Ruminantes 11

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A REVISTA DA AGROPECUÁRIA Ano 3 - Nº 11 - 5,00€ outubro | novembro | dezembro 2013 (trimestral) Diretora: Francisca Gusmão www.revista-ruminantes.com

índice VL uma Ferramenta útil para a bovinicultura leiteira O VIGOR HÍBRIDO NA PRODUÇÃO LEITEIRA entrevista a les hansen, Professor da universidade do minnesota ingredientes nos leites de substituição entrevista a nuno pedro, administrador da vetlima



EDITORIAL

edição nº11

Relações perigosas O facto de o preço do leite não estar diretamente ligado aos custos dos fatores de produção é uma questão que merece reflexão. Numa altura em que se tornou obrigatório estabelecer contratos entre os produtores de leite de vaca e os transformadores ou intermediários (salvo em algumas exceções), onde deve constar a forma como se estabelece o preço a pagar ao produtor, é importante abordar uma questão muitas vezes comentada: o facto de o preço do leite não estar diretamente ligado aos custos dos factores de produção. Quebras no preço do leite acompanhadas de aumentos no preço das rações ou adubos, bem como a situação inversa, são conjunturas recorrentes nos últimos anos. Infelizmente para as empresas que fazem parte da cadeia deste negócio (produção e indústria), os fatores que influenciam a decisão do preço de venda não estão totalmente ligados, até por estarem sempre muito sujeitos à lei da oferta e da procura. O preço do leite vendido pela indústria é sobretudo ditado pelas grandes superfícies que fazem depender a decisão de compra, entre outros fatores, do preço a que conseguem comprar o mesmo produto (leite) no exterior. Ou seja, a indústria não consegue implementar o seu “preço ideal” de venda. Já os preços dos adubos, rações, matérias primas e gasóleo estão dependentes de outros factores diferentes do preço do leite. Dependem da produção mundial de cereais e soja, da cada vez maior especulação financeira à volta destas matérias primas, do clima, da desvalorização do euro, etc. Só por mero acaso estes fatores variam em harmonia com o preço do leite ao supermercado. Se os preços andassem de mão dada, todos os intervenientes neste negócio sairiam beneficiados, uma vez que todas as empresas teriam, de forma mais ou menos constante, a sua “margem de lucro”. A nenhuma empresa deveria interessar que o seu cliente não ganhasse o suficiente para manter o negócio saudável, sob pena de comprometer o futuro. Não sendo fácil encontrar uma solução para esta questão, simultaneamente interessante para o produtor e para a indústria, existem contudo países onde os contratos que estabelecem o preço do leite pago ao produtor funcionam de facto. - Uns estabelecem cláusulas baseadas em fórmulas de cálculo do preço do leite ao produtor relacionadas com o preço da manteiga, do leite em pó, do queijo e do preço pago pela concorrência. - Outros, por seu lado, assentam em fórmulas ligadas com o preço do leite nas prateleiras, da nata e dos fatores de produção (alimentos, fertilizantes e gasóleo). Ao englobar os fatores que afetam a indústria mas também os produtores, o segundo modelo poderia ser interessante. Aquilo que não deve acontecer é que, como ouvimos dizer “no terreno”, o preço dos fatores de produção possa estar ligado em exclusivo ao preço do leite; ou seja, que quando sobe o preço do leite subam os fatores de produção, e vice-versa. Pelo menos enquanto os preços internacionais dos factores de produção não variem de acordo com o preço do leite. A ideia de obrigar os preços a variarem no mesmo sentido e proporção criaria uma “bolha” nos fornecedores ou nas cooperativas que, mais tarde ou mais cedo, se tornaria uma “bomba relógio” para todos os produtores e não apenas para aqueles que, por diferentes motivos, não aguentam o desfasamento nos preços. Nuno Marques

outubro | novembro | dezembro 2013 DiretorA

Francisca Gusmão | fg@revista-ruminantes.com Colaboraram nesta edição Adelaide Pereira; Alexandre Arriaga e Cunha; Ana Pedro; Ana Vieira; André Preto; António Cannas; António Moitinho; Carla Aguiar; Carlos Vouzela; Cátia Rodrigues; David Catita; Erwan Leroux; Felipe de Almeida; Francisco Marques; Garry Mainprize; George Stilwell; IACA; Inês Ajuda; José Caiado; Les Hansen; Luis Marques; Luís Veiga; Manuel Rondón; Nuno Marques; Nuno Pedro; Orbílio do Rosário; Paulo Costa e Sousa; Pedro Castelo; Sofia de Menezes; Tereza Moreira; Zakahia.

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Propriedade / Editor Nugon, Lda. / Nuno Gusmão Contribuinte nº 502 885 203 Sede: Rua São João de Deus, Nº21 2670-371 Loures Tiragem: 8.000 exemplares Periodicidade: Trimestral Registo nº: 126038 Depósito legal nº: 325298/11 O editor não assume a responsabilidade por conceitos emitidos em artigos assinados, anúncios e imagens, sendo os mesmos da total responsabilidade dos seus autores e das empresas que autorizam a sua publicação. Reprodução proibida sem autorização da NUGON, LDA. Alguns autores nesta edição ainda não adotaram o novo acordo ortográfico.

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Índice Alimentação 12 Entre Douro e Minho - Controlo de micotoxinas em bovinos de leite

Atualidades 28 Leilão de reprodutores de Limousine e Charolês 30 3º Encontro Europeu de dias abertos sobre Crossbreeding

Conheça a Lei 68 A compra e venda de leite cru de vaca

ECONOMIA 38 Observatório de matérias primas 40 Observatório do leite

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Equipamento 62 Novidades de produto 66 Fendt na produção de leite

O vigor híbrido na produção leiteira

GENÉTICA 44 Inseminação em raças de carne

Entrevista a Les Hansen, PhD e Professor de Genética de Bovinos de Leite da Universidade do Minnesota.

PRODUÇÃO 14 Eficácia no tratamento de dejetos 18 Maximizar a produção de leite com base em pastagens 22 Physiolith na otimização da instalação e manutenção das pastagens 24 Obter maiores benefícios do alimento que se fornece às vacas

qualidade 20 Qualidade da água de bebida para ruminantes

Saúde Animal 32 Micotoxinas em ruminantes 58 Reforço da vacinação 60 Programa de prevenção de problemas de saúde

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Índice VL

Leites de substituição

Relação entre o preço do leite pago ao produtor e o preço (custo) da alimentação das vacas leiteiras.

Entrevista a Nuno Pedro, administrador da empresa Vetlima.

Saúde e Bem-estar Animal 54 Enterotoxémia em caprinos

boletim de assinatura 1 ano, 4 exemplares

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atualidades

11ª IFCN Supporter Conference Procura de leite vai crescer 29% até 2023 Em setembro passado teve lugar a 11ª IFCN Supporter Conference que juntou as principais empresas relacionadas com o setor de laticínios. A conferência, que teve lugar em Oxford, Reino Unido, divulgou a mais recente informação global sobre a produção de leite e os desenvolvimentos do setor em geral. O evento foi organizado pela Arla UK e centrou-se nos principais desenvolvimentos ocorridos na produção de leite, preços do leite e seus custos de produção entre 1996 e 2012. Pela primeira vez, o IFCN foi capaz de apresentar aos participantes uma visão de curto prazo para os anos de 2013-2014 , bem como uma perspetiva de longo prazo até o ano de 2023. Além disso, os participantes tiveram a

oportunidade de compreender as necessidades, desafios e oportunidades do setor de lácteos do Reino Unido. Esta edição reuniu um número recorde de 123 participantes em representação de 83 empresas líderes globais relacionadas com a produção de leite. Estas empresas representam todas as fases da cadeia dos lácteos, tais como processamento de leite, equipamento de ordenha, alimentação, máquinas agrícolas, saúde animal, higiene, genética, consultoria e embalamento de leite. Os elementos chave que constam do panorama a 10 anos, apresentado pelo IFCN, apresentam várias projeções das quais a mais importante é o nível do preço mundial do leite fixado em 44.5 US-$/100 kg de leite. Outras projeções apontadas podem ser

resumidas do seguinte modo: • a produção mundial de leite ultrapassará as 1.000 milhões de toneladas (Mton) em 2023 (2012: 780 Mton) • a procura de leite irá crescer até 2023 cerca de 29% ou cerca de 225 Mton, ou cerca de 20 Mton por ano; • o número de explorações leiteiras no mundo atingiu o seu pico em 2012 com 123 milhões e tenderá a decrescer a partir de agora; • a dimensão média da exploração a nível mundial crescerá de 2,9 para 3,8 vacas por exploração em 2023; • o comércio global de laticínios aumentará de 8 para 10% da produção mundial de leite. Isto significa que a procura de leite deverá cada vez mais ser satisfeita via importações e

• • •

cada vez menos a partir dos produtores locais; a Nova Zelândia e a UE serão os maiores países exportadores com 27 milhões de toneladas de leite; o Brasil vai evoluir para importador substancial de leite (4.9 Mton); a Índia será um importador líquido de produtos lácteos de 2.1 Mton); a China tornar-se-á no maior importador de produtos lácteos com 16 Mton 2012: 5.8 Mton); a Rússia será o segundo maior importador de produtos lácteos com um volume semelhante ao de 2012.

Para mais informações info@ifcndairy.org

Fonterra vai ter novo núcleo de produção de leite na China O gigante neozelandês Fonterra vai construir um segundo núcleo de produção de leite na China e está à procura de parceiros estratégicos para este projeto que ficará situado em Ying County, província de Shanxi. A empresa, que se viu recentemente envolvida numa crise alimentar internacional após a emissão de um falso alerta sobre contaminação por botulismo disse recentemente ter recebido um “forte apoio” para a sua estratégia de crescimento na China, por parte do governo chinês. Através deste enorme núcleo de produção, que seria constituído por 3.000 explorações pecuárias devendo entrar em produção

no segundo semestre de 2014, a empresa espera poder vir a alcançar o volume de 1 bilião de litros de leite na China em 2020. “Esta é uma parte fundamental da nossa estratégia de nos tornarmos uma empresa mais integrada na China e de contribuir para o crescimento e desenvolvimento da indústria de laticínios chinesa. Tendo assegurado o local certo, na província de Shanxi, estamos agora em condições de abordar potenciais parceiros estratégicos”, disse Kelvin Wickham, responsável da Fonterra para os mercados da China e Índia, num comunicado. “O crescimento da oferta de leite cru na China tem sido da

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Foto: Fonterra

ordem dos 2% nos últimos três anos, mas a procura está a crescer a um ritmo de 6 a 8%, portanto existem oportunidades significativas para a Fonterra de aumentar o seu próprio mercado doméstico de oferta na China e

de continuar a importar os seus produtos lácteos acabados de elevada qualidade.” Quando os dois núcleos da Fonterra estiverem em plena produção, deverão alcançar uma produção conjunta de 300 milhões de litros por ano.


atualidades

Bayer Saúde Animal apoia as XV Jornadas APB Decorreram nos passados dias 24, 25 e 26 de Maio, no Centro Cultural de Ílhavo, as XV Jornadas Anuais da APB (Associação Portuguesa de Buiatria). Para além das palestras de cariz científico, estas jornadas debateram três temas da atualidade, incluindo uma mesa redonda sobre o uso racional dos antibióticos e debates acerca dos temas “As políticas agrícolas a partir de 2013” e “Perspetivas para o setor dos bovinos leiteiros”. Mais uma vez, a Bayer

marcou presença no evento aproveitando para oferecer aos congressistas, cerca de 250 médicos veterinários, a obra sobre a Clínica de Bovinos, uma edição totalmente patrocinada pela Bayer AH e exclusiva para médicos veterinários. Decorreu também uma sessão de autógrafos pelo autor, George Stilwell, para comemorar e apresentar oficialmente o livro que tem recebido dos profissionais a quem se destina os maiores elogios pelo conteúdo e atualização da informação.

XV jornadas APB Da esquerda para a direita: 
Diogo Pereira , Manuel Figueiredo, 
George Stilwell e Duarte Ferreira.

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entrevista

O Vigor Híbrido

na produção leiteira Entrevista a Les Hansen, PhD e Professor de Genética de Bovinos de Leite da Universidade do Minnesota por ruminantes

Les Hansen, PhD e Professor de Genética de Bovinos de Leite na Universidade do Minnesota, visitou recentemente Portugal para participar em várias conferências e visitas de campo. A Ruminantes aproveitou para o entrevistar acerca do crossbreeding em vacas leiteiras. Ruminantes - Quando começou a utilização do crossbreeding em vacas leiteiras? Les Hansen - O crossbreeding sempre existiu, até certo ponto, nas vacas leiteiras. Claro que os cruzamentos de raças, ou cruzamentos de linhas puras dentro da mesma raça, se tornaram rotina para todos os outros tipos de animais de

produção desde há 50 anos. As vacas leiteiras são o único animal de produção em que nunca se adotou o crossbreeding para a produção comercial de alimentos. Nos outros tipos de animais de produção não se pensaria em não fazer uso rotineiro do vigor híbrido para melhorar a produtividade dos animais destinados à alimentação. Nas vacas leiteiras, o interesse pelo crossbreeding coincidiu com a deceção dos produtores de leite com a fertilidade, a saúde e a sobrevivência das vacas Holstein puras. Os produtores que se concentram no lucro e no desejo de vacas livres de problemas lideraram o interesse pelo crossbreeding em vacas

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leiteiras e, levaram o movimento a favor do crossbreeding. Esse interesse teve início há cerca de 15 anos. Claro que a utilização do Vigor Híbrido nos suínos para cerca de 100% de utilização de crossbreeding (das raças ou linhagens de suínos dentro da raça) levou quase 25 anos a concretizar-se. O crossbreeding em vacas leiteiras é um assunto novo? Pode ser considerado um remédio para os problemas existentes em vacarias? “Novo” é um termo relativo. Alguns cruzamentos ocorreram sempre em vacas leiteiras. A taxa de conceção melhora para as vacas leiteiras quando um touro de uma raça diferente é


entrevista

usado para inseminar uma vaca. Este conhecimento do passado foi reconfirmado ao longo dos últimos 10 anos e resultou em produtores de leite que utilizam crossbreeding para problemas de reprodução com vacas Holstein nos seus rebanhos. O crossbreeding pode ser considerado como um remédio para os problemas das vacas Holstein puras. Porém, esse facto não deve diminuir o seu valor enquanto uma abordagem em uso para criar vacas leiteiras rentáveis. Resultados recentes de investigações sugerem pouca ou nenhuma perda de produção quando se cruzam raças de vacas leiteiras geneticamente melhoradas comparativamente com Holstein puras. Portanto, o conceito de crossbreeding deve ser visto como mais do que apenas um remédio para os problemas. O crossbreeding tornou-se um método estratégico para melhorar a rentabilidade e a sustentabilidade da produção de leite. Além disso, o crossbreeding em vacas leiteiras resulta em melhorias substanciais para o bem-estar animal, que é um tema que continua a crescer no interesse dos cidadãos a nível mundial. Na sua opinião, porque demorou tanto tempo para os produtores de leite reconhecerem as vantagens do crossbreeding? A mudança ocorre devagar na agricultura, que tende a ser extremamente conservadora por natureza. Além disso, a maioria das empresas de I.A. (Inseminação Artificial) que vendem sémen aos produtores de leite têm enormes investimentos nas linhas de produtos que disponibilizam atualmente para venda – principalmente Holstein puro. A mistura destas duas situações (o conservadorismo da agricultura e a vontade das companhias de I. A. de promoverem o sémen Holstein que têm atualmente para vender) tornou difícil uma avaliação objetiva do crossbreeding em vacas leiteiras. No entanto, a verdade acabará por aparecer! Outro assunto que está a aumentar a preocupação ao nível do produtor é a aceleração das relações entre os animais leiteiros (e, portanto, a depressão consanguínea) na raça Holstein. Esta preocupação está a aumentar fortemente pelo atual uso intensivo da seleção genómica. Muitas vezes, quando as empresas de I.A. colocam sémen Holstein numa vaca Holstein, não existe

“Resultados recentes de investigações sugerem pouca ou nenhuma perda de produção quando se cruzam raças de vacas leiteiras geneticamente melhoradas comparativamente com as Holstein puras.”

controlo para verificar se entre ambos existe alguma relação estreita. Temos vindo a cruzar “os melhores para o melhor” muito depressa dentro da raça Holstein (o que é acelerado com a seleção genómica). Portanto, a raça Holstein está rapidamente a tornarse altamente inter-relacionada a nível genético. Quais são as desvantagens do crossbreeding? Atualmente, a única desvantagem do crossbreeding (quando os melhores touros das principais raças são usados) poderá ser o valor das novilhas de reposição. Efetivos leiteiros que usam o crossbreeding geram muito mais novilhas de reposição por ano que os efetivos de raças puras Holstein. Isto acontece porque as vacas ficam prenhas mais rapidamente e parem mais vezes, têm menos vitelos nados mortos, e vivem mais tempo. Globalmente, o mercado para as novilhas cruzadas não tem sido tão forte como o mercado para as novilhas Holstein. Contudo, esta situação tem tendência a mudar uma vez que a popularidade do crossbreeding continua a aumentar. Porque é que os produtores precisam de ter um programa rotacional com 3 raças? Acredito firmemente que a tendência dos produtores para usar somente duas raças no crossbreeding de vacas leiteiras constituiu um problema no passado. Por outras palavras, uma vaca cruzada é cruzada com touros de uma das duas raças do seu pedigree. Na opinião dos

produtores de leite “a primeira geração é boa mas, a longo prazo, a segunda não é tão boa”. A razão para isso é que a primeira geração, que resulta do cruzamento de duas raças distintas, faz com que a vaca tenha 100% de vigor híbrido. Mas quando a primeira geração é novamente cruzada com uma das duas raças parentais, a descendência tem apenas 50% do vigor híbrido completo – uma perda considerável de vigor híbrido. Contudo, se uma terceira raça for usada, então a segunda geração também terá 100% de vigor híbrido. O uso contínuo de três raças numa rotação resulta em 86% de vigor híbrido total ao longo das gerações. O uso de apenas duas raças numa abordagem “flip-flop” ou “alternadamente” resulta em apenas 67% de vigor híbrido ao longo das gerações. Significa uma perda de quase 20% de vigor híbrido ao longo das gerações, mas uma redução de 50% concretamente na segunda geração. A utilização de quatro raças em rotação proporciona 92% do vigor híbrido pleno, o que representa apenas um aumento de 6% relativamente ao uso de três raças, sendo que poderá ser difícil encontrar uma quarta raça que encaixe nos objetivos da exploração de leite. Qual é a geração que produz mais leite e tem melhores resultados globais? A primeira geração possui 100% de vigor híbrido, portanto recebe um forte impulso comparativamente com as vacas de raça de pura. Com a utilização das três raças em rotação, a segunda geração também tem 100% de vigor híbrido. Na terceira geração há uma quebra para 75% do vigor híbrido pleno, mas depois todas as futuras gerações têm um nível superior de vigor híbrido. Não parece que exista uma única geração de 3 raças de cruzamento rotacional que seja melhor do que as outras. Uma vez que as 3 raças foram todas usadas ao longo de gerações, as vacas nos efetivos devem ser semelhantes entre si como uma mistura das 3 raças. O que pode ser o futuro da avaliação genética se o crossbreeding se desenvolver demasiado? O crossbreding não representa um problema para a avaliação genética. Muitos países, incluindo os EUA, utilizam atualmente avaliações genéticas utilizando informação de todas as raças. Todas as vacas de todas as raças e as cruzadas são analisadas

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entrevista

“Do ponto de vista computacional e estatístico não é difícil contabilizar o vigor híbrido para as vacas cruzadas e a depressão consanguínea para as vacas puras.”

simultaneamente para prever os valores genéticos dos animais. Do ponto de vista computacional e estatístico não é difícil contabilizar o vigor híbrido para as vacas cruzadas e a depressão consanguínea para as vacas puras. Quais são as raças que se devem usar? Por que ordem? Somos abençoados com um número de raças leiteiras excelentes a nível mundial, que têm sólidos programas de melhoramento genético. Essas raças são as Holstein, “Red” (que incluí as raças Vermelhas Nórdicas bem como a Ayrshire e Milking Shorthom), a Montbéliard, a Fleckvieh (uma raça de dupla aptidão, selecionada para leite e carne), a Normanda, a Jersey, e a Pardo Suíssa. E também a Gir (raça leiteira Zebú), bastante valiosa no Brasil pela resistência ao calor e aos parasitas. Cada uma destas raças tem pontos fortes e fracos. A população da “Red” é interessante porque estamos num ponto da história em que as raças Vermelhas Nórdicas, que se baseiam na Ayrshire e na Milking Shorthom, se estão a tornar numa raça misturada que inclui todas estas raças. A Fleckvieh é a segunda maior raça de vacas de leite depois da Holstein, em número de vacas, o que é uma surpresa para muitas pessoas. A raça Jersey é preferida em muitos ambientes que enfatizam a produção de leite à base de erva. A Normanda é uma raça de vaca extremamente robusta que mantém a condição corporal adequada mesmo quando a energia na dieta é limitada. No entanto, os resultados de pesquisas e testemunhos de produtores de leite sugerem que as três raças, Holstein, Vermelha Nórdica e Montbéliard parecem complementar-se muito bem entre elas para o programa rotacional de crossbreeding com 3 raças, para sistemas de produção de leite em confinamento.

Quais são as vantagens mais imediatas depois de implementar o crossbreeding em vacas leiteiras? E a longo prazo? O vigor híbrido é o mais elevado para todos os fatores de produção de alimentos, para fatores fortemente influenciados pela evolução – como a fertilidade, a saúde, a mortalidade e a longevidade. Para as vacas leiteiras, estes fatores recebem o maior impulso do vigor híbrido. E estas parecem ser as caraterísticas que a maioria dos produtores pretende melhorar nas suas vacas leiteiras, atualmente. Ao usar sémen Holstein novamente, devemos selecionar um touro com um índex para a saúde ou para a produção de leite? Os produtores de leite devem sempre comprar sémen dos touros melhor classificados na sua raça, com base na sua posição para um índice de seleção (no país de origem da raça), que inclui todas as caraterísticas economicamente importantes. Para a maior parte das raças leiteiras, na maioria dos países, o peso da produção para o índice de seleção não ultrapassa agora 50%. A produção é importante para a produção de leite rentável, mas não é a única caraterística importante para as vacas de leite. Qual é o tamanho mínimo (nº de animais em produção) de um efetivo, de modo a poder implementar o programa de crossbreeding? Para implementar um programa rotacional de crossbreeding com 3 raças, o tamanho é um fator neutro. O número de vacas num efetivo leiteiro não tem impacto sobre a conveniência de crossbreeding.

“A produção é importante para a produção de leite rentável, mas não é a única caraterística importante para as vacas de leite.”

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Qual é a sua opinião sobre a produção mundial de leite, nos próximos 10 anos? Eu acredito que a vontade de investir em caraterísticas que melhorem a fertilidade e a saúde das vacas de leite vai continuar e até aumentar. As preocupações com o bem-estar animal por parte dos cidadãos desempenhará provavelmente um papel cada vez maior nas decisões dos produtores de leite, quando selecionam a genética dos seus efetivos. Internacionalmente, temos sido capazes de melhorar, com sucesso, a produção de leite de todas as raças leiteiras. No entanto, algumas raças (especialmente as Holstein) ignoraram essencialmente os fatores da fertilidade e saúde das vacas durante a maior parte da história moderna, o que explica os problemas atuais da raça pura Holstein para a funcionalidade. Da sua experiência como orador em conferências um pouco por todo o mundo, que países considera como mais desenvolvidos no crossbreeding? As estatísticas sobre o número de cruzadas, por país, não estão objetivamente registadas em muitos países. Em alguns casos, a Associação Holstein do país é responsável pelo contraste leiteiro, e as cruzadas não estão autorizadas a entrar no contraste. No entanto, acredito que os EUA e a Holanda liderem todos os países, atualmente, na percentagem de vacas cruzadas. Cerca de 50% dos 9.2 milhões de vacas leiteiras dos EUA estão inscritas nos contrastes do leite e, destes 50% das vacas, cerca de 9% das vacas em lactação são cruzadas. O número e a percentagem continua a crescer de ano para ano nos EUA. Existem estudos a decorrer sobre a eficiência alimentar do crossbreeding? Os dados sobre eficiência alimentar são extremamente caros de recolher. A eficiência alimentar não tem provavelmente um grande vigor híbrido numa base de leite num determinado nível da produção de leite. No entanto, porque as vacas de leite cruzadas parem mais rapidamente de parto para parto do que as raças puras, voltam ao pico de produção mais cedo, com menos dias a níveis de produção mais baixos durante as suas vidas do que as vacas de raça pura. Portanto, o lucro por dia no efetivo é provavelmente uma medida de “eficiência” melhor; estudos feitos indicam que as vacas de leite cruzadas têm vantagem sobre as raças puras no que se refere ao lucro gerado por dia no efetivo.



Alimentação

entre douro e minho

ana pedro REQUIMTE, ICBAS, Universidade do Porto

Pedro1, A.R.V., Caramona2, P., Cabrita3, A.R.J., Gomes4, A., Fonseca1, A.J.M. REQUIMTE, ICBAS, Universidade do Porto 2 Alltech Portugal 3 REQUIMTE, Faculdade de Ciências, Universidade do Porto 4 Subsecção de Nutrição Animal, Cooperativa Agrícola de Vila do Conde. 1

controlo dE micotoxinas em bovinos de leite PARTE 1

CONTEXTUALIZAÇÃO O que são micotoxinas?

Consequências em vacas leiteiras?

As micotoxinas são produtos tóxicos resultantes da atividade fúngica. As de maior importância para a saúde pública e animal, como também para a economia agrícola, são produzidas por fungos pertencentes aos géneros Aspergillus, Penicillium e Fusarium. De acordo com as necessidades específicas de cada espécie, os fungos subdividem-se, convencionalmente, em dois grandes grupos: de campo e de armazenamento. Os primeiros, como o Fusarium sp., poderão desenvolverse quando surgem condições ambientais de stress para a planta em crescimento. Já os segundos, de entre os quais se destacam o Penicillium sp. e o Aspergilus sp., são fungos oportunistas que tipicamente proliferam após a colheita quando as condições de armazenamento (temperatura, humidade, teores de oxigénio e de dióxido de carbono e presença de pragas) se conjugam de forma propícia ao seu desenvolvimento. Uma vez que existem centenas de fungos capazes de produzir micotoxinas e uma ainda maior diversidade de micotoxinas produzidas, as probabilidades de contaminações múltiplas e de interações (aditivas e sinergísticas) revelam-se bastante elevadas.

A complexidade da dieta da vaca leiteira na região de Entre-Douro e Minho e a multiplicidade de ingredientes aí presentes elevam significativamente o risco de presença de micotoxinas. Admite-se que os ruminantes apresentam maior resistência a micotoxicoses devido à capacidade de metabolização de algumas micotoxinas no compartimento retículo-ruminal. No entanto, este processo é saturável e a sua eficácia está dependente do tipo de micotoxinas envolvidas, de alterações da dieta e de perturbações metabólicas. Os sinais clínicos em bovinos dependem das micotoxinas presentes, do grau de contaminação do alimento, do tipo de alimentação do efetivo e da suscetibilidade individual, esta por sua vez intimamente correlacionada com o stress produtivo. Não é raro, contudo, o produtor relatar apenas diminuições dos níveis de ingestão e de produção associados, eventualmente, a aumentos de patologias infeciosas e metabólicas, diarreias, patologia podal ou diminuições de índices reprodutivos sem causa aparente e diretamente imputável. Por esse motivo, o impacto económico poderá ser elevado e nem sempre óbvio, quer devido às perdas de produção animal como também ao aumento de patologias e custos médico-veterinários associados.

Micotoxinas no leite? Os laticínios são, de entre os produtos de origem animal, aqueles que apresentam maior risco de exposição para o Homem. Embora possa existir no leite de vaca um grau de contaminação mínimo por várias micotoxinas, a AFM1 é aquela que gera maior apreensão visto ser carcinogénea e, por isso, considerada uma substância de risco na alimentação humana. Uma vez que esta toxina é termoestável e resistente aos processos fermentativos, o leite pasteurizado e derivados poderão manter a contaminação inicial.

FIGURA 1 Crescimento fúngico em silagem de erva.

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Alimentação

Controlo? Considerando que o perigo é impossível de ser eliminado, podendo apenas ser minimizado, a sua prevenção torna-se fundamental. As práticas agrícolas e o maneio na exploração, nomeadamente o processo de ensilagem, o armazenamento dos alimentos concentrados complementares e o maneio da manjedoura, são considerados os passos mais importantes na prevenção da contaminação por micotoxinas. Por esse motivo, o controlo deve, idealmente, incluir um programa de gestão que permita efetuar uma análise de risco, identificar pontos críticos e estabelecer medidas de controlo que possibilitem a redução precoce do risco de contaminação fúngica. O programa MIKO®, desenvolvido pela Alltech®, permite ao produtor o diagnóstico precoce da sua exploração, através de uma avaliação sistematizada. Esta inclui a avaliação da produção de leite, da condição e saúde geral dos animais, com análise de índices reprodutivos e incidência de patologias infeciosas e metabólicas. Avalia-se, ainda, o maneio supracitado numa perspetiva de clarificação de quais as melhorias prementes em cada exploração e, também, de esclarecimento de quaisquer questões relativamente a estas práticas.

PROJETO Enquadramento O presente trabalho teve como objetivo geral a análise do efeito do uso de adsorvente de micotoxinas em vários parâmetros de maneio. As informações relativas ao desempenho produtivo e reprodutivo dos animais, bem como às práticas de maneio alimentar seguidas em cada exploração foram recolhidas, utilizando o programa MIKO® da Alltech®, em 30 explorações comerciais de bovinos de leite associadas da Cooperativa Agrícola de Vila do Conde.

Obteve-se uma relação estatisticamente significativa entre o uso de Mycosorb® e a saúde animal, sendo que as explorações que o incorporavam no alimento completo apresentavam melhores indicadores de saúde geral das vacas em produção. O maneio de forragens e o uso de adsorventes encontram-se, também, relacionados, sendo que explorações com melhores práticas tendencialmente associam-nas à inclusão de Mycosorb®. Poder-se-á inferir que os produtores com maior tendência para encarar a silagem como um dos principais focos de contaminação fúngica, tendem a prevenila com um bom maneio de forragens associado à inclusão deste tipo de adsorventes. Relativamente ao maneio do alimento composto obtiveram-se resultados algo distintos, que poderão ser explicados pela apresentação do alimento (farinado ou granulado) e pela forma como o mesmo é armazenado (em silos verticais ou nos próprios sacos em que o alimento é transportado). Deve aqui reforçar-se a importância desta prática de maneio: os silos verticais apresentam inúmeras vantagens comparativamente a outras formas de armazenamento. No entanto, estas estruturas devem estar em adequado estado de conservação e requerem uma limpeza regular que previna acumulação de detritos. No que respeita à alimentação dos animais, que inclui limpeza da manjedoura e do equipamento de unifeed, temperatura do alimento completo, número de alimentações por dia e uso dado ao alimento sobrante, verifica-se que há uma tendência de uso de adsorventes (que não Mycosorb®) em explorações com boas

práticas de maneio alimentar. Verificou-se, ainda, alguma tendência de incorporação de Mycosorb® a doses mais elevadas nas explorações com um maneio de manjedoura menos cuidado.

CONCLUSÕES Apesar de ser aceite que os bovinos possuem maior resistência à micotoxicose é importante realçar que esta depende de inúmeros fatores. A prevenção torna-se extraordinariamente importante e deve ser suportada em boas práticas agrícolas e num maneio adequado na exploração. A existência de protocolos, como o programa MIKO®, que possibilitem um diagnóstico precoce das explorações com maior risco de exposição a micotoxinas poderá permitir ao produtor a avaliação sistemática e a melhoria da sua exploração, através da deteção de pontos críticos e da implementação de medidas de controlo. Mais do que tentar uma resolução quando as micotoxinas se encontram já presentes, é necessário, sobretudo, prevenir a ocorrência das mesmas.

Agradecimentos: Os autores agradecem a colaboração dos Engs. André Lopes e Isabel Ramos da Subsecção de Nutrição Animal, da Cooperativa Agrícola de Vila do Conde, bem como a todos os produtores de leite que gentilmente acederam participar no estudo. Referências Bibliográficas Este trabalho é parte integrante do relatório de estágio: Pedro, A.R.V., 2013. Análise e controlo de micotoxinas em explorações de bovinos de leite. Relatório Final de Estágio do Mestrado Integrado em Medicina Veterinária, Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar, Universidade do Porto, Porto, 36 pp.

Quadro 1 Relação entre o uso de adsorvente e as práticas de maneio e saúde animal.

Adsorvente Sem

n

Diversos

Mycosorb® 4 a 5g/vaca/dia

Mycosorb® 7 a 10g/vaca/dia

EPM

P

0,047

NS

9

6

11

4

Resultados e discussão

Incidência de patologias

0,61

0,64

0,66

0,71

Relativamente aos resultados obtidos na análise estatística dos dados recolhidos, expressos em proporção e apresentados no Quadro 1, observa-se que existem diferenças significativas no maneio geral da exploração, nomeadamente no que respeita ao maneio das forragens, ao maneio das misturas de matérias-primas e alimentos concentrados, ao maneio alimentar e, também, na condição geral das vacas em produção.

Produção

0,90

0,89

0,96

0,96

0,055

NS

Índices Reprodutivos

0,58

0,54

0,53

0,63

0,059

NS

Maneio do Alimento Composto

0,83

0,76

0,80

0,76

0,018

0,001

Maneio das Forragens

0,75

0,71

0,83

0,77

0,034

0,034

Maneio Alimentar

0,85

0,91

0,89

0,75

0,034

0,010

Saúde Animal

0,87

0,86

0,92

0,94

0,025

0,044

Resultados obtidos com o programa MIKO® e expressos em proporção, sendo 1 a avaliação máxima (melhor) e 0 a avaliação mínima (pior) das explorações. EPM – Erro padrão da média • P – Probabilidade • NS – Não significativo

ruminantes outubro . novembro . dezembro 2013 13


PRODUÇÃO

Eficácia

no tratamento de dejetos Com o desenvolvimento dos sistemas de exploração pecuária surgiram, nos últimos anos, novos problemas paralelos ao incremento e intensificação da produção. De facto, os desperdícios das explorações são, cada vez mais, um problema difícil de solucionar. por departamento técnico-comercial vitas portugal

Torna-se então essencial fazer uma gestão desses resíduos, de maneira a proporcionarmos um ambiente ótimo, tanto para os animais como para o próprio homem. É de extrema importância proporcionar um ambiente de conforto aos animais, para que estes possam exteriorizar ao máximo o seu potencial produtivo, ao menor custo possível. Assim, a rentabilidade de uma exploração pecuária tem pressionado o produtor no sentido de encontrar soluções que permitam melhorar a produção. Com efeito, o produtor, cada vez mais, se interessa pela alimentação, genética e ambiente em que se desenvolvem os seus animais. De facto, quando se instaura um microclima inadequado na exploração, o animal ressente-se, podendo entrar em stress, com todas as consequências que daí advêm, tais como: alterações da produção, redução das defesas imunitárias, aparecimento de doenças, etc. Podemos então concluir que não é só com a genética (potencial produtivo do animal) e com a alimentação que conseguimos

FIGURA 1 Estrutura porosa do Lithothamne.

obter resultados ótimos; o ambiente é um “custo/investimento” que deve ser acrescentado aos outros, se quisermos encarar a produção animal de maneira mais profissionalizada. Numa tentativa de ir ao encontro das diferentes necessidades, no que respeita ao ambiente e ao tratamento de estrumes, desenvolveu-se uma fórmula da GAMA ACTILITH, o ACTIGLENE, que permite associar o tratamento de estrumes à melhoria da qualidade do ambiente. Constituído por um complexo microbiano (bactérias), um complexo nutritivo (Ascopharm e leveduras) e Lithothamne, o ACTIGLENE é particularmente indicado para o tratamento de fossas, canais e grelhas, prevenindo a formação de crostas, bem como a acumulação de estrume. Ao mesmo tempo, contribui para a redução da concentração de gases prejudiciais (amoníaco e gases sulfurosos). O ACTIGLENE ajuda a liquefazer o estrume porque a flora bacteriana que o constitui assegura a rápida hidrólise desse estrume. Por outro lado, as leveduras que o ACTIGLENE possui estimulam o desenvolvimento das bactérias, funcionando assim como catalisadores do crescimento bacteriano. O Ascopharm, suporte nutritivo do ACTIGLENE, também favorece o desenvolvimento das bactérias, devido à sua riqueza em vitaminas e em fatores de crescimento. De salientar ainda que o Lithothamne, alga vermelha da família das Coralináceas, de grande riqueza em cálcio, magnésio e com 32 oligoelementos, serve de tampão regulador a todas estas reações uma vez que mantém o pH a níveis ótimos para a multiplicação das bactérias do ACTIGLENE. O Lithothamne, ao facilitar a fixação das bactérias no estrume, possibilita uma mais rápida degradação deste. Desta forma obtém-se um estrume menos

14 outubro . novembro . dezembro 2013 Ruminantes

FIGURA 2 Ascopharm (Ascophyllum nodosum) - Alga castanha.

denso, sendo mais fácil de extrair da fossa e de espalhar no campo. Os maus cheiros são reduzidos através da ação das enzimas que degradam as moléculas responsáveis pelos maus odores. Ao mesmo tempo, dá-se uma modificação da fermentação dificultando a proliferação da flora microbiana responsável por esses maus cheiros. O poder fertilizante do estrume é melhorado devido a uma aceleração da mineralização do azoto orgânico em azoto amoniacal, obtendo-se assim um produto mais estável, apto a ser utilizado no campo como fertilizante. Por sua vez o Lithothamne, ao mesmo tempo que serve de tampão regulador do pH, aumenta também o conteúdo em microelementos, melhorando o poder fertilizante do estrume. A Vitas Portugal continua a defender uma busca permanente de novas e mais adequadas soluções para os seus clientes. Para mais informações e esclarecimentos, não hesite em contactar o técnico Vitas mais próximo de si.



atualidades

Reduzir os custos energéticos duma vacaria Uma vacaria típica pode poupar cerca de €1800/ano adotando tecnologias eficazes do ponto de vista energético.

O uso eficiente da energia é uma forma de melhorar a competitividade dos custos do setor de laticínios, nomeadamente na Irlanda, país a que refere o estudo que a seguir resumimos. Este estudo foi publicado no The Dairy Site e apresenta a situação do consumo de energia na maioria das vacarias irlandesas e os processos de otimização do mesmo. Atualmente, os custos de eletricidade nas explorações irlandesas representam cerca de quatro por cento dos custos variáveis da produção de leite, tendo tendência para aumentar no curto e médio prazo, devido ao aumento dos preços globais da energia. As auditorias energéticas realizadas no âmbito do projeto leiteiro em 22

explorações leiteiras comerciais ao longo de 12 meses, em 2011, fornecem uma visão sobre as principais áreas de utilização da eletricidade: • refrigeração de leite (31%) • máquina de ordenha (20%) • aquecimento de água (23%) • outros equipamentos (18%) • bombeamento de água (5%) • iluminação (3%) O custo médio da energia elétrica para as explorações neste estudo foi de 0,51 cêntimos/litro, sendo o mínimo de 0,26 cêntimos/litro e o máximo de 0,89 cêntimos/litro. O tamanho médio do rebanho foi de 118 vacas, mas o estudo incluiu explorações com uma variação do efetivo entre 47 a 290 vacas (ver Quadro 1).

Avaliando os custos energéticos Através de um cálculo simples podese conseguir um cálculo aproximado dos custos energéticos inerentes à exploração. Para tal, somam-se os custos totais da eletricidade durante um ano excluindo as taxas fixas, IVA e outras taxas que constam na fatura de eletricidade. Seguidamente multiplica-se o valor calculado por 100 para converter os euros em cêntimos. Dividindo o custo da eletricidade, em cêntimos, pelo número total de litros de leite vendidos à indústria durante o mesmo período, determina-se o custo por litro em cêntimos.

Uma forma de poder reduzir custos é estar atento às melhores tarifas disponíveis, horários favoráveis, etc. Potencial para reduzir custos Os custos energéticos podem ser reduzidos de duas maneiras, utilizando mais eletricidade de noite, quando os preços são inferiores, ou recorrendo a fornecedores que cobrem taxas mais baixas. A análise dos resultados das auditorias Dairyman mostrou que a exploração média no estudo poderia economizar €500/ano mudando para o fornecedor mais competitivo e €170/ano ajustando corretamente o cronómetro da taxa noturna. Nestas alterações não estão envolvidos custos de investimento. A segunda forma de reduzir os custos energéticos passa por reduzir o total de energia consumida utilizando tecnologia energética eficiente. Através da implementação de tecnologias energeticamente eficientes no equipamento de recolha do leite, podem-se conseguir economias

16 outubro . novembro . dezembro 2013 Ruminantes


atualidades

Quadro 1 Consumo de eletricidade por litro de leite em 22 explorações incluindo o custo da energia elétrica e o perfil de distribuição tarifária por percentagem de utilização tarifária do preço diário. CONSUMO DE eletricidade (Wh/L)1

Custo DE eletricidade (€ c/L)2

% da Tarifa diária3

Refrigeração do leite

13,02

0,16

60

aquecimento da Água

9,83

0,11

45

OrdEnha

8,44

0,11

71

iluminação

1,37

0,02

89

custos

7,54

0,10

69

bombagem da água

2,13

0,03

38

42,33

0,53

624

total 1

Wh/l = Watt Horas/litro, 2 Euro c/l de Leite, 3 Percentagem de Eletricidade consumível das 9h às 24h e 4 Valor Médio.

substanciais uma vez que 80 por cento da eletricidade consumida na exploração é usada na sala de ordenha. No entanto, um custo de investimento inicial será necessário para adquirir e instalar este tipo

de equipamento. O tempo necessário para recuperar esse investimento é um fator importante para a decisão. Bons exemplos de tecnologias eficientes do ponto de vista energético são:

1. a aplicação de variadores de velocidade (VSD) nas bombas de vácuo do equipamento de ordenha que permitiria poupar €460/ano, com um retorno de sete anos; 2. um sistema solar térmico para pré-aquecimento de água, que pouparia €350/ano com um retorno de dez anos; 3. a melhoria da eficiência do sistema de refrigeração do leite, aumentando a taxa de fluxo do leite para a água da placa do refrigerador, de 1:1 para 2:1 representaria uma poupança de € 350/ano com sete anos de retorno. O seguimento de todas as alterações descritas acima levaria a uma economia permanente de €1.800/ano, permitindo recuperar todos os custos de investimento em seis anos.

ruminantes outubro . novembro . dezembro 2013 17


produção

Luís Veiga Engº Zootécnico, Msc. Nutrição

pedro castelo Engº agrónomo, reagro sa. pedro.castelo@reagro.pt

MAXIMIZAR A PRODUÇÃO DE LEITE

COM BASE EM PASTAGENS O título do artigo sugere naturalmente que, tratando-se de Portugal, esta é uma produção possível apenas na região autónoma dos Açores. Mas será assim? A produção de leite nos Açores tem sido, ao longo dos anos, baseada na produção de leite com vacas em regime de pastoreio. Esse regime de pastoreio é, na esmagadora maioria dos casos, permanente, com os animais normalmente todo o ano no exterior. Recentemente, parece haver uma aposta na estabulação. Algumas explorações apostam na estabulação permanente, outras de forma parcial com ordenha e parques alimentares cobertos. Qual é a melhor solução? Existe uma

regra comum que possa ser aplicada a todos? Um facto é indiscutível, o pasto em verde comido diretamente do solo é o alimento mais rentável sob todos os aspetos, e essa é uma mais-valia que tem ainda um longuíssimo caminho a percorrer. Em 1992 o “Forage and grazing terminology committee” definiu um sistema de pastoreio como sendo: uma combinação entre a vaca, a planta, o solo, os fatores meio-ambientais e os métodos de gestão empregues por forma a

18 outubro . novembro . dezembro 2013 Ruminantes

alcançar um objetivo. Esta definição diz tudo. Marca, por exemplo, com clareza, a linha que vai de poder extrair por ano e por hectare 2 ou 5 toneladas de matéria seca de proteína bruta. Se considerarmos o bagaço de soja 44 a um valor indicativo de 440 euros/tonelada, grosso modo podemos dizer que isso corresponde a 1 € por kg de proteína na matériaprima referência como aporte de proteína alimentar. A uma valorização de 1 € o kg de proteína, um produtor capaz de produzir 4.5 toneladas

de proteína por hectare e por ano de pastagem gere um potencial de €4500 de valor equivalente de proteína por hectare. Trata-se de um potencial económico que pode realmente fazer a diferença entre uma exploração ser rentável ou deficitária. Em Portugal não temos dado a devida importância à investigação na produção animal, os centros de produção animal universitários e escolares ficam aquém das expectativas, e este caso das pastagens é paradigmático disso


produção

mesmo. Muito haverá a fazer em questão de determinar quais as melhores espécies vegetais bem como os melhores métodos produtivos para os diferentes objetivos zootécnicos. Os montantes envolvidos e os resultados trarão a definição explícita dos produtores que serão ou não capazes de sobreviver, a gestão forrageira (pasto, fenos, feno-silagens e silagens) é o maior e mais importante desafio dos próximos anos na produção em ruminantes.

Em Novembro do ano passado fui convidado para lecionar um módulo sobre produção de leite com vacas em pastoreio pela Universidade de Santiago de Compostela, e na preparação das aulas apercebi-me de que, dentro dos sistemas de gestão de pastoreio, existe uma vastidão tremenda de temas sendo por isso impossível, num artigo, abordar todos. Vou assim descrever de forma sucinta um trabalho científico que estudou o comportamento alimentar de vacas em pastoreio. Pérez Ramirez, et al (2009), tiveram por objetivo estudar 3 níveis de acesso a pastagem, 22 horas por dia (U), 9 horas por dia (R9) e 5 horas (R5) com duas disponibilidades forrageira, pastagem abundante e pastagem escassa (ver Quadro 1). O trabalho, no seu fundo científico, trata-se de um ensaio brilhante em que foram medidos vários parâmetros. A digestibilidade da matéria orgânica, a ingestão de matéria seca, a produção, o tempo de pastoreio, o comportamento geral das vacas, e vários outros aspetos mais teóricos. Dos vários resultados existe um ponto que gostaria de sublinhar. Como podemos ver nos Quadros 2 e 3, as produções e ingestão foram realmente diferentes entre vacas todo o dia em pastagem e animais restringidos. Isto deve-se, segundo os autores e corroborado

QUADRO 1 Comportamento alimentar de vacas em pastoreio. Grupos

horas de pastoreio

u

r9

r5

8:30 - 16:30 17:30 - 7:30

8:15 - 17:15

7:45 - 10:30 17:00 - 19:45

pa alta PA baixa Pérez Ramirez, et al (2009)

QUADRO 2 Produção em litros/vaca/dia em litros. Horas de pastoreio

pastagem abundante

pastagem escassa

22

22.6

19.8

5

20.6

19.2

9

20.4

19.2

QUADRO 3 Ingestão de matéria seca/vaca/dia em Kg. Horas de pastoreio

pastagem abundante

pastagem escassa

17

14.5

5

13.1

12.5

9

13.9

12.1

22

QUADRO 4 Taxa de ingestão de matéria seca/vaca/dia em g/min. Horas de pastoreio

pastagem abundante

pastagem escassa

22

31.1

28.5

5

43.6

40.6

9

35.3

28

por outros trabalhos, a um regime alimentar que não tinha nenhum tipo de suplementação de concentrados. No entanto, o que é importante é a ausência de diferenças significativas entre as 9 e 5 horas de pastoreio pois os autores sublinham que a qualidade das pastagens respondia inversamente ao número de horas que as vacas permaneciam no pasto. Ou seja, o facto de terem apenas acesso durante 5 horas, quase metade das 9 horas e independentemente do nível da pastagem, não interfere nas produções. E isso explicase no Quadro 4, com uma taxa de ingestão muito superior nas 5 horas de acesso. As vacas demonstraram uma extraordinária capacidade de adaptação à restrição de horas em pastoreio, valorizando muito melhor a pastagem.

Um outro trabalho de Bargo, et al. (2003), concluiu que, independentemente da suplementação com concentrado, não teve influência na massa de matéria seca de pastagem ingerida por cada preensão (0,47 g/dentada). Voltando ao início do artigo, e na tentativa de responder a algumas das questões, a ideia a sublinhar é que o pastoreio rotacional restrito parece ter um melhor aproveitamento da massa forrageira, uma melhor conservação dos pastos e consequentemente uma maior rentabilização da massa verde. Assim, sendo possível combinar estes sistemas, o que sei bem nem sempre ser possível, a correta formulação de concentrados específicos, e a utilização de forragens conservadas permite maximizar a produção minimizando os custos.

ruminantes outubro . novembro . dezembro 2013 19


QUALIDADE

José Caiado médico veterinário, Dairy consulting jose.pires.caiado@gmail.com

QUALIDADE DA ÁGUA DE BEBIDA

PARA RUMINANTES Interpretação dos resultados laboratoriais PARTE 2 Depois de no número anterior da revista nos termos debruçado sobre que parâmetros de análise solicitar a um laboratório para avaliar a qualidade da água utilizada numa exploração pecuária, abordaremos agora os valores referentes a cada parâmetro analítico e o seu significado prático sobre a saúde e a performance dos animais. Ou seja, vamos agora interpretar os resultados obtidos laboratorialmente a partir das amostras enviadas. No quadro ao lado encontram-se valores de referência obtidos de diferentes fontes para todos os parâmetros analíticos considerados relevantes para a avaliação básica da água de bebida das explorações agropecuárias. Na coluna de “limites” assinalam-se os valores considerados desejáveis para uma excelente qualidade da água. Na coluna de “possível problema” assinalam-se valores que são geralmente considerados pelos conhecimentos técnicos atuais, de risco, e passíveis de causar problemas de performance ou de saúde. No que respeita aos parâmetros de análise química pode afirmar-se que sempre que estes causem problemas de sabor na água, então podem diminuir a sua ingestão voluntária pelos animais e assim interferir com o seu potencial produtivo, em especial limitando a produção de leite.

pH – Embora não exista unanimidade no intervalo de valores de pH considerados normais , pessoalmente recomendaria como “normal” valores entre 6 e 8,5. Se nos recordarmos do valor 6,2 como o valor de pH fisiológico do rúmen, obviamente que valores fora destes limites colocarão em risco o pH ruminal óptimo, com as consequências previsíveis em termos de saúde ruminal. Valores inferiores a 6 conduzem a um estado de acidose ruminal enquanto valores acima de 8,5 conduzem ao seu oposto , ou seja alcalose ruminal. Os riscos de perturbação da saúde e da função ruminal serão diretamente proporcionais ao afastamento dos limites considerados acima e da sua incidência temporal. Nitratos – São geralmente um indicador de contaminação dos lençóis freáticos por fertilizantes aplicados nos solos, especialmente em áreas de grande concentração animal e até humana em que os sistemas de saneamento básico se mostram inadequados. Níveis até cerca de 50 ppm não constituem risco para a saúde animal. Considera-se o valor de 200 ppm um valor fronteira a partir do qual pode haver riscos para os animais, nomeadamente diminuição da sua performance produtiva, infertilidade e em caso-limite de toxicidade, a morte.

20 outubro . novembro . dezembro 2013 Ruminantes

Sulfatos – 1000 ppm é um valor geralmente considerado seguro para animais adultos mas alguns autores e a própria DGAV sugerem um limite de segurança mais baixo de 500 ppm. Os valores dos sulfatos devem ser avaliados sempre em conjunto com os dos cloretos pois sendo ambos elementos químicos de carga aniónica (dita negativa) interferem com o pH do sangue em vacas no periparto com consequências potencialmente negativas em termos metabólicos e produtivos. Níveis elevados de sulfatos podem causar redução da gordura no leite e aumentar as necessidades dietéticas de selénio , vitamina E e de cobre. Cloretos – Acima de 250 ppm podem causar um sabor salgado que leve a uma diminuição da ingestão de água e, consequentemente, da produção de leite. Sólidos Dissolvidos Totais – Representa o somatório de toda a matéria inorgânica dissolvida na água. O ideal é que este valor esteja abaixo de 1000 ppm. Níveis entre 1000 e 3000 são geralmente aceitáveis embora possam ocorrer problemas produtivos que dependem do mineral que em concreto é mais responsável pela subida deste parâmetro. Níveis acima dos 3000


QUALIDADE

AVALIAÇÃO DE QUALIDADE DA ÁGUA PARA RUMINANTES QUADRO 1 * Limites - Limite desejável ** Fonte - PennState 2012 *** DGAV - Agua de Quallidade Adequada para Animais **** ND - Não Determinado

ppm conferem mau sabor à água de bebida. Um valor inferior a 1000 ppm indica-nos imediatamente uma certa baixa probabilidade de existirem níveis elevados dos outros minerais constantes do que antes designámos como pacote básico. Manganésio – Este elemento, tal como o ferro, são contaminantes naturais muito comuns das águas subterrâneas .Ambos conferem um sabor metálico que também reduz a ingestão de água. Ambos mancham e causam depósitos nos equipamentos. Acima de 0,05 ppm já existe risco elevado de sabor desagradável. Ferro – Elemento químico contaminante muito comum na natureza. Afecta a cor e o sabor da água a partir de níveis superiores a 0,3 ppm. O ferro existente na água é quimicamente diferente e por isso muitíssimo mais absorvível que o ferro existente na alimentação. Cálcio, Magnésio, Sódio e Potássio – São quatro elementos de carga eléctrica positiva (tecnicamente muitas vezes designados de “catiões”) que geralmente não causam problemas. No entanto a determinação do seu valor é recomendada sempre que surjam problemas metabólicos graves e de difícil resolução no pós-parto de vacas leiteiras .Concentrações muito elevadas na água, acima de 500 ppm e 250 ppm, respectivamente para o cálcio e o magnésio, devem ser do conhecimento do seu técnico nutricionista para os efeitos por ele julgados por convenientes a nível da formulação dos arraçoamentos. O cálcio e o magnésio são os principais responsáveis pela chamada “dureza” da água que condiciona tanto a acumulação de depósitos minerais nas tubagens (a chamada “pedra”) e equipamentos, como a eficácia dos produtos químicos utilizados na limpeza e desinfecção das salas de ordenha. Cobre – Níveis de cobre acima de 1 ppm podem causar um sabor metálico que diminui a ingestão de tal água. Concentrações elevadas de cobre podem causar problemas hepáticos e intoxicações em ovinos, cuja gravidade depende da concentração detectada na água e dos teores de cobre da

PARAMETROS DE QUALIDADE

pH

Limites*

Possível problema**

DGAV***

6,8 - 7,5

< 6,0 ou > 8,5

6,5-9

Coliformes Totais UFC/100 ml

<1

ND****

0

E.Coli UFC/100ml

0

>1

0

Clost. Perfringens UFC/100ml

0

ND

ND

Nitratos, ppm

< 44

> 100

< 200

Sulfatos, ppm*

< 50

> 1000

< 500

Cloretos, ppm*

< 100

> 250

< 500

Solidos Dissolvidos TT, ppm

< 1000

> 1000

3900

Manganésio ( Mn ), ppm

< 0,05

> 0,05

<4

Ferro ( Fe ), ppm

< 0,2

> 0,3

<3

Cálcio ( Ca ), ppm

< 100

500

< 500

Potássio ( K ), ppm

< 20

ND

< 500

Magnésio ( Mg ), ppm

< 50

ND

< 250

Sódio ( Na ), ppm

< 50

ND

< 500

Cobre ( Cu ), ppm

< 0,2

>1

<2

* Sulfatos + Cloretos

> 500

alimentação. Em análises de águas de explorações de ovinos é muito importante não esquecer o pedido de determinação dos valores de cobre da água de bebida. Coliformes Totais – São bactérias ditas “coliformes” que existem em todas as águas superficiais (ribeiros, charcas, etc.) e em muitos furos subterrâneos. A sua existência em água dos furos deve-se a águas superficiais que contaminam o interior do furo ou a insectos que existam abaixo da boca do furo. A água usada nas salas de ordenha para a lavagem de equipamentos deve ser isenta de bactérias, ou seja deve ter zero UFC´s (Unidades Formadoras de Colónias), a unidade que expressa a presença de bactérias. Não existe um valor determinado, concreto, para a água de bebida dos animais, que nos indique a partir de que valor poderão surgir problemas de saúde. No entanto apontase para mais de uma UFC para vitelos e 15 a 50 UFC para vacas, limites a partir dos quais poderão surgir problemas. E. coli – Trata-se de uma bactéria da qual todos por certo já ouviram falar, muitas vezes associada a problemas de saúde pública relacionados com a chamada segurança alimentar. A sua existência é interpretada como um sinal de contaminação orgânica direta de origem humana ou animal e todas as estirpes são potencialmente patogénicas. Assim a ocorrência de E. coli é muito mais

grave do que o valor da contaminação por coliformes totais. Pode encontrarse facilmente nos bebedouros devido a conspurcação fecal mas deve estar ausente na origem da própria água e nos seus tanques de armazenamento. Facilmente se conclui que a qualidade do maneio higiénico dos bebedouros se pode avaliar pelos níveis de contaminação bacteriana da água neles recolhi da. Quanto mais frequente a limpeza e a renovação da água menor será a presença de bactérias. Recomenda-se que a água de bebida esteja livre de E.coli ou de outros coliformes fecais. A interpretação dos valores encontrados em laboratório está totalmente dependente do local de recolha da água e do seu potencial conspurcamento bem como da forma como a mesma foi recolhida para ser enviada ao laboratório. Clostridium perfringens – Trata-se de uma bactéria contaminante natural do solo que devemos manter sob estrito controlo sempre que exista uma história de casos clínicos de enterotoxémias na exploração. Não existem dados precisos sobre valores aceitáveis mas é recomendável que o valor encontrado seja zero. Para um aprofundamento dos conhecimentos técnicos e legais em qualidade da água para os animais sugerimos a consulta do documento elaborado pela Direção Geral da Alimentação e Veterinária.

ruminantes outubro . novembro . dezembro 2013 21


PRODUÇÃO

Physiolith

na otimização da instalação e manutenção das pastagens Atendendo ao processo contínuo de melhoria e busca pela excelência de resultados para os seus parceiros, por parte do Grupo Roullier, e tendo consciência da importância que a correção do pH em solos ácidos beneficia o desenvolvimento das culturas, quisemos ir mais longe. por departamento técnico-comercial vitas portugal

a variações bruscas de condições de desenvolvimento. Esta foi a razão pela qual o nosso departamento de investigação e desenvolvimento (I&D) elegeu estes seres vivos para serem estudados. Após anos de investigação o nosso departamento de I&D conseguiu obter um produto que permite aproveitar esta capacidade extraordinária de crescimento e aplicá-la nas nossas culturas terrestres. Ao aplicarmos as substâncias extraídas vamos desencadear um conjunto de sinais que provocam respostas específicas dos vários órgãos das plantas. Algumas destas moléculas atuam como hormonas de crescimento, potenciando o crescimento, o volume e a ramificação do sistema radicular. Toda esta estimulação vai potenciar a germinação, a assimilação dos nutrientes minerais presentes e fomentar uma maior velocidade de instalação, crescimento da pastagem e/ou rearranque após condições de stress. Este efeito potenciador torna-se mais importante quanto maior for a dificuldade

com que a cultura se depara (diferentes tipos de stress). Ao focar a ação em processos fisiológicos essenciais, o Physio+ permite otimizar a nutrição vegetal, estimular o crescimento e a resistência das plantas a condições de stress. Estudos referem que o Physio+ pode aumentar em 78% a taxa de arranque após uma situação de stress (ver Gráfico 1). Outros ensaios comprovam que o Physiolith tem a capacidade de induzir um aumento significativo de matéria seca do aparelho radicular e na parte aérea (ver Gráfico 2). Sintetizando, o Physiolith não só melhora a estrutura e a fertilidade do solo para fornecer um ambiente favorável à germinação e desenvolvimento das pastagens como também promove uma ação fisiológica que potencia a germinação e o crescimento das pastagens, mesmo sob condições de stress. Por tudo o que foi escrito anteriormente podemos concluir que: “O Physiolith é muito mais que um corretivo de pH do solo”.

+ 78%

Taxa de arranque = (peso verde após stress/peso verde antes do stress) x 100

Physiolith Lithothamne Physiolith Lithothamne

40 30 20 10 0

Lithothamne

200 150 100 50 0

Physiolith

Neste artigo abordamos a mais valia que representa a especificidade, presente no Physiolith, que faz deste produto muito mais do que um, já por si, excelente corretivo de pH. Porque é que o Physiolith, é muito mais que um corretivo de pH do solo? Além de ter na sua composição um corretivo mineral de origem natural (Lithothamne), cujas caraterísticas químicas e físicas muito particulares permitem uma correção rápida e duradoura do pH, usando menos quantidade de produto por hectare e estimulando a vida microbiana do solo (ver artigo pág. 14), também tem na sua composição a especificidade Physio+ com uma ação bioestimulante sobre a germinação, afilhamento e crescimento das pastagens. O Physio+ é obtido pela junção de uma fonte de cálcio com extratos de algas que contêm um conjunto de moléculas bioestimulantes (identificadas, isoladas e selecionadas) e está patenteado pelo Grupo Roullier, tendo a sua exclusividade de fabrico e comercialização. As algas de onde são extraídas as moléculas bioestimulantes, têm uma capacidade de crescimento e desenvolvimento muito superior, quando comparadas com culturas terrestres bastante produtivas. Além da grande capacidade de crescimento, acresce o facto de este ser feito sob condições adversas e muito diversificadas. As marés, conforme estejam altas ou baixas, fazem variar a luminosidade que as plantas recebem, fazem com que umas vezes as algas se encontrem submersas (excesso de água) e outras vezes se encontrem fora de água (seca) e fazem com que a temperatura seja bastante variável. Mesmo assim, estas algas têm uma grande capacidade de crescimento e de resposta

Aparelho vegetativo

Aparelho radicular

Gráfico 1 Taxa de arranque após uma situação de stress (índice).

Gráfico 2 Matéria seca (% da testemunha) 4 semanas após sementeira.

Referência: Agroressources 1998; Erva, Ensaio Phytotron

Fonte: Universidade de Rennes 1993. Azevém

22 outubro . novembro . dezembro 2013 Ruminantes



produção

Manuel Rondón Fernández Chefe de Produto Bovinos de Leite. NANTA S.A. m.rondon@nutreco.com

ObteR maiores benefícios do alimento que SE fornece às vacas As vacas leiteiras são tradicionalmente alimentadas à base de forragens e complementadas com concentrados, quando é necessário cobrir as elevadas exigências nutricionais para uma alta produção de leite.

Figura 1 Vacas a comer ração unifeed com o concentrado em migalhas.

A apresentação do concentrado (granulado, migalha ou farinha) que se fornece às vacas de leite, depende, muitas vezes, do sistema de alimentação que o produtor usa na sua exploração. Em explorações com alimentadores automáticos de concentrado ou robots de ordenha é

inquestionável o uso de um concentrado granulado devido ao pouco tempo disponível para as vacas o ingerirem. Em contrapartida, em explorações com carro unifeed, são usadas frequentemente matérias primas moídas, ou concentrados em farinha ou migalhas para obter

24 outubro . novembro . dezembro 2013 Ruminantes

uma boa mistura dos ingredientes.

Tipos de processamento do alimento fornecido às vacas de leite Em bovinos de leite, as formas mais comuns de tratar as matérias primas do alimento

durante o processo de fabrico do concentrado são: • a moenda ou farinha. Sabemos que a degradabilidade no rúmen do amido dos cereais aumenta quanto maior for o nível de moagem, especialmente na farinha de milho. Recomenda-se que 67% do milho moído passe


produção

por um crivo de 1.18 mm, o que corresponde a uma moenda de 2 mm e a 500750 mícrons; • a granulação simples ou dupla, em que após a moenda e cozedura se força a passagem das matérias primas por uma matriz, formando pequenos cilindros compactos de um diâmetro e comprimento determinado; e • a migalha que consiste num granulado partido em pedaços pequenos. Cada um destes tratamentos tem uma influência específica sobre a estrutura físicoquímica das matérias primas e, por conseguinte, afetam o seu valor nutricional e o seu comportamento no rúmen (Stern et al., 1985; Cleale IV et al., 1987; McAllister et al., 1990; Nocek and Tamminga, 1991).

Farinha versus Granulado ou Migalha Na alimentação das vacas leiteiras, a velocidade e o local da digestão dos nutrientes têm uma grande influência nos resultados produtivos e na saúde do animal, pois são fatores que determinam o valor nutricional do alimento. A velocidade de degradação no rúmen influencia a produção de biomassa microbiana/ácidos gordos voláteis (AGV) e o padrão de AGV, enquanto que o local da digestão tem influência sobre a produção de aminoácidos e glicose. Não há muita informação disponível na literatura sobre o efeito da granulação/ migalhação sobre a degradação no rúmen dos nutrientes das diferentes matérias primas. No Centro de Investigação de Ruminantes (RRC) da Nutreco, na Holanda, realizaram-se vários estudos sobre o efeito da granulação na degradação em saco ruminal (amido, proteína ou fibras), de diferentes tipos de matérias primas

em comparação com a degradação dessas matérias primas em forma de farinha. Destes ensaios, concluiuse que a combinação da temperatura, força mecânica, tempo e humidade afetam a degradabilidade ruminal da proteína e do amido. Estas alterações de degradabilidade são maiores para o amido que para a proteína, quando se granula um concentrado. Portanto, o tipo de processamento do alimento causará variações no rendimento das vacas. O tratamento térmico altera a estrutura da proteína, embora o efeito não seja totalmente claro. Na granulação de um concentrado que agrupe várias matérias primas, aumenta a degradação da proteína no rúmen, ao passo que na granulação de matérias primas individuais é reduzida. Goelema et al (1999) observaram que havia uma correlação positiva entre a degradabilidade do amido e da proteína no granulado/ migalhado. Portanto, com o aumento da temperatura durante a granulação, a degradabilidade ruminal dos amidos e das proteína irão na mesma direção. No caso do amido, o tratamento térmico e pressão do granulado/migalhado resulta numa rutura dos grânulos de amido e sua posterior gelatinização (Hasting et al, 1961). Consoante a humidade, temperatura, e tempo aplicado, esta gelatinização variará em maior ou menor grau, aumentando a degradabilidade do amido no rúmen. Além disso, o processamento altera a matriz proteica em torno do grânulo do amido (Thorne e Jenkins, 1983), libertando o amido e aumentando a sua digestibilidade entre 10-20%. A moagem dos ingredientes dos concentrados em farinha, não consegue libertar o amido da matriz proteica que o recobre, especialmente se a

QUADRO 1 Influência da granulação aplicada a uma ração de bovinos de leite sobre a degradabilidade da proteína e amido (Goelema.1996) Farinha

Granulado

Amido By-Pass

36.9

28.0

Proteína By-Pass

37.6

33.9

moenda for grosseira. Uma fermentação mais rápida e completa do amido no rúmen conduzirá a um aumento do risco de acidificação do rúmen e há que ter em conta no momento do desenho da ração para ter uma sincronização adequada entre as diferentes frações de carbohidratos e proteína, e evitar uma queda de gordura

no leite. Por exemplo, a granulação da cevada resulta num pH mais baixo no rúmen, de 0,22 até 0,40, quando comparado com a cevada moída, que entra a 30% numa mistura unifeed. Esta diminuição do pH resulta da fermentação ruminal mais rápida e extensa dos carbohidratos (Gozho et al, 2008).

Benefícios do Alimento em Granulado/Migalha As vantagens potenciais do fornecimento do alimento em forma de granulado ou migalha em relação a farinha, podem ser divididas em três categorias: físicas, químicas e animal. Vantagens Físicas • Maior homogeneidade do alimento. “Cada pedaço que a vaca come é correto“. Os ingredientes e nutrientes que contém, estão “ligados” pelo processo de granulação de modo a que cada bocado de alimento consumido pelo animal contenha uma mistura equilibrada de proteína, energia, minerais, vitaminas e qualquer outro componente chave da alimentação. Em concentrados em farinha, os ingredientes tendem a separar-se em função da sua densidade e tamanho de partícula

quando são transportados e manipulados na exploração. • Menos erros de mistura no carro unifeed. Ao utilizar matérias primas moídas juntamente com aditivos e pré-misturas de vitaminas e minerais, estes, com uma densidade duas a três vezes mais elevada, não são uniformemente misturados com o resto das matérias primas e forragens. Erros na preparação da ração podem resultar em ingestões desequilibradas de nutrientes, cuja proporção na ração é menor (pré-misturas, gorduras, tampões…)

ruminantes outubro . novembro . dezembro 2013 25


produção

mas que são igualmente importantes, na obtenção dos resultados desejados de produção de leite. Menos espaço de armazenamento devido à densidade mais elevada, especialmente no caso da migalha. Fácil de fornecer especialmente em comedouros automáticos, robots de ordenha e salas de ordenha. Kertz et al, avaliaram diferentes formas de apresentação de ração para vacas de leite (farinha, granulado e migalha) e constataram que as vacas consomem o granulado mais rapidamente quando o tempo de ingestão é limitado. Economiza tempo e mão de obra no momento de alimentar as vacas em comparação com a manipulação de alguns ou muitos ingredientes individuais na exploração. Menos desperdício de concentrado, gerando menos pó e menos resíduos devido ao maior volume dos grânulos. Maior exposição às enzimas digestivas, devido a um tamanho de partícula mais fina dos ingredientes utilizados nas rações granuladas. Maior utilização de ingredientes. A granulação permite a utilização de uma grande variedade de ingredientes, proporcionando ao

produtor com instalações de armazenamento limitadas, o seu uso.

Vantagens Químicas • Melhoria da digestibilidade. A humidade, o calor e a pressão aplicada durante a granulação melhoram a degradação no rúmen das matérias primas do concentrado. • Melhora a fermentação no rúmen devido ao aumento da fração de proteína solúvel e um teor mais elevado de amido gelatinizado no rúmen, em oposição a um concentrado em farinha, proporcionando uma maior sincronização entre a energia e o azoto e maximizando o funcionamento do rúmen. • Baixa contagem microbiológica. As altas temperaturas podem reduzir a contagem bacteriana e destruir as bactérias patogénicas presentes nas matérias primas: Salmonella spp. , E. coli, • Maior controlo de qualidade dos ingredientes do concentrado, as matérias primas dos concentrados granulados/migalhados estão sujeitas a exaustivos procedimentos de controle de qualidade em oposição às matérias primas usadas na exploração (a NANTA

FIGURA 3 Centro de Investigação de Ruminantes (RRC) da NUTRECO, Broxmeer

cumpre com as normas de qualidade ISO 9.001 e ISO 22.000 em todas as suas fábricas). • Precisão no teor de nutrientes. A análise nutricional periódica pelo sistema NIR de cada uma das matérias primas usadas para o fabrico dos concentrados assegura o teor exato em nutrientes das rações granuladas ou migalhadas, o que não acontece com as matérias primas usadas na exploração. (A NANTA dispõe de um NIR FOSS XDS em cada uma das suas fábricas, realizando anualmente na fábrica da NANTA Portugal a análise NIR a mais de 4.500 amostras, permitindo calibrações precisas e fiáveis).

Vantagens para a vaca

FIGURA 2 Diferentes diâmetros do concentrado em granulado.

26 outubro . novembro . dezembro 2013 Ruminantes

• Maior e mais rápido consumo de alimento, importante se as vacas têm uma quantidade limitada de tempo, como numa sala de ordenha ou robots de ordenha. • Aumento da ingestão de nutrientes. As vacas consomem maiores

quantidades de alimento por ser mais denso e, portanto, ingerem mais nutrientes no total. Aumento da produção de leite devido aos dois pontos anteriores. Redução no aumento de calor pela sua digestão. O calor gerado pelo trabalho de comer e pelo processo de digestão diminui com rações granuladas. Esta vantagem pode ser particularmente significativa durante os meses de verão, com altas temperaturas e humidade. Melhoria da saúde dos animais. O vapor e o calor durante o processo de granulação destroem alguns microorganismos causadores de doenças (E. coli, Salmonellas spp…) e/ou fatores anti-nutricionais (tais como o inibidor de tripsina) se estão presentes nos ingredientes do alimento antes da granulação. Redução dos custos de alimentação. Os fabricantes de rações granuladas dispõem de melhores condições para aproveitar as oportunidades de preços de ingredientes que os produtores, com instalações de armazenamento limitadas.



atualidades

Leilão em Montemor-o-Novo

reprodutores de Limousine e CharolÊS No passado dia 31 de agosto, no contexto da Expomor, a feira anual que reúne em Montemor-o-Novo todo o sector agrícola e pecuário da região, decorreu a segunda edição do leilão de reprodutores puros certificados, da raça Limousine, este ano conjuntamente com a raça Charolesa. Por david catita

A organização deste leilão foi partilhada entre a Apormor, a Associação de Produtores de Bovinos, Ovinos e Caprinos da Região de Montemor-o-Novo, e as associações da raça Limousine e da raça Charolesa, com o objetivo de estender, para os reprodutores bovinos, o enorme sucesso que os leilões semanais de animais para engorda e abate têm tido em Montemor-o-Novo. A Apormor, numa aposta clara no melhoramento genético das explorações dos seus associados, onde são produzidos os animais cruzados que são vendidos em leilão, apoiou financeiramente a aquisição, pelos seus associados, de reprodutores puros certificados deste leilão, com um valor de 1000€ para os Limousine Ouro, 800€ para os Limousine Prata e 600€ para os Limousine Bronze, representando uma importante ajuda

no contexto da atual crise económica, uma vez que a aposta na genética certa resulta, a médio prazo, em retorno económico e no reforço da vitalidade dos bovinicultores. Nestes momentos de crise, e em resultado da relativa descapitalização do sector pecuário, alguns criadores reduzem a qualidade dos seus reprodutores, tendo como consequência provável uma gradual redução dos resultados produtivos e consequentemente do retorno financeiro associado, sendo esta subvenção por parte da Apormor, um importante e oportuno sinal em prol da qualidade. A edição do leilão de reprodutores de 2013 contou com 12 animais da raça Limousine e 12 animais da raça Charolesa, que foram entrando individualmente no ringue, mas intervalando dois animais de uma raça seguidos de dois animais da outra. A base de licitação dos reprodutores foi de 3000€ para os Limousine Ouro, 2750€ para os Limousine Prata e 2500€ para os Limousine Bronze, tendo sido vendidos 10 dos 12 animais Limousine presentes. No caso da raça Charolesa, com os mesmos valores de base de licitação e de apoio, foram vendidos 7 dos 12 animais presentes. Estes machos reprodutores, com idades superior a 18 meses, vão assim para explorações pecuárias da região de Montemor-o-Novo, beneficiar as vacas nelas existentes, e assim promover o nascimento de animais mais desenvolvidos e com maior valor de venda. Tomando como exemplo um destes machos,

28 outubro . novembro . dezembro 2013 Ruminantes

é possível a incorporação desta genética melhoradora em cerca de 40 bezerros por ano, que ao fim de 5 anos represente um total de 200 animais. De acordo com os dados de melhoramento dos nossos vizinhos espanhóis, para as raças Limousine e Charolesa, que estimam um acréscimo de 20 kg na fase de desmame, que em 40 animais por ano resulta em 800 kg de peso, o que a 2€/kg representa cerca de 1600€ por ano, só em resultado da melhoria genética. A melhoria gradual da genética dos bovinos nacionais destinados ao cruzamento para carne resultará, a médio prazo, no crescimento da economia nacional e na redução da necessidade de importações, valendo a pena sublinhar os bons exemplos, como este da Apormor, ajudando os criadores a criar riqueza numa região com elevado potencial pecuário.



atualidades

3º Encontro europeu de

dias abertos Procross No passado mês de julho decorreram os dias abertos sobre Crossbreeding, organizados pela Ugenes-Lda, VikingGenetics e Coopex Montbeliarde. por ruminantes

No passado mês de julho decorreram os dias abertos sobre Crossbreeding, organizados pela Ugenes-Lda, VikingGenetics e Coopex Montbeliarde, com visitas às explorações Agro Pecuária da Tília e Agroleite de Canha. Os produtores espanhóis, italianos, holandeses e checos, para além dos portugueses, puderam constatar in loco os resultados produtivos da aplicação do conceito da vaca PROCROSS já bastante utilizado noutros países da Europa. Para além das visitas de campo, realizouse uma conferência que contou com a presença de Les Hansen, Professor da Universidade do Minnesota e de António Castanheira, responsável técnico da exploração do Casal de Quintanelas, à qual assistiram mais de 120 pessoas. Seguiu-se uma visita ao Casal de Quintanelas onde se observou um grupo de vacas Procross de 1ª e 2ª geração.

António Castanheira responsável técnico da exploração do Casal de Quintanelas

António Castanheira referiu, na sua apresentação, que iniciaram o crossbreeding à 7 anos e que todos os dados disponíveis indicam uma melhoria na rentabilidade da exploração. Apesar de toda a inovação implementada na exploração — como a deteção de cios por câmaras de vídeo e detetor de movimentos das vacas, e a alimentação controlada por câmaras de vídeo —, os problemas de fertilidade e rentabilidade da exploração eram evidentes. Agora, depois da introdução do Vigor Híbrido, os resultados são diferentes, nomeadamente o intervalo entre partos que em dezembro de 2010 era

30 outubro . novembro . dezembro 2013 Ruminantes

em média 450 dias e em julho de 2013 se situava nos 400 dias; ou a taxa de refugo que, com as Holstein era de 30 a 35%, e com as cruzadas está nos 22,95%. “Em dois anos vamos ter mais 33% de vacas, a única coisa que mudou nisto foi o Procross” diz António Castanheira. “O IOFC (Income Over Feed Cost) situa-se, neste momento, no pico da lactação, em 7,5€ vaca dia, e a média é de 1,02 €/vaca/ dia. Se pensarmos que reduzimos pelo menos 50 dias de intervalo entre partos na exploração, isto representa 51€ por vaca em 50 dias ou, cerca de 8,5 dias de produção de leite “sem comerem”.


atualidades

Les Hansen professor de genética de bovinos de leite da Universidade do Minnesota

Pela segunda vez em 6 anos, Les Hansen, conceituado professor de genética de bovinos de leite da Universidade do Minnesota, apresentou resultados de vários estudos sobre o Crossbreeding, realizados nos EUA pela Universidade. Para Les Hansen, os cruzamentos sempre se utilizaram em animais de produção, como por exemplo nos porcos, nos bovinos de carne, nas ovelhas e nas galinhas. “Hoje, a produção de leite mundial é conseguida quase exclusivamente pelas Holstein. O domínio de uma única raça não é comum entre os animais de criação em todo o mundo. A Holstein é uma raça global e os seus genes provêm quase 100% dos EUA”. A evolução da raça Holstein foi no sentido de um aumento dramático de produção (+5000 kg), de úberes de muito melhor qualidade, e de vacas grandes e com menor condição corporal. Mas esqueceramse, até há pouco tempo, das dificuldades de parto, dos nados mortos, da fertilidade,

da saúde e da longevidade. Outras raças foram evoluindo e não se esqueceram destes aspetos, para além de que estão cada vez mais perto das performances da raça Holstein, como é o caso da Parda Suiça ou Vermelha Sueca, relativamente ao teor butiroso e proteico, onde estão apenas 5% abaixo. Os dias em aberto das Holstein aumentaram, de 1957 até 2009, em 29 dias e a consanguinidade da raça nos EUA, em 1988, era de 2%, e em 2013 está em 6%. A evolução da raça Holstein foi muito virada para a beleza do animal, e isso não traz mais nada ao produtor” disse Les Hansen. Nas seis explorações leiteiras em cooperação na Califórnia, onde as vacas Holstein foram inseminadas com uma grande variedade de raças, verificou-se que a taxa de refugo na 1ª lactação foi de 15,9% nas Holstein, contra 7% nas Montbeliard x Holstein, e 6,2% nas Vermelhas Nórdicas x Holstein. Os dias em aberto até à 5ª lactação baixaram, respetivamente, 26 e 11 dias,

PARQUE DE EXPOSIÇÃO dos animais Procross.

também referentes aos mesmos cruzamentos. As produções, durante os 4 anos seguintes ao 1º parto, tiveram resultados superiores nas cruzadas, em 21 e 16%, e melhores resultados em todos os parâmetros (quantidade de leite/gordura/ proteína). Isto projeta para lucros na vida produtiva de +50% para a Montbeliard x Holstein, e +45% para a Vermelhas Nórdicas x Holstein. No novo estudo, em grandes explorações do Minnesota (EUA), a melhoria dos resultados nas vacas com vigor híbrido verificase logo na 1ª lactação, aos 305 dias, com mais 4% e 3%, respetivamente, nos cruzamentos Montbeliard x Holstein e Vermelhas Nórdicas x Holstein. Verificouse também, neste estudo, que a matéria seca ingerida em 150 dias da 1ª lactação foi de 20 kg (Holstein) e 19,4 kg (Montbeliard x Holstein). Podem-se retirar como conclusões que a fertilidade, a saúde e a longevidade das vacas têm diminuído na maior parte do mundo; que

a raça Holstein tem menos lactações por vaca; e que a consanguinidade das Holstein continua a aumentar (+0,1% anual) devendo continuar a aumentar com a informação da seleção genómica. Quando confrontado com o possível fim da raça e dos concursos Holstein, Les Hansen não teve problema em responder que isso nunca acontecerá, porque as raças puras são necessárias para o Crossbreeding. Porém, disse, os produtores têm que definir se o negócio deles é “produzir e vender genética ou produzir e vender leite”. Também referiu que, nos EUA, a média dos Dias em Aberto (intervalo, em dias, entre o parto e a vaca ficar grávida) é de 150 dias. E, segundo Les Hansen, o desenvolvimento do Crossbreeding teve origem em produtores americanos que constatavam que “os custos de mão-de-obra para lidar com as Holstein estavam a aumentar”. O grau de consanguinidade nesta raça é alto, e esta consanguinidade é expressa já quando o embrião não sobrevive.

Alexandre Arriaga e Cunha Proprietário da Exploração do Casal de Quintanelas.

ruminantes outubro . novembro . dezembro 2013 31


SAÚDE AnIMAL

MICOTOXINAS EM RUMINANTES

UM PROBLEMA SUBESTIMADO MAS ATUAL! POR Carla Aguiar, Diretora Técnica da INVIVONSA Portugal Erwan Leroux, Chefe de Produto – Aditivos, NEOVIA, empresa do grupo INVIVO NSA

O rúmen, quando trabalha corretamente, tem um poder de desintoxicação importante sobre algumas moléculas, razão pela qual os ruminantes são considerados menos sensíveis que os monogástricos. Deste modo, o papel das micotoxinas em ruminantes, à exceção da aflatoxina, foi durante muito tempo subestimado.

Por muitas razões, as micotoxinas são de novo um assunto de atualidade: • A melhoria do conhecimento científico. Foram relatados efeitos tóxicos de numerosas micotoxinas, para além das aflatoxinas, em ruminantes. Essas micotoxinas já foram observadas em diferentes tipos de forragens; por exemplo numerosos casos de eczema facial relacionados com a contaminação das pastagens pela esporidesmina já foram evidenciados na Nova-Zelândia, nos Açores e em França.

• A percentagem de contaminações em crescimento nos cereais foi claramente demonstrada pela pesquisa e análises efetuadas na Lareal (atualmente InvivoLabs). As principais razões para esta situação são a diminuição dos tratamentos fúngicos, a ausência de rotação das culturas e a simplificação das práticas de cultivo, por razões ambientais. • A sensibilidade acrescida nos ruminantes, devido a uma progressão dos níveis de produção e a uma perda de rusticidade devido à seleção. Por outro lado, algumas micotoxinas sofrem alterações no rúmen que as transforma em metabolitos mais tóxicos que a molécula original (ver Figura 1) • As preocupações sanitárias crescentes dos consumidores, no seguimento das inúmeras crises sanitárias recentes (BSE, melamina, dioxinas,…). O efeito cancerígeno de cinco micotoxinas (duas das quais aflatoxinas) foi demonstrado no homem.

Neosonaniol

HT-2

DOM-1 T-2

Scripenetriol

DON DAS

90%

OTA

Alpha-zearalenol

Zearalenol

Beta-zearalenol

ZEA AF B1

De-epoxyscripenetriol

<10%

Aflatoxicol

Ochratoxin C Ochratoxin alpha

Toxicidade equivalente

Phenylalanin

Toxicidade superior

rumen

FIGURA 1 Alteração das micotoxinas no rúmen.

32 outubro . novembro . dezembro 2013 Ruminantes

A origem das micotoxinas As micotoxinas são principalmente metabolitos secundários produzidos por fungos presentes nas matérias-primas e que se desenvolvem sob algumas condições de temperatura e humidade. Podemos suspeitar de contaminação com micotoxinas quando existe presença de fungos que aparecem devido à má conservação das forragens ou das matérias-primas, no entanto, estas toxinas são muito resistentes e não são destruídas pela temperatura ou acidificação que elimina os fungos, pelo que a quantidade de bolor presente numa amostra não está forçosamente correlacionada com o seu teor em micotoxinas, podendo este ultimo ser o resultado de uma contaminação anterior à observação da amostra. Pela mesma razão os subprodutos de cereais (sêmea, glúten de milho, drèches) estão normalmente mais contaminados do que os cereais que lhe deram origem. A repartição das contaminações nas forragens e lotes de matérias-primas está longe de ser homogénea, fazendose pelos chamados “hot spots” que são zonas com elevada contaminação. A recolha de amostra, para uma análise de micotoxinas, deve ser feita com muito cuidado e seguindo procedimentos de amostragem bem definidos! Os principais fungos responsáveis pela contaminação por micotoxinas nas forragens e matérias-primas são o Fusarium, Aspergillus e Penicillium. A maior parte das contaminações são multicontaminações, com várias micotoxinas: por um lado a microflora fúngica raramente é homogénea; por outro lado, cada fungo pode produzir diferentes toxinas!


SAÚDE ANIMAL

PRINCIPAIS EFEITOS DAS MICOTOXINAS Os efeitos das micotoxinas nos ruminantes são frequentemente pouco específicos e podem ser classificados em vários tipos: • Ação sobre o rúmen: se o rúmen tem o poder de desintoxicar algumas micotoxinas, outras, como a patulina, inibem a flora ruminal levando a uma diminuição da digestibilidade do alimento. • Ação sobre o fígado: órgão de desintoxicação por excelência. As aflatoxinas, em especial, têm um efeito altamente tóxico sobre este órgão. Isto é particularmente problemático no início da lactação. • Diminuição das performances de reprodução: função particularmente sensível a qualquer desequilíbrio. Casos de abortos precoces e infertilidade foram relacionados com contaminações importantes com zearalenona e casos de infertilidade temporária ou permanente com a absorção de fitoestrógenos. • Imunossupressão: a elevada toxicidade da DON e da toxina T2 é devida em parte ao seu grande efeito imunossupressor, causando doenças não específicas, como as mamites, problemas respiratórios ou diarreia. • Queda da ingestão e da produção leiteira: são muitas vezes associadas à contaminações por inúmeros tipos de micotoxinas.

QUADRO 1 Contaminação micológica e condições favoráveis à presença de micotoxinas em algumas matérias-primas. Matéria-prima

Pastagem/Erva

Forragens no campo ou colhidas

Flora fúngica

Micotoxina

claviceps

Ergotamina (ergotismo - gangrena)

phytomyces

Esporidesmina (eczéma facial)

Néotiphodium

(desordem nervosa)

Rhizoctonia

Slaframina (sialorréia)

Fusarium (má colheita e armazenamento húmido)

Aspergillus fumigatus

desordem respiratória

Sachybotris atra

Satratoxinas

Penicillium

Patulina

Feno e palha

Tricotecenes Fusarium

Zearalenona

Aspergillus flavus

Aflatoxinas

Fusarium

DON

Fumonisines Sobreaquecimento Conservada incorretamente Silagem milho e erva

Presença de oxigenio (frente de ataque) Silagem cereais imaturos

Más condições climáticas

Penicillium

Patulina

Fusarium

Tricotecenes (DON, T2) Zearalenona

Cereais Trigo, milho, cevada

Fumonisines (milho) Mau armazenamento

Aspergillus

Aflatoxinas (raro)

(armazenamento em solo)

Penicillium

Ocratoxinas

Aspergillus flavus

Aflatoxinas

Outras Matérias-primas Produção países quentes e húmidos Semente de amendoim e algodão Oleaginosas

Aspergillus parasiticus (desintoxicados quimicamente à chegada em alguns países)

Bagaços de amendoim

QUADRO 2 Efeito das micotoxinas em ruminantes. Micotoxinas

FIGURA 2 Embrião de 7 meses com aspergilose.

Condições favoráveis

Aflotoxina B1, B2, G1, G2

Ação do rúmen sobre as micotoxinas

Substrato potencial

Grãos e bagaços :

* Necroses, edemas (fígado, rins)

Amendoim

* Abortos * Disfuncionamento do rúmen

10% degradado no rúmen Oleaginosas importadas dos países quentes

* Diminuição da ingestão e da produção leiteira! Passagem dos metabolites para o leite

Forragens húmidas (feno, palha, erva…)

* Desordens na reprodução, edemas, hipertrofia dos orgãos genitais… diminuição da taxa de sobrevivência dos embriões, diminuição da produção do leite

Cereais (trigo, milho, cevada)

! Passagem possível das metabolites para o leite

Silagens milho planta inteira (na reabertura do silo)

* Possibilidade de baixa na produção leiteira

(* fenos húmidos mal conservados)

Transformação e zearalenol - mais tóxico

Efeitos principais possíveis

Zearalenona

(continua...)

ruminantes outubro . novembro . dezembro 2013 33


SAÚDE AnIMAL

(continuação Quadro 2)

Limites máximos em ruminantes:

Ação do rúmen sobre as micotoxinas

Micotoxinas

Os limites de sensibilidade às micotoxinas não são bem conhecidos, pois as multicontaminações, que são muito frequentes, aumentam a sensibilidade dos animais. Podemos no entanto recomendar os níveis máximos preconizados por Mike Hutjens para o alimento completo (ver Quadro 3). Na União Europeia, a Recomendação da Comissão de 17 de Agosto de 2006, define limites para as matérias-primas e alguns alimentos para animais (ver Quadro 4).

PREVENÇÃO DOS RISCOS de contaminação

Fortemente degradadas no rúmen Tricotecenos DON

* Perca de peso, dermatoses

Cereais (trigo, milho, cevada)

* Baixa da imunidade

Silagens imaturas Fortemente degradadas no rúmen Tricotecenos DON

Forragens húmidas (feno, palha, erva…)

Muito tóxico

Cereais (trigo, milho, cevada)

* Necrose pele

Silagens milho

* Diarreias, problemas digestivos

Silagens imaturas

* Baixa da imunidade

Ocratoxina A (OTA)

Degradação pela flora do rúmen

Silagens milho

* Necroses dos rins

Metabolitos menos tóxicos

Forragens secas mal conservadas

* Baixa da imunidade

Silagens (planta inteira, cereais imaturos)

* Disfuncionamento do rúmen (paralisia dos reservatórios gástricos)

Patulina

Polpas de beterrabas muito comprimidas

QUADRO 3 Níveis máximos de micotoxinas recomendados no alimento completo (segundo Mike Hutjens). Micotoxina

Aflatoxinas

Zearalenona

DON

Toxina T2

Nivel Max. no TMR

20 ppb

500 ppb

500 ppb

250 ppb

• Funcionamento do rúmen: Aumentar o NDF do alimento, utilizar tamponizantes; • Saúde do fígado: utilizar protetores hepáticos (colina e metionina protegidas…) • Imunidade: necessidades acrescidas em minerais e vitaminas, nomeadamente os antioxidantes.

AF B1

DON

ZEA

OTA

Fumo

Sub-produtos de milho

0,02 mg/kg

12 mg/kg

3 mg/kg

80 mg/kg

Amendoins

0,02 mg/kg 8 mg/kg

2 mg/kg

0,25 mg/kg 80 mg/kg

Matérias-primas

Cereais e subprodutos cereais 0,05 mg/kg

Alimentos completos e complementares Ruminantes adultos Animais em produção leite

Forragens húmidas (feno, palha, erva…)

Silagens milho planta inteira (na reabertura do silo)

QUADRO 4 Níveis máximos recomendados pela EU e no caso da Alfatoxina B1, níveis máximos legais, para as micotoxinas em matérias-primas e alimentos para animais.

Outras Matérias-primas

Efeitos principais possíveis

* Úlceras do rúmen

A boa qualidade e preservação das forragens (compactação do silo, estado de desenvolvimento, utilização de conservantes de silagem…), e a limitação das contaminações no campo (enterrar as culturas precedentes, estado da planta na colheita, correta utilização dos tratamentos antifúngicos e luta contra os insetos…) são as medidas prioritárias que permitem limitar as contaminações pelas micotoxinas. A seleção das forragens e a eliminação das frações contaminadas permite limitar os riscos. É também recomendável não fornecer forragens com qualidade duvidosa aos animais mais sensíveis do rebanho (vacas no início da lactação, ovelhas em período de reprodução…) Em caso de risco de contaminação é conveniente estar atendo aos seguintes aspetos que podem ser afetados:

Alimentação animal

Substrato potencial

50 mg/kg 0,005 mg/kg

Vitelos e borregos

0,01 mg/kg

Bovinos de carne, ovinos e caprinos

0,05 mg/kg

Outros animais

0,01 mg/kg

5 mg/kg

34 outubro . novembro . dezembro 2013 Ruminantes

Finalmente, a utilização de produtos antimicotoxinas adicionados aos alimentos, permite limitar fortemente a pressão contaminante. Existem diferentes produtos no mercado, no entanto, a sua eficácia é muito variável e poucos foram testados convenientemente devido à complexidade de tais ensaios. A Neovia tem vindo a aperfeiçoar um modelo animal, com patos que são dos animais mais sensíveis às micotoxinas e que permite testar eficazmente novas soluções. Em conclusão, o risco de contaminação por micotoxinas é bem real nos ruminantes e se ainda estamos longe de conhecer tudo acerca deste assunto, existem já medidas preventivas eficazes que permitem limitar significativamente as consequências desta contaminação.



atualidades

Produção nacional de milho cresce de forma significativa (Comunicado Anpromis)

Os dados recolhidos pela Anpromis junto das Organizações de Produtores que constituem o seu Conselho Geral, que concentram cerca de 75% da produção nacional de milho em grão, apontam para que esta campanha de comercialização seja a mais produtiva de sempre. Comparando as previsões para 2013 face a 2010, a Anpromis constatou que, no espaço de quatro campanhas, a produção de milho comercializada pelos membros do Conselho Geral da Anpromis aumentou cerca de 50%. Analisando com maior pormenor os dados recolhidos, conclui-se que o maior aumento se verificou nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo e Alentejo em consequência, por um lado, da recuperação de áreas anteriormente semeadas com esta cultura e, por outro, pelo

surgimento de novas zonas de regadio, entre as quais Alqueva, onde esta cultura aumentou desde a última campanha agrícola cerca de 70%, passando de 3.558 ha para os atuais 5.925 ha. Apesar da crescente volatilidade dos preços que carateriza o mercado mundial de cereais nos últimos anos, os produtores nacionais de milho têm revelado, consistentemente, capacidade não só de responder às necessidades do mercado, como também de ir ao encontro dos novos desafios que lhe são colocados. A comprová-lo está o aumento da área de milho em grão em Portugal no último ano (+6.982ha) que traduz de forma inequívoca a capacidade de investimento e de afirmação dos produtores nacionais de milho, numa altura de acentuadas restrições financeiras.

Quadro 1 Produção de milho.

2010

2011

2012

2013*

Agrocamprest

2

1

1

1

Agromais

75

102

108

120

Cadova

9

12

13

14

Cappa

1

2

2

2

CDA

10

9

13

14

Cersul

18

33

31

35

Coop. Agric. Beja e Brinches

3

8

14

15

Coop. Agric. Coimbra

13

13

12

12

Globalmilho

24

27

33

40

Searalto

17

25

29

30

Terramilho

22

24

29

30

total

194

256

285

313

* Previsão Unidade: 1.000 Toneladas

Espanha União da Cordesur e da Oviso dá frutos A integração das cooperativas de ovino Ovinos del Suroeste (Oviso), de Villanueva de la Serena (Badajoz), de Corderos del Sur (Cordesur), de Pozoblanco (Córdoba) concretizou-se recentemente , dando lugar ao aparecimento do maior grupo cooperativo de ovinos espanhol. A entidade agora criada, denominada EA Group, tem como associadas a Oviso e a Cordesur, em partes iguais, que somam 12 cooperativas de base (7 de Oviso e 5 de Cordesur), que agrupam por sua vez 2.850 produtores da Estremadura e Andaluzia, com um efetivo de 1,2 milhões de ovelhas. Convertendo-se assim no maior grupo cooperativo de ovinos de Espanha, com uma produção anual estimada em 850.000 borregos e um volume de carne fresca de 2.850 ton/carcaça. O objetivo é que a nova EA Group passe a gerir todas as vendas (tanto de carne como

em vivo) das suas associadas. Até agora, a Oviso comercializava os animais e a carne das suas associadas – mantendo também acordos de comercialização com outras oito entidades estremenhas, com um volume em carcaça de 2.750 ton e uma faturação de 52 M€. Por seu lado, a Cordesur coordenava a venda em vivo dos seus associados (cerca de 320.000 borregos), estando a comercialização das carcaças a cargo da sua associada Covap (1.610 ton em 2012). De acordo com fontes próximas à operação, um dos objetivos desta integração é ganhar a dimensão necessária para competir num mercado cada vez mais virado para a venda ao exterior, face às dificuldades de crescimento do mercado nacional. A Oviso já fazia parte – e a Cordesur colaborava ativamente com a exportadora Ovie-Spain, criada em 2011

36 outubro . novembro . dezembro 2013 Ruminantes

para exportar borregos e, desde 2012, carne congelada. Esta empresa também é participada pelo grupo aragonês Pastores, a outra grande entidade cooperativa do setor. Supõe-se que agora a nova EA Group substitua a Oviso como sócia da Pastores na exportadora, pressupondo a entrada “de facto” da Cordesur na referida plataforma. A Ovie-Spain já faturou 3,79 M€ em 2012, cifra que representa quase o dobro do faturado em 2011 (cerca de 2 M€). Ao longo desse ano, a empresa foi incorporando novos clientes tanto para os seus borregos vivos ‘halal’ em países e comunidades muçulmanas, como para a sua carne congelada ‘Agnei Ibérico’ (cerca de 175 ton.). A introdução de maquinaria para embalagem em vácuo também está nos planos da empresa, para se iniciar a exportação de carne em fresco.



economia

Cereais em baixa e proteínas com volatilidade

observatório Os preços dos cereais nos últimos meses têm apresentado uma clara tendência baixista. por paulo costa e sousa

As boas perspetivas de colheita levaram os preços dos cereais, especialmente o milho, a valores que já não eram vistos há algum tempo, e que a totalidade da indústria desejava. De facto, uma descida de mais de 60 euros nos últimos meses reflete bem a magnitude das expectativas que se depositam na colheita que está prestes a sair. De tal maneira, que neste momento coloca aos compradores uma outra questão, de certa forma lógica: até onde podem baixar os preços de modo a que se possam tomar posições mais a diferido sem se correr um grande risco de engano e se assistir a uma quebra ainda algo significativa dos preços. No mundo das matérias primas é difícil dar respostas com um grau elevado de certeza. De facto assim é, estamos mais uma vez numa encruzilhada com o avizinhar de uma gigantesca colheita nos Estados Unidos, no mar Negro ou na América do Sul, onde os preços já baixaram significativamente e

coexistem interpretações contraditórias sobre o rendimento ou sobre a superfície semeada. Claro que é melhor ter este género de discussões num intervalo de preços onde a indústria tem margem positiva e em que o custo de um engano nas compras é minorado, do que num quadro de margens negativas. A resposta a estas perguntas não deve tardar muito uma vez que a colheita está prestes a sair, sendo natural que, como habitualmente, se faça sentir alguma pressão vendedora na colheita; mas depois surgirão com certeza outras dúvidas que farão com que a incerteza que acompanha este tipo de mercados reine novamente. Abro um parêntesis para distinguir o milho do trigo forrageiro que, devido ao bom ano agrícola, não se encontra disponível, uma vez que o trigo tem na sua quase totalidade aptidão para moagem. Assim sendo, estamos limitados a uma só origem e a preços muito mais elevados do que o milho, o que torna o seu consumo

38 outubro . novembro . dezembro 2013 Ruminantes

bastante diminuto. Quanto às proteínas parece que temos uma repetição do ano anterior, em que a colheita de soja nos Estados Unidos não foi muito boa e os rendimentos foram abaixo dos esperados, o que faz com que se adie em termos gerais uma baixa significativa no preço da soja, pelo menos até á colheita sul americana e enquanto o cenário de volatilidade continue. No entanto, este ano os bagaços de média proteína estão a ser uma alternativa devido às boas colheitas de colza e girassol, mas é natural que na tentativa de compensar os elevados diferenciais para a soja se faça cair sobre eles alguma pressão compradora. Se nos cereais há que estar alerta para escolher um bom timing de compra e para decidir que já atingimos um patamar sólido, nas proteínas teremos que estar duplamente alerta uma vez que um ambiente não particularmente baixista parece vir a imperar e a volatilidade irá continuar.


economia

Evolução do preço de matérias primas (em Euros/tonelada) Preços semanais de 14 de março 2011 a 13 de setembro 2013 milho

cevada €/ton

€/ton

310 290

310 290

270

270

250

250

230

230

210

210

190

190 170

170

9 a 13 setembro

9 a 13 setembro

trigo

bagaço de soja €/ton 600

€/ton 310

550

290

500

270

450

250

400

230

350

210

300

190 170

250

9 a 13 setembro

9 a 13 setembro

bagaço de colza

bagaço de girassol €/ton

€/ton

360

440

330

400

270

360

240

320 280

210

240

180

200

150

160

120

9 a 13 setembro

9 a 13 setembro

Fonte: www.revista-ruminantes.com

Evolução do preço do preço médio de alimentos compostos para animais (em Euros/tonelada) vacas leiteiras em produção

novilhos de engorda 2010 2011 2012

€/ton

2013

€/ton

550

550

500

500

450

450

400

400

350

350

300

300

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 meses

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 meses

Fonte: IACA

ruminantes outubro . novembro . dezembro 2013 39


economia

perspetivas do mercado leiteiro

observatório por felipe de almeida Fontes: CEGEA, USDA, Lusa, Agrodigital, INE, LTO

União Europeia Uma quebra na produção de leite tem afectado diretamente a oferta de leite na União Europeia (UE). Nos primeiros quatro meses do ano, a produção de leite comunitária foi inferior 1,8% à registada entre Janeiro e Abril de 2012. A exploração leiteira é uma das principais atividades agrícolas da UE em termos da sua contribuição direta e indireta para o PIB e o emprego no setor primário. Os principais segmentos de crescimento de consumo na UE, onde se verifica o contributo direto da exploração leiteira, são os queijos e os produtos láteos frescos. A nível de contributo económico indireto, a importância da fileira do leite vai mais além da indústria de produtos láteos, estendendo-se também à produção de carne, visto que cerca de 60% da carne bovina produzida na UE provém de gado leiteiro. No entanto, o domínio da Europa em termos de produção não significa superioridade em termos de comércio internacional. Apesar da UE ter tido uma posição dominante no comércio internacional de leite até 2008, a situação tem vindo a alterar-se. A UE tem vindo a perder quota de mercado

mundial devido à concorrência dos grandes produtores mundiais, como a Nova Zelândia, com uma quota de mercado de 27% ou como os EUA que apresentaram um aumento de produção leiteira de 1,7% e 1,2% em junho e julho deste ano, respetivamente. Toda esta situação é agravada por uma tendência atual assente em aumentos da dimensão e uma maior concentração da produção de leite (cerca de 50% da produção de leite da UE está concentrada em 11% do território), à medida que se retiram as ajudas e proteção comunitária, e que a concorrência internacional, baseada em especialização intensiva se torna cada vez mais agressiva.

Portugal Reconhecido como um setor de base fundamental para a economia portuguesa, a fileira estratégica do leite tem um peso significativo na produção agrícola nacional (11% da produção agrícola nacional em 2009) e tem vindo a sofrer alterações estruturais significativas. Ao longo dos últimos anos, tem-se assistido a uma redução significativa do número de produtores de mais de 85%

40 outubro . novembro . dezembro 2013 Ruminantes

e a um aumento da dimensão média das explorações, mantendo-se os níveis de produção relativamente estáveis. Simultaneamente com o aumento da dimensão média das explorações leiteiras, também se verifica um aumento da especialização e produtividade das mesmas. As explorações com uma orientação técnico-económica especializadas em leite têm vindo a aumentar e representam, atualmente, cerca de 90% do efetivo e da margem bruta total no continente. Assim, 50% da produção nacional é assegurada por apenas 10% das explorações. Portugal encontra-se muito próximo da auto-suficiência em termos do setor do leite, assistindo-se a um equilíbrio entre produção e consumo. Porém, em valor Portugal é deficitário, registando graus de autosuficiência superiores a 100% em produtos de baixo valor acrescentado unitário, como o leite de consumo, manteiga e leite em pó gordo, mas defiência em produtos de alto valor acrescentado unitário, nomeadamente queijo, iogurtes e leites fermentados, resultando em défice económico. A recolha de leite de vaca em junho de 2013 apresentou uma descida de 3,9%, contudo o volume total de produtos láteos apresentou


economia

companhia

preço do leite (€/100kg) julho 2013

média dos ultimos 12 meses (4)

Milcobel

37,41

34,41

Alois Müller

37,90

33,85

Humana Milchunion eG

37,07

33,15

Nordmilch

37,07

33,15

bélgica

alemanha

Dinamarca Finlândia

França

Arla Foods

37,00

35,71

Hameenlinnan Osuusmeijeri

42,73

44,68

Bongrain CLE (Basse Normandie)

38,44

33,78

Danone

38,77

33,90

Lactalis (Pays de la Loire)

37,36

33,15

Sodiaal

37,37

33,48

Dairy Crest (Davidstow)

36,47

35,47

First Milk

33,61

32,40

Glanbia

37,03

34,73

Kerry

37,88

34,23

Granarolo (North)

42,18

40,65

DOC Kaas

35,79

35,15

Friesland Campina

38,86

37,21

37,82

35,24

Inglaterra

Irlanda Itália Holanda

Preço médio leite (2) Suiça

Emmi A.G.

52,83

47,00

Nova Zelândia

Fonterra

37,24

29,74

EUA

EUA (3)

32,61

34,87

Fonte: LTO (1) Preços sem IVA, pagos ao produtor; Preço do leite de diferentes empresas leiteiras para 4,2% de MG e 3,4 de teor proteico • (2) Média aritmética (3) Ajustado para 4,2% gordura, 3,4% proteina e contagem de células somáticas 249,999/ml • (4) Inclui o pagamento suplementar mais recente

37,82 36

34 32,50 32 32,12 30

2012 2013

28

av0813 Dez

Nov

Out

Set

Ago

Jul

Jun

Mai

Abr

Mar

Fev

Jan

26

Em agosto, verificou-se que apesar do stock de produtos láteos mundial ser reduzido, o valor desses produtos mantevese constante e alguns preços até subiram ligeiramente. No entanto, ainda não se verificou o aumento da procura do consumidor após o período de férias. Por outro lado, no que diz respeito à oferta, espera-se que o fornecimento mundial aumente quando a Nova Zelândia atingir o seu pico de produção próximo do final de outubro. Assim sendo, prevê-se que nos próximos meses os preços se mantenham diretamente relacionados com a oferta e com a produção mundial fazendo com que a produção leiteira seja observada de perto no que diz respeito ao volume em litros de leite produzido.

leite à produção Preços médios mensais em 2013 meses

julho

2012

países

38

2013

preço do leite standardizado (1)

Média do preço do leite em julho 2013

euro/100 kg

um aumento de 2,7% em junho. Esse aumento associado ao facto de que os preços dos laticínios em Portugal estão acima dos preços médios europeus pode dar um estímulo positivo à exportação. O secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agroalimentar, Nuno Brito, destacou o potencial dos Açores para a exportação de leite e laticínios para novos mercados, como a China. Visto que deixa de haver barreiras comerciais entre a União Europeia e a Colômbia, com a entrada em vigor do Tratado de Livre Comércio entre os dois blocos, Portugal começa a ter maiores oportunidades de se tornar um grande exportador europeu. Paralelamente a isso, verifica-se que embora existam boas perspetivas para um aumento da produção de cereais em termos globais, os preços ligados à alimentação têm vindo a aumentar, podendo pôr em causa o frágil equilíbrio económico que se tem verificado. Assim, concluímos que se inicia um trimestre desafiador, mas simultaneamente interessante do ponto de vista produtivo, com novas oportunidades de mercado e perspetivas de crescimento económico.

eur/kg

teor médio de matéria gorda (%)

teor proteico (%)

Contin.

Açores

Contin.

Açores

Contin.

Açores

0,293

0,285

3,65

3,70

3,18

3,09

agosto

0,294

0,290

3,66

3,8

3,19

3,09

setembro

0,288

0,317

3,69

3,87

3,23

3,13

outubro

0,292

0,320

3,78

3,94

3,30

3,17

novembro

0,312

0,324

3,91

3,98

3,37

3,23

dezembro

0,312

0,323

3,91

3,97

3,33

3,20

janeiro

0,320

0,319

3,86

3,88

3,32

3,13

fevereiro

0,321

0,318

3,86

3,78

3,31

3,14

março

0,322

0,316

3,79

3,84

3,32

3,17

abril

0,337

0,312

3,75

3,73

3,27

3,21

Maio

0,319

0,309

3,72

3,64

3,26

3,20

Junho

0,330

0,313

3,69

3,70

3,22

3,15

Julho

0,325

0,326

3,60

3,76

3,16

3,11

Fonte: SIMA Gabinete de Planeamento e Políticas

ruminantes outubro . novembro . dezembro 2013 41


economia

ÍNDICE VL

uma ferramenta útil para a bovinicultura leiteira A revista Ruminantes, juntamente com a Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo Branco e com a Universidade dos Açores, vai passar publicar, a partir deste número, o Índice VL, indicador que pretende refletir a relação entre o preço do leite pago ao produtor e o preço (custo) da alimentação das vacas leiteiras. POR: António Moitinho Rodrigues, docente/investigador, Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo Branco Carlos Vouzela, docente/investigador, Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores Nuno Marques, revista Ruminantes

Os preços do leite e dos alimentos são voláteis, de um mês para o outro, o que pode ter impacto adverso na rentabilidade das explorações. Se o preço do leite cai e o dos alimentos sobe, a rentabilidade da exploração diminui. A variação destes fatores não anda de “mãos dadas” e a sua monitorização constitui uma forma simples de sabermos como vai o negócio e a sua tendência. Este é o verdadeiro objectivo do Índice VL. Não podemos influenciar o preço do leite, o seu preço base não depende de nós, mas podemos, por exemplo, avaliar os regimes alimentares e reduzir os custos da alimentação de todos os animais da exploração, incluindo os de reposição. O acentuado aumento do preço mundial de algumas matérias-primas trouxe para a ordem do dia a questão da rentabilidade das explorações de leite uma vez que os custos da alimentação da vaca leiteira podem representar mais de 50% dos custos totais associados à produção de leite (Alqaisi et al., 2011). O custo da alimentação pode ser orçamentado pelo produtor. A chave está em desenvolver um sistema para monitorizar a relação entre o valor recebido pelo leite vendido e os custos de alimentação por vaca. O objetivo é ter algum grau de controlo sobre a receita bruta.

O que é o Índice VL? É um índice que mede a rentabilidade da produção de leite, muito influenciada pela alimentação da vaca leiteira.

Como se obtém? Índice VL = Preço do leite produzido por vaca / preço alimentação por vaca da exploração (€). O valor do Índice VL resulta da divisão da receita proveniente da venda do leite produzido diariamente por uma vaca, num determinado mês, pelo custo da alimentação diária da mesma por vaca nesse mesmo mês. O valor de cada um dos elementos que entra no cálculo provém de fontes publicadas periodicamente, a saber: • preço médio base do leite adquirido a produtores individuais no Continente e nos Açores, publicados mensalmente pelo Serviço de Informação de Mercados Agrícolas (SIMA-GPP). Estes valores são obtidos através da consulta da página Web http://www. gpp.pt/cot/; • preço médio das matérias-primas publicadas no site e na revista Ruminantes; • preço das forragens utilizadas no regime alimentar, preços de mercado praticados em Portugal Continental e na região autónoma dos Açores.

42 outubro . novembro . dezembro 2013 Ruminantes

Qual a utilidade deste índice para o produtor? O Índice VL refere-se a uma exploração tipo em que o alimento forrageiro base é a silagem de milho. A vaca leiteira tipo tem um peso vivo médio de 600 kg, um intervalo entre partos de 396 dias, 24 semanas de lactação e uma produção média diária de leite de 28 kg (Rodrigues et al., 2012) com teores butiroso e proteico, respetivamente, de 3,76% e 3,25% (SIMA, 2012). Nesta primeira fase, a revista Ruminantes publica o Índice VL relativo ao Continente. Numa segunda fase será publicado um Índice VL relativo a uma exploração em que o alimento forrageiro base é a pastagem, regime alimentar predominante nas explorações leiteiras da Região Autónoma dos Açores.

Outros produtores com sistemas ou produções diferentes podem servir-se deste índice? Claro que sim, como medidor da “temperatura”, como análise de tendência do negócio. O valor em si não deve ser considerado objetivamente.

Como interpretar? Quando o Índice VL é igual a 1, significa que o preço que o produtor recebe pelo leite produzido é igual ao custo


economia

7584 (g/dia)

NFC

9534 (g/dia)

1,000 jul 13

610 (g/dia)

NDF

1,100

jun 13

1763 (g/dia)

UDP

1,200

mai 13

RDP

1,300

abr 13

1820 (g/dia)

1,400

mar 13

PM

1,500

fev 13

2373 (g/dia)

1,600

jan 13

PB

1,700

dez 12

226 (MJ/dia)

1,800

nov 12

EM

1,900

out 12

21,7 (kg MS/dia)

2,000

set 12

Capacidade de ingestão

GRÁFICO 1 Evolução do Índice VL de agosto de 2012 a julho de 2013

ago 12

QUADRO 1 Estimativa das necessidades nutricionais da vaca leiteira tipo (NRC, 2001; AFRC, 1993).

O arraçoamento é composto por 33 kg/dia de silagem de milho, 9,5 kg/dia de concentrado e 2 kg/dia de palha de cevada. O concentrado utilizado foi formulado com 85% de bagaço de soja 44, milho, bagaço de colza, bagaço de girassol e cevada e 15% de outras matérias-primas. Tem a seguinte composição química: 24% PB; 4,8% GB; 17,8% NDF; 44,7% NFC; 7,8% cinzas; 10% humidade. Nos 12 meses analizados verifica-se que o Índice VL variou entre 1,382 (agosto/2012) e 1,700 (abril/2013), tendo sido bastante inferior a 1,5 entre agosto e outubro de 2012. Nos primeiros 7 meses de 2013 o Índice VL foi sempre superior a 1,5 (ver Quadro 2 ilustrado no Gráfico 1).

Valores do Índice VL

alimentar e, portanto, o negócio apenas está a pagar o custo da alimentação. Estamos perante um indicador muito desfavorável para o produtor, altamente penalizador para o sucesso económico da exploração. Se o Índice VL for inferior a 1,5 estamos perante um valor muito baixo que indica forte ameaça para a rentabilidade da exploração. Quando o valor encontrado é superior a 1,5 estamos perante um moderado Índice VL. Indica que a produção de leite é um negócio saudável. Se o Índice VL for superior a 2, estamos perante um valor elevado, muito favorável para o sucesso económico da exploração (Schröer-Merker et al., 2012). Para a formulação do regime alimentar tipo da vaca utilizada no cálculo do Índice VL foram determinadas as necessidades nutricionais da vaca tipo (ver Quadro 1).

Valor do Índice VL Limiar de rentabilidade Moderado Índice VL = Negócio saudável Valor baixo do Índice VL = Forte ameaça para a rentabilidade da exploração

QUADRO 2 Evolução do Índice VL de agosto de 2012 a julho de 2013

Mês

2013

2012

Agosto

Índice VL 1,382

LEGENDA: EM – Energia metabolizável; GB – Gordura bruta; MS – Matéria Seca; NDF – Fibra Detergente Neutra; NFC – Hidratos de Carbono não Fibrosos; PB – Proteína bruta; PM – Proteína Metabolizável; RDP – Proteína Degradável no Rúmen; UDP – Proteína não Degradável no Rúmen.

Setembro

1,395

Outubro

1,428

Novembro

1,524

Dezembro

1,522

Bibliografia:

janeiro

1,605

AFRC (1993). Energy and Protein Requirements of Ruminants. Agricultural and Food Research Council, CAB International, Wallingford, Oxon, UK.

fevereiro

1,613

março

1,615

abril

1,700

Maio

1,585

Junho

1,643

Julho

1,651

O valor é influenciado pela variação mensal do preço do leite pago ao produtor português e pelas variações mensais dos preços dos 5 alimentos mais importantes na formulação do concentrado.

Alqaisi, O; Steglich, J; Ndambi, A; Hemme, T (2011). Feeding systems: an assessment of dairy competitiveness. In: Chapter 4 – Special studies, IFCN Dairy Report 2011, Torsten Hemme editor, p 174-175. Published by IFCN Dairy Research Center, Schauenburgerstrate, Germany. NRC (2001). Nutrient Requirements of Dairy Cattle. 17th revised edition, National Academic Press, Washington, DC. Rodrigues, AM; Guimarães, J; Oliveira, C (2012). Rentabilidade das explorações leiteiras em Portugal - dados técnicos e económicos. In: Livro de Resumos, V Jornadas de Bovinicultura, IAAS-UTAD, Vila Real, 30-31 Março: 109-129. Schröer-Merker, E; Wesseling, K; Nasrollahzadeh, M (2012). Monitoring milk:feed price ratio 1996-2011. In: Chapter 2 – Global monitoring dairy economic indicators 1996-2011, IFCN Dairy Report 2012, Torsten Hemme editor, p 52-53. Published by IFCN Dairy Research Center, Schauenburgerstrate, Germany. SIMA (2012). Leite à produção - Preços Médios Mensais em 2012. Sistema de Informação de Mercados Agrícolas, Gabinete de Planeamento e Políticas. http://www.gpp.pt/cot/ acesso em 03-09-2013.

ruminantes outubro . novembro . dezembro 2013 43


Genética

david catita criador limousine, serpa - portugal fontecorcho@gmail.com

Inseminação em raças de carne Exemplo da raça Limousine

A inseminação artificial em raças de carne é cada vez mais uma técnica bastante difundida em Portugal, especialmente em criadores selecionadores de raças puras, mas também com alguns exemplos de sucesso em vacas cruzadas. A raça Limousine em Portugal tem promovido a utilização desta técnica nos diversos criadores selecionadores, uma vez que a existência, em diferentes criadores, de linhas genéticas já testadas, facilita o processo de conexão entre explorações, possibilitando a determinação do efeito de exploração, que de outra forma seria mais complexo de determinar. De uma forma mais simples, se existirem fêmeas ou machos descendentes de um mesmo touro de inseminação, em diferentes explorações, pode ser determinado o contributo do maneio alimentar ou das condições edafoclimáticas do local, para determinação do valor genético dos animais produzidos em cada uma dessas explorações. A inseminação artificial em vacas Limousine, técnica relativamente comum nas explorações Limousine nacionais, pretende incorporar novas linhas genéticas, já testadas e confirmadas, de modo a produzir animais cada vez melhores e geneticamente mais evoluídos. É também utilizada nos casos em que existam fêmeas que sejam consanguíneas com o touro da exploração, nomeadamente suas filhas, evitando assim os efeitos negativos associados à

consanguinidade. A inseminação em vacas Limousine é realizada de acordo com as normais técnicas de inseminação, podendo ser realizada através da deteção dos cios de forma natural, por observação dos comportamentos das vacas na manada, ou por sincronização de cios, implementando um protocolo de sincronização, pelo inseminador. A determinação da aptidão das fêmeas para inseminação é fundamental, implicando que, em primeiro lugar, a fêmea esteja em bom estado corporal, uma vez que dependem dela todos os processos fisiológicos associados ao sucesso da inseminação. A fêmea deve também estar habituada ao processo de contenção, devendo entrar e sair tranquilamente da manga, se for o caso, uma vez que o stress da vaca reduz o sucesso da inseminação. A fêmea deve também permitir que o inseminador trabalhe descansadamente na sua retaguarda. Este processo resulta por um lado da docilidade intrínseca ao animal, comum na raça Limousine, mas por outro lado, do tipo de maneio, que deve ser sempre tranquilo e adequado. A frequência da convivência

44 outubro . novembro . dezembro 2013 Ruminantes

posse uma vara fina, com cerca de um metro, que possibilite coçar o dorso do animal sem que tenha de se aproximar demasiado deste, levando-o a afastar-se, ou que sirva também para o tratador tocar o animal na zona posterior, sem desaparecer do seu ângulo de visão, o que, se acontecer, coloca o animal numa posição defensiva e induz o seu afastamento. Em termos de idade, quanto mais cedo se habituarem os animais ao contacto humano,

dos tratadores com os bovinos ajuda no seu encaminhamento para os locais pretendidos. Se os animais se habituarem a que os tratadores nem sempre se aproximam com objetivos de os levar até ao local de contenção, com resultados potencialmente desconfortáveis, mas que também se podem aproximar para os coçarem, resultará na diminuição do stress natural associado à aproximação humana. Neste contexto, é aconselhável que o tratador tenha na sua

ESQUEMA 1 Quando cobrir uma vaca em cio

Início do cio 8 horas (0-24h)

Aceitação de monta 16 horas (3-30h)

0

Inseminação Artificial:

6 Muito cedo

Monta Natural: Muito cedo

Final do cio 8 horas (2-24h)

12 Bom Melhor

18 Melhor

24 horas Bom

Muito tarde

Muito tarde


Genética

melhor, levando-os a sentir, de forma confortável, que ninguém lhes quer fazer mal e que é inútil fazer força no sentido contrário, aspeto este obviamente mais fácil em animais jovens. No início do processo de sincronização ou previamente à inseminação, deverá ser verificada a presença de um aparelho genital normal, assegurando-se, de forma cabal, a não existência de gestação, através de palpação rectal. Caso seja detetada alguma infeção no aparelho genital é aconselhável o adiamento da inseminação, até à alteração do estado clínico. Importa salientar que mais de 60% dos casos de insucesso de inseminação se devem a uma baixa condição corporal e a um déficit energético na fase pós-parto. Uma alimentação deficiente ou desequilibrada atrasa o aparecimento de cios, aumentando a sua irregularidade e dificultando a sua deteção. A deteção dos cios numa vacada extensiva implica a observação de alguns comportamentos característicos, como a monta entre vacas, ou a procura de contato físico, como o focinho sobre o dorso de outras vacas. É também possível a observação de corrimento de muco vaginal nas vacas em cio. O processo de inseminação na raça Limousine é geralmente antecedido por um trabalho de emparelhamento, realizado pelo criador ou pelos técnicos da Associação Limousine, escolhendo o touro mais adequado para cada vaca, com base numa análise dos índices da vaca e dos touros possíveis, bem como na análise da descendência da fêmea. O touro a utilizar deve ser escolhido de forma sintética, isto é, de acordo com valores genéticos ou índices, e não por uma escolha a olho, só com base na morfologia dos touros, uma vez que nem sempre o que um animal apresenta (fenótipo) é passado aos seus filhos.

gráfico 1 Avaliação Genética de uma fêmea

valor genético Desenvolvimento Muscular (DM)

precisão

-0.08 pto

67 %

Desenvolvimento Esquelético (DS)

3.95 pto

67 %

Aptidão Funcional (AF)

-3.18 pto

62 %

Capacidade de Crescimento até ao Desmame (CCr)

0.5 Kg

58 %

Capacidade Maternal até ao Desmame (CMt)

0.1 Kg

29 %

Intervalo entre Partos (IP)

-1.55 dias

24 %

Temperamento (TE)

0.01 pto

43 %

valores em unidades de desvio Padrão

Data da Avaliação: 2011-07-20

gráfico 2 Avaliação Genética de um macho

valor genético

precisão

Desenvolvimento Muscular (DM)

7.46 pto

86 %

Desenvolvimento Esquelético (DS)

4.76 pto

86 %

Aptidão Funcional (AF)

1.36 pto

83 %

Capacidade de Crescimento até ao Desmame (CCr)

21.2 Kg

79 %

Capacidade Maternal até ao Desmame (CMt)

7.4 Kg

71 %

Intervalo entre Partos (IP)

6.61 dias

55 %

Temperamento (TE)

-0.05 pto

60 %

valores em unidades de desvio Padrão

Data da Avaliação: 2011-07-20

Como exemplo, e assumindo que estamos perante uma fêmea com uma morfologia mais esquelética e com valores genéticos semelhantes aos apresentados no gráfico 1, e que se pretende produzir animais com melhores desenvolvimento musculares e maior precocidade, importa selecionar um touro para inseminação que melhore os caracteres mais ligados a estes aspetos, como o desenvolvimento muscular e capacidade de crescimento. Podemos optar por um macho, com valores genéticos semelhantes aos apresentados no gráfico 2. Neste caso, estamos perante um macho melhorador para quase todos os caracteres apresentados, mas mais especificamente para os definidos, tendo em conta o objetivo de produção. A inseminação artificial em vacas de carne representa

um importante contributo de incorporação de novas linhas genéticas numa vacada, apesar de estar longe de ser válida como única forma de cobrição a escolher para uma vacada de carne, uma vez que em regime extensivo todo o processo de habituação das vacas à contenção é difícil e demorada, sendo fundamental ter touros puros certificados para garantir a maioria das cobrições. Em termos quantitativos aconselha-se a realização desta técnica num grupo limitado de vacas, da ordem dos 10%, selecionando os animais com melhor potencial genético ou com maior fertilidade, geralmente associado a animais mais jovens. Anualmente, no Concurso Nacional da Raça Limousine, é realizada a disputa pelo melhor animal Limousine de inseminação artificial produzido em Portugal, observando-se o aumento gradual de animais

inscritos nesta competição, em resultado do número também crescente de fêmeas Limousine inseminadas. Em suma, a inseminação artificial em bovinos de carne deve ser uma técnica utilizada com moderação, de modo a que possa contribuir para o enriquecimento genético da exploração, e não para a perda de tempo e de recursos, uma vez que tem uma taxa de sucesso entre 40% e 70%, e que os resultados obtidos dependem numa pequena percentagem do touro escolhido, dependendo maioritariamente da genética da progenitora, do seu estado corporal, da adequação do emparelhamento e a disponibilidade alimentar da mãe e da cria durante todo o seu crescimento e desenvolvimento. Podemos escolher o que semear, mas só colheremos aquilo que semeámos.

ruminantes outubro . novembro . dezembro 2013 45


Genética

Associação de Criadores Limousine A Associação de Criadores Limousine (ACL) é a representante da mais conceituada empresa de sémen de França, a SERSIA FRANCE, tendo ao dispor de todos os bovinicultores nacionais uma vastíssima gama de palhetas de inseminação de touros Limousine, consultáveis no site da associação (www. limousineportugal.com), as quais se encontram armazenadas de acordo com todas as exigências legais sanitárias, no seu próprio Sub-Centro de Inseminação, existente nas instalações da ACL, em Odemira. O procedimento de inseminação apenas deve ser realizado por operadores com formação e experiência, uma vez que se trata

de uma ação delicada e na qual o cumprimento de todas as ações podem contribuir para o sucesso ou insucesso da prática. A ACL empreendeu recentemente mais uma ação de formação, para os seus criadores, que durante cinco dias puderam aprofundar os seus conhecimentos, e assim melhorar o seu desempenho. O curso compôs-se de uma parte teórica, lecionada por um técnico francês, seguida de aprendizagem em aparelhos reprodutivos femininos cedidos no matadouro, passando depois para a inseminação em vacas leiteiras, mais habituadas à técnica, e por fim com inseminação de vacas Limousine, previamente sincronizadas.

46 outubro . novembro . dezembro 2013 Ruminantes

Curso de inseminação artificial para criadores Limousine


ATUALIDADES

Mercado láCteo indiano começa a despertar interesse Num relatório recentemente publicado, o Rabobank diz que está na altura de os players globais se começarem a envolver com um dos maiores mercados de volume de lácteos do mundo, a Índia . O Rabobank refere que mercado de lácteos indiano é complexo, especialmente para players estrangeiros mas que está a crescer a um ritmo forte, prevendo-se que esta tendência ganhe força nos próximos quatro a cinco anos, impulsionada pelo aumento do consumo de produtos de valor agregado e pela formalização da cadeia de valor. No passado, as grandes empresas de laticínios tentaram estabelecer-se no mercado indiano motivadas pela dimensão do mercado consumidor, pela oferta de leite existente e pela preferência dos consumidores indianos por produtos lácteos. Porém, as desvantagens resultantes de uma cadeia de oferta

fragmentada, as preocupações com a qualidade do leite cru, a procura reduzida para os produtos de valor acrescentado e uma legislação comercial em constante mudança, revelaram-se como fortes desincentivos. Conclui ainda o mesmo relatório que nos últimos anos o mercado regular de laticínios da Índia tem mostrado um forte crescimento, que tende a acelerar devido à inovação de produto, permitindo a consolidação da indústria e das regulamentações políticas para o setor. O Rabobank prevê que essa aceleração vai ajudar a melhorar as margens da indústria, através da sua expansão e de uma contribuição cada vez maior de produtos de valor acrescentado nas receitas totais de produtos lácteos. Por sua vez, espera-se que estes desenvolvimentos despertem o interesse de empresas globais para as quais a Índia tem sido um mercado difícil.

Neozelandeses investem na ovinicultura A indústria neozelandesa de ovinicultura acaba de adquirir uma ferramenta de genotipagem muito melhorada que vai permitir acelerar o processo de criação de ovinos para uma melhor produção de carne, entre outras vantagens. Trata-se de um novo chip informático de caraterísticas melhoradas com o aspeto de uma pequena lâmina de vidro, que permite analisar o DNA dos animais para detetar variações genéticas

que podem indicar se um animal herdou caraterísticas passíveis de aumentar a sua produtividade ou a sua resistência a doenças. Um produtor pode verificar até 600 mil polimorfismos de nucleótidos simples. Esta ferramenta resulta de um trabalho de colaboração entre cientistas e criadores de ovelhas, na Nova Zelândia e no exterior e foi financiada pelo Governo neozelandês e pela indústria, através de um programa de parceria.

ruminantes outubro . novembro . dezembro 2013 47


entrevista

Importância dos ingredientes

nos leites de substituiçãO

A empresa Vetlima nasceu em 1968 e começou por ser um departamento da empresa F. Lima, propriedade de Filinto Lima, cujo negócio principal era a distribuição e fabrico de produtos químicos em Portugal. A razão da criação deste departamento que em 1972 viria a constituir-se como uma empresa autónoma teve a ver com o início da comercialização dos produtos da marca Roche. Entrevista a Nuno Pedro, administrador da empresa Vetlima por ruminantes

A Vetlima foi a primeira empresa a comercializar premixes (da Roche) para as fábricas de rações em Portugal, e foi também a primeira a fabricar estes mesmos premixes. Na área dos medicamentos, a empresa começou por distribuir medicamentos de grandes companhias, mas entre 2009 e 2012 realizou um investimento de sete milhões de euros na fábrica de leite e medicamentos numa nova unidade industrial pelo que, atualmente, também é fabricante de medicamentos veterinários. Atualmente, a Vetlima emprega 29 pessoas. Ruminantes - Que certificações tem a fábrica? Nuno Pedro – Para além da certificação ISO 9001 (logística, fabrico, etc.), a Vetlima obteve recentemente a certificação GMP (Good Manufacturing Practice), que lhe permite fabricar medicamentos para qualquer país da Europa. Este foi sem dúvida um enorme salto qualitativo que implicou grandes investimentos pela obrigatoriedade de cumprir a legislação europeia para empresas com este certificado. De uma forma resumida, uma empresa GMP está obrigada a comprar matérias primas a uma empresa que seja também GMP.

48 outubro . novembro . dezembro 2013 Ruminantes


entrevista

Na prática, todas as matérias primas e todos os lotes têm que ser adquiridos com certificados de análise, e a empresa, por sua vez, tem que certificar também o que comprou; ou seja, uma matéria prima certificada é também analisada por nós antes de entrar no processo produtivo. Que tipos de leite de substituição produz? Com que marcas? No que aos leites de substituição diz respeito, a empresa hoje em dia tem uma atividade mais industrial que comercial. Numa primeira fase fabricávamos apenas a nossa marca, a Nursery (vitelos) e a Ovimilk (borregos e cabritos), mas hoje em dia fabricamos para 35 marcas que são comercializadas em Portugal. Como são classificados os leites de substituição? Pelos ingredientes. Basicamente existem dois tipos de leite de substituição, os que têm na sua constituição leite em pó e os que não têm. Quando no mercado se fala de um leite 50, quer normalmente dizer que o mesmo tem 50% de leite em pó incorporado. Hoje em dia, mais de 90% dos leites que se fabricam na Europa são leites sem leite em pó, mas que têm composições muito ricas em produtos láteos. O leite é obviamente um produto lácteo mas podem ser utilizadas matérias primas lácteas que não são propriamente leite em pó (secagem do leite em natureza). Nós fabricamos os dois tipos de leite, mas como hoje já não existe um apoio da Comunidade Europeia à utilização de leite em pó como matéria prima, o seu preço torna-se pouco interessante para incorporação nos leites de substituição. Estão a exportar alguns produtos? Em relação à área da exportação, desde este ano que estamos a exportar os leites para Espanha. Em março deste ano estivemos presentes na feira internacional VIV Ásia, que se realizou em Banguecoque, e fizemos vários contactos que representam negócios interessantes para o setor do

“O leite de substituição deve conferir o mesmo desenvolvimento aos animais que o leite das mães, mas a um custo inferior”

Quando se justifica usar leite de substituição? O leite de substituição deve conferir o mesmo desenvolvimento aos animais que o leite das mães, mas a um custo inferior, permitindo ao produtor usar o máximo de leite que tira dos seus animais para vender. No mínimo e caso não existam outras razões comerciais de compromissos de entregas de leite, etc., devemos usar o leite substituição sempre que o custo seja inferior.

leite. Nas outras áreas, medicamentos e vitaminas líquidas, já estamos a exportar para vários países, como Bangladesh, Emirados Árabes Unidos, Angola, Moçambique, Cabo Verde e Espanha. O nosso objetivo para o próximo ano é desenvolver os contactos que temos com 53 empresas, em 27 países. A exportação é um mercado estratégico para a empresa. Atualmente representa cerca de 4% da faturação, mas queremos que nos próximos dois anos este número passe para 10%. Os produtos alternativos ao lactospray são alternativas credíveis? Existem estudos comparativos sobre o crescimento dos vitelos com leites de substituição com e sem leite em pó? Existem estudos que confirmam que os leites de substituição com leite em pó conferem melhores índices produtivos aos animais. A questão reside na relação entre o custo do leite e os resultados obtidos pelos animais, em termos de ganhos médios diários e índice de conversão: ao preço a que o leite em pó está, não é economicamente interessante. De qualquer forma, depende sempre muito da formulação de cada um dos leites. No estudo que realizámos em ovelhas, na Escola Superior Agrária de Castelo Branco, comparámos o nosso leite Ovimilk com o leite das mães com amamentação direta dos borregos nas mães, e os resultados finais assinalaram que o GMD foi superior com o nosso leite.

Que benefícios existem na utilização de leites de substituição em vitelos? Eu diria que o benefício é sobretudo económico, e tem mesmo que ser, pois o mais prático para o produtor é que o vitelo mame na vaca e com isto diminuir o seu trabalho. Do ponto de vista da performance e da saúde animal, os benefícios não são significativos. Qual é o preço de interesse para a utilização de leites de substituição? Aos preços atuais do leite, um leite de substituição que custe até cerca de 2,5€/kg pode ser interessante. Este preço será sensivelmente o mesmo do custo de alimentar com o leite da vaca, e portanto o produtor deixa de ter interesse em usar leite substituição. Mas isto também depende do objetivo do produtor: caso ele precise de ter um vitelo muito rapidamente, ou pretenda vitelos com carne rosada ou carne branca, como se utiliza muito em França, pode-se formular os leites em função deste objetivos. Embora o preço possa ser superior a 2,5 € kg, do ponto de vista da produção poderá ser interessante, ou seja, o produto final obtido pode compensar esse custo extra. Qual o impacto económico de usar leites de substituição em ovinos e caprinos? A situação destes leites versus o dos vitelos, tem a ver com os parâmetros nutricionais. Tal como os leites de ovelha ou cabra, por natureza, são diferentes do de vaca, o mesmo acontece nos leites de substituição, a grande diferença está no nível de

ruminantes outubro . novembro . dezembro 2013 49


entrevista

concentração de nutrientes dos leites, que são mais elevados. O leite usado nos borregos ou cabritos pode ser o mesmo, terá é que ser feito com diluições distintas, ou seja, a concentração de leite por litro de água é diferente. Portanto, o impacto económico está relacionado com a valorização que tem o leite de ovelha (se é para queijo) e o investimento necessário para poder fazer amamentação artificial. Quais foram as grandes mudanças em formulação de leites de substituição nos últimos 20 anos? As grandes alterações tiveram a ver com a possibilidade de se utilizarem aditivos que podem ajudar a controlar problemas digestivos. Até alguns anos atrás era possível utilizar antibióticos nos leites, hoje apenas é possível com receita médica, nós somos a única empresa em Portugal a poder fabricar leites de substituição medicados. Também é verdade que hoje em dia existe um conhecimento mais profundo sobre a alimentação artificial, por exemplo, o conhecimento sobre leites acidificados. Hoje, sabemos que basta preparar uma vez por dia este tipo de leite e os animais vão bebendo ao longo do dia sem qualquer problema, o que há 10 anos não era uma prática comum. A nível de matérias primas não existe grande diferença, sabemos que um leite para não dar problemas a nível de diarreias e outras questões tem que ter como mínimo 65% de produtos láteos. Abaixo deste valor o fator risco para problemas digestivos é elevado. A nível dos parâmetros nutricionais, evoluiu a par daquilo que se passou com a nutrição animal em geral. Como se sabe a percentagem de produtos láteos através de uma etiqueta? Apesar de essa informação não ser obrigatória por lei, nós informamos os nossos clientes desse valor. Sabemos que 22 ou 24% de proteína na etiqueta podem ser conseguidos pela incorporação de produtos láteos mas também através de outras matérias primas que nada têm a ver com estas. E depois entramos na digestibilidade destes ingredientes que pode ser muito diversa e com impacto na relação custo/benefício que o produtor terá.

interior da fábrica

Faz sentido usar enzimas em leites de substituição? Utilizam-se na nutrição em geral, principalmente para se poderem usar maiores concentrações de cereais. No caso dos leites de substituição dada a baixa ou nula incorporação de cereais não é interessante. Existem diferenças significativas nos preços dos leites. Quais são as principais razões para que isso aconteça? Pode haver várias razões, mas a principal tem a ver com as matérias primas utilizadas no fabrico dos leites de substituição. Por exemplo, se na formulação de um leite valorizarmos apenas a proteína e a gordura, com, por exemplo 24% e 18%, respetivamente, podemos ter diferenças de 1€/kg no preço de venda do leite. Depende muito da origem da proteína e da gordura, se provêm de produtos lácteos, com que tipo de proteínas e as respetivas digestibilidades…e tudo isto não vem descrito nos rótulos. Que parâmetros do rótulo são, para si, mais importantes para perceber se o leite é bom? Os níveis de fibra e cinzas são indicadores muito importantes. A fibra, porque nesta fase da vida dos animais, quanto maior for o nível, pior, menos

50 outubro . novembro . dezembro 2013 Ruminantes

digestível é o leite. Em princípio, quanto mais fibra tiver um leite de substituição mais barato deve ser. O nível de cinzas é um parâmetro importante mas nem sempre fácil de interpretar, porque a utilização de muitos produtos lácteos representa um nível alto de cinzas (o leite é rico em minerais). O que pode querer dizer que um alto nível de cinzas é igual a um bom leite, mas a verdade é que um nível de cinzas elevado pode também estar associado à adição de minerais inorgânicos. Por isto, exige que seja um técnico com conhecimento e experiência, e também que a empresa fabricante diga qual a percentagem de produtos lácteos usada. Os valores de referência para a fibra são de 0,2% para um leite de muita qualidade e de 0,8% para um leite no limiar do mediano para baixo. A diferença de preço entre um leite com 0,2 e 0,6% de fibra é significativa. Mas a verdade é que, em termos laboratoriais, nem sempre é fácil determinar o valor exato. Estão a ser apresentados, em alguns países da Europa, produtos com fibra zero, embora nos seus constituintes entrem cereais; ora é impossível ter zero de fibra quando entram produtos de origem vegetal… Para as cinzas, o valor de referência deve estar entre 6 e 11,5%. É bom ser um valor alto se a origem das cinzas vier dos produtos lácteos.


ATUALIDADES

Cabras: alguns factos Ainda que a maioria das cabras leiteiras se encontrem nos países em desenvolvimento, os programas de melhoramento concentram-se na Europa e na América do Norte. A seleção genética das cabras leiteiras deu lugar a aumentos consideráveis dos rendimentos e a períodos de lactação mais prolongados. Nos últimos decénios, as raças especializadas exportaramse para muitos países em desenvolvimento e cruzaram-se com raças locais para tentar melhorar a produção de leite. As raças de cabras leiteiras mais amplamente distribuídas são a Saanen, a Anglo a Nubian, a Toggenburg, a Alpina e a West African Dwarf. - O Próximo Oriente tem a maior produção de leite de cabra. Cerca de 95 por cento da população

caprina mundial encontra-se na Ásia, África e América Latina. A Ásia tem cerca de 60% do total. - As cabras leiteiras criam-se na sua maior parte na região mediterrânea, Ásia meridional e partes da América Latina e África. - Os principais produtores de leite de cabra são a Índia, o Bangladesh e o Paquistão. Na Índia, mais de 90 por cento dos pequenos ruminantes pertencem a agricultores sem terra ou marginais. - Os rendimentos leiteiros médios das cabras variam consideravelmente entre os principais países produtores de leite. No Bangladesh, o rendimento médio de produção de leite de cabra é de aproximadamente 80 quilogramas por ano, enquanto que na Índia e Paquistão é de

mais de 140 quilogramas por ano. - Os países com mais cabras leiteiras são o Bangladesh, a Índia e o Mali.

Fontes: FAO, FAOSTAT 2013.

TabelaS Produção de carne e leite, exportações

2011

CABRAS - Produção de leite (ton.) índia Bangladesh Sudão (antigo) Paquistão Mali França Somália espanha Grécia Turquia Portugal

4760000 2496000 1072000 759000 702617 655252 500600 467000 402100 320588 27374

CABRAS - Produção de carne (ton.)

Exportações de carne (TON.)

China, continente Índia NigÉria Paquistão Bangladesh Irão (república islâmica de) Sudão (antigo) Mali Indonésia Etiópia Portugal

Austrália Etiópia China, continente Paquistão França Arábia Saudita Argentina espanha Nova zelândia holanda Portugal

1887000 596600 292100 285000 199000 142000 96000 74200 70700 68000 1460

25149 12306 4614 4290 2684 1229 736 736 694 655 53

ruminantes outubro . novembro . dezembro 2013 51


atualidades

Preço de interesse do bagaço de colza versus bagaço de soja 48 Os preços dos bagaços de soja continuam bastante elevados, contribuindo fortemente para o elevado custo da alimentação das vacas leiteiras. Na formulação de alimentos compostos para animais, o bagaço de soja é o ingrediente proteico mais utilizado, mas o aparecimento de novas variedades de colza e o seu preço (mais baixo que o da soja) levaram a que esta se tornasse uma alternativa. Ainda que com níveis inferiores ao bagaço de soja (ver Quadro 1 ao lado), o bagaço de colza pode ser uma matéria prima bastante interessante como fonte de proteína. É importante conhecer o preço de interesse do bagaço de colza versus bagaço de soja 48, ou seja, o preço a partir do qual uma matéria prima entra naturalmente na alimentação de vacas de leite. Na opinião de Luís Marques, dos serviços técnicos de ruminantes da empresa Nanta, a utilização do bagaço de colza é, hoje, muito interessante do ponto de vista económico. Após várias simulações de um concentrado standard com 23% de P.B. para complementar silagem de milho, L. Marques concluiu que a utilização do bagaço de colza se torna interessante quando o seu preço se situa pelo menos 40% abaixo do valor do bagaço de soja 48. Este exemplo refere-se a um produto standard, uma vez que em planos alimentares mais exigentes em Lisina e DIP (Digestible Intestinal Protein) a sua substituição não é linear, aumentando a inclusão de soja 48 sempre que as necessidades naqueles dois nutrientes vão aumentando. Outro ponto importante refere-se ao período de habituação requerido ao bagaço de colza, de alguns dias, em animais que não tenham este ingrediente incluído na sua dieta, dado que o mesmo não é muito palatável.

Quadro 1 Valor nutricional médio (em Portugal) UFL

PDin (g)

PDiE (g)

PROTEÍNA BRUTA

Ca (g)

P (g)

Bagaço de colza

0.86

241

179

35

7.5

11.5

Bagaço de soja 48

1.07

327

224

46

2.5

6.2

CAMPO DE COLZA

CAMPO DE soja

Vivactiv’, a solução natural para valorizar as suas rações Desenvolvida pelo Grupo CCPA França, a técnica Vivactiv’ (disponível em Portugal através da Ibersan, SA) é incorporada nos alimentos para melhorar a eficácia e a segurança da ração para ruminantes. Esta combinação de extratos vegetais, oligoelementos e estimulantes enzimáticos, utilizada em doses muito precisas, promove as fermentações no rúmen, permite uma melhor valorização do azoto e limita a degradação dos açúcares no rúmen (origem da acidose). Vivactiv’ estimula também a flora ruminal contribuindo

52 outubro . novembro . dezembro 2013 Ruminantes

para uma melhor digestão das fibras e uma boa valorização da ração global. Assim, verifica-se menos desperdício e obtém-se uma ração protegida, limitando os riscos de afeções e problemas de fecundidade. Esta técnica permite também um aumento das performances leiteiras (quantidade de leite e teores de gordura e proteína) e uma melhor recuperação da condição corporal dos animais. Esta gama de adjuvantes naturais baseia-se em mais de 10 anos de R&D do Grupo CCPA França e em colaborações com o INRA,

bem como em testes nas explorações. Os resultados obtidos revelaram: • Uma produção leiteira melhorada de 6 a 8% em vacas leiteiras, de 6% em cabras leiteiras e de 3% em ovelhas leiteiras (resultado de 83 testes conduzidos pela CCPA). • Uma melhoria da eficácia alimentar na engorda, com um GMD superior de 40 a 70 g, com níveis de proteína na ração reduzidos em 0,5%. Vivactiv’ contribui ainda para uma diminuição significativa da produção de metano de 6 a 10 % e dos resíduos azotados de 3 a 5 %.



SAÚDE E BEM-ESTAR ANIMAL

Caprinos

ENTEROTOXÉMIA A enterotoxemia é uma doença infecciosa mas não contagiosa, cujo agente causador é a bactéria Clostridium perfringens. Dentro desta espécie podemos encontrar várias estirpes distinguidas pelos tipos de toxinas produzidas. POR Ana Vieira, Inês Ajuda e George Stilwell AWIN -Animal welfare indicators, Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade técnica de lisboa awinportugal@gmail.com

Esta bactéria anaeróbica é um habitante normal do tracto intestinal de todos os ruminantes podendo causar doença quando se estabelecem certas condições ambientais e do hospedeiro que favorecem a sua multiplicação. Os sinais clínicos da doença são variados incluindo quase sempre alteração da consistência das fezes (diarreia) e perda de apetite. Pode ocorrer morte súbita e sinais neurológicos nos animais mais novos. A prevenção é feita através de um calendário vacinal apertado, combatendo o stress e evitando as condições que permitem o crescimento exponencial da população de Clostrídeos do intestino. De realçar que as características da doença nos caprinos é muito diferente daquela que ocorre nos ovinos e bovinos. Neste artigo iremos abordar essencialmente a enterotoxémia caprina.

As causas da enterotoxemia O agente causal da enterotoxémia é a bactéria Clostridium perfringens. No entanto, o factor determinante para ocorrer a doença é a acumulação de toxinas no interior do lúmen intestinal e a sua eventual absorção. O conhecimento de que são as toxinas as responsáveis pela doença, e que não basta a presença da bactéria, é essencial para se compreender a patogenia e a abordagem preventiva e terapêutica à enterotoxémia. Existem pelo menos cinco estirpes diferentes de C. perfringens às quais se atribui uma letra – A, B, C, D e E. Cada uma destas estirpes produz um ou mais tipos de toxinas com maior ou menor poder de causar distúrbios, doença ou morte. Apesar de existirem relatos de doença em cabras causada pelas estirpes A, B e, C, no presente caso iremos restringir a discussão à estirpe C. perfringens tipo D pois é aquela

mais frequentemente isolada de casos de enterotoxémia dos caprinos e, portanto, aquela com impacto significativo na saúde, bem-estar e performance de cabras. Esta bactéria Gram-positiva, anaeróbica e com capacidade de formar esporos (garantindo assim sobrevivência no exterior do animal durante muito tempo), produz três tipos de toxinas – alfa, epsilon e enterotoxina. É normalmente isolada do intestino de cabras saudáveis sendo sugerido que apenas causa doença quando a bactéria se multiplica exponencialmente e a concentração de toxinas ultrapassa um certo nível. Ou seja, para que ocorra toxémia é necessário que se conjuguem certos factores predisponentes que proporcionam condições ótimas para a bactéria e para a acumulação das toxinas. Os factores mais frequentemente apontados são: mudanças bruscas de dieta ou sistema de alimentação; factores de stress, incluindo alterações climáticas; redução no trânsito intestinal; parasitismo intestinal; mudanças drásticas no ambiente intestinal. Por exemplo, a ingestão rápida de carbohidratos facilmente fermentescíveis (e.g. amido) pode levar a alterações importantes do pH e permitir que uma elevada proporção de nutrientes não digeridos atinjam o intestino delgado, favorecendo a rápida multiplicação das bactérias.

A evolução da doença Devido aos factores acima expostos o ambiente no intestino favorece o crescimento do Clostrídeo e a redução do peristaltismo com forte acumulação de toxinas. Estas danificam a parede e vascularização do intestino, conduzindo à necrose da parede intestinal e facilitando a sua própria absorção. A parede lesionada

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origem A enterotoxémia caprina resulta da acção de toxinas produzidas pela bactéria anaeróbica Clostridium perfringens tipo D, quando as condições no lúmen intestinal proporcionam as condições ideais para uma rápida proliferação do microorganismo.

Imagem 1 Caprino com diarreia

perde a sua estanquicidade e passa a perder água para o interior do lúmen conduzindo à diarreia típica. As toxinas, uma vez absorvidas para a corrente sanguínea, têm um tropismo para o sistema nervoso dando origem aos sinais neurológicos, que são particularmente evidentes nos animais mais jovens. Por razões ainda incompletamente


SAÚDE E BEM-ESTAR ANIMAL

desvendadas a evolução da doença em caprinos é bastante diferente do que acontece em ovinos (sinais nervosos prevalentes), sendo muito mais limitada a lesões intestinais.

Como se manifesta a enterotoxemia nos caprinos A enterotoxémia caprina pode apresentar três quadros distintos: a forma hiperaguda, aguda e crónica. A primeira forma da doença é mais frequente em animais jovens e caracteriza-se por evolução muito rápida que no limite corresponde a morte sem quaisquer sinais (morte súbita). Nos casos mais arrastados há febre, perda de apetite, diarreia (com ou sem sangue), dor abdominal e sinais nervosos com vocalizações, convulsões e coma. O sofrimento é normalmente severo e a recuperação muito improvável sendo aconselhável o abate destes animais e envio imediato para laboratório (refrigerado) para confirmação do diagnóstico. O quadro agudo já ocorre em animais de qualquer idade e especialmente em grupos expostos a mudanças recentes de regime alimentar ou com uma dieta muito rica em concentrado. A redução da consistência das fezes (diarreia mais ou menos profusa) é o sinal mais habitual. Nalguns animais há também um período de febre, depressão, perda de apetite e dor abdominal. Os animais normalmente morrem por desidratação se não forem tratados de urgência. A doença crónica é típica de animais adultos com alguma resistência e pode passar despercebida (às vezes apenas quebra de produção leiteira). As fezes são mais moles ou existe diarreia intermitente, sendo difícil de diferenciar de outras doenças como acidose ruminal, paratuberculose ou parasitismos vários. A história e os sinais clínicos (essencialmente da doença aguda) são, muitas vezes, suficientes para avançar com um diagnóstico presuntivo. No entanto, o diagnóstico definitivo apenas pode ser conseguido após testes laboratoriais. Como a bactéria é um habitante normal do intestino, o diagnóstico só pode ser confirmado se for detectada uma elevada contagem de bactérias (104 – 107 UFC/ gr*) ou uma alta concentração de toxinas nas fezes ou conteúdo intestinal. A necrópsia e exames anatomopatológicos também são muito úteis no diagnóstico de enterotoxémia, sendo as lesões intestinais (enterocolite necrosante) e cerebrais as mais indicativas. Um teste simples a efectuar no rim pode ter grande

significado se efectuado pouco depois do animal morrer – porque esta doença provoca alterações profundas e rápidas no parênquima renal (rim polposo), este está de tal forma “amolecido” que a queda de gotas de água na sua superfície causa depressões evidentes. Este comprometimento renal é também responsável por uma constante glicosúria (glucose na urina) que pode ser detectada em vida com as normais fitas de análise de urina.

diagnóstico O diagnóstico de enterotoxémia caprina faz-se pela história (por exemplo mudanças alimentares), sinais de diarreia e contagens muito elevadas de Clostridium perfringens nas fezes. Lesões intestinais, renais e nervosas confirmam o diagnóstico.

Tratamento e prevenção da enterotoxemia Apesar de se tratar de uma bactéria, uma vez iniciados os sinais, o tratamento com antibiótico é muito pouco eficaz. Por esta razão injectar estes medicamentos em animais doentes com enterotoxémia tem diversos inconvenientes nomeadamente a criação de importantes resistências nesta e em outras bactérias. Por este e muitos outros motivos o tratamento deve ser sempre orientado por um médicoveterinário, devendo incluir intensa fluidoterapia e garantia de conforto dos animais. Por motivos óbvios a erradicação do agente da enterotoxémia é virtualmente impossível, e por isso a estratégia de prevenção baseia-se em duas vertentes: controlo dos factores predisponentes e aumento da resistência dos animais. A primeira grande medida para a prevenção é a de evitar mudanças bruscas de dieta e não permitir ingestão de grandes quantidades de concentrado num dado momento. A fibra é essencial ao correcto funcionamento do sistema digestivo dos ruminantes e por isso deve ser fornecida em quantidade e qualidade. No caso de uso de dietas completas (TMR) a mistura deve ser bem feita pois os caprinos têm uma capacidade excepcional para

seleccionar os grãos de cereais e outras partículas mais apetecíveis. Deve-se ainda tentar reduzir os factores de stress a que submetemos os animais – transporte, condições climatéricas adversas, temperaturas e humidade relativa elevadas, mutilações etc… Finalmente, temos a vacinação como peça fundamental da prevenção da enterotoxémia. Infelizmente, ao contrário daquilo que acontece com os ovinos, a protecção conferida pela vacina não é muito elevada, nem muito duradoura. As vacinas multivalentes (toxóides de 8 a 10 espécies ou tipos de clostrídeos) conferem alguma imunidade, mas o programa vacinal deve ser muito mais apertado (revacinação a cada 3 ou 4 meses) e sempre iniciado por dupla vacinação com 15 dias de intervalo. Este programa deve ser cumprido à risca nas explorações onde há alimentação muito intensiva (produção de leite intensiva) ou onde há história de casos de enterotoxémia. Estudos recentes têm demonstrado que as vacinas que incluem apenas as toxinas do C. perfringens são bastante mais eficazes do que aquelas que protegem contra muitas espécies da bactéria, muitas delas importantes para bovinos e ovinos, mas com pouca relevância na sanidade de caprinos.

prevenção A prevenção passa por garantir dietas equilibradas, transições alimentares lentas, redução de stress e combate a parasitas gastrointestinais. A vacinação deve ser repetida a cada 3-4 meses e, se possível, apenas com os toxóides de Clostridium perfringens.

* UFC/gr = Unidades Formadoras de Colónias por grama

Bibliografia: Fernandez Miyakawa ME, Uzal FA. The early effects of Clostridium perfringens type D epsilon toxin in ligated intestinal loops of goats and sheep. Vet Res Commun. 2003 Apr;27(3):231-41 Uzal FA, Songer JG. Diagnosis of Clostridium perfringens intestinal infections in sheep and goats. J Vet Diagn Invest. 2008 May;20(3):253-65

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atualidades

O top-20 da produção láctea mundial A indústria está a passar por um período de posicionamento estratégico acelerado. A Rabobank fez uma avaliação das grandes empresas lácteas do mundo, posicionando-as numa tabela com os 20 maiores produtores mundiais. Verifica-se que mesmo as empresas do top 20 mundial sentem os travões impostos pela crise económica global. Por um lado, as empresas têm feito um esforço para comercializar em mercados internacionais promissores, como por exemplo a China. Por outro lado, com o decrescente potencial de desenvolvimento orgânico os grandes comerciantes são pressionados a consolidar as suas indústrias visando o crescimento através da aquisição, vendas ou fusões de outras empresas. O top 5 da lista mantém-se inalterado desde 2007, sendo que a Nestlé garante a liderança mundial segurando o primeiro lugar, seguida da Danone. Durante o ano de 2013, 49% do total de vendas das 20

Desmame precoce não prejudica

empresas desta lista foram realizadas pelas que estão no top 5, evidenciando o grande monopólio de vendas existente no mercado mundial. O topo da lista não surpreende, porém, é interessante notar que duas empresas chinesas surgem agora no top 15. As políticas internas de produção da China, juntamente com o crescimento do mercado interno, fazem deste país uma grande potência no que diz respeito à produção leiteira e de produtos lácteos. Por outro lado, os EUA têm vindo a demonstrar um declínio principalmente devido à reestruturação das suas políticas produtivas e por diminuir as exportações, visando apenas o mercado interno. Espera-se, assim, que no próximo ano exista pelo menos uma empresa chinesa presente no top 5 do monopólio empresarial mundial, enquanto que as empresas americanas descem na tabela à custa do crescimento dos grandes exportadores mundiais.

TOP-20 Produção Láctea Mundial. último ano

empresa

país de origem

volume de negócios de laticínios, 2012 (EUR Blillion)

23.4

1

1

Nestlé

Suíça

2

2

Danone

França

15.1

3

3

Lactalis

França

14.0

4

4

Fonterra

Nova Zelândia

12.5

5

5

FrieslandCampina

Holanda

10.5

6

6

Dairy Farmers of America

EUA

9.4

7

8

Arla Foods

Dinamarca / Suécia

8.4

8

7

Dean Foods

EUA

6.9

9

12

Saputo

Canadá

6.5

10

10

Meiji

Japão

6.0 5.8

11

11

Unilever*

Holanda/Reino Unido

12

15

Yili

China

5.1

13

--

Morinaga

Japão

4.5 4.5

14

14

Sodiaal*

França

15

16

Mengniu

China

4.5

16

9

Kraft Foods

EUA

4.4 4.4

17

13

DMK

Alemanha

18

17

Bongrain

França

4.1

19

19

Schreiber Foods*

EUA

3.5

20

18

Muller*

Alemanha

3.3

* Estimativa Nota: O volume de negócios corresponde apenas ás vendas de produtos lácteos, baseado nos dados financeiros de 2012 e nas operações de fusões e aquisições (M&A) ocorridas durante o período de 1 de Janeiro a 15 de Junho de 2013 ; As fusões e aquisições pendentes que não foram incluídas nas vendas de produtos lácteos são as fusões da “3A” e da “Sodiaal” e a aquisição da “Yashili’s” pela “Mengniu”.

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Um estudo recente realizado pelo Departamento de Estudos de Agricultura dos EUA demonstrou que o desmame precoce dos bezerros pode ser benéfico quando as condições meteorológicas, nomeadamente a seca, impedem a produção normal. Em períodos de seca, a quantidade limitada de forragem para o gado bovino pode ter como consequência a perda de peso nos bezerros desmamados. Também nas vacas, a seca pode causar perdas de peso, debilitar o sistema imunitário e afetar a sua capacidade reprodutiva. No estudo efetuado, um grupo de bezerros foi desmamado com 80 dias de idade e outro com 215 dias. Verificou-se que as vacas que produziram bezerros que passaram pelo desmame precoce conseguiram manter pesos corporais mais elevados e uma melhor condição corporal no início do inverno. Assim, a quantidade de ração requerida pelas vacas para manter uma condição corporal saudável no inverno foi reduzida. O estudo confirmou que o desmame precoce pode ser uma opção viável no maneio, causa menos problemas de produção e permite aos produtores controlarem melhor o ambiente de produção dos seus animais.

Lactalis desiste da Lácteos Brasil O conselho de administração da Parmalat decidiu não continuar com a aquisição da Lácteos Brasil (LBR), afirmou uma fonte próxima do assunto nesta segunda-feira. Em agosto, a Parmalat, que é controlada pela francesa Lactalis, afirmou que mantinha negociações exclusivas com a LBR sobre uma possível aquisição da companhia. A LBR pediu recuperação judicial contra falência em fevereiro. A empresa foi criada em 2010 com a fusão da LeitBom e Bom Gosto, com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).



Saúde animal

andré pires preto médico veterinário, serviços técnicos msd saúde animal andre.preto@merck.com

Reforço da vacinação Hoje em dia a necessidade de poupança nas explorações agropecuárias tem levado à tomada de medidas extremas, como é o caso da redução das vacinações de reforço (vulgarmente chamadas de “rappel” ou “booster” vacinais). Tal facto acaba por constituir mais um desafio que se coloca ao médico veterinário numa exploração pecuária. Não sendo este propriamente um tema a ser discutido apenas pelo produtor, convém a este ter presentes vários pontos aquando da interação com o seu médico veterinário.

Porquê vacinar? O uso da vacinação é uma medida incontestável para o aumento das defesas adquiridas pelos animais em relação a determinadas doenças que: • Estão presentes na exploração – com o intuito de reduzir o seu impacto nos animais, temos exemplos vários, como as vacinas para os processos respiratórios, em que dificilmente encontramos explorações que não tenham circulação viral. • Não estão presentes na exploração – com o objetivo de assegurar que se cumprem os princípios da biossegurança e da prevenção da “entrada” de doença no efetivo. Exemplo importante neste caso é o vírus do BVD, que caso “entre” numa exploração, poderá ter como consequência grave a existência de animais persistentemente infetados

(os chamados “PI´s”) – caso exista infeção de vacas gestantes (1 ao 4 mês).

GRÁFICO 1 Exemplo de protecção após programa vacinal, com várias administrações. (Adaptado de M. Cerviño).

Como funciona a imunidade? O sistema imunitário dos mamíferos funciona em duas fases, uma primária e outra secundária. Na primária os agentes estranhos ao animal, como vírus, bactérias e parasitas, são apresentados ao sistema imunitário, reconhecidos por este, dando lugar à formação de uma imunidade rápida. Esta imunidade imediata tem como desvantagens, o facto de não ser nem muito específica nem duradoura.

5 Semanas

2,5 Meses

6 Meses

8 Meses

12 Meses

Administração de vacina Nível de protecção Resposta inicial (IgM)

Porquê da necessidade de fazer reforço vacinal? Devido ao facto da primeira resposta imunitária não ser nem específica, nem duradoura, ao estarmos a estimular novamente o sistema imunitário, vai ocorrer novamente o reconhecimento do agente, mas desta vez a resposta será mais específica, mais rápida e duradoura, ou seja, mais poderosa (Gráfico 1).

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Resposta secundária (IgG)

Animais Jovens Os animais recém-nascidos, antes de mamarem o colostro, não possuem qualquer tipo de defesas imunitárias (apenas para simplificar). A fonte principal de imunidade é administrada via colostro (que também é a primeira fonte de energia e de nutrientes a ser servida ao animal). O colostro é constituído,

entre outros componentes, por proteínas “defensivas”, conhecidas pelo nome de anticorpos (IgG, IgA e IgM) e por células de defesa de origem maternal. A importância vital da absorção do colostro já foi discutida em revistas anteriores, mas convém sempre relembrar que quanto maior a quantidade destas


Saúde Animal

substancias defensivas absorvida, maior a proteção conferida aos animais. Contudo estas defesas têm um tempo de duração limitada, que é variável em função dos agentes causadores de doença: • Para doenças como as diarreias neonatais dura menos tempo (aproximadamente 1-1½ meses) • Para agentes de pneumonias dura um pouco mais (entre 3 a 6 meses). Este tipo de proteção tanto é consumida pelos agentes da doença em si (bactérias e vírus), como pelos agentes contidos nas vacinas. O sistema imunitário vai reconhecer semelhanças com o agente da doença e

tentar eliminá-lo. Ou seja artificialmente estarão a “gastar” essas defesas, com as vacinas, e ao mesmo tempo a inativar a vacina, não se atingindo totalmente o objetivo pretendido. Por isso em animais jovens é conveniente fazer o plano vacinal de acordo com a vacina usada, de modo a melhorar a capacidade imunitária. Animais de outras idades A primeira apresentação da vacina mais uma vez corresponde a uma resposta primária, sendo que a imunidade deve ser duradoura, e é conseguida com o cumprimento do reforço vacinal, pelo cumprimento dos calendários recomendados pela vacina e pelo seu médico-veterinário.

Mas todas as vacinas exigem reforço? Nem todas as vacinas exigem reforço. Existem algumas vacinas cujo tipo lhes permites prescindir de reforço, como é o caso das vacinas vivas, ou vacinas com tecnologia de adjuvante especial.

Mais vezes é melhor? O facto de vacinar mais vezes nem sempre significa que o animal está a ficar mais protegido. Pode sim significar precisamente o contrário, pois ao apresentar muitas vezes uma ameaça, pode implicar uma resposta menor aos agentes de doença (exemplo Pedro e o Lobo). No entanto deve-se cumprir sempre o calendário de aplicação das vacinas, pois aquando do seu estudo

de desenvolvimento estas possibilitam uma duração de imunidade limitada. Mas a duração da imunidade é também variável, pois se o desafio for grande, o consumo das defesas imunitárias também é grande, logo vai durar menos tempo. Esta duração da imunidade pode, para alguns agentes, ser avaliada.

O que é mais correto fazer? Aconselhe-se junto do seu médico-veterinário de quais as medidas que deve tomar. A aplicação das vacinas deve ser feita por ele, e segundo critérios científicos que ele conhece (análises imunológicas). Trabalhando em conjunto certamente tomarão as melhores opções.

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saúde animal

Adelaide Pereira Médica Veterinária na SEGALAB, SA, nos programas BOVICONTROL® e Qualidade Leite adelaide.pereira@segalab.pt

programa de prevenção

de problemas de saúde O desenvolvimento do Bovicontrol®, iniciado em 2009, partiu de uma lógica de criação de programas de prevenção de problemas de saúde, sejam respiratórios, digestivos ou abortivos, focando-se no controlo de agentes patogénicos das doenças mais frequentes nas explorações leiteiras- IBR, BVD, Paratuberculose e Neosporose, de caráter voluntário. Por ruminantes

Na última década foram realizados diversos estudos em Portugal que permitiram concluir a existência de importantes prevalências de agentes infeto-contagiosos como o BHV-1, BVDV, Mycobacterium avium paratuberculosis (MAP) e Neospora caninum, entre outros. Por outro lado, verificavase um esforço por parte dos médicos veterinários e das empresas farmacêuticas para que fossem adotadas práticas de vacinação adequadas nas explorações. A criação e implementação no terreno deste programa foram

possíveis graças à articulação da boa vontade dos acionistas da SEGALAB (AGROS e LACTICOOP) que suportam uma parte dos custos, das empresas farmacêuticas que têm vacinas específicas para os problemas a controlar (MERIAL, MSD, HIPRA e ZOETIS), dos médicos veterinários assistentes das explorações e dos produtores pecuários aderentes. Quais os propósitos e como funciona o programa Bovicontrol®? O Programa Bovicontrol® tem como propósitos principais:

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• promover a melhoria da saúde dos efetivos leiteiros, focando a sua atividade nas doenças designadas como doenças de produção; • contribuir para a melhoria da rentabilidade e competitividade sustentada das explorações leiteiras reduzindo os custos com doenças; • alinhar os objetivos sanitários das explorações em Portugal com os objetivos prosseguidos pelos produtores de grande parte dos países da Europa. A maior preocupação do programa é a de prestar um serviço global, integrado, a um preço acessível para a exploração e privilegiando a interação técnica do binómio médico veterinário e produtor. O programa inicia-se com a caraterização da situação sanitária da exploração para as doenças incluídas; todo o efetivo presente é testado para IBR, BVD, Neosporose e Paratuberculose, utilizando os testes de diagnóstico adequados, métodos ELISA e PCR. Com base nos resultados, numa reunião conjunta com produtor, médico veterinário assistente e médico veterinário da SEGALAB, define-se qual

ou quais as doenças a serem erradicadas e/ou controladas, as principais medidas de biossegurança a implementar na exploração, abordam-se eventuais alterações de maneio, identificam-se os principais fatores de risco, implementa-se, altera-se, reforça-se ou reduz-se a profilaxia vacinal. Segue-se um plano de monitorização e controlo, adequado a cada exploração, em função da prevalência das doenças abordadas e dos fatores de risco. Assenta num plano de amostragem dos animais, na análise de amostras do leite do tanque de 3/3 meses e no controlo serológico de todos os animais que entrem na exploração. A vacinação, quando realizada, fica a cargo do médico veterinário assistente. O recurso à eliminação seletiva de animais infetados é aconselhado quando for recomendável do ponto de vista epidemiológico e financeiro. A escolha de animais para eliminação será sempre criteriosa e depende do produtor. Quais são os requisitos necessários para uma exploração aderir ao programa? Não existem requisitos necessários para aderir, apenas vontade e necessidade do


saúde animal

produtor e participação do médico veterinário assistente.. Realizam alguma formação prévia aos produtores? Não existe formação dos produtores propriamente dita. A informação, a formação e as dúvidas são transmitidas e abordadas na exploração, nas visitas periódicas, pelos elementos técnicos (veterinários quer assistente quer da SEGALAB). Periodicamente, realizam-se reuniões técnicas com o apoio das empresas farmacêuticas que colaboram no programa. Quais as vantagens, em termos sanitários, para as explorações aderentes? Em termos sanitários, as explorações ficam a saber que doenças existem na exploração e que doenças não existem. Há muitas surpresas, desde produtores que achavam que tinham BVD mas na realidade não tinham, outros que se deparam com prevalências elevadas de Neospora na vacaria, outros que mascaravam deficientes práticas de maneio com profilaxia vacinal para doenças inexistentes. Como existe um plano de monitorização, se falhar alguma medida de biossegurança, é possível detetar precocemente a entrada de IBR ou BVD na exploração. Existe alguma ligação entre o Bovicontrol® e os programas nacionais de erradicação, impostos pela DGV? Não existe ligação entre eles; este programa é voluntário. Era desejável que, num futuro próximo, pudesse haver legislação que permita o reconhecimento da certificação sanitária de explorações para IBR e BVD. Em termos de organização da mão-de-obra da exploração aderente, o programa tem alguns requisitos especiais? Em princípio não; se houver aplicação de vacinas, estas são

administradas pelo médico veterinário assistente; as colheitas de sangue, zaragatoas, fezes ou necrópsias são efetuadas pelos médicos veterinários (assistentes e da SEGALAB). A implementação de medidas de biossegurança e controlo, na exploração, pode alterar práticas há muito tempo instaladas. Esta abordagem é integrada, progressiva e tem em conta as limitações atuais e o desenvolvimento das explorações leiteiras. A relação benefício/custo é compensatória? A maior parte do custo laboratorial não é suportado pelo produtor, decorrendo um benefício para este. A maior parte das explorações já tinha um custo com vacinas; este custo é direcionado para as doenças que realmente interessam. Muitas explorações que vacinavam deixaram de o fazer mas também é verdade que noutras houve necessidade de implementar programas vacinais. Numa altura em que se investe muito dinheiro no melhoramento genético das explorações, é importante saber que doenças existem, se podem ser erradicadas ou apenas controladas. Que benefício tira o produtor quando insemina novilhas positivas à Neospora com sémen sexado? Que interesse tem um animal positivo ao vírus do BVD numa exploração? Muitos produtores aderentes ao programa eram, à data de início, compradores de animais e agora já vendem novilhas para outras explorações, novilhas isentas de BVD, IBR e Neospora. Com muita persistência, já conseguimos que os produtores exijam animais seronegativos para as doenças incluídas no programa e até alguns comerciantes ligados à compra/venda de animais entre explorações, sabendo que as explorações estão no Bovicontrol®, pedem para fazer testes serológicos.

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EQUIPAMENTO

Alltech - Programa 37+ KIT DE ANÁLISE DE MICOTOXINAS O programa de análise 37+ desenvolvido pela Alltech oferece uma oportunidade simultânea, fiável e económica para medir a concentração de até 52 micotoxinas numa única amostra, através da utilização da tecnologia UPLC MS/MS. A análise é realizada de acordo com as espécies e o estado fisiológico do animal com base num kit para utilização imediata que é fornecido ao utilizador. Os resultados, disponibilizados em duas semanas, são apresentados de forma didática, com uma tabela das 37 micotoxinas e um relatório de avaliação de risco. Com base no mesmo, a equipa de especialistas da Alltech fornece as recomendações técnicas e a dose de

Mycosorb® recomendada para neutralizar o impacto das micotoxinas.

HYPRED - BOLIFAST PHYSIO ALIMENTO COMPLEMENTAR O Bolifast Physio é um alimento complementar para ajudar a preparar a lactação das vacas. É uma solução personalizada complementar na forma de bolo, com duas velocidades de libertação, de modo a otimizar a absorção dos elementos ativos. Com a sua composição, rica em colina e metionina rumino-protegida, o Bolifast Physio garante um suporte nutricional às funções hepáticas para trazer alguns benefícios para limpar o fígado.

Para mais informações www.hypred.com

Para mais informações www.alltech.com/france

INZO - CulbuPack INERAL FEED DISTRIBUTOR O Culbupack é um novo sistema de nutrição mineral que fornece a quantidade certa, no lugar certo, no momento certo. O fornecimento de minerais, fundamental da nutrição animal, é essencial para satisfazer as necessidades dos animais durante o crescimento, como acontece com as novilhas, mas também com animais em produção e manutenção como vacas em amamentação e ovelhas leiteiras. Um consumo inadequado, tanto em quantidade e qualidade, ou um défice, pode ocorrer com os animais no pasto que são autónomos a gerir o seu consumo. Para esses animais, o Culbupack combina um sistema de distribuição e um fornecimento completo de minerais (micro ingredientes...) no pasto. Para mais informações www.inzo-net.com

POLYSEM - GreenGlove™ LUVA VETERINÁRIA Trata-se da primeira luva veterinária biodegradável e compostável, fabricada com matérias primas de origem agrícola. A GreenGlove™ retorna ao ambiente graças a processos de biodegradação e compostagem, num prazo de 10 a 45 dias, dependendo do processo de compostagem, sem libertar poluentes. Reduz a emissão de gases de efeito estufa e consumo de energia não renovável, durante a o seu fabrico, utilizando matérias primas de origem agrícola. Para mais informações www.polysem.com

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EQUIPAMENTO

DeLaval BSC CONTROLADOR AMBIENTAL O BSC é um sistema de controlo integrado para lidar com todas as aplicações de controlo ambiental da exploração num único sítio e numa única instalação. O BSC controla cortinas e painéis, ventiladores, sistema de iluminação, refrigeração dos animais e raspadores de esterco de acionamento hidráulico. O sistema de controlo centralizado permite combinar todas as funcionalidades e capacidades conjuntamente. Torna possível a otimização da carga de trabalho do operador, tempo de operação, trabalho, energia e tempo de vida do equipamento. As novas funções melhoram o conforto da vaca, bemestar animal, impacto ambiental bem

como a eficiência do funcionamento. A informação é centralizada num único comando que permite fácil acesso ao operador e total controlo de todo o sistema. Sensores de clima como temperatura, humidade, precipitação, velocidade do vento, intensidade da luz são utilizados ou estão disponíveis para a automatização de todos os equipamentos. A integração de todos os equipamentos ambientais da exploração contribui para uma maior eficiência da operação com menor impacto ambiental.

Para mais informações: www.delavalfrance.fr

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EQUIPAMENTO

MARECCHALE - PESAGE EQUIPAMENTO DE PESAGEM Esta balança autónoma pesa os animais sem a intervenção humana. Inclui uma plataforma de pesagem e um sistema que identifica o peso do animal na plataforma. Também contém

Para mais informações www.marechalle-pesage.fr

um sistema automático para ativar as portas para a entrada e saída dos animais. O sistema está ligado a um pedal que controla a abertura e o fecho das portas.

Pöttinger - NOVACAT 262 e 302 com braço de engate hidráulico A marca austríaca alargou a sua gama de gadanheiras Novacat, de que já faziam parte os modelos 402, 442 e 352, ao lançar a nova geração Novacat 262 e 302, ambas disponíveis nas variantes ED (condicionadora de lâminas) e RC (condicionadora de rolos). A 262 apresenta uma largura de trabalho de 2,62 m, e a 302 uma largura de 3,04 m. O elemento central destes dois modelos é o braço inferior de

engate com macaco hidráulico que permite engatar a alfaia de forma mais rápida e segura. Com este sistema, um dos braços da gadanheira sobe ou desce de maneira a que os munhões fiquem alinhados e em posição horizontal e assim se adapte à geometria do trator. Este sistema otimiza ainda a distribuição de peso e proporciona uma distância ao solo de 50 cm, do lado esquerdo.

Para mais informações www.poettinger.ch/en

NEDAP - Etiqueta inteligente para o pescoço DETETOR DO CIO E MONITOR DA ALIMENTAÇÃO A Nedap apresentou a nova Smarttag (etiqueta inteligente para o pescoço), uma ferramenta capaz de detetar o cio e, simultaneamente, monitorizar alimentação, destinada à criação de gado leiteiro e de corte. A Smarttag inclui a deteção precisa do cio através do pescoço, em combinação com o registo diário da hora a que o animal pasta ou ingere forragens, ou seja, a monitorização da alimentação. As alterações no comportamento de alimentação são uma indicação clara de que pode haver algo de errado com o animal. Este sistema consegue detetar o cio a grandes

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distâncias, 24 horas por dia, 7 dias por semana, fornecendo informações atempadas no que respeita aos animais que estão em cio ou que têm possíveis problemas de saúde. Permite ao criador de gado obter melhores resultados de inseminação, de forma fácil, e também identificar e tratar animais com possíveis problemas de saúde, de forma atempada. Desta forma, o criador de gado consegue obter e manter resultados de produção ótimos de cada animal, independentemente da dimensão do efetivo.

Para mais informações www.nedap-livestockmanagement.com


EQUIPAMENTO

KRONE - Pesagem embarcada

Instalado sobre a enfardadeira embaladora Krone Comprima CV 210 XC, o sistema de pesagem embarcada tem vantagens tanto agronómicas como técnicas. Instalado sobre a deformação do chassis da mesa de embalamento, este sistema inovador indica no terminal de comando instalado na cabina, o peso de cada um dos fardos. Este sistema permite conhecer o rendimento da parcela enfardada, com ou sem embalamento, faturar o serviço de acordo com a tonelagem recolhida, bem como ajustar a pressão de aperto do fardo para obter uma densidade homogénea. Os quatro sensores de força DMS, peças centrais do sistema, estão ligados diretamente ao chassis, de cada lado do ponto de rotação da mesa de embalamento. As medições são efetuadas antes do fardo ser embalado, enquanto a máquina está parada, no momento em que a porta da câmara de compressão se volta a fechar. Este sistema tem uma margem de erro máxima de 2%. Integrados no chassis, os quatro sensores não geram qualquer peso sobre a máquina.

Para mais informações www.krone-agri.fr

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EQUIPAMENTO

FENDT

na produção de leite A Herdade Vale da Lama adquiriu dois novos tratores Fendt, 824 Vario e 716 Vario. por ruminantes

DA ESQUERDA PARA A DIREITA Fendt, 824 Vario e 716 Vario.

A Sociedade Agrícola do Vale da Lama d’Atela, Lda., situa-se na Herdade do Vale da Lama d’Atela, no concelho da Chamusca. Dedica-se à produção e comercialização de leite inerente ao exercício da atividade e ao sistema de exploração de bovinos em produção intensiva. Ocupa uma superfície de 500 hectares, dos quais 200 são de regadio por pivot, onde se produz milho e azevém para silagem, sendo a restante área ocupada com azevém para silagem ou feno. Considerada desde sempre uma empresa inovadora e na liderança da tecnologia, a Herdade é gerida atualmente por Orbílio do Rosário e Garry Mainprize e emprega 30 jovens na sua maioria licenciados. Com um efetivo de 1.250 vacas adultas e cerca de 2.100 animais no total, é considerada uma das maiores do país. Em 2012, alcançou uma produção de 10,3 milhões de litros, ou seja, cerca de 29.000 litros de leite por dia, em 3 ordenhas diárias. Do ponto de vista ambiental, a Vale da Lama também se distingue por ser uma das poucas vacarias em Portugal que possui um estudo de

impacto ambiental. Como exemplos de boas práticas destacam-se a reutilização de águas no estábulo através várias lagoas de decantação que permitem que a água depurada volte a ser usada na vacaria. Apenas na ordenha se utiliza água “nova”. Outra situação refere-se à cobertura dos silos, que é feita com “covertop” em vez dos tradicionais pneus, que são proibidos por lei. “Estamos a preparar o crescimento. Em períodos de crise as empresas mais capazes vão sobreviver, mas o mais importante para nós vem depois da crise, as empresas têm que estar em condições de recuperar e fazer aquilo que é necessário, crescer.” (Orbílio do Rosário). Quais os investimentos futuros da empresa? Orbílio do Rosário - Com a ajuda do Proder, estamos a investir em duas áreas: numa nova sala de ordenha e em novos tratores. Para podermos crescer temos que investir numa nova sala de ordenha, sem a qual não conseguiremos aumentar o número de animais

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Pretendemos atingir as 1500 vacas em ordenha, com 60 animais a serem ordenhados ao mesmo tempo. Por outro lado, adquirimos já 2 tratores Fendt novos. Por forma a podermos aumentar a produção de forragens e baixar custos de produção minimizando o uso matérias primas. Porquê Fendt? Garry - Temos tratores Fendt há cerca de 21 anos que sempre se destacaram em vários aspetos tais como a eficiência e um baixo consumo de gasóleo. O ano passado comprámos um Fendt 714 Vario que, a fazer o mesmo serviço no silo que o trator antigo, consumiu menos 55% de gasóleo.

Que funções vão ter estes dois tratores? Garry - O 824 vai fazer mais gradagens, pesagens, chísel. O modelo 716 vai para as sementeiras, distribuição de adubo, trabalhos com a forquilha... Esperamos que trabalhem cerca de 1300 horas ano cada um. Já o 714, que comprámos o ano passado, pode ter funções no estábulo para fazer a alimentação quando há problemas com a automotriz. Prevemos que este investimento seja amortizado em 6 anos. Quais os 3 fatores que leva em consideração quando pensa em comprar um trator? Garry - O consumo, a durabilidade e a experiência de conhecer uma marca, Fendt. DA ESQUERDA PARA A DIREITA Garry Mainprize e Orbílio do Rosário (Herdade Vale da Lama) e João Lopes (Forte, Lda.).


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conheça a lei

A COMPRA E VENDA

DE LEITE CRU DE VACA Drª Sofia Peixoto de Menezes, Advogada estagiária, www.fladvoga.com

Nesta edição debruçar-nos-emos sobre a compra e venda de leite cru de vaca e do regime aplicável a estes contratos e que tantas dúvidas suscitam na relação entre Produtores, Intermediários e Transformadores. No nosso Ordenamento Jurídico Nacional, o Decreto-Lei n.º 42/2013, de 22 de Março, define as regras aplicáveis directamente ao sector do leite e dos produtos lácteos portugueses, regras estas harmonizadas com a legislação comunitária e que visam a organização comum dos mercados agrícolas nos Estados-Membros. Ora, neste âmbito, prevê aquele diploma a obrigatoriedade de redução a escrito dos contratos de compra e venda de leite cru de vaca tendo como objectivos reforçar a regulação e a transparência, a estabilização do mercado e a sustentabilidade do próprio sector, e, desta forma, passar a ser imputada uma maior responsabilização dos diferentes operadores na gestão interna da oferta e na adaptação da procura. Vejamos então quem são os destinatários desta obrigatoriedade de celebração de contrato escrito, que elementos deve conter, transcrevendo também o contrato-tipo que a própria lei propõe e aprovou, bem como os órgãos competentes para o acompanhamento e monitorização dos contratos, e, também, o regime sancionatório aquando da verificação de irregularidades nos contratos.

I – Quem está obrigado a celebrar contrato escrito de compra e venda de leite É obrigatória a celebração de contrato escrito para a compra e venda de leite quando celebrado entre Produtor e Intermediário1, Produtor e Transformador, Intermediário e Transformador, Intermediário e Intermediário, Transformador e Transformador, pelo que a entrega e recepção de leite por qualquer destes intervenientes estão condicionadas à prévia celebração de contrato escrito. Ainda no que toca à forma escrita importa destacar que, quando o vendedor for o Produtor e não for membro de Cooperativa, a compra e venda é obrigatoriamente precedida de uma Proposta Escrita Contratual, a qual obedece aos mesmos elementos que de seguida indicamos e que tanto dizem respeito ao contrato como à proposta contratual.

II – Elementos que devem constar do contrato: Tal como os contratos que temos vindo a abordar em artigos anteriores, também o contrato de compra e venda de leite deve conter a identificação das partes, o preço, a quantidade de leite, a data de fornecimento, as modalidades de entrega ou recolha do leite, os prazos, as condições e os procedimentos de pagamento, a duração do contrato e respectivas causas de cessação.

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Os elementos obrigatórios são regulados pela Portaria do Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território que estiver em vigor à data de celebração do contrato. Desde 01 de Junho de 2013, está em vigor a Portaria n.º 196/2013, de 28 de Maio, que estabelece os termos e as condições dos elementos obrigatórios dos contratos celebrados após aquela data, a qual aprova também o respetivo contrato-tipo já referido. Assim, sem prejuízo do que as partes possam acordar no que diz respeito à quantidade de leite, à data de fornecimento, as modalidades de entrega ou recolha do leite, o Contrato deverá respeitar a indicação daqueles elementos nos seguintes moldes: a) Preço: o preço indicado deve ser fixo ou preço variável, ou, também, a conjugação de ambos. No caso de as partes optarem por um preço variável, devem indicar os factores através dos quais é calculado o preço, havendo ainda a possibilidade de poderem acordar a combinação de um preço fixo para uma quantidade de leite e um preço variável para o volume remanescente; b) Prazos de Pagamento: os prazos de pagamento devem obedecer ao regime previsto no Decreto-Lei n.º 118/2010, com a redacção que lhe foi conferida pelo Decreto-Lei n.º 2/2013, de 9 de Janeiro, o qual define que, nas transacções comerciais entre


conheça a lei

empresas que tenham por objecto produtos alimentares, o vencimento da obrigação de pagamento do preço ocorre, imperativamente, até 30 dias após a efectiva entrega dos bens e da respectiva factura ao adquirente, devendo por isso as partes introduzir no contrato o referido prazo de pagamento; c) Duração do Contrato: o contrato celebrado entre o Produtor e o Primeiro Comprador (seja este intermediário ou transformador) deve ter uma duração mínima de 6 meses. Contudo, a lei permite que seja estipulado um prazo inferior desde que o Produtor recuse, por escrito, aquele prazo de 6 meses, caso em que se considera indeterminada a duração do contrato. Nesta situação as partes devem estabelecer as condições de denúncia do mesmo.

III – O Contrato-tipo Tal como acima referido, a Portaria n.º 196/2013, de 28 de Maio, dispõe que as partes podem optar pelo contrato tipo que a própria portaria aprova e que abaixo transcrevemos para melhor compreensão do que se pretende com a introdução dos elementos obrigatórios já identificados. Não obstante a existência deste contrato tipo, caso as partes sintam alguma dificuldade na compreensão dos direitos e deveres que vão assumir devem consultar profissionais devidamente habilitados.

IV – Acompanhamento e monitorização Tudo que temos exposto ao longo deste artigo no que respeita à obrigatoriedade da forma legalmente prevista para a celebração do contrato em apreço, é acompanhado e monitorizado pelo Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas, I. P. (IFAP, I. P.), órgão com competência e ao qual os compradores2 de leite devem prestar a informação necessária ao acompanhamento e à monitorização dos contratos celebrados, de acordo com modelo a aprovar pelo IFAP, I. P., e disponível no seu sítio na Internet.

V – Regime Sancionatório Tal como supra mencionado, vamos agora referir-nos às implicações resultantes do não cumprimento das obrigações legais a que temos vindo a fazer referencia.

Deste modo, alertamos para o facto de que constitui contra-ordenação, punível com coima de € 150 a € 3 740, no caso de pessoa singular, e de € 500 a € 44 891, no caso de pessoa colectiva: a) A não celebração de contrato escrito de compra e venda de leite; b) A entrega ou a recepção de leite sem prévia celebração de contrato escrito; c) A celebração de um contrato de compra e venda de leite sem um ou mais elementos obrigatórios (referidos no Ponto I); d) A falta de indicação no contrato da combinação dos factores de cálculo do preço, quando este seja variável; e) A celebração de um contrato de compra e venda de leite em violação dos termos e das condições dos elementos do contrato; f) O incumprimento das obrigações de prestação de informação por parte dos compradores de leite (referidas no Ponto IV).

EM SUMA Com este artigo pretendemos alertar os Produtores, Intermediários e Transformadores do sector do leite para as formalidades a respeitar na celebração de contratos de compra e venda de leite cru de vaca e, bem assim, dar a conhecer a legislação aplicável nesta matéria, para que seja do conhecimento geral que não basta a redução a escrito do contrato em causa, importando também a obediência aos termos e condições dos elementos que deste devem constar.

Contrato-tipo de compra e venda de leite cru de vaca Entre: ................. [Nome do transformador/recetor de leite cru de vaca], adiante designado comprador, com o NIF n.º ................., agindo em nome próprio ou em representação de ................., com o NIPC n.º ................., e com sede social na ................. [Rua/Avenida/Travessa] n.º ................., Código Postal ..........-....., .................. [País]. E, ................. [Nome do fornecedor de leite cru de vaca], adiante designado vendedor, com o NIF n.º ................. agindo em nome próprio ou em representação de ................., com o NIPC n.º ................., e com sede social na .................. [Morada] n.º........., Código Postal ..........-....., .................. [País]. É celebrado o presente contrato de compra e venda de leite cru de vaca ao abrigo do disposto nos artigos 2.º e 4.º do Decreto-Lei n.º 42/2013, de 22 de março, regendo-se pelas seguintes cláusulas: Cláusula primeira Objeto 1 - O vendedor compromete-se a entregar ao comprador, e este a adquirir, a quantidade de ................. [referir quantidade expressa em litros ou quilogramas] de leite cru de vaca, comercializável nos termos da legislação aplicável e nas condições estabelecidas no presente contrato. 2 – As partes aceitam uma variação da quantidade estabelecida no número anterior de ...... % [a identificar pelas partes] durante o período de ....... [identificar o período, total ou parcial] de vigência do contrato. Cláusula segunda Local e condições de entrega A quantidade contratada é disponibilizada pelo vendedor ao comprador em ..................... [identificar local da recolha ou da entrega], com a periodicidade .......... [identificar a periodicidade]. Cláusula terceira Preço 1 - O preço total a pagar pelo comprador respeitante ao volume abrangido pelo presente contrato, é de ....../ O método de cálculo do preço a pagar pelo comprador é o seguinte ........ [riscar o que não interessa e para preço variável identificar fatores e método, eventualmente em anexo] 2 - O preço referido no número anterior correspondem ao valor aplicável ao local definido na cláusula segunda, com custos de transporte para o local de destino a cargo do comprador/ vendedor [riscar o que não interessa], acrescido do IVA, à taxa em vigor. Cláusula quarta Pagamento O pagamento é efetuado no prazo de ............. [periodicidade a definir pelas partes, respeitando o Decreto-Lei n.º 118/2010], a contar de ......... [a definir pelas partes], no respeito do Decreto-Lei n.º 118/2010, de 25 de Outubro [quando aplicável].

(1) «Intermediário» - Entende-se por Intermediário toda a empresa que, independentemente da sua forma jurídica, se dedica ao transporte de leite de um produtor ou de outro intermediário para um transformador de leite ou para outro intermediário, em que tenha a transferência de propriedade do leite, ou seja, quando o produtor ou intermediário vende o leite a intermediário que depois venderá a intermediário ou a transformador. (2) Aplicável às Cooperativas.

Cláusula quinta Qualidade e rastreabilidade 1 - O leite fornecido nos termos do presente contrato deve cumprir as normas de comercialização aplicáveis no que respeita a condições de higiene, sanidade e rastreabilidade, devendo o comprador recusar todo o produto que não respeite essas condições, sem que o vendedor tenha direito a qualquer compensação ou pagamento.

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não deixe de ...

2 - Sem prejuízo das condições definidas no Regulamento (CE) n.º 853/2004, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de abril, e demais legislação aplicável, os parâmetros a ter em conta para efeitos de aferição da qualidade do leite fornecido constam do anexo ao presente contrato. [utilizar quando as partes pretendam ter parâmetros contratuais] Cláusula sexta Laboratório de referência A verificação das características do leite fornecido no que respeita a critérios de comercialização é efectuada com base em análises realizadas pela .............................. [ALIP - Associação para o Laboratório Interprofissional do Sector do Leite e Lacticínios OU por laboratório a designar por comum acordo]. Cláusula sétima Duração O presente contrato tem a duração de ............ meses [mínimo 6 meses], contado do início da sua vigência, sendo renovável por períodos iguais, se não for denunciado por escrito com a antecedência mínima de ............ [prazo a acordar pelas partes] dias sobre o termo do seu período inicial de vigência ou de qualquer uma das suas renovações. Cláusula oitava Incumprimento O incumprimento do prazo de pagamento previsto na Cláusula Quarta do presente contrato dá lugar ao pagamento de juros de mora e indemnização nos termos da legislação aplicável, [sem prejuízo das sanções compulsórias e cláusulas penais estipuladas no presente contrato].1 Cláusula nona Força maior 1 - Nenhum dos contratantes incorrerá em responsabilidade se, por caso de força maior, não for possível o cumprimento das obrigações assumidas no presente contrato, entendendo-se como casos de força maior as circunstâncias que impossibilitem a respectiva realização, alheias à vontade da parte afectada, que ela não pudesse conhecer ou prever à data da celebração do contrato e cujos efeitos não lhe fosse razoavelmente exigível contornar ou evitar. 2 - Podem constituir força maior, designadamente, tremores de terra, inundações, incêndios, epizootia que afecte parte do efectivo pecuário, condições climatéricas adversas embargos ou bloqueios internacionais, actos de guerra ou terrorismo. 3 - A parte que invocar casos de força maior comunica e justifica tais situações à outra parte, e informa o prazo previsível para restabelecer a situação.

formação II Jornadas Técnico-Veterinárias do Campo Branco, Pequenos Ruminantes 22 e 23 de Novembro

FEIRAS Feira Cremona

International Dairy Cattle Show 24 a 27 outubro Cremona, Itália www.cremonafiere.it

A Associação de Médicos Veterinários do Campo Branco vai organizar as suas II Jornadas TécnicoVeterinárias do Campo Branco – Pequenos Ruminantes, as quais vão reunir vários Especialistas e Produtores com o objectivo de partilharem conhecimentos e experiências na sua prática do dia-a-dia. As Palestras abordam vários temas da actualidade, na área dos pequenos ruminantes, Ovinos e Caprinos. Mais informações: Calçada de Arroios, 16 C, Sala 3, 1000-027 Lisboa T: +351 21 842 97 10 | F: +351 21 842 97 19 E: paulo.jorge@admedic.pt www.admedic.pt

Animal Farming Ukraine

29 a 31 outubro Kiev, Ucrânia www.animalfarmingexpo.com

Técnico de Produção Agropecuária Início de Outubro A Formaconde, em Estarreja, tem inscrições abertas para o curso de aprendizagem Técnico de Produção Agropecuária. O que é? Curso profissional, de equivalência ao 12º ano, que permite dupla certificação: escolar e tecnológica. Para quem? Destina-se a jovens entre os 15 e os 24 anos, que já tenham o 9º ano completo. Onde? Realiza-se em Estarreja, na Praça Francisco Barbosa, nº 21. Quando? O curso arranca no início de Outubro. Mais-valias? O formando tem estágio desde o 1º ano, de modo a aperfeiçoar as competências adquiridas em sala de formação. Durante o curso tem direito a subsídio de profissionalização (41,92€/ mês), subsídio de alimentação (4,27€/dia), subsídio de transporte (o valor depende do transporte utilizado) e a todo o material necessário (manuais, material de desenho e computador portátil). Inscrições: R. D. Manuel I, Ed. Altamira, Sector A, Sala EA, Estarreja T: +351 234 847 125 | M: +351 965 296 741 www.formaconde.com

Cláusula décima Cláusula compromissória Qualquer divergência entre as partes contratantes quanto à interpretação ou aplicação do presente contrato, bem como os litígios emergentes do presente contrato são submetidos a arbitragem, no Centro de Arbitragem de ..........[a indicar pelos contratantes] entidade autorizada pelo Ministro da Justiça, nos termos do Decreto-Lei n.º 425/86, de 27 dezembro.

nota do autor: Este contrato deve ser finalizado com a indicação do local e data de celebração e com as assinaturas das partes.

70 outubro . novembro . dezembro 2013 Ruminantes

Agritechnica Hannover 12 a 16 novembro Hannover, Alemanha www.agritechnica.com

Pennsylvania Farm Show

4 a 11 janeiro de 2014 98º Pennsylvania Farm Show - E.U.A. www.farmshow.state.pa.us




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