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EDITORIAL

JÁ DIZIA NAPOLEÃO Vivemos em tempos incertos em que de pouco ou nada serve estar à espera de que “a fruta caia da árvore”. Ou refugiarmo-nos na atitude, fácil e reconfortante, de procurar culpados que desculpabilizem os nossos insucessos. Para que as nossas empresas se mantenham saudáveis e continuem a ser uma forma de sustento com futuro, temos que ser cada vez mais proactivos. Por isso, devemos estar atentos ao mercado e aos seus sinais de mudança, para percebermos que medidas ou soluções se devem implementar para resolver situações que possamos vir a ter que enfrentar num futuro mais ou menos próximo. Já dizia Napoleão Bonaparte: “Asseguremo-nos bem do facto antes de nos inquietarmos com a causa; este método é muito lento para a maioria das pessoas, que correm atrás da causa e descuram a verdade dos factos.” No que se aplica à Pecuária, é cada vez mais importante que nos concentremos nos factores do negócio onde de alguma forma podemos intervir. Orientar a produção para nichos de mercado com capacidade de pagar o justo valor pelos produtos; integrar “agrupamentos” de produção e comercialização que tenham capacidade de servir e “intervir” nos grandes grupos de distribuição, com as quantidades necessárias e dentro dos prazos de entrega estabelecidos; e continuar a pugnar pela defesa de medidas justas e de bom senso que ajudem a promover esta actividade e a reconhecer-lhe a importância e a nobreza que merece. Mas onde podemos começar a agir, com proveitos a curto e médio prazo, é na optimização e rentabilização das nossas estruturas: aumentando a produção de carne ou leite, melhorando os índices zootécnicos, optimizando a utilização das instalações e mão-de-obra da exploração, incrementando a qualidade e quantidade das forragens produzidas, tornando mais eficazes as práticas culturais (pulverizações, mondas, adubações, regas), definindo arraçoamentos adequados aos grupos de animais em produção… É bom ter presente que estamos sempre a tempo de mudar, e de aumentar os conhecimentos que possam melhorar o nosso negócio. E, sobretudo, acreditar que os nossos actos podem alterar ou influenciar o rumo dos acontecimentos. Francisca Gusmão (Directora)

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ÍNDICE

FICHA TÉCNICA

ACTUALIDADES Copa-Cocega reclama medidas urgentes para os ovinos........................................................6 Itália, leite com rotulagem ..........................................6 X Leilão Nacional do Ovino ........................................6 Cargil tenciona adquirir Raggio di Sole Spa ..............8 JEFO inaugura delegação para o Sul da Península Ibérica: ADICOE ..............................8 PAVO tem nova fábrica em Madrid ............................8 Produtores de gado britânicos também querem a regulação dos contratos lácteos..........10 Reduzir a volatilidade do preço das matérias-primas ............................................10 Seminário IACA ........................................................10 ANIL: Uma resposta para o Sector, um rumo para o País ...........................................47

ENTREVISTA Carlos Lourenço (Sócio-gerente da empresa Lourenço & Filhos)...............................................12

PRODUÇÃO Calor em vacas leiteiras ...........................................18 Soluções nutricionais para redução do Stress do Calor em vacas leiteiras .................................18 Tecnologia OPTITEK ................................................22 Impacto e gestão nutricional do stress por calor em vacas de leite..................................28 Equilibrar a nutrição e a alimentação na produção de leite nos Açores .........................32 Alimentar em tempo de crise - Seminário Vetagri Alimentar ..............................34 As soluções técnicas Pioneer...................................38 Prolactum: Novo indutor lácteo promove o aumento da produção de leite em vacas leiteiras ..............40 Acidoses em novilhos...............................................44 Veterinário em campo: Criação de novilhas

Gerir o parasitismo em função da exploração.....48 Controlo do vector da doença da língua azul ............50 O Mercado de matérias-primas alimentares e a política europeia de OGM’s..............................52 A importância da desinfecção após a ordenha ........54

Observatório de preços das matérias-primas ..........24 Observatório de preços de leite no Mundo ..............42

EQUIPAMENTOS Count-it: Medição de água e electricidade...............36 Plurivet: Apresenta portão para pivô ........................36 Roundup® GPS: Tecnologia e precisão contra as infestantes............................................36 GreenDrill: Para a sementeira de culturas intercalares........................................36 França: Um contador eléctrico no centro da sala de ordenha ..............................................37 Apontando direcções: A John Deere estabelece as directrizes para o crescimento futuro..............55 John Deere: Novas enfardadeiras série 900............56 Massey Ferguson: Novos telescópicos mais potentes.......................................................56 New Holland: Sistema de etiquetagem dos fardos, em enfardadeiras da série BB9000 .........56 Critérios para a escolha de uma enfardadeira .........58

FEIRAS

AGRADECIMENTOS

Explorações Agropecuárias de : | Carlos Alberto Cecílio | José Alberto Chula

IACA – Assoc. Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais

Negócios: Onde os compradores e os vendedores se encontram ................................60

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EDIÇÃO Nº2 JULHO | AGOSTO | SETEMBRO 2011 DIRECTORA

ECONOMIA

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ACTUALIDADES

MUNDO

Copa-Cocega reclama medidas urgentes para os ovinos

O Copa-Cogeca, Comité de Organizações Profissionais Agrícolas e de Organizações Cooperativas da União Europeia, reclama medidas urgentes para aumentar a produção comunitária de carne de ovino, no quadro da Política Agrícola Comum (PAC) pós-2013, alertando para o facto de a produção da União Europeia estar em declínio e existir um êxodo das áreas rurais. Emmanuel Coste, presidente do Grupo de Trabalho Copa-Cogeca sobre o sector, advertiu que "a produção da UE continua a cair e que essa tendência deverá continuar em 2011". Para este responsável do Copa, "mesmo que os preços sejam bons, os custos de produção têm vindo a subir rapidamente, o que está a condicionar fortemente os produtores. Tendo em conta o facto de a procura de carne de ovino estar a aumentar em outras

partes do mundo, a UE deve manter o seu sector de produção de ovinos no sentido de garantir o abastecimento aos consumidores". Por outro lado, o Secretário-Geral da organização, Pekka Pesonen, afirmou que o "Copa-Cogeca solicita à Comissão Europeia que assegure medidas suficientes no âmbito da futura PAC para estimular a produção e o consumo, assim como incentivar os jovens agricultores a entrar no sector. Afinal, a produção de carne de ovino impulsiona as economias das zonas rurais da UE e contribui para a manutenção da biodiversidade", concluiu.

Itália, leite com rotulagem

O Ministro da Agricultura italiano, Saverio Romano, já assinou o decreto que regulamenta a rotulagem de origem de produtos alimentares, apelidado em Itália como “decreto da etiquetagem transparente”. Este decreto, ainda que aprovado por unanimidade pela Camâra de Deputados de Itália, tem ainda que ser notificado e aprovado por Bruxelas. Segundo as novas regras para produtos alimentares não transformados, o rótulo deve fazer referência ao local de origem ou de proveniência, quer dizer, o país de produção. Para os produtos alimentares transformados, o rótulo tem que fazer referência ao local em que se produziu a última transformação substancial e o lugar de cultivo ou criação da matéria-prima agrária principal utilizada na preparação da produção do produto em questão. O rótulo deve também assinalar os ingredientes utilizados onde há presença de OGM.

X Leilão Nacional do Ovino

No pasado dia 12 de Maio teve lugar no salão de actos do recinto da feira de Talavera de la Reina (Toledo), o X Leilão Nacional do Ovino. O acto teve uma grande afluência de público e contou com a assistência de umas 200 pessoas. Pelo quinto ano consecutivo, a Nanta foi o patrocinador do evento, seguindo a sua linha de aposta no futuro do sector dos ovinos de carne. A inauguração oficial esteve a cargo de Francisco Martínez – Director Geral de Produções Pecuárias de Castilla y la Mancha – e de Carlos Angel Devia – presidente do recinto da feira de Talavera. O evento contou com várias apresentações, nomeadamente a de Gema Arroyo, veterinária de ruminantes da Nanta na região centro, que comentou as diversas experiências que

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foram concluídas com o desenho dos produtos Complecor, sistema de alimentação à base de alimento completo ad libitum e sem palha. Seguidamente, Julián Piraces – sócio da empresa LAMM (Saragoça) – falou sobre os passos necessários para implementar uma declaração de rotulagem, um tema muito actual porque estar directamente ligado à obtenção de ajudas públicas. Piraces realçou que a certificação não é um fim em si mesmo mas um caminho para conseguir um objectivo que é um estimulo ao consumo. Também se referiu à importância que tem para o mercado o facto de que os consumidores exigirem cordeiro nacional. Posteriormente interveio Pedro Diez – Chefe de Sº de ovino do MARM – que reviu o presente e o futuro das ajudas ao sector do ovino de carne. Recordou também a descida

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nos sensos entre os anos de 1992 – reforma da PAC – e 2009 – que supuseram uma descida de mais de 20%. Para além disso referiu outros números do sector, como a concentração do número de explorações e a estabilidade do volume de abates em peso, ainda que o número de cabeças tenha subido devido à tendência do abate de animais mais pequenos, segundo os últimos dados publicados em 2010. Por último, Diez insistiu na importância da etiquetagem facultativa e na mudança de usos e costumes dos consumidores finais. A última apresentação esteve a cargo de D. Francisco Martínez Arroyo, Director Geral da Produção Agropecuária da Junta de Castilla la Mancha, que descreveu a situação do sector ovino na sua Comunidade Autónoma.



ACTUALIDADES

EMPRESAS

JEFO Inaugura delegação para o Sul da Península Ibérica: ADICOE

No passado dia 31 de Maio, a multinacional do sector dos aditivos para nutrição animal, Jefo, inaugurou em Badajoz a delegação para o Sudoeste da Península Ibérica - a ADICOE -, com uma assistência de mais de 40 empresas fabricantes de ração e de correctores de Portugal e Espanha. A ADICOE é uma empresa nova, gerida por José Luis Fernández, médico veterinário especialista em nutrição animal, com uma larga experiência profissional em empresas líderes do sector da nutrição como a

Purina Agribrands e a Cargill, onde desempenhou as funções de Gestor de Produto de Porco Ibérico, entre outros. O encontro terminou com um almoço onde os participantes puderam trocar opiniões e preocupações acerca dum sector muito importante para o desenvolvimento económico do Sul da Península Ibérica, que atravessa uma importante crise mas que sem dúvida sairá dela com êxito e reforçado a curto prazo.

Cargill tenciona adquirir Raggio di Sole SpA

A Cargill anunciou que planeia adquirir a empresa de alimentação animal Raggio di Sole SpA, uma empresa italiana que conta com 4 unidades de produção e 150 empregados. A Cargill vê esta aquisição como uma "extensão natural" do seu negócio de nutrição animal, em Itália, uma vez que vez que já possui um negócio focalizado no sector de bovinos de leite e irá criar oportunidades noutros

segmentos. O acordo está, no entanto, sujeito à aprovação. Silvio Ferrari, presidente de negócios da Cargill em Itália, comentou: "Este anúncio demonstra ainda mais o compromisso da Cargill em expandir seus negócios de nutrição animal em Itália. Estamos no País há quase 50 anos, gostaríamos de acrescentar a Raggio di Sole SpA ao nosso portfólio", disse.

Luisa Bonati, presidente da Raggio di Sole SpA, também comentou: "Estou muito feliz por a nossa empresa vir a estar em tão boas mãos no futuro. Temos trabalhado muito para que a Raggio di Sole SpA seja a empresa que é hoje e estou confiante de que, juntamente com a Cargill, a nossa dedicada equipa profissional vai continuar a estar comprometida com a qualidade e a excelência.

PAVO tem nova fábrica em Madrid

A Pavo inaugurou a sua nova fábrica de alimentos para cavalos em Pinto (Madrid). A marca holandesa Pavo elegeu o grupo Nanta para a fabricação e comercialização das suas rações para cavalos em Espanha e Portugal. Esta grande aposta entra na estratégia da Pavo de se consolidar como a principal marca europeia de alimentos e suplementos para cavalos. A nova fábrica conta com os últimos avanços na fabricação e uso de matérias pri-

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mas, além da moderna linha de ensacamento, com muitas possibilidades de uso de diferentes tamanhos e fechos de sacos. Perante as expectativas criadas, realizaram-se duas jornadas de apresentação, à primeira das quais assistiram 80 pessoas pertencentes às equipas directivas da Nanta em Portugal e Espanha, assim como uma representação de colegas da Sada e Nutreco Espanha. Também assistiu Anton Baarslag,

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Gerd Botter, Director Geral da Nanta, falou sobre a história da Pavo e o seu posicionamento no mercado europeu.

Director Geral da Pavo para toda a Europa. Entre os assistentes estiveram ainda os parceiros de diferentes associações: Venancio Garcia – Secretário Geral da RFHE -, Pedro Rey – Director Técnico de Ancades, e Jacobo Rojo – Director de Competição da Ancce. À segunda jornada assistiram os distribuidores e as equipas comerciais da Nanta. Esta convocatória teve um grande êxito, com a participação de mais de 200 pessoas.



ACTUALIDADES

MUNDO

Seminário IACA O Controlo da Qualidade na Fileira da Alimentação Animal: APPCC e Dioxinas

(Comunicado IACA) — Passados 5 anos da entrada em vigor da nova legislação relativa à higiene dos alimentos para animais e preocupada com a Qualidade na Fileira da Alimentação Animal, numa altura em que é tão importante garantir a Confiança nos produtos portugueses, a IACA promoveu um Seminário subordinado ao tema “ O Controlo da Qualidade na Fileira da Alimentação Animal: APPCC e Dioxinas” que se realizou em Fátima, no passado dia 17 de Junho, e que contou com a presença de cerca de 100 participantes. Na introdução ao tema, Pedro Corrêa de Barros, presidente da IACA e Fernando Anjos, assessor destacaram a importância do cumprimento das normas previstas no Regulamento Higiene e a necessidade de desenvolver sistemas de controlo de qualidade que garantam a segurança dos alimentos produzidos, designadamente a implementação do APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controlo). Foi ainda recordado que todos os operadores são co-responsáveis pela segurança dos produtos ao nível da cadeia alimentar, bem como a recente crise das dioxinas na Alemanha. Do debate, destacam-se as seguintes conclusões.

Porque a segurança alimentar constitui hoje um elemento fundamental para a presença de qualquer empresa no mercado, o controlo da qualidade assume uma importância decisiva, sendo essa uma responsabilidade que deve ser exercida em todos os pontos da cadeia alimentar. Este aspecto é tanto mais relevante quanto é sabido que as regras que são impostas em matéria de segurança alimentar na União Europeia não são semelhantes às condições de produção das matérias-primas importadas de Países Terceiros, o que exige uma maior atenção e preocupação, quer da parte das empresas, quer das autoridades oficiais. É importante que os operadores interiorizem e assumam estas exigências de Qualidade, no interesse de toda a Fileira da Alimentação Animal porque quando existem problemas ao nível da segurança alimentar todo o Sector é considerado culpado perante a opinião pública. Por último, ficou claro que a indústria dos alimentos compostos para animais não é produtora de dioxinas e que a generalidade dos problemas que têm ocorrido, ficou a dever-se a matérias-primas que não cumprem os requisitos legais de segurança alimentar, tendo sido deixado um alerta ás empresas para que exijam Certificados de Qualidade aos seus fornecedores.

Reduzir a volatilidade do preço das matérias-primas Estabelecer um Sistema de Informação de Mercados Agrários, aumentar a transparência dos mercados de futuros, melhorar o acesso aos mercados, e eliminar as restrições à importação e à exportação, são algumas das recomendações de um relatório, cuja elaboração solicitaram os dirigentes do G-20 na cimeira que celebraram em Novembro de 2010. O relatório, apresentado à Presidência francesa do G-20 no passado dia 2 de Junho, contém opções sobre a forma de mitigar e gerir melhor os riscos relacionados com a volatilidade dos preços dos alimentos e outros produtos agrícolas, sem destorcer o funcionamento do mercado, com o objectivo de proteger em última instância os mais vulneráveis. Em relação aos mercados de futuros, o relatório recomenda algumas medidas para melhorar a sua transparência, como utilizar limites de posição especulativos para assegurar o controlo de influências de mercado indevidas, usar limites máximos de variação diária de preços para evitar a volatilidade e dispor de limites máximos de existências em armazéns de empresas não comerciais para limitar a possível manipulação do mercado. Quanto ao sistema de informação proposto, este deveria basear-se em dados precisos e actuais sobre produção, consumo e existência de alimentos proporcionados pelos governos do G-20. O relatório também recomenda desenvolver planos de contingência que ajustem as políticas de fomento para a produção e/ou consumo de biocombustíveis com a oferta de alimentos.

Produtores de gado britânicos também querem a regulação dos contratos lácteos

A principal organização profissional agrária do Reino Unido, a NFU, pediu ao Departamento de Assuntos Rurais (DEFRA) que regule legislativamente os contratos de compra-venda de leite cru, seguindo as recomendações do Grupo Lácteo de Alto Nível. Para além de incluir com contratos escritos regulados, a NFU também solicita que os produtores possam negociar conjuntamente o preço do leite e que se melhore a

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transparência da cadeia produtiva. A NFU elaborou um modelo de contrato que noutras especificações inclui um apartado referido ao preço. Segundo esse modelo, o contrato teria que reflectir um preço base, que poderia ser fixo ou ser determinado por uma fórmula. Também deveriam recolher-se os prémios e descontos por gordura e proteína, “primas” estacionais e pagamentos por recolha e transporte.

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O modelo do contrato também inclui a duração, os volumes, as características do leite, condições de pagamento, coleta, amostragem, indemnizações por incumprimento entre outros. Com estas medidas, a NFU espera melhorar o preço do leite, uma vez que o preço britânico, juntamente com o espanhol e o português são os mais baixos da UE-15.



ENTREVISTA

DA TRADIÇÃO À EXCELÊNCIA Entrevista a Carlos Lourenço

Sócio-gerente da empresa Lourenço & Filhos Foi com o “Picante da Beira Baixa” que João Pires Lourenço começou a curar e comercializar queijo, já lá vão mais de quarenta anos. O negócio cresceu em família, com os filhos e hoje, a marca Queijos Lourenço chega ao consumidor final de todo o País através de uma rede de revenda com uma produção anual na ordem dos 100 mil kg. Para além da queijaria, a empresa Lourenço & Filhos explora cerca de mil hectares de terra no concelho de Vila Velha de Rodão, distrito de Castelo Branco, onde tem um efectivo de 2000 ovinos de leite. Ruminantes: Como começou este negócio? Carlos Lourenço: O meu pai já tinha algumas propriedades dispersas onde fazia agricultura e se dedicava à produção de suínos. Foi na altura em que me estabeleci como jovem agricultor, em 1988, que a actividade agrícola propriamente dita teve grande desenvolvimento. Começámos com 8 hectares de tabaco e com 200 ovelhas, numa exploração de 135 hectares que comprámos para a minha instalação como Jovem Agricultor. Entre 1996 e 1998, quando começámos a fazer tabaco montámos quatro pivots. Fazíamos também as culturas para as ovelhas, sorgo, Fertifeno, Speedmix… A modernização da nossa exploração deve muito à cultura do tabaco, pois esta cultura é de uma exigência

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tal que nos obrigou a sermos totalmente profissionais, qualquer descuido levaria a grandes perdas. Aprendemos a adoptar para todas as outras actividades um modo perfeccionista de trabalhar. Actualmente, temos 3 explorações localizadas nas freguesia de Perais, concelho de Vila Velha de Rodão, distrito de Castelo Branco, onde temos um efectivo de cerca de 2000 ovinos de leite. No total são 1020 hectares, 400 dos quais arrendados, e 620 próprios (dos quais 120 são de regadio).

Ruminantes: Que raças tem? Carlos Lourenço: Assaf e Lacaunes, ultimamente temos vindo a apostar nas Lacaunes, mas talvez tenhamos que dar um passo atrás e voltar à base inicial que era mais Assaf. As Lacaunes a nível do frio são muito mais exigentes, apesar de terem um melhor afilhamento do que as Assaf, que têm uns úberes muito maiores e tetos mais grossos, mas a nível do pico e da duração do período de lactação as Assaf são superiores.

Ruminantes: Utiliza raças puras? Carlos Lourenço: Na ordem dos 80%. Porque os nossos animais andam no extensivo e o puro torna-se mais complicado.

Ruminantes: Tem os rebanhos separados por raças? Carlos Lourenço: Nem sempre, mas tentamos que isso aconteça com os núcleos que vão ficar para as borregas da reprodução (substituição).


ENTREVISTA

Ruminantes: Que sistema de ordenha tem? Carlos Lourenço: Nós ordenhamos todo o ano, duas vezes por dia. Temos as ovelhas separadas por lotes de produção, um a começar a partir de Agosto, e outro a começar em Dezembro. A primeira sala de ordenha foi montada em 1990, uma ordenha mecânica Westfalia (GEA Farm Technologies). Muito mais tarde, em 2002, adquirimos duas salas topo de gama Westfália (GEA Farm Technologies) de saída rápida.

Ruminantes: Qual a produção média por animal? Carlos Lourenço: A média por animal, no pico, ronda os 1,2 litros por dia. Não nos podemos esquecer que os nossos animais não estão estabulados, vão sempre à pastagem, excepto quando estão dias de muito mau tempo, nestes dias têm um complemento alimentar nas manjedouras do ovil, através do reboque unifeed. São núcleos bastantes grandes e por isso é difícil ter médias mais altas. Ruminantes: Quais os parâmetros médios da qualidade do leite? Carlos Lourenço: Quando estão no pico de produção a gordura média oscila entre os 6 e 7%, e o teor proteico entre os 5,0 e 5,4%. Ao nível das células somáticas temos vindo a ter resultados dentro dos parâmetros considerados aceitáveis, mas o mais importante é cumprir a lei no que diz respeito aos valores de mesofilos e dos inibidores. É uma exigência que colocamos a nós próprios e às explorações que connosco trabalham na entrega de leite na queijaria, pois o não cumprimento acarreta graves problemas para a queijaria e para os próprios produtores. Quem produz leite é tão responsável como quem o transforma, a lei é muito clara e dura para quem prevarica. Todos os factores que acabei de referir têm muita importância na qualidade do produto final – o queijo.

Ruminantes: Que tipo de instalações tem nas explorações? Carlos Lourenço: Evoluimos muito desde o inicio. Remodelámos o ovil numa das explorações, mantivemos nas paredes as estruturas em pedra mas no telhado aumentámos a altura, e passámos a utilizar estrutura metálica para que os tractores e o unifeed, que são máquinas com algum porte, pudessem entrar para fazer a limpeza, distribuir o alimento, etc. A outra exploração, onde fizemos o ovil de raiz, tem actualmente 2400 m2 de área coberta com duas naves separadas de 1000 m2 cada. A restante área corresponde à sala de ordenha e ao armazém para o feno que produzimos. As instalações têm umas condições excelentes, com isolamento térmico. Ruminantes: Faz uma gestão do efectivo em função dos dois montes (herdades) que tem? Carlos Lourenço: Cada rebanho mantém a sua base, mas podemos passar animais de um rebanho para o outro em função da altura de produção. O rebanho da

Aspecto parcial da sala de ordenha

Coutada tem sempre a sua parição em Dezembro, e o da Urgueira em Julho/Agosto para vendermos os borregos no final de Agosto. A Urgueira é a exploração que tem melhores condições a nível de ovil, com melhor isolamento térmico, permitindo aos animais um conforto que não é fácil conseguir nesta zona, pois chegamos a ter temperaturas superiores a 40ºC.

Ruminantes: Relativamente à alimentação o que é que mudou? Carlos Lourenço: Foi um volte face de 180º. No início fazíamos o centeio e a aveia como forragens para os animais e os tradicionais alqueives. O encabeçamento por hectare era muito menor, porque essas culturas tinham produtividades muito inferiores. Os animais praticamente comiam aquilo que a terra lhes dava, ainda que já na altura tivéssemos algumas culturas especificas para elas, como por exemplo uma variedade muito rústica de tremocilha. Apesar de ainda utilizar a tremocilha, hoje em dia é muito diferente, passámos de 1,5 ha regados, quando a ribeira tinha água, para 4 barragens que regam 120 ha, com o potencial de aumentar significativamente a área regada através de uma nova barragem construída no concelho.

Ruminantes: Em termos de complementos alimentares, como faz? Carlos Lourenço: Ao longo destes anos fomos sempre dando o concentrado na sala de ordenha. Ultimamente, temos feito uma gestão diferente. Desde há cinco ou seis anos temos vindo a utilizar um alimento pré-parto, para preparar os animais para uma fase de

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ENTREVISTA

Ruminantes: Que gestão do rebanho faz? Carlos Lourenço: Temos sincronização de cios, mas não com a intensidade que já fizemos no passado. Chegámos a usar esponjas mas devido ao custo que isso acarreta, ultimamente apenas tentamos sincronizar os cios com a alimentação, o chamado “flushing”, aumentar a quantidade e qualidade da alimentação 3 semanas antes de lançarmos as ovelhas aos carneiros, e até 3 semanas após a cobrição. Isto tem-nos permitido em ambos os rebanhos ter mais de 500 ovelhas a parir num mês.

Vista do ovil

grande exigência e assim conseguirmos que cheguem com um índice corporal que facilite a fase final da gestação e inicio da lactação.

Ruminantes: A alimentação é diferente para as altas produtoras? Carlos Lourenço: Temos situações diferentes, inclusive na ração, pois temos rações especificas adaptadas à curva de lactação, a Ovilactal Coutada para as altas produtoras, quando estão no pico e até se encontrarem a produzir bem; e a Ovilactal Urgueira para quando a produção começa a baixar, que é uma ração com menos proteína e não tão rica em termos energéticos. O objectivo é reduzir os custos com a alimentação do rebanho. Utilizamos também o unifeed para distribuição das forragens que são produzidas por nós, excepto a palha, porque não produzimos cereais. Desde o Speedmix aos Fertifenos e às silagens é tudo posto no carro unifeed e depois distribuído em quantidades diferentes, de acordo com o local da curva de lactação em que se encontram.

Ruminantes: Que forragens produz, e porquê essas e não outras? Carlos Lourenço: Tentamos produzir culturas que sejam ricas em proteína e que tenham boas produtividades. Podemos vir a optar por outras culturas, mas neste momento apostamos nos Speedmix, Fertifenos e silagem de milho porque têm tido bons resultados, quer a nível de qualidade quer a nível de quantidade, permitindo uma boa gestão da produção e alimentação do rebanho.

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Ruminantes: Que taxa de reposição tem? Carlos Lourenço: Estamos com cerca de 15% ao ano. Neste momento não estamos a comprar animais fora, preferimos aproveitar os animais criados na própria exploração, adaptados ao nosso maneio, e que descendam das melhores mães. Desde que optamos por este maneio temos tido resultados completamente diferentes dos obtidos quando comprávamos animais fora. Apenas os machos continuamos a comprar fora, é a alternativa que temos para refrescar sangues evitando assim problemas de consanguinidade.

Ruminantes: Que critério tem para seleccionar as borregas de substituição? Carlos Lourenço: Seleccionamos pelas melhores mães, com maior produção de leite.

Ruminantes: A gestão que faz do rebanho é a pensar produzir mais leite no Verão, quando o preço do leite é mais alto, mas o custo de produzir este leite também é mais alto. Apesar disso é rentável? Carlos Lourenço: Tenho que analisar esse dilema de 2 perspectivas, pois para além de criador de ovinos de leite, também sou sócio na queijaria. No Verão há menos leite e por isso o preço está mais alto, no entanto também é mais difícil produzir no Verão, por isso investimos no regadio. Em relação a produzir no Verão, e apesar dos custos serem mais altos e os animais produzirem menos, existem grandes vantagens, pois elimina o pico de produção brutal na Primavera, com todas as dificuldades que daí advêm, — imagine 1500 animais a serem ordenhados ao mesmo tempo em vez dos actuais 750 distribuídos ao longo do ano. Até o próprio funcionamento da exploração é mais fácil.

Ruminantes: Mas qual é o custo extra de produzir no Verão? Carlos Lourenço: Temos sempre que considerar entre 10 a 20%. Ruminantes: Quantos empregados tem na parte agricola? Carlos Lourenço: Temos oito empregados efectivos. Quando fazíamos tabaco, neste período e até Novembro tinhamos cerca de 40 pessoas. É importante conseguir manter os postos trabalho neste período de crise, pois é uma região que não tem muita oferta de


ENTREVISTA

Carlos Lourenço e João Pires Lourenço

emprego. São empregados polivalentes, a começar por mim que sou o primeiro a dar o exemplo, fazemos de tudo um pouco, desde tractorista, a limpar oliveiras, a cuidar das ovelhas. Depende da altura do ano e do aperto que houver. Chegamos a ter 70 ovelhas a parir no mesmo dia, com partos duplos e alguns triplos, isso obriga a grande flexibilidade dos empregados para desempenhar esta tarefa e outras que continuam a ser necessárias ao mesmo tempo. Ruminantes: Qual a gestão dos residuos que existe nas explorações? Carlos Lourenço: As nossas explorações estão licenciadas, o estrume produzido nas explorações é espalhado directamente nas nossas terras. De qualquer forma e considerando que a nossa produção é em regime semi-extensivo os resíduos não são muitos.

Ruminantes: Recorre a serviços de outsourcing? Carlos Lourenço: Por norma, recorremos aos serviços disponibilizados pelos fornecedores. Pensando nas máquinas agrícolas, nós fazemos a manutenção básica mas as mais complicadas é a própria marca que faz o serviço. A nível do aconselhamento técnico da produção do rebanho, desde há muito tempo que recorro aos técnicos da Purina, para analisar as forragens aqui produzidas e poder desenhar uma dieta adequada às necessidades do rebanho em cada momento, maximizando o uso das forragens aqui produzidas. Por via da aquisição do negócio Purina pela Nanta, esse ser-

viço é feito pela Nanta, mas pelos mesmos técnicos, que continuam a dar a sua contribuição, que considero útil e por isso trabalho com estas duas marcas já há muitos anos. Apesar de muito pressionado por outras empresas considero que em equipa que ganha não se mexe, e tem sido esta continuidade que tem produzido bons resultados. O objectivo de uma empresa agrícola de ovelhas de leite é sem duvida produzir o litro de leite ao valor mais baixo possível, e este objectivo só é concretizável se existir uma maximização das forragens produzidas na exploração e uma minimização de todos os custos envolvidos sem nunca por em risco a produção de leite e a qualidade do próprio leite.

Ruminantes: Que objectivos tem para o negócio, no futuro? Carlos Lourenço: O objectivo número um é produzir cada vez mais, mas sempre com qualidade, não abdicamos deste aspecto. O lema tem sido produzir mais, sim, mas bem, com qualidade, para que o produto que vendemos possa ser valorizado. Este incremento não passará pelo aumento da produção por animal, porque com o sistema semi-extensivo será difícil, mas sim por aumentar o encabeçamento, embora isto esteja dependente da conjuntura, pois obriga ao aumento dos postos de trabalho e isso nos ovinos não é fácil. Ruminantes: Como é que relaciona o conceito “sustentabilidade” com o seu negócio? Carlos Lourenço: É algo com que me preocupo diariamente, quer na exploração quer na queijaria. A eco-

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ENTREVISTA

Fátima Lourenço, biotecnóloga e sócia-gerente da empresa, dirige a queijaria.

nomia de água e de energia é um ponto fundamental. No que se refere às regas, por exemplo, regamos somente de noite quando a energia é mais barata e a rega mais eficaz. Montámos um sistema de microgeração na exploração, estamos a usar caroço de azeitona como fonte energia na queijaria, etc. Tudo o que possa melhorar a sustentabilidade e diminuir custos será sempre bem vindo. Ruminantes: A comercialização do leite que produz é escoada através da queijaria. O que faz aos borregos? Carlos Lourenço: Sou sócio do agrupamento a Beiragado, e como tal temos a comercialização garantida através desse agrupamento.

Ruminantes: A queijaria aparece por oportunidade de negócio ou é tradição familiar? Carlos Lourenço: As duas coisas, vem por tradição porque o meu Pai iniciou a comercialização de queijo em 1965, na altura comprava os queijos nas explorações agrícolas, curava-os e depois vendia ao comércio. Em 1998, quando fundámos a Lourenço e Filhos, a minha irmã terminou o curso de Biotecnologia, e decidimos então aumentar o negócio que, até então, era pequeno e rudimentar baseado no fabrico de queijo com o leite produzido na nossa exploração. Com a experiência do meu pai actualizada pelos conhecimentos da minha irmã, encontrámos uma oportunidade de comercializar melhor o leite que produzíamos.

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Queijaria: aspecto parcial da linha de fabrico.

Foi por estas razões que fizemos esta unidade completamente renovada e bem equipada.

Ruminantes: Quantos litros de leite recolhe por ano? Carlos Lourenço: Em 2010 recolhemos cerca de 800.000 litros, em 14 produtores. Ruminantes: Qual é a produção de queijo? Carlos Lourenço: Produzimos em média 100 mil kg anualmente.

Ruminantes: Com que critério são seleccionados os produtores? Carlos Lourenço: Os produtores são seleccionados de acordo com diversos parâmetros, entre eles a vontade de se adaptarem a produzir leite de qualidade, sujeitos a um programa de produção e um intenso controlo de qualidade do leite, assim como ao cumprimento dos requisitos definidos por lei para o bem estar animal e segurança alimentar. Este modelo foi na altura sugerido pela Purina, permite controlar as explorações e pressupõe um acompanhamento total do processo produtivo, em que os produtores recebem recomendações de melhoria baseadas em auditorias efectuadas periodicamente. Aqueles que não as implementarem não poderão fazer parte deste projecto, não podem vender leite para a Lourenço e Filhos. Na verdade, e depois destes anos a trabalhar com estes métodos, temos um grupo de produtores muito bom, em que o resultado é a produção de leite de qualidade e bastante


ENTREVISTA

O processo de cura do queijo “Picante da Beira Baixa” é feito sobre palha.

homogéneo, que nos permite uma grande homogeneidade na qualidade do queijo.

Ruminantes: Que tipos de queijo produz? Carlos Lourenço: Nós produzimos os três tipos de queijo da Beira Baixa, porque podemos certificar qualquer um deles. O Amarelo da Beira Baixa, o Picante da Beira Baixa, com que o meu pai começou a actividade, e o queijo de Castelo Branco (ou o ovelheira) que é muito conhecido aqui na nossa região. São estes três tipos de queijo, com vários tamanhos em função das exigências do mercado. Hoje pedem-nos queijos de menor tamanho.

competitivas. Mas acho que tem que existir algo diferente a partir de 2013, caso contrário grande parte das explorações não terão viabilidade económica. A falta de leite, nomeadamente, pode pôr em causa os produtos regionais. Entendo que a Politica Agrícola deve proteger quem produz, caso contrário poderemos ter um país cada vez mais deserto.

Ruminantes: Como é feita a comercialização? Carlos Lourenço: Grande parte das vendas são feitas aqui na queijaria, não só ao consumidor final mas também a revendedores que carregam aqui. Outra parte, sobretudo no alto Alentejo e zona centro do País, é feita através de supermercados e em feiras. Não estamos na grande distribuição, porque ainda não conseguimos encontrar nenhuma grande superfície que queira comprar os nossos produtos ao preço que consideramos justo, ou seja, um negócio interessante para os dois lados.

Ruminantes: Como vê o futuro depois de 2013, quando terminar esta PAC? Carlos Lourenço: Com grande preocupação, apesar de tentarmos que a exploração e a queijaria se mantenham actualizadas tecnologicamente, para poderem ser

Expositor dos produtos da Queijaria Lourenço, com a marca “Queijos Lourenço”.

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PRODUÇÃO

ALIMENTAÇÃO

Soluções nutricionais para redução do Stress do Calor em vacas leiteiras Pedro Carmona, Eng.º Zootécnico, Alltech Portugal

As elevadas temperaturas durante o Verão têm um impacto negativo na produtividade, saúde e fertilidade das vacas leiteiras afectando a eficiência económica das explorações em Portugal. O stress calórico manifesta-se assim que as condições da temperatura e humidade relativa, exacerbadas pela produção de calor metabólico interno, se distanciam da zona de conforto térmico do animal. Associados ao aumento da temperatura, os animais respondem pela redução da ingestão de matéria seca (IMS) na ordem dos 10-15%, seguida de uma quebra na produção que varia entre 3-20% e um risco mais elevado de problemas metabólicos. É importante reflectir sobre as implicações económicas do stress do calor, assim como as medidas que dispomos de forma a atenuar o seu impacto na produtividade assim como a eficiência reprodutiva da exploração.

PERÍODO PRÉ-PARTO

Tradicionalmente, o período seco recebe atenção limitada do ponto de vista de maneio e nutrição, sendo o risco de stress do calor erradamente negligenciado, uma vez que está associado usualmente aos animais em produção. É importante no entanto considerar que vários factores de stress e adaptações fisiológicas, associados ao incremento da temperatura, resultam no aumento da susceptibilidade dos animais a problemas metabólicos no período de transição. É cada vez mais evidente o problema do efeito recorrente do Verão na eficiência reprodutiva das vacas no Outono/ Inverno. Uma vez que são necessários 4050 dias para que um folículo se torne dominante e ovule, existe uma grande possibilidade que o folículo e o oocisto possam ser danificados pelo aumento da temperatura, reduzindo a possibilidade de se tornar viável comprometendo a fertilidade. Vários estudos sugerem que a diminuição dos factores de stress do calor como a existência de sombras e sistemas eficientes de arrefecimento no período seco, melhoram as taxas de concepção, reduzindo os dias em aberto e o número de casos de refugo associados a baixa performance reprodutiva.

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PERÍODO PÓS-PARTO

O melhoramento genético com base no aumento da produção de leite conduziu a um acréscimo da produção de calor metabólico predispondo as vacas de elevado mérito produtivo a uma maior susceptibilidade ao stress do calor. A resposta metabólica devida ao incremento da temperatura resulta num aumento dos requerimentos nutricionais das vacas em produção na ordem dos 20%. Contraditoriamente, a redução da IMS, predispõe as vacas a uma menor disponibilidade de nutrientes exacerbando o balanço energético negativo e o consequente impacto na produção de leite. Uma das estratégias nutricionais mais comuns como resposta ao stress do calor é o aumento do nível de concentrado da dieta podendo conduzir à redução do pH ruminal e elevando o risco de acidose. A solução da Alltech RumenateTM, dispõe de ingredientes que elevam a capacidade tampão do rúmen, promovendo deste modo a ingestão de matéria seca e a máxima disponibilidade de nutrientes para manutenção e produção, particularmente importantes quando a IMS está comprometida.

Produção de Leite (kg/h/d)

Produção de Proteína (kg/h/d)

Eficiência de Conversão (kg leite/kg IMS)

Controlo Rumenate TM*

Signif.

30.6

33.0

p = 0.072

0.82

0.88

p = 0.096

1.56

1.62

+3.8%

Temp. Min.18°C (SD= 3.2°C), Max. 28 °C (SD= 4.6°C) Novais , Cabrita, Gomes e Fonseca - Portugal, 2006



PRODUÇÃO

ALIMENTAÇÃO

METABOLISMO REPRODUTIVO E IMUNIDADE

A redução de actividade motora e a redistribuição da corrente sanguínea para órgãos periféricos compromete a actividade hormonal, diminuindo a duração e expressividade dos cios e conduz a um aumento da incidência de anestro. A partição das fontes de energia e outros nutrientes como a glicose é priorizada pela vaca, devido a um processo adaptativo, para manutenção e produção sendo apenas posteriormente direccionada para o desempenho da função reprodutiva. Uma vez que o oocito, e o embrião utilizam exclusivamente glicose como fonte de energia para o seu desenvolvimento, a redução do crescimento folicular e o aumento de morte embrionária são algumas das implicações que afectam negativamente a fertilidade quando a disponibilidade de nutrientes é deficiente. O Yea-Sacc1026® da Alltech (disponível através da suplementação de RumenateTM), reduz o balanço de energia negativo, medido pela menor concentração de ácidos gordos não esterificados (NEFA) no plasma no pós-parto.

A incidência de algumas doenças aumenta significativamente nos meses de Verão como mastites, retenções de placenta e metrites. Estudos epidemiológicos mostram que a redução de fertilidade está também associada a problemas no aparelho reprodutivo, glândula mamária, e problemas metabólicos como cetoses, calcitonémia e deslocamento de abomaso. O selénio orgânico (Sel-Plex®), parte integrante da solução ElevateTM tem um papel fulcral na fertilidade

e na modulação do sistema imunitário comprometidos devido ao stress do calor. Um estudo desenvolvido pela Universidade da Flórida pelo Dr. William Thatcher, claramente demonstra um aumento da taxa de prenhez na 2ª inseminação com a utilização do selénio orgânico em ElevateTM.

A suplementação com o ElevateTM poderá ser considerada para que haja uma maior bio-disponibilidade de selénio orgânico, promovendo uma eficaz resposta imunitária ao combate de novas infecções e uma acção positiva sobre a eficiência reprodutiva da exploração.

CONSIDERAÇÕES FINAIS NO MANEIO

Para manter a qualidade da dieta, atenção redobrada no manuseamento da silagem, a rapidez de deterioração do alimento e o desenvolvimento de fermentações secundárias no corredor de alimentação são fundamentais. Assegurar que existe suficiente espaço na manjedoura para todos os animais são cruciais no plano de combate ao stress do calor. Limpar os bebedouros e manter a qualidade e disponibilidade de água de forma regular estimula o seu consumo (não esquecer que o leite é mais de 90% água). Aumentar o número de distribuições do alimento previne o desenvolvimento de colónias de fungos e bactérias. A utilização de capturantes orgânicos de micotoxinas presentes na solução RumenateTM, poderá ser uma ferramenta determinante para reduzir o impacto das micotoxinas na saúde e produtividade das vacas durante o Verão. Modificações pontuais na dieta poderão reduzir os efeitos negativos do stress do calor devendo ser acompanhados devidamente pelo nutricionista. O objectivo será optimizar a disponibilidade de nutrientes e minerais considerando o decréscimo da IMS, o aumento das perdas pelo suor e urina, assim como o aumento dos requerimentos nutricionais. Utilizar forragens de qualidade e elevada digestibilidade promovem um processo de fermentação mais eficiente e maior disponibilidade de nutrientes para produção.

SUMÁRIO

O stress do calor poderá ter implicações económicas consideráveis no sector do leite em Portugal. Tomar medidas preventivas no maneio e no ambiente promovem o conforto da vaca e a ingestão de matéria seca assegurando o desempenho produtivo dos animais. A nutrição é uma ferramenta fundamental para minimizar o risco de problemas metabólicos e de baixa imunidade, reduzindo o impacto, a longo prazo, da eficiência reprodutiva da exploração. Nota: Literatura disponível a pedido.

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PRODUÇÃO

ALIMENTAÇÃO

Tecnologia OPTITEK Provimi Iberia - Departamento de ruminantes cflecha@pt.provimi.com

INTRODUÇÃO

Nos nossos dias, os desafios que se colocam no universo da nutrição animal, são cada vez mais exigentes e diversificados: - respeitar as expectativas crescentes dos clientes e consumidores; - garantir a segurança alimentar; - salvaguardar o bem estar animal; - utilizar eficazmente os recursos naturais disponíveis; - ser ambientalmente responsável.

OPTITEK - O QUE É?

Uma tecnologia para potenciar a função natural do rúmen. Combina uma cuidada associação de estratos de plantas com uma mistura de óleos essenciais, rigorosamente selecionados. Parte dos seus componentes estão encapsulados, de modo a garantir uma eficiência acrescida e prolongada.

São estes desafios que motivam os técnicos, investigadores e nutricionistas da Provimi, a trabalhar diariamente em prol do seu objectivo maior : - “Formatar a nutrição do amanhã”.

Uma parte importante dos nossos programas de I&D estão orientados para os ruminantes e, obviamente, assumem particular importância os aspectos ligados ao rúmen e à sua função natural. Reduzir perdas e/ou incrementar eficiências são as linhas mestras que servem de base a muitos desses trabalhos.

FUNÇÃO RUMINAL

Uma obra-prima com dois actores principais

1) As “bactérias ruminais”, que desempenham o papel dos operários incansáveis a destruir e a construir estruturas e edifícios. São mais de 400 espécies diferentes que quebram as partículas mais complexas (proteínas, fibras, amidos) e/ou sintetizam nutrientes de mais fácil assimilação (proteína microbiana, ácidos gordos voláteis - AGV).

2) Os “protozoários ruminais”, são os predadores ecologistas, uma vez que, além de dar caça aos outros actores, promovem a reciclagem do lixo. Mais de 70 espécies dedicam-se a regular a microflora ruminal e a controlar a presença de toxinas e mycotoxinas nocivas.

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Perdas que se devem limitar, traduzem ineficiências e prejuízos

Produções que se devem favorecer, são valorizadas em leite ou músculo

OPTITEK - MODO DE ACÇÃO

Funciona como um regulador e potenciador natural dos principais metabolismos ruminais, nomeadamente o próteico e o energético:

METABOLISMO PROTEICO

A síntese da próteina microbiana ao nível ruminal – metabolismo próteico – processa-se com recurso a diversas fontes: - nutrientes básicos como o amoníaco (NH3) (3), que propícia um processo de sintese pouco eficaz; - nutrientes mais complexos, como os aminoácidos (2) ou os peptídeos (1) que permitem processos de síntese microbiana mais efectivos, com menos perdas.

O Optitek actua no sentido de limitar as perdas de amoníaco (3) e de favorecer uma maior disponibilidadede de peptídeos (1) e aminoácidos (2) . Assim, a eficiência obtida na síntese microbiana é directamente acrescida e permite uma melhor utiliza-


ALIMENTAÇÃO

Metabolismo proteico - modo de acção do OPTITEK.

ção e aproveitamento das fontes proteicas veiculadas pela alimentação.

METABOLISMO ENERGÉTICO

No rúmen, os amidos e a fibra veiculada pela alimentação, sofrem fermentações – metabolismo energético – que podem resultar em fontes de energia, ácidos gordos (AGV) mais ou menos eficazes, directamente assimiláveis pelo animal.

PRODUÇÃO

Metabolismo energético - modo de acção do OPTITEK.

As vias de produção - processos metabólicos de síntese - do propionato e do butirato são as mais eficientes, visto permitirem a obtenção da glucose (percursora da lactose do leite) à custa de menores perdas . São as populações ruminais de bactérias e protozoários e a sua respectiva proporção que vão determinar as “vias metabólicas” que serão percorridas. O Optitek actua sobre estas populações de modo a favorecer as vias metabólicas propiónicas e butíricas e,minimizando as perdas por metano (CH4).

INVESTIGAÇÃO & DESENVOLVIMENTO - VALIDAÇÃO DE RESULTADOS Poder da pesquisa no processo de selecção e elaboração do produto

TECNOLOGIA OPTITEK - UTILIZAÇÃO E BENEFÍCIOS Podemos sempre afirmar que: - para trabalhar com o Optitek basta haver um rúmen! Na realidade, não existem quaisquer limitações para a sua utilização. Trata-se de um produto natural que pode ser administrado a ruminantes de todas as idades, dedicados à produção de leite ou de carne; não deixa resíduos nem requer quaisquer intervalos de segurança. Ao incrementar, de uma forma natural, a eficiência

O efeito OPTITEK na produção de leite

de utilização da proteina e da energia fornecidas na alimentação, conseguimos: - produzir mais leite ou mais carne; - melhorar a saúde e longevidade dos rebanhos; - reduzir a poluição; - melhorar os resultados económicos das explorações.

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ECONOMIA

OBSERVATÓRIO Breves comentários e previsões sobre o mercado de matérias-primas Paulo Costa e Sousa, Engº Agrónomo Director Comercial da Louis Dreyfus Commodities - Portugal Nota: Os preços e os cenários previstos para a evolução dos mercados de matéria primas estão sujeitos a muitos imponderáveis e exprimem apenas opiniões profissionais à luz do melhor conhecimento num determinado momento. Assim a Revista Ruminantes não garante a confirmação e/ou o cumprimento dos preços e previsões feitas sobre os preços das matérias-primas sujeitas à analise do Observatório dos Mercados, não constituindo assim ofertas de compra ou de venda.

Mais uma vez, enfrentamos momentos algo críticos no que toca a matérias-primas, momentos que, seja por uma razão ou por outra, há muito tempo que não deixam de estar na ordem do dia. Tendo em vista uma análise global do mercado das matérias-primas, há que separar entre cereais e proteínas e entre velha e nova colheita. CEREAIS

Parece estarmos condenados a ver o milho entre €250 e €270/ton até à colheita. Atrasos e menos área semeada nos Estados Unidos devido a más condições meteorológicas, falta de liquidez de ofertas na Ucrânia, e restrições à entrada de milhos de outras origens por OGM não autorizados, estão a fazer com que o milho não pareça com grande hipótese de baixar substancialmente, não obstante movimentos na bolsa de futuros de Chicago possam momentaneamente criar um deslize e consequentemente uma boa oportunidade de compra. No entanto a alternativa, pelo menos por agora, parece ter sido encontrada no trigo que a partir de Agosto se encontra a valores na casa dos €225/ton, aproveitando o retomar das exportações por parte da Rússia a partir de Julho. Arrisco-me a dizer “por agora” porque, com as quebras de produção apontadas para o Norte da Europa devido à falta de chuva dos últimos meses, a pressão compradora sobre a Rússia e a Ucrânia parece que se irá avolumar o que fará com que a pressão de colheita se possa vir a atenuar com o tempo. Para já, pensa-se que a cevada pode também constituir uma alternativa a curto prazo. A chegada de alguma quantidade extra ainda proveniente do programa de ajuda alimentar, bem como a boa colheita na nossa vizinha Espanha parece constituir uma alternativa a preços competitivos. A grande questão será a duração dessa alternativa.

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Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro

Para a nova colheita de milho, os valores hoje apontados para entrega em Novembro rondam os €230/ton, se bem que muito ainda poderá acontecer nesta matéria. Há que estar atento a todos os desenvolvimentos que possam condicionar a nova colheita e consequentemente influenciar a actual.Todos os atrasos de colheita, todos os fenómenos meteorológicos adversos, bem como um sem número de outros factores onde o incontornável euro-dólar se destaca, farão com que os preços de Outubro em diante se modifiquem bem como a duração dos stocks actuais terá que ser maior ou menor com o consequente aumento ou diminuição no preço.

PROTEÍNAS

O panorama nas proteínas parece um pouco menos negro, uma vez que os precos até Outubro rondam hoje os €290 a €300/ton. Alguma procura de óleos para biodiesel fará com que haja invariavelmente má produção de bagaço, o que poderá pressionar o mercado. Mas indicações sobre a colheita nos Estados Unidos, embora menos drásticas do que no milho, podem ainda afectar a nova colheita e levar a algumas correcções no preço. Assim sendo, embora não se vislumbre um panorama em alta a não ser por arrastamento dos cereais, há que monitorizar o timing para fazer compras por períodos mais dilatados se aparecerem preços interessantes.


ECONOMIA

EVOLUÇÃO DO PREÇO MÉDIO DE ALIMENTOS COMPOSTOS PARA ANIMAIS (EM EUROS/TONELADA) Fonte: IACA

NOVILHOS DE ENGORDA

2011

2010

VACAS LEITEIRAS EM PRODUÇÃO

2011

2010

BORREGOS DE ENGORDA

2011

2010

OVELHAS LEITEIRAS EM PRODUÇÃO

2011

2010

Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro

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ECONOMIA

EVOLUÇÃO DO PREÇO MÉDIO DE MATÉRIAS-PRIMAS (EM EUROS/TONELADA)

MILHO

CEVADA

BAGAÇO DE SOJA

BAGAÇO COLZA

Fonte: IACA

PREÇOS MÉDIOS DA SEMANA 13 A 17 DE JUNHO DE 2011 Sondagem Ruminantes Milho

Bagaço Soja 44 Cevada

Bagaço Colza

Polpa Beterraba

Bolas de Silagem Milho

€ ton no Cais Lisboa € ton no Cais Lisboa € ton no Cais Lisboa

€ ton no Cais Lisboa

255 292 208 230 226

€ ton

95 a 100

€ ton

125

Feno Luzerna

€ ton

Palha

€ ton

Feno Aveia

26

€ ton no Cais Lisboa

205 80

Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro

Novilho de 281 a 320 kgs Bolsa Montijo Bolsa Binéfar

€ / kg / Carcaça R3

€ / kg / Carcaça R3

Vitelo desmamados com 6 meses Alentejo

Borrego até 12 Kg peso vivo

€ / kg

Borrego até 7 Kg

€ / kg

Borrego de mais de 7 Kg (corte cabeça) € / kg Cabrito

€ / kg (peso vivo)

3.85 3.55 450 a 500 2.5 5 6 4


Levucell SC maximiza a dieta e o rendimento sobre o custo da alimentação Eficácia comprovada da levedura Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077, na estirpe específica para ruminantes seleccionada conjuntamente com o INRA: • Produção de leite: +1.2* a 2.5 litros/vaca/dia • Eficiência alimentar: +5Og* a 120g de leite para cada kg de MSI • Optimiza o pH do rúmen (menos acidose) e melhora a digestibilidade das fibras. * metanálise, ADSA, EUA, 2009 comprovada com UMA estirpe (I-1077), UMA dose recomendada (10 Biliões /dia).

Levedura específica do rúmen€ www.levucellsc.com

Distribuido por : Tel: +351 243 329 050 - Fax: +351 243 329 055

€ Autorizado na União Europeia em bovinos de leite e carne, ovelhas e cabras de leite, cordeiros e cavalos (E1711/4a1711/4b1711).

- RCS Lallemand 405 720 194 - 06/2011.

Espremer até à última gota


PRODUÇÃO

ALIMENTAÇÃO

Impacto e gestão nutricional do stress por calor em vacas de leite Lallemand Animal Nutrition As vacas de leite são muito sensíveis ao stress pelo calor, o que tem um impacto económico para o produtor, relacionado tanto com problemas de saúde, como com a diminuição da produção e a qualidade do leite. O produtor conhece bem as práticas de maneio para este período crítico, não obstante algumas das soluções nutricionais não se conhecerem tão bem. Em particular, os probióticos, ao melhorarem as condições e o funcionamento do rúmen, afectado pelos factores de stress, podem ajudar melhorando a saúde digestiva da vaca, a produção de leite e o “status” sanitário dos animais. Durante o período de stress por calor, o balanço oxidativo também se vê afectado pelo que é importante aumentar a ingestão de antioxidantes para preservar a fertilidade das vacas, a imunidade e prevenir as mamites.

Impacto económico do stress por calor

QUE É O STRESS POR CALOR?

O stress por calor provoca ao produtor perdas económicas que podem chegar até 565 €/ vaca (St -Pierre et al. 2003). Cerca de 80% destas perdas estão vinculadas a baixa de produção e 20% a problemas de reprodução e imunidade (aumento da mortalidade e da incidência de mamites em particular) (Figura 2).

Índice temperatura-humidade

Consequência do stress pelo calor

O grau de stress térmico aumenta com a temperatura e a taxa de humidade do ar (Figura 1). Os bovinos têm uma zona de conforto térmico compreendido entre -13°C e +25°C. Neste intervalo de temperatura, o conforto animal é óptimo, com uma temperatura corporal que vai de 38,4°C a 39,1°C (LEFEBVRE e PLAMONDON, 2003). Acima de 25°C, mesmo 20°C, segundo alguns autores, a vaca sofre stress por calor: os resultados zootécnicos e estado sanitário ficam afectados.

Diminuição da ingestão de 6 a 30% MS

Diminuição da Produção de leite de 15 a 20%

Impacto fisiológico (média) - 894 kg/vaca/ano

+ 90,5 €

- 1803 kg/vaca/ano

- 403,0 €

+ 59,2 dias de intervalo parto-IA positiva Diminuição da eficácia da reprodução de 40 + 7,99 % de reposição a 50% por problemas reprodutivos Aumento da mortalidade Mamites mais frequentes e mais severas

Impacto económico (por vaca/ano)

+ 1,72 % de mortalidade

- 123,0 €

- 2,3 €

Figura 2: Estimativa do impacto económico do stress por calor (Estudo realizado na Florida, Estados-Unidos, em condições severas de stress por calor, St Pierre et al., 2003).

Um balanço energético alterado

Figura 1: As zonas de conforto térmico para as vacas em função do índice temperatura-humidade (Modificado Frank Wierama, 1990), Universidad de Arizona).

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Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro

Os bovinos dispõem de poucos meios para manter o seu balanço térmico e regular a sua temperatura corporal. Quando a temperatura é muito elevada, podem:

a) Favorecer a dispersão de calor por intercâmbio com o ambiente particularmente por evaporação: au-


ALIMENTAÇÃO

mento do fluxo sanguíneo sob a pele, respiração ofegante, perda de baba… Tudo isto gera um aumento das necessidades energéticas de manutenção do animal aproximadamente de 20% a 35°C. Para a vaca leiteira, por exemplo, isto significa que vai utilizar uma parte da energia de produção para sua regulação térmica.

b) Limitar a produção de calor diminuindo a sua actividade e alterando o seu comportamento alimentar. Com efeito, a produção de calor deve-se sobretudo às fermentações dentro do rúmen. A diminuição da ingestão estima-se entre 10 e 30% (MS). Também diminui a ruminação, já que produz calor. As vacas têm tendência a comer mais e mais vezes, em pequenas quantidades, durante a noite quando a temperatura é mais baixa. Separam e comem os cereais e os alimentos com proteínas das forragens, já que produzem menos energia durante a fermentação.

Risco de acidose

Em períodos de stress por calor, o risco de acidose aumenta. Os factores que contribuem para problemas de acidose no rúmen são: diminuição da ingestão de MS com uma baixa proporção de forragens e altos níveis de carbohidratos fermentescíveis, diminuição da ruminação, menos produção de saliva (fonte de bicarbonato), com uma redução do poder tampão devido a um aumento da expulsão de CO2 (Figura 3).

Figura 3: O stress por calor devido aos seus efeitos psicológicos e de comportamento predispõe os bovinos a terem problemas de acidose no rúmen.

Além disso a diminuição do pH do rúmen piora a eficácia da digestão das fibras, as bactérias microlíticas do rúmen são as mais afectadas quando o pH é menor que 6,0.

A união destes factores explica a diminuição da eficácia alimentar e como consequência a produção de leite e em alguns casos também a taxa de gordura. Além disso a acidose tem uma incidência sobre o estado geral de saúde, a fertilidade, as cocheiras, e a longevidade dos animais.

PRODUÇÃO

MANEIO DO STRESS POR CALOR Ambiente das instalações

Com a finalidade de prevenir ao máximo os efeitos relacionados com o stress por calor, o essencial é dar prioridade ao conforto dos animais, assegurando um bom ambiente dentro das instalações, com zonas de sombras assim como disponibilizar à vontade água fresca. Existem numerosas ferramentas para diminuir o stress por calor: redes pára-vento eleváveis, sistemas de pulverização de água, ventilação. É também recomendável aumentar as vezes de distribuição de alimento, principalmente nos momentos mais frescos do dia.

As recomendações do nutricionista

Com a finalidade de evitar riscos fisiológicos relacionados com o stress por calor, particularmente a acidose, é aconselhável ajustar a ração: rações de alta energia, mais apetecíveis, com forragens de alta qualidade e muito apetecíveis. Por último, em período de stress, é recomendável aumentar a ingestão de antioxidantes (como por exemplo Selénio orgânico - Alkosel).

Levucell SC assegura o rúmen e optimiza a produção

Levucell SC é uma levedura viva específica para ruminantes, natural e identificada (Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077, Instituto Pasteur). Esta estirpe foi desenvolvida e validada pelos centros de investigação mais reconhecidos (mais de 40 publicações internacionais).

Identificaram-se três mecanismos principais que podem explicar o efeito desta levedura viva sobre os resultados e a saúde dos ruminantes: - Melhora o pH do rúmen: diminuição dos riscos de acidose. - Melhora a digestão das fibras e a utilização do nitrogénio: aumento da eficácia alimentar. - Estabilização da microflora do rúmen.

Mais recentemente, Alex Bach (IRTA, Barcelona), demonstrou a eficácia de Levucell SC ao aumentar o pH do rúmen das vacas de leite com diferentes tipos de ração (Figuras 4 e 5). Estes trabalhos permitiram também pôr em relevo uma alteração de comportamento: em média, o intervalo entre duas tomas de alimento passa das 4 horas para as vacas controlo, a 3horas e 20 min para as vacas com Levucell SC.

Provas de campo da eficácia do Levucell SC

As provas de campo, realizadas em condições de stress por calor, mostram que a levedura viva Levucell SC tem

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PRODUÇÃO

ALIMENTAÇÃO

um efeito positivo significativo sobre a produção de leite (Ver Figura 6 e ficha de detalhes da prova).

Ficha da prova: GRANJA Institut Inc. NY (Lallemand, verão 2004) Animais: 300 vacas, metade da lactação (ordenha 3 vezes/dia) Duração: 60 dias Período: verão (Junho - Agosto 2003) Ração: silagem de milho, silagem de luzerna, silagem de erva, feno, farinha de milho, bagaço soja e mistura de concentrado. Razão forragem: concentrado: de 50:50 a 52:48. Composição da ração (aprox.): 18,2% MNT, 37% MAND, 63% MAD, 29% NDF, 29% amido, 5% matéria gorda e 21,6 Mcal/Kg.

Figura 4: Efeito do Levucell SC sobre as variações de pH do rúmen com uma ração acidificada (a laranja, zona onde o pH <5,6 considerado como limite máximo de risco de sub -acidose) (A. Bach, IRTA, 2006). pH

Produção de leite (Kg/dia) Ingerido (MS)

Figura 5: Efeito de Levucell SC, sobre o pH ruminal médio, mínimo e máximo (A. Bach, Uni. Du Minnesota, 2007). Prova

GRANJA Instituto Inc. NY, Estados-Unidos (2004)

Shanghai Zhenyuan Dairy Co.,China (2003)

Período

Duração

Prod. de leite

Verão (Jun- Agosto 2003)

60 dias

+ 7.2 % + 2.7 kg

60 dias

+ 7.1% + 2 kg

Verão, stress severo (>35°C de dia e forte humidade)

Figura 6: Efeito de Levucell SC sobre a productividade das vacas de leite no verão (provas Lallemand, 2003-2004).

Referências bibliográficas

TP (%)

TB (%)

Controlo

Levucell SC

24.16

24.63

37.82 3.07 3.65

40.55** 3.11

3.65

**P<0.05

O aporte de Levucell SC implica um aumento significativo da produção leiteira e tende a aumentar a ingestão sem afectar as qualidades do leite (TB e TP).

Em condições de stress, a adição de Levucell SC na ração de vacas de leite é uma boa estratégia para evitar os problemas de acidose, optimizar a ingestão e reduzir os efeitos de stress térmico sobre a produção de leite.

1. Bach A., Iglesias C. and Devant M., 2007. Animal Feed Science and Technology, Volume 136, Issues 1-2, 15 July 2007, Pages 146-153 2. Lefebvre D., Plamondon P., 2003 Le Producteur de Lait Québécois, juin 2003 3. Malbe, M., M. Klaassen, W. Fang, V. Myllys, M. Vikerpuur, K. Nyholm, W. Sankari, K. Suoranta, and M. Sandholm. 1995. J. Vet. Med. (Ser. A) 42:111121 4. St-Pierre N. R. , Cobanov B. , and Schnitkey G.2003 J. Dairy Sci. 86:(E. Suppl.):E52-E77 5. Weiss, W. P., J. S. Hogan, K. L. Smith, and K. H. Hoblet. 1990. J.Dairy Sci. 73:381-390.

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PRODUÇÃO

ALIMENTAÇÃO

Equilibrar a nutrição e a alimentação na produção de leite nos Açores Engº Luís Veiga, Reagro SA veigaluis@reagro.pt

Produzir leite é uma actividade profissional que assume uma definição de modo de vida. Isto é ainda mais verdade para a actividade dos produtores nos Açores. A produção de leite nos Açores tem uma importância vital na sociedade e economia Açoriana e por consequência no País. A esmagadora maioria das explorações açorianas não tem estabulação coberta nem sala de ordenha. A ordenha é feita ao ar livre e as vacas têm como condicionante inicial estarem sujeitas ao clima de forma directa. Muitos produtores têm explorações dispersas e de pequena dimensão, o que obriga a deslocações entre pastos, e de pastos à ordenha. Aqui, existem desde logo duas limitações que, não sendo comuns a todas as explorações, são pelo menos a grande parte delas. Por um lado, existe uma luta contra o frio que mobiliza energia do metabolismo para as homeotérmicas; não sendo os Açores uma região fria, o vento e os pastos em altitude geram muitas vezes sensações térmicas inferiores à temperatura ambiente considerada. Por outro lado, as deslocações entre pastos exigem uma vez mais uma mobilização energética que gera um desvio da produção leiteira. Fizemos uma simulação de um arraçoamento, oferecendo a preços de mercado: milho, bagaço de soja 44,

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bagaço de girassol, corn glúten, silagem de milho com 25 % de matéria seca e pastagem à disposição com 19% de matéria seca e 18 % de proteína. Para além da que apresentamos, existem muitas outras possibilidades de formulação. No entanto, a base de raciocínio é transponível para outros arraçoamentos. Na figura 1 podemos ver que os critérios nutricionais macro estão todos dentro de limites aceitáveis: energia, proteína, glúcidos totais disponíveis e poder acidogénico geral do arraçoamento. No entanto, o critério IF (índice de fibrosidade) fica abaixo dos valores preconizados. UFL PDIE

GTD

PDIN

Proteína bruta

PDIA

Figura 1

pH IF


ALIMENTAÇÃO

PRODUÇÃO

Figura 2

O IF é o critério que considera a ingestão e ruminação de 1 Kg de alimento. Este critério define a maior ou menor necessidade de mastigar e deglutir. A mastigação é responsável pela produção e secreção de bicarbonato salivar e este é fundamental para a manutenção do pH ruminal. Este factor evidencia a falta de fibra efectiva nos arraçoamentos. Não é fácil produzir fenos ou encontrar palha nos Açores e isso reflecte-se como vimos, no IF e, por outro lado, na humidade total da ração diária. Aqui está outra limitação, os valores de matéria seca abaixo dos 43% têm regra geral influência negativa. Na figura 2 podemos ver que o arraçoamento se fica pelos 31% de matéria seca. Embora o exemplo de ração diária apresentado seja apenas um exemplo, quando passamos da nutrição para o campo da alimentação nem sempre é possível verificar os resultados de tabelas e gráficos teóricos. O número de distribuições diárias de concentrado que se faz por norma durante as ordenhas torna-se muito agressivo para o ecossistema ruminal. Sobretudo para as vacas de alta produção, fornecer a totalidade do concentrado dividida por duas distribuições significa que, como vemos na figura 1, um arraçoamento com baixo poder acidogénico teórico não o seja na prática. Um reputado nutricionista francês que me acompanhou numa visita a uma exploração em São Miguel, no passado mês de Novembro, confidenciou-me a determinada altura, a mais de 300 metros de altitude e debaixo de chuva e vento intenso, que aquelas tinham sido as mais duras condições de auditoria de exploração que viveu.

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PRODUÇÃO

Alimentar em tempo de crise Seminário Vetagri Alimentar

Prof. Dr. António José Mira

A VETAGRI ALIMENTAR, constituída em 1983 e com sede em Cantanhede, desenvolve a sua actividade nas áreas de nutrição e alimentação animal. Capitalizando conhecimento e experiência, tornou-se uma referência nacional e é uma das principais empresas do sector em Portugal. Apresenta rigorosos padrões de qualidade nas matérias primas e produtos acabados, por forma a garantir o cumprimento da segurança alimentar, com excelentes resultados nos animais. Actualmente, a VETAGRI ALIMENTAR faz parte do grupo INVIVO NSA, referência mundial em nutrição e saúde animal. Com uma capacidade única de pesquisa multi-espécie e multi-área em I&D e com centros científicos próprios de investigação e de pesquisa aplicada, conta com 130 especialistas e cientistas em nutrição em todo o mundo. Capacidade de inovação, conhecimento, potencial técnico e humano, são os factores distintivos e de garantia na criação de valor, que a VETAGRI ALIMENTAR oferece aos seus clientes. No âmbito das suas actividades, a VETAGRI ALIMENTAR tem realizado diversos seminários, dirigidos especificamente aos seus clientes, convidando oradores nacionais e estrangeiros, especialistas e cientistas, em diversas áreas de nutrição. Foi assim que no passado dia 2 de Junho, ocorreu no Museu do Vinho da Bairrada em Anadia um seminário que teve como tema “Alimentar em tempo de crise”, contando com 3 oradores e mais de

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uma centena de participantes oriundos de Portugal e Espanha.

O seminário foi iniciado pelo Prof. Dr. António José Mira da Fonseca do “Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar”, da Universidade do Porto e em cuja apresentação “Alimentação e Gestão de Custos nas Explorações Leiteiras”, deixou sugestões para lidar com o custo elevado dos alimentos, tais como, utilizar as análises para afinar o regime alimentar, verificar os processos e tempos de mistura e fazer ajustes sempre que necessário. Salientou ainda o impacto da fragmentação da terra na política de produção de leite, referindo que politicas de emparcelamento podem ser um instrumento muito útil para melhorar a rentabilidade das explorações, em particular quando o preço do leite pago à produção é baixo. Concluiu a apresentação entre outras, que ainda é mais económico explorar vacas de alta produção, apesar dos custos de alimentação elevados e uma exigência rigorosa no controlo destes custos.

Seguiu-se a apresentação do Eng.º Aldalberto Póvoa, proprietário da exploração leiteira “Adalberto Póvoa”, com a temática “Estratégias para o Sucesso de uma Exploração Leiteira”, defendendo, como factores de sucesso, a procura de novas técnicas alimentares / produtivas / maneio para baixar os custos de produção, assim como a necessidade de adaptar as novas tecnologias e novos sistemas organizativos.

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Eng.º Adalberto Póvoa

Prof. Dr. Sergio Calsamiglia

Por último e tendo em consideração a crescente presença na dieta alimentar humana do leite e seus derivados, a VETAGRI ALIMENTAR convidou o Prof. Dr. Sergio Calsamiglia do “Departamento Animal y de los Alimentos” da Universidade Autónoma de Barcelona para apresentar o tema “Mitos e Falsedades sobre el Consumo de Leche e sus Efectos en la Salud”. Fundamentando a sua apresentação em bases científicas, concluiu, apesar do consumo de produtos lácteos serem ricos em colesterol e ácidos gordos, estes não contribuem para o aumento do conteúdo de colesterol no sangue, pois participam numa activa e efectiva regulação da pressão arterial, exercendo um efeito preventivo face a incidências de enfermidades cardiovasculares. Por outro lado, a presença de nutrientes (principalmente cálcio e péptidos bioactivos), contribuem no controlo dos problemas de obesidade, mediante a regulação do metabolismo das gorduras e do controlo da saciedade. Finalmente, salientou a contribuição do leite e seus derivados no controlo das diabetes e na produção de um efeito preventivo no desenvolvimento de cancro no cólon e na mama.

O seminário terminou no Museu do Vinho da Bairrada de Anadia com um almoço onde o Vinho e o Leitão da Bairrada foram apresentados e degustados com particular apreciação.



EQUIPAMENTOS

Count-It

Plurivet

Roundup® GPS

MEDIÇÃO DE ÁGUA E ELECTRICIDADE

APRESENTA PORTÃO PARA PIVÔ

TECNOLOGIA E PRECISÃO CONTRA AS INFESTANTES

Na tentativa de melhorar o controlo e eficiência dos sistemas de rega, a Lagoalva desenvolveu um novo produto que permite monitorizar com precisão os consumos energéticos e de água. O Count-It é um sistema de medição do consumo de água e de electricidade em simultâneo. Através de um software de fácil utilização, permite o tratamento de dados de consumo, da qualidade da energia e a identificação de problemas na instalação bem como do fornecedor de energia. Vantagens:

- Monitorização dos valores medidos pela entidade fornecedora de energia. - Monitorização do volume preciso de água aplicado na cultura. - Monitorização e responsabilização da entidade fornecedora por falhas no fornecimento de energia e suas consequências. - Verificação da qualidade da energia fornecida. - Verificação do co-seno de Phi da instalação. - Disponibilidade dos dados na Internet através de um software. - Armazenamento do histórico de consumos num servidor. - Facilidade de comparação entre entidades fornecedoras de energia. - Verificação da execução dos horários mais favoráveis em termos de valor de energia eléctrica. - Possibilidade de determinar os consumos reais a imputar à conta de cultura. KIT

PVP

COUNT-IT 2”

1.468.00€*

COUNT-IT 3”

1.549.00€*

COUNT-IT 2” ½

1.530.00€*

COUNT-IT 4”

1.586.00€*

COUNT-IT 6”

1.784.00€*

COUNT-IT 8”

2.154.00€*

Acesso Internet

Contratos de 4, 6 ou 12 meses *Instalação não incluída

35.00€ / mês

Especializada na comercialização e implementação de cercados eléctricos há mais de 20 anos, a Plurivet apresentou recentemente um portão para pivô, que se destina a solucionar o desafio da divisão/parqueamento de prados instalados sob pivôs. Segundo Manuel Pedras da Silva, Gestor de Produto da Plurivet,“as soluções até agora existentes (passagens canadianas, abertura dos portões para as rodas do pivô passarem ou a retirada dos animais quando da rega) são bastante onerosas e/ou pouco práticas. Apesar disto, muitos são os criadores nacionais que já têm os seus prados parqueados com vedações eléctricas ou tradicionais.“ Por outro lado — acrescenta, muitas são as situações em que este problema se tem tornado impeditivo de fazer um parqueamento que permitisse um melhor aproveitamento dos prados.“ Após vários anos de estudo e desenvolvimento de diversos protótipos, com a colaboração de vários criadores, a Plurivet desenvolveu uma solução que Pedras da Silva descreve como, revolucionária, dada a sua simplicidade e facilidade de instalação, eficaz porque na realidade cumpre na plenitude as suas funções e económica pois o seu custo é cerca de 6 a 7 vezes inferior a uma passagem canadiana ou ao recurso da mão-de-obra“.

A Timac Agro e a Monsanto lançam no mercado português uma nova formulação herbicida - Roundup® GPS que será comercializada através da rede técnico-comercial Timac Agro da empresa Vitas Portugal. Roundup® GPS é a nova formulação líquida mais concentrada do mercado, desenvolvida com a revolucionária Tecnologia Transorb II. Esta tecnologia (marca registada da Monsanto) proporciona mais poder e mais controlo herbicida, juntamente com maior consistência nos resultados e um melhor controlo das infestantes mesmo em situações climáticas difíceis. Dada a eficácia imbatível que o Roundup® GPS apresenta, a comercialização deste produto é acompanhada pelo Programa Garantia que consiste no seguinte: se factores externos (chuva até 1 hora após a aplicação, baixas temperaturas, seca ou orvalho) afectarem a aplicação e o controlo das infestantes, a Timac Agro/Monsanto, repõem sem custos, o produto necessário para repetir essa aplicação.

GreenDrill PARA A SEMENTEIRA DE CULTURAS INTERCALARES O semeador GreenDrill é a nova solução apresentada pela Amazone para a sementeira de culturas intercalares e de pasto de segunda sementeira. O semeador GreenDrill pode ser montado numa série de alfaias de mobilização e preparação do solo Amazone, com larguras de trabalho até 4 metros, tais

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como a grade de discos compacta Catros, o cultivador Cenius, a rototerra KG ou a grade rotativa KE. A tremonha GreenDrill de 200 litros é facilmente acessível através de uma escada de acesso. O veio de sementes, situado na unidade de medição por baixo da tremonha,

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pode ser equipado com rodas de medição para sementes finas ou normais, dependendo do tipo de semente e das taxas de aplicação. Depois da medição, a semente é distribuída, através de mangueiras, para uma série de chapas deflectoras onde é aplicada directamente à frente, ou atrás, do rolo da al-


EQUIPAMENTOS

FRANÇA UM CONTADOR ELÉCTRICO NO CENTRO DA SALA DE ORDENHA Reduções de 50 a 75% no consumo de electricidade são possíveis em explorações leiteiras. Os investimentos são recuperados em 3 a 6 anos. Mas nem tudo é investimento.

faia de mobilização. Um motor eléctrico acciona o veio de sementes e o ventilador. Para o controlo da unidade, a Amazone oferece duas alternativas com diferentes níveis de conforto de operação. O GreenDrill, na sua versão básica, fornece os meios para ligar o medidor de sementes, alimentando a ventoinha e ajustando a velocidade do veio de sementes. Na versão conforto, o terminal instalado na cabina também disponibiliza um menu para facilitar o teste de calibração e inclui um monitor com a velocidade de deslocação, a área de trabalho e as horas de funcionamento. Além disso, combina automaticamente a velocidade do veio de sementes para mudar as velocidades de avanço, se o terminal instalado na cabina estiver ligado à tomada de 7 pólos do tractor.

O programa regional “Eco énergie lait” em parceria com outras entidades, que avaliam a eficiência energética, divulgou o relatório de estudos sobre o consumo de electricidade em explorações leiteiras e possíveis fontes de poupança de energia. A sala de ordenha é particularmente consumidora de energia. O tanque do leite representa só por sua conta 35 a 45% do consumo total de electricidade de uma exploração leiteira. É seguido pelo aquecedor de água (25-40%) e pela máquina de ordenha (15-20%). Mediante alguns investimentos, economias significativas ficarão ao alcance dos produtores de leite. Por exemplo para o tanque do leite, a adição de um pré-resfriador gera uma economia de cerca de 45%, ou 4,5 MWh / ano, ou 440€ /ano (em França). Como para aquecer a água, o

consumo pode ser reduzido em 75%, ou 3,8 MWh / ano ou 370 € / ano, utilizando um sistema de recuperação de calor instalado no tanque do leite.

40% DE SUBVENÇÕES

O retorno sobre o investimento necessário varia entre 3 e 6 anos,tendo em conta os subsídios que vão até 40% dos custos. Estas subvenções são concedidas no âmbito do programa do leite Plano Eco Energy. A substituição da bomba de vácuo convencional por um equipamento de accionamento directo e de fluxo variável é outra fonte de poupança, bem como a racionalização do processo de limpeza, isolamento e manutenção das instalações de aquecimento ou ventilação, também boas práticas a serem implementadas a baixo custo.


PRODUÇÃO

ALIMENTAÇÃO

As soluções técnicas Pioneer Departamento Técnico de Nutrição Animal Pioneer Hi-Bred Sementes Portugal, SA

Mais do que produtos, na Pioneer oferecemos soluções. Aqui, sabemos que os produtos que disponibilizamos aos nossos clientes são Promessas Genéticas de valor elevado, fruto da mais intensa e avançada tecnologia. Porém, isso não é suficiente. O profissionalismo e exigência dos nossos clientes são cada vez maiores; a nossa empresa é também responsável por essa fasquia elevada, na excelência e na procura incessante das melhores soluções. Orgulhamo-nos disso.

A Pioneer Hi Bred Sementes de Portugal, SA desenvolve o seu trabalho em diversos segmentos, desde a produção de cereais, Indústria, até à Nutrição Animal, onde a produção de leite é sem dúvida, o "Core Business". Neste segmento, oferecemos uma solução global ao produtor de leite, com os melhores produtos do mercado e a melhor assessoria técnica. Todos os anos pela altura da Primavera, o produtor de leite prepara-se para cultivar milho. Daqui surgirá a alimentação base dos bovinos de leite — a silagem de milho. A sua produção é extremamente complexa, ao envolver diversos factores que irão influenciar extensivamente a sua qualidade final. No Departamento Técnico de Nutrição Animal Pioneer disponibilizamos ao nosso cliente um conjunto de soluções e ferramentas técnicas que visam potenciar ao máximo a qualidade das forragens, e em particular da silagem de milho. Tudo começa na escolha do melhor híbrido, adaptado às situações particulares de cada produtor, garantindo: - Elevada produção de grão/ha, aliada à produção de Matéria Seca/ha; - Ciclo adaptado às condições existentes; - Qualidade da Fibra (Digestibilidade da Fibra e da Matéria Orgânica). Utilizando a tecnologia NIRS (Near Infrared Spectroscopy), o nosso Laboratório de Análise de Forragens disponibiliza parâmetros analíticos e fermentativos que auxiliam a tomada de decisão relativamente à escolha da época de colheita, factor muito importante na qualidade da silagem de milho, visto influenciar a percentagem de amido e fibra.

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A consistência da qualidade da silagem de milho é um desafio para o produtor de leite. Das empresas de alimentos concentrados esperamos parâmetros elevados de consistência elevada e controle de qualidade, mas nas explorações leiteiras torna-se bastante difícil manter estáveis os padrões qualitativos das forragens e grãos produzidos internamente. As alterações nutricionais da silagem de milho influenciam a Matéria Seca ingerida por animal/dia. A diminuição de 1 kg na ingestão de Matéria Seca diária leva a perdas de produção de leite na ordem dos 780 gramas em cada um dos dois dias seguintes. A tecnologia NIRS, por ser muito rápida e fiável, disponibiliza resultados imediatos, permitindo ajustar a dieta em tempo útil, sem o risco da diminuição de produção. Ao longo dos últimos anos, a Equipa Técnica do Departamento de Nutrição Animal Pioneer desenvolveu uma hierarquia de considerações onde nos focamos nas nossas visitas de campo, auxiliando o produtor de leite a retirar o maior partido das forragens.

SILO

Sempre com a segurança em mente, gostamos de olhar para a frente de renovação do silo. Isso dá-nos uma indicação muito concreta das taxas de renovação e da presença de zonas deterioradas, e da forma como essas zonas são geridas pelo produtor de leite. A melhor forma de avaliarmos a qualidade nutricional e fermentativa da silagem é analisarmos os principais parâmetros nutritivos (Matéria Seca, Proteína Bruta, Amido e Fibra) e os ácidos gordos voláteis (Ácido Láctico, Acético, Propiónico e Butírico). Avaliamos também a temperatura da silagem. Este parâmetro é importantíssimo, porque avalia a qualidade de fermentação e as perdas potenciais de Matéria Seca. O aumento de temperatura é efectuado à custa da proliferação de microrganismos nocivos, que utilizam os nutrientes e diminuem a densidade energética da silagem. Segundo a tabela de Honig, as perdas diárias de Energia (%) recorrentes do aumento de temperatura podem chegar, numa silagem com 35% de Matéria Seca, aos 8% diários. Na avaliação da temperatura dos silos, utilizamos a tecnologia frequentemente utilizada pelas equipas de bombeiros ou pelas Empresas de Construção Civil, a


ALIMENTAÇÃO

termografia por infravermelhos. Esta "fotografia" à frente de renovação do silo permite avaliar com bastante exactidão as diferenças de temperatura das camadas mais expostas ao oxigénio das mais internas, e assim aferir as perdas de Matéria Seca. Por curiosidade, nas dezenas de ensaios efectuados pela Pioneer, as maiores perdas de Matéria Seca avaliadas até hoje atingiram os 26% (em 1000 toneladas de silagem, perderam-se 260 toneladas, equivalentes a 5 ha. aproximadamente)! Matéria Seca da Silagem

Temperatura acima da Temperatura Ambiente 5ºC

20%

2,4

30%

1,8

25% 35% 40% 45% 50%

2,1 1,6 1,4 1,3 1,1

10ºC

15ºC

20ºC

25ºC

4,8

-

-

-

3,4

5,3

9,3

-

2,8

4,3

Perdas diárias de Energia (%) 4,1 3,1 2,6 2,3

PROCESSAMENTO DO GRÃO

-

-

4,8

7,75

3,8

5,3

3,3

5,2 4,4

-

5,6

Este parâmetro é talvez um dos mais importantes no que respeita à qualidade nutricional da silagem de milho e aquele que mais influencia a formulação da dieta para bovinos de leite. O mau processamento do grão impede a flora microbiana do rúmen de aceder a todo o amido contido no grão, diminuindo a sua densidade energética. A formulação da dieta vê-se assim

PRODUÇÃO

comprometida por estarmos a lidar com percentagens de amido que apenas são aparentes, não reais. Em laboratório, utilizamos um método desenvolvido pela Pioneer, de acordo com o processo Ro tap, utilizando um conjunto de crivos que avalia o processamento do grão. Em condições práticas, de campo, o método que normalmente utilizamos é o de verificar a existência de grãos por partir num volume de 1 litro de silagem. Encontrando mais do que 3-4 grãos inteiros, concluímos que o processamento do grão não foi bem efectuado.

DISTRIBUIÇÃO DO ALIMENTO

A monitorização do comprimento e homogeneidade de corte da silagem de milho é deveras importante, principalmente em dietas com elevada incorporação de silagem de milho. A capacidade de ingestão é influenciada pelo comprimento de corte, assim como a capacidade de selecção por parte dos animais. Torna-se muito importante verificar também a qualidade da mistura (TMR - Total Mixed Ration), e não apenas a silagem de milho.

OS ANIMAIS

Por fim, os animais são os verdadeiros "juízes". Gostamos de verificar o estado da ruminação, a capacidade de selecção na manjedoura, o seu estado corporal. Todos estes factores influenciam a produção de leite, e na Pioneer, o nosso maior interesse é o bem-estar e a capacidade produtiva dos mesmos. A elevada produtividade de uma exploração aumenta as opções dos produtores de leite, e queremos que escolha o melhor - as soluções Pioneer.

Conte com a Pioneer. Nós estamos sempre por perto.

Dep. Nutrição Animal

Pioneer Hi-Bred Sementes de Portugal, S.A. DuPont Agriculture & Nutrition Campo Pequeno, 48 - 6º Esq. • 1000-081 Lisboa - PORTUGAL Tel. 217 998 030 • Fax. 217 998 050

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PRODUÇÃO

ALIMENTAÇÃO

PROLACTUM Novo indutor lácteo promove o aumento da produção de leite em vacas leiteiras Departamento Técnico-comercial Timac Agro - Vitas Portugal PROLACTUM baseia o seu mecanismo de acção no aumento de produção de ácido propiónico. A sua eficácia foi comprovada mediante ensaios prévios ao seu lançamento no mercado, realizados em várias explorações leiteiras. Os aumentos podem ultrapassar os dois litros diários por vaca, sem que haja alteração da dieta. ESPECIFICIDADE PROLACTUM

PROLACTUM é um complexo de vários óleos essenciais, desenvolvido exclusivamente para vacas leiteiras. Devido à sua capacidade de actuar selectivamente sobre a flora ruminal, é capaz de orientar as fermentações ruminais, promovendo uma maior produção de leite. A actividade bactericida do complexo de óleos essenciais de PROLACTUM origina uma maior produção de ácidos gordos voláteis, fundamentalmente propionato e butirato, e uma diminuição da produção de metano. O aumento da síntese de ácido propiónico induz um incremento da síntese de glicose no fígado e um aumento da síntese de lactose na glândula mamária. Uma vez que a concentração de lactose no leite é um valor constante, o aumento da síntese de lactose na glândula mamária significa um aumento da quantidade de leite produzido. Dado que o aumento da síntese de propionato melhora também a síntese de proteína microbiana no rúmen e a síntese de proteína na glândula mamária, o aumento de produção acontece sem que haja diminuição da concentração de proteína no leite. Ao aumentar a quantidade de leite pro-

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duzido poderia esperar-se uma diminuição da concentração de gordura no leite. Nos ensaios realizados isto não se observou, uma vez que o aumento da produção de butirato, também precursor da gordura no leite, compensa a menor proporção de acetato no rúmen. Estima-se que cerca de 5% da energia ingerida pelas vacas leiteiras se pode perder através da formação de metano. PROLACTUM, ao diminuir a síntese e emissão de metano permite que o animal tenha mais energia disponível para a produção e reprodução.

SELÉNIO E ZINCO

O complexo PROLACTUM foi enriquecido com Selénio e Zinco na forma orgânica, devido à sua maior disponibilidade relativamente às formas inorgânicas. Estes dois oligoelementos desempenham uma acção muito importante ao nível do sistema imunitário, prevenção de mastites clínicas e problemas podais, redução das contagens de células somáticas no leite e melhoria da fertilidade.

riamente durante dois meses e a produção média dos efectivos foi registada. Durante os 15 dias anteriores à administração de PROLACTUM, foram também registadas as produções médias, que serviram de base para a observação da evolução da produção. No gráfico seguinte podemos observar os aumentos de produção em algumas explorações, obtidos ao fim de 8 semanas.

RESULTADOS PROLACTUM

Os primeiros meses de aplicação de PROLACTUM no nosso país vieram confirmar os ensaios que haviam sido feitos previamente à sua comercialização, e que apontavam para aumentos de produção diários por vaca de 1,5 a 2 litros de leite. Desde o início do ano já mais de 50 produtores iniciaram a aplicação de PROLACTUM e os resultados têm-se revelado extremamente positivos em mais de 80% das explorações. O produto foi previamente misturado com uma pequena quantidade de concentrado ou corrector mineral, e de seguida adicionado ao unifeed. Foi oferecido dia-

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Uma vez que o custo de aplicação do PROLACTUM corresponde a meio litro de leite, todos os aumentos superiores a este valor, produzem maior rentabilidade para o produtor. Como podemos observar este benefício líquido pode chegar a valores superiores a 2,5 litros diários por animal. Nesta fase difícil que o sector leiteiro atravessa, o PROLACTUM pode seguramente ser uma importante mais-valia na rentabilização da exploração leiteira.



ECONOMIA

OBSERVATÓRIO Preços do Leite no Mundo Fonte: LTO, FEGA, SIMA

O preço médio pago pelas principais empresas de lacticínios aos seus produtores em Abril 2011 situou-se em 32,66 €/100 kg, o que comparado com os 27,75 €/100 kg do mesmo mês de 2010, representa um aumento de 17.7% (+ €4.91), de acordo com os números divulgados no início de Junho pela organização holandesa LTO, últimos dados disponíveis à data de saída desta edição. Um valor mais elevado tinha apenas sido registado em Abril de 2008 (€32.70).

Os dados indicam, no entanto, que o preço médio pago pelas empresas de lacticínios europeias em Abril diminuiu €0.50 em relação ao registado em Março, que havia sido de 33,16 €/100 kg, devido a alterações nos pagamentos sazonais.

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Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro

No que se refere aos preços do leite nos Estados Unidos, os dados da organização holandesa apontam para um valor de 29,13 €/100 kg, em Abril, 21,2% superior ao do mesmo mês do ano passado, mas 15,4% abaixo do preço registado no anterior mês de Março. Na Nova Zelândia, por sua vez, os preços eram, em Abril, de 32,26 €/100 kg, o que significa um aumento de 22,8% em relação ao mês homólogo de 2010 e 3% acima do valor relativo a Março, de acordo com a LTO.

Sazonalidade pressiona preço do leite

Algumas empresas, como as alemãs e as holandesas, realizaram ligeiros aumentos de preço, mas grande parte das empresas, por motivos ligados com a sazonalidade produtiva, introduziu descidas.


ECONOMIA

Preço do Leite (€/100 kg)

PREÇO DO LEITE STANDARDIZADO (*) BÉLGICA

ALEMANHA DINAMARCA FRANÇA

IRLANDA

HOLANDA

Média do preço do leite este mês

Milcobel

Abril 2011

Média últimos 12 meses

34,13

33,08

34,28

Alois Muller Nordmilch

34,21

34,17

Arla Foods

32,07

32,69

Danone (Pas de Calais)

33,64

32,75

Lactalis (Pays de la Loire)

33,31

31,03

Sodiaal

32,84

31,98

Kerry

32,67

32,83

Friesland Campina

30,54

32,14

35,24

32.66

32.75

ITÁLIA

Granarolo (North)

40,18

36,98

EUA

Dados do ministério

29,13

29,08

NOVA ZELÂNDIA

Fonterra

Por países e empresas, a situação é a seguinte:

> Alemanha: a Nordmilch e a Humana Milchunion, cooperativas que se uniram recentemente, aumentaram o preço base em €1/100 kg (em Março haviam subido €2/100 kg), pagando a €34,17 e €34,02/100kg, respectivamente. Por seu lado, a Müller manteve o seu preço estável nos €34,13/100kg.

> Holanda: a DOC Kaas subiu em Abril o seu preço em €0,71 para os €34,63/100kg, tendo também anunciado já uma nova subida de €0,50 por 100 kg para Maio. A Friesland Campina, por seu lado, pagou o leite em Abril a €32,14 /100kg.

> Escandinávia: a sueco-dinamarquesa Arla Foods subiu o preço em €0,28 por 100 kg, chegando a 32,69/100kg, sendo que este aumento sucede a dois meses – Fevereiro e Março – em que o preço permaneceu estável.

> Itália: o preço estimado para o segundo trimestre do ano pela Granarolo é €40,18/100kg, representando um aumento de €0,48 por 100 kg em relação ao trimestre anterior.

> Bélgica: em contrapartida, a Milcobel reduziu o preço em Abril em €0,52 por 100 kg, para os €34,27/100kg. No entanto, este preço é €4,20/100kg maior do que o praticado em Abril do ano passado.

> França: as grandes indústrias também baixaram os seus preços. A Lactalis, a Danone e a Bograin implementaram reduções entre €0,65 e €2,59/100kg. A Sodiaal também diminuiu o seu preço em €1,63/100kg, para €31,98/100kg . > Irlanda: a Glanbia e a Kerry mantiveram os seus preços inalterados em Abril, em €32,91 e €32,83/100kg , respectivamente.

32,26

32,90

(*) Preço do leite de diferentes empresas leiteiras para 4,2% de M.G e 3,4% de teor proteico.

> Espanha: o preço do leite em Abril situou-se em €31,50/100 kg, o que representou uma quebra de €0,3/100kg comparativamente com o mês de Março. O preço do leite em Espanha tem-se mantido praticamente invariável desde Novembro de 2010 (€31,90/100 kg). Em Março, os produtores espanhóis receberam em média €1,16/100 kg abaixo do preço médio da Comunidade Europeia que se situou em €33,16/100 kg.

> Portugal LEITE À PRODUÇÃO Preços Médios Mensais em 2011 Leite Adquirido a Produtores Individuais Meses Continente

Eur / Kg

Teor médio de Teor proteico (%) matéria gorda (%)

Jan

0.313

3.87

3.27

Mar

0.314

3.79

3.27

Fev

Abr

Açores

0.315 0.311

3.84 3.69

3.28 3.20

Jan

0.301

3.88

3.21

Mar

0.299

3.67

3.24

Fev

Abr

0.302 0.295

3.80 3.67

3.22 3.24

Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro

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PRODUÇÃO

SAÚDE ANIMAL

Acidoses em novilhos J. Riera, Chefe de Produto de Bovinos de Carne Nanta j.riera@nutreco.com

Na moderna alimentação dos bovinos de carne, a acidose subclínica é uma das doenças mais perigosas e comuns, e ainda mais depois da retirada da monesina em Janeiro de 2006, porque quando se manifestam os sinais clínicos é tarde e já estão comprometidos os resultados zootécnicos dos novilhos. Se a acidose subclínica se prolonga, transforma-se em acidose crónica com graves consequências. Em animais que estão em estrados ou grelhas, as manifestações de problemas de patas (coxeiras ou artroses) são mais visíveis, e quando tratados o tempo de cura é notávelmente mais lento que com novilhos em cama de palha. A necrose caudal e sobre tudo a artrose crónica tibio-társica, são os sinais de uma acidose crónica. As necroses, abcessos hepáticos e a maioria das artroses são causadas por Fusobacterium Necrophorum, organismo Gram (-) e altamente anaeróbio. PATOGÉNESE DOS ABCESSOS HEPÁTICOS Os abcessos hepáticos são uma consequência da infecção da parede ruminal. A parede ruminal pode ser danificada, para além da acidose, pela presença de um corpo estranho, sendo depois susceptível à invasão e colonização por parte do F. Necrophorum. Depois da colonização, o Fusobacterium entra no sangue e provoca abcessos na parede ruminal. As bactérias presentes na circulação portal, são filtradas pelo fígado, com consequente infecção e formação de abcessos.

O Fusobacterium é uma bactéria comum no rúmen mas aumenta desmesuradamente na presença de acidose subclinica, devido principalmente a rações escassas em fibra e com excessos de amidos; maior risco haverá quanto maior seja a velocidade de degradação dos referidos amidos.

A situação em que pela acidose ruminal se acumula ácido láctico é o terreno de cultivo ideal para a Necrophorum. A bactéria, no desenvolvimento normal da acidose subclínica, aumenta em grande número para diminuir à posteriori, estando a causa provável na continua descida do pH ruminal para valores demasiados baixos. Tudo isto faz pensar que as acidoses subclínicas com pH não demasiado baixo criam o habitat ideal e permanente para a multiplica-

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ção do Necrophorum; no caso de acidoses agudas, o efeito em conteúdo de Fusobacterium no rúmen diminui. É pois nos casos de acidoses subclínicas que a bactéria se fixa nas parede ruminal e inicia a sua colonização. As distintas análises demonstram que o

Fusobacterium Necrophorum dos abces-

sos do fígado têm um DNA idêntico aos da parede ruminal, mas distinto das bactérias presentes no conteúdo ruminal; isto demonstra que só em caso de colonização bacteriana (mutação do DNA) da parede

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ruminal, trás como consequência necroses, artroses e abcessos hepáticos.

A acidose subclínica converte-se, por tudo isto, numa das doenças metabólicas mais perigosas, porque é difícil de ver e diagnosticar, e quando se vê (acidose crónica) os efeitos já são muitas vezes irreversíveis (necroses, vermelhidão e inflamação das articulações dos pés e às vezes orquite). Quando estamos na presença destes sintomas, os índices zootécnicos do novilho já são irrecuperáveis, diminuindo a velocidade de crescimento drásticamente por


SAÚDE ANIMAL

A - Papila ruminal colonizada por Fusobacterium Necrophorum B - Papila normal

PRODUÇÃO

Fígado com um grande abcesso hepático aberto para evidenciar a presença de pús. Normalmente o fígado apresenta mais abcessos de dimensões reduzidas.

O Necrophorum é uma bactéria que utiliza o ácido láctico e portanto as condições ruminais que levam à produção de ácido láctico promovem a proliferação do Fusobacterium. causa das perdas de peso durante a alteração metabólica.

A influência do F. Necrophorum sobre o fígado, a cauda e as articulações é uma descoberta recente, que relaciona esta patologia com a acidose subclínica.

ACIDOSE INICIAL (SUBCLÍNICA) É a doença metabólica em forma oculta, a palavra diz tudo, subclínica, que se apresenta sem nenhum sinal evidente. Se esta alteração metabólica persiste durante um período largo de tempo, transforma-se em acidose crónica, dando origem á forma artritica e necrótica.

Quando esta forma se evidencia, os rendimentos já estão afectados, no entanto, ainda que se realize um reajuste na ração para a recuperação do crescimento para valores normais, a média da velocidade de crescimento já estará negativamente influenciada, e já teremos um crescimento diário abaixo do esperado; mas isto não é tudo, o mau funcionamento do fígado, abcessos hepáticos, fazem com que a conversão de glicose em glicogénio se veja também comprometida; o glicogénio é a base para manter o pH das carcaças abaixo de 5,9 ás 24h; sem glicogénio o pH neste período é superior a 6, as carcaças ficarão

escuras e a carne “não aguentará” como se conhece vulgarmente, ou seja, terá uma alta velocidade de oxidação: carne não comercial responsável por importantes quebras de preço nos matadouros. O nosso problema é quando uma acidose subclínica se converte em crónica, pelo que é importante poder analisar que sintomas ou manifestações nos podem alertar para a presença de uma acidose subclínica.

A presença de ácido láctico provoca, com o tempo, lesões na mucosa do rúmen (colonização de Fusobacterium), como consequência: • Histamina que nos conduz a uma laminite • Bactérias (Fusobacterium necrophorum, que provocam abcessos hepáticos) • Toxinas causadoras de enterotoxémias com meteorismos, necroses da cauda e artroses do terço posterior.

Assim se vê que a acidose subclínica (que pode durar semanas ou mesmo meses) não deixa nenhum efeito até que se transforme em crónica, no entanto, os rendimentos dos animais já estão claramente diminuídos.

Devemos prevenir as causas que permitem que se instale esta acidose subclínica. A análise ao sangue pode dar um sinal, sobretudo a variação de COBRE e ZINCO quando diminuem e está ligada a um resul-

tado de ceruloplasmina elevado; isto considera-se como suspeita de acidose subclínica, a não ser que manifeste um fenómeno infeccioso e inflamatório de qualquer outra origem; por exemplo uma parasitose leva à mesma analítica sanguínea; o stress pode alterar o zinco hemático mas não a ceruloplasmina. Há que reconhecer que a analítica do sangue não é possível em muitas explorações, pelo que nos baseamos muitas vezes no comportamento do animal. Sobretudo: • Estado de letargia ou irritabilidade. • Fases de anorexia alternados com fases de ingestão normalizada. • Ranger de dentes. • Períodos com fezes moles.

Muitos investigadores utilizaram a variação de consumo (diminuição) como indicador ou forte suspeita de acidose subclínica.

Compreender os factores que controlam a variação de consumo pode ajudar no controlo de distúrbios digestivos. O factor que contribui para a variação de consumos é a mobilidade intestinal; o complexo reticulo-ruminal é muito sensível aos estímulos que fazem aumentar ou diminuir a mobilidade.

Com uma ração demasiado energética, ainda que num primeiro momento haja

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PRODUÇÃO

um aumento da mobilidade, pode depois fazer de travão como mecanismo protector, para fazer descer a taxa de fermentação ruminal; é por isso que as mudanças de ração, e para mais se aumentamos o nível de energia, se devem fazer sempre de forma gradual e controlando o consumo.

As rações devem estar pensadas para estimular a produção de ácidos gordos voláteis (acético, propiónico e butírico) que se absorvem rapidamente através da parede ruminal, caso contrário não se irá reduzir a quantidade de ácido láctico, de difícil absorção.

A permanência de uma quantidade excessiva de ácido láctico trás como consequência, devido á paragem ruminal, uma redução da absorção de alimento. Nestas condições produz-se no rúmen um aumento de F.Necrophorum e como consequência danos no revestimento epitelial. Este epitélio è colonizado pelo Fusobacterium que penetra no sangue e leva ao desenvolvimento dos abcessos hepáticos.

As análises que ajudam a identificar uma acidose subclínica são o pH e a composição das fezes. A ideia é realizar uma valorização sobre o nível de digestibilidade da ração mediante a análise do conteúdo residual de proteína e amidos presentes ainda nas fezes. Se a análise indica uma percentagem mais elevada que o normal em amido e/ou proteína a suspeita de uma acidose subclínica é clara.

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SAÚDE ANIMAL

CONTROLO DAS ACIDOSES Na Nanta e através dos nossos serviços técnicos trabalhamos sempre em duas direcções: • Maneio • Tecnologia de Nutrição

No que se refere ao maneio temos em conta: • Tamanho suficiente dos comedouros para evitar competição dos animais no momento de comer, o aumento do número de refeições diárias e diminuição da quantidade de ração por refeição; desta maneira evitaremos o abaixamento brusco do pH ruminal e aumentaremos a produção de saliva, o principal produtor de bicarbonato. • Suficiente restolho e número de bebedouros adequado. • Um mínimo de 4 m2 por novilho. • Análises periódicas de água, tanto bacteriológica como físico-química. • Fornecimento de palha adequado, tanto em quantidade como em tamanho da fibra. • Evitar movimentos de animais, manter lotes uniformes e estáveis, e evitar qualquer factor stressante.

A tecnologia de Nutrição dos Programas de Bovinos de Carne da Nanta são formulados com os seguintes critérios: • Mínimo de proteína degradável para estimular o funcionamento da flora ruminal. • Mínimo de fibra digestível, FND, • Uso de buffers tipo bicarbonato Na e Óxido de Magnésio • Incorporação de leveduras vivas protegidas. • Mínimo de gordura que ajuda a controlar o consumo.

Desde o ponto de vista da Nanta, esta é a melhor base para a prevenção das acidoses, se bem que nalguns casos também trabalhamos com Malatos e Óleos Essenciais.

Em resumo, o controlo das acidoses sempre se baseará em dois grupos de actuação, maneio e nutrição.

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ACTUALIDADES

Uma resposta para o Sector, um rumo para o País Comunicado ANIL - Associação Nacional dos industriais de leite, 21 de Junho de 2011

A ANIL lançou uma nota de imprensa onde manifesta as suas principais preocupações - o futuro da política leiteira comunitária, a transparência na cadeia de valor e as eventuais alterações ao código do IVA. “A todas as forças políticas explicamos que o sector do leite e produtos lácteos vale, hoje, um volume de negócios anual próximo dos dois mil milhões de euros, 1,3% do PIB, quase 15% do sector agro-alimentar e é um dos mais importantes subsectores daquele que continua a ser o mais importante sector económico do país. Explicamos que na área da transformação colaboram cerca de 10 mil trabalhadores, de que dependem quase 10 mil explorações leiteiras que dão trabalho e geram rendimento a mais de 30 mil pessoas. Ou seja, que do sector lácteo depende – directa e indirectamente – o rendimento de quase 100 mil famílias. Contudo, o sector lácteo atravessa um momento de fortes dificuldades, que a actual conjuntura certamente agravará. À situação adversa, a nível nacional e internacional, que se arrasta desde 2008, acrescem as crescentes dificuldades de relacionamento com a moderna distribuição, seja pela concentração e afunilamento do mercado, seja pelas des-

mesuradas exigências negociais. Não obstante serem bastantes mais os problemas que afectam o sector, nesses contactos concentramos as nossas atenções nesses dois temas fulcrais. Por um lado, a necessidade de, nas instâncias da UE, pressionar politicamente para que a nova política comunitária para o sector seja adequada aos interesses da fileira do leite nacional, seja pela aposta em ferramentas que promovam uma efectiva regulação do mercado lácteo europeu, seja pela redefinição dos programas de apoio – com ênfase no ProDeR – por forma a permitir que, ainda no perímetro temporal do actual quadro comunitário de apoio, sejam implementados instrumentos que permitam reforçar a competitividade de explorações e empresas, preparando-as para o impacto da crescente liberalização do mercado. Por outro, a necessidade de promover uma maior transparência e equilíbrio ao longo da cadeia de valor sectorial, de promover um maior equilíbrio negocial entre os grandes distribuidores e os seus fornecedores. Recordamos que de há muito vimos exigindo uma revisão da legislação aplicável a este de tipo de relações e muito em especial

no que se refere às práticas restritivas do comércio, à disciplina dos prazos de pagamento, ao reforço dos mecanismos de avaliação das operações de concentração no sector da grande distribuição e à regulação da presença no mercado das chamadas marcas brancas (...). Demos conta da nossa elevada preocupação face a eventuais alterações nas taxas de IVA aplicável sobre produtos do sector. Recordamos que uma revisão desadequada da incidência do IVA sobre estes produtos penalizará fortemente o sector e será um ataque fiscal à inovação e à diferenciação; originará uma muito significativa perda de valor, quer pela diminuição ou abandono do consumo, quer pela transferência do consumo para as gamas de menor valor; terá um impacto gravoso sobre o escoamento e valorização da matéria-prima e sobre os preços dos produtos mais básicos; induzirá o desvio do consumo para classes de produto com maior peso das chamadas “marcas brancas” e para o consumo para produtos concorrentes, caso a sua taxação não seja alterada; contrariará a política nacional e comunitária de reforço do apoio ao sector e de aposta na investigação e inovação.”


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CRIAÇÃO DE NOVILHAS Gerir o parasitismo em função da exploração Dário Guerreiro, Médico Veterinário com actividade nas áreas de clínica, cirurgia e reprodução de bovinos Membro da SERBUVET, Serviços Técnicos Veterinários dario_guerreiro@hotmail.com

Ruminantes: Quais os principais sinais clínicos de parasitismo e o seu impacto económico em novilhas de substituição? Dário Guerreiro: Na maioria dos casos o parasitismo apresenta-se como um quadro sub-clínico e assintomático, verificando-se apenas que as novilhas não atingem os índices zootécnicos esperados, nomeadamente um atraso generalizado do crescimento em todo o lote de recria. Existem casos em que o grau de parasitismo é mais elevado aparecendo então sintomas tais como baixa condição corporal, pêlo de má qualidade, por vezes baço e até com zonas de alopécia (ausência de pêlo), o que muitas vezes está ligado à presença de ectoparasitas tais como piolhos e ácaros da sarna. Em casos mais graves pode aparecer diarreia mais ou menos profusa, redução ou mesmo paragem da ruminação, edemas na barbela e na região sub-mandibular, e situações de anemia, muitas vezes associadas à presença de carraças e hemoprotozoários. No caso específico das infestações por ixodídeos (carraças) podem surgir as Pirosplamoses, vulgarmente conhecidas pela febre da carraça, cujos sintomas mais frequentes são anemia, prostação, anorexia e por vezes hematúria (sangue na urina). Nestes casos é necessária a rápida intervenção do médico veterinário assistente. Na minha prática clínica tenho verificado cada vez mais casos desta patologia, mesmo em novilhas de substituição cuja recria é feita em estabulação permanente. Não há muitos estudos acerca do impacto económico em novilhas de substituição sendo que a maioria destes estudos são feitos em novilhas pós-parto. No entanto, o que tenho verificado nas explorações que acompanho, é que as recrias que não têm programa de controlo de parasitismo não atingem os objectivos propostos para as novilhas de substituição. Os objectivos a atingir numa criação de novilhas de substituição são os seguintes: 1ª cobrição aos quinze meses de idade, ou com um peso de 350/400 kg p. v. e data do parto aos 24 meses de

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idade tendo as novilhas um peso médio de 625 kg p. v.. O não cumprimento destes objectivos tem um importante impacto económico na exploração, não só porque prolonga o tempo de recria (o que significa mais custos alimentares e menor retorno, pois iniciam o processo produtivo mais tarde) como porque vai originar uma primeira lactação mais fraca.

Ruminantes: Quais os principais factores de risco que contribuem para a existência de parasitismo numa exploração? Dário Guerreiro: São vários os factores de risco para o aparecimento do parasitismo. A presença dos animais na pastagem, quer de forma permanente quer num determinado período do dia, é o factor de risco mais importante. Estudos recentes apontam para que as novilhas que têm acesso a pastagem apresentem contagens de ovos (nas fezes) muito mais elevadas do que aquelas que estão em estabulação permanente. No entanto, como referi anteriormente, isto não significa que não exista parasitismo, e até casos graves, em bovinos estabulados. Outro factor de risco é a introdução de animais novos na exploração que estejam a eliminar ovos e formas larvares de parasitas, ou sejam portadores de ectoparasitas (tais como piolhos, ácaros da sarna e carraças) infestando os animais já existentes. Outro factor importante é a alimentação e a sua origem podendo esta ser portadora de ovos, oocistos e outras formas larvares de parasitas. Ruminantes: Que tipos de exames aconselha para despiste de parasitismo e em que alturas os recomenda? Dário Guerreiro: No caso dos parasitas gastrointestinais que são os mais frequentes devem ser efectuados exames corpológicos (pelo método de MacMaster, pelo método de Willis e outros) que permitam a contagem de ovos na matéria fecal e a identificação dos parasitas.


SAÚDE ANIMAL

Nos casos dos ectoparasitas estes são facilmente identificáveis pelo produtor e pelo médico veterinário assistente através de uma observação cuidada dos animais. No caso da sarna, e caso existam dúvidas, pode ser efectuada uma raspagem cutânea seguida de observação ao microscópio para identificação dos ácaros. No caso de suspeita de piroplasmose (febre da carraça) pode ser efectuado um esfregaço sanguíneo para observação ao microscópio dos hemoprotozoários causadores da doença. Todos estes exames que referi têm um custo muito reduzido, existindo em todo o território nacional vários laboratórios, cooperativas, associações de produtores e grupos técnicos veterinários que os realizam. Este tipo de exame deve ser efectuado sempre que se suspeite de parasitismo, sempre que são introduzidos novos animais, sempre que se suspeite que o programa de controlo do parasitismo não está a funcionar.

Ruminantes: Qual a influência de habitat e do ambiente no parasitismo? Dário Guerreiro: O habitat e o meio ambiente são muito importantes visto que a infestação, na maioria dos casos se dá por via oral, é feita animal a animal através das formas larvares e ovos eliminados nas fezes e que ficam depositados no meio ambiente. Tenho encontrado alguns casos de fasciolose (parasita intestinal e hepático) que provocam grandes atrasos no crescimento e por vezes sintomatologia clínica exuberante em novilhas que têm acesso a pastagens, nomeadamente pastagens de regadio. Este caso torna-se ainda mais grave quando estas novilhas, após o parto, “levam” este tipo de parasitismo para as vacas de produção.

Ruminantes: Qual o protocolo de desparasitação que aconselha numa exploração? Dário Guerreiro: Não existem dois protocolos de desparasitação iguais porque não existem duas explorações iguais! Cabe ao médico veterinário assistente em con-

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junto com o produtor encontrar o protocolo mais adequado, e alterá-lo sempre que necessário… não há soluções definitivas! No entanto, existem sempre momentos críticos a ter em conta como sejam: a passagem do viteleiro para o parque de recria; as mudanças de pastagem, no caso das novilhas que estão em pastoreio; a introdução de novos animais no grupo ou no espaço físico em que se efectua a recria. De uma forma preventiva no restante efectivo deve ser efectuada uma desparasitação anual (importante até pelo controlo dos ectoparasitas e para manter estável a contagem de ovos nas fezes).

Ruminantes: Pode um mau maneio de controlo parasitário contribuir para um atraso na produção de leite/crescimento, em novilhas de substituição? Dário Guerreiro: Como já referi anteriormente sem um programa de controlo parasitário muito dificilmente as novilhas vão expressar todo o seu potencial genético acabando por não cumprir os dois objectivos chave que são: 1ª cobrição aos quinze meses de idade, ou com um peso de 350/400 kg p. v. e data do parto aos 24 meses de idade tendo as novilhas um peso médio de 625 kg p. v. No entanto para o produtor de leite tudo se contabiliza em litros de leite … e é correcto que assim seja! Assim aqui vão alguns resultados de estudos que calculam objectivamente o ganho em litros de leite que se obtém controlando o parasitismo na exploração: • Novilhas que tinham sarna, +1,0kg leite/dia após desparasitação (Schonberg et al, 2001); • Num efectivo com sarna sarcóptica, que foi desparasitado, +2,00 Kg leite/dia (Watson e Forbes, 2000); • Num efectivo desparasitado, +2,14 kg leite/dia e um efeito benéfico na C.C.S. (Contagem de Células Somáticas) em vacas tratadas.

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Controlo do vector da doença da língua azul (BTV) Pedro Lopes David, Key Account Manager Ruminant Business Unit

CONTROLO DO CULICÓIDE – MEIO AMBIENTE

A epidemiologia do vírus da língua azul está muito relacionada com a biologia do vector. Trata-se de uma doença sazonal que se manifesta normalmente entre o fim do Verão e princípio do Outono.

Na maioria das espécies de culicóides, o ciclo de vida não é bem conhecido. Os mosquitos proliferam em condições de humidade em vários habitats, particularmente em zonas lamacentas e em zonas de matéria fecal ou vegetal. A modificação destas áreas fazendo a remoção da matéria orgânica e drenagem são uma importante parte da estratégia de controlo do culicóide.

A língua azul é uma doença viral não contagiosa que necessita de um mosquito (vector) para ser transmitido de animal para animal. O mosquito usualmente responsável é uma fêmea pertencente ao género Culicoides. Trata-se de um tipo de mosquito muito pequeno, o corpo mede apenas 1mm (figura comparativa dos tamanhos), e que voa em grupo. Numa picada anterior, o culicóide infecta-se quando se alimenta com sangue ou tecidos contaminados com o vírus. Após esse momento é necessário que o vírus replique no mosquito durante 2 a 7 dias ficando muito concentrado na saliva do mosquito. Ao se voltar a alimentar de um outro animal, inocula o vírus neste transmitindo a doença. A doença pode ser severa em ruminantes domésticos (bovinos e ovinos) e é responsável por elevadas perdas económicas nas explorações. Existem também um grande número de espécies que podem transportar o vírus mas que não demonstram a doença. Quando o vírus se instala numa determinada região, pode ser muito difícil o seu controlo e erradicação. É necessária uma combinação de vacinação, controlo do vector e biosegurança para controlar o vírus da língua azul (BTV). Neste artigo apenas vamos fazer a referência ao controlo do vector, no qual destacamos 2 pontos principais:

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Ruminantes • Julho | Agosto | Setembro

No Verão o desenvolvimento desde o ovo à forma adulta demora cerca de 3-4 semanas. Aparentemente algumas larvas e pupas são capazes de sobreviver durante o Inverno se estiverem em zonas protegidas. O uso de larvicidas em zonas de possível cria do agente e o controlo do ambiente e instalações com adulticidas também podem ser utilizados. O controlo de instalações também pode ser feito com a implementação de armadilhas.

CONTROLO CULICÓIDE – ANIMAL

Quando for possível confinar os animais, um método utilizado passa por resguardar os mesmos nas alturas de maior actividade do insecto (noite e especialmente amanhecer). No entanto e dada a realidade o uso de insecticidas é inevitável. Na sua maioria, os insecticidas foram direccionados contra moscas e tabanideos que usualmente atacam a cabeça e a zona superior do corpo dos ruminantes. No entanto o culicóide prefere morder ao longo da lateral da barriga e na zona acima das unhas.

Deste modo, é vital que os insecticidas que são aplicados ao longo da coluna do animal consigam atingir essas áreas em concentração suficiente para matar os culicóides e que essa morte seja o mais rápida possível para evitar a picada. Foi demonstrado que produtos ec-


7,5 Pour On

E C T O PA R A S I TA S

BUTOX

CO M EL E S

Agora existe uma forma eficaz de controlar os ectoparasitas nos Bovinos e Ovinos.

BUT/060/MAI/14

B u tox 7 , 5 Pour On controla: M OSC AS du rante 2 meses

PI OLHOS d u ra n te 2 me s e s

C AR R AÇ AS a t é 5 s e ma n a s

( B ovi nos )

( Bovinos e Ovinos)

( Bovinos)


PRODUÇÃO

SAÚDE ANIMAL

toparasiticidas à base de Deltametrina, Permetrina ou Cipermetrina atingem concentrações no pêlo elevadas, mesmo ao nível dos membros, mantendo uma actividade protectora entre as 3 e as 5 semanas (Mehlhorn 2008, 2009; Schmahl et al. 2008, 2009; Liebisch and Liebisch 2008). O controlo por tratamento quer feito ao animal ou ao meio ambiente, mesmo que não seja possível ser feito a 100%, diminui significativamente a exposição ao risco. Para além de um elevado bem-estar proporcionado aos animais, a desparasitação externa é uma prática fundamental para a prevenção de muitas patologias graves. A partir do momento em que as temperaturas começam a subir (Abril-Maio) rapidamente é importante que nas explorações (bovinos e pequenos ruminantes) hajam protocolos de desparasitação externa, elaborados para manter os animais protegidos contra os mais variados tipos de parasitas externos e consequentemente, evitar o aparecimento de patologias que em muitos casos são potencialmente mortais. Aconselhe-se com o seu Médico Veterinário.

Exemplos de desparasitação de animais para as parasitores externas

O Mercado de Matérias-Primas Alimentares e a Política Europeia de OGM’s SEMINÁRIO ACICO 2011 A ACICO levou a efeito no passado dia 2 de Junho o seu Seminário 2011, que teve lugar em Alcobaça, no “Your Hotel & Spa”, subordinado ao tema “O Mercado de Matérias-Primas Alimentares na Campanha 2011/2012 e a Política Europeia de OGM’s”.

O Seminário teve duas partes distintas, uma assegurada por membros das mesas de “trading” das principais empresas do sector associadas da ACICO, que abordou o mercado das mais importantes matérias-primas alimentares destinadas à indústria de rações e das massas e farinhas, outra assente numa conferência proferida pelo membro do presidium da COCERAL – Comité du Commerce des céréales, aliments du bétail, oléagineux, huile d'olive, huiles et graisses et agrofournitures (organização de cúpula Europeia do sector do trading de cereais e oleaginosas), Jean Michel Aspar, subordinada ao tema “O impacto da política OGM Europeia no abastecimento do mercado” e que teve como moderador Pedro Corrêa de Barros da IACA – Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais. No que respeita aos cereais, as expectativas que resultaram

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da apresentação de Gonçalo Cunha, da NIDERA AGROCOMERCIAL, S.A., são de uma campanha 2011/2012 em que se prevê uma procura ligeiramente superior à oferta disponível, portanto, com manutenção provável do nível elevado de preços verificados nos últimos anos. Por outro lado foi acentuada a necessidade de estar atento às condições meteorológicas que se venham a verificar no norte da Europa e USA que poderão ter um impacto significativo sobre, quer nas quantidades, quer na qualidade, da próxima colheita. Relativamente às oleaginosas, a oradora da BUNGE IBÉRICA PORTUGAL, S.A., Kieri Silva, traçou um cenário relativamente mais optimista para a próxima campanha, em que se prevê uma boa produção e no caso particular da soja, uma oferta sustentada que acarretará provavelmente uma redução dos preços de mercado. Jean-Michel Aspar, da COCERAL, passou a mensagem de que a actual política Europeia de aprovação de novos O.G.Ms. está a acarretar um significativo aumento do risco dos operadores e uma correspondente diminuição das origens de abastecimento de uma Europa deficitária em proteína para a alimentação animal. Foi ainda discutido o “pipeline” de aprovações de novos eventos pela E.F.S:A., bem como a provável adopção próxima da LLP (low level presence) de eventos não autorizados mas em processo de aprovação, que acaba com a política de tolerância zero.



PRODUÇÃO

SAÚDE ANIMAL

A importância da desinfecção após a ordenha José Luís Campos, Médico-Veterinário As explorações leiteiras modernas estão orientadas para uma alta produção leiteira com baixos níveis de contaminação microbiológica do leite, e a sua rentabilidade está directamente ligada, entre outros, a um bom estado sanitário dos animais. A higiene geral de uma exploração, desde os próprios animais, instalações e sala de ordenha até aos próprios operadores, é normalmente um indicador do desempenho da exploração na sua principal função: a produção de leite de alta qualidade.

Englobados em todo o processo de controlo da contaminação, estão a prevenção e o controlo de mastites. As mastites são a patologia mais prevalente em explorações leiteiras, e são responsáveis em todo o mundo por grandes perdas na produção leiteira, diminuindo a quantidade (375kg de perda de leite por cada episódio clínico, e cerca de 0,5kg por cada duplicação de CCS, a partir das 50 000 células/ml) (1), e alterando a sua qualidade (diminuição de proteínas, gordura, minerais e aumento de lipases, plasmina, imunoglobulinas, entre outros) (2). O impacto económico de uma mastite pode depender de muitos factores, e variam por região, condição epidemiológica do local e da exploração, da condição económica e de maneio (1). Contudo é largamente aceite como a doença mais frequente e mais dispendiosa das explorações leiteiras de alta produção, podendo atingir valores de cerca de 180€/vaca/ano (1), considerando todas as perdas de rentabilidade com o aumento de custos.

Para a prevenção e controlo de mastites, a desinfecção dos tetos após a ordenha, é o mais importante e eficaz passo em qualquer programa de prevenção de mastites contagiosas. Por este motivo, devemos ter sempre presente as principais razões de se utilizar um produto para a desinfecção após a ordenha. Em primeiro lugar surge a necessidade

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de remover da pele dos tetos os microorganismos causadoras de mastites. Durante a ordenha, os mircoorganismos causadores de mastites contagiosas, podem contaminar os tetos principalmente via 3 vectores: - as mãos do ordenhador – deve-se usar luvas e lavar as mãos regularmente durante a ordenha - utensílios para limpar/secar tetos – deve-se sempre usar apenas um por vaca. - equipamento de ordenha – representa o maior risco de contaminação. Após cada ordenha 2 a 4 ml de leite permanecem nas tetinas, o que constitui um risco de potencial transmissão de microorganismos causadores de mastites.

Assim, torna-se imperioso a utilização de um desinfectante, colocado imediatamente após a retirada das tetinas. No entanto, deve-se ter atenção a alguns factores na escolha do melhor desinfectante para cada situação, pois a eficácia dos desinfectantes pode ser alterada consoante o tipo de microorganismo a ser combatido, a concentração do desinfectante, o tempo de actuação, a temperatura, concentração de matéria orgânica, etc. Para além destes factores, em certos ambientes ou circunstâncias, a desinfecção da pele dos tetos pode ter alguns efeitos indesejáveis, como o agravamento de fis-

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suras da pele com o tempo húmido ou ventoso, ou a própria irritação da pele por contacto com o próprio desinfectante(3). Assim sendo, não basta desinfectar, mas é também necessário cuidar da pele dos tetos. Para este efeito, são adicionados compostos para o tratamento cosmético da pele, como emolientes, esfoliantes, suavizantes, entre outros, que tornam o produto de aplicação após a ordenha num complexo composto químico que terá que ter o melhor equilíbrio possível entre desinfecção e tratamento cosmético.

Este tratamento é cada vez mais entendido como essencial na prevenção das mastites, pois para além das perdas económicas associadas à menor descida de leite num teto alterado, as suas feridas, ou gretas constituem enormes reservatórios de microorganismos, potenciando tanto o aparecimento de mastites como a sua disseminação pelo efectivo.

Como conclusão podemos dizer que hoje em dia, qualquer programa de prevenção de mastites terá obrigatoriamente que contemplar a desinfecção dos tetos após a ordenha. Mais ainda, a utilização de produtos após a ordenha terá que ser considerada não apenas como uma desinfecção, mas sim como um tratamento que engloba a higiene e a cosmética, e cuja eficácia depende de vários factores, pelo que se deve adequar a cada situação o produto indicado. Referências bibliográficas

1. H. SEEGERS et al, Production effects related to mastitis and mastitis economics in dairy cattle herds, J Vet. Res., n34, 2003 2. BLOWEY, R. and EDMONDSON, P., Mastitis Control in Dairy Herds, 2nd Edition, 2010, CAB International 3. BURMEISTER et al, Effects of Premilking and Postmilking Teat Disinfectants on Teat Skin Condition, J. Dairy Science, Vol 81, n7, 1998


EQUIPAMENTOS

John Deere - “Setting Directions”

APONTANDO DIRECÇÕES A JOHN DEERE ESTABELECE AS DIRECTRIZES PARA O CRESCIMENTO FUTURO

Quadro de directores da Região 2 da John Deere, durante a abertura da apresentação “Setting Directions”, no hotel Corinthia em Lisboa.

De 31 de Maio a 27 de Junho, a John Deere convidou cerca de 5000 pessoas entre pessoal de vendas, clientes chave, peritos do mundo da agricultura e imprensa especializada, procedentes de vários países, a Lisboa, com o objectivo de partilhar as estratégias de crescimento da empresa e apresentar mais de 100 novos produtos entre maquinaria agrícola e de espaços verdes para os mercados de Europa, CIS, Norte de África e Próximo Oriente (Região 2 da John Deere). “Escolhemos Lisboa para este evento, pois há 500 anos Vasco da Gama saiu dali para conhecer novas terras, fazer novos descobrimentos e desenvolver novas formas de navegação” disse Christoph Wigger, vice-presidente de John Deere, encarregado de vendas e marketing da região 2. “Tal como o famoso navegante ia estabelecendo directrizes, nós fazemos o mesmo para aumentar o nosso negócio nesta importante região.” A ESTRATÉGIA GLOBAL DA JOHN DEERE

Em Outubro de 2010, a John Deere anunciou o seu plano estratégico que cifrava as vendas anuais a nível mundial para o ano 2018 em $50 biliões (USD). Neste plano a companhia apoiava-se sobre dois pilares em crescimento: soluções de Equipamento em Agricultura e soluções para a Construção. “Os incrementos tanto na dimensão como nas necessidades da população mundial levarão a que a procura de alimento, combustível e fibras naturais dupliquem em 2050” disse Samuel R Allen (Presidente Executivo da Deere & Company). “De acordo com algumas estimativas, os agricultores deverão produzir na primeira metade deste século o mesmo que se produziu nos últimos 10.000 anos. Os rendimentos deverão crescer mais rápido que nunca, e a maquinaria de alta produção converter-seá numa imperiosa necessidade. Ainda que continuemos a crescer em outros sítios, a região 2 é a nossa melhor oportunidade de

aumentar as nossas receitas”, concluiu Allen.

Com cerca de 30% das terras cultiváveis do mundo, aproximadamente 41% da produção leiteira mundial e 24% do fornecimento mundial de carne de porco, a região 2 apresenta um potencial de vendas anual de $35 biliões (USD) para os produtores de maquinaria agrícola. “A crescente procura dos produtos básicos agrícolas requer o arranque de planos de inovação para assegurar o nosso negócio no futuro, numa área onde o gasto em maquinaria por cliente é maior que em qualquer outro sítio do mundo”, disse Wigger. “Por isso, ambicionamos conseguir $7 biliões (USD) de lucro e uma quota de mercado total de 25% em 2014. Existe um claro enfoque de aumento de quota de mercado

nos 27 mercados da UE em todas as categorias de produto para 2014, e um segundo objectivo de desenvolver o mercado da CEI (Comunidade de Estados Independentes).”

“A John Deere pretende conseguir este crescimento através de cinco directrizes: centrar-se em grandes clientes, aumentar a quota nos mercados mais rentáveis, uma rede de distribuição de classe mundial, uma organização executiva de alto rendimento, e expandir as soluções financeiras e melhorar as relações com os principais países agrícolas”, concluiu Wigger.

Entre os mais de 100 produtos apresentados, destacam-se as séries de tractores 6R, 7R, e 8R, as enfardadeiras da série 900, as ceifeiras debulhadoras das séries S e W/T, bem como novas soluções em tecnologias no domínio da agricultura de precisão.

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EQUIPAMENTOS

John Deere

New Holland

NOVAS ENFARDADEIRAS SÉRIE 900

SISTEMA DE ETIQUETAGEM DOS FARDOS, EM ENFARDADEIRAS DA SÉRIE BB9000 DE FARDOS GIGANTES

Ideal para grandes explorações ou empresas de prestação de serviços, a nova série 900 de câmara variável compreende dois modelos, o 960 e o 990, com diâmetros de enfardamento entre 80-160cm e 80-185cm, respectivamente. Incorporam o sistema fullframe que liberta a câmara de enfardamento de toda a tensão externa. O Sistema de Descarga Rápida, também oferecido, que permite ao operador libertar o fardo em menos de cinco segundos representa, segundo a John Deere, a poupança de até uma hora de trabalho em campo por dia.

Outros pontos importantes da série 900: - o sistema de recolha do material inclui um sistema de cinco filas de dentes e rotor de alta capacidade, disponível com 13 o 25 facas; - o novo sistema de descarga de piso rebatível actua sobre toda a largura do rotor e permite desfazer facilmente os atascamentos; - o conceito MaxD para a câmara de enfardamento proporciona a máxima densidade ao fardo; - o sistema de aplicação de rede é agora na frente da máquina para permitir um correcto envolvimento do fardo; - a série 900 possui a certificação ISOBUS e pode ser equipada com o monitor GreenStar 1800 onde se mostram as configurações principais da máquina e as suas funções; - em 2012 a série 900 poderá ser equipada com o sistema de automatização tractor-enfardadeira (premiada com Medalha de Ouro no SIMA 2011).

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A New Holland apresentou recentemente um inovador sistema de etiquetagem de fardos, premiado com Medalha de Prata no SIMA 2011. Durante a prensagem do fardo, o sistema Crop ID identifica cada fardo com o auxílio duma etiqueta de frequência rádio. A etiqueta é fixada ao nível do atador a um dos fios do fardo, e as informações são carregadas para a etiqueta graças à utilização

de uma frequência rádio e de um emissor. Estas informações (massa, humidade, localização, agente de conservação utilizado…) são armazenadas no processador de gestão de dados durante a formação do fardo e, posteriormente, carregadas electronicamente para a etiqueta. As informações armazenadas na etiqueta serão identificadas após o enfardamento, graças a um scanner de infravermelhos.

Massey Ferguson NOVOS TELESCÓPICOS MAIS POTENTES

A nova gama de telescópicos MF 9000, veio substituir a anterior série 8900 Xtra. Consiste em três modelos (MF 9306, MF9407 e MF9407S) de 100 e 130 cv. A capacidade de elevação é de 3 e 3.5 ton para os modelos 9306 e 9407, respectivamente, e o alcance de 6 e 7 metros. O 9407S tem 3,5 ton de capacidade, mas tem maior potência para operações mais exigentes. Todos os modelos equipam com motores Perkins, de quatro cilindros e transmissão

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hidrostática. A lança tem uma configuração totalmente nova, e os hidráulicos são alimentados por um sistema hidráulico de centro fechado e sensibilidade de carga (CCLS) até 190 litros/min, com controlo total por joystick com suspensão da lança e opcionalmente flutuação da lança. Também novo é o modelo compacto MF 9205, com 2.2 ton de capacidade e um alcance de 5.21 m, que vem substituir o MF 8925.



EQUIPAMENTOS

Critérios para a escolha de uma enfardadeira Rubén Garcia e Diogo Camarate Campos, John Deere Iberica A selecção duma enfardadeira passa pela avaliação de distintos factores que, combinados entre si, permitirão seleccionar a máquina mais adequada a cada cliente. Neste caso, iremos restringir-nos às enfardadeiras de fardos cilíndricos e às suas variantes. O principal factor na escolha da enfardadeira refere-se ao volume total de material a enfardar. Para explorações pequenas e médias, ou para explorações pecuárias em que se procura o auto-abastecimento, aconselha-se uma enfardadeira (de fardos cilíndricos) de câmara fixa, tanto de rolos como de barras. Para explorações grandes e para aqueles clientes que também efectuam alguns trabalhos a terceiros, recomendamse tanto enfardadeiras de câmara fixa, como variável, de modo a conseguir-se um excelente manejo do material. Se se tratar dum alugador que efectua um elevado número de fardos e que deseja um óptimo trabalho com alto rendimento, deverá contar com uma enfardadeira de câmara variável de grande capacidade de trabalho.

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A qualidade de material para enfardar também afecta em grande parte a selecção da máquina mais apropriada para cada cliente. Se se deseja enfardar forragem desidratada ao sol, composta por diferentes espécies forrageiras que crescem de forma natural (forragens de baixa qualidade), considera-se aconselhável utilizar uma enfardadeira simples de câmara fixa com pick-up e sem picador de material; porém, para palhas e forragens de maior qualidade que necessitam ser processadas antes de entrar na câmara da enfardadeira para favorecer a sua digestão por parte dos animais ou para facilitar a sua mistura, dever-se-á escolher uma enfardadeira de câmara variável de altas especificações com pick-up e picador de facas. Se o material a enfardar são forragens de elevada qualidade, já será necessário uma enfardadeira PREMIUM com câmara variável, com pick-up e picador de altas especificações para conseguir comprimentos mínimos do material. A capacidade de compressão também deverá ser elevada para reduzir ao mínimo os custos operativos (menor número de fardos com a mesma quantidade de material). As enfardadeiras de câmara variável formam um fardo com maior capacidade para aguentar intempéries que podem surgir caso se encontrem expostos aos agentes meteorológicos.

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Quanto à capacidade de trabalho, se procuramos uma enfardadeira de capacidade média, devemos pensar em máquinas de câmara fixa onde se procura fiabilidade a nível mecânico e reduzidas actividades de manutenção durante a campanha. A máquina deverá ter um alimentador pick-up simples, de dedos ou de rotor que permita enfardar material seco (menos de 20% de humidade) numa câmara de rolos ou rolos e barras. Se o que se procura é elevada capacidade de trabalho, dever-se-á optar por enfardadeiras de câmara variável com capacidade de manejo de muitas toneladas de material por hora, aumentando-se assim a rentabilidade do trabalho de enfardar.

Por último, é também necessário ressaltar o tipo de sistema que se utiliza para atar o fardo. Utiliza-se fio para aquelas máquinas que trabalham com palha e feno e que não picam o material. Pelo contrário, para forragens de grande qualidade e de alto valor energético deve-se utilizar rede para atar os fardos pois permite reduzir ao mínimo as perdas de material e ao utilizar uma enfardadeira de câmara variável, permite ter umas condições de prensagem óptimas preservando-se melhor o material em todo o processo de armazenamento posterior.


SEGURANÇA

Zonas de risco de segurança na enfermaria As zoonoses são doenças infecciosas que podem ser transmitidas (por vezes por vectores) de animais para humanos e vice versa (neste caso denominada por antroponose). É fundamental um correcto maneio quando se tratam animais doentes, de forma a que o interveniente se proteja e evite contaminações cruzadas. Nos bovinos de leite, doenças tais como a salmonelose, a brucelose, o carbúnculo, liesteriose e a leptospirose podem ser transmitidas através do leite contaminado ou pelo contacto com o sangue, a saliva e a urina. A tuberculose humana pode ser transmitida de humanos para vacas através de partículas em suspensão.

Os sintomas dessas doenças nos humanos manifestam-se de várias formas: enquanto a leptospirose pode provocar sintomas iniciais confundíveis com uma gripe (podendo evoluir para um quadro mais grave fatal), a salmonelose pode causar gastroenterite.

A toxoplasmose pode ser transmitida pelo contato com a urina e as fezes de gatos e ratos que vivem na exploração e pode afectar fetos humanos. O pessoal da exploração que trabalha com vacas deve estar ciente de que a zona de enfermaria e a zona de tratamento são áreas altamente contaminadas.

Plano geral enfermaria

Camas limpas

Evite o contato com detritos de animais, carcaças, excreções e miudezas. Elimine imediatamente os animais mortos de acordo com as indicações previstas em saúde pública. Trate e desinfecte imediatamente os cortes, arranhões e mordidas de animais. Se for mordido, lave a ferida com água abundante e sabão, certifique-se da validade da vacina da raiva do animal e recorra a um médico logo que possível. Tenha em dia os reforços do tétano. Utilize sempre o traje apropriado e lave e desinfecte as botas e as mãos antes e após o tratamento de vacas. Elimine luvas, seringas, agulhas e recipientes vazios de remédios usados. As camas da enfermaria devem ser substituídas com frequência. Não beba leite da exploração não tratado. Não coma ou beba durante o trabalho, nestas zonas. Informe-se com o seu médico sob forma a ter as desparasitações de todos os funcionários e família em dia.

Outras doenças na exploração de gado leiteiro de que os funcionários devem estar cientes são as causadas por parasitas e fungos (que podem causar problemas de pele em seres humanos): sarna, tinha, piolhos e parasitismo gastrointestinal são apenas alguns exemplos. As carraças, geralmente encontradas nas proximidades de produtos para alimentação animal ou nos próprios animais, podem transmitir a doença de Lyme.

Depósito para colocar agulhas usadas

Depósito para colocar seringas usadas

Local para colocar animais mortos

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FEIRAS

NÃO DEIXE DE VISITAR... 14 A 17 DE JULHO

7 A 8 DE SETEMBRO

7 A 11 SETEMBRO 2011

13 A 16 DE SETEMBRO

A Leicar —Associação dos Produtores de Leite e Carne — promove, de 14 a 17 de Julho, a VIII Feira Agrícola do Leite. Esta feira, que tem lugar em São Pedro de Rates, Póvoa do Varzim, junta os principais actores da fileira nacional do leite.

Esta feira ao ar livre eferece, para além de uma zona de exposição com cerca de 200 stands, amplos campos de demonstração onde se podem ver a trabalhar mais de 700 máquinas e equipamentos, para além de variados campos de ensaio de culturas.

Exposição Internacional de Gado Puro, e 28 Feira Internacional Agropecuária de Castilla y Leon.

5 A 7 DE OUTUBRO

27 A 30 DE OUTUBRO

15 A 19 NOVEMBRO

O Sommet de l'Elevage de Clermont-Ferrand / Cournon é uma das principais feiras internacionais especializadas em produção animal. Durante três dias, o Sommet de l'Elevage oferece um extenso programa com visitas a explorações, animações profissionais e uma série conferências e seminários sobre a actualidade agrícola.

A cidade de Cremona, considerada por muitos como a capital mundial da genética bovina, realiza uma mais este ano, de 27 a 30 de Outubro, a Feira Internacional do Bovino de Leite. Nesta exposição poderá conhecer as últimas novidades do sector, bem como assistir a seminários com a presença de técnicos, veterinários, economistas e personalidades reconhecidas desta fileira.

Agricultura / Máquinas e Equipamentos A Agritechnica é a feira de novidades do setor agrícola. Com sua grande variedade em técnica líder de mercado e novos desenvolvimentos, ela representa um fórum excepcional de informações para todos os tipos de soluções da agricultura e técnica agrícola.

A 25ª edição do SPACE – Salão Internacional das Produção Animal – terá lugar no Parc-Expo de Rennes (2 horas de TGV a oeste de Paris) de 13 a 16 de Setembro de 2011. Esta feira anual, dedicada aos sectores suínos, bovinos (lácteos e carne), de avicultura, cunicultura e ovinicultura, é considerada como um dos maiores encontros mundiais no sector da criação de gado. Esta edição contará com mais de 100 000 visitantes, 1 100 expositores e 10 000 visitantes internacionais. O SPACE oferecerá um programa de conferências e colóquios de alto nível, de concursos, apresentações e leilões de animais com elevado valor genético e um programa de visitas a explorações pecuárias e fábricas para visitantes estrangeiros.

www.leicar.pt

www.sommet-elevage.fr

www.feriadesalamanca.es

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Mais informações em www.space.fr

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COWPARADE

Vaquinha Praiana Por: Christina Murad

CHEGA AO RIO DE JANEIRO O maior e mais bem sucedido evento de arte pública no mundo, que consiste em decorar esculturas de vacas em fibra de vidro por artistas locais e distribuí-las pelas cidades, em locais públicos como estações de metro, avenidas e parques chega agora ao Rio de Janeiro. Após a exposição, as vacas são leiloadas e o dinheiro é entregue a instituições de beneficentes. www.cowparade.com.br/rio/cowparade.php

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FEIRAS

FEIRA NACIONAL DE AGRICULTURA De 4 a 12 de Junho, a Feira Nacional da Agricultura recebeu visitantes de todo o país. O certame englobou exposições e concursos de pecuária, exposição de maquinaria e equipamentos agrícolas, entre outras áreas. Aqui ficam retratados alguns momentos da Feira:

Revistas “abolsa

mia” e “Rumin an

Campino no recinto da feira.

Exemplar reprodutor da Raça Alentejana.

Stand Pioneer.

Vista do campo de cultivo da Pioneer.

Vista do stand Polivouga.

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Paula Ventura e Manuel Ortigão no stand da Tecadi.

tes”.


RUMINarte Fotografia: Ant贸nio Cannas | Modelo: A.B.



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