda a monitorização destes animais durante todo o processo de tratamento).
O que vos distingue de outros laboratórios?
O nosso sentido de responsabilidade, a nossa dedicação e o comprometimento que existe na empresa em relação a cada cliente em particular. Tudo aquilo que recebemos, vale para nós como se fosse ouro. O nosso trabalho não é apenas uma prestação de serviços, existe uma parceria entre nós e o cliente. Nós temos que perceber para que servem os projetos e munir-nos de conhecimento sobre aquilo que nos pedem quando nos solicitam que desenvolvamos uma nova técnica. Não se trata somente de meter os tubos na máquina e de enviar os resultados para os clientes. Existe um tratamento prévio, o processamento
normal das análises e finalmente um acompanhamento posterior, que pode ser uma ajuda na interpretação dos resultados. Este ponto é muito importante. Por vezes, os técnicos recebem os resultados e têm dificuldades em interpretá-los por serem situações invulgares. É esse valor acrescentado que nós levamos aos clientes. Sabemos que temos a obrigatoriedade de ajudar a salvar a vida dos animais e, portanto, a rapidez na obtenção dos resultados é essencial. Temos que ter a agilidade necessária para trabalhar em consonância com as necessidades do mercado.
Trabalham com o País todo, Continente e Ilhas. A logística não é um problema?
Aqui, no Continente, temos cerca de 22 estafetas a trabalhar de Norte a Sul, exceto nos sítios mais afastados da nossa rota, nesses casos optamos por uma transportadora. Nos Açores e na Madeira trabalhamos com os CTT: uma recolha feita nos Açores ou na Madeira demora no máximo 2 dias a chegar aqui, o que é perfeitamente aceitável para o que normalmente nos solicitam.
A DNAtech tem 60 colaboradores. Qual é a sua formação?
Trabalham aqui biólogos, veterinários, microbiologistas, engenheiros químicos, técnicos de análises clínicas, entre outros. Eu acho que esta equipa se formou exatamente pela diversidade de conhecimentos.
A maior parte dos vossos clientes são veterinários?
Sim, mas também temos investigadores. Não trabalhamos com o público, somente com quem tenha as habilitações necessárias para solicitar as análises necessárias, assim como a capacidade para as interpretar. No caso das explorações pecuárias, por exemplo, trabalhamos sempre com o médico veterinário associado, e não com o dono da exploração.
O que representa o setor dos ruminantes para a DNAtech?
Infelizmente, ao dia de hoje, em termos de volume, não tem uma grande expressão. Só trabalhamos com ruminantes em projetos em que se está a testar algo, como a alteração de uma ração ou algum tipo de antibiótico a ser administrado. Mas acredito que a DNAtech possa ser uma mais-valia para as explorações de
ruminantes, nomeadamente quando aparece um animal doente. Nessas situações, faz sentido o veterinário entrar em contacto com a DNAtech e, em vez de fazermos um despiste a todos os animais, fazermos um pool de 100 animais a que se faz apenas uma análise, para percebermos se naquela exploração existe alguma doença infeciosa. De forma preventiva, poder-se-ia fazer, de x em x meses, um pool nas explorações para detetar a existência de doenças infeciosas. Se o resultado fosse positivo, testar-se-ia individualmente os animais. Se fosse negativo, o produtor ficaria descansado, tendo gastado apenas numa análise.
Nas doenças causadas por vírus em pequenos ruminantes, em Portugal, existe uma grande prevalência de CAEV, lentivírus e paratuberculose. A DNAtech está capacitada para fazer estas análises?
Perfeitamente. Queria referir o seguinte: nós trabalhamos com uma exploração em Angola, com 30 mil cabeças, onde fazemos pools para despistar a existência dessas doenças. As amostras vêm de Angola e, até agora, tem corrido tudo muito bem.
Há alguma análise em termos de despiste de doenças infeciosas que não possa ser feita na DNAtech, e que obrigue os médicos veterinários a enviá-las para Espanha?
Não, podemos fazer tudo aqui. Um dos grandes problemas dentro da área da
veterinária tem a ver com kits comerciais, que temos que encomendar, mas que nem sempre estão disponíveis. Na DNAtech temos a mais-valia de conseguirmos desenvolvê-los. Portanto, muitas das análises de biologia molecular, ou seja, muitos destes kits são desenvolvidos por nós, caso não existam no mercado. Obviamente que isto só faz sentido quando se trata de um volume considerável.
E em relação à deteção de microrganismos veiculados por carraças, ou à besnoitiose?
Sim, a deteção de hemoparasitas pode ser feita pela DNAtech por sorologia (pesquisa de anticorpos) ou por pesquisa direta do DNA do parasita (PCR), dependendo do objetivo do estudo.
Em termos gerais, como são os vossos preços quando comparados com os dos vossos congéneres espanhóis?
Por regra, são três vezes mais baixos.
Porque é que os médicos veterinários que trabalham com explorações de ruminantes enviam as análises para Espanha?
Penso que, até agora, tem a ver com uma falta de comunicação da DNAtech em relação aos serviços que podemos oferecer. Temos dirigido a nossa comunicação através de publicidade para o mercado dos animais de companhia, mas acho que se a reforçarmos nesta área, provavelmente
teremos resultados. Infelizmente, ainda existe muito a ideia, entre nós, de que o país vizinho é sempre melhor que o nosso. Por outro lado, como é com Espanha que muitas empresas farmacêuticas têm protocolos de colaboração, é naturalmente para lá que os veterinários dessas empresas enviam as análises.
A DNAtech cobre todas as espécies pecuárias?
Sim, bovinos, pequenos ruminantes, suínos, cavalos, para além dos animais de companhia.
Que tipo de análises fazem em ruminantes?
Fazemos muita coisa dentro das infeciosas mas, independentemente disso, estamos sempre dispostos a implementar aquilo que for necessário ao mercado. Se uma determinada exploração tem um problema, seja ele infecioso ou, por exemplo, de metais pesados, relacionado com as rações ou até com as águas dos rios ou riachos onde os animais bebem água, nós podemos, em conjunto com o veterinário, desenhar, à medida, um projeto de acordo com as necessidades. Na verdade, tudo é desenhado à medida.
Conseguem determinar o teor de oligoelementos em parênquima de fígado ou rim, para determinar se existem deficiências de microminerais, especialmente nos animais em extensivo?
Perfeitamente, podemos fazê-lo de duas formas, a partir de uma amostra de sangue ou, eventualmente, à posteriori, como por exemplo no caso duma necropsia, a partir de uma amostra de tecido que depois é lisado.
Como deve fazer um veterinário para recorrer aos serviços da DNAtech?
Poderá contactar-nos através do site (https://dnatech.pt) abrir ficha de cliente, onde existe uma plataforma onde pode solicitar a recolha as análises, recebendo depois os resultados por email. Ou, se preferir a forma convencional, poderá enviar-nos uma requisição em papel a pedir as análises e contactar o nosso serviço de estafetas.
A vossa força está na tecnologia ou nas pessoas?
Em ambas. Temos equipamentos topo de gama do mercado. Mas os equipamentos sozinhos não funcionam, é preciso especialistas para trabalharem com eles, e que saibam interpretar os resultados que saem desses equipamentos. A DNAtech tem uma equipa pluridisciplinar.
Na DNAtech conseguem, por exemplo, determinar o perfil metabólico do sangue de ovelhas ou de vacas, no pré-parto ou no pós-parto, beta-hidróxido de butirato, corpos cetónicos, NEFAS…?
Sim, fazemos tudo isso.
Têm técnicos que estejam a aproveitar o trabalho que aqui vão desenvolvendo para as suas teses de doutoramento ou mestrado?
Até agora não recebemos alunos de mestrados ou de doutoramentos. Mas recebemos estágios de várias universidades, algumas estrangeiras. Temos agora um protocolo com a Universidade de São Paulo, no Brasil.
Se a DNAtech decidisse, ao dia de hoje, publicar toda a informação que tem em base de dados, desde a abertura do DNAtech, teríamos “pano para mangas”, existe um mundo de informação. Infelizmente, não é esse o objetivo do nosso projeto. Não temos tempo e, portanto, acabamos por fazer o trabalho de rotina e depois o trabalho de investigação, e a publicação fica para trás.
Seria interessante dar-nos uma perspetiva das parcerias que desenvolvem com instituições relevantes a nível nacional ou internacional.
Sim, nas parcerias que desenvolvemos, quer com a Champalimaud, com a Gulbenkian ou com grupos estrangeiros de investigadores, as abordagens começaram com amostras pequenas. A DNAtech tem preços bastante melhores que os praticados no resto da Europa e os resultados foram sempre de acordo com o esperado, pelo que, gradualmente, começaram a mandar-nos trabalhos cada vez maiores e mais complexos. Quando
estes investigadores começaram a trabalhar connosco, depararam com uma realidade completamente distinta daquela a que estavam habituados:
- a facilidade na recolha: as amostras são recolhidas por uma pessoa da DNAtech, que sabe exatamente as condições em que as mesmas têm que vir. Há situações em que montamos todo o laboratório no local de recolha, e fazemos inclusivamente a separação dos soros no momento, sempre que isso se justifica, para que os resultados não possam ser prejudicados pelo tempo de transporte;
- rapidez do transporte quando existe urgência;
- a rapidez na saída dos resultados;
- a qualidade dos resultados.
Ultimamente, desenvolvemos algumas análises bastante complexas a nível das citocinas (multiplex de citocinas) que nos permitem perceber, preventivamente, se o animal tem alguma inflamação ou neoplasia através do doseamento destas citocinas. Desenvolvemos estas análises à medida das necessidades destas entidades e ajudámos na interpretação dos resultados. Tem sido uma experiência muito interessante e nós também temos aprendido com ela. E de cada vez que aprendemos com estas análises de investigação científica, acabamos por implementar muitas delas nas nossas rotinas.
Inventamos o amanhã para o sucesso de hoje
Esteja um passo à frente na gestão e monitorização da sua produção
GENÉTICA | BOVINOS DE CARNE
MARINHOA: EM BUSCA DE MAIS CARNE
CARLOS PLÁCIDO, É AGRICULTOR E DIRETOR DE UMA COOPERATIVA E PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE CRIADORES DA RAÇA PORTUGUESA AUTÓCTONE MARINHOA. E É TAMBÉM O MAIOR CRIADOR DE GADO “MARINHÃO”, COM UM EFETIVO DE 140 VACAS DISPERSAS
POR 5 PROPRIEDADES, NOS CONCELHOS DE COIMBRA E MONTEMOR-O-VELHO.
Na Quinta do Matoutinho, em Santo Varão, concelho de Montemor-o-Velho, sempre existiu gado da raça Marinhoa, que o avô de Carlos usava exclusivamente como animais de trabalho. “Sempre tivemos animais nesta casa agrícola, à exceção dum interregno de cerca de 10 anos. Assisti ao fim da raça nesta casa, e ao início da mecanização, com a compra do primeiro trator que puxava o carro de bois (carroça)".
A exploração de bovinos de carne da raça Marinhoa, na Sociedade Agrícola
Quinta do Matoutinho, começa em 2006. A razão fundamental para começar com este negócio, veio de “um gosto e uma aptidão natural para a criação de animais, principalmente bovinos”, conta Carlos. Outros motivos estiveram relacionados com a diversificação do negócio, então exclusivamente dedicado às culturas de milho grão e batata. A integração da pecuária teve como objetivo assegurar sustentabilidade à empresa, quer do ponto de vista económico, quer funcional.
Em 2006, Carlos Plácido comprou as primeiras 12 vacas Marinhoa, animais esses
que estavam em vias de ir para o abate: “Vieram para uma parcela de 3,5 hectares, que já era minha e estava abandonada. Transformei essa área em pastagens de regadio e fiz um projeto de rega para essa parcela. Passados três anos, avancei para outra propriedade com mais 25 vacas, e em 2011 integrei outra exploração com mais 60 vacas. Hoje tenho 140 vacas em 5 propriedades diferentes, entre Coimbra e Montemor-o-Velho, geridas de forma independente. Apenas a recria de novilhas para futuras reprodutoras e o acabamento de animais para abate destas 5 vacadas são feitas no mesmo sítio. No total, comprei 50 vacas, as outras já são vacas nascidas e criadas e selecionadas por mim.”
Porque se tornou criador de bovinos de genética da raça Marinhoa?
A raça Marinhoa vem no seguimento de um princípio que tenho para a minha atividade agrícola, que é estar em franjas de negócios que se possam diferenciar. Faço isso com o milho para panificação, e também com a batata, com uma variedade muito exigente e com tendência para ser mais bem valorizada.
A raça autóctone Marinhoa faz sentido por ser uma raça naturalmente adaptada a esta região, que me permite desenvolver o negócio com os mesmos colaboradores
que já tinha. É uma raça com facilidade de parto, que requer pouca assistência veterinária, seja por pneumonias ou outro tipo de patologias. Isso é muito importante porque em determinadas fases do ano não podemos dar tanta atenção aos animais. A pecuária só se torna autossustentável se estiver bem organizada.
Por outro lado, vi potencialidade em tornar a Marinhoa numa atividade estável e viável do ponto de vista técnico e económico, não uma atividade de part time, como é habitual ver nos criadores desta raça.
Se não houvesse apoios às raças autóctones, teria a Marinhoa?
Acho que nenhum criador de raças autóctones tem viabilidade económica sem as ajudas. Por uma simples razão: ainda não conseguimos repercutir toda a diferença do menor rendimento dos animais e da carcaça no preço dos produtos que pomos na prateleira dos talhos e supermercados. Por isso, precisamos dum apoio para colmatar essa diferença de rendimento. O meu vitelo, com a mesma idade dum vitelo de uma raça exótica, tem menos 20 a 25% de peso. Um vitelo marinhão tem a sua própria curva de crescimento, não é possível contrariar essa curva por muito alimento que lhe dê.
Que sistema alimentar utiliza?
Pastoreio em prados permanentes, feno e alguma mistura que compramos para a fase de acabamento dos animais. As vacas adultas têm pastagem e feno. Na fase de acabamento damos, no unifeed, fenosilagem e uma mistura desenvolvida nutricionalmente para as características desta raça.
Como descreve, de uma forma resumida, a raça Marinhoa?
É uma raça dócil, de porte médio, com uma característica natural na sua carcaça que é o marmoreado, tenrura e suculência da carne.
Como caracteriza os seus animais?
A vantagem de ter 5 explorações/vacadas individualizadas, é permitir-me encontrar diferenças genéticas entre as vacadas. Há 10 anos que venho traçando o caminho genético que levo, fruto de algum conhecimento e experiência que fui adquirindo e do feeling natural que tenho ao olhar para os animais.
A seleção que estou a fazer poderá não ser valorizada no resto do Solar da raça, por ser um animal com características naturais, sem qualquer dúvidas, mas cujo fenótipo tem ligeiras diferenças em relação ao Solar da raça. Os meus animais que estão na zona do Mondego têm um fenótipo natural,
já fruto de alguma adaptação, diferente dos da zona do Vouga.
Os meus animais são vacas com um bom dorso e uma boa anca, que nos vão permitir melhores pesos ao abate. Trabalhamos para ter bons vitelos, de vacas que andam em extensivo. Estimo as minhas vacas, mas não são animais de estimação, como acontece muito com os criadores desta raça.
Como faz a seleção?
O melhoramento e a genética são muito importantes para mim, porque permitem, com o mesmo alimento, rentabilizar melhor o negócio. A seleção começa logo ao desmame, separamos os machos e as fêmeas, e vão para as instalações de recria. Ao fim de um mês e meio faço a primeira seleção, escolhendo pela capacidade com que se adaptaram ao pós-desmame, o crescimento e o fenótipo. Os animais selecionados vão para outro local onde crescem até à idade adulta. Os outros seguem para acabamento. Também olho para outros fatores, por exemplo se um animal que não vive bem em manada ou tem comportamentos indesejáveis e de difícil maneio, terá de sair do efetivo.
Quando abate as vacas mais velhas?
Um dos critérios é o peso dos animais ao desmame. Quando o peso é baixo, pode
DADOS DA EXPLORAÇÃO
Exploração Soc. Agríc. Quinta do Matoutinho, Lda.
Santo Varão, Montemor-o-Velho
ao 1º parto | Intervalo entre partos 33 meses | 13 a 14 meses Nº de viitelos até ao desmame (6 meses) 60
de animais em recria e acabamento 60
aos 6,5 meses
180 kg aos 6,5 meses
carcaça 52 a 53% Índice conversão no acabamento (IC) 4,2 Ganho médio diário (GMD) no acabamento 1,7 kg
Idade ideal de abate 11 a 13 meses
(575 kg pv)
ser sinal de que as mães já estão no fim da vida útil, e portanto não produzem o leite necessário para fazer crescer bem a cria. As vacas adultas selecionadas para refugo com uma média de 14 anos são conduzidas para uma pastagem e, com um complemento alimentar adequado, tento conseguir uma valorização considerável no abate.
Que problemas de saúde animal o preocupam na exploração?
Em sentido figurado, posso dizer que me esqueço de chamar o médico veterinário. Tirando algum problema pontual num parto, as intervenções sanitárias são normais, vacinações, desparasitações semestrais e nada mais.
A que indicadores olha para perceber se o negócio está no bom caminho?
Tenho contas separadas, para os animais e para a agricultura. No período da Covid, com os elevados preços das
matérias-primas, vi-me obrigado a procurar alternativas para baixar os custos, principalmente no acabamento. Comprei um unifeed para poder dar a fenossilagem e a mistura, em conjunto, quando antes dava por separado. O investimento está praticamente pago, considerando apenas a redução de consumo dos animais. Hoje não tenho desperdício.
Também estou atento ao intervalo entre partos: a média não deve passar dos 13-14 meses. Se mais de 25% do efetivo estiver fora deste prazo, tento perceber o que se passa, se as vacas estão a ser bem alimentadas.
O facto de ter vários grupos de animais permite-me fazer cruzamentos entre vacadas, tornando possível, nos últimos 3 anos, encontrar uma linha genética que pode tornar-se num "virar de página" na melhoria dos indicadores económicos da raça.
ORIGEM DA RAÇA E DENOMINAÇÃO DE ORIGEM PROTEGIDA
A raça Marinhoa teve como origem provável o cruzamento de bovinos dos troncos Mirandês e Minhoto, tendo resultado um bovino bem adaptado às características ecológicas da zona lagunar do Baixo Vouga. Com o desenvolvimento da indústria de lacticínios, os “turinos”, oriundos dos Países Baixos, foram substituindo os efetivos de gado marinhão que ficaram reduzidos às necessidades dos trabalhos agrícolas.
A necessidade de preservar o património genético ainda existente levou à constituição, em 1992, da ACRM – Associação de Criadores de Bovinos de Raça Marinhoa que gere o Livro Genealógico da Raça Marinhoa. Em Novembro de 2015, a gestão deste Livro Genealógico foi transferida para a EABL – Associação para o Desenvolvimento da Estação de Apoio à Bovinicultura Leiteira.
Alimentados com pastagens e forragens da Região e suplementados com farinhas de milho, silagens, entre outros produtos naturais, os animais da raça Marinhoa são criados respeitando o ciclo biológico de cada animal, de modo a que seu crescimento se faça de modo sustentado. Para além da qualidade intrínseca da carne, — parte da sua herança genética, — a boa alimentação dos animais e a maturação da carne (através de repouso em câmara refrigerada) são de extrema importância e condição essencial para que chegue ao consumidor com os melhores atributos organoléticos. O reconhecimento da qualidade e da particularidade das suas características chegou em Maio de 2000. A Denominação foi oficialmente reconhecida e consagrada como Produto de Qualidade, tendo sido conferida à Associação de Criadores a gestão da Denominação de Origem “Carne Marinhoa DOP”. (Fontes: https://loja.marinhoa.pt, https://www.eabl.pt/)
Onde compra os machos para o seu efetivo?
Os touros iniciais do meu efetivo fui buscá-los à zona de Aveiro, foram os novilhos vencedores dos prémios dos concursos da raça Marinhoa.
Como comercializa os animais?
Vendo tudo para carne. Sou um fornecedor a 100% da nossa associação de criadores. É tudo vendido com a marca carne marinhoa.
Raramente vendo genética, porque os meus animais estão sempre a campo, não estão habituados a estar estabulados e, geralmente, os criadores de Marinhoa querem os animais para esse efeito. Mas penso que está a chegar o momento de finalmente vender genética, depois de brevemente confirmar o resultado do primeiro parto de algumas primíparas. Estou, possivelmente, com um pequeno diamante em mãos!
Para encomendas, consulte: https://loja.marinhoa.pt
ALIMENTAÇÃO | NOVILHOS
ALTERNATIVAS EM DIETAS DE ACABAMENTO
NO ENSAIO APRESENTADO NESTE ARTIGO, PROCURARAM-SE DIETAS ALTERNATIVAS ÀS DIETAS CONVENCIONAIS UTILIZADAS NO ACABAMENTO DE NOVILHOS. ESTAS DIETAS
TIRARAM PARTIDO DE FORRAGENS BIODIVERSAS DE ALTO RENDIMENTO, PROVENIENTES DE MISTURAS DE LEGUMINOSAS E GRAMÍNEAS SELECIONADAS, ADAPTADAS A DIFERENTES CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS. PRETENDEU-SE REDUZIR A INCORPORAÇÃO DE CEREAIS E DE CONCENTRADOS PROTEICOS NA ELABORAÇÃO DE DIETAS COMPLETAS (TMR).
Os bovinos para a produção de carne são os principais responsáveis pelas emissões de gases com efeito de estufa (GEE) do sector pecuário, devido às emissões de metano (CH4) associadas ao seu processo digestivo. Para contrariar o impacto negativo das emissões de GEE nas alterações climáticas, a Comissão Europeia estabeleceu como metas a redução em 55% até 2030 e o balanço de carbono nulo em 2050 (EU, 2022). É um plano ambicioso, que acrescenta pressão
sobre os produtores de carne de bovino no sentido de implementarem alterações nos seus sistemas de produção que aumentem a sustentabilidade ambiental, mantendo a rentabilidade económica. A manipulação das dietas e a utilização de aditivos alimentares são formas eficazes de reduzir as emissões de CH4, incluindo a utilização de forragens de alta digestibilidade, com elevado teor de proteínas e/ou dietas suplementadas com níveis moderados de lípidos (Hristov et al., 2013).
O projeto LegForBov (https://projects. iniav.pt/LegForBov/) é um Grupo Operacional, em que participam entidades do sistema científico nacional (INIAV, FMV-ULisboa e CEBAL), empresas e outras entidades ligadas à produção agropecuária (FERTIPRADO, ELIPEC e APAE). Procuraram-se dietas alternativas às dietas convencionais utilizadas no acabamento de novilhos. . Estas dietas tiraram partido de forragens biodiversas de alto rendimento, provenientes de misturas de leguminosas
e gramíneas melhoradas, adaptadas a diferentes condições edafoclimáticas. Pretendeu-se reduzir a incorporação de cereais e de concentrados proteicos na elaboração de dietas completas (TMR). Consideraram-se os efeitos das várias dietas na produtividade dos animais, na qualidade dos produtos, na pegada de carbono e nos custos de produção. Com estas dietas esperava-se também obter um efeito positivo no valor nutricional da gordura da carne, por aumento da deposição de ácidos gordos bioativos saudáveis [ácido vacénico (t11-18:1) e ácido ruménico (c9, t11-18:2)] e dos ácidos gordos polinsaturados da série n-3 (Bessa, Alves, & Santos-Silva, 2015). Este efeito seria então potenciado pela suplementação das dietas com níveis moderados de óleos polinsaturados, que é a forma mais eficaz de aumentar a deposição daqueles isómeros intermediários de bioidrogenação nos produtos dos ruminantes (Bessa, Santos-Silva, Ribeiro & Portugal, 2000; Schmid, Collomb, Sieber & Bee, 2006).
No âmbito do projeto LegForBov foram realizados 2 ensaios em que se comparou uma dieta completa (TMR) baseada em fenossilagem com uma dieta convencional, sendo um conduzido em condições de experimentação controlada no Polo de Inovação da Fonte Boa (INIAV-Santarém) e outro numa exploração na região de Elvas.
CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS
ENSAIO NO POLO DE INOVAÇÃO
DA FONTE BOA
O ensaio decorreu entre abril e julho de 2021. Envolveu 16 novilhos machos cruzados Limousine × Alentejana, com idade próxima dos 12 meses e peso médio de 413 ± 38,7 kg. Os animais distribuíramse individualmente por 16 parques.
Utilizaram-se 2 dietas: uma baseada num concentrado comercial (Biona Diobife Top2 GRA, De Heus, Cartaxo), complementado com palha de aveia (10% da MS); e uma
QUADRO 1 COMPOSIÇÃO QUÍMICA E DIGESTIBILIDADE
QUADRO 2 COMPOSIÇÃO QUÍMICA, DIGESTIBILIDADE
E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DAS DIETAS UTILIZADAS NO ENSAIO
1 - Biona Diobife Top2 GRA; 2 – 54% MS fenossilagem, 36 % MS de concentrado e 10% MS de semente de girassol; 3 – Erro padrão da média; 4 – Fibra em detergente neutro; 5 - Ferric ion Reducing Antioxidant Parameter; 6 - Trolox Equivalent Antioxidant Capacity.
TMR em que 54% da MS foi fenossilagem (Speedmix, Fertiprado, Vaiamonte, Portugal - http://www.fertiprado.pt/en/products/ annual-brmixtures/speedmix-1/), 36% da MS concentrado composto e 10 % da MS de semente de girassol. O quadro 1 resume os resultados da composição química da fenossilagem.
A TMR foi preparada diariamente num misturador estacionário (MAMMUT TMR mixer "Profi Mix" PM 1.5ST). A composição química e o valor nutritivo do concentrado, da palha e da TMR, apresentam-se no Quadro 2.
Ao longo do estudo as dietas foram oferecidas ad libitum e foi registada a ingestão diária individual. O peso dos animais foi controlado com intervalos de 14 dias. O abate dos animais fez-se no matadouro da Santacarnes em Santarém, tendo como peso alvo os 500 – 550 kg.
A pegada de carbono estimou-se individualmente com base numa Análise de Ciclo de Vida (ACV), tendo como base: 1) as emissões de CH4 medidas individualmente ao longo do ensaio, utilizando uma unidade Greenfeed (GreenFeed – Large Animals, C-Lock Inc, Rapid City, USA); 2) a ingestão individual; 3) a pegada de carbono das 2 dietas, estimada com base nas folhas de cultura das forragens (fenossilagem e feno), na composição dos concentrados e da semente de girassol, aplicando os fatores de emissão da base de dados ECOALIM do INRA (https://www6.inrae.fr/ecoalim_eng/ Database-ECO-ALIM) e o Green House Gas Protocol (https://ghgprotocol.org/); 4) a estimativa das emissões das fezes, usando o fator de 865 kg CO2e /novilho/ano (NIR, 2021).
RESULTADOS
A ingestão diária de MS foi 9 % superior na dieta TMR. Os índices de conversão do alimento e também da MS foram superiores na dieta TMR, mas não houve diferenças entre as 2 dietas para o ganho médio diário de peso (GMD). Devido às diferenças na composição das dietas, a TMR resultou numa diminuição muito acentuada do consumo de concentrado por kg de aumento de peso (- 46%), bem como consumo de cereais (- 85 %) e de bagaço de soja (-100%) (Quadro 3).
Os custos da alimentação foram estimados com base nos custos das matérias primas no primeiro semestre de 2022. Neste período, houve uma forte perturbação dos mercados internacionais devido à guerra na Ucrânia. Os valores que obtivemos foram de 235,7 €/t para a TMR e 596 €/t para o concentrado comercial. Pese embora as diferenças nos custos unitários das duas dietas, as diferenças nos índices de conversão determinaram que o custo por unidade de aumento de peso é semelhante, sendo o valor médio de 3,0 €/ kg (Quadro 3).
As dietas não resultaram em grandes diferenças para nenhum dos parâmetros considerados para avaliação da qualidade das carcaças e da carne. O rendimento da carcaça foi 3% mais baixo na TMR e a cor da gordura subcutânea foi branca. A maioria das carcaças foi classificada como U (Muito bom) ou R (Bom) para a conformação. Quanto ao acabamento classificaram-se como 2 (Ligeiro) ou 3 (Médio), o que corresponde às preferências do mercado nacional. As carnes produzidas foram magras (2,1% gordura) e o valor nutricional da gordura foi superior com
1 - Biona Diobife Top2 GRA; 2 – 54% MS fenosilagem, 36 % MS de concentrado e 10% MS de semente de girassol; 3 – Erro padrão da média; 4 – Ganho médio diário de peso; p<0,05 representa um valor significativo.
ENSAIO EM EXPLORAÇÃO (ELVAS)
As mesmas dietas utilizadas no ensaio que acabámos de descrever, foram utilizadas no acabamento de 2 grupos de 15 novilhos cruzados Limousine × Alentejana numa exploração em Elvas, entre novembro de 2021 e janeiro de 2022. O período de recolha de dados foi de 42 dias. A idade e o peso vivo médio dos animais iniciais foram de 11,7 ± 1,09 meses e 431,5 ± 29,54 kg. Na exploração fez-se o controle dos alimentos distribuídos nos 2 parques e da evolução do peso dos animais com pesagens individuais em cada 2 semanas. Os resultados produtivos destes grupos de animais apresentam-se no Quadro 4.
Os valores médios encontrados para o GMD nos 42 dias de ensaio não foram significativamente diferentes nos 2 grupos, com um valor médio de 1974 g/dia. Os valores encontrados foram elevados e estão de acordo com o esperado para este tipo de animais nestas condições de produção. Com a dieta TMR houve uma redução de 64% no consumo de concentrados (alimento composto + semente de girassol) por kg de aumento de peso e de 7% no custo estimado da alimentação por kg de aumento de peso.
a dieta TMR por diminuição do principal isómero da bioidrogenação com efeitos prejudiciais para a saúde humana (t1018:1) e aumento dos isómeros t11-18:1 e c9,t11-18:2, com efeitos benéficos para a saúde humana. As restantes características químicas, físicas e sensoriais não foram afetadas pela dieta.
A ACV permite avaliar as emissões de CO2 associadas à produção dos diferentes bens e produtos, incluindo todas as fases para a sua obtenção e também a distribuição até chegar ao consumidor final. Neste trabalho, apenas considerámos a pegada de carbono relacionada com o período de acabamento dos animais, não tendo sido consideradas as emissões de CO2 ligadas ao efetivo reprodutor ou aos vitelos até atingirem a fase de acabamento.
A Figura 1 mostra que as duas dietas resultaram em emissões CO2 semelhantes, mas com muito maior peso das emissões resultantes do consumo de concentrado no caso do grupo de controlo, o que
compensou as maiores emissões de CH4 resultantes da atividade ruminal no caso da TMR.
Estes resultados mostram que a utilização de dietas com grande incorporação de forragens de alta qualidade não melhorou a pegada de carbono do acabamento de novilhos, devido ao forte aumento nas emissões de CH4 resultantes das fermentações ruminais. Existem várias estratégias alimentares para reduzir estas emissões. Neste momento há a expetativa de que a utilização de uma alga (Asparagopsis taxiformis) existente nas águas das regiões temperadas e tropicais como os Açores e Algarve, possa ser uma via muito eficaz para a redução das emissões de CH4 das fermentações ruminais. Está a decorrer no INIAV um projeto financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR-C05i03-I-000027-LA3.1) que se espera que venha a trazer mais conhecimento sobre o tema.
As carcaças não apresentaram defeitos na cor da gordura, que apresentou cor branca nas carcaças dos animais alimentados com as duas dietas. O rendimento foi 5 % inferior com a dieta TMR e a maioria das carcaças foram classificadas como R (Bom) ou U (Muito Bom) para a conformação e na classe 2 (Ligeiro) para o acabamento. Os parâmetros físicos e sensoriais da qualidade da carne não foram afetados pelas dietas. Ainda não foram apurados os resultados da composição dos lípidos da carne, havendo a expetativa que nesse campo se confirmem os resultados positivos encontrados no ensaio realizado no Polo de Inovação da Fonte Boa.
RESULTADOS ECONÓMICOS
Com base nos resultados dos ensaios realizados, fez-se o cálculo do preço da fenossilagem para que o custo da dieta TMR por kg de acréscimo de peso dos novilhos iguale o custo com a dieta à base de concentrado. O preço da fenossilagem, em que se igualam os custos das duas dietas, é o limiar de rendibilidade para a opção pela TMR. Se
QUADRO 4 RESULTADOS PRODUTIVOS DO ACABAMENTO DE 2 GRUPOS DE 15 NOVILHOS LIMOUSINE × ALENTEJANA SUBMETIDOS A UMA DIETA BASEADA EM CONCENTRADO COMERCIAL (CONTROLE) OU UMA DIETA COMPLETA COM 54 % DE FENOSSILAGEM, 36 % DE CONCENTRADO E 10 % DE SEMENTE DE GIRASSOL (TMR)
exploração, os preços da TMR poderão ser bastante inferiores, tornando esta opção mais competitiva em relação à dieta convencional.
CONCLUSÕES
1 - Biona Diobife Top2 GRA; 2 – 54% MS fenosilagem, 36 % MS de concentrado e 10% MS de semente de girassol; 3 – Erro padrão da média; 4 – Ganho médio diário de peso; p<0,05 representa um valor significativo.
o preço de mercado da fenossilagem for inferior ao preço que iguala os custos das duas dietas, será mais rentável optar pela dieta TMR.
Para esta estimativa assumiram-se os seguintes pressupostos: 1) considerou-se um intervalo de preços para o concentrado comercial entre 0,30 e 0,55 €; 2) que o custo do concentrado usado na dieta completa é 25 % inferior ao concentrado comercial; 3) que o preço da semente de girassol é 2,1 x o preço do concentrado comercial. Com estas premissas estimaram-se os preços a fenossilagem, considerando que, em termos de MS, as dietas completas, sejam compostas por: 60% de fenossilagem e 40 % de concentrado (FS1); ou por 54% de fenossilagem, 36 % de concentrado e 10% de semente de girassol (FS2). Os resultados apresentam-se na Figura 2, sendo que as zonas a sombreado correspondem às situações em que o preço da fenossilagem é inferior ao limite de rendibilidade, ou seja, em que a opção
pelas dietas completas é economicamente mais favorável do que a opção pela dieta convencional baseada em concentrado. Atualmente o preço da fenossilagem é cerca de 0,110 €/kg. De acordo com as estimativas apresentadas (Figura 2), se a dieta não incluir semente de girassol (FS1), esse preço poderá ser interessante mesmo para o preço mais baixo do concentrado que se considerou neste cenário (0,30 €/ kg). No entanto, se a semente de girassol for introduzida na dieta (FS2), só para preços de concentrado superiores a 0,35 €/ kg, a utilização da dieta completa resultará em menores custos com a alimentação na fase de acabamento dos animais.
A opção pelas dietas completas baseadas em forragens de alta qualidade poderá tornar-se ainda mais interessante se o cenário económico for diferente do que foi utilizado para a realização destes cálculos. Se a valorização das fenosilagens for feita a custos de produção, admitindo que estas serão produzidas na própria
Os resultados deste projeto demostraram que a utilização de dietas completas baseadas na utilização de forragens de alta qualidade tem viabilidade do ponto de vista técnico. Consegue-se reduzir de forma significativa a utilização de alimentos concentrados e eliminaramse os concentrados proteicos (bagaço de soja) das dietas. Os níveis de ingestão observados foram elevados e permitiram obter taxas de crescimento de acordo com o esperado para o acabamento de animais do tipo que foi utilizado. As TMR estiveram associadas a valores mais baixos de rendimento das carcaças, mas não se encontraram quaisquer outros condicionantes na sua utilização em termos da qualidade das carcaças e das carnes produzidas. Houve uma melhoria do valor nutricional da gordura dos animais alimentados com as TMR comparativamente a outros alimentados com dietas convencionais, devido ao aumento dos ácidos gordos bioativos com efeitos benéficos e diminuição dos ácidos gordos bioativos com efeitos prejudiciais para a saúde humana. Ainda sobre este aspeto, a utilização das TMR resultou numa menor variabilidade entre animais. A pegada de carbono associada ao acabamento dos novilhos não foi influenciada pela dieta. A TMR resultou num aumento significativo das emissões de CH4 resultante da atividade microbiana ruminal, que foi compensada pela redução das emissões associadas com a produção e o consumo de alimentos concentrados vindos de fora da exploração. Para melhorar estes resultados haverá que encontrar vias que reduzam as emissões de metano nos animais alimentados com dietas ricas em forragens, o que poderá passar pelo recurso a aditivos alimentares que reduzam a metanogénese, mantendo a produtividade e a rentabilidade económica. Os resultados económicos associados com a alimentação dos animais dependem do valor das matérias-primas e das forragens no momento, mas a opção pelas dietas completas com base em forragens de alta qualidade poderá ser mais interessante do que a engorda no sistema convencional.
Nota: para consultar a bibliografia, consultar os autores, através do email jose.santossilva@iniav.pt.
NUTRIÇÃO DE PRECISÃO COMO E PORQUÊ ALIMENTAÇÃO | RUMINANTES
A TERMINOLOGIA "AGRICULTURA DE PRECISÃO" JÁ NÃO É NOVIDADE PARA NINGUÉM. QUANDO PENSAMOS EM AGRICULTURA DE PRECISÃO, IMAGINAMOS SEMPRE A TECNOLOGIA AO SERVIÇO DA AGRICULTURA. NO CASO DA NUTRIÇÃO DE PRECISÃO, NÃO É DIFERENTE.
Antes da explicação sobre o surgimento desta expressão e do trabalho que ela envolve, um pouco do contexto do sector que permite explicar o seu surgimento:
- o crescimento da população mundial de 32%, até 2050 e de 53% até 2100, previsto pela ONU. Este crescimento tem como consequência o aumento das necessidades alimentares;
- o aumento do consumo de produtos de origem animal (como carne, leite, ovos, entre outros). Aumentando as necessidades alimentares, cresce também a procura por produtos de origem animal, em especial produtos como a carne, o leite e os ovos;
- a necessidade de encarar a produção animal de forma diferente, devido a um crescente escrutínio da produção animal por parte dos média e à diminuição da área destinada à agricultura, pela implementação de políticas globais que forçam uma alteração na forma como se produz;
- os custos galopantes de matérias primas e seu aprovisionamento. Face à situação do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que já dura há quase um ano, existe ainda um ainda maior foco nesta questão. Os preços das matérias primas e de todos os fatores de produção sofreram aumentos galopantes, e o aprovisionamento e stocks tornaram-se mais complicados e exigentes;
- a melhoria da eficiência alimentar. Atendendo aos fatores acima mencionados, existe a necessidade premente de melhorar a eficiência alimentar na produção animal;
- a estrutura de uma exploração pecuária
A Imagem 2 representa bem a estrutura de uma exploração pecuária ou agropecuária. O fator com maior impacto na exploração é a componente nutricional, sendo aqui graficamente representada como a base da pirâmide que representa a base da exploração pecuária. Dependendo dos sectores a que nos referimos, a nutrição pode ter uma importância entre 50% a
75%, sendo que em ruminantes de leite, por exemplo, a componente nutricional representa 50% do custo de um litro de leite.
NUTRIÇÃO DE PRECISÃO
Tendo por base os fatores antes mencionados, chegamos ao conceito de Nutrição de Precisão. A Nutrição de Precisão define-se como a combinação de várias práticas e teorias que trabalham em conjunto, bem como dos vários técnicos que acompanham a exploração. Deverá ser vista como uma colaboração técnica entre o produtor, os funcionários da exploração, o nutricionista, o veterinário, o gestor, o técnico agrícola, etc. Prendese com o ajuste da alimentação às necessidades do animal, com base no feedback de sensores em tempo real e/ ou índices de produtividade do rebanho. O objetivo é tornar a alimentação mais eficiente, proporcionando uma melhoria no rendimento económico da exploração, no impacto ambiental da produção animal, na melhoria das condições de produção.
Nutrição de precisão. Como e porquê ALIMENTAÇÃO | RUMINANTES
O maior interesse da Nutrição de Precisão é retirar da interação de todos estes fatores a resposta dos animais, fazendo alterações de forma dinâmica. Essa resposta vai depender dos seguintes pontos:
• Características dos animais
• Características dos alimentos
• Elaboração de dietas específicas
• Auxílio de tecnologias de informação e comunicação para monitorizar
• Seleção dos alimentos pelos animais
• Não desperdício – componente ambiental
• Colaboração técnica
Como conclusões, podemos afirmar que o objetivo da Nutrição de Precisão é otimizar as performances zootécnicas dos animais, tornando os programas alimentares mais eficientes, tendo sempre em linha de conta o balanço técnico-económico da exploração, as preocupações ambientais e a qualidade dos produtos obtidos.
SUPLEMENTAÇÃO COM COLINA ALIMENTAÇÃO | BOVINOS DE LEITE
A COLINA É UM NUTRIENTE ESSENCIAL, CUJA IMPORTÂNCIA JÁ HAVIA SIDO DESCOBERTA POR ANDREAS STRECKER EM 1862, EMBORA NÃO TENHA SIDO RECONHECIDA COMO UM NUTRIENTE ESSENCIAL PARA OS HUMANOS ATÉ 1998. A COLINA É UM COMPOSTO CHAVE
PARA A SÍNTESE DE 2 MOLÉCULAS IMPORTANTES, FOSFATIDILCOLINA E ACETILCOLINA.
Acolina é um nutriente essencial, cuja importância já havia sido descoberta por Andreas Strecker em 1862, embora não tenha sido reconhecida como um nutriente essencial para os humanos até 1998. A colina foi inicialmente considerada essencial na prevenção de fígado gordo em ratos e cães (Best e Huntsman, 1932). A colina é um composto chave para a síntese de 2 moléculas importantes, fosfatidilcolina e acetilcolina.
A fosfatidilcolina é o principal fosfolipídio em ruminantes, sendo essencial para a absorção e transporte de lípidos. Também é essencial na síntese de lipoproteínas
de densidade muito baixa (VLDL) que são essenciais para a exportação de triglicéridos hepáticos (Chandler e White, 2017). Além disso, é essencial na formação da estrutura da membrana celular e na sinalização celular. O segundo composto sintetizado pela colina, a acetilcolina, é um neurotransmissor no sistema nervoso central e periférico, essencial nas junções neuromusculares para as contrações musculares. A acetilcolina é sintetizada a partir da colina e da acetil-CoA (acetilcoenzima A) nos neurónios.
Além disso, a colina desempenha um papel importante como doadora do grupo metil por meio da betaína (Figura 1).
No gado leiteiro, apenas 30% dos
requisitos de colina são fornecidos pelo fluxo duodenal, portanto, a maioria dos requisitos de colina deve ser satisfeita pela produção "de novo" através da metilação da fosfatidiletanolamina com grupos metil fornecidos por S-adenosil-Lmetionina (Zeisel e Holmes-McNary, 2001). Apesar da existência desta via metabólica, não podem ser gerados grupos metil suficientes para a síntese de uma quantidade adequada de fostatidilcolina, o que torna a ingestão dietética de colina essencial para satisfazer as necessidades totais da mesma.
Como a colina é um elemento altamente degradável no rúmen, é essencial que os aportes da mesma sejam feitos através de um produto protegido no rúmen.
NECESSIDADES DE COLINA
As vacas têm necessidades limitadas durante a maior parte do seu ciclo de produção, mas essas necessidades aumentam drasticamente na altura do parto. É nesta fase que se torna necessário incluir produtos que lhes forneçam essa quantidade de colina extra necessária.
No gráfico 2 vemos que a partir de aproximadamente 17 gramas de cloreto de colina, os rendimentos resultantes da adição de 1 grama extra de cloreto de colina são cada vez menores. Esses dados coincidem com os publicados por Colleman e colegas (2019) onde, a partir dos 12,5 gr de ião colina fornecidos, os rendimentos marginais foram cada vez menores. Essas determinações da quantidade ideal de colina foram realizadas apenas avaliando os resultados produtivos. Ao avaliar esses resultados, devemos ter em consideração que o cloreto de colina contém 75% de ião colina.
Para fazer um cálculo correto da dosagem de um produto de colina
protegida, devemos primeiro conhecer a sua concentração em cloreto de colina, depois conhecer a sua biodisponibilidade, ou seja, a proporção desse produto que é absorvida no intestino delgado e, posteriormente, multiplicá-la por 0,75 para determinar a quantidade de ião colina absorvida no intestino.
Por exemplo, de um produto que tenha 60% de cloreto de colina, com uma biodisponibilidade relativa de 90%, precisaremos de 30,86 g para atingir as contribuições de 12,5 g/dia de ião colina para o animal.
BENEFÍCIOS DA SUPLEMENTAÇÃO COM COLINA PROTEGIDA
Para avaliar os resultados produtivos da suplementação com colina, tomaremos como referência uma meta-análise completa realizada por Arshad (2020), na qual são avaliados diferentes aspetos. Nesta meta-análise, foram avaliadas 21 experiências com 66 tratamentos e 1313 vacas antes do parto. Neste estudo, a
FIGURA 1 VIAS METABÓLICAS PARA A COLINA E SUAS RELAÇÕES COM O ÁCIDO FÓLICO E A METIONINA COMO TRANSPORTADORES DE CH3 PARA AS VIAS DA METIONINA
Vias de metilação (DNA proteínas, lípidos)
homocisteína Tetra-hidrofolato
- Tetra-hidrofolato
média de suplementação de colina no pré-parto foi de 22 ± 6,0 dias e no pósparto de 57,5 ± 42,2 dias.
Aumento da ingestão de matéria seca: Nenhum aumento consistente na ingestão de matéria seca no pré-parto foi relatado quando a colina é usada. No pós-parto, obtiveram-se diversos resultados. Alguns estudos relataram reportaram que não houve qualquer efeito (Erdman e Sharma, 1991; Hartwell e colegas, 2000; Piepenbrink e Overton, 2003; Zahra e colegas, 2006). Outros estudos observaram um aumento na ingestão de MS (Oelriche e colegas, 2004; Chung e colegas, 2005). Lima e colegas (2007) também concluiram que o IMS tendia a ser maior em animais suplementados com colina.
O mecanismo que causa o aumento na IMS não é claro, embora se especule que seja devido a um "estado" de saúde melhor no período pósparto.
A Tabela 1 mostra os resultados de uma meta-análise por Arshad e colegas (2020).
Produção de leite e componentes:
Resultados semelhantes foram obtidos numa revisão de 14 estudos (Zenobi e colegas , 2018a) em que um aumento médio de 2kg de leite por dia foi obtido usando colina.
Apesar de normalmente associarmos o uso de colina em vacas com alta condição corporal, Lima e colegas (2017) observaram um aumento na produção independente da condição corporal no momento do parto.
Esses efeitos do aumento na produção de leite mantêm-se durante toda a lactação, mesmo que a colina seja suplementada apenas até três semanas após o parto. Finalmente, em outros dois estudos, Zenobi e colegas (2018) e Bollati e colegas, (2019) observaram um aumento de 2 kg/dia de leite corrigido para a energia nos primeiros 105 dias de lactação, quando a colina foi suplementada apenas até à terceira semana.
Efeitos na saúde pós-parto:
Um dos maiores desafios que enfrentamos no período de transição é o balanço energético negativo. Nesse período há uma grande mobilização de lípidos, que se em
excesso pode levar à cetose e ao fígado gordo.
Lima e colegas (2007) conduziram uma experiência para avaliar o efeito da colina protegida do rúmen, fornecida durante o período de transição, na incidência de problemas de saúde, lactação e distúrbios reprodutivos em vacas leiteiras. Na primeira experiência, 362 vacas holandesas foram submetidas a tratamentos aos 253 dias de gestação, e os tratamentos continuaram até aos 80 dias de lactação.
As dietas foram exatamente as mesmas, exceto que o grupo de tratamento recebeu 15gr/dia na forma de colina protegida no rúmen. Nesta experiência, a alimentação com colina protegida no rúmen antes e após o parto reduziu a incidência de cetose clínica e subclínica e a proporção de vacas com cetonúria (Tabela 3).
No mesmo estudo, Lima e colegas (2007), observaram que as vacas que receberam colina protegida no rúmen durante o período de transição tiveram menos mastites, embora a incidência de retenção de placenta, doenças
uterinas e deslocamento de abomaso tenha permanecido inalterada (Tabela 4). Como a cetose e a mastite foram suprimidas pela alimentação com colina protegida no rúmen, a morbilidade geral das vacas na experiência foi reduzida (Lima e colegas, 2007).
Além de todos os benefícios citados acima, a colina tem um papel importante no metabolismo hepático por meio da fosfatidilcolina, essencial na síntese de lipoproteínas de baixíssima densidade, responsáveis pela exportação de triglicerídeos para fora do fígado. Este papel da colina é fundamental durante o periparto.
CONCLUSÃO
A colina é um nutriente essencial no metabolismo dos bovinos. Durante o periparto a vaca apresenta um défice de colina, pelo que é necessário suplementá-la através de produtos protegidos no rúmen. Como mencionámos anteriormente, se suplementarmos colina nesta fase, obteremos em média 2kg a mais de leite durante a lactação, além de todos os benefícios para a saúde que descrevemos.
Tratamento
¹Cetonúria utilizando tiras reativas Ketotix (Bayer); ²Anorexia, atitude deprimida. Cetonúria severa usando Ketotix. Em alguns casos acetona nervosa; ³Proporção de todas as vacas com mais de um caso de cetose clínica; ⁴Cetose subclínica= plasma 3-OH-Butirato> 1000µMol/l.
TABELA 4 EFEITO DA COLINA NA SAÚDE DE VACAS LEITEIRAS
¹Incluída retenção de placenta, metrite, cetose clínica, deslocamento de abomaso e mastite; ²Vacas que abandonam o estudo antes dos 80 días pósparto por morte ou abate.
Formulando em saúde para uma transição bem sucedida
O balanceamento dietético de catiões e aniões (DCAB) nutridos com colina é a combinação perfeita para dominar a transição.
Saiba mais sobre a aplicação de DCAB com NutriCAB™ e Nutrição de colina com CholiGEM™ NutriCAB
SAÚDE E BEM-ESTAR | BORREGOS
SISTEMA INTEGRACOR
A REDUÇÃO DE ANTIBIÓTICOS NA ENGORDA DE BORREGOS TEM SIDO NOTÁVEL NOS ÚLTIMOS ANOS, MAS ACARRETOU UM AUMENTO SIGNIFICATIVO DAS PATOLOGIAS E DA MORTALIDADE. AS NOVAS RESTRIÇÕES EM MATÉRIA DE PRESCRIÇÃO DE ANTIBIÓTICOS, IMPOSTA PELA LEGISLAÇÃO VIGENTE, OBRIGAM O PRODUTOR A MUDAR OS SEUS
HÁBITOS DE TRABALHO E A RECORRER A NOVAS TÉCNICAS E FERRAMENTAS QUE POSSAM, DE ALGUMA FORMA, ALIVIAR ESTA SITUAÇÃO QUE PARECE IRREVERSÍVEL. PARA FAZER FACE A ESTA SITUAÇÃO, A NANTA LANÇOU O INTEGRACOR, UM SISTEMA DE LIGAÇÃO ENTRE O CENTRO DE ENGORDA E A EXPLORAÇÃO DE ORIGEM. Por Departamento Técnico NANTA
Integracor é um sistema de trabalho criado pela Nanta para melhorar a saúde dos borregos que entram na engorda através do uso de produtos, ferramentas e serviços concebidos para o efeito, para ajudar os produtores a gerir a redução de antibióticos de forma responsável, economicamente sustentável e de acordo com o bem-estar animal.
AS CHAVES: NUTRIÇÃO, SAÚDE E GESTÃO
O Integracor atua em diferentes aspetos. No aspeto nutricional com o modelo Novalac implementado há alguns anos nas rações da gama Gesticor, que melhora a eficiência nutricional, fornecendo melhor saúde ruminal. Criaram-se produtos específicos para as fases mais problemáticas dos borregos, como o desmame (Lactoiniciacor) e o período de transição ou entrada na engorda
(Transicor). São rações cuja apresentação e composição estão adaptadas à idade dos animais e à sua situação metabólica e sanitária, e que incorporam aditivos verificados e testados pela Nanta. No aspeto sanitário, a Nanta tem vindo, desde 2015, a monitorizar as sensibilidades dos principais agentes causadores de patologia em engordas para a bateria de antibióticos mais usados. Essa monitorização também inclui a tipagem de bactérias causadoras de doenças respiratórias em cada exploração. José Maria Bello, chefe de produto de ovinos e caprinos da Nanta, assinala que “esta informação epidemiológica permite a elaboração de planos sanitários adaptado às necessidades da engorda. As ferramentas criadas pelo Integracor permitem escolher as vacinas mais apropriadas, fazer uma reidratação correta, detetar as explorações de origem mais problemáticas e agir em consequência".
Por último, no aspecto técnico-económico, desde 2012 que se trabalha na gestão das engordas com o Gesticor Model, que contém aplicações focadas na alimentação, bem-estar, saúde e economia. A recolha sistemática de dados mensalmente ajuda a avaliar as soluções tomadas, bem como alternativas possíveis através da monitorização e simulação de resultados, resultando em maior produtividade e rentabilidade.
TRABALHO MULTIDISCIPLINAR E TRANSVERSAL NA ENGORDA
A forma de aplicar o Integracor na prática, como indica José María Bello, é "o trabalho multidisciplinar em várias frentes em simultâneo. A filosofia de projeto é baseada num fluxo de ações e informações que coordene a exploração fornecedora de borregos de origem e a engorda de destino”. O período de transição e a entrada na
BENEFÍCIOS DO INTEGRACOR
• Melhor transição para a engorda
• Menor mortalidade
• Menos borregos doentes
• Melhores índices técnicos
• Melhor produto final
• Seguimento técnico-económico
• Maior rentabilidade
engorda é fundamental. O Transicor é uma ração especialmente projetada para ser fornecida desde a chegada do animal, já que se trata de um alimento com uma composição muito nutritiva, elevada palatabilidade e aditivos que ajudam a garantir a saúde digestiva e o sistema imunitário.
ASPETO NUTRICIONAL
• Aplicação do modelo Novalac
• Apresentação adaptada à idade
• Ingestão precoce
• Segurança nutricional e saúde digestiva
ASPETO SANITÁRIO
• Reidratação
• Plano sanitário
• Vacinação
• Monitorização
ASPETO TÉCNICO-ECONÓMICO
• Gestão
• Seguimento
• Gesticor Autocontrol
Além disso, a correta reidratação dos animais é fundamental para que comecem a comer o quanto antes, pelo que se trabalha com reidratantes específicos para situações stressantes e de jejum que requerem soluções diferentes das desidratações causadas por diarreias.
Por outro lado, graças à monitorização dos agentes patogénicos e dos seus serotipos pode-se elaborar um Plano Sanitário que inclua as vacinas e os tratamentos mais adequados, para assegurar o bem-estar animal, evitando as resistências a antibióticos.
Cada produtor irá ter acesso, de acordo com a legislação, à pressão antibiótica da sua exploração, através dos meios oficiais, a cada trimestre ou semestre.
Não obstante, a simulação de pressão antibiótica oferecida pelo Integracor é muito útil para poder prever o impacto de uma receita e fazer o seguimento.
CONTROLO DE ORIGENS
Através da colheita sistemática de dados de baixas em engordas, pode-se detetar e informar quais as explorações fornecedoras causadoras de maior mortalidade.
O modelo Gesticor também faz uma monitorização das curvas de mortalidade da engorda, bem como da qualidade sanitária das origens, através de auditorias e deteção de pontos críticos.
Assim, são oferecidas ferramentas para obter boa qualidade sanitária dos animais e um plano nutricional otimizado, para que os borregos entrem com as maiores garantias possíveis na engorda de destino.
Integracor reflete o apoio da Nanta ao setor ovino, colocando nas suas mãos soluções altamente eficazes para gerir o arranque dos borregos e a sua permanência nas engordas, perfilando-se como uma alternativa de trabalho para fazer face aos novos tempos.
SAÚDE E BEM-ESTAR | BOVINOS
GESTÃO DE RISCO DE MICOTOXINAS
A CONTAMINAÇÃO POR MICOTOXINAS NOS ALIMENTOS PARA ANIMAIS CONSTITUI UMA PROBLEMÁTICA RELEVANTE NUMA ALTURA EM QUE A INSTABILIDADE GEOPOLÍTICA PÕE EM CAUSA A QUANTIDADE E QUALIDADE DAS MATÉRIAS-PRIMAS QUE CHEGAM AOS NOSSOS PORTOS. A GESTÃO DE RISCO DE MICOTOXINAS DEVE ASSIM, SER CONSIDERADA POR TODOS OS TÉCNICOS DE SAÚDE ANIMAL COMO UMA PRIORIDADE.
As micotoxinas (MTX) não são mais que metabolitos secundários dos fungos, que as produzem sob determinadas condições de temperatura, humidade ou stress. Se é certo que durante muito tempo se associou a presença de micotoxinas às más condições de armazenamento, atualmente sabemos que grande parte das mesmas tem origem logo no campo aquando do desenvolvimento da planta. Temos assim os fungos de campo e os fungos de armazenamento. Este facto revela-se de particular relevância, pois existe uma parte significativa do risco de contaminação que não está associado à colheita ou armazenamento, mas a fatores que o Homem não pode controlar na própria cultura. Dentro dos fungos de campo, destacam-se as espécies Fusarium spp.
Estes fungos têm particular relevância na cultura do milho, que, como sabemos, é uma forragem de elevado peso na dieta dos ruminantes.
QUAIS SÃO AS MICOTOXINAS MAIS RELEVANTES EM RUMINANTES?
No início de 2022 tinham sido já identificadas e descritas mais de 1000 MTX e metabolitos. Isto significa que existem MTX sobre as quais já se sabe bastante e outras cujo conhecimento sobre toxicidade e impacto nos animais é ainda incipiente. De uma forma geral, e sendo certo que normalmente não existem quadros clínicos patognomónicos ou exclusivos de uma micotoxina, podemos destacar com relevância clínica em ruminantes as seguintes:
• Micotoxinas de Fusarium spp.: zearelenona (ZEN), tricotecenos (em particular desoxinivalenol – DON) e fumonisinas
• Aflatoxinas (AFB)
• Alcalóides de ergot
• Ocratoxina
Como referido, as micotoxinas de Fusarium podem ser preponderantes na clínica de ruminantes e estão muitas vezes associadas à própria cultura e não ao armazenamento. Condições de stress térmico ou mesmo físico (p.e. pragas e vento) predispõem ao desenvolvimento destes fungos. Dentro das micotoxinas de Fusarium destacam-se:
• Zearelenona – micotoxina com estrutura química semelhante ao estrogénio — muitas vezes associada a quadros de infertilidade, mortes embrionárias, vacas repetidoras ou mesmo inconstância de cios;
• Tricotecenos e DON – associados genericamente a quadros de toxicidade digestiva, perda de integridade da parede intestinal e diminuição da ingestão de matéria seca;
• Fumonisinas – fazem parte deste grupo um grande conjunto de micotoxinas, sendo que, felizmente, os ruminantes ainda apresentam uma capacidade de desintoxicação relativamente eficiente para a maioria.
As aflatoxinas constituem o grupo de MTX mais estudado, pelo facto de terem sido também as primeiras a ter um quadro penal associado à contaminação de géneros alimentícios para consumo humano, designadamente o leite. Sabe-se que as aflatoxinas são cancerígenas para o Homem e também nos animais apresentam efeitos mutagénicos, carcinogénicos e toxicidade hepática.
Genericamente, além dos efeitos específicos atrás mencionados, há ainda que considerar que muitas micotoxinas têm um efeito negativo sobre a flora ruminal, pois apresentam intrinsecamente atividade anti-fúngica, anti-protozoária e anti-bacteriana. Este facto leva a que a somar aos efeitos negativos a nível hepático, imunitário, reprodutivo e digestivo, tenhamos situações de menor performance produtiva devido a:
- diminuição da motilidade intestinal, ruminação e ingestão de matéria seca;
- diminuição da digestão da fibra e do amido;
- diminuição da produção de ácidos gordos voláteis;
- comprometimento da condição das papilas ruminais e assimilação de nutrientes.
Importa uma vez mais ressalvar que as MTX surgem nos alimentos frequentemente em co-ocorrência, sendo esta responsável pelo efeito sinérgico e não aditivo das mesmas. Quando mais do que uma MTX estão presentes numa matriz alimentar, o mais provável é que os seus efeitos se potenciem e que o seu risco para os animais seja superior ao de surgirem de forma isolada. Além disso, como referimos, o Fusarium é responsável pela produção de uma grande diversidade de MTX, o que justifica também muitas vezes esta co-ocorrência.
Na Figura 1 apresentam-se, de forma resumida e esquemática, as principais micotoxinas com impacto nos ruminantes e os sistemas que mais frequentemente afetam.
FIGURA 1 IMPACTO CLÍNICO DAS PRINCIPAIS MICOTOXINAS EM VACAS DE LEITE
T-2 toxina, DON, AFB1
• Gastroenterite
• Hemorragias intestinais
• Comprometimento da função ruminal
• Diarreia
• Cetose
ZEN, Ergots
• Cios irregulares
• Baixa taxa conceção
• Ovários quísticos
• Perdas embrionárias
• Abortos
• Infertilidade machos
AFB1, T-2 toxina, DON
• Contaminação leite
• Diminuição produção
• Mamites
SERÃO OS RUMINANTES RESISTENTES ÀS MICOTOXINAS?
De facto, a presença do rúmen nestas espécies confere-lhes algum grau de proteção. Enquanto câmara de fermentação e devido à sua flora diversa composta por protozoários, leveduras e bactérias, o rúmen consegue, nalguma extensão e para algumas micotoxinas específicas, ter um papel de desativação das mesmas. No entanto, nem todas as micotoxinas são passíveis de serem biotransformadas a nível ruminal. Algumas delas passam inalteradas ao intestino, outras apenas são metabolizadas em pequena extensão e ainda existem algumas cuja biotransformação gera metabolitos mais ativos que a micotoxina original, o que não constitui algo particularmente benéfico para a saúde do animal.
No que diz respeito à capacidade de desintoxicação ruminal, há ainda que considerar que animais criados em sistemas intensivos estão mais predispostos às micotoxicoses, por 3 razões:
- por um lado, consomem mais alimentos fermentados ou matérias-primas que são alimentos de maior risco para a presença de micotoxinas;
- por outro lado, também se verifica outro fenómeno interessante considerando a típica dieta destes animais (tanto no leite como na carne): presença de açúcares rapidamente fermentáveis → acidificação ruminal → diminuição de protozoários, leveduras e algumas populações de bactérias celulolíticas → diminuição da
Ergots
• Alteram a termorregulação
• Convulsões
T-2 toxina, DON, ergots
• Diminuição ingestão MS
• Diminuição produção de leite
• Diminuição da eficiência
• Laminites
desativação de MTX por esta flora → maior risco para micotoxicoses;
- a somar aos 2 pontos anteriores, ainda acresce o facto de, por regra, os animais em regime intensivo (leite, p.e.) , ingerirem mais kg de matéria seca que animais criados em regimes mais extensivos. Isto traduz-se num fenómeno fisiológico muito simples: aumento da taxa de passagem ruminal. Ora, se os alimentos estão menos tempo no rúmen, a flora que até agora descrevemos como protetora em matéria de metabolização de MTX, deixa, literalmente, de ter tempo para neutralizar as mesmas.
Posto isto, apesar de fisiologicamente os ruminantes poderem ser mais resistentes às micotoxinas, os aspetos acima descritos são preponderantes, tornando estas espécies mais suscetíveis aos efeitos das mesmas. Se é certo, que inicialmente existiam muito mais estudos de impacto de MTX em avicultura e suinicultura, pelo facto dos monogástricos constituírem espécies mais sensíveis, a verdade é que na atualidade já existe muitíssima literatura de revisão publicada em ruminantes, maioritariamente em vacas de leite. Começam também a surgir, estudos com bovinos de carne e até mesmo pequenos ruminantes.
QUE MICOTOXINAS SÃO ENCONTRADAS COM MAIS FREQUÊNCIA?
A Biomin (agora DSM) é a empresa líder a nível mundial na pesquisa e desenvolvimento de soluções no âmbito
#48 | jan. fev. mar. 2023 REVISTA RUMINANTES
GRÁFICO 1 PREVALÊNCIA DE MTX EM ALIMENTOS; ANÁLISES REALIZADAS
PELA BIOMIN NO 1º TRIMESTRE DE 2022. ESTES RESULTADOS CORRESPONDEM A 75% DAS AMOSTRAS ANALISADAS EM QUE [MICOTOXINAS] >LOD (LIMITE DE DETEÇÃO DA TÉCNICA)
TABELA 1 RESUMO DOS RESULTADOS DO ESTUDO COM DIETA CONTAMINADA POR MICOTOXINAS EM VACAS DE LEITE (GALLO ET AL, 2020)
da gestão de risco de micotoxinas. No primeiro semestre deste ano já tinham analisado mais de 12000 amostras e os resultados foram os seguintes (Gráfico 1):
- as micotoxinas mais encontradas foram de facto as de Fusarium spp. (Fumonisinas, DON e T2, Zearelenona). Surpreendentemente, a aflatoxina que sempre nos preocupou mais, foi encontrada em menos de 1/5 das amostras analisadas;
- verificou-se ainda que 51% das amostras apresentavam mais de 1 micotoxina (co-ocorrência) e que apenas em 25% não tinha sido possível detetar MTX (muito provavelmente por se apresentarem abaixo do nível de deteção da técnica).
CONTAMINAÇÕES BAIXAS/
MÉDIAS EM MATÉRIAS-PRIMAS
E FORRAGENS COMPROMETEM
TANTO
A PRODUÇÃO DE LEITE
COMO DE CARNE
Há muito que entidades oficiais emitem guidelines com níveis máximos admissíveis de contaminação tanto do alimento composto como do alimento completo para animais, no sentido de reduzir o risco de virmos a ter problemas de contaminação nos géneros alimentícios. Além disso, há também já alguma preocupação em que estes níveis não comprometam de forma marcada a saúde dos animais. No entanto, aquilo que os estudos nos têm demonstrado é que os ruminantes começam a perder performance produtiva muito antes de atingidos estes níveis máximos recomendados pelas autoridades. Mesmo para contaminações de baixo/médio risco verificam-se perdas, como é evidenciado nos estudos seguintes.
Estudo em vacas de leite
Um estudo realizado pelo professor Antonio Gallo, em 2020, no centro experimental CERZOO, em Itália, demonstrou que mesmo contaminações de baixo/médio risco de algumas micotoxinas impactavam na produção de leite. Neste estudo, 12 vacas Holstein a meio da lactação (114± 16 DEL) foram divididas em dois grupos: um grupo controlo (n=6) com uma dieta não contaminada e um grupo experimental (n=6) com uma dieta em que o milho apresentava uma contaminação de risco baixo e médio para fumonisinas e DON, respetivamente. Durante este ensaio de apenas 3 semanas observou-se: diminuição da produção de leite, diminuição da ingestão de matéria seca e da digestibilidade da própria fibra e ainda aumento de enzimas hepáticas indicando um quadro inicial de comprometimento hepático. Os resultados do estudo encontram-se resumidos na Tabela 1 e demonstram exatamente como podem as micotoxinas comprometer a produção animal, mesmo durante curtos períodos.
Estudo em vacas de carne
O mesmo tipo de estudo foi desenvolvido em bovinos Angus por Duringer e colaboradores em 2020 na Universidade de Oregon, nos EUA. Mais uma vez, realizou-se um ensaio durante 3 semanas em que 6 novilhos constituíram o grupo controlo e 6 novilhos constituíram o grupo experimental, sendo estes alimentados com uma dieta com uma contaminação de médio risco para fumonisinas e DON. Os resultados do ensaio encontram-se resumidos no Gráfico 2. O grupo que ingeriu a dieta com contaminação de médio risco de MTX apresentou sucessivamente pesos inferiores aos animais do grupo controlo,
sendo que mesmo depois da eliminação da dieta contaminada os animais do grupo experimental tardaram a recuperar peso e a aproximarem-se do grupo controlo.
MICOTOXINAS EM VACAS DE LEITE: PESQUISA DE MICOTOXINAS EM VACARIAS DE LEITE DO NORTE DE PORTUGAL
A Vetlima e a DSM/Biomin apoiaram o trabalho da tese de mestrado em medicina veterinária da aluna Daniela Martins da UTAD, feito durante o estágio com o corpo clínico da Capêlovet, em Barcelos. Este trabalho tinha como objetivo pesquisar micotoxinas em mistura de unifeed (TMR) em surtos de mastites e acidoses ruminais subagudas em que os veterinários suspeitavam de uma possível contaminação por micotoxinas. Fizeram parte do estudo, um total de 10 explorações, sendo que além da pesquisa de micotoxinas também se efetuou um questionário sobre as mesmas explorações, no sentido de as caracterizar em dimensão e também avaliar a incidência de patologias antes e durante o referido surto. Neste estudo, fumonisina B1, zearalenona e DON (desoxinivalenol) foram detetadas em 91% das amostras, o que é consistente com a prevalência a nível mundial de micotoxinas de Fusarium. Curiosamente, em nenhuma das amostras se detetaram aflatoxinas. Com a aplicação do questionário foi ainda possível obter dados importantes sobre a incidência de patologia nas explorações durante o respetivo surto:
• 100% das explorações apresentavam animais com fezes mal digeridas ou diarreia;
• Em 80 % houve diminuição da ingestão de matéria-seca;
GRÁFICO 2 RESUMO DOS RESULTADOS CONSEGUIDOS COM UMA DIETA CONTAMINADA POR MTX EM BOVINOS ANGUS, (DURINGER ET AL, 2020)
FIGURA 2 REPRESENTAÇÃO DA EFICÁCIA DE ABSORÇÃO DE BENTONITES SOBRE DIFERENTES
• Em 60% das explorações houve pelo menos um deslocamento de abomaso;
• Todas as explorações apresentaram um aumento da contagem de células somáticas (a ultrapassar a 200x103/ml);
• Todas as explorações apresentaram um decréscimo de produção de leite (média 1,83 l/vaca/dia;
• Todas as explorações apresentaram aumento de incidência de mastites, sendo que em 80 % das explorações observaramse problemas reprodutivos e laminites.
DESATIVAÇÃO DE MICOTOXINAS:
TECNOLOGIAS DIFERENCIADORAS DISPONÍVEIS NA ATUALIDADE
Classicamente, a desativação de micotoxinas era feita com recurso a bentonites e produtos similares. A bentonite não é mais do que uma mistura de argilas de origem vulcânica com estrutura cavitária, capaz de adsorver/ sequestrar micotoxinas polares e com estrutura planar. Infelizmente, nem todas as MTX apresentam estrutura planar e polar, comprometendo a potencial atividade das bentonites sobre as mesmas. Na Figura 2 apresenta-se um gráfico com a representação das principais micotoxinas e o seu possível grau de adsorção.
Conforme podemos verificar, se é facto que conseguimos sequestrar aflatoxinas em grande extensão, seguidas de alcalóides de ergot e alguma ocratoxina; quando falamos de fumonisinas, zearelenona e tricotecenos esta atividade sequestrante vai decrescendo progressivamente.
Foi perante este problema que a Biomin (DSM) se diferenciou a nível mundial, na pesquisa e desenvolvimento de tecnologia de metabolização e biotransformação de micotoxinas. Os investigadores da Biomin (DSM) foram à natureza em
busca de microrganismos e potenciais enzimas capazes de metabolizar de forma irreversível estas micotoxinas não sequestráveis. Destaca-se dentro desta tecnologia:
• Estirpe de Coriobacteriaceae (Biomin® BBSH 797) para desativação de tricotecenos;
• Fumonisina esterase para desativação de fumonisinas;
• Composto biológico para desativação de zearelenona.
A Biomin (DSM) foi a única empresa a nível mundial que conseguiu registar a sua tecnologia junto da EFSA (Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar). Assim a nível europeu, os únicos aditivos que estão registados na categoria “substâncias para a redução da contaminação por micotoxinas” são todos eles tecnologia Biomin (DSM): não só as enzimas e microrganismos como a própria bentonite.
Existem várias bentonites registadas a nível europeu, mas apenas a da Biomin (DSM) conseguiu demonstrar capacidade de adsorção (> 90%), segurança, especificidade e irreversibilidade. É por esta razão que todas as outras bentonites encontram-se registadas apenas como ligantes (não específicos) ou mesmo antiaglomerantes.
Além da componente de adsorção e biotransformação, a Biomin (DSM) adicionou uma 3ª dimensão de proteção aos seus produtos: fitogénicos com origem no cardo mariano para proteção hepática e substâncias ficofíticas com origem em algas para suporte do sistema imunitário.
Considerando as principais micotoxinas presentes nos alimentos para animais que temos identificado, bem como as tecnologias disponíveis para as mitigar,
rapidamente constatamos que a tecnologia Biomin (DSM) acaba por ser a mais completa, dando resposta ao problema não só pela desativação de micotoxinas (adsorção + biotransformação), como dando um suporte importante à função hepática e imunitária dos animais, que se veem muitas vezes comprometidas em situações de micotoxicoses.
A problemática da contaminação por MTX constitui um tema relevante numa altura em que a instabilidade geopolítica põe em causa a quantidade e qualidade das matérias-primas que chegam aos nossos portos. A gestão de risco de micotoxinas deve ser considerada por todos os técnicos de saúde animal como uma prioridade. Se por um lado, sabemos que mesmo em baixas concentrações elas determinam significativamente a performance dos animais, por outro lado temos a vertente de saúde humana. Cada vez mais, irão estreitar-se os valores máximos admissíveis nos géneros alimentícios e este trabalho de mitigação de risco deve começar a montante na pecuária. Sabemos também que, em breve, será publicada a nível europeu legislação mais restritiva neste âmbito, considerando um quadro penal mais abrangente não limitado a aflatoxinas, mas incluindo também micotoxinas de Fusarium spp. Todos os técnicos e produtores terão responsabilidades neste novo paradigma pelo que o melhor será começarmos a preparamo-nos com a devida antecedência.
Esta gestão de risco de MTX é sem sombra de dúvida, mais produtividade e rentabilidade para as explorações, mas também mais sustentabilidade, mais bem-estar animal e no final do dia mais segurança alimentar para todos nós que somos também consumidores.
AGRICULTURA REGENERATIVA | RUMINANTES
PROGRAMA DE PASTOREIO TOTAL
JAIME ELIZONDO GOSTA DE SE APRESENTAR COMO ENGENHEIRO AGRÓNOMO
ZOOTÉCNICO, ESPECIALIZADO EM GRANDES RUMINANTES, BOVINOS DE CARNE E DE LEITE. GERE A SUA PRÓPRIA EXPLORAÇÃO NO MÉXICO, ONDE NASCEU, DESDE 1990 E TEM MAIS DE 30 ANOS DE EXPERIÊNCIA COMO NUTRICIONISTA DE GADO LEITEIRO.
EM NOVEMBRO PASSADO, VISITOU VÁRIAS EXPLORAÇÕES EM PORTUGAL E FACILITOU FORMAÇÕES NO ÂMBITO DO SEU PROGRAMA DE PASTOREIO TOTAL. APROVEITANDO A SUA PRESENÇA NO NOSSO PAÍS, DESAFIÁMO-LO PARA UMA ENTREVISTA.
André Antunes (AA): Jaime, como gosta de se apresentar?
O meu nome é Jaime Elizondo. Sou do México. Licenciei-me em 1984 como Engenheiro Agrónomo Zootécnico especializado em grandes ruminantes, bovinos de carne e de leite. Em 1990 pude comprar a minha primeira exploração e, rapidamente, aprendi que não podia ganhar dinheiro e melhorar a terra com as técnicas convencionais que tinha aprendido na universidade. Assim, como
antes disso tinha tido a minha própria horta e sabia produzir de uma forma que ia além do biológico, decidi: "Agora vou fazer a mesma coisa mas com vacas, que é muito mais fácil". E assim foi. Comecei a estudar os melhores do mundo que consegui encontrar, a ir a conferências e congressos e a convidá-los, porque percebi que, para responder às minhas perguntas, precisava dos melhores do mundo, porque os outros não tinham as respostas que buscava.
AA: Como tem vindo a fazer desde então? Como foi o seu progresso na pecuária?
O meu pai era criador de gado, tal como tinha sido o meu avô, por isso, na exploração do meu pai, comecei a apaixonar-me pela atividade. Quando comecei a minha própria exploração, comecei a criar gado, acabando-o em engordas. Inicialmente pensei que, para ter mais rentabilidade por hectare, no meu caso, a produção de leite fosse mais conveniente. Mudámos para o leite em 1993, importando 320 novilhas Jersey prenhes, dos EUA e começámos a trabalhar com leite.
Foi aí que percebi que a nutrição e a genética eram extremamente importantes. Na altura já tinha um conhecimento avançado em termos de pastoreio e gestão de pastos — entendia o Pastoreio Racional de André Voisin e tinha lido o seu livro “Grass Productivity”, bem como o “Management Intensive Grazing” do Jim Gerrish, o “Holistic Management” do Allan Savory, e outros autores como Juan Carlos Avendaño do México que me aconselhou e esteve na minha exploração. Também lá esteve Allan Nation, o editor da revista Stockman Grass Farmer. Mas, ainda assim, faltava-me fechar o círculo — responder às perguntas mais importantes. E foi aí que a nutrição me
Programa de Pastoreio Total — Entrevista a Jaime Elizondo AGRICULTURA REGENERATIVA | RUMINANTES
ajudou de sobremaneira. Obtive a franquia do Free Choice Enterprises para o México com Marc Bader, entretanto falecido, que formulava as rações para o gado baseando-se em átomos: hidrogénio e oxigénio e carbono. Bader fez muitos testes na minha exploração e foi aí que aprendi como a nutrição influencia o pastoreio e é influenciada por ele — tenho mais de 30 anos de experiência como nutricionista de gado leiteiro.
Sabendo, da agronomia, que quanto mais madura for a planta, mais produz, aprendi que quanto mais maduro for o pasto, maior será o rendimento por hectare. Tinha lido o livro do neozelandês McMeekan, ”From Grass to Milk'', de 1960 e sabia que o que determina a rentabilidade de uma exploração é o número de animais produtivos por ano, mantidos a baixo custo. Como tenho formação em contabilidade, pude perceber rapidamente que este era o caminho e faço os meus cálculos de custo de produção por litro de leite e carne. Posso ver claramente o que precisa de ser feito.
Daí vieram outras questões e comecei a procurar mais pessoas. Trouxe Johann Zietsman, do Zimbabwe, que me ajudou a perceber a importância da genética adaptada e dos guias de seleção e na melhoria das pastagens e solos. Depois, aprendi com John Kempf, em Iowa — no
"Practical Farmers of Iowa", onde fui dar um curso —, como se forma o húmus, antes de saírem os trabalhos científicos da australiana Christine Jones que vieram comprovar as suas teorias. Sabemos agora como se forma o húmus:
• 70% do húmus novo criado cada ano provém de exsudados radiculares que .alimentam e/ou são transformados pelos microrganismos do solo;
• 20% são provenientes da cola produzida pelos fungos micorrízicos, que é a glomalina;
• 10% são provenientes de resíduos acima do solo e de raízes mortas abaixo do solo.
Portanto, esta última fração é muito reduzida. O húmus não é produzido através dos resíduos, como nos foi ensinado. Antes, sim, é principalmente produzido através dos exsudados gerados pela fotossíntese, alimentando diretamente os microrganismos do solo. O húmus é a fração estável da matéria orgânica, que já não pode ser mais degradada por microrganismos e é o que dá aos nossos solos a sua verdadeira riqueza. Retém sais e produtos químicos nocivos e tem um efeito tampão no pH. Sabemos também que 1% de matéria orgânica retém 125.000 l de água por hectare e liberta 40 kg de azoto por hectare por ano. 1% de matéria orgânica
PROCESSO DE FORMAÇÃO DO HÚMUS
O húmus é a fração estável da matéria orgânica que já não pode ser degradada pela ação dos microrganismos e é o que dá a verdadeira fertilidade aos nossos solos.
Pedaços de animais e plantas em decomposição
Matéria orgânica particulada
Matéria orgânica associada a minerais
representa €1.500 por hectare em valor de fertilizante. Por isso, o húmus é extremamente importante.
AA: Descreva-nos o seu Programa de Pastoreio Total nos seus princípios e de onde extraiu as suas principais influências.
Quando estudamos os tipos de pastoreio no mundo damo-nos conta que existem apenas dois tipos - isto foi deixado muito claro por Johann Zietsman. Existe o Pastoreio Seletivo que pode ser Contínuo ou Rotativo onde é permitido ao animal selecionar as partes das pastagens e as melhores pastagens conforme queira. E há o Pastoreio Não Seletivo que é o que usamos na maior parte do tempo naquilo a que chamo o Programa de Pastoreio Total (à falta de melhor nome), para imitar o que era feito naturalmente há 20.000 ou 30.000 anos, com grandes manadas de ruminantes de muitas espécies e também de megafauna que digeria no ceco - os pseudoruminantes. Estes últimos, vindo atrás, limpavam o que os ruminantes deixavam,
não sobrando por isso matéria combustível para o fogo. Isto antes do aparecimento do Homem. Este acabou por extinguir essa Megafauna tendo de começar a queimar porque sobravam combustíveis no solo. É isso que agora causa incêndios tão fortes - a incapacidade de imitar a Natureza. Repito-o várias vezes - sempre que contrariemos a Natureza, vamos pagar caro por isso.
AA: Então, para si é muito claro e óbvio que se deve pastorear tudo até abaixo?
É preciso comer até abaixo. Se pensarmos em termos de fisiologia vegetal, a auxina, que se produz no meristema de crescimento da planta quando se alonga para produzir sementes, inibe o crescimento de novas folhas e impede a formação de novos rebentos e a perfilhação. Sempre que come seletivamente, o nosso gado preferirá as folhas e deixará os caules. Os caules respiram e consomem energia, apenas as folhas verdes produzem energia através
da fotossíntese. Assim, o Rácio Folha/ Caule, dependendo de quantas folhas e quantos caules por metro quadrado temos, determina a produção de forragem para engordar o animal e para a produção de húmus no solo através dos exsudados. Mas não é qualquer exsudado que forma húmus - é importante sabê-lo:
- exsudados açucarados vão formar carbono de ciclo curto que, em seis meses, desaparece;
- exsudados lipídicos, de óleos, formarão outra forma de carbono porque a sua digestão final será realizada pelos fungos do solo formando-se húmus após um processo de maturação chamado humificação. Se não tivermos plantas maduras com um Rácio Folha/Caule favorável e raízes profundas e grossas, não produziremos exsudados lipídicos. Da quantidade destes produzida por hectare virá a quantidade de húmus produzida por hectare por ano. É extremamente importante compreender isto porque descredibiliza facilmente muitas teorias que têm sido utilizadas e que levam a um pastoreio mal gerido.
AA: É por isso que se deve, sempre que possível, deixar em pé, sem pastorear ⅓ da área de pastagens total. E se deve alternar esta área todos os anos? É para acumular húmus na exploração?
Sim, mas na realidade o mais importante é que queremos ter feno em pé para o gado na estação seca. E sabemos também que nestas áreas, sem pastoreio na época de crescimento, podem estabelecer-se as plântulas das melhores espécies forrageiras, que sob o pastoreio seletivo seriam arrancadas pelo gado quando regressasse. Os períodos de descanso para o pastoreio seletivo são 2 a 3 vezes mais curtos do que com o Programa de Pastoreio Total. Agora, é também nestas áreas descansadas que o húmus será produzido e após um período de tempo de aumento do húmus no solo, chegaremos a um estado de homeostase nas plantas onde, deixando de ter de produzir sementes, poderão aumentar o tamanho das suas folhas quatro e cinco vezes em relação ao normal. E é aí que começamos realmente a ver os benefícios do Programa.
AA: Então, se estivermos interessados em acumular húmus na exploração, pode-se sacrificar o encabeçamento para que se possa deixar pasto em pé. E como se chega a estes cálculos a nível financeiro?
Não funciona assim. Se tivermos em conta como era a Natureza, se uma zona com mil hectares produzia mais forragem nesse ano do que em outros anos, mais animais migratórios vinham consumi-la TODA. É assim que funciona a fisiologia vegetal. Tudo isto foi criado por Deus, não por nós. Estamos apenas a ler o que a Natureza nos diz. Ao acontecer o Pastoreio Total com ruminantes e com aqueles animais da megafauna que digeriam no ceco, todos os pontos de crescimento ficavam expostos à luz solar e as raízes ficavam grossas, ao não ter de gastar energia para manter os caules vivos. Estou a falar de plantas perenes, claro... Aqui o solo já se encontra tão degradado que quase não há perenes. Mas podemos trazêlas de volta e é isso que temos de fazer. Continuando… os ruminantes regressavam, comiam tudo e iam para outros lugares. Nós não podemos fazer isso porque o nosso gado não pode migrar então descansamos partes da exploração para lhes dar forragem na estação seca a baixo custo. Mas, e se não tivermos gado suficiente para esgotar todo aquele feno em pé? Eu digo
sempre que, como a vaca precisa da erva, a erva precisa da vaca. Há exceções à regra mas, de um modo geral, se não se consumir toda aquela erva pelo menos uma vez por ano até ao fundo, começará a haver morte de rebentos jovens - pontos de crescimento e consequente falta de novas plantas por excesso de sombreamento. É o que acontece quando se pastoreia só a parte alta deixando o resto. Isto provoca muitos danos e começa a haver mais espaços entre plantas, o que contraria o aumento da superfície de painel solar disponível para a fotossíntese.
AA: Deve-se ter cuidado para garantir que não oxide demasiado? Ou para que não apodreça?
Sim, é claro. Se o pasto apodrece porque o ambiente é demasiado húmido ou oxida, porque a deixamos demasiado tempo, perdemo-lo efetivamente. É importante não deixar que isso aconteça.
AA: Como é que a Genética Adaptada a 100% pasto (Grassfed) e as suas Guias de Seleção encaixam em tudo isto?
Queremos atingir o Pastoreio Total onde o gado come toda a erva mas sem perder a condição corporal. O que determina a rentabilidade de uma exploração pecuária é o encabeçamento. Mas a rentabilidade de uma vaca, ovelha ou cabra é a sua fertilidade. Então, é necessário que estejam em excelente condição corporal. É aqui que entram os Guias de Seleção e a Genética Adaptada. Quem começou a investigar isto de forma magistral foi o Jan Bonsma, na África do Sul. Johann Zietsman foi seu aluno e apresentou-mo. O Tom Lasseter, criador da raça Beef Master, também me tinha falado dele. É muito interessante ler o livro "Man Must Measure" de Jan Bonsma. Aí ele explica como as hormonas de crescimento afetam a aparência do animal e como, quando as hormonas sexuais aparecem, a forma do animal muda; explica também o que é o dimorfismo sexual — por exemplo porque é que um novilho castrado continua a crescer durante toda a sua vida? Levando tudo isso em conta, juntamente com o que dizem outros autores, como o próprio Johann, percebe-se que se podem conseguir animais que nos permitem aumentar a taxa de encabeçamento em 30%, sem sacrificar o seu desempenho e, assim, conseguir um melhor Pastoreio Total até ao fundo. Isso vai-nos permitir ter um melhor Rácio Folha/Caule no rebrote, mais tempo de descanso, maior taxa de encabeçamento e mais formação de húmus estável nas áreas descansadas.
AA:
O que
lhe pareceram as raças autóctones portuguesas?
Penso que são excelentes, porque têm uma percentagem de Bos taurus Africano — do qual me tenho servido bastante para melhorar outras raças ditas "melhoradas". As raças autóctones têm a grande vantagem de não terem sido tão danificadas pelo homem moderno, que selecionou mal ao longo dos últimos 80 anos. Podemos utilizar as raças autóctones, como por exemplo a Alentejana, a Mertolenga, a Barrosã e, juntando-as com outras, criar um compósito melhor adaptado a cada ambiente, a cada exploração. Porque cada exploração é diferente, cada um gere de forma diferente. Queremos um animal que ajude, que seja eficiente não só na conversão de erva em carne, mas que, com os seus cascos, saliva e boca possa melhorar a terra em que pasta.
AA: Parece-lhe que podemos chegar a uma Mashona europeia?
A Mashona é muito resistente, com uma percentagem muito elevada de genes Bos taurus Africano, muito necessários em lugares como Moçambique ou os trópicos americanos, mas aqui o ambiente não é tão difícil. Por isso, aqui, podem usar as vossas raças autóctones, que são excelentes. Não puras — mas sim cruzadas — certo?
AA: Com quem aprendeu de nutrição? Com o Mark Bader. Aprendi muitas coisas com o Mark. Ele era bioquímico e ensinou-me a formular e equilibrar as rações para ruminantes com base nas percentagens de oxigénio, de hidrogénio e de carbono. Não o oxigénio que respiramos, mas o Oxigénio na molécula de hidratos de carbono ou aminoácidos, porque, dessa forma, tornamos a célula do animal mais eficiente e evitamos a acidose ou a cetose.
AA: Quando chega a um país que lhe é estranho, como Portugal, onde nunca esteve antes, como adapta estas metodologias à nova realidade? A que toma atenção quando está no campo e quando fala com produtores?
Tenho formandos em todo o mundo e digo-lhes sempre que os princípios são universais, mas a aplicação é específica do local; e que o ambiente mais importante está entre as duas orelhas do proprietário ou do responsável pela tomada de decisões na exploração.
Quando chego a um lugar, pergunto pela distribuição e quantidade de precipitação.
Cheiro o solo. Se cheira a solo de floresta, é bom. Se não, e por outro lado, cheira a metal, pior. Conheço a história e já vim várias vezes à Europa e vi várias explorações. O principal problema aqui é a falta de plantas e pastos perenes devido ao sobrepastoreio causado pelo Pastoreio Seletivo. Onde quer que vá no mundo inteiro, o problema é sempre o Pastoreio Seletivo. Seja ele Contínuo ou Rotacional, causa desertificação porque, quando as plântulas das melhores espécies nascem, os animais selecionam-as, consumindo o que mais apreciam. Quando regressam ao mesmo sítio, estas plantas serão as mais tenras e voltarão a ser comidas em função de outras menos desejadas. Desta forma, ficamos com plantas sobrepastoreadas e plantas sobredescansadas ou muito envelhecidas. Com o passar do tempo, as espécies menos palatáveis tomam conta do pasto e, eventualmente, se acompanharmos isto através de um período de seca, as zonas rurais começam
a desertificar. Outras questões que coloco quando chego de novo a um local têm a ver com os tipos de solo, altitude e latitude… Também muito importante, é o fator Criatividade Humana. A Criatividade Humana é a força mais poderosa da Natureza. Só temos de manter uma mente aberta, porque, como disse Albert Einstein, a mente é como um pára-quedas. Só funciona se for aberto.
AA: Qual é a importância das gramíneas C4 num clima seco e com temperaturas elevadas no verão, como aqui na Península Ibérica?
As gramíneas C4 são importantes em todos os climas. Mas num clima mediterrânico são ainda mais importantes porque são elas que vão manter vivas as micorrizas no Verão que, no final de contas, são o que permite que as raízes das plantas explorem 300% mais de área. As gramíneas C3 de pastos anuais ou perenes não permitem isto. Precisamos
de plantas forrageiras sempre verdes, porque as micorrizas alimentam-se de exsudados produzidos nas raízes através da fotossíntese. O fungo micorriza forma uma simbiose com a raiz da planta. Assim, se não houver raiz e fotossíntese na época seca, ou seja, nenhuma planta verde, a micorriza morre até às próximas chuvas. Aí, tem de recomeçar a partir de esporos e tudo acaba por levar mais tempo a atingir bons resultados. É por isso que vemos que o crescimento inicial é muito lento no Outono, quando temos boas temperaturas e humidade. Logo depois, vem o frio... Portanto, é do nosso interesse que as micorrizas cresçam rapidamente.
Quando cheguei, disseram-me que não existiam cá gramíneas C4 perenes. O mesmo me foi dito na Califórnia por clientes que tenho em San Diego. Mas é certo que existem. Aqui em Portugal, encontrei quatro assim à primeira vista. Há C4 perenes de verão que se mantêm verdes durante a estação seca. Mas quando
o gado, no Verão, chega a um campo gerido segundo Pastoreio Seletivo e as únicas plantas verdes são as perenes C4, são estas que irão comer primeiro. E, porque são tão poucas, quando voltam, comem-nas até não restar nenhuma. Onde as encontrei nesta viagem? À beira da estrada, em valas, nas margens de ribeiras - onde o gado não pode entrar. Sabe onde encontrei as melhores? Em Tomar, no Convento de Cristo. Tirei fotografias, ainda não sei como se chamam. Uma das vezes, perguntei: "Existem plantas perenes de Verão em Portugal?" A resposta foi: "Não". Então mostrei-lhes: "E isto, o que é?" "Ah, isso é grama". Bem, isto é Cynodon dactylon, "bermuda grass", uma gramínea perene C4 de verão. E houve outras... Portanto, é necessário recolher sementes, reproduzilas, utilizá-las e vendê-las, porque são necessárias. Mas também podemos plantar árvores forrageiras para ter um concentrado disponível de proteína verde quando tudo estiver seco. Portanto, há muitas coisas que podem ser feitas.
AA: Também se podem usar C4 anuais, como a Erva do Sudão?
Sim, a Erva do Sudão produz muito porque é uma C4 anual. Tem uma eficiência de conversão de água em forragem muitíssimo elevada. Por isso, se convier e puderem semeá-la no final de março, mesmo que seja sem rega, vale a pena. Mas, claro que com rega é definitivamente melhor. Ainda melhor é o Sorghum x almum que é adaptado a climas mais secos. Outra planta forrageira interessante, esta uma C3, é o Meliloto (ou Trevo-doce) Hubam - uma leguminosa que se semeia no início das chuvas de Outono, para ser utilizado de março a maio do ano seguinte para um só pastoreio nas áreas a serem descansadas.
AA: A erva do Sudão poderia ser descansada para acumular húmus, ou seria comida?
Com irrigação, seria pastoreada cada vez que passasse a altura do joelho e antes de passar a altura da cintura — três ou quatro vezes. Depois do último corte pode-se, por exemplo, semear azevém, para continuar a pastorear no Inverno e Primavera. Por outro lado, em sequeiro, deixá-lo-ia crescer para acumular húmus no Verão e depois ser comido em seco, em pé. Algo muito importante que aprendi na escola e me foi relembrado por Mark Bader, já que este conhecimento tem 80 anos, é que, quando falta proteína no pasto seco em
pé — abaixo de 8% — os microrganismos ruminais não conseguem digerir a fibra. Então, é necessário dar um pouco de suplemento de proteína para chegarmos a 8% numa base seca da ração total. E, assim, o gado não fica mais magro. Quando não se faz isso, o gado pode perder muito peso. Fazer isso é muito mais barato que dar feno.
AA: Quando segue um cliente à distância e só o visita uma vez por ano, como faz para saber que está no caminho certo?
Bem, primeiro para saber em que caminho estamos, precisamos de começar com um fim em mente. O cliente tem de me dizer para onde quer ir, porque cada um de nós tem ideias ou objetivos diferentes, e sabe para onde quer ir. A distância mais curta entre dois pontos é uma linha reta. Depois, damos os passos para lá chegar. Tentaremos sempre utilizar o Programa de Pastoreio Total e Genética Adaptada, porque é a forma mais rápida de alcançar resultados. Mas o que estamos, principalmente, a medir é a percentagem de húmus no solo. No início, para calcular a percentagem de plantas desejáveis por metro quadrado, pode ser usada a Linha de Canfield com dez metros, um fio através do solo e contando a cada dez centímetros. Se é terra, pedra, solo sem plantas ou plantas ou arbustos desejáveis ou indesejáveisum transecto… Mas o mais importante de tudo é quantos dias/animal conseguimos por hectare. É a melhor forma de medir a produtividade - acaba por ser equivalente ao encabeçamento. Mas tudo isto sempre com bom desempenho e condição corporal e nunca vacas a morrer à fome. Isso não dá dinheiro nenhum. É por isso que o meu lema é: "Vacas gordinhas, Vacas gordinhas, Vacas gordinhas!!!" Gordas mas não obesas — em boa condição corporal. Alguns dos formandos que tenho concentram-se em melhorar as pastagens e negligenciam a condição corporal da vaca, ovelha ou cabra. Isso representa cash flow. Devemos melhorar a terra e melhorar o capital. É quando falta cash flow que uma empresa vai à falência.
AA: Fundamentalmente, quais são as diferenças de abordagem na produção de leite a pasto, comparativamente com a carne?
Com o leite, procuramos uma melhor qualidade daquilo que a vaca vai comer, pois a quantidade de leite que ela produz depende disso. Portanto, procuramos consumir a erva um pouco mais jovem;
quanto mais jovem a erva é comida, menos produz por hectare. Isto tem uma grande influência na rentabilidade por hectare por ano e na melhoria do solo por hectare, por ano. Se vamos produzir leite, temos que garantir que o preço que recebemos por ele é tal que compense a menor produtividade total que vamos obter.
AA: Que índices se devem procurar no leite? Quais são os parâmetros?
Como se media na Nova Zelândia, há 60 anos atrás. Eles mudaram, entretanto, mas antes faziam-no corretamente. Mediam a produção por hectare e por ano de sólidos totais no leite. Agora, foram mais para a produção por vaca e isso vai contra a carteira do agricultor, porque a Natureza procura sempre produtividade por hectare e não por animal. Devemos seguir sempre a Natureza. Ela procura sempre passar do simples para o complexo, e a isto chama-se sucessão. Há sucessão vegetal e sucessão da vida selvagem e sucessão do solo, também. Assim, quando começamos com solos degradados, temos que começar com plantas pioneiras e não com plantas de clímax que não serão capazes de sobreviver nesses solos degradados.
AA: Como se comportam as ovelhas e as cabras neste tipo de pastoreio? Até agora, temos falado mais sobre vacas. As ovelhas funcionam perfeitamente com isto. De facto, podem comer melhor, podem fazer um melhor Pastoreio Total, porque têm dentes por cima e por baixo. A vantagem das ovelhas é que se pode ter uma maior taxa de encabeçamento ou uma maior produção de carne por hectare, em comparação com as vacas, porque têm uma maior ingestão relativa por 100 kg de peso de forragem, dado terem um tamanho menor. Explico isso no curso de Genética Adaptada e Guias de Seleção. Está relacionado com o peso metabólico e a ingestão relativa. Assim, as ovelhas são uma grande opção para este pastoreio. Prefiro as de pêlo às de lã, porque neste momento é mais caro tosquiar do que vender a lã. Nas cabras é um pouco mais complexo, porque a cabra come principalmente arbustos e, quando começa a comer abaixo do ombro, pode apanhar parasitas, aos quais é muito suscetível. Para quem está a começar, é melhor dedicar-se apenas a uma espécie: ovelhas, cabras ou vacas e não tentar fazer todas ao mesmo tempo. Eu tentei, por exemplo, ter 1000 ovelhas e 300 vacas leiteiras. Dá connosco em loucos. É muito difícil fazer tudo em conjunto bem feito.
AA: Diz-se frequentemente que é impossível produzir carne 100% de pasto, organolépticamente aceitável, para a população em geral, que se tem que fazer o acabamento com concentrados, cereais, ou soja... O que pensa sobre isso?
Não é verdade. Pode ser produzida mais carne, a menor custo e com melhor qualidade para a nossa saúde, se for só de pasto, sem grão. O que acontece é que a genética que utilizamos é selecionada com grão. E esse é o problema das DEP (Diferenças Esperadas na Progénie) com o enfoque em animais em busca do ganho máximo diário, do peso máximo por ano e do tamanho final máximo. Selecionamos para ficar com monstros, bovinos gigantes que, ainda que continuem ruminantes que só deveriam alimentar-se de erva, são-lhes dados concentrados. No final, temos um animal que não é eficiente na conversão de forragem na vida real a campo. Foi selecionado para ter pouca gordura e a gordura na fêmea é essencial para a produção de estrogénio, entrar em ciclo e emprenhar. Por isto tudo, é necessário alterar os Guias de Seleção de modo a produzir mais por hectare, de melhor qualidade e a um custo mais baixo para o consumidor comum.
Nuno Marques (NM): Ao longo dos 32 anos que leva de produção, existem sempre metas a curto, médio e longo prazo. Que tipo de objetivos estabelece numa exploração como a sua?
O primeiro objetivo foi torná-la rentável porque não o era. Uma vez atingido esse objetivo, passou a ser torná-la mais rentável.
NM: Mais rentável seria com mais animais, mais carne por hectare?
Sim. Por isso — para poder aumentar mais o encabeçamento, que é o que determina a rentabilidade — comecei a semear árvores forrageiras, e melhorou. Então continuei a fazê-lo. Agora mesmo, estou a semear mais árvores forrageiras. Também me dei conta de que o húmus não aumentava a par com o encabeçamento. Quando percebi como funciona a humificação, comecei a descansar áreas e a deixar feno seco em pé. Como o gado de leite não produz muito com feno seco em pé, só as vacas secas o podiam comer e essas eram poucas. Tenho 62 anos de idade e não me restam muitos anos. Quero melhorar o mais rapidamente possível. Como, na verdade, já tínhamos planeado
acabar com a ordenha há 30 anos atrás mudámos para as vacas de carne para podermos utilizar mais pastagem seca em pé, produzir mais húmus, semear mais árvores e vender Genética Adaptada para ajudar as pessoas que queiram fazer o mesmo.
NM: Como vê se a genética está adaptada, ou não, a uma determinada exploração? O que se observa nos animais para dizer que certa genética funciona e, se funciona, se ainda assim se pode melhorar?
A primeira coisa a ter em conta são as ajudas que se dão aos animais. Se não lhes forem dadas ajudas e se o gado for saudável e de boa condição corporal, é gado produtivo e adaptado. Se, para manter a condição corporal for necessário permitir o Pastoreio Seletivo, com encabeçamentos baixos, desparasitações totais e agressivas, suplementos de concentrados, suplementação de feno e controlo total e absoluto de doenças, estes animais não estão adaptados. É muito importante que também estejam adaptados às oscilações de temperatura e aos seus mínimos e máximos. Em suma, deseja-se uma adaptação nutricional e resistência a parasitas, doenças e extremos climáticos.
NM: Que regra recomenda para a gestão do pastoreio?
Não há regras, é por isso que lhe chamo Programa de Pastoreio Total. “Programa” porque não se trata de um único evento isolado, mas é relativo a todo o ano e aos vários anos em que vamos fazer um uso eficiente do pasto de 80 a 90%, com o gado adaptado, para que este não perca condição corporal sob este tipo de gestão. Isto permitir-nos-á criar raízes grossas e fortes, com encabeçamentos muito altos, mas sem sobrepastoreio. E possibilitará descansar grandes áreas da exploração para utilização na estação seca e aumentar e melhorar o húmus nestes solos, sendo que estas áreas descansadas serão alternadas na exploração todos os anos.
NM: Uma das dificuldades em Portugal, com sementes, é que não há sementes nativas. Como nos podemos certificar de que há mais sementes para semear todos os anos?
Tenho um podcast sobre isso: “Como trazer as espécies nativas de volta”. Aqui,
como há mais de mil anos que existe predominância de anuais e muitas das plantas C4 perenes nativas estão quase extintas, temos de as procurar onde quer que estejam, colher as sementes à mão, semeá-las para produzir mais e utilizálas em toda a exploração. E vendê-las, porque há uma grande necessidade delas. Nunca teremos micorrizas vivas durante todo o ano, se não tivermos perenes C4 de verão.
Plantas C3 e C4, qual é a diferença?
A maioria das plantas cultivadas são plantas C3, pelo facto de o primeiro composto de carbono produzido durante a fotossíntese conter 3 átomos de carbono. Sob temperaturas e luminosidade elevadas, o oxigénio tem uma grande afinidade com a enzima fotossintética RuBisCO e pode ligar-se a esta em vez de ao dióxido de carbono e, através de um processo chamado fotorespiração, reduzir a eficiência fotossintética da planta e da utilização da água. Por isso, em ambientes quentes que tendem a ter limitações de humidade no solo, algumas plantas desenvolveram a fotossíntese C4. Uma anatomia e bioquímica únicas da folha permitem a estas plantas ligarem o dióxido de carbono quando este entra na folha para produzir um composto de 4 carbonos. Este composto transfere e concentra dióxido de carbono em células específicas, em torno da enzima RuBisCO, melhorando significativamente a eficiência da utilização fotossintética e da água da planta. Como resultado, em ambientes secos e quentes, as plantas C4 tendem a ser mais produtivas do que as plantas C3. Exemplos de plantas C4 incluem milho, sorgo, erva do sudão, millet (milho-painço), grama."
PARA SABER MAIS SOBRE O TRABALHO DE JAIME ELIZONDO
• Livro: Regenerative Ranching (Jaime Elizondo com Gautier Gras e Gaspare Varvaro)
• Cursos online sobre: Pastoreio Total, Genética Adaptada e Seleção
• www.rwranching.com (inglês e espanhol)
• Blog: www.rwranching.com/main-blog-page
• Facebook: Real Wealth Ranching en inglés y español
• YouTube: Real Wealth Ranching by Jim Elizondo
REFERÊNCIAS A AUTORES E SUAS OBRAS
Allan Nation www.stockmangrassfarmer.com
Andre Voisin Grass Productivity (Livro)
Christine Jones www.amazingcarbon.com
Allan Savory Holistic Management (Livro)
Jaime Elizondo Regenerative Ranching (Livro)
Jan Bonsman Man Must Measure (Livro)
Jim Garrish Management Intensive Grazing
Johann Ziestman Man, Cattle and Veld (Livro)
John Kempf www.youtube.com /@AdvancingEcoAgriculture
Marc Bader Free Choice Enterprises
McMeekan From Grass to Milk (Livro)
DICAS PARA 3 ASPETOS FUNDAMENTAIS
PASTOREIO DE INVERNO
1GESTÃO DA COMPOSIÇÃO BOTÂNICA E DO BANCO DE SEMENTES
O pastoreio de Inverno cumpre um papel fundamental na gestão da composição botânica da pastagem. É durante o Inverno que os cortes de limpeza são mais eficazes, pois nesta altura o pastoreio é menos selectivo. Acresce que, em determinados momentos os animais até procuram plantas mais fibrosas, com teores de matéria seca mais elevados, condição mais frequente nas infestantes. Estes cortes de limpeza devem preferencialmente ser feitos em curtos períodos e com cargas instantâneas bastante elevadas. Parcelas de pequena dimensão e/ou cercas eléctricas facilitam esta gestão.
Devemos reservar as parcelas mais elevadas e com maior número de árvores para as épocas mais chuvosas, nunca esquecendo que ao contrário do que parece, uma maior rotação dos animais pelas parcelas, diminui os problemas do pisoteio.
Os cortes de Inverno estimulam o afilhamento das espécies pratenses o que aumenta o seu potencial produtivo e reprodutivo, isto é, aumenta a produção de alimento e favorece a longevidade do prado.
Os pastoreios de Inverno estimulam a produção de flores, de fruto e consequentemente de sementes: “uma maior desfoliação induz uma maior floração”. É a resposta da planta ao stress. Isto resulta numa maior produção de sementes o que é garantia de que o prado durará mais tempo.
NOVO OU NUM PRADO ANUAL Quando o azevém apresenta 5 folhas e/ou quando o sistema radicular consegue impedir que os animais arranquem as plantas do solo. Enquanto os ovinos cortam as plantas com os dentes, os bovinos puxam as plantas com a língua e os lábios. Por este motivo o risco de arrancar as plantas, é superior quando o pastoreio é efectuado por bovinos. Este risco é tanto maior quanto mais jovens são as plantas e quanto mais solto e húmido está o solo. Podemos simular o pastoreio dos bovinos, enrolando a planta nos dedos indicador e anelar juntos, efectuando um movimento circular e puxando. Se arrancarmos a planta pela raiz, devemos esperar.
Os prados já instalados podem, quase sempre, ser pastoreados em qualquer momento.
3SUPLEMENTAÇÃO
Durante o Inverno a generalidade das plantas apresenta, baixos valores de matéria seca e elevados teores de proteína. Estas são condições propicias para a ocorrência de diarreias. A digestão é demasiadamente rápida porque não há condições para uma boa ruminação. É importante acrescentar fibra a esta dieta, motivo suficiente para que haja sempre disponibilidade de palha.
Por outro lado, os animais gastam muita energia só para manter a temperatura corporal nos níveis desejados, pelo que em muitas situações, uma suplementação rica em energia será bem-vinda.
É importante conhecer o perfil mineral da dieta, que pode ser bastante variável e suplementar de acordo com as necessidades dos animais em cada momento.
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de “desmedicalização” personalizado]
A Wisium está a adotar uma abordagem holística para responder à crescente tendência de redução de medicamentos. O novo conceito P4L baseia-se em três pilares com um programa dedicado para cada espécie animal. Esta resposta inclui um completo conhecimento nutricional, combinado com uma vasta gama de produtos inovadores e soluções de gestão das explorações.
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SAÚDE E BEM-ESTAR | VITELOS
COCCIDIOSE: UMA SOLUÇÃO NATURAL
A COCCIDIOSE É UM PROBLEMA IMPORTANTE EM VITELOS. É UMA PATOLOGIA CAUSADA POR ALGUNS PROTOZOÁRIOS DA ESPÉCIE EIMERIA, QUE PARASITAM O TRATO INTESTINAL. ESTES AGENTES DESENVOLVEM-SE NO EPITÉLIO INTESTINAL, CAUSANDO DANOS GRAVES NOS ENTERÓCITOS. PARA RESPONDER À TENDÊNCIA GLOBAL EMERGENTE DE REDUÇÃO DO USO DE ANTIMICROBIANOS, DESIGNADAMENTE ANTIBIÓTICOS, COCCIDICIDAS E COCCIDIOSTÁTICOS, TÊM SIDO DESENVOLVIDAS SOLUÇÕES NATURAIS PARA PREVENIR E CONTROLAR ESTA DOENÇA. Por Dpto. Marketing e Mercado Ruminantes; Neovia, ADM Group | Artigo disponibilizado por ADM Portugal, S.A. Mais informações: Adérito Duarte, Diretor Marketing & Mercado Ruminantes ADM Portugal; email: geral.portugal@wisium.pt
ACoccidiose é uma doença causada pelos protozoários coccídeas, parasitas que esporulam no trato intestinal, infetam as células do intestino e aí se multiplicam, causando a destruição das mesmas no processo. Os animais jovens são particularmente sensíveis a esta infeção, em particular entre os 2 e os 12 meses de idade. A cocccidiose causa lesões na parede intestinal que reduzem a absorção de nutrientes, fragilizam a imunidade dos vitelos e facilitam o desenvolvimento de infeções bacterianas no intestino. A absorção intestinal torna-se significativamente reduzida, resultando em atrasos no crescimento que poderão ser irreversíveis nesta fase etária.
Os principais sinais clínicos da doença
são diarreias que, geralmente, iniciamse a partir da 3ª semana de vida, sem alteração da temperatura corporal. Efetivamente, a diarreia ocorre no final do ciclo reprodutivo da Eimeria que ocorre no intestino grosso. A infeção também pode causar desidratação severa e eventualmente morte. A coccidiose sub-clínica é frequentemente não detetada, mas compromete o crescimento dos animais jovens afetados. Este défice de crescimento não pode ser compensado nas fases mais tardias de crescimento dos animais e eventualmente reduz a futura performance leiteira das vacas.
Em ruminantes, a coccidiose é geralmente subestimada porque na maioria dos casos a infeção é subclínica, afetando os animais jovens de forma
relativamente insuspeita e discreta. Esta forma afeta realmente as performances, em particular os ganhos médios diários, um parâmetro crucial nas recrias e um indicador diretamente relacionado com a performance futura. Esta perda de potencial de performance é difícil de recuperar.
Os animais adultos alcançam imunidade à coccidiose e excretam continuamente oocistos do parasita, o que representa um grande risco para os animais jovens. O desafio é manter o nível de contaminação abaixo daquele que provoca perda económica. Para tal, é importante adotar algumas práticas de maneio, designadamente a separação dos animais por idade. É também possível reforçar a prevenção mediante suplementação alimentar.
PREVENÇÃO COM EXTRATOS DE PLANTAS E ÓLEOS ESSENCIAIS
Uma associação única de quatro extratos de plantas, selecionadas pelo sinergismo de ação no intestino, foi desenvolvida e testada em vitelos. Contrariamente ao tratamento medicamentoso, as soluções fitoterapêuticas não induzem resistências, nem riscos de contaminação cruzada na fábrica de produção do alimento. Adicionalmente, ao contrário dos coccidiostáticos, esta combinação de extratos de plantas não terá uma ação direta sobre os oocistos, mas na totalidade do trato intestinal. Os diferentes extratos de plantas contribuem para a criação de um ambiente desfavorável ao desenvolvimento dos oocistos e, ao mesmo tempo, participam na melhor recuperação das lesões intestinais potencialmente existentes. A fim de demonstrar o efeito positivo desta combinação de extratos de plantas e óleos essenciais, foram realizados vários ensaios laboratoriais e de campo.
RESULTADOS DE ENSAIOS
São apresentados resultados de ensaios realizados na região oeste de França. Um total de 135 vitelos de 10 a 15 dias de idade foram divididos em três grupos homogéneos de 45 animais. Os animais não receberam tratamento com antibióticos. Foram alojados no mesmo local (ao ar
Coccidiose: uma solução natural SAÚDE E BEM-ESTAR | VITELOS
Observou-se uma redução no número de animais positivos à coccidiose; no pico de excreção (21 dias) o nº de animais positivos no grupo OILIS é 30% inferior ao do grupo controlo.
livre), separados em duas salas de sete compartimentos coletivos cada (cinco animais por compartimento). O ensaio teve a duração de 37 dias. O desafio com coccidiose foi naturalmente induzido pela ausência de desinfeção do edifício à entrada dos animais e durante todo o ensaio. Os vitelos foram alimentados com leite de substituição em balde, duas vezes por dia (de manhã e à noite). O grupo controlo negativo (A) recebeu uma dieta controlo sem qualquer suplementação coccidiostática; o grupo controlo positivo (B) recebeu a dieta standard suplementada com um produto concorrente (outros extratos vegetais a 4,5 g/animal/dia no leite); o grupo Wisium (C) recebeu a dieta standard suplementada com a combinação de extrato de plantas OILIS (na forma dispersível) a 5 g/animal/dia.
Em termos de performances zootécnicas, os resultados foram positivos em ambos os grupos com extratos de plantas (B e C) comparativamente ao grupo controlo, observando-se um Ganho Médio diário superior no grupo Wisium OILIS (C) (Tabela 1).
Foram realizadas análises coprológicas a 20 vitelos de cada grupo, nos dias 0, 21 e 37 do ensaio, para quantificar o nº de animais positivos a coccidiose (Gráfico 1) e a excreção de oocistos por grama de fezes (Gráfico 2).
Observou-se uma redução dos oocistos excretados, mesmo após a suspensão da prevenção (dia 0 a dia 30). Apesar do número de espécies do género Eiméria ser elevado e específico para distintas espécies hospedeiras, observaramse resultados positivos na redução da excreção de oocistos e melhores desempenhos no crescimento, o que é crítico no início de vida dos animais e na sua produtividade futura.
COMBINAÇÃO DE EXTRATOS DE PLANTAS, UMA FERRAMENTA EFICIENTE
Mais de 90% das explorações leiteiras em modo de produção intensiva são positivas a coccidiose, com risco permanente de impacto negativo na performance dos animais. Trabalhando com a adequada combinação de extratos vegetais, é possível uma aproximação holística aos diferentes aspetos da coccidiose. O OILIS oferece uma solução natural e eficiente para a gestão do risco de coccidiose na exploração leiteira, graças à associação de extratos de plantas que atuam sinergisticamente na proteção do epitélio intestinal e no reforço das defesas naturais do animal. A redução quer do número de animais infetados, quer da quantidade de oocistos excretados, contribui para a redução da carga ambiental (de oocistos infetantes) e do risco de infeção para as gerações futuras de animais nas instalações.
SÉRIE DE ARTIGOS SOBRE "A SAÚDE
DOS CASCOS E AS 3 GRANDES CAUSAS DA CLAUDICAÇÃO"
1. Úlceras da sola
2. Lesões da linha branca
3. Dermatite Digital
4. Claudicação como doença do periodo de transição
5. Implicações para a longevidade da
SAÚDE E BEM-ESTAR ANIMAL | BOVINOS DE LEITE
CLAUDICAÇÃO COMO DOENÇA DO PERÍODO DE TRANSIÇÃO
EXISTEM TRÊS LESÕES PRINCIPAIS QUE SÃO AS MAIORES CAUSAS DE CLAUDICAÇÃO EM EXPLORAÇÕES LEITEIRAS. ESTAS INCLUEM AS LESÕES NÃO INFECIOSAS - ÚLCERAS DE SOLA E LESÕES DE LINHA BRANCA, E AS LESÕES INFECIOSAS - DERMATITES DIGITAIS. ESTAS LESÕES SÃO GERALMENTE CHAMADAS DE “AS TRÊS GRANDES”. NESTA EDIÇÃO DA RUMINANTES VAMOS FALAR SOBRE A CLAUDICAÇÃO COMO DOENÇA DO PERÍODO DE TRANSIÇÃO, DANDO CONTINUIDADE À SÉRIE DE ARTIGOS SOBRE "A SAÚDE DOS CASCOS E AS 3 GRANDES CAUSAS DE CLAUDICAÇÃO” JÁ PUBLICADOS NAS TRÊS EDIÇÕES ANTERIORES DA REVISTA.
Operíodo de transição é um estágio crítico no ciclo produtivo das vacas leiteiras, sendo uma área onde têm sido feitos avanços consideráveis, permitindo que as vacas transitem sem grandes problemas para a lactação, sendo mais produtivas, voltando a parir mais rapidamente e, finalmente, sendo mais lucrativas. Sabemos muito mais sobre a gestão dessas vacas e os benefícios em termos de redução de doenças do período de transição e melhoria da saúde geral.
A claudicação é um problema importante que afeta tanto a saúde, quanto a produtividade do rebanho, especialmente
durante o período crítico de transição, por isso aconselhamos todos os produtores de leite a adotar uma abordagem de tolerância zero para vacas coxas no período de transição. A transição é um período de elevado risco para a saúde dos cascos, e as vacas que fizeram uma transição deficiente correm maior risco de desenvolver lesões nos cascos mais tarde na lactação.
PORQUE É A CLAUDICAÇÃO UM PROBLEMA DURANTE A TRANSIÇÃO?
Para que as vacas façam uma boa transição, precisam de estar confortáveis em pé. A claudicação, ainda que ligeira, pode representar uma série de problemas
amplamente ligados ao consumo de matéria seca (CMS).
Vacas coxas têm um CMS reduzido durante os períodos seco e de transição. Qualquer vaca que coxeie durante a transição tenderá a perder peso excessivo no início da lactação. Um CMS reduzido é uma característica chave das vacas que terão uma incidência aumentada de doenças de transição.
Se conseguirmos manter as vacas em pé, elas comerão mais, permanecerão deitadas por mais tempo, produzirão mais leite e terão melhor sucesso reprodutivo. O retorno do investimento na prevenção da claudicação no período de transição pode ser considerável.
REDUÇÃO DA CLAUDICAÇÃO NO PERÍODO DE TRANSIÇÃO
A prevenção é fundamental em qualquer estratégia para reduzir o problema de claudicação em vacas em transição. O objetivo principal é garantir que todas as vacas estejam confortáveis de pé no momento em que são secas. Isso só pode ser alcançado com o foco na identificação de vacas com classificação de locomoção 3 e 4 pelo menos um mês antes da secagem (figura 1). Essas vacas devem ser inscritas numa terapia de tratamento intensivo.
Em seguida, execute uma limpeza funcional de rotina para todas as vacas no ponto de secagem.
Apare os cascos das novilhas antes do parto apenas se já teve problemas de claudicação no início da primeira lactação. Novilhas de primeiro parto devem ser aparadas 6 a 8 semanas antes do parto.
Quando se trata de instalações para vacas em transição, é importante perceber que, embora uma instalação para vacas secas precise de ter apenas 15% da área da instalação para vacas leiteiras em sistema de parições ao longo do ano, todas as vacas passarão por ela, influenciando a saúde e o desempenho de cada vaca.
Ao planear as instalações de transição, é importante que a construção seja flexível porque os números nem sempre podem ser previstos. Para explorações que são sazonais, a transição de parto é ainda mais importante porque há apenas uma possibilidade por ano de acertar.
O conforto do cubículo e tempos prolongados de repouso ajudam a proteger as estruturas do casco. Por isso, é importante garantir:
1. Pelo menos um cubículo por vaca, ou 10 m2 de espaço para o animal permanecer deitado;
2. Que os cubículos sejam dimensionados adequadamente para o tamanho da vaca no rebanho;
3. Pelo menos 76 cm de espaço de comedouro por vaca;
4. Mecanismos adequados para reduzir o impacto do stress térmico no verão;
5. Fácil acesso a um pedilúvio de dimensões adequadas.
SUPLEMENTE OS MINERAIS CERTOS PARA OBTER OS RESULTADOS CERTOS
Para além de fornecer as instalações mais adequadas, é importante garantir que a dieta das vacas de transição seja formulada corretamente, incluindo o fornecimento de minerais. Subsiste o mito
Claudicação como doença do período de transição SAÚDE E BEM-ESTAR ANIMAL | BOVINOS DE LEITE
de que a necessidade de oligoelementos diminui quando a vaca chega ao fim da lactação.
Dentro de uma vaca em fase de transição, existe um bezerro a crescer, enquanto que nas novilhas existem também grandes mudanças a ocorrer, como o desenvolvimento do úbere. Todas estas situações requerem oligoelementos. No caso da formação de ossos e pele, são predominantemente proteínas e macrominerais, mas são os oligoelementos que mantêm tudo junto.
Os dados científicos mostram que uma alimentação com a quantidade e o tipo certos de oligoelementos durante o período de transição, leva a uma redução nas doenças de transição, bem como a melhorias na produção de leite e na saúde dos cascos nas primeiras 10 semanas de lactação.
Através duma suplementação correta com oligoelementos, o animal adquire um sistema imunológico mais robusto. Se a vaca tiver um sistema imunológico melhor, gasta menos energia. Desta forma dispõe de mais glicose para produzir, para além de ter mais facilidade no desempenho reprodutivo e na manutenção de cascos saudáveis. Há boas evidências de que as vacas alimentadas com Zinpro Performance Minerals® têm melhor saúde dos cascos como resultado de um melhor equilíbrio da glicose. Isto deve-se à maneira única como estes minerais são absorvidos pelo transportador de aminoácidos.
Muitas explorações têm um grupo de vacas secas distante e um grupo próximo da exploração, com as vacas distantes a receber a suplementação mais barata. Quando se muda para suplementos melhores em todas as vacas secas, os problemas diminuem. Vale a pena o investimento quando se avaliam as implicações a longo prazo de uma transição bem-sucedida.
UTILIZE DADOS PARA REDUZIR O IMPACTO DA CLAUDICAÇÃO NA TRANSIÇÃO
Para ajudar os produtores a reduzir o impacto da claudicação na transição, a Zinpro atualizou e ampliou recentemente seu programa FirstStep® Hoof Health and Management, que foi inicialmente desenvolvido para fornecer ferramentas completas para avaliar a saúde dos cascos e disponibilizar relatórios aos produtores de leite.
O programa permite aos consultores avaliarem os diferentes elementos que demonstraram predispor as vacas a lesões nos cascos. Também fornece recomendações e oferece diretrizes para melhorar a saúde dos cascos e reduzir os custos associados à claudicação. A avaliação pode incluir a classificação da locomoção, o cronograma e a técnica de aparamento de cascos, o maneio e higiene de pedilúvios, fatores ambientais tais como as superfícies por onde as vacas circulam e o design de cubículos, a identificação de lesões nas patas e a nutrição.
O Transition Assessor (Avaliador de Transição) tem em vista a identificação dos riscos, observando as instalações da exploração e aquilo que ela deve ter para se tornar o melhor modelo possível para a transição. O Transition Assessor também examina o desempenho no início da lactação. Além da produção de leite, analisa a incidência de doenças, incluindo placenta retida, metrite e situações de deslocamento de abomaso (LDAs).
O resultado é um relatório detalhado que aborda os problemas principais, permitindo que os agricultores se concentrem nas áreas de gestão que proporcionarão o melhor retorno, priorizando as mudanças necessárias para melhorar o desempenho, muitas das quais podem ser pequenas e facilmente implementadas.
Pontuação de locomoção® Tratamento De pé A caminhar
3
TRATE AGORA
Descrição clínica: Coxeira moderada
Descrição visual: Está de pé e caminha com o dorso arqueado e passos curtos com uma ou mais pernas. Pode observar-se um afundamento ligeiro do casco dos dedos no membro oposto ao afetado.
4
Descrição clínica: Coxeira
Descrição visual: Tem o dorso arqueado de pé e a caminhar. Favorece um dos membros ou mais do que um, mas ainda consegue suportar algum peso sobre eles. O afundamento do casco dos dedos é evidente no membro oposto ao afetado.
Ação: Estas vacas precisam de ser conduzidas para o tronco, aparadas e tratadas assim que possível e monitorizadas.
TRATE E OBSERVE
Ação: Trate estas vacas assim que possível. Uma vez tratadas, observe de perto para avaliar a necessidade de um segundo tratamento.
MAIS UMA DOENÇA EMERGENTE: A BESNOITIOSE
SAÚDE E BEM-ESTAR | BOVINOS A BESNOITIOSE É UMA DOENÇA CONHECIDA HÁ MUITO, MAS QUE TEM RECEBIDO ATENÇÃO RENOVADA PORQUE SE TEM EXPANDIDO POR ÁREAS E REGIÕES ANTERIORMENTE LIVRES, E PORQUE PARECE ESTAR A PROVOCAR DOENÇA CLÍNICA EM CADA VEZ MAIS ANIMAIS.
Besnoitiose – o nome é estranho, mas infelizmente já é bastante conhecido dos produtores de bovinos em Portugal. Provavelmente mais conhecido dos produtores de bovinos de carne em extensivo no sul do país, mas não limitado a estes. O nome da doença deriva da designação do agente causal (Besnoitia besnoitti) que, por sua vez, foi baptizado em homenagem a um dos seus descobridores no princípio do século XX, em França. Trata-se de um protozoário (microorganismo unicelular) cujos detalhes do ciclo de vida continuam envoltos nalgum mistério.
A besnoitiose é considerada, há já alguns anos, como uma doença emergente, porque passou daquilo que muitos consideravam uma doença quase tropical, ou pelo menos das regiões mais quentes do globo, para uma doença a expandir-se para zonas
bem mais temperadas. Para já, na Europa, existem relatos de surtos na Irlanda, Bélgica e Grã-Bretanha, mas provavelmente estes são só os casos que chegam às revistas científicas.
Em Portugal, a besnoitiose está identificada há perto de um século, mas as primeiras descrições limitavam-se às regiões do Alentejo e Ribatejo. No entanto, vários recentes trabalhos de estupendos investigadores portugueses têm demonstrado que o agente está espalhado por quase todo o país, apesar dos casos clínicos continuarem a ser mais comuns nas zonas mais a sul.
Também a ideia de que é um parasita exclusivo dos bovinos de carne em extensivo, está a perder suporte. Infelizmente, as descrições de infeções de vacas leiteiras, muitas delas quase permanentemente estabuladas, já não são raras. São casos clínicos difíceis de explicar
à luz do (pouco) que sabemos sobre a epidemiologia e a circulação do agente na natureza. Por exemplo, pouco ou nada sabemos sobre o hospedeiro definitivo, ou seja, a espécie essencial para se completar o ciclo de vida do parasita. Alguns primeiros estudos colocavam a hipótese dos gatos estarem envolvidos (sabe-se que os gatos são hospedeiros definitivos de várias outras espécies de Besnoitia), mas estudos recentes contrariam essa teoria. Outras propostas para hospedeiros da Besnoitia besnoitti incluem roedores (ratazanas) e ruminantes silvestres.
Estas falhas no conhecimento da doença, associadas ao facto de não haver tratamento eficaz nem vacina protectora, têm mantido num grande impasse o combate e, principalmente, a prevenção. Temos de continuar a incentivar a Ciência a estudar a doença e a sua transmissão, para que possamos um dia pensar em
falar na besnoitiose como uma doença submergente.
COMO SE RECONHECE?
Primeiro devemos perceber que, provavelmente, muitas das infeções nunca são reconhecidas, ou seja, muitos dos sinais que irei descrever não serão evidentes. Isto não retira importância a estas infeções mas, pelo contrário, lembra como podem ser importantes fatores de risco, já que estes animais infetados funcionam como portadores da doença. São casos subclínicos, mas que mantêm a doença viva e garantem a sua expansão.
Já a besnoitiose clínica expressa-se de várias formas. A minha experiência com a doença diz-me que os primeiros sinais resumem-se a falta de apetite, depressão e menor atividade. Alguns animais não irão mostrar qualquer outro sinal e, por isso, em ambiente de regime extensivo passarão despercebidos. Outros, ou porque fazem a doença mais grave, ou porque são supervisionados com mais cuidado, acabam por ser alvo de um exame mais detalhado que mostra edema (inchaço) das extremidades, coxeira e temperatura corporal muito alta (normalmente acima dos 40ºC). Nalguns machos começa-se a notar os testículos inchados, que é o primeiro sinal de orquite (Figura 1).
Com a evolução do caso, os edemas tornam-se mais evidentes, sendo possível perceber umas estrias transversais nos membros junto ao boleto – resultado do edema e espessamento da pele junto a zonas de flexão (Figura 2). A pele do abdómen e do pescoço perde elasticidade e, à palpação, parece mais espessa. Nos casos que segui, este espessamento é mais evidente nas zonas mais ventrais e menos nas dorsais. Nos machos, a orquite nesta altura é muito evidente – escroto muito edemaciado e quente, testículos pouco móveis no saco escrotal e alguma dor à palpação. Algumas fêmeas abortam nesta fase.
Numa terceira fase, os sinais regridem e, normalmente, o animal recupera completamente. No caso dos machos, normalmente, ocorre a atrofia dos testículos, a que corresponde a esterilidade completa e permanente.
Nalguns casos muito graves, a pele perde completamente a elasticidade e a viabilidade, começando a descamar. Estes animais ficam muito prostrados, não comem, têm dor ao mexerem-se e acabam por morrer ou terem de ser abatidos por razões humanitárias. Todos os casos com
esta gravidade que observei foram em machos.
Na fase da febre, o parasita protozoário circula, numa forma que os cientistas baptizaram de taquizoítos, pela corrente sanguínea, multiplicando-se nas células dos vasos sanguíneos, nos glóbulos brancos e noutras células. Na segunda fase, na forma designada de bradizoítos, infetam e estabelecem-se em células da derme, formando quistos que se manterão toda a vida do animal. Alguns quistos podem ser observados no olho com o aspeto de grãos de açúcar incrustados na esclera, sendo que, a existirem, confirmam a doença.
Os quistos na pele são prováveis fonte de parasitas e de propagação da doença quando se usam as mesmas agulhas entre animais ou estes são picados por insectos. Da mesma forma que acontece com outras infeções (por exemplo, anaplasmose), os animais jovens raramente mostram sinais da doença, apesar de poderem apresentar anticorpos. No entanto, a doença pode afetar indiretamente os vitelos já que o espessamento e a perda de elasticidade da pele dos tetos pode levar as vacas a recusarem dar de mamar ou os vitelos não conseguem extrair o leite (Figura 3).
O conselho que deixo aqui é que, à mínima suspeita de um caso de besnoitiose se contacte o médico-veterinário assistente para que o diagnóstico definitivo seja feito precocemente e se instituam eventuais medidas atenuadoras dos sinais.
COMO SE COMBATE E COMO SE PREVINE?
Boa pergunta – é o que apetece dizer, e é o que dizemos quando não temos grande resposta. No caso da besnoitiose, a resposta continua muito incompleta. Há alguma evidência científica e também empírica de que o tratamento precoce (na fase febril inicial) com certos fármacos pode reduzir ou evitar algumas das complicações mais graves. Por exemplo, pode evitar a esterilidade dos touros, mas não me parece que possa evitar uma perda significativa da fertilidade. O que também não evita é a formação de portadores. Ou seja, um animal infetado será portador de quistos na derme durante toda a vida, independentemente dos tratamentos efetuados.
Não havendo tratamento, torna-se ainda mais importante prevenir a infeção. Como não existe vacina efetiva, a prevenção tem de passar por reduzir a possibilidade do parasita entrar no organismo do animal. As
medidas de prevenção de novas infeções variam consoante estamos a trabalhar em efetivos em que a doença já existe, ou em efetivos indemnes (onde o parasita ainda não entrou). Não conhecendo bem a epidemiologia nem a forma como o parasita circula na natureza (hospedeiro definitivo), torna-se difícil recomendar medidas específicas para evitar a sua entrada na exploração. De qualquer maneira, sugerem-se as regras básicas de biossegurança, incluindo a redução do contacto de bovinos com outras espécies ou com as suas fezes (cães, gatos, cervídeos etc…).
De qualquer maneira, como a transmissão a partir de um animal portador assintomático é a forma mais provável de infeção, há muita coisa que se pode fazer. Na compra de animais, devemos testá-los previamente e apenas introduzir na exploração animais sem anticorpos, que é sinónimo de nunca terem contactado com o parasita. Esta medida é imprescindível para as explorações que não têm animais infetados e assim se querem manter.
No caso de se ter o parasita na exploração, podemos tentar reduzir a transmissão do agente a partir dos portadores e trabalhar no sentido da erradicação (ainda muito difícil). Como a passagem do parasita se faz por insetos picadores (essencialmente moscas), a tarefa não é nada fácil, mas passa por reduzir a exposição dos animais aos insetos. Mais exequível é reduzir a transmissão através das agulhas usadas na vacinação das manadas, mudando de agulha entre animais ou, pelo menos, fazendo mudanças frequentes.
CONCLUSÃO
A besnoitiose é uma doença com que teremos de lidar durante as próximas décadas e em zonas que antes pareciam estar livres. Enquanto não surgir uma vacina realmente eficaz, as explorações infetadas terão de aprender a viver com o parasita, tentando minimizar os estragos, nomeadamente prevenindo a infeção dos touros reprodutores. As explorações que ainda não têm o parasita nos seus animais (para ter a certeza procurem anticorpos numa amostra dos animais), devem reforçar as suas medidas de biossegurança e apenas comprar/importar bovinos comprovadamente livres do parasita. Não devem esquecer NUNCA que um animal saudável pode ser um portador, uma fonte de parasitas e uma fonte de problemas.
EQUIPAMENTO | BOVINOS DE LEITE
EQUIPADOS PARA CRESCER
NA FREGUESIA DE VALONGO (ÁREA METROPOLITANA DO PORTO), ONDE HÁ DUAS DÉCADAS EXISTIAM CERCA DE 20 EXPLORAÇÕES LEITEIRAS, SOBRAM HOJE QUATRO.
A VACARIA RAMOS & MOREIRA, LOCALIZADA NO LUGAR DA FERRARIA, NA HISTÓRICA CIDADE DE ALFENA, É UMA DAS QUE RESISTIU À MUDANÇA DOS TEMPOS. RECENTEMENTE, DECIDIU
FAZER UM INVESTIMENTO EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTO PARA PODER FAZER CRESCER
O NEGÓCIO QUE TEM SIDO A BASE DA ECONOMIA DO NEGÓCIO FAMILIAR. Por Ruminantes | Fotos FG
Ao dia de hoje, Ricardo Moreira já faz a gestão da vacaria com o seu pai, António Moreira. Tendo frequentado o curso de engenharia agronómica, optou por dar continuidade ao negócio começado pelo pai, que é produtor de leite há mais de 30 anos. Num efetivo total de 150 animais, têm atualmente 64 vacas em ordenha. As forragens de milho e erva (azevém e aveia) para silagem são produzidas pelos próprios, ou por contratação a prestadores de serviços, em 21 hectares situados no vale fértil irrigado pelo rio Leça, onde a exploração se insere. No início deste ano, com 64 vacas em produção, foi feita uma ampliação do estábulo e adquiriram-se 2 robots de ordenha DeLaval V300. A razão destas melhorias, contou-nos Ricardo, foi melhorar as condições de bem-estar dos animais com o objetivo de vir a aumentar o efetivo leiteiro para albergar, no futuro, 112 vacas em produção.
Porque optou por um robot de ordenha?
Atualmente é necessário fazer uma gestão mais intensa da exploração e, para isso, são necessários dados. O sistema voluntário de ordenha consegue fornecer uma visão bastante completa do que se passa com a manada, devido à elevada quantidade de dados que fornece. Além disso reduz significativamente a necessidade de mão de obra, libertando tempo para a análise desses dados”.
Como era, anteriormente, a ordenha?
Em 2001, instalámos um sistema de ordenha em espinha de 12 pontos (6+6). Cada ordenha demorava cerca de 2 horas (4 horas por dia).
Porque optou pelo robot V300 da DeLaval?
A Harker Sumner é uma empresa com décadas de trabalho dedicado à montagem de sistemas de ordenha na nossa região, e amplamente reconhecida pelo domínio da sua assistência técnica. Desde o início da construção, a Harker foi um parceiro sempre presente, acompanhando todos os passos para que a instalação dos robôs viesse a decorrer sem problemas. Mesmo durante a instalação tudo funcionou perfeitamente, ficando o equipamento completamente montado dentro do prazo previsto.
Porque compraram 2 robots?
A pensar no futuro, o estábulo foi construído com 112 logetes. A ideia é ir aumentando o efetivo, através da nossa recria ou de alguma oportunidade que surja para comprar alguns animais, de forma a ter os 2 robots preenchidos.
Houve quebras de produção de leite na transição?
Apenas no primeiro dia. No segundo já tínhamos o leite que produzíamos na sala de ordenha, e depois foi sempre a aumentar a produção. Com a mudança para as novas instalações, as vacas subiram cerca de 1 litro/ vaca/dia (de 27 para 28 litros vaca/dia) e com a ordenha robotizada mais 4 a 5 litros (para 33 litros/vaca/dia). Os problemas de mamites e saúde dos cascos melhoraram com esta mudança e penso que ainda vão melhorar mais.
O que pretende mudar na genética?
Vamos começar a inseminar com touros que estejam direcionados para robot, olhando muito para a capacidade de aumentar o fluxo do leite, e para a conformação do úbere (posição dos tetos).
O que mudou na rotina das pessoas? Mudou muito, principalmente para o meu pai, que era quem fazia as ordenhas. Hoje conseguimos sair os dois mais cedo da vacaria, para jantar a horas normais. Antes só saíamos daqui às 22 horas.
Como fizeram a transição para o robot?
As vacas já estavam no novo estábulo há 3 meses, quando começámos o processo de transição. Depois de montados os robots, as vacas estiveram cerca de 3 semanas a comer ração no robot, mas a serem ordenhadas na ordenha antiga. Passado este tempo, passaram a ser ordenhadas no robot.
Manuel Diogo Salgueiro, nutricionista e Ildebrando Silva, técnico comercial, da Cevargado dão assistência a esta exploração. Manuel explicou que, antes da transição, a alimentação era feita com unifeed, uma vez por dia, de manhã, na manjedoura. Quando começou a transição, cerca de 3 a 4 semanas antes de iniciar a ordenha nos robôs, manteve-se a quantidade de forragem no unifeed e diminui-se a quantidade de ração, que passou para 6,5kg vaca/dia. Como compensação deste decréscimo, passou-se a dar uma ração específica no robot, atribuída em função da produção do animal.
A transição ocorreu sem perdas de ingestão, com incidência nula de problemas metabólicos e com a produção de leite sempre ascendente, tendo aumentado 4l/vaca/dia ao fim de 2 meses de utilização dos robôs.
Não tivemos problemas de maior, talvez tenhamos tido a vantagem de ter 2 robots para poucos animais, tudo se passou com muita tranquilidade, sem a necessidade de as vacas estarem sempre a circular para não haver vacas atrasadas.
Voltava a fazer tudo como fez, na transição de uma ordenha para outra?
Sim, não faria nada de diferente.
Implementou o sistema de tráfego livre?
Sim, o tráfego é livre com parque de espera permanente, apenas quando entram no parque de espera não lhes damos possibilidade de sair sem passar pelo robot. Quando tivermos os robots cheios, talvez faça sentido ter no parque portas de seleção, embora me pareça não fazer muito sentido contrariar uma vaca que queira ir ao robot.
Como é o parque de espera? Pensa um dia abdicar dele?
Este parque dá acesso aos 2 robots. Podem aceder cerca de 30 animais, tem bebedouro e 2 escovas swing. O parque foi uma opção e penso que o vou manter, uma vez que será sempre útil no maneio de vacas problemáticas.
Quais os avisos do robot que considera mais importantes?
A condutividade do leite, quando há algo de errado, recebo um aviso. E também das vacas atrasadas, que não foram ao robot nas últimas 12 horas.
Onde quer estar daqui a cinco anos?
Quero ter 110 vacas em produção, em média no ano, com cerca de 40 litros por vaca/dia.
Produção leite total vacaria/ano 600.000 litros
Efetivo total 150 (com 16 vitelos em engorda até aos 12 meses)
DADOS GERAIS DA VACARIA CARLOS MANUEL, TÉCNICO DA HARKER XXI, RESPONSÁVEL PELO ACOMPANHAMENTO DA MONTAGEM DOS ROBOTS, EXPLICOU ALGUMAS DECISÕES TOMADAS RELATIVAMENTE À CONFIGURAÇÃO DA VACARIA E AOS ROBOTS.
Nº de vacas em ordenha 64
Nº de ordenhas/ vaca/dia 2,97
Produção média diária 33,5 litros
GB (%) 3,90
PB (%) 3,30
CCS 150.000 cél/ml
Idade ao 1º parto 26 meses
Dias em leite (DEL) 170 dias
Percentagem de vacas > 45 kg de leite 8%
Percentagem de primíparas 40% (muitos animais refugados nos últimos anos)
Tempo na box 6 minutos e 51 segundos
Kg de leite/ordenha 11 kg
EQUIPAMENTOS HARKER INSTALADOS
• 2 robots V300
• 2 escovas Swing DeLaval
• Termoacumulador elétrico de 400 litros
Considera que este desenho cumpriu as expetativas?
Acho que esta exploração ficou muito bem. O parque de espera, tal como está, encaixa bem nesta exploração, embora ainda
tenha poucos animais para os 2 robots. Talvez mais tarde, com um maior número de vacas, se justifique ter as cancelas de seleção, pois este tipo de parque justifica-se como apoio para o maneio de vacas problemáticas. Estas vacas não devem condicionar os outros animais, pois um animal que entre no parque pode demorar horas a sair.
Esta vacaria tem um desenho que em minha opinião é o correto: os robots estão no meio da vacaria e os extremos do estábulo não estão a mais de 30 metros do robot. Nenhuma vaca tem de percorrer mais de 30 metros para ser ordenhada.
As bombas de vácuo destes robots são independentes, porquê?
Nós fazemos completamente separadas para que o vácuo seja mais estável. Quando um robot está a fazer a lavagem dos tetos, puxa mais pela bomba. Se o outro estiver a ordenhar, poderá haver oscilações, o que não é recomendado. Também em caso de avaria de uma delas, a outra aguenta com os dois robots. Na DeLaval há que fazer tudo para que o robot não pare, mesmo no sistema informático. Se o PC queimar, os robots continuam a trabalhar, com o sistema alternativo.
EQUIPAMENTO | BOVINOS DE LEITE
PALAVRA DE ORDEM: PROFISSIONALIZAR
O PREÇO DO LEITE À PRODUÇÃO E A SUBIDA DOS CUSTOS DOS FATORES DE PRODUÇÃO TEM LEVADO MUITOS PRODUTORES A MUDAR DE VIDA. MAS HÁ QUEM TEIME EM CONTINUAR A APOSTAR NO NEGÓCIO EM QUE CRESCEU. É O CASO DE ANTÓNIO JORGE RODRIGUES BARBOSA, QUE DETÉM UMA EXPLORAÇÃO COM 15
HECTARES NA FREGUESIA DE RORIZ, CONCELHO DE BARCELOS, ONDE INSTALOU, EM AGOSTO PASSADO, UM NOVO ESTÁBULO E UM ROBOT DE ORDENHA PARA AS 58 VACAS QUE TEM ATUALMENTE EM PRODUÇÃO. Por
António Jorge, filho de agricultores, esteve sempre ligado ao negócio da produção leiteira.
Tendo ficado órfão de pai aos 8 anos, desde muito cedo teve que a ajudar a sua mãe a tomar conta da exploração. Na altura tinham 12 animais. Hoje, conta com a ajuda do seu próprio filho, Manuel António, que escolheu dar continuidade ao negócio de família. A ideia passa pela profissionalização, para garantir que o negócio continua a ser
rentável e também compatível com o bem -estar das vacas e dos seus donos.
Porque optou por um robot de ordenha?
Para conseguir gerir o meu tempo e não estar dependente de terceiros. Quando tinha o sistema de ordenha convencional, se saía da exploração para algum evento, ter de voltar era um grande sacrifício; chegava a ter que interromper uma partida de futebol para vir ordenhar as vacas.
Quanto tempo levavam a ordenhar as vacas?
Cerca de uma hora e meia por ordenha, ou seja, três horas por dia.
Porque investiu no Dairyrobot R9500 da GEA?
Já era cliente GEA, sempre tive bom relacionamento com a empresa Gondimil, e isso pesou bastante na decisão. Por outro lado, já conhecia o robot e tinha boa impressão dele.
Também construiu estábulo novo…
Sim, porque o anterior estava no final da vida útil. Era mesmo necessário.
Como fez a transição para o novo estábulo e para o robot?
Mudei o efetivo todo, de uma só vez, para o novo estábulo. A transição para o robot, ao contrário do que eu previa, foi simples. Só passei uma noite na exploração. Na segunda, já só esteve uma pessoa. O que fiz foi ir enchendo o parque de espera com as vacas, e elas acabavam por entrar no robot. Ao fim de poucos dias, bastava apenas tocar uma ou outra que estivessem atrasadas.
Quantas logetes tem o estábulo?
76 para as vacas em produção e secas. A disponibilidade de logetes para cada grupo é regulável.
Que balanço faz destes 4 meses?
Muito positivo, pelo bem-estar das vacas e pelo meu. Associado ao bem estar, a produção de leite subiu, em média, por vaca/dia, cerca de 4 litros. A gordura do leite passou de 3,4 para 3,7%, e a proteína manteve-se.
Que indicadores utiliza para perceber se vai tudo bem na exploração?
O que sempre usei, a “contabilidade de
bolso”. Pago sempre a tempo e horas e vejo o que sobra. Diariamente, dou a volta pelo estábulo e observo todos os animais, desde os olhos às patas. Antes, os animais passavam na ordenha e eu podia perceber o que se passava, agora dou a volta ao estábulo.
Em relação às informações que o robot fornece, vejo sempre as vacas atrasadas e a produção de leite real versus a produção esperada.
Como é o maneio alimentar?
Damos a mistura feita no unifeed, uma vez por dia. Além disso, em função da produção diária de cada vaca, é dada ração no robot. Atualmente, gasto mais mistura no unifeed e menos granulado no robot, em relação ao sistema anterior. Controlo muito melhor a quantidade de ração dada no robot do que na sala de ordenha.
Aumentou o custo alimentar diário?
Estou a gastar o mesmo dinheiro por dia e por vaca, mas a produzir mais leite por vaca.
Se as suas vacas falassem, o que diriam desta mudança?
Falavam tão bem como eu, gostaram muito da mudança. Na vacaria antiga
tinha vacas que, sistematicamente, não queriam ir à ordenha, eu tinha que as ir buscar; pensei que, quando fossem para o novo estábulo, não iriam entrar no robot. No entanto, são essas exatamente as vacas que nunca tive que tocar.
DADOS DA EXPLORAÇÃO
Área exploração | Área estábulo 15 ha | 1500 m2
Culturas Milho e erva para silagem
Produção total leite vacaria/ano 660.000 litros
Efetivo total | vacas em ordenha 120 | 58
Produção média diária 36 litros/vaca
GB | PB | CCS (cél/ml) 3,7% | 3,2% | 130.000
Idade ao 1º parto 23 meses
Nº médio de lactações/vaca 3,5
Dias em leite (DEL) 185 dias
% vacas > 45 kg de leite 22
% primíparas 36
Tipo de tráfego Livre com parque espera e portas seleção
Número ordenhas/robot 150
Número vacas/robot 58
Nº ordenhas/vaca 2,6
Tempo na box 7 min 40 seg
Kg leite/ordenha 14 litros
EQUIPAMENTO | BOVINOS DE LEITE
1 MILHÃO DE LITROS DE LEITE NO PRIMEIRO ANO
EM 2021, HUMBERTO SOUSA E SÍLVIA BARBOSA, PROPRIETÁRIOS DA EXPLORAÇÃO
HUMBERTO MONTEIRO SOUSA, EM AGUIAR, CONCELHO DE BARCELOS, DECIDIRAM
INSTALAR UM ROBOT DE ORDENHA LELY ASTRONAUT A5. EM OUTUBRO DE 2022,UM ANO
DEPOIS DO ARRANQUE DO ROBOT DE ORDENHA, A PRODUÇÃO TINHA ATINGIDO MAIS DE UM MILHÃO DE LITROS DE LEITE NO TANQUE COM UMA MÉDIA DE 67 VACAS.
Um ano passado sobre a instalação do robot, entrevistámos Humberto e Sílvia para entender melhor as suas escolhas e saber mais sobre a sua rotina.
A opção pelo robot de ordenha foi de Humberto, que escolheu a Lely porque foi a marca com que mais se identificou pela fiabilidade e provas dadas. No início, Sílvia era contra o robot, mas entretanto a sua opinião mudou: “agora vejo-me aflita para secar as vacas”.
Antes do robot, quantas vacas tinham em ordenha e quanto tempo
demoravam a ordenhá-las?
Demoravam um total de 3 horas: 2 horas e meia a ordenhar 80 vacas, mais meia hora para a limpeza da sala.
Qual era a produção de leite?
Com os 80 animais conseguiram atingir os 5800 litros de leite no tanque.
Como foi a adaptação ao sistema e dos animais?
Tirando os primeiros 15 dias que foram mais complicados, a adaptação ao sistema foi bastante fácil, ao contrário do que eles pensavam, o único receio que tinham era que o robot rejeitasse muitas vacas, o
que não aconteceu. No início, os animais davam alguns pontapés ao braço do robot, para além disso adaptaram-se muito bem.
Ganharam qualidade de vida?
Sem dúvida, agora podem ir para casa mais cedo, ter mais tempo com os filhos e realizar outras tarefas não relacionadas com a vacaria.
O que fazem quando chegam à vacaria?
A primeira coisa que fazem é ir ver se está tudo bem com o robot e se há algum alarme, depois vão ver as vacas atrasadas e analisam o relatório de saúde para ver se há algum animal que precise de atenção.
Que indicadores utilizam para saber que a vacaria está a funcionar bem?
O principal indicador que utilizam é a produção total do leite, se baixou ou não e as recusas. Mas, no geral vêm os indicadores todos e se há algum a vermelho.
Quais são os alertas mais importantes que o robot envia para o seu telemóvel?
Para eles, a notificação mais importante é a das vacas em cio.
O conhecimento dos animais e a saúde melhorou com o Lely Astronaut?
Desde a instalação do robot, repararam que os animais ficaram mais carinhosos, até disseram que quando a veterinária vai fazer o diagnóstico as vacas estão mais calmas, o que não acontecia antes. Relativamente aos dados que o robot fornece, conseguem detetar um problema muito mais cedo e agir de acordo com o problema. Desde a instalação do robot, nunca mais trataram vacas com mastite.
E a qualidade do leite?
A qualidade do leite melhorou bastante, dizem ter mais gordura e proteína no leite.
Normalmente, quantas vacas se atrasam a ir ao robot?
3 animais, principalmente novilhas.
Os custos da vacaria variaram?
Melhoraram consideravelmente as principais despesas. Neste momento são a nível de medicamentos, com as bisnagas de secagem e, em caso de necessidade, em antibióticos no pósparto.
Como classificam a assistência técnica e de FMS?
Sentem que foram bem acompanhados em todo o processo e que ainda o são. Sempre que surge alguma dúvida, a equipa da Lely está pronta a responder.
Que balanço fazem deste 1º ano?
Foi positivo e esperam que os próximos anos sejam melhores ou iguais a este.
Sentem que o investimento que fizeram compensou? Voltariam a fazê--lo?
Na opinião de ambos, o investimento compensou e voltariam a fazê-lo. A Silvia referiu que, se não tivessem o robot, não seria capaz de ordenhar as vacas sozinha, na sala de ordenha.
DADOS DA
Nome da exploração Humberto Monteiro Sousa
Localização Aguiar, Barcelos
Nº de robots/modelo 1 Lely Astronaut A5 / 1 Lely Discovery SW90
Efetivo total 166
Raça Holstein Frísia
Nº de vacas em lactação 67
Produção total/ano (l) 1.053.964,6
Nº de ordenhas/vaca 2,8
Produção de leite (Kg/vaca/dia) 41,3
EXPLORAÇÃO 7º ENCONTRO TÉCNICO DE
O que desejam para o futuro com o Astronaut e com a Lely?
Programa: www.serbuvet.com
NOTÍCIAS | BOVINOS DE LEITE
INVESTIGAÇÃO LEITEIRA, O QUE HÁ DE NOVO
SERÁ QUE O BEM-ESTAR ANIMAL É MELHOR EM EXPLORAÇÕES LEITEIRAS DE MENORES DIMENSÕES? DADOS DE 3.085 EXPLORAÇÕES
LEITEIRAS NA ALEMANHA
Journal of Dairy Science Vol. 105 No.11, 2022.
Esta revisão de investigadores alemães, aborda as críticas frequentemente ouvidas sobre grandes explorações leiteiras, nomeadamente do seu suposto efeito negativo no bem-estar animal. Os cientistas investigaram 3.085 explorações leiteiras em território germânico, com um total de 376.415 vacas leiteiras, representativas das diversas estruturas da pecuária leiteira na
Alemanha, cobrindo uma ampla gama de dimensões de explorações leiteiras (7 a 2.900 vacas por vacaria, com uma média de 122 vacas). Para poder avaliar as explorações, foi desenvolvido um índice de bem-estar animal (IBA) em estreita consulta com especialistas (cientistas de bem-estar animal, produtores de leite e representantes de empresas de laticínios).
Os autores fornecem alguma informação de base, indicando que o setor agrícola europeu está a passar por uma mudança estrutural contínua, no sentido de concentrar a produção num menor número de explorações, maiores e mais especializadas. Dão como exemplo a Alemanha, o 4º maior produtor de leite do mundo, onde o número médio de vacas leiteiras por exploração aumentou de 31
vacas em 1999 para 70 vacas em 2021, o que representou um aumento de mais de 100% nas últimas 2 décadas. Dizem ainda que esta mudança estrutural irá continuar, não apenas como consequência dos desenvolvimentos científicos e tecnológicos e da necessidade de aumentar a rentabilidade dos fatores de produção, mas também pelos requisitos adicionais ligados à produção animal (como a segurança alimentar, a legislação ambiental, e o bem-estar animal), que representam um custo fixo para as explorações e que tem vindo a aumentar. Por outro lado, dizem os investigadores, a questão do bem-estar animal na agricultura recebe cada vez mais atenção dos cidadãos europeus, que querem estar mais informados sobre as condições em que os animais são criados. O programa
“Por mais bem-estar animal” da Associação Alemã de Bem-Estar Animal, por exemplo, estabelece um número máximo de 600 vacas por exploração para as explorações leiteiras participantes. Provavelmente, as restrições de tamanho da exploração são introduzidas porque frequentemente se assume, na discussão pública, que existe uma ligação negativa entre o tamanho da exploração e o bem-estar animal. Os agricultores, por outro lado, não vêem qualquer relação entre estes dois fatores. Pesquisas científicas recentes revelam resultados inconclusivos sobre a relação entre bem-estar animal e tamanho da exploração.
O estudo utilizou dados recolhidos como parte de um projeto nacional de sustentabilidade de laticínios, envolvendo mais de 30 indústrias de laticínios alemães, que representam mais de um quarto de todas as indústrias na Alemanha. Através de um questionário que cobria todas as questões relacionadas com a sustentabilidade, incluindo questões económicas, ecológicas e sociais, bem como aspetos de bem-estar animal, foram recolhidos dados entre junho de 2017 e abril de 2020. A amostra incluiu principalmente explorações leiteiras a tempo inteiro (97%), maioritariamente convencionais (98%, sendo que 2% eram orgânicas). A exploração leiteira média tinha 141 hectares de terras agrícolas e a idade média do produtor leiteiro era de 47 anos. A produção média de leite foi de 8.810 kg/vaca/ano. No total, 49 especialistas participaram no desenvolvimento dos indicadores de bem-estar utilizados e na sua avaliação, totalizando 46 indicadores de bem-estar animal disponíveis para análise.
O estudo concluiu que explorações de maior dimensão tendem a alcançar um Índice de Bem-Estar Animal mais elevado do que explorações de menor dimensão, embora esse resultado não esteja associado significativamente ao número de animais. No entanto, ao contrário do que se ouve geralmente, vacarias maiores não estão necessariamente associadas a um bem-estar animal mais pobre. Os autores afirmam que em todas as classes de dimensões de exploração, encontraram uma grande variação no Índice de BemEstar Animal e que, portanto, existe um potencial para melhorar o bem-estar animal em pequenas, médias e grandes explorações leiteiras. Dizem também que os resultados reforçam a evidência de que o número de animais da exploração tem
pouco ou nenhum efeito específico sobre os níveis de bem-estar animal dessa exploração.
A AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO COLOSTRO COMO TERAPIA PARA DIARREIA EM VITELOS PRÉ-DESMAME
Journal of Dairy Science Vol. 105 No.12, 2022
Investigadores das Universidades de Guelph e Kentucky avaliaram os efeitos do fornecimento de colostro bovino seco (em pó) no início de episódios de diarreia, no crescimento dos vitelos e na duração e gravidade da doença em vitelos leiteiros em pré-desmame (durante o período de leite). Segundo os autores, a diarreia é a principal causa de morbilidade e mortalidade em vitelas leiteiras e que muitos casos de diarreia são tratados com antibióticos, aumentando assim o risco de resistência antimicrobiana e criando necessidade de terapias alternativas. O estudo foi realizado numa exploração de criação de vitelos no sul do Ontário. Os vitelos (108 vitelos leiteiros machos, da raça Holstein) foram avaliados quanto à consistência fecal duas vezes por dia, numa escala de 0 a 3, e inscritos no ensaio quando apresentavam duas classificações consecutivas de consistência fecal 2 (fezes que escorrem ou se espalham facilmente) ou uma pontuação fecal de 3 (consistência líquida, salpicos). Os vitelos foram escolhidos aleatoriamente para receber um dos 3 seguintes tratamentos: Controlo (CON), que consistia em 8 refeições durante 4 dias de 2,5 litros de leite de substituição (26% PB e 17% gordura); Suplementação a curto prazo de colostro (STC), que consistia em 4 refeições nos primeiros 2 dias de 2,5 litros de uma mistura de leite de substituição e colostro bovino de substituição (26% IgG e 14,5% de gordura) seguido de 4 refeições em 2 dias de 2,5 litros leite de substituição; ou suplementação de colostro a longo prazo (LTC), que consistia em 8 refeições durante 4 dias de 2,5 litros de uma mistura de leite de substituição e colostro bovino de substituição. O teor em imunoglobulina G (IgG) sérica dos vitelos foi avaliado e registado à chegada ao viteleiro, bem como o peso corporal, os dias que levaram desde a chegada do vitelo à exploração até ser incluído no estudo, assim como a gravidade da diarreia.
Os autores indicam que estatisticamente, a diarreia é a causa de 56% das doenças e 32% das mortes em vitelos leiteiros pré-desmame. As diarreias representam problemas significativos de bem-estar e saúde, tais como desidratação, anorexia, diminuição da função imunológica e morte, bem
como níveis reduzidos de crescimento e risco aumentado de desenvolvimento de doenças respiratórias. Além disso, a diarreia em vitelos pré-desmame pode resultar em consequências económicas e produtivas de longo prazo, como piores índices de reprodução e níveis mais baixos de produção de leite na primeira lactação. Outro aspeto importante mencionado pelos autores, além das consequências em torno da produtividade, é a preocupação com o uso excessivo de antibióticos em casos de diarreia. A exposição a antibióticos no início da vida também pode originar uma redução a longo prazo do funcionamento do sistema imunitário devido a alterações na fauna e flora intestinal, resultando na disfunção do trato gastrointestinal. Finalmente, a forte dependência em antibióticos pode levar ao desenvolvimento de resistência por parte dos micróbios patogénicos, como estirpes de Salmonela e Escherichia coli. O colostro bovino, por outro lado, pode potencialmente ser uma terapia eficaz na prevenção da diarreia e uma alternativa aos antibióticos. Os autores explicam que tanto o colostro como o substituto de colostro seco contêm altas concentrações de fatores bioativos (ou seja, anticorpos, hormonas, fatores de crescimento, oligossacarídeos e ácidos gordos) e nutrientes adaptados para otimizar a saúde e a imunidade do vitelo. Recentemente, o uso do colostro em vitelos tem sido explorado para além da primeira refeição após o parto e têm sido identificados bastantes aspetos positivos. Especificamente, esses ensaios sugerem que pode haver benefícios no uso do colostro bovino como efeito profilático na prevenção da diarreia em vitelos, através da alimentação de colostro após o primeiro dia de vida.
O estudo concluiu que a suplementação de 8 refeições durante 4 dias de 2,5 litros de uma mistura de leite de substituição e colostro bovino de substituição, em comparação com 8 refeições durante 4 dias de 2,5 litros de leite de substituição, ajudou a resolver a diarreia mais cedo e melhorar os níveis de crescimento em vitelos leiteiros jovens. Isto pode proporcionar benefícios de longo prazo em vitelos diagnosticados com diarreia no período prédesmame. Ainda assim, os autores alertam que, devido ao caráter preliminar desta pesquisa, são necessários mais estudos para determinar a dose e duração mais prática e eficaz da terapia. Ou seja, a dose ideal, a duração e o tempo para essa terapia ainda são desconhecidos e, portanto, pesquisas futuras devem explorar mais essas variáveis. Os autores concluem que melhorando os aspetos práticos bem como as considerações económicas, ao mesmo tempo que se mantém a eficácia da terapia, o colostro bovino pode tornar-se o tratamento preferido para a diarreia em vitelos pré-desmame.
ÍNDICE VL E ÍNDICE VL-ERVA
A SITUAÇÃO PARECE, FINALMENTE, MELHOR
ANALISAMOS, NESTE NÚMERO DA RUMINANTES, OS ÍNDICES VL E VL - ERVA PARA O PERÍODO DE AGOSTO A OUTUBRO DE 2022. DURANTE O TRIMESTRE EM ANÁLISE, O PREÇO MÉDIO DO LEITE PAGO AOS PRODUTORES INDIVIDUAIS DO CONTINENTE VARIOU ENTRE 0,425 €/KG, EM AGOSTO, E 0,535 €/KG, EM OUTUBRO. NA REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES O PREÇO MÉDIO DO LEITE VARIOU ENTRE 0,370 €/KG, EM AGOSTO, E 0,495 €/KG, EM OUTUBRO (SIMA-GPP, 2022).
PASSAREMOS A DISPONIBILIZAR, NESTA RUBRICA, O PREÇO MÍNIMO A QUE O LEITE DEVERIA TER SIDO PAGO AO PRODUTOR NO MÊS ANTERIOR AO DA SAÍDA DE CADA EDIÇÃO DA RUMINANTES.
Por António Moitinho Rodrigues, docente/investigador, Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo Branco; Carlos Vouzela, docente/investigador, Faculdade de Ciências Agrárias e do Ambiente da Universidade dos Açores/IITAA; Nuno Marques, Revista Ruminantes | Email: nm@revista-ruminantes.com.
De acordo com o MMO (2022), o preço médio pago aos produtores da UE27 em agosto, setembro e outubro de 2022 foi de 0,5451 €/kg de leite, enquanto que o preço médio pago aos produtores portugueses foi de 0,4541 €/kg de leite, valor muito inferior à média da UE27 para o trimestre (-9,1 cêntimos/kg de leite). A situação continua a ser inaceitável de tal forma que, no terceiro trimestre de 2022, Portugal foi o país da UE27 onde o leite foi pago aos produtores ao preço médio trimestral mais baixo (MMO, 2022). A título comparativo, os valores médios do mesmo
trimestre pagos nos 5 países maiores produtores de leite da UE27 foram os seguintes: Holanda 0,6117 €/kg, Alemanha 0,5844 €/kg, Itália 0,5356 €/kg, Polónia 0,5293 €/kg e França 0,4646 €/kg. Perante estes valores, não se justifica dizerem que os custos de produção de leite são mais elevados nestes países do que em Portugal. Até em Espanha, em que as condições de produção são semelhantes às portuguesas, o leite foi pago a um preço muito superior (+4,01 cêntimos/kg).
Consideramos que esta situação, recorrente desde há vários meses, só acabará quando as organizações que recolhem e transformam o leite em Portugal conseguirem
encontrar formas de acrescentar valor ao produto leite, conseguirem vender melhor o leite e seus derivados e quando os custos de produção forem refletidos em toda a cadeia, desde o produtor até ao consumidor. No entanto, já no continente e em algumas ilhas da Região Autónoma dos Açores, os operadores privados que recolhem e transformam o leite têm vindo a trabalhar neste sentido, desenvolvendo e apresentando no mercado novos produtos lácteos, com maior valor acrescentado.
Relativamente ao trimestre anterior, com exceção do bagaço de soja 44 cujo preço aumentou 7,3% no trimestre em análise, o preço médio
de todas as outras matériasprimas consideradas para a formulação dos alimentos compostos tipo diminuiu 10,3%. Esta evolução provocou uma variação de -1,5% no preço dos alimentos compostos utilizados neste trabalho. Os preços dos alimentos forrageiros não sofreram variações relevantes no trimestre em análise pelo que, tanto no continente como na Região Autónoma dos Açores, a ligeira redução do preço médio das matérias-primas que entram na formulação dos alimentos compostos tipo e a não variação do preço dos alimentos forrageiros, provocou uma ligeira redução no custo da alimentação da vaca leiteira tipo (-1,0%).
parece, finalmente, melhor
ÍNDICE VL DE JULHO DE 2012 A OUTUBRO DE 2022
O ÍNDICE VL é influenciado pela variação mensal do preço do leite pago ao produtor no continente e pelas variações mensais dos preços dos alimentos que constituem o regime alimentar da vaca leiteira tipo (concentrado 9,5 kg/ dia; silagem de milho 33 kg/dia; palha de cevada 2 kg/dia).
ÍNDICE VL-ERVA DE JULHO DE 2013 A OUTUBRO DE 2022
O ÍNDICE VL – ERVA é influenciado pela variação mensal do preço do leite pago aos produtores na Região Autónoma dos Açores e pelas variações mensais dos preços dos alimentos que constituem o regime alimentar da vaca leiteira tipo (primavera/verão 60 kg/dia de pastagem verde, 10 kg/dia de silagem de erva e de milho, 5,6 kg/dia de concentrado; outono/inverno 47 kg/dia de pastagem verde, 13,3 kg/dia de silagem de erva e de milho, 6,7 kg/dia de concentrado).
A evolução do preço do leite e dos custos da alimentação refletiu-se no Índice VL e no Índice VL - ERVA que em outubro de 2022 foi, respetivamente, de 2,126 e de 2,266. De referir que em outubro de 2021 o Índice VL havia sido de 1,566 e o Índice VL - ERVA de 1,517. Um índice inferior a 1,5 (valor muito baixo) indica forte ameaça para a rentabilidade da exploração leiteira; um índice entre 1,5 e 2,0 (valor moderado) indica que a produção de leite é um negócio economicamente viável, refletindo-se com maior positividade quanto mais próximo estiver do valor 2,0; um índice maior do que 2,0 (valor elevado) indica que estamos
perante uma situação muito favorável para o sucesso económico da exploração de leite (Schröer-Merker et al., 2012).
Durante o trimestre em análise, o Índice VL atingiu o valor mínimo de 1,716 em agosto e neste mesmo mês o Índice VL-ERVA teve o valor mínimo 2,046. De realçar que o Índice VL-ERVA reflete melhor a realidade da produção de leite muito mais interessante da ilha de S. Miguel, onde se produz cerca de 60% do total de leite dos Açores e onde estão localizados operadores privados que conseguem acrescentar mais valor ao leite produzido localmente.
EVOLUÇÃO DO ÍNDICE VL E ÍNDICE VL - ERVA DE OUTUBRO DE
2021 A OUTUBRO DE 2022
Mês Índice VL Índice VL-Erva
Os valores são influenciados pela variação mensal do preço do leite pago aos produtores do continente (Índice VL) e da Região Autónoma dos Açores (Índice VL - ERVA) e também pelas variações mensais dos preços de 5 matérias-primas utilizadas na formulação do alimento composto e pelo preço dos outros alimentos que integram o regime alimentar da vaca leiteira tipo.
NOTAS
No continente e nos Açores, o preço médio do leite pago aos produtores foi superior em outubro de 2022 relativamente a outubro de 2021, no continente +20,7 cêntimos/kg, nos Açores +20,6 cêntimos/kg;
Relativamente ao trimestre anterior, durante o trimestre em análise houve um aumento do preço do bagaço de soja 44 e uma redução dos preços do milho, da cevada e dos bagaços de colza e girassol. A evolução de preços destas matérias-primas provocou uma redução no preço dos alimentos compostos formulados para as vacas tipo do continente e do Açores, respetivamente, de -1,50% e -1,48%;
Os preços dos alimentos forrageiros não tiveram variação representativas relativamente ao trimestre anterior;
As três considerações anteriores refletiram-se no Índice VL e no Índice VL - ERVA que em outubro de 2022 foi, respetivamente, de 2,126 e 2,266;
Para que o Índice VL e o Índice VLERVA sejam iguais a 2 e a produção de leite seja rentável, o preço mínimo que se deverá ser pago aos produtores durante o mês de dezembro terá de ser o seguinte:
* produtores de leite do continente 0,4950 €/kg,
* produtores de leite da Região Autónoma dos Açores 0,4282 €/kg;
A situação da produção de leite no trimestre em análise permite-nos afirmar que parece estar a melhorar a vida nas explorações de bovinos de leite, depois de vários anos de sufoco fruto dos preços muito baixos pagos à produção.
LEITE: VALORES CALCULADOS
PARA OS PREÇOS MÍNIMOS A PAGAR
Em 9 anos de publicação dos Índices VL, os autores deste trabalho têm vindo a constatar que há um desfasamento de 2 meses entre o momento em que se consegue ter acesso online aos preços das matérias primas utilizadas na formulação dos 3 tipos de alimentos compostos utilizados para o cálculo dos Índices VL e VL-ERVA e o momento em que a página Web do SIMAGPP (https://regsima.gpp.pt/ regsima/consulta/lacteos) disponibiliza os preços do leite pago aos produtores nacionais (2 meses mais tarde). Neste sentido, foi decidido que a partir deste número da revista Ruminantes será disponibilizado o preço mínimo a que o leite deverá ser pago ao produtor para que os Índices VL e VL ERVA sejam iguais a 2, valor que é considerado como indicador
0,4950 €/kg
0,4282 €/kg
de sucesso económico de uma exploração de bovinos de leite (Schröer-Merker et al., 2012).
Assim, os autores pretendem disponibilizar informação mais atualizada devido ao contexto atual a nível mundial, em que têm vindo a ocorrer variações bruscas dos preços dos diversos fatores de produção que estão associados à produção de leite.
Tendo em consideração os custos com a alimentação em dezembro das vacas leiteiras tipo, no continente e nos Açores (regime alimentar de Outono/Inverno), os valores calculados para os preços mínimos do leite a pagar aos produtores durante o mês dezembro foram os seguintes: produtores de leite do continente 0,4950 €/kg; produtores de leite da Região Autónoma dos Açores 0,4282
Continente Açores
€/kg. Estes valores mínimos permitem obter Índices VL e VL-ERVA iguais a 2 durante o mês de dezembro.
De realçar que nos últimos três anos os produtores de leite em Portugal passaram por momentos muito difíceis, momentos assinalados por Índices VL e VL-ERVA com valores muito próximo de 1,5 ou mesmo inferiores a 1,5, criando situações insustentáveis que levaram, na maior parte dos casos, ao abandono da atividade por muitos produtores. No entanto, a situação atual permite-nos afirmar que a vida nas explorações de bovinos de leite parece estar a melhorar depois de vários anos de sufoco, fruto de preços muito baixos pagos à produção.
Nota: para consultar a bibliografia, contacte os autores.
OBSERVATÓRIO DO LEITE
ANO NOVO, PROBLEMAS (DES)CONHECIDOS
O NOVO ANO JÁ CHEGOU, MAS SERÁ QUE O VELHO DITADO “ANO NOVO, VIDA NOVA” SE APLICA? OLHANDO PARA O QUE 2022 NOS DEIXOU NO SAPATINHO, TALVEZ NÃO. PELO MENOS, NÃO A CEM POR CENTO. À MEDIDA QUE AS SOCIEDADES SE ADAPTAM À REALIDADE PÓS-PANDÉMICA, INFLAÇÕES GALOPANTES, GUERRA NA UCRÂNIA E CHOQUES NAS CADEIAS DE ABASTECIMENTO, O PAPEL DO LEITE E DERIVADOS NA GARANTIA DA SEGURANÇA ALIMENTAR MUNDIAL NÃO DEVERÁ SER ESQUECIDO. Por Joana Silva, Médica Veterinária |
Na Europa, os últimos meses de 2022 foram marcados por uma produção acima do expectável, apontando-se um crescimento de 0,9% face ao ano anterior. Ainda assim, a incerteza económica e a inflação dificultam a perceção de como se irá comportar a procura nos mercados lácteos. Olhando para os volumes de produção no passado recente, os números não mentem: assistese na Europa a uma tendência de declínio. A ensombrar a produção leiteira, e a juntar-se aos fatores de incerteza acima mencionados, podemos trazer para a mesa os crescentes custos de energia e matériasprimas, constrangimentos geopolíticos, preocupações ambientais e alteração de hábitos de consumo das populações. Juntando todos
estes amargos ingredientes, estará o mercado do leite num caminho de redução?
Segundo a belga Eucolait, esperemos que não. A Associação Europeia do Comércio Leiteiro defende que, apesar das dificuldades do setor, a Europa deverá continuar a desempenhar o papel vital de contribuidora para a segurança alimentar a nível global. Atualmente exportando 20% do total de sólidos do leite produzidos, a solução para um mercado exportador mais saudável poderá estar na busca de uma rede de parceiros mais estável e abrangente, minimizando a dependência de parceiros como a Rússia ou a China, cuja força importadora tem sido bastante abalada nos últimos tempos, registando-se um decréscimo de cerca de 20% nos volumes importados. Para esta situação, em muito têm contribuído os
novos confinamentos, fruto da mais recente onda pandémica na China.
Numa tentativa de perceber o que vai na mente dos consumidores europeus, foi feito um estudo com cinco mil participantes, oriundos de dez países da Europa. Mais de metade dos participantes – 55% – sente que a guerra na Ucrânia e seus impactos estão a fragilizar os mercados e a pôr em causa a disponibilidade de bens alimentares. Cinquenta e quatro por cento dos inquiridos atribui à guerra a principal culpa pelo aumento dos preços e cinquenta e três por cento revela verdadeira preocupação com a hipótese de escassez de alimentos. E como lidam os consumidores com os aumentos de preço? Cerca de um terço admite comprar menos carne e, no que toca a leite e derivados, optam agora por marcas mais
baratas. Cinquenta e dois por cento dos inquiridos admite que o preço tem agora um peso muito maior na decisão de compra, e cerca de quarenta por cento cortou nas compras não planeadas. Contrariamente ao que se pensava, o fim do confinamento não abrandou a tendência de cozinhar e realizar convívios em casa, mesmo com a reabertura dos espaços de restauração. Apesar da maior sensibilidade aos preços dos produtos, outros fatores têm vindo a ter um peso crescente na tomada de decisão destes consumidores mais poupados, nomeadamente a sustentabilidade e pegada ambiental dos produtos. O comportamento de compra mostra que a sustentabilidade ambiental está a deixar de ser um critério nicho, e a estenderse a uma mente compradora mais coletiva.
Apesar de alguma canibalização do leite e derivados por produtos alternativos, a realidade é que, em muitas partes do mundo, o acesso a estes gigantes nutritivos ainda não é suficiente, e isso abre portas a uma maior produção de leite. E onde entram os constrangimentos ambientais nesta equação?
De acordo com a Eucolait, o desenvolvimento tecnológico deverá andar de mãos dadas com o setor, de modo a atingir-se aquilo que muitos considerarão uma utopia: uma produção sustentável, local e com recursos estratégicos e, consequentemente, mais amiga do ambiente, permitindo alimentar as populações a nível global.
Também a FAO admite existir oportunidade de expansão para o setor leiteiro, mesmo com o elevado aumento de preços nas prateleiras: 9,2%, aponta. Na conjuntura atual, é simultaneamente inacreditável e compreensível que vejamos produtos como o queijo alarmados nos supermercados. Ainda assim, apesar dos aumentos de preço, verifica-se alguma resiliência no consumo de leite e derivados, resiliência essa que promete continuar a ser testada em 2023. Nos Estados Unidos, a procura por bens lácteos tem-se mantido estável mesmo com os aumentos de preço, enquanto na Europa já se começaram a ver alguns semáforos amarelos no final do ano passado, apontandose já um enfraquecimento na procura de queijo. Isto poderá fazer com que a produção excedente de leite seja canalizada preferencialmente para outros produtos de valor acrescentado, como o leite em pó e a manteiga. Tendo em conta os preços competitivos do leite em pó Europeu, bem como alguns relatos de possíveis stocks baixos na China, acredita-se que a Europa
tem nas suas mãos todas as ferramentas para recuperar a quota de mercado do leite em pó que perdeu para mercados como os Estados Unidos, Bielorrússia, Índia e Turquia. Relativamente à exportação de manteiga, os números europeus também poderão melhorar, com um aumento de procura por parte de países como a Turquia e Egito.
As previsões do Rabobank apontam para que, no início deste ano, os primeiros passos se deem sobre uma corda de equilibrista, mas ainda assim com números positivos. Para o primeiro semestre do ano, dados preliminares apontam
para um crescimento global da produção leiteira de cerca de 1%, com bastante heterogeneidade entre regiões (Gráfico).
No primeiro quadrimestre do ano, outros importadores poderão ter uma entrada segura nos mercados lácteos, prevendo-se que a China, tendo digerido os stocks do final de 2022, volte a entrar a sério na corrida mais perto do final do primeiro semestre. Isto caso exista algum alívio das medidas de contenção e confinamento devido à COVID-19. Outros mercados estão a chamar a atenção dos exportadores, como a Arábia Saudita,
Filipinas e Indonésia, que detém atualmente o título de país com maior taxa de crescimento do setor leiteiro.
Ao longo deste ano, a palavra-chave que ditará tendências é só uma: resiliência. Resiliência dos produtores face aos custos de produção, resiliência dos consumidores face ao aumento dos preços e resiliência (e abertura) dos mercados importadores de peso, como a China.
Nós, resilientes como sempre, cá estaremos para vos trazer as últimas novidades.
Votos de um bom ano.
OBSERVATÓRIO DAS MATÉRIAS-PRIMAS
PARA QUE QUEREMOS OS DINHEIROS DA PAC!
Obviamente que… a cavalo dado não se olha o dente, mas será que o provérbio faz sempre sentido? Já sabemos que os políticos gostam de cobrar impostos e distribuir o recebido através de programas (políticas) que vão mudando através das modas, ao sabor dos votos/popularidade. Pelo caminho, engordam o aparelho do Estado com estruturas, para poderem desenhar os programas, abrir candidaturas, avaliar candidaturas, dar ok às candidaturas aceites, cobrar taxas, aceitar e voltar a dar o ok a candidaturas já autorizadas por outros organismos do Estado que também já tinham cobrado uma taxa, fiscalizar a execução das candidaturas e cobrar mais uma taxa, emitir
um relatório final e cobrar mais uma taxa e submeter o relatório final para outro departamento que, finalmente, o envia para o IFAP para que o subsídio seja pago. Não pensem que já terminámos… no final, o agricultor tem ainda que pagar um IRS/IRC pelo subsídio atribuído. Devo ter-me esquecido de algum passo, mas os leitores já ficaram com uma ideia.
Paralelamente, e como os serviços do Estado não gostam de trabalhar diretamente com o povo agricultor, usam como intermediários as suas megas associações, seja a CAP, a Confagri ou a Ajap para processar todos estes projetos que, por sua vez, utilizam uma rede de gabinetes de projeto/ cooperativas para ajudar os agricultores a fazerem as candidaturas e a submeterem
a informação/documentação necessária. Estas entidades, por sua vez, também cobram pelos serviços prestados, como não podia deixar de ser. Pelo atrás descrito, já vimos que tanto o Estado, como as associações, que deviam representar os agricultores desinteressadamente, têm interesse em manter esta subsídio-dependência através da PAC.
Em termos de valor acrescentado nacional, é verdade que há uma parte desses subsídios que deixa riqueza no país, em particular quando o projeto é para a compra/obra com produtos produzidos em Portugal, sempre e quando o investimento tem pés e cabeça. Usando o exemplo de um subsídio a fundo perdido no valor de 50% do total investido,
temos que considerar que o Iva está incluído, podendo ser de 23%, 13% ou 6%; que em grande parte dos casos o material é importado (do norte da Europa), donde os 50% do subsídio (em números redondos) são para pagar ao fabricante do norte da Europa (que com os seus impostos é o grande financiador dos cofres da UE) que assim já está a ganhar. Donde, a parte que não tem subsídio é para pagar o Iva ao Estado, o IRS/IRC devido pelo subsídio e a margem do comerciante que vendeu o equipamento ao agricultor. Este é um exemplo, mas outros podiam ser dados. Creio, no entanto que deveria ser colocada a seguinte pergunta:
- Não haverá outra maneira mais eficiente para desenvolver o meio rural, sem ter que alimentar uma massa
enorme de gente no aparelho do Estado (que no ministério da Agricultura está muito envelhecida, quase na reforma, ao ter ingressado ao serviço com a entrada de Portugal na UE 85/86). Estas pessoas absorvem uma percentagem relevante do dinheiro disponível, enquanto criam entropia e frustração ao agricultor, em particular quando são anunciados mundos e fundos de dinheiro disponível, mas depois não há dotação financeira para o grosso das candidaturas. Deixo aqui uma série de propostas alternativas, para que os mesmos milhões da PAC sejam gastos/investidos de forma mais eficiente e eficaz:
i) um IRC/IRS reduzido para as empresas agrícolas, o que fomentaria que as empresas fossem rentáveis
ii) a TSU reduzida para o trabalhador agrícola, embarateceria o custo do trabalho e com isso criaria emprego e fixaria as pessoas no interior. Assim, os nossos políticos em vez de distribuírem dinheiro que não é deles, estariam focados em regular competitivamente a atividade agrícola nas vertentes ambiental e de saúde publica. E, claro, os serviços do Ministério da Agricultura estariam a licenciar, a aconselhar e a inspecionar as boas práticas e o cumprimento da lei.
iii) adicionalmente, para melhorar a disponibilidade de mão de obra, no interior, adaptar-se-ia a legislação atual ao trabalho agrícola,
Para que queremos os dinheiros da PAC! OBSERVATÓRIO DAS MATÉRIAS-PRIMAS
em particular para os picos de trabalho, leia-se período de colheitas, mas não só. Assim os beneficiários de RSI, subsídio de desemprego, ou com salários abaixo da média nacional, poderiam trabalhar no campo por um período de 30 dias (ie.) no ano, sem perder os benefícios sociais a que têm direito, e sem pagar mais IRS. O trabalhador não pagaria segurança social, nem teria que declarar esse dinheiro em sede de IRS, recebendo o Estado as contribuições para a Segurança Social por parte da entidade empregadora. Estaríamos, assim, a melhorar a situação de milhares de famílias com baixos rendimentos e a fomentar o trabalho legal. Ficam, assim, algumas ideias para os leitores que se dediquem à política refletirem.
PROTEÍNAS
A colheita dos EUA não defraudou as expectativas, e foi apenas ligeiramente inferior à de 2021, fixando-se em 118 milhões de toneladas. Para a colheita que agora começa no Brasil, as condições estão muito favoráveis, devendo rondar as 150-145 milhões de toneladas. Longe vai o tempo em que o Brasil produzia 10% da colheita dos States (anos 80). No sul do Brasil e na Argentina, as condições meteorológicas não estão a ser boas para as colheitas de primavera, porque o tempo está muito seco. Por isso, a produção do Brasil, embora recorde, não atingirá
o potencial de 152 milhões de ton. previsto pela USDA, em dezembro). O problema vem principalmente da Argentina que, tradicionalmente, produzia cerca de 50 milhões e agora, de acordo com algumas fontes algumas fontes, deverá ficar pelos 35 milhões de ton.. São as consequências da La Nina!
A nível mundial, estamos perante uma colheita muito boa. No entanto, tendo em vista a recuperação da procura, em particular da China, que volta a importar aos níveis pré-peste suína (2019), esta colheita não chegará para uma recuperação significativa dos stocks mundiais, sendo de esperar que o grão de soja continue entre os 14-15$/ Bushel. Dito isto, o preço da farinha de soja em Lisboa continua firme, até abril está sobre os 570€, para o segundo semestre sobre os 510€ (na altura da redação deste texto, com o Euro/Dollar a 1,06). Num mercado de óleos vegetais, que tem vindo a corrigir em baixa desde abril do ano passado, dos elevados preços assistidos com o início da guerra na Ucrânia, e também da forte procura nos States para biocombustíveis, as extratoras de soja americanas, para terem margem para trabalhar, têm que puxar para cima os prémios e os futuros de Chicago, para assim a farinha contribuir acrescidamente. Temos que acrescentar que a Argentina, que é o país que tem maior capacidade
de exportação de farinha, sofre da retenção crónica dos agricultores que vendem muito a “conta gotas” os seus stocks de grão, mais agora com o prognóstico de uma colheita reduzida. Vemos, assim, os prémios na Argentina também muito firmes. Adicionalmente, o governo argentino, necessitado de divisas, voltou a lançar, em dezembro, uma janela do cambio melhor que a oficial, para a soja. O mesmo teve fraca adesão dos agricultores, que já sentem que esta não será a última vez que o governo vai avançar com este tipo de programas, pelo que esperam pela próxima iniciativa que, forçosamente, virá dentro de um par de meses. Este vício só irá agravar o ainda lento ritmo de venda dos agricultores argentinos, não havendo, assim, grande expectativa de haver pressão de colheita neste país.
Em relação à procura, e para aqueles compradores que estão sempre à espera de um sinal que lhes dê razão que os preços vão descer, fica a informação: apesar das notícias sobre o Covid na China, que está a ter um efeito terrível junto da população, os sinais são que a atividade económica está a recuperar e as pessoas estão a voltar à sua vida normal, após o fim dos confinamentos obrigatórios massivos. Acrescido a isto, a margem de produção nos suínos está muito boa, pelo que se prevê que o nível de importação de
grão se mantenha ou aumente em relação aos 98 milhões de toneladas que hoje o USDA está a assumir.
Não se esperam grandes novidades em relação ao preço da farinha de colza, que está em Lisboa sobre os 390€ , nem em relação à farinha de girassol que está sobre os 310€. No entanto, esta última tem algum potencial de descer, atendendo à boa colheita de girassol no Mar Negro.
CEREAIS
Felizmente, o engenho humano, em particular o ucraniano, conseguiu ultrapassar as condicionantes da invasão russa. Por terra e por mar, voltaram a exportar um valor perto do que exportavam antes do início da guerra. Por mar, num circuito que antes não se usava e que
agora se tem mostrado seguro, tem sido o de carregar barcaças em pequenos portos perto da fronteira com a Roménia, que fazem uma pequena viagem até Constança e, daí, são carregados para navios. Outro ponto, que ajuda nesta recuperação dos volumes, coincide com a utilização maioritaria de navios de 50 mil toneladas, em vez de 30 mil, porque o processamento da documentação, no Bósforo, de um navio grande ou pequeno (acordo UNO/Ucrânia/Rússia) demora o mesmo tempo.
Este volume de exportação desde o mar Negro, é mais um fator que contribui para hoje termos um preço do milho, em Lisboa, sobre os 310€, em linha com o que estava antes da guerra ter começado, (ajustado ao cambio, que hoje está a 1,06, quando em fevereiro estava a 1,12).
Pelo lado menos bom, temos novamente a La Nina, que está a condicionar a recuperação dos stocks finais, com uma colheita que se espera pequena na Argentina e com uma Safra ainda com potencial de redução no Brasil. Pelo lado positivo, temos a acrescentar uma certa abundância de cevada e trigo forrageiro, que está a permitir uma maior entrada na formulação das rações. E a disponibilidade de milho do Canadá que, de momento, para o 2º trimestre se está a mostrar competitivo. Fazendo votos para que as exportações do Mar Negro continuem, levam-nos a pensar em preços sobre os valores atuais se mantenham ao longo de 2023.
CONCLUSÃO
Infelizmente para os que tiveram que deixar a atividade,
a subida do leite e da carne chegou tarde; felizmente para os que ficaram, que conseguem agora recuperar a conta de resultados. Não havia outro caminho, o de a oferta reduzir-se para se ajustar à procura existente. Assim, para a pecuária em 2023, tudo indica que será um ano melhor do que foi 2022, mas não nos podemos distrair, e estar a fazer contas a preços de matériasprimas substancialmente mais baixos que os atuais. Donde o foco, mais uma vez, em 2023, deve centrar-se na redução dos custos variáveis e fixos, a única forma de fazer frente ao aumento de encargos, particularmente de mão de obra, financeiros e energia.
Termino com um abraço solidário ao povo ucraniano.
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A caminho de supervacas?
PROGRAMAS DE REPRODUÇÃO COM TRANSPLANTE DE EMBRIÕES
NOVOS MÉTODOS PARA TRIAGEM DE POTENCIAIS MÃES RECETORAS
A CAMINHO DE SUPERVACAS?
INVESTIGADORES DA TECHNICAL UNIVERSITY OF DENMARK USAM INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL, BIOINFORMÁTICA E SEQUENCIAMENTO DE GENES PARA APRIMORAR PROGRAMAS DE REPRODUÇÃO COM TRANSPLANTE DE EMBRIÕES PARA VACAS. A SUA PESQUISA PODE RESULTAR EM VACAS MAIS SAUDÁVEIS E FORTES EM TODO O MUNDO.
Investigadores da Technical University of Denmark (DTU) usam a inteligência artificial, a bioinformática e o sequenciamento de genes para melhorar os programas de reprodução com transplante de embriões para vacas. A sua pesquisa pode resultar em vacas mais saudáveis e fortes em todo o mundo.
A criação de vacas por transplante de óvulos fertilizados (transplante de embriões) permite combinar as características genéticas de um determinado touro e de uma determinada vaca numa mãe recetora. Isso facilita o alcance do resultado desejado, que quando se trata de gado, normalmente se traduz num crescimento mais rápido, melhor saúde dos bezerros e maior produção de leite das vacas.
Ao mesmo tempo, melhores métodos de criopreservação de embriões (por exemplo, congelamento rápido e melhor controle de temperatura) tornam possível a recolha do DNA desejado para os futuros membros do efetivo, em qualquer lugar do mundo - e sem ter que transportar animais vivos. Por outras palavras, o transplante de embriões possibilita que todos possam ter descendentes dos melhores animais reprodutores.
Por essa razão, o transplante de embriões é popular - também em outras áreas, por ex. na criação de cavalos. No entanto, é uma forma relativamente cara de criação e, portanto, a taxa de sucesso é crucial para a prevalência do método. Especialmente nos países
em desenvolvimento, onde o transplante de embriões pode ter um grande impacto na segurança alimentar, no bem-estar e na luta contra a pobreza – no entanto, os agricultores dos países em desenvolvimento muitas vezes não podem arcar com muitas tentativas falhadas de engravidar em mães recetoras.
Portanto, é importante selecionar as vacas certas para a função de mães recetoras. Até agora, a seleção baseou-se principalmente numa observação geral das características fenotípicas e, possivelmente também, num exame ginecológico tradicional — um método associado a alguma incerteza. Os autores do artigo, a postdoc Maria Belen Rabaglino e o Professor Haja Kadarmideen, identificaram agora um método que tem o potencial de remover a incerteza e mudar as práticas de reprodução globalmente.
Uma série de fatores, incluindo as hormonas, influenciam a facilidade de engravidar; isso ocorre, entre outros motivos, porque afetam a maneira como as células do corpo funcionam. Isto aplica-se, nomeadamente, no revestimento do útero que interage diretamente com o óvulo fertilizado. A "atividade" das células na mucosa é, portanto, diferente nos animais onde há grandes chance de gravidez e naqueles onde não há, mas o modo como essa atividade varia exatamente, e que variações indicam o quê, não estava claro no início do projeto. Maria Belen Rabaglino e Haja Kadarmideen decidiram investigar essa questão na expetativa de usar
os resultados para desenvolver um método novo e mais seguro para identificar as melhores mães recetoras.
Inicialmente, os investigaores queriam identificar as variações celulares no útero que eram importantes para a obtenção da gravidez por transplante de óvulos e, portanto, começaram a procurar padrões nos perfis de expressão genética (as células têm os mesmos genes, mas, dependendo da sua atividade, expressam-no de maneira diferente e isso pode ser lido nesses perfis).
“Usámos integração avançada de dados e bioinformática para preparar grandes quantidades de dados (de expressão genética) de 52 vacas para machine learning (ML), uma disciplina em inteligência artificial, particularmente adequada para encontrar padrões em dados complexos. Em seguida, usámos dois tipos de algoritmos de ML e validámos os resultados para identificar padrões nos perfis de expressão genética em membranas mucosas que, com pelo menos 90% de precisão, resultaram em transplantes bemsucedidos”, disse Maria Belen Rabaglino.
Desta forma, um padrão emergiu do “cérebro artificial” do projeto: em conexão com quase todas as gestações bem-sucedidas, os algoritmos foram capazes de encontrar os mesmos 50 perfis de expressão genética na mucosa da mãe recetora. A presença precisamente desses biomarcadores, como costumam ser chamados os identificadores biológicos, ocorreu, de facto, em
96,1% dos casos. Isso significa que ao testar perfis específicos de expressão genética, pode-se atingir uma margem de erro nos programas de melhoramento de menos de 5%.
Por outras palavras, os investigadores conseguiram criar uma imagem "simples" de uma realidade muito complexa, usando 50 biomarcadores e, entre outras razões porque a mucosa uterina é facilmente acessível, oferece uma alternativa facilmente mensurável às avaliações usadas atualmente - que, na sua maioria, dependem da experiência e intuição do veterinário. Haja Kadarmideen explica:
“O nosso estudo pode promover muito o desenvolvimento de novos métodos para triagem de potenciais mães recetoras, o que permitirá selecionar as 'candidatas' certas com muito mais precisão do que hoje. Por exemplo, usando um 'chip de recetividade' baseado nesses 50 biomarcadores. Com isto poder-se-ia, potencialmente, economizar vários milhões de dólares aos produtores de gado, facilitando a seleção de animais particularmente adequados para fertilização por transplante de embriões”.
Embora as vacas e os humanos sejam muito diferentes, os autores acreditam que os 50 biomarcadores identificados no projeto (na forma de perfis de expressão genética) poderão no futuro ser "traduzidos" e aplicados em humanos, onde se poderão tornar uma ferramenta valiosa em inseminação artificial.
SAMSON|PICHON OPTI-SENSOR GANHA MEDALHA DE OURO NO SIMA 2022
OPTI-SENSOR É O PRIMEIRO SENSOR NIR QUE MEDE O NÍVEL DE MATÉRIA SECA E OS VALORES NPK EM FERTILIZANTES
OOpti-Sensor, premiado com uma Medalha de Ouro nos Prémios à Inovação SIMA 2022, é o primeiro sensor NIR que mede o nível de matéria seca e os valores NPK em fertilizantes orgânicos sólidos (esterco, composto, etc.) em tempo real Recorde-se que na Agritechnica 2019, a SAMSON tinha sido premiada pelo seu sensor NPK para reboques de chorume.
O Opti-Sensor, integrado no painel lateral do espalhador de estrume, utiliza a espetroscopia do infravermelho próximo, um método com eficácia comprovada na agricultura, especialmente no que respeita aos sensores NIR utilizados nos chorumes, e recolhe as amostras periodicamente.
Os resultados são comparados com a base de dados da EPSOLYS* e ajudam a determinar o índice de matéria seca e de azoto amoniacal, assim como de carbono, fosfato e potássio no estrume sólido.
O ecrã na cabina mostra a medição em tempo real.
O estrume é muito heterogéneo, pelo que até agora não era possível garantir um espalhamento uniforme. Uma análise quantitativa dos nutrientes permitirá, em última instância, controlar o espalhamento de um dos componentes da forma desejada.
Através do Opti-Sensor, o operador poderá aproveitar todo o potencial dos
fertilizantes orgânicos e desta forma evitará o excesso ou defeito de dosagem, graças a uma aplicação controlada por hectare. Com esta inovação reduz-se o custo dos fertilizantes minerais e o impacto ambiental derivado das operações de espalhamento.
*EPSOLYS é o projeto multidisciplinar de colaboração dirigido pelo Samson Group, INRAE (o Instituto Nacional de Investigação para a Agricultura, Alimentação e Ambiente francês) e o grupo Photon Lines, para desenvolver um sistema integrado de espetroscopia para quantificar os nutrientes do estrume. O INRAE ajudou a criar la base de dados a partir de 500 produtos orgânicos recolhidos de diferentes explorações pecuárias, o Photon Lines desenvolveu o sensor e Samson Group determinou as limitações de funcionamento e instalou o sensor na máquina www.samson-agro.com
A New Holland e a empresa Bennamann desenvolveram uma solução para produzir e usar biometano comprimido (CNG). O combustível, produzido a partir do metano emitido pelas lagoas de chorume, pode assim ser utilizado no trator agrícola New Holland T6 Methane Power.
www.newholland.com
JURACCESSOIRE
UNO: UM SOPRADOR DE PALHA ESTREITO PARA CUBÍCULOS
O soprador de palha Uno da Juraccessory destaca-se pela sua largura total, inferior a 1,25 m, e o seu peso de 480 kg. As suas características permitem-lhe operar em baias estreitas e em cubículos. O Uno é aoplado a um carregador frontal ou na frente de um carregador telescópico. Foi projetado para receber meiosfardos quadrados na lateral. Dois trituradores, localizados na parte inferior do corpo, alimentam um soprador capaz de lançar a palha a uma distância máxima de 9 m. Segundo o fabricante, este equipamento requer uma potência de 30 cv e necessita de uma única conexão de dupla ação e de retorno livre. www.juraccessoire.com
GEA
DAIRYFEED F4500: O ROBOT
QUE ALIMENTA ATÉ 300 VACAS
GEA APRESENTOU PELA PRIMEIRA VEZ NO EUROTIER 2022, O SEU ROBOT DE ALIMENTAÇÃO DAIRYFEED F4500.
Com uma cuba de mistura de semfim único com capacidade de 2,2 m3, o robot de alimentação
DairyFeed F4500 pode alimentar até 300 vacas por dia. A ração é distribuída do lado esquerdo ou direito através de uma escotilha e um tapete de distribuição de borracha.
Até 18 horas de autonomia diária
O DairyFeed F4500 assenta no solo sobre quatro rodas: duas delas são movidas por um motor elétrico, enquanto as outras duas são dedicadas à direção. A bateria que alimenta todas as funções do robot oferece uma autonomia diária de 18 horas, de acordo com
a empresa alemã. Após cada distribuição, o robot retorna à sua estação de carregamento.
Um ambiente digitalizado por sensores para viagens seguras
O robot DairyFeed F4500 é capaz de reproduzir uma rota previamente definida e deslocarse, em terreno de betão e com total autonomia, ao “centro de alimentação” para receber os ingredientes e depois distribuir o alimento pela manjedoura. Sensores colocados em ambos os lados do dispositivo verificam e analisam constantemente quaisquer obstáculos para evitar qualquer colisão. O DairyFeed F4500 pode lidar com inclinações de até 10%.
Monitorização em tempo real
O robô de alimentação DairyFeed F4500 está diretamente conectado ao sistema de gestão de efetivos GEA DairyNet. Isto permite controlar em tempo real, a partir de um dispositivo móvel, o seu funcionamento ou eventuais alertas. Além disso, a aplicação recolhe dados sobre a qualidade dos ingredientes e sua mistura, graças a sensores de análise espectral colocados diretamente no tanque do robot. No futuro, a GEA instalará um sensor no dispositivo capaz de medir a ração restante na mangedoura. www.gea.com
KUHN 4 UNIFEEDS SPW POWER DISPONÍVEIS DE 18 A 22M3
A Kuhn apresentou, nas últimas exposições internacionais, a sua gama de unifeeds SPW na versão Power, disponível com quatro capacidades: 18, 19, 21 e 22 m³ com dois sem-fins verticais e uma altura total não superior a 3 metros. Segundo o fabricante, estas máquinas destinam--se especialmente a explorações de 90 a 165 vacas leiteiras alimentadas numa única passagem. O motor é Stage V, de 4 cilindros, com 167 hp e velocidade máxima de 25 km/h. A tração nas duas rodas e a direção nas quatro rodas são standard no SPW, com um raio de viragem de 7,5 m. A bomba hidráulica fornece 120 cv de potência à fresa. O seu motor possui regulação eletrónica patenteada da descida de acordo com a densidade dos produtos a serem descarregados. A tensão do tapete transportador é regulada automaticamente. A distribuição é feita por esteira retrátil a uma altura máxima de 70 cm. www.kuhn.com
BEEGUARD BEELIVE, O CONTADOR DE ABELHAS
O sensor BeeLive da startup BeeGuard usa a análise de vídeo de inteligência artificial para contar abelhas. Mede o fluxo de abelhas das colmeias de controlo para fornecer indicadores-chave, como monitorização contínua da mortalidade diária, horas e esforço de forrageamento. www.beeguard.net
VÄDERSTAD
PROCEED GANHOU UM DUPLO PRÉMIO NO SIMA 2022
O SEMEADOR DE PRECISÃO PROCEED
PODE SER ADAPTADO PARA A SEMENTEIRA DE CEREAIS, MILHO, COLZA E GIRASSOL, ENTRE OUTRAS.
OVäderstad Proceed conquistou pelo segundo ano consecutivo o prémio Farm Machine, anteriormente conhecido como “Máquina do ano”, na categoria Sementeira. O Proceed também ganhou uma medalha de prata por inovação na exposição SIMA em Paris, França.
O Proceed representa um salto tecnológico para a agricultura de precisão, podendo colocar uma ampla gama de sementes à profundidade perfeita, com precisão milimétrica, permitindo melhorias significativas nos níveis de rendimento, necessidade de preparação do solo, tratamento químico e uso de fertilizantes.
O semeador de precisão Proceed pode ser adaptado para a sementeira de cereais, milho, colza e girassol, entre outras.
A nova máquina tem espaçamentos de linha customizáveis, dependendo do tipo de cultura, começando em 225 mm ou 250 mm para cereais. Esses espaçamentos, juntamente com a troca do disco de sementeira, podem ser alterados para 450 mm ou 500 mm
para beterraba e colza, ou 750 mm para culturas como milho e girassol.
Cada unidade de linha pode ser controlada a partir do sistema E-Control instalado num iPad na cabina, que agrupa várias funções, como o desligamento linha-alinha, calibração individual e monitorização de precisão. Isto permite, de acordo com os fabricantes, colocar as sementes no solo com uma precisão milimétrica.
Testes realizados pelo fabricante mostraram que num campo de trigo de inverno que foi semeado a uma taxa de 150 sementes/m², houve um aumento significativo de 102% na biomassa vegetal, 72% a mais em biomassa radicular e 62% mais de rebrotes por planta, comparativamente com outros semeadores convencionais.
A Väderstad também afirma que outros testes de campo mostraram que o Proceed pode reduzir pela metade a quantidade de semente de trigo de inverno, sem causar impacto nos níveis de rendimento.
www.vaderstad.com
BIORET AGRI DELTA-X-FERTI 'SOLUCE MULTI CROP VALVE
Delta-X é um separador de efluentes das explorações leiteiras. Acoplado ao Ferti'Soluce, permite valorizar a urina como bioestimulante e a matéria sólida como biocomposto. Trata-se, portanto, da “fabricação de fertilizantes na exploração”. A primeira instalação colocada em serviço permitiu medir os benefícios concretos do conceito original: evacuar separadamente os efluentes líquidos (urina) e sólidos (estrume) das explorações leiteiras para evitar a formação de chorume. As dejeções são recolhidas e armazenadas separadamente e não se voltam a misturar. www.agri.bioret-corp.com
KUHN PROFILE 2.M COM CUBAS DE 16 A 25 M3
Cinco modelos de unifeeds verticais Profile 2.M completam a linha Kuhn com cubas de 16 a 25 m3 de capacidade. Estas máquinas estão posicionadas entre o Profile 2.S com cuba estreita (12 a 20 m3) e o Profile 2.L com cuba grande (18 a 34 m3). Aproveitando um chassis integrado, estes unifeeds acomodam um sistema de pesagem de 5 dígitos. A escotilha de descarga de 1,10 m de largura facilita a distribuição das misturas. www.kuhn.com
HUSTLER DISTRIBUI ATÉ 6
FARDOS REDONDOS
O reboque distribuidor do fabricante neozelandês Hustler distribui até 6 fardos redondos de cada vez. Também pode transportar produtos a granel, como silagem ou batatas. A caixa dispõe de um primeiro tapete, longitudinal com correntes e barras, para transportar o produto para a frente; e de um segundo, transversal, permitindo a distribuição lateral. Está disponível com 11 ou 15 m3 em dois eixos e 21 m3 em três eixos. www.hustlerequipment.com
JOHN DEERE POUPAR FERTILIZANTE COM O EXACTSHOT
O ExactShot, apresentado pela John Deere durante o CES 2023, em janeiro, permite que os agricultores reduzam a quantidade de fertilizante starter necessária durante a sementeira em mais de 60%. A tecnologia usa sensores e robótica para colocar o fertilizante starter precisamente nas sementes, à medida que estas são plantadas no solo, em vez de aplicar um fluxo contínuo de fertilizante em toda a linha de sementeira. www.deere.com
EMILY DISTRIBUIÇÃO SEM PARAGENS COM A SOPRADORA DE PALHA VORTEX
Vortex, o soprador de palha rebocado da Emily, foi premiado três vezes. A empresa foi distinguida com dois prémios no SPACE 2022 e com a Menção Especial Medalha de Ouro “Saúde e Segurança no Trabalho” nos SIMA Innovation Awards. Com um alcance de distribuição de até 24 m, o espalhador de palha Vortex aceita todos os tipos de forragem em fardos redondos e retangulares. Trata-se de uma máquina semimontada com capacidade de 4,1 m3, que se distingue e pelo seu sistema patenteado Ijinius. Este sistema controla automaticamente a velocidade da correia e o engate/desengate do triturador, de forma a evitar paragens mecânicas e encravamentos. O dispositivo usa sensores de velocidade que medem as taxas de deslizamento e as quebras de velocidade do desenredador e/ou da turbina. Em caso de esforço significativo no desenredador, o sistema computorizado gere automaticamente a redução da velocidade da esteira inferior ou a sua paragem. A solução Ijinius permite, assim, preservar os componentes mecânicos. Transporta até dois fardos redondos de 1,80 m de diâmetro ou um fardo cúbico e requer um trator de, no mínimo, 60 cv, com capacidade hidráulica mínima de 45 l/min. www.emily.fr
COPEEKS SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO DE PASTAGENS PEEK’TURE
Osistema de monitorização conectada para pastagens e lotes de animais, permite a observação em tempo real de áreas localizadas a vários quilómetros da exploração. Através dos dados recolhidos a partir da análise de inteligência artificial das imagens, é possível monitorizar, em tempo real, as áreas ocupadas pelos animais, fazer o acompanhamento das temperaturas sentidas e medir o consumo de água nos bebedouros.
Fácil de instalar e usar, a solução Peek'ture é energeticamente autónoma e oferece uma visão ampla do espaço disponível para os animais.
A ferramenta facilita a monitorização de pastagens rotativas dinâmicas, ou pastagens remotas de montanha.
Todos os dados recolhidos (solo, ar, consumo de água) podem ser usados para criar painéis de controlo avançados e aprovisionar dados úteis para a monitorização do rebanho.
A solução permite uma análise, por zona, da presença dos animais durante o dia.
A cada hora, fotos e sequências de vídeos são capturadas e analisadas, para identificar a atividade do animal e as fases de repouso. www.copeeks.fr
MASCHIO CULTIVADOR ROTATIVO SC PRO-BIO
No Lamma Show, a Maschio apresentou o cultivador rotativo SC Pro-Bio, indicado para a incorporação de culturas de cobertura, com o objetivo de melhorar a matéria orgânica do solo.
O gerente de produto, Dominic Burt, comentou: “Sentimos que é o momento certo para apresentar o SC Pro-Bio, que foi projetado para decompor e incorporar resíduos de culturas, culturas de cobertura e adubos verdes. Detritos de plantas são cobertos e misturados com solo fino nos primeiros centímetros, acelerando muito a decomposição e a transformação de resíduos em material semelhante a composto. Adicionar uma gadanheira condicionadora Maschio à operação pode melhorar ainda mais o mulching e a decomposição da matéria orgânica, principalmente em coberturas espessas."
Adequado para tratores entre 110hp e 170hp, o SC Pro-Bio é equipado com 6 lâminas tipo ‘L’ por flange e pode ser ajustado em 540 rpm ou 1000 rpm com uma velocidade do rotor de até 300 rpm.
Para garantir a mesma profundidade em toda a largura de trabalho, de 2,8 m ou 3,1 m, o SC Pro-Bio possui quatro rodas de profundidade, para garantir ótima estabilidade e uniformidade. Trabalhando em profundidades de 3 cm a 6 cm, o SC Pro-Bio pode trabalhar a velocidades de até 10 km/h.
Para auxiliar o arejamento, os ajustadores do capot podem ser ajustados hidraulicamente a partir do assento do trator, para permitir o controlo perfeito da mistura do solo. www.maschio.com
NEW HOLLAND T7.300 É O NOVO MODELO DA GAMA T7
ANew Holland apresentou oficialmente ao público no SIMA de Paris, em novembro passado, um novo modelo da sua gama T7 com distância entre eixos grande, que fornece mais potência e a melhor relação potência/ peso da classe, mantendo simultaneamente as dimensões e a manobrabilidade dos restantes modelos. O novo T7.300 equipa com um motor NEF 6 da FPT Industrial, com 280 CV de potência máxima para trabalhos de tração e 300 CV para tarefas de TDF e transporte. O novo turbo com geometria variável regulado eletronicamente assegura um elevado binário e eficiência de combustível a baixas RPM. O trator cumpre as normas de emissões Stage V com um sistema de pós-tratamento e-SCR. O novo modelo apresenta uma versão melhorada da transmissão Auto Command da New Holland. Tem capacidades de eixo aumentadas e um maior peso bruto. Integra também as melhores inovações de agricultura inteligente da New Holland: o PLM Intelligence e o monitor IntelliView 12, e o apoio de braço SideWinder Ultra totalmente regulável. A gestão de acessórios do trator é facilmente acionável, assegurando a comunicação de, e para, o acessório. Também apresenta inovações inteligentes premiadas na automatização de acessórios de tratores, que proporcionarão benefícios tangíveis para os clientes: o controlo integrado de enfardadeiras de fardos quadrados grandes que otimiza a interação entre o trator e a enfardadeira, prevendo que a compressão das culturas resulte numa redução de 15% no movimento da cabina, uma velocidade de TDF mais consistente, e uma redução de 12% no consumo de combustível através do ciclo de enfardamento. www.newholland.com
NEW HOLLAND T5S E T5 UTILITY POWERSHUTTLE
Tanto o T5S como o T5 Utility Powershuttle são tratores extremamente versáteis com uma distância entre eixos de 2350 mm e um peso de aproximadamente 4 toneladas, oferecendo um elevado desempenho e funcionalidades fáceis de utilizar. Estes modelos melhoram ainda mais a gama T5 de 80–140 CV, para incluir o T5 Utility DualCommand, T5 ElectroCommand, T5 DynamicCommand e T5 AutoCommand.
As novas subgamas têm em comum as motorizações, juntamente com ATS e sistemas hidráulicos, mas diferem nas dimensões globais, peso, eixos e oferta de pneus, e apresentam uma diferença significativa na cabina.
O T5S está equipado com uma transmissão 12×12 ou, opcionalmente, com uma transmissão mecânica ou powershuttle com super-redutor 20×20. Por outro lado, o T5 Utility Powershuttle atualizado está equipado com uma transmissão Powershuttle.
Os 2 novos modelos diferem no tipo de eixo dianteiro, peso bruto do veículo (PBV) e tamanho máximo dos pneus traseiros, que tornam a nova oferta ideal para alcançar diferentes clientes: os que procuram um trator versátil mais leve poderiam centrarse mais no T5S, enquanto os que procuram um trator utilitário maior e mais pesado poderiam apreciar o T5 Utility Powershuttle atualizado.
Ambos os tratores podem ser encomendados com carregador frontal, TDF dianteira e hidráulico dianteiro.
A capacidade máxima de elevação no caso do T5S é de 4,4 toneladas, e até mesmo de 5 toneladas no caso T5 Utility Powershuttle. www.newholland.com
NEW HOLLAND NOVIDADES EM ENFARDADEIRAS
Com a introdução da nova BigBaler 1270 Plus Density, a New Holland aumenta a sua gama BigBaler Plus para cinco modelos. Com uma secção de 120×70 cm, que complementa a BigBaler 1270 Plus já existente, a nova enfardadeira apresenta componentes renovados e melhorados para produzir fardos com densidade até 10% superior em comparação com a BigBaler 1270 Plus. O novo modelo está disponível nas versões Packer e CropCutter, com um comprimento de corte curto de 39 mm. O fabricante está também a melhorar os seus restantes modelos Big Baler Plus, para adotar um estilo semelhante ao da enfardadeira BigBaler 1290 High Density de referência e da nova Big Baler 1270 Plus Density. Na oferta de enfardadeiras de fardos redondos de câmara variável, surge agora a nova série Pro-Belt. Foi desenvolvida para fiabilidade e durabilidade, com uma caixa de velocidades dividida para alta eficiência mecânica e robustez e possui um design simplificado com menos componentes e peças móveis mais fortes. O rotor de 520 mm de diâmetro para trabalhos pesados, em combinação com o Active Drop Floor, fornece feedback constante ao operador, permitindo-lhe maximizar a produtividade, com um alto rendimento e alimentação contínua. Apresenta um desempenho igualmente bom em silagem e palha seca, produzindo consistentemente fardos firmes de alta densidade e perfeitamente formados para fácil manuseamento e empilhamento. Apresenta uma capacidade de até 30 toneladas por hora e 140 kg/m3 em palha. www.newholland.com
PRODUÇÃO | BOVINOS DE LEITE
CONHEÇA A RENTABILIDADE DA SUA EXPLORAÇÃO LEITEIRA COM O "MMM"
TODOS OS TRIMESTRES, A EQUIPA TÉCNICA DA DE HEUS EFETUA ANÁLISES MMM
EM MAIS DE 50 EXPLORAÇÕES. O CONJUNTO DE INDICADORES CALCULADO É POSTERIORMENTE DISCUTIDO COM O RESPONSÁVEL DA EXPLORAÇÃO AQUANDO DA ENTREGA DO RELATÓRIO FINAL PRODUZIDO PELA FERRAMENTA MMM.
Amonitorização regular de indicadores técnicos e financeiros é uma prática fundamental para a sustentabilidade económica das explorações leiteiras. O Milk Margin Monitor (MMM) da De Heus é uma ferramenta de análise técnico-económica que permite calcular, entre outros indicadores, a receita por animal em lactação que é libertada para a exploração após descontados os custos alimentares. Esta Margem do Leite ou, na terminologia anglosaxónica, o Income Over Feed Cost é um dos indicadores de gestão de explorações leiteiras
mais utilizados a nível global. Todos os trimestres, a equipa técnica da De Heus efetua análises MMM em mais de 50 explorações. O conjunto de indicadores calculado é posteriormente discutido com o responsável da exploração aquando da entrega do relatório final produzido pela ferramenta. Além da informação individual da exploração, esta recebe ainda uma avaliação de benchmark onde, de forma anónima, pode verificar o seu posicionamento não apenas em termos da Margem do Leite, mas também de cada um dos principais custos da exploração, relativamente às restantes
explorações que participaram no MMM, dentro de uma realidade similar.
O foco da ferramenta é quantificar o potencial que a exploração pode atingir em margem e eficiência, e quais as áreas a melhorar para o conseguir. É a partir da Margem do Leite que é possível planear o pagamento de todas as despesas da atividade, tais como os funcionários, a energia elétrica, os medicamentos, o sémen, e os alimentos para as vitelas, novilhas e vacas secas e ainda gerar a remuneração para o produtor. A ferramenta MMM permite assim olhar para a rentabilidade da exploração como um todo, através da
otimização da Margem do Leite, e não focar apenas na redução de custo da dieta.
Com o objetivo de valorizar as boas práticas na produção leiteira e a sua sustentabilidade económica, a De Heus premiou as explorações que apresentaram os melhores resultados MMM durante o ano de 2022. As três explorações que atingiram os melhores resultados no MMM de 2022 foram, na Área Norte, e por ordem alfabética, as seguintes: Resende & Filhos, Lda, Sociedade Agrícola Estrela do Alto Minho e Vitor Manuel Carreira Araújo. Os nossos parabéns às 3 explorações pelos resultados obtidos.
GEA DAiryrobot r9500, EDição 2021
Maior rentabilidade para a sua exploração
A nova geração dos nossos sistemas de ordenha robotizada possibilitam um maior número de ordenhas, maior produção de leite por dia e uma redução dos custos operacionais.
GAMA T5 DYNAMIC COMMAND™
PREPARE-SE PARA UMA EFICIÊNCIA COM VISÃO INIGUALÁVEL.
APRECIE A MAIOR VERSATILIDADE, MAIOR CONFORTO E PRODUTIVIDADE COM O MENOR CONSUMO DE COMBUSTÍVEL.
• Transmissão Dynamic Command 24x24 com 8 velocidades, para uma eficiência imbatível
• O melhor da sua classe: painel de tejadilho de excelente visibilidade para domínio total do carregador
• Apoia-braços SideWinder™ II para uma condução intuitiva e precisão de operação
• Potente motor NEF de 4,5 litros e 140 CV, Stage V
T5. A EXPERIÊNCIA DE CONDUZIR UM AZUL .
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