Ruminantes18

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A REVISTA DA AGROPECUÁRIA Ano 5 - Nº 18 - 5,00€ julho | agosto | setembro 2015 (trimestral) Diretor: Nuno Marques www.revista-ruminantes.com

PALHAs DE CEREAIS Quais as diferenças?

SILAGEM DE ERVA Como interpretar um boletim de análise

Foto: LUÍSA SOARES

AWIN Balanço de quatro anos de trabalho



EDITORIAL

edição nº18 julho | agosto | setembro 2015

1º Concurso Nacional de Forragens Primeiro balanço No momento em que sai esta edição, podemos fazer já um primeiro balanço sobre o 1º Concurso Nacional de Forragens: temos 57 inscritos de todas as zonas do País, e uma boa participação dos produtores açorianos. Do que nos fomos apercebendo, parece-nos que caso o tempo tivesse estado bom para as silagens de erva, o numero de participantes a concorrer seria superior. Com efeito, vários produtores não se chegaram a inscrever porque a qualidade das silagens não lhes permitia pensar em ganhar. Ainda assim, para um primeiro evento deste género consideramos esta adesão muito boa e aproveitamos para agradecer a todos os organismos que nos ajudaram na sua promoção. Durante o mês de julho, o júri irá avaliar todas as amostras recebidas. As cinco primeiras classificadas serão depois analisadas de novo, pelo método químico (mais rigoroso) e determinada a sua digestibilidade in vitro. Pretende-se que a amostra vencedora tenha passado pelo número máximo de “crivos” ao nosso alcance. A divulgação dos vencedores terá lugar no Espaço Agros, no dia 4 de setembro, durante a realização da AgroSemana, simultaneamente com uma palestra onde será apresentado o “Estudo dos resultados das análises das amostras entregues a concurso” e dois painéis com os temas: “A valorização nutricional e económica das silagens de erva ao serviço da rentabilidade da produção de leite” e “Como produzir e armazenar silagem de erva”, com a participação de técnicos e produtores do continente e ilhas.”

Diretor

Nuno Marques | nm@revista-ruminantes.com Colaboraram nesta edição Ana Vieira; André Preto; António Cannas; António Moitinho; Beatriz Brito; Bruno Carneiro; Carla Azevedo; Carlos Martinho; Carlos Vouzela; Carolina Maia; Caroline Canuto; Dalila Moreira; Duarte Massa; Fernando Fernandes; Francisco Marques; George Stilwell; Gonçalo Martins; João Santos; Jorge Azevedo; Jorge Lima; José Caiado; Luísa Soares; Lurdes Perfeito; Paulo Brito; Pedro Castelo; Pedro Torres; Rui Alves; Teresa Moreira; Tiago Salvado; Vanda Santos.

Publicidade e assinaturas Nuno Marques | comercial@revista-ruminantes.com

REDAÇÃO

Inês Ajuda e Maria Luísa Ferrão.

Design e PrÉ-impressão Sílvia Patrão | prepress@revista-ruminantes.com

Impressão

Jorge Fernandes, Lda Rua Quinta Conde de Mascarenhas, Nº9, Vale Fetal 2825-259 Charneca da Caparica Tel. 212 548 320

Escritórios

Rua Alexandre Herculano, nº 21, 5º Dto 2780-051 Oeiras Telm. 917 284 954 | geral@revista-ruminantes.com

Nesta edição publicamos o último artigo do Animal Welfare Indicators (AWIN). Este projeto europeu foi, em Portugal, realizado pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Técnica de Lisboa, com a responsabilidade da área de estudo do bem-estar de pequenos ruminantes, principalmente de cabras leiteiras em regime intensivo. Esta colaboração iniciou-se na edição número 3 da Revista Ruminantes, em outubro de 2011, e termina com este número, com o fim do projeto AWIN. Foram 16 artigos com grande aplicação prática, relacionados com a identificação de sinais que permitem a produtores e técnicos reconhecer, de forma rápida e prática, problemas de bem-estar a nível das explorações, assim como artigos sobre doenças e práticas de rotina, como a peeira, laminite, mastites, artrites, descorna, e suas abordagens. Agradeço aos colaboradores habituais destes artigos, Ana Vieira, George Stilwell e Inês Ajuda.

Propriedade / Editor

Num período difícil para os produtores e empresas do setor do leite, em que o preço do leite está abaixo dos mínimos desejáveis, e assim parece querer permanecer por mais alguns meses, é muito importante que não deixemos de fazer bem as coisas, pois o preço do leite irá voltar a estar interessante e não devemos tomar hoje decisões em desespero de causa que possam vir a ter impactos negativos importantes no futuro.

Alguns autores nesta edição ainda não adotaram o novo acordo ortográfico.

Aghorizons, Lda / Nuno Marques Contribuinte nº 510 759 955 Sede: Rua Alexandre Herculano, nº 21, 5º Dto 2780-051 Oeiras Tiragem: 6.000 exemplares Periodicidade: Trimestral Registo nº: 126038 Depósito legal nº: 325298/11

O editor não assume a responsabilidade por conceitos emitidos em artigos assinados, anúncios e imagens, sendo os mesmos da total responsabilidade dos seus autores e das empresas que autorizam a sua publicação. Reprodução proibida sem autorização da Aghorizons, Lda.

Bom verão! Nuno Marques

www.revista-ruminantes.com www.facebook.com/revistaruminantes

ruminantes JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 3



Índice Alimentação 12 Nutrição e alimentação de ovelhas leiteiras 44 A precisão na nutrição | Carlos Martinho

ATUALIDADES 14 Escola Saprogal para produtores de leite 34 Dia Dekalb - produzir mais, de forma segura e sustentável 36 A lacuna proteica 46 Dia de campo Procross

ECONOMIA 38 Observatório de matérias primas 40 Observatório do leite

16

42 Índice VL e Índice VL – erva

equipamento

INTERPRETAÇÃO DE UM BOLETIM DE ANÁLISE a uma silagem de erva Hoje é absolutamente necessário e decisivo conhecer e aproveitar todo o valor nutricional contido nas forragens disponíveis numa exploração pecuária.

66 Exploração Madre de Água | Lurdes Perfeito e Jorge Lima 66 Novidades de produto

forragens 18 Protaplus, mais leite a partir da produção de forragem 32 61.322 litros de leite por hectare | Fernando Fernandes

produção 08 Um novo estábulo e muita ambição | Jorge Carneiro Azevedo 22 Gestiovinos, o centro de engorda de borregos | Paulo e Beatriz Brito

reprodução 56 Maximização da inseminação artificial a tempo fixo em vacas leiteiras

26

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PALHAs DE CEREAIS, QUAIS AS DIFERENÇAS?

AWIN - Quatro anos a estudar e divulgar

Saiba qual é a palha mais rica do ponto de vista nutritivo.

A temática do bem-estar e doenças de cabras leiteiras.

HIGIENE 20 Actisan’R - A nova solução para a higiene das explorações pecuária

SAÚDE E BEM-ESTAR ANIMAL 50 Refresque os seus animais neste verão 52 Resistência antimicrobiana em medicina veterinária – soluções 58 Retorno económico da vacina Hipra | Carla Azevedo e Duarte Massa

boletim de assinatura 1 ano, 4 exemplares

dados pessoais

Portugal: 20,00 €

Nome.............................................................................................................................................................................................

Europa: 60,00 €

Morada..........................................................................................................................................................................................

Pagamento • Por transferência bancária: NIB: 0032 0111 0020 0552 3997 7 Enviar comprovativo para o email geral@revista-ruminantes.com • Por cheque: À ordem de Aghorizons, Lda.

............................................................................................................................................................................................................. CP............................................................................Localidade.............................................................................................. Email.............................................................................................................................................................................................. Tel............................................................................NIF................................................................................................................. Morada para envio: Revista Ruminantes - Rua Alexandre Herculano, nº 21, 5º Dto, 2780-051 Oeiras. ruminantes JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 5


atualidades

Apresentado conceito “The Vital 90™ Days” nas XVII Jornadas da APB, 5 e 6 de junho de 2015 em Tomar Nos passados dias 5 e 6 de junho, realizaram-se em Tomar, no Hotel dos Templários, as XVII Jornadas da APB – Associação Portuguesa de Buiatria, que contaram com a presença da Elanco enquanto patrocinador do evento. Esta foi a oportunidade escolhida pela Elanco para a apresentação oficial do conceito “The Vital 90™ Days” (ou Os 90 Dias Vitais) aos MédicosVeterinários do setor da buiatria em Portugal. Desta forma, mais de 150

profissionais ficaram a conhecer em primeira mão o inovador conceito lançado pela Elanco que abrange o período de 90 dias à volta do parto (desde da secagem, aproximadamente 60 dias pré-parto até ao final do primeiro mês pós-parto) em que a vaca passa por muitas mudanças e dos quais dependerá bastante a sua permanência na exploração e o sucesso da lactação. Em muitas explorações é feito um grande investimento em termos de tempo e dinheiro

Chineses produzem carne de vaca rica em ómega 3 Uma investigação levada a cabo pelo College of Animal Science and Technology en Northwest A&F University, situado na cidade chinesa de Yangling, descobriu como produzir carne de vaca rica em um dos ácidos gordos, o Ómega 3. Os investigadores chineses foram capazes de alterar geneticamente bovinos, através da introdução de um gene de um verme, o fat1, que codifica a enzima envolvida na conversão dos ácidos gordos, ómega 6 em ómega 3, introduzindo-lhes um perfil de gordura característico de alguns peixes, como o salmão e o atum. Sabe-se que uma dieta rica em ácidos gordos como o ómega 3, ajuda a prevenir a obesidade e as doenças do foro cardiovascular. Vamos aguardar para ver se a descoberta é transferida para o mundo empresarial.

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durante estes 90 dias. O Veterinário, o nutricionista e o produtor põem em prática inúmeras estratégias para a vaca superar com êxito os desafios que enfrenta durante estes dias, e concentram muito do seu trabalho durante este período, com um foco cada vez mais preventivo. Isto acontece porque está em jogo a contribuição da vaca para a rentabilidade da exploração. Este conceito indica os principais obstáculos que a vaca enfrenta no prazo de 90 dias à volta do parto (especialmente relacionados com o Balanço Energético Negativo e a Imunossupressão) e analisa as áreas de intervenção em que trabalhamos nas explorações para garantir que a vaca atinja o seu potencial produtivo (Maneio, Nutrição, Monitorização, Vacinação e controlo de Mastites). A equipa da Elanco apresentou algumas ferramentas que brevemente estarão disponíveis para os veterinários e que os ajudarão a dar forma a estas ambições. Estas ferramentas facilitarão a consultoria na exploração e ajudarão os veterinários a interpretar os

resultados, priorizar e fazer recomendações baseadas na análise de riscos e nos dados recolhidos. Uma delas é o Keto-Track, que estará acessível através da internet e também a partir de uma aplicação móvel, que permite trabalhar offline e que facilita a monitorização da cetose e o uso da Healthy Start Check List para identificar fatores de risco e melhorar o maneio durante a transição. Inserido no lançamento do conceito dos “The Vital 90™ Days”, a Elanco apoiou ainda a apresentação de dois posters científicos referentes a estudos realizados na área do Balanço Energético Negativo da vaca leiteira (“Ultrassonografia como metodologia de Avaliação de Condição Corporal” e outro sobre o efeito de um produto para prevenção de cetose) da coautoria do Dr. João Caroço e do Dr. Ricardo Pais.

Para mais informações Sobre as soluções que a Elanco oferece para a indústria leiteira, por favor contacte a Vanessa Sousa ou Tiago Salvado. Siga-nos no Twitter @Elanco ou em www.elanco.pt

Amazon.com cria marca de produtos alimentares A multinacional americana de comércio eletrónico, Amazon. com, vai expandir o seu negócio ao sector alimentar através da criação de uma marca própria que inclui produtos como leite, cereais, alimentos para bebés e produtos de limpeza. A estratégia passa por encontrar um modelo de comércio de retalho, onde produtos de marca própria e produtos provenientes de empresas privadas coexistem lado a lado, tal como nos grandes expositores dos supermercados. Entre 2004 e 2014 a empresa aumentou as vendas dos produtos de marca no setor alimentar. Tendo analisado o sucesso deste nicho de negócio, a multinacional avança agora com a criação da sua própria marca, a “Elements”, que reúne cerca de quinze produtos de mercearia como café, sopa, massas, água, vitaminas, comida para cães, lâminas de barbear e outros produtos de limpeza domésticos. Fraldas e toalhitas também constam do portfólio da marca.


atualidades

Índice de preços de alimentos da FAO é o mais baixo desde 2009 A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) anunciou que o índice de preços dos alimentos base, com destaque para os cereais, voltou a descer novamente no mês de maio atingindo o valor mais baixo dos últimos seis anos. O índice de preços dos alimentos da FAO é um índice ponderado, baseado no preço de comercialização dos cinco principais alimentos base no mercado internacional: cereais, carne, produtos lácteos, óleos vegetais e açúcar. Segundo a organização, maio foi um bom mês no que toca à produção mundial de trigo em África e nos Estados Unidos da América. Também os cereais secundários e o arroz viram as suas colheitas inflacionadas na China e no México.

Estima-se que a produção de arroz aumentará 1,3%, em relação ao ano anterior, graças ao aumento da produção na Ásia. Note que, em maio, o índice de preços dos cereais caiu 3,8%, enquanto os produtos lácteos tiveram uma descida de 2,9% e a carne de 1%. Verificou-se que o valor do açúcar subiu 2%, devido aos atrasos no processamento do produto no Brasil e que os óleos vegetais registaram um aumento de 2,6% no índice de preços, devido ao fenómeno do El Niño que se prevê que possa afetar a produção no sudeste asiático. Segundo as últimas previsões, estima-se que a produção mundial de cereais em 2015 rondará 2.524 milhões de toneladas, 1% abaixo do valor verificado no ano passado.

Comissão Europeia apresenta normas que prejudicam a viabilidade económica do pastoreio Reduzir o metano e propor um regime mais flexível para as emissões de azoto. Esta é a proposta da Comissão Europeia, contestada pela Comissão de Agricultura do Parlamento Europeu, que alega que esta nova proposta acarreta uma maior carga burocrática, regulando questões já regulamentadas. Além do mais, a Comissão de Agricultura chama a atenção para o esforço feito por parte dos criadores de gado, que já estão a tomar medidas nas suas explorações no sentido de reduzirem a emissão destes gases para a atmosfera. Ir além do que já está regulamentado, pode prejudicar seriamente a viabilidade económica do pastoreio.

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produção

Um novo estábulo e muita ambição Entrevista a Joaquim Jorge Carneiro Azevedo. por ruminantes

Jorge Azevedo, gestor da Aromas da Planície – Agricultura, Lda. (Fradelos, Vila Nova de Famalicão), contactou desde muito cedo com o negócio de produção animal, começando no seu avô e passando pelo seu pai que o iniciou no negócio das vacas de leite. Fruto de uma promoção de bemestar animal e boas condições de trabalho, a exploração tem vindo a crescer com a inauguração de um novo estábulo em junho passado, e com o aumento do efetivo para 100 vacas em produção.

8 JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 Ruminantes

Em que partes do negócio decidiu investir recentemente? Jorge Azevedo – O investimento total está muito próximo dos quinhentos mil euros, foi realizado com um projeto PRODER. Consta de um estábulo completamente novo e um silo para ração. O estábulo tem 143 camas, 4 boxes de alimentação e uma sala de ordenha de 20 pontos. O objetivo é otimizar ao máximo a produção, reduzir a quantidade de mão de obra e passar a ter e analisar uma grande quantidade de informação que antes

não tinha acesso, como seja a deteção de cios através do podometro, ajuste automático da quantidade diária de ração por animal, registo dos medicamentos utilizados, ligação ao SNIRB, entre outros. Porque decidiu fazer este investimento? Porque ainda sou muito novo e preciso de trabalhar mais 30 anos. Tem sido um negócio bastante rentável, gosto muito daquilo que faço e acredito que terá futuro se fizer as coisas bem feitas.



produção

Grande parte do custo de produção do leite é alimentação. Quem é o nutricionista da exploração e como gere o trabalho conjunto? Trabalho com o Eng.º Rui Alves da Sorgal. O acordo estabelecido com ele é que me ajude a rentabilizar ao máximo o potencial produtivo dos animais. Faz visitas periódicas para observação dos animais, recolha dos dados produtivos (quantidade e qualidade de leite), e quando necessário recolha de amostras para análise das forragens e da mistura do Unifeed. Fazemos também a análise do custo de alimentação por litro de leite e a comparação com os objetivos estabelecidos.

IMAGEM 1 Box de alimentação automática.

Como cruza a informação entre o arraçoamento no papel e na realidade? Monitorizo as sobras diárias, a produção de leite e o estado de saúde das vacas. Se estiverem a produzir de acordo com o esperado, as sobras forem poucas ou nenhumas, e os animais apresentarem um bom estado de saúde, depreendo que estão a ingerir os nutrientes previstos e necessários. Que indicadores utiliza para gerir a exploração? Todos os dias verifico a produção média diária por vaca e olho sempre para a manjedoura para saber se estão a comer bem. Mensalmente vejo a conta bancária e comparo com os meses anteriores.

Qual o plano alimentar utilizado? Utilizo uma alimentação base igual para todas as vacas (35 kg silagem de milho + 5 kg mistura de matérias primas + 1,5 kg palha), e suplemento individualmente cada vaca, por exemplo, uma vaca com produção diária de 31 litros de leite come mais de 5 kg. Entre junho e setembro também utilizo silagem de erva nas vacas em produção.

Faz benchmark com outras explorações? Não comparo com nenhuma vacaria em concreto. No entanto vou sabendo o que fazem as outras explorações e comparo com a minha situação, principalmente na quantidade e qualidade de forragens, na produção de leite e na quantidade de concentrado/litro de leite.

Porque investiu nas boxes de alimentação automática para suplementar com concentrado? Este sistema permite otimizar (vaca a vaca) o sistema alimentar com grande precisão, dando aos animais apenas os nutrientes previamente estabelecidos e que eles precisam. Permite também dar mais quantidade de ração mais vezes ao dia, aumentando a produção de leite e podendo inclusive melhorar o teor de gordura no leite. Também me permite não ter os animais separados por lotes de produção, facilitando-me bastante o maneio.

Tem objetivos anuais? Sim, claro. Com o novo estábulo quero chegar aos 100 animais em produção ainda este ano, e num futuro próximo aos 120. Com este novo estábulo, em que todas as vacas vão ter mais espaço, maior conforto, melhor ambiente e bem-estar, e em que a alimentação é personalizada e muito

tabela 1 Arraçoamento. Alimento

Preço (€/ton)

Preço (€/kg)

Qt/vaca/dia (kg)

Custo/vaca/dia (€)

SILAGEM DE MILHO

45

0,05

35,00

1,575

PALHA

90

0,09

1,50

0,135

328,6

0,33

4,50

1,4787

355

0,36

5,00

1,775

-

-

46

4,9637

SOJAMILK E24 MIX Total

Custo Alimentar/litro de leite (€): 0,160119

10 JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 Ruminantes

dados da exploração Produtor: Aromas da Planície Nº de vacas em produção: 85 Nº de vacas secas: 15 Recria: 70 Produção média vaca dia: 30 litros Hectares: 22 (milho e erva para silagem) Nº trabalhadores: 4

mais precisa, espero atingir de uma forma consistente a produção diária por vaca de 35 litros. Pretendo também subir a qualidade de leite, melhorando os atuais valores de 3,69% de teor gordura, 3,2% de proteína, 212000 ufc/ml na contagem de células somáticas e 262 miligramas de ureia. Em termos reprodutivos também terei que melhorar alguns parâmetros, tal como o número de inseminações por vaca prenha. Estes objetivos são estabelecidos com o nutricionista e com o veterinário assistente, e ao possuir uma melhor base de dados poderei melhorar a análise dos mesmos e definir ainda melhor os objetivos para a exploração. Se as suas vacas falassem, o que diriam elas de si? Espero que elas digam que sou um grande amigo.


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Alimentação

Nutrição e alimentação de ovelhas leiteiras A produção de leite nos pequenos ruminantes apresenta um desafio maior a nível nutricional comparativamente à produção de carne ou lã, podendo uma malnutrição reduzir não só a quantidade de leite produzida, como a duração da lactação. por Inês Ajuda

aumento não linear do requerimento energético, que se torna menor quanto maior for o peso do animal. Outro processo a ter em conta é a velocidade da ingesta no trato gastrointestinal (TGI). Devido a uma maior capacidade do TGI nas vacas, nutrientes que demoram mais tempo a ser digeridos (ou seja, exigem mais tempo no rúmen), como a celulose, a hemicelulose, o amido ou a proteína insolúvel, serão em teoria mais eficazmente digeridos.

É importante desmistificar a ideia que a formulação de um plano alimentar de uma ovelha de leite é semelhante ao de uma vaca leiteira. É certo que muitos dos conceitos para vacas leiteiras se aplicam, contudo o planeamento alimentar não pode ser concebido sob a premissa que uma ovelha de leite é apenas uma vaca dez vezes menor. Há naturalmente especificações relativas à sua espécie, se não mesmo raça, que têm de ser tomadas em consideração. Foi com base nestas premissas que o professor Antonello Cannas da Universidade de Sassari em

Itália, deu uma interessante apresentação sobre nutrição de ovelhas leiteiras na conferência organizada pela IDF, no Chipre, no passado mês de maio.

pilares da alimentação de ovelhas leiteiras A Ruminantes gostaria de destacar para o leitor, alguns dos pilares da alimentação de ovelhas leiteiras, discutidos durante a apresentação.

12 JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 Ruminantes

pilar 2 pilar 1 Proporção de tamanho do animal e necessidades nutricionais A proporção de nutrientes requeridos aumenta com a diminuição do tamanho do animal. Ou seja, apesar de a ovelha ser em média 10 a 14 vezes mais pequena do que a vaca, o seu consumo alimentar pode facilmente atingir 4 a 6 % do seu peso, enquanto numa vaca de alta produção raramente ultrapassa os 4%. Este fenómeno deve-se a um

Comportamento alimentar As ovelhas têm capacidade de selecionar o alimento de uma forma mais criteriosa, devido à menor dimensão da sua boca e à maior agilidade e amplitude de movimentos da língua e dos lábios. Estas características permitem-lhes eleger o tipo de alimento que mais lhes apraz e que possui uma maior digestibilidade – como caules jovens e folhas – acabando por compensar em alguma medida a maior velocidade da ingesta através do TGI.


Alimentação

pilar 3 Anatomia As ovelhas não só têm uma menor força mandibular, como também possuem orifícios de passagem no TGI (cárdia, piloro, etc.) de menor dimensão. A combinação destes dois fatores leva a que, comparativamente, um ovino demore 9 a 16 vezes mais tempo para comer e ruminar um quilo de matéria seca do que um bovino. Esta característica pode parecer uma desvantagem, mas permite aos ovinos retirar muito mais de uma dieta altamente energética do que os bovinos, não só pelo número de ruminações, mas também pela capacidade de ruminar mais finamente uma dieta à base de grão. Este comportamento foi claramente demonstrado

Stress térmico Performances

quando vacas Holstein e ovelhas da raça Sarda (produção de leite) foram alimentadas com a mesma Total Mixed Ration em péletes (tabela 1). As ovelhas necessitaram de mais de uma hora para ruminar um quilograma de matéria seca, mantendo uma boa produção. As vacas, no entanto, ruminando muito menos, não só baixaram na produção como também produziram leite com menos gordura, demostrando igualmente sinais de acidose. No final da apresentação, o Professor Cannas realçou que é necessária mais investigação quanto às especificidades nutricionais e alimentares não só deste pequeno ruminante, como também das cabras leiteiras, sendo assim possível maximizar a sua produção.

tabela 1 Atividade de consumo e mastigação de vacas Holstein e ovelhas da raça Sarda apenas alimentadas com a mesma Total Mixed Ration em péletes (Rossi, 1994). Variáveis medidas

Vacas leiteiras

Ovelhas leiteiras

8.4

1.2

110.7

56.0

19.4

78.5

130.1

134.5

Eficácia alimentar (min/kg de MS)

13.1

46.3

Eficácia ruminal (min/kg de MS)

2.3

64.9

Eficácia total da mastigação (min/kg de MS)

15.4

111.2

Consumo péletes (kg de matéria seca (MS)/dia) Tempo passado a comer (min/dia) Tempo passado a ruminar (min/dia) Tempo total a mastigar (min/dia)

Rossi G., Serra A., Pulina G., Cannas A., Brandano P., 1991 - L’utilizzazione di un alimento unico pellettato (Unipellet) nell’alimentazione delle pecore da latte. I. influenza della grassatura e del livello proteico sulla produzione quanti- qualitativa di latte in pecore di razza sarda. Zoot. Nutr. Anim. 17: 23-34.

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ruminantes JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 13


Atualidades

ESCOLA SAPROGAL PARA PRODUTORES DE LEITE

Módulo da iniciação à podologia e indicadores de bem-estar animal Foi no passado mês de junho, no concelho de Barcelos, que a Saprogal começou a implementar um projeto que tinha na gaveta - a Escola Saprogal para Produtores de Leite. “Com o atual preço do leite, os produtores de leite e as empresas que vivem deste setor estão a passar por um período bastante difícil, mas é nestas circunstâncias que se vê quem está em condições de cá ficar a produzir leite” diz João Lobo, diretor da empresa. “Um dos objetivos destes eventos é promover o debate e a troca de ideias entre todos, para se perceber onde se podem reduzir custos ou otimizar os resultados das explorações neste momento delicado que atravessamos, de forma a tornar os nossos clientes mais fortes e mais adaptados ao mercado para poderem sobreviver a este período difícil”, disse João Lobo. A Escola Saprogal para Produtores de Leite é formada por cinco módulos, teóricos e práticos, que serão repetidos em vários concelhos do país, como explicou Pedro Torres, diretor comercial norte da Saprogal. O objetivo, disse, “é criar a possibilidade de aumentar o

leque de conhecimentos dos produtores e também a partilha de informação, de forma a poderem melhorar os resultados das suas empresas. Os cinco módulos serão realizados em ano e meio, e sem custos para os produtores. Na opinião deste responsável, “os produtores têm cada vez mais que olhar para a realidade tal como ela é, e isso obriga a ter que decidir entre abandonar o negócio ou analisar e tomar medidas, de forma a melhorar os resultados. Pedro Torres referiu que na primeira edição estiveram presentes 35 clientes e 15 potenciais clientes, a quem se destina a escola. A equipa de formadores é composta por elementos da equipa técnica da Saprogal, e também por formadores convidados em função da área de cada módulo. Os alunos do primeiro módulo serão convidados a estar presentes nos outros módulos, mas também existem lugares para novos produtores.

14 JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 Ruminantes

imagem 1 Alunos e formadores da Escola Saprogal.

“Um dos objetivos destes eventos é promover o debate, a troca de ideias entre todos, para se perceber onde se podem reduzir custos ou otimizar os resultados das explorações .” O diretor comercial norte da Saprogal apresentou um estudo realizado para demonstrar a importância dos fatores não relacionados com a alimentação (reprodução, genética, meio ambiente e maneio) na produção de leite. Nesse estudo, realizado em 47 explorações que apenas tinham em comum a alimentação, a produção média de leite foi de 29,3 kg/vaca/dia, mas o intervalo de produção situou-se 20.6 e 33,8 kg por dia, ou seja, um intervalo de 13,2 kg por vaca. A importância da podologia, nomeadamente os assuntos relacionados com o tratamento, a


Atualidades

higiene e os produtos para a produção animal, foi abordada por Joaquim Teixeira, da empresa Vaca de Socas. Nomeadamente, no que se refere às medidas a tomar ao nível do conforto dos animais, das instalações, da higiene, da alimentação, da nutrição e do maneio, da correção funcional periódica das úngulas e da utilização dos pedilúvios. Tiago Ramos, assistente técnico de ruminantes da Saprogal, abordou o tema “Conceitos técnicos de podologia em bovinos”, referindo que as lesões dos cascos são responsáveis por cerca de 90% das claudicações em vacas leiteiras. José Alves, também da equipa técnica de ruminantes da Saprogal abordou a legislação existente sobre bemestar animal (BEA). Este tema foi desenvolvido por Joaquim Cerqueira, Professor da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, que referiu na sua apresentação que o BEA é uma importante ferramenta para servir de indicador para a qualidade das

instalações. Um dado apresentado por este orador e que, no mínimo, fez refletir a plateia, foi a demonstração por “números” de que, ao contrário de outras espécies, todo o investimento realizado (muito dele obrigatório) em BEA em vacas leiteiras, se traduz em aumento de produtividade, o que nem sempre é verdade para outras produções zootécnicas. Este dado deve servir de incentivo para a melhoria do bem-estar animal das nossas explorações”. Do estudo apresentado, concluiu que algumas explorações no norte de Portugal não revelaram dimensionamento adequado (segundo as normas de BEA), que a recolha de algumas medidas corporais em vacas leiteiras permite planificar as instalações e equipamentos de acordo com o fenótipo dos animais em cada exploração, que pisos com tapete em borracha começam a ser uma opção a considerar nas modernas explorações, que manjedouras e bebedouros dimensionados permitem aumentar a ingestão de matéria seca,

e consequentemente a produção de leite, e por fim que a claudicação afeta gravemente a saúde, o BEA e a produção das vacas leiteiras. Após um almoço de confraternização, e já na parte da tarde, convidados e oradores dirigiram-se a uma vacaria onde de forma prática foram novamente abordados os temas apresentados de manhã em sala fechada. Durante este período os formandos puderam “interagir” com os formadores e tiveram a possibilidade de verificar “in situ” os conceitos de podologia e BEA adquiridos durante a primeira parte desta formação. No final, em virtude do excelente feedback dado pelos produtores ao projeto “Escola Saprogal para Produtores de Leite” a equipa Saprogal ficou com a perceção de que os objetivos a que se propôs com esta iniciativa foram claramente atingidos, o que seguramente aumenta a motivação da Saprogal para dar continuidade ao projeto, de acordo com a estratégia inicialmente definida.

ruminantes JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 15


Forragens

Interpretação de um Boletim de Análise a uma Silagem de Erva As análises laboratoriais são hoje absolutamente necessárias e decisivas para conhecer e aproveitar todo o valor nutricional contido nas forragens disponíveis numa exploração pecuária. Por “valor nutricional” entende-se o conjunto de nutrientes que, através do metabolismo, o animal aproveita e transforma para produzir leite e carne. POR José Caiado, DVM

Apenas um rigoroso conhecimento da valia nutricional de todos os alimentos contidos na dieta permite a sua melhor otimização técnica e económica, algo que neste preciso momento é indispensável à sustentabilidade e à viabilidade económica do negócio do leite. Se as matérias-primas e os alimentos compostos têm um valor nutricional facilmente controlável e até expectável, já o mesmo não acontece com as forragens; apenas a regular informação laboratorial nos pode ajudar a utilizá-las da melhor forma. Neste aspeto, um grande desafio se coloca aos laboratórios independentes de análises de forragens em Portugal. Precisamos de laboratórios que forneçam um serviço de análise rápido, fiável, preciso e com a informação nutricional tão completa quanto necessária a um total conhecimento das forragens mais utilizadas nas explorações do nosso país. Os produtores e os técnicos especialistas em nutrição necessitam de uma autêntica “TAC” às forragens para que cada um cumpra profissionalmente a sua parte. Os nutricionistas necessitam de informação rigorosa para fazerem planos de alimentação baseados em arraçoamentos corretos e competitivos. Os produtores pecuários precisam de conhecer bem o significado da informação contida num

boletim de análise, para que tenham uma correta noção do valor das forragens por si produzidas, das eventuais limitações de qualidade existentes, para estabelecer objetivos de melhoria futura da sua produção forrageira e, também, poderem melhor negociar a compra e venda de forragens com base no seu real valor económico. Adiante vamos rever ou esclarecer o significado da terminologia utilizada pelos laboratórios nacionais para indicar os resultados analíticos encontrados nas amostras de silagens de erva submetidas ao 1º Concurso Nacional de Forragens e que ao mesmo tempo constituem o conjunto de análises mais correntemente realizadas. Para cada resultado analítico indicaremos um Valor Alvo (VA) orientativo para as silagens de erva compostas maioritariamente por gramíneas.

HUMIDADE É a percentagem de água contida numa amostra de forragem

MATÉRIA-SECA (MS) A MS é igual a 100% - % de humidade contida na amostra. Por MS entende-se tudo aquilo que a amostra contém depois de excluir a água. Na prática inclui a proteína, a fibra, a gordura, os minerais, a energia, etc. Para satisfazer as suas necessidades nutricionais, um animal terá que ingerir uma maior quantidade de alimento se este possuir uma menor quantidade de MS, ou

16 JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 Ruminantes

seja, se este for mais húmido do que ingeriria se o alimento fosse mais seco. Conhecer com rigor e ao longo do tempo a MS de uma silagem de erva é o mais básico de toda informação necessária sobre os seus nutrientes. VA=30-50%

BASE “TAL QUAL” Refere-se à informação nutricional do alimento em percentagem de alimento no estado natural, incluindo a água. É geralmente utilizada na descrição da composição nutricional de uma matéria-prima ou de um alimento composto granulado em que o teor em água é relativamente baixo e pouco variável, mas não de uma forragem em que o teor em água pode variar muito.

BASE MATÉRIA-SECA Refere-se à mesma informação mas agora contida apenas na parte seca do alimento, após a retirada da água. Os vários parâmetros analíticos são usualmente expressos em MS, uma vez que é esta que contém todos os nutrientes necessários à sua manutenção, crescimento, reprodução e produção de leite e carne.

PROTEÍNA BRUTA (PB) A proteína bruta é calculada a partir do azoto (N) orgânico do alimento, determinado em laboratório. Em geral, assumese que em média as proteínas têm 16% de N, pelo que o teor em proteína Bruta (PB) é calculado multiplicando o teor em N pelo fator de conversão de 6,25 (1/16 = 6,25). Assim,

a fração PB compreende proteína verdadeira (a que é composta por aminoácidos) e o azoto não proteico (NNP) (por exemplo, a ureia e o amoníaco). Os ruminantes, graças à população microbiana do retículo-rúmen, são capazes de utilizar o NNP sintetizando a chamada “proteína microbiana” (e verdadeira) que depois é absorvida no intestino, assimilada para o crescimento e indispensável à produção do leite. VA=16-21%

FIBRA BRUTA (FB) É o método histórico usado na determinação da “fibra”. Contudo, a sua determinação não assegura a recuperação de toda a hemicelulose e lenhina existente nas forragens, pelo que não é hoje o método de eleição adequado para avaliar o teor em constituintes da parede celular das forragens. No entanto, ainda é usado na medição legal da fibra nos cereais e alimento compostos (etiquetas). Para a determinação da fibra nas forragens usam-se hoje dois parâmetros sempre presentes nos boletins de análise, a saber: a Fibra Detergente Neutro (vulgarmente designada pela abreviação da sua expressão inglesa como NDF), e a Fibra Detergente Ácido (idem como ADF).

NDF A Fibra do Detergente Neutro compreende os constituintes da parede celular vegetal (excluindo as pectinas), maioritariamente a hemicelulose, a celulose e a lenhina. São eles que dão a rigidez à planta para se manter erguida, e está para esta como


Forragens

o esqueleto para os animais. A NDF constitui a parte fibrosa e de volume da silagem de erva, e aliada ao tamanho de partícula tem uma influência decisiva na ingestão desta (geralmente quanto maior o seu valor e estrutura, menor a capacidade de ingestão do animal). Um teor em NDF elevado é um sério fator limitante à alta produção de leite e por isso pretende-se que na silagem de erva nunca exceda os 50% e se aproxime o mais possível dos 40% da MS. VA= 42-50%.

ADF A sigla ADF significa Fibra do Detergente Ácido e corresponde aos constituintes da parede celular com exceção da hemicelulose. A digestibilidade da celulose varia em função do teor de lenhina. Quanto maior for o teor em lenhina da forragem menor é a sua digestibilidade geral bem como a energia disponibilizada ao animal. VA = 24-29%

Gordura Bruta (GB) Engloba todos os constituintes solúveis em solvente orgânico (usualmente éter de petróleo). Assim, como o nome indica (Gordura Bruta), não compreende apenas compostos lipídicos, sendo que nas forragens pode ser sobrestimada pela presença de pigmentos. VA= 3-5%.

Cinzas Totais (CT) Expressam o conteúdo inorgânico total da forragem. A amostra é pesada e incinerada em mufla até ficar apenas o resíduo inorgânico. Este parâmetro não serve a formulação mineral, mas dá outras indicações importantes. Por exemplo, cinzas elevadas podem significar muita “terra” na silagem de erva recolhida no campo. Para além de implicar uma diminuição da sua energia, aumenta os riscos de contaminação por esporos dos chamados “clostrídios”, uma família de bactérias muito presente nos solos e que acarreta dois perigos: a

produção de ácido butírico que retira palatabilidade à silagem e e o risco de morte dos animais por enterotoxémia, risco que existe mesmo em animais vacinados. VA= 9-12%.

Digestibilidade Verdadeira In Vitro da MS Determinada incubando o alimento seco e moído com inóculo de rúmen (recolhido de animais fistulados no rúmen) e meio nutritivo tamponizado para manutenção do pH e para fornecer nutrientes aos microrganismos do rúmen. Esta medida consiste numa avaliação biológica da qualidade da forragem. As silagens de erva apresentam grande variação da digestibilidade da fibra dada à diversidade de gramíneas utilizadas e o diferente estádio de maturidade. Embora a análise da digestibilidade seja crucial para uma rigorosa valorização energética das forragens, esta não é ainda realizada por rotina em Portugal. Adicionalmente, a digestibilidade in vitro participa na determinação do Valor Relativo de uma Forragem, informação útil quando se pretende encontrar o valor correto para a sua transação comercial. Há muitos anos que nos EUA se aponta nas silagens de erva para um requisito designado pela regra do “20 – 30 – 40”, querendo com isso indicar que se deve lutar por conseguir produzir uma silagem de erva com 20% PB, 30% ADF e 40% NDF. Aproximar a qualidade nutricional das silagens de erva em Portugal, tanto quanto seja possível desta sequência (20-30-40), é um grande desafio para todos quantos estão envolvidos na sua produção e utilização, mas também nos ilustra bem a margem de progressão a que ainda podemos aspirar para manter a sustentabilidade daquela que até hoje tem sido a muito bem-sucedida produção leiteira nacional.

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Forragens

ProtaPlus

Mais leite a partir da produção de forragem Há dois anos, a Barenbrug apresentou o ProtaPlus: uma mistura anual de azevém com trevos. A razão para este lançamento residiu na grande necessidade de obter fontes proteicas desenvolvidas na exploração, para evitar a compra de concentrados dispendiosos e produzir mais leite a partir de produção de forragem. por Rien Lowes, international manager forage/Barenbrug Holland Filipa Setas, responsável Desenvolvimento e MKG, Lusosem,S.A.

Qualidade de forragem melhorada

IMAGEM 1 Martin Dekker da Barenbrug e Manuel Laureano da Lusosem numa visita de campo.

Até ao momento, a mistura ProtaPlus já foi usada em muitas explorações na Europa e os resultados da sua aplicação mostram os benefícios que pode trazer às explorações.

Mais folhas

A mistura de azevéns com trevos anuais tem muitas vantagens. Os trevos são ricos em proteína e fornecem azoto ao solo, que os azevéns podem utilizar. As espécies de trevos presentes (trevo encarnado, trevo da pérsia e bersim) possuem um período de floração que se adequa ao ritmo de crescimento dos azevéns, permitindo que estes continuem a desenvolver a folha sem quaisquer pedúnculos.

Análise de forragem (1.º+ 2.º corte) Resultados de ensaios em explorações em Portugal, 2014/2015. Fornecido por Lusosem em cooperação com a Escola Superior Agrária de Coimbra.

Azevém anual ProtaPlus

18 JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 Ruminantes

As análises às forragens das explorações que foram realizadas, revelam a diferença na qualidade entre o ProtaPlus e o puro azevém anual. Os resultados indicam que o ProtaPlus contém mais proteína bruta (em média +34%) e menos fibra bruta e NDF (Fibra de Detergente Neutro). Isto resulta em valores mais favoráveis no que concerne à digestibilidade e energia para a produção de leite RFV e UFL, respetivamente (consultar tabela em baixo). Pode concluir-se que o ProtaPlus, uma mistura de gramíneas e trevo, é excelente em qualidade de forragem, o que proporciona custos reduzidos e mais leite por hectare.

IMAGEM 2 e 3 Campo de Protaplus II, mistura anual de azevém com trevos.

Proteína Bruta (g/kg MS)

Fibra Bruta (g/kg MS)

NDF

Cálcio

Fósforo

RFV

UFL

(g/kg MS)

(g/kg MS)

(g/kg MS)

(kg MS)

(kg MS)

12,6

28,5

53,3

0,46

0,30

112

0,96

16,9

24,2

42,7

1,28

0,33

143

1,06

34%

-15%

-20%

+177%

8%

27%

10%


atualidades

Ingleses aprovam produtores nacionais A popularidade dos produtores em Inglaterra cresceu pelo quarto ano consecutivo. Um questionário efetuado a uma amostra representativa da população Inglesa demonstrou que pelo quarto ano consecutivo a popularidade dos produtores nacionais cresceu. De acordo com a OnePoll (empresa que efetuou o estudo) 68% da população tem os produtores em “boa conta”, mais 8% do que o ano passado, sendo que três quartos da população compreendem o efeito benéfico que estes têm nas zonas rurais (mais 3% do que o ano passado). Quando inquiridos quanto ao papel da agricultura para a economia do país 90% concordam com a sua importância, sendo que 83% consideram a agricultura um ramo bastante profissional. Quanto à vertente politica, apenas um pouco mais da metade tem conhecimento da Politica Agrícola Comum (PAC) (55%), no entanto 63% são da opinião que os produtores devem continuar a receber suporte financeiro da União Europeia. Finalmente quando inquiridos sobre o escândalo há dois anos atrás relativo à presença de carne de cavalo em produtos identificados como exclusivamente de carne de bovino, 93% dos inquiridos demonstrou-se informado. Meurig Raymond, presidente da National Farmers Union (União Nacional de Produtores), mostrou-se bastante otimista com estes resultados, atribuindo em parte o reconhecimento do público a uma maior transparência dos produtores quanto aos seus métodos de trabalho.

Ovino neozelandês em baixa Nos primeiros meses de 2015, os preços da carne de ovino neozelandês desceram, devido à redução da procura por parte da China e às dificuldades para exportar para o Reino Unido. A China é o principal importador da carne de ovino da Nova Zelândia, cerca de 70% do volume total, sendo responsável por cerca de 30% das importações de borrego. De acordo com a Alliance Group, um dos maiores exportadores de carne de borrego da Nova Zelândia, nos primeiros dois meses de 2015, o preço da carne de borrego, tendo como referência o peso de 17,5 kg, desceu cerca de 14% (o preço caiu de 3,90€/kg para 3,42€/kg). As exportações para o Reino Unido também ficaram aquém do previsto, dado que houve um aumento da produção de ovinos no país. A perda de poder de compra dos britânicos também contribuiu para uma redução do consumo de carne de ovino. A Tesco, a maior cadeira de distribuição britânica, apresentou um balanço negativo e o mesmo se espera da Sainsbury. Nos próximos meses prevê-se uma melhoria no mercado da exportação do ovino neozelandês, sobretudo devido ao aumento das importações por parte dos Estados Unidos da América.

ruminantes JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 19


higiene

Actisan’R A nova solução para a higiene das explorações PECUÁRIAS Numa exploração pecuária, é de extrema importância proporcionar um ambiente de conforto aos animais, para que estes possam exteriorizar ao máximo o seu potencial produtivo, ao menor custo possível. Por Gonçalo Martins

Quando se instaura um microclima inadequado na exploração, o animal ressente-se, podendo entrar em stress, com todas as consequências que daí advêm, como alterações da produção, redução das defesas imunitárias, aparecimento de doenças, etc. Assim, um animal que viva num ambiente de stress tem performances zootécnicas inferiores do que outro que viva num ambiente ótimo. Devemos então compreender que não é só com a genética (potencial produtivo do animal) e com a alimentação que conseguimos obter resultados ótimos; a melhoria das condições ambientais é um custo/investimento que deve ser acrescentado aos outros, se quisermos encarar a produção animal de maneira mais profissional. Um bom estado sanitário de um animal resulta de um equilíbrio entre os agentes patogénicos existentes na exploração e as suas defesas. No entanto este equilíbrio é comprometido quando existem fatores que levam a um aumento dos efeitos dos agentes patogénicos, tais como uma maior proliferação de microrganismos no ambiente (humidade/sujidade) ou a presença de vetores (insetos/roedores). A humidade e a presença de matéria orgânica nas camas dos animais criam um meio favorável à proliferação de microrganismos e insetos, aumentando o risco de aparecimento de patologias na exploração e criando desconforto para os animais, levando desta forma a uma diminuição das performances zootécnicas.

A SOLUÇÃO VITAS PORTUGAL Sabendo da importância do bem-estar animal na produção pecuária, a Vitas Portugal, filial portuguesa do Grupo Roullier, tem disponível uma solução para a higiene das explorações pecuárias, o Actisan’R. Composto por uma base mineral com ação secante, associada a um complexo iónico com alto poder de fixação dos gases nocivos e a um repelente de insetos, o Actisan’R possibilita assim, um controle dos germes ambientais (mamites ambientais), uma redução da humidade das camas, uma diminuição da emissão de gases (amoníaco, sulfureto de hidrogénio), bem como um controlo dos insetos.

Efeito secante O efeito secante do Actisan’R é conferido pela presença de sais inorgânicos anidros que têm a capacidade de se hidratarem, formando cristais que retêm a água (retenção química) possibilitando uma redução considerável da humidade nas camas, conseguindo absorver até 300% o seu peso em água. O Actisan’R favorece também a secagem natural, quer por evaporação, quer por lixiviação, sem que haja a formação de “lamas”.

Controlo ambiental dos germes Devido à presença de ácido salicílico (que promove uma diminuição do pH do meio) e à diminuição da disponibilidade de água é possível um maior controlo sobre os agentes patogénicos.

20 JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 Ruminantes

Controlo de gases Por possuir na sua formulação, substâncias inorgânicas que possibilitam reações de hidrólise ácida, o Actisan’R permite uma fixação do amoníaco, reduzindo assim os maus cheiros.

Repelente de insetos O Actisan’R possui na sua formulação óleos essenciais com ação repelente sobre os insetos e que deixam um odor agradável na exploração.

EM RESUMO

.

Com utilização do Actisan’R nas explorações conseguimos: • Fixação da água – ação secante da cama • Controle da população bacteriana ambiental – higienização eficaz • Diminuição do risco de infeções bacterianas associadas à cama • Captação dos gases com mau cheiro, bem como redução da emissão de amoníaco • Enriquecimento do estrume por pré-compostagem • Repelente de insetos

A Vitas Portugal continua a defender uma busca permanente de novas e mais adequadas soluções para os nossos clientes. Para mais informações e esclarecimentos, não hesite em contactar o técnico Vitas mais próximo de si.



Produção

Gestiovinos,

o centro de engorda de borregos Entrevista a Paulo e Beatriz Brito. por ruminantes

interessante. Uma vez que trabalhávamos com a Nanta, esta colocou-nos em contacto com uma empresa em Barcelona, que nos propôs engordarmos o maior número de borregos que nos fosse possível, para lhes fornecermos. Achámos que com este negócio poderíamos criar valor aos produtores comprando-lhes os borregos todo o ano, minimizando também o risco financeiro da venda de rações. Qual é a origem e a raça dos borregos que são engordados no centro? Atualmente são todos originários de explorações portuguesas, de raças para produção de carne e de leite.

Como resultado de um acordo de comercialização com Espanha, a Gestiovinos nasceu em 2006 com o objetivo de engordar o maior numero possível de borregos (vivos) para abastecer o país vizinho. Situada no regadio da Cova da Beira, Fundão, esta empresa conta agora com quatro centros de engorda, que albergam até 40000 borregos em ambiente controlado, fornecidos por 790 explorações portuguesas, e que desde de 2010 têm como destino o mercado

nacional. A organização e o brio da empresa refletem-se nos contratos renegociados anualmente com os fornecedores, nos quais é ajustado o preço por quilo de peso vivo (pv) de borrego para todo o ano. A Ruminantes foi falar com Paulo e Beatriz Brito (os dois sócios da Gestiovinos) sobre o funcionamento deste centro de engorda, que no ano passado foi considerado uma empresa de interesse municipal e que já conta com uma equipa de doze

22 JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 Ruminantes

empregados, entre eles dois veterinários e quatro encarregados de centro de engorda (um por cada centro). Porque decidiram entrar neste negócio? Paulo e Beatriz Brito – Este negócio surgiu quando iniciámos a distribuição e venda de rações da marca Nanta aqui na região. É uma zona com muitas ovelhas leiteiras, onde o leite, de uma forma geral, tem um prazo de pagamento dilatado e um preço nem sempre

Como forma os lotes de engorda? Cada lote tem 500 animais e estes são baseados exclusivamente no peso do animal e no sexo. A raça e a origem não são tidas em conta na formação dos lotes. Na exploração apenas entram animais com mais de 12 kg, sendo que depois os lotes são formados com base em intervalos de 2 kg (12-14; 14-16; etc.). Os borregos são então pesados (e avaliados) todas as semanas, sendo que as fêmeas devido a um início de reposição de gordura com um peso mais baixo (28 kg de pv final) saem mais cedo do que os machos (30 kg pv final) para o matadouro. Na sua opinião, qual é a melhor raça para engordar? A nossa raça preferida e que nos fornece melhores



Produção

resultados é a Merino Branco puro. Como está calendarizada a sua produção? Nós vendemos toda a produção para uma cadeia de hipermercados e temos definidas as datas e quantidades a entregar semanalmente. Qual é o plano alimentar utilizado? Temos dois tipos de alimentação diferentes. Um deles é com palha e ração, e o outro é apenas com ração especialmente desenvolvida para este efeito, o Komplecor. Temos estes dois planos porque na altura das campanhas precisamos que os animais cresçam mais rápido e com o Komplecor, ainda que fique mais caro, conseguimos antecipar em 15 dias a data de saída dos animais. O que espera do seu fornecedor de ração? Espero um parceiro que se envolva nos resultados zootécnicos e na qualidade final da carcaça produzida nestes centros de engorda. Na verdade sempre trabalhámos com a Nanta e com excelentes resultados. Comparamos dados regularmente com outros centros de engorda e todos os objetivos produtivos que vamos estabelecendo

(Índice Conversão - IC, Ganho Médio Diário - GMD, entre outros) vão sendo atingidos. Têm sido verdadeiros parceiros.

exemplo, alguns borregos vêm habituados ainda ao leite das mães enquanto outros já não bebem leite).

Qual o protocolo de receção dos borregos? Só recebemos borregos à segunda-feira. Existem alturas do ano em que recebemos 6000 borregos nesse dia. No dia em que chegam não os manipulamos em demasia devido ao stress associado à chegada, sendo que vão para parques onde têm água, ração e palha, e onde permanecem pelo menos 24 horas. Depois deste período, fazemos a classificação (por peso e sexo) e divisão dos borregos em lotes. Durante este processo observamos individualmente todos os animais e retiramos os problemáticos, efetuando de seguida a desparasitação. A partir daqui seguem o caminho normal. Neste centro só entram animais de explorações oficialmente indemnes (estatuto B4), sendo que efetuamos um acompanhamento próximo de todas elas. A ração de receção (Lactacor copos) é específica para este efeito, possuindo uma apresentação em flocos, um aroma a baunilha e uma composição nutricional adaptada a este período de stress dos animais e para os diferentes tipos de animais que possam aparecer na exploração (por

Qual é o principal problema num centro de engorda de borregos? As pneumonias são o principal problema, por isso temos muito cuidado no momento da receção dos borregos. Caso detetemos algo temos que efetuar tratamentos através da água e/ou da ração. Que indicadores utiliza para gerir a exploração? Temos tudo informatizado e portanto a qualquer momento posso ver os consumos diários de ração, o peso dos animais e do lote, e a mortalidade. Diariamente olho para estes dados e comparo com o objetivo e com os dados do ano anterior. Faz benchmark com outras explorações? Fazemos com colegas de diversas regiões de Espanha. Trocamos dados com eles e vamos analisando. Têm objetivos anuais? Temos objetivos que partilhamos com a nossa equipa e outros que são só nossos. Mensalmente analisamos os índices produtivos mais importantes (GMD e IC) e os custos com a saúde animal.

O consumo de carne de borrego em Portugal tem vindo a diminuir? Nas épocas tradicionais do Natal e Páscoa o consumo não tem diminuído, mas fora destes períodos sim, porque a conjuntura social não permite que as pessoas consumam carne mais cara. O que acham que poderá melhorar o consumo de borrego em Portugal? Achamos que o consumo de borrego pode subir se houver marketing à volta desta carne. Em Espanha o governo investe dinheiro na promoção da carne de borrego. O borrego congelado da Nova Zelândia ou da Irlanda são vossos concorrentes? Não, o consumidor português não compra esse tipo de produto. O borrego da Irlanda, por exemplo, devido à coloração escura da carne não agrada aos nossos consumidores. Que desafios perspetivam para o futuro da empresa? O grande desafio é ter cada vez mais pessoas aqui da Cova da Beira a produzir mais borregos, com um maneio adequado e como um negócio rentável. Tendo em conta que chegámos onde chegámos hoje, achamos que estamos no caminho certo!

DADOS DA EXPLORAÇÃO Borregos por ano: 170.000 GMD do centro engorda: 333 gr por dia e animal (dos 12 aos 30 kg pv) Índice Conversão: 3,0 (kg alimento/kg carne reposta) Mortalidade durante a engorda: 2% • 1ºs 9 dias: 40% dos 2% da mortalidade • 10 aos 40 dias: 20% dos 2% de mortalidade Idade à entrada: cerca 30 dias de vida Idade à saída: cerca de 90 dias de vida

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RAISING LIFE

Nada é mais precioso que a vida, essa é a filosofia de phileo. A população mundial continua a aumentar, o mundo enfrenta uma procura crescente de alimentos e grandes desafios de sustentabilidade. Trabalhando entre a nutrição e a saúde, estamos comprometidos em dar soluções baseadas na evidência para incrementar o estado sanitário e a performance animal. Em todos e em cada um dos países, a nossa equipa se guia pelos resultados científicos mais avançados e pela opinião dos produtores mais experientes. Distribuidor exclusivo para Portugal e Espanha:

Contato em Portugal: Winfarm, Lda Morada: Rua das Begónias N°1 2820-534 Charneca da Caparica Tlm. +351 913 317 235 e-mail: antonio.pratas@winfarm.pt

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Alimentação

pedro castelo Engº agrónomo, reagro sa. pedro.castelo@reagro.pt

PALHAs DE CEREAIS QUAIS AS DIFERENÇAS?

A palha designa de uma maneira geral a parte seca restante dos cereais após a recolha do grão. Neste artigo, iremos abordar apenas a palha de cereais (trigo, cevada e aveia) devido ao facto de haver maior disponibilidade. A sua qualidade depende da espécie e da variedade, sendo a palha de aveia a mais rica do ponto de vista nutritivo seguida da palha de cevada e, por último, da palha de trigo.

IMAGEM 1 Palha de cereais.

Quase exclusivamente constituída por caules, contém uma elevada proporção de tecidos lenhificados, pouco degradados pelos

microrganismos do rúmen. Por consequência, poucos elementos nutritivos são libertados ao longo do processo digestivo. O valor nutritivo das palhas é baixo e muito variável, por isso será fundamental saber exatamente qual a palha que se utiliza para se poder realizar um correto plano alimentar (tabela 3).

tabela 1 Composição química da palha de cereais.

Composição química da palha de cereais Os resultados apresentados (tabela 1) foram obtidos através de um conjunto de análises de amostras de palha de cereais. As palhas são constituídas essencialmente por paredes vegetais que representam 60 a 85 % da matéria seca (MS). Estas paredes são constituídas por fibra verdadeira, hemiceluloses e lenhina (respetivamente 45 – 55%, 20-25% e 8-12% da MS). Assim sendo, a palha é pouco digestível e de baixa apetência. Além disso, as palhas contêm uma pequena quantidade de glúcidos solúveis (de 1 a 3%) e de matérias azotadas (de 2 a

5%), sendo a solubilidade destas matérias azotadas da ordem dos 20%. No que diz respeito às cinzas, a palha contém entre 5 a 10%, mas geralmente estas têm uma carência em elementos minerais. Alguns trabalhos (realizados por Chenost) mostram que o tamanho da palha não tem nenhum efeito sobre a sua composição e o valor alimentar.

Valor alimentar da palha de cereais

26 JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 Ruminantes

Valores extremos

88

85 - 90

Matérias minerais (% MS)

7

5 - 10

3,5

2-5

Azoto solúvel (% N total)

25

20 - 30

Fibra bruta (% MS)

42

40 - 50

Cálcio (g/kg de MS)

3

2-5

Matérias azotadas totais (% MS)

Fósforo (g/kg de MS)

0,8

0,3 - 1,5

1

0,5 - 1,5

Magnésio (g/kg de MS)

tabela 2 Digestibilidade das palhas de cereais (%). Palha de

Digestibilidade A palha é uma forragem que apresenta uma baixa digestibilidade (tabela 2).

Valor Médio

Matéria Seca (%)

Trigo

Valor médio

Variação

42

37 - 48

Cevada

45

40 - 51

Aveia

49

47 - 52



Alimentação

tabela 3 Valor alimentar (por kg de matéria seca) das palhas de cereais. Palha de

UFL / kg MS

UFV / kg MS

PDIN / kg MS

PDIE / kg MS

PDIA / kg MS

0,42

0,31

22

44

11

Trigo Cevada

0,44

0,33

24

46

12

Aveia

0,50

0,39

20

48

10

UFV – Unidade de expressão do valor energético dos alimentos (Unité forragère viande – Carne). 1 UFV = 1820 Kcal; UFL - Teor energético líquido de 1 kg de cevada padrão seco ao ar; PDI - sistema que classifica, quantifica as proteínas digestíveis no intestino delgado; PDIN - proteína verdadeira absorvível no intestino delgado, quando a energia é limitada no rúmen; PDIE - Proteína verdadeira absorvível no intestino delgado, quando o azoto é limitado no rúmen; PDIA – Representa a quantidade de proteínas alimentares não degradáveis no rúmen e disponíveis ao nível intestinal (by-pass).

Ingestibilidade Outro parâmetro a ter em conta é a ingestibilidade da palha. Na presença de uma pequena quantidade de alimento concentrado, até cerca de 25 % de ração, a taxa de substituição palha/concentrado é negativa, ou seja, um aporte suplementar de concentrado leva a um aumento de quantidade de palha ingerida devido ao seu aporte de matérias azotadas. Quando a quantidade de concentrado é de 20 a 30 % da ração total, a quantidade ingerida de palha é máxima, sendo a taxa de substituição nula. No entanto, quando o alimento concentrado excede os 30 %, no caso dos bovinos a taxa de substituição palha/ concentrado deverá ser positiva, na ordem dos 0,2 (isto significa que a quantidade de palha ingerida diminui 0,2 kg por kg de concentrado

Valor energético O valor energético das palhas é bastante variável: de 0,42 a 0,50 UFL/kg de MS. Este depende da espécie e da variedade botânica dos cereais, das condições de maturação da planta e das condições de recolha e armazenamento Valor azotado O valor azotado das palhas é igualmente variável e baixo (tabela 3). No caso do sistema de PDI, o valor de PDIN varia 15 e 30 g/kg de MS enquanto o PDIE entre 35-50 g/kg de MS, para as diferentes palhas de cereais. O valor de azoto solúvel aportado não é considerado. Assim, é importante insistir sobre o aporte de azoto solúvel de forma a manter uma atividade celulolítica correta no rúmen. Este aporte não será suficiente para cobrir as necessidades dos animais.

complementar). Outro aspeto que convém referir e que afeta a ingestibilidade é que as palhas que não estiveram sujeitas à chuva são mais apreciadas pelos animais quando comparadas com aquelas submetidas às intempéries.

A palha de cereais em alimentação de vacas leiteiras Interesse zootécnico As palhas são caracterizadas

por um coeficiente de digestibilidade baixo, bem como uma concentração energética e azotada baixa. O elevado nível de necessidades energéticas e proteicas das vacas em fase de lactação levam a ter em consideração todos os constituintes de uma forma exata, como é o caso de uma ração total (TMR – Total Mixed Ration) com a presença de palha, pois como vimos anteriormente a sua composição depende do tipo de cereal.

três arraçoamentos possíveis De seguida, iremos apresentar três arraçoamentos possíveis (A – com palha de trigo; B – com palha de cevada; C – com palha de aveia) adequados para uma produção de 31,8 litros diários (Teor Butiroso – 38 g/l; Teor Proteico – 32 g/l) considerando um grupo de vacas Holstein com 180 dias de lactação médios e 35 % de primíparas (tabela 4).

Preços Em relação à silagem de milho e massa de cerveja (preço e características nutricionais) considerámos valores que facilmente encontramos em Portugal. No que diz respeito ao alimento concentrado, considerámos preços atuais e matérias-primas disponíveis no mercado com custos de fabrico e margem comercial praticados. De acordo com o

nosso caderno de encargos e, ainda respeitando os limites de incorporação de matérias-primas utilizadas, para o objetivo de produção definido, fizemos três arraçoamentos utilizando as diferentes palhas de cereais mencionadas anteriormente. Numa primeira fase podemos afirmar que é possível obter o mesmo nível nutricional e, consequentemente, a mesma produção a um menor custo com palha de

tabela 4 Arraçoamentos com diferentes tipos de palha de cereais.

A - Palha de Trigo Custo por Animal/Dia= 4,35 €

(87 €/ton MB)

(202 €/ton MS)

Quantidade Distribuida Preço (€/ton)

Matéria-Prima

Kg MB

MS

Características Nutricionais (/Kg MS) MS

UFL

PDIN

PDIE

PDIA

Ca

g

g

g

g

P g

Silagem de Milho MS31 PB7 AMD31

40,00

32,37

10,03

31,00

0,90

52,00

66,00

18,00

2,20

1,80

Palha de Trigo

70,00

1,90

1,71

90,00

0,42

22,00

44,00

11,00

2,00

1,02

Massa Cerveja

40,00

6,73

1,82

27,00

0,92

208,43

188,20

135,39

3,15

5,84

Alimento concentrado - Farinha

294,50

9,00

7,94

88,22

1,08

185,45

153,80

102,75

15,13

6,50

-

50,00

21,50

43,00

0,93

112,11

107,00

58,66

7,04

3,81

Total

MB – Matéria Bruta; MS – Matéria seca; UFL – Unidade de expressão do valor energético dos alimentos (Unité Forragère Lait). 1 UFV = 1700 Kcal.; Ca – Cálcio; P – Fósforo

28 JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 Ruminantes


Alimentação

B - Palha de Cevada Custo por Animal/Dia= 4,33 €

(87 €/ton MB)

(202 €/ton MS)

Quantidade Distribuida Preço (€/ton)

Matéria-Prima

Kg MB

MS

Características Nutricionais (/Kg MS) MS

UFL

PDIN

PDIE

PDIA

Ca

g

g

g

g

P g

Silagem de Milho MS31 PB7 AMD31

40,00

32,35

10,03

31,00

0,90

52,00

66,00

18,00

2,20

1,80

Palha de Cevada

70,00

1,90

1,71

90,00

0,44

24,00

46,00

12,00

3,50

1,00

Massa Cerveja

40,00

6,74

1,82

27,00

0,92

208,43

188,20

135,39

3,15

5,84

Alimento concentrado - Farinha

293,00

9,00

7,94

88,22

1,08

184,60

153,30

102,39

14,82

6,50

-

49,99

21,50

43,00

0,93

111,99

107,00

58,63

7,04

3,81

P

Total

C - Palha de Aveia Custo por Animal/Dia= 4,32 €

(86 €/ton MB)

(201 €/ton MS)

Quantidade Distribuida Preço (€/ton)

Matéria-Prima

Kg MB

MS

Características Nutricionais (/Kg MS) MS

UFL

PDIN

PDIE

PDIA

Ca

g

g

g

g

g

Silagem de Milho MS31 PB7 AMD31

40,00

32,34

10,03

31,00

0,90

52,00

66,00

18,00

2,20

1,80

Palha de Aveia

70,00

1,90

1,71

90,00

0,42

22,00

44,00

11,00

2,00

1,02

Massa Cerveja

40,00

6,75

1,82

27,00

0,92

208,43

188,20

135,39

3,15

5,84

Alimento concentrado - Farinha

291,20

9,00

7,94

88,25

1,06

185,19

152,81

102,84

14,85

6,50

-

49,99

21,50

43,01

0,93

111,92

107,00

58,66

7,06

3,81

Total

aveia (4,32 €/vaca/dia), seguido de palha de cevada (4,33 €/vaca/ dia) e, por último, com a utilização de palha de trigo (4,35 €/vaca/ dia). Note-se ainda que, nos arraçoamentos apresentados, foram utilizados alimentos concentrados (rações) diferentes, ajustadas às características nutricionais da palha utilizada.

Proteína Em relação à proteína (tabela 5), os arraçoamentos contêm o mesmo nível de proteína bruta e proteína degradável no intestino (PDI). Além disso, contêm um valor semelhante relativo à proporção de matéria azotada total degradada no rúmen, que contribuirá para a proteossíntese microbiana depois da degradação em amoníaco – DT.

Energia No que concerne à energia, ambos os arraçoamentos têm o mesmo nível energético e permitem produzir a mesma quantidade de leite por vaca e por dia (tabela 6). Apenas será pertinente referir que em termos de energia seria possível produzir 34,43 litros diários, mas considerando que

35 % das vacas em produção são primíparas, a produção ajustada será de 31,8 litros diários como foi mencionado anteriormente.

Análise económica Uma análise económica, considerando apenas os custos alimentares, permite-nos comparar a utilização destas diferentes palhas na alimentação de vacas leiteiras em termos de custo/benefício. Nesta análise considerámos um preço do leite pago ao produtor de 0,28 €/litro. Através da observação da tabela 7, verificamos que o arraçoamento com palha de aveia permite obter um resultado económico vantajoso (margem bruta de 144,28 € por cada 1000 litros de leite produzidos), seguido da utilização da palha de cevada (143,76 €/1000 l) e, por último, palha de trigo (143,25 €/1000 l). Assim, considerando uma exploração com 100 vacas em lactação e com uma produção média de 30 litros de leite por vaca por dia (1 095 000 l/ ano) a superioridade orçamental da utilização de palha de aveia em comparação com a utilização da palha de trigo é de 1127,85 €/ano.

tabela 5 Conteúdo proteíco de cada arraçoamento apresentado. Unidade

A

B

C

PL por PDIN

Litros

42,75

42,69

42,66

PL por PDIE

Litros

40,39

40,39

40,39

PDIN

g/Kg MS

112,11

111,99

111,92

PDIE

g/Kg MS

107,00

107,00

107,00

PDIA

g/Kg MS

58,66

58,63

58,66

% MS

15,60

15,60

15,60

Proteina Bruta DT

%

63,54

63,45

63,35

LYSDI/PDIE

% PDIE

6,43

6,44

6,42

METDI/PDIE

% PDIE

1,83

1,84

1,84

Proteina Digestível por Dia

Kg/dia

2,13

2,13

2,12

tabela 6 Balanço energético detalhado de cada arraçoamento apresentado. Balanço Energético

PL por UFL UFL

Arraçoamento

Unidade

A

B

B

Litros

34,43

34,43

34,43

UFL/Kg MS

0,93

0,93

0,93

Amido + Açúcar

% MS

27,84

27,74

27,70

Glúcidos Rápidos

% MS

14,03

14,02

13,95

GTD

% MS

50,68

50,67

50,37

Matéria Gorda Bruta

% MS

3,80

3,80

3,80

ruminantes JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 29


Alimentação

Para finalizar, para além de ser importante uma correta formulação tendo em conta os objetivos pretendidos, é fundamental uma estrutura física adequada da ração completa para que a sua valorização por parte do animal seja otimizada. Esta estrutura está relacionada com a superfície de degradação das partículas que constituem a ração e influenciam diretamente a velocidade do trânsito digestivo e a digestibilidade da mesma. O primeiro aspeto a ter em consideração é a granulometria da silagem de milho uma vez que esta tem um forte efeito sobre a granulometria da ração devido à sua incorporação. Em relação à mistura completa, as fibras incorporadas na ração (palha) permitem aumentar a fração de partículas superiores a 19 mm. Para além disto, é necessário limitar as partículas com menos de 8 mm a menos de 50 % do total da mistura. Na tabela 8, apresentamos a granulometria adequada para a silagem de milho, assim como de diferentes tipos de ração total que permitem obter melhores resultados zootécnicos.

Conclusão Como conclusão, para se poder fazer uma correta otimização de um plano alimentar com palha, é imprescindível saber exatamente qual o cereal que lhe deu origem uma vez que as suas características nutricionais variam consideravelmente.

tabela 7 Análise económica de cada arraçoamento apresentado. Análise económica

Arraçoamento

Unidade

A

B

c

Custo Total

€/animal

4,35

4,33

4,32

Custo Total/1000 L

€/1000 L

136,75

136,24

135,72

Custo Concentrado

€/animal

2,92

2,91

2,89

Custo Concentrado/1000 L

€/1000 L

91,85

91,39

90,88

Margem Bruta/dia

€/animal

4,55

4,57

4,59

Margem Bruta/1000 L

€/1000 L

143,25

143,76

144,28

tabela 8 Granulometria da silagem de milho e diferentes tipos de ração. Tamanho da partícula

Silagem de milho (%)

Ração completa à base de silagem de milho (%)

Ração completa à base de silagem de milho e de erva (%)

2-7

5 - 10

20 - 25

12 a 19 mm

20 - 25

20 - 25

15 - 20

8 a 12 mm

25 - 35

20 - 25

15 - 20

< 8 mm

40 - 45

45 - 50

40 - 45

> 19 mm

Uma boa manipulação de ovinos e caprinos Nunca é demais relembrar que um animal bem tratado e com uma boa relação com humanos é sempre um animal com melhores condições de bem-estar e com uma produção mais saudável. É nesta linha que a Educabri publicou a segunda edição do livro “Manipulations et interventions sur le bétail : ovins et caprins” (“Manipulações e intervenções em animais de produção: ovinos e caprinos”). Este livro descreve técnicas de manipulação de caprinos e ovinos, destacando operações que requerem movimentos padronizados e repetitivos (ordenha, aparo de unhas, entre outras) e que exigem muito física e psicologicamente tanto do animal, como do executor da tarefa. Nesta edição são também abordados outros temas como os momentos críticos em que são necessárias paciência, delicadeza e calma, como o parto, o cuidado de cabras e ovelhas doentes ou a manipulação de primíparas. Para mais informações http://editions.educagri.fr/fr/livres/4840-manipulations-interventions-sur-lebetail-ovins-et-caprins-edition-2015.html.

30 JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 Ruminantes

Novo método de avaliação do aproveitamento do alimento pelo animal Com a produção animal cada vez mais exigente, a nutrição tem que ser cada vez mais precisa, podendo cada mililitro de leite ou grama de carne ter um impacto importante na economia da exploração. Um dos métodos possíveis para uma maior otimização da produção, é a medição e o controlo do aproveitamento do alimento pelo animal, minimizando o desperdício. Foi devido a esta necessidade que foi desenvolvida a técnica de análise de amido fecal. Esta análise consiste na utilização do amido fecal como um indicador do aproveitamento do amido na dieta do animal. O procedimento é bastante simples, sendo que o produtor tem apenas que recolher dez amostras de fezes de cada lote e enviá-las para o laboratório, que devido à rapidez do método, poderá dar uma resposta em 24 horas, traduzida no valor de digestibilidade do lote. O amido é um dos constituintes da dieta mais importantes numa exploração intensiva, podendo o seu aproveitamento variar entre 80 a 100% (comunicação do Professor Richard Zinn da universidade da Califórnia). Segundo os estudos efetuados pela equipa do Professor Richard Zinn, um ponto percentual de variação na digestibilidade do amido leva a uma variação de 300ml na produção de leite diária (por exemplo, um aumento dos 80% para os 95 % leva a um aumento de 4.5kg de leite). Com este novo instrumento na nutrição animal é agora mais simples avaliar o aproveitamento da formulação nutricional, podendo o nutricionista rapidamente otimizá-la e aumentar o retorno da exploração.


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forragens

61.342 litros de leite por hectare Entrevista a Fernando Fernandes, Ucha – Barcelos por ruminantes

Hoje em dia, com todas as dificuldades que se apresentam aos produtores, produzir com qualidade pode ser um desafio assustador, mas não para Fernando Gomes Fernandes da Costa! Neto e filho de agricultores e o mais novo da família, frequentou o curso de agro-pecuária, empresário agrícola, inseminador e várias ações de formação, e apesar do futuro promissor na marinha, decidiu mudar o rumo da sua vida e dar continuidade ao negócio da família. Foi no ano de 1986, que Fernando iniciou por conta própria o negócio da engorda de novilhos, bem como do milho grão, já na altura com a Dekalb. Passados dois anos, após o pai lhe ter passado a liderança do negócio da família, instalou a primeira sala de ordenha, que oito anos mais tarde viria a ser convertida numa sala em espinha com 10 lugares. Em 1989 fez o primeiro projeto para aquisição de algumas

máquinas e para a construção de um estábulo para 20 animais em produção, que no final de 2010 viria a ser substituído por um novo estábulo construído de raiz.

e a silagem em rolos. Em relação à silagem de milho recorro a um prestador de serviços para o corte e transporte. Parte do transporte e o calcamento sou eu que faço.

Qual o tipo de alimentação utilizado? Fernando Fernandes – Na base da alimentação está sempre a silagem de milho, que é complementada com uma mistura de matérias primas desenhada por um nutricionista e por um alimento granulado fornecido na manjedoura, de forma personalizada para cada lote de produção. A silagem de erva também entra na alimentação das vacas em produção entre junho e setembro, e é a base da alimentação das vacas secas e recria.

Tem algum critério especial no momento de tomar a decisão do tipo de máquina a utilizar? Hoje em dia as máquinas têm várias regulações. O que costumo fazer quando o milho está num estado avançado é promover um menor tamanho da partícula, caso esteja ainda atrasado (verde e pastoso) o tamanho da partícula terá que aumentar. A definição do dia do corte é feita por mim, e depende de vários fatores, como seja o calendário da sementeira do milho, o tempo, o estado de maturação... Normalmente levo um mês a fazer as sementeiras, utilizando sementes de milho com diversos ciclos, no início de maio semeio do ciclo 600 e do meio para o fim

Possui equipamento próprio para fazer forragens ou aluga? Para a silagem de erva, recorro a prestadores de serviços para fazer o corte

32 JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 Ruminantes


forragens

tabela 1 Analise do milho vencedor em verde – perfil nutricional. variedade

%MS

M.S. (Ton/Ha)

PB

Fibra Neutra

NDF-D

Amido

Cinzas

Gordura

DKC6031

42,94

37,20

7,41

30,93

45,00

49,06

3,27

3,18

ciclo 500 e por vezes ainda ciclo 400. Tudo isto para conseguir fazer a colheita em um a dois dias. Qual a importância de fazer bem a silagem? É costume dizer-se que ter uma boa silagem é dinheiro em caixa, pois é uma forma de poupar nos alimentos concentrados. Penso também que é uma forma de ter os animais melhor alimentados e mais saudáveis, permitindo ter produções muito boas e homogéneas. Em quantos dias faz a silagem? Faço em dois dias e no terceiro fecho. Não utilizo nenhum conservante nem inoculante. Como mede o interesse de uma variedade de milho? Todas as empresas que estão no mercado têm tido uma grande evolução na oferta de melhores produtos. Aquilo que um produtor tem necessidade é de ter um produto que na altura da silagem tenha um estado vegetativo bom, ou seja, um produto que na altura da colheita esteja ainda todo ele verde, com um Stay-Green (característica da planta de permanecer verde mesmo quando a espiga já se encontra em adiantado estadio de maturação) muito bom. Isto permite uma melhor compactação da silagem, uma melhor conservação, menor possibilidade

de ganhar fungos e valores de proteína, de amido e de fibra digestível muito bons. Antes de optar por esta solução, recorria a um milho com muita fibra e amido, o que levava a que estivesse num estado vegetativo adiantado, logo seco e com fibra pouco digestível. Que fatores analisa quando decide comprar uma variedade milho? Como pontos fundamenteis na minha análise estão a robustez e resistência. Ou seja, variedades que tenham um bom suporte de raiz (grande, com boas “amarras”) e uma boa resistência a pragas. Prefiro também variedades com inserção da espiga a média altura, porque uma baixa inserção pressupõe uma planta mais pequena e uma alta inserção leva a um risco de perder a produção caso algum temporal apareça. Outra característica que considero um fator fundamental é um bom Stay-Green. É por tudo isto que escolho Dekalb. Que variedades de milho utiliza? Em 2014 utilizei as variedades Dekalb DKC 6903; DKC 6040 e a variedade de excelência DKC 6031, mas todos os anos experimento variedades novas, pondo-as ao lado de variedades de referência. Se por exemplo utilizo rega por aspersão coloco uma variedade de cada lado. Com a empresa com que estou a trabalhar, a Dekalb, temos vindo a fazer comparações com recolha de amostras e respetivas

dados da exploração Nº de vacas em produção: 80 Nº de vacas secas: 12 Recria: 58 novilhas e vitelos Total: 150 animais Produção último ano: 860.000 litros Produção média vaca dia: 32 litros Área: 20 hectares

análises nutricionais bem como pesagens, para poder tirar conclusões. Ganhou recentemente o prémio GEN20 SILO 2014 da Dekalb, com a variedade DKC6031, qual foi a razão desse sucesso? Fiquei satisfeito e surpreendido com o prémio, porque pensei que pudesse haver melhores produções por aí. Não fiz nada de diferente, produzi como sempre faço. Consegui a melhor produção numa parcela onde não costumo ter as melhores produções, mas o ano passado correu tudo muito bem. Como máxima, a cada dois anos faço uma correção dos solos em função do resultado das análises aos mesmos. Normalmente faço uma adubação com azoto de libertação lenta, uma calagem (se o terreno o exigir) e aplico chorume antes da lavoura. Utilizo, e foi a densidade que usei na parcela vencedora, cerca de 80.000 sementes por hectare (70 cm entre linhas e 18,5 cm na linha). Depois faço o controlo de infestantes e rego sempre que posso e seja necessário.

ruminantes JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 33


atualidades

Dia Dekalb

Produzir mais, de forma segura e sustentável por ruminantes

O dia Dekalb decorreu durante a Agro em Braga, e juntou mais de 550 produtores. Como produzir mais alimentos de forma segura e sustentável, foi a ideia subjacente às apresentações deste colóquio que se centraram na produção de silagem de milho de qualidade.

imagem 1 Entrega de “Prémios GEN20”.

Coube a Juan António Luque a primeira intervenção, centrada na necessidade de intensificar a produção de cereais para fazer face à maior necessidade de proteína animal decorrente da mudança na dieta das populações. Como referiu, é preciso inovar no campo do aumento dos rendimentos, na diminuição dos efeitos das pragas e doenças e na otimização dos sistemas. Pegando na ideia de que “Os pequenos detalhes determinam os altos rendimentos”, lembrou que mais de 25% do potencial produtivo de um milho híbrido (para grão ou silagem) podese perder devido a um mau maneio. E exemplificou: a falha de 10% na sementeira com densidade de 75.000

plantas pode representar uma tonelada de grão na produção final. Referiu ainda que o fator que leva a maior produção é a capacidade de ter mais plantas por hectare (passar de 75 mil para 90 mil pode representar mais 30% de produção). Um dos objetivos da Dekalb é, no final da cultura, conseguir fornecer a data ótima de colheita de cada híbrido, em cada momento, de forma a obter o máximo rendimento.” Sílvia Benquerença abordou o tema “Parâmetros para a escolha de variedades de silagem” e divulgou os primeiros resultados de um assunto inovador: a sementeira em linhas pareadas em milho para silagem. No que se refere ao primeiro

34 JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 Ruminantes

tema, entre os critérios utilizados pela Monsanto para a escolha das variedades a lançar no mercado, destacam-se: o rendimento em MS/ha, o amido e a sua digestibilidade (aumentar em 1% a digestibilidade da silagem de milho pode representar uma produção de 0,2l/vaca dia), e também o Stay-Green (caraterística da planta de permanecer verde mesmo quando a espiga já se encontra em adiantado estadio de maturação), muito importante pois nem sempre colhemos quando queremos, mas sim quando podemos, e esta caraterística permitenos alguma flexibilidade – 4 a 5 dias sem quebra de rendimento. A técnica da Monsanto falou também acerca da GEN 20 e do seu conceito – variedades que têm algumas características em comum, e resultam da genética vinda de todo o mundo (EUA – confere rendimento, produção; América do Sul e países trópicos – conferem resistência, por exemplo aos golpes de calor; Europeia – confere acima de tudo rusticidade).

No que toca à sementeira em linhas pareadas (Twin Rows), depois de resultados muito interessantes em Itália, França e mesmo nos EUA, os primeiros ensaios em Portugal começam a dar resultados. Este sistema, em que as plantas são semeadas em cruz, ou pé de galo, permite aumentar a densidade de sementeira sem provocar stress às plantas. Os resultados deste primeiro ano de ensaios mostram que o sistema twin Rows alcançou mais 8% de MS/ha; mais 3% de digestibilidade da fibra; menos 2% de NDF e mais 5% de leite/MS. “Um ano não é suficiente para tirar conclusões, os resultados são bons e isso anima-nos a continuar com o plano de ensaios, agora com a introdução de outras variáveis, como seja a fertilização”, referiu Sílvia Benquerença. Mário Garcia, da empresa 3F, falou da importância da qualidade da silagem e da sua conservação na redução dos custos, salientando que uma boa conservação permite aumentar o consumo diário de silagem de milho, reduzir o consumo de concentrados e portanto baixar os custos de produção. “Os condutores da fermentação (conservantes e inoculantes) jogam um papel muito importante na qualidade final das silagens”, disse.



atualidades

A LACUNA PROTEICA “[a insegurança alimentar] é a principal ameaça à segurança global. Se não se aborda o problema da segurança alimentar, aumentará a tensão.” Dr. Alistair Summerlee, reitor da Universidade de Guelph

por elanco

Segurança Alimentar O Maior Desafio Dos Nossos Tempos É chegada a hora de resolver o maior problema da atualidade – garantir os alimentos de que necessitamos para alimentar o mundo. Enfrentamos vários desafios, à medida que até 2050 a população mundial crescerá para 9 mil milhões e a classe média global dobrará aproximadamente de tamanho, chegando a quase 5 mil milhões. E este facto não demorará muitas décadas para acontecer, a parte mais rápida desse crescimento acontecerá entre agora e 2020, o que significa que biliões de pessoas terão melhores condições de vida e necessitarão de acesso a melhores dietas alimentares, especificamente de carne, leite e ovos. De facto, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) diz que precisaremos de 60% mais carne, leite e ovos para satisfazer a demanda até 2050, e que já estamos a usar excessivamente os recursos do nosso planeta. Atualmente, leva 1 ano e meio para regenerar os recursos utilizados durante 1 ano. Quando a produtividade agrícola abranda surge a

lacuna alimentar, ou seja, um fosso entre a oferta e a procura. Cremos que a carne, o leite e os ovos serão cada vez mais caros e menos acessíveis. Os consumidores da Ásia, África e América Latina enfrentarão a falta de alternativas e verão reduzida a sua capacidade de alimentar as suas famílias com proteína animal de boa qualidade. As opções dos consumidores dos Estados Unidos e da Europa serão mais limitadas e mais caras. Mas para este cenário faltam décadas, não? Não! Pensemos no caso do leite, por exemplo. Apesar do facto da produção leiteira ter duplicado nos últimos 50 anos, continua atrás do crescimento da população. Atualmente, há menos 14 % de leite por pessoa que em 1961.[1]

Segurança Alimentar No mundo, a média de consumo de laticínios é de um copo de leite por dia (237 ml ou uma porção equivalente de queijo ou de iogurte).[1] A ingestão recomendada globalmente é de dois copos por dia.[2] A produção atual de leite per capita em todo el mundo não cobre as necessidades nutritivas básicas. Reunimos uma equipa de investigação para estudar este problema. As consultoras Informa Economics e Global AgriTrends validaram o

36 JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 Ruminantes

O que temos

O que necessitamos

1 copo†/dia em média (produto lácteo equivalente)

Quantidade Diária Recomendada (QDR) = 2 copos†/dia em média (produto lácteo equivalente

Com as tendências de produção atuais, quase a metade do planeta,

4.500 MILHÕES DE PESSOAS não cobrirão as suas necessidades nutritivas em 2040.‡

modelo. Os resultados da “Análise Global da Alimentação 2013” indicam que se continuarmos com o atual modelo de produtividade, em 2020 não teremos acesso nem sequer ao copo de leite por dia em média.*

A lacuna física e mental Se a intenção é garantir os dois copos de leite que o organismo necessita para o seu crescimento e desenvolvimento cognitivo, a lacuna aumenta para mais de 4.500 milhões de pessoas (‡) que não conseguirão cobrir a ingestão diária necessária de leite, ou seja, faltarão mais de

5 mil milhões de refeições.[3] Além da falta de produtos lácteos, haverá uma lacuna física e mental. Um importante estudo observacional no Quénia demonstra que quando a dieta infantil é complementada com carne ou leite, a aprendizagem e os resultados nos testes melhoram, especialmente quando comparado com crianças que só recebem energia através da suplementação com óleos e com o grupo controlo que consumiu uma alimentação típica.[4] Um trabalho recente, “Alcançar a Segurança Alimentar: Como enriquece a vida o efeito nutritivo dos alimentos de origem animal” de Bill Weldon, VicePresidente de Investigação e Desenvolvimento da


atualidades

As notas das provas melhoram com carne e leite

Melhores notas nas provas finais

(ao fim de 5 trimestres escolares)

Carne

Leite

Elanco e Susan Finn, dietista e Presidente do American Council on Fitness and Nutrition, demonstra que quando se melhora a alimentação, melhora a saúde, a aprendizagem e, em última instância, melhoram os salários e as sociedades.[5]

* Projeção baseada nas estimativas da procura da FAO †1 copo = 8 onças líquidas = 237 mililitros ‡Projeção baseada em cobrir a QDR da população mundial §1 porção = 150 g ou 4,9 oz

Energia

Controlo

Referências 1. Dr. Roger Cady. Elanco Animal Health. Análises Global de la Alimentación 2013. Baseado na base de dados FAOS-TAT da FAO. Dados de arquivo. 2. Muehlhoff, E., et al. 2013, Milk and Dairy Products in Human Nutrition, FAO-UN, Roma, páginas 107, 124 3. Dr. Roger Cady. Elanco Animal Health. Análise Global da Alimentação 2013. Dados de arquivo. 4. Neumann, C.G. et al. “Meat Supplementation Improves Growth, Cognitive, and Behavioral Outcomes in Kenyan Children.” Journal of Nutrition, 2007. Comité Permanente de Nutrição das Nações Unidas, 2009. 5. Weldon, W., Finn, S. “Achieving Global Food Security: How the Nutritional Impact of Animal Source Foods Enriches Lives”. 2013.

Está na hora de dizer basta!

Junte-se à nossa causa em www.sensibletable.com e participe na discussão através das redes sociais.

Ainda estamos a tempo. De atuar. De mudar. É hora de alimentar os 9.000 milhões

Juntos podemos fazer a diferença e resolver o problema da segurança alimentar.

Twitter - @Elanco ou @JeffSimmons2050

ruminantes JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 37


economia

Os stock mundiais estão óptimos e recomendam-se

observatório das matérias Primas por João Santos

Contra factos não há argumentos. De facto, a produção mundial de soja e de milho, as duas culturas chaves para a alimentação animal, chegaram este ano a um nível mais do que bom. Se a esta somarmos os stock iniciais do início da campanha, e subtrairmos a procura, chegamos aos stock finais, o fator determinante para o estabelecimento do preço mundial das matérias primas agrícolas. Assim, vamos chegar ao final deste verão, antes das colheitas nos Estados Unidos com, respetivamente 30% da colheita mundial de soja e 20% da colheita de milho armazenados, fazendo fé nos números da respeitada USDA. O mesmo nível é esperado para o ano que vem. Indo a um nível de detalhe mais fino, os stock finais nos Estados Unidos estarão bem cheios, o que significa que os Estados Unidos não terão necessidade de importar soja ou milho da América do Sul para ligar as suas duas colheitas e, como resultado deverá haver menos pressão nos preços de Chicago.

Cereais O mês de junho, e até chegarmos perto da colheita nos Estados Unidos, é chamado na gíria do setor de “weather market” (mercado do tempo), justificando quase toda a volatilidade que possa ocorrer nos preços neste período, mesmo que meteorologicamente falando não haja nada correlacionado com o rendimento por hectare. Assim sendo e falando do tempo, este tem estado em geral benigno para o desenvolvimento das colheitas na Europa, na América do Norte e do Sul, e as previsões para as próximas semanas são boas em particular para o importante período de polinização do milho nos Estado Unidos. Com o euro/dólar atual a 1.14, os preços que se estão a praticar em Lisboa, em Euro/TM, estão competitivos versus o histórico dos últimos anos, e como a estrutura de preço está muito plana, quer seja para entrega imediata ou para 2016, o preço é muito idêntico (mais euro menos euro), reflexo de stocks abundantes tanto no presente como a médio prazo. Em termos de origens de milho para entrega em Lisboa, o milho mais competitivo é o da América do Sul e do Mar Negro, sendo o do Estados Unidos e França o menos competitivo. Que o milho dos Estados Unidos não seja competitivo dá-nos algum conforto, uma vez que é com base neste que a UE calcula os eventuais direitos aduaneiros, que neste momento estão a zero. No entanto, se Chicago corrige em baixa, o milho dos Estado Unidos poderá voltar a ser competitivo na Europa e com isso vermos a tarifa aparecer. Assim sendo, os stocks mundiais estão bons e recomendamse, o “weather market” é benigno e os preços em euro/TM estão relativamente baixos...

38 JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 Ruminantes

Proteínas O tempo, tal como comentado na secção dos cereais, está benigno para a soja. Em relação à colza, o tempo na Europa não foi o ideal para esta colheita que se espera ligeiramente inferior este ano. Em relação ao girassol, de momento nada a apontar. Começando pela farinha de colza, o que se pode dizer é que, olhando para o Matif, os agricultores do norte da Europa não estão com muita pressa em vender a semente abaixo dos níveis atuais, e assim sendo não é provável uma redução do preço da farinha de colza para a nova colheita. Em relação ao girassol, pouco há a dizer e não se espera nada de diferente do ano passado. No que se refere à soja, longe vão os tempos da famosa seca que em 2012 afetou as colheitas da América do Sul e da América do Norte, e com isso levou os stock finais para um nível muito baixo. Pode-se dizer que o que se viveu nos últimos 3 anos de preço, com os preços no disponível substancialmente mais altos que para os meses a diferido, já é coisa do passado. Se o euro/ dólar, para os cereais, é importante, para a soja ainda o é mais. Como não entendo nada de taxas de cambio, não me resta outra coisa que olhar para os futuros em dólares da farinha de soja; os valores a rondar os 300USD a short tonne, um valor relativamente baixo, poderão ser interessantes para os consumidores. Ainda assim, não podemos perder de vista que o nível de stocks finais é extremamente alto, pelo que os preços podem continuar a corrigir em baixa. No entanto, como já vimos vezes sem conta, e como estamos no “weather market”, neste período há sempre muita volatilidade nos preços e os movimentos de Chicago podem ser exacerbados pela atuação dos fundos. Mas no final do dia, algum animal terá de comer a soja uma vez, que se saiba os fundos não a comem. Donde, os stock mundiais estão óptimos e recomendam-se, o “weather market” é benigno, no entanto talvez seja de ir fazendo qualquer coisa para os próximos meses, aproveitando as oscilações em baixo do mercado, mas sem stress uma vez que o nível dos stocks finais prevê-se muito lá em cima. CoLheitas mundiais milhões de tm

14/15

15/16

Produção mundial

318,25

317,58

Stocks finais

96,22

93,22

30 %

29 %

Produção mundial

996,12

989,3

Stocks finais

197,01

195,19

20 %

20 %

SOJA

MILHO

Fonte: USDA s&d Jun report


2 a 6 Jan

9 a 13 Maio

€/ton 350

450

400 300

250

250 200

200 150

100

6 a 10 Jun

23 a 27 Maio

9 a 13 Maio

25 a 29 Abr

11 a 15 Abr

28 a 1 Abr

12 a 16 Mar

7 a 11 Nov

5 a 9 Dez 19 a 23 Dez

5 a 9 Dez 19 a 23 Dez

24 a 28 Out

21 a 25 Nov

10 a 14 Out 24 a 28 Out

10 a 14 Out

7 a 11 Nov

26 a 30 Set

26 a 30 Set

21 a 25 Nov

29 a 2 Set 12 a 16 Set

29 a 2 Set 12 a 16 Set

1 a 5 Ago 15 a 19 Ago

1 a 5 Ago 15 a 19 Ago

4 a 8 Jul 18 a 22 Jul

4 a 8 Jul 18 a 22 Jul

20 a 24 Jun

bagaço girassol

20 a 24 Jun

6 a 10 Jun

23 a 27 Maio

150 25 a 29 Abr

300

11 a 15 Abr

350

28 a 1 Abr

€/ton

12 a 16 Mar

bagaço colza 13 a 17 Fev

150 27 a 2 Mar

190

27 a 2 Mar

210

30 a 3 Fev

400

13 a 17 Fev

450

230

30 a 3 Fev

250

16 a 20 Jan

270

2 a 6 Jan

19 a 23 Dez

5 a 9 Dez

21 a 25 Nov

7 a 11 Nov

24 a 28 Out

10 a 14 Out

26 a 30 Set

12 a 16 Set

29 a 2 Set

15 a 19 Ago

1 a 5 Ago

18 a 22 Jul

4 a 8 Jul

20 a 24 Jun

6 a 10 Jun

23 a 27 Maio

9 a 13 Maio

25 a 29 Abr

11 a 15 Abr

28 a 1 Abr

12 a 16 Mar

27 a 2 Mar

13 a 17 Fev

30 a 3 Fev

€/ton

16 a 20 Jan

2 a 6 Jan 16 a 20 Jan

milho

2 a 6 Jan

19 a 23 Dez

5 a 9 Dez

21 a 25 Nov

7 a 11 Nov

24 a 28 Out

10 a 14 Out

26 a 30 Set

12 a 16 Set

29 a 2 Set

15 a 19 Ago

1 a 5 Ago

18 a 22 Jul

4 a 8 Jul

20 a 24 Jun

6 a 10 Jun

23 a 27 Maio

9 a 13 Maio

25 a 29 Abr

11 a 15 Abr

28 a 1 Abr

12 a 16 Mar

27 a 2 Mar

13 a 17 Fev

30 a 3 Fev

16 a 20 Jan

Evolução do preço de matérias primas

Preços médios semanais no porto de Lisboa de 2011 a 2015 2011

2012

2013

bagaço soja 44 2014

€/ton

2015

310 600

290

500

550

300

350

170

250

200

ruminantes JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 39


economia

observatório do Leite Por Maria Luísa Ferrão Fontes: USDA, APROLEP, GLOBAL DAIRY MARKET OUTLOOK,EUROPEAN COMISSION.

Parece que 2015 não está a ser um ano promissor no que toca ao mercado dos produtos lácteos na Europa, embora a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) estime um crescimento da produção mundial em 2%, taxa similar à verificada no ano anterior. Com a diminuição das importações da China, que caíram cerca de 40%, entre janeiro e abril, representando 562,000 toneladas de leite que ficam na Europa, e com a Rússia a importar uma fração do que comprou o ano passado, os produtores europeus assistem a um excedente de produção e à consequente baixa do preço do leite que chega a pontos em que já não é suficiente para cobrir os custos de produção. A Europa está inundada de leite e este excedente vai impactar o mercado mundial, em particular os EUA, um dos cinco principais produtores mundiais, que terá que enfrentar uma concorrência agressiva.

União Europeia Preço do leite não chega para cobrir os custos de produção O cenário não é favorável para os produtores de leite europeus. Desde que a União Europeia deixou de regular o setor, verificou-se um aumento na produção, o que levou a baixar o preço pago ao produtor. Se o panorama se mantiver no próximo trimestre (julho, agosto e setembro), o preço médio a que é vendido o leite não chega para fazer face aos custos de produção. Falamos de 31,03 cêntimos por kg sendo os custos de produção na ordem dos 46 cêntimos. Romuald Schaber, presidente da European Milk Board (EMB), diz que a situação é preocupante, uma vez que a quantidade de leite que circula no mercado não permite aos produtores cobrarem o preço adequado. Esta questão coloca uma enorme pressão

sobre os produtores de leite e muitos deles terão sérias dificuldades em manter o seu negócio, sobretudo, os produtores que se encontrem a realizar investimentos. Por exemplo, com este preço de venda de leite tão baixo, os produtores alemães apenas cobrem 68% dos custos de produção. Devido à inexistência de regulação adequada ao mercado europeu dos produtos lácteos, esta tendência tende a ser mais forte. Na eventualidade de uma crise, segundo Romuald Schaber, o importante é conseguir estabilizar o mercado. Para responder a esta questão, foi apresentado um Programa de Responsabilidade de Mercado (MRP) que, em situações de crise, tem poder para acionar cortes voluntários na produção por forma a evitar a superprodução. O objetivo é conseguir melhores preços para todos os produtores de uma forma rápida e eficiente, permitindo assim que a produção de leite na Europa também possa ser exportada.

E.U.A A perder quota de mercado no sudeste asiático Embora as exportações de leite em pó norte-americanas tenham mantido um valor elevado nos primeiros seis meses do ano, verificando-se o mercado do México como um dos mais promissores, os produtores americanos continuam a perder quota de mercado no sudeste asiático, não só, pela diminuição das importações por parte da China, mas também, devido à concorrência do mercado europeu neste continente. No primeiro semestre, o volume de vendas de leite reduziu em cerca de 17 mil toneladas. Relativamente às exportações de queijo, verificou-se um aumento de 5%, a partir de fevereiro, embora este valor esteja abaixo do verificado em período homólogo do ano de 2014. Note

40 JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 Ruminantes

que a Coreia do Sul importou mais 48% do produto do que no ano passado. Já as exportações para o Japão caíram cerca de 3.500 toneladas no primeiro trimestre, ainda que os nipónicos tenham comprado mais 5.700 toneladas do que a União Europeia que, conforme referido, apresenta um mercado excedentário. O relatório do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) previu que este ano a produção de leite atingirá 95,25 mil milhões de quilos, quase 2% acima do verificado em 2014.

Portugal Com dificuldade em escoar o leite produzido, embora seja deficitário em queijos e iogurtes Em Portugal, a produção de leite também apresenta custos elevados que se devem, sobretudo, ao facto do produtor ter que comprar o alimento para os animais. A partir de 1 de maio, o preço do leite baixou entre 1 e 3 cêntimos, pelo que o preço médio está a rondar os 28 cêntimos o quilo, valor abaixo dos custos de produção, que, segundo fonte da APROLEP, se estimam entre 30 e 35 cêntimos. Dado o excesso de leite no mercado europeu, o escoamento do nosso produto apresenta enormes dificuldades, ainda que Portugal tenha um défice comercial nos lacticínios, na ordem dos 200 milhões de euros anuais, valores estimado na importação de queijos e iogurtes. Os produtores de leite portugueses acreditam que a Comissão Europeia está empenhada em trabalhar para um mercado mais justo no que toca à produção de leite a nível europeu, através do observatório do leite com informação mais atempada, reforço da posição negocial dos produtores e vigilância do mercado para evitar dumping, com canalização de sobras de leite dos países mais poderosos para mercados como o português.


economia

preço do leite standardizado (1) países

leite à produção Preços médios mensais em 2015 meses

eur/kg

teor médio de matéria gorda (%)

teor proteico (%)

companhia

preço do leite (€/100kg) abril 2015

média dos ultimos 12 meses (4)

alemanha

Alois Müller

30,52

32,86

Contin.

Açores

Contin.

Açores

Contin.

Açores

Dinamarca

Arla Foods

30,74

34,13

ABRIL

0,391

0,349

3,79

3,64

3,29

3,26

Danone

31,16

35,46

maio

0,346

0,348

3,78

3,60

3,28

3,22

Lactalis (Pays de la Loire)

31,50

34,91

junho

0,343

0,346

3,78

3,63

3,26

3,16

Sodiaal

31,95

36,78

julho

0,328

0,344

3,74

3,67

3,23

3,10 3,07

França

Inglaterra

Dairy Crest (Davidstow)

31,53

37,86

First Milk

28,11

33,29

Glanbia

28,46

33,03

Kerry

30,37

33,84

Granarolo (North)

41,20

43,45

Irlanda Itália Holanda

DOC Cheese FrieslandCampina

Preço médio leite N. Zelândia EUA

(2)

29,51

2014 agosto

31,51

32,33

34,91

31,44

35,32

Fonterra

24,86

23,36

EUA (3)

36,45

39,39

Fonte: LTO (1) Preços sem IVA, pagos ao produtor; Preço do leite de diferentes empresas leiteiras para 4,2% de MG e 3,4 de teor proteico • (2) Média aritmética • (3) Ajustado para 4,2% gordura, 3,4% proteina e contagem de células somáticas 249,999/ml • (4) Inclui o pagamento suplementar mais recente

2015

0,329

0,343

3,77

3,68

3,25

setembro

0,329

0,348

3,80

3,74

3,28

3,16

outubro

0,339

0,347

3,84

3,72

3,30

3,25

Novembro

0,342

0,333

3,82

3,68

3,33

3,27

Dezembro

0,345

0,330

3,87

3,64

3,37

3,21

janeiro

0,320

0,318

3,85

3,57

3,32

3,16

FEVEREIRO

0,316

0,317

3,80

3,52

3,29

3,15

MARÇO

0,313

0,313

3,73

3,51

3,27

3,18

ABRIL

0,334

0,306

3,68

3,59

3,24

3,21

Fonte: SIMA Gabinete de Planeamento e Políticas

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ruminantes JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 41


economia

ÍNDICE VL e ÍNDICE VL-erva “Continua o ciclo menos favorável para a produção de leite” Por António Moitinho Rodrigues, docente/investigador, Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo Branco Carlos Vouzela, docente/investigador, CITA-A, Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores Nuno Marques, revista Ruminantes

Analisamos neste número da Ruminantes os Índices VL e VL - ERVA para o trimestre de fevereiro a abril de 2015. De acordo com os dados do SIMA-GPP (2015) durante o período em análise o preço do leite pago ao produtor individual no continente aumentou 6,4% passando de 0,316 €/ kg em fevereiro para 0,334 €/kg em abril. O preço do leite pago ao produtor dos Açores baixou 4,2% passando de 0,317 €/kg para 0,306 €/kg. De acordo com dados do MMO (2015), a média de preços do leite pago ao produtor no período de fevereiro a abril de 2015 foi em Portugal (0,3180 €/kg) ligeiramente superior à média europeia (UE28) (0,3158 €/kg). As principais matériasprimas que entram na formulação do alimento composto tiveram uma evolução variável de preços. A título de exemplo, entre fevereiro e abril, os preços médios mensais do milho grão, do bagaço de colza e do bagaço de girassol aumentaram 3,8%, 2,4% e 15,0%, respetivamente, enquanto os preços da cevada e do bagaço de soja44 diminuíram 1,6% e 4,9%, respetivamente. A evolução do preço do leite e dos custos com a alimentação refletiu-se no Índice VL e no Índice VL - ERVA que em abril de 2015 foi, respetivamente, de 1,787 e de 2,252.

De referir que em abril de 2014 o Índice VL havia sido de 1,912 e o Índice VL - ERVA de 2,383. Se considerarmos que o valor 1,5 é um valor moderado, representando um negócio saudável, e 2,0 um valor elevado muito favorável para o sucesso económico da exploração (Schröer-Merker et al., 2012), concluímos que os produtores de leite do continente continuam a trabalhar numa zona de conforto financeiro e que os produtores de leite dos Açores continuam a viver momentos muito favoráveis para o sucesso económico das explorações. A média dos índices calculados no período em análise foi de 1,716 no continente e de 2,271 nos Açores, valores inferiores à média dos índices calculados para o trimestre anterior, 1,803 para o continente e 2,373 para os Açores. Relativamente ao trimestre anterior, as condições favoráveis são agora menores tanto no continente como nos Açores. Ressalva-se que os valores apresentados para os Açores poderão não se repercutir de igual forma pelas diversas ilhas, dado que os mesmos se baseiam em indicadores globais. É sabido que o preço do leite, por exemplo, é pago ao produtor na ilha Terceira a um preço inferior ao da ilha de S. Miguel.

Evolução do Índice VL e Índive VL-erva de abril de 2014 a abril de 2015 Os valores são influenciados pela variação mensal do preço do leite pago ao produtor individual do continente (Índice VL) e da Região Autónoma dos Açores (Índice VL - ERVA) e pelas variações mensais do preços de 5 matérias-primas utilizadas na formulação do concentrado e dos outros alimentos que integram o regime alimentar da vaca leiteira tipo. últimos 13 Meses

2014

2015

Índice VL

Índice VL ERVA

abril

1,912

2,383

maio

1,750

2,443

junho

1,766

2,476

julho

1,767

2,535

Agosto

1,770

2,521

Setembro

1,815

2,619

Outubro

1,837

2,540

novembro

1,845

2,426

dezembro

1,864

2,406

janeiro

1,700

2,288

fevereiro

1,686

2,294

março

1,676

2,269

abril

1,787

2,252

Evolução do Índice VL

O Índice VL é influenciado pela variação mensal do preço do leite pago ao produtor no continente e pelas variações mensais dos preços dos alimentos que constituem o regime alimentar da vaca leiteira tipo (concentrado 9,5 kg/ dia; silagem de milho 33 kg/dia; palha de cevada 2 kg/dia).

2,0

Valores do Índice VL

DE julho de 2012 A abril DE 2015

Valor do Índice VL

42 JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 Ruminantes

1,5

1,0 julho 2012

Limiar de rentabilidade

abril 2015

Negócio saudável

Forte ameaça para a rentabilidade da exploração


economia

Evolução do Índice VL-erva DE julho DE 2013 A abril DE 2015 O Índice VL – ERVA é influenciado pela variação mensal do preço do leite pago ao produtor na Região Autónoma dos Açores e pelas variações mensais dos preços dos alimentos que constituem o regime alimentar da vaca leiteira tipo (primavera/verão 60 kg/dia de pastagem verde, 10 kg/dia de silagem de erva e de milho, 5,6 kg/dia de concentrado; outono/inverno 47 kg/dia de pastagem verde, 23,3 kg/dia de silagem de erva e de milho, 6,7 kg/dia de concentrado).

notas: Em abril de 2015, o preço do leite pago aos produtores do continente foi muito inferior (0,334 €/kg) ao preço pago em abril de 2014 (0,391 €/kg). O mesmo ocorreu com o preço pago aos produtores individuais da Região Autónoma dos Açores que passou de 0,349 €/kg em abril de 2014 para 0,306 €/kg de leite em abril de 2015;

Valores do Índice VL Erva

3,0

2,0

1,5

1,0 julho 2013

janeiro 2015

Valor do Índice VL - erva Negócio saudável

A evolução dos preços das 5 principais matérias-primas que entram na formulação do alimento composto contribuíram para uma tendência decrescente (-0,49%) no preço do alimento composto formulado para o cálculo do Índice VL e Índice VL - ERVA; Os preços dos alimentos forrageiros utilizados na formulação do regime alimentar não apresentaram, no trimestre em análise,

Limiar de rentabilidade

Forte ameaça para a rentabilidade da exploração

diferenças representativa relativamente ao trimestre anterior; Os 3 aspetos anteriores refletem-se no Índice VL e no Índice VL - ERVA que em abril de 2015 foi, respetivamente, de 1,787 e 2,252; As condições favoráveis para o sucesso económico das explorações de leite são agora menores do que no trimestre anterior..

The SensOor

Vigilância 24/7: Tudo na Orelha da Vaca Mais preciso na deteção dos cios do que os métodos tradicionais.

Referências Bibliográfia: Não foram incluídas por uma questão de espaço editorial, mas os autores disponíbilizam bastando enviar um email para geral@revista-ruminantes.com.

MAIS LEITE. MAIS LUCRO.

Regista a atividade e a temperatura da vaca, os períodos de ingestão, ruminação e descanso. Alerta para as doenças antes da vaca mostrar sinais clínicos. Melhor informação para melhores decisões. Testado para funcionar em qualquer sistema de maneio. Fácil de aplicar e com bateria de longa duração.

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ruminantes JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 43


alimentação

A PRECISÃO NA NUTRIÇÃO Entrevista a Carlos Martinho. por ruminantes

Gestores de Território de Ruminantes, com funções que abrangem os produtos de vacas de leite, pequenos ruminantes e bovinos de carne. Estes profissionais têm como função delinear, em conjunto com o cliente, a melhor solução para a exploração, visando o máximo desempenho dos animais ao mais baixo custo e a garantia da saúde do efetivo. Nesta perspetiva, devem fazer parte da gestão da exploração (gestão do consumo de forragens, custo de oportunidade de determinadas forragens, alterações nutricionais nas rações, controlo da qualidade do leite...), devendo ser capazes de correlacionar resultados zootécnicos com resultados económicos, que lhes permitam apresentar soluções ao produtor para maximizar a sua rentabilidade e o ajudem a planear o futuro”, concluiu.

O sistema exclusivo DairyMax

A Cargill, detentora da marca de produtos para alimentação animal Provimi, lançou recentemente no mercado um projeto de Ruminantes com um novo portefólio de produtos e serviços. O objetivo, segundo afirmou Carlos Martinho, diretor comercial da empresa em Portugal, é recuperar a liderança de mercado, manter o negócio sustentável a longo prazo e oferecer aos clientes oportunidades de crescimento. Na Agro, Braga, Carlos Martinho, falounos sobre este recente desafio, que a Provimi enfrenta com uma nova equipa e uma nova estratégia, por forma a conseguir satisfazer as necessidades do mercado. Como nos explicou, “definiram-se três áreas de trabalho, Norte, Centro e Sul, coordenadas por

“O AutoCalc™ calcula em tempo real a relação entre as características físicas e químicas dos ingredientes, gerando mais de 270 nutrientes e indicadores”.

44 JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 Ruminantes

Sobre o sistema exclusivo DairyMax, de gestão integrada das explorações leiteiras, o responsável da empresa referiu a sua utilidade na elaboração de arraçoamentos, e na introdução dos dados das análises laboratoriais de alimentos em tempo real, bem como na gestão da informação obtida a partir de ferramentas de análise nutricional no terreno (analisador das fezes, avaliador da dureza do grão, medidor do tamanho de partículas do unifeed). Consegue-se por esta forma um controlo mais apertado da realidade nutricional das explorações. Assim, explicou, “a correlação direta entre o DairyMax e a plataforma de formulação BILLS, alimentada diretamente com a informação criada e desenvolvida pelos Centros de Investigação próprios do Grupo Cargill, permite a formulação imediata de alimentos compostos na exploração. O DairyMAx possibilita também, através de projeções económicas e estratégias de alimentação, a implementação da solução mais rentável na exploração, consoante o preço real do leite pago ao produtor.”


alimentação

A utilização de produtos personalizados No que se refere ao recurso a “produtos personalizados” ou “feitos à medida”, uma realidade em algumas explorações, Carlos Martinho considera que “a sua implementação faz sentido em explorações de média/grande dimensão, cuja gestão é feita com base na rentabilidade, uma vez que este tipo de produto permite o seu ajuste consoante as variações da base forrageira que ocorrem na exploração. Permite também um tipo de formulação mais livre, com utilização de outro tipo de matérias primas que, de acordo com o seu valor de mercado, podem tornar o produto final mais atrativo em termos económicos e de rentabilidade.”

Ingrediente versus nutriente “Com todo o conhecimento que hoje temos sobre nutrição e fisiologia da vaca leiteira, é seguro dizer que o nutriente é o mais importante”, diz-nos Martinho, e explica: “Se o adequado nível de

nutrientes estiver assegurado, o seu equilíbrio estiver garantido e o maneio for de qualidade, o animal responderá de acordo com toda a performance que a genética que possui lhe permite.” No nosso país, refere, “ainda existem produtores e nutricionistas que fazem avaliações subjetivas e depreciativas da qualidade das rações formuladas com subprodutos, quando comparadas com outras formuladas com matérias-primas ditas “nobres”, valorizando mais, neste caso, os ingredientes relativamente aos nutrientes.

disponibilizados para a formulação das rações e tomadas de decisão (quando se trata da saúde dos animais, desempenho e rentabilidade)”.

Dairy MAX O Dairy Max formula com nutrientes e indicadores importantes nos momentos de dar soluções. Exemplo: Proteína: TOTAL RDP; DDAA MET; LYS; HIS; PHE. Fibra: DIG NDF; ENDF.

O AutoCalc™ Para permitir o cálculo automático de nutrientes, a Cargill desenvolveu ao longo de anos de pesquisa nos seus laboratórios, o AutoCalc™, que calcula, em tempo real, a relação entre as caraterísticas físicas e químicas dos ingredientes, gerando mais de 270 variáveis. Desta forma, um número muito maior de nutrientes (incluindo aqueles até então desconsiderados) são

Carbohidratos não fibrosos: ADJTOT ST; RUMDIG ST; RUM SUGAR. Gordura: UNSAT FAT; BARAL. Energia: NEl Dairy; NEl Pastagem; NEl Baixa Forragem. Indicadores do Rúmen: RH INDEX. Outros indicadores: eNDF; peNDF; VFA:RDP; Energy Milk; Protein Milk; Milk Fat Index; Milk Protein Index; Rumen pH; Micro CP:RDP.

ruminantes JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 45


atualidades

DIA DE CAMPO PROCROSS EM OVAR POR SERVIÇOS TÉCNICOS UGENES

A Ugenes realizou no passado dia 19 de junho mais um Dia de Campo Procross. Desta vez, o evento decorreu em Ovar na exploração Irmãos Vieira com a presença de produtores e técnicos ligados à produção de leite tendo como objetivo a continuada divulgação do programa genético da Vaca Procross. “estamos a ver que pegam melhor“, de “melhores patas” e de “realmente muito menos problemas de saúde após o parto”. Sentiu-se a convicção geral de que a aposta no Procross é uma das estratégias adequadas a tomar para encarar a grave ameaça à sustentabilidade a prazo do negócio da produção de leite.

Figura 1 Apresentação de dados ProCROSS.

Após uma curta palestra em que foram apresentadas as vantagens e os benefícios da utilização da vaca Procross como uma solução consistente no controlo da crescente consanguinidade que afeta as explorações leiteiras, todos os presentes tiveram a oportunidade de observar in loco todo o efetivo

desta raça na exploração, desde as vitelas recém nascidas até às vacas já em ordenha na exploração Agro Pecuária Irmãos Vieira, Lda. Sobral, São João de Ovar. Os produtores de leite presentes, oriundos principalmente das regiões norte e centro do país, tiveram a oportunidade de observar os animais, colocarem as suas questões aos membros da Equipa Procross presentes, bem como trocar impressões entre si sobre as características dos animais e as suas diferentes experiências pessoais quanto aos resultados e aos benefícios obtidos desde que decidiram introduzir este conceito/

Figura 2 Análise de resultados da exploração.

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estratégia genética nas suas próprias explorações. Com experiências mais ou menos longas, a opinião geral dos testemunhos recolhidos a diversos produtores centrase na verificação de que

O encontro constituiu igualmente um excelente momento de convívio em que se juntou o útil ao agradável num animado churrasco ao ar livre pela hora do almoço.

Figura 3 Paulo Grave (distribuidor e responsável pela zona centro); Carlos Serra; José Nuno Carvalho (distribuidor e responsável pela zona Norte) e Fernando Freitas (médico veterinário, colaborador e distribuidor na zona Norte).


TESTEMUNHOS DE PRODUTORES SOBRE A VACA PROCROSS “Em 2005 após ter tido conhecimento dos diversos tipos de cruzamentos que se estavam a efetuar em diversos países e principalmente nos USA, optei por inseminar algumas das minhas vacas com a Raça Vermelha Sueca. Após 2005 e com o decorrer dos anos fui me informando melhor sobre a evolução dos cruzamentos em vacas leiteiras, visitando diversos colegas nacionais que já estão numa fase mais avançada dos cruzamentos, assisti já alguns colóquios com técnicos nacionais e Internacionais, para ir esclarecendo as duvidas que podiam existir.No entretanto continuei a utilizar a Raça Sueca Vermelha e posteriormente a Montbeliarde como define o programa rotacional da vaca ProCROSS. Atualmente existem já em lactação no nosso rebanho 12 animais cruzados da Sueca Vermelha e 3 novilhas cruzadas da Montbeliarde.Estes animais do 1º cruzamento estão já na 3 lactação e têm demonstrado serem, boas produtoras, melhor saúde e longevidade, no entanto não são totalmente imunes às doenças sendo porem mais resistentes sobre tudo a mamites e problemas de patas. Estamos curiosos para ver os animais da 2ª e 3ª Geração em produção para podermos decidir de uma forma mais consistente e alargada a utilização do programa da Vaca ProCROSS no nosso rebanho. A utilização da mais valia do vigor hibrido com estes animais, será sem duvida de alta importância económica para os produtores de leite uma vez que são animais muito menos exigentes de que as Holstein puras e por isso se adaptam melhor às características especificas da nossa ilha Açoreana.”

- António Silva Pires Produtor de Leite. Ladeira grande Terceira - Açores

WWW.PROCROSS.INFO


atualidades

REGISTOS DE TESTEMUNHOS “Os produtores nossos clientes dizem-nos que lhes permite efetivamente melhorar a eficiência reprodutiva, que as vacas pegam melhor, que são animais mais resistentes ….” SARA MELO E JOANA SILVA, MPLVET – TOCHA

DADOS DA EXPLORAÇÃO AGRO-PECUÁRIA, IRMÃOS VIEIRA, LDA. Localização: OVAR Proprietários: 2 (Miguel e Manuel Vieira) Nº de Trabalhadores: 2 Descrição do rebanho Total de vacas adultas: 220 Holstein Puras: 194 ProCROSS: 26 Total da Recria Fêmeas: 180 Total da Recria Machos: 0 Terra / culturas Total de ha disponíveis próprios/renda: 43ha Total ha milho/forragem: 43ha Total ha azevém/forragem: 43ha Instalações para os Animais Animais em produção: 201 Animais período secagem: 20 - 60 dias Tipo e características da Ordenha: DeLaval 24 Pontos Rotativa Sistema de Alimentação Alimentação base: Silagem milho Concentrados: Matérias primas Total Kgs concentrado/vaca/ano: 9Kg Produção de leite Média diária de leite vendido: 6.000Lts Holstein Puras: 28-29 ProCROSS: 29-30 Gordura: 3,9 Proteína: 3,4 Preço médio leite nos últimos 12 meses: 0,33€ Comprador do Leite: PROLEITE Detalhe técnico da exploração Idade média ao 1º Parto: 24,3 Média dias 1ª IA: 54 Média dias em Aberto: 116 Intervalo Entre Partos “Ultimo Ano”: 429 Média dias em Leite: 228 Taxa de Prenhez: 15% Nº total de doses/vaca grávida: 2,8 % vacas grávidas na 1ª IA: 26% Média de lactações das vacas presentes na exploração: 1,9 Taxa de refugo anual das vacas adultas: 30% Taxa refugo anual da recria fêmeas: 2% Taxa refugo anual da recria machos: 1% Perdas económicas reprodutivas da exploração: 43.416€/ano

“O que nos levou a experimentar a vaca Procross é que tanto nos dá para leite como para carne. Se for fêmea vai para leite, se for macho vai para carne com mais valor. Se usasse Limousine só davam para carne. Estamos com Procross há cerca de um ano e aplicamos Procross nas vacas que “repetem”. Quando usamos este sémen as vacas geralmente pegam“. MANUEL PICADEIRO – MURTOSA “O que me levou a começar há um ano atrás foi a necessidade de reduzir o refugo, melhorar a fertilidade, tinha um refugo muito alto e as coisas estão a melhorar ligeiramente mas estão a melhorar. São vacas mais robustas, melhor de patas, a vaca que tenha boas patas tem tudo bom, é a parte principal. Se não tem patas, não dá leite nem dá carne. São vacas mais robustas que se aguentam melhor no pós-parto.” MANUEL LOUREIRO – LAVRA, MATOSINHOS

“Esperamos que as vacas façam mais lactações, e por darem menos problemas, tenham mais longevidade.“ SOCIEDADE AGRO-ESPINHELENSE – ESPINHEL, aveiro

“Comecei com a Procross porque o meu objetivo são Euros, constato também que toda a informação que me davam sobre o ProCROSS ao nível da saúde do rebanho é verdade!” JÚLIO BALAZEIRO – LAÚNDOS, PÓVOA DO VARZIM

“Esperamos que a ProCROSS nos ajude a resolver problemas e acreditamos que o uso desta genética nos ajudará a manter rentabilidade da nossa exploração no futuro.“ PRODUTOR ANFITRIÃO, IRMÃOS VIEIRA, LDA – OVAR

“Depois de analisar os dados é que constatei que muitas das minhas melhores vacas são as ProCROSS. Estamos confiantes com estes animais.” Manuel Gonçalves – FONTE BOA, ESPOSENDE

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A D AE R T R N E LIV

Feira Agrícola do Norte

3 . 4 . 5 . 6

SETEMBRO 2015

Póvoa de Varzim . Espaço Agros

Concursos

Exposição

Raça Holstein Frísia

4

Zé Amaro Sexta

5

Workshop’s

Máquinas Agrícolas

Pedro Abrunhosa & Comité Caviar Sábado

6

Técnicos

Gincana

de Tratores

6

Domingo

Festival Folclórico Domingo

Restaurantes Autóctones; Animação Infantil; Atividades Radicais e de Lazer; Piquenique Familiar; Agricultura Biológica; Venda de Produtos Agrícolas; Concurso de Arranjos Florais; Garraiada; Momentos Musicais.

www.agrosemana.pt ORGANIZAÇÃO

APOIO


10 Dicas...

SAÚDE E BEM-ESTAR ANIMAL

Refresque os seus animais neste verão Por Teresa Moreira Leicar-Comércio de Bovinos SA

A estação que se aproxima é caracterizada pelas altas temperaturas e frequentemente por uma elevada humidade relativa do ar, acompanhadas de radiação solar intensa. Os bovinos de produção leiteira são animais homeotérmicos, a sua “zona de neutralidade” ou “zona de conforto térmico” situa-se entre os 5ºC e os 25ºC (4ºC e 15ºC no caso das altas produtoras). Possuem 4 mecanismos básicos de perda de calor (condução, convecção, radiação e evaporação), nem sempre suficientes para compensarem as elevadas temperaturas do meio ambiente. Em conjunto estes fatores podem conduzir ao “stress térmico”, ou seja, a quantidade de calor produzida e a recebida do ambiente são superiores à quantidade de calor que o animal consegue eliminar. Os sintomas e as consequências do stress térmico são bem conhecidos, sobretudo os que se relacionam com a capacidade de ingestão, a produção de leite e a fertilidade, sem duvida o mais afetado. Existem algumas medidas práticas que devem ser implementadas durante a estação quente na tentativa de “refrescar” os animais e de minimizarmos os efeitos do stress térmico.

01 Selecionar forragens de melhor qualidade Se for necessário devemos sombrear a frente do silo para evitar fermentações secundárias.

02

05

Manter a densidade animal da vacaria adequada

Aumentar a frequência da distribuição da comida

De forma a assegurar que todos os animais têm lugar na manjedoura, evitando a sobrelotação. É importante não esquecer o parque de espera para a ordenha, local onde por vezes os animais permanecem muito concentrados relativamente ao espaço disponível e durante longos períodos de tempo.

Por exemplo de uma para duas passagens do carro unifeed/dia, garantindo que exista sempre alimento disponível durante os períodos mais frescos do dia.

06

03 Adequar a dieta dos animais às necessidades da época Rever o teor de gordura, de minerais, de tampões, etc. Existem já alguns produtos que podem ser adicionados no unifeed ou na manjedoura, formulados com o objetivo de minimizarem os efeitos do stress térmico. Sempre que o teor de matéria seca do carro unifeed ultrapassar os 50%, considerar a adição de água à mistura.

04 Manter os bebedouros limpos E com água fresca e se possível num local onde exista sombra.

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Rentabilizar da melhor forma possível a ventilação natural

Quer através de aberturas tipo chaminé no telhado, quer de aberturas laterais, mas mantendo os animais protegidos das correntes de ar. Nas situações em que a ventilação natural seja notoriamente insuficiente, estão disponíveis no mercado mecanismos de ventilação artificial.

07

08

Proteger Manjedouras, bebedouros, zonas de descanso e parques de espera da incidência direta da luz do sol. Os parques exteriores devem dispor de árvores para proporcionar alguma sombra aos animais. Na inexistência desta possibilidade, podem utilizar-se redes de sombreamento.

exterior das instalações Deve ser pintado de uma cor que permita refletir a radiação solar.

10

assegurar uma eficiente circulação de ar Os sistemas de arrefecimento evaporativo, nebulização e aspersão, podem ser utilizados, mas é necessário assegurar uma eficiente circulação de ar no interior do estábulo, caso contrário, a humidade que originam pode constituir um fator de risco para o aumento da incidência e prevalência de mastites e outras doenças de carácter infecioso.

Manter a cama dos animais seca

Adequando a mão-de-obra e tempo disponível a uma maior frequência da limpeza e renovação das camas.


atualidades

Reboque Panther assinala 40º aniversário O maior fabricante mundial de reboques para agricultura realizou uma demonstração de produto que reuniu mais de mil convidados. O evento realizou-se em abril,

em Mühldorf am Inn, na Alemanha. Foram 60 os tratores necessários para fazer desfilar os mais 100 equipamentos que compõem a vasta gama

da marca. “A tecnologia agrícola fabricada na Alemanha tem procura e é apreciada a nível global. A grande força deste evento está em os nossos parceiros poderem captar uma imagem concreta de toda a gama de produtos da Fliegl”, afirmou Josef Fliegl Junior, diretor geral da Fliegl Agrartechnik. Como em 2015 a marca está a comemorar o seu 40º aniversário, a ocasião serviu também

para apresentar uma série limitada de apenas 40 reboques. Batizados com o nome ASW Panther, apresentamse com pintura preta e uma grande pantera estampada de cada lado, decoração que pretende simbolizar velocidade, dinamismo e longevidade. Todos estes reboques serão escoados para a rede de distribuição, à exceção do nº40 que vai ser leiloado na Agritechnica.

PROTEÍNA BRUTA É COISA DOS ANOS 80. A ciência e a tecnologia mudaram adaptando-se aos novos tempos. E a sua forma de formular, também se adaptou? Estratégias e formulações nutricionais adequadas frente àquelas já obsoletas, marcam a diferença entre explorações leiteiras, especialmente quando se trata de nutrição proteica. Encontrar a estratégia mais eficaz na formulação com base em aminoácidos para cada exploração e contexto económico, só se pode fazer com aqueles produtos biodisponíveis realmente fiáveis. Para trás ficam os dias em que nos centrávamos somente nos níveis de proteína bruta. Devemos reformular as nossas dietas até alcançar níveis adequados de lisina e metionina com o objectivo de melhorar os custos de produção e a eficiência proteica (rentabilidade da ração), ao mesmo tempo que nos preocupamos pelo meio ambiente. Formular com Smartamine ®, Metasmart ® e LysiPEARL™ permitirá alcançar “grandes rentabilidades”. Reformule as suas dietas. De agora em diante, mais não significa melhor, no que diz respeito à proteína bruta. Para mais informação sobre estes produtos, por favor contacte a Kemin Tel + 351 214 157 501 ou +351 916 616 764 - www.kemin.com MetaSmart® is a Trademark of Adisseo France S.A.S. 2015_advert Smartmilk_port.indd 1

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Saúde e Bem-estar animal

andré pires preto médico veterinário, serviços técnicos MSD saúde animal andre.preto@merck.com

Resistência antimicrobiana

em medicina veterinária – soluções Conflito de interesses: Trabalho numa empresa farmacêutica em que uma parte do seu retorno é a venda de antibióticos sujeitos a receita médico-veterinária.

Resistência microbiana Inspirado pela apresentação do colega Jorge Pinto Ferreira (médico veterinário da SAFOSO, empresa consultora suíça na área da saúde animal e humana) sobre resistência a antibióticos e as boas práticas na utilização dos mesmos. Atualmente a existência de bactérias resistentes tem sido associada ao uso excessivo de antibióticos quer em humanos quer em animais. Devido à origem natural de grande parte dos antibióticos que usamos, também seria de supor a existência natural de bactérias resistentes. Este facto verificou-se em bactérias descobertas em material pré-histórico. Estas continham já capacidade para resistir a antibióticos modernos (Bhullar et al., 2012). No entanto, estas descobertas recentes não vão reduzir a pressão da parte das autoridades e do consumidor para redução do uso de antibióticos.

Figura 1 Esquema da ocorrência de bactérias resistente por pressão de seleção devido ao uso de antibióticos. Vias de transmissão das resistentes ao longo da cadeia alimentar e ambiental (adaptado de GOA 2040).

animal de produção População bacteriana presente

aplicação de antibióticos transmissão

A outros animais de bactérias resistentes

Ao consumidor via carne contaminada

A trabalhadores (exploração, matadouro) por contaminação via animal/ produtos contaminados

Passagem de resistências a outras bactérias Bactéria normal Bactéria resistente Bactéria normal “morta”

52 JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 Ruminantes

Desenvolvimento de infecções resistentes em Humanos

Contaminação ambienta com bactérias resistentes

Passagem de bactérias resistentes a outros animais da cadeia alimentar



Saúde e Bem-estar animal

Utilização racional dos antibióticos Utilização contextualizada Sem dúvida, há casos em que é indispensável a utilização de antibióticos para tratamento de afeções graves, mas podemos encontrar duas situações distintas: • Situações em que não é necessário chegar a um diagnóstico laboratorial para iniciar o tratamento, exemplo de uma pasteurelose (pneumonia hemorrágica) ou uma mastite colibacilar; • Outras situações em que o seu médico veterinário pode solicitar a realização de testes complementares, para que se chegue a um diagnóstico causal, havendo isolamento bacteriano e associando resultados de sensibilidade antibiótica. Ou seja, qual o antibiótico mais correto para efectuar o tratamento. Não esquecer que a duração do tratamento deve respeitar apenas a indicação constante no folheto informativo do medicamento antibiótico e/ou as instruções do seu médico veterinário, e não a perceção da melhoria do animal. De igual modo a escolha de critérios clínicos para utilização de antibióticos em grupos de risco, evitando ao máximo a utilização “em massa”, a maioria das vezes sem critério clínico algum.

Escolha de moléculas com utilização limitada em humanos Sendo que podem existir um número de bactérias que podem provocar doença em

humanos e animais, mandaria a prudência restrições na sua utilização. No entanto, quando necessário via teste de sensibilidade, deveria usar-se.

Figura 2 Equipamento protetor adequado à utilização em várias zonas de uma exploração. (Modern Farmer, 2014)

Legislação Existe a nível europeu um movimento no sentido de racionalização do uso de antibióticos, cuja tendência é redução. Nalguns países europeus, exemplo Holanda, foi implementada legislação de redução do uso de antibióticos, sendo que em Portugal existe já um programa do género, denominado de Plano de Ação Nacional para a Redução do Uso de Antibióticos nos Animais (PANRUAA). Os próximos quatro anos serão decisivos na implementação do projeto, que por agora passa pela monitorização do consumo de antibióticos nas explorações.

Profilaxia Quando se fala em profilaxia, a maioria das vezes associamos a utilização de medicamentos imunológicos, vulgo vacinas. Mas, determinados comportamentos de maneio podem ser considerados profilácticos, no sentido de redução de risco e limitação de ocorrência de doenças.

Maneio Como dizia anteriormente, profilaxia não é apenas o que utilizamos como vacina, mas sim disposições como: Layout da exploração ajustado à diminuição de risco: • Reduzir ao máximo contactos com outras explorações;

54 JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 Ruminantes

• Recolha de cadáveres feita à entrada da exploração; • Quarentena e enfermaria separadas; • Densidade adequada ao tamanho dos parques; • Ventilação satisfatória. Controlo de entradas nas explorações: • Pessoas e veículos: • Rodilúvio; • Material de proteção adequado por zona (ver Figura 2) • Possuir roupa/ calçado de proteção para colaboradores, mas também para visitantes. • Animais: • Testagem de animais para doenças infeciosas produtivas (ex. BVD, BHV-1 (IBR), Staph. Aureus, peeira).

Boas práticas na abordagem aos animais da exploração: • Iniciar por tratar animais saudáveis, para depois seguir para os doentes; • Não juntar lotes de animais com origens, idades e pesos muito variáveis, pois aumenta brutalmente o risco do lote inteiro, numa engorda. Isto apenas para indicar algumas boas práticas, que podem e devem ser adaptadas à realidade da exploração.

Vacinas O uso de vacinas pode fazer face ao problema de resistências a antibióticos, pois esta problemática não acontece com vacinas. Os pontos principais a ter em conta com a utilização de vacinas são:


Saúde e Bem-estar animal

tabela 1 Resultados laboratoriais de colheita de água diretamente do furo. Demostração cabal de contaminação ambiental. O número de esporos de clostrideos ultrapassa 200x o número admitido pela bibliografia (resultados OVISLAB).

Resultados do estudo bacteriológico Determinação

Resultados Amostra

Limites de aptitude (Φ)

Bactérias aeróbias totais a 37ºC.

> 3,0 x 10

≥ 3,0 x 103

(Em Agar Nutritivo)

u.f.c./ ml.

u.f.c./ 100 ml.

Clostrídios Sulfito-redutores

1,0 x 103

<5

(Em Agar Ferro-Sulfito)

Esporas / 100 ml.

Esporas / 100 ml.

Bactérias Coliformes totais

> 2,4 x 103

<3

(Em caldo Lactose Lauril Sulfato)

N.M.P. / 100 ml.

N.M.P. / 100 ml.

Escherichia Coli

> 2,4 x 103

<3

(Em Agar EMB)

u.f.c./ ml.

N.M.P. / 100 ml

Estreptococo fecal

> 2,4 x 103

(Em caldo de glucose azida)

N.M.P. / 100 ml.

3

<3 N.M.P. / 100 ml.

Classificação bactériológica da amostra segundo os parâmetros estudados: Água de risco sanitário para consumo dos animais Φ Valor Guia de acordo com a bibliografia internacional para águas de consumo em explorações pecuárias

1 - As vacinas são específicas para determinados agentes, logo a escolha deve ser iniciada por um diagnóstico complementar (laboratorial ou de campo, ver Figura 3). 2 - Podemos atingir alguns objectivos específicos: • Imunização ativa de um animal ou grupo de animais • Vacinação para pneumonias em explorações de engorda • Imunização passiva da descendência • Vacinação para diarreias neonatais enriquecer e aumentar a especificidade

da proteção colostral – obviamente neste caso a toma do colostro é fulcral para que exista retorno do investimento. • Imunização ativa e imunização passiva da sua descendência • Vacinação para clostrideoses no préparto, onde o objectivo é além de controlar os agentes específicos nos adultos, a passagem de imunidade para os recémnascidos. 3 - Stress imunitário • A existência de situações de parasitismo e imunossupressão por agentes infecioso, quer vírus (BVD), quer micotoxinas alimentares, podem influenciar

Figura 3 Teste de campo que atesta a positividade a E. coli, rotavírus e coronavírus em amostras de fezes de vitelos.

o sucesso de uma vacinação. 4 - Pressão infeciosa • A pressão infeciosa muito alta vai condicionar a capacidade de protecção vacinal. Por vezes, analisam-se águas com níveis de esporos de clostrídeos 200 vezes acima do limite da potabilidade (ver Tabela 1) Mais uma vez a questão das resistências a antimicrobianos pode e deve ser ultrapassada em conjunto pelo produtor e pelo médico veterinário assistente, com base no conhecimento conjunto da exploração, nos seus pontos de melhoria a nível

de instalações e de procedimentos. Assim como a instituição de planos vacinais que sejam apenas mais uma ferramenta de controlo de risco.

A MSD Animal Health fornece além dos medicamentos veterinários, ferramentas de avaliação de boas-práticas e de diagnóstico ao seu médico veterinário, no sentido de uma participação ativa na melhoria contínua das explorações. Pergunte ao seu médico veterinário como o podemos ajudar.

O autor escreveu este artigo segundo o Antigo Acordo Ortográfico.

ruminantes JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 55


Reprodução

Vanda G. Santos

Maximização da inseminação artificial

a tempo fixo em vacas leiteiras

Carolina Maia

Bruno Carneiro Diessen Serviços Veterinários, Lda.

Referências bibliográficas Não foram incluídas por uma questão de espaço editorial, mas os autores disponibilizam bastando enviar um email para diessenlda@gmail.com

O estabelecimento de uma nova gestação é o principal objetivo a alcançar após o parto e indispensável para o início da lactação seguinte. A produção de leite em vacas leiteiras tem um pico dentro de 8 a 12 semanas após o parto e depois diminui durante o tempo restante da lactação. É, deste modo, economicamente crítico o rápido restabelecimento da gestação para que as vacas passem mais tempo na fase inicial da lactação, quando a produção de leite é maior, em vez de passarem mais tempo na fase final da lactação quando a produção de leite é menor. Por sua vez, a produção de leite total de uma exploração leiteira é determinada pela proporção de vacas que estão a produzir leite a uma dada altura e pelo nível de produção de leite individual das vacas no efetivo. Ambos estes fatores são dramaticamente afetados pela rapidez com que as vacas ficam gestantes fazendo com que a reprodução seja a chave para o lucro de uma exploração leiteira. Os protocolos hormonais para a sincronização da ovulação (explo: Ovsynch; Figura 1A) que permitem a inseminação artificial a tempo fixo (IATF) têm vindo a ser adotados em grande escala por produtores de leite (Caraviello et al., 2006), que dependem destes protocolos para aumentar a eficiência reprodutiva. Estes programas usam uma combinação de GnRH e prostaglandina F2α (PGF) para controlar: (1) o início de uma onda folicular através da indução de um pico de LH e de FSH; (2) os níveis de progesterona (P4) durante o protocolo através da indução da formação e regressão do corpo lúteo (CL); e (3) o tempo da ovulação pela indução de um pico de LH. Inicialmente, protocolos de IATF eram utilizados com a intenção de aumentar o número de vacas inseminadas a cada 21 dias (taxa de inseminação), visto que a taxa de conceção era semelhante entre vacas que recebiam inseminação artificial (IA) após detetadas em cio e vacas que recebiam IATF (Pursley et al., 1997). Um protocolo de IATF para a primeira IA permite que a totalidade do efetivo seja inseminada antes dos 100 dias em leite. Na figura 2 estão representados dois períodos de tempo na mesma exploração para a primeira IA, em 2A IA por deteção de cio, e em 2B por IATF. Na figura 2A

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A: Ovsynch-56 GnRH

PGF

GnRH

7d

56 h

IATF

16 h

B: Ovsynch-56 com duas prostaglandinas GnRH

PGF 7d

PGF 24 h

GnRH 32 h

IATF

16 h

FIGURA 1 Representação esquemática de um protocolo Ovsynch–56 (A) e de um protocolo Ovsynch–56 com administração de um segundo tratamento com prostaglandina F2α (PGF) (B). IATF= inseminação artificial a tempo fixo.

pode observar-se que os dias para a primeira IA pós-parto apresentavam uma grande variação, e que cerca de 30% das vacas apenas recebia a primeira IA após os 100 dias em lactação. Após a introdução de um protocolo de IA (Figura 2B), pode observarse que 100% das vacas receberam a IA antes dos 100 DEL. A introdução de um protocolo de IATF aumentou também o controlo sobre a duração do período de espera voluntário. Além disso, a realização de diagnóstico precoce de gestação e re-inseminação de vacas não gestantes através de IATF permite um aumento da quantidade de vacas inseminadas, visto que diminui o intervalo entre inseminações e aumenta a taxa de inseminação (Fricke et al., 2002). A implementação destas medidas permite, por si só, o aumento da taxa de prenhez. As respostas hormonais e biológicas a cada um dos tratamentos e o resultante perfil de P4 durante o protocolo determinam a sincronização com o protocolo e a subsequente fertilidade, que é medida pelo número de gestações em função do número de inseminações artificiais (taxa de conceção). Estudos recentes demonstraram que a regressão do CL após o tratamento com PGF era um fator limitante na


Reprodução

FIGURA 2 Distribuição dos dias em lactação para a primeira inseminação artificial (IA) pós-parto de acordo com a data de parto, antes (A) ou depois (B) da implementação de um protocolo de inseminação artificial a tempo fixo para a primeira IA.

Dias em leite à primeira IA

(820 vacas em lactação) estão de acordo com os estudos anteriores, tendo havido um aumento de 8% na taxa de conceção com a introdução da segunda PGF (Santos et al., 2015). A implementação de protocolos de IATF numa exploração deve ser feita através de protocolos fáceis de implementar e bem percebidos pelo produtor. Assim, o ideal para o sucesso passa pela utilização de um número reduzido de protocolos de sincronização, adaptados às características de cada exploração. A utilização de uma grande variedade de protocolos para IATF e/ou o iniciar de protocolos em diferentes dias da semana, além de dificultar o maneio, não se traduz numa melhoria da performance reprodutiva do rebanho. A utilização de apenas dois protocolos de sincronização (um para a primeira IA pós-parto e outro para a ressincronização) simplifica o maneio o que resulta frequentemente numa melhoria da performance reprodutiva por aumentar o cumprimento e eficiência na execução do protocolo. No entanto, variações ao protocolo Ovsynch que não exijam administração de tratamentos em dias diferentes da rotina implementada na exploração (por exemplo suplementação com implante de P4) deverão ser introduzidas caso seja necessário, sem causar prejuízo ao maneio da exploração

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100

50

0

Dias em leite à primeira IA

fertilidade de vacas que recebiam IATF (Souza et al., 2007). Vacas cujo CL (Corpo Luteo) falhou em regredir dentro de 56 horas após a administração da PGF apresentavam menor taxa de conceção comparado com vacas em que houve regressão do CL (15% e 45%, respetivamente). Numa tentativa de melhorar a fertilidade em vacas que recebiam IATF foram realizados estudos para aumentar a quantidade de vacas que regredia o CL através da administração de um segundo tratamento de PGF no protocolo Ovsynch (Figura 1B; Brusveen et al., 2008; Carvalho et al., 2014; Santos et al., 2015). Num primeiro estudo que utilizou cerca de 500 vacas durante a primeira IA pósparto, a percentagem de vacas que regrediu completamente o CL foi superior em vacas tratadas com a segunda PGF. Este aumento na quantidade de vacas que regrediu o CL traduziuse num aumento na taxa de conceção em 6% (Brusveen et al., 2008). Num segundo estudo que utilizou cerca de 900 vacas que receberam a IA após ressincronização da ovulação, também se verificou um aumento na quantidade de vacas que regrediu o CL depois de tratadas com uma segunda PGF e um aumento na taxa de conceção em cerca de 7% (Carvalho et al., 2014). Dados de um estudo realizado pela nossa equipa numa exploração leiteira no sul de Portugal, durante a ressincronização da ovulação

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0

Data do parto

CONCLUSÕES

.

• A utilização de protocolos de sincronização que permitem a realização de IATF aumentam a quantidade de vacas inseminadas o que aumenta a quantidade de vacas gestantes. • A administração de um segundo tratamento de PGF aumenta a quantidade de vacas que regride completamente o CL e melhora a taxa de conceção em cerca de 6 a 8%. • A utilização de apenas dois protocolos de sincronização (um para a primeira IA pós-parto e outro para a ressincronização) numa exploração pode simplificar o maneio reprodutivo sem prejuízo da performance reprodutiva.

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ruminantes JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 57


Saúde e Bem-estar animal Estudo internacional

comprova

retorno económico da vacina HIPRA para a prevenção de mastites em ruminantes Por Ruminantes

Carla Azevedo, Médica Veterinária e Diretora Técnica e de Marketing da Unidade de Negócios de Ruminantes da HIPRA Portugal, contextualiza estes novos resultados que demonstram a eficácia da vacina.

imagem 1 Carla Azevedo, Médica Veterinária e Diretora Técnica e de Marketing da Unidade de Negócios de Ruminantes da HIPRA Portugal.

58 JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 Ruminantes

A HIPRA desenvolveu a primeira vacina polivalente para a prevenção de mastites em bovinos registada pela Agência Europeia do Medicamento. É a primeira vacina para mastites a demonstrar eficácia e segurança perante a EMA. Desde o seu lançamento vários estudos científicos e de campo têm demonstrado a eficácia da vacina nos diversos países onde está registada. No início de 2015, um estudo de 16 meses levado a cabo por um dos mais importantes peritos mundiais na área da qualidade do leite (Professor Doutor Andrew Bradley da Universidade de Nottingham) em 3130 vacas de 7 explorações do Reino Unido, traz novos dados sobre a eficácia da vacina em condições de campo frente aos principais agentes de mastites ambientais.

Que componentes tem a vacina da HIPRA e contra que agentes confere proteção? Carla Azevedo - A vacina conjuga dois componentes na mesma vacina, sendo uma vacina totalmente inovadora no mercado e que permite uma proteção contra os principais agentes contagiosos e ambientais de mastites. Um dos componentes é uma estirpe de S. aureus altamente produtora de biofilme, que confere proteção contra S. aureus (agente contagioso principal) e Estafilococos coagulase negativos (agente principal isolado de casos de mastite subclínica). O outro componente é uma estirpe mutante de E. coli (J5) que confere proteção contra E. coli e todos os restantes coliformes (Klebesiella, Enterobacter, Serratia etc.). Os resultados deste estudo referem-se em particular à eficácia da vacina sobre E. coli e coliformes. Que impacto têm estes agentes de mastites numa exploração? Quando falamos de E.coli e coliformes, falamos das mastites colibacilares conhecidas entre os produtores por “mamites de aguadilha”. Nestes casos, o desfecho mais frequente é a perda irremediável da produção do quarto afetado, do úbere ou, em último caso, da vaca. E na maior parte dos casos falamos de animais no pico de lactação e de alta produção. Os custos associados a uma mastite clínica severa rondam os 500€, podendo obviamente ser muito superiores quando o animal


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Saúde e Bem-estar animal

não sobrevive. Num estudo apresentado este ano nas Jornadas da Associação Portuguesa de Buiatria, em 40 explorações leiteiras portuguesas, a E. coli foi o agente mais frequentemente isolado e com elevada resistência a antibióticos intramamários. Nos Estados Unidos cerca de 60 a 70% das explorações vacinam contra estes agentes. Qual o impacto da vacina sobre este tipo de mastites? Nos EUA a prevenção de mastites por coliformes com a estirpe mutante J5 de E. coli faz parte da rotina profiláctica da maioria das explorações. Vários estudos científicos têm comprovado a eficácia da vacina na redução da severidade dos sintomas e duração da infeção, o que na prática se reflete numa recuperação mais rápida e, adicionalmente, numa redução dos custos com antibióticos. Neste estudo com a vacina da HIPRA, os animais vacinados evidenciam uma redução muito significativa da severidade dos sinais clínicos associados a este tipo de mastites.

aumentando a proteína e a gordura. Isto posiciona a vacinação como um produto de interesse para a indústria também? É consensual entre a comunidade científica que a mastite clínica altera a composição do leite, reduzindo o teor proteico e teor butiroso do mesmo. Ao reduzir a severidade dos sintomas da mastite, será expectável um aumento da proteína e da gordura do leite. Neste estudo foi demonstrado um aumento total de 12 kg de sólidos totais durante o período de estudo, com mais 8,1 kg de proteína (6%) e mais 7,6% kg de gordura (4%). Isto posiciona a vacinação como uma estratégia de prevenção com interesse para o produtor que terá um leite mais valorizado pela indústria, obtendo um melhor preço final e certamente com muito interesse para a indústria, que obterá um leite de valor acrescentado e com maior rendimento à transformação. A vacina resultou num aumento da produção de leite nos animais vacinados. Qual a razão para isto acontecer? As mastites clínicas estão associadas

a uma redução muito significativa da produção de leite. Ao reduzir a severidade da mastite, haverá necessariamente um impacto positivo sobre a produção. Nos animais vacinados segundo o protocolo recomendado foi evidenciado um aumento de aproximadamente 2 litros/ vaca/dia durante os primeiros 120 dias de lactação. Qual o retorno económico associado à utilização da vacina para o controlo das mamites? O que este estudo permite quantificar é que, apenas com base neste aumento de produção de leite, por cada 1€ investido na vacina há um retorno para o produtor de 2,6€. Se acrescentássemos a este valor a bonificação associada ao aumento de proteína e gordura, o ganho associado a menores custos de reposição, a redução com custos com tratamento etc., é fácil concluir que a vacinação enquanto ferramenta disponível dentro de um programa de controlo de qualidade do leite tem um claro retorno económico para o produtor.

A vacina reduz o refugo por mamite clínica associado a este tipo de agentes? Ao reduzir significativamente a severidade dos sintomas deste tipo de mamites, tornando mais fácil o seu tratamento e cura, tem sido visível no campo o impacto na redução da perda de animais por mamites tóxicas colibacilares. Neste estudo, no grupo vacinado não houve refugo de animais devido a mastite tóxica, ao contrário do grupo não vacinado. Se considerarmos o custo de reposição de uma vaca em produção, o retorno económico para o produtor é óbvio e significativo. É importante a manutenção da vacinação ao longo do tempo para que a imunidade do animal vá aumentando? O que este estudo permitiu constatar é que o número de vacinações tem um impacto positivo na redução da severidade dos sintomas da mastite, ou seja, quanto maior o número de vacinações efectuadas num animal menor será a severidade da mastite neste animal. Por esta razão é extremamente importante que a vacinação seja mantida a longo prazo, para que os resultados sejam cada vez melhores e para que a imunidade do efetivo vá evoluindo. Os resultados do estudo demonstram que a vacina tem um efeito sobre a composição do leite, nomeadamente

60 JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 Ruminantes

NA PREVENÇÃO ESTÁ O GANHO A exploração de Duarte Massa, em Arrifes, S. Miguel, é utilizadora de vacinas de mamites desde 1998. Aproveitando toda a sua experiência e sendo utilizador desde à 4 anos da vacina da Hipra viemos saber qual a experiência que tem com esta vacina.

imagem 2 Duarte Massa e Veterinária Luisa Soares.


Saúde e Bem-estar animal

dados da exploração Exploração: Duarte Manuel Silva Massa Localização: Arrifes Nº de animais da exploração: 72 Nº de vacas em produção: 45 Média de produção vaca/dia: 32l Média de produção da exploração aos 305 dias: 9800* Regime de estabulação: semi-estabulação com pastoreio Tipo de sala de ordenha: ordenha fixa em espinha a 50º com 10 pontos * cálculo aproximado

Utiliza a vacina da HIPRA para a prevenção das mamites há 4 anos. O que o fez apostar na prevenção? Duarte Massa - Na prevenção está o ganho: tenho menos quebras de produção por mamite, gasto menos em medicamentos e tenho menos leite descartado por causa de tratamentos e contagem de células somáticas (CCS) elevadas. Já utilizava outras vacinas de mamites desde 1998 com bons resultados e quis apostar nesta vacina. Que benefícios tem observado com a utilização da vacina? Menos mamites e CCS baixas. Quando tenho algum animal com mamite é muito mais fácil o tratamento, elas recuperam mais depressa. Com a aposta na vacinação, em que valores se situa a Contagem das Células Somáticas (CCS) atualmente na sua exploração? Hoje em dia estou com 140 000.

Bom maneio de ordenha: pré-dip, secagem de tetos, pós-dip... As camas do estábulo são limpas todos os dias e desinfetar 3 vezes por semana.

sabemos, levam a quebras acentuadas da produção do animal doente, custos associados a tratamento e o descarte de leite por aplicação de antibióticos.

Na atual conjuntura do sector leiteiro, qual é para si a importância do investimento na prevenção e na rentabilização das explorações leiteiras? Muito importante. Ganha-se mais com a prevenção do que com o tratamento das doenças de uma forma geral. Ganho mais no leite, pois tenho menos vacas com quebra de produção por doença e por tratamentos com intervalo se segurança. Também comecei a vacinação com a vacina da HIPRA para os 4 vírus com maior impacto na fertilidade e nas patologias respiratórias e já noto diferença, principalmente, a nível de patologias respiratórias que, como

Já se ouve falar na restrição futura na aplicação de antibióticos e acho que sem a prevenção, quer por aplicação de vacinação , quer por boas práticas de maneio e regras de higiene vai ser muito difícil conseguir produzir leite de forma lucrativa. Devíamos todos prepararnos para esta eventualidade também, apostando na profilaxia.

imagem 3 Ordenha fixa em espinha com 10 pontos.

Desde que começou a vacinar, com que frequência tem mamites na sua exploração atualmente? Neste momento não chega a um caso por mês. E que impacto teve a vacinação na redução do refugo por mamites graves? Deixei de ter casos desses. Que protocolo de vacinação utiliza? De 3 em 3 meses vacino o efetivo todo. Para além da vacinação que outras medidas de prevenção de mamites tem implementadas na sua exploração?

ruminantes JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 61


SAÚDE E BEM-ESTAR ANIMAL

Quatro anos a estudar

o Bem-estar de cabras de leite POR George Stilwell, Inês Ajuda e Ana Vieira Projecto AWIN, Faculdade de Medicina Veterinária, U. LISBOA stilwell@fmv.ulisboa.pt

O Projecto AWIN terminou os seus trabalhos no passado mês de Abril. Durante os últimos quatro anos a Faculdade de Medicina Veterinária e os seus investigadores, estudaram e divulgaram a temática do bem-estar e doenças de cabras de leite. É altura de fazer o balanço.

projeto awin Em Maio de 2011 a Faculdade de Veterinária da Universidade de Lisboa, iniciou um percurso como parceira de um consórcio de investigação que englobava 11 instituições de nove países (sete na Europa, uma no Brasil e outra nos EUA). O grande objectivo desta enorme rede de investigadores era o estudo e divulgação de temas relacionados com a saúde e bem-estar de uma série de espécies de produção – cavalos, burros, ovelhas, cabras e perus. Em Abril de 2015 este projecto internacional terminou tendo deixado um enorme legado constituído por dezenas de protocolos, artigos científicos, comunicações e posters em congressos e reuniões científicas, aplicações para telemóveis, software diverso e um site que irá reunir toda a ciência e conhecimento na área do bem-estar animal produzida por todo o mundo. Ficou também criada uma rede de investigação, de colaboração e… de amizade.

62 JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 Ruminantes

Em portugal Em Portugal ficámos responsáveis por estudar doenças (incluindo causas de dor) e bem-estar de cabras de leite criadas em regime intensivo. Para isso contámos com a colaboração sempre pronta de uma mão cheia de produtores que nunca se negaram a ajudar, até porque perceberam como o conhecimento resultante deste tipo de estudos reverte em favor da produção e do sucesso das suas explorações. Aliás, esse foi sempre a pedra basilar dos nossos estudos – criar conhecimento que garanta a melhoria da qualidade de vida dos animais construindo assim uma produção animal mais sustentável, aceite e lucrativa. Através dos trabalhos de duas investigadoras e doutorandas, ficámos a conhecer melhor algumas doenças e problemas das cabras de leite em regime intensivo. Este é um sistema relativamente novo, com contornos muito específicos e ainda parcialmente desconhecidos. Pensamos ter ajudado a desbravar esta área do conhecimento. A Ciência fechada nas

universidades tem pouco valor e por isso tivemos sempre o cuidado e a preocupação de contactar e divulgar o que estudávamos e descobríamos. Por exemplo, durante os quatro anos usámos esta revista para ir difundindo os nossos estudos e os problemas mais comuns de saúde e bem-estar dos pequenos ruminantes. Quase desde o primeiro número da Ruminantes que publicámos artigos sobre problemas e doenças de caprinos e ovinos, como a toxémia de gestação ou as causas de claudicação, diarreias e pneumonias ou a dor causada pela descorna ou amputação de cauda. Também organizámos ou colaborámos em reuniões com produtores, técnicos ou médicos-veterinários tentando auscultar as suas opiniões (essenciais para a criação do protocolo) e transmitindo o que íamos descobrindo. Pensámos assim ter contribuindo também para aumentar o conhecimento técnicocientífico dos produtores portugueses.

De uma forma resumida os estudos do AWIN


SAÚDE E BEM-ESTAR ANIMAL

em Portugal – com uma colaboração mais próxima com a Universidade de Milão – incidiram sobre: • A avaliação da condição corporal – críamos uma forma rápida e expedita de classificar a condição corporal, sem a necessidade de segurar os animais. • A avaliação do grau de coxeira – lançamos pistas e conhecimentos para a criação de uma nova escala. • Estudámos o impacto do sobre-crescimento das unhas de cabras de leite sobre o seu bem-estar e produção. Provámos

como o corte regular das unhas beneficia enormemente os animais, evitando estados de dor e desconforto crónicos e, portanto, se subprodução. • Ficámos a perceber um pouco mais sobre a forma de detectar, prevenir e tratar doenças como a toxemia de gestação e as mastites, que causam enorme sofrimento e prejuízo. • Aproximámo-nos um pouco mais da resposta exequível para o controlo da dor durante a descorna de cabritos. Quase como corolário destes estudos, nasceu um protocolo de avaliação de bem-estar que se destina a ser usado por entidades

certificadoras e/ou fiscalizadoras mas também, ou antes, sobretudo para ser usado pelos produtores para constante verificação do estado de saúde e bemestar dos seus efectivos. A versão final do protocolo e o material de treino e ensino está disponível de forma gratuita no site http:// www.animalwelfarehub. com/. Dentro em pouco estará também disponível uma versão do protocolo para telemóveis e outras ferramentas tecnológicas. É também nesta plataforma da internet que estão disponíveis notícias e uma série de ferramentas e materiais nascida dos trabalhos das várias equipas de investigação. Existe uma aplicação para classificação

de coxeira e de deformação de unhas de cabras (WelGoat App) e uma outra para medir o grau de dor em cavalos através de sinais visuais na cabeça do animal (The Horse Grimace Scale App – ID 525). Os interessados no tema do bem-estar animal irão encontrar aqui imensos meios de formação e treino de muita alta qualidade, não só da autoria do nosso projecto AWIN, mas também de muitas outras equipas de investigação. O objectivo final é essencialmente desmistificar a expressão “bem-estar animal”, apresentá-la com factos científicos e aproximála definitivamente dos produtores e técnicos. Para bem destes e dos animais.

Hidratação sem esquecer a nutrição

ruminantes JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 63


equipamento

Exploração

MADRE DE ÁGUA A Ruminantes foi entrevistar Lurdes Perfeito e o responsável da exploração, Jorge Lima. POR RUMINANTES

O êxodo rural tem vindo a aumentar em Portugal, havendo cada vez um maior número de portugueses a trocar as zonas rurais por uma vida urbana. Mas este não é o caso de Lurdes Perfeito e do seu marido, Luís Gonçalves. Apaixonados pela zona de Vinhó, Gouveia, na região da Serra da Estrela, começaram por um hotel e uma plantação de vinhas, e hoje já contam com 370 ovelhas da raça Bordaleira, 100 cabras Serranas e alguns cavalos. Desde do dia em que Luís adquiriu 60 ovelhas, o projeto tem vindo a crescer com uma área que já conta com 60 hectares, 35 para pastagens e produção de forragens, e um ovil bastante recente que fornece todas as

condições que respeitam o bem-estar animal. Sobre o olhar atento de Lurdes Perfeito, que diariamente observa os animais, as 370 ovelhas criadas num regime extensivo, produzem o leite que dá origem a Queijo da Serra certificado, que é então comercializado pelos canais tradicionais ou exportado. Qual é o seu maior desafio para a próxima campanha de produção de leite? Jorge Lima – Manter a produção de queijo da Serra na sua essência, através do nosso efetivo, exclusivamente da raça Bordaleira, e do método de fabrico utilizado, no qual o queijo é coalhado apenas com sal e cardo.

64 JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 Ruminantes

Pretendem produzir leite ao longo de todo o ano? Não, entre julho e setembro as ovelhas estão secas. Nós temos a reprodução controlada, e o primeiro lote vai começar a parir dia 20 de agosto, ou seja, final de setembro inicio de outubro começa a campanha. Com a dimensão que a queijaria tem, poderemos ter que aumentar a produção e até comprar leite em explorações com ovelhas Bordaleiras certificadas. Qual é o plano alimentar que utiliza? No verão as ovelhas fazem cerca de 14 horas de pastoreio e 8 no inverno. Para além disso têm sempre feno à descrição e um suplemento com mistura de matérias-primas na sala

de ordenha, em quantidade igual para todas. Só utilizamos um plano alimentar porque basicamente todo o efetivo está na mesma fase de produção. No inverno complementamos o regime alimentar com centeio e aveia que produzimos em terrenos alugados. Que indicadores utiliza para gerir a exploração? Em primeiro a produção total diária e a qualidade do leite. Depois, como os animais desta raça têm contraste leiteiro feito pela Ancose, no final do ano analisamos os dados produtivos de cada animal, (temos animais que chegam a produzir 1,9 litros dia). O outro indicador que utilizo é a observação do estado de saúde


equipamento

dos animais bem como da sua condição corporal. Qual o objetivo para os próximos 3 anos? Aumentar o efetivo para cerca de 600 ovelhas e aumentar a produção de leite. Investiram recentemente na exploração. Em que se focou esse investimento? Investimos numa sala de ordenha DeLaval de 24 animais, com montagem do pipeline em LM (linha média), ou seja, o leite sobe em relação ao nível do úbere do animal. Esta solução tem mantido, até agora, a mesma eficácia de ordenha e qualidade do leite de uma LB (linha baixa), talvez pela utilização de turbinas menos potentes, e é uma solução mais económica e de maior rendimento, pois permite com 12 unidades, ordenhar as 24 ovelhas. Este equipamento é muito sofisticado

Imagem 1 Ovelhas na sala de ordenha.

mas fácil de utilizar, as tetinas são muito boas e parece que os animais não sentem a pressão nos tetos. Teve dificuldade na adaptação das ovelhas, de uma raça autóctone, à nova máquina de ordenha? Não houve nenhuma dificuldade. As ovelhas não demonstraram nenhuma alteração no seu comportamento, devido às novas tetinas. As nossas ovelhas já estavam habituadas a uma sala de ordenha, embora menos sofisticada. Foi um processo muito tranquilo. Ordenhamos cerca de 100 ovelhas por hora. Continua a ter necessidade de efetuar repasse manual?

Não. A qualidade das unidades de ordenha e da pulsação evitam o repasse manual Se as suas ovelhas falassem, o que diriam elas de si? Que têm um tratador que as compreende.

Imagem 2 Ovelhas em pastoreio.

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novidade de produto

Badalo Tecnológico

InerConfort Para cada tipo de cama Ciente de que as vacas estabuladas num ambiente confortável produzem mais leite, têm menos problemas e vivem mais tempo, a equipa NutriGenetik desenvolveu uma solução capaz de colmatar os problemas provocados no úbere da vaca (mamites), e consequentemente na produção de leite, pelo facto de o animal estar muito tempo deitado em locais desconfortáveis, por vezes húmidos e com pouca higiene. O produto chama-se InerConfort e tem como objetivo favorecer o bem-estar animal em ambiente higiénico, e possui as seguintes características: previne mamites e problemas de patas, evita a multiplicação de bactérias, é inerte; secante e não compacta. *Novo modelo de tapete para cama de caixa funda.

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Uma nova coleira criada pela Cambridge Industrial Design (CID) vem trazer para o mercado a possibilidade dos produtores poderem monitorizar mais de perto os seus animais na pastagem. A coleira utiliza tecnologia GPS e apresenta um design muito especial com o formato inspirado nos antigos badalos utilizados nos Alpes. Com este novo instrumento será possível ao produtor, não só ver a distribuição dos seus animais no pasto, como registar o seu comportamento em tempo real (animal deitado, a caminhar, a ruminar, a pastar, entre outros). O principal objetivo é a otimização da utilização da pastagem, garantindo assim que os animais pastam nos locais indicados, ou até mesmo fornecendo informação ao produtor sobre os locais de pastagem preferidos pelos

animais. Para isso, este aparelho em conjunto com o Grass Hoper (criação da mesma empresa que permite medir a qualidade da erva), irá possibilitar a instalação de cercas elétricas comandadas remotamente, permitindo ao produtor escolher exatamente o local de pastagem, poupando o trabalho de remover e montar as cercas manualmente. Os protótipos experimentais deste produto, criados através de uma impressora 3D para acelerar o período experimental, vão agora ser testados em larga escala no campo, sendo que se prevê que os primeiros “badalos” estarão disponíveis para compra em junho de 2016.


novidade de produto

DeLaval - Índice de Condição Corporal BCS de condição corporal de cada vaca e envia-o para o programa de gestão DelPro onde pode visualizar os gráficos individuais, do grupo ou de todo o rebanho. O DelPro Farm Manager pode ser configurado para notificá-lo se uma vaca cai abaixo de um certo resultado.

Principais Benefícios: • Alimentação precisa; • Melhora a saúde da vaca; • Optimiza a reprodução e o parto; • Aumenta a produção de leite; • Mais tempo para outras tarefas.

veja o vídeo em: https://www.youtube.com/ watch?v=gZVwm5kxz8I

Máquinas ensiladoras novas e de ocasião Moinhos para pastone Romill Sacos para ensilar Budissa Peças Assistência técnica

Tire proveito das excelentes condições de financiamento em todas as nossas máquinas. Possibilidade de pagamento dos sacos no final do ano.

O Índice de Condição Corporal é cada vez mais utilizado como uma medida crítica para uma alimentação eficaz. Por isso deve ser obtido de forma precisa e em momentos específicos no ciclo da lactação. Se souber a condição corporal das suas vacas, pode planear a alimentação para garantir que elas têm reservas de gordura corporal adequadas que promovem a produção de leite, eficiência reprodutiva e longevidade da vaca. DeLaval BCS elimina as imprecisões da avaliação visual e táctil. A câmara é montada num local de passagem como, por exemplo, na porta separadora ou na saída do VMS. É tirada uma imagem 3D do dorso do animal cada vez que passa sob a câmara. Em seguida, calcula o índice

* Financiamento condicionado à aceitação do banco

www.agbag.es

www.ensiladosramasa.com ruminantes JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 67


novidade de produto

Para mais informações www.agrovete.pt www.sacmilking.com

A SAC coloca o SAC Glass ao serviço do produtor de leite A Agrovete, em parceria com a SAC, teve em demonstração o SAC Glass durante a Agro, em Braga, para que os produtores pudessem experimentar esta nova tecnologia e verificar in loco o seu potencial. A tecnologia SAC Glass, premiada na FIGAN com o galardão de inovação tecnológica, permite ao produtor de leite monitorizar os dados que necessita, a partir de qualquer lugar e a qualquer momento. De uma forma fácil e intuitiva, é possível ter acesso aos dados do objeto em observação. Numa fase inicial, o projeto da SAC contempla apenas o animal, mas desenvolvimentos futuros

possibilitarão novas análises, tais como verificar dados relevantes numa estação de alimentação (“última calibração”, último animal alimentado ou, em caso de erro, possibilidade de código de falha, descrição ou possíveis ações de resolução). Em termos de

68 JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 Ruminantes

dados individuais de cada animal, é possível obter dados como médias de produção de leite, alteração do estado de saúde, estado de lactação, períodos de lactação, entre outros… Este equipamento é indicado para grandes explorações. Os produtores que não conhecem todo o efetivo, e que necessitam de instruir os colaboradores com ações objetivas – “não ordenhar este animal”, “separar o leite deste animal” – podem, desta forma, minimizar o potencial risco de falhas. Como o sistema é objetivo e individual, o agricultor tem a certeza da identificação do animal descrito na ação a realizar, e não pode, de forma acidental, tratar ou separar o animal incorreto. Uma vantagem adicional comparativamente com as salas de ordenha industriais, reside no facto de ser possível eliminar todos os outros tipos de interfaces ou instruções. Na figura é possível verificar a imagem resultante da utilização do SAC Glass, o que significa que está realmente a “olhar” para a monitorização do processo e a controlar o mesmo. Nesta imagem, “1550” representa o número de identificação do animal, com clara visualização individual do mesmo. No caso do operador se movimentar e olhar para um animal próximo, o mesmo será identificado – incluindo o número de identificação – e os dados deste animal são automaticamente mostrados no “ecrã” do SAC Glass.


novidade de produto

SAI21: Uma janela para o aparelho genital da vaca leiteira A Herritech lançou recentemente um produto que promete revolucionar a inseminação artificial das vacas leiteiras. A SAI21 é uma câmera miniatura à prova de água e de alta definição desenhada para se adaptar à pistola de inseminação. Esta câmera está concebida para localizar o cérvix e captar imagens em tempo real, que são enviadas para uma aplicação instalada no smartphone (colocado numa bolsa no braço do inseminador). Desta forma, o inseminador pode detetar, não só o estado da entrada do colo do útero, como a presença de muco, ou de uma possível infeção (fatores tão importantes para o sucesso da inseminação), podendo armazenar as fotos para mais tarde partilhar com o veterinário assistente da exploração. Esta ferramenta foi desenhada de modo a adaptar-se à pistola de inseminação convencional, mas ainda mais importante, para se adaptar ao trato genital tanto de vacas adultas como novilhas, sendo completamente desmontável para uma limpeza fácil. Para mais informações www.herritech.com/nos-produits

Kuhn Forage Expert Aplicação móvel para a elaboração de feno/silagem A pensar nas últimas tendências dos agricultores europeus, a Kuhn lançou no mercado a Kuhn ForageXpert, uma aplicação para smartphones específica para ajudar na elaboração de feno/silagem. Quando um agricultor pretende substituir uma alfaia de fenação, é importante que possa verificar se o equipamento (gadanheira ou virador-juntador) que pretende adquirir é compatível com as outras máquinas presentes na sua exploração. Esta aplicação permite fornecer, de forma rápida e simples, um diagrama com os cordões produzidos pela gadanheira, com o objetivo de encontrar o melhor volta fenos/volta fenos encordoador, correspondente à largura trabalho desejada. Para cada equipamento selecionado, a aplicação fornece os detalhes de todas as máquinas Kuhn que correspondem ao pedido do agricultor, bem como uma breve descrição de cada uma dessas alfaias. Nesta aplicação foram também integradas outras funções. O utilizador pode, por exemplo, salvar os resultados mais adequados e enviá-los para uma mailbox do seu smartphone. Clicando sobre a foto do modelo da máquina desejada, pode depois aceder a todas as informações técnicas disponíveis no site Kuhn. Esta aplicação está disponível gratuitamente para Android e iOS, e pode ser usada em smartphones, bem como em tablets.

ruminantes JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 69


Não deixe de...

FEIRAS CONGRESSO

FACECO 16 a 19 julho 2015 S. Teotónio - Odemira - Portugal

Controversies & Consensus in Bovine Health, Industry & Economics

27 - 30 AGOSTO 2015 berlim

EXPOINTER 29 agosto e 6 setembro 2015 Assis - Porto Alegre - Brasil www.expointer.rs.gov.br

2 e 6 setembro 2015 Póvoa de Varzim – Portugal www.agrosemana.pt

O congresso tem como público-alvo produtores, veterinários, cientistas e a indústria, pretendendo debater questões técnicas e procurando chegar a consensos. Alguns dos temas a debater no congresso incluem: - Deteção de cio ou tratamentos hormonais? - Vacinar ou erradicar? - Bem-estar e produtividade: a caminhar lado a lado? - Informar os consumidores para fazerem melhores escolhas - O que fazer com vitelos macho de raças leiteiras?

SPACE

Mais informações: www.congressmed.com/bovine

AGROSEMANA

15 a 18 setembro de 2015 Rennes - França www.space.fr

Feira de cremona

G (side height)

D (overall)

29 de Setembro a 3 Outubro de 2015 Madison - USA www.worlddairyexpo.com

H (headroom)

World Dairy Expo

C (loading height)

28 a 31 outubro de 2015 Cremona – Itália www.bovinodalatte.it

IN SAFE HANDS

P6e/P7e UNBRAKED LIVESTOCK TRAILER Our P6e and P7e livestock range offers small

SPECIALISTS IN TRAILER DESIGN & ENGINEER

unbraked trailers with outstanding flexibility both on F (inside)

E (inside)

and off road. Light enough to be towed by a quad

B (overall)

A (overall)

bike, they can be used for moving sheep or calves around the farm on short off-road journeys. With the

Dimensions in Metres

canopy removed, the trailers become general utility

Trailer

Tyres

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2.95 1.65 0.40 1.58 1.98 1.21 0.31 1.12

Gross Weight

trailers for carrying feed, fertiliser and other goods.

500kg

The livestock versions include aluminium ramp gates,

750kg

ventilation louvres in the front of the canopy and fixing

P6e

145R10

P6e

20.5 x 8-10

2.95 1.72 0.41 1.59 1.98 1.21 0.31 1.12

P6e

145R13

2.95 1.63 0.40 1.58 1.98 1.21 0.31 1.12

500kg

points for the optional cross division.

P6e

145R13

2.95 1.63 0.41 1.59 1.98 1.21 0.31 1.12

750kg

P7e

20.5 x 8-10

3.18 1.72 0.41 1.59 2.20 1.21 0.31 1.12

750kg

P7e

145R13

3.18 1.63 0.40 1.58 2.21 1.21 0.31 1.12

500kg

P7e

145R13

3.18 1.63 0.41 1.59 2.21 1.21 0.31 1.12

750kg

See back cover for unladen weights

For 50 years, people have put their trust in our t

they’re not difficult to find. As specialists in trail

Other standard features of the P6e and P7e include: • Spare wheel and carrier • 50mm ball coupling

we have continued to set the standard both in

• Front prop stand • Rope hooks

P7e with ramp, optional rear prop stands and 20.5 x 8-10 tyres (750kg)

• Impact resistant plastic mudguards

much of Europe. We are an independent comp

• Aluminium / steel loading ramps

Our P6e and P7e livestock range offers small unbraked trailers with outstanding flexibility both on and off road. Light enough to be towed by a quad bike, they can be used for moving sheep or calves around the farm on short off-road journeys. With the canopy removed, the trailers become general utility trailers for carrying feed, fertiliser and other goods.

SPECIALISTS IN TRAILER DESIGN & ENGINEERING

The livestock versions include aluminium ramp gates, ventilation louvres in the front of the canopy and fixing points for the optional cross division.

For over 50 years, people have put their

Sommet de l’Élevage

trust in our trailers, just ask an owner – they are not difficult to find. As specialists in

7; 8 e 9 outubro de 2015 continued to set the standard both in the UK and throughout much of Europe. Clermont-Ferrand - França We are an independent company with one www.sommet-elevage.fr trailer design and engineering, we have

P6e with optional stock ramp door, weldmesh panelled sides and 20.5 x 8-10 tyres (750kg)

market. More than 30,000 people choose our trailers each year – but we are not standing still. Our dedicated investment in new technologies and materials ensures

The axle, drawbar and body panels of the P6e and P7e are constructed from hot-dipped galvanized steel. The floor is 18mm thick high density plywood with a tough, water-proof resin coating on both sides. A factory fitted option of 2mm aluminium treadplate overlay is available. The loading ramp is panelled in 2mm thick slip resistant aluminium treadplate.

that our products continue to exceed the expectations of our customers. We know that quality, strength, value and ease of maintenance are of vital importance to you. force behind everything we do.

EN 18 - Km 264 - Saída Évora - Estremoz - Apartado 67 - 7005-837 Évora Telemóvel 933 020 191 www.remolquescanero.com jose.remolquescanero@gmail.com DP120 12 (6’ headroom)

for the 8’ headroom). The P7e is slightly Located inlong ruralversion North(4’ Wales, we have grown up in the agricultural community, people with farming longer withemploying a floor spacelocal of 1.21m x 2.21m and is ideallinks. Our unique understanding the industry allows usthe to farm. deliver the highest for transportingof larger quad bikes around quality products and contribute to the protection of this precious Theofaxle, and at body the P6e and way life. drawbar Take a look anypanels of theoffeatures of our livestock P7e are constructed from hot-dippedsafety galvanized trailers. You’ll find that practicality, and reliability are steel. The floor is 18mm thick high density plywood paramount to us.

C (loading height)

1010kg for the 6’ long version (4’ headroom) and 960kg

each year - but we’re not standing still. Our de

technologies and materials ensures that our pr

with a tough, water-proof resin coating on both sides.

F (inside)

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Dimensions in Metres A

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A factory fitted option of 2mm aluminium treadplate

Flexibility overlay is available. The loading ramp is panelled in

From the smallest P6e to the largest 14’ tri axle, Ifor Williams Trailers have 2mm thick slip resistant aluminium treadplate. something to meet the demands of most livestock farmers. From sheep and A single axleand (rubber fitted with pigs to heifers prize torsion winningtype) bullsiswe have the trailer for the job. Our a choiceEasyLoad™ of either 145R10 only, 500kg gross renowned sheep(P6e deck system has never been bettered by the weight), 145R13 750kg gross weight) or competition making(500 Ifor & Williams the leader in livestock trailers in the UK. 20.5 x 8-10 (750kg gross weight) floatation tyres.

P6e P6e

2.95 1.65 0.40 1. 2.95 1.72 0.41 1.

P6e P7e

2.95 1.63 0.41 1. 3.18 1.72 0.41 1.

P7e

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P6e 2.95 to 1.63 you. 0.40 1. of maintenance are of vital importance P7e 3.18 do. 1.63 0.40 the driving force behind everything we

Built to last

variants of the P6e and are available. TheOther galvanised steel chassis andP7e drawbar offer unbeatable corrosion Our complete range of P6e trailersimpact-resistant can be protection. Couple this with theand highP7e strength, aluminium found in our unbraked available yourthat tow them. The side panels, these trailers brochure, will often outlast thefrom vehicles local distributor. P7e with ramp,roof optional rear on prop standsmodels and 20.5 x 8-10 tyres (750kg) distinctive steel channels braked give a strong and rigid frame. The flooring on these trailers comprises of thick pressure treated timber planking protected by 2mm thick slip resistant aluminium treadplate.

O ATRELADO Livestock Trailers DOS PROFISSIONAIS! Located in rural North Wales, we have grown up in the agricultural

The optional welded mesh side panels are invaluable when carrying large bulky objects such as wool, branches and firewood. They provide a payload of 1010kg for the 6’ long version (4’ headroom) and 960kg for the 8’ long version (4’ headroom). The P7e is slightly longer with a floor space of 1.21m x 2.21m and is ideal for transporting larger quad bikes around the farm.

focus: to build the best products on the

That is why we have made them the driving

Other standard features of the P6e and P7e include: • Spare wheel and carrier • 50mm ball coupling • Front prop stand • Rope hooks • Impact resistant plastic mudguards P6e with ramp and 20.5 x 8-10 tyres (750kg) • Aluminium / steel loading ramps

branches and firewood. They provide a payload of

D (overall)

ATRELADOS

the bestTrailers products on the market. More than 30, Livestock H (headroom)

In Safe Hands

when carrying large bulky objects such as wool,

A single axle (rubber torsion type) is fitted with a choice of either 145R10 (P6e only, 500kg gross weight), 145R13 (500 & 750kg gross weight) or 20.5 x 8-10 (750kg gross weight) floatation tyres. Other variants of the P6e and P7e are available. Our complete range of P6e and P7e trailers can be found in our unbraked brochure, available from your local distributor.

See page 10 for unladen weights and pag and tyre options

Stability when towing

community, employing local people with farming links. Our unique

All of our braked trailers feature the exclusive Ifor Williams beam axle and understanding ofwhich the has industry allowsand us refined to deliver leaf spring suspension system been developed for a the highest quality products and contribute toonthe protection of this precious safe and stable ride. Similar systems are widely used commercial vehicles whereway performance load essential. Renowned for features its durability of our livestock of life.under Take a islook at any of the and ease of maintenance the Ifor Williams beam axle system contributes trailers. You’ll find that practicality, safety and reliability are significantly to the low depreciation of our trailers.

paramount to us. Flexibility

From the smallest P6e to the largest 14’ tri axle, Ifor Williams Trailers have something to meet the demands of most livestock farmers. From sheep and pigs to heifers and prize winning bulls we have the trailer for the job. Our renowned EasyLoad™ sheep deck system has never been bettered by the competition making Ifor Williams the leader in livestock trailers in the UK.

Built to last

The galvanised steel chassis and drawbar offer unbeatable corrosion protection. Couple this with the high strength, impact-resistant aluminium thatP6e tow them.with The Livestock 20.5 x 8 -10 tyres (7 distinctive steel roof channels on braked models give a strong and rigid frame. The flooring on these trailers comprises of thick pressure treated timber planking protected by 2mm thick slip resistant aluminium treadplate.

P6e with optional stock ramp door, weldmesh panelled sides and these trailers will often outlast the vehicles 20.5side x 8-10panels, tyres (750kg)

Stability when towing

70 JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2015 Ruminantes

G (side height)

The optional welded mesh side panels are invaluable

P6e/P7e unbraked livestock trailer

All of our braked trailers feature the exclusive Ifor Williams beam axle and leaf spring suspension system which has been developed and refined for a safe and stable ride. Similar systems are widely used on commercial vehicles where performance under load is essential. Renowned for its durability and ease of maintenance the Ifor Williams beam axle system contributes significantly to the low depreciation of our trailers.




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