FICHA TÉCNICA
EDIÇÃO Nº1 ABRIL | MAIO | JUNHO 2011
Rum nantes DIRECTORA
Francisca Gusmão
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COLABORARAM NESTA EDIÇÃO António Cannas António Machado Arnulf H. A. Trüscher Bart Cousins José Luís Jasso José Maria José Santoalha Luís Veiga Manuel Rondón Pedro Pimentel Sílvia Benquerença Tereza Moreira
AGRADECIMENTOS
Explorações agropecuárias de: | José Alberto Chula | Miguel Guerreiro
Patrícia Cannas (IACA) - Assoc. Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais
PUBLICIDADE
Américo Rodrigues, Catarina Gusmão | comercial@revista-ruminantes.com
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PROPRIEDADE / EDITOR
Nugon, Lda. / Nuno Gusmão Contribuinte nº: 502 885 203 Registo nº: 126038
Depósito legal nº: 325298/11
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Ruminantes • Abril | Maio | Junho
EDITORIAL
UM PROJECTO COM UMA MENSAGEM DE FUTURO Orgulhamo-nos de apresentar aos nossos leitores o primeiro número da Revista RUMINANTES.
Dedicada em exclusivo ao sector da agropecuária, a RUMINANTES foi concebida por uma equipa de pessoas experientes neste mercado e pretende ser uma ferramenta de trabalho para o empresário moderno e globalizado e para o produtor profissional. Com uma periodicidade trimestral, a revista RUMINANTES dirige-se a Produtores de leite e carne, Fornecedores e Distribuidores. Através de entrevistas, artigos e notícias, apresentados de forma clara e precisa, a RUMINANTES procurará levar aos seus leitores, em cada número, informação útil e actualizada sobre temas do mundo agro-pecuário: alimentação, prados e forragens, saúde animal, instalações e equipamentos, segurança alimentar, genética, mercados, bem-estar animal, segurança no trabalho, entre outros. A revista RUMINANTES vai ser distribuída por assinatura, e também gratuitamente através de Distribuidores e Revendedores de alimentos compostos para animais, fertilizantes e agroquímicos, Coperativas agrícolas, Universidades e Escolas agrárias, bem como em feiras e colóquios da especialidade. Está também integralmente disponível, em formato digital, no site www.revista-ruminantes.com. Num contexto pautado pela incerteza e pelas flutuações de mercado próprias do mundo globalizado, em que é urgente repensar a gestão do negócio, a RUMINANTES quer posicionar-se como um parceiro, dando a conhecer o que de bom se faz em Portugal e lá fora, ajudando a divulgar novas ideias, produtos e serviços que ajudem os produtores a optimizar os factores de produção, a diferenciar os seus produtos e a colocá-los no mercado ao melhor preço. Através de uma linguagem fácil e dirigida, estamos determinados a criar uma publicação que se torne referência no mercado nacional e europeu para o sector, levando uma mensagem de futuro.
Francisca Gusmão (Directora)
fg@revista-ruminantes.com
ÍNDICE
ACTUALIDADES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .4 a 11, 20 ENTREVISTA | Pedro Pimentel (Presidente da ANIL) . . . . . . . . . . .12 a 15 PRODUÇÃO Novalac Nanta Dairy Sistems . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16 Glutellac, no tratamento da diarreia dos vitelos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18 A influência das variedades de milho na qualidade da silagem . . . . . . . .22 Acidose ruminal sub-clínica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24 Ácido linoleico conjugado, um suplemento nutricional inovador . . .30 e 32 Novalac Gestão leiteira Nanta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34 e 35
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ECONOMIA | Observatório de preços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26 a 28 EQUIPAMENTO Equipamento agropecuário - Destaques SIMA Paris . . . . . . . . . . . . .36 e 37 A aplicação de herbicidas na qualidade da forragem . . . . . . . . . . . . .38 e 39 Smart Farming TM - Sistema de gestão dos estábulos . . . . . . . . . . . .40 e 41 Pontos a ponderar na escolha de um reboque misturador . . . . . . . . . . . .42 BEM-ESTAR ANIMAL | Sistema de avaliação do bem-estar animal . .44 e 45 FEIRAS | Encontros - Feira da Trofa 2011 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .46 SEGURANÇA | Zonas de risco de segurança no estábulo . . . . . . . . . . . .47
Preços | Prices
Portugal 20 €
1 ano (4 exemplares) 1 year (4 issues)
Nome | Name: Morada | Address: C. Postal | C.P.: Tel. Assinatura | Signature:
Europa Europe 60 €
Localidade | City: Email:
Resto do Mundo Other Countries 100 €
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Morada para envio | Address: Revista Ruminantes - Rua Nelson Pereira Neves, Ljs. 1 e 2 • 2670-338 Loures - Portugal Ruminantes • Abril | Maio | Junho
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ACTUALIDADES
PORTUGAL
Nutreco - balanço da Integração das operações Cargill em Espanha e Portugal
De acordo com a Nutreco, a aquisição das operações de alimentos compostos para animais da Cargill em Espanha e Portugal — que incluiu 12 unidades de produção de alimentos compostos para animais, com um volume de produção de cerca de 700.000 toneladas—, foi de encontro à estratégia para expandir as suas posições no mercado global de alimentos compostos para animais e
peixes, em mercados em crescimento, e para reforçar a sua liderança nos mercados do Canadá, Holanda, Espanha e Portugal. Na altura, a Nutreco referiu ter investido cerca de 40 milhões de euros na aquisição. As receitas registadas pelas operações de alimentos compostos Nutreco Europe aumentaram 13,5% em 2010, para 1.185 biliões de euros. A aquisição das operações de
Ajuda ao sector do leite açoriano
O Governo dos Açores autorizou o Secretário Regional da Agricultura e Florestas, Noé Rodrigues, a destinar um máximo de 2,56 milhões de euros para “ajuda financeira aos processos em curso de reestruturação organizacional e económico-financeira da fileira do leite açoriana”. Nos termos de uma Resolução do Conselho do Governo, publicada no Jornal Oficial da Região, esse montante “será afecto às entidades que se encontram envolvidas por protocolo celebrado com a Secretaria Regional da Agricultura e Florestas ou algum dos seus serviços”. A mesma Resolução autoriza ainda Noé Rodrigues a “celebrar novos protocolos ou autorizar a introdução de alterações aos pro-
tocolos existentes, sempre que tal se mostre necessário à concretização dos objectivos inicialmente contratados”. O Governo justifica esta decisão com a necessidade de “aprofundar e consolidar” o processo em curso nos Açores “de redimensionamento empresarial, de concentração e de articulação de actividades comuns, para reduzir custos e garantir melhores níveis de eficiência”. De acordo com o executivo açoriano, “os auxílios prestados ao desendividamento de unidades industriais, económica e socialmente imprescindíveis, ajudaram a recuperar e a reduzir substancialmente atrasos persistentes aos produtores agrícolas e à obtenção de rácios de solvabilidade que permitiram candidaturas ao investimento apoiado”.
Indústria rejeita responsabilidade pelo baixo preço do leite A tensão entre produtores de leite e a indústria de lacticínios continua longe do fim. No último ano, o preço de compra ao produtor subiu de 0,29 µpara 0,33 euros/kg, representando um aumento de 15%, embora os agricultores considerem que devesse subir mais cinco cêntimos/kg, para que a produção de leite se torne minimamente viável devido à subida dos principais factores de produção: gasóleo, adubos e rações. As manifestações levadas a cabo recentemente com o objectivo de aumentar cinco cêntimos por litro (para 38 cêntimos) poderão ter aberto a porta a um novo mecanismo de fixação de preços, envolvendo todos os agentes da fileira.A este propósito, Carlos Neves, presidente da APROLEP, refere que "o cerne da questão depende da negociação indústria/distribuição". Por seu lado, a maior operadora láctea nacional, a Lactogal, criada pela união comercial das cooperativas leiteiras Agros,
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Proleite e Lacticoop, disse, em comunicado, que "gere as compras de leite junto de uniões cooperativas, pelo que não mantém um relacionamento directo com produtores" e que esse foi, aliás, "o circuito utilizado para a aquisição, durante o ano de 2010, de 821 mil milhões de litros de leite em Portugal, o correspondente a 45% da produção nacional nesse ano". Referiu, ainda não ter qualquer responsabilidade directa na formação dos preços pagos ao produtor, e assumiu como "prática corrente" pagar aos fornecedores de leite "valores acima da média europeia, o que se mantém", actualmente. Por seu lado, a Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios (ANIL) disse que o preço do leite em Portugal é uma combinação ponderada dos preços praticados no continente e nos Açores sendo, por norma, tradicionalmente superior ao preço médio comunitário.
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alimentos compostos para animais da Cargill em Espanha e Portugal foram considerados como tendo dado o maior contributo para este aumento (12,4%).
A Nutreco tem como objectivo colocar a rentabilidade das operações adquiridas a par com a das existentes.
Alega ainda “o investimento realizado na recuperação económica e no reequilíbrio financeiro do tecido agro-industrial regional, em particular no sector cooperativo leiteiro, impulsionou uma dinâmica, sem precedentes, de requalificação e modernização das suas estruturas”. Esta decisão do Governo tem também em consideração o facto de alguns dos investimentos em causa, desenvolvidos numa perspectiva de integração plena dos vários agentes da fileira do leite, terem sido concluídos já num clima económico e financeiro adverso, marcado por dificuldades e incertezas e por restrições ao crédito.
Agricultura é cada vez mais importante
O Ministro da Agricultura defende a importância estratégica do sector da agricultura para o país, tendo exortado os agricultores a produzirem mais. Em declarações à agência Lusa, à margem de um encontro de agricultores do norte do vale do Tejo, na Golegã, António Serrano afirmou que a escalada no preço dos alimentos a nível mundial vai obrigar a um aumento de produção em todo o mundo, tendo afirmado que existe "esperança, investimento, oportunidades e dinâmica" para aumentar a produção em Portugal.
ACTUALIDADES
MUNDO CURTAS
Espanha
França
Criada a maior cooperativa de leite de cabra
A Federação Andaluza de Empresas Cooperativas Agrárias (FAECA) apresentou em Antequera (Málaga), a cooperativa de segundo nível Procasur (Produtores de Caprino del Sur). A nova entidade, que representa 90% da oferta de leite de cabra em mãos das cooperativas FAECA, nasceu como mais importante grupo comercializador da Andaluzia e a nível nacional. O projecto foi promovido pelo Departamento de Pecuária daquela Federação, a pedido das próprias cooperativas. No total, existem seis cooperativas de primeiro grau que estão integradas na Procasur com 1.200 produtores activos: Agamma e
Agasur, ambas de Málaga; Corsevilla, de Sevilha, Caprina de Almeria, Tabernas (Almería), Nuestra Señora de los Remedios de Cádiz e a Ovipor, de Huelva. A nova entidade foi criada com o objectivo de vender 100% do leite produzido pelos seus membros, para, posteriormente, iniciar trabalhos de melhoria no sector visando enfrentar os desafios futuros. Apresenta uma capacidade de produção de 60 milhões de litros de leite de cabra por ano e uma facturação inicial de cerca de 35 milhões de euros. A sua sede está, provisoriamente fixada em Sevilha e a sua presidência foi entregue a Juan Gonzalez, da cooperativa Agasur.
INLAC analisa indicadores de referência para preço do leite
A interprofissional láctea espanhola INLAC está a estudar um conjunto de cinco indicadores de referência para o preço do leite. Esses indicadores referem-se ao preço da manteiga e do queijo, aos custos de produção, às tendências de mercado doutros países e às cotações do leite em França e na Alemanha, entre outros. A INLAC avançou nos estudos sobre indicadores de evolução dos preços do leite de vaca, elaborados por uma consultora externa e pela Universidade de Santiago de Compostela, que foram solicitados durante os trabalhos de desenvolvimento dos contratos do leite. Isto foi explicado pelo presidente da INLAC, Roman Santalla, após uma reunião
Itália
realizada na semana passada em Madrid pela organização que agrupa a ASAJA, a COAG , a UPA, as Cooperativas Agro-Alimentarias (CCAA) e pela Federación Nacional de Industrias Lácteas (FENIL). De acordo com Roman Santalla, durante a reunião foram avaliados esses estudos, porque eles podem ser "positivos" para o sector, quando for aplicável a obrigatoriedade dos contratos para o leite cru no território espanhol. Uma vez que estes índices estejam ultimados, serão dados a conhecer ao Ministerio de Medio Ambiente y Medio Rural y Marino (MARM), de modo a que os produtores e as indústrias possam ter uma referência para orientar e formalizar os contratos.
LBR pode tornar-se maior accionista da Parmalat italiana A Lácteos Brasil (LBR), empresa formada pela união da Bom Gosto e LeitBom, pode tornar-se sócia maioritária da Parmalat italiana. Isto porque, há rumores no mercado daquele país que a Parmalat tem interesse em comprar 100% da companhia de lácteos brasileira. Se o negócio de facto se concretizar, o pagamento deve ser feito por meio das acções da própria empresa e a LBR pode, então, tornar-se a maior accionista da Parmalat em Itália. A compra da LBR pela Parmalat é avaliada entre 2 e 2,5 biliões de euros. O valor equivale a cerca de 30% das acções da empresa italiana. A LBR já é controladora da Parmalat Brasil
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e tem a empresa como uma das suas principais marcas entre as outras doze do seu portfólio. A definição da união entre as duas empresas não deverá ocorrer antes de meados de Abril, altura em que a Parmalat fará uma assembleia com os seus accionistas. O actual presidente da Parmalat italiana é Enrico Bondi. A LBR foi criada em Dezembro do ano passado e é considerada uma das maiores empresas do sector lácteo brasileiro, com uma captação de cerca de dois billiões de litros de leite por ano. A facturação anual da empresa é estimada em 3 biliões de reais.
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Hambúrguer 100% charolês
Para ajudar a prover o consumo de carne de vaca, a McDonald França lançou recentemente para o mercado francês, um hambúrguer feito com carne de origem 100 por cento francesa proveniente de animais da raça charolesa, uma das raças mais antigas daquele país.
Austrália
Exportações lácteas aumentam 22%
Segundo dados da Dairy Australia, o valor das exportações de produtos lácteos daquele país, no período de Julho de 2010 a Janeiro de 2011, sete primeiros meses da campanha produtiva de 2010/11, aumentou 22,4%, para 1,64 mil milhões de dólares, face ao valor exportado no mesmo período do ano anterior (1,34 mil milhões).
Brasil
Valor da produção agropecuária deve crescer 4%
A Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil elevou em 4% a sua projecção para o Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária em 2011. A expectativa de aumento da colheita de cereais e as boas perspectivas para os preços das matérias primas fizeram com que a entidade ajustasse para R$ 271,7 biliões sua estimativa para o VBP deste ano. Em 2010, foram R$ 253,4 biliões.
ACTUALIDADES
MUNDO
CURTAS
Acordo comercial entre UE e Mercosul poderia provocar colapso do sector bovino europeu
O Copa-Cogeca* publicou um novo estudo da União Europeia que revela que um acordo no âmbito das negociações de liberalização do comércio entre a União Europeia e o bloco comercial do Mercosul poderia levar a um colapso do sector bovino europeu. Numa carta enviada ao comissário da Agricultura, Dacian Ciolos, o presidente da Copa, Padraig Walshe, e o presidente da Cogeca, Paolo Bruni, alertaram que «a total liberalização do comércio entre ambas partes pode resultar em perdas para o sector europeu da carne bovina, calculadas em cerca de 25 mil milhões de euros. A conclusão de um acordo aumentaria de igual forma a volatilidade dos preços e provocaria um importante aumento das importações na União Europeia (UE) de carne de porco, aves e de milho procedentes destes países». O documento demonstra também que o Mercosul produz os mesmos bens agrícolas que a UE e que é um grande exportador de produtos agrícolas e alimentares comunitários, com mais de 90 por cento das importações de carne de bovino originária do bloco latino-americano. Uma liberalização ainda maior do comércio com o Mercosul iria aumentar a dependência da UE das importações.
O Copa-Cogeca alerta que, segundo o estudo, as perdas económicas ultrapassariam o quadro da política agrícola comum (PAC) e promoveriam a deslocalização da produção para muitos produtos. Por tudo isto, um acordo duplicaria o nível das emissões de dióxido de carbono, o qual está contra o compromisso assumido pela UE de reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa, para além da preocupação com aspectos relacionados com a segurança da produção de carne nos países, em particular, no que diz respeito à rastreabilidade e utilização de hormonas. Todos estes factores levam o Copa-Cogeca a opor-se rigorosamente a qualquer nova concessão a países não-comunitários, porque, considera a organização, um sector agro-alimentar europeu dinâmico não deveria vender-se a países exteriores, tendo em conta que o sector europeu contribui de forma considerável para a Estratégia 2020 da UE em matéria de crescimento e emprego ao mesmo tempo que garante a segurança de fornecimento alimentar.
Europa quer apoio aos produtores de leite
Durante a conferência da European Milk Board (EMB), ocorrida em Dublin, em finais de Fevereiro, chegou-se a consenso sobre a necessidade dos representantes da fileira alterarem o modo pelo qual os preços do leite são calculados e pagos, bem como a necessidade absoluta de supervisionar e regulamentar o mercado a nível da União Europeia. Os representantes dos produtores de leite de 14 diferentes países concordaram que a
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agência de monitorização a nível da Europa precisa ter o poder de supervisionar os custos de produção, preços, bem como a oferta e a produção. Essa agência determinaria se os preços aos produtores estão a cobrir os custos de produção e garantiria esse objectivo através da fixação de "faixas de preços" que determinaria os volumes a serem produzidos. Considerando as posições completamente desiguais na cadeia de fornecimento do leite e produtos lácteos (produtores, transformadores, distribuidores e consumidores) e a importância da respectiva produção para a sociedade europeia, essa agência será absolutamente vital. Os produtores na conferência disseram que, se quiserem garantir a contínua existência da sustentabilidade da produção da fileira na Europa, os representantes dos consumidores devem também fazer parte da agência de monitorização.
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E.U.A.
Explorações leiteiras cada vez maiores
Em 2010, nos EUA, cerca de um terço da produção de leite proveio de 760 explorações com mais de 2.000 vacas. Pelo contrário, três quartos das 62.500 existentes nos EUA têm menos de 100 vacas e produzem apenas aproximadamente 15% do total de leite, segundo dados do Departamento de Agricultura norte americano (USDA).
Mundo
Resposta para inflação dos alimentos
O presidente da Nestlé, Peter Brabeck, afirmou que para conter a inflação nos alimentos, os governos terão que reduzir o uso das matérias primas alimentares destinadas ao fabrico de biocombustíveis. E acrescentou ainda: ”Existe uma solução muito simples: nada de comida para os biocombustíveis. Se reduzirmos o uso das matérias primas destinadas aos biocombustíveis o problema actual resolver-se-á em pouco tempo.”
Produção de alimentos cresceu menos em 2010
A produção de alimentos continuou a abrandar em 2010, prevendo-se um crescimento de apenas 0,8 por cento, revela um estudo da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). A FAO lembra que, já em 2009, a produção de alimentos tinha desacelerado para 0,6 por cento, depois dos aumentos significativos de 2007 e 2008 (2,6 e 3,8 por cento, respectivamente), durante a crise de preços dos bens alimentares. No ano passado, a agricultura mundial foi afectada pela seca na Rússia, no Verão de 2010, que levou a uma descida drástica da produção e exportação de trigo daquele país.
ACTUALIDADES
MUNDO
Holanda
China
Dairy Campus, o Silicon Valley da indústria do leite?
Um centro de educação, inovação e investigação será construído em Leeuwarden, na Holanda. O Dairy Campus Centre, como será denominado, vai oferecer aos produtores agricolas, instituições de ensino de agropecuária, investigadores e empresários do sector, uma base para trabalharem juntos em inovações e soluções para o sector leiteiro. O sector leiteiro enfrenta desafios económicos, e as exigências para a produção sustentável, bem estar animal e segurança alimentar são cada vez maiores. Para fazer face a estes novos desafios, o Centro de Investigação Wageningen UR Livestock, a Universidade de Ciências AplicadasVan Hall Larenstein, o Governo Regional de Fryslân e
a Câmara Municipal de Leeuwarden uniramse e fundaram o Dairy Campus. O Campus será a sede das empresas, faculdades e instituições de investigação, tornando possível desenvolver projectos conjuntos, à semelhança do Silicon Valley para o sector do leite. Empresas que procuram a inovação e a investigação podem recorrer aos institutos de investigação ou às universidades, e os resultados da investigação podem ser rápidamente aplicados na prática e também na educação/formação. Os alunos terão aqui oportunidades de treinar para desenvolver as suas competências e novos produtos poderão ser testados.
Mais informações em: www.dairycampus.wur.nl/UK/
País cultiva em terras estrangeiras
O principal grupo agrícola da China, Heilongjiang Beidahuang Nongken Group, anunciou, em Março último, que irá adquirir ou arrendar 200 mil hectares de cultivo em países latino-americanos, como o Brasil. O país asiático também vai investir na Rússia, nas Filipinas, na Austrália e no Zimbábue. O presidente do grupo, Sui Fengfu, afirma que as aquisições serão feitas ao longo deste ano. A empresa, que é estatal, já investiu mais de US$ 38 milhões, entre 2005 e 2010, em uma expansão global cuja estratégia varia de acordo com cada país-alvo, segundo Sui. "Na Venezuela e no Zimbábue o grupo fornecerá principalmente maquinaria e mão de obra, e, em troca ficará com 20% da colheita. Na Austrália, normalmente adquirimos terra de cultivo local. Já no Brasil e na Argentina, o modelo de negócio envolve o arrendamento das terras", diz o presidente. A China, país com 1,34 bilião de habitantes, a maior população do mundo, sofre um déficit agrícola que levou as autoridades a procurarem áreas de cultivo fora de seu território.
EUA
Recomendações para melhorar a rentabilidade das explorações leiteiras
O Dairy Consultant Committee, órgão de apoio ao Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou 23 recomendações para melhorar a rentabilidade das explorações leiteiras e reduzir a volatilidade do preço do leite. As recomendações referemse tanto à revisão dos programas existentes, como à introdução de novas medidas. Algumas dessas recomendações são: - Criação dum sistema de recolha dados e de avaliação da rentabilidade das explorações existentes. - Simplificação e melhoramento do programa de gestão de risco. - Introdução de um sistema de intervenção do USDA, em caso de emergência. - Criação duma rede de segurança para os produtores, com os fundos que poupariam com a eliminação dos programas existentes para promoção das exportações e apoio aos preços.
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- Estabelecimento de um sistema obrigatório de informação sobre os preços pagos aos produtores. - Estabelecimento de um programa que permita a entrada de novos produtores e o crescimento das explorações existentes. - Linhas de crédito para os primeiros compradores de leite. - Implementação de medidas fiscais especiais para produtores de leite.
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- Controlo pelo USDA de toda a cadeia de fornecimento de leite para assegurar a competitividade de todos os elos da mesma. - Ampliação de programas para a abertura de novos mercados, tanto internos como externos. - Implementação, no prazo máximo de 48 meses, o limite máximo de 400.000 células somáticas. - Estabelecimento de programas para aumentar o valor acrescentado dos produtos. - Aumento do valor dos apoios para incentivo a medidas ambientais em explorações leiteiras. - Estabelecimento dum programa de erradicação da tuberculose e doença de Johne no efectivo bovino. - Eliminação dos subsídios ao etanol. - Colocação em prática medidas que permitam realizar contratos de longa duração com trabalhadores imigrantes.
MUNDO
Austrália
Produção de carne caiu em 2010
A produção de carne bovina na Austrália, o segundo maior exportador global a seguir ao Brasil, recuou 12% em Janeiro, em comparação com Dezembro, e caiu 8,9% em 2010 relativamente ao ano anterior, conforme informação da Agência de Estatísticas do governo australiano. O número total de gado abatido, 558.623 animais, fora os bezerros, caiu 14% em 2010. Os industriais do sector apontam as enchentes do começo do ano em Queensland, o maior estado produtor de carne bovina, como principal factor responsável pela queda. Mais de três quintos das exportações de carne bovina da Austrália são destinados a grandes mercados como o Japão, os Estados Unidos, a Coreia do Sul, a Rússia e nações do sudeste asiático, com o nível de exportações próximo do volume de produção .
Índia
Procura crescente deve aumentar importações
Em 2021, a Índia poderá ter que importar leite e produtos lácteos para cobrir a crescente diferença entre oferta e procura, o que potencialmente levará a aumentos nos preços globais, se as actuais tendências continuarem, conforme notícia publicada no Hindustan Times em Fevereiro último. A produção de leite no país - actual-
ACTUALIDADES
mente de 112 milhões de toneladas - vem aumentando firmemente em cerca de 3,5 milhões de toneladas por ano, enquanto a procura por leite na Índia está crescendo em cerca de 6 milhões de toneladas por ano, levando a uma diferença entre produção e consumo cada vez maior. A Índia precisará aumentar a produção de leite em cerca de 5,5% por ano para suprir as exigências do seu mercado calculadas em 180 milhões de toneladas para 2021-22, projectadas pelo Plano Nacional de Lácteos. "Se falhar na concretização desse objectivo, a Índia poderá precisar de recorrer às importações do mercado mundial. Um grande consumidor como a Índia entrando no mercado internacional teria potencial para causar aumentos nos preços internacionais".
ENTREVISTA
ENTREVISTA
LEITE, UM SECTOR A ACARINHAR Entrevista a Pedro Pimentel
Presidente da ANIL, Associação Nacional dos Industriais Lacticínios
Ruminantes: Portugal tem neste momento um dos preços do leite mais baixos à produção na Europa, quando historicamente sempre foi o contrário. Como explica este facto? Pedro Pimentel: É razoavelmente simples a explicação: primeiro, nós tivemos um preço à produção que, na fase em que os preços quebraram brutalmente em toda a Europa, não quebrou aqui da mesma forma; e temos hoje um preço à produção que não teve a evolução crescente que em determinado momento a Europa teve. Se ponderarmos os últimos três anos, o preço médio à produção foi claramente superior em Portugal; o produtor ganhou mais dinheiro em Portugal do que na Europa. Esta situação passa-se concretamente a partir de Abril, Maio de 2010 e tem vindo a prolongar-se, mas neste momento a nossa aproximação à curva já está muito próxima, quer porque os nossos preços têm vindo a subir, quer porque os preços nos outros países não tiveram uma evolução tão “dramática “ ou tão forte como se chegou a falar — eu diria que estamos cada vez mais próximos da média europeia. Recordemos mais uma vez que, quando falamos de preço português nos estamos a referir a uma combinação de dois preços, e por isso também é preciso ter em consideração que quando falamos desse distanciamento à média, o mesmo tem a ver com a combinação dum preço mais baixo — o que se verifica nos Açores — com um preço mais alto — o que acontece no Continente. Mas há uma outra questão fundamental: nós destinamos cerca de 80% da nossa produção ao mercado interno. E o problema que verificamos é que a euforia de preços em termos europeus, que acompanham a euforia do preço das matérias-primas, deriva de uma situação resultante da evolução económica em determinadas zonas do mundo: Ásia, Rússia, Brasil, etc. Se compararmos, contudo, a evolução do nosso preço com a verificada em países como Espanha ou
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França a nossa evolução foi muito mais positiva na quebra e menos ampla na subida do que se verificou noutros momentos. Nunca ninguém se queixou quando os preços lá fora estavam a 21 ou 22 cêntimos e cá se pagava a 28 cêntimos, hoje obviamente os produtores sentem que os preços evoluíram de outra forma no exterior. A questão que o produtor deve tentar compreender é que nós temos hoje dos preços mais baixos de prateleira nos supermercados, e essa é uma questão relacionada com a situação económica que o país atravessa e não significa que todos os compradores não tenham a percepção clara que a estrutura de custos de uma exploração leiteira está a viver um período critico.
Ruminantes: Qual a perspectiva para a evolução do preço do leite à produção durante este ano? Pedro Pimentel: Não tenho, infelizmente, uma bola de cristal mas julgo que não é possível pensar que o preço do leite à produção se pode manter se os custos de produção continuarem a aumentar neste ritmo...
Ruminantes: ...e acha que a indústria está sensível a esta situação? Pedro Pimentel: ...Claro que está, a industria está sensível por várias vias, por uma questão de responsabilidade social, mas também porque somos uma indústria de proximidade não nos podemos abastecer no
ENTREVISTA
mercado mundial em termos de matéria-prima, temos que comprar leite em Portugal. E como tal, há uma preocupação clara, pois nós enquanto industria existiremos enquanto houver tecido produtivo que nos abasteça. Por outro lado, recordo que há 15 anos atrás tinhamos quase 80.000 produtores, hoje temos 10.000 e não conheço nenhum que tenha abandonado a actividade e tenha regressado. Nós já temos sentido nos últimos tempos alguma limitação da produção, ela não tem crescido, antes pelo contrário. Isso não se tem sentido muito em termos de mercado, porque devido à crise financeira o consumo não tem disparado. Mas a grande verdade é que, no momento em que o crescimento do consumo regressar — porque os tempos hão-de melhorar — iremos debater-nos com um problema de abastecimento interno. Por isso é que as indústrias têm que continuar a acarinhar os seus produtores.
quenas explorações mais distantes. Numa parte substancial do leite produzido no nosso país, a recolha não é um factor limitante à competitividade, diria mesmo que temos uma recolha bem organizada e evoluída, embora não tenha dados que nos permitam comparar os custos médios com os de outros países.
Ruminantes: Que factores influenciam a definição do preço do leite à produção em Portugal? Pedro Pimentel: O preço do leite à produção, por muitos mecanismos de regulação que existam, é definido por uma coisa tão simples como a oferta e a procura. Em qualquer momento em que a oferta seja inferior à procura, independentemente do ciclo económico que se viva, o preço sobe. Quando não há escassez de leite no mercado, não há uma pressão da parte da procura no sentido de aumentar o preço, porque não sente essa necessidade. Apesar da produção ter diminuído, não há falta de leite em Portugal...
Ruminantes: A globalização do mercado pode ser positiva para o preço do leite à produção? Pedro Pimentel: Sim, sem dúvida. Até porque estamos normalmente a falar de mercados em crescendo que têm uma capacidade de auto-abastecimento muito limitada. Por isso, por muito que desenvolvam a sua produção —e estão a desenvolvê-la — ficarão sempre aquém do incremento do consumo, criando uma oportunidade de colocação de produtos lácteos provenientes de outros locais.
Ruminantes: ...mas acha que o preço do leite ao produtor ainda pode subir este ano? ... Pedro Pimentel: Se nós conseguirmos reflectir esses aumentos no preço dos bens que vendemos...
Ruminantes: ...não há porque importamos... Pedro Pimentel: ...não há porque importamos, e quem importa induz a substituição do consumo de produtos nacionais por produtos importados, isto é, a importação de leite não é feita pelo industrial, é feita pela distribuição; e, ao não comercializar o nosso leite, vai obrigar a que uma parte do leite produzido em Portugal tenha que ser canalizado para o mercado externo, muitas vezes em condições que não são as mais vantajosas, o que faz com que não haja da parte dos nossos industriais uma pressão no sentido de dizer ao produtor que precisa de mais leite, e é isso que influi basicamente na definição do preço. Ruminantes: Como compara os custos de recolha do leite em Portugal comparativamente com a média europeia? Pedro Pimentel: Grande parte do volume de leite produzido em Portugal tem custos de recolha competitivos. Estamos a falar sempre de uma recolha com uma distância relativamente curta. A competitividade da recolha de 80% do leite português é bastante elevada. Onde ela realmente tem dificuldade é nas pe-
Ruminantes: Poderá chegar o dia em que o preço a pagar pelo leite ao produtor esteja “ligado” contratualmente ao preço das principais matérias primas utilizadas na alimentação das vacas? Pedro Pimentel: Do meu ponto de vista, esse dificilmente poderá ser o caminho.
Ruminantes: Sendo a procura de leite pouco flexível e o mercado das matérias-primas muito volátil, que impacto poderá ter nos produtores de leite portugueses? Pedro Pimentel: Apesar de se tratar de um mercado maduro, alguma situação como a que se passou recentemente com o açúcar gera uma procura enorme e desequilíbrios, e o leite pode estar sujeito a isso.
Ruminantes: O custo de transporte, face ao actual preço do petróleo, influi na localização geográfica da produção? Pedro Pimentel: Penso que há sempre uma vantagem na proximidade da produção, no leite mais até do que noutros produtos. Existem dois factores que se cruzam: um é o próprio custo do combustível, o outro é a eficiência da logística. Se por um lado os custos dos combustíveis têm crescido muito, por outro, a eficiência da logística tem também evoluído muito, o que faz com que, em termos práticos, o custo do transporte não tenha sofrido uma evolução tão drástica como a que derivaria directamente do incremento do combustível. É na logística que muitas vezes a rentabilidade se constrói. Conseguir agrupar volumes que permitam reduzir os custos, etc. Mas claro que a evolução dos custos vai ter impacto com o aumento do petróleo, e irão começar a surgir factores adicionais de opção, como a pegada de carbono.
Ruminantes: A crise no sector leiteiro está a levar ao abandono de muitas explorações. Como encara a indústria esta situação? Pedro Pimentel: Existem dois tipos de abandono.
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ENTREVISTA
Aquele que podemos designar como abandono por inércia, que é, em grande parte, o que se tem verificado ao longo dos anos, com um impacto não demasiadamente negativo, do ponto de vista do aprovisionamento, da estruturação da produção, ou do próprio ponto de vista social. É o que poderemos chamar de revolução silenciosa, que resultou numa diminuição de 70.000 produtores em menos de vinte anos. Não se sentiu uma convulsão social associada a este abandono, foi causado pelo abandono de muitas pequenas explorações. Ou seja, é um abandono natural e, do ponto de vista da estruturação, necessário. Actualmente, estamos a entrar no abandono de explorações que podem ser viáveis. Estamos a falar do abandono de explorações geridas por pessoas com idade para poderem ter uma expectativa de manutenção na actividade durante mais alguns anos. E essa é uma situação preocupante, pois percebemos que explorações que nós pensamos serem viáveis e competitivas começam a fechar. Nós, o Estado, todos temos que acarinhar essas explorações e encontrar meios para evitar que isto aconteça...
Ruminantes: …Em que é que a indústria pode materializar esse acarinhamento? Pedro Pimentel: Pode fazê-lo pela via óbvia, através do preço do leite, mas também numa série de outras formas. Apoiando o produtor, por exemplo na sua revisão de estrutura de custos, criando condições para que ele possa dinamizar a sua actividade e consiga ter custos de exploração mais baixos. Ruminantes: Na sua perspectiva, o que devem fazer os produtores de leite para assegurar a sobrevivência?
Pedro Pimentel: Uma melhor utilização dos meios de produção e uma maior cooperação na sua utilização. Qualquer factor que faça com que um investimento fixo se torne variável em função do nível de actividade tem duas vantagens: a redução do valor total e a adaptação ao ciclo produtivo. Se preciso de produzir mais, recorro mais; se preciso de produzir menos, recorro menos. Outra questão tem muito que ver com a alimentação animal, e na forma como internamente temos que começar a encará-la. Como comprador de matérias-primas, o produtor de leite tem que começar a pensar se deve continuar a ir ao “supermercado” comprar a sua alimentação animal ou se deve construir a sua reserva. Penso que aqui, uma vez mais, uma a cooperação pode ser fundamental, havendo zonas do país que não sendo propicias para a produção de leite poderiam ser adequadas para a produção de alimentação para os animais. Outro exemplo poderiam ser os parques de recria fora das explorações. Isto são factores que podem influenciar e bastante os custos da produção leiteira. Ou seja, um aumento da profissionalização e um aumento da cooperação. Penso que a ideia de que cada produtor por si só vai resolver o seu problema, pode funcionar para um ou dois ou dez, mas dificilmente funcionará para os restantes. Ruminantes: Estando os custo de produção de leite bastante altos, como pensa a indústria garantir o abastecimento do leite que necessita? Pedro Pimentel: Como já referi, ela tem que se abastecer internamente até porque nós vivemos ao lado de um país, o único com quem fazemos fronteira que é altamente deficitário na produção de leite e onde, portanto, não podemos pensar em abastecer-nos de forma continuada; apesar de pontualmente ser muito fácil comprar umas cisternas de leite...
Ruminantes: Considera o licenciamento das explorações de leite (REAP) uma ameaça ao abastecimento da indústria? Pedro Pimentel: Considero, e temos transmitido isso ao Governo, quer pela via mais directa, mas também juntamente com organizações mais representativas do lado da produção. Para dar um exemplo concreto: muitas das nossas empresas estão a apostar na certificação quer da empresa quer dos produtos e não podem certificar um produto quando a matériaprima que utilizam no fabrico do mesmo não provem de uma exploração licenciada.
Ruminantes: Qual a origem do leite para consumo importado por Portugal em 2010? Pedro Pimentel: As principais são Espanha, França, Alemanha e Polónia.
Ruminantes: Que percentagem do leite recolhido em Portugal é transformado em produtos de valor acrescentado?
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ENTREVISTA
Pedro Pimentel: Do leite produzido em Portugal, noventa e muitos por cento são transformados em qualquer coisa. Não é forçosamente de maior valor acrescentado um produto mais transformado, isto é, um leite UHT pode ter um valor adicional mais baixo, mas isso não significa que seja menos rentável que o queijo flamengo ou que um iogurte de sabores. Na situação actual e com a crise financeira existente, os produtos de maior valor acrescentado tendem, infelizmente, a diminuir a sua quota de mercado.
Ruminantes: O que leva a distribuição a importar leite em detrimento do leite nacional, quando este está a ser pago a um preço inferior ao do Norte da Europa? Pedro Pimentel: A distribuição acusa permanentemente qualquer sector fornecedor de que para ser seu fornecedor tem que ter quatro coisas: quantidade, qualidade, preço e serviço. Isso faz com que, muitas vezes, as empresas se tenham que reestruturar, e ganharem a dimensão necessária para poderem satisfazer a cadência das encomendas que a distribuição realiza. O problema do sector do leite em Portugal parece ser o de conseguir dar resposta àquelas exigências. E o de existir uma empresa com alguma dimensão e que consegue fazer alguma frente à própria distribuição. As importações de leite são muitas vezes feitas não por que exista uma necessidade do produto (nós somos autosuficientes) nem por uma questão de preço (porque existe leite nacional ao preço do leite importado), mas sim para pressionar as empresas nacionais e, em especial, um determinado operador.
Ruminantes: Está prevista a abolição das quotas leiteiras em 2015. Que impacto haverá sobre a produção nacional e o abastecimento à indústria? Pedro Pimentel: Os estudos que existem mostram que vai ter impactos positivos em determinados países e impactos bastante negativos, em termos de volumes produzidos, noutros países. Portugal está no grupo de países, considerados pela UE, em que o impacto vai ser mais negativo. A questão vai colocar-se de uma forma bastante simples, em relação ao ciclo de preços que vai estar associado ao fim das quotas. A nossa expectativa diz-nos que, muito provavelmente, com o desmantelamento das quotas e a liberalização da produção, os preços tendencialmente cairão. Havendo mais produção de leite na União Europeia, os preços tenderão a descer. A própria quebra na produção que deverá resultar dessa descida de preços, mas também a crescente procura a esse nível poderá gerar uma posterior subida dos preços. É aí que a verdadeira questão se vai colocar: se tivermos uma quebra de 20 e 25% dos preços (como se chegou a falar), eu diria que o impacto seria brutal e imediato em termos de fecho de explorações. São curvas de oferta e procura sucessivas, é obvio que se houver uma quebra brutal da pro-
dução, os preços voltarão a subi. O problema é que os nossos produtores não têm capacidade de aguentar ciclos de quebra de 20 a 25% durante 2 ou 3 anos. E daí podermos pensar que poderá haver uma quebra brutal da produção em Portugal, derivad desse momento no tempo. Continuo a achar que temos que encontrar formas em que o produtor, com ou sem quotas, adquira uma dimensão de exploração e uma estrutura de custos mais competitiva, que lhe permita resistir a preços mais baixos. A minha expectativa pessoal é que o cenário de quebra de preços que foi desenhado inicialmente não se vai verificar, mas falta-me a bola de cristal. A sensação que tenho é que a Europa, produzindo mais, terá também capacidade de fornecer mais aos mercados extra-europeus. Logicamente que para nós era óptimo que outros países não pudessem fazer crescer indefinidamente as suas produções. Porquê? Porque se os mercados dos países terceiros se fecharem - por crise económica, higiénica ou outra - às exportações comunitárias, se verificará uma situação crítica. Nessa situação, onde se colocaria toda a produção existente na Europa? Ou seja, do ponto de vista teórico o fim das quotas é um factor altamente penalizador para o sector, em Portugal. Do ponto de vista prático, vai depender muito do ciclo conjuntural em que estas coisas acontecerem sendo que, não havendo mecanismo das quotas à primeira crise que acontecer, nós vamos sofrer fortemente.
Ruminantes: O ministério da agricultura diz que o fim das quotas leiteiras ameaça todo um sector. Que tem feito ou planeado fazer o ministério para minimizar este risco ou esta constatação? Pedro Pimentel: Em termos de sector lácteo não se fez nada, nada mesmo. Quando estamos numa guerra de sobrevivência no sector, introduzir o REAP é introduzir um factor de entropia. Os sistemas de apoio foram criados no momentos errados e com as fórmulas erradas...
Ruminantes: Que impacto no consumo de leite tem tido a crise económica? Pedro Pimentel: Nota-se alguma quebra no consumo, mas é uma quebra bastante mais notória quando quantificada em valor. Desde finais da década de noventa que temos tido uma evolução de consumo apenas ligeiramente positiva, sendo que a evolução passou essencialmente pela venda de menos produtos básicos e de mais produtos mais evoluídos. A grande inversão desse ciclo faz-se em 2009/2010 e passa exactamente pela regressão para os valores que existiam antes. Ou seja, verifica-se uma efectiva perda de valor ao longo da cadeia.
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PRODUÇÃO
ALIMENTAÇÃO
NOVALAC NANTA DAIRY SYSTEMS Peça chave na inovação em vacas de leite Manuel Rondón, Dairy Product Manager Nanta S.A. Hoje, todos os produtores de leite profissionais têm que enfrentar decisões importantes com grande impacto sobre a rentabilidade da sua exploração: a recolha, o armazenamento e a qualidade das suas forragens, a compra de ingredientes, o conforto animal, a melhoria da qualidade do leite, a formulação de rações, a gestão da exploração, etc. …
A tendência altista dos preços das matérias primas dos últimos meses, e o leve incremento do preço do leite pago ao produtor fez aumentar os custos de produção a um ritmo alarmante até levar o sector ao limite da sobrevivência. Portanto, é agora mais necessário que nunca compreender todas as partes do seu negócio e garantir uma perfeita integração entre elas, como se de peças de um puzzle se tratasse.
A nutrição é uma peça chave do puzzle.
A Nanta é capaz de unir e envolver cada peça desse puzzle com o objectivo de ajudá-lo a tomar as decisões mais rentáveis para a sua vacaria. Desenvolveu um sistema para vacas de leite que integra um modelo nutricional próprio (Novalac) com uma metodologia de trabalho profissional (Nanta Dairy System) dirigida para vacarias de futuro. Este sistema é baseado em:
1. LINHA NOVALAC
Orientado a vacarias profissionais que queiram optimizar a sua rentabilidade através de um programa de alimentação eficiente, rentável e saudável para as suas vacas. Trabalharemos consigo para equilibrar
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as suas forragens e ingredientes, e determinar qual o melhor produto que se adapte ao seu maneio e às necessidades específicas da sua exploração.
Programa de Recria de Novilhas: “Máxima Segurança e Desenvolvimento em Novilhas” Hoje, é possível acelerar o desmame e aumentar a velocidade de crescimento das novilhas, antecipando a idade do primeiro parto de maneira simples, segura e eficaz. • Novalac Starter • Novalac Starter TXT • Novalac Recria • Novalac Starter Plus
Programa de vacas secas e transição: “Tranquilidade e Saúde em vacas Transição” O período de secagem é fundamental para melhorar a rentabilidade das explorações, o nosso objectivo é diminuir a incidência de doenças metabólicas em torno do parto. • Novalac Secas • Novalac Transicion
Programa de vacas em lactação: “Produção e Fertilidade” Trabalharemos consigo para equilibrar a suas forragens e ingredientes, e determinar qual é o melhor produto que se adapte ao seu maneio, às suas forragens e às suas necessidades especificas das suas vacas em lactação. • Novalac Robot • Novalac Top (2521, 2222, 1823, 1424, 1626) • Novalac Plus • Novalac Premium • Novalac Milho • Novalac Erva
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2. INOVAÇÃO E INVESTIGAÇÃO
Dispomos de vários centros de investigação para vacas de leite no mundo (Holanda, México, Canadá…) e de acordos com universidades (Ghent, Wageningen…) onde investigamos para atingir uma melhoria contínua nos resultados zootécnicos das vacas.
3. CONSULTADORIA INTEGRAL: SERVIÇOS E PESSOAS
Os produtores precisam de soluções adaptadas à sua própria exploração, à genética das suas vacas e ao rendimento da vacaria. A Nanta consegue isso graças a Distribuidores qualificados, conhecedores do sector e a Serviços Técnicos submetidos a uma ampla e contínua formação em nutrição e maneio, para que entendam as suas necessidades, os seus objectivos e que sejam capazes de transmitir e interpretar toda a nossa tecnologia disponível para si.
A consultadoria integral baseia-se no uso de:
BOSS: O melhor programa de arraçoamentos para vacas de leite baseado em programação linear. Dairy Tools: Ferramentas físicas para a auditoria da alimentação e seguimento do crescimento das suas novilhas. Dairy Excel: Ferramentas informáticas para avaliação e auditoria da sua exploração. NIR: Análises de forragens rápidas, precisas e confiáveis para a sua exploração.
Glutellac®
A DIARREIA DOS VITELOS Compensa as perdas de água e electrólitos
O TRATAMENTO DA DIARREIA
O tratamento dos sintomas da diarreia tem de ser obrigatoriamente acompanhado pela eliminação do agente causal. • Controlar a desidratação através de terapia de reidratação oral (TRO). • Reposição dos níveis de electrólitos. • Correcção da acidose. • Fornecimento de energia (leite). • Eliminar a causa: eliminando os agentes patogénicos com medicamentos como antibióticos ou desparatisantes.
O VITELO AINDA TEM O REFLEXO DE MAMAR?
Sim 1 Reidratação oral
Não 1 Reidratação endovenosa
LEITE OU ÁGUA?
Regra: Se o vitelo ainda tem apetite não parar a administração de leite PORQUÊ CONTINUAR A DAR LEITE?
• O leite contém energia, proteínas e sais minerais • Ainda que com lesões significativas, o intestino consegue absorver nutrientes do leite ingerido • O leite tem propriedades que favorecem a renovação das células do intestino • O leite não provoca sobrecarga alimentar • A perda de peso provocada pela diarreia é compensada pela administração de leite
ASPECTOS A TER EM ATENÇÃO:
MODO DE EMPREGO:
Administrar 1 frasco (50 ml) de Glutellac® duas vezes por dia, misturado no leite de substituição, por um período de 1 a 7 dias.
• Actuar logo que apareçam os sintomas de diarreia: iniciar TRO • Utilização do leite de substituiçãoo habitual e de boa qualidade • Manter água de qualidade à disposição • Utilizar um reidratante que possa ser combinado com o leite Bayer Portugal S.A. - Divisão Saúde Animal Rua Quinta do Pinheiro, 5 - 2794-003 Carnaxide Tel.: 214 164 202 - Fax: 214 173 428
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ACTUALIDADES
Metionina e lisina nas rações das vacas leiteiras
Há aminoácidos, como a lisina e a metionina, que são muito importantes nadieta das vacas leiteiras, uma vez que têm influência na quantidade de leite produzido e na composição do mesmo. Não obstante, não há apenas que considerar a quantidade fornecida, mas também a forma de administração. Se não for usada de uma forma adequada, ainda que se forneça muita quantidade de aminoáciso, este pode degradar-se no intestino e não cumpre a sua finalidade. Segundo a Universidade da Califórnia (EUA), as farinhas de peixe e os subprodutos dos cereais, incluindo o milho, têm concentrações de metionina superiores às de bagaço de soja ou de farinha de sangue, mas inferiores de lisina. Por seu lado, o bagaço de soja tem um conteúdo de metionina semelhante ao corn glúten feed. Quanto à lisina, a farinha de sangue é a que proporciona maior quantidade disponível deste aminoácido por unidade de proteína crua. O bagaço de soja e a de colza proporcionam quantidades intermédias e os subproductos do cereal são que aportam a menor quantidade. Também estão disponíveis formas comerciais destes aminoácidos que estão protegidas ruminalmente, ou seja, que não são degradadas pelo rúmen. A utilização destas formas comerciais depende, na opinião dos investigadores desta universidade, do preço do leite. Há que ter em conta que a utilização da metionina protegida ruminalmente pode aumentar o conteúdo de gordura do leite em 0,05-0,1 pontos percentuais.
PRODUÇÃO
As vantagens da festuca dos prados para as vacas leiteiras
Investigadores do Serviço de Investigação Agrária dos EUA recuperaram a festuca dos prados (Festuca pratensis Hudson) como forragem de grande interesse para utilização em vacas leiteiras. Esta planta era utilizada nos pastos até há 50 anos, mas depois foi sendo substituída por outras variedades. Os investigadores descobriram agora que esta planta esquecida tem muitas vantagens, nomeadamente por albergar no seu interior alguns fungos não tóxicos — diferentes de
outros endófitos tóxicos que vivem em muitas variedades comerciais de festuca alta e azevém, que podem intoxicar o gado —, e que ajudam a planta a sobreviver em condições de altas temperaturas, seca e presença de pragas. Constataram ainda, a favor da festuca dos prados, que esta planta tem entre 4 a 7% mais digestibilidade que outras forragens, o que poderia compensar os seus rendimentos um pouco inferiores. Os resultados desta investigação foram publicados no Agronomy Journal.
No Brasil, a Embrapa lança sistema para planear produção de bovinos de corte
Técnicos agrícolas e produtores rurais vão poder passar a contar com uma nova ferramenta para o planeamento da produção de bovinos de corte. Trata-se do software de nome “Invernada”, recentemente lançado e que passará a estar disponível para download, de forma gratuita, na internet. O sistema, que incorpora conhecimentos avançados e inovadores em pesquisas nas áreas de produção animal e modelagem matemática, foi desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em parceria com as empresas AgroSol e Bellman Nutrição Animal. A tecnologia oferece recursos para simulação e prognóstico de desempenho da produção, comparação do efeito de mudanças de gestão e adopção de tecnologias, além da optimização de dietas. Também possui uma série de bibliotecas de dados, modelos matemáticos de processos bioló-
gicos e aplicações auxiliares que facilitam as análises do sistema de produção. “O que este sistema faz é colocar, nas pontas dos dedos do usuário, um monte de informação técnica e científica complicada, sendo um excelente transferidor de tecnologia, colaborando também no direccionamento da pesquisa”, garante Sérgio Raposo, investigador da Embrapa Gado de Corte. O software é um dos resultados do projecto de pesquisa Avisar (Avaliação dos impactos ambientais, económicos e sociais dos sistemas de produção de bovinos de corte no Cerrado, na Amazónia e no Pantanal) e foi desenvolvido por uma equipa de mais de cem investigadoress, de 18 instituições. O sistema ficará disponível no site da Embrapa Informática Agropecuária — www.cnptia.embrapa.br — a partir do lançamento.
Syngenta Bioline tem nova biofábrica de insectos e ácaros benéficos
Syngenta Bioline, um dos principais produtores de insectos e ácaros benéficos, bem como de abelhas, destinados à Gestão Integrada de Culturas, vai reforçar a sua aposta pela liderança nesta área incrementando de forma considerável a sua capacidade de produção com uma nova fábrica no Sul de Portugal. Na prática, foram construídos mais de 5 hectares de estufas na zona de Faro, que se dedicarão à produção de insectos e ácaros benéficos para todo o tipo de culturas e condições, tanto para o mercado da UE como para países terceiros.
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Segundo Melvyn Fidgett, Director Global da Syngenta Bioline, “o grande éxito dos programas ICM implementados pela empresa estão a produzir um forte aumento na procura dos seus auxiliares pelo que a única forma para levar a cabo os nossos planos de crescimento e poder resposta às necessidades dos clientes actuais e novos, é incrementar a nossa capacidade de produção e continuar a investir na investigação nesta área de negócio”. Neste sentido, a Syngenta é a única empresa a nível mundial que conta com uma oferta global que inclui sementes, produtos fitossanitários e fauna auxiliar.
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A “Syngenta Growing System representa uma solução agrícola única que combina todas as tecnologias inovadoras da Syngenta encaminhadas para favorecer a rentabilidade e a sustentabilidade aos nossos clientes. O êxito desta abordagem integrada em Espanha e Itália demonstra que o Bioline é um elemento estratégico da nossa oferta, daí o compromisso da empresa na sua expansão”, comentou Sergi Barrull, anteriormente Gerente de Estratégia para a zona EAME, e actualmente Director de Marketing da Syngenta Bioline.
PRODUÇÃO
A influência das variedades de milho na qualidade da silagem DEKALB/MONSANTO O sector pecuário continua a sofrer com os aumentos dos custos de produção. Na DEKALB, a investigação é realizada com o objectivo de conseguir variedades que ofereçam ao agricultor a possibilidade de reduzir custos de produção, obtendo uma silagem de milho de melhor qualidade. A silagem de milho continua a ser, a forrma mais barata de fornecer energia aos bovinos para produção de leite, sendo por isso, parte integrante da alimentação de vacas leiteiras. É uma forma de produzir bastante quantidade de alimento estando disponível durante muito tempo devido à facilidade de conservação. Mas para além de quantidade é preciso produzir qualidade, já que a capacidade de ingestão do animal é limitada. Sabemos que são vários os factores que influenciam a qualidade da silagem, como o estado de maturação à colheita, % de Matéria Seca, a altura de corte, passando por factores relacionados com a conservação, como o calcamento do silo, tamanho das partículas, esmagamento do grão, e tantos outros. Mas a variedade de milho utilizada também vai influenciar a qualidade da silagem, e é nesta perspectiva que a Monsanto/DEKALB tem realizado nos últimos anos um forte investimento no desenvolvimento de novas variedades de milho com maior valor nutricional. É neste contexto que surge o Programa Milk 2006, uma ferramenta que, analisando a digestibilidade da fibra, permite avaliar e comparar variedades em termos de qualidade e rendimento, apresentando valores em Leite/ha.
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O que traz de novo o Programa MILK2006? O Programa MILK2006 traz um novo conceito que é o da importância da digestibilidade da parede celular das folhas e do caule para conseguir ainda mais energia a partir da silagem de milho. A energia fornecida pela silagem é proveniente, na sua maioria, do grão (amido), mas, a parte verde – fibra (folhas e caule), pode também aportar 30% de energia. A utilização desta energia que está armazenada nas folhas e no caule, está invariavelmente dependente da sua digestibilidade. Digestibilidade da Parede Celular Dos constituintes da parede celular, celulose, hemicelulose e lenhina, só esta última, não é degradável. No que respeita à digestibilidade destes componentes, não só é importante a quantidade Fig1: Como se digere o silo de milho dentro da vaca?
Rotura enzimática da parede celular
Folhas e caule Microorganismos
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Lenhina
Celulose e hemicelulose
de lenhina existente, mas também a forma como esta está posicionada na parede celular permitindo ou não o aproveitamento da fibra digestível (hemicelulose e celulose). (Fig. 1) Nos híbridos de baixa digestibilidade, a lenhina está disposta numa forma que cria uma barreira que impede a degradação de mais celulose e hemicelulose (energia) (Fig. 2). Fig2: Como se digere o silo de milho dentro da vaca?
Parede celular com uma boa degradação da lenhina
Parede celular com uma baixa degradação da lenhina
Ao aumentarmos a digestibilidade da fibra em 1%, aumentamos a produção de leite em 0,2 litros leite/dia, o que num efectivo de 50 animais, significa 3650 L/ano. Em resumo, além da energia contida na fibra, esta também estimula a actividade do rúmen, facilitando os movimentos peristálticos e é também a precursora da gordura presente no leite. Com a ajuda do PROGRAMA MILK2006, os híbridos DEKALB são selecionados para terem maior digestibilidade e aproveitarem ao máximo a energia das folhas e caule contribuindo assim para o aumento da produção de leite.
É verdade, como o tempo voa .... Sim há mais de 40 anos, depois de algumas experiências falhadas, no campo da ALIMENTAÇÃO PARA ANIMAIS, surgiu no nosso horizonte a PROVIMI. Desde logo sentimos que a sua estrutura, objectivos, recursos técnicos e acompanhamento aos seus distribuidores, era a solução imediata dos problemas dos nossos clientes, dentro da área que nos foi distribuída em exclusivo para gerir sob nossa responsabilidade total, no alcance dos objectivos comuns. É um facto, partimos do ZERO. O terreno era difícil, aliado ao pouco conhecimento de então de que os nossos clientes disponham do valor da alimentação animal nas suas explorações. Juntos, a par e passo, degrau a degrau alcançando sempre os objectivos comuns, com inteira satisfação dos nossos clientes. Vaticinamos para além dos 40 anos, já passados, outros tantos, com o reconhecimento de que a nossa PARCERIA, tem e terá um êxito TOTAL, de mãos dadas a caminho do futuro, ajudando os clientes a atingir um elevado desempenho das suas explorações.
PRODUÇÃO
SAÚDE ANIMAL
Acidose Ruminal sub-clínica Engº Luís Veiga, Reagro SA veigaluis@reagro.pt
ACIDOSE é um termo que designa um problema metabólico provocado por uma baixa no pH do rúmen que em situações normais se situa entre os 6 e 6.8. Este aumento da acidez ruminal pode degenerar em situações agudas (raras) ou sub-clínicas (de difícil detecção na maior parte dos casos) é responsável por muitos problemas e perdas económicas relevantes. Neste texto tentarei deixar algumas noções e ideias que permitam lutar contra este problema tão frequente. A acidose sub-clínica é causada por fermentações ruminais que alteram o normal funcionamento ruminal e levam a produções desequilibradas de ácidos gordos voláteis. Os ácidos gordos voláteis são os produtos finais da digestão levada a cabo pelos microorganismos que povoam o rúmen, em condições normais acetato, propionato e butirato são produzidos a partir da degradação dos alimentos, contribuindo para o metabolismo das vacas.
As consequências são de natureza digestiva em primeira instância sendo os efeitos finais visíveis dias ou até meses após a acidose. As alterações metabólicas levam a: - redução dos movimentos ruminais; aumento da viscosidade do conteúdo ruminal; dificuldade em libertar os gases das fermentações (eructação); aumento da mobilização de água para o rúmen; diminuição da resistência da parede ruminal à passagem de toxinas endógenas; aumento das toxinas na circulação sanguínea com consequências infecciosas ou locomotrizes.
As principais causas podem ser: transições alimentares bruscas; excesso de hidratos de carbono rapidamente fermentescíveis; falta de fibra; excesso de tempo de mistura no Unifeed ou mistura feita de forma muito agressiva; ração não uniforme (má mistura ou mistura insuficiente no Unifeed); silagens mal cortadas; mau acesso aos alimentos por parte dos animais não dominantes (primíparas por exemplo); falta de conforto; rações com pouco sódio; rações mal formuladas ou com desequilíbrios entre nutrientes; stress.
Os sinais podem ser: clínicos (fezes muito líquidas, diminuição ou irregularidade do apetite, claudicações);
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maneio (excesso de alimento concentrado logo após o parto, arraçoamentos mal equilibrados, poucas distribuições de alimento durante o dia, vacas muito gordas na fase de secagem, vacas muito magras após o parto); controlo leiteiro (baixa produção, baixo teor butiroso, inversão do rácio TB/TP <1.2); pH da silagem deve ser 4 ou menos; a temperatura da silagem deve ser 5º inferior à temperatura ambiente; silagens com muito líquido e fibras muito curtas; o maneio deve ser tranquilo e as condições de conforto adequadas; arraçoamento com pouca matéria seca.
PREVENÇÃO: • Limitar o nível de amido+açúcar a 30% e hidratos de carbono rápidos a 20%. • Aporte de fibra longa e verificar que estas são realmente ingeridas na mistura. • Ter fibra longa disponível em permanência. • Evitar a selecção de fibras na mistura, fazendo misturas homogéneas com fibras na ordem dos 4/5 cm para evitar separação. • Efectuar transições alimentares de forma muito lenta e gradual (3 semanas) para permitir uma adaptação da flora ruminal. • Utilizar substancias tamponizantes no arraçoamento (200 a 300 grs por vaca e por dia). • Manter o nível do arraçoamento com um balanço alimentar catião anião superior a 200 mEq/Kg MS. • Garantir um aporte mineral e vitamínico correcto • Utilizar fontes de energia não acidogénica sobretudo nos arraçoamentos mais exigentes (gorduras). A acidose sub-clínica é um problema que afecta de forma silenciosa muitas explorações, reduzindo os índices de produtividade das mesmas e sendo assim responsável por perdas económicas que são significativas e difíceis de quantificar. Como problema de causas e efeitos multifactoriais, deve estar atento e pedir auxílio a técnicos qualificados em caso de dúvida.
ECONOMIA
© FG
OBSERVATÓRIO Breves comentários e previsões sobre o mercado de matérias-primas
Nota: Os preços e os cenários previstos para a evolução dos mercados de matéria primas estão sujeitos a muitos imponderáveis e exprimem apenas opiniões profissionais à luz do melhor conhecimento num determinado momento. Assim a Revista Ruminantes não garante a confirmação e/ou o cumprimento dos preços e previsões feitas sobre os preços das matérias-primas sujeitas à analise do Observatório dos Mercados, não constituindo assim ofertas de compra ou de venda.
CEREAIS
Num futuro próximo temos a considerar dois períodos para a compra de cereais, em que provavelmente se avizinham tempos um pouco mais favoráveis dos que o que temos vivido ultimamente, se bem que o mercado continue a sofrer de uma volatilidade transmitida essencialmente pelos movimentos de capitais nos mercados bolsistas e que poderão subverter toda esta situação. Para a colheita que actualmente decorre e para entregas em Abril, Maio e Junho, claramente parecem aparecer preços de trigo e cevada mais favoráveis do que os que temos visto ultimamente: trigo entre 225 e 235 euros e cevadas na ordem dos 215 a 220 euros, contrastando com ofertas para milho na ordem dos 235 a 240 euros. Esta inversão de preços irá determinar um maior con-
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Ruminantes • Abril | Maio | Junho
sumo de trigo e cevada, em detrimento do milho para o qual não se vislumbra uma queda tão acentuada.
Alguns factores poderão acentuar um pouco mais este movimento. No caso do milho, até agora não se verificou a abertura de uma terceira quota de exportação de cereais por parte da Ucrânia que poderá lançar para o mercado cerca de 1.5 milhões de toneladas. Para a cevada, apesar dos stocks europeus serem baixos, no caso particular português poderá haver alguma disponibilidade extra. No passado dia 3 de Março foram atribuídas a Portugal cerca de 60.000 ton de cevada num concurso de ajuda alimentar, cevada essa que deverá embarcar na sua maioria desde Maio até Julho, e que enfrenta os preços de nova colheita 30 euros/ton abaixo dos
ECONOMIA
EVOLUÇÃO DO PREÇO MÉDIO DE ALIMENTOS COMPOSTOS PARA ANIMAIS (EM EUROS/TONELADA)
2011
2010
NOVILHOS DE ENGORDA
Fonte: IACA
2010
2011
2010
actuais, pelo que é natural que se faça sentir alguma pressão vendedora. Para a nova colheita de trigo e cevada com disponibilidade de ser importada, em condições normais a partir de Agosto, uma vez que, infelizmente, a colheita nacional tem um peso muito pequeno na oferta, os primeiros preços indicativos situam-se na ordem dos 30 a 35 euros abaixo dos preços actuais. Permanece uma incógnita sobre o que irá acontecer depois de passar a pressão de colheita.
PROTEÍNAS
No caso das proteínas parece ser mais consonante não haver grandes factores particularmente altistas no mercado internacional, detectando-se para já alguma falta de
BORREGOS DE ENGORDA
2011
OVELHAS LEITEIRAS EM PRODUÇÃO
2010
VACAS LEITEIRAS EM PRODUÇÃO
2011
consumo por parte dos países asiáticos, além de uma boa colheita de soja na América do Sul. Assim sendo, no bagaço de soja 44 esperam-se preços ao redor de 300 euros (que poderão mesmo quebrar esta barreira) para os meses de Verão, bem como valores de bagaço de colza ao redor dos 220 caindo este cerca de 15 euros no caso de chegadas da nova colheita de Agosto a Outubro. Em ambos os casos, como o mercado está com tendência à baixa, é natural que as quantidades a chegar quer de bagaço quer de grão para extracção local não sejam de modo a criar grandes stocks, pelo que poderá haver algum desfasamento entre os preços locais e os internacionais.
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ECONOMIA
EVOLUÇÃO DO PREÇO MÉDIO DE MATÉRIAS-PRIMAS (EM EUROS/TONELADA)
MILHO
CEVADA
BAGAÇO DE SOJA
BAGAÇO COLZA
Fonte: IACA
PREÇOS MÉDIOS DA SEMANA 14 A 18 DE MARÇO DE 2011 Sondagem Ruminantes Milho
Bagaço Soja 44 Cevada
Bagaço Colza
Polpa Beterraba
Bolas de Silagem Milho
€ ton no Cais Lisboa € ton no Cais Lisboa € ton no Cais Lisboa
€ ton no Cais Lisboa
€ ton
Feno Luzerna
€ ton
Palha
€ ton
Feno Aveia
28
€ ton no Cais Lisboa
€ ton
234 310 218 220 219
95 a 100 190 135 85
Ruminantes • Abril | Maio | Junho
Novilho de 281 a 320 kgs Bolsa Montijo Binéfar
Turino
€ / kg / Carcaça R3
3.90
€ / kg / Carcaça
3.20
€ / kg / Carcaça R3
Vitelo desmamados com 6 meses Alentejo
€
Borrego até 12 Kg peso vivo
€ / kg
Borrego até 7 Kg
€ / kg
Borrego de mais de 7 Kg (corte cabeça) € / kg Cabrito
€ / kg (peso vivo)
3.58 450 a 550 2,5 4 5 4
Lutrell Pure – A chave que gere a energia com inteligência
®
E tudo se reduz a leite
BASF Espanola S.L., GBU NUT.ING. 08017 Barcelona, Spain, Jorge Gallardo Phone: +34 93 496 40-42 · Fax: +34 93 496 40-69 Mobile: +34 670 24 79 79 E-Mail: jorge.gallardo@basf.com
PRODUÇÃO
ALIMENTAÇÃO
Ácido Linoleico Conjugado, um suplemento nutricional inovador para Vacas Leiteiras Dr. Arnulf H.A. Tröscher, Dr. Bart Cousins e Engº. José Luís Jasso, BASF Mexicana
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
Veterinários e cientistas da área animal referem-se a muitas doenças e problemas da transição e início de lactação de vacas leiteiras como sendo causados por um balanço energético negativo durante a fase final da gestação e as primeiras 4 a 6 semanas de lactação. Nos últimos anos, esta situação tem sido reconhecida como uma das principais razões para o declínio no desempenho reprodutivo de vacas de alta produção. Se as vacas não são tratadas adequadamente, o resultado final é a retirada da vaca do efectivo, geralmente antes que ela tenha atingido o seu pleno potencial para produção de leite.
Quatrocentas e cinquenta vacas em final de gestação foram distribuídas por 3 grupos. O grupo controlo (tratamento 1) recebeu uma ração unifeed standard, um dos grupos em tratamento recebeu Lutrell a partir dos 15 dias pré-parto até os 25 dias pós-parto (tratamento 2) e o 3º grupo (tratamento 3) foi alimentado como o grupo 2 mas esteve com Lutrell durante 65 dias pósparto. O Lutrell foi suplementado a 60 g/cabeça/dia. A todos os tratamentos foi dada gordura protegida comercial e todas as vacas receberam injecções de BST a partir dos 60 dias em lactação. A produção de leite foi medida diariamente.
Manter o efectivo leiteiro é muito caro. O preço para novilhas de substituição é 3-6 vezes mais do que o preço de uma vaca de reforma. Em média, as vacas permanecem produtivas por menos de 3 anos. Se uma novilha custar 1.500€ e a receita de uma vaca de reforma for de 400€, a perda de valor é de 1.100€ por ano.
média de produção (kg/d)
O Ácido Linoleico Conjugado (CLA) é uma forma de ácido linoleico que é encontrada no leite, na carne e na gordura de ruminantes. Em vários testes, foi confirmado que o CLA, se adequadamente suplementado de forma protegida no rúmen, reduzirá ligeiramente a percentagem de gordura do leite numa forma dependente da dose e muito previsível. A redução da percentagem de gordura do leite resulta numa redução da mobilização da gordura e muitas vezes na produção de energia através do leite, além de uma melhoria do nível de glucose. Portanto, o metabolismo da vaca é menos onerado com a mobilização de gordura e o balanço energia/glicose melhora em resultado de a vaca ter menor incidência de problemas "relacionados com a transição". Isto acaba por conduzir a que mais vacas que ficam produtivas por períodos mais longos de tempo e à melhoria da rentabilidade global dos produtores de leite. Um ensaio de campo foi realizado numa grande exploração leiteira no norte do México para determinar se as vacas suplementadas com CLA protegido do rúmen (Lutrell ® da BASF) iriam melhorar a fertilidade, aumentar a produção de leite, reduzir as perdas e aumentar os lucros.
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Ruminantes • Abril | Maio | Junho
Além disso, foram registados importantes parâmetros de fertilidade: taxa de gestação, dias abertos e número de vacas mortas/abatidas. A produção de leite foi medida durante 200 dias pós-parto.
RESULTADOS As vacas controlo atingiram um pico de produção de aproximadamente 35 l/dia enquanto que as dos grupos Lutrell atingiram o pico ligeiramente antes, mantiveram uma curva de produção de leite mais alta e atingiram um pico de 37 l/dia.
PRODUÇÃO DE LEITE LUTRELL 40 35 30 20 15
Controlo -15 a 25 DDL -15 a 65 DDL
10 5 0
0
50
100
150
Dias pós-parto
200
250
ALIMENTAÇÃO
PRODUÇÃO
A tabela seguinte mostra a produção média de leite durante todo o estudo. Houve uma média de mais 3,65 l/d produzidos (P <0.05) pelas vacas alimentadas com Lutrell comparadas com as vacas do controlo. Não houve diferença entre os dois grupos Lutrell (P> 0.05).
Lutrell parece ter uma influência significativa na redução das perdas das vacas e portanto na redução da necessidade de novilhas de reposição em cerca de 50%. Uma possível explicação para a redução das taxas de refugo seria a melhoria do estado de saúde das vacas alimentadas com Lutrell.
PRODUÇÃO MÉDIA DE LEITE, l/d*
VACAS REFUGADAS DO EFECTIVO DEVIDO A TRATAMENTO
Tratamento 1 - controlo 2 - 40 dias 3 - 80 dias
Média 29,8a 33,0b 33,9b
Diferentes signif. P<0.05 * - registos de 200 dias
Perdas em vacas e abate
Controlo
60
CLA 40
50 Vacas
a,b,c, -
Não foi possível medir a gordura do leite nas condições deste estudo, devido à diluição do leite das vacas de teste que foi misturado no tanque da exploração com o leite das vacas que não estavam em teste (um total de aproximadamente 3.000 vacas). Além da maior produção de leite, observou-se em geral uma melhoria subjectiva do bem-estar das vacas. Esta foi possivelmente devido à melhoria do seu status metabólico. A melhoria do estado de saúde teve dois resultados que foram medidos – número de vacas retiradas da produção e dias até à confirmação de gestação (dias “open”). O gráfico que se segue mostra o número de vacas refugadas por tratamento. De um total de 150 vacas do grupo controlo, foram retiradas 40, enquanto nos tratamentos 2 e 3 apenas 20 e 18 vacas, respectivamente.
CLA 80
40 30 20 10 0
0
50
100
150
200
250
Dias lactação
300
350
400
A média de dias a que 50% das vacas do grupo controlo foram confirmadas gestantes foi de 172 dias. Contudo, a média de dias a que 50% das vacas com Lutrell foi de 140 e 115, respectivamente, para os tratamentos 2 e 3. Isto significa que as vacas que recebem Lutrell durante 65 dias após o parto ficam gestantes cerca de 57 dias mais cedo do que as vacas que não recebem Lutrell. Estatisticamente, houve uma doseresposta altamente significativa entre os grupos (p=0,0012).
MÉDIA DE DIAS ATÉ À GESTAÇÃO (0.5 = 50%) 1,0 0,9 0,8
d 25 final do alimento T2
0,7
Failing
0,6
d 65 final do alimento T3
T2
T3
0,5 0,4
T1 Controlo
0,3 0,2 0,1 0,0
0
50
100
150
200
Tempo de gestação
250
300
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PRODUÇÃO
ALIMENTAÇÃO
DISCUSSÃO Um problema comum com a vaca leiteira moderna é que durante os primeiros 100 dias da produção de leite tende a haver uma aparente correlação negativa entre a produção de leite e o desempenho reprodutivo, Chegou-se a um potencial genético para produção de leite significativamente maior com a vaca leiteira de hoje, que não permite a manutenção de uma vaca com intervalo entre partos de 12-14 meses. A razão para isto está no enorme stress metabólico na vaca após o parto e a incapacidade da vaca para consumir matéria seca suficiente para satisfazer as exigências nutricionais para a produção de leite. Isto resulta em que a vaca entra no que é conhecido como balanço energético negativo. O balanço energético negativo leva a que a vaca mobilize reservas corporais do tecido adiposo, a fim de cumprir as necessidades de energia para a produção de leite.
Um resultado desse balanço energético negativo é o sistema hormonal da vaca "evitar" o início de um novo ciclo reprodutivo, a fim de ajudar a vaca cumprir sua obrigação genética da produção de leite e sua própria sobrevivência. O ciclo hormonal da vaca regressa ao "normal" só depois de o seu sistema metabólico recuperar e retornar a um estado mais normal. Quando a vaca estiver num estado metabólico normal, as suas hormonas retornam aos níveis adequados, que permitirão à vaca ficar gestante. Infelizmente, há com muita frequência um atraso significativo na entrada em cio de muitas vacas o que é medido pela extensão do período de dias “open”. Está estimado que isso custa ao produtor cerca de 3€ por cada dia “open” além do tempo considerado ideal.
Collard et al. (2000) reportaram registos de mais de 26,000 vacas. Os dados mostraram que vacas com problemas digestivos e laminites estavam desfavoravelmente associados com períodos longos e extremos de balanço energético negativo. A dor das laminites traz com frequência problemas associados ao balanço energético negativo. As vacas passarão mais tempo a descansar do que a comer, o que tende a ampliar o problema com o balanço energético negativo. Boettcher et al. avaliaram a claudicação em 24 explorações em Minnesota, Wisconsin e Virginia. Os autores concluíram que a claudicação era mais comum nos
primeiros 50 dias de lactação, em que o balanço energético negativo é mais severo. Dechow e Goodling (2008) reportaram que a vida produtiva media das Holstein dos EUA diminuiu em quase 4 meses em vacas nascidas em 2000 quando comparadas com vacas nascidas em 1980. Também reportaram que havia uma diminuição de 7% na proporção de vacas sobrevivendo 48 meses durante o mesmo período de tempo. Em 2005, a taxa média de substituição do efectivo era de 27.7% - o que é até ligeiramente mais alto do que as perdas no grupo controlo do ensaio de campo do México. As vacas foram abatidas em 26% dos casos devido a ferimentos e 20% devido a problemas reprodutivos. A grande maioria das perdas do efectivo teve lugar antes dos 60 dias de lactação.
Além disso, os autores reportaram dados de efectivos considerados tanto como sendo de “alta” sobrevivência (14% das vacas do efectivo com >5 lactações) com sendo de “baixa” sobrevivência (8.5% das vacas com > 5 lactações). As explorações de “alta” sobrevivência tiveram taxas de substituição muito inferiores às das de “baixa” sobrevivência (19.5% vs. 42.8%). Os efectivos de “alta” sobrevivência também tenderam a produzir mais leite (30.5 kg/d vs. 30.1 kg/d) e tenderam a ter taxas de concepção à primeira inseminação (33.8% vs. 30.5%) do que os de “baixa” sobrevivência.
Os autores concluíram que a redução dos abates no início de lactação melhoraria a eficiência da produção leiteira ao captar uma maior proporção da produção potencial de leite, aumentando o valor residual das vacas e reduzindo os custos de substituição. Obviamente, a superação ou pelo menos a redução da severidade do balanço energia/glucose negativo reduzirá significativamente o número de vacas refugadas prematuramente.
RESUMO Lutrell ajuda as vacas em início de lactação a superar o stress grave da alta mobilização de gordura corporal. Quando distribuído desde 2 semanas antes do parto até 25 a 65 dias pós-parto, Lutrell mostrou que melhora significativamente a produção de leite, a performance reprodutiva e reduz as perdas em vacas.
Referências bibliográficas
Boettcher, P.J., J.C.M. Dekkers, L.D. Warnick and S.J. Wells. 1998. Genetic analysis of clinical lameness in dairy cattle. J. Dairy Sci. 81: 1148-1156.
Collard, B.L., P.J. Boettcher, J.C.M. Dekkers, D. Petitclerc and L.R. Schaeffer. 2000. Relationships between energy balance and health traits of dairy cattle in early lactation. J. Dairy Sci. 83:2683-2690.
Dechow, C.D. and R.C. Goodling. 2008. Mortality, culling by sixty days in milk and production profiles in high- and low- survival Pennsylvania herds. J. Dairy Sci. 91:4630-4639.
LUTRELL PURE Informação técnica e comercialização disponível em TECADI, NUTRIÇÃO ANIMAL. Tel. 243 329 050 | email: info@tecadi.pt | www.tecadi.pt
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PRODUÇÃO
ALIMENTAÇÃO
NOVALAC GESTÃO LEITEIRA NANTA O passo mais curto para a rentabilidade Engº. José Maria Bello, Chefe de Produto de Ovino e Caprino Email: jm.bello@nutreco.com
O mercado do leite de ovelha e cabra pôs os produtores numa encruzilhada: o abandono definitivo ou a continuidade, evoluindo por caminhos mais profissionais e empresariais. Mas os produtores, último elo da cadeia produtiva não têm nenhum poder de decisão sobre o preço a que venderão o seu produto, nem tão pouco sobre o preço de um dos principais factores de produção: a alimentação. É por isso que a única via de actuação possível é o controlo e conhecimento dos processos de produção na exploração, para poder tomar as decisões mais acertadas: é o caminho do aumento da eficácia por unidade de produção (litro, animal, unidade trabalho, exploração). A Nanta lançou um sistema integral de trabalho em explorações de pequenos ruminantes de leite para poder ajudar os produtores nessa necessária viagem até à rentabilidade. O Novalac Gestão Leiteira Nanta consegue-o graças a um trabalho de consultadoria profissional baseado na recolha racional de dados da exploração, e a alguns produtos provenientes do inovador sistema de nutrição de ruminantes de leite Novalac, desenvolvido na Nutreco.
O Novalac Gestão Leiteira Nanta baseia-se em quatro pilares:
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1. PRODUTOS INOLAC
Incorporam a inovadora tecnologia Novalac para pequenos ruminantes de leite. Novalac é uma tecnologia de nutrição de ruminantes de leite desenvolvida no RRC (centro de I+D da Nutreco) na Holanda. Graças a um maior conhecimento da degradabilidade ruminal incorpora novos nutrientes dirigidos a um aumento da eficácia nutricional salvaguardando a saúde dos animais. Os ensaios foram realizados em animais vivos, estudando as constantes de degradabilidade ruminal das forragens procedentes de vários países europeus, introduzidos na pança em sacos de nylon durante períodos de tempo variáveis. Os produtos Inolac vão em busca de uma maior segurança ruminal, naqueles casos em que há predisposição à acidose, ou um aumento nos rendimentos produtivos (maior produção, maior extracto queijeiro) por via de uma maior eficiência nutricional.
2. QUALIDADE E SEGURANÇA ALIMENTAR
A Nanta é pioneira na melhoria da qualidade, como demonstram as certificações que a credenciam. A ISO 22000 e o sistema Nutrace estão orientados a alcançar um sistema certificado de gestão de Segurança Alimentar comum a todas as empresas da Nutreco, compartilhando conhecimentos, melhores práticas, ferramentas e recursos. Desde 1995, todos os processos de fabrico Nanta são direccionados a alimentos seguros e de qualidade, como o credencia a Norma ISO 9001. Também queremos colaborar na sustentabilidade e futuro das produções pecuárias, como credencia a norma ISO 14001 de Gestão Meio-Ambiental implementada nos nossos centros de produção.
ALIMENTAÇÃO
PRODUÇÃO
3. GESTIMILK
Uma excelente estratégia nutricional serve de muito pouco se não for acompanhada do conhecimento e quantificação de aspectos relacionados com a actividade pecuária que têm impacto directo sobre a sua economia. O Gestimilk vai gerir um grande número dessas variáveis, obtendo e processando a informação, ajudando-nos a tomar as melhores decisões. O nosso sistema de gestão integral está baseado na recolha prática e funcional dos dados e em numerosas ferramentas orientadas à gestão técnica, económica, de maneio e bem-estar animal e nutricional. O Gestimilk também permite o rastreamento e diag-
nóstico de determinados cenários e situações das nossas explorações, permitindo fazer comparações com os resultados de referência da nossa extensa base de dados.
4. COMUNICAÇÃO
O fluxo de informação entre os produtores e consultores é essencial para agilizar a tomada de decisões e a implementação das mesmas na exploração. A criação de relatórios e reportes mensais, trimestrais e anuais, asseguram uma consultadoria personalizada, profissional e de grande utilidade prática.
VANTAGENS PRÁTICAS DO NOVALAC GESTÃO LEITEIRA Resumidamente, estas são as vantagens que o Novalac Gestão Leiteira Nanta dá ao produtor: - Sistema Consultadoria Profissional; - Trabalho ordenado e sistematizado; - Gestão baseada na recolha simples de dados; - Informação sobre aspectos de maneio e bem-estar; - Exame, verificação dos processos sanitários mais importantes; - Estimativas de rentabilidade económica;
- Possibilidade de comparar com resultados globais (base dados); - Rações adaptadas à realidade da exploração (não só de produção); - Maior eficiência nutricional; - Melhor orientação nutricional; - Objectivos de rentabilidade da exploração (não só produtivos); - Melhoria da rentabilidade.
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EQUIPAMENTOS
Equipamento Agropecuário Três grandes tendências marcaram as inovações premiadas pelo SIMA 2011, que decorreu em Paris de 20 a 24 de Fevereiro último.
- o desenvolvimento em massa dos sistemas de comunicação múltiplos, das NTIC (Novas Tecnologias de Informação e Comunicação) e especialmente das aplicações por CAN BUS;
- a evolução técnica das ferramentas de ajuda à decisão (hardwares polivalentes, software’s interconectáveis) que geram novas práticas de utilização;
- a gestão económica das máquinas e dos factores de produção, tendo em vista concretamente as boas práticas e o desenvolvimento sustentável. OS EQUIPAMENTOS A SEGUIR DESTACADOS FORAM OS PREMIADOS NO SECTOR AGROPECUÁRIO:
CASE IH Dispositivo de sincronização automática de 2 veículos O aumento da produtividade é uma prioridade da Case IH, que se traduziu no desenvolvimento da tecnologia Efficient Power e também do sistema AFS “Advanced Farming System”, do qual o V2V (“Vehicle to Vehicle”, controlo à distância entre 2 veículos), é uma aplicação tecnológica revolucionária. O V2V permite a sincronização de 2 veículos em trabalho, por um único condutor. Por exemplo, o condutor de uma ceifeira debulhadora controla igualmente a deslocação do conjunto tractor/reboque para a descarga da tremonha, utilizando uma ligação Wi-Fi ou ZigBee para estabelecer a conexão entre os dois veículos. A velocidade de deslocação e a direcção do segundo
JOHN DEERE Sistema de comunicação ISOBUS para a automatização das operações de colheita
As primeiras aplicações dos sistemas de comunicação por ISOBUS normalizado representam um verdadeiro salto tecnológico na condução das máquinas e no de-
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conjunto acoplado podem agora, pela primeira vez, ser controladas pela “máquina principal”. Este sistema pode ser utilizado para todas as operações, em especial na colheita, uma vez que envolve dois veículos a trabalhar de modo sincronizado. O resultado é um aumento directo da produtividade. nicolas.charluteau@caseih.com
sempenho das operações, principalmente no domínio da colheita. O "Baler Automation ISOBUS" consiste num sistema de troca de informações de sentido duplo entre o tractor e a enfardadeira de fardos cilíndricos, que permite à enfardadeira levar a cabo, automaticamente e no momento desejado, diversas acções repetitivas tais como a imobilização do tractor, o atamento do fardo e a ejecção do mesmo. Associado ao "Fast Release System" de todas as novas enfardadeiras John Deere 960 e 990, contribui para reduzir significativamente a duração da ejecção dos fardos e para aumentar a densidade dos mesmos. Os dois sistemas actuam em sinergia total para aumentar a produtividade, reduzir o consumo e aumentar o conforto de condução.
EQUIPAMENTOS
A John Deere desenvolveu dois tipos de sistemas de condução tractor-alfaia em associação com a Grimme e a Pöttinger, em que os tractores John Deere são guiados pelas alfaias, graças à troca de informações através de ligações ISOBUS: - o “Root Runner” proposto pela Grimme nos arrancadores de batatas e beterraba. A condução do tractor é assegurada por informações transmitidas por sensores, que detectam mecanicamente as linhas ou os camalhões; - o “Swath Scout” desenvolvido pela Pöttinger para os seus reboques auto-carregadores utiliza um scanner de encordoamento, que transmite ao tractor as informações necessárias para a sua condução automática. vicariotetienne@johndeere.com
NEW HOLLAND Sistema de etiquetagem dos fardos, em enfardadeiras de alta densidade
são 100% recicláveis. O seu desenho com almofadas de ar oferece grande conforto na deslocação dos animais. E a sua superfície arredondada facilita o escoamento do chorume, ajudando a reduzir as emissões de amoníaco em cerca de 50% e a actividade da urease até 90%.
www.bovi-space.com
CBM SPA Dispositivo de acoplamento automático Esta barra de acoplamento ventral permite acoplar, sem a intervenção humana, um veículo rebocado. Consiste num sistema de cavilha que liberta o munhão no momento em que o olhal de engate do veículo de trás entra em contacto com o mesmo. O munhão desce automaticamente, acoplando o tractor e o veículo rebocado. Esta operação evita a presença dum operador entre o tractor e a alfaia, eliminando os factores de risco de acidente eminentes a esta situação, sempre que existe visibilidade ou acessibilidade reduzidas. info@cbmspa.com
LACMÉ Electrificador de vedações Durante a prensagem do fardo, o sistema Crop ID identifica cada fardo com o auxílio duma etiqueta de frequência rádio. A etiqueta é fixada ao nível do atador a um dos fios do fardo, e as informações são carregadas para a etiqueta graças à utilização de uma frequência rádio e de um emissor. Estas informações (massa, humidade, localização, agente de conservação utilizado…) são armazenados no processador de gestão de dados durante a formação do fardo e, posteriormente, carregados electronicamente para a etiqueta. As informações armazenadas na etiqueta serão identificadas após o enfardamento, graças a um scanner de infravermelhos. olivier.leflohic@newholland.com
BOVI SPACE B.V. Revestimento para pavimento ripado O revestimento para pavimento ripado “confort vert” apresenta-se sob a forma de barras que se clicam sobre as ripas do pavimento. As barras adaptam-se a todos os modelos de pavimentos ripados em betão pré-fabricado. São fabricadas em polímero (família dos elastómeros termoplásticos) não tóxico e
O electrificador" SECUR 500 " é totalmente autónomo e de potência muito elevada. Fornece até 5 Joules, consumindo pouca energia. Graças à incorporação da nova tecnologia IPulse, só envia o impulso principal quando o animal toca no fio da vedação. Funciona a baterias de 12V ou ligado à corrente eléctrica com o adaptador. Actualmente, é o único electrificador com bateria de 12V que fornece a potência máxima autorizada para uma época completa, sem necessidade de recarregar a bateria. Este electrificador autónomo de elevada potência permite ao criador de gado manter todos os seus animais em segurança, mesmo em grandes superfícies afastadas dos estábulos, sem ter de se preocupar com o recarregamento da bateria. frederic.olivier@lacme.com
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EQUIPAMENTOS
A aplicação de herbicidas na qualidade da forragem António Cannas, Dep.º Desenvolvimento Lusosem, S.A. acannas@lusosem.pt
Ao produzir forragem própria, o produtor de gado pretende obter a máxima qualidade com o menor custo. Não será demais afirmar que a silagem de milho é cada vez mais a forma menos onerosa de obter energia para os seus ruminantes.
As infestantes nas parcelas de produção de forragens, devem ser combatidas pelas razões que se seguem: 1) Concorrem pela luz, água e elementos nutritivos do solo, com a cultura; 2) Por vezes, existem determinadas infestantes potencialmente tóxicas para os animais (ex.: Figueira-do-inferno, Datura stramonium L.); 3) São hospedeiras e transmissoras de doenças (fungos e bactérias), e de “vectores” de transmissão de doenças, nomeadamente de viroses no milho (através dos afídeos). São igualmente as grandes responsáveis pelos ataques de ácaros na fase final da cultura.
Para o controlo de infestantes, o agricultor utiliza herbicidas específicos a cada cultura, em função das infestantes presentes. Mas não basta saber eleger as melhores soluções no combate às suas infestantes, sendo a tecnologia de aplicação um factor da máxima importância, tantas vezes desprezado, e a causa de perda de eficácia dos herbicidas. Que factores deverão então ser ponderados no momento de uma aplicação?
1) Climatologia Deveremos ter especial atenção à intensidade e direcção do vento no momento da aplicação, de forma a evitar sobredosagens na cultura tratada, ou efeitos fitotóxicos sobre culturas vizinhas. Por outro lado, não deveremos tratar quando as in-
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festantes se encontram molhadas por uma orvalhada matinal, quando se prevê chuvas nas horas seguintes à aplicação, ou quando a humidade atmosférica é muito baixa. As melhores condições para a aplicação dão-se normalmente ao início da manhã, ou no final do dia.
2) Equipamento de aplicação Deve ser o adequado à aplicação em causa. Normalmente, em culturas extensivas faz-se por meio de uma barra com bicos de pulverização “de leque”, ou de “injecção de ar” também chamados de “anti-deriva”. Presentemente, muitos fabricantes de bicos de pulverização aderiram à norma “ISO”, que permite relacionar directamente o débito com a cor dos mesmos: Débito por minuto à pressão constante de 2,8 BAR
Cor do bico Galões Americanos Laranja
0,1
Verde
0,15
Azul
0,3
Amarelo Vermelho
Castanho Cinzento
Branco
0,2 0,4 0,5 0,6
0,8
Litros 0,38 0,57 0,76 1,14 1,51 1,89 2,27
3,03
A escolha do tipo de bico (leque simples, ou de injecção de ar) deve ser ponderada em função do tipo de formulação dos herbicidas a utilizar, tendo em conta que algumas formulações por si mesmas têm tendência para produzir gotas de maior ou menor diâmetro:
Ruminantes • Abril | Maio | Junho
Formulação
Descrição
Tipo de gota produzida
Suspensão concentrada
Fina
WG
Grânulos dispersíveis em água
SL
Solução concentrada
SC
Fina
Fina
EW
Emulsão óleo em água
Média
EC
Concentrado para emulsão
Grande
EO
Emulsão água em óleo
Média
Tendo em conta que os bicos de injecção de ar são chamados de anti-deriva devido ao tamanho “grande” da gota que produzem, os produtos com formulações do tipo EW, EO ou EC não são recomendados na aplicação com este tipo de bico em herbicidas pós-emergentes. A pressão de trabalho é factor de primordial importância, na medida em que esta se encontra intimamente ligada ao fraccionamento da gota e por consequência aos fenómenos de deriva ou escorrimento que podem ocorrer. Na aplicação de herbicidas, a pressão deve situar-se entre os 2 e os 4 bar. Aos fabricantes de pulverizadores, fica desde já o desafio de passarem a lançar para o mercado manómetros limitados aos 10 bar. Os actuais (40 bar) não permitem determinar com precisão pressões iguais ou inferiores a 4 bar. No caso de agricultores que necessitem de um equipamento misto para aplicação de herbicidas em culturas extensivas, e de insecticidas ou fungicidas com auxílio de “lança” (em castanheiros por exemplo), um esquema de distribuição da calda em “T” com torneiras e dois manómetros, um de 10 bar e outro de 40 bar, podem resolver de forma eficaz e económica a situação.
EQUIPAMENTOS 3) Quantidade de produto a aplicar/ha Devem ser respeitadas as indicações do fabricante tendo em conta que em muitos casos, a doses variam em função das infestantes a combater ou das condições atmosféricas no momento da aplicação.
4) Volume de calda a aplicar É presentemente o maior desafio que se coloca ao aplicador de herbicidas. A título de exemplo, refira-se que uma seara de cereal em pleno desenvolvimento tem em média uma capacidade de retenção de água (sem escorrimento) de apenas 400 litros/ha. Seguramente, as infestantes que combatemos numa fase muito precoce (3 ou 4 folhas) não conseguirão reter para além de 100 litros/ha. Altos volumes na aplicação de herbicidas têm como consequência enormes perdas por escorrimento, potencial contaminação de aquíferos subterrâneos e de superfície, e uma real perda de eficácia da monda. Se pretendermos aplicar 5 litros/ha de um herbicida, e o fizermos com um volume de 100 litros/ha, a concentração do mesmo na calda é de 0,5%, enquanto que se o fizermos num volume de 600 litros/ha a concentração baixa para os 0,08%. Então se perdemos produto por escorrimento e/ou deriva, e a concentração de substância activa que fica efectivamente em contacto com as folhas é muito fraca, teremos seguramente uma quebra de eficácia! A determinação do volume de calda a aplicar por ha deve ser calculada em função do número de impactos que pretendemos obter por cm2, o qual varia segundo o tipo de herbicidas que utilizamos: - Herbicidas sistémicos: 20 a 30 impactos por cm2; - Herbicidas de contacto: 50 a 70 impactos por cm2. A determinação do número de impactos bem como da sua uniformidade pode ser facilmente visualizada recorrendo ao auxílio de papel hidrosensível.
56 impactos / cm2
Normalmente, um volume de 150 a 200 litros de calda/ha permite atingir o objectivo, no que ao volume de calda diz respeito. A título informativo, refira-se que a média francesa em grande culturas é presentemente de 140 litros de calda/ha.
5) Qualidade da água que serve de suporte à elaboração da calda. Numa aplicação de herbicidas, a água não é mais do que um “veículo” destinado a fazer chegar a substância activa ao “alvo”, e em regra não é um meio “conservante”. Podemos afirmar que a generalidade das águas utilizadas em pulverização são de reacção alcalina, mas nem mesmo as de reacção neutra (pH 7) são um meio favorável à aplicação de herbicidas. No nosso quotidiano, podemos deparar com diversos produtos com longos períodos de conservação e que têm por base um meio ácido (caso dos refrigerantes do tipo cola com um pH 2,5). Por outro lado, a hidrólise alcalina está na base do processo de saponificação de gorduras para a produção de sabão (meio alcalino). Também não será “por acaso” que o melhor produto do mercado para a limpeza de pulverizadores tem por base o amoníaco como princípio activo (pH 11,5) e agente sequestrante de moléculas. Poderemos assim dizer de um modo genérico que os meios ácidos são “conservantes” e os meios alcalinos “desagregadores”. Na aplicação de herbicidas, a primeira preocupação a ter é a de baixar o pH da água que servirá de base à calda, e só depois deveremos juntar o produto comercial destinado ao combate das infestantes.
4) Compatibilizante de misturas: em caso de misturas difíceis do tipo Glifosato + MCPA, evita a precipitação ou floculação das mesmas; 5) Agente anti-deriva: por regularização do diâmetro da gota, reduzindo drasticamente gotas de calibre inferior a 100 mícrones (deriva) ou superiores a 400 mícrones (escorrimento); 6) Acidificante de caldas: pela sua composição (ácido propiónico), permite acidificar a água que serve de base à calda para níveis muito estáveis (pH <5) e favoráveis à manutenção das propriedades dos herbicidas (estabilidade molecular).
Sem adjuvante
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A aplicação de herbicidas deve ser alvo dos mesmos cuidados e preocupações que levam o produtor de forragens a escolher uma determinada semente, um determinado esquema de fertilização ou herbicida. Para o ajudar a obter o máximo rendimento da sua monda, existe no mercado um Adjuvante à base de Lecitina de soja e Ácido Propiónico que lhe garante as seguintes propriedades: 1) Molhante: amplia o diâmetro da gota que impacta a superfície do alvo até 6 vezes; 2) Aderente: efeito tensioactivo que por ruptura da tensão superficial evita que a gota “resvale” e se perca por escorrimento; 3) Penetrante: por efeito sobre a cutícula da folha (mais ou menos cerosa ou pilosa), e sobre os estomas, ajuda a canalizar a substância activa para o interior da planta;
Com adjuvante
Para mais informações, ou se pretender determinar o volume de calda a aplicar por hectare em função da pressão utilizada, velocidade de avanço do tractor e bicos utilizados (norma ISO), consulte a seguinte página na web: www.lusosem.pt/mediaRep/lusosem/files/d estaques/LI_700_Calculos_Debitos.xls
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EQUIPAMENTOS
TM
SMART FARMING Sistemas de Gestão dos Estábulos Eng.º José Santoalha
jose.santoalha@harkersumner.com
Líder do progresso na produção de leite, a DeLaval tem vindo a desenvolver um Sistema de Gestão dos Estábulos, para transformar o vaqueiro num empresário, com todas as informações necessárias para a tomada das decisões, na sua mão. A actual produção de leite dispõe hoje de ferramentas, que ajudam a criar mais produtividade, sustentabilidade e um futuro mais rentável.
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HERD NAVIGATOR - GESTÃO PROACTIVA DAS SUAS VACAS O Herd Navigator da DeLaval é um laboratório de análises que se instala na Máquina de Ordenha e no Robot, para determinar os parâmetros de progesterona, lactose desidrogenada, ureia e B-hidroxibutírico no leite. A amostra do leite chega automaticamente ao ponto de análise desde a unidade de ordenha, sem in-
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tervenção do ordenhador. O sistema selecciona automaticamente, mediante um avançado modelo biométrico (fórmulas matemáticas que se combinam com os factores de risco adicionais), quais as vacas que devem ser analisadas, em que ordenha e a que parâmetros. Estes valores passam ao computador, directamente para o programa de gestão do rebanho para que o produtor tenha os valores disponíveis e o biomodelo au-
EQUIPAMENTOS
VMS – SISTEMA DE ORDENHA VOLUNTÁRIO
mente a sua base de dados e tome a decisão a que vacas e quando deve ser feita uma nova análise.
A ferramenta de suporte para leite de qualidade O Herd Navigator identifica aqueles animais que necessitam de uma atenção especial, proporcionando ao produtor um conhecimento melhor do seu estado; por isso será possível uma pessoa tratar um maior número de animais. Esta ferramenta ligada á equipe de arraçoamento e até via internet ligado a toda a equipe de acessória técnica, por exemplo o veterinário quando chega para a visita, já sabe quais são os problemas que vai ter para resolver. Um Plano de Acções a Desenvolver SOP, definido com a equipe técnica que dá apoio á exploração, vai determinar os procedimentos das operações standard a desenvolver, em função dos alarmes lançados, induzindo os trabalhos a fazer. Executado o tratamento recomendado e se sai da lista de alarme, está resolvido. Neste tipo de decisões, não faz sentido o alarme não rigoroso. O que é medido é totalmente específico “Gold Rule”. Apresenta indicadores de detecção de enfermidades para tomada de acções rápidas – antes da vaca apresentar sintomas clínicos.
AMR – MÁQUINA DE ORDENHA ROTATIVA ROBOTIZADA Vem ajudar as explorações de maior dimensão, a responderem de forma eficaz às novas necessidades da produção de leite. Esta solução traduz a convicção de que a boa rentabilidade e crescimento do negócio, não depende só de quantas vacas or-
Área de foco
Parâmetro Detecção analisado no leite precoce/a tempo
Reprodução
Progesterona
Saúde do úbere
LDH desidrogenase láctica
Alimentação e balanço de energia
Cio Cio selencioso Prenhez Aborto Quistos Anestro Mastite Mastite sub-clínica
• Proteína da ração • Cetoses Ureia BHB - beta • Cetoses subhidroxibuturato clínicas • Disfunções metabólicas secundárias
A necessidade de melhorar a forma de produzir leite, tem diferentes visões e possibilidade de opções dependendo das zonas, da mentalidade de cada produtor e dimensão dos rebanhos. Assim o sistema de ordenha robotizado vem melhorar três aspectos fundamentais: • Melhorar a qualidade de vida, com mais tempo para as decisões e família. Transforma o produtor de leite num trabalho das 9 às 5 horas. • Melhorar a rentabilidade da exploração, com mais produção e melhor qualidade do leite e da saúde do úbere dos animais. Cada vez mais produtores que requerem ordenhar não 2, mas 3 ou mesmo 4 vezes por dia. Podemos ordenhar 2.500Kg de leite por dia e é o sistema energeticamente mais eficaz. • Mais conforto para os animais, conhecimento mais cedo e de forma mais rigorosa da sua saúde. Aberto ao futuro, pois graças ao seu desenho aberto às inovações, pode ser actualizado sempre com a última versão do robot e novas soluções desenvolvidas estão disponíveis.
denhamos, mas da forma como as ordenhamos. Ajuda os produtores de leite a crescerem de forma rentável, trabalhando melhor com mais eficácia e produtividade. Com 5 braços robotizados, com a capacidade de 90 vacas/hora, podendo ordenhar numa exploração com 540 vacas, 3 vezes por dia, ou 800 vacas 2 vezes por dia, ou algo intermédio.
Também disponível: OPTIFEEDING (Sist. de Alimentação Integrado), CONFORTO (Possibilidades de automação no estábulo) e DELPRO (Sist. de gestão do estábulo).
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EQUIPAMENTOS
Pontos a ponderar na escolha dum reboque misturador A alimentação dos rebanhos está em constante evolução (qualidade das forragens, evolução das superfícies forrageiras, etc.). Por isso, escolher uma misturadora polivalente é a condição indispensável para que o seu investimento resulte rentável a longo prazo. 1 – Capacidade de acrescentar fibra em grandes quantidades O funcionamento de um misturador deve estar limitado à utilização de fibras como o feno, os feixes de erva, a palha, etc. Por conseguinte, é importante avaliar a quantidade de fibras nas rações do gado produtivo, mas sobretudo, na alimentação das novilhas, que são as principais consumidoras de fibras.
2 – O corte da fibra deve ser eficaz Não se trata somente de poder agregar fibra à ração. A misturadora deverá incorporar a fibra ao melhor grau ruminatório, quer dizer, com caules do comprimento desejado e homogéneo, com corte limpo nas extremidades e não desfiados (para estimular da forma mais eficaz as papilas do rúmen).
3 – O valor da estrutura da mistura deve ser respeitado A fibra deve ser cortada de maneira eficaz sem desestruturar os outros componentes da ração, como a silagem de milho, a luzerna, etc. O tipo de misturador tem pouca influência neste critério. Trata-se sobretudo de prestar atenção à utilização da máquina: ordem de carga, duração da mistura, etc.).
4 – A mistura deve ser homogénea O principal objectivo da misturadora é obter uma mistura homogénea de todos os componentes da ração, inclusivamente com rações secas. Por isso, o misturador não deverá apresentar nenhum “espaço morto” e deverá funcionar pelo menos em dois sentidos distintos (horizontal e vertical, vertical e circular, etc.).
5 – A mistura deve ser apetecível para optimizar a gestão por parte do ruminante Para que seja o mais apetecível possível, a ração deverá estar fofa, arejada e ligeira. Independentemente do tipo de misturador, o fenómeno de “sobre-mistura” provoca uma compactação que produz o efeito contrario à apetência desejada. Por conseguinte, o misturador deverá cortar rapidamente a fibra comprida para evitá-lo.
6 – A báscula de alta precisão é indispensável A báscula de grande precisão é a garantia de uma boa gestão das suas reservas de forragem e de uma alimentação racional. Deve-se optar por uma báscula simples e fácil de usar, com um ecrã com números grandes para melhor visibilidade.
7 – A distribuição deve ser regular ao longo de toda a manjedoura Para que cada animal possa alimentarse ao máximo do seu potencial, é indispensável distribuir um cordão regular ao longo de toda a manjedoura. Da mesma forma, um cordão homogéneo pode reduzir os fenómenos de rejeição.
8 – Deve preferir-se uma máquina robusta e fácil de utilizar O misturador, como todos os equipamentos de distribuição de ração, tem uma utilização diária. Para além disso, funcionam com produtos corrosivos como os líquidos de ensilagem. Por isso, o desenho, a qualidade dos materiais usados, a facilidade de manutenção, entre outros, são critérios importantes para uma maior vida útil da máquina, assim como para uma maior comodidade de utilização.
Como avaliar o volume do reboque misturador? Estas são as equivalências de peso e cubicagem das forragens utilizadas com mais frequência. As cubicagens aqui expostas são necessárias para desagregar os produtos na máquina (em kg brutos). Palha (88% MS) 30 kg/m3 Ensil. milho (30% MS) 350 kg/m3 Feno (85% MS) 40 kg/m3 Ensil. erva (25% MS) 400 kg/m3 Feixe de erva (55% MS) 80 kg/m3 Concentrados (95 % MS) 700 kg/m3
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BEM ESTAR
Sistema de avaliação do bem-estar animal “Welfare Quality”! Dra. Maria Tereza Moreira mtereza.mor@leicar.pt
Isto aqui é uma selva!
O bem-estar animal (BEA) não é um lugar-comum, não é um conceito vago e de definição subjectiva.
As 5 liberdades fundamentais dos animais — “Ausência de fome, sede e carências”, “Ausência de desconforto”, “Ausência de stress, medo e ansiedade”, “Ausência de dor e de doenças”, “Liberdade de exibir o comportamento próprio da espécie” — definidas e estabelecidas para avaliar um conjunto, mostram a tendência, como quase sempre acontece, para esquecer o indivíduo. É inegável a influência que o BEA tem na qualidade dos produtos animais. Todos os programas, esquemas, certificações etc., dedicam uma boa parte das suas prerrogativas ao BEA. A própria PAC prevê o BEA como um dos critérios a ter em conta na condicionalidade. Em caso de incumprimento, da responsabilidade dos agricultores, os apoios podem sofrer redução, ou mesmo exclusão, de ajudas directas como o RPU ou apoios relativos ao PRODER, entre outros.
As directivas técnicas e legislativas, em matéria de BEA, aumentaram de forma notável nos últimos tempos. Os problemas de sanidade animal, inclusivé os que não estão relacionados directa ou indirectamente com a saúde humana, fizeram com que os consumidores, cada vez mais urbanos e distantes do mundo rural, com ideias pouco claras sobre o que é ou não razoável em termos de protecção animal e frequentemente com uma visão antropomórfica dos animais, virassem a sua atenção para o campo.
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Até um dia, tristes! Vou para a Índia viver como uma Deusa...
No passado ainda recente, a produção leiteira não constituía um alvo tão frequente como a produção de carne (suínos, bovinos, aves) e ovos, da atenção das associações de consumidores e de protecção dos animais. Para isto contribui o facto de,até alguns anos atrás, as explorações de leite serem vistas como um local de actividade agrícola familiar, integrada num campo bucólico. Hoje, e mais do que nunca, o BEA é a “montra”da exploração.
De facto, e apesar do “peso” do factor preço nos dias que correm, é inequivocamente possível as explorações pecuárias adoptarem as medidas impostas pela UE, sem que esse facto represente uma penalização monetária para o produtor ou um acréscimo em termos de preço para o consumidor. Não podemos continuar a pensar que as regras de BEA inviabilizam as explorações pecuárias ou que seleccionar focando o BEA é antieconómico.
Por todos estes motivos, e igualmente devido ao crescente envolvimento dos consumidores e à necessidade de assegurar a rastreabilidade dos produtos, que, em Janeiro de 2006, a Comissão Europeia adoptou o “ Plano de Acção Comunitário da Protecção e Bem-Estar Animal”ou “Welfare Quality” (WQ). A preocupação dos consumidores e a necessidade de informação relativa ao BEA foram o ponto de partida para a criação do WQ que teve inicio em 2004 e foi o mais ambicioso programa no campo de BEA alguma vez levado a cabo tanto na Europa, como provavelmente em qualquer outro lugar. O objectivo maioritário do WQ foi criar um sistema de avaliação do BEA, aceite pelos diferentes países que fazem parte da EU, aplicável e exequível nas respectivas explorações, baseado em indicadores válidos, fiáveis e práticos. Com base nas 5 liberdades supra-citadas, o WQ, entende os animais como seres sencientes, alem de ten-
BEM ESTAR
tar responder a algumas questões interpostas pela UE, entre as quais, a influência dos diversos sistemas de produção sobre o BEA e a influência do melhoramento genético sobre o BEA. Um outro aspecto a não descuidar, e ainda não abordado, é a cada vez mais intensa preocupação dos consumidores europeus relativamente ao respeito pelo BEA nas explorações de origem dos produtos que consomem. O marketing das marcas dos produtos alimentares rapidamente passou a incluir este factor como uma mais-valia para, em determinado momento, o consumidor escolher determinado produto em detrimento de outro.
De acordo com o WQ, a avaliação do BEA deve ter em conta 4 aspectos: • Os animais são alimentados da forma correcta? • Os animais estão alojados da forma correcta? • O estado sanitário dos animais é adequado? • O comportamento dos animais é o reflexo de um estado emocional adequado?
Este ultimo é geralmente o mais difícil de avaliar, uma vez que é o que apresenta uma maior subjectividade. No entanto, e de uma forma bastante razoável, referencia que os animais não devem experimentar a Recolha de dados relativos a Vacas Leiteiras Critérios
Nutrição
Alojamento
Ausência de fome Ausência de sede Conforto relativamente ao descanso Facilidade de movimento
Conforto térmico Ausência de feridas
Saúde
Ausência de doença
Avaliação
Condição corporal
Bebedouros (higiene, quantidade por animal, funcionamento)
Tempo que demora um animal a deitar-se, higiene dos úberes, pernas e pés, acesso ao exterior, tipo de piso, higiene do piso, forma como as vacas se deitam nas camas.
sensação de medo, dor, frustração ou qualquer outro estado emocional negativo, de uma forma crónica ou muito intensa. Todos nós sabemos, de forma prática que se entrarmos numa sala de ordenha durante a ordenha, as vacas produzem menos leite, ou ainda efeito da musica nos animais, da bata branca, da entrada de uma pessoa estranha na vacaria etc..
As quatro perguntas anteriores são o ponto de partida para estabelecer os 12 critérios nos quais deveria basear-se qualquer sistema de avaliação do BEA. Em termos de conclusão, ficam os quadros relativos aos critérios estabelecidos para avaliar as explorações de ruminantes de aptidão de carne e de leite. Independente de que se converta ou não num sistema aceite pela EU, é uma ferramenta muito útil para identificar problemas nas explorações e avaliar o efeito das medidas correctoras, como prova de que o BEA, sim, é possível!
BIBLIOGRAFIA: Welfare Quality® - Assessement protocol for cattle – Welfare Quality – Science and Society improving animal welfare - NEN
Recolha de dados relativos a Bovinos de Carne Critérios
Nutrição
Ausência de dor induzida Descorna por procedimentos Amputação da cauda provocados pelo maneio
Expressão de Agressividade p. ex. comportamentos sociais Expressão de outros Comportamentos antagónicos Comportamento comportamentos Interacção com o humanos\animais Distância das pessoas\fuga Estado emocional
Ausência de sede Conforto
Alojamento
Temperatura Facilidade de movimento
Laminites Alterações do tegumento
Tosse Descarga nasal Descarga ocular Diarreia Descarga vulvar Contagem células somáticas Distócia Vacas caídas Mortalidade
Ausência de fome
Ausência de feridas
Saúde
Ausência de doença
Avaliação
Condição corporal
Bebedouros (higiene, quantidade por animal, funcionamento)
Tempo necessário apara se deitar, limpeza exterior dos animais. Até ao momento, nenhuma medida foi ainda desenvolvida. Acesso ao exterior (parque ou pastagem), medida das boxes. Laminites Alterações do tegumento
Tosse Descarga nasal Descarga ocular Diarreia Timpanismo Mortalidade
Ausência de dor induzida Descorna por procedimentos Amputação da cauda provocados pelo maneio Castração
Expressão de comportamentos sociais Expressão de outros Comportamento comportamentos Interacção com o humanos\animais Estado emocional
Agressividade
Comportamentos antagónicos Distância das pessoas\fuga
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FEIRAS
ENCONTROS TROFA
De 3 a 5 de Março, o mercado da Trofa recebeu visitantes de todo o país, que vieram ver os animais expostos bem representativos do sector agro-pecuário. O sector das máquinas, indispensável a uma agricultura produtiva, também esteve representado pelas várias empresas que operam no Norte do País. Aqui ficam retratados alguns “momentos” da Feira:
Cândida Cruz e Vasco Gabirra no Stand da PAVO.
Stand Dekalb.
Stand Harker Sumner.
Stand Provimi com clientes.
Recinto do Concurso.
Alvarinho Assunção e António Santana.
Em primeiro plano, João Lobo, António Oliveira e Pedro Kusky.
Equipa Saprogal.
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SEGURANÇA
Zonas de risco de segurança no estábulo Escorregadelas, tropeçamentos e quedas são a fonte mais comum de lesões no local de trabalho. As consequências mais graves incluem entorses e distensões. Derramamentos de água e leite, humidades nas superfícies de betão, derramamentos de óleo, ração molhada e estrume podem tornar uma superfície escorregadia. Os tropeçamentos podem ser causados por diferentes níveis de piso, rachas no pavimento, e obstáculos — pisos irregulares, tubos e mangueiras salientes, orifícios de drenagem a descoberto e degraus mal construídos. As quedas acontecem geralmente com as pessoas que trabalham em telhados e plataformas ou que sobem a equipamentos como silos e tanques de leite sem as protecções apropriadas.
ALGUMAS REGRAS DE PREVENÇÃO PARA ESTAS SITUAÇÕES SÃO: Drenos ou orifícios de drenagem devem ser cobertos com grelhas bem fixadas. Quando ocorre um derramamento durante o transporte, manuseio ou decantação de substâncias químicas, leite ou óleo, limpe-o imediatamente. As instalações antigas deverão ser dotadas de boa iluminação e ventilação, para facilitar a secagem do solo e inibir o crescimento de fungos. As mangueiras e outros obstáculos devem ser fixados às paredes e mantidos fora do caminho. Não devem ser utilizados objectos (como alfaias ou outros) para fazer as vezes de uma escada.
Perigo: piso escorregadio.
Perigo: derramamento de líquidos.
Perigo: obstáculos no percurso.
Perigo: tubos salientes e mangueiras desarrumadas.
Protecções de segurança nas escadas de acesso.
Boa iluminação.
Ventilação adequada.
Grelhas devidamente colocadas nos locais de passagem.
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Porque as MULHERES RUMINA FASHION
estão cada vez mais presentes na gestão da pecuária, não quisemos deixar de ter uma rubrica que lhes é especialmente dedicada, a pensar nos seus tempos livres... MUDANÇAS SIMPLES E MÉTODOS NATURAIS, QUE PODEM DEVOLVER-LHE AS FORÇAS PERDIDAS!
3 DICAS para se sentir +
SAUDÁVEL
1. Relaxe e Desfrute Meditar é uma boa forma de recarregar baterias. Sente-se num local cómodo, espreguice-se, feche os olhos e respire fundo.... em cada expiração repita uma palavra que lhe dê tranquilidade.
Salada de carne de vaca
- 500 g de carne de vaca - 3 dentes de alho - Sal - Pimenta preta
ABRIL Dia 3 (Dom.) N Dia 11 (Seg.) g Dia 18 (Seg.) n Dia 25 (Seg.) t
MAIO Dia 3 (Terça) N Dia 10 (Terça) g Dia 17 (Terça) n Dia 24 (Terça) t
JUNHO Dia 1 (Quarta) N Dia 9 (Quinta) g Dia 15 (Quarta) n Dia 23 (Quinta) t
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Tenha sempre uma atitude positiva em relação a tudo o que vê e ouve e, desta forma, a simplicidade entrará na sua vida.
RECEITA Ingredientes:
FASES DA LUA
- 1 frasco de pepinos de conserva pequenos - 1 rábano ralado - 1 frasco de ameixas em calda
Preparação: Esfregue a carne de vaca com o alho. Em seguida, corte a carne em pequenos cubos, tempere com sal e pimenta e frite em gordura. Depois de arrefecer, corte a carne em fatias finas. Corte também os pepinos em fatias. Distribua as fatias de carne num prato com os pepinos, enfeitando com o rábano e as ameixas em calda.
2. Tome um pequeno almoço de RAINHA A primeira refeição do dia é decisiva para atingir os níveis de energia suficientes para aguentar o dia todo. A combinação de fruta fresca, lacticínios, cereais e frutos secos constitui o pequenoalmoço ideal.
3. Mexa-se! Pratique exercício físico regularmente. Fará com que o seu corpo gira melhor os agentes psíquicos e emocionais que a stressam diariamente.
VIAGEM Holanda
J
unte o útil ao agradável e aproveite as férias para actualizar os conhecimentos do seu negócio. Visite algumas explorações leiteiras no país com a maior tradição na produção de leite e, se for na Primavera, aproveite para deliciar-se com as infindáveis paisagens de campos de flores! A Holanda tem uma longa tradição de agricultura e horticultura, e é especializada na produção de alimentos e bebidas de alta qualidade. Comercializa uma vasta gama de produtos agrícolas, incluindo frutas ou legumes cultivados organicamente.
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1. Chapéu H&M: 9,95€ 2. Casaco Rutzou: 145,00€ 3. Top H&M: 9,95€ 4. Sandálias Donna Karan (preço sob consulta) 5. Óculos de sol Von Zipper: 120,00€ 6. Calções H&M: 24,95€ 7. Mala Guess: 161,00€ 8. Pulseira Mango: 29,00€ 9. Anel Accessorize: 9,95€
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RUMINA FASHION
Por: Ana Maria Botelho
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Tendências Chic RED
Embora pelos padrões globais a Holanda tenha relativamente pouca superfície de solo arável, é o terceiro maior exportador mundial de produtos agrícolas, sendo a produção leiteira e hortícola as principais actividades. O sector agrícola emprega cerca de 3% dos trabalhadores holandeses e é responsável por aproximadamente 2,2% do PIB. A produtividade tem aumentado muito nas últimas décadas, graças à qualidade da educação e a uma investigação aplicada à prática. Sabia que a Holanda fornece 60% das flores do Mundo?... E já agora, não deixe de visitar o Museu Van Gogh.
A nova tendência para cabelos - Acobreado! Cada vez mais visto nas passarelas, a tendência começada por Karen Elson (modelo e cantora Inglesa, na foto), volta agora a estar em voga. Decifre como usá-lo e adira ao efeito Redhead!
Mais informações: www.holland.com
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abolsamia®
Nkmix
Software de formulação de alimentos compostos para animais
• Optimização de alimentos compostos • Arraçoamentos para Bovinos, Ovinos e Caprinos Produção de leite e carne Metodologias INRA e AFRC • Avaliação de matérias-primas • Projecção de consumos • Formulação contínua • Controlo de fabrico • Produção de etiquetas de acordo com legislação em vigor • Transferência de informação de e para outros sistemas
Obtenha uma versão de demonstração em www.nkmix.com Tel. 919216295 NavalKey – Projectos, Estudos e Consultoria, Lda. Rua Policarpo Anjos, 73, 1B 1495-744 CRUZ QUEBRADA – DAFUNDO
RUMINarte Fotografia: Ant贸nio Cannas | Modelo: B.B.