Revista Universitária de Psicologia - agosto 2021

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RUP

Revista Universitária de Psicologia VOL.3/21

AGOSTO 2021


Nota editorial

O tempo passa a voar e já foi há mais de um ano que assumimos a responsabilidade de recolocar a RUP no caminho certo com publicações regulares e de qualidade. Com a publicação deste número, passam para cinco as edições que esta equipa orientou e podemos, então, sentir que cumprimos o nosso dever e estivemos à altura do compromisso que assumimos. Aos meus colegas de Administração e a todos os colaboradores, estendo uma mensagem congratulatória pelo impecável trabalho realizado. Focando-nos neste número, procuramos, desde logo, relembrar um pouco da história da RUP que, por altos e baixos, já leva mais de 30 anos de existência, mas que ainda tem potencial para alcançar muito mais. Olhamos também para a realização dos testes psicotécnicos, um tema que ganha especial preponderância quando, por feliz coincidência, esta edição é publicada no dia anterior à publicação dos resultados dos Exames Nacionais que terão também grande impacto nas escolhas de futuro dos estudantes do Ensino Secundário. No demais, como habitual, procuramos destacar alguns temas de particular relevância para os estudantes de Psicologia e terminamos com uma sugestão para relaxar após o fim de mais um duro ano letivo.

JOSÉ BAPTISTA


Administração

Administrador José Baptista

Dpt. Gestão Dpt. Científico e Revisão Dpt. Editorial Catarina Venda Duarte Tavares Rita Leite

Colaboradores Departamento Gestão Margarida Farinha, PSICUBI

Colaboradores Departamento Editorial Ana Loureiro, AEFPCEUP Ana Mateus, NEPCESS-AAC Carlota Inês, AEFPCEUP Karen Moniz, AEFPCEUP Vítor Luz, AEFPCEUP

Colaboradores Departamento Científico e de Revisão Gonçalo Pereira, NEPCESS-AAC Inês Duarte, NEPCESS-AAC Isabel Moio, NEPCESS-AAC Joana Pereira, AEFPCEUP Paulla Amaral, NEPCESS-AAC Tatiana Matias, NPUÉ


Índice NOTA DO EDITOR Nota editorial

02

ESPECIAL A conturbada história da RUP

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Testes Psicotécnicos - Sim ou não no aconselhamento vocacional?

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Candidaturas para o 'Mind the Mind' abrem em agosto

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"Ouvi Dizer", o novo Podcast da ANEP

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Sugestão de verão - Necessary Roughness

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CALENDÁRIO DE EVENTOS

NOTÍCIAS Ordem garante representação no CNECV

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Albert Bandura (1925 -2021)

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Calendário de Eventos

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JOSÉ BAPTISTA

A CONTURBADA HISTÓRIA DA RUP A Revista Universitária de Psicologia (RUP) conta já com mais de 30 anos de existência, mas a sua história está repleta de altos e baixos, preenchida quer por momentos de produção de excelência, quer de interregnos em que se viu votada ao esquecimento. Tentaremos aqui realizar um pequeno resumo da história desta instituição para que os nossos leitores compreendam de onde viemos e que caminho caminhamos agora. Nestes longos anos de RUP, houve três principais espaços temporais de atividade e é deles que faremos uso para nos guiar pelo meio destas décadas. Primeiro Ato A RUP foi criada, como organismo da ANEP, no longínquo ano de 1988 e teve entre esse e o seguinte ao, quatro números publicados. Obviamente, era nesta altura impressa em papel e neste período, que contou com João Luis Gomes e João Guedes Barbosa como principais nomes, foi uma experiência de trabalho dura, já que era necessário conjugar os esforços de alunos de Porto, Coimbra e Lisboa numa época ainda sem internet ou sequer uso generalizado do telemóvel, pelo que era por correio que se fazia muito da empreitada de colocar uma Revista em circulação. Esta fase foi também precursora de uma vontade sempre cara à RUP, juntar as componentes editorial e científica, já que cada número tinha tanto notícias de interesse para os alunos de Psicologia como artigos científicos de estudantes e recém licenciados. Desta primeira fase, restam apenas os exemplares impressos, muitos deles desaparecidos. Já muitos anos volvidos, mas ainda nesta primeira fase exclusivamente impressa, há um número isolado em 1998 e

voltaria a existir publicação de dois números em 2002 e 2003 (um terceiro esteve pronto, mas não avançou por falta de financiamento). Nesta fase, sob direção de Vitor Coelho, o principal objetivo da RUP era levar aos estudantes as novidades sobre a ação da ANEP. Estes exemplares já estão disponíveis em formato digitalizado no acervo da RUP.


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Segundo Ato É em 2011 que a RUP ganha novo alento através das mãos de João Carlos Arruda, ex-Presidente da ANEP, que assume a Administração da Revista, passando esta a ser publicada em duplo formato, online e impresso. A RUP atinge aqui um período de maior maturidade, com um perfil editorial focado em colocar os estudantes a par da atualidade da Psicologia em Portugal e com uma atividade dinâmica interna e externa, de formação e eventos em cooperação com a ANEP. Em especial, é marcada por concentrações de toda a equipa da RUP para laborar conjunta e presencialmente em cada número. No campo científico, tudo é preparada para o lançamento de números exclusivamente dedicados à publicação de artigos, mas acabaria por esbarrar num problema repetido, com a mudança de Administração, a RUP acaba por voltar a parar a sua ação. Terceiro Ato Finalmente, em 2015, é feita a transição para o modelo exclusivamente através da internet. A partir daí, a RUP continua aberta a submissões científicas, mas tem poucos frutos nesse campo e é através da publicação trimestral da RUPortagem, de conteúdos de cariz noticioso, que vai chegando aos estudantes de Psicologia do país. Sob as Administrações de Marco Fernandes e Adriana Bugalho encontra um dos seus períodos mais prósperos, lançando 11 números ininterruptos. Finalmente, acabaria por ceder face a uma Administração ociosa, mas ficaria apenas dois anos sem publicação, uma vez que retomaria atividade através da atual direção, que aqui publica o seu quinto número.


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DANIELA MOURATO

TESTES PSICOTÉCNICOS - SIM OU NÃO NO ACONSELHAMENTO VOCACIONAL? Ajudar um/a jovem a escolher o seu curso com confiança e segurança é para mim, neste momento, a minha missão de vida. Quero descomplicar o que é complexo e tornar possível aquilo que para tantos jovens parece impossível como ter a certeza na escolha de um curso, quando vivemos num mundo de incertezas? Seguindo as tendências atuais, um modelo de aconselhamento vocacional deve procurar ter em consideração os contextos de vida, a imprevisibilidade, as múltiplas transições ao longo da vida que as pessoas enfrentam, as variáveis socioculturais das pessoas, considerando-as como autores da sua história de vida, contextualistas, construtivistas e narrativas. O foco da intervenção com os jovens deve, por isso, centrar-se principalmente em ajudá-los a encontrarem um sentido de vida, ajudando-os a saber como tomar decisões e vivendo uma vida positiva e com sentido mesmo em situações de incerteza e de escassas oportunidades, como se regista na sociedade atual. Pretende-se apoiar os jovens no desenvolvimento das suas competências básicas de carreira, relacionadas com atitudes e crenças e comportamentos específicos, e à prevenção de problemas vocacionais específicos. Trabalha-se não só a adaptabilidade - ajudando os jovens a

viverem o seu próprio desenvolvimento, tendo em conta a sua capacidade para planear (preocupação com o futuro), conhecer-se a si próprio e as situações que o rodeiam (curiosidade quanto ao futuro), resolver problemas (confiança no futuro) e tomar decisões (controlo do futuro), no sentido de ser responsável pela sua própria carreira - como também a identidade como processo social de construção, referenciado com as pessoas que os rodeiam e reconhecendo as várias identidades das pessoas consoante os contextos. É uma abordagem dinâmica que estimula o pensamento crítico da pessoa e a exploração de si nos múltiplos contextos. Daí que, neste momento, já não são apenas os jovens a questionarem-se sobre o que vão fazer da sua vida, mas todos as pessoas que sejam


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confrontadas com transições das suas vidas, quer sejam elas relacionadas diretamente com as questões de emprego, quer sejam com outras áreas da sua vida. O que me deixa completamente perplexa quando continuo a encontrar jovens e famílias que insistem nesta ideia de realizar os “testes psicotécnicos” para determinar qual o melhor curso a escolher ou que lhe seja dito quais as possibilidades de cursos do ensino superior mais adequadas para o/a jovem, mesmo quando este/a tem apenas 15 anos. E mais apreensiva fico quando recebo jovens que já passaram por processos de intervenção vocacional e ao receberem os seus “resultados”, não concordaram com os mesmos, mas também não conseguiram ou não quiseram, reflectir em conjunto com os profissionais que os acompanharam. Nós, profissionais, não somos os detentores da verdade sobre o que o jovem deve ou não deve escolher mas somos responsáveis pelo modelo de intervenção que escolhemos para apoiar o jovem nesta sua tomada de decisão. Ajudar os jovens e as suas famílias a compreenderem esta nova abordagem de intervenção é revelante para que cada um dos intervenientes entenda o seu papel e não pressione ou não se sinta pressionado a fazer determinadas ações. Fazer a avaliação dos interesses e aptidões (a que muitos se referem como os “testes psicotécnicos”) já não é visto como requisito suficiente para as pessoas serem bem sucedidas num determinado trabalho ou formação, nem como algo que permanece estável e previsível ao longo do

tempo. Antes, é necessário ajudar as pessoas na (co)construção e acompanhamento “holístico” de uma construção de vida. Isto significa que fazer este tipo de avaliação deixa de fazer sentido? Não. Consoante o jovem e a sua situação, poderá fazer sentido fazer uma avaliação psicológica destes domínios, como de outros, que constituirá um entre vários elementos a ter presente neste trabalho conjunto. Neste momento, o mais importante é apoiar o jovem na construção dos seus projetos de vida, sabendo que o sucesso da sua carreira depende das suas aprendizagens e de quem ele é, em vez das decisões que toma (M. Savickas, 2013). E quando um jovem entende esta mensagem, o medo de errar e de falhar na escolha do seu curso, deixa de fazer sentido. Ele assume um compromisso consigo próprio de que naquele momento, face à pessoa que ele sabe que é, ao conhecimento que tem das ofertas e das oportunidades, das suas possibilidades e face ao investimento a que está disposto realizar, aquelas são as opções possíveis (sim, porque haverá sempre mais do que um curso possível, para cada jovem).

Savickas, M. (2013). Larios International Conference “Life design and career counseling: building hope and resilience”, June 20-22 2013


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JOSÉ BAPTISTA

ORDEM GARANTE REPRESENTAÇÃO NO CNECV A Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) está agora, e pela primeira vez, representada no Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV). Após uma forte ação reivindicativa da OPP, a ciência comportamental passou a ter também lugar neste órgão através de uma alteração legislativa realizada em 2020 e que, finalmente, passou a ser efetiva com a tomada de posse da nova composição da CNECV, que decorreu a 21 de julho.

"AO LONGO DOS PRÓXIMOS CINCO ANOS, MIGUEL RICOU SERÁ O REPRESENTANTE DA OPP"

A CNECV é um órgão consultivo independente, cujos 21 membros são indicados para mandatos de cinco anos, a funcionar junto da Assembleia da República e com o propósito de analisar os problemas éticos suscitados pelos progressos científicos nas ciências da vida como a Biologia ou a Medicina. A sua criação ocorreu em 1990 e a sua ação faz-se maioritariamente através da formulação de pareceres e de documentos de trabalho, mas também por participação em comissões e eventos nacionais e internacionais.

Ao longo dos próximos cinco anos, Miguel Ricou será o representante da OPP. O Professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e investigador do CINTESIS é o atual Presidente do Conselho de Especialidade de Psicologia Clínica e da Saúde da OPP, após já antes ter servido como Presidente do seu Conselho Jurisdicional e é uma das vozes mais respeitadas a nível nacional no campo da ética em saúde.


JOSÉ BAPTISTA

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ALBERT BANDURA (1925-2021) Aos 95 anos de idade, Albert Bandura faleceu a 26 de julho de 2021 de causas naturais. Professor na prestigiada Universidade de Stanford, Bandura deixa um legado inegável na Psicologia, deixado bem patente pelo ser um dos cinco autores da área mais citados do Século XX e pelas várias distinções com as quais foi agraciado, incluindo o Prémio APA por Destacadas Contribuições Científicas em 1980. A experiência da ‘Bobo Doll’ O mais famoso trabalho de Albert Bandura foi a sua experiência com a ‘Bobo Doll’, uma boneca insuflável de tamanho humano. Com o intuito de compreender como se adquiriam comportamentos de agressão, Bandura testou 72 crianças entre os 3 e os 6 anos através de três grupos de teste. Os elementos do primeiro grupo assistiam a um modelo adulto a interagir com a ‘Bobo Doll’ de forma não agressiva, os do segundo observavam um modelo que agia de forma agressiva e, finalmente, o grupo de controlo não dispunha de qualquer modelo. Em seguida, as crianças eram colocadas perante uma situação frustrante, ao ser-lhes negado jogar com alguns brinquedos. Finalmente, eram deixadas numa sala com a ‘Bobo Doll’ e outros brinquedos. Os resultados foram de encontro às expectativas dos investigadores, uma vez que as crianças que foram expostas a um modelo agressivo tomaram mais iniciativas violentas para com o boneco que as dos outros dois grupos. Adicionalmente, foram também encontradas diferenças nas respostas das crianças consoante o sexo, nomeadamente, que os rapazes têm maior propensão a imitar modelos do mesmo sexo e que estes foram mais agressivos fisicamente que as raparigas.

"UM DOS CINCO AUTORES DA ÁREA MAIS CITADOS DO SÉCULO XX E (...) VÁRIAS DISTINÇÕES COM AS QUAIS FOI AGRACIADO, INCLUINDO O PRÉMIO APA POR DESTACADAS CONTRIBUIÇÕES CIENTÍFICAS EM 1980"


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Posteriormente, Bandura avançou mais além, testando de forma semelhante, mas acrescentando modelos cinematográficos, chegando a conclusões semelhantes e que reforçaram a ideia de que a imitação tem um papel importante na aprendizagem de comportamentos sociais. Estas conclusões continuam ainda hoje a ser muito mencionadas quando se discutem as implicações de videojogos ou filmes no comportamento dos jovens.

A Teoria da Aprendizagem Social Essa experiência ajudou Bandura a avançar com a sua Teoria da Aprendizagem Social, que procura enfatizar a importância da observação, modelagem e imitação de comportamentos e respostas de outros. Ora, esta abordagem parece contradizer os preceitos comportamentalistas, uma vez que não vemos implementado um reforço ou punição diretos para alterar o comportamento do sujeito. Contudo, Bandura não faz este corte, admitindo que estarão em ação outros reforços, seja externos como a aprovação social ou internos como a satisfação por se integrar com os outros. Demais, Bandura reforça os fatores ambientais e cognitivos como cruciais para o desenvolvimento de padrões comportamentais, suavizando o determinismo de Skinner, mas não rompendo por completo com este.

A maior proximidade de Bandura ao comportamentalismo é bem patente no seu livro ‘Social Learning Theory’ (de 1971), em que faz críticas como “Enquanto a adequação conceptual das teorias psicodinámicas era debatível, as suas limitações empíricas não podem ser ignoradas”.


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PUBLICITE AQUI! PARA ANUNCIAR COM A RUP, CONTACTE: RUP@ANEP.PT


SALOMÉ MATEUS

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CANDIDATURAS PARA O 'MIND THE MIND' ABREM EM AGOSTO O que é o Mind the Mind? O Mind the Mind é um projeto da Iniciativa de Impacto Social da EFPSA - Federação Europeia de Associações de Estudantes de Psicologia – cujo objetivo é combater o estigma associado às perturbações mentais e alertar a sociedade para a presença e as implicações desse estigma, através da dinamização de workshops com alunos do ensino básico e secundário. A 7ª edição da campanha teve o seu término no dia 30 de junho de 2021 e dinamizou no total 54 workshops, 28 sessões informativas, 64 posts e 8 eventos online. Como está organizada a campanha? Cada um dos países envolvidos conta com um coordenador nacional, e, para cada localidade, existem um ou dois coordenadores locais, sendo que tanto o coordenador nacional como os coordenadores locais são selecionados pela equipa da Iniciativa de Impacto Social da EFPSA. Qual o papel dos coordenadores nacionais e locais? O coordenador nacional é responsável pelo fluxo de informação entre os coordenadores locais das diferentes cidades e a equipa da Iniciativa de Impacto Social da EFPSA, contactando também com os coordenadores nacionais dos restantes países. Já os coordenadores locais têm o papel de selecionar os voluntários da própria localidade e de dinamizar as atividades propostas na mesma, entrando também em contacto com os restantes coordenadores locais.


PÁGINA 14 Quais são as atividades a que a campanha se propõe e quando ocorrem? A campanha, com início em setembro e término em junho, segue habitualmente uma calendarização específica. Nos meses de setembro e outubro ocorre o recrutamento de novos voluntários e reuniões introdutórias com os mesmos, a promoção da campanha, a procura, por parte dos coordenadores locais, com a ajuda do coordenador nacional, de trainers que possam atribuir aos voluntários de cada cidade a formação que necessitam para a posterior realização de workshops, e o contacto com diferentes escolas dos diferentes locais, com vista à aprovação da apresentação do projeto nas mesmas. Em novembro, decorrem as sessões de training, nas quais os voluntários adquirem conhecimentos mais aprofundados sobre as psicopatologias e competências de soft skills. Em dezembro, continuam a estabelecer-se acordos com escolas e outras organizações, porém, pode também proceder-se já à realização de workshops, cujo período se estende até maio. Dado o panorama pandémico, houve a necessidade de expandir a vertente online da campanha, vertente essa que continuará a ser explorada nesta edição seguinte, através da realização, por parte dos voluntários, de posts informativos, sessões online e diretos com profissionais da área da Psicologia, por exemplo. Quando me poderei candidatar a um cargo? As candidaturas para os cargos de coordenador nacional e coordenador local para a 8ª edição da campanha irão abrir no dia 16 de agosto de 2021. Fica atento(a) às redes sociais da EFPSA Mind the Mind: Facebook: https://www.facebook.com/efpsamindthemind / Instagram: @mindthemind_efpsa


SALOMÉ MATEUS

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"OUVI DIZER", O NOVO PODCAST DA ANEP Em maio, a ANEP deu início a um novo projeto, na tentativa de dar aos estudantes a possibilidade de consultar conteúdo relevante para a sua formação, de forma livre, quando e onde quiserem. “Ouvi Dizer” é um podcast com regularidade bimensal, disponível nas plataformas Spotify e Youtube, em cujos episódios se traz à discussão temáticas da psicologia, contando com a presença de diferentes profissionais da área, e, de forma permanente e regular, das anfitriãs e membros do departamento de relações estratégicas e internacionais da ANEP Adriana Rosa e Beatriz Sanguedo. O podcast conta já com uma rubrica, na qual, em todos os episódios, os convidados trazem uma recomendação de livro, filme, ou outro recurso cultural ou artístico que remete para a temática explorada. Até à data, estão já disponíveis cinco episódios.

literacia, e do quão esta seria crucial dado que possibilitaria uma opinião crítica por parte de cada um face aos mitos difundidos pela sociedade logo desde a infância.

O prelúdio do podcast foi destinado a uma apresentação da ANEP em si, como funciona, como está organizada, quais os seus departamentos e para que servem, qual o contacto estabelecido com os MPD (Membros de Pleno Direito), e como é representada externamente através do FNES (Fórum Nacional de Estudantes de Saúde), da EFPSA (Federação Europeia de Associações de Estudantes de Psicologia), e da OPP (Ordem dos Psicólogos Portugueses).

No segundo episódio, dedicado ao trabalho humanitário em campos de refugiados, colocaram-se questões como: “Dar voz a alguém ou falar na voz de alguém?”, “O que podem os psicólogos fazer em campos de refugiados, já que não há condições necessárias para trabalhar com o trauma, por exemplo?”, “Como se ultrapassam as barreiras culturais e linguísticas, por exemplo, no que toca à expressão das emoções?”, “Como foi possível o distanciamento social nos campos?”.

No primeiro episódio abordam-se temas como a falta de conhecimento acerca das perturbações mentais e sua passagem de geração em geração, a vergonha, o medo de ser rotulado de forma negativa e o peso com que as pessoas com perturbação mental vivem no seu quotidiano. Fala-se da necessidade de investimento na intervenção precoce, das boas práticas de saúde mental, da inércia do governo, da ausência de

“O que é estar em sofrimento intolerável?” é uma das questões debatidas no episódio sobre a eutanásia, no qual se discute também a necessidade, ou não, de obrigatoriedade no que toca ao acompanhamento psicológico nestas circunstâncias, o significado de dignidade e a relação desta com a autodeterminação. Será a eutanásia uma morte com dignidade caso vá de encontro à vontade da pessoa?


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Contacto físico e contacto virtual: cada vez mais semelhantes ou cada vez mais diferentes? Será que a internet contribui para a desvinculação dos casais e ocorrência de traições? No quarto episódio, conversa-se sobre os relacionamentos amorosos e a internet. Reflete-se também sobre as relações aparentemente perfeitas nas redes sociais, e o quão estas se distanciam da realidade.

“O QUE É ESTAR EM SOFRIMENTO INTOLERÁVEL?” É UMA DAS QUESTÕES DEBATIDAS NO EPISÓDIO SOBRE A EUTANÁSIA. O quinto episódio é dedicado ao suicídio. Será que a perturbação mental permite mesmo compreender o suicídio? O que podemos fazer para evitar o suicídio de alguém? Abordam-se questões como a competitividade e “alheamento ao outro” que a sociedade promove, e o quão estes aspetos vão contra a prevenção do suicídio, a diferença entre comportamento autolesivo e tentativa de suicídio, os fatores de risco, o “fingir que não existe”. O orador enumera uma grande quantidade de sinais de ideação suicida, e explica como qualquer pessoa os pode ler e interpretar.

SUBMETE AQUI O TEU ARTIGO CIÊNTÍFCO

FORMULÁRIO DE SUBMISSÃO EM: https://bit.ly/3ebaXFK

REGULAMENTO CIENTÍFICO EM: 1https://bit.ly/3kF1mhW


JOSÉ BAPTISTA

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SUGESTÃO DE VERÃO NECESSARY ROUGHNESS Em pleno verão, é tempo de aproveitar as férias para assistir às series que ficaram descuradas com o estudo. Para te ajudar a aproveitar, mas mantendo a Psicologia na mente, a RUP dá-te uma sugestão para assistires nestes tempos.

atuação da personagem principal, bem como familiarizar o público com um maior número de instrumentos ao serviço dos psicólogos.

A proposta que desta feita trazemos é Necessary Roughness (2011-2013), um drama de ficção em que a personagem principal é a Psicóloga de uma equipa de Futebol Americano. A ação passa-se em Nova Iorque, onde Dani Santino, uma psicóloga a passar por um período de mudança a nível pessoal é contratada pelos New York Hawks, uma equipa de Futebol Americano, para trabalhar com Terrence King, uma das estrelas da equipa cuja personalidade conturbada tem trazido problemas dentro e fora de campo. Após alguns bons resultados com este jogador, Santino acaba contratada pela equipa e trabalha com vários atletas, o que faz também a sua fama aumentar, passando a ser procurada por necessitados de outros ramos como músicos ou estrelas de TV. Como qualquer drama, há também muita exploração da vida pessoal das várias personagens para lá do consultório, não sendo, nesta parte, a serie nem desinteressante nem particularmente inovadora. Ainda assim, ao longo das três temporadas, a Psicologia é até bem tratada com as técnicas utilizadas a serem apresentadas de forma credível e realista, algo pouco comum neste tipo de programas. O grande senão talvez seja o de estas corresponderem a abordagens de correntes bastante distintas, ou seja, seria extremamente improvável que, como acontece na serie, um mesmo Psicólogo as usasse a todas. Ainda assim, este instrumento narrativo permite continuar a apresentar novidades na

Um outro ponto de grande interesse neste programa para a nossa área prende-se com um dilema ético com que Santino se depara várias vezes. Uma vez que é o clube que lhe paga, mas são os jogadores os seus alvos, em repetidas situações são testados os limites destas relações, quando, por exemplo, o clube pede à psicóloga informações sobre as sessões que violariam a expectativa de confidencialidade dos jogadores. Na serie, Santino responde à letra e defende afincadamente os direitos daqueles que estão ao seu cuidado. Mas, sabemos que na realidade nem todos têm a mesma força de espírito para resistir a tais pressões, pelo que fica o alerta para uma situação potencialmente problemática na prática psicológica.


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CALENDÁRIO DE EVENTOS O QUE SUGERIMOS NOS PRÓXIMOS 3 MESES PARA TI

Webinar 'Cibersexo: Uma sexualidade virtual'

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4 de agosto For Your Mind 10 euros

Webinar 'Intervenção Psicológica no Alcoolismo' 17 de agosto For Your Mind 10 euros

Webinar 'Psicologia e o Direito:que relação?' 20 de agosto For Your Mind 10 euros

Webinar 'Mind tools: a Psicologia no alto rendimento

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desportivo 4 de setembro Instituto CRIAP

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Webinar 'Adição aos videojogos pela internet' 16 de setembro Instituto CRIAP 10 euros


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Intervenção Precoce na Educação de Infância - conhecer

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16, 17, 21 e 22 de setembro ANIP Intervenção Precoce 100 euros

Integração Sensorial - da teoria à prática em intervenção

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precoce na infância 15, 16, 18, 22 e 23 de outubro

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Webinar 'Disturbios de Personalidade na Adolescência' 19 de outubro Instituto CRIAP 20 euros


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